1974
9 9 Novembro
EDITORIAL - O Deus presente ... . .. .... ... . A oração em família .. . .. .. .. .. .. .. . . .. .. .. .
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A Ecir conversa com vocês . . . . . . . . . . . . . . . . .
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Ano Santo e Sacramento da Reconciliação . .
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O Concílio dos jovens .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . ..
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A responsabilidade do homem . . . . . . . . . . . . . .
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Paz pela oração .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. ..
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Os dez mandamentos da serenidade . . . . . . . . .
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Uma semana em Troussures . . . . . . . . . . . . . • . .
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Alegria, fruto da paz interior . . . . . . . . . . . . . .
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Notícias dos
Setor~s.
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Sessão de formação em Mar,ília . ·. . . . . . . . . . .
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Encontro dos Responsáveis Regionais . . . . . .
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Oração para a próxima reunião· ... . :. . . . . . . .
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I
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EDITORIAL
O DEUS PR.ESENTE
Temos dificuldade para encontrar Deus. No entanto Ele "não está longe de cada um de nós" (At. 17,27). Sem falar de sua presença divinizadora pela graça, caber-nos-ia retomar consciência de sua presença criadora na origem de nosso ser e de todos os seres. Então, nosso olhar pousado sobre o universo e sobre os homens se transformaria: ao seu contato, reencontraríamos, por instinto, esta grande atitude de adoração de que são tão carentes as nossas orações. Deus dá a existência a todas as coisas
Este céu constelado que contemplamos, esta montanha ou este mar que admiramos, esta floresta que atravessamos, estes homens que nos rodeiam, são a obra de Deus. "Ele nos fez e dele nós somos". Mas o trabalho de Deus não se realizou uma vez por todas; não deixou este mundo abandonado a si mesmo - como o artista abandona a tela que pintou. Deus não se afasta de sua obra: por sua incessante ação criadora, continua a mantê-la existente. Se viesse a se retirar, o universo logo desapareceria, como aquela mancha luminosa na parede quando uma nuvem esconde o sol. Certas religiões do Oriente, embora não tenham este mesmo conceito da criação, possuem porém, em alto grau, o sentido da universal presença de Deus. Mas o que lhes falta muitas vezes, e que a nossa fé cristã nos ensina admiravelmente, é que este Deus, intimamente presente em tudo, embora distinto de tudo, é coração, é rosto, é olhar, e não um poder impessoal. • Precisamos aprender a reconhecer o sorriso divino em todas as coisas; a surpreender o que nossos irmãos do Oriente designam -1-
como "a chama das coisas", esta ativa :pesença divina que as leva a ser e a resplandecer como outras tantas sarças ardentes (cf. Ex. 3,2). Saibamos vê-las na sua verdade e na sua beleza interior. Então, só poderemos nos prosternar na adoração de seu Autor, e emprestar a nossa voz ao grande hino cósmico glorificando o Criador. Deus dá o agir a todas as coisas
Este cântico dos mundos glorificando Deus nada mai! é do que o desdobrar de sua formidável energia. Porquanto Deus não criou um universo congelado. Se lhe dá o ser, dá-lhe também o agir. Comunica-lhe todo o dinamismo impetuoso que o move. O formidável brilho do sol que nos aquece; a secreta germinação do trigo que nos alimenta; o incessante trabalho do homem que caminha, constrói, pensa, ama . . . toda esta admirável atividade requer a ativa presença divina. Misteriosa colaboração onde Deus tem o papel primordial. Pressentir e admirar esta :presença amorosa e vivificante de Deus no seio das coisas é oração. "Meu Pai trabalha sempre, dizia Jesus, e eu também trabalho" (Jo 5,17). É preciso no entanto compreender que esta atividade divina não é exterior aos seres criados: é no mais íntimo deles mesmos que ela se exerce. Do mesmo modo que sentimos bater o coração do homem ao tomar-lhe o pulso, assim também sentimos bater o coração de Deus na imensa palpitação dos seres criados. E o seu esplendor, indizível em certas horas, nada mais é do que o longíquo reflexo da Face inefável de Deus. "Ele os deixou revestidos de beleza", canta São João da Cruz. Deus conduz todas as coisas para a sua realização
Não é apenas em cada criatura que podemos descobrir a presença e as atividades divinas, mas ainda no movimento total deste universo onde tudo se interliga. O romper da primavera por sobre a terra como a irresistível expansão das galáxias no céu, tudo é suscitado, coordenado, orientado pela mão poderosa de Deus. Mesmo se somos incapazes de apreender a harmonia que nelas palpita, pensemos que esta íntima e ativa presença de Deus em todas as coisas não tem outro objetivo do que levá-las, dóceis a suas próprias leis, ao cumprimento de seu destino eterno, que é um desígnio de amor. Como o proclama magnificamente Dant~ , Deus é "o Amor que move o sol e as outras estrelas".
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v O homem, imagem de Deus
Deus está pois presente em todos os seres. E, a este título, todo ser apresenta com Ele uma certa semelhança, d'Ele oferece um reflexo mais ou menos perfeito de acordo com a natureza do ser que recebeu. O homem aparece então como o vértice da criação, ele que é capaz de conhecer e de amar. É por isso que ele é imagem de Deus de maneira inteiramente particular. "Façamos o homem à nossa imagem e semelhança". Apenas o fizeste inferior a um Deus!" (Sal. 8,6). Assim colocado entre o universo que nele se acha resumido com seus vários graus de ser, e Deus que o criou à sua imagem, o homem se acha investido da dignidade de delegado da criação para a adoração e o louvor do Deus criador. Cabe-nos dar um coração que escuta e urna voz que canta ao "silêncio eterno destes espaços infinitos". Acolhendo o projeto divino na nossa oração silenciosa, prolongando o trabalho criador através de nossa procura e de nosso labor humanos. E se por vezes nos parece difícil descobrir a face de Deus num universo nem sempre benevolente, podemos encontrá-la mais facilmente, embora com esforço, nessas imagens divinas que são nossos irmãos os homens. Estas pessoas que encontramos nos campos, na rua, na fábrica, no escritório, em casa, que ouvimos no rádio, que vemos na televisão ou no cinema. . . são portadoras de Deus. Mais ou menos transparentes a Deus, é verdade, conforme a acolhida que lhe deram, mas sempre marcadas pelo seu sinete. Cabe a nós adorar Deus nesses tabernáculos vivos, ir ao seu encontro e entrar em contato com eles, vendo-O neles como a própria realidade mais profunda. Saberemos então falar-lhes de maneira a despertar neles, se O ignoram, o pressentimento desta presença misteriosa que os faz existir e viver. Disto seremos tanto mais capazes quanto mais tivermos nós mesmos o hábito de ir ao encontro de Deus em nós, presente, ativo, amoroso. Ele é mais íntimo a nós do que nós mesmos, dizia Santo Agostinho, que gemia por ter tanto tempo procurado fora Aquele que estava dentro dele. Assim Deus está presente - no universo, nos outros, dentro de nós mesmos: estamos definitivamente libertados da solidão e da ausência. Que impressionante realidade! E no entanto apenas estamos no limiar das liberalidades divinas para conosco: Cristo nos revela que o Pai quer nos associar ao seu conhecimento e ao seu amor, introduzir-nos na sua intimidade, fazer de nós os seus filhos: Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos a ele, e faremos nele a ttossa morada". (Jo. 14,23) (Da
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Carta Mensal Internacional)
A PALAVRA DO PAPA
A
ORACÃO EM FAMILIA
O II Concílio do Vaticano pôs bem em evidência que a família, qual célula primeira e vital da sociedade, "deve mostrar-se, pela mútua piedade dos membros e pela oração dirigida a Deus em comum, como um santuário familiar da Igreja" (AA 11). A família cristã, por conseguinte, apresentar-se-á assim como "Igreja doméstica" (LG11), na medida em que os seus membros, cada qual no seu lugar e dentro das suas atribuições próprias, se dão as mãos no promover a justiça, no praticar as obras de misericórdia, no dedicar-se ao serviço dos irmãos, tomando parte no apostolado da comunidade local mais ampla e inserindo-se no seu culto litúrgico (AA 11) ; e, ainda, elevando a Deus orações suplicantes, em comum; se viesse a falhar este elemento no seio da família, então faltar-lhe-ia o próprio caráter da família cristã. Por isso, à recuperação da noção teológica da família como Igreja doméstica, deve, coerentemente, seguir-se um esforço por instaurar na vida da mesma família a oração em comum. De acordo com as diretrizes conciliares, a Institutio generalis de Liturgia Homrum inclui, justamente, o agregado familiar no número dos grupos aos quais se adapta a celebração em comum do Ofício divino: "É conveniente - lê-se aí - que, por fim, também a família, qual santuário doméstico da Igreja, não se limite apenas a elevar a Deus preces em comum, mas recite, conforme as circunstâncias lho facultarem, algumas partes da Liturgia das Horas, para se inserir mais intimamente na mesma Igreja" (N. 27). Por conseguinte, nada se deve deixar de tentar para que esta indicação clara possa vir a ter crescente e feliz aplicação no seio das famílias cristãs. Mas, depois da celebração da Liturgia das Horas - ponto culml.nante a que pode chegar a oração doméstica - não há dúvida de que o Rosário da bem-aventurada Virgem Maria deve ser considerado uma das mais excelentes e eficazes orações em comum. que. a .família cristã é convidada a recitar. Dá-nos gosto pensar e
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auspiciamos vivamente que, quando o encontro familiar se transforma em tempo de oração, seja o Rosário a sua expressão freqüente e preferida. Estamos bem conhecedor de que as mudadas condições da vida dos homens, nos nossos dias, não são favoráveis à possibilidade de momentos de reunião familiar; e de que, mesmo quando isso acontece, não poucas circunstâncias se conjugam para tornar difícil transformar o encontro da família em ocasião de oração. É uma coisa difícil, sem dúvida. No entanto, é também característico do agir cristão não se render aos condicionamentos do ambiente, mas superá-los; não sucumbir, mas sim elevar-se. Portanto, aquelas famílias que queiram viver em plenitude a vocação e a espiritualidade própria da família cristã, devem envidar os esforços para eliminar tudo o que seja obstáculo para os encontros familiares e para a oração em comum.
Paulo VI (Exortação Apostólica "0 Culto à Virgem Maria")
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A ECIR CONVERSA COM VOCtS
Caros amigos Vocês poderão ler, mais adiante, uma breve notícia do que foi o Encontro dos Responsáveis Regionais com a ECIR. Acabava ela de se realizar quando os originais desta Carta Mensal foram para a impressão. A impressão global é que se está verificando no Movimento um progresso que vai mais no sentido de seu aprofundamento do que no de sua expansão, o que está bem na linha de sua orientação geral: "É preferível 50 equipes fortes do que 500 medíocres" nos recomendava há tempos o Pe. Caffarel. Entretanto, nem todos os testemunhos são alentadores. Também, aqui e acolá, há equipes e grupos de equipes que estão marcando passo. Há equipes que desaparecem. Há mesmo cidades onde o Movimento vicejou e que deixaram de figurar nos arquivos da Secretaria. Por que estas discrepâncias? Por que as normas do Movimento, iguais para todas as equipes, são fonte de vitalidade para umas e inócuas para outras? Num antigo editorial, o Pe. Caffarel já analisava o problema. Por vezes, diz ele, é porque "os casais entram para as Equipes sem a conveniente informação sobre os verdadeiros objetivos do Movimento". O que os empolga a princípio, muitas vezes, é o ambiente de fraternidade que se forma. Multiplicam-se então as iniciativas paralelas para alimentar esta amizade e, insensivelmente a equipe se vai transformando num grupo social. O verdadeiro objetivo da equipe passou para um plano secundário. Outras vezes, um dos membros "vem mais ou menos por causa do cônjuge, para lhe ser agradável". Poderá certamente ser este o caminho escolhido por Deus para a sua conquista. Mas se não der a sua adesão sincera e profunda, será sempre um elemento estranho à equipe, um peso que paralisa a sua marcha. Há "aqueles que não têm intenção alguma. Entram para a equipe apenas por terem sido convidados ou arrastados por um
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amigo. Talvez mesmo, em certas cidades, porque é de bom tom pertencer às Equipes". Evidentemente falta-lhes o essencial: a adesão ao objetivo. Poderá acontecer que um casal, sinceramente desejoso de maior união com Deus, não tenha entretanto "vocação" para as Equipes. Assim como há a Regra dos Jesuítas, dos Beneditinos, dos Dominicanos. . . para atender aos vários temperamentos daqueles que respondem ao chamamento de Deus, assim também nem todos os leigos desejosos de viver integralmente a sua vida de cristãos casados, encontram nas Equipes aquilo que corresponde à sua vocação. Mal à vontade, passarão talvez, na melhor das intenções embora, a fazer críticas, a propor reformas, a abalar assim a vida da equipe. E há finalmente - para não alongar estas considerações aquelas equipes que se formaram pelos bons motivos, tiveram vitalidade e cresceram talvez durante anos e que sofrem porque perderam o embalo, sentindo-se atolar na rotina. "Sei perfeitamente- é ainda Pe. Caffarel que fala- que, com o decorrer do tempo, os motivos se vão às vezes esvaindo e, insensivelmente, são cobertos ou abafados pelo joio dos motivos secundários ou falsos". Um dever de sentar-se coletivo se impõe então, sinceramente preparado na oração, para analisar, Estatutos em punho, e particularmente a sua primeira parte, se a finalidade das Equipes já foi atingida ... ou perscrutar, na caridade, mas sem falsa complacência, as causas profundas do problema. Caros amigos. Estamos quase no fim do ano. Até aqui era <. tempo da reunião de balanço, daquele dever de sentar-se coletivo de que falávamos há pouco. Esta reunião foi transferida para junho do ano próximo. Mas seria bom que na última reunião antes do "recesso" das férias as equipes fizessem uma parada séria e corajosa para verificar até que ponto a orientação da equipe e de cada um de seus membros está voltada para o verdadeiro objetivo do Movimento: "a vontade de conhecer melhor a Deus, de O amar melhor e melhor O servir. Entra-se nas Equipes por Deus, nelas se fica por Deus. O motivo da entrada, o motivo da permanência é religioso, ou seja, relativo a Deus". Caros amigos, unamo-nos todos na determinação vigorosa de trabalhar com ardor e pertinácia para reavivar sempre em nossas equipes a chama do ideal que as deve nortear. E peçamos a Nossa Senhora que interceda junto de seu Filho, para que nos envie o seu Espírito e acenda em nós o fogo de seu amor. Fraternalmente A ECIR
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ANO SANTO E SACRAMENTO DA RECONCILIAÇAO
O Ano Santo da Renovação e da Reconciliação nos convida a aprofundar o sentido do sacramento da Penitência. Sem dúvid a, muitos cristãos deixam de dar o devido valor a este Sacramento, porém não devemos esquecer que é um sacramento - isto é, um dom de Cristo à sua Igreja, e, portanto, um meio importante de santificação. O novo ritual nos ajuda a redescobrir o valor deste sacramento. É preciso primeiramente meditar sobre os nomes que o designam: confissão, sacramento da penitência, sacramento da reconciliação. Penitência. É o sacramento que expressa e aprofunda em nós o sentido da penitência, que na Bíblia significa conversão do coração. Através dele o próprio Cristo vem intensificar nossa conversão. Sacramento da Reconcliação quer dizer o sacramento que refaz e renova a aliança com Deus e com nossos irmãos. A palavra "confissão" .é mais rica que pa rece. Confissão não quer dizer somente contar os pecados. Confessar significa reconhecer-se pecador e fraco diante do Deus santo e misericordioso. Confessar é sobretudo professar e proclamar a grandeza de Deus que perdoa. O sacramento da Reconciliação é um sacramento pascal. Foi no dia da Páscoa que Jesus soprou sobre os Apóstolos dizendo: "Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados serão perdoados· . . " Através desse sacramento participamos da Morte e Ressurreição de Jesus, morrendo ao pecado e renascendo para uma vida nova. A Penitência-sacramento renova em nós a aliança com Deus já realizada no Batismo. É também esse sacramento profundamente eclesial. O pecado lesa a Igreja. Mas a própria Igreja recebeu o poder de nos perdoar em nome de Deus. Ela reza pelos pecadores e os reconcilia com Deus e com os irmãos.
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Mesmo sem termos pecados graves, o sacramento conserva seu valor, porque é o sacramento da "conversão em crescimento". Sempre as nossas fraquezas e negligências retardam o nosso progresso espiritual. Por meio do sacramento da reconciliação e do perdão, o Cristo assume e fortifica nossa conversão. Talvez sejamos cristãos sem grandes desejos de santidade porque não aproveitamos desse sacramento. Alguém dizia: "Detesto me confessar, porque isso me obriga a progredir". Meditemos sobre a nova fórmula sacramental: "Que Deus, Pai de misericórdia, tendo reconciliado o mundo consigo pela morte e ressurreição de seu Filho e derramado o Espírito Santo para a remissão dos pecados, te conceda o perdão e a paz pelo ministério da Igreja. E eu te absolvo dos teus pecados, em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo". O novo ritual valoriza dois gestos: - o do sacerdote que estende a mão sobre o penitente; a imposição da mão é um gesto bíblico que expressa reconciliação; - a atitude do penitente que se ajoelha em sinal de humildade e que depois se levanta como quem ressuscita. O sacramento da reconciliação não se realiza às escondidas, mas deve ser uma celebração humilde e festiva do perdão e da volta ao Pai. Pe. Alberto Boissinot Conselheiro espiritual do Setor de Marília
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O "CONCíLIO DOS JOVENS"
Há quatro anos e meio vinha sendo preparado. O que aconteceu naquele fim de semana em Taizé foi apenas a abertura de trabalhos que vão continuar por vários meses. Mas atraiu para aquela cidadezinha da França 40.000 jovens de todo o mundo ...
"A sua sede de absoluto não pode ser saciada com os arremedos de ideologias ou de experiências práticas aberrantes. Não! Os jovens têm em si mesmos a capacidade, a fantasia, a força, o espírito de doação e de sacrifício para poderem contribuir com a sua parte para a salvação dos irmãos". Palavras de Paulo VI que são como o retrato daquela juventude que, de uns anos para cá, procura, sempre mais numerosa, em grupos ou isoladamente, por ocasião de encontros ou em fins de semana comuns, o mosteiro de Taizé. O que é Taizé
Por volta de 1950, o mundo religioso tomava conhecimento de uma experiência fora do comum: alguns rapazes protestantes resolveram viver em comunidade uma vida monástica. Esse gesto foi considerado como um sinal promissor, numa época em que o ecumenismo ainda estava em fase inicial. Realmente, com o tempo, a vocação ecumênica de Taizé foi se tornando um polo de atração irresistível. Para lá acorriam todos os que acreditavam nas relações fraternas entre homens de todos os credos. E os monges foram abrindo as suas portas, cada vez mais, para fins de semana de estudos e reflexão, para temporadas de oração. Com o tempo, Taizé foi sendo procurado mais e mais pelos jovens, de tal forma que acabou tornando-se o ponto de encontro por excelência da juventude européia em busca de silêncio, em busca de fraternidade, em busca de Deus. -10-
O que tanto atrai os jovens?
Vêm a Taizé à procura de uma resposta à sua sede de Deus. Lá, em meio à plenitude tranqüila que se desprende da paisagem, ou no recolhimento da nova igreja, apropriadamente denominada "igreja da Reconciliação", encontram o silêncio propício à reflexão e à meditação. Lá encontram também a fraternidade: todos são acolhidos com naturalidade -:- crentes ou ateus, cristãos ou judeus - e todos se irmanam na procura do mesmo objetivo: encontrar a própria verdade. Sentem-se à vontade para falar de suas dúvidas, de suas aspirações, ou para permanecer calados. Discutem juntos em grupos ou ficam horas a fio em silêncio na igreja - a maioria faz ambas as coisas. A liberdade é total, mas quando chega a hora dos ofícios religiosos, quase todos comparecem. E a austeridade das cerimonias está bem longe das missas de jovens a que estamos acostumados. . . Estamos sem dúvida diante de um fenômeno bastante alentador. Taizé é a prova viva çle que a juventude de hoje está "retornando às fontes, à oração", como diz o Prior da comunidade, Roger Schutz.
Por que o "Concílio"? Onde há jovens, há questionamento, há ideal, há o imperativo de reformar o mundo... O problema de Deus no seu caso não pode ser dissociado dos problemas do mundo. Não aceitam ser felizes sabendo que a maior parte da humanidade sofre numa vida infra-humana. Descobrindo-se filhos de Deus, descobrem intensamente que são irmãos de todos os homens. A fraternidade vivída em Taizé, querem estendê-la ao mundo inteiro. · Se optam pela fé, essa tem que ser uma fé engajada, uma fé de olhos abertos e mangas arregaçadas. Percebendo essa angústia, esse desejo imperioso de ver suas aspirações ouvidas é que o Irmão Roger Schutz teve a idéia do Concílio dos Jovens. Quando, na noite da Pascoa de 1972, anunciou a sua realização para 1974, aplausos sem fim marcaram a alegria e a esperança de milhares de jovens que se encontravam em Taizé por ocasião da Semana Santa. Desde então, o Concílio vinha sendo preparado no maior entusiasmo. Muitos encontros foram realizados, em vários continentes. Na América Latina, houve seis, todos em regiões subdesenvolvidas, pois a preocupação dominante dos jovens é com os pobres. "Indo até o limite de nossa busca, disse o Prior de Taizé, encontraremos juntos os meios de todos os homens viverem através de um novo elo de comunhão". -11-
Quarenta mil jovens . .. Moças e rapazes de toda parte e de todos os credos - africanos, asiáticos e europeus, católicos, protestantes e ortodoxos, judeus,. agnósticos e ateus -, peregrinos de calça rancheira e cabelos longos, chegados de ônibus ou de trem, de carro ou de motocicleta, mas também de bicicleta, de carona ou a pé. . . Gigantesco acampamento de tendas multicoloridas espalhadas por toda a colina... Nem a chuva, nem as filas alteravam o bom humor da rapaziada e ouviam-se risos, cantos e violões por toda parte. Alegre e reconfortante espetáculo de um mundo sem fronteiras, sem barreiras. Para esses jovens o ecumenismo nem se discute: eles o vivem com toda a naturalidade. Embora não falassem a mesma língua, falavam a mesma linguagem. . . Haviam vindo comunicar, compartilhar suas esperanças, proclamar sua fé ou seu desejo de fé em Deus e no homem. Sua aspiração comum: escapar de uma vida sem sentido, sem objetivo, sem ideal, romper com um mundo por demais materialista. Nem tudo era expresso com clareza pelos oradores, na sua exaltação mística, mas a proposta adotada: "contemplação e luta" sintetiza bem a tendência geral: desejo de Deus e engajamento a serviço dos homens. Disse uma moça: "Para muitos jovens cristãos, o dualismo clássico: fé e política, terra e céu, temporal e espiritual, não tem mais sentido. Ser cristão para eles é justamente tentar tornar real, tentar atualizar para cada homem, para cada povo, a Pascoa de Cristo; construir juntos a história a partir de uma fé que derrube os falsos valores: ganho, dinheiro, poder, prestígio, para colocar no seu lugar os verdadeiros valores evangélicos: fraternidade, justiça, partilha, comunhão entre todos". Mensagens de Paulo VI e do Patriarca Dimitrios, a presença e as palavras encorajadoras do Cardeal Koening, arcebispo de Viena, e do Pastor Philip Potter, Secretário geral do Conselho Ecumênico das Igrejas, não impediram que o comunicado final dessa fase de abertura do Concílio dos Jovens chamasse, em termos duros, as Igrejas ao despojamento, à humildade, à pobreza evangélica. Termina assim esse documento exigente: "Igreja, que dizes do teu futuro? Vais tornar-te povo das bemaventuranças, sem outra segurança que o Cristo, povo pobre, contemplativo, criador de paz, portador da alegria e de festa libértadora para os homens, mesmo que venhas a sofrer perseguição por causa da justiça?" E eis certamente a ligação que esses jovens, sinceros e entusiastas, perseverantes na busca do Deus da Paz e do Amor, têm para nós: é no despojamento, na humildade, na contemplação que Deus espera os cristãos a fim de torná-los capazes de levá-lo aos outros homens. -12-
A RESPONSABILIDADE DO HOMEM
Deus criou o mundo em seis dias, nos conta o Gênesis, e no sétimo descansou. Descansou não porque estava terminada a criação, pronta, burilada, perfeita para sempre, mas sim porque criara o homem, à sua imagem e semelhança, e a ele confiara a tarefa de continuar o trabalho iniciado, de prosseguir a Criação, que só estará terminada no fim dos tempos. Missão extraordinária, pesada responsabilidade essa, que Deus confiou ao homem, a todos os homens, a cada um de nós. Estamos a milhões de anos do início da criação, milhões de anos do aparecimento do homem sobre a terra, quase dois mil anos da vinda de Cristo. Como tem o homem cumprido sua missão, como se situa hoje diante dela, que lhe resta fazer? Deveria o homem fazer periodicamente um balanço, um "dever de sentar-se" diante de Deus, perguntando-se: "Que fiz eu do mundo que Deus me confiou?" Estes pensamentos me vêm ao contemplar alguns dos acontecimentos dos últimos meses, acontecimentos esses que deveriam ser meditados por todos. Em primeiro lugar, a crise mundial de energia, que em poucos meses transformou o mundo, gerando violenta inflação em escala mundial, ameaçando freiar o desenvolvimento de inúmeros países, inclusive o nosso Brasil, quiçá provocar uma crise mundial tão violenta quanto a dos anos trinta. Em segundo lugar, a Conferência de Caracas sobre os mares, onde se demonstrou abundantemente que a poluição galopante dos oceanos ameaça a curto prazo destruir a maior fonte de vida do mundo, desequilibrando sua ecologia e talvez condenando o homem à morte. E esta Conferência a nada chegou, as nações
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irremediavelmente divididas por interesses imediatistas contraditórios, quando a própria sobrevivência da humanidade estava em jogo. Em terceiro lugar, outra fracassada conferência, a de Bucareste, sobre demografia, encerrando o "Ano Mundial da População". Se algumas soluções propostas são inaceitáveis para a Igreja, não deve ser esquecido o problema muito real de um crescimento vertiginoso da população humana, face a recursos limitados, senão decr escentes. A fome não diminui sua incidência no mundo, na realidade aumentou-a, na índia, na Africa, assolada pela terrível seca do Sahel, por exemplo. Finalmente, a epidemia de meningite que atacou o Brasil, ceifando vidas, assustando o país, apanhado desprevenido e frustrado por não ter meios de se proteger. Ora, epidemias são basicamente problemas de desenvolvimento, problemas de saneamento. Todos os sanitaristas que vieram recentemente ao Brasil são unânimes: somente a extensão das redes de água e esgoto, a melhor a do padrão habitacional poderão reduzir a incidência de epidemias deste t ipo. Que fazer diante destes problemas todos? Em primeiro lugar, não fechar os olhos, mas pelo contrário r efletir sobre as suas causas. Depois, trabalhar, lembrando-nos da missão que Deus nos confiou e, pelo nosso esforço, levar a nossa pedra à construção de um mundo melhor. Não podemos pensar: que posso eu fazer? Isso é da competência do Governo, ou dos Governos. Na realidade, há muito que podemos fazer , e se cada um fizer a sua parte, as coisas poderão melhorar. Podemos começar, por exemplo, por não desperdiçar gasolina, eletricidade, alimentos, por não poluir nossas cidades, nossas praias, nossos rios·.. E podemos participar de associações de classe, da vida cívica, influenciar a opinião pública através dos meios de comunicação, levando a toda parte o ponto de vista cristão. Quantas vezes em nossas reuniões pedimos pela paz, pelas necessidades dos menos favorecidos - e o que fazemos de concreto? Como se Deus não houvesse decidido servir-se de nós para nos dar o que pedimos! É preciso rezar, mas não é suficiente. É também necessário trabalhar. A responsabilidade é de todos e cada um pode e deve colaborar para constrl,lir, o mundo, para ajudar a tornar a Criação mais conforme ao plano de Deus.
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PAZ PELA ORAÇÃO
Neste mundo que idolatra as máquinas e sofre de isolamento coletivo, neste mundo confuso, incoerente, agitado, infeliz, é fácil desejar a Paz, cantar a Paz, lamentar não ter Paz. Mas poucos sabem onde buscá-la. João Mohana, este admirável Mohana, escritor, médico e padre, nos aponta em seu livro "Paz pela Oração" os caminhos práticos a serem percorridos pelos que anseiam pela Paz, pelos que querem encontrar a Deus. Nós das Equipes de Nossa Senhora, que buscamos com nosso cônjuge a espiritualidade que é fonte de todo amor e alegria em nosso lar, aproveitaríamos muito desta leitura, que nos convence que a Oração, longe de ser ultrapassada, é o encontro com Deus, a ação transformadora que, no silêncio da meditação, na luz do Espfrito Santo, nos conduz à caridade fraterna. e à alegria da. Paz.
"Além de psicológico e moral, a paz verdadeira é um fenômeno religioso. E por isso é inconcebível longe da prece, que é a manifestação religiosa central do comportamento humano. Também por isso aqueles que não tomam suas medidas pessoais, à espera da paz vinda de Washington e Moscou, podem ficar esperando. Washington e Moscou conseguirão ausência de guerra, não porém aquilo que Jesus Cristo chamou paz. Esses sonham com uma paz provinda totalmente de baixo, uma paz sem tarefa pessoal. Não. A paz de Cristo é uma tarefa. Ela se realiza à medida que é procurada também na dimensão da pessoa. Precisamente porque é uma opção, uma escolha, uma preferência. Não é a paz de cemitério. É paz de gente viva. " (pág. 67) . "Não é no sentimento que a paz verdadeira se alicerça. É na fé. Esta é a psicologia realista da paz· Porque o sentimento está sempre sujeito a flutuações glandulares, hormonais, nervosas, condicionais ... Ao passo que a fé (de quem não chutou a
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oração) firma-se na rocha que é Deus, no rochedo que é Cristo . "Tudo posso naquele que me dá força". (Filip . 4,13) . "A paz esteja com vocês" (Jo. 20,29). "Estarei com vocês até a consumação dos séculos" . (M t . 28,20) ". (pág. 69) . "Deus sempre faz do perdão a pedagogia para semear paz. A experiência prova a cada passo que todo aquele que não sabe perdoar não consegue ter paz· Foi este o motivo de Cristo ter dito que nos dá a paz, mas não como o mundo a dá. Porque a paz de Cristo vem na vivência do perdão, recebido e concedido. Contudo, a reconciliação nem sempre depende de nós. As vezes os outros não querem a reconciliação que procuramos. Nessas ocasiões, a despeito deles, podemos conhecer a paz de Cristo . Porque nossa consciência cristã garante a paz . Isto é possível por ser inviolável a consciência individual. Todas as violências se diluem de encontro ao vento de paz que ela sopra em nossa direção. Embora nem sempre consigamos atirar a cruz fora do nosso cercado . Em outras palavras: o fato de sermos fiéis a Cristo não leva fatalmente os outros a serem. Essa é a brecha por onde passa a cruz . Mas, mesmo aí, a paz não foge , pois nossa paz é a paz de Cristo, e Cristo venceu a cruz. Ter paz na cruz, no sofrimento, na adversidade, só a paz vinda de Deus. Nossas luzes humanas custam a enxergar esse paradoxo . São Paulo, abordando-o aos filipenses , não duvidou em afirmar que "a paz de Deus excede toda a capacidade da inteligência humana" (4,7). É preciso, porém, fazer a experiência humilde e generosa da fé orante, para descobrirmos que aquela paz que nos parecia incompatível com a cruz, existe também para nós." (pág. 71) "Na vida quem não ora arvora-se em fonte. E termina virando deserto. Somos torneira. Só Deus é a Fonte . Só nele encontraremos a "água viva" que a oração canalizará para matar a sede, nossa e dos outros. Na vida a oração é um imperativo de amor, uma prova de amor . Porque não há amor de costas voltadas, de coração fechado, de boca lacrada quando se pode confessar: "Eu te amo". Por isso sempre merecerá suspeita alguém que declare amar a Deus e não se encontre misticamente com ele, quando pode. Acreditaríamos em alguém que afirmasse amar alguém e não lhe dirigisse a palavra? Ou não tentasse, não desejasse, pelo menos? Esta é a primeira justificativa da oração: quem ama precisa demonstrar, precisa conversar. " (pág. 37) "Se Deus fez o homem capaz de oração, é para que o homem ore. E todo homem que sistematicamente recusa a experiência da oração atrofia em si uma das funções inatas de seu ser. -16-
Acontece que é assustador o número de pessoas enquadradas na "angústia básica" por terem banido os encontros com o Infinito Poder e o Infinito Amor na salutar experiência da prece. Deus tem se revelado a melhor defesa nesses processos que minam a humana fortaleza por dentro. Não é outro, senão Deus, o segredo de certas pessoas cuja fortaleza nos espanta. Há poucos meses conheci mais três, que durante anos viviam à base de tranqüilizantes e dormiam à custa de barbitúricos· Depois que entronizaram Deus no coração, conheceram um sono diferente do sono químico, e uma segurança infinitamente superior à precária segurança medicamentosa. Isto foi possível porque Deus trouxe a essas pessoas a estabilidade que lhes faltava. Estabilidade que é fruto de um valor permanente e não de esperança a prestaçôes. A doença espiritual desencadeada hoje por falta de oração veio provar que o homem não se priva impunemente do contato com o mistério autêntico, ou seja, da vida mística." (pág. 40) "Quando um cristão pretende aceitar um mundo no qual a oração não tenha vez, ele está esvaziando a vida humana de seu destino de vida eterna. Está fechando as portas do coração humano para aquilo que foi o objetivo da Encarnação. No império tecnocrático, qualquer prece, por mais frágil que seja, por mais insignificante que pareça, é um gesto. Dentro deste mundo que, por soberba, procura uma fórmula de se instalar distante da Foz e do .d~orto, qualquer prece é um grito, um anti contra a massificação · . que compromete a fraternidade." (pág. 85)
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(Extratos da primeira p~ti. "A oração questionada", do livro "Paz pela Oração'', de J~ãô~ Mohana - Livraria Agir, 1973). ·:
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OS
1.0
DEZ
MANDAMENTOS
DA
SERENIDADE
Só por hoje tratarei de viver exclusivamente este meu dia, sem querer resolver de uma vez o problema de minha vida.
2.0 Só por hoje terei o máximo cuidado no meu modo de tratar os outros: serei delicado nas minhas maneiras; não criticarei ninguém; não pretenderei melhor ar ou disciplinar ninguém senão a mim.
I
3. 0 Só por hoje me sentirei feliz com a certeza de ter sido criado para ser feliz, não só no outro mundo, mas também neste. 4. 0 Só por hoje me adaptarei às circunstâncias, sem pretender que as circunstâncias se adaptem aos meus desejos. 5. 0 Só por hoje dedicarei dez minutos do meu t empo a uma boa leitura, lembrando-me que assim como é -preciso comer para alimentar o corpo, assim também a leitur a é necessária para alimentar a vida da minha alma. 6. 0 Só por hoje praticarei uma boa ação sem contá-la a ninguém. 7.0 Só por hoje farei uma coisa de que não gosto e se for ofendido nos meus sentimentos, procurarei que ninguém o saiba. 8. 0 Só por hoje farei um programa bem completo do meu dia. Talvez não o execute perfeitamente, mas em todo caso vou fazê-lo; e me resguardarei bem de duas calamidades: a pressa e a indecisão. 0 9. Só por hoje ficarei bem firme na fé que a Divina Providência se ocupa de mim como se existisse somente eu no mundo; ainda que as circunstâncias manifestem o contrário. 10. 0 Só por hoje não terei medo de nada. Em particular não terei medo de gozar do que é belo e não terei medo de crer na bondade. Durante doze horas de um dia posso fazer bem o que me desanimaria se pensasse que teria de fazê-lo durante toda a minha vida. JOAO XXIII
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I
UMA SEMANA EM TROUSSURES
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Tudo começou quando Maria Enid me emprestou o livro "A Cruz e o Punhal". Eu ia lendo e pensando: como é possível termos conhecimento dessa realidade tão extraordinária, o Espírito Santo, e desperdiçá-la assim? Ele quer servir-se de nós, agir através de nós e nem nos damos conta disso. É ·preciso a todo custo tornar-se disponível, permeável, maleável. Mas, e isso fica bem claro no início e também várias vezes no decorrer do livro, só conseguiremos esse estado de disponibilidade e de maleabilidade através da oração. E não alguns minutinhos por dia, nem aquela recitação mais ou menos mecânica de orações, mas tempos longos durante os quais, no silêncio, a voz de Deus possa ser ouvida, os impulsos do Espírito Santo percebidos. E tive vontade de aprender a orar de verdade ... Quando soube que iríamos passar as férias na Europa, resolvi inscrever-me numa das Semanas de Oração dirigidas pelo Con. Caffarel em Troussures, perto de Paris· Não havia mais vagas: durante as férias a procura é maior - e, além disso, há 200 pessoas na fila de espera ... Mas, como eu vinha do Brasil, "deram um jeitinho". Aliás tive a satisfação de ver que não roubara o lugar de ninguém, pois acabaram faltando duas ou três pessoas. Assim, no dia 26 de Julho, à tardinha, começou para mim a grande e inesquecível aventura. Sempre desejei fazer um longo retiro. Nossos retiros de fim de semana me deixam frustrada: quando estou começando a pegar o embalo, é preciso ir embora. . . Eis que chegara a minha hora: seis dias no silêncio! E a gente pensa que é muito, mas passa tão depressa! Primeiro falarei do silêncio - o silêncio, condição essencial, primordial, do encontro com Deus, que é o objetivo de uma Semana de Oração. O Pe. Caffarel recomendara-nos um silêncio
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ativo e também um silêncio "quente", isto é: nada de caras. amarradas, pelo contrário, um esforço para encontrar uma nova maneira de comunicar, uma linguagem de sorrisos e gestos de atenção, lembrando-nos que não estávamos alí sozinhos mas numa comunidade animada dos mesmos propósitos: a aprendiza-· gem da oração e encontro com Deus. Também pediu-nos que fizéssemos o mínimo barulho possível nos quartos, pois as paredes eram muito finas e o chão muito barulhento. Como era a pura verdade, estávamos sempre pensando em preservar o silêncio, num velho casarão que parecia desafiar-nos com portas que rangiam e pisos de madeira que estalavam a cada passo ... As primeiras refeições foram algo desajeitadas, mas adotamos logo um "modus vivendi" e no fim estávamos tão acostumados com aquela rotina que ninguém precisava mais fazer gestos: a gente já sabia que fulana não tomava sopa, sicrana não comia pão e o padre nunca queria mais sal. Não estranhem os "não"- é que eu estava na mesa dos "regimes"... Uma equipe era escalada diariamente, no café da manhã, para lavar a louça e pôr a mesa. Quem chegava primeiro lavava, os outros enxugavam. Tudo no mais completo silêncio .. . Mas é claro que o mais impressionante era o silêncio na capela. Um silêncio tão denso que a gente o sentia habitado por uma Presença. Como era fácil, nesse silêncio, orar! E o fato de o irmão, fosse ele padre, freira ou leigo, estar ali para isso como a gente criava um clima de estímulo que ajudava bastante. O respeito humano também: ao procurar não se mexer, para não incomodar os outros, alcança-se uma imobilidade que favorece sobremaneira a oração. Ali, por mais desconfortável que fosse a posição adotada, meia hora passava depressa. . . Aliás, para não perturbar o recolhimento daqueles que já se encontram na capela, só se pode entrar de 15 em 15 minutos e há um relojinho na saleta anterior que dá o sinal. O silêncio lá era tão natural e tornou-se tão habitual que, quando terminou, a gente não sabia bem o que falar. . . As palavras pareciam meio bobas, como que supérfluas. É que havíamos atingido outro tipo de comunicações: a das almas, e ela nos parecia suficiente. Éramos por volta de quarenta, vindos de dez ou doze países: é que, por ser época de férias, havia muitos missionários, padres e religiosas, principalmente belgas do Zaire e Camarões, espanholas das Canarias e da Costa do Marfim. Havia também um padre canadense, um trapista holandês, uma senhora do Marrocos, uma estudante do Laos. Os demais vinham dos quatro cantos da França. Além dos 6 padres e das 8 religiosas, havia um
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irmão, um solteirão, um marido sem a mulher, 6 mulheres sem os maridos, 5 moças e três casais, todos das Equipes. A equipe de Troussures era composta de 8 pessoas: dois padres, três senhoras e três moças. O Pe. Caffarel tinha um adjunto, que fazia a meditação da manhã e o sermão da missa. Esse padre, vigário de um vilarejo no sul da França, faláva-nos de Deus com tanto amor e com tanta simplicidade, com uma alegria tão comunicativa que nossas almas se enchiam de gratidão. O nosso dia iniciava-se e praticamente encerrava-se com a sua mensagem e estou certa de que isso contribuiu sobremaneira para o clima de alegria e paz em que vivíamos, sentindo que Deus é realmente o nosso Pai. Quanto ao Pe. Caffarel, está ótimo. Ninguém diz que esteve muito doente nem que vai fazer 74 anos. Está cheio de vida e cheio de planos, com a inteligência mais aguçada do que nunca e até com um senso de humor que chega a surpreender num homem sério como ele. (É verdade que "um santo triste é um triste santo" . .. ) . Ele consegue agüentar esse ritmo exaustivo - são 18 Semanas por ano; nas férias, de três a quatro por mês . .. - devido a uma graça especial de Deus ao "padre gravador", que alterna com ele. Isso aliás não traz prejuízo algum porque o conferencista em carne e osso está presente antes de cada palestra, respondendo a perguntas ou dando avisos e diretrizes; quando ele se retira, liga-se o gravador e é a mesma voz que nos fala, podemos até adivinhar-lhe a expressão e a mímica.
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A responsabilidade pelo bem-estar de todos em Troussures é da "dona de casa". Quaisquer pedidos são feitos através de bilhetinhos colocados num cesto, e ela providencia tudo . A segunda em importância, e que convive mais com a gente, é a responsável pela liturgia. Em Troussures, não se fala, mas canta-se muito. De manhã, antes e depois da meditação, em todos os momentos possíveis da Missa, antes do almoço e antes de recolher-nos ; t ínhamos diariamente, duas vezes por dia, quinze minutos de ensaio. Os cantos eram lindos, principalmente devido à presença de tantos padres e religiosas que, conhecendo música, faziam as diversas partes, assim, cantávamos a duas ou três vozes e o resultado era "de arrepiar " ! E as missas? As missas. . . Concelebrações recolhidíssimas, fecho sempre digno de um dia repleto de Deus. Uma noite, o Pe. Caffarel pediu aos que vinham de paises distantes que colocassem as intenções do seu país. Na penúltima noite, fez com que rezássemos o Pai Nosso cada um na sua língua- o que aliás produziu desconcertante cacofonia . Dava-se a "paz" colocando-se as mãos em cima das mãos abertas do vizinho - no começo; aos poucos, o "colocar" foi se tornando um tímido apertar e
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depois um afetuoso sacudir, o que mostra o quanto esses desconhecidos se sentiam irmãos - de tanto fazerem juntos a experiência do Amor do Pai. Faita falar do lugar. A Casa de Oração está situada num local privilegiado - em meio a um parque cheio de árvores frondosas e rodeadas de campos tão lindos que pareciam, na sua serenidade, descansar sob o olhar de Deus e, na sua beleza, proclamar a grandeza do Criador· O silêncio habitado da capela prolongava-se no silêncio harmonioso da natureza. E- a oração continuava na gente, oração de louvor ao Deus criador, oração de ação de graças por aquelas maravilhas, que pareciam, elas mesmas, cantar a glória de Deus. Diante do trigo dourado oscilando suavemente na brisa, dava vontade de ajoelhar. Ou então a alma exultava a tal ponto que era quase impossível resistir à vontade de cantar: "ó Deus, como é grande o teu nome por todo o universo ... " "O céu e a terra estão cheios da tua glória . .. ·" E naquele sereno "estar com Deus" o tempo foi passando, e chegou a hora de ir embora. A grande pergunta para mim era: como vai ser lá fora, depois, longe daqui? Hoje, eu tenho a resposta. É que não fui embora. . . Deixei aquele paraíso, voltei do Tabor para a planície - mas, em pensamento, ainda estou lá! A dez mil quilômetros de distância e semanas depois ainda posso sentir aquela paz. Entro no meu quarto, fecho a porta, ajoelho-me, fecho os olhos, coloco-me na presença desse Deus que habita em mim. As vezes imaglno-me na capela de Troussures e isto me ajuda a orar. Não pensem que aprendi a rezar - apenas aprendi algumas coisas importantes sobre a oração e, principalmente, adquiri a força de vontade para não faltar ao encontro diário com Deus. O resto virá quando Ele quiser ...
Monique Duchêne Equipe n9 4 -
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São Paulo
ALEGRIA,
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FRUTO
DA PAZ
INTERIOR
A alegria não é uma emoção superficial, mas tem raízes profundas em nossas convicções. Refiro-me não àquela alegria que é resultado dos bons ou maus acontecimentos, mas a um estado de espírito constante, fruto de paz interior. Algumas raras pessoas têm o dom da alegria contagiante e espalham o bom humor ao seu redor. Sabendo quanto isso é um bem precioso, procuremos ser, senão borbulhantemente alegres, pelo menos harmoniosamente seguros e confiantes, pois isso também confere bom humor constante. Nossa alegria terá de se sustentar na alegria e confiança que nos vêm de Deus. Diz Saint-Exupéry na "Cidadela": "Quero que eles sejam semelhantes ao ramo da oliveira, que sabe esperar. Quando forem semelhantes a ele, começarão a sentir o grande balancear de Deus que vem como um sopro experimentar a árvore. Ora os leva, ora os traz de volta para o crepúsculo, do verão para o inverno, das searas que medram para as colheitas já enceleiradas, da mocidade para a velhice e depois da velhice para os filhos novos . . . . a árvore é essa força que desposa pouco a pouco o céu . Assim acontece contigo ... Deus faz-te nascer, faz-te crescer, enche-te sucessivamente de desejos e pesares, de alegria, de sofrimentos, de cóleras e de perdões, até que te faz ingressar novamente n'Ele. . . E se sabes ver em ti um ramo que baloiça, bem pegado à oliveira, hás de nos teus movimentos gozar da Eternidade. E tudo à tua volta será eterno. Eterna a fonte que canta e soube matar a sede dos teus pais, eterna a luz dos olhos quando a bem-amada te sorrir, eterna a frescura das noites. O tempo deixa de ser uma ampulheta que vai gastando a areia e faz lembrar um ceifeiro que ata o seu feixe de espigas." Aqui está a fonte de nossa segurança: tudo o que a vida nos traz tem o seu sentido e nada é vão, desperdiçado. Tudo é material para a nossa construção, e vai sendo enfeixado. Eu gostaria que, no dia em que Deus me recolhesse como a um feixe de espigas que o tempo tivesse empilhado, que Ele não encontrasse um punhado de coisas inúteis e frustradas, mas uma oferenda de coisas simples, construídas muitas delas com lágrimas e dor, mas oferecidas com alegria imensa, porque Ele é a fonte de todos os nossos amores, que portanto se farã'o eternos.
Neuza M. de Baptista -23-
Eq . 4, Ribeirão Preto
NOTíCIAS DOS SETORES GUANABARA
Maria Lúcia e Plínio, o Casal Regional, comunicam o sucesso dos retiros na Região. Em 3 retiros realizados este ano até agosto, compareceram 78 casais. Esse êxito deve-se a um trabalho conjunto de conscientização, desenvolvido pelos Responsáveis de Setor, Casais de Ligação e Conselheiros Espirituais, além de bons pregadores. SÃO JOSé DOS CAMPOS
Mais uma iniciativa de oração
"Todas as segundas-feiras reunimo-nos em casa de casais amigos para rezar o terço. A iniciativa foi de Antonieta e Rios, que começaram convidando alguns casais. Hoje, o número de pessoas aumentou muito, e isto vem acontecendo a cada semana que passa. Na última 2.a-feira, o terço foi aqui em casa, e ficamos muito felizes, pois compareceram 19 pessoas. Estávamos reunidos em nome d'Ele, e sentimos que Ele estava presente no meio de nós, tal a compenetração e fé de todos aqueles que oravam. Foi maravilhoso. . . Convidamos todos para orar conosco novamente ou para formar novos grupos. A nossa equipe se reúne às quintas-feiras, às 20:30 horas. Tanto às segundas como às quintas há sempre lugar para um bom papo e um cafezinho após o terço. A demora, no entanto, é pouca, pois no dia seguinte todo mundo trabalha. Venha orar conosco. Você também deve ter o que pedir ou agradecer ao Senhor." (do Boletim)
PETRóPOLIS -
A alegria de ser apóstolo
"Com muita emoção e alegria, efetuamos o lançamento da 5.a equipe da cidade de Juiz de Fora. Muita emoçao, pois era a nossa estréia como pilotos. Que responsabilidade! Mas, graças a Deus, a reunião excedeu a expectativa e aí vimos mais uma vez confirmado o que sempre dizemos: "somos apenas instrumento do Cristo". -24-
Essa equipe, composta de oito casais realmente interessados em progredir na vida cristã, surgiu de uma expenencia com grupo de "Diálogos Conjugais" e da idéia que nos foi dada pelo nosso Conselheiro Espiritual. No fim da reunião depois de uma breve exposição do Conselheiro Espiritual da nova equipe, foi escolhida por unanimidade como padroeira Nossa Senhora da Anunciação. Animados com es ta experiência, já lançamos mais dois grupos de Diálogos Conjugais, sendo que um deles se originou da preparação para o Batismo, em cuja pastoral trabalhamos. Podemos dizer a vocês que foi através do serviço que encontramos a alegria e compreendemos que, na medida em que servimos, em que somos capazes de nos doar, é que tem sentido o nosso viver. Só É VAZIO QUEM NÃO AMA. Pedimos a Deus que nos dê forças e coragem e que façamos de nossa vida um contínuo crescer, amando-nos uns aos outros como Cristo nos amou até o fim." GUARATINGUETA -
Retiro de Frei Constância
Com a presença de 22 casais equipistas e 2 casais convidados, realizou-se em Aparecida do Norte o retiro das Equipes da Coordenação de Guaratinguetá, pregado por Frei Constância Nogara, que soube, com objetividade e simplicidade, transmitir doutrina cristã e vivência de vida conjugal e em equipe. Seus conhecimentos profundos filtraram-se em palavras tão agradáveis, tão entusiásticas de Fé e Espiritualidade que os dois dias de meditação passaram-se num segundo, deixando em todos os participantes a sensação de termos estado realmente crescendo na vida cristã. O primeiro tema abordado foi sobre a nossa situação no contexto de humanidade onde devemos ser sempre Presença Salvadora, como o Cristo o foi em todos seus momentos humanos. Frei Nogara nos lembrou que nos nossos encontros com o próximo devemos sempre transmitir Esperança, doar Amor, avivar a Fé, para que ele saia de junto de nós melhor do que quando o encontramos. Não foi isto que fez Jesus? A sua passagem todos sentiam-se mais confortados, mais alegres, confiantes no Reino de Deus. E para o nosso próximo mais próximo (esposa- esposo) temos que ter sempre esta preocupação em sermos Presença, e não apenas presentes. "A presença minha em relação à minha esposa (esposo) é sempre reveladora de Amor?"
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Refletimos depois sobre a Conversão, sobre a nossa trajetória em direção a Deus, sem o que não conseguiremos ser nunca Presença para o Amor, para o Outro, para Deus. No segundo dia, iniciamos nossas meditações considerando "Quem é Deus nas nossas vidas".
Quem é Este que nos salva quando a Lei nos condena? Quem é Este que nos dá a vida, que nos tem nas mãos, que nos sustenta? Deus é o Pai que na sua infinita bondade traçou para cada um de nós um plano para que, ao cumpri-lo, alcancemos a nossa felicidade. Nós devemos estar conscientemente abertos ao plano de Deus, usando para vivê-lo a nossa liberdade, inteligência e vontade. Nós não estamos sozinhos. Devemos dialogar com este Deus que nos fala, mantendo uma atitude fundamental de Oração. Para isto temos que ter total e constante consciência de Deus em nossas vidas. Existem momentos em que isto se torna mais fácil: nos retiros, nos cursos, nos encontros, nas reuniões de equipes. Devemos tirar destas oportunidades forças para alimentarmos nossa vida de oração, mesmo para outras ocasiões. A cada momento estamos dando um passo à frente, no caminho do plano de Deus, da nossa felicidade. Alguns aspectos de Espiritualidade Conjugal foram as considerações finais deste retiro. -26-
O homem e a mulher se completam. No casal temos a imagem do Amor de Deus entre os homens. O verdadeiro casal se realiza dentro dos preceitos de: 1 - Amor; 2 - Justiça; 3 Castidade; 4 - Fidelidade; 5 - Perdão; 6 - Oração; 7 - Fé; 8 - Apostolado ou Responsabilidade social. Nós que pertencemos às Equipes de Nossa Senhora temos que ter consciência de que diante de Deus devemos ser cada vez mais santos e, dianie dos homens, cada vez mais exemplo de casal cristão. A organização do retiro esteve primorosa e na avaliação de todos não se apontaram falhas. Sugestões feitas foram no sentido de que mais casais não equipistas fossem convidados a participar desses retiros para aproveitarem, como nós, de momentos tão cheios de graça. Houve também a sugestão de que fosse o retiro feito em caráter de clausura, para recolhimento maior ainda. Frei Constância, que muitos de nós não conhecíamos, partiu deixando, com certeza, admiradores, não só de seus dotes de inteligência e conhecimento sólido da doutrina cristã, mas também de sua espiritualidade e doação à causa do "Amor ao Próximo". Ana Maria e Fábio (Eq. n. 0 5) (Casal relator do Retiro)
GARÇA -
Encontro das Equipes (do Boletim de Bauru)
"Nós, da Equipe 6, não poderíamos deixar de contar a vocês alguma coisa sobre o nosso encontro com as quatro Equipes de Garça. Aconteceu na belíssima Igreja da cidade, onde foi realizada missa em ação de graças pelos cinco anos de existência da Equipe 2. Quando recebemos o convite para participar da comemoração, nunca poderíamos imaginar a alegria que esse encontro nos traria. Ao chegarmos lá, Olanda e Nadyr, Ana e Ulisses, Elso e eu, paramos em frente à igreja e logo nos vimos cercados pelos irmãos garcenses. Sentimo-nos como se já nos conhecêssemos de longa data e como se estivéssemos em casa. No início da missa, o vigário da Paróquia anunciou a todos nossa presença, dizendo também da grande alegria que nosso comparecimento proporcionava. Finda a missa, nos dirigimos ao salão da igreja, onde falaram alguns equipistas de Garça. E em seguida, passaram a palavra ao Nadyr, que proferiu uma palestra -27-
sobre o que é uma Equipe e impressionou profundamente pela facilidade ao abordar o assunto, tendo sido muito aplaudido. Logo, ofereceram a Olanda um ramalhete de flores. Queremos expressar aqui nossos sinceros agradecimentos aos equipistas garcenses pela gentileza do convite e a acolhida fraterna de todos, especialmente de Arthur e Bahia, que com tanto carinhe nos recepcionaram, num momento em que estavam com a casa em reboliço, em mudança, oferecendo-nos uma mesa de salgadinhos e chocolatada com todo amor." EQUIPES NOVAS- Belém do Pará
A primeira equipe da longínqua Belém do Pará, pilotada por um casal de Florianópolis, que atualmente reside no norte do país, Mônica e Plínio Hahn, já tem o seu Casal Responsável: Odete e José Carvalho da Cruz. O Conselheiro Espiritual é o Pe. Giovanni Incampo. Integram a equipe os casais: Odete e José, responsáveis, Maria e Miguel Santos Coelho, Carmem e José Saraf Maia, Maria Célia e Gelson Ferreira da Silva, Terezinha e Geraldo Assis Guimarães e Celeste e Nelson Figueiredo Ribeiro. O Casal Regional, Edy e Adherbal (não estranhem, a Região Sul não vai até Belém do Pará - é que o dedicado casal tem facilidades especiais para viajar!) esteve em visita à equipe e voltou encantado com tudo quanto de promissor pode sentir em contato com os casais de Belém do Pará. ltajaí
Finalmente nasceu a primeira equipe de Itajaí. Vieram de Florianópolis para fazer a reunião de informação Dilma e Miguel e o casal piloto é o próprio Regional, Edy e Adherbal. Conta portanto o Setor de Brusque com mais uma cidade onde a semente das equipes foi lançada e certamente há de dar os frutos esperados.
NOTíCIAS INTERNACIONAIS Equipes Novas
Bélgica: 1; França: 16; Inglaterra: 1; Itália: 1; Suíça: 1.
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SESSÃO DE FORMAÇÃO EM MARÍLIA
Dentro da programação das Sessões de Formação de Dirigentes para o ano de 1974, em número de quatro, a ECIR realizou uma em Marília, de 18 a 21 de julho, no Seminário São Vicente. As vagas foram distribuídas entre a nossa região, SP /H, que compreende o Setor de Marília e as Coordenações de Araçatuba e Promissão; a Região SP/G - Setores de Bauru, Jaú e São Carlos, e a Região SP /F - Setor de Ribeirão Preto e Coordenação de Casa Branca. Lamentavelmente, tod as as vagas não puderam ser aproveitadas; muitos casais perderam uma ótima oportunidade de participar de uma Sessão de Formação "dentro de sua própria casa", o que é muito difícil de acontecer, em Yirtude das dificuldades de toda ordem que surgem para a montagem de um Encontro desse tipo. Quando se convidava casais para participar de Sessões de Formação, a primeira "desculpa" era a distância! E agora? Bem, quando se tem boa vontade, quando se ama o Movimento, quando se sente a necessidade de um aprofundamento espiritual e de conhecer melhor o Movimento, enfim, quando se é equipista autêntico, todas as dificuldades são removidas e o caminho fica livre. Ao contrário, as dificuldades e os problemas, que na maioria das vezes não chegam a sê-los, vão se avolumando e se amontoando uns sobre os outros, formando uma verdadeira barreira. O que nos alenta e nos conforta é o testemunho de doação, de desprendimento e mesmo de sacrifício de alguns casais, tanto participantes, como da Equipe de Serviço. Por exemplo, um casal, quase à última hora, não havia resolvido a acomodação dos filhos; num gesto de desprendimento e amor ao Movimento,
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levou os filhos para São Paulo, em casa dos avós. Outro casal, cuja esposa estava convalescendo de enfermidade e ainda em rigoroso regime alimentar, participou totalmente da Sessão, dando edificante exemplo a todos. Um outro casal, este da Equipe de Serviço, estava em gozo de férias, em São Paulo e a esposa ia se submeter a uma intervenção cirúrgica. Pelo prazer de servir aos irmãos, adiou a operação, interrompeu as férias e veio trabalhar. E como trabalharam os dois!. . . E a Equipe da Cozinha?' Esta foi um caso à parte! Foi uma das poucas Sessões que contou com equipe de cozinha própria, constituída de equipistas. Uma particularidade: quase todos os casais pertencem a uma pré-equipe. Impressionante a dedicação e o amor que essa equipe demonstrou! E sem falar no fabuloso testemunho de doação e disponibilidade da Ester e Marcelo, Dirce e Rubens e Frei Estevão, que mais uma vez se constituiram em fatores preponderantes no êxito da Sessão. Não podia deixar de mencionar que Marcelo, na 6.a-feira pela manhã, teve que viajar para São Paulo, em virtude de compromisso inesperado e importante e logo à tarde já estava de volta, tão disposto quanto antes, servindo pelo prazer de servir. Mas, afinal, como transcorreu o encontro? Impossível descrever o que se passa numa Sessão de Formação, porque uma Sessão de Formação não se descreve, se sente, se vive! Só quem participou é que pode sentir o que viveu naqueles momentos de intensa fraternidade e espiritualidade. Sentimos a presença viva do Espírito Santo, que pairou sobre tudo e sobre todos, culminando com a visita ao Santíssimo Sacramento, onde nos sentimos verdadeiramente na casa do Pai, juntamente com todos os nossos irmãos. Para terminar, participaram casais das seguintes cidades: Araçatuba- 2; Assis- 2; Dracena- 4; Garça- 3; Marília- 3: Promissão - 1; São Carlos - 3 e São Sebastião - 1. Total: 19 casais. Como o número de vagas era de 30, 11 casais perderam ótima oportunidade. Mas ainda resta uma Sessão, de 31 de outubro a 3 de novembro, na Guanabara. Vamos lá? Será muito difícil doarmos três dias ao Senhor, que nos dá uma vida inteira, com toda a liberdade, para fazer dela aquilo que quisermos? Vamos pensar nisso para que possamos ser mais disponíveis em relação às coisas do Senhor.
Maria Diva e Venicio Casal Regional, Região
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SP / H
ENCONTRO DOS RESPONSAVEIS REGIONAIS
Em 31 de agosto tivemos mais um encontro trimestral da ECIR com os Casais Reg:onais. Achavam-se presentes 9 dos 11 Casais Regionais e toda a ECIR. Num clima de oração, de responsabilidade e de muita abertura, foram debatidos os assuntos em pauta. Destacamos, entre eles, a preparação do primeiro Encontro dos Responsáveis de Coordenação, longamente estudado nessa reunião. Marcello deu ciência aos presentes do estado de saúde de Mareei Delpont, pedindo que continuemos a rezar por ele e por Yvette. Com o afastamento de Delpont, a Equipe Responsável Internacional houve por bem nomear Esther e Marcello para desempenharem a missão de Super-Regionais, ligando assim, sem intermediários, as Equipes brasileiras à Equipe Responsável Internacional. Outrossim, ao mesmo tempo em que dava todo o seu apoio à estrutura atual do Movimento no Brasil, a Equipe Responsável Internacional pediu-nos a indicação de um casal para representar o Brasil no Conselho Internacional das Equipes de Nossa Senhora. Este Conselho é a fórmula encontrada para que os principais núcleos das ENS no mundo participem da reflexão de cúpula do Movimento e tem por finalidade estudar os grandes problemas relacionados com as ENS e o seu desenvolvimento futuro. A indicação de uma representação brasileira vem de encontro a uma antiga aspiração das nossas Equipes. Para a indicação deste representante, a ECIR pediu as sugestões dos Responsáveis Regionais e Responsáveis de Setor. Queremos notar com muita alegria, a presença neste Encontro, de um bom número de casais jovens que, na qualidade de Regionais, prestam ao Movimento a sua colaboração entusiasta e eficiente. E, certamente, um Movimento que conta, já em nível de tanta responsabilidade, com a participação de casais jovens, pode acalentar uma grande esperança para o seu futuro. Nancy C. Moncau
• Sessão de Formação
De 31 de outubro a 3 de novembro, na Guanabara.
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ORAÇÃO
PARA
TEXTO DE MEDITAÇAO -
A PRÓXIMA
REUNIÃO
Rom. 8,9-18
Não viveis segundo a carne, mas segundo o espírito, se realmente o Espírito de Deus habita em vós. Quem não possui o Espírito de Cristo não pertence a Cristo. Se Cristo reinar em vós, embora o corpo esteja sujeito à morte, em conseqüência do pecado, o espírito vive por causa da justiça. Se o Espírito daquele que ressuscitou Jesus dos mortos habita em vós, Ele, que ressuscitou Jesus Cristo dos mortos, também dará a vida aos vossos corpos mortais, pelo seu Espírito que habita em vós. Pois se viverdes segundo a carne, haveis de morrer; mas se, pelo Espírito, matardes as obras da carne, vivereis. Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus. Não recebestes, com efeito, o espírito de escravidão, para ainda viverdes com temor, mas recebestes o espírito de filiação adotiva que nos faz clamar: Abba! Papai! O próprio Espírito dá testemunho ao nosso espírito de que somos filhos de Deus. Ora, se somos filhos, somos também herdeiros; herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo, se com ele padecermos, para sermos igualmente glorificados com ele. Pois tenho por certo que os padec~mentos do tempo presente não têm proporção com a glória futura que em vós se há de manifestar.
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ORAÇAO LITúRGICA -
Salmo 28
O Senhor é minha luz e minha salvação -
O Senhor é minha luz e minha salvação, a quem poderia eu temer? O Senhor é o baluarte de minha vida, perante quem tremerei?
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Os maus avançam contra mim para me arrasar; e são eles, meus opressores e inimigos, que vacilam e sucumbem.
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Que um exército se poste à minha frente, nada tenho a temer; que ele se lance em batalha contra mim, ainda confiarei.
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Uma só coisa pedi ao Senhor, só ela busco: habitar na casa do Senhor por toda a minha vida, para contemplar a beleza do Senhor e servi-Lo em seu Templo.
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Sim, ele me oferece um abrigo no dia da desgraça; bem no fundo de sua tenda ele IDQ depõe-me sobre a rocha.
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escG.o.c.ir.~:
Por isso, levanto agora a minha fronte em meio aos meus inimigos, e irei celebrar em sua tenda um sacrifício festivo, cantando um hino ao meu Senhor.
O Senhor é minha luz e minha salvação.
."
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