NC? 1
1979
Março
Editorial: Luz e Fermento . . . . .... . ........ . A Família na América Latina . . . . . . . . . . . . . .
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A ECIR conversa com vocês . . . . . . . . . . . . . . . .
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A ascese na vida cristã Para alcançar a paz, educar para a paz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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Por um mundo mais humano - preserve o que é de lodos . . . . . . . . . . .
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Momentos com Deus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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Nós e o Ano da Criança
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Declaração Universal dos Direitos da Criança . .. .. .. .. .. . . .. . . .. . . O direito à vida .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. ..
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Colombianos no Brasil
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Os equipistas escrevem
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Ecos da Semana da Família . . . . . . . . . . . . . . . . .
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Notícias dos Setores .. .. .. .. . .. . . .. . .. . .. .. ..
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Deus se revela . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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EDITORIAL
LUZ E FER.MENTO
Uma grande indagação tem sido a preocupação de quase todos os dir;gentes das Equipes: qual a vocação das Equipes de Nossa Senhora? Realmente, desde a formação das Equipes, o mundo tem passado por gigantescas transformações. Nestes últimos 30 anos, temos visto o mundo caminhar para o ateísmo, através da propaganda de alguns meios de comunicação mal orientados, que disseminam idéias erradas e distorcem ideais. Para as Equipes de Nossa Senhora se descortina, então. um novo horizonte: a necessidade de mostrar a verdadeira face de Deus para o mundo. De fato, o mundo precisa voltar-se para Deus e, quantas vezes, nós mesmos, que nos dizemos cristãos, temos mostrado para o mundo uma face errada de Deus, pelas nossas atitudes e, sobretudo, pelas nossas omissões. Mas. para mostrar a verdadeira face de Deus, é preciso que a gente O tenha muito no próprio interior, ou seja, é preciso que tenhamos, seriamente, em nossa vida, uma atitude de renovação, de crescimento espiritual. É preciso ter sede de Deus. O Movimento tem como meta a obtenção de equipes autênticas e, para isso, a tônica de tudo que se fizer será o aprofun..: damento espiritual. Para cristãos que buscam seriamente um crescimento de alma, nada melhor do que ir diretamente à fonte, pela meditação diária sobre o Evangelho, sem falar dos outros meios que nos oferece o Movimento, entre eles, por exemplo, o retiro. Aqueles que desejarem fazer uma revisão de sua vida pessoal dentro das Equipes, basta lembrar que Paulo VI, em seu discurso aos casais das Equipes de Nossa -Senhora, ofereceu um manancial que deve ser desfrutado na meditação. O que se pretende é que os casais sejam cristãos capazes de ser luz e fermento no mundo de hoje. -1-
Talvez nem todos estejam preparados para essa missão, mas o importante é que tenham sempre dentro de si esta real vontade de desenvolver as graças que recebem, de se tornarem sementes que frutifquem ao cêntuplo, enfim, de não deixar essas graças inertes, porque correrão o risco de não mais as receber. Sempre é tempo: acordar de um sono e sentir, ao seu redor, uma realidade exigente, à qual se entrega com todas as forças da alma, é trabalho de cristão que aspira ao aperfeiçoamento. As Equipes estão sendo chamadas para uma alta missão: a de revelar ao mundo a verdadeira face de Deus, por uma vida que espelha Deus. Quem não escuta internamente em vão prega externamente e, às vezes, será católico sem ser cristão. O verdadeiro cristão é reconhecido pelas suas ações. Então, se daqui a algum tempo nada de extraordinário tiver ocorrido na sua vida, é o caso de se perguntar com sinceridade: por que estou nas Equipes de Nossa Senhora?
Pe. José Gessy Cippiciani Conselheiro Espiritual da Equipe 4 de Casa Branca
Tenhamos a lembrança de Maria, a padroeira de nossas Equipes. Será nela, que sempre soube dizer SIM, que encontraremos exemplo para nossa resposta ao chamado do Cristo . Que sejamos como Ela, e então seremos fermento nesta massa que é o mundo que nos cerca, sal da terra, com todo o sabor, e luz do mundo, colocada num lugar bem alto, para irradiarmos pelo nosso testemunho as maravilhas que Cristo opera em nós. (João Carlos Pezzi, no EACRE do Rio de Janeiro)
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A PALAVRA DO PAPA
A FAMíLIA NA AMÉRICA LATINA
acolhei a visita que o papa quer fazer a cada uma (das " famílias) e dai ao papa a alegria de ver-vos crescer nos valores cristãos . .. "
Tem se dito, de forma bela e profunda, que nosso Deus, em seu mistério mais íntimo, não é solitário, mas sim uma família, posto que leva em si mesmo a paternidade, a filiação e a essência da família, que é o amor. Este amor, na família divina, é o Espírito Santo. O tema da família não é, pois, alheio ao tema do Espírito Santo. Permiti que, sobre este tema da família, de que certamente os bispos se ocuparão durante esses dias, o papa vos dirija algumas palavras. Sabeis com que termos densos e prementes a Conferência de Medellin falou da família. Os bispos, naquele ano de 1968, viram em vosso grande sentido de família um rasgo primordial de vossa cultura latino-americana. Fizeram ver que, para o bem de vossos países, as famílias latino-americanas deveriam ter sempre três dimensões: ser educadoras na fé , formadoras de pessoas, promotoras do desenvolvimento. Sublinharam também os graves obstáculos que as famílias encontram para cumprir com esta tríplice tarefa. Recomendaram por isso a atenção pastoral às famílias como uma das atenções prioritárias da Igreja no continente. Passados dez anos, a Igreja na América Latina se sente feliz por tudo o que tem podido fazer em favor da família. Mas reconhece com humildade o quanto lhe falta fazer, enquanto percebe que a Pastoral Familiar, longe de haver perdido seu caráter prioritário, aparece hoje, todavia, mais urgente como elemento muito importante na evangelização. A Igreja é consciente, com efeito, de que nestes tempos a família defronta-se, na América Latina, com sérios problemas. Ultimamente, alguns países introduziram o divórcio em sua legislação, o que representa uma nova ameaça à integridade familiar.
Na maioria de vossos países, lamenta-se que um número alarmante de crianças - porvir dessas nações e esperanças para o futuro - nasçam em lares sem nenhuma estabilidade, ou, como se costuma chamá-las, em "famílias incompletas". Ademais, em certos lugares do "continente da esperança", esta mesma esperança corre o risco de desvanecer, pois a criança cresce no seio de famílias muitas das quais não podem viver normalmente, porque r epercutem particularmente nelas os resultados mais negativos do desenvolvimento: índices verdadeiramente deprimentes de insalubridade, pobreza, e ainda miséria, ignorância e analfabetismo, condições desumanas de habitação, desnutrição crônica e tantas outras realidades não menos tristes. Em defesa da família, contra esses males, a Igreja se compromete a dar sua ajuda e convida os governos para que ponham como ponto-chave de sua ação uma política sócio-familiar inteligente, audaz, perseverante, reconhecendo que aí se encontra, sem dúvida, o futuro - a esperança - do continente. Haveria de adiantar que tal política familiar não se deve entender como um esforço indiscriminado para reduzir a qualquer preço o índice de natalidade - o que meu predecessor Paulo VI chamava "diminuir o número dos convidados ao banquete da vida" - quando é notório que um equilibrado índice de população ainda é indispensável para o desenvolvimento. Trata-se de conjugar esforços para criar condições favoráveis à existência de famílias sadias e equilibradas: "aumentar a comida na mesa", sempre em expressão de Paulo VI. Além da defesa da família, devemos falar também da promoção da família. Para tal promoção devem contribuir muitos organismos: governos e organismos governamentais, a escola, os sindicatos, os meios de comunicação social, as sociedades de bairros, as diferentes associações voluntárias ou espontâneas que florescem hoje em dia em todas as partes. A Igreja deve oferecer também sua contribuição na linha de sua missão espiritual de anúncio do Evangelho e condução dos homens à salvação, que têm também uma enorme repercussão s~•bre o bem-estar da família. E o que pode fazer a Igreja, unindo seus esforços aos dos outros? Estou seguro de que vossos bispos se esforçarão para dar a esta pergunta respostas adequadas, justas, válidas. Indico-vos quanto valor tem para a família o que a Igreja já faz na América Latina, por exemplo, para preparar os futuros esposos para o casamento, para ajudar as famílias quando atravessam, em sua existência, crises normais que, bem encaminhadas, podem ser até fecundas e enriquecedoras, para fazer de cada família cristã uma verdadeira ecclesia doméstica, com todo o rico conteúdo desta expressão, para preparar muitas famílias na mis..;
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são de evangelizadoras de outras famílias, para ressaltar todos os valores da vida familiar, para vir em ajuda às famílias incompletas, para estimular governantes a suscitar em seus países essa política sócio-familiar da qual falamos há pouco. A Conferência de Puebla certamente apoiará essas iniciativas e, talvez, sugerirá outras. Alegra-nos pensar que a história da América Latina terá, assim, motivos para agradecer à Igreja o muito que fez, faz e fará pela família neste vasto continente. O sucessor de Pedro se sente agora, neste altar, particularmente próximo de todas as famílias da América Latina. É como se cada lar se abrisse e o papa pudesse penetrar em cada um deles: casas onde não falta o pão nem o bem-estar, mas falta talvez concórdia e alegria; casas onde as famílias vivem bem mais modestamente e na insegurança do amanhã, ajudando-se mutuamente a levar uma existência difícil, mas d 'gna; pobres habitações das periferias de vossas cidades, onde há muito sofrimento escondido, ainda que no meio delas exista a sincera alegria dos pobres; humildes casebres de camponeses, de indígenas, de emigrantes, etc. Para cada família em particular, o papa quisera poder dizer uma palavra de alento e de esperança. Vós, famílias que podeis desfrutar do bem-estar, não vos fecheis dentro de vossa felicidade, abri-vos aos outros para repartir o que vos sobra e a outros falta. Famílias oprimidas pela pobreza, não desanimeis e, sem ter o luxo por ideal, nem a riqueza como princípio de felicidade, buscai, com a ajuda de todos, superar os passos difíceis na espera de dias melhores. Famílias visitadas e angustiadas pela dor física ou moral, colocadas à prova pela enfermidade ou pela miséria, não acrescenteis a tais sofrimentos a amargura ou o desespero, mas sabei amortizar a dor com a esperança. Esta é, no quadro da visita do papa ao México, a jornada da família. Acolhei, pois, famílias latino-americanas, com vossa presença aqui, ao lado do altar, através do rádio ou da televisão, acolhei a visita que o papa quer fazer a cada uma. E dai ao papa a alegria de ver-vos crescer nos valores cristãos, que são os vossos, para que a América Latina encontre em seus milhões de famílias razões para confiar, para esperar, para lutar, para construir. (Homilia em Puebla, 28-1-79)
"Fazei todos os esforços para que haja uma pastoral familiar. Atendei a campo tão prioritário com a certeza de que a evangelização no futuro depende em grande parte da "igreja doméstica" . (Mensagem ao Episcopado na abertura da III"' CELAM)
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A ECIR CONVERSA COM VOC.:S
Caros amigos Refeitos e descansados após as férias (das crianças ... ) , é de presumir que estejamos todos, física e psicologicamente, prontos a retomar, de corpo e alma, as tarefas a que somos chamados e que sempre, no começo de um ano novo, se fazem mais incisivas, exigindo de nós o devido discernimento que nos permita fazer o levantamento das prioridades. São os nossos compromissos de esposos e de pais que assumem permanentemente feições novas; são as nossas atividades profissionais e são os chamamentos que o Senhor nos faz ou nos renova e aos quais as Equipes querem nos ajudar a ser fiéis. Dentre estes chamamentos, alguns se impõem pela sua importância e, este ano, são particularmente numerosos, como que fazendo apelo aos nossos carismas pessoais. Tivemos, logo no alvorecer do novo ano, o Dia Mundial da Paz, a nos lembrar a necessidade de fazer em nós mesmos a paz interior capaz de irradiar, de contagiar o ambiente em que vivemos e onde o desamor e a violência imperam. Tivemos a abertura do Ano Internacional da Criança que solicitou mais uma vez a nossa atenção para a multidão de seres ainda em botão e já carentes de tudo e, quantas vezes, também de amor. Acaba de ter início agora, a Campanha da Fraternidade, convidando-nos a nos prepararmos para os mistérios da Redenção e para a vitória de Cristo, na sua Ressurreição.
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Cabe, entretanto, um destaque todo particular à passagem da "Hora histórica para a Igreja na América Latina" (João Paulo II) que foi a Conferência de Puebla. O importante evento, no momento em que estas linhas são escritas, ainda está em pleno desenvolvimento. Mas o que dele se pode avaliar desde já é a importância que reveste e que pode ser aferida pelo fato de levar o Papa, logo no início de seu pontificado, a vir, com a sua presença, com a sua palavra, com as suas preces, com a sua autoridade paternal, prestigiar um acontecimento de repercussão mundial. Acaba ele de voltar a Roma, mas deixou-nos a marca de sua passagem, seja na lembrança da acolhida impressionante do povo mexicano, seja pela riqueza e profundidade das palavras que pronunciou em São Domingos, na Cidade do México, em Puebla. Dentre essas palavras, a Carta Mensal escolheu e fez questão de oferecer aos equipistas, para sua meditação pausada e ma-
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dura, o texto da homilia pronunciada no campo de esportes do Seminário Maior de Puebla, no qual João Paulo li abordou um dos pontos certamente para ele prioritários: a Família. Ao dirigir-se aos bispos, na abertura da Conferência, o papa haveria de exortá-los a promoverem a pastoral familiar, dizendo:
"Atendei a campo tão prioritário, com a certeza de que a evangelização no futuro depende em grande parte da 'igreja doméstica'. É a escola do amor, do conhecimento de Deus, do respeito à vida, à dignidade do homem. Esta pastoral é tanto mais importante, porquanto a família é objeto de tantas ameaças." Caros amigos. Estas palavras ecoam também aos nossos ouvidos como um apelo premente. Bispos de toda a América Latina estiveram debruçados sobre o tema geral programado para Puebla: A Evangelização no presente e no futuro da América Latina. Sob a inspiração do Espírito Santo, o estudo deste programa terá levado a reflexões capazes de despertar os homens para uma concepção mais cristã, e por isso mais humana, da vida em nossos países. Para nós, equipistas, é particularmente auspicioso saber que, em Puebla, todo um dia terá sido destinado à Família. É sabido que em Puebla terão sido estudados, em profundidade, problemas cruciais que o mundo conturbado e paganizado de hoje levanta, e que interessam à Igreja porque interessam ao homem. Estas considerações nos lembram as palavras que nos chegam através de recentes leituras: "Para sobreviver, a Igreja tem necessidade da generosidade gratuita dos cristãos. Precisa de um amor que ultrapasse o preceito. Precisa de pessoas dispostas a fazer bem mais do que a obrigação" (Pe. Charles). E, ao citar estas palavras, o Pe. Van Wynsberghe, Conselheiro Espiritual na Bélgica, acrescenta: "Ela, a Igreja, precisa de generosidade, e também de lucidez e de coragem". São virtudes estas que precisam ainda, para sobreviver, de um alimento espiritual capaz de fornecer "calorias" também espirituais, ao longo dos dias, dos meses, dos anos. Estas "calorias" vitais, as Equipes de Nossa Senhora têm por vocação proporcioná-las aos seus membros, através do exercício de seus métodos, da interiorização de sua mística, da vivência de sua espiritualidade, da fidelidade às suas normas. Ao terminar, caros amigos, e a título de incentivo, vamos : meditar a breve e significativa exortação de São Paulo, na sua carta aos Efésios (3, 14-21): Que o Senhor "se digne conceder ... que sejais armados de força, pelo seu Espírito, a fim de que se fortifique em vós o homem interior". Fraternalmente, A ECIR
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A ASCESE NA VIDA CRISTÃ
"Se alguém quer vir após mim, renegue-se a si mesmo, tome cada dia sua cruz, e siga-me" (Lc. 9, 23)
Quando se fala de ascese, imediatamente ocorre à nossa mente um feixe de idéias caricaturadas a respeito do verdadeiro sentido e da necessidade da ascese na vida cristã. Quais as causas disso? A meu ver são duas: a ignorância do que seja a verdadeira ascese cristã e a perda do sentido de sacrifício que nos incute eficazmente a sociedade de consumo. Freqüentemente pensamos que ascese seja coisa de monges ou de esquálidos anacoretas habitando escuras celas e vivendo de pão e água. Ora, isto não é verdade. Se, por um lado, a vida de penitência e ascese rigorosa foi praticada por alguns gigantes da santidade, em grau heróico, os que não são chamados a essa vida de virtudes heróicas, por outro lado, têm também eles a obrigação de se identificarem com o d ivino Mestre sempre mais, como fizeram aqueles. A ascese só tem sentido se tiver uma finalidade superior, sobrenatural, percebida apenas na fé e por quem tem fé. Ser cristão é identificar-se com Cristo na vida cotidiana. Ora, esta identificação exige um certo sacrifício, uma certa renúncia. Esta atitude de espírito se torna necessária porque temos diante de nós duas escalas de valores: uma é aquela dos valores humanos, da natureza, do mundo em que vivemos e com o qual mais facilmente nos identificamos; a outra é aquela dos valores espirituais, dos valores sobrenaturais, que só são percebidos de um ponto de vista que lhes é especial. Os valores sobrenaturais não são apenas objeto de descoberta racional. Eles foram revelados por Deus através de seus mensageiros e finalmente ele nos enviou Jesus Cristo para ser o ponto mais elevado da revelação de Deus. Diante dessas duas escalas de valores, o homem deve fazer uma escolha e estabelecer prioridades. "Ninguém pode servir a dois senhores" (Mt. 6, 24).
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Analisando mais de perto o vocábulo ascese e seu conteúdo, percebemos logo de início que ele tem suas raízes na cultura helenística e foi mais tarde adotado pelos escritores cristãos para designar uma realidade muito precisa da vida cristã nos moldes do Evangelho e da pregação de Paulo. Os primeiros cristãos a usarem a palavra ascese foram Orígenes (188-254) e São Clemente de Alexandria (+ 215). No início, o vocábulo tinha um sentido de treinamento, de educação física, de repetição, de metodicidade. Em seguida se lhe acrescentou um sentido espiritual e moral: a ascese é um adestramento da inteligência e da vontade. No vocabulário cristão, permaneceu firme o caráter de exercício, de constância, que inclui firmeza no modo de viver do cristão. A teologia católica, pois, usa o vocábulo ascese para designar os atos do esforço humano para a conquista da perfeição; mais precisamente, o esforço constante e ordenado no qual o momento da luta e da renúncia é muito importante e freqüente, embora não seja sempre decisivo. Para o cristão que trilha os caminhos do Senhor, a ascese, ou treinamento na virtude, faz parte integrante de sua vida, como o comer, beber e respirar. Talvez seja o nome, ou a falta de conhecimento do que seja ascese que nos assusta! São Paulo expressa essa realidade da vida cristã em termos do compromisso com Cristo que incumbe ao batizado. É a mortificação das inclinações pecaminosas e das paixões (Rom. 8, 13; Col. 3, 5) e "o despojar-se do homem velho" dominado pelo pecado (Ef. 4, 22). Cristo usa até mesmo a imagem de arrancar o próprio olho e de amputar a própria mão para mostrar, bem claramente, que o sucesso do mundo deve ser sacrificado em vista da salvação (Mt. 7, 13). É necessário vigiar para não cair em tentação (Me. 14, 38). O caminho do Reino de Deus é estreito e muita coisa inútil de nossa bagagem tem de ser deixada de lado para que possamos seguir em nossa caminhada (Mt. 7, 13). Poderíamos multiplicar indefinidamente os exemplos tirados das Escrituras onde se lê claramente a necessidade de despojamento, de treinamento na virtude, de escolha, de opção em vista do bom desempenho da tarefa de cristão. O próprio Paulo compara a vida cristã com um treinamento (ascese): "Todos os atletas se impõem muitas privações; e o fazem para alcançar uma coroa corruptível. Nós o fazemos por uma coroa incorruptível." (1 Cor. 9, 25).
Frei Eduardo Quirino de Oliveira, o.p.
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PARA ALCANÇAR A PAZ, EDUCAR PARA A PAZ
A grande causa da paz entre os homens tem necessidade de todas as energias de paz que existem no coração do homem. Ao longo de todo o seu pontificado, o Santo Padre Paulo VI fez uma caminhada convosco pelos difíceis caminhos da paz. Eu recebo das mãos do meu venerando predecessor o bordão de peregrino da paz. Assim, estou a caminho, ao vosso lado, com o Evangelho da paz. "Bem-aventurados os artífices de paz". Alcançar a paz: é a súmula e o coroamento de todas as nossas aspirações. A paz - nós todos o pressentimos - é plenitude e é alegria. Observa-se, no entanto, que tanto as pessoas como os grupos não levam a bom termo o compor entre si os conflitos secretos ou públicos. Será então que a paz é um ideal fora do nosso alcance? O espetáculo diário das guerras, das tensões e das divisões semeia a dúvida e o desalento. E muitas vezes os gestos de paz são irrisoriamente impotentes para mudar o curso das coisas. É preciso que concordemente se tomem como base alguns princípios elementares mas firmes, tais como estes: os assuntos dos homens devem ser tratados com humanidade e não por meio da violência; as tensões, os casos contenciosos e os conflitos devem ser compostos por meio de negociações razoáveis, e não com a força; as oposições ideológicas devem confrontar-se num clima de diálogo e de discussão livre; os interesses legítimos de determinados grupos devem ter em consideração também os interesses legítimos dos outros grupos aos quais digam respeito e as exigências do bem comum superior; o recurso às armas não deveria ser considerado como o instrumento próprio para solucionar os conflitos; os direitos humanos imprescritíveis devem ser salvaguardados, em todas as circunstâncias; não é permitido matar para impor uma solução. -10-
Estes princípios de humanidade, todos e cada um dos homens de boa vontade os podem encontrar na sua própria consciência. Eles correspondem à vontade de Deus relativamente aos homens. Para que eles se tornem convicções, entre os poderosos e entre os fracos, e para que eles passem a impregnar toda a ação, é necessário restituir-lhes a sua força. E para isso requer-se, a todos os níveis, uma paciente e longa educação. Contribuireis nos dias de hoje para a educação da paz dando o maior relevo possível às grandes tarefas pacíficas que se impõem à família humana. Nos esforços para se chegar a uma gestão razoável e solidária do ambiente e do patrimônio comuns da humanidade, para se chegar à erradicação da miséria que esmaga milhões de homens e à consolidação de instituições suscetíveis de exprimir e de fazer crescer a unidade da família humana a nível regional e mundial, os homens hão de descobrir o apelo fascinante da paz, que é reconciliação entre eles e reconciliação com o seu universo natural. Encorajando, contra todas as demagogias ambientes, a procura de modos de viver mais simples e menos deixados ao sabor dos impulsos tirânicos dos instintos de posse, de consumo e de dominação, mais acolhedores para com os ritmos profundos da criatividade pessoal e da amizade, abrireis para vós próprios e para todos um espaço imenso às possibilidades insuspeitadas da paz.
(continua no próximo número)
(Da Mensagem do Santo Padre João Paulo II para o Dia Mundial da Paz)
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POR UM MUNDO MAIS HUMANO PRESERVE O QUE
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DE TODOS
Deus fez o homem à Sua imagem e semelhança, pôs à sua disposição todas as plantas e todos os animais, colocou-o no jardim do Eden para cultivá-lo e guardá-lo... É o homem colocado no centro da criação visível e feito administrador da mesma. Paulo VI proclama que os homens são "guardas da criação de Deus" (Mensagem ao 5.0 Dia Mundial do Ambiente, 5-6-77), não lhe cabendo exercer "um domínio despótico sobre o ambiente humano, mas sim descobrir, a tempo, o caminho do seu crescimento material, da prudente moderação no uso dos alimentos terrestres e de uma verdadeira pobreza de espírito. Pois governar a natureza significa não destruí-la mas aperfeiçoá-la, não transformar o mundo num caos inabitável mas numa bonita casa, ordenada no respeito por todas as coisas" (idem, 1-6-72). É trágico verificar como o homem foi um administrador infiel, utilizando a criação não para a glória de Deus e o proveito dos irmãos, mas para a satisfação dos próprios desejos. E ainda hoje, infelizmente, a maioria dos homens, por malícia ou por inadvertência, não administra bem o mundo e a natureza, mas a desequilibra e perturba. Na raiz dos desafios ecológicos está o conceito de progresso que os homens buscam. A Encíclica "Populorum Progressio" enfatiza que o homem c a humanidade têm uma verdadeira vocação ao desenvolvimento, mas alerta para as exigências de desenvolvimento integral e solidário. O tempo atual chegou a maravilhas esplêndidas, de grande valia para o homem e o mundo. Mas é necessário também dizer que há graves distorções em muitos aspectos desse progresso, exatamente porque se procura o ter mais com prejuízo do ser mais. E os erros da história, mais cedo ou mais tarde, revelar-se-ão carregados de sérias conseqüências. Na Bíblia, o episódio da Torre de Babel demonstra o destino da humanidade quando quer avançar sem respeito a Deus e aos direitos dos outros. -13-
Basicamente, a ecologia conclama todos a uma nova mentalidade. Trata-se de superar o egoísmo, o consumismo, a ganância de possuir mais a qualquer preço. Trata-se de ser escrupulosamente preocupado em preservar e conservar o ar, a água, a flora e a fauna, que são elementos necessários à vida humana. Trata-se de readquirir o carinhoso respeito e a contemplativa admiração em face às belezas da natureza. São Francisco de Assis pode ser considerado o "padroeiro da ecologia" prec'samente por isso: contestando o luxo e a ostentação, adquiriu a capacidade de encontrar-se com a Irmã Natureza, sentindo-se responsável por ela e chegando por ela até Deus. A defesa do meio ambiente é fundamentalmente uma questão de educação, de aquisição e irradiação de hábitos sadios. Tal educação deve ter início na família, com o aproveitamento das circunstâncias do dia a dia; deve sistematizar-se na escola, mediante a introdução de aulas de ecologia e outras iniciativas pedagógicas; deve completar-se nos meios de comunicação social, onde denúncias de abusos e sugestões positivas devem alcançar toda a comunidade. Esta nova mentalidade produzirá muitos gestos concretos e se consolidará e difundirá por esses nossos gestos, possíveis e obrigatórios para o homem do campo e da cidade: plantar flores e conservá-las para deleitar a vista e sanear a atmosfera; evitar a derrubada desnecessária das matas e das árvores, antes, reflorestar áreas d'sponíveis; não caçar e não matar animais sem razões suficientes; dar o destino adequado ao lixo e aos detritos de qualquer espécie; obedecer às leis concernentes à poluição sonora, especialmente nas cidades; não poluir as correntes de água. Todos esses gestos e muitos outros que a criatividade atenta saberá suscitar poderão ser instrumento válido para fazer crescer a solidariedade e a fraternidade, ao mesmo tempo em que, concorrendo para preservar o que é de todos, ajudarão o mundo a tornar-se verdadeiramente mais humano. (Do texto-base da CNBB para a Campanha da Fraternidade 1979)
Datas que podemos utilizar, em casa e na escola, para despertar ou reforçar a mentalidade ecológica nas crianças: 21 19 5 25 21 4 5
de de de de de de de
março - Dia Florestal Mundial abril - Dia do índio junho - Dia Mundial do Meio Ambiente julho - Dia do Colono setembro - Dia Anual da Arvore outubro - Dia dos Animais outubro - Dia da Ave -14-
MOMENTOS COM DEUS
Sou grato a esta janela. Gosto de nela debruçar-me para "curtir" a natureza exuberante que a meus olhos se desdobra, \Tariada e pródiga, nos verdes da mata como no azul muito azul do céu. A montanha ergue-se nua, na ponta dos pés, para fixar o olhar sobre a paisagem. Nem falta o mar, uma nesga de mar com rochedos solitários que emergem à distância. Visto daqui, o panorama é tranquilo e repousante. Nem sempre é fácil escutar a vida. "Curtir" a natureza. Atingir o mistério das pessoas e dos acontecimentos. No entanto, é preciso. É preciso ir além da epiderme das pessoas e dos acontecimentos desde que se queira entrar em comunhão. É imprescindível mergulhar na realidade interior desde que se deseje viver e não apenas sobreviver. Devemos, entretanto, reconhecer que as condições de vida nem sempre favorecem esse itinerário do homem rumo ao centro de si mesmo e ao dos outros. É um aprendizado que devemos realizar com perseverança, amor e confiança. Mas, vale a pena, pois é através dele que se hão de verificar os encontros essenciais que farão de nós seres pacificados e saciados na fonte das genuínas alegrias. Quem trabalha neste décimo primeiro andar é feliz. Seria até uma ingratidão com o Bom Deus não vir a esta janela! Aqui estou. Uma idéia vai revelando outra, pensamento anuncia pensamento - dir-se-ia que Alguém se aproxima da gente, vindo com a brisa do mar, mostrando à gente os verdes da mata ou proferindo um "eu te amo" que ressoa na montanha. Há quanto tempo, Senhor, esse espetáculo se repete! Vem-me à lembrança a exclamação do rei pastor David, no salmo 8: "Eu me pergunto: que é o homem para que te lembres dele?" David é a gente quando escuta o mundo que criaste. Estou pensando: "A gente, indiferente a tudo. Exatamente a gente. A gente que é, no Universo, a única espécie com a -15-
capacidade de fazer perguntas, de inquirir, sedento de comunhão. A gente estrangula a pergunta, estanca no meio da procura, desconversa, quando é imprescindível dialogar. Surpreendo-me a repetir a pergunta: "Que é o homem dentro do infinito?" E extasio-me com a capacidade de ouvir as coisas. E as coisas me convencem de que o Universo criado está ordenado para mim a ponto de sem minha existência as coisas não terem sentido. De revelação em revelação com o mundo me transporto à comunhão com Deus, em verdade tão perto de mim e tão paciente em sua fidelidade. Ao ser humano só resta uma atitude: calar-se, calar-se profundamente, despojado e feliz, humilde e pobre ante a Face de Deus. Aproxima-se a noite. Retiro-me da janela, para deixar esta sala, atravessar o burburinho da cidade e aguardar o outro dia. Pela vidraça ainda me chega a visão de um barco a ocupar espaço em minha nesga de mar. Avança rumo ao mar alto, vagaroso e firme, como quem sabe para onde caminha . . . Pelo espaço há pássaros regressando aos ninhos. Enquanto aguardo a chegada do elevador, estou pensando: os navios aventuram-se mar a dentro e chegam aos portos ; os pássaros cortam o azul do céu sem deixar rastros, no entanto voltam aos ninhos; será que exatamente nós, Senhor, haveremos de perder a rota que leva à Tua Casa? Pe. Djalma Rodrigues
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NóS E O ANO DA CRIANÇA
O Ano Internacional da Criança começou' aqui com uma motivação psicológica forte. Mas depende de todos nós que o des~ pertar das consciências e da boa vontade não se limite a alguns gestos de generosidade sem continuidade. Há muito que fazer c somos todos responsáveis. Não permitamos que se fique em palavras bonitas, mas demos nós mesmos o exemplo, arregaçando as mangas, cada um dentro de suas possibilidades, na sua esfera, com seus dotes próprios e sua criatividade. É preciso que, ao fim do ano, tenham diminuído a vadiagem e a delinqüência, bem como a propagação de violência, consumismo e idéias amorais pela TV. Vamos ajudar os menores a saírem da rua, a profissionalizar-se e a encontrar trabalho. Vamos ajudar as mães solteiras a empregar-se, a terem seu filho, a conservá-lo, amá-lo e criá-lo. Vamos ajudar as mães de nossas periferias a conseguirem creches que lhes permitam trabalhar, vamos olhar seus filhos enquanto trabalham e proporcionar a essas crianças oportunidades de lazer. Vamos compartilhar nossos conhecimentos básicos com os trabalhadores desqualificados, para que consigam uma profissão que lhes permita dar o alimento necessário aos seus filhos. Vamos lembrar-nos das crianças nos orfanatos, e também dos abandonados com pais vivos que estão ao nosso lado, os filhos de separados e desquitados. Vamos lembrar-nos dos pais cujo relacionamento entrou em crise e ajudá-los a salvar seu casamento, pois as crianças precisam de um lar unido para desabrochar. Vamos lembrar-nos de todos os pais que ainda não sabem que são os primeiros responsáveis pela educação dos seus filhos e que devem a eles, antes de tudo, amor, carinho, atenção, compreensão, e também segurança, firmeza e bons exemplos, sendo o conforto o que menos importa. Vamos lembrar-nos de falar com eles em todas as oportunidades neste sentido.
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Vamos lembrar-nos das crianças que, nas escolas, aguardam, num horário para isso agora especificamente reservado, quem lhes vá falar de Deus. Vamos lembrar-nos também daquelas a quem se vai falar de educação sexual sem se falar de amor porque possivelmente aquele que irá falar não mais acredita no amor. E vamos lembrar-nos dos nossos próprios filhos. Será que temos tempo também para eles? para ouvi-los? rir e chorar com eles? ver TV com eles, comentar e discutir com eles os programas? falar-lhes de Deus? contemplar com eles a natureza? para ensinar-lhes, não só com palavras, mas com nosso exemplo, o amor, a tolerância, o perdão, a generosidade, o serviço? Tudo isso? Tudo isso - e só isso! Parece impossível de realizar, mas, se cada um, no lugar onde Deus o colocou, fizer o que estiver ao seu alcance, não apenas dando algo, mas dando de si, doando-se a si próprio, certamente será possível e 1979 será o início de um futuro melhor .
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DECLARAÇAO UNIVERSAL DOS DIREITOS DA CRIANÇA
Artigo 1
A criança terá todos os direitos proclamados nesta Declaração. Estes direitos serão reconhecidos para todas as crianças, sem qualquer exceção nem distinção ou discriminação por motivos de raça, cor, sexo, idioma, religião, opiniões políticas ou de outra natureza, de origem nacional ou social, posição econômica, nascimento ou outra condição, própria da criança ou de sua família. Artigo 2
A criança gozará de uma proteção especial e d "sporá de oportunidades e serviços, dispensados pela lei e por outros meios, para que possa desenvolver-se física, mental, moral, espiritual e socialmente de forma saudável e normal, assim como em condições de liberdade e dignidade. Ao se promulgar leis com esta finalidade, o objetivo fundamental será o interesse supremo da criança. Artigo 3
A criança tem direito, desde o seu nascimento, a um nome e a uma nacionalidade. Artigo 4
lt
A criança deve gozar dos benefícios da segurança social. Terá direito de crescer e se desenvolver com boa saúde; com este objetivo, deverão ser dados a ela e a sua mãe cuidados especiais, inclusive atendimento pré e pós-natal. A criança terá direito a desfr utar de alimentação, habitação, recreação e serviços médicos adequados. Artigo 5
A criança física ou mentalmente incapacitada, ou que sofra de algum impedimento social, deve receber o tratamento, a educação e os cuidados especiais que seu caso particular requer. Artigo 6
A criança, para o desenvolvimento pleno e harmonioso de sua personalidade, necessita de amor e compreensão. Sempre que for possível, deverá crescer com o amparo e sob a responsabilidade de seus pais e, de qualquer maneira, em um ambiente
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de afeto e de segurança moral e material; salvo circunstâncias excepcionais, não se deverá separar a criança de tenra idade de sua mãe. A sociedade e as autoridades públicas terão obrigação de cuidar especialmente das crianças órfãs ou cujas famílias careçam de meios adequados de subsistência. Para a manutenção dos filhos de famílias numerosas, convém sejam concedidos subsídios estatais ou de outra natureza. Artigo 7
A criança tem direito a receber educação gratuita e obrigatória, pelo menos alfabetização. Se lhe dará uma educação que favoreça sua cultura geral e lhe permita, em condições de igualdade de oportunidades, desenvolver suas aptidões e seu juízo individual, seu senso de responsabilidade moral e social, para que venha a ser um membro útil à sociedade. O interesse principal da criança deve ser o princípio básico daqueles que têm a responsabilidade de sua educação e orientação; esta responsabilidade cabe, em primeiro lugar, a seus pais. A criança deve desfrutar plenamente de jogos e recreações, os quais devem ser orientados com objetivo educacional; a sociedade e as autoridades públicas se esforçarão para promover o gozo desse direito. Artigo 8
A criança deve, em todas as circunstâncias, figurar entre os primeiros a receber proteção e socorro. Artigo 9
A criança deve ser proteg:da contra todas as formas de abandono, crueldade e exploração. Não será objeto de maus-tratos. Não se deverá permitir que a criança trabalhe antes de uma idade mínima adequada; em nenhum caso se lhe dará ou se lhe permitirá que se dedique a ocupações ou qualquer emprego que possa prejudicar sua saúde ou educação, ou impedir seu desenvolvimento físico, mental ou moral. Artigo 10
A criança deve ser protegida contra as práticas que possam fomentar a discriminação racial, religiosa ou de qualquer outra natureza. Deve ser educada com espírito de compreensão, tolerância e amizade entre os povos, paz e fraternidade universal, e com plena consciência de que deve consagrar suas energias e aptidões ao serviço de seus semelhantes. -20-
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O
DIREITO À VIDA
A Declaração Universal dos Direitos da Criança não menciona o direito que parece ser o mais elementar: o direito à vida. Os artigos 2 e 4 falam de direito ao desenvolvimento físico, mas ambos tratam, como toda a Declaração, de crianças já nascidas, embora o artigo 4 faça menção ao atendimento pré-natal. A Igreja sempre se opôs ao aborto, porque acredita que o feto, por menos tempo que tenha, é uma vida, já é uma criança, um ser humano, uma criatura de Deus. Têm sido inúmeros, nos últimos anos, os pronunciamentos, não só de bispos, mas de conferências episcopais inteiras, no mundo ocidental, contra o aborto, exatamente porque a vida intra-uterina vem sendo cada vez mais ameaçada por atentados que já encontram amparo legal em muitas nações. O Papa João Paulo li tem se manifestado repetidamente sobre o assunto, condenando a prática do aborto e exaltando o direito à vida. A maioria das pessoas se revolta com o genocídio perpetrado pelas câmaras de gás dos nazistas e pelos "lagers" soviéticos. A tragédia do Biafra deixou o mundo atônito. No entanto, este mesmo mundo silencia diante do genocídio praticado por milhares de mulheres com a cumplicidade não só de médicos mas também agora de leis e governos. Os que reclamam bem alto contra os crimes contra a humanidade dão tranquilamente seu voto para que se libere o aborto, sem perceber que estão instaurando e legalizando uma nova forma de genocídio. Em 22 de janeiro de 1973, a Corte Suprema dos Estados Unidos aprovou a lei do aborto para fins práticos, nos primeiros pasmem - seis meses de gestação, baseando-se no argumento defendido por dois terços dos americanos, segundo o qual gravidez indesejada é assunto que diz respeito à mãe e ao seu médico. Infelizmente, o aborto legalizado não é privilégio só dos Estados Unidos. Já existia há muito tempo no Japão e em países de trás da cortina de ferro e, segundo as estatísticas, somente -21-
em 1960, foram mortas nesses países 1.546.000 crianças no ventre materno. Se esta cifra tem quase 20 anos, e diz respeito a apenas alguns países em quanto terá chegado hoje este genocídio mundial silencioso? Campanhas feministas, a falsa hierarquia de valores imposta pela sociedade de consumo, o erotismo encorajado pelos meios de comunicação, o clima de violência reinante, tudo leva a crer que os esforços envidados por legisladores porta-vozes do egoísmo, da inconsciência, para não dizer de uma forma disfarçada de crime, conseguirão introduzir leis favoráveis ao aborto mesmo em países tradicionalmente católicos - como já conseguiram na Itália. Portanto, neste Ano Internacional da Criança, os cristãos são chamados, entre outras, a uma cruzada contra o aborto. Em nosso país, vamos tentar impedir que, depois da lei do divórcio, venha a lei do aborto. Como sempre, medidas negativas de pouco adiantam: marchas, protestos, etc., só chamam mais atenção para o problema. É preciso, isto sim, lutar de forma positiva, por um lado, procurando conseguir melhores condições de vida para o povo e, por outro, procurando mudar a mentalidade egoísta, consumista, hedonista das classes mais favorecidas. Todos nós, casais cristãos, somos chamados a isto. É uma luta na qual muitos de nós já estã0 empenhados, mas é preciso que todos façam a sua parte. Não se trata tanto de falar contra o aborto, embora isto também seja necessário, mas de trabalhar em prol da vida, da vida que já existe e deveria ser mais digna, para que as mães não mais precisassem ter medo de pôr um filho no mundo.
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O MOVIMENTO NO MUNDO
COLOMBIANOS
NO
BRASIL
Estiveram conosco, para participar do Encontro de Responsáveis Regionais e de Setor, em novembro passado, o Casal Regional e o Conselheiro Espiritual das Equipes da Colômbia, Júlio e Amália Fernandez e o Pe. Luis Montalvo. O Pe. Montalvo, professor no Seminário de Bogotá, é Conselheiro Espiritual desde 1961. Júlio é engenheiro químico, o casal tem 5 filhos, de 23 a 15 anos, e está nas Equipes há 13 anos.
C.M. -
Como e quando começaram as Equipes na Colômbia?
Júlio e Amália -
A primeira equipe começou em 1955, com casais que tinham tido um contato com o M.F.C. mas queriam algo mais espiritual. O Pe. Rafael Sarmiento, hoje Bispo de Neiva, tinha ouvido falar nas Equipes e mandou vir da França a documentação. Como aconteceu com a primeira equipe do Brasil, a primeira equipe da Colômbia foi pilotada da França, por correspondência. Até 1961, havia só duas equipes, que estavam, por assim dizer, "vegetando", até que, em 1961, um Conselheiro Espiritual, o Pe. Jorge Restrepo, viajou para a Espanha e trouxe de lá vida nova. Formou-se em 1963 o primeiro Setor, com 6 equipes. Em 1968, um casal mudou-se para Cali e fundou-se então a primeira equipe fora de Bogotá. As equipes de Neiva são mais recentes: datam de 1976. Temos ao todo, hoje, 33 equipes, incluindo 10 em pilotagem. C.M. -
Quando se deu a formação da Região?
Em seguida à visita de Louis e Marie d'Amonville e Marcello e Esther em julho de 1977. Desde então, ocorreram muitas mudanças! Passamos a ser ligados ao Brasil e não mais à Espanha. Tivemos a primeira Sessão Júlio e Amália -
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de Formação, em novembro de 1977, depois da qual foi instalada a Região. Na segunda visita de Marcello e Esther, este ano, o Setor foi dividido em 4 Coordenações, três para Bogotá e uma para as equipes de Cali e Neiva. C.M. -
Como receberam o fato de serem ligados ao Brasil?
No início, estávamos um pouco perplexos, porque tínhamos ouvido falar do Movimento no Brasil como se fosse meio "herético"! Evidentemente, tínhamos com a Espanha uma afinidade de língua, mas logo percebemos que tínhamos mais afinidades com o Brasil, devido à semelhança dos problemas. Conversando com Marcello e Esther, descobrimos muitas coisas parecidas com o início do Movimento aqui.
Júlio e Amália -
C.M. -
Quais os problemas do Movimento na Colômbia?
Malgrado as duas Sessões de Formação realizadas, ainda não temos o número suficiente de quadros. Para superar este problema, já resolvemos fazer uma Sessão de Formação por ano. E estamos programando o nosso primeiro Encontro de Responsáveis de Equipe. Graças a Deus, não temos dificuldades em encontrar Assistentes.
Júlio e Amália -
C.M. -
Em que meio social são recrutados os casais?
Nas classes média e média alta. Um dos Responsáveis de Coordenação tem algumas equipes de meio mais simples. Inclusive, é quase que uma atribuição específica dessa Coordenação procurar difundir o Movimento na zona sul de Bogotá, que é a parte mais pobre da cidade. O trabalho começou com reuniões de catequese, um apostolado aos domingos, e parece que há possibilidades de desenvolvimento.
Júlio e Amália -
C.M. -
Quais os trabalhos de apostolado aos quais se dedicam os equipistas?
Colaboramos de maneira permanente com o Conselho N acionai de Leigos onde temos representantes, com o Pe. Primeau, Secretário do Departamento da Família do CELAM, e com a Comissão Diocesana de Pastoral Familiar. Quanto à preparação para o casamento, é organizada pelo M.F.C. e temos alguns casais colaborando - mas são poucos e convimos que poderíamos estar bem mais engajados neste trabalho. Nossos casais colaboram principalmente em cursos de formação para pais de família e para educação de jovens em colégios, o que achamos importante. Quanto aos Encontros de Casais, os equipistas ainda não chegaram ao ponto em que vocês estão, de dar palestras, trabalhar, organizar: por enquanto, estão participando - ou seja, "fazendo" o Encontro! Júlio e Amália -
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C.M. -
E o que nos dizem em relação às vocações?
Graças a Deus, temos tido bastante vocações nas famílias equipistas. Atualmente, são 5 seminaristas maiores e uma religiosa.
Júlio e Amália -
C.M. -
Com trinta e três equipes apenas. . . A proporção é grande! A que atribuem esta graça?
Pe. Montalvo -
Acho que podemos dizer: à oração! E também a um maior amadurecimento da fé.
Já que estamos falando de filhos, vocês têm na Colômbia os mesmos problemas nossos, de jovens que não vão mais à missa ou mesmo rejeitam o casamento religioso?
C.M. -
Júlio e Amália -
Sim, infelizmente, temos, mas em escala bem menor. E, no meio específico das Equipes, é
bastante raro. C.M. -
Para terminar, o que acharam deste Encontro em Itaici?
Estamos muito impressionados com o exemplo de sacrifício e doação. Achamos fantástico esses casais que vieram de tão longe para participar. Também nos impressionou a organização e a seriedade, a alegria, o calor humano. E a liturgia: encontramos uma espiritualidade tão grande como a dos europeus!
Júlio e Amália -
Muito obrigado por esse tempo que nos dedicaram, depois de dois dias tão cheios e que devem ter sido cansativos para vocês. Boa viagem, e voltem sempre!
C.M. -
E vocês, venham nos visitar. Digam a todos os casais do Brasil que, se vierem à Colômbia, não deixem de nos procurar.
Júlio e Amália -
Endereço de Júlio e Amália: Calle 106 n9 19 A 74 BOGOTA -
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COLOMBIA
OS EQUIPISTAS ESCREVEM
Sendo esta a primeira vez que recebemos uma carta comentando artigos da Carta Mensal, achamos que merece destaque . Além de comunicar que faz um fichário dos artigos por assunto, o que é uma notícia que pocferá interessar a muita gente, o equipista tece considerações a respeito de um ar~igo publicado na Carta Mensal de maio de 1978, "Teríamos nós medo do Espírito? ", do Pastor Marc Boegner. Abrimos, pois, uma nova "seção", esperando poder usá-la muitas vezes: escrevam-nos - comentem, critiquem, sugiram, isto principalmente, pois precisamos de suas sugestões e críticas para saber o que lhes agrada, o que lhes faz falta, o que os aborrece.
Valença, RJ, 3 de novembro de 1978 A Equipe de Redação da Carta Mensal das Equipes de Nossa Senhora Prezados irmãos Acabo de ler, como de hábito. a Carta Mensal e, antes que termine o impulso, sento-me â máquina para lhes agradecer o carinhoso e profícuo trabalho que empreendem a nosso favor. Com efeito, ainda que, por razões de personalidade, a publicação de um mês agrade mais em cheio que a de outro, o conjunto dos artigos publicados constitui importante roteiro de pistas para todo aquele que lhes dedica um pouco de atenção. Quanto a mim, desde 1974, coleciono cuidadosamente estas preciosas revistas, enquanto faço, à parte, um registro de todos os artigos, segundo o assunto abordado, tendo assim sempre à mão poderosos subsídios para estudos e palestras para os quais somos, minha esposa e eu, vez por outra solicitados. Neste ano de 1978, impressionaram-nos especialmente os artigos: "Ao Encontro de Deus" (nov. 78); "A Segunda Carta ao Povo de Deus" e "Teríamos nós medo do Espírito?" (maio-78), e ainda "O nosso 'Paraíso Perdido'", também de maio.
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Quanto ao artigo do pastor Marc Boegner, atingiu-nos profundamente, pois este ano, durante o qual tanto se falou de desapego, o mais difícil tem sido o desapego aos nossos padrões de segurança, que nos impedem de dar aquele salto no escuro e nos lançarmos na aventura da fé. O medo de sermos diferentes, talvez até apontados como visionários, acreditando na ação do Espírito Santo, mais do que em nossas forças, pois estas, estamos convencidos, estarão sempre aquém da tarefa humana. Nós, equipistas, rezamos diariamente louvando a Deus por ter "feito em nós maravilhas", alertava alguém em retiro que fizemos neste último fim de semana, entretanto, onde estão os atos que correspondem a essas palavras? onde as conseqüências? Resistiriam a um sério exame de consciência? Não estaríamos talvez amordaçando o Espírito, para que não possa falar em nós? Não estamos, ao fim de cada ano, com um "Fundo de Garantia Material" maior do que aquele do ano que findou? Até quanto seria coerente com nossa opção de cristãos aumentá-lo? Saudações equipistas
CZaus
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APOSTOLADO
ECOS DA SEMANA DA FAMíLIA
Somente o Boletim de Jundiai trouxe uma noticia detalhada sobre as atividades desenvolvidas pelos equipistas por ocasião da Semana da Família. Gostaríamos que os demais Setores nos contassem como se realizou a participação na programação de suas respectivas dioceses.
Novamente neste ano os equipistas puseram-se a postos para a Semana da Família, no período de 30 de setembro a 7 de outubro, dando seqüência à iniciativa do Regional Sul I da CNBB. Desta feita, não fomos convocados para um trabalho em conjunto, como no ano anterior, quando a maioria dos equipistas participou das atividades programadas pela Paróquia da Catedral. Este ano, o Movimento fez chegar às mãos dos equipistas o folheto alusivo à Semana da Família distribuído pela CNBB, e uma cópia da carta escrita pelo casal Louis-Marie d'Amonville, responsáveis internacionais pelo nosso Movimento, fazendo uma análise comparativa entre as famílias da França e do Brasil. Ficaram as equipes com liberdade para as suas programações. Das notícias recebidas, constatamos que a quase totalidade dos equipistas participou. Em algumas equipes, foi feita uma reunião para refletir sobre os problemas da família, em outras - a maioria - cada equipista fez essa reflexão com seus vizinhos. Outras ainda programaram atividades em conjunto, envolvendo terceiros, algumas delas levando adiante várias dessas atividades ao mesmo tempo. Assim, por exemplo: A Equipe 5, além de conversa com jovens, novena de quarteirão, uma palavra especial sobre a família em cursos de noivos, desenvolvimento de temas para meditação e reflexão do casal -28-
durante a Semana e uma celebração na Vila Hortolândia programada pelo Assistente, promoveu arrecadação de alimentos e roupas para asilos e orfanatos e realizou visita aos mesmos. A Equipe 8, além de uma série de palestras em uma paróquia, participou ainda, com toda a comunidade, do Terço e da Santa Missa, ao mesmo tempo em que angariava alimentos para as famílias pobres. Equipistas professores aproveitaram suas aulas para conscientizar seus alunos da importância da família e promoveram pesquisa destes junto a seus pais. Foi dada entrevista em rádio local e alguns artigos foram publicados pela nossa imprensa. O trabalho foi bom, mas esperamos que, para o ano que vem, possamos dar um passo a mais, visando conscientizar um maior número de famílias, pois esta é de fato nossa maior missão, como membros ativos das Equipes de Nossa Senhora. Equipe 1 de Jundiaí
No mês de outubro, tivemos a Semana da Familia. Como membros de famílias cristãs, temos a responsabilidade de pensar nas famílias em todas as semanas do ano . O apelo do mundo que nos cerca, e do qual cada vez mais nos conscientizamos, é muito grande. Não podemos decepcionar quem precisa de nós com nossas respostas fracas de gente privilegiada e acomodada. Se queremos ser sinal de alguma coisa, se optarmos por Cristo, devemos partir da reflexão da sua Palavra para uma ação constante, direcionada e eficaz, hoje, no mundo em que vivemos. (Do Editorial de Wilma. e Orlando)
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NOTíCIAS DOS SETORES
JUNDIAí -
Um Natal diferente
E digno de ser imitado. . . Lá vão as "dicas" para quem quiser adotar a idéia no próximo Natal. Os equipistas de Jundiaí receberam, no início de novembro, uma circular dividida em três partes: convocação-motivação, organização e sugestões. Na primeira parte, dizia a circular: "O nosso Natal este ano será um pouco diferente. Seria muito mais cômodo para todos nós prepararmos uma vigília de 2 ou 3 horas de duração, na qual apenas meditaríamos sobre o significado da vinda do Cristo ao mundo... Nós todos sentimos, porém, que (orar apenas com a boca e em palavras' já não nos satisfaz.
A idéia do bazar e da vigília com os favelados poderá parecer pequena, desde que são tantos os problemas de desordem social e tão poucos os remédios, funcionando estes apenas como paliativos que não resolvem nenhum daqueles. No entanto, entre as grandes coisas que desejaríamos faze?· mas não podemos e as pequenas que poderíamos fazer mas não desejamos, o perigo está em não fazermos nenhuma; para qualquer caminhada, mesmo as mais .longas, é necessá1'io dar os primeiros passos . .. " A circular, a seguir, dava a composição de 12 grupos, formados por 4 a 5 casais, para a intercomunicação e o recolhimento do material; indicação do local para encaminhamento do mesmo; sugestão de como separar e quando levar o material, segundo a sua natureza; indicação dos diversos serviços a serem prestados no dia, etc. Entre as sugestões, levantamos estas: "Passe uma boa revista em sua casa; mesmo que você dê com freqüência o que não lhe serve, você sempre achará mais alguma coisa. -
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Em último caso, pegue um da dúzia de lençóis e toalhas que você possui; um dos muitos pratos que estão em uso; aquela camisa de que você gosta menos que as outras vinte. . . A você, esses objetos não farão falta, mas, quando juntarmos tudo, teremos, no mínimo, 5 ou 6 chúzias de cada um deles. Se, em todo caso, lhe for muito difícil fazer qualquer uma dessas coisas, dê o que é mais importante afinal: um pouco de você mesmo." Agora, vocês estão querendo saber como foi o bazar, não é? Só que fica para o próximo número, porque queremos transcrever na íntegra e já tomamos muito espaço desta vez! Aguardem! ~
muita coisa . ..
O Boletim de novembro está tão cheio de coisas boas que não sabemos como fazer para transmitir todas elas... Vejam nossa dúvida, acompanhando a seqüência. A Oração de uma mãe, por uma equipista, abre o Boletim, seguida de um editorial, do Responsável do Setor - de apenas quatorze linhas, mas que linhas! Segue um excelente artigo sobre a correção fraterna. A motivação, pela equipe 10, que, com a 9, idealizou o Natal dos favelados, para o bazar e a vigília, a ser realizada também na favela. Notícias sobre as atividades dos equipistas durante a Semana da Família. Relato da tarde de estudos sobre o Plano de Pastoral Familiar da Diocese e das adesões para o trabalho nos grupos destinados a levar adiante o Plano. E outras, mais sucintas, sobre novas equipes, noites de oração, distribuição do documento da CNBB, "Orientações pastorais sobre o Matrimônio". Encerra-se o precioso boletim com um artigo importante sobre o Sentido cristão do voto. Quanto ao de dezembro, fala da Novena do Natal, assinalando que não só os folhetos mas também um disquinho com as músicas estão com os Casais Responsáveis de cada equipe, e traz dois relatos sobre o bazar ... CURITIBA -
Apostolado com casais
Sob a batuta de Lia e José Maria, a Equipe 1 realizou um Curso de Vivência Matrimonial para casais não equipistas, na cidade de Pinhais. Naquela localidade, a equipe organizou um dia de estudos e reflexão, do qual participaram mais de 40 casais. As palestras seguiram a seguinte ordem: O sentido da vida; A formação da família; A economia doméstica; Amor e casamen-
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to; O sacramento do matrimônio. O dia encerrou-se com a santa missa, com a participação total dos casais. O sucesso foi extraordinário. Após o encontro, três casais que não eram casados na Igreja vieram dizer que desejavam realizar seu casamento religioso, convidando inclusive os palestristas a serem seus padrinhos. E os participantes gostaram tanto que pediram aos casais que lançassem equipes na cidade. A equipe achou a experiência tão válida que pretende repeti-la em outras localidades. Parabéns. . . Se as notícias de Curitiba são assim tão boas, é pena que sejam tão raras. Será modéstia? Esta, foi preciso arrancá-la ao Bleggi em Itaici. ..
BAURU -
18 anos de Movimento
As Equipes de Bauru comemoram 18 anos de sua implantação na cidade. O Setor enviou à Carta Mensal a seguinte notícia, que infelizmente não chegou a tempo para o número de dezembro:
"A maioridade das Equipes de Nossa Senhora em Bauru foi comemorada no dia 28 de outubro, com bastante destaque e contagiante alegria. A programação organizada pelo Setor fo-i desenvolvida com a participação de significativo número de casais. Presentes, além do Casal Regional, Arlete e Milton, Marisa e Gustavo, que proferiram belíssima palestra, até hoje repercutindo entre os equipistas bauruenses. O Setor de Jaú, que deu iní-32-
cio, em 1960, ao Setor de Bauru, fez-se representar na comemoração por vários casais, o que foi motivo de alegria para os irmãos bauruenses. Durante a confraternização, muito alegre e descontraída, Myrthes e Norge, casal mais antigo no Movimento em Bauru, e Helena e Oswaldo, representando J aú, apagaram juntos as velinhas do grande bolo preparado por Verônica e Olanda, não tendo faltado o tradicional 'Parabéns a você'." -
Obrigado, Pe. Ivo
Atendendo a uma distribuição de encargos entre os presbíteros da diocese, o Pe. Ivo Martinelli, dedicado Conselheiro Espiritual do Setor, deixou o cargo, sendo nele substituído pelo Pe. Carlos Martinez Galinzoga. No dia da comemoração dos 18 anos, foi prestada homenagem ao querido sacerdote, manifestando o reconhecimento do Setor. -
Primeiras equipinhas
Os casais da Equipe 8, motivados pelo estudo do tema sobre a família, resolveram fundar as equipinhas. Esta idéia foi fácil de concretizar porque, na equipe, os filhos são em número de 23, em idades que variam dos 5 aos 16 anos. Inicialmente, foram montados 4 grupos, de acordo com as faixas etárias, sob a coordenação de quatro jovens. Na primeira reunião, crianças e adolescentes responderam a perguntas relativas ao relacionamento pais e filhos. (As respostas foram debatidas e confrontadas com o tema durante a reunião seguinte da equipe dos pais. Cada um, através das respostas dos filhos, pôde constatar não só suas deficiências, como também os pontos positivos em relação à educação.) A equipe, entusiasmada com o êxito do primeiro encontro, logo promoveu o segundo, sobre o tema: o sentido cristão do Natal. -
Jubileu de prata sacerdotal
Outra notícia enviada pelo Setor: o Pe. Luiz Batistella completou 25 anos de ordenação sacerdotal, o que constituiu motivo de grande alegria para os equipistas bauruenses, principalmente das Equipes 1 e 6, "a quem empresta o carinho de uma assistência firme e dedica o brilho de sua vasta cultura teologal e geral". O Pe. Batistella foi um dos primeiros Conselheiros Espirituais de equipe em Bauru. -33-
VALENÇA -
Fichário da Carta Mensal
Recebemos de Marlene e Claus, Responsáveis pela Coordenação de Valença, benvinda carta comentando nossa Carta Mensal e contando que, desde 1974, Claus vem fazendo um fichário de todos os artigos, por assunto, "tendo assim sempre à mão poderosos subsídios para estudos e palestras". O fato é deveras auspicioso: além de ser, para nós, da Carta Mensal, de grande valia, poderá ser útil a muita gente, justamente em casos de estudos ou palestras. Damos a seguir o endereço do Claus e seu telefone, para quem quiser solicitar informações. Quanto à carta, vai transcrita à parte, sendo que transmitimos abaixo as notícias enviadas. Endereço: Marlene e Claus Soler Rua Domingos Co.satti, 333 27.600 - Valença - fone: (0232) 52-028$
Notícias da Coordenação
As duas primeiras equipes de Valença realizaram seu compromisso, durante a missa concelebrada pelos três Conselheiros Espirituais de Valença. A preparação para o casamento, em Valença, está, desde janeiro de 1977, a cargo das Equipes de Nossa Senhora, "ministério esse, escreve Claus, que nos tem proporcionado um campo muito propício para cumprirmos nosso dever de evangelizadores". Quanto ao retiro, foi pregado, em outubro, pelo Frei Hipólito Martendahl, de Petrópolis, quando 24 casais serviram-se de "mais essa excepcional oportunidade para parar e repensar sua vida". RIO DE JANEIRO -
Dia de estudos
Contando com a participação de 79 casais - e 98 crianças, "controladas" por 13 jovens e 4 casais - o dia de estudos versou· sobre o tema da "Harmonia matrimonial", sob a batuta de Frei Antonio Moser. Inicialmente, Frei Moser deu uma visão geral das diferenças entre homem e mulher, em si mesmos, e nas diversas culturas e épocas. Após mostrar a existência de um confronto, atualmente, entre os dois sexos, Frei Moser terminou o dia dando as pistas para um encontro do casal. -
Reunião inter-equipes
Proveitosíssima a reunião de equipes mistas, centrada sobre o tema da correção fraterna. A orientação foi dada pela leitura -34-
e meditação dos textos seguintes: I Cor. 13, 1-8 e Mt. 18, 15-18. Muita coisa interessante foi dita - e anotada. Aguardem, numa próxima carta. BRASíLIA -
Dois auspiciosos jubileus
D. José Newton de Almeida Batista, Arcebispo de Brasília, completou, no dia 28 de outubro, 50 anos de ordenação sacerdotal. Além desse jubileu de ouro, D. Geraldo Avila, Bispo Auxiliar, por sua vez comemorou seu jubileu de prata. A Carta Mensal associa-se, embora tardiamente, às homens prestadas a Suas Excelências. -
Informação "tamanho família"
Fato inusitado no Movimento: uma reuruao de informação para 49 casais. . . Para que funcionasse a contento, foi preciso toda uma organização! Além da presença de 3 Conselheiros Espirituais, a constituição de uma "equipe de serviço", para servir o cafezinho e os refrigerantes, e até de uma "mini-creche" para os filhos dos casais que estavam recebendo a informação. Todo esse trabalho foi plenamente recompensado, pela total adesão dos casais ao Movimento. BEL~M
DO PARA -
Retiro
Com a presença de 27 casais, realizou-se o retiro das 7 equipes de Belém. O pregador foi o Pe. Gino Zatelli, s.j., que refletiu com os equipistas sobre A figura do Rei David, O Salmo 50, Conhecer os sinais, O Cristo da história e O Cristo da minha vida. O clima de oração e reflexão estabelecidos tornaram os dois dias muito proveitosos e rápido balanço revelou que o retiro foi altamente positivo. SOROCABA -
Jubileu do Con. Castanho
Escrevem Vera e Leosmar, Responsáveis pela Coordenação:
"Celebramos, no dia 4 de dezembro, missa em ação de graças pelos 25 anos de sacerdócio do nosso querido Con. José Carlos Castanho de Almeida. O Pe. Castanho foi um dos principais responsáveis pela formação das Equipes de N assa Senhora em Sorocaba, sendo Conselheiro Espiritual das equipes 1 e 8. A missa foi celebrada na casa de um dos casais, com a presença doi
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casais das duas equipes, e fazia parte das comemorações oficiais organizadas por nosso Bispo diocesano, D. José Melhado Campos. A celebração, especialmente preparada pelo Sr. Bispo, foi singela, permitindo que os casais, numa união muito íntima com Deus, pudessem dar graças pela presença do Pe. Castanho entre nós e orar pelas vocações sacerdotais." -
Reuniões mistas
Recebemos a seguinte notícia, escrita por um dos casais participantes:
"11 de novembro de 1978. Terminada a missa das 19 hs. da comunidade da Catedral de Sorocaba, vários casais permanecem no templo, aguardando a chamada para a constituição das equipes mistas, que se reunirão a seguir. São as Equipes de Nossa Senhora da cidade de Sorocaba, que vão passar por essa maravilhosa experiência pela primeira vez. Encaminham-se os casais para as várias casas, onde, com a luz do Espírito Santo, iniciam uma troca de experiências das mais edificantes. Meditação, orações, partilha, refeição em comum, co-participação . .. É a Igreja atuante, viva, v!brante, eficaz, pacificadora, indestrutível. . . A união de casais de várias equipes diferentes fez-nos sentir a grandiosidade do Movimento, espalhado, não só aqui, mas pelo mundo todo, sob o olhar de Maria. Impossível relatar com fidelidade os benefícios auferidos por cada um, mas todos se sentiram edificados e desejosos de novos encontros desse tipo." Primeira equipe de adolescentes
Escreve o mesmo casal: "Filhos de equipistas fizeram sua primeira experiência nos moldes de uma reunião de equipe. Já constituem um grupo de jovens que se amam e se respeitam, verdadeiros adoradores do Pai, em espírito e em verdade, dando aos próprios pais belíssimos exemplos de cristianismo."
ARAÇATUBA- Retiro Recebemos de Sueli e Otávio, Casal Responsável pela Coordenação, a ..seguinte notícia :
"Foi um grande acontecimento para as Equipes de Araçatuba a realização de seu segundo retiro espiritual de 1978. Participaram 26 casais de Araçatuba, 2 de Mirandópolis, 2 de José Bonifácio e 2 de Valparaíso - ao todo, 32 casais. Após o sucesso alcançado pelo Frei Estevão Nunes como pregador do primeiro retiro do ano, esses dias eram ansiosamen-36-
te aguardados, pois, para satisfação geral, ele estaria novamP.nte entre nós para este segundo retiro. Como Frei Estevão já dissera, não pretendia fazer palestr:.s, mas propiciar a todos condições para reflexão, meditação e interiorização. Isto foi conseguido plenamente. O retiro foi bastante enriquecido pelos cânticos, acompanhados dos violões da Equipe Nossa Senhora da Alegria, trazendo-nos, por isso mesmo, muito entusiasmo. O ponto culminante do retiro foi a missa do domingo, quando os casais renovaram os compromissos do matrimônio, cerimônia essa que tocou profundamente os casais presentes. O saldo do retiro foi o crescimento espiritual, no amor ao Pai e ao próximo." DEUS CHAMOU A SI Frei Venâncio Pivatto
No dia 9 de novembro, o querido capuchinho foi tomar posse do lugar para ele preparado por Cristo. A missa de corpo presente foi concelebrada, no Santuário de Nossa Senhora de Fátima, do qual era vigário, pelo Arcebispo, os dois Bispos auxiliares e aproximadamente 50 sacerdotes. Frei Venâncio era muito querido em todas as equipes. Foi Conselheiro Esp;ritual da 1 e, esporadicamente, da 4 e da 8. Mas praticamente todas as equipes de Brasília tiveram a oportunidade de recebê-lo vez ou outra, quando de bom grado vinha substituir um Conselheiro ausente, principalmente depois que, por força da sobrecarga de trabalho acarretada pela paróquia, precisou desistir de ser Conselheiro efetivo. Era muito entendido em espiritualidade conjugal, e isto, aliado à sua grande cultura teológica, fazia dele um excelente pregador de retiros para casais. Foi ele quem fez a palestra principal no primeiro Mutirão de Brasília. Era grande entusiasta do Movimento e foi dos que mais contribuíram para seu desenvolvimento na cidade. Florindo Aurélio Violato Da Equipe 6 de Lins. No dia 26 de outubro, véspera do dia em que completaria 55 anos. De insuficiência renal aguda. Foi 0 fim de um ano particularmente doloroso na vida do casal, quando três acidentes de trânsito lhe tiraram a filha, a mãe de Florindo e deixaram o filho ferido por muitos meses. "A todos esses acontecimentos, escrevem seus companheiros de Lins, Florindo dizia 'seja feita a vontade de Deus', perdoando os culpados e não
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movendo nenhuma ação contra eles. Quanto à sua doença, estava muito conformado com a mesma. Florindo era dotado de grande humildade e de muita simplicidade. Além de equipista, era também cursilhista e vicentino." Rezemos por Norma, para que Deus lhe dê forças para suportar com fé e resignação mais esta provação. NOVAS EQUIPES
Blumenau
Equipe 8 - Casal Piloto: Leila e Walter; Conselheiro Espiritual: Frei Névio Fiorin. Equipe 9 - Casal Piloto: Leonida e José; Conselheiro Espiritual: Frei Walmor Cattoni. Brasília
Equipe 16 - Casal Piloto: Suely e Israel; Conselheiro Espiritual: Pe. João Bosco. Equipe 17 - Casal Piloto: Célvora e Otávio; Conselheiro Espiritual: Pe. Ignácio Pilz. Equipe 18 - Casal Piloto: Marieta e Cid; Conselheiro Espiritual: Pe. David Regan. Equipe 19 - Casal Piloto: Lúcia e Freddy; Conselheiro Espiritual: Pe. Rogério. Equipe 20 - Casal Piloto: Nilda e Rio Branco; Conselheiro Espiritual: Pe. Lisboa. Florianópolis
Equipe 22, Setor B - Casal Piloto: Cesar e Djanira; Conselheiro Espiritual: João Francisco Salm. Equipe 23, Setor A - Casal Piloto: Irani e Nereu; Conselheiro Espiritual: Pe. Hélio José de Simas. Equipe 24, Setor B - Casal Piloto: Maria do Carmo e Adolfo; Conselheiro Espiritual: Pe. Ney Brasil. Equipe 25, Setor A - Casal Piloto: Dilma e M"guel; Conselheiro Espiritual: Pe. Bianchini. Gaspar
Equipe 2 - Casal Piloto: Doroty e Carlos; Conselheiro Espiritual: Frei Geraldo. -38-
ltajaí
Equipe 3 - Casal Piloto: Maria Odete e Washington; Conselheiro Espiritual: Wilmar Moretti. Jacareí
Equipe 7 - Casal Piloto: Cleusa e Adilson; Conselheiro Espiritual: Pe. José Leite. Jundiaí
Equipe 11 - Casal Piloto: Walquiria e Ronei; Conselheiro Espiritual: Pe. Oliva Binotto. Equipe 12 - Casal Piloto: Marli e Bonamigo; Conselheiro Espiritual: Pe. Benedito. Lages
Equipe 3 - Casal Piloto: Irani e Nereu; Conselheiro Espiritual: Frei Gunther. Equipe 4 - Casal Piloto: Zilda e Leonidas; Conselheiro Espiritual: Pe. Claudio. Equipe 5 - Casal Piloto: Oli e Toninho; Conselheiro Espiritual: Pe. Elcio. Piçarras
Equipe 4 - Casal Piloto: Eneida e Liberato; Conselheiro Espiritual: Pe. Antonio. Rio de Janeiro
Equipe 57, Setor C - Casal Piloto: Neide e Erasmic; Conselheiro Espiritual: Pe. Edson C. Homem. Equipe 58, Setor C - Casal Piloto: Vera e Sergio; Conselheiro Espiritual: Pe. Arruda. Sorocaba
Equipe 6 - Casal Responsável: Sergio e Lenita; Casal Piloto: Ana Maria e Osmar; Conselheiro Espiritual: Frei Fernando. Equipe 7 - Casal Responsável: Beth e Alexandre; Casal Piloto: Regina e Milton; Conselheiro Espiritual: Frei Luís. Equipe 8 - Casal Piloto: Vera e Bayard; Conselheiro Espiritual: Pe. Castanho. Ufa -
que safra!!!
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DEUS SE REVELA TEXTO DE MEDITAÇliO -
Rom. 1,19-20, Col. 1,15-20
O que se pode conhecer de Deus está manifesto, Deus o revelou. Desde a criação do mundo, as perfeições invisíveis de Deus, o seu sempiterno poder e sua divindade tornaram-se visíveis à inteligência por meio das coisas criadas. Assim sendo, os homens não têm desculpas para viverem no erro. Ele (Cristo) é a imagem visível do Deus invisível, o primogênito de toda criatura, porque nele foram criadas todas as coisas, no céu e n a terra, as visíveis e as invisíveis, tronos, soberanias, chefias, poderes; tudo foi criado por meio dele e para ele. Ele existe antes de todas as coisas e todas subsistem nele. Ele é a cabeça do corpo que é a Igreja. Ele é o princípio, o primogênito dentre os mortos, para ter a primazia em tudo. Aprouve a Deus fazer habitar nele toda a plenitude e serem reconciliadas por ele, que restituiu a paz ao preÇo do sangue da cruz, todas as criaturas, tanto as da terra como as do céu. SALMO 103
Bendize, minha alma, ao Senhor! Senhor, meu Deus, como sois grande! Fundastes a terra em bases inabaláveis, a cobristes com o manto do oceano, estabelecestes lugares determinados para os vales e as montanhas. Mandastes as fontes correrem e serpearem entre os montes, formando riachos onde vão beber os animais. As suas margens vão se aninhar os pássaros que cantam entre as folhagens. De frutos encheis a terra, dela fazeis brotar a relva para o gado e plantas úteis para o homem. Da terra o homem extrai o seu pão, o vinho que alegra seu coração. 6 Senhor, como são variadas as vossas obras, feitas toàas com sabedoria. A terra está repleta de vossas dádivas! Quero cantar ao Senhor enquanto eu viver, enquanto existir, louvarei meu Deus.
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EQUIPES DE NOSSA SENHORA Movimento de casais· por uma espiritualidade conjugal e familiar
Revisão, Publicação e Distribuição pela Secreta.ria das EQUIPES DE NOSSA SENHORA 01050 - Rua João Adolfo, 118 - 99 - con j. 901 ..:... Tel.: 34-8833 SAO PAULO, SP