ENS - Carta Mensal 1979-4 - Junho e Julho

Page 1

NC? 4

1979

Junhc-·Julho

Comprometer-se

.............. . ..... . .. . . .... .

Sereis minhas testemunhas . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

4 S

Família, escola da fé .. .. .. .. .. . .. .. .. .. .. .. .

7

li .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .

9

"Ser Igreja" . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

A vida interior -

Presença escondida .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . .. .. .

13

A mais profunda fome do homem

14

"Opção preferencial pelos jovens" Um mundo diferente

18 19

Novos bispos em São Paulo e no Paraná . . . . .

20

Carla da Equipe Responsável Internacional . . . .

22

O que vejo pela janela .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .

24

"Quando seis casais se entusiasmam pela vida de equipe" . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

25

Livros para suas férias .. .. .. .. .. . .. .. .. .. .. .

26

Sobre os anos de aprofundamento . . . . . . . . . . . .

29

No mesmo barco .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .

30

Notícias dos Setores .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. ..

32

O Espírito permanece em nós .. .. .. .. .. .. .. ..

40


ENCONTRO ANUAL DE CASAIS RESPONSÁVEIS DE EQUIPE E CONSELHEIROS ESPIRITUAIS

(E.A.C.R.E.)

30 de junho e 1 de julho

FLORIANóPOLIS RIO DE JANEIRO SÃO PAULO


EDITORIAL

COMPROMETER-SE

A Sagrada Escritura não se cansa de repetir que o Deus da Aliança é um Deus fiel à sua Palavra e ao cumprimento das suas promessas: "Foi por amor 8 vós e por fidelidade ao juramento que Javé fez aos vossos 'pais, que Ele vos tirou do Egito' ... Javé, teu Deus, é verdadeiro Deus, o Deus fiel, que guarda sua Aliança e seu amor" (Dt. 7, 8-9). O Deus da Aliança se compromete de tal forma com seu povo que não o abandona nunca, nem mesmo quando é abandonado. E é justamente a infidelidade do seu povo que lhe dá ocasião para manifestar sua fidelidade através do seu perdão. É assim que, apesar de todas as prevaricações do seu povo, e mesmo sabendo antecipadamente que o mundo o rejeitaria, que Deus envia Seu filho, revelação suprema de um Deus comprometido com os homens e fiel às suas promessas.

É evidente que o comprometimento de Deus é apresentado como modelo, arquétipo para os homens. A fidelidade de Deus é um apelo para que os homens lhe sejam fiéis pela observância àos seus mandamentos. É só pela observância destes mandamentos que os homens podem ser fiéis uns para com os outro·s. Não há fidelidade possível no nível humano para quem não é fiel a Deus. Não é possível o cultivo de uma atitude de comprometimento se, em primeiro lugar, não estivermos comprometidos com Deus e sua causa. Este é o fundamento primeiro do nosso compromisso com o Movimento: comprometidos com Deus, queremos estar comprometidos com sua causa e a causa de seu povo.

O segundo fundamento do nosso compromisso é constituído pelo Amor. Bem sabemos que, na exaltação da transitoriedade de tudo, também o amor começa a ser visto como algo de passageiro. Entretanto, dentro da nossa perspectiva cristã, a não -1-


perenidade do amor é a sua própria negação. Se Deus se compromete com seu povo, se Ele se mantém fiel à sua Palavra, às snas promessas, é exatamente porque Ele ama seu povo. É justamente por ser Amor que Deus é eterno, e é por amar que Ele ::-:e compromete eternamente com a humanidade. O amor é, por conseguinte, o símbolo máximo da eternidade no tempo, da perenidade na evolução. O Amor reveste-se de novas tonalidades, assume novas conotações de acordo com a idade e a situação das pessoas. Contudo, o que o caracteriza é o fato de se adaptar para sobreviver, de assumir novas tônicas para melhor servir a pessoa ou a causa amada.

Entretanto, é importante que, ao nos comprometermos com uma causa, não fiquemos num compromisso genérico, simplesmente no sentido de não nos desligarmos dela. Em se tratando do Movimento das Equipes, o não abandoná-lo seria muito pouco e, conforme as circunstâncias, seria mesmo falta de coerência para consigo mesmo e para com o Movimento. O sentido que queremos dar ao nosso compromisso é o de abraçar o Movimento e seus ideais em toda a sua extensão e em toda a sua profundidade. Não queremos apenas levar vida de equipistas. Queremos acertar o nosso passo com as linhas do Movimento, porque reconhecemos nele um caminho adequado para melhor servirmos à causa do Reino. E, da mesma forma como ninguém, ao amar verdadeiramente uma pessoa, ama apenas parte dela, suas virtudes, da mesma forma, quem ama um Movimento aceita as regras do jogo com todas as conseqüências. Ao nos comprometermos com o Movimento, nos comprometemos com os meios de aperfeiçoamento e, muito mais do que isto, nos comprometemos com o ideal que ele aponta: o ideal de servir a Deus e à sua causa, no amor e no serviço aos nossos irmãos.

Todo equipista tem um modelo: Nossa Senhora. Não é tanto pelos privilégios que Deus lhe concedeu que ela é grande. Ela é grande, e nosso modelo, exatamente porque se comprometeu com uma causa. O Sim de Maria não foi aceitar os privilégios e rejeitar a cruz que eles pressupunham: Maria foi alguém que, na alegria, abraçou a rosa e os espinhos. Foi alguém que sempre se deixou guiar pelo espírito de fé, uma fé a toda prova. Maria foi uma mulher perseverante. Perseverante quando aceitou um nascimento pobre para o seu Filho; perseverante quando fugiu para o Egito. Perseverante aos pés da cruz; perseverante até

-2-


o túmulo do seu Filho. É que Maria estava revestida da fortaleza de Deus. É que Maria sabia estar ao serviço da maior das causas: a causa do próprio Deus. Este é o sentido que (os equipistas) querem dar ao seu compromisso. Querem testemunhar sua confiança no Movimento. Querem sobretudo manifestar sua confiança no caminho, na causa que ele representa: ser uma luz para um mundo que perdeu em grande parte o senso de comprometimento, porque perdeu de vista os fundamentos de todo comprometimento: Deus e o Amor.

Frei Antonio Moser, o.f.m. Conselheiro Espiritual da Equipe 10 de Petrópolis

"0 Senhor Deus, que através de seu Filho Jems Cristo se comprometeu eternamente com a humanidade, vos conceda o dom da fortaleza para que, guiados por Maria, persevereis no serviço aos irmãos, através da vida equipista, e sejais luz para iluminar o mundo. Em nome do Pai, .. . " (Bênção dada por Fr.ei Antonio Moser no Compromisso da Equipe 10)

-3-


A PALAVRA DO PAPA

"SER IGREJA"

O Papa espera de vós um generoso e nobre esforço para conhecer sempre melhor a Igreja. O Concílio Vaticano II quis ser acima de tudo um concílio sobre a Igreja. Tornai em vossas mãos os documentos conciliares, especialmente a Lumen Gentium, estudai-os com amorosa atenção, em espírito de oração, para verdes o que o Espírito quis dizer sobre a Igreja. Assim podereis dar-vos conta de que não há - como pretendem alguns - uma "nova Igreja", diferente e oposta à "velha Igreja", mas que o Concílio quis revelar com maior clareza a única Igreja de Jesus Cristo, com aspectos novos, mas sempre a mesma na sua essência. Devemos ser fiéis à Igreja que, nascida, uma vez por todas, do desígnio de Deus, da Cruz, do sepulcro aberto do Ressuscitado e da graça de Penteco·stes, nasce de novo a cada dia, não do povo ou de outras categorias raciona: s, mas sim das mesmas fontes das quais nasceu em sua origem. Ela nasce hoje para construir com todas as gentes um povo desejoso de crescer na fé, na esperança, no amor fraterno. O Papa espera também de vós a plena coerência de vossa vida com o fato de pertencerdes à Igreja. Essa coerência significa ter consciência da própria identidade de católicos e manifestá-la, com total respeito, porém sem vacilações e sem temores. A Igreja tem hoje necessidade de cristãos dispostos a dar um claro testemunho de sua condição e a assumirem a sua própria parte na missão da Igreja no mundo, sendo fermento de religiosidade, de justiça, de promoção da dignidade do homem, em todos os ambientes sociais, e procurando dar ao mundo um suplemento de alma, para que seja um mundo mais humano e fraterno, do qual se olhe para Deus.

-4-

t


O Papa espera, ao mesmo tempo, que vossa coerência não seja efêmera, mas sim constante e perseverante. Pertencer à Igreja, viver na Igreja, ser Igreja é, hoje, algo de muito exigente. Talvez não custe a perseguição clara e direta, mas poderá custar o desprezo, a indiferença, a marginalização. É então fácil a freqüente o perigo do medo, do cansaço, da insegurança. Não vos deixeis vencer por essas tentações. Não permitais que, por algum desses sentimentos, se desvaneçam o vigor e a energia espiritual de vosso "ser Igreja", essa graça que se deve pedir e estar pronto a receber com uma grande pobreza interior e que se deve começar a viver a cada manhã. E cada dia com maior fervor e intensidade. (Na Catedral metropolitana da Cidade do México, 26/1/1979)

A Igreja é essencialmente

mi~tério

de comunhão:

comunhão mtima e sempre renovada com a própria fonte da vida que é a Santíssima Trindade; comunhão de vida, de amor, de imitação e de seguimento de Cristo, Redentor do homem, que se une intimamente a Deus. JOAO PAULO 11

-5-


SEREIS MINHAS TESTEMUNHAS

Após a sua morte e ressurretçao, as últimas palavras de Jesus a seus apóstolos nos são reveladas nos Atos: "Recebereis uma força, a do Espírito Santo que descerá sobre vós. Sereis então minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e na Samaria, e até os confins da terra." (At. 1, 8).

"Sereis minhas testemunhas". A fórmula é breve; acrescentar algo será alterá-la. Jesus não disse "Sêde minhas testemunhas" ou "Deveis ser minhas testemunhas", como se pudéssemos, a nosso bel prazer, refugiar-nos na neutralidade ou dela sair. "Sereis". Quer o queiramos, quer não, somos suas testemunhas, pois, como cristãos, afirmamos que Cristo veio ao mundo. Mas, que fez Ele? Continua Ele a fazer alguma coisa? A estas duas perguntas, a qualidade do nosso testemunho dará a resposta. Somos, inevitavelmente, as testemunhas de Cristo; testemunhas fiéis ou falsas testemunhas. De qualquer modo daremos testemunho: se Jesus vive em nós, como vivia em seus apóstolos, possuídos da força do Espírito Santo, daremos testemunho em seu favor; caso contrário, para nosso maior vexame, testemunharemos contra Ele. Não será suficiente, para torná-lo conhecido, "anunciar o Evangelho a toda criatura"? Sem dúvida, mas é preciso ver como o fazemos. Podemos transmitir um ensinamento com exatidão, mas só seremos persuasivos na medida de nossa convicção profunda de cristãos que se alimentam da Palavra de Deus na meditação prolongada. Um recita o Evangelho, outro vive-o: o primeiro pode ser apenas um bom divulgador, o segundo é uma testemunha. Só tornaremos Jesus conhecido se o conhecermos profundamente dentro de nós mesmos; e só conhecemos realmente alguém se nós o amamos. Saberá falar de Cristo aquele que vive na sua intimidade. D. Chevrot

-6-


FAMíLIA, ESCOLA DA FÉ

A fé, em sua forma mais simples, é a atitude da criança que se lança nos braços da mãe, que se confia toda inteira e mergulha num amor que ela sabe seguro, acolhedor e até inesgotável. A fé não é portanto em primeiro lugar o controle de uma verdade, o saber de tal questão como verdadeira. A fé se define pelo relacionamento entre pessoas. É essencialmente encontro de duas pessoas. O ato de confiança na pessoa leva a crer, no que ela diz, no que ela faz e até no que ela manda. Se quisermos reduzir tudo ao essencial, diremos: ter fé significa aceitar Jesus, mas também o conceito que Ele tem do Pai dos homens, da Igreja e do mundo. A fé portanto implica imediatamente também no relacionamento com todas as realidades que nos cercam e que cercaram mesmo Jesus. É uma participação no plano de Deus a respeito dessas realidades. Se dermos um passo para a frente, verificamos que esta aceitação de Jesus leva necessariamente a fazer o que Ele fez, ou seja, a engajar-nos decididamente em favor da justiça que Jesus viveu e praticou, da bondade, do perdão, afinal, do amor. É possível aprender esta fé na família, ou descobrir aí as condições para uma fé muito forte? Jesus disse, uma vez, "onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estarei no meio deles". É a casa de família, st:m dúvida. Talvez seja até um caso típico, onde Jesus está mesmo presente. Se pai e mãe são, conforme São Paulo, a lembrança de Jesus e da Igreja, eles acabam sendo o próprio sinal da fé, o sacramento da fé. Poderíamos até ousar a expressão: Na família está toda a Igreja presente, Igreja una, santa, católica e apostólica. Mas não queremos defender tese. Antes, gostaríamos de levar a descobrir uma grande riqueza. A catequista e escritora Marilene Leist chega a dizer o seguinte: "Como nós, os pais, ao amarmos nosso filho despertamos,

-7-


pelo nosso amor, a possibilidade de também ele amar, assim, da mesma forma criamos as condições de também ele ter fé". Embora a fé não possa ser gerada pelos pais, ele acaba passando por todos os poros que o amor abre em benefício da vida no organismo familiar. O bom, o gostoso é que a família não separa fé, esperança e amor. Antes, revela toda esta essência do relacionamento de forma muito simples e espontânea, mas também de maneira profunda, quase divina. A criança, o jovem e até o adulto gostam de descobrir Deus no relacionamento dos homens e sentem a verdade profunda que os homens bons são expressão da presença de Deus. Afinal, o lugar dos encontros mais íntimos é a família. Daí ser ela o protótipo para todos os demais encontros na vida. É também verdade que a família não pode contentar-se com práticas rituais, embora estas sejam indispensáveis. É decisivo que toda e qualquer prática se realize em atmosfera de amor, de esperança e de um encontro desejado. Assim a Missa dos domingos. Assim a oração, mas assim, também o diálogo na hora da auto-afirmação do adolescente ou do jovem. Não desanimemos, no entanto, quando as crises aparecem, porque também elas fazem parte de nossa resposta de fé aos homens e a Deus. D. Paulo Evaristo Arns

-8-


A VIDA INTERIOR -

II

O QUE É A VIDA INTERIOR

É sempre muito delicado querer colocar em fórmulas as verdades sobrenaturais, porque, por definição, as palavras humanas não chegam nunca a exprimir uma realidade essencialmente viva que as ultrapasse. As vezes, elas até correm o risco de a desligurar, e é apenas por meio de aproximações sucessivas que se chega a pressentir todos os esplendores da graça divina. Entretanto, para alicerçar o encaminhamento do nosso pensamento, parece que se pode definir a vida interior da seguinte maneira:

"A vida interior é uma vida de amizade com Deus, que vive em nós pela graça, vida de amizade que nos leva a amoldar afetuosamente nossa vontade à sua". É

uma vida

Isto quer dizer que é uma força que deve ser ativa. Não é alguma coisa de estático, de congelado, de fixo. A atividade da vida interior não se exerce de forma passageira; mas pode influenciar toda a existência de uma maneira· mais ou menos consciente.

Uma vida de amizade Quer dizer, uma vida de relações afetuosas, cordiais, confiantes, onde o coração tem tanta participação quanto o espírito, e certamente mais participação ainda que a consciência clara. . Esta vida de relações se reveste de toda a gama de expressões que vai da cordialidade da boa vizinhança até a fusão a mais profunda e a mais íntima que se possa conceber.

-9-


Ela se exprimirá por trocas de palavras, por trocas de presentes. Ela se exprimirá à medida que a alma avançará na vida interior, por uma união cada vez mais profunda, com alternâncias de tempos fortes para a consciência e de tempos difusos, onde a união se manifesta principalmente pela vontade mútua de viver um pelo outro.

Vida de amizade com Deus Esta é uma verdade espantosa. Deus não somente quis tornar o homem a sua criatura, o seu servidor, mas também o seu amigo, o seu filho, o seu sócio. Há uma distância infinita entre o Criador e a criatura, toda a distância que separa o Ser do Nada. O Senhor pôde dizer a Sta. Catarina de Sena: "Eu sou Aquele que é. Tu és aquela que não é". Esta distância infinita, o Amor não menos infinito de Deus a preenche. Com esta humildade que desconcertava Bergson, Deus se inclinou sobre a sua criatura, elevou-a até Ele e fê-la participar de sua vida, sempre disposto, na medida em que ela O aceita, a fazê-la compartilhar de todas as suas riquezas. A fim de nos mostrar até onde pode ir este amor, Ele fez aquilo que se faz sempre quando se ama verdadeiramente: aquilo que São Paulo chamou de loucura. Ele nos amou até a loucura do Presépio, até a loucura da Cruz, até a loucura da Hóstia. E não apenas todos, em geral, mas cada um de nós em particular. E Ele se fez um dentre nós para fazer de cada um de nós alguma coisa dEle. Pela graça do batismo, Ele nos inseriu nEle e se insinuou em nós, como uma vida em germe que pede apenas para se desenvolver e vivificar, como uma seiva que pede apenas para penetrar todas as fibras da árvore e se transformar em brotos que rebentam, em flores que desabrocham, em folhas que se desdobram e em frutos que amadurecem. Enquanto não há ruptura por uma desobediência formal à sua lei de amor, Deus habita em nós, Deus vive em nós, Deus nos vivifica.

Deus habita em nós "Se alguém me ama, ele guardará minha palavra e meu Pai o amará, e nós viremos a ele, e faremos nele nossa morada". Com efeito, não o esqueçamos, Deus é Um em três Pessoas, Deus é comunidade, Deus é família: Pai, Filho e Espírito Santo. O sonho de Deus é que nos insiramos conscientemente e voluntariamente na Família trinitária. -10-


Deus vive em nós "Eu sou a Vinha, vós sois os rebentos. Aquele que permanece em mim e em quem eu permanecer dará muitos frutos". Ele não está em nós como um objeto precioso ou inerte, ou como um ser longínquo e estranho. Ele está em nós como um ser vivo, cuja presença é incessantemente atual e tanto mais ativa quanto nós prestarmos atenção a Ele e estivermos dispostos a trabalhar com Ele e para Ele. Presença que lhe permite ser mais íntimo para nós mesmos do que nós mesmos : Ele se interessa por tudo o que se passa em nós, e por uma comunhão misteriosa, Ele experimenta tudo aquilo que nós sentimos. Nada lhe escapa de nossos mais íntimos desejos ou das opções de nossa vontade. É por dentro que Ele nos vê. É por dentro que Ele nos avalia. É por dentro que Ele quer nos vivificar. "Et ego in eo". Ele está na alma. Ele permanece nela, mas Ele não está inativo: Ele quer operar nela e, quando a alma permanece entregue a Ele, à sua vontade, então a ação de Cristo torna-se tão poderosa que esta alma será infalivelmente levada à mais alta perfeição, segundo os desígnios de Deus a seu respeito. "Porque Cristo vem até ela com sua divindade, seus merecimentos, suas riquezas, para ser sua luz, seu caminho, sua verdade, sua santidade: em uma palavra, para ser a vida da alma, para viver, Ele mesmo, na alma".

Deus nos vivifica Nós somÓs os "membros de Deus" e Deus nos vivifica pela sua graça como o tronco de uma árvore vivifica seus galhos pela seiva. O verdadeiro cristão foi definido por S. Paulo nesta fórmula que é todo um programa: "Eu vivo, mas já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim". O ardente desejo de Deus é, com efeito, poder servir-se de nós, preencher nosso espírito com seus pensamentos, nosso coração com seus sentimentos, nossa vontade com suas energias, para que, em qualquer circunstância, ajamos como Ele próprio agiria em nosso lugar e realizemos, sob sua influência, a missão providencial que cada um recebeu na síntese do plano de amor sobre o mundo. Mas, e aí está a concepção da delicadeza do amor divino a nosso respeito, o Senhor nos vivifica somente na medida em que nós aceitamos ser vivificados: "Eis que eu permaneço à porta e bato. Se alguém abrir, eu entrarei na sua casa, eu jantarei com ele e ele comigo". -11-


Para penetrar mais ainda em nós, para se inserir ainda mais em nossas atividades e fecundá-las, Ele espera nosso chamado, um gesto de amor de nossa parte, mesmo que seja apenas um aceno. Ele leva a sério esta colaboração. Nós não podemos nada sem Ele para transfigurar nossa vida. Mas Ele não quer poder nada sem nós. Compreende-se então que esta vida de amizade que deve penetrar nossa atividade, nos leva a amoldar afetuosamente, em todas as circunstâncias, nossa vontade à sua. Aquilo que faz o valor de nossas ações aos olhos de Deus não é o fato de serem extraordinárias ou difíceis, é a intensidade do amor com que as realizamos. Mas o amor do qual se trata é um amor que nos torna atentos em querer agradá-Lo em todas as coisas e em retomar por nossa conta os próprios sentimentos que animavam o Coração de Jesus: "Eis que eu venho, ó Pai, para cumprir tua vontade"; "Eu faço sempre aquilo que agrada a meu Pai" ; "Meu alimento é fazer a vontade de meu Pai"; "Não como eu quero, ó Pai, mas como tu queres". Ele próprio, aliás, nos advertiu: "Não são aqueles que dizem: Senhor, Senhor, que entrarão no reino dos Céus, mas aqueles que fazem a vontade de meu Pai". O melhor meio de cumprir sempre esta vontade, não só exteriormente mas interiormente, é chegar, por ~mor, a ser apenas um com Ele.

Gaston Courtois (Traduzido de "La vie intérieure ")

-12-


PRESENÇA ESCONDIDA

Não estás; não se vê teu Rosto. Estás, Teus raios se projetam em mil direções. És a Presença Escondida. 6 Presença sempre obscura e sempre clara! 6 Mistério Fascinante para o qual convergem todas as aspirações! 6 Vinho Embriagador que satisfaz todos os desejos! 6 Infinito Insondável que aquietas todas as quimeras! És o Mais Além e o Mais Aquém de tudo. Estás substancialmente presente em todo o meu ser. Tu me comunicas a existência e a consistência. Tu me penetras, me envolves e me amas. Estás em torno de mim e dentro de mim. Com Tua Presença ativa alcanças até as mais remotas e profundas zonas de minha intimidade. Éc;, a Alma de minha alma, a Vida de minha vida, mais Eu que eu mesmo; a realidade total e totalizante dentro da qual estou submergido. Com tua força vivificante penetras tudo quanto sou e tenho. Torna-me todo inteiro! 6 tudo de meu todo! E faze de mim uma viva transparência de teu Ser e de Teu Amor. 6 Pai queridíssimo! Ignácio Larrafíaga (Do livro: "Mostra-me teu Rosto")

13-


A MAIS PROFUNDA FOME DO HOMEM

A Eucaristia é o alimento que sacia a mais profunda fome do homem. Criado à imagem e semelhança de Deus, só em Deus pode o homem encontrar a satisfação completa dos seus apetites e saciar os seus desejos. "O nosso coração não tem descanso enquanto não repousar em Ti" (Santo Agostinho, Confissões, 1, 1). Ao mesmo tempo, o homem, criado do "pó da terra" e colocado entre as criaturas do mundo visível, está sujeito às leis da criação e, em certos casos, até às leis da natureza. Tem sede, sob muitos aspectos; tem sede, segundo as exigências desta Terra, que foi chamado a dominar para efeito da sua liberdade. Teremos uma visão autêntica do homem dos nossos dias, e dela falaremos sinceramente, quando, recordando os milhões de irmãos, homens de todos os continentes, que sofrem de fome, insistirmos sobre a fome da alma humana, que não é menor que o desejo de verdadeira liberdade.

* Jesus Cristo ensina-nos e ajuda-nos a fazer bom uso, o melhor uso possível, da nossa liberdade. Acautela os homens quando são livres e defende-os do perigo de se tornarem escravos dos seus pecados, das suas fraquezas e das suas paixões. Protege-os do risco de se tornarem escravos da carne, da intemperança e do dinheiro; estimula-os a serem livres interiormente, a permanecerem eles mesmos e a não se submeterem nem à ambição de cargos, nem às r iquezas, nem às lisonjas do mundo.

* A sede de liberdade penetra no coração de cada homem, e quanto mais rico for este coração tanto maior será a sede. A Eucaristia é a primeira fonte da riqueza que um coração humano pode conter. Deus, neste Sacramento, "dá-Se-nos a Si mesmo inteiramente"; através desta comunhão espiritual enri-

14-


quece o homem do modo mais admirável e revela todos os tesouros encerrados pelo Criador no segredo do coração do homem. Deste modo, a Eucaristia é a riqueza do pobre, mesmo das criaturas humanas mais indigentes: é pão para os que têm fome.

* Todos nós, que participamos na Eucaristia, devemos fazê-lo com reta disposição interior e, ao mesmo tempo, aceitar o progr ama messiânico de libertação, segundo o qual o melhor uso que se pode dar à liberdade é o amor. E o próprio amor exprime-se no serviço & Deus e do homem, em estar-se pronto para o sacrifício da própria vida pelos irmãos.

(Da Alocução do Cardeal Wojtyla, "A EucariEtia e a fome de liberdade e de justiça", no encerramento do Congress·o Eucarístico Int ernacion al de Filadélfia, em novembro de 1976)

É isto o encontro pascal com o Senhor: um encontro pessoal, vivo, de olhos abertos e coração palpitante, com Cristo ressuscitado, o objetivo do vosso amor e de toda a vossa vida. João Paulo ll,

na Catedral de S . Domingos

-15-


PUEBLA

"OPÇÃO

PREFERENCIAL PELOS JOVENS"

O Capítulo II da Quarta Parte das Conclusões da Conferência de Puebla interessa diretamente os casais que se dedicam ao apostolado com os jovens. Damos a seguir alguns extratos.

A juventude "caminha, embora sem perceber, ao encontro do Messias", que é o Cristo, o qual "caminha em direção aos jovens" (Paulo VI). Somente Ele faz o jovem ser verdadeiramente livre. Este é o Cristo que deve ser apresentado aos jovens como libertador integral (cf. Gl. 5, 1-13; 4, 26-31; 1 Cor. 7, 22; 2 Cor. 3, 17), que oferece a todo jovem, no espírito das Bem-aventuranças, a inserção num processo de conversão constante; compreende suas fraquezas e lhe oferece um encontro muito pessoal com Ele e com a comunidade nos sacramentos da reconciliação e na Eucaristia. Deve experimentar o Cristo como amigo pessoal, que nunca falha, caminho de total realização. Com Ele, e através da l('i do amor, o jovem caminha em direção ao Pai e aos irmãos. Assim se sente verdadeiramente feliz. O jovem na Igreja: os jovens devem sentir que são Igreja, experimentando-a como lugar de comunhão e participação. Por isso a Igreja aceita suas críticas, porque se reconhece limitada em seus membros, e os quer gradualmente responsáveis em sua construção, até poder enviá-los como testemunhas e missionários, especialmente para a grande massa juvenil. Nela os jovens se sentem um povo novo, o povo das Bem-aventuranças, que não tem outra segurança a não ser o Cristo. Um povo de coração pobre, contemplativo, em atitude de escuta e discernimento evangélico, construtor de paz, portador de alegria e de um projeto libertador integral em favor especialmente de seus irmãos jovens. A Virgem Maria, bondosa, aquela que tem fé, educa o jovem a ser Igreja. 16-


Com as atitudes de Cristo, o jovem promove e defende a dignidade da pessoa humana. Pelo batismo, é filho do único Pai, irmão de todos os homens, construtor da Igreja. Sente-se cada vez mais "cidadão universal", instrumento na construção da comunidade latino-americana e universal. (Critérios pastorais)

A Igreja evangelizadora dirige insistente convite para que os próprios jovens busquem e encontrem nela o lugar de sua comunhão com Deus e com os homens, a fim de construirem "A civilização do amor" e edificarem a paz na justiça. E os convida a se comprometerem eficazmente numa atividade evangelizadora junto a todos os jovens, sem exclusão de njnguém, de acordo com a situação em que vivem e demonstrand<' predileção pelos mais pobres. Esta atividade evangelizadora os levará a uma verdadeira promoção humana, pela qual o homem se torna mais homem, porque é filho de Deus. (Opções pastorais -

Comunhão e compromisso)

A pastoral da juventude na linha da evangelização deve ser um verdadeiro processo de educação na fé que leva à própria conversão e a um compromisso evangelizador. Fundamento dessa formação será apresentar ao jovem o Cristo vivo, Deus e Homem, modelo de autenticidade, simplicidade e fraternidade, único que salva, libertando de todo pecado e de suas conseqüências, e que compromete para uma libertação ativa dos próprios irmãos por meios não violentos. A pastoral da juventude buscará que o jovem cresça numa €·spiritualidade renovada e contagiante, a partir do espírito de oração e do conhecimento da Palavra de Deus, e através do amor filial a Maria Santíssima, a qual, unindo-o a Cristo, o torna solidário com os irmãos. A pasto·ral da juventude formará os jovens, gradualmente, para uma ação sócio-política e para a mudança das estruturas, de menos humanas para mais humanas, de acordo com a Doutrina Social da Igreja. Deve-se formar no jovem um senso crítico frente aos meios de comunicação social e aos contravalores culturais que as diversas ideologias procuram transmitir-lhes, especialmente a liberal capitalista e a marxista. Assim evitará ser manipulado. Empregue-se uma linguagem simples e adaptada, e uma pedagogia que tenha presentes as diferenças psicológicas do homem -17-


e da mulher, psicologia essa que se demonstra pela confiança áo outro e o respeito mútuo, como também a necessidade de uma conversão ao meio em que vive e age, para encontrar assim sua missão dinamizadora e evangelizadora. Será estimulada a capacidade criativa dos jovens, a fim de que eles mesmos imaginem e encontrem os meios mais diversos e aptos a tornar presente, de maneira construtiva, a missão que tem no corpo social e eclesial. Para isto, se procurará facilitar-lhes os meios e áreas onde exerçam o próprio compromisso. Entre outros, recomenda-se a presença missionária dos jovens em lugares especialmente necessitados. Procure-se dar aos jovens uma boa orientação espiritual, a fim de que possam amadurecer sua resposta à vocação leiga, religiosa ou sacerdotal. Recomenda-se dar maior importância a todos os meios que favorecem a evangelização e o crescimento na fé: retiros, jornadas, encontros, cursilhos, convivências, etc. Como tempo forte para o amadurecimento na fé - o que necessariamente leva a um compromisso apostólico - há de se destacar a celebração consciente e ativa do sacramento da Confirmação, precedida de esmerada catequese e sempre de acordo com as diretrizes das respectivas Conferências Episcopais. Como prioridade pastoral, procure-se dar formação qualificada aos animadores juvenis: assessores sacerdotes, religiosos ou leigos, que deverão ser guias e amigos da juventude, conservando sua própria identidade e prestando este serviço com maturidade humana e cristã. A juventude não é uma abstração, nem um grupo isolado no corpo social. E isto supõe uma pastoral articulada, que permita uma comunicação efetiva entre os setores da juventude e a infância, além de uma continuidade na formação e no compromisso dos jovens na idade adulta. A pasto-ral juvenil será uma pastoral de alegria e de esperança, que transmita a mensagem alegre da salvação a um mundo muitas vezes triste, oprimido e desesperançado, que busca sua libertação (João Paulo II). (Opções pastorais -

Formação e participação)

(Em agosto, mês das vocações: "O leigo, agente de comunhão e participação" - Cap. II da Terceira Parte).

-18-

l


UM

MUNDO

DIFERENTE

Por que insiste tanto o Movimento em falar de desapego? Uma das razões aparece bem claramente nessas confidências de um estudante belga de 18 anos ao jornalista francês a quem pedira carona quando ambos voltavam de um encontro de jovens em Taizé.

"Meus pais são ricos. Mas não quero viver como eles, custe o que custar. Vivem num mundo onde o que vale é só o êxito, um pequeno mundo fechado e pré-fabricado, que não quer ou não pode mais ver as injustiças nem entender as esperanças dos 99 % da humanidade. Aos 16 anos, os deixei, explicando-lhes o porquê ... Parti fazendo a mim mesmo duas promessas: a de não roubar nunca e a de não me drogar de maneira alguma.

11

I' ~

Durante sete meses vivi uma vida de vagabundo, dormi ao relento, conheci o frio , a fome, o desprezo, os insultos. . . Mas sempre que encontrei pelo caminho um jovem que perambulava como eu, sem outro objetivo exceto o de fugir de um mundo de doidos para procurar um mundo diferente, sempre me abriu a sua mochila e eu abri a minha: e pusemos em comum tudo o que tínhamos .. . Não sei, verdadeiramente, se tenho ou não fé em Deus. Vim de carona da Bélgica para procurar um mundo que não seja o àos meus pais. Eles estão seguros de serem católicos, seguros de terem fé, seguros de possuírem a verdade, seguros de tudo. Eu não estou seguro de nada. Ou talvez tenha uma só certeza: procuro uma razão de viver e um modo de viver mais semelhantes aos de Jesus, de Ghandi, de Luther King que ao de meus próprios pais". (Do livro "O Desafio de Taizé ", Edições Paulinas)

-19-


NOVOS BISPOS EM SAO PAULO . . .

São Paulo, a maior arquidiocese do mundo, ganhou três novos bispos, elevando-se assim a 11 bispos o Colégio Episcopal paulistano. Entre eles, D. Décio Pereira, que foi, alguns anos atrás, Conselheiro Espiritual do Setor B de São Paulo. D. Décio é o mais novo bispo do Brasil: tem apenas 39 anos. Além de pároco do Coração Imaculado de Maria (PUC), era Chanceler do Arcebispado e Diretor Arquidiocesano de Ensino Religioso. Recebeu do Cardeal Arns a Região Centro (Sé), à qual pertencem a maioria dos equipistas da Capital. Na sua volta de Roma, onde foi sagrado pelas mãos do próprio Papa, D. Décio foi alvo de expressiva homenagem. Além das orações dos equipistas, o novo Pastor sabe que pode contar com eles nos trabalhos de suas respectivas paróquias. D. Décio Pereira

Os outros bispos são: D. Fernando Penteado, que era vigário da paróquia do Verbo Divino e é amigo de vários equipistas, e D. Alfredo N ovak, antes assessor da C.N.B.B. para a Campanha da Fraternidade e os Meios de Comunicação Social. Assumiram, respectivamente, a Região Itapecerica, desmembrada da Região Santo Amaro, e a Região Lapa, vaga desde a nomeação de D. Benedito de Ulhôa Vieira como Arcebispo de Uberaba.

-20-


... E NO PARANA No Paraná, o Pe. Ladislau Biernaski, Provincial dos Lazaristas, foi nomeado Bispo auxiliar de Curitiba, no lugar de D. Domingos Winsniewski, que deixa Curitiba para assumir a diocese de Cornélio Procópio. D. Ladislau foi Conselheiro Espiritual da Equipe n. 0 29, N. Sra. da Esperança, do Setor B de Curitiba. Os equipistas se unem às orações de todo o Povo de Deus para que o Espírito Santo ilumine os novos Pastores e faça frutificar seu ministério apostólico.

Mas sustentai-me também vós, para que, segundo o mandamento do Apóstolo, levemos os fardos uns dos outros e assim cumpramos a lei de Cristo. Se me aterra ser eu para vós, consola-me estar convosco. Porque para vós sou bispo, convosco sou cristão. Aquele é nome de cargo, este, de graça; aquele é nome de perigo, este, de salvação.

Santo Agostinho

-21- .


CARTA DA EQUIPE RESPONSAVEL INTERNACIONAL

Queridos amigos, Gostaríamos de falar-lhes a respeito do auxílio mútuo nas nossas equipes. O assunto poderá lhes parecer sem originalidade. No entanto ... será que podemos afirmar que, dentro da nossa equipe, o auxílio mútuo é vivido com autenticidade e que ele possui o dinamismo que um amor fraternal profundo pressupõe? Precisamos nos compenetrar de que não somos capazes de tomar sozinhos as iniciativas que levem à nossa própria evangelização e, em seguida, testemunhar melhor a Boa Nova. Temos necessidade de sermos ajudados por nossos irmãos. "Um irmão que se apoia em seu irmão é uma fortaleza inexpugnável", reza a Escritura. Será este o caso na nossa equipe? Nós nos perguntamos por vezes se o auxílio mútuo mais elementar é realmente vivido em algumas das nossas equipes. Recentemente, um casal que tem filhos moços e, através deles, tem contatos com muitos jovens, dizia-nos o quanto fica perplexo ante os questionamentos que estes jovens apresentam, no plano da fé e da moral. Ambos sentem-se desatualizados e não sabem mais o que pensar; não ousam mais afirmar aquilo em que acreditam ... - E sua equipe, o que diz a respeito? - Não falamos disso na equipe. Cada um tem seus próprios problemas ... Um outro casal, jovem este, acaba de entrar numa equipe bastante antiga, e não consegue acompanhar o seu ritmo. - Tentamos alcançar os outros, mas não o conseguimos. Perguntamo-nos por vezes se devemos permanecer na equipe . .. - Mas o que dizem os seus companheiros de equipe? - Dizem apenas que ué preciso dar tempo ao tempo". Além do mais, eles têm os seus problemas e não queremos aborrecê-los com as nossas dificuldades. Será que em tais equipes se pratica verdadeiramente o au.xilio mútuo? Praticar o auxílio mútuo. . . Alguns chamaram a isso uma cbrigação. Nós diríamos que é uma necessidade. É a razão de :ser da equipe. -22-


Um psicanalista que encontramos por ocasião de uma reunião sobre os retiros nos dizia: "Não se pode curar ninguém a não ser amando-o." E acrescentava: "Vocês, os cristãos, não parecem estar conscientes das riquezas que possuem. Algumas de suas estruturas, o amor fraterno que compartilham, a paz reencontrada no silêncio de um retiro, a presença de um sacerdote. . . na realidade são outras tantas formas de psicoterapia ... " O que dizer então de nossas equipes? Tudo isto nós já o experimentamos. Com efeito, é uma realidade, e uma realidade que se explica facilmente: os casais encontram a possibilidade de um desabrochar dentro da vida de equipe, e mais particularmente no auxílio mútuo. Seria um erro negligenciarmos esses benefícios tão naturais. Seria todavia muito discutível ater-se ao aspecto terapêutico dessas coisas. Seria um pouco como se conhecessemos de um iceberg apenas aquilo que está fora da água. O mais importante é aquilo que não se vê, aquilo que está escondido. Nossa vida de equipe e nosso auxílio mútuo são solicitados a ultrapassar infinitamente aquilo que podem ser simples relações muito amistosas entre casais. Para bem medir o alcance dessas relações, convém que nos lembremos de onde têm a sua :fonte. Passamos, assim, a um estágio superior. O Senhor nos chama a participar de sua vida. Somos convidados, pois, a nos "fundir" no dinamismo da Vida Trinitária, troca de amor eterno entre o Pai e o Filho. Portanto, já que vivemos em equipe, com a preocupação de amar nossos irmãos e nossas irmãs, contemplando em cada um deles o Senhor, com um pouco de Seu olhar, comungando com o amor que Ele lhes dedica, somos arrastados nessa corrente de Vida Trinitária, nessa troca de amor entre o Pai e o Filho. Nosso amor fraterno, em equipe, é portador do Poder, da Força e da Eficácia de Deus, contanto que ultrapasse a simples amizade e venha assim a se "fundir" no Amor e no Espírito. Esta realidade profunda, essencial, nós a vivemos? Sabemos nós que, através de nosso amor fraternal, temos o poder de operar uma espécie de "transfusão do Espírito", com todas as possibilidades que isto abre? Essa é a parte escondida de nosso auxílio mútuo, em equipe. É para isso que devemos tender. Rezaremos com vocês para que o Amor de Deus transfigure assim nossas vidas de equipe e a vida de todo o Movimento.

Pierre e Marie-Françoise Garang -23-


O QUE VEJO PELA JANELA

A distância que vai entre a janela e os meus olhos determina o que vejo lá fora na rua. Se fico mais perto, a visão se alarga; se fico de longe, a visão se estreita. Se vou à esquerda, enxergo a praça; se vou à direita, eu vejo a torre. Sou eu que determino o que aparece lá fora na rua para servir de panorama aos meus olhos. Mas nem por isso é falso ou errado aquilo que vejo e descrevo, pois não sou eu que crio as coisas que aparecem lá fora, já existiam antes de mim. Não dependem de mim. É útil e até necessário que cada um defina bem clara e honestamente aquilo que ele vê pela sua janela. Isso redundará em benefício da análise que se faz da realidade e da vida. O que me consola é que todos somos assim. Bem limitados e condicionados pelos próprios olhos, dependentes uns dos outros. É trocando as experiências, numa conversa franca e humilde, que nos ajudamos mutuamente a enxergar melhor as coisas que vemos, e a romper as barreiras que nos separam sem razão. Pois ninguém é dono da verdade. Intérprete só.

C:arlos

~esters

("Por trás das palavras"}

-

2~:-


"QUANDO SEIS CASAIS SE ENTUSIASMAM PELA VIDA DE EQUIPE" (Do Boletim de Petrópolis)

Um casal da Equipe 2 mora em Resende. A equipe deslocou-se toda para lá, num fim de semana, com os filhos. O Conselheiro Espiritual comenta o fato, que foi um tempo forte na vida da equipe. Uma das decisões tomadas ultimamente pela equipe era referente a uma maior integração dos filhos na vida da equipe. Isto aconteceu de modo maravilhoso nessa oportunidade e está acontecendo também nas noites-de-oração que a equipe está promovendo. É interessante notar que, quando os casais se entusiasmam pela vida da equipe, este entusiasmo rompe as barreiras dos casais e atinge as pessoas de sua intimidade. As 10 hs. de domingo, a reunião sobre a santidade, onde todos respondemos apenas a uma pergunta: "Você é santo? Por que sim? Por que não?" O clima foi excelente, o aproveitamento muito bom. Mais uma vez comprovou-se o que todo mundo já sabe: seis casais podem, quando querem, criar momentos de grande proveito espiritual e intensa fraternidade. Basta para tanto que cada um não deixe de dar sua contribuição e tenha a coragem de se abrir, comungando das riquezas que todos têm em abundância. No fim, todo mundo pensava a mesma coisa: todas as reuniões deveriam ser como esta. E todos concordavam em que, para que isso seja possível, todos os casais devem se colocar em clima de reunião, saindo de si e indo para os outros. Reuniões assim são résteas de luz no mormaço de nossas caminhadas tantas vezes pesadas por causa da alma que perdemos e do pouco esforço que fazemos em procurá-la. A volta foi boa, mas melhor foi a ida. Há quanto tempo seis casais não tinham se revestido de tanta alegria pela simples razão de que iam se encontrar para rezar e falar com Deus e oferecer aos irmãos o pão do próprio afeto!

Frei Neylor Tonin, o.f.m. -25-


LIVROS PARA SUAS FÉRIAS

O tempo que se chama hoje

Wolfgang Gruen -

Ed. Paulinas, 2.a. edição, 1978

Introdução ao Antigo Testamento, oferecendo-nos orientação para uma leitura proveitosa. Em Amós 8, 11, lemos: "Enviarei fome sobre a terra; não fome de pão nem sede de água, mas fome e sede de ouvir a palavra de Javé". A palavra de Deus, encontramo-la na Bíblia. Este livro visa não só promover uma leitura histórica da Bíblia, mas sobretudo uma leitura atual. Mostra-nos como descobrir sua mensagem para "o tempo que se chama hoje". Muito bom para grupos de reflexão, para pais, educadores, líderes de comunidades. A alegria da doação

Madre Teresa -

Ed. Paulinas, 1978

Um livro de Madre Teresa? Na realidade, são palavras de Madre Teresa, pronunciadas ou escr itas em diversas ocasiões, e compiladas por José Luis González-Balado, autor do livro "Madre Teresa de Calcutá" (Ed. Paulinas, 1977). Com uma simplicidade radical, numa linguagem direta, que brota do mais íntimo do coração, Madre Teresa nos fala do amor. Do amor de Deus e dos homens. Principalmente do amor pelos mais desfavorecidos, os "pobres mais pobres", aos quais dedicou sua vida. Para esta mulher extraordinária, realmente "a fé é o amor em ação e o amor em ação é serviço". Nisto consiste, para ela e para os que resolveram seguir-lhe as pegadas, "a alegria da doação" - alegria contagiante, pois são cada vez mais numerosos Missionárias e Missionários da Caridade, bem como Cooperadores da Madre Teresa.

-26-


Nem só de pão vive o homem e Madre Teresa não nos fala somente dos famintos e solitários da índia. "As pessoas, repete ela, têm fome de Deus", de amor, de carinho. Sem ter que deixar o lugar onde Deus nos colocou, podemos abraçar seu programa, expresso nesta oração: "Dai a todos, através de nossas mãos, seu pão de cada dia, e, através de nosso amor compreensivo, dai-lhes a paz e alegria".

O Francisco que está em você

Wilson João -

Ed. Paulinas, 3.6 edição, 1978

Um livro sobre Francisco de Assis, num estilo moderno e conciso, fácil de ser lido, mesmo no fim de um dia atarefado, mas um livro que questiona e incomoda. Ao lê-lo, percebemos a verdadeira imagem de São Francisco, e que um santo não é tão diferente nem tão distante de nós. "Um santo é um apaixonado do Reino, alguém bem atual - pode até ser nós mesmos ... "

Pais, amigos ou censores?

Dirce Pereira da Silva -

Ed. Paulinas, 1979

Sobre este tema, explorado mas nunca esgotado, um livro que se baseia na prática. Sendo a autora uma equipista, mãe de cinco filhos, bem sabe que os pais, em meio às ocupações do dia-a-dia, nem sempre têm tempo para divagações e literatura, tendo que tomar decisões rápidas e ao mesmo tempo justas e sensatas. O maior interesse deste trabalho é sem dúvida o empenho da autora em buscar recurso no Evangelho, nas soluções que nos foram propostas por Cristo - o psicólogo entre os psicólogos. Dedicado às crianças, este livro sai em tempo oportuno, no Ano Internacional da Criança. Em 1975, quando a autora apresentou o manuscrito ao Cardeal Arns, ele assim se expressou: "As ocupações de fim de ano não me permitiram saborear a obra toda. O que li me encheu de alegria, pelo conteúdo e pela forma. Quantas experiências, quanta compreensão e simpatia nestas belas páginas! Deus lhe conferiu importante missão! Rezo pelo que realiza e escreve." -27-


Suba comigo

Inácio Larraiíaga -

Edições Paulinas, 1978

Um livro bastante oportuno, neste tempo de balanço, pois trata da vida em comunidade, ou seja, do desafio que representa. Foi escrito tendo em vista comunidades religiosas, mas tudo que está ali nos ensina muito a respeito de nossa vivência em comunidade na equipe. A primeira metade do livro é dedicada a um estudo psicológico da personalidade - onde forçosamente reconhecemos alguns ou vários traços de nossa própria personalidade, o que nos ajuda a entender muita coisa sobre nosso comportamento e, por extensão, sobre a personalidade e o comportamento do irmão. O autor não só detecta os males como também aponta os remédios. Ensina-nos a nos libertar de nós mesmos, principalmente da imagem que fazemos de nós mesmos; a nos acalmar, nos concentrar e nos unificar, inclusive através de alguns exercícios. Na segunda parte, como amar. Há capítulos lindos sobre o perdão, a comunicação, o acolhimento dos outros, o assumir o outro, que podemos aplicar não só à vida de equipe mas também à vida de casados.

-28-


SOBRE OS ANOS DE APROFUNDAMENTO Um ca.sal convidado para coordenar as Equipes em Anos de Aprofundamento no seu Setor tece comentários sobre essa experiência.

Fomos convidados para coordenar a expenencia chamada "Anos de aprofundamento das Equipes" (AAE) - que preferimos chamar "anos de conversão". As equipes "antigas", ou seja, com mais de 10 anos de vivência no Movimento - divisão essa tida como ponto de partida e não como definitiva - podem apresentar uma certa estagnação e dificuldade em evoluir espiritualmente. Entre os vários fatores que provocam este estado de coisas, podemos salientar a estabilidade da vida econômico-social, que muitas vezes leva a um afrouxamento espiritual. A vida espiritual entra num platô. A experiência não é nova. O Pe. Van Wynsberghe, Conselheiro dos Anos de Aprofundamento na Bélgica, já assistiu a 5.000 casais. Em São Paulo, existe há 2 anos, com adaptações à nossa realidade. Como coordenadores, procuraremos desenvolver a ascendência espiritual, ou seja, retornar à vida espiritual com mais impulso, numa busca mais ampla. Há três perigos a evitar: -

crer que é tarde demais crer que já se é convertido

-

crer que

pod~;mos

nos converter sem Deus.

A regra de vida será: "É no cotidiano que Deus nos espera". Iniciaremos com um retiro e, no fim desses 2 anos, faremos uma nova parada, para em seguida retomar a vida normal de equipe. Espera-se que os atuais equipistas em Anos de Aprofundamento integrarão no futuro o Setor como casais de ligação para novas equipes em anos de aprofundamento.

Norma e Geraldo Equipe 3 de Ribeirão Preto

-29-


NO

MESMO

BARCO

Como "não estamos sós", somos uma equipe, e "equipe" significa trabalhar, amar e sofrer uns juntos com os outros, não podemos fazer um balanço sem relacioná-lo com o dos outros companheiros. Tal como no casamento, "nós somos muitos, nós somos um, nossos sentimentos se entrelaçam e nossos corações também." Por isso voltemos os olhos para nossa querida, a nossa sofrida equipe, o barco onde, um dia, chamados pelo Mestre, nos abrigamos e nos propusemos a remar juntos, para alcançar um objetivo comum. Por diversas vezes o nosso pequeno barco se viu amea-çado por um mar agitado e ondas perigosas tentaram afundá-lo. Que insegurança, que medo sentimos! Tal como no evangelho de São Mateus, alguns de nós procuram aflitos a Jesus, para que Ele salve a frágil embarcação. O pequeno barco, onde, no dizer de alguns, há poucos marinheiros e muitos comandantes, corre o perigo de naufragar. Onde, onde está o Senhor, nessas horas? Será que, na despreocupação das horas de bonança, não deixamos para trás o passageiro mais importante, alguém que lê o rumo nas estrelas, alguém que realmente entende de navegação? Na barca dos apóstolos, Jesus dormia e foram acordá-lo. E na nossa pequena embarcação, será que Jesus está presente? E sobrevém-se a insegurança. Não há motivo para temer, aflitos navegantes. estado presente entre nós. -30-

Jesus tem


Se nos reportarmos a tudo o que sucedeu durante muito, muito tempo, nós encontraremos sempre, visível e serena, a presença do Cristo. É Ele que nos pede mais, que nos dá força, estímulo, alegria e coragem. É Ele que nos tranqüiliza.

-

"Por que temeis, homens de pouca fé?"

Não sejamos, pois, remadores aflitos - sejamos com Ele, uns para os outros, e para nossa família, nossos amigos, nossos colegas, a mão que ajuda, a árvore que dá sombra, o ouvido que escuta, o coração que compreende, a água que mata a sede .

-31-


NOTíCIAS DOS SETORES

FLORIANóPOLIS -

lntercessores

Um Setor que sempre primou pela espiritualidade, aliada a um elevado senso apostólico, não poderia deixar por menos: conseguiu a adesão de um bom número de pessoas para integrar a rede de "intercessores" (cf. Carta Mensal de setembro/78), e não só entre os equipistas. Inscreveram 4 casais equipistas, 1 Conselheiro Espiritual, 3 filhos de equipistas e 12 amigos de equipistas. Como a notícia não é muito recente, talvez nesta altura estejam até com mais gente! Impressionante a maneira pela qual Florianópolis respondeu ao apelo, e não menos impressionante o fato de que são muitos os que acreditam no poder da oração fora de nossas fileiras: vejam que conseguiram a adesão de 12 não equipistas, enquanto obtiveram a adesão de apenas 8 equipistas ...

RIO DE JANEIRO -

Anos de aprofundamento

As equipes que iniciaram os "anos de aprofundamento" em número de seis no Rio e uma em Niterói - tiveram seu retiro de abertura, pregado pelo Pe. Victor Gialluizi, Conselheiro Espiritual das Equipes em Anos de Aprofundamento em São Paulo. D. Eugenio Salles prestigiou o retiro com sua presença no sábado à noite, quando se dirigiu aos participantes e lhes deu sua bênção. Também presentes, dando apoio às equipes, o Pe. Xavier, Conselheiro Espiritual da Equipe 2, e o Pe. MacDowell, ccupadíssimo reitor da PUC e, não obstante, Conselheiro Espiritual do Setor A do Rio. Participou igualmente do retiro um casal do MFC, ela irmã de uma equipista. -32-


-

Transmissão de cargos

Durante a "Missa do Reencontr o", concelebrada por Mons. Vital Brandão Cavalcante, Conselheiro Espiritual do Setor B, pelo Pe. João Augusto MacDowell, Conselheiro Espiritual do Setor A, e pelo Pe. Antonio Lemos, Coordenador da Pastoral Familiar no Vicariato Sul, tomaram posse de seus cargos os novos Casais Responsáveis pelos Setores A, B e C do Rio de Janeiro. Entre os presentes na Capela do Colégio da Divina Providência, totalmente lotada, todas as equipes de Pe. Miguel e vários casais representando as equipes da Ilha do Governador e de Niterói. Foi um encontro de confraternização e alegria abrangendo quase toda a Região. BRASíLIA -

Preparação para o casamento

A decisão da Arquidiocese de descentralizar os Cursos de Noivos permitiu que os equipistas dessem prova de desprendimento e generosidade, em espírito de serviço à Igreja. Conta o Boletim: "A Arquidiocese resolveu descentralizar os Cursos de Noivos, criando cinco setores na região do Plano Piloto e Lago. Contudo, era pretensão de nossos pastores que as Equipes de Nossa Senhora continuassem com seu Curso de Noivos, nos moldes usuais, por representar uma sistemática diferente na duração e na dinâmica. Porém, pensando na importância da implantação dos cinco setores e nas dificuldades iniciais que tal projeto poderia encontrar, sugerimos a Dom Avila que seria interessante suspender provisoriamente os Cursos de Noivos das Equipes, e nós equipistas nos empenharíamos em ajudar na colocação em prática do sistema proposto pela Arquidiocese. Depois de dinamizados os cinco setores, se viesse a ser necessária a continuação dos Cursos de Noivos das Equipes, então voltaríamos a eles; caso contrário, continuaríamos partilhando esse trabalho de apostolado com os irmãos de outros movimentos". Tendo sido aceita a proposta, os casais responsáveis pelo Curso de Noivos convocam os equipistas para que se coloquem à disposição da Arquidiocese para ajudar nesse trabalho. Primeira palestra para palestristas

No Curso de Preparação de Palestristas para Cursos de Noivos promovido pela Arqu:diocese, quem deu a primeira palestra foram Rita e Mattos. A propósito, conta-nos o Boletim: "Cioso de sua pontualidade, Mattos ajustou o cronômetro para despertar ao final do tempo previsto para a palestra. O -33-


casal deu então início ao seu tema, concluindo cinco minutos antes do tempo previsto. Todos gostaram e o aplauso foi geral, o que fez com que o Mattos esquecesse seu cronômetro sobre a mesa. A palavra foi passada ao nosso Arcebispo, Dom José Newton, e, três minutos após iniciada sua mensagem aos presentes, qual não foi a surpresa de todos diante da petulância do pequenino cronômetro do Mattos interrompendo nosso pastor com seu Triiiim ... ! " -

Adoração ao Santíssimo

Frei J amaria dedica o Editorai do Boletim a um apelo, oriundo de amarga constatação: os equipistas que, desde a fundação do Movimento em Brasília, costumavam frequentar a Hora de Adoração na Igreja do Santíssimo Sacramento, depois de uma fase áurea que seguiu o Documento de 1976, quando houve a adesão de várias equipes, são cada vez menos numerosos às sextas-feiras à noite, naquele santuário... Escreve Frei Jamaria: "Onde estão os adoradores, os que queriam fazer um pouco de companhia a Jesus na Eucaristia, tão esquecido, tão abandonado lá na L-2 Sul? Nos últimos meses de 1978, temos acompanhado equipes nesses encontros de oração. Quatro ou cinco casais de uma equipe, dois de outra, mais um de uma terceira, mais um de uma quarta... E é só". Frisa o Frei J amaria que não se trata de uma obrigação a mais - "essa iniciativa foi tomada por equipistas, espontaneamente, sem nenhuma injunção, sem nenhuma imposição", mas que os equipistas estão desperdiçando uma oportunidade de fazer um bem muito grande, num mundo tão carente de oração: "Somos vinte equipes, conclui ele. Se, cada sexta-feira, umas quatro equipes se reunissem para rezar pela família, pelos jovens, pelas vocações sacerdotais e religiosas, seríamos nós aqueles que fariam um apostolado de espiritualidade, num testemunho profundo déo fé do casal na presença de Cristo na Eucaristia. E seríamos nós a dar o apoio necessário a esta sociedade que cada vez mais se afasta do Deus vivo, porque faltam aqueles que demonstrem, com as obras, que acreditam no Deus vivo e verdadeiro presente entre nós". -Em Manaus

Conta o Alceste, da Equipe 1, que, quando desembarcou com a filha em Manaus, recebendo calorosa acolhida de Neuza e Antonio, responsáveis pela Coordenação na "Verdecap", a senha para identificação foi a nossa Carta Mensal. . . Mais uma vez ficou

-34-


demonstrada a alegria dos equipistas de Manaus quando vai alguém até lá visitá-los, pois foram muitos os contatos: missa mensal, churrasco, reunião preparatória do curso de noivos, etc. Tendo chegado de Jundiaí Cidinha, Igar e quatro filhos - recebidos também eles na casa de Neuza e Antonio - houve um jantar com a participação de todos os equipistas, cada um deles levando um prato, sem esquecer o famoso tambaquí na brasa. Façam idéia: são sete as equipes ...

LIMEIRA -

Boletim

Recebemos o "Equipando" de março-abril, cheio de coisas boas. Na primeira página, uma ótima foto do Papa João Paulo II. Lá dentro, os assuntos da atualidade em março e abril: Puebla, Campanha da Fraternidade, Quaresma e Páscoa. E outros mais: Bíblia, desapego, união com Deus, serviço. E, naturalmente, o programa completo da Coordenação para 1979. -

Carta Mensal apreciada ...

Zuleika e Hermes, responsáveis pela Coordenação, numa cartinha, em separado, enviam parabéns "pela eficiência da Carta Mensal". Concordamos, escrevem eles, "com a Equipe 10 de Campinas: cada vez que recebemos a Carta Mensal, é sempre a mesma exclamação: 'Puxa, este mês está formidável!' Como nos auxilia nas meditações! Cada editorial, cada artigo é uma orientação para nosso apostolado, meio para auxílio mútuo e, por que não dizer, faz com que a gente se desinstale.'' Gratos, amigos rezem para que não esmoreçamos! SÃO JOS~ DOS CAMPOS -

Homenagem a equipista

Recebemos de Wilma e Amilton a seguinte notícia:

"Foi inaugurado, no populoso ba;rro do Jardim Satélite, o novo prédio do Colégio do Estado "Professor Joaquim Andrade Meirelles", com a presença de inúmeras autoridades, professores, alunos e seus familiares, Mariza, viúva do Meirelles, e suas duas filhas. O ponto alto das festividades consistiu na celebração da Santa Missa pelos dois irmãos do homenageado, ambos sacerdotes em Minas Gerais. As solenidades de inauguração da enorme e bem instalada casa de ensino, estiveram presentes também muitos -35-


equipistas, principalmente da Equipe 5, Nossa Senhora da Fraternidade, à qual Meirelles pertenceu desde seu início, em 1968. Por suas excepcionais qualidades de educador, chefe de família e cristão, o povo de São José e o Governo do Estado, em justíssima homenagem, eternizaram, no frontispício e na bandeira dessa casa do saber, a lembrança de Joaquim Andrade Meirelles, que foi vítima de acidente fatal, a caminho da Escola, em 1975". JAO -

Manhã de recolhimento

Realizou-se, no Colégio São Norberto, com a presença de 131 equipistas, mais um manhã de recolhimento. Após a Santa Missa, o Con. Lino Victor Foreaux falou sobre O homem, sua origem, seu destino, ilustrando sua palestra com trecho da Bíblia. Depois da proveitosa palestra, foram formados círculos, e todos puderam dar suas considerações sobre o assunto. Finalizando, o novo Casal Responsável, Eunice e Leon, falou aos presentes sobre as metas a serem cumpridas em 1979.

GUARATINGUETA -

Anos de aprofundamento

Realizou-se o retiro de abertura, em Aparecida, para as equipes 1 e 6 de Taubaté, 1 e 5 de São José, 1 de J acareí, e 1 e 2 de Guaratinguetá. Maria Helena e Roberto, da Equipe 1 de Taubaté, são o casal adjunto do Regional para a coordenação das equipes em anos de aprofundamento no Vale do Paraíba. Desapego

As equipes de Guaratinguetá iniciaram o ano com um tema de estudo sobre o desapego, baseado na palestra do Frei Estevão sobre o assunto no EACRE do ano passado. DEUS CHAMOU A SI José Queiroz Da Equi pe 32 do Ri o de Janeiro. Contam seus companheiros de equipe: "Há anos havia feito uma operação e gradualmente vinha perdendo a visão. O que não o impedia de comparecer às reuniões e dar sempre em suas respostas uma nota de lirismo, conformidade com a vontade de Deus e esperança. Nunca ouvimos dele uma queix a ou reclamação".

-36-


NOVOS RESPONSAVEIS Niterói

Helena e Paulo Xavier Castro sucedem Lourdinha e Waldir à testa do Setor. (Como eram nosso "casal noticiarista", esperamos que eles já tenham nomeado outro, tão eficiente quanto eles... A Lourdinha e Waldir, nosso muito obrigado pela colaboração que sempre prestaram à Carta Mensal, culminando exatamente com a indicação de Helena e Paulo Xavier para se corresponderem conosco.) Rio de Janeiro A

Lourdes e Eitel passaram a responsabilidade do Setor às mãos de Daisy e Adolfo Bertoche. (Mesmo caso: estamos perdendo nossa fiel e eficiente correspondente, chamada a mais altas responsabilidades. Por favor, Daisy, não se esqueça de indicar alguém para substituí-la!) Rio de Janeiro B

Elza e Sílvio Galiazzi receberam o Setor das mãos de Therezinha e Thiago. Rio de Janeiro C

Mary Nize e Sérgio entregaram o Setor a Maria Luiza e João F. Machado. São José dos Campos

Graciana e José Cavalcanti Machado substituem Wilma e Amilton no Setor. São Paulo, Coordenação E

Deixaram a Coordenação Suely e Luis Augusto, sendo substituídos por Myriam e Francisco Ferraz Luz. Região Rio de Janeiro

São os novos responsáveis pela Região Mary Nize e Sérgio, substituindo Betisa e João. -37-


NOVAS EQUIPES Bauru

Equipe "nova" 12 - Casal Piloto: Neusa e Orlando: lheiro Espiritual: Pe. Paulo Finet.

Conse~

Caçapava

Equipe 6 - Casal Piloto: Adalgisa e Norton; Conselheiro Espiritual: Pe. Jorge. Equipe 7 - Casal Piloto: Celina e Nelson; Conselheiro Espiritual: Mons. Teodomiro. Jundiaí

Equipe 13 - Casal Piloto: Ana Maria e Osmar; Conselheiro Espiritual: Irmão Paulo André. Pindamonhangaba

Equipe 2 - Casal Piloto: Consuelo e Ernesto; Conselheiro Espiritual: Pe. Gil. Equipe 3 - Casal Piloto: Edna e Edson; Conselheiro Espiritual: Pe. Mário. Resende

Equipe 1 - Casal Piloto: Vera e Paulo Roberto; Conselheiro Espiritual: Pe. Capelão. São Paulo, Coordenação E

Equipe Espiritual: Equipe Espiritual:

5 - Casal Piloto: Myriam e Francisco; Conselheiro Pe. Elísio de Oliveira. 6 - Casal Piloto: Celina e Valverde; Conselheiro Pe. Cido.

EQUIPISTAS DE Fl':RIAS EM SANTOS E GUARUJA

O Setor convida :para as missas mensais: -

Santos:

19 sábado do mês - 18 horas Colégio Maria Imaculada - Av. Conselheiro Nébias, 668

- ·· Guarujá: último sábado do mês Igreja Matriz

20 horas -

-38-


SESSÃO DE FORMAÇAO EM APARECIDA

Nos dias 22 e 25 de março, tivemos a oportunidade de ser o casal coordenador da Sessão de Formação realizada em Aparecida. Foi uma sessão repleta de espiritualidade, e vários requisitos contribuiram para isso: a extrema dedicação da equipe de serviço, as palestras de Frei Estevão, o local (Aparecida) e, principalmente, a visita da Imagem à Sessão, na noite do sábado, coincidindo com a festa da Anunciação.

O número de participantes foi de apenas 14 casais, o que possibilitou criar-se uma verdadeira comunidade cristã durante aqueles dias. Tivemos casais de Jacareí, São José dos Campos, Caçapava, Taubaté, Guaratinguetá e Aparecida. Além desses equipistas do Vale, participaram também casais de Jundiaí, Lins e Juiz de Fora. Auxiliaram Frei Estevão na parte espiritual o Pe. Edmundo, de Juiz de Fora, e o Pe. Kron, de Aparec~da.

Irene e Dionísio Casal Regional

-39-


O ESPíRITO PERMANECE EM NóS

'l'EXTO DE MEDITAÇAO -

Jo. 14, 15-17, 21, 24-26, e 15, 26-27

Se me amais, observareis os meus mandamentos e rogarei ao Pai e ele vos dará outro Consolador, para que convosco permaneça para sempre, o Espírito da Verdade, que o mundo não pode acolher porque não o vê, nem o conhece. Vós o conheceis, porque permanece convosco e está em vós. Quem tem meus mandamentos e os observa é que me ama; e quem me ama será amado por meu Pai. Eu o amarei e a ele me manifestarei. Se alguém me ama, guardará minha palavra e meu Pai o amará e a ele viremos e nele estabeleceremos morada. Quem não me ama não guarda as minhas palavras; e a palavra que ouvis não é minha, mas do Pai que me enviou. Estas coisas vos tenho dito estando entre vós. Mas o Paráclito, o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, é que vos ensinará tudo e vos recordará tudo o que eu vos disse. Quando vier o Paráclito, que vos enviarei de junto do Pai, o Espírito da Verdade que vem do Pai, ele dará testemunho de mim. E vós também dareis testemunho, porque estais comigo desde o começo. ORAÇAO

Pai Santíssimo, que criaste o universo e fizeste o homem à tua imagem, - concede a todos os cristãos o poder de realizar a sua vocação. Pai Santíssimo, que chamas todos os homens à unidade, - perdoa-nos nossos atos de divisão. Senhor Jesus, que nasceste no seio de uma família humana, - faze que todos os teus discípulos vivam em comunhão fraterna. Senhor Jesus, que por tua ressurreição triunfaste da morte, - conduze todos os homens das trevas para a luz. Espírito Santo, que transformaste o coração dos apóstolos, - concede que todos nós cristãos vivamos para os outros. Espírito Santo, que suscitas o amor, - faze que cumpramos o teu mandamento para que todos vejam que somos teus discípulos.

,r''' ~

"

Amém. -40-


EQUIPES DE NOSSA SENHORA Movimento de casais por uma espiritualidade conjugal e familiar

Revisã o, Publicação e Distribuição pela Secretaria das EQUIPES DE NOSSA SENHORA 01050 - Rua João Adolfo , 118 - 99 - conj. 901 - Te!.: 34-8833 SAO PAULO, SP


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.