ENS - Carta Mensal 1980-3 - Maio

Page 1

NC? 3

1980 Maio

CARTA MENSAL ESPECIAL

COMEMORATIVA DOS 30 ANOS DE EQUIPE NO BRASIL

Maio 1950

-

Maio 1980


A exortação que vos dirijo neste momento é esta: sede test3munhas vivas, luminosas, da au têntica devoção mariana promovida pela Igreja na linha indicada pelo Concílio Vaticano 11. Necessitamos conhecer melhor Maria. Necessitamos, sob retudo, imitar a sua atitude espiritual e as suas virtudes, base da vida cristã. Desta maneira, refletiremos em nós mesmos a imagem de Jesus. Ide com Maria a Jesus ! Ela vos recordará continuamente o que disse nas Bodas de Caná : " Fazei o que Ele vos disser! " Joiio Paulo 11


JtCTBODUÇÃO

Trinta anos completa a primeira equipe brasileira e, com ela, o Movimento no Brasil. For ocasião desta comemoração, o que poderíamos nós, da Carla Mensal, oferecer a vocês, depois daquele número especial de cinco anos atrás, quando de nosso jubileu de praia? Para não cair na repetição, a solução era mudar o enfoque e, sem desistir completamente de um olhar para Irás, pensamos num olhar para a frente. Assim, resolvemos . dar a palavra o mais possível aos nossos filhos e a nova geração ocupa um lugar de destaque nesta Carla. Pedimos que releiam a Carla especial de maio de 1975, principalmente os artigos "25 anos de Espiritualidade Conjugal", "O início das Equipes no Brasil", as palavras de D. Angélico, as reminiscências do Con . Pedro e. . . - bem, na realidade, seria preciso reler loda a Carla! Para aqueles que não estavam ainda no Movimento cinco anos atrás, decidimos repelir o artigo "A história de um Setor", pois parece-nos bem típico do que um grupo de gente cecidida, generosamente aberta aos apelos do Espírito Santo, pode fazer pela Igreja. Cinco anos depois, quando os equipislas são presença marcante na Pastoral Familiar de suas respectivas dioceses, nem seria preciso sublinhar seu comprometimento com a Igreja - comprometimento sempre maior, ao qual nos conclama o Santo Padre, o Papa João Paulo II, na audiência de 17 de setembro de 1979. No entanto, nesta hora em que lodos os valores são contestados e, como escreveu um equipisla no estudo sobre o Documento do Sínodo, "não se sabe qual o problema a atacar primeiro", é preciso que nos convençamos sempre mais de que, "com Ele", tudo podemos, mesmo quando a tarefa parece acima de nossas forças e de nossas capacidades. Isto porque, no momento em que damos graças a Deus por tudo o que o Espírito Santo lfm realizado por meio das Equipes nestes 30 anos, lodos nós estamos cônscios do muito que ainda resta por fazer . .. Mas o alimento que recebemos de Deus e uns dos outros em nossas reumoes, o Amor de Cristo recebido e parlillhado, nos dará forças para a luta. Maria, nossa Mãe, continua conosco e o Espírito nos impulsiona. Se permanecermos abertos à sua ação, Deus continuará a operar em nós e por nós maravilhas, pela sua Igreja e pela Famllia no Brasil.

-1-


ADEUS.

MIGUEL ...

No instante em que vamos para o prelo, uma tragédia se abate sobre o Movimento, principalmente sobre as equipes de Florianópolis: o avião em que viajava Miguel Orofino, voltando do encontro da Comissão de Emergência convocada pela C.N.B.B. contra o aborto, caiu pouco antes de aterrisar. Perdemos um dos nossos melhores, um dos pioneiros, um verdadeiro apóstolo, incansável, sempre a serviço do Movimento e da Igreja. Ele ainda tinha tanto para dar... Com 53 anos, estava em plena atividade apostólica. Além de presidente do Instituto da Família da Arquidiocese de Florianópolis, em nome do qual viera a São Paulo - onde sua participação teve tamanho destaque foi encarregado, com dois sacerdotes, de fazer o planejamento da campanha contra o aborto a nível nacional - ele estava iniciando as Equipes na Argentina, coordenando as equipes de Florianópolis em anos de aprofundamento e, além dos seus outros trabalhos de apostolado, recomeçara, sem abrir mão dos cursos normais, a preparar noivos para o casamento nos moldes antigos, numa série de encontros em casa. Isto sem contar todos os planos que tinha em mente. . . Sem contar as três palestras que estava preparando para a Sessão de Formação de maio, o painel que iria coordenar em Aparecida ... Miguel voltou ao Pai pouco mais de um mês após a comemoração festiva dos 25 anos das Equipes de Florianópolis, das quais foi a alma e o incontestável líder. Não estará conosco em Aparecida, sua voz firme não mais se elevará nos EACREs e nas Sessões de Formação, nas igrejas de Florianópolis. Mas é de junto do próprio coração de Deus, daquele lugar que o Cristo, que ele tanto amou e tanto serviu, preparou para ele, que agora continua trabalhando pelo Reino, em prol do qual viveu e morreu. É de lá, do seio da Luz e da Paz, que agora acompanha os nossos passos, a nós que aqui ficamos, à Dilma e aos filhos. E 6 de lá que contemplará o que ansiava por assistir em vida: a ordenação de seu filho, Francisco, cuja vocação tanto alegrava seu coração de pai cristão. Resta-nos agora a saudade, a admiração e a oração: Miguel, roga por nós ...

-2-


EDITORIAL

AS EQUIPES E O FUTURO DA FAMíLIA NO BRASIL

Nesta hora em que o Movimento comemora trinta anos de existência no Brasil, fomos perguntar a um dos no.ssos Pastores o que a Igreja espera do Movimento nos anos vindouros. D. Penido, Arcebispo de Aparecida e Conselheiro Espiritual d·~ equipe, responde o que espera das Equipes, em sua ação específica, para o futuro da família em nosso pais.

Celebram-se os trinta anos aos pés da Padroeira do Brasil, em Aparecida. Equipes de Nossa Senha.ra! Um compromisso. Um programa. Uma espiritualidade. Vividos os trinta anos, as Equipes de Nossa Senhora detêm o passo. Para rezar. Para avaliar. Para repensar. Para planejar o futuro, que comporta novas e grandes responsabilidades.

o Para detectar a importância da missão das Equipes, olhemos a situação da família no Brasil. As Equipes de Nossa Senhora são famílias evangelizando famílias e evangelizando-se a si mesmas, como quer a "Evangelii Nuntiandi" e como relembra o Documento de Puebla (cf. n. 0 s 569 e 602). Não desconhecemos os impactos, totalmente novos, que hoje se abatem sobre a Família. Sociais, econômicos, morais e políticos. A visão cristã cada vez mais se põe de lado. É esquecida ou mesmo acintosamente hostilizada. O que comanda é o consumismo. O prazer é a lei que rege todos os passos. Prazer e egoísmo (cf. Puebla, n. 0 s 572-3). Casam-se os pares sem a menor perspectiva cristã para uma vida-a-dois. As uniões são quase fortuitas e intencionalmente provisórias. A primeira nuvem negra que surge no horizonte do casal, esvaem-se os matrimônios, destroem-se os lares e sucedem os conseqüentes prejuízos para a prole, que fica relegada à própria sorte. O desquite e o divórcio, já consagrados por lei, e agora o aborto, que se pretende impor através de uma retumbante or-

-3-


questração dos meios de comunicação, tornaram-se o flagelo da Família. São instituições aberrantes da Lei divina e verdadeiras contrafações da Lei natural.

o Postulam-se para a Família, como instituto evangélico, leis, convicções, atitudes e apostolado que lhe defendam as notas essenciais: unidade e estabilidade. Os casais cristãos, conhecedores do caráter sagrado do Matrimônio, vêem sobre seus ombros responsabilidades ainda maiores, como sejam, não apenas o viver e defender a unidade e estabilidade, mas especialmente o fazer da Família uma "escola de santidade" e de ação apostólica. Somente assim se dimensiona o alcance da "igreja doméstica". Não se ignoram os problemas de convivência que surgem naturalmente da sociedade familial. Problemas de mútua dependência e de recíproca suportação. Problemas de crescimento espiritual de todos, cônjuges e filhos, como ainda a plena realização do papel da Família cristã: ser, como tal, evangelizadora. A começar dos membros da própria Família: a recíproca evangelização de pais e filhos e a evangelização de outras famílias. Mas, acima de tudo, a vivência da espiritualidade conjugal e familiar. o

Eis porque é imenso o campo das atividades específicas das Equipes de Nossa Senhora. Nem se poderia exigir mais delas. Se fizerem isto, estarão fazendo o essencial, o impostergável, o urgente. Sim, porque da Família bem estruturada, como "escola de santidade", virão as soluções para os demais angustiantes problemas. Cristianizem-se as famílias e tudo se cristianizará! Que as Equipes de Nossa Senhora façam o apostolado da família pela família. Nada mais se lhes pede. E não é nada pouco. É um campo imenso. Que se procure tornar realidade sempre mais extensa o que Puebla constata: "Se, de um lado, há famílias que se desagregam c se destroem, corroídas pelo egoísmo, pelo isolamento, pela ânsia de bem-estar, pelo divórcio legal ou de fato, por outro lado, é certo que há famílias que são verdadeiras 'igrejas domésticas', em cujo seio se vive a fé e na fé se educam os filhos e em que se dá o bom exemplo de amor, de entendimento mútuo e de irradiação de amor ao próximo, na paróquia e na diocese." (n. 0 94). Dom Geraldo Penido Arcebispo Coadju tor de Aparecida

-4 -


PALAVRA DOS PAPAS AS EQUIPES DE NOSSA SENHORA

Vossa m1ssao de esposos e pais cristãos ultrapassa o quadro restrito da família. Proteger a intimidade do lar não é fechá-lo, esterilmente, sobre si mesmo. A caridade aperfeiçoa-se no dom de si próprio, e é consagrando-se às tarefas que lhe competem na Igreja e na Sociedade que o vosso lar encontrará o seu pleno crescimento cristão. Que o vosso Movimento ajude cada vez mais os seus membros a descobrir e assumir suas responsabilidades apostólicas. Sendo acolhedor, fraternal, aberto às necessidades dos outros, um casal já faz verdadeiro apostolado, pelo seu exemplo e pela irradiação de sua caridade. Mas nós gostamos de saber que, além disto, os membros das Equipes de Nossa Senhora, animados de espírito missionário, participam em grande número da vida da Ação Católica e das diversas obras aprovadas pela hierarquia. De todo o coração encorajamos esta orientação do Movimento, sem a qual não alcançaria plenamente o fim a que se propõe: a formação de verdadeiros lares cristãos. João XXIII

maio de 1959

A Igreja, de que sois células vivas e atuantes, dá, através dos vossos lares, como que uma prova experimental do poder do amor salvador e produz os seus frutos de santidade. Lares sofredores, lares felizes, lares fiéis, preparais para a Igreja e o mundo uma nova primavera, cujos primeiros rebentos nos enchem de alegria. Vendo-vos, vendo pelo pensamento os milhares de casais cristãos espalhados pelo mundo, sentimo-nos repletos de uma irreprimível esperança e, em nome do Senhor, vos dizemos com confiança: "Brilhe assim a vossa luz aos olhos dos homens, a fim de que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai que está nos céus" (Mt. 5, 16). Paulo VI -

maio de 1970

O matrimônio é um testemunho que se dá e uma missão que se cumpre. A família, enquanto tal, deve procurar ter um valor evangelizador e missionário. Ela realiza esta missão esforçando-se por dar um testemunho real de vida cristã e por se tornar,

-5-


assim, cada vez mais, um apelo a acolher a Boa Nova do Evangelho. O fato de o vosso Movimento ser oficialmente reconhecido pela Santa Sé como Organização Internacional Católica, poderá manifestar e consagrar a vossa vontade de participardes cada vez mais em toda a vida da Igreja, e Nós nos congratulamos com isso. Muitos lares vos ficarão gratos pela ajuda que assim lhes haveis de dar. Efetivamente, hoje, a maior parte dos casais têm necessidade de ser ajudados. Sentem-se assaltados primeiro pela desconfiança e pela dúvida, depois pelo medo e pelo desânimo e finalmente pela tentação do abandono dos valores mais nobres do matrimônio . . . É necessário, pois, reafirmar incessantemente estes valores e estas exigências mediante o testemunho dos casais cristãos ... Paulo VI - setembro de 1976 O fermento do Evangelho deve impregnar por primeiro as realidades cotidianas e fundamentais das relações famili ares. É preciso renovar assim, pela base, as células da Igreja e da Sociedade. E o Papa conta com a contribuição do vosso Movimento de espiritualidade conjugal. Incito, pois, os membros das Equipes de Nossa Senhora a procurarem sempre mais a perfeição na sua vida cristã no e através do sacramento do matrimônio, e faço votos para que muitos outros esposos cristãos ajam da mesma forma. Desejo que façais beneficiar das vossas convicções e da vossa experiência a pasto·r al ·familiar da Igreja, nos vossos respectivos países, associando-vos, segundo as possibilidades, aos imensos esforços realizados neste campo. É preciso, com efeito, fazer brilhar aos olhos das novas gerações o maravilhoso plano de Deus sobre o amor conjugal, sobre a procriação, sobre a educação familiar, plano esse no qual só poderão acreditar mediante o testemunho dos que vivem isso com o auxílio de todos os recursos da fé. É com esses sentimentos que vos expresso minha confiança, bem como a todos os homens e mulheres das Equipes de Nossa Senhora e r.os seus Conselheiros Espirituais, incentivando-vos a contim:. ::l·des a situar os vossos es:::::,rços bem dentro da Igreja, se:;v nd') a c' ::;:.ltrina da Igrej a, em un:S.o com os Pastores da Igreja, e com cs outros movin:entos cuja .:~ã o complementa a vossa.

João Paulo 11 -

-6-

setembro de 1979


A FORÇA íNTIMA QUE NOS MOVE

A espiritualidade bíblica e os mestres espirituais sempre apresentaram o Espírito Santo como o mestre de nossas almas, o hóspede de nossos corações e a força transformadora de nosso mundo interior. É Ele quem infunde seus sete dons para que o homem não só seja imagem, mas se faça também à semelhança de Deus. Uma das características da obra do Espírito Santo, a mais importante delas, é a de revelar os eternos planos de salvação de Deus, patenteados visivelmente na vida de Jesus e formar o coração dos fiéis segundo o Evangelho de Cristo. Ao Espírito Santo se atribui, principalmente, a sabedoria, a verdadeira sabedoria de viver. Ele trabalha o homem interior, inspirando-o e respeitosamente convidando-o a colocar-se nos justos caminhos do bem e de Deus. E esta sabedoria, dom do Espírito de Deus, não é revelada aos entendidos deste mundo, mas aos simples e pequeninos, àqueles que se fazem como crianças. O homem de Deus não tem a cabeça nas nuvens, mas no céu. Sendo ele movido intimamente pelo mesmo Espírito de Deus que pairava sobre as águas da gênese e que tirou o mundo do caos, este homem aquece com o calor de sua operosidade e presença os trabalhos a que se dedica e os relacionamentos pessoais que tem. Ele não é um alienado, mas comunga profunda e intimamente das coisas e das pessoas, a tal ponto que se pode dizer: quanto mais está alguém cheio do Espírito Santo de Deus, tanto mais junto ele se encontra de seus irmãos, comungando, sofrendo, vivendo e transformando o caos em terra habitável para eles. O Espírito Santo é o princípio do bem e a força íntima e positiva que move os homens de Deus. Mas o homem não se porá nunca o bastante sob sua influência e nem O pedirá suficientemente. É do Espírito Santo que lhe vêm as luzes e a força para responder com integridade e fidelidade aos verdadeiros caminhos de salvação de Deus, revelados no Evangelho de Jesus Cristo. Diante dEle, deveria a pessoa ficar mais em silêncio, para que Ele pudesse, como diz São Paulo, sussurrar em nossos corações a suprema oração de Jesus: "Abba! Pai!" Frei Neylor Tonin, ofm

-7-


A ECIR CONVERSA COM VOC~S

A ECIR faz suas as palavras de um Casal Regional, Marlsa e Fleury, aos equipistas do Setor de Ribeirão Preto, pois não seria outra a mensagem que teria para vocês nesta hora.

Queridos irmãos, Quanta alegria em nos dirigirmos a vocês, a quem nos unimos diariamente em orações! Os casais maravilhosos que conhecemos pessoalmente, os que só conhecemos através de seus responsáveis . .. Gostaríamos que se estabelecesse aqui um encontro íntimo de amizade cristã, para que pudéssemos transmitir-lhes a imensa alegria que nos vai na alma por tê-los como irmãos! Por saber que fazem parte conosco da hoje já grande família equipista, que conta com 5.000 casais no Brasil e 25.000 espalhados por quase todo o mundo! Como é bom saber que não estamos sozinhos em nossa procura do Cristo, na luta para a preservação da família e principalmente, para que O AMOR, presente em nossos lares seja levado a todos os homens! Esta, queridos irmãos, a nossa grande missão. Esta a vocação a que fomos chamados no movimento das E.N.S., neste século XX: Levar o Cristo e, conseqüentemente, O AMOR ao mundo. Numa época em que os valores da família estão em cheque, em que divórcio e o aborto são propostos como "grandes soluções", em que se diz que o casamento "já era", que agora é a vez do "amor livre" porque AMOR mesmo não existe í~ , ainda mais, que "Deus está morrendo", é hora de levantarmos nossas vozes e lutar por tudo aquilo em que acreditamos. Não vamos aceitar passivamente tudo isto de braços cruzados, como se nada pudéssemos "contra a maré". Somos muito poucos? Não. Somos o suficiente. Se temos fé, não podemos duvidar cla sabedoria de Deus. Será que Ele não sabe de quantos precisa?

-8-


-Mas ... há muito a ser feito ... Eu não posso fazer tudo ... Ele não quer que façamos tudo. Só a nossa parte. Ele fará o r.esto. A cada um destinou uma missão. Se não a cumprirmos, ficará um vazio, o mundo ficará mais pobre ... Irmãos! Vamos cada vez mais nos reunir em nome de Cristo e com Ele sermos a minoria forte que é capaz de transformar o mundo, porque acredita e vive o AMOR. Nestes 30 anos das Equipes de Nossa Senhora no Brasil, queremos fazer de nossa peregrinação a Aparecida um gesto concreto e visível de louvor a Deus e a Maria por tantas bênçãos recebidas nestes anos todos, e pedir-lhes ajuda e forças para sermos testemunhas aos homens, através de nossa presença de casais cristãos, de que a família não está morrendo, o AMOR existe, porque nós o sentimos, e Deus está mais vivo do que nunca!

• Com a força de Cristo, podeis, e portanto deveis, realizar grandes coisas . Ajudando-vos um ao outro, de quantas tarefas não sereis capazes na Igreja e na Sociedade! PAULO VI

• Quantos somos hoje?

De 1975 para cá, ou seja, em cinco anos, passamos de 25 a 43 Setores, de 15 a 21 Coordenações, de 465 a 767 equipes, em 87 cidades (20 a mais).

-9-


LEMBRANDO OS PRIMEIROS TEMPOS

O início das Equipes no Brasil já foi relatado na Carta Mensal de maio de 1975, por ocasião dos 25 anos do Movimento entre nós. No entanto, detalhes marcantes, que não foram contados então, mostram bem como "o dedo de Deus" esteve presente desde o começo, como diz o P e. Melanson no relato que publicamos a seguir. Este relato dará uma idéia da primeira impressão que o Pe. Melanson teve daquele inicio e de como se tornou um dos mais convictos propagadores do Movimento. Verão depois que o Espírito Santo vinha trabalhando, havia anos já, a geração jovem daqueles tempos. Mas o que provocou o impacto propulsor das vontades foi o documento cujo fac-simile publicamos adiante, a primeira carta do Pe . Caffarel, que costumamos chamar de "certidão de nascimento" das Equipes de Nossa Senhora em nosso pais.

Primeiros passos

O Pe. Melanson, primeiro Conselheiro Espiritual de Equipe no Brasil, escreve-nos, do Canadá: Toda história humana, aos olhos da fé , é uma história sagrada, onde aparece o dedo de Deus, "escrevendo direito por linhas tortas". Um dia, almoçando com Mons. Aguinaldo José Gonçalves na casa paroquial da Igreja da Boa Morte, em São Paulo, recebi dele um pedido um tanto insólito. Naquele tempo, eu trabalhava num apostolado especializado com jovens operários e Mons. Aguinaldo me pedia para assistir um grupo de casais que queria iniciar reuniões de espiritualidade 10-


conjugal. Era gente do Centro D. Gastão Liberal Pinto. Absorvido em atividades da mocidade, receiava embrenhar-me num grupo de discussões platônicas. Mas o bom Deus tem seu jeito de nos trazer à realidade. Jamais ouvira Mons. Aguinaldo recusar frontalmente qualquer proposta digna. Sabia ele temporizar, mas nunca dizia não. Ademais, a bondade de Mons. nos deixava a todos em grande dívida para com ele. Acolhia para comer e dormir a uma porção de eclesiásticos mais ou menos desprovidos e a visitantes de fora. Fazia dois anos que eu era cliente assíduo desse albergue misericordioso. Naturalmente, respondi que ia pensar. Para me ajudar a pensar, Mons. Aguinaldo mandou logo o Pedro Moncau conversar comigo. Conforme está anotado em minha agenda de 1950, foi no dia 29 de junho, aliás festa do seu santo padroeiro. Até lá eu vinha ruminando como me sair dessa empreitada. A apresentação das Equipes de Nossa Senhora e a personalidade do Pedro abalaram um bocado meus propósitos negativos. Mas ainda "ia pensar". Apegava-me ao juízo temerário de que tudo não iria passar de conversa mole entre meia dúzia de casais cheios de boas intenções. "6 cabeça dura", devia dizer o Senhor! "Duro te é recalcitrar contra o aguilhão." No dia 1. 0 de julho, assisto à minha primeira reunião. Os casais já vinham se reunindo há algum tempo (1) com Mons. Aguinaldo. Estavam estudando um ponto dos Estatutos das E.N.S. O Pedro - astutamente, pensei depois - me passa uma cópia em francês dos Estatutos, que devoro durante a discussão. Percebo que se trata de coisa séria, longe de um simples passa-tempo. Desta mal escaparia ... já estava vendo o alçapão se fechando! Perguntei, apontando para os Estatutos: "É isto que vocês querem fazer?" Responderam: "Sim!" Fiquei reduzido a um goleiro de pênalti. Na reunião seguinte, fiz a minha confissão: minhas reticências, minhas tergiversações. E disse: "Se vocês quiserem isto (os Estatutos), eu estou com vocês." Recordo com que alegria acolheram a minha capitulação. E eu já os amava mais que aos Estatutos! De agosto a novembro, estou na Europa para a Conferência Internacional da J.O.C. e o Ano Santo. Visito a sede das E.N.S. em Paris e tenho uma entrevista-relâmpago com o Padre Caffarel. (1)

Dois meses: desde o dia 13 de maio ..•

-11-


No dia 9 de dezembro de 1950, fazemos o nosso primeiro recolhimento em São Paulo. Em 1951, começa uma segunda equipe. Os Moncaus são o casal piloto e eu o assistente (obviamente, eu tinha perdido todo reflexo de defesa). No dia 26 de agosto, houve o segundo recolhimento, com as duas equipes, no Sedes Sapientiae. Em 1952, pela sedimentação dos primeiros ensaios, houve fusão das duas equipes. Nos dias 14 a 16 de dezembro, preguei o meu primeiro retiro das E.N.S. Desde o princípio, procurara interessar jovens casais da J.U.C. nas Equipes. A tempo e contratempo espalhava o meu entusiasmo. Passaram-se dois anos sem que nada acontecesse. Finalmente, veio um convite a Pedro para apresentar as Equipes a um grupo desses jovens casais. Após um tempo de espera, um segundo convite. "Desta vez, ou vai ou racha", falei ao Pedro. E foi! Duas novas equipes se formaram e depois outras mais. Em seguida, com a atuação dinâmica do Pe. Lionel Corbeil no Setor, houve um admirável surto. Enfim, a coisa pegava fogo! Entrementes, a boa nova das Equipes chegava ao sul, a Florianópolis e Porto Alegre e, mais tarde, ao Rio e a outras cidades do Brasil, conforme eu viajava pela J.O.C. Deixava o endereço, tão conhecido depois, de Paraguaçu, 258, como referência a quem se mostrasse interessado. O lar dos Moncaus tornara-se um manancial de graça conjugal e familiar para o Brasil. Em 1954, no dia 24 de outubro, as Equipes de São F'aulo realizaram sua primeira peregrinação. Foi uma romaria ao Santuário do Embu. Iam agradecer a Virgem Maria esta maravilhosa bênção que leva o seu nome, as Equipes de Nossa Senhora.

Pe. Oscar Melanson, c.s.c.

* O embrião das Equipes

Mas o que era o Centro Dom Gastão, de que nos fala o Pe. Melanson logo no início de seu relato? Alguns membros de uma Congregação Mariana, depois de casados, resolveram fundar o "Departamento de Casados" daquela Congregação, no qual realizavam reuniões abordando temas referentes ao casamento e aos filhos. Cedo tornou-se evidente a -12-


necessidade de associar as esposas a tais pesquisas, o que levou à fundação do Centro Dom Gastão. Havia, assim, pelo menos dez anos antes da fundação da primeira equipe, um movimento de casais entre nós. Era coisa séria e atuante, como se vê por uma palestra proferida pelo Dr. Pedro Moncau Jr., ao se comemorar a Festa da Sagrada Família, em 1943, e intitulada "A Família Cristã". Esta verdadeira relíquia comporta um trecho bem significativo, quase que profético, pois anuncia, com palavras bem parecidas, o que iria ser proposto alguns anos depois nos Estatutos franceses - das Equipes de Na. Sra. Como se o Espírito Santo estivesse a trabalhar almas escolhidas, aqui e acolá, no mesmo sentido. A confrontação é impressionante: "Mas esta oração, esta súplica, dizia· o Dr. Moncau ao referir-se à oração do pai ansioso por educar cristãmente seus filhos, este grito, por mais p!Ofundo que seja, não será ainda suficientemente vibrante se permanecer i~olado. lt preciso que ele se eleve de numerosos corações, de almas unidas em comunhão de ideais e de preces, unidas num mesmo corpo vibrante e uníssono, para que o clamor se alteie e mova o coração de Deus! Foi Ele mesmo que o di.sse: "Onde se acham dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu em meio deles." Precisamos, pois, multiplicar-nos, para multiplicar em nós a presença de Deus! lt por isso que nos unimos, que nos congregamos, neste Departamento de Casados. lt por isso que precisamos estreitar ainda mais esta união. Para tornar mais eficientes as nossas súplicas. Para exemplo e edificação mútuas. Para favorecermo-nos todos da experiência de alguns. Para sentilmo-nos realmente uma família espil·itual, onde haja em alto grau o verdadeiro espírito da caridade, o mesmo espírito que animava os primeiros cristãos e que fazia levantar no campo adverso este grito de admiração: "Vede como eles se amam!"." (2)

"Unidos", "o mesmo espírito que animava os primeiros cristãos", "Onde dois ou três se acham reunidos em meu nome ... ", "Vede como eles se amam" - as mesmas palavras! O propósito aí estava, bem delineado. E o grupo foi tentando vivê-lo, ressentindo-se da falta de "algo" mais a apoiá-lo, até que esteve em São Paulo, a convite do próprio Centro D. Gastão, o Pe. Marcel-Marie Desmarais, dominicano canadense cheio de vida, para falar-lhes do amor cristão. Como se queixassem para ele da falta desse "algo mais", ele contou-lhes que havia em Paris, onde estivera pouco antes, alguns grupos de casais ligados ao "Anneau d'Or" que perseguiam os mesmos propósitos. (2)

Grifos no..osos .

-13-


O casal Moncau com o Pe. Caffarel, quando aqui esteve pela primeira vez, em 1957

Nascem as Equipes

O Dr. Moncau não pensou duas vezes e, em 30 de novembr o de 1949, escrevia ao Pe. Caffarel. Eis o ponto central da carta: "Faço parte aqui em São Paulo, de uma associação, o "Centro Dom Gastão " que é, por assim dizer, o prolongamento de uma Congregação Mariana e que é constituído por um grupo de cerca de 20 antigos membros dessa Congregação, já casados, e que procuram continuar, no plano familiar, a ação que a Congregação exercia no plano que visava mais particularmente a juventude, o indivíduo. Embora funcionando há já alguns anos, nossa associação procura ainda a fórmula prática de execução de seu programa de reerguimento cristão da família . É com muito esforço que obtemos resultados bastante medíocres . . . . Pelas informações que nos foram dadas pelo Pe. Desmarais, tive a impressão que a finalidade do "Anneau d'Or" é sensivelmente idêntica à que perseguimos. Ocorreu-me então escrever-lhe com toda a franqueza e com toda a simplicidade também, para pedir-lhe que me envie, com detalhes, dados sobre o que faz o "Anneau d'Or", sua organização, seu programa, e, particularmente, a técnica de suas reuniões, etc ."

-14-


A resposta do Pe. Caffarel, datada de 15 de dezembro de 1949, constitui como que a certidão de nascimento das Equipes àe Nossa Senhora no Brasil, pois foi o começo de uma série de contatos que culminaram com o início, no dia 13 de maio de 1950, da primeira equipe:

Paris; 8, Avenue César-cairele I5 décembre 1949.

a•_,.

Monsieur , ·~ue je vous dioe , d' ubord, la joie· et l' émotion qtie j' ai eueiJ en· vous lisant • C'est telle ruent impr.,ssionnsnt de penser qu'à trsvers· lea océuns, des ,l.iens se nouent grâce. à . cet Annt!aU d 1 Or que. j 1 ui fendê 'e t· dont j'assume la dirt~ction.· Tout ce que vous me dites du "Centro Don Ge.stil.o" m'intá1 :>"se vivement. Uon seulement vous n(êtes pas . indiscret en m'en entretens!, .1 ms.is vous êtes plutôt trop discret en ne m'en purlant p~ s :..avantuge. S'lchez que toute la dooUilentation qu11 vous pourrez m' envoyer concernent votre Centre sern lue 6vec beaucoup d'attention et de sympathie.Car, comn.e vou s l'avuz pressenti, nos orientutions sont proches par~ntes • L'Anneau d'Cr et les groupes d~ foyers qui travaillent parallàlemeut à l'Anneau d'Or ont pour objectif. esse.ntiel d' aider les foyers à tendre vers la sainteté. Ni plus , ni moins. Je n' entreprends pas , par cette lettre, de vous d1I'e longua ~.~Iit .ue nous faisons dans nos groupes de foyers , parca que je vous ·rais adresser , par notre secrétaire Général., i>;onsieur Gérard d'Heilly, 9, ~9 Gustevo-Flaubert -Paris (I7•) , toute une docuntentation concernant ndoa groupes de ro:~ers. SI vous a vez le temps de prendra· comiaissance de . c os documente et s' ile vous intéressent , je sereis tràs · heur.eux, personaelle·l!lant, · de conna1tre vos réactions. N'hásitez pes à ' m'écrira , à' n•e faire part tres frnncher:>ent de votre pensée~ Je ne crains pas du tout ' la contrnw diction et je so~haite vive~ent recevoir toutes les SU6gestions utiles. C'est une de mes préoccupations premieresf que d'établir des liens avec teus ceux qui, · aux quatra ooins du monde, t 'rayaillent ·cf(\DB la mAme sens • Comme vaus la verrez dana l'article que je vous adresse c1joint, article sur les groupee de foyers . 1 ja pense que · ce double effort des groupes de foyers et de re/cherches de spiritualité conjugale et fa~i­ lialO' sont un dee si&nes ·de notre temps et une grande espérance. .. J'espere vivement qu'un jour, . pas trop éloigné, u ·sera possible en ·une rericontre lnternational.e, de .nous · retrouver, nous teus ·q ui , à tra• vers la vasta chré'tienté, travaillons dana le mAme sana • qu' en pansezvous ~ Seriez-vous partisan de cette reneontre ? V_e nez-vous en Franca, ou ,_.... ie voe amis y vient -il ? Vous seriaz .le bienvenu ..et trouveriez un . ~il chaleureux et fraterbel aans nos foyars. · Vouiez-vous qu' 11 soi t entendu que 'noos. · .prierons les uns pour les autres, u;.o1 ;>qur vous, vous pour l' .Annou.u d 'Or et . 1es Equipes l~otre-'

»ame

?

1

Veuillez agráer, ~onsieur , l'assurance de mes sentiments respectueux et s~cerdotaleoent dévoués, et de chrétienne sympathie •

-15-


Eis a tradução desse documento: Paris, 8, Avenue César-Caire 15 de dezembro de 1949.

89

Senhor Quero lhe dizer, primeiramente, da alegria e da emoção que tive ao ler sua carta. ll: igualmente impressionante pensar que através dos oceanos, laços se ligam graças ao "Anneau d'Or" que fundei e cuja direção assumi. Tudo aquilo que me diz do "Centro Dom Ga.stão" me interessa vivamen-

te. Não somente não houve indiscreção de sua parte ao me falar sobre isso, mas sim reserva em não me falar mais ainda sobre o assunto . Saiba que todos os documentos que puder me enviar a respeito de seu Centro serão lidos com toda a atenção e simpatia pois, como pressentiu, nossas orientações são parentes próximos. "L'Anneau d'Or" e os grupos de casais que t rabalham paralelamente a ele têm o objetivo essencial de ajudar os casaiS 8 tender para a santidade. Nem mais, nem menos . Não esclareço n esta carta o que fazemos em n ossos grupos de casaiS, po:·quanto recomendo ao n osso Secretário Geral, Senhor Gérard d'Heilly, 9, Rue Gusatve Flaubert - Paris (179) , que lhe f aça a remessa de toda uma documentação referente aos nossos grupos de casais . Se tiver tempo de tomar conhecimento desses documentos e interessar-se por eles, ficarei pessoalmente muito feliz em conhecer sua opinião . Não hesite em me escrever e em me colocar, muito francamente, a par de seu modo de pensar. Não receio as contradições e desejo vivamente receber as sugestões úteis . ll: uma de minhas primeiras preocupações estabelecer laços com todos aqueles que, nos quatro cantos do mundo, trabalham no mesmo sentido. Como verá no artigo que lhe envio em anexo, artigo sobre os grupos de casais, eu penso que esse duplo esforço de grupos de casais e de pesquisas sobre a espiritualidade conjugal e familiar são um dos sinais de nosso tempo e uma grande esperança.

Espero vivamente que um dia, não muito longe, será possível, num encontro internacional, entrarmos em contato, nós todos que, através da vasta cristandade, trabalhamos num mesmo sentido . Que pensa a respeito? Seria partidário desse encontro? Pensa em vir à França ou um de seus amigos? Seriam benvlndos e encontrariam uma recepção calorosa e fraterna em nossos lares. Quer que fique acertado que rezaremos uns pelos outros, eu por vocês, vocês pelo "Anneau d'Or" e pelas Equipes de Nossa Senhora? Queira aceitar a expressão de meus sentimentos respeitosos e sacerdota lmente dedicados e de simpatia cristã. (a)

-16-

Henri Caffarel


O INíCIO, LA NA FRANÇA

Testemunho de um dos pioneiros na comemoração dos 30 anos dos Estatutos (19.'20-11-77).

Foi-nos pedido evocar para vocês o que foi o pequenino começo, no berço, das Equipes de Nossa Senhora. É com alegria e emoção que o fazemos, já que o Senhor permitiu que este nascimento tivesse lugar em nosso lar. Permitiu também que se fizesse na alegria e na amizade, uma amizade muito simples, muito espontânea, que logo cedo se estabeleceu entre nós, jovens casais e ao mesmo tempo entre cada um de nós e o padre que nos reunia. Nossa história poderia intitular-se "o padre, os mendigos e o tesouro". Tem lugar em Paris, em 1939, sete meses antes da guerra. Havia, então, um padre que acreditava no sacramento do matrimônio. Todos os padres acreditam, é certo, mas este acreditava de modo particular. . . Sabia que são muitos os que acham difícil santificar-se no casamento, mas pressentia as imensas riquezas espirituais de nosso sacramento: adivinhava que os casais cristãos possuíam um tesouro inexplorado ... Quanto a nós, jovens casais naquela época, éramos justamente- estas pessoas ricas de um tesouro que conhecíamos mal. Nós nos julgávamos pobres, um pouco como mendigos que estivessem sentados sobre um colchão cheio de riquezas não utilizadas ... Em suma, éramos falsos pobres. Havia então, de um lado, este padre - o Padre Caffarel, vocês já adivinharam - este padre, portanto, e a graça de seu sacramento, e havíamos nós, que tanto precisávamos dessa graça! Então Deus disse: "E se fizéssemos com que se encontrassem? Que se conhecessem de verdade, este meu padre com o qual

-17-


posso contar e que será fiel à minha graça, e estes falsos pobres, um pouco cegos, que procuram de todos os lados, sem saber como colher no próprio tesouro que, no entanto, eu mesmo lhes dei?" E isto aconteceu muito simplesmente. O Pe. Caffarel era nosso amigo. No decorrer de algumas conversas tínhamos compreendido que ele já tinha uma mensagem maravilhosa a nos confiar. Não podíamos guardar com egoísmo, só para nós dois, as luzes que dele recebíamos, pois anunciavam outras ainda maiores... Havia ali uma mina de ouro a explorar juntos, casais e padres reunidos. Pedimos-lhe então permissão para convidar alguns amigos, jovens casais como nós, para um encontro com ele em nossa casa. Ora, esta idéia respondia justamente ao desejo que tinha de conhecer de perto casais à procura de Deus, a fim de trabalharem juntos. Assim é que, a 25 de fevereiro de 1939, se encontravam reunidos ao redor de nosso padre nossos quatro primeiros casais. Tinham, respectivamente, 6, 5, 4 e 2 anos de casados. A partir daquela primeira noite, começamos a rezar juntos no recolhimento, e, em seguida, a procurar juntos o olhar de Deus sobre o nosso casamento. Tanta coisa tínhamos para descobrir que as reuniões à noite já não eram suficientes e passaram a ser reuniões de um dia inteiro. Dias que se prolongavam através do pensamento, da oração e, com freqüência, de longas conversações pelo telefone. Foram efetuados apenas alguns encontros nestas condições, antes que sobreviesse a grande dispersão da guerra 39-45. Nossas reuniões estavam abarrotadas, porquanto procurávamos intensamente, numa ânsia de descoberta e com um vivo sentimento de urgência. O padre nos dizia com freqüência : "o tempo urge", e ignorava, no entanto, como nós, que o grande tormento da guerra estivesse tão próximo. Em algumas reuniões, todos os caminhos de futuras pesquisas foram abertos, parcialmente percorridos, é certo, mas abertos ... Foram percorridos a seguir, primeiramente num boletim mensal de algumas páginas, intitulado "Carta aos casais", que teve uma acolhida calorosa e se espalhou rapidamente; depois, na revista "L'Anneau d'Or". Mas isto é outra história ... Nosso pequeno grupo não tinha nome e nem cogitava disto. Mas uma circunstância, de repente, nos obrigou a adotar um rapidamente. Procurávamos qual seria a nossa estrela. . . E, espontaneamente, se ouso dizer, a Virgem se apresentou. Tínhamos assim o "Grupo de Nossa Senhora" e, para completar, em -18-

.


reconhecimento por tantas alegrias que nos eram dadas, o nome escolhido foi "Nossa Senhora de toda a alegria" (Notre-Dame-de-toute-joie). Mais tarde o "Grupo" tornou-se "Equipe" e o complemento "de toda a alegria" desapareceu. Mas "Nossa Senhora" permaneceu. Era o essencial e é maravilhoso.

* * * Naquele ano de 1939, a pergunta que nos fazíamos era esta: de que maneira nossa vida, cheia de alegrias humanas, de preocupações, de apego às criaturas, poderia permitir-nos responder plenamente à exigência de amor a Deus? Esta exigência de santidade, à qual alguns pensam só poder responder pelo celibato consagrado, aplica-se também às pessoas casadas? E nosso padre afirmava: "Aplica-se também a vocês, sem dúvida nenhuma". "Então - dizíamos nós - se ela também nos diz respeito, como responder a ela apegados, atados como estamos, por mil laços do coração, do corpo e do espírito?" E nosso padre respondia, com veemência: "Para responder, vocês têm um sacramento que é seu, mas, este sacramento, nós o conhecemos mal." Assim se abria para nós a primeira etapa. Tínhamos compreendido que era preciso partir à procura atenta e apaixonada do pensamento de Deus sobre o nosso casamento. Não ainda sobre a vida do lar ou a educação dos filhos, mas, em primeiro lugar, sobre a fonte de onde tudo isso decorre: nosso sacramento do matrimônio, em si mesmo. Em que consiste? Que produz ele em nós? Qual a sua graça própria? Como, em suma, nos leva a Deus e como Deus se dá a nós? Eis-nos assim a caminho, como exploradores de um país até então apenas pressentido, e solidamente unidos por uma amizade profunda, nunca mais desmentida. Não fomos pioneiros sofridos, mas sim crianças maravilhadas indo de descoberta em descoberta, num deslumbramento extraordinário. E, naturalmente, ansiávamos por compartilhar os tesouros assim descobertos. Para que esta pesquisa espiritual não caísse numa procura de nós mesmos, nosso padre cuidava em que ela fosse realmente a da alma à escuta de Deus. Assim, um lugar essencial era dado à oração nos nossos encontros fraternos para que fossem, antes de tudo, encontros com Deus. Faço empenho em dizer que, desde o início, sentimos muito vivamente a graça daquilo que chamávamos o casamento desses dois sacramentos, a Ordem e o Matrimônio. Representados por -19-


nosso padre e nossos casais, colaboravam em perfeita harmonia nesta pesquisa do pensamento de Deus. Não era a primeira vez que um sacerdote se dedicava a casais, mas compreendemos melhor então e admiramos o papel do padre, escolhendo o celibato consagrado, não por desprezo ao casamento, mas para poder, livre deste apego pessoal, melhor esclarecer, melhor servir os lares dos filhos de Deus. Melhor servir os casais, é bem isto que nosso pai espiritual fez ao ajudar-nos a descobrir que, não somente, a nossa santificação é possível no casamento, mas que nosso casamento é verdadeiramente, por si mesmo, um apelo à santidade. O amor humano - conjugal, paternal, maternal - nos fala de Deus, é a própria imagem de Deus. Além disto, o casamento é uma revelação do casamento misterioso de Deus com a alma cristã. Temos muita tendência em acreditar que esta união com Deus, qualificada de mística, está reservada aos religiosos, aos santos com auréolas. . . Na verdade, todos somos chamados a ela. Nós também somos consagrados, pelo batismo em primeiro lugar, mas também por nosso sacramento, porquanto ele não é uma concessão feita à carne, nem um sacramento de segunda linha. "Este sacramento é grande", nos diz São Paulo. É a consagração de na.sso amor, por mais imperfeito que seja, e permanece sempre, ao longo de nossas vidas, fonte de graças e caminho de santidade. Pierre e Rozenn de Montjamont

-20-


SúPLICA A NOSSA SENHORA PELA AMÉRICA LATINA

Virgem da Esperança, Mãe dos pobres, Senhora dos que peregrinam: hoje te pedimos pelos povos da América Latina, o Continente que tens visitado inúmeras vezes. Virgem da Esperança, a América Latina está acordando. Por trás das suas montanhas e dos seus desertos, desponta a luz de um novo dia. !: o dia da salvação que se aproxima. Sobre os povos que caminhavam nas trevas está começando a brilhar uma grande luz. Essa luz é o Senhor, que tu nos deste há muito tempo , em Belém, à meia-noite. Mãe dos pobres: há muita pobreza e muita miséria entre nós. Falta o pão do amor entre os homens. Senhora dos que peregrinam: que os povos da América Latina andem em direção do progresso pelos caminhos da paz e da justiça. Virgem da Esperança: alivia a pobreza dos nossos corpos; arranca o egoísmo do nosso coração. E peregrina sempre conosco a caminho do Pai! Amém. Cardeal Pirônio

-21-


OS JOVENS E A CRISE DO CASAMENTO Entrevista com o Padre Charbonneau

C.M. -

Padre Charbonneau: viemos procurá-lo porque estamos preocupados com as freqüentes dissoluções dos casamentos de hoje: casais se separando com um ou dois anos de casados, às vezes até com alguns meses. Quais seriam as causas disto? Pe. Charbonneau -

Em primeiro lugar, a precocidade n a prática da união sexual. O adolescente, por natureza imaturo, na sua procura de amor faz confusão com as coisas. Na sua ânsia de afetividade, procura a vivência sexual a mais completa possível. Passa muito cedo pela angústia de amar e ser amado e, na pressa de se definir, escolhe o companheiro, sem nenhuma maturidade para fazê-lo. É o "malogro prematuro", sobre o qual fiz uma análise no meu último livro, "Adolescência e Liberdade", à página 149. (1 ) C.M . -

O jovem não estaria condicionado a usar mal sua liberdade pela propaganda desenfreada do sexo na literatura, no cinema, na televisão? Pe. Cha'l'bonneau -

Sim, o jovem é condicionado pelos meios de comunicação, nesta sua verdadeira "poluição sensual", a pensar que o casamento se limita às relações sexuais. Ele não está preparado para o casamento. C.M. -

Nem agora, quando tem oportunidade de freqüentar cursos de preparação para o casamento!

Pe. Charbonneau -

(1)

que o curso, como é dado aqui, é nada, ou pouca coisa . . .

É

"Adolescência e Liberdade " 1980.

Paul-Eugêne Charbonneau. Editora E.P.U.,

-22-


C.M. -

Este era outro ponto onde queríamos chegar! Gostaríamos de ouwi-lo também sobre isto.

Pe. Charbonneau -

O curso começa pecando por falta de senso da realidade. Como tornar cursos de noivos obrigatórios antes de preparar pessoal habilitado para ministrá-los? Além disto, os cursos são nivelados por baixo, o que prejudica a todos. C.M. -

Qual seria a solução?

Pe. Charbonneau -

Deveriam ser reformulados. Não acredito na eficácia de cursinhos de apenas um fim de semana. São apenas melhores que nada! Em Montreal, no Canadá, por exemplo, são levados mais a sério. Usando pessoal previamente preparado, convocam-se os noivos 14 vezes durante um semestre, em horários vários, para atender à conveniência de todos. Entre uma reunião e outra, há um intervalo de alguns dias para reflexão e discussão dos temas pelo casal de noivos. Acho esse intervalo indispensável para que os noivos possam interiorizar os conceitos e situá-los dentro de sua própria realidade. C.M. -

E soubemos que o governo federal tornou obrigatória a preparação para o casamento nas escolas . . .

Pe. Charbonneau -

a mesma coisa: quem vai dar os cursos? Já existem elementos humanos sendo preparados para isto? Quando a educação sexual foi tornada obrigatória nas escolas do Estado, já surgiu o problema: constatou-se que os professores necessitavam eles mesmos de aulas para poderem cumprir a tarefa . . . É

C.M. -Algumas pessoas atribuem os hoje ao fato de a mulher estar profissionalmente, negligenciando seus à.e casa. O sr. acredita que possa ser

fracassos matrimoniais de preocupada em realizar-se deveres de esposa e dona essa uma das causas?

Pe. Charbonneau -

De jeito algum. A situação moderna da mulher não é motivo fundamental para esses fracassos. Podem ocorrer alguns casos de separação por esta razão, mas são de pouca expressão no contexto geral. C.M. -

O sr. teria mais alguma causa a apontar para o fracasso matrimonial dos casamentos jovens?

Pe. Charbonneau -

Sim, o medo do compromisso. Sobre isto também falo no livro já mencionado. O jovem, muitas vezes desencantado com o relacionamento entre seus pais em casa, recusa-se a aceitar o amor como um compromisso definitivo. -23-


Os seus valores são circunstanciais e transitórios. Ele perdeu os_ valores essenciais e não encontrou ainda su):>stitutos para eles. Nao pode assumir a vida, pois liberdade pressupõe valores. A grande tarefa dos pais é oferecer valores e fazer com que os filhos os descubram por eles mesmos, sem nunca forçá-los. Antigamente se apresentava valores relativos como absolutos. Como, por exemplo, a prática religiosa antes da fé: hoje, o jovem aceita a fé, mas sem a prática religiosa. Precisa agora redescobrir a relação entre as duas coisas. C.M. -

É

o que acontece em matéria de moral?

Pe. Charbonneau -

Hoje, quando falamos em moral, os jovens logo respondem que tudo é relativo. Tendo perdido o sentido do Absoluto, não lhes resta mais nada a não ser uma concepção relativista que, obviamente, é insuficiente para determinar os caminhos fundamentais que o Homem deve seguir para se equilibrar e crescer. O relativismo moral é uma maneira disfarçada de recusar toda moral. Assim, urge reintegrar o ato moral, que tem sem dúvida uma inevitável conotação de relativo, n.a sua dimensão completa que é transcendental. C.M. -

Como o sr. vê a situação atual no plano sexual?

Pe. Charbonneau -

Na realidade, estamos chegando ao limite máximo da degradação sexual. Todas as formas patológicas do sexo se tornaram permitidas. Neste momento de confusão que atravessamos, com todo este desregramento, seria necessário definir uma moral sexual cristã. E o que temos até agora? Uma teologia do matrimônio feita por Santo Agostinho, onde, acreditem, não aparece uma única vez a palavra amor! Estou me dedicando a estudos de uma moral sexual cristã dentro da teologia moderna. C.M. -

Qual a utilidade da psicologia no tratamento dos problemas atuais?

Pe. Charbonneau -

As ciências psicológicas estão muito aquém das necessidades atuais. Tratam meras hipóteses como verdades absolutas. Quando a psicologia não pode ajudar alguém a se superar, a amadurecer, resolve o problema pedindo-lhe que "assuma" sua tara ou deficiência, como por exemplo no caso do homossexualismo. É uma demissão, mesmo do ponto de vista meramente científico. C.M. -

Os desajustes conjugais são um problema geral no mundo de hoje? -24-


O problema da vida em comum é o mesmo no mundo inteiro. Apesar de aspectos particulares a cada país e que são secundários, a realidade do casanento, na sua parte essencial, é a mesma em qualquer país ocidental. É por isso que as Equipes de Nossa Senhora, vindas da França, vingaram tão bem no Brasil e em todo o mundo.

Pe. Charbonneau -

Pesando os prós e os contras do momento, enfrentando, segundo sua expressão, a tremenda "poluição sensual", a família estaria caminhando para a sua destruição? C.M. -

Pe. Charbonneau C.M. -

Apesar de tudo, acho que a família está indo para a frente no que é essencial. O que o sr. chama de essencial?

O essencial é a vida em comum. Ser capaz de conviver. O amor não perdura se não houver uma boa convivência conjugal, pois, para o casamento, o problema principal não é o de amor, mas de convivência. É evicJ.ente que o amor ajuda a convivência. A capacidade de conviver é a condição de sobreviver! Pe. Charbonneau -

O casal cristão deve oferecer a Deus não somente o seu amor, mas todo amor. E de círculo em círculo, de p rofundidade em profundidade, todo o universo é atingido. HENRI CAFFAREL

-25-


O casal cristão é ele mesmo uma "comunidade cristã", mas de uma originalidade muito especial. Por um lado, esta comunidade baseia-se efetivamente numa realidade humana: o dom livre, total, definitivo e fecundo no amor que um homem e uma mulher fazem um ao outro, através do matrimônio. Por outro lado, esta realidade humana torna-se, em Cristo, um sacramento, quer dizer, um sinal pelo qual se manifesta o amor de Deus pela humanidade, o amor de Cristo pela Igreja, e torna os esposos participantes desse amor. Por isso, Cristo está presente de uma maneira privilegiada na comunidade conjugal: o seu amor pelo Pai e pelos homens vem transfigurar nas suas raízes o amor humano. ~ por esse motivo que tal amor humano, vivido cristãmente, é já por si mesmo um testemunho de Deus, e é de sua plenitude que deriva a ação apostólica do casal. A ajuda mútua no seio de uma equipe de Nossa Senhora toma, portanto, um aspecto muito particular: os casais vão ajudar-se entre si a construir-se em Cristo - a construção de um casal é uma obra permanente - e a pôr o seu amor a serviço do Reino. (Extraído do documento "0 que é uma Equipe de Nossa Senhora")

-26-


25 ANOS DAS EQUIPES DE FLORIANóPOLIS

(Da palestra de Dilma e Miguel Orofino, no Centro Arquidiocesano de Pastoral, por ocasião do 259 aniversário da fundação da Equipe 1) . (1)

Por onde começar? Como começar? O que trazer para vocês? Quais os fatos mais importantes? O que foram, afinal, vinte e cinco anos de vida em equipe? Qual o significado que este fato representa para a nossa Igreja de Santa Catarina? Caberia um relato imenso da vida do Movimento, a partir de sua fundação. Teríamos, assim, uma série de pontos a abordar: o seu começo, suas dificuldades iniciais, as cartas trocadas entre Florianópolis e São Paulo, a marca da espiritualidade conjugal em tantas de nossas famílias, a amplitude do seu engajamento apostólico, as vocações sacerdotais. O que seria o mais importante? que tudo é tão rico ...

É

impossível dizer, uma vez

A história das ENS em Florianópolis começa marcada pela presença do Pe. Oscar Melanson, sacerdote canadense da Ordem de Santa Cruz. Ele pregara anteriormente retiros espirituais para jovens da Ação Católica em nossa cidade. Em princípios de 1955, reuniu alguns casais convidados pelo Pe. Francisco de Salles Bianchini. Desde logo, três nomes ficaram ligados de forma definitiva à vida da nossa equipe: Nancy e Pedro Moncau Jr., os fundadores do Movimento no Brasil, nossos pilotos (2 ) e orientadores desde a primeira hora, e o nosso caro Pe. Bianchini, nosso Conselheiro Espiritual até a presente data. Difusão

Desde 1955, quando da sua fundação, a atividade da Equipe 1 foi altamente promissora no que se refere à difusão do Movimento. A partir do grupo inicial, surgiram em 1957 duas novas (1) (2)

Cf. C.M. de abril, Notícias dos Setores. Por correspondência .

-27-


equipes e, em 1959, mais outra, em Florianópolis. Em 1964, iniciou-se a difusão do Movimento em Santa Catarina, com a implantação da primeira equipe na cidade de Brusque. Mais tarde, outras cidades foram sendo gradualmente atingidas, pertencentes às dioceses de Joinville, Lages e Tubarão: Itajaí, Navegantes, Piçarras, Guabiruba, Blumenau, Gaspar, Lages e Criciúma. Em 1973, o Movimento em Santa Catarina foi o responsável pela implantação das Equipes de Nossa Senhora em Belém do Pará, quando Mônica e Plínio Hahn foram trabalhar naquela cidade. Agora, dentro do mesmo espírito apostólico, a nossa equipe tenta a implantação das Equipes de Nossa Senhora na Argentina, tendo estabelecido contatos bem seguros com um casal daquele país que passava suas férias em nossa cidade.

Espiritualidade conjugal Não foi somente através da fundação de novas equipes que se difundiu o valor da espiritualidade conjugal e familiar. Já em 1956, com apenas um ano de equipe, fazíamos o primeiro dia de estudos para casais, com um convite dirigido a uma dezena de casais. E em 1957 implantamos em nossa cidade os retiros de casais, no Morro das Pedras. Foi pregador do nosso primeiro retiro o Pe. Lionel Corbeil, da Ordem de Santa Cruz, Assistente Espiritual do Movimento em São Paulo. Desse primeiro retiro participaram 19 casais. Vocês imaginam as dificuldades para se organizar um retiro de casais naquela época?! (3 )

Apostolado do cristão casado Em seus primeiros dias de vida, as Equipes de Nossa Senhora foram aceitas com certa reserva pelo clero, por não abrirem mão de sua característica de Movimento de espiritualidade conjugal, não se engajando em atividades apostólicas de forma oficial. No entanto, e como conseqüência de uma maior vivência desta mesma espiritualidade, os casais do Movimento iam servindo ao Pai, no serviço ao irmão. E o que vemos hoje? Hoje, está definitiva e plenamente aceito o conceito de que não somos um movimento de apostolado, mas de apóstolos! Temos diante de nós um movimento solidamente implantado, que se constitui numa permanente resposta aos apelos de seus Bispos, de seus Conselheiros Espirituais. Sem medo de errar, podemos dizer que as Equipes de Nossa Senhora têm fornecido (3)

Cf. C . M . de abril de 1971.

-28-


um contingente sempre renovado de cristãos casados engajados num sem número de atividades em suas paróquias e junto às suas dioceses. E onde trabalham nossos equipistas? - Nos Cursos de Preparação para o Casamento e de Regularização de Matrimônios, sua atividade mais marcante, e que, juntamente com casais de outros movimentos, atingiram, só no ano passp.do, a mais de 1. 700 casais, na Grande Florianópolis. - Como responsáveis pela Pastoral Familiar da Arquidiocese de Florianópolis e com a presidência do Instituto da Família. - Na presidência diocesana dos Cursilhos de Cristandade e do Movimento Emaús, no campo do Diaconato Permanente, como Ministros Extraordinários da Eucaristia, nos cursos de Batismo e de Crisma, na catequese para a Primeira Eucaristia, na liturgia, na administração paroquial, com os Vicentinos, na Escola de Pais, no planejamento da Semana da Família, no Serviço de Aconselhamento Conjugal, nos retiros para casais não equipistas. Há ainda os que colaboram na construção de igrejas, ou os que se doaram, de corpo e alma, juntamente com o nosso Pe. Bianchini, à construção do Centro Arquidiocesano de Pastoral, que hoje nos abriga. Temos os ligados à Campanha do Agasalho, à Pastoral do Idoso, ao trabalho com excepcionais, à Pastoral da Saúde, os que dão sua colaboração aos retiros para jovens do Movimento Pólen, etc. Talvez tenhamos esquecido algum outro campo de trabalho apostólico onde atuam nossos equipistas. No entanto, o que foi relacionado mostra claramente que somos respostas aos apelos do nosso caro Arcebispo, que conta conosco como uma extensão leiga do seu trabalho pastoral, como contou em 1960 quando desejou implantar os Cursos de Preparação ao Casamento em nossa Arquidiocese e, mais especialmente, em nossa Florianópolis. Mas quais foram efetivamente, os nossos primeiros trabalhos apostólicos? Já no·s referimos aos Dias de Estudos para casais, logo em nosso primeiro ano de vida. Tivemos ainda, em 1959, uma atividade no campo da Pastoral Penitenciária, quando, aos sábados à tarde, íamos trabalhar com os nossos presidiários. E quem não se recorda das Campanhas de Recristianização do Natal que, a partir de 1960 e durante alguns anos, alteraram radicalmente as características do Natal em nossa cidade? E merecem menção especial, desde os primeiros anos do Movimento, os cursos para noivos, feitos em nossas casas, para uns poucos casais, o embrião daquilo que são hoje os nossos Cursos de Preparação ao Casamento. -29-


Realmente, não há como negar: somos um movimento de apóstolos. Uns mais comedidos, outros mais expansivos. Uns mais reservados, outros mais espontâneos. Estes são os equipistas de Nossa Senhora de Florianópolis, trabalhando pela expansãó do Reino de Deus, muitas vezes sem alarde, num anonimato que deve ser respeitado, não sabendo a mão direita o que faz a esquerda ...

DEUS pede mais a quem Ele deu mais. Quem recebe mais recebe para os outros. Não é maior nem menor: é mais responsável. Deve servir mais. Viver para servir.

D. Helder Câmara

-30-


COM A PALAVRA A JOVEM GERAÇAO- I

uSE VOCÊ FOSSE CASADO, ENTRARIA NUMA EQUIPE?"

~ a pergunta que foi feita a alguns filhos de equipistas, de quem queríamos saber também a quantas andava a sua fé . Foram interrogadoo universitários, de ambos os sexos, filhos de casais que estão há 20 ou mais anos no Movimento.

I -

Filha de 19 anos, 29 ano de serviço social.

C.M. -

Se você fosse casada, entraria numa Equipe de Nossa Senhora?

Ela -

Sim, porque, além de ser uma reunião agradável de amigos, tem o privilégio de contar com a assistência de um sacerdote, coisa rara hoje em dia. A equipe é uma maneira de se renovar religiosamente, facilita o crescimento espiritual, combate a rotina. Ajuda a conhecer outras pessoas com as quais se compartilham as alegrias e as tristezas. É um precioso auxílio para a educação dos filhos. Dá uma melhor compreensão da realidade em que vivemos. Cria um vínculo maior do homem com o Ser Supremo. C.M. -

O que 1·epresenta a fé na sua vida?

Ela -

Eu sinto necessidade de cultivar a fé por mim mesma. Sem ela, a minha vida não teria sentido. A vivência religiosa é para mim muito importante, mas, infelizmente, ainda não consegui, depois de quatro anos, fazer com que meu namorado pense da mesma maneira. . . Tenho que aceitar o que é certo para ele e errado para mim, sem entrar em atrito. Se ele compartilhasse comigo, seria bem melhor, mas eu respeito a maneira dele viver a sua fé sem prática religiosa. Atualmente, eu estou sozinha construindo uma vida religiosa individual. Espero -31-


que, mais tarde, quando tiver uma atividade mais concreta, ele possa também vir a participar dela. Talvez mais tarde esta incompatibilidade religiosa venha a causar problemas entre nós, mas por enquanto conseguimos conviver bem, sem que ela atrapalhe o nosso amor. Meu namorado abandonou a prática religiosa devido à própria educação e vivência religiosa de sua casa, bem diferente da minha. Ele aceita Deus, mas acha que a prática da religião comunitária não tem sentido: prefere orar sozinho. A fé serviu-me de consolo nos momentos de angústia e de sofrimento e deu-me as respostas existenciais de que eu necessitava em vários momentos de minha vida. 11 -

Filha de 26 anos, formada em história.

C.M. -

Se você fosse casada, entmria numa Equipe de Nossa Senhora?

Ela -

Dependeria de um comum acordo. Ou então se algum fato me fizesse mudar de idéia, porque não sou praticante.

C.M. Ela C.M. Ela C.M. Ela C.M. -

Então, você não entraria? Não. Acho exagero dos meus pais, embora considere bom para eles, por gostarem e terem convicção. No caso de uma c1·ise no seu casamento, a quem você recorreria? As minhas amigas de antes do casamento. E se você morasse fora e não conse1·vasse essas amizades? Eu recorreria a um psicólogo. Esta ave1·são que você está demonstrando teria raízes no fato de seus pais se ausentarem muitas vezes para Teuniões de equipe?

Não teve a mínima influência em mim. Quanto à equipe, não se trata de uma rejeição categórica, mas, no meu caso, não seTve.

Ela -

C.M. Ela -

A fé 1·epresenta alguma coisa na sua vida? Eu tenho fé, mas não sou praticante. -32-


C.M. Ela 111 -

C.M. Ele C.M. -

Com o exemplo de seus pais, se você tem fé, por que você não é praticante? Não sou praticante por preguiça ... Filho de 25 anos, recém-formado em medicina.

Se você fosse casado, entraria nas Equipes de Nossa Senhora? Acho que sim.

Não tenho nada contra.

Qual o lugar da fé na sua vida?

Ele -

Para variar, vocês já vêm com perguntas bitoladas. Vocês situam as coisas em compartimentos estanques, assim como se bitola e ensina as matérias nas escolas. Tudo faz parte de um todo. C.M. -

Então, como você quer que eu pergunte? Por exemplo: você tem fé?

Ele -

Sim, tenho fé. E não descobri a existência de Deus na Igreja, não. Foi estudando biologia molecular, na parte de controle gênico - dos gens. Por exemplo: por que uma célula do cérebro não fabrica hemoglobina se ela tem gen para isso? É um controle tão perfeito que não dá para se pensar apenas em evolução da vida e sim para admitir um "Maestro" que controla tudo. Só pode existir um Ser Supremo que organizou as bases deste controle e depois deixou-o seguir o seu caminho evolucionista. Muitas vezes achamos difícil um teorema matemático complexo, quando não o entendemos. Porém, uma vez que alguém no-lo explique, temos aquela sensação de "como pudemos não entendê-lo se era tão simples? ... ". Ao contrário disto, ao ouvirmos a explicação da teoria do controle gênico mais simples, como o da bactéria, ficamos boquiabertos ante tanta complexidade e perfeição e ainda continuamos com a sensação de mistério. C.M. Ele C.M. Ele -

Bem, então a fé ocupa um lugar importante na sua vida? A fé em Deus faz parte natural da minha vida.

Se você tem fé, por que não pratica? O que é praticar a fé? -33-


C.M. -

É

ir à missa, comungar, etc.

Ele -

Se isso é praticar a fé, não faço nenhuma questão, porque isto não me diz nada. Praticar a fé eu acho que é fazer algo pelos outros. IV -

Filho de 24 anos, 39 ano de arquitetura.

C.M. -

Se você fosse casado, entmria numa Equipe de Nossa Senhora?

Ele -

Não sei, não, ainda tenho muita dúvida. No caso de meus pais, eu acho ótimo para eles. Eles realmente vivem isto e participam. Agora, eu não sei, minha época é outra. Tem muita coisa acontecendo na vida da gente e acho que não é a equipe que resolveria. A gente sabendo escolher os amigos, já tem a sua equipe. Há um espaço muito grande entre a minha linha de vida e a linha de vida dos meus pais. Eu entendo muito bem a linha deles, mas eu compreendo que é difícil para eles entender a nossa linha. Ideologia cristã é coisa muito de dentro da gente. Acredito na ideologia cristã, mas acho que para esse tipo de vivência depende da nossa fé. C.M. -

Justamente, eu ia perguntar se a fé tem um lugar na sua vida.

Ele -

A fé tem muito lugar na minha vida. Acho que o fato da pessoa acreditar em Deus mostra que reconhece que tudo que a pessoa é provém dele. A vida é margeada por Deus: a gente é o que é porque Deus existe. Tenho muita fé. Eu estudei em colégio de padres, fiz parte de comunidade de jovens, e o que fez crescer a minha fé foi a fé de meus pais, que é muito grande e que eles transmitiram para nós.

Você pratica? Ele - Eu pratico, mas à minha moda. Se eu tenho vontade de ir à missa, eu vou. Rezo a qualquer hora, quando tenho vontade, tanto para pedir como para agradecer. Procuro entender o que seja a religião. · · Voltando à equipe, ela deu uma força incrível para meus pais, se apoiam muito nela. Eu não tenho este tipo de experiência, não sei o que seria uma equipe de gente jovem. Port anto, não posso saber se me daria bem ou não. Só vivendo.

C.M. -

-:- 34 -:-


V -

Filho de 22 anos, 3<? ano de engenharia eletrônica.

C.M. -

Se você fosse casado, entraria nas Equipes?

Ele -

Apesar de achar o Movimento válido, porque muito nos ajudou, tanto no entrosamento familiar como no crescimento espiritual, não sei se entraria nas Equipes, pois é um movimento de casal e, no futuro , é evidente que teria que ouvir a minha esposa. C.M. -

Qual o lugar da fé na sua vida?

Quanto à fé, devo dizer o seguinte. Tenho participado de movimentos de Igreja, feito palestras para jovens e adolescentes, pois tinha como verdades aquelas mostradas pelos meus pais e nas quais eu acreditava, talvez acredite ainda. Em todo caso, nesta fase da minha vida, cursando a universidade e começando a trabalhar e numa época política e economicamente difícil da vida no Brasil, começo a encontrar um mundo diferente, com verdades próprias e que balançaram as minhas estruturas. Ele -

Como ter dúvidas é bom, faz a gente pensar até se encontrar, tenho pensado bastante e imagino que vou pensar muito ainda, mas tenho certeza que um dia eu me encontro. Não sei com que verdades, se as dos mais velhos, se as verdades do mundo, mas com aquelas que serão as minhas, porque de uma coisa, pelo menos, eu sei: saberei decidir por mim mesmo .

• Aquilo que foi semeado produzirá seus frutos no devido tempo .

Francisco

-35-


COM A PALAVRA A JOVEM GERAÇAO- II

"POR QUE VOC~ QUIS ENTRAR NAS EQUIPES?"

Para completar a entrevista anterior, decidimos conversar com dois filhos de equipistas - al!âs três, porque num caso é o casal - que já estão nas Equipes.

I -

Filha de antigos equipistas, 28 anos, advogada, casada há 4 anos, 3 filhos, dois anos e meio de equipe.

R. -

Em primeiro lugar, porque, na época, eu via a felicidade de meus pais, convivendo com· outros casais que tinham os mesmos ideais, a amizade entre eles, as afinidades que tinham. Também achava ótima a convivência que eu e meus irmãos tínhamos com os outros filhos da equipe. Era como uma grande família. As vezes, a gente se dava até melhor com os filhos dos equipistas do que com os próprios primos. Era um sonho que nós sempre tivemos, eu e meu marido, que pudéssemos ter um grupo com um ideal comum e uma amizade que tivesse um cunho espiritual, enfim, algo mais profundo. Outro detalhe que sempre achei muito importante é que, quando meus pais entraram nas Equipes, uma das obrigações era a Oração em família e, naquela época em que surgiu o hábito de a gente orar todos juntos e cada um dos filhos fazia sua intenção em voz alta, era uma forma de união entre a família. A oração antes das refeições também foi um hábito adquirido na equipe e que, por sinal, continua até hoje.

C.M. -

Vocês encontraram o que esperavam?

R. -

Ainda não totalmente, porque ainda está um pouco cru (houve vários remanejamentos na nossa equipe), mas em parte sim, porque o grupo é muito bom e todos procuramos a mesma coisa - e isto é que é importante. -36-


Na minha equipe, há mais dois casais filhos de equipistas, um deles em que ambos, marido e mulher, são filhos de equipistas.

C.M. -

Se nós tivéssemos feito a pergunta a você - se entraria nas Equipes quando casada - quando você era solteira e estava na faculdade, o que v ocê teria respondido? R. -

Eu, naquela época, nem cogitava do assunto, como acredito que nessa altura ninguém cogita mesmo. O casamento é que muda muito a visão da gente. Aí é que se começa a procurar alguma coisa mais, um aprofundamento na vida espiritual e conjugal e uma atividade em comum que seja um fator de união do casal. 11 -

Filhos de equipistas, 27 e 28 anos, ele administrador de empresas, ela psicóloga, casados há 4 anos, dois filhos, 3 anos de equipe.

R. -

Logo que casamos, não sentimos a necessidade das Equipes. Quando começamos a crescer nos aspectos sentimental, sexual, profissional, quando vieram os filhos, começamos a sentir que estávamos vivendo em função do material, numa vida superficial. A experiência dos nossos pais é que nos aproximou do Movimento. Podíamos ter escolhido outro Movimento, mas demos preferência às Equipes por causa da própria filosofia do Movimento- que não é tanto só a parte espiritual, mas é toda voltada para a vida do casal. Achamos as obrigações fundamentais. Para nós são importantíssimas, fazem parte mesmo da nossa vida. Estamos aprendendo a ler o Evangelho, a fazer oração juntos, um dever de sentar-se bem feito , procurando tirar proveito. Tem ajudado realmente, muito mesmo. Nosso clima de vida mudou totalmente. Saímos daquele espírito materialista e começamos a viver nos amando melhor, nos doando mais aos filhos. É completamente diferente. O nosso amor não é tão egoísta como antigamente, o espírito de doação é muito maior. Se vocês nos perguntassem, há 4 anos, quando casamos, se entraríamos numa equipe, teríamos dito que não. Os nossos problemas eram outros, de adaptação da vida a dois, realização profissional, etc. Ainda não estava na hora.

-37-


. Apesar de nós termos tido a nossa formação espiritual indiVIdual antes do casamento, depois de casados passamos a ter necessidade de uma orientação espiritual para o aprimoramento da nossa vida conjugal. Hoje, nós estamos falando a mesma língua. E hoje nós estamos vivendo o que nossos pais já vivem há muitos anos! A gente sente que o Movimento nos dá uma base, para uma vida espiritual no lar, para dar uma boa educação espiritual aos nossos filhos. Achamos fundamental também para nossa orientação o diálogo com outros casais que vivem os mesmos problemas que a gente, isto nos ajuda muito. Depois de dois anos e meio de equipe, está havendo um maior entrosamento. Foi uma coisa que foi crescendo naturalmente. Temos nos encontrado bastante fora das reuniões. Agora mesmo, fizemos a Via Sacra da Campanha da Fraternidade, cada dia em casa de um. Foi ótimo, nos aproximou muito. Daí a equipe sentiu-se amadurecida para começar um trabalho de periferia. Só queremos dizer ainda que acreditamos muito no Movimento e vamos lutar por ele! E pelo que a gente está vendo, já tem um bom número de filhos de equipistas que estão nas Equipes e pensam como a gente. Acreditamos que o número de equipes já está crescendo através dos filhos de equipistas. . . e ainda vai crescer muito, pois agora é que estão começando a constituir as suas famílias. E quem não está nas Equipes, podem estar certos que está nalgum outro Movimento de Igreja, pois a formação que a gente recebeu foi muito marcante.

o

Meditai a Sua Palavra, recebei a Sua graça na oração e nos Sacramentos de Penitência e Eucaristia, confortai-vos uns aos outros, dando testemunho, com simplicidade e discreção, da vossa alegria . Paulo VI

~

38-


COM A PALAVRA A JOVEM GERAÇAO -

III

"O PRIMEIRO CAMPO APOSTóLICO . . . "

Testemunho de um filho de equlpistas, de 25 anos, seminarista franciscano .

Convidado para dar este pequeno depoimento na qualidade de filho de equipistas, penso estar falando também em nome dos outros que, como eu, pensam ser os filhos o primeiro campo apostólico de um casal que assumiu em sua vida o compromisso evangélico proposto pelas Equipes de Nossa Senhora. Ora, para ser sincero, não me lembro de ter lido ou escutado algo como "Nossos filhos são o nosso primeiro e maior apostolado." Talvez porque seria dizer o óbvio? Mas muitas vezes o que nos parece muito evidente acaba passando despercebido. E será com esta idéia que tentarei colocar algumas linhas sobre o que eu, e cada vez estou mais convencido disto, considero como presente de Deus: o de ter nascido e me formado numa família engajada nas Equipes. Longe de querer ser uma revisão de vida, este pequeno depoimento quer dar apenas algumas idéias de como se pode criar os filhos na liberdade e na confiança, frutos do amor que une a família. · Quando eu nasci, meus pais já eram equipistas. Portanto, não posso avaliar que reflexos atingiriam filhos crescidos ao entrarem seus pais nas Equipes. Quando se é criança, o que marca mais são os passeios, ainda que seja uma peregrinação ... Hoje, a maio:r parte de meus amigos são filhos de equipistas, principalmente da equipe de meus pais. Mas o mais importante são dois pontos que considero indispensáveis: a missa dominical e as orações em casa, reunindo toda a família. Pelo menos en-

-39-


quanto se consegue isto. Chegará uma certa idade em que se fugirá destas "caretices". Mas isso também faz parte. Na medida em que se vai crescendo, uma outra atividade em família vai se tornando importante: aquilo que lá em casa é chamado "o dever de sentar em família". Como isto nos valoriza como co-responsáveis pela vida familiar! Nos torna responsáveis pela família e perante a família. Se ainda não fazem isso em casa, eu recomendaria: não há nada de melhor do que reunir a família e trocar idéias sobre o viver juntos. A casa deixa de ser um hotel, e faz os filhos saberem que em casa há quem os escute e entenda, algo de importante na vida e que falta bastante por este mundo de hoje. Neste ambiente de liberdade e confiança, fui crescendo. Naturalmente, com as tensões existentes em qualquer caminhada: eles preocupados, mas confiando. Nós, nos esforçando em responder à altura da confiança em nós depositada. Isto pode parecer bastante difícil, mas não impossível. A juventude e seus caminhos, que aos olhos adultos sempre parecem desencontrados, levam a um afastamento da equipe e do que ela significa. Acho que cabe aos pais continuar confiando: aquilo que foi semeado não foi esquecido e produzirá seus frutos no devido tempo. Principalmente no tocante à fé. A fé cristã é uma opção de adulto. Se os pais prepararam o terreno enquanto eram responsáveis diretos, esta opção surgirá. Fé não se: impõe, mas como é importante o exemplo dos pais ... Creio que o mesmo vale quanto à escolha vocacional. Deixar optar, aconselhar, sem interferir ostensivamente, apoiar a escolha. Falando em vocação, me obrigo a falar de vocações sacerdotais: a família é indiscutivelmente o ambiente propício para o surgimento de vocações sacerdotais, num ambiente positivo onde a figura do sacerdote é valorizada. Eu perguntaria se o assistente da equipe é convidado para um encontro informal para que a família o conheça melhor. E se há orações pelas vocações. Hoje começam a surgir vocações nas Equipes, e muito já se questionou a respeito. Pessoalmente, diria que à família cabe preparar o ambiente que possibilite o surgimento de vocações e, uma vez a vocação surgida, a família deve tornar-se o sustentáculo, o apoio que faz a gente se sentir seguro. Ao colocar estas idéias neste depoimento, vejo o quanto devo à minha família, ao ambiente lá de casa. E tudo isto é fruto de um engajamento no Movimento, numa vivência de 25 anos. Por isso me torno suspeito para falar. Creio que o melhor depoimento seria reunirem seus filhos e lhes perguntar diretamente:

-40-


como vocês se sentem aqui em casa? Qual a importância das Equipes em nossa família? Isto talvez seja um testemunho mais valioso do que este meu. Frei Francisco

E. T. -

Trata-se de Frei Francisco Orofino. Miguel, por uma de.ssas intervenções do Espirito Santo, teve a alegria de tomar conhecimento deste depoimento do filho, em casa do Responsável da Carta Mensal, onde passou sua última noite e onde o artigo acabara de chegar .

• COM A PALAVRA OS MAIS JOVENS

ADOLESCENTES DAS "EQUIPES DO MENINO JESUS" DE LONDRINA

Por que é importante para você pertencer a um movimento de espiritualidade? -

Porque pertencendo a alg-um movimento eu me aproximo mais de Deus, aprendo a entender melhor a Igreja, meus familiares e meus amigos. Aprendo também a viver melhor, porque no movimento aumento a minha fé e meus conhecimentos espirituais. E assim saciarei a minha sede de Deus .

~ual

-

a importância da oração em sua vida?

A oração é a maneira que podemos conversar com Deus. 1·eUgião e sem oração é pessoa vazia.

-41-

A pessoa sem


COM A PALAVRA A JOVEM GERAÇÃO -

IV

O PONTO DE VISTA DOS NOIVOS

Ou a preparação para o casamento vista pelos interessados. Pedimos a um casal que fez há alguns meses o curso de preparação para o casamento que nos desse, com toda a franqueza, sua opinião, fizesse suas críticas e sugestões. Não só porque, neste número da Carta Mensal, procuramos dar a palavra o mais poosivel à nova geração, aos nossos filhos, mas porque, neste olhar para o futuro que desejamos fazer, a preparação para o casamento tem um lugar preponderante. Benê e Luciana, ela filha de equipistas de São Paulo, casados em meados de dezembro (na mL<"Sa), escrevem:

O curso de noivos, de preparação ao matrimônio, poderia ser conceituado como um check-up pré-nupcial espiritual. Ou, pelo menos, seria essa a idéia básica de um evento que a Igreja procura tornar marcante na vida de duas pessoas dispostas a assumirem o estágio mais importante de suas vidas, num compromisso consigo mesmas e com a sociedade, de uma maneira plena, aberta, consciente e, principalmente, fundadas nas palavras de Cristo. O objetivo é bastante explícito, está muito bem delineado. Mas, estariam os meios utilizados atualmente na sistemática de elaboração e programação do curso plenamente adaptados às reais necess~dades daqueles que dele participam? Pessoalmente, temos algumas dúvidas quanto a isto e, com alguma base para tal, pois participamos de dois cursos de noivos, em paróquias diferentes. (1) Em ambos, o que sentimos foi apenas um enorme sentimento de gratidão dedicado a um grupo de pessoas que ali estavam dando de si para uma platéia heterogênea, cuja receptividade estava condicionada mais pela disposição interior de cada um de seus componentes do que pela capacidade de comunicação dos oradores. Na verdade, percebemos que a falta de motivação quanto à participação era o aspecto mais saliente entre os noivos presentes. E, justamente, é essa falta de interesse por algo "imposto" como condição necessária para a realização do casamento religioso que mais nos chamou a atenção. (1) Ficaram tão decepcionados com o primeiro que procuraram um segundo . . .

-42-


Colocaríamos, de início, algumas indagações: às vezes - Estaria a experiência de casais mais velhos mais velhos que nossos próprios pais -, inseridos em antigos valores e idéias, correspondendo à expectativa de vida dos noivos? - A forma expositiva das questões seria a melhor para questionar os noivos? - Surtirá efeito a preocupação em alertar os noivos para a realidade do casamento nos seus aspectos negativos (brigas, falta de compreensão, etc.)? Ou seja, será este tipo de realidade assimilável por pessoas que estão vivendo uma outra realidade (descoberta do outro, esperança de uma vida melhor, confiança no futuro) ? E quando os problemas ocorrerem, não estará o curso muito distante em nossa memória? Mais, adiantaria dar receitas, quando a juventude está convencida de que só vale a experiência própria? Ficou, para nós, uma impressão paternalista. Diante disso, parece-nos que se faz necessária uma reavaliação da forma de organização do curso. Primeiramente, sugeriríamos a criação de uma coordenadoria central para o curso, que se responsabilizaria pela montagem do curso, fundamentada em dois aspectos principais, quais sejam: a homogeneização do grupo de casais de noivos, tomando por base alguns aspectos, tais como escolaridade, idade, profissão, etc., e a elaboração do curso especificamente em função de cada grupo estratificado. Tal elaboração teria que procurar, não apenas estreitar-se das necessidades espirituais dos noivos, como também provocar a disposição dos mesmos em aproveitar realmente aquilo que lhes for oferecido. Sugerimos que se comece por entrevistar casais com até 2 anos de casados e casais de noivos, levantando necessidades atuais, para, então, atualizar o curso. Pensamos ainda que, em vez de palestras, debates entre os noivos sobre determinados temas seriam mais proveitosos, ao levantar problemas e suscitar dúvidas que então, sim, poderiam ser esclarecidas por orientadores. Isto, é claro, deveria ser sempre feito de acordo com o nível intelectual dos noivos. Gostaríamos de deixar a questão em aberto e nos colocarmo-s à disposição para contribuir naquilo que estivesse ao nosso alcance, na expectativa de tornar o curso de noivos um elemento de real preparação para o matrimônio. Enquanto esta carta vai para o prelo, Benê e Luciana já estão trabalhando no levantamento sugerido!

-43-


DIA MUNDIAL DOS MCS

A TELEVISÃO E NOSSOS FILHOS

(De Mesa-Redonda realiza da no Colégio S. Vicen te, no Rio de Janeiro)

-

Seria onipotente a força massificante da TV?

Se, para encaminhar a resposta, admitimos o livre arbítrio como constitutivo da pessoa humana, concluímos pela possibilidade de se acionar a reflexão crítica, que contrabalançaria tal poder massificador. Admitindo o livre arbítrio, aparece a responsabilidade de todos os grupos educacionais a cujas mãos está entregue a criança indefesa: Família, Movimentos familiares, Igreja, Escola. Para todos estes torna-se um desafio a preparação das crianças como receptores de TV. Uma necessidade urgente: a do debate constante dos pais (e mestres) com as crianças, a respeito dos programas que vêem. A criança recebe as imagens, às toneladas, de modo passivo, o que não significa que ac,üte tudo. O diálogo, a reflexão é que fará discernir o positivo e hierarquizar valores. A TV é um maravilhoso invento, que honra nosso século; mas, é também fruto de um mundo contraditório e participa, de cheio, dessas contradições. Diante da TV, seria vicioso qualquer mecanismo de fuga: autoritarismo, dependência, conformismo. Temos de sair da atitude ingênua para a atitude crítica, questionando, denunciando, sim, sobretudo agindo inteligentemente. Despojada de preconceito, nossa ação será no sentido de discutir, debater, dialogar sobretudo com a criança que pretendemos preparar como receptor crítico.

-44-


A atitude de diálogo e debate é absolutamente necessária a todo educador atento à realidade.

- Seria a televisão a grande responsável por tudo o que está acontecendo por aí? Toda vez que se debate oficialmente a televisão, sempre seu aspecto negativo chama mais atenção: inibe a criatividade, incentiva o crime e a violência, etc. Isto não é novo. A resistência à mudança tem necessidade de encontrar explicações simplistas para os males sociais, pois isso nos leva a não pesquisar nossa participação pessoal naquilo que condenamos. A televisão não pode ser separada do contexto em que deverão ser consideradas as instituições e os outros meios de comunicação de massa que também contribuem para este ou aquele comportamento da criança. Só lamentar a televisão e não tomar consciência de uma realidade total é uma fuga.

- A TV dopa a criança, por prendê-la por tempo precioso, que poderia usar de outra forma mais criativa? De modo geral, todas as crianças gostam imensamente de ver televisão. Comentam os programas, imitam personagens, com os quais se identificam, não raro. Devido ao tipo de vida que se tem na grande cidade, durante a semana, se os pais trabalham fora, a televisão, lamentavelmente, é para algumas crianças a única fonte de lazer. A televisão é um instrumento fascinante. É indispensável na vida do homem moderno, como veículo de informação. O que se deve procurar não é afastar a criança da TV, mas forçar um uso mais criativo desse instrumento, através de programação mais adequada às condições em que vive a criança brasileira. É urgente a troca, por exemplo, dos "enlatados" por "produtos nacionais", ligados à nossa cultura. Essa tarefa é quase utópica, a não ser que se mude a ideologia que controla esse instrumento. É da responsabilidade dos pais a criação de formas alternativas de lazer e divertimento de seus filhos. Quando se oferece um divertimento ativo, onde há lugar para mais de uma pessoa, a criança dá nítida preferência a essa forma, dispensando assim a televisão.

- Como muitos pais não têm o tempo necessário para orientar ou explicar as dúvidas da criança, não seria melhor que a TV fizesse a orientação necessária de seus programas? Não é papel da televisão educar nossos filhos em nosso lugar. Ela informa, instrui e diverte. A educação e orientação dos filhos -45-


é tarefa dos pais. A delegação dessa tarefa é uma traição aos filhos. Há que se ter tempo quando se tem filhos. Contudo, é de se desejar tenha a televisão mais sensibilidade e critério quando leva sua imagem para as crianças. - Como deve ser feito o controle de horário pelos pais? Este contr·ole é válido? Talvez fosse interessante mais orientação e menos interdição no uso da televisão, apesar da baixa qualidade dos programas infantis. Acredito na possibilidade de orientação dos filhos. Importa não tenham os pais medo de ser pais. Orientação e formas saudáveis de divertimento (enquanto for possível nos minguados espaços da cidade grande) é mais interessante do que imposição de hor ários e controle à criança. Aliás, à exceção de dois ou três programas, o que é adequado à criança na televisão?

- Com o lidar com a violência? Como enfrentá-la? Qual a maneira de nos fazermos entender por nossos filhos, no sentido de combatermos essa violência que os impressiona, os marca e, ao mesmo tempo, os confunde, em relação às nossas explicações e orientações? O mundo é violento. O mundo moderno está um pouco mais violento. Atrás da violência está a fome, a miséria, a injustiça. Nossos filhos estão vivendo nesse mundo. Estão se preparando para conviver aí, nesse espaço de guerra. Acho muito difícil essa tarefa dos pais e educadores. Por outro lado, a capacidade àe introjeção de uma criança nos garante pelo menos uma coisa: se eu, pai ou educador, não uso de "mais" violência, violência deslocada ou arbitrária, estou dando à criança a poss:bilidade de intuir o bom e o bem. Percebendo ela a minha bondade, a minha justiça, ela admitirá, dentro de si, a bondade e a justiça, apesar das contradições cruéis da sociedade moderna.

(Respostas de Artur da Távola, crítico de TV, Geraldo Casé, produtor de programas para crianças, Geraldo Campos, diretor da TV Educativa do Ceará e João Batista Ferreira, psicólogo e educador. Transcritas da revista da A.P.M. "A Chama ", de dezembro de 1979).

-46-


COM A PALAVRA OS FILHOS -

I

COMO É SER FILHO DE EQUIPIST A

Respondem adolescentes e jovens de Marília

-

Ser filha de equipista significa ser equipista também. Participamos do dever de sentar-se, rezamos junto com os nossos pais e sei que até somos muitas vezes a regra de vida deles. Acho isso legal, porque aprendemos não só a receber mas a doar também. (Moça, 15 anos)

-

Ser filho de um casal equipista significa ter um pouco mais de apoio e compreensão em todos os setores, principalmente no setor religioso. (Rapaz, 20 anos)

-

Para nós, sermos filhos de casal equipista é bom. Porque eles não só vivem o Cristo na equipe, como também colocam em prática essa vivência fora da equipe. Achamos que se eles não estivessem na equipe, não teriam a abertura que têm para nós. (Moça, 21 anos)

-

Verdadeiramente, ser filha de um casal equipista dá-me satisfação em saber que meus pais juntamente com outros casais reunem-se para uma reflexão familiar e social e para um verdadeiro contato com Deus. E sinto-me bem ao saber que na equipe há sempre algo a dar e a receber: verdadeiras fontes de amor! (Moça, 15 anos)

-

Eu acho legal ser filha de equipista porque meus pais, além de arranjarem novas amizades sinceras, ainda aprendem muito, e eu e meus irmãos acho que somos os mais beneficiados. (Moça, 19 anos)

-

É muito bom sermos filhas de um casal equipista, porque nós vivemos mais o Cristo. O Cristo entra mais dentro de nossas casas. Mas está faltando o principal. Que os pais façam com que os filhos também participem da equipe. (Moça, 15 anos)

-47-


-

Pel~ fato de meus pais pertencerem às Equipes, sinto muito apow, quer quanto à religião, quer quanto ao dia a dia de nossa vida. (Rapaz, 16 anos)

-

~into z:nuita satisfação e orgulho por meus pais pertencerem as Eqmpes de Nossa Senhora, pois noto que a convivência deles com outros casais faz muito bem a eles e à nossa família. (Rapaz, 23 anos)

-

Ser filha de um casal equipista faz com que em casa nós vivamos mais Deus. Mas isso seria mais forte se nós vivêssemos Deus dentro da equipe, junto com os casais. (Moça, 14 anos) Ser filha de um casal equipista é ter uma porção de amigos comuns. É ter o apoio deles quando se precisa. É ser amiga dos filhos dos equipistas. É sentir que os pais gostam das Equipes de Nossa Senhora. É bom para eles. (Moça, 18 anos)

-

Ao meu ver, parece que meus pais sempre pertenceram às Equipes, pois quando eles iniciaram eu tinha 9 anos - agora tenho 22. Acho que meus pais sempr e foram unidos entre si e à família. Quanto à parte religiosa, tudo bem! (Rapaz, 22 anos)

-

Nasci ouvindo falar de reuniões, encontros e palestras de equipes. Para mim, aquilo tudo era indiferente, apesar de toda nossa família ser muito católica. Logo comecei a frequentar as tais reuniões e achava muito bacana, porque eu via muitas pessoas rezando juntas e procurando se ajudarem mutuamente. O tempo foi passado e eu fui entendendo que tudo aquilo era uma maneira que elas encontravam para parar um pouco com os trabalhos e lembrar que existia um SER superior sem o qual não existiria vida nesta terra. Tive vontade de fazer alguma coisa parecida. Fui então fazer o "Shalom". Essa foi a melhor experiência de toda a minha vida. A partir daí, passei a admirar mais ainda as Equipes de Nossa Senhora e melhor entender as suas reuniões. Cada encontro em que meus pais participam, noto que eles vêm para casa trazendo novas alegrias e experiências. Eu gostaria que, no futuro, essas equipes continuassem crescendo cada vez mais para que nós, filhos de equipistas, pudéssemos tomar o lugar de nossos pais, nos integrando a elas da ·maneira como eles têm feito. (Moça, 16 anos) -48-


COM A P ALAVRA OS F ILHOS -

II

DOIS TESTEMUNHOS (Do Equipetrópolis)

Um rapaz e uma moça dizem o que significou para eles o Encontro de Jovens promovido pelo Setor.

I -

Continuem conosco . . .

O primeiro encontro de jovens organizado pelo Movimento das Equipes de Nossa Senhora de Petrópolis foi muito oportuno. Assim como eu, todos os que participamos desses dois dias de convívio com Deus começamos a perceber uma resposta inicial para nossas angústias e preocupações. Reunimo-nos para ouvir e falar ; ouvir palestras e testemunhos que nos colocaram dentro da nossa problemática e falar de coisas que preocupavam nossos corações. Alguns falaram muito, conversaram com outros; alguns falaram consigo mesmo, mas todos conversamos com Deus. Esse Deus que vive dentro e ao redor de nós e que muitas vezes desconhecemos ou não seguimos por r espeito humano. Sob a direção do Eloy e da Marly e a ajuda e o incentivo do Grupo do Sagrado e o despertar dos palestristas, sentimos a alegria de ver que vivemos num mundo que confia em nós e que somos muito importantes dentro do plano de Deus. A palavra de Frei Antonio Moser e Frei Hipólito e de religiosas, mostrando que a Igreja também fala a linguagem dos jovens: o jovem na Família, na Igreja, no Namoro, na Sociedade e participando da Ressurreição de Cristo pela Eucaristia e pela Oração. -49-


Para quem, como eu, é filho de casal equipista, houve uma outra alegria : sentimos que as ENS se abriram para nós. Se derem continuidade a esse Movimento de Jovens, seremos os colaboradores de nossos pais no trabalho de espiritualidade de nossa família, trabalho este que muitas vezes recusamos aceitar . Mas, se nos deixarem sozinhos, nosso entusiasmo se estiará. Continuem conosco e verão o quanto poderemos dar, pois nosso coração está repleto de Amor.

Antonio de Oliveira Tavares Paes Júnior (17

anos)

II -- Ele estava ali

Não creio que seja preciso falar a respeito do que significa "Encontro de Jovens" mas falarei sobre o que significa e o que significou para mim. Não foi apena~ um encontro com outros jovens. Foi "O Encontro com um Amigo", conseguido através das excelentes palestras, do maravilhoso trabalho dos que nos dirigiram. Senti tudo preparado, combinado para este Encontro, ao qual eu não queria faltar. A vontade de ir batia forte dentro de mim. Muito antes do dia marcado, eu já me achava contando as horas, os minutos, os segundos . .. Cheguei. Pus-me a procurá-lO em toda parte. Eu precisava senti-lO vivo dentro de mim. Confesso que há algum tempo não O sentia assim tão perto de mim. Fazia parte de mim esta vontade tão ardente. Continuei a procurar. Ele estava ali. Mas eu não O via. Junto com outros milhões de jovens, eu estava à sua espera. Alguns mais seguros e confiantes, outros impacientes, com medo de buscar e não alcançar. Foi então que, depois de muito esforço, de muito querer e lutar, eu superei minhas próprias forças e me senti fraca e envolvida por braços que aquecem. Era Ele. Lá estava à minha espera, tal qual o Sol a esperar paciente o nascer de um novo amanhã.

Rosina Santos Rocha (17

-50-

anos)


COM A PALAVRA OS FILHOS -

III

CORAGEM DE MÃE -

MARIA

Numa dessas paradas que a gente dá para pensar, pensei em :r.1aria; pensei também na Maria que existe em todas as mães. Quando elas sorriem, como Maria sorria com as brincadeiras de seu filho; quando elas choram, como Maria chorava cóm os sofrimentos de seu filho; quando elas censuram, como Maria censurava as travessuras de seu filho; quando elas apoiam, como Maria apoiava a árdua missão de seu filho; quando elas falam, como Maria falava sempre em favor de seu filho; quando elas calam, como Maria calava nas horas difíceis da sua vida e da vida de seu filho - sem reclamar. Pensando em tudo isso, foi que vi que havia muito de Maria em minha mãe e em todas as mães do mundo. Pensando em tudo isso, foi que vi quanta hipocrisia e quanto egoísmo há no seu coração se você é daqueles que guardam rancor de sua mãe: afinal de contas, pode não haver muito de Maria nela - ela pode não ter sorrido, chorado, censurado, apoiado, falado e calado todas as vezes que você precisou, nas horas certas em que você sentiu falta dela; mas um dia ela foi muito Maria, muito mãe, muito mulher, quando disse "SIM" a Deus, que lhe pediu para viver mais uma vez em você, e poderia ter dito "NÃO"!

Denise Maria Equipe Jovem da Equipe 2 de Bauru

-51-


QUANTO RECEBEMOS . .. -

E QUANTO D·AMOS PARA DEUS?

No instante em que celebramos 30 anos de Brasil, vem-nos à mente a inestimável colaboração que recebemos por todos esses anos dos nossos Conselheiros Espirituais. Efetivamente, uma Equipe de Nossa Senhora concretiza o mistério profundo da união de dois sacramentos: o da ordem e o do matrimônio. E foi através dessa colaboração que os casais se desenvolveram, cresceram na fé e nas obras e hoje são aquela gente ativa de que nos fala o documento "O que é uma Equipe de Nossa Senhora". Os próprios sacerdotes lucraram muito nesta convivência com os casais. Reunidos em nome de Cristo, vivem integralmente a realidade de uma comunidade cristã, onde se vivencia toda a problemática que envolve um homem e uma mulher unidos velo amor. Isto representa muito para o ministério sacerdotal do nosso Conselheiro Espiritual. E são incontáveis os testemunhos de que, graças à sua atuação numa equipe, seu trabalho mission ário ganhou nova e rica dimensão.

o Por outro lado, ouvimos, com freqüência, o desafio: Quais os resultados, em termos de vocação, da participação de um casal na equipe? Pois bem, o último mês de março permitiu-nos efetuar um levantamento das vocações religiosas surgidas nos lares equipistas. Ao divulgarmos os resultados desse levantamento, que é modesto, anima-nos a esperança de que ele seja um motivo a mais a nos lembrar que nosso lar é o primeiro seminário para nossos filhos e que devemos estar atentos para cultivar qualquer sement e nascida no seu coração. -52-


Os números são os seguintes: 11 filhos de equipistas encontram-se presentemente em seminários redentoristas, franciscanos, dominicanos, agostinianos, carmelitas e passionistas; 6 filhos e filhas são religiosos ou pertencem ao Opus Dei, Focolari, etc. Em Santa Catarina, somente na cidade de Brusque, encontramos 4 filhos de equipistas no seminário. Para terminar, é sempre motivo de grande alegria para nós registrar que D. Paulo Moretto, Bispo de Caxias do Sul, é filho de um casal equipista daquela cidade. Caros casais: nós não podemos existir como equipe sem a presença de um Conselheiro Espiritual. Saibamos reconhecer esse privilégio e peçamos a Deus que suscite em nossa família mais operários para a messe do Senhor.

Dirce e Rubens

-53-


APOSTOLADO

AS EQUIPES NOS SUBúRBIOS

A caminhada das Equipes de Nossa Senhora para os subúrbios, para alcançar a classe de nível sócio-econômico menos favorecida é uma necessidade imperiosa para vivermos realmente a Igreja e tornou-se uma realidade no Rio de Janeiro (1 ), a tal ponto que se criou um Setor, o Setor E. O nosso Movimento, como muitos outros, surgiu entre gente da classe média-alta, adaptado às suas contingências de vida e ao seu nível intelectual: temos as "férias", a refeição na reunião, e a linguagem muitas vezes elevada dos documentos e dos temas de estudo, bem como a exigência de uma resposta escrita às perguntas. Parece-nos muito clara a necessidade da difusão do Amor entre todos os irmãos, e para isso a adaptação dos métodos das Equipes torna-se indispensável, sem que seja preciso uma quebra da finalidade e das linhas mestras que tornam inconfundível o nosso Movimento, na sua busca de maior espiritualidade conjugal e familiar através do exercício do auxílio mútuo. Esta adaptação vem sendo feita e se fará sempre que preciso, pois o que importa é que formemos cada vez mais melhores famílias e constituamos, casais de todos os níveis, um só corpo. "Só se une ao Cristo na Comunhão quem se torna um com seu irmão" (D. Heider Câmara).

o Quando e como surgiram as Equipes do hoje Setor E do Rio de Janeiro? Alguns sacerdotes, exercendo seu ministério nos subúrbios, conheciam a fé, a disponibilidade incomum e a força do trabalho de Leda e Carlos, da Equipe 22, do Setor B, e pediram-lhes que organizassem pequenos encontros de casais, durante um domingo (1)

Como já é há muitos anos no sul, principalmente em Curitiba e Porto Alegre.

-54-


inteiro, onde se falasse de ideal, de maturidade cristã, da importância da família e da oração, buscando fortalecer os lares dos casais de suas paróquias e uma participação maior na vida da Igreja. Esses encontros foram um sucesso. Após sua realização, convidava-se os seus participantes para uma reunião na própria igreja e, a seguir, para outras reuniões, verificando-se a perseverança de cada um e levando-se os casais a sentir a necessidade de se organizarem em pequenos grupos para um crescimento seguro e efetivo. Nosso casal missionário executava esse trabalho sem intenção outra que a de ajudar as paróquias e as famílias, mas era inevitável a sua apresentação, mais cedo ou mais tarde, como equipista de Nossa Senhora, bem como a de alguns casais que convidava para dar palestras, em uma das quais não podia deixar de aparecer o "dever de sentar-se" ... Alguns sacerdotes já eram Assistentes de nossas equipes, todos sabiam que o Movimento, embora não tenha feição paroquial, está atento às orientações da Pastoral das diversas dioceses onde atua. Reconhecendo a importância das Equipes no mundo de hoje, esses párocos incentivaram uma apresentação do Movimento, e surgiram as conhecidas "informações". Leda e Carlos contaram o apoio e o entusiasmo decisivos do seu Casal Responsável de Setor e do Casal Regional, e a primeira informação foi dada em Padre Miguel, na Paróquia Maria Mãe da Igreja e São Judas Tadeu, dirigida por três Irmãs da Companhia de Maria, onde o Pe. Alvaro, saindo de Botafogo e gastando duas horas, em dois ônibus, celebrava e celebra missa aos domingos. Os casais informadores admitiram reuniões iniciais na casa paroquial, trocaram o jantar por um pequeno lanche e não insistiram em exigir as respostas por escrito. N assas duas primeiras equipes surgiram então, lançadas em junho e agosto de 1975. Mais tarde, mais duas em 1977 e mais uma em 1978. Este foi o início do que veio a formar, em agosto de 1979, o Setor E do Rio de Janeiro. As pilotagens têm sido feitas por casais experimentados, com sensibilidade para verificar a necessidade da permanência do estudo de um capítulo do tema por mais de uma reunião, interromper o tema do ano para abordar um assunto especial de interesse do grupo ou um acontecimento importante na Igreja (o estudo de um sacramento, o surgimento de uma encíclica, a Assembléia de Puebla). -55-


O que tem sido esta experiência, onde os pilotos se apaixonam (mais que do costume) pelas suas equipes, vivem as suas dificuldades e alegrias, aprendem a se tornar mais simples e humildes, não é possível descrever. Em todo esse tempo quase não tivemos deserções, podendo afirmar que a reunião mensal das nossas equipes dos subúrbios é o ponto alto da vida dos seus casais, já que eles não usam o critério (ou "descritério"), como muitos de nós, dos bairros "melhores", de deixar apenas as "sc;>bras" para Deus. O espírito de comuO:dade é vivido realmente e cristãmente, o auxílio mútuo é exercido em larga escala. Surgindo de trabalho nas paróquias, os equipistas, como cristã.os, colaboram intensamente com seus vigários, na catequese, nas pastorais de batismo e crisma e no que for necessário. Entre eles, contamos com 7 Ministros Extraordinários da Eucaristia. Já têm ajudado Leda e Carlos na realização de novos encontrinhos e, por iniciativa própria, organizaram sua "noite de o·ração", nos quartos sábados de cada mês. Temos aprendido muito, recebido muito mais que demos, iodos os que estamos envolvidos (envolvidos mesmo, pelo coração) com as chamadas "Equipes de Padre Miguel", que não são só de Padre Miguel, mas de Acari, Marechal Hermes, Realengo, e vão alcançar muito mais longe. Elas estão integradas, de verdade, aos demais Setores e à Coordenação da Ilha do Governador e muitos de seus casais já participaram de dias de estudo, retiros e mutirões. A unidade do Movimento no Rio de Janeiro, é um fato. Ressaltando esse aspecto da unidade, lembramos as palavras do Pe. Álvaro, na missa que concelebrou com o Conselheiro Espiritual da Região, Pe. Almeida: "O chamado dos equipistas aos subúr bios e o chamado dos casais desses bair ros às Equipes não é obra do homem, mas de Deus." E nós queremos acrescentar que desejamos levar os equipistas do nosso Setor a que, continuando a busca natural de uma melhoria social, alcançando-a, não percam a simplicidade, que é exemplo para todos, não se acomodem, pois o serviço de Deus está à sua espera. A eles está reservada a missão de levarem a Igreja, através das Equipes, a muitos outros casais, principalmente aos que se acham em mais difícil situação social e econômica, que necessitam do seu testemunho e liderança, e para os quais o Documento de Puebla chama no·s sa especial atenção.

Therezinha e Thiago Casal Responsável pelo Setor E do Rio de Janeiro

-56-


A HISTóRIA DE UM SETOR -

JUNDIAJ (1 )

Maio de 1962 - Um tímido casal, em Jundiaí, movido por uma força estranha, sai de sua tranqüilidade para bater de porta em porta à procura de casais, até então desconhecidos para ele, a fim de tentar uma experiência nova: as "Equipes de casais de N ossa Senhora". De São Paulo, Doris e Nelson Gomes Teixeira vêm dar a informação e, para pilotar, Maria Sílvia e Guilherme Junqueira. Ninguém sabia de fato o que iria acontecer. Nem eles sabiam, na época, que o Espírito Santo ns incumb ira de fazer acontecer um milagre em Jundiaí através desses 8 casais que não eram de nada, que não queriam saber de nada, a não ser viver tranqüilamente e comodamente sua vidinha de casados, sem grandes pretensões! .. . E veio o Espírito Santo! Não em forma de língua de fc·go, num estalo, mas pacientemente (e que paciência teve Ele . .. não fosse o Espírito Santo, provavelmente teria desistido) , devagarzinho foi realizando maravilhas! ... Maravilhas, sim! Quandn olhamos para trás, vemos que maravilhas Ele operou nesses 18 anos! A primeira destas maravilhas foi permitir-nos descobrir o matrimônio cristão, a espiritualidade conjugal, o nosso cônjuge, os amigos, os irmãos, o auxílio mútuo, a amizade, enfim o AMOR! Foi tirar-nos da nossa ignorância religiosa e mostrar-nos que Ele precisava de nós para chegar a muitos outros imãos! No começo, não percebemos isso, claro. E se Ele nô-lo tivesse dito, teríamos rido, escandalizados. -Quem? Eu? ... Nós? ... Sabe quem somos? E Ele sabia, e veio para desinstalar-nos. Lembramo-nos bem do nosso engatinhar na vida da fé, quando começamos a comungar, marido e mulher juntos, quando (1)

Reeditamos, atualizado, o artigo publicado na Carta Mensal de Maio de 1975, comemorativa dos 25 anos das Equipes no Brasil.

-57-


apenas velhos e crianças .o faziam, e aguentar o comentário dos amigos: - Puxa! Vocês são crentes ... O segundo passo, quase um ano depois, aulas de catecismo para crianças. (Era mais para aprender que o fazíamos). O terceiro passo, talvez o mais importante para sairmos de nós mesmos: o Curso de Noivos. Alguns casais maravilhosos de São Paulo aqui vieram para orientar-nos e deixaram-nos entusiasmados para dar o curso. - Mas, a quem? Onde estavam os noivos? O vigário deu-nos alguns vagos nomes e seus endereços incríveis. Saímos de porta em porta a tentar explicar o que ele seria, sua validade e utilidade, a quem nunca tinha ouvido falar nessa novidade: "Curso para casar". O 1. 0 : duas noivas e um noivo.

O 2. 0 : um casal sozinho . .. Mas o dedo de Deus aí estava. Este último casal gostou tanto que arregimentou sozinho 15 casais (alguns já casados) para fazer o curso de noivos. E hoje, em Jundiaí, nenhum casal se une em matrimônio sem se preparar através de um dos muitos cursos dados durante o ano. Em 1964, formaram-se mais 2 equipes e, um ano depois, o movimento ganhava corpo com a formação de mais 3 equipes e, passando de Coordenação a Setor, começava a desenvolver suas potencialidades. Daí para frente, todos os movimentos de leigos de Jundiaí tiveram sempre como iniciado·res e inc~ntivadores os casais equipistas. (2) Lembramo-nos de Tito, quando chegou em casa dizendo: - Fiz o "Cursilho"! Estou vibrando! Precisamos trazê-lo para Jundiaí! - Mas o que é "Cursilho", homem? E o Cursilho veio, através do esforço de alguns equipistas, para logo depois continuar e crescer magnificamente por si mesmo! ... As equipinhas vieram atender a uma necessidade de iniciar nossos filhos na comunidade cristã à semelhança de nossas equipes. (2)

Grifo nosso .

-58-


A seguir, o trabalho com casais desajustados, quando íamos nas casas procurando fazê-los dialogar. A maioria dos problemas se resolvia por este simples fato de os dois conversarem. Depois, o trabalho passou a ser feito no Forum. Logo em seguida os equipistas foram despertados para o trabalho com os jovens: comunidades, TLC, etc., e a eles se entregaram de corpo e alma, chegando alguns mesmo a se tornarem verdadeiros pais espirituais de um sem número de jovens carentes de afeto e guia. Um de nossos Conselheiros Espirituais convoca-nos, em 1968, para uma experiência nova: Missão familiar. Imaginem só: ir de casa em casa, por 3 noites consecutivas, reunir os vizinhos e falar-lhes sobre o Evangelho! Isso antes que o Concilio Vaticano 11 nos sacudisse. Com a cara e a coragem (empurrados pelo Espírito Santo, é claro) fomos lá. Qual não foi o nosso espanto ao ver que os vizinhos, em vez de rirem de nós e fugirem, compareciam em número maior a cada noite, e como queriam ouvir a palavra de Cristo! Essa foi nossa maior descoberta: que os outros estão ávidos de Deus, mesmo que às vezes não o percebam. (3 ) Um deles nos dizia: - Dona, nós gostamos de ouvir falar de Deus, então ouvimos as Testemunhas de J eová, os Mormons, os Protestantes, etc. Quem vier conversar conosco. E nós? Por que não vamos falar com eles? Depois do 2. 0 ano dessa Missão familiar, os vizinhos também quiseram entrar para as Equipes. Como o número era grande e poucos os Conselheiros Espirituais, formaram-se as Equipes Paroquiais. Cada equipe teria como assistente um casal equipista, que receberia orientação do vigário. Hoje em dia, em quase todas as paróquias de Jund.iaí, existem dezenas de equipes paroquiais, que já não dependem das ENS. Em 1971, Pe. Pastore nos convoca para lançar aqui um novo tipo de encontro: os "Encontros de Casais com Cristo". O movimentou "pegou" e muito tem feito por Jundiaí. Também o ECC, a exemplo dos anteriores, agora caminha independente das ENS, apesar de vários de seus palestristas serem equipistas. (3)

Grifo nosso .

-59-


Em 1969, um de nossos casais é convocado para a ECIR. Daqui para a frente, a contribuição dos casais de Jundiaí passaria a se dar em âmbito nacional, e principalmente em quase todas as Sessões de Formação, Mutirões e Encontros de Responsáveis que o movimento realizaria até hoje. Outros casais foram também convocados a trabalhar mais diretamente com a ECIR, sendo responsáveis por 3 regiões de nosso movimento. Hoje Jundiaí conta com 16 equipes, sendo 3 em Louveira perto de cem casais. Temos equipistas dirigindo a Escola de Pais de Jundiaí, a Equipe de Pastoral Familiar da Diocese, os cursos pré-matrimoniais, a Associação para a Educação dos Jovens de Amanhã (100 guardinhas) , o Lar-Escola Sta. Rita de Cássia (creche para 100 crianças) , o Clube de Mães do Rio Acima, o Artesanato Sta. Gema (ensina bordados finos), (4 ) dando aulas de catequese, formação humana e orientação educacional no Colégio Divino Salvador (1.900 alunos), dando cursos de formação espiritual (Jequinha, TLC, Alicerce, etc.) para todas as idades e níveis sociais e culturais, e ainda coordenando cursos de batismo, de jovens e catequese rural. O que teria acontecido conosco, com nossa cidade, se esses dois primeiros casais não tivessem se desinstalado, deixando tudo para vir a Jundiaí lançar uma sementinha, que eles nem sabiam se iria frutificar ou não? Talvez até hoje eles nem se apercebam do que fizeram. Por isso nós também não podemos nos acomodar. Não sabemos o que Deus espera de nós. Só podemos Lhe dizer: Senhor, aqui estamos. Obrigado por tudo e, se tiver outro desses apelos malucos que nos faça rir a princípio, por sentir o peso de nossa pequenês, da nossa ignorância, da nossa pouca fé, mesmo assim Lhe diremos: Aqui estamos! Tome o nosso corpo fraco e o torne capaz de fazer EM SEU NOME maravilhas! . ..

Marisa e Fleury Equipe 1 (4)

E d-edicando-se a outros trabalhos de promoção humana - como construção de casas populares, legalização de casamentos, trabalho com favelados, etc. (cf . Carta Mensal de novembro de 1976, págs. 30 e 31 e d-e abril de 1979, pág. 28) .

-60-


QUINZE ANOS DE CAMINHADA

(Transcrito do "Equipetrópolls" de abril de 1979)

Na noite de 25 de abril de 1964, reuniam-se, em casa de Norma e Hélcio, oito casais, convidados para ouvir uma informação sobre o que vêm a ser as "Equipes de Nossa Senhora". Este grupo formou a Equipe 1 de Petrópolis que, este mês, completa 15 anos de caminhada. Dos oito casais iniciais, permaneceram cinco, aos quais mais tarde vieram se unir outros mais e, hoje, formamos novamente oito casais na Equipe Nossa Senhora do Amor Divino. Os anos passaram tão rapidamente: parece que foi ontem que começamos. Hoje, sentimos que a história que vivemos juntos nos uniu para sempre. Aquele momento, aquele jantar comunitário do qual fizemos parte naquela noite de abril, marcou as nossas vidas, dividindo-as em duas fases: antes e depois. E somente mais tarde, muito mais tarde foi que pudemos avaliar a importância desta data, imaginar o que seria de nós, de nosso casamento, de nossos filhos, de nossa missão de cristãos se este momento não tivesse acontecido. Só então passamos a entender melhor tudo aquilo que temos ouvido e aprendido dentro do Movimento. Jamais esqueceremos a experiência do nosso primeiro retiro. A equipe inteira compareceu. Todos deixamos filhos pequeninos em casa, preocupações, alguns até falta de dinheiro. E durante três dias inteiros, em silêncio, ouvíamos o pregador que, cheio de entusiasmo, nos falava da presença de Deus em nosso amor e na nossa vida conjugal, na vida de nossos filhos, na nossa missão de cristãos casados, tocando em assuntos tão sérios e profundos em que jamais havíamos parado para pensar. Ao regressarmos, nossos filhos nos estranharam, acharam que estávamos diferentes, entre nós e para com eles, e nós nos sentíamos simplesmente maravilhados ... E o dever de sentar-se ... quanta poeira levantada, espanada, quanto problema debatido, falado e escutado. Ah! aprender a escutar. . . como é difícil. . . Será que já aprendemos?. . . Mas aí está sempre o desafio que, há quinze anos, nos foi lançado. -61-


E a vivência do amor? Cristo nos mostra um caminho aparentemente tão simples e, na realidade, tão difícil. Cada dia uma nova lição, onde humildade, aceitação, compreensão nos são profundamente solicitadas. O amor fraterno e a ajuda mútua foram sendo provados em tantas oportunidades. Ainda vivem em nossa lembrança as aflições daqueles dias de enchente, quando a casa de Norma e Hélcio era invadida pelas águas, às vezes até de madrugada. Numa destas, a Denise, então de poucos meses, foi salva quando seu bercinho já boiava. Quando as águas baixavam e permitiam passagem, ninguém era chamado ou solicitado, mas a equipe inteira, munida de baldes, vassouras e panos de chão, chegava ao mesmo tempo e, mãos à obra, a casa era lavada e cada um procurava dar de si o máximo, para suavizar os momentos de tanta aflição que viviam os nossos queridos irmãos. Tantas passagens nos vêm à memória. Muitas tristes, outras alegres, mas todas vividas e partilhadas por toda a equipe. Morre a mãezinha querida da Magdalena. Nascem Kiki e Alain de Maria Angélica e Guy, Giza de Norma e Hélcio. Ferraz é internado com violento enfarte e provoca espanto na casa de saúde porque a cada dia uma mulher diferente fica à sua cabeceira Magdalena precisava cuidar dos filhos pequenos e formamos um rodízio de plantão. Mais tarde, o exame vestibulàr dos filhos de cada casal. Quanta angústia, preocupação, oração e quanta alegria quando chegava a vitória. Tantas histórias ficaríamos contando, histórias de dores e felicidades, cujo maior valor foi a de que foram intensamente vividas por todos. Por trás desta vida comunitária, dentro de cada um, algo impulsionava, dava sentido ao que fazíamos. Estudávamos e procurávamos colocar em prática as lições aprendidas. Mas o mais importante não foi estudado nem conquistado. Aos poucos percebemos que havíamos sido chamados por Alguém que nos oferecia uma vida nova, Alguém que nos amava e que em troca só nos pedia amor. "Buscai o Reino de Deus e sua justiça e tudo mais vos será d.ado por acréscimo." Reino de D eus, Justiça, Amor. Trabalhar, lutar por este Reino que começa dentro do nosso lar, entre nós, o casal, nossos filhos, parentes, equipe e nossa comunidade em geral. Neste mundo desorientado em que vivemos e que busca nos bens materiais a satisfação de seus anseios, tudo isto não passa de utopia, loucura. . . Não raro, sentimos o espanto de quem nos ouve falar sobre como procuramos viver e quais são os nossos valores. A única resposta que temos está na nossa vida, no nosso lar, nos

-62-


filhos que temos, na coragem com que enfrentamos a luta, o sofrimento, nossas próprias limitações e no saber recomeçar depois de cada fracasso. E tudo isto graças à presença de Cristo entre nós, à vivência de nossa fé e à prática da oração. Assim como os apóstolos, nas Equipes pedimos: "Senhor, ensina-nos a orar". Nossa fé nos diz que Cristo está presente entre nós e o nosso Conselheiro Espiritual representa, de uma maneira viva e amiga, esta presença. De sua pessoa e de suas p alavras, aprendemos, através dos anos, a conhecer e a amar melhor a Cristo. A Equipe 1 se caracteriza por ter tido um grande número de Conselheiros Espirituais. De cada um guardamos a mais grata recordação e, hoje, se encontra conosco Frei Neylor, que esperamos nos acompanhe por muitos anos. Somos daqueles que defendem ardorosamente a idéia de que nenhuma equipe subsiste sem sacerdote. É como diz Tarquínio: "Equipe sem padre é o mesmo que Igreja sem sacrário". Em conclusão, podemos dizer que amamos nossa equipe, o nosso Movimento e o nosso Conselheiro Espiritual e, nesta vivência de amor, sabemos que estamos amando a Cristo. Com alegria, queremos continuar juntos a nossa caminhada, peregrinos que somos, em busca da casa do Pai. Por vezes fraquejamos, desanimados, mas sabemos que Cristo está presente no braço do irmão que nos ergue e nos ampara, dando-nos força para ir em frente. Hoje, na época de questionamento em que vivemos, os equipistas se questionam e também nossos Conselheiros Espirituais: "Ainda vale a pena pertencer ao Movimento?" Aí está a resposta de uma equipe, já vivida em número de anos, na fase considerada de envelhecimento e acomodação. Todos nós temos a tentação de medir o imensurável e de julgar em padrões humanos o que é dom gratuito de Deus. Ao dom, à graça de Deus, podemos responder com duas atitudes: abrir ou fechar o coração. Há quinze anos éramos tão poucos, em Petrópolis. Hoje, um grande número de casais entusiasmados tem a Cristo como sua meta e seu ideal. Nós só podemos proclamar:

"Louvado seja Deus que um dia chamou a todos nós! Nossa alma engrandece o Senhor porque nos fez grandes coisas. Aquele que é poderoso, santo é o seu nome!" SteUa e Tarquínio Equipe 1 de Petrópolis

-63-


TESTEMUNHO

UMA EXPERI~NCIA DE ASSEMBL~IA FAMILIAR

Sabemos que não é fácil o diálogo entre pais e seus filhos adolescentes. O desejo de autonomia, de liberdade por parte dos nossos jovens e, por vezes, a nossa incompreensão, podem levar a choques às vezes de certa intensidade. O relacionamento entre pais e filhos, ou entre os irmãos, no mundo de hoje, face a uma série de circunstâncias, podem, por sua vez, completar um quadro que poderá facilmente destruir o espírito de família. Sentíamos que estávamos atravessando certa dificuldade quanto a isso, e, de comum acordo com nossos filhos, resolvemos fazer, num sábado à noite, a experiência de viver uma "assembléia familiar". O roteiro da experiência que hoje transmitimos a vocês foi preparado de acordo com a "circular" que foi distribuída com antecedência aos participantes, e que foi a seguinte: "Assembléia familiar" Dia 22-9-1979 -

Local -

Sala de Jantar -

Hora 20,00.

Partindo do pressuposto que a família deve ser uma comunidade de vida e de amor, e que uma comunidade não se constrói, mas sim, se descobre, queremo:;; convidar a todos para descobrirmos juntos os caminhos que nos devem levar a sermos uma real comunidade. Assim, queremos que todos participem ativamente na nossa assembléia, para que, juntos possamos fortalecer o nosso espírito de família. A nossa reunião deverá ser de pessoas, não de números, pessoas que, porque se amam, devem ajudar-se no seu crescimento, em todos os planos (material, emocional, espiritual), dentro da nossa família. Para que a sua participação seja mais completa, pedimos que prepare a nossa assembléia. Traga suas anotações por escrito: suas colaborações, suas ponderações, suas críticas construtivas poderão assim ser mais facilmente lembradas na hora.

-64-


A título de colaboração, sugerimos debater alguns assuntos naquela ocasião: O nosso relacionamento entre pais e filhos, entre irmãos, como está? Em que ponto podemos melhorá-lo? Qual tem sido o maior entrave para ele? Que sugestões oferece para que esse relacionamento ajude a crescer o nosso espírito de familia? O que os pais devem melhorar em relação aos filhos? O que os filhos devem melhorar em relação aos pais? O que os irmãos devem melhorar em seu relacionamento? A vida de nas saídas, a em relação ao Natal, férias),

família em si: os horários das tarefas de cada um, os avisos colaboração nas atividades do lar, as atividades de cada um todo, o nosso plano de atividades para o final do ano (provas, problemas financeiros, etc.

O Cristo em nosso Lar. Como anda a nossa vida espiritual? Até que ponto temos colaborado para que Cristo seja o Senhor do nosso Lar?"

O assunto foi preparado, ninguém assumiu compromissos para aquela noite, e, durante quase duas horas, os debates se sucederam - por vezes bastante acirrados, - mas amplamente proveitosos! Foi uma experiência das mais válidas e que aconselhamos a todos. Dilma e Miguel Equipe n<.> 1 de Florianópolis

-- 65-


NOTíCIAS DOS SETORES

MANAUS -

IC? Congresso de Leigos

Idealizado e coordenado por um casal equipista, realizou-se de 17 a 20 de janeiro o J.O Congresso de Leigos da Amazônia. Promovido pela Arquidiocese de Manaus, reuniu 1.100 pessoas, das quais 280 vindas de outras cidades que compõem o Regional Norte I, vencendo distâncias enormes. Escrevem Neusa e Antonio: "Os participantes viveram momentos de profunda reflexão quanto ao papel do leigo na Igreja. Entre os temas abordados nos 12 seminários, foram abordados assuntos diretamente ligados à família e à juventude. A nota marcante durante esses três dias foi o caráter de seriedade emprestado aos trabalhos, permitindo conclusões que por certo beneficiarão esta Região. Diversos casais das Equipes engajados na Pastoral estiveram presentes na coordenação deste evento, que concentrou as atenções da Igreja Regional."

PETRóPOLIS -

Orientação familiar

Como passo inicial para a concretização de um apostolado destinado a assistir casais e pessoas necessitadas de convívio e conselho para solução de problemas, está sendo realizado um curso, com aulas duas vezes por semana, para preparar pessoas para o atendimento. Cerca de quarenta pessoas estão frequentando o curso, sob a orientação de Frei Hipólito. No curso, denominado "A relação de ajuda para leigos", estão sendo abordados temas como noções básicas de saúde mental, conceitos básicos de personalidade, filosofia de vida ou humanismo, conceitos básicos de ajuda. Toda a organização e orientação estão a cargo de um casal equipista. Gratos, Regina e Ruy, pela notícia, que estava mesmo sendo aguardada com grande interesse, e, por favor, mantenham-nos informados!

-66-


-

Rio do Ouro

O artigo está pronto, mas não coube nesta Carta, devido ao seu tamanho (da Carta, e também do artigo!). Tenham mais um pouco de paciência: sai no mês que vem. Para os que estão muito curiosos, contamos só uma coisinha: a igreja está quase pronta! As equipes 10 e 14 estão de parabéns, como aliás todas as demais, pela sua colaboração. O apostolado continua com palestras, cursos, etc. Se todo "vigário da roça" contasse com uma retaguarda como a do Frei Antonio, sem dúvida se consideraria muito feliz ... NITERói -

Equipistas em assembléia do clero

Na assembléia geral do clero da Arquidiocese, que reuniu durante 3 dias de 60 a 70 sacerdotes, estavam programadas "palestras-testemunhais" a cargo de leigos, que foram dadas por dois casais da Equipe 1, sobre "Angústias e esperanças da família de hoje" e "Diálogo, orçamento e planejamento familiar". Foram também chamados dois jovens para darem seus "testemunhos vivendais". Equipistas, cursilhistas e outros leigos disponíveis formaram a equipe de serviço, que se encarregou inclusive dos trabalhos da cozinha. -

10 anos de Equipe

A Equipe 1 completou dez anos de existência. O que equivale a dizer que o Movimento em Niterói também comemorou dez anos de vida. E ganhou um "presentão", na pessoa de Frei Orlando, transferido de Petrópolis para Niterói! O querido Frei concelebrou com o Pe. Olímpio a "missa do re-encontro", à qual compareceram cerca de 100 pessoas, e proferiu a homilia, com aquele seu jeito claro e objetivo, encantando a todos.

ARAÇATUBA -

Encontrinhos nas escolas

O casal Wilma e Alfredo Martinez está coordenando, com grande êxito, um trabalho muito interessante, os "Encontrinhos de Jovens" em escolas, baseados nas orientações do Pe. Queiroz, com algumas adaptações para a região. Durante o segundo semestre de 1979, organizaram três Encontrinhos em escolas estaduais, sendo sempre maior o número de participantes: assim, o de outubro reuniu 40 jovens, o de novembro, 57 e o de dezembro, 63, num total de 160 jovens. -67-


A aceitação por parte dos jovens e dos diretores das escolas foi tal que já estão programados para este ano mais 10 Encont rinhos, não só em Ara -çatuba, como também em Biriguí, Penápolis e Guararapes. Para a montagem e equipe de serviço, Wilma e Alfredo contam com o auxílio de dezenas de casais equipistas e j,o vens. O mais importante, talvez, é que os jovens continuam se reunindo após o Encontrinho, em grupos de reflexão, primeiro quinzenalmente, depois uma vez por mês. Já havia, no início do ano, 9 grupos, em ótimo funcionamento.

"Cumpre lembrar, escrevem Wilma e Alfredo, que alguns jovens, antes afastados da Igreja, desajustados na família e na sociedade, passaram por uma grande transformação: engajaram-se em movimentos religiosos, são bons filhos e melhoraram no rendimento escolar. São diversos os testemunhos de pais sobre a transformação de seus filhos . Ainda mais, alguns pais pediram vagas em Encontros de Casais, a pedido dos próprios filhos. Este é um tipo de apostolado que merece ser divulgado e organizado em todas as cidades." Concordamos plenamente, tanto é que pedimos maiores informações sobre o funcionamento do Encontrinho. Ei-las: O Encontrinho, que dura um dia inteiro, começa às 7h30 e termina às 18h30. Consta de seis palestras, dois grupos de estudo e painel final. Tem orações e cantos na abertura e no encerramento e, durante o dia, uma equipe de jovens, previamente ensaiados, animam o encontro com cantos e shows. Este o desenrolar: Após a abertura e oração inicial, palavras do coordenador e as duas primeiras palestras: "Filminho da vida" e "Ajustamento". Café e a palestra sobre "Sexo", seguindo-se grupo de estudos. Após o almoço, as outras três palestras: "Namoro", "O jovem na sociedade", "A família de Deus", seguidas de grupos e painel final. Oração final e encontro com os pais. Quanto aos grupos que se reunem após o Encontrinho, seguem um roteiro elaborado por Wilma e Alfredo. Cada grupo tem um responsável, que se reune mensalmente com eles, recebendo orientações para o desenrolar da reunião. Parabéns, Wilma e Alfredo, pelo belíssimo trabalho, e obrigado pela rapidez nas prestações das informações complementares!

-68-


-

"O Barco"

A notícia fora tirada do primeiro número do Boletim do Setor, que se intitula, "O Barco", inspirado em Mt. 4, 18-22, como explicam os redatores, que acrescentam: "O nosso barco é mcdesto, a nossa rede, pequena, mas procuraremos jogá-la com fé e o milagre dar-se-á. Não queremos grandes navios, porque depredam os mares; queremos uma barquinha pequena, rústica, pobre, mas guiada com firmeza e conhecimento da meta a atingir, assentados numa espiritualidade profunda, para conseguirmos o grande milagre: a pesca de muitas almas para o reino de Deus." O mesmo Boletim dá a composição do Setor: são 17 equipes em Araçatuba, 1 em Biriguí, 1 em Mirandópolis, 2 em José Bonifácio e uma em pilotagem, mais 2 em pilotagem em Penápolis.

BAURU -

Bispo fala sobre aborto

D. Cândido Padin, bispo diocesano de Bauru, a convite da Equipe 11, participara de sua reunião em fevereiro, fazendo uma palestra sobre o aborto. Presente à reunião, o Casal Responsável do Setor se empolgou com o conteúdo da palestra e convidou D. Padin para repeti-la, em outra ocasião, para todos os casais do Movimento, bem como membros de outros movimentos e congregações. D. Cândido, com a extraordinária boa vontade que lhe é peculiar, atendeu ao convite e proferiu a palestra no dia 14 de março, no Colégio São José. Estiveram presentes equipistas, cursilhistas, vicentinos, liguistas, religiosas, militantes de pastorais, professores e estudantes.

CAÇAPAVA- 29 grau

A Coordenação de Caçapava passou a 2.0 grau, numa missa celebrada, na Igreja Matriz, por Mons. Theodomiro Lobo. Após a homilia, !rene e Dionísio, Responsáveis Regionais, deram posse ao novo Casal Responsável, Celina e Nelson Miranda Barreto, que substituem Enny e Guaraci. Todos os equipistas compareceram à cerimônia, que foi seguida de um café com biscoitos na casa paroquial. A Coordenação conta com 7 equipes, cujos membros estão bastante integrados nos trabalhos das respectivas paróquias, principalmente na catequese paroquial e, em particular, no Curso de Noivos, que é da responsabilidade das Equipes. 69-


VOLTOU PARA O PAI Nair de Oliveira

Da Equipe 6 de Ju·iz de Fora. Casada com Walter. No dia 26 de janeiro, após dar à luz seu terceiro filho. "Sua morte súbita, com apenas 40 anos, a todos surpreendeu e comoveu, escrevem Olinda e Melquiades. D. Juvenal, nosso arcebispo, expressou a dívida de gratidão da Arquidiocese para com ela, por todas as obras de caridade de que participava, e conclamou a todos para que superassem a tristeza da separação, dizendo: 'Nair morreu para ressurgir junto a Cristo, na plenitude do amor que tão bem soube espalhar à sua volta'."

NOVAS EQUIPES Catanduva

Equipe 5 - Casal piloto: Elsa e Anton:o; Conselheiro Espiritual: Pe. José Valsânia. José Bonifácio

Equipe 3 - Casal Piloto: Josefina e Clarismino; Conselheiro Espiritual: Pe. Cesarino Prieta. Penápolis

Equipe 1 - Casal Piloto: Wilma e Alfredo; Conselheiro Espiritual: Pe. Cícero. Equipe 2 - Casal Piloto: Maria de Lourdes e Geraldo; Conselheiro Espiritual: Pe. Cícero. Petrópolis

Equipe 19 - Casal Piloto: Maria Anette e Elias; Conselheiro Espiritual: Frei Eduardo. Ribeirão Preto

Equipe 19 - Casal Piloto: Berenice e Orlando; Conselheiro Espiritual: Frei Toninho. Equipe 20 - Casal Piloto: Maria Silvia e José Aldo; Conselheiro Espiritual: Côn. Arnaldo. · · -70-


Rio de Janeiro

Equipe 61 - Casal Piloto: Penha e Viriato; Conselheiro Espiritual: Frei José Pereira. Equipe 62 - Casal Piloto: Célia e Ricardo; Conselheiro Espiritual: Frei José Pereira. Taubaté

Equipe "nova" 2 - Casal Piloto: Leonir e Carlos; Conselheiro Espiritual: Pe. Armindo Antonio Künz.

NOVOS RESPONSAVEIS Lins

Theresinha e Octacílio Franco são os novos responsáveis pela Coordenação, substituindo Iracema e Murtinho. Caçapava

Celina e Nelson Miranda Barreto substituem Enny e Guaraci à testa da Coordenação, que passou para o 2. 0 grau .

• ATENÇÃO PARA AS DATAS DOS EACRES:

28 e 29 de Junho -

5 e 6 de Julho 26 e 27 de Julho -

No Rio de Janeiro em Taubaté em Marilia em Porto Alegre Em Campinas

-71-


A HORA DE MARIA

Texto de Meditação

Enquanto peregrinamos, Maria será a mãe e a educadora da fé. Ela cuida que o Evangelho nos penetre intimamente, plasme nossa vida de cada dia e produza em nós frutos de santidade ... . . . A virgindade materna de Maria conjuga, no mistério da Igreja, essas duas realidades: toda de Cristo e, com Ele, toda servidora dos homens. Silêncio, contemplação e adoração que dão origem à mais generosa resposta à missão, à mais fecunda evangelização dos povos. Deus se fez carne por meio de Maria, começou a fazer parte de um povo, constituiu o centro da história. Ela é o ponto de união entre o céu e a terra ... . . . Esta é a hora de Maria, isto é, o tempo do Novo Pentecostes a que ela preside com sua oração, quando, sob o influxo do Espírito Santo, a Igreja inicia um novo caminho em seu peregrinar. Que Maria seja nesse caminho "estrela de evangelização sempre renovada" (EN 81).

(Puebla, n. 0 s 290, 294, 301, 303)

-

72 -


Oração

"0 Magnificat é o esr.elho da alma de Maria. Neste poema, a espiritualidade dos pobres de Javé e o profetismo da Antiga Aliança atingem o t:onto culminante . ~ o cântico que anuncia o novo Evangelho de Cristo . lt o prelúdio do SermáG da Montanha." (Puebla, n9 297)

O Senhor fe z em nv:nt mar<1v ilhas , Santo é seu nome!

A minh'alma engrandece o Senhor, Exulta meu espínto em Deus meu Salvador. Pôs os olhos na humildade de sua serva, Doravante toda a tnra cantará os meus louvores. O Senhor fez em mim maravilhas, Santo é seu nome. Seu amor para s:~ mpre se estende Sobre aqueles que o temem. Demonstrando o pcdEr de seu braço, Dispersa os soberbos. Abate os poderosos de seus t ronos E eleva os humildes. Sac:a de bens os famintos , Despede os ricos sem nada. Acolhe Israel, seu scrv:dc-r, Fiel a seu amor. E à promessa que fez aos nossos país, Em favor de Abraão e de seus f1lhos para sempre. Glória ao Pai, ao Filho, ao Santo Espírito, Desde agora e para scm~re e peles séculc·s. Amém! O Senhor fe z em mim maraviLhas, Santo é seu nome!


EQUIPES DE NOSSA SENHORA Movimento de casais por uma espiritualidade conjugal e familiar

Revisão , Publicação e Distribuição pela Secretaria das EQUIPES DE NOSSA SENHORA 01050 -

Rua João Adolfo, 118 - 99 - conj. 901 SAO PAULO, SP

Tel.: 34-8833


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.