ENS - Carta Mensal 1980-6 - Setembro

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1980

N'? 6 Setembro

Que o Espírito nos laça agir

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A ECIR conversa com vocês

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A bem-aventurança da pobreza

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O segredo de João Paulo !I . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 A opção pelos pobres e as E.N.S. . . . . . . . . . . . . 13 Um pouco da história do povo da Bíblia . . . . . . 17 As funções da família cristã no mundo atual . . 19 O EACRE em Porto Alegre O EACRE em Itaici

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Notícias dos Setores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32 Dêem-lhes vocês mesmos de comer . . . . . . . . . . . . 40


EDITORIAL

QL'E O ESPIRlTO

~OS

F.\(.'.\ AGIR

Recordávamos o mês passado a frase de São Paulo: "Se o Espírito é a nossa vida, que o Espírito nos faça também agir" (Gal. 3, 25). Fixamo-nos então sobre o primeiro período desta afirmação: é o Espírito que faz viver. Insistimos sobre a sua presença em nós, presença interior e permanente, presença oferecida de graça. Procuremos agora abordar o segundo período: .é o Espírito que nos faz agir. Convém, em primeiro lugar, reconhecer esse dinamismo do Espírito. Ele não nos é dado para ficar escondido no mais profundo de nós mesmos, como o talento enterrado, mas para impelir-nos para a frente e para cima. Os adjetivos que a tradição usa para identificá-lo - santificador, vivificador, consolador, iluminador, etc. - indicam claramente que o Espírito é essencialmente ativo. E, para caracterizar essa ação, empregamos palavras muito enérgicas. Com base no Novo Testamento, falamos do seu império, dizemos que nos move, nos impulsiona, nos ensina, nos conduz. Somos, pois convidados a deixar-nos dirigir pelo Espírito. Isso não é fácil, e compreende-se que Paulo multiplique as exortações nesse sentido. Efetivamente, para deixarmos Deus agir em nós, é preciso, antes de mais, renunciarmos à nossa própria suficiência, a esse desejo de autonomia que levou Lúcifer à queda e Adão ao pecado. Ora, essa tentação nos ameaça sempre: São Paulo recordou lucidamente (Rom. 7 e 8, Gal. 5) esse antagonismo que nos divide. Mas é preciso também que nos deixemos "sensibilizar" pelo Espírito. O que antigamente se chamava "docilidade" ao Espírito Santo permanece para nós fundamental. Entregar-se ao agir -1-


de Deus não é deixar de agir; é garantir à nossa ação a sua verdadeira correspondência aos desígnios de Deus, e portanto a sua verdadeira liberdade e a sua plena eficácia. Perguntaremos então: a que nos impele esse Espírito? Impele-nos a aceitar e fazer atuar tudo o que Deus oferece como "impulsos" para o nosso agir de homens e de cristãos. Faz-nos acolher o amor que Deus tem por nós, "porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo" (Rom. 5, 5), ajuda-nos a compreender que o amor de Deus se manifestou entre nós pelo envio de seu Filho único para que vivêssemos por ele (I Jo. 4, 9) . Como é que este amor não nos levaria a retribuí-lo? "Se foi assim que Deus nos amou, também nós devemos amar-nos uns aos outros" (I Jo. 4, 11). Embora demasiadamente rápidas, estas anotações permitem-nos tirar esta conclusão: fazendo-nos progredir na ordem do conhecimento e na ordem do amor, sem os quais se não poderia conceber um agir digno do homem, o Espírito conduz-nos para um agir cada vez mais cristão. Resta recordar, com São João (I Jo. 4), a prudência necessária. Não batizemos como moção ou impulso do Espírito Santo tudo o que se nos apresenta ao espírito. Julgaremos do valor de qualquer decisão pelos frutos que produzir ou permitir esperar. Roger Tando nnet, s.j .

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A ECIR CONVERSA COM V O C~S

Caros amigos, Ao encerrar-se a visita do Santo Padre ao Brasil, um homem público declarou: "Nunca mais este país será o mesmo". É o que todos esperamos. Esperamos pelo menos que os católicos deste país nunca mais sejam os mesmos. Esperamos que tenham ficado marcados para sempre pelas palavras, pelos apelos do seu Pai e Pastor. Que na sua vida tenha ocorrido um verdadeiro Pentecostes, uma transformação em profundidade. Que as lições C:e simplicidade e humanidade, de fé e de esperança, de força e de coragem tenham sido absorvidas e se estejam tornando vida fecunda. Durante aqueles dias abençoados da permanência de João Paulo II entre nós, ninguém conseguiu desligar-se física ou espiritualmente daquela presença fascinante e arrebatadora. O que se viu foi um país inteiro tornado "um só comção e uma só alma" por causa daquele que vinha " em nome do Senhor". Fez-se ouvir pelos mais simples e pelos importantes, pelos crentes e pelos descrentes, e para todos teve uma mensagem, uma bênção, um sorriso, um gesto de carinho. Porque irradiava tanta fé e tanto amor, sua voz firme , seu rosto sereno a ninguém deixaram indiferente. Afirmou que Deus nc.s ama, mostrando, pela própria maneira de ser, como Ele ama, esquecendo-se de si próprio e doando-se ... Convidou à solidariedade e à partilha, dando ele mesmo o exemplo, acolhendo a todos, dividindo com todos o que ele é e o que ele tem. Sendo pura transparência do amor de Deus, perfeita encarnação das palavras do apóstolo "Não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim", deixou entrever aos mais céticos a própria pessoa de Jesus Cristo. Despertou em muitos uma sede latente de Deus e trouxe de volta, como o Bom Pastor, muitas ovelhas desgarradas. Teria dito um sacerdote: "Ele fez mais em doze dias pela evangelização desta terra de que todos nós em 500 anos .. . " E agora que ele se foi , voltaria tudo ao que era antes? Aos cristãos compete prolongar essa presença transformadora, aplicando as lições recebidas, sendo mensageiros de amor, de paz e

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de esperança , arautos de uma fé que se prova não com palavras mas com atos. Dentre todos os pronunciamentos do Santo Padre, há um que se destaca, mais ainda por estar na linha da orientação sobre a qual o Movimento insistiu durante estes últimos anos: o desapego das coisas materiais, a partilha fraterna. Quem de nós não terá sent~do como dirigido a ele pessoalmente os apelos do Papa? Quem de nós não se terá questionado e não terá refletido: o que vou eu fazer, o que vamos nós fazer, como casal, como família , para responder concretamente ao veemente apelo para que nasça essa sociedade fraterna que o nosso Papa com tanta insistência pediu que todos se dedicassem sem mais demora a construir? Os casais que porventura ainda não o fizeram façam um sério exame de consciência, um profundo dever de sentar-se, à luz do Espírito. Cada equipe reflita em conjunto, meditando atentamente as palavras do Santo Padre, principalmente as que vêm publicadas logo a seguir sob o título "A bem-a.venturança da pobreza", e procurando chegar a conclusões práticas aplicadas à vida concreta de cada um. As Equipes de Setor, por sua vez, poderiam pensar em como motivar e incentivar uma linha de ação que, baseada na oração e na meditação da Palavra, na vida sacramental, leve todos a abrirem efetivamente não só os corações mas também as mãos, arrastando consigo parentes, amigos, colegas, vizinhos, iniciando essa grande corrente de solidariedade que todos fomos chamados a formar. Sem esquecer o pronunciamento do Papa que colocou a Família como primeira prioridade dentro da Pastoral, não podemos ignorar que fez , em nome da "Ig1·eja que quer ser dos pobres" , apelos urgentes e intransferíveis. Não é um caminho que estamos livres de escolher ou recusar, este da partilha fraterna: é o caminho que o próprio Cristo, através de sua Igreja, pela palavra do seu chefe supremo, nos aponta, aqui e agora. A Igreja conta conosco - assim disse o Papa em Salvador a todos os que detêm uma parcela de responsabilidade na construção da sociedade - para que surja um "mundo novo". Façamos, cada um de nós, com nossas humildes possibilidades, aquilo que estiver ao nosso alcance. Com a força do Evangelho, com a luz do Espírito, será muito mais do que podemos imaginar. João Paulo II nos deu o exemplo. Exatamente como o Mestre, que não veio "para ser servido, mas para servir". Que Maria nos guie, Ela que "é fonte de vida c1"istã p1·ofunda , fonte de compronússo com Deus e com os i1·mãos" . A ECIR

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A PALAVRA DO PAPA NO BRASIL

A BEM-AVENTURANÇA DA POBREZA

Quando Jesus subiu ao monte e começou a proclamar às multidões que o circundavam o seu ensinamento que costumamos chamar de Sermão da Montanha, brotaram de seus lábios antes de tudo as bem-aventuranças. Oito bem-aventuranças, a primeira das quais declara: "Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus". Existe uma só montanha na Galiléia sobre a qual Jesus pronunciou as suas bem-aventuranças. Contudo, são tantos os lugares de toda a terra onde estas mesmas afirmações são anunciadas e escutadas. E são tantos os corações que não cessam de refletir sobre o significado daquelas palavras pronunciadas de uma vez por todas. Não cessam de meditá-las. E seu único desejo é, com todo o coração, pô-las em prática. Buscam viver a verdade das oito bem-aventuranças. Certamente existem em terras brasileiras muitos lugares assim. E também aqui existem muitíssimos desses corações. Quando pensei de que maneira deveria apresentar-me diante dos habitantes desta terra que visito pela primeira vez, senti o dever de apresentar-me antes de tudo com o ensinamento das oito bem-aventuranças. E veio-me o desejo de falar destas coisas a vocês, moradores do Vidigal. Através de vocês gostaria de falar também a todos os que no Brasil vivem em condições parecidas com as de vocês. Bem-aventurados os pobres em espírito! Entre vocês são muitos os pobres. E a Igreja em terra brasileira quer ser a Igreja dos pobres. Ela deseja que neste grande país se realize esta primeira bem-aventurança do Sermão da Montanha.

o Os pobres em espírito são aqueles que são mais abertos a Deus e às "maravilhas de Deus". Pobres porque prontos a acei-

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tar sempre aquele dom do alto, que provém do próprio Deus. Pobres em espírito - aqueles que vivem na consciência de ter recebido tudo das mãos de Deus como um dom gratuito e que dão valor a cada bem recebido. Constantemente agradecidos, repetem sem cessar: "Tudo é graça"! "Demos graças ao Senhor nosso Deus". Deles Jesus diz, ao mesmo tempo, que são "puros de coração", "mansos"; são eles os que "têm fome e sede de justiça"; os que são freqüentemente "afligidos"; os que são "operadores de paz" e "perseguidos por causa da justiça". São eles, enfim, os "misericordiosos". De fato, os pobres, os pobres em espírito são mais misericordiosos. Os corações abertos para Deus são, por isso mesmo, mais abertos para os homens. Estão prontos para ajudar prestativamente, prontos a partilhar o que têm. Prontos a acolher em casa uma viúva ou um órfão abandonados. Encontram sempre ainda um lugar a mais no meio das estreitezas em que vivem. E assim mesmo encontram sempre um bocado de alimento, um pedaço de pão em sua pobre mesa. Pobres, mas generosos. Pobres, mas magnânimos. Sei que existem muitos destes aqui entre vocês a quem agora falo, mas também em diversos lugares do Brasil.

o As palavras de Cristo sobre os pobres em espírito fazem, porventura, esquecer as injustiças? Permitem elas que deixemos sem solução os diversos problemas que se levantam no conjunto do assim chamado problema social? Estes problemas que permanecem na História da humanidade assumem aspectos diversos nas diversas épocas da História e têm sua intensidade de acordo com a dimensão de cada sociedade em particular, assumindo ao mesmo tempo a proporção de inteiros Continentes e, enfim, de todo o Mundo. É natural que estes problemas assumam também uma dimensão própria nesta terra, uma dimensão brasileira. As palavras de Cristo declarando felizes "os pobres em espírito" não visam suprimir todos estes problemas. Ao contrârio: elas os colocam em evidência, focalizando-os neste ponto mais essencial que é o Homem, que é o coração humano, que é cada homem sem exceção. O homem diante de Deus e, ao mesmo tempo, diante dos outros homens. Pobre em espírito não significa exatamente "o homem aberto aos outros", isto é, a Deus e ao próximo? Não é verdade que esta bem-aventurança dos "pobres em espírito" contém ao mesmo tempo uma advertência e uma acusa-

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ção? Não é certo que ela diz aos que não são "pobres em espírito" que eles se encontram fora do Reino de Deus, que o Reino de Deus não é e não será participado por eles? Pensando em tais homens que são "ricos", fechados a Deus e aos homens, sem misericórdia, não dirá Cristo em outra passagem: "Ai de vós"? "Ai de vós" - esta palavra soa severa e ameaçadoramente, sobretudo na boca deste Cristo que costumava falar com bondade e mansidão e costumava repetir: "Bem-aventurados". E contudo dirá também: "Ai de vós".

o A Igreja em todo o mundo quer ser a Igreja dos pobres. A Igreja em terras brasileiras quer também ser a Igreja dos pobres - isto é, quer extrair toda a verdade contida nas bem-aventuranças de Cristo e sobretudo nesta primeira - "bem-aventurados os pobres em espírito . .. " Quer ensinar esta verdade e quer pô-la em prática, assim como Jesus veio fazer e ensinar. A Igreja deseja, pois, extrair do ensinamento das oito bem-aventuranças tudo aquilo que nelas se refere a cada homem: àquele que é pobre, que vive na miséria, àquele que vive em abundância e bem-estar e, enfim, àquele que possui excessivamente e que tem de sobra. A mesma verdade da primeira bem-aventurança refere-se a cada um de modo diverso. Aos pobres - aqueles que vivem na miséria - ela diz que são particularmente próximos de Deus e de seu Reino. Mas, ao mesmo tempo, diz que não lhes é permitido - como não é permitido a ninguém - reduzirem-se arbitrariamente à miséria a si próprios e às suas famílias: é necessário fazer tudo aquilo que é lícito para assegurar a si e aos seus tudo aquilo que é necessário à vida e à manutenção. Na pobreza, é necessário con,. servar sobretudo a dignidade humana, e também aquela magnanimidade, aquela abertura do coração para com os outros, a disponibilidade pela qual se distinguem exatamente os pobres os pobres em espírito. Aqueles que vivem na abundância ou mesmo em um relativo bem-estar, para o qual têm o necessário (ainda que talvez não lhes sobre grande coisa), a Igreja que quer ser a Igreja dos pobres diz: "Usufrui os frutos do vosso trabalho e de uma lícita industriosidade, mas em nome das palavras de Cristo, em nome da fraternidade humana e da solidariedade social, não vos fecheis em

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vós mesmos! Pensai nos mais pobres! Pensai naqueles que não têm o suficiente, que vivem na miséria crônica, que sofrem fome! E partilhai com eles! Partilhai de modo programático e sistemát ico. A abundância material não vos prive dos frutos espirituais do Sermão da Montanha, não vos separe das bem-aventuranças dos pobres em espírito. E a Igreja dos pobr es diz o mesmo, com maior for ça, àqueles que têm de sobra, que vivem na abundância, que vivem no luxo. Diz-lhes: "Olhai um pouco ao redor! Não vos dói o coração? Não sentis remorso na consciência por causa da vossa riqueza e abundância? Se não - se quereis somente "ter" sempre mais, se os vossos ídolos são o lucro e o prazer - recordai que o valor do homem não é medido segundo aquilo que ele "tem", mas segundo aquilo que ele "é". Portanto, aquele que acumulou muito e acha oque tudo se resume nisto, lembre-se de que pode valer (no seu íntimo e aos olhos de Deus) muito menos do que alguns daqueles pobres e desconhecidos - que talvez possa "ser muito menos homem" do que eles. A medida das riquezas, do dinheiro e do luxo não é equivalente à medida da verdadeira dignidade do homem. Portanto, aqueles que têm em superabundância evitem o fechar-se em si mesmos, o apego à própria riqueza, a cegueira espiritual. Evitem tudo isto com todas as forças. Não cesse de acompanhá-los toda a verdade do Evangelho e sobretudo a verdade contida nestas palavras: "Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus". Que esta verdade os inquiete! Seja para eles uma admoestação contínua e um desafio. Não lhes permita nem ao menos por um minuto tornarem-se cegos pelo egoísmo e pela satisfação dos próprios desejos. Se tens muito, se tens tanto, recorda-te que deves dar muito, que há tanto que dar. E deves pensar como dar - como organizar toda a vida sócio-econômica e cada um dos seus setores, a fim de que esta vida tenda à igualdade entre os homens e não a um abismo entre eles. Se conheces muito e estás colocado no alto da hierarquia social, não te deves esquecer, nem sequer por um segundo, de que, quanto mais alto alguém está, mais deve servir! Servir aos outros. De outra forma, encontrar-te-ás em perigo de afastar a ti e tua vida do campo das bem-aventuranças e em particular da primeira delas: "Bem-aventurados os pobres em espírito".

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São "pobres em espírito" também os "ricos" que, à medida da própria riqueza, não cessam de "dar-se a si mesmos" e de "servir aos outros".

o Assim, pois, a Igreja dos pobres fala primeiro e acima de tudo ao Homem. A cada homem e por isto a todos os homens. É a Igreja Universal. A Igreja do Mistério da Encarnação. Não é a Igreja de uma classe ou de uma só casta. E fala em nome da própria verdade. Esta verdade é realista. Tenhamos em conta cada realidade humana, cada injustiça, cada tensão, cada luta. A Igreja dos pobres não quer servir àquilo que causa as tensões e faz explodir a luta entre os homens. A única luta, a única batalha a que a Igreja quer servir é a nobre luta pela verdade e pela justiça e a batalha pelo bem verdadeiro, a batalha na qual a Igreja é solidária com cada homem. Nesta estrada, a Igreja luta com a "espada da palavra", não poupando os encorajamentos, mas também as admoestações, às vezes muito severas (tal como Cristo o fez). Muitas vezes até ameaçando e demonstrando as conseqüências da falsidade e do mal. Nesta sua luta evangélica, a Igreja dos pobres não quer servir a fins imediatos políticos, às lutas pelo poder, e ao mesmo tempo procura com grande diligência que suas palavras e ações não sejam usadas para tal fim, que sejam "instrumentalizadas". A Igreja dos pobres fala, pois, ao Homem, a cada homem e a todos. Ao mesmo tempo fala às sociedades, às sociedades na sua globalidade e às diversas camadas sociais, aos grupos e profissões diversas. Fala igualmente aos sistemas e às estruturas sociais, sócio-econômicas e sócio-políticas. Fala a língua do Evangelho, explicando-o também à luz do progresso da ciência humana, mas sem introduzir elementos estranhos, heterodoxos, contrários ao seu espírito. Fala a todos em nome de Cristo e fala também em nome do homem (particularmente aqueles aos quais o nome de Cristo não diz tudo, não exprime toda a verdade sobre o homem que este nome contém).

A Igreja dos pobres fala, pois, assim: fazei tudo, vós, particularmente os que têm poder de decisão, vós dos quais depende a situação do mundo, fazei tudo para que a vida de cada homem, na vossa terra, se torne "mais humana", mais digna do homem! Fazei tudo a fim de que desapareça, ao menos gradativamente, aquele abismo que separa os "excessivamente ricos", pouco numerosos, das grandes multidões dos pobres, daqueles que vivem na miséria. Fazei tudo para que este abismo não aumente mas

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diminua, para que se tenda à igualdade social, a fim de que a distribuição injusta dos bens ceda o lugar a uma distribuição mais justa. Fazei-o por consideração a cada homem, que é o vosso próximo e vosso concidadão. Fazei-o por consideração ao bem com~ de todos. E fazei-o por consideração a vós mesmos. Só tem razão de ser a sociedade socialmente justa, que se esforça por ser sempre mais justa. Somente tal sociedade tem diante de si o futuro. A sociedade que não é socialmente justa e não ambiciona tornar-se tal põe em perigo o seu futuro. Pensai, pois, no passado e olhai para o dia de hoje, e projetai o futuro melhor ·d a vossa inteira sociedade! Tudo isto, irmãos, se inclui no que disse Cristo no Sermão da Montanha, no conteúdo desta única frase: "Bem-aventurados os pobres em espírito porque deles é o Reino dos Céus".

(Aos moradores da Favela do Vidigal, Rio de Janeiro, 2-7-8())

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O SEGREDO DE JOÃO PAULO II

(Especial para a Carta Mensal)

Por ocasmo da visita do Papa a Porto Alegre, tive a especial de ser convidado pelo Sr. Cardeal para atender à tiva e ao Santo Padre, na Cúria Metropolitana, durante horas em que conviveram conosco. Com isto pude ver o de perto, na intimidade.

graça comias 20 Papa

Qual o segredo deste homem que polariza e faz vibrar as massas, conquista os indiferentes e desarma os adversários? É verdade que tem recursos humanos enormes, mas apresenta pouco de excepcional; não faz gestos incomuns; não possui uma voz nem sorriso extraordinários, nem expõe teorias novíssimas ... Então, qual o seu segredo? É um homem de oração! É alguém que vive em união com Deus. Eu vi como e quanto reza este nosso querido Papa. No dia da sua chegada (4-7-80), sexta-.feira de noite, depois de atender a todos os compromissos, e sábado de manhã, antes de partir para a missa na Rótula, passou longas horas na capelinha do Arcebispado, ajoelhado num genuflexório diante do tabernáculo, cabeça entre as mãos fechadas, imóvel como estátua branca, todo absorto em Deus. Então eu me lembrei de Jesus: "De manhã, tendo-se levantado muito antes do raiar do dia, ele saiu e foi para um lugar deserto e ali se pôs em oração" (Me. 1, 35): "E passou a noite inteira em oração a Deus" (Lc. 6, 12). Pensei, então: aqui está a explicação do que consegue! Ele, qual outro Moisés, "ao descer do monte, não sabia que o seu rosto ficara resplandecente em virtude da convivência com Deus" (Ex. 34, 29) . Ele se abastece, se enche de Deus e, quando volta ao meio do povo, ele O irradia, O distribui pela sua apresentação e presença; ele comunica Deus pelos seus gestos, atitudes, sorri-11-


sos, abraços e beijos; transmite Deus pelas suas mensagens e palavras. Enquanto ele permanece diante do sacrário em longos colóquios com o Senhor, se assemelha ao ferro introduzido no fogo: quando é retirado, traz consigo as propriedades do próprio fogo: queima, aquece, brilha, incendeia. Assim acontece com João Paulo II que, como afirmam seus colaboradores imediatos, consagra umas cinco horas por dia à oração. E pensar que muitos não acreditam no poder, na força da oração, mas apenas crêem no deus do dinheiro e na deusa da técnica ... Aqui me parece estar a única explicação do inexplicável êxito do nosso Papa. Ele faz jus ao seu lema: "Totus tuus", todo teu, todo de Deus, totalmente entregue a Deus. Ele é, de fato, 0 "João de Deus", como o chamou o povo brasileiro. Ao admirarmos a sua resistência física, não vamos buscar explicações em teorias orientais de "relax", como se afirmou, mas sim na sua excelente saúde, na ginástica que pratica diariamente para conservá-la, e, principalmente, naquilo que fazia São Paulo afirmar: "Tudo posso nAquele que me dá forças" (Fil. 4, 13). Este Papa é um profeta. Um profeta da envergadura dos grandes profetas enviados por Javé no Antigo Testamento ("Vai e estarei contigo, não temas"). Um profeta que, no findar deste século, Deus mandou ao seu povo, povo que, também hoje, adora o bezerro de ouro, o sexo, o prazer, o egoísmo e todas as divindades pagãs. Se não o imitarmos e, principalmente, se não fizermos o que nos aconselha, haveremos de nos arrepender muito, porque Deus está nos falando por João Paulo II.

Pe. Antonio D. Lorenzatto Conselheiro Espiritual do Setor C de Porto Alegre

Que as vossas portas, que se abriram para mim com amor e confiança, permaneçam largamente abertas para Jesus Cristo. Será. minha alegria plena. JOAO PAULO 11

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PUEBLA

A OPÇÃO PELOS POBRES E AS E.N.S.

(Do painel "As Equipes de Nos.s-a senhora e Puebla", em Aparecida, em maio) .

Todos nós somos pobres. Para o cristão, o termo "pobreza" não é somente expressão de privação e marginalização de que nos precisemos libertar. Designa, também, um modelo de vida que já desponta no Antigo Testamento na pessoa dos apobres de Javé" e é vivido e proclamado por Jesus como bem-aventurança. S. Paulo resumiu este ensinamento dizendo que a atitude do cristão deve ser de usar os bens deste mundo (cujas estruturas são trans:tórias) sem absolutizá-los, pois são apenas meios para chegar ao Reino. Este modelo de vida pobre é exigido, pelo Evangelho, de todos os que crêem em Cristo e por isso mesmo podemos chamá-la "pobreza evangélica" (Puebla, n. 1.148). "A pobreza evangélica põe-se em prática também pela comunicação e participação dos bens espirituais e materiais; não por imposição, mas por amor, para que a abundância de uns remedeie a necessidade dos outros" (n. 1.150).

Jesus não fez distinção entre os homens. Não excluiu nenhum deles, mas teve uma opção clara pelos pequeninos e em toda parte fez a denúncia da injustiça para que o homem fosse verdadeiramente humano. Tal opção não foi uma novidade porque, já no Antigo Testamento, Deus fala, através dos profetas, em defesa dos pobres (Jeremias, Isaías e, principalmente, Amós). Mas, com a vinda do Cristo, esta preferência ficou mais definida, porque Deus, "Ao fundar sua família, a Igreja, tinha pre-13-


sente a humanidade pobre a necessitada. Para remi-las, enviou precisamente o seu Filho, que nasceu pobre e viveu entre os pobres para nos tornar ricos com a sua pobreza" (n. 1.143). Lembremo-nos da surpresa dos homens que indagavam, ao saber da atuação de Jesus: "Mas não é ele o filho do carpinteiro?" e das companhias que tinha: pescadores, doentes, aleijados, prostitutas, enfim, gente marginalizada e perseguida. Recordemos a sua paixão e morte, "na qual chegou à expressão máxima àa pobreza" (n. 1.141). A preferência de Deus, de Jesus, da Igreja, pelos pobres não é, portanto, descoberta de Puebla. Puebla veio nos relembrar como devemos viver isto.

o Antes de Puebla, entretanto, as Equipes de Nossa Senhora Ja haviam despertado para essa necessidade de ter em seu seio casais de nível econômico e cultural mais baixo, de procurá-los para integrar a nossa comunidade, que deve abramger a todos. Vocês, por certo, estão atentos para as três linhas seguidas pelo nosso Movimento nos últimos anos: A primeira traz a ordem do Senhor: "Ide e pregai a todos o Evangelho". A segunda fala do desapego nho . .. " - e nos convida a ir ao verem, dando-lhes não aquilo que dar, e prontos a aprender com os pojamento.

- "Não leveis nada no camiencontro dos irmãos onde estinos sobra, mas o que nos custa mais humildes a graça do des-

A terceira, que é a deste ano, nos afirma que "O Espírito do Senhor falará em nós" e é através dela que o Movimento responderá a uns poucos tímidos que poderão imaginar que, com sua estrutura, as Equipes de Nossa Senhora não poderão alcançar os mais pobres. Basta lembrar as dúvidas que surgiram quanto ao sucesso das Equipes quando de sua chegada ao Brasil, por sua origem européia - e hoje somos o segundo país no mundo em número de equipes! Basta ainda rememorar o trecho da carta do Padre Caffarel, após a visita ao Brasil, em 1957, em que ele diz: "Desejo ver equipistas nos lugares mais humildes e nos postos mais elevados". Em conseqüência, usando da nossa liberdade, como bons cristãos, saibamos enfrentar riscos, vivendo sempre a esperança do presente, com os olhos voltados para o futuro, porque, fazendo o pouco que é a nossa parte, o Senhor nos dirá como agir.

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Não podemos negar que as Equipes de Nossa Senhora, como muitos outros movimentos da Igreja, surgiram num meio social médio-alto. Uma das evidências disto pode ser verificada pela previsão de um período de "férias", nos meses correspondentes aos das férias escolares, como se a todos fosse dado gozá-las fora da cidade, a existência de uma refeição (normalmente um jantar) como parte de nossas reuniões, e uma resposta escrita a perguntas baseadas nos temas de estudo. Continua válida a existência das Equipes nesse meio, mas foi-se sentindo, com o passar do tempo, a necessidade de atingirmos a muitos outros nossos irmãos, com quem deveriam ser repartidos os tesouros dessa forma de viver uma espiritualidade conjugal e familiar. Assim é que surgiram equipes de casais mais pobres no Paraná, no Rio Grande do Sul, no Rio de Janeiro e, mais recentemente, em Juiz de Fora e em São Gonçalo, próximo a Niterói.

o Participando dessa caminhada para os subúrbios do Rio, queremos ser testemunhas da riqueza desses nossos companheiros, da maravilha do seu exemplo de amor, disponibilidade e vivência do auxílio mútuo, que é preciso conhecer e compartilhar. Estamos apenas começando, são quatro anos e meio, em que sempre contamos com o incentivo e o apoio da ECIR, que nos reconheceu como um Setor, no EACRE de julho do ano passado, com muito bons resultados e promessas de grandes alegrias para o Movimento e a Igreja. Ainda longe de alcançarmos os efetivamente mais pobres, funcionamos, - como todas as equipes do mundo - com uma reunião mensal, a assistência de um conselheiro espiritual, a parte de oração na reunião (texto de meditação, intenções e oração litúrgica), a co-participação e o debate de um tema previamente escolhido. Esses temas, naturalmente, têm que vir em linguagem simples, mas os nossos casais são tão bons que enfrentam material de nível elevado, como o das novas cartas "Reunidos em Nome de Cristo", embora o conteúdo de cada uma delas esteja sendo distribuído em duas ou três reuniões. Temos resolvido o que constitui problemas para muitas equipes, a demora na parte da reunião relativa ao jantar, fazendo um pequeno lanche, oportunidade de confraternização e de co-participação dos assuntos mais leves. O que há de novo, nisto tudo, é que não sendo o nosso Movimento de nível paroquial, em face das dificuldades por falta

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de condução, formam-se as Equipes com casais que moram bem próximos uns aos outros, frequentam a mesma paróquia e, com r1aturalidade, participam da vida daquela igreja, fazem parte de sua equipe econômica, de catequese, de batismo e, por sua responsabilidade, são freqüentemente convidados para Ministros da Eucaristia. Sabedores das necessidades espirituais e materiais de seus companheiros, os casais praticam em larga escala o auxílio mútuo, participam de círculos bíblicos com outros paroquianos, formam grupos por ocasião da Campanha da Fraternidade e para rezar a Novena de Natal. As lideranças vão surgindo, são evidentes, e já temos dois equipistas pilotando equipes novas. O entrosamento com os casais das Equipes dos outros Setores tem sido muito bom, todos participando em igualdade de condições de dias de estudo, retiros e reuniões inter-equipes, que em alguns lugares são chamadas "equipes mistas". Estamos muito felizes porque as Equipes de Nossa Senhora caminharam para os mais pobres e, se estes nos perguntassem a razão disso, diríamos: porque amamos vocês, porque somos exatamente iguais a vocês, porque necessitamos de vocês, menos de ajudá-los do que de reencontrar em vocês a simplicidade perdida, a humildade, a esperança de, servindo-nos uns aos outros, nos confundirmos, não mais sabendo quem auxilia a quem, e estarmos indo ao encontro do nosso Pai.

Therezinha e Thiago

• Aqueles de entre vós que pudestes conquistar oo que dispondes de posses materiais, de conforto e noutro setor ocupais pootoo de decisão, não pooso vt m do coração: assumir plenamente, sem reserva d:l voss os irmãos que se debatem na pobreza .

bens f'.Spirituals do saber, bem-estar, que num ou silenciar um pedido que e sem retorno, a causa

JOAO PAULO II

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UM POUCO DA HISTóRIA DO POVO DA BTBLIA

O mês da Bíblia tem despertado em muitos o interesse pela leitura do Antigo Testamento - leitura essa nem sempre fácil. Acreditando que algumas noções históricas possam ajudar, uma equipista, professora de história, preparou um trabalho especialmente para a Carta Mensal, trabalho este que publicaremos em vários capítulos.

Editada em mais de 1.000 línguas e tendo mais de um bilhão de exemplares vendidos, a Bíblia nunca foi tão estudada quanto nos últimos cem anos. A Bíblia é uma coleção de 72 obras. As 45 admitidas no cânon judeu, chamamos "Antigo Testamento"; às 27 que contêm a doutrina de Cristo, chamamos "Novo Testamento". Os livros da Bíblia são considerados sagrados pela Igreja, não só porque relatam as inspirações e o-s chamados de Deus, mas porque têm ao próprio Deus como autor; Santo Tomás de Aquino mostra como foram todos inspirados pelo Espírito Santo. A arqueologia, por sua vez, a cada dia com novas descobertas, tem provado que as referências históricas da Bíblia são fidedignas, o que vem confirmar a honestidade dos autores. Não é indiferente que a história seja verdadeira, pelo contrário, é da maior importância que os grandes acontecimentos através dos quais Deus se revelou sejam verdadeiros e não fruto da imaginação dos homens. Diversc·s foram os autores dos livros da Bíblia, por isso suas obras variam em conteúdo e estilo. Algumas são de fácil leitura, outras precisam de orientação para serem entendidas. Umas não vão além de duas páginas, outras chegam a trezentas nas nossas edições. Nelas encontramos prosa ou poesia, e algumas são de rara beleza do ponto de vista literário. -17-


A Bíblia é um tesouro abundante, variado e inalterável, de onde a Igreja em todas as épocas tem extraído o conteúdo de seus próprios livros: o breviário, o missal, o ritual. Estudamos e meditamos a Bíblia para descobrir a mensagem que 'Deus tem para nós nos dias de hoje, mas, para compreendê·la, é necessário conhecermos alguma coisa da história do povo e da terra de Israel, pois a religião, na Bíblia, está sempre ligada à vida. Embora não seja um livro de história - não foi escrito para relatar a história do povo de Israel, mas para manifestar a ação de Deus que se desenrolou através da sua história - o Antigo Testamento é também a história desse povo. A história de um povo que caminhava guiado por Deus. O povo hebreu

A Bíblia abre-se com o Gênesis, que quer dizer: origens, começo. Os primeiros 11 capítulos descrevem a origem do mundo, a criação do homem. Contam-nos como o mal e a morte entraram no mundo. E, a partir de 12.0 capítulo, com a vocação de Abraão, tem início a longa história do Povo Escolhido. A história do povo hebreu é muito diferente da dos outros povos da antiguidade. Embora jamais tivesse alcançado projeção política, nem legado brilhantes realizações nas ciências ou nas artes, destacou-se historicamente porque foi o primeiro povo a acreditar num único Deus. E, através dessa fé, esse povo chegou a uma sensibilidade religiosa bem diferente dos outros povos. A história dos hebreus precisa ser considerada não por métodos tradicionais - povo de raça tal, vivendo em tal lugar, em tal época - mas pelo código moral que ele legou e, principalmente, pelo que nos revela da lenta evolução de um povo que Deus conduz, através de vicissitudes as mais variadas, para sua grande missão de preparar a obra redentora do Cristo. Para melhor entendermos a mensagem de Deus através do povo escolhido, po-demos divid ir a sua história em quatro períodos: época patriarcal; época mosaica; época dos reis; época após 11 exílio. (continua>

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AS FUNÇõES DA FAMlLIA CRISTÃ NO MUNDO ATUAL

Acompanhamos pela oração os trabalhos do Sínodo, preparando-nos para acolher com gratidão e generosidade suas recomendações sobre assunto que nos toca tão de perto. Grande é a expectativa, tanto mais quanto vários dentre nós contribuiram, a pedido da C.N.B.B . , com reflexões sobre o Documento preparatório. Aqui vão alguns extratos de alguns dos trabalhos que foram recebidos naquela ocasião.

A coisa mais prox1ma de Deus na terra é família cristã, em que marido e mulher, pais e filhos vivam juntos em amor e paz. Em outras palavras, podemos dizer que, sempre que houver submissão de um homem e de uma mulher à vontade de Deus, o casamento será uma aventura bela e emocionante. Para que a família viva em clima de paz, de amor e de oração, é imprescindível a presença de Deus, que unifica e agrega. Sem Deus, o ingrediente unificador, o casamento será incompleto. Com Deus, a Família poderá exercer a sua função importante na sociedade de hoje. Poderá ser o "sinal" de Deus na sociedade. Importante, pois, é evangelizar a Família, não só em favor da própria instituição familiar, como principalmente para todos os segmentos da sociedade na qual estamos inseridos. A Família é a única entidade que poderá preservar os verdadeiros valores éticos e morais da personalidade humana. A evangelização terá que ter por meta atingir a Família, esteja onde estiver, sendo fundamental a preparação de leigos para auxiliar neste grande desafio. Percebe-se uma grande preocupação pelas famílias pobres, desamparadas, sofredoras, esmagadas pelo sistema econômico dos dias atuais. Nada mais justo e cristão. É nossa "sub-sociedade". E a nossa "super-sociedade", onde grassa o vício, o amor livre, o desamor, o império da força , o apego ao materialismo, o desrespeito entre pais e filhos? Como transformar essa sociedade corrompida em células vivas da presença de Cristo, como torná-la Igreja? É preciso, com a inspiração do Espírito Santo, ser desenvolvida uma linha pastoral específica. O primeiro passo talvez -19-


esteja na reformulação dos cursos de preparação para o matrimônio. A família evangelizada poderá tornar-se agente de evangelização. A família não Eode viver exclusivamente para si, mas d eve abrir-se para o mlJ~O exterior. É preciso, pois, que tome consciência de sua vocâção evangelizadora, assumindo para valer responsabilidades no seio da Igreja, em comunhão com seu mentor espiritual e toda a comunidade cristã da qual faz parte. O mundo precisa ser evangelizado e isto só será conseguido se evangelizarmos as famílias. Em outras palavras, se salvarmos as famílias , estaremos salvando o mundo. A função social da família é de muita.)mportância e deve ser cuidadosamente estimulada a ser posta prática. São várias as tarefas de ordem temporal que podem~:. \ér objeto dessa ação: o enorme e complicado problema da períieriaJ a nossa controvertida realidade sócio-econômica, o problema dos meios de comunicação, etc.

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As realidades que aí estão não podem ser ignoradas, mas devem ser enfrentadas. Não se sabe o que enfrentar primeiro, se a violência ou .o : aborto, se as injustiças sociais ou o amor livre, se a corrupção e o roubo ou a pornografia, as drogas e o alcoolismo ou a infidelidade conjugal, o luxo, o supérfluo, o descaso ou a ignorância, a miséria, a fome ... Falta, talvez, uma linha de ação pastoral definida: onde e como agir. Todo-s nós temos urgência em fazer alguma coisa. Oxalá este Sínodo possa trazer algum impulso novo, mercê da inspiração do Espírito Santo.

Cleyde e Valentim Equipe 11, Setor B, São Paulo

o A massificação do homem, no mundo de hoje, leva-o às portas de soluções alternativas da sociedade de consumo, que transforma as pessoas, os grupos e as sociedades, penetra os corações, os ambientes, as culturas e as estruturas sociais. Toda essa inversão de valores promove a injustiça, destrói a solidariedade comum e os valores da fé cristã, bem como aniquila a célula vital da sociedade - a Família - que é a primeira escola das virtudes sociais. É aí que repousa uma premente necessidade da Igreja atual de promover uma pastoral para casais desajustados.

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Desejamos salientar que o aspecto econômico no quadro atual apresenta-se como fator importante e deve ser encarado como ponto relevante dentro da abertura cristã, para que a abundância de uns venha a suprir a necessidade dos outros. (Coord-enação do ABC)

o Pais que trabalham fora, com a separação da mãe para um lado e do pai para o outro, obrigados a isso por força de salários insuficientes e minguados, eis uma fonte de preocupações permanentes para os que meditam sobre as dificuldades especiais da família cristã no mundo moderno. No Brasil, o problema é agudo e resistente. O nosso sistema econômico-social se preocupa em primeiro lugar com o capital; em segundo lugar, com a valorização do capital e em terceiro com o rendimento do capital. O trabalho fica em segundo plano. Ninguém vê os subterrâneos do trabalho. Mas todos vêem as cúpulas brilhantes do capital. Uma família que sai de madrugada para o trabalho e só volta altas horas da noite, depois de enfrentar filas, dificuldades de transporte e problemas como onde arranjar dinheiro para o remédio do filho doente, dificilmente terá condições de parar para discutir uma página do Evangelho ou ir à igreja fazer oração ... E sempre receberá com dúvida e ceticismo o casal, m;ssionário, catequista, padre ou freira que lhe vier falar de Deus e da santidade do casamento, quando a ordem estabelecida nega tudo isso, não atende às suas queixas, e a estrutura social o explora de todos os modos. Nas elites, é a preocupação utilitarista, imediatista, pragmática, de êxito a qualquer preço. txito que se traduz na p erseguição a um "status" que se mede por padrões materiais que nada têm a ver com o Evangelho, a Igreja, o espírito de caridade cristã. Os valores cristãos são ignorados, os direitos dos outros são tranquilamente pisados, impera o egoísmo. Apenas conta o formalismo, a aparência, o modismo - e o dinheiro. Entre os dois extremos, os pequenos núcleos das famílias que resistem e tentam aplicar a mensagem do cristianismo, sofrendo, ao mesmo tempo, a pressão das elites gozadoras e a das massas que reclamam e acusam, em meio às suas necessidades materiais e espirituais. O casamento vem sendo encarado sem a responsabilidade de sacramento e sem o espírito evangélico. Vemos o casamento feito apenas para satisfação egoísta, pessoal, e sem levar em conta a fraternidade que deve unir todos os casais, numa sociedade global. -21-


Quanto ao relacionamento entre pais e filhos, cada um se fecha no seu mundo. Não há encontro nem diálogo. Um fosso parece separar as gerações ligadas às vivências cristãs, católicas, eonformes aos valores pregados pela Igreja, das gerações atuais, hostis, indiferentes ou ignorantes em face aos mesmos valores. Mas, sobre esse fosso, uma porção de pontes se estendem, e todos nós nos esforçamos para que elas não sejam derrubadas. Por ('Xemplo, os movimentos de casais cristãos e de juventude. Sublinhamos aspectos observáveis, cotidianos, o que não significa derrotismo - apenas razões que nos levam a lutar mais ... (Jundiai)

o Sem medidas práticas e eficientes, de nada adiantará conhecer a fundo os problemas e gastar tempo na sua discussão. Se apenas em tese - intelectualmente - estamos convencidos da importância da família, bem pouco se conseguirá fazer para remediar a atual situação, sem dúvida deplorável em muitos aspectos. Achamos que chegou a hora de uma decisão: queremos ou não trabalhar para solucionar o problema da família? (São Paulo)

o Será realmente preciso que a humanidade volte a ver na família o seu tesouro. Em outras palavras, que a família volte a t er, na própria ação cotidiana de seus membros, o lugar de eminência que lhe pertence. Não obstante as suas transformações e reconhecido enfraquecimento, a família cristã, convenientemente adaptada às condições presentes, continua sendo, no plano da vida terrena, o núcleo por excelência de aperfeiçoamento e a fonte primeira da vida, apta a saciar os anseios mais profundos do coração humano. Somente deste modo poderá a família cristã desempenhar em plenitude a missão que lhe foi confiada e que lhe é conferida a cada dia por Deus Criador. Será preciso, em conclusão, uma vivência autenticamente cristã, à custa de sacrifícios e renúncias pelo bem do próximo, pois esta é a verdadeira essência do Amor e só o Amor vivido é capaz de transformar o mundo. -22-


Trabalho imenso esse: evangelizar o homem e a sociedade irrealizável? Tudo depende de nossa vontade, do empenho do Povo de Deus, porque a graça divina jamais faltará. Mãos à c.bra, pois! (São Paulo)

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Quanto à situação da família, tendo em vista a atividade pastoral:

Uma das maiores crises atualmente tem suas raízes no individualismo, no egocentrismo, no espírito competitivo que caracterizam os núcleos sociais de hoje. Nesta crise moral que assola o mundo moderno, o que mais se sente é a ausência de amor fraterno. Restam muito poucas pequenas comunidades cristãs, que subsistem como um pequeno prolongamento da família, para fortalecer a fé, para estreitar os laços da fraternidade e para participar juntos da comunhão com Cristo. O mais importante é que estas comunidades estão baseadas no amor que caracterizou o início do cristianismo, amor profundo de um para com o outro, que permitia que se compartilhasse tudo, amor que nada mais é que a célula fundamental da caridade familiar e social, e através do qual se constrói a santidade familiar. Cremos que não há uma receita milagrosa para a pastoral familiar; temos apenas a confiança e a fé que Cristo continuará amparando sempre a Igreja, para que os elementos da crise contemporânea também possam ser superados, como a Igreja superou tantas crises em toda a sua história. Destacamos os seguintes pontos como sugestões para ajudar a atividade pastoral em relação à família: a) Orientar as famílias no sentido de se aprofundarem espiritualmente, para permitir uma robusta e saudável formação cristã. Isto deverá ser feito introduzindo o Evangelho na vida diária, para que ele seja vivido e não somente conhecido. É fundamental que se viva a vida de Cristo, porque foi assim que nasceram e cresceram as primeiras comunidades cristãs. Os nossos primeiros irmãos que viviam perseguidos nas catacumbas romanas baseavam todos seus atos familiares e sociais no espírito evangélico, por isto sobreviveram e conseguiram ainda construir todo o embasamento da grande Igreja de Cristo. A família de hoje deverá descobrir o Evangelho, e dele deverá nutrir-se diariamente. -23-


b) Toda família só nasce e perdura quando está fundada num verdadeiro amor, por isto a atividade pastoral se torna importantissima para os noivos, que irão construir uma família, para que esta seja verdadeiramente cristã. Toda árvore que nasce torta jamais se endireita e, neste sentido, a atividade pastoral da Igreja orientada para os noivos é tão importante quanto a orientada para as comunidades já formadas. Os chamados "cursos de noivos" devem merecer uma atenção toda especial dos Pastores, e deverão ser programados e planejados de' forma .a mostrar o que realmente significa a constituição de uma família cristã. c) Os Pastores também deverão pensar em usar os meios tecnológicos modernos para fortalecer a família cristã. Assim como esses meios servem em sua grande maioria para desagregar a família, poderão também ser usados para integrá-la. -

Quanto à pergunta sobre se devem ser consideradas outras questões a respeito deste tema do Sínodo:

a) Deve ser levantado o problema da fo·rmação dos noivos, no sentido de melhorar-se consideravelmente a atual orientação que se dá em algumas paróquias, pois destes cursos poderão depender muito a vida das famílias em formação. Sabemos inclusive de casos de paróquias em que são expedidos certif'cados de cursos de noivos sem que os mesmos sejam ministrados. b) Outro tema que suscita ainda muitas interrogações é o referente ao planejamento da família, em que muito preocupa a orientação a seguir-se quanto aos meios a serem utilizados na limitação dos filhos. O avanço tecnológico tem permitido os mais variados meios de limitação e, dentro do próprio corpo pastoral da Igreja, as opiniões são variadas. Num encontro de Bispos como o do Sínodo, poder-se-ia pormenorizar este tema, o que muito ajudaria os leigos casados. -

Quanto à pergunta sobre quais as funções da família cristã em que mais se há de insistir:

Dois tipos de famílias poderão ser observados: -

a família em crise, com ausência total de Deus e a família dita cristã, mas sem orientação educativa e carente de uma vivência cristã verdadeira.

Duas orientações poderão ser usadas para a reconstrução educativa destas famílias, ou seja, para a primeira, o trabalho pastoral deverá ter caráter de maior impacto, com mov;mentos -24-


como os Encontros de Casais com Cristo; já para a segunda, achamos mais frutíferos os movimentos de aprofundamento espiritual, como por exemplo o das Equipes de Nossa Senhora. Estas sugestões sabemos não serem fórmulas mágicas de solução de problema tão complexo, porém, "o que importa mesmo é concentrarmos todas as forças positivas desta hora na construção segura dos lares, de forma a capacitá-los a enfrentarem a vida como ela se apresenta." (Cardeal Arns). Queremos ainda destacar a importância da função santificadora nos dias de hoje. Talvez o que falta na família cristã atual seja o santo, mas este só poderá nascer e florescer no seio de nossas famílias quando elas cumprirem suas verdadeiras funções proféticas e sociais. -

Sobre quais os casos mais difíceis e que deveriam receber maior consideração:

Achamos que um dos casos mais difíceis refere-se aos problemas ligados à desintegração da família, pois toda comunidade desagregada é sinal da ausência de Cristo e todo trabalho pastoral se torna sempre mais complexo quando Cristo está ausente. No campo do trabalho concreto, o que poderá ser feito é sempre prevenir antes que remediar as desintegrações familiares. Dever-se-á intensificar a atuação das famílias cristãs, no sentido de trabalharem como verdadeiras "missões", para levarem a palavra de Cristo a todas as outras comunidades onde Ele ainda está ausente.

Marisa e Juan Equipe 5, Coordenação E, São Paulo

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SobTe a situação da família:

Quanto às causas do divórcio, podemos apontar: a) A falta de idéias claras e de fo-rmação e preparação para o casamento, que: -

criam expectativas diferentes nos cônjuges sobre a vida matrimonial;

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levam a uma excessiva euforia, impedindo de ver previamente os fatores que poderiam tornar a união incompatível. -25-


b) Os fatores econômicos: -

que levam as famílias a se confinarem em pequeno·s espaços, tornando difícil a convivência; o excesso de horas de trabalho, as dificuldades de transporte, que impedem o diálogo do casal e impossibilitam ainda maior convivência dos pais com os filhos;

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o alcoolismo, as drogas.

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Sobre se devem ser consideradas outras questões:

Pensamos que deveria considerar-se a influência dos meios de comunicação, especialmente da televisão, que divulga falso-s valores, impõe padrões de comportamento, desvia a atenção do essencial com análises superficiais e faz um apelo constante ao consumismo.

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Sobre quais são as funções da família cristã em que mais se há de insistir:

Julgamos que as funções da família cristã que mais se devam inculcar são aquelas voltadas primeiramente para seus membros, de modo que os cônjuges vivam o amor e a autenticidade, auxiliando-se mutuamente e procurando santificar suas vidas pela oração e pela freqüência aos sacramentos. Poderíamos conseguir isto, com a graça de Deus, incentivando a formação de movimentos de casais ou outras comun:dades que requeiram a participação de ambos os cônjuges, oferecendo-lhes condições permanentes de crescimento espiritual e entrosamento mútuo. A preparação dos jovens para o casamento, através de cursos e atividades nas paróquias, escolas e comunidades de base, parece-no·s de grande importância para o desempenho de suas futuras funções dentro do matrimônio.

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Sobre que esforços e iniciativas pastorais estão ao dispor das Igrejas locais e o que está ainda por fazer por parte dos pastores e por parte das famílias:

Encontramos nas paróquias cursos de catequese, preparação para a Primeira Eucaristia, Crisma e Casamento, que sao importante auxílio para a família na sua função de educação e transmissão da fé. Julgamos que falta maior entrosamento entre os pastores e as famílias nesses cursos.

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Achamos que, ao lado da instrução dada aos filhos, dever-se-ia também proporcionar aos pais cursos de atualização religiosa, com fornecimento de material didático e orientação psico-pedagógica para que pudessem apoiar, em casa, a formação dos filhos e, principalmente, não se criasse no espírito do jovem conflitos e embaraços. O entrosamento das paróquias com a Escola de Pais poderia se constituir em motivação e preparação adequada desses cursos de atualização religiosa. (Cf. Puebla, n. 0 1.011).

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Sobre a) o influxo que têm nas funções da família as realidades do mundo de hoje e b) como hão de salvaguardar-se os interesses da família:

a) O espírito "consumístico" influi diretamente em todas as funções da família, na medida em que valoriza o "ter mais" em detrimento do "ser mais". O prestígio dos altos salários leva à instabilidade do local de domicílio, pelas mudanças constantes de local de trabalho. A preocupação de produzir mais para não perder o emprego conduz à robotização. As situações de injustiça social criam condições sub-humanas de existência onde não sobra espaço nem tempo para um crescimento pessoal. b) É preciso criar associações cristãs de defesa da família, que possam influir junto aos meios de comunicação e junto aos patrocinadores dos programas, no sentido de que estes contribuam para a divulgação dos valores positivo-s da nossa civilização; e junto às autoridades governamentais, no sentido de preservar os direitos da família, principalmente quanto ao planejamento familiar, e de contribuir para a mudança das estruturas econômicas que criam a injustiça social. Nas asso-ciações de pais e mestres, que as famílias se auxiliem mutuamente no sentido de se entrosarem com a escola na formação dos filhos.

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Sobre quais os casos mais difíceis e como se há de proce· der em relação a eles:

Parecem-nos ser os casos de de.sagregação da família. Devemos, inicialmente, tirar partido da lei do divórcio; na medida em que esta desvaloriza o casamento civil, procuremos valorizar o vínculo religioso. -27-


Achamos importante preparar convenientemente os jovens para o matrimônio, nos planos espiritual, afetivo e físico. Instruir claramente sobre o sentido e as finalidades do casamento. Levar em conta as mudanças da condição da mulher na sociedade cnnjugal e auxiliar os jovens a um melhor conhecimento recíproco, a fim de se criarem expectativas reais sobre a vida matrimonial e evitar as ilusões. (Equipe 6, Coordenação E, São Paulo)

--o-A Igreja, peregrina no mundo inserida na realidade, constata o crescimento populacional desenfreado, justamente nas classes menos favorecidas e menos informadas. É necessário que a Igreja esteja atenta e tome providências orientativas, até mesmo iniciativas, buscando soluções cristãs, dentro da realidade, para o problema, antes que o Estado o faça, talvez até de forma pouco cristã e que venha a contrariar os princípios da dignidade humana. O que mais desnorteia os fiéis é a diversidade de opiniões do clero, dando a impressão de que, em lugar de uma doutrina objetiva, cada um apela para seu próprio ponto de vista. Gost aríamos que ficasse claro o sentido da doutrina. (Rio de Janeiro)

o Igualmente ao que se constata alhures, também aqui a absol1Ita maioria vive segregada das condições mínimas de sobrevivência. A periferia da capital é um anel da mais extrema miséria; um submundo. Como querer, neste ambiente, a sobrevivência de valores, da família, da moral? (Porto Alegre)

o Evangelizar sendo testemunhar, a família cristã o faz na medida em que se renova, fundamenta a vida do lar no Evangelho, desinstala-se da "boa vida" e procura viver conscientemente o desapego. Assim, vai se conscientizando da d; gnidade de sua missão de transmitir à sociedade valores perenes, de maneira a modificar a hierarquia de valores quase que completamente distorcida do mundo moderno. (Brasília)

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O EACRE EM PORTO ALEGRE

Por coincidir com a memorável visita do Santo Padre a Porto Alegre, a data do EACRE foi transferida de 5 e 6 para 19 e 20 de julho. Participaram casais da Região Rio Grande do Sul, reunindo o Setor de Caxias, incluindo as equipes de Carlos Barbosa (14 casais), a Coordenação do Interior do Rio Grande do Sul (10 casais) e os Setores A, B e C de Porto Alegre (32 casais). Presidido por Dirce e Rubens, Edy e Adherbal e Helma e Pauletti, tendo como Conselheiro Espiritual o Pe. Antonio Lorenzatto, o Encontro realizou-se no Instituto Nossa Senhora da Piedade, no centro da cidade. Foram objeto de debate em grupos e de reuniões inter-equipes (em número de 10) as excelentes palestras do Pe. Gregório de Nadai sobre o tema "O Senhor falará por vós", e de Nery e João Carlos Pezzi sobre o tema "Missão do Casal Responsável". Paralelamente à reunião dos grupos, 14 Conselheiros Espirituais reuniram-se com Dirce e Rubens e o Pe. Lorenzatto, analisando o papel do Conselheiro Espiritual. As refeições foram feitas em restaurante distante cerca de um quilômetro do local do encontro, felizmente sem problemas, dado o bom tempo. O ponto alto do Encontro foram as para-liturgias e Santas Missas, com liturgia preparada por Helma e Pauletti e Hélio e Gualter e impressa com capricho pela Secretaria, a cargo de Eunice e João, sendo cada fascículo devidamente personalizado. As Irmãs Franciscanas da casa onde realizamos o Encontro disseram que raramente assistiram a celebrações tão bem preparadas e participadas. Registramos ainda a cerimônia de posse dos Casais Responsáveis de Porto Alegre, durante a Santa Missa celebrada por D. Antonio Cheuiche, Bispo Auxiliar de Porto Alegre, e mais 10 Conselheiros Espirituais, na presença de mais de 600 equipistas e familiares, além de alguns convidados, dirigentes de Movimentos da Igreja na Arquidiocese, e concluída em alegre confraternização.

Maria e Clemens Kircher -29-


O EACRE EM ITAI CI

"Porque não sereis vós quem falareis, mas é o Espírito do vosso Pai que falará em vós." (Mt. 10, 20). A terceira orientação do Movimento começou a ser vivida também no Encontro Anual de Casais Responsáveis realizado nos dias 26 e 27 de julho, na Vila Kotska, em Itaici. Participaram casais pertencentes às Regiões São Paulo C (Jundiaí, Louveira, Vinhedo, V alinhos, Itu e Sorocaba), São Paulo D (Campinas, Americana, Limeira, Sta. Bárbara d'Oeste e Sumaré) e São Paulo F (Ribeirão Preto, Catanduva, Batatais, Casa Branca e Aguaí) , como também casais provenientes de outras Regiões (Araraquara, Pederneiras, São Carlos, Araçatuba, Biriguí, São Paulo, Santos, e ainda Petrópolis e Brasília). Ao todo, compareceram 122 casais e 14 Conselheiros Espirituais. Da abertura (realizada no sábado de manhã por Chico e Dina, casal responsável pelo encontro, e Tarcísio, representando a ECIR) ao encerramento pudemos sentir, em cada instante, a força emanada do Espírito Santo servindo-se dos corações abertos, que se tornam instrumentos para transmitir seu sopro de vida. - Na palestra inspirada da Marisa sobre a Reunião de Equipe, ponto alto da vida de equipe que, vivida lealmente, da forma que nos é proposta, nos dá, a nós que fomos chamados por Deus a viver nosso cristianismo através das E.N.S., formação e condições para uma verdadeira conversão. - Na 2.a. palestra, sobre o papel do Casal Responsável de Equipe, proferida por Luiz Marcello, onde foi destacada a missão de fé do C.R., que deve subordinar todas as suas tarefas de animação, de ligação e de gestão à vontade de Deus, na oração, na humildade, para ter um "coração escutante" aberto ao sopro do Espírito Santo que nos faz instrumentos da vontade de Deus. - Através do Pe. Guilherme, que coroou com sua palestra a orientação do ano: "O Espírito de vosso Pai falará em vós". Dom à.o Pai e de Seu Filho Jesus Cristo ressuscitado, o Espírito Santo habita em nós e é o princípio de nossa fé, de nossa esperança e de nosso amor; d'Ele provém a força que faz do cristão testemunha de Cristo, impulsionando-o à realização de sua missão e à evangelização. Destacou Pe. Guilherme a importância da abertura da equipe e seu engajamento na Igreja, comunhão dos féis que formam o corpo de Cristo, dando às prioridades da Igreja

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universal e particular a atenção e a contribuição segundo os dons e a missão de cada um que nos será revelada desde que, desarmados e em atitude de escuta, acreditemos e nos deixemos conduzir pelo Espírito. Cada reunião deve ser para nós como que um novo Pentecostes. - Na liturgia, muito bem dirigida pelos casais Osmar e Ana Maria, Breda e Odete, com a orientação e a participação do Pe. Valter e demais conselheiros presentes. Brotando espontâneas dos lábios e dos corações, as orações e os cantos fortaleceram a participação e a comunhão com Cristo e com os irmãos. - Nos grupos de co-participação, onde o conteúdo das palestras foi aprofundado na entreajuda fraterna, pelo partilhar de idéias, troca de impressões e de experiências entre irmãos. - Nos grupões formados por Região, onde cada Casal Regional deu aos casais responsáveis uma visão da estrutura do Movimento e sua finalidade; através de informações, sugestões, orientações e "papo" aberto, abordaram a problemática da vida dos Setores e suas equipes; e onde deram esclarecimentos sobre a orientação do ano e a forma como ela será inserida na vida das equipes. - No interesse e capacidade de doação dos Conselheiros Esp.irituais presentes. - Na dedicação e alegria de servir da equipe de serviço que, tendo participado da missa de entrega na sexta-feira à noite, cumpriu também, durante todo o Encontro, uma escala de vigília de oração por intenção do mesmo. - Enfim, na convivência fraterna e na animação observada nesses dois dias, quer nos momentos de participação efetiva, quer nos entremeios para as refeições, quer no atendimento aos avisos tão simpaticamente dados pelo Fleury. Como bem disse o Chico no encerramento, o Encontro caracterizou-se pela simplicidade e, numa avaliação, poderemos dizer se ele foi bom ou não na medida em que cada casal assumir a responsabilidade perante a sua equipe. Após uma mensagem de otimismo, Chico sugeriu também que sejamos todos mais arrojados, a exemplo de S. Pedro. A fé permitirá que o Espírito do Senhor aja em cada um de nós. Se alguma coisa fica a lamentar, é apenas a ausência de nossos irmãos (poucos, felizmente) que não puderam comparecer.

José Antonio e Nilza Casal relator

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NOTíCIAS DOS SETOR.ES A VISITA DO PAPA

De muitas e variadas maneiras os equipistas participaram da visita do Santo Padre ao Brasil. Além de uma intensa rede de orações, que cobriu o Brasil, de norte a sul, em diversos lugares - como Porto Alegre e Curitiba - atuaram diretamente na organização da programação. Noutros, a participação foi no sentido de um gesto marcando presença. Em São José dos Campos, por exemplo, uma equipista, vencendo a vigilância dos encarregados pela segurança do Papa, conseguiu entregar pessoalmente em suas mãos um quadro de Nossa Senhora, onde constava uma saudação do Movimento. A Região São Paulo/A entregou no Colégio Santo Américo um pergaminho de boas vindas. O Pe. Antonio Lorenzatto, Conselheiro Espiritual da Região e de várias equipes de Porto Alegre, teve a incumbência de assistir a Sua Santidade durante sua permanência na capital gaúcha e seu relato vai publicado nesta Carta. AS EQUIPES CHEGAM AO NORDESTE

Rubens e Dirce comunicam-nos com grande alegria a concretização de antiga aspiração do Movimento: a fundação de Equipes de Nossa Senhora no Nordeste. Cada coisa tem sua hora e, finalmente, nasceram as primeiras equipes em Recife e Fortaleza. No dia 11 de julho, foi realizada a primeira reunião da Equipe n. 0 1, Nossa Senhora do Carmo, de Recife, que está sendo pilotada por Maria Lúcia e Plínio, antigos Regionais do Rio de Janeiro. Em Fortaleza, no dia 15 de julho, foram lançadas as Equipes 1 e 2, que estão sendo pilotadas pelo casal Glória e Antonio Alencar Araujo, que pertenceu ao Movimento em Manaus. Acrescentam Dirce e Rubens que contam com as orações de todo o Movimento na intenção dessas primeiras equipes no nosso Nordeste. Sabemos que, além da satisfação que essas notícias nos causam, devem estar sendo recebidas com grande alegria por Marie e Louis d'Amonville. Quem esteve em Aparecida há de lembrar-se que os dois lá fizeram uma confissão: contaram que haviam decidido que não voltariam ao Brasil enquanto não houvesse equipes no Nordeste, mas que, por força das comemorações dos 30 anos, mesmo assim tiveram que vir. . . E eis que, dois meses apenas após seu retorno à França, seu desejo se vê concretizado! -32-


BELi:M DO PARA- Agora Setor

Com a presença do Casal Regional, Mary-Nize e Sérgio, realizou-se, no encerramento do mini-EACRE de Belém, a instalação do Setor, que conta com 8 equipes: 7 na capital e 1 em Castanha!, a 70 kms. da cidade. Os equipistas de Belém estão bem conscientes da responsabilidade que para eles implica a criação do Setor e a emoção foi muito grande quando Mary-Nize e Sérgio fizeram a entrega da carta de Dirce e Rubens, lida diante de todos pelo Casal Responsável pela Coordenação e que então assumiu o Setor, Teresinha e Artêmio, da Equipe 1. Fazem parte da Equipe de Setor os casais Odete e Cruz (primeiros responsáveis pela Coordenação), Maria e Miguel, ambos da Equipe 1, Cecília e Mariano, da Equipe 2, Mizar e Bona e Cely e Saady, da Equipe 3. Mons. Geraldo Menezes, que já era Conselheiro Espiritual da Coordenação, é o Conselheiro do Setor. Os equipistas de Belém escrevem: "Aqui nos colocamos todos na condição daqueles que querem servir. E para isso esperamos o exemplo, a orientação e as orações de nossos irmãos de outros lugares, neste Brasil grande. Comuniquem-se conosco!" E dão o seu endereço, esperando ser procurados por todos os que forem até lá, quer a negócios, quer a passeio: Rua Conceição, 1.447 Conjunto Carmen Anete Danin, 75 Batista Campos Belém, Pará - CEP : 66. 000

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Visita a Castanha!

Mary-Nize e Sérgio, acompanhados de Lourdes e Mário, do Setor C do Rio de Janeiro, Terezinha e Artêmio, responsáveis pelo recém-criado Setor de Belém, e Melânia e Alberto, casal piloto, foram a Castanha! para um contato com os membros da Equipe 1 daquela cidade. Foi um encontro altamente proveitoso. Apesar de ser um dia de semana, em pleno horário vespertino (vários equipistas trabalham no comércio), estiveram presentes 6 casais. A impressão causada pelo entusiasmo desse grupo de casais foi fora do comum. Desde logo, falaram nos novos contatos para uma segunda equipe. Queriam saber se poderiam ser formadas equipes no meio rural, nas capelas distantes do interior. (A dificuldade é a de sempre: falta de sacerdotes .. . ) A possibilidade, logo de saída, de um trabalho entrosado com os jovens surge como uma perspectiva das mais promissoras. -33-


Presentes Pe. Marcelino, do Seminário de Belém, que assume a equipe agora, Pe. Melo, das Cooperativas do Nordeste, que acompanhou a equipe durante quatro meses e que, em Pernambuco há alguns meses, anuncia sua presença em Castanha! para novembro próximo - o que entusiasmou mais a turma para pensar com calma no núcleo da segunda equipe! A reunião, em casa de N azar é e Davi, ao pé de um Cristo enorme, com toda a curiosidade de quem quer aproveitar ao máximo a presença de irmãos mais velhos no Movimento, que podem deixar uma porção de respostas às indagações que surgem nos mais novos, foi muito boa. A Equipe 1 de Castanha! promete, e muito. Parece que em breve ouviremos falar desta equipe! MANAUS -

Foi a Setor

O pessoal do Rio também esteve em Manaus, onde passou uma semana. Participou lá também do mini-EACRE e teve reuniões de todos os tipos: com a Coordenação, com os responsáveis, com os pilotos, com os ligações, com os encarregados da difusão e, evidentemente, também com os Conselheiros Espirituais. Mas, principalmente, aproveitaram sua passagem para transformar a Coordenação em Setor. Neuza e Antonio, Responsáveis pela Coordenação, continuam como Responsáveis pelo novo Setor. Aguardamos maiores informações. BRASíLIA -

Em favor da vida

Alguns casais tiveram a inspiração de fundar em Brasília o movimento "Pró-Vida", cujo objetivo é a valorização da vida e que atualmente se empenha na luta contra a legalização do aborto. Trabalha fazendo conscientização da população contra a prática do aborto, baseando-se, entre outras coisas, em educação sexual e nos aspectos socialmente positivos e espiritualmente sagrados da família. Belo e oportuno apostolado, que já faz parte da Pastoral Familiar. Quem quiser maiores informações pode escrever para a sede do movimento, na Paróquia do Divino Espírito Santo, W /5 Norte, Quadra 905. -

"Gente ativa"

Mais uma equipe concorrente ao título de campeã de "gente ativa", ao que parece. Não existe, na Equipe 21, um só casal que não esteja engajado em movimentos pastorais: ECC, Movimento de Jovens, Pró-Vida, Círculos Bíblicos, Cursos de Noivos c outros apostolados paroquiais. Cuidado, Londrina: Brasília vem aí!

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A Igreja que o Papa espera

O Boletim de junho-julho convidava os equipistas a prepararem a visita do Papa "através de muita oração", dizendo:

use nossa preparação for assim, o Papa encontrará no Brasil a Igreja que ele espera encontrar: uma Igreja cujos membros vivem unidos, como irmãos de uma grande família. Irmãos: -

que vivem a fé; que constroem fraternidade; que se interessam pelos outros, procurando-lhes o bem; que se engajam na comunidade; que se dedicam ao estudo e à meditação da Palavra de Deus; que lutam pela justiça; que promovem a paz.

O Papa; João Paulo II, vindo ao Brasil, espera e deseja que preparemos um mundo sempre melhor para aqueles que convivem conosco e para os que virão depois de nós.

João Paulo II - como Cristo - espera que a Igreja do Brasil seja uma comunidade viva, no testemunho da fé, na comunhão de vida, no serviço aos irmãos. Esse é o clima, o ambiente, que cada um de nós procurará preparar a acolhida do Papa. Clima de oração, caridade, abertura!" E agora que ele se foi , essas considerações permanecem válidas; é preciso que continuemos sendo essa comunidade, esses irmãos, essa Igreja! Principalmente depois de todas as exortações que ele nos dirigiu! FLORIANóPOLIS -

Primeira EJNS

Fruto da ida de quatro jovens a São José dos Campos por ocasião da comemoração dos 30 anos do Movimento no Brasil, nasceu a primeira Equipe de Jovens de Nossa Senhora no Sul do Brasil. Houve uma primeira reunião, no dia 17 de maio, e contam no Boletim: "Vimos o que as Cartas Mensais tinham a respeito das Equipes de Jovens, discutimos o assunto e marcamos a data de 7 de junho para nossa primeira reunião. Cada um de nós ficou com a incumbência de convidar outros jovens, filhos de equipistas ou não, para participar desse encontro."

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São 15 os jovens que formam essa primeira equipe, acompanhados por um casal e contando com a assistência de um Conselheiro Espiritual. Que essa primeira equipe seja seguida de muitas outras em Florianópolis e no sul! CRICIOMA -

Formando grupos de casais

A Equipe 8 resolveu, no início de 1979, dedicar-se a um apostolado junto a casais, reunindo-os em grupos. Eles mesmos cont am como foi: "Saimos de porta em porta, de rua em rua, e reunimos em torno de 18 jovens casais. Formamos três grupos e procuramos testemunhar o que é uma vida autenticamente cristã, marcada pelo serviço, pelo amor fraterno, pela alegria, pela simplicidade, pela oração. Atualmente, contamos com 25 casais, formando 4 grupos, que se reunem quinzenalmente em suas próprias casas. Esses grupos já possuem maior estrutura e, além de um esforço de vida cristã mais profunda, procuramos integrá-los progressivamente na vida eclesial. A experiência foi e está sendo tão válida que já nos atrevemos a contar-lhes o nosso trabalho!" Gostaríamos que Marlene e Eliseu contassem ainda mais alguma coisa: por exemplo, o que faziam nas primeiras reuniões, do que constam as reuniões atualmente, etc. LAGES -

Retiro em silêncio "mesmo"

Os equipistas de Lages realizaram seu segundo retiro, pregado por Frei Günther, Conselheiro Espiritual da Equipe 2, Nossa Senhora do Amor. Participaram 20 casais, sendo 5 deles convidados. Relatam Terezinha e Elinton, organizadores do retiro: "Como o objetivo do pregador era de se fazer durante o retiro uma meditação profunda, para que todos se voltassem para dentro de si e para Deus, e como isto só se obtém através do silêncio, o pregador motivou e insistiu muito para que todos fizessem silêncio durante todo o retiro e que o diálogo só acontecesse nos momentos por ele determinados. Todos os participantes atenderam conscientemente ao pedido e tivemos uma experiência maravilhosa. Pareceu-nos que esse silêncio foi o fator determinante para o sucesso do retiro. Na primeira noite, tivemos um questionamento por meio de slides, levando cada um a uma auto-análise. O dia seguinte foi todo ele dedicado a meditações, muitas delas dirigidas, levando-nos a uma interiorização muito profunda. Encerrou o dia o "Agape", experiência muito enriquecedora, quando, em torno de

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uma gramde mesa, como numa reunião de equipe, co-pa1·ticipamos em profundidade. O domingo foi dedicado ao casal e à família, com palestras e meditações sobre todos os p1·oblemas que podem afetar o bom relacionamento do casal e dos filhos. Foi-nos mostrado como o diálogo é a arma de que dispomos pm'a a solução de nossos problemas. A expectativa do próximo retiro já é muito gmnde . .. " SÃO CARLOS -

Araraquara emancipada

Durante tarde de formação realizada em São Carlos, sob a batuta do Pe. José Carlos di Mambro, Conselheiro Espiritual do Setor, deram-se vários acontecimentos: a posse dos novos casais responsáveis, com destaque especial para a posse do primeiro casal responsável de Piracicaba. E, principalmente, a criação da Co ordenação de Araraquara, cujo Casal Responsável é Sandra e Gabriel Reis. Contou-se com a presença do Casal Regional, Arlete e Milton, trazendo sua mensagem de apoio e espiritualidade, e a "excelente participação do coral dos equipistas, que abrilhantou a celebração". SOROCABA- Tarde de reflexão

Para ouvir as palavras vibrantes de Frei Almir Ribeiro Guimarães, que abordou o tema "A primazia da vida espiritual na vida do cristão", mais de 50 casais participaram da tarde de reflexão promovida pela Coordenação. A fama do querido franciscano fez com que só mesmo quem tivesse um motivo imperativo não comparecesse, pois, dos 59 casais que compõem a Coordenação de Sorocaba, compareceram 46. Mais 2 de Itu , 1 de Salto, 2 casais convidados e 2 Conselheiros Espirituais. GRANDE ABC- Missa de posse

A celebração eucarística - oficiada pelo Pe. Adelino de Carli e organizada pelos demais componentes da Equipe 6 -, durante a qual tomaram posse os novos Casais Responsáveis, contou com vários destaques: a presença das crianças, uma liturgia muito afinada, vários gestos significativos para a ocasião, e ainda a palavra amiga de Thaís e Duprat, Casal Regional. Durante a confraternização no salão paroquial , foi prestada singela homenagem a Nilza e Caldeira, Responsáveis pela Coordenação. Dizia o cartão que lhes foi entregue: "Renúncia e dedicação, virtudes sempre presentes em vocês! No ano equipista que se finda, demonstmram a qualidade de instrmnento que Deus escolheu para nos coordenar. Somos gratos por tanto amor e invocamos as bênçãos de Deus sobre vocês, convictos de que Ele não se deixa vencer em generosidade. ass. Todas as equipes do ABC." -37-


VOLTARAM PARA O PAI Maria José de Souza Gevaerd

Da Equipe 6 de B1·usque. Casada com Júlio. No dia 20 de maio, com apenas 27 anos de idade, após dar à luz uma menina. Celso Augusto de Toledo

Da Equipe 29, Setor B , São Paulo . Casado com Mercedes. No dia 24 de maio, depois de sofrer de hipertensão durante longos meses, um enfarte levou-o do nosso convívio. NOVAS EQUIPES Americana

Equipe 10 - Casal Piloto: Célia e Cesar ; Conselheiro Espiritual: Frei Mauro. Campinas

Equipe 30 - Casal Piloto: Delma e Raul ; Conselheiro Espiritual: Pe. Glauco. Equipe 31 - Casal Piloto : Lilia e Sergio; Conselheiro Espir itual: Pe. Glauco. Catanduva

Equipe 6 - Casal Piloto: Adelaide e Timo; Conselheiro Espiritual: Pe. Vicente Bortolatto. Fiorianópolis

Equipe 29 - Casal Piloto: Maria Odete e Washington; Conselheiro Espiritual : Frei Faustino Tomellin. Fortaleza

Equipe 1 - Casal Piloto : Glória e Antonio; Conselheiro Espiritual: Pe. Lemos de Amorim. Equipe 2 - Casal Piloto: Glória e Antonio; Conselheiro Espiritual: P e. Luís Gonzaga Xavier de Lima. Grande ABC

Equipe 9 (Diadema) - Casal Piloto: Nilcéia e Cipriano ; Conselheiro Espiritual: P e. Manolo. Equip e 10 (Ribeirão Pi1·es ) - Casal Piloto : Benta e Belmont e; Conselheiro Espiritual : P e. José Raschelle. -38-


Lages

Equipe 6 - Casal Piloto: Nilza e Vitor Hugo; Conselheiro Espiritual: Pe. Celso Loraschi. Niterói

Equipe "nova" 8 - Casal Piloto: Aninha e ítalo; Conselheiro Espiritual: Pe. José Júlio de Souza. Varginha, MG

Equipe 1 - Casal Piloto: !rene e Geraldo; Conselheiro Espiritual: Pe. Aloisio Hellmanns. NOVOS RESPONSA.VEIS Araçatuba

Assumiram o Setor, em substituição a Sueli e Otávio, Amélia e Levi Lenarduzzi. Araraquara

Sandra e Gabriel Reis são o primeiro Casal Responsáv-el pela Coordenação, desmembrada do Setor de São Carlos. Belo Horizonte

Criada a Coordenação de 1.0 grau e nomeados Casal Responsável Olga e José Rocha Filho. Campinas

Foram nomeados Responsáveis pelo Setor Marisa e Marcos Raposo de Medeiros, Pindamonhangaba

Também criada a Coordenação de 1. 0 grau, ficando como Responsáveis Regina e Darcy Agostinho Castro Coelho. Taubaté

Assumiu o Setor, pelo qual ultimamente vinham respondendo !rene e Dionísio, o casal Anete e Mareio Estefano de Oliveira. Valinhos/Vinhedo

Adalgisa e José Fabri Moscogliato substituem Lea e Armando Geraldo. Região Centro-Leste

Substituindo Maria Alice e Adelson, assumiram a Região Lilian e João Quadra, que já responderam pelo Setor de Petrópolis. -39-


D~EM-LHES

TEXTO DE i\'IEDITAÇAO -

VOCI::S MESMOS DE COMER

Me. 6, 34-44

Assim que Jesus desembarcou, viu uma grande multidão e ficou tomado de compaixão por eles, pois estavam como ovelhas sem pastor.

E começou a ensinar-lhes muitas coisas.

Sendo a hora já muito avançada, os discípulos aproximaram-se dele e d:sseram: "O lugar é deserto e a hora já muito avançada.

Despede-os para que vão aos campos e aldeias vizinhas e

comprem para si o que comer." Jesus respondeu: "Dai-lhes vós mesmos de comer." Disseram-lhe eles: "Iremos nós e compraremos duzentos denários de pão para dar-lhes de comer ?" Ele perguntou: "Quantos pães tendes? Ide ver." Tendo-se informado, responderam:

"Cinco, e dois peixes."

Ordenou-lhes então que fizessem todos se acomodarem, em grupos de convivas, na relva verde. E sentaram-se no chão, r.e partindo-se em grupos de cem e de cinqüenta. Tomando os cinco pães e dois peixes, elevou ele os olhos ao céu, abençoou, partiu os pães e deu-os ao discípulos para que lhes distribuíssem. E repartiu também os dois peixes entre todos. Todos comeram e ficaram saciados. E ainda recolheram doz~ cestos cheios dos pedaços de pão e de peixe. E os que comeram dos pães eram cinco mil homens.

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ORAÇÃO

Senhor, estavam em volta de ti cinco mil homens, cansados e esfomeados, e lhes deste pão e peixe. Senhor, há agora em torno de ti mais de um bilhão de esfomeados e maltrapilhos, e não sabemos como socorrê-los. Nosso próximo mais prox1mo é tcda a humanidade sofrEdora . .. O Ocidente acostumou-se a viver como senhor. É preciso que haja vilões e que haja nobres, que haja operários e que haja patrões, que haja subalimentados e pessoas fartas. Senhor, eu rezo, angustiado, por esses infelizes, plantadores de café e cultivadores de arroz , pelos que trabalham nas minas de cobre e de ferro , pelos estivadores hirsutos dos grandes portos. pelos transportadores anônimos que carregam nas costas, Rezo, também, por aqueles que não exploramos diretamente, pelos que morrem de fome ao lado dos animais sagrados, pelos que ainda não inventaram o arado, pelos que cultivam nas encostas vertiginosas e pelos que estão imersos nas florestas alagadas .. . Divertimo-nos com o seu folclore e não temos dó de sua fome. Senhor, fazei que não amemos somente com palavras! Eu, Senhor, que fiz eu para que eles se tornem mais homens? Senhor! despertai a consciência dos que se julgam civilizados. Pe. Lebret


EQUIPES DE NOS S1\ SENHORA Movimento de casais por uma espiritualidade conjugal e familiar

Revisão, Publicação e Distribuição pela Secretaria das EQUIPES DE NOSSA SENHORA 01050 -

Rua João Adolfo , 118 - 99 - conj. 901 SÃO PAULO. SP

Te!.: 34-8833


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