ENS - Carta Mensal 1981-7 - Outubro

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NC? 7

1981 Outubro

Também

DÓS

somos enviados

Igreja doméstica e apostolado Construir a família

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São Francisco e a opção pelos pobres ...

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O compromisso de evangelizar

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Para quem não gosta de terço Ree ncontrar sua alma

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Um sacerdote fala sobre sua vocação

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Dif undir o amor

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Um casal equipista Lourdes

rasileiro no Congresso de

Meditação para o dia da criança O que é diálogo

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20 . . . . . . . . . . . . 22

Reunião do Conselho Internacion3.l das Equipes de Nossa Senhora . . . . . . . . . . . . . . . . . 24 25 delas é o reino dos céus! . . Crianças. Notícias dos Setores

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Enviou-os à sua frente

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RETIROS

OUTUBRO -

2 a

4 -

9 a 11 -

NOVEMBRO -

em Florianópolis e em São Carlos em Pet rópolis

16 a 18 -

em Santos

23 a 25 -

em Porto Alegre e em São Paulo

13 a 15 -

em Florianópolis

27 a 29 -

em Porto Alegre


EDITORIAL

TAMBÉM NóS SOMOS ENVIADOS

Ao deixar esta Terra, Jesus disse aos discípulos: "Convém-vos que eu vá. Porque, se eu não for, o Paráclito não virá a vós: mas se eu for, eu vo-lo enviarei" (Jo. 16, 7). O próprio Cristo afirmou assim a ligação, necessária e benéfica, entre a sua partida e o envio do Espírito. Vale a pena refletir nisso. O Espírito não vem espontaneamente: é enviado. Como o Filho foi enviado. Como nós somos enviados. Quando nos interrogamos acerca da nossa missão, às vezes perdemos de vista que missão é sinônimo de envio. Preocupados com o seu conteúdo, esquecemos muitas vezes a sua origem ... Toda a iniciativa vem de Deus: não podemos forjar para nós mesmos uma missão, precisamos reconhecer que somos enviados. "Eu vou-lo enviarei" . .. Para estender a todos os homens de todos os tempos e de todos os lugares o benefício da missão realizada por Cristo, é preciso que Cristo parta, enviando o seu Espírito que, escapando às limitações do tempo e do espaço, "continua sua obra no mundo e consuma toda a santificação" (Quarta oração eucarística). O Espírito é enviado por Jesus, é enviado pelo próprio Pai: "O Paráclito, o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome "(Jo. 14,26). O Espírito é para os homens um dom do Pai e do Filho. Esse dom, como já tivemos ocasião de lembrar, é o de uma presença pessoal, que nos lembra o que Jesus nos disse, nos ensina todas as coisas e nos conduz para a verdade total. Uma presença pessoal que habita em nós e nos faz agir. E essa presença nos esclarece acerca da natureza e das condições do nosso próprio envio. Porque também nós somos enviados. E é essa a nossa dignidade mais autêntica. Somos enviados a título de discípulos, pelo próprio Jesus, que diz ao Pai: "Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os -1-


envio ao mundo" (Jo. 17,18) e confirma este envio dirigindo-se aos próprios apóstolos depois da sua ressureição: ''Como o meu Pai me enviou, também eu vos envio" (Jo. 20,21), acrescentando: "Recebei o Espírito Santo". Uma das tarefas do Espírito Santo é testemunhar: "Ele próprio dará testemunho de mim" (Jo. 15,26) - e o faz na pessoa dos discípulos, que torna capazes de testemunhar: "É o Espírito do vosso Pai que falará em vós" (Mt. 10,20) ; então "vós mesmos dareis testemunho de mim" (J o. 15,27). Mas nossa missão somente poderá se realizar se, no Espírito e pelo Espírito, nos deixarmos invadir pelo próprio Jesus, o perfeito enviado do Pai (cf. Fil. 2,5). Para realizar perfeitamente a sua missão, Cristo assumiu limitações humanas, o Verbo encarnado escolheu a humilhação. Possamos nós entender esta lição de Jesus Cristo! Muito mais do que Ele, nós temos possibilidades limitadas para realizar nossa missão. Por um lado, é preciso irmos até ao extremo dessas possibilidades, por outro, não devemos afligir-nos demais com essas limitações: é através do particular que podemos atingir o universal, é no cotidiano que vivemos o eterno . . . A realização de sua missão exige do cristão humildade e realismo. Arriscamo-nos a fabricar gerações de pretenciosos, de frustrado ou de instáveis se deixarmos que cada um acredite que pode fazer tudo, que um cristão pode estar e agir eril toda parte! É bom prestarmos atenção ao que nos ensina a parábola do Bom Samaritano, sem dúvida bem realista: o levita e o sacerdote talvez tivessem muito boas idéias acerca do serviço aos outros, mas na verdade foi o Samaritano que se mostrou o próximo do homem ferido ali abandonado. Nós também temos, em torno de nós, pessoas que podem e devem receber prioritariamente nossos serviços. Não passemos indiferentes por eles- salvo por um chamamento particular do Espírito - para irmos procurar adiante a quem ajudar! Na atenção solícita ao nosso cônjuge, à nossa família, aos que cruzam o nosso caminho podemos cooperar na missão do Espírito, participar na missão da Igreja, realizar a nossa própria missão. Mas não seja isto pretexto para apagarmos nossa fome e nossa sede de amarmos mais e de ajudarmos mais! O crescimento na caridade, é, por si mesmo, sem limites; mas precisa acomodar-se, na vida concreta, com as limitações materiais, no centro das quais se há de inscrever, por graça, o absoluto e o universal do amor de Deus.

Roger Tandonnet, s.j.

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HA UM ANO, O SíNODO

IGREJA DOMÉSTICA E APOSTOLADO

O último Sínodo dos Bispos ocupou-se longamente das tarefas da família no mundo contemporâneo. Entre estas, os Padres sinodais recordam, como vitais para a sociedade de hoje, as de educar homens livres, capazes de contribuir eficazmente para melhorar a vida dos homens e transformar progressivamente o mundo segundo o desígnio de Deus; de formar os homens no amor, para n,ele inspirarem todas as suas relações humanas; de educar os homens na fé; de transmitir-lhes os fundamentais valores humanos e cristãc;>s, e de educá-los na capacidade de acolherem na própria existência todo valor autêntico. Mas entre as várias tarefas da família cristã, o Sínodo quis sublinhar, de modo especial, a apostólica: "A família está confiada, primeiro que tudo, a tarefa da evangelização e da cate· quese", lê-se na mensagem final dos Padres sinodais. Afirmação esta extremamente importante, pois mostra com clareza o ponto de vista segundo o qual os Bispos do Sínodo trataram do vital e complexo assunto da família cristã: precisamente o ponto de vista apostólico, evangelizador. Não há dúvida que a família foi por vezes concebida mais como objeto do que como sujeito da evangelização da Igreja; mais como destinatária do que como agente da mesma. Trata-se de uma visão estática da família, dificilmente compatível com a essencialmente dinâmica que encontramos nos mais recentes documentos do Magistério eclesial. A família é, sem dúvida, o objeto fundamental da evangelização e da catequese. Mas ela "é também, explica o atual pontífice, o seu indispensável e insubstituível sujeito: o sujeito criador". Conceito este que o Papa já tinha afirmado com energia em Puebla quando, dirigindo-se aos Bispos latino-americanos, os exortava insistentemente a ter particular cuidado com a pastoral familiar, na "certeza de que a evangelização no futuro depende em grande parte da 'Igreja doméstica' ".

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A dimensão apostólica é, na realidade, uma dimensão fundamental da família cristã. O esforço evangelizador é verdadeira exigência da sua natureza. Como "Igreja em miniatura", como gosta de chamar-lhe o Sumo Pontífice, ela deve reproduzir em si mesma, do modo mais perfeito possível, a imagem da Igreja de Cristo. Nessa, portanto, devem encontrar-se os diversos aspectos desta. Ora, um dos aspectos essenciais da Igreja é o missionário. A Igreja é, na verdade, por natureza, missionária. É missão, é a própria missão encarnada. Donde se segue que a família será verdadeiramente ''Igreja em ponto pequeno" só no caso de refletir a natureza missionária, o aspecto apostólico daquela. Sem isto, fal~ taria à "Igreja doméstica" uma das notas essenciais da grande Igreja. É importantíssimo que as famílias cristãs adquiram consciên· cia cada vez mais viva de sua dimensão essencialmente evangelizadora, de sua responsabilidade no anúncio da Boa Nova e, por conseguinte, na edificação da comunidade eclesial. É necessário que as famílias tenham em conta que é através delas que a Igreja "vive e cumpre a missão que lhe está confiada por Cristo"; que elas são operários indispensáveis na difusão do Reino.

A sensibilidade apostólica de uma família constitui, sem dúvida, o melhor termômetro para medir o grau de vitalidade da sua vida cristã. Em todas as comunidades domésticas que vivem de fé, de esperança e de amor, nascerá e florescerá espontaneamente o mais fervoroso zelo missionário. Este é, portanto, o fruto, a expressão de um cristianismo autenticamente vivido. A sua conseqüência natural. Uma família profundamente cristã não pode deixar de ser profundamente missionária, e vice-versa. Isto porque é impossível viver em profundidade Cristo sem sentir a íntima exigência de anunciá-lO. A vida é já, em si mesma, anúncio. Melhor, o primeiro e mais eficaz, como ensina a Evangelii Nuntiandi. No exercício da sua missão apostólica, as famílias cristãs encontrarão o necessário alimento, como recorda o Sínodo, na escuta da Palavra de Deus e numa intensa participação na vida sacramental. Aquela deve ser o alimento quotidiano de todo crent~ e, portanto, de toda família cristã. Nesta, encontrará a comunidade familiar a fonte daquela força de que precisa para anunciar corajosamente, com a vida e a palavra, o mistério de Cristo morto e ressuscitado. Sem intensa vida sacramental, é impossível uma autêntica vida cristã e, por conseguinte, um verdadeiro zelo apostólico.

José Saraiva Martins (Do L'Osservatore Romano)

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CONSTRUIR A FAMILIA

Construir o lar na alegria dos corações, na comunhão, no encontro, Mas também na incompreensão, na crise e na prova. Falar da Fé aos filhos, e encontrar palavras e gestos para comunicá-la. Rezar com um coração que se abre Aquele que é o Outro, e ver que no entanto oramos fechando-nos à rotina. Sentir-se como esses pinheiros retorcidos, que se mantêm em pé à beira do mar, que voltam a levantar a cabeça apesar dos ventos contrários. Construir a nossa família num mundo que muda, e com a dor das cicatrizes do casal perfeito que desejaríamos ser, mas que não somos totalmente, e cujos fracassos são mais difíceis de suportar do que as debilidades pessoais. Saber que, apesar de tudo, é possível comprometer-se :r..uma opção de fidelidade, que o matrimônio pode ser um misterioso caminho para Emáus, quando um Terceiro nos acompanha. Uma maravilhosa aventura que construir a família exige de nós, para sacudirmos o medo e a apatia, para completarmos a obra do Senhor, pois o Espírito vai soprando na História com a sua presença viva e cheia de Esperança. Essa presença e esses sinais só poderemos percebê-los, única e humildemente, no passo solidário da Comunidade. Compartilhar a vida com gozo, com dor e com intensidade. Compartilhar o que se tem, sem desculpas, mas sobretudo o que se é e se sente, sabendo que só o escravo pode chegar a ser livre. Unir-nos à Virgem numa oração de louvor, fazermo-nos como Ela no mistério. Construir a Família. Um lugar onde o Senhor possa fazer maravilhas. Mercedes (Da Carta Espanhola)

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SÃO FRANCISCO E A OPÇÃO PELOS POBRES De Petrópolls, especial para a Carta Mensal.

No dia 4 de outubro, abre-se mais um "ano franciscano", visando ressaltar a figura de São Francisco, no oitavo centenário de seu nascimento. São Francisco foi um desses homens que viveram tão intensamente seu tempo e sua religião que não podem ser enquadrados nem pelo tempo nem pela religião. Ele extravasa para além das fronteiras de sua época e para além das fronteiras do próprio cristianismo. É verdadeiramente um Santo universal, com uma mensagem também universal. Muitas são as facetas através das quais se tenta captar a men-; sagem de São Francisco de Assis. Ora se ressalta nele o poeta, irmão de todas as criaturas; ora se ressalta sua humildade; ora se ressalta seu espírito de pobreza, etc. Sob qualquer um dos ângulos, chegamos sempre de novo a um fator determinante de toda sua grandeza humana: a consciência viva da filiação divina. É por ver em Deus o Pai comum de todas as criaturas que ele se julga irmão de tudo e de todos. E, se julgando irmão, ama profundamente a tudo e a todos; e amando profundamente a tudo e a todos, esvaziase de si mesmo e deixa-se invadir pela multiforme presença de Deus. É dentro deste contexto que se deve avaliar a atualidade da sua opção pelos pobres. Na verdade, o pobrezinho de Assis nunca fez uma pomposa opção pelos pobres. A sua opção decorre do fato de ele se considerar uma criatura entre as demais criaturas, todas fruto do amor de Deus. Apoderar-se de alguém ou de alguma coisa seria rebelar-se contra a condição de criatura. É aqui que ele radica sua pobreza e sua opção pelos pobres. Tendo profundamente impressa em seu coração a imagem "Daquele que sendo rico se fez pobre por nós", Francisco era incapaz de pensar e agir dentro dos qua-

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dros da posse e da dominação. Sua opção pelos pobres se traduz no fazer-se pobre, no viver pobre, no assumir a pobreza como virtude. Isto significa: esvaziar-se de si para deixar lugar para o Criador e suas criaturas. É evidente que, por sua atitude, São Francisco não consagra a pobreza-miséria, gerada pela exploração do homem sobre o homem. O que ele consagra é a pobreza evangélica, isto é, livremente assumida como testemunho e protesto silencioso contra os que julgam ser alguma coisa por possuírem alguma coisa. E aqui emerge a problemática atual da opção preferencial pelos pobres, opção proclamada por Puebla. Ao proclamar esta opção, a Igreja Latino-Americana nada mais faz do que voltar-se mais radicalmente para o Evangelho, que São Francisco transformou na sua única norma de vida. Partindo da constatação de que "a imensa maioria de nossos irmãos continua vivendo em situação de pobreza (imposta) e até miséria" (Puebla - Vozes 1135), a Igreja da América Latina aduz como razão o fato de "os pobres serem prediletos de Deus" (Puebla - Vozes, 1143). E acrescenta: "Esta opção, exigida pela escandalosa realidade dos desequilíbrios econômicos da América Latina, deve levar a estabelecer uma convivência humana digna e a construir uma sociedade justa e livre" (Puebla - Vozes, 1154). Finalmente, para a Igreja da América Latina a opção pelos pobres é uma "exigência evangélica" (Puebla - Vozes, 1156) . O oitavo centenário do nascimento de São Francisco, que se fez pobre com os pobres, e a posição cristalina da nossa Igreja, não deixam de ser um questionamento profundo para todos os movimentos de Igreja. Cada movimento, de acordo com o seu carisma próprio, deverá fazer esta mesma opção, se quiser merecer o nome de "movimento de Igreja". O como concretizar a opção pelos pobres deverá ser uma das tarefas primordiais destes movimentos. Não se trata de conselho, mas de um imperativo que não pode mais ser burlado, nem adiado.

Frei Antonio Moser, o.f.m.

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COM A PALAVRA OS CONSELHEIROS ESPIRITUAIS

O COMPROMISSO DE EVANGELIZAR

"As equipes colocam-se sob o patrocínio de Nossa Senhora. Com isto acentuam o desejo de serví-la e afirmam que não há melhor guia para levar a Deus do que a própria mãe de Deus". (Estatutos). Maria sempre foi e continua ocupando na vida cristã lugar proeminente; ela é mãe de Deus e mãe da Igreja. Feliz idéia a de colocar o movimento das Equipes sob os cuidados de Nossa Senhora! Cqmo destacam os Estatutos, o culto carinhoso e devotado a Maria tem consequências práticas: servir a Maria, e servir-se de Maria para chegar a Deus. Na história da Igreja, o culto a Maria sempre veio unido à glorificação a Deus e deve levar o cristão a se aplicar numa vida absolutamente conforme à vontade do Pai. As implicações práticas variam de acordo com o tempo, o lugar, adaptando-se às peculiaridades e necessidades atuais de cada povo, de cada região. Focando o Brasil e o movimento das Equipes, hoje, parece-me que a missão das Equipes é servir o povo como Maria serviu, assumindo o compromisso de evangelizar. Assim como Maria foi preparada para assumir uma missão e colocou-se a serviço, no plano de Deus em favor dos homens, o equipista, todo equipista, deve viver o plano de Deus e colocar-se a serviço do irmão. O equipista, como Maria, tem de ser um engajado no apostolado. A ajuda que recebe do movimento das Equipes, parece-me, leva a uma certa acomodação que tranquiliza o equipjsta, como se pertencer ao movimento correspondesse a ser cristão pleno. O preocupar-se com a própria família e as famílias dos equipistas apenas, dá uma tranquilidade falsa, anestesiante.

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O equipista, como Maria, é privilegiado, pois recebe formação sólida e continuada, que deve desembocar no apostolado; de fato, não se pode conceber uma pessoa que tenha acolhido realmente a Palavra e se tenha entregue ao Reino sem se tornar alguém que testemunhe, e por seu turno, anuncie essa Palavra, isto é, evangelize. Ser missionário é evangelizar e é, por isso mesmo, formar novos evangelizados, novos missionários. Somos, até certo ponto, responsáveis pelo avanço ou não do evangelho que proclamamos. Cristão- e, por novo título, equipista- é tão-somente aquele que procura viver sua humanidade a partir de Cristo. Seguindo a Jesus, viver, sofrer e morrer de maneira verdadeiramente humana no mundo de hoje- na alegria e na tristeza, na vida e na morte - sustentado por Deus e prestativo aos homens. "Ide por todo mundo, e pregai" . . . Seria bom cada equipista e cada equipe avaliar como cada um é agente comprometido com a evangelização. Que ninguém use as Equipes de Nossa Senhora para acobertar-se e iludir-se, mas que o movimento gere agentes verdadeiros e conscientes de Cristo.

Pe. Geraldo V alle Conselheiro Espiritual do Setor de Ribeirão Preto

"E os enviou dois a dois ... " Trata-se para vocês de irem, dois a dois, onde Jesus Cristo quer passar. Trata-se, dois a dois, de dizer "sim", como Maria. Não esperem compreender melhor as coisas para sair por aí, não esperem ser santos, perfeitos, para, dois a dois, irem à messe e transformar o mundo. O mundo está esperando por um tipo diferente de presença: uma presença por dentro. Digam "sim". Não há mais nada para aprender. Tudo o mais, é só depois de dizer "sim". Depois, vocês vão ver quanta coisa ainda vão aprender! (D. Antonio Celso, Bispo-Auxiliar de São Paulo, na homilia da Misla de encerramento do EACRE 77)

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PARA QUEM NAO GOSTA DE TERÇO

De quem também não gostava, até ler o livro do Pe. Mohana .. .

No passado, muitas pessoas rezavam o terço centrando-se nas ave-marias repetidas, como se esse repetir constituísse a oração. Não. A repetição das ave-marias funciona como uma espécie de fundo musical, de cortina mística para a contemplação dos mistérios cristológicos. A contemplação e a meditação dos mistérios de Cristo é que constituem o miolo do terço, é que formam a oração propriamente dita. As ave-marias são condicionamentos acústicos, para facilitar o itinerário através dos mistérios de Cristo, como um adequado fundo musical favorece nossa concentração na cena do filme. Repetimos a ave-maria, repetimos, repetimos, num embalo ritmado, mas não pensando nas palavras tantas vezes repetidas. É que elas são música mística a condicionar-nos biblicamente para contemplarmos a humanidade de Cristo em seus mistérios libertadores. Por exemplo, no mistério do nascimento de Cristo, enquanto nossos lábios vão executando o fundo musical das ave-marias, nosso espírito vai degustando, considerando, ruminando os episódios, as ocorrências, as mensagens, tudo quanto se relaciona com o nascimento de Cristo. Não poderia haver condicionamento acústico mais funcional do que essa repetição da ave-maria, por jogar com palavras desencadeadoras de associações apropriadas a uma meditação cristocêntrica. Inconscientemente, até, nossa mente é solicitada a reagir elaborando uma tessitura de fios evangélicos, à medida que os lábios vão emitindo estímulos, germinando reações. "Bendita és tu" - é a saudação ( ev) angélica para a privilegiada da humanidade; "cheia de graça" - o mistério da comunicação de Deus conosco; "bendito o fruto do teu ventre" - é Jesus, essa palavra que volta -10-


a cada passo, fazendo tudo convergir para o Jesus histórico, que outro não é senão o Cristo da Fé; ''Santa Maria, mãe e Deus" o mistério inefável da maternidade divina; "roga por nós pecadores" - é a nossa realidade concreta; pecadores, mas, ao mesmo tempo, filhos, íntimos de Deus, herdeiros. Sim, Deus, nosso Pai, está conosco no terço. "Venha a nós o vosso reino"- destino deste mundo, já iniciado no ventre da mãe de Cristo. Teríamos fartura de exemplos a comentar, mas é dispensável. Se rezássemos o terço apenas interessados em repetir avemarias, aí sim, terminaríamos caindo na oração multiplicativa de palavras condenada por Jesus. E os teimosos em rezá-lo assim esquecem que o substancial do terço é a meditação ou contemplação dos mistérios de Cristo. Não a repetição de ave-marias. Fique bem claro: a repetição de ave-marias é uma trilha sonora funcional, angélica melodia verbalizada. Insisto neste ponto, para ajudar aqueles que não se aventuram a rezar o terço por acharem "monótono ficar repetindo ave-marias". Ah, se radiografassem o coração, a alma, o espírito de outros cristãos! Tão realista é a pedagogia do terço que até um expediente encantador foi encontrado para dosar o tempo destinado à meditação ou contemplação dos sagrados mistérios. Não repetimos indefinidamente ave-marias. Apenas dez para cada mistério. (Que a tradição convencionou chamar "uma dezena"). Portanto, elas têm também uma função cronométrica. Marcam o tempo da contemplação. Durante quanto tempo vamos meditar, digamos, a flagelação de Jesus? Durante uma dezena. Durante o tempo de dez ave-marias. O terço é também um cronômetro de Deus posto em nossa mão. Aproveito a brecha para não esquecer uma elucidação. Durante as dezenas não meditamos apenas os mistérios de Cristo, mas também as mensagens que eles nos sugerem. Por exemplo, se estamos rezando o quinto mistério gozoso, meditando o diálogo de Jesus com os doutores da Lei, consideramos também uma ou algumas mensagens extraídas desse episódio, deixando o mistério iluminar nossa vida para atingir outras. Digamos: não fugir de situações onde nossa presença pode levar luz aos que precisam de nós; onde nosso testemunho talvez crie tensões junto aos que se julgam com o direito de monopolizar-nos; ou mil outras formas de viver o mistério meditado.

Meditar ou contemplar Depois de uma certa evolução espiritual (que não depende de classe social nem de nível cultural) a meditação cristológica du-11-


rante cada dezena pode ser alternada ou substituída por contemplação também cristológica. Em vez de ficarmos sempre a meditar no mistério correspondente, pomo-nos a contemplá-lo, enquanto ouvimos a mística música de fundo, dedilhando ave-marias. Suponhamos estar no terceiro mistério doloroso: "Jesus coroado de espinhos". Então ficamos a contemplar nada mais, nada menos do que a face de Cristo com os espinhos a varar-lhe a testa, ensangüentando-lhe os cabelos, o rosto ... Esse rosto único é que nos pomos a contemplar durante a dezena de ave-marias, numa verdadeira oração de simplicidade, olhar do coração e da fé. Pode haver oração mais autêntica, mais cristificante? E pensar que o terço da mãe de Cristo é a ocasião para vivenciarmos essa espécie nobre de prece- não é surpreendente?

Mística ferramenta Se no passado havia razão para afastar o terço da piedade, essa resistência poderia ser justificada com o distanciamento escriturístico. Não sabendo latim, o povo estava proibido de ter intimidade com o pat rimônio que Marcos, Mateus, Lucas e João deixaram para a Igreja em todos os tempos. · Hoje, este obstáculo está superado pelo fluxo de excelentes traduções científicas e populares dos evangelhos. É nesse novo contexto que o terço deve ser apreciado, julgado. Desfiá-lo anunciando os mistérios de Cristo é perpassar em oração, de ponta a ponta, uma cascata de fatos que nossa hodierna leitura do evangelho traz fatalmente. Na verdade, o terço é, em nossos dias, um eficiente recurso para mantermos vivo na memória, na imaginação, na inteligência, no coração, na alma, tudo quanto o Espírito inspirou aos evangelistas e quer continuar inspirando ao mundo por nosso intermédio. A experiência atual mostra que o terço é uma oportunidade de memorizar rezando o Evangelho, para mais facilmente vivê-lo, testemunhá-lo. Instrumento evangelizador de primeira, jamais deveria ser excluído do equipamento pastoral.

João Mohana (Descubra o Valor do Terço, Edições Loyola)

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REENCONTRAR SUA ALMA

"Pela madrugada, muito antes do dia, Jesus levantou-se, saiu e retirou-se para um lugar deserto. E lá, entrou em oração. Simão e seus companheiros puseram-se à sua busca. E, quando O encontmram, disseram-Lhe: todos te procuram." (Me. 1,35-37) Ele orava. Não via Jesus que, no momento em que fugia dos apóstolos, estes O procuravam? "Todos te procuram", disse-lhe Pedro. Mas Ele não os havia abandonado! Jesus sentia, como nós, a necessidade de fugir do barulho, de se encontrar "num lugar deserto", a fim de retomar fôlego, de recuperar sua alma e de a oferecer silenciosamente ao olhar de Deus ... E você, ama o silêncio em que tão facilmente desabrocha a oração? Você o procura de vez em quando? Você se queixa, freqüentemente, de que nada ouve quando se volta para Deus ou quando para Ele apela. Mas Deus não fala em meio ao ruído. A palavra interior do Espírito é por demais discreta para transpor o tumulto onde tantas vezes vivemos. Faça silêncio dentro de você para poder escutar esta voz e ela despertará, nas profundezas de sua alma, muitos ecos . Faça silêncio. E, para isso, de vez em quando, mergulhe na solidão. Faça mais ainda. Mesmo na solidão, afaste de dentro de você as vozes barulhentas que aí existem, pois, se não tomar cuidado, esses ruídos farão recuar a voz de Deus. Imponha pois o silêncio, de tempos em tempos, às preocupações, ao trabalho, às leituras ... Tire férias de sua vida cotidiana. Assim, irá surpreender a Palavra Divina e, então, poderá escutála distintamente pois só a ela você estará prestando atenção e, quando voltar para seus irmãos, sua voz será o eco desta Palavra de Deus.

Lourdes Nelson Onuchic Equipe 3 de São Carlos

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UM SACERDOTE FALA SOBRE SUA VOCAÇÃO E também sobre as Equipes de Nossa Senhora. l!: o Pe. José Carlos Di Mambro, c.p., Conselheiro Espiritual do Setor de São Carlos .

P.- Como se deu sua opção pela vida sacerdotal e dentro da Congregação Passionista? R. - É difícil contar a história da própria vocação, assim como a história de uma grande amizade. Permanece sempre envolta no mistério. Mesmo assim, vou tentar escrever alguma coisa sobre a minha vocação religiosa e sacerdotal. No vai e vem da vida, sempre senti em meu íntimo o desejo de ser padre. Lembro-me que manifestei esse desejo, pela primeira vez, aos 6 anos de idade, época em que os Padres Palotinos sempre se hospedavam em nossa casa. Em 1947, meus pais mudaram-se de Presidente Prudente para Osasco, em busca de trabalho. Foram morar em uma paróquia dirigida pelos Religiosos Passionistas. Comecei a freqüentar os movimentos juvenis, fui coroinha. Daí foi um passo, embora tenha encontrado sérios obstáculos para realizar o meu sonho; somente aos 19 anos comecei a realizá-lo. É muito importante para mim dizer que sou Religioso Passionista. Quero dizer, so-u Religioso e Padre Passionista. A espiritualidade de minha Congregação me fascina: estudar, meditar e propagar a Paixão de Jesus Cristo, e isso através de um voto, além dos de pobreza, castidade e obediência. P. - Que trabalho o senhor gosta mais de exercer dentro de seu ministério sacerdotal e passionista? R.- O que me levou a entrar na Congregação foi a sua espiritualidade e o seu apostolado: "o ministério da Palavra", principalmente as Missões. Meu desejo foi sempre ser um Missionário. Deus tem seus caminhos. Nos meus 15 anos de padre, nunca participei de uma missão, nem vivi em terras missionárias, como era meu desejo. Sempre trabalhei na formação: 8 anos no Seminário Menor e 7 anos no Noviciado. Aprendi a ver nesse trabalho um trabalho missionário. Mais, aprendi que quem faz voto de obediência não deve ter seus planos, mas estar aberto aos "Planos de Deus", manifestados através dos superiores; por isso, "nada pedir, nada recusar". Gosto de tudo que faço. P. - Como consegue atender a tantos compromissos, quando é ao mesmo tempo solicitado pela Congregação, pelos leigos, pela diocese, pela paróquia? R. - Quando se faz o que se ama e quando se acerta na vocação, não há dificuldade.

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P. - O que o motivou a iniciar o trabalho com as Equipes de Nossa Senhora e a permanecer nele? R.- Um convite feito por dois casais. Permaneço nesse trabalho porque é um dos movimentos que acho completo dentro da Pastoral Familiar. E porque, trabalhando com as Equipes de Nossa Senhora, passo a entender melhor o meu trabalho com os noviços.

P. - O senhor tem sentido por parte dos casais das Equipes 1'espostas que atendam aos objetivos do Movimento? R.- Disto não duvido. As vezes somos tentados a julgar aquilo que o Movimento pede pelo comportamento de um ou outro casal. É errado. Noto muita boa vontade. Falhas sempre haverá. O positivo é bem mais alto do que as falhas.

P.- O sr. acha que as Equipes de Nossa Senhora têm correspondido aos anseios da Igreja, com relação à família, ao jovem, ao pobre? R. - Essa pergunta pode ser respondida quase como a anterior, pois os objetivos das Equipes são os objetivos da Igreja. Não poderia ser diferente. Mas, para explicitar melhor, diria: se assim nâo fosse, eu já teria deixado de assistir ao Movimento.

P. - Agora, uma palavra aos casais das Equipes. R. - Diria apenas o que diz o Apóstolo: "Vivei dignamente a vocação a que fostes chamados"; mas, prestai bem atenção: "A quem muito se dá muito se há de pedir". As Equipes de Nossa Senhora e a cada casal equipista, muito Deus tem dado ...

Tenho também uma mensagem e um pedido. Comecemos pelo pedido: Rezem para que Deus, na sua imensa bondade, conserve os religiosos, os sacerdotes e os seminaristas firmes na sua vocação. Que nada de mal lhes aconteça. Fácil, diria, é ficar religioso, ficar padre. Difícil é ser religioso, ser padre. Rezem para que sejamos religiosos e sejamos padres segundo o coração de Cristo. A mensagem: Devo a minha vocação a Deus, é lógico, em primeiro lugar; depois, à minha família, aos meus pais. Vivei e rezai de tal modo que Deus possa abençoar o vosso lar com um filho religioso ou sacerdote, com uma filha religiosa. De vosso lar devem sair os sacerdotes para a Igreja e para assistir às Equipes. Que a Virgem Maria, modelo e guia de todo cristão, seja de fato o modelo e o guia das Equipes de Nossa Senhora e dos casais equipistas. Pe. José Carlos Di Mambro, c.p.

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DIFUNDIR O AMOR

(Da Carta francesa)

Recebemos muito, Daniel e eu, das Equipes de Nossa Senhora. Depois de trinta anos de casamento, podemos perceber o quanto sustentaram o nosso amor, o quanto o fizeram crescer, o quanto nos ajudaram a viver o nosso sacramento do matrimônio. Parece-nos que a vocação primeira de um equipista é difundir o amor à sua volta. É o engajamento básico - que não impede, é claro, os outros engajamentos na Igreja e no mundo. Como, por exemplo, deixar de transmitir aos que nos cercam o que é o dever de sentar-se, base da comunicação entre o casal? Não temos o direito de conservar para nós riquezas tão maravilhosas para o amor humano. O Centro de Preparação para o Matrimônio, nascido das Equipes de Nossa Senhora, foi, para Daniel e para mim, vinte anos atrás, uma etapa muito rica na qual tentamos transmitir aos noivos (bem comportados) da época o que descobríamos em nossa equipe. Mais recentemente, há cerca de cinco ou seis anos, ao ver jovens em torno de nós dilapidar toda a riqueza do amor cristão, resolvi engajar-me no C.L.E.R. (1) A situação estava ficando grave demais. Não podemos permanecer fechados em nossas riquezas e nada fazer para ajudar todos aqueles que se acham às voltas com dificuldades de toda ordem (relações sexuais precoces, coabitação juvenil, falta de diálogo entre os casais, divórcio, contracepção, aborto . . . ) O C.L.E.R. pareceu-me representar o ponto concreto de chegada de nossos vinte e cinco anos de equipe. Com a formação que me dá para estar a escuta dos jovens e dos casais, posso partilhar com eles tudo que recebi nas Equipes, o que é para mim uma alegria muito grande. Mas quanto sofrimento tenho encontrado! Por isso, como fez Louis d'Amonville, faço um apelo insistente a todos os equipistas: estejam atentos aos que sofrem no seu amor, e também aos que o vivem numa única dimensão. Sejamos criativos para ajudá-los. (1)

Centre de Liaison, d'Etudes et de Recherches, também nascido das E.N.S.

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Informemo-nos quanto aos organismos existentes, os conselheiros conjugais, os livros, as sessões, os retiros, que possam esclarecer, ajudar. Tornemos conhecidas as Equipes de Nossa Senhora, contemos o que delas recebemos . . . Por que não procuraria cada equipista, na sua paróquia, localizar os recém-casados, a fim de acolhê-los, ampará-los, proporlhes uma vida de equipe? Não é mais possível, hoje em dia, viver sozinho os valores cristãos do matrimônio. A espiritualidade conjugal que tentamos aprofundar nas Equipes não é um refúgio, um lugar sossegado em meio à tormenta atual, mas, pelo contrário, um motor que nos deve impulsionar para irradiarmos em torno de nós o amor de Deus, para assumirmos na oração e na ascese os casais e os jovens em dificuldade, para trabalharmos concretamente, segundo nossas possibilidades, para ajudá-los. Isto é assunto para a cc-participação de nossa próxima reu~ nião. Não poderia depois a Carta Mensal publicar o fruto dessas co-partici pações? A messe é grande. Abramos os olhos, os ouvidos e, principal· mente, o coração. Josette

Eu havia sonhado com um lar unido pelo amor; tenho a discórdia. Havia sonhado com um marido carinhoso e atencioso; tenho um marido irrascível, violento e alcoólatra. Havia sonhado com um lar voltado para os outros; eu é que preciso dos outros e me fecho em minha solidão. Do fundo do abismo, clamo a ti, ó Pai. Entrego meu lar em tuas mãos. Minha força já não basta. Perdi até o amor e a esperança. Só tu podes impedir-me de romper. Só tu podes salvar-me, Pela oração daqueles que oram por mim Pois de nada sou capaz, a não ser chorar como uma criança.

Anônimo (Recebido com data de 6 de fevereiro de 1981)

..• .

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UM CASAL EQUIPISTA BRASILEIRO NO CONGRESSO DE LOURDES

Ao regressarmos de Lourdes, onde fomos participar do 42.0 Congresso Eucarístico Internacional, queremos repartir com vocês as graças que recebemos. Esse encontro com as gentes de todas as raças em torno da Eucaristia marcou-nos profundamente. Queremos ressaltar a presença de 12.000 jovens de todo o mundo (acampados no próprio parque da gruta), que deram uma nota viva e atuante em todas as sessões. A organização foi esplêndida. Os participantes foram distribuídos segundo seu grupo linguístico. Nós, do grupo de língua portuguesa - cerca de 2.000 pessoas - estivemos sempre junto com os portugueses, os angolanos, os representantes de S. Tomé e Príncipe, os de Cabo Verde e da Guiné. Como o grupo era dos maiores, construíram um pavilhão de lona, distante mais de 2.000 m. da gruta. Vale dizer que caminhávamos aproximadamente 10 km. a pé por dia, e quase sempre debaixo de chuva ...

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O programa era extenso, com sessões de manhã, à tarde e muitas vezes à noite. Seria difícil apontar tudo, mas cabe salientar três pontos altos que vivemos: - a participação dos africanos, principalmente dos angolanos, nos mostrando uma vida simples, porém riquíssima de ensinamentos (uma experiência de vida era transmitida pelos representantes de cada país);

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- a oração de D. Helder Câmara, que foi a mensagem mais viva; todos queriam ouvi-lo; ele pronunciou conferências também em francês, traduzidas para outras línguas; - a preparação para a confissão, apresentada pelos jovens, que tocou profundamente cada um dos participantes. Ol

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Queremos registrar também a emoção que tivemos ao receber, o grupo de língua portuguesa, a visita do Cardeal Legado. Ele chegou da surpresa e, em francês, disse da sua alegria e da sua esperança. Se nós pudéssemos contar tudo o que vimos e ouvimos! As cerimônias litúrgicas foram preparadas com todo o esmero, sendo que cada país era encarregado da animação de um dia. As cerimônias gerais foram prejudicadas pelo mau tempo: chuva a toda hora; as três que puderam ser realizadas ao ar livre, porém, deram uma idéia nítida da verdadeira comunhão dos santos. Maravilha! Vivemos também uma experiência como casal cristão. Depois da sua palestra sobre "Visão sinodal da espiritualidade familiar", o Pe. Vítor Pinto, animador do grupo português, pediu aos casais presentes que dessem um testemunho de vida. Algumas pessoas prestaram depoimentos e nós também: com toda a simplicidade, falamos de nossa experiência de oração familiar. No dia seguinte, o casal d'Amonville convocou os casais das Equipes de Nossa Senhora presentes ao Congresso para uma hora de adoração ao Santíssimo Sacramento. Só nessa ocasião ficamos Eabendo que havia ali outro casal brasileiro das Equipes, mas não conseguimos localizá-lo. Foi uma alegria muito grande sentir-nos junto a irmãos equipistas de todo o mundo. Contudo, a maior emoção que tivemos foi quando, convidados por D. Romeu Alberti, Bispo de Apucarana, PR, e delegado do Brasil para o Congresso, levamos a bandeira do Brasil até o altar, por ocasião do encontro do Legado Pontifício com as jovens Igrejas do mundo, na basílica subterrânea São Pio X. Ao nos dirigirmos para o altar, surgiu Marie D'Amonville, saindo não sabemos de onde, e deu um beijo em Maria. Aí, então, sentimos que levávamos também ao altar as Equipes de Nossa Senhora.

Maria e José Aquino Equipe 2/D, São Paulo

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MEDITAÇÃO PARA O DIA DA CRIANÇA

Criança pobre, o mundo em que vivemos deixa você sem habitação decente, sem alimentação farta, sem calçado ou agasalho, sem escola, sem infância . . . Vejo-a, apenas sobrevivendo, na chuva vendendo jornal, ou quitandas, com os lábios roxinhos de frio, roupas que mal escondem seu corpo magrinho, anêmico .. . remexendo os restos das latas de lixo .. . catando vidros e restos de metal nos terrenos baldios ... tomando conta de automóveis em que você nunca pode entrar . pedindo esmola, qualquer coisa serve . . . mantendo, muitas vezes, sua família com seus cruzeiros sofridamente ganhos . . . roubando um doce, uma verdura, uma fruta, um mantimento, nos mercados ... Leio nos seus olhos a tristeza dos ambientes de promiscuidade de onde você vem, e que o tornam indiferente, amoral. Seu amadurecimento é precoce, sofrido, desesperador. Você é um botão a que não se aplica o verso do poeta "entreaberto botão, entrefechada rosa". Você não tem etapas, porque não tem direito à infância. E me pergunto se temos perdão, nós, uma civilização que gasta milhões em estocar armas, bombas, vírus, substâncias químicas para a guerra, que faz a propaganda descarada do erotismo, da pornografia (em festivais, concursos, prêmios ... e tudo) , do luxo, do supérfluo. Sei que você, se soubesse, me diria que Jesus afirmou que •·pobres sempre os tereis entre vós", e que há, também, milhares de pessoas que, no anonimato, trabalham nos hospitais, creches, orfanatos, asilos, grupos, laboratórios, que dedicam sua vida a tudo o que diga respeito à criança, pobre ou rica, sadia ou deficiente, sem discriminação de espécie alguma.

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Eu lhe digo, porém, que a humanidade já erradicou definitivamente tanta coisa. Não conseguirá matar o micróbio da míséria? Da sua miséria? Nós, da civilização cristã, não entendemos que "deixai vir a mim as crianças porque delas é o reino dos céus" não é um reino que começa na eternidade, mas aqui e agora? Que não temos o direito e o dever de projetar o reino para depois? Você, com seus olhinhos em que se mesclam inocência e esperteza, ignorância e astúcia, necessidade e tragédia, não estará confirmando a seriedade das palavras evangélicas: "Aquilo que fizerdes a um desses pequeninos é a mim que o fazeis? ... Neste seu dia, meditando . . . meditando tudo isto, eu lhe peço perdão pelas estruturas sociais que criamos, que continuam a crucificar o Cristo de quem você é a imagem.

Almira Calixto Setor B de Florianópow

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O QUE É DIÁLOGO

Falar do diálogo está se tornando moda. Não seria porque muitos sentem a sua necessidade mas não conseguem ver as suas implicações práticas? As vezes chamamos de diálogo qualquer conversa com o outro. Alguém desabafa . . . logo falamos de diálogo. Desabafar é muito bom e pode ser o caminho necessário para um frutuoso diálogo, mas desabafo não é diálogo. Uma vez, recusei conversar com um jovem que veio para "brigar" comigo. Ele falou depois que eu não quis dialogar. Na realidade, não quis brigar com ele . . . Um clima emocional leva à agressão verbal, que provoca uma reação de defesa. Então ficamos na frente de um "duelo" e não de um "diálogo". Querer "abrir o jogo", dizer ao outro certas verdades, abrir-lhe os olhos "para seu bem", pode algumas vezes ser proveitoso, mas agindo assim não estou dialogando. Dar bons conselhos, dar explicações, exortar o outro a modificar tudo isso pode ajudar o outro, mas não é diálogo. Comecei a entender o "diálogo" e a sua força para mudar o relacionamento de uma pessoa com outra a partir da meditação da passagem do Evangelho, em que Jesus, aos 12 anos, conversa com os doutores da Lei: "Maria e José encontraram Jesus no templo, sentado, em meu meio aos doutores, ouvindo-os e interrogando-os. E todos os que O ouviam ficavam extasiados com a sua inteligência e as suas respostas" (Lc. 2,46-47). Para um diálogo franco e verdadeiro, é preciso, em primeiro lugar, encontrar-se e sentar-se. A posição "de pé" indica uma certa pressa de terminar ou uma vontade de agredir. A pressa ou a agressão são obstáculos ao diálogo. -22-


O diálogo é um encontro entre pessoas dispostas a ouvir uma a outra com atenção e respeito. O diálogo só é possível entre pessoas que se consideram iguais como pessoas humanas. Não há diálogo franco de cima para baixo, ou de baixo para cima. Para escutar o que o outro tem a me dizer, é preciso confiar nele, é absolutamente necessário crer nele. Para ouvir o outro, é preciso amar muito, ter humildade, reconhecer os meus limites. Geralmente, em vez de ouvir o outro, preparamos o que queremos dizer enquanto o outro fala. Não o escutamos de verdade: não o ouvimos! Porque não o ouvimos, somos incapazes de um verdadeiro diálogo. Não é fácil dizer as coisas como nós sentimos. Então é difícil para o outro entender bem o nosso ponto de vista. Para um verdadeiro diálogo, é necessano também interrogar o outro para descobrir o que ele nos quer transmitir, sem nunca julgá-lo ou fazer um processo de intenção. É importante respeitar a sensibilidade do outro, não o forçando a se revelar mais do que deseja. Enfim, para dialogar, tenho de falar. Se é preciso interrogar o outro para conhecer sua opinião não é menos necessário que eu diga com clareza e sinceridade o que eu penso, ressaltando os pontos de vista comuns e aceitando com realismo e respeito os pontos divergentes. Se temos um desejo sincero de diálogo, vamos respeitar a opinião do outro, mesmo que ela não bata com a nossa e que não cheguemos a um acordo. É preciso contar com o tempo e ser disponível para mudar de idéia, se precisar. Não podemos dialogar verdadeiramente se encararmos o outro como "instrumento" ou como "adversário". Num verdadeiro diálogo, não há vencedor nem vencido, mas somente mais compreensão e mais amor.

Irmão Pedro, r.s.v. Conselheiro Espiritual das Equipes 4 e 5 d.e Maril.l.a

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REUNIÃO DO CONSELHO INTERNACIONAL DAS EQUIPES DE NOSSA SENHORA

Escrevem Cidinha e Igar, representantes do Brasil no Conselho:

O Conselho foi criado em 1969, para colaborar com a Equipe Responsável Internacional em seu trabalho de reflexão para definição das orientações do Movimento. É composto de doze a quinze casais, provenientes de diversos países. Atualmente, são um francês, três belgas, um italiano, um austríaco, um irlandês, um espanhol, um português, um americano e um brasileiro, além do casal secretário, que é francês. No início do ano, cada casal membro do Conselho recebeu um conjunto de questões a serem estudadas para depois serem discutidas em conjunto, com o objetivo de dar subsídios à Equipe Responsável para elaborar as orientações para o período 1982/87, a serem apresentadas em Roma, por ocasião da peregrinação, em setembro de 82. Para que nosso trabalho não refletisse apenas o nosso pensamento, consultamos casais e Conselheiros Espirituais de várias Regiões do Brasil. A reunião do Conselho realizou-se em Bievres, nas proximidades de Paris, nos dias 28 a 31 de maio, junto com a Equipe Responsável. Os trabalhos versaram sobre os seguintes temas: O Sínodo dos Bispos, e a responsabilidade do Movimento na divulgação e aplicação da conclusões cuja publicação está sendo aguardada. As necessidades dos casais, quais se nos apresentam prioritárias e como o Movimento pode responder-lhes. A responsabilidade das Equipes dentro da Igreja: aqui ressaltou-se a necessidade de cada casal equipista estar integrado na Igreja local, participando de sua vida e de sua missão. Em todo esse trabalho, sentimos, agradecidos, que as contribuições recebidas dos casais e Conselheiros Espirituais foram valiosas, não só fornecendo elementos importantes, como também fortalecendo nossas bases para as reflexões e trocas de idéias. -24-


CRIANÇAS. . . DELAS t: O REINO DOS Ct:US!

(Do Boletim de São Carlos)

Naquele dia eu voltava de uma reunião na escola. Passava das 22 horas e as crianças estavam dormindo. Deixei minhas coisas como de costume no escritório. Olhei para a mesa. Sobre ela, uma folha de papel escrita de ambos os lados. Era uma "composição" que nosso filho caçula havia feito durante a minha ausência, enquanto o pai lia seu jornal. Transcrevo aqui, sem cortes, nem correções. Pena que não se possa reproduzir também a caligrafia incerta de seus nove anos:

"Dia 12 de outubro é dia da criança e hoje é dia 9 de outubro de 1980. Meu pai e minha mãe são da Equipe de Nossa Senhora. São 12 equipes. Cada uma com o nome. Por exemplo a nossa equipe é n. 0 4 e chama-se "Nossa Senhora Rainha da Paz. E sempre tem reunião das Equipes nas casas dos equipistas e festas. Como no dia da criança no Colégio São Carlos (colégio da Lenise). Vai ter a festa da criança com jogos. Por exemplo: corrida do saco e muitas outras. E como meus Pais são da equipe nós vamos na festa. Também ha prévia, reunião de estudo, jantar e reuniões (etc.). O padre é o conego (Pera). E quando ele ou outras pessoas fazem aniversário (aniversário de casamento etc.) nós festejamos. Cada equipe tem um padre o nosso eu já falei (conego Pera). Tem também retiros e Noites de Oração na Igreja "São Sebastião". Eu gosto de ir as vezes nas reuniões (principalmente de estudo) aniversário e gosto também de ir nas Noites de Oração. Mas em primeiro lugar eu gosto de ir nas festas. Tem também equipes de Nossa Senhora em Arraraquara e Piracicapa com o mesmo sistema. Bom já terminei só vou falar que é muito legal as equipes àe Nossa Senhora. João Paulo tchau (9-10-80 - quinta)" -25-


Reli novamente aquelas linhas, cheias de rabiscos, com letras e palavras remontadas, sem exatidão de linguagem mas com pureza de coração. Lembrei de uma conversa que tivéramos dias atrás, quando ele me disse: "Mamãe, quando eu crescer ainda vai ter Equipes de Nossa Senhora?" - Certamente, eu lhe respondi. Por que? - Porque eu também quero ser de uma. Fiquei mais um pouco ali, pensei no sentido daquele "nossa equipe", no de "nós festejamos ... " E não pude deixar de agradecer e de pedir perseverança para aquele desejo. Guardei com cuidado e carinhosamente aquele papel, apaguei a luz, dei meu beijo de boa noite a todos e fui dormir muito feliz. Maria Nilza Equipe 4 de São Carlos

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o A cena merecia um fotógrafo: a meninazinha com uma boneca nos braços assistia à Missa, quietinha ao lado da mãe. Quando as pessoas se deram as mãos para rezar o Pai-Nosso, ela segurou a mãozinha da boneca e a estendeu para a moça que estava ao seu lado. Ficaram de mãos dadas, a mãe e a filhinha, a boneca e uma moça desconhecida. Ficaram de mãos dadas o amor, a pureza, a beleza e a compreensão. -o---

o O menino esfarrapado, com carinha de fome, veio apanhar a camisa que lhe ofereci quando o encontrei na rua. Sobrara muita comida do almoço. perguntei-lhe: - Você quer almoçar? - Quero sim senhora. E foi comendo depressa, com muita vontade. Na metade do prato, de repente, parou. - Moça, a senhora me dá um pedaço de papel? Colocou com muito cuidado o resto de sua comida no papel e explicou: - É para o meu amigo, ele hoje ainda não comeu. E eu pensava que estava sendo caridosa só porque dei uma camisa velha e uma comida que sobrou. -26-


NOTíCIAS DOS SETORES

INTERIOR DO R.G.S. -

Notícias

Maria Olivia e Luiz Carlos, responsáveis pela Coordenação do Interior do Rio Grande do Sul, enviaram-nos algumas notícias, que recebemos com muita satisfação, mesmo porque as notícias vindas do Sul são bastante raras! Das 17 equipes da Coordenação, 10 marcaram vigílias de oração para se integrarem aos intercessores, num total de 68 casais. No início de agosto, realizou-se o primeiro retiro promovido pela Coordenação, com a participação de 20 casais -mesmo porque as instalações não comportavam um número maior. Foi num seminário desativado, na Colônia São Pedro, município de Torres. O pregador foi o Pe. Arno, incansável, atendendo a todos com sua bondade e disponibilidade. Foi tal o sucesso do retiro que era unânime o comentário: "Que bom se este retiro fosse de sete dias!" Um detalhe: foi em silêncio total e absoluto ...

RIO DE JANEIRO -

Mais equipes no "E"

Continua a expansão nos subúrbios. Com o lançamento da 66, em junho (pilotos: Maria Thereza e Luiz Sérgio), já são cinco as equipes em Padre Miguel. Em agosto, começou a segunda em Marechal Hermes, com casais indicados por equipistas da 55, do mesmo bairro, sendo que um deles é o piloto: Denise e Manoel. O primeiro gesto do piloto, no lançamento, foi oferecer a cada casal um santinho em forma de livrinho, com a efígie de Nossa Senhora e o seguinte pensamento: "Quem vive o Sim do amor faz Deus presente na História". -27-


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Quinze anos de equipe

A equipe 11, de Nossa Senhora das Graças, do Setor B, comemorou quinze anos de existência. A celebração, presidida pelo Pe. Charbel, na ausência do Conselheiro Espiritual, Pe. Penido, compareceu, para alegria de todos, o casal piloto, Malvina e Edgard. Foram lembrados com carinho os Conselheiros que assistiram a equipe, o primeiro deles, Frei J amaria. No lanche de confraternização que seguiu a missa, dois destaques: o bolo, artí~tico e go-stoso, feito e decorado pela Marlene e oferecido pela sua equipe, a 51, do Setor E (cujo Casal Responsável pertence à 11), e a imagem de Nossa Senhora, presente do casal de ligação, Elsa e Neiva.

SOROCABA -

Agora é Setor

Em cerimônia realizada no dia 15 de agosto, na Catedral de Sorocaba - d ia consagrado a Nossa Senhora da Ponte, Padroeira da cidade e da diocese - a Coordenação passou a Setor. Celebrou Ma.ns. Castanho, Conselheiro Espiritual das Equipes 1 e 8 e ela Coordenação. Presentes Dina e Chico, Casal Regional, que deram posse ao Casal Responsável pelo Setor, Zezé e Hélio Ferreira. Presentes ainda, além de Lucília e João Valente, Responsáveis pelo Setor de Itu, e de Marina e Ademar, que pilotaram a equipe 3, os representantes dos Cursilhos de Cristandade e dos Encontros de Casais com Cristo junto ao Conselho Diocesano.

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Os equipistas e seus familiares compareceram em peso. Foi uma cerimônia simples, cujo destaque foram os cânticos, a cargo da comunidade de jovens da paróquia de São Paulo Apóstolo. Ao final, foi distribuído como lembrança, revestida de particular significado na ocasião - festa de Nossa Senhora - um folheto em cartolina azul, com a silueta de Na. Sra. das Equipes e instruções completas para se rezar o terço. -

Engajamentos dos equipistas

Nas páginas do Boletim, são apresentadas as 9 equipes do Setor, com as atividades apostólicas de seus membros. Como em toda parte, ganha, de longe, a participação nos Encontros de Casais com Cristo: difícil uma equipe em que não estejam todos ou quase todos trabalhando no E.C.C.! Da equipe 1, por exemplo, além de participarem ativamente, três casais já foram dirigentes do ECC; da 3, dois casais trabalham na Coordenação do ECC (e "todos participam ativamente"). Quase todos os equipistas trabalham na paróquia, em catequese, cursos de noivos, de batismo, círculos bíblicos, grupos de jovens, pastoral da saúde, e alguns também em paróquias da periferia, nos Encontros de um dia lá promovidos. Há ainda os que trabalham como vicentinos, na APAC, no SOS, com Sociedade de amigos de bairro, centro comunitário. Alguns estão fazendo curso de teologia. Os casais da 8 relacionaram a meditação do rosário uma vez por semana e uma vigília de oração, que se inicia à meia-noite e termina às 7 da manhã (com um casal telefonando para o outro no término do seu horário). Bem, a oração não deixa de ser um apostolado! BAURU -

Mensagem do Conselheiro

Escreve o Pe. José Jonas da Silva, em mensagem aos equipistas, no Boletim:

Convidado pelo novo Casal Responsável do Setor, Neusa e Orlando, para a tarefa de assistente do Setor, ofereço minha pequena disponibilidade de tempo, e faço-o por dois motivos. Primeiramente, porque creio demais na família e nas Equipes de Nossa Senhora. Como a salvação da sociedade está na família, assim a salvação da Igreja está na família cristã, Igreja doméstica. Segundo, porque, como sacerdote rogacionista, tenho por fi- . nalidade rogar e agir por todas as vocações da Igreja. Fazer família é dizer .logo ninho, berço, sementeira, seminário de todas as vocações para a Igreja e para a sociedade. As grandes escolhas dos filhos nascem, desabrocham ou morrem na família. Sua -29-


junção principal é formar pessoas. Além disso, é preciso que a família se volte para fora de si mesma: "A instituição familiar está voltada para o exterior, para os outros, é feita para o bem_ alheio. . . a família deve procurar ter um valor evangelizador e missionário. Ela realiza esta missão esforçando-se por dar testenho real de vida cristã e por se tornar assim, cada vez mais, um apelo a acolher a Boa Nova do Evangelho." (Paulo VI). Que · cada equipe seja cada dia _mais escola de vida cristã para casais tão necessitados de ajuda. De minha parte, trago as solicitudes e alegrias do religioso e do sacerdote para o seio d~ suas famílias. Desta forma, unidos, estaremos edificando parte do corpo de Cristo que é o Setor das Equipes de Nossa Senhora que está em Bauru. Coloquemo-nos sobretudo como tipos de vocação realizada para nossos adolescentes e jovens. Na Igreja-Comunhão, cada cristão tem um serviço a prestar. O serviço específico para as Equipes de Nossa Senhora é, a meu ver, a formação cristã das novas famílias, tendo como campo privilegiado a Pastoral Familiar, na maior acepção do termo. SAO CARLOS -

Frutos do EACRE

A Equipe 5, sob a batuta do novo Casal Responsável, Maria e Carlos, após proceder a uma avaliação de sua atuação, elaborou um programa de atividades fundamentado nas idéias básicas do EACRE. Mensagem colhida no EACRE: Devemos ser casais de oração, nada poderemos com nossas próprias forças." Programação: Durante todos os dias da semana, haverá um casal rezando um terço em intenção da equipe e do Movimento. Mensagem: "Não devemos desprezar, como filhos pródigos, o grande tesouro que Deus colocou à nossa disposição", "Formar uma equipe de um só coração e uma só alma". Programação: Realização de uma reunião extra por mês, previamente programada, para: estudo da palavra de Deus (uma hora) e troca de idéias entre os casais (uma hora); maior conhecimento das dificuldades comuns e possibilidade de intensificação do auxílio mútuo. Os casais aceitaram uma divisão de responsabilidade, ficando, cada um, encarregado de um meio de aperfeiçoamento. Exemplo: ao realizar-se a partilha, verifica-se que o casal A não fez a meditação; o casal B, encarregado de cuidar desse meio de aperfeiçoamento, vai apoiar, com visitas, orações, bibliografia, etc., o casal A, para que ele possa usufruir dos benefícios da meditação.

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Mensagem: "Apostolado na periferia". Programação: Estudo da possibilidade de assumir uma missa num bairro. Melhor entrosamento com a paróquia para a realização do apostolado na periferia. JUBILEU SACERDOTAL

Colhemos no boletim da diocese de São João da Boa Vista a notícia do jubileu de prata sacerdotal do Pe. José Gessy Cippiciani, Conselheiro das Equipes 3 e 4 de Casa Branca. A celebra~ ção, precedida de um tríduo vocacional, foi muito concorrida El festiva. Parabéns, Pe. Gessy! VOLTOU PARA O PAI Francisco Ramos de Souza (Souzinha)

Da Equipe 8, Nossa Senhora do Sagrado Coração, de Santos, Casado com Ivone. No dia 23 de junho. "Sua estada neste mun~ do, escrevem seus companheiros de equipe, foi marcada pelo de~ sapego às coisas materiais e pela disponibilidade em servir ao próximo. O Souza era homem de levar o cristianismo às últimas conseqüências. Sua opção foi trabalhar escondido. Na cozinha dos Encontros de Jovens, dando lições de humildade sempre com uma alegria tão grande que seus gestos podem ter convertido muito mais gente do que as bem dadas palestras dos outros companhei~ ros. Com um sorriso nos lábios, uma palavra amiga a cada um, um tapa nas costas, conquistava amigos para si e discípulos para Cristo. Quantas conquistas fez! Aquela sua risadinha fazia mi~ lagres na Pastoral da Juventude. Desta vez, a convocação foi para ele fazer o seu Encontro. O definitivo. Com Cristo Res~ suscitado". NOVAS EQUIPES Rio de Janeiro

Equipe 66, Setor E - Casal Piloto: Maria Theresa e Sérgio; Conselheiro Espiritual: Pe. Alvaro Barreiro.

Lui:~e:

Equipe 67, Setor E - Casal Piloto: Denise e Manoel; Conse· lheiro Espiritual: Frei Guilherme. São Paulo

Equipe 18, Setor A - Casal Piloto: Monique e Gérard; Con. selheiro Espiritual: Pe. Joviano de Lima Jr. --31-


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ENVIOU-OS A SUA FRENTE

TEXTO DE MEDITAÇAO -

Lc. 9, 59-62, 10, 1-4, 17-20

Disse Jesus a um outro: "Segue-me". Esse respondeu: "Permite-me ir primeiro enterrar meu pai." Ele replicou: "Deixa que os mortos enterrem os seus mortos; quanto a ti, vai anunciar o Reino de Deus.". Um outro disse-lhe ainda: "Eu te seguirei, Senhor, mas permite-me primeiro despedir-me dos que estão em minha casa." Jesus, porém, lhe respondeu: "Quem põe a mão no arado e olha para trás não é apto para o Reino de Deus." Depois d:sso, o Senhor designou outros setenta e dois e, dois a dois, enviou-os à sua frente a toda cidade e lugar onde ele próprio devia ir. E dizia-lhes: "A colheita é grande, mas os operários são poucos. Pedi, pois, ao Senhor da colheita que envie operários para a sua colheita. Ide! Eis que eu vos envio como cordeiros entre lobos. Não leveis bolsa, nem alforge, nem sandálias; e a ninguém saudeis pelo caminho ... " Os setenta e dois voltaram com alegria, dizendo: "Senhor, até os demônios se nos submetem em em teu nome!" Ele lhes disse: "Eu via Satanás cair do céu como um relâmpago! Eis que eu vos dei o poder de pisar serpentes, escorpiões e todo o poder do Inimigo, e nada poderá vos causar dano. Contudo, não vos alegreis porque os espíritos se vos submetem, alegrai-vos antes, porque vossos nomes estão inscritos nos céus." -32-

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ORAÇÃO atribuída a S ão Francisco de Assis

Senhor , fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor; onde houver ofensa, que eu leve o perdão; onde houver discórdia , que eu leve a união ; onde houver dúvida , que eu leve a fé; cnde houver erro, que eu leve a verdade; onde houver desespero , que eu leve a esperança; onde houver tristeza, que eu leve a alegria; onde h ouver trevas , que eu leve a luz.

6 Mestre, fazei que eu procure mais consolar que ser consolado, compreender, que ser compreendido, amar, que ser amado. Pois é dando que se recebe , é perdoando que se é perdoado, e é morrendo que se vive para a vida eterna.


EQUIPES DE NOSSA SENHORA Movimento de casais por uma esp iritual idade conjugal e familiar

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