ENS - Carta Mensal 1982-3 - Maio

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N'? 3

1982 Maio

Un idos no

a ·no~

A família crist ã, comunidade em diálogo com o Pai

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Crescer no Espírito

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Devoção a Maria ..

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Mar i a, a Mãe .. Coisas para lembrar

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Carta da Equipe Responsável

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O papel da mãe na vocação do filho . . . . . . . .

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Uma graça de Deus : D. Gabriel . . . . . . . . . . . . .

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Conselheiro Espiritual do Setor de Sorocaba nomeado Bispo Auxiliar de Santos . . . . . . . . .

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Dom Geraldo Fernandes, Arcebispo de Londrina

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Católicos e anglicanos mais próximos da unidade

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...............

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A escolha do Casal Responsável . . . . . . . . . . . . .

E agora, José?

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Noticias dos Setores

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RET IROS

Maio -

14 a 16 -

em São Paulo

21 a 23 -

em Santos

28 a 30 -

em Brasíl ia

EACREs

26 e 27 d e J unho -

em Londr ina e n o Rio de Janeiro

24 e 25 d e J ulho -

em Blumenau e Porto Alegre

31 de J ulho e 1 de Agosto -

em Brasília, Jaú e São Paulo


EDITORIAL

UNIDOS NO AMOR

Muitos se lembram de que o Papa do sorriso, João Paulo I, um dia, disse que Deus é Pai e Mãe. Na linguagem semítica, ser pai e mãe quer dizer ser tudo para alguém. Para traduzir num rosto humano seu infinito Amor, todas as riquezas, delicadezas e matizes de sua bondade e misericórdia, Deus inventou o homem e a mulher. Somente um dos dois não bastava. Nem o homem sozinho, nem a mulher sozinha podiam ser um reflexo satisfatório do Amor divino. Na sua última encíclica, João Paulo II, numa longa nota, explica que, para definir a miser'córdia divina, a Bíblia usa duas palavras hebraicas: uma, "hesed", significa o amor masculino, o amor de esposo e de pai, amor poderoso, responsável, fiel à Aliança, mais forte que a ofensa; a segunda, "rahmim", expressa o amor feminino, amor de mulher e de mãe, amor gratuito, delicado, terno, paciente, sempre pronto ao perdão. Estamos acostumados a chamar Deus de nosso Pai. Mas Deus está além do sexo. Em Isaías, Ele se revela "como mãe que consola seu filho" (66, 13). O Senhor declara ainda: "Pode uma mulher esquecer-se de seu filhinho, não ter carinho pelo fruto de suas entranhas?" (Is. 49, 15). O teólogo brasileiro, Leonardo Boff, escreve: "Deus não é somente Pai de infinita bondade, é também Mãe de ilimitada ternura". E continua: "Deus possui também um rosto materno, além do paterno". Esta revelação é importantíssima para todos nós. Contudo, é de sumo interesse para o casal cristão. O matrimônio aparece como uma imagem riquíssima do Amor divino. Homem e mulher se unem no sacramento para traduzir na sua vida e nos seus gestos a doação absoluta e definitiva, a fidelidade sem falha do Amor de Deus. O perdão na vida conjugal é ainda uma maneira 1. -


de revelar a misericórdia de Deus, sua delicada paciência, sua lealdade na Aliança, apesar de nossos pecados. Os esposos elevem meditar juntos esta verdade: eles são as testemunhas, os responsáveis e portadores do Amor de Deus, diante do mundo atual, diante da Igreja, diante de seus filhos. Esta verdade repercute ainda na educação dos filhos. No plano psicológico e espiritual, a criança e o adolescente precisam do amor do pai e do amor da mãe. O amor masculino e feminino contêm seus matizes e atitudes próprias, demonstram segurança e ternura, força e graça, exigência e compreensão, justiça e perdão, razão e intuição. Assim pai e mãe podem educar juntos, unidos imitam e desvendam, um pouco mais, Deus que educa seu povo e cada um de nós, pelos caminhos da fidelidade e da paciência. Em tudo, homem e mulher se completam e se enriquecem. Na harmonia conjugal, formam a figura de Deus mais rica, mais radiante. Na ruptura, quebram esta imagem. Ser esposos, ser pai e mãe nunca será fácil, porque é assumir uma realidade divina. A profundidade e a sublimidade do amor, no entanto, deveriam ajudar marido e mulher a viverem sua vocação e a caminharem, lado a lado para o ideal. O matrimônio é uma celebração, a celebração do Amor eterno já iniciada.

• Pe. Alberto Boissinot

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A PALAVRA DO PAPA

A FAMíLIA CRISTA, COMUNIDADE EM DIALOGO COM O PAI

(Continuação do Cap. IV - A participação na vida e na missão da Igreja - da m• Parte da Familiaris Consortio.)

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A FAMíLIA CRISTA, COMUNIDADE EM DIALOGO COM DEUS

O Santuário doméstico da Igreja

O anúncio do Evangelho e a sua aceitação pela fé atingem a plenitude na celebração sacramental. A Igreja, comunidade crente e evangelizadora, é também povo sacerdotal, revestido de dignidade e participante do poder de Cristo Sumo Sacerdote da Nova e Eterna Aliança. A família cristã também está inserida na Igteja, povo sacerdotal: mediante o sacramento do matrimônio, no qual está radicada e do qual se alimenta, é continuamente vivificada pelo Senhor Jesus, e por Ele chamada e empenhada no diálogo com Deus mediante a vida sacramental, o oferecimento da própria existência e a oração. É este o múnus sacerdotal que a família cristã pode e deve exercitar em comunhão íntima com toda a Igreja, através das realidades cotidianas da vida conjugal e familiar: em tal sentido a família cristã é chamada a santificar-se e a santificar a comunidade cristã e o mundo.

O matrimónio, sacramento de santificação mútua e ato de culto O sacramento do matrimônio, que retoma e especifica a graça santificante do batismo, é a fonte própria e o meio original de santificação para os cônjuges. Em virtude do mistério da morte

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e ressurre1çao do Cristo, dentro do qual se insere novamente o · matrimônio cristão, o amor conjugal é purificado e santifcado: "O Senhor dignou-se a sanar, aperfeiçoar e elevar este amor com um dom especial de graça e caridade." (G.S. 49) O dom de Jesus Cristo não se esgota na celebração do matrimônio, mas acompanha os cônjuges ao longo de toda a existência. O Concílio Vaticano II recorda-o explicitamente, quando diz que Jesus Cristo "permanece com eles, para que, assim como Ele amou a Igreja e se entregou por ela, de igual modo os cônjuges, dando-se um ao outro, se amem com perpétua fidelidade. . . Por este motivo, os esposos são fortalecidos e como que consagrados em ordem aos deveres do seu estado por meio de um sacramento especial; cumprindo, graças à energia deste, a própria missão conjugal e familiar, penetrados do espírito de Cristo que impregna toda a sua vida de fé, esperança e caridade, avançam, sempre mais na própria perfeição e mútua santificação e cooperam assim juntos para a glória de Deus." A vocação universal à santidade é dirigida também aos cônjuges e pais cristãos: é especificada para eles pela celebração do sacramento e traduzida concretamente nas realidades próprias da existência conjugal e familiar. Nascem daqui a graça e a exigência de uma autêntica e profunda espiritualidade conjugal e familiar, que se inspire nos motivos da criação, da aliança, da cruz, da ressurreição e do sinal, sobre cujos temas se deteve várias vezes o Sínodo. . O matrimônio cristão, como todos os sacramentos que "estão ordenados à santificação dos homens, à edificação do Corpo de Cristo, e enfim, a prestar culto a Deus", é em si mesmo um ato litúrgico de louvor a Deus em Jesus Cristo e na Igreja: celebrando-o, os cônjuges cristãos professam a sua gratidão a Deus pelo dom sublime que lhes foi dado de poder reviver na sua existência conjugal e familiar o mesmo amor de Deus pelos homens e de Cristo pela Igreja, sua esposa. E como do sacramento derivam para os conJuges o dom e a obrigação de viver no cotidiano a santificação recebida, assim do mesmo sacramento dimanam a graça e o empenho moral de transformar toda a sua vida num contínuo "sacrifício espiritual". Ainda aos esposos e aos pais cristãos, particularmente para aquelas. realidades terrenas e temporais que os caracterizam, se aplicam as palavras do Concílio: "E deste modo os leigos, agindo em toda a parte santamente, como adoradores, consagram a Deus o próprio mundo." .(continua)

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CRESCER NO ESPíRITO

Tenho por vezes tendência a agir como se todos pudessem viver em comunidade e crescer pelos seus próprios esforços para um amor universal. Com a idade e a minha experiência de vida comunitária, e talvez também com uma fé que aumenta, tenho cada vez mais consciência das verdadeiras raízes do crescimento no amor. Tenho consciência dos limites e das fraquezas das energias humanas, das forças do egoísmo, do medo, da agressividade e da necessidade de se impor que governam a vida dos homens e são a fonte de todas as barreiras que existem entre eles. Só poderemos sair das nossas cavernas e dos nossos limites se o Espírito de Deus nos tocar, abrir essas barreiras por trás das quais estamos encerrados, nos curar e nos salvar. Jesus foi enviado pelo Pai não para nos julgar, e ainda menos para nos condenar, dentro das prisões, dos limites e das trevas do nosso ser, mas para nos perdoar e nos libertar, lançando na terra do nosso ser a semente do Espírito. Crescer no amor é deixar crescer este Espírito de Jesus em nós. O crescimento adquire uma dimensão diferente quando deixamos Jesus penetrar em nosso íntimo para nos dar uma vida e energias novas. A esperança não está nos nossos próprios esforços para amar; também não está na psicanálise que procura libertar-nos dos bloqueios da nossa vida, nem numa reorganização mais equitativa das estruturas políticas e econômicas que organizam a vida dos homens e influem na sua vida pessoal. Tudo isso pode ser necessário. Mas o verdadeiro crescimento vem de Deus, quando apelamos para ele do fundo do nosso abismo e deixamos o seu Espírito penetrar em nós. O crescimento no amor é então um crescimento no Espírito. As etapas pelas quais é preciso passar para crescer no amor são as etapas pelas quais é preciso passar para estar mais totalmente unido a Deus na profundidade do nosso ser.

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Para crescer no amor é preciso que as cadeias do nosso egoísmo sejam quebradas. Isso implica sofrimento, esforços constantes, escolhas repetidas. Para atingir uma certa maturidade no amor, para levar a cruz da responsabilidade, é preciso sair dos impulsc·s, das utopias e das ingenuidades da adolescência. Estou cada vez mais convencido de que o crescimento no Espírito Santo nos faz passar do sonho (muitas vezes também das ilusões) à realidade. No fundo, cada um de nós tem os seus sonhos e os seus projetos, que nos impedem de nos vermos e de nos aceitarmos tais como somos, e de vermos e de aceitarmos os outros tais como eles são. As barreiras dos sonhos são poderosas. Escondem a nossa pobreza psicológica, humana e espiritual, que dificilmente suportamos. E por vezes é difícil distinguir o sonho-aspiração, que motiva e inspira as nossas vidas, do sonhobarreira que é fuga e ilusão. A obra de Jesus e do seu Espírito Santo consiste em atingir-nos mais profundamente do que os nossos sonhos. Quando descobrimos que Deus vive em nós e nos ampara, os nossos sonhos podem desaparecer sem que caiamos em depressão. Somos então sustentados por esse dom da fé e da esperança, por esse pequeno fio que nos liga a Deus.

Jean Vanier

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DEVOÇÃO A MARIA

Mês de maio, mês de Maria, dia das mães, eis o momento oportuno para refletir sobre o verdadeiro sentido da devoção à Santíssima Virgem. Se pensamos em escrever algumas linhas sobre Nossa Senhora, é sinal de que nos conscientizamos cada vez mais de que Maria é Mãe por excelência, a Mãe das mães. Todos sabemos que Maria ocupa um lugar todo especial na história da salvação. Disto temos ciência quando acompanhamos (IS seus passos através do Evangelho. Ela nos orienta para Jesus: "Fazei tudo o que Ele vos disser" (Jo. 2, 5). A sabedoria de Deus escolheu precisamente entre as mulheres da terra uma criatura humilde e simples para evidenciar e patentear que só Deus é o magnífico. Escolheu a ela para que ficasse evidente aos olhos de todo o mundo que as "maravilhas" (Lc. 1, 49) da salvação não são resultado de qualidades pessoais mas da graça de Deus. É através da Mãe Santíssima que chegaremos a Jesus. É ela a medianeira de todas as graças. Por isso, não seria inútil ter presente que a devoção à Mãe de Deus contém uma alma, algo de essencial, encarnado em múltiplas formas externas.

Como afirma o Concílio Vaticano II, é Maria que nos aponta as vias da salvação, vias que convergem para Cristo: "A função maternal de Maria, em relação aos homens, de modo algum ofusca ou diminui esta única mediação de Cristo; antes, manifesta a sua eficácia. . . e de nenhum modo impede o contato imediato dos fiéis com Cristo, antes o favorece." E nós, como equipistas, com muito mais razão, temos a premente necessidade de invocar Nossa Senhora e, em suas várias aparições, Ela mesma nos confirma isso.

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"A devoção a Maria é fonte de vida cristã profunda, é fonte de compromisso com Deus e com os irmãos. Permanecei na escola de Maria, escutai a sua voz, segui os seus exemplos" - são palavras de João Paulo II na homilia em Aparecida. Por que ainda temos dúvida? O Sim de Maria foi imediato: "Eis aqui a serva do Senhor ... ". Entreguemos a Maria todo o nosso ser, todo o nosso coração. Rezemos o terço, meditemos, por intermédio de Maria, a infinita bondade de Deus para conosco. Maria não desampara aqueles que proclamam a glória de Jesus. Ela é a fonte de ligação nossa com o Cristo. Ela é o protótipo do crente. Por que temer, se devotamos a ela todo o nosso amor filial? Maria é cc-redentora, é a Mãe da Igreja e a Mãe de todos os homens. E, como outrora em Caná da Galiléia, encaminha ao Filho as dificuldades dos homens, obtém dEle as graças desejadas. Rezemos com Maria e por Maria: ela é sempre a "Mãe de Deus e nossa". Maria Célia e Eliel Equipe 24 de Brasília

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MARIA. A MÃE ...

Num ônibus, cheio de passageiros, entraram dois assaltantes armados e mandaram o motorista fechar as portas. Enquanto a maioria se apavorava, uma senhora começou a dizer, em voz alta e firme, lentamente: Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco ... Aos poucos, todos foram acompanhando a oração, a princípio em voz baixa e trêmula, depois, com mais confiança, também em voz alta. Os assaltantes hesitaram, ficaram parados, sem jeito. Que pensamento teria tocado seus corações? Teriam se recordado da mãe, da avó, de alguma tia, de alguém que alguma vez ouviram rezando uma Ave Maria? Ou, quem sabe, lembraram-se deles mesmos, da pureza da infância perdida, das vezes em que também uniram as mãos para rezar? O fato é que Nossa Senhora, invocada por tantas vozes, por tantos corações, manifestou, mais uma vez, seu carinho de Mãe. Santa Maria, Mãe de Deus, rogou a Ele por aqueles pecadores. Pelos angustiados e amedrontados que temiam perder seus pertences, ou a própria vida. E pelos desesperados e embrutecidos que queriam roubar, agredir, e talvez nem se importassem de ferir, ou matar, por uns fios de ouro e uma notas desvalorizadas. Todos eram seus filhos. Os que se lembraram dela e imploraram sua proteção. E os dois que saíram do ônibus, apressados, envergonhados, sem roubar, porque também se lembraram dela. (Do Boletim "Encontro", n'~ 1.299, de 13-12-81, colaboração de Dalsy S . Bertoche, Rio de J ·a nelro)

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COISAS PARA LEMBRAR

Há um ano, no dia 13 de maio, festa de Nossa Senhora de Fátima, uma quarta-feira, acontecia aquilo que ninguém jamais poderia imaginar: nosso Papa tombava, ferido por mão criminosa, nos braços dos seus assessores, e o jeep rumava, a toda a velocidade, para a desde então famosa Clínica Gemelli. Antes mesmo que o mundo tomasse conhecimento da estarrecedora notícia, e fizesse, em todas as latitudes, a mesma incrédula pergunta, o próprio João Paulo II murmurava para si mesmo: "Por que o Papa?" Por que aquele que era o símbolo máximo da Paz havia de ser vítima da guerra, aquele que só falava em amor, vítima do ódio? Por que, em meio àquele cenário enternecedor, o gigante de branco erguendo a menininha, o Amor abraçado à inocência, todo o mundo em volta sorrindo, feliz - um pedaço do céu -, havia de explodir o ódio, o mal, a morte - ou seja, o inferno? Deus permitiu. Permitiu, nas palavras do Osservatore Romano, o que não podia querer. Só Ele sabe porque: "seus pensamentos não são os nossos", estão "muito acima" do que a nossa pobre inteligência pode conceber. Mas a Mãe, a Mãe da humanidade, a Mãe tão venerada por aquele filho, estava vigilante. Ela, que advertira, em Fátima, cujo aniversário se celebrava naquele dia, sobre a necessidade da oração para repelir o mal e a guerra, Ela, a Mãe, não podia consentir, e a Medianeira intercedeu e salvou o filho, desviou o tiro mortífero e, em seguida, atendendo às súplicas em todas as línguas, às súplicas de quem nem mesmo era católico ou cristão ou coisa alguma, conduziu a mão dos médicos, duplicou as forças do ferido, e devolveu-nos, depois de sofrimentos suportados com a força que só seu Filho pode dar, nosso tão amado Pastor. Nisto parece-nos que está em parte respondido o universal e chocado por que·? Para que aprendêssemos algumas lições, nós que -10-


somos o "povo de dura cerviz". A primeira, que o Amor é mais poderoso que o ódio, em qualquer circunstância. O Papa, caído, suscitou uma onda de compaixão e de solidariedade tão grande mesmo entre os não cristãos e os ateus - que redundou numa união de corações e de almas em nível de planeta, coisa jamais. vista antes. A segunda, a lição que Pedro, Tiago e João, antes de nós, não conseguiram aprender: o "Vigiai e orai". Que o mundo ficou maluco, isto já sabíamos. Mas que nem o Papa, o símbolo do Amor, da Pureza e da Paz, estivesse a salvo da loucura e do ódio, isto tivemos que aprender. E, aprendendo, medir a força do mal, além da sua universalidade, capaz de derrubar essa fortaleza física e espiritual que o Espírito Santo colocou à frente da sua Igreja. A terceira: que "Deus escreve certo por linhas tortas", como diz o ditado popular, ou seja, que sempre Ele quer dizer-nos alguma coisa quando permite que tragédias aconteçam, e espera de nossa parte não a revolta, mas uma resposta de fé: a confiança filial, total e absoluta. Portanto, primeira constatação provocada pela tragédia desse 13 de maio: o mal é onipresente, "quase" onipotente. Segunda constatação: os homens de boa vontade podem ser mobilizados contra o mal. Conclusão: a advertência de Fátima, o pedido insistente da Virgem Mãe: o ração! O Papa não morreu. Graças a Deus e a Maria Santíssima. Mas o perigo continua, quando sai por aí em suas viagens apostólicas. E como o tempo vai favorecendo o esquecimento, corremos o risco de acomodar-nos, esquecendo-nos do recado, a saber: que Deus confiou ao mundo a tarefa de proteger o Papa, atrvés da oração. Continuemos, portando, vigilantes, a tecer em volta dele essa rede protetora, esse escudo que repele as investidas do Mal. Supliquemos, diariamente, à Mãe, cada um à sua r.1oda - com um terço, uma dezena, ou ainda que seja apenas uma A v e Maria -, que olhe por aquele que se tornou para nós e para o mudo a imagem viva do seu Filho .

• O Papa dirlgta-.!:e para a audiência geral quando foi at,1ngido pelos tiros . Eis a importantíssima alocução que iria pronunciar, a propósito do 9()Q aniwrsário da Rerum Novarum, sobre a Doutrina Social da Igreja. Estremece-se ao pensar que esta destemida voz quase foi silenciada para sempre, quando tinha ainda tanto a nos dizer!

"A voz de Leão XIII levantou-se, corajosa, em defesa dos oprimidos, dos pobres, dos humildes e dos exploradc·s, e não foi -11-


senão o eco da voz daquele que tinha proclamado bem-aventurados os pobres e os que têm fome de justiça. O Papa, seguindo o impulso e o convite "da consciência do seu apostólico ministério", falou; não só tinha para isso o direito, mas também e sobretudo o dever. O que de fato justifica a intervenção da Igreja e do seu Supremo Pastor nas questões sociais é sempre a missão recebida de Cristo para salvar o homem na sua integral dignidade. A Igreja é por vocação chamada a ser em toda a parte a tutora f1el da dignidade humana, a mãe dos oprimidos e dos marginalizados, a Igreja dos fracos e dos pobres. Quer viver toda a verdade contida nas Bemaventuranças evangélicas, sobretudo na pr~ meira, "Bem-aventurados os pobres de espírito"; quis ensinar a praticá-la, assim como fez o seu Divino Fundador, que veio "praticar e ensinar". Como observava no ano passado no meu discurso aos operários de São Paulo, no Brasil, "A Igreja, quando proclama o Evangelho, sem aliás abandonar o seu encargo próprio de evangelização, procura obter que todos os aspectos da vida social em que se manifesta a injustiça sofram transformação no sentido da justiça". A Igreja está consciente desta sua alta missão: por isso insere-se na história dos povos, nas suas instituições, na sua cultura, nos seus problemas e nas suas necessidades. Quer ser solidária com os seus filhos e com toda a humanidade, partilhando das dificuldades e angústias, e tornando próprias as legítimas exigências de quem sofre ou é vítima da injustiça. Forte com as eternas palavras do Evangelho, ela denuncia tudo o que ofende o homem na sua dignidade de "imagem de Deus" e nos seus direitos fundamentais, universais, invioláveis e inalienáveis; tudo o que lhes dificulta a maior aplicação segundo o plano de Deus. Faz isto parte do seu serviço profético. Com muita razão afirmou Pio XI que a "Rerum Novarum" apresentou à humanidade um magnífico ideal social, haurindo-o nas fontes sempre vivas e vitais do Evangelho. Segundo as orientações do basilar documento leonino, os meus venerados Predecessores não deixaram, em numerosas circunstâncias, de reafirmar esse direito e esse dever da Igreja, de dar diretrizes morais num campo como o sócio-econômico, que tem relações diretas com o fim religioso e sobrenatural da sua missão. O Concílio Vaticano II retomou esse ensinamento, acentuando que "é m issão de toda a Igreja ajudar os homens para que s·e tornem capazes de bem construir toda a ordem temporal e de a ordenar para Deus por meio de Cristo" (A.A., 7) . -12-


Fica assim claro o primeiro grande ensinamento da celebração deste nonagésimo aniversário: o de reafirmar o direito e a competência da Igreja para "exercitar sem obstáculos a sua missão entre os homens e dar o seu juízo moral também sobre coisas que dizem respeito à ordem política, quando isto seja requerido pelos direitos fundamentais da pessoa e pela salvação das almas" (G.S., 76); o de tornar cada vez mais conscientes as Igrejas locais,. os sacerdotes, os religiosos e as religiosas, e os leigos, do seu direito-dever de se esforÇarem pelo bem de cada homem, e de serem H todo momento os defensores e os promotores da autêntica justiça no mundo. . .. A "Rerum Novarum" reveste, em seguida, para a Igreja, particular importância, pois constitui ponto de referência dinâmica da sua doutrina e da sua ação social no mundo contemporâneo. Durante séculos, das suas origens até hoje, a Igreja sempre se encontrou e defrontou com o mundo e os seus problemas, iluminando-os com a luz da fé e da moral de Cristo. Isto favoreceu que se originasse e proclamasse, através da história, um corpo de princípios de moral social cristã, conhecido hoje como Doutrina Social da Igreja. É mérito do Papa Leão XIII ter sido o primeiro a procurar dar-lhe um caráter orgânico e sintético. Começou assim, por parte do Magistério, a nova e delicada missão, que é também grande obrigação, de reelaborar, para um mundo em contínua mudança, um ensinamento capaz de responder às modernas exigências e não menos às ráp' das e contínuas transformações da sociedade industrial; e, ao mesmo tempo, capaz de tutelar os direitos quer da pessoa humana, quer das jovens nações que entram a fazer parte da Comunidade Internacional.

Este ensinamento social - como fiz notar em Puebla "nasce, à luz da Palavra de Deus e do Magistério autêntico, da presença dos cristãos no meio das situações mudáveis do mundo, em contato com as exigências que delas provêm". O seu objeto é e continua a ser a dignidade sagrada do homem, imagem de Deus, e a tutela dos seus direitos inalienáveis; a sua finalidade, a realização da justiça, entend:da como promoção e libertação integral da pessoa humana, na sua dimensão terrena e transcendente; o seu fundamento, a verdade sobre a mesma natureza humana, verdade apreendida da razão e iluminada pela Revelação; a sua força propulsiva, o amor como preceito evangélico e norma de ação. Forjadora de uma concepção sempre atual e fecunda do viver social, a Igreja, ao desenvolver neste último século, com a colaboração dos sacerdotes e leigos competentes, o seu ensinamento social, de natureza relitosa e moral, não se limita a oferecer princípios de reflexão, orientações, diretrizes, verificações ou apelos, mas apresenta também normas de juízo e diretrizes -13-


para a ação que todo o católico é chamado a colocar na base da sua iluminada experiência para traduzi-las, depois, de fato, em eategorias ativas de colaboração e compromisso (cf. E.N., 38). Dinâmica e vital, a Doutrina Social, como toda realidade viva, compõe-se de elementos duradouros e supremos, e de elementos contingentes que lhe permitem a evolução e o desenvolvimento em sintonia com as urgências dos problemas decisivos, sem lhes diminuir a estabilidade e a certeza nos princípios e nas normas fundamentais. Recordando o nonagésimo aniversário da Encíclica leonina, na esteira e no reflexo do Magistério dos meus Predecessores, desejo portanto reafirmar a importância do ensinamento social como parte integrante da concepção cristã da vida. Sobre este assunto, não deixei, nos freqüentes encontros com os meus Irmãos no Episcopado, de recomendar à sua solicitude pastoral a necessidade e a urgência de sensibilizar os próprios fiéis sobre o pensamento social cristão, para que todos os filhos da Igreja sejam não só instruídos na doutrina, mas também educados para exercer a ação social. A Encíclica "Rerum Novarum" tem ainda hoje a sua vitalidade e a sua validez estimulante e operante para o Povo de Deus, embora tenha aparecido no longínquo 1891. O tempo não a esvaziou mas aprovou-a; tanto assim que os cristãos a sentem tão fecunda que tiram dela coragem e ação para os novos desenvolvimentos da ordem social em que o mundo do trabalho está interessado. Continuemos, portanto, a viver-lhe o espírito com ânimo e generosidade, aprofundando com amor ativo os caminhos traçados pelo atual Magistério social e interpretando com genialidade criativa as experiências dos novos tempos."

Nota:

Todos os grifoo são do Papa.

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CARTA DE EQUIPE RESPONSÁVEL

Caros amigos, Muitos se interrogam: para que serve uma peregrinação? ... E nós respondemos: para nada, se não para fazer-se um gesto desinteressado para Deus. Em resposta ao dom gratuito que Ele nos faz de sua Vida e de seu Amor, somos convidados a fazermos por nossa vez um ato gratuito. Quando nos reunimos em equipe ou a nível de Movimento, fazemo-lo para Deus. Isto também se aplica ao nosso grande encontro em Roma. Em outras palavras, somos convidados a um gesto de fé. Todas as considerações humanas de que poderíamos lançar mão para justificar esta peregrinação estariam ''fora". O motivo real é a resposta a um apelo de Deus: "Eis que os reunirei de todas as nações ... " Em outras ocasiões voltaremos a considerar este aspecto comunitário e eclesial da nossa Peregrinação. Por hoje, concentremo-nos no aspecto manifestação de fé. É a fé que nos move. Pomo-nos a caminho - e bem concretamente, pois somos de carne e osso -, para irmos ao encontro do Pai. Caminhamos com Cristo, vivo e presente em cada um de nós e na nossa comunidade. Vamos adiante sustentados pelo Espírito de Cristo, que nos arranca do nosso conforto e dos nossos hábitos para nos guiar pelos seus caminhos. É o que na realidade nossa peregrinação significa: "Vinde, exultemos de alegria, vamos à casa do Senhor!"

Ao mesmo tempo, vamos a Roma (ou acompanhamos com orações os que vão nos representando) para pedir mais fé. Imploramos, como no Evangelho: "Eu creio, Senhor, mas ajuda a minha incredulidade!" Dirigimo-nos à sé de Pedro, que recebeu a missão de confirmar na fé os seus irmãos. Encaminhamo-nos aos túmulos dos mártires, que deram o testemunho supremo da fé. É que todos nós precisamos reabastecer a nossa fé. -15-


Isto porque somos todos chamados - e cada vez mais, neste mundo difícil em que vivemos - à luta pela fé. Este apelo é cotidiano: somos chamados a converter-nos ao Evangelho das Bemaventuranças, para em seguida sermos testemunhas da Boa Nova de Jesus Cristo, morto e ressuscitado por nós, diante de todos aqueles com quem convivemos. Uma luta que não acaba nunca. E que, em certas ocasiões e para certos homens e povos, se aproxima do martírio. Não temos que vencer inimigos com armas humanas; temos que anunciar o Cristo a irmãos (que nem sempre se reconhecem como tais), vivendo nós mesmos, com toda a autenticidade, da v:da de Cristo. "Senhor a quem iremos? Tu tens as palavras da vida eterna!" Eis o que a nossa concentração de Roma quer afirmar e implorar.

(

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Sendo este o seu verdadeiro sentido, po<le-se entender que as objeções relativas ao elevado custo da nossa peregrinação não sejam motivo para desistirmos! "É muito caro, dizem alguns aqui, estaria melhor empregado esse dinheiro em benefício do Terceiro Mundo." Não nos parece que estejam certos. O que está na base da injustiça, da opressão, da desigualdade na distribuição elos bens terrestres é o egoísmo qtie reina no coração do homem, nos nossos corações, é o gosto pelo dinheiro e por tudo aquilo que nos proporciona. E o que pretendemos alcançar com esta manifestação de fé é exatamente que Deus mude os nossos corações, os liberte do seu egoísmo, os empenhe a fundo no serviço dos outros, e dos mais carentes dentre esses. Ah, se Deus fizesse brotar no meio de nós, como resposta ao nosso gesto de fé, imitadores de Madre Teresa, de Jean Vanier . . . , esse dinheiro "desperdiçado" para Deus renderia mais que o cêntuplo! Pois bem, é isto mesmo que esperamos do nosso encontro em Roma. E é nesta intenção que lhes pedimos que rezem desde já e durante toda a preparação 'espiritual da nossa peregrinação. Quer vamos a Roma, quer não, todos nós tomamos parte nesta aventura. Todos nós somos conv'dados à conversão. O mundo precisa de nós como pessoas de fé profunda, precisa que nossos lares sejam lares de fé e, portanto, de amor. "Senhor, fazei de nós operários de paz! Senhor, tornai-nos construtores de amor!" Desejando a cada um de vocês a alegria de Deus, alegria de um coração pronto a acolher o seu Espírito e a dedicar-se à glória do Pai e ao serviço dos homens, pedimos a Nossa Senhora, lcuvada no Evangelho como "aquela que acreditou", que nos obtenha esta fé destemida de que precisamos.

Jean e Annick Allemand

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O PAPEL DA MÃE NA VOCAÇÃO DO FILHO

Mensagem recebida, no Dia das Mães, pela Maz1nha (Equipe 2 de Ribe.l.rão Preto), do filho, seminarista em Campinas (cf. C.M. de agosto 81, páginas 20-21).

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Mamãe, Se eu quisesse agradecer-te tudo aquilo que te devo, deveria passar o resto da minha vida de joelhos, rezando ... És a presença maior, em meio a tantas outras presenças amigas, que marcaram a minha existência. Foste e continuas sendo a grande mestra dos meus dias. · Na tua escola de amor, aprendi a distribuir bondade, semear conforto e repartir um pouco de mim mesmo a todos aqueles que Deus colocou em meus caminhos. Na tua escola de coragem, renúncia e perseverança, aprendi a enfrentar os problemas, vencer os obstáculos e seguir em frente, com um sorriso nos lábios e um grande ideal no coração. Foste o grande Evangelho-vivo, dentro do meu cotidiano. Em ti, mamãe, encontrei o próprio Deus. E por isso eu rezo e canto um hino à vida. Por isso te abraço, comovido, dizendo apenas: "Mamãe, obrigado!"

Luiz

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UMA GRAÇA DE DEUS: DOM GABRIEL

Somente após ter recebido esta difícil mas gratificante missão de escrever sobre um santo é que percebemos porque os apóstolos iniciavam suas cartas com uma prece a Deus, para que cumulasse de graças os receptores da mensagem. As letras são mortas e frias demais para expressarem a vida e o calor contidos nas mensagens das coisas sagradas. Sem a graça, jamais conseguiremos expressar ou entender o sagrado. D. Gabriel é uma mensagem sagrada, pois viveu e vive de Deus, para Deus e em Deus. O santo Gabriel nos dizia: "Quisera que esta simples mensagem ressoasse lá onde tu és tu mesmo, na tua alma, ou coração; pois é lá, no fundo da alma, que as palavras adquirem sentido, as intenções não se desmentem, o amor adquire seu sabor, a amizade revela sua verdadeira face." Que privilégio maravilhoso ter tido a graça de conviver com um Homem que foi exemplo vivo e pleno da mensagem à qual dedicou sua vida: "É lá no fundo da tua alma, do teu coração, que tu te descobres a ti mesmo e começas a te definir pelo que verdadeiramente és. É pela tua alma que percebes tua dimensão de imortalidade, própria do teu espírito, por esta alma ou espírito único, que é teu, que marca a tua verdadeira personalidade. É no teu espírito ou coração que poderás experimentar a tua realidade de Filho de Deus, a que Cristo Jesus, o Filho de Deus e de Maria, unindo-te a Si, te elevou!"

Este o grande objetivo de D. Gabriel: revelar ao homem, a todos os homens, sua verdadeira d 'gnidade de Filhos de Deus. Jesus Cristo é a única resposta do Homem: "Viva uma maior intimidade com Deus Pai, para que Jesus seja resposta aos teus anseios de imortalidade, paz, verdade e amor." D. Gabriel, um mínimo de matéria para um máximo de espírito: "Meu filho, é fundamenta l que o homem se descubra es-

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pírito; é que este não se saciará com as coisas que são de Deus, mas saciar·se-á de Deus. Peço-te, por amor de ti mesmo> que nunca te identifiques com o que comes ou não comes, com o que vestes ou não vestes, com o teto que tens ou não tens; com o teu dinheiro, com a tua fábrica, com a tua fazenda, com o sexo, com o lazer, com o teu barraco, com a tua favela... A verdadeira felicidade nunca será tua, pois ela só pode estar, e te fazer feliz, lá onde tu és tu mesmo, no fundo do teu espírito, do teu coração, onde te espera teu Deus." Caríssimos irmãos, poderíamos escrever páginas e mais páginas e não conseguiríamos dar a vocês senão uma pálida imagem do santo Gabriel. Meditem juntos 1 Cor. 13 e terão o seu retrato. Sua bênção, paizinho Gabriel. . . nós te amamos. . . até breve. Cristo vive

Breda e Odete Equipe 6 de Jundlaí

D. Gabr:el Bueno Couto, Bispo de Jundiaí, voltou ao Pai no di& 11 de março de 1982, com 71 anos. Figura extraordinária de sacerdote e Pastor, foi realmente ''uma graça" para todos os que àele tiveram o privilégio de se aproximar. E para os equipistas de Jundiaí, a quem sempre deu muito apoio, desde os primórd'os do Movimento naquela cidade, sua partida representa verdadeiramente a perda de um pai. Obrigado, Breda e Odete, por nos dar a conhecer um pouco do pensamento de D. Gabriel.

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CONSELHEIRO ESPIRITUAL DO SETOR DE SOROCABA NOMEADO BISPO AUXILIAR DE SANTOS

"Um misto de alegria e tristeza nos invadiu, escrevem Vera e Leosmar, Casal Responsável pelo Setor, ao chegar-nos a notícia trazida pelo L'Osservatore Romano: o Papa João Paulo II nomeava Bispo de Urusi e Auxiliar de Santos Mons. José Carlos Castanho de Almeida. O nosso querido Padre Castanho. Conselheiro Espritual das Equipes 1 e 8, Monsenhor Castanho tem sido um dos esteios do Movimento das Equipes de Nossa Senhora em Sorocaba, sempre nos orientando para seguirmos os passos da Grande Igreja. Este sent'do de Grande Igreja, que nos legou Monsenhor Castanho, é que nos faz sentir alegres com sua nomeação, embora a distância que nos separará agora do grande amigo faça brotar lágrimas de nossos olhos ao transmitirmos esta notícia aos irmãos equipistas de todo o Brasil. Seguramente, os irmãos que conhecem Monsenhor Castanho dos EACRES, peregrinação a Aparecida e Encontros de RR, RS e RC sabem muito bem do que estamos falando." Sabemos, sim , principalmente depois deste último Encontro Nacional de Responsáveis Regionais, Responsáveis de Setor e Responsáveis de Coordenação, do qual Mons. Castanho era responsável pela bonita liturgia. Foi uma despedida, o querido sacerdote recebendo as homenagens de todos e promessas de orações, especialmente no dia 2 de maio, quando será sagrado pelas mãos de D. Paulo Evaristo Arns, D. David Picão, Bispo de Santos, e D. José Lambert, Bispo de Sorocaba. Parabéns, Dom Castanho, e que Nossa Senhora, Mãe da Igreja, o acompanhe em todos os seus passos junto ao seu rebanho no litoral norte de São Paulo.

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DOM GERALDO FERNANDES, ARCEBISPO DE LONDRINA

Dom Geraldo partiu e deixará uma grande saudade entre nós, equipistas de Londrina. Tinha um jeito todo especial de desafiar a gente. Quando, no ano de 1973, estivemos em sua casa para pedir-lhe que nos cedesse o Seminário Diocesano para o nosso primeiro retiro, com fisionomia um tanto surpresa, ele nos disse: - Retiro das Equipes de Nossa Senhora? Mas quantos vocês são? Respondemos que éramos 8 casais. E ele, carinhosa e paternalmente, mas em tom de desafio, nos disse: - o :to casais! Olhem, meus filhos: cresçam e apareçam! E logo em seguida acrescentou: - Se vocês conseguirem um mínimo de 15 casais, o Seminário estará à sua disposição. Deus os abençoe. Saimos radiantes, felizes, porque sentimos que ele confiava nos nossos propósitos e nos nossos esforços. E a nossa preocupação primeira tornou-se conseguir o número suficiente para realizarmos o retiro no mês de julho. Com a graça de Deus, conseguimos um total de 25 casais. Convidamos Dom Geraldo para nos visitar e ele compareceu, mostrando-se surpreso e feliz com o número de casais presentes. A partir desse dia, o Movimento tomou um novo impulso. E, em cada retiro ou atividade de cunho espiritual, D. Geraldo era convidado a comparecer. Quando porventura não podia fazê-lo, não deixava de enviar alguém para representá-lo. Um dia, para surpresa e felicidade nossas, D. Geraldo apareceu em mais um dos nossos retiros acompanhado do Núncio Apostólico, D. Carmine Rocco. D. Geraldo acompanhou todo o desenvolvimento das Equipes de Nossa Senhora, desde o seu início. Sabia das nossas lutas, dificuldades, assim como dos nossos esforços e trabalhos apostólicos. D. Geraldo sabia de tudo e mostrava-se interessado em saber das coisas. O relacionamento do Movimento com a hie-

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rarquia local era dos melhores. Procurávamos sempre caminhar juntos, atentos e sintonizados. D. Geraldo era antes de tudo homem de oração. Isto ele testemunhava através de gestos e palavras. Quando nos enviava suas mensagens; elas pareciam vir do Alto! As palavras brotavam, simples e profundas, e se misturavam com seu jeito brincalhão e orgulhoso de ser mineiro. Ele aproveitava qualquer ocasião para anunciar a Palavra de Deus. Nos exortava sempre a crescer em número e em santidade. Alertáva-nos pelo pequeno número que éramos entre as milhares de famílias existentes e carentes em Londrina. Mostrava-se muito confiante no movimento das Equipes de Nossa Senhora, acreditava na sua seriedade e tudo o que esteve ao seu alcance ele fez para que as Equipes se desenvolvessem e crescessem em favor das famílias e do Reino de Deus. Perdemos o nosso Pastor, or ientador, incentivador, mas sua presença paternal permanecerá para sempre entre nós.

Doroty e Wanderley Cas al Responsável do Setor

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CATóLICOS E ANGLICANOS MAIS PRóXIMOS DA UNIDADE

A origem da Semana de Oração pela Unidade Cristã

Início deste século. Nos Estados Unidos, um ministro da Igreja Episcopal (anglicana), o Revdo. Paul Wattson, funda uma ordem religiosa chamada "Franciscanos da Reconciliação" e torna-se o apólogo da reunião entre a Igreja anglicana e a Igreja católica. Na Inglaterra, outro ministro anglicano, o Revdo. Spencer Jones, correspondendo-se com o Revdo. Wattson, sugere um dia de oração pela unidade cristã, a ser celebrado em todos os países de língua inglesa. A data proposta: 29 de junho, festa de São Pedro ... Wattson acha a idéia excelente, mas sugere ampliá-la para uma semana, a iniciar-se na festa da Cátedra de São Pedro, 18 de janeiro, encerrando-se na festa da Conversão de São Paulo, no dia 25. E inicia imediatamente os preparativos. Anglicanos e católicos aderem entusiasticamente. Era o ano de 1908. Em 1930, o Pe. Wattson (em 1910, junto com os membros de sua congregação, Paul Wattson havia se tornado católico) mudou o nome da Oitava pela Unidade Cristã para Oitava da Cátedra da Unidade, pretendendo com isso acentuar o que vinha apregoando desde antes de sua conversão, a saber, o papel do papado na reunião das duas Igrejas. Parece oportuno relembrar essas coisas na hora em que, decorridos quase três quartos de século, o Papa, a convite da Rainha, chefe supremo da Igreja Anglicana, prepara-se para visitar a Inglaterra - depois de reatadas as relações diplomáticas entre a Inglaterra e a Santa Sé, interrompidas há 450 anos ... ( 1 ) (1)

Quando o rei Henrique VIII, excomungado por ter repudiado a mulher para desposar outra, fundou a Igreja da Inglaterra, estabelecendo-se ele mesmo como seu chefe.

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A iniciativa de Jones e Wattson foi seguida por outros anglicanos. Em 1926, o Movimento "Fé e Ordem", da Igreja Episcopal, faz um apelo, cuja repercussão é muito grande entre anglicanos, ortodoxos e protestantes, para uma semana de orações durante o tempo de Pentecostes. E do lado católico? Já houvera, por volta de 1850, uma semana de orações instituída por Leão XIII, justamente durante a semana que antecede Pentecostes, mas foi somente em 1930 que o Pe. Couturier, influenciado pelos centros ecumênicos criados na França por dominicanos como o Pe. Congar, resolveu lançar a Semana Universal de Oração pela Unidade Cristã (a Oitava limitava-se aos países de língua inglesa e visava principalmente a reunião entre anglicanos e católicos). Também o Pe. Couturier escolheu a semana de 18 a 25 de janeiro, no que foi seguido, dez anos depois, pelo Movimento "Fé e Ordem". Desde então, católicos, protestantes e ortodoxos oram juntos pela unidade. (No hemisfério sul, retomou-se, devido às férias, a semana que antecede Pentecostes - este ano, de 23 a 30 ' mruo. . ) ae Os primeiros passos do diálogo

Como no caso da oração, as primeiras iniciativas no caminho do d álogo vieram dos anglicanos: no início do século, Spencer J ones reunia, na Inglaterra, um grupo de anglicanos e católicos ''dedicados ao estudo teológico da Igreja do Ocidente". Na realidade, seria preciso esperar mais 50 anos, ou seja, o Cardeal Béa, apóstolo da liberdade religiosa e grande alma ecumênica, o Papa João XXIII e o Concílio para que os católicos tomassem parte ma' s ativa no movimento ecumênico. Em 1960, numa entrevista histórica - era a primeira vez em quatro séculos que as Igrejas católica e anglicana se aproximavam - encontravam-se no Vaticano o Arcebispo de Cantuária e primaz da Inglaterra, G. Fisher, e João XXIII. Durante o Concílio, os anglicanos foram convidados a participar de todos os trabalhos, como observadores. João XXIII dera o primeiro passo. Mas seria Paulo VI - o grande apaixonado pela causa da unidade - o instrumento decisivo da reaproximação. O ósculo que, em 1966, trocou com Michael Ramsey, sucessor de Fisher, entusiasmou os corações ecumênicos quase tanto os emocionara o histórico abraço que trocara com o Patriarca ortodoxo Atenágoras. Foram tomadas nessa ocasião as providências que iriam oficializar os esforços de aproximação entre a Igreja de Roma e a Igreja da Inglaterra. Foi criada, em 1967, a Comissão Mista Internacional Anglicano-Católico Romana, que chegou a vários -24-


acordos no campo teológico - sobre pontos essenciais da doutrina eucarística (1971), sobre o ministério na Igreja, abrangendo a delicada questão do reconhecimento da validade das ordenações anglicanas (1973), e sobre a autoridade, especificamente o não menos delicado problema do papado (1977). Infelizmente, esses acordos, alcançados por teólogos nomeados e aceitos oficialmente pelas duas Igrejas, não foram ainda reconhecidos pelas respectivas hierarquias e espera-se exatamente da visita do Papa à Inglaterra e das conversações que irá manter com o atual primaz, Dr. Robert Runcie, uma solução neste sentido. Hoje e amanhã

Nos últimos anos, a aproximação intensificou-se, tanto entre teólogos como entre líderes religiosos das duas Igrejas. Multiplicam-se também as iniciativas de contactos entre os féis, como reuniões de oração, celebrações ecumênicas, trabalhos conjuntos nos campos ético e social, etc. Mas é evidente que ainda há muito que caminhar para alcançar a plena reconciliação. Não obstante o otimismo dos teólogos, as coisas não são tão simples: subsistem vários pontos de divergência no terreno prático - como, por exemplo, o controle da natalidade, e questões como aborto e divórcio, aceites por alguns setores da Igreja Anglicana. Como sublinhou o próprio Papa ao pedir orações pela reunião entre católicos e protestantes durante a Semana da Unidade, as dificuldades existentes ao nível dos fiéis não provêm apenas de preconceitos herdados do passado ... Não pode ser coincidência o fato de o Papa ter escolhido exatamente a festa de Pentecostes para a sua viagem à Inglaterra: ele sabe que, durante os dias que irão preceder a sua chegada, todos os cristãos estarão em oração pela unidade. . . Embora seja patente que o Espírito está nele em todo tempo e lugar - e, na causa da unidade, o maior interessado é o próprio Espírito -, o Papa quer contar com as nossas orações pelo êxito de sua visita a um país cuja Igreja mantém-se separada de Roma há séculos, rejeitando precisamente a autoridade papal. A força da oração não é segredo para ninguém. A importância da oração na busca da unidade não precisa ser enfatizada: os progressos atingidos até agora no diálogo fraterno entre as Igrejas não pode ser fruto senão da oração. Por isso devemos orar com muita confiança, muita perseverança e com os corações unidos aos de todos os outros cristãos, pedindo ao Espírito Santo -25-


que apresse o dia - que já se avista mais próximo haverá um só rebanho e um só Pastor.

em que

o Uma experiência ecumen1ca vivida por equipistas ingleses Vocês estarão interessados em saber que recebemos pedidos de informação de grupos ecumênicos locais que procuram formar equipes mistas. O ecumenismo progride com regularidade nesta reg:ão norte da Inglaterra. Aqui, nós, católicos, não temos igreja e, aos domingos, celebrávamos a missa numa escola, até que os anglicanos nos convidaram a partilhar a sua igreja. Primeiro eles têm o seu serviço religioso e, quando os seus fiéis deixam a igreja, chegam os nossos para a missa. Temos grupos de oração em que se misturam católicos, anglicanos, metodistas e presbiterianos. Empreendemos ações conjuntas de testemunho sobre os grandes problemas de hoje nos centros comerciais, nas horas de maior afluência - a reforma da lei sobre o aborto, por exemplo, é um dos temas que abordamos. Estivemos com casais participantes dos grupos ecumênicos, dos quais já fazem parte muitos casais equipistas, para falar das Equipes. Um dos pastores d 'sse que estão à procura de renovação e crescimento e que se deram conta que isto só é possível baseado na oração, mas o único movimento, segundo sabem, que põe a tônica na oração familiar e conjugal é o das Equipes de Nossa Senhora. Ficamos de mandar casais para falar sobre a oração familiar. Este colóquio sobre a oração familiar fará parte de uma série intitulada: "Como abrir mais as nossas vidas a Cristo e testemunhá-lO aos outros". Pedimos orações para que o Espírito Santo fale aos nossos irmãos em Cristo através dos nossos casais.

Jack e Norah

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E AGORA, JOSÉ?!

- Você se lembra do José? Pois é ele mesmo. Morreu! - Morreu?! Não diga! Como foi? - Morreu de inanição! - Incrível! Como foi isso? - Não sentia apetite e não se preocupou. Quanto menos se alimentava, menos apetite sentia. Até que, de tão fraco, morreu. Se isto pode acontecer com a v.lda biológica, também pode acontecer com a vida espiritual. A gente vai sentindo um desânimo, um vazio de Deus. As vezes, os trabalhos, a profissão, os filhos, as ocupações da casa envolvem-nos e distraem nossa atenção, desviando-a do termômetro espiritual. É a oração descuidada, pois não temos tempo, estamos cansados . . . Deus há de compreender. É a M' ssa semanal, que fica "para amanhã", e no amanhã nunca há oportunidade ... O Tema da reunião de Equipe é muito aborrecido. Foi mal enfocado, está fora da atualidade de nossa vida. Mas deve ser examinado .. . e respondido para a reunião da amanhã! E a gente corre o-s olhos pelas páginas, pensa um pouco e responde, como se d iz, "em cima do joelho". E os encontros do Movimento? As Noites de Orações? Os Dias de Estudo? Se não há obrigação de ir, encontro mil desculpas para minha ausência ... E o Retiro? É um "banquete" espiritual. .. mas ... minha gente, não tenho com quem deixar os filhos! Vou ler um bom livro e encontrarei bons trechos para meditação. No próximo Retiro, se Deus quiser e as crianças não atrapalharem, nós estaremos presentes. Nossa vida se resume à Missa dominical porque é ''obrigação do católico praticante". A Homilia nos impressiona, meditamos mais um pouco nela, prometemos "fazer o que o Senhor n·,andar". Mas como um daqueles irmãos do Evangelho de Mat <::us, nossa promessa é apenas verbal, intelectual. E voltamos à modorrenta e limitada espiritualidade enfraquecida. Não procuramos alimento, deixamo-nos ficar ... Até que um dia, surpresos e amedrontados, descobrimos qutr. .ossa vida espiritual morreu. . . Morreu por falta de alimento, morreu de inanição! ... E agora, José?! D.S.B.

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A ESCOLHA DO CASAL RESPONSAVEL

Se há momento de responsabilidade na vida de uma equipe é o da escolha do casal responsável. Quais são os critérios? Acredito que muito se tem errado. Em algumas equipes se elege por rodízio: porque chegou a vez. Noutras, porque um casal não vai bem, então se elege, para corrigi-lo! Em outras, ainda, de acomodados, porque não se quer nada, se elege o último casal que entrou na equipe. . . Pergunto: Há melhor maneira de mostrar que se é irresponsável? Tentar Deus é pecado. Onde fica a corresponsabilidade? Precisamos meditar e pensar sério, pois a um "Casal Responsável" se dá uma equipe de casais. Será, por um ano, responsável diante de Deus pelo crescimento espiritual dessa mesma equipe. Nela, desenvolverá uma missão. Exercerá a tríplice função, recebida no batismo, de sacerdote, profeta e rei. Por isso, em vez de "fazer propaganda", é preciso colocar-se em atitude de oração, de escuta ... Darei algumas sugestões: 1. Rezar. . . e muito ... 2. Refletir sobre as qualidades do casal que vai ser eleito. 3. Eleger de acordo com a própria consciência, e não de acordo com os palpites. Quais as qualidades e virtudes de um casal responsável? Não precisa ser o mais dotado em sabedoria humana. Precisa é ser um casal que: ame o movimento, tenha vida interior, que reze . . . seja prudente, tenha paciência, seja disponível e queira participar do EACRE, seja desprendido, ... tenha esperança e não seja derrotista, que ame não só o Movimento, mas ame os casais da equipe . .. que seja apostólico ... -28-


Sendo a eleição do novo responsável algo muito pessoal, muito sério, cada um deve perguntar-se: "Qual é o casal que, no momento, preenche esses requisitos para ser eleito?" o

A equipe, por sua vez, como comunidade que é, deveria expressar uma série de qualidades e at.tudes, particularmente aquelas que mais contribuem para a integração comunitária: Atitude de serviço - Espírito de trabalho - Generosidade e delicadeza de sentimentos - Clima de amizade - Solidariedade - Educação humana e espiritual - Corresponsabilidade Diálogo com abertura aos demais da equipe - Sigilo.

o Meu amigo casal equipista, estas linhas foram escritas para ajudá-lo a escolher bem o próximo casal responsável e, também, para melhorar a própria equipe, melhorando a si mesmo. Para tanto, será necessário uma atitude de conversão. Mais ainda, uma atitude de fé:

Acreditar que somos chamados à santidade. E que esse é o mais importante trabalho que devemos realizar. E que escolhemos a espiritualidade das Equipes de Nossa Senhora para realizar esse chamado. De coração, no Cristo Crucificado e Ressuscitado

Pe. José Carlos Di Mambro Conselheiro Espiritual do Setor de São Carlos

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NOTíCIAS DOS SETORES

RIO DE JANEIRO -

lnter-equipes

Quando da última inter-equipes (reuniões mistas) no Rio, cada Setor escolheu a data e o tema que mais lhe convinha. Assim, os Setores B e D fizeram-na na mesma data e sobre o mesmo tema, a "Dives in misericordia". O comparecimento foi excelente. Meditando sobre a parábola do filho pródigo, foi muito grande o questionamento sobre o como perdoamo·s. O Setor A realizou sua inter-equipes com um tema baseado na Homilia do Papa sobre a Família pronunciada no Rio. No Setor E, comparecimento de 90%! Tema: "Dives in misericordia". Os equipistas acharam ótima a idéia de se ter realizado essa inter-equipes na tarde de um domingo. Quanto ao Setor C, o tema foi baseado em duas perguntas: "Como estamos caminhando?" e "Dificuldades e êxitos dos meios de aperfeiçoamento". Mais uma vez ficou provado que as inter-equipes são ótimas ocasiões para travar conhecimento com outros equipistas e trocar testemunhos.

SAO CARLOS -

Novo Responsável de Setor

A transmissão das funções de Responsável do Setor de São Carlos deu-se durante a Santa Missa na capela do Colégio São Carlos. Olguinha e Toninha agradeceram a Deus a Sua proteção durante os três anos de mandato e aos equipistas a colaboração recebida. Marta e Fernando, por sua vez, se colocaram à disposição do Senhor para cumprir a missão que lhes foi confiada e solicitaram a ajuda de todos para o trabalho que pretendem desenvolver. A noite, houve um jantar de confraternização, que contou com a participação de um grande número de equipistas, entre os quais Arlete e Milton, Casal Regional, e Sandra e Gabriel, Responsáveis pela Coordenação de Araraquara. Acrescen-

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tam Maria e Carlos, nosso casal repórter: "Desejamos destacar, como uma homenagem muito justa e merecida de todas as equipes de São Carlos, a atuação de Olguinha e Toninho durante os três anos do seu mandato. Com intensa vida espiritual, marca· da pela oração e comunhão d iárias, o casal encontrou motivação e forças para desenvolver, sob todos os aspectos, um excelente trabalho à frente do Setor. Foram ótimos. Que Deus os conserve na saúde, na dedicação e no amor fraterno." -

Tarde de formação

Da tarde de formação programada pelo Setor, participaram 35 casais. Abrindo a Campanha da Fraternidade, o Pe. Benedito do Carmo Ayres abordou o tema, "Fraternidade e Educação", bem como o lema, "A verdade vos libertará". De sua profunda exposição destacamos, entre outras, as seguintes idéias: a educação deve estar voltada para a fraternidade e não para a competição; a verdade, que é o próprio Cristo, deve libertar o homem da escravidão do pecado individual e social; a educação deve visar ao desenvolvimento do senso crítico; a educação deve levar o homem a ser o agente de História, o construtor de seu próprio caminho; a verdadeira religião conduz ao questionamento e até a crises, pois tem como meta a verdade que liberta.

SAO PAULO -

lnter-equipes e apostolado

A Região São Paulo/A também realizou suas reumoes mistas, mas com tema único para todos, a saber, a "Dives in misericordia", com meditação da Parábola do filho pródigo. Muito bem organizada, essa inter-equipes teve ótimo comparecimento e gran· de aproveitamento. A cc-participação, sobre o engajamento apostólico dos equipistas, reservou gratas surpresas. Pelos relatórios, constata-se que "todos" ou "praticamente todos" os casais estão engajados em trabalhos apostólicos: Encontros de Casais, curso de noivos, catequese, palestras e outras atividades paroquiais, trabalhos em favelas, asilos, creches, etc. Escreve um casal animador: "Aprendemos muito e destacamos principalmente o clima de humildade e disposição com respeito aos resultados da vivência de todos como equipistas e cristãos no mundo de hoje. Foi tão interessante para todos que, sem perceber, apesar de ser uma segunda-feira, ficamos até 1 hora e 30 minutos do dia seguinte, num clima de autêntica fraternidade." Encantados com a experiência, da qual muitos participavam pela primeira vez, foram vários os equipistas que pediram bis ... -31-


VOLTARAM PARA O PAI

Silvia Maria Marques

Da Equipe 30, Setor A, de Curitiba. Casada com Lineu. No dia 29 de janeiro, aos 29 anos. Escrevem seus companheiros de equipe: "Temos muito que agradecer a Cristo: Ele nos deu a oportunidade de conhecer e conviver com uma pessoa que durante sua v ·da só deixou lições para todos nós: de amor, de coragem, de luta e de alegria, como mulher, filha, esposa, mãe e amiga." Silvério Carlos Belo Lisboa

Da Equip.e 17, Setor D, do Rio de Janeiro. Casado com Aparecida. No d'a 6 de março. Com a perda de Silvério, que foi Responsável pelo Setor D do Rio de Janeiro, o Movimento no Brasil fica sem um dos seus elementos mais atuantes. Sua resistência física parecia inesgotável e ele a colocava toda a serviço das Equipes. Foi sem sombra de dúvida um propagador incansável de nosso Movimento. Escrevem Maria Helena e Victor, seus companheiros de equipe: "Silvério viveu unicamente para servir, sem medir sacrifícios ou esforços, procurando ajudar todos aqueles que estavam à sua volta. Sua presença era uma constante em todos os momentos d ifíceis, sua palavra era o conforto esperado. Ele enchia-nos de esperança. . . Como profissional, conseguiu conciliar seus conhecimentos científicos (era engenheiro nuclear) com os ensinamentos da doutrina cristã. A Bíblia estava sempre sobre sua mesa de trabalho, pois era seu háb~to meditá-la todo dia durante o descanso após o almoço. Como ministro da Eucaristia, não havia quem deixasse de notar sua atitude afetuosa ao distribuir a Comunhão, acarinhando as crianças, os mais idosos, e pronunciando o nome daqueles que conhec ~ a. Após a Santa Missa, saia atendendo aos doentes e inv,álidos - só em casos extremos concordava em transferir esse compromisso a outro. No primeiro domingo de cada mês, era ele quem fazia a homilia, e a freqüência à missa das onze na Paróquia dos Sagrados Corações aumentou devido à beleza, autenticidade e profund:dade das mensagens que transmitia. Recentemente, aproveitando missão profissional ao exterior, realizara seu grande sonho, ir a Jerusalém, e dizia: "Agora posso morrer descansado, alcancei uma grande graça, visitei a Terra Santa." Silvério goza agora, temos certeza, da Paz e da Alegria na Jerusalém celeste.

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QUE TODOS SEJAM UM

No momento em que o Papa se prepara para sua histórica e delicada visita à Inglaterra e pede as orações de todos os cristãos, coloquemos diariamente nas mãos de Maria, Mãe da Igreja, e.ssa viagem do nosso Pastor, pedindo ao Espüito Santo que faça chegar o dia da Unidade, principalmente entre católicos e anglicanos.

TEXTO DE MEDITAÇÃO -

Jo . 17, 20-26

Não rogo somente por eles, mas pelos que , por meio de sua palavra, crerão em mim: a fim de que todos sejam um, como tu, Pai, estás em mim e eu em ti; que eles estejam em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste. Eu lhes dei a glória que me deste para que sejam um, como nós somos um: eu neles e tu em mim, para que sejam perfeitos na unidade e para que o mundo reconheça que tu me enviaste e os amaste como tu me amaste. Pai, aqueles que me deste quero que, onde eu estou, também eles estejam comigo, para que vejam a minha glória, glória que me deste porque me amaste antes da criação do mundo. Pai justo, o mundo não te conh:oceu, mas eu te conheci e estes também conheceram que me enviaste. Eu lhes dei a co nhecer o teu nome e lhes darei a conhecer ainda mais a fim de que o amor com que me amaste esteja neles e eu neles. ORAÇÃO -

(Do Culto de Intercessão pela viagem do Papa)

ó Deus, possibilita e completa a unidade que concedeste à tua Igreja. Faze um todos os cristãos. Incita, neste período, o desejo ardente nos nossos corações de a Igreja Anglicana e Católica Romana unirem-se um dia , para que elas possam dar um testemunho comum e crível do Evangelho de Jesus Cristo ao nosso mundo. Envia o Espírito Santo para nos ensinar o caminho da comunhão eterna com o Senhor e uns com os outros. Por Nosso Senhor Jesus Cristo. teu Filho , na unidade do Espírito Santo. Amém.


EQUIPES DE NOSSA SENHORA Movimento de casais por uma espiritualidade conjugal e familiar

Revi.são , Publicação e Di.stribuição pela Secretaria das EQUIPES DE NOSSA SENHORA 01050 -

Rua João Adolfo , 118 - 99 - conj . 901 SÃO PAULO. SP

Tel.: 34-8833


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