ENS - Carta Mensal 1983-9 - Dezembro

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N9 9

1983/1984

Dezembro a Fevereiro

Valores da família .............. . ........... .. A Eucaristia na vida quotidiana do casal . . . . . A Virgem Maria segundo Mar linho Lutero • . • . As Diretrizes Gerais da Ação Pastoral da Igreja no Brasil .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . . A ECIR conversa com vocês .. .. .. . .. . .. .. . .. . Natal . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . .. .. . ... . . . .. .. .. ... " Aqui Estou" . . . . . . .. . . .. . .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. A oração conjugal . . . . .. .. .. .. . .. .. . .. . .. . .. .. . Os 150 anos de fundação das Conferências Vicenlinas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Jovens - Precisa-se .. .. .. .. .. .. .. .. . .. .. .. .. . Um jovem fala de sua vocação . .. .. .. .. .. .. .. . Conselheiro do Setor de Caxias do Sul é o novo Bispo de Toledo, no Paraná . . . . . . Cinqüenta anos de sacerdócio do Pe. Horta . . . . Seminarista Conselheiro de equipe é ordenado em São Paulo . . . . . . . . . . . . . . . . Perguntando aos lilhos: Para você, o que significa o Natal? . . . . . . . . Livros ............ .. .... ..... ................. Nolícias dos Selares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

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EDITORIAL

VALORES DA FAMíLIA

A responsabilidade das E.N.S. na promoção dos valores familiares

Quando se fala em "salvaguardar os valores da família", há quem entenda a expressão como defesa de um conservadorismo imobilista, que permanece onde está, garante rotinas estabelecidas, refugia-se no saudosismo de um passado remoto para continuar sendo aquilo que foi. Não é disto que se trata. Discute-se sobre os "valores da família" promovidos ou contestados, perdidos ou readquiridos. Que significa isto? Valores são critérios de julgamento, centros de interesse, pontes de referência, com um sentido de absoluto e universal. Os valores da família não podem ser confundidos com suas expressões em diferentes culturas, tempos e circunstâncias. É verdade que algumas tradições e modos de fazer são expressões tão intimamente vinculadas aos valores que não podem ser rejeitadas sem comprometer os valores subjacentes. Exemplificando, diria que entre os valores e suas expressões h& uma diferença semelhante! à que existe entre um lar e as formas concretas de uma residência. Nós não confundimos um lar com um palácio ou uma tapera, um barraco ou uma mansão, um iglú ou uma palafita. Todas estas são formas concretas que podem realizar um ideal ou em diferentes circunstâncias ser a sua negação. O filho pode viver longe de casa sem perder a intimidade, a obediência e o afeto filial. O filho pode continuar em casa e transformá-la em alojamento, pensão ou hotel, no momento em que se nega à intimidade, ao diálogo familiar e às trocas afetivas. momento de nos perguntar; que valores da família estão sendo contestados? É

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O que hoje se questiona a respeito da família não são apenas seus hábitos, seus modos de fazer, suas tradições, mas seus valores essenciais, suas estruturas fundamentais, a começar do próprio casamento. É minimizado o próprio compromisso mútuo de um homem e uma mulher para a comunhão integral da vida. É relativizada a fidelidade. É contestado o amor-doação absoluto e indissolúvel. É rejeitada a dimensão sagrada da família.

Vivemos em pleno neo-paganismo, e assumir conceitos e posições "da moda" pode significar simplesmente renunciar à fé cristã, ao próprio "ser" cristão. Chamar alguém de "pagão" em uma sociedade pluralista é constatar um fato: este homem não aceita os valores do evangelho. Admitir, por exemplo, o aborto não é simplesmente aceitar um novo modo de fazer ou uma forma de resolver situações, mas significa negar um valor fundamental: "a vida é intocável". É renunciar de fato à fé de Jesus Cristo. Por outra parte, há valores familiares aceitos e que podem ser mais promovidos. Quais são eles? Seria fácil exemplificar: a autenticidade no relacionamento, a liberdade responsável, a comunhão, a participação, etc. Ao mesmo tempo, "anti-valores" são denunciados: o egoísmo grupal, o enclausuramento familiar, o racismo subjacente, o "familismo", a promoção do "status" aparente, etc. É dentro deste amplo contexto que as E.N.S. têm uma contribuição específica a dar: salvaguardando valores essenciais, promovendo valores esquecidos, intensificando vivências fundamentais ligadas à intimidade do lar: a confiança mútua, o respeito além das aparências, a gratuidade, a perseverança, a abertura para os outros, a compreensão, a justiça e o amor para com os coLaboradores do lar.

Ficamos incomodados ao pensar que as E.N.S. desenvolveram tanto a espiritualidade conjugal sem atingir adequadamente a dimensão familiar. Neste campo há muito que construir mas as bases sólidas já foram colocadas: o relacionamento profundo, rico e permanente do casal, o diálogo freqüente e o estudo programático. Não se poderia admitir um pseudo-conflito entre o familiar e o conjugal.


Novas famílias se vão constituindo e o jovem casal que começa a estruturar o próprio lar quer ser fiel aos valores humanos e cristãos, mas não tem que copiar a família de seus pais; aliás o casamento une um homem e uma mulher de duas famílias talvez muito diferentes. O mimetismo não representaria nos novos ambientes metropolitanos um autêntico testemunho cristão. Outra é a dimensão da família e outros são os relacionamentos dentro da comunidade. Os valores da família de Nazaré continuam um modelo para todo lar cristão, mas os ritmos, os hábitos e tradições, as exigências concretas podem ser profundamente diferentes. Nenhum tipo de família, como realidade concreta, exaure ou realiza com exclusividade o plano de Deus, mas a família que descobriu sua própria identidade cristã saberá encontrar as fo : - mas de evidenciar os valores que a inspiraram.

Pe. Antonio Aquino, S.J .

Torna-se necessário recuperar por parte ru.ado dos valores morais, que são os valores nova compreensão do sentido último da vida é a glande tarefa que se impõe hoje para a

de todos a consCiencia do prida pessoa humana como tal. A e dos seus valores fundamentais renovação da sociedade. Familiaris Consortio, 8

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A EUCARISTIA NA VIDA ·Q UOTIDIANA DO CASAL

(Da belíssima conferência de D. F1ra.ncisco Cox Huneeus

às Equipes na Peregrinação de 1982.)

Participar da Santa Missa é encontrar o sacramento que é, por assim dizer, gêmeo do matrimônio. Na Eucaristia, Cristo dá-se como esposo à Igreja, ao mundo. No matrimônio, Cristo quer igualmente fazer aparecer este amor nupcial, completo e perfeito, mas, desta vez, através do amor dos esposos. Participar de Eucaristia está assim, como diz o Santo Padre na Familiaris Con.. sortio, na própria raiz do matrimônio; só teremos a força para viver o dom nupcial em toda a sua profundidade se nos alimentarmos com o pão Eucarístico. Ainda que brevemente, vamos fazer alusão ao desenrolar concreto da Eucaristia e à nossa participação como esposos nessa Eucaristia, para que ela seja verdadeiramente fonte de vida e de forças para a nossa vida conjugal. Vamos examinar as suas partes mais importantes e lançar uma vista d'olhos sobre o seu conteúdC' e a sua relação com o matrimônio e a família.

o A celebração eucarística deve estar em relação íntima com a vida quotidiana. Deve prolongar-se nela e, ao mesmo tempo, a vjda quotidiana deve servir de preparação para a Eucaristia seguinte. Poderíamos dizer que a nossa vida deveria ir de Eucaristia em Eucaristia, pois que a vida concreta do casal é, ao mesmo tempo, preparação para uma frutuosa celebração da Eucaristia e prolongamento e manifestação dos frutos da Eucaristia celebrada. Podemos encontrar e viver esta dinâmica em cada uma das partes da Santa Missa, como veremos em seguida.

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A liturgia de abertura, que compreende o cântico de entrada, a saudação, o rito penitenciai e o Glória, tem o significado de preparar o clima para o encontro com Cristo através do dom da sua palavra e do seu próprio corpo e sangue. O cântico faz-nos ver que se trata de um encontro alegre, festivo, um encontro de amor e não apenas uma obrigação ou uma rotina. É um encontro com o Deus-Esposo, portanto alguma coisa de alegre e vivificante. Esta mesma atitude deve prolongar-se no cântico da vida quotidiana. Não somente pelo cântico em sentido figurado, mas pelo cântico no sentido próprio da palavra: cantamos na missa ... será que também cantamos em casa? Quem canta reza duas vezes, diz-nos Santo Agostinho. Também a Igreja doméstica deve cantar, como faz a grande Igreja. Depois do cântico, a saudação do padre. É o Deus-Trindade que nos saúda, que se aproxima de nós e nos recorda assim o sentido último da nossa vida, que não é outro senão caminhar com Jesus Cristo, pela força do Espírito Santo, para o Pai. União real de amor com Deus, união que é graça, dom, oferta. Nós não o merecemos. Deus aproxima-se de nós com respeito, como mostra a saudação. Da mesma forma que se aproximou da Santíssima Virgem e a saudou. Ela perturbou-se, por ter a consciência do que significava que Deus viesse a ela, ele o Todo-Poderoso e o Santo. . . a ela, pequena criatura! Respeito de Deus. . . E nosso respeito recíproco? Encontrar Deus na missa deve despertar mais em nós o sentido do respeito pelo nosso cônjuge. Deus aproxima-se dele e saúda-o pelas palavras do padre. Como posso coexistir com ele e não me dar conta da sua dignidade, do seu valor? As coisas quotidianas parecem perder o seu atrativo, a: sua riqueza, e chegamos a perder a admiração que lhes devemos. Isto sucede muito facilmente com o nosso cônjuge e com a nossa família! A Santa Missa, pela saudação do padre, recorda-nos esta atitude de respeito para com o nosso cônjuge. A saudação de Deus deve interpelar-nos tal como o fez com Maria, desde que não estejamos distraídos ... A saudação conduz muito naturalmente ao rito penitenciai. Devemos ver a nossa pequenez, o nosso pecado, e reconhecê-los. E Deus nos levantará, nos fará sentir a sua misericórdia. Mas também isto precisa ser preparado na vida quotidiana. Se, na minha casa, nunca reconheço os meus erros, se não sou capaz de pedir perdão ao meu marido, à minha mulher ou aos meus filhos, como conseguirei improvisar um autêntico pedido de perdão na Santa Missa? Um sentimento de pequenez na vida quotidiana ajuda a ser pequeno diante de Deus. E ser pequeno diante de Deus ajuda a viver em liberdade as pequenezas da vida quotidiana. Se durante a semana não peço perdão, ser-me-á difícil

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viv~r aute~ticamente na Eucaristia este momento de pequenez. Ped1r perdao ... mas também aprender a perdoar. Cada um é também Cristo para seu cônjuge. E Cristo perdoa-me em cada Eucaristia e acolhe-me de novo com esse amor nupcial pleno e perfeito. O II'ito penitenciai da Santa Missa deve prolongar-se na vida da semana, graças às múltiplas ocasiões em que cada um dos cônjuges tem de perdoar e de ser perdoado; desta forma, estas Experiências transformam-se na melhor preparação para a próxima Euca!I'istia.

o A liturgia da palavra. Olhemos de novo para a Santíssima Virgem, porque a liturgia da palavra faz-nos lembrar e reviver, na Eucaristia, muito particularmente o mistério da Anunciação. Oristo é o Verbo, a Palavra do Pai, na qual Ele se exprime plenamente. Ele é a Palavra de Deus. Mas, por outro lado, Cristo diz-nos palavras, interpela-nos, fala-nos. Pensamos muitas vezes que Deus é mudo, silencioso. E não é verdade. Na Eucaristia, Deus fala-nos verdadeiramente, fala-nos oficialmente, e não apenas sob a forma de voz interior. Isso •r equer de nós - ·como o vemos em Maria - que saibamos escutar com um silêncio interior conveniente, com atenção. Sobretudo, que saibamos acolher essa palavra, abrindo-lhe o nosso coração, para que ela se encarne em nós, e depois, que saibamos obedecer-lhe, pô-la em prática. Na liturgia manifestamo-lo pelas respostas depois de cada leitura e pelo Oredo, expressão de fé na Palavra de Deus e no que ela exprime. A palavra: tem uma grande importância na vida conjugal. Na vida de cada dia, é preciso que se prolonguem, entre os esposos, as atitudes que se exprimem na Eucaristia. Deus fala e a Igreja, e:m Maria, recebe essa palawa e dá-lhe carne e vida. Histéria que se prolonga na nossa vida conjugal. O meu cônjuge fala . .. exprime-se a si mesmo, entrega-se nos seus pensamentos, revela-se por intermédio das suas expressões. . . é também um pensamento encarnado de Deus que posso conhecer escutando a sua palavra. Qual é a nossa atitude no diálogo conjugal? Sou um eterno silencioso, alguém que se não manifesta, que guarda tudo para si e não se comunica? Como vou então Tealizar o diálogo de amor? Ou, pelo contrário, sou uma inesgotável torrente de palavras, na melhor hipótese ocas e superficiais, que não refletem o que vai no meu íntimo, que não manifestam !I'ealmente a minha interioridade à pessoa amada? Devo falar, como Cristo .. . devo escutar, como Maria. É preciso extrair daí as grandes diretrizes para alimentar o diálogo conjugal.

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No ofertório, revive-se o momento em que a Igreja retoma e repete o sim de Maria e o sim de Cristo ao seu Pai. É um sim de abandono, de abandono de si mesmo e do que se tem de mais querido: é isso que se põe sobre a patena e no cálice. A Eucaristia renova-se em cada dia neste abandono a Deus. O grande obstáculo para o abandono autêntico é sempre o medo, o medo da dor e do sofrimento. O que nós colocamos sobre a patena transformar-se-á em Cristo, mas no seu corpo entregue e no seu sangue derramado, e nós sempre tememos a dor.

Mas não há amor autêntico sem dor. Porque amar é entregar-se, e todo abandono autêntico implica romper os nossos próprios limites e sair de nós para chegar ao outro. É a lei da vida, da ressurreição: se o grão de trigo não morrer, não dará fruto. Para ressuscitar, Cristo devia morrer. Também na vida conjugal o ofertório nos recorda esta dispo· sição fundamental: abandono ao cônjuge, abandono aos filhos, até ao despojamento de nós mesmos, aceitando o que é necessariamente doloroso neste abandono de amor. Não existe amor sem capacidade de renúncia e aceitação da dor. Bem depressa a vida dissipa a visão sentimental e adolescente de um amor que seria sempre cor de rosa. O ofertório da missa transforma-se e prolonga-se no ofertório multiforme da vida quotidiana dos esposos e da família.

o A consagração faz reviver a subida de Cristo ao Calvário e a sua morte na Cruz. É por isso que é o sacrifício da Cruz. Consagrar e sacrificar é na realidade a mesma coisa: torna:r sagrado. No Calvário, Cristo entrega-se completamente, renuncia à sua própria vida humana para estar sempre no seio do Pai e para se poder entregar completamente a nós, eliminando tudo o que pode constituir obstáculo a essa união plena e total. Unimo-nos a Cristo no seu abandono e queremos eliminar tudo o que se possa opor à nossa plena adesão a Ele. Na vida conjugal acontece a mesma coisa: abandono completo e total ao cônjuge, para lhe pertencer completamente e poder dar-me aos meus num amor total.

o Na comunhão vemos o fruto e o sentido do sacrifício, que não é senão a comunhão perfeita com o Pai e conosco. Na comunhão recebemos os frutos da cruz. Não foi o dia do Calvário que nos trouxe o corpo e o sangue de Cristo. O caminho pelo qual eles nos chegam é a Eucaristia. Pela comunhão, o Deus-Esposo entrega-

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-nos efetivamente o seu corpo, não sob o sinal do sexo, mas do alimento, sinal de intimidade e de comunhão maior ainda. O que se come assimila-se, vem a ser fisicamente parte do nosso corpo. A união nupcial é o que nos pode fazer compreender da maneira mais aproximada, ainda que limitada, a profundidade e a totalidade do dom de Cristo nesta união completa, ao mesmo tempo física e espiritual. Na vida quotidiana do casal, encontramos também na comuz:hão de vida todo o sentido do matrimônio. A família deve ser sinal visível, simples como o alimento, mas eficaz, da força do amor atuante. A comunhão conjugal é, ao mesmo tempo, sinal e fonte desta unidade. O casal e a família encontram o seu próprio sentido e a sua r ealização mais profunda na comunhão ou comunidade de amor. o

E por fim a despedida, que nos conduz a sermos portadores desse amor que se entr ega e que forma a comunhão dos esposos. Em cada dia a família é enviada assim, numa nova despedida; em cada Eucaristia ela recebe de novo essa missão maravilhosa de ser um sinal eficaz do amor de Cristo por cada um dos seus membros. Assim, por intermédio de famílias que vivem este mistério, o mundo acreditará no Pai e acabará por ser uma família de irmãos.

D Francisco Cox Hun ?e1l s

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A VIRGEM MARIA SEGUNDO MARTINHO LUTERO

Acabam de celebrar-se os quinhentos anos do nascimento de Martinho Lutero (10/11/1483). A Igreja católica associou-se às eomemorações num espírito de ecumenismo, procurando destacar os aspectos positivos da personalidade do iniciador da Reforma uma pesquisa, aliás, à qual se vêm dedicando numerosos estudiosos em nossos dias. São palavras do Cardeal Willebrands, Presidente do Secretariado para a Unidade dos Cristã os na 5.a Assembléia Geral da Federação Luterana Mundial: "Quem poderia negar, hoje, que l\'lartinho Lutero era uma personalidade profundamente religiosa P. que ele buscava, com sinceridade e dedicação, a mensagem do evangelho? Quem podaria negar que ele, embora importunasse a Igreja Católica Romana e a Sé Apostólica - não se pode negá-lo, por amor à verdade -, conservou notável parte do patrimônio da antiga fé católica? Acaso o Concílio Vaticano li não cumpriu reivindicações que, entre outras, foram apresentadas por Martinho Lutero e pelas quais, agora, vários aspectos da fé e da vida cristã expressam-se melhor?" (1) Um aspecto particularmente importante, e bastante ignorado, parece-nos, é a devoção que Lutero sempre conservou em relação à Virgem Maria. Escreve o Pastar Roger Schutz, Prior da Comunidade de Taizé, na introdução de memorável edição ecumênica dos "Comentários sobre o Magnificat" ("O Magnificat", MarUnho Lutero, Editora Vozes, 1968) : "Ele venerava aquela que foi a primeira a crer em Oristo, a primeira a pronunciar o sim e o amém de um coração fiel, aquela que, por virtude do seu consentimento, refletiu em si a perfeição de Cristo." ll)

Exs.: maior enfoque na importâ.ncia da Escritura para a vida e a doutrina da Igreja, a definição da Igreja como Povo de Deus, a ênfase no sacerdócio universal dos batizados. - sem falar no '.ISO da. língua vernácula na liturgia, etc.

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Eis como Martinho Lutero falava de Maria:

O que são as servas, os servos, os senhores, as mulheres, os príncipes, os reis, os monarcas da terra, em comparação com a

Virgem Maria qwe, além de ter nascido de uma estirpe real, é também mãe de Deus, a mulher mais importante da terra? No meio de toda a cristandade, ela é a jóia mais preciosa depois de Cristo, a qual nunca pode ser suficientementie exaltada; a imperatriz e a rainha mais digna, elevada acima de toda nobreza, sabedoria e santidade. Esta única palavra 'mãe de Deus' contém toda a sua honra.. Ninguém pode dizer algo de maior dela ou exaltá-la, dirigindo-se a ela, mesmo que tivesse tantas línguas quantas folhas cres• cem nas folhagens, quantas graminhas há na terra, quantas estrelas brilham no céu e quantos grãozinhos de areia existem no mar. Para entender o significado do que é ser mãe de Deus é preciso avaliar P pesar esta palavra no coração.

Ao falar das 'maravilhas' qwe Deus realizou em prol dela, Maria faz alusão unicamente à sua maternidade divina. Esta graça in·icial faz-nos compreender todos os outros favores, tão numerosos e tão sublimes, que lhe têm sido concedidos por Deus. Re-sume aquilo que constitui sua honra e sua felicidade. Permite-nos compreender por que Maria ocupa um lugar único e absolutamente excepcional à frente da humanidade. Quem a poderia igualar? Ela é a mãe de Jesus, que tem por Pai o Todo-Poderoso!. . . Maria é 'mãe de Deus', seu primeiro título de glória, que engloba e resume todos os outros. Não podemos sequer imaginar 1Ím título mais excelso do que este, e todos os demais não seriam nada ao lado dele, mesmo que fossem tão incontáveis como as estrelas do céu ou a areia do mar. Somente uma meditação silen~ ciosa e prolongada pode permitir-nos aprender o que de extraordinário se encerra neste privilégio de Maria (2)

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"Comentário sobre o Magnificat".

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AS DIRETRIZES GERAIS DA AÇÃO PASTORAL DA IGREJA NO BRASIL

A carta mensal de outubro já abordou o Documento n9 28 da ONBB, contendo as diretrizes gerais da ação pastoral da Igreja no Brasil para o quadriênio 1983-1986. Dada a importância desse documento pllira os católicos em geral, julgamos necessário voltar a ele, para destacarmos alguns pontos, que nos pareceram Essenciais. Vamos nos deter aqui apenas na primeira parte (de fundamentação). Possivelmente, numa outra vez faremos o mesmo com as demais. É apresentado aqui o objetivo geral da ação pastoral - Evan~ gelizar; anunciar o nome, a vida, a doutrina, as promessas e o mistério de Jesus Cristo, Filho de Deus; proclamar a Boa Nova do Reino de Deus; Reino que consiste na libertação de todas as misérias e opressões, cuja raiz última é o pecado; Reino que visa instaurar uma nova ordem de vida na justiça, na fraternidade, na solidariedade, onde se realiza a comunhão profunda entre as pessoas e a participação. (cf. 3, 26)

A Igreja considera ser mais importante do que a quantidade de pessoas a receber a Boa Nova a verdadeira adesão ao Evangelho, numa nova maneira de viver por parte dos que a recebem, de tal sorte que sejam modificados os critérios de julgar os valores e os modelos de vida que · se encontram em contraste corn a Palavra de Deus. (cf 6) As comunidades eclesiais (uma equipe?) onde a vida nova é aprofundada à luz da Palavra de Deus, celebrada nos Sacramentos da fé e testemunhada no serviço aos irmãos, acolhendo os que aderem ao Evangelho, devem se constituir num sinal da transfor~ mação e da novidade de vida. ( cf. 7)

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. "Evangelizadora como é, a Igreja começa por se evangelizar a Sl mesma. . . por uma conversão e renovação constantes a fim de evangelizar o mundo com credibilidade" (E.N. 15) (cf.' 8) Faz-se necessário aqui uma parada. par<). refletirmos até que ponto cada. equipe está empenhada. em sua. própria. evangelização e a levar cada. membro a. rever constantemente sua. vida para. melhor poder discernir os apelos concretos que o Senhor lhe está fazendo, a fim de melhor exercer sua missão.

O processo de transformação pelo qual passa a sociedade brasileira, cria situações novas para a vida do povo, que poderá se distanciar da mensagem se a Igreja não atingir, com sua ação pastoral, as realidades novas. Por isso a Igreja enfatiza a necessidade da formação de agentes pastorais, comprometidos com as exigências da fé, capazes de transformar a sociedade. (cf. 15, 16) O movimento pretende que seus membros se constituam em agentes capazes de colaborar com a. transformação.

Graças ao Evangelho que lhe foi confiado, a Igreja é portadora da verdade fundamental sobre o homem. Ela proclama a dignidade que é própria de todos os homens e mulheres, sem distinção. (cf. 34) Faz a opção preferencial pelos pobres, mas longe de ser exclusiva e excludente, esta opção realiza, na verdade, o amor de Deus e da Igreja por todos os homens: significa, assim, amar a todos os homens naquilo que lhes é mais fundamental: sua dignidade humana. Por outro lado, os pobres têm melhores possibilídades de viver os valores evangélicos de solidariedade, disponibilidade, partilha, simplicidade e serviço, que prefiguram o projeto de . Deus para todos os homens. Assim. eles são os protagonistas privilegiados de um futuro que já se vislumbra. (cf. 40, 41) Espera-se que esta Igreja dos pobres fale primeiro e acima de tudo ao homem, a cada homem e par isso ,a todos os homens, a todas as Igrejas, para que se disponham a uma partilha fraterna. (d. 42) A Igreja no Brasil reitera o seu compromisso de anunciar E! testemunhar o Evangelho, através de um empenho decidido em vista da libertação integral do homem. (cf. 46) A situação de extrema pobreza a que está submetida a maior parte do povo brasileiro constitui sério e urgente desafio. Esta situação , que nega direitos elementares de setores majoritários da população, se apresenta como forte obstáculo ao anúncio e instauração do Reino de Deus no meio de nós. (cf. Puebla) (cf. 47) -12-


Essa situação exige da Igreja que sua evangelização se oriente no sentido de converter a consciência pessoal e coletiva dos hornens, libertando-os sobretudo do pecado e do malígno. Ela está convencida de que todo o processo de transformação social resultará ilusório e vão "se não intervier uma verdadeira conversão das mentes 1 das vontades e dos corações." (cf. 48) Assim, a Igreja, em sua pedagogia evangelizadora e lib~ita~ dora, procura abraçar concretamente a causa dos pobres, possibililando, a partir de sua identificação com eles e da solidariedade com seu projeto histórico, a oportunidade privilegiada para a conversão profunda das condutas e dos corações. A opção preferencial pelos pobres constitui, pois, a pedagogia evangélico-libertadora para todos os setores da sociedade. (cf. 49) A Igreja reconhece a dificuldade da missão, mas não enfraquece a sua esperança. (cf. 51) Deus vai fazendo acontecer o seu Reino, constituído com a força dos fracos e daqueles que, segundo o mundo nada são. (cf. 52) A Igreja esforça-se para imprimir, cada vez mais, no coração do homem, os valores evangélicos da não-violência, da entrega generosa, da alegria no compromisso, do sofrimento que redime, do perdão e da reconciliação, da abertura à plenitude do Reino. (cf. 54)

ELa se recusa a substituir o anúncio do Reino pela proclamação das libertações puramente humanas. Afirma que sua contribuição para a libertação ficaria incompleta se negligenciasse anunciar a salvação em Jesus Cristo. ( cf. 55) '1 A libertação integral do homem em Jesus Cristo é um processo dinâmico, no qual estão presentes duas dimensões complementares e inseparáveis: ((libertação de todas as servidões do pecado pessoal e social" e ((libertação para * o crescimento progressivo no ser humano e cristão", no sentido de "irmos construindo uma comunhão e uma participação" sempre mais perfeita em nosso relacionamento com o mundo, como senhores, com as pessoas, como irmãos, e com Deus, como filhos. (cf. Puebla) (cf. 56) Somos chamados a participar comunitária e solidariamente, como sujeitos, na construção do mundo e da história. (cf. 57) Continuadora da missão de Cristo, a Igreja está inteiramente a serviço dessa comunhão e participação - comunhão dos homens •

Grifo nosso.

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com Deus e dos homens entre si. Ela melhor realiza esta missão na · medida em que todos os cristãos se empenham, pessoal e coI~unitariamente, a serviço do Evangelho. (cf. 59) Donde a importância das CEBs e dos movimentos, no sentido de favorecer nos leigos a consciência de sua presença -ativa na tgreja e d~ lhes possibilitar .crescer na vivência da comunhão eplesial. (cf. 62) . De ser "fermento da vida humana evangélica, exemplo vivo de . um modo novo de convivência, onde se une liberdade e solidariedade, e onde se ensaiam foTmas concretas de organização e e:-struturas de participação e comunhão capazes de abrir caminho' para um tipo de sociedade mais justa, fraterna, livre, solidária' e.. verdadeiramente cristã". (cf. João Paulo II aos operários em S.P.) (cf. 64) ['

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A ECIR CONVERSA COM VOC~S

Em nossa tímida tentativa de sintetizar, no artigo anterior, a primeira parte do documento n.0 28 da C.N.B.B., não tivemos, nem de longe, a pretensão de substituir o estudo do mesmo. Apenas pretendemos chamar a atenção paTa alguns pontos que nos pareceram importantes. I

· Refletindo sobre as colocações, nos conscientizamos melhor de que nossas equipes devem favorecer a seus membros esse novo tipo de convivência; ajudá-los a viver os valores evangélicos de solidariedade, partilha e serviço - comunhão e paTticipação.

É uma caminhada que empreendemos e na qual todos devem se empenhar. É preciso que persigamos, incessantemente, o ideal ria Igreja dos pobres, por nós mesmos e para que possamos ser. verdadeiramente luz.

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Essa solidariedade pode começar a manifestar-se de uma forma muito concreta, numa partilha bem material. Digamos, um primeiro passo da caminhada. Acreditamos ser do conhecimento de todos a considerável expansão que tem tido o nosso movimento, nos últimos anos, aqui no Brasil. Com a graça de Deus, ele começa a atingir regiões distantes, algumas bem carentes: Amazonas, Pará, CeaTá, Pernambuco, com previsão de formação de equipes no Piauí, Rio Grande do Norte, Bahia e Espírito Santo. Isto é maravilhoso. Mas está trazendo algumas dificuldades, que procuraremos esclarecer com alguns exemplos: - Três equipes foram formadas em Santarém (Pará) e três outras estão à espera. Acontece que o casal piloto é de Manaus, qu.e fica a cinqüenta minutos de jato, ou quase dois dias de barco pelo Rio Amazonas. O casal possui um espírito de serviço muito grande, pois se dispõe a ficar alguns dias em Santarém, a cada dois meses, para as reuniões. Mas está claro que não pode arcar com as despesas das viagens, que precisam ser cobertas pelo movimento. Achamos muito útil que cada casal reflita um pouco sobre este fato de estar, de certo modo, participando da expansão das equipes. - Outra dificuldade surgida: Esses polos distantes não podem ficar isolados. Precisam receber a seiva que circula em todo o movimento, a fim de participar de sua vida; caso contrário, correm o risco de fenecer ou de se desviar do objetivo. Um veículo para a circulação da seiva são os contatos feitos pelos casais responsáveis regionais, através de cartas, telefonemas e contatos pessoais. Mas isto acarreta despesas, às vezes grandes, que nem sempre o movimento tem tido condições de cobrir. Isto não é justo, pois os casais já dispensam (e como!) o seu tempo, chegando mesmo alguns a tirar férias para suas "visitas pastorais", que muito têm exigido dos mesmos. -Uma outra necessidade no movimento: Encontros de casais responsáveis em todos os níveis. Outra dificuldade, pois os cusais que vêm de locais distantes acabam tendo uma despesa muito grande - além dos gastos com a viagem, às vezes bem altos, :.Jinda devem pagar a taxa de inscrição. O movimento tem podido colaborar muito pouco. Por que? Porque, infelizmente, não dispõe de recursos para isso. Numa análise de tal situação, uma solução que ocorreu à BCIR foi a de reduzir as Cartas Mensais (de 9 para 6), pois essas &bsorvem uma grande parte de nossa verba. Será uma lástima

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se_tal_atitude tiver que ser tomada, pois o seu grande valor, quer so,b o aspecto da comunicação, quer sob o da formação, é comprovado por todos. Voltando ao início, não está aqui se nos apresentando uma boa oportunidade para praticarmos a solidariedade, diluindo entre todos essas despesas de alguns? Como? Simplesmente dando ao movimento a contribuição que nos é pedida- nada mais, nada menos. Se todos os equipistas do Brasil assim o fizer em, essas despesas poderão ser cobertas, e outras mais, por ocasião dos encontros. , Vamos parar um pouco para refletir sobTe tudo isso. Qualquer atitude concreta que tomarmos aqui se reverterá certamente em benefício para nós mesmos, pela vivência da virtude do desapego. A este respeito, os equipistas de BTasília -nos deram um exemplo por ocasião do EACRE. Estamos estudando a possibilidade de adotá-lo nos grandes encontros. Confiamos no espírito de fraternidade de todos. Eles instituíram o que convencionaram chamat de preço médio e que consiste no seguinte: todos os participan.. tes do EACRE pagam a mesma taxa, na qual está incluída as despesas com as viagens. Por exemplo: um casal responsável de Brasília teve, -paTa participar do encontro, em sua cidade, a mesma despesa que um -casal de Belém. Esta quotização foi muito bem aceita por todos de Brasília. Não é um exemplo de solidariedade a ser seguido? Seria esperar muito que todos assumissem sua parte na responsabilidade em relação a estas dificuldades do nosso querido movimento, atualizando suas contribuições?

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'

Lembrem-se: são os nossos rendimentos de um dia, _em tantas paTcelas quantas forem as reuniões mensais. Insistimos, é apenas um primeiro passo na caminhada da solidariedade, que exige muito mais.

Cidinha e Igar

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NATAL (Do

Boletim de Bauru)

Mais um Natal se aproxima ... Quantos já vivemos em nossa vida? Cada um sabe . . . Quantos ainda teremos? Só Deus sabe ... Deus veio ao mundo, um dia, em Belém, na Judéia, numa pobre gruta ... JESUS NASCEU! Amor infinito, "se fez carne e habitou entre nós". Para anunciar a Boa Nova aos pobres. Para proclamar o Reino de Deus! Agora . . . em cada Na tal. . . neste Na tal, Ele quer nascer de novo, em outra gruta. No seu coração, no coração de cada criatura. Como será o nosso coração? Uma estalagem confortável: de portas fechadas para o amor? uma humilde gruta, acolhedora, que dá abrigo a Cristo para Ele ser em nós a Boa Nova ... para o outro Cristo que precisa de ajuda, de pão, de conforto, de saúde, de fé . . . Seja o Natal de cada um uma estrela a brilha:r iluminando a vida de alguém! Mais uma vez Ele pede para Ser em nós SEJAMOS O CRISTO ... NO OUTRO!

Neusa -17-


"AQUI

ESTOU"

Tristão de Atha.yde foi um dos maiores pensadores católicos do nosso tempo. Reprodtwimos passagens de artigo sobre o Natal publicado na Folha de S. Paulo de 24 de dezembro de 1982.

. . . O tempo é que passa, em sua eterna evanescência, e a eternidade é que não passa, em sua eterna permanência. Foi just amente essa inversão de valores que Eu vim trazer ao mundo, nessa data incerta mas imutável em sua volta anual, e nesse remoto lugarejo dos limites deste pequeno planeta, este grão de areia, em que o Pai se dignou fazer que minha Mãe, e Mãe de vocês todos, gerasse a Mim, para que entre o Oriente e o Ocidente, entre o Norte e o Sul, entre o Tempo e a Eternidade, viesse ao mundo esse signo de Contradição e de Solução com que o Pai revelou a chave do segredo deste mundo. Essa chave, sou Eu em pessoa. E por isso é que há vinte séculos e antes deles ou depois deles, em todas as miríades de séculos, não vim ao mundo de uma só vez. Vim de Natal em Natal. De dia em dia. E essa foi a segunda lição do meu Natalício. Eu vim, como disse Pedro a seus companheiros, já desconcertados e decepcionados das coisas do tempo, como vocês hoje em 1982, Eu vim para mostraT que a Eternidade é que gera o Tempo e lhe dá a medida de seu valor. As coisas temporais só valem pelo grau de seu valor de eternidade. ''Só Vós, Senhor, tendes palavras de Vida eterna." Estas palavras, cada ano repetidas, fazem desta data que o Pai santificou para todo o sempre, a despeito de tudo o que C·s homens tenham dito e feito contra mim, a data suprema do calendário humano.

Eu fico profundamente triste ante o espetáculo das modernas babilônias, de tão depravados costumes. Mas seria impossível que a~sim não fosse desde que a maioria daqueles milhões me dá as costas ou se serve de Mim, em vez de me servir com r etidão.


O desalento ou o desespero são os frutos mais amargos dessa deterioração dos bens mais altos que a transcendência da Fé incutiu no âmago da História, a saber, a Liberdade, a Justiça e a Paz. Eu vim ao mundo para elevar os humildes e destronar os poderosos. Para evitar a opressão dos fracos. Para punir a arrogância dos fortes. Para aliviar, pela Justiça e pela Misericórdia, a miséria dos pobres. Foi isso, acaso, o que fizeram de Minha mensagem? A Paz e a Pureza que sem cessar preguei enquanto "ivi entre os homens foram, pouco a pouco, substituídas pela violéncia física e pela corrupção moral. Que poderiam esperar do Meu Nascimento senão que os ricos se tornassem cada vez mais 1·icos e os corruptos cada vez mais corrompidos, como não se cansam de proclamar os que Me seguem honestamente? E não se servem, apenas, de minhas Palavras e de meus Exemplos. Palavras e exemplos que não Me canso de relembrar a todos ,·ocês, vivam ou não sob o signo do Amor ou do ódio, particularmente neste Dia em que, na pobreza de Belém, vim trazer a vocês a única Riqueza que as traças não consomem. Inclusive a riqueza suprema das palavras de vida eterna, que fazem do sofrimento e da morte o mistério dos mistérios, ou seja, sua transformação em Alegria e Vida, inclusive nesta vida, no tempo. Não se esqueçam, porém, desta dupla lição que dou a vocês, como Deus e como homem que também sou. Ninguém nasce só para a vida terrena nem só para a vida eterna. Falsificam Minha Li~ão quando pretendem consolar vocês das misérias da vida terrena com as promessas de paz e de alegria na vida eterna. Não há qualquer ruptura irreparável entre uma e outra forma de vida. A vida eterna supõe a vida terrena, como esta se prolonga na vida eterna. O Reino de Deus que Eu preguei sempre durante Minha vida terrena não começa depois da vida individual e social neste mundo. Começa nele e com ele. Não pode prevalecer" sem ele. De modo que a luta diária pela justiça e pela honradez, contra o erro e as iniqüidades sociais, contra a E'xploração dos pobres pelos ricos, contra a opressão dos fracos pelos fortes, é um dever primordial da vida autêntica que Eu vim ao mundo para pregar. O "Cristianismo" em que a miséria de muitos coexiste com a fartura de poucos é apenas um paganismo disfarçado e uma contrafação do verdadeiro Cristianismo. Sem justiça neste mundo não haverá justiça na eternidade. Como sem a esperança na vida eterna, dificilmente haverá justiça neste mundo. Não se esqueçam jamais de que ninguém nasce sozinho. nem sozinho se salva para a vida eterna. Ai daqueles que separam a 1vlisericórdia da Justiça, a vida espiritual do convívio social. Todos os que lutam por uma vida social mais justa, com as riquezas

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deste mundo equitativamente distribuídas, embora por diferentes modalidades políticas ou mesmo por diferentes caminhos na expectativa da vida eterna, estão todos incluídos nesta missão com que o Pai Me enviou ao mundo par a salvá-lo do egoísmo e da corrupção do amor, que é a própria expressão do mal. É nos debates políticos, como nas lutas pela justiça, individual e social, como é no silêncio dos mosteiros e na luta incessante contra a miséria econômica e a corrupção moral que a eficácia da prece se perfaz na união íntima do homem consigo mesmo e com a Presença do Pai em Mim, e, por Mim, em vocês, pela Mensagem de que sou portador. Por isso, meus filhos e minhas filhas, dentro ou fora do Meu próprio corpo místico, aqui estou, mais uma vez, para trazer a vocês as palavr as de Amor, de Esperança e de Vida eterna eom que vocês poder ão dizer, em face do sofrimento e da morte, que a vida vale a pena ser vivida em plenitude

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O amor que Alceu Amoroso Lima nutria pela esposa era bem conhecido. Escreve sua filha, Irmã Maria Teresa; "Papai começou a morrer quando mamãe partiu para a eternidade. Nenhum de nós se iludiu. Ele mesmo. várias vezes, t eve ocasião de nos dizer: 'Nada, nem ninguém, consegue preencher o vazio que Maria Theresa deixou!' 'Nem Deus, meu pai?!' perguntei-lhe um d1a no hospital. E ele, com voz forte: 'Só Deus! Deus, sim! E Este é Tudo!' E ela acrescenta: Foi este Deus, que era o tudo de sua vida desde 1928, quando se converteu, foi este Deus que se encarregou de embelezá-lo. de plasmá-lo até o fim ('Tuas mãos me fizeram e me plasmaram, Senhor!' diz o Salmo 118), com o máximo cuidado e a máxima dedicação de que o Artista é capaz, fazendo de meu pai a mais bela expressão de um santo perfeito." No mesmo artigo, {1 ) em que ela t ransmite o que considera o testamento espiritual de seu pai, destacamos os seguintes trechos: "Que todos sejam bons! Que todos se convertam! Meu Deus, meu Deus se eu ainda posso escreve-r. que seja sobre o amor!" "Chegar aos 90 a nos é uma bela idade. Mas que quer c:lizer a idade? Uma criança que abriu os olhos e depois os fechou para sempre terá vivido melhor que um velho de 90 anos inútil. Mas que amou! Amei e sei que fui amado! .. . Amei a Deus! Eu pude amar por dom de Deus! ... Como te amei, meu Deus!. . . Cada um de vocês, meus filhos, teve o meu amor. mas TODO mesmo, só Deus é que teve!"

--o-

(1)

Folha de S. Paulo, 11/11/83.

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Em entrevista pela televisã.o, reproduzida depois de sua morte, o Dr. Alceu fôra inquirido pela reporter:

- Como o sr. explica que esse amor pela sua esposa tenha durado todos e:::ses anos? - Ah, minha filha, pergunte a Deus! to o da Santissima Trindade! ... -

~

um mistério tão misterioso quan-

Como era ela?

- Com 81 anos ela ainda tinha para mim os mesmos 17 anos com que a conheci. Tinha uma juventude de espirito talvez maior ainda do que quando t!nha 17 anos .. . E também não me pergunte se eu vim à fé pelo amor ou ao amor pela fé ·- é um·a pergunta impossível de se responder! O que posso dizer é que quando a. conheci eu era um perfeito ateu. E em; todos aqueles anos, ela nunca disse uma palavra para me converter.

o Hélio Rezende, depois do enterro, iria responder ao reporter com as mesmas palavras ... : "Eu era a.teu quando o conheci. Ele nunca disse uma palana para me converter. Mas eu o admirava ta·n to que desejei ser como ele ... "

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A ORAÇÃO CONJUGAL A oração comunitária tem um lugar predominante na Igreja. E dentro da Igreja o primeiro escalão é a pequena comunidade formada pelo casal Para a pequena célula como para a grande Ig1reja, a primeira função é o culto. Consagrados não só um ao outro, mas também a Cristo, pelo sacramento do matrimônio, marido e mulher, como casal, devem um culto a Deus, cuja primeira manifestação é a oração con jugal. A oração conjugal representa para eles este momento diário dedicado especificamente a Deus - assimilando-se por analogia à liturgia das horas dos consagrados.

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É no sacramento do matrimônio que encontramos o verdadeiro sentido da oração conjugal como culto devido a Deus pela comunidade conjugal: pelo sacramento, Cristo faz aliança com o casal, se compromete com ele, o assume totalmente. Diz o texto do caderno n. 0 7 sobre a oração conjugal:

"Quando Cr isto une pelo sacramento um homem e uma mulher, é para fundar um santuário, que é o casal cristão, onde Ele, Cristo, poderá celebrar, com esse casal, o grande culto filial de louvor, de adoração e de intercessão que veio instaurar na terra ... " O culto é pois, um dever do casal, pela própria pertença a Cristo. Os dois são um do outro, mas são de Cristo. Esse momento em que se unem para orar permite retomar incessantemente consciência deste incrível íavor divino, deste priVIlégio da presença de Cristo no nosso casamento. E assim dar graças e louvar a Deus por isso. Um dos efeitos é ajudar-nos a viver em ação de graças, como manda São Paulo. Gostamos muito daquela passagem de Col. 3, 12-17, principalmente, no que ora nos interessa, os versículos 15-b e 16: "Sede agradecidos. A Palavra de Cristo habite em vós ricamente: com toda sabedoria ensinai e admoestai uns aos outros e, em ação de graças a Deus, entoem vossos corações salmos, hinos e cânticos espirituais." Sempre aplicamos esta passagem à equipe, mas parece-nos aplicar-se maravilhosamente também ao casal, na oração conjugal!

o O como é deixado à criatividade de cada um, mas parece-nos que o esquema normal de uma oração conjugal deveria ser: - a escuta, juntos, de Deus: a) escutamos primeiro silenciosamente Sua presença em cada um de nós e entre nós como casal; b) escutamos em seguida a Sua Palavra; c) calamo-nos jun-22-


tos, deixando que esta Palavra ressoe em nós; d) fazemos um exame de consciência sobre o dia que passou, à luz da Palavra que ouvimos e meditamos;

- nossa resposta à Palavra, nosso diálogo com Deus diante do outro (contrição, louvor, ação de graças), nosso diálogo um cem o outro diante de Deus (renovar do amor, pedido de ajuda, etc.); ~ a intercessão: apresentamos a Deus nossas dificuldades, indjviduais e como casal, nossos filhos e seus problemas, os outros e seus problemas, o mundo e seus problemas.

I~

Isto é claro, nem sempre é fácil. Há o respeito humano, que não nos deixa abrir totalmente a alma diante do outro, embora saibamos que é outro "eu"! Há também o cansaço, uma certa má vontade quanto temos outra coisa "mais importante = urgente" a fazer. E, é claro, as rusguinhas da vida, que fazem com que nem sempre cheguemos à oração conjugal com a disposição necessária -às vezes nem há clima! Nesses momentos, devemos pelo menos rezar um Pai Nosso, demorando-nos nos "perdoai-nos as nossas ofensas" e invocar a Mãe da Misericórdia com uma Salve Rainha, por exemplo. "Não se deite o sol sobre a vossa ira", diz·nos o Evangelho. A oração conjugal parece-nos uma boa oportunidade para que não aconteça de dormirmos "brigados". Sempre um dos dois terá que engolir o seu orgulho e pedir perdão ao outro, mesmo tendo a absoluta certeza de que ele está com a razão ... Só para que "o sol não se deite sobre a nossa ira"!

o Vale a pena agora uma palavra sobre os benefícios da oração conjugal, embora pareçam óbvios. Dizer que une mais o casal seria quase pleonástico, pelo exposto no início: aprofunda o amor, exatamente porque é uma volta às fontes. Parece-nos ser a oração conjugal o grande momento em que a gente se lembra de que está unida por um sacramento, que Cristo está realmente no meto de nós como casal, e isto é um renovar da graça sacramental. Além disso, se cada um abrir realmente a sua alma, a oração conjugal trará um conhecimento mais profundo do outro, num nível elevadíssimo. Finalmente, envolve numa paz, numa serenidade muito grande, pela sensação de termos entregue tudo a Deus - nossos problemas e os dos outros -, como que uma sensação de termos re-encontrado a Ele como Pai. Sentimo-nos também profundamente reconciliados para além das inevitáveis rusgas da vida diária. No fundo, é como o beijo que o filho recebe da mãe antes de dormir: pacifica, conforta e o filho adormece tranqüilo. -23-


OS 150 ANOS DE FUNDAÇÃO DAS CONFERt:NCIAS VICENTINAS

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UMA OPÇAO PELOS POBRES -

por D. Lucas Moreira Neves

Se me acontece mexer no baú da memória, rebuscando entre os "guardados" das antigas lembranças, uma delas é a da participação, com meu pai, nas atividades domingue:ixas de uma das Conferências vicentinas de São João del-Rei. Primeiro, a reunião formativa dos "Confrades". Depois a visita a uma família pobre levando, com o vale de mantimentos para a semana, uma palavra de solidariedade, uma presença amiga e um pouco de catequese. Não percebia, no momento, só mais tarde entendi que aquela visita valia para minha educação humana e cristã mais do que cem livros. Entre outras coisas, aprendi que "ninguém é tão pobre que não tenha nada para dar a outro pobre". Que só quem tem um coração de pobre é capaz de falar aos pobres. Aprendi, mais ainda, que naquelas visitas domingueiras meu pai e seus companheiros recebiam muito mais do que davam.

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Reencontrei as Conferências vicentinas e tratei muito de perto com elas quando,. ,muitos anos depois, fui colocado por Paulo VI à frente do Conselho para os Leigos. Observei então a extensão internacional e a intensidade desta instituição que eu havia conhecido, adolescente, no interior do Brasil.

--oFoi a 25 de abril de 1833 que, em Paris, surgiu a primeira Conferência. Integravam-na alguns jovens leigos universitários. Seu protagonista, um dos mais jovens - fazia 20 anos naquele dia - chamava-se Antônio Frederico Ozanam.

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Jovem estudante num momento em que o catolicismo enfrentava na França desafios cruciais, sobretudo no campo do confronto entre a fé e a ciência, a fé e os modelos da sociedade que se propunham, a fé e a política, Frederico Ozanam é dos que se esforçam para consolidar a própria fé, mas para encarná-la em uma cultura, em opções claras, em uma vivência coerente. Está presente e ativo especialmente na atividade científica, religiosa, espiritual e apostólica que fermenta na Paris da primeira metade do século XIX. Forma, com vários outros jovens estudantes, um valioso grupo de estudo e debate, de companheirismo e de crescimento espiritual. Com 7 desses amigos nasce a primeira Conferência de São Vicente de Paulo. O título evocava o grande Santo que, 200 anos antes, naquela mesma Paris, fôra o mais admirável exemplo de amor aos pobres, aos marginalizados, aos doentes, aos abandonados. A criação da Conferência queria ser uma resposta de Ozanam e dos amigos a uma contundente interpelação dos colegas agnósticos e anti-cristãos da universidade: a fé cristã, que em outros tempos se mostrou eficaz através das obras de bem, estará ainda viva ou se apagou? A resposta desejava ser oportuna e concreta como a do bom Samaritano.. . Os jovens universitários começaram a viver a experiência evangélica de dar o próprio supérfluo, e a recolher junto de outros para atender os pobres, numerosos na luxuosa Paris daqueles dias, e particularmente infelizes, até pelo contraste com o luxo' e o desperdício. No ano seguinte os membros da Conferência já eram 100. Menos de 20 anos depois, havia 415 Conferências espaTsas na Europa e na América. São milhares hoje em todo o mundo. As transformações ditadas pelo Concílio não diminuíram o vigor da obra de Ozanam. O 150.0 aniversário a encontra robusta e ativa.

-oAcho preciosas as Conferências de São Vicente de Paulo, em primeiro lugar porque elas dão corpo a uma dimensão essencial à Igreja e que não pode ficar abstrata: a da caridade no sentido mais denso do termo, isto é, do amor que se faz serviço e ajuda mútua. Se a Igreja se mostrasse rica de doutrina, fecunda em realizações materiais, influente e prestigiosa mas não fosse um espaço de compaixão, de misericórdia ativa, de amor fraterno eficaz não seria a Igreja querida por Jesus Cristo.

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Nenhuma forma deste amor é desprezível ou insignificante. Seria absurdo menosprezar, em nome e sob o pretexto da justiça ou da promoção, a humilde forma de caridade que consiste em correr ao encontro dos mais pobres e oferecer aquilo que é mais urgente e mais necessário. Sem alarde, sem retórica, mas com absoluta fidelida:de à esséncia do Evangelho, as Conferências vicentinas ajudam a Igreja a não sacrificar esta parte importante da sua missão. Em segundo lugar, aprecio nas Conferências seu aspecto !aical. A Igreja é a comunhão harmoniosa dos carismas diferentes e complementares, dos Pastores e dos Leigos. Quanto mais estes assumirem seu papel, no mais pleno acatamento da função própria dos Pastores, melhor se realiza a Igreja. Ora, o que mais admirei nas Conferências ao conhecê-las de perto, foi ver quanto se mostravam ciosas de sua característica laica! e, ao mesmo tempo, profundamente leais e obedientes à orientação de seus Pastores. Neste sentido, elas dão constante testemunho daquilo que a Igreja deve ser por natureza e missão. Em terceiro lugar, aprecio nas Conferências sua característica de obra de jovens. Nasceram da inspiração e da força de vontade de um jovem de 20 anos, circundado por outros da mesma idade pouco mais ou menos. Não há razão para que não atraiam, ainda hoje, jovens idealistas. Paradoxalmente, a celebração dos 150 anos das Conferências deve ao mesmo tempo realçar o sopro de juventude que é a sua marca de origem. O maior fruto da comemoração natalícia, desejo que seja: um acréscimo de jovens cristãos nas fileiras da instituição. (Condensado de um artigo publicado no "O.sservatore Romano", de 8 de maio de 1983)

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JOVENSPRECISA-SE CDo Boletim de Juiz de Fora)

Precisa-se de jovens, rapazes ou moças, de bela aparência (por dentro) de família rica ou pobre, que cursem uma faculdade ou não, mas que queiram ganhar bem. ótimas perspectivas de promoção, pois o campo é vastíssimo e a progressão vertical é imediata ao engajamento no trabalho. Excelente oportunidade para realização pessoal, pois todos os seus dons serão testados, valorizados e colocados a serviço imediatamente. Agradabilíssimo ambiente de trabalho, pois trabalharão ao lado de companheiros que compartilham dos mesmos ideais como: luta por uma sociedade mais justa, respeito aos direitos humanos, indisC'riminação racial, governantes e governados em busca do bem r.omum unidos pela paz e pelo amor. Não é necessário a apresentação de Curriculum Vitae. mas é imprescindível a apresentação das metas que se deseja alcançar. Documentos necessários para a inscrição: seu nome e seu sim. Jornada de trabalho: o empregado estará à disposição do empregador 24 horas por dia, atuando quando e onde for solicitado. Privilégio extra: estará sempre convidado a participar da refeição com o Chefe da Empresa. Salário: Na base de trinta. sessenta e até cem vezes mais. F.G.T.S.: A Vida Eterna. "Empregador: Jesus Cristo. Palavras do Empregador: "Em verdade vos digo que ninguém há que tenha abandonado a casa, ou os pais, ou os irmãos, ou a mu!her ou os filhos por causa do reino de Deus, que não receba muito mais já neste mundo, e no. sécu!o futuro a vida eterna." Lucas I, 29-30.

Zezé e Roberto Equipe 5 de Juiz de Fora.

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UM JOVEM FALA DE SUA VOCAÇAO

Tra.nrerevemos, ainda do Boletim de Juiz de Fora a entrevis ta com Sérgio Luiz, filho de Gilda e José, da Equipe 8, um jovem que optou por Cristo. Estamos muito felizes por vermos florescer a primeira voc.açã~ entre os filhos da nossa grande família equipista de Juiz de Fora. ~ uma graça imensa (\Ue Deus nos concedeu. Isto nos enche de esperança nesta juventude que ainda pode ouvir e ouve o cb.amado de Deus. Neste Ano Vocacional, espera.. mos que o testemunho de Sérgio Luiz si~ va para incentivar outros jovens a aceitarem o convite de Cristo. Quem sabe poderá ainda Il}.otivar vocês, nossos filhos. jovens com os quais também Jesus Cristo quer contar?

P. -

Quando, pela primeira vez, sentiu vontade de ser padre?

R. - É difícil marcar uma data exata. Creio que foi em meados de 1980, quando senti que minha espkitualidade estava crescendo, e algo maior do que eu me chamava irr esistivelmente.

P. cação?

Poderia nos contar brevemente como nasceu a sua vo .

R. - Os planos de Deus transcendem os nossos (Is. 55, 8) . Até mais ou menos um ano atrás, antes de minha vocação se manifestar, eu achava "caretice" alguém ser padre. O desejo de tornar-me um sacerdote começou a tomar forma quando, fazendo um curso no SENAC, ao voltar para casa passava sempre no Cenáculo S. João Evangelista para orar. Outro ponto marcante tamb&m foi quando, em dezembro de 1980, participei da festa de Na. Sa. da Conceição em minha paróquia (Benfica) . Gostei tanto que comecei a freqüentar a Igreja não só aos domingos, mas também durante a semana. Enquanto rezávamos o terço, só uma luz vermelha, vinda de trás do crucifixo, iluminava-nos. Não posso me esquecer de destacar ainda a leitura da Bíblia, que também muito me ajudou a ouvir a voz de Deus.

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P. - Qual foi a reação da sua família e dos seus amigos ao saberem da sua decisão? Encontrou alguma barreira? Qual? R. - Durante meu contato com o promotor vocacional, eu fui igual ao símbolo dos estudantes de filosofia: uma coruja. Trabalhei em silêncio e "à noite" durante algum tempo. Ao manifestar o desejo de entrar para o seminário à minha família, meus pais ficaram um pouco surpresos, mas não espantados. Mamãe achava que eu deveria pensa:r bem se era isso que eu queria e aconselhou-me a terminar o 2.0 grau primeiro. Mas deram-me seu apoio racional. ou seja, não foram eles que me empurraram e também não me atrapalharam: me incentivaram. Quanto aos meus amigos, os do g:rupo jovem ficaram contentes e me deram aquela força. Alguns de fora ficaram espantados e me mostraram o que eu iria "perder". Mas, de maneira geral, nunca me disseram que eu estava errado. Quanto à barTeira, foi tenunciar ao namoro, casamento, um amor que também é de Deus.

P. - Por que escolheu a Congregação dos Redentoristas? R. - Tudo começou com a leitura de um devocionário de São Geraldo, do qual fiquei devoto. Procurei informações sobre ele uns livrarias de Juiz de Fora mas não achei. Pensei em escrever &o semanário Lar Católico pedindo informações, mas antes disso alguém escreveu pedindo as mesmas informações. Assinei a revista "O Santuário de São Geraldo". Conheci a Congregação Redentorista, da qual São Geraldo era irmão leigo. Apaixonei-me pelo ideal de nosso Santo Pai fundador, Afonso de Ligório. Seu ideal missionário, o serviço com os mais abandonados, as missões populares, os "padres confessores" como eram chamados os redentoristas, etc. Tudo isto levou-me a optar pela Congregação do SSmo. Redentor (C.SS.R.). Pelo caminho trilhado até chegar à Congregação vejo que foi a mão de Deus que me guiou. P. - O fato de seus pais serem equipistas influenciou sua decisão? R. - Sim, porque a conscientização religiosa e matrimonial dada pelas ENS fizeram com que meus pais se dedicassem mais à vida comunitária e trabalhassem pelo Reino. Seus exemplos não podem ter deixado de influenciar-me, pois a educação que recebi foi religiosa. Tenho um ca:rinho especial pelas ENS e principalmente pela Equipe 8, aquelas pessoas amigas que estão sempre &o lado de nossa família. P. - Como se sente dentro do Seminário? Como é a experiência de viver longe da família? R. - Não somos propriamente um Seminário, mas adotamos o nome de Comunidade Vocacional, por termos uma dinâmica di-29-


ferente dos seminários. Adaptei-me rapidamente à nova vida. E algo que sempre falo quando perguntam sobre nossa Comunidade: que nosso lema é: "Confiança, Liberdade, Responsabilidade". Sinto-me feliz e honrado de pertencer à Congregação do Santíssimo Redentor. Quanto a viver longe da família, a saudade bate no coração, mas como estamos em Juiz de Fora é só pegar um ônibus e em poucos minutos satisfaço estas saudades. Além disto meu amadurecimento foi grande pois temos que fazer coisas e enfrentar situações que antes não existiam. P. - A seu ver, qual o maior problema que· impede os jovens ele seguirem ou atenderem ao chamamento de Deus? R. - Um dos fatores que a meu ver dificulta a decisão de muitos é o "mito do sexo", quando esbarram no celibato. Mas creio que a raiz do problema está em muitas famílias, nas quais os pais não têm uma vida matrimonial cheia de amor e disposta ao diálogo - e não monólogo - com os filhos. Vida matrimonial em que certos "tabus" possam ser esclarecidos dentro do próprio lar.

P. - Que recado poderia dar aos jovens que se sentem vocacionados para a vida religiosa ou sacerdotal? R. - Meu amigo e amiga jovens: A vida sacerdotal e religiosa compensa. Muitos irmãos nossos estão precisando de você. Muitos estão pedindo amor e não têm quem lhes dê. Quanto à recompensa, Jesus mesmo nos mostra (Mt. 19, 29). Além disso, você receberá o sorriso alegre de uma criança, o pratinho de doces de uma senhora humilde - e a vida eterna! Jovem, se Cristo te chama, coragem: VAI, E SEGUE-O!

Agradecemos muito e queremos que saiba que está presente na oração de todos nós, casais das ENS. Qut- o Senhor o fortifique na voralç§.o que escolheu. Felicidades!

"O Equipista" de Juiz de Fora, (Boletim de Setembro de 1983)

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CONSELHEIRO ESPIRITUAL DO SETOR DE CAXIAS DO SUL ~ O NOVO BISPO DE TOLEDO NO PARANA

Foi com júbilo e orgulho que as Equipes de Nossa Senhora em Caxias do Sul receberam a notícia da nomeação pela Santa Sé do Pe. Lúcio Ignácio Baumgaertner para Bispo de Toledo, Paraná. A alegria e o apreço que sentimos, escrevem Cleide e José Cadore, responsáveis pelo Setor, se justificam, pois o Pe. Lúcio dedicou 17 anos de trabalho ao nosso Movimento, sendo Conselheiro Espiritual de três equipes e, por 14 anos, Conselheiro Espiritual do Setor. A ordenação episcopal realizou-se no Santuário de Nossa Senhora do Caravaggio, no município de Farroupilha, no dia 12 de outubro, festa de Nossa Senhora Aparecida. Os equipistas em peso acompanharam seu Conselheiro. assistindo-o c o m suas orações na hora em que foi elevado, pela imposição das mãos de D. Benedito Zorzi, Bispo de Caxias, à plenitude do sacerdócio. D. Lúcio tomou posse no dia 20 de novembro na catedral de Toledo, sé episcopal onde sucede a D. Geraldo Magella Agnelo, hoje Arcebispo de Londrina. As Equipes de Nossa Senhora do Setor de Caxias do Sul querem registrar o seu profundo agradecimento por tudo o que fez pelo Movimento, acrescentam Cleide e José. Sentimentos de gratidão aos quais se associa o Movimento como um todo, desejando ao novo Pastor todas as graças de Deus e as luzes do Espírito Santo em seu novo ministério. Que Maria Santíssima o acompanhe! -0-

D. Benedito Zorzi tendo se despedido da diocese - agora é Reitor do Seminário de Caravaggio -, D. Paulo Moretto é agora o Bispo titular. As orações dos equipistas acompanham os queridos Pastores no momento em que iniciam nova etapa em sua vida sacerdotal.

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CINQüENTA ANOS DE SACERDóCIO DO Pe. HORTA

Comemorou há poucos meses cinqüenta anos de vida sacerdital, quase dez dos quais dedicados integralmente à pastoral da família, o Pe. Joaquim da Silveira Horta, Lazarista, Capelão do Santuário da Medalha M.lagrosa, no Rio de Janeiro. O Pe. Horta, 11.0 de 12 filhos, diz que deve a sua vocação inteiramente a seus pais, mineiros e muito religiosos. Seu pai, grande devoto do Santíssimo Sacramento, que visitava diariamente às 18 hs., era vicentino, e morreu dando catecismo; era seu maior sonho que o filho se tornasse padre. Em Petrópolis, onde cursou o Seminário Maior da Congregação da Missão (São Vicente de Paulo), o Pe. Horta ordenou-se a 26 de julho de 1933 - Ano Santo da Redenção. . . Foi para o Ceará, como professor e depois diretor do Seminário Maior de Fortaleza. Muitos dos seus alunos estiveram presentes às comemorações do seu jubileu de ouro, entre os quais o hoje Cardeal elo Rio de Janeiro, D. Eugênio de Araújo Sales. O Pe. Horta também foi diretor da Obra das Vocações, que marcou época no Ceará. Vindo para São Paulo em 1941, fundou a paróquia e construiu o Santuário de São Vicente de Paulo, no Moinho Velho. Trabalhou como Secretário Geral do 4.° Congresso Eucarístico Nacional e fundou e dirigiu a União Social Arquidiocesana ideali2.ada por D. José Gaspar de Affonseca e Silva. Nomeado ecônomo provincial, foi para o Rio de Janeiro em J 954, com uma série de desafios, como a construção (sem recurSi)S, obviamente) da Casa PII'ovincial e do Colégio São Vicente de Paulo, no Cosme Velho. Foi escolhido por D. Jayme de Barros Câmara para dirigir a Ação Social Arquidiocesana, presidir a Fundação Leão XIII e trabalhar com D. Helder Câmara na Secretaria do Congresso Eucarístico Internacional. Inaugurado o Colégio, foi nomeado seu diretor. Em 1967, coordenou a campanha pro-construção da Catedral de Brasília, inaugurada três anos depois, com o Congresso Eucarístico Nacional. Desde 1975, é capelão do Santuário da Medalha Milagrosa, na Tijuca, onde faz um extraordinário trabalho junto aos casais que n procuram para celebrar seu casamento - desde a preparação (inclusive dos pais). passando pela cerimônia (com uma série de requisitos visando dar destaque ao sacramento) , até de1Jois do ':asamento, através do acompanhamento do casal pela vida afora -32-


(telefonemas periódicos, batizados dos filhos, convites para a missa em ação de graças no último domingo de cada mês). Como já celebrou quase 2. 000 casamentos, dá para imaginar o dinamismo que é preciso para esse trabalho - mas isto Pe. Horta, com seus 76 anos, tem de sobra! Já se tornou tradicional a "Missa dos Casais" que celebra anualmente no domingo que antecede a festa ela Medalha Milagrosa - em 1982, compareceram 700 casais ... Entrevistado por Mary-Nize e Sérgio (cf. C.M. de junho-julho de 82, págs. 14-16), desejou conhecer melhor as Equipes e decidiu ser Conselheiro Espiritual, sendo o maior apóstolo do movimento! Durante a missa jubilar, D. Eugênio referiu-se com muito carinho à pessoa do Pe. Horta e todo o seu admirável trabalho com casais. Mary-Nize e Sérgio, que, em nome das Equipes, coordenavam a celebração, destacaram o que Tepresenta para o movimento um Conselheiro como o Pe. Horta. Finalmente, o Pe. Horta falou do amor que tem pelo seu trabalho junto aos casais e de como pretende lançar equipes formadas por seus paroquianos. Quase que em prece profunda, agradeceu a Deus pelos 50 anos de vida sacerdotal. Duas semanas depois, houve a comemoração em São Paulo, na paróquia do Moinho Velho, fundada pelo Pe. Horta há 40 anos. Dezesseis casais cujo casamento ele celebrara fizeram a procissão do ofertório, permanecendo no altar até o final da cerimônia. Pe. Horta falou do seu trabalho com casais na Medalha Milagrosa e, lembrando as dificuldades enfrentadas pela família nos dias de hoje, referiu-se entusiasticamente às Equipes de Nossa Senhora, dizendo ainda que o paramento que usava era um presente das Equipes do Rio. D. Celso Queiroz, Bispo da Região Ipiranga, iniciou sua homilia questionando os paroquianos: "Quantos sacerdotes passaram por esta paróquia depois do Pe. Horta? que eu saiba, uns 25 e quantos sacerdotes a paTóquia deu? nenhum ... 25 a O, é pouco!" Perguntou-se então "o que acontece ou não acontece com nossa mda de família que os nossos jovens não se sentem atraídos pelo sacerdócio?" E, diretamente aos jovens: "Será que Jesus Cristo perdeu a capacidade de fascinar vocês, jovens? Vocês vivem cantando nos seus grupos 'Se ouvires a voz do vento .. .', mas não se decidem!" Disse que é preciso generosidade, entregar tudo. "Cada padre é um testemunho de que o sacerdócio enche a vida humana" - e estávamos diante do testemunho de alguém que entregara a vida inteira a Deus: "cinqüenta anos de viver a alegria do sacerdócio!"

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SEMINARISTA CONSELHEIRO DE EQUIPE

~ ORDENADO EM SÃO PAULO

No dia 19 de novembro, o diácono José Augusto Schramm Br asil, Conselheiro Espiritual da Equipe 8 do Setor E/São Paulo, foi ordenado sacerdote do Senhor. Toni e Tuni, em nome da equipe, contam, as emoções da cerimônia: "Não temos palavras para expressar o que todos sentiram dentro da Catedral. Na cerimônia de abertura, o José Augusto foi apontado por D. Paulo como um "presente" que estávamos recebendo. Quando foi perguntado aos sacerdotes se ele era digno do sacerdócio, já era sperado que todos dissessem "sim", mas o emocionante foi quando D. Paulo dirigiu a mesma pergunta ao povo que lotava a Catedral e uma chuva de aplausos rompeu o silêncio ... José Augusto foi então convidado por D. Paulo a subir ao altar e sentar-se próximo a ele. Depois, ajoelhando-se, prometeu obediência e fidelidade a seu Bispo. Em seguida, houve a prostração e o canto da ladainha. A seguir, D. Paulo colocou as mãos sobre a cabeça do José Augusto, conferindo-lhe o Sacramento da Ordem. E todos seguiram o gesto do nosso Arcebispo. A mãe do José Augusto subiu ao altar, levando suas vestes sacerdotais, para que suas mãos fossem ungidas com os santos óleos e ele pudesse celebrar a Eucaristia. D. Paulo o abraçou, todos os sacerdotes vieram então cumprimentar o novo padre e chegamos ao momento que toda a igreja chorou: quando sua mãe o abraçou, muito emocionada (e o Zé também) , assim como o Cônego Ulisses, vigário da Paróquia de São Geraldo onde ele trabalhava como diácono.

em

Então o 'nosso Zé' foi convidado por D. Paulo a celebrar com ele a Eucaristia. E assim pudemos ter a nossa Comunhão Eucarística com o agora 'Padre Zé', que para nós centinuará sendo o 'nosso Zé'."

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Perguntando aos filhos:

PARA VOC~. O QUE SIGNIFICA O NATAL?

<Do Boletim de Catanduva)

Respostas dos cinco filhos de um mesmo casal: - Acho que a gente recebe o Natal de forma muito material. Mas, a partir do momento em que <:rescemos, que atingimos a maturidade, que já fomos batizados e crismados, a gente sente necessidade de nascer para o espírito. Temos que fazer uma revisão: como fomos durante o ano? E , como o Natal é o dia do nascimento de Cristo como um todo (homem e divindade), seria esse o dia para fazermos o nascimento de nosso espírito e melhora:rmos como pessoa. (Thales)

- O que eu vejo é que <:ada ano que passa as pessoas lutam e tentam dar um sentido para o Na tal, como se este sentido ti\'esse se perdido ou nunca existido, pois, desde que inventaram que o Na tal é dia de ganhar presentes caros, de comer do bom e do melhor, de beber para comemorar, o Natal foi acabando. Por mais que a gente tente ter um Natal santo, isso nunca deu totalmente certo, pois, no fundo, no fundo, a preocupação é uma só: a parte material. Quando muito fazemos uma novena de Natal, ~ssistimos à Missa do Galo e rezamos um Pai Nosso à meia-noite ... O Natal é o verdadeiro retrato de diferenças de classes, onde um Papai-Noel sai às ruas prometendo brinquedos lindos· às <:rianças que nunca irão ganhá-los. Mas, apesar de tudo, a gente às vezes até encontra um Natal bonito, onde as famílias se reúnem num clima de amizade, de paz, onde reina o amor entre os familiares, onde paira o verdadeiro espírito de Natal. <Nilce)

O Natal é, para muitos, uma data na qual se ganha muitas coisas. Uma data onde fazemos festas , comemos, bebemos à vontade. Mas ninguém :pára e pensa no que significa o Natal. Natal significa um dia de renascimento. Um dia de paz, onde todas as

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pessoas esquecem o ódio, as angústias e vivem o Amor e a felicidade. Natal é o nascimento de Jesus Cristo. Ele que viveu a sua vida em busca de paz, da nossa paz. Passou a vida lutando para isto e até morreu crucificado para a nossa felicidade. Será que se nos lembrarmos disso será difícil parar um dia, ou mesmo uma hora e pensar nele? No seu nascimento, na sua vida e no seu ideal? (Sérgio)

- O Natal não é somente presentes e festas. Para mim, sinceramente, sinto algo diferente, algo que lá no fundo me faz sentir vontade de ficar falando com Cristo muito tempo. Uma paz que nunca soube explicar o porque, e o gostoso é que é assim o ano todo. Mas sempre no Natal fico triste, pois me lembro de muitas crianças desabrigadas; muitos casais brigando; muitas pessoas só pensando nos presentes e se esquecendo de ir à missa, que seria tão pouco tempo do dia e que valeria tanto para elas. Hoje me sinto realmente feliz, por saber o verdadeiro significado do Natal. Natal - paz; Natal - amor; Natal - compreensão; Natal- o nascimento de uma pessoa maravilhosa que veio à terra com um único objetivo: nos salvar. Que para vocês o Natal possa ter este significado, nem se for somente no Natal. Um Feliz Natal, com muito amor. (Cláudia)

·

- Para mim o Natal significa o nascimento de Cristo, e com Ele o nascimento do amor, da paz e a união da família. (Heloisa.)

o Mais algumas entre outras respostas: - Os pobres e os doentes ficam muito felizes, mas todos ficam, principalmente os que amam muito ao Senhor Jesus. (Thalsa)

- Natal para mim é esperança. É o dia em que os homens agem com coração de criança, como Jesus veio ensinar. Se a esperança, ou o Natal, não fosse um dia, existiria a Paz. Natal é, portanto, esperança d.e um tempo bom, esperança de Paz. (Clayme)

. . ,. . , 313.-


LIVROS CHARLES DE FOUCAULD - Jean-Fra.nçois Six fias ilustradas", vol. 4, Edições Loyola, 1983.

Coleção "Grandes

b~ogra­

Nossa juventude carecia de mode:os: a coleção "Grandes biografias ilustradas" veio preencher uma lacuna. Depois de "Teresa. de Lisieux", "Maximiliano Kolbe" e "João XXIll", eis que as Edições Loyola nos brindam numa hora bem oportuna: exatamente 50 anos depois da fundação da primeira Fraternidade dos Irmãozinhos de Jesus -, com a história da vida, da conversão e da caminhada do Pe. de Foucauld em busca da imitação de Jesus na "vida escondida de Nazaré". O "irmão universal", no inicio dEste século, era um precursor, pela visão profundamente ecumênica e pela opção consciente e total pelos pobres. F1del1dade. ao ideal, tenacidade, coragem, mas também humildade, docilidade ao Espirito, e sobretudo d!sponibilidade e um Amor sem limites - as características de uma personalidade que fascina: se morreu so2'Jinho, hoje os Irmãozinhos vivem, em 89 fundações, as Irmãzinhas em 246, a mesma vida de fermento na massa. O livro é lindo, com muitas ilustrações e fotos maravilhosas. Otimo presente, para todas as idades. M. D . .\ n! EXPLICADA AOS JOVENS E ADULTOS -

Rey-Mermet - · Eaições

Paullnas, 1982, 2 vols. No !'? volume - A Fé - , o Pe. Mermet nos transmite o essencial do contelldo da nossa fé, segundo o Simbolo dos Apóstolos. O autor ilustra a mensagem cristã com fatos, acontecimentos, e dados fornecidos pelos meios de comunicação, que formam a cultura do homem de hoje. Assim vem de encontro às interrogações dos jovens e mesmo dos adultos de hoje diante das questões essenciais e dos seus questionamentos quanto aos acontecimentos, levando-os a descobrir a presença de Deus no cotidiano. No volume II, o autor considera que os catecismos antigos pouco preparo nos deram sobre os Sacramentos. e pretende ajudar-nos a compreender os sinais da Aliança que Deus vive conosco em Jesus Cristo. Depois de analiSar magnificamente cada sacramento, Rey-Mermet nos fala da oração, pois "sacramentos e oração sempre se associam, confundindo-se co.:m freqüência, pois ~ão encontro com Deus". Trata-se de verdadeira reciclagem de fé, numa linguagem para o h<>mem de hoje. D. P. S.

A ORAÇAO NO MEU CAMINHO linas 1983.

Frei José Carlos Pedroso -

Edições Pau-

"A oração, essa oraç;w que é viver, é absolutamente necessária para o seu trabalho, para o seu apostolado, para a sua convivência com os outros, pn.ra a sua atuação no mundo, e para você ser você" - diz o Fr. José Carlos,

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Conselheiro Espiritual, há 23 a.n~ de uma equipe em São Paulo (5/D). "A vida me apaixona, e Deus mu!to mais. Vou falar de Deus, por quem me apaixonei ... " e para que você "abra os olhos para o Deus que tirou você do Egito e que caminha também com você". O livro se baseia nos Salmos 103, 126 e 83 e nos ensina, através deles, a dar os primeiros passos em direção ao Pai e a nós mesmos, até sermos "adoradores em espirito e verdade". Mostra-nos que adorar é "a mais profunda realização humana".

Não é um tratado sobre oração. Antes, alerta-nos, dá-nos pistas, desinstala-nos nessa caminhada. Ao final de cada um dos capítulos são propostas questões, além de magníficas orações. O que torna o livro perfeito para tema de estudos. J. B. M.

C.ATEQUESE RENOVADA- DmETRIZES E CONTElJDO- Documentos da C.N.B.B., n9 26 - Edições Paulinas, 1983. Aprovado na última Assembléia Geral da C.N.B.B., esse documento é fruto de um processo de reflexão originado na Evangelü Nuntiandi, na Catechesi

'l'radendae e no Documento de Puebla, baseado nas "Orientações Pastorais sobre a Catequese" (CNBB, 1980) e enriquecido pelas contribu!ções de catequistas, coordenadores de catequese, teólogos de todo Brasil. Está dividido .,m ouatro partes: A catequese e a comunidade na história da Igreja, Princípios para uma catequese renovada, Temas fundamentais para uma catequese renovada e A comunidade catequizadora. Numa triplice fidelidade - a Cristo, à Igreja e ao Homem, a catequese deve ser baseada na interação entre fé e vida. Seu ambiente normal ~ ll comunidade cristã: a paróquia, a CEB, e destaca-se o papel da família, da Pscola. dos movimentos. O "novo,. catequ!sta deve ser alguém profundamP.nte lntegrado na comunidade, que ensine a ler os sinais da fé. M. D .

O SENHOR PREFEITO SE FEZ PADRE Unas, 1982.

Pe. Mário Gerlin- Edições Pau-

Natural da Itália, o autor veio para o Brasil, onde trabalha com hansenianos. Neste livro, ele conta sua conversão e como veio a abraçar a vocação sacerdotal. ll: um testemunho de como a graça de Deus atua, transformando uma pessoa e fazendo com que encontre um sentido novo para sua vida - e, oor -acréscimo, a alegria e a paz. " 'E ntão ouvi o coro que cantava: 'Tu é5 sacerdote para sempre' (SI. 109). 'Sim, para sempre•, continuava a repetir-me P-om úma alegria extasiante. Para sempre amigo particular de Jesus Cristo ... P.~colhido e chamado por Ele, segundo um misterioso plano de misericórdia de amor ... " Um liv~o para ser lido e comentado nos nossos grupoo de jovens, neste Ano Vocacional.

e

D . P . S.

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NOTíCIAS DOS SETORES

BEL~M

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Dez anos . . .

Comemorando a fundação da primeira equipe (17 de novembro de 1973) , as Equipes de Belém foram em peregrinação até a Basílica de N azaré. A peregrinação realizou-se à noite. encerrando-se com a missa concelebrada por todos os Conselheiros Espirituais sob a presidência de D. Alberto Gaudêncio Ramos. Arcebispo de Belém. Na origem do Movimento está um casal equipista de Santa Catarina, Mônica e Plínio Hahn, que conseguiu conquistar o Pe. Giovanni In campo, na época vigário da Basílica de N azaré, para seu intuito de lançar as E.N.S. A semente, bem plantada, encontrou terreno fértil: hoje são 11 equipes e 2 em formação, mais 1 em Castanha! e 2 em formação naquela cidade. Odete e Cruz, primeiro casal responsável, foram também responsáveis pela Coúrdenação durante cinco anos, tendo seu trabalho continuado por Terezinha e Artêmio, hoje responsáveis pelo Setor. Como parte das comemorações, os equipistas tiveram o segundo retiro do ano. pregado por Frei Pedro Amem, o.f.m., e o lançamento da equipe 12. PORTO ALEGRE- Encontro de Jovens

Em promoção conjunta dos Setores A e D, realizou-se na casa de retiros de Vila Betânia, nos dias 14 a 16 de outubro, o II. 0 Encontro de Jovens, filhos de equipistas. Tomaram parte 62 jovens. :Je 13 a 25 anos, divididos em grupos de oito ou nove. Elza e Enio, da Equipe 5, que coordenaram o Encontro, têm muita experiência nesse setor, por trabalharem há muito tempo com C.L.J. (Curso de Liderança Juvenil) e também com Jovens Funcionários de Empresas. Participou também um casal recém-casado, que inclusive já foi convidado para entrar nas Equipes. Havia jovens de Porto Alegre, Tramandaí, Canoas. Glorinha, Santo Antonio da Patrulha e Caxias do Sul. Participaram também jovens não filhos de equipistas. As palestras foram dadas por jovens, por um casal equipista, pelo Pe. Marcos, Conselheiro espiritual da equipe 5, e um médico, Dr. Masera, que trabalha há mais de dez anos com jovens, sendo muito procurado por igrejas e escolas para falar aos jovens. Sua palestra foi sobre sexo e a do Pe. Marcos sobre os sacramentos. -39-


Toda a organização ficou por conta de Elza e Enio, com os jevens do CLJ e da Pastoral das Empresas, com a colaboração de casais equipistas. Três sacerdotes estiveram à dispos~ção para o sacramento da penitência e assim puderam ser atendidos todos os jovens- conseqüência também do trabalho de motivação. Ao mesmo tempo, no domingo, teve lugar o Encontro de Crianç:as dos Setores A e D, no colégio Dom Bosco. Foi uma tarde alegre e descontraída, coordenada por Marilene e Gevaldo, com . a colaboração de casais dos dois setores. Iniciando com uma pequena parte espiritual, foi uma tarde de brincadeiras e joguinhos, com distribuição de balas e doces para a criancada. SETOR LESTE DO RGS -

Mutirão

Em Santo Antonio da Patrulha, realizou-se, no dia 23 de outubru, o II. 0 Mutirão do Setor Leste do Rio Grande do Sul, sobre o tema O Dom que irradia. A partir deste tema, desenvolveram-se quatro palestras: "O Dom de Deus", "A vocação do equipista" (na qual alertou-se sobre a importância do testemunho e do serviço), "A reunião de equipe" e, finalizando, "Cristo como líder". Por ocasião dos debates, notou-se o interesse dos equipistas, que se sentiram vocacionados dentro das Equipes para um aprofundamento dos Dons de Deus. Encerrou-se o Mutirão com a Santa Missa, ponto alto do dia, quando os casais fizeram a renovação das promessas do matrimônio. CAXIAS DO SUL -

Curso de Bíblia

Mais de uma dezena de casais, sob a orientação da Irmã Cecilia, da Congregação de São José, reuniram-se durante seis quintas-feiras seguidas para sessões de estudo da Bíblia, quando foram dadas as linhas mestras da História do Povo de Deus. Todos foram unânimes em afirmar que foí um estudo válido e muito esc.larecedor, transmitindo inclusive uma nova visão do Livro Sagrado. PETRóPOLIS -

Seminaristas em confraternização

Participaram do jantar de confraternização organizado pelo Setor B, Frei Hipólito, que "além de notável sacerdote, hábil Conselheiro de 3 equipes, experimentado psicólogo" revelou seus dotes de cozinheiro, preparando pessoalmente um "deliciosíssimo frango", e os Freis Alberto e José Ariovaldo. mais o reitor do Seminário, Mons. Jorge Facchin, acompanhado de um grupo de semi-40-


naristas, que apresentaram as musicas premiadas no 1.° Festiva\ de Música Vocacional da Diocese, "todas lindas e muito aplau· di das." Escreve um dos seminaristas, Luzimar Bruno Ferreira, Con· selheiro Espiritual da Equipe 8: "Cantamos várias músicas que t1Veram destaque no Festival, tais como 'Vem e segue·me', 'Segui meu Deus', 'Envie operários, Senhor', 'A roesse do Senhor', 'Tua Igreja'. Percebemos o quanto emocionaram os casais e seus filhos. Notamos, através das perguntas que nos foram dirigidas, o receio que existe às vezes em ajudar alguém a ingressar num Seminário ou Casa de Formação, o que é natural. Seria até anormal se os fa.miliares não colocassem alguns obstáculos! Foi justamente por isso que aceitamos de bom grado participar da confraternização, para que, com nossa presença, pudêssemos eliminar esses pontos (le interrogação e ajudar os casais a ver que o sacerdoc10 náo é uma fuga mas uma opção e ninguém deve ter preconceito e sim t~ntar ajudar aqueles que se sentem chamados, escolhidos por Deus. Foi isto que realmente demonstramos a todos os presentes. Jamais poderemos esquecer-nos desse encontro!" Luzimar termina agradecendo e pedindo "a Nossa Senhora, Rainha das Vocações, a aiuda de todos para que surjam novas vocações, pois delas precisamos muito. Que saibam também orientar aqueles que ainda não reconhecem o sentido exato da palavra Vocação. especialmente quando esta é um chamado ao sacerdócio." -

Uma experiência de escuta da Palavra

A Equipe 3, para dar maior ênfase a esse ponto concreto, resolveu que seria estudado por todos durante o mês, em leitura diária, um capítulo do Evangelho previamente estabelecido. Na partilha da reunião seguinte, cada um diria como "ouviu" e que lições tirou para sua vida pessoal e de casal. A experiência foi tão bem sucedida que a equipe decidiu prosseguir nessa sistemática. -

Comemorando

Os Boletins estão repletos de testemunhos de equipes comemorando o aniversário de sua fundação- 5, 8, 12 anos. Como não podemos transcrever todos, escolhemos o da equipe 17; "Este primeiro marco jubilar (5 anos) é um reflexo do amadurecimento espiritual e fraterno, capaz de 'remover montanhas'. Através de mais de cem reuniões, encaramos nosso lugar no mundo, avaliamos nossa missão de cristãos, enfatizamos as responsabilidades de chefe de família, de pais, irmãos, em suma, de filhos de Deus. -41-


Reuníamo-nos em Nome de. Cristo, e por isso chegamos até aqui! Assim comemoramos nosso aniversário, de braços abertos e ao mesmo tempo entre-cruzados, mercê de uma união invejável. Nossas crianças são as maiores apologistas das Equipes, dando testemunho também elas de alegria e de fraternidade.'' -

Estudo bíblico

A equipe 8, costuma reunir-se uma vez por semana em casa de um dos casais para rezar - agradecer e interceder. Acompanha, de casa em casa, uma imagem de Na. Sra. da Glória, padroeira da equipe. Em setembro, introduziram a leitura, meditação e comentário de um texto do Novo Testamento. "Somando ensinamentos de Cristo, transferidos ao próximo através do nosso amor e testemunho, esperamos amenizar as dificuldades do conviver r.om fatos da vida atual." -- Três gerações

Marylena e Mário dizem de sua alegria em contar no Setor R com três gerações de equipistas: Elba e Rubens, Lilian e João (ela filha de Elba e Rubens) e Alba e João Henrique (ele filho de Lilian e João) ! PIRAPORA, MG -

Notícias

Pela primeira vez recebemos notícias das equipes de Pirapora. Falam do retiro pregado por Frei Teodoro, sobre o tema "Cristo caminha conosco". Participaram 24 casais, sendo nove convidados. Por falta de acomodacões, o retiro foi aberto, realizado na Escola Estadual Fernão Dias. CATANDUVA -

Semana da Família

Organizada pelas Equipes, a Semana da Família contou com divulgação através da imprensa falada e escrita. Enquanto os joruais da cidade traziam mensagens diárias referentes ao acontecimento. a emissora "A Voz de Catanduva" transmitia, também c.liariamente. às 12.30 hs., mensagens, entrevistas e informações a respeito da importância da família no mundo atual, dadas por seis cquipistas. No sábado 8 de outubro, no Santuário Nossa Senhora Aparecida, realizou-se uma noite de orações, denominada "Vigília da Família", sob a responsabilidade de todas as equipes da cidade, com início às 19,30 hs., com a celebração da Santa Missa. Com o título "Pastoral Familiar" e, em rodapé, um trecho da homilia do -42-


Papa sobre a família no Rio de Janeiro, haviam sido distribuídos nas paróquias volantes que diziam: "As Equipes de Nossa Senhora convidam a comunidade cristã de Catanduva para a noite de vigília de orações em defesa da família, grandemente ameaçada nos dias atuais." Seguia-se a escala das paróquias. A partir das 20 hs. até as 23 hs., revezaram-se, por turmas, todas as comunidades paroquiais da cidade. Foram horas de muita oração, meditação e recolhimento. Parabéns, Catanduva! As Equipes comemoraram o encerramento da Semana da Família com uma festa de confraternização realizada, no domingo, muna fazenda gentilmente cedida por um casal amigo. Iniciou-se o dia com a celebração, pelo Pe. Sylvio, da Santa Missa, cujo ponto alto foi o ofertório, quando os filhos dos equipistas ofereceram o trabalho na arrecadação de grande quantidade de óleo e macarrão para serem doados às entidades assistenciais da cidade. Terminada a celebração, houve um tempo livre para o lazer: piscina, jogos, brincadeiras, etc., seguindo-se o almoço, para o qual cada casal levara um prato, sendo tudo colocado em comum. Depois de umas horas de descanso, cada equipe fez a apresentação de um "teatrinho", com o objetivo de reforçar o tema Família. Todas as equipes estiveram muito bem, a tal ponto que o juri acabou dando o resultado por empatado e a "taça" ficou para o responsável de setor, Ruth e Raul, que haviam liderado a programação da Semana. Além de todas as equipes da cidade e dos Conselheiros, Pes. José, Vicente, Sylvio e Valdecyr, participaram da confraternização um casal equipista de Araraquara, Sandra e Gabriel, o casal anfitrião e seus familiares, bem como o administrador da fazenda e sua família. BAURU -

Assembléia Diocesana

Realizou-se, nos dias 8 e 9 de outubro, a 6.a Assembléia Diocesana para o Planejamento Pastoral da Diocese de Bauru. A Família, escolhida por todos os grupos no dia 8, foi ainda votada em primeiro lugar no dia 9 como um dos dois destaques devendo ser assumidos pela Diocese (o outro: CE.Bs). Os participantes a seguir estudaram propostas de tarefas para cada destaque e os 26 itens apresentados para a Pastoral da Família foram todos votados, sendo o menos votado com 79 sufrágios em 131. MOGI DAS CRUZES -

Retiro pregado por D. Emílio

No Centro de Convivência Tabor, de 7 a 9 de outubro, em meio à beleza natural, ao silêncio quebrado apenas pelo rumor de ar.imais e aves, aconteceu o retiro, que teve como pregador D. -43-


Emílio Pignoli, Bispo Diocesano, e como tema A Reconciliação, Explanações, reflexões silenciosas e Via Sacra foram todas etapas que culminaram com a celebração da Penitência, quando os Pes. Barra, Juarez e Osvaldo, juntamente com D. Emílio, ouviram as confissões dos vinte casais participantes. No último dia, a oração da manhã no campo, seguida de palestra sobre Puebla e a Família, enriquecida com os testemunhos dos casais Maria dos Anjos e José Maria (Eq. 2) e Olga e Dion (Eq. 9), e dos seminaristas Francisco e Diógenes. Tendo como cenário o campo e o bosque anexos à casa de retiro, os casais tiveram a oportunidade de realizar seu dever de sentar-se. "O ponto máximo, escrevem Jurema e Célio, da Equipe 9, que coordenou o retiro, foi a celebração da F.ucaristia, que finalizou um retiro profundo, repleto de novas mensagens e, principalmente, reconciliador." -

Semana da Família

Continuam os equipistas de Mogi com seu apostolado nos meios de comunicação. Por ocasião da Semana da Família, como vêm fazendo todos os anos, publicaram uma série de artigos nos jornais da cidade. Versando sobre o problema do menor abandonado, tema da Semana na Arquidiocese de São Paulo, são ótimos artigos, escritos, como sempre, por casais de diversas equipes. JACAREí -

Posse do novo RS

Após quatro anos de trabalho e dedicação, Cleusa e Adilson despediram-se do Setor e, no dia 14 de outubro, tomou posse o novo casal responsável, Roseny e Nadi. A missa foi celebrada pelo Cônego Gouvea, cujas palavras sobre os dons de Deus "dados a cada casal equipista para ser testemunha viva de Cristo", enriqueceram a todos. Participaram da celebração o Diácono Mauri, muitos casais equipistas, seis Ministros da Eucaristia também equipistas, o responsável regional, Marlene e Roberto, bem como Thais e Duprat que, representando a ECIR, deram posse ao novo casal responsável. -

"D.D.D."

De 28 a 30 de outubro, 23 casais equipistas "estiveram em Dias De Deserto, com a presença iluminada e amiga do Pe. Genésio Murara. No 'deserto, que não significa ausência de pessoas mas presença de Deus', deserto que 'não é castigo, é o grande auditório para ouvir Deus', conseguimos, escrevem Yara e Marcos, da Equipe 3, através de meditações, com muita oração e no silên-

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cio total, exterior e interior, interiorizar as palavras de Deus, inundar-nos do Seu Amor e entrar em sintonia com Cristo. Foram abordados os temas: A atualidade e tod9s os seus males; A necessidade de 'subir a montanha' em busca de libertação; O Poço de Jacó, aquele que mata a sede da vida de Deus; A personalidade de Jesus, sua vida interior e seu relacionamento <'om os outros e com o Pai. Durante todo o tempo, Pe. Genésio fazia orações pessoais, os casais meditavam, oravam, visitavam o Sacrário, liam, sem sentir as horas passarem, em clima de profunda espiritualidade. Saímos com a plena convicção de termos tido a graça de poder beber na fonte verdadeira, o verdadeiro poço de Jacó, portador de Aguas que correspondem plenamente aos anseios do coração humano, em sintonia com Cristo e prontos para responder aos seus convites de Amor." BAT ATAIS -

Notícias

Recebemos de Ester e Luiz, responsáveis pela Coordenação, notícias das equipes de Batatais. Dizem de sua felicidade por terem finalmente conseguido realizar seu primeiro retiro, embora, por falta de acomodação, não completamente fechado, como def'ejavam. Repr oduzem as palavras do Pe. Chiquinho: "As vezes, Cristo não está no Tabor que imaginamos, mas sim na disponibi!Jdade e abertura à Palavra transformadora do Pai, porque Ele age no mais profundo do nosso ser, onde a nossa compreensão não alcança. Vivemos numa época de mudanças, mas Deus se vive nas atitudes e cinco minutos intensos vividos com Deus no coração, na escuta da Sua Palavra, valem uma vida." Quanto às equipes, a 1, com o Pe. Roque, muito animada com as reuniões de estudos bíblicos. A Equipe 2, com Pe. Sérgio, conseguiu, depois de muito esforço, realizar o 1.0 Encontro de Professores Cristãos em Batatais, tendo como pregador o Pe. Elias Leite. Quanto à Equipe 3, com o Pe. Eloy, "já há alguns anos fez sua cpção pela pastoral familiar" e realizou neste ano dois Encontros de Casais e quatro Encontr os de Noivos. SAO CARLOS -

Cinqüenta e três casals no retiro

O segundo retiro do Setor, realizado de 20 a 22 de outubro, contou com a participação de 47 casais de São Carlos, 3 de Piracicaba e 3 de Araraquara. Partindo de um levantamento das dificuldades dos casais em relação à oração, o Pe. José Antonio Tosi Marques abordou os temas: Rezar, Método de oração, Tempo para meditação, Dificuldades na oração, Meios de oração. "Pelo testemunho de todos, o aproveitamento foi excelente", escreve Maria.

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Vocação do leigo na Igreja

Foi este o tema das reuniões mistas realizadas em novembro. Depois de uma exposição doutrinária baseada na Lumen Gentium, o Setor ofereceu como pistas de reflexão as conclusões dos Consel'heiros Espirituais que participaram do !.0 Encontro de C.E. daRegião São Paulo-Centro. realizado em agosto em Campinas. Os Conselheiros diziam esperar dos casais equipistas:

- que perseverem na linha do Movimento (reuniões, temas, m·ações, etc.) : existe, por sua parte, uma verdadeira conversão aos meios de aperfeiçoamento propostos pelo Movimento? Dê sua definição de conversão. - que sejam um prolongamento do sacerdote no meio do povo: Vocês se consideram este prolongamento? Justifiquem sua tesposta. - que desenvolvam compromisso com a Igreja: Qual é o seu compromisso com a Igreja? Enquanto muitos padecem a falta de sacerdotes, alguns poucos têm à sua disposição um sacerdote. Qual a sua retribuição àquilo que recebem? - que tenham maturidade espiritual, isto é, que compreen.. dam o seu papel e missão na Igreja: Vocês se consideram espiritualmente maduros na sua ação e testemunho? Depois do texto de medit ação (Rom. 12, 1 a 8) e da Oração <lo Papa pelas Vocações, o tema proposto para coparticipação dos casais: "Exponha a sua participação, como casal, no Encontro de 'Noivos, apostolado assumido pelas E.N.S. por solicitação de D. Constantino".

SAO PAULO -

Reuniões mistas, um sucesso

Foram um sucesso as reuniões mistas organizadas pela Região rto início de outubro. Exigiram grande trabalho de preparação, pois, além de se misturar as equipes e os Setores, procurou-se agrupar os equipistas por bairro (a idéia era facilitar o deslocamento das pessoas e evitar despesas com gasolina). O resultado r.ompensou, além das expectativas: as reuniões mistas são sempre muito enriquecedoras, mas o componente da proximidade geográfica acrescentou nova dimensão, que se resume no testemunho de um casal: "morávamos rdativamente pPtto e não nos conhecia~ mos!" Relatam os animadores: "ninguém queria ir embora e todos se mostraram interessados em participar de outra reunião com os mesmos casais"; "enviamos a todos os nomes, endereços e

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telefones dos participantes, para que esta amizade tão bonita que brotou possa crescer e produzir fruto". Muitos pediram que se fizessem duas reuniões dessas por ano, "pela grande oportunidade de entrosamento entre casaifi de outras equipes". O tema era a Familiaris Consortio e a coparticipação versou principalmente sobre os trabalhos dos casais. Foi gratificante observar o quanto os equipistas estão engajados na Pastoral: nem teríamos condições de listar aqui os engajamentos, de tão numerosos e diversificados. Algumas entre as reflexões anotadas pelos animadores: "E importante o engajamento dos casais a nível de paróquia como condição de se sentir Igreja." "Estuda-se muito pouco nas equipes, principalmente em termos de atualização religiosa." "As ENS são CEBs na medida em que CEB é um grupo de cristãos que se reúnem ao redor da Palavra de Deus, participam da Eucaristia, estão ligados à hierarquia e se auxiliam." Para se viver o auxílio fraterno, uma dificuldade é "a distância: em algumas equipes os · casais moram muito distantes uns dos outros". Outra dificuldade: a falta de Padres: "um padre, se nomeado vigário, dificilmente terá tempo de cuidar de mais de uma equipe, principalmente se os casais moram longe- se moram na paróquia, já é mais fácil."

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Encontro de Formação para CP e CL

Realizaram-se, no Instituto Na. Sra. do Carmo, dois dias de formação para casais pilotos e de ligação, do qual participaram doze casais: 3 do Setor de Grande ABC, 4 do Setor D, 2 do B e do E e 1 do A. O Setor D, encarregado da organização, contando com o apoio logístico dos equipistas de Santo André e São Bernardo, merecedores do agradecimento de todos, adotou a dinâmica utilizada por Mary-Nize e Sérgio, com grande aproveitamento.

VOLTARAM PARA O PAI CHRISTINO CRUZ DE ALMEIDA MARTINS -

Da. Equipe 2 de campi-

nas. Casado com Zum. No dia 2 de outubro. Equipista há 25 anos, deixou de assistir à comemoração desse jubileu por apenas alguns dias. Era dos que tinham genuíno e continuado interesse pelo Movimento : foi responsável pelos retiros e era o atual tesoureiro do Setor; como piloto, formou as Equipes 20 de Campinas, 1 de Valinhos e 2 de Americana.

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WOLNEY NICODEMUS - Da Equipe 5 de Petrópolis. Casado com Shirley. No dia 6 de novembro. Perde o movimento em Petrópoi:s um dos seus mais entusiastas e fervorosos adeptos. "A morte é semente de vida, o homem morre para o mundo, mas nasce para Deus. Que ausência tão cheia de presença! Que moo.te tão cheia de vida!" escrevem seus companheiros de equipe. ANA ALCAZAR CRIVELLARO - Da Equipe 6 de Bauro. Casada com u"1isses. No dia 15 de novembro. "Foi um testemunho eloqüente de fé, jamais abalada pelas duras provações de seu enorme sofl!"imento. lutando obstinadltmente contra os avanços do mal, sem perder o otimismo e a alegria que a caracterizavam", escrevem Olanda e Nadyr, seus companheiros de equipe. ALém de participar de curso de noivos. foi também casal de ligação. MARIA LEDA DE SOUZA FERREIRA - Da Equipe 16 de Santos. casada com Ay;rton. No dia 19 de novembro. Casal muito unido. ela e Ayrton há muitos a.nos pertenciam ao movimento. Atualmente, ligavam as equipes 3 e 19. Seus companheiros falam dela "com saudadEs. mas na alegria do Senhor por terem tido a sua presença, a sua serenidade, simplicidade e, sumamente, o seu amor."

NOVAS EQUIPES SANTARf:M- Equipe 3 - Na. Sra.. Aparecida Antonio; Conselheiro E>piritual: Frei Vitorino Wlcha.

Casal Piloto: Neusa e

CAMPINAS- Equipe 35 -Na. Sra. da Paz -Casal Piloto: Maria Luiza e Constantino; Conselheiro E'ipirituai: Pe. Adroaldo Palaoro, s.j. CASA BRANCA - Eq~ "nova" 1 - Na. Sra.. das Dores - Casal Piloto: Hermelinda e Nlco; Conselheiro Espiritual: Pe. Sebastião Marscm.

NOVOS RESPONSÁVEIS CURITIBA A - Alphéria e Oswaldo Nunes Ribeiro substituem Ivone e Darcy como responsáveiS pelo Setor. CURITIBA B e Darci Nicheti.

Substituindo Luiza e Edelvino, assumiram o Setor Yeda

ILHA DO GOVERNADOR - A Coordenação passou ·a Setor e no lugar de Teresinha e Arm.ando, assumáram Dora e Luis Soares Sobrinho.

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A PARTICIPAÇÃO NA REDENÇAO TEXTO DE MEDITAÇAO -

João Paulo 11 -

Do Ato de Consagração a Nossa Senhora

Quanto nos penaliza tudo aquilo que na Igreja e em cada um de nós se opõe à santidade e à consagração! Quanto nos penaliza que o convite à penitência, à conversão, à oração, não tenha encontrado aquele acolhimento que devia! Quanto nos penaliza que muitos participem tão friamente na cbra da Redenção de Cristo! Que tão insuficientemente se complete na nossa carne "aquilo que falta aos sofrimentos de Cristo"! Sejam benditas, portanto, todas as almas que obedecem à chamada do Amor eterno! Sejam benditos aqueles que, dia após dia, com generosidade inexaurível acolhem o Vosso convite, ó Mãe, para fazer aquilo que diz o Vosso Jesus e dão à Igreja e ao mundo um testemunho sereno de vida inspirada no Evangelho! Sede bendita, acima de todas as criaturas, Vós Serva do Ser.hor, que mais plenamente obedeceis a este Divino apelo! Sede louvada, Vós que estais inteiramente unida à consagração redentora do Vosso Filho! ORAÇAO -

(Idem>

Oh, Coração Imaculado! Ajudai-nos a vencer a ameaça do mal. que tão facilmente se enraíza nos corações dos homens de hoje e que, nos seus efeitos incomensuráveis, pesa já sobre a nossa época e parece fechar os caminhos do futuro! Da fome e da guerra, livrai-nos! Da guerra nuclear, de uma autodestruição incalculável e de toda espécie de guerra, livrai-nos! Dos pecados contra a vida do homem desde os seus primeiros instantes, livrai-nos. Do ódio e do aviltamento da dignidade dos filhos de Deus, livrai-nos! De todo gênero de injustiça na vida social, nacional e internacional, livrai-nos! Da facilidade em calcar aos pés os mandamentos de Deus, livrai-nos! Dos pecados contra o Espírito Santo, livrai-nos! Acolhei, ó Mãe de Cristo, e~te clamor carregado do sofrimento de todos os homens! Carregado do sofrimento de sociedades inteiras! Que se revele, uma vez mais, na história do mundo, a força infinita do Amor misericordioso! Que ele detenha o mal! Que ele transforme as consciências! Que se manifeste para todos, no Vosso Coração Imaculado, a luz da Esperança!


EQUIPES DE NOSSA SENHORA Movimento de casais por uma espiritualidade conjugal e familiar

Revisão, Publicação e Distribuição pela Secretaria da, EQUIPES DE NOSSA SENHORA

~1050 -

Rua João Adolfo, 118 - 99 - conj . 901 SAO PAULO, SP

Te!. : 34-8833


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