ENS - Carta Mensal 1985-3 - Maio

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N9 3

1985 Maio

Introdução 35 anos. . . Obrigado, Senhor . . . . . . . . . . . . . . . . • . . . . Desejo insistir na dimensão eclesial da vossa vocação conjugal. . . . . . . . . . . . . . . . A descoberta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Mensagem para o 35.0 aniversário das Equipes de Na. Sra. no Brasil . ...... . •.. A ECIR conversa com vocês . . . . . . . . . . . . . . . • . . A fala do logotipo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . As aparições na Iugoslávia ......... .. Filho de equipistas é ordenado sacerdote . . . . . Um alerta ainda oportuno ... : . . . . . . . . . . . . . . . . Ascese ou míst ica? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . • . . . . . Perfil de um assistente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . As Equipes ontem e hoje . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ::1 ponto de vista dos filhos . . . . . . . . . . . . . . . . . . Viú vos e viú vas nas Equipes . . . . . . . . . . . . . . . . . A Providência de Deus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Entre irmãos não se vive o exílio . . . . . . . . . . . Recordando o início do curso de noivos em São Carlos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . As equipinhas em Juiz de Fora . . . . . . . . . • . . . Em Santos, equipes de pessoas sós . . . . . . . . . . Uma equipe na promoção humana em Sorocaba

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RETIROS

CRICIUMA

03-05/5

Frei Estevão Nunes (Urussanga)

MAFRA

03-05/5

(Casa de Formação S ão Lourenço)

FLORIANóPOLIS

03-05/5

(Morro das P edras)

SÃO PAULO

17-19/5

Pe. Paulo Xavier Machado (Cenáculo ) Frei Luiz Gonzaga da Costa, (Seminário d a Floresta)

JUIZ DE FORA

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24-26/ 5

BRASíLIA

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24-26/ 5

BAURU

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31/5-02/ 6 -

Frei Estevão Nunes

DRACENA

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3115 -02 / 6 -

Pe. Wa.Iter Carrijo

BRASíLIA

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19-21/6

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INTRODUÇÃO

A 13 de maio de 1950, realizava-se a primeira reunião da primeira Equipe de Nossa Senhora no Brasil. São, portanto, 35 anos de caminhada. Em 1980, comemoramos solenemente os 30 anos, no Santuário de Aparecida. A Carta Mensal dedicou um número especial à efeméride, enfocando principalmente os filhos, a nova geração, pois o histórico havia sido amplamente divulgado por ocasião do jubileu de prata. Desta vez, limitamo-nos a lembrar alguma coisa do passado, lançar um olhar sobre o futuro e. . . viver o presente: nossa espiritualidade conjugal e familiar, nossa mística de auxílio mútuo, nosso engajamento a serviço do próximo e da Igreja. Procuramos também fazer uma Carta inteiramente nossa, em que os artigos fossem assinados exclusivamente por equipistas ou Conselheiros Espirituais. Não foi possível, infelizmente, colocar tudo o que desejávamos - iremos publicando em próximos números.

o Nesta hora em que o crescimento do Movimento e, principalmente, sua inserção cada vez maior nas respectivas diocese.s são motivos de alegria e ação de graças, os vetera.nos que somos não podem deixar de sentir dolorosamente a ausência daquele que foi o instrumento escolh:do por Deus pa1·a trazer ao nosso País este Movímento que tem sido tão benéfico para tantos lares brasileiros. Cinco anos atrás, Dr. Moncau estava conosco em Aparecida, falando-nos com Dona Nancy sobre trinta anos de história das Equipes de Nossa Senhora no Brasil, Outra grande e inesquecível presença em Aparecida, também hoje tra.nsformada em presença de intercessão junto de Deus, foi a do Pe. Melanson, nosso primeiro Conselheiro Espiritual de equipe, e grande apóstolo do Movimento entre nós. Ao lado da saudade, suba a Deus nosso agradecimento pelos exemplos e frutos que nos deixaram. Em 1980, escrevíamos: " No momento em que damos gra-ças a Deus por tudo o que o Espírito Santo tem realizado por meio das Equipes nestes 30 anos, todos nós estamos cônscios do muito que ainda resta por fazer ." Estas palavras, aos 35 anos, continuam válidas: possa este muito que ainda resta por fazer, e está a exigir uma presença e doação cada vez maiores em todos os campos da vida social e eclesial, encontrar em nós a mesma disponibilidade e generosidade dos pioneiros!

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EDITORIAL

35 ANOS. . . OBRIGADO, SENHOR

· Completamos neste mês 35 anos de Movimento no Brasil. Lançando um olhar sobre o passado e confiantes nas esperanças do futuro, elevamos ao Senhor nossa gratidão por tudo o que dele recebemos. Obrigado, Senhor, por nos ter ajudado até aqui e permitido que a mensagem da espiritualidade conjugal que nos confiaste não se desvirtuasse na caminhada. Obrigado, Senhor, por nos ter dado forças de sermos fiéis à inspiração de nosso fundador para fazer do nosso amor humano, santificado por um sacramento, "um louvor a Deus e um testemunho prestado aos homens". Obrigado, Senhor, porque somos Igreja, a tua Igreja, e unidos podemos trabalhar pelo teu Reino. Obrigado, Senhor, por nos ter permitido servir-te em numerosos e diversificados campos da tua Igreja e, unidos aos nossos Pastores, sob sua direção e com o seu apoio, podermos continuar a "servir-te sem discutir". Obrigado, Senhor, porque hoje somos quase mil equipes em todo o Brasil e, por meio delas, estamos levando aos nossos irmãos, em outros países da América Latina, a semente que nos confiaste. , Obrigado, Senhor, pelas vocações que surgiram nos nossos lares. Aumenta-as, Senhor, para que os nossos filhos, frutos desse amor que abençoaste, estejam na tua presença como servidores fiéis na distribuição de tuas graças. ' Obrigado, Senhor, por ter feito de nossos fracos esforços meios para que outras atividades surgissem entre nós: as equipes de jovens que já se multiplicam, as equipes de viúvas e de pessoas que estão sós e aí encontram um apoio e um estímulo para !'lUa vida. ~ 2 -


Obrigado, Senhor, pelas graças concedidas aos que nos precederam no teu Reino e que, lembrados com saudades, sustentam, pelo exemplo que nos deram, a nossa vida e a nossa esperança. Obrigado, Senhor, pelos teus sacerdotes, nossos Conselheiros Espirituais, que fortaleceram a nossa confiança em ti nos momentos difíceis e nos ajudam a discernir a tua vontade e os teus caminhos.

o Senhor, neste aniversário que nos é tão caro em nome do Movimento, fazemos nossas as palavras com que' os Setores do Rio de Janeiro celebram Q compromisso de suas Equipes: "Estamos aqui, Senhor, com todas as nossas falhas, todas as nossas misérias, todo o pouco que temos para dar, mas com o coração repleto de confiança na tua imensa bondade. Estamos aqui, porque, apesar de tudo, sabemos que tu és Amor e que o Amor é a doação de si mesmo e somente amando é que podemos te merecer. Diante de ti, Senhor, reassumimos o nosso compromisso para com as Equipes de N assa Senhora e a responsabilidade de te servir por meio da tua Igreja, consagrando a ti nossos lares, nossos filhos, todo o pouco e o muito que temos em nós. Que possamos ser instrumentos da tua vontade, testemunho vivo de tua presença entre os homens, semente que germina, fermento na massa. Que Maria, que te ensinou a caminhar e se fez presente em todos os acontecimentos de tua vida, caminhe também conosco, nos dê a fé que demonstrou com o seu "Sim" ao chamado de Deus, a disponibilidade que evidenciou ao desinstalar-se e sair para servir Isabel, o olhar atento às necessidades do próximo que mostrou nas bodas de Caná e a ação, confiante e decidida, a produzir o fruto que seu Filho não poderia recusar."

o Por tudo o que nos deste, Senhor, por tudo o que nos perdoaste, pelo muito que de ti esperamos, obrigado, Senhor!

Nancy C. Moncau


... Desejo insistir na dimensão eclesial da vossa vocação conjugal. ... A vossa vocação de "construtores" da Igreja começa por um dom generoso da vida: mesmo na Igreja, muitos casais já não sabem que "os filhos são o dom mais excelente do matrimônio" (GS 50). Ela continua nas atividades múltiplas que pode exercer cada casal segundo a sua vocação própria, da catequese à animação litúrg ica ou à ação apostólica sob todas as suas formas. Cada lar aprenderá a discernir a sua vocação própria confrontando os seus gostos, os seus talentos e as suas possibilidades com as .necessidades e os apelos da Igreja e do mundo. Porquanto o serviço missionário mais urgente ultrapassa as fronteiras da Igreja. Este mundo envelhecido (F.C. 6) já não crê na vida, no amor, na fidelidade e no perdão; precisa de sinais da Aliança n0va e eterna que lhe revelem não só o amor autêntico mas também a fidelidade até mesmo na cruz. a alegria da vida e a força do perdão; precisa reaprender o preço de uma palavra dada e mantida, numa vida oferecida. Através da fidelidade dos esposos, poderá entrever a fidelidade do Deus vivo.

João Paulo 11

(As

Equipes de Nossa Senhora,

23/9/82)

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A

DESCOBERTA

Mesmo não estando ele fisicamente presente entre nós, não poderiarnos dispensar a palavra do Dr. Moncau nesta Carta. Escolhemos um texto publicado há 15 anos, na Carta Mensal de junho de 1970. Escrito respondendo a um pedido da Equipe da Carta para que cada um dos casais da Ecm se apresentasse, é a história da descoberta das Equipes de Nossa Senhora em sua vida.

Do ponto de partida, nada de particular: o "video-tape" da vida de todos vocês: os primeiros tempos passados na descoberta de um pelo outro. . . a harmonização dos nossos temperamentos, a inter-penetração das nossas almas, a confrontação de nossas espiritualidades, os planos do futuro no firme propósito de construir um lar cristão. Com a diferença de que, não havendo então os Cursos de Preparação ao Casamento e sendo ainda a literatura sobre o assunto extremamente pobre, foi à nossa custa que fizemos a aprendizagem da vida a dois. E isto nos últimos lampejos da era em que o casamento passara a ser considerado como o último refúgio dos cristãos que não tinham a coragem de optar pela vida inteiramente consagrada a Deus. Já estávamos casados quando Pio XI lançou a "Casti Connubii ", que modificou radicalmente este conceito, abrindo novos horizontes. J â possuíamos uma vivência cristã marcada por atividades apostólicas. Congregação Mariana e vida vicentina de um lado e, do outro, Ação Católica e catequese. Procuramos um apoio para a nossa vida espiritual, sentindo que não podia ser a mesma do tempo de solteiros. Mas nada havia, absolutamente nada, para casais. E foi assim que, cada um por seu lado, nos engajamos em grupos que se adaptassem às nossas aspirações pessoais. Mas o que neles encontrávamos estava longe da problemática do lar. Após um ano de casados, a alegria imensa da eclosão de uma nova vida, a experiência extraordinária e sem paralelos ~a paternidade, a emoção de acompanhar o despertar gradativo de uma vida para a vida.

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Dois anos depois, nova expenencia, mas esta particularmente dolorosa: um filho com grave deficiência psicornotora. Sem nada compreender dos desígnios de Deus ante um filho cuja vida física e intelectual se processava num ritmo desalentador, aprendemos a passar da resignação dolorosa que deixa o coração amargurado à aceitação intt'gral e serena de urna Vontade superior. Dezesseis anos depois, Deus chamava a si esta alma à qual o Céu reservava as claridades que o envoltório terrestre lhe recusara. Os anos se sucederam. Vieram outros filhos que, ao lado de novas alegrias, trouxeram também trabalhos, responsabilidades, cansaços redobrados, mas sempre o sentimento muito forte de que, acima de nossas dificuldades e lutas, Deus ali estava com a sua Providência e o seu amor. Mas com o correr do tempo a vida vai se tornando rnonôtona. As düiculdades, as lutas endurecem o coração, se não nos precavermos. Tem-se a impressão de que também o amor se tlesgasta. A própria vida espiritual tende a deslizar na rotina, tanto mais que nada favorecia a realização do "nós" espiritual, na vida conjugal. A impressão de estar marcando passo sorna-se a do isolamento. Quatorze anos se tinham passado. 1950 marca urna nova fase em nossa vida. Fazemos a descoberta das Equipes de Nossa Senhora. Com ela, a impressão que deve sentir o navegante, perdido o rumo, quando vislumbra no horizonte o navio que poderá conduzi-lo ao porto. Fazemos a descoberta do pensamento de Deus sobre o amor humano; do verdadeiro sentido da carne, ainda considerada mais ou menos suspeita; das dimensões da paternidade. Descobrimos o sentido comunitário da família e compreendemos que, ao aplicar-nos em fazer do nosso lar urna célula vida da Igreja, é na construção da própria Igreja que estamos trabalhando. O sentido mesmo do sacramento da nossa união vai lentamente se revelando e adquirindo uma riqueza nova: Cristo que toma o nosso pobre amor humano e o consagra a Deus por um ~>acramento! Já sabíamos que o batismo nos consagrava ao Senhor, mas descobrimos agora que o casal também é consagrado. O casal, nós, nosso amor, nossa vida, nossos filhos, nosso lar! Fazemos também a descoberta das novas riquezas de uma vida espiritual que, finalmente, podia ser vivida a dois e animada ainda pela possibilidade de urna colaboração estreita nas atividades apostólicas. Fazemos a experiência do quanto esta participação conjunta na oração, no estudo, na ação é capaz de unir o casal, ao mesmo tempo no plano humano e espiritual.

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E ainda a descoberta da vida em equipe. A evidência viva de que a palavra do Evangelho - amai-vos uns aos outros não é uma expressão vã, um ideal platônico. A experiência da verdadeira fraternidade, possível também além do círculo familiar. A realidade do auxílio mútuo, de que tantas vezes fomos os beneficiários, da amizade sincera, dedicada, sem reticências, sem máscara. Era então possível abrir sem reservas o coração entre esposos, mas também entre amigos. Era possível o auxílio fraterno, efetivo. concreto. na marcha para Deus, com uma profundidade nunca experimentada anteriormente. Depois, a expansão das Equipes... a ampliação do círculo de amizades sinceras, sólidas, dedicadas e a satisfação de ver vitorioso um ideal em que se acredita. Desde então, muitos anos se passaram. A confiança naquÜõ que nos empolgava no início do Movimento não se alterou. Reconhecidos pelo que recebêramos, convictos de que as Equipes eram uma bênção de Deus e uma solução para o fortalecimento da família cristã, não hesitamos em continuar a dar nossa contribuição para que outros fossem também beneficiados. O auxílio mútuo, a confiança em Deus, fizeram o milagre da difusão do Movimento, que foi crescendo muito além das modestas expectativas iniciais. Os filhos também cresceram. Tornaram-se adultos; procuramos ajudá-los a atravessar as incertezas e lutas da adolescência. Com eles juntos de nós, com outros jovens ao redor de nós, assistimos, não raro angustiados, ao impacto nesta juventude das diferentes crises que sacodem o mundo de uns anos para cá: crises de fé em Deus, crises de confiança nos homens. Participamos de suas inquietações, de suas perplexidades, de seu idealismo e generosidade na procura de caminhos novos para uma nova era.

o Como o Dr. Moncau fez a descoberta das E.N.S., ele conta na Carta Mensal comemorativa do Jubileu de Prata, em 1975, e temos mais algulll8S páginas importantes na Carta Mensal de maio de 1980. Na sua modéstia, o que não contaria mesmo é que a sua identidade de pensamento com o Pe. Caffarel era tão grande - malgrado os 10.000 quilômetros de distância que só podia ser obra do Espírito Santo essa descoberta.,. Quanto a nós, "descobriremos" a que ponto ele era o instrumento preparado por Deus para introduzir as E.N.S. no Brasil e, ao mesmo tempo, toda a beleza de sua personalidade - que por ora apenas vislumbramos quando lermos a wa biografia, preparada por Dona Nancy e em vias de ser publicada.

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MENSAGEM PARA O 359 ANIVERSARIO DAS EQUIPES DE NOSSA SENHORA NO BRASIL

A propósito desse acontecimento, seus dirigentes pedem-me uma palavra. Eis alguns pontos que gostaria de propor-lhes: 1. Lembraria, nesta oportunidade, que as Equipes de Nossa Senhora são um movimento de espiritualidade conjugal e familiar. Isso quer dizer que, tendo uma metodologia própria e peculiar, as Equipes estão inseridas na Pastoral da Família. São, pois, validíssimo instrumento dessa pastoral. 2. Retomaria o apelo da Igreja, notadamente do Santo Padre João Paulo II, para que reflitam seriamente sobre a importância da família, como instituição de origem divina, a qual, recuperada por Cristo, deve ser "conduzida ao seu "princípio", isto é, ao conhecimento pleno e à realização integral do desígnio de Deus" (cfr. "Familiaris Consortio", n. 3). É tão importante e grave o assunto "família" que o Papa afirma: "O futuro do mundo e da Igreja passa pela família." (FC, n. 75). 3. Sugeriria, pois, aos casais - chamados por Deus para a nobre missão de se realizarem pelo matrimônio - que assumam, com toda a alegria, confiança, força e plenitude, a missão a que :foram chamados: ser e construir família. Ou seja: outras preocupações devem passar a segundo plano ou não podem ter lugar na mente e no coração do casal. 4. Nessa luz, o amor, virtude teologal, no que ele tem de expresso nos dois mandamentos apontados por Jesus como resumo de toda a Lei (ama a Deus sobre todas as coisas e ama o próximo como a ti mesmo - cfr. Mt. 22, 34-40) e no mandamento novo que Ele, Jesus, uos dá (amai-vos uns aos outros como eu vos amei - cfr. Jo. 13, 34), será a base da comunidade conjugal e familiar. 5. A unidade é outra característica da missão da família. Unidade entre os cônjuges: "já não são dois, mas uma só carne" (Mt. 19, 6; cfr. Gn. 2, 24). Unidade, não uniformidade, entre tedos os membros da família, que os leve a pôr em comum as l'iquezas que Deus deposita em cada pess·oa, de modo diverso. 6. A indissolubilidade do matrimônio é conseqüência lógica que dá estabilidade e segurança ao "conjunto familiar". "Testemunhar o valor inestimável da indissolubilidade e da fidelidade matrimonial é uma das tarefas mais preciosas e mais urgentes dos casais cristãos do nosso tempo." (FC, n. 20) .

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7. É claro que esses valores, a um tempo base e m1ssao da família, supõem, conseqüentemente, para sua realização e permanência, uma série de outras virtudes, tais como: a fidelidade ao compromisso assumido com a outra parte; a presença física e moral no lar, junto à família; o respeito à vida que deve nascer e, nascida, precisa desenvolver-se; a dedicação ao trabalho; a pureza de coração; a humildade para aceitar as próprias fraquezas e as falhas dos familiares; a paciência quotidiana frente à rotina da vida ou aos pequenos e grandes contratempos e sofrimentos; a participação, conforme sua responsabilidade e/ou vocação pessoal, na comunidade política; a prática da oração pessoal e familiar; a participação no culto a Deus em comunidade. A lista poderia ser completada ou formulada de outra maneira. É certo, porém, que as dimensões pessoal e comunitária devem caminhar juntas.

R. Terminaria dizendo que, apesar de todas as dificuldades e obstáculos que se colocam à família, hoje, em que pesem os inúmeros desajustes que destroem tantas famílias, não podemos riesanimar nem desacreditar dos valores que aqui foram lembrados. É preciso r etomá-los sempre. Neles perseverar, pois vale a pena seguir essa trilha. De outra parte, pela presença educativa junto aos filhos, junto às novas gerações e aos novos casais, assegurar a construção de um mundo novo, mais humano e recristinianizado. É o que desejo realizem as Equipes de Nossa Senhora, na fidelidade aos seus métodos e muito especialmente à luz do exemplo e da inspiração da Virgem Maria, Mãe de Deus e nossa.

Santos, 19 de Março , na~ta d e são J

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19 8 5.


A ECIR CONVERSA COM VOCeS

Prezados amigos,

Necessário se faz celebrar este treze de maio, em que as Equipes de Nossa Senhora completam trinta e cinco anos de Brasil, pois, naquele dia, o Senhor olhou de forma especial para os casais de nosso país, tendo como instrumento o casal N ancy e Pedro Moncau. E, dentro dessa celebração, é importante, necessário mesmo, uma parada para reflexão: um voltar-se para o passado, a fim de descobrir as manifestações de Deus aos casais e, principalmente, uma análise do presente com vistas ao futuro, pois da forma como vivemos o hoje estamos preparando o amanhã. O Movimento nestes anos todos se expandiu razoavelmente bem. A descendência daquela primeira equipe é hoje constituída por 939 equipes, com cerca de 6. 000 casais, espalhados por doze estados brasileiros. Apesar de toda essa expansão, fazemos uma constatação que nos preocupa bastante: o número de casais jovens é praticamente insignificante diante desse total. É verdade que tem havido, por parte de Setores que já compreenderam o desafio, algumas iniciativas no sentido de formar equipes de recém-casados. 'rodos nós devemos estar atentos, pois, sem a presença da juventude, nosso movimento certamente envelhecerá e não terá futuro não seria já esta uma causa do envelhecimento de alguns Setores, antes tão dinâmicos? Refletindo sobre esta ausência de casais jovens, perguntemo-nos: por que nossos filhos casados, de modo geral, não se sentem motivados a entrar nas Equipes? Nossa experiência de vida não se lhes apresenta tentadora? Será que vivemos verdadeiramente na caridade o que o movimento nos propõe? Então por que não contagiamos nosso ambiente? Será que estamos realmente convencidos de que o que temos a oferecer é válido também para os jovens casais? Afinal, não foram eles, como nós, para o casamento com as mesmas aspirações de felicidade? Não se sentem também insatisfeitos e necessitados de algo que os ajude a encontrar a paz, a segurança e o equilíbrio na vida a dois? Não existem tantos jovens casais, generosos mas frágeis, que, sem uma comunidade -10-


eclesial a apoiá--los, buscam com realizações humanas e a posse de bens materiais abafar esse anseio interior por valores eternos que Deus colocou no coração de cada pessoa? O que falta, pois, para que sejam atraídos para o nosso meio? Todos devem estar preocupados, pois esta é uma responsabilidade de cada equipista (e não apenas de alguns responsáveis) e, com generosidade e inteligência, colocar-se em ação. Há que pensar ainda nos casais que jamais farão parte das Equipes ou de qualquer outro movimento, por razões várias, mas que, por vezes até mesmo sem tomar consciência disso. estão à procura de algo que dê mais sentido para suas vidas. Eles também precisam ser ajudados, qualquer que seja a sua situação (casado, viúvo, desquitado, recasado), a confiar no Deus vivo que caminha conosco. Não poderia essa ajuda vir por meio de grupos - formados por rua, bairro, paróquia - com os quais nos proporíamos a caminhar, pelo menos até certo ponto? (Já existem experiências neste sentido). Pensem bem: se todos levássemos a sério esta nossa responsabilidade missionária, como a influência das 939 equipes existentes hoje seria multiplicada! E não seria uma maravilhosa forma de comemorarmos este treze de maio, muitos se comprometendo a partir para esta missão? Que N assa Senhora, nossa Mãe e Padroeira, que tão prontamente se pos a caminho para servir Isabel, sua prima, neste mês a Ela dedicado, olhe mais uma vez para nossas equipes, para que elas sejam possuídas, cada vez mais, da sua coragem, da sua força e da sua generosidade. Carinhosamente, Cidinha e Igar

~ preciso fazer brilhar aos olhos das novas gerações o maravilhoso plano de Deus sobre o amor conjugal, sobre a procriação, sobre a educação familiar, plano esse no qual só poderão acreditar mediante o testemunho dos que vivem isso com o auxílio de todos os recursos da fé.

JOAO PAULO 11 (Aos dirigentes das Equipes,

setembro de 1979)

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.A

FALA

DO

LCGOTIPO

.Numa reunião de equipe, veio à batia o simbolismo que figura na Carla M;ensal, no alto da capa, à esquerda. Compõe-se ele de duas alianças entrelaçadas, formando wq todo com o emblema XP, que são as duas iniciais gregas do nome de Cristo. A envolvência das alianças e do nome de Cristo acontece de tal maneira que o conjunto deixa a idéia de uma clave de sol, símbolo musical. Conversando com a equipe e tentando interpretar o conjunto de símbolos, percebi que o significado havia passado despercebido e, a pedido da própria equipe, envio esta colaboração à Carta Mensal, na esperança de que outros tenham sua atenção atraida para este belo logotipo e descubram nele o significado para o qual foi criado.

-oNa verdade, compõe-st! ele de três elementos: 1. As afianças: símbolos do compromisso, da suJe1çao amorosa à realidade matrimonial, sinal de comprometimento, de estado civil. Mas também símbolo da "aliança" que Deus fez com o homem e que renovou no decorrer da história de Israel, chegando à plenitude com a morte e ressurreição de Cristo. Tanto o homem como a mulher usam este sinal para lembrar a bilateralidade do compromisso, e a igualdade absoluta do mesmo. Por isso as alianças, no símbolo, são do mesmo tamanho e estão em linha horizontal: é o caminhar lado a lado, não um à frente e outro atrás, ou um "sobre" e o outro "sob". A forma circular lembra a perenidade do compromisso. No círculo, não há começo nem fim, é um gesto continuado, um convite à fidelidade e à perpetuidade. O metal com que são cunhadas, por sua durabilidade, lembra também a firmeza dos laços e, pela sua preciosidade, evoca toda a beleza de um encontro marcado com um sinal tão expressivo quanto a aliança. 2. Cristo: as alianças vêm interligadas e como que protegidas pelo emblema XP (as duas primeiras consoantes gregas do nome Cristós), pois foi o Cristo que elevou o contrato matrimo-

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nial à dignidade de sacramento, colocando-o assim sob a esfera divina: como uma vocação dada por Deus e como uma instituição abençoada por Deus. Foi também o Cristo que ensinou a igualdade dos sexos, sem supremacias e sem "excelências", mas dois seres vindos de Deus e com vocação sobrenatural, ambos, com características próprias, convidados a fundir suas diferenças para estabelecer a harmonia conjugal, símbolo de todas as harmonias e base de todos os encontros humanos. São Paulo lembra que a grandeza do matrimônio cristão se radica exatamente na realidade Cristo-Igreja. O que o Cristo é na edificação da Igreja, o é o esposo no matrimônio, e o que a Igreja significa nesta união mística é o papel da esposa no matrimônio. Nas horas em que pesa a humanidade e as fraquezas humanas, a presença de Cristo traz a força para recomeçar, sempre de novo, dentro de uma vocação para a qual o casal foi chamado. 3. Clave musical: no logotipo, a fusão das alianças e o emblema de Cristo formam como que a clave de sol, emblema musical, que traz consigo a idéia de harmonia e de música. Quando o casal assume e vive seu matrimônio dentro da idéia sacramental, sua vida se funde como numa peça musical, onde sobressai a harmonia, ou seja, a unidade no conjunto das notas e a adequada oosição na distância dos acordes. Desta harmonia nasce a melodia, isto é, um conjunto de sons que encantam e deleitam, que produzem a alegria e a sensação do belo. Nem sempre é possível captar, em palavras, a beleza musical, pois é ela uma linguagem em si. é uma forma de expressar os sentimentos. Só quem com ela se afina capta as belezas que ela transmite. A :vida a dois é também assim: podem faltar as palavras para explicitar a felicidade, mas ela existe, ela vibra no coração do casal e se transmite aos filhos. O matrimônio tem a finalidade de gerar a alegria e a felicidade. Mas sempre que um instrumento recusa emitir os sons para o qual foi feito ou emite sons diferentes estabelece a desarmonia, machucando os ouvidos dos apreciadores de música. Instrumentos afinados, tocando em conjunto, mesmo que seja em contra-ponto, produzem música, que encanta e alegra. Um casal feliz espalha felicidade. Assim, o símbolo que encima nossa Carta Mensal, nas suas linhas sóbrias e simples, não deixa de ter uma granàe eloqüência e representa um momento de reflexão para quem o sabe ler ... Frei Hugo D. Baggio, ofm Conselheiro Espiritual das Equipes 3, 4 e 6 de Niterói

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AS APARIÇOES NA IUGOSLAVIA

Desde o mês de junho de 1981, seis adolescentes de um lugarejo da Iugoslávia afirmam que a Mãe de Jesus lhes tem aparecido com uma urgente mensagem para o mundo e até hoje vem conversando com eles quase diariamente. Isto se passa na Paróquia de São Jaime, em Medjugorje. A primeira aparição se deu numa colina, quando três dos adolescentes passeavam pelos arredores da vila: viram, no alto da colina, uma senhora banhada de luz muito brilhante. Correram de volta para as suas casas e contaram aos seus pais o acontecido. Estes lhes ensinaram a jogar água benta sobre a figura se de novo aparecesse, dizendo que se fosse "coisa do demônio" ela desapareceria. No dia seguinte os três, junto com mais alguns jovens, subiram à colina. Como a figura aparecesse novamente, após jogar-lhe água benta, perguntaram-lhe: "Por que a senhora veio aqui?" Respondeu ela que os moradores daquela região sempre foram católicos devotos, permanecendo fiéis a Deus por muitas gerações, e por isso estavam recebendo agora uma bênção especial de Deus: ela estava ali para apelar à humanidade que se convertesse a Cristo e se reconciliasse com Deus. Após a quarta aparição, os jovens foram levados para serem examinados por médicos, que os declararam fisicamente e psiquicamente sadios. ~ aparições continuavam diariamente e grandes multidões acorriam, embora a senhora fosse vista apenas pelos jovens.

O governo iugoslavo então proibiu as concentrações na colina. Foram, pois, os adolescentes rezar na igreja paroquial, ao entardecer. E neste local a Madona continuou a aparecer-lhes, até os dias de hoje, trazendo a seguinte mensagem:

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".A paz do mundo não vtra por meio das negociações políticas, mas quando os indivíduos chegarem à paz com Deus, consigo mesmo e com o próximo." "O mundo está à beira de um desastre. É tarde demais para evitá-lo totalmente, mas ele poderá ser atenuado pela conversão e reconciliação dos pecadores, pela oração, pelo jejum e esmolas." "Digam a todos os meus filhos e filhas , digam a todo o mundo, o mais rápido possível, que eu desejo a sua conversão." "Rezem o Credo uma vez por dia, o Pai-Nosso, a Ave-Maria e o Glória ao Pai sete vezes ao dia, todas as sextas·fei-ras comam arpenas pão e água em espírito de sacrifício e se confessem uma "'ez por mês." "Se os cristãos se confessassem todos os meses, reconcilian· áo-se com Deus e com seu próximo, a comunidade· cristã logo estaria curada." -oA mensagem de reconciliação foi prontamente acolhida pelo povo de Medjugorje e suas vidas ficaram totalmente mudadas. A maior característica do lugar é a paz e a vontade de servir :tos outros. Qualquer peregrino que lá chegue pode sentir isso. Todos os peregrinos voltam para suas terras completamente transformados, dedicando-se também eles em primeiro lugar à oração, ao jejum e ao crescimento espiritual, e olhando seus afa~eres humanos mais à luz da eternidade. Quanto aos seis adolescentes, continuam simples, sem vaidade, cumprem suas obrigações escolares e religiosas com perfeição. São alegres e felizes, gostando de tocar violão e cantar como quaisquer outros jovens. Todas as tardes, ao chegarem à igreja, acolhem com muita delicadeza e caridade os pedidos que os peregrinos lhes confiam para serem transmitidos à Virgem Maria.

-oA Igreja nomeou 11ma com1ssao de vinte pessoas ligadas a várias escolas de teologia da Iugoslávia para investigar esta propalada aparição, questionar os jovens, examinar outra vez sua saúde física e mental, as curas de doentes que estão ocorrendo a a mudança de vida espiritual do povo do lugar. Ninguém sabe quanto tempo levarão estudando a questão. Por enquanto, aqui ficamos à espera da palavra oficial da Igreja a respeito da veracidade dessas aparições.

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FILHO DE EQUIPISTAS ~

ORDENADO SACERDOTE

Uma grande alegria de presente para os 35 anos do Movimento: a ordenação, no dia 2 de março de 1985, do segundo filho de equipistas! D. Mateus de Salles Penteado, OSB, é filho de Nadyr e Mário, da Equipe 9/B, de São Paulo. Podemos considerar D. Mateus como "nosso segundo padre", pois seus pais entraram no Movimento em 1960, quando tinha 4 anos. A equipe a que pertenciam dissolveu-se e ficaram alguns anos sem equipe, ingressando mais tarde em outra (uma equipe de verdade desta vez!) , onde estão há 12 anos. Matens, 28 anos, é monge beneditino e foi ordenado em Ponta G1'ossa, onde há três anos vem trabalhando e orando, como manda a Regra de São Bento, numa recente fundação. Celebrou sua primeira Missa em São Paulo, no dia 9 de março, rodeado de familiares, equipistas e amigos; da celebração participava, é claro, o Frei Benjamin, Conselheiro Espiritual da equipe de seus pais. Que Nossa Senhora abençôe este jovem sacerdote, e que sua opção continue sendo para muitos jovens um questionamento e um exemplo.

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UM ALERTA AINDA OPORTUNO

"Agradeço ao Senhor por tudo o que fez por vocês. . . por tudo o que fez, por intermédio de vocês, para os casais do Brasil, e rogo. a Ele encarecidamente que lhes dê todas as graças de que precisam para o desempenho da pesada responsabilidade que têm <.'om relação à cristandade do Brasil. Quando vejo a expansão das Equipes de Nossa Senhora em seu país, penso que a graça ~stá verdadeiramente com vocês." O Pe. Caffarel escrevia estas palavras em dezembro de 1957, após sua primeira visita ao Brasil, quando éramos apenas 13 equipes (10 em São Paulo, 1 em Jaú, 1 em Campinas, 1 em Florianópolis). Muito mais maravilhado ficaria cinco anos depois, ao constatar que passáramos de 13 para ... 167 equipes! Não só maravilhado, mas também preocupado com tão rápida expan· são - na realidade apenas o fruto do verdadeiro Pentecostes que 1:epresentara essa sua primeira visita, quando o casal Moncau e os responsáveis das primeiras equipes passaram a entender em profundidade todo o alcance da proposta das Equipes de Nossa Senhora, não só em termos de espiritualidade, como também de responsabilidade na Igreja. Ao despedir-se, no final do memorável Encontro no Colégio Santa Cruz, na tarde de 7 de julho de 1957, advertira, talvez percebendo o entusiasmo e pressentindo todo o potencial de doação que havia naquele punhado de casais:

"Sois generosos, sois devotados. E, por isso mesmo, sois so· licitados pela ação. Mas eu vos suplico: nunca deixeis de vos formar. Se a ação não vos permitir continuar a vossa formação , a ação vos perderá. A Igreja' do Brasil precisa formar os homens do futuro. Eles serão formados pela oração e pelo estudo. A Igreja do Brasil precisa dos homens experimentados que sereis dentro de 10. 20 anos. Devei·s vos aprofundar para assumir, mais tarde, as vossas responsabilidades. Não sucumbi à tentação de vos dardes sem medida, até vos esvaziardes: assim fazendo, vós vos esgotareis, sem poder levar mensagem alguma. Só há apóstolos na medida ~m que há almas de oração, de estudo, de meditação. Só assim estareis em condições de assumir amanhã as responsabilidades que vos forem confiadas." -17-


Os casais (jovens em sua maioria) a quem se dirigia então o Pe. Caffarel estão hoje no "outono da vida"... O Espírito Santo deles se serviu, malgrado as suas falhas, para fazer crescer a semente, com todos os frutos que viria dar para a Igreja. Se hoje somos cerca de 6.000 casais (939 equipes, divididas em 61 Setores e 22 Coordenações, formando 12 Regiões), atuantes em nossas paróquias e nos mais diversos apostolados, presentes nas Comissões Diocesanas de Pastoral Familiar e também no Conselho Nacional de Leigos, é porque Dr. Moncau e Da. Nancy foram os primeiros a obedecer à recomendação do Pe. Caffarel e a zelar para que seus colaboradores também a seguissem: nunca descurar da formação espiritual, embora mantendo os olhos bem ?-bertos sobre as necessidades da Igreja. Mais do que nunca permanece válido o alerta do nosso fundador. A Igreja continua, e continuará, nos outros "10, 20 anos", a. precisar dos nossos casais. Estamos cada vez mais engajados nas suas pastorais, mas nossa ação só será fecunda se maior for o nosso empenho em aprofundar nossa vida espiritual. É na escuta assídua da Palavra que refaremos as nossas forças. Saibamos reservar do nosso tempo para ouvir a Deus e perscrutar a sua vontade sobre nós - individualmente, a dois, em família. Em nossas equipes, os momentos dedicados à escuta da Palavra continuem tendo a prioridade sobre os demais, permanecendo esse encontro com Deus o "ponto alto" das nossas reuniões. Seja Maria, a "Virgem que sabe ouvir", sempre mais o nosso modelo e o nosso guia.

o

AS EQUIPES NO BRASIL NOS úLTIMOS DEZ ANOS 1975

1980

1985

···· ········ ····

465

767

939

··············· · Coordenações ·········· Cidades .. ··· ···· ······ ·

25

43

61

15

21

22

67

87

107

Equipes Setores

(E.T.:

Em 1972, quando da terceira visita Pe. Caffarel, éramos 350 equipes.)

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do


ASCESE

r-

OU

MfSTICA 1

É geral a insatisfação dos nossos casais quanto ao perfeito cumprimento dos seis "meios de aperfeiçoamento" propostos pela metodologia das ENS: Escuta da Palavra -Meditação - Oração Conjugal - Regra de Vida - Dever de Sentar-se - Retiro anual. Não é somente a obrigação de cumpri-los, mas o compromisso de "prestar contas" na partilha. É claro que não se trata, em absoluto, de nos "fiscalizarmos", adultos que somos em Cristo. Consiste no partilhar com os outros nossas dificuldades (ou facilidades) em cumprir ou não cumprir aquilo a que nos obrigamos espontaneamente. Ninguém entrou nem permanece nas ENS contra a vontade. Nem mesmo a disposição de "agradar à mulher ou ao marido" justifica que alguém continue na equipe sem que o queira.

Há três modos de querer: 1)

querer, sem que custe;

2)

querer, embora custe;

3)

querer, justamente porque custa.

É óbvio que o primeiro querer não merece este nome: é veleidade.

O segundo já é querer, porque supõe a superação de um obstáculo. O terceiro é mais do que querer, é heroísmo, porque o próprio ato de ser custoso motiva para que se faça o que se deve. Seria demais pedir aos casais que começassem pelo 2.0 grau? A grande maioria dos que, efetivamente, cumprem os meios de aperfeiçoamento estão nesse nível. E mil graças a Deus. Mas não seria utópico esperar que alguns casais, possuídos de um espírito cristão profundo, exercessem os seis pontos não mais como ascese (fazer o que custa), mas até como mística. -19-


É de casais heróicos que a Igreja precisa. "Hoje precisamos mais de testemunhos vitais que de respostas técnicas", disse João Paulo II no Rio de Janeiro.

As interpelações que se fazem hoje aos casais engajados em Pastoral Familiar terão resposta, não em soluções dadas por tecnocratas, mas por aqueles que aceitam e assumem toda a dureza rle viver como homem ou mulher casados hoje. <Do Boletim do Setor de Petrópolis) .

• Meus a.migos, vocês têm os "seis meios" para a vida. em Deus. Cumpram-nos. Procurem conduzir-se em uma liturgia viva de modo a se identificarem cnm pessoas e acontecimentos bíblicos, ouvindo para si tudo o que está escrito e procurando seguir à risca os ensinamentos de Cristo: vejam nEle não um misterioso e fabuloso profeta, mas a razão de ser de suas vidas. Aquele "que tira o pecado do mundo", que tira os nossos pecados e, expiando nossaB culpas, introduz-nos no pa.ralso, a partir do momento em que nossa fé for sincera. Qua.nto à conversão dos irmãos separados e dos que S(" dizem ateus, saibam que o ecumenismo, em sua essência, não é a indiscriminada fusão de credos, cu!tos e estudos, mas pura e simplesmente a altissonante voz do \católico convertido desde o fundo do seu coração que fala pelo seu comporta.~ mento no lar, no trabalho, no lazer, " vivendo como Jesus viveu" - "Quem os vê, vê a mim, e quem me vê, vê o Pai".

D. VllRGtLIO DE PAULI

(Quando Conselheiro Espiritual das Equipes 1 e 2 de São Carlos, em entrevista ao Boletim antes de assumir a Diocese de Campo Mourão.)

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Ao publicarmos este artigo, desejannos homenagear todos os Conselheiros Espirituais que acompanharam e ajudaram nossa caminhada nestes 35 anos.

PERFIL DE UM ASSISTENTE

Era um Capuchinho Menor.

Pequeno, simples e humilde.

Tão pequeno, que nossos filhos, rapazes muito altos, sempre, onde e quando o encontravam, ainda que em companhia de amigos ou das namoradas, tinham que se curvar muito para beijar-lhe a face, hábito adquirido desde a mais tenra idade, quando se sentavam em seu colo para conversar ou confessar-se. Tão simples, que vinha à nossa casa sempre que tinha vontade, perguntando apenas se estávamos em casa. As vezes trazia um amigo ou colega. Certa vez, num domingo, veio nos visitar à tarde, trazendo "um colega da minha cidade", que estava trabalhando em Roma e de visita ao Brasil. Estávamos bem à vontade e os recebemos como de costume, com a simplicidade habitual com que se recebe um amigo muito querido. Conversamos, brincamos, fizemos lanche e os levamos de volta ao Convento já tarde da noite. Na semana seguinte, surpresos, recebemos um envelope timbrado e oficial, uma carta delicada, de agradecimento pela acolhida que tivera, assinada pelo Superior Geral da Ordem dos Franciscanos Menores ... Tão humilde, que mesmo trabalhando na Nunciatura Apostólica em Brasília, vinha ao Rio de Janeiro participar de nossas reuniões mensais, com tempo suficiente para fazer a preparatória. Como verdadeiro irmão atuante na equipe, trazia o tema preparado para o debate, no~ enriquecia com sua partilha, fazia sua co-participação e nos concitava com sua correção fraterna ou nos animava com sua palavra de estímulo. Apesar desta pequenez, ele não conseguia dissimular a grandeza das virtudes que cultivava, e das quais citaremos apenas uma: a fidelidade.

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Era fiel a Cristo, à sua Igreja, à palavra do Papa por isso viveu sempre como um autêntico cristão. Era fiel ao seu sacerdócio, que dignificava pela celebração diária da Eucaristia e pela oração cotidiana de seu breviário. Era fiel à ordem dos Capuchinhos, cujo hábito honrava pela obediência às regras estabelecidas por seu fundador. Era fiel ao Movimento das Equipes de Nossa Senhora, cujas regras e mística acolheu e levou a tantos casais, que muito ajudou pois ele mesmo se havia transformado num verdadeiro equipista. Era fiel à nossa equipe, nossas famílias. nossos filhos. de quem se tornou um verdadeiro pastor, pois era pai e amigo. Este, foi o nosso Frei J amaria.

Cida e Luiz Mário EQuipe 14 (Setor D) do Rio de Janeiro

Frei Jamaria, que voltou ao Pai em janeiro de 1983, foi verdadeiramente um apóstolo das Equipes de Nossa Senhora. Ajudou a formar as primeiras equipes na zona norte do Rio de Janeiro (entre as qua.is a Eqtúpe 14, da qual foi Conselheiro durante 16 anos), e foi ele quem levou o Movimento para a. Capital Federal: apenas 7 meses após sua. chegada. a. Brasília, eram lançadas as duas primeiras equipes (hoje, em pouco mais de 12 anos, são 44 equipes, em 4 setores).

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AS EQUIPES ONTEM E HOJE

Falam dois ca.sals pioneiros, em entrevista ao Boletim de Marília.

Como iniciaram nas Equipes de Nossa Senhora? Marilene e Sílvio: Fomos convidados para fazer parte de um grupo de casais que iria constituir a primeira E.N.S. em Marilia. Éramos casados havia pouco, dois anos mais ou menos, e tínhamos nosso primeiro filho com meses de idade. Estamos portanto há 25 anos nas Equipes e com nossos companheiros atuais há mais de 22 anos. O nosso casal piloto foi Edi e Ubaldo Puppi, que trouxe o Movimento de Curitiba. Conceição e Clóvis: Foi em 1963, após termos participado do curso "Mundo Melhor". Iniciamos na Equipe 5 e só posteriormente passamos a integrar a Equipe 3 - conseqüência da fusão da 5 com a 3, e hoje a mais antiga do Setor de Marília. Os casais da Equipe 3 muito fizeram para a expansão do Movimento, não só em Marília como também em Adamantina, Dracena, Pompéia, Garça, Rinópolis e Assis. Padre Alberto Boissinot foi o grande incentivador desta equipe, todos nós devemos muito a ele. Hoje contamos com a estupenda presença do Padre Guy Fortier como Conselheiro Espiritual. Como vêem, somos privilegiados! O que desejariam ver melhorado nas Equipes?

Marilene e Sílvio: Somos todos responsáveis pela melhoria do Movimento. Para isso temos que participar mais de todas as iniciativas das Equipes. Se nos omitimos, se só criticamos, as Equipes não crescem. Deve existir entre nós a preocupação real da formação de um grupo cada vez mais consciente e participante da vida da Igreja. Um grupo ativo nos destinos da comunidade, em todos os aspectos: religioso, social e político. Conceição e Clóvis: Desejaríamos que os casais que optaram pelo Movimento fossem mais ardorosos na prática do auxílio mútuo e do despojamento, e que se abrissem mais às famílias menos favorecidas. Também, que houvesse maís intercâmbio de experiência e convivência comunitária entre as equipes. Como vêem a inserção das ENS na Igreja Particular de Marília? Marilene e Sílvio: Houve altos e baixos. Em alguns momentos a presença ativa e em outros poderia ter sido melhor. Contudo, entendemos que o saldo é positivo, pois foi das E.N.S. que despontaram lideranças para atuação nos Cursos de Noivos, -23-


Cursos de Namora dos, TLC, Shalon, Encontro de casais com Cristo, paróquias, comunidades de base, etc. Achamos que seria interessante um amplo debate de todos os equipistas sobre a ação das E.N.S. em Marília no que se refere a um aprofundamento maior na espiritualidade conjugal e à presença das equipes na vida comunitária.

Conceição e Clóvis: De modo geral, quase todos os elementos das E.N.S. estão inseridos na pastoral da Igreja em suas respectivas paróquias, quer fazendo parte dos Conselhos Paroquiais, quer nas diversas atividades pastorais e, principalmente, nos cursos de preparação ao casamento. O curso de noivos foi iniciado pelas E.N.S., tendo sido implantado não só em Marília como também em diversas cidades da diocese. No ECC, as Equipes deram e dão ainda uma ajuda substancial. -

As E.N.S. podem fazer alguma coisa na Pastoral Vocacional? Conceição e Clóvis: Podem e devem, pelo muito que receberam da Igreja (presença do sacerdote) e pela própria mística do Movimento, que favorece o ambiente de "igreja doméstica,.; entretanto, é necessário que haja mais diálogo com os filhos nesse sentido e maior valorização da vida consagrada exclusivamente ao Reino de Deus. M(J)rilene e Sílvio: As equipes devem ser testemunho vivo de cristianismo. Temos sido terra pouco fértil, em Marília, para as vocações. Seria isso resultado de nosso exemplo de vida conjugal? Esta é uma pergunta que fazemos porque, muitas vezes, muitos de nós somos elementos de contradição entre cristianismo e vida ... Ou seja, em certos casos ou momentos, somos muito teóricos, em termos evangélicos: não passamos o que sabemos para atos concretos, para a nossa vida. . . Entendemos que nossa opção pela proposta que o Cristo nos faz tem que ser radical : ou seguimos o Cristo ou não seguimos. -

Têm alguma mensagem para os equipistas? Marilene e Sílvio: Perseverança. Reflexão mais profunda sobre o chamado de Deus em nossa vida de equipe. Interiorizar cada dia mais o amor infinito de Deus, infinito e especial por cada um de nós, a quem Ele conhece pelo nome e olha com misericórdia de Pai.

Conceição e Clóvis: Que valor izem melhor o "dom de Deus " que é ser equipista e que façam de duas vidas um testemunho vivo, em todos os ambientes, da presença do Senhor. Que se abram mais aos outros, que dêem testemunho de fraternidade e de alegria para que, vendo a nossa vida, outros possam dizer: "Vejam como eles se amam!". -24-


O PONTO DE VISTA DOS FILHOS

<Do "Equipetrópolls">

"Sinto muito. filhinha. nião de equipe".

Hoje mamãe não pode.

Temos reu-

"Preparem-se, filhócas! Este final de semana tem Mutirãozinho". "Hoje tem curso de noivos. Vai todo mundo para a Catedral". "Vamos todos à missa das Equipes". "Juntem as roupas que estão fora de uso (e aproveitem paTa arrumar o armário), vai ter bazar segunda-feira".

"Criança hoje janta mais cedo na copa! Tem reunião de equipe aqui em casa". "Quem quer ir ao S.O.M. comigo hoje? Estou precisando de uma aj udinha .. . '' "O Senhor fez em mim maravilhas, Santo é o seu nome! ... " "Tá vendo aquele ali filhinha? É equipista!" Assim víamos as equipes: frases soltas, compromissos inadiáveis (e, para nós, meio sem sentido), encontros, confraternizações, lugares a visitar, pessoas a conhecer ... Fomos crescendo nesse clima, muitas vezes revoltadas com os compromissos assumidos por nossos pais, que se "dividiam" €ntre nós e as benditas Equipes. Pouco a pouco fomos nos apegando às pessoas, ao Magnificat, ao emblema nas camisetas e nos carros e, principalmente, à Equipe 2. Começamos não só a aceitar os compromissos mas também a entendê-los e admirá-los. Há muito já não conseguimos ver nossos pais fora das Equipes. $! muito bom acompanhar e ouvir as estórias, os altos € baixos, que refletem os estágios da vida de cada um de nós. Sa-25-


bemos que o que somos muito devemos a nossos pais e a seu exemplo. Devemos também às Equipes, que deram e dão chance a eles de crescer, trocar, partilhar. Ao mesmo tempo achamos difícil separar o movimento das Equipes das pessoas que dele fazem parte. Com isso, decepcionamo-nos com atitudes e posições dos que violentam, como equipistas, a imagem que fazemos de quem assume este nome. Confunde-nos ver tantas pessoas, que trazem (ou deveriam trazer) tamanha bagagem cristã, não buscarem maior engajamento e rloação. Porque, mesmo sendo objetivo do Movimento a busca de uma maior espiritualidade conjugal e familiar, deveria haver certa preocupação com os trabalhos pastorais, com a concretização da fé (sem obras ela é morta!) Mas isso não nos faz gostar ou admirar menos o Movimento. Pelo contrário, nós o amamos muito e acreditamos nele, ou melhor, em vocês!

Lucília, Inês e Sílvia (17, 17 e 21 anos>

-o-

Acredito que todo jovem cujos pais são equipistas, na acepção plena da palavra, são privilegiados por possuírem uma formação humana e cristã mais completa. Os ensinamentos do Evangelho são base indispensável para a vida familiar e para a educação dos filhos. Mas não é uma formação abstrata. Os problemas que os pais possuem, que os casais enfrentam e que os filhos, mesmo que não o queiram, compartilham, são solucionados à luz do Evangelho, com o auxílio do sacerdote e, dessa forma, nos ensinam muito sobre a vida que temos pela frente. Não é a falta de problemas que caracteriza os casais das E.N.S., mas a maneira de enfrentá-los. Dessa forma, com a coerência entre a fé e a vida, creio que aqui a Igreja se faz presente e que, apesar dos defeitos e falhas que possuímos, as Equipes podem continuar a realizar a tarefa que se propõem: acolher a Deus, com a disposição de Maria.

Ricardo (22

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anos>


VIúVOS E VIúVAS NAS EQUIPES

(Testemunho de um viúvo)

Tenho passado por altos e baixos quando penso no meu lugar na equipe. Tenho certeza que, para a equipe e para os equipistas, não represento o mínimo problema e continuo a ser membro por inteiro. Eu é que me sinto pouco à vontade, e cheguei a pensar em deixar a equipe. Mas estou por demais "impregnado" e constato imediatamente a falta que ela me faria. Seria realmente muito doloroso retirar-me! E, no entanto, como me enquadro hoje numa partilha de vida conjugal, num dever de sentar-se que mais parece um exame de vida e de consciência? Ainda não consegui discerni-lo nesses seis anos. Em compensação, quanto à partilha, à co-participação, à vida familiar, não há problema: o diapasão é o rnesmo. Então aceito-me tal como sou, onde Deus me colocou - e colocou-me, especificamente, na minha equipe. Nela estou feliz, embora às vezes, como disse, pouco à vontade. Não importa, acho preferível estar nela do que fora e mais sozinho ainda. A equipe é para mim um grupo onde posso expor meus problemas. discuti-los, e o grupo me ajuda a encontrar a solução. A equipe me questiona quanto à minha vida de todos os dias. Faz um pouco o papel da presença física da minha esposa e sinto-me chamado, não só à fidelidade do corpo, mas também da alma, para a maior glória de Deus. na plenitude desse sacramento do matrimônio recebido há quatorze anos.

CDa. Carta francesa)

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O MOVIMENTO NO MUNDO -

I

A PROVID2NCIA DE DEUS

Cada início do Movimento das Equipes de Nossa Senhora tem a sua história. História que inclui fé, esperança, doação e, principalmente, a Providência de Deus. Assim aconteceu no caso da Argentina. Várias tentativas e diversos contatos com casais e religiosos para iniciar o Movimento não conseguiram o menor resultado, até que . .. Um padre argentino, Pe. Eduardo Ruiz, durante os anos de repressão em sua Pátria, foi viver na Bélgica, onde conheceu o Movimento e foi Conselheiro Espiritual de uma equipe e até de um setor. Esther e Marcello - casal responsável pela Super-Região América Latina - numa das reuniões do Movimento em Paris tiveram notícias do Pe. Eduardo e foram até Bruxelas, quando, rliante de um próximo regresso do padre à Argentina, combinaram que seria feita uma tentativa para iniciar o Movimento naquele país. O Padre Eduardo foi destinado a La Cumbre, pequena cidade localizada no interior da Província de Córdoba. Aproveitando a boa disposição de um grupo de casais na cidade vizinha de La Falda, aí lançou as Equipes de Nossa Senhora. Esther e Marcello viajaram para lá e conheceram o Pe. Ramon, vigário de La Falda, que depois de sua visita convidou um grupo de jovens casais para formar a segunda equipe. Faltava uma boa pilotagem para essas equipes e, de novo, a Providência de Deus manifestou-se no momento oportuno. Anamaria e Mário Murphy, um casal argentino, morando na Itália havia já alguns anos, entraram no Movimento, onde participaram ativamente, ocupando diversos cargos nas Equipes italianas. De regresso à Pátria, escolhem um lugar para fixar residência: a cidade de Capilla dei Monte - a poucos quilômetros de La Cumbre e de La Falda . .. Numa reunião de Super-Regionais, Marcello e Esther ficam sabendo e, de volta ao Brasil, viajam novamente para a Argentina, a fim de encontrar-se com o casal Murphy e confiar-lhe a pilotagem das novas equipes.

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A história, porém, não acaba aqui. Enquanto Esther e Marcello estão na casa de Anamaria e Mário, em Capilla del Monte, surge - mais uma vez a Providência divina - o irmão de Mário, sacerdote em Comodoro Rivadavia, e encarregado dos Cursos de Noivos. Combinou-se então que o padre procuraria formar uma ou duas equipes naquela cidade com casais oriundos do Curso. E, assim, além das duas equipes de La Falda, são também duas equipes em Comodoro Rivadavia. A pilotagem dessas últimas, no entanto, já não é tão fácil, colocando mesmo um sério problema de ordem financeira: Comodoro Rivadavia fica na Patagônia, a 3.000 quilômetros de Córdoba! Para que Anamaria e Mário pudessem ir até lá - de avião, a cada dois meses -, foi preciso pedir a ajuda financeira da França e da Bélgica . . . Esta é a história do início das Equipes de Nossa Senhora na Argentina. E pensar que, homens de pouca fé, ainda há ocasiões em que duvidamos da providência de Deus! Angela e Francisco Equipe 10/D, São Paulo

o

As Equipes da América Latina. espanhola: Argentina: 4 equipes; Bolivia: 1 equipe; Colômbia: 55 equipes; México: 2 equipes; Porto Rico: 15 equipes. Contatos têm sido feitos ultimamente com sacerdotes e casais no Uruguay, Paraguay, Costa Rica e Panamá. Continuem indicando possíveis interessados! O endereço do Secretariado Latino-americano: Angela. e Francisco Vifí.as Rua. Vespasiano de Oliveira, 35 -

04725 -

SAO PAULO.

• "As nossas equipes do Brasil confio todas as equipes da. América. Pe• rante o Senhor, em nome do Senhor, eu vos confio o trabalho a realizar." Pe. CaffareL em 7 de julho de U57

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O MOVIMENTO NO MUNDO -

li

ENTRE IRMAOS NÃO SE VIVE O EX!LIO

Carta de um equipista - então responsável por um dos Setores de Brasilla - quando em viagem de estudos e trabalho na Europa.

Caríssimos irmãos equipistas de Brasília e do Brasil. Sinto-me numa situação difícil: primeiro, desejaria transmitir com riqueza de detalhes a experiência do acolhimento que tenho vivido nesta viagem de trabalho/estudo/vivência; segundo, constato a impossibilidade de transferir "in totum" a vivência, além de ser também muito difícil traduzir em palavras fiéis o valor dos contatos que vivo! Contudo, me aventuro a dizer o que me é possível, limitado pela dificuldade de comunicação e pelo espaço a ser utilizado. A paternidade de Deus e o amor filial e fraterno dos irmãos equipistas é hoje para mim uma realidade vivida na condição de beneficiado, de acolhido. Chegar a Lisboa pela primeira vez e sentir-me em casa, reC'ebido por um casal e seus filhos que não existiam em minha história pessoal até então, foi viver a fraternidade da filiação que vem de Deus. Ser recebido em Madrid por uma família que disse "sim" ao desC'onhecido que eu era, foi viver a realidade do amor que distingue os filhos de Maria. Estar em Paris, acolhido por aqueles que foram chamados a dar mais pelas Equipes de Nossa Senhora - a Equipe Responsável Internacional - e por vários casais equipistas que, constantemente, estão a me convidar para partilhar agradáveis momentos em seus lares, é sentir-me parte de uma grande família, que eu sabia existente, mas na prática parece ter surgido como por encanto em minha vida.

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Visitar Berlim Ocidental, sendo acolhido por dois casais da única equipe lá existente, foi ver cair o muro que nós mesmos construímos e que restringe aos nossos limites o ilimitado amor que Deus espera ver animando os homens. Participar de uma retmião de equipe sem sentir-me intruso, sem perturbar a espontaneidade dos seus componentes, foi receber um abraço que transcende o acolhimento apenas amigável para se aprofundar na confiança que caracteriza os irmãos em Cristo. Experimentar a dificuldade de expressar o nosso íntimo num idioma diferente da língua materna, é se lançar na meditação da grandeza de Deus, que nos entende a todos, mesmo naquilo que não falamos. E, para concluir, irmãos: contemplar na parede do quarto a página do Boletim que contém a programação anual de nossos setores e não estar aí presente para ajudar vocês a fazerem o que juntos programamos ... Como faço diariamente, na oração do terço-companheiro, estendo os braços da lembrança sobre o Atlântico para abraçar a todos vocês que trago no coração.

RenaJto

• "Quando estou começando a me desesperar pela constante materialização que enfrentamos no envolvimento diário com as coisas deste lugar tão longlnqüo de tudo . .. penso em vocês e em nossos irmãos equipistas com quem diariamente nos encontramos pelo Magnificat, e logo, logo, volto a compreender que é vontade dEle, e Ele só quer o nosso bem. E a vida segue em direção a esta Luz onde todos nós nos encontramos, mesmo sem nos enxergar. Obrigado, irmãos, IH>r nos fazer sentir a seiva do Corpo Místico! Elio"

(Cartão recebido, há dois anos, por Dirce e Rubens, de um equlpista do Rio Grande do Sul servindo no corpo de saúde do Exército perto da fronteira com o UruguayJ

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RECORDANDO O INíCIO DO CURSO DE NOIVOS

Estávamos planejando um tranqüilo fim-de-semana em 'família quando, desapontados, lembramos que estávamos escalados par a trabalhar no Encontro de Noivos. Que amolação ... Numa daquelas inspirações divinas nas quais o Senhor nos põe em nosso devido lugar, começamos a recordar a instalação do curso de noivos em São Carlos- e ficamos envengonhados ...

o Estávamos nos anos 60 (67/68 mais ou menos) e o Cônego Buck, então "assistente" da nossa equipe, solicitou de Myriam e Horácio Duarte de Souza, integrantes de nossa equipe na época, auxílio para trazer à diocese de São Carlos o curso de noivos, nos moldes existentes em Jaú. Para isso, eles deveriam ir para lá sete sábados seguidos, pois o curso constava de sete palestras. Corajosos e disponíveis como só eles, aceitaram. Teve início então uma verdadeira maratona, que, como vizinhos e companheiros de equipe, pr esenciamos e da qual, na verdade, poucas vezes participamos ... Com cinco filhos pequenos, numa faixa de 10 a 2 anos, quanto sacrifício, quanta renúncia para não perder nenhuma palestra! Era preciso providenciar alguém para ficar com eles em casa, pois o curso era à noite; voltavam muito tar de e a Myriam não queria separar os filhos. O Horácio tinha problemas de estômago e, em decorrência, freqüentes e fortes enxaquecas. Nada os deteve. Terminado o curso em Jaú, iniciaram, em São Carlos, o trabalho de pr ocura de palestrantes disponíveis e vocacionados; não foi fácil. Os equipistas eram poucos e nem todos tinham "jeito" para isso. Alguns casais cursilhistas e alguns médicos também colaboraram. O primeiro encontro foi realizado na casa de Lourdes e Hélio, todos os demais na de Myriam e Horácio. Se fazia calor, ofereciam um refresco; se frio, um café. Myriam e Horácio eram, assim, hospedeiros, recepcionistas, "conselheiros" e, eventualmente, palestrantes - tinham todas as palestras preparadas, pois passavam cada "aperto". . . Eram 7 sábados dedicados aos noivos e à Igreja. -32-


Veio a obrigatoriedade. A casa não comportava mais os noivos e o curso passou a funcionar, a cada 40 ou 60 dias, ora no Colégio, ora na antiga sede do bispado, ora na Igreja Santo Antonio, e, por um bom tempo, no porão da Catedral. O Horácio, além de todas as providências normais, passava o sábado transportando cadeiras, não sabemos de onde, para o local do curso e devolvendo-as no dia seguinte. Nós, os equipistas, cansamos disso e resolvemos organizar uma feijoada para comprar cadeiras ... Raramente os dois pediam ajuda; achavam que cada um tinha seus problemas e afazeres e a responsabilidade era deles. Já estamos acostumados, diziam. Atendendo a um de seus raros pedidos, fomos correndo, e os encontramos cansados, tensos, e sózinhos, com o salão do colégio lotado. O casal palestrante fora a um casamento e estava bastante atrasado. Passados alguns minutos, o Horácio, já animado, iniciou a palestra e foi muito bem. Isso tudo durou alguns anos, até que, com o agravamento da úlcera do Horácio, Marilda e Sérgio Laurito, da antiga Equipe 7, começaram a assessorá-los e, quando o Horácio teve de se submeter à cirurgia, assumiram o curso, que a partir de então começou a sofrer alterações, com outros casais passando a colaborar sistematicamente.

o É por isso tudo que ficamos envergonhados. . . Adiamos nosso programa para outra oportunidade e, no sábado, fomos, felizes, para o Colégio, trabalhar com tanta gente tão querida! Obrigado, Horácio e Myriam, pelo exemplo de doação que nos deixaram!

Suza e tnio Equipe 6 de São carlos

• A$im foi o itúcio dos curso.s de preparação para o casamento em São Carlos. A leitura deste artigo certa:nente despertou lembranças parecidas em muitos equlpistas de outras cidades! Escrevam-nos, contando as próprias recordações - seja do início dos cursos, seja do inicio do próprio movimento. Assim poderemos, com estórias muitas vezes saborosas, reconstruir a história daqueles primeiros tempos - que não deixaram de ser heróicos ...

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OPÇAO PELOS JOVENS

AS EQUlPlNHAS EM JUIZ DE FORA

Nossa filha mais velha estava com onze anos. Já começavam as saídas para excursões com a escola, festinhas em casas de colegas. Por outro lado, nossas atividades apostólicas, dentro e fora das ENS muito amiúde nos faziam deixá-la em casa com as avós, mesmo em fins de semana. É bem verdade que sempre que possível a levávamos conosco, o que aliás despertou-lhe o desejo de participar também de grupos como os nossos. Então ela pedia: "Mãe, arranja uma equipinha de crianças para mim também ... " Quando nos examinávamos no dever de sentar-se mensal, ao nos questionarmos sobre o nosso empenho quanto à educação social e cristã dos nossos filhos, sentíamos que estávamos falhando, pois arranjávamos tempo para tudo, mas não para incentivar a fé de nossa filha em um grupo onde todos buscassem a alegria e o verdadeiro amor que encontramos na procura de Deus. Outras vezes procurávamos convencer-nos de que o Movimento, que já estava preocupado com isso, em breve nos traria alguma coisa já prontinha que pudessemos pôr em prática. O Movimento, com sua organização, nos acostumara a receber tudo pronto ... Entretanto, o tempo passava e os problemas que víamos à nossa volta, de filhos de cristãos engajados desnorteados e às vezes até envolvidos pelos apelos hedonistas do mundo, gritavam que talvez fosse tarde se continuássemos apenas esperando. Por que não aproveitar agora a curiosidade da nossa filha, sua vontade de experimentar aquilo que papai e mamãe vivem com tanta alegria? Será que mais tarde ela não vai achar tudo isso "caretice"? Então, com a ajuda de jovens do Movimento Emaús, montamos um Encontro em nossa granja e convidamos 45 adolescentes, de onze a treze anos, todos filhos de equipistas, para, sob o olhar do Senhor, lhes expormos a nossa idéia. Pedimos muito a Deus que nos desse fôlego, contamos com a ajuda da nossa equipe e do grupo que pilotamos para trans-

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porte da turma e as orações, e começamos. . . Não sabíamos bem o que fazer, e como fazer, mas tínhamos como meta a mesma das ENS: reuní.Jos em nome de Cristo, sob a proteção de Maria. Terminamos o primeiro encontro, marcamos uma nova data, dizendo que o comparecimento a essa nova reunião já seri,a o sim para a participação na equipinha. E fomos procurar o Conselheiro. O nosso amigo, Pe. Gaio, tinha o costume de levar seus sobrinhos e os colegas desses para um futebol em nossa granja aos sábados e há muito havíamos percebido a sua paciência e carinho para lidar com crianças e adolescentes. Fomos convidá-lo e ele aceitou, apesar de já ser Conselheiro de uma equipe e de uma pré-equipe ... Quinze jovenzinhos compareceram à primeira reunião e então lhes propuzemos o esquema idealizado para a vida da nossa jovem equipe, que seria em tudo igual à equipe de seus pais, com todas as obrigações que eles têm, adaptadas à sua idade. Além da reunião mensal, haveria manhãs e tardes de oração, dias de reflexão, a comemoração do dia do batizado, e também reuniões informais (excursões, ensaios de :peças de teatro, gincanas). Diante dessas proposições, todos os adolescentes se mostraram dispostos a participar e estamos caminhando com a Equipinha de Na. Sra. da Alegria há 8 meses. (Nota da redação: a equipinha agora tem 1 ano e 8 meses). Nes8e período, além da oração diária (rezam também o Magnificat, formando conosco a corrente de orações), já assumiram a ora~ão , familiar e a regra de vida. Este mês, fizemos uma preparação para a introdução da leitura da Bíblia, com uma manhã de oração no Mosteiro de Santa Cruz, quando a Irmã Maria José nos ensinou como refletir e tirar vivência da Bíblia. O último pedido de alguns mini-equipistas é que fa~amos um retiro para eles e já estamos tomando providências para a sua realização. · Nas reuniões, que se desenrolam como as nossas, o tema de estudo é orientado pelo Conselheiro Espiritu;:tl, aproveitando os tempos fortes da Igreja (catequese) e a discussão é feita em dinâmicas de grupo. Quanto à contribuição, cada um contribue com o que quiser de sua mesada para uma caixinha destinada a ajudar os menos favorecidos. É com alegria que nos empenhamos neste trabalho com os nossos filhos, pois eles participam danqo 1,lill grande testemunho de disponibilidade e amor à equipe; percebemps as suas preocupações com o mundo pelas orações pessoais, que não são egoístas como as de muitos adultos.

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Ainda há muitos outros filhos de equipistas desejosos de entrarem para uma equipinha e levar os seus amigos, mas uma reunião com mais de vinte pessoas já não se torna tão produtiva. Por isso estamos à procura de outros casais que desejem dividir conosco a tarefa... Lembremo-nos de que nossa Igreja fez em Puebla unia opção preferencial pelos jovens! Quem se sentir vocacionado para esse trabalho, procure-nos sem temer: Deus semprE> supre as nossas deficiências.

Astrid e Ribeiro Equipe 9 de Juiz de Fora

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E o apelo foi ouvido por outros casais equipistas, que se lançaram neste trabalho maravilhoso de conservar a juventude perto de Deus. Um Departamento foi criado no Setor e, em pouco tempo, mais oito equipes surgiram ... , abrangendo diversas faixas etárias, desde 11 até mais · de 21 anos, assim distribuídas: 14 jovens acima de 21 anos (membros atuantes do Movimento de Emaús, desejosos de viver a mística das E.N.S.), pilotados por um casal equipista; - 13 jovens entre 17 e 20 anos, pilotados por um casal equipista; - 25 jovens entre 14 e 17 anos, pilotados por casais equipistas; - 45 jovens entre 11 e 13 anos, pilotados por jovens, membros daquela equipe do Movimento de Emaús.

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Cada equipe conta com a assistência de um sacerdote ou seminarista. · Estão assumindo pouco a pouco os meios de aperfeiçoamento, que são: Missa domínical, leitura da Bíblia, regra de vida, diálogo com os pais · e irmãos, oração individual e familiar, retiro anual e apostolado. Por enquanto apenas a primeira equipe, a de Na. Sra. da Alegria, fez a experiência de um retiro, baseado em assuntos que os próprios adolescentes sugeriram. Quanto ao apostolado, tem despertado muito interesse e animação. Duas equipes já "adotaram" o Instituto Dom Orione, comprometendo-se cada jovem na "campanha do quilo" e a fazer festinhas de aniversário para os menores internos. -36-


Na primeira semana de março, realizou-se a "Caravana do Amor", encontro fechado de dois dias, verdadeiro Mutirão, que visou aprofundar o conhecimento do Movimento e o entrosamento entre as equipes jovens. Foram 65 participantes e do roteiro constaram palestras, grupos de coparticipação, momentos de oração, confraternização, Missa catequética, e muita música. Os assuntos abordados: Espiritualidade dos jovens; O Mundo e eu; painel sobre Vocação (um sacerdote, dois seminaristas, uma freira, uma postulante e um casal equipista); Igreja; dinâmica sobre Confiança, Ajuda mútua. Foi uma experiência muito rica, que trouxe muita amizade e descontração aos equipjstas jovens e contribuiu para motivar os mais velhos a querer trabalhar com os menores, como futuros pilotos. Bem aceita no Encontro foi a vivência do tema da C.F., "Pão para quem tem fome", motivando os jovens a comer com moderação, servindo-se só do essencial. Os dois casais responsáveis pelo Departamento reunem-se periodicamente com os pilotos para uma avaliação do mês, troca de experiências e sugestões, o que é importantíssimo numa atividade que está dando seus primeiros passos. Com a graça de Deus, sentimos que o Departamento caminha e temos procurado, com as compreensíveis limitações, atender aos constantes apelos da Igreja para que não se frustrem os jovens na sua procura de uma autêntica vida cristã dentro de uma pastoral específica.

Leda e Edson (Responsáveis pelo Setor)

-oAlguns testemunhos dos primeiros mini-equipistas (11 a 13 anos) sobre o que representa a equipe para eles: - Representa Deus em minha vida, eu aprendo a viver a sua palavra e a partilhar com os irmãos tendo como modelo Maria. - Um encontro de união em que uns ajudam aos outros a viverem melhor em familia e em comunidade. - Uma caminhada longa, para que eu sirva a qualquer pessoa que encontre pelo caminlho. - Uma moedinha que ganhei e que não posso enterrar, tenho de fazê-Ia render.

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APOSTOLADO

EM SANTOS, EQUIPES DE PESSOAS SóS

A experiência começou com uma equipe de vmvas. Não era novidade. Já as houvera em Marília, em Petrópolis, no Rio de Janeiro. Em Santos, contudo, a idéia foi mais além: começaram a ser criados grupos abrangendo não só viúvas como também outras pessoas sós . . Até que os animadores sentiram a necessidade de uma estrutura e foram procurar seu Bispo, D. David Picão. Este não só lhes deu todo o respaldo, mas oficializou o novo movimento, a título experimental, por quatro anos, por meio de uma Instrução Pastoral na qual é reconhecido como "um desdobramento das atividades apostólicas das Equipes de Nossa Senhora". Dos grupos, que podem ser femininos, masculinos ou mistos, participam pessoas viúvas, desquitadas, separadas ou solteiras, em número máximo de 12 e mínimo de 8. Têm como responsável um coordenador'(a)' pertencente às E.N.S. (sendo misto, um casal) e contam com a assessoria de .um sacerdote ou religioso (a). Os objetivos dos "Grupos Nossa Senhora da Esperomça" são acolher a pessoa só, dar-lhe apoio quando mais necessita, reintegrá-la humana e socialmente, fazê.Ja crescer espiritualmente. Já existem 5 grupos (4 de senhoras e 1 misto) e um 6.0 (de senhoras) está em formação. Esperamos dar notícias, mais adiante, sobre o funcionamento desses grupos, mesmo porque correspondero a uma necessidade dos nossos dias, à qual também em outros Setores se vem procurando dar uma resposta - como P.m Ribeirão Preto, onde acaba de ser criada uma "equipe de senhoras". Esta notícia, que nos chega justamente na ocasião da celebração dos 35 anos do Movimento. além da sua importância, vem oportunamente mostrar que os casais pioneiros - esta é uma iniciativa da Equipe 1 de Santos -, longe de "aposentar-se". continuam na linha de frente do apostolado familiar.


APOSTOLADO

UMA EQUIPE NA PROMOÇÃO HUMANA EM SOROCABA

Por ocasião da reunião de balanço da Equipe 3, cuja padroeira é Nossa Senhora Aparecida, os casais se propuseram colocar em prática os ensinamentos do Evangelho de Jesus, organizando uma entidade assistencial. Não foram necessários mais que dois meses para que se formasse e legalizasse a sociedade e se alugasse e mobiliasse as duas casas para a sede social da "C.A.E.N.S.A." - Comunidade de Atuação e Evangelização Nossa Senhora Aparecida, em Vila Nova Sorocaba, um dos bairros mais pobres e carentes da cidade.

No dia da inauguração.

Todos os móveis das casas, bem como o numerário para início das atividades, foram obtidos graças a doações de equipistas ou não, numa árdua campanha que mobilizou todos os integrantes da Equipe 3. -

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·--=.


Inicialmente, a entidade preparou uma creche destinada a abrigar crianças absolutamente pobres, cujas mães precisavam trabalhar. Foi também instalado um ambulatório médico, para atendimento da paupérrima população vizinha que, na maior parte. nem possui direitos previdenciários, pelo que também a medicação prescrita é fornecida gratuitamente. Num verdadeiro trabalho de promoção humana, a entidade vem prestando relevantes serviços jurídico-sociais aos habitantes do bairro, na obtenção de documentos, empregos, etc., assim como regularizando a sua vida social e religiosa, promovendo casamentos, batizados, registros civis. Todo o projeto foi atividades profissionais dois médicos pediatras, tista, um padre, e sete

realizado buscando o aproveitamento das dos intel'(rantes da Equipe 3, composta de dois advogados, dois engenheiros. um dendecididas mulheres.

Como proposta para este ano, a equipe pretende trabalhar na parte de evangelização, elaborando, organizando e executando projetos nesse sentido. Não tem sido, é claro, um trabalho fácil, porém, tampouco, de dificuldades intransponíveis, dificuldades essas que têm aumentado consideravelmente com o desenvolvimento do atendimento da creche e demais departamentos. A medida que surgem, os obstáculos são superados sempre através da solidariedade, amizade e determinação dos membros da Equipe 3, com a ajuda de Deus e intervenção de Maria.

Equipe 3 de Sorocaba

• As Notícias dos Setores, este mês, são as duas (de Santos e Sorocaba) que

acabam de ler, às quais resolvemos dar um destaque espe~ial. Mesmo porque recebemos muito poucas notícias e aguardamos mais alguma coisa para publicar tudo junto na próxima Carta . ..


SEREIS MINHAS TESTEMUNHAS

TEXTO DE MEDITAÇÃO -

At. 1-8

No primeiro livro, ó Teófilo, apresentei tudo quanto Jesus fez e ensinou, desde o princípio até ao dia em que, pelo Espírito Santo. deu ordem aos apóstolos que havia escolhido, e foi elevado ao céu. A eles mostrou ...se vivo após a paixão, com numerosas e indiscutíveis provas; apareceu-lhes por espaço de quarenta dias, falando-lhes do· Reino de Deus. No decurso duma refeição da qual participou, ordenou--lhes que não se afastassem de Jerusalém, mas que esperassem a realização da promessa do Pai, "a qual, disse ele, ouvistes da minha boca: João batizava com água; vós, porém, sereis batizados com o Espírito Santo dentro de poucos dias." Estando, portanto , reunidos, eles o interrogavam: "Senhor, será agora que haveis de restaurar a realeza em Israel?" Ele respondeu: "Não vos compete conhecer os tempos e os momentos que o Pai reservou a seu poder. Mas o Espírito Santo descerá sobre vós e dele recebereis força. Sereis, então, minhas testemunhas em Jerusalém , em toda a Judéia e Samaria, e até os confins da terra." ORAÇÃO -

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Canto

O Senhor já fez em mim maravilhas,

Libertou o seu povo pelo amor, Meu coração exulta de alegria, E eu canto o meu Senhor! Grandes coisas fez em mim meu Salvador, Meu espírito exulta no Senhor, E bendita toda a gente me dirá. O orgulho e a riqueza não têm vez, A soberba e o poder Ele desfez, Os humildes e os famintos Ele amou. Glória ao Pai que vive no alto do céu, Glória ao Filho que por nós se humanizou, E ao Espírito que nos iluminou. -

O Senhor já fez em mim maravilhas . ..


EQUIPES DE NOSSA SENHORA Movimento de casais por uma espiritualidade conjugal e familiar

Revisão, Publicação e Distribuição pela Secretaria das 01050 -

EQUIPES DE NOSSA SENHORA Rua João Adolfo, 118 - 99 - conj . 901 - Tel.: 34-8833 SAO PAULO, SP


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