1985/1 98$ Dezembro a Fevereiro
Preparaste uma mesa para mim A luz sem trevas
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Vontade de Deus, vontade da Imaculada . . . . . .
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Um novo estilo de vida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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O Menino do Presépio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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"Se não vos tornardes como crianças ... " . . . . .
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A ECIR conversa com vocês . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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" f: preciso . . . " . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 A grande família . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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Carla a um jovem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 Uma família a serviço do Senhor . . . . . . . . . . . . 22 O casal diante do presépio pistas para um dever de sentar-se . . . . . . . . 27 A semente que fica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28 E as férias chegaram ... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30 O diálogo em família . . . . . . .. . . . . .. . . . . . . . . . . . 32 Notícias dos Setores . . . . . . . . . . . . . . • . . . . . . . . . . . 34 A luz do presépio . . .. . . . . . . . . . . .. . .. . . .. . . .. . 40
EDITORIAL
"PREPARASTE UMA MESA PARA MIM"
Um propósito une a todos neste ano equipista: a escuta da Palavra de Deus, ou seja, a meditação diária da Carta que o Pai mandou aos filhos - a Escritura Sagrada.
o Duas são as mesas diariamente à nossa disposição: a Mesa da Palavra de Deus e a Mesa do Corpo do Senhor. A Igreja venera as duas Mesas com o mesmo respeito e igual amor. E convida com a mesma insistência tanto a assentar-se à Mesa da Palavra como a assentar-se à Mesa do Pão (cf. Documento conciliar "Dei Verbum", n. 21). É provável que para você a Mesa do Pão não seja acessível todo dia, porque ela se encontra na Igreja e nem sempre os caminhos do seu trabalho passam perto de uma igreja. Mas a Mesa da Palavra é acessível. É você quem a põe, a dispõe ou depõe.
Ela se põe quando você abre uma Bíblia, lê um trecho e a ele aproxima seu dia-a-dia, no que tem de bom e de ruim, de :alegre e de triste, de construtivo e de destrutivo. Você dispõe da Mesa quando, aproximados os fatos do dia ao texto sagrado, ele passa a falar com você. a animá-lo, a persuadi-lo, a corrigi-lo, a abrir-lhe possíveis caminhos. É nessa altura que seu encontro com a Palavra se torna oração espontâneà, saída não da memória, nem dos lábios, mas da carne do seu ser humano necessitado e aberto para o divino misericordioso. Você pode também depor a mesa. Quando dela se aproxi# ma mecanicamente, ou com curiosidade intelectual, ou apenas para cumprir uma obrigação. Ela se depõe quando você não tem apetite. o -1-
A Mesa da Palavra é um lugar privilegiado de evangelização. De auto-evangelização. Porque, se a Igreja Universal precisa sempre de novo evangelizar-se (cf. Paulo VI, Evangelii Nunt i andi, n . 15d), isso significa que cada um dos seus componentes está sempre em processo de evangelização, de conversão. Puebla nos lembra que "a Sagrada Escritura deve ser a alma da evangelização" (n. 372), o que quer dizer que, se você não se assenta costumeiramente a esta Mesa, você é ou se tornará um membro enfermo e fraco da comunidade cristã, ou até mesmo carente do espírito vivo e vivificante do Cristo.
o A escuta da Palavra não é coisa a mais que você faça como equipista. É um dever primário cristão que o Movimento ajuda você a cumprir.
Frei Clarêncio Neotti, O.F .M . Conselheiro Espiritual do Setor B de Petrópolis
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A PALAVRA DO PAPA
A LUZ SEM TREVAS
Por que um tão grande progresso da humanidade no domínio da matéria se volta sob tantos aspectos contra o homem? Por que tantas discórdias, exclusões, injustiças, estão radicadas no coração do homem? ( cf. Gaudium et spes, 10) . Ao lado da zona de sombra, há uma zona de luz. rora já se levantou. Uma saudação apareceu.
Uma au-
Quero revelar ou recordar a Mensagem mesma de Deus, que , e luz sem trevas. O Senhor envia-me para testemunhar foi Ele que a confiou a Pedro e aos Doze, a fim de a fazer c~nhecida por todas as nações. Ao jovem rico do Evangelho, Jesus dizia: "Só Deus é bom" (Me. 10, 18). Só Ele é o Bem, a Luz, a Verdade. Ele é o fundamento último de todos os valores. Só Ele dá o sentido decisivo à nossa existência. E só Deus é bom porque Ele é amor ( cf. 1 J o. 4, 8.16). É amor na comunhão misteriosa das três Pessoas divinas. É amor, pois de tal modo amou o mundo que lhe deu o Seu Fllho único" (Jo. 3, 16). Essa é a Boa Nova anunciada a todos os homens de boa vontade. A bondade que vemos no rosto e no coração de Cristo é o reflexo da Bondade do Pai. Ele veio na noite: Ele era a verdadeira luz que ilumina o caminho de todo homem (cf. Jo. 1, 9) . Ele veio na indiferença: não foi recebido pelos seus; mas amou e ensinou-nos a amar: "Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida pelos seus amigos" (Jo. 15, 13). Ele viveu livremente a exclusão mais radical, a humilhação da Cruz, oferecida em obediência ao Seu Pai, por amor aos seus irmãos. Ele foi eliminado da terra dos vivos (cf. Is. 53, 8), mas Deus exaltou-O, ressuscitado.
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Ele é a pedra que tinha sido "rejeitada" pelos construtores, mas que se tornou a pedra angular (cf. Mt. 21, 42; At. 4, 11), e a salvação em nenhum outro se encontra. Todo humilhado e excluído da terra olha para o Pai com a esperança de ser, n'Ele, exaltado e reconciliado. Ele veio selar no seu sangue, pelo seu sacrifício, a aliança de Deus com os homens, na qual todos somos convidados a entrar por meio da fé e do Batismo. Ao mesmo tempo, Ele abateu o muro do ódio que separava os homens e que mantinha os não-judeus afastados, alheios às alianças da Promessa, sem esperança (cf. Ef. 2, 12-14). Esta aliança não é uma simples atitude de amizade: é a adoção filial pelo seu Pai, que é também nosso Pai; Ele, o Filho, "a todos os que O receberam, aos que crêem n'Ele, deu o poder de se tornarem filhos de Deus" (Jo. 1, 12). N'Ele, nós, que nos dizemos frustrados pelas formas de participação humana, participamos da vida mesma de Deus, da natureza divina. Este Cristo está presente entre nós: "Eu estou convosco torios os dias" (Mt. 28, 20). Com Ele, jamais somos excluídos por Deus. "Não repelirei aquele que vem a Mim" (J o. 6, 37). Ele passou a sua vida terrestre a acolher aqueles que outros consideravam excluídos: leprosos, possessos, publicanos, pecadores, samaritanos, pagãos. Até ao juízo final, Ele se identifica com os "excluídos" que vivem em necessidade: famintos, doentes, prisioneiros. Ele pede que creiamos e amemos. Pede que> nos deixemos impregnar pelo amor de Deus derramado nos nossos corações por este Deus vivo, Pai de todos os viventes. Tornar-se adulto na vida, como na fé, é ser capaz de se reconhecer como filho e como filha do seu Pai, do nosso Pai que está nos céus. Cristo olha para cada homem com amor. Olha para cada um de vós como olhou para o jovem rico de consciência reta e ávido da vida eterna: "Jesus, fitando nele o olhar, sentiu afeição por ele" (Me. 10, 21). Certos do amor de Deus manifestado em Jesus Cristo - do qual n ada poderá separar-nos (Rom. 8, 39) - podeis, caros amigos, não só entrar nesta grande Aliança de Deus com os homens, mas tomar p arte ativa nela para que, efetivamente, venha a nós o seu Reino. A esper ança de que acabamos de falar nos assegura que nossos sinceros esforçns por construir a paz, a justiça, a fraternidade neste mundo, na medida em que são realizados segundo o Espíri-
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to de Cristo e em umao com Ele, não ca1rao nunca no vazio; tal como a vida de Cristo, hão-de consumar-se na ressurreição; prepararão, certamente, mediante a cruz e à custa de muita paciência, um mundo novo, que superará aquele que podemos imaginar. Esta obra apaixonante mobilizará todas as vossRs energias; participareis nas lutas "pela dignidade dos filhos de Deus", como dizia o Cardeal Cardijn. Esta será a vossa obra, mas, ao mesmo tempo, a obra de Deus em vós, por vós. Ela será continuamente uma conquista e ao mesmo tempo um dom de Deus, portanto, uma graça a ser pedida na oração. A oração. que não é utilizar Deus ao nosso serviço, mas é entrar no seu plano, _plano que Jesus nos indicou no Pai-Nosso. É de capital importância referir-se sempre a esta oração quando se quer transformar o mundo segundo Deus. (Aos jovens, em Namur, Bélgica, 18/5/85)
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Assim como o agricultor se atarefa nos dias da colheita, assim também dlsponde a vossa inteligência e o vosso coração a estarem presentes e ativos lá onde homens e mulheres levantam a cabeça e se unem para criar um mundo renovado, segundo o coração de Deus. Participai amplamente da vida da v~a Igreja. Sede os jovens desta Igreja .p ara serdes testemunhas, no nosso mundo, da juventude de Deus!
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VONTADE DE DEUS, VONTADE DA IMACULADA
Frei Maximiliano Kolbe, mártir dos campos de concentração nazistas, canonizado em outubro de 1983, foi um grande propagador da devoção à Virgem Imaculada.
A Imaculada é a obra mais perfeita e mais santa de todas, pois, segundo S. Boaventura: "Deus pode criar um mundo maior e mais perfeito; não pode, porém, elevar uma criatura a uma dignidade mais alta do que elevou Maria". A I maculada é a última fronteira entre Deus e a criatura. Ela é fiel reflexo da perfeição divina, da sua santidade. O grau da perfeição depende da união de nossa vontade com a Vontade de Deus. Quanto maior perfeição, tanto maior a umao. Sendo que Nossa Senhora ultrapassa a perfeição de todos os Anjos e Santos, a Sua Vontade fica mais estreitamente ligada com a Vontade de Deus e identificada com a mesma. Ela vive e atua unicamente em Deus e com Deus. Cumprindo, então a Vontade da Imaculada, cumprimos, ao mesmo tempo, a Vontade de Deus. Dizendo que desejamos cumprir sempre a Vontade da Imaculada, em nada diminuímos a glória de Deus: bem ao contrário, aumentamos a mesma, pois reconhecemos e louvamos a onipotência divina que criou e elevou tão alto uma criatura tão perfeita. Assim como, encantados com uma linda escultura, louvamos e Rdmiramos o gênio do artista, autor da mesma. Sem o menor receio, podemos dizer que o único desejo nosso consiste em cumprir, da maneira mais perfeita possível, a Vontade da Imaculada. Cada dia tornar-nos mais dependentes dela. Deixar que a Imaculada domine todo o nosso ser. Só então tornar-nos-emas seus cavaleiros. Não mais nós mesmos, e sim Ela, em nós e através de nós, irá amar e irradiar sobre o nosso am-
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biente. Sob o sopro da graça misericordiosa derreter-se-ão os obstáculos dos corações dos semelhantes. As multidões irão seguir a voz da Imaculada, tornando-se instrumentos em suas mãos. Através deles, a Imaculada irá influir sobre outras almas, até conquistar o mundo inteiro, todas as almas em geral e cada uma em particular. Para apressar este momento, devemos começar por nós mesmos. Olhemos o exemplo mais perfeito, o de Jesus: Ele, Deus, a própria Santidade, entregou-se à Imaculada, sem restrições, tornando-se seu Filho; deixando-se ser mandado por Ela durante os trinta anos da sua vida oculta nesta terra. Será que precisamos de um estímulo mais forte ainda? Vamos seguir o exemplo de Jesus e, desde já, renovar os nossos compromissos com a Imaculada. Procuremos viver de forma que, todo dia. a todo instantE\ tornando-nos a propriedade da Imaculada, cada vez melhor cumpramos a sua Vontade. SAO MAXIMILIANO MARIA KOLBE
O que significa Mãe, sabêmo-lo, mas Mãe de Deus, não o podemos compreender com o intelecto, com a mente limitada que é a noosa! Só Deus mesmo compreende perfeitamente o que significa "Imaculada".
São Maximiliano Kcibe
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UM NOVO ESTILO DE VIDA
D. Cândido Padin
Bispo Diocesano de Bauru A aproximação do fim do ano traz-nos sempre uma dupla preocupação. Liturgicamente nossa espiritualidade se volta par a a celebração do mistério do Natal de Jesus. E o recomeçar de um novo ano leva-nos a prever as iniciativas e a organização das nossas tarefas futuras. Para quem vive seriamente a fé cristã, a celebração do Na tal deveria servir de forte estímulo para reassumir sua caminhada na evangelização do mundo com as novas tarefas previstas. A função das festas do ano litúrgico consiste justamente em colocar nossa vida de cada dia bem dentro da celebração do mistério de Cristo. Criar uma verdadeira unidade entre a sua vida e a nossa vida, realizando o que o apóstolo Paulo anuncia: "Já não sou eu que vivo, mas é o Cristo que vive em mim." E o mistério do Na tal é bem próprio para reanimar as forças para a retomada do compromisso do cristão de irradiar a mensagem do Evangelho, capaz de trazer a paz ao mundo. Não a paz tranqüila da passividade, mas a atitude construtiva que questiona as falsidades e ambigüidades, em busca de uma convivência efetivamente frater na. Nenhuma outra mensagem consegue trazer ao homem um questionamento completo dos desvios do seu comportamento. O Natal de Jesus obriga a julgar criticamente não só os objetivos da vida humana, mas também a maneira de nos tratarmos mutuamente, o estilo da nossa convivência. Para mostrar-nos que veio trazer a paz aos homens que Deus ama, inaugurou um novo estilo de vida. Ofereceu-nos a plenitude e o esplendor da vida divina por meio da fragilidade e do despojamento de uma criança que nasce na periferia da sociedade. O valor desse novo estilo de vida não consiste simplesmente na pobreza material. Revela-se, antes de tudo, na disposição de buscar uma comunhão com todos, tratando-os como irmãos. De....,... _8 ....,... .
monstra que a pobreza não só não é um empecilho para encontrar-se com os outros, mesmo ricos, mas é uma capacidade de abertura para com os demais. As dificuldades para essa comunhão surgem daqueles que não têm o despojamento necessário, fechando-se no gozo egoísta dos seus benefícios pessoais. São os que impedem qualquer transformação dessa sociedade que está montada para a manutenção dos privilégios injustos. Torna-se muito difícil anunciar a mensagem de Jesus à sociedade de hoje, na qual predomina a opressão dos vários tipos de poderosos sobre os pequeninos. A dificuldade, porém, deve transformar-se em estímulo para a aceitação da missão salvífica que o Cristo nos comunica no seu Natal. :É um desafio aos corajosos. Os jovens, em geral, são os que apresentam uma disponibili· dade para tais desafios. Ainda não estão contaminados, pelo menos na sua maioria, pela inércia do comodismo. É próprio da juventude o espírito renovador, o gosto pela mudança. O risco está na falta de espírito crítico para discernir os valores efêmeros dos permanentes, que fundamentam a dignidade humana. Quando, porém, os jovens descobrem a força transformadora da men· sagem do Evangelho para a construção de uma sociedade fundada na justiça e na fraternidade, tornam-se agentes dinamizadores da evangelização, não só no meio da juventude, mas até mesmo entre os adultos. (De artigo publicado no Boletim Diocesano de Bauru, "Bedebê", de dez/ 84, sob o titulo "1985 Ano Internacional da Juventude").
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O MENINO DO PRESÉPIO
Elfie voltou ao Pai há um ano e meio. Eis o que ela e Dragan escreviam num Boletim de Petrópolis, anos atrás. Dizem-nos os Evangelhos que os Reis Magos, depois de dar presentes e prestar homenagem ao Menino Rei, voltaram para as terras longínquas de onde vieram. Contam, também, que os pastores, gente simples e humilde, chamados pelo canto de glória e hosana das legiões celestes de anjos, encontraram o mesmo Menino e, ajoelhando-se, o adoraram. E aqui termina a história daqueles reis e pastores. Que fim levaram, nunca saberemos com certeza nesta vida. No entanto, sabemos tudo sobre o Menino. Como cresceu, anunciou a Boa Nova, revelou-se Deus, vivendo no meio de suas criaturas. e como morreu por elas. Se algum daqueles pastores encontrnu-se com ele enquanto andava no meio do povo, tampouco sabemos. Fica aberto à especulação. Quem sabe algum deles era o leproso curado, outro o endemoninhado? Quem sabe vários deles, seguindo-o, ouviram as bem-aventuranças no sermão da montanha? Outros talvez gritaram, na multidão insuflada: "CrucifiQ..ue-o, crucifique-o" e um deles pode ter sido aquele que, apressado, passou pela cruz e, meneando a cabeça, disse: "Se é Deus, por que não salva a si mesmo?" Tudo é possível e ao mesmo tempo não passa de imaginação, porém marca o brutal contraste entre a adoração sublime do Menino e a maneira com que foi recebido por muitos quando adulto. Existe uma história do relacionamento com o Menino que conhecemos muito bem e onde nada é deixado à imaginação: a nossa própria. Como os reis e os pastores, também nós nos ajoelhamos diante do Menino no presépio a cada ano, nos dias de Na tal. E, como por encanto, as figuras de gesso ou madeira pintada revivem e começam a pulsar e transmitir a vida, a paz e a esperança e nós mesmos deixamos rle ser espectadores e visitantes e tornamo-nos partícipes daquele momento glorioso, ano após :mo. O milagre do Natal nos transforma.
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Contudo. também a nossa história diante do Menino termina ali. O encanto passa e. assim como na vida real o Menino e seus pais foram para o exílio, saindo da vida dos pastores. também as figurinhas do nosso presépio voltam a ser figuras de gesso e vão para o exílio do armário, aguardando a volta à vida no Natal vindouro; saem das nossas vidas e com elas sai o mistério e o Pncanto do Natal. Não deixemos que isso aconteça. Lembremo-nos de que já sabemos tudo: hoje estamos diante do p-resépio, mas em poucos meses estaremos diante da cruz, da sepultura vazia e do Senhor ressuscitado. E nesse meio tempo nada será deixado à imaginação. Nós o encontraremos em nossos caminhos, dia após dia. Pediremos curas e milagres. Ouviremos a sua palavra. As vezes gritaremos "crucifique-o" e o pregaremos na cruz ao desrespeitar o próximo ou omitir-nos com o necessitado. Para que? Já não temos certeza de quem Ele é? E se é difícil doar-se a Ele, adulto, lembremo-nos durante o resto do ano do Menino do presépio. A criança não se recusa nada. Elfie e Dragan
"Enquanto eles ali se encontravam, completou-se para ela o tempo da ges~ão, e deu à luz o seu filho primogênito, que envolveu em faixas e deitou numa. ma.ngedoura, lJOrque não havia. lugar para eles na. hospedaria." Lc. 2, 6-'7
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"SE NÃO VOS TORNARDES COMO CRIANÇAS ... "
Dirigindo-se a, um amigo, Estevão, que acabara de ganhar ·u m filho, o Pe. Caffarel, em "Novas Cartas sobre a Oração" (pág. 83), c.:ita um trecho do diário espiritual de outro amigo, pai de família: "Muito obrigado, meu pequenino. Eu te ajudo a aprender as primeiras noções do catecismo, mas tu és para mim, a cada momento, a palavra viva de Deus. Quando, ao brincar contigo, eu te ponho de pé sobre uma mesa e te dig0- pula! - t u te atiras dando uma grande risada. Bem llabes que eu te pegarei no ar! Quando estás dormindo, não é mais a tua risada que ouço, mas a Voz divina que me pergunta: "Será que tens uma fé parecida com a deste pequeno? O que arriscas por Mim? E no entanto os meus braços são bem mais fortes que os teus! .. . " Quando, à noite, eu me afasto de junto de ti, gritas: "Tenho medo!" Entretanto, bem sabes que eu estou ali, na sala ao lado, mas queres a minha presença junto à tua cama. E eu, Deus meu, será que receio ficar separado de Vós? Será que tenho realmente fome dos vossos sacramentos. que Vos tornam tão próximo ele mim? Ao construíres com o teu jogo de armar uma garagem magnífica para teus carrinhos, vens procurar-me. É absolutamente importante que eu vá ver. É verdade, meu Deus, nossas obras -só conseguem o seu total acabamento depois de Vos terem sido apresentadas e dedicadas! Muito obrigado meu pequenino, por seres tão fraco, tão desajeitado, por precisares de mim para tudo: para atar os cadarços de teus sapatos, repor um pneu no teu carrinho, cortar a carne no teu prato. Obrigado por correres com gritos de alegria quando eu chego. Obrigado por teus olhos cheios de luz quando te dou um presentinho. Obrigado, obrigado!
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Meu Deus, eu sei que os homens que me cercam deveriam todos, como o meu pequenino, falar-me de Vós em seus mínimos ~estas. Mas através deles não sei escutar a Vossa palavra. Então, se Vos aprouver, fazei que o meu pequeno, que um dia será grande também, continue para mim sempre assim, tão transparente a Vossos desígnios, e me leve a compreender aquilo que, por meio de todas as pessoas que encontro, Vós me pedis."
Continuando sua carta a Estevão, o Pe. Cajjarel acrescenta: "Estevão, o seu filho será sempre para você, assim como o do meu amigo, uma espécie de Bíblia viva. Isto é certo. Com uma condição, porém: que você se aproxime dele com olhos de fé. Então, graças ao seu filho, aos poucos, todas as criaturas tornar-se-ão transparentes, como vitrais através dos quais lhe chegará, em cores variadas, a luz de Deus".
Em verdade vos digo que, se não mudardes e não vos tornardes como as crianças, de modo algum entrareis no Reino dos Céus. Aquele, portanto, que se tornar pequenino como esta criança, esse é o maior no Reino dos Céus. Mt. 18, 3-4
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A ECIR CONVERSA COM
VOC~S
Chega o mês de dezembro. vinda do Filho de Deus. Aproveitando o espírito fletir um pouco mais sobre o o de submissão do homem a esta submissão à vontade do
Ele traz consigo a celebração da
que envolve essa vinda, vamos reserviço no sentido bíblico, qual sej a, Deus. Mas é bom lembrar m os que Pai liberta o homem e o torna feliz.
"O Filho do Homem não veio para ser servido mas para servir e dar a sua vida pela redenção de muitos". (Me. 10, 45) Permanecendo fiel à sua missão até o fim , ele realiza a vontade do Pai. Não teria sentido celebrarmos o Na tal se não houvesse também uma Páscoa a ser celebrada. O Na tal não sP.ria o grande acontecimento para a humanidade se Jesus Cristo n ão houvesse superado as tentações, enfrentado o sofrimento, aceito a cruz e vencido a morte. Servindo a Deus até o ponto de entregar a própria vida, Ele nos salva e expia a nossa recusa de amar. Ele nos revela como o Pai quer ser servido: quer que nos dediquemos ao serviço dos irmãos assim como o fez o próprio Jesus. Este o grande sentido da vinda de Cristo, de sua vida e de seu sacrifício: revelar-nos que, na disponibilidade para Deus, através da entrega aos irmãos, reside a nossa libertação, a nossa felicidade. E isto é motivo de regozijo, é algo para celebrarmos. É com o propósito de estarmos cada vez mais disponíveis que devemos celebrar o Na tal.
E é este também o espírito que devemos ter diant e de qualquer missão que nos é confiada. Aceitando-a, sendo fiéis a ela, estaremos também realizando a vontade do Pai na doação aos outros. Assumindo-a e dedicando-lhe o melhor de nossos esforços, estaremos, como os servos fiéis, aplicando os talentos que o Senhor nos confiou, segundo a nossa capacidade. Essa missão pode ser. por exemplo, uma responsabilidade nas Equipes de Nossa Senhora, qualquer que seja ela. Não deve, pois, ser encarada como um fardo, como uma tarefa acima de nossas forças, mas como um chamado para colaborarmos com o plano de Deus através desse serviço. Na medida em que formos
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fiéis, em que superarmos a tentação do comodismo, enfrentarmos as dificuldades e vencermos nosso egoísmo, em que nos dispusermos, de certo modo, a morrer por ela, alguém terá, de alguma forma, a chance de celebrar um nascimento. Se o movimento tem se firmado, expandido, tem evoluído rumo ao objetivo para o qual existe, é graças ao fato de muitas pessoas, casais e sacerdotes, terem sido fiéis aos chamados recebidos. Sem querer ser injustos com todos os outros que com muito amor têm se doado, não poderíamos deixar de lembrar aqui: - Padre Antonio Aquino que, como Conselheiro Espiritual da ECIR por dezesseis anos, buscou sempre e acima de tudo conhecer e realizar a vontade de Deus, tornando-a assim um dos pilares em que o Movimento se baseou para a sua consolidação aqui no Brasil. - Monique e Gérard Duchêne, que estão deixando a responsabilidade da Carta Mensal. (Esta é a última realizada por eles e sua equipe). Pela sua competência, dedicação e principalmente pelo amor com que exerceram esta função, também por quinze anos, muito contribuíram para o crescimento de todos nós. Aquele como estes pediram para serem substituídos porque reconhecem ser necessária a renovação, mas devem estar conscientes de terem sido fiéis à missão, de ter utilizado seus carismas. Padre Aquino - sua sabedoria, sua maneira toda especial de nos fazer compreender, por exemplo, os documentos da Igreja, a pinçar o essencial, a descobrir nas entrelinhas o que não conseguíamos enxergar. . . Monique e Gérard - seu espírito crítico, sua sensibilidade e senso de oportunidade ao trazer-nos sempre, no momento certo, a palavra da Igreja ... "Senhor, tu me confiastes cinco talentos. Aqui estão outros cinco que ganhei! ... - Muito bem, servo bom e fiel! Sobre o pouco foste fiel, sobre o muito te colocarei. Vem alegrar-te com o teu Senhor!" (Mt. 25, 20b.;.21)
Cidinha e Igar
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•• É PRECISO ... "
Cardeal Lustiger
É preciso encontrar o meio de compreender, de descobrir a Palavra de Deus. Digamos simplesmente: é preciso ler o Evangelho juntos, e não apenas aos domingos. É preciso arranjar o meio de ler a Bíblia, de orar: é um alimento sem o qual sua fé irá definhar.
Não podem ler a Escritura de qualquer jeito: precisam lê-la como uma Palavra pronunciada por Cristo no seu meio e que lhes dá o sentido da história na qual estão inseridos. Ao receberem esta Palavra viva de Cristo que fala na Sua lgreja, vocês entram numa história, a história global do Povo de Deus, que se torna sua história. Trata-se para vocês, que querem ser cristãos, de aprender este Evangelho como uma língua materna e de fazer sua a história da qual são os herdeiros. Isto não se conseguirá sem esforço. É preciso que a Palavra de Deus se torne sua língua materna, inspire o seu coração, habite no seu espírito, nutra a sua existência; que esta familiaridade com Deus se torne o próprio centro de sua vida. É, pois, preciso que façam este esforço de acolhimento da Palavra como alimento de sua vida cristã. É uma tarefa capital, sem a qual não podem responder à sua vocação. Porquanto, por serem cristãos, vocês são portadores da Palavra. É preciso que a Palavra habite em vocês de tal maneira que Deus a possa expressar por seu intermédio. Não se trata de dar-lhes receitas para encontrar as palavras adequadas para responder ao seu colega de trabalho. O ideal é que cada um, de acordo com seu talento e sua vida, esteja a tal ponto habitado pela Palavra que Deus se possa servir dele como Lhe aprouver.
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O artigo que acabam dt> ler tem uma história. Ao depararmos com ele na última Carta francesa, resolvemos traduzi-lo imediatamente, por achá-lo muito oportuno. Devido ao atraso dos últimos números da nossa Carta Mensal, ainda estávamos com o material em casa quando, no dia 3 de novembro, aconteceu a abertura da 1"' Conferência Panamericana. de Relações Ca.tó'ioo-Judaicas, organizada pela Comissão Nacional de Diálogo Religioso entre Judeus e Católlcos da C.N.B.B. e o Conselho de Fraternidade Cristão-Judaica. O convidado de honra e conferencista era o Cardeal Lustiger. Arcebispo de Paris. Nossa sensibilidade ecumênica fez com que corrêssemos à "Hebraica", onde teria lugar o evento. Na hora de sair de casa, lembramo-nos que o Cardeal Lustiger era justamente o autor do artigo que traduzú-amos. Quem sabe, se levássemos o texto conosco, ele assinaria de próprio punho? Ao chegar ao local, percebemos que a solenidade seria bem maior do que imaginávamos : havia ali muitas autoridades ec:esiásticas e mesmo civis - a Presidência da CN.B.B., um representante do Vaticano, o Presidente do CELAM, o Arcebispo de São Paulo, bispos e padres assessores de ecumenismo da CNBB, do CELAM, da Arquidiocese, o Diretor da sessão internacional do American Jewish Committee t chegado diretamente do Vaticano, onde estivera com o Papa) e outros rabinos, o Ministro da Educação, o Governador de São Paulo, os embaixadores tia França e de Israel... Inútil dizer que desistimos da idéia! A encarregada das relações públicas da Conferência era nossa conhecida. Veio cumprimentar-nos pouco antes do inicio da sessão. Foi o bastante : será que conseguiríamos um autógrafo .. . ? - Venham comigo, depressa!. .. Embora tomado de surpresa, o Cardeal Lustiger aquiesceu ao nosso pedido e, 10entilmente. assinou.
o Agora uma palavra sobre a Conferência, as relações judaico-cristãs e o próprio Cardeal Lustiger. O objetivo da Conferência era comemorar o 2()Q aniversário da Declaração conciliar Nostra. Aeta.te. sobre as relações da Igreja com os não-cristãos. Este docuwento está na origem dos vários organismos de diálogo entre católicos e judeus, em nível nacional e internacional, nos quais se criaram laços fraternos nascidos do conhecimento e respeito mútuos. Pretendia-se com esse colóquio exatamente avaliar o progresso da aproximação entre católicos e judeus nas Américas. No plano internacional, são quatro os organismos que tratam do relacionamento entre as duas religiões. Existe um Dicastério da Cúria Romana, '" Comissão para aa relações religiosas com os Judeus, criada em 1975 pelo Papa Paulo VI, por sugestão da Comissão Internacional de Ligação entre a
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Igreja Católica. e o Judaísmo Mundial, organismo criado cinco anos depois da promulgação da "Nostra Aetate ". Anterior mesmo à Declaração e tn!c!ado em 1962 por entidades da Austria, Suíça e Inglaterra, com a participação d e congêneres da França e da Itália, o Conselho Internacional para Cristãos e Judeus.. Os dois últimos organismos são mistos. Existe ainda a Comissão Judaica. Internacional para as Consultas Inter-re'igiosas, que diaToga com a Igreja Católica e com o Conselho Mundial de Igrejas. A nivel nacional, temos os Conselhos de Fraternidade Cristã-Judaica, em várias capitais, e principalmente a Comissão Nacional de Diálogo Religioso entre Judeus e Católicos da C.N.B.B. Esse último organismo redigiu importante documento, inspirado na Declaração Nostra Aetate e intitulado "Orientações para os católicos no re'acionamento com os judeus" (Comunicado Mensal da C.N.B.B., outubro de 1983) . Preparou também um guia pedagó~eico. "lsn.el, Povo, Terra. e Fé", que, por decisão da 1.• Conterência Panamericana, s erá distribuído no início de 86 a todas as paróquias, escolas e seminários. Ambas as publicações respondem a uma recomendação expressa da Nostra Aetate: "Haja cuidado da parte de todos para que, tanto na catequese como na .p regação da palavra, não se ensine algo que não se coartune com a verdade evangélica e com o espírito de Cristo." Assim como esses, são muitos os sinais de que vivemos tempos novos. Quando da elaboração do texto-base da Campanha da Fraternidade 86, "Terra de Deus, terra de irmãos", a C.N.B.B. pediu uma colaboração ao Rabino Sobe!, da Congregação Israelita Paulista. Disse D . Aloisio Sinésio Bohn, responsável pelo Ecumenismo e Diálogo Religioso da C.N.B.B.: " Não é a primeira vez que rabinos nos ajudam em questões como essa. A Igreja acha natural que em seus documentos rabinos possam ter uma palavra. Isto é um sinal dos tempos." Sinal dos tempos essa Conferência, prova concreta de uma nova mentalidade, dos .p assos que se deram em vinte anos, desde a Nostra Aetate. Sinal dos tempos os dois corais, católico e judeu, cantando juntos músicas em bebraico pela paz. Sinal dos tempos a própria presença do Cardeal Lustiger .. . Por que deveria um francês fazer a abertura de um encontro inter-americano? l!: que o Arcebispo de Paris representa uma simbiose entre judaísmo e cristianismo: de família judia, converteu-se, com 14 anos, ao catolicismo, sem renegar as suas raízes. De fato, nada mais emocionante do que ouvir um bispo, Cardeal da Igreja, falar das vicissitudes sofridas pelo povo judeu através dos séculos dizendo "nós ... " E deixou-nos um programa: "Fundados numa mesma herança bíblica., re-encontrando nossas raízes comuns, católicos e judeus devemos unir-nos pa.ra. enfrentar as idolatrias do mundo de hoje."
M. e G.
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A
GRANDE
FAMfLIA
Não crês na Igreja! É como se dissesses: não creio na minha família! Porque consiste tudo nisto: a Igreja é família! Deus criou a família humana para fomentar o amor e manter a vida. No plano espiritual Deus criou a Igreja pelas mesmas razões. Nem sempre corre tudo bem numa família humana: nem todos os ir mãos são bons; nem todos os pais são sensatos; mas quanto mais a família estiver unida para vencer as próprias deficiências tanto melhor ela poderá cumprir os grandes deveres que lhe foram confiados. Na história do Povo de Deus, que é a Igreja, nem todos os Papas são santos, nem todos os sacerdotes dignos, nem todos os fiéis verdadeiros seguidores de Jesus. A Igreja, .. intimamente solidária com o gênero humano e com sua história", viu refletida nos seus membros a mentalidade da época em que eles viveram. Mas como é consolador para um filho saber que, mesmo que seja pequeno e fraco, pode contribuir para manter esta grande família cada vez mais unida! É ela que o une fraternalmente a todos os homens espalhados pelo mundo, sejam santos ou pecadores, que reconhecem em Cristo o Irmão mais velho; que o liga aos irmãos de ontem, Francisco e Catarina, que outrora choraram pelas fraquezas humanas na Igreja, mas que não a abandonaram, pelo contrário, a amaram ainda mais, sentindo que Deus, na Sua bondade, lhes tinha confiado esta responsabilidade de filhos, de ajudarem a sua família a desempenhar cada vez melhor a missão que Cristo lhes confiou. Paulo VI
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CARTA A UM JOVEM j
naci:::;c::-~:Sve::=;:n:~r:n:;e::e;:ch~~e AU:a ~~~ que o Dr. Moncau escreveu a um dos seus filhos. Foram escolhidos por Da. Nancy na biografia que preparou e está para lier pub!icada proximamente.
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Meu filho.
Tenho a impressão, a convicção mesmo, de que você não se está dando conta da importância do momento que passa. E porque sinto tudo isto agudamente dentro de mim, julgo-me no dever de alertá-lo com toda a veemência. O momento que passa é decisivo. Insisto nesta afirmação. Dele depende a realização ou não de um ideal elevado e digno, que você pode e deve atingir. Não há momentos que não contam na vida. Todos eles são o germe do momento seguinte e por isso têm repercussões de infinito. Esbanjar o tempo é, portanto, um contra-senso. Mas há, sem dúvida, momentos que são marcantes: aqueles das grandes decisões, que irão imprimir uma direção bem definida à nossa vida. Aqueles das grandes renúncias ou dos grandes compromissos assumidos conosco mesmo, com outras pessoas ou com Deus. E eu sinto que você vive um desses momentos decisivos. Eu sinto que você está numa encruzilhada da vida; e do passo que você der agora, da orientação que você der agora, da orientação que você der aos dias que estão na sua frente, agora, depende o seu futuro. Um futuro em que você seja vitorioso sobre si e sobre os acontecimentos. Vitorioso, abrindo com decisão e energia o caminho que cabe a você desbravar. Vitorioso nas suas atividades intelectuais que irão preparar o futuro, a vida. Vitorioso também, e muito par-
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ticularmente, sobre si mesmo, pela conquista do inteiro domínio da própria vontade e, com ele, o domínio sobre os acontecimentos, sobre as influências externas e as mil pequenas - ou grandes - coisas que eu adivinho estarem envolvendo você. A sua atuação nestes últimos meses mostra que você sabe querer. E quero crer que você tenha sentido a satisfação que nos invade quando temos consciência plena do dever cumprido.
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t
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Você precisa ficar alerta para não se deixar levar pela força da inércia, pelo atrativo da vida folgada e divertida, ou, na melhor das hipóteses, pelo fácil embalar-se ao sabor dos acontecimentos. em vez de ficar firme no leme, obrigando o barco de sua vida <t ir para onde você quer . É contra estas forças todas que você tem que lutar, enrijar os músculos da vontade se quiser vencer.
Escolha os seus amigos. E o amigo ideal só poderá ser aquele que sintonizar com o ideal de vida que você formou para si e que, longe de afastá-lo do caminho que você quer seguir, pelo contrário, contribua pelo seu apoio, pela sua orientaçãa, pelos seus conselhos, para auxiliar você a prosseguir e a vencer. É com o maior vigor, a maior energia que eu concito você a um momento de reflexão sincera, leal, perante a sua consciência e perante Deus.
Se você tem um ideal de trabalho, de nobreza, de elevação, de progresso. . . Se você quer ser alguém na vida. . . se você aspira a grandes coisas. . . se você quer ser útil a si mesmo, ao próximo, à sociedade. . . Se você vislumbra no seu caminho a construção de um lar onde irá desenvolver todas as suas energias, transfundir a própria vida, o próprio ideal, e fazer dele um oásis de paz e de felicidade a ser partilhado por uma jovem digna de você. . . Se você. em suma, quer ser um homem em toda a acepção da palavra. . . então, com decisão, com coragem, com energia, com violência, afaste do seu caminho aquilo que retarda os seus passos e tolhe os seus movimentos. Construa com valor e energia a pr·Ópria estatura! Seu Pai.
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UMA FAMíLIA A SERVIÇO DO SENHOR 1
Um casal, com seus filhos já casados, deixa t udo .para viv0r e m comunidade e dedicar-se ao Reino de Deus. Como foram levados a dar esse passo decisivo? Como coru;eguiram que as filhas e genros os acompanhasse nessa doação? Como se mant êm? Em que consiste o seu apostolado? Com todas essas perguntas, Heloisa e João Mauricio, de Guaratlnguetá, foram procurar Therezinha e Jonas Alves Fer r eira, em Cachoeira Paulista.
Para responder à primeira pergunta, Therezinha e Jonas quiser am situar-se, contando um pouco de sua vida e como se deu a sua conversão. Jonas era católico apenas por tradição. Dentista, ganhava bem e dava muita importância ao status que a profissão lhe conferia. " Onde há dinheiro abunda o que não é bom. Os compromissos sociais me impeliam a cair numa vida de erros - jogo, bebida, sexo. Como não podia deixar de ser, passamos por uma crise matrimonial." Um Cursilho despertou nele a necessidade de mudar, mas sua conversão só se deu mais tarde: "Numa Ultréia, Deus nos enviou uma moça que falou sobre 'A Experiência de Deus em nós através do Espírito Santo'. Fiquei entusiasmado, falei com a Therezinha e nos inscrevemos para um fim de semana na Vila Brandina, em Campinas. Deus então começou a manifestar-se . . . Mudou completamente minha vida. Tirou de mim a ganância pelo dinheiro, a vontade de jogar e beber, a volúpia pelo sexo. Não me importava mais com o status, os valores começaram a ser outros. Comecei a ler muito e até resolvi estudar teologia. Nesse Encontro, recebemos o dom do serviço: pusemo-nos inteiramente ao serviço do Senhor. Até hoje, onde somos chamados, lá estamos. Começamos a ajudar na paróquia, a fazer grupos de oração, encontros, trabalho com jovens. Aos poucos, na vivência dos grupos de oração, Deus nos deu o dom e o poder da oração. Hoje sou um devoto de Nossa Senhora. Ser devoto não é só -22 ,-
rezar, mas é conhecer Maria, saber como Ela agiu e viveu para chegar a Deus. Somente conhecendo-a podemos imitá-la. Minha conversão, sei que devo a Maria. Foi Ela que me quis tirar do mau caminho para conduzir-me a Jesus.'' Quanto a Therezinha, foi criada numa família católica praticante, onde havia padres e freiras. Quando moça, rezava muito, fazia novenas, penitências, era catequista. Sua conversão, portanto, não podia ser fulminante como a de Jonas. "Mas houve uma enorme transformação em mim, afirma. Fui conscientizada da grande necessidade de ajudar, de trabalhar pelos outros. Nunca mais negamos serviço, fosse qual fosse. Tudo se tornou mais fácil porque eu e Jonas passamos a falar a mesma língua sem isso, nada seria possível. Antes, sempre procurei convertê-lo. Sem desanimar, rezava, pedindo por ele. E atribuo a sua conversão ao poder da oração: consegui o que mais desejava!"
E os filhos? "Quando nasceram nossas filhas, senti minha grande responsabilidade, acrescenta Therezinha: dependia de mim sua vida religiosa. Sempre me preocupei em incutir nelas a espiritualidade herdada da minha família, através do exemplo, da minha vida de oração e aulas de catequese. Sempre rezei muito por t:>las. Assim que ficava grávida, pedia ao Senhor que tomasse conta daquele novo ser e, fosse qual fosse sua vocação, orientasse seus passos. Após nossa adesão total ao serviço do Senhor, nossas filhas se admiravam com o nosso trabalho. A mais nova contou-nos que, a princípio, pensou que tivéssemos ficado loucos. Porisso quis também fazer o Cursilho e o Encontro de Oração - de onde voltou "louca, também! A outra filha fez a mesma caminhada e ~ntão passamos a trabalhar todos juntos. Quanto aos genros, um era espírita, mas, convivendo conosco, começou a ir à Igreja, a encontros, até que um dia pediu para fazer o Cursilho. Depois, fez o Encontro de Oração, onde se deu sua adesão total. Hoje trabalha muito em nossa comunidade. O outro genro nos conhecia há muito tempo. Trabalhávamos juntos na paróquia, pertencia a um grupo de jovens.,
E como foram .levados a deixar tudo e vir para cá? "Sentíamos o desejo de viver mais unidos, pondo tudo em eomum, em comunidade c0mo os primeiros cristãos. Foi quando, em 1979, fomos a Queluz fazer um Encontro de Oração com o --23-
Pe. Jonas. Ele falou muito em comunidade (1 ), e veio tudo de ao que desejávamos. O Senhor já nos havia feito compreender que nossa comunidade deveria ser rural. Resolvemos então, definitivamente, nós e nossos genros e filhas: vendemos tudo que tínhamos em São Paulo e compramos este sítio. Doamos uma parte para a "Rádio do Senhor", onde todos trabalhávamos. Tudo o que temos e colhemos é da comunidade. Pretendemos fazer daqui uma Associação. Longe de restringir-nos à nossa família, desde o início o nosso propósito era compartilhar com outros que também tivessem esse desejo de viver em comunidade. Mas viver em comunidade é uma vocação. Não é um c:hamado para todos! Cada cristão tem um chamado e é este que deve seguir." ~>ncontro
Como é esta vida comunitária? "Logo que viemos para Cachoeira Paulista, enquanto arrumávamos o sítio, moramos, todos juntos, numa casa na cidade. Esta experiência foi providencial: pensávamos, a princípio, em construir no sítio um alojamento onde tivéssemos tudo em comum; morada, cozinha, comida, etc. Mas a experiência nos mostrou que várias famílias não devem morar juntas numa mesma casa. Cada uma deve ter a sua, para que não haja interferência na educaçã0 dos filhos, na intimidade do casal. Esse período foi para nós valioso, embora tivéssemos sofrido. Nesses dois anos vivemos, por assim dizer, pela Providência: passamos até necessidade. Serviu-nos de alerta: oodemos deixar tudo. mas temos que ser prudentes! Precisamos-alimentar as crianças, vesti-las e dar-lhes estudo. !<,oi então que resolvemos que cada um deveria ter sua atividade profissional (2), exclusivamente para sobrevivência da própria família e para att:!nder a outros irmãos. Hoje, neste sítio, moramos em três casas, somos independentes, mas nossa convivência, nosso auxílio mútuo, é total. Temos em comum nossa vida espiritual - vida de oração e serviço. Rezamos o terço todos juntos, inclusive as crianças (são 6), às Cl) Orientada pelo Pe. Jonas, existe em Queluz a Com'llllidade Canção Nov-.t, predominantemente de jovens, que lá ficam durante um ano de "serviço re:igloso" - trabalhando em evangelização por meio de encontros de joveru, experiência de oração, e da rádio, cassetes, etc. Aqueles que desejam permanecem lá. mas a maioria volta à sua vida normal, sem contudo desli~ gar-se completamente da comunidade.
(2) Jonas, Maria Angela e o marido, Maurício, e Crls são dentistas. Eraldo era professor e fazia faculdade de engenharia - é responsável pelo setor técnico da Rádio.
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7 da manhã e às 6 da tarde, e fazemos, com elas também, uma breve oração a 1 da tarde. As sextas-feiras, a comunidade se reúne para uma reunião de oração e temos também uma vez por semana uma reunião de estudo - esta dirigida por Jonas, que já terminou a teologia. Num fim de semana por mês fazemos um encontro de oração, seja da comunidade, seja aberto a todos.
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Nossas reuniões nem o sítio são fechados, só da nossa família: nada é "nosso''! Quem quiser pode vir participar das reuniões - e muitas pessoas participam -; quem quiser vir morar conosco pode construir sua casa aqui, mas, como as nossas, a casa será da Associação. A comunidade conta também com a adesão de muitos casais, inclusive de outras cidades, que vêm aos encontros, participam do estudo e da oração, ajudam na evangelização. Além disso, já surgiram, em outros lugares pelos quais passamos, comunidades como a nossa."
E quanto ao trabalho de vocês pelo Reino? "A Rádio é um dos apostolados permanentes da nossa comunidade. Procurando ajudar o Pe. Jonas na evangelização, to· dos nós - inclusive, quando é o caso, as crianças - trabalhamos nela. nos mais diversos horários, de acordo com a disponibilidade de cada um e as necessidades que se apresentam. Temos batalhado para que cresça e possa atingir um maior número de pessoas. Hoie a Rádio já tem duas ondas: a Rádio Bandeirantes de Cachoeira Paulista (ondas tropicais) e a Rádio Canção Nova (ondas médias) . I•
Atendemos o dia todo pessoas necessitarias de oração e aconselhamento. O Senhor me deu (Therezinha) o carisma da cura interior e aconselhamento, e devo usá-los para o bem dos outros. Estamos sempre servindo onde nos chamam: encontros, aprofundamento de doutrina, evangelização. Não só aqui mas em outras cidades e também outros Estados. Nossa maior preocupação é com os casais e as famílias. Todo nosso trabalho é apoiado pela diocese. Trabalhamos também a nível paroquial: cursos de Crisma, de Batismo, de noivos, e outras necessidades da paróquia. Temos alguns planos: estamos começando a construir alojamentos para podermos fazer encontros de convivência familiar (pais e filhos). Essa construção tem recebido ajuda de mmtas pessoas, em doações ou campanhas. Estamos construindo uma capela, que será da Associação.
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Um outro trabalho vamos começar, se Deus quiser, no ano que vem. Já estamos planejando, juntamente com os dois párocos da cidade, formar casais "pilotos" - líderes - para orientar, evangelizar, cada um cinco famílias, inclusive na roça e periferia. Os casais pilotos estarão sempre recebendo orientação nossa e uma ou duas vezes por ano faremos um encontro geral de todas essas pequenas comunidades. ••
Dá para ver que estão plenamente realizados na opção de vida quu fizeram! "Estamos. Mas não somos perfeitos nem os melhores e por isso teríamos sido escolhidos! Todos são chamados. Deus nos escolheu porque dissemos Sim. Outros, melhores, com mais capacidade, não se propuseram, não tiveram disponibilidade, não disseram Sim. . . Nós amamos Jesus e Maria e queremos fazer tudo que eles nos pedem. Sabemos que temos muitas falhas, mas estamos sempre disponíveis e procuramos acertar. Oramos muito, oramos incessantemente, por isso temos colhido bons frutos."
Endereço para esclarecimentos e contatos :
Comunidade Sagrada Famllia C.P. 86 - 12 .630 - CACHOEIRA PAULISTA
Fone: (0125) 61-:.!094
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•.
O CASAL DIANTE DO
PRES~PIO
PISTAS PARA UM DEVER DE SENTAR-SE
(Do Boletim de Bauru)
Há uma analogia entre o nascimento de Cristo e o amor de um casal. É que a essência do amor está na doação da vida. Um cônjuge entrega ao outro a sua vida e como para nós, católicos. o próximo é o próprio Cristo. cada um celebra o Na tal quando nasce o amor pelo outro. O Natal também deve ser para o casal ocasião para uma reflexão mais profunda sobre o amor: - Cada um está plenamente identificado com o outro? E com os filhos? - A família forma um todo, único e unificado pelo amor e com Cristo? - O cônjuge e os filhos são autênticos presentes recebidos por graça do Divino Criador? Neste mundo agitado, de futuro imprevisível, de tanta injustiça e incompreensão entre os homens, a família precisa ser um espaço de paz e tranqüilidade, onde a verdade é conhecida e vivida; onde a compreensão e o respeito entre os membros os faz amados e seguros, confiantes na esperança do Reino de Deus. Diante do presépio, o casal, ao redescobrir a grandeza de Cristo que nasce para nós, lembre-se que cada um nasceu para o outro e deve dar a própria vida para a salvação do outro.
Linda e Albino Equip.a 10 de Bauru
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A
SEMENTE
QUE
FICA
. A preocupação com um posicionamento mais consciente e cada vez mais envolvido pelos princípios adotados em Puebla e Medellin tem sido uma constante do Movimento das E.N.S. em Petrópolis. Nesse sentido, o tema proposto às Inter-equipes permitiu que mais um passo fosse dado para o esclarecimento e ordenação de idéias e ações, definidoras de um apostolado dos equipistas junto às suas Comunidades. Na discussão desse assunto, tanto em equipe quanto no âm~ bito familiar, surgem sementes que, mesmo sem percebermos, ger~ minam e se enraízam em nossos seres. Exemplo disso é o que escreveu uma das filhas (14 anos) de um casal de nossa Equipe 5:
INJUSTIÇAS
Sim, Tu me deste boca para falar de amor, para falar de carinho, para pedir compreensão, mas, Tu me deste boca, principalmente para falar das injustiças. Sim, Tu me deste ouvidos para ouvir poemas, para ouvir músicas e palavras carinhosas, mas me deste ouvidos, principalmente, para que eu possa ouvir e perceber essas injustiças.
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Sim, Tu me deste mãos. mãos para abraçar, acariciar, mãos para tocar, sentir e apalpar, mas, me deste mãos, principalmente, para lutar contra essas injustiças. Tu me botaste no mundo para ajudar, porém, eu aqui não me incomodo, estudo, brinco, sorrio e não penso nas injustiças. Por que não me castigas, me falas duro, brigas comigo, me dás tapas para que eu acorde e veja que vivo num mundo de injustiças? Mas de nada adianta, eu escrevo, falo, penso, leio, mas não me mexo, não brigo contra elas, estão tão próximas que sinto medo, prefiro ignorar suas presenças. Estão ali: no mendigo, no empregado, na cozinheira, na lavadeira; estão tão perto, mas tão longe, longe pelo medo, medo de me envolver porque o problema não me atinge. Oh! Deus, Tu me deste tudo e nada usei a Teu favor.
o
(Do Boletim de Petrópolis)
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E AS FÉRIAS CHEGARAM . ..
Negativo. Absolutamente. Muito pelo contrário. Ledo engano de quem acreditou no título acima. Até que, certamente, gostariam alguns acomodados que, por incrível que pareça, existem nas Equipes. A característica de quem está revestido do Espirito é o dinamismo. Do morno, do acomodado, do esquecido, também Deus ~>e esquece. Somos cristãos conscientes, arautos da esperança, peregrinos que, de mãos dadas. caminhamos a buscar o amor do Pai, o crescimento espiritual, a concórdia conjugal, o espírito de família, a consciência de equipe, o bem do próximo, a promoção do irmão, a comunhão e a fraternidade total. Nós somos a Igreja. Não podemos, nunca, jamais, entrar em férias. Somos nós os operários da primeira hora na vinha do Senhor, e haveremos de frutificar. Somos os ramos da videira. E os que não frutificarem? A sociedade atual, materialista por excelência, hedonista e consumista, absorve. Muitos pensam que, agora que as férias chegaram, podem se entregar ao trivial, cruzar os braços. Outros, paradoxalmente, batem palmas, aplaudindo a caravana do caos, e viva as novelas, propaganda de cigarro, shows de TV, cinema, revistas de mulher nua. carnaval, praia. fénas, férias, férias. Como se este fosse o sentido da vida. Outros se regalam em multiplicar bens, abrir filiais, adquirir frotas de veículos de passeio, enriquecer explorando o suor do próximo. Como se valesse a pena acumular tesouros de metal vil que a ferrugem corrói e a traça destrói. E há ainda os que menosprezam os humildes e desvalidos, enchem o peito e explodem em autoritarismo, desconhecendo os direitos humanos mais legítimos. Tudo como se o absoluto não fosse Deus! Como se o Cristo não houvesse nascido, inocente e pobre, na mangedoura de Belém, e não houvesse subido ao calvário com a cruz aos ombros, redimindo a todos igualmente. -30-
Pelo fortalecimento e dignidade da Família é que se poderá recuperar a sociedade. Pela sua santificação é que se recristianizará o mundo. E esta tarefa é nossa. Não a queiramos passar a ninguém. Nós temos os meios. Conhecemos muito bem e são suficientes. A escuta da Palavra, a meditação diária, a oração das Equipes. a Carta Mensal nos irmanam. nos alimentam e nos preparam. A oração conjugal e familiar, o dever de sentar-se, o retiro nos enriquecem de bênçãos e nos fortalecem. em família. O tema nos leva à descoberta do sentido das coisas de Deus. A missa semanal nos reúne ao redor da mesa de Deus, em busca de um só Pão que nos alimenta e nos dá o sentido da igualdade, da unidade e da universalidade em Cristo.
Aldo e Maria Equipe 21 de Florianópolis
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'Para. transformar o mundo, a vós é pedido que viva.is de outro modo. Não à superfície de vós mesmos, vítimas das múltiplas solicitações que vos aio propostas pela. nossa. sociedade de consumo, mas em profundidade. Reserva! tempos para. a oração, para a reflexão, para. o sllêncio, a fim de nascerdes para a verdade de vós mesmos numa. verdadeira. rela.ção com Deus, com os outros. JOAO PAULO U
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O DIALOGO EM FAMíLIA
"Algum tempo atrás, escrevem Dorinha e José Júlio, responsáveis pelo Setor C de Florianópolis, José Júlio foi procurado por um amigo, pai de família, cla.sse média, cristão, que mantém razoável diálogo com a família. Todavia, nas férias escolares de julho passado, houve um desentendimento do pai com (\ filha (estudante, 17 anos), resultando na quebra de comunicação entre am~ bos. O pai pedia orientação : como proceder nessa situação? Jo.sé Júlio sugeriu que provocasse uma reunião da família (dever de sentar-se) e procurasse levar o a.ssunto ao nível de diá.ogo familiar. Dois dias depois, quando chegou ao trabalho, visivelmente emocionado, disse que a reunião de familla produzira o milagre da reconciliação e mostrou a carta que a filha lhe entregara, dizendo : 'Pai, eu também já não tinha mais jeito de viver t ão longe de você. Só que eu n ão tive a coragem de te pedir este encontro. Mas. no meu intimo, já tinha te perdoado e dialogado contigo. Veja esta cartinha.'."
. . . Existem épocas na vida da gente Em que ficamos muito tristes .. . Mas a vida é assim. Então o jeito é "levantar-se", seguir em frente, esquecer o que passou. E ser feliz ... E sermos felizes juntos ... Sabe, papai, muitas vezes a gente se engana no julgamento das pessoas, fazendo-as tristes e até mesmo indiferentes. Então, nessas horas, a gente tem que deixar o orgulho de lado e pedir desculpas pelo que fez. As vezes, num momento de raiva ou de explosão, a gente acaba botando prá fora coisas que nada têm a ver. Eu sei que cometi um grande erro te chamando de comunista, quando, na verdade, nem sei o que é. Acho que é porque tem a ver com submissão e autoritarismo, que, os pais, por ocuparem a posição de chefe de família e pais, sem querer impõem aos que estão ao seu redor. Afinal, pai é pai, e mesmo que não queira, mesmo sem sentir, acaba se tornando autoritário, fazendo com qUe os outros se tornem submissos a ele. Já pensou se não houvesse autoritarismo? Todos fariam o que quisessem e aí, então, viraria bagunça. -32-
Mas ninguém quer isso, eu pelo menos não sou exceção. Como toda pessoa na minha idade, eu quero sair, conhecer gente nova, discutir sobre religião, aula e tudo mais ... lt aí que entra a questão da confiança. Prá que alguém possa amadurecer interiormente é necessário que as pessoas depositem nela total confiança para que ela possa trazer uma resposta positiva àquele gesto: a realização pessoal. É necessário também aquelas "broncas" que mais servirão como um incentivo que propriamente bronca.
Eu tenho muito poucos amigos, e os que tenho, espero que o sejam na sincera acepção da palavra: Amigo é aquele ser mais sincero que existe, que nos faz crescer, é aquele que nos faz ser sempre mais verdadeiros ... E eu te considero "amigo", simplesmente por seres meu pai e por seres a pessoa que eu mais amo neste mundo, juntamente com a minha mãe. . Nunca é tarde prá se pedir desculpas, e eu espero que as aceites com todo o amor que sentes por mim, pois afinal, já não estava conseguindo ficar nesse baixo astral e nessa indiferença aqui em casa, como se fôssemos desconhecidos. Sei que é difícil aceitar os próprios erros, quando eles não são vistos por nós. Precisas saber que estás dialogando pouco conosco P que, ao invés de ir pro Fernando, poderias conversar com a gente, sobre a aula, problemas do dia-a-dia ... E no amanhã, tenhas certeza, não pedirás perdão a Deus, verás no espelho tua imagem bela, terás orgulho dos atos teus. Sei que não conseguiria te falar tudo o que escrevi aqui sem chorar. Já deverias saber que quando me emociono com alguma coisa, seja em qualquer lugar, escorre uma lágrima e muitas outras também, em forma de cachoeira, às vezes de alegria, tris· teza, medo, amor ... Mas seja o que Deus quiser, sempre estarei aqui, prá o que der e vier e prá deixar o orgulho de lado e te pedir tantas desculpas quantas precisar para que entre nós nunca, nunca mesmo, morra este sentimento tão puro entre um pai e uma filha: o amor mútuo. De quem "te ama muito"
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NOTíCIAS DOS SETORES
BAURU -
Vinte e cinco anos
"Corria o ano de 1960, escrevam OI11.nda P. Nadyr. qu11.ndo vlí.rios casais bauruenses vincu:ados à Congregação Mariana começaram a se movimentar visando à implantação das E.N.S. na cidade, encontrando logo no então pároco de Santa Teresinha, depois Bispo de Lins. Pe. Pedro Paulo Koop, um grande entusiasta da idéia. " Assim. na noite de 12 de outubro de 1960, reuniu-se pela primeira vez a Equipe 1, com o Cônego Pedro e o casal piloto, Ignez e Orozlmbo, vindos de Jaú, onde o Movimento já existia havia cinco anos (cf. C.M. de novembro) . O jubileu de prata das Eqnioe.c; de- Baur11 foi comemorado em duas etapas: missa em ação de graças, celebrada pelo Pe. Jonas. Conselheiro Espiritual do Setor, seguida de churrasco de confraternização; palestra de Cidinha e Igar ; representação teatral do histórico das ENS em Bauru. Com essas comemorações, era objetivo do Setor "agradecer de modo especial o que Nossa Senhora já fez. faz hoje e ainda fará para o crescimento da fé conjugal c familiar dos que crêem na mística do MoV'imento que tem o seu santo nome. •· -
Semana da Família
Durante a Semana, ou, mais propriamente, o Mês da Familia. os equipistas participaram nas paróquias ou comunidades dos seus conselheiros espiri-
tuais, desenvo:vendo trabalhos junto a casais, promovendo tríduos, oraçõP.s. e proferindo palestras. -
Concurso Btblico
Realizou-se no dia 28 de setembro o já tradicional Concurso Bíblico. versando desta vez sobre o Evangelho de S. Marcos. A Equipe 1, que organizou, prevera , inovando, uma oarte escrita, com testes bíblicos; só depois veio a parte oral. cada equipe sorteada por sua vez. o que evitou a competição em duelo. A vencedora foi a Equipe 4, que já vencera em 1983. Poucos casais deixaram de participar e todos os que tomaram parte sairam ganhando, com conhecimentos e a confraternização alegre do final. Pe. Jonas e Pe. Lamberto coordenaram, com a Equipe 1. -
Opção pelo!! jovens
A. Equipe 14, formada de casais jovens, trabalha em sua paróquia, principalmente com jovens, promovendo regularmente um Encontro destinado a integrar jovens na comunidade jovem - o chamado "Garotão". Nos dias
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12 e 13 de outubro, realizaram, como aprofundamento, o Reencontro dos jovens que já haviam feito o "Garotão". Entre as palestras proferidas, houve também a de um casal da Equipe 1, que é assíduo colaborador d-esses encontros. Parabéns a todos, e ao Conselheiro Espiritual que conta com .esse grupo dinâmico de jovens casais animando a juventude de sua paróquia.
RIO DE JANEmO -
Homenagem a Nossa. Senhora
Os movimentos marianos da Arquidiocese organizaram, para o dia 8 de dezembro, Festa da Imacu·ada Conceição, no Maracanãzinho, comemoração festiva dos 2. 000 anos do nascimento de Maria, constando de palestras, cantos e solene missa de encerramento, com grande participação do povo. As Equipes dt- Na. Sra. ficaram encarregadas da divulgação do evento.
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Um gesto signüica.tivo
Durante o Encontro Inter-Regional que reuniu os casais responsáveis regionais, de setor e coordenação das Regiões Centro-Leste e Rio de Janeiro, em Nova Iguaçu, ao fazer a abertura, o sacerdote lembrou que o aproveitamento só seria completo se todos se desligassem efetivamente de toda e qualquer vreocupação. Sugeriu que cada um escrevesse num papel o que o estava preocupando e a seguir todos foram convidados a colocar os papéis num braseiro, junto ao altar, entregando simbolicamente suas preocupações ao Coracão de Deus. representado pelo braseiro.
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Armário comunitário
Inspirando-se no armário comunitário criado pelas equipes na França por ocasião da IH Guerra Mundial, quando os primeiros casais equipi.stas armazenavam mantimentos obtidos com suas quotas de racionamento e cada um retirava somente aquilo que lhe era indispensável, a Equipe 31/F organizou, no ano passado, com o objetivo de ajudar equipi.stas desempregados, um armário comunitário. Todos os Setores do Rio colaboraram na ocasião, suprindo o "armário" com produtos alimentícios não perecíveis, e também ro11.pas, livros. brinauedos, etc. Enquanto houver inflação e desemprego, o armário 1!0lldário continuará em funcionamento.
BELO HORIZONTE -
Notícias
Anotem os que passarem por Belo Horizonte: toda 1• segunda-feira do mês, as Equipes participam de uma hora de adoração na Igreja da Boa Viagem, às 21 horas.
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Família, testemunha do Deus vivo - o tema do retiro de novembro, para o qual 30 casais estavam inscritos. Dois os pregadores: Pe. José Augusto e Pe. Enemésio, com palestras ainda a cargo de leigos sobre temas envolvendo vida a dois e educação dos filhos. Virgínia e Carlos, responsáveis pela formação espiritual na Coordenação, também atuam junto ao Movimento "Emaús" - o que poderá ser o caminho para a futura formação de E.J.N.S.
AGUA:t -
Recebendo noivos em casa
A Equipe 1, encarregada de coordenar os cursos de noivos (a Equipe 2 cuida do Encontro de Casais), resolveu instituir uma "prévia": uma semana antes do curso, os oito casais da equipe reúnem 2 ou 3 cas:'l.is de noivos em sua casa para um bate-papo preliminar. Fala-se da vida a dois e, principalmente, da importância da presença de Deus na vida do casal. Isto porque os equipistas sentem falta de um conteúdo mais religioso nos cursos. Os noivos ficam bem à vontade, fazem perguntas e chegam no curso mais preparados e prontos a fazerem mais perguntas! Afirmam Olimpia e Heliodoro: "Parece que todos gostaram bastante." São quatro cursos por ano, com 22 a 24 casais de noivos por curso.
GUARATINGUETA -
Equipes de jovens
Foram formadas mais três equipe.c; de jovens, na faixa etária de 14 a 18 anos. Com o testemunho desses jovens - verdadeiros apóstolos no seu meio - há muitos outros jovens querendo participar. Casal responsável e Conselheiro espiritual das Equipes de Jovens resolveram formar uma equipe para poder ampliar o movimento e também estendê-lo à faixa etária dos menores. O funcionamento das Equipes de jovens é igual ao das E.N.S. Saindo o casal piloto, é eleito um par responsável. Todas as equipes contam com um Conselheiro Espiritual. A Equipe 1, que já tem quatro anos, faz regularmente seu retiro. Antes de entrarem para a equipinha, os jovens têm uma fase de pré-equi· pe, quando tomam conhecimento do movimento e de seu estatuto - baseado no das E.J.N.S., com algumas modificações. As equipes de jovens têm dois campos de apostolado imediato, por enquanto atendidos pelos 14 jovens da Equipe 1, hoje com 20-22 anos: a organi.za,ção do Encontro dos menorzinhos, quando dão palestras, testemunhos e dirigem· tudo; a cozinha e a limpeza nos retiros dos pais (cf. C.M. de abril de 1983) . E todos já colaboram no terceiro: a ajuda ao Seminário, com campanhas de arrecadação, barracas, etc.
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Encontro de Jovens
Realizou-se em outubro um Encontro de um dia para os jovens das equipinhas e seus amigos. Participaram 57 jovens. As palestras: O Amor divino, Os problemas dos jovens na sociedade de hoje, A figura de Cristo como resposta para estes problemas, O jovem na comunidade. Esta última foi dada por um jovem da Equipe 1, como testemunho de "como viver feliz, alegre, participante e como cristão". As demais foram todas dadas por casais aquipistas, os Conselheiros atendendo à parte espiritual e celebrando a missa de encerramento.
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Retiro
"~ muito difícil descrever tudo o que sentimos ao ouvir o no.sso Frei Ulrich Steiner falando de conversão, de r·econciliação. 'Conversão é at:tude fundamental de vida e nos leva ao encontro de Deus. Não há conversão sem reconciliação nem reconci !ação sem conversão. Reconciliação leva à harmonização plena dos cônjuges entre si e consigo mesmos. Sem reconciliação não podemos celebrar a Eucaristia.' Participaram 34 casais - "o local não comportava maior número". ou seja: lotaram a casa.
SANTOS -
Inter-equipes comunitária
As reuniões mistas tiveram, este ano. uma dinâmica diferente, numa dimensão comunitária. Todos os participantes reuniram-se no CEFAS, onde "a reunião" teve início com uma parte litúrgica dirigida pelo Conselheiro Espiritual do Setor, Mons. Ary. Depois da liturgia da Palavra e da homilia, separaram-se então em círculos com um Conselheiro Espiritual (quase todos estavam presentes) para debater "A mis~ do leigo", preparada anteriormente, com respo.sta por escrito. Finda a troca de idéias sobre o tema, vo:taram, em prock:são, para a capela, onde, no ofertório, cada casal levou !l.O altar sua respoota e sua partilha. Continuou a liturgia eucarística, terminando com o Magnificat. Encerrou-se essa "inter-equipes" diferente com um lanche comunitário.
"'AO CARLOS -
É
na. paróquia mesmo ...
Esta a conclusão a que chegaram os equiplstas da 7, que "durante muito tempo se questionaram sobre a necessidade de realizar um trabalho apostólico comum". Todos eles estão engajados em serviços paroquiais: um, no grupo de preparação para o Bat'smo, outro, na pastoral da familla, outro ainda junto aos adolescentes. outros organizando uma pastoral universitária em nível paroquial, e mais outro em várias atividades pois "são muito requisitados para tudo, atendendo sempre com a máxima boa vontade ".
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Ação e oração
Conta a Equipe 13: "Nossa maior atividade nas ú timas semanas foi a colaboração com a quermesse da Igreja de S. Sebastião. Ficamos responsá· veis pela barraca de bonecas e lá estávamos todos os fins de semana., durante os últimos dois meses, juntamente com nossos filhos." (grifo nosso) Agora, a oração: "Durante esta temporada nossa equipe completou mais um ano de vida (7 anos) e todos nós participamos de uma missa em ação de graças pela nossa união e nosso crescimento na fé." Mas o melhor vem agora: "Temos o hábito de passar diariamente, por telefone, um texto para meditação. Alguns textos têm sido passados por escrito, com mensagens bonitas, profundas e questionantes. Todos estão gostando e se enriquecendo."
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Ligando de verdade
Comenta a. Equipe 8: "Nossa equipe há anos vem se beneficiando da palavra oportuna. do seu Casal de Ligação. Sen timos a sua presença e orientação no amor que devotam à missão a.ssumida. E quando não recebemos com antecedência sua meDS9.gem, pode-se colocar duas cadeiras a mais, porque eles estarão participando da reunião. Que Deus lhes retribua a compreensão e o amor com que cumprem a missão e os ilumine sempre para poderem di1fid1r conosco seus conhecimentos e incentivos."
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Quando é outro o caminho
Escrevem os equipistas da Equipe 14 no Boletim: "Nossa Igreja é muito t·ica porque os leigos têm diversidade de funções e vocações. P ensando assim é que noticiamos que !rene e Osmar já não estão conosco como equipistas, pois. guiados pelo Espírito de Deus, que ilumina a todos, partiram para outro caminho, onde temos certeza que, pelos dons recebidos, disponibilidade e vontade de alcançarem a Jerusalém Celeste, se sairão muito bem, pois têm muito de bom para dar. Estamos tristes?~ lógico que sim, pois nos ama mos, porém, aceitamos como vontade de Deus, sabendo que frut ificar ão e:n outro lugar. Estaremos sempre unidos a eles em oração."
VOLTOU AO PAI CONSTANTIN SIPSOM - Com Geneviêve, um dos primeiros casais das Equipes na França, responsável durante muitos anos pelo então Centro Diretor e braço direito do Pe. Caffarel. O casal Sipsom dispensou uma atenção tOda especial ao Brasil no início do Movimento aq,ui.
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NOVAS EQUIPES BELO HORIZONTE - Equipe "nova" 4 - Na. Sra. do Perpétuo Socorro - Casal Piloto: Marilena e João; Conselheiro &piritual: Pe. João Ruffier, SJ. RIO DE JANEIRO - Equipe "nova" 76 (Setor A) - Na. Sra.. Stella Maria -- Casal Piloto: Lourdes e Eitel; Conselheiro &piritual: Pe. Jorge. SANTOS - Na. Sra. Rainha dos Apóstolos - Casal Piloto: Evelyn e Villarinho; Conselheiro Espiritual: Monsenhor Borowski - Na. Sra.. do Imaculado Coração - Casal Piloto: Vania e Walter; Conselheiro &piritual: Dom José Carlos Castanho. - Na. Sra. do Carmo -· Casal Piloto: Angela e Fernando; Conselheiro Espiritual: Pe. Julio Llarena. SAO PAULO/A - Equipe 18 - Casal Piloto: Rosa Maria e Luís Anto• nio; Conselheiro &piritual: Pe. Stefano Perugini. l:quipe 19 - Na. Sra. das Graças selheiro &piritual: Pe. Ervino Vevian.
Casal Piloto: Ivone e Alvaro; Con·
NOVOS RESPONSAVEIS FLORIANóPOLIS, SETOR A substituem Nancy e Aécio.
Maria de Lourdes
e Fernando Boing
ITAJAí - A1r e Van1r passaram a Coordenação às mãos de Carmen Do· rotéta e Alvacir Jair da Luz. JUIZ DE FORA - Leda e Edson entregaram o Setor aos cuidados de Maria Inês e Clesson Francisco Millen. REGIA.O SAO PAULO/LESTE - Yara e Paulo José S. Nathan substituem Marlene e João Roberto na responsabilidade pela Região. SAO JOS11: DOS CAMPOS - No lugar de Yara e Paulo, assumiram Maria Salma e Paulo Mesquita de Carvalho Neto. JOS11: BONIFACIO - Doroti e Armando Luís Caparroz substituem Esmeralda e Maucyr à frente da Coordenação.
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A LUZ DO
PRES~PIO
T&"\:TO DE MEDITAÇAO -
A Igreja, que caminha através de um mundo onde ~xiste tanta desigualdade, opressão e luta, que caminha através de um mundo dividido entre o Ocidente e o Oriente, entre o Sul e o Norte, esta Igreja encontra-se hoje diante de Vós, Filho de Deus, nascido de Maria Virgem, Filho do carpinteiro, e deseja ler novamente no mistério da noite de Belém o sentido da própria missão no mundo. Em Vós, que Vos fizestes pobre por nós, a Igreja deseja encontrar novamente a força da bem-aventurança dos pobres - dos pobres em espírito, dos quais é o reino do céu - e deseja permanecer-lhe fiel! E com a força desta bem-aventurança deseja transformar os homens, as sociedades e os sistemas. Deseja construir "a nova terra e os novos céus", em que habitem a justiça e a paz. Profundamente conscientes desta missão e fortalecidos pela verdade da bem-aventurança por Vós proferida com o vosso nascimento como Filho de Deus e Filho do Homem, nós desejamos confessar, rie maneira particular, a nossa união fraterna com todos os homens e, especialmente, com aqueles que sofrem por estarem carentes do necessário, com aqueles que constituem a grande multidão dos pobres. Esta multidão talvez sem o saber - está a seguir-vos, precisamente a Vós, Bom Pastor, Filho de Deus, que vos fizestes pobre por nós, a fim de que, pela vossa pobreza, nos tornássemos ricos. ORAÇAO -
Diante de Vós, Verbo Eterno, que quisestes nascer no ambiente esquálido de um estábulo para enriquecer os homens da vossa divindade, a Igreja renova a sua opção preferencial pelos pobres. Além disso, ela implora que a luz proveniente do presépio dissipe as trevas do erro, do ódio e do egoísmo que pesam sobre os corações humanos e os convença a aplicarem-se em prol de um mundo em que os valores da justiça e do amor, r.ada vez mais compartilhados e traduzidos em obras, preparem o caminho para aquela Paz que os Anjos anunciaram no céu de Belém, para a esperança e a alegria de todos. Amém. (João Paulo II. Mensagem de Natal, 25/12/84)
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EQUIPES DE NOSSA SENHORA Movimento de casais por uma espiritualidade
conjugal e familiar
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