ENS - Carta Mensal 1986-1 - Março

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N.0 1 -

1986

MARÇO

Um momento com a Equipe da C. Mensal Editorial: Vitó ria da Ca ridade . . . . . . . . . .

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P az na terra aos homens por Ele amados

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O Instituto da Família -

F lorianópolis

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A Ec ir conve rsa com vocês :. . . . . . . .

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A Re uni ão de Equipe . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 Relembrando a História do Movimento . . 16 Mãe de Deus, Rainh a dos Anjos ...... . . 18 En cerra mento do Sínodo . . . . . . . . . .

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Qu aresma + Escuta da Pal avra + Campanh a da Fra ternid ade . . . . . . . . . . . . . 24 São Cirilo de Jerusalém . ... ..... ...... . . 27 No tícias dos Setores ........ . .. ........ 30 Ca rt as dos Leitores .

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O QUE LER NESTE NúMERO

Tanto do ponto de vista da Igreja Universal como do Movimento , o mês de março apresenta muitas faceta s importantes. E para nós , Equipes do Brasil , que estamos neste mês voltando de um período de férias , acrescem-se os acontecimentos dos meses anteriores, que não podem passar despercebidos. No final de novembro - tarde demais para nossa Carta Mensal de dezembro - realizou-se em Roma a Assembléia Extraordinária do Sínodo dos Bispos . Um casal de nossas equipes, testemunha ocular de seu encerramento, escreve sobre o assunto neste número (pg. 20). Por outro lado , promovido pela ONU , in iciou-se em I de janeiro de 1986 o Ano Internacional da Paz . Sobre a Paz, aquela que o Senhor nos deixou, vocês encontrarão uma palavra à pg. 5. A Campanha da Fraternidade preenche todo o mês de março. TERRA DE DEUS , TERRA DE IRMÃOS é o assunto sobre o qual a ECJR conversa com vocês, à pg. I O. E sobre a inserção da Escuta da Palavra no espírito da Campanha, o Pe. ]osé Carlos di Mambro , C.E. da EClR, nos dá sua orientação segura à pg. 24. Vocês poderão encontrar ainda nes te número um belíssimo testemunho de engajamento de um casal das ENS na Pastoral da Famíli a (pg. 7). O Editorial do Pe. Caffarel que publicamos este mês não é novo e para muitos , é um texto bem conh ec ido . Mas resolvemos voltar a ele porque reflete bem o espírito em que nos colocamos neste iníci o de 1986 : a bu sca da vitória da caridade fraterna (pg. 3). Além da roupagem nov a que a seção Notícias dos Setores recebeu es te mês (pg. 30), vocês vão encontrar também algumas seções novas e partir de agora: sobre os métodos do Movimento (iniciando neste número uma série sob re a Reuni ão de Equipe), à pg. 13; sobre a História do Movim ento à pg. 16 ; sobre a Vida e a Obra dos Santos, à pg . 27 . Finalmente, dando início a uma seção de Cartas dos Leitores, vocês encontrarão uma palavra à pg. 36. O texto para meditação e a oração litúrgica para este mês estão na segunda contra-ca pa. Nossa Senhora, protetora e padroeira de nossas Equipes, não pode jamai s estar ausente: ela está bem no centro desta Carta Mensal. Bôa Leitura 1


UM MOMENTO COM A EQUIPE DA CARTA MENSAL

Alguns chegam outros partem ... Nós chegamos com muito entusiasmo, com muita vontade de acertar! Sabemos que em sua divina sabedoria o Santo Espírito não faz nada por acaso; suas mãos nos conduziram para nos entregar nesse instante de nossas vidas e da vida das Equipes dentro do Movimento, a responsabilidade de dar prosseguimento ao maravilhoso trabalho de levar o Movimento às Equipes . Somos uma Equipe, mas uma equipe diferente. Nossa missão: elaborar a Carta Mensal. Dizer que o objetivo da Carta Mensal é informar e formar só repete aquilo que todos nós já sabemos, porém, quanta coisa em nossa vida nós sabemos, nós conhecemos e no final, não sabemos porque, nos esquecemos Em seu aspecto informativo a Carta Mensal se preocupa em levar a todos os equipistas além dos diversos aspectos doutrinários as informações a respeito do Movimento em si. Desta forma no Editorial encontramos uma orientação espiritual para o mês, na ECIR Conversa Com Vocês o ponto de vista do Movimento, na Palavra do Papa a posição da Igreja e nas Notícias dos Setores o que acontece nas diversas partes do país . Do ponto de vista formativo a Carta Mensal se preocupa com o conteudo do que publica, procurando levar a todos os equipistas as diretrizes doutrinárias da Igreja a respeito das atualidades do momento, bem como o que espera das Equipes e dos equipistas em relação a seu posicionamento frente à Igreja Peregrina e ao Movimento como um elo de união. O trabalho que a Carta Mensal prestou durante estes anos, na pessoa de seus responsáveis, não pode e não deve ser esquecido . Aqui queremos deixar, nós que agora estamos iniciando esta caminhada, nossos profundos agradecimentos para aqueles que, por amor ao Cristo que vive em nós e em todos os equipistas, dedicaram todos esses anos de suas vidas a nosso serviço. Deus em sua infinita sabedoria saberá derramar sobre eles suas bênçãos. Vocês caros irmãos, que deixam agora esse mister, podem estar certos que sempre serão lembrados por esse trabalho. -

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Alguns partem, outros chegam ... O trabalho deve continuar. Nossa intenção para este ano que se inicia, é dar à Carta Mensal um sentido de fundo a par da orientação do Movimento. O traço que pretendemos imprimir para a Carta Mensal deste ano de 1986 é a UNIÃO DAS EQUIPES EM TORNO DO MOVIMENTO. Todos sabemos que as Equipes isoladas não poderiam sobreviver muito tempo. É na união em torno das diretrizes do Movimento que nos fortalecemos. Nós, os galhos, não sobreviveremos sem a seiva do tronco . Os galhos quebrados, apartados do tronco, secam e morrem! A partir deste número vocês acharão artigos que procurarão ligá-los ao Movimento. Alí vocês poderão encontrar o que o Movimento preconiza para as Reuniões Mensais, como se deve entender o Casal de Ligação, qual o verdadeiro papel do Conselheiro Espiritual, como vocês devem participar do Movimento, enfim, o que é preciso para sermos uma Equipe do Movimento das Equipes de Nossa Senhora. No Brasil todo as Equipes reunem perto de 7.000 casais equipistas. Como manter a unidade? Como obter que todos vivam e trabalhem em prol de um objetivo comum: A ESPIRITUALIDADE CONJUGAL E FAMILIAR? Procuraremos com a confiança que temos na ação do Espírito Santo, aquele que une e que santifica, darmos nossa contribuição para que sejamos "As EQUIPES DE NOSSA SENHORA UNIDAS AO MOVIMENTO" . EQUIPE RESPONSAVEL DA CARTA MENSAL

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EDITORIAL

VITóRIA DA CARIDADE É preciso que a caridade fraterna cresça sem cessar na vossa equipe. A medida que os casais se esforçam na prática do auxílio mútuo e do amor fraterno, pouco a pouco seu coração se dilata. E, sucessivamente, seu amor conquista a casa, o bairro o país. . . até atingir as mais distantes plagas. · Construir uma igreja é importante: alí morará dia e noite o Cristo eucarístico. Não menos necessário para a cristandade é possuir equipes de caridade: é outra maneira de tornar Cristo presente aos homens. "Onde ·está o amor fraterno, aí está Deus", canta a liturgia da Quinta-Feira Santa. "Quando dois ou três estiverem reunidos em meu nome ·- promete Jesus eu estou no meio deles". Presença de Cristo, portanto presença da Igreja. Onde cristãos se amam, aí está a Igreja. Com a condição, porém, que queiram ser parcela da Igreja, ao serviço da Igreja. O poder de intercessão dos cristãos, quando são unidos, é de uma força extraordinária: "Se dois de vós na terra concordarem em pedir o que quer que seja, em verdade vos digo, o obterão de meu Pai que está nos céus." Uma comunidade fraterna é uma mensagem de Deus aos homens. Sua mensagem mais importante, aquela que revela a vida íntima de Deus, sua vida trinitária. Não há discurso mais eloquente e convincente sobre Deus do que o espetáculo de cristãos que "são um", como o Pai e o Filho são Um. Nada glorifica mais a Deus do que cristãos unidos. É a grande obra-prima da graça divina. Agrada a Deus, que aí descobre um reflexo de sua vida trinitária. "Os céus cantam a glória de Deus", o amor fraterno canta o Amor eterno.

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Que esta idéia fixa portanto vos possua: fazer de vossa equipe uma vitória da caridade. A oração em comum, a partilha, a coparticipação, a troca de idéias são meios colocados à vossa disposição para que possais vos unir ao nível da alma, "em nome de Cristo", no Cristo. Muitas vezes, a tentação é grande de ficar apenas no plano da amizade humana. 'É preciso reagir sempre: a amizade cristã é uma conquista. O "dever de sentar-se", a preparação do tema de estudos são outros meios oferecidos, desta vez aos esposos, para ajudá-los também a unir-se em Cristo. Auxílios bem úteis. Respeito humano, timidez, avareza do coração, cotidiano da vida, reclamos da carne: são tantos os obstáculos a essa união espiritual dos esposos! Quantos, mesmo entre os melhores, passam a vida inteira sem fazer a experiência desta intimidade no Cristo: põem tudo em comum, tudo, menos o mais precioso, sua vida com Cristo. Henri Caffarel

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"Pode-se dizer que o nível espiritual de um lar se mede simplesmente pela intensidade, pela delicadeza, pela plenitude da intimidade. Desde a primeira manhã, o amor e a graça se entrosaram: a graça convida ao melhor amor, e o melhor amor abre-se mais largamente à graça."

H. Caffarel (em "O amor e a graça")

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PAZ NA TERRA AOS HOMENS POR ELE AMADOS Estamos em pleno Ano Internacional da Paz. Para nós, cristãos, muito mais que uma ausência de guerras, a Paz é aquela que os anjos anunciaram aos pastôres em Belém, aquela que o Cristo nos deixou, a Sua Paz. Em união com o Papa João XXIII, propomos à meditação de vocês, alguns pequenos trechos da primeira parte da Encíclicas "Pacem in terris".

A paz na terra, anseio profundo de todos os homens de todos os tempos, não se pode estabelecer nem consolidar senão no pleno respeito da ordem instituída por Deus. Em uma convivência humana bem constituída e eficiente, é fundamental o princípio de que cada ser humano é pessoa; isto é, natureza dotada de inteligência e vontade livre. Por essa razão, possui em si mesmo direitos e deveres que emanam simultaneamente de sua própria natureza. Trata-se por conseguinte, de direitos e deveres universais, invioláveis e inalienáveis. E se contemplarmos a dignidade da pessoa humana à luz das verdades reveladas, não poderemos deixar de tê-la em estima incomparavelmente maior. Trata-se, com efeito, de pessoas remidas pelo Sangue de Cristo, as quais com a graça se tornaram filhos e amigos de Deus, herdeiros da glória eterna. (9-1 O) 1 Exige ( ... ) a dignidade da pessoa humana um agir responsável e livre. Importa, pois, para o relacionamento social, que o exercício dos próprios direitos, o cumprimento dos próprios deveres e a realização dessa múltipla colaboração derivem sobretudo de decisões pessoais, fruto da própria con1 A numeração é a da Coleção "Documentos Pontificios", da Editora Vozes (Petrópolis, 1963).

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vicção, da própria iniciativa, do próprio senso de responsabilidade, mais que por coação, pressão, ou qualquer forma de imposição externa. Uma convivência baseada ·unicamente em relações de força nada tem. de humano: nela veem as pessoas coarctada a própria liberdade, quando, pelo contrário, deveriam ser postas em condição tal que se sentissem estimuladas a demandar o próprio desenvolvimento e aperfeiçoamento. (34) A convivência entre os seres humanos só poderá, pois, ser considerada bem constituída, fecunda e conforme à dignidade humana, quando fundada sobre a verdade, como adverte o Apóstolo: "Renunciai à mentira e falai a verdade cada um com seu próximo, pois somos membros uns dos outros" (Ef. 4,25). Isso se obterá se cada um reconhecer devidamente tanto os próprios direitos quanto os próprios deveres para com os demais. A comunidade humana será tal como acabamos de a delinear se os cidadãos, guiados pela justiça, se dedicarem ao respeito dos direitos alheios e ao cumprimento dos próprios deveres; se se deixarem conduzir por um amor que sinta as necessidades alheias como próprl.as, fazendo os outros participantes dos próprios bens; e se tenderem todos a que haja no orbe terrestre uma perfeita comunhão de valores culturais e espirituais. Nem basta isso. A sociedade humana realiza-se na liberdade digna de cidadãos qu~, sendo por natureza dotados de razão, assumem a responsabilidade das próprias ações. (35) A ordem que há de vigorar na sociedade human é de natureza espiritual. Com efeito, é uma ordem que se funda na verdade, que se realizará segundo a justiça, que se animará e se consumirá no amor, que se recomporá sempre na liberdade, mas sempre em novo equilíbrio cada vez mais humano. (37) Ora, essa ordem moral - universal, absoluta e imutável nos seus princípios - encontra a sua origem e o seu fundamento no verdadeiro Deus, pessoal e transcendente. Deus, verdade primeira e sumo bem, é o único e o mais profundo manancial, donde possa haurir a sua genuína vitalidade uma sociedade bem constituída, fecunda e conforme à dignidade de pessoas humanas ( ... ) (38)

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O INSTITUTO DA FAMíLIA DA AROUIDIOCESE DE FLORIANóPOLIS Há dois anos , convidados por O. Afonso Niehues, nosso Arcebispo, assumimos o Instituto da Família da Arquidiocese de Florianópolis. Juntos na tarefa, mais cinco casais (dois deles equipistas) e um sacerdote . Fomos à Missa de posse vivendo um pouco a apreensão, o medo e a esperança. Não sabíamos bem o que fazer; como fazer, por onde andar. Mas, em um cartão poucos dias depois recebido, um sacerdote amigo nos escrevia: "O Espírito Santo indicará tudo o que vocês deverão fazer em favor da família catarinense". E assim foi. Foi o Espírito do Senhor que falou em nós, lembrandonos, a cada passo , as palavras de Jesus: "Sem mim, nada podeis fazer" (Jo 15,5) . Nesse tempo, desenvolvemos tarefas que às vezes pareciam superiores às nossas forças. Vamos relatar um pouco do que se fez . Posicionamentos frente às notícias que davam conta da liberação do "top-less" em nossas praias. Foi uma atitude firme, dirigida ao Governo do Estado e ao jornal que veiculou a matéria . E tivemos a resposta pessoal do Governador e do Secretário de Segurança, bem como vimos publicadas nossas posições no jornal. Se tivemos algum receio? Claro que tivemos. Depois, quando o Governo Federal enviou mensagem ao Congresso Nacional propondo, entre outras medidas , a revogação do dispositivo constitucional que prevê o casamento como base da constituição da família (Art. 175). escrevemos a todos os Senadores e Deputados Federais de nosso Estado mostrando o nosso ponto de vista contrário à medida e apresentando as nossas razões . A mensagem acabou sendo retirada pelo próprio Governo, mas valeu a iniciativa, à qual se juntaram, também , os Movimentos. Manifestamo-nos, também , junto aos Ministérios da Justiça e das Comunicações , relativamente a cenas mostradas pela televisão, especialmente durante o Carnaval ; estivemos mais uma vez presentes junto aos Senadores e Deputados Federais, pedindo a rejeição do projeto que pretendia a legalização do aborto, e rece-

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bemos resposta da quase totalidade dos parlamentares , que publicamos na Revista Pastoral de Conjunto da Arquidiocese . Promovemos dias de estudo sobre o aborto (até hoje continuam a se multiplicar, aqui e ali, as palestras e os debates sobre o assunto: em escolas, em comunidades do interior e até em uma Assoc iação de Classe. O conjunto de si ides não pára .. . ) Realizamos um painel a respeito da influência dos Meios de Comunicação Social sobre a família , com casa lotada e boa repercussão na imprensa. Buscamos o entrosamento entre os vários Movimentos existentes na Arquidiocese. Tentamos dar início e/ou novo impulso às Equipes de Pastoral Familiar nas Paróquias e, neste sentido, reunimos mais de 100 agentes de Pastoral em um dia de estudos. Promovemos dois almoços voltados para as famílias (no último, perto de 600 pessoas estiveram presentes) Lançamos o I Concurso Arquidiocesano de Redação e de Cartaz sobre a Família, destinado aos 160.000 alunos de 1. e 2. graus das escolas das rêdes públ ica e particular situadas nos 33 Municípios que compõem o terri t ório da Arquidiocese. Trabalho imenso. Veio cada coisa bonita .. . Foram promovidas duas Semanas da Família, coordenadas por Movimentos de ltajaí, cidade a. 100 quilômetros de Florianópolis . O que se produziu para cada Semana? Foram preparados cerca de 15.000 I ivretos contendo a novena da família (tipo Campanha da Fraternidade); promoveram-se vigílias de oração pelas famílias; usaram-se os Meios de Comunicação Social (uma firma preparou filme de 30 segundo veiculado , por sua conta, nos espaços nobres da TV ; outra, contribuiu com espaço e material para programarmos a mensagem através de out-doors; fez-se o lançamento da Semana da Família à imprensa no Arcebispado, etc.); foram confeccionados cartazes , decalques para colocar em carros e nas casas; puseram-se faixas nas ruas , e assim por diante . Outro assunto diz respeito ao Aconselhaménto Conjugal : depois de passarmos por várias reuniões e encontros, nos quais estivemos com ma is de 300 casa is, procurando voluntários para reativar esse serviço , conseguimos a adesão de 25 deles. O serviço está funcionando normalmente, e seus primeiros frutos já começaram a aparecer, com casamentos que voltam a existir . Aqui, além das palavras de João Paulo 11, cabe lembrar uma passagem que está no livro O Sermão da Montanha , de Emmet Fox , um teólogo norte-amer icano: " Disse uma mulher, após meses de tratamento espiritual de seus problemas : O homem de quem eu ia me divorciar desapareceu e o homem com quem me casei voltou . Somos outra vez perfeitamente felizes . " . . . De outra parte , e num esforço realmente muito grande, com a cooperação de casais , sacerdotes e diác"onos, elaborou-se um 0

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novo material visando aos Cursos de Preparação para o casamento. Depois de várias reuniões, às vezes extremamente cansativas, chegamos a um texto-base, que foi levado à consideração de cerca de 250 agentes de pastoral, em memorável encontro no Colégio Nossa Senhora de Fátima. As críticas e as sugestões foram analisadas e o trabalho foi todo rebatido. Em si, estava pronto. Nesse meio tempo, e por "mero acaso", Frei Antonio Nader, da Editora Vozes, de passagem por nossa cidade, encontrou o conjunto de palestras e de informações com um sacerdote de nossas Equipes (o Pe . Pedro Koehler) e nos telefonou entusiasmado com o material, perguntando se aceitaríamos a publicação pela sua Editora. Confessamos: foi um choque, algo indescritível, notar a graça de Deus atuando tão fortemente. Logo agora, que tínhamos as preocupações voltadas para a impressão da obra. Afinal, aí está o livro, cujo título, tirado do Cântico dos Cânticos, foi-nos sugerido pelo Pe. Zézinho: "Entre milhares, eu te escolhi" - Introdução ao Sacramento do Matrimônio. São 150 páginas que, sem dúvida, têm imperfeições. Mas que estão cheias de amor. Cada palavra parece ter um pouco do sacrifício, da doação, da renúncia de alguém. Vocês, casais equipistas, são convidados a conhecer o livro e, mais do que isso, são solicitados a divulgá-lo e a pô-lo nas mãos dos que se preparam para o casamento. A Vozes já lançou a obra em todo o Brasil. Afinal, tantos equipistas são os autores que não é demais pedir que outros equipistas verifiquem e prestigiem o que foi feito por seus irmãos de caminhada .. . Os recursos materiais de que dispomos são poucos: Uma pequena sala no Centro Arquidiocesano de Pastoral, mais duas saletas para o Atendimento Conjugal , duas mesas velhas (uma delas impede que se estiquem as pernas ... ), algumas cadeiras e dois armários já entrados em anos. Os casais que atuam são geralmente os mais ocupados . Na Diretoria, representantes das Equipes de Nossa Senhora, Movimento Familiar Cristão , Movimento de Irmãos e Cursilhos de Cristandade . No Conselho Fiscal, além desses Movimentos , estão também os representantes do Emaús (jovens) e da Escola de Pais . Para não nos alongarmos, queremos registrar o quanto pudemos sentir a presença de Deus nesses trabalhos e louvá-lo, também, pela iniciativa de Miguel e Dilma , em 1979. E pedir-Lhe por Sirneão e Lídia , que agora continuam a missão . A Sagrada Família de Nazaré não deixa ao desabrigo aqueles que se dispõem a trilhar o caminho do serviço e do amor .

Carlos e Aparecida Martendal Equipe 15 - Nossa Senhora Auxiliadora Florianópolis

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A ECIR CONVERSA COM VOCiS Caros amigos Eis-nos mais uma vez na Quaresma. Para nós cristãos, este é um tempo privilegiado, pois se constitue numa caminhada de preparação para a celebração da Páscoa do Senhor Jesus . Esta celebração só será condigna se se constituir numa "passagem" para uma vida nova, isto é, se o espírito da Quaresma nos ajudar a sermos mais livres, mais desapegados, mais fraternos, em suma, mais convertidos, ou seja, mais semelhantes a Cristo no ser, no pensar e no agir. A caminhada se faz com grande esforço de superação pessoal, buscando uma maior intimidade com Deus, em união com o sofrimento e morte de seu filho Jesus, através de orações, jejuns, abstinências e renúncias. Essa penitência tem realmente valor se nos levar a uma mais autêntica vivência da filiação divina e da fraternidade, se nos fortalecer na busca de um maior comprometimento com a Palavra de Deus e com a caminhada da Igreja na construção do Reino .

"Sabeis qual é o jejum que e~ aprecio? diz o Senhor Deus: E romper as cadeias injustas, desatar as cordas do jugo, mandar embora livres os oprimidos, e quebrar toda espécie de jugo. E repartir seu alimento com o esfaimado, dar abrigo aos infelizes sem asilo, vestir os maltrapilhos, em lugar de desviar-se de seu semelhante." (Is . 58 , 6-7) Como Deus guiava o povo eleito no deserto .. .

"O Senhor ia adiante dêles, de dia numa coluna de nuvens para os guiar pelo caminho, e de ·noite numa coluna de fogo para os alumiar;" (Ex 13,21) -

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assim a nossa mãe Igreja nos orienta nesta caminhada: - pela liturgia, com suas leituras e celebrações, ilumina nossa fé; - pela Campanha da Fraternidade, com seus subsídios, seus questionamentos e suas propostas, motiva-nos a pedir a Deus a Graça da conversão, que se manifestará numa maior coragem para nos empenharmos com mais afinco na construção de um mundo mais humano e fraterno. "A Campanha da Fraternidade neste ano nos convoca para uma ação conjunta de preces, reflexões e mobilizações sobre o gravíssimo problema da questão da terra no Brasil a ser solucionado evangelicamente, ou seja, dentro da justiça e da fraternidade ". (Manual da C.F. pg. 5).

Alguns podem estar se perguntando: - O que tenho eu a ver com a questão da terra? A Campanha da Fraternidade visa uma conversão de todos nós, no sentido de buscarmos uma convivência de irmãos através de uma consciência melhor formada a respeito do problema da terra, que não se restringe às áreas rurais. Ela nos faz aprofundar que a " Terra de Deus" deve ser "Terra de irmãos". A terra é um Dom de Deus a todos os seus filhos . "Ora, o Senhor Deus tinha plantado um jardim no Eden, do lado do oriente e colocou nele o homem que havia criado. O Senhor Deus fez brotar da terra toda sorte de árvores, de aspecto agradável, e de frutos bons para comer . . . O Senhor Deus tomou o homem e o colocou no jardim do Eden para o cultivar e guardar" (Gn 2, 8-9a. 15).

E Deus entregou ao homem toda a erva, todas as árvores frutíferas, todos os .animais para lhe servir de alimento (cf. Gn 1, 29-30). Com isto, Deus ligou definitivamente o homem a um pedaço de chão, que representa o seu sustento, o seu teto. Representa também, de certa forma, um traço de união entre o homem e Deus, já que consiste num Dom deste àquele. Todos têm, pois, direito a esse pedaço de chão para a sua subsistência (hoje, com a evolução, também na forma de um trabalho condigno) e para o seu abrigo (uma habitação decente) . O que temos a dizer, com relação ao respeito a essa vontade de Deus, hoje, diante de nossa realidade? A Campanha da Fraternidade visa também conscientizar-nos quanto aos terríveis problemas que, direta ou indiretamente, estão ligados à terra: o problema dos migrantes, dos indígenas, dos sem terra, da fome, das inúmeras mortes, do crescimento desordenado de nossas cidades enquanto os campos se esvaziam; nos fazer sentir a problemática da moradia, da violência; constatar que a maior parte das terras do Brasil está -

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nas mãos de poucos; refletir sobre os apelos de Deus dentro dessa situação, buscar luzes na sua Palavra, ter gestos concretos de conversão e solidariedade e a participar na construção de uma nação de irmãos, através da prática da justiça, do diálogo e da fraternidade. E nós equipistas, vamos refletir e trocar idéias, a partir do texto base, em nossas equipes, em nossos setores, com nossos vizinhos, em nossa paróquia ... , a fim de melhor "conhecer" nossa realidade, julgá-la à luz da nossa fé, discernir o que Deus está nos dizendo através desses problemas, o que Ele espera de nós e o que podemos fazer de concreto no sentido de colaborar para uma transformação de nossa realidade local. Carinhosamente

Cidinha e Igar Aos casais responsáveis de Setores, pedimos que orientem suas equipes a fazerem pelo menos uma (se não for possível mais) reunião para estudo e reflexão do texto base e que promovam uma reunião geral para completar o trabalho iniciado nas equipes.

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A REUNIÃO DE EQUIPE Que estejamos na equipe há alguns meses ou vinte anos, temos uma coisa em comum: reunimo-nos pelo menos uma vez por mês. ~ o "tempo forte", o momento mais intensamente vivido de nossa vida de equipe. Por isso, a série de artigos que aqui começa diz respeito diretamente a cada um de nós. O que procuramos é lançar um olhar novo sobre a reunião mensal, para que possamos realmente colher todos os frutos que dela se esperam. E o mais excelente de seus frutos é o amor.

I. A REUNIÃO PREPARATÓRIA Sua importância A reunião preparatória é o momento exato para pulso da vida da Equipe. Nela, serenamente; o Casal o Casal Animador e o Conselheiro Espiritual têm a de destacar os pontos vividos na reunião anterior negativos) e prever e prover a reunião mensal. lmposs~vel a realização de uma perfeita reunião uma perfeita reunião preparatória antecedente .

a tomada de Responsável, oportunidade (positivos e mensal, sem

Quando deve ser realizada a reunião preparatória? Nunca de afogadilho (de última hora). A preparatória marcada para o dia anterior ou o dia da própria reunião mensal não atende as condições exigidas de revisão, previsão e provisão. Assim, o ideal é a realização da prepartória quatro dias, pelo menos, antes da reunião mensal. Quem deve comparecer à reunião preparatória? Comparecem a essa reunião: o Cons. Espiritual, o Casal Animador e o Casal Responsável (este último só estará dispensado do comparecimento por motivo de força maior).

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Onde deve ser realizada a reunião preparatória?

Evidentemente depende da própria tipicidade da Equipe, o local da realização da reunião preparatória. Algumas Equipes têm entendido que o Casal Animador da reunião mensal seja o Casal hospedeiro da última reunião. As Equipes que adotam esse sistema realizam a reunão preparatória pois, na casa onde foi efetuada a última reunião mensal. Há vantagens nesse sistema. A preparatória será realizada no mesmo ambiente onde ocorreu a mensal que irá ser examinada e o Casal Animador perceberá que, com a sua presença, mas fraternalmente, serão analizados os pontos positivos e negativos da reunião mensal em que figurou como hospedeiro. Como deve ser realizada a reunião preparatória?

Via de regra, a reunião preparatória é realizada após o jantar (o Cons. Espiritual janta nesse dia na casa do Casal Animador, possibilitando um contato maior com o casal e seus filhos). A reunião é iniciada com a leitura de um trecho, para meditação, escolhido pelo Conselheiro Espiritual. Os casais presentes (Animador e Responsável) fazem orações espontâneas. Em seguida é feita uma análise crítica da última reunião, com a anotação dos pontos que devem ser comunicados aos casais da Equipe. Segue-se a leitura das respostas enviadas (tema do mês), com destaque dos pontos que devem ser esclarecidos ou que trazem enriquecimento especial pelo seu conteúdo , bem como dos que devem ser co-participados (auxílio-mútuo) . Por fim é estabelecido um roteiro ou guia para a reunião mensal. Vai aqui um exemplo colhido na Carta Mensal X/3, de maio de 1962: "Um roteiro ou gu ia deve ser organizado para: a) tornar ordenado e eficaz o desenrolar da reunião, sem prejuízo da espontaneidade; bT possibilitar a co-partic ipação nos diferentes momentos da reunião; c) prever os avisos ou informações a serem transmitidos (comunicações do Setor, leitura de trechos da carta do casal de ligação, conferências, missas, retiros, etc.) e o momento oportuno para isso ; d) programar em seus pormenores a oração da reunião: clima favorável ao encontro com Deus (silêncio, crucifixo, etc.), método a ser adotado naquele dia (quem vai ler o texto, como será feita a explicação do Conselheiro Espiritual, ordem das orações pessoais, maneira de ser rezada a oração litúrgica, etc.); f) organizar a discussão do tema, com base nas respostas ou independentemente delas se não tiverem sido entregues em tempo ou não fornecerem matéria para debate, escolher pontos complementares não abordados no tema, ou controvertidos, pedir ao Conselheiro Espiritual que traga informação sobre algum ponto particular-

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mente delicado ou importante; prever a maneira de levar todos a tomar parte nos debates, os mais quietos em particular". O papel do Casal Animador

A ele compete criar o ambiente para que a reunião seja realmente uma "Assembléia cristã". Deverão ser abordados na preparatória as medidas a tomar: - de ordem espiritual: o Casal Animador deve preparar-se pela oração porque é a ele que compete dirigir a oração na reunião mensal; - de ordem material: deverá zelar para que esteja tudo organizado, com simplicidade e pontualidade; esforçar-se para ser o primeiro a chegar, ter sensibilidade para evitar que "haja equipe dentro da equipe" (grupinhos); transmitir calor cristão. Maria Helena e Nicolau Zarif

O casal das Equipes de Nossa Senhora vive da verdade, do amor, da santidade toods os dias. Assim também, felizmente, o casal cristão que não está nas Equipes. Mas o cotidiano desgasta a todos e, para alguns as Equipes de Nossa Senhora são a forma que acharam e escolheram para estar sempre voltando à "fonte". Esta é a razão da reunião, onde cada um leva sua vivência do mês e a confere com os compromissos que assumiu em relação à Equipe e em relação ao Movimento. Pe. Salvator

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RELEMBRANDO A IDSTóRIA DO MOVIMENTO "Levantou-se no tribunal um fariseu, de nome Gamaliel, doutor da lei. E disse: '. . . não vos metais com esses homens e deixai-os em paz. Caso se trate de empreendimento ou obra humana, será destruída por si-mesma; mas se provém de Deus, então não a podereis destruir'." (Atos 5, 34, 38-39) Por vezes, na vida vertiginosa de nossos dias, somos levados a pensar -apenas no momento presente como base para tornar o futuro menos sujeito a " chuvas e trovoadas". Assim agindo, pensamos como verdadeiros "pagãos mundanos", apegados às coisas materiais. De vez ém quando, porém, é bom "relembrar". B bom voltar ao ponto de partida. Analisar, numa visão histórica, os eventos que condicionaram o passado e que nos conduziram ao presente, tal como o vivemos e conhecemos. Neste contexto, a série que aqui começamos se insere na preocupação de nossa CARTA MENSAL, de remontar às fontes, de buscar as origens, para que, conhecendo melhor, possamos estar mais unidos em torno do Movimento. Assim, o que nos propomós - talvez novamente - é olharmos juntos com vocês as causas primeiras do surgimento do Movimento das Equipes de Nossa Senhora e, em alguns artigos posteriores, os eventos de sua história que, com a graça de Deus e a proteção de Maria Santíssima, sua padroeira, conduziram e conduzem sua propagação pelo mundo. 1. OS ANTECEDENTES Na longa caminhada da Igreja, nos quase 2000 anos que nos separam da vinda de Cristo ao mundo, surgiram, em épocas distintas, homens, organizações e movimentos que, segundo o Plano de Deus, respondiam às necessidades de cada momento vivido. Assim é que o sangue dos mártires dos primeiros séculos acabou convertendo ao cristianismo o imperador Constantino. Assim também a devassidão da decadente sociedade romana levou alguns cristãos conscientes da época à vocação eremita e, logo mais, à constituição das ordens monásticas. -

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Assim ainda, a riqueza e o apêgo aos bens materiais que invadiu igrejas e mosteiros no final da Idade Média e no início do Renascimento, deu origem a uma reação em direção ao desapêgo e à pobreza, surgindo daí as ordens mendicantes. Francisco de Assis adota a "pobreza" como pedra angular de sua Regra. O século das descobertas provocou o surgimento dos movimentos missionários, que levaram a Cruz de Cristo até os limites geográficos conhecidos da época. Num passado mais recente, temos os diversos institutos, irmandades e congregações, com seus objetivos bem definidos, criados de acordo com a vocação específica de seus fundadores para responder às necessidades da Igreja naquele momento e naquele lugar. Chega-se assim à era da industrialização, que vai matando aos poucos a era do artesanato. Enquanto este favorecia a solidificação da família - por vezes toda ela engajada em atividades desenvolvidas no lar - , aquela acabou se constituindo em causa primordial da desagregação familiar. A descristianização em massa que se seguiu deu origem à Ação Católica, que tinha o propósito de le.var Cristo aos meios afastados do Povo de Deus e de procurar reintegrá-los ao Corpo Místico. Essa situação levou a Igreja a se voltar para a família e, em 31 de dezembro de 1930, o Papa Pio XI publica sua Carta Encíclica CASTI CONNUBII. A revista "Anneau d'Or"(*), em seu número de novembro de 1949, relata de que forma esta encíclica fez florescer vários movimentos de casais, na época. Foi neste contexto que, em 1938, um grupo de quatro jovens casais de Paris se propôs a viver uma vida mais voltada a Deus. Frequentavam conferências e palestras, onde o grupo procurava soluções para os problemas que afligiam naquela época a sociedade moderna. Assim, uma noite, após uma conferência sobre a santidade, o grupo foi conversar com o padre conferencista, querendo saber por que todos os exemplos por ele citados se referiam a homens e mulheres que se tinham retirado do mundo para se dedicarem a Deus. "Não é possível - disseram os casais - que este amor humano que é a nossa riqueza e a nossa alegria, não é possível que Deus não tenha sobre ele uma idéia muito bela e muito grande. Queremos conhecê-la, o senhor precisa no-la revelar!" Ao que o padre interpelado respondeu com simplicidade e humildade: "Meus caros, não estou mais adiantado que vocês: vamos procurar juntos. Unamos os nossos esforços e partamos para a descoberta." Aquele padre era o então Pe. Henri Caffarel, fundador das atuais Equipes de Nossa Senhora. Naquela noite se iniciavam os Grupos Caffarel, precursores das nossas queridas ENS.

(*) Revista de espiritualidade conjugal.

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MÃE DE DEUS, RAINHA DOS ANJOS MÃE DOS HOMENS Deixa-me invocar-te ó Senhora da Esperança. Tu geraste a Luz. A humanidade confia na tua imagem de Mãe. Este mundo está à espera, Às escuras, ele procura . .. Sê a Estrela da humanidade Ave Stella Maris.

ó Senhora do Silêncio Tu escutaste a Palavra. Mas como estar à escuta, neste século de barulho? Acolhe no teu silêncio esse alarido humano. ·Ruídos e algazarra, transforma-os em melodia. Ó Senhora de extraordinária grandeza, Tu guardaste todas as coisas em teu coração. Este mundo frívolo , fútil e agitado Que se dispersa e se consome em bens passageiros Precisa de paz. Guarda-o em teu coração.

ó Senhora da Soledade, És também Senhora do Encontro No deserto desta sociedade de consumo Nesse deserto de neurose Sê o oásis, sê a fonte, Sê para cada pessoa "a única flor" Como a rosa do pequeno príncipe que completa e faz feliz. Ó Senhora da Alegria, Tu sabes chorar, sofrer, Tu conheceste o abandono, a angústia, a agonia, Acolhe todas as lágrimas desse mundo empedernido. Transforme-as num oceano. Num manancial de água pura. -

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6 Senhora de Todos os Dias. Tu disseste sempre "sim" Ao acontecimento obscuro, monótono, confuso. Perseverar é difícil, num século em transição . .. Tu és a fidelidade, mesmo diante do desconhecido. ó Senhora da Fortaleza, ó Virgem da Ternura. Cada homem é teu filho, e de todos és a Mãe. Este mundo, tu o amas e proteges E, melhor do que eu, conheces suas necessidades. Esta noite já balbuciei por ele alguns pedidos . .. Mas por que tantas palavras limitadas, desajeitadas Cada pulsar de meu coração exprime uma prece: Por todos e para cada um, coloco em tuas mãos o meu viver.

(Traduzido de "Cahiers Marials", n. 0 105)


ENCERRAMENTO DO SfNODO Realizou-se em Roma, entre 24 de Novembro e 8 de Dezem· bro de 1985, a Assembléia Extraordinária do Sínodo dos Bispos, convocada pelo Santo Padre para comemorar o XX.• aniversário do encerramento do Concílio Vaticano 11 . O Sínodo comportou sessões de estudos nas quais os Padres Sinodais procuraram indicar o caminho que leva à total riqueza do Concílio após este período de vinte anos tão rico e tão movimentado, com seus fenômenos positivos e negativos, e à luz das novas realidades emersas na vida da Igreja e da sociedade. Luiz Marcello e Esther, equipistas de São Paulo , estavam presentes à sessão de encerramento, no dia 8 de dezembro de 1985. Eis o seu relato.

8 de Dezembro de 1985. Roma amanheceu fria e molhada. Na estação do Metrô, curiosamente chamada "Re(i) di Roma", somos os únicos passageiros a esperar o trem . Logo embarcamos com destino ao Vaticano . Da estação Otaviano, onde descemos, devemos caminhar vários quarteirões. Apesar de estarmos ainda antes das 8 hs., as ruas que levam à Praça de São Pedro vão se enchendo de gente que caminha, apressada , na mesma direção. A maioria é de freiras e frades. Na nossa calçada vejo dois africanos de batina. Um deles, por debaixo do gabardine ; leva côres púrpuras: é um cardeal. Quando atravessamos as colunatas de Bernini, percebemos que o povo, à medida que chega, vai formando uma densa fila para passar pelos cordões de segurança . A entrada da Basílica, o pessoal da "Cosa Pontificia" vai, com muita amabilidade, dirigindo as pessoas para as diferentes portas, conforme a côr do convite que cada um exibe . Tudo muito bem organizado, sem empurrões ou atropêlos. Nosso lugar é bem ao lado do altar. Dalí podemos enxergar boa parte da igreja que, àquela hora, ainda está longe de cheia. O movimento de gente é grande. Guardas , vigilantes, cerimoniários passam para lá e para cá. A nave, contudo , é tão grande que o borburinho parece perder-se. Apenas a luminosidade que passa pelos vitrais permite acompanhar a gente que chega sem cessar. De repente, como que numa explosão, todas as luzes se acendem ao mesmo tempo. Feéricas. Tão fortes que a televisão e os fotógrafos já não necessitam de "flashes" nem das perturbantes lâm-

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padas de iluminação adicional. A visão que agora se tem da basílica, imersa em claridade, é maravilhosa. A luz que irrompeu de jato pôs em relêvo, de um momento para o outro, toda a nobreza, grandiosidade e beleza da enorme igreja. Por entre as torcidas colunas do altar da confissão, conseguimos divisar, resplandescente, o Espírito Santo que paira, na forma de pomba, sobre a cátedra de Pedro. O gênio de Bernini ao conceber o altar encontra-se, naquela esplêndida visão, com a fantástica leveza do vitral que Michelângelo desenhou. O magnífico côro, formado por meninos e adultos, põe-se a cantar lindas músicas, preparando nosso espírito para a celebração. Com o mesmo intuito, pelos alto-falantes, ouvimos um trecho de Santo Agostinho em que Maria é chamada de "Pentecostes Perene da Igreja". Compenetrados vamos escutando uma admoestação sobre "la Madona e la Chiesa ". lmbuidos desse espírito mariano somos convidados a pedir a intercessão de Maria para as necessidades de todo o povo de Deus. Logo rezamos um hino cujo estribilho repete estas palavras: "Bela sois como o sol, ainda mais branca que a lua. As mais belas estrêlas deixam de ser belas diante de ti." Nossa longa preparação continua. Agora são palavras de Paulo VI. Novas preces são erguidas, outros hinos são cantados. Depois, um silêncio meditativo só rompido, mais adiante, pela "Schola cantorum" que entoa o "Tota pulchra es Maria". Lá na entrada da Basílica, porém, ouve-se um borburinho. Por sobre a multidão de cabeças vemos uma cruz de metal que avança grave, solene, lentamente. ~ a procissão dos Padres Sinodais que entra para, sob a presidência do Sumo Pontífice , celebrar a Eucaristia da festa da Imaculada Conceição e de encerramento solene do Sínodo. São 167 bispos e.alguns sacerdotes vindo de todos os cantos do mundo que se reuniram, convocados pelo Papa, para analisar o que se passou nos vinte anos que se seguiram ao Concílio Vaticano 11. São três os brasileiros que participaram dos trabalhos: os Cardeais Dom Eugenio Salles, do Rio, e Dom Aloisio Lorscheider, de Fortaleza, além do presidente de nossa CNBB, Dom Ivo Lorscheiter. O Santo Padre inicia a celebração. Chega o momento do "Kyrie Eleison ". Outra surprêsa: ouço o côro entoar o velho canto gregoriano que há tanto tempo não ouvia numa celebração. Reconheço e tento cantar (desafinando) o "Kyrie" da Missa IX que, com sua simplicidade profunda, cria desde o fundo de nosso ser ânsia pela misericórdia divina. A verdade é que, não só naquela, como em

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outras partes da Missa, dei-me conta, uma vez mais, que até hoje, em matéria de música, não se conseguiu nada mais belo, profundo e apropriado para rezar como o canto gregoriano. Pena que as novas gerações já não o conheçam . Começa a proclamação da Palavra. A primeira leitura é lida em italiano, a segunda em inglês e o evangelho é solenemente cantado em latim, a língua principal da celebração, porque ali ela se apresenta como a língua comum de tantos cêlebrantes. Mais adiante, a "oratio fidelium" será apresentada nas mais variadas línguas, tanto ocidentais como orientais. Não posso negar que ouvi, com uma certa emoção , a nossa língua soar na grandiosidade da cerimônia. Dela se ocupou Tibor Sulik, um sindicalista do Rio que esteve no Sínodo como auditor leigo, com bela atuação, segundo ouvimos ,de alguns bispos teólogos presentes. A homilia o Papa a fez em italiano, recordando a graça de Deus que foi o Concílio e a importância dos trabalhos sinodais. A cerimônia continua com uma sugestiva procissão do ofertór io. São vários casais jovens, de diversas origens, alguns em trajes típicos , que levam ao altar braçadas de flores, o pão e o vinho.

t interessante registrar que toda a multidão de fiéis, dentro do templo, pode acompanhar toda a liturgia pois, logo à entrada, cada pessoa recebeu um belo livreto com todos os textos (inclusive música) da celebração. Além da magnífica apresentação gráfica , o livreto chamava atenção porque todas as ilustrações eram tiradas de pinturas do famoso pintor contemporâneo Salvador Dali. Após a comunhão, bispos de diferentes países revezam-se, no altar, para ler a mensagem do Sínodo ao povo de Deus. Evoca _ o documento, de início, o significativo fato que ,aJl estavam, reunidos em torno do Papa, bispos dos cinco continentes, tanto do rito latino como dos vários ritos orientais. E estavam ali, convocados pelo Santo Padre, para celebrar o dom de Deus que foi o Concílio e, ao mesmo tempo, verificar os seus resultados depois de vinte anos de sua conclusão. Ressaltam , desde logo que o Vaticano 11 enfatizou , para os nossos dias, o Mistério do Cristo que se realiza, hoje como ontem e amanhã, na Igreja que é seu Corpo, a Igreja que nos faz viver em comunhão com Deus. "Esta grande realidade, partilhada por todos os batizados, faz com que todas as estruturas e relações dentro da Igreja devam refletir e exprimir esta comunhão". Aí, nessa idéia de comunhão, encontra-se a raiz de toda a mensagem. Tanto assim que a proclamação insiste no ponto, recordando que "pela Igreja, Deus oferece uma antecipação e uma promessa de comunhão à qual toda a humanidade é chamada ". A luz dessa "jubilosa esperança" é que os Padres Si nodais conclamam o povo de Deus a melhor conhecer o Concílio "inten-

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sificando seu estudo e o seu aprofundamento para melhor penetrar a unidade e a riqueza de todas as suas Constituições, Decretos e Declarações". Um parêntese para, no espírito da Mensagem, destacar uma das sugestões práticas apresentada pelo "Documento Final", na parte concernente ao Mistério da Igreja. É algo que, até agora, talvez não tenha passado do campo das boas palavras, sem chegar a uma vivência efetiva . O Sínodo, porém, dá-lhe uma posição primordial. Depois de tratar da vida espiritual de padres e religiosos, acrescenta com ênfase: "é necessário, por outro lado, promover a própria espiritualidade dos leigos, fundada no batismo. Em PRIMEIRO LUGAR é necessário promover a ESPIRITUALIDADE CONJUGAL que se apoia no Sacramento do Matrimônio e é de SUMA IMPORTÂNCIA na tarefa de transmitir a fé às futuras gerações" (n. 5 da letra A). Ainda depois da leitura da Mensagem cantou-se solene "Te Deum", em ação de graças pela conclusão dos trabalhos sinodais. Já era quase meio-dia quando deixamos a basílica. Na praça, fomos engrossar a multidão que, alegre, ouvia e olhava o Santo Padre , já postado na janela de seus aposentos para a tradicional recitação do " Angelus ". Na grandiosa "Piazza ", junto ao obelisco, um grupo de peregrinos espanhóis, de guitarras à mão e potente alto-falante , cantava músicas encantadoras, tanto em castelhano como em italiano. Animado por eles, o povo todo pôs-se a cantar, batendo palmas para acompanhar o ritmo bem marcad.o das canções. A atmosfera alegre foi se apossando da praça. A alegria se alastrou rápida, contagiando a todos . Subitamente as pessoas se deram as mãos e, formando círculos, puseram-se a dançar. A animação campeava solta. Os pequenos círculos de dançarinos acabaram por se fundir num só, enorme. Àquela altura uma quarta parte da praça estava tomada por uma guirlanda humana que saltitava sem parar. Eram padres e bispos, freiras e leigos , jovens e senhores, europeus , americanos e asiáticos, brancos , negros e amarelos, todos, como Daví diante da Arca , a bailar e cantar as alegrias da festa de Maria Imaculada, nossa Mãe, Pentescostes perene do povo de Deus. Alí, em São Pedro de Roma, naquela extraordinária irmandade de povos - imagem viva da Igreja Universal - cantando e bailando, estavamos, nós todos , a justificar e encenar aquilo que Ela mesma disse : 0

"Doravante toda a terra cantará os meus louvores!"

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QUARESMA+ ESCUTA DA PALAVRA+ CAMPANHA DA FRATERNIDADE

" . . . certa mulher levantou a voz do meio da multidão e disse-lhe: 'Felizes as entranhas que te trouxeram e os seios que te amamentaram!' Ele, porém, respondeu: 'Felizes, antes, os que ouvem a palavra de Deus e a observam'" (Lc 11, 27-28) . A constituição sobre a sagrada liturgia mostra que a quaresma é tempo em que a comunidade eclesial se prepara para a celebração anual do mistério pascal mediante a recordação do batismo e mediante a penitência, na escuta mais freqüente da palavra de Deus, na oração mais intensa e com obras penitenciais inclusive exteriores e comunitárias. Tempo propício para todo o "povo de Deus" e, de maneira especial para as ENS, é a quaresma, para se colocar na escuta mais assídua e freqüente da "palavra de Deus". Mas, o que é escutar a "palavra de Deus"? Em concreto, acolher a palavra de Deus, com "religiosa escuta", significa escutá-la e meditá-la: na Igreja, com uma atitude de pobreza e disponibilidade, na mais assídua docilidade ao Espírito Santo. Devemos, antes de tudo, ler-escutar-meditar a palavra de Deus na Igreja. A palavra de Deus nasceu na Igreja. Antes, a palavra de Deus foi confiada à Igreja. Por isso, a leitura cristã adequada é aquela que se faz na Igreja, isto é, na tradição viva da Igreja. E necessário ler e interpretar a palavra de Deus à luz da compreensão de fé que a consciência da Igreja durante os séculos adquiriu não sem uma particular iluminação do Espírito Santo. Este critério se torna importante, pois, se lêrmos a Escritura isoladamente, sem situá-la na fé vivida e refletida pela Igreja, não conseguiremos perceber claramente alguns valores fundamentais e irrenunciáveis. E a leitura deve ser feita na Igreja de hoje. Isto significa estar atentos à experiência de fé que se vive atualmente em todo o povo de Deus, "o lugar onde a Palavra revela toda a sua riqueza, a comunidade onde a Palavra "cresce" (São Gregório Magno), o "vaso onde o Espi· ríto rejuvenesce sempre a palavra" (S. Irineu); estar atentos ao magistério de hoje, sobretudo àquele mais recente e mais solene (Cone. Vat. 11, Medellin, Puebla ... ) ; o magistério, de fato, é um serviço à autenticidade da fé.

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Devemos ler-escutar-meditar a palavra de Deus na Igreja particular à qual pertencemos, na comunidade eclesial que formamos aqui e agora, pois sabemos que é aí que a palavra de Deus revela toda a sua riqueza. E Deus nos convida, através da escuta da sua Palavra, a ler a nossa história pessoal e comunitária como história de salvação (Dt 8, 2-6). Somos e formamos comunidade na medida em que formos capazes de escutar e acolher a intervenção de Deus na história. O "ver" as situações do ponto de vista de Deus é "revelação", dom de Deus; é realidade profética que Deus dôa a todos. Se o batismo nos consagrou profetas no ser, a escuta da. Palavra nos dá o modo de exercitar a profecia no agir. O tempo da profecia não acabou mas continua, pois o Espírito vive continuamente no coração de cada homem. O profeta não é aquele que prevê o futuro, mas, aquele que está diante do Senhor em perene escuta da sua Palavra para interiorizá-la e anunciá-la aos irmãos. E aquele que lê os fatos, os acontecimentos, mesmo os pequenos, à luz da única Palavra eficaz. Escutar a palavra de Deus implica no mistério de Deus, que é pessoa e que tem uma vontade salvífica e libertadora, para os homens. As mediações desta escuta são: a vida de Jesus, a Sagrada Escritura, a tradição, a Igreja; implica ainda escutar a Palavra através da situção concreta, histórica em todas as suas dimensões: pessoais, sociais, políticas e eclesiais. Isto se faz necessário porque somos teologicamente pobres diante de Deus e precisamos sempre escutar sua Palavra para discernir sua Vontade. E o que vem fazendo a Igreja do Brasil durante a quaresma, desde 1964, ao nos propôr a Campanha da Fraternidade. Cada "Campanha da Fraternidade" nos aponta uma temática específica que reflete uma interpelação de Deus. Em nosso Brasil imenso a Igreja vem nos lembrar, nesta quaresma de 1986, o grave problema da terra, da reforma agrária. Vem nos dizer que: "TERRA DE DEUS, TERRA DE IRMÃOS". Vem nos colocar à escuta da Palavra profetizada por Amós: "Vou trazer de novo o meu povo para sua terra. Eles poderão plantar e se alimentarão dela. Eu firmarei o povo na terra para que nunca mais seiam arrancados da terra (Am6s 9, 14). Essa escuta deve ser feita com um comportamento de pobreza e de disponibilidade. Devemos escutar a Palavra com uma atitude de pobreza, porque Deus se revela aos pobres, aos humildes, aos simples. Recordemos o canto de júbilo de Cristo, o seu "magnificat": "Eu te louvo, 6 Pai do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e doutores e as revelaste aos pequeninos" (Mt 11, 25, 27). Devemos escutar a Palavra com uma atitude profunda de disponibilidade. Devemos criar um espaço interior de disponibilidade profunda diante da palavra do Senhor. -25-


Disponibilidade para acolher a Palavra, especialmente o Evangelho, na sua nudez e autenticidade, na sua transcendência e radicalidade; não devemos mitigá-la, aburguesá-la; devemos escutá-la e aceitá-la com toda a sua força de provocação, com as suas exigências mais radicais. Escutemos a palavra de Deus que nos interpela nesta quaresma através da "Campanha da Fraternidade" = "TERRA DE DEUS, TERRA DE IRMÃOS". Como Maria, seremos felizes porque: "escutamos a palavra de Deus e a observamos".

Pe. José Carlos Di Mambro, CP

-oORAÇÃO DA FAMíLIA A SÃO JOSÉ

ó glorioso São José, nosso protetor muito amado, env1a1 com amor, sobre nós e sobre todos que nos são caros, a vossa proteção paternal. Enviai-a, nós vos suplicamos, sobre esta casa, vós cujo poder sobre o Coração de Jesus pode tornar possíveis as coisas impossíveis. Atendei as nossas necessidades urgentes, volvei vossos olhos de pai sobre os interesses espirituais e materiais de vossos filhos; vinde ajudar-nos em nossos temores, em nossas angústias, em nossos desvios, em nossas dores, em nossas enfermidades. Afastai de nós os perigos que nos ameaçam, socorrei-nos em nossas dificuldades, tornai sob vossa proteção nossos corpos e nossos bens, assim como os assunto importantes e difíceis que nós vos recomendamos. Mostrai enfim como vós sois bom para aqueles que vos invocam e que querem permanecer sempre vossos devotos. ó São José, obtende-nos uma vida pura. ó São José, advogado das causas difíceis e desesperadas, intercedei por nós. São José protetor dos moribundos, por vossa morte entre Jesus e Maria, rogai por nós agora e na hora da nossa morte. Amém. -26-


VIDA E OBRA DOS SANTOS

E idéia da equipe da CM tornar esta seção permanente. Logicamente, isto vai depender também dos nossos leitores. Pretendemos trazer para cá um pouco da vida e da obra dos Santos, sempre que possível dentro do calendário litúrgico. Em março, o nome que logo nos vem é São José, porém essa figura esplendida, que representa de modo muito forte a humildade, já tem o seu lugar no coração de todos nós; assim, escolhemos outro santo - também de março: São Cirilo de Jerusalém, um dos grandes "padres" do Oriente.

SÃO CIRILO DE JERUSALÉM(+ 386) Patriarca de Jerusalém no século IV, nasceu na própria Cidade Santa em 315. Exerceu, logo que ordenado, "a tarefa mais importante e delicada no magistério pastoral da Igreja naquele tempo": preparar ao batismo os catecúmenos, isto é, os adultos provindos do paganismo que desejavam abraçar a fé cristã. Conservaram-se suas "Catequeses", pronunciadas nas igrejas da Ressurreição e do Santo Sepulcro em Jerusalém. Nelas, Cirilo fala do pecado, da penitência, do batismo e comenta o Símbolo, ou Credo, artigo por artigo. Noutras, chamadas "mistagógicas", dirigiu-se aos neófitos, isto é recém-batizados, na Capela do Santo Sepulcro na semana da Páscoa. Numa linguagem mais íntima comentou nelas as cerimônias do batismo, a confirmação, a Eucaristia e a liturgia. São verdadeiras obras-primas no gênero e importantíssimas também sob o aspecto histórico. Por isso a Igreja considera São Cirilo o protótipo dos catequistas. São Cirilo era "amigo da paz". Não obstante, foi envolvido na disputa do arianismo, após o Concílio de Nicéia, em 325. As definições do Concílio sobre a divindade de Cristo suscitaram esses adversários fanáticos que se voltaram contra Cirilo. Conseguiram que ele fosse exilado três vezes, num total de dezesseis anos. Reconduzido pelo imperador Teodósio à cátedra de Jerusalém, confirmou-se como "grande mestre, pastor solícito e sábio mediador e conciliador dos ânimos".

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Sua festa é celebrada a 18 de março. Foi declarado Doutor da Igreja pelo Papa Leão XIII em 1882. Para que vocês possam ter uma pálida idéia de sua obra, transcrevemos alguns trechos das "Catequeses Mistagógicas". O CORPO E O SANGUE DE CRISTO. (IV Catequese) A doutrina de São Paulo é bastante para produzir plena certeza sobre os divinos mistérios pelos quais obtendes a dignidade de vos tornardes concorpóreos e consanguíneos de Cristo. O apóstolo proclama: "Na noite em que o Senhor Jesus Cristo foi entregue, tomou o pão e dando graças o partiu e deu a seus discípulos dizendo: Tornai e comei, este é o meu corpo. E tomando o cálice, e dando graças, disse: Tornai e bebei, este é o meu sangue" (I Cor 11, 23 ss). Quando, pois, Ele mesmo declarou do pão: "isto é o meu corpo", quem ousará duvidar? E quando ele asseverou categoricamente: "isto é o meu sangue", quem ainda terá dúvida, dizendo que não é? Outrora, em Caná da Galiléia, por sua vontade mudara a água em vinho, e não seria também digno de fé, ao mudar o vinho em sangue? Convidado para núpcias corporais, realizou estupendo milagre. Não devemos agora confessar, com muito mais razão, que Ele deu em gôzo aos amigos do esposo (Mt 9, 15) o seu próprio corpo e sangue? B portanto com toda a segurança que participamos de certo modo do corpo e sangue de Cristo: em figura de pão é deveras o corpo que te é dado, e em figura de vinho o sangue, para que, participando do corpo e sangue de Cristo te tornes concorpóreo e consanguíneo d'Ele. Passamos a ser assim 'cristóforos', isto é, portadores de Cristo, cujo corpo e sangue se difundem por nossos membros. E então, como diz São Pedro, participamos da natureza divina (2Pd 1, 4). Outrora Cristo disputando com os judeus dizia: "Se não comercies a minha carne e não beberdes o meu sangue, não tereis a vida em vós" (Jo 6, 54). Eles não entenderam espiritualmente essas palavras e, escandalizados, voltaram-lhe as costas, pensando que os incitava à manducação carnal. Também no Antigo Testamento havia os pães de proposição (Lv 24, 5-9); sendo porém coisas da antiga aliança, com ela terminaram. Mas no Novo Testamento há um pão celeste e um cálice de salvação que santificam o corpo e a alma, correspondendo o pão ao corpo e o Verbo à alma. Não trates, por isso, como simples pão e vinho a este pão e vinho, pois são respectivamente corpo e sangue de Cristo, consoante a afirmação do Senhor. E ainda que os sentidos não o possam sugerir, a fé no-lo deve confirmar com segurança. Não julgues a coisa pelo paladar. Antes, -28-


pela fé, enche-te de confiança, não duvidando de que foste julgado digno do corpo e sangue de Cristo. Aprendendo estas coisas, compenetrado de que aquilo que parece pão não é pão, apesar de sensível ao paladar, mas corpo de Cristo, e de que aquilo que parece vinho não é vinho, embora o pareça ao gosto, mas sangue de Cristo; e certo, ainda, de que foi sobre isso que Daví profetizou antigamente nos salmos: "o pão confirma o coração do homem para que com o óleo brilhe de alegria a sua face" (Sl 103, 15), confirma, pois, teu coração recebendo como espiritual esse pão e faze brilhar a face de tua alma. Oxalá que tendo descoberto essa face em consciência pura e, contemplando como em espelho a glória do Senhor, possas caminhar de glória em glória no Cristo Jesus, nosso Senhor, a quem seja dada toda a honra e poder e glória, pelos séculos dos séculos. Amém.

Texto utilizado: Antologia dos Santos Padres Coleção Patrologia - Edições Paulinas. Anunciamos para o próximo mês: SANTA CATARINA DE SENA.

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RETIROS

Os setores de São Paulo programaram os seguintes retiros para o primeiro semestre de 1986: Maio: 23/24/25

Cenáculo

Abril: 25/26/27

Barueri

Junho:

Barueri

6!7 /8

Maiores informações com: Darci e Geraldo -

(011) 67-9063

Rosa Maria e Renato -

(011) 284-3178

A Carta Mensal está à disposição dos Responsáveis de Setor para a publicação de sua programação de retiros.

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NOTíCIAS DOS SETORES Encontro de Conselheiros Espirituais Reunidos em Santos, no dia 11-11-85, dezesseis padres conselheiros espirituais das ENS, com a presença de casais da ECIR, refletiram sobre a caminhada de suas respectivas equipes bem como sobre o Manual do Conselheiro Espiritual, recentemente editado e ainda não definitivo. Na abertura, o Pe. José Carlos Di Mambro, C. E. da ECIR, lembrou da atual equipe de nove padres que assessoram a ECIR com o objetivo de estudar e atender às exigências das ENS, segundo a realidade brasileira e às necessidades da Igreja local, especialmente no que se refere aos temas de catequese. Lembrada, também, a importância do C. E. e casais equipistas caminharem juntos, dentro daquela feição marcada desde o início das ENS pelo Cônego Caffarel e sua primeira equipe. Um movimento de espiritualidade, como é o caso das ENS supõe evangelização e engajamento, urgindo pois, mediante o exercício do discernimento, a contribuição do C. E. para purificar as motivações que levaram os casais a ingressar numa equipe; como não se trata de um movimento de massa fez-se mister que seus membros garantam sua qualidade e marqu~m sua presença na Igreja, sobretudo no que concerne à Pastoral Familiar. A partir desse ponto, o Pe. Elísio de Oliveira sugeriu alguns tópicos para o trabalho em grupos ao que seguiu-se o plenário. Algumas das conclusões: - Nota-se que há evidentes sinais de crescimento qualitativo quanto ao grau de inserção de equipistas nas diversas pastorais, à busca de melhor formação religiosa e à importância da catequese na própria família. - Percebe-se a importância de caminhar em sintonia com toda a Igreja, a necessidade de estudar documentos da CNBB a título de subsídio para o temário das reuniões; o papel do leigo na Igreja contemporânea; uma espiritualidade que resgate a figura de Maria de uma forma mais ·encarnada" em nossa realidade e, por isso, menos romântica, além de temas especificamente ligados à vida e à espiritualidade conjugais numa visão de totalidade e não como se fossem compartimentos estanques. Ao final, todos os presentes, padres e casais da ECIR detiveram-se numa questão comum: a maneira de conduzir as reun iões mensais, tendo-se chegado ao consenso de que é necessário enfatizar os seus momentos fundamentais quais sejam: o tema, a catequese, a oração e os meios de aperfeiçoamento. Após a recitação do Angelus e do Magnificat, encerrou-se o encontro com um almoço de confraternização, marcando a fraternidade e a alegria que devem reinar entre os que pertencem às Equipes de Nossa Senhora, a fim de irradiá-los também nos ambientes e no mundo .que nos rodeia. (Extraído do relato do Pe. Sanclay Lopes da Equipe 16-0, da Região SP/Sul I)

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Reunião com os Conselheiros Espirituais No dia 22 de agosto de 1985, uma quinta-feira, houve uma reumao do Setor de Baurú com os seus Conselheiros Espirituais, no Salão Paroquial da Igreja de Santa Therezinha. A reunião teve início às 9 horas e contou com a presença dos seguintes C. E.: Pe. Jonas (Eq. 2 e 13); Pe. Boaventura (Eq. 3); Pe. Darcy (Eq . 11); Pe. Agenor (Eq . 5); Pe. Lamberto (Eq. 6); Pe. Germano (Eq . 8); Pe. Teodoro (Eq . 9); Pe. Jacques (Eq. 11); Frei Lady (Eq. 12); Pe. Jacintho (Eq. 14) e Pe . Aloísio (Eq. 1, 2 e 3 de Pederneiras). Apenas não compareceram Pe. Pedro (Eq . 1 e 10) por compromisso no Seminário e Pe . Jesus (Eq. 7) em viagem à Espanha . · Patticiparam os equipistas: Marilene e Arnaldo (C. R. do Setor). Weide e Francisco (Espiritualidade). Alice (do Jovino - Secretários), Neusa e Orlando (Casal Regional) . Após a Oração Inicial por Pe. Jonas (C. E. do Setor). Marilene e Arnaldo falaram sobre o Encontro Nacional das ENS em ltaici em maio/85. Em seguida, Pe. Jonas teceu considerações sobre o relacionamento entre os C. E. e os casais da equipe. Na troca de idéias foram comentados os seguintes assuntos: - O Manual do C. E. trouxe alguma inovação? - Pontos positivos e negativos do novo Manual. - Passado um ano desde a reunião anterior, como o C. E. sente a caminhada da equipe em termos de partilha e de inserção na Igreja? - Como o C. E. se sente em relação à equipe, desde a reunião anterior? Por volta de ~2:30 horas houve o almoço de encerramento no refeitório da paróquia cedido por seu Pároco Pe. Germano.

Os Equipistas

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a Constituinte

Atentos à importância desse tema tão atual e atendendo à orientação da ECIR nesse sentido , casais equipistas de várias partes do Brasil, estudaram o assunto e enviaram suas contribuições . Destacamos: Coordenação de Araraquara/SP:

Compilada por Leonor e Danilo e publicada no Bica-Boletim Informativo da Coordenação de Araraquara a contribuição aborda os aspectos fundamentais de Família e Vida e de Direitos da Família . Enumera também problemas específicos como planejamento de natalidade e adoção de crianças abandonadas e enaftiza o direito de receber ensino religioso . Setor D -

São Paulo/ Capital

Relatam-nos Tieko e João da Equipe 9-D que num primeiro momento, juntamente com equipistas de vários setores ouviram e debateram as colocações preliminares de Mariinha e VIves, responsáveis pelo Setor A. Num segundo momento, a nível de equipe, mantiveram duas reuniões sobre os temas propostos pia ECIR: FAMfLIA E VIDA E RELIGIÃO. Resumo de suas conclusões: "Para que a família se promova deve haver muita honestidade nos cidadãos e no governo além do esforço conjugado do governo, povo e família.

Culto ao Rosário Uma das mais antigas práticas de devoção Mariana e sempre recomendada pela Igreja que lhe dedica o mês de outubro . Elza e Emanuel, responsáveis pelo Setor D do Rio de Janeiro devotos do terço, costumam todos os anos, naquele mês distribuir uma centena de terços e uma orientação de

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como rezá-lo . Em outubro último distribuíram um par de terços (azul e rosa) a todos os casais do Setor com um pedido para que o rezassem em família ou em grupos na intenção dos representantes do povo brasileiro na Assembléia Nacional Constituinte, para que Deus os abençoe e os inspire.

Encontro de Jovens Escrevem-nos Adelaide e Norberto da Coordenação de Pindamonhangaba/SP: ·Como parte das atividades do Ano Internacional da Juventude, no dia 6 de outubro passado, o Instituto Sagrados Corações abriu suas portas para acolher 88 jovens, de ambos os sexos, filhos de equipistas e seus convidados, para uma tarde de reflexão sobre: O Plano de Deus, namôro, sexo e abôrto. O temário, a exposição e· os debates foram desenvolvidos com muita sabedoria e firmeza por Zélia e Antonio Carlos, equipistas de Guaratinguetá. No encerramento houve missa oficiada pelo Pe. Manoel, salesiano e, a seguir, lanche para a moçada . "Célia e Moreira, Deus lhes pague. Vocês agarraram esta tarefa com extremo amor, por isso tudo transcorreu tão bem! Louvado seja Deus por. esses jovens maravilhosos e pelos adultos capazes de gestos de despreendimento, de atenção , de carinho e de cuidado para com a juventude!· •

Retiros Belém do Pará

Pregado por D. Vicente Zico, Arcebispo Coadjutor de Belém, o segundo retiro anual programado pelos setor A e B, de 30-08 a 01-09-85 atraiu muitos casais que lotaram o Instituto Guido Del Torre, muito apropriado para encontros dessa natureza. O tema principal ·Vós sois o corpo de Cristo" foi abordado sob três aspectos: -- Igreja: povo santo e pecador - Igreja doméstica : espiritualidade conjugal e familiar - O Espírito Santo: alma da Igreja. Pindamonhangaba/SP:

Realizado em 19 e 20 de outubro de 1985, nas dependências do Centro de Pastoral Mons . Azevedo e pregado pelos padres Henrique e Jair Machado Gomes do Instituto Sagrados Corações, ambos Conselheiros Espirituais de equipes, os quais falaram com muita inspiração sobre Fé e sobre Sacramentos . Cidinha e Renato da Equipe 1 de Aparecida vieram repartir o pão com os participantes do retiro falando sobre os meios de aperfeiçoamento. Um grupo de jovens, filhos de equipistas, marcou sua contagiante presença ajudando nas tarefas de copa-cozinha e nos cânticos. No encerramento, tocante mensagem dos jovens a seus pais foi lida aos presentes . Belo Horizonte:

Preparado por Virgínia e Carlos , responsáveis pela formação espiritual na Coordenação, foi realizada entre 8 e 10 de novembro com a participação de muitos casais. O tema, voltado para a Família, foi desenvolvido por dois sacerdotes e contou; também, com paléstras de dois casais que falaram sobre "Vida a dois", participação do jovem na vida da família e inserção do casal na Igreja. O ·recado" foi bem dado, sem muitos rodeios, e com orientação prática de como ser cristão nos dias de hoje. No encerramento, a Celebração Eucarística da qual todos participaram com muita alegria, saindo com alma nova para uma renovação da família.

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Reuniões lnterequipes Rio de Janeiro

Os sete setores do Rio-Capital realizaram no último dia 13 de outubro as Reuniões Anuais lnterequipes com um comparecimento de 206 casais. O tema, • Nossa Senhora " foi saudado por todos como de grande atualidade pela riqueza de conteúdo espiritual e vivencial e as avaliações foram unânimes , seja quanto à escolha do tema, quanto à possibilidade de congraçamento que este tipo de reunião enseja . Aguas da Prata/SP

Pela primeira vez as equipes 1, 2 e 3 assistiram juntas à Santa Missa e, após o ato religioso, todos os casais reuniram-se no salão paroquail, sentando-se em círculo e fazendo suas apresentações. A seguir foi dada uma palestra sobre o sentido das ENS, seu valor espiritual, matrimonial e social , tudo isso graças a Eloiza e Ary, vindos especialmente de Ribeirão Preto e, também, aos casais-pilôtos de Casa Branca , Celi e Norberto, Ermelinda e Nico. Pe. Julian foi o autor da iniciativa, muito valiosa para as três equipes se conhecerem como verdadeiros irmãos em Cristo. Belém do Pará

Escrevem-nos Francisca e Damião, C. R. da Equipe 10, sobre a "Descoberta do amor de Deus no irmão" intensamente vivida por eles quando da sua participação no último EACRE em Brasília. Relataram também que no último dia 26 de novembro sua equipe completou cinco anos de existência tendo havido uma linda confraternização na Paróquia de Santo Antonio de Lisboa, juntamente com a Equipe 6 que completava oito anos. Após a Santa Missa celebrada por Frei Pedro, C. E. das duas equipes, foi realizada uma reunião formal em conjunto contando com a presença de Lourdes e Vicente, Casal de Ligação das duas equipes . Foi tudo em comum união , ali só existia amor entre as duas equipes.

Outros Eventos São Paulo-Capital

- Manhã de estudos, promovida pelos quatro setores da Capital e organizada pelas equipes do Setor D, em 21 de setembro no Colégio Santa Cata1ina de Siena , com duas palestras, sendo uma sobre "Oração e Maria" por Mario Camargo e outra sobre ·Relacionamento entre Pais e Filhos" por Gassen Jorge. No encerramento, houve celebração da Santa Missa por Pe . Antonio Amaro. - A missa da região do mês de novembro , foi organizada pelo Setor 8 e realizou-se na Igreja de Nossa Senhora da Esperança, em Moema, contando com um camparecimento expressivo de casais equipistas . A liturgia versou sobre a Ação de Graças . Após a missa o casal Helene e Peter que recentemente esteve na Iugoslávia, apresentou um audiovisual sobre as aparições da Ssma . Virgem em Medjugorje, que emocionou a todos os presentes . Pastoral Familiar -

Curitiba

Inseridos já há algum tempo na Pastoral Familiar, o casal lta e José Silva da Equipe 4 do Setor 8, foi eleito pela Arquidiocese de Curitiba em Assembléia Geral , para o cargo de Coordenadores da Pastoral Familiar no Paraná .

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As ENS foram chamadas à construção de um mundo melhor, através do trabalho desse casal que tão bem conhece a abrangência que deve ter a Pastoral Familiar. Os equipistas do Paraná darão total apoio e ajuda ao casal que ora inicia essa nova etapa de trabalho visando promover a família. Compromisso -

Belém do Pará

A idéia foi amadurecida durante um bom tempo na Equipe 4. O retiro ajudou na decisão. Assim, na missa mensal do movimento em Belém, dia 14-09-85, cinco casais da Equipe 4 fizeram seu compromisso às ENS.

Equipes Novas Belém do Pará

Equipe 15 - Setor A Casal Pilôto: Rita e Sérgio . Conselheiro Espiritual: Pe . Marcelino. Canoinhas/Paraná

Equipe 1 - Coordenação de Mafra Invocação: Nossa Senhora das Graças Casal Pilôto: Maria Ondina e Guilherme Conselheiro Espiritual : Frei Bernardo.

Volta ao Pai Voltou ao Pai, no dia 15-11-85, o Padre Ruy do Carmo, aos 67 anos de idade, sendo 32 anos de sacerdócio. Era o conselheiro espiritual da equipe 44 do Setor B de Brasília. Ainda no dia 12, participou alegremente da reunião preparatória , tendo transmitido uma bela mensagem aos presentes, baseada no trecho lido para reflexão, Lc 2. Foi um exemplo de vida dedicada aos seus semelhantes. Natural de Carangola-MG, estudou nos seminários de lrati-PA e Petrópolis-RJ, ordenando-se padre Lazarista da Ordem de São Vicente de Paulo. Em lrati, foi mais tarde professor do Seminário e fundador do Colégio das Irmãs Camilianas. Em 1960, transferiu-se para Brasília, onde lecionou no Seminário e no Colégio Agrícola de Planaltina. Dois anos mais tarde, atendendo pedido de Dom José Newton transferiu-se para a recém criada cidade satélite de Taguatinga, assumindo a paróquia de São José no setor Norte da cidade, àquela época, sem nenhuma infra-estrutura e habitada por famílias muito pobres que de várias partes do país se dirigiram para a nova capital. Aí, desenvolveu um trabalho que se houvesse sido registrado, certamente ocuparia alguns volumes . Sua primeira iniciativa foi formar uma equipe de catequistas e organizar o catecismo paroquial. Como o setor não oferecia nenhum tipo de lazer, imediatamente procurou dar assistência também aos jovens com reflexões e um bom grupo de teatro foi criado. · Assistidas as crianças e os jovens, sua atenção se volta para os adultos totalmete inadaptados à sua nova realidade. Criou o Clube de Mães, onde oferecia cursos domésticos, e para os pais , cursos profissionalizantes de pedreiro, bombeiro-hidráulico, eletricista, todos ministrados por voluntários que se ofereciam para promover a integração de todos na nova comunidade .

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Com isso, o nível de vida de muitas famílias se elevou. Criou a ACAM Associação Cristã de Ajuda Mútua, que tinha como objetivo formar equipes de 10 famílias que se comprometiam, no amor de irmãos, formarem um mutirão para construirem suas próprias casas nos fins de semana, cujo slogan era: "10 construindo para 1O·. Hoje estas casas estão espalhadas por todo o setor norte de Taguatinga. O Pe . Ruy acreditava muito na força do trabalho do leigo. Tudo na paróquia era feito numa linha comunitária; casamentos, batizados, confissões. A missa de confraternização do Natal era de uma beleza indescritível, um número imenso de pessoas cada uma querendo participar mais. Alí se lembrava aquela oração do Cristo : "Senhor, que todos sejam um". Devido sua grande experiência com trabalho de mutirão, foi convidado a trabalhar na Sudeco (Ministério do Interior), onde colaborou até 1984. Foi o vigário da paróquia de São José até 1974, quando pediu afastamento, afirmando querer continuar o sonho de trabalhar pelos mais pobres, em outro lugar mais carente . Deixou alí uma comunidade bastante integrada. Na sua busca, encontrou nas proximidades de Brasília, no município de Padre Bernardo-GO, um grupo de famílias vivendo em completo abandono . Sentiu que Cristo o conduzira àquele local. Foi assim que, através de verbas de católicos da Alemanha adquiriu uma área próxima , que foi loteada e oferecida àquelas famílias a preço simbólico . Nasceu aí o Projeto Mariápolis, nome dado em homenagem à Maria, sua grande devoção. Tudo começou como na paróquia de São José, catequese de crianças, jovens, adultos , mutirão, com muitos colaboradores daquela paróquia . Hoje Mariápolis é uma realidade, onde vivem cinqüenta famílias que produzem o que consomem em hortifrutigranjeiros e vendem o excedente . O projeto se baseia em habitação, saúde, lazer e fé. Sua grande meta era construir o homem , para a partir dele, construir o Cristão. Partiu , dia 15 de novembro, deixando saudosos milhares de amigos , mas todos conscientes de que a mensagem do Cristo ficou gravada em seus corações, pois o Pe . Ruy não só pregou o evangelho . Ele viveu o evangelho com os menos favorecidos . Pe. Ruy preparou a todos para a sua partida . Sempre que se afastava, dizia: " Se eu me demorar, Deus está comigo . Se eu não voltar, eu estarei com Deus" . Equipe 44 -

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Setor B -

Taguatinga -

DF


CARTAS DOS LEITORES A partir do número de Maio-86, a Carta Mensal pretende oferecer um novo serviço a seus leitores. Trata-se da seç?o CARTAS DOS LEITORES Assim sendo, gostaríamos de convidar os equipistas que nos lêem a se comunicarem conosco, apresentando suas perguntas, dúvidas, colocações, sugestões e comentários sobre assuntos que digam respeito diretamente ao Movimento e a nossa condição de equipistas. Procuraremos, através de pesquisa de documentos, ou pela palavra e pelo testemunho de outros equipistas ou de Conselheiros Espirituais, responder, na medida do possível, a todas as cartas. Claro está que dependeremos muito do espaço disponível, o que nos obrigará, provavelmente, a resumir. Contamos, no entanto, de antemão, com a compreensão de todos. Para que tenhamos condições de desenvolver a contento esta seção, pedimos aos leitores que nos escreverem, que se atenham a assuntos diretamente relacionados com o Movimento das Equipes de Nossa Senhora, sua mística, seus métodos. (Por exemplo: vida em equipe, meios de aperfeiçoamento, temas de estudos, oração, espiritualidade conjugal e familiar, etc.) :É lógico que nós todos, como membros da Igreja Universal inseridos no mundo, devemos estar permanentemente abertos para vários outros problemas. Porém, fugiríamos aos nossos objetivos específicos, se aumentassemos a abrangência dos assuntos. Por fim , claro está que a nova seção CARTAS DOS LEITORES não deve ser confundida com a seção NOTICIAS DOS SETORES, que existe há longos anos. Os enfoques das duas seções são bem diferentes. As NOTíCIAS DOS SETORES continuarão existindo e destinam-se a relatar testemunhos e eventos relacionados com o Movimento, vividos por equipistas dos diversos Setores do Brasil. Nem precisa dizer que também esta seção conta com a colaboração de todos. Aguardamos ansiosamente suas cartas, que devem ser dirigidas a: Equipe da Cartá Mensal - a/ c Secretariado da ENS Rua João AdoHo 118 - 9. 0 - cj. 901 - CEP 01050- São Paulo - SP

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O ponto mais alto deste mês de março é a grande festa da Páscoa. A quaresma é tempo de penitência, de conversão mas precisamos nos preparar para a grande nova: Jesus ressuscitou, Ele venceu a morte!

Texto de meditação Para santificar por seu próprio sangue o povo, Jesus sofreu do lado de fora da porta. Saiamos, portanto, a seu encontro fora do acampamento, carregando a sua humilhação. Porque não temos aqui embaixo cidade permanente, mas estamos à procura da cidade que está para vir. Por meio d'Ele, ofereçamos continuamente um sacrifício de louvor a Deus, isto é, o fruto dos lábios que confessam seu nome. (Hb 13, 12-5) Oração litúrgica Memória da morte de Cristo Senhor, Pão vivo, que ao homem dá vida e valor, fazei-me viver da vossa ternura, sentindo nos lábios a vossa doçura. Fiel pelicano, Jesus, meu Senhor, lavai-me no sangue, a mim pecador ; pois dele uma gota já salva e redime a todo o Universo dos laços do crime. Enfim , contemplando na glória dos céus o vosso semblante, sem sombras nem véus, irei bendizer-vos Jesus, Sumo bem, ao Pai e ao Espírito nos séculos. Amém. (da Liturgia das Horas -

Quinta-Feira Santa)


EQUIPES DE NOSSA SENHORA Movimento de · casais por uma espiritualidade conjugal e familiar

Rev isão, Publicação e Distribuição pela Secretar ia das EQUIPES DE NOSSA SENHORA 01050 - Rua João Adolfo, 118 - 9.0

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conj. 901 - Te!.: 34-8833

SÃO PAULO - SP


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