N.0 3 -
1986
MAIO
Um momento com a Equipe da C. Mensal Editorial: Treze Anos . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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A ECIR Conversa com vocês . . . . . . . . . .
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Vocação e Convocação do Leigo A Reunião de Equipe -
III
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Eduardo Bustos ..
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A Palavra do Papa . ...
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Uma Mulher. . . Um Menino
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Virgem do Sorriso
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Carta da ERI ..... Relembrando a História do Movimento .
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Momento de Maria Mãe para Sempre . .
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Santo Atanásio
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Notícias dos Setores
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Reportagens
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Retiros
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Cartas dos Leitores
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O QUE LER NESTE NúMERO
Maio, para nós, eqUiplstas, é um mês caregado de sentido. Além de ser o mês de Maria, é também o mês de uma das grandes festas da família: o Dia das Mães. A Carta Mensal nos fala da Virgem do Sorriso (pg. 21) e, pela palavra de um jovem casal do Movimento, nos insere no Momento de Maria (pg. 27). Fala também de Maria e de seu Filho a respeito da Paz, à pg. 20 . Publica, à pg. 31, poema de Carlos Drumond de Andrade sobre a Mãe, ilustrado, na pg. 30, com uma colaboração de um equipista . Aliás, gostaríamos de lembrar a nossos irmãos de equipe que nossas páginas estão abertas a suas obras de arte . .. Muitas notícias do Movimento, neste número. No Editorial, o Pe. Roger Tandonnet se despede de suas funções de C. E. da Equipe Responsável Internacional e é também saudado pelo casal responsável da ERI (pg. 2) . E um casal da mesma ERI nos escreve sobre a Escuta da Palavra, à pg. 22. A partir da pg. 34 até a 39, vocês encontrarão as Notícias dos Setores, duas reportagens e as informações sobre Retiros. Sobre retiros também nos fala João Paulo 11, em palavras dirigidas a diversos grupos (pg. 18). E tanto a palavra da ECIR (pg. 6) como um artigo do Pe. Rib.ólla (pg. 8) nos lembram o esforço de inserção a que somos chamados "como leigos de Igreja no coração do mundo". O escolhido este mês para a seção "Vida e Obra dos Santos " é Santo Atanásio (pg. 32). Continuamos falando de nossa Reunião de Equipe (pg. 11) e da História de nosso movimento (pg. 25). E no contexto maior deste mesmo Movimento, trazemos um testemunho da Colombia, nas palavras de Luiz Marcello e Esther (pg. 14). Estamos começando a receber algumas cartas para a nossa seção " Cartas dos Leitores". Poucas, por enquanto. Mas à pg. 40 vocês encontrarão nosso desafio para os próximos meses. Queremos ler sua opinião! Aguardamos suas cartas! Maio é também, este ano, o mês de Pentecostes, festa de Deus Espírito Santo. B a festa que, pela nossa Meditação e nossa Oração Litúrgica, propomos à comemoração de vocês em sua reuiões. E que todo este mês de maio, tão repleto das alergias da Igreja, seja, para todos, abundantemente iluminado pelo Espírito Santo!
UM MOMENTO COM A EQUIPE DA CARTA MENSAL
Estamos novamente com vocês. Nos meses anteriores, março e abril, procuramos colocar nossos objetivos, bem como apresentar nosso sistema de trabalho. Dois números da Carta Mensal com seu novo visual, suas novas seções e nossa tentativa de levar até vocês, irmãos equipistas, a mensagem do movimento, já foram recebidos. Apesar de internacional, o Movimento no Brasil tem características próprias. Nossa realidade requer que levemos a todos a orientação do Movimento, porém de forma que a mesma venha ao encontro das expectativas dos equipistas no Brasil. Vamos supor que o Movimento seja uma grande família cristã e que as equipes são os filhos dessa Família. A Família é uma só, porém os filhos tem características individuais que precisam ser observadas. Podemos, neste ponto, resumir nossa intenção se dissermos que pretendemos com sua colaboração "abrasileirar" a Carta Mensal. Nossos artigos vão procurar enfocar mais de perto a realidade brasileira. A linguagem da Carta Mensal deve atingir a todos nós. Convém que deixemos claro que não estamos com tal objetivo excluindo a orientação internacional do Movimento, mas tão somente adaptando-a e tornando-a mais acessível à nossa realidade. Sua colaboração para tanto torna-se muito importante, na medida em que para conseguirmos nossa meta precisamos conhecê-lo melhor através de suas cartas e dos artigos que, desde já, estamos pedindo que nos enviem. Qual o tipo de artigo que melhor atingiria nossos irmãos equipistas? Vocês já pensaram em escrever para a Carta Mensal e pedir que· se escreva sobre esse ou aquele assunto? Nossa expectativa é atingir todos os segmentos, todas as equipes, no norte, no sul, no nordeste; a cada uma com sua característica. A tarefa não fácil, porém juntos, com a ajuda de .vocês e com as graças do Espírito Santo continuaremos nossa caminhada. EQUIPE DA CARTA MENSAL
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EDITORIAL
TREZE ANOS No dia 6 de janeiro de 1986, o Pe. Roger Tandonnet deixou a função de Conselheiro Espiritual da Equipe Responsável Internacional. A Carta Mensal francesa de janeirofevereiro traz o Editorial que transcrevemos.
A exemplo de Maria, todos devemos conservar no coração a lembrança dos momentos de vida que o Senhor, em seu amor, nos dá. De minha parte, tenho a certeza de que nunca deixarei de rememorar, com gratidão, esses últimos treze anos. No momento em que deixo minha função de conselheiro espiritual do Movimento das Equipes de Nossa Senhora, gostaria de me despedir de todos e de cada um, afetuosamente, em ação de graças e na esperança. Não se trata aqui, hoje, de fazer um balanço. Nem é necessário, pois Louis e Marie d'Amonville, já o fizeram de forma excelente (CM Abril/85). Disseram como, ao longo desses anos difíceis para o mundo e para a Igreja, as Equipes de Nossa Senhora duplicaram em quantidade e atingiram novos países. E isto, sem modificar sua identidade, sem deixar de caminhar para frente "na fidelidade à graça das origens e na compreensão das necessidades dos tempos", tal como o desejava o Côn. Caffarel. Aliás, não me caberia fazer um balanço, pois o papel do conselheiro espiritual depende da contribuição de todos, notadamente da ação da Equipe responsável. Trabalhamos juntos, sacerdotes e leigos, e é Deus quem dá os frutos. Trata-se, em vez, de olhar para o futuro. Solidamente assentadas em suas bases, com a assistência de um novo conse-
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lheiro espiritual, o Pe. Bernard Olivier, em quem tenho toda confiança, as Equipes enfrentarão todos os desafios que o mundo lança ao matrimônio e à família. É uma questão ao mesmo tempo de fidelidade e de iniciativa. Vale a pena repetir. Movimento de leigos, animado e dirigido por leigos em total comunhão com a Igreja, as Equipes de Nossa Senhora querem ajudar seus membros a ,assumirem na Igreja toda a sua f!esponsabilidade de leigos. Não é um "movimento de ação", ou seja, um movimento que determina os engajamentos (apostólicos ou outros) de seus membros. Mas as Equipes de Nossa Senhom querem ser um "movimento de gente ativa", ou seja, os equipistas que se formam no seio do movimento se dispõem a "estar a serviço" onde quer' que o Senhor os chame ... A própria natureza do Movimento consiste em reunir casais vinculados pelo sacramento do matrimônio. É tomando · por referencial esta realidade espiritual que dirige toda sua vida conjugal - seu matrimônio sacramental - que os membros das Equipes querem progredir e querem ajudar-se mutuamente a progredir. Seu fundador nunca deixou de lembrar com ênfase que é "para Deus" que eles se reunem em equipe, da mesma forma que é pam Deus e em Deus que eles se uniram em sacramento ... Tudo o que vocês têm por construir, sua personalidade humana e cristã, seu casal e sua f,amília, sua equipe e seu setor, sua comunidade paroquial e diocesana, e a própria Igreja à qual vocês pertencem, tudo isso só pode crescer e se realizar numa adesão radical ao Cristo Jesus.
*** Vocês conhecem o discurso de Paulo aos anciãos de Éfeso, em Mileto, quando se despediu deles para sempre (Atos, 20, 17 ss). Seria extremamente pretensioso se quisesse adotar para mim todos os seus termos! Mas talvez possa, sem pretensão,
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tomar por empréstimo e usar para mim esta frase: "E agora eu vos recomendo a Deus e à palavra de sua graça, que tem o poder de edificar ... ". Roger Tandonnet, s.j.
-o-. Ao final da Missa de despedida que foi celebrada na ocasião, o casal Jean-Claude e Jeanine Malroux, falou em nome da Equipe Responsável Internacional.
*** Caros Amigos, O Pe. Tandonnet desconfia demais, e com razão, do culto da personalidade, para que a Equipe Responsável faça-lhe, aqui, um panegírico. Queremos, entretanto, convidá-lQiS a dar graças a Deus por todos aqueles que souberam, na sucessão de seu fundador,. o Pe. Caffarel, consolidar este Movimento das Equipes de Nossa Senhora, ao qual tanto devemos. E ,entre esses, é de se dar um crédito todo especial ao Pe. Tandonnet, por ter sabido unir uma fidelidade sem transigências aos intuitos fundamentais das ENS, a um coração caloroso para as pessoas e as situações. Soube o Pe. Tandonnet, de uma forma mais particular, situar convenientemente o papel de conselheiro espiritual da equipe responsável internacional num movimento de leigos, animado por leigos. De maneira muito calorosa, e em nome de todos, a equipe responsável quer agradecê-lo por tudo isto. E da mesma forma, quer acolher o Pe. Bernard Olivier, o.p., a quem agradece por s,e dispor a prestar este serviço. Vocês o conhecerão num próximo editorial.
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Também nós, das Equipes de Nossa Senhora do Brasil, queremos dizer o nosso 'muito obrigado' ao Pe. Tandonnet, que aprendemos a amar e respeitar quando esteve entre nós, participando de nossos EACREs e de muitas outras atividades, em junhofjulho de 1977. Suas palavras de reflexão profunda, seu zelo pelo espírito do Movimento, seu senso do 'serviço' marcaram profundamente, na ocasião, todos os que com ele tiveram contato.
Pe. Tandonnet dirigindo~ - em portguês! aos Casais Responsáveis de Equipe, no EACRE em São Paulo, em 2/7/77.
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A EC/R CONVERSA COM VOCES
Caros amigos Logo após havermos assumido a responsabilidade do movimento no Brasil, definimos como linhas prioritárias, isto é, aquelas que iriam merecer uma maior atenção, a catequese e a inserção. A catequese, segundo as diretrizes da Igreja após o Concílio Vaticano 11, leva muito em consideração a interação que deve haver entre fé e vida! Busca levar as pessoas a uma maior intimidade e comunhão com a pessoa de Jesus Cristo (inserí-las em Cristo) e ao mesmo tempo, através do confronto da Palavra de Deus com as situações da vida, a uma atuação transformadora da realidade (inserí-las no mundo). Membro de um povo, o Povo de Deus, no qual ele deve estar verdadeiramente inserido, o cristão leigo partilha a mesma vocação dos outros membros desse povo, a vocação de filho de Deus, e recebe a mesma missão, que é a de colaborar na construção do Reino de Deus. E, pois, como membro da Igreja, que leigo vai impregnar a realidade temporal da energla transformadora do • Evangelho. Por isso, a orientação do movimento internacional. "Vós sois o Corpo de Cristo", visando levar os equipistas a melhor concretizarem o "ser Igreja", veio de encontro ao nosso esforço aqui no Brasil por uma maior inserção. Há já dois anos que estamos empenhados nessa caminhada e, para nos ajudar, dois temas de reflexão foram elaborados: "Vós sois o Corpo de Cristo", primeira e segunda partes. Mas é preciso que todos os casais participem desse empenho. Podem utilizar ou não os temas nas reuniões mensais, mas o importante é que não deixem de refletir sobre o conteúdo dos mesmos (em especial da segunda parte), e que recorram ainda aos documentos do Vaticano 11, Lumen Gentium, Apostolicam Actuositatem, Gaudium et Spes, o documento de Puebla, "Diretrizes Gerais da Ação Pastoral da Igreja no Brasil" e o documento prep.,aratório para o Sínodo dos leigos de 87 "Lineamenta". Não é preciso correr para "cumprir" tudo em um ano. Não há tempo pré-fixado. A pressa é inimiga da perfeição. Não sabemos exata-
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mente quanto tempo ainda deveremos permanecer nessa caminhada. Só Deus sabe o tempo necessário. O importante é que ninguém fique de fora e que cheguemos ao final bem mais inseridos, do que estamos, na Igreja e no mundo. Devemos entender bem que, estar inserido, não é só realizar serviços, na Igreja, de participação nas pastorais, na catequese, etc. f. também isso, mas é muito mais. f. ter a consciência de que se é corresponsável pela missão da Igreja, e que, vivendo e agindo no mundo, é papel de cada um ajudar a construí-lo e orientar a sua realidade para Deus. Inserir-se é viver a adesão ao Cristo, até o fim, em coerência. f. ser motivado pelo Espírito de Deus em tudo o que se fizer. Muitos de nós têm a sua vida espiritual como se fosse um compartimento separado do resto. Por isso, a ação profissional, as relações sociais, a atividade política, a vida familiar, etc. não são influenciadas pelos valores do Evangelho. Inserir-se é viver no meio dos outros, mas não como os outros. f. ser sinal e germe do Reino, respondendo em coerência realidade da vida em cada um de seus aspectos, comprometendo-se assim com a transformação do mundo para que ele se torne dia-a-dia mais conforme o projeto de Deus. E que o Senhor nos guie e nos impulsione rumo a esse objetivo. Cidinha e I gar
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Inserido mediante o Batismo e os outros sacramentos e dons no povo sacerdotal e missionário, cada cristão é chamado a participar ativa e responsavelmente da única missão de salvação da Igreja e, portanto, a viver concretamente o "serviço" cristão, segundo a diversidade dos carismas e a especificidade das vocações que o Espírito Santo dá a cada um. (Lineamenta, n. 0 20, pg. 25 - Ed. Paulinas).
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VOCAÇÃO E CONVOCAÇÃO DO LEIGO O assunto interessa às E.N.S.? Sim - e muito! Mas .. . é um tanto incômodo ... Interessa na medida em que as E.N.S. são um Movimento de Igreja. De Leigos. O assunto é tão antigo como as epístolas paulinas. Está claramente localizado no Vaticano II, especificamente em quatro documentos : Lumen Gentium, Gaudium et Spes, Apostolicam Actuositatem, Ad Gentes; na Evangelii Nuntiandi (o mais importante documento pós-conciliar, vale a pena ler o n. 0 70); no documento de Puebla você vai encontrar do n.0 777 a 849. Os cinco úitimos Sínodos também falam disso; e o próprio Direito Canônico atualizado, nos cânones: 204-231; 327-329. O assunto é tão atual e tão importante e de tanto interesse que o Sínodo de 1987 tratará exclusivamente do Leigo. E a Assembléia da C.N.B.B. de 09 a 18 de abril/ 86 teve em pauta este assunto em preparação ao Sínodo. Assunto sinodal que se encontra compendiado no opúsculo: "LINEAMENTA- Vocação e Missão dos Leigos na Igreja e no Mundo vinte anos depois do Concílio Vaticano II". Aliás, na última reunião dos Conselheiros Espirituais das E.N.S. foi proposto e aceito que durante o ano de 1986 se estude LINEAMENTA nas reuniões mensais das ENS. Mas, vamos ao núcleo, ao miolo do assunto: O Leigo foi a grande "descoberta" (ou ao menos uma das grandes "descobertas") do Vaticano Il. Trouxe à tona toda a vitalidade da Ação Católica de Pio XI que tenta ser realidade nos Movimentos de Igreja (entre eles ENS), nas CEBs, nos Movimentos Populares - e semelhantes - despertando, no Brasil, o ideal de um Laicato organizado e eficiente, autêntico. Os documentos do Vaticano II, Evangelii Nuntiandi (n. 0 70) e Puebla insistem na necessidade da presença evangelizadora do leigo na Igreja e chegam a dizer que: "A Igreja não está fundada verdadeiramente, nem vive plenamente, nem é sinal perfeito de Cristo entre os homens, se, com a hierarquia, não existe e trabalha um laicato autêntico" (Ad Gentes, n. 0 21). · O Vaticano II reconhecendo essa necessidade estrutural da presença do leigo na evangelização, insiste em deixar bem claro o motivo
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(o porquê), a finalidade (o para quê), os meios, o modo (o como), a localização (o onde) dessa presença evangelizadora do leigo. Para deixar isso mais claro, o Vaticano 11 e o Pós-Vaticano 11 - a Igreja - faz uma distinção fundamental e marcante entre Vocação e Convocação do leigo. VOCAÇAO (Missão) do Leigo é a evangelização das realidades temporais; o leigo deve estar metido nas realidades temporais para aí fermentar Evangelho (na família, na política, na economia, nas artes, nos Meios de Comunicação Social, em todos os segmentos da sociedade). Presença cristã do leigo nos ambientes, nas estruturas temporais. Numa palavra: - "Leigo de Igreja no coração do mundo" (Lumen Gentium, 31-33; Puebla, 786-803; Evangelii Nuntiandi, 70). Esta é a Vocação do Leigo. A raiz (o porquê) dessa vocação é o Batismo que nos faz membros vivos e responsáveis da Igreja. O Batismo faz você ser Igreja, agir como Igreja, o toma participante da missão tríplice de Cristo: sacerdote, profeta, rei. Vocação essa confirmada pelo Crisma e alimentada pela Eucaristia. Lembra o Vaticano 11 (Lumen Gentium, 31) que a condição batismal do leigo é inseparável de sua condição secular. Isto quer dizer umas tantas coisas muito sérias. Quer dizer que a inserção do leigo cristão - inserção iluminada pela Fé ( = "secularização-secularidade") não é um dado sociológico, mas, teológico. Caiba aqui um parêntesis: "secularização ou secularidade" é nossa presença e atuação nas realidades temporais guiados pela Fé; "secularismo" seria nossa presença nas realidades temporais sem os critérios da Fé. Aqui se justifica, pois, a tão discutida "dimensão social" da evangelização, da conversão, da proclamação do Plano de Deus e da denúncia de tudo o que se opõe a esse Plano de Deus ... Aqui não haverá lugar, pois, para uma pura e angélica "conversão pessoal-vertical" do "só eu e Deus" . . . Pois, a dimensão social é evangélica, já que um Deus não se encarnou num anjo, mas num homem de dimensões temporais. O filho de Deus não é uma alminha, mas um ser concreto que come, precisa de casa, de tratamento corporal, de escola para desenvolver a inteligência, de liberdade, de Deus .. . Sua Vocação - presença evangelizadora nas realidades temporais é estrutural, não meramente conjuntural, isto é, essa vocação provém de sua estrutura de batizado. Não é meramente conjuntural, isto é, não provem da falta de sacerdotes ou porque os padres não podem estar metidos nessas realidades temporais. . . Não! Mesmo que houvesse um sacerdote para cada três pessoas, o leigo batizado, o leigo-Igreja não estaria dispensado de seu apostolado, de sua presença evangelizadora nas realidades temporais - isto é: "ser Igreja no coração do mundo". CONVOCAÇÁO do Leigo Além de sua Vocação-Missão fundamental-estrutural, como vimos, o leigo pode ser convocado para diversos mistérios intra-eclesiais "Ser leigo cristão do mundo no coração da Igreja". Mas, esta não é sua "primeira e imediata tarefa" (Evangelii
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Nuntiandi, 70). O leigo - repitamos - antes e acima de tudo está comprometido com as realidades temporais, por sua vocação cristã. E, em segundo plano, por uma convocação ele poderá - e deverá - estar disposto, de acordo com suas qualidades ·e possibilidades, para exercer as tarefas "intra-eclesiais", como os ministérios (ministro da eucaristia, dos doentes, da palavra, cursos de noivos, catequeses, obras paroquiais, desde as mais promocionais até à venda da "tômbola do seu vigário" ... ). Fique claro que o leigo deverá participar da comunidade paroquial onde se alimentará da palavra, da eucaristia, onde prestará sua ajuda ao pároco, etc. Mas, sua primeira tarefa de leigo cristão é estar metido e atuando nas realidades temporais. Esta é sua Vocação! O que acontece, em geral, é a inversão dessa ordem. Trocam-se as prateleiras . . . Há uma certa instrumentalização do leigo por parte de muito vigário preocupado com a organização de sua paróquia e com as obras paroquiais. :E: justa, claro, uma convocação do leigo para essas obras. Mas haverá um interesse igual - e deveria ser maior - em saber se o seu paroquiano, o leigo está realizando sua Vocação nos ambientes, nas realidades temporais onde vive e trabalha. Nota-se uma certa "fuga mundi" da parte de muitos leigos - isto é, uma "fuga do mundo" das realidades temporais, para dentro da Igreja. Há casos de "fuga" para as obras sociais- em si, obras necessárias, ótimas, - uma "fuga" que descompromissa o cristão de sua presença no ambiente profissional, social. Uma inversão de valores que não encontra o apoio da Igreja do Vaticano II ... Entenda-se: claro que essas obras são necessárias, ·beneméritas, imperativas mesmo. Mas, pergunta-se aqui, se essas "convocações" não estariam tomando o lugar da vocação própria do leigo de Igreja-hoje: "ser leigo de Igreja no coração do mundo" - no mundo dos Meios de Comunicação Social, da política, da sociedade. Ser "leigo cristão do mundo no coração de Igreja" pode ser relativamente fácil; mas, "ser leigo de Igreja no coração do mundo" ... A luz do que foi exposto, poderíamos refletir sobre os quatro pontos seguintes: 1. 2. 3.
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E nós, das Equipes de Nossa Senhora, como nos posicionamos face a essas realidades? Que vamos responder ao próximo Sínodo sobre os Leigos? Como nossa equipe está, hoje, atingindo sua finalidade, quando a influência da Sociedade, dos Meios de Comunicação Social, dos ambientes que os cercam, das realidades temporais externas é muito maior, na formação dos jovens, do que a influência da Família? Nessas perspectivas, como ficam nossas reuniões de Equipe de Nossa Senhora? Nossas reflexões? Pe. José' Ribólla, cssr
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A REUNIÃO DE EQUIPE · i: a oração em equipe que mais nos atrai para a Equipe de Nossa Senhora. ~ o que há de mais sólido, o que nos alimenta mais na reunião. Graças à oração, é impossível que a reunião se transforme em círculo de estudos ou simples reunião de amizade.· " O vínculo de nossa unidade é uma pessoa, é o Cristo do qual somos membros , é o Pai a quem nos dirigimos ; é a alegria de nos sentirmos de maneira concreta, quase palpável, membros do mesmo Corpo , de pertencermos a uma pequena comunidade viva , de dimensões humanas." (Testemunho de casais das E.N.S.)
111. A ORA,ÇÃO NA REUNIÃO DE EQUIPE A Oração, na reunião mensal da Equipe é dividida em etapas: leitura de texto da Bíblia; oração pessoal; intenções, oração litúrgica. Assim, embora toda a reunião se desenvolva num clima de oração, esses momentos têm destaque especial. Por que a Oração deve estar no princípio e não no fim da reunião? A Oração deve estar no princípfo e não no fim da reunião para que os espíritos estejam alertas e bem dispostos, mas sobretudo para que se estabeleça, desde logo, a comunhão das almas num nível verdadeiramente espiritual. Depende muito do Casal Animador e do Conselheiro Espiritual o " tom" da Oração. " A Oração cria o clima espiritual da reunião. Ensina-nos a rezar e, sobretudo, ensina a conhecermo-nos profundamente uns aos outros . Quando as Equipes descobrem os benefícios da oração, tendem à dar-lhe um lugar cada vez maior nas reuniões , porque é o grande meio para se encontrarem intimamente , para adquirirem uma alma comum , e porque assim se aproximam de Deus ".
As etapas da Oração na Reunião de Equipe - Leitura de texto da Bíblia Trata-se da leitura do texto indicado na Carta Mensal.
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Por que? - Porque ao receber a Carta Mensal, os casais Ja tomaram conhecimento do texto e puderam refletir sobre ele. Na reunião mensal o texto é, por assim dizer, relido, em voz alta, pelo casal escolhido na Reunião Preparatória . Essa leitura é feita após os casais terem feito alguns instantes de silêncio (ruptura). - Oração Pessoal Finda a leitura, há outro momento de silêncio, para que os casais meditem sobre o texto lido. Em seguida, cada um dos membros da Equipe dirige-se livremente a Deus, com toda a simplicidade: pode ser uma oração de adoração, de súplica, etc. mas exprime o fundo da alma de cada um, a reflexão sobre o texto lido (não confundir com as intenções que se seguirão). Essas orações devem ser breves. Ao final, o Conselheiro Espiritual também faz sua oração pessoal e, conforme as necessidades, vincula as orações feitas com o sentido exato do texto lido. Faz-se, então, outro momento de silêncio onde os casais interiorizarão as orações uns dos outros (momento ótimo para anotar-se pontos que exigem prestação de auxílio-mútuo). - Intenções O pôr em comum das intenções, é um dos momentos altos da etapa da oração. Não deve ser desperdiçado com a colocação de intenções "imprensadas" isto é, "colocadas só para não se dizer que ficamos mudos ". É preciso refletir sobre o que iremos pedir para justificar as orações que irão amparar a intenção exposta. Uma vez colocada uma intenção por um dos casais, não é preciso que outro a recoloque. - Oração Litúrgica O oração litúrgica, "indicada pela Carta Mensal, é tirada do próprio da missa, do livro dos salmos, etc. Um dia canta-se um hino, outro lêem-se as orações da missa do casamento ... O fim desta oração litúrgica, tirada das riquezas da Igreja é de unirnos à grande oração da Igreja, aos que todos os dias, no mundo inteiro, assistem à missa, recitam o ofício, cantam glória de Deus. Assim, somos iniciados na linguagem de que se serve a Igreja para falar com Deus". Dificuldades
Na hipótese de surgir dificuldade no cumprimento da Oração na Reunião da Equipe, nada melhor do que uma bem feita co-participação. Vamos descobrir juntos o "porque" da dificuldade. Será que não estaria havendo muito "preciosismo" na oração de alguns, inibindo a outros?
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Será que não estamos "misturando" oração pessoal com intenções? Será que não é por falta de abertura que "temos vergonha" de colocar nossa oração em voz audível? A oração litúrgica tornou-se "monótona, por que? Será que não ficaria melhor o Conselheiro Espiritual nos explicar o texto, antes que nós o recitássemos? Em algumas Equipes, a oração pessoal é deixada ao critério de cada um "para dar início". Não seria essa a causa que leva os mais tímidos a ficarem para o fim, ou o que é pior, nem a enunciarem? Enfim, é preciso que o Casal Responsável e o Conselheiro Espiritual estejam atentos a eventuais dificuldades e que co-participem com os demais casais os meios aptos para superá-las. MARIA HELENA E NICOLAU ZARIF
Quanto à oração, ela é aquela hora privilegiada em que, parando todas as ocupações, o cristão se entrega, sem reservas, a ação de graças do Cristo. (Pe. Caffarel, em Presença de Deus - Cem cartas sobre a oração.)
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EDUARDO BUSTOS TESTEMUNHO DE UM EQUIPISTA Este artigo foi originalmente escrito para a Carta Mensal da Colombia. Luiz Marcello e Esther são atualmente o casal super-regional responsável pela América Latina.
Estavamos em casa, a família toda reunida para comemorar o vicecampeonato panamericano de karatê que, dias antes, nossa filha Maria Ester havia conquistado. No meio daquela alegria toda, sou chamado ao telefone. Era de Bogotá. Um amigo dava-nos a triste notícia do falecimento de Eduardo Bustos na madrugada daquele dia 15 de novembro, nove dias antes de completar 51 anos. Ao pranto de quem nos chamava, juntamos, atônitos, o nosso, o meu e de Esther. Desde então a figura de Eduardo não · sai da minha cabeça. Cenas e episódios desfilam continuamente por minha memória. Em todas elas, estou a ver Eduardo à minha frente , com sua figura bem nítida e presente aos meus olhos. Gostaria tanto de contar-lhe algumas destas cenas .. . Mas como, se o espa.ço e o tempo são poucos? Fiquemos com apenas uma, cheia de lição para nós todos. Para isso, vejo-me agora, cheio de saudade, sentado à mesa do amigo no acolhedor escritório de sua casa. O que lhes vou contar representa um momento decisivo de sua vida. Cecília, sua esposa, me confirmou esta minha impressão. Por isso me atrevo dizer que aquele foi o grande momento de sua existência, o momento em que o Senhor lhe pediu a conversão total. Digo-lhes que sou feliz em contar o episódio, porque o Bom Deus quis que eu e minha mulher fôssemos , principalmente juntos com Cecília, os mensageiros de seu convite. Foi lá pelo começo de 1980, fevereiro talvez, que recebemos uma dramática carta de Julio e Amália. Alegando fortes razões de saúde , mostravam que já não podiam continuar como responsáveis pelas Equipes da Colombia. Pediam a imediata substituição.
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Era uma situação delicada e complicada. Não tínhamos recursos nem disponibilidade de tempo para voar até Bogotá. Tínhamos que fazer a escolha à distância, de longe, sem poder conversar com quem quer que fosse . Agarramo-nos, então, ao Senhor, confiantes que Ele nos diria o que fazer. Depois de muita oração e reflexão, chegamos à conclusão que Cecília e Eduardo eram os indicados. Tínhamos, contudo, um sério temor que o convite não seria aceito. Como era urgente a solução, passamos um telegrama com a indicação. Dito e feito. Dois ou três dias depois chegou-nos um nervoso telex, assinado apenas por ele, no qual declarava peremptoriamente que não podia aceitar a incumbência. Em poucas palavras dizia que seus afazeres profissionais eram cada dia maiores, seus negócios cresciam e a fábrica que ele presidia estava em um ponto de desenvolvimento que exigia cada vez mais a sua presença. Por isso não podia encontrar tempo para as Equipes. · Passados uns tantos dias, recebíamos uma longa carta de Cecília, cheia de carinho e preoéupação. Cheia, sobretudo, de abertura de coração e sinceridade. Lemo-la, Esther e eu, não sei quantas vezes. E a cada vez víamos diante de nós a figura meiga de Cecília a nos pedir, de olhos arrazados de lágrimas, que escrevêssemos a Eduardo aconselhando-o a mudar de comportamento. Com o coração sangrando, ela revelava o seu temor pelo futuro, pois "Eduardito" não fazia quase outra coisa senão pensar nos problemas da fábrica. Já não encontrava tempo, como antes, para dedicar-se ao lar, aos filhos, e a ela mesma. Saía cedo e voltava, geralmente, tarde, sempre tenso, cansado e preocupado. Vivia, segundo nos contava Cecília, às voltas com coquetéis e jantares de negócio. A carta terminava com um doído e angustiado apêlo para que escrevêssemos, tentando convencê-lo a aceitar a responsabilidade porque, se isso ocorresse, ela estava convencida que ele mudaria de vida. A voz angustiada de Cecília nos calou fundo. Ainda mais que a negativa de Eduardo não foi uma surpresa para nós. Sabíamos que era tremendamente difícil mudar a mentalidade de alguém empolgado pelo sucesso nos negócios. Como desde a carta de Júlio e Amália estavamos fazendo uma intensa campanha de oração junto com outros companheiros, o plano da carta, àquela altura, já havia aparecido em minha cabeça. Ou em meu coração? Continuamos, todavia, a rezar pois queríamos escrever uma carta como o Senhor gostaria que escrevêssemos. Uma bela manhã, depois da Missa, enquanto Esther ficava de guarda rezando (como Moisés em Refidim, Ex.l7,11), puz-me a escrever o que depois o próprio Eduardo, brincando, chamou a "l.a epístola a Eduardo Bustos" . Recordo, ainda, que ela era bastante longa. Do começo ao fim, porém, marcada por um tom muito pessoal, como se fora uma verdadeira "co-participação".
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Girava, toda ela, em torno de uma idéia básica: a busca do Reino de Deus. Começava pondo em relevo sua determinação de fazer da "Fadaltec" uma grande empresa, coisa que só podia merecer aplausos. Era necessário, contudo, não colocar os interesses da empresa à frente das coisas de Deus. Isso seria como que uma usurpação. Seria trocar Yavé pelo Bezerro de Ouro. Daí a "epístola" passava a mostrar que a verdadeira atitude de um cristão era, justamente, adotar a atitude contrária: para realizar seu sonho de empresário, ela deveria, antes de qualquer coisa, "BUSCAR O REINO DE DEUS EM PRIMEIRO LUGAR QUE TUDO MAIS RECEBERIA POR ACR~SCIMO". Como se tratava de uma "co-participação", puz-me a mostrar-lhe que não acreditava naquele conselho de Cristo apenas porque o tivesse lido. Minha convicção era muito mais profunda: ela brotava de minha própria experiência. Tanto que, - afirmava eu sem falsa modéstia, acabara por me tornar alguém bem sucedido. Com toda a sinceridade, confessava que todo o êxito devia-o ao fato de ter tido a graça de compreender que era preciso procurar o Reino de Deus em primeiro lugar. Por isso, mesmo nas épocas em que andei apurado até o limite de minhas forças, sempre procurei dar um pouquinho de meu tempo ao Senhor do Tempo. Ele, de seu lado, nunca me _deixou faltar tempo para o que me era necessário. Por aí ia eu partilhando "coisas que guardava no coração". E terminava assim: "Você quer fazer da Fadaltec a maior empresa das Américas? Então não deixa jamais de buscar primeiro o Reino de Deus." Coisa interessante: a carta acabava assim, sem pedir-lhe para aceitar o cargo. Ainda me lembro que, no momento de pô-la no correio, ocorreu-me uma pequena oração: "Senhor, manda um anjo mensageiro entregar esta carta." Cecília a recebeu às vésperas do feriado de 1. 0 de maio. Estrategicamente (inspirada pelo carteiro celeste?) não a entregou de imediato ao destinatário: deixou-a bem à vista no criado mudo, já depois que ele dormia. Ao outro dia, quando se acordou, deu com o envelope. Cecília, que de longe espreitava, conta que ele ficou a lê-la por longo tempo, muito concentrado. Como a família havia combinado um "pic-nic" para aquele dia, meteu o envelope no bolso. Durante o passeio Cecília viu que, por duas ou três vezes, ele se retirava para um canto e punha-se a ler a "epístola". Para resumir, no outro dia, se não me engano, conversou com Cecília e depois com os filhos e tomou a sua decisão. Escreveu-nos, então, uma carta para dizer que as Equipes podiam contar com ele pois, dali para a frente, buscaria o Reino antes de mais nada. O resto não preciso contar. Todos os equipistas da Colômbia sabem que, apesar das dificuldades, das decepções, dos fracassos, das crises, · das desilusões, o Senhor sempre esteve em primeiro lugar. Ele que, em
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outros tempos, não tinha tempo senão para os negócios, a partir daquela fervilhante opção de 1.0 de maio, foi encontrando cada vez mais tempo para a leitura da Bíblia, para a oração, para a Missa quase diária, para o seu Rosário, para os retiros, os encontros e um infindável número de reuniões. Nem por isso deixou de realizar o seu sonho de empresário: a sua Fadaltec não fez senão crescer apesar da crise que andou avassalando o mundo. Volto ao que disse no começo. Tenho cá para mim que aquele 1.0 de maio foi o dia em que o Senhor, mediante uma simples carta, deu-lhe um cheque-mate, pedindo sua conversão total. Talvez com o coração dilacerado, vencendo a sedução do dinheiro e a vaidade do sucesso, ele disse sim Àquele que lhe pedia uma entrega total. Em Toronto, no Canadá, na semana que antecedeu a cirurgia que o vitimou, ia todos os dias à Catedral para rezar o Rosário, assistir à Santa Missa e depois, deixar-se ficar, por longo tempo, em profunda oração. Foi por aqueles dias que confessou a Cecília: "Nunca consegui rezar tão bem como agora. Sinto-me tão perto de Deus!" Já no hospital, de olhos fitos nos de Cecília, dizia-lhe: "sinto-me tão feliz, tão feliz! Sou um homem completamente realizado."
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Haveria ainda tanta coisa para dizer, tantas recordações para lhes contar que nem sei onde pararia. Do passado, passo diretamente para o presente, para o dia de hoje, 2.a feira da 34.a semana litúrgica. Às 12 horas acompanhei Cecília à Missa na Igreja de San Ambrósio. Estremeci logo ao início da celebração quando ouvi o Cântico de Entrada: "Deus anuncia a paz a seus amigos e aos que se convertem de coração" (Sl 84,9). Estremeci porque sei, como tantos também o sabem, que Eduardo foi um dos que se converteu de coração. Estremeci porque naquele instante lembrei-me que ele, ao entrar para as Equipes, mal sabia rezar a Ave Maria e acabou tão perto de Deus. Estremeci ao sentir que a coerência de sua conversão foi tanta que, para a alegria de todos nós, seus amigos, e de todo o Corpo Místico, ele está bem juntinho do Cristo que lhe pediu um sim radical. Já não sei, amigos, como terminar. Quisera eu ser poeta para findar este escrito com um poema, algo que deveria se chamar "Ode a um ,amigo que se converteu". Mas toda esta poesia, por melhor que fosse, seria tão pobre diante da riqueza das últimas palavras que ele disse àquela que foi carne de sua carne: "Yo te quiero tanto, Cecília, te quiero tanto". Luiz Marcello
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A PALAVRA DO PAPA
MOMENTOS DE MAIS INTENSA ESCUTA No sábado. 22 de fevereiro de 1986, encerrou-se o Retiro Espiritual do Vaticano, que contou com a participação do Santo Padre. Na semana seguinte , por ocasião de saudações dirigidas a grupos diversos, o Papa se referiu à vivência do retiro. Transcrevemos estas saudações .
1. Caríssimos Jovens, a vós agora dirijo a minha calorosa saudação. Como talvez saibais, concluí há pouco a minha anual semana de Exercícios Espirituais. Estou grato a Deus pela luz que me concedeu naquele período de mais intensa oração e aproveito a ocasião para vos exortar a considerar com interesse, também vós, estas formas de empenho moral e espíritual, que podem ser úteis para vós, se bem conduzidas, a fim de vos fazerem compreender melhor o sentido da vida aos olhos de Deus . Elas podem suscitar em vós propósitos santos de tal beleza que vos estimulem a dar-vos totalmente por elas. E, ent ão . sim, é que uma vida se torna digna de ser vivida! Abençoa-vos de coração . .
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2. Caríssimos Doentes , saúdovos com todo o meu afeto. Os períodos da doença podem tornar-se quase retiros espirituais. A renúncia a vossas habituais atividades e o isolamento da vi-
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foi coroado pela graça divina: só a ela compete afinal - juntamente com o vosso empenhamento responsável - a faculdade de manter o vosso amor no seu vigor e na sua beleza. Mas isto significa que deveis sempre alimentar esse amor nas suas fontes espirituais .Não· esqueçais , portanto, caros esposos, a importância, também para vós, de periódicos momentos de mais intensa escuta daquele amor infinito e subsistente, que é Deus mesmo, e do qual deriva todo o amor que verdadeiramente mereça este nome. Estou de modo particular junto de vós com a minha bênção .
da social fazem pensar mais no Senhor e aumentar os atos de nossa confiança n'Eie, que permite o sofrimento só para nos tornar mais puros e agradáveis a Ele. A doença pode e deve ser entendida como um curso de Exercícios espirituais, nos quais o pregador não é um homem, mas é o próprio Deus, cuja vontade está sempre e unicamente dirigida para o nosso bem. Acompanhe-vos o conforto da minha grande bênção.
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3. Também a vós, caros jovens Casais, apresento a minha saudação. O vosso sonho de amor
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NOTICIAS BREVES - Através do CR da ECIR, lgar e Cidinha, as ENS participaram do 2.0 Encontro Nacional de Movimentos Nacionais Leigos, em. 22 e 23 de fevereiro, em Brasília . - Mons. Pierre Primeau, canadense, 55 anos, dos Padres de São Sulpício, com 8 anos de CELAM na direção do CENPAFAL - Centro de Pastoral Familiar para a América Latina e dois anos de Roma no Pontifício Conselho para a Família, é o novo responsável, na CNBB, pela Pastoral Especial de Planejamento Familiar. - Foram real izados em São Paulo, de 31/1 a 4/2/86, o 1.0 Encontro Nacional da CENPLAFAM - Confederação dos Centros de Planejamento Natural da Famílía e o 2.0 Seminário sobre Métodos Naturais para Médicos. A CONPLAFAM fez opção preferencial pela juventude, que tem mostrado grande interesse em conhecer e valorizar sua fertilidade, assumindo o domínio do próprio corpo, a partir dos recursos internos de cada ser humano.
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ANO INTERNACIONAL DA PAZ
UMA MULHER. . . UM MENINO Os pastores de Belém, no coração da noite, ouviram um anúncio de alegria e uma promessa de paz. Puseram-se a caminho, em busca desta promessa. Mas acabaram encontrando uma Mulher e um Menino. Não sabiam que a paz estava lá, encarnada neles. O homem de hoje, pastor errante, a cada promessa de paz parte na noite profunda, armado de lanterninha, para ver em que canto a paz teria se escondido. Na maioria das vezes, ele volta exausto e desiludido porque dela não encontrou sinal. E a promessa dos anjos na noite de Na tal - "Paz na terra aos homens" - parece cada vez mais distante e ilusória. Há sempre um louco por aí, com mania de brincar com armas. Há sempre uma bomba, um canhão, uma metralhadora, para comprometer a paz entre os homens e desmentir a promessa antiga. Mas um fato é comprovado: ninguém pode construir a paz sem a Mulher e o Menino. A Mulher e o Menino podem ser o símbolo da fraqueza e da fragilidade, mas a chave da paz está em suas mãos. A Mulher e p Menino são o último recurso que temos para salvar e defender a nossa paz. A únioa força capaz de deter a marcha dos exércitos e neutralizar o poder destruidor das bombas de hidrogênio. Não haverá "cessar fogo" se não colocarmos a Mulher e o Menino no meio das contendas e dos tiroteios. A Mulher e o Menino, Maria e Jesus. São eles os portadores da paz. Ele, porque é o Reconciliador. Ela porque trouxe ao mundo Aquele que é a própria Paz. (Extraído do livro: "Uma mulher no meu caminho" do Pe. Virgílio)
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VIRGEM DO SORRISO ó Virgem da alegria e do sorriso Eis-nos aqui Faze compreendermos que nossa vida E um poema de amor, Canto de ação de graças, hino de júbilo. O Deus de amor nos enriqueceu De imensos dons Para que estejamos a serviço dos irmãos, Que o nosso serviço, como o teu, ó Virgem da alegria, Brote no fértil terreno da oração E seja linda flor que consola e anima: Sorriso de amor, no deserto dos homens tristes, A procura dos que não têm Deus.
Voltando às nossas comunidades, Quando a tristeza voltar a visitar-nos, E a dor e a incompreensão a esmargar-nos, Saibamos parar ao longo do nosso caminho E, no silêncio, cantar de novo o nosso "Magnificat", Para retomar a cruz que salva, na alegria Amém. Patrício Sciadini
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CARTA DA EQUIPE RESPONSAVEL INTERNACIONAL
A PALAVRA DE DEUS Com uma certa regularidade, as Equipes de Nossa Senhora escolhem uma orientação de vida que se destina a concentrar nossos esforços sobre algum aspecto essencial da vida cristã. Da mesma forma, um dos pontos concretos de esforço é periodicamente posto em destaque. Este ano, para nós, das ENS do Brasil, a frase "Vós sois o corpo de Cristo'' sintetiza a .orientação de vida escolhida. E a "Escuta da Palavra de Deus" é o ponto concreto de esforço colocado em relevo. É sobre este ponto que nos falam Annette e Léon Dabin, membros da ERI.
Caros Amigos, ( ... ) A palavra não é somente um meio de comunicação entre os homens; el~ é também um reflexo da personalidade. Pode-se considerar que, nesta perspectiva, a palavra é, de certa forma, "eficaz". Existem, naturalmente, "palavras no ar", que não comprometem mas sempre decepcionam. Há "desvios de linguagem" que refletem bem uma certa maneira de pensar. Mas há, sobretudo, palavras que matam e palavras que salvam. Nós, esposos e esposas, pais e mães, o sabemos muito bem, até mesmo em nossos relacionamentos mais amorosos. "Da mesma boca provêm bênção e maldição", diz Tiago (Tg 3,10) com seu estilo percuciente, lembrando o que já dizia o Livro dos Provérbios (Pr 12,18): "Há quem tenha a língua como espada, mas a língua dos Sábios cura." Quem serão estes sábios que curam, senão aqueles que, pela ação do Espírito Santo, se expressam com uma palavra de compreensão, de cordialidade, de ternura; os que exortam ou simplesmente se lembram daquilo que entristece ou oprime o outro? Seremos com certeza deste número, ao ativarmos a graça sempre presente, e toda vez que nosso mau humor não obstruir a vontade do Senhor. "E o Verbo se faz carne e habitou entre nós" (Jo 1,14). Nós o sabemos, mas não o vivemos bastante. Seria preciso, como o escrevia
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recentemente o Cardeal Lustiger (CM Dez/Fev 85-86, pg. 16) que a Palavra de Deus passasse a ser nossa língua materna. Seríamos então os "porta-vozes" de Deus, sempre prontos, segundo a Sua vontade, a dar a razão da esperança que nos habita. Cada um de nós poderia, por exemplo, dar testemunho, na sua equipe, dos tempos fortes em que se sente arrebatado pela Palavra de Deus. Momento de alegria ou de dor, momento excepcional de graça no qual todo o nosso ser desperta para o chamamento d' Aquele que nos ama com amor infinito. Mas, à exceção destes momentos privilegiados de acolhimento e recolhimento, quantas hesitações, dúvidas, receios, até mesmo revoltas diante de tudo o que acontece conosco e que nos impede de permanecermos numa "abertura de coração" perpétua com Deus. "Escuto, mas não ouço nada"; "peço, mas nada muda" ... O véu negro dos que são levados pela vertiginosa aceleração das preocupações deste mundo! Como sair desta situação que, às vezes se parece com o desespero de um orgulho traído? Aquele que crê sabe que Deus fala nos acontecimentos. Aquilo que nos atinge tem um sentido: é nossa história pessoal que se inscreve na linha da grande História Sagrada. Cabe-nos descobrir aos poucos, com paciência e convicção o sentido profundo daquilo que, na aparência, não tem sentido. Equipistas de Nossa Senhora, deveríamos, talvez, "conservar estas coisas", ter uma memória espiritual dos fatos da vida e "meditá-los em nosso coração". B evidente que esta atitude requer, além do mais, um esforço de vontade. Mas é um esforço que será sustentado, de forma poderosa, pela comunidade dos que creem. Perceba a voz do Senhor no impulso caloroso de um irmão ou irmã de equipe, no " bem-querer" de teu conjuge, na proclamação de Sua Palavra na Igreja, e o que te parecia petrificado para sempre, retornará à vida. Fortalecidos pela fidelidade amorosa do Senhor, esforcemo-nos para ouvir regularmente o que Ele nos diz, para ler os textos que Ele inspirou e para praticar com freqüentes meditações o discernimento que salva. Em nosso lar, gostamos do tempo dedicado à oração conjugal, vinculada, de preferência, àquilo que o povo de Deus comemora hoje. Pois a cada dia, a aventura da fé começa de novo. E é bom responder a dois aos convites do Senhor, de contar-Llhe o que nos faz sofrer, louvá-Lo pelo que Ele nos dá, pedir-Lhe o Seu auxílio para os acontecimentos que nos esperam. Nem tudo é perfeito, muito pelo contrário. As vezes, murmuramos, revoltados, às vezes, parece que um peso nos esmaga. " Chega, Senhor, por que permites estas coisas?" Mas aí também, as Escrituras vêm em nosso auxílio, pois transpõem maravilhosa-
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mente todos estes sentimentos para o contexto da justiça imanente de Deus. Com o salmista, cantemos (Sl. 119): "Eis-me colado ao pó, dá-me vida pela tua palavra . .. Minha alma se consome de tristeza: que tua palavra me conforte . . . Tua palavra é lâmpada para os meus pés, e luz para o meu caminho . .. Tuas mãos me fizeram e me firmaram, faze-me entender f"
Em união de pensamento com cada um de vocês, Annette e Léon Dabin
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NOTrCIAS BREVES - O casal Françoise e Jean-Jacques Crepy, de Versalhes, França, passou a integrar a Equipe Responsável Internacional, tendo como função específica a coordenação dos super-regionais européus de língua francesa . - A partir de 6 de janeiro de 1986, o Pe. Bernard Olivier, op., substitue o Pe. Roger Tandonnet, como Conselheiro Espi ritual da Equipe Responsável Inter· nacional (v. Editorial). - Em sua reunião do próximo mês de setembro, em Munich, com os super-regionais, a ERI confirmará os detalhes do Encontro Internacional das Equipes, a ser realizado de 19 a 23 de setembro de 1988, em Lourdes.
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RELEMBRANDO A IDSTóRIA DO MOVIMENTO "Depois disto, o Senhor designou outros setenta e dois discípulos e enviou-os dois a dois à Sua frente . .. " (Lc 10,1).
3. O IN1CIO NO BRASIL "A adoção dos Estatutos foi um passo importante na vida do Movimento. Nem todas as Equipes existentes aceitaram submeter-se a uma "Regra" e um terço delas recusaram adotá-la. Era normal, como é normal ainda hoje que casais, após terem feito a experiência do Movimento nos dois anos que vão da filiação provisória à filiação definitiva que é o Compromisso, desistam de continuar, se entenderem que os métodos das ENS não correspondem às suas necessidades espirituais ou às suas aspirações. Como é normal que, em qualquer tempo, um ou outro casal se retire do Movimento quando se sentir chamado para outras formas de espiritualidade. Não nos devemos admirar, portanto se, vez por outra, um ou vários casais se retiram do Movimento, após anos de atividade e devotamento, mesmo em cargos de responsabilidade. As ENS nunca se julgaram o único Movimento adequado para levar a Deus os cristãos casados. Uma prova, porém, de que os Estatutos das ENS correspondiam às necessidades de um Movimento que desejava ajudar os casais a viverem com mais fidelidade o seu cristianismo é que, após a sua instituição, as Equipes se multiplicaram rapidamente. A princípio nos países de língua francesa: Bélgica, França, Suiça. Em 1950, forma-se a 1,8 Equipe de língua diferente e fora da Europa, e coube ao Brasil esta primeira eYperiência." Este texto que vocês acabam de ler, foi escrito pelo Dr. Pedro Moncau Jr. em 1968. Esse manuscrito não deixa de ser um documento das nossas Equipes do Brasil, embora tenha a simplicidade de apontamentos comuns para facilitar o encadeamento de uma exposição oral. Mas o que queremos ressaltar nesta terceira parte da história do Movimento, são as particularidades de como o casal Moncau trouxe para
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o Brasil este Movimento. As circunstâncias que envolveram essa travessia atlântica, saindo dos limites geográficos da Europa pela primeira vez, alcançando o primeiro país de língua não francesa no âmbito do Movimento, aportando justamente em terras de Santa Cruz, para florescer , dar frutos e firmar-se no seio da família brasileira. Eis como tudo ocorreu: O Centro de Estudos Dom Gastão, constituido por Congregados Marianos casados, da paróquia da Igreja Santa Efigênia, agrupava casais que se reuniam para o aprofundamento de um vida de cristãos casados. A busca de meios para viver uma vida conjugal e familiar mais próxima do ideal de santificação através do Sacramento do Matrimônio, era a meta do casal Moncau e outros casais provindos da mesma Congregação Mariana. Em certa oportunidade Pedro deu uma palestra no Centro de Estudos, por ocasião da festa da Sagrada Família, sob o título de Família Cristã. Nesta palestra ele proferiu princípios que os cristãos casados deviam perseguir; princípios que dez anos mais tarde estariam, por uma feliz coincidência, inseridos nos Estatutos das ENS. A palestra de Pedro Moncau, lida hoje, tem um sabor profético, que verdadeiramente impressiona. Em fins de 1949, a convite do Centro de Estudos Dom Gastão, o Frei Mareei Marie Desmarais O. P. - dominicano canadense, proferia uma palestra sobre o "Amor Cristão" aos membros do Centro. Nesta oportunidade, o grupo manifestou que seus membros ansiavam por "algo mais", ao que o Frei respondeu que em Paris, onde tinha estado pouco antes, havia grupos de casais ligados à revista "L'Anneau d'Or" cujos objetivos eram praticamente os mesmos, na busca de uma espiritualidade conjugal e familiar mais profunda. Dessa indicação, resultou a primeira carta de Pedro ao Diretor da revista, Pe. Henri Caffarel, datada de 30 de novembro de 1949. A resposta não tardou, e a primeira carta do Pe. Henri Caffarel, com data de 15 de dezembro de 1949, pode ser considerada a "Certidão de Nascimento" das ENS no Brasil, em vista de ter sido o início de uma série de contatos informativos que resultaram no lançamento da l.a Equipe do Brasil - Nossa Sra. das Graças, a 13 de maio de 1950. ~ justamente ao casal Moncau que hoje o Brasil deve a felicidade de contar com um Movimento de Espiritualidade Conjugal e Familiar. ~ a Nancy e Pedro que coube a continuação da missão evangelizadora, junto aos cristãos casados brasileiros, membros das ENS.
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MOMENTO DE MARIA Neste mês colaboração de São Paulo, para tação de todos
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de Maria, queremos aproveitar a um jovem casal do Setor D de propor este texto à leitura e medios equipistas de Nossa Senhora.
Saudação
Eu te saúdo , Maria, com o respeito e admiração que o próprio Deus outrora te testemunhou por intermédio de Seu mensageiro em Nazaré . Gostaria de te saudar com todo o frescor da primeira saudação, com o discreto entusiasmo do anjo Gabriel. Gostaria de recomeçar este gesto com todos aqueles que, desde então , te apresentaram sua saudação. Com Isabel, subitamente tomada , à tua visita, de um transporte no Espírito Santo. Com Jesus, que te saudou tantas vezes até sua última acolhida na hora de tua Assunção . Com os anjos, diante de ti num perpétuo louvor. Com os santos , tão felizes de te verem no céu para te dirigirem seu triunfal e definitivo "Ave"; com a Igreja toda, na qual a recitação do terço faz subir para ti, sem cessar, as súplicas de inúmeras almas. Com todos aqueles que, neste instante, se deleitam em saudar , em ti, sua Mãe bem-amada. É neste imenso concerto de vozes que quero fundir a minha, tão fraca• e pequena, mas que desejaria tão ardorosa! Eu te saúdo, Maria, com o céu e com a terra, e por minha saudação desejo ofertar-te todo o meu ser! 11 -
Contemplação
Jesus filho amoroso da Virgem , tu que nas sombras de Nazaré não cessaste de contemplar Maria, tu que a foste descobrindo pouco a pouco com teus olhos de criança, que a admiraste incansavelmente e a amaste com toda a força de teu coração, ajuda-nos
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a olhar para tua Mãe, a compreender melhor sua pureza e sua santidade, a nos deixar seduzir por sua beleza, toda interior e toda espiritual. Dá-nos olhos para ver esta alma cheia de graça, tão simples e tão profunda, tão reta e tão amorosa! Faze com que, à força de admirá-la, imprimamos em nós a sua imagem . Faze com que a contemplação de Maria transforme o nosso coração, que a visão de sua santidade nos ensine a viver unicamente para Deus, a visão de sua pureza nos inspire o horror do pecado, a visão de sua bondade nos torne mais pacientes mais compreensivos, mais generosos e que a visão de seu amor nos obrigue a nos darmos inteiramente a Deus e ao nosso próximo. José, santo esposo da Virgem, ensina-nos a olhar Maria como tu a olhaste, com o mesmo respeito, admiração, amor ! Tu que foste discernindo cada vez mais os predicados de sua alma e que com isto ias sempre experimentando novas alegrias, ajuda-nos a contemplar a Virgem, a descobrir sempre melhor a sua incomparável perfeição. Maria era tão discreta, tão silenciosa, tão escondida que foi preciso viver bem perto dela, em sua intimidade, para chegar a apreciar a imensa nobreza de sua alma. Faze-nos entrar nesta mesma intimidade e perceber a inefável santidade da Virgem, a generosidade de sua conduta , o encanto sobrenatural de sua presença. Já que sua doçura e amabilidade encantaram o lar de Nazaré, faze-nos descobri-las novamente no semblante atual de Maria que se inclina para nós; leva-nos a crer na sua inesgotável bondade. E, a fim de que estejamos à altura de compreender a grandeza de Maria, e de nos deleitarmos com sua companhia, guardanos na tua pureza, para glória de Deus e para honra de tua esposa, conservada em sua integridade. Que nosso olhar e nosso coração permaneçam sempre retos e puros , para que possam entrar em comunhão com o olhar e o coração da Virgem Imaculada ! 111 -
Consagração
Santa Virgem Maria, minha mãe, eu me consagro a ti, abandonando em tuas mãos maternas toda a minha existência. Entrego-te toda a minha alma: digna-te tomá-la para a modelar segundo as intenções divinas. É no desejo de pertencer mais inteiramente a Deus que te dirijo esta consagração, com coração filial: prendo-me a ti e a ti ofereço a posse de mim mesmo, a fim de que prendas todo o meu ser ao Senhor. Sei que por esta consagração me comprometo a seguir tua vida , a do amor que se dá sem limites; aceito de antemão todas
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as renúncias que ela implica e te prometo, com a graça divina, nunca me queixar das exigências deste dom integral, não recusar os sacrifícios que o Senhor me pedir. Conto com a alegria que hás de me inspirar nesta generosidade, para que minha consagração seja plena expansão da alma na atmosfera reconfortante de teu amor. Mãe Santíssima, ao me oferecer a ti por uma consagração definitiva, confio-te tudo o que possuo e tudo o que sou, tudo o que o Senhor me deu. Eu te confio minha inteligência para que possa se encher, como a tua, do mistério do Cristo, e por ele, tudo compreender. Confio-te minha vontade, para que se oriente unicamente para o bem e se anime de um imenso amor, sincero e generoso, alheio a qualquer busca de si. Confio-te minha liberdade, para que se furte às servidões das paixões e escolha sempre o que é agradável a Deus. Confio-te meu corpo e meus sentidos, para que permaneçam na pureza e ajudem minha alma a se elevar ao Senhor. Confio-te minhas preocupações e temores, para que possam perder-se na segurança da vigilante bondade do Pai. Confio-te meus desejos e esperanças, para que, fixando-se mais exclusivamente no Senhor, possam ser plenamente satisfeitos. Confio-te meus pesares e alegrias, para que sejam transfigurados no pesar e na alegria do Redentor. Sê tu a soberana da minha vida e minha conduta; governa tudo em mim, para que tudo seja entregue ao Senhor! AMI:M (Colaboração do casal Thaís e Marcos Equipe N. S. do Amor- 16-D- S. Paulo)
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Colaboração de João L. de Laurentys Setor B, S. Paulo
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Para homenagear as mães, no dia que lhes é dedicado, a Carta Mensal quer fazer suas as palavras do nosso poeta maior.
MÃE PARA SEMPRE Carlos Drumond de Andrade Por que Deus permite Que as mães vão-se embora? Mãe não tem limite, É tempo sem hora, Luz que não se apaga · Quando sopra o vento E a chuva desaba , Veludo escondido, Na pele enrugada, Água pura, ar puro, Puro pensamento, Morrer acontece E o que é breve e passa Sem deixar vestígio Mãe pura de graça É eternidade Porque Deus se lembra - mistério profundo De tê-la um dia Fosse eu rei do mundo Baixava uma lei: Mãe não morre nunca, Mãe ficará sempre Junto de seu filho E ele, velho embora Com a mãe ao lado, Será pequenino Como um grão de milho. -31-
VIDA E OBRA DOS SANTOS
"O que foi para Sansão a cabeleira, foi Atanásio para a Igreja" São Gregório de Nazianzo Santo Atanásio é Doutor da Igreja e sua festa é comemorada em 2 de maio.
SANTO ATANASIO (296 - 373)
Do Condlio de Nicéia (325) até o fim do século foi um período histórico no qual Atanásio teve uma participação marcante. Começou participando do I Concílio Ecumênico de Nicéia como assessor de seu bispo, embora fosse somente diácono. Esse Concílio que se deu em 325 para "definir a doutrina autêntica contra a heresia tão capciosa dos arianos que fazia de Jesus Cristo uma simples criatura do Pai, inferior ao Pai e não Filho de Deus igual ao Pai, consubstanciai ao Pai", condenou o arianismo e fez a definição solene que nós rezamos no Credo: "Creio em Jesus Cristo Filho Unigênito do Pai, nascido antes de todos os séculos, Deus de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não criado, consubstanciai ao Pai". A atuação de Atanásio no Concílio foi tão extraordinária, que conseguiu, com a lucidez de sua doutrina e pela argumentação bíblica apresentada, refutar os erros dos arianos. Após o Concílio foi proclamado bispo de Alexandria pelo povo e pelo clero, embora contasse apenas 31 anos. Talvez nenhum bispo da Igreja tenha sofrido tanta perseguição como Atanásio; os arianos não lhe deram descanso. Refugiou-se no deserto, por vários anos, onde conviveu com Santo Antão de quem escreveu uma maravilhosa biografia. Durante cinco anos ficou escondido, durante o dia, num túmulo, saindo à noite para dirigir sua igreja e consolar seus fiéis. Nasceu em Alexandria, no Egito, em 296 e faleceu aos 77 anos.
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"Sua obra nasceu da luta. Um homem de ação raramente é um homem de letras. A formação filosófica de Atanásio é inexistente. Ele escreve para instruir e para convencer. Uma obra da juventude, composta nas horas de lazer, quando era secretário de seu bispo, o DISCURSO CONTRA OS PAGÃOS é uma refutação ao paganismo e uma descoberta do verdadeiro Deus. O pensamento não é original, o livro impõe-se pelo seu ardoroso apego ao Cristo". O trecho que damos abaixo é dessa obra.
Do Livro
CONTRA OS PAGÃOS A causa pela qual o Verbo, o Verbo de Deus, veio até as criaturas, é verdadeiramente admirável, e mostra que não conviria fossem as coisas de outro modo como são. A natureza das coisas, considerada em si mesma, e enquanto brotada do nada, é fugaz, frágil, mortal; mas o Deus de todas as coisas é por natureza bom e excelente, e ele ama os homens. Um ser bom não teria inveja de ninguém; assim também ele não recusa a ninguém o ser, querendo que todos sejam, para poder mostrar-lhes seu amor. Vendo que por si mesma a natureza criada se esvai e se dissolve, para evitar isso, para evitar que tudo volte ao nada, ele, após ter tudo criado por seu eterno Verbo, após ter dado o ser à criação, não a abandona ao ipulso e às flutuações naturais, capazes de aniquilá-la: em sua bondade, por seu Verbo que também é Deus, governa e mantém toda a criação. Assim, contemplando o céu e vendo a ordem, a beleza e a luz dos astros, é possível ter-se uma idéia do Verbo autor dessa ordem. Igualmente, quando se pensa no Verbo de Deus, pensa-se em Deus seu Pai. Dele procedente, o Verbo é com razão chamado o Intérprete e o Mensageiro do Pai; e isto se pode ver a partir do que ocorre entre nós. Realmente, quando o homem emite seu verbo, nós concebemos ser espírito a fonte desse verbo; e portando a atenção sobre o verbo, nosso raciocínio vê o espírito cujo sinal ele representa. Com maior razão, e por uma consideração mais profunda, vendo o poder do Verbo, nós concebemos uma idéia de seu Bom Pai, como o disse o próprio Salvador: "Quem me viu, viu meu Pai". (Texto baseado nas seguintes obras: O SANTO DO DIA - Editora Vozes, ANTOLOGIA DOS SANTOS PADRES- Edições Paulinas e OS PADRES DA IGREJA, também das Edições Paulinas.)
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NOTICIAS DOS SETORES Jubileu de Prata Araçatuba/SP, Início de 1961 . Mons Luso Sornas convida alguns casais para participar de um movimento dedicado à espiritualidade conjugal. Final de abril. Mons. Luso e o casal Doris e Nelson Gomes Teixeira , equipistas de S. Paulo , conseguem permissão do Bispo Diocesano para a Instalação das ENS nessa cidade. Aos casais convidados foi apresentado o Movimento, suas características fundamentais e objetivos. 1.0 de maio. Inicia-se a Equipe 1, consagrada a N. S. Aparecida. Parabéns , equipistas de Araçatuba ! Que Deus os proteja nesta caminhada.
Expansão Informam-nos Marília e Francisco José, CR da Coordenação de Fortaleza/CE que a Equipe 6 continua em pilotagem por Magda e Manoel. Atendendo sol icitação foram fazer informação sobre as ENS em duas paróquias de Fortaleza. Um problema momentâneo é a dificuldade de se con· seguir C. Es. para formar novas equipes, pois só contam com três conselheiros para assistir às seis equipes da coordenação.
Dia de Reflexão A Equipe 13, Setor A de São Paulo, efetuou dia 23-2 um reencontro dos casais, após o período de férias , para uma reflexão espiritual dirigida pelo C. E. Pe. João Carlos Petrinl. Constou de leituras e reflexões sobre a reve-
lação de Deus aos homens, baseada em todas as passagens do A. T., e de como podemos reconhecer a presença de Deus em nossa vida através dessas revelações. O encontro terminou com confissão e missa.
Trabalho pelas Vocações A Equipe 13 - N. S. da Conceição, de Baurú/SP e seu CE Pe. Jonas da Silva vem desenvolvendo um trabalho junto aos jovens noviços oriundos de todos os estados do Brasil que durante um ano estagiam no Seminário Vista Alegre como parte de sua formação. Promovem reuniões festivas com música, churrasco e outras atividades, procurando dar ânimo e suprir a falta que os jovens sentem de seus familiares e Incentivando sua permanência no noviciado.
"JENS" (Jovens de Equipes de Nossa Senhora) O Setor de Sorocaba/SP deu início em março passado às equipes de jovens, f ilhos de casais equiplstas .
Equipes Novas Setor de Americana/SP - Equ ipe n. 0 2 - N. S. Aparecida Casal Piloto: Marina e Toninha Cons . Espiritual : Pe . Silvio - Equipe n.0 5 N. S. Imaculada Conceição Casal Piloto : Maria e Ernesto Cons . Espiritual : Pe . Silvio
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- Equipe n. 0 7 - N. S. do Perpétuo Socorro Casal Piloto: Yvonne e José Carlos Cons. Espiritual : Pe. Itamar
Volta ao Pai - Suely Noll Rocha da Equipe n.0 9 - N. S. Medianenra do Setor C de Porto Alegre, foi recebida por Deus no dia 21 de fevereiro passado, "com um grande abraço recompensando-a pelo trabalho que aqui realizou". Era, com Luiz Fernando, casal de ligação e casal de expansão sendo responsável pela entrada de inúmeros casais na Equipes. Para seus irmãos de equipe Suely foi e continua sendo um Incentivo ao cumprimento dos meios de aperfeiçoa· menta. Sua vida no Movimento foi uma ascese constante. - Joaquim Lopes Maia (da Alice), da Equipe N. S. das Famílias, n.0 5 de Pindamonhagaba/SP, nos deixou repen· tinamente no encerrar do dia 20 de janeiro, após , naquela noite participar da Eucaristia na "Missa das Equipes". Deixou para os 7 filhos e para to· dos nós um lindo testemunho de vida cristã. Simples, disponível, leal, soli· dário, presente, eis os destaques de sua personalidade . Assim quem não o quer junto de si , Senhor!
Novos Cons. Espirituais -
geiras do Amor Divino e pregado por Frei Batistela tendo como tema cen· trai ·A Escuta da Palavra", recomendado pelo Movimento para o ano de 1986. O silêncio e o ambiente favore· ceram o recolhimento e a meditação. Na noite do sábado, os Conselheiros Espirituais das várias equipes estiveram presentes para atender aos equipistas nas confissões . Margarida e Francisco, em nome de todos os participantes "agradecem a Deus por mais esta oportunidade de crescimento espiritual" .
- Sorocaba/SP Realizado em 22, 23 e 24 de novembro passado, com a presença de casais equipistas de Sorocaba, Araçolaba, ltú e Salto e pregado por Pe . José Ernani Angelini sobre o tema "Fé", transmi· tido de maneira simples para ser aplicado na vida familiar dos equipistas. Na Capela da Casa de Retiros São José houve vigília durante o tempo das confissões a fim de preparar os par· ticipantes para a ação do Espírito San· to. Na manhã do domingo, a procissão do terço teve como tema de reflexão dos mistérios a própria " natureza" como dádiva de Deus. Próximo retiro em Sorocaba : Local : Dias 23, 24 e 25 de maio Casa de Retiros São José.
Sacerdote Conselheiro Espiritual Ordenado
Setor de Sorocaba/ SP: Equipe n.0 6 - Pe . Ernani Equipe n.0 9 - Frei Felix Equipe n.0 10 - Pe. Firmino
Preparação para o Batismo Durante o mês de janeiro, apesar dos contratempos (roubo do equipamento de audio-visual) e das férias, as ENS de Pindamonhangaba/SP, pro· moveram os 2 cursos (de 1.a e 2.a fase) programados, os quais foram multo concorridos .
Retiros - Apareclda/SP: Realizado nos dias 1 e 2 de março de 1986 na Casa das Irmãs Mensa·
Quando o povo manauense teste· java a data magna de sua padroeira Nossa Senhora da Conceição, a comunidade capuchinha engalanava-se para receber três novos sacerdotes. ~ que nessa data - 08·12·85 - em solene liturgia presidida p·elo Sr. Arcebispo Metropolitano de Manaus, O. Clovis Frainer e concelabrada pelos demais padres residentes nesta cidade, foram ordenados Sacerdotes os Freis Agostinho Bana, Celso Caldas Magalhães e José Vicente Duarte, na Igreja de São José Operário . Frei Agostinho Bana vem já há algum tempo colaborando com as ENS de Manaus como Conselheiro Espiri· tual da Equipe 14 e mais, recentemen· te , também da Equipe 6.
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Frei Agostinho, natural de Benedito Novo, cidadezinha do interior de Santa Catarina e criado em Margarida (interior do Paraná), foi, na sua juventude, caminhoneiro exercendo essa atividade pelas estradas de todo o Brasil. Em 1979 ao ouvir o "vem e segue-me" ingressou no Seminário Menor de lrati (PR) e em 1980 fez o noviciado para formação religiosa franciscana em Curitiba. Veio para Manaus em 1982 onde concluiu seus estudos de filosofia no Centro de Estudos do Comportamento Humano e fez sua Profissão Perpétua e, o Diaconato. Frei Agostinho celebrou sua primeira Missa na Igreja de Santa Margarida, em 29-12-85, junto de seus familiares, no Paraná. Para tristeza de seus equipistas, Frei Agostinho foi designado para exercer seu apostolado na cidade de Amaturá, no Alto Solimões, interior do Amazonas. Por tudo isso, a família equipista manauense sente-se jubilosa e agradecida a Deus, pelos novos sacerdotes que já estão a seu serviço, e especialmente por Frei Agostinho, pelo trabalho sério e dedicado prestado às ENS.
Jubileu de Ouro Pe. Inácio Takeuchi, S. J., Conselheiro Espiritual da Equipe 9 - N. S. Estrela da Manhã do Setor D de São Paulo completou no dia 19 de março último os seus 50 anos de vida religiosa. Convertido ao catolicismo aos 23 anos de idade deixou sua família e sua pátria, o Japão, para ingressar no Seminário. No dia 7 de dezembro de 1985 completou 40 anos de sacerdócio. Foi o primeiro pároco da Paróquia Pessoal Nipo-Brasileira em São Paulo, função essa que voltou a exercer por
vanas vezes. Foi também diretor do Colégio São Francisco Xavier durante 10 anos . Trabalhou na expansão do movimento Círculo Católico Estrela da Manhã não só em São Paulo, mas também em Mato Grosso, Paraná, Amazonas e Pará. Atualmente, além de dedicar-se de modo especial à orientação espiritual da Equipe N. S. Estrela da Manhã, preocupa-se em fazer com que mais casais venham a conhecer e a ingressar no movimento das ENS. Os casais da Equipe 9-D abraçam carinhosamente o Pe. Inácio pela passagem desta data tão significativa e agradecem a Deus pelo Conselheiro Espiritual que a Sua providência lhes deu.
Testemunho Em recente viagem de recreio ao norte e nordeste do Brasil, Magdalena e Gil, da Equipe n.0 9 de Petrópolis, procuraram durante todo o tempo praticar sua regra de vida e dar um testemunho evidente de sua fé cristã. Nas paradas previstas, sempre que possível, procuravam uma igreja para orar junto ao Santíssimo exposto, convidando companheiros de excursão. Sua atitude e modo de ser acabavam contribuindo para o bem estar de todo o grupo, que aos poucos foi se tornando uma grande família. Ao encerrar-se a excursão fizeram uma oração de agradecimento que foi lida pelo guia, com inúmeros pedidos de cópia como lembrança de viagem.
Nós Dois Agora Realizado pelas equipes do Rio de Janeiro, entre os dias 1.0 e 4 de maio, o encontro • Nós dois agora" para aquipistas avôs ou aposentados .
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ENCONTRO DOS RESPONSÁVEIS REGIONAIS COM A ECIR Realizou-se em Jundiaí, na Vila Galimberti, de 2 de fevereiro a 3 de março de 1986, uma reunião conjunta dos Casais Responsáveis de todas as Regiões do Brasil com a Ecir. A reportagem da Carta Mensal, esteve presente para documentar o encontro e para testemunhar o intenso trabalho que se realizou na ocasião. Na sexta-feira, dia 28/2, os participantes, reunidos em grupos de co-participação, debruçaram-se sobre a vivência do Movimento nas diversas Regiões, a partir de um roteiro previamente distribuido pela Ecir e debatido com os Responsáveis de Setor em cada Região.
Um dos grupos de co-participação
No sábado, 1.0 de março, todas as atividades do dia foram inseridas no contexto de uma liturgia, iniciando-se pela manhã com a Liturgia da da Palavra, que incluía leituras, meditações, homelia do Pe. José Carlos di Mambro, CE. da Ecir, assim como os grupos de reflexão sobre a Inserção, a Escuta da Palavra e a Orientação do Ano. A tarde, os grupos examinaram, em relação a esses três assuntos, o que as Equipes pedem ao Movimento e, depois, o que as Equipes podem oferecer. O dia trminou com a Celebração Eucarística. O domingo iniciou-se com a Missa, no decorrer da qual foi dada posse ao casal Margarida e Agostinho em sua nova função de Responsáveis pela Região de Minas Gerais (v. pág. 39). Depois, em plenário, foram debatidos os diversos aspectos da vida do Movimento. A Carta Mensal ficou realmente impressionada com a dedicação e a capacidade de trabalho desses casais que souberam compreender e assumir com tanto amor, seriedade e profundidade a tarefa que lhes foi contida. Que Nossa Senhora, padroeira de nossas Equipes, interceda por eles e os proteja sempre!
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REGIÃO MINAS GERAIS Margarida e José Agostinho Tavares são o Casal Responsável pela nova Região Minas Gerais, recém-criada pela ECIR, e que vem se. somar às doze Regiões já existentes no Brasil *. Tomaram posse durante o Encontro ECIR-Regionais, na Vila Galimberti, em Jundiaí, SP., na Missa do dia 2 de março de 1986. Eles pertencem à Equipe de Nossa Senhora de Fátima (n .o 2) de Juiz de Fora e são equipistas há doze anos. São casados há dezesseis anos , tem dois filhos, de quinze e treze anos. Já exerceram várias responsabilidades no Movimento, tendo sido o primeiro Casal Responsável do Setor de Juiz de Fora, durante quatro anos. Pilotaram equipe em Valença , foram responsáveis pelo Boletim do Setor de JF, pelo "departamento de Jovens" e pelo "departamento de Ação " do Setor.
Pe. José Carlos, lgar e Cidinha, Margarida e Agostinho, na cerimônia de posse
A Região que eles assumem é, geograficamente, enorme e conta hoje com 39 equipes (18 em Juiz de Fora, 9 em Belo Horizonte, 3 em Pirapora, 4 em Varginha e 5, sendo 2 em pilotagem, em Pouso Alegre). A exemplo de outras partes do país, a criação da Região deve trazer um grande impulso a essas equipes e à expansão do Movimento em Minas Gerais. Nossas orações acompanham o trabalho de Margarida e Agostinho e de todos os casais das Alterosas!
* As outras: São Paulo/ Sul I e 11, São Paulo/ Centro, São Paulo/ Leste, São/ Norte, São Paulo/ Oeste, Rio de Janeiro, Centro/Leste, Centro/ Norte, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
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RETIROS Alguns setores mandaram sua programação de retiros para o ano de 1986: SAO PAULO:
Maio: 23/24/25 Junho: 06/07/08 -
Cenáculo Barueri
Maiores informações com: Darci e Geraldo Rosa Maria e Renato -
(011) 67-9063 (011) 284-3178
RIO GRANDE DO SUL: RETIROS:
18/19/20 26/27/28 03/04/05 17/18/19 07/08/09 21/22/23
de de de de de de
Setembro Setembro Outubro Outubro Novembro Novembro
- Porto Alegre - Porto Alegre - Porto Alegre -Porto Alegre- Porto Alegre - Porto . Alegre -
Vila Vila Vila Vila Vila Vila
Betânia Manresa Betânia Manresa Manresa Betânia
RETIRO PARA FILHOS DE EQUIPISTAS:
15/16 de Novembro -
Porto Alegre -
Vila Betânia
SESSAO DE FORMAÇAO:
22/23/24/25 de Maio -
Porto Alegre -
Vila Betânia
FLORIANóPOLIS:
30 de Maio e 1. de Junho - Casa de Retiros do Morro das Pedras 25/26/27 de Julho - Casa de Retiros do Morro das Pedras 05/06/07 de Setembro - Casa de Retiros do Morro das Pedras 0
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CARTAS DOS LEITORES Tivemos este mês a alegria de receber as cartas que, a seguir, resumimos: Do Padre Alfonso Pastore, que está, atualmente, na Paróquia de São Pedro, na Praia do Suá, em Vitória - ES. - Agradece ao Movimento o envio da Carta Mensal e informa que ainda não surgiu clima para o desenvolvimento das Equipes em sua paróquia. - A cada mês oferece a Carta Mensal a um casal diferente, divulgando, assim, o Movimento. - Envia-nos, a título de colaboração, um texto orientado para os Cursos de Noivos, sugerindo que estes sejam reformulados, para melhor eficiência.
Agradecemos ao Pe. Pastore pelo interesse demonstrado pela Carta Mensal e pelo envio do texto que será encaminhado aos casais responsáveis pelos cursos de preparação para o casamento. Do casal Maria Adélia e Rominho, da Equipe 4, do setor B. -
São Paulo.
" ... o que diferenciava as Equipes (de outros movimentos) era a hospitalidade com que se recebiam os casais. Aparentemente está surgindo nas ENS uma doença: a falta de abertura e carinho fraterno necessários para a acolhida de novos casais, dando a impressão de que há uma "patota" a ser desfeita, caso se receba um casal de outra equipe ou que se incorpore um casal novo numa equipe existente."
Sua carta é uma constatação triste e preocupante. Afinal de contas já disseram dos cristãos: "Vêde como se amam". Talvez devamos todos nos examinar para saber se outros poderão dizer o mesmo de nós "porque nos amamos de verdade".
-oQueremos convidar nossos leitores a debater, por intermédio da Carta Mensal, a seguinte questão: "Como o equipista poderá influir na Constituinte, principalmente no que toca à família e à criança?"
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MEDITANDO EM EQUIPE Neste mês de maio, em que teremos várias grandes festas, escolhemos um texto sobre PENTECOSTES para nossa meditação. E do Ato dos Apóstolos e se inicia com uma menção à participação de Nossa Senhora no grupo dos apóstolos.
TEXTO DE MEDITAÇÃO -
Atos 1, 14; 2, 1-11
"Todos, unânimes, eram assíduos à oração com algumas mulheres, entre as quais Maria, mãe de Jesus, e os irmãos dele. Quando chegou o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar. De repente, veio do céu um ruído semelhante ao soprar de impetuoso vendaval, e encheu toda a casa onde se achavam. E apareceram umas como línguas de fogo, que se distribuíram e foram pousar sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito os impelia que falassem. Achavam-se então em Jerusalém homens piedosos de todas as nações que há debaixo do céu. Ao se produzir o ruído, a multidão se reuniu e estava confusa: pois cada qual os ouvia falar em sua própria língua. Estupefatos e surpresos diziam: "Não são todos galileus esses que falam? Como é, pois, que cada um de nós os ouve em sua própria língua materna? Partos, medos e elamitas, habitantes da Mesopotâmia, da Judéia e Capadócia, do Ponto e da Ásia, da Frígia e da Panfília, do Egito e da parte da Líbia limítrofe de Cirene, romanos e adventícios, judeus e prosélitos, cretenses e árabes, ouvimo-los em nossas línguas apregoar as maravilhas de Deus!" ORAÇÃO LITúRGICA Senhora gloriosa bem mais que o sol brilhais . O Deus que vos criou ao seio amamentais.
Da luz brilhante porta, sois pórtico do Rei. Da Virgem veio a vida. Remidos, bendizei!
O que Eva destruiu, no Filho recriais; do céu abris a porta e os tristes abrigais.
Ao Pai e ao Espírito, poder, louvor, vitórias, e ao Filho, que gerastes e vos vestiu de glória. Liturgia das Horas-Co-edição de Editora Vozes Ltda. Edições Paulinas e Editora Salesiana Dom Bosco.
EQUIPES DE NOSSA SENHORA Movimento de· casais por uma espiritualidade conjugal e familiar
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