RESUMO
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Qual é o papel das pequenas comunidades, como as ENS, na formação permanente dos cristãos para uma vida de fé? .. .. .. ...... .. . .. . . . .
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Novamente, o Papa fala aos brasileiros. Desta vez, sobre a formação das das novas gerações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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ltaici, 1. de maio de 1990: na festa de São José, o carpinteiro, os bispos brasileiros enviam uma .mensagem ao t rabalhadores . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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Qual é o tema e quais os objetivos da Campanha Missionária 1990? . .
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última parte da série "Igreja: Comunhão e ·Missão", de Dom Raimundo Damasceno Assis : .. . . ·... .. ...... . .......... , . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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O que é o Conselho Nacional de Leigos? .. , . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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Um equipist& viúvo casa-se com uma mulher divorciada. Volta para a equipe? ......·. .. ....... . . . ...................... . ......... . ........
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A festa do casamento continua criando ecos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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O que significa ser bem sucedido na vida, para um casal cristão? . . . .
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A Segunda Inspiração nos convoca, como cristãos e equipistas, a dizer "sim" . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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No mês do Rosário, dois belos artigos sobre Nossa Senhora . . . . . . . . . .
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Uma irmã é curada, em Lourdes, de uma grave doença . . . . . . . . . . . . . . . .
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Por que- os Papas pedem aos sacerdotes que dêm o melhor de si . . . .
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Testemunhos: a Oração Conjugal, a vida em equipe, a rotina . . . . . . . . . .
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Notícias e Informações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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E se o céu desabar amanhã? O que você vai fazer? Um passarinho dá o seu testemunho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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Meditando em equipe . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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OUESTDES ATUAIS
CATóLICOS E CRISTAOS? Perguntei ao casal: "Vocês são cristãos?" Resposta unissona e entusiasta: "Somos!" E ele acrescentou: "Casamos na Igreja". Ela: "Nossos filhos são todos batizados na nossa paróquia". Ele: "Foram preparados e fizeram a primeira comunhão lá também." Ela: "O nosso segundo foi crismado o ano passado." E com uma ponta de tristeza: "O mais velho não quis: o curso de preparação é longo demais." E os dois arremataram, com alegria: Vamos à missa todos os domingos!" Este tipo de jogral pode ser ouvido com freqüência em torno de nós, nas nossas paróquias, nos nossos movimentos. Vocês dirão: e daí? O que há de mal nisso? E uma beleza ver casais assim tão praticantes! ... Outro dia, um amigo polonês esteve entre nós. Perguntei-lhe: "E verdade que a Polônia é um país de maioria católica?" Ele disse: "E. O mal, é que nem todos os que são católicos são cristãos!". Pois é. O problema é que para muitos de nós, ser cristão, ser católico, é simplesmente freqüentar os sacramentos, participar deles. E se formos aprofundar a pesquisa, se formularmos mais algumas perguntas do tipo "por que?", iremos descobrir, com muita facilidade que, para a maioria, mesmo essa participação nos sacramentos é mais motivada por razões de caráter sociológico e tradicional do que efetivamente teológico. As vezes, cruzamos com gente impressionantemente ativa na Igreja. Trabalham, lutam, denunciam as indignidades e as injustiças que se praticam em todo lugar. Mas se rasparmos um pouco a superfície, veremos que sua atividade, sua indignação também têm raízes na moral social muito mais do que na real vivência de uma fé autenticamente cristã. E claro que não devemos generalizar, mas todos sabem que esta é a situação predominante. Somos todos muito mais "catequizados" para a doutrina do que "evangelizados" para a vida na fé. Não há dúvida que a participação na missa, nos sacramentos, que a ação na paróquia e nos movimentos são extremamente importantes. Mas se uma perspectiva apenas sacramental ou ativista não for superada, se participação e ação não estiverem profundamente embasadas na vivência cristã do dia-a-dia, o mundo sempre nos olhará com desconfiança. Não conseguiremos transmitir a mensagem de Jesus Cristo a qossos vizinhos e muito menos a nossos filhos. Teremos falhado em ser suas "testemunhas até os confins da terra". -1-
E esta coincidência entre fé e vida que somos chamados a buscar. Seguir a Jesus Cristo, nos pequenos detalhes da vida do dia-a-dia, para dar valor à nossa participação e ação: este é o testemunho fundamental que o mundo espera de nós. Principalmente de nós, casais . "Deus criou o homem à sua imagem, à imagem de Deus ele o criou,
homem e mulher ele os criou." (Gn. 1, 27) O casal, imagem e semelhança de Deus, testemunha viva do DeusAmor não pode limitar-se à participação nos sacramentos e à ação na comunidade. Seria uma imagem, uma semelhança muito pobre. Parece bem claro que a catequese, os cursos voltados apenas para os sacramentos não são mais adequados nem suficientes, se não tiverem algum tipo de ligação, de amarração entre si. A formação permanente tornou-se fundamental. E o instrumento que parece capaz de realizar essa formação é a pequena comunidade, a comunidade de presença, de perseverança, de permanência. Como disse, recentemente, o Cardeal Ratzinger: "a conversão do mundo antigo não foi o resultado de uma atividade eclesial planejada, mas fruto da verificação da fé, que se tornou visível na vida dos cristãos e da comunidade da Igreja". Assim, parece-nos que nossas paróquias, nossos movimentos, são chamados hoje a serem essas comunidades de formação permanente, essas células onde os cristãos rezam, integram fé e vida e se envolvem na vida social a partir da vivência concreta do Evangelho. Equipe da Carta Mensal
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A PALAVRA DO PAPA
No final da sua visita "ad limina", os Bispos brasileiros dos Regionais 1 e 2 da CNBB participaram da concelebração eucarística presidida pelo Santo Padre, na manha do dia 23 de Junho, e em seguida foram recebidos em audiência coletiva. João Paulo II dirigiu-lhes um discurso, do qual reproduzimos alguns trechos.
A FORMAÇÃO DAS NOVAS GERAÇÕES A visita "ad limina" dos sucessivos e numerosos grupos de Pastores que formam o Episcopado no Brasil vai marcando um caminho e realizando uma forte experiência de comunhão, afetiva e efetiva, através de tantos e tão enriquecedores diálogos, para nós que compartilhamos uma viva solicitude a respeito das maiores questões e desafios na vida da Igreja do vosso País. Um desses desafios, para o qual gostaria de chamar a atenção dos Senhores hoje, é o da importância da formação cristã dos jovens. Que riqueza e que desafio é o ser jovem hoje no Brasil! A juventude brasileira se nos aparece como uma torrente impetuosa, cheia de vida que irrompe com força não obstante os obstáculos que encontra, em todos os níveis de decisão, exigindo soluções concretas que não admitem dilações. Ela sabe-se integrante de um vastíssimo País de enormes possibilidades e desafios para sua construção. Mas sofre, ao mesmo tempo, de graves dificuldades para encontrar o seu caminho, devido a enormes contradições e desequilíbrios de uma realidade tanto avassaladora quanto inquietante. Se pensarmos no elevado índice de analfabetismo do vosso País, nas dificuldades da infra-estrutura escolar, na degradação do sistema escolar público, na desvalorização dos professores, na influência massificante dos Meios de Comunicação Social, temos posto em relevo somente alguns dos problemas que requerem solução a curto prazo. Mas não nos escapa também a importância dos pais, como autênticos mestres-educadores, ponto de referência e meio de consolidação daquela ainda frágil personalidade em formação, e que, no entanto, passam eles, e toda a instituição da Família, por uma crise profunda, especialmente desde a implantação do divórcio em 1977. Não há quem não veja toda a vasta gama de conseqüências que daí se derivam: crianças abandonadas vagando pelas ruas, jovens condicionados pelas drogas, a violência, etc .... , junto com o permissivismo divulgado pela Imprensa
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e, especialmente pela Televisão, são a causa do empobrecimento humano da juventude, jogada sem dúvida- num vazio desesperador. ( ... ) Inserem-se aqui algumas importantes considerações que gostaria agora de destacar, de uma maneira suscinta. A primeira nos diz que não é possível adiar, nem reduzir, o anúncio de Cristo aos jovens. Tem de ser clara e vigorosa, a transmisãso do conteúdo da Verdade, ao mesmo tempo que testemunhada pela vivência pessoal, e realmente aplicável nos ambientes concretos e atendendo a toda:. as necessidades dos jovens. Não valem aqui as estratégias e articulações complicadas que adiam o anúncio essencial da Revelação cristã, da qual a Igreja Católica é depositária. Em segundo lugar, deve-se ter em conta que o encontro do jovem com Cristo pode conseguir-se na medida em que lhe for permitido um encontro pessoal com o Senhor, tanto na percepção orgânica do conteúdo daquela Verdade, quanto na compreensão da "lógica" das bemaventuranças que nada mais são senão um caminho de conversão, um caminho de santidade de vida e, por que não, uma exigente participação na comunhão e missão de toda a Igreja. Esses meios porém não poderiam alcançar o seu objetivo, se não houvesse uma viva preocupação pela formação moral das consciências, a fim de que se conheça o alcance dessa Lei que levamos inscrita no coração: a Lei Natural e a Lei Divino-Positiva. ~ esta uma questão tão necessária quanto decisiva para o crescimento humano e cristão do jovem, numa pedagogia de unidade de vida e de comportamento responsáveis. Neste terceiro aspecto, nunca será demais frisar o papel dos educadores, em todos os níveis, seja nas Comunidades eclesiais ou nos mesmos estabelecimentos de ensino. Em quarto lugar, percebo o quanto seja delicado propor adequadamente a relação entre essa formação cristã da vida dos jovens e as exigências de sua solidariedade e compromissos sociais. B óbvio que bem conhecemos a urgência e dramaticidade dos imperativos de justiça do Brasil. Grave seria que a educação e a ação dos cristãos não encontrassem referência exigente e fecunda na doutrina social da Igreja. Mas também seria muito grave que o cristianismo se reduzisse para os jovens num engajamento de luta social e política e num moralismo baseado em denúncias ou contestações. Se o jovem cristão está chamado a alargar seus horizontes de solidariedade, tornando-se conhecedor e participante das soluções dos problemas que afligem a Nação, será por ter sabido descobrir o nexo entre o seu comportamento como oidadão livre e responsável, dentro do espírito evangélico, e a presença de Cristo na sua própria vida. Nessa tarefa de formação cristã dos jovens cabe destacar, como não poderia deixar de ser, uma renovada atenção pastoral à família e um mais consciente compromisso dos esposos e pais em vista da função educadora que lhes é própria. ( ... )
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CAMINHANDO COM A IGREJA
MENSAGEM DOS BISPOS AOS TRABALHADORES 1. Reunidos na 28." Assembléia Geral, nós, Bispos católicos do Brasil, temos a alegria de, por ocasião do Dia do Trabalhador, saudar mulheres e homens trabalhadores da cidade e do campo, levar-lhes nossa palavra amiga e fraterna e oferecer-lhes nosso apoio às suas justas reivindicações, como expressão de justiça e direito da cidadania. 2. A Igreja tem procurado estar presente na vida do trabalhador. Partindo da fé em Jesus Cristo, que foi conhecido como filho do carpinteiro, tem ela feito inúmeras intervenções em favor da prioridade do trabalho sobre o capital, do homem que trabalha sobre o produto do trabalho, explicitando a dignidade do trabalhador e exigindo respeito a seus direitos. 3. O Brasil, após vários anos, teve recentemente a satisfação de ver devolvido aos cidadãos o direito de escolher, por eleição livre e direta, o Presidente da República. Não se pode negar que o novo Governo esteja buscando estabilizar a economia e dominar a galopante inflação, metas importantes de todos os brasileiros. Ao mesmo tempo, participando dos temores de muitos segmentos sociais sobre a dureza e as conseqüências das medidas adotadas, procuramos ouvir os trabalhadores e identificar suas maiores preocupações. Dentre elas, certamente o desemprego e a recessão aparecem como as mais graves. 4. Unindo nosso esforço ao dos trabalhadores e de todo o povo sofrido, queremos empenhar-nos para que as atuais medidas beneficiem a todos, especialmente aos mais pobres. Todos concordamos que, principalmente neste momento, o bem comum do povo brasileiro deve prevalecer sobre interesses corporativistas de grupos. S. Há no país expectativa geral de que o novo Governo realize corajosa reforma agrária e adequada política agrícola; termine com a intolerável sangria da dívida externa; corte os gastos públicos supérfluos; ouça a sociedade civil organizada na administração dessas reformas, tudo isto com pleno respeito à nossa Constituição, sem recorrer ao emprego demasiado fácil de medidas provisórias. 6. Por isto apoiamos e encorajamos os trabalhadores a que continuem, através de suas legítimas organizações, insistindo: na suspensão das demissões de trabalhadores e na manutenção dos empregos; no reajuste dos salários, sobretudo para a classe de baixa renda;
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na necessidade e no direito de serem ouvidos na administração das atuais reformas; na justa solução do problema da dívida externa; na urgente reforma agrária e correspondente política agrícola; no corte dos gastos públicos supérfluos e de salários excessivamente elevados. 7. Antes de concluir esta mensagem desejamos confirmar a informação de que, sendo 1991 o ano Centenário da Encíclica " Rerum Novarum" do Papa Leão XIII sobre o questão social, a Campanha da Franternidade-91 terá como tema A Fraternidade e o Trabalho. Queremos assim convidar os católicos, os cristãos todos e outras pessoas de boa vontade para a reflexão sobre este importante assunto em favor do trabalhador brasileiro. 8. Queremos dar ainda todo incentivo e apoio aos numerosos cristãos que, inseridos no mundo do trabalho, na cidade e no campo, participam de pastorais ligadas à classe trabalhadora. 9. Por intercessão do operário São José e de Nossa Senhora Aparecida, a grande padroeira de nosso povo, invocamos a proteção de Deus sobre os trabalhadores e suas famílias . Indaiatuba (Itaici) - SP, 1. 0 de maio de 1990.
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CAMPANHA MISSIONÁRIA -
1990
Tema: A Missão e a Mulher Lema: Vai e anuncia aos Irmãos A campanha Missionária tem como tema : A MISSÃO E A MULHER . Como lema : VAI E ANUNCIA AOS IRMÃOS. A exemplo da CF/ 90, a campanha Missionária não quer ser uma Campanha de mulher para mulheres e, sim, uma Campanha de mulheres e homens juntos , para juntos assumirem o compromisso de anunciar a alegre Notícia da Salvação a todos os irmãos. O Tema da Campanha Missionária : FUNDAMENTA-SE em Jesus, Filho de Deus, enviado do Pai, nascido de uma mulher, Maria; Jesus valorizou as mulheres e as teve como discípulas que o seguiam e serviam . ILUMINA-SE em Maria, mãe de Jesus, discípula do próprio Filho por sua participação na obra redentora de Jesus, e na presença entre os Apstolos no Pentescostes e junto à Igreja nascente. A aparição de Jesus a Maria Madalena e a outras mulheres após a Ressurreição, a presença de mulheres entre os discípulos de Jesus, na Igreja apostólica e na Igreja de todos os tempos reforçam o tema. A campanha Missionária tem por objetivos : 1.° Convocar a todos, mulheres e homens , crianças e jovens, adultos e idosos, para o fundamental compromisso missionário: anunciar a todos os povos e em toda a terra a plena verdade sobre Jesus Cristo, a Igreja e o homem, para a construção de uma sociedade justa e fraterna em vista do Reino definitivo. 2.° Conscientizai os cristãos quanto ao compromisso de todos na promoção das vocações missionárias de mulheres e homens; reconhecer o trabalho missionário de tantas pessoas presentes nas situações e regiões missionárias no Brasil e no mundo, em especial, na África. 3.0 Levar todos a rezar e a oferecer sacrifícios pelas missões ·Rogai ao Senhor da messe que envie operários à sua messe • . Todos, em especial os doentes e idosos, são convidados a oferecer orações e sacrifícios pelos missionários e pelas missões . 4. 0 Suscitar gestos concretos de solidariedade, isto é, dar com generosidade, ofertas e doações para as missões da Igreja Universal (4). 5.0 Organizar missionariamente as comunidades eclesiais nos diferentes níveis: local, paroquial, diocesano, nacional e universal: "Cada Igreja Particular se organize como Igreja missionária· (Igreja: Comunhão e Missão, Doc. 40 da CNBB, 124).
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IGREJA: COMUNHÃO E MISSÃO 111 Esta é a última parte do trabalho sobre o assunto elaborado por D. Raimundo Damasceno Assis, cuja publicação iniciamos em agosto.
Qual é o sentido da pastoral?
A pastoral só tem sentido na medida em que ela é expressão deste agir, deste atuar da Igreja, dos cristãos na sociedade, no mundo. Nenhuma pastoral pode atuar isoladamente, independentemente. Deve ser orgânica, deve ser parte de um conjunto, cada qual com suas funções. A família é o primeiro espaço para o empenhamento social e eclesial dos fiéis leigos. A família é um valor único e insubstituível, tanto na sociedade quanto na Igreja. Aí reside a importância da família, e ninguém melhor do que os casais das ENS para entenderem esta importância da família, especialmente num momento como este em que se contestam os valores familiares. A família é a célula mãe, o princípio da sociedade e, portanto, da Igreja. A pastoral na vida e na missão da Igreja deve ser segundo uma modalidade comunitária. Enquanto casal, enquanto família, os participantes de movimentos familiares devem prestar um serviço à sociedade, ao mundo e à Igreja. Os carismas, as funções e os estados de vida é que determinam a modalidade e o empenho missionário e apostólico de cada um. Quando se fala do casal, o apostolado deve ser do casal enquanto casal; quando se fala da família, o apostolado deve ser da família enquanto família. Nestas condições é que se deve manifestar o apostolado, o zelo missionário e o testemunho cristão de cada um. Os casais, as famílias é que devem atuar apostolicamente enquanto casais, enquanto família. Isto é muito importante, porque manifesta a vitalidade da Igreja comunhão e missão. Os movimentos familiares, enquanto movimentos de casais e famílias, devem dar testemunho do seu valor único e insubstituível. Devem ser testemunhos e exemplos vivos. Os esposos não podem atuar isoladamente. O casal precisa buscar na Igreja e na sociedade uma forma de atuar em conjunto e comunitariamente. Os jovens precisam ter casais e famílias como referência, casais e famílias que realizam o ideal de vida cristão nesta condição. Precisam ser exemplos concretos, para poderem -
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participar deste munus profético, sacerdotal e real de Cristo, vivido na condição de casal, de família. E isto na unidade, na felicidade, na fecundidade, na fidelidade, na totalidade. Na Igreja existem diferentes caminhos espirituais e apostólicos. O Evangelho é para todo o cristão. A santidade é para todo o cristão. Todos são chamados à santidade, através dos múltiplos aspectos propostos pelo Evangelho. O Evangelho nos oferece o caminho para a santidade. Nos diversos estados de vida como leigos, todos devem ser apóstolos segundo a modalidade de vida de cada um. Os casais tem um papel fundamental a cumprir neste contexto, principalmente aqueles casais que atuam comunitariamente na Igreja, através de uma participação específica, mas integrada ao conjunto do agir da Igreja, dos demais cristãos.
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No respeito pela liberdade dos filhos de Deus, a Igreja propôs e continua a sugerir aos fiéis algumas práticas de piedade com solicitude e insistência particulares. Entre estas é de lembrar a recitação do Ro· sário: "Queremos agora, em continuidade de pensamento com os nossos Predecessores, recomendar vivamente a recitação do Santo Rosário em família . . . Não há dúvida de que o Rosário da bem-aventurada Virgem Maria deve ser considerado uma das mais excelentes e eficazes orações em comum, que a família cristã é convidada a recitar. Dá-nos gosto pensar e desejamos vivamente que, quando o encontro familiar se transforma em tempo de oração, seja o Rosário a sua expressão freqüente e preferida". Desta maneira a autêntica devoção mariana, que se exprime no vínculo sincero e na generosa série das posições espirituais da Virgem Santíssima, constitui um instrumento privilegiado para alimentar a comunhíio do amor da família e para desenvolver a espiritualidade con· jugal e familiar. Ela, a Mãe de Cristo e da Igreja, é também, de fato, de forma especial, a Mãe das famílias cristãs, das Igrejas domésticas. (João Paulo 11 -
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T.C. n.• 61)
CN L -
INSTRUMENTO DE DEUS A SERVIÇO DE TODOS Muitos perguntam: o que é o Conselho Nacional dos Leigos? Para que serve o CNL?
O projeto do Reino que se vai concretizando em nossa história e produzindo frutos de transformações é nossa grande tarefa. Disso temos consciência, mas a interpelação da realidade nos obriga a pensar e avaliar até que ponto estamos sendo eficientes . Como evangelizar sem atitudes concretas e eficazes? B nessa direção que desejo levar a linha de pensamento, entendendo ser essa uma preocupação geral. Como leigos, estamos nos mais variados ambientes, somos profissionais de várias categorias, convivemos com a massa do povo de Deus, nas mais simples formas possíveis e conhecemos na pele as alegrias e tristezas que invadem nosso ser cristão no mais concreto de nós mesmos. Contudo, sentimos, sem o pudor de assumir, que ainda não estamos sendo eficientes. Nem sempre conseguimos articular trabalho profissional e missão, compromisso com o Reino e militância política, mesmo trazendo nossa agenda fechada. Onde estamos errando? Que fazer? Uma coisa nos fica cada vez mais clara. O projeto do Reino é coletivo e não seremos capazes de concretizá-lo com ações individualizadas, privilegiando nosso pequeno grupo, quer da Pastoral, quer do Movimento ou da Comunidade. O desafio vai na direção de tornar nossas ações mais abrangentes, mais populares. Nossa linguagem deve deixar de ser técnica para ser entendida por todos; nossa luta política deve extrapolar as estruturas do partido, o mesmo deve acontecer com o movimento sindical e popular, englobando muito mais. Nossos pequenos grupos devem servir de revigoramento de nossa fé e contínua retomada do entusiasmo. Nunca a tenda definitiva. Ousaria dizer que precisamos comungar mais nossos projetos, nossos carismas, fazendo da organização dos leigos, em nível nacional, o grande instrumento de Deus a serviço de todos, superando satisfações individuais, em vista de todo o coletivo. E é lá que devemos somar o grande potencial de nossos grupos, para que a sociedade possa ter respostas decisivas às suas indagações, nem sempre ouvidas. Doroti Silva (de "Bilhete" - Boletim do CNL) -
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QUEST()ES ATUAIS
UM CASO A PENSAR (*) Durante 29 anos, Rupert e lngrid participaram, ativamente, de uma Equipe de Nossa Senhora da qual foram fundadores. Ao longo desses anos exerceram várias missões de serviço a nível do seu setor e de sua região e além disso dedicaram-se sempre com muita disponibilidade a diversas formas de apostolado e de promoção humana. Quis o Senhor que Ingrid viesse a ser acometida de grave moléstia e ao cabo de dois anos de intenso sofrimento durante os quais foi submetida a várias cirurgias e internações, ela finalmente voltou à casa do Pai. Seus irmãos de equipe, e seu Conselheiro Espiritual que os acompanha há mais de vinte anos, compartilhando do sofrimento do casal, foram testemunhas muito próximas do desvelo e do amor que Rupert dedicou a lngrid, sobretudo nas fases mais agudas da sua moléstia e do vazio que sentiu após sua partida, apesar de sua consciência de que o sofrimento de sua esposa havia cessado e da sua fé de que hoje ela goza da felicidade eterna. Muito embora insistentemente solicitado por seu irmãos de equipe, que tentavam em parte suprir sua solidão juntamente com seus filhos e netos, Rupert decidiu não permanecer na equipe na condição de viúvo por alegar que ficaria meio como um "peixe fora d'água" dada a pedagogia do movimento voltada especificamente para o casal e não para viúvos. Seus companheiros de equipe, mesmo entristecidos com sua ausência, souberam entender e respeitar a decisão de Rupert e continuaram a conviver com ele socialmente. Recentemente compartilhamos da felicidade de Rupert na cerimônia civil de seu segundo matrimônio e vivemos o clima de intensa fraternidade na pequena recepção que se seguiu apenas para as pessoas mais próximas, incluindo entre elas seus irmãos de equipe. A esta altura, nossos leitores devem estar imaginando que o final da história é o reingresso de Rupert na equipe acompanhado de sua nova esposa. Enganam-se, porém, uma vez que a nova esposa de Rupert, uma antiga conhecida sua é uma senhora que foi muito infeliz em seu primeiro matrimônio o qual foi desfeito por via judicial. Assim sendo, Rupert não pode casar-se novamente na Igreja Católica e terá obstada sua freqüência aos sacramentos e não poderá integrar uma Equipe de Nossa Senhora. -
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É óbvio que, acatando os estatutos do movimento e concordando com eles, não pretenderíamos que Rupert e sua esposa, pura e simplesmente, pudessem ingressar na nossa equipe nem em qualquer outra equipe. Preocupados porém com a caridade fraterna e com o que nos pede a "Segunda Inspiração" com relação ao acolhimento aos casais " não casados e recasados" gostaríamos de fazer por Rupert algo mais do que conviver socialmente com ele e sua nova esposa. Ainda não sabemos o que fazer e rogamos ao Espírito Santo que nos ilumine para que possamos ajudar, efetivamente, o casal em sua vida espiritual.
Um casal da Equipe de Rupert e lngrid
(*) O relato baseia-se em fato verídico ocorrido recentemente com um equipista
brasileiro. Por motivos óbvios os nomes Rupert e Ingrid são fictícios.
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A FESTA DO CASAMENTO A primeira leitura, quando foi publicado na Carta Mensal de abril/ 90 o primeiro artigo de J.P .B.L. sobre a festa e o luxo dos casamentos na Igreja, aplaudimos. Uma vez, reunidos em Baruerí - SP, casais Responsáveis de Região discutiram o assunto e enviaram suas propostas: o casamento na Igreja deveria ser importante e significativo na sua parte Liturgica, e bem modesto na sua parte Social-Festiva. Até arriscamos sugerir o traje dos noivos mais simples, quase uniformizados, como hoje - em algumas Paróquias - se apresentam as crianças à Primeira Eucaristia. Foi criticada a conivência de vigários aos casamentos espetaculares de artistas do cinema e da televisão - casamentos que não chegam a completar o primeiro aniversário de vida comum oficial. Comentamos uma notída de jornal, veiculada com surpresa pelo repórter, comentando um casamento na alta sociedade: os noivos convidaram para a cerimônia religiosa um número restrito de amigos, e abriram a festa social para o grande número de conhecidos de suas famílias. Tudo isto foi analisado, pensado, à procura de um critério para valorizar o sacramento do matrimônio, deixando de estimulá-lo para aqueles que não percebem seu verdadeiro e transcendental significado. -
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Mas o tempo correu. . . e novos dados vieram. Lembramos que nós mesmos, embora vislumbrando o significado e valor do casamento religioso, só mais tarde, ingressando nas Equipes de Nossa Senhora, viemos ter maior compreensão do matrimônio, como sacramento. Mesmo assim foi para nós um momento inesquecível, lembrado a cada vez que vemos a fotografia no porta-retratos do quarto. . . O álbum de fotografias, para mostrar aos filhos e aos netos. O vestido de noiva (o que sobrou dele ... ) guardado no baú, o convite conservado ainda ... Enfim, diversos "sinais sensíveis" daquele acontecimento que mesmo que fosse apenas ligado aos aspectos humanos, marcariam profundamente a nossa vida. Elsie Lessa, num artigo publicado em "O Globo" de 6 de agosto de 1990 levou-nos a repensar nas cerimônias de casamento. Realmente, há na vida da gente mais coisas do que os atos conscientes que executamos. Há que haver romance, ritos, lembranças, história - porque "Deus é grande, houve horas, dias, quem sabe até meses tão bons, que tentamos reter. . . com uma rolha de champagne com duas assinaturas ... " Por isso, continuamos nossa busca à procura da melhor atitude a tomar diante de casais que querem realizar seus casamentos nas igrejas. Igrejas com "i" minúsculo, pois não pensam em Igreja com "I" maiúsculo, que às vezes nem sabem fazer o sinal da cruz! B um assunto que deve ainda permanecer em aberto, com muitas discussões e considerações de ordem religiosa, moral e teológica. Enquanto isso, celebremos as uniões que permanecem! Cada ano é uma vitória, uma conquista, e um motivo para novas ações de graças a esse Deus-Amor que sustenta e anima os casais de boa vontade. Daisi e Adolpho Região Rio I - Eq. 9-A
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TER EXITO NA VIDA . .. Senhor, nosso Pa i, Para nós, vossos filhos, tendes grandes projetos . . . E como nos criastes à vossa imagem, também nós queremos que nossos filhos tenham êxito na vida. Tal como a boa fada das histórias , desejamos para eles saúde, beleza, bondade ... três votos que primam sobre todos os outros . Não sejam eles um modelo feito, mas cada um possa discernir - talvez com a nossa ajuda, e com toda a liberdade - aqueles dons, aquelas capacidades inerentes a cada indivíduo, e se esforce para desenvolvê-los a serviço dos homens e para a construção do mundo. Chegado o momento, cada um abra o seu coração ao amor e se entregue - na alegria e na fidelidade - ao eleito de sua escolha, ou a Deus se essa é a sua vocação. Mas acima de tudo, e esse é o nosso maior desejo, que cada um Vos encontre no âmago de seu coração, Vos reconheça e em Vós se agarre . Os anos passam, os filhos tomam caminhos extremamente diversos e nós seguimos , esforçando-nos para sermos disponíveis e discretos, ora maravilhados, ora derrotados, sensíveis a tudo aquilo que os atinge: alegria ou tristeza, fracasso ou sucesso. Algumas vezes trememos ao vê-los se engajar por direções que nos parecem pouco seguras ou francamente perigosas; sofremos ao vê-los passar por duras provações; nós nos sentimos mal se no amor eles sofrem ou fazem sofrer, e sobretudo se os vemos afastar-se de Vós e recusar (mesmo que aparentemente) o Vosso amor. Mas, Vós Senhor, Vós os amais infinitamente melhor do que nós e quereis o sucesso deles de forma diferente e de modo bem mais intenso do que nós: como quisestes o êxito de vosso Filho . Entretanto, sua vida humana terminou no mais cruel dos fracassos. Depois de consumada essa.;morte, Vós o restituístes à plenitude da vida e da glória, a fim de que com Ele sejamos todos conduzidos à glória total do Vosso Reino . Sendo assim , Senhor, ensinai-nos a ser pacientes, a ter confiança. Fazei que aceitemos o não compreender sempre. Vós não haveis ensinado que é preciso desaparecer para Vos encontrar? 14-
E também que Vossa Palavra é como um grão semeado na terra que cresce no silêncio e na obscuridade, para surgir em plena luz, na ocasião certa? Obrigado, Senhor, por tudo o que já vimos germinar. Somente Vós julgareis um dia o sucesso de cada um, mas desde agora nós cremos que Vós chamais todos nós à Vossa Felicidade... E a Felicidade é a vida em Vós.
SUZANNE e HENRI (Da revista Alliance - n.0 54) -oOo-
PRECISAMOS DIZER SIM Quando Maria é escolhida para uma missão decisiva, a de ser a Mãe do Redentor, logo percebe que se trata de um desejo divino. E então entrega-se incondicionalmente, para que se possa fazer, através dela, a vontade de Deus, declarando-se sua mais humilde servidora. F. preciso enfatizar que Maria, no momento da Anunciação, conhecia bem a Palavra de Deus e orava muito, que são duas condições fundamentais do ser cristão. A partir disso, o seu SIM não conhece fronteiras, dificuldades humanas, preconceitos sociais, sofrimentos, vantagens pessoais, ânsia por satisfazer desejos materiais. O seu SIM é manifestado livremente, e logo compreende que exige disponibilidade absoluta ao "obscuro" proceder de Deus na história humana. Como ela estava cheia de graça, cheia de Deus, tinha sua vida em Deus, torna-se servidora da vontade de Deus, para trazer o mistério pascal no seio dos homens. Ela não conta vantagens pessoais, mas inicia um caminho nem sempre fácil para viabilizar seu serviço junto à sua prima Izabel. Não existem serviços desprezíveis, mesmo que sejam domésticos, e mesmo que seja a Mãe do Salvador. Quando Maria pronuncia o seu SIM, repete, na verdade, o que Cristo diria mais tarde no Horto: Pai, não se faça o que eu quero, mas o que tu queres. A nossa missão na Igreja, na família, no mundo é fazer justamente o que Deus quer que se realize ou que aconteça através de nós. Somos seus instrumentos, e ser instrumento é ser serviço; é entregar-se plenamente, sem restrições, sem acomodações, sem medir sacrifícios pessoais, pois através dele é possível alcançar a santificação e a salvação dos homens.
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Maria tinha consciência de que era instrumento do Senhor, porque lia, escutava e praticava a Palavra de Deus, e colocava-se em permanente atitude de oração, de contato íntimo com Deus, o que a tornava apta para a missão para a qual é escolhida. Para dizer SIM, para servir, não é possível esperar pelos outros. O serviço é algo natural e espontâneo de quem compreende a sua missão, porque está cheio de graça, cheio de vida de Deus. Dizer SIM é viver o Evangelho na sua dimensão de MAGNIFICAT, é viver a fé segundo o projeto de salvação criacional de Deus. B esta a convocação _que nos é feita como cristãos e equipistas pela SEGUNDA INSPIRAÇÃO. Maria, por isso mesmo, deve ser o nosso modelo e guia para que possamos ser agradáveis a Deus. MARIO LA e ELIZEU (Eq. 19-A) Brasília
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MARIA NOS LEVA AO CONVfVIO TRINITARIO Maria, a figura mais privilegiada da obra criadora, deve ser o modelo para nós homens e mulheres do séc. XX, que à luz da fé, dom eterno e dinâmico de Deus, queremos crescer sobretudo na vida espiritual e, garantir uma comunhão íntima com a divindade, isto, cumprindo cada qual a sua tarefa no mundo, como ocorre na Trindade econômica: como casais, monges (padres) - sendo figuras das eternas núpcias de Cristo com sua Igreja, na kénosis (esvaziamento) diária, enfim, como cristãos, sendo verdadeiros pregadores, por palavras e gestos do Homem de Nazaré, o Cordeiro Imolado e Vencedor que nos promete a imortalidade. No convívio trinltário há uma constante e eterna união = pericórese, onde cada pessoa divina contém as outras duas: " ... quem me vê, vê o Pai; assim como estou no Pai, o Pai está em mim ... " Ocorre, portanto, uma autodoação. Em Maria todos estes atributos ocorrem de maneira evidente. Toda a sua '(,ida foi de uma autodoação constante e eterna ao plano de Deus. Desde o momento da concepção virginal até à cruz, ela sempre aceita, baixa a cabeça, obedece; mas não de uma maneira servil, fideísta. Sua fé é consciente e adulta. Dentro da linha histórica de sua vida, vai desocbrindo e assumindo os sinais de Deus. Há um caminho ascedente na sua autodoação. Na Apresentação do Templo (40 dias após o nascimento de Cristo) aprende sobre o verdadeiro destino de seu Filho, através das palavras do velho Simeão e da profetiza Ana - cf. Lc 2, 21s. Mais adiante quando O encontra em meio aos doutores, ratifica esta sua aprendizagem e, cada vez mais se aniquila, sempre O doa aos outros; aceita o projeto de Deus até o fim (na Cruz). Tanto no episódio do calvário (hora de Jesus) como nas Bodas de Caná (onde Jesus, de certo modo antecipa esta hora). ela intervém como mãe e verdadeira discípula; agora se faz porta-voz do Novo Povo Escatológico, exige um sinal e, o sinal é dado. O vinho novo, que alegra o coração do homem, surge abundantemente. Esta nova lei é o Espírito Santo, que deve estar em nossos corações carnais, não mais de pedra, como na antiga lei. Ele é o reflexo de amor do Pai e do Filho, presente da criação à Parusia. Maria também O recebe naquela manhã "soberba" de Pentecostes, em Jerusalém. Ela preside os inícios da lgrejaa e, deste modo assume
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e é assumida no convívio trinitário . Aqui completa-se todo o ciclo: Maria é esposa (do Pai), mãe (do Filho) e discípula (no Espírito Santo). Na sua gloriosa Assunção é assumida pela Trindade, goza das primícias deste eterno convívio e, é a aurora da Igreja Triunfante. Ela, a Mãe do Amor, prepara o nosso caminho; a discípula fiel espera a chegada de seus filhos que ainda lutam nesta terra de exílio para serem também discípulos fiéis . É difícil, mas chegaremos lá com a Graça , que é também construída por nós. Uma das formas de ajuda para se chegar ao eterno convívio, é o movimento das ENS, da qual sou Conselheiro Espiritual há cinco meses. Este trabalho constitui um pilar tanto na vida conjugal em si (querida e amada por Deus). pois os casais contribuem com Ele 'na obra criadora; como também na vida espiritual através da meditação diária, recitação do terço na equipe, etc.. . . Sem falar das riquezas que os CE também apreendem . Assim, no final de tudo, quando Deus for tudo em todos, e nós tivermos aprofundado esta lição de amor, poderemos cantar juntos com Maria: "A minha alma engrandece o Senhor e exulta o meu espírito em Deus meu Salvador" - cf. Lc 1, 46-47. Dom Bruno Carneiro Lira, OSB CEda equipe 38- Brasília - DF
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NOSSA SENHORA APARECIDA- PADROEIRA DO BRASIL Justifica-se a primeira invocação pelo fato do aparecimento de uma imagem de Nossa Senhora da Conceição, na rede de um dos pescadores, Domingos Garcia, João Alves e Felipe Pedrosa, quando buscavam colher o maior número possível de peixes para satisfazer o imperioso pedido da Câmara de Conselheiros da cidade de Guaratinguetá, São Paulo, a qual queria homenagear, com pomposo banquete, o governador das províncias de São Paulo e Minas Gerais, Dom Pedro de Almeida, o Conde de Assumar. Assim, no ano de 1717, foi pescada a imagem nas águas do Rio Paraíba do Sul, no local denominado Porto de ltaguaçu. Era uma imagem negra ... E bom lembrar, que na descoberta desta imagem, os africanos ocupavam o último lugar na escala social do país, depois dos brancos, mestiços e índios. E a Virgem manifestou-se identificada com os negros! Os pescadores se tornaram os primeiros missionários do Seu amor e de Sua presença no meio do povo. Ela apareceu como um fruto do trabalho dos pescadores. A Virgem não se manifestou totalmente, de uma só vez, mas o fez aos poucos . As redes eram lançadas ao rio e os pedaços da imagem recolhidos. Com profunda veneração, o povo simples interpretou o fato como se a Virgem os houvesse escolhido para ficar entre eles. Lentamente, vão começando a construir uma capela para Maria. E este mesmo povo quem conta a história de Maria, quem fala de suas graças, quem abre as portas de suas casas para acolher os peregrinos que vão chegando de todos os cantos do país. Com seus próprios recursos e esforços, mais tarde erigem um santuário para Maria, ao lado do Rio Paraíba, onde trabalhavam para conseguir o alimento de que necessitavam. O santuário torna-se o ponto de encontro de todos os habitantes da região. Em breve espaço de tempo, transforma-se no santuário de todo o país. A memória eclesial do povo assegura-lhe que a Igreja, desde os seus primórdios, aparece reunida ao redor dos apóstolos, com Maria, Mãe de Jesus. Maria é a chave na captação do sentido das "coisas de Deus". Maria foi a mulher mais completa que já existiu, pois sendo e permanecendo virgem, foi noiva, esposa, mãe e viúva. Maria revela a imensa gratuidade de Deus que parte dos pequenos, fazendo destes os seus missionários. Maria ensina vivencialmente que tudo o que se refere à fé deve ser recebido humildemente como dom de Deus; deve ser assu-
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mido vitalmente no amor e na oração ; deve ser esperado com muita obediência . Aparecida é uma aparição que não deixou palavras, em que não houve uma mensagem direta, explícita. Cardeais, bispos, clero, intelectuais, políticos, governantes, dependem sempre das primeiras testemunhas históricas: os pescadores que encontraram a imagem da Virgem no seu trabalho cotidiano. A segunda invocação, Nossa Senhora Padroeira do Brasil, só foi oficializada, por bula do Papa Pio XI, em 16 de julho de 1930. Em Aparecida, Nossa Senhora indica aos brasileiros que, em todas as trevas e angústias, Ela nos iluminará com a Sua luz e proteção. Ela nos convida a viver os mistérios do terço. Gracinha e José Augusto Recife- PE
Eq.
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A CURA DA IRMÃ MARYVONNE Irmã Maryvonne Cochet, religiosa da Providência, de Ruillé, é responsável pela catequese no Colégio Santa Cecília de Châteaudun, faz já alguns anos. Ela trabalha também no M.E.f. (Movimento Eucarístico dos jovens) e como tantos equipistas faz parte da grande família dos "intercessores". Dela recebemos um testemunho de fé, uma lição de vida, através da entrevista concedida ao Pe. Bernard feutfroy vigário episcopal - publicada na "Igreja de Chartres". Vejamos o que Irmã Maryvonne nos tem a dizer: "Convido-os a associar-se à minha ação de graça pelo dom que recebi de Deus, através de Maria, em Lourdes, no dia 15 de agosto passado. - Irmã, os jornais publicaram que foi curada de maneira inexplicável em Lourdes. Do que padecia? Por oito anos submeti-me a um tratamento de uma poliartrite evolutiva. O uso das minhas mãos se tornava cada vez mais difícil. Não podia mais escrever; era-me impossível ajoelhar-me. Sofria muito. Em março de 88, fui submetida a uma operação da mão esquerda. O cirurgião hesitava entre as duas mãos, igualmente afetadas e doloridas; escolheu a esquerda porque ia prejudicar menos, no caso de insucesso e assim foi: - O pulso foi totalmente travado. O uso dos dedos impossível. Desde o dia 2 de agosto usava uma prótese para evitar uma deformação completa da mão. Outra intervenção estava prevista. E. neste estado que fui a Lourdes, juntar-me a um grupo de jovens da Diocese, para o encerramento do Ano Mariano. -20-
- O que aconteceu? No dia 15 de agosto, participava da missa solene celebrada no gramado, em frente da Gruta. De repente, após a Comunhão, senti como um leve sôpro sobre o pulso esquerdo. No meu espanto, descubro que meus dedos e pulso reencontraram a mobilidade; ao meu pedido, uma religiosa, perto de mim, sem entender, retirou a prótese: o pulso não está mais travado, os dedos mexem sem dores . . . Estupefação, lágrimas ... Saimos ao encontro dos jovens para anunciar a boa notícia. Juntos cantamos, oramos, agradecemos. Em seguida, dirigimo-nos à Gruta para agradecer a Maria; eu me ajoelho ... sem dores ... - Pensaram em fazer imediatamente a comprovação da cura? Não. Não queria falar a respeito. Receiava demais a intervenção da Mídia, jornais, TV. Precisei de muitas reflexões e orações, assim como o encorajamento do Pe. Bordes e outros para aceitar ir, no dia seguinte, apresentar-me ao Professor Magiapan e, depois, a trinta médicos do Centro de Constatações. Pedi a todos para não divulgar a notícia, mas entendi que tamanha graça é para a Igreja, para todos e não somente para mim que me beneficiei. "Vão contar . . . " ouvi Bernadette ... Agora, eu dou testemunho .. . - Seus médicos a examinaram a seguir? O que disseram? Na minha volta de Lourdes, preparei primeiro e celebrei a seguir meus 25 anos de profissão religiosa. Que bela ação de graça com os jovens. Em seguida, marquei hora com os médicos que cuidavam de mim: o clínico geral, o fisioterapeuta, o reumatologista e o cirurgião. Constataram a cura e aceitaram participar da constituição de um dossiê solicitado pelo Centro Médico de Lourdes. Um deles disse-me: "Irmã, acho que não mais precisará de me visitar ... " Agora vou indo bem, não sofro mais, reassumi todo o meu serviço. Qual o significado desta cura para você? Fui curada em Lourdes, cidade de Maria, no dia 15 de agosto, dia do encerramento do Ano Mariano. Foi no dia seguinte à "Festa da Reconciliação" no correr da qual milhares de jovens receberam o Sacramento do Perdão. Depois de ter encontrado o Senhor na Eucaristia. Isto aconteceu "em Igreja" no meio da multidão de peregrinos. As primeiras testemunhas foram os jovens que haviam passado 10 dias juntos, na amizade, na oração, no servir ... Isso tudo não lembra algum episódio do Evangelho? Percebo também uma intervenção do Mareei Callo, este jovem da Comunidade Católica, morto quando deportado e por João Paulo 11 beatifi-
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cado em 1987. Eu lhe tinha dito, no dia da beatificação, em Roma : " se você me consegue uma melhoria, poderei ser mais disponível para o meu serviço". Conheço bem a família dele: somos oriundos da mesma paróquia: N. S. da Boa Nova de Rennes. Esta cura é, para mim e para todos aqueles que estavam comigo, a manifestação duma Presença: Presença de Cristo na Eucaristia, no sofrimento, na nossa vida .. . A pedido de Maria, Jesus fez um sinal para fortalecer nossa fé e Maria nos repete, como em Caná: " Fazei tudo o que Ele mandar" .
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NOSSOS IRMÃOS, CONSELHEIROS ESPIRITUAIS " Aos sacerdot es, conselheiros espirituais das equi· pes, rogo eu, padre como eles, t estemunha dos sofri mentos de Cristo, e participant e da glória que se há de manifest ar (1 Ped 5,1): não hesiteis em dar o melhor da vossa competência, das vossas forças e do vosso zêlo past oral a este privilegiado campo apostólico. Nele encontrareis uma porção da Igreja de que sois pastores. Não cedais à tentação de crer que o vosso trabalho pastoral se limita a um grupo pequeno de cristãos. A vossa ação mult iplicar-se-á pela irradiação de tantos lares. Vós os ajudais a aprofundar a sua vida .cristã: que a vossa se aprofunde em igual medida".
Essa , a exortação que Sua Santidade , o Papa Paulo VI lançou , em setembro de 1976, aos sacerdot es - conselh eiros espirituais das Equipes de Nossa Senhora - por ocasião da peregrinação a Roma , feita por quase quatro mi l equ ipist as de várias partes do mundo . Mas , não foi Paulo VI o pri meiro a dirigir-se nesse sentido aos nossos queridos irmãos CE , assim como não foi o último , porque também outros prelados o fizeram , inclus ive João Paulo 11, nas suas seqüentes alocuções às Equipes . E por que tantos sucessores de Pedro assim se têm manifestado , procurando manter viva nos sacerdotes a convicção de que lhes incumbe dividirem os seus desvelos entre todos , à medida das necessidades , como que sendo todos diletos f ilhos pródigos? Certamente é porque reconhecem eles que , tanto quanto a importância do acompanhamento de todo o rebanho de per si , a assistência aos grupos pequenos é todo um potencial de t rabalho capaz de levar as equipes a f rutificarem , irradiando suas conquistas espirituais a longas distâncias , como um eco trans missor de bons exemplos , como os desejados pelo Pai na construção de seu Reino .
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Realmente, como pretender-se pensar que os frutos, alcançados pelos pequenos grupos à sombra da espiritualidade haurida do carinhoso acompanhamento dos Conselheiros, fiquem restritos à mesa dos casais, quando se sabe, por testemunhos pessoais, às vezes de vizinhos, às vezes de gente mais distante, que as ENS são observadas como uma legítima escola de crescimento diante das propostas verdadeiramente cristãs? Daí, a razão direta dos apelos dos pontífices de ontem e de hoje, para que os sacerdotes não se desaqueçam e nunca percam de vista a primordialidade de seu sagrado papel de animador e orientador das comunidades, grandes ou diminutas, e nelas perseverem desdobrando sua valiosa presença, usando as suas disponibilidades numa distribuição equitativa de cuidados, dentro da humana filosofia de que todos desejam salvar-se através dos caminhos de Deus. OLANDA e NADYR Equipe 6 - Bauru -oOo-
TESTEMUNHO
UM LAR EM ORAÇÃO Um tempo forte em nosso lar é a Oração Conjugal: simples, curta e de uma importância extraordinária. Dois momentos muito curtos: um ao iniciar o dia quando pedimos ao Pai por nossas necessidades espirituais e materiais e Sua ajuda para a nossa regra de vida. Assim ao nos escutarmos um ao outro, fazemo-nos solidários em nossas mútuas carências e em nossas mútuas necessidades. O outro momento, à noite, ao deitarmo-nos, vencendo o sono, agradecemos ao Pai o dia que nos deu e comentamos, brevemente, as ocorrências que valha a pena mencionar e terminamos com uma oração simples que pode ser:
Bendize, Senhor, o nosso amor Bendize, Senhor, a nossa vida Que Tua presença não nos falte Nosso lar Te necessita Que Tua luz nos ilumine Que busquemos a Tua vontade Que vivamos a Teu serviço Que sejas O mais importante Que nosso amor não termine.
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Muitas vezes o sono impõe sua presença, outras, o que se deve vencer com mais coragem, os desgostos, as desavenças quebram a vontade e interrompem esse esforço ou obrigação que nas ENS chamamos de Oração Conjugal. Algumas vezes nos lembramos de nossa oração predileta, o Magnificat, e dizemos: Demonstraste o poder do teu braço e resultou em Amor, como assim é a grandeza e a beleza de Tua criação, manifestação do Amor. Tua relação com as criaturas, manifestação de Amor. Tua predileção pelos mais pobres, fracos e enfermos, manifestação de Amor. Teu plano de salvação, manifestação do Amor. Dispensaste os orgulhosos de coração e abateste os poderosos de seus tronos para que teus fiéis caminhem somente pelo caminho do Amor: caminho de simplicidade, de humildade, de ternura e preocupação constante pelos demais, com uma confiança absoluta posta em Ti, numa convicção firme de que a fé, a esperança e o amor que existem em nós, são obras do Teu Espírito que habita em nós. Exaltaste os humildes, aos que têm consciência de sua fraqueza, de suas imperfeições, de seus pecados: sofrem, sentem-se pobres, sentem-se crianças e por isso Tu manifestas Tua predileção por eles. Cumula-os de bens . . . Em sua pobreza, em sua fraqueza, em suas imperfeições, estendem suas mãos a Ti com a esperança e a certeza de que sois seu único rochedo e de que não são fraudados, são justificados como o publicano da parábola que fica à distância, que sequer se atreve a erguer os olhos para o céu e bate em seu peito enquanto exclama: "Deus meu! Tende piedade de mim que sou um pecador!" DOLORES e EZEQUIEL Eq. 1 Seuti/Espanha (Traduzido da carta mensal das ENS da Espanha, n. 0 135, Set.-Out./1989)
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TESTEMUNHO
25 ANOS DE EQUIPE -
UM MILAGRE
Foi-nos feita uma convocação, muito mais que um simples convite. Para tanto, naquela ocasião diziam-nos: "O grupo se reúne mensalmente, coisa rápida. Discute um breve assunto, um tema, janta junto e pronto. Depois do encontro sai um chopinho ... " (Este, vez por outra, até que ajudou ... ). Interessante, pensamos agora. Ainda ontem ao final da missa, dirigiu-se a nós um muito conhecido casal: que bom revê-los! E dentre outros breves assuntos, perguntaram-nos pela equipe. Firme, tocando do modo melhor possível, respondemos. Pois nós paramos, desistimos, disseram-nos. Esperamos não ter-lhes reveladõ, por nossos semblantes, o ar de surpresa e de pena. Este fato revelou-nos, por mais uma vez, muita coisa, que só um equipista VIVIDO pode se aperceber. E lembramo-nos de nosso início. Após a "Informação", críamos estar participando de um grupo que se supunha buscar a perfeição, através de oração e sacrifícios, estes traduzidos pelos "meios de Aperfeiçoamento". Havia-nos chegado a grande oportunidade de nos tornarmos santos, e decidimos tentar, na certeza de jamais conseguir. Aceitamos o convite de Angélica e Guy. Aquelas reuniões iniciais, através da sabedoria e dedicação de Malvina e Edgar, foram na verdade dissipando a primeira idéia formada, colocando as coisas nos lugares. Começamos a entender o grande objetivo do Movimento de Equipes, que agora sabíamos ser mundial. E fomos vivendo, participando, tentando e querendo. Depois de vinte e cinco anos resolvemos parar para pensar. E como está difícil entender. Mas parece óbvio, pois tudo que é vontade de DEUS, ainda mais através de Nossa Senhora, torna-se óbvio, como que milagre. E por isto desistimos de tentar entender, pois a explicação vem da fé. Resta-nos meditar. Crescemos juntos, em corpo e alma. Aqueles que eram miudos ao nosso início, já deram-nos netos. Nós que éramos jovens no aspecto físico, estamos grisalhos, ainda que joviais no espírito e na vontade. Nossa luta foi bela, principalmente pela perseverança demonstrada. Continuamos brigando. De fato, aprendemos na Equipe. Muito facilitou a perfeita integração entre nós. Aprendemos primeiramente a nos amar, a nos respeitar. Em que pese as nossas múltiplas e profundas diferenças. Foi gostando uns dos outros, depois amando os filhos uns dos outros. vendo-os -25-
crescer e vencer, que nos fizemos EQUIPE 2 de Petrópolis, a da Nossa Senhora da Esperança. Alimentados por especial inspiração, nunca perdemos a esperança. Nos momentos ou fases de declínio, quando nos julgávamos impotentes e desencorajados para a retomada, nova força e nova luz surgia, a nos repor no caminho. Muito aprendemos na Equipe. Orações pessoais e familiares, dever-de-sentar e outros instrumentos foram postos ao nosso alcance para que, por seu entendimento, pudéssemos progredir na caminhada proposta: o aperfeiçoamento e o crescimento a dois. Tudo foi praticado com falhas, inúmeros erros, diversos equívocos. E tudo servía-nos como alicerce, base sólida e imperecível no tempo. Como a estrutura daquele gigantesco edifício, o maior do mundo, tem suas sapatas e base encravadas no solo, e por isto invisíveis, também nosso alicerce espiritual está encravado firmemente em nossas almas e em nossos corações. Daí a certeza . de que nada foi em vão. Sabemos importante tudo aquilo que pudermos exteriorizar em atos e fatos. Principalmente fora de nossa Equipe. É bom mostrar-nos conscientes, sólidos, pertinazes na prática das coisas de DEUS. É interessante evidenciar o exemplo enriquecedor da vida familiar bem conduzida. Tudo isto é sumamente importante quando sabemos que nos foi concedido por este engenhoso e rico Movimento de Casais. Tudo isto torna-se extremamente brando quando verificamos o que somos interiormente. Cada peça integrante é o fundamento do todo. Por isto, tudo se faz por aquilo que cada um faz. E evidentemente que cada um só pode dar aquilo que tem. Nada além. Daí o termos que reconhecer o quanto de aprimoramento pessoal nós tivemos. Nossos espíritos cresceram, sem dúvida iluminados pelo Espírito Santo. Esta força interior que nos foi concedido aprimorar é a grande alavanca que move-nos a cada um, cada casal e toda a nossa Equipe. O aparente tem valor mais humano que cristão. O invisível tem mais valor para Cristo e sua dileta mãe, Nossa Senhora. Aqui haveria muito, mas muito mais a pensar e a dizer. Sem dúvida. Sussurra-nos o bom-senso que sejamos breves para não sermos prolixos. Mas não importa. Aos 25 anos de Equipe 2, poderemos dizer um pouco mais . .. Obrigado Senhor, obrigado Mãe do Céu por nos ter ofertado estes irmãos como eternos companheiros de jornada. Com eles e por eles podemos dizer que "O Senhor fez em mim maravilhas. Santo é Seu nome! ... " Neuza e Mozart- Equipe 02 Petrópolis - RT
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A
ROTINA
Uma esposa pôs-se a refletir sobre sua vida. Toda ela era voltada para a sua família, para o amor de seu marido, de seus filhos, para o cumprimento de seus deveres, familiares e profissionais. Ela e o marido trabalhavam na comunidade paroquial, educavam cristãmente os filhos e ajudavam obras sociais. Apesar disso tudo, ela se inquietava: "Que fazemos, senão cumprir o simples dever? Outros, mesmo não cristãos, não fazem o mesmo, não procuram com todo empenho cumprir seus deveres?" E sentia a incerteza dessa indagação. Ela queria ir mais além no amor a Deus, mas não conseguia conciliar esse desejo com a insignificância das coisas de cada dia. Sua vida era uma rotina. Ela pensava: na hora da missa, nos momentos de oração, sentia um desejo de viver só para Deus, amá-lo, dedicar-se a Ele, abrir-se para o próximo necessitado, realizar um grande apostolado. Mas quando encontrava pela frente a realidade, a rotina, a repetição insípida dos atos, gestos e atitudes do dia a dia, desanimava, esmorecia. Todos aqueles desejos de crescer se esbarravam com as insignificâncias de cada dia. Abria-se, então, um espaço entre o que ela desejava interiormente e o cotidiano com mil e uma coisinhas aparentemente sem significado. E ao fim de cada dia, apesar de reconhecer que tinha feito bem suas obrigações e deveres, refletia: "Que fiz pelo Senhor, hoje?" Esta pergunta muita gente a faz, ao fim de cada dia. Ficamos pensando na resposta que daríamos a essa esposa: - Será que tais desejos de uma vida espiritual mais intensa não podem harmonizar-se com a rotina cotidiana? ou - Será que a rotina cotidiana é um empecilho ao crescimento espiritual? E certo que a repetição dos atos e dos gestos resulta em sua despersonalização. Mas mesmo assim, eles não devem ser empecilhos à vida espiritual. Pelo contrário, elas fazem parte da nossa vida espiritual de casados. Desde que os valorizemos, desde que lhe demos um sentido novo: é o "nascer de novo" de que fala Jesus, (Jo 3, 1-7). Os atos e gestos cotidianos longe de serem obstáculos à vida espiritual, fazem parte da dinâmica da vida, estão nos planos da Providência. E através deles que cada um de nós deve atingir sua própria santificação. "Não se chega à santidade aos saltos. Mas o caminho da santidade é como uma escada: deve-se subir degrau por degrau. Cada de-
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grau é um nada, é apenas um único degrau, parece não ter significado algum. . . Mas, cada degrau que se vence, nos colocamos mais no alto ... " O mesmo acontece com a vida nossa de cada dia. Os atos e gestos cotidianos parecem uma multidão de " nadas", mas é através deles que Deus quer que cheguemos até Ele. Devemos meditar sobre a importância e o significado dos atos cotidianos. Analisá-los, examiná-los. O que nos falta é vivê-los dentro de um clima de espiritualidade. E assim nossa " rotina" será sempre iluminada porque estamos cumprindo a vontade de Deus. Therezinha Carvalhaes Cury Araraquara - SP
Equipe 03
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DIA MUNDIAL DA PAZ-1991: que se celebra anualmente a 1.0 de janeiro, terá como tema no próximo ano, escolhido pelo Santo Padre, o respeito pela consciência humana: "se queres a paz, respeita a consciência de todo homem". Com a escolha deste tema, o Papa quer debater a raiz profunda da paz, que é a consciência de qualquer pessoa. Pois, a consciência é o lugar mais secreto de qualquer um, onde a gente se encontra a sós com Deus. Desrespeitar esse lugar secreto do encontro íntimo com o transcendente, é provocar a guerra e gerar a violência. Violentar uma consciência, impedindo que faça suas opções mais íntimas, como a busca de Deus, é uma opressão violenta que terá igualmente uma resposta violenta, tanto em nível de indivíduo, como em nível de povo. Hoje, a humanidade se torna, cada vez mais, consciente da necessidade de uma Nova Ordem de Direitos e Deveres. Nesta Nova Ordem, se destacam os Direitos da Consciência e os Deveres da Consciência. Esses deveres envolvem a própria pessoa, os outros, a sociedade nacional e internacional. O que importa é a consciência basear as próprias ações na coerênc ia consigo mesma, no respeito às opções dos outros e na vocação universal para a verdade. João Paulo 11 coloca no nível da consciência de toda pessoa humana, a problemática da busca de uma paz sólida e duradoura .
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NOTICIAS E INFORMAÇDES
Mudanças nos Quadros Araçatuba/SP Marilisa e Adelsiro Bertoli assumiram a responsabilidade pelo setor A em substituição a Dalci e João Carlos Belluzzo.
Região São Paulo-Oeste Dando seqüência ao trabalho de Neusa e Orlando (de Bauru) assumiu a função de CRR o casal Mariê e Mauro Ushizima.
Região São Paulo-Centro 11 Os novos Responsáveis Regionais designados são Olga e Heidir Volfato (de Jaú).
Belo Horizonte/MG Dorinha e Vital sem " pendurar as chuteiras" pois continuam ativos e cuidando com especial carinho da Coordenação de Contagem, passaram a missão de CRS de Belo Horizonte para Cecília e Hamilton Alves dos Santos . A transmissão do cargo aconteceu ao final de um Dia de Estudos sobre a Segunda Inspiração.
Fortaleza/ CE Wanda e Bosco receberam a incumbência de ·dar prosseguimento à caminhada de fé e ajuda mútua" até aqui animada por Regina e Joaquim, como novo casal Responsável de Setor.
Expansão Niterói/RJ Continua a campanha por novos casais equipistas a fim de completar as novas equipes " desfalcadas" bem como a criação de novas equipes, com a realização de Sessões de Informação aos interessados.
Parelhas/RN Está em curso a formação de duas novas Pré-Equipes , o que bem demonstra a fertilidade do terreno onde foi lançada a semente por Ana Maria e Oscar, da Eq. 04 de Recife/PE.
Eventos Parelhas/RN A comunidade das ENS locais realizou em agosto último o seu Primeiro Retiro Espiritual.
Rio de Janelro/RJ Em 17 de agosto último, a exemplo do que ocorre em todo o Brasil, foram celebradas, no âmbito de Região Rio 111 e a nível de setores, missas de aniver. sário de falecimento de Pedro Moncau. O "Eventos" , boletim informativo do setor E publica, a propósito, em seu número de Agosto, alguns dados biográficos daquele que foi ao lado de sua esposa Nancy, o introdutor das ENS em nosso país, objetivando fazê-lo mais conhecido pelos casais com pouco tempo de Movimento. Publica, também , uma foto do casal Moncau ao lado do Pe. Caffarel quando da primeira visita deste último ao Brasil em julho de 1957.
Efemérides Recife/PE Das primeiras sementes lançadas por Maria Lúcia e Plínio em 11 de junho de 1980 até hoje, muitos já deram e continuam a dar grande parcela de contribuição na preparação de terra para a colheita de bons frutos. Compartilhamos do júbilo dos nossos irmãos de Recife pelos 10 anos de lançamento do Movimento naquela cidade.
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Manaus/AM Recebemos um histórico dos quatro anos de existênsia da Eq. 09, N. S. da Esperança, lançada em 05-07-86 relatando o que foi o caminhar de seus equipistas durante esse período. Ao final do relato os casais agradecem a Maria que os levou a Deus, ao Frei José Luiz que os levou ao Movimento e a Teresinha e Abel por sua orientação.
Conselheir.os Espirituais Porto Alegre/ AS Tereza e lrineu, CR do setor B, in· formam que contam com um novo Conselheiro Espiritual na pessoa do Pe . Francisco Stadelmann. São José dos Campos/SP Após 12 anos de incansável ativi· dade, Pe . Luiz Bertolotti deixa a missão de Conselheiro Espiritual do setor. Em missa realizada em 04-07.90 seus aquipistas agradeceram sua dedicação e disponibilidade e deram suas boas-vindas ao novo CE do setor, Pe. Jonas Traversln. Assis/SP Recebemos de Cida e Mauro, CR da Eq. 05, uma carta contendo uma tocante mensagem ao seu CE, Diácono Emídio que neste 12 de outubro está recebendo sua ordenação sacerdotal. Dada a impossibilidade de publicarmos a mensagem em sua íntegra, unimonos ao desejo de seus equipistas de "vê-lo realizado e f eliz conduzindo nos-
sa comunidade e a esperança de poder ajudá-lo no cumprimento de sua missão que certamente será um contínuo caminhar com Cristo e por Cristo" ..
Eléições 90 Em resposta a solicltaç,ão feita pela ECIR, alguns Setores nos enviaram in· formações sobre aquipistas candidatos nas eleições de 3 de outubro de 1990. Infelizmente, essas informações só chegaram à redação da Carta Mensal quando o número de setembro já estava no prelo. Assim, a publicação de seus nomes aqui representa mais uma homenagem que prestamos ao seu espírito de dedicação ao bem comum do que uma "propaganda eleitoral", já que, quando vocês receberem esta Carta, as eleições provavelmente terão passado. São eles : - João Vitor Moccellin, da Vania, da Equipe 13 de São Carlos , SP., candidato a Deputado Estadual pelo PL; - Lindenberg Valente, da Nageia, da Equ ipe 13 de Manaus, AM, candidato a Deputado Estadual pelo PMN; - Nelson da Costa Prado, da Ma· ria Cristina, da Equipe 50 do Setor D - Região Rio 111 (Rio de Janeiro, RJ), candidato a Deputado Estadual pelo PT do B,; e - Paulo Bonetti, da Terezlnha, da Equipe 2 de Aparecida, SP., candidato a Deputado Estadual pelo PL. Aos quatro, nossos votos de sucesso e nossas orações para que, ao pa rticiparem do mundo político, possam continuar dando seu testemunho de cristãos autênticos.
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OLTIMA PAGINA
UM PASSARINHO ME CONTOU... Muitas vezes, diante de algumas posições que tomamos face aos acontecimentos do dia-a-dia ou às atitudes que lhes mostram os flashes da televisão e as páginas das revistas, nossos filhos nos dizem: "Só vocês pensam assim. . . Se nós formos falar assim com nossos colegas, eles vão nos achar muito loucos. . . Essas idéias já eram . .. ". Ainda outro dia, num desses programas de auditório da TV, vimos duas crianças - meninos de 10 ou 12 anos - concorrendo a um prêmio, que levaria aquele que melhor imitasse, com a atriz de verdade - das mais "bem dotadas" fisicamente - uma cena de novela. No final da cena, a criança deveria agarrar a moça e jogá-la no sofá para. . . Não sei por que, a cena parava aí. O gordo apresentador, o auditório e os nossos filhos se divertiam para valer, porque naturalmente, as crianças não conseguiam sequer agarrar a mulher, muito menos jogá-la no sofá. Mas ela, "boazuda" mas também "boazinha", os ajudava. Foi um verdadeiro estupro psicológico daquelas crianças. Olhares desaprovadores se voltaram para nós, quando tentamos emitir esta opinião. "Só vocês mesmo ... ". Quem sabe, realmente, estamos meio sozinhos. Mas nessas ocasiões costumamos lembrar a história que os beduínos contam do profeta que passeava pelo deserto. Num certo momento, deparou-se com um passarinho deitado na areia. Era um desses pardaizinhos insignificantes, sem nenhuma expressão social nem política. De cor cinza triste. Estava de olhos fechados, deitado de costas, com as duas patinhas magrinhas erguidas para o céu. Por um momento, o profeta pensou que estivesse morto. Mas o pardal abriu um olho e o profeta se aproximou, curioso. E perguntou-lhe, numa língua que só profetas e pardais sabem falar: "O que você está fazendo aí, pardalzinho?" Abrindo o outro olho, o pardalzinho respondeu, com toda a simplicidade: "Ouvi dizer que o céu vai desabar". O profeta chegou mais perto e perguntou, incrédulo: "E você acha que com essas duas patinhas você vai segurar o céu?" Ao que, de forma lacônica, o pássaro retrucou: "Não sei, profeta. Mas faço o que eu posso." Não valemos nós mais do que um pardal, conforme a expressão de Cristo? E ele não se referia somente ao fato de que temos duas patas a mais. Se cada um de nós resolvesse fazer tudo o que pode, aposto que o mundo poderia ser bem diferente. Mas do jeito que as coisas vão, estamos nos parecendo mais com outro pássaro, bem maior e bem -31-
mais covarde: o avestruz. Diante da ameaça do céu prestes a desabar, estamos confortavelmente instalados, com a cabeça enfiada na areia. Nós, pais, e os cristãos em geral, temos a tendência de esquecer duas coisas fundamentais. Primeiro, que fomos chamados por Deus; temos, por meio de nosso batismo, uma vocação. Cabe-nos não só procurar segurar o céu que vai desabar, mas transformar o mundo. Por mais ilacompetentes que possamos nos achar para a tarefa. Pois não há dúvida que somos incompetentes. Dizia Moisés ao Senhor que o chamava para tirar o povo do Egito: "Como é que vou falar com o rei e dizer-lhes que nos deixe ir, justo eu que, além de ser gago, estou sendo procurado pela polícia?" Ou Jeremias: "De que jeito vou eu profetizar: ainda sou muito criança!" Mas é aí que entra a segunda coisa fundamental. A ambos, o Senhor responde: "Não tenha medo, não se preocupe: EU ESTOU COM VOC~!"
O que nossos filhos não podem deixar de perceber é que somos uns pardais realmente incrementados: o próprio Senhor Deus está conosco. Ele nos chamou para participar de sua paternidade; somos pais nele que é Pai. Somos cristãos - sal da terra e luz do mundo, nele que é Cristo, que estendeu os braços na cruz para nos redimir e salvar. Somos homens e mulheres, jovens há mais ou menos tempo, habitados pelo Espírito Santo que permanentemente, segundo a sua promessa, está conosco, para nos levar a discernir o que devemos fazer para evitar que desabe o céu sobre nossas cabeças . . . .O profeta foi embora, pensativo. Esse pardal. . . Não fazia nenhum discurso. Não procurou raciocinar comigo, não tentou demonstrar que tinha razão. Ficou ali, deitadinho, cumprindo, numa atitude aparentemente irracional, a missão que tinha discernido ser sua. Dando seu testemunho . ..
Peter
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MEDITANDO EM EQUIPE Texto de meditação (Lc 11, 27 -28)
Enquanto Ele falava, uma mulher, levantando a voz do meio da multidão disse: "Felizes as entranhas que te trouxeram e os seios que te amamentaram." Ele, porém, retorquiu: "Diz antes: Felizes os que escutam a palavra de Deus e a põem em prática"." Oração litúrgica Entoemos altos louvores a Deus Pai onipotente: Ele determinou que Maria fosse a Mãe de seu Filho, celebrada por todas as gerações. E peçamos confiantes: R. Nossa Senhora Aparecida, rogai a Deus por nós. Deus criador de maravilhas, que fizeste a Imaculada Virgem Maria participar de corpo e alma da celeste glória de Cristo, conduzi para a mesma glória os corações de vossos filhos: R. Nossa Senhora Aparecida, rogai a Deus por nós. Vós nos deste Maria por Mãe. Por sua intercessão concedei a cura aos doentes, o conforto aos tristes, o perdão aos pecadores, e a todos a salvação e a paz: R. Nossa Senhora Aparecida, rogai a Deus por nós. Fizeste de Maria a Mãe da misericórdia; concedei a quem está em perigo experimentar o seu amor materno. R. Nossa Senhora Aparecida, rogai a Deus por nós. Quiseste que Maria fosse a Senhora em casa de Jesus e de José; por intercessão dela que todas as mães vivam em família o amor e a santidade: R. Nossa Senhora Aparecida, rogai a Deus por nós. Coroastes Maria como Rainha do Céu por vossa graça fazei com que os irmãos falecidos entrem para sempre no vosso Reino junto com a multidão dos santos. R. Nossa Senhora Aparecida, rogai a Deus por nós. OREMOS: O Deus todo poderoso, ao rendermos culto à Imaculada Conceição de Maria, Mãe de Deus e Senhora Nossa, concedei que o povo brasileiro, fiel a sua vocação, e vivendo na paz e na justiça, possa chegar um dia à pátria definitiva. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, na unidade do Espírito Santo. Amém. (Liturgia das horas -
Festa de Nossa Senhora Aparecida)
ORAÇÃO · DAS EQUIPES AO ESPíRITO SANTO Espírito Santo. Vós sois o alento do Pai e do Filho na plenitude da eternidade. Vós nos fostes enviado por Jesus ~ara nos fazer compreender o que ele nos disse e nos conduzir à verdade completa. Vós sois para nós sôpro de vida, sôpro criador, sôpro santificador. Vós sois quem renova todas as coisas. Vos pedimos humildemente que nos deis vida e que habiteis em cada um de nós, em cada um de nossos lares, e em cada uma de nossas equipes , Para que possamos viver o sacramento do matrimônio como um lugar de amor, um projeto de felicidade , e um caminho para a santidade. Amém.
EQUIPES b E NOSSA SENHORA 01050 Rua João Adolfo . l l8- 9'- cj. 901 - Tel. 34·8833 São Paulo - SP