RESUMO A Equipe da Carta Mensal pergunta: como se desenrola a reunião da sua equ ipe? O que será a Conferência Episcopal de Santo Domingo, em 1992? o Papa João Paulo 11, aos 25 anos do Decreto "Ad Gentes " lança uma nova Encíclica A nossa reflexão sobre as novas realidades prossegue com o tema candente da "Fidelidade" Ainda sobre a fi delidade, um casal italiano dá o seu testemunho
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EDITORIAL Por que evange lizar a sexualidade? por Álv'aro e Mercedes Gomez Ferrer
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O exemplo da humildade de Maria Como o trabalho, na visão qe João Paulo 11, pode transformar-se em escravidão Um conselheiro espiritual fala de sua alegria por trabalhar com as equipes A seÇão "Atua lidade " trata da visão da juventude urbana sobre o sexo Vários textos de equipistas nos ajudam a melhor vivenc iar a espiritualidade do Movimento Notícias e Informações Última página Meditação e Oração (sugestões para abril)
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UM MOMENTO COM A EQUIPE DA CARTA MENSAL Pe. Caffarel, fundador do Movimento das Equipes de Nossa Senhora, constumava contar duas histórias a respeito da Reunião de Equipe. Uma vez, ia pronunciar uma conferência sobre o Movimento, na Alemanha. Conversando com os Responsáveis de lá sobre o tema, perguntou-lhes que abordagem eles quedam que desse à conferência. E eles responderam com uma pergunta: "Se por acaso lhe fosse dado saber que esta é a sua última palestra sobre o Movimento, de que o Sr. falaria?" Após bastante refletir, o Pe. Caffarel respondeu: "Vou falar sobre a Reunião de Equipe. É o momento mais importante da vida do Movimento". A outra é uma anedota. Certo sábio chinês foi levado em sonho para o além. Visitando ali as instalações, ele foi conduzido inicialmente para o inferno. E foi introduzido numa sala onde transcorria a reunião de uma equipe (chinesa, naturalmente). Estavam todos sentados no chão, em círculo ao redor de um imenso bolo de arroz. Apesar de estarem equipados com um par de palitos cada um, os equipistas estavam esqueléticos e verdes de fome: não conseguiam se alimentar, porque os palitos tinham 2 metros de comprimento! Em seguida, nosso sábio foi levado ao paraíso, onde igualmente lhe foi dado visitar uma equipe reunida. A cena era exatamente a mesma: os equipistas sentados no chão, em volta de um bolo de arroz, cada um com um par de palitos de 2 metros. Mas estavam robustos, cheios de saúde, os olhos brilhantes e animados. O sábio ficou perplexo por um instante, sem compreender. Mas quando viu, entendeu: cada um dos equipistas dava de comer ao seu vizinho em frente!. .. A importância que damos a nossas reuniões e a maneira como se desenrolam, como vivenciamos o método e a mística, podem fazer toda a diferença que há entre o céu e o inferno. É por isso que uma das prioridades atuais do Movimento no Brasil é o aprofundamento da vivência da Reunião em Equipe. Como se desenrola a sua Reunião? O que vocês fazem para dar-lhe mais conteúdo, mais profundidade? De que forma ela se torna parte de um processo de formação permanente? Como vocês se dão mutuamente de comer? Por que meios ela os ajuda a ir ao encontro da realidade que nos cerca?... Todos os nossos irmãos de equipe gostariam de se enrfquecer com o testemunho de vocês. Escrevam-nos, contando como vocês fazem, e tentaremos transmitir essas experiências aos nossos leitores.
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PRIORIDADES A REUNIÃO DE EQUIPE
AO ENCONTRO DA REALIDADE PASTORAL FAMILIAR
FORMAÇÃO
EXPERIÊNCIA COMUNITÁRIA
COMUNICAÇÃO
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CAMINIIANDO COM A IGREJA A IGREJA NO BRASIL SE PREPARA PARA SANTO DOMINGO As comemorações do V Centenário da Evangelização da América Latina se aproximam rapidamente. Mais um passo decisivo foi dado. O Papa João Paulo li aprovou, dia 12 de dezembro passado, festa de Nossa Senhora do Guadalupc, padroeira do continente, a formulação do lema da IV Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano: "Nova Evangelização, Promoção humana, Cultura cristã". Junto com o lema vem também um lema ou "slogan evangelizador", tirado da carta aos Ilcbrcus: "Jesus Cristo ontem, hoje c sempre". O Cardeal Gantin, da Congregação para os Bispos, em nome do Papa, explica: "Nova Evangelização" constitui "o elemento globalizanle, a idéia central c iluminadora". "Promoção humana" faz referência à difícil situação em que se encontram os países latino-americanos". Finalmente, "Cultura Cristã" é o "elemento de atualidade", que, segundo a carta do Cardeal, deve requerer especial atenção em Santo Domingo. Mas a preparação da IV Conferência do CELAM não começou agora. Com o texto, publicado no Brasil pelas Edições Loyola, "Elementos para uma reflexão pastoral em preparação da IV Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano", já está em sua terceira fase. Trata-se, como diz a apresentação, de uma "primeira ferramenta de trabalho" aberta à discussão pública. A iniciativa do CELAM leve, na Igreja do Brasil, uma resposta pronta. Foram perto de 70 as contribuições, já enviadas ao CELAM, revelando o crescente interesse da Assembléia de Santo Domingo. Nesses 500 anos estão em jogo duas coisas: a avaliação, do ponto de vista cristão c cclcsial, da primeira evangelização, frente aos candentes desafios do continente. Tal empreitada não parece fácil. Ilá evidentes diferenças, para não dizer divergências, na interpretação do passado, na leitura da realidade atual e na própria projeção do futuro. Um primeiro resultado dos atuais debates em preparação à Conferência Episcopal de Santo Domingo, 1992, é o acordo amplo entre alguns dos principais desafios à evangelização no continente, tais como: 1) o choque da assim chamada "cultura moderna" com as culturas tradicionais, com a religiosidade tradicional c com a fé; 2) a evangelização do mundo urbano moderno, com seus recursos técnicos, sua racionalidade funcional c sua tendência secularista; 3) o papel da hierarquia numa Igreja em rápido processo de renovação; 4) o lugar das classes médias modernas c de seus movimentos dentro da Igreja; 5) a pastoral de grandes massas num mundo que se torna cada vez mais complexo, sobretudo, num mundo marcado pela presença massiva dos Meios de Comunicação Social. -3-
Definir os desafios é apenas o começo do longo caminho. O passo seguinte consiste em definir como enfrentar tais desafios. Af, à medida em que nos distanciamos da doutrina já estabelecida das Conferências anteriores de Medellín e de Puebla, na esteira do Concílio Vaticano li, o acordo básico fica mais difícil. O eixo dos debates situa-se em tomo da continuidade ou não com essas duas grandes Assembléias. Mcdellin e Puebla definem um interlocutor privilegiado para a evangelização. Agora, se coloca o desafio das classes médias e de seus movimentos. Como resolver essa equação vital para o futuro da Igreja no continente? · Medellin c Puebla acolhem o clamor dos pobres como o caminho, a via para uma evangelização eficaz numa sociedade conflitiva, injusta e desigual. Agora o desafio que se propõe é, sem dúvida, o processo avassalador da modernização- em todos os níveis, a recente revolução tecnológica, que invade cada recanto do planeta, chegando às comunidades mais tradicionais, até o coração das pessoas. Como preservar a identidade cultural e religiosa dos povos latino-americanos e, ao mesmo tempo, dar-lhes a mão nessa dolorosa travessia para o futuro planetário? Medcllin c Pucbla escolhem como eixo da evangelização do continente a questão ética da pobreza, que aflige a maioria do povo, sinal da injustiça e opressão a que está submetido desde séculos. Faz isso em nome da dignidade fundamental da pessoa humana . Agora o desafio que se propõe é o da secularização como processo que invade o recinto sagrado da religião tradicional, da cultura essencialmente religiosa, 'enfraquecendo sua força unificadora da consciência histórica. Como situar-se frente à dinâmica do mundo de hoje: sua cultura do trabalho c seu culto à eficácia científica e tecnológica? Como articular num único projeto a causa do pobre e a dimensão cultural? O sucesso da Conferência de Santo Domingo não vai depender apenas da solução destes e de outros desafios, mas sobretudo: 1) de como a Igreja no continente interpreta e aprende o passado. A primeira evangelização deve ser revista. Não, porém, do púlpito arrogante do conquistador, mas do caminho de Jesus Cristo. Esse caminho nos convida a uma leitura penitenciai, humilde e reverente, da história, atenta à causa dos pobres, dos indígenas e dos negros. Uma leitura penitenciai coloca em relevo, por um lado, a força libertadora do Evangelho; por outro, exige de toda a Igreja conversão sincera e novo empenho para uma nova evangelização. 2) de como a Igreja retoma o eixo condutor de sua ação pastoral e presença na sociedade nos últimos decênios: a opção pelos pobres. Essa opção foi o fio condutor de Medellín e de Pucbla. Deve ser o eixo também para Santo Domingo. Não como mera estratégia pastoral, mas como fidelidade ao Evangelho e teologicamente essencial ao processo de evangelização. Enfraquecer esta opção ou deixá-la na penumbra seria perder um dos traços mais marcantes da experiência eclesiallatino-americana pós-conciliar. -4-
ENCÍCLICA REDEMPTORIS MISSIO: de João Paulo li, sobre a validade permanente do mandato missionário, foi lançada em Roma, dia 22 de janeiro de 1991, para comemorar os 25 anos do Decreto Conciliar "Ad Gentes". O documento de 8 capítulos, em 150 páginas, quer ser animação missionária da Igreja: (1)- colocando a salvação à disposição de todos porque Cristo é o único Salvador; (2) - promovendo o Reino de Deus, através da conversão a Cristo, fundação de com unidades e difusão dos valores evangélicos; (3) - o Espírito Santo é o protagonista de toda missão eclesial; (4) - um quadro religioso complexo e em mutação no mundo inteiro, conserva o valor da Missão "Ad Gentes" hoje; (5)- os caminhos da missão passam pelo testemunho evangélico, anúncio explícito, Comunidade Eclesial de Base, inserção do Evangelho nas culturas, diálogo inter-religioso, libertação de toda opressão, sempre com o objetivo de formar novas Igrejas Locais (plantatio eclesiae); (6)- os agentes da pastoral missionária são todos batizados, sacerdotes diocesanos, institutos religiosos missionários, "movimentos eclesiais" de leigos, catequistas, Congregação para Evangelização dos Povos, Conferências de Bispos e de Religiosos; (7) - a cooperação na atividade missionária se faz pela oração, sacrifício, auxílio material e formação missionária do povo; (8)- a espiritualidade missionária é deixar-se conduzir pelo Espírito para salvar a humanidade.
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A PALAVRA DO PAPA A missão do Cristo Redentor, confiada à Igreja, está ainda bem longe do seu pleno cumprimento. No termo do segundo milênio, após a sua vinda, uma visão de conjunto da humanidade mostra que tal missão ainda está no começo e que devemos em pcnhar-nos com todas as forças no seu serviço. É o Espírito que impele a anunciar as grandes obras de Deus! "Porque se anuncio o Evangelho, nflo tenho de que me gloriar, pois que me foi imposta esta obrigação: ai de mim se nflo evangelizar!" (1Cor 9,16). Em nome de toda a Igreja, sinto-me no dever imperioso de repetir este grito de S.Paulo. Desde o início de meu pontificado, dccidí caminhar até os confins da terra para manifestar esta solicitude missionária, c este contato direto com os povos que ignoram Cristo convenceu-me ainda mais da urgência de tal atividade a que dedico a presente Encíclica. O Concílio Vaticano li pretendeu renovar a vida c a atividade da Igreja, de acordo com as necessidades do mundo contemporâneo: assim sublinhou o seu caráter missionário fundamentando-o dinamicamente na própria m issflo lrinitária. O impulso missionário pertence, pois, à natureza íntima da vida cristã e inspira também o ecumenismo: "Que todos sejam um( ... ) para que o mundo creia que Tu me enviaste" (Jo 17,21). Já são muitos os frutos missionários do Concílio: multiplicaram-se as Igrejas locais, dotadas do seu bispo, clero c agentes apostólicos próprios; verifica-se uma inserção mais profunda das Comunidades cristãs na vida dos povos; a comunhão entre as Igrejas contribui para um vivo intercâmbio de bens e dons espirituais; o empenho dos leigos no scrviça da evangelização está mudando a vida eclcsial; as Igrejas particulares abrem-se ao encontro, ao diálogo e à colaboração com os membros de outras Igrejas cristãs e óutras religiões. Sobretudo, está se afirmando uma nova consciência, isto é, a de que a missão com pele a todos os cristãos, a todas as dioceses e paróquias, instituições e associações eclesiais. No entanto, nesta "nova primavera" do cristianismo, não podemos ocultar uma tendência negativa, que, aliás, este Documento quer ajudar a superar: a missão específica ad gentes parece estar numa fase de afrouxamento, contra todas as indicações do Concílio e do Magistério posterior. Dificuldades internas e externas enfrcqueceram o dinamismo missionário da Igreja a serviço dos não-cristãos: isto é um falo que deve preocupar todos os que crêem em Cristo. Na História da Igreja, com efeito, o impulso missionário sempre foi um sinal de vitalidade, tal como a sua dimin uição constitui um sinal de crise de fé. João Paulo li- Encíclica Redemploris ~issio - 6-
REFLEXÃO
FIDELIDADE, INFIDELIDADE Dando continuidade ao processo de reflexão sobre as novas realidades que cercam hoje o casal e a família, propomos este mês o tema tão candente da fidelidade. Neste sentido, citamos aqui alguns textos e damos, ao final, como sugestão, algumas pistas.
Antigo Testamento Deus é eternamente fiel à sua promessa. Feliz quem é fiel à Lei do Senhor. Cantarei perpetuamente as graças do Senhor, de geração em geração a minha boca anunciará a Vossa fidelidade. (... )Estreitei um pacto com meu escolhido, jurei a Dav~ meu servo: "Conservarei tua linhagem para sempre e por todas as gerações fundarei teu trono". (... ) Conservar-lhe-ei eternamente a minha graça e meu pacto com ele permanecerá firme; darei perpetuidade à sua descendência e ao seu trono a duração dos céus. Se os seus filhos abandonarem a minha lei e não seguirem as minhas normas, se violarem meus decretos e não guardarem meus mandamentos castigarei com a vara os seus delitos e com açoites a sua culpa. Mas não lhe retirarei o meu favor nem faltarei à minha fidelidade. Não violarei meu pacto, nem mudarei nada das minhas palavras. Salmo89
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A Palavra de Cristo Ouvistes que foi dito: Não cometerás adultério. Eu, porém, vos digo: todo aquele que olha para uma mulher com olhar de cobiça, já cometeu adultério com ela em seu coração. Ma teus 5, 27-28
O Concílio (1) Os esposos e pais cristãos, por sua vez, devem seguir o próprio caminho, em amor fiel. Ajudem-se mutuamente a conservar a graça no decurso de toda a vida. Concflio Vaticano 11 Constituição Dogmática Lumen Gentium (o• 41)
O Concílio (2) O homem e a mulher que, pela aliança conjugal "já não são dois, mas uma só carne" (Mt.l9,6), ajudam-se e sustentam-se mutuamente pela união das suas pessoas e atividades, tomando assim consciência da sua unidade e aprofundandoa mais de dia para dia. Esta união íntima, entrega recíproca de duas pessoas, assim como o bem dos filhos, exigem a plena fidelidade dos esposos e requerem a sua indissolúvel unidade. Concílio Vaticano li Constituição Pastoral Gaudium et Spes (n.48)
Teólogos (1) (Existe, dentro do ser humano,) uma tensão entre o dinamismo da tendência sexual e o dinamismo próprio da vontade. A tendência sexual leva a vontade a cobiçar e desejar uma pessoa por causa de seus valores sexuais; a vontade, porém, não se contenta com isso. A vontade é livre e capaz de desejar para a outra pessoa o bem absoluto, o infinito, a felicidade.( ...) É nisto que consiste a luta entre o amor e a tendência. A tendência procura sobretudo tomar, servir-se do outro; o amor, ao contrário, quer dar, criar o bem, fazer feliz. Consideramos aqui o matrimônio a partir do princípio personalista, que nos recomenda "amar a pessoa", ou seja, tratar o outro em conformidade com seu ser. Somente a monogamia e a indissolubilidade do matrimônio concordam com este princípio: tanto a poligamia quanto o casamento dissolúvellhe são contrários. Nesses últimos casos, com efeito, a pessoa é colocada na posição de um objeto de prazer, ao serviço de outra pessoa. O casamento dissolúvel é - unicamente ou talvez em primeiro lugar- uma instituição que permite a realização do prazer -8-
sexual do homem e da mulher, porém não a união duradoura das pessoas, a partir da afirmação recíproca de seus valores. Karol Wojtyla (posteriormente Papa João Paulo II) Amour et Responsabilité- Ed. Stock, pg.l25; 193.
Teólogos (2) A fidelidade à vocação matrimonial mede-se pelas dificuldades e provações que esmaltarn a rotina da. existência e pela coragem com que (os cônjuges) as enfrentam. Esta fidelidade à visão idílica do matrimônio toma-se particularmente difícil e cobre-se de sombras depois da derrocada e da ruptura duma primeira união. No entanto, o cônjuge injustamente abandonado- como aliás o cônjuge culpável mas arrependido - pode encontrar precisamente neste drama a oportunidade de render à fidelidade conjugal e às suas irrevogáveis exigências um testemunho verdadeiro, eficaz, fidedigno, equivalente a um autêntico apostolado. O cônjuge atraiçoado perdoa de todo o coração; o que atraiçoou, renegando os seus compromissos, solicita humildemente indulgência e perdão. A despeito das amargas experiências por que passaram, não renunciam a semear na alma dos filhos a bondade, a compreensão, o amor e a misericórdia. Bernhard Haring- O cristão e o matrimônio Ed. Perpétuo Socorro- Porto, pg.l20
O Papa É dever fundamental da Igreja reafirmar vigorosamente (...) a doutrina da indissolubilidade do matrimônio: a quantos, nos nossos dias, consideram difícil ou mesmo impossível ligar-se a uma pessoa por toda a vida e a quantos, subvertidos por uma cultura que rejeita a indissolubilidade matrimonial e que ridiculariza abertamente o empenho de fulelidade dos esposos, é necessário reafirmar o alegre anúncio da forma definitva daquele amor conjugal, que tem em Jesus Cristo o fundamento e o vigor. ( ... )Testemunhar o valor inestimável da indissolubilidade e da fidelidade matrimonial é uma das tarefas mais preciosas e mais urgentes dos casais cristãos do nosso tempo. Por isso (... ) louvo e encorajo os numerosos casais que, embora encontrando não pequenas dificuldades, conservam e desenvolvem o dom da indissolubilidade: cumprem desta maneira, de um modo humilde e corajoso, o dever que lhes foi confiado de ser no mundo um "sinal" --pequeno e precioso sinal, submetido também às vezes à tentação, mas sempre renovado - da - 9-
fidelidade infatigável com que Deus e Jesus Cristo amam todos os homens e cada homem. João Paulo 11 - Exortação Apostólica Familiares Consortio (n• 20
ACELAM A família apresenta-se outrossim como vítima dos que convertem em ídolos o poder, a riqueza e o sexo. Para isto contribuem as estruturas injustas, sobretudo os meios de comunicação, não só com suas mensagens de sexo, lucro, violência, poder, ostentação, mas também pondo em destaque elementos que contribuem para propagar o divórcio, a infidelidade conjugal e o aborto ou a aceitação do amor livre e das relações pré-matrimoniais. Evangeliza ção no Presente e no F~turo da América Latina Conclusões da III Conferência Geral do E piscopado Latino-Americano- Pu ebla - 1979 ( n. 573)
ACNllll Pelo uso da sua liberdade, o homem busca o bem, a posse de valores que o elevem c o promovam. Quando este bem ou este valor é uma coisa, o movimento da liberdade se consuma num gesto de posse. Quando porém este valor é uma pessoa, o homem in lui que ela não se rende a um gesto de posse, mas se oferece livremente em resposta, a um gesto de dom. O amor humano se revela assim como o encontro de um dom mútuo e total. Só a totalidade do dom inaugura um relacionamento de amor. Nesta totalidade está inscrita uma exigência imanente de irreversibilidade. O amor humano, na sua autenticidade original, transcende o tempo e não se deixa limitar pelas precauções de um cálculo cgoista. Um compromisso condicional inaugura, de fato, uma aproximação de egoismós paralelos, da qual cada um dos cônjuges procura extrair para si a maior soma de satisfações pessoais. Esta contrafação do amor se dissolve quando o balanço hedonista apresenta um saldo negativo, liberando cada um dos cônjuges para uma nova aventura, votada ao mesmo fracasso. Defendendo a indissolubilidade como exigência do amor, a Igreja não se obstina numa irritante intolerância, mas procura defender a dignidade do amor humano contra sua própria fragilidade, para assegurar a experiência de uma verdadeira plenitude que se situa além das inevitáveis crises. Sem uma garantia de · indissolubilidade, tais crises, que poderiam reduzir-se a episódios dolorosos mas passageiros, transformam-se em rupturas irreparáveis. Em Favor da Famnia Documentos da CNBB n.3 Ed.Paulinas- pg.24
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Os casais "Os casais c as famílias em geral têm dificuldade em aceitar a condenação, pela Igreja, das experiências extra-conjugais e a liberdade sexual" "Constituem pontos de estrangulamento para a evangelização da família hoje: -Relativamente à realidade cultural, existe um incentivo generalizado ao prazer, ao hedonismo; predominam o utilitarismo c o egoísmo; os meios de comunicação social são usados de forma nociva; há uma ampla deterioração dos costumes. -Relativamente à moral, a indcfinição de uma escala de valores; a dominância de uma moral relativizada, permissiva e pagã; a perda da noção de pecado. A moral cristã é lida como ultrapassada." "A rigidez das posições da Igreja leva os casais a se afastarem dela, a procurar outras religiões, a casar somente no civil, a cohabitar." (Frases ciladas numa consulla realizada em 1990, pela CNllB, sobre Pastoral Familiar)
PISTAS PARA REFLEXÃO 1) O que sabemos nós da fidelidade de Deus? De que forma vem se manifestando em nossa vida de cristãos, de casal cristão? Valeria a pena meditarmos sobre isso no nosso próximo Dever de Sentar-se ... 2) A posição de Cristo, cf.Mt.5,27-28 acima, é uma posição radical? Quais são as atitudes de Jesus, relatadas pelos Evangelhos, diante da fraqueza sexual? Como conciliar estas atitudes com aquela posição? De que forma estamos preparados a seguir a Cristo, neste assunto? 3) O que significa, na realidade, fidelidade para nós? Temos debatido o assunto a dois? Na nossa equipe? Ilá dificuldades em nos abrirmos a respeito? Por que? 4) Que testemunho temos dado de nossa fidelidade aos nossos filhos, aos não cristãos que nos cercam? O que poderíamos fazer pelos casos complicados que conhecemos em volta de nós?
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A BUSCA DA FIDELIDADE
Cada casal tem um caráter próprio, uma particular unicidade que é ligada à história, aos caracteres e à sensibilidade dos dois cônjuges. Assim, participar a outros a experiência de fidelidade de um casal tem um limite bem definido e é assim que participamos a nossa união a vocês, com todo o peso da nossa vivência entrelaçada de pecado e de desejo de Deus. Estamos próximos dos 50 anos de idade e temos cerca de 25 anos de casados. Nossa geração foi educada de uma forma que considerava o matrimônio uma entidade estática, mantenedora de um amor que se pensava máximo na hora do casamento. "Amai-vos sempre como nesse dia" ... : quantos de nós escutamos esta frase. Mas a nossa fidelidade no matrimônio, bem como na nossa vida humana, a nossa fidelidade a nós próprios e a Cristo, não é uma realidade intelectual, um conceito abstrato. A nossa vida - a de nós dois, não queremos dizer a de todos- foi sempre combativa e sofrida. Toda a procura de fidelidade aconteceu em uma luta entre a vontade de aderir ao plano de Deus e a tentação de seguir nosso egoísmo. Em nós, como casal, esta luta não ocorreu certamente da mesma forma para cada um de nós dois, e é certo que nem sempre vivemos idilicamente nossa vida de fé, nossa vida pessoal, ou nossa vida em comum. Na liturgia pós-conciliar existe uma frase, pronunçiada durante o rito do matrimônio que nos mostra concretamente a realidade do cotidiano e nos ajuda a colocar de lado um intelectualismo falso e enganador: "Prometote ser fiel na alegria e na trizteza .. .". O matrimônio, como qualquer outro nosso momento vital, não tem só aspectos e elementos positivos, por isto, não devemos procurar só seus momentos alegres, tentando fugir da nossa situação real. No mais das vezes o negativo não está fora, mas dentro de nós e por isto esta fuga à realidade mascara os problemas não resolvidos temporariamente. Mas eles ressurgirão depois ainda mais fortes. "Prometo-te ser fiel na alegria e na tristeza" ... mesmo se no nosso casamento não tivemos oportunidade de trocar esta frase com nosso cônjuge, a teremos ouvido tantas vezes e cada um de nós, de maneira diferente, a conservou em seu coração, talvez sem sequer tomar consciência plena de todo o seu significado. O que- de fato- significa realmente para nós? Que "tristeza" poderia colocar em crise a nossa fidelidade? ... Conhecemo-nos ainda jovens e nos escolhemos e nos esperamos por muitos anos. Depois de algum tempo de casados algo veio se interpor entre nós. Algo desmoronou. A fase despreocupada, eum pouco superficial da · nossa juventude se exauriu e nós começamos a perceber, conscientemente ou talvez ainda inconscientemente, os nossos limites: deveríamos renunciar a amar uma ilusão e aprender a nos suportar. Cada um de nós,
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para o outro, não era mais um ser perfeito mas um personagem "normal" e deveríamos aprender a nos amar com os defeitos que inicialmente não exergávamos. Com o correr dos anos, com muito sofrimento, descobrimos aos poucos que para sermos fiéis não é suficiente começar tudo de novo, a cada vez, nem deixar de lado as expectativas que muitas vezes vemos frustradas pela desilusão. Descobrimos que não basta colocar de lado nossa maneira pessoal de conceber o relacionamento a dois que, às vezes, se torna muito centrada sobre nós mesmos e sobre nossas necessidades mais do que sobre a gratuidade do amor. Uma coisa nos parece importante ressaltar: aprendemos por experiência própria que a fidelidade exige abnegação e perdão. Mas qual abnegação e qual perdão nos são exigidos em nome da fidelidade? Esquecer talvez os erros do outro? perdoar desde que o outro dê o primeiro passo e se desculpe? Claro, temos vivido estas situações, mas talvez, em algum instante particularmente difícil, em que a ofensa tocava os afetos mais profundos e as fibras mais íntimas da pessoa, fizemos a experiência de que a fidelidade nos pede vivenciar o perdão numa ótica de amor gratuito, em que se oferece a vida ao que errou, para permitir que ele começe a mudar. E juntos, mesmo que algumas vezes de maneira dolorida e conflituosa, conseguimos retomar nosso caminho delineado. Perdemos talvez uma parte de nossa máscara e conquistamos o conhecimento que na vida nunca se pode considerar nada resolvido definitivamente, e que precisamos muito do amor e da ajuda do Senhor e da dos outros. Assim, nos reencontramos diante de um cônjuge seguramente mais real, mas que talvez não tivéssemos escolhido para companheiro de toda nossa vida, porque superada a fase do namoro "cego" estávamos entrando em uma fase de amor mais autêntico. Conhecemos pessoas que nos parecem melhores e talvez mais apropriadas para conduzir uma vida em comum. Às vezes chegamos a nos questionar porque continuávamos juntos. Mas, exatamente nestes momentos, mesmo que não nos apercebêssemos, entrávamos na verdadeira ótica da fidelidade, pois o amor que nos unia deixava de ser o amor por nós mesmos, o amor que nos gratifica, para se tornar o amor pelo outro. O amor se tonava gratuito: dado, não porque esperássemos alguma retribuição, mas na ótica do Amor do Senhor. A escolha de uma vida em comum tornou-se assim uma escolha intencional superando o modelo romântico ainda tão difundido na nossa cultura. A fidelidade se transformou em uma realidade dinâmica e a nossa união não representa hoje para nós uma coisa atingida, mas um valor a procurar atingir dia após dia. Devemos aprender a amar no outro aquilo que ele é, mesmo se não corresponde às nossas necessidades. O Senhor permanece perto de nós quando, tendo de recomeçar pela enésima vez, sentimos a tentação de desistir.
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Hoje a vida é certamente mais difícil e complexa que no passado, mas sentimos claro dentro de nós que devemos aprender sempre mais a amar com gratuidade, que existe uma dinâmica nova na nossa vida de casal. E percebemos que, no fundo, são estes os maiores dons que recebemos continuamente do Senhor no nosso Sacramento do Matrimônio. (da Carta Italiana n11 60)
Só a partir do Evangelho de Cristo, crucificado e ressuscitado, se poderá alcançar a almejada renovação dos corações e das estruturas sociais. Por isso a América Latina, como os demais continentes, necessita uma nova evangelização que se projete sobre os seus povos e culturas; uma evangelização "nova no seu ardor, nos seus métodos e na sua expressão" A nova evangelização exige também uqa estreita cooperação dos religiosos com os sacerdotes diocesanos, que, com dedicação e generosidade, desempenham o seu trabalho pastoral como próvidos colaboradores dos bispos. Deveis cooperar de igual modo com ·os leigos, com as suas associações e movimentos, alguns dos quais têm hoje uma grande vitalidade. Com efeito, vós, religiosos, a partir da própria identidade, deveis dar exemplo de uma renovada comunhão espiritual com os demais agentes de pastoral, promovendo uma colaboração apostólica que respeite e consolide as responsabilidades de cada vocação na Igreja. A força da evangelização está arraigada no testemunho de unidade de todos os discípulos de Cristo (c[. Jo 17,21-23); por isso, sacerdotes, religiosos e leigos devem ajudar-se reciprocamente no seu caminho espiritual e pastoral, dando exemplo de autêntica fraternidade cristã.
João Paulo 11- Carta Apostólica aos Religiosos e Religiosas: V Centen,rio da Evangelização do Novo Mundo.
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EDITORIAL
POR QUE EVANGELIZAR A SEXUALIDADE?
Valencia, 29 de janeiro de 1991
Caros Amigos do Mundo Inteiro, Voccs se lembram, com certeza, desse trecho da Segunda Inspiração: "Um dos aspectos do carisma fundador que não foi suficientemente aprofundado no Movimento, nesses 40 anos, é o o sentido humano e o sentido cristão da sexualidade. Em conscquência, os casais não puderam ser ajudados a compreender c a viver a dimensão sexual da cspiritualidade conjugal. E em função disso, as exigências morais parecem por vezes inaceitáveis e as transgressões encontram facilmente uma justificativa. Ilá urgência neste campo, sobretudo em se tratando de um Movimento de Igreja. Este foi também o sentido das palavras que o Pe. Caffarel dirigiu à Equipe Responsável Internacional, quando o visitamos, em 1986, em Troussures, e que ele repetiu para os Responsáveis Regionais da Europa em Chantilly. Nesta mesma linha se pronunciaram unanimemente todas as Super-Regiões do mundo, que haviam detectado como necessidade sentida em todas as culturas a evangelização da sexualidade. Esta expressão, propositadamente concisa para chocar, precisa de uma explicação. Não se cvangeliza uma função, cvangclizasc uma pessoa, todo o seu ser, espírito, alma e corpo, e esse ser é sexuado. Este é o sentido em que se pode falar de evangelizar a sexualidade: levar os casais das Equipes a refletir sobre a dimensão sexual de seu amor conjugal cristão para vivêla melhor, à luz do plano de Deus. Viver uma sexualidade impregnada do espírito do Evangelho. Tomemos a nossa própria vida como ponto de partida, com toda a sinceridade. Pouco refletimos em casal, pouco falamos, pouco aprofundamos o sentido cristão de nossa sexualidade. Interiorizamos apenas superficialmente a doutrina da Igreja; praticamente, não trocamos idéias sobre este assunto em equipe, visando um auxílio mútuo espiritual e a formação de uma clara consciência a respeito. Por fim, ao olharmos em volta, ficamos com a convicção cada vez mais clara e dolorosa do fosso que existe entre a vivência de muitos casais e a doutrina da Igreja. • 15-
É urgente trazer à luz do dia esta parte da vida do casal que se considera cada vez mais como assunto particular, muitas vezes confundido com a simples genitalidade e que se cataloga normalmente fora do contexto da espiritualidade. Mas não podemos camuflar os problemas. Por um lado, trata-se de um assunto muito difícil na Igreja hoje. Porque ela sabe da importância do que está em jogo neste campo: o futuro do homem. Existe um certo medo, inconfessado mas presente. Por outro lado, os documentos da Igreja sobre o assunto provocaram seja pela sua linguagem, seja pela forma de apresentar o problema, seja por insuficiência pedagógica- uma certa rejeição por parte dos casais. Encontramonos numa situação que nos pede um esforço suplementar, uma purificação da atitude do coração e, quem sabe, a busca de uma abordagem diferente. O que vamos fazer, no seio das Equipes de Nossa Senhora? É a glória de Deus e o bem dos casais que nos instam à ação. Teria sido possível, com mais tempo disponível e com a ajuda de especialistas, redigir um tema de estudos como de hábito. Aliás, esse tema está previsto como uma segunda etapa nesta nossa busca em comum. Escolhemos, entretanto, um outro caminho. Achamos que poderíamos assumir o risco, em relação a vocês, de lançá-los diretamente no processo de reflexão, partindo da própria experiência de vocês e em função da graça que os assiste pelo sacramento do matrimônio. Temos confiança em vocês, casais das Equipes. Conhecemos a sua capacidade de discernimento, a sua atitude de busca da vontade de Deus através do auxílio mútuo em casal e em equipe e através da oração, o seu amor à Igreja da qual fazemos parte. Temos confiança também na compreensão, no tato, na competência dos Conselheiros Espirituais que os assistem. É por esta razão que vamos propor a vocês uma pedagogia que pede a participação de cada um, uma pedagogia que os ajude a descobrir, partindo de dentro para fora, de maneira talvez progressiva, o desígnio de Deus sobre a sexualidade, e que os ajude a compreender a necessidade e a fundamentação das regras éticas. Dentro de pouco tempo, nas suas Regiões ou Super-Regiões, vai ser apresentado a vocês um Projeto "Evangelizar a Sexualidade", que será oferecido a todas as equipes- com a exceção das que acabam de sair da pilotagem. Vocês deverão, de forma livre e responsável, aceitar ou não de aderir a esse Projeto e de nele colaborar. Uma decisão que deverá ser tomada por toda a equipe, após um sério discernimento. O Projeto começa com Pistas para Reflexão. Todas estas pistas procuram fazer-nos sair do impasse, desbloquear situações, iniciar todo um processo de aprofundamento, ao mesmo tempo em que fomentam o diálogo em casal e na família, a oração e a troca de idéias em equipe. Vai ser necessário trabalhar seriamente, porque essas Pistas não querem apenas provocar questionamentos, mas também canalizar as respostas das equipes
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para fazê-las chegar, via responsáveis Regionais, até a Equipe Responsável Internacional. Ao final de cada reunião, existirão perguntas para possibilitar uma síntese, bem como propostas para testemunhos anônimos. Vamos enfatizar que uma síntese não é uma pesquisa. Tais perguntas não pedem que vocês se pronunciem "a favor" ou "contra" e as respostas não serão consideradas como "expressão da verdade" sobre o assunto, mas sim como resultado do auxílio mútuo e da reflexão da equipe naquele momento dado. Essas sínteses ajudarão a enxergar mais claramente e a melhor compreender os obstáculos encontrados, as graças recebidas, as descobertas feitas, as esperanças, os questionamentos e as expectativas. Tudo isto fornecerá um conjunto de dados que uma equipe internacional a ser formada no futuro por especialistas (teólogos, filósofos, moralistas) poderá aprofundar e articular para escrever um tema de estudos, mais rico e mais adequado, para ser um tema de base do Movimento. Este é o projeto que acabamos de construir num acordo colegiado com todas as Super-Regiões do mundo. Trabalhamos ouvindo e respeitando-nos uns aos outros, para podermos chegar a uma maior comunhão e a um mais justo equiHbrio na redação e na estrutura do projeto. Agora cabe a vocês, caros Amigos, começar desde já a prepararem-se pela oração e pelo discernimento em comunidade. Oxalá os levem a uma escolha responsável no momento adequado. Com toda a nossa amizade,
Álvaro e Mercedes
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AS GLÓRIAS DE MARIA segundo Santo Afonso
HUMILDADE
Não existe um escritor católico que escreveu mais (nem melhor?) sobre Maria do que Santo Afonso, um italiano do século 18 que é o fundador dos Padres Redendoristas. Só seu livro, AS GLÓRIAS DE MARIA, contém mais de setecentas páginas. Nas suas outras cem obras, há muitas orações referentes à Mãe de Deus. Um capítulo das GLÓRIAS DE MARIA é chamado "As Virtudes da Virgem Maria". Não sei se foi por acaso ou por escolha, mas a primeira virtude que Afonso trata é a HUMILDADE de Maria. Citando São Bernardo que disse, "Humildade é a base e guardiã das virtudes" e sem ela nenhuma outra virtude pode existir, Afonso traça o perfil que ele tem de Maria de Nazaré. HUMILDADE é verdade. Maria sabia que não era pecadora, infiel ao Plano de Deus. Estava cheia de graças. Mas nem por causa disso achou que ela, POR SI MESMA, era melhor. Numa maneira que somente os grandes santos alcançam, Maria reconhecia que era nada sem o amor e a presença de Deus na sua vida. De todas as virtudes e práticas religiosas, nenhuma é mais difícil para a natureza humana do que ser humilde, pois a corrupção do pecado original nos deixou fracos. A tentação de viver nossa própria vida sem a presença de Deus é constante. Foi o que derrubou Lucifer. Para ser um Filho de Deus, e um Filho de Maria, temos que deixar Jesus, que disse que Ele é "manso e humilde de coração", ser o Senhor de nossa vida. Se não é possível imitar a virgindade de Maria, pelo menos, imitemos a sua humildade (S.Bernardo). Nenhuma outra criatura foi tão exaltada pelo Pai, porque nenhuma outra pessoa foi tão humilde como Maria. Para Isabel a visita de Maria foi uma honra e privilégio; Maria estranhou as saudações, tanto do anjo como da prima. Dizem que Nossa Senhora falou para Santa Brígida: "Não desejei ser elogiada. Só desejei que todos os louvores fossem dados ao Criador e Doador de tudo". Pena que certos crentes não entendem disso! Se você quer crescer numa espiritualidade conjugal, ser um membro atuante da Igreja, um Equipista exemplar, peça que Maria ensine a virtude da HUMILDADE. Dependa do Senhor e de Seu Plano, como Maria fez. Maria é a Mãe que pode ensinar esta virtude. Pe. Luis Kirchner, CSSR Setor de Manaus
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CAMPANHA DA FRATERNIDADE
TRABALHO: VÁRIAS FORMAS DE ESCRAVIDÃO
A solidariedade e a dignidade no trabalho continuam a ser prioridade da Igreja. No ano em que se celebra o centenário da Encíclica Rerum Novarum e que a Igreja que está no Brasil dedicou a Campanha da Fraternidade ao lema, a Carta Mensal quer publicar alguns pronunciamentos a respeito. O trechoquescgue foi extra fdo de um discurso do Papa João Paulo II.
Em todas as épocas a Igreja continua a ensinar o mandamento de Jesus sobre o trabalho, c de maneira especial hoje, quando as relações econômicas c os proccss9s de produção são complexos c cada vez mais impessoais, e ameaçam voltar-se contra o próprio homem. A Igreja prega uma Doutrina Social, porque os grandes problemas que atingem a sociedade, dos quais a questão do trabalho não é a menor, têm um poderoso impacto na vida das pessoas c não podem estar separados das responsabilidades morais e éticas de todos os envolvidos. Infelizmente, é experiência mundial o fato que a história das relações de trabalho, de maneira particular durante os últimos dois séculos, com freqüência se desenvolve como uma lula social entre trabalhadores e dadores de trabalho. Só com grande dificuldade o ideal da justiça social fez passos avante. Hoje, com a abertura de muitas fronteiras antes fechadas, c com a detcrm inação das pessoas em viver livres da opressão ideológica, torna-se cada vez mais evidente que, embora a busca da justiça possa ser contrariada c atrasada, ela não pode ser suprimida. Trata-se de uma aspiração fundamental do cspirito humano. Sistemas construídos sobre falsidades acerca da natureza espiritual do homem e das relações humanas não podem prevalecer. A dignidade da pessoa humana é a única base sólida de um sistema social, capaz de dar a justa direção às relações humanas c de promover a compreensão mútua. Num mundo cada vez mais interdependente, não pode existir outro caminho em frente. Embora existam muitos gcncros de trabalho num certo sentido todos os trabalhos partilham da mesma natureza. O seu objetivo é transformar c organizar a realidade, de maneira que seja útil e produtiva. O trabalho é a implementação do mandamento original de Deus, registrado nas primeiras páginas da Biblia:
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"Enchei e dominai a terra" (Gen. 1,28). Quer mediante esforço físico ou intelectual e espiritual, "todos e cada um ... tomam parte em tal processo gigantesco, mediante o qual o homem submete a terra com o seu trabalho" (Laborem exercens, n.4). Este é o início daquilo a que chamamos o "Evangelho do Trabalho" que a Igreja quer transmitir ao mundo moderno. Quem ouvir este "Evangelho" c viver de acordo com ele, já não considerará o trabalho como uma simples mercadoria a ser negociada em troca de pagamento. A partir de um ponto de vista mais amplo e nobre, o trabalho também deve ser visto como o caminho para o desenvolvimento de si mesmo, c como um modo normal de se criar condições que permitam uma vida cultural, social c religiosa sã. (cf. Gaudium ct Spes,67). Dado que a natureza c a organização do trabalho atingem as pessoas de maneira total, a Doutrina Social católica insiste em que a pessoa humana seja o centro e a norma de todos os processos econômicos. Eis porque o Concílio Vaticano li fez este urgente apelo: "Importa ... adaptar todo o processo de trabalho produtivo às necessidades das pessoas c às suas condições de vida; sobretudo da vida doméstica" (lbid.). É preciso que exista uma mudança de prioridades na ordem econômica mundial, se a realidade do trabalho quiser verdadeiramente servir as pessoas e não as oprimir mediante novas formas de escravidão. Isto é de modo particular evidente nas condições dos trabalhadores dos países em vias de desenvolvimento, do Sul, mas também dos países industrializados, do Norte. O "Evangelho do trabalho" afirma que todo o trabalho honesto, levado a cabo de maneira competente, possui uma dignidade inata e confere dignidade àqueles que o executam . Eis porque o desemprego é uma coisa assustadora. Ele deixa as suas vílimas sem um apoio econômico proporcional, mas, além disso, causa-lhes uma privação psicológica e social. Por este motivo, exorto-vos: não abandoneis os desempregados, de maneira particular os jovens que buscam o próprio sustento. Os desempregados e suas famílias têm direito à solidariedade efetiva por parte do Estado, dos interesses comerciais e das próprias organizações de trabalho. Os trabalhadores são o objeto de direitos e de deveres. As pessoas que trabalham, especialmente os trabalhadores dependentes, têm o direito de serem tratados por aquilo que são: homens e mulheres livres e responsáveis, chamados a tomar parte nas decisões que dizem respeito às suas próprias vidas. Uma sociedade que busca o verdadeiro bem-estar dos seus membros, auxiliará de maneira adequada a apoiar as famílias. Fará o possível porque as mães dêem muita atenção aos próprios filhos e aos lares e, onde for necessário, dará assistência às mães que trabalham e que se encontram em necessidade. E particulares classes de trabalhadores necessitam de uma especial atenção e proteção por parte da sociedade. Os agricultores, por exemplo, com freqüência sentem que o seu contributo à sociedade não é plenamente reconhecido. O "Evangelho do
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trabalho", pois, anuncia que os sistemas econômicos, sociais e políticos devem ser sensíveis ao completo bem-estar dos indivíduos e às necessidades das suas famílias. Todavia, os trabalhadores e as suas organizações também têm solenes deveres para com o bem comum. O primeiro destes deveres é trabalhar bem, contribuir efetivamente para a construção de uma sociedade melhor. Também isto é parte do "Evangelho do trabalho", proclamado há 2.000 anos, mediante a vida e a atividade de Jesus de Nazaré, o Filho Encarnado de Deus. O valor que Jesus deu ao trabalho, durante os longos anos de sua vida oculta, não foi perdido pelos primeiros cristãos. São Paulo dizia que labutava noite e dia para não ser pesado aos outros (cf. 2 Tes. 3,8), e resumiu a espiritualidade do trabalho com estas palavras: "Tudo o que fizerdes, fazei-o de todo o coração, como quem o faz pelo Senhor e não pelos homens, sabendo que recebereis do Senhor a herança como recompensa" (Col. 3, 23-24). Estas palavras são um convite à integridade e à competência por parte de todos, trabalhadores e dadores de emprego, pessoas empenhadas a todos os níveis de atividade econômica e produtiva. Ao mesmo tempo, o Apóstolo convida-nos a alargar o horizonte da atividade humana, a ponto de incluir o designio de Deus para o mundo e a nossa salvação eterna. O mundo do trabalho não deve ser visto como parte da realidade que de algum modo se opõe à fé e à religião, como se estivesse em confiito com Deus e com a sua Igreja. O trabalho pode ser fonte de satisfação e desenvolvimento, bem como de crescimento espiritual, só se a sociedade o considerar como cooperação em prol da intenção criativa de Deus, e respeitar a dignidade singular e as mais altas aspirações de cada indivíduo bem como os direitos de consciência, dons inalienáveis do Criador (cf. Gaudium et spes, 35).
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OS CONSELHEIROS ESPIRITUAIS ESCREVEM
ENS- FRATERNIDADE E AMOR NO SENHOR, POR MARIA
Eu quero dizer algo que me transborda o coração de alegria: ver tantos casais e seus filhos partilhando a amizade e, principalmente, o Amor de Jesus Cristo. Eu fui contemplado por Deus com a felicidade de ser orientador espiritual de três ENS. A primeira, nascida há 9 anos em Limeira, eu a tenho acompanhado desde o início. É como se fosse minha filha primogênita. A segunda, nascida de um convite pessoal meu feito a um grupo de casais jovens de Araras, tornou-se a semente das ENS nesta cidade. A terceira, ainda em gestação, aos poucos caminha para sua maturidade. Cada uma delas é, repito, motivo de alegria e felicidade para mim. Porém, quando sinto um crescimento da fraternidade entre elas, quando as vejo reunidas em oração ou confraternização, é que mais me sinto plenamente realizado. A amizade entre as ENS deve ser objetivo sempre mais buscado e trabalhado. Todas as oportunidades devem ser aproveitadas para isso: confraternizações festivas, orações comuns, celebrações litúrgicas, etc. Sinto grande alegria quando sou instrumento nas mãos do Senhor, para unir vários casais em equipe e várias equipes entre si, pois esta é a vontade de Jesus. "Pai, que eles sejam um, como nós somos um" (Jo-17), sabemos que só Jesus pode nos unir no seu Amor, que é o Espírito Santo, mas podemos e queremos ser "servo útil" a serviço do Reino dos Céus. Maria, modelo de todos os servos de Jesus, rogai por todos nós e ajudanos a dizer "Eis aqui o servo do Senhor .. ."
Pe. Davi Roland Conselheiro Espiritual da Equipe 5 de Limeira, 1 e 2 de Araras e do Setor de Limeira
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ATUALIDADE
JOVENS TÊM RELAÇÃO ARRISCADA
Sob o título acima, o Suplemento 'Cola', do jornal O Estado de S. Paulo, de 7/2/91, traz uma matéria que diz multo sobre a educação para o amor que os jovens de nossas cidades recebem . Estó claro que as opiniões expressas no artigo não espelham as da redação da Carta Mensal.
Não é preciso nenhuma bola de cristal para saber que boa parte dos jovens, hoje em dia, já não espera pelo casamento para a iniciação sexual. O surpreendente é que a maioria não toma nenhum cuidado para evitar doenças venéreas -nem mesmo a Aids, sabidamente letal. Tais constatações emergiram de uma pesquisa informal realizada pelo Cola, na semana passada, entre 100 estudantes solteiros, de 15 a 20 anos, que circulavam por shoppings paulistanos. Entre os entrevistados, 62 admitem já ter transado, mas apenas seis deles têm o costume de armar-se de cuidados especiaispreseNativos, por exemplo - para prevenir doenças. Os demais não tomam qualquer providência para evitar ameaças à sua saúde. Alguns acreditam estar a salvo de qualquer tipo de problema porque seus parceirÓs freqüen-
tam o mesmo círculo de amigos. Quase metade dos jovens entrevistados que têm relações sexuais - exatos 29 - também não cultivam cautelas para impedir a gravidez. Entre os que procuram driblar tal risco, 13 recorrem a pílulas, nove usam preservativos e sete se valem da "tabelinha" - que permite localizar, a partir do início da menstruação, os dias férteis e não férteis. A maioria dos consultados acha que afeto é fundamental : 61 deles, quase metade do total, têm relações sexuais com namorados. Outros 32 entendem que basta sentir alguma atração não importa se se trata de um amigo ou apenas um obscuro objeto do desejo. Cinco entrevistados preferem relações sexuais com amigos. Outros dois encaram com naturalidade a hipótese de transar com desconhecidos. Segundo a pesquisa, os jovens
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costumam iniciar sua sexualidade bem cedo. Para 57 entrevistados, não existe idade ideal para a primeira vez. Outros 18 acreditam que a época adequada para a iniciação sexual estó entre os 15 e os 16 anos. Boa par.te dos entrevistados, por sinal, teve a primeira relação aos 16 anos. Esse primeiro momento de cada um costuma ser marcante, embora nem sempre abrigue lembranças agradóveis. Entre os que conheceram essa experiência, 13 guardam sentimentos de culpa pela perda da virgindade. De qualquer forma, um grupo de 30 entrevistados garante ter tomado tal decisão sem nenhum medo- e não se mostra arrependido. Apenas seis entrevistados perderam algumas noites de sono com a possibilidade de os pais descobrirem suas aventuras sexuais. Sete contaram ter-se iniciado com profissionais do sexo, ou com empregadas domésti-
cas da sua casa. Entre os que nunca transaram, 17 alegam não ter encontrado a pessoa ideal. Outros 16 não se consideram suficientemente maduros para dar o pontapé inicial. o certo é que o comportamento desses jovens segue princípios liberais: cada um faz o que deseja, sem a preocupação de ser estigmatizado como muito careta ou moderninho demais. O tema deixou de ser tabu. Agora, garotas jó não ficam ruborizadas ao ouvir a palavra sexo, nem os garotos acham que se trata de algo restrito ao universo masculino. Dos cem entrevistados, 23 costumam contar histórias sobre suas relações sexuais aos amigos, 11 mantêm o assunto sob sigilo e nove discutem o tema com os próprios pais. Mas, ao contrório de outros jovens de hó 1O, 20 anos, jó não correm mais o risco de levar um puxão de orelhas.
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ENTREGA TEU CAMINHO AO SENHOR, ESPERA NELE E ELE AGIRÁ (Sl. 36,5)
O grande segredo da vida espiritual é entregar-se, consagrar-se, comprometer-se, ceder-se. Quando nós nos entregamos a Deus, podemos confiar que Ele cuidará de toda a caminhada. Temos o exemplo de Maria, nossa mãe, que se entregou radicalmente a Deus: "Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo sua palavra". Maria se colocou completamente à disposição de Deus, que tomou posse dela, a orientou e mostrou o caminho a seguir. Temos também o exemplo dos apóstolos. Ouviram o chamado de Jesus e deixaram tudo: redes, barcos, pais e foram seguir Jesus de modo radical. Temos exemplo de Deus, nosso Pai, que nos entregou o seu único filho. Temos ainda o exemplo maravilhoso de Jesus, que se entregou na cruz por nós: "Pai, nas tuas mãos entrego meu espírito (Lc 23,46). Na comunhão recebemos Deus que se entrega em nosso coração. Entregue todos os seus projetos ao Senhor. Entregue a sua vontade, seus desejos, sua mente, seu coração, seu passado, seu presente e futuro. Ofereça ao Senhor todas as partes de sua pessoa: espírito, alma e corpo. Entregue-se ao Senhor, meu irmão, confia e Ele operará maravilhas em sua vida, porque Ele ama você mais do que você pode imaginar. Maura e Sérgio Equipe 16-E -Rio de Janeiro
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ABANDONAR-SE INTEIRAMENTE AOS BRAÇOS DE DEUS
A terra é o único caminho que nos pode conduzir a Deus. Se você meu irmão se encontra assim como nós, longe de sua terra, não se entristeça porque o importante é saber enxergar a marca dos pés e das mãos de Deus nas causas que nos cercam. O próprio Cristo nos convidou a olhar as aves dos céus e os lírios dos campos. Sim, o mundo não está vazio de Deus. Ele está presente em todas as coisas que nos rodeiam. Deus está tão presente na minha "Fortaleza", naquela suavidade da brisa, na doçura das águas, no calor do raio de sol, no brilho das estrelas, no porte altaneiro das palmeiras, no rosto dos amigos que lá deixei e (que por muitas horas sentavam os para abrir o nosso coração e falar dos tempo de infância, dos tempos de colégio) ... São coisas realmente que nós conhecemos porque foram anos e anos que nós cativamos e que nos trazem uma singela lembrança. Contudo Deus está também presente no calor humano do povo paraense, neste povo acolhedor e muito amigo. Todas estas coisas compõem a harmonia do universo criado. O conceito diferencial que aplicamos às coisas nasce apenas do nosso modo egoísta de ver. As pedras do caminho, que ferem nossos pés, podem ser os degraus para subirmos um pouco mais alto. Precisamos, caros amigos, de muita coragem na nossa caminhada. Como disse o Pe. José Carlos (Conselheiro da ECIR), na 2ª sessão de Formação de Dirigentes de Belém: "Precisamos deixar um tipo de vida e abraçar outro tipo de vida". Confesso a vocês que estas palavras mexeram muito conosco, atormentaram-nos muito. Tivemos momentos de desânimo e grande vontade de ficar parados no meio do caminho. Foi preciso muita oração. Orações da nossa equipe, orações dos amigos e principalmente, para Eneida, orações do Álvaro que tem sido nestes anos um verdadeiro Cirineu. Foram anos de muito questionamento, de não aceitação, pois cada dia ficava mais longe a construção de um projeto de vida que tínhamos feito para nós, nossa família:. -26-
Realmente nesta ansiedade toda, não deixávamos que a Graça de Deus atuasse sobre nós. No nosso coração cheio de inquietações, não existia espaço para Deus. É preciso estarmos desarmados e com grande sede da verdade do Amor, da Justiça, para podermos entrar em sintonia com Deus e ficarmos em um clima de escuta, aí então poderemos ouvir o que Deus quer nos dizer. "Haverá entre vós, quem dê a seu filho uma pedra, quando lhe pede pão? Ou quem lhe dê uma serpente quando lhe pede peixe? Se, pois, vós, que sois mais, sabeis dar coisas boas a vossos filhos, quanto mais nosso Pai que está nos Céus dará coisa boa àqueles que lhe pedirem!" (MT 7,9-
11) Ajuda Senhor a nossa incredulidade. Faze Senhor que a nossa fé em Ti seja como uma rocha que nenhuma tempestade e nenhum temporal possa destruir. Que sejamos assim como Maria Santíssima, que também tinha um projeto de vida, porém teve a Coragem e Confiança em Deus para renunciá-lo. Nós cristãos devemos ter Maria como modelo e sobretudo abandonar-nos inteiramente aos braços de Deus. Este certamente será o caminho mais fácil.
Eneida e Álvaro Equipe 7 - Belém/PA
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UMA REUNIÃO DIFERENTE
Seguindo a proposta de "falar dos filhos e compartilhar nossas inquietudes, propondo-nos aproximar-nos deles conhecendo-os e amando-os mais" que nos fazem Antonio e Olga Lúcia Arango, nossos Regionais, no Editorial da Carta Mensal (da Colombia) , nos parece importante comentar que a nos~a Equipe se reuniu completa (pais, mais os filhos) no sábado passado. Eramos 35 pessoas. Estamos convencidos que o trabalho mais desafiante e importante de todos é o de ser Pais. Sem dúvida pouco se estuda dessa arte ou ciência da paternidade e de alguma maneira de todos nós se espera que saibamos ser Pais. O esquema que se seguiu na reunião foi parecido ao proposto em outro artigo da Carta Mensal já mencionada. A primeira etapa foi reconhecer que viver juntos é difícil. Sem pressionar ninguém, se foi deixando que os fi lhos de cada família fossem expressando os temas difíceis da vida em família, procurando que não se estabelecesse o lado dos pais e o lado dos filhos . Se foram analisando as dificuldades, se tentou compreender ou explicar atitudes de uns e outros e se deu ênfase em que quando os problemas se apresentem, haverá que enfrentá-los com atitudes positivas de carinho e compreensão. A segunda etapa da reunião foi a meditação e comentários da "Palavra de Deus". Se escolheu do Eclesiástico os últimos versículos do capítulo 11, onde se fala de que os jovens devem alegrar-se de sua juventude e ter bom humor. Que andem por onde lhes leve o coração e ao gosto de seus olhos, porém que saibam que de todas as ações Deus pedirá contas. Terminamos a reunião com o Magnificat. Depois os donos da casa ofereceram biscoitos e refrigerantes e se teve um momento social muito agradável. Esta reunião foi uma experiência muito boa para todos e nos atrevemos a recomendar sua repetição. Esse granpe tesouro que são as reuniões de Equipe podemos compartilhá-lo com nossos filhos. Eles puderam viver o que é uma reunião de Equipe. Foi uma reunião onde em equipe compartilhamos com eles suas inquietudes, anseios, frustrações e dificuldades, esperanças e todos aprendemos de todos. A resposta como casal deve ser o permanente Diálogo Conjugal sobre estes temas pois a educação dos filhos é responsabilidade não do marido ou mulher, cada um por seu lado, senão de amor. Quando houver acordo, haverá firmeza, coerência e constância por estar perto, crescer com eles, dedicar-lhes tempo, falar. . Não basta querer-se, o amor tem que ser demonstrado. Andrés e Claudia Restrepo (E.26, Bogotá - Colombia)
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HIPOCRISIA CRISTÃ Talvez nos sintamos constrangidos, frustrados e até revoltados com essa avalanche de injustiça que paira no meio de nós, gerando desemprego, fome, miséria e violência. Contudo, temos que sustentar aquele sorriso bem aberto, quem sabe amarelado, aquele falar doce e harmonioso e para não esquecer, aquele ato ou gesto caridoso praticado esporadicamente, tudo isso para dizer que somos a felicidade cristã personificada. Sinceramente, amigos e irmãos equipistas, quão difícil aguentar essa megatonelada de amar o próximo como a nós mesmos, que Jesus nos pede. É aí, na tentativa de praticar este mandamento, que cometemos as "gafes" ou hipocrisia cristã, algumas vezes, chegam até a serem fatais. O interessante é que, quando aceitamos o convite, tínhamos plena consciência de que era preciso renunciar a tudo aquilo de bom, de gostoso existente dentro do nosso mundinho e partir carregando a cruz "simbolizada" pela: secretária irresponsável, pelo filho desobediente, pelas poucas condições que temos para viver dignamente, pela bebedeira do marido, pela frustração e depressão quando nos omitimos diante do quadro alarmante de desumanização que vivem nossos irmãos, e haja símbolos para essa cruz! Estamos no mundo, mas, não somos do mundo; entretanto, muitas das vezes vivemos pior do que os que estão e são do mundo. Quantas vezes jogamos pedra e escondemos a mão? Conscientes de que nada podemos ocultar de Deus, mas, continuamos por debaixo dos panos, ao apagar das luzes, a darmos nossas unhadas. E às vezes atrapalhamos o bom desempenho, o crescimento de nossa própria equipe? O pior de tudo é o escândalo que promovemos, provocando indignação aos receptores da mensagem de Cristo. Quando o nosso objetivo é expandir o Reino, estamos demolindo-o. Teremos até muita sorte, se entrarmos na vida eterna com um só olho ou uma só mão. Tomara que não precisemos esquartejar todos os membros de nosso corpo, na luta por um cantinho no céu. A nossa confiança deve estar depositada na misericórdia de Deus. Ela é sem medida e colabora a todo momento conosco, perdoando, acalentando e nos chamando a atenção. Resta-nos, apenas, ouvir com o coração aquele lembrete de nossa patrocinadora nesta empreitada cristã: "Fazei tudo o que Ele vos disser". Socorro e Carlinhos Equipe 4 - Nossa Senhora do Carmo Castanha! - Pará
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TESTEMUNHO Meus irmãos! Como é bom quando nos sentimos instrumentos úteis nas mãos do Senhor! E é este sentimento que nos leva a estarmos aqui conversando com vocês através da Carta Mensal. Queremos descreverlhes uma experiência que tivemos ao prepararmos a Equipe Mista (interequipes) do Setor de São José dos Campos no mês de novembro de 1990. Sentimos logo de início a necessidade de enfocarmos a família, Igreja doméstica, centro da comunhão entre as pessoas e das pessoas com Deus. Contemplando então o Pai a dialo9ar ao longo do Antigo Testamento, e o Verbo Divino dialogando até hoJe na Terceira Pessoa, surgiunos o tema "o diálogo familiar" . Fomos vendo também que este era um tema pelo qual outras famílias ansiavam. Nossa idéia foi proporcionar um dever de sentar-se em família e para tanto foram desenvolvidos materiais específicos para a reflexão do casal, dos filho·s e dos demais agregados como: sogros, sobrinhos, empregados, namorados dos filhos e etc. entregues em envelopes lacrados. Após a reflexão em particular de cada grupo, todos deveriam se reunir para um diálogo, cuja orientação também dispunha de material próprio e consistia de questionamentos sobre o diálogo, amor, compreensão, duvidas e etc. A reunião de Equipe Mista propriamente dita foi pensada originalmente para que houvesse a participação de toda a família. Mas por problemas operacionais só foi possível a participação dos casais das Equipes, casais da Caminhada e pais de participantes das Equipinhas. (Apesar desta orientação houve um casal que levou seus filhos e o resultado foi muito bom). Já nas reuniões pudemos sentir o quão generoso é o Senhor com aqueles com o procuram com sinceridade, pois as riquezas que brotaram dos diálogos familiares profundos que houve em cada lar, foram partilhadas entre os casais, e o aumento do conhecimento mútuo e consequentemente do amor ficou evidente. Os relatórios dos onze grupos que se formaram só confirmaram o sentimento anterior, com muitas famíl ias se propondo a dar seqüência aos diálogos, tornando-os habituais em seus lares, quase fazendo do "dever de sentar -se em família" um novo meio concreto de esforço para o Movimento das ENS. Se vocês se interessarem em conhecer melhor o material desenvolvido, façam contato conosco e lhes enviaremos uma cópia. Um abraço fraternal. Maurício e Tania Equipe Nossa Senhora do Loreto no.14 Setor de São José dos Campos - SP Rua Maestro Egidio Pinto 158/701 CEP 12245
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NOTÍCIAS E INFORMAÇÕES
Curso de Pilotagem Informam Deborah e Tininho que o Setor de Pouso Alegre/MG realizou em 24.11.90 um Curso de Pilotagem com a participação de nove casais daquele Setor e mais três vindos do vizinho Setor de Varginha. O curso foi ministrado por Terezlnha e Jodalby de Juiz de Fora e a equipe de serviço foi constituída pelos antigos pilotos de Pouso Alegre. Com isso foi completado o quadro de casais pilotos e •que com a Graça de Deus ajudará a ampliar o número de equipes do Setor· que hoje somam cinco em Pouso Alegre e duas em Borda da Mata.
Holanda onde residia. Foi assistente daquela equipe por cerca de 30 anos desde a sua fundação. Além disso foi o primeiro vigário da paróquia de São Judas Tadeu do Tatuapé e ali fundou o Movimento Familiar Cristão e foi um grande apoiador dos Cursilhos e do Apostolado da Oração . Criou e Incentivou o curso de preparação para o casamento (Curso de Noivos) e a publicação do boletim da paróquia ·o Pescador·, o qual noticiando o seu falecimento comparou-o a um autêntico "Rei Mago·. A missa de 7° dia foi concelebrada naquela Paróquia por 6 padres da Congregação dos Assunclonistas da qual Pe. Alcuino foi Provincial, tendo fundado o Seminário de Pinhal. Sua presença nas ENS foi muito marcante sendo dele a frase dita numa das reuniões da Eq. 02/B : "Encontrei nas ENS uma afirmação de minha vida religiosa e sacerdotal" . lsa e Newton Cavalierl em recente viagem foram visitar Pe. Alcuino na Holanda quando, em emocionante diálogo, levaram a ele a gratidão de seus amigos brasileiros e das equipes.
Volta ao Pai - Therezinha e Ari Fernandes, da Equipe 02 de Penápolis/SP (Setor B de Araçatuba) vitimados por acidente automobilístico em 25.01 .91 . - Pe. Alculno Derks, ex-assistente da Equipe 02/B de São Paulo, Capital entregou sua alma ao Pai em 06.01 .91, na
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Qualquer um de nós poderá um dia escutar a voz de Deus a chamá-lo: "-Sê um profeta meu!... "
Como posso sê-lo Senhor? Deverei falar ... e sou gago. Deverei repreender ... e sou tão jm•em. Deverei anunciar... e ninguém me escutará. Deverei correr riscos ... e tenho tanto medo!
- "Eu estou contigo! Da tua intimidade comigo encontrarás toda a força necessária."
(da carla italiana o0 58)
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MEDITAÇÃO E ORAÇÃO (Sugestão para o mês de abril) Texto de Meditação (TJo 2, 3-11) E sabemos que O conhecemos por isto: Se guardarmos os Seus mandamentos. Aquele que diz conhecê-Lo, c não guarda os Seus mandamentos é mentiroso, c a verdade não está nele. Mas quem guarda a Sua palavra, nesse, o amor de Deus é verdadeiramente perfeito; c, por isso, conhecemos que estamos n'Ele. Aquele que diz que eslá n'Ele, deve também andar como Ele andou. Irmãos, não vos escrevo um mandamento novo, mas um mandamento antigo que recebestes desde o princípio. Este mandamento antigo é a palavra que ouvistcs. Por outro lado, escrevo-vos um mandamento novo, que é verdadeiro n'Elc c em vós, porque as trevas passaram c já resplandece a verdadeira luz. Aquele que diz que está na luz c odeia seu irmão ainda está nas trevas. Aquele que ama a seu irmão, permanece na luz c nele não há ocasião de queda. Mas quem odeia seu irmão está nas trevas, c anda nas trevas sem saber onde vai; porque as trevas cegam os seus olhos. Ot·ação
Litllq~ica
Nosso Salvador fez de nós um reino c um sacerdócio, para oferecermos a Deus vítimas agradáveis. Por isso o invoquemos com gratidão. R. Guardai -nos, Senhor, em vosso serviço! Cristo, sacerdote eterno, conccdcstcs a vosso povo o sacerdócio santo; dai que sem cessar apresentemos a Deus sacrifícios agradáveis. R. Guardai-nos, Senhor, em vosso serviço! Conccdd-nos propício os frutos de vosso Espírito: paciência , benignidade c mansidão. R. Guardai-nos, Senhor, em vosso serviço! Faze i que vos amemos para vos possuirmos a vós, que sois a caridade. R. Guardai-nos, Senhor, em vosso serviço! Conccdci-nos buscar o bem de nossos irmãos, para que eles alcancem mais facilmente a salvação. R. Guardai -nos, Senhor, em vosso serviço! Oremos: Derramai, Senhor, sobre o povo suplicante a abundância da vossa graça, para que, seguindo os vossos mandamentos, receba cslfmulo c ajuda na vida presente c felicidade sem fim na pátria futura. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, na unidade do r:.spfrito Santo. Amém!
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(Liturgia d-u; horas)
ORAÇAO DAS EQUIPES AO ESPíRITO SANTO Espírito Santo. Vós sois o alento do Pai e do Filho na plenitude da eternidade. Vós nos fostes enviado por Jesus para nos fazer compreender o que ele .nos disse e nos conduzir à verdade completa. Vós sois para nós sôpro de vida, sôpro criador, sôpro santificador. Vós sois quem renova todas as coisas. Vos pedimos humildemente que nos deis vida e que habiteis em cada um de nós, em cada um de nossos lares, e em cada uma de nossas equipes, Para que possamos viver o sacramento do matrimônio como um lugar de amor, um projeto de felic.idade, e um caminho para a santidade. Amém .
EQU IPES bE NOSSA SEN HORA 01050 Rua João Adol fo.ll8- 9' - cj. 901 -Têl. 34 ·8833 São Paulo - SP