ENS - Carta Mensal 275 - Agosto 1991

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RESUMO Prioridades: A Ecir conversa com vocês sobre Pastoral Familiar . . . . . . . . . Uma visão geral das prioridades à luz da Cruz de Cristo . . . . . . Uma palestra do Pe. João Bosco sobre a Reunião de Equipe como de formação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Preparação p ara o Casamento e "Namorados": duas contribuições Pastoral Familiar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

. . . . 2 . . . . 4 momento . . . . 9 sobre . . . . 13

Caminhando com a Igreja: João Paulo 11 nos fala sobre a construção da paz . . . . . . . . . . . . . . 15 O Cardeal Tarancón escreve, na Carta Mensal da Espanha , sobre consumismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . .. . . . . . . . . . . . 16 Vida do Movimento : O Movimento perdeu o Pe. Aqui no, mas ganhou os muitos tesouros que ele deixou ; seu testamento espiritual , seus livros . . . . . . . . . . 18 Muitos perguntam sobre Tema de Estudos. Vejam a resposta . . . . . . . 38 EDITORIAL: Vir a ser aq uilo que se é - Fr. Olivier . . . . . .. . . . . . . . . CARTA DA EQUIPE RESPONSÁVEL INTERNACIONAL: Cidinha e lgar Fehr nos escrevem sobre as realidades de hoje Nossa Senhora , sempre no coração da Carta Mensal

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Vocações : Ontem e hoje : a figura do Sacerdote . . . . . É prec iso falar da opção pela vida sacerdotal O apelo de um seminarista aos pais cristãos

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Pais e filhos : De que forma as transformações da sociedade atingem a missão dos pais? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40 Internacional : 1600 equipes da Polonia planejam ingressar no Movimento das E.N.S. . .. .. . . . . . . . . . . .

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Notícias e informaçõ es . . . . . . . . . . . .

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Última página : O Ofertório de Santo Inácio .

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Meditação e Oração : sugestão para agosto

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O ano equipista, acompanhando o ano civil, caminha a largas passadas. Já estamos no segundo semestre. Gostaríamos que a Carta Mensal pudesse, pelo menos, servir, com sua regularidade, para marcar os meses que passam. Infelizmente, o nosso primeiro semestre foi pontuado de problemas e confessamos que temos falhado um pouco. Ora falta papel, ora os gráficos estão em greve, ora os carteiros, e assim vai. .. Mas esperamos que este segundo semestre nos permita sermos mais regulares e pontuais. A "modernidade", que está na moda, chega também à Carta Maensal. Depois de cinco anos com a mesma cara, achamos que estava na hora de fazer uma operação plástica. O que vocês acham? Não foi só a capa que mudou: o miolo agora vem sendo composto inteiramente em computador e em impressora "laser". As matérias nos chegam, do Brasil e da Europa, por "telefax". E tudo isto, resultando numa economia, para o Movimento, de quase 20%. Querem mais? ... Continuamos precisando da colaboração de vocês, não só no envio de matérias, mas também de ilustrações. Se vocês acham que as imagens que aparecem são sempre as mesmas, mandem-nos outras! Penhorados, desde já agradecemos.

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Entre os diversos temas deste alentado número, gostaríamos de chamar a atenção de vocês para três seções em particular: 1. Prioridades. 13 páginas dizem respeito a elas, procurando-se, cada vez melhor, explicitar o seu conteúdo. 2. Vida do Movimento. O Pe. Aquino, que foi Conselheiro Espiritual da ECIR por 13 anos, deixou sua marca indelável sobre as Equipes de Nossa Senhora. O seu "testamento" precisa ser lido. 3. Vocações. Para lembrar que agosto é o mês a elas dedicado e que, mais do que nunca, a nossa Igreja precisa delas.

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Na Missa de 7º dia celebrada no Colégio São Luiz, em São Paulo, pela alma de Pe. Aquino, cantou-se, no ofertório, uma belíssima oração que, segundo consta, foi composta por Sto. Inácio de Loyola. Não resistimos à tentação de colocar a letra na nossa Última Página ... Que diferença com aquilo que vemos, lemos e ouvimos, todos os dias, nos nossos pobres meios de comunicação "social"(?) . Com todo o nosso carinho, A Equipe da Carta Mensal

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A EC/R CONVERSA COM VOCÊS

PASTORAL FAMILIAR Dentre as prioridades escolhidas pelas nossas equipes destacaremos aqui a PASTORAL FAMILIAR. Talvez seja uma das pastorais mais almejadas pelas nossas famnias e, no entanto, uma das mais difíceis em termos de proposta de trabalho. E isto se deve à amplitude de alcance desta pastoral , que muitas vezes é confundida com os próprios movimentos familiares, outras vezes é vista como parte de pastorais afins, como a do Batismo ou do Crisma. O fato inegável é de que se trata de uma das pastorais mais prementes para os nossos dias. É interessante notar que, por ocasião da última Assembléia dos Bispos do Brasil em ltaici, em abril , em uma pesquisa ali realizada, verificou-se que se fossem para serem escolhidas prioridades, a mais votada seria justamente a Pastoral Familiar. E dentro deste quadro nos perguntamos: aonde estão os equipistas de Nossa Senhora? Há tempos atrás, líamos numa Carta Mensal da surpresa de um Cardeal francês, o qual não era simpatizante das ENS, ao constatar que os casais com ele reunidos para uma missão de Pastoral Familiar eram todos, sem exceção, equipistas. E aqui no Brasil? No ano passado se constituiu uma COMISSÃO NACIONAL DE PASTORAL FAMILIAR , tendo por finalidade assessorar o Bispo encarregado da linha FamO ia na CNBB. É significativo, a nosso ver, que ao serem escolhidos e votados os casais que iriam participar desta Comissão, sem que se identificassem com este ou aquele movimento, ao ser apurado o resultado da votação, verificamos que quatro dos oito casais escolhidos eram equipistas de Nossa Senhora. Constata-se assim uma realidade, fruto do empenho de que há muito vem sendo feito pela ECIR , mas acima de tudo pelos casais de boa vontade, no intuito de levá-los ao engajamento, e em especial, nesta Pastoral. Graças ao nosso serviço junto à ECIR , tomamos conhecimento do muito que já se faz em termos de Pastoral Familiar pelas nossas equipes ou equipistas por esse imenso Brasil. Como um dos casais participantes daquela mencionada Comissão, seria de suma importância se pudéssemos levar nossa contribuição em termos do que se faz hoje em dia por esta pastoral pelos nossos irmãos equipistas. Assim semdo, apelamos a todos os equipistas que possam dar alguma contribuição, seja com relação a serviços já prestados ou que estão sendo realizados, seja com relação a idéias ou sugestões, que nos enviem o mais breve possível suas 2 - CM Agosto/91


notícias a respeito. para que possamos levá-las, a título de contribuição, para a Comissão Nacional de Pastoral Familiar. Outra idéia que gostaríamos de lançar para vocês, é no sentido de conseguirmos ter junto a cada Regional um casal que se dedicasse especificamente aos assuntos relativos a esta Pastoral. Seria o casal com quem poderíamos manter um contato mais intenso, no sentido de levarlhes as novidades tanto em termos de CNBB como de outras Regiões e, em contra-partida, seria o responsável por manter o movimento informado a respeito das atividades desta Pastoral na sua Região. Ficaríamos bastante gratos e satisfeitos se pudéssemos receber retorno com relação a essa nossa proposta, enviando-nos suas sugestões aos cuidados do Secretariado da ECIR . Maria Regina e Carlos Eduardo

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PRIORIDADES

AS PRIORIDADES E A CRUZ DE CRISTO Como o Apóstolo Paulo apresenta o Cristo? Apresenta-0 crucificado e ressucitado. Todo o seu discurso é impregnado pela palavra da cruz, e não se envergonhava disso. Pelo contrário, este é o título da sua glória (Gal 6, 14-18). Juntamente com a evocação da crucificação e morte de Cristo vem a ressurreição, que representa o triunfo, a prova de sua divindade, a ação de Deus no meio dos homens, a mensagem completa da salvação. Para São Paulo, não crer na cruz de Cristo, considerada escândalo para uns e loucura para outros (I Cor 1,23) , é a mesma coisa que não crer na ressurreição(ICor 15, 14). Isso porque a cruz atinge seu pleno significado salvífico na ressurreição, e a ressu rreição só foi possível através do caminho que levou à cruz. Assim, para São Paulo, estes são dois momentos do único acontecimento redentor. Portanto, a pregação do poder e sabedoria de Deus se fundamenta na cruz e na ressurreição de Jesus Cristo.

*** Qual é a razão de depositarmos na cruz de Cristo as prioridades escolhidas e assumidas pelo Movimento das Equipes de Nossa Senhora? O que é que pode mudar na vida do Movimento e, portanto, na vida dos equipistas, esta manifestação, desejo e necessidade de inserir as prioridades na cruz de Jesus Cristo? Antes de apresentar qualquer tentativa de resposta, vejamos onde se situam as prioridades e o significado que isto nos traz. Em primeiro lugar, a reunião de equipe encontra-se no centro da cruz, no lugar onde está o coração de Cristo. Assim como toda a vida de Cristo está no seu coração, num coração misericordioso, acolhedor, paciente, santificador e pleno de serviço em favor dos irmãos mais necessitados,

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assim também toda a vida do Movimento está, se realiza e se manifesta na reunião de equipe. A Igreja nasce, como diz a Escritura e no sentido entendido pela tradição, do coração aberto de Jesus. (Jo 19,34; LG 3; SC 5) "Ele a adquiriu com seu sangue" (At 20,28) . A natureza da Igreja está fundada sobre o mistério da pessoa de Jesus Cristo e de sua obra salvadora. A reunião de equipe, pelo ser daqueles que se reúnem e pelas diferentes partes que a estruturam, manifesta a vida das Equipes de Nossa Senhora enquanto pequena comunidade eclesial, que entende sua dupla dimensão de comunhão e missão a partir do mistério pascal de Jesus Cristo. A reunião de equipe é, portanto, a vida e o coração da equipe de base, dessa comunidade eclesial, que quer crescer na espiritual idade conjugal e familiar e se santificar pela vivência dos sacramentos. A reunião de equipe, que quando bem preparada e participada representa uma verdadeira celebração litúrgica, permite fazer uma experiência pessoal e comunitária com Deus, com esse Deus que se faz presente e dá sentido à vida humana, presença e vida que somente são possíveis num coração que bate, que faz circular a verdadeira seiva, o sangue puro que dá força, anima e impulsiona todo o ser. Portanto, a reunião de equipe é essencial para a vida dos equipistas e do próprio Movimento, como uma ação da Igreja, pois representa um momento de comunhão onde se manifesta a vida cristã, a fé vivida e atuante, as exigências que são colocadas para a santificação e ressurreição dos seus integrantes, e tudo isto impulsionado para um trabalho pastoral e missionário mais eficiente e eficaz. Em segundo lugar, nos braços de Cristo encontramos mais duas prioridades: a formação permanente e a comunicação. Essas prioridades são relevantes e tem sua razão de ser para os equipistas: torná-los mais qualificados para o apostolado; transformá-los em instrumentos de realização do projeto de Deus no meio dos homens; permitirlhes dar cada vez mais frutos; torná-los mais capazes de viver as plenitudes da fé e do Batismo na condição de casados (para os casais) e de ministros consagrados (para os conselheiros espirituais) . O método favorito de Jesus era a formação, que implicava em fazer discípulos e em mandar que batizassem, anunciassem o Evangelho, CM Agosto/91 - 5


curassem os doentes, fizessem os coxos andarem, fizessem os cegos verem, dessem de comer aos fam intos, visitassem os encarcerados, ajudassem os pobres, atendessem as viúvas, cuidassem das crianças. Jesus vivenciava isto que transmitia. Seu testemunho conferia credibilidade à sua comunicação e atingia o coração do outro. Os braços e as mãos de Jesus marcavam sua presença intensa e ativa no meio dos homens. Pregados na cruz, os braços do Cristo são um canto de louvor ao Pai, abertos e estendidos para um abraço eterno, para reunir todos os homens. Imóveis por causa dos homens. indicam a grandeza de sua missão, que deve se estender por todo o mundo na missão dos seus discípulos, que somos nós. Assim também a formação e a comunicação devem dinamizar o Movimento, criar meios para viver a unidade e a comunhão, promover uma ação fecunda , responsável e eficaz como Igreja, especialmente pela evangelização das famnias enquanto uma necessidade para a vida eclesial e comunitária. Em terceiro lugar, nos pés de Jesus encontramos a prioridade conhecida como ir ao encontro da realidade. Jesus, sendo o Evangelho, isto é, a boa nova de Deus Pai, é o primeiro evangelizador. Toda sua vida foi um contínuo anúncio do Evangelho através dos seus silêncios, dos seus milagres, da sua oração, do seu amor pelo homem, da sua predileção pelos pequenos e pobres. da aceitação do sacrifício total na cruz pela redenção do mundo e da sua ressureição. Jesus Cristo é assim o verdade iro mestre da evangelização. Na encarnação assumiu a natureza humana como sinal da vontade de Deus de se encontrar com o homem para red imí-lo. Na sua missão, Jesus Cristo ratifica a vontade de Pai : ir ao encontro de todas as realidades para pregar o Evangelho do Reino. E por onde andava. encontrava uma grande multidão, em geral cansada e abatida, como ovelhas sem pastor (Mt 9, 35-38) . Jesus constituiu os doze "para que ficassem com ele e para enviá-los a pregar" e deu-lhes o seu poder (Me 3,14-15). Mas Jesus mesmo ofereceulhes o exemplo do empenho que exige a missão. Ele ia pessoalmente ao encontro das cidades, povoados, sinagogas, residências, pecadores, fariseus, crianças, mulheres, velhos, doentes, viúvas, etc. e se interessava pelas necessidades de cada um que encontrava. Tinha, pois, os pés no chão, na estrada (Mt 10,16). 6- CM Agosto/91


Para que os equipistas possam desenvolver um apostolado fecundo, torna-se fundamental conhecer a realidade onde pretendem atuar, e que, prioritariamente, deve ser a famOia. Situada nos pés da cruz de Cristo, esta prioridade constitui o lugar de encontro com o mundo. Seguindo a dinâmica da cruz, esta realidade vem elevada, resgatada, salva pelo Cristo. Ir ao encontro da realidade, dentro da concepção das prioridades das Equipes de Nossa Senhora, não é só tarefa isolada de um casal, não é só assumir uma determinada ação pastoral de forma individual. Esta realidade exige ser levada à reunião de equipe para, juntos, julgar e determinar os passos a seguir. Trata-se, portanto, de uma prioridade que pede o exercício da colegialidade ao nfvel de todo o Movimento, a exemplo dos discípulos, cujas decisões quanto ao apostolado eram tomadas em conjunto, em corresponsabilidade, no estilo pregado pelo Cristo. Assim, ir ao encontro da realidade significa tornar concreto e eficaz o sim da Igreja, através do Movimento das Equipes de Nossa Senhora, à vida humana em todos os seus aspectos, lá onde ela está sendo mais desprezada, escravizada, imolada. Em quarto lugar, no topo da cruz de Cristo encontramos as atividades pastorais (também duas prioridades) , e justamente aquelas ligadas ao campo do matrimônio e da famOia . Da mesma forma que quem via no topo da cruz a identidade de quem ali estava pregado (Jo 19, 19-22}, assim também, quem quiser identificar o movimento das Equipes de Nossa Senhora, o fará pelo trabalho pastoral e missionário dos equipistas. Estas prioridades deverão ser o anúncio e a reação visfvel da vivência das propostas do Evangelho de Cristo. Af está o grande desafio, particularmente para os casais equipistas, que precisam ser vistos em atividades pastorais como responsáveis, e não como meros consumidores. A competência dos equipistas como cristãos se revelará pela tarefa que assumirem, com alegria e convicção, de anunciar a boa nova do matrimônio e da ta mOia, para que os casais compreendam a sua vocação e missão, e vivam sua verdadeira identidade de pequena Igreja, Igreja doméstica.

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Será que, como equipistas, teremos peito, coragem e força para carregar esta cruz de Cristo? Será que, como equipistas e cristãos teremos a compreensão necessária sobre a importância desta cruz, para que a ressurreição seja possível? Voltando ao apóstolo Paulo, podemos dizer que se não cremos na cruz e ressurreição de Jesus Cristo, vã é a nossa fé e a nossa vida. Recusar a cruz de Cristo é recusar a ressurreição prometida, o encontro face-a-face com Deus. Não assumir a cruz de Cristo é se iludir como cristãos, isto é, como seguidores de Cristo, seus discípulos enviados a pregar este anúncio Pascal. Que Maria, Mãe de Jesus e nossa Mãe, presente aos pés da cruz, mas também presente em todos os momentos importantes da vida de Jesus Cristo, transmita-nos a mesma fé que a marcou durante toda a sua vida, para que, com um coração novo e dispostos a uma Nova Evangelização, possamos viver o seguimento de Jesus em sua plenitude e eficácia. Nossa experiência pascal será tão significativa quanto for nossa capacidade de discernimento sobre a importância de nossa missão como discípulos do Senhor Jesus, que é o caminho, a verdade e a vida, eixo fundamental para a compreensão das razões do nosso encontro numa pequena comunidade de casais, assistida por um sacerdote, como conselheiro espiritual. · Pe. Augusto Garcia Mariola e Elizeu Calsing Equipe 19 - BrasOia

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PRIORIDADES

A REUNIÃO DE EQUIPE MOMENTO DE FORMAÇÃO PERMANENTE Anotações de uma Palestra do Pe .João Bosco no Encontro Nacional das ENS em ltaici (18/11/90)

Em primeiro lugar, definamos o que se entende por formação: no dicionário encontramos: "ato, efeito de formar, maneira pela qual se constitui um caráter, uma mentalidade ou um conhecimento profissional .. .", da mesma etimologia temos fQrrna: "modelo oco em que se põe metal derretido, vidro que, solidificado, tomará a forma desejada. Molde". Existem pessoas que ainda hoje pensam que formar uma pessoa ou um grupo é fazê-los pensar e reagir sempre da mesma forma ... Pensamos diferente. Achamos que a formação deve ser: "aprender a aprender". O que entendemos por homem? Queremos apenas sublinhar alguns pontos que nos ajudarão no tema desta palestra e não dar uma definição. Primeiro: O homem é uma criatura de Deus, não auto-suficiente, nem autónomo. Ele recebe de Deus, além da vida, uma meta a atingir. O homem não possui em si mesmo seu fim : está aberto ao transcendente, percebe em si uma insuficiência que o abre ao outro. É um ser "inquieto" (Santo Agostinho), insatisfeito, em vias de realização. O homem ao nascer já conhece sua dependência (dos pais) . Segundo: O homem é um ser "relaciona!" (neologismo?) querendo isto dizer que ele é um ponto de encontro, uma encruzilhada. É constituído por relações : recebe e transmite. Formar-se é tomar consciência de tudo o que se recebe e de tudo o que se vai ter de devolver, criar ou doar (transmitir). Apliquemos estes dois conceitos à "formação cristã". Encontramos na Bíblia páginas que nos dizem como Deus nos forma e nos conduz desde a fase de criancinhas até a de adultos. "Quando eu era criança, falava como criança, raciocinava como criança. Depois me tornei homem e fiz desaparecer o que era próprio da criança" (1 Cor 13,11 ). Podemos escolher vários outros textos na Bíblia sobre o mesmo tema. Formação cristã entendemos como crescimento espiritual contínuo ... é a formação de Jesus nas almas. A formação cristã consiste em adquirir as motivações de Jesus para que nossa vida seja pautada pelas perfeições d'Eie. O cristão se torna adulto na fé quando se aproximou tanto de Jesus que ele é um novo Cristo. O fim, a meta da formação cristã é tomar conciência de nossa dependência CM Agosto/91 - 9


em relação ao amor do Pai, ao filho que nos abre caminhos para o Pai e ao Espírito Santo que foi derramado em nosso coração. A vivência cristã em comunidade

A Igreja é a comunidade dos que estão reun idos chamados pelo Cristo, já que ele é o autor da unidade e da paz. Esta dimensão comunitária, fraterna, corresponde aos anseios do ser "relaciona!" que é o homem. O cristão casado que pertence às ENS é o exemplar perfeito de duas dimensões: o matrimônio é o ponto de relacionamento humano mais delicado, são dois seres humanos relacionados em todas suas dimensões, inclusive na sexual. Pelo sacramento do matrimônio os casais se tornam célula da Igreja, portanto presença de Cristo, um para o outro. Cada esposo é o espelho de Deus para o outro. Aceitamos, pois, as equipes desta forma : cada uma delas é composta de células da Igreja (cristãos casados) que se propõem a viver nesta dimensão teológica. Teremos agora condições de refletir sobre o tema desta palestra: A Reunião de Equipe como momento de formação permanente. Oração inicial - meditação e intenções

É a primeira parte da reunião. Geralmente o casal anfitrião faz a oração inicial. Esta constitui, cria a equipe como célula da Igreja: "Onde dois ou mais estiverem reunidos em Meu nome. Eu estou no meio deles" (Mt 18,20) . A equipe se constitui Igreja para ouvir a palavra, louvar, pedir perdão, agradecer e experimentar a ação do Espírito Santo. Estamos, pois, seguindo um esquema litúrgico: a constituição da comunidade, a reflexão-meditação e resposta (orações) . Vale a pena aqui lembrar o que o Concnio Vaticano 11 diz sobre a palavra; "A Igreja sempre venerou as divinas Escrituras da mesma forma que o próprio Corpo do Senhor, já que a Sagrada liturgia, sem cessar, toma da mesa tanto da palavra de Deus como do Corpo do Senhor o pão da vida e o distribui aos fiéis" (D.V.21) . Vamos sublinhar: o "Pão da Vida" vem igualmente da Palavra e do Q.Q[pQ do Senhor ... Assim o equipista deve tomar conciência da importância da Leitura da Palavra e da Meditação. Sugerimos que o texto a ser meditado seja de conhecimento prévio dos participantes, de modo que eles possam preparar suas reflexões , trazendo-as preferencialmente por escrito. Cada equipista está convidado a iluminar seu irmão e podemos afirmar que não existe melhor platéia possível para confrontar minha compreensão da Palavra com outros do que fazendo parte da minha equipe que, por hipótese, tem uma posição 1O - CM Agosto/91


favorável a meu respeito e pode me ajudar a caminhar. O Conselheiro Espiritual também põe em comum o que meditou, eventualmente corrige, ajuda e encoraja. A Meditação da Palavra devem seguir as intenções. Aí podemos ver a abertura das equipes às realidades da vida e da Igreja. Devemos, é certo, rezar pela famnia, pelos estudos dos filhos, mas também temos de estar atentos ao mundo que nos rodeia. Quais são as grandes intenções da minha vida que vou partilhar? O que hoje me sustenta em minha caminhada, qual minha participação nas tarefas da Igreja local e do mundo? Quais os critérios de meu coração frente às realidades do mundo? Assim entendidas e bem preparadas, a leitura, a meditação e as intenções serão um momento de formação permanente. O Estudo do tema

As ENS são um movimento de espiritualidade conjugal e familiar. Não existe espiritualidade sem aprofundamento, sem estudo. Um casal evolui na sua vivência, no seu relacionamento amoroso, no seu trabalho, na sua participação na Igreja. As ENS têm uma técnica para "aggiornare" (atualizar), como dizia João XXIII, seus casais para cada fase da vida: o estudo do Tema. Como as ENS querem assumir a realidade da família é preciso notar que esta é uma realidade que está em mudanças. A família muda, a Igreja também mudou. Alguns casais pararam no tempo (alguns padres também) . O estudo do Tema oferece alimento espiritual e intelectual aos casais, mas não é um remédio universal. Sua finalidade é manter os casais em alerta, abrir horizontes. Se os casais se propuseram a dar em casa testemunho de reflexão sobre a fé, terão chance de ver os filhos se interessarem também. Quais as leituras que os pais propõem aos filhos, quais as revistas colocadas à disposição deles? Qual a parte do orçamento familiar dedicado à formação religiosa? A partilha e a co-participação

A partilha sobre os pontos concretos de esforço é um olhar, sob o ponto de vista do meu compromisso nas ENS e à luz da fé, sobre minha vida de equipista, com a ajuda dos meus irmãos. Eu me abro não para ser julgado, mas para receber apoio. Confesso se deixei a palavra ser semeada em mim, se dei tempo ao Senhor, se dei tempo à família, se com ela rezei junto. Fazer a partilha é aceitar que a família e a equipe são Igreja, com a presença do Senhor que nos convoca, nos perdoa e nos ama. Na reunião todos exercem o perdão: pedindo-o ou concedendo-o. Pedir perdão e dar o perdão são etapas do crescimento. A partilha não deve ser só um olhar para o passado, é também um olhar para o futuro, é pedir ao Espírito Santo que nos inspire bons propósitos e nos fortaleça na caminhada. CM Agosto/91 - 11


A co-participação é um momento de confraternização pela comunicação das informações a respeito do que cada um viveu de mais notável durante o mês ou alguma comunicação mais significativa para a vida dos equipistas; é o momento da abertura aos outros no clima de confiança que a mesma fé proporciona : o momento de desabafar ou de proclamar algum benefício, de agradecimento e de súplica: é o momento para discernir os sinais de Deus na vida cotidiana. Esta maneira de encarar a co-participação é formadora, pois nos ensina como ler a presença de Deus na nossa vida: quem ouve e interroga aprende com o irmão. A co-participação pode abordar problemas sérios dos casais e o que se diz aí normalmente fica em segredo. Neste sentido é também um exercício de discrição e um convite à oração.

Conclusão Haverá muitos pontos ainda a examinar, mas a nossa intenção foi só a de provocar reflexões. Gostaríamos apenas de esclarecer que quando, no título, nos referimos a "momento: queremos fazê-lo no sentido da palavra grega "Kairos" no Novo Testamento, que significa o momento mais importante, oportuno, em que acontece o que dá realização à existência. Assim o "Kairos" de uma plantação seria a colheita, de uma mãe, seria a hora do nascimento do filho, e o "Kairos"da vida do cristão é a hora da morte (onde vai começar sua nova vida) . Assim, o "Kairos"da equipe é a Reunião, pois, se bem que ela exista e funcione o mês inteiro, a Reunião é o momento em que ela se realiza plenamente, e se torna sacramento da Igreja, com a presença de Cristo. Como a Igreja está a caminho, também a equipe caminha. A reunião tem sua finalidade no serviço que presta aos casais como instrumento de formação . co mo etapa em um caminho que leva ao Pai, com nossa Senhora

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PRIORIDADES

MATRIMÔNIO- CAMINHO A DOIS PARA DEUS Ao proclamar o jovem nubente, ao pé do altar, a frase ritual - ''Até que a morte nos separe", está apenas reafirmando a palavra de Cristo, o próprio Verbo, quando afirma "Que o Homem não separe aquilo que Deus uniu" e que, questionado ante o argumento de que a Lei Mosaica permitia o repúdio do conjuge, respondeu com a palavra candente, que deve ser a nossa- "No começo não era assim ... e se assim passou a ocorrer, deve-se à dureza de vossos corações". Leia-se bem, com alto e bom som - "à dureza de vossos corações", ou seja, à falta de AMOR , à falta de CARIDADE, e é por aí que havemos de começar, com a pregação do testemunho do AMOR e da CARIDADE, sem as quais o mundo torna-se objeto e o casamento dissoluto; a moral conspurcada; o cumprimento da lei, farisaico, e a sociedade caminhando para a solidão dos velhos; o descaminho dos jovens, nas garras do tóxico e do amor livre; a decadência das famnias e, com estas, a derrocada das sociedades e das nações. Outra não é a causa do retorno das epidemias que julgávamos desaparecidas e s·epultadas pelo progresso; ela está aí, à vista de todos, mas teimamos em não vê-la; temos "respeito humano" em apontá-la; procuramos elidir suas consequências, porque nos falta fé e com a fé falta-nos a coragem das atitudes e do testemunho e sem estes não existe preparo de nenhuma espécie para o casamento. A "preparação para o casamento" começa, assim, por nós mesmos e a proclamação da indissolubilidade do casamento é o primeiro e maior dos mandamentos, pois é o mandamento do AMOR, daquele que não tem o "coração duro", mas aberto à CARIDADE, portanto, ao próprio CRISTO. Sem esta base, todo o ensinamento, todos os "Cursos para Noivos" e todo o recurso de psicólogos são inúteis; não haverá casamento duradouro, nem famnia verdadeira, pois não existe este sem AMOR e este, se apenas humano, nada mais é que um cristal friável , a quebrar-se ao primeiro embate. Blanche e Lauro I Equipe - 04/B - São Paulo - SP

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PRIORIDADES

NAMORADOS Alguns dias atrás, telefonou-nos o Roberto Badini, da Ieda, casal responsável do Setor de Lins (Região São Paulo-Oeste) . Ele estava procurando informações e experiências com relação à ação pastoral junto aos namorados. Temos uma grande esperança de que, abertos à Sabedoria, os casais equipistas de Lins serão de grande valia para os jovens namorados. Temos certeza que muitos jovens receberão apoio para serem mais felizes como namorados; temos certeza que muitos jovens chegarão ao casamento com melhores condições de receber e viver o sacramento do Matrimônio. Mas não devemos ficar só numa atitude de "torcida". Há, ao menos, duas maneiras de sermos mais produtivos neste caso. Primeira maneira: imitando, levando essa idéia à nossa equipe, ao nosso setor, e oferecendo esse trabalho à pastoral diocesana. Uma segunda maneira: colaborando com o pessoal de Lins enviando materiais, testemunhos, livros, cartas contando o que já existe como trabalho com "namorados", quer esse trabalho seja feito por equipistas ou não. Essas colaborações poderão ser encaminhadas por intermédio do Secretariado (veja o endereço na contra-capa desta Carta Mensal), e nos incumbiremos de fazê-las chegar a Ieda e Roberto. Pensamos também em juntar e organizar essas colaborações para redistribuí-las a todas as Regiões. Façamos valer as estruturas, as comunicações e o awcl1io mútuo. Parabéns, contem conosco irmãos de Lins. Beth e Romolo.

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CAMINHANDO COM A IGREJA

É NECESSÁRIO DESARMAR OS CORAÇÕES Ninguém ignora que nós vivemos numa época de grandes transformações. O mundo acaba de sair de uma guerra combatida com o emprego das armas mais sofisticadas, que deixaram no campo muitas vítimas e incálculáveis danos e ruínas. Sei que durante os dias do conflito a vossa comunidade cristã dirigiu súplicas insistentes à Virgem, da qual na vossa Catedral se venera uma belíssima imagem, que representa justamente Nossa Senhora da Paz. Mais uma vez invoco com confiança, juntamente convosco, a Virgem Santa, para que seja possível, no futuro, excluir todo o recurso ao uso das armas, e para que reine sobre a terra a paz na justiça e na solidariedade. Contudo, para que isto aconteça, é necessário antes de tudo desarmar os corações. Sem o desarmamento moral, jamais haverá paz. E isto só se torna possível , quando se acolhe e se segue fielmente o Evangelho de Jesus, quando se escuta o seu convite a olhar para Deus como Pai comum e para o próximo como irmãos e irmãs. A Igreja deseja construir a paz, empenhando-se na solução dos graves problemas que preocupam a sociedade, e contribuindo para que, a todos os níveis, se forme uma autêntica cultura do diálogo e da solidariedade. Ela interessa-se pelo homem e está sempre atenta às suas exigências; está persuadida de que só numa comunidade libertada da injustiça e respeitosa da dignidade de toda a pessoa, é que se pode esperar um futuro melhor. Por isto, ela faz ouvir a sua voz e intervém com autoridade em defesa dos direitos do homem, como fez, por exemplo, com o mundo do trabalho o Pontífice Leão XIII , mediante a Encíclica Rerum Novarum, cujo centenário de promulgação é por nós recordado este ano. E a ação da Igreja continua a acompanhar o caminho da sociedade, sustentando as suas legitimas aspirações e iluminando as suas opções, com a luz da verdade evangélica, proposta e jamais imposta, como autêntico serviço ao seu progresso integral. Nessa missão empenhativa, todo o crente é chamado a oferecer o próprio e peculiar contributo. João Paulo li (durante visita a uma Diocese da Itália)

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CAMINHANDO COM A IGREJA

O CONSUMISMO DESUMANIZANTE Vivemos imersos no que se chama sociedade de consumo. Parece que o ideal dos homens é ter e consumir cada dia mais, como se aí residisse toda a felicidade. Damo-nos conta de que o consumismo- a todo transe - está nos desumanizando. A propaganda está criando uma série de necessidades - algumas delas fictícias que impedem o homem de desfrutar a vida racionalmente. João Paulo 11 disse em várias ocasiões que o ideal dos homens, atualmente, é ter. E que a ânsia de possuir e de consumir não lhes deixa tempo para o melhor: o ser, nem mesmo para desfrutar a vida. Todos estamos conscientes de que o comunismo desumaniza os homens. Damo-nos conta que também o consumismo nos impede de viver em plenitude nossa vida racional , livre e autenticamente humana? Na prática estamos caindo no mesmo erro que censuramos nos outros. O desenvolvimento econômico tem, não só a primazia, como, ao que parece, a exclusividade.

É certo que o desenvolvimento econômico pode servir - e serve, na verdade - para tornar mais agradável a vida e também para facilitar a elevação cultural e humana dos povos. Todavia, a obsessão pela riqueza e pelo consumo não deve fazer que os homens esqueçam os "valores espirituais" que, mesmo numa visão puramente humana, são indispensáveis para a vida digna, racional, humana. Os bispos espanhóis têm denunciado a falta de valores éticos ou morais em nossa convivência social. Creio que é um diagnóstico acertado. E é interessante que todos reconhecem isto: todos, mesmo os que criticam acerbadamente a acusação dos bispos. Porém, damo-nos conta de que todos temos nossa parte de culpa nesta realidade que se pode considerar como perigosíssima, pois sem nos darmos conta, uns e outros, cristãos e não crentes, seguimos esta corrente que está abalando nossa sociedade. Alguém disse que vivemos na cultura do desperdício. Eu acho exata esta afirmação. E todos somos responsáveis pelo que - quem sabe, individualmente -, lamentamos. Já sei que falar de sobriedade, de pobreza bem compreendida, de austeridade é quase inútil em uma sociedade baseada justamente no consumismo, como única maneira de conseguir o bem estar social. Eu sei, 16 - CM Agosto/91


mas considero indispensável repetir, mesmo que esteja remando contra a maré, que o mundo atual necessita da sobriedade de muitos para conseguir o bem estar de todos. Não pode ser lícito o desperdício enquanto longe e perto de nós existem seres humanos- nossos irmãos- que não podem satisfazer suas necessidades mais elementares, tanto de comida como de educação, ou na estabilidade familiar. O homem não é mais homem, nem é melhor, pelo muito que tenha, porém pela maturidade humana que conseguir e pelo que é por si mesmo, desenvolvendo suas possibilidades para chegar a uma maior perfeição, mesmo que seja em um plano puramente natural.

É lógico e legítimo buscar um nível de bem estar familiar e social que, como disse o mesmo S.Tomás, é até necessário para a prática da virtude. O que não é lógico é subordinar tudo ao bem estar material, sacrificando os direitos de muitos às comodidades de poucos, ou centrar o ideal da vida humana no consumismo que, além de certos limites, é um perigo gravíssimo a ameaçar a dignidade pessoal. A abundância de bens é uma manifestação do progresso humano - que todos temos o dever de procurar - torna mais agradável a vida e permite cultivar a inteligência e conseguir o aperfeiçoamento. Não é legítimo, todavia, fomentar a obsessão do consumo de bens materiais que, prática e realmente, desumaniza o homem, em vez de aperfeiçoá-lo e o impede, não poucas vezes, de alcançar sua maturidade. Cardeal Tarancón ( da Carta Mensal espanhola Janeiro/Fevereiro -1991)

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Pe. Antonio Aqulno, S.J. -Cc 1}

13.12.1922 14.5.1991

TESOUROS Fiquei tão estarrecido que precisei sentar-me. O irmão tinha ido me buscar na portaria e viera comigo, em silêncio, até o sexto andar. Tirara as chaves do bolso e abrira a porta do quarto. Apontara, sem nada dizer, para duas mesas grandes que ocupavam todo um lado. Eu tinha me aproximado, curioso. E ví. As mesas estavam cobertas por um mar de fitas cassetes, apertadas, em bandejas de madeira. Não sei quantas centenas de fitas haveria alí. Algumas tinham títulos: "Meditação- ECIR- 1969", "Retiro 1972", "Amor conjugal "... No meio, algumas fitas de música, clássica, popular, tinha até rock. Muitas fitas só tinham um número; seria preciso ouví-las para saber o que contêm. Era o tesouro do Pe. Aquino. Mas não era o único. Enquanto estava alí sentado, imagens dos últimos dias desfilavam diante de mim. A missa de corpo presente. Devia ter alí umas mil pessoas. O Celso, da Maria Stella, num testemunho que enviou para a Carta Mensal, as descreveu: "médicos com seu uniforme branco, de bip na cintura, homens com suas pastas executivas, jovens, idosos, mulheres bem ou até siplesmente vestidas, estudantes com suas mochilas ...". A Hélêne é minha testemunha: não sou um homem de choro fácil. 18 - CM Agosto/91


Mas ao olhar aquele povo, as lágrimas vieram. Com certeza ninguém estava alí por "obrigação social", afinal, o homem por quem se rezava não era um dos poderosos deste mundo, era um "simples jesuíta". Eles estavam alí, porque no coração de cada um, em algum momento da vida, o Pe. Aquino tinha deixado um tesouro. Uma palavra, um gesto, um sorriso, um olhar. A noite de lançamento de seu primeiro livro, "Conflito e Paz". Na cadeira de rodas, já com dificuldade, ele autografava os livros. A foto que vocês estão vendo foi tirada naquela noite. Não sei se está muito nítida, mas mostra o olhar de alguém "que sabe olhar". Humildade, compaixão, alegria, esperança, tudo está aí: não sou mais eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim. Lembrei-me, também, de tempos mais distantes. Uma manhã de reunião, no colégio São Luiz. Seria pelos idos de 1979. Fazíamos parte, Hélêne e eu, da ECIR. Pe. Aquino nos conduzia pelos árduos caminhos da meditação. Palavras quase sussurradas, mas que penetravam fundo na alma de cada um. "Palavras de vida eterna". Como se ele me tivesse tomado pela mão, para me levar diante de seu Senhor bem-amado. E de repente, o meu tesouro: a presença de Jesus, no meu coração ... Durante treze anos, de 1969 a 1982, Pe. Aqui no foi Conselheiro Espiritual da ECIR . Quase um terço da vida do Movimento no Brasil. A personalidade das Equipes brasileiras, sem sombra de dúvida, ficou profundamente marcada pela sua. Somos todos depositários de seu tesouro, que é parte integrante e inseparável de nosso patrimônio. Ajudou-nos a atravessar aquele período de crises com a serenidade da fé. Ensinou-nos a meditar, a discernir a presença e a vontade do Senhor nas realidades de nossas próprias vidas. Sua abordagem profundamente humana dos mistérios do Senhor, sua preocupação pessoal com todos que encontrava marcaram vivamente a vida do Movimento. Quando a Encíclica 'Evangelii Nuntiandi' de Paulo VI ia passando despercebida por nós, ele nos sacudiu : É um dos documentos mais importantes da Igreja neste século, dizia-nos. Precisamos estudá-lo a fundo. E sob sua direção, fomos descobrindo os tesouros da evangelização e discernindo a nossa missão no mundo. Entre os muitos testemunhos que a Carta Mensal recebeu a seu respeito, João e Betisa, do Rio, nos falam dos "momentos muito fortes" que com ele passaram, como representantes das Equipes brasileiras no Conselho Internacional do Movimento. O respeito, o carinho, a admiração que os membros da Equipe Responsável Internacional tinham pelo Pe. Aquino

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indicam-nos também que os seus tesouros, o seu carisma, não ficaram só por aqui.

*** Voltei o olhar para as fitas. O Pe. Aquino tinha cumprido a sua missão. Entregara-se ao seu Senhor, para ser instrumento do Espírito Santo. Plantador de sementes de vida eterna nas almas. Tesouros ... Agora, é a nossa vez. A nossa missão, de não deixar estes tesouros enterrados mas de levá-los aos nossos irmãos, está escancarada à nossa frente. Naquela noite de autógrafos, ele escreveu no meu exemplar: "Vão em frente!" Vale para todos nós. Peter

*** Na tarde do dia 9 de maio , o Pe . Aqui no sentou-se, pela última vez, na frente do seu computador. E deixou - nos seu último tesouro , este TESTAMENTO:

Vejo que o Senhor me chama para a hora de adormecer! Ontem foram as pernas, depois pouco a pouco os braços, depois pouco a pouco a voz, e agora também os pulmões. Nesta noite, boa parte tive necessidade de oxigênio para poder dormir. Passei parte da noite e a manhã inteira sem oxigênio. Agora à tarde quis dar um passeio. Fui a capela, recebi a Comunhão, mas tive que voltar para o quarto porque sentí muita falta de ar. E coloquei novamente o oxigênio. Agora estou melhor. Pedi outro dia ao Dr. René que me deixem morrer em paz. Não prolonguem artificialmente minha V:ida. Nada de UTI ou de entubamento. Podem sedar se for o caso. Quanto possível que eu morra em casa. Podem tirar os olhos dos meus restos mortais, se servem para alguém estas córneas. No entanto se deformassem muito a face, em vista de não chocar demasiado os que velarão estes restos mortais, podem fazer de outra forma, isto é sem tirar os olhos.

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Passei longos anos longe da Pátria. Sei o que é o exOio. Quando agora estou para voltar, deixem-me partir em paz. Ontem, depois da Santa Comunhão pensava neste encontro com Jesus e com todos aqueles que amei. Gosto de ler e reler e ouvir a Última Ceia, aquela que começou com as palavras do Senhor: "Desejei ardentemente comer esta Páscoa convosco antes de padecer". Gosto de ouvir São João dizendo: "Tendo amado os seus que estavam no mundo amou-os até o fim". Gosto de ouvir aquela solene afirmação do Senhor: "0 Pai vos ama".

É nesta esperança e confiança que espero partir com aquela mesma alegria que invadiu o Senhor na Última Ceia. Vou ao encontro daqueles que amei. Ao encontro de minha Mãe e meu Pai. Ao encontro de meus irmãos Aparecida, Luis e Derval, ao encontro de Gabrié, de meus primos, de meus sobrinhos, de meus educadores, doPe. Costa, que me deu a primeira Comunhão, do Pe. Veiga, que me orientou sem nada dizer para a Companhia, do Pe. Sabóia, do Pe. Roser. Vou ao encontro daqueles que durante anos ajudei a partir, Dioneia, Joel, Manuel Garcia, D. Maria Isabel e daqueles que apressadamente partiram, Marcos Sayão, Luis Terreiro, Martinha, Neusa. Nos últimos anos, sobretudo, celebrei a ressurreição do Senhor. Celebrei a vida. Sinto por aqueles que não celebram a vida, não celebram a Páscoa. Muito certamente errei na vida e agora pouco ou nada me lembro, de tal forma estou convencido do infinito amor do Pai e de seu Filho. Na Última Ceia, não falou do pecado ou se falou foi no contexto do perdão pelo sangue derramado, e insistiu no amor. Tudo é gratuito, tudo parte do Pai. É Ele que vem a nosso encontro. Aqueles que ofendi ou desagradei certamente me perdoaram com o mesmo amor do Pai Céu. Aquilo que deixo escrito sobre minha vida é um pouco e inacabado (era apenas um rascunho) daquilo que vivi. Deixo inúmeras cartas de minha famnia para mim e de mim para ela com Geraldo e com Lia. As outras ficaram entre os escritos.

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Muitos escritos ficam em rascunho, não têm valor para publicar mas poderiam ser dados aos amigos como lembrança dos anos de convívio e de apostolado, sobretudo em São Paulo, na Paróquia, com as Equipes de Nossa Senhora, com os grupos de casais dos encontros, com os grupos de frentes de trabalho. Tenho um diário de mais de duas mil páginas pequenas. Guardei porque acredito que ali Deus escreveu minha vida. Deixo também muitos cassetes, onde durante anos gravei trechos das Escrituras, ou pensamentos. Podem ser dados a quem interessar. A mim muito me ajudaram a meditar sobre a palavra de Deus. Santa Maria Mãe de Deus rogai por mim pecador, agora e na hora da minha morte. Que minhas últimas palavras sejam aquelas de São Francisco Xavier nas costas da China, em Sanchuam: in te Domine speravi non confundar in eternum. "Em ti Senhor esperei (confiei) , não serei enganado ou corífündido para sempre."

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NOSSA BIBLIOTECA

CONFLITO E PAZ "Homem do seu tempo e homem de fé, afeito à contemplação do seu Senhor Jesus Cristo que veio para que todos tenham vida, o Pe. Aquino tornou-se um incansável e obstinado perscrutador dos caminhos que levam à vida. Tendo ele mesmo passado por muitas provações, conhecendo bem de perto a tensão e o sofrimento, ele tem podido ajudar inúmeras pessoas a se reencontrarem consigo mesmas e a descobrirem o Deus que liberta, redime e faz caminhar." Pe . Francisco Rinaldo Ramanelli, S.J.

PE . ANTONIO AOUINO . S. J

AMAR TAMBÉM SE APRENDE "Amigo Pe. Aquino ... você possui , como ninguém, a arte de saber perguntar. E de fato você é um amigo que se interessa pelos outros, que os questiona a respeito dos passos que dão, para evitar-lhes possíveis tropeços. Obrigado pela sua maneira amiga de ser, por você ter consentido em abrir o fundo de sua alma e dizer-nos como entende o amor." Pe. Gabriel C. Galache , S.J.

PE ANTONIO AQUJNO. SJ

TUDO COMEÇA E ACABA NA ESPERANÇA

TUDO "Neste mundo controlado e condicionado pelos Meios de Comunicação de Massa, numa dimensão preferencialmente sórdida, que gera e implica o mais triste pessimismo perante a vida ... a mensagem singela e cristalina da vida do Pe . Aquino reaviva nossa fé no ser humano, renovando a esperança numa 'terra dos homens', mais linda, amável, em que possa ser vivida dignamente a fraternidade dos filhos de Deus ... " Pe . José Maria Monteoliva, S.J.

COMEÇA EACABA

NA

ESPERANÇA

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EDITORIAL

VIR A SER AQUILO QUE SE É É preciso voltar ao assunto da nossa vocação à santidade. Precisamos ir mais a fundo. Quando digo isto, penso na recomendação que São Paulo faz a Timóteo: "Conjuro-te diante de Deus e de Jesus Cristo ... prega a palavra, insiste oportuna e inoportunamente ... " (2Tim.4, 1-2). Vou repetindo, nas minhas andanças, que no fundamento das Equipes existem duas idéias: - todos os cristãos são chamados à santidade; - para os cristãos casados, o caminho da santidade é a vida conjugal e familiar.

Este me parece ser o sinal que distingue as Equipes em nosso mundo e é a sua mensagem essencial. Mas sabemos que é uma mensagem que assusta a muitos, simplesmente pelo fato de ser mal compreendida. E se por medo, alergia ou fraqueza cria-se um bloqueio mental, corre-se o risco de deixar passar uma aventura sensacional! Ouçamos o apelo que o Papa fez aos jovens em Compostela: "Não tenham medo de serem santos!" Vamos caminhar três passos na direção certa. 1). Quando se propõe a santidade aos casais das Equipes, não se quer pedir-lhes, de forma alguma, que se coloquem à parte, que constituam uma espécie de elite (o tal elitismo de que somos acusados por vezes!), uma casta que se daria como exemplo no seio da Igreja. Isto é sectarismo . Nós não somos uma seita. Não somos uma excrescência, um corpo estranho na Igreja. Somos Corpo de Cristo, carne e sangue no fluxo de sua vida. 2). Tampouco se tem a intenção de propor aos casais uma vocação suplementar. Não se trata de pedir-lhes que escolham, além de sua vida cristã, uma especialização num campo particularmente árduo e difícil. Como se se escolhesse algumas cabeças privilegiadas para especializálas na pesquisa nuclear ou para o campeonato mundial de xadrez!

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Aliás, a santidade não consiste absolutamente em bater recordes, em atingir picos inexplorados, em realizar desempenhos extraordinários: nós não somos "faquires"! 3). Mas o que somos, então? Filhos de Deus batizados em Cristo, participantes da própria vida de Deus, através do que se chama a graça

santificante. Ora, Deus é santo. Só Deus é santo. Pode dizer-se que a santidade é a sua própria natureza: "Santo é seu Nome". E o Novo Testamento nos revelou o verdadeiro rosto da santidade de Deus, ensinando-nos que "Deus é

Amor". Por sermos filhos de Deus, por termos em nós a sua própria vida é que somos chamados à santidade:

- "Sejais santos porque Eu sou santo" (Lv.19,2) ; - "Sejais perfeitos como vosso Pai celestial é perfeito" (Mt.5,48). Logo, esta vocação não é um chamamento de fora, um capricho de Deus: ela se encontra na própria lógica daquilo que somos, é o desabrochar de nosso ser-cristão. Pois pelo fato de sermos cristãos, já somos santos em embrião. Eis porque, ao dirigir-se aos cristãos de Roma ou alhures, São Paulo chama-os de santos. Ser santo é simplesmente vir a ser aquilo que se é.

*** No documento Lumen Gentium, que é uma espécie de estatuto da Igreja de nossos dias, o Concnio Vaticano 11 retoma as recomendações de São Paulo:

- "Comportai-vos como convém a santos" (Ef.5,3) - "Revesti-vos, portanto, como convém a eleitos de Deus, santos e diletos, de sentimentos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de paciência ... " (Col.3, 12). E se o autêntico rosto de Deus Santíssimo é o Amor, então o que resta a nós é vivermos, nós também, no Amor. Poderíamos resumir, sem faltar à fidelidade, a revelação de Cristo nestes três trechos de frase que conhecemos bem:

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"Como meu Pai me amou ... (o amor no seio da Trindade) .. .Eu vos amei, (este amor se dirige a nós) como eu vos amei, amai-vos uns aos outros".

É o mistério único do Amor divino que desenrola suas três fases. É a santidade de Deus que se nos comunica de forma ativa. Isto tudo, naturalmente, não acontece simplesmente, automaticamente, sem a nossa participação. Temos que abrir-nos à graça de Deus para recebê-la de fato; mas com demasiada frequência, só ficamos criando obstáculos. Existem dificuldades. Mas será impossível? "A Deus nada é impossível". E sabemos que "o amor de Deus se encontra largamente difundido em nossos corações, pelo Espírito Santo que nos foi dado" (Rm.5,5). Então, como diz o Papa: Não tenham medo de serem santos!

Fr.Bernard Olivier, o.p.

Visita da ERI ao Pe. Caffarel , em troussures. Da esquerda: Benoit e Marie Odile Touzard, Alberto Ramalheira, lgar Fehr, Maria Almira Ramalheira, Pe. Caffarel , Pe. Olivier, Alvaro e Mercedes Gomez-Ferrer, Peter e Dorothée Bitterli , Cidinha Fehr

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CARTA DA EQUIPE RESPONSÁVEL INTERNACIONAL

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Caros Amigos, No princípio dos tempos já está Deus, que, num gesto de amor, cria o universo, determinando um longo processo de evolução em que vão se formando a natureza, os seres vivos, culminando com a criatura humana, centro da criação. O primeiro capítulo do Gênesis nos conta: "Então Deus disse: Façamos o homem à nossa imagem e semelhanç~ (.. .) E Deus criou o homem à sua imagem; à imagem de Deus os criou; e os criou homem e mulher''. Conta-nos ainda que Deus os abençoa, entrega-lhes toda a criação e ordena-lhes: "Sejam fecundos, multipliquem-se e submetam a terra". Deus confia ao casal humano o equilíbrio da criação - equilíbrio nas relações inter-pessoais, equilíbrio nas relações entre os seres vivos e o meio ambiente .. . E Deus imprime no coração do ser humano o anseio de felicidade, a capacidade de amar e dota-o de inteligência, vontade e liberdade. Em relação a essa missão confiada à criatura humana, ela tem, através dos tempos, alcançado ápices inacreditáveis, como também caído em extremos opostos. O Homem tem alcançado desenvolvimentos que o tomam capaz de ultrapassar grandes dificuldades, de superar imensos males e, em certo sentido, de libertar-se; mas, por outro lado, ele é capaz de causar enormes - e às vezes irreversíveis -destruições. O Homem tem sido capaz de extraordinários gestos de solidariedade, mas ·também de atitudes assustadoras. No terrenos das relações conjugais e familiares- nossa especificidade - a realidade também tem apresentado essas discrepâncias. Em todos os tempos houve, e continua a haver hoje, exemplos de casais, de famnias, que, sem dúvida, acolhem o projeto que Deus lhes entrega, como também sempre houve e continua a haver os que o recusam. A época que vivemos não é fácil e nos deixa, a todos, bastante preocupados. Costuma-se dizer que há, principalmen-te por parte dos jovens, uma desvalorização do vínculo matrimonial, uma banalização da relação sexual , uma falsa compreensão do amor e da fidelidade, um individualismo exacerbado, etc. Perguntamo-nos: a situação atual é muito mais grave do que já foi em outras épocas? Muitos dizem que sim. Pensamos que a realidade se apresenta hoje com problemas diferentes dos de ontem; mas é difícil dizer se são mais graves.

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Em nosso ponto de vista, alguns fatores devem ser levados em consideração ao se manifestar uma opinião a esse respeito: - a população do mundo aumentou muito nos últimos anos e com isso as dimensões dos problemas se avolumaram; - muitas atitudes que antes eram mais veladas, são hoje assumidas mais às claras; - os meios de comunicação fazem uma enorme divulgação, diríamos mesmo uma promoção, dos contra-valores; - condena-se hoje as mulheres por comportamentos que ontem eram aceitos nos homens. Em todo caso, não compete a nós julgar. Devemos nos abster, principalmente, de julgar os jovens que, no nosso entender, são mais vítimas do que culpados. Essa perda de valores não seria a consequência das realidades social, econômica, política, religiosa .. .? Ou ainda, das tensões que existem no mundo em função de oposições como, por exemplo, individualismo/solidariedade; lucro/valorização da pessoa humana; países pobres/países ricos; capitalismo/socialismo; moralismo/moral cristã; cristianismo/religiosidade; mídias/valores cristãos; Igreja povo de Deus/Igreja hierárquica? O que compete a nós, casais cristãos, especialmente a nós, casais das E.N.S., dentro do espírito de criatividade da Segunda Inspiração, é refletir sobre as realidades do mundo à luz da fé; é buscar discernir o que Deus está nos dizendo através dessas realidades; reconhecer os apelos que Ele nos dirige, a Boa Nova que devemos proclamar aos 'jovens, especialmente aos jovens casais. Enfim precisamos, como casal e como Movimento, discernir: - os rumos que é preciso imprimir à nossa caminhada, -o que devemos desenvolver nos próximos anos, - quais as metas a estabelecer, - quais as dificuldades a enfrentar, - quais as renúncias a nos impor, - quais os valores essenciais aos quais devemos nos apegar para ir ao encontro do anseio de felicidade que Deus colocou no coração de cada ser humano para correspondermos à missão que Deus nos confia desde o início dos tempos: o equilíbrio no mundo, para o qual concorre o equilíbrio interior de cada pessoa humana, de cada casal, equilíbrio que se alcança, principalmente, pela fé. Com o nosso carinho, Cidinha e lgar Fehr

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AS GLÓRIAS DE MARIA (Segundo Santo Afonso)

AMORA DEUS A nossa fé nos ensina que a finalidade fundamental de viver, o nosso endereço final, é aprender amar a Deus. É Ele que nos criou. Ele espera de nós o retorno do amor com que Ele nos amou primeiro. Amar à Deus é o sentido de nossa criação. O grande doutor da oração, Santo Afonso, viu em Maria um exemplo vivo e modelo desta primeira de todas as virtudes e atos humanos. Deus nos deu Mandamento que devemos amá-Lo com todo o nosso coração, nossa mente, todo o nosso ser. É a primeira, a coisa mais importante de nossas obrigações. Mas a maioria só consegue realizar esta ordem no céu. Foi Maria que alcançou este preceito na terra. São Bernardo, grande poeta de Maria, disse que "o amor divino penetrou nela e encheu sua alma de tal forma que nenhuma parte dela ficou intocável. Assim ela amou com todo o seu coração e com toda a sua alma, ficando cheia de Graça." Realmente Maria ganhou o privilégio e tem o direito de dizer: Meu Amado me tem dado tudo de si, e eu tudo de mim a Ele. Se Jesus, manifestação do Amor Divino, veio para acender nos corações dos homens a chama de seu amor, em Maria Ele encontrou a pessoa mais preparada e disposta para isso, pois o coração de Maria era puríssimo, livre de qualquer outro afeto ou desejos. Quase impossível a imitar, comentaristas nos dizem que Maria nunca tinha nenhum pensamento, desejo ou alegria, a não ser em sintonia com Deus. Em diversas aparições e conversas com santos, Maria repetiu esta mensagetn - o que ela mais queria e desejava foi que cada pessoa ame mais e ma\s seu Filho Jesus. Não é por nada que a devoção a Maria, portadora do fogo e da chama do amor divino, tem produzido um aumento do amor a Deus em milhares de seus devotos. Encostar em Maria é chegar perto de Deus. Que pena que

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certos "crentes" não entendem que Maria Mãe gera amor a Deus no coração de seus outros filhos. Para aquele que deseja ser um bom cristão, um católico ativo e atuante na Igreja, um Equipista feveroso, um evangel izador zeloso que anuncia a Boa Nova, nada melhor do que reproduzir e copiar o exemplo de Maria. Nossa Senhora amou como jamais ninguém tem amado. Peça dela uma orientação de mãe para aprender como amar.

Pe.Luis Kirchner, CSSR Setor de Manaus.

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VOCAÇÕES

ONTEM E HOJE Desde muito cedo, naquela fase em que as crianças vivem no seu mundo despreocupado, protegidos pelo amor dos pais, a vida ensinou-me a admirar uma figura extraordinária, fora do âmbito familiar: o sacerdote. Oh, como me lembro do Padre José, lá na nossa cidadezinha-presépio, incrustada nas montanhas das Minas Gerais! Sem contar sua simpatia pessoal , que lhe angariava muitos amigos, Padre José, por ser o vigário e o prefeito, era a pessoa mais importante da cidade. · Figura máxima do poder espiritual , o vigário-prefeito pregava o caminho da verdadeira felicidade, ensinando a todos uma vida no amor de Deus e na amizade entre os homens. Vivíamos todos, crianças, adultos e velhos, em função do repicar dos sinos da igreja que nos conclamava às funções religiosas: missa dominical, procissões, a bênção do Santíssimo todas as noites, a reza do terço no mês de maio, as coroações ... E lá estava a figura imponente do vigário Padre José, que do altar conduzia seu rebanho. Não era sem razão que nossa cidadezinha era chamada "a menina dos olhos do Senhor Bispo". Figura máxima do poder temporal , o prefeito-vigário cuidava com zelo e carinho da cidade construindo asilos, escolas, centros de recreação, enfim, procurando propiciar a todos os cidadãos uma vida agradável e digna, sem que houvesse nem riqueza demais, nem pobreza demais ... E lá estava a figura imponente do prefeito Padre José, que do palanque presidia todos os eventos da cidade. Eu, criança ainda, olhava extasiada aquele personagem vestido com sua batina preta, que o distinguia dos demais, e via nele um super-homem, um semi-deus. Chegava mesmo a acreditar: Padre José era um anjo caído do céu. Muitos e muitos anos se passaram e para trás ficaram todas as imagens da minha infância, que hoje recordo com grande nostalgia. Não são poucos os católicos que gostam muito da Igreja, mas detestam os padres porque eles não são como os de antigamente - homens diferentes dos demais. É que, na maioria das vezes, em relação ao CM Agosto/91 - 31


sacerdote, conservamos a opinião de quando éramos pequenos e guardamos na memória a imagem de um anjo caído do céu, feito não do barro da terra como todos nós, mas de uma argamassa especial e envolto em uma santidade que lhe vinha diretamente do céu, quase que em forma de um facho de luz. O sacerdote é um ser especial porque,escolhido por Deus, escutou esse chamamento e aceitou o convite do Altíssimo, tornando-se o representante de Cristo entre os homens. Portanto, à proposta de Deus houve a resposta do homem. Esse é o "Fiat" do sacerdote, e como todo "sim" tem o seu ônus: é preciso que ele morra um pouco a cada dia para dar lugar ao mestre. E preciso que ele se torne um instrumento dócil nas mãos do Pai, a fim de implantar o Reino aqui e agora. Ele pode ser comparado a um vaso de barro, carregando um tesouro de inestimável valor. Seria muito interessante rever a nossa posição em se tratando do sacerdote. Achamos que ele é "um anjo caído do céu" ou sabemo-lo um homem corajoso que apesar de todas as suas limitações e fraquezas aceitou a incumbência de pastorear o rebanho do Senhor nas plagas dessa vida? Qual é a nossa atitude em relação a eles? Estendemo-lhes as mãos oferecendo nossa amizade, nossa ajuda, nossas orações, ou fazemos parte daquele batalhão de católicos que gosta muito da Igreja mas não deixa de atirar pedras nos padres, como que querendo trincar ou mesmo quebrar esses "vasos de barro" portadores do Grande Tesouro? Maria Célia Equipe 8/B São Paulo

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VOCAÇÕES

É PRECISO FALAR DESTA OPÇÃO Falar de vocação é falar de um tema diretamente ligado aos jovens. Todo jovem é convidado, a partir de sua fé, a assumir um compromisso comunitário, em vista do Reino de Deus. Entretanto, como falar de vocação numa Sociedade pós-moderna como esta em que hoje vivemos? Como ajudar ao jovem a ouvir a voz de Deus numa Sociedade que programa a vida social nos seus mínimos detalhes, deixando ao indivíduo a possibilidade de consumir? ... O ambiente do mundo de hoje (pós-moderno) é um show constante de estímulos desenvolvidos pelo "design", pela moda, pela publicidade e pelos meios de comunicação. Os jovens seduzidos por este mundo tornam-se apáticos, desligados da Igreja, da Comunidade e da política. Neste contexto corre-se o risco de confundir vocação com profissão, competição, vencer na vida. A vocação é um chamado. Um convite de Deus que exige uma boa dose de doação, desprendimento e capacidade de servir aos outros. São valores que se opõem às programações, modismos e agitas que seduzem os jovens hoje. Na Bíblia, o chamado é sempre em função dos outros, do povo, da Comunidade, do Projeto de Deus e da vida. O chamado vem das necessidades do povo. Escutam este chamado de Deus aqueles que são sensíveis à realidade humana e às necessidades do povo. O desafio é imenso. Ir ao encontro dos jovens com mensagens atuais para que, sensíveis a situação humana em que vivemos, possam com disposição viver o Projeto de Jesus. A preocupação de levar a Boa Notícia deve ser de todo cristão. A Comunidade tem que se mobilizar e usar de criatividade para mexer com a sensibilidade dos jovens para que, evangelizados, tornem-se evangelizadores.

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Desde há muito tempo, a colheita é grande e os trabalhadores disponíveis são poucos (Mt 9,37). Entretanto, cada cristão, ao responder à sua própria vocação, assumindo um serviço na Comunidade, está ajudando a criar condições para que mais pessoas respondam aos apelos de Deus. Acredito que só participando das coisas da Comunidade, vamos descobrir respostas aos desafios dos dias atuais. Ninguém pode, sob desculpa alguma, se isentar de dar sua contribuição. Faz-se necessário que todos na Comunidade assumam a responsabilidade pelas vocações. Particularmente dando atenção às vocações sacerdotais r religiosas, pois são as de menor número e as mais necessárias. Todos podem fazer alguma coisa em nível pessoal ou em Comunidade. Veja :

* Dar testemunho de Jesus Cristo. Ser na Comunidade sinal de vida e esperança pelo modo de ser e de agir;

*

Rezar pelas vocações. O próprio Jesus nos pediu que rezássemos pedindo operários para a messe (Mt 9,38) ;

* Falar das dificuldades do povo e da necessidade de pessoas que se coloquem a serviço da dignidade da vida; * Participar da Comunidade convocando, sobretudo os jovens, à tarefa de evangelizar;

* Contribuir com dinheiro pelas vocações, porque grande parte das vocações vem de famOias pobres e a formação é dispendiosa; * Criar na Comunidade uma equipe que organize e anime a pastoral dos ministérios. Ninguém existe por acaso e ninguém é inútil nesta vida. Vocação é uma opção de vida. É preciso evangelizar para que todos conheçam Jesus Cristo e seu Projeto. É preciso falar desta opção!

Pe. Milton (Da Revista Desafio - março 1991)

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VOCAÇÕES

PAIS CRISTÃOS, DEEM-NOS PADRES Da Carta Mensal francesa , transcrevemos este texto, escrito por Yves Marchand , um seminarista.

Não fiquemos lamentando o número cada vez mais reduzido de padres, o envelhecimento deles, incitando cada vez mais os leigos a assumir suas responsabilidades, mas olhemos resolutamente para o futuro e procuremos os padres que estarão se ordenando no ano 2000. Onde estão eles? É fácil dar essa resposta, pelo menos estatisticamente. Eles estão nas famOias cristãs de hoje; eles estão nos colégios públicos ou particulares; eles frequentam o catecismo paroquial preparando-se para a Primeira Eucaristia ou para a Confirmação (Crisma) ; eles ganham bolsas de estudo nos colégios, seguem mais ou menos convictos as reuniões de catequese, participam de um movimento de jovens ou de um clube esportivo; eles acompanham os mais jovens na sua busca espiritual ; eles não são nada conformistas e sonham com aventuras, viagens; eles querem modificar o mundo; eles se apaixonam (como diz João Paulo 11 , que eles tanto admiram) pela defesa dos direitos humanos, mas não aceitam frequentar a missa dominical de bom grado. Eles têm de 18 a 20 anos. Vocês certamente os reconhecem , pois são os seus próprios filhos. Pais cristãos, cabe a vocês despertar a vocação dos jovens padres do ano 2000 e olhando-os através dos jovens no meio dos quais eu vivo (sou bolsista num externato católico na região parisiense) gostaria de dizer humildemente, mas também francamente, quais as condições que o mundo espera de vocês para ter os padres de que precisa. 1) Rezem para que o Senhor chame um de seus filhos ... Não uma oração rápida à noite, ou de manhã, ou no domingo, ou por ocasião de uma festa, mas uma prece constante, igual àquela de que nos fala Jesus (Lc 11 ,5-13) ; uma oração condizente com a sua orientação de vida (você como eu somos pobres pecadores) ; uma oração que se desenvolverá no engajamento humano ou cristão através do qual seus filhos descobrirão - sem que vocês o digam, ou mesmo dizendo o contrário- que para vocês Deus é verdadeiramente Alguém , que Jesus ressuscitado é verdadeiramente a razão do seu viver; uma prece inspirada na mensagem de São Paulo aos Efés ios (Ep 1, 15-23) . CM Agosto/91 - 35


2) Não fiquem obcecados somente pelo sucesso humano de seus filhos. Como a vida deles poderá estar em conformidade com os apelos do Evangelho, se em suas casas eles experimentam uma busca primordial às vezes até exclusiva - de sua segurança humana, que seja material, intelectual , social ou cultural? Que eles sigam seus estudos- e na adolescência é o que todos fazem - mas se vocês não lhes deixarem uma brecha suficiente para um apelo à aventura, para um apelo evangélico- porque o Evangelho é uma aventura - estejam certos de que o Senhor respeitará o muro de concreto que vocês terão construído entre seus filhos e Ele. É necessário citar exemplos? Que lugar restará para o Senhor quando até a hora semanal de tênis, prevista pelos pais, é obstáculo para que um jovem possa se preparar para o Crisma? O que será da vocação sacerdotal e missionária de um jovem que logo após sua formatura tem de começar tudo de novo, quando os estudos dr línguas teriam sido mais condizentes com o seu ideal? Quantas vezes já escutei frases como essa: "Que ele seja padre, tudo bem, mas em primeiro lugar ele terá que assegurar sua situação humana." Pais cristãos, vocês têm confiança em Deus? Por acaso já tiveram a oportunidade de ler os versículos 25 e 34 .do capítulo 6 de São Mateus? Seus filhos amam a aventura e a confiança em Deus é uma aventura ... O sacerdócio é uma aventura apaixonante e o será ainda mais aos 20 anos, quando se está vivendo a aurora de um tempo novo, cujo futuro não se pode prever. Pais cristãos, tenham confiança em Deus e deixem que seus filhos se lancem nessa aventura ... Saibam que nossos bispos estarão atentos à formação humana de seus futuros colaboradores. Não façamos "guerra fria" e estejamos persuadidos de que o jovem de hoje não é como os de vinte anos atrás: eles têm a audácia de se dizer cristãos e de falar de vocação no meio de seus companheiros, seja na escola ou em qualquer outro lugar em que estejam engajados. Não os desencorajemos com nossos subterfúgios, mas agradeçamos a Deus dando-l hes um voto de confiança. 3) Vocês, pais cristãos, cujos filhos estão na faixa dos 20 anos certamente estarão chegando aos 50 anos no ano 2000, ou até mesmo entrando na terceira idade .. . Se vocês desejam que a Igreja da segunda metade de suas vidas- e desejo que seja bem longa- possa ter padres jovens e entusiastas, procurem agora ponderar suas palavras, seus sentimentos. Como seus filhos poderão vislumbrar seu futuro numa Igreja da qual , constantemente, 36 - CM Agosto/91


ouvem críticas? Não critiquem os padres de hoje, os bispos do seu país; eles são a Igreja com vocês, para vocês e para o mundo inteiro. Naturalmente vocês não compreendem sempre as decisões e orientações que eles dão. Francamente estou tentado a dizer que eles devem ter uma visão das coisas mais ampla que a nossa. Criticando padres e bispos não seria a mesma coisa que cortar o galho em que estamos sentados? Quando vocês elogiam este ou aquele grupinho, assistido por um padre isolado, que vive à margem da Igreja sem nenhuma ligação com o bispo, vocês estão na iminência de matar a semente que não encontrará uma saída para se expandir, a não ser que o poder e a bondade de Deus lhe permita retornar às fontes de água viva da verdadeira Igreja, aquela que é unida ao Papa, graças aos bispos e seus colaboradores. Está aí a grande tradição da nossa Igreja, Luz do mundo ... Pais cristãos, o Concnio Vaticano 11 os conclamou a serem os primeiros educadores da fé, na formação de seus filhos. Vocês o serão se educarem sua fé na verdade e nas primeiras manifestações da vocação ... Pais cristãos. não faltem ao futuro da Igreja, não faltem ao futuro do mundo.

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VIDA DO MOVIMENTO

QUALOTEMAPARAESTUDO? Por ocasião dos últimos Encontros Inter-Regionais, fomos questionados, ao apresentar a proposta do Projeto de Evangelização da Sexualidade, se a ECIR não estaria sobrecarregando novamente as equipes com um excesso de Temas para Estudos. É a Segunda Inspiração, são os Pontos Concretos de Esforço, as seis Prioridades, e, agora, a Evangelização da Sexualidade. Uma primeira distinção se faz necessária sob três aspectos distintos. Devemos separar TEMAS DE ESTUDOS de PROJETOS e, esses dois, de ATITUDES DE VIDA. ATITUDES DE VIDA -A Segunda Inspiração continua sendo entendida por muitos como sendo um Tema para Estudo. Lembremos que se estamos falando de Seounda inspiração, isto significa que houve uma primeira. E esta foi aquela vivida pelos equipistas durante praticamente meio século de existência da ENS. E essa vivência foi a resposta que aqueles casais (e muitos deles ainda hoje entre nós) deram às exigências para uma vida de santificação naquele período. A SEGUNDA INSPIRAÇÃO deve ser a maneira como nós, equipistas da Véspera do século XXI, pretendemos dar, nosso testemunho de vida, em função da realidade que hoje vivemos. Portanto, a Segunda inspiração não é Tema para Estudo, mas essencialmente uma proposta de vida, um modo de viver de acordo com as propostas das ENS.

Assim como a segunda Inspiração não é Tema para Estudo mas implica em mudança de atitudes de vida, também os PONTOS CONCRETOS DE ESFORÇO e as PRIORIDADES exigem de nós um igual posicionamento, isto é, exigem de nós atitudes de quem procura a Vontade de Deus, conhecer a sua Verdade frente a esta Vontade, levando-nos a uma maior União e Comunhão, com Deus, com o próximo, conosco mesmo e com o mundo.

É lógico que será de todo interessante, assim como já tivemos dias de reflexão sobre a partilha e os P.C.E., que tenhamos dias de aprofundamento, tardes ou noites de reflexão (como queiram e com o nome que quiserem dar) sobre as PRIORIDADES. Ainda há pouco tivemos a chance de ouvir 38 - CM Agosto/91


uma excelente colocação sobre a Formação na Reunião de Equipe feita pelo padre João Bosco, no Encontro Nacional em ltaici. Também nos Encontros Inter-Regionais dos quais participamos, tivemos outros enfoques, ricos em conteúdo, sobre esta ou aquela Prioridade. Entretanto, voltamos a dizer, as PRIORIDADES não são Temas para Estudos, mas compromissos a que nos propusémos (a sua escolha foi feita em função do discernimento dos equipistas de base) e que devem nos levar a mudanças de comportamento, de atitudes de vida. Ir ao Encontro da Realidade ou Pastoral Familiar não são temas a serem intelectualizados, mas implicam num "arregaçar de mangas" e "por mãos à obra". A prioridade Reunião de Equipe é para que reflitamos sériamente em como está a nossa verifiquemos se estamos dando o devido valor a ela; de que maneira estamos nos preparando durante o mês e como estamos participando da mesma. A Experiência Comunitária exige de nós igualmente uma atitude de ação, de "por mãos à obra". A Formação e a Comunicação exigem de nós um belo exame de conciência e uma ação concreta no sentido de aprofundarmos nossa catequese permanente. PROJETOS - Específicamente, a Evangelização da Sexualidade como está sendo apresentada, é um PROJETO. Possui uma temática bem definida, assim como uma metodologia própria. Tem objetivos definidos e prazo de duração, enquanto projeto (8 unidades) . Este PROJETO deverá funcionar como verdadeiro laboratório, onde casais e equipes interessados desenvolverão uma reflexão séria e profunda sobre a sexualidade desde o ponto de vista cristão. TEMA PARA ESTUDO- Desde o lançamento da segunda Inspiração, já em Lourdes, ficou definido que os TEMAS PARA ESTUDOS não mais seriam enviados pela ERI ou pela ECIR . Estes deveriam, daquela data em diante, serem escolhidos pela própria equipe ou pelo Setor, de acôrdo com a caminhada da sua Igreja local , ou da sua realidade de vida. Achamos que temas como Familiaris Consortio, Christifideles Laici, Nova Evangelização, e outros mais, são assuntos apropriados para estudo em equipe. São assuntos que, pela sua extensão, não se esgotam numa única reunião, mas irão exigir seguramente alguns meses de estudo cada um deles.

Do acima exposto, verifica-se que ATITUDES DE VIDA, PROJETOS e TEMA PARA ESTUDO são coisas distintas e que devem ser encaradas com seus enfoques específicos. Maria Regina e Carlos Eduardo

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PAIS E FILHOS

TUDO MUDA, O ESSENCIAL PERMANECE Em menos de três gerações o ambiente familiar modificou-se consideravelmente. Percorre tua casa, da cozinha à sala e da sala ao banheiro, e pergunte-te quais os objetos que aí existiriam há 50 anos. Imagina como a máquina de lavar, a televisão, o micro-ondas, a calculadora .. . mudaram nossa maneira de viver. O aspecto do mundo transformou-se, assim como nosso conceito a seu respeito. Graças ao rádio e, principalmente, à televisão, retransmitida por satélite, assistimos, ao vivo, aos eventos os mais distantes, trágicos, alegres ou cômicos. A vida profissional sofre as consequências de rápidas evoluções tecnológicas e depende da conjutura econômica nacional e internacional. Paralelamente, de alguma maneira, as mentalidades evoluíram. Os fenômenos da moda são sinais: trate-se da música em voga, do vestuário, dos esportes de inverno, de férias no estrangeiro ... porém, adquire especial importância o fato de que a IVG* tomou, no linguaidr usual, o lugar do aborto, e que as "midias" falem, como da coisa mais "natural", dos "companheiros" e das "companheiras" das vedetes do espetáculo ou do esporte: sinais, entre outros, das incertezas da opinião sobre o respeito à vida que surge, o sentido da sexualidade e o valor do matrimônio. Diretamente confrontadas, nesta crise de civilização, as Igrejas têm dificuldade em comunicar sua mensagem. Os católicos divergem em seus julgamentos. Sobre fatos sociais, sobre graves pontos de moral, a palavra oficial da Igreja católica esbarra na incompreensão da opinião dominante. Os lares estão presos nesse movimento e expostos às pertubações do clima social e cultural. As famnias monoparentais são a consequência das coabitações precárias e dos divórcios, muito mais que da viuvez. O trabalho profissional do pai e da mãe traz problemas de presença àscrianças, da mesma forma que as longas ausências ou os horários "defasados" que impõe grande número de profissões. Rítmos e condições de vida são IVG = Interrupção Voluntária da Gravidez (NT)

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mais ou menos mal aceitos por numerosos adultos; saúde e equilíbrio psicológico são afetados: as crianças sofrem. Cada pai, cada mãe, tem assim seus problemas. ter uma lúcida conciência já é um elemento de solução. Deve-se cultivar, com nostalgia, a imagem da famnia "tradicional" do passado, na qual o pai, a mãe e os filhos tinham seu lugar definido, reconhecendo os mesmos valores? Nós pudemos crescer numa famnia assim, aí encontrando calor, apoio, equilíbrio; aí tendo descoberto a fé cristã, feito a experiência do amor partilhado, aprendido a discernir e amar o bem. Guardamos então vivo reconhecimento. Mas, ao idealizar a famnia do passado, corremos o risco de esquecer as pesadas limitações que ela podia impor às esposas, aos filhos ; os conformismos de que ela se fez instrumento; as frustrações e as revoltas que provocou.. . É oportuno "insultar o presente e o futuro em nome do passado"? Pais culpam-se por não serem pais e mães à imagem de seus próprios pais, por não transmitir o que receberam e não terem sido bem sucedidos na educação de seus filhos . Mas poderiam eles repruduzir este modelo ideal? Seria verdadeiramente disto que seus filhos tinham necessidade, para seu bem? Ver seus filhos crescer é, certamente, fazer a experiência de suas deficiências, mas é, mais radicalmente , experimentar os limites de seu poder, de sua influência ; é chocar-se com imposições de circunstâncias, com influências difíceis de controlar; é . principalmente, orientar-se para a liberdade, que é necessário fomentar. educar e, antes de tudo, respeitar. Deus. o primeiro, este Pai exemplar, usou para conosco o dom da liberdade e. tratando-nos como filhos e filhas , assume todos os riscos. "Ninguém é uma ilha", nem uma famnia o é. Nenhuma pode sê-lo e pretender bastar-se culturalmente, espiritualmente.Tanto tem a receber como a dar. As crianças de hoje serão os adultos de amanhã, deverão viver num mundo, o qual somos incapazes de dizer o que será Terão de aí viver e agir como homens e mulheres livres, responsáveis, como filhos de Deus. Quanto mais forem intimamente estruturados, construídos, animados pelo Espírito Santo, conduzidos pela caridade, capazes de acolher os outros em suas diferenças, mais serão aptos a sobrepor-se aos desafios de um futuro incerto. O papel do pai e da mãe permanece: dar a vida, permitir um desenvolvimento corporal , sensorial , intelectual pelo ambiente indispensável de trocas afetivas e de comunicação multiformes. guiar o crescimento do "pequeno homem", início tão frágil , mas portador de tantas possibilidades, CM Agosto/91 - 41


proteger o desabrochar de sua afetividade, de sua capacidade de confiar, de amar; contribuir para o despertar de seu espírito, de suas faculdades de deslumbramento, de compreesão; educar sua conciência moral, favorecer seu encontro com Cristo, fazê-lo descobrir a oração .. .. Grande e magnífica missão, que pode parecer temível. . Mas, em sua vocação, os pais e as mães não estão coniventes com Deus? Se, ante seu filho, um pai e uma mãe descobrem, muitas vezes, recursosde coração que nem desconfiavam, não é porque deixam aflorar neles um amor que vem de mais longe, comungando secretamente do amor do Pai do céu por seus filhos? Há, na generosidade, na ternura, a infinita paciência desse Pai, inesgotável fonte onde o amor paterno e materno pode abastecer-se, regenerar-se. aprender a confiar, o dom sem retomada, o perdão que releva , longe de humilhar, a alegria de ver crescer uma liberdade. " Deus é maior que nosso coração " e em Deus nosso coração sempre se pode dilatar. Amanhã, como ontem e hoje,será, novamentee sempre, o tempo dos pais e das mães, para o serviço da vida, no dom do amor. Yves le Chapelier, p.s.s. Aliança, nº 74; março, abril1991 , pag.1 Tradução: Blanche Charnaux

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INTERNACIONAL

O MOVIMENTO "IGREJA DOMÉSTICA" NA POLONIA No encontro dos supra-regionais e regionais com a E.R. I. (Equipe Responsável Internacional) realizado em Lisboa, de 30/5 a 3/6/90, o padre Olivier e o casal Gomez-Ferrer relataram o planejado ingresso de 1600 equipes polonesas no nosso Movimento. Estas equipes tiveram no início muitas dificuldades devido à situação política de seu país. As reuniões tinham de ser realizadas às escondidas nas florestas. O testemunho de fé e coragem destas primeiras equipes foi comovente. O casal responsável pela região de língua alemã presente ao encontro pediu ao casal Zofia e Eugeniusz Bednarg- representante das equipes polonesas - um artigo para sua Carta Mensal, contando como foi a implantação do Movimento na Polônia. Este artigo foi publicado no número de agosto/outubro de 1990 na Cara Alemã. O que apresentamos a seguir é um resumo deste artigo. Notamos a discrição do casal polonês, que nem menciona em seu artigo as dificuldades e a coragem dos equipistas no início do Movimento. Há 28 anos o padre Franciszek Blachnicki, em respostas às exortações conciliares, fundou na Polônia um movimento de renovação a que denominou "Luz e Vida" e que atualmente conta com cerca de 100.000 adeptos, na sua maioria jovens. O mesmo padre, para atender aos anseios dos casais cristãos, fundou um outro Movimento, baseado no espírito e adotando os mesmos métodos das ENS e o denominou "Igreja Doméstica". Colaboraram na sua implantação casais equipistas franceses e belgas. Temos hoje cerca de 1.600 equipes. O Movimento "Luz e Fé" organizava frequentemente encontros "Horas de Edificação Espiritual" que motivam muitos casais a ingressar no nosso Movimento. Para nossos casais equipistas são organizadas "Horas de Aprofundamento Espiritual" que anualmente são frequentadas por cerca de 3.000 casais. Atualmente estamos conseguindo estabelecer contatos com casais eslovacos e checas que ficaram por longo tempo isaolados, por razões políticas. Para o próximo ano convidamos também casais de Moscou para nossos encontros. Sua participação será uma alegria. Mantemos também contatos freqüentes com Equipes da Alemanha e Inglaterra. No ano passado nosso Movimento comemorou seu 15.o aniversário e agradecemos a Deus através de sua Mãe, Maria Satíssima, por essa magnífica dádiva às famOias polonesas.

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NOTICIAS E INFORMAÇÕES Novo Boletim Lançado em janeiro 1990 o Equiparticipando, Boletim das ENS da Região Rio 111 que abrange os setores de Petrópolis. Valença, Piabetá e Teresópolls. Agradecemos a Marilena e Mário o envio dos números 1 e 2 e parabenizamos pelo excelente conteúdo de suas matérias, algumas das quais pretendemos reproduzir, futuramente na Carta Mensal.

EACRES/91 . Santa Catarina: A edição 91 do EACRE aconteceu em Blumenau com momentos extremamente ricos em experiência e convivência fraterna. Percebeu-se pela participação (86 casais de todos os pontos do estado vários Conselheiros Espirituais e a pre~ sença de D.Oneres, Bispo de Lages) que o Movimento em Santa Catarina vive novos tempos e, certamente, o engajamento na Segunda Inspiração está ocorrendo. . Ceará: Foram 26 casais reunidos na Casa de Retiros N.S. de Fátima em Fortaleza entre 06 e 07.04.91 participando do EACRE, que iniciou-se com a Celebração Eucarís~ica pelo Pe.Moisés. As palestras profendas por Beth/ Romolo e Zélia/Justino sobre Segunda Inspiração, Nova Evangelização e Campanha da Fraternidade, destacaram as prioridades de ação das ENS. Muito frutíferos os debates sobre objetivos do Movimento: Construção do Reino de Deus/Ir ao Encontro da RealidadeNiver em Comunhão com a Igreja/Participação e Responsabilidade/Vivenciamento do Projeto ENS. Com a presença de D.Edmilson Cruz, Bispo Auxiliar de Fortaleza que celebrou a ''fração do pão" e fez um

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angustiante apelo aos casais cristãos face à realidade social anti-cristã do Nordeste, encerrou-se o Encontro. . Rio de Janeiro: Com a presença do Bispo Auxiliar da Arquidiocese do Rio de Janeiro, D. Rafael Cifuentes, e do CE da ECIR, Padre José Carlos Di Mambro, realizou-se o EACRE da Região Rio 111, no Colégio Pio XII; em 16 e 17.03.91. 50 novos CRE, 6 Conselheiros Espirituais, o Casal Responsável Regional Regina e Cleber, 6 Casais Responsáveis pelos Setores, e as Equipes de Serviço participaram com alegria. Foi realmente um grande evento marcado pelo clima de espiritualidade cansequente do sopro do Espírito Santo. A prática da Colegial idade foi vivenciada em todos os momentos; aprendeu-se muito sobre A Nova Evangelização e A Segunda Inspiração e, ao mesmo tempo, os casais foram informados das orientações prioritárias do Movimento.

Casa de Maria Os casais da Equipe 15 de Londrina/PR há tempos debatiam a necessidade de fazerem um apostolado extra Equipe. Iluminados pelo Espírito Santo e abençoados pelas mãos protetoras de sua intercessora, Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, e com a orientação segura do seu Conselheiro Espiritual Padre Antonio Lobo, idealizaram e concretizaram a idéia da CASA DE MARIA- CENTRO DE APOIO A DEPENDENTES, inaugurada em 08 de dezembro último. Funcionando à Rua Santos, 1249, a CASA DE MARIA atende, através de voluntários e de forma gratuita às pessoas com quaisquer tipos de dependências que a procuram, como verdadeiro centrq


de apoio, fazendo triagem, dando-lhes orientações e apoiamento bem como encaminhamento a profissionais específicos e casa de internamento quando necessário. Paralelamente faz trabalho de acompanhamento e orientação junto às famílias dos dependentes.

nos. Equipista há mais de 36 anos, além de diácono permanente da Arquidiocese de Florianópolis era também membro-representante da América Latina na Comissão Internacional do Diaconato Permanente.

Expansão Encontro Inter-Regional Sul PR/SC/RS. Realizou-se, nos dias 4 e 5 de maio, no Instituto Teológico de Florianópolis, o Encontro Inter-Regional Sul, com a' participação dos Casais Regionais dos 3 Estados, seus Responsáveis de Setor e a EC IR, onde se buscou aprofundar o estudo das prioridades do Movimento. Contou, também, com a sempre entusiasta participação do Pe. Luizinho, Conselheiro Espiritual de Região/ SC.

Casamento "lnterequipes"

. São José dos Campos/SP Terminada no final de 1990 a primeira "experiência comunitária" naquele setor, da qual participaram seis casais, com consequente ingresso em equipes já constituídas com perfeita e total integração. . Sorocaba/SP Após uma feliz "caminhada" formou-se a Equipe 20- N.S. Rosa Mística tendo como C.E. o Pe. Francisco de Assis Moraes e como C.P. Lourdes e Décio Cacace.

Com muita alegria foi celebrado por Mons. Mauro Vallini , CEda Equipe 02 de Sorocaba/ SP o casamento de Francisco (filho de lvone e Zeca da Eq. 05) e Edilene (filha de Vicentina e Flávio da Eq. 01) em 27.04.91. Os noivos, espontaneamente escolheram para seus padrinhos todos os "irmãos das equipes de seus pais". O altar ficou adornado por equipistas e, com certeza, Maria abençoou de modo especial esse casamento.

Conselheiros Espirituais

Volta ao Pai

Pe. Ciríaco Brandini, CE da Equipe 36/A festejou duplamente em 19.03.91 os seus 25 anos de sacerdócio e a outorga do título de Cidadão Honorário de Curitiba. A Santa Missa celebrada na Igreja do Senhor Bom Jesus do Colégio Pe.João Bagozzi contou com a presença de membros da Congregação dos Oblatas de São José, da comunidade paroquial do Portão e de familiares do Pe. Ciríaco vindos de sua cidade natal Biti, na Ilha da Sardenha, Itália. Em outubro de 90 os casais da Equipe 36/A haviam viajado com o Pe. Ciríaco para a sua cidade natal

. Celina (do Oscar), Equipe 23/A - N.S. das Graças, Porto Alegre/AS em 04.02.91 . Antonio Benedito Flores Arruda - Toni (da Amélia) Equipe 06 de Sorocaba/SP em 28.04.9t . Ademi P. de Abreu (da Nagibe) Equipe 01 de Florianópolis/Se em 20.03.91, vitimado por acidente automobilístico quando se dirig ia a São Paulo para uma reunião da Comissão Nacional de Diáco-

. Porto Alegre/ AS Pe. Marek Lukmski (Pe. Marcos) , CE da Equipe 44/A após cinco anos de intensa dedicação ao nosso Movimento, voltou à Polônia, sua terra natal. Em seu lugar assumiu Pe.Roque Gabriel. . Curitiba/PR

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onde tiveram a oportunidade de um fraterno convívio com seus familiares. . São José dos Campos/SP Assume como CE do Setor Pe. Moacir Silva em lugar de Pe. Jonas Traversin que se retira para um grande ideal de vida religiosa. O Setor conta com três novos Conselheiros Espirituais, a saber: Pe. Marco Aurélio dos Santos - Eq. 6 Pe. José Bento Vichi de Paula - Eq. 12 Pe. Rinaldo Roberto Resende - Eq. 15

Encontro de Coordenadores de Caminhada Objetivando estabelecer diretrizes de unidade, coordenação e linha de trabalho realizou-se em 25.05.91 em São Paulo o I Encontro de Coordenadores de Caminhada da Região São Paulo Sul I com a participação de 21 casais equipistas de Santos, Mogi das Cruzes, ABCD e da Capital. Algumas das principais conclusões do Encontro são aqui reproduzidas: 1. Geral: A Experiência Comunitária foi recebida como um meio de expansão das ENS de forma mais sólida e consistente mas também um meio válido de evangelização de modo geral. 2. Pedagogia : O documento existente é perfeitamente adequado e continuará a ser utilizado devendo apenas ser reeditado de forma mais legível e estética. 3. Número de reuniões: no mínimo 8 reuniões, podendo ser aumentado conforme o andamento do grupo. Se o grupo for já bem amadurecido é preferível aumentar o conteúdo das reuniões sem diminuir o número. O ideal seria um espaçamento entre as reuniões de 15 a 30 dias. 4. Formação dos coordenadores: Deve ser dado grande ênfase à formação de coordenadores e de pilotos que, em es-

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sência é a mesma. Ou seja os casais assim "formados" tanto poderão exercer a função de coordenador como de piloto. Não houve consenso se o próprio coordenador deve ou não ser o piloto caso o grupo se transforme em equipe. Parecem existir vantagens e desvantagens em ambas as hipóteses. 5. Fontes de recrutamento: A mensagem do Evangelho deve ser levada a todos os interessados em ouvi-la e, portanto todas as fontes são válidas e de modo particular as indicações de equipistas, comunidades paroquiais, movimentos de impacto e de apostolado que queiram maior aprofundamento espiritual para seus membros, cursos de preparação para batismo e primeira comunhão etc. 6. Número de participantes: O consenso mais geral, mas não unãnime é que deveria ser entre 4 e 7 casais. Menos seria muito pouco e mais traria um problema de espaço nas residências se houver desistências; ao final de Caminhada os casais seriam reagrupados ou remanejados para equipes já constituídas e com poucos casais. 7. Critério para formação dos grupos: Não houve consenso se a homogeneidade em idade, tempo de casados, condição cultural e socio -econômica é importante ou não. 8. Conselheiro Espiritual: Conforme o documento, o CE deveria participar a partir da 5• reunião. O ideal seria que o CE já estivesse convidado e avisado quando do início do grupo. A falta de CE não deve porém impedir que os grupos sejam iniciados.

Mudanças nos Quadros . Maria Célia e Marcelo Otávio Leme da Silva assumiram a função de CR pelo Setor de Garca/SP tendo sua posse ocorrido em 18.05.91 durante o Encontro Inter- Regional realizado em Baurú.


.Tereza e lrineu Barbosa deixaram a responsabilidade pelo Setor B de Porto Alegre/AS para assumir a Experiência Comunitária na Região. Em seu lugar assumiram Lucy e Manoel Bernardes (Eq.38) cuja posse ocorreu em 4 de maio em Florianópolis.

Tarde de Estudos Regional Tendo em vista o sucesso da palestra do Pe.Ricardo Dias Neto, C.E. do Setor de Sorocaba/SP e também das equipes 04 e 07 daquela cidade, a Região São Paulo Sul 111 julgou por bem que a palestra sobre Nova Evangelização e Segunda Inspiração fosse repetida ao maior número possível de casais das ENS da região. Isto ocorreu numa tarde de estudos promovida na Faculdade de Direito de ltú em 6 de abril último, com a presença de cerca de 120 casais. O CRR Silvia e Chico informam que o evento foi gravado em vídeo cassete e encontra-se à disposição dos interessados a preço de custo, bastando telefonar para Marlene e Acir (0152) 33-6853.

Retiros Realizado em 20 e 21 de abril últimos, na Casa da Sagrada Família em Nova Veneza o retiro das ENS do Setor de Criciúma/SC, pregado por Pe. Debiasi com a participação de 47 casais e a presença destacada de Irmã Letícia.

Programados: . São Paulo/SP 20/21 /22.09.91 - Baruerí - Pe. Germano Van Der Meer 18/19/20.10.91 - Baruerí - Frei José Carlos Pedroso 08/09/10.11.91 - Baruerí - Pe. Lourenço Roberge . Jundiaí/SP 27/28/29.09.91 - Casa de Oração N.S.do Bom Conselho - Frei José Carlos Pedroso 08/09/10.11.91 - Casa de Oração N.S.do Bom Conselho - Frei José Carlos Pedroso Informações e reservas: Niza e José Tel. 287-3207 Marialba e Mariano Tel. 887-1578

Romaria As cinco equipes de Guapiaçu/SP (Setor de S.J.do Rio Preto) mais o grupo de experiência comunitária, em companhia de seu conselheiro espiritual estiveram em romaria em 01.05.91 à cidade de Louveira/ SP a fim de venerar N.S. da Rosa Mística. Alí foram recepcionados por Pe.Spoladori que concelebrou a Santa Missa e com quem rezaram o terço.

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ÚLTIMA PÁGINA

OFERTÓRIO Tornai Senhor e recebei. Toda

a minha liberdade

a minha memória também. O meu entendimento e toda a minha vontade tudo que tenho

e possuo

Vós me destes com amor. Todos os dons que me destes com gratidão vos devolvo. Disponde deles Senhor segundo

a vossa vontade.

Dai - me somente

o vosso amor, vossa graça. Isto me basta nada mais quero pedir.

Santo Inácio de Loyola

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MEDITANDO EM EQUIPE (Sugestão para o mês de agosto) Texto de meditação (Jo.14, 27-30.) Deixo-vos a paz. a minha paz vos dou. Não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turve o vosso coração nem se atemorize. Ouviste que eu vos disse: Vou. mas voltarei para vós. Se me amásseis, certamente vos alegraríeis por eu ir para o Pai , porque o Pai é maior do que eu. Disse-va-lo agora. antes que aconteça. para que acrediteis quando acontecer. Já não falarei muito convosco. pois vai chegar o príncipe deste mundo. Ele nada pode contra mim, mas é para que o mundo saiba que eu amo o Pai, que faço como o Pai me mandou. Oração Litúgica , Bendito seja Deus. que olha com bondade o pedido dos indigentes e sacia de bens os famintos. E supliquemos confiantes. R. Mostrai-nos. Senhor. vossa misericórdia' • Senhor. nosso Pai clementíssimo. rogamos pelos membros sofredores de vossa Igreja; R. Mostrai-nos. Senhor. vossa misericórdia! a Libertai os prisioneiros. restitui a luz aos cegos. acolhei os órfãos e as viúvas ; R. Mostrai-nos. Senhor, vossa misericórdia! , Revesti os fiéis com vossa força . para que possam manter-se firmes ante as ciladas do demônio ; R. Mostrai-nos. Senhor. vossa misericórdia' • Ficai presente, Senhor misericordioso. na hora de nossa morte, para permanecermos fiéis e passarmos deste mundo à vossa paz ; R. Mostrai-nos. Senhor, vossa misericórdia' • Levai para a luz em que habitais aqueles que partiram desta vida. a fim de que possam vos contemplar eternamente R. Mostrai-nos. Senhor. vossa misericórdia!

(da liturgia das horas)


PRIORIDADES A REUNIÃO DE EQUIPE

AO ENCONTRO DA REALIDADE

FORMAÇÃO

PASTORAL FAMILIAR

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