ENS - Carta Mensal 276 - Setembro 1991

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~ CARTA

;, MENSAL


Resumo Acolhida: Uma palavra da equipe da Carta Mensal sobre o Editorial .. ... . . . . . . . . . . . . . . . .. . . João Paulo li fala da mensagem evangél ica sobre o matrimônio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Dom Luciano Mendes de Almeida, a respeito da famnia

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PRIORIDADES Co-participação . Comunicação . . Pastoral Familiar

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Três textos sobre fidelidade, a partir da página Um outro aspecto das glórias de Maria Pe. Zezinho: Casal quase perfeito . . . Contribuiçôes recebidas de equipistas: O Casamento cristão O dono da obra A Bíblia . . A profecia . . .

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A vida do Movimento Um texto de Pedro e Nancy Moncau sobre o início das Equipes 28 no Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Bodas de Prata do Pe. José Carlos de Mambro . 32 Testemunhos : Sobre o Dever de Sentar-se . . . . . . . . . 34 Sobre as Equipes Jovens de Nossa Senhora 35 Atualidades: O aborto e o direito à vida . . . . . Uma tragédia sem choro nem vela . Notícias e informações . . . . . . Última página : O mistério das Mãos (D . Hélder) Sugestão para Meditação e Oração . . . . . .

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ACOLHIDA Caros Amigos, Na maioria dos países onde as equipes estão implantadas, a Carta Mensal local é publicada só 5 ou 6 vezes por ano. Aliás, por esta razão, chama-se geralmente apenas "Carta das ENS". Quando, por ocasião da peregrinação a Lourdes, em 1988, foi feita uma reunião de responsáveis de Cartas Mensais, os nossos colegas ficaram abismados ao saber que no Brasil publicamos 9 Cartas por ano. E tivemos de explicar a eles que devido ao tamanho de nosso país, esta comunicação .mais frequente era importante para mantermos este relacionamento bem próximo e bem carinhosos uns com os outros. Foi naquela mesma reunião que se decidiu descentralizar a redação das Cartas Mensais. Os equipistas mais antigos hão-de lembrar-se que, quando a Carta começou a ser editada entre nós, era praticamente uma tradução do original francês. Depois, com o tempo, passou a publicar notícias locais, um ou outro artigo próprio, até que se percebeu a necessidade da Carta ser um reflexo das realidades de cada país. Os últimos anos vêm sendo dedicados a esta "virada". E a reunião de Lourdes consagrou o fato. Com duas exceções, porém. Convencionou-se que, para manter a unidade do Movimento no mundo, o Editorial e a Carta da Equipe Responsável Internacional seriam os mesmos para todos. E assim tem sido. Entretanto, o Secretariado Internacional ainda funciona no ritmo dos paises europeus, que congregam a maioria das equipes. Em função do que, ocorrem dois fenômenos : a) só recebemos 5 Editoriais e Cartas da ERI por ano; b) as férias do hemisfério norte sendo em época diferente das nossas, eles nos chegam defasados. Assim, acontece que ficam nos faltando, todo ano, 4 dessas matérias e este vazio ocorre justamente no meio de nosso 'ano equipista'. Como este mês, por exemplo. Agora, os equipistas fiéis à "regra do jogo" vão perguntar: "Se a leitura mensal do Editorial é uma das regras que somos convidados a cumprir para o nosso aperfeiçoamento espiritual , como vamos fazer? " Tentando fazer "do limão, limonada ", nossa sugestão é a seguinte: nos meses em que não há Editorial , cada equipe poderia eleger um dos artigos da Carta para ser usado como tal e para eventualmente ser comentado na reunião seguinte. Este mês, por exemplo, há um artigo muito bom do Pe. Zezinho que pode ajudar a todos nós, na nossa caminhada de "casais quase perfeitos"... Com amizade, A equipe da Carta Mensal CM Setembro/91 - 1


PALAVRA DO PAPA

REPROPOR A MENSAGEM EVANGÉLICA SOBRE O MATRIMÔNIO Em janeiro de 1991 , ao receber em audiência os membros do Tribunal da Rota Romana , João Paulo 11 dirigiu-lhes um discurso, do qual reproduzimos aqui alguns trechos.

Entre os influxos que a cultura hodierna exerce sobre o matrimônio devem salientar-se alguns que haurem a sua inspiração da fé cristã. Por exemplo o retrocesso da poligamia e de outras formas de condicionamento, a que a mulher era submetida pelo homem, o afirmar-se da igualdade entre o homem e a mulher, a crescente orientação para uma visão personalística do matrimônio, entendido como unidade de vida e de amor, são valores que já fazem parte do patrimônio moral da humanidade. (...)A cultura conteporânea, contudo, apresenta aspectos que causam preocupaçôes. Nalguns casos são os mesmos valores positivos mencionados que, tendo perdido a vital união com a originária matriz cristã, acabam por mostrar-se elementos desarticulados e escassamente significativos, que já não é possível integrar no quadro orgânico de um matrimônio entendido retamente e vivido de maneira autêntica. Em particular, no mundo ocidental , opulento e consumista, esses aspectos positivos correm o risco de ser alterados por uma visão imanentista e hedonista, que diminui o verdadeiro sentido do amor esponsal. Pode ser instrutivo reler, no que se refere ao matrimônio, o que diz a Relação Final do Sínodo Extraordinário dos Bispos acerca das causas externas que obstaculizam a atuação do Concnio: "Nas naçôes ricas cresce cada vez mais uma ideologia, caracterizada pelo orgulho das suas possibilidades técnicas, e em certo imanentismo que leva a idolatria dos bens materiais (o assim chamado consumismo). Disto pode resultar quase uma certa cegueira à realidade e aos valores espirituais" (1 , 4) . As consequências são nefastas: "Este imanentismo é uma redução da visão integral do homem , conduzindo-o não a uma verdadeira libertação, mas a uma nova idolatria, à escravidão a ideologias, à vida em estruturas limitadas e muitas vezes opressivas deste mundo" (11 , A, 1). Desta mentalidade resulta com frequência o menosprezo da sacralidade do instituto matrimonial, para não dizer a rejeição da mesma instituição matrimonial , que abre o caminho ao alastrar-se do amor livre. Também onde é aceita, a instituição não raro é deformada quer nos seus elementos essenciais quer nas suas propriedades. Isto acontece, por

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exemplo, quando o amor conjugal é vivido em fechamento egoísta, como forma de evasão, que se justifica e exaure em si mesma. Igualmente a liberdade, embora necessária para aquele consenso em que está o fundamento do matrimônio, se for absolutizada leva à praga do divórcio. Esquece-se, então, que, perante as dificuldades da relação, é preciso não se deixar dominar pelo impulso do medo ou pelo peso do cansaço, mas saber encontrar nos recursos do amor a coragem da coerência com os compromissos assumidos. A renúncia às próprias responsabilidades, por outro lado, em vez de levar à realização pessoal , matura uma progressiva alienação da pessoa. Tende-se, de fato, a dar a culpa das dificuldades a mecanismos psicológicos, cujo funcionamento é entendido em sentido determinista, com a consequência de um apressado recurso às deduções das ciências psicológicas e psiquiátricas, para requerer a nulidade do matrimônio. (...) A Igreja ..., embora com devida atenção às culturas de cada povo e aos progressos da ciência, deverá sempre vigiar para que aos homens de hoje seja reproposta integralmente a mensagem evangélica sobre o matrimônio , como ele maturou na sua consciência através da reflexão secular, conduzida sob a guia do Espírito. O fruto desta reflexão está hoje exposto com particular riqueza no Concnio Vaticano li e no novo Código de Direito Canônico, que é um dos mais relevantes documentos de atuação. Com cuidado materno, a Igreja, atenta à Voz do Espírito e sensível as instâncias das culturas modernas, não se limita a reafirmar os elementos essenciais à salvaguarda, mas, fazendo uso dos meios postos à sua disposição pelos hodiernos progressos científicos, esforça-se por captar o que de válido foi emergindo no pensamento e no costume dos povos. É no sinal da continuidade com a tradição e da abertura às novas instâncias que se coloca a nova legislação matrimonial , fundada sobre os três eixos do consenso matrimonial , da habilidade das pessoas e da forma canónica. O novo Código recebeu as aquisições conciliares, particularmente as relativas à concepção personalística do matrimônio. A sua legislação toca elementos e protege valores, que a Igreja quer garantidos a nível universal , para além da variedade e mutabilidade das culturas, dentro das quais se move cada uma das Igrejas particulares. Ao repropor estes valores e os procedimentos necessários para a sua salvaguarda, o novo Código deixa, além disso, um notável espaço à responsabilidade das Conferências Episcopais ou dos Pastores das Igrejas particulares, para adaptações conformes com a diversidade das culturas e com a variedade das situações pastorais. Trata-se de aspectos que não se podem considerar marginais ou de escassa importância. Para isto é urgente proceder à predisposição das normas adequadas que, a este propósito, o novo Código requer.

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CAMINHANDO COM A IGREJA

FAMÍLIA EM FOCO Por que tanto ataque à famOia brasileira? Viajando pelas cidades do interior de Minas Gerais fico feliz vendo o povo simples. E a nossa maior riqueza : a bondade, a acolhida, os costumes, a dedicação ao trabalho, a religiosidade de nossa gente. Apesar da parcimônia de bens e da vida àrdua, permanece a união do casal , o cuidado pelas crianças, o respeito aos pais. É a beleza da famnia alicerçada no amor sincero e na fé em Deus. Esses valores preciosos, que outros países, aos poucos, perderam, estão sofrendo constantes ameaças e agressões no Brasil. Como se não bastasse a migração interna em busca de oportunidades de emprego e a atração das grandes cidades que dividem a famnia , tornou-se insistente o choque de mental idades criado pelos programas de televisão. As crianças padecem a violência das cenas que, desde cedo, confundem suas conciências, paralisam e até pervertem o esforço educativo da famnia e da escola. O que está hoje na alça de mira de muitos canais da TV é a própria dignidade do amor conjugal e da vida familiar. Insistem os produtores de TV em desrespeitar a honestidade do matrimônio e atentar contra a fidelidade do casal e os deveres para com os filhos. Todos percebem a brutalidade dos ataques à famnia, inseridos nos enredos de novelas e nas propagandas comerciais : ciúme, inveja, força do instinto, diálogos chulos e espetáculos chocantes. Não é admissível que se continuem apresentando cenas explícitas de sexo libertino, traição conjugal e crimes passionais. Aonde se quer chegar? Será que não se percebe o mal que tudo isso causa a nosso povo? Cabem aqui duas reflexões. A primeira refere-se aos diretores de canais televisivos. A concessão de uso pelo governo faz-se tendo em vista o bem comum. É dentro, portanto, desse princípio que os programas devem ser organizados. Trata-se de algo anterior à própria censura, que precisa nascer da conciência do dever de quem assume a responsabilidade de uso do canal. Os que adquirem televisões têm o direito de se beneficiar de programas condizentes com os valores e a dignidade da pessoa e da sociedade. A segunda reflexão é sobre a compreensão da vida moral e do uso da liberdade. O horizonte é a verdade. A mera afirmação da própria vontade, sem regra, nem rumo , leva à desordem e ao desrespeito do outro. Infelizmente, as filosofias que inspiram larga parte da humanidade são materialistas, desconhecem os valores espirituais e a relação fundamental

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da pessoa humana a Deus. Isso vale para o liberalismo individualista e o socialismo marxista. Nos dois sistemas dá-se prioridade à dimensão econômica. A pessoa vira objeto. Importa a produção e o consumismo. A liberdade fica a serviço dessas concepções, sem vínculo com a verdade, sem respeito ao próximo. Não há fundamento para o amor, a doação conjugal e familiar, a generosidade e o sacrifício. Nessa perspectiva de mero lucro, propõe-se ainda a legalização dos cassinos, sem considerar o grave dano moral para a famnia e o povo brasileiro. Aonde estamos? Neste mês, as comunidades cristãs se reúnem para louvar e agradecer a proteção da Mãe de Deus, que nos ensina a beleza do amor materno e conjugal. A ela pedimos que sustente contra tantos ataques os valores mais profundos da famnia brasileira. D.Luciano Mendes de Almeida Presidente da CNBB (Colaboração de: Stella e Celso Siqueira Eq. 04- São Paulo/A.)

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PRIORIDADES

A CO-PARTICIPAÇÃO NA REUNIÃO DE EQUIPE Do caderno n° 13 do Tema "Reunidos em Nome de Cristo", para Equipes Novas, extraímos os trechos seguintes sobre a co-participação.

Alguns fundamentos da co-participação

"Que todos sejam um, assim como tu, Pai, estás em mim e eu em ti" (Jo. 17,21 ). A Santíssima Trindade é o modelo em que devemos fixar a nossa atenção. Na vida trinitária tudo é comum: comun idade de pensamento, de desígnio, de interesse, de vontade, de ação, de felicidade. A unidade perfeita pela perfeita co-participação. É esse modelo que toda a comunidade cristã deve contemplar e esforçarse por imitar. O mais alto louvor que os homens podem oferecer à Santíssima Trindade é conformar-se à própria imagem da vida trinitária. Antes de ser palavras e depois gestos, a co-participação é uma atitude de alma, uma vontade de partilha, um desejo de não guardar para si o que se tem, uma humildade que faz desejar receber dos outros o que se não tem. Citaremos alguns textos bíblicos que podem aplicar-se à co-participação. Está subjacente a todos esses textos a idéia de que a aproximação entre os homens, e sobretudo entre os crentes, tem por causa e fim a aproximação de todos e de cada um com Deus. Sem esse fundamento teologal, a co-participação não tem o seu pleno sentido. - A amizade de Davi por Jônatas (1 Sm 18, 14) : "A alma de Jônatas apegou-se à alma de Davi e Jônatas começou a amá-lo como a si mesmo. Jônatas fez um pacto com Davi, porque o amava como a si mesmo: tirou o seu manto, deu-o a Davi, bem como a sua armadura, a sua espada, o seu arco e o seu cinto". - O mandamento do Senhor (Jo. 13, 34-35) : "Dou-vos um novo mandamento: amai-vos uns aos outros. Sim, como eu vos tenho amado, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros. Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos: por esse amor que tereis uns pelos outros".

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- Os primeiros cristãos (At. 4,32) : "A multidão dos fiéis tinha um só coração e uma só alma. Ninguém dizia seu o que lhe pertencia, mas tudo entre eles era comum". - Diversos conselhos das epístolas: "Pedimos também. Irmãos, repreendei os ociosos, animai os tímidos, sustentai os fracos, sede pacientes para com todos. Vêde que ninguém retribua a outrem mal por mal, mas praticai sempre o bem, quer entre vós, quer para com todos". (1 Ts 5, 14-15). "Amai-vos uns aos outros com amor terno e fraternal, cada um considerando os outros mais dignos ... Socorrei as necessidades dos santos. Exercei a hospitalidade. Alegrai-vos com os que se alegram, chorai com os que choram" (Rm 12, 10-15). "Levai os fardos uns dos outros e cumprireis assim a lei Cristo (GL 6,2).

Os diferentes tipos de co-participação Esta reflexão de um Casal de Ligação poderá ajudar-nos a descobrí-los: "Distinguirei, facilmente, três tipos de co-participação. 1. A co-participação difusa - que alguns chamarão naturalmente de 'pôr ao par' . É diferente de uma simples troca de notícias com os colegas do escritório, por exemplo. Necessita de todo o clima de disposições interiores (atenção aos outros, discrição, caridade, abertura, etc.) que cada um deve ter ao vir para a reunião. Esta co-participação difusa realiza-se em diferentes momentos da reunião (refeição, partilha, troca de pontos de vista sobre o tema ... ), sem que propriamente se possa parar em certa altura para dizer: 'estamos fazendo a co-participação da nossa reunião desta noite'. Ela não é previamente preparada, pelo menos como a partilha, a oração ou tema. Cada qual , evidentemente, participará com as notícias que lhe dizem respeito, e por isso terá pensado nelas. Trata-se, porém, de uma co-participação que pode surgir, e surge efetivamente, muitas vezes, de modo espontâneo a propósito de qualquer reflexão feita, de uma questão suscitada por algum casal , de um assunto de conversa em que a equipe se tenha detido. 2. A co-participação sobre um problema próprio de um membro da equipe De modo geral , embora não seja obrigatório, o casal interessado terá prevenido antecipadamente o responsável , que assim poderá regular o emprego do tempo, de molde a fixar o momento mais favorável para essa co-participação pedida por um dos casais. Havará, portanto, um momento privilegiado nessa reunião que se chamará "co-participação". E este terá sido preparado especialmente pelo casal interessado.

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A maior parte das vezes, tratar-se-á de uma questão muito pessoal desse casal, acerca da qual solicita a ajuda dos outros. Que tempo levará esta co-participação? Variará conforme as circunstâncias, mas se for necessário, poderá muito excepcionalmente absorver o tempo que estava previsto para outras partes da reunião, que nessa hipótese serão de uma reunião extra. 3. A co-participação sobre um assunto previamente preparado por todos. Assunto escolhido antecipadamente, durante uma reunião precedente, e que cada qual terá tido o cuidado de preparar, para permitir uma maior abertura e um melhor conhecimento mútuo, ou para ajudar a uma reflexão em comum sobre os nossos compromissos de cristãos. Eis alguns exemplos de assuntos tratados na nossa equipe. * Quais foram as características da educação que vocês receberam? Que lições tiraram dela para a educação de seus filhos? * Quais foram os acontecimentos (pequenos ou grandes) que marcaram mais a personalidade de vocês? Em que sentido a marcaram? * As suas relações com os não-cristãos que rodeiam a vocês (famnia, vizinho, bairro, trabalho), quais são? Esta co-participação é extremamente rica e permite, por vezes, verdadeiras descobertas, não só dos outros, mas de nós próprios ou do nosso cônjuge! Para não ficarmos contrafeitos por certa rigidez de horário, organizamo-la, geralmente durante reuniões informais. Haverá, pois, co-participação em cada reunião mensal? Não há forçosamente todos os meses um problema sobre o qual um casal deseja fazer uma co-participação. Alguns pretendem que, numa equipe de seis casais, deveria haver pelo menos seis reuniões com uma co-participação do segundo tipo, entendendo que cada casal deve ter pelo menos um problema por ano que lhe interesse especialmente e que merece a partilha. Quanto a nós, pensamos que é querer sistematizar demasiadamente as coisas, e que alguns estarão mais à vontade expondo o seu problema durante uma co-participação difusa, do que em uma co-participação antecipadamente anunciada e como tal batizada. Efetivamente, há muitos casais que ficam mais ou menos embaraçados logo que se anuncia : 'Atenção, agora vamos fazer a co-participação!'. Quererá dizer que se deva banir este termo? Não, mas também não se deve abusar dele, e pensamos que estas três formas de co-participação se completam muito bem e que se deve deixar à primeira o seu caráter de espontaneidade, de vida ... Mas, atenção, por cômoda e indispensável que seja a co-participação difusa e espontânea, não concluamos daí que se devam abandonar as outras formas. Uma analogia fará compreender o que queremos dizer: Quando se trata da oração, há muita gente que nos diz: 'Rezar? Ora essa! Toda a minha vida é uma oração, o meu trabalho é uma oração e o meu 8 - CM Setembro/91


descanso também. Para que, então, um tempo especial de oração?' Pois sim, a minha vida é uma oração ... mas na medida em que se apoiar num tempo especialmente reservado a uma oração conciente. Sucede o mesmo com nossas reuniões, mas com a condição de ter também esse tempo forte especialmente reservado e a que deliberadamente chamaremos co-participação." (Carta Mensal - março de 1962)

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PRIORIDADES

POR QUE A COMUNICAÇÃO? Publicamos a seguir duas contribuições de casais equipistas a respeito da prioridade "Comunicação".

Chacrinha costumava afirmar em seus programas. Quem não se comunica, se trumbica e ele estava cheio de razão. Comunicar-se é ato essencial e fundamental do ser humano, criado para relacionar-se com o outro, para viver em comunhão, para partilhar sua vida com os irmãos. A comunicação gera vida, faz crescer e realiza o homem ; a incomunicação gera morte, fracasso, aniquila e destrói o homem. Dizem que vivemos na era da comunicação. Sob o aspecto material, tecnológico e científico não temos dúvidas, pois são incontáveis os benefícios que a humanidade desfruta com o progresso atual. Mas, enquanto tantos desejos e necessidades humanas se realizam num apertar de botões, quanta distância ainda separa marido e mulher, pais e filhos, homems entre si, povos e nações ... Urge que façamos algo para reverter esse quadro. É necessário procurar compreender o verdadeiro conceito de comunicação - aquele que constrói pontes, que é caminho de duas mãos, que consiste em se dar ao outro, em sair do egoísmo e do orgulho, que cria diálogo, comunhão e participação. A comunicação exige aprendizagem, exercitação e aprimoramento contínuo, pois é um processo, uma busca constante e não deve ter fim . As ENS propõem uma profunda reflexão sobre o problema da comunicação atual para vencermos as barreiras da incomunicação, a maior causa dos divórcios, das infidelidades, dos desajustes e conflitos na famnia. Vamos assumir, prá valer, esta prioridade, para melhorar o nosso relacionamento conjugal e familiar, para formar casais cheios de entusiasmo e de vontade de servir, para formar equipes dinâmicas, fecundas, dispostas a lutar por uma nova realidade. Lélia e Rillo (Equipe 12) Londrina, PR

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O Movimento das Equipes de Nossa Senhora escolheu seis prioridades para atuar na Igreja e no Mundo. Estas prioridades são meios importantes para transmitir a realidade conjugal, familiar e também social. Dentre estas prioridades está a Comunicação. A Comunicação é um processso de abertura, de diálogo, de acolhimento fraterno, em que as pessoas se encontram sem medo, bloqueio ou domínio, mas num clima de confiança. Fazem parte da Comunicação: a Carta Mensal, os avisos, recados, orientações, pedidos e informações, ou seja, a comunicação escrita e a comunicação oral nos diferentes encontros. Somos chamados a colocar nosso carisma a favor do outro. Não basta prestar serviços à Igreja é preciso que sejamos Igreja. É necessário que vistamos a camisa do Movimento e vamos à luta. Vivemos em uma época em que a Igreja é dinâmica, então precisamos viver e passar para o outro. É preciso que nossa comunicação seja corpo a corpo, como Jesus fez. Cristo é o modelo de comunicação, Ele comunica amor, verdade, paz, justiça, fraternidade, perdão e dá a própria vida. Essa comunicação tem que estar presente em comunhão com os outros; comunico e recebo idéias, uma comunicação circular. Fui levar, fui buscar, fui partilhar. Uma comunicação direta - eu levo e ao mesmo tempo eu recebo. É um abastecer-se e partilhar. Os apóstolos também fizeram este tipo de comunicação, fizeram-se presentes. Uma comunicação corpo a corpo. A comunicação é dar a vida para criar vida. Maria de Lurdes e Tufy Equipe 08 Araraquara, SP

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PRIORIDADES

111 ENCONTRO NACIONAL DE COORDENAÇÃO DE PASTORAL FAMILIAR O Senhor faz maravilhas! Queremos partilhar nossa alegria e entusiasmo com nossos irmãos equipistas, por ter sentido a presença do Espírito Santo nos dias em que estivemos reunidos no Recife, de 26 a 28 de Julho, refletindo sobre a Pastoral Familiar. O Encontro decorreu em um clima extremamente agradável, não somente por estarem todos os participantes imbuídos do mesmo ideal pela famnia, mas sobretudo pela contagiante hospitalidade nordestina e, em especial , dos recifenses. Não pretendemos aqui fazer uma retrospectiva das diversas palestras e painéis ali realizados, mas comentar pontos e acontecimentos realmente marcantes, sobretudo para esta nossa importante prioridade, que é a Pastoral Familiar. Neste Encontro, que contou com a participação direta de seis Bispos, trinta e um padres e religiosas, aproximadamente cem casais e trinta leigos desacompanhados, representando todo o Brasil , tivemos a oportunidade de ouvir as primeiras orientações de Dom Aluisio Nunes Penna, bispo recém eleito na última assembléia da CNBB para dirigir e acompanhar a linha da Famnia, substituindo a Dom Marcelo Carvalheira, que foi nosso grande incentivador nesta Pastoral até o início deste ano. Dom Aluisio, por diversas vezes, se externou de maneira categórica com relação ao seu carinho e confiança nesta que é uma das mais prementes e necessárias Pastorais da nossa Igreja. Além de deixar claro aos presentes que dará todo o apoio para que esta Pastoral possa ser levada adiante, também não deixou dúvidas de que conta sobretudo com a participação e a ação dos leigos, aos quais cabe uma grande responsabilidade em virtude não somente de seu batismo, mas pela sua vocação natural de casais abençoados com a graça do Sacramento do Matrimônio. Deixounos também explícita a preocupação que hoje reina dentro da própria CNBB para com a famnia, o que aumenta a nossa esperança de que mais se poderá vir a fazer pela mesma. Queremos deixar registrado igualmente duas colocações feitas por outro Bispo que de longa data vem demonstrando todo seu carinho e atenção para com a Pastoral Familiar, Dom João Bosco Oliver de Faria. A primeira diz respeito ao momento presente; lembrou-nos ele que nunca a Igreja esteve tão receptiva e aberta a esta pastoral como agora. Portanto, alertou-nos, devemos nos empenhar ao máximo para que a Pastoral Familiar venha a "levantar vôo" agora, sob o risco de se perder uma das

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melhores oportunidades já surgidas. Uma segunda colocação que nos deixou bastante satisfeitos, diz respeito especificamente às ENS, quando ele fez menção explícita, em uma das reuniões da Comissão Nacional da Pastoral Familiar, de como as Equipes de Nossa Senhora estão se abrindo para a realidade do mundo, deixando de ser um movimento voltado para dentro de si próprio. Isto deve levar a todos nós, equipistas, a uma atitude de maior responsabilidade, e consequentemente um forte apelo para que abracemos sem mais demora este desafio, seja a nível de nossa paróquia, nossa diocese ou mesmo região, onde quer que estejam necessitando de nosso esforço e nossa ajuda. Um dos pontos altos deste Encontro foi sem dúvida alguma a mesa redonda, cujo tema era a integração da Pastoral Familiar com as pastorais da Criança, dos Idosos (lembram-se das colocações do Con. Caffarel em Chantilly, com relação ao quinto ponto do que não podia ter sido visto do carisma fundador?*), CEBs, assim como a Pastoral Familiar nos Âmbitos Populares. Verifica-se que aí está um campo fertilíssimo para ser abraçado por aqueles casais que estão à procura de uma atividade específica dentro do amplo campo da Pastoral Familiar. Um último fato a relatar pelo momento, diz respeito à eleição da Comissão Nacional de Pastoral Familiar em caráter permanente. Por sugestão de Dom Pedro Antônio Fedalto, Bispo representante do Regional Sul -11 , outro incansável batalhador de longa data pela causa da famnia , foi dado um voto de confiança para a atual Comissão Provisória, para que permanecesse por mais um período. Tal sugestão foi feita tendo em conta o fato de Dom Aluisio estar assumindo suas novas funções junto à CNBB neste momento e, portanto, não seria interessante que começasse com uma equipe totalmente nova. A boa novidade é que a Comissão foi enriquecida com a participação, a partir de agora, de um casal da Região Leste, a qual não tinha ainda nenhum elemento presente. Finalizando, queremos novamente repetir a nossa proposta feita na Carta Mensal de Agosto, de que tenhamos pelo menos um casal em cada uma das nossas regiões, ligado ao Casal Regional , com o qual nos relacionaríamos mais frequentemente , procurando melhorar nossas comunicações no sentido de divulgar amplamente as atividades de Pastoral Familiar desenvolvidas pelos nossos irmãos equipistas por todo este imenso Brasil. Em suas palavras de encerramento deste Encontro, Dom João Bosco profetizava de que nenhum Plano Econômico poderá resolver a situação do nosso país, se não passar pela transformação da famnia. Maria Regina e Carlos Eduardo * Conferência do Pe. Caffarel, em 3/5/87, na reunião dos Responsáveis Regionais da Europa, em Chantilly.

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REFLEXÃO

OBEDIENTE ATÉ A MORTE A piedade popular tende a considerar a morte de Jesus como um castigo infligido pelo Pai a seu Filho para salvar a humanidade. Muitos vêem Jesus como um bode expiatório cuja missão seria carregar todos os pecados da humanidade. Este modo de considerar a morte do Mestre acaba deturpando a figura de Deus. Que Deus é esse que se alegra com a morte de seu filho? Como é possível que tenha exigido o sangue do próprio filho como preço da salvação da humanidade? Como combinar tudo isto com a afirmação de que "Deus é amor'' (cf. 1 Jo 4,16)? Esta visão distorcida da morte de Jesus gerou o ateísmo: "Um ser tão violento não pode ser Deus! "; o medo: "Se Deus fez isto com seu filho Jesus, o que não fará comigo! "; a acomodação: "Não tenho condições de fazer algo que possa agradar a um Deus tão exigente! "; a violência: "Se Deus matou seu próprio filho em benefício da humanidade, por que também não posso matar quando se trata de conseguir algo de bom?"; o afastamento de Deus: "De um Deus assim é melhor manter distância! ". Como falar do Deus de Jesus diante de tantos preconceitos? A comun idade cristã primitiva leu a morte de Jesus à luz dos poemas do servo.sofredor, escritos pelo Isaías Júnior, durante o cativeiro da Babilônia (século 6 a.C) . O terceiro poema fala-nos do servo professando sua confiança em Javé, de quem recebe forças para enfrentar seus inimigos. Ele vénce os violentos não com violência, mas com uma atitude profética de resistência ativa que não apela para às armas nem para a força (ls. 50,6). Sua confiança é posta em Javé, Por isso não tem por que envergonhar-se, mesmo que o mal pareça vencer (ls. 50,7) . O servo vê diante de si dois caminhos: o da violência, no qual o irmão submete o próximo aos caprichos de suas paixões, e o da solidariedade, no qual o irmão recusa-se a oprimir o outro, vivendo em comunhão até as últimas consequências. Este esquema ajuda-nos a ler também o hino da Carta aos Filipenses. Jesus, que vivia a comunhão solidária com o Pai, manifesta sua solidariedade com a humanidade, assumindo radicalmente a condição humana para restabelecer a ligação entre Deus e os homens. Todavia, ao entrar na História, mesmo sendo todo amor, Jesus se defronta com a violência que o leva à morte de cruz. A exemplo do servo, Jesus não responde violência com violência. O amor que o Pai colocou no coração do Filho não é corrompido pela violência da história humana. Por causa deste gesto, o

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pai eleva soberanamente o Filho e lhe dá um lugar de destaque no conjunto da criação (FI 2,9,11). A paixão e morte de Jesus devem ser lidas na perspectiva da obediência fiel à vontade do Pai. Elas são a prova suprema disso. Ao longo de toda sua vida, Jesus fora provado (tentado) . Satanás, no deserto, pretendeu fazê-lo assumir um messianismo triunfante, glorioso, facilitado (Mt 4,1, 11); a multidão, atônita diante do milagre da multiplicação dos pães, quer fazê-lo rei , na linha de um messianismo político (Jo 6, 15) ; os fariseus querem reduzí-lo a um milagreiro vulgar (Mt 12,38); o próprio Pedro tentou Jesus ao querer persuadí-lo a tirar a cruz do horizonte de sua vida (Me 8,32-33) . Jesus superou todas estas provas e assim se preparou para o momento decisivo. A maneira como Jesus se relacionava com as pessoas e com o próprio Deus deixava muita gente incomodada. Ele era ousado demais. Seu modo de ser não combinava com a imagem de Deus que estava na cabeça de certas pessoas. Jesus viu-se, então, no meio de dois fogos cruzados; por um lado, sentia-se apelado a mostrar a face amorosa de Deus, curando doenças, perdoando pecados, relativizando o sábado em função das carências humanas, valorizando os marginalizados de seu tempo, etc. Por outro lado, forçavam -no a submeter-se servilmente à lei, adaptar-se aos preconceitos sociais, reforçar as estruturas de dominação, aderir às ideologias políticas em voga etc. A fidelidade exigiu que ele fizesse frente aos apelos contrários ao projeto de Deus, até com a própria vida. Acreditando neste projeto, Jesus provou que Deus era, de fato, o senhor de sua vida. Ou seja, nele o Reino irrompeu plenamente na história humana, de modo que os homens, agora, têm uma tábua de salvação. Assim , a morte de Jesus não corresponde a uma postura sanguinária do Pai. Ao contrário, ela é a manifestação cabal de que o eixo da vida de Jesus era a vontade do Pai. Nada, nem a morte violenta, desviou-o deste caminho. Sua oração, no auge da confusão existencial, consiste numa entrega de si mesmo ao querer do Pai. Entendendo assim a morte de Jesus, poderemos compreender a morte de tantos cristãos que, como Jesus, também são assassinados por causa de sua fidelidade ao Reino de Deus. (Contribuição da Equipe 11 -B de São Paulo)

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FIDELIDADE A fidelidade, em que pese ser um conceito abstrato, está muito vinculada ao concreto de nossas vidas. Assim como a verdade, a fidelidade depende intrinsecamente do relacionamento do indivíduo consigo mesmo, com a sua religião e com o ambiente em que vive. Todos nós, ao longo de nossas vidas. somos levados a criar, recriar e desfazer conceitos com os quais adotamos posições e que nos levam a constantes ações no nosso dia a dia. Para que haja uma coerência nos nossos procedimentos, necessário se faz que sejamos fiéis aos nossos princípios, caso contrário seremos traídos por nós mesmos. No relacionamento com a religião, a fidelidade está alicerçada num pressuposto de fé, e como tal ela tem que ser constantemente trabalhada para que possamos evoluir naquilo em que acreditamos. É neste aspecto que fidelidade caminha mais perto de verdade , pois a fé e a crença só existem se julgamos que o ser superior é aquele que é efetivamente o verdadeiro, ou seja de onde emana o princípio e o fim de todas as coisas, por isso se diz que a verdade está em Deus. No relacionamento interpessoal , a fidelidade está ligada basicamente ao amor, isto porque para que possamos ser fiéis, é necessário que nos doemos integralmente ao outro, aceitando suas falhas e defeitos, e usufruindo de tudo aquilo que possamos receber do outro. Especificamente no plano conjugal , a fidelidade existirá enquanto formos capazes de superar todas as dificuldades por que passamos em função dos momentos de nossa vida ou da vida do nosso cônjuge. E, se existe um verdadeiro amor, as dificuldades de cada um são também as dificuldades do outro; isto vale em todos os planos : econômico, social e até sexual . Para tanto, é preciso que, por um lado haja o diálogo franco e honesto, e por outro, busquemos ter a vontade de desenvolver a capacidade de detectar as dificuldades do outro. mesmo antes que estas nos venham a ser reveladas, estando sempre prontos a compreender e ajudar, ao invés de tomarmos uma atitude de confrontação. Somente visto sob este prisma é que podemos entender a continência sexual, ou a sublimação do Sacramento do Matrimônio, quando ocorrer uma queda no apetite sexual de um ou de outro (por motivos os mais diversos) , ou quando ambos, por uma decisão comum resolvam fazer um voto de castidade. Licia e Artur Equipe 28 Brasnia

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CARTA A MAGGIE Desconhecida Maggie, Desde que me contaram a sua história, pensei muito em você. Por um acaso, você tropeçou com um livro religioso que transformou os seus sentimentos. Já não teve paz enquanto não lhe explicaram exaustivamente tudo o que dizia respeito à religião católica, que a sua inteligência começou a buscar com a curiosidade esmagadora de um ciclone. Depois de vários meses de estudos e conversas, você decidiu converter-se à fé que, com razão, considerou verdadeira. Você só tinha uma dúvida : serei capaz de viver verdades tão belas? Não lhe bastava acreditar. Resolveu vir a Colômbia, onde a maioria é católica. Seis meses aqui, em convívio conosco, mostrar-lhe-iam o modo de viver de acordo com a sua fé incipiente. Quando aprender, pedirei o batismo, pensou. Morou em casas de famOia, em diversas cidades. Estava cheia de esperança, mas depois surpreendeu-se e mais tarde ficou desconcertada. Por fim , desiludiu-se. Se Jesus ensina o amor, por que tanta indiferença? Se ficou no Sacrário, como é que o deixam só? Se nos oferece o perdão, por que tanto medo e tão pouco interesse na prática da Confissão? Se Deus é o dispensador de todos os bens, como não lhe dão graças ao almoçar ou jantar? Se o catolicismo é a única religião que nos oferece uma Mãe, por que são tão poucos os que a recordam? Se dizem que a oração é a força do cristão, por que rezam sem devoção? E, quanto ao sacrifício, que me ensinaram a estimar, por que fogem tanto da dor, se é a forma de nos unirmos à Cruz de Cristo? Não conheço as suas palavras exatas, mas o resultado foi triste, lamentável : "Não me batizarei! " Não sei que dizer-lhe agora. Alguns acham que você exagerou. Que a sua ânsia perfeccionista de viver as coisas à risca a impediu de ver, não uma falha da religião em si, mas a incoerência das pessoas que você conheceu. Podia ter-lhes falado, tê-las sacudido, lançar-lhes em rosto, com afeto, o que estavam perdendo e você procurava. Mas você foi-se embora. Talvez essas pessoas tivessem alguma razão para o seu comportamento, mas você também tinha a sua: não foi fácil a sua experiência. Gostaria de ter tido a sorte de conhecê-la, de pedir-lhe perdão e animá-la a tornar a começar. O que lhe ensinaram no seu país não era mentira. É possível que, com um pouco de paciência e uma orientação mais acertada, você tivesse encontrado famOias em que palpitava uma fé operante e viva que teria realizado todas as suas esperanças. Peço a Deus que recompense a sua boa vontade e a retidão dos seus desejos.

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Não posso deixar de lhe dizer que quem afasta Deus do seu coração e foge da questão religiosa faz ouvidos surdos a um ditame da sua consciência e não está isento de culpa. Mas também devo reconhecer que quem se afasta da fé católica não o faz somente por razões interiores, pois está presente também uma reação crítica para a qual , no dizer do Concnio Vaticano 11 , "podem contribuir em parte não pequena os próprios crentes, na medida em que, pelo descuido na educação religiosa , pela exposição inadequada da doutrina ou mesmo pelos defeitos da sua vida rel igiosa, moral, social, velaram mais do que revelaram o genuíno rosto de Deus e da religião". É por isso que lhe peço perdão: também eu me sinto culpado. Não em relação a você, concretamente, mas em relação a outros que me são mais próximos. Peça a Deus - no fundo do coração, você já o encontrou - por todos os que temos que dar testemunho da fé, para que não deformemos o rosto de Cristo. Conte com o meu afeto e com as minhas orações. Deus a abençoe. Javier Abad Gomez (Em"Fidel idade à Fé")

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GLÓRIAS DE MARIA (Segundo Santo Afonso Maria de Ligório) Amor Ao Próximo Amor ao próximo é o sinal e termômetro de nosso amor a Deus. São To más de Aquino citou João o Evangelista: "Aquele que ama a Deus, ame também o seu irmão" (I Jo 4/21) . A razão é que aquele que ama a Deus ama todos que Deus ama. Cristo falou para Santa Catarina de Genova, afirmando que "Todos aqueles que me amam, amam o que eu amo." Pelo fato, então, que Maria amou a Deus mais do que qualquer outra criatura, é fácil entender como Maria amou seus irmãos mais do que qualquer outra! Durante sua vida temos muitos exemplos da caridade e zelo que ela praticou. Maria foi às pressas para atender Isabel. Sem alguém pedir, no caso da falta de vinho no casamento de Canã, ela se meteu, tirando os noivos de um vexame e constrangimento. Santo Boaventura afirma que o amor que Maria tem para conosco não é menos porque ela já está no céu, pelo contrário, tem aumentado, pois agora ela enxerga ainda melhor as nossas misérias. Diversos santos notaram que a misericórdia e compaixão de Maria para com os pecadores é tão grande, que não existe nenhum caso em que ela recusou um miserável. Quem rezou a Maria, foi atendido. Lascados seríamos se Maria não intercedesse por nós! É um bom negócio, um investimento, praticar atos de misericórdias em prol de nosso próximo. Quem dá algo aos pobres, empresta a Deus. Quem ajuda aos pobres receberá paraíso. Maria rejeitará um filho que foi generoso com seu irmão? Ignorará o pedido de alguém que se empenhou em auxiliar o seu próximo? A vida de hoje apresenta novos desafios para o cristão autêntico. Não é mais suficiente dar apenas um peixe, nem somente ensinar a pescar. Às vezes, precisamos lutar para abrir caminhos para o lago que foi fechado. Ou recuperar as águas poluídas que mataram os peixes. Há muitas maneiras de amar o próximo. Não há caridade e amor ao próximo sem justiça, solidariedade e fraternidade. Como rezou Santo Afonso: ó mãe de Misericórdia, cheia de caridade para com todos, não esqueça das minhas misérias. Recomenda-me a Deus que não nega nada a Ti. Obtenha para mim a graça de imitar seu exemplo de caridade, tanto para Deus como também com meu próximo. Amém. Pe. Luis Kirchner, CSSR Setor de Manaus.

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CASAL QUASE PERFEITO O casamento quase perfeito é a união de duas liberdades. Ele é livre. Ela é livre. Mas o amor é tão forte que os dois consideram a sua união um bem maior do que a sua liberdade. E renunciam a tudo para ter filhos e vê-los crescer com amor. Não existe casamento perfeito. O máximo que um casal consegue é um casamento quase perfeito. Um casal chega a isso quando praticamente tudo entre os dois é harmonioso. Um sabe o que machuca o outro e por isso evita palavras, gestos ou atitudes que ferem. Um sabe o que faz feliz o outro e busca exatamente aquilo para o cônjuge. Os dois se esforçam para errar o menos possível. Mas, quando o erro acontece, por menor que seja, quem o cometeu sabe pedir perdão e quem é a vítima sabe perdoar. Tudo leva ao diálogo. Tanto o marido como a mulher são gentis e bem educados um com o outro, não importa se estão perto ou longe dos outros. Não há artificialismo, não há fingimento, não há faz-de-conta. Seu amor é tão claro que tudo o que ajuda o amor a crescer torna-se lógico e natural. O casal quase perfeito tem pecados e imperfeições, mas as qualidades são sempre mais visíveis. Feitas as contas, os dois têm mais qualidades que defeitos, mais virtudes que vícios, mais acertos que erros. Não precisam suportar-se, porque se amam e sentem prazer de estar juntos. Os problemas normais da vida em comum parecem o preço justo que pagam para ter tamanho amor. E a vida se torna um bem curto e passageiro quando as pessoas se amam como eles. Aproveitam tudo e aprendem com tudo. Até com suas pequenas brigas de reajuste. Exercício imenso de humildade, o casamento feliz consiste em dizer: "Não posso e não quero viver sem você. Poderia e conseguiria, se quisesse, mas seria tolice desperdiçar o que você me dá. Nada vale mais do que o nosso amor. Eu não quero ser livre. Quero você por perto". Excluídos alguns direitos, também são assim as amizades perfeitas. Só que o casamento é mais perfeito. É doação maior e vai mais fundo. Mas é antes de tudo uma amizade, que de tão boa desembocou na decisão do casamento. E ai dos casados que não são, antes de tudo, amigos e conselheiros um do outro. A sociedade atual supervalorizou os direitos da pessoa, em detrimento dos direitos da famn ia. Por isso os casamentos andam tão imperfeitos. Tirar o máximo de prazer do outro e dar o mínimo necessário é um mau negócio. Está longe de ser uma decisão inteligente. E é exatamente o que muitos homens e mulheres fazem. Não servem um ao outro e os dois aos filhos : servem-se um do outro. O divórcio moderno é uma instituição muito velha, tão antiga quanto o casamento infeliz. E tem muito a ver com a insatisfação dos cônjuges. Não tem a ver com o amor, mas com o desamor.

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Casar é algo divino, mas corre o risco de ser passageiro demais. Se faltar Deus, falta tudo ... Só tem chance o casal que fundou sua casa sobre a rocha. Nem vento, nem chuva, nem contratempo algum a derrubou porque os construtores queriam que durasse. E souberam construí-la. É desses casamentos que um povo precisa. O casal imperfeito demais não resiste. O perfeito demais é uma farsa. Só o quase perfeito tem chance. É realista e sadio. Continua a trabalhar no casamento como se fosse a obra-prima de suas vidas, que só estará concluída quando um dos dois partir para a eternidade. O casamento quase perfeito é quase eterno. Só não o é porque a morte existe. Essa é a doutrina dos católicos romanos. Pe. Zezinho SCJ

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O CASAMENTO CRISTÃO Parece-nos uma temeridade escrevermos sobre o Casamento, ou Matrimônio. O que se lê e se ouve por aí? Que se vê na televisão? "Casamento já era". "Casamento é uma instituição falida". "Mulher ou homem são como camisas: usam-se, trocam-se, de acordo com a necessidade". "Nada de estável , rotatividade absoluta". "Casamentos de experiência, ou experiências sexuais pré-matrimoniais". "Tem-se apenas uma vida e é preciso gozá-la ao máximo". Nas Sagradas Escrituras, há uma frase que bem caracteriza essa mentalidade: "0 homem animal não percebe (não aceita) o que vem do Espírito de Deus". (I Cor 2, 14) E nós, os Equipistas de Nossa Senhora, não damos acolhida a essas máximas do mundo? Será que nós, também, não somos levados de roldão no redemoinho de todas essas idéias divorcistas, hedonistas, materialistas, que corroem o matrimônio, divinamente institu ído por Deus e elevado por Jesus Cristo à categoria de Sacramento? É bom pararmos um instante para refletir. Que é o Casamento no plano divino? Recorramos às Sagradas Escrituras, onde ressoa a Palavra de Deus viva e vivificante. Lá no Gênesis, encontramos o Senhor dirigindo-se diretamente ao homem , que criara - Homem e Mulher - abençoando-os e dando-lhes, num imperativo, a sua finalidade : "Sede fecundos, multiplicai-vos, encheia terra e submetei-a ... " (Gn 1,28) No segundo, quando se narra a criação da Mulher, há a poética explicação: "Por isso um homem deixa seu pai e sua mãe, se une à sua mulher, e eles se tornam uma só carne". (Gn 2,24) Uma só coisa. Unidade e vitaliciedade do vínculo. Aí está o Casamento criado por Deus. Seres dotados de inteligência e vontade livre, de sexos complementares, dispostos a darem continuidade à obra criadora do Pai, num casamento uno e indissolúvel. E Jesus Cristo, que viera para cumprir a Lei e os Profetas (Mt 5, 17-19), quando se lhe perguntou a respeito do divórcio, não titubeou : "Portanto, o que Deus uniu o homem não deve separar" (Mt 19,6) . Logo, o Matrimônio cristão, digno desse nome, não é uma instituição falida. Afirmam-nos isto as frequentes e consoladoras comemorações de Bodas de Prata e de Ouro em nossas igrejas. São casais que tiveram e têm suas lutas, as suas vitórias e até derrotas, mas permanecem unidos, vivificados pela palavra empenhada junto ao altar e à frente da comunidade. Embora não seja uma instituição falida, o Matrimônio encontra-se rodeado, assediado, assaltado por inimigos ferozes, porém matreiros, sofisticados, lobos vorazes com peles de inofensivos cordeirinhos. Eles já têm minado os flancos do casamento cristão e pretendem chegar ao alicerce. A

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irresponsabilidade subliminarmente difundida pelos meios de comunicação é o sintoma preocupante ... Haveria um meio para resgatarmos o valor primordial do Matrimônio? Acreditamos que sim. Embora os jovens despreparados e os adultos (adúlteros?) corrompidos possam abanar a cabeça (ou as orelhas) e rir-se de nossa ingenuidade e inexperiência (temos, apenas, vinte e nove anos de casados) , julgamos que o grande problema é a ausência de uma séria preparação para o casamento, a qual se resumiria na Educação para o Amor. Esta Educação, conforme a Pastoral Familiar da CNBB, de 1990, que todos os católicos deveriam ler, traz consigo algumas exigências fundamentais, como um processo educativo e uma visão adequada da sexualidade. Que a noção e a prática do Amor estejam desvirtuadas e que a sexualidade se reduziu , única e exclusivamente, ao ato sexual , não precisamos de muitas pesquisas de opinião. Portanto, é necessário um processo longo e doloroso de volta à purificação do Amor e à nobilitação da Sexualidade. Assim, o Casamento adquire os elementos de um projeto, que se estende por três etapas distintas, mas intimamente connexas: o namoro, o noivado e o matrimônio. Como todo projeto, o Casamento apresenta um objetivo. É o objetivo (objeto) que determina os meios para alcançá-lo, bem como a estrutura e a vida do grupo social. O objetivo do ~atrimônio , conforme a doutrina da Igreja, é a condígna procriação e educação dos filhos, um remédio ou meio honesto à satisfação do instinto sexual e um relacionamento profundo entre o homem e a mulher, onde entram aspectos psicológicos, afetivos e sócio-culturais. Ora, a primeira parte deste objetivo determina que a sociedade conjugal seja estável, que o namoro e o noivado sejam honestos, que não se inverta a ordem dos fatos, isto é, que não se pratiquem durante o namoro e o noivado aquelas ações próprias do casamento. É uma questão de lógica, embora se diga que o amor ou paixão não tenham muita lógica. Se durante o namoro e o noivado, os dois já praticaram tudo o que deveriam ter deixado para lua-de-mel e para o aconchego da primeira casa, qual o maravilhoso mistério da noite de núpcias e a sagrada revelação de um para o outro na pureza e honestidade de um amor consagrado? É poesia? É idealismo? Não! É como deveria, ou deverá ser um verdadeiro Casamento Cristão. Há, sem dúvida, a necessidade de Educação para o Amor. Se não fomos educados, devemos reeducar-nos e colaborar com nossos filhos para esta urgente Educação, com vistas ao Sacramento do Matrimônio - uno e estável. Nilza e Maurício Equipe 11-B São Paulo

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O DONO DA OBRA A sociedade moderna parece imobilizada pela perplexidade. Estamos todos assustados e hesitantes. Os meios de comun icação nos agridem em todos os horários. Narrando com minúcias ocorrências diárias que desabonam o estágio de civilização da criatura humana. Ouvimos e comentamos em todas as reuniões familiares e sociais e respeito de sequestras, assaltos, fraudes, separações conjugais, dos filhos de· nossos amigos viciados em tóxicos, e outras mazelas. Recentemente, chegamos ao extramo do absurdo, de se tentar "vender" pela televisão a façanha da conquista da mulher do próximo, na própria noite de núpcias. Em todas essas atitudes constata-se um perigoso agravante: seus protagonistas são quase sempre pessoas cultural e economicamente bem dotadas. Agora não são unicamente os "descamisados" que as praticam ; são juízes, médicos, políticos, governantes, presidentes de instituições, advogados e adeptos outros, da "lei da vantagem". Para maior desânimo nosso, áreas outrora imunes a essas torpezas, como a do atletismo e a dos esportes em geral , estão padecendo de perversa contaminação. Os defensores do "corpo são e da mente sã", começam a fraquejar atingidos pelo comércio das drogas. Alguns atletas famosos, que tanto aplaudimos, são flagrados como usuários ou traficantes de tóxicos. Pernambuco obtém seu primeiro título mundial : maior plantador de maconha. Não há qualquer exagero no que estamos afirman do. não comentamos outros assuntos, em nossa enferma sociedade. As frases mais repetidas em todos os ambientes são: a humanidade está perdida; não tem quem dê jeito ao Brasil. Entendemos as razões de alguns em desanimarem, contudo, os cristãos não devem perder a esperança. Sabem que não faltam motivos para serem felizes no mundo criado por Deus. O projeto de Deus é tão simples que não vemos motivo para desacreditar nele: "a criação de uma nação dos filhos de Deus". Nós somos administradores e executores dessa obra, que tem como lei maior - o AMOR . Não podemos esquecer, porém, a presença de Deus na execução de seu projeto, em que estamos tão profundamente envolvidos pelo nosso trabalho. Deus não abandonou este mundo, como parece a alguns. Pelo contrário, ainda está operando nele. As nossas falhas e as indignidades de nossos irmãos não podem ser confundidas com a obra divina. Não podemos crer no criador a ao mesmo tempo desacreditar de sua obra. Com efeito, provaremos nossa fidelidade a Deus por nossa fidelidade a este mundo. Como costumamos proceder em sociedade? Confiamos e compramos um apartamento, quando acreditamos no projeto, no engenheiro e

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na empresa construtora; colocamos o filho no colégio, quando acreditamos na equipe de professores; acreditamos num projeto de governo, quando cremos no presidente e nos homens escolhidos para integrarem o ministério. Por razões também humanas - a mensagem bíblica afirma que o homem é um administrador de Deus - não há porque desacreditar no êxito da construção do reino do amor. Fazemos parte desse mutirão; Deus é o autor do projeto e nós os executores. Pouco altera se hoje não atuamos bem, porque o sucesso final é inevitável. Provaremos nossa fidelidade a Deus - o dono da obra - por nossa fidelidade as realidades terrenas. Salete e Wanderley Equipe 2 - Recife, PE

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A BÍBLIA O nome Bíblia vem do grego biblion , que significa livro. É na verdade uma coleção de livros escritos sob inspiração divina e aceitos pela nossa Igreja como palavra de Deus. Assim sendo a Bíblia não pode conter erros : porque Deus é perfeição. Deus não erra. A Bíblia compõe-se de 72 livros: 45 do Antigo Testamento e 27 do Novo Testamento. Este número é discutido pelos exegetas, especialistas em exegese bíblica que é o estudo da Bíblia sob o ponto de vista de interpretação e autencidade do texto. O número de livros pode variar para mais ou para menos. A palavra testamento, de origem grega, é tradução do termo hebráico "berith" que significa "Aliança" ou seja o pacto de Deus com o homem. O Antigo Testamento foi primeiramente escrito em hebráico e posteriormente em grego; além disso, foi escrito antes da era cristã, ou seja, antes dos Evangelhos. No Antigo Testamento, está a história do povo hebreu, seus costumes e tradições. A doutrina é o Judaísmo. O Novo Testamento compreende os quatro Evangelhos, os Atos dos Apóstolos, As Epístolas e o Apocalipse, segundo João. Cristo, cuja doutrina está contida no Novo Testamento, pregava em aramáico, lingua em que certamente pregavam inicialmente os apóstolos e discípulos. Sua mensagem porém foi escrita em grego, com exceção do Evangelho de Mateus, que a escreveu em hebráico. A palavra Evangelho vem do grego e significa a Boa Nova. A Boa Nova chegou até nós pelos quatro evangelistas: Mateus, cobrador de impostos, que foi escolhido por Jesus para ser um dos doze; Marcos que recebeu a catequese de Paulo e Pedro. Lucas, o médico amado, companheiro de Paulo, convertido do judaísmo ao cristianismo; João, o discípulo a quem Jesus amava. Estes quatro evangelistas, iluminados pelo Espírito Santo, tiveram a capacidade de, em poucos capítulos, retratar com fidelidade o Cristo e a sua doutrina. Cristo caminhou a pé, percorreu alguns quilômetros, viveu pouco, porém marcou profundamente a humanidade e a história. Falamos sempre que os fatos aconteceram antes de Cristo (A. C.) ou depois de Cristo (D. C.) Cristo é um marco. Os Evangelhos tão humildes em tamanho, tão grandes em sabedoria atravessaram os séculos e a "Palavra de Cristo" chegou a nós, tão atualizada, como se tivesse sido anunciada ontem ou hoje.

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Isso só pode ser um milagre e só com sabedoria divina os Evangelistas teriam conseguido isso. Por isso irmãos, nós equipistas cristãos, vamos ler, meditar e viver intensamente a "Palavra de "Cristo" Não apenas no mês da Bíblia, mas hoje e sempre. "EU SOU O CAMINHO A VERDADE E A VIDA" (Jo. 14, 6) É o Cristo que nos oferece a salvação. Cleide e Hilton Canova Equipe nº 02, Baurú, SP

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VIDA DO MOVIMENTO

O INÍCIO DAS EQUIPES NO BRASIL Da C.M. de Maio de 1975, edição comemorativa dos 25 anos das ENS no Brasil, transcrevemos a seguir um artigo de Nancy e Pedro Moncau sobre os primeiros tempos das E.N.S. no Brasil. Não poderia existir melhor documento que este e nossa intenção ao republicá-lo, no momento em que estamos passando da 1ooo• equipe, é dar conhecimento, aos casais que entraram para o movimento depois de 1975, destes fatos e fazer com que os mais antigos os remem orem (e comemorem).

A Primeira Equipe

A história das Equipes no Brasil começa naquela noite de 13 de maio de 1950. Seis casais se acham reunidos ao redor de uma mesa, presididos por um sacerdote. Os seis, antigos amigos, já militavam havia anos no Centro Dom Gastão, prolongamento, para casados, da Congregação Mariana da Sé. O sacerdote, Mons. Aguinaldo José Gonçalves, Diretor daquela Congregação. Havia tempo que procuravam uma linha diretriz para a sua vida de cristãos casados, em sucessivas experiências sem continuidade. Para que se tinham reunido? Para tomar conhecimento do conteúdo de uma pequenina brochura, os Estatutos das Equipes de Nossa Senhora, que um deles tinha recebido através de uma correspondência trocada com o Pe. Henri Caffarel. Troca de idéias, debates, objeções ... Conclusão: iriam tentar a experiência da vida de equipe, tal qual era apresentada naqueles Estatutos. Mas, quanta coisa diferente e estranha. A começar pelo jantar. Em seguida, a forma de estudar os assuntos propostos ... seria possível aquela abertura de uns para com os outros, na co-participação ou na partilha? Seria exeqüível aquela fraternidade capaz de levar a carregar o fardo uns dos outros? ... Um pouco a medo iniciaram os primeiros passos, longe de pensar que estava sendo lançada uma sementezinha que haveria de crescer no decorrer dos anos. O seu intento era bem mais modesto: simplesmente reagrupar alguns casais, para tentar experiência nova que os ajudasse na sua vida conjugal e familiar. Simplesmente apoiados nos Estatutos, no primeiro tema de estudos e em alguns números da Carta Mensal francesa, foram se realizando as 28 - CM Setembro/91


primeira reuniões .. Convidado, não pode Mons. Aguinaldo ser o Conselheiro Espiritual e pediu ao Pe. Oscar Melanson para substituí-lo. Ele mesmo contou, em entrevista publicada em maio de 1970, o que foi o seu primeiro contato com a equipe. Contato providencial e decisivo para o Movimento. O princípio não foi fácil. Alguns dos primeiros casais não se adaptaram à fórmula proposta... Dificuldades para "catequizar" novos elementos. Desânimo por vezes. Impressão de isolamento, apesar da correspondência assídua com Pe. Caffarel e com o primeiro Casal de Ligação, Gerard d'Heilly, que iríamos conhecer mais tarde pessoalmente. Além disto, alguns termos dos Estatutos e das suas normas nos pareciam um tanto nebulosos. Foi quando nos anunciaram a visita de um equipista de Paris que, vindo a negócios, aproveitara a oportunidade para nos procurar. Chegou ele um belo dia à nossa casa. Ambos ocupados quando se apresentou, foi ele introduzido na sala. Quando entramos, pouco depois, encontramo-lo sentado, com um de nossos filhos ao colo, brincando com ele. Não se levantou. Um gesto amigo, uma rápida apresentação, o entabular fácil de uma conversação. Nós que esperávamos uma visita cerimoniosa, ficamos cativados por aquela simplicidade que nos deixou logo à vontade. E, imediatamente, aquela impressão de que nos conhecíamos há muito. Aquela visita foi para nós uma revelação. Quanto aprendemos! Em primeiro lugar o "estilo" da amizade fraterna dentro das equipes: simples, cordial , aberta, cativante. Depois o valor dos contatos humanos, indispensáveis para as equipes em formação. Mais tarde aprenderíamos que, sem exceção, uma equipe isolada é uma equipe fadada a desaparecer. Finalmente, os esclarecimentos dos numerosos pontos obscuros e, mais ainda, a razão de ser de cada uma das normas do Movimento. A Primeira Expansão

Dois anos se passaram. A equipe se firmara , apoiada na correspondência assídua com o Casal de Ligação, sustentada pela firme orientação do Conselheiro Espiritual. A experiência daqueles dois anos mostrava com toda a evidência que a fórmula das Equipes nada mais era do que um estímulo à vivência do Evangelho. Pe. Melanson não nos deixa adormecer sobre os louros colhidos. Em julho de 1952 inicia-se a pilotagem da segunda equipe, desta vez com antigos membros da JUC. Em dezembro era a terceira que se formava. Depois a quarta ... Graças aos contatos do Pe. Melanson, nas suas múltiplas viagens, formam-se em 1955 as primeiras equipes fora de São Paulo, em Florianópolis, Campinas, Jaú. Mais tarde, em Curitiba, Porto Alegre, Caxias do Sul. No extremo norte do Brasil , houve uma experiência em CM Setembro/91 - 29


Campina Grande: isolada, com dificuldades enormes na correspondência, não teve continuidade. Polarização das boas vontades ... Esboço de organização adminsitrativa ... Trabalhos de secretaria ... Lembramo-nos do mimeógrafo então adquirido para impressão de Estatutos, Temas de Estudos, Manuais e, já a Carta Mensal. .. Nele, de dois em dois minutos era preciso passar com um pincel a tinta no rolo ... Organizaram-se os primeiros Recolhimentos e Retiros. Recolhimentos e retiros para casais eram, na época, um quase escândalo. Dificilmente conseguimos permissão para um primeiro retiro fechado de dois dias. E vimos a superiora de um colégio de freiras recusar, por ordem da Madre Geral, a continuação dos recolhimentos que vínhamos fazendo ali, por serem de casais ... Folheando a correspondência trocada com o Casal de Ligação, encontramos uma sucessão de datas marcantes. Fevereiro de 53, 1o. número da Carta Mensal. Julho do mesmo ano, formação de um esboço de setor que reunia os Responsáveis das 4 equipes então existentes. Abril de 55, compromisso das Equipes 1 e 2; 21 de abril do mesmo ano, 1o. Dia dos Estatutos dos Responsáveis. Em julho de 56, contavam-se 13 equipes, sendo 8 em São Paulo e 5 fora : Rio, Campina Grande, Florianópolis, Campinas, Jaú. Em 1957, insistentes convites do Centro Diretor para que fôssemos à França, para um encontro com as equipes veteranas. Objetamos que seria muito mais útil a vinda de um delegado do Centro Diretor que entraria em contato com a maior parte dos nossos casais e sugerimos a vinda do Pe. Caffarel . A sugestão é aceita. A Primeira Vinda do Pe. Caffarel

Inegavelmente, a visita do fundador das Equipes de Nossa Senhora e seu Diretor Espiritual é o ponto alto de toda a vida do Movimento no Brasil. Só então ficamos conhecendo as Equipes em toda a sua profundidade. Impossível um resumo do que foram os 10 dias de contato com o Pe.Caffarel. Alguns dias depois, em carta ao nosso Casal de Ligação, comunicávamos as nossas impressões ainda vivas: "Deu-nos ele uma nova visão da vida de equipe. Temos a impressão muito nítida de que a sua palavra, os seus conselhos, as suas diretrizes vieram marcar uma nova fase para as nossas equipes. Ele nos tomou, por assim dizer, pela mão e nos ajudou a subir mais alto, para desvendar horizontes muito mais amplos". Datam dessa visita conferências notáveis que continuam a ser atuais : A Equipe, Assembléia Cristã, pequena Ecclesia dentro da Grande Ecclesia. A Ecclesia Missionária, dando o sentido do apostolado nas Equipes; 30 - CM Setembro/91


suscitou esta palestra não poucos debates e controvérsias que ainda perduram ... Mas Pe. Caffarel insistiu particularmente sobre a necessidade do aprofundamento, sem no entanto esquecer o transbordamento apostólico. "O aprofundamento só, esmaga; a ação só, dispersa e esteriliza; é preciso um e outro para que haja equilíbrio". "Uma equipe que, após algum tempo de trabalho, não sente a necessidade de transbordamento, é uma equipe fracassada". Sucessivamente, apresentou-nos uma visão geral do Movimento, para depois deter-se sobre o sentido profundo de cada um dos momentos da reunião de equipe, a razão de ser de cada uma das obrigações. Insistiu sobre o significado da caridade fraterna : "A caridade fraterna é não deixar para trás aquele que denota cansaço, esmorecimento, talvez desencanto. Despertá-lo é caridade. Deixá-lo no seu torpor é traí-lo". De volta à França, escreveu:" ... As minhas recomendações são as mesmas que vos dei : máximo de mística e máximo de disciplina. É preciso a todo preço que as equipes sejam este celeiro onde o Senhor encontrará homens e mulheres que irão levar o testemunho de Cristo junto de todos os seus irmãos, nos lugares mais humildes como nos postos mais elevados. Mas isto só se tornará possível se as vossas equipes forem verdadeiras escolas de vida cristã, vitórias da caridade, escolas de oração, cenáculos onde os apóstolos de Cristo vêm abrir os seus corações ao Espírito de Deus". Ainda durante a estada do Pe. Caffarel , organizou-se o primeiro Setor, de acordo com as recomendações que nos dera: "Organizar a Equipe de Setor, não para as necessidades de hoje, mas prevendo um número três ou quatro vezes maior de equipes". Éramos ao todo, então, talvez umas 15 equipes ... Nancy e Pedro Moncau Jr.

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CONSELHEIROS ESPIRITUAIS

BODAS DE PRATA SACERDOTAIS DO PADRE JOSÉ CARLOS DE MAMBRO No dia 2 de Julho de 1991, o Pe. José Carlos de Mambro completou seus 25 anos de vida sacerdotal. Sendo assim, no dia 07/07/91 , na catedral de Osasco, foi concelebrada uma missa em ação de graças, comemorando suas Bodas de Prata Sacerdotais. Pe. José Carlos, nasceu em 17 de Novembro de 1937, em Jacutinga, distrito de Presidente Prudente ; é filho de Helena e Salvador de Mambro, e irmão de Geraldo, Maria e Gessy. Na vida do Pe. José Carlos a vocação sacerdotal foi manifestada quando era ainda pequeno. Quisera ter ido cedo para o seminário, mas em virtude de necessidades familiares obrigou-se a trabalhar para colaborar no sustento da famnia. Entretanto, o chamado de Deus lhe é muito forte, e no dia 14/02/56 vai para o seminário de Colombo (Paraná) . Faz sua profissão religiosa na Congregação da Paixão de Jesus Cristo, tornando-se portanto religioso passionista, ordem fundada por São Paulo da Cruz. Pe. José Carlos, é ordenado sacerdote em 2 de Julho de 1966 em Curitiba e nesta mesma cidade reza sua 1ª missa no dia seguinte; reza sua primeira missa em Osasco em 1O de julho de 1966. Entre tantas atividades que exerce, Pe. José Carlos é mestre de noviços em sua Congregação e conselheiro espiritual das Equipes de Nossa Senhora do Brasil compondo assim a ECIR . Muito sucintamente, estes são alguns dados biográficos do nosso Pe. José Carlos. Porém mais que tudo isso, neste momento em que ele comemora 25 anos de vida sacerdotal , gostaríamos de ressaltar aspectos de sua vida cristã e de sacerdote. Pe. José Carlos exerce seu sacerdócio como um grande evangelizador, verdadeiro mestre da fé , da oração e ministro da eucaristia, buscando semear a comunhão entre as pessoas, mostrando e lutando pela importância da defesa da vida e da justiça. Em meio às ENS , Pe. José Carlos é sempre disponível para nos ensinar a compreender e discenir os desafios da realidade de hoje e nossa missão como leigos e leigos casados diante dela; a compreender e aprofundar sempre mais o sacramento do matrimônio que abraçamos; a compreender e assumir cada vez mais o carisma das Equipes de Nossa Senhora; a ler e compreender os sinais dos tempos, principalmente no que tange à famnia ; a viver a alegria, a disponibilidade, a esperança, a fidelidade, o amor próprios do cristão.

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Com seu sacerdócio ele busca sempre fazer-nos discenir o convite do pai: "Filho, vai hoje trabalhar em nossa vinha." Mostra e ensina-nos que este convite é feito a cada um de nós em sua realidade, e também aos que Deus chama a serví-lo através da vida sacerdotal , buscando sempre a vivência dos sentimentos de Jesus Cristo que se despojou da condição divina e assumiu a condição humana para redimí-la. Assim vive o Pe. José Carlos, sempre nos indicando o caminho da salvação, doando-se sem medidas a esta parcela do povo de Deus - as ENS -e a tantas outras, a exemplo do bom pnstor. Com sua vida Pe. José Carlos tem nos evangelizado na perspectiva do pobre, com grande entusiasmo e expressão, seguindo a vivência do carisma de sua própria congregação, a qual , segundo Paulo da Cruz, mostra "que na face do pobre está esculpido o nome de Jesus". Pe. José Carlos busca incessantemente viver a verdadeira posição do presbítero que deve estar sempre dentro do povo de Deus e nunca nem fora e nem acima dele. Através da sua vida, ele está sempre revelando para nós e para todos com quem convive, a bondade e a misericórdia de Deus, a solidariedade e a autodoação que devem estar sempre presentes em todos nós que somos a Igreja. Mostra-nos também com esforço e luta a importância de crescermnos sempre na fé e na entrega à comunidade. E isto ele nos mostra com a coerência humana e teológica inerentes à vivência de sua missão. Assim vamos sendo formados a bem compreendermos e vivermos a paz, a fidelidade, o serviço sempre dirigido ao bem de todos, e a urgência na descoberta, redescoberta e reafirmação de valores transcedentes. Através do seu amor preferencial pelo que sofre, e por tudo aquilo que positivamente nos demonstra e nos revela a presença do reino, Pe. José Carlos vem se fazendo possuidor de um amor cada vez mais solidário, tornando-o atraído pela vida simples, sóbria, austera, de dedicação total. Enfim faz de sua vida uma vida de serviço e de grande experiência de Deus. É para todos nós sem dúvida, através do seus sacerdócio, um sinal revelador de Jesus Cristo. Pe. José Carlos, queremos com o senhor continuar rezando sempre o Magnificat, numa ação de graças a Deus, pelo que o senhor é - um instrumento dele - e que ele o fortaleça sempre mais em seu sacerdócio e em sua missão. Parabéns! Carinhosamente. Olguinha e Taninho

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TESTEMUNHO

SOBRE O DEVER DE SENTAR-SE ... Este Ponto Concreto de Esforço, talvez o mais importante para o crescimento do casal - enquanto casal e enquanto pessoas - é um dos que mais problemas suscitam (ao que parece, mais para os casais mais antigos, uma vez que a nova geração tem uma postura mais aberta e questionadora). • Na postura evangélica de partilhar os poucos talentos que o Senhor nos confiou, gostaríamos de relatar uma experiência nossa. Já na época de nosso noivado (e lá se vão 16 anos), iniciamos com um método que os psicólogos denominam "Lista empática para resolução de conflitos" - para nós, isto se tornou uma coisa mais simples: nós o chamamos de "Gosto e Não Gosto". O método, muito simples, consiste em cada cônjuge escrever, numa folha de papel, as coisas que gosta no outro, e as coisas de que não gosta. Por que escrever? Porque o problema na comunicação oral, não é o que se diz, mas como se diz as coisas. Em seguida, troca-se as listas, e cada cônjuge lê os pontos anotados pelo outro. Na sequência, como estamos em clima de Dever de Sentar-se, sob o olhar de Cristo, e, no sentido de crescimento dos cônjuges, como pessoas e como casal , discute-se cada ponto das respectivas listas. Importante, aqui, não é se fazer uma "cobrança" de atos passados; importa, isto sim, reforçar os Pontos Fortes do cônjuge, e diminuir e/ou eliminar os Pontos que dificultam a convivência harmoniosa do casal. Como se percebe, trata-se de um instrumento simples, porém rico de conteúdo e possibilidades de exploração por parte de cada casal, individualmente. Como dizemos aos noivos nos Encontros de preparação ao Matrimônio de que participamos, não se pode pretender ensinar a pessoas adultas como viver a vida (de casados, no caso presente) : no máximo, podemos relatar nosso esforço na caminhada para o Pai - e o quanto isso tem sido bom para nós. Se, adicionalmente, isto puder ser útil para mais alguém, ficaremos felizes. Encontramos, ainda, numa publicação da Ediçôes Paulinas, denominada "Curso de Noivos", um aprofundamento de nossa experiência. Com o desejo de haver partilhado algo de útil com os casais equipistas, deixamos nosso abraço fraterno Laerte e Estela Equipe 2 - Blumenau - SC

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TESTEMUNHO

MINI-ENCONTRO INTERNACIONAL EQUIPES JOVENS DE NOSSA SENHORA A respeito deste evento, realizado de 17 a 21 de julho passados em São Paulo, recebemos o testemunho de uma jovem que participava pela primeira vez.

(... )Eu senti uma felicidade enorme de ficar os quatro dias rodeada de tanto carinho que todos me ofereceram. Toda a programação tocou bem no fundo do meu coração; é realmente uma obra de Deus, pois todas as orações, as palestras, os cantos e as missas que o Pe. Fidel celebrou, me fizeram ficar mais próxima do Senhor. As brincadeiras e as reuniões de grupo uniram de uma forma muito bonita todos os participantes. Compreendi como a minha missão aqui é importante e que ainda está apenas começando. O tema Reconciliação, Eucaristia e Serviço me mostrou que a partir do momento que começamos a seguir a nossa caminhada com Ele e por Ele, tudo fica mais bonito. Eu aprendi que é muito importante ser humilde, compreensiva, perdoar as falhas, tanto as minhas como as do próximo pois ninguém é perfeito; viver em comunhão, servir ao próximo de coração aberto e acima de tudo amar como Jesus nos ama. Essa é uma tarefa muito difícil, mas é muito compensadora também. Uma palestra que eu achei muito interessante, foi a de nível familiar que mostrou o verdadeiro significado do casamento, do amor verdadeiro entre duas pessoas independente dos problemas que surgem na vida de um casal, a importância do diálogo com os filhos e mostrou também que com fé todos os problemas se resolvem . Me identifiquei muito com o Encontro, ele renovou a minha vida de uma · forma muito bonita. Tenho certeza que o objetivo do Encontro foi alcançado além das expectativas. Muito obrigada Senhor, por esta linda oportunidade! Adriana Nogueira

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A PROFECIA Ele era um homem que vivia próximo a uma grande represa. Precavido e preocupado, quis saber de sua segurança, e foi consultar os sábios e os profetas da região. Persuadiu-se que Deus o protegeria e ele não morreria numa inundação, apesar dos riscos possíveis com chuvas fortes e a represa próxima de sua casa. Estava tranquilo. Aconteceu um dia: a chuva caía violentamente e havia risco de rompimento da represa . O homem estava confiante em sua casa, e as águas começaram a subir. Apareceu um grupo de salvamento, convidando-o a abandonar o lugar, mas ele não se abalou: "Não se preocupem, sei que não vou morrer nestas chuvas." As águas continuavam a subir. Ele já estava encarapitado na janela, quando apareceu um barco, e uns homens para socorrê-lo. Mas o homem não se deu por vencido, recomendando : "Vão salvar os outros, que eu aquí me garanto!" O barco se foi. A água continuava subindo e o homem galgou o telhado. Veio um helicóptero de salvamento. Lançaram uma corda para içá-lo. Mas o homem não quis. Insistiram e cansaram. Também foram embora. As águas continuavam a subir, alcançaram o telhado e o nosso homem morreu afogado. Lá no céu, bravo e espantado, ele foi procurar explicação. - Por que? Eu não devia estar aquí! As profecias não haviam anunciado que eu não morreria em inundação? - Meu caro, não era para você morrer ... Enviamos socorro e ajuda tantas vezes, e todas elas você recusou! ... Assim na vida do cristão equipista : nossa santificação é a meta. Temos tantos "pontos de auxnio", e muitas vezes os desprezamos ... Regra de vida, Dever de sentar-se, Escuta da Palavra e Meditação ... Que não nos aconteça um dia, Alguém nos censurar: "Enviamos tanta ajuda e socorro, você não quis se valer deles!. .. " Cláudia Equipe 3 Teresópolis/RJ

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ATUALIDADES

O aborto e o direito Em artigo publicado no jornal Folha de São Paulo em 20.06.91 seus autores, os juristas lvcs Gandra da Silva Martins c Roberto Vida! da Silva Martins, objetivam examinar alguns aspectos relacionados com o projeto de lei n° 3465/89 do Deputado José Genoíno (PT/SP) favorável ao aborto. Apresentamos abaixo, um condensado do referido artigo: "Antes de mais nada é preciso esclarecer que, já no artigo 1º, o autor usa a expressão "interrupção da gravidez", em vez de aborto, tal como se costume fazer atualmente querendo atenuar a realidade dos fatos, por meio de eufemismo. É o mesmo que se pretender modificar o art. 121 do Código Penal c discriminar o homicídio utilizando-se a expressão "todo cidadão terá direito de interromper a vida alheia" ... "Na justificação, o eminente deputado Genoíno diz que o aborto (chamamos o aborto de aborto) já deveria estar permitido na Constituição de 1988. Pensamos que o direito à vida desde a concepção é que deveria estar inscrito nessa Constituição. É, aliás, tão casuística que protege os garimpeiros, a fauna, a flora, as paisagens notáveis c os animais em extinção - com todo o respeito por todos esses preceitos - mais nada fez pelos nascituros. Na fase das emendas populares, a CNBB conseguiu 2,5 milhões de assi-

à vida

naturas para diversas propostas, muitas endossadas pelo partido do deputado Genoíno c, entre elas, incluía-se a proteção do direito à vida, desde a concepção. Em contrapartida, um dos movimentos feministas obteve pouco mais de 30 mil assinaturas para um projeto de legalização do aborto, exatamente o mínimo necessário de assinaturas para que pudesse ser apresentado aos constituintes. Os constituintes resolveram omitir a disciplina do tema da Constituição, até porque, nascituro não dá voto. Ele é um inocente que está no ventre materno, esperando o momento de demonstrar suas potencialidades. Em sua argumentação o deputado fala do conservadorismo da nossa sociedade que impede a legalização do aborto. Ora, a questão está mal colocada. Há conservadores que também defendem o aborto. No Canadá acaba de ser aprovado o aborto graças a projeto de lei do Partido Conservador, em votação apertada no Parlamento (140 x 131 votos). Da mesma forma na Bélgica foi uma coligação de liberais c de socialistas, opondo-se aos democratas-cristãos, que pretendem fazer aprovar o aborto, tendo o Rei Balduíno, em gesto de coerência, se negado a sancionar essa lei. Na Inglaterra, em 1988, o deputado David Alton tentou diminuir para 19 semanas depois da concepção o prazo

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para a mulher abortar, projeto vetado pela conservadora Margarct Thatcher, que manteve o prazo atual de 28 semanas após a concepção. Aliás, a conservadora Inglaterra possui uma das legislações mais permissivas sobre o aborto desde 1967. Por outro lado os "progressistas" muito embora o binômio conservador-progressista seja muito discutível -também defendem o aborto. Lênin escrevia, há muitos anos, que a questão do aborto era uma questão política: "O aborto está vinculado, no direito soviético à política demográfica". Em 1920 legalizou-se o aborto na União Soviética por pura reivindicação da gestante. O art.4º do Código Civil russo de 1922 afirma que "a capacidade jurídica é concedida visando o desenvolvimento das forças produtivas do país". O indivíduo segundo essa concepção, só existe para o Estado. A ampla liberalização do aborto nos países comunistas foi até objeto de controvérsia recente, por ocasião da reunificação alemã. Na antiga Alemanha Ocidental, a legislação é mais restrita do que na permissiva Alemanha Oriental. Por falar em Alemanha, é bom lembrar que Hitler também foi precursor da legalização do aborto, no caso de aborto eugênico, isto é, de crianças com risco de nascerem defeituosas. Foi o pontapé inicial que serviu depois para legalizar o assassinato de crianças com anomalias, a eliminação de anciãos e de todos aqueles que maculavam a raça pura ..." Na parte seguinte do artigo os autores contestam, com argumentos jurí-

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dicos c científicos, as justificações do deputado Genoíno invocando Aristóteles em seu livro "A Política" como também o Direito Romano. ... "Passemos, por fim, a analisar as críticas feitas pelo deputado à Igreja, que, de fato - c agindo em favor dos direitos humanos -sempre condenou a prática abortiva. O primeiro catecismo cristão, a "Didaquê", que data do ano 90 DC diz: "Não matarás criança por aborto, nem criança já nascida". Desde o Concílio de Ancira (hoje Ancara), na Ásia menor, em 314, as mulheres que praticassem aborto eram consideradas excomungadas c concílios seguintes confirmaram esta sentença. Na Bula "Sedes Apostólica" de 1591 o Papa Gregório XIV esclarece que a excomunhão penalizava tanto os delitos cometidos contra "fetos animados" como contra "fetos inanimados", pois "não se sabe o prazo", dizia; por isso reconhecia que se aplicasse o sábio princípio do "in dubio pro reo", que os abortistas preferem ignorar. "Há dúvidas se há ou não vida? O lógico é deixar nascer". Nesse contexto, Santo Tomás trilhava os caminhos da Igreja c embora tivesse dúvidas (influenciado por Aristóteles) sobre o momento da animação do feto, jamais aconselhou o aborto. Al iás, se o santo estivesse vivo hoje, seria um dos mais intransigentes defensores da vida, desde a concepção. O parlamentar diz também que "hoje uma grande quantidade de países permite o aborto por simples solicitação da mulher". É claro. No começo do século permitia-se o aborto quan-


do era necessário para optar entre a vida da mãe c do filho; mais tarde, quando a medicina evoluiu e esses casos passaram a ser raríssimos mais ainda, hipotéticos - as legislações passaram a substituir a expressão "vida da mãe" por "saúde da mãe", entendendo-se esta, não como no passado, como "ausência de grave enfermidade" (segundo o faz ainda a Organização Mundial de Saúde), mas como o "estado de perfeito bem estar físico, psíquico e emocional da mulher". Discordamos também do ataque que o deputado faz à Encíclica "Casti Conubii". A mulher, com efeito, alcançou posições de destaque na vida social, saiu do lar para trabalhar c mostrar o seu brilho. Muito bem. Seria interessante saber, porém, em que se origina o preconceito do deputado Genoíno contra as mulheres que optam por exercer o trabalho do lar, que por sinal é uma verdadeira arte? Acaso a mulher não pode se realizar nesta profissão? Quantas mulheres, com nível superior de instrução, não optaram por este caminho e estão plenamente realizadas? Quanto à propaganda do erotismo, da sexualidade amorosa, só umas breves palavras. Diz o ditado que "quem quer o bônus, quer o ônus", quem quer o prazer a todo custo, quer as suas consequências: mães solteiras, filhos órfãos de pais vivos, casamentos apressados, separações contínuas de casais, c não por último a Aids. Sexo é bom, mas por ser muito

bom, exige que se observe um manual de instruções, o manual da responsabilidade. Não podemos terminar, deixando de lembrar aos leitores que, em 1857, a Corte Suprema dos Estados Unidos declarava que o negro não possuía personalidade jurídica e, portanto estava sujeito ao seu dono. Um século mais tarde essa mesma Corte Suprema declarava o nascituro sem nenhum direito. As coincidências claras- Um dos juízes da Corte Suprema, que na ocasião foi voto vencido, dizia profeticamente: "A partir de agora, a mulher pode abortar por qualquer motivo ou sem nenhum motivo". Estamos pois diante de um "apartheid" abortista. Em 1988, a Organização Mundial de Saúde declarou o Brasil campeão mundial de aborto: foram três milhões, mais do que o número de nascimentos (2, 77 milhões), cerca de 10% dos abortos do mundo inteiro. Tudo isso num país onde o aborto é crime. Pode ser que os constituintes de amanhã legalizem essa prática criminosa; mas fiquem tranquilos os ecologistas, pois, em compensação poderão fazer aprovar uma lei que protegerá a vida das baleias "desde a concepção". Não temos nada contra as baleias nem contra os ecologistas, mas lemos de convir que a primeira natureza a ser defendida é a" humana". (Contribuição de Carlos Heitor O.Seabra)

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ATUALIDADES

UMA TRAGÉDIA SEM CHORO NEM VELAS Condensado do artigo de IB TEIXEIRA publicado na Revista Conjutura Econômica de Fevereiro/91.

Hoje, as crianças brasileiras entre Oc 14 anos se aproximam dos quase 50 milhões. Isto é, 1/3 de toda a população infantil da América Latina. Ou quase toda a população da França, nove vezes a população da Suíça ou metade da população do Japão. Responsabilidade grande para um país que viu seu contigcntc de crianças duplicar entre 1960 c 1980 sem que se dispusesse a preparar uma completa inf~a-cstrutura para recebê-los: escolas, hospitais, ambulatórios etc. Ainda hoje, as grandes cidades brasileiras gastam cifras siderais na inauguração de sambódromos que levam a assinatura de arquitetos ilustres, no Rio c em São Paulo. Em contrapartida, quase metade da população escolar - 40% é constituída, no Rio, de repelentes. Só na faixa dos 10 aos 14 anos, cerca de 10 milhões de crianças brasileiras não têm escolas. Uma população igual à do Chile. Enquanto muitas vozes "pacifistas" se horrorizaram porque algumas bombas caíram na cabeça da guarda republicana do "nacionalista" Saciam Husscin, diariamente morrem em todo o mundo 40 mil crianças com menos de 5 anos de idade. A morte de algumas araras na Amazônia ou de alguns jacarés no Pantanal tem provocado mais horror do

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que a mortalidade infantil tupiniquim. Mas boa parte de nossas crianças de até 5 anos vai integrar diariamente estas 40 mil almas que compõem a cifra de mortalidade do dia-a-dia universal. Para estas crianças não existem passeatas, nem choro, nem vela. De que morrem nossas crianças em meio ao rufar dos tamborins, do rccorcco c das cuícas, nos sambódromos? Diz um informe do UNICEF: "Na América Latina, as crianças de O a 14 anos são as vítimas preferenciais da desnutrição protéica, das anemias pela carência de ferro, do bócio, do cretinismo endêmico, além da hipovitaminosc A". Outro indicador negro: a possibilidade de as crianças morrerem entre o nascimento c os dois anos de idade vai até 200 por 1.000. Em contraste, os Estados Unidos c a Suécia exibem cifras de 21 por 1.000, o que mostra a inexistência de qualquer proteção materno-infantil na América espanhola c no Brasil. Tudo isso, apesar de que a vida de uma criança é uma das coisas mais baratas que existem. Seu valor? Apenas US$100, segundo a contabilidade do UNICEF. De fato, esta é a quantia que poderia resgatar para a vida cada um dos 500 milhôcs de mães c crianças mais po-


brcs do mundo. Segundo a pesquisa do UNICEF, esta quantia poderia ter criado melhores dietas alimentares c melhor gestação, assegurado a educação elementar c cuidados básicos de saúde, elevação do nível sanitário c mais água potável para todos. Esta quantia também cobriria as mais urgentes necessidades humanas, c para o desenvolvimento econômico. Apenas US$100 per capita para salvar a criança moribunda. US$100. Menos que o valor de um ingresso para o sambódromo do Rio c São Paulo. Em resumo, por míseros US$100 que os países não destinam üs crianças do mundo, 40 mil delas morrem silenciosamente cada dia; 100 milhões vão diariamente famintas para a cama; 200 milhões- na faixa dos 6 a 11 anos - olham tristemente outras crianças irem à escola. Só na Pátria dos sambódromos, 10 milhões de crianças não têm escolas. Outra equipe de pesquisadores demonstra que 50% da mortalidade infantil universal poderiam ser facilmente eliminados, a curtíssimo prazo, apenas com os recursos que o mundo industrializado emprega nas bebidas alcóolicas. Para não falarmos dos recursos destinados a fins bélicos, cujo montante de apenas um mês, poderia cobrir as necessidades humanas básicas de cada homem, de cada mulher c criança sobre a terra. Como isso não acontece, as pesquisas de saúde contabilizam cerca de 10 milhões de crianças anormais - com as mais terríveis deformações - em

todo o mundo. Provavelmente, umas 500 mil só no Brasil. Algumas dessas crianças anormais pude conhecer num abrigo suburbano no Rio, que vive às expensas de recursos privados. No Natal, em companhia de minha mulher, fui visitá-las levando uma parte do meu décimoterceiro. Mas o administrador, um pouco constrangido, sugeriu que cu apenas subisse para conhecer essas crianças anormais. - O senhor pode subir porque já terá visto coisas piores. Lcdo engano. Só no inferno de Dante existirão coisas piores. A pergunta é óbvia: como é possível que a sorte tenha sido tão cruel para tantas crianças que não aparecem na televisão nem desfilam nas passarelas do sambódromo? Mas essa distribuição da tragédia infantil é também bastante seletiva. Ela parece alcançar com exclusividade os países pobres, onde de fato a mortalidade infantil cresce 10 vezes mais que aquela existente no mundo rico; onde a esperança de vida é em média 20 anos menor, c onde 1/3 de sua população escolar está longe das salas de aula. Também existe uma bomba de tempo cujos segundos começam a ser contados a partir de agora. É sabido que 90% do crescimento do cérebro humano c 50% do corpo humano acontecem nos primeiros cinco anos de vida. O alto risco específico desses anos deveria, por si mesmo, justificar a prioridade às crianças. Mas a prioridade continua sendo atribuída üs armas, à bebida c ao samba.

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Na América Latina especificamente, o circulo vicioso da pobreza, agrava ainda mais o problema das crianças sem esperança. Elas nascem de pais miseráveis. Segundo o Banco Mundial, a metade da população latino-americana vive da pobreza extrema. Portanto, não se pode estranhar que os filhos nasçam, em geral, de casais jovens, ainda adolescentes, uniões em grande parte "consensuais" c efêmeras. Segundo a Cepa!, 30% dessas uniões reúnem jovens adolescentes de 14 c 15 anos. É o círculo vicioso que se reproduz infinitamente: ignorância, miséria, pobreza ... Crianças sem pais. Órfãos de pais vivos.[ ... ] Depois que o Brasil passou a ter problemas com os bancos credores em função da dívida externa, os grandes jornais europeus c norte-americanos passaram a focal izar, de forma orquestrada, os grandes males brasileiros. O genocídio dos índios, a morte das araras c a violência das crianças nas ruas das grandes cidades nacionais. Fatos rigorosamente verdadeiros. Mas por que somente agora aparecem nos jornais? O Sunday Times, de Londres, chegou a insultar, de forma procaz o presidente daRepública. Com que propósito? Exigir o pagamento de uma dívida que eles mesmos sabem que, nas atuais condições, não pode ser paga. Por que a inadimplência? porque estamos cada vez mais pobres, diz um informe insuspeito do World Bank. Brasil, Colômbia, Costa do Marfim, Costa Rica, Iugoslávia, Polônia c Venezuela encabeçam o grupo de países

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onde a pobreza aumentou, diz o Banco. Na América Latina, entre 1965 e 1989, o crescimento do PIB per capita caiu dos 3,7% reais a (-) 0,6% . Já o investimento interno bruto/ PIB caiu dos 23,9 % para 20,1% entre 1980 c 89. Os franceses c demais europeus, que hoje se escandalizam hipocritamente com a violência que alcança as crianças brasileiras, deveriam buscar as causas reais desse inferno latinoamericano. Entre elas, aquela apontada corajosamente pelo Banco Mundial, aliás, virtualmente controlado pelos países ricos. Diz o Banco: "Até 1983, a América Latina costumava apresentar uma transferência líquida positiva de dívida a longo prazo (excluído o crédito do FMI): a obtenção de empréstimos excedia o total de amortizações da dívida. Após 1984, esse quadro mudou drasticamente. Entre 1984 e 1989, o total de transferências líquidas foi de (-) US$153 bilhões, o que trouxe o fluxo anual médio para US$25 bilhões, ou cerca de 15% das exportações da região". Em outras palavras, os países pobres transferem renda para os países ricos desde 1984. Quais as causas desse disparate? Responde o Relatório do Banco Mundial: "A interrupção dos empréstimos em condições comerciais coincidiu c foi em parte causada pela queda das relações de troca c a elevação das taxas de juros, que provocaram o aumento da necessidade de financiamento. Os empréstimos oficiais também diminuíram, agravando as dificuldades".


Tal situação é insustentável; embora não se possa ignorar nossa própria responsabilidade c imprevidência. Leiam o que diz o Banco Mundial: "Se os padrões de crescimento de renda regional dos anos 80 se repetirem na década de 90, os resultados serão desastrosos para grande parte da África subsaariana, assim como para alguns países da América Latina c do Sul da Ásia. Os países latinoamericanos teriam mais 85 milhões de habitantes c rendas médias 6% inferiores às de hoje". Ou seja, nossos pobres serão ainda mais pobres nos anos 90. Obviamente, nossa mortalidade infantil ainda maior. Mais crianças fora da escola. Menos hospitais c ambulatórios. Em conclusão, vamos lembrando que, nos anos 80, o armamentismo alcançou uma cifra espantosa para tempos de paz. De fato, US$1trilhão, ou 5% de toda a renda mundial, foram empregados nos chamados "gastos de defesa ". Tal fortuna representa, em média, 1/5 do orçamento dos países ricos. Nisso também somos todos culpados. Os países em desenvolvimento, sem recursos para suas crianças, gastaram em "defesa" em 1987, US$172 bilhões. As nações do Pacto de Varsóvia queimaram US$364,6 bilhões. Em 1989, com o desabamento do império soviético, pensou-se que a humanidade trilharia finalmente o caminho civilizatório. Os Estados Unidos chegaram a diminuir uns 10% de seus gastos militares, enquanto a URSS, com a pcrcstroika,

economizava outros US$20 bilhões ou 6% do orçamento da defesa. Quando, enfim, havia muita esperança, surgiu no horizonte a figura dcmcncial de Sadam Husscin ... Agora, calcula-se que só na reposição das armas destruídas na Guerra do Golfo serão gastos nos próximos anos algo em torno US$15 trilhões, o que não parece demasiadamente exagerado quando se sabe que cada míssil de longo percurso não sai por menos de US$1 milhão. Em contrapartida, para a vida dos 150 milhôcs de crianças que na América Latina compõem a faixa etária do O a 14 anos, seriam necessários apenas US$1 00 dólares per capita, segundo diz o UNICEF. Ou algo em torno de US$15 bilhões. Quase a metade da transferência líquida de recursos que a região já fez para os países ricos. Ou uma parte insignificante do valor dos mísseis que há pouco, de lado a lado, cruzavam c aterrorizavam o Golfo Pérsico. Vamos c venhamos. Quando o mundo civilizado vai compreender que não é possível coexistir com 40 mil crianças morrendo diariamente de fome? ( ... ) Esta realidade é, sem dúvida, inaceitável. Revertê-la é impostcrgávcl tarefa comum - diz o organismo das Naçôcs Unidas para a infância. De fato, a questão é óbvia: quando os países civilizados vão entender c ouvir a mensagem de Gabricla Mistral, ainda nos anos 30: "E/ futuro de nuestros niiios e:s hoy. No maiiana".

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NOTÍCIAS E INFORMAÇÕES NOVAS EQUIPES -Londrina/PR Eq. 04/B CE- Irmão Bazílio Meinek Sobrinho CP- Jací e José Hélio - Mogi das Cruzes/SP Dando continuidade ao Plano de Trabalho 91, o Setor Mogi vem investindo muito na Experiência Comunitária. Foram lançadas 2 novas equipes: Equipe 1 (reconstituída) N.S. da Paz com 5 casais CE. Pe. Eugênio e Equipe 12, N.S. da Ajuda com 6 casais, primeira equipe do Município de Salesópolis, tendo o Pe. Rômolo como C. E. Além disso, 4 novos grupos estão em desenvolvimento em Mogi, Salesópolis e Suzano. ALTERAÇÃO DE QUADROS - Setor Leste/ Rio Grande do Sul Rejani e José substituíram a Terezinha e Luiz - Porto Alegre/ RS No setor O Lídia e Léo foram substituídos por Auréa e Ênio; enquanto no setor B, Lucy e Manoel substituíram a Tereza e lrineu. Estes, por sua vez, assumiram o serviço de coordenarem as Experiências Comunitárias na Região. VOLTA AO PAI . Líbia (do Alfredo) da Eq. 02 de Niterói / RJ, presença sempre constante e amorosa nas atividades do movimento, deixando saudades no coração de todos os equipistas. . Valter (da Veda) da Eq. N.S. Medianeira de Valença/ RJ em 18.03.91. Apesar de sua moléstia participava de atividades na Igreja como Cursilho e Emaús. Nas ENS,

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com Veda foi CRE em 1990, colaborava com a preparação de noivos para o Matrimônio e dispunha-se a assumir a coordenação de uma Experiência Comunitária quando o agravamento de sua moléstia o impossibilitou. . Pe. Antonio Pazini, CE da eq. 08 - N.S. do Rosário de Sorocaba/SP em 12.05.91. . Vicenzo Ricciardi Mancini (da Maria), da Eq . 06 de Americana/SP em 07.05.91. Além de equipista dedicado ao Movimento era membro atuante da Escola de Pais. . Alice Fernandes Spoldari (do Aramis) da Eq. 09 - N.S. do Perpétuo Socorro de Jaú /SP em 21.06.91. - No dia 21 de junho passado fez um ano que os equipistas de Lins/ SP deixaram de contar com a presença e convívio do nosso querido irmão Octacílio Cardoso Franco. O Octacílio e a Therezinha, além de cristãos conscientes, foram sempre grandes colaboradores do nosso Movimento na cidade de Lins e região. Ingressaram nas Equipes em 1965 e foram casal responsável pelo Setor de Lins. O Octacílio e a Therezinha foram a "boa terra, onde a semente caiu e, depois de nascer, deu fruto cento por um". - Pe. Raimundo Leite (Vovô padre) Tá Bomm?! ... Era com esta expressão que ele sempre finalizava uma explanação. Viemos de um círculo de ECC e, desde 1987, integramos as ENS. Na primeira reunião de que participamos, olhamos aquele 'velhinho ', cabelos grisalhos, óculos fundo de garrafa ... 'É este que vai ser o tal de conselheiro espiritual? Mas .. ., quanta vitalidade ..., quanta juventude ... , quanta sabedoria ... , quanta fé ... , quantos 'quantos'. Foram 4 anos de dedicação sem medida com a nossa equipe. O que somos hoje devemos a êle. Nos ensinou a amar Maria, grande devoto que ele era de Maria ... Nos ensinou a amar, perdoar, arrepender-se, compreender ... Nos ensinou a ser humildes, resignados com a vontade do Pai. Dias antes de partir, na agonia do desconforto e dor que a doença já lhe causava, de nada reclamava ;


suas únicas palavras eram: -'Tá tudo bem!' Para nós: Um Santo. Não exageramos em considerá-lo como tal. O casal que nos pilotou comentou ao saber de sua partida: "Se o Pe. Raimundo não estiver no Céu nós estamos 'lascados' pois era homem sem pecado. Saudades do "vovô Padre"... Era assim que Victor, 2 anos, filho de um dos casais o chamava ... Agradecemos a Deus por tê-lo colocado em nosso caminho. Sua ausência física está embandeirada por todos os seus ensinamentos e a sua lembrança permanecerá sempre viva em nossos corações. Obrigado Pe. Raimundo Leite!" Regina/ Jarbas Equipe 06- Fortaleza. CE

CONSELHEIROS ESPIRITUAIS - Tomou posse, no dia 24 de junho, na Diocese de Tianguá, no Ceará, Dom Francisco Xavier Hernandez Arnedo, sagrado no mês anterior, em Manaus, em cuja Arquidiocese exercia a função de Vigário Episcopal e se devotava às Equipes de Nossa Senhora como Conselheiro Espiritual. Religioso Agostiniano e espanhol, desempenhou no Brasil sua vocação missionária desde 1973, em Franca, São Paulo e em Manaus. Frei Xavier, como gosta de ser chamado, foi recepcionado pelos equipistas de Fortaleza e prometeu trabalhar pela expansão do Movimento em sua Diocese. Parabenizamos Sua Excelência Reverendíssima, desejando-lhe feliz pastoreio na serra da lbiapaba.

APOSTOLADO CONJUGAL EVENTOS Os equipistas de Americana/SP pedemnos que divulguemos um trabalho que vem sendo coordenado por Pe. Itamar da Paróquia de São Domingos, naquela cidade: Há na referida paróquia cerca de 60 (sessenta) grupos de casais. Alguns são casais saídos de Encontro de Casais com Cristo, e que continuam refletindo. O Pe. Vigário produz o material para as reuniões de cada mês. Outros grupos são de casais recém-casados que são visitados por um casal da paróquia, que os convida para a formação de um grupo de reflexão. São 1 O reuniões informais, onde são mostrados álbuns de fotografias, fala-se sobre a lua de mel, etc, e medita-se sobre um texto bíblico. Após essas reuniões informais, já passam a ser abordados assuntos mais voltados para a vida a dois, os filhos, a harmonia conjugal. Outros grupos são formados por casais que saem da preparação para o batismo. Fazem a preparação e depois um casal da comunidade vai visitá-los e convida-os a participar da vida da comunidade, frequentando grupos de casais. O Pe. Itamar dá assistência a 4 equipes de Nossa Senhora, e a uma equipe de recém-casados.

- Manhã de Formação Realizada em 21.04.91, organizada pela Equipe 07 de Londrina/PR e aberta a todos os equipistas do Setor, refletindo e aprofundando o aspecto da Formação nas ENS e motivando a cada um para assumí-la com mais empenho e boa vontade. A manhã culminou com a celebração eucarística por Pe. Euripes (Pe.Tio) o mais novo conselheiro espiritual daquele setor das ENS. - Nova coordenação Em 26 de abril último, durante a celebração eucarística foi instalada no âmbito da Região Rio 11, a Coordenação de Teresópolis/RJ. - Encontro de casais de ligação Realizou-se em 13 de abril último, no Colégio Maria Imaculada, no Rio de Janeiro, um dia de reflexão para os casais de ligação das regiões Rio I, 11 e 111. - 11 Encontro Regional Nordeste Realizado no Centro de Treinamento da Arquidiocese de Natai / RN em 08 e 09.06.91, reunindo os casais de ligação das equipes de Recife/PE, Fortaleza/CE, Salvador/ BA, João Pessoa/PB, Parelhas/RN e Natai/RN.

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- Bingo beneficiente As ENS do Setor Grande ABC/SP promoveram em 30.11 .90 no salão paroquial de São Bernardo do Campo/SP uma "Noite do Bingo" em favor do Seminário de Diadema. Em agradecimento receberam carta de D. Claudio Hummes, Bispo Diocesano de Santo André/SP, da qual transcrevemos um trecho: "Fico feliz quando constato esse interesse e amor das ENS pela formação e manutenção dos nossos seminaristas diocesanos. É um belo exemplo, que deveria estimular outras organizações de leigos católicos de nossa diocese, pois o encargo vocacional, a formação e manutenção dos seminaristas devem ser assumidos conjuntamente por todos nós, pastores e leigos, na diocese, como o Papa vem lembrando sempre de novo. Por essa razão, quero agradecer cordialmente este gesto das ENS. Que Deus abençoe o Movimento e todos os seus casais e faça com que o Movimento cresça e se fortaleça em nossa diocese".

Coordenação (que ainda estão na "ativa"), presente, também, o Pe. Antonio Lorenzatto, buscando obter deles, como equipistas de base, um testemunho de como estão recebendo e vivendo a Segunda Inspiração, ou seja, a dinamização do Movimento. No convite pedia-se que eles procurassem trazer alguns subsídios, pela sua experiência de ex-dirigentes , sobre as seis prioridades que estamos vivendo e sobre o posicionamento das ENS perante a Nova Evangelização. O resultado foi além do esperado, e a par do reencontro desses casais (houve até quem chorasse), destacamos que foram comoventes os seus testemunhos pela oportunidade do momento vivido e lamentaram as poucas vezes que têm se encontrado. Todos acreditam nas propostas de vida do Movimento hoje, se dispõem a colaborar no que for preciso e pediram uma próxima reunião, mas que fosse de um dia inteiro.

RETIRO SESSÃO DE FORMAÇÃO As regiões São Paulo-Norte, São Paulo Centro 1 e São Paulo Sul 2, realizaram uma sessão de Formação nos dias 31 /5 e 1 e 2/6/91, na Casa Dom Luiz em Brodosqui-SP. Participaram da mesma 42 casais pertencentes a Coodenações/ Setores das 3 regiões referidas. Estiveram presentes, os 3 regionais: Rosinha/Anésio, Arani/Mira e Silvia/ Chico, o casal de ligação da ECIR dessas 3 regiões, Olguinha/Toninho que orientaram o encontro , Nancy Moncau e Beth/Romolo, CR pela ECIR. O Conselheiro Espiritual foi o padre José Carlos Di Mambro. A organização material coube ao Setor de Ribeirão Preto. ENCONTRO COM EX-DIRIGENTES A Região Rio Grande do Sul promoveu um encontro com todos os ex-Casais Regionais, Responsáveis de Setores e de

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O Setor das ENS de Campo Grande/MS realizou o seu retiro espiritual em 26 de maio último, pregado por Pe. Antonio Secondino, sob o tema Pecado e Reconciliação . Coordenado por Emiliana e Shelton o retiro contou com a participação de 14 casais equipistas daquela cidade. MUTIRÃO Realizou-se em Juíz de Fora o VI MUTIRÃO coordenado pela Região Minas, nos dias 31 de maio, 01 e 02 de junho. Os temas enfocados foram: Espiritualidade Conjugal, Mística dos P.C.E., Reunião de Equipe e Alegria do Serviço. Além do C.E. que fez a Palest ra sobre Espiritualidade Conjugal e o Casal Regional, abrilhantaram o Encontro também como palestristas os casais Natalina e Gassen (São Paulo) e Elza e Nel (Rio) .


O C.E. do Mutirão foi o Padre Leles, redentorista, que assiste em Juíz de Fora duas equipes de casais e 1 de jovens. Ele trouxe com seu carisma e criatividade muita alegria e espiritualidade para o Encontro. Foram 24 casais e 2 viúvas, além da equipe de serviço que fizeram o êxito desse MUTIRÃO. Tivemos casais de Pouso Alegre, Barbacena, Belo Horizonte, Petrópolis, Teresópolis e Valença, além de Juíz de Fora. O Espírito Santo nos cumulou de luzes, o Pai nos abençoou e assim pudemos viver nesses dias o Cristo Comunitário, que

despertou-nos para um maior compromisso no Movimento e na Igreja. Um testemunho que não poderíamos deixar de relatar foi a presença do Fernando e sua filha Lilian neste Mutirão. Ele ficou viúvo no dia 13 de maio e juntamente com a Cida iriam trabalhar conosco na equipe de Serviço. Diante do fato acontecido ele não se furtou ao serviço e esteve atuando o tempo todo, dando-nos um exemplo de fé, esperança e força, que foi um aprendizado do colocar-se totalmente nas mãos do Pai.

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O MISTÉRIO DAS MÃOS Você já meditou alguma vez o mistério das mãos? ... Prestam-se para gestos altamente construtivos. Mãos juntas, acompanhando a oração: penso de modo especial, em mãozinhas de crianças que a jovem mãe junta quando ensina a rezar, c as mãos trêmulas dos velhinhos quepedem para seus filhos c netos ausentes ... Mãos de cirurgião, que salva vidas ... basta recordar a perícia com que manejam cérebro c corações ... Mãos calejadas de trabalhadores, quase sempre mal remuneradas ... Mãos ágeis dos datilógrafos que batem um número incrível de batidas por minuto ... Mãos de músicos que nos deleitam, nos transportam bem além do tempo c espaço ... Mãos que espalham sementes que se tornam alimentos, c sementes de amor, de esperança c de paz ... Mãos de pintores c de escritores, que se esforçam para não trair os sonhos de beleza que se aninham no pensamento e no coração do artista. Mãos dos linotipistas que compõem os jornais com a síntese dos dias que estamos vivendo ... Mãos de técnicos de rádio, TV, cinema, que nos permitem viver, de hora em hora, os grandes acontecimentos de qualquer parte do mundo ... Mãos que acariciam: mãos das mães, de namorados, mãos de esposos ...

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Seria fácil continuar a enumeração. Mas, é importante recordar também, que as mãos humanas, capazes de tantas grandezas de tanta beleza, espalham igualmente a desolação e a morte. Há mãos que se fecham egoístas e avaras. Há mãos que se encrespam, cheias de ódio, chegando às vezes, ao extremo de ferir c matar ... Há mãos que fecham a porta a quem necessita entrar. .. Há mãos preguiçosas c que transferem para outros o trabalho que lhes compete fazer. .. Há mãos que roubam dos ricos e dos pobres também. Há mãos que sequestram pessoas ... Há mãos que metralham, jogam bombas arrasadoras, inclusive bombas que queimam as criaturas vivas ... que são uma ameaça permanente de extermínio da vida sobra a terra ... Cristo, na Tua encarnação, na Tua vida mortal, usaste Tuas mãos admiráveis. Elas passaram fazendo o bem ... Cristo, que nossas mãos estejam sempre a serviço do Bem c da Beleza. Que nossas mãos, à imitação das Tuas, sejam semeadoras de TRANQUILIDADE, de ESPERANÇA, de AMOR c de PAZ. D. Helder Câmara


MEDITANDO EM EQUIPE (Sugestão para setembro) Texto de Meditação (Jo. 19, 26-27) Ao ver sua mãe e, junto dela o discípulo que Ele amava, Jesus disse à sua Mãe: "Mulher, eis aí o teu filho". Depois disse ao discípulo: "Eis aí a tua mãe". E, desde aquela hora, o discípulo recebeu-a em sua casa. Oração Litúrgica

Celebrando nosso Salvador, que se dignou nascer da Virgem Maria, peçamos: R. Olhai para Maria, cheia de graça, e atendei-nos! Verbo eterno, que escolhestes Maria para ser a arca incorruptível de vossa habitação, livrai nós da corrupção do pecado. R. Olhai para Maria, cheia de graça, e atendei-nos! Redentor nosso, que tornastes Maria uma habitação digna para vós e o Espírito Santo, fazei de todos nós templos perenes de vosso Espírito R. Olhai para Maria, cheia de graça, e atendei-nos! Rei dos reis, quisestes ter vossa Mãe convosco no céu em corpo e alma, concedei que pensemos sempre nas realidades do alto. R. Olhai para Maria, cheia de graça, e atendei-nos! Senhor do céu e da terra, ao vosso lado colocastes Maria como Raínha, dai que mereçamos participar com ela da mesma glória. R. Olhai para Maria, cheia de graça. e atendei-nos! OREMOS : Abri, ó Deus, para os vossos servos os tesouros da vossa graça; e assim como a maternidade de Maria é a aurora da salvação, a festa de seu nascimento aumente em nós a vossa paz. Por Nosso Senhor Jesus Cristo na unidade do Espírito Santo. Amém. Liturgia das horas - Festa de Nossa Senhora


PRIORIDADES A REUNIÃO DE EQUIPE

AO ENCONTRO DA REALIDADE

FORMAÇÃO

PASTORAL FAMILIAR

COMUNICAÇÃO

EXPERitNCIA COMUNITÁRIA


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