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RESUMO A palavra do Papa . . . . . . . . . . . . . A Igreja da América Latina . . . . . . . . . Reflexões sobre o casal cristão: Descubro você . Frei Estevão Nunes fala do sentido do sofrimento . Uma opinião sobre a formação na Catequese . Prioridades: A Reunião de Equipe . . . . . . Dai-lhes v'os mesmos de comer . . . . . . . Cônego Caffarel , sobre a presença de Maria Maria, Mulher, Mãe . . . . . . . . . . . . . Editorial Pe. Olivier: O camelo e o fundo da agulha . Carta da E.R.I. Casal Crépy: Obrigado ao Movimento . Alguns textos sobre o Natal . . . . Nosso irmão Dragan nos deixou . . Haverá família cristã no ano 2000? O adulto reflete sobre a criança e o jovem . Pais e filhos diante da religião . . . . . . . A palavra de uma jovem sobre um sacerdote Fusão entre vida e fé . Os efeitos da justiça .. .. Gatos e crianças . . . . . . A respeito de um plebiscito O testemunho do gesto . . Ainda acreditamos em anjos da guarda? Intercâmbio . . . .. . .. . . . . . . . . Notícias e informações . . . . . . . . . . Última página: Oração de uma muçulmana Meditação e oração: sugestões para dezembro
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ACOLHIDA
O trabalho de confeccionar a Carta Mensal tem suas dificuldades. Há, graças ao bom Deus, muita matéria para ler e selecionar. Há prazos que devem ser respeitados , para que a Carta chegue aos seus leitores a tempo. Há aspectos técnicos que precisam ser conciliados. Há ilustrações a encontrar e mais toda sorte de detalhes e probleminhas a superar. Mas é um serviço que tem enormes compensações. As graças que recebemos do Senhor são fora de proporção com qualquer esforço que possamos fazer. As próprias dificuldades são, às vezes, as fontes dessas graças. Vejam por exemplo a questão das inúmeras diferenças que existem entre os leitores da Carta. Há esse casal que acaba de entrar no Movimento e aquele outro que já participa há mais de trinta anos. Há esses jovenzinhos que casaram faz dois ou três anos e aqueles, mais maduros, que já festejaram suas Bodas de Prata. Há os que moram no Norte e os que moram no Sul. Os que moram na megalópole, os que moram na cidade média, os que moram no campo. Há os universitários e os que não tiveram condições de passar do primário. Há os que ganham bem e os que são desprovidos de tudo. Há os que têm uma porção de filhos e os que não têm nenhum. Os que são deste ou daquele partido e os que não querem nem ouvir falar em partidos. Há os que são desta ou daquela corrente no seio da própria Igreja... Da mesma forma que o Movimento das Equipes de Nossa Senhora, a sua Carta Mensal quer acolher a todos. Com as suas diferenças. Cristãos, católicos, irmãos em Jesus Cristo, todos estão à busca do Amor, da Felicidade e da Santidade através do caminho do Sacramento do Matrimônio e escolheram as Equipes para ajudá-los nessa caminhada. Todos têm o direito de esperar que o Movimento os ajude, independentemente de suas diferenças, por meio dos diversos instrumentos que lhes são propostos. A Carta Mensal é um destes instrumentos. Ora, para que todos possam ser atendidos, é fundamental que se tenha uma noção clara do que consistem essas diferenças. Ao participar, em setembro, do encontro do colegiado ECIR/Regionais, pudemos ter uma noção da riqueza que representam as diferenças de preocupação que existem a nível regional, por exemplo. Porque, na verdade, trata-se de riquezas , na medida em que se olhar para elas sob a luz do amor e da misericórdia de Deus. Podemos discutir as nossas diferenças até o fim dos tempos, mas não seremos julgados pelo número de vezes que tivemos razão. Seremos julgados pela qualidade do nosso amor e inclusive pela nossa capacidade de acolher os nossos irmãos com todas as suas diferenças. Este é o esforço que a Carta Mensal quer fazer. Obrigado a todos vocês por nos darem esta chance. Fraternalmente, A equipe da Carta Mensal
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A PALAVRA DO PAPA
DEFENDER A VIDA CONTRA O ABORTO, A EUTANASIA E O RACISMO Reproduzimos aqui um trecho de um discurso recentemente pronunciado pelo Papa João Paulo 11, a respeito de tema do aborto.
Caríssimos Irmãos e Irmãs Celebra-se na Itália o "Dia Pela Vida" , ocasião tradicional para refletir e rezar, convite concreto a empenharmo-nos para defender e promover a vida do homem , desde o seu in ício até o seu fim natural. Sinto a necessidade de unir a minha voz à dos Bispos italianos para repetir, mais uma vez, com clareza e coragem, que "a lei divina - não matar - refere-se a todo o homem , e obriga cada um deles , independentemente das suas convicções religiosas , porque é a lei inscrita pelo Criador na consciência do Homem, como lei natural" (Audiência geral de 30 de Janeiro de 1991). Por isto, os políticos, os administradores e os responsáveis dos serviços sociais e da saúde devem reconhecer no amor à vida "o pressuposto e o conteúdo fundamental da promoção do bem comum , e não deixar de tentar coisa alguma para que sejam asseguradas as condições econômicas, sociais e culturais de uma liberdade efetiva perante a vida" (Da "Mensagem dos Bispos italianos para o Dia pela vida"). "Amor pela vida, opção de liberdade" . Eis o tema deste Dia, que nos impele a considerar o binômio inseparável de vida e liberdade. Como pode haver liberdade onde a vida, toda a vida humana, não é acolhida e amada? Como pode haver verdadeiro progresso social , quando se justificam e se legalizam os ataques e as ameaças à vida do homem , dom gratuito do amor providente de Deus? Se não há respeito pela vida, já se está no reino da morte: morte dos sentimentos extintos pelo hedonismo desenfreado e alternante; morte do sentido moral , subjugado pelo egoísmo estéril e devastador, enquanto a consciência corre o risco de se fechar à verdade e tem dificuldade em reconhecer aquele bem único que torna o homem feliz. A vida deve ser sempre defendida, acolhida com amor e acompanhada com respeito constante. Como seres humanos e como crentes , não devemos nunca cessar de promover a cultura da vida perante a cultura da morte. Devemos proclamar a intangibilidade do direito a viver - e a viver com dignidade - contra o aborto, crime aberrante que tem em si os
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caracteres do sistema totalitário em relação ao mais indefeso dos seres humanos. Devemos proclamar este direito contra a manipulação genética, que insídia o desenvolvimento da pessoa; contra a eutanásia e rejeição prática dos mais fracos; contra o racismo e a violência homicida de qualquer gênero. Maria, Mãe dos homens , acolhei a nossa prece que faz eco ao brado angustiante das vítimas do aborto , do ódio, da guerra e dos tantos atentados à vida. Sede sustento para os fracos e conforto para quem sofre injustamente. Tocai o coração de quem rejeita a luz da verdade, e matando, mortifica a sua própria humanidade. Recorremos a Vós confiadamente, Mãe de misericórdia, Mãe da vida. João Paulo li
CRENTES UNI DOS NA CONSTRUÇÃO DA PAZ: é o tema escolhido pelo Santo Padre João Paulo li para a Mensagem do Dia Mundial da Paz 1992. O Papa convida desde já todos aqueles que procuram de coração sincero a paz, a refletirem com Ele sobre esta importante temática. Convida especialmente os cristãos a lembrarem-se de que a verdadeira paz é sempre um dom de Deus, que deve ser implorado pela oração e por um empenho concreto a favor da mesma. Ao mesmo tempo o Santo Padre exorta os outros crentes aproveitarem as forças da paz que se encontram nas raízes das suas religiões , pondo-as ao serviço do verdadeiro bem da comunidade internacional. Enfim , encoraja os cristãos e todos crentes a cooperarem na criação das condições espirituais, éticas e sociais necessárias para a paz. Aqueles que do fundo do coração rezam pela paz não podem deixar de se empenharem na sua realização entre todos os povos .
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CAMINHANDO COM A IGREJA
AMÉRICA LATINA Apenas uma semana depois que terminou a assembléia dos bispos Católicos no Brasil, real izou-se, de 22 a 27 de abril , a reunião dos bispos da América Latina em Buenos Aires. É a assembléia geral do Conselho Episcopal Latino- americano (GELAM) .( ... ) Os 55 Bispos presentes foram em peregrinação ao Santuário Nacional de Nossa Senhora de Luján , padroeira da Argentina. Aí estavam representadas as 22 nações de nosso continente. Pedíamos a Deus que abençoasse nossos povos e países . Diante de nós estavam os sofrimentos, angustias e esperanças de todos os irmãos . Nos primeiros dias , além dos relatórios sobre o quadriênio , foram apresentadas as situações de cada país . Há traços comuns que marcam nossa história recente: os efeitos da dívida externa, o empobrecimento do povo, a concentração de capital com agravamento do analfabetismo , desemprego e violência. Difundiu-se por todos os lados a campanha antinatalística. Cresceu o narcotráfico. É lamentável a corrupção nos negócios e na classe dirigente. Percebe-se, ao mesmo tempo, uma busca de valores espirituais em meio ao desencanto da permissividade moral. Apesar das dificuldades e até da perseguição, a Igreja procurou contribuir para a solução dos problemas sociais , a liberdade de consciência e a participação na vida política. Na perspectiva dos desafios lançados à ação pastoral há um conjunto de questões que atravessa todo o continente: como responder a esse anseio de comunhão maior com Deus , como fortificar a fé, afirmar os princípios éticos e suprir a falta de agentes de pastoral? Como enfrentar a desagregação da família, a desorientação da juventude, a vulnerabilidade às seitas e o indiferentismo religioso? A resposta se encontra no renovado ardor missionário , no anúncio entusiasta de Jesus Cristo. Para isso será necessário intensificar o conhecimento e o amor à Palavra de Deus, a formação na fé de leigos, a multiplicação de ministérios e a catequese continuada. Nesse trabalho missionário inclui-se a revitalização das paróquias, das comunidades eclesiais de base e dos movimentos, bem como o esforço criativo para convidar os cristãos que deixaram a prática religiosa a reencontrarem o convívio das comunidades e a vida sacramental. Um desafio especial é o da chamada pastoral urbana, mergulhada no trabalho e envolvida pela influência dos meios de comun icação social.
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Como oferecer ao homem e à mulher das grandes cidades condições de viver a própria fé e transformar a sociedade? Três insistências hão de caracterizar a nova evangelização na América Latina: a primeira é a afirmação da vida, dom de Deus, incluindo desde o respeito à natureza e às culturas indígenas e negra, até assegurar, com firmeza, ao nascituro o direito de viver, e buscar todos os modos de terminar com o terrorismo e a violência. A segunda é o esforço para a aproximação e o diálogo entre grupos armados, facções e partidos que atentam contra a paz em várias nações. Pensemos em El Salvador e Guatemala, na superação de ressentimentos no Chile e Argentina, no empenho do entendimento na Colômbia e Peru, e no anseio de tranqüilidade social no Haiti e outros países. A palavra chave é de reconciliação, que nasce do perdão e do amor fraterno. A terceira é de esperança. Nossos povos sofrem, há anos, a decepção diante de promessas não realizadas e das dificuldades crescentes . É preciso anunciar a transcendência da dignidade dos filhos de Deus para que não desanimem em promover uma sociedade justa e solidária, mas acreditam na força transformadora da vida nova em Cristo e na sobrevivência feliz para além da morte. A assembléia do GELAM reforçou a consciência dos valores comuns e o compromisso de maior união na solução de nossos problemas. Abrem-se caminhos novos de cooperação na certeza das raízes comuns de fé, cultura e solidariedade fraterna. O. Luciano Mendes de Almeida Presidente da CNBB (do jornal Folha de S. Paulo)
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REFLEXÃO Continuamos aqui a publicação de algumas reflexões sobre o casal cristão que iniciamos em Outubro (nº 277 pg .S e 278 pg.12)
DESCUBRO VOCÊ "Diante de você, reconheço o prodígio, o ser extraordinário que sou ". (PS 138-14)
Nesta reflexão a nossa proposta é a de examinar o aspecto psicológico e afetivo da nossa aventura a dois . Este aspecto é inseparável de outras dimensões do nosso amor, tais como a dimensão espiritual e a sexual, pois sabemos bem que psicologia, afetividade e sexualidade estão intimamente ligadas . São três os pontos sobre os quais queremos propor a nossa reflexão: -constatar nossas diferenças e aceitá-las ; - aceitar o outro tal como ele é (e não como gostaríamos que ele fosse) ; - olhá-lo com um olhar positivo, um olhar amoroso . Constatar as diferenças O amor verdadeiro supõe entre outras condições , uma atitude de lucidez: nós somos diferentes. É um fato. Entre nós- homem e mulher- são muitas as diferenças . - O homem, habitualmente , é mais razão; a mulher é mais intuição . -O homem , habitualmente, é mais reservado quanto à expressão de seus sentimentos . Algumas vezes ele se comporta de tal modo que dá a entender que demonstrar o seu amor é sinal de fragilidade . A mulher, habitualmente, é mais ávida de manifestações de ternura; ela precisa ouvir "eu amo você" . - O homem é mais dividido (freqüentemente ele tem uma atitude no trabalho, outra em casa, outra nas horas do lazer ... ) A mulher é mais globalizante porque é ao mesmo tempo esposa, mãe e freqüentemente trabalha fora de casa. - O homem, fisicamente mais forte , é capaz de grandes esforços . A mulher é mais persistente (principalmente no plano moral) . Nessas bases gerais se inserem as particularidades que fazem com que nossa personalidade seja única. Conseqüentemente amar é antes de tudo descobrir com o outro essas particularidades, aceitá-las e aprová-las . Ver o outro como ele realmente é. Muitos lares se desintegram porque cada um (ou um dos dois) descobre um dia que a pessoa com quem se casou não era aquela que ele acreditava ter encontrado. Amar é aceitar o outro tal como ele é e não da maneira que o idealizamos . Como corolário , amar é aceitar ser a gente mesmo diante do outro e não
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inventar um personagem a fim de seduzir o outro . Amar supõe ser verdadeiro e humilde ( o que não está excluído de esforçar-se para melhorar e agradar o outro cada vez mais) . Olhar o outro com olhar positivo. com olhar amoroso. Constatando nossas diferenças, aceitando o outro com suas especificidades , seus dons e seus limites , é preciso amá-lo tal como ele é. Em primeiro lugar é preciso tentar mudar o nosso coração em relação ao outro , antes de querer mudar seu coração. O primeiro "instrumento" do amor é esse olhar. Amar é pois pousar sobre o outro - tal como ele é - um olhar de amor, da mesma forma que o Criador pousou sobre nós . Texto de referência " ... Imagine um jovem esposo a quem foi ensinado não ser bom deixar ao improviso suas conversas com a esposa. À noite, quando volta do trabalho, fortalecido pelos conselhos , pergunta à esposa como foi seu dia, seus afazeres, seus compromissos , o comportamento do bebê. Por sua vez ele não deixa de falar-lhe dos acontecimentos mais importantes de sua vida profissional. Depois ele propõe, para antes de deitar, a leitura do livro que ele acabou de comprar. Não obstante todo este esforço, nada pode garantir que a noite não será desastrosa para ambos; cada um se sentirá solitário, afastado e continuará seu monólogo inteiro ou se perderá nos seus devaneios. No domínio da vida conjugal não basta somente o conhecer a teoria ou ser experiente no assunto. Duas pessoas não são hoje aquilo que eram ontem. É preciso que , a cada dia, um parta ao encontro do outro em busca de caminhos desconhecidos , procurando compreender a vida profunda da ligação; procurando o que pode suscitar a atenção do outro , seu interesse , sua ternura; evitando tudo que possa irritá-lo ou aborrecê-lo descobrindo o que pode restabelecer a comunhão ... E então o milagre se realiza: uma verdadeira troca em profundidade, onde os corações e as almas se comunicam . As palavras se acham maravilhosamente adaptadas e aptas a nutrir esse intercâmbio - a menos que o silêncio seja ainda mais eloqüente neste momento. Não é suficiente ser catedrático em psicologia , conhecer de cor o código de boas relações entre marido e mulher. Trata-se de criar momentos agradáveis de prosa, de vigília, a fim de que eles sejam um encontro de verdade. Ora, criar é difícil , é fatigante e supõe o amor vivo e jovem , jamais designado à mediocridade das conversas, ávido de uma comunhão mais estreita, estimulado pela esperança. É o amor que suscita a criatividade e reciprocamente , a criatividade enriquece o amor. Henri Caftarel
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Pistas para reflexão: Como casal, sejamos conscientes das nossas diferenças psicológicas, fisiológicas , afetivas , em matéria de gosto, de cultura, de educação e de hábitos de vida. - Em que somos complemento do outro? -Aceitamos, suportamos nossas diferenças? -Como criamos os nossos (eventuais) conflitos? - Será que sabemos escutar nosso cônjuge, falar com ele? Temos nós capacidade de escutar e o bom senso de escutar em casal, em família? -Você se sente respeitado (a)? Sei respeitar o "jardim secreto" do outro? - Qual a margem de autonomia que lhe concedo? - Como nivelo o meu amor, com egoísmo ou, tavez, com um desejo sutil de possessão? - Tenho consciência de que o verdadei ro amor exige renúncia? Sei renunciar por amor? -Como vivemos nossas diferenças no domínio espirítual? - Desde que nos amamos que progressos fizemos na descoberta e aceitação recíproca? Temos a bondade e a alegria de conhecer o passado daquele que amamos, bem como a história da sua família? - Que ajuda pedimos à nossa equipe? - Que proveito tiramos da ajuda recebida da equipe ou de outros movimentos? Algumas flores "O sonho daquele que ama é abolir as diferenças e tornar-se um com o ser amado. Ele almeja jamais separar-se do outro. Ele aspira a uma absoluta transparência, a uma fusão . Ora, esse ideal é humanamente impossível. Certas inclinações de um são modificadas pelo outro, um modo de vida se estabelece ... e algumas vezes casais que se amam com o passar dos anos se tornam até parecidos . Mas diferenças que permanecem irredutíveis podem ser muitas vezes fonte de enriquecimento mútuo. Jamais a transparência é total ; cada um guarda para o outro um quê de mistério. O amor não é unidade; é comunhão. P.F. Monfort "Amar é não se perturbar diante do outro, ter por ele uma afeição sensível , entregar-se a ele, admirá-lo, desejá-lo, querer possuí-lo. Amar, essencialmente, é dar-se ao outro e aos outros". Michel Quoist
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FORMAÇÃO
MAS POR QUE EXISTE O SOFRIMENTO? É a pergunta que nos momentos de maior dor todos nós fazemos. E ficamos sem resposta. De fato , como podemos conciliar a existência do sofrimento com o amor infinito de Deus Pai por cada um de nós? Se Deus é todo poderoso, como acreditamos, e se nos ama a todos , como também acreditamos, como pode ele deixar que seus filhos tenham de carregar tanto peso, às vezes insuportável , e sem culpa alguma? É aquela mãe, condenada à morte pelo câncer, que vai deixar sem proteção tantos filhos ainda pequenos . É aquele homem tão bom e generoso, que luta tanto e não consegue sair de sua pobreza para dar um pouquinho mais de conforto à sua família, e ainda é vítima de tanta exploração. É aquela família destruída pela loucura de um pai irresponsável. É a guerra estúpida matando tanta gente. É a inundação, a seca, o terremoto. Como pode? Será que Deus não vê? Ou será que ele fica insensível , de braços cruzados perante tanta dor? Sinceramente, não dá para entender. Como não dá para entender, de um ponto de vista puramente humano, esse sofrimento inaudito de Jesus Cristo na sexta-feira santa. O Homem mais puro, mais generoso, mais desapegado de si mesmo , mais preocupado com o bem de todos e de cada um , é morto pregado numa cruz, como um bandido entre dois bandidos , mergulhado num mar de dores físicas e morais que nem pudemos avaliar. E sua Mãe com Ele, no mesmo oceano de dores . "Meu Deus , meu Deus , por que me abandonaste?" -Foi um momento de tentação. Mas Jesus sabia muito bem que o Pai não o abandonará, tanto é que acrescentou logo, num ato de fé verdadeiramente sobre-humano: "Nas Tuas mãos entrego o meu espírito". Aí está para nós o caminho de Cristo. Não, Deus não quer para nós sofrimento algum , pois somos filhos seus. Nem no-los envia. Nem nos castiga pelas nossas infidelidades. Mas não somos anjos nem deuses , e pelo fato de sermos humanos , estamos ligado à matéria do nosso corpo e do cosmo. Por isso, estamos sujeitos às leis da matéria e do mundo. Somos imperfeitos, limitados , como imperfeita e limitada é a matéria, porque composta sujeita à decomposição . Por isso morremos também . O mundo tem suas leis, e tantas vezes diante de suas forças somos tão pequeninos, não aprendemos ainda dominá-las todas e sujeitá-las a nosso serviço . Por isso arcamos com o peso de suas conseqüências . Mas não podemos pretender que Deus governe o mundo através de milagres ,
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interferindo a cada momento e derrogando essas leis por causa de cada um . Além disso, existe no coração de todos nós aquela misteriosa marca do pecado: somos inclinados por natureza para o egoísmo, e este sempre traz conseqüências , negativas para outros. Como solidários no bem, somos co-responsáveis também no mal, e as conseqüências da má vontade de cada um vão logicamente recair sobre o outro, vítima sem culpa. Mas porque então Deus não interfere, ele que é o Todo-Poderoso, para evitar que os inocentes paguem pelos pecadores? Porque se Deus interferisse estaria destruindo a maior riqueza do ser humano, que é a sua liberdade, a capacidade de escolher que lhe dá condições de fazer o mal mas também de fazer o bem . Se o homem não fosse livre, não poderia amar; por isso Deus o deixa livre , para que possa converter-se do seu pecado e voltar-se para o amor. Podemos e devemos , é obvio, combater os sofrimentos . Mas não conseguiremos afastá-los de nossa vida; mais cedo ou mais tarde , de uma forma ou de outra, teremos de enfrentá-los , ou físicos ou psicológicos ou morais . Há um único jeito de domá-los. É nos unirmos a Jesus crucificado, que sendo inocente sofreu a maior das injustiças numa condenação infamante e depois foi pendurado naquela cruz, o mais terrível dos suplícios que os romanos conheciam , reservados apenas aos escravos e traidores . Fazer de nossas dores uma participação efetiva nas dores de Cristo. Carregar a cruz que a vida nos reservar, com amor, para transformá-la também , como a de Cristo, em instrumento de redenção , para nós e para os outros , e caminho de ressurreição . É possível fazer isso? Sim , com a graça de Deus , não por nós mesmos . Se permanecermos sozinhos , é fácil cair na tentação do desespero, que é muito pior do que os própios sofrimentos . Frei Estevão Nunes op
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"Descobri outros valores, descobri Deus, aquele negócio de carro do ano e de roupa cara é bobagem " (de Paulo Aury de Figueiredo Polônia , ao ser libertado após 43 dias de seqüestro)
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FORMAÇÃO 11
DECOREBA 11 ?
Os métodos pastorais catequéticos devem evoluir partindo da própria noção do Reino de Deus que no Evangelho é comparado à semente. Essa sofre sempre um processo de renovação. Vai à terra, morre e depois torna a viver em forma de árvore, folhas e frutos. Na Igreja de Cristo nada é estático, tudo é dinâmico como Ele próprio que padeceu , morreu e ressuscitou. Falar em evolução na pregação, na proposição do Evangelho é pensar logo em riscos , principalmente em confundir o essencial com o método em si. Com critérios de hoje analisase o catecismo antigo, que se ridiculariza, chamando-o de "decoreba", pois era na base de perguntas e respostas, o que não impedia à catequista animá-lo com sua vivência. Algumas formas guardavam-se para sempre, enriquecidas com os conhecimentos gerais e experiências de cada era. Saber "de cor" , a grande frustração dos homens e mulheres de hoje, não é menos nobre que dissertação livre. "De cor" , a etimologia está dizendo, é apender não só com o cérebro mas com o coração e a vida. Tínhamos o primeiro , o segundo, o terceiro catecismo; este último mais completo que o célebre catecismo holandês . Era um texto só, para o Brasil todo. Hoje, cada editora publica um ou mais textos. Quando ultimamente se falou de um catecismo católico para toda a Igreja, houve uma gritaria geral em nome da livre criatividade. A experiência tem demonstrado que há hoje um decréscimo do aprendizado catequético em todas as faixas etárias , inclusive entre os adultos . Há falta de noções sistemáticas , resumidas e claras ; é certo que elas não devem resumir toda a cultura religiosa possível , mas é a base . Começar logo com questões controvertidas , penso que não é o melhor caminho, pois , se não se têm elementos básicos, de onde partirá o sadio questionamento e a leal contestação? Vejo por exemplo, que não se tem uma noção bem clara de Igreja e nem se conhece seus parceiros , que são, digamos assim , uma regulamentação do decálogo: ouvir missas inteiras nos domingos e festas de guarda; confessar-se ao menos uma vez por ano; comungar pela Páscoa; jejuar e abster-se de carne nos dias de preceito; pagar o dízimo, segundo o costume. Como todo o grupo humano, até os mais primitivos , ela tem direito de fazer normas e precisa fazê-las. Mas não ouço mais ninguém falar sobre isso. O que não seria tão difícil, se não tivéssemos tanta ojeriza para decorar dados elementares de nossa Igreja. Mons. Neves (Em O Caminho nº 915 São Paulo, 21 de julho de 1991)
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PRIORIDADES
ESTAR UNIDO E NÃO APENAS REUNIDO É comum entre equipes, Pastorais ou Movimentos, nós estarmos reunidos e pensando que estamos unidos. A reunião é um passo para a união, ou uma complementação para um afastamento uns dos outros, por isso, é bom que as ENS, como um Movimento familiar, estejam sempre a refletir sobre esta questão, já que dentro das equipes há sempre a preocupação de fazer Igreja no lar. Só que se constata uma grande falha; reunimo-nos à luz da Palavra de Deus, como ENS , mas não nos unimos à luz dessa Palavra, pois somos mesquinhos, egoístas, sem humildade, ou seja, preocupamo-nos (quando nos preocupamos) com os casais de nossa equipe ou lembramos deles, por causa de um problema, doença, momentos sociais, ou por causa do Movimento. Fica difícil então formar uma comunidade (no sentido exato da palavra) , pois, apesar de estarmos dentro de um Movimento, às vezes isso passa até para a vida a dois, estamos debaixo do mesmo teto, mas levamos uma vida distinta da outra, conversando apenas o essencial. Dentro da Sagrada Escritura, REUNIÃO significa uma restauração messiânica. Os profetas anunciaram a unidade futura do Reino, renovando a tradição de Davi e de Salomão. "Naqueles dias, a casa de Judá irá à casa de Israel; - juntos virão da terra do Norte para a terra que dei como herança a vossos pais" (Jer 3, 18). Quando falamos de unidade, recorremos a Col 1, 20 "reconciliar por Ele e para Ele todos os seres, os da terra e os dos céus, realizando a paz pelo sangue de sua cruz" . A nossa unidade é por Cristo e para Cristo, em vista de uma reconciliação universal, que engloba todos os espíritos celestiais , assim como todos os homens. Não se trata porém de uma salvação individual de todos, mas da salvação coletiva do mundo, por seu retorno à ordem e à paz na submissão a Deus. O cristão, o equipista, deve lembrar-se que pela vida ou pela morte está unido fisicamente a Cristo pelo batismo, e pela Eucaristia pertence-lhe pelo seu próprio corpo. Por isso a vida desse corpo, os seus sofrimentos e até a sua morte tornam-se mística de Cristo, que nele habita e que disso tira a sua glória. Em Fi li penses 1, 1O "para levar o tempo à sua plenitude e em Cristo encabeçar todas as coisas, as que estão nos céus e as que estão na terra", é um resumo do tema, já que São Paulo desenvolve essa idéia de Cristo regenerando e reunindo sob a sua autoridade (para reconduzi-lo à Deus) o mundo criado, que o pecado tinha corrompido e dissociado; mundo dos homens em que judeus e gentios são reunidos numa mesma salvação e até o mundo dos anjos, em uma unidade perfeita. Diácono Lu iz Carlos Pereira Eq. 16 e 54 - Setor E- Região Rio 111
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DAl-LHES VÓS MESMOS DE COMER Estamos vivendo um novo Pentecostes para a vida das nossas equipes. É a força renovadora do Espírito Santo que impulsiona cada um de nós a rever nossas vidas à luz da Palavra de Deus e reassumir nosso compromisso com a Igreja, através das equipes de que participamos. Temos consciência da nossa fragilidade e da grande responsabilidade no assumir de um novo ano equipista. Nossas equipes são dom de Deus. Através delas, cada casal é convidado a viver em profundidade a espiritual idade conjugal, a entrega, a partilha, a abertura, lançando, assim, a sua contribuição na construção do reino de Deus. Toda a ação eclesial visa a evangelização e evangelizar é propagar, tornar conhecido o amor trinitário: A COMUNIDADE PERFEITA. O mundo torna-se cada vez mais um apelo dramático à nossa fé, que deve ser compreendida na busca da sociedade igualitária, cujo modelo é a Santíssima Trindade. No texto sobre a multiplicação dos pães (Mt 14, 13- 21), Jesus é tomado de compaixão pela multidão que vem ao seu encontro, multidão faminta, desorientada, que busca em Jesus resposta às suas reais necessidades. Hoje, como ontem, uma grande multidão continua faminta, sedenta, algumas vezes, chegando ao desespero. O modelo de família proposto pela sociedade, em particular pelos meios de comunicação social, é assumindo por muitas famílias e o resultado é desesperador. Jesus continua olhando com compaixão as multidões e repete para cada um de nós o que disse aos discípulos: "dai-lhes vós mesmos de comer" (Mt 14, 16). Os discípulos preferiram mandar o povo embora, era mais cômodo para eles. Jesus, entretanto, aproveitando os recursos que eles mesmos tinham, celebrou o grande banquete, profetizado por Isaías. "Todos que tendes sede vinde à água. Vós, os que não tendes dinheiro, vinde, comprai e comei; comprai, sem dinheiro e sem pagar vinho e leite" (ls 55, 1s). Marcos, no capítulo 6 do seu evangelho, narra dois banquetes, um que conduz à morte e outro que é anúncio de vida. No primeiro Herodes por ocasião de seu aniversário, convida as grandes personalidades da Galiléia e termina mandando degolar João Batista, anunciador corajoso de um novo projeto de vida. No segundo banquete, Jesus multiplica os pães e sacia a fome do povo: "Dai-lhes vós mesmos de comer." Quantos recursos temos, meus irmãos, recursos espirituais e também recursos materiais. Podemos dizer que somos privilegiados, pois o Senhor em nós fez maravilhas Magnificat! Nossa Senhora, consciente dos benefícios recebidos de Deus , olha para sua pequenez, louva o Senhor no seu canto profético e coloca a sua vida a serviço.
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São Paulo na carta aos Romanos, lembra que nada deve nos separar do amor de Deus. Amor que, para vocês, meus irmãos é manifestado na grande vocação matrimonial. Vivamos a alegria do serviço à nossa Igreja na consciência do chamado. A segunda inspiração é vida nova, renovação do espírito equipista, para que, pelo vosso testemunho de casais cristãos , muitos outros casais renovem o seu compromisso conjugal , vivam a beleza do seu casamento e anunciem o projeto novo proposto por Jesus Cristo. Pe. Marcelino (Trechos da homilia da missa de abertura do EACRE/91 de Belém/PA)
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PRESENÇA DE MARIA Para compreender o lugar de Maria na nossa vida de oração, é necessário, antes de mais nada, considerar a oração de Maria. Presunçoso empreendimento seria este , se pensássemos imiscuir-nos na intimidade de amor entre Deus infinitamente perfeito e a Virgem puríssima; é um Santo dos Santos inviolável; só podemos ficar à porta, adorar e calar-nos. Mas não é interdito, sem violar o mistério, procurar entrever alguns aspectos desta oração da mais santa das criaturas. E sobretudo não pensem na oração de Maria como uma realidade afastada no tempo e no espaço. Nada é mais atual e ao nosso alcance. Ousemos aproxima-nos, introduzir-nos na sua oração como quem penetra na penumbra duma capela. Na presença da Majestade Altíssima, ela, a pequena filha dos homens , adora - recolhamo-nos ; aqui roçamos o Mistério ... Ela canta também , canta um puríssimo cântico de louvor Àquele que dignou inclinar-se sobre a sua pequenez e fazer nela e por ela grandes coisas . Ela reza pelos seus inumeráveis filhos, ou antes reza em nome deles - é uma maneira excelente de rezar por aqueles que amamos. Quantos desses filhos esquecem o seu Deus , deixam de lhe agradecer os seus dons , de solicitar o seu perdão , de reconhecer a sua soberania. Mas felizmente a mãe está lá e supre as suas negligências. Sempre atenta a todos, ela intervém por cada um junto do seu Filho, oferecendo a oração balbuciante de um , a hesitante boa vontade de outro; intercede por todos : por aquele que sofre, o que a tentação ameaça, pelo que se recusa à Deus , por aquele que se aproxima da morte ... Ela reza à maneira das mães . Quero dizer que leva os seus filhos ao seu Deus, a quem os oferece, como autora, ao levar nos seus braços aquele pequenino que era o Filho do Onipotente. A pergunta de vocês que lugar ocupa Maria na oração dos católicos, vejam gue respondo , primeiro, falando-lhes do lugar que nós ocupamos na sua. E que a nossa melhor oração é a que a Virgem faz em nosso nome e por nós. O cristão que quer rezar começa, portanto, por se ajoelhar junto da sua Mãe orante. Quando, contagiado pelo recolhimento desta, entra pela oração na companhia do seu Deus , é a vez de Maria se tornar presente na oração dele. Porque se há um espetáculo da terra que comove e alegra o seu coração materno, é exatamente, ver um dos seus tentar falar ao Senhor e escutá-lo . E, como quem abriga com as mãos uma frágil chama soprada pelo vento , Maria, com a sua prece toda poderosa, protege a oração do seu filho." Henri Caffarel
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SABE, MARIA ... Sabe, Maria, já se passaram tantos anos mas ainda me lembro das muitas vezes em que, no decorrer de minha vida, me comparei com você. Nestes momentos me vinha a idéia de um sacrilégio: como poderia eu, uma mulher comum, tão cheia de defeitos e limitações, pensar em me comparar com você, mulher perfeita, cheia de fé, de um amor inigualável. Mas, sabe, Maria, apesar da distância infinita entre você e eu, existe algo que nos aproxima - um dia nos tornamos mães. Quem poderá explicar o que se passa no coração de uma mulher durante aqueles nove meses em que ela espera o nascimento de seu filho? Toda mãe vive o seu momento da "anunciação" , entre emoções contraditórias de alegria, perplexidade , interrogação ... Um dia, a gente sente que o bebê já se move e sua vida palpita dentro de nossa vida ... Com certeza, Maria, você, como toda mulher, sorriu neste momento e seu coração bateu mais forte. Sem dúvida, você imaginou como seria o seu rostinho, sua maneira de olhar, mais tarde, de falar e caminhar. Mas sei também que você jamais pode explicar exatamente tudo aquilo que sentiu e sonhou. É grande, é maravilhoso demais e só vivendo podemos saber o que isto significa. Há 2.000 anos, o mundo já era cheio de injustiça e de maldade, como hoje. Qual a mãe que não se angustia pensando que um dia o seu querido bebê será lançado neste meio? Será que você nunca pensou em guardá-lo junto de si, preservá-lo do sofrimento, da traição, do medo, da violência? Nesta mistura de sentimentos indescritíveis, um dia, chega o Natal! A boa nova para a humanidade. Diante do filho pequeno, você se ajoelha maravilhada. Também nós, todas as mães, vivemos os natais de nossas vidas e nos ajoelhamos diante do grande milagre do amor que é a nova vida que acaba de surgir. Neste momento, uma força estranha nos anima e nos sentimos capazes de todas as lutas para proteger aquele pequenino ser, tão frágil e, ao mesmo tempo, tão poderoso. Passam-se os anos e eles crescem "em sabedoria, graça e idade, diante de Deus e dos homens" . Quantas preocupações, cuidados, carinhos ... Quando menos esperamos , chega um outro grande momento. O que sentiu você, Maria, no dia em que "seu menino" se tornou homem e partiu? .. . Você sabia que não o estava criando para você mas sim para o mundo. Mas o vazio dentro de casa, a falta da risada , da brincadeira, o lugar na mesa .. . Por certo, o seu coração ficou doendo , doendo ... De longe, você o acompanha, se alegra com suas alegrias , chora com seus sofrimentos , mas um sentimento está sempre em você: o de nada mais poder fazer, ele não é mais o "seu" menino. Ele pertence ao mundo.
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Perdoe-me Maria, mas neste momento percebo o quanto o meu coração sente igual ao seu! Às vezes nossos filhos dizem e fazem coisas maravilhosas. Assim como você, eu ouço, observo e as guardo no meu coração. Muitas vezes já receberam homenagens , foram aplaudidos e vitoriosos. Mas também já notei seus pés empoeirados e sangrando, feridos nas pedras do caminho. Já os vi cansados, curvados, de olhar triste e sem brilho. Já os vi felizes e entusiasmados , vibrando de alegria. Não sei, Maria, qual será o amanhã. Não sei quantas vezes o mundo iráaplaudí-los nem quantas vezes irá sacrificá-los. Mas no meu amor, no amor de cada mãe , se aninha o desejo de que eles encontrem a felicidade. Se nada mais podemos fazer, sabemos que você o pode. Felicidade, Maria, é ter FÉ! É saber que as contradições, o amor e egoísmo, alegria e dor e tantas outras mais, só encontram seu sentido em Deus , no seu Filho Jesus. Mas o mundo em nada contribui para levá-los a este caminho e o que vivemos freqüentemente é uma juventude atormentada pelo sentimento do absurdo, do vazio e que os leva à frustração e até à auto-destruição. Nós , todas as mães do mundo, lhe pedimos que Jesus renasça também no coração de nossos filhos , enchendo-os de fé, esperança e alegria de viver. E que, no entusiasmo de sua juventude , eles possam trabalhar pelo Reino de Deus , transformando o mundo num lugar de justiça e de paz, onde crianças não chorarão mais com fome de pão e de amor, e as mães sentirão somente alegria diante da perspectiva do futuro de seus filhos . Stella Bentes Duarte Silveira
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EDITORIAL
O CAMELO E O FUNDO DA AGULHA Uma coisa eu sempre estranhei: nas equipes se fala muito pouco sobre a pobreza evangélica. Fala-se, mas por alto. Entretanto eu me questiono se um programa de vida, uma meta de vida para cristãos poderia deixar de lado, como coisa secundária, o espírito de pobreza. No memorável encontro em Chantilly em 1987 o Pe. Caffarel relembrando a história do Movimento nos disse que existem certas coisas que não foram percebidas prontamente e que haveria tempo para compreendê-las melhor. Ele citou o sentido humano e cristão da sexualidade, a missão das Equipes como movimento de casais. Da minha parte, com uma migalha de temeridade, eu estou tentando acrescentar o sentido evangélico da pobreza. Todos nós conhecemos de cor a célebre frase do evangelho "Mais fácil passar o camelo pelo fundo duma agulha do que o rico entrar no reino de Deus" (Lc 18, 24). É necessário reconhecer que esta é uma imagem assustadora e muito chocante. Por isso ela está lá! Existem outras imagens pitorescas no Evangelho: "Filtrais um mosquito e engolis um camelo!" (Mt 23, 24). De novo o camelo! Fez-se muito esforço para explicar essa imagem curiosa e para interpretá-la cuidadosamente, tornando-a mais clara e aceitável. .. Por exemplo alguém disse: o fundo da agulha se deve entender como o nome de uma porta muito estreita de Jerusalém. Um camelo com carga em excesso não poderia transpô-la. Seria necessário descarregá-lo como se faz em certas pontes muito baixas em que é necessário esvaziar os pneus do veículo para que ele possa passar: para entrar no Reino é necessário se despojar das "bagagens" que nos atravancam. Outros dizem: não se trata de um camelo mas sim de uma corda. Com efeito a palavra grega pode se prestar a essa confusão. A corda e o fundo da agulha; essa se torna uma imagem mais . coerente e então pode-se compreender melhor seu sentido. Mas no final das contas, prefiro o camelo. É uma imagem que não se pode esquecer! Essa imagem mostra claramente que a riqueza é um obstáculo intransponível para quem quer entrar no Reino de Deus. É preciso ser pobre. Isso é possível? É preciso compreender profundamente a advertência de Jesus: "O que é impossível aos homens é possível a Deus" (Lc 18, 27). Concentramos nossos esforços na espiritualidade do casal cristão e valorizamos tudo aquilo que contribui para ela. É evidente que não
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podemos insistir sobre todas as coisas. Assim sendo, um casal equipista é essencialmente um casal cristão que quer viver o evangelho, todo o Evangelho e não somente a carta das Equipes . Mas podemos descobrir juntos qual deve ser o testemunho dos casais na Igreja e no mundo. qual é o seu lugar, sua missão. Não é mais possível ignorar esse apelo inquietante ao espírito de pobreza. É preciso compreender bem que não se trata unicamente e antes de tudo de uma questão de dinheiro. É essencialmente uma questão de espírito. Mais cuidado! Não podemos suspirar aliviados imediatamente ... é talvez muito mais difícil. Parece-me bem improvável que alguém possa ter esse espírito de pobreza evangélica, sendo rico, sem provar uma certa pobreza real. Seria necessário desenvolver bastante essas concepções e torná-las mais precisas. Num Editorial não se pode fazer isso. Eu só queria tocar um sininho para despertá-los! O espírito de pobreza não poderia ficar fora nem da nossa carta, nem dos nossos pontos concretos de esforço. Talvez seja necessário pensar num tema de estudo especial.. . depois do projeto sexualidade naturalmente. Mas por enquanto pensem no camelo e no fundo da agulha. Questionem-se como estão vocês, como casal, como família. Para poderem ficar vigilantes, peçam a seus filhos para fazer um desenho yue vocés co locarão 11 0 seu "cantinho de oração" em su a casa ... E quando, a cada dia, rezarmos a Magnificat, esforcemo-nos para entender cada vez melhor o sentido de suas palavras. Fr. Bernard Olivier o.p.
No momento em que estávamos fechando esta edição da Carta Mensal, chegou-nos a triste notícia do falecimento de nosso querido Pe. José Carlos de Mambro, Conselheiro Espiritual do Movimento no Brasil. Após longa enfermidade, Pe. José Carlos de Mambro voltou ao Pai no dia 30 de outubro de 1991 . Foi sepultado no cemitério de Osasco, SP. Na próxima edição, estaremos rememorando , através de diversos testemunhos, a importante presença do, Pe. José Carlos nas Equipes de Nossa Senhora do Brasil em todos estes anos de participação e dedicação
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CARTA DA EQUIPE RESPONSÁVEL INTERNACIONAL
OBRIGADO AO MOVIMENTO Em julho de 1985 escrevemos a Jean-Ciaude e Janine Malroux colocando-nos à disposição para prestar alguma ajuda. Qual não foi nossa surpresa quando, algumas semanas mais tarde, recebemos uma cartinha deles propondo-nos, em nome da ERI (Equipe Responsável Internacional) , participar dela a partir de janeiro de 1986, para um mandato de 6 anos. Estamos agora em 1991 , quase no fim do nosso mandato. Como uma despedida, pensamos em deixar-lhes algumas de nossas reflexões sobre o Movimento. Não sabemos se o equipista de base- que somos todos nós- tem noção da importância do trabalho realizado a fim de que as equipes do mundo inteiro sejam "alimentadas espiritualmente". Será que ele sabe que inúmeros casais anônimos consagram muito de seu tempo para que ele e sua equipe possam realizar sua vocação de casais cristãos? Tomemos um exemplo muito simples : "a segunda inspiração". Para a preparação do encontro em Lourdes (1988) os seis casais da ERI, com seu Conselheiro Espiritual Pe . Olivier, durante 18 meses elaboraram um projeto . Esses projeto, submetido aos Super-Regionais, resultou no texto que lhes foi proposto em setembro de 1988. Logo depois, cada país, em todos os níveis do Movimento: regiões, setores, ligações, se esforçou sem descanso, através de reuniões, cartas e numerosos contatos para promover essa "segunda inspiração" . Essa reflexão nos leva a outra : a entre-ajuda espiritual. Muitas vezes nas equipes, como em outros movimentos, os responsáveis colocam todos os dias em suas preces, aqueles pelos quais tem responsabi lidade espiritual. Sabemos que muitos equipistas rezam regularmente pelos casais de sua equipe . Mas quantos casais tem o zelo de apresentar regularmente ao Senhor, em sua prece, aqueles que são responsáveis por eles? Vocês já pensaram em consagrar seu tempo para rezarem pelas responsáveis do Movimento, pelos casais do Setor, da Região, da Super-Região e da ERI? Estes casais contam com suas preces. É em resposta às suas intercessões que o Espírito Santo soprará sobre eles . Gostaríamos também de lhes falar sobre os Conselheiros Espirituais. Muitas vezes, em equipe , ao estabelecermos as datas de reunião não o fazemos levando em conta só as agendas dos profissionais? Diante da carga de trabalho muitas vezes esmagadora de nossos conselheiros não deveríamos procurar dias e horas que lhes fossem mais convenientes, mesmo a custa de alterar nossos sacrossantos hábitos? Diante da dificuldade, que muitos países têm , de encontrar conselheiros espirituais para nossas equipes, nós lhe propomos -da mesma forma como nos foi sugerido há alguns anos por casais das Equipes- terminar todas as reuniões com a seguinte invocação: "Nossa Senhora das Vocações , dai-nos padres, santos padres." Tenhamos a certeza de que o Senhor não ficará insensível aos nossos apelos , principalmente se eles forem pedidos pelo mundo inteiro. Deveríamos dizer-lhes também que é preciso aceitar uma responsabilidade quando lhes é pedida e não somente quando vocês têm vontade de fazê-lo. É frequente sentir-se inadaptado a uma nova função ; é preciso ter confiança naqueles que
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refletiram e rezaram antes de lhes propor assumir esta responsabilidade . Se eles não os achassem capazes, não os teriam escolhido. Também temos notado o desânimo de casais que, depois de três ou mais anos de responsabilidade no Movimento, tornam-se simples equipistas de base, desorientados com a vida simples de sua equipe. Estejamos atentos a esses casais, não nos esquecendo que há uma grande diferença entre a finalidade de uma equipe de responsáveis, cujo encargo é o de construir e animar durante um tempo bem determinado e o de uma equipe de base, que constrói pacientemente, ao longo dos anos, o cotidiano dos casais que a compõem
UMA PALAVRA SOBRE A INTERNACIONALIDADE DO MOVIMENTO Enfim, não se pode esquecer que existem 6.000 equipes no mundo. O Movimento é reconhecido pelos Bispos em razão do seu carisma próprio e também por que está largamente implantado na Igreja. E por isso devemos zelar pela unidade do Movimento e evitar que no seio das equipes as veleidades da autonomia ou de independência apareçam e isso em todos os níveis: assim , uma equipe de base se afasta voluntariamente ou não do movimento sempre que ela decide adaptar à sua vontade "as regras do jogo das equipes"; nós lemos no Evangelho que todo reino desunido é um reino perdido, Nesse espírito é que o colégio formado pela ERI e os super-regionais cuidam para que todas as decisões maiores do Movimento só sejam tomadas depois de amadurecidas reflexões, até a unanimidade ; esse espírito deve ser vivido em todos os níveis do Movimento. É necessário que a informação circule no Movimento. Quando nos tornamos casal de ligação das equipes de língua inglesa, voltávamos de cada encontro com descobertas excepcionais sobre aquilo que se vive nas outras equipes do mundo. Estejamos atentos àquilo que se vive nessas outras equipes. Pessoalmente, perdemos com isso nossa mentalidade "quadrada" e descobrimos que o espírito das equipes não pertence a nenhuma nação e que nenhum país se pode vangloriar de representá-lo sozinho. Num plano mais pessoal , gostaríamos de lhes dizer que uma das lembranças mais marcantes que guardaremos desses seis anos será a amizade muito profunda vivida na ERI. Apesar de nos reunirmos somente quatro vezes por ano, suprimos a falta de mais encontros através de uma prece diária para cada um de nós, e de correspondência regular, na qual constam notícias familiares, profissionais. Fazemos uma partilha sobre os pontos concretos de esforço e relatamos as notícias das Super-Regiões que ligamos. Finalmente queremos agradecer ao Movimento por nos ter convidado diversas vezes desde 1966, a assumir responsabilidades em diferentes níveis. Graças aos equipistas que encontramos e aqueles com quem trabalhamos, vivemos momentos inesquecíveis, talvez trabalhosos , mas imensamente enriquecedores para nós, como casal e para nossos filhos . Mais uma vez obrigado a todos. Françoise e Jean-Jacques Crépy
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NATAL, TEMPO DE LIBERTAÇÃO! O nascimento de Jesus deve ser assinalado cada ano, por uma graça e um esforço de renovação em nossa vida de cristãos. É preciso levantar-se e colocar-se a caminho de Belém. Encontrar Jesus significa ser conduzido por Ele até ser transformado completamente n'Eie, ser d'Eie! Temos que nos questionar sempre: Estou em condições de recebê-lo em meu coração sem fazê-lo sofrer? É NATAL, mas NATAL dentro de nós, transformação de dentro para fora, em direção aos outros. Não se trata de sentimentalismos passageiros, trata-se de um amor e de uma purificação profunda. Deus exige de nós a humildade e simplicidade. É preciso esvaziar o coração para que o grande nascimento aconteça. NATAL não é só uma vez por ano, mas sempre, pois Jesus armou sua tenda no meio dos homens, portanto veio para ficar! Muitos anos se passaram desde aquele primeiro NATAL, desde aquela primeira Noite Feliz. Sempre que esta data se aproxima, nosso espírito se transforma, toda a realidade à nossa volta se modifica, músicas , velas, luzes, cores, lembranças de antigos natais. Para nós, este tempo deve ser de renascimento, de verdadeira vida, de anseios e realizações concretas pela paz no mundo, pois esta foi a mensagem que o céu nos enviou quando Deus se fez homem e quis morar conosco. Somente um coração que ama entende : "GLÓRIA A DEUS NAS ALTURAS E PAZ NA TERRA AOS HOMENS DE BOA VONTADE"! Quantos lares conservam a tradição do presépio, árvores, etc .. precisamos transformar o nosso coração em presépio para nele acolher o Menino Deus. Contemplando a cena da encarnação sentimo-nos incapazes de falar diante de uma grandeza tão imensa, mas que se faz tão pequena por amor. Compreendemos que Jesus é alguém para cada um de nós e deseja ocupar, não um lugar em nossa vida, mas todo o lugar! Que lições tiramos daquela cena ! Para sermos ·grandes temos antes que ser pequeninos; porque querer nascer num lugar tão pobre (para que todos o pudessem encontrar); porque escolhestes os animais que mais servem ao homem para assistirem ao mistério do nascimento, para ensinar o dom do serviço. Novamente é NATAL, mais uma vez a esperança de uma nova era, de um novo tempo, se renova e se faz presente no acontecimento que presenciamos. De Belém vem a promessa de um novo tempo, de Belém nos nasce a chama de uma esperança que não será tirada, pois um menino nos foi dado, Deus se fez homem! O mundo está conturbado, os homens tateiam em busca de luz, não há mais esperança de paz e serenidade entre os povos. O povo anda triste e se esquece de olhar para o alto, de ouvir os acontecimentos, de perceber os sinais que vêm do céu e trazem a esperança de um novo paraíso .. . Belém é aqui, Belém se repete no coração dos que amam a Deus e esperam o cumprimento das profecias. A esperança que o Cristo veio trazer não é firmada em promessas vãs ou cheia de demagogia mas alicerçada nas palavras de Deus que quer remir todos os homens de boa vontade. Tudo nos convida à esperança do cumprimento das palavras de Deus através dos profetas. Tudo nos conduz à Gruta de Belém, guiados pelas estrelas, na
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certeza de lá encontrar a resposta para todos os anseios da humanidade. Nem tudo está perdido, Deus espera que nos aproximemos d'Eie e nos modifiquemos. Somos chamados a renovar nossa fé na esperança que vem de Belém , quando um Menino nos é dado, quando este menino convida o mundo a ser criança e a viver de Deus. Nasce numa viagem, num acontecimento da vida dos homens. Paremos para pensar o que significa este acontecimento: longe dos seus, em viagem , numa terra estranha! Ele nasce durante uma viagem , no meio da multidão anônima, em terra estranha. Assim Ele pertence a todos, indistintamente, e vem discretamente, sem fazer ruido. Cada um deve ser no mundo atual, como a Gruta de Belém, uma aparição de Deus no mundo ... Jesus continua a sua peregrinação por este mundo: grita pelo choro inocente das crianças, que é preciso mudar, que o homem precisa se voltar para seus irmãos, caso contrário não avistará a estrela de Belém! Grita nos esconderijos, embaixo das pontes, nas favelas, o Filho de Deus continua nascendo, longe dos seus em terras estranhas. Em casas privilegiadas deste mundo haverá festas para o acontecimento mas não haverá Jesus. Jesus nasce para os que sabem amar e esperar, pois são livres diante do apelo do amor! Um ano tem 365 dias, mas somente um dia deste ano a caridade está presente de forma mais intensa no mundo, todos repartem , quermesses, promoções. E pensar que Deus não nos deu seu Filho somente por um dia, mas para sempre. Se fez homem para que todos fossem irmãos. NATAL é festa da luz, uma luz diferente entre todas as que existem, pois é circunda pelo brilho de Deus. É uma luz que jamais se apagará, pois quer mostrar a todos o caminho reaberto para o reino do Céu. Deixemos que a luz de Belém invada a nossa vida e nos torne transparentes, para que todos possam ver as obras de Deus realizadas em nossa vida. Sejamos ao mesmo tempo, um sinal e reflexo da luz, irradiando por onde passarmos a alegria que reina em nossos corações e em nossas vidas por não andarmos mais nas trevas. O mundo será então um verdadeiro espetáculo colorido, iluminado, resplandecente de Deus! Não importa o nosso passado e tudo que fomos, permitamos que a luz nos invada e nos transforme em portadores e refletores da verdadeira luz que veio ao mundo: Jesus de Nazaré! É preciso que o homem comemore o Natal todos os dias, então não haverá mais guerra, ódio, mortes, violência, transforme a sua vida num constante NATAL de presenças de Deus e testemunho de sua presença em nós! NATAL- momento de fé : Fé de Maria e José que acreditaram, sabendo que suas vidas iriam se transformar ... FELIZ NATA L! Beth , Scalzo e Renata Eq . nº 7- Belo Horizonte/MG
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MENSAGEM DE NATAL Existem momentos em nossa vida que nos causam enlevo e encantamento. Este é um desses momentos. Como membros de nossa comunidade, queremos trazer a todos uma palavra de fé e de entusiasmo neste dia e nesta noite, em que comemoramos o Natal de Cristo. A fidelidade reside em pequenas coisas, mas sobretudo naquelas em que sabemos colocar nossos corações. A palavra deve trazer implícita a verdade, só a verdade. Sobretudo quando falamos do Natal e daquele que nos redimiu pelo muito Amor que nos deu. A ação da pessoa sobre o mundo e durante a sua existência é exercida em quatro dimensões: a) ela deve tentar transformar a realidade ; b) auto-construir-se ; c) aproximar as pessoas entre si; d) aumentar o universo de valores, entre eles, o Amor. E o que é o Amor? O amor é uma força dentro de nós, é o poder motivador. Ele faz com que sejamos capazes de transmitir força, poder e liberdade a outras pessoas : a nossos filhos, nossos maridos, nossas esposas, nossos irmãos, que tanto precisam de calor humano, e de paz na vida conturbada e agitada do mundo moderno. O amor é a mais profunda exigência humana. Na data magna da Cristandade, fazemos desta mensagem emissária de nossas palavras, a expressão sincera de nossos pensamentos, a formulação dos desejos e esperanças de todos os Homens e Mulheres. Os problemas são os mesmos, qualquer que seja o grau de intelectual idade que as pessoas tenham : insegurança- crise existencial -conflito de valores - metas de vidadúvidas espirituais. Mais uma vez chegamos ao oásis do Natal e à fronteira do Ano Novo. Mais uma vez olhamos para trás e olhamos para frente. Pelo pensamento e pelo sentimento o futuro a Deus pertence. A todos aqueles que fizeram ao nosso lado a oração do trabalho, no ano que passou, compartilhando conosco os mesmos ideais de Paz, Amor e operosidade, nossos melhores agradecimentos e que 1992 seja para todos nós e a todos nossos irmãos um ano de esperança e felicidade. O Natal é ainda a festa, por excelência, da reunião da família; da manifestação de Amizade, Amor e Carinho; da troca de presentes, e correrias em cumprimento de um dever social. Mas, além disso, deveria ser, também, uma ocasião para reavivarmos nossas tradições, nossos anseios de paz e de felicidade num mundo mais humano, menos egoísta, mais cristão, onde Cristo reine e impere! Diva e Dantas Eq. 1 - Limeira S.P.
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NATAL- TEMPO DE RENOVAÇÃO A cada final de ano é necessário que se faça uma pausa para reflexão. Nessa oportunidade temos que vencer a palavra IMPOSSIBILIDADE, corriqueiramente usada entre nós. O momento é de renovação de atitudes e aquecimento das esperanças . A fé no amanhã é a medida exata para essas transformações , se acreditamos na existência de um Plano Superior, e sobretudo, se a oração for atendida como força capaz de atingir esses objetivos . Natal tem o seu significado maior em Cristo Jesus, o Salvador. Daí a certeza para nós cristãos , de recebermos alento, luz e direção para nossa caminhada, desde que permaneçamos atentos para escutá-Lo. Ao examinarmos nossas consciências , podemos verificar por exemplo: como pertencentes às Equipes de Nossa Senhora, que sentido demos ao Movimento que abraçamos; - se realmente estivemos conscientes do SIM dado à Maria; - qual o esforço feito para melhorar como pessoa, como casal e como família . Que vivênc ia e participação temos dentro das Equipes : - partilhamos realmente nossas alegrias , nossos sucessos e tristezas? Fomos sensíveis aos problemas percebidos, a ponto de ajudar? Fomos ajudados , sentimos co-participação? E de dentro para fora? Tentamos ser Igreja, levando a palavra de Deus e nos preocupando com os irmãos que representam o seu Povo? Vamos meditar em tudo isso, pois precisamos eliminar os pontos falhos , muitas vezes fruto do nosso egoísmo, indiferença e acomodação. Que Deus ilumine a todas as pessoas , e em especial a todos nós, equipistas do mundo inteiro , voltados para um trabalho de conversão, para que durante o Novo Ano que se aproxima, sejamos exemplos do Cristo que tanto nos ama. Justino da Zélia Eq . 5- Recife/PE
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0NDE ESTÁ o REI DOS JUDEUS, O RECÉM-NASCIDO? ..
Estimados equipistas, estamos chegando a mais um final de ano. Uma vez mais nos preparamos para celebrar o renascimento do Deus-menino. Desejamos ver a sua estrela, pois é ela que nos ilumina. Adorá-lo, pois nos sentimos atraídos pela sua divindade. Mas onde está este pequeno-príncipe, r,ei dos judeus, que vem para trazer a salvação, a alegria, a justiça e o amor? E .. . muitas vezes nós fazemos a trajetória dos três reis magos e voltamos decepcionados, porque não o encontramos, ou não conseguimos encontrá-lo, pois são tantos os tropeços no meio do nosso caminho. Por que não o encontramos? Quais são as dificuldades que nos impedem de vê-lo? Se pararmos um pouquinho para refletir, descobriremos que nem será preciso nos lançarmos numa longa viagem , como os magos do oriente. Basta uma caminhada simples e curta. Qual? Sair de nós mesmos. Como? Primeiro dar espaço para que ele possa nascer; talvez seja esta a maior dificuldade: varrer o egoísmo, os ressentimentos, o comodismo e a desunião, que vão tomando proporções gigantescas dentro de nós e nos obscurecem o caminho. Acreditar em Deus e no irmão e lançar-se a caminho. Não temer a distância e a longitude do tell)pO, não recuar diante da negritude da noite, do calor do sol ardente do dia. E preciso chegar. Como presente, traga tudo o que possuir. Se não tiver ouro, incenso e mirra, presentes dignos do rei , sacerdote e profeta, que ele é, traga suas dores, tristezas e sofrimentos. Traga seu sorriso, sua fé . Traga sua esperança e o desejo de um mundo mais humano, mais feliz, pois, acima de tudo, ele é um Deus Amor. E o amor sempre acolhe. Final de mais um ano. Expectativa do que se aproxima. Obrigado, Senhor, porque sua luz nos guiou. Obrigado, amigos equipistas, porque vocês creram e estiveram conosco todo este ano, sendo irmãos, sendo Igreja e trabalhando por um mundo melhor. Obrigado, conselheiros espirituais, sua presença, seu apoio é imprescindível no movimento, pois trazem Jesus. Obrigado, órgão pensante, casais responsáveis, de ligação, vocês que colaboraram para que parássemos, refletíssemos e déssemos espaço para o nascimento do menino-Deus. Vocês foram o presente que oferecemos ao recém-nascido , e nós os depositamos nas mãos de Maria, sua mãe. Pois nós o encontramos e testemunhamos. "O verbo se fez carne e habitou entre nós, e nós vimos sua glória". Feliz Natal! Pe. Agenor Mathias Pessoa, CSSR
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DRAGAN, AMIGO DE FÉ Raras pessoas conhecemos como o DRAGAN, amigo de fé, daqueles que se guarda debaixo de sete chaves, como diz a canção do Milton Nascimento, e que jamais morrerão na nossa lembrança. Das muitas e grandes facetas da sua vida vamos destacar a do equipista de Nossa Senhora, que viveu em duas dimensões, a de casal -com sua querida ELFIE -e, após a viuvez, de sacerdote, conselheiro espiritual, na união desses dois grandes sacramentos que são o Matrimônio e a Ordem . A seriedade , a dedicação, o amor, que punha em tudo que fazia, no seu jeitão simples de ser, levaram-no à condição de locomotiva do Movimento em Petrópolis, numa época áurea ali vivida, onde casais e conselheiros executaram um trabalho magnífico, do que é exemplo a autoria, em grande parte, da série de cadernos para os equipistas novos "Reunidos em Nome de Cristo". DRAGAN ajudou a levar o Movimento para outras cidades, como Juiz de Fora, e, ainda recentemente , de lá nos escreveu para pedir detalhes, que sua memória já não guardava, da informação dos primeiros casais da Manchester Mineira, para um artigo que pretendia fazer sobre os 20 anos de existência que então estavam sendo comemorados. Sagrado sacerdote em ltaguaí, no Rio de Janeiro, ali começou a trabalhar com casais, até transferir-se , por motivo de doença para Petrópolis e de lá para Juiz de Fora, sempre participando, numa e noutra cidade, dos grandes encontros do Movimento, como EACRES e Sessões de Formação. Pemaneceu sempre fiel e presente na sua equipe de base petropolitana e mostrava-se preocupado com um certo marasmo que atingira algumas equipes da sua cidade . Vimo-nos , pela última vez, em um EACRE deste ano, quando já não falava e nos escrevia pequenos recados , mas continuava a nos manter a esperança de uma recuperação, através de aulas com uma fonoaudióloga, dizendo-nos na ocasião, que gostaria de poder voltar a falar só para poder pregar melhor, trabalhar na construção do Reino de Deus. DRAGAN foi um exemplo para todos nós, por sua conduta exemplar, por ter vivido sempre para servir e por sua fibra incomum, que nunca o deixou desanimar e prolongou sua vida, quando, em termos humanos, de há muito os médicos afirmavam que não duraria por muito tempo . Nós que o conhecemos, especialmente os equipistas de Petrópolis, mais próximos a ele, poderemos e deveremos fazer permanecer a sua chama viva se mantivermos a mesma fidelidade que ele tinha às Equipes de Nossa Senhora, não formos descansados, acomodados , dispersivos , trabalharmos mais no movimento e na Grande Igreja, continuando a missão que desempenhou tão bem . Para os que não tiveram a oportunidade de conhecê-lo, levemos a sua história, o seu exemplo , para incentivá-los no seu caminhar. Por sua vez, temos a certeza de que, junto ao Pai e a Maria, da qual foi um grande devoto, ele está intercedendo por nós, dando-nos aquela força de que necessitamos para atuarmos como verdadeiros irmãos e seguidores de CRISTO.
Terezinha e Thiago Eq. 11 B-Rio I e ECIR
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Nosso irmão Dragan nos deixou. Em todos nós, que de uma forma ou de outra convivemos com ele, ficou uma saudade imensa. Pareceu-nos que a melhor forma de homenageá-lo seria a republicação deste artigo, que saiu originalmente na carta Mensal de dezembro de 1978, assinado por ele e por Elfie.
A ESTALAGEM DA CHANCE PERDIDA Pelo título, parece uma história de "western ", mas não é. É de Natal e de todos os dias . Na real idade, com ela começa a nossa era Cristã, no tempo em que Quirino era governador da Palestina e Cesar Augusto mandou fazer o censo do Império. Um casal de esposos, Maria e José, da tribo de Davi , veio a Belém , cidade real , para se recensear. Maria deu à luz a um menino e envolveu-o em panos e deitou-o numa manjedoura "porque não havia para eles lugar na estalagem" . (Lc. 2, 7) Não havia para eles lugar na estalagem! Sabendo hoje quem era aquele menino, quase que se fica com raiva e com pena da estalagem (recusar a Ele, que tolice!), mas não há porque. A estalagem estava apenas ocupada com quem chegou primeiro e o negócio da estalagem é estar ocupada e, quanto mais , melhor. Se não, dá prejuízo e vai até à falência. Mas a pena persiste. O maior evento da história da humanidade estava batendo à porta daquela estalagem , mas não houve lugar para ele. Por isso, a insignificante manjedoura entrou na história, visitada e reverenciada em verso, prosa e oração através dos milênios e o será, assim cremos, até a consumação dos tempos . A estalagem - quem sabe qual foi , onde era - perdeu a sua chance e caiu no esquecimento. Se soubesse quem estava batendo à sua porta, quem sabe ... O nosso coração é como aquela estalagem. O Menino Jesus bate a toda hora à sua porta para, dentro dele, nascer, crescer e tornar-se Cristo adulto, mas não há lugar para Ele. O nosso coração está ocupado com as coisas que chegaram primeiro. E, como no caso da estalagem, não há porque ficar com raiva por causa disto: o coração é para estar ocupado com coisas, e quanto mais melhor, senã0 torna-se vazio e estéril. .. Mas alguns homens e mulheres , souberam abrir-Lhe a porta e achar lugar para Ele, embora também os seus corações transbordassem das coisas da vida e do mundo. Francesco Bernardone, Tereza D'Avila, o Cura D'Ars e legiões de Santos, mortos e vivos, aqueles que já não são deste mundo e aqueles que vivem ao nosso lado, acolheram-nO nos seus corações e tornaram-se para todos como faróis de esperança de uma vida melhor.
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Nas estalagens de hoje, nos hotéis modernos, há uma praxe pouco conhecida, de nunca ficarem ocupados completamente. Guardam-se sempre alguns apartamentos para os VIPs- os "very important persons"- que não se sabe se virão, quando virão, nem quem serão. Mas os apartamentos estão à espera, para que se possa acolher alguém muito importante quando vier. Uma espera reverenciada, que está no subconsciente do gerente de todo hotel que se preza. É o que deveríamos fazer com o nosso coração. Especialmente nesta época de Natal, tempo de espera e esperança. Manter o coração cheio de gente, coisas e emoções, mas guardar o melhor lugar para o Cristo, o VI P de todos os tempos, e deixá-Lo entrar com festas e cânticos e serví-Lo com alegria e amor. E pedir-Lhe que faça do nosso coração morada permanente. Se isso acontecer, poderemos então dizer, junto com o canto dos sinos da Missa do Galo: Feliz Natal! Feliz o dia em que Cristo nasceu em nosso coração. Assim ele deixará de ser "o coração da chance perdida" . Elfie e Dragan Eq. 3 - Petrópolis
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JOVENS
HAVERÁ FAMÍLIA CRISTÃ NO ANO 2000? Sempre ouvimos que a família é a célula mãe da sociedade. Sentimos a preocupação da Igreja na preservação da família. A ONU (Organização das Nações Unidas) também reconhece a importância da família na sociedade. E tanto reconhece que vai dedicar 1994 como o Ano Internacional da Família. Mas se pensarmos um pouco mais , veremos que a família é um fim , enquanto a juventude o meio, se considerarmos como início o nascimento (infância); meio: juventude (namoro) e fim : adulto (casamento e a formação de uma família). Sentimos a importância do trabalho feito com jovens , porque serão eles os formadores da nossa família, crista ou não, (isto também depende de nós) . Como iremos cobrar uma postura cristã de nossos jovens , se nós adultos cristãos não servimos de exemplo para eles? Não basta batermos no peito , irmos à Missa aos domingos , cruzarmos os braços e criticarmos a sociedade de hoje. Se nos deparamos com a ausência de Deus neste mundo de hoje, a culpa também é nossa, pela nossa omissão. Não podemos simplesmente achar que pelo nosso casamento e nossa família irem bem , que o nosso compromisso como cristão no mundo acabou. Nós fazemos parte de um movimento de gente ativa; então apatia e comodismo não nos assentam bem. É preciso que as pessoas sintam em nós verdadeiros apóstolos de Cristo. Está crescendo a preocupação da Igreja na formação de namoros cristãos entre os jovens . Namoro cristão não é aquele que só se abstém da prática sexual, mas sim também aquele que quando além da abstinência sexual , o parceiro vê no outro, um mensageiro do amor de Deus. O homem (gênero humano) é um ser sexual desde o momento em que nasce . Não podemos exigir que os jovens ignorem a sexualidade. Temos, sim , que orientá-los e canalizarmos a sua sexualidade e a energia que a impulsiona. O carinho e o afeto também são manifestações da sexualidade. Pensando desta forma, pois , é que sentimos a necessidade de haver mais casais envolvidos no "trabalho" com os jovens. Como casal coordenador das Equipinhas de Nossa Senhora Uovens de 11 a 16 anos) e acompanhando a atuação das Equipes de Jovens de Nossa Senhora Uovens acima de 16 anos) aqui em São José dos Campos ,
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presenciamos a carência que os jovens têm de fazerem amizades cristãs e a sua sede de Deus. Não podemos deixar que as Equipinhas e Equipes de Jovens estagnemse. Elas precisam crescer, se difundir. Mas para que isto aconteça é preciso que haja mais casais interessados na coordenação. Constatamos também , infelizmente, a falta de interesse em participar, por parte de alguns jovens , filhos de equipistas. Mesmo sendo a minoria, nos entristece um pouco, mas não nos desanima; ao contrário, suscita em nós o desejo de perseverar; que nos leva a dois questionamentos: 1 - achamos suficiente para a formação da juventude e consequentemente das famílias do futuro, sermos equipistas acomodados? Não seria melhor, ao invés de criticarmos, nós trabalhamos mais? e 2 - Por que nós pais e equipistas não "convencemos" nossos filhos a participarem de um movimento para jovens? Será que o nosso exemplo da vida não os convence? Por que? Nós como cristãos e equipistas temos a obrigação de nos colocar a serviço de Deus , quer como agentes de pastoral da juventude; como coordenadores de catequese para jovens; como casal coordenador de Equipinha ou Equipe de Jovens de Nossa Senhora; enfim, de inúmeras outras formas . Cabe a cada um de nós, como casal cristão, escolher a melhor maneira de participar na construção de um mundo mais fraterno e feliz, orientando os jovens formadores das famílias do ano 2000. Felizes por partilharmos nossas idéias com vocês , desejamos a Paz de Jesus a todos e um abraço fraterno dos irmãos em Cristo, Rose e Ernane Eq. 5 - São José dos Campos/SP
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JOVENS
"O ADULTO REFLETE SOBRE A CRIANÇA E O JOVEM" Esquecendo-se de si, o adulto coloca no centro a criança, o jovem. Por que? Se as crianças, os jovens olharem para nós, que mundo irão construir? O homem é um saudoso incorrigível. Tudo o que fica para trás, ele o considera perdido. A criança ou o jovem que existia em nós ainda existe. Mais madura, mas ainda é criança ou é jovem. Não somos bola de neve, que cresce de fora para dentro. Crescemos de dentro para fora . Por isso, somos saudosos incorrigíveis. Jesus nos declara: "Se não fordes como crianças, não entrareis no reino de Deus". O ideal que ele propôs não é sermos crianças mas sermos como crianças. O ideal que nós procuramos lá fora, não estará talvez aqui dentro? A vida não volta atrás. A história caminha. Mas a saudade - ou talvez a frustração - nos aconselha a procurar a criança, o jovem que éramos. A criança é um anjo. A criança é uma flor. A criança é um botão de rosa. A criança é um paraíso. A criança é alegria, sorriso , bondade, esperança, amor ... Esquecemos, talvez, que esse anjo tem defeitos , quem sabe ensinados por nós. Esquecemos, talvez, que essa flor é uma pessoa, cujo perfume não nos pertence totalmente. Esquecemos, talvez, que esse botão vai desabrochar em rosas , com espinhos. Esquecemos, talvez, que esse sorriso, essa alegria, essa esperança, esse amor vem misturados com joio. Enfeitamos demais a vida. E, então, quando ela se apresenta com outra cara, não queremos reconhecê-la. Quando uma criança mente, estranhamos, sem nos lembrarmos de que ela o aprendeu de nossa atitude. A criança, o jovem, tem um modelo na sua frente. Ela ou ele copia com exatidão. Ela ou ele será o que nós formos, como indivíduos e como coletividade. Em vez de batermos numa criança, deveríamos bater no nosso peito. Em vez de nos irritarmos, deveríamos refletir. Em vez de usar a força manipuladora, deveríamos usar a sinceridade. É na família que a criança e o jovem recebem o primeiro e maior impacto de sua vida. Sua direção decisiva dependerá sempre da orientação familiar. 32 - CM Dezembro/91
A criança e o jovem podem ter fartura de pão material e também do espiritual. A família se preocupa em dar-lhes o pão de cada dia, conservar-lhes a saúde, em fornecer-lhes um instrumento de defesa na vida e um instrumento de trabalho. Que faremos de nossas crianças? De nossos jovens? Se formos educadores , não poderemos aplaudir tudo. Se formos educadores , saberemos que "vale mais uma cabeça bem formada do que uma bem cheia" . Se formos educadores , diante da responsabilidade de educarmos uma criança, um jovem , tremeremos . Se formos educadores ainda podemos semear a boa semente na terra virgem da criança e do jovem . Qual é a semente que está em nossas mãos? Pode ser que a criança, o jovem ainda não conheçam bem a sociedade. A atmosfera que a criança e o jovem respiram é evangélica ou poluída? Um pai gera o filho à sua imagem . Um educador gera o educando à sua imagem. A sociedade gera os jovens à sua imagem . Deus gera o homem à sua imagem . Ninguém duvida de que a criança é um botão que se abre em rosa. A criança - o jovem - é o futuro que empurra a História. A criança - o jovem - é o sangue novo injetado na velha e cansada humanidade. A criança - o jovem - é o sinal de que a terra é abençoada. A criança é o sinal de povo jovem e confiante. Que faremos com as crianças , com os jovens ; nós educadores? Que responderemos diante do tribunal da criança, quando ela for nosso juiz? "SE NÃO FORMOS COMO CRIANÇAS , NÃO ENTRAREMOS NO REI NO DELAS" . lzaura e Francisco Equipe 2 - Araraquara/SP
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PAIS E FILHOS DIANTE DA RELIGIÃO A situação não é nem nova nem original. Os pais de todos os tempos e de todos os lugares gostariam de transmitir aos filhos as suas crenças e convicções . Muitos conseguem. Muitíssimos não. No passado, quando os filhos recebiam mais a influência da família, da Igreja e da escola, era muito mais fácil. Hoje quando eles permanecem pelo menos metade da vida sob o impacto dos grandes meios da comunicação - que tomaram conta da escola, da família e até da religião- a visão relig iosa deles , não poucas vezes , entra em conflito com a dos pais. E a crise da família tornou-se também religiosa. Crer em Deus do mesmo modo que os pais é hoje uma façanha difícil no agitado e turbulento mundo dos jovens. A linguagem que ontem convencia os pais, hoje não convence nem mesmo estes pais, e muito menos os filhos. As religiões defrontam-se com grandes desafios: encontrar uma linguagem que enfrente a força dos grandes meios de comunicação e convencer os jovens de que sua proposta de vida leva à realização e à felicidade. Na longa história da religião , são milhares as dissidências com diferentes enfoques e propostas. Como no caso dos alimentos , o homem não gosta de monoculturas e busca novos produtos e variados sabores para o seu exigente paladar. Foi por isso que, também em termos de fé, montou um "supermercado" de religiões e práticas que correspondam às diferentes preferências e conveniências. E quando se tem tanta variedade à disposição é quase impossível querer que todos aceitem o mesmo prato. No Brasil dos últimos 25 anos , ficou difícil encontrar uma família que permaneceu toda ela na mesma igreja ou religião. Ou mudaram os pais, ou os filhos , ou os netos, ou os tios e primos . E cada família passou pela experiência de pelo menos duas ou três diferentes religiões. Os pais falam de Deus e com Deus numa linguagem que os filhos em geral não entendem e muitas vezes não aceitam . E os pregadores que conseguem agradar os pais nem sempre agradam os filhos. Aos poucos o que era apenas diferença de linguagem transforma-se em diferenças de conceitos e conflitos de fé . O Deus dos pais já não é mais o Deus dos filhos. Ou se é não diz as mesmas coisas . Parece a velha guitarra do pai que já não toca do mesmo jeito. É música, mas não é a mesma concepção musical. O que agrada os pais não agrada os filhos. O que delícia os filhos , incomoda os ouvidos dos pais . Não é, nem nunca será, fácil adequar o gosto dos filhos ao gosto dos pais . Mas se houver ternura e caridade, então as religiões encontrarão uma linguagem mais comum. Por isso mesmo, as famílias que mais se amam 34 - CM Dezembro/91
encontram menos conflitos graves em termos de religião . E é para lá que pais e filhos devem caminhar. Se houver amor e diálogo, haverá caridade. Se houver caridade as chances de que a religião dos filhos não se oponha à dos pais são muito maiores. Mas ficou no passado a história de impor uma só religião a todo um povo . Pais e filhos nunca resolverão totalmente este problema. Mas saberão viver com ele se sua fé for maior do que suas religiões . Pe. Zezinho (da revista "Família Cristã)
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CONSELHEIROS ESPIRITUAIS
Sabemos da dificuldade que muitos jovens têm em relacionar-se com sacerdotes. Por isso, apesar de tratar-se de um caso muito particular, escolhemos publicar esse texto de uma jovem de 18 anos, filha de equipistas, que escreve sobre o Conselheiro Espiritual da equipe de seus pais.
NOSSO CURA D'ARS Antes de tudo, acho necessário esclarecer o modo como procedi até chegar a esse resultado final. Conheço o Pe. Raimundo desde muito tempo , nunca me esquecerei quando, com uns oito anos, fui pela primeira vez a ltaipava. Já era noite e o Pe. Raimundo nos mostrou toda aquela fazenda linda. Os anos se passaram , a convivência aumentou e a amizade se fortaleceu . Outra memória agradável foi a dos meus quinze anos celebrados por ele. Mas toda essa vida juntos não seria suficiente para eu redigir um texto que correspondesse o mais fiel possível à sua figura. Por isso recorri a alguns daqueles que estão com ele sempre, que o conhecem profundamente. Portanto, este texto foi escrito a "nove mãos": por oito equipistas, escolhidos aleatoriamente, de cada uma das equipes do Pe. Raimundo e por mim . Quando já tinha os dados desses meus colaboradores e que os reuni, um fato importante me chamou a atenção: todos chegavam às mesmas conclusões sobre o Pe. Raimundo . O que isso significava? Isso mostra que o Pe. Raimundo é uma figura tão verdadeira, tão transparente, que não dá condição a interpretações contraditórias ou mesmo diferentes. Mas afinal quem é o Pe. Raimundo e o que ele tem construído nesses 33 anos de vocação religiosa? Pe. Raimundo tem se tornado para todos nós não somente um conselheiro espiritual incansável , que abraçou integralmente a sua vocação, disponível a todas horas, carinhoso, atencioso com todos que o cercam . Segundo Joaquim (88} "ele é o nosso pai terrestre". Quem convive com o Pe. Raimundo sabe que ele é uma pessoa que vive essencialmente para amar e servir. Segundo Elizabeth (68) "ele é um espelho de humildade, amor e perseverança." É por obra de toda essa doação sem limites e interesse que faz dele uma pessoa muito especial para cada um de nós . Ele estabelece com os casais
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uma relação de tal entrega que segundo Patrícia (80) "extrapolou a mera relação de conselheiro espiritual para uma mais íntima, a da família" . Para o casal Hector e Teresa, "Pe. Raimundo é homem de Deus e homem dos homens. Ele é como Cristo, como Paulo 1". Mas esta doação incondicional é, às vezes , levada ao próprio sacrifício. Pe. Raimundo é capaz de abdicar de noites de sono para ir ao encontro daquele que o chama, é capaz de sacrificar a sua alimentação para correr em socorro do necessitado. Segundo Ana Maria (69) "não foram poucas as vezes em que o Pe. Raimundo disse não estar cansado quando visivelmente a sua aparência era a de estar exausto". Pe. Raimundo, portanto, não se pertence mais : sua família somos nós , sua vida é as equipes! Mas será que devolvemos toda essa dedicação à altura? Será que mesmo o pouco que ele nos pede , nós o damos? Será que o nosso sim é o SIM doPe. Raimundo? Será que perseveramos na fé como, a todo momento, ele nos pede que façamos? Será que somos incansáveis , como ele, ao doarmo-nos em amor e dedicação? Será que só vamos dar-lhe o valor devido quando ele for para o Pai? Não. Podemos mostrar-lhe o quanto ele é importante para nós aqui e agora, sendo equipistas autênticos, amando nosso Movimento e vivendo intensamente a nossa equipe! Parabéns Padre RAIMUNDO , por esses 33 anos de caminhada e que o senhor continue nos dando esse exemplo de vida que tem sido para nós , um exemplo de perseverança na fé! Cíntia Moraes Marim
JFBs CM Dezembro/91 - 37
FUSÃO ENTRE VIDA E FÉ A fé só é fortalecida quando vivenciada. Como não se pode acreditar sem confiar, para a vivência da fé é necessário, acima de tudo, CONFIANÇA. Confiarmos serenamente na bondade de Deus Pai entregando, a cada dia, em Suas mãos, O NOSSO VIVER . Confiarmos nas palavras de Jesus, pautando nossa vida por seus ensinamentos , procurando, acima de tudo , AMAR. Exercitando nossa capacidade de amar, exercitamos nossa capacidade de perdoar. Vamos, aos poucos, procurando ser mais justos, menos egoístas, tornando - nos mais humildes, compreensivos , tolerantes , solidários , aparentemente, talvez, até mais frágeis , mas , acima de tudo , mais humanos , mais cristãos. Confiança implica em aceitação , que não se pode confundir com passividade. Aceitação corajosa como a de Maria. Aceitarmos nossa missão evangelizadora, nosso papel de cristão na sociedade , agirmos mais do que falarmos . Maria foi sempre assim . Sua presença silenciosa foi sempre mais forte que muitas palavras . Assim , no nosso dia-a-dia, no nosso lar, no nosso ambiente de trabalho , na sociedade em que vivemos , devemos vivenciar a fé , refletindo-a em cada atitude, em cada gesto, para através do OUTRO nos comunicarmos com Deus e fazermos de nossa vida uma oração. Marina e Geraldo Eq. 01 - Salvador/BA
*** Nossa Biblioteca Família Hoje. Pensamentos de otimismo. Autor: Pedro Cometti ed . Paulinas . 56 pp. O autor destes pensamentos de otimismo dirigidos à família constata que a felicidade ou a infelicidade do mundo passa pela família . Convida os leitores a serem, através da família, construtores de felic idade. Novos Poemas para Rezar. Autor: Michel Quoist, ed . Paulinas , 268 pp. O autor atendeu aos inúmeros pedidos de seus leitores e, através deste livro, oferece-nos a continuação do livro "Poemas para Rezar". Cada um de seus poemas é motivo para profundas meditações .
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ATUALIDADE
OS EFEITOS DA JUSTIÇA Ao ensinar que a justiça produzirá a paz, o velho profeta praticamente dá o "mapa da mina" para a solução de conflitos da humanidade. Os conflitos são geralmente decorrentes da deterioração dos padrões de equilíbrio social , regulados pela justiça. Assim , quando fracassa as justiça, perde-se a paz. Uma guerra entre nações eclode quando a justiça é importante para conciliar interesses antagônicos, ou o egoísmo superou o bom senso. Uma crise social desabrocha no momento em que alguns julgam-se injustiçados e sem instâncias a recorrer . Uma greve acontece quando trabalhadores procuram atrair justiça para suas reivindicações . Até na família se pode afirmar que muitas crises, muitos problemas, que acabam comprometendo a paz tem origem na destruição equivocada da justiça ou até na ausência desta. A paz, conclui-se, é uma conquista laboriosa, é verdade, mas gratificante, que se obtém pela prática da justiça. A justiça é edificada por meio de uma porção de valores, entre eles a igualdade, o estar a serviço, a partilha e o amor. Esses valores multiplicados geram mais justiça, que , por sua vez, produz mais paz.
Por outro lado, os antivalores que nos rodeiam como o egoísmo, o desamor, a ambição, a violência e o isolamento são inimigos da plenificação da justiça e por via de conseqüencia tornam-se sérios obstáculos ao alcance· da paz. Todo individuo de maus propósitos, ambicioso, cruel, vingativo, egoísta e amargo sempre será uma pessoa sem paz, sem segurança e sem tranqüilidade. Numa sociedade onde abundam as casas com grades, os carros com alarme, os vigias, os cães de guarda fica clara a falta de tranqüilidade e de paz. Os muros altos denotam as preocupações decorrentes do medo em resguardar pessoas e propriedades, justamente porque o equilíbrio do modelo social é permanentemente quebrado, ocasionado pela falta de paz. Como paz e justiça são juízos unívocos e indissociáveis, arriscamos concluir que a falta de paz é fruto de uma falta de justiça que cada vez sente mais latente em todos os graus de justiça, para nos convertermos nos bem-aventurados artífices da paz. Antonio Mesquita Galvão (Em revista Ave-Maria, março 91)
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ATUALIDADE
GATOS E CRIANÇAS É revoltante o estado de abandono em que se encontram os gatos brasileiros, especialmente os genuinamente nacionais, conhecidos como vira-latas. Deserdados pelo governo e esquecidos pela sociedade, os felinos brasileiros· não constam de nenhum programa oficial de amparo e perambulam pelos becos, chafurdando na lama, revirando latas de lixo em busca de restos de comida. Este quadro de abandono, que até poderia ser classificado de genocídio pelas mentes mais contestadoras, foi recentemente denunciado por uma figura reconhecidamente altruística da "society". Ao lado de seu gato vira-lata, apropriadamente chamado de So-Happy, ela levantou a voz e denunciou a discriminação sofrida por esses felinos, durante uma festejada exposição internacional de gatos que se realizou no Rio. Já que estamos cuidando de gatos, por que não olhamos também para os meninos e meninas de rua que fazem companhia aos felinos em milhares de importantes cruzamen-
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tos e vias públicas do país? Afinal, das trinta milhões de crianças que se situam na faixa da chamada miserabilidade absoluta ( até um salário mínimo), a metade perambula pelas ruas das grandes metrópoles. Nossas crianças morrem hoje à base de mil por dia em todo o país. São 350 mil brasileirinhos que morrem por ano. E serão milhões até o ano 2000, se não fizermos alguma coisa urgentemente. Dos que morrem , 15% são devido a doenças respiratórias, 14% devido à diarréia, e assim por diante. São mortes que poderiam ser evitadas com saneamento básico e divulgação de informações sobre saúde, além de uma melhor distribuição de renda. Um por cento dessas crianças são mortas, geralmente por grupos de extermínio que infelizmente continuam impunes. Vamos fazer algo de concreto pela infância. Afinal mais que os gatos, o menor abandonado de hoje representa o país de amanhã. Hiran Marques
ATUALIDADE
PLEBISCITO Ultimamente temos ouvido nas televisões e rádios e lido nos jornais que alguns dos senhores deputados, "legítimos representantes do povo (?) ", na ânsia de quererem mostrar serviço, se é que apresentar propostas é serviço, estão querendo realizar, em nosso país, um plebiscito, pretendendo saber a opinião de nós, brasileiros, a respeito da introdução da pena de morte no Brasil. Como justificativa de tal proposta, eles (deputados) dizem que em muitos países mais desenvolvidos que o nosso já existe a pena de morte com "bons resultados" (?) , e que isso diminui a criminalidade. Pelo que sabemos, isso não é verdadeiro. Meditando sobre este assunto, que considero inoportuno para o momento, em vista de que muitos outros problemas que enfrentamos atualmente mereçam maior atenção dos que governam nosso país, cheguei à conclusão de que, realmente, muitos políticos brasileiros não estão preparados para ocupar os cargos que hoje ocupam. E mais, veio-me algo que considero interessante : Por que, ao invés de se fazer um plebiscito sobre pena de morte, não se faz um plebiscito para saber se o povo brasileiro está satisfeito com a atuação de seus representantes no congresso e se são justos e morais os grandes salários que eles recebem (fora as mordomias), quando a maioria dos trabalhadores recebe quantias infinitamente menores, irrisórias mesmo, sendo que são eles (trabalhadores) que sustentam com seu trabalho o progresso do país? Quantas resoluções que necessitam de urgência, pois são de interesse do povo, vão sendo deixadas de lado. Vejam o exemplo da revisão das aposentadorias. Outras, sem interesse para o povo, como o aumento de salários dos deputados e senadores, são resolvidas rapidamente. São estas coisas que nos deixam cada vez mais pessimistas com relação à classe política do Brasil, salvo raríssimas exceções. Resta unirmo-nos cada vez mais em oração, pedindo a Deus que olhe com muito carinho para o sofrido povo brasileiro que, apesar de tudo , tem conseguido sobreviver e manter a esperança de ver um dia um Brasil melhor. Quanto à pena de morte, não nos cabe julgar, por maior que seja o crime, se alguém deve ou não morrer, mas sim cabe a nós, que procuramos e nos esforçamos em ser cristãos verdadeiros, falarmos que a vida pertence a Deus, somente Ele é o juiz supremo que pode e tem autoridade para nos julgar (atire a primeira pedra quem não tem pecado). Ps. O salário de um deputado federal equivale hoje (agosto 91) a mais de 150 salários mínimos. Béga e Rubinho Eq . 23- Jaú/SP
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O TESTEMUNHO DO GESTO A televisão mostrou e comoveu o mundo: o povo russo , firme, vencendo a rebelião dos que aspiravam voltar aos tempos da ditadura, da opressão e supressão dos direitos humanos. Vimos o homem , destacado do povo pela câmara atenta, fazer lentamente o sinal da cruz, num gesto de agradecimento a Deus pela vitória da liberdade assegurada. Gestos ... como falam alto ao coração! Lembro-me ter visto um filme , há muitos e muitos anos : a atriz entrava numa Igreja e fazia lentamente , solenemente, o sinal da cruz. E fiquei sempre a querer imitá-la, impressionada pela força desse testemunho. Assim , também , durante a Missa. Com que carinho, ternura e respeito , D. Helder Câmara celebrou , uma vez, no final de um Retiro ... os gestos pausados , ungidos de fé, calaram fortemente em todas as pessoas presentes. Foi emocionante. Quantas vezes sentimos essa emoção na Eucaristia? E nossos sacerdotes , hoje? Percebem eles, estão eles conscientes do valor do gestos? As missas são tantas .. . os padres são tão poucos! Eles têm que celebrar várias vezes ao dia, até em mais de um local. .. E há tantos compromissos, horários a cumprir! Entretanto, o testemunho da fé na presença de Cristo na Eucaristia merece a solenidade e a gentileza dos gestos, para que a comunidade toda perceba, através do sacerdote , a misteriosa realidade de um Deus que está no meio de nós , que se oferece como alimento para nossa caminhada! Daisy (do Adolfo) Eq . 9-A Rio I
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OLHA A CAMPAINHA! Era um momento de relativa tranqüilidade. Tinha chovido durante a noite, mas logo pela manhã, o sol saira e a terra úmida soltava um perfume característico destes momentos. As crianças estavam brincando no quintal, atrás da casa. Os nossos quatro, mais os dois filhos do vizinho da frente e também o Julinho e o Zeca, da Rebeca, que mora no fim da rua. Depois que o Paulo, com os vizinhos do lado, tinha reforçado o muro, eu não me preocupava mais tanto quando as crianças brincavam no quintal. Antigamente, aquilo era um perigo: o quintal terminava num precipício, com uma queda de uns trinta metros até o riacho que passa lá embaixo. Agora, com o muro firme, ficava um espaço bom atrás da casa para a criançada brincar. E pela gritaria, os risos, as correrias, parece que estavam se divertindo pra valer. A campainha da frente tocou. Antes que eu pudesse sair da cozinha, o bandinho das crianças já tinha corrido inteiro para ver quem era. Olhei pela janela e vi um velho maltrapilho, de barba branca grande, encostado no portão, que conversava com eles. Segundos depois, a tropa toda invadiu a cozinha, todos gritando e querendo falar mais alto para serem ouvidos. Finalmente, o Lu izinho conseguiu dominar o tumulto: - Mãe, é um homem que está pedindo comida! A senhora pode arrumar um prato prá ele? E todos os olhos se voltaram para mim. O silêncio que se seguiu foi interrompido por um tremendo estrondo. A casa inteira foi sacudida, os copos e os pratos da copa tilintaram , a janela aberta se fechou e o vidro quebrou. Corri para a porta do fundo, abri para ver o que tinha acontecido, mas parei a tempo antes de sair. O quintal inteiro tinha desabado. Depois do degrau da porta da cozinha, não havia mais nada. Só um enorme buraco, um monte de poeira e de barro ... e mais nada. Voltei-me para as crianças, barrando a porta com os braços abertos. Estavam todas emudecidas. Rapidamente, contei as cabeças : estavam todas ali. Corri para abraçá-las e só pude pensar numa coisa. Com as lágrimas nos olhos, comecei : Ave Maria, cheia de graça ... E aos poucos, todas me acompanharam . Depois, não sabia o que fazer primeiro. Avisar o Paulo, que estava no serviço? Chamar as vizinhas? Trancar a porta? ... Mas o Luizinho, que não perde o fio da meada, me perguntou: - Mãe, e o velho que está lá fora? Fomos todos até a frente. Não havia mais ninguém. Só um raio de sol apontava para o lugar onde o velho tinha estado ... Você já pensou em ensinar às crianças como se deve atender ao anjo da guarda, quando toca a campainha? Peter
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INTERCÂMBIO
DISPONIBILIDADE Participamos do Mutirão de Juiz de Fora nos dias : 31/ 05; 1 e 2/06, onde pudemos testemunhar o exemplo de disponibilidade e de doação do Fernando, que, apesar da grande dor de ter perdido sua esposa há apenas dez dias, ali estava, sofrendo, mas firme , trabalhando por nós, vivenciando o seu Sim a Deus e ao Movimento ... Até que ponto estamos disponíveis para o nosso Movimento? Esta é uma pergunta que devemos nos fazer com alguma freqüência e respondê-la com muita Sinceridade, pois é a partir do nosso Sim que todo Movimento se organiza e acontece. Estar Disponível Para o Movimento é Estar Disponível Para Deus . Iracema e lldeu Eq . 5 - Pouso Alegre/MG
*** QUE A PAZ DE CRISTO ESTEJA COM VOCÊS. Equipe 17- Nossa Senhora de Fátima, Setor B, completou no dia 16 de julho p.p . 25 anos de caminhada. A data foi comemorada com missa em ação de graças , em nossa casa, celebrada pelo nosso C.E.Pe. Lídio Milano, com a participação dos casais da equipe, C. L. e também contamos com a presença do casal Dalva e Valmor ("equipe 4") que foi o primeiro Casal Ligação da Nossa equipe. Após a santa missa tivemos uma confraternização também em nossa casa e no gostoso bate papo fizemos uma retrospectiva desses 25 anos com altos e baixos, os casais que passaram e por algum motivo não perseveraram , mas são nossos amigos . Érica e Joaquim. C. R. da equipe 17. Curitiba.
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SUGESTÃO .. . Entre uma sugestão e outra aplicamos uma em nossa equipe que já está sendo seguida por outras e que deu bons resultados . É o seguinte: Escrevem-se os pontos concretos em papeizinhos exceto o Retiro, dobrase e distribui-se aos casais como num sorteio, se sobrar alguém pega mais que um , então durante este mês cada casal vai procurar desenvolver o seu ponto concreto da melhor maneira possível. No mês seguinte os casais trocam os papéis , procurando continuar o do mês anterior mais o do mês atual e assim sucessivamente. Não sabemos se vai ser útil a vocês , mas é a nossa sugestão. Clarice e Serrano. Equipe 4 - N. Srª do Rosário Pindamonhangaba/SP
*** SEMINARISTAS Aproveitamos a oportunidade para afirmar que, depois dos tropeços e desencontros , finalmente nos encaminhamos para a verdadeira equipe, que servirá e não esperará para ser servida. Nosso Conselheiro Espiritual nos pediu e nós realizamos uma reunião extra no mês de Julho, para que os três seminaristas que estavam fazendo o estágio em nossa comunidade, pudessem ter uma noção do Movimento. Foi realizada num profundo clima de oração, só não teve a co-participação . Nesta parte, coube a nós responsáveis , fazer um pequeno histórico do movimento. Na partilha os casais colocaram a riqueza na vivência dos Padres C. E. As intenções voltaram-se mais às vocações sacerdotais e religiosas . Inês e Luis Galimberti Equipe de Nossa Senhora da Paz nº 56 Setor O - Cachoeirinha/RS
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NOTÍCIAS E INFORMAÇÕES -NOVAS EQUIPES . Porto Aleare- RS Equipe 62 B Nossa Senhora do Sim CE Padre Tarcísio Scherer CP Maria da Graça e Eduardo Barbosa
-MUDANÇAS NOS QUADROS . Em missa solene celebrada em 18/08 último por Padre Geraldo Dias, houve a posse do novo C. R. Minas Gerais- Astrid e Ribeiro , substitu i ndo Margarida e Agostinho, após intenso e dedicado trabalho. Na mesma ocasião Maria Helena e Darcy assumiram a responsabilidade pelo Setor A - Juiz de Fora, tendo como C.E. o Pe. David José Reis. . Após cinco anos de serviço realizado com muita dedicação e amor às ENS, deixa a responsabilidade do Setor F da Região Rio 111 o casal Célia Maria e Aselio passando a missão para Regina e Luís Antonio.
-EVENTOS . Realizou-se em 15/09/91 uma Manhã de Formação em Parelhas/RN aberta a todos os equipistas da cidade. No início Pe. Raimundo S. da Silva (CEdas Eq . 01 e 03) proferiu palestra sobre o "APOSTOLADO DOS LEIGOS " com base no Compêndio APOSTOLICAM ACTUOSITATEM do Concílio Vaticano 11. Após o intervalo, seguiu-se uma troca de idéias dirigida por Antonia Zélia e Moacir sobre as prioridades das ENS , com ênfase na Reunião de Equipe. O evento foi encerrado com orações na capela da Escola Dom José Delgado onde realizou -se o encontro . . Foi realizado em 31 /08 último no Instituto São José, Barreiros, na Grande Florianópolis o ENCONTRO ESTADUAL DOS CASAIS DE LIGAÇÃO da Região de Santa Catarina, visando uma revitalização des-
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sa importante missão e função dentro do Movimento . . Aconteceu em 31 /08 e 01 /09/91 o mutirão das regiões Rio I e 111. Trinta casais e três viúvas que, com muita animação participaram de todos os momentos do evento, fizeram uma avaliação muito positiva do mesmo, ressaltando sua importância na formação dos equipistas . . Pregado por Pe. João Bosco (de Campinas/SP) o setor de Limeira/SP realizou o seu Retiro de 1991 sob o tema a IGREJA NO ANO 2.000. O evento foi realizado em duas datas a saber: 23 a 25/08, com o comparecimento de 32 casais e de 21 a 22/09, com o comparecimento de 18 casais. Isto totaliza 50 dos 54 casais que hoje compõem o setor. . Com uma missa de ação de graças e um jantar festivo, a Equipe 08/B de São Paulo/SP comemorou 21 anos de Movimento. Dos 6 casais que compõem o grupo, 4 estão desde a sua fundação, sob a invocação de N. S. Rainha de Todos os Povos . O mais importante é salientar que durante todos esses anos tivemos só um conselheiro espiritual, Frei Eduardo Quirino de Oliveira, que há 1O anos, transferido para Curitiba, viaja mensalmente 820 Km para estar presente à preparatória realizada no sábado e à reunião no domingo. Por tudo isso, louvamos o Senhor.
-VOLTA AO PAI . C ida (do Fernando) da Eq. 08 de Juiz de Fora/MG em 13/05/91. Esposa e mãe exemplar, grande amiga de seus i rmãos de equipe, dedicou-se sempre com Fernando a trabalhos da comunidade, cursos de noivos , pastoral familiar e eventos do Movimento. Deixa grande saudade mas também a certeza em seus irmãos de equipe que em sua caminhada sua lembrança estará sempre presente. . Orlandina (Dedé do Helton) Pavão da Eq. 96 - E do Rio Janeiro. Recebemos de
Paulo (da Lourdes) da eq. 64 - E um tocante depoimento onde ele nos fala da maravilhosa personalidade da Dedé, seu convívio na experiência comunitária e nas ENS. Narra também de como após o falecimento de sua mãe, Dedé ficou sendo "a mãe " de suas irmãs e do carinho que tinham por ela os seus sobrinhos. Lembra ainda a dedicação do marido Helton e do filho Anderson em suas vigílias quando a saúde de Dedé agravou se e ela foi internada. Cita ainda as Bodas de Prata do casal celebradas em janeiro último e seu eloqüente testemunho de um verdadeiro amor sacramental. Mesmo nas horas mais tristes Dedé tinha sempre palavras de conforto, estímulo e apoio. De nada se queixava e aceitava o sofrimento com paciência e resignação encontrando conforto pedindo que alguém lesse a Bíblia para ela. Pe. Afonso, conselheiro da equipe, foi muito feliz em sua homilia quando disse que todos que ali estavam , não choravam a morte de Dedé, mas celebravam a sua passagem para a vida eterna onde ela está junto do Pai, rindo de felicidade . . Elynir (Eq. 04 - D N.S. Imaculada Con ceição) em 13/08/91. Confortada pelos Sacramentos deixa, entre seus irmãos de equipe um exemplo de fé, esperança e confiança em Deus. Mesmo durante sua enfermidade jamais se lamentou e está, com certeza, junto de Deus , em companhia de Nossa Senhora.
-JOVENS . Dias17 e 18 de agosto, na Vila Manresa, em Porto Alegre/RS aconteceu o IV EAFE - Encontro dos Filhos dos Equipistas da Região Rio Grande do Sul. organizado pelo Setor A. O tema do encontro foi Amor e Autenticidade e partici param 55 jovens, dos quais 48 eram filhos de equipistas.
O objetivo destes encontros é incentivar a formação de Equipes Jovens de Nossa Senhora e das Equipinhas (aos jovens com menos de 15 anos). Ficamos felizes com o resultado deste Encontro, sentido principalmente no clima de profunda espiritualidade e adesão a Cristo vivido na celebração final. Vale a pena investir em nossos jovens! . Realizado em 25/08/91 em Recife/PE mais um Encontro de Jovens com a participação de 60 crianças entre 8 e 11 anos de idade. A coordenação esteve a cargo da Equipe 05 e o almoço a cargo da Equipe 06. Presença de Eunice e Murilo, CR do Setor. A missa celebrada por Frei Gilberto (CEdas equipes 05 e 07) contou com a participação total das crianças, em especial nos cânticos escolhidos. Conforme relatam Alcione e Grizzi (Eq. 05) no Boletim Nosso Mensageiro "o objetivo do encontro foi fazer os jovens entenderem que cada um deles deverá ser guardião e defensor do mundo futuro para que seja melhor do que o de agora e que para tanto eles devem ser agentes participantes dessa transformação. Para que isto aconteça basta investir, desde criança, nesse REINO, ouvindo a PALAVRA, pondo-A em prática como Jesus nos pede. Afinal , a quem mais amou Jesus aqui na terra? As criancinhas ... "
-REUNIÕES MIXTAS . Sob o tema O DIÁLOGO FAMILIAR , o Setor de Limeira/SP realizou durante o mês de setembro/91 as suas reuniões mixtas (interquipes). O temário que muito agradou a todos foi cedido pelo Setor de São José dos Campos/SP. Ao todo foram realizadas 9 reuniões destacandose a presença do Bispo D. Ercílio Turco, como C.E. de uma das reuniões.
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ORAÇÃO DE UMA MUÇULMANA A NOSSA SENHORA Mãe, sou tua filha, escuta-me esta tarde , Sinto tanta alegria de te vir falar, De poder abrir-te o meu coração . Estou certa que me vais ouvir E que a minha voz não te vai incomodar Sonhei sempre com uma mãe como tu. Tu sabes que as nossas mães africanas são boas Mas têm sempre tantas fad igas e canseiras ; Sempre com os filhos às costas, em casa e nos campos , Não têm um minuto para descansar. Tu , ao menos , tens todo o tempo para nós. Quando foste expu lsa do teu pa ís, Podias ter seguido para o Norte Ou para as terras de Leste ou do Ocidente ; Mas preferistes os caminhos do Sul : foi a África que escolhestes. Quando cozinhavas, Acendias o lume como nós E fazias a comida num pote de barro ; Não tinhas ânforas ricas Nem escravos que te fossem buscar a água. Pegavas na tua bilha e ias à fonte, Regressando, a cantar, com ela na cabeça. Andavas, como nós, descalça sobre o capim E quando José não tinha trabalho Passaste maus bocados como nós. Por tudo isto, quanta necessidade tenho hoje de ti! Como os outros teus filhos, mais que eles talvez, Temos necessidade da tua alegria, Diferente do delírio desenfreado das nossas danças A prolongarem-se pela noite toda. Da tua alegria, feita de trabalho e de ternura! Virgem Maria, esta tarde tenho tantas coisas para te contar Que o teu olhar me aliviará
(Missão Jovem) (Semanário Atualidade Pontífica Universidade Católica do Paraná)
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TEXTO DE MEDITAÇÃO Evang. de S. Lucas cap. 2, vers. 1-19 Naqueles dias saiu um decreto de César Augusto ordenando o recenseamento de toda a terra. Este foi o primeiro recenseamento no governo de Qui ri no na Síria. Todos iam alistar-se, cada um em sua cidade. Também José subiu da Galiléia, da cidade de Nazaré, para a Judéia, à cidade de Davi, chamada Belém, porque era da casa e família de Davi, para se alistar com Maria, sua esposa, em estado de gravidez. Estando ali , completaram-se os dias para o parto, e ela deu à luz o filho primogênito. Envolveu em panos e o deitou numa manjedoura, por não haver lugar na hospedaria. Naquela mesma região havia uns pastores no campo velando à noite, vigiando o rebanho. Apresentou-se-lhes um anjo do Senhor e a glória do Senhor os envolveu de luz e eles ficaram possuídos de grande temor. Disse-lhes o anjo: "Não tem ais , pois vos anuncio uma grande alegria, que é para todo o povo: Nasceu-vos hoje um Salvador, que é Cristo Senhor, na cidade de Davi. Este será o sinal : encontrareis o menino envolto em panos e deitado numa manjedoura". Imediatamente ao anjo se achegou uma multidão do exército celeste, que louvava a Deus, dizendo: "Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens por ele amados". Assim que os anjos se foram para o céu , os pastores disseram uns aos outros : "Vamos já para Belém, para ver o acontecimento que o Senhor nos manifestou". Foram com presteza e encontraram Maria, José e o menino deitado numa manjedoura. Vendo, contaram sobre as coisas que lhe foram ditas sobre o menino. Todos que ouviam , maravilhavam-se do que lhes diziam os pastores.Maria conservava todas aquelas palavras , conjeturando em seu coração.
Oração Litúrgica Jubilosos celebremos a Cristo, em cujo Natal os anjos anunciaram a paz ao mundo, e peçamos: R. Vosso Natal traga a paz para todos. _ Viestes como pastor dos pastores e guarda de nossas almas ; tornai o Papa e nossos bispos fiéis ministros de vossa graça multiforme. R. Vosso Natal traga a paz para todos. _ Rei da eternidade, que nascendo vos quisestes restringir ao breve tempo de uma vida e experimentar as dificuldades humanas, fazei de nós, transitórios e mortais, participantes de vossa eternidade. R. Vosso Natal traga a paz para todos. _ Esperado pelos séculos, viestes na plenitude dos tempos ; manifestai vossa presença àqueles que ainda estão à vossa espera. R. Vosso Natal traga a paz para todos. -Feito carne, restaurastes a natureza humana corrompida pela morte; concedei aos que nos deixaram vossa plena transfiguração. R. Vosso Natal traga a paz para todos
Oremos: O Deus, que admiravelmente criastes o homem e mais admiravelmente restabelecestes a sua dignidade, dai-nos participar da divindade de vosso filho, que se dignou assumir a nossa humanidade. Por nosso Senhor Jesus Cristo.na unidade do Espírito Santo. Amém .
(Liturgia das horas- Festa de Natal)
PRIORIDADES A REUNIÃO DE EQUIPE
AO ENCONTRO DA REALIDADE
FORMAÇÃO
PASTORAL FAMILIAR
COMUNICAÇÃO
EXPERitNCIA COMUNITÁRIA