ENS - Carta Mensal 281 - Abril 1992

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RESUMO De que forma a nossa ação, em nosso ambiente de trabalho, tem sido um meio de santificação? . . . A Doutrina Social da Igreja na Centesimus Annus Santo Domingo: Encontro da Igreja da A. L. ... . Vários artigos sobre a Páscoa, às pgs . . . . . . . Pe. José Carlos: uma palestra, uma notícia, um canto A reflexão sobre o casamento cristão continua . Algumas interrogações no início deste novo ano Editorial: Espírito de panelinha e espírito católico Carta da E.R.I.: Qual é a nossa imagem de Deus? O novo Manual da Experiência Comu nitária das ENS Quem era Madre Paulina, beatificada pelo Papa? O Papa no Brasil: A família . . . . . . . . . . .. . "Evangelizar a Sexualidade" visto por um sacerdote A preparação remota para o casamento Um trabalho de evangelização com os noivos . Uma palavra para os jovens . . . Quem é o meu próximo? . . . . . . . . Pai e Mãe, verdade das crianças .. . . Uma lição de fé, aprendida numa viagem Intercâmbio . . . . . . Notícias e informações . . . . . . . Nossa biblioteca . . . . . . . . . . . Sugestões para meditação e oração

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ACOLHIDA Bemvindos a mais um número da Carta Mensal, queridos irmãos equipistas! Queremos saudá-los na alegria deste mês de abril, que nos traz uma vez mais a comemoração da Páscoa do Senhor, penhor de nossa ressurreição. Celebremos a vida, que particularmente a nós, casais, foi tão intimamente confiada!

*** Somos frequentemente consultados - através do nosso correio cada vez mais alentado - por casais equipistas, sobre a possibilidade de se fazer assinaturas da Carta Mensal, para pessoas que não pertencem ao Movimento. Infelizmente, somos invariavelmente levados a responder que isto não é possível, por várias razões, de natureza administrativa tanto quanto qualitativa. O fato da Carta Mensal ser uma publicação interna do Movimento, de distribuição gratuita, nos tem isentado de toda uma série de complicações burocráticas, como autorizações para republicar artigos, pagamento de direitos autorais, etc. E no que diz respeito ao conteúdo, a leitura da Carta Mensal requer, sem dúvida nenhuma, um mínimo de conhecimento e de participação do Movimento. As expressões dever de sentar-se, partilha, pontos concretos de esforço, e tantas outras fazem parte de uma certa 'gíria' das Equipes, assim como toda a parafernália de siglas: ENS, ECIR, EACRE, CRR, CRS, PCE ... Não é que a gente queira criar uma panelinha (v. Editorial!). mas vocês hão de convir que é assim mesmo e que a comunicação, para com aqueles que não acompanham de perto o Movimento, torna-se difícil. E no entanto, os que gostariam de difundir as riquezas do Movimento que a Carta Mensal vem divulgando em seus mais de 40 anos de existência, não deixam de ter razão. Claramente, não temos o direito de guardar o fruto de tanta oração, reflexão, meditação, pesquisa, etc. só para nós. Mormente quando, inseridos na Igreja que está no Brasil, voltamo-nos para a evangelização da cultura do matrimônio. A equipe da Carta Mensal tem se debruçado sobre o assunto. A idéia de uma publicação voltada ad extra (expressão que está na moda), paralela à nossa Carta, com artigos selecionados desta e complementados por outros escritos especialmente ou não, nos atrai bastante. Mas é claro que, além dos aspectos financeiros, haveria muitos outros pontos a serem resolvidos. Gostaríamos de conhecer a opinião de vocês sobre este assunto. Escrevam-nos e ajudem-nos a discernir a vontade do Senhor. Com um forte abraço da Equipe da Carta Mensal

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A EC/R CONVERSA COM VOCÊS

TENDE A CORAGEM No mês passado, o dever de sentar-se que fomos convidados a fazer enfocou a família e deixou-se iluminar pelas palavras de João Paulo 11. Você fez esse dever de sentar-se com sua equipe? Continuamos procurando responder à pergunta que nos motivou: Teremos sido reunidos ao acaso? Haverá algo a fazer que compete a nós enquanto comunidade? Para a reflexão deste mês sugerimos o momento de coparticipação de sua reunião mensal, tendo por base o segundo tema que o Papa João Paulo li abordou ao dirigir-se ao laicato brasileiro: o trabalho. Transcrevemos abaixo suas palavras. "À imitação de Jesus Cristo, que quis viver a maior parte da sua existência terrena na oficina de José, aprendi a ver o trabalho e os deveres que tecem a vida cotidiana como âmbito e meio privilegiado de santidade e de apostolado. Que condições primárias deve ter o trabalho, todo e qualquer trabalho honesto, para ser santificante e santificador? Deixa-me responder citando ainda palavras da Exortação Apostólica: Os fiéis leigos deverão executar o seu trabalho com competência profissional, com honestidade humana e espírito cristão, como meio da própria santificação (Christifideles laici, nº 43). Nunca vos esqueçais de que a primeira riqueza do homem e por isso mesmo a primeira riqueza de uma Nação, é o trabalho. O homem se desenvolve mediante o amor pelo trabalho (Laborem exercens. nº 11). Onde falta este amor, cedendo a um conformismo indolente, não é possível o progresso humano , nem a maturidade cristã, nem o bem da sociedade. Rejeitai a tentação do desestímulo provocada pelo exemplo negativo dos que, à margem de critérios éticos , procuram a maior vantagem com o menor trabalho . Rejeitai também , a despeito de todas as dificuldades, o desestímulo procedente de uma concepção errada das relações empresariais, que coloca o capital acima do trabalho, o lucro acima da pessoa humana, e se traduz muitas vezes numa indigna retribuição do trabalhador e numa injusta distribuição da renda (Cf. Laborem exercens, nº 13 e 15; Centesimus annus, nº 35). Com o espírito do Evangelho, sabereis contribui r para as necessárias mudanças na ordem econômico-social. Sabereis tam-

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bém procurar os meios eficazes para enfrentar e debelar o grave problema do desemprego. Devereis empenhar-vos para que a doutrina social católica, sem ceder a ideologias anti-evangélicas, que propugnam o ódio e a luta de classes, oriente de fato a realidade sócio-econômica do vosso país. Esta é a vossa tarefa própria, nas suas concretizações práticas. São os leigos católicos que, juntamente com os demais cidadãos, a devem assumir. Referia-me também, antes, à honestidade e ao espírito cristão no trabalho. Eis aqui outro importante tema de reflexão e de exame de consciência. Parte não pequena do vosso apostolado deve orientar-se de modo a conseguir que os princípios da ética profissional, da honestidade, da veracidade, da lisura e da moral cristã imperem em todos os âmbitos do trabalho humano, quer na esfera pública, quer na esfera privada. Não vos deixeis abalar pelo temor de que a fidelidade a esses princípios éticos vos coloque em situação de desvantagem, num ambiente em que não raro a lei moral é desprezada e grassa a corrupção. Mesmo que às vezes vos pareça ficar em situação de inferioridade, tende a coragem de dar, em todo momento, o vosso testemunho ético nítido e inequívoco. Deste modo estareis amando a Deus e estareis servindo o Brasil. Contando com essas condições primárias , amor ao trabalho e consciência ética, é que vossa ação poderá converter-se em meio de santificação, meio de apostolado e fermento de transformação da sociedade." Que atitude e valores não estão sendo cristãos no seu lugar de trabalho? O que vocês, sua equipe, podem concretamente fazer para reverter essa situação? O que o Setor pode fazer? "Rejeitai a tentação ao desestímulo". O Cristo conta com nossa coragem! "Vossa ação poderá converter-se em meio de santificação, meio de apostolado e fermento de transformação da sociedade". Beth e Romolo pela ECIR

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CAMINHANDO COM A IGREJA

A CARTA ENCÍCLICA 11 CENTESIMUS ANNUS

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(de 1º de Maio de 1991) Não é nada fácil resumir uma carta encíclica do Papa João Paulo 11, pois se trata de um pensamento desenvolvido não de maneira linear mas sim em espiral, mais por associações de idéias que seguindo uma lógica rigorosa, com inúmeras explicações e observações anexas. Além disso, pode haver vários planos de reflexão atingidos simultaneamente, como por exemplo nessa encíclica "Centésimo Ano", que mistura princípios permanentes e aplicações concretas. Nessa muito breve apresentação tentaremos pôr em realce os princípios permanentes da doutrina social da Igreja presentes nessa encíclica, doutrina que é, como várias vezes o afirmou o Papa, parte integrante da teologia moral e da "nova evangelização". Parece-me que podem ser resumidos da seguinte maneira: 1) Legitimidade do direito de propriedade. O uso da propriedade particular é uma garantia da liberdade e da dignidade da pessoa humana: posse da terra, posse da moradia, posse do conhecimento, da técnica, do saber. 2) Limites do direito de propriedade. O direito de propriedade não é um direito absoluto. É subordinado a seu destino comum originário: Deus deu tudo a todos os homens. O uso deste direito, confiado à liberdade humana, é subordinado ao bem comum. Este princípio vale também para a posse dos meios de produção, tanto no campo industrial como no agrícola. A apropriação se torna ilegítima quando não respeita essa exigência. 3) É mediante o trabalho que o homem consegue ascender à propriedade: daí o seu direito ao trabalho. O papel do trabalho na vida humana é hoje em dia mais importante do que nunca: é pelo trabalho que a pessoa humana conquista sua dignidade e sua liberdade. 4) O que supõe que haja uma justa remuneração pelo trabalho. A sociedade e o estado devem assegurar níveis salariais adequados ao sustento do trabalhador e de sua família, inclusive com uma certa possibilidade de poupança.

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5) O trabalho coletivo. Não é sozinho que o homem trabalha: ele participa de um trabalho coletivo que engloba progressivamente círculos cada vez mais amplos. Em solidariedade, e criando associações profissionais, ele pode, por conseguinte, criar comunidades de trabalho cada vez mais amplas e eficientes , assumindo a própria empresa na qual ele trabalha. 6) O lucro. O lucro é um indicador do bom funcionamento de uma empresa. Mas não é o único, pois se deve também levar em conta a dignidade de todas as pessoas que trabalham na empresa. 7) A liberdade de mercado. A liberdade de mercado parece ser o instrumento mais eficaz para dinamizar os recursos e responder às necessidades da coletividade, com a condição que este mercado seja respeitoso dos preços justos, que ofereça bens em quantidade e qualidade exigíveis, e que não pretenda satisfazer todas as necessidades humanas. De sua "idolatria" surge o fenômeno do consumismo.

Essas linhas não constituem um "resumo" da encíclica do Papa João Paulo 11. São algumas idéias básicas dessa encíclica. Para quem gostaria de aprofundar o assunto, aconselho ler o livro de Ricardo Antoncich e José Miguel Sans intitulado "Ensino Social da Igreja" (ed. Vozes 1986). "Àqueles que estão à procura de uma nova e autêntica teoria e praxis da libertação, a Igreja oferece não só a sua doutrina social, e, de um modo geral, o seu ensinamento acerca da pessoa redimida em Cristo, mas também o seu empenho concreto no combate à marginalização e ao sofrimento" (nº 26) Fr. J. P. Barruel de Lagenest O.P.

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CAMINHANDO COM A IGREJA

RUMO A SANTO DOMINGO A largos passos se aproxima a celebração dos 500 anos da evangelização do continente latino-americano. A Igreja no Brasil também se prepara com diligência para esse evento que marcou a história da humanidade nos últimos séculos. A chegada do homem europeu, na via aberta por Cristóvão Colombo em 1492, significou para ele uma conquista de novas fronteiras. Para a Igreja, povos novos a serem evangelizados. Para além dos 500 anos. 500 anos passados, estamos diante de uma acirrada discussão em torno do significado histórico desse evento. Visto da Europa, foi sem dúvida, a descoberta de novos territórios por onde expandir o Ocidente. Visto dos primeiros habitantes do continente pré-colombiano , foi uma conquista que custou a vida de milhões de indígenas, o desaparecimento de muitos povos , sem contar o enorme sofrimento dos milhões de negros reduzidos à escravidão. A história é mestra da vida também para a Igreja. Chegou a hora de buscar o significado dos 500 anos , quebrando a monotonia de uma visão centrada no homem branco. Chegou o hora de recuperar o passado a partir do índio e do negro. A "nova evangelização" deve, então, significar para todos a descoberta da riqueza cultural do continente, sua variedade. Ela será uma evangelização do povo a partir de suas diferentes culturas. A Igreja no Brasil também está se preparando para 1992. Está em estudos por toda parte o "Documento de Consulta" com o tema: "Nova Evangelização, Promoção humana e cultura cristã", Paulinas 1991. Esse texto tem a função de provocar a reflexão e preparar o "Instrumento de Trabalho", como preparação mais imediata para a IV Assembléia Geral do Episcopado Latino-americano de Santo Domingo. A grande pergunta é: o que significa para nós , como Igreja na AL, a celebração dos 500 anos da evangelização? Olhar para o passado. Como seguidores de Jesus Cristo, não podemos renunciar a olhar o passado com dupla ótica: de penitência e de graças . A penitência e a conversão são aspectos centrais do Evangelho. O próprio Concílio Vaticano 11 nos ensina que a Igreja, "acolhendo em seu seio os pecadores, santa e ao mesmo tempo necessitada de purificação, busca sem cessar a penitência e a renovação" (GI 6). Deve-se, pois, ter a coragem de reconhecer que a evangelização significou, no passado colonial , o sustentáculo cultural do processo de conqu ista, com as evidentes conseqüências para a vida, a convivência e as culturas dos povos indígenas. A ação de graças deve surgir não dos grandes feitos dos

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conquistadores ou da arrogância triunfalista dos vencedores, mas do reconhecimento de que o Evangelho foi e continua sendo o anúncio de um sentido radical para a vida humana de todos, mas, sobretudo, para a maioria pobre do continente; porque os pobres continuam acolhendo o Evangelho libertador. Discernir os sinais dos tempos. Vivemos num mundo em rápido processo de "planetarização", cada dia mais complexo. Nele as pessoas estão descobrindo novas formas de experiência de si mesmas. O pluralismo cultural e religioso oferece-lhes uma variedade infinita de escolhas pessoais. As Instituições tradicionais como a igreja, a escola, a família, sentem dificuldades crescentes para propor modêlos de convivência. No piano sócio-econômico cresce a distância entre ricos e pobres. Nesse contexto, algumas questões adquirem maior relevância: a resposta às novas demandas religiosas dos indivíduos; a inculturação do Evangelho num mundo cultural e religiosamente pluralista; a opção pelos pobres e a promoção humana dentro de um sistema mundial excludente e perverso de dominação econômica; a identidade "católica" latino-americana diante do avanço da modernidade e das seitas. Definir um programa de evangelização. Postos os desafios, certamente o Documento que virá de Santo Domingo deverá definir um programa de "Nova Evangelização", em continuidade com as grandes opções pastorais de Medellín e de Puebla. Será uma evangelização dirigida à pessoa humana, atenta à experiência religiosa subjetiva e, ao mesmo tempo, às exigências da dignidade da pessoa humana: direito à vida, à liberdade religiosa entre outros. Será uma evangelização atenta às diversas situações culturais e respeitosa de todas as culturas, sobretudo às culturas tradicionais, indígenas e afro-americanas. Daí se segue também uma ação pastoral mais diversificada, preocupada com a inculturação do Evangelho no continente. Será uma evangelização que promove na sociedade a transformação do "sistema" baseado na revolução técnocientífica e que tem na dimensão econômica seu eixo, procurando superar a massificação e a exclusão social, visando estabelecer condições mínimas de justiça, participação (democracia) e valores comuns. Enfim, o que se espera de Santo Domingo é que produza um documento que seja forte na definição dos grandes desafios pastorais e corajosos no descortinar o horizonte da Igreja para o futuro. Pe. Cleto Caliman Secretário do Instituto Nacional de Pastoral

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PÁSCOA

PARTICIPANTES DA RESSURREIÇÃO O esplendor do Cristo Ressucitado é, sem dúvida, o principal motivo que alegra todos os anos a nossa Páscoa. Toda a liturgia da semana santa, vai dosando, num crescendo contínuo, os elementos de renovação interior dos que participam das celebrações, para que possam gozar daquela alegria espiritual que só se completa quando é anunciado: Cristo ressurgiu realmente. Aleluia! Nada substitui essa exultação interior. Sem ela a semana santa pode transformar-se numa apresentação folclórica das "histórias" narradas pela Bíblia. Nada impede, certamente, que se faça uma leitura dramatizada dos Evangelhos desde que se faça criando um ambiente de celebração e meditação. Lamentáveis são as dramatizações com características tipicamente turísticas. Nossa celebração da Páscoa, porém, não termina na glorificação de Jesus Cristo. O objetivo querido pelo Pai consiste _em que a_ressurrei~o çj_e Cristo seja a fonte de nossa salvaçãÕ, tornando-nos participantes conscientes da mesma ressurreição. Para que isso aconteça será necessário que façamos a mesma caminhada de Jesus, aceitando os passos da Paixão como condição para a retomada da vida com Cristo ressuscitado. Será necessário mortificar e sepultar o homem velho para que a força vital do Cristo faça nascer o homem novo. Essa vida nova em nós não será apenas espiritual e religiosa, mas se manifestará pela atuação de todas as potencialidades que Deus colocou no ser humano. Ser justo e santo significa ser amigo sincero, fraterno e compreensivo. Significa ser solidário na construção do bem comum, participado por todos os outros irmãos. Supõe a substituição do egoísmo pela generosidade sem preço, aceitando a luta pela implantação da justiça que beneficiará a todos. Se vivermos autenticamente esse ressurgimento pascal daremos ainda muitos frutos para gáudio de todos. ALELUIA! D. Candido Padin O.S.B Baurú- SP

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O Pe ..José Carlos Di Mambro nos deixou. Na Carta Mensal de março, o Movimento, pela palavra de alguns equipistas, lhe prestou uma pequena homenagem. Outros ainda quiseram, de várias formas, trazer o seu testemunho. Aqui publicamos o resumo de uma palestra, uma notída e um poema...

A VONTADE DE DEUS Deus é amor e nós muitas vezes blasfemamos ao afirmar que as desgrasão "vontade de Deus". E preciso definí-la em seu sentido real: a "vontade de Deus" é o AMOR. Portanto o que Ele quer é que o homem se una a Ele e aos irmãos. Quer que o homem entre na esfera do Amor Trinitário para assim poder participar da vida divina, à qual todos são chamados. A vontade de Deus nada mais é que a salvação do homem e Ele provou isto ao nos enviar seu Filho. No entanto, para nossa inserção no processo de salvação e adesão do homem à realidade atual, vivendo o cristianismo hoje, é preciso ter abertura para o horizonte, voltado para o Reino definitivo, mas só construímos o definitivo quando vivemos o agora, que é provisório. A conversão a Deus inclui o amor ao próximo, porque Deus se sente amado quando se ama o próximo. Essa é a lógica cristã. Só quando amamos estamos realizando a vontade de Deus e então é fácil nos convertermos aos apelos do Reino Celeste, esse Reino que é a nossa herança, preparado pelo Pai desde a criação do mundo. Fazer a vontade de Deus não é portanto "fazer coisas", mas amar concretamente e quando materializarmos o amor, esse amor tem de gerar novas atitudes de vida. O homem não pode se acomodar aos fatos tristes. Tem de lutar para ser feliz. A única renúncia que tem sentido é quando há oferta. Só quando renunciamos a algo bom em troca de algo maior é que se entende a renúncia. O Cristo renunciou à vida terrena para nos oferecer a vida eterna. Por isso a sua renúncia foi aceita pelo Pai. O que muitas vezes definimos como vontade de Deus é só caricatura. Essa vontade se manifesta nas pessoas, nas circunstâncias, nas atitudes. Em tudo o nosso querer tem que estar em sintonia, em obediência, ao querer de Deus e sermos assim anunciadores. É preciso anunciar o querer de Deus e não o nosso querer, a nossa ideologia. Quando teorizamos o Cristianismo e não o transformamos em gestos concretos de amor numa coerência de vida, nós o estamos coisificando e o transformando em ideologia, e o Cristianismo é vida, é transparência de Deus. ~as

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Freqüentemente vemos as pessoas em função de nossas necessidades e portanto as vemos e também às coisas, pelo que elas fazem ou representam e não pelo que elas são. Nos relacionamos antes com as idéias que fazemos das pessoas e das coisas . Vivemos a fazer julgamentos e não oferecemos aos outros oportunidades de serem bons. Com esta atitude estamos distorcendo a vontade de Deus. A terapia do Cristianismo tem de ser o amor e tudo o que acontece tem de proporcionar oportunidade para o crescer deste amor, que é a vontade de Deus para nós. Toda nossa atividade deveria proporcionar maior capacidade de amar a Deus. O Cristão é o homem da revolução constante. Aquele que questiona tudo e quando percebe o erro provoca mudanças, e para isto é necessário profundo senso de discernimento. Na nossa vida devemos sempre estar nos questionando se os nossos atos estão em sintonia com a vontade de Deus, que é o amor e a construção do homem . (resumo de palestra feita pelo Pe. José Carlos Di Mambro)

Faleceu em SP o padre José Carlos Di Mambro É com imenso pesar que registramos o falecimento do padre José Carlos di Mambro, vigário da Matriz de Osasco, São Paulo, onde desempenhava há muitos anos um trabalho digno de nota na divulgação na palavra de Cristo. Conselheiro Espiritual Nacional do Movimento das Equipes de Nossa Senhora, e conselheiro também de várias Equipes na Grande São Paulo, o padre José Carlos Di Mambro dividia-se em atender seus paroquianos em Osasco, e também, em dar sua contribuição firme, decidida e valiosa ao Movimento das Equipes de Nossa Senhora. Por diversas vezes esteve ele em Belém e daqui levou e deixou lembranças afetuosas e um grande círculo de amizades, círculo este que sente agora sua ausência definitiva na terra, mas conta com a sua intercessão lá junto ao Pai pelos equipistas de todo o Brasil, de todo o mundo. Na sua última visita, Padre Zé Carlos, como era conhecido no Movimento, levou de recordação a imagem de Nossa Senhora de Nazaré que lhe foi oferecida pelos responsáveis do Movimento em Belém. Seu falecimento após tenaz enfermidade que o abateu, ocorreu na última quarta-feira. Paz à sua alma. ( Do Jornal Diário do Pará, de 6/11 /91 )

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EM VEZ DE SAUDADE ... (Homenagem ao Pe. José Carlos Di Mambro)

Quem te conheceu, logo sentiu, Que havia um sopro do divino em teu ser, Que em teu coração, batia forte, com emoção, Um grande amor pelas Equipes. E dessa união se fez canção: tal como prece Dos teus irmãos , das tuas Equipes. Sim , em teu olhar, se via a paz, Com tua presença se podia, então, contar, E qual o pão, em outro altar, em oblação Imenso dom: foi tua vida! Tradução feliz do amor de Deus, todo ternura Foi muito bom: foi tua vida! Refrão: O Céu ansiaste, sempre anunciaste: Servir o Reino! Teus passos largos, a romper os caminhos. Não temeste nunca arriscar-te por causa do Reino Por isso agora: Deus é teu prêmio! Se da gratidão dos teus irmãos ... Sim, pouco adianta no momento se dizer Vai manter-se o amor, este não morre, é comunhão Vinda do alto, com os justos e santos . Uma só família que na terra ou no Céu Louva a Deus: o Justo e Santo! Se saudade houver, e aqui vier, Far-se-á milagre de feliz ressurreição, E trará por tua lembrança, viva e forte, Este sinal: uma nova esperança! Raios brilharão de tuas pegadas, suave luz, Seguir teus passos: Amar a Jesus Chico (da Silvia) Sorocaba/SP

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REFLEXÃO Continuamos a publicação deste tema de reflexão sobre o casal cristão. É aconselhável reler a introdução (Carta mensal de outubro de 91) antes de abordar este capítulo.

CASAMENTO CRISTÃO -SACRAMENTO DO AMOR "Esse mistério é grande, quero dizer com referência a Cristo e à lgreja"(Ef. 5,32) Nesta quinta parte sugerimos uma reflexão sobre o matrimônio como sacramento. Georgette Blaquiere define o sacramento (em geral) como: "É uma realidade humana que Deus escolheu, da qual se apodera para conservá-la, para torná-la santa e impregnada do seu Espírito. Esta realidade humana torna-se sinal de uma realidade espiritual". O matrimônio "encaixa-se" perfeitamente dentro dessa definição. De fato: - É a consagração de um homem e de uma mulher o ponto central de sua ternura humana. Seu sim constitui o sinal visível da Eucaristia. - Deus escolheu o amor humano - realidade carnal - para torná-lo santo e fazer dele o sinal do seu Amor. - Na consagração do amor, homem e mulher se comprometem a amar como Deus ama (dentro da sua capacidade .. .), isto é, fielmente e sem limites; a perdoar como Deus perdoa, isto é, perdão oferecido com toda a ternura. - O amor humano, sendo dom de Deus e, com a ajuda dele, torna-se possível apesar de todas as dificuldades. Não somos casados "como os outros", pois dedicamos a Deus o nosso casamento. Ele está presente na nossa união. Ele nos dá sua graça ajudando-nos a nos amarmos mutuamente, a nos perdoarmos , a sermos fiéis, a nos renovarmos, a darmos o passo à frente, a sermos fecundos ... - Nossa união é para o mundo sinal vivo do Amor de Deus, um "amor sem retorno." - Podemos dizer que somos mergulhados numa realidade misteriosa que nos ultrapassa e na qual somos imergidos para sempre. Texto de reflexão: A intima comunhão de vida e de amor conjugal que o Criador fundou e dotou com suas leis é instaurada pelo pacto conjugal, ou seja, o consentimento pessoal irrevogável. Desta maneira, do ato humano pelo qual os cônjuges se doam e recebem mutuamente se origina, também diante da sociedade, uma instituição firmada por uma ordenação divina. No intuito do bem, seja dos esposos como da prole e da sociedade, esse vínculo

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sagrado não depende do arbítrio humano, mas o próprio Deus é autor do matrimônio dotado de vários bens e fins, que são todos da máxima importância para a continuação do gênero humano, para o aperfeiçoamento pessoal e a sorte eterna de cada um dos membros da fam ma, para a dignidade, estabilidade, paz e prosperidade da própria família e da sociedade humana inteira. .. . Cristo Senhor abençoou largamente esse amor multiforme originado da fonte da caridade divina e constituído à imagem de sua própria união com a Igreja, pois como outrora Deus tomou a iniciativa do pacto de amor e fidelidade com seu povo, assim agora o Salvador e o Esposo da Igreja vem ao encontro dos cônjuges cristãos pelo sacramento do matrimônio. Permanece daí por diante com eles, a fim de que, dando-se mutuamente, se amem com fidelidade perpétua, da mesma forma como Ele amou a sua Igreja e por ela se entregou". Gaudium et Spes Perguntas: (para reflexão em casal e eventualmente em equipe) - Deus é a rocha sobre a qual queremos construir a nossa comunidade? -Através dos sacramentos do Batismo e do Matrimônio sentimo-nos uma "pequena Igreja"? O nosso casamento é coisa de Deus? Qual é o lugar que lhe damos em todas as coisas da nossa vida em comum? - Como vivenciamos a consagração da nossa união com Deus no nosso casamento (Oração conjugal, Eucaristia, Escuta da Palavra)? Já relemos alguma vez os textos e a homilia da missa do nosso casamento? - O aniversário de casamento é para nós um dia de festa, de celebração, de ação de graças? - Sentimo-nos verdadeiramente responsáveis pela "imagem" do Deus de Amor e do sacramento do Amor? - Que ajuda esperamos da equipe para entrar mais profundamente no mistério do Amor? -Sobre esse assunto, que ajuda esperamos do Movimento? - Te mos o cuidado de aproveitar tudo o que as Equipes de Nossa Senhora nos oferecem: documentos, ocasiões para nos abastecer, tais como retiros, recolhimentos, sessões de formação, reuniões do setor, leituras referentes ao tema de estudo? -Temos o cuidado de nos reciclar no campo do casamento? - Preocupamo-nos em ajudar os outros casais a descobrir as riquezas que nós encontramos no casamento? A esse respeito, quais as iniciativas que já tomamos em equipe, como casal, em união com outros movimentos, se for o caso?

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Texto para rezar: Caríssimos, amemo-nos uns aos outros, porque o amor vem de Deus, e todo o que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama não conhece a Deus porque Deus é Amor. Nós conhecemos e cremos no amor que Deus tem para conosco. Deus é Amor e quem permanece no amor permanece com Deus e Deus nele.

(1 Jo 4, 7-8, 16) Esforco proposto para o mês: 1 - Leitura e meditação de textos relativos ao sacramento do Matrimônio. 2 - Recapitular nossos projetos relativos ao nosso casamento e caso tenhamos gravado a cerimônia do nosso casamento, estudar e meditar as leituras feitas nessa data. Algumas flores: "Há tantas pessoas que ainda são más, porque até agora não foram suficientemente amadas ." Pio XII

"É pelas coisas pequenas que se mede um grande amor; as grandes coisas não são difíceis, porque nos arrebatam : mas as comuns exigem um esquecimento de si de que poucos são capazes ." Vallery- Radot "Meus filhos , não amemos com palavras nem com a língua, mas por atos e em verdade." (1 Jo 111, 18) Cântico das Núpcias Nossos caminhos são agora um só caminho, nossas almas uma só alma. Cantarão para nós os mesmos pássaros e os mesmos anjos desdobrarão Sobre nós as invisíveis asas . Temos agora por espelho os nossos olhos ; o teu riso dirá a minha alegria, o teu pranto a minha tristeza; Se eu fechar os olhos , TU estarás presente; Se eu adormecer, serás o meu sonho; E serás , ao despertar, o sol que desponta. Nossos mapas serão iguais, E traçaremos juntos os mesmos roteiros Que conduzam às fontes escondidas, E aos tesouros ocultos. Na mesma página do Evangelho encontraremos o Cristo; Partiremos na Ceia o mesmo pão;

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Meus amigos serão os teus amigos, E perdoaremos com iguais palavras Aqueles que nos invejam. Será nossa leitura à luz da mesma lâmpada; Aqueceremos as mãos ao mesmo fogo E veremos em silêncio desabrochar no jardim A primeira rosa da primavera. Iremos depois nos descobrindo nos filhos que crescem, E não mais saberemos distinguir em cada um Os meus traços e os teus, O meu e o teu gesto, E não nos tornaremos parecidos. E nem o mundo, nem a guerra, nem a morte, Nada mais poderá separar-nos, Pois seremos mais que nunca Em cada filho, Uma só carne e um só coração. Que o homem não separe o que Deus uniu. Que o tempo não destrua a aliança que nos prende, Nem os amores, o Amor. Que eu não tenha outro repouso que o teu peito, outro amparo que a tua mão, outro alimento que o teu sorriso, E quando eu fechar os olhos para a grande noite, Sejam Tuas as mãos que hão de fechá-los. E quando os abrir para a visão de Deus, Possa contemplar-Te como o caminho Que me levou, dia após dia, À fonte de todo amor. Nossos caminhos são agora um só caminho, Nossas almas uma só alma. Já não preciso estender a mão para alcançar-Te ... Já não precisas faltar, para que eu escute ... D. Marcos Barbosa, OSB

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VIDA DO MOVIMENTO RENOVAR A VIDA! Nós somos cristãos, pois fomos impressionados pelo Evangelho de Jesus Cristo. O que nos atraiu foi a Boa-Nova, a novidade de vida que Jesus nos apresentou. Nossa vida no movimento das ENS, sem dúvida, partiu desta primeira descoberta: vale a pena viver assim! Diante de tudo que é uma vida sem sentido, vivida na rotina, vida que cada vez mais perde o seu sabor, Jesus chegou a nós com sua proposta e sua oferta. Será que nós nos lembramos bem como foi? Iniciamos a nossa caminhada de espiritualidade conjugal e familiar diante desta luz tão empolgante: o Evangelho do amor fraterno. Descobrimos que Deus nos ama com amor fiel. Pudemos perceber as mais variadas formas do amor do Pai acontecendo em nossas vidas, em nossas famílias. E este amor divino que percebemos nos levou ao encontro dos irmãos: quem ama os irmãos corresponde ao amor de Deus, e vive nele, encontra nele sua felicidade. Nossa vida se tornou nova, cheia de entusiasmo. Como era bom ir descobrindo a nova vida que encontramos. O amor deu sentido a tudo. E agora já faz um bom tempo que estamos caminhando. O amor que descobrimos mostrou-se também exigente. Em nossa vida de equipe no Movimento das ENS, na vida da Igreja, em nosso dia a dia familiar, nos compromissos profissionais e sociais. O amor é dom e o dom custa. Mas este custo tem sua recompensa sem medidas: a felicidade verdadeira com a presença de Deus. Ele nos oferece uma vida em plenitude que vale todos os tesouros. Terminamos um e iniciamos outro ano equipista. Nossa presença no movimento passa por um sincero exame de consciência: Quanto o Pai já nos manifestou através de nossa vida nas equipes! Quantos dons recebidos! E nossa correspondência, nosso entusiasmo, a novidade entusiasmante que Jesus nos trouxe! Como vai tudo isso? Através de tantos meios nós nos tornamos mais conscientes, mais responsáveis , mais ansiosos de que a mesma vida possa chegar a tantos que vivem a vida pela metade, quando não estão mesmo na morte? Iniciamos nova etapa. Ha fatos que nos falam por si desta novidade: os novos casais responsáveis , novas temáticas, programações propostas . O Movimento só existe se está em movimento. A vida é movimento, não pode parar, patinar, estacionar na rotina de deixar as coisas correrem por si. O Movimento é feito por nós, nós que formamos por graça divina esta família. 16 - CM Abril/92


E este Movimento das ENS tem seu papel importante para nós: é ai que Deus nos tem alimentado em sua vida e com seus dons. E como! É importante para a Igreja: é ele uma força viva que com sua espiritual idade conjugal e familiar pode renovar profundamente a Igreja por dentro, lá na sua realidade doméstica. É importante para o mundo: basta percebermos o que temos em comparação com o que são as carências, os problemas, as dificuldades de tantas famílias do mundo de hoje. Vamos retomar a caminhada. Novo ano: novo no amor maior e mais consciente, novo como o Evangelho, sempre boa nova para todos. E nosso Movimento das ENS será novo e atuante. O que nos espera? O que o próprio Deus espera de nós? O que tantos irmãos esperam de nós? RENOVAR A VIDA! E já é tempo. Já que o Senhor está ai, novo com seu amor por nós. "Se conhecesses o dom de Deus!" É nossa nova oportunidade. Con. José A. A. Tosi Marques C.E. da Equipe 1 São Carlos/SP

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EDITORIAL

ESPÍRITO DE PANELINHA E ESPÍRITO CATÓLICO Penso que se se perguntasse aos casais das Equipes pelo mundo o que lhes parece mais importante e mais precioso no Movimento, o que nele constitui seu principal foco de interesse, a grande maioria citaria duas coisas: os Estatutos e a vida de equipe. É normal e é verdade. E muitos casais têm a tentação de não enxergar, de não olhar mais além. Basta-lhes este horizonte. Sabe-se, naturalmente, que além da equipe existe o setor, assim como outras instâncias mais gerais (mas aí a coisa começa a ficar mais confusa ... ), sabe-se que existem sessões de formação. Mas muitos equipistas nunca participaram delas ... Como muitos, também, não lêem a Carta Mensal. Falo à vontade, porque já estive lá Fui, há tempo, conselheiro espiritual de equipes na Bélgica e na África e confesso que nos contentávamos facilmente com o horizonte da nossa própria equipe. É o que se pode chamar espírito de panelinha. Ficamos fechados em nosso pequeno grupo. E no entanto, os Estatutos não são um meteorito caído por acaso do céu, nem a equipe uma ilha perdida no oceano do mundo! Somos membros de um movimento de Igreja com dimensões mundiais ou católicas, quer dizer universais. Temos todos consciência disso?

**" Se as equipes de base conseguem funcionar e desempenhar plenamente o seu papel é, em primeiro lugar, resultado do compromisso sincero dos casais que as compõem , mas é também porque são levadas, sustentadas, alimentadas por todo um conjunto. Todos aqueles que participaram de eventos e encontros internacionais, no esquema de equipes mistas, conhecem bem a riqueza que alí se encontra. Acho que estes descobriram o sentido do movimento, a sua cato/icidade. Temos outros meios à nossa disposição. Sabemos que as equipes, a não ser as que apenas começam , têm a liberdade de escolher, cada ano, o tema que melhor lhes convém. Podem buscá-lo na rica documentação das Equipes (que talvez seja pouco procurada) , ou em outros lugares. Algumas Super-Regiões preparam elas mesmas um tema anual. Só excepcionalmente a ERI propõe um documento de trabalho para todas as equipes . Mas isto também acontece,

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como no caso da preparação do Encontro de Lourdes, em 1988. Ou como este ano. O Projeto Sexualidade é proposto simultaneamente para todas as equipes do mundo e foi amplamente anunciado na Carta Mensal. Eis aí uma excelente oportunidade de entrar no espírito de catolicidade. Trata-se em primeiro lugar, sem dúvida, de um enorme esforço de reflexão sobre um assunto delicado e essencial, que deve enriquecer cada um dos casais e cada uma das equipes. Mas há também uma outra dimensão: pode ser uma preciosa colaboração para a reflexão da Igreja. Há aproximadamente 35.000 casais nas Equipes de Nossa Senhora. Suponhamos que, por razões válidas, apenas a metade tenha escolhido fazer o projeto (não se quis fazer imposições). Imaginem o que pode representar na Igreja a reflexão destes milhares de "consumidores" que, durante um ano, terão pensado, discutido, aprofundado esses problemas fundamentais em casal e em equipe, confrontando sua experiência de vida com as exigências e as luzes da fé. Sem dúvida, esta é uma "grande estréia" na Igreja. Não queremos dar lições a ninguém; queremos simples e humildemente procurar mais verdade. Que o desejemos ou não e apesar de toda a nossa discrição, isto interessa à Igreja. Dom Duval, presidente da Conferência Nacional dos Bispos da França, foi entrevistado recentemente, antes de um encontro dos bispos em Lourdes . Perguntaram-lhe o que se poderia esperar desse encontro a respeito dos difíceis problemas que se colocam para os casais, especialmente quanto à contracepção. Respondeu: «Sobre este ponto, a Igreja católica ainda não encontrou uma maneira de expressar-se e ser efetivamente ouvida. As Equipes de Nossa Senhora empreenderam uma reflexão para exprimir a sua maneira de viver as relações sexuais e a limitação dos nascimentos. Espero muito dessa experiência de casais cristãos. O que eles dirão será provavelmente mais adequado e melhor compreendido do que aquilo que os bispos possam dizer». No Brasil, quando há dois anos falei, em diversas cidades, deste projeto ainda em preparação, a idéia suscitou um grande entusiasmo. Muitos disseram: Ficamos felizes de ver que as Equipes de Nossa Senhora não estão voltadas para o passado, mas que querem construir o futuro. Vamos, pois, tentar sair de nosso casulo, superar o espírito de panelinha e viver a hora católica ! Frei Bernard OLIVIER, op

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CARTA DA EQUIPE RESPONSÁVEL INTERNACIONAL Caros amigos do mundo inteiro, Na segunda parte do projeto "Evangelização da Sexualidade" coloca-se a questão da imagem de Deus: "Deus criou o homem à sua imagem, à imagem de Deus Ele o criou, homem e mulher Ele os criot.l' (Gn 1,27)

Diretamente confrontados com esta palavra, não somos certamente os únicos para quem coloque um problema. O que será que esta passagem da Escritura quer nos fazer entender? E eis que surge novamente uma pergunta que não é simples: o que são, na verdade, o homem e a mulher aos olhos de Deus, aos olhos do Criador? E mais adiante, é a pergunta inversa que nos deu matéria para reflexão: qual é a imagem que eu tenho de Deus? Quem é Deus para mim, pessoalmente, no hoje de minha vida? Já lhes ocorreu de se fazerem esta pergunta? E que reflexões suscitou a tentativa de dar-lhe uma resposta? Gostaríamos, simplesmente, de partilhar com vocês algumas experiências vividas: Recentemente, num seminário, procuramos, no meio de um grupo ecumênico bem diversificado, aprofundar a questão da imagem que se faz atualmente de Deus. Por meio de abordagens metodológicas bem diversas, buscamos a resposta, ou pelo menos uma resposta pessoal, a essa pergunta. O que mais nos impressionou é a multiplicidade das "imagens de Deus" que os homens forjaram para si ao longo da história; de ver a que ponto a época, a cultura e as condições de vida deixam sua marca, hoje como ontem , nessa busca. Alguns diziam que para eles, Deus era o Pai, alguns o encontravam nas relações com os outros, alguns ainda na natureza ... Nós mesmos, marido e mulher, ao procurarmos precisar nossa imagem de Deus, descobrimos que tínhamos muita dificuldade em encontrar essa imagem bem pessoal. Na própria oração, dirigimo-nos a Ele de formas diferentes: eu me dirijo geralmente ao "Senhor". A imagem que, como mulher, me faço de Deus, seria então masculina? Para meu marido, Deus é mais o "Pai" ou o "Irmão". Mas será que Deus não é também "Mãe"? O que isto desperta em nós? Há pouco tempo, conversava com a minha vizinha. Ela estava braba porque, em nosso grupo de ginástica, queríamos praticar um pouco de ioga. Disse-me, textualmente: «Eu não busco forças na terra ou no céu, mas na minha relação muito pessoal com o Cristo., Qual será esta imagem subjacente de Deus, incompatível com a prática do ioga? E naquela mesma semana, dizia-nos nossa filha: «No fundo, eu não tenho

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um contato verdadeiramente pessoal com Deus. O que conta, para mim, é o relacionamento com os outros. Só posso encontrar a Deus através dos outros.» Caros amigos, parece ser extremamente difícil ter-se uma imagem própria de Deus, uma imagem verdadeira e autêntica, uma imagem para mim, para nós, que corresponda a nossa vivência particular. Certamente, essa imagem assume para cada um de nós uma coloração pessoal e, no entanto, este Deus é o mesmo para todos, sendo, ao mesmo tempo, o "totalmente Outro". O homem e a mulher à imagem de Deus - por que será que esta palavra da Bíblia é tão pouco presente nas nossas imagens de Deus? Por que se fala (e se escreve) tão raramente dessa imagem de Deus representada pelo casal, homem e mulher - dessa imagem de Deus que é a relação de amor vivida no matrimônio? Naturalmente, há muitas pessoas que dizem que Deus é Amor. Mas geralmente, este Amor é comparado ao amor de um pai , de uma mãe, ao amor confiante de uma criança. Fala-se pouco nesta perspectiva, do amor entre um homem e uma mulher. E no entanto, a mensagem que esta imagem de Deus carrega, se a acolhermos conscientemente, lucidamente - diz-nos respeito de muito perto: nós, nosso relacionamento de homem e mulher, nossa comunidade conjugal, nosso lar, somos "imagem de Deus", sinais da presença e da ação de Deus! Qual é o modelo, quais são as referências pelas quais vivenciamos nosso relacionamento de casal, que será este sinal para os outros? Temos nós sempre plena consciência de nossa atitude, um para com o outro? Meu amor conserva o outro encerrado em seus limites ou dá-lhe a capacidade de crescer? Qual é a imagem que nosso relacionamento mútuo exprime? Conseguiremos nós entender melhor e aprofundar esta mensagem de salvação graças ao projeto sobre a sexualidade? Estamos convencidos e já tivemos a confirmação disto de várias partes - que as trocas de idéias em casal e em equipe fazem aflorar uma massa considerável e riquíssima de experiências, de reflexões e de descobertas. Esperamos com impaciência as sínteses que as diversas equipes do mundo inteiro irão nos encam inhar. Como os outros, tínhamos e ainda temos a esforçar-nos para viver na sua totalidade a sexualidade querida e dada por Deus, para transformá-la num meio de desenvolver e aprofundar nosso relacionamento mútuo. Ao partilhar fraternalmente e com tato a nossa vivência pessoal, ao refletir e meditar juntos, ao procurar penetrar melhor os desígnios de Deus, estaremos progredindo na nossa caminhada de cristãos casados. E desejamos de todo o coração que o fruto de nosso "trabalho" traga um auxílio eficaz e benéfico, hoje e amanhã, para muitos outros casais que estão à busca de amor, de felicidade e de santidade. Peter e Dorothea BITTERLI CM Abril/92- 21


PRIORIDADES EDIÇÃO REVISTA E (MUITO) MELHORADA É com imensa alegria que colocamos à disposição de todos a versão renovada do Manual da Experiência Comunitária das Equipes de Nossa Senhora. Gostaríamos de compartilhar com vocês as causas dessa satisfação e nós o fazemos em nome dos casais que estiveram envolvidos na concepção, na geração, parto, batizado, crescimento e até na plástica a que foi submetido o manual, como conseqüência da vivência dos grupos de Experiência . .A causa maior dessa alegria está na experiência profunda que fizemos da atuação do Espírito Santo sobre nós. Colocamo-nos à sua disposição, permitimos que Ele determinasse o tempo e o momento e Ele, usando-nos, criou. E o que Ele criou deu certo, embora tenhamos EXl'fRIÜVCIA COMIJNtTARJA sido instrumentos bastante imperfeitos. Os caDAS EOCIIPfS Of NOSSA SINHORA sais coordenadores que usaram o primeiro manual, em forma de brochura, sofreram bastante para decifrar parágrafos sem sentido, técnicas pouco esclarecidas e até páginas invertidas, imaginem! Mas deu certo. A Experiência Comunitária tem permitido que um grande número de casais escolham conscientemente o carisma, a missão e a pedagogia das ENS. E tem permitido também que muitos equipistas "aplainem montanhas" para que cada vez mais casais encontrem o Senhor e experimentem seu Amor. Sim, a Experiência Comunitária já atinge muitas paróquias, muitos casais e muitas famílias, independentemente desses casais ingressarem em nosso Movimento. Tornou-se um serviço prestado à Igreja: eis ai a mão do Espírito Santo! Hoje, o manual surge com texto mais claro, melhor redigido, com a cara que a informática pode lhe dar, mas sobretudo surge aperfeiçoado pela colaboração de todos aqueles primeiros casais coordenadores que usaram o método, criaram , inventaram e nos comunicaram suas descobertas. Novo Manual da Experiência Comunitária: vamos usá-lo minha gente! Todos nós que vivemos as Equipes de Nossa Senhora temos condições de sermos coordenadores, pois a Experiência Comunitária absorve nossa vivência de comunidade e nosso conhecimento de vida conjugal. São incontáveis os casais que estão à espera de que lhes anunciemos que o casamento está a serviço do amor, da felicidade e da santidade. Beth e Romolo

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MARIA JUNTO À CRUZ DE JESUS Esta talvez seja a face mais comovente de Maria. Em primeiro plano, os executores da sentença, frios e indiferentes. Mais adiante, os membros do Sinédrio com o ar triunfal. Depois a multidão de curiosos. Para todos esses grupos, sem exceção, o que estava acontecendo era a última cena de uma tragédia. Aí terminavam os sonhos, junto com o sonhador. E a Mãe, como estava? É difícil imaginar a grandeza de seu sofrimento. Mas já dissemos que Maria foi o protótipo do crente, esperança inabalável. O momento, para ela, não era de entender, mas de entregar-se , agarrada em sua Fé. No meio dessa escuridão, Maria manteve o seu "Faça-se", em tom sustenido e agudo. Talvez ela pensasse: "- Pai querido, não estou entendendo nada. Só entendo que, se não quisesses, nada disso teria acontecido. Faça-se, portanto, Tua vontade. -Tudo é tão incompreensível, não vejo porque ter sido maltratado e morto tão jovem , dessa maneira. Mas aceito a Tua vontade. Está bem, meu Pai. - Um dia me disseste que meu filho seria grande. Embora não veja nada disso, sei que está tudo bem, aceito tudo. Estou de acordo com tudo. Faça-se a Tua vontade. -Meu Pai, em tuas mãos deposito meu querido Filho." Foi um holocausto perfeito, uma oblação total. A Mãe nunca foi tão pobre nem tão grande. Parecia uma pálida sombra, mas tinha ao mesmo tempo a estatura de uma rainha. Nesta tarde, a fidelidade levantou um altar no cume mais alto do Mundo! A Fé é isso precisamente: Peregrinar, subir, chorar, duvidar, esperar, cair e levantar-se, e sempre caminhar como seres errantes que não sabem onde dormirão hoje e o que comerão amanhá. O importante não é entender, mas se entregar. Por isso, é "Maria a peregrina silenciosa da fé". Márcia e Luiz Carlos Eq. 4- Recife/PE

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A PÁSCOA "FELIZ PÁSCOA!" Esta é uma expressão de riquíssimo conteúdo, que, paulatinamente, vem-se esclerosando, pois se transformou em duas palavras bastante vazias, convencionais, algo de folclórico ... Muitíssimas pessoas mandam cartões ou desejam-se mutuamente votos de Feliz Páscoa, e, no fundo não sabem realmente o que estão dizendo. Param na palavra Feliz e fazem-na significar apenas abundância material, êxito social, econômico ... Quanto à Páscoa, esta já não diz nada, a não ser: ovos de páscoa e coelhinhos ... No entanto, "Feliz Páscoa!" significa, acima de tudo, um grito de Libertação, uma passagem, um passo a mais em busca do desenvolvimento. O próprio significado etimológico e histórico da Páscoa engloba três acontecimentos num só: -primeiramente, a PASSAGEM de Deus libertando seu Povo Santo da escravidão, conduzindo-o, através de Moisés, para a liberdade na Terra Prometida (Ex 12); - em segundo lugar, a PASSAGEM da Morte para a Vida ocorrida com Cristo, ou seja a RESSURREIÇÃO (Me 16, 1-8); - e, por fim, a PASSAGEM operada por Deus em nós, por meio de Jesus Cristo, no Batismo (Rm 6). "FELIZ PÁSCOA!" Este brado, provindo de nossa fé no Cristo Ressuscitado, contém, outrossim, uma profunda mensagem: nós celebramos a Vitória de Cristo; nós nos felicitamos mutuamente pela fé no Ressuscitado; nós desejamos uns aos outros a realização do verdadeiro significado da Páscoa - passagem para o melhor - o melhor em nosso dia-a-dia e, sobretudo, o melhor na Passagem para o após-morte. "FELIZ PÁSCOA!" é uma proclamação de fé, de engajamento no programa de libertação. PÁSCOA é uma PESACH, isto é, PASSAGEM da escravidão para a liberdade, PASSAGEM de Deus em nossa vida! ... E é justamente nesta PASSAGEM, nessa transformação de nossa vida numa Páscoa existencial, que reside o principal da mensagem. Porque, de fato, pouca valia tem para nós o mero conhecer do ACONTECIMENTO-PÁSCOA, se ele não se transformar em ACONTECIMENTO-HOJE a influenciar decisivamente o nosso existir e o nosso agir. Urge, portanto, que o nosso relacionamento familiar e social, que nosso exercício do trabalho e que nossa preocupação pelo mundo recebam um influxo da Ressurreição, operando em nós a "metanóia", isto é, a conversão em profundidade permanente. Somente assim a expressão "FELIZ PÁSCOA!" se tornará realidade e terá sentido como voto de congratulação entre cristãos nesta festa. Goret e Airton Eq. 8- Recife/PE 24 - CM Abril/92


OS CAMINHOS DA SANTIDADE

BIOGRAFIA DE MADRE PAULINA Amabile Visintainer, filha de Napoleone Visintainer e Anna Pianezze, nasceu em 16 de dezembro de 1865 em Vígolo Vattaro- Trento- Itália. Em 1875, Napoleone, com sua mulher e cinco filhos, emigrou com outros vigolanos para o Brasil e recebeu terras em Vígolo - Nova Trento, SC. Amabile viveu com a família até 12 de julho de 1890, quando, com sua amiga Virgínia Nicolodi, deixaram a casa paterna para cuidar de uma cancerosa, dando início à Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição. Em agosto de 1895, o Bispo de Curitiba aprovou a comunidade de Amabile: em dezembro do mesmo ano, ela e suas duas companheiras fizeram os votos religiosos em Nova Trento. Amabile passou a se chamar Ir. Paulina do Coração Agonizante de Jesus. Madre Paulina dirigia a Congregação e com suas irmãs continuava o trabalho junto ao povo: catequese, cuidado dos doentes, dos órfãos e dos idosos, bem como das capelas, quer em Nova Trento, quer em Vígolo. A santidade e a vida apostólica de Madre Paulina atraíram muitas vocações, apesar da pobreza e das dificuldades em que viviam. Em 1903, foi eleita Superiora Geral e deixou Nova Trento para começar a obra com os filhos de ex-escravos e dos escravos velhos e abandonados no lpiranga, São Paulo, até 1909, quando foi deposta pelo Arcebispo e mandada para Bragança Paulista, SP, onde trabalhou com os doentes da Santa Casa e com os velhinhos do asilo São Vicente de Paulo. Em 1918 foi chamada para a Casa Geral no lpiranga, São Paulo. Foram anos marcados pela oração, pelo trabalho, pelo sofrimento: tudo feito e aceito para que a Congregação se desenvolvesse e nosso Senhor fosse conhecido e amado em todo o mundo. Madre Pau li na, movida pela glória de Deus e pelo bem do próximo, queria chegar com suas irmãs a todos os países e "até o Alasca" como sempre dizia. Mulher de fé e coragem, vibrou de alegria quando as irmãzinhas foram trabalhar com os índiQS nas missões de Mato Grosso. Madre Paulina sempre testemunhou grande amor e obediência ao Santo Padre e aos Bispos e nutria uma predileção especial pelos sacerdotes. O centro de sua vida era Jesus na Eucaristia, que visitava freqüentemente e fazia longas adorações. Para Madre Paulina, a Imaculada de Lourdes era sua "Mãe" e S.José o "nosso bom Pai". Em 1938, Madre Paulina, que era diabética, precisou amputar a mão, depois o braço direito, devido a uma gangrena, e aos poucos foi perdendo

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a vista até ficar cega. Morreu em 9 de julho de 1942, deixando em todos os presentes a impressão de uma alma santa que entrava na eternidade, depois de viver sempre com espírito de humildade e simplicidade. Suas últimas palavras foram: "Seja feita a vontade de Deus". A fama de santidade de sua vida cresceu muito mais depois da morte, sobretudo, pelas inúmeras graças alcançadas. Em 3 de setembro de 1965, foi iniciada, oficialmente, a Causa de Beatificação da Serva de Deus, Madre Paul ina do Coração Agonizante de Jesus, junto à Cúria de São Paulo. Os trabalhos foram levados adiante no Brasil e em Roma para o estudo e comprovação das virtudes heróicas, reconhecidas pelo papa João Paulo li com a promulgação do decreto em 8 de fevereiro de 1988. A Serva de Deus passou a ser então "Venerável Madre Paulina". Dentre as muitas graças, foi encontrada uma que mereceu estudo especial com Processo instruído junto à Cúria de Tubarão, SC. O caso foi examinado por peritos médicos legais, por uma comissão médica, por teólogos e cardeais da Congregação para a Causa dos Santos e reconhecido como milagre em 18 de fevereiro de 1989, quando foi promulgado o decreto pelo Santo Padre, João Paulo 11 . A Igreja do Brasil e a Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição agradecem ao Papa a proclamação da Beatificação de Me. Paulina, em 18 de outubro de 1991 em Florianópolis - SC. "Estou contente por estar onde a confiai em Deus e em Maria /masanta obediência me mandou." cu/ada. Permanecei firmes e "O meu desejo é trabalhar, obeadiante!" (Dos escritos de Madre Paulina) decer e morrer abandonada por todas as criaturas deste mundo, "Vós, Madre Pau/ina, estai certa somente lembrada do meu caro de que sois o coração desta s. Jesus que tanto amo." Congregação, e por isso tereis as "Oh! meu Deus que os outros conpenas mais agudas. Sois mesmo sigam e que eu permaneça na do Coração Agonizante de Jesombra." sus! ... Alegrai-vos com isso." (Pe. 'J!\ presença de Deus me é tão Luigi Maria Rossi, S.J.) íntima que me parece impossível "A Madre Fundadora deu exemperdê-la e esta presença proporpio admirável de humildade e ciona à minha alma uma alegria obediência e afastada da direção que não posso explicar." da Congregação, por todas res"Vamos em frente... O Senhor peitada e venerada, promove a não deixará de nos ajudar". prosperidade de sua Congrega"Confiai sempre e muito na Divina ção com o exemplo de uma vida Providência. Nunca, jamais desaedificante de oração e de trabalho nimeis, embora venham ventos incessante." (D. Duarte Leopoldo e Silva) contrários. Novamente vos digo: 26 - CM Abril/92


"Se as grandes obras de Igreja exigem em seus fundamentos o sangue e o martírio, a Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição está bem a/icerçada. " (Professor Rio/ando Azzi) A Venerável Amabile Visintainer, em religião, Madre Paulina do C.

Agonizante de Jesus, é uma destas pedras angulares, que quanto mais se estuda e se procura imitar, mais se torna fonte de luz, que ilumina o caminho, tornando-se fonte de verdadeira santidade. " (Mons. Guido Bortolameotti)

Matéria encaminhada pelas E.N.S. de Santa Catarina

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A PALAVRA DO PAPA

JOÃO PAULO 11 E A FAMÍLIA Durante sua estada no Brasil, de 12 a 21 de outubro último, para as cerimônias do XII Congresso Eucarístico Nacional e para completar a primeira visita, o Santo Padre pronunciou 32 alocuções sobre os mais diversos assuntos. Respigando nessa imensa e rica seara, encontramos palavras tão oportunas a respeito do Casamento e da Família, que não nos furtamos ao prazer de transmiti-las aos nossos irmãos equipistas, para fortalecimento de sua vocação Matrimonial. No dia 13 de outubro, em Natal, no encontro com os Bispos do Brasil, no Centro de Convenções, chamando-os de "Mestres da Fé", o Papa concitou-os a exporem "com firmeza a doutrina sobre a unidade e santidade do matrimônio, sobre o sentido cristão da sexualidade e do amor humano, sobre o caráter intangível da vida humana desde o primeiro momento da sua concepção". No dia 15, falando aos seminaristas, futuros sacerdotes e futuros Conselheiros Espirituais de Equipes de Nossa Senhora, João Paulo 11 denominou a família de "primeiro seminário", qualificando os pais de formadores dessa sementeira vocacional. Frisou Sua Santidade que "é no lar que desabrocha a fé e dá os primeiros passos a vocação sacerdotal". O Papa disse uma coisa bárbara para os pais de hoje (até equipistas): "Pais, amai a vocação de vossos filhos, e agradecei a Deus o amor de predileção com que se dignou escolher algum deles para ser operário da sua messe". Qual o casal Equipista que tem a coragem de colocar no leque de opções profissionais e vocacionais a seus filhos e filhas o sacerdócio e a vida religiosa consagrada? Precisamos de Conselheiros Espirituais, mas esperamos que vão para o sacerdócio os filhos dos outros. Equipistas de Nossa Senhora! Quando e onde o Papa se sublimou, porém, e como um serafim de asas e espada flamejantes se colocou em defesa do conteúdo original do Casamento Cristão foi no dia 17 de outubro, em Campo Grande- Mato Grosso do Sul- durante a Santa Missa. Vejamos o tema: "A família cristã, respeitada e estável, constitui a essência da comunidade eclesial". Bastaria o estudo dos termos, para que nós pudéssemos vislumbrar o alcance da homilia. Mas o Santo Padre não ficou no título. Partindo de Ef 5, 31 e Gn 2, 42, João Paulo demonstrou a instituição divina do matrimônio e sua elevação à categoria de sacramento. Afirmou que "os esposos participam

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da função redentora de Cristo, ao assumirem integralmente, por vocação divina, a finalidade para a qual o matrimônio foi instituído: unidade e indissolubilidade, ordenadas à procriação e à educação da prole". É evidente que o Papa deixou nas entrelinhas a finalidade secundária do matrimônio, que é, como sempre ensinou a Igreja, um remédio honesto à concupiscência. Aos Cardeais e Bispos presentes Sua Santidade foi incisivo: "A família deve ser vossa grande prioridade pastoral. Sem uma família respeitada e estável não pode haver um organismo social sadio, sem ela não pode haver uma verdadeira comunidade eclesial. É necessária uma Pastoral Familiar". Lembrou o Papa "as campanhas favoráveis ao divórcio, ao uso das práticas anticoncepcionais e ao aborto, que destroem a sociedade". Encerrando sua homilia, João Paulo 11 apelou para a generosidade das famílias cristãs, de quem depende o futuro da Igreja, para que elas cultivassem com especial carinho as vocações sacerdotais e religiosas de seus filhos e filhas, afirmando que a Pastoral das Vocações é também Pastoral da Família. Ainda no dia 17 de outubro, o Santo Padre se encontrou com o laicato católico. Após sua esclarecedora introdução, ele se deteve na consideração de três realidades temporais, "que reclamam com particular urgência, o influxo da santidade e do apostolado dos fiéis leigos: a família, o trabalho e a ação sócio política". Disse o Papa: "O casal e a família, lê-se na Christifidelis laici, constituem o primeiro espaço para o empenho social dos fiéis leigos ... Da santidade da família depende, também, a vitalidade da Igreja." Compungido, o Santo Padre lamentou "a extrema fragilidade de muitos casamentos, neste amado país, com a triste seqüela de inúmeras separações, de que são sempre vítimas inocentes os filhos". Verberou Sua Santidade contra "o desrespeito à lei divina, que se espalha com a difusão de práticas anticonceptivas gravemente ilícitas, o índice alarmante de esterilização de mulheres e de homens, o incremento da prática do aborto", que o Papa estigmatizou como "atentado criminoso ao direito humano primeiro e fundamental, o direito à vida desde o instante da sua concepção, que jamais pode ter qualquer justificativa". No dia 20, véspera de sua volta ao Vaticano, o Santo Padre dialogou com as crianças de Salvador, chamou-as de "importantes" e disse lhes que, para que fossem realmente importantes, elas precisariam "de uma família, de pais unidos, de um clima de amor e paz", e concluiu que era preciso que todos ajudassem as crianças que nasceram e estavam crescendo fora de uma verdadeira família. Voltando-se, especialmente, para os adultos, Sua Santidade elogiou a criação do Movimento Pró-Vida, em Brasília e Salvador, e, abençoando-o, augurou que ele (o Movimento) diminuísse "o flagelo do aborto", promovesse e defendesse "a vida desde a concepção, no ventre materno, até seu fim natural", desse "amparo às CM Abril/92- 29


gestantes e às mães em dificuldades" e permitisse "uma qualidade de vida melhor para as crianças, que nascessem". Finalmente, encerrando o dia 20- dia em que o Papa discursou por cinco vezes -Sua Santidade colocou, novamente, no primeiro plano de atenção da Igreja e dos Poderes Constituídos a Família, reafirmando que o papel desta é o serviço do amor e da vida. Lembrou o que dissera em sua Exortação Apostólica Familiaris Consortio: "a saúde e o bem-estar da sociedade passam necessariamente pela família". Durante a cerimônia de despedida, em Salvador, no dia 21 de outubro, no meio de um discurso paterno do Pai, já saudoso, que se vai, João Paulo 11, o nosso popular João de Deus, deixou-nos à nossa meditação um pedido ou uma ordem: "Não tenhais medo de acolher a Cristo e de aceitar seu poder". O Santo Padre sempre teve o cuidado de encerrar seus discursos e homilias apelando para Nossa Senhora, sob a querida invocação de "Nossa Senhora Aparecida" . Nossos queridos irmãos equipistas, eis aí uma síntese imperfeita das valiosas palavras, que o Romano Pontífice proferiu no Brasil sobre a Família Cristã, fundada no Sacramento do Matrimônio, uno e indissolúvel. Nilza e Maurício Equipe 11 - 8

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PASTORAL FAMILIAR

A SEGUNDA VIAGEM DO PAPA AO BRASIL O tempo não para e já há quase meio ano que o Papa nos visitou pela segunda vez. Mesmo assim, vale a pena tentar tirar o máximo desse evento importante, fazendo o possível para não deixá-lo cair no vazio, como tantas coisas dentro da nossa vida eclesial. Foi um tempo de graças, num momento em que o País atravessa período difícil. Os homens não se entendem. Todo mundo quer tirar vantagem. Como ressaltou Sua Santidade, é urgente restabelecer os valores éticos. Mesmo a custa de muitos desconfortos pessoais, o Papa pôs em prática a política do "corpo a corpo", em comunicação direta com as pessoas, única forma de sua mensagem ser assimilada, vencendo as dificuldades culturais e as distorções não raras dos meios de comunicação. Ainda assim, procuraram minimizar a importância da visita com discussões sobre o número de pessoas presentes. Analisa-se o evento comparando-o com os grandes shows populares. É a visão da mídia. Não podemos fazer uma leitura meramente quantitativa. A tônica real repousa na força do fermento evangélico. A única condição é ser verdadeira semente. A ótica tem que ser qualitativa. Semente e fermento trabalham e dão fruto "sem que se saiba como" (Me 4,27). Queremos ater-nos ao tema que deve ser mais caros aos casais equipistas, porque diz respeito à sua especialidade: a Família. Temos para nós que uma das exortações mais veementes, mais fortes foram as palavras proferidas sobre a família em Campo Grande. Que nos disse Sua Santidade? Foi buscar uma frase de Rui Barbosa a fim de situar seu pensamento: "A Pátria é a família amplificada. Multiplicai a família e tereis a Pátria". Partindo daí disse: "Quero lançar hoje um veemente apelo a toda a Igreja no Brasil: a família deve ser vossa grande prioridade pastoral! Sem uma família respeitada e estável não pode haver um organismo social sadio, sem ela não P.Ode haver uma verdadeira comunidade eclesial. É necessário, pois, uma pastoral familiar porque a evangelização, no futuro, depende em grande parte da Igreja doméstica ... Não há quem não veja, queridas irmãs e irmãos que o futuro da Igreja esta nas famílias cristãs devidamente preparadas para assumir o papel de condutores da sociedade nacional". Bem, a mensagem foi transmitida. Lembrem-se: "Bem- aventurados aqueles que ouvem a Palavra de Deus e a põem em prática". Vamos ver qual é a força do nosso fermento que, com certeza, não repousa na eficiência da organização. Encerramos com a mensagem de Nossa Senhora em Fátima: "Rezai, rezai muito e fazei sacrifícios pelos pecadores, pois muitas almas vão para o inferno porque não têm ninguém que se sacrifique e reze por elas". Com certeza, as contradições atuais evidenciam que o homem sem Deus pouco consegue porque "sem mim, nada podeis fazer". Rubens (da Dirce) Equipe 3-D -São Paulo/SP

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SEXUALIDADE

PROJETO .. EVANGELIZAR A SEXUALIDADE .. Confesso que a primeira vez que ouvi falar deste projeto, asumido pelas Equipes em nível mundial, pareceu-me um tanto artificial. Depois, pensando um pouco, achei-o interessante. Agora, depois de ler as 'pistas de reflexão', creio que é um projeto audacioso e sumamente importante. É hora que um grupo de leigos cristãos organizados queira trabalhar neste aspecto humano e cristão, tão deturpado como é a sexualidade. E para isso, é preciso pensar, e pensar em comum, rezar e agir. É inútil e até prejudicial querer atuar sem refletir à luz da fé. As pistas de reflexão oferecidas propõem questões reservadas à intimidade do casal. Talvez pouquíssimos esposos tenham a coragem do diálogo profundo, à luz do Evangelho, neste ponto. Só dispor-se a realizar este dever de sentar-se já é algo extraordinário, que honra as ENS. Há outras questões, selecionadas na equipe, para serem estudadas pelo conjunto dos casais. Estas reflexões dão pé a uma síntese que é comum a teólogos, psicólogos, sociólogos de nosso e de outros países. (... ) Acho que temos em mãos um meio excepcional de esclarecer as idéias e, talvez, corrigir, renovar ou afiançar nossas convicções. Será que Deus não vai encontrar nenhum cristão que queira envolver-se numa luta (diria "cruzada") para defender os valores cristãos neste ponto da sexualidade? Espero que muitos casais, ao menos nas ENS, queiram aceitar este desafio. Espero também que este Projeto desencadeie todo um processo de iniciativas em nível paroquial, diocesano e superior; na educação escolar, nos meios de comunicação, em grupos de jovens, cursos de crisma e de noivos, etc. etc. Casais reunidos nas ENS, acreditem em Nossa Senhora, a esposa, a virgem, a imaculada, a que amou superando a todo egoísmo, doando-se a Deus e aos homens. Pe. Ventura CE. do Setor Bauru/SP

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PASTORAL FAMILIAR

PREPARAÇÃO REMOTA PARA O CASAMENTO Dentre os temas para o matrimônio e a família, avulta, com especial relevo, o da preparação para o Casamento. Como todos sabemos, há dois tipos de preparação: a remota e a próxima. Esta é a de que mais se fala no namoro sério, no noivado e nos "cursos de noivos" ou semelhantes. Quanto à remota, pouco se ouve. E não há razão justificável para isso. Com efeito, três são os estados normais a que se destinam as pessoas: o da consagração total a Deus no sacerdócio e na vida religiosa, o do casamento, na constituição da família, e o do solteiro honesto no meio do mundo. O do solteirismo é o estado que se abraça, menos por opção que por circunstâncias alheias à vontade, em geral. Logo, pais e mães de família, temos de encarar o problema, de frente, e conversar com nossos filhos e filhas, para percebermos quais sejam as suas vocações. Uma vez detectada e estudada, à luz da razão e da Fé, devemos encaminhar todos os nossos esforços, para que se realize a vocação. O tema, que nos foi proposto, versa sobre a Preparação Remota ao Casamento. Em lugar de sairmos à caça de pá, como se diz, isto é, em vez de embrenharmo-nos por florestas e montes de leituras a respeito do assunto, achamos melhor pesquisar o que se faz, no momento, em grupos de jovens. Optamos por este caminho, porque sabemos que, a não ser esporadicamente, com raríssima exceções, nada se faz sobre este assunto em nossas famílias equipistas. As provas finais, os vestibulares e as férias prejudicaram-nos a pesquisa. Mesmo assim, procuramos os dirigentes de dois grupos de jovens: o da Paróquia de Nossa Senhora Mãe da Igreja, na Alameda Franca, e o Movimento de Chatunai, da Paróquia de Santo Agostinho, na praça de Santo Agostinho, ambos em São Paulo. Rita e Maurício, da Equipe 17-B, que dirigem o grupo de jovens da paróquia de Nossa Senhora Mãe de Igreja, ainda não puderam trabalhar especificamente sobre o assunto. O grupo é novo, a maioria dos jovens não tem, ou não tinha vivência religiosa. A Rita afirmou-nos que, sempre que possível, transmite a posição da Igreja sobre o casamento e a família. Como são três os casais, que trabalham com o grupo, eles têm procurado agir pelo bom exemplo e dar um aprofundamento maior à doutrina católica. Quanto ao grupo de Chatunai, entramos em contato com o dirigente Ricardo, ao qual havíamos dado, com antecedência, uma espécie de

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questionário. O Ricardo afirmou-nos que, dentro da proposta do Movimento, está o problema da vocação, tratado, principalmente, no mês das vocações - agosto. Embora a vocação comum seja a do matrimônio, já surgiram duas religiosas: uma para o sacerdócio e outra para vida religiosa consagrada, feminina. Estas vocações, disse o Ricardo, estão sendo tratadas com todo carinho pelo grupo. No "Encontro", primeiro passo do Chatunai, há uma palestra e debates sobre a família quando se discute a vida do jovem e da jovem, futuro(a) adulto(a), patrão/patroa, empregado(a), colega, marido/mulher, pai/mãe, etc. Salienta-se o aspecto serviço, a doação. Quanto ao namoro, chama-se a atenção para o aspecto honestidade, a fim de que não se brinque com os sentimentos alheios. Ressalta-se que toda leviandade neste caso poderá refletir-se mais tarde. Ainda no "Encontro", procura-se dar uma visão cristã da castidade, colocando-se no seu conceito verdadeiro. Aí o Ricardo passou a falar sobre o pós-Encontro, que é um aprofundamento de tudo que se viu, ouviu, discutiu e meditou. As reuniões semanais têm duas finalidades principais: aprofundar a catequese e o estudo das Sagradas Escrituras, aplicando-os ao momento atual dos jovens. À pergunta sobre os casamentos de experiência, bem como sobre as experiências sexuais pré-matrimoniais, ele afirmou-nos que, ao surgir a oportunidade, os dirigentes levam os jovens a perceberem a ausência de sentido nisso e as conseqüências futuras. Ricardo citou uma pesquisa, onde se afirma que 87% dos desajustamentos matrimoniais podem ser creditados a estas experiências. Quanto ao divórcio, o grupo pensa com a Igreja. Concluindo, julgamos que a amostragem foi muito reduzida. Gostaríamos de ter realizado uma pesquisa em vários ambientes, com jovens de diversas procedências e formações. Seria um belo trabalho, mas fora de nossas possibilidades. Uma coisa, porém, foi comprovada: Os grupos de jovens cristãos, organizados nas paróquias, sob a direção de casais jovens bem formados cultural e religiosamente, são providenciais. Principalmente quando podem contar com a assistência de um sacerdote santo, sábio e sadiamente moderno. Aí os jovens recebem excelente preparação remota para o casamento. Aos nossos queridos amigos Rita e Maurício e Ricardo e Ana os nossos agradecimentos e os par'abéns pelo maravilhoso e meritório trabalho, que vêm desenvolvendo em prol da juventude. Nilza e Maurício Equipe 11-B São Paulo - SP

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PASTORAL FAMILIAR COM OS NOIVOS, OLHO NO OLHO ENCONTRO NACIONAL/90- 6 Prioridades ... de volta às nossas equipes. A preocupação ... ir ao encontro da realidade. De imediato: o Setor organizar um trabalho nesse sentido, concluímos seria impossível e nos angustiava, porque uma realidade que convivíamos com ela e que nos questionava, não só como Igreja, como casal equipista, mas sobretudo como pais, era observar o aumento de separações entre casais novos que tinham passado por cursos de noivos, inclusive da nossa paróquia. Nosso engajamento na comunidade há quase 20 anos, nosso trabalho nos cursos de noivos, nossa vivência e testemunho de casal cristão, nossa pertença ao Movimento há 8 anos, nos deram condições de ajudar nosso pároco, Frei Agostinho Tomazela, que não é C. E. de Equipes, mas está seriamente comprometido na formação das novas famílias, num trabalho de evangelização dos noivos afastados da Igreja, da paróquia. Quando, ao preparar os papéis para o casamento, ao verificar que eles ainda não foram batizados, ou não fizeram a 1ª comunhão, ou desconhecem os Sacramentos, sobretudo a razão pela qual querem se casar na Igreja, há que se fazer alguma coisa, concluiu Frei Agostinho, e nós nos colocamos à disposição para esse trabalho. É muito gratificante, embora exija de nós tempo integral. recebemos os noivos em casa, no dia, horário que eles têm disponíveis; se trabalham durante o dia, atendemos à noite, se à noite, atendemos durante o dia; se trabalham e estudam, temos os fins de semana. Quando preparados, recebem os Sacramentos e depois participam do curso de noivos e grande parte deles persevera nos grupos de casais da comunidade. O que falamos para esses jovens: no nosso primeiro contato, eles nos falam sobre sua caminhada de fé, pessoal e familiar (participação ou não na Igreja), aí é o ponto de partida para as reuniões seguintes. De início, têm um contato com a Bíblia: falamos dela, sua importância para o casal e a família, para conhecer a vontade de Deus sobre nós. A partir da Bíblia, conduzimos os encontros: comentando o Gênesis, falamos da criação, do amor de Deus, do Seu plano para cada um de nós e como casal; a nossa missão. A desobediência ao plano de amor do Pai, e as conseqüências dessa desobediência. O amor de Deus para com os homens, formando um povo a partir de Abraão e Ele seria o Deus. A escravidão do povo escolhido, sua libertação através de Moisés; a legislação divina que orienta esse povo a ser fiel ao seu Deus. Os 1O mandamentos - Êxodo 20, 1-17: um encontro só para explicar a vivência de cada um (muitos noivos, quando meditamos os Mandamentos, manifestam a vontade de CM Abril/92- 35


deixar de fumar e beber- 5Q Mandamento). Os Juízes e Profetas, como expressão do amor de Deus ao povo escolhido, para que se mantivesse unido a Ele. O descaso ao chamamento dos profetas ... O grande amor do Pai pela humanidade, enviando seu Filho para salvar todos os homens. Antes, falamos de Maria, apresentamos Maria como modelo para nós como Igreja, como pessoa, como família. Tiramos todas as dúvidas quanto às imagens (muitas Nossas Senhoras) ; Falamos sobre o terço e ensinamos a reza e a importância do mesmo. Falamos de Jesus que nos revela o Pai , da Sua doutrina, a formação da Igreja na pessoa de Pedro. Iniciamos aí, o estudo e a vivência dos 7 Sacramentos. Damos ênfase ao Sacramento do Matrimônio, como diz São Paulo: "o sacramento do matrimônio é grande porque é o sinal do amor de Deus para com a humanidade, do Cristo para com sua Igreja"; quem são os ministros desse Sacramento, o significado da aliança, o Padre , os padrinhos, os convidados. A importância do engajamento deles na comunidade depois do casamento. Nesse trabalho nós lhes apresentamos um Deus que é amor e é Pai. Que Deus depende da aceitação da Sua vontade para nos fazer felizes (Dt 4, 40) . Deus quer uma oportunidade para nos fazer felizes , por que não dar hoje? (Lc 15, 11-32). Quanto tempo dura esse trabalho? Depende de como estavam no início. Aqueles que ainda não possuem Bíblia ou terço, compram ou pedem de presente de casamento e nós os presenteamos com o "PÃO DA PALAVRA" , que são textos bíblicos e orações para a família, adquiridos da Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus, Caixa Postal 5902- 01051 - São Paulo. Terminadas as reuniões, voltamos a falar com o Frei Agostinho, marcamos as datas das confissões ou outros Sacramentos e já fica marcada a Missa em que farão a 1ª comunhão. O frei os atende com carinho e eles se sentem amados. Um dos motivos também da perseverança deles é a acolhida carinhosa que recebem do nosso Pároco. Rosinha e Anésio São José do Rio Preto- SP

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JOVENS

ÁGUA POTÁVEL. .. Há jovens que parecem querer agarrar o mundo com as mãos. Outros parecem que nasceram derrotados. Existem aspectos da vida que conhecemos só de olhar, pelo modo como as pessoas falam, andam, escrevem, através de seus gestos e da expressão que os caracteriza. Mas a vida, o que se chama vida, conhecemos pela maneira de encará-la. O tipo "desligado", que não sabe onde deve ir, chega sempre ao mesmo lugar, ao pouco vazio de si próprio. O que está ligado por mil ideologias acaba preso em uma teia de aranha. Quanto ao que se acha dominado pela idéia de perfeição, que não dá um passo sem ver o final maravilhoso de tudo, as lágrimas lhe aumentarão os defeitos e as limitações das pessoas, das situações dos grupos etc. A gente gosta do que experimenta primeiro. Se você morder somente a casca de muitos frutos saborosos, é possível que recuse a comê-los, porque terá confundido a casca com o fruto ... Algo assim como uma festa, que se mostra pouco animada a quem dela não participa; ou um jogo de futebol, que parece sem graça a quem não se junta à torcida na arquibancada. Vale a pena viver? Meu amigo, errando por cemitérios, violando túmulos, revolvendo lixo, fotografando calamidades ... talvez não. Mas ... mordendo o interior da fruta, saboreando, não engolindo; relacionando-se e deixando-se introduzir na "outra realidade" das coisas, pessoas e situações, até descobrir que tudo à sua volta pode se tornar ainda mais bonito; que você pode dar um toque de verdade e beleza; de amor; humor; um toque de esperança; que você pode fazer alguém sorrir e achá-lo interessante; se você chega a descobrir o lado bom de tudo e a compreender que a casca protege o fruto tão delicado; se você chega a se convencer de que um pomar aguarda a carícia de sua enxada; de que um simples pássaro sente que você é dele! - você esta descobrindo a vida. Essa semente dará frutos até encontrar o sentido maior e a felicidade que é viver a vida dando vida aos outros. Cristina e Odair Eq. 12- ltú/SP.

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REFLEXÃO QUEM É MEU PRÓXIMO Outro dia, na nossa oração conjugal, que é feita logo cedinho, estávamos fazendo a Escuta da Palavra através do dia, e o texto era a conhecidíssima parábola do Bom Samaritano. Lemos, silenciamos, partilhamos, mas uma coisa me chamou a atenção, que eu nunca havia notado: Jesus, no fim da parábola, perguntou ao doutor da Lei: "Qual destes três te parece ter sido o próximo daquele que caiu nas mãos dos ladrões?" Percebi que Jesus não perguntara: "Qual dos três viu no homem ferido o seu próximo?" Por que será? Jesus colocou a pergunta ao contrário, será que existe diferença? Mas não conseguimos descobrir o porquê. Passei o dia inteiro me lembrando do trecho, e a meditação permeou todo o meu dia. Na Eucaristia, e até mesmo na confissão que fiz naquele dia, me sentia questionada pelo enfoque que Jesus dera à pergunta. Mas foi só no fim do dia que, repentinamente, tive um entendimento muito interessante que, sinto, foi a resposta de Deus . Notei que são duas posturas diferentes: um diz: "Eu sou uma pessoa privilegiada, conheço o Evangelho, por isso vou fazer o favor de ajudar os coitadinhos dos meus próximos , que são tão necessitados"; já o outro: "Eu sou o próximo de todos que cruzam o meu caminho ... Como eu preciso estar atento!" Essa diferença até nos faz lembrar o Evangelho do pecador e do publicano rezando no templo! Com isso senti que Jesus não quer que coloquemos o foco em quem ajuda, mas sim naquele que necessita!!! O servo nada é! A partir daí, a meditação foi se aprofundando, e comecei a pensar sobre a postura que tenho com relação ao meu marido, meus filhos, meus irmãos de Equipe ... Vi que o Senhor me pede, através desse trecho do Evangelho, é que devo me colocar, com toda a humildade, a serviço de todos eles, pois eu sou a próxima de cada um! Senti que isto é muito mais comprometedor, que implica numa constante vigilância, por amor. É sério! Como se não bastasse tanto ensino vindo desta Meditação, percebi ainda que o modo como Deus conduziu as coisas, fazendo com que eu refletisse durante o dia todo, foi também uma lição de que o Ponto Concreto de Esforço da Meditação é de uma riqueza e profundidade incríveis; o quanto Deus se revela e nos forma através dele, e como precisamos estar atentos para não deixar passar! ... Maria Teresa e Valdison Eq. 12 - São José dos Campos

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PAIS E FILHOS

PAI E MÃE- VERDADE DAS CRIANÇAS Sabemos que a criança vive uma fase em que ela compreende o que se fala da forma "exata" como lhe foi dito o que se chama a "fase concreta". Um filho nosso, um dia me perguntou: - como é mesmo essa história do Brasil? Eu, sem entender a pergunta, procurei explicar de forma bem simples dizendo que Cabral vinha num navio com outros homens e viram uma terra desconhecida, etc ... e assim, descobriram o Brasil. Ele satisfeito completou "ah, sim!, a professora explicou e eu pensava que tinha um pano cobrindo o Brasil, então puxaram o pano e descobriram o Brasil"! Imaginem ... Atualmente, nos chama a atenção um fato especial: as crianças têm tios incontáveis - desconhecidos, simpáticos, poucos simpáticos (a elas) e também "namorados". Sabemos de uma menina de 5 anos, aflita porque dois coleguinhas de classe se dizem seus namorados e choram quando ela brinca com um e não dá atenção ao outro. Sabemos de outra, de mesma idade, que não quer namorar um menino (namoro é beijo na boca -assim ensinam as novelas) porque ela o acha gordo. Percebam a atitude de discriminação. São estórias engraçadas, se consideradas de maneira superficial - a estória dos filhos dos outros! Reflitamos que a criança sai de uma fase egocêntrica - ela é o centro de tudo, tem a posse dos pais, dos avós, dos brinquedos e assim passa a se relacionar também, de forma exclusivista, com outras crianças. É a fase da descoberta das relações sociais . Brincar com muitos, sem que sejam "seus objetos". É preciso ajudar o filho a passar de uma fase egoísta, ou melhor, egocentrista, para uma fase em que vivencia uma relação de troca, com outras crianças, aprendendo a dar ou emprestar o que é seu, vivenciando os passos da educação para o amor, para o altruísmo, se relacionando com os coleguinhas, "como amigos", na verdadeira concepção do termo. Não suprimamos esta fase de nossos filhos, pois dela dependerá o jovem ou o adulto, seguro ou inseguro, ciumento em suas relações amorosas. Quando os pais, os avós, tios, professores etc. confirmam à criança, numa suposta brincadeira, que ela tem u~ ou vários namorados, estão conf~n­ dindo a sua realidade, a qual ela não põe em dúvida, pois PAI e MAE representam a verdade da criança. Inês do Adaucto Eq. 02 Recife/Pe CM Abril/92- 39


LIÇÃO DE VIAGEM Confesso que estava um pouco chateado. Todo mundo, o médico, o fisioterapeuta, o acupunturista, os meus filhos e, mais que todos, a minha Hélêne, me haviam dito: ccVocê não deve carregar peso! E ruim para a sua coluna!» E Hélêne tinha acrescentado: ccVocê não deveria viajar neste estado.» Mas, apesar da hérnia de disco, pressionado pela minha missão profissional, eu tinha embarcado, carregando o mínimo possível de bagagem. Agora aqui, no aeroporto de Bruxelas, um concurso de circunstâncias tinha me aborrecido. O taxi tinha me deixado na porta de entrada, o motorista desembarcou minha bagagem na calçada e foi embora. Olhei para os dois lados e vi que perto da outra porta, a uns cinquenta metros, havia uma fileira de carrinhos, como às vezes há nos aeroportos. Educado, porém, por uma longa experiência, sabia que não podia deixar a bagagem sozinha ... Então, apesar das recomendações, peguei as malas e carreguei-as até lá. Os carrinhos estavam presos numa máquina que declarava, num cartaz afixado na sua testa, que só soltaria um carrinho se fosse alimentada por três moedas de 20 francos belgas. Eu ainda tinha um pouco de dinheiro local, porém sob a forma de um bilhete de 100 francos. Precisava conseguir troco. Fazia um frio medonho - em torno de zero grau - e não havia vivalma na calçada. Os que chegavam corriam, o mais depressa que podiam, do carro aquecido para o interior aquecido do prédio. Notei, porém, que não longe dali, a uns vinte metros, havia uma máquina de fazer troco. Peguei a bagagem e me arrastei até ela. Estudei a máquina e vi que era parecida com outras que já havia usado na Europa. Tinha uma pequena bandeja para depositar o bilhete, indicando a posição em que deveria ficar. Depois, devia-se empurrar a bandeja, a máquina engulia o bilhete, fazia uma leitura eletrônica e soltava as moedas por uma abertura inferior. Não levei mais do que três tentativas para descobrir, porém, que esta máquina era diferente das outras: não funcionava! Olhei em volta, a calçada continuava deserta. Percebi que só me restava carregar minha bagagem para dentro. Tomando cuidado para não forçar as costas, agarrei minhas coisas e, pela porta automática, penetrei no recinto. O próximo passo, evidentemente, era livrar-me da bagagem, despachando-a no balcão da companhia. Examinei o imenso saguão, para descobrir onde era. E vi: era do lado oposto. Procurei furtivamente observar se alguém, por acaso, tinha deixado um carrinho vazio em algum lugar, mas 60 francos são 60 francos e todo mundo se cuidava. Peguei a bagagem e fui me arrastando na direção do balcão de despacho. Encapotado contra o frio, de chapéu, luvas, casacão, estava começando a sentir o calor do ambiente aquecido. Mas finalmente cheguei lá. Havia um cartaz: "O registro de nossos passageiros e o despacho das bagagens está a cargo da empresa Sabena, em seus balcões da ala A". Procurei localizar-me, e vi que eu estava na ala F. A ala A era perto da porta por onde tinha entrado! Respirei fundo, desabotoei o casaco, tirei as luvas e 40 - CM Abril/92


fiz, no sentido inverso, todo o caminho que acabava de percorrer, com a bagagem um pouco mais pesada a cada passo. Desta vez, pensei comigo, a hérnia não vai perdoar! Mas consegui finalmente despachar a bagagem e obter o meu cartão de embarque na Sabena. "Passei pelo controle de passaportes, pelo controle de segurança e fui me dirigindo ao portão de embarque n2 42, que a moça me tinha indicado. Ainda faltavam uns vinte minutos para o embarque. Perto do portão de embarque havia poltronas do lado direito e do lado esquerdo do corredor. As do lado direito estavam vazias, só tinha um senhor, que parecia estar dormindo; do lado esquerdo, todas ocupadas. Dirigi-me para o lado direito mas, no que ia sentar-me, veio um policial e disse-me, sem maiores explicações que, no momento, não era permitido sentar-se daquele lado. Fui encostar-me de pé, no pequeno balcão que havia junto ao portão e, como disse, estava um pouco chateado, amargurando, interiormente, todos esses contratempos. Foi quando a recepcionista da companhia, que estava do outro lado do balcão, estendeu o receptor do telefone para uma senhora que estava do meu lado e disse: «Pode falar" . E a senhora, agradecendo com um sorriso tranquilo, cop1eçou a falar no telefone em inglês. Não pude deixar de ouvir: " E você, minha filha? Aqui é tua mãe. Há certas coisas que já são difíceis de enfrentar na nossa própria casa. Que dizer então quando estamos longe, numa terra estranha! Nós estávamos esperando aqui, no aeroporto, para tomar o avião, quando teu pai se sentiu mal, teve um ataque do coração ... e morreu. Eu sei que é doloroso, mas esta é a vontade do Senhor que temos que aceitar. As pessoas aqui são muito gentís e estão cuidando de mim. Logo que estiver tudo resolvido, voltaremos. Só te peço que rezes por mim e pela alma do teu pai. Não te preocupes com nada, Jesus está conosco e quer o nosso bem." Depois, ouviu um pouco, disse mais algumas palavras e devolveu o receptor à recepcionista que chorava copiosamente. Eu também estava com um estranho nó na garganta. Mas a senhora, com as lágrimas nos olhos, tinha um sorriso no rosto que dizia muito sobre seu relacionamento com o Senhor. E foi sentar-se perto de seu marido morto, do outro lado do corredor. No avião, fiquei meditando. Como é grande e misericordioso o nosso Deus! Confrontou a minha amargura causada por problemas tão pequenos, com uma tragédia muito maior e, ao mesmo tempo, na sua delicadeza, me fez sentir a força da fé daquela mulher. Tivesse eu somente uma parcela mínima daquela fé, sei que nunca mais me queixaria das pequenas misérias que me atingem. Obrigado, meu Deus, por mais esta lição! Peter

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INTERCÂMBIO

POR AMOR A JESUS Nós (casais da Equipe 6 de Piracicaba) nos unimos com um casal da Equipe que já fazia a caminhada de peregrinação passando por 15 igrejas da cidade percorrendo vinte e quatro quilômetros em 7:00 a 8:00 horas. Não fazemos isso para nos promover diante dos irmãos, mas para assim dar um incentivo para que outras equipes na mesma fé, possam fazer a caminhada com Maria Santíssima na realidade do seu filho Jesus. Esta caminhada é feita no sábado que antecede o domingo de Ramos. Cinira e Oscar Camossi Eq. Nossa Senhora das Estrelas Piracicaba

*** PASTORAL FAMILIAR Nós, das ENS da Coordenação de Votuporanga, ficamos felizes ao lermos o artigo 'Pastoral da Família' da carta do mês de agosto , convocando todos os equipistas a participarem e a colaborarem na Pastoral Familiar com trabalhos e sugestões. Nosso trabalho tem sido simples. É desenvolvido em 6 cidades sendo 9 paróquias . Usamos uma missa mensal ; um encontro no 12 semestre e outro no 22 semestre com a participação de casais que casaram nesse semestre; durante o mês de outubro (mês dedicado à Família) fazemos palestras e trabalhos nas Escolas, Hora Santa e orações pela família e toda primeira 5ª feira do mês debate sobre a Família. Adair e Luiz Carlos C. R da Coordenação de Votuporanga Eq. nº01

*** REENCONTRO COM O MOVIMENTO Desejamos no presente momento parabenizá-los pelos conteúdos das Cartas Mensais e, como estávamos afastados do convívio das ENS, tivemos a idéia de mandar este alô aos nossos irmãos . Após alguns anos de afastamento do movimento, apesar das tentativas de formação de ENS pelos lugares onde passamos, estamos agora em João Pessoa/PB. Como por um milagre, descobrimos a equipe nº 1 N.S. 42 - CM Abril/92


das Neves.O Espírito Santo nos iluminou e cá estamos hoje no barco novamente. Zuleica/Campêlo Eq. nº 1 - N. Senhora das Neves João Pessoa - PB

*** UM POUCO DE FELICIDADE 12 de outubro, nossa equipe reuniu-se no local marcado e seguimos para o bairro escolhido. Chamamos as crianças mais próximas e lhes oferecemos brinquedos que havíamos comprado no dia anterior. Dava um aperto no coração ver aqueles rostos tão sofridos olharem os brinquedos: uma boneca, um carrinho, não importa, o que importa é ver a alegria de muitos deles que nunca tinham posto as mãos num brinquedo. Infelizmente, somos apenas uma equipe e logo os brinquedos acabaram. Porém este fato nos trouxe o Cristo para mais perto, Ele estava ali naquelas crianças. Léa e Esmeraldino Equipe 11 Manaus/AM.

*** UMA FESTA DIFERENTE O setor de Marília promoveu, no dia 14 de novembro último, um jantar dançante de confraternização. Participaram mais de 300 pessoas entre equipistas, ex-equipistas, casais dos grupos de base e familiares: foi "uma festa diferente" e de grande repercussão, uma dessas festas que nunca mais se esquece. (A este respeito e com o mesmo título acima, o Diário de Marília publicou o seguinte artigo:) Ululasse a ventania, chovesse ou fizesse sol, Conceição estando forte ou combalida, saía de casa para cumprir suas obrigações. Ela era firme e pontual: tornou-se líder, carregando aquela meiguice que conquistava corações. Lia e estudava muito, preparando suas palestras e seus cursos. Deixou raízes! Conquistou amizades magníficas. Toda esta gama de sabedoria, aprendeu na sua vivência nas Equipes de Nossa Senhora, onde militou por quase 30 anos. Este Movimento, onde tivemos a ventura de sermos assistidos por grandes mestres, sábios em espiritualidade, deu-lhe condições de sair de si, para levar aos outros a riqueza dos

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Evangelhos. Ainda mais, o convívio entre companheiros-irmãos, todos lideres e fraternos foi a base primordial de seu enriquecimento. Hoje viúvo, afastei-me do Movimento mas não abandonei meus irmãos. Eles continuam amigos e sempre solidários. É um pajear constante que me deixa orgulhoso e sempre cativo por termos adquirido um grupo assim. Todo evento que as Equipes de Nossa Senhora promovem, gosto de participar. Vou para ter alegria e rever grandes amigos. Outro dia, participei de um jantar-dançante das Equipes de Nossa Senhora. Foi uma festa diferente, além de muito bem planejada, com simplicidade, bom gosto: nota 1O. Foi uma festa diferente repito, porque o clima era outro, um clima que não se vê em outras festas. Dir-se-ia que o Espírito de Deus, pairava sobre todos! Muita alegria e muita fraternidade. Cada cumprimento, cada abraço, percebia-se no rosto do amigo (todos eram amigos) a satisfação de se tornar a rever. O grande pensador e filósofo da Igreja- Teilhard de Chardim - na sua tese "A ORIGEM DA VIDA", afirma que a humanidade caminha para a amorização. Parece um paradoxo dizer isto neste mundo de hoje; mas não é não. Aquela festa mostrou-nos esta verdade. O que se viu lá, naquela alegria contagiante, foi a afirmação prática desta assertiva. Agora, quando se sentirem fracos, desanimados, lembrem-se e se inspirem naquela criatura doce e amiga, que muito os amou e amou muito mais as Equipes de Nossa Senhora. Maria da Conceição Bernardes Dias. Clovis Tavares Dias Diário - Marília (23 de novembro de 1991)

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NOTICIAS E INFORMAÇÕES - MUDANÇAS NOS QUADROS . Região São Paulo Sul I Assumiram a responsabilidade de Setor em novembro último os casais: Fátima e Rubens Setor B Janete e Ivo Setor C (Aiphaville) Vera e Valter Setor O Eunice e Sidney Setor do ABCD -NOVAS EQUIPES . Laranjal Paulista I SP. (Setor de ltú) - Após uma boa preparação, e sob a pilotagem de Lourdes e Gerson (Eq. 05/B de São Paulo), Formou-se a Eq. 01-N. S. da Rosa Mística, tendo como C.E. o Jovem e dinâmico Pe. Donizete. Seu primeiro C.R.E. são Mary Helena e Alvaro Goldoni (Leninha e Léo). A nova equipe contou com a colaboração de Vera e José Renato Luciano, C.R.R. São Paulo Sul li . . Mogi das Cruzes I SP. Constituídas duas novas equipes fruto de Experiência Comunitária: Eq. 09 (nova) - N. S. das Graças C.E. Pe. Frei Walter Rubens dos Santos C.P. Angela e Antenor (Eq. 11) Eq. 13 (Salesópolis)- N. S. dos Remédios C.E. Pe. Romolo Avagliano Rodrigues C.P. Cidinha e Maurício (Eq. 02) - PROGRAMAÇÃO DE RETIROS PARA 1992 . Região São Paulo Sul I Abril: dias 03,04 e 05 Maio: dias 15,16 e 17 Junho: dias 12,13 e 14 Setembro: dias 10,11 e 12 Outubro: dias 09,1 O e 11 Novembro: dias 07,08 e 09 Obs: Todos serão realizados em Baruerí. -CONSELHEIROS ESPIRITUAIS

. Jubileu de Ouro Pe. Feliciano Vaz Carrlllo. Nasceu em Zamora (Espanha) (06-IX-15). Estudou em Uclés e se formou em teologia no mosteiro "de la Vid". Foi ordenado sacerdote agostiniano no mesmo mosteiro (20-IX-41 ). Trabalhou num colégio na Espanha (Santander), para logo vir para o Brasil (1947), onde já trabalhou na Prelazla de Jataí, no seminário de Eng. Schmidt, no colégio Santo Agostinho de São Paulo onde já foi diretor, voltou para Rio Preto e terminou como professor de geografia no colégio de São Paulo. Atualmente trabalha com as oficinas de caridade Santa Rita e na paróquia de Santa Rita. É conselheiro espiritual da equipe n2 15B de São Paulo I SP. Parabéns, e que Deus o conserve durante muitos anos nas nossas equipes. . Jubileu de Prata Pe. Gaspar Blanco Ramos. Nasceu em Zamora (Espanha)- 31-Julho41. Estudou em Palencia, e no mosteiro "de la Vid •, onde foi ordenado sacerdote agostiniano (27-Agosto-1966).Nesse mesmo ano veio para o Brasil onde permaneceu até hoje. Trabalhou no Colégio de São José do Rio Preto e no Santo Agostinho de São Paulo. Atualmente é pároco da Igreja de Santa Rita. É conselheiro espiritual da Equipe nº 11 B de São Paulo. AS E.N.S. lhe desejam um sacerdócio frutífero e uma vida sacerdotal plena .. Pe. Pablo Tejedor Fernandez. Nasceu em Palencia (Espanha) - 19-Janeiro-1942. Estudou no seminário menor de Palencia e se formou em teologia no mosteiro "de la Vid", onde foi ordenado como sacerdote agostiniano (27-Agosto1966). Nesse mesmo ano velo para o Brasil e já trabalhou em Paranavaí, no colégio Santo Agostinho de São Paulo, nos seminários de Eng. Schmidt e Bragança Paulista, e na paróquia de Santo Agostinho de São Paulo. Atualmente é pároco de N. Sra da Cabeça em Curitiba. Foi conselheiro espiritual da Equipe nº 05B de São Paulo I SP, até ser destinado

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a Curitiba. As equipes lhe desejam um sacerdócio frutífero e uma vida sacerdotal plena. Obs: As celebrações ocorreram em 10.11.91 na Paróquia Santo Agostinho em São Paulo I SP. . Frei Estevão Nunes, O. P. deixou Curitiba I PR. retornando a São Paulo I SP atendendo a determinação da sua ordem. As equipes nº 05- N. S. da Paz e nº 15 - N.S. da Vitória agradecem a sua grande ajuda espiritual e desejam que Deus o acompanhe em novas missões. . Com a devida aprovação do Revmo. Bispo Diocesano, o Pe. Javier Martinez é o novo Conselheiro Espiritual do Setor de Mogí das Cruzes ISP. . O Setor de São Carlos I SP, registra e informa, com grande alegria que o Cônego Bruno Gamberini é o novo C.E. do setor. Jovem, vibrante e cheio de otimismo e entusiasmo está contagiando a todos com sua grande fé e transmitindo esperança a seus equipistas de progresso espiritual . . Por motivo de transferência de cidade, desligou-se da missão de C.E. da Eq. 14 de São Carlos I SP , o Pe. João Roberto Pavani. Seus equipistas agradecem a dedicação e o apoio que sempre receberam dele e a sua disponibilidade, participando juntamente com o setor da implantação e desenvolvimento do Projeto SENAI. - EXPERIÊNCIA COMUNITÁRIA . O Setor de São Carlos I SP. está desenvolvendo um trabalho, sob a coordenação geral de Maria José e Marcos Martins, que já conta com 4 (quatro) grupos de Experiência Comunitária em andamento. Os coordenadores são os casais: Ana Maria e Luiz Bertollo; Maria e Carlos Muzetti; Maria Rita e Maximilian Hehl ; Giselda e Geraldo Fernandes. Equipistas realizando sua vida cristã plenamente e compartilhando-a com outros casais desejosos de receber o anuncio do Evangelho e de progredir na espiritualidade conjugal.

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- EQUIPINHAS . Dentro da comunidade de amor, que é a família, cada casal equipista deve fazer brotar o reflexo desse amor. E para maior ajuda, o Setor de São Carlos I SP. vem lançando as "Equipinhas • missão essa a cargo da Equipe 16, e tendo como C.E. orientador o Pe. Léo. Os grupos estão sendo formados por f ilhos de equlplstas, agrupados por faixa de Idade. - EVENTOS . Realizada em 07.12.91 a confraternização de Natal dos equipistas de setor de Mogí das Cruzes I SP. Após a celebração da Santa Missa pelo Pe. Javier (novo C.E. do setor apresentado na ocasião) foram empossados os novos C.R.E. e C. L.. -VOLTA AO PAI . Conceição de Rezende Rosa (do Lázaro) da Eq. 06 de Venda Branca, Setor de Casa Branca I SP em 03.12.92, durante a celebração da Santa Missa, quanto ao término do cântico do ofertório, sofreu um acidente vascular cerebral. Nesse momento, ela também ofereceu sua alma a Deus. Recebemos de seu esposo, Lázaro, um depoimento sobre sua vida nas equipes, onde ingressaram em 1985, na 11 que trouxe o Movimento para Venda Branca. Casal responsável em 1988 e Casal Piloto, em 1989, da Eq. nº 08. Em 1990 receberam a missão de pilotar, em Lagoa Branca, a Eq. nº 11, pioneira das E.N .S. naquela cidade, cujos frutos fizeram-se sentir. E em 25 e 26.01 .92 participaram do 19 Encontro das E.N.S. de Lagoa Branca. Foram também casal de Ligação de 02 equipes em Venda Branca, sempre dedicando esforço e amor à missão que lhes foi confiada. Participaram do encontro em Valinhos em 04.05.91 e da Sessão de Formação em Brodosqul em 31 -05 e 01 102.06191 . Lázaro, com seus quatro filhos e uma nora agradece a Deus pelas maravilhas que encontraram nas


E.N.S. e unidos permanecem rezando em família, lembrando os gestos humildes e alegres de Conceição, sempre dedicada ao serviço de Deus e da comunidade . . Pe. Glelton Pinheiro de Miranda, C.E. da Eq. 02 e do Setor de Americana I SP que atuou também junto às equipes de Jundiaí e São Carlos. Recebemos de Vita e Gilberto um tocante pleito de saudades e de homenagem àquele que, junto aos

equlplstas, sempre se preocupou com a preparação das reuniões e em orientar os casais em suas dificuldades, sem medir sacrifícios e com multa criatividade e disponibilidade. Quem com ele teve o privilégio de dividir trabalhos, sabe o quanto se enriqueceu. Felizes os que com ele conviveram, "Saudade é algo que fica de alguém que não ficou".

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NOSSA BIBLIOTECA

O casal e a família de A. Manenti. Além de delinear o fenômeno casal/família hoje, o autor aponta pistas para uma vida familiar mais tranqüila mais tranqüila e madura: amar-se com responsabilidade; que tipos de relacionamentos estabelecer com o cônjuge e os filhos; que estratégias usar em situações de sofrimento e conflito ... Ed. Paulinas, 128 pp. Psicologia do casal e da família de A. Ruiz. o livro busca desvendar as dificuldades que o casal encontra em sua relação comunicacional, em sua vida sexual e em sua relação afetiva. São apresentados também problemas que vão desde as primeiras inquietudes dos filhos até os conflitos e emoções dos adolescentes. Ed. Paulinas, 120 pp. Mãe solteira? E daí? de J. P. Barruel de Lagenest. Há vários tipos de mães solteiras: a que adota um ou vários filhos; a moça violentada; a namorada imprudente; a moça promíscua; a moça prostituta. Todas são mães, sem a companhia permanente do "pai". Todas recusaram o aborto e assumiram a gravidez. Mesmo que seja somente por essa razão, merecem nosso respeito e apoio pela lição de amor e generosidade que nos dão. Ed. Paulinas. Rezar juntos (na cama) faz bem de Luís Kirchner. A proposta do livro é mostrar aos casais que o amor é santo, o matrimônio é santo e pode levar à santidade, desde que os esposos sejam homens e mulheres de oração. O Pe. Kirchner é Conselheiro de Equipes em Manaus. Ed. Santuário, 80 pgs.

O jeito de Jesus de Nazaré e O jeito de Maria de Nazaré de José Ribolla. Dois novos livros do autor de "O Plano de Deus", com um 'jeito novo' de revelar o Evangelho, que é Jesus, e Maria, a mulher-mãe, agraciada, escolhida, santa. Ed. Santuário.

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MEDITANDO EM EQUIPE (Sugestões para o mês de abril) TEXTO DE MEDITAÇÃO (Mt9.10-13) "E aconteceu que, estando em casa sentado à mesa, eis que chegaram muitos publicanos e pecadores e se sentaram com Jesus e seus discípulos. Vendo isto, os fariseus disseram aos discípulos: "porque vosso mestre come junto com os cobradores de impostos e pecadores?" E ele, que· os ouvira, respondeu-lhes: "Não são os sadios que têm necessidade de médico mas os doentes. Ide e aprendei o que significam as palavras: Quero misericórdia e não sacrifícios. Porque não vim para chamar os justos mas os pecadores". ORAÇÃO LITÚRGICA Seja em tudo glorificado o nome do Senhor, que ama com amor infinito o povo que Ele escolheu. Suba até Ele a nossa oração: R. Mostrai-nos ó Pai, o vosso amor. Senhor lembrai-vos de vossa Igreja, guardai-a de todo o mal, e tornai-a perfeita em vosso amor. R. Mostrai-nos ó Pai, o vosso amor. Fazei que os homens vos reconheçam como único Deus, e a Jesus Cristo vosso Filho que enviastes. R. Mostrai-nos ó Pai , o vosso amor. Concedei todo bem a nossos parentes e amigos, e dai-lhes a vossa bênção. R. Mostrai-nos ó Pai, o vosso amor. Auxiliai os que estão cansados sob o peso dos trabalhos, e defendei a dignidade dos marginalizados. R. Mostrai-nos ó Pai, o vosso amor. Abram-se as portas de vossa misericórdia para aqueles que hoje deixaram esta vida, e recebei-os em vosso Reino. R. Mostrai-nos ó Pai , o vosso amor. Oremos Acolhei , Senhor, as nossas súplicas , e concedei-nos dia e noite a vossa proteção, a fim de que, nas mudanças do tempo, sempre nos sustente o vosso amor imutável. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, na unidade do Espírito Santo. Amém.


PRIORIDADES A REUNIÃO DE EQUIPE

AO ENCONTRO DA REALIDADE

FORMAÇÃO

PASTORAL FAMILIAR

COMUNICAÇÃO

EXPERitNCIA COMUNITÁRIA


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