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RESUMO A reunião de equipe é uma celebração litúrgica e uma festa da comunidade-equipe . . . . . . . . . O casamento não é só promessa . . . . . . . . . As ENS participam da montagem de um vídeo para a Preparação para o Casamento . . . . . . . . . O silêncio nos ajuda a estarmos vigilantes 13 A solidariedade, verdadeiro exercício da caridade Especial: Vidas Feridas - O que dizer aos que vêm nos confiar a provação do casal desunido? . . . . . - As ENS e os divorciados "recasados" -Divorciados e recasados perante a Igreja
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Editorial: Peçam , peçam ... - Pe. Olivier .. . . . .. . . 23
Que significado tem , hoje, fazer memória de Maria O casal cristão e a esmola da viúva . . . Uma oração de agradecimento . . . . . A pessoa mais inteligente é ... o alfaiate As ENS e os deficientes: um testemunho O Senhor me curou: como pagarei? A mulher feminista e feminina . . . . Eleições/92: os equipistas candidatos Intercâmbio . . . . . . Notícias internacionais Notícias e Informações Última página: oração presença Meditando em Equipe - Sugestões para setembro
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Çarta Men~al é uma publi~ação mensal. do Movimento d~s Equipes de Nossa SenhCira . .Íôrnaií~ta Responsável; Catherine Elisabeth Nadas (MTb 19835). Ec!!Ção: Equlpede Casais da Carta Mensal. Fone: (011) 34-'ss33. . Composiçao/ Diagramação/ Fotolitos: CEN co~nposlção Eletrônlça Newswork. Av. Paulista, 688 -11!i andar- Sala 115; Fone: (01 'f ) 287-9486; . . . Jillph;ssio e Acabamento: Edlçóé~ LOyola, R. 1822, 347. Fone: (011) 914-1922
Tir~qemdestà edição; 7.80Ó exemplares.
ACOLHIDA
Há tempo que a Carta Mensal vem se debruçando sobre uma questão que nos perturba a todos: qual é a nossa atitude, a atitude dos casais das Equipes, em relação aos "descasados" , "recasados"? Em relação àqueles cujo amor conjugal foi- segundo dizem- varrido pelas tempestades da vida? Àqueles cujo pobre coração chora o fracasso de uma vida conjugal ferida? Não será este, no contexto do carisma do nosso Movimento, um campo privilegiado para uma opção preferencial pelos pobres do amor conjugal? Entre os muitos textos disponíveis, selecionamos três, apenas para abrir o debate, e os agrupamos numa seção especial : "Vidas feridas' (pg.16 em diante). Gostaríamos muito de ler a reação de vocês a estes textos.
Apesar de não figurarem mais na contracapa, as Prioridades continuam a ocupar o centro de nossas atenções. Logo ao virarem esta página, vocês vão encontrar a continuação de um importante texto sobre a Reunião de Equipe, cuja publicação havíamos iniciado em junho/92. Também aqui, aguardamos ainda as contribuições e os testemunhos de vocês quanto à vivência de nossas Prioridades.
Muitos de nossos leitores andaram reclamando da capa da Carta Mensal, onde a tradicional silhueta de Nossa Senhora estava - como diziam - de costas para as Equipes de Nossa Senhora. A partir do n2 284, de agosto passado, conseguimos corrigir esta anormalidade e esperamos assim ter atendido a suas justas reivindicações. Perceberam? ... Com nossa amizade em Cristo Jesus A equipe da Carta Mensal
CM Setembro/92- 1
PRIORIDADES A REUNIÃO DE EQUIPE: COMUNIDADE QUE CELEBRA (11)
- O sentido da celebração A reunião de equipe não é uma reunião qualquer. Esse encontro da pequena Igreja tem um significado muito especial: é um momento de celebração. Em função do Cristo que convoca, da dignidade dos que se reúnem, do que ela contém, das diversas partes que a estruturam , é uma verdadeira celebração litúrgica. A celebração litúrgica é sempre um mistério, no sentido de que Deus está nela presente e aí se entrega. Por isso mesmo, trata-se de uma realidade sobrenatural que somente pode ser compreendida pela fé. E o que é que se celebra? Em qualquer liturgia, celebra-se o mistério da salvação, o mistério pascal. Esse evoca a manifestação do Cristo encarnado, desde seu aparecimento na terra até seu glorioso retorno aos céus. Assim sendo, o mistério da salvação recobre toda a história do homem, toda a sua vida, todos os momentos que vão de sua criação até sua consumação final. Por isso, qualquer celebração litúrgica deve ficar atenta para celebrar esse mistério em toda a sua plenitude.
1. O que é uma celebração litúrgica? Uma celebração litúrgica é sempre uma manifestação da ação de uma comunidade, de um povo; é sempre uma expressão comunitária, fundada no mútuo amor-de-justiça (ajuda mútua, correção fraterna, repartição de bens e dons); é sempre uma tomada de consciência comunitária em torno de determinadas necessidades coletivas; é sempre uma preparação para assumir responsabilidades éticas e morais e tarefas temporais; é sempre um fortalecimento e consolidação de ações comunitárias; é sempre uma vivência de experiências espirituais. A Igreja existe, antes de mais nada, na celebração litúrgica. Do mesmo modo, a reunião de equipe, como manifestação da comunidade eclesial, existe porque é promotora de uma celebração litúrgica. É ela que constitui uma verdadeira experiência espiritual, na medida em que é concebida como uma realidade da salvação, como um ato de vivência da fé, como um relacionamento entre Deus e os homens, como uma expressão cultural da Igreja. Portanto, numa celebração celebra-se um acontecimento que afeta toda a comunidade ou que repercute sobre ela, mesmo que tenha a ver com apenas um de seus membros. Esse acontecimento pode ser passado, 2 - CM Setembro/92
presente ou futuro. O que importa, é que o acontecimento celebrado esteja no centro da existência da comunidade, que deve ser o próprio Cristo, a comunhão que une as pessoas, a construção da fé, a vivência da ação do Espírito Santo preparando o reino de Deus. É essa dimensão do futuro que está presente na celebração litúrgica e, conseqüentemente, na reunião de equipe. 2. Quem é o sujeito da celebração? O sujeito da celebração é a própria comunidade. É ela o agente ativo da celebração. Para que a celebração litúrgica possa adquirir seu verdadeiro sentido, e o mesmo se diga da reunião de equipe, deve existir uma participação ativa de todos os que dela fazem parte. O Concílio fala de uma "participação frutuosa". (SC 11 e 14). É que, para ocorrer essa participação frutuosa, há necessidade de uma participação ativa, consciente e plena de toda a comunidade que celebra, de modo especial pela compreensão dos mistérios contidos nos diversos momentos que a estruturam. A celebração litúrgica não é um ato intelectual, mas uma catequese sempre renovada, um aprofundamento constante na fé, um ritual gozoso do mistério de Deus e dos homens. O sujeito da celebração não assiste à celebração. Ele não é um turista. O turista apenas observa com curiosidade. Nesse caso, uma celebração para um turista representa simplesmente um espetáculo, uma diversão, um passatempo. Ele não tem condições de interiorizar a experiência espiritual e de vida dos celebrantes, nem entrar em verdadeira comunhão com eles. Assistir a um espetáculo é ter como centro de interesse o desfrute individual. A celebração, ao contrário, é sempre um ato comunitário, onde o sujeito-agente participa com os outros de um acontecimento que importa a todos. Assim, a celebração torna-se uma expressão alegre, festiva de um projeto compartilhado por todos. 3. Celebração como festa. A celebração é sempre uma festa. Festa pela ação e força do Espírito Santo na construção da comunidade; festa porque a comunidade achou-se digna de viver o seguimento do Cristo: festa porque houve um distanciamento do dia-a-dia para poder compreender a experiência e a esperança do homem; festa porque se está destinando tempo para viver o sentido da gratuidade e do dom de Deus encarnado nos irmãos; festa porque celebração é um denso momento da vida comunitária, condensado durante o encontro, que é sempre um momento decisivo, de transição, de passagem para um novo agir, de uma nova praxis. CM Setembro/92 - 3
A reunião de equipe, enquanto celebração litúrgica, é uma grande festa, porque apresenta como tema a espiritualidade conjugal e familiar, praticada e testemunhada durante um certo período de tempo, e que se busca fortalecer para o benefício próprio e principalmente dos outros irmãos. Existe uma relação íntima entre festa e ação prática, de modo que uma não existe sem a outra. Para situar a reunião de equipe nesta perspectiva, antes de mais nada, torna-se necessário compreender três elementos da festa: - a festa significa a valorização de determinado acontecimento digno de celebração. Uma festa pode ser fixa ou ocasional. O que importa, co~udo, é que ela seja um sim à vida, ter causado um certo impacto, ter sua importância, porque disso dependem a extensão e a intensidade da festa; - a festa precisa ser uma expressão significativa. Portanto, uma festa é valorizada quando se traduz em gestos simbólicos, mas significativos para o acontecimento. Na festa sempre existe algum desperdício, mas decorrente da alegria que contagia, porque o importante é aliciar os outros para o mesmo gozo do acontecimento; - a festa é uma intercomunhão solidária. Se não existe um grupo, uma comunidade que valoriza o acontecimento e que se comunica através de gestos simbólicos, não há festa. Ninguém festeja na solidão. A festa congrega pessoas que em comum valorizam da mesma forma o mesmo acontecimento. O acontecimento une as pessoas, fortalece o grupo, torna comunidade. Por isto, a festa é sempre fonte de solidariedade, cria e intensifica a vivência comunitária. Assim, uma equipe, comunidade de casais, que não tem motivos para se encontrar, se reunir: onde não brota com todo o vigor uma espiritualidade que anima a reflexão, que é sinal da presença ativa do Espírito de Deus e que reflete a ação do homem, está perdendo seu tempo, não promove a solidariedade como sinal de esperança e de construção do Reino. Uma equipe de Nossa Senhora não é um gueto nem uma seita. É uma comunidade celebrativa, mobilizada pela experiência de Deus agindo em cada um de seus membros e no mundo (da sua família, do seu trabalho, da política, da cultura, da religião, e assim por diante).
4. Conclusão A reunião de equipe, por isso mesmo, como em toda celebração, faz surgir uma tensão entre ritualidade e criatividade. Por ritualidade entende-se as expressões e os gestos simbólicos usados pela comunidade. Para que elas resultem válidas para todos os participantes, há a necessidade de uma certa normatividade que protege a unidade, para que possa ser, efetivamente, expressão comunitária. 4 - CM Setembro/92
Contudo, o essencial na celebração e na reunião de equipe não é o ritual, mas as experiências de vida, de oração e de reflexão que se exprimem através dos símbolos contidos nos ritos. A reunião de equipe, portanto, aponta para a necessidade de que seja, antes de mais nada, experiências mais do que fórmulas estáticas. A reunião de equipe precisa ser constantemente aperfeiçoada, enriquecida, melhor compreendida, mais intensamente vivida. mais festivamente celebrada. Não pode ser o cumprimento de uma formalidade, de uma obrigação, de um ritual rígido. A reunião de equipe será fator de transformação e de evangelização se os casais, que dela participam, tiverem um ardor renovado, usarem métodos criativos e expressões capazes de inculturar de modo eficaz o Evangelho. Mariola e Elizeu Calsing Pe. Augusto Garcia Equipe 19-A (Brasília)
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PASTORAL FAMILIAR
O MATRIMÔNIO CRISTÃO Desde o começo da História, homens e mulheres se unem para formar uma família. Em sua vida terrena, Jesus não só aprovou essa união, mas a abençoou, tornando-a um sacramento. O casamento existe em todos os povos desde o começo de sua história. Essa aliança entre os homens e mulheres os completa e lhes permite criar um ninho que supre as necessidades materiais e espirituais dos filhos. Os costumes e os ritos variavam e ainda hoje variam nos diferentes povos e culturas. Mas o núcleo central continua a ser o mesmo: um homem, uma mulher, uma casa; os dois se unem, constituem uma família e criam os filhos. Nas primeiras páginas da Bíblia, encontram-se palavras bem significativas, que serão repetidas nos vários livros que a constituem. No livro do Gênesis, capítulo 2, Deus apresenta Eva, a mulher, ao homem, Adão, como até hoje o pai faz nas cerimônias de casamento. Não é o pai que entrega sua filha ao noivo que está esperando no altar? Desde os tempos mais antigos, homem e mulher deixam seu pai e sua mãe, se tornam uma só carne (Gen 2,22-24). Assim, Deus criou o homem e a mulher como companheiros, para viverem juntos ; abençoou-os e os abençoa sempre: "Sede fecundos e multiplicai-vos" (Gen 1,28). A Sagrada Escritura esboça o projeto de Deus para o casamento 6 - CM Setembro/92
logo nos primeiro capítulos do livro do Gênesis. Não é por acaso que Jesus repetia as primeiras palavras da Bíblia ("no princípio"), quando discutia com os fariseus sobre a concessão do divórcio. A Bíblia conta também histórias de casamentos nem sempre bem-sucedidos. Por exemplo, o de Davi, o de Salomão, e outros. Os livros sapienciais contêm muitos conselhos para a vida de um casal dar certo. No livro dos Cânticos, o amor apaixonado entre o homem e a mulher é enaltecido numa variedade linda de poesias. Essa coleção de cânticos não deixa dúvidas de que o amor, a afetividade, o casamento e a fidelidade já eram valores centrais na vida do povo de Israel, assim como em outros povos e culturas. Conforme o costume judaico, a celebração do amor humano entre homem e mulher era uma festa familiar, mas assumida no contexto da fé que aquele povo tinha em seu Deus, que abençoava (e ainda abençoa) essa união. Tão importante era o casamento no Antigo Testamento, que os profetas freqüentemente usavam o casamento humano para simbolizar as relações entre Javé e seu povo. Qual é a novidade que Jesus introduziu nessa prática secular abençoada por Deus? Em termos técnicos, ele instituiu o sacramento do matrimônio. E o leitor pode perguntar: "Onde se encontra isso no Novo Testamento?" Está demons-
trado, por exemplo, pela presença de Jesus na festa das bodas de Caná (Jo 2,1-12) . Pela intercessão de Nossa Senhora, ele tem a fineza de salvar a festa, livrando os recém-casados de um vexame, pois o vinho tinha acabado. Mas São João anota que, antes de atender ao pedido da mãe, Cristo a avisa: "Minha hora ainda não chegou". O milagre acontece, mas o aviso torna claro que esse ato do Filho de Deus só iria alcançar seu pleno sentido com sua morte e ressurreição, quando ele subiu ao céu e se sentou à direita de Deus Pai (FI 2,6-11) . Essa foi a hora da glorificação, quando o Senhor Jesus setornou a fonte da graça vital, da vida eterna de que sua Igreja se alimenta e distribui pelos seus ministros através dos sacramentos. Assim é no batismo, feito no Espírito e no fogo. Assim é na eucaristia, que celebramos em memória da morte, ressurreição e ascensão do Senhor. Assim é também no matrimônio. Nele o Senhor Jesus se torna amigo presente ao lado dos noivos e lhes comunica sua graça de amor, fidelidade e perseverança, "até que a morte os separe", como dizia a liturgia. Essa resposta sobre a instituição do sacramento do matrimônio por Jesus Cristo não está num mandamento específico do Mestre, como acontece com o batismo - "batizai-os" (Mt 28,19) - e com a eucaristia - "fazei isto em minha memória" (Lc 22,19). Ele não fala explicitamente sobre o matrimônio, porque tudo já havia sido dito pela tradição que invocava a bênção de Deus para os noivos. Jesus não muda o antigo sacramento do matrimônio. Mas seu novo mandamento
vale para todos, casados e solteiros: "Amai-vos uns aos outros" (Jo 13,34; 15, 17). O que Jesus mudou e faz do casamento o sacramento do amor humano é a abundância de graça e vida que ele conquistou com sua vitória sobre a morte e distribui gratuitamente entre os que o aceitam em sua vida. Assim os noivos se tornam, em Cristo, os ministros do amor e da vida, fiéis a Deus e ao companheiro.
CÓDIGOS MORAIS Sabe-se porém, que esse belo projeto de Deus encontrou entraves para a sua plena realização já nos inícios da humanidade. Conforme narra a Bíblia, o primeiro casal chegou a acusar um ao outro, em vez de cada um assumir a responsabilidade de seus atos (Gen 3) . Não é por nada que, nos Dez Mandamentos, dois se referem diretamente ao adultério e à cobiça em relação ao homem e à mulher casados (Ex20,14-17). Moisés foi levado até a conceder o libelo do divórcio por causa da dureza de coração do seu povo, dirá Jesus depois (Mt 19,8) . No caminho da vida de casado, a fraqueza humana, a covardia, os maus desejos, a malícia são pedras de escândalo e motivos de fracasso. Por isso, nas cartas do Novo Testamento, dirigidas às primeiras comunidades cristãs, os apóstolos fornecem códigos ou regras de bem-viver para os casados, que eram norma tradicional na sociedade daquele tempo (Ef 5, 1-33; Gol 3,5-19; Pd 3,1-12 etc). Dessa maneira querem dar apoio e orientação aos casais nas dificuldades de engrenagem que a vida em comum CM Setembro/92 - 7
costuma trazer. A novidade é que o quadro em que esses códigos morais são postos é a convivência entre Cristo e a Igrej a. A sacramentalidade do matrimônio significa, também, que a vida de casado há de expressar, no comportamento do homem e da mulher, o amor, o respe ito, a fidelidade, a dedicação mútua, o espírito de entrega e de sacrifício pelo bem do outro, e o perdão que marcam a relação entre Cristo Jesus e sua Igreja. O apóstolo Paulo repete que ambos serão uma só carne, como também o Senhor Jesus, a cabeça, f9rma com sua Igreja um só corpo. E a união fiel entre Cristo e a Igreja que garante aos casados a força e o poder de Deus para realizarem a caminhada fiel a dois em vista da vinda final do Senhor. Abençoados por Cristo Jesus no sacramento do matrimônio, eles perseguirão a dois o alvo proposto e a conquista do prêmio de sua vocação, que é participar na ressurreição do Senhor (FI 3,12-14). Mesmo assim, entre os casamentos nos inícios do cristianismo e hoje há histórias complicadas - se quisermos falar de complicações. No início, casamento era uma festa que envolvia apenas as duas famílias. Alguns textos dos primeiros séculos falam de um convite dos noivos para o bispo ou o sacerdote assistirem à festa e darem a bênção de Deus aos recém-casados. O resto era assunto do direito civil romano. Com a queda do Império Romano entre os séculos 5 e 7 da era cristã, também a estrutura legislativa e administrativa de cartórios e registros de contratos de casamentos entrou em colapso, criando um grande vazio na Europa. 8 - CM Setembro/92
Para salvar a situação, as autoridades eclesiásticas procuraram criar uma legislação própria para o matrimônio, inspirada no antigo direito romano e nos costumes e direitos dos povos germânicos. Aos poucos, as legislações feitas em sínodos locais foram colecionadas e unificadas num só código para a Igreja ocidental. No código eclesiástico atual, constam 11 O cânones ou leis sobre o matrimônio, que vão desde a preparação, a celebração, os impedimentos, o consentimento, a forma da celebração, até os efeitos do matrimônio, além de outros itens, com a intenção de proteger e garantir a sacramentalidade da aliança matrimonial (c. 1055 -1165). Para dar força à lei, as autoridades obrigam os noivos a observar as leis próprias da Igreja, embora haja muitos paralelos com os direitos civis dos vários países. Por isso, os noivos católicos que querem se casar na Igreja precisam fazer os papéis de casamento na paróquia. Durante a Idade Média, porém, havia o grande problema pastoral dos casamentos chamados clandestinos. Muitos casamentos não eram registrados, deixando grande insegurança entre os padres da Igreja. Afinal de contas, quem estava casado com quem? Quem era ainda solteiro?
CONFIRMAÇÃO E BÊNÇÃO Como essas medidas não surtiram o efeito desejado, o Concílio de Trento dispas por decreto, no ano 1563, que os casamentos sem a presença do pároco ou de outro delegado oficial da Igreja, além de duas ou três testemunhas, eram considerados inválidos. Como regra geral, somente é válido como sa-
cramento um matrimônio em que o assistente oficial pede e recebe, em nome da Igreja, o consentimento dos dois noivos e o confirma com uma fórmula que na liturgia atual é: "Deus confirme este compromisso que manifestastes perante a Igreja e derrame sobre vós as suas bênçãos" (ç. 11 08). A luz da Bíblia e das exigências da Igreja, o casamento- sacramento dos batizados em Cristo - é uma decisão muito séria, que marca profundamente a caminhada dos dois por este mundo. Declarar seu amor mútuo na igreja em clima de festa talvez pareça fácil. Mas o casamento não é só promessa, não é só aquele sim diante do altar. Ele exige que essa promessa seja cumprida e realizada ao longo de toda a vida. E para isso os noivos precisam ter maturidade, vontade firme de assumir o outro na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, como diz a liturgia.
No fim do século 20, os riscos do casamento e da vida de casado são maiores para muitos cônjuges do que no passado. Mais do que as coisas materiais, o que está em jogo é o crescimento do amor, a fidelidade dos dois, uma melhor engrenagem afetiva, a paternidade responsável, o espírito de perdão, a capacidade de resolver conflitos. Essas exigências pesam e querem firmeza de fé e confiança em Deus, ao lado do apoio leal de parentes e amigos - e também da comunidade cristã onde o casal se insere. Por isso a igreja insiste na seriedade do namoro e do noivado, e promove cursos de noivos e movimentos de casais- para que eles amadureçam no amor e na vida cristã, ajudandose mutuamente a enfrentarem os desafios da vida. Fr. Bernardino Leers (extraído da revista "Família Cristã")
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PASTORAL FAMILIAR
PREPARAÇÃO PARA O CASAMENTO EM VÍDEO Depois de um trabalho de quase três anos, estão prontos os vídeos destinados aos cursos de preparação para o casamento. Elaborados por casais das ENS, do MFC e do Movimento de Irmãos de Florianópolis, com a assistência de D. Murilo Krieger, e gravados pela Associação do Senhor Jesus, de Campinas (SP), os oito programas, em duas fitas, abordam os conteúdos tradicionais da preparação, com nova roupagem: Amor e Casamento, Relacionamento Conjugal, Sexualidade Humana - Aspectos Biológicos, Sexualidade Conjugal - Aspectos Vivenciais, Paternidade Responsável e Métodos Anticoncepcionais , Vosso Amor Será Criador, Vida no Lar e o Sacramento do Matrimônio. Neles, há orientações coerentes com a realidade dos dias de hoje e afinadas com o sentido cristão e bíblico do matrimônio. Foi um grande desafio! Aqui em Florianópolis tínhamos a boa vontade de uma equipe de casais que já dera sua preciosa contribuição na feitura de "Entre milhares eu te escolhi", livro do Instituto da Família de nossa Arquidiocese, voltado para a mesma finalidade. Em Campinas, à boa vontade somaram-se a competência e a dedicação de produtores de TV e de técnicos que nos deram edificante exemplo de trabalho e oração. E, assim, fez-se um trabalho inédito no País e na América Latina. Ele pretende ser ferramenta à disposição dos casais monitores, tornando mais fácil e agradável a execução da importante tarefa de orientar a construção de novos lares, embasados no Evangelho e edificados por homens e mulheres responsáveis, que reconheçam a importância de abraçar esta vocação tão séria do matrimônio cristão. O QUE DEUS UNIU ... , título que se deu aos vídeos, foi apresentado em ltaici, na última Assembléia Geral da CNBB, tendo obtido boa receptividade. Em 21 de maio, com a presença de muitos casais e de sacerdotes, D. Murilo e o Pe. Eduardo Dougherty, da Associação, fizeram o lançamento nacional em nossa cidade-ilha. Estuda-se, agora, a possibilidade de países da África- de língua portuguesa- também adotarem o material. O próximo passo será a dublagem em espanhol, a fim de colocar os vídeos nos países latino-americanos. Como se diz no livreto com as orientações, que acompanha os vídeos, 1O- CM Setembro/92
eles "querem ser um serviço à Pastoral Matrimonial. Se forem bem utilizados e complementados , poderão levar muitos casais a se prepararem melhor para uma consciente recepção do sacramento do matrimônio". Para a equipe que trabalhou nessa nova forma de preparação para o casamento, a alegria de poder servir à Igreja do Brasil é a melhor recompensa(*) . Carlos e Aparecida Martendal ENS Auxiliadora Florianópolis/Se
(*) Maiores informações
Associação do Senhor Jesus Páteo do Colégio, 52 01 016 - São Paulo, SP Fone: (011) 36-3044
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CAMINHANDO COM A IGREJA NOTÍCIAS BREVES # O Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais publicou, no início deste ano, a Instrução Pastoral "Aetatis Novae", de grande interesse para todos aqueles que se dedicam à reflexão e à prática da comunicação na Igreja. Lançada por ocasião do vigésimo aniversário da Communio et Progressio, a Instrução já se encontra publicada no Brasil, sob o nQ 127 da coleção "Voz do Papa" das Edições Paulinas.
# 300 emissoras de rádio, em 23 Estados brasileiros, veiculam semanalmente um programa chamado Viva a Vida. É produzido pela Pastoral da Criança, que reforça assim sua ação junto às lideranças comunitárias que atuam neste campo.
# D. Hilário Moser, membro da Comissão Nacional de Pastoral Familiar da CNBB, acaba de publicar um texto sobre a Exortação Apostólica Familiaris Consortio do Papa João Paulo 11. Trata-se de "A missão da Família Cristã no mundo de hoje", editado pela Editora Salesiana Dom Bosco, em linguagem clara e acessível, no qual todo o ensinamento do documento papal aparece em 85 perguntas e respostas.
# Dias 13 e 14 de junho realizou-se em São Paulo Encontro de Pastoral Familiar do Regional Sul 1, com representantes de 27 dioceses, 1O Movimentos Familiares , 3 Bispos, 12 Padres, Diáconos Permanentes e 54 casais do Estado de São Paulo. O objetivo do Encontro foi refletir sobre a caminhada da Pastoral Familiar do Regional, sub-regionais e Dioceses, após a Assembléia das Igrejas de 1989. Foi feita a avaliação das propostas feitas naquela ocasião e definidas as ações para o próximo quadriênio.
(Informações extraídas do boletim Notícias da CNBB)
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REFLEXÃO
SILÊNCIO Para viver a voz interior, é preciso fazer silêncio. As preocupações materiais tumultuam o coração, não há tempo para o necessário. O Senhor bate à porta e nós a fechamos para não abrir o coração. Há muita gente dentro, muita turbulência. O barulho permanente encobre o mistério e assim ficamos sempre na superfície das coisas, dos acontecimentos, das pessoas. O silêncio nos introduz no mistério do mundo, dos homens e de Deus. Observei que a traça trabalha em silêncio, a grama cresce em silêncio, os ovos evoluem em silêncio. O cupim, o fermento, as plantas jovens ou já provectas, todos trabalham em silêncio. E no silêncio da noite nos foi dado o Salvador. O Senhor continuamente nos fala nas contingências da vida, no romance que lemos, no filme a que assistimos, naqueles que encontramos, que cruzam a nossa estrada, que impedem mesmo nossa caminhada ou que nos arrastam para o melhor. Mas para captar estas mensagens é preciso fazer silêncio. Há uma palavra interior que se ouve até lendo romances ou ouvindo canções, comerciais ou discos em língua que não entendemos. Cada um ouve como quer e, conforme suas vivências, saberá apreciar e comover ou congelar. Os grandes artistas sabem melhor retratar o coração humano e por isso mais diretamente atingem até os mais simples e ingênuos, sobretudo estes. As moções espirituais não surgem necessariamente e sempre apenas da leitura da palavra de Deus ou da leitura da vida dos santos. Qualquer hora é hora, basta simplesmente ter as antenas dirigidas, ou na linguagem evangélica, estar vigilantes. Do silêncio cultuado à contemplação, é questão de poucos passos, e temos momentos de sabedoria. O homem sempre é capaz de aprender, de observar as estrelas e ir em busca dos confins do universo. Cada dia se amplia mais sua visão e quanto mais encontra tanto mais busca. É certo que os animais não olham para o céu, nem mesmo para as nuvens, porque, ao contrário do homem, sua visão é limitada a alguns metros. Quando as andorinhas se dirigem para os climas quentes do sul, não o fazem porque conhecem o mapa, mas porque seu interior inconscientemente as dirige para lá. Pe. Antonio Aquino (em "Tudo Começa e Acaba na Esperança") CM Setembro/92 - 13
REFLEXÃO
CAMINHEIROS NA ESTRADA DA VIDA Não se faz a caminhada sozinho. Há outros caminhantes ao nosso lado. Há cantos de alegria e lamentos de dor que chegam aos nossos ouvidos. São os companheiros que se unem ao nosso destino. Juntos nos entreajudamos. Enxugamos o suor de muitas frontes, e palavras de perdão, de coragem. de compreensão chegam aos nossos ouvidos. Nada mais belo do que a solidariedade. Sentir-se só na caminhada da vida pode ser desesperador. Saber que existem rostos amigos, mãos que esperam nossas mãos, que juntos descobriremos caminhos novos e que juntos novas portas abriremos é extremamente consolador. Ser solidário é saber fazer lugar em nós para os outros. É ser capaz de escutar aquilo que o outro quer dizer. É adivinhar a palavra que ainda não foi dita. É antecipar o gesto que o outro tinha a intenção de nos pedir. Onde não houver amor, injetai aí amor e havereis de recolher amor. Amar é ter vontade de continuar a caminhada para fazer alguém feliz. Há duas espécies de amor, e o único que merece um A maiúsculo é o que dá mais do que recebe. Amar não é simplesmente um sentimento mais ou menos vago. Ama aquele que tem paciência com as lentidões dos outros. Ama aquele que é capaz de perdoar. Ama quem aprende a esquecer-se de si mesmo para pensar no outro. Em grego, a palavra "compaixão" quer dizer "ser tocado nas entranhas". Na compaixão há um elemento físico: sofro com o outro, identificome com ele. Não se trata somente de fazer alguma coisa pela pessoa do outro. É sofrer com ele seu sofrimento, guardando certa distância para, se possível, oferecer-lhe ajuda. Ser solidário é rir com os risos dos outros e chorar junto suas lágrimas. O verdadeiro amigo não envelhece. O amor é fiel. Fiel às coisas de ontem. fiel a tudo o que tiver sido combinado. Está sempre pronto para o serviço do amigo, no sol e na chuva, na alegria e no infortúnio. O verdadeiro amigo não faz discursos. Está presente. Conta-se com ele. Mesmo sua ausência é presença. Sorrir é esquecer-se em proveito dos outros, ser transparente a Deus. Por esse motivo é que os homens são tão sensíveis ao sorriso. Mais do que o ouro e a prata, as contas bancárias e as letras de câmbio, valem nossos amores e nossas amizades. O fundamento de todo relacionamento fraterno é a justiça. O amor é paciente. Sabe esperar o amanhã para dar uma resposta.
e
14 - CM Setembro/92
Sabe esperar para amanhã a compreensão de um gesto mal compreendido hoje. O segredo do amor está simplesmente em amar sem esperar qualquer tipo de retribuição. Consiste em continuar a querer bem, mesmo na certeza de que não haja retribuição. Quem não tem mais capacidade de amar chegou efetivamente à terra da velhice espiritual. Ao verdadeiro amigo não precisamos expor nossas necessidades. As grandes amizades perduram. mesmo sem se encontrarem, muitas vezes os amigos retomam facilmente o fio da meada interrompido, quando se deixaram. O mistério do homem se ilumina quando percebe que a marcha de seu destino vai na linha de perspectivas fraternas. "Quando meus irmãos vão pelo mundo, eu lhes aconselho e lhes recomendo em Nosso Senhor Jesus Cristo que evitem as discussões e brigas, não julguem os outros, mas que sejam afáveis, pacíficos, modestos, cheios de mansidão e humildade, falando honestamente a todos como convém." (2ª regra de São Francisco de Assis).
Vera e Edson
CM Setembro/92-15
ESPECIAL - VIDAS FERIDAS
PALAVRAS CARREGADAS DE VIDA FERIDA - Amigo, o que diz aos homens que lhe vêm confiar a provação do casal desunido? - Nada, meu caro. Eu os escuto. - E quando acabam de falar? - Continuo a escutá-los ... - Eles tornam a falar? - Por muito tempo. -E quando, afinal, se calam? -Digo-lhes o que me disseste: "Que sofrimento deve ter sido!" E depois não digo mais nada, e faço uma oração de oferta. -Mas eles, o que dizem? - Suas palavras são variadas, pois suas histórias são diferentes. Ele diz. Meu coração, se ainda bate, não vibra mais por ela, o meu corpo há muito tempo já não tem fome do seu corpo. Ela diz. Ele não é quem eu tinha sonhado; escondia-se, dissimulava. Meus lábios beijavam nada mais que máscara... e a máscara caiu. Ele diz. Não podia mais suportar seus silêncios, friezas e censuras. Encontrei um coração acolhedor e palavras de ternura, numa boca que não se esquiva. Ela diz. Ele ia visitar outros jardins e colher outras flores. As minhas murcharam. Ele não as regava mais. E de raiva, pisoteei as pétalas caídas. Ele diz. Ela me enchia a cabeça com o barulho de suas palavras e não podia ouvir o murmúrio das minhas; e minhas palavras enterradas, lava incandescente no vulcão do meu coração, escapavam bruscamente, incendiando o resto de nosso amor em migalhas. Ela diz. Nossos filhos não podiam mais suportar nossas brigas. Acampavam sob a tempestade e, mesmo refugiados na barraca que tínhamos penosamente erguido para eles, os relâmpagos feriam-lhes o coração. Ele diz. Ela me apertava com tanta força entre seus braços ávidos, que eu sufocava em silêncio, sem poder defender-me. Quando, enfim, libertei-me de seus grilhões, fugi para longe, à procura de espaço onde pudesse respirar. Ela diz. As palavras permaneceram em sua mente fechada, pedras duras 16 - CM Setembro/92
empilhadas, erguendo-se como muro; e o muro era alto demais para que o transpuséssemos.
Ele diz O hábito entre nós elegeu seu domicílio, névoa sem rosto, que esconde o sorriso e mata lentamente o sabor dos beijos. Envelhecemos sem nos ver; um dia, não nos reconhecemos mais. Ela diz Ele me queria para ele, eu o queria para mim; e para nos apossarmos um do outro, brigávamos sem cessar; mas, terminado o combate, em nossas mãos espantadas não restava do outro nada mais que peça de roupa rasgada. Eles dizem: Por que continuar a lutar? Ontem era o céu, hoje é o inferno, pois o céu é o amor e o inferno a sua ausência. Não queremos o inferno, achando que é sem saída. São essas palavras, e ainda muitas outras, que recolho em silêncio, no cálice do meu coração, pobres palavras carregadas de vida ferida, que sangram ao transpor as margens de seus lábios machucados, ... e algumas noites minha taça transborda, quando a ofereço ao Senhor. - Mas o senhor, Amigo, o que lhes diz, quando fala, finalmente? -Digo: Amigos caríssimos, Um de vós partiu, o outro ainda chora e maldiz, murmurando baixinho "ainda te amo" , ou ambos, sorriso falso nos lábios , máscara de carnaval sobre ferida escondida, de comum acordo, e sob as leis, apagastes as últimas brasas do lar, e fechastes para sempre a porta sobre vosso amor em cinzas. Mas, chorando, sorrindo ou vos insultando, sejam quais forem vossos esforços para reconstruir em outro lugar a casa da felicidade, e em novo lar tentar reativar o fogo, amigos, pobres amigos, eu vos digo: não podeis vos "descasar". Podeis rasgar as fotografias e destruir os presentes. Podeis pisotear as lembranças felizes, enterradas sob o peso dos dias infelizes, e tentar talvez dividir o que era dos dois. Mas quem pode devolver ao outro a vida recebida dele? Ela corre em vossas veias, sangue misturado para sempre, para muito além da pele outrora loucamente acariciada, até a carne do coração, nos vasos irrigados. Não podeis vos "descasar". Amarrastes em vossos filhos os fios de vossa vida, e jamais ninguém pode desfazer esse nó sagrado. Pois esse nó é vossas duas vidas, para sempre reunidas numa vida nova. E quando beijais o rosto do filho, são vossos rostos que beijais ao mesmo CM Setembro/92 - 17
tempo que o dele. Não podeis vos "descasar". Podeis acusar o outro, a sociedade ou o destino. Podeis maldizer a Igreja, e o Deus Todo-poderoso. Mas seu poder nada pode contra vossa liberdade, pois é livremente que lhe pedistes que se comprometesse convosco quando vos comprometestes. Ele continua fiel ... e não os pode "descasar".
- É difícil demais, exclamei! - Eu te disse que era fácil ser homem, livre e responsável? - Mas o homem é fraco, tem direito de errar! - É fraco, é verdade. E ninguém pode censurar suas fraquezas, pois ninguém pode medir o amor que vive no coração do homem, e sua responsabilidade num amor posto a perder. Mas ninguém lhe pode dizer que poderá retomar a vida que ofereceu a outro. Ela passou a ser ele. Repito: aqueles que livremente se deram a vida, são esposos até a eternidade . ... Ousei protestar ainda: - Se é assim que o senhor se dirige aos que o procuram em busca de algumas palavras de esperança, duvido muito que eles saiam em paz! - Se, por fraqueza, eu renunciasse a lhes falar assim , não os estaria respeitando e amando. Mas tenho ainda muitas coisas para lhes dizer... - E eles voltam para ouvi-las? -Voltam; como o doente volta ao médico que lhe diz a verdade. Michel Quoist (Em "Fale-me de amor", Ed. Paulinas, pg.169)
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ESPECIAL - VIDAS FERIDAS
Transcrevemos, da Carta Mensal francesa, este texto que também nos diz respeito ...
E OS DIVORCIADOS, CASADOS NOVAMENTE? Diante da pergunta colocada por alguns de vocês: "É possível admitir casais divorciados e casados novamente nas Equipes?" os responsáveis pelo Movimento respondem: Não. Também eles, como vocês, ficam sensibilizados quanto às necessidades e desejos de alguns desses casais recasados, mas eles têm sob sua responsabilidade um Movimento que tem um carisma bem definido: ajudar os cristãos casados a caminhar em direção à santidade através do sacramento do Matrimônio. A espiritualidade das Equipes está baseada no sacramento do Matrimônio. Nele se enraízam os métodos mais específicos do Movimento: oração conjugal e dever de sentar-se são atualizações da graça permanente do sacramento .. . As Equipes de Nossa Senhora não podem renunciar à sua santidade sem trair os casais. Deixar de lado o seu carisma seria o mesmo que se esterilizar e perecer. As pessoas não são chamadas a fazer tudo dentro da Igreja. Os membros do Corpo de Cristo têm sua função específica dentro desse Corpo (Rm 12,4-8). Assim também são os movimentos. Imaginemos que uma equipe aceitasse um casal de divorciados recasados. O que aconteceria? Certamente esse casal"funcionaria" : como os outros cumpriria, talvez até melhor que os outros, os pontos concretos de esforço. Mas o espírito do Movimento não estaria aí .. . Nessa equipe poder-se-ia falar do sacramento do Matrimônio? E se falasse, o casal em questão ficaria constrangido. Evitar cuidadosamente esse assunto P. o que certamente iria acontecer, encobrindo o que constitui o essencial dentro das Equipes. Entre os temas de estudo, deixar-se-ia de lado todos os que fizessem uma referência explícita ao sacramento do Matrimônio ... Na equipe haveria uma Eucaristia? Como se comportariam os casais divorciados "recasados"? Poderia haver uma debandada. Ou a Equipe teria que desviar daquilo que é específico ao Movimento para não constranger esse casal e não seria mais uma Equipe de Nossa Senhora, ou ela viveria e esse casal estaria perpetuamente sem apoio. E então não se deve fazer nada por esse casal? Não é isso de forma alguma. Tendo mostrado o que são as Equipes de
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Nossa Senhora e qual o seu carisma, procurar outros meios de ajudar esse casal ; porque esse homem , essa mulher também são amados por Deus. Também eles são chamados à santidade. Mas por um outro caminho. Acompanhá-los em seu caminho é um trabalho que os casais das Equipes podem fazer, à cond ição que sejam sólidos, bem-formados, criativos ... Não é suficiente a simples boa vontade; é necessário um apelo de Deus e competência humana. Esse trabalho deve ser feito não nos quadros do Mov1mento, mas dentro da astora amiliar de cada diocese. Não devem atar Iniciativas para esse plano. Nesse trabalho precisa-se de operários e casais das Equipes deveriam estar à frente dele. Mas será que eles não tapam os ouvidos a tais apelos? É uma pergunta a se fazer. Pergunta a ser feita a vocês, caros amigos, que nos interrogam ... Fomos claros? A confusão não traz benefício a ninguém.
"Nesse Sínodo, exorto calorosamente os pastores e a comunidade dos fiéis para que juntos ajudem os divorciados recasados. Com grande caridade, todos farão de modo que eles não se sintam separados da Igreja, porque podem e devem, como batizados, participar da sua vida .. . " João Paulo 11 : Familiaris Consortio 20 - CM Setembro/92
ESPECIAL - VIDAS FERIDAS Sob assinatura da jornalista Vera Ogando, o Jornal do Brasil publicou o artigo que reproduzimos aqui.
IGREJA SE ABRE A DESCASADOS
Paróquias de Recife acabam com velho tabu (RECIFE) -A Igreja Católica, apesar de continuar considerando o casamento indissolúvel, está se moldando aos novos tempos. Depois de manter-se afastada durante séculos das "famílias incompletas", a Igreja vem abrindo suas portas para atender aos que fracassam no casamento. Paróquias de alguns bairros da classe média de Recife estão aceitando entre seus fiéis, divorciados e até os que decidiram formar nova união. Como os que são casados uma única vez no civil e religioso, os descasados vão às missas, recebem assistência familiar e participam de atividades comunitárias. Alguns até recebem sacramentos como a comunhão, embora isso seja terminantemente proibido pela tradição católica. A abertura nas paróquias recifenses para os descasados foi intensificada há dois anos, quando Dom Hilário Mozer, bispo auxiliar da Arquidiocese de Olinda e Recife, começou a coordenar o trabalho da Pastoral Familiar, em quatro estados da regional Nordeste 11 da CNBB. Seguindo as orientações da Carta do Papa João Paulo 11 "Familiaris Consor-
tio", que dispõe sobre missão e função da família no mundo de hoje, Dom Hilário procurou promover a família estendendo a pregação do Evangelho não apenas aos casais que vivem harmonicamente. "A Igreja não pode admitir o divórcio, mas também não pode abandonar essa pessoa no momento em que ela precisa de ajuda", explica. Aplicando a pedagogia da evangelização à família, as paróquias passaram, também, a acompanhar os separados na nova situação de vida. "Esse acolhimento por parte da Igreja de casais em situações irregulares significa uma atitude humana em relação à sua condição, sem representar, no entanto, uma aprovação", esclarece o vigário José Edwaldo Gomes. pároco da Igreja de Casa Forte. Ele vem desenvolvendo atividades como encontro de casais em Cristo, debates e assistência familiar. "A indissolubilidade do matrimônio continua sendo o ideal cristão", acrescenta. Igreja Mãe - Hoje, as pessoas separadas são convidadas para ir à Igreja, fazer suas orações, ler a palavra de Deus, buscar auxílio sobre orientação familiar e engaCM Setembro/92- 21
jar-se nos programas oferecidos pelas paróquias para atender a seus fiéis. "O tratamento para com essas pessoas foi de quase abandono no passado" , reconhece o vigário José Dewattado Gomes. "A Igreja é mãe e tem que receber todos" , define o pároco Romeu Galvão da Bonte, responsável pela Igreja da Torre. "O padre já não é um distante, mas um com eles ", diz, acrescentando que cabe apenas a Deus julgar. "Todas as pessoas, independente de serem casadas ou separadas, são cristãs e merecem amor". "É um ato de misericórdia apoiar essas pessoas que, por questões circunstanciais, estão fora do contexto de famílias completas", define Inês Menezes que, ao lado do marido, Adauto, faz parte da equipe de trabalho da Pastoral Familiar, atuando diretamente com
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Dom Hilário Mozer. Inês e Adauto Menezes têm preparado muitos casais em paróquias recifenses para que desenvolvam atividades pastorais, como curso de noivos e acompanhamento de casais, além de organizar grupos de orações e reflexões. Em 26 das 35 paróquias da Arquidiocese há cerca de 6 mil casais engajados nesse trabalho. A paróquia da Torre, no próximo mês, começa a desenvolver seu trabalho de evangelização familiar. É uma forma de difundir a importância da família. Apesar do acolhimento das paróquias, os casais em situações consideradas irregulares não podem comungar, ou se confessar individualmente, como prevê o Direito Canônico. Só que atualmente, ao contrário de anos atrás, a questão vem sendo entregue à consciência de cada um.
EDITORIAL PEÇAM, PEÇAM ... Estava lendo, outro dia, entrevista de pesrsonalidade muito conhecida no meio das famílias católicas francesas . Contava essa pessoa como ela e seu marido haviam procurado o seu caminho em diversos movimentos, entre os quais as Equipes de Nossa Senhora, mas que se decepcionaram ... Decepcionaram-se, pois a oração era tratada, nesses movimentos, de forma por demais utilitária. Vejam só! orava-se pela felicidade do casal. Quando o que precisa, é adorar Deus, porque ele é Deus, ponto final! Pode-se compreender perfeitamente este itinerário. Muitos cristãos descobriram, frequentemente graças a "grupos de renovação", o sentido da oração gratuita, do louvor, da ação de graças. E isto transformou a sua vida e o seu relacionamento com Deus. Mas pode-se também estranhar essa condenação da oração de pedido, como se fosse um insulto para Deus ... Precisaria nunca ter lido seriamente o Evangelho, nunca ter dito de verdade o Pai Nosso, única oração ensinada pelo próprio Jesus e que é, por excelência, uma oração de pedido.
Não é que Deus precise ser informado de nossas necessidades. "Vosso Pai sabe do que precisais, antes mesmo que lhe peçais... " E é mistér evitar que isto seja um pretexto para ficar lhe repetindo as nossas misérias e para ficar tendo dó de nós mesmos. Mas a oração de pedido é a atitude absolutamente normal do pobre diante de Deus, daquele que nada tem e que nada é diante dAquele que É, e que é a própria santidade. Estamos na mão de Deus e tudo nos vem dele. Esperamos tudo dele, com uma total confiança. Não haveria um pouco de orgulho em nada pedir na oração, como se fossemos auto-suficientes? Mesmo a adoração desinteressada, é Deus que deve colocá-la em nosso coração ... Afinal, na conhecida parábola, é o publicano que pede, implora; o fariseu não pede nada: contenta-se em louvar e agradecer. E sabe-se o resto. Será preciso lembrar os ensinamentos de Jesus? "Pedi e dar-se-vos-á, buscai e achareis, batei e abrir-se-vos-á" Será preciso lembrar os pedidos com que o Senhor é assediado a cada um de seus passos? Os cegos pelo caminho: "Senhor, faze que eu
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veja!" O leproso: "Se quiseres, podes curar-me!" O pai cuja filha morreu; a mulher que se contenta em tocar a sua veste; a pagã que, por sua vez, se contentaria com as migalhas que caem da mesa para os cachorrinhos; o centurião: "Não sou digno de que entres em minha casa, mas dize uma só palavra e meu servo estará curado" . Também o bom ladrão, na cruz: "Lembra-te de mim em teu Reino". Sem esquecer o primeiro de todos os pedidos do Evangelho, aquela, tão discreta e eficaz, de Maria: "Eles não têm mais vinho!" E Jesus recebe este pedido dos pobres como um ato de fé: "Tua fé é grande"; "Que te seja feito segundo a tua fé". Tem-se, muitas vezes, o sentimento de que Jesus só está à espera de uma palavra, um gesto, um olhar, para reconhecer essa fé e cumulá-la. Como menosprezar então a oração de pedido? Aliás, como se pode separar as diversas facetas de uma verdadeira oração? Tudo está ligado: tanto a graça pedida quanto a adoração e o reconhecimento. "Vieram a ele numerosas multidões, trazendo coxos, cegos, aleijados, mudos e muitos outros, e os puseram a seus pés e ele os curou, de sorte que as multidões ficaram espantadas ao ver os mudos falando, os aleijados sãos, os coxos andando e os cegos a ver. E renderam glória ao Deus de Israel." (Mt.15, 30)
Eis porque digo-lhes sem hesitar: Louvem a Deus, louvem-no tanto quanto puderem! Nunca o louvarão bastante! Mas também: peçam, peçam! Não se cansem de pedir! Estou convencido de que não pedimos o suficiente ao Senhor. Estou convencido de que ele deve espantar-se com a nossa timidez. Somos por demais receosos e medrosos em nossos pedidos. Por que parar a meio do caminho? É evidente que se queremos cotejar nossos pedidos com nossos "direitos", nossos méritos, não vamos longe. Mas justamente, é bem além de nossos direitos e de nossos méritos que pedimos, é o que está fora do nosso alcance, porque cotejamos nossa oração com nossa fé, nossa confiança. O que pedimos em nossa oração não é uma recompensa, mas o que é gratuito, o amor! Então por que pedir 25% ou 50%. É 100% e até mais que precisamos pedir. É preciso pedir e pedir sempre pela felicidade e pela vida do casal e da família, pela saúde e o crescimento das crianças, pelo trabalho dos desempregados, pelo pão de cada dia, pela reconciliação ... E não se pode ter medo de pedir e pedir também sempre a santidade. Pois ela é um verdadeiro dom de Deus e pedir a santidade é render glória a Deus. Fr. Bernard Olivier, op 24 - CM Setembro/92
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NOSSA SENHORA
FAZER MEMÓRIA DA MÃE DO REDENTOR (Trechos de um artigo de José Cristo Rey Paredes Garcia, dm, publicado na "Carta-circular da Cruzada "Abençoemo-nos por Maria" Irmãs Canisianas- Aparecida , SP, nr. 81- 08/12/91)
Nestes tempos a Igreja sente a necessidade de fazer memória da Mãe do Redentor ante a perspectiva do ano dois mil. Estamos vivendo uma nova situação mundial. Os últimos anos deste século estão cedendo lugar a um novo tipo de civilização planetária, interculturas e a uma nova forma de atender a religião, a sociedade, a economia, a ecologia; a uma informatização de efeitos imprevisíveis. Estamos também em frente de uma nova época da história da Igreja; as conseqüências do Concílio Vaticano 11 superam nossas expectativas. Apresentam novos desafios. Exigem mudanças profundas dentro da vida eclesial. Perante esta nova situação, a Igreja deverá colocar-se não em atitude defensiva ou de retirada, ou adotar um arbítrio ingenuamente ilusório, mas uma atitude empreendedora, construtiva. A Igreja não pode desconfiar do futuro. Ela o espera como o advento de Deus, como a chegada daquele que é e que será. Caminhando em direção ao futuro, nos aproximamos não da Segregação, da entropia universal, mas da graça escatologicamente vigorosa (K. Rahner) . Para o profeta, para o Messias, o futuro é portador de graça, de vida, mesmo quando ele preveja a sua morte. Os sinais dos tempos estão reclamando da Igreja novas respostas. A Igreja está se sentindo impelida a empreender uma nova evangelização e mesmo uma reevangelização. Está consciente de um alheamento das culturas novas que emergem e com ele uma renúncia implícita a uma evangelização a fundo . Alguém se perguntará: dentro deste panorama, que significado tem fazer memória da Virgem Maria? Maria, presente nos grandes momentos de transição. Dentro das estruturas da história da salvação, Maria é personagem de confluências. Nela se ajuntam os grandes momentos: Maria foi a testemunha mais qualificada da presença do Antigo no Novo Testamento. Foi testemunha da passagem da vida oculta de Jesus à sua vida pública. Testemunha da passagem de Jesus deste mundo ao Pai , por meio da morte-ressureição . Testemunha da Igreja pré-pascal à Igreja pós-pascal. Maria é a brecha através da qual se abre na História o passo salvífico, o espaço escatológico (P. Foresti). Maria sintetiza os passos mais importantes da história salvífica. Nos grandes momentos de transição ela está presente. CM Setembro/92 - 25
A Igreja atual deve realizar sua missão numa situação mais difícil. Encontra-se situada, sobretudo, no primeiro mundo, numa sociedade que há tempo não está mais marcada pelo sinal do religioso. São muitos aqueles que não têm dúvidas religiosas. Ateísmo, agnosticismo e indiferentismo são as características que definem a vida de não poucos de nossos contemporâneos. O pior é que esta situação afeta, em certa medida, o povo de Deus. Algo sumamente preocupante é o êxodo dos crentes ao mundo da incredulidade. Em tal situação, fazer memória da Bem-aventurada Virgem Maria não se reduz à mera evocação de sua figura, à pura lembrança intelectual. A memória na Igreja é acontecimento. Quando a Igreja recorda, acontece ou entra no acontecimento lembrado, pois recorda perante Deus e no Espírito de Deus. Fazer memória de Maria é experimentar a sua presença. Ela nos lembra nossas origens, pois foi Igreja nascente, com ela começamos a ser Igreja de fé , a partir dela somos discípulos amados de Jesus. Maria é saudada como membro sobreeminente da Igreja, seu protótipo e modelo destacadíssimo na fé e na caridade. Já no século. IV, Santo Ambrósio, falando aos fiéis, fazia votos que cada um deles "tivesse a alma de Maria para glorificar a Deus". O SIM de Maria a Deus, apesar de todas as gravíssimas dificuldades a que se viu submetida, é, para todos os cristãos, uma lição e um exemplo. Necessitamos ser herdeiros da fé de nossos antepassados. De maneira especial , herdeiros de quem foi e continua sendo nossa mãe na fé . A memória de Maria se torna acusação contra nossa mediocridade, nosso aburguesamento. Fazer memória de Maria é intensificar em nossas famílias a alternativa evangélica do matrimônio cristão , a vocação da paternidade-maternidade. Há 2000 anos nasceu uma nova Eva. Um mundo novo iniciou sua alvorada. A luz foi vencendo as sombras. A alvorada tinha rosto de mulher. E Deus ia semeando germes de vida nela. E o Espírito Santo a fazia crescer em graça, em beleza. Perante o 3º milênio não cabe angústia. Deus nos fez presente de um sinal benéfico: "Um grande sinal apareceu no céu: uma mulher! ... (Ap.
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VIDA CONJUGAL
CERTEZA DE QUE NOSSA MOEDA NÃO É FALSA Isso aconteceu ... Domingo, 10.11.91, em Brasília. Sessão de Formação das ENS . O Evangelho do dia: um trecho de Marcos (12,35-44): "Naquele tempo, ensinando a uma grande multidão, Jesus disse: Tende cuidado com os doutores da lei. Eles gostam de andar com roupas vistosas e de serem cumprimentados em praça pública. Gostam das primeiras cadeiras nas sinagogas e dos melhores lugares nos banquetes. Mas exploram as viúvas e roubam suas casas, e, para disfarçarem fazem longas orações. Por isso vão receber a pior condenação. Estando sentado no templo, diante do cofre das esmolas, Jesus observava como a multidão depositava suas esmolas no cofre. Muitos ricos davam muito. Então chegou uma viúva pobre que deu duas pequenas moedas, que valiam quase nada. Jesus chamou os discípulos e disse: Em verdade eu vos digo; esta viúva deu mais que todos os outros que ofereceram esmolas. Todos deram o que tinham de sobra, enquanto ela, na sua pobreza, ofereceu tudo, tudo o que possuía para viver". Após a leitura do referido Evangelho, o celebrante da Santa Missa, iluminado pelo Espírito Santo, convidou o casal mais antigo entre os representantes das 30 Equipes presentes para fazer a "Homilia". E o veterano equipista a fez com muita felicidade. Final da missa. Em seguida veio o cafezinho e logo após a palestra "Espiritualidade Conjugal". Maravilhosa. Muito singela e rica de conteúdo. Estávamos atentos ao casal que a proferia. Nesse exato momento... Carmem começara a escrever num pequeno pedaço de papel e pouco me tirava a atenção. É nosso costume escrever pequenas frases de um para o outro durante palestras nos encontros dessa natureza. Ao sairmos para a "co-participação", ela me entregara o minúsculo papel com a seguinte mensagem- E QUE MENSAGEM!-: "Arlindo .. . "Você e eu nos tornamos um só ser? A nossa entrega é total, ou parcial? Somos sinal de amor? Somos realmente o que aparentamos ser? O fato de buscarmos tanto o crescimento espiritual não está sufocando nossa responsabilidade familiar? Como podemos ser bons cristãos, bons pais, bons esposos, bons profissionais, se cada situação exige muito, e muito de nós? O que fazer para conhecer e seguir a vontade de Deus? O que ele quer de nós? Eu estou confusa e queria esclarecimento ... de quem? Não sei. Saberemos rezar? Nossa oração agrada a Deus? Você não se sente cansado fisicamente? Esse cansaço não ofusca a sua mente? Não necessitamos parar CM Setembro/92 - 27
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para pensar?" - Juntos refletimos. Refletimos o que? A nossa realidade familiar e de atividades. Meu Deus por que tantas dúvidas? Por que tanta insegurança? Ali só nós dois. As lágrimas rolavam silenciosamente. O restante do grupo (de 7 casais de diferentes equipes) começou a chegar. Estamos confusos. De repente me deu um estalo de procurar o CE do encontro para uma reflexão a três. Nesse exato momento adentra a sala com o carisma que Deus lhe confiou, Pe. Paulo. Fiquei aliviado. O Espírito Santo estava agindo. Sentimos a presença de Deus. Fiquei arrepiado. Não me contive. Pedi licença a minha esposa e li o rosário de indagações para todo o grupo. Quanto foi bom ... para mim ... para nós dois ... talvez para os demais! A participação foi geral e cada qual com sua reflexão. Reflexões maravilhosas. Padre Paulo no final nos abraçou e disse: Somos fracos e nos menores fracassos que enfrentamos colocamos toda a nossa vida em dúvida. Casamento, Família, Religião, Felicidade, Fé, Responsabilidade, enfim tudo. Não devemos ser assim. Devemos nos doar, mas no momento certo. Se não pode dar muito que se dê pouco, como a generosidade da viúva narrada por Marcos. Fazendo-se da família a primeira comunidade de base, certamente estaremos plantando sementes que fornecerão frutos bons, cujo valor pode se igualar ao da esmola oferecida pela pobre viúva, mas teremos absoluta convicção de que a nossa moeda não é falsa. Abraçar tudo sozinho? Não. Mas que todos façam o seu quinhão. Maria do Carmo e Arlindo Equipe 47 N.S. do Amparo Taguatinga- DF.
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VIDA CONJUGAL UMA ORAÇÃO DE AGRADECIMENTO Senhor, nos dias que antecederam esse acontecimento, procuramos em nossa Oração Conjugal levar diariamente aos teus pés, pelas mãos de Nossa Senhora das Famílias, as nossas preces de louvor e de ação de graças, por tudo quanto recebemos durante estes 39 anos de vida conjugal. Assim com espírito de profunda gratidão, queremos dizer: Muito obrigados, Senhor, Pelo dom da vida, que nos deste. Pela graça do batismo, que nos fez herdeiros do teu reino. Pelo sacramento do Matrimônio, pelo qual nos tornamos um só corpo e carne da mesma carne Pelos 7 filhos e 12 netos que nos deste, que são frutos preciosos que recolhemos no pomar do teu coração, todos até hoje fazendo parte do nosso convívio. E finalmente o nosso muito obrigado, obrigado mesmo, por termos sido chamados pelas Equipes de Nossa Senhora: - Foi verdadeira escola de vida cristã. Foi nesta escola que aprendemos a Te conhecer e a Te amar. Porque cada um traz dentro de si um anseio de amar e ser amado. A vida inteira é uma luta para conseguir este objetivo, mas ser coerente e honesto no dia a dia é realmente uma tarefa difícil. Por tudo isso, Senhor, nós te agradecemos do mais profundo do nosso ser, porque Tu dialogaste conosco nos momentos mais difíceis de dor e desânimo, e percebemos a Tua mão e a Tua presença. Senhor, caminha sempre conosco. Permanece a o nosso lado. Quando a força do mal e do comodismo quiser nos separar de Ti , Senhor, que a Tua palavra seja força para nós, tanto nos momentos de tristeza como de alegria. Até o final de nossa peregrinação terrena. MUITO OBRIGADO, SENHOR. Regina e Floriano Equipe 9- N.S. Fátima Criciúma/SC
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TESTEMUNHO
A PESSOA MAIS INTELIGENTE Tão bom, pode ser, mas melhor que aquele em que a Dulce e eu estivemos não terá havido entre todos os Eacres que as ENS realizaram este ano por esse Brasil afora. Foi o da Região Rio I, realizado nos dias 21 e 22 de março. Palestras e círculos, liturgia e refeições, horários e adereços, tudo nota dez. Claro, foi mais um empurrão em nosso ideal rumo à santidade pela vida conjugal e familiar a que o Senhor nos chamou. Um empurrão que, como casais responsáveis de equipe no movimento, queremos dar a outros casais, mesmo não equipistas, especialmente àqueles que comungam de nossa fé mas pararam em sua caminhada, tomados por alguma forma de letargia. Mas, bem sei, tudo passa e, daqui a pouco, sou capaz de nem lembrar mais uma palavra do muito que nos disseram o padre Paulo D'Eiboux ou o casal Beth e Rômolo sobre a ação pastoral de Igreja em nosso país e sobre o movimento das ENS e seus carismas. Quer dizer, uma citação de um autor teatral que nos fez o casal responsável da ECIR, essa, ao menos, eu vou guardar creio que para sempre. Foi quando Rômolo, falando da necessidade que cada cônjuge tem de crescer e evoluir no caminho da santidade e da própria vida matrimonial, disse que todos nós devíamos fazer como faz "a pessoa mais inteligente que existe no mundo: o alfaiate". Essa, a avaliação do humilde artesão que, segundo Rômolo, dele nos deixou Bernard Shaw, o dramaturgo irlandês que se celebrizou pelo estilo sarcástico de que está impregnada toda sua obra. Beth, como boa professora de Literatura, corroborou e Rômolo continuou tirando partido da citação para pintar a importância que existe no esforço que faz o marido para mudar algo de si e no esforço também que faz a mulher para se ajustar a essa mudança, e vice-versa. Daí, a necessidade que cada um- homem e mulher - tem de tirar as medidas a cada ano, cada mês, cada dia, para ver o que deve mudar em sua calça, seu paletó, sua camisa - digo - em sua busca de conforto, seu projeto de autopromoção, sua maneira de ser e se relacionar com os outros. E a mulher, se quer estar preparada para sair à rua com roupas que lhe fiquem bem , trate também de manter em dia suas medidas. Verifique no que progrediu ou regrediu na última estação, veja a quantas vão seus humores, suas determinações, seus sonhos e venturas. Para tirar as medidas certas na vida de um casal equipista, é que certamente os fundadores do movimento das ENS estabeleceram o dever30 - CM Setembro/92
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de-sentar. E agora, no Eacre, eu descobri que, ao cumprir esse dever, marido e mulher, se forem bastante sinceros e objetivos, serão o maiorl alfaiate um do outro. Ninguém melhor do que eles para medir o crescimento ou a escolha desta virtude ou daquela dificuldade, o sucesso ou o fracasso de um propósito bom ou de um postulado incorreto. E, como bons alfaiates, eles saberão também achar o tecido e o corte que mais condizem com o corpo, a vida, o jeito de cada um. Assim não falte a um e outro a tesoura, a linha, a agulha para talhar e confeccionar a vestimenta, de que cada qual mais precisa, além da boa fita métrica de quem não engana nem quer ser enganado. Creio que foi ainda o Rômolo que, ao falar de nosso alfaiate, falou da fidelidade que, também nesta conferição de medidas, se devem reciprocamente marido e mulher. Fiéis, sempre fiéis, quaisquer que sejam as medidas encontradas. Fiéis um ao outro quando parecer que nada mudou. Fiéis também quando constatarem que um não é mais hoje o que foi ontem. É natural e desejável que nem marido nem mulher estagnem. E é natural e desejável que, ao verificarem a diferença - oxalá que para melhor - os dois se alegrem. Se um cresceu mais na perfeição cristã, é natural e desejável, ainda, que o outro seja fiel a esse crescimento. Que não lhe crie obstáculos, mas acompanhe colaborando e tudo fazendo para ajustar suas medidas às do parceiro. E se, ao invés de crescer, ele ou ela diminuiu? Aí também seja fiel, aceitando o emagrecimento do outro, mas redobrando de cuidados para que ele recupere a saúde. É preciso que marido e mulher sejam fiéis às mudanças que um e outro devem experimentar ao longo dos anos. Também isso faz parte, certamente, das técnicas e receitas de como ser feliz no casamento. Basta que os dois sigam o exemplo do alfaiate. Essa é a a outra face da fidelidade conjugal, que só agora descobri, graças ao gênio de Bernard Shaw e à palestra do Rômolo. Obrigado. Manuel (da Dulce) Equipe 9- A Rio de Janeiro
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TESTEMUNHO
EVANGELIZANDO DUPLAMENTE Certa vez tivemos a felicidade de conhecer de perto o Pe. Eugênio e dele ouvir um testemunho interessante. Norte-americano de nascimento, escutara de um seu conselheiro no seminário que poderia ter a possibilidade de se tornar "duplamente evangelizador" , se aprendesse outra língua, além da inglesa, e desta forma ter condição de evangelizar pessoas de outros idiomas, de outras paragens. Assim, aprendeu o castelhano e iniciou trabalho com comunidades de língua espanhola nos Estados Unidos. Um dia teve a brilhante idéia, por certo iluminado pelo Espírito Santo, de aprender a linguagem de sinais utilizada pelos surdos-mudos. Conseguiu dominá-la e desenvolvê-la com o entusiasmo dos que se apaixonam por uma causa e passou a realizar um trabalho imensurável junto a estes deficientes. No cumprimento de suas ações pastorais vem com frequência ao Brasil, tendo aprendido o português. A sua vibração é contagiante. A maioria dos surdos-mudos não sabe ler ou escrever, dadas as dificuldades que enfrentam para o aprendizado; por isso mesmo não têm acesso à Palavra de Deus se não houver alguém que se dedique em transmití-la de maneira especial. Este tem sido o trabalho do Pe. Eugênio em diversos paises, onde é sempre recebido e tem a presença festejada como um pai. Exagerando no cumprimento do conselho recebido , tornou-se "multi-evangelizador", posto que a linguagem dos sinais é quase universal, não variando muito com o idioma.
A este testemunho acrescentamos um outro: Uma história viva que presenciamos, quase desde o começo, e que nos é muito cara. Stela e Alencar são um casal da nossa Equipe há 17 anos, desde o começo. Receberam de Deus a espinhosa missão de trazer ao mundo e fazer crescer um filho surdo-mudo. Quando descobriram a situação, tiveram um choque, o abalo natural dos que se defrontam com uma realidade inesperada, destas que a gente não pensa que vai chegar tão perto de nós. Passado o susto inicial do problema, partiram para a solução. Nesta época Manaus não dispunha sequer do mais elementar dos recursos para o acompanhamento de deficientes auditivos (os mudos assim se tornam por não ouvirem). Alencar ficou em Manaus por motivos profissionais e Stela mudou-se para Belém , por 4 anos, com o filho , para receber este aten32 - CM Setembro/92
dimento. Durante sua estada naquela cidade ela, que é professora, aprendeu o trabalho, e, voltando a Manaus, trouxe a semente da escola especial para deficientes auditivos criada e desenvolvida em diversos lugares do mundo pelas irmãs Salesianas do Sagrado Coração. No início foram só dificuldades tremendas e terríveis decepções, mas não lhes faltou a força para a construção. Atualmente é uma escola enorme, moderníssima e que beira a perfeição. Ali 150 deficientes aprendem a superar ao máximo o seu problema com modernas técnicas e orientações e com um amor que de tão grande, se torna visível e palpável. Desnecessário dizer que é uma instituição sem fins lucrativos. Silvio, o filho, tem agora 22 anos. Aprendeu a leitura labial, o que amplia de muito os horizontes do deficiente auditivo, e, graças ao treinamento recebido, pôde concluir o segundo grau em escolaridade convencional já se preparando para o Vestibular. Colabora na escola ao lado de sua mãe, dedicando-se ao setor de computação, escreve artigos na imprensa local sobre temas relacionados com a surdez e desenvolve um trabalho junto à comunidade dos surdos-mudos, de cuja Sociedade é o Presidente. Aos sábados à tarde, em uma ala lateral da grande igreja de N. S. Aparecida, reúnem-se todos para Missa. Silvio posta-se à frente e transforma em linguagem de sinais todas as leituras a cânticos, posto que, como dissemos, pouquíssimos sabem ler. Como a comunicação por sinais exige frases e pensamentos muito curtos, com antecedência Silvio prepara o que vai apresentar, contando com a ajuda dos pais, resumindo os textos do boletim dominical. Como há diversos casais de deficientes auditivos, pois se casam entre si, ultimamente Silvio tem pedido às ENS um trabalho com eles e está sendo amadurecida a idéia de se partir para uma Experiência Comunitária. É um desafio. E há tantos que ouvem , falam e nada fazem. Júlio Equipe 2 Manaus/AM
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TESTEMUNHO
COMO.PAGAREI AO SENHOR? Não posso me omitir de partilhar o imenso amor de Deus para comigo. Em julho de 1991 procurei uma endocrinologista somente para fazer dieta pretendendo perder alguns quilos. Para surpresa minha, a médica localizou um nódulo cirúrgico na tireóide. Deixei a cirurgia para agosto uma vez que em julho havíamos programado uma viagem de férias com as crianças. Enquanto aguardava a cirurgia orávamos a Deus (Henrique e eu em nossas orações conjugais e com as crianças no terço em família) pedindo que, se fosse vontade Dele, eu ficasse curada evitando assim a cirurgia. Pedíamos no nosso grupo de oração (fazemos parte da "Comunidade Face de Cristo"- Com. Católica Carismática para Casais) e também no ministério da cura mas o Senhor revelava que era prudente que me submetesse à cirurgia. Bem, nem sempre o que parece melhor para nós é melhor para Deus. Então confiei e entreguei-me em Suas mãos e no dia 26 de agosto estava marcada minha cirurgia. Costumo levantar cedinho, antes das crianças acordarem para o colégio, para fazer minha oração pessoal. No dia da cirurgia após louvar, bendizer ao Senhor e entregar o meu dia, meu casamento e meus filhos como costumo fazer, pedi uma palavra nas Escrituras acerca da minha cirurgia, logo mais às 7 horas daquela manhã. Através de Jeremias 33,2 foi me revelado, "Invoca-me e eu te responderei , revelando-te grandes coisas misteriosas que ignoras." "Eis que lhes trarei remédio e cura, os curarei e lhes revelarei as riquezas da paz e da fidelidade." (Jr 35,6) Com esta certeza que seria curada fui para a sala de cirurgia orando: "Coração Divino de Jesus providenciai a minha cura" e consagrando toda a equipe médica, a sala de cirurgia e os instrumentos à Maria que é nossa mãe e intercessora. Fazia parte da equipe um patologista que faria a biópsia durante o ato cirúrgico e foi diagnosticado como benigno um nódulo de 5 em, porém dentro dele outro nódulo cujo resultado não foi possível detectar no congelamento e somente após o exame de parafina o resultado sairia. Permaneci 3 dias no hospital o que foi uma bênção para mim. Como não deveria falar, me deleitei a ler a Bíblia e cada vez mais senti a presença 34- CM Setembro/92
viva de Jesus na sua palavra; "E o verbo se fez carne e habitou entre nós". No dia 28 voltei para casa e recebi um telefonema de um cunhado médico que assistiu a cirurgia, comunicando que a biópsia diagnosticou um "carcinoma medular de tireóide" ainda encapsulado e que tinha sido um "achado" porque raramente se descobre um câncer desta maneira. Pediu para não me preocupar porque iríamos iniciar uma pesquisa laboratorial e como estava no início havia possibilidade de cura total. Digo com toda sinceridade, o resultado não me abalou, o Senhor já havia me revelado que eu ficaria curada e passei a recitar "Eu bem sei que o meu futuro está nas mãos do meu Senhor que vivo está". Quando Henrique, meu esposo recebeu o resultado passou a dar glórias a Deus e a testemunhar Seu imenso amor para comigo. Já se passaram 8 meses, fiz vários exames cujos resultados foram ótimos. Sei que o Senhor permitiu que eu tivesse um câncer ainda no início livrando-me de males piores no futuro porque tem um plano para mim. Minha missão de testemunha-Lo e proclamar Sua palavra foi confirmada através de Deuteronômio: "Os vossos olhos viram o que o Senhor fez. Vós que estais unidos ao Senhor vosso Deus estais hoje vivos. Cuida de nunca esquecer o que viste com teus olhos e toma cuidado para que isto não saia jamais do teu coração! Enquanto viveres ensina a teus filhos e aos filhos dos teus filhos." Sei que não esquecerei jamais o que Ele me fez, Ele que sempre me acumulou de bênçãos e graças merece todo o meu louvor.
"Como pagarei ao Senhor todo o bem que me fez? Elevarei o cálice da salvação e invocarei o nome do Senhor. Cumprirei os meus votos diante do Senhor. Ah! Senhor eu sou o teu servo! Oferecer-te-ai um sacrifício de ação de graças invocando o nome do Senhor' (Salmo 116) Senhor que este testemunho seja divulgado para honra e glória do teu nome. Amém. Mariana Equipe 10 Fortaleza/CE
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ATUALIDADE
FEMINISMO E FEMINILIDADE Não se trata de "lugar comum". Tão pouco pretendemos estimular uma discussão que, no mais das vezes, nos parece estéril, ôca e vazia, tão desprovida que é de fatos consistentes. O que representa, realmente, a família ou, melhor ainda, a família cristã, na sociedade? Qual o verdadeiro papel da mulher e do homem? Quais as prioridades? Como a consciência de seu valor molda o caráter de nossos filhos? Como transcende o seu pequeno universo e vai calcar o comportamento de todo povo? Onde estão as raízes dos sentimentos de amor fraterno, amor conjugal, da renúncia, da dedicação, do dever cumprido, do Amor a Deus? E o exemplo da Sagrada Família, Jesus, Maria José? "E desceu com eles, e foi a Nazaré, e era-lhes submisso. E sua mãe conservava todas essas coisas no coração". (Lc 2,51) Cremos que todos os seres humanos bem formados, os homens de boa vontade, trazem como marca indelével de sua formação familiar, sem embargo das fortíssimas pressões externas, a consciência de que a família constitui a célula mater da sociedade, 36- CM Setembro/92
sem a qual esta não pode subsistir. Assim, o trabalho profissional, os proventos, são todos um instrumento. Nós todos - homens e mulheres - trabalhamos lá fora para que possamos ter, aqui dentro, um ambiente sadio, acolhedor, humano. Por muito que apreciemos nossas tarefas profissionais, a primazia cabe ao lar. Se contribuem para isso, muito bem, se não, têm de ser reformuladas. Acorrem-nos, pois, à lembrança, alguns equívocos: Há campanhas, auto denominadas de feministas, pretendendo que, hoje em dia, a mulher casada deve ter o direito de opção entre uma carreira profissional e a dedicação ao lar. É claro, não podemos argüir a respeito de reivindicações justíssimas como a escolha de uma profissão. Com o que não podemos concordar é que sejam feitas às custas do lar. Não se trata de uma escolha a que também a mulher tem o direito, mas a um dever de prioridade que ambos, homem e mulher, têm para com um objetivo maior. Se nosso trabalho lá fora é gratificante, como atividade criativa, como realização profissional, ótimo, mas é um complemento. Além disso, sem querer questionar a respeito do direito, legítimo,
que todos nós temos de escolher o nosso caminho - graças a Deus não vivemos em regime marxistalembramos que as pessoas possuem certas características de personalidade a serem respeitadas, como um estímulo que as predispõe a certas atividades , evidenciadas por suas vocações. Quem tem espírito analítico, preocupado com as relações causaefeito, com as leis que regem os fenômenos e com a sua aplicação, com os números que as expressam, talvez venha a ser um engenheiro; quem gosta de artes, será, quem sabe, um pintor, um arquiteto; quem se sensibiliza pelos problemas humanos, um advogado, um sociólogo; quem se mostra atingido pelas sequelas de nossos semelhantes e, ao mesmo tempo fascinado pelas questões biológicas, certamente será um médico. Pois bem , há, ademais, que respeitar certas características sexuais que condicionam o exercício de certas funções. O homem, tendo maior capacidade muscular, poderá melhor cumprir trabalhos braçais que exijam força bruta; a
mulher, geralmente, exerce melhor funções repetitivas, como trabalhos de embalagem em fábricas. A ocupação dessas profissões por homens e mulheres, respectivamente, é natural. Obviamente, cada um tem o direito de escolha, mas esta, normalmente, está condicionada por estas características intrínsecas do ser humano. Assim , é normal, faz parte da própria natureza, que as mulheres, após a gravidez e o parto, quando são insubstituíveis, se dediquem mais à criação dos filhos, na sua primeira infância. Notem bem , dizemos mais e não apenas. Querer trocar isso com homens é subverter completamente as coisas. A mulher deve ser não só feminista, naquilo que possui de direitos inalienáveis, mas também femi nina, e nunca igual ao homem , pois se assim fosse a humanidade há muito teria deixado de existir. Lila e Ruy Eq. 98, N. S. da Unidade São Paulo/SP
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ELE/ÇÕES/92
EQUIPISTAS CANDIDATOS Conforme compromisso com nossos leitores, divulgamos os nomes dos equipistas candidatos às próximas eleições que se realizarão em 03 de Outubro próximo, por todo Brasil, e cujos dados chegaram às nossas mãos em tempo hábil para publicação nesta C.M. de Setembro/92 . Estamos certos de que, se eleitos, saberão contribuir para a evangelização da realidade política do nosso País, tão carente de valores éticos e cristãos. ARAÇATUBAISP - Cargo: Vereador . MILTON FREIRE - N° 11 .666 - P.D.S. Equipe 02/B- N.S. Auxiliadora ASSIS/SP - Cargo: Vereador . WALDIR CAMPOS DA CRUZ - N° 17.605 - P.D.C. Equipe 04 BARBACENA!MG - Cargo: Vereador . ADILSON DOS REIS NAVARRO - N° 28 .633- P.T. R. Equipe 02 - N. S. da Piedade BAURÚ/SP - Cargo: Vereador . ACYR (do Flávio) SANTINHO MOTTA- N° 15.606- P.M.D.B. Equipe 13 . EDIMUNDO ALBUQUERQUE SANTOS- N° 45 .622- P.S.D.B. EquiRe 07 - N. S. da Glória . JOSÉ QUEDA- N° 11 .666- P.D.S./P.D.T. Equipe 01 - N. S. do Perpétuo Socorro CASA BRANCA/SP -Cargo : Vereador . ANTONIO PÁDUA DE SOUZA (LI LINHO) - N° 11 .688 - P.D.S. Equipe 03 - N. S. do Rosário . SUELI ZAMPAR DA SILVA - N° 12.666- P.D.T. Equipe 01 - N. S. das Dores CATANDUVAISP - Cargo: Vereador . LUZIA APARECIDA DONATO CORREA- N° 25.610- P.F.L. Equipe 02 - N. S. das Vitórias . MARIA APARECIDA DESTITO PELIZZON- N° 25.636- P.F.L. Equipe 04 - N. S. da Paz . SINVAL SINTER BRAVIN BANHOS- N° 15.69 1 - P.M.D.B. Equipe 06 - N. S. do Sim . WALTER SCHETINI - N° 22 .680 - P.L. Equipe 08 - N. S. das Graças
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CONTAGEM/MG - Cargo: Vereador . FRANCISCO BRANT DE JESUS- N2 15.674 - P.M.D.B. Equipe 02 - N. S. do Sagrado Coração DOIS CÓRREGOS/SP - Cargo: Vereador . WITIER FRANCISCO SOFFNER- N° 15.601 - P.M.D.B. Equipe 08 - N. S. da Rosa Mística FORTALEZA/C E - Cargo: Vereador . HERBENIO CASCIANO DE SOUZA- N° 13.602- P.T. Equipe 07 - N. S. Do Santíssimo Sacramento . RAIMUNDO UNHARES- N° 15.629- P.M.D.B. Equipe 03 - N. S. do Perpétuo Socorro GRANDES RIOS/PR - Cargo: Prefeito . ADEMIR SARTORI ADÃO- P.S.T./P.M.D.B. Equipe 01 - N. S. Aparecida - Cargo: Vereador . MAURÍLIO ANTONIO DE OLIVEIRA- N° 52 .670- P.S.T. Equipe 02 - N. S. de Fátima ITÚ/SP -Cargo : Vereador . GILBERTO DA LUZ - N° 15.671 - P.M.D.B. Equipe 12 - N.S. da Vitória JUIZ DE FORA!MG -Cargo : Vereador . ABEL NOGUEIRA FERREIRA- N° 45.601 - P.S.D.B. Equipe 17- N. S. das Dores . ADILSON NEVES - N2 40.607- P.S.B. Equipe 22 - N. S. da Guia LIMEIRAISP - Cargo: Vereador . DILAOR VINHAL- N° 17.607 - P.D.C. Equipe 03 - N. S. do Rosário MARAPANIM/PA -Cargo: Vereador . PAULO ROBERTO MARABET- P.M.D.B. Equipe 19/B - N. S. Escudo da Fé (de Belém) NITEROI!RJ -Cargo : Vereador . NELSON DOS SANTOS- N° 12.668- P.D.T. Equipe 02 - N. S. das Graças (São Gonçalo) PINDAMONHANGABAISP - Cargo: Vereador . ANTONIO SERRANO (Serrano da Clarice)- N° 15.621 - P.M.D.B. Equipe 04 - N. S. do Rosário . HAROLDO FERRAZ- N° 45.625- P.S.D.B. Equipe 03 - N. S. da Rosa Mística
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PITANGUEIRAS/PA - Cargo: Vereador . ANTONIO RESQUETI - N9 14.677- P.M.D.B. Equipe 01 • N. S. do Perpétuo Socorro . DORACI TEIXEIRA DA SILVA· N9 25.612 - P.F.L. Equipe 01 • N. S. do Perpétuo Socorro RIBEIRÃO PRETO/SP - Cargo: Prefeito . LUIZ ROBERTO JÁBALI - P.D.C./P.L./P.D.T. Equipe 02 - N. S. do Lar RIO DE JANEIRO!RJ -Cargo : Vereador . AZILDO ZANON- N9 40.610- P.S.B. Equipe 10/A SANTO ANTONIO DA PATRULHA/AS ·Cargo: Vereador . JOSÉ CARLOS DOS SANTOS OLIVEIRA(CACAU)- N9 25.611 • P.F.L. CR Setor TRAMANDAÍ!RS • Cargo: Vereador . FELIPE ANTONIO KRÁS BORGES (SINO)- P.M.D.B. Equipe N. S. do Rosário . LUIZ MOTTI - N° 15.666- P.M.D.B. Equipe 01 • N. S. dos Navegantes VALENÇAIRJ • Cargo: Vereador . EDSON DE MATTOS- N° 17.601 • P.D.C. Equipe 04 • N. S. de Fátima VARGINHA/MG - Cargo: Prefeito . ROGÉRIO RAMOS DO PRADO- N9 13- P.T. Equipe 04 • N. S. do Bom Conselho -Cargo : Vereador . LUCIA DE SOUZA RIBEIRO PRADO- N2 13.615- P.T. Equipe 04 • N. S. do Bom Conselho
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INTERCÂMBIO
50 ANOS DE AMOR Escrevem Astrid e José Ribeiro da Equipe 19 de Juiz de Fora para comentar a Missa de Comemoração das Bodas de Ouro do Casal Maria Esméria e Lo mar, fundador da Equipe nº 1, Nossa Senhora do Sagrado Coração - Juiz de Fora/MG . A Missa do fim da tarde de 1o de abril, uma sexta feira, foi realizada com a catedral repleta de amigos do casal. O celebrante foi o velho vigário e co-celebrante um antigo C.E. da sua E.N.S. Todos os familiares (filhos e netos) estavam presentes e participando da liturgia. A oração final do casal: "Obrigado, Senhor, por estes 50 anos de amor e fidelidade. Que jamais nos esqueçamos de proclamar vossas maravilhas, vossa bondade e vossa misericórdia infinita" comoveu a todos.
HOMENAGEM A MARIA Recebemos carta de Beatriz Louzada, de Valença/R.J. , que participou da Equipe Nossa Senhora da Paz e que ainda procura ler as C.M . que lhe são emprestadas por um casal equipista .. . Ela nos conta como se emocionou ao presenciar uma homenagem a Nossa Senhora, com crianças (meninos e meninas) vestidos de anjos! Os pais destas crianças, geralmente jovens, também participam, muitas vezes com os filhos menores no colo. "Imagine como Nossa Senhora devia estar feliz e como o mundo seria melhor se todos tivessem esta devoção a Maria".
PARABÉNS, PE. MÁRIO! A equipe 3B SP. Sul I, Nossa Senhora da Divina Providência está em festa com a comemoração dos 50 anos do sacerdócio do seu Conselheiro Espiritual, padre Mário Tareni. O Padre Mário é nascido em Roma. Muito jovem ainda, foi chamado pelo Senhor ao sacerdócio. Começou os seus estudos na Itália, completou-os na Suíça. Ordenou-se na Itália usando uma permissão de 48 horas para viajar (era a Guerra), isto em 14 de maio de 1942. Veio para o Brasil em 1965, inicialmente no Rio Grande do Sul (Santa Maria) , primeiro como diretor da Cidade dos Meninos, e como pároco, posteriormente. Foi provincial de 77 a 83. Em 84 foi para Santa Terezinha de ltaipu, Paraná Em 87 veio para São Paulo (paróquia de Santa Cruz) e acompanha a Equipe 3B desde 89 ... Parabéns ao Padre Mário, nossas orações e amizade.
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RETIRO Cibelle e Sival da Equipe 06 de Catanduva escrevem-nos, encantados com o retiro dos dias 27, 28 e 29 de março, coordenado pelo Padre Mário José Filho, que utilizou técnicas de expressão corporal. "No princípio estávamos reticentes, mas resolvemos 'nos entregar' às orientações do Padre Mário e, ao final, estávamos boquiabertos com o nosso rendimento". O Tema do retiro foi "Recuperando a delicadeza da conquista".
CONFIAR EM MARIA Doraci Teixeira da Silva (tia Dora) da Equipe 01 - Pitangueiras/PR, pede para publicar seu agradecimento a Maria pela ajuda recebida em um grave problema de saúde que durou dois anos sem que os médicos conseguissem uma cura. "Vale a pena confiar em Maria".
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NOTÍCIAS INTERNACIONAIS
Um convite de Roma para as ENS Atendendo a um convite do Pontifício Conselho para os Leigos e de seu presidente, o Cardeal Pironio, reuniram-se em Rocca di Papa (Roma), de 1O a 14 de maio, os responsáveis de umas 90 associações e movimentos internacionais leigos. Benolt e Marie-Odile Touzard, da ERI, tiveram a alegria de representar as Equipes de Nossa Senhora. Partindo do tema central de reflexão: "Foi-nos dada a graça de anunciar às nações a insondável riqueza de Cristo" (Ef.3,8), houve muito testemunhos, alguns muito marcantes, mostrando a grande diversidade das respostas a este apelo, por todo o mundo ... Clima de fraternidade e de abertura, celebrações na alegria e nas dimensões da Igreja universal, contatos pessoais riquíssimos com homens e mulheres de origens e idades muito variadas ... Um forte estímulo para nós, equipistas, para conscientizarmo-nos ainda mais de nossa "missão" específica: "Anunciar sempre e em todo lugar a boa nova do Amor vivido no sacramento do matrimônio" .
Uma sessão no Líbano A sessão organizada no Líbano, em maio, era importante porque era a primeira depois de 16 anos de guerra. Para animar a sessão, os novos responsáveis, Raymond e Jeanne Chemali, convidaram o Pe. Olivier, Conselheiro Espiritual da ERI, Giuseppe e Angiolamaria Gonano, responsáveis de Região na Itália e casal de ligação para o Líbano e a Síria, assim como Edmond e Janot Tocchio, seus antecessores nessa ligação. A sessão reuniu uns vinte casais e seis conselheiros espirituais. Houve uma visita ao Metropolita grego católico e ao Patriarca maronita.
Equipes na América espanhola -Argentina O número de equipes vem crescendo de forma constante: 28 atualmente. Em junho de 92, lgar e Cidinha Fehr, o casal brasileiro da ERI que faz a ligação com a Argentina, Pedro e Ethel Chicharro e o Pe. lceta, que são da Região Centro da Espanha, participaram de uma sessão de formação para animadores das sessões do Movimento. A Argentina acaba de se constituir em Região, dentro do Coordenação América Espanhola. -Chile Uma primeira equipe foi lançada em Santiago do Chile. CM Setembro/92- 43
-Colômbia As 60 equipes do país encerraram o ano de 91 com um encontro e a celebração de Eucaristia no dia 8 de dezembro. E o ano novo iniciou-se pelo EACRE. - República Dominicana Existem 3 equipes. Cinco casais que delas participam e o Pe. Lucas Cruz conduziram uma reunião de informação, da qual participaram 24 casais: 60% não sabem ler nem escrever. A pergunta que se faz: como anunciarlhes a mensagem de Cristo através dos métodos do Movimento? -Guatemala A equipe de Coordenação da América Espanhola recebeu com alegria notícias dos sete casais que compõem a única equipe do país, que é acompanhada pelo Pe. Gustavo Mendoza. -México O crescimento das equipes do país, em número e maturidade, permite-lhes agora constituir um setor, composto por 9 equipes, ou seja, 54 casais e oito conselheiros espirituais. Todas adotaram, para este ano, o Projeto Evangelizar a Sexualidade.
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NOTÍCIAS E INFORMAÇÕES -EVENTOS . As Noites de Oração com palestras, organizadas pelas equipes do Setor C da Região Rio 111 vem acontecendo num crescente aprofundamento e participação. . Em 04.06.92, em São José dos Cam~. cerca de 200 equipistas daquela cidade e de~. Caçaoava, ~. Guaratinguetá e Pindamonhangaba, ouviram uma palestra de O. Nancy Moncau sobre a "Vivência dos Pontos Concretos de Esforço à luz das Três Atitudes •. . Natal na Terra Santa organizado pela Genesis Turismo. Informação pelo telefone (011) 257-9511. -INTER-REGIONAL Nos dias 13/14 de junho, realizou-se o Encontro Inter-Regional, em Petróoo.I.!!L!Y, com a presença dos Casais Responsáveis dos 5 Setores da Região Ri2:L dos 6 da Região Rio-11, dos Ls1J. Região Rjo-111 e dos 5 setores e 1 Coordenação da Região de Minas Gerais, com os respectivos Casais Regionais e do Casal Ligação da ECIR. Os temas abordados nas palestras foram: "Comunicação", "Reunião de Equipe, como celebração", "Pastoral familiar• e um Painel sobre o Projeto Evangelização da Sexualidade, Experiência Comunitária e Contribuição. O tema da Liturgia foi "DEIXA-TE MODELAR", baseado em Jeremias (18,6): "Porventura não poderia eu fazer de vós, casa de Israel, como este oleiro? Vede que, como o barro está nas mãos do oleiro, assim vós estais na minha mão" . ENCONTRO REGIONAL DO NORDESTE O Encontro realizado em 30/31 de maio/92, em Recjfe!PE, deixou um saldo positivo para todos os presentes. Compareceram Zélia e Justino (RR-NE), além do CE do Setor, Frei Geraldo A. Lima, Telma/Webster (CL das Eqs. de Salvador), Udia/Dehon (CL das Eqs. de João Pes-
soa), Chagas (CL das Eqs. de Natal), Antonia Zélia/Moacir (CL das Eqs. de Parelhas), Vanda/Bosco (RS de Fortaleza) e Eunice/Murilo (RS de Recife) e como apoio Mercês/Ismael e Graziela/Eiias. O tema tratado foi aquele que nos norteia desde o Encontro Nacional91, "Filho vai trabalhar na minha vinha". - EFEMÉRIDES A Equipe 01 N.S. Auxiliadora, de Valinhos/SP comemorou, em julho passado, os seus 30 anos de fundação, o que significa três décadas de lançamento do Movimento naquela cidade. Vinculada, inicialmente, ao Setor de Campinas, hoje a equipe integra o Setor Vi-Va (VinhedoValimhos). Da equipe original, que teve como seu primeiro CE o Pe. Benedito Ressoto e como C.P. Zuza e Cristiano e Inês e Pedro (todos de São Paulo), permaneceram até hoje dois casais e os outros quatro casais têm de 20 a 26 anos de Movimento. Todos os seus componentes já foram CRE de três a quatro vezes e continuaram a colaborar ativamente com o Setor e dois de seus casais integram hoje a Equipe de Setor. Já funcionaram como casais de ligação, casais pilotos, fundaram outras equipes e já pertenceram ao Conselho Paroquial. Há mais de 20 anos participam de cursos de noivos, cursos de batismo. Já prepararam dias de estudo e de formação e retiros das ENS. Ao ensejo da efeméride, um de seus membros, José Fabri, fez os seus primeiros votos como membro da "Ordem Secular da Virgem Maria de Monte Carmelo". Os componentes da equipe, que continuam firmes na evangelização e dando um exemplo vivo de fidelidade aos principios do Movimento agradecem a todos que os ajudaram nesta caminhada, especialmente a O. Martlnho e Pe. Leopoldo, já falecidos. "Que Maria olhe por nós e peça ao Bom Deus pela nossa vida e saúde. Feliz 1962 a 1992!"
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-VOLTA AO PAI . Honório Juliano (da Sinhá), da equipe 49 do setor "E" de Brasílja/DF, em 05/05/92. Grande trabalhador e entusiasta de sua Paróquia e das ENS, deixou a seguinte mensagem: "Pertencer a este Movimento é privilégio de poucos •. . O Pe. Moisés, SJ, CEdas equipes 04, 10, 16 de Fortaleza/CE e ex-CE da equipe 05 de Recife!PE, em 16/06/92. Demonstrou-se sempre, um Conselheiro Espiritual altamente consciente de sua missão. Agora na presença do Pai, há de Interceder por nós e fazer nascer em outros sacerdotes a "Vocação equiplsta '. . lsalas de Jesus (da Cecília), da equipe 2 N.S. Mãe dos Emigrantes do Setor ABCD ~.aos 50 anos de idade, em 11 /07/92. - MUDANÇAS NOS QUADROS . Região Rio de Janeiro I Vera Lúcia e Paulo Roberto Portugal passam a CRS do Setor B . . Região Rio de Janeiro 11 -No lugar de Marilena e Mauro assumiram como CRR Mirian e Fernando Galvão (de Valença/RJ) e no Setor de Valença assumiram como CRS Zélia e Américo de Almeida. - O Setor B de Petróoolls!RJ foi desmembrado criando-se o Setor C cujo primeiro CRS são Ana Maria e Roberto Pereira. No Setor B Vera Regina e Luciano Hamnus substituem a Heloisa e Ivan ir. - Piabetá!RJ passou a Setor. . Catandyya/SP - Natalina e José Lousada assumiram a função de CRS em dezembro/91 . . Taguatinga/DF - Criada a coordenação em dezembro/91 com equipes daquela cidade que pertenciam ao Setor B de Brasília. Seu primeiro CR são Maria do Carmo e Arlindo. . Região Paraná- Norte -Foi criada reunindo equipes de Londrina e de outras cidades do Norte do Paraná. Seu primeiro CRR são Zélia e Organtino Rlllo, os quais por sua vez foram substituídos como CR do Setor B de Londrina por Olinda e Miguel. • Região Rio Grande do Sul - O Setor Caxias do Sul passa a denoml-
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na r-se Setor Serra. -O Setor Leste foi desmembrado em Setor Leste (com 08 equipes de Santo Antonio da Patrulha e Osório) e Setor Litoral (com 06 equipes de Tramandaí, lmbé, Terra de Areia e Capão da Canoa). Seu primeiro CRS são Evani e Marco Antonio Schoeller e seu CE é o Pe. Ademir. .gffi - Passam a Integrar a ECIR (Equipe de Coordenação Inter-Regional) os casais Maria Cecília e Gaspar e Silvia e Chico. -EXPANSÃO Informam Zélia e Justino (CR Nordeste) em seu artigo 'Em se plantando dá • publicado no ' Nosso Mensageiro" de julho/92, o lançamento recente de mais onze equipes, sendo três em SalvadorlBA, duas em Recife/PE, duas em João pessoa/PB, três em Fortaleza/CE e uma em Barra da Corda/MA. Assim, atualmente, a Região Nordeste conta com 48 equipes, além de sete grupos de Experiência Comunitária. -JOVENS - Lançada em 30.05.92 a quinta EJNS em Reclfe!PE agrupando jovens entre 15 e 18 anos e pilotada por Rogério (Eq. 01 ). -NOVAS EQUIPES • Castanhai/PA - Eq. 02-A/N.S. da Rosa Mística CE: Pe. Mario Navarro CP: Socorro e Carlinhos • Rio de Janeiro/RJ (Região Rio 111) - Eq. 99-C/N.S. da Penha CE: Pe. Claudio CP: Márcia e Paulo . São José do Rio Preto/SP - Eq. 19 - N.S. Mãe Rosa Mística CE: Pe. Cesarino Pletra CP: Célia Maria e José Carlos (Eq. 06) - Eq. 20- N.S. Mãe do Rosário CE: Pe. Geomar Alves dos Santos CP: Angela Maria e Wlademlr (Eq. 08) - Eq. 21 - N.S. Mãe das Famílias CE: Pe. Geomar Alves dos Santos CP: Maria Aparecida e Osvaldo (Eq. 10)
- Eq. 22 - N.S. Mãe das Mães CE: Pe. Jarbas Brandini Dutra (CE do Setor) CP: Fernanda e Silvio (Eq. 03) . Pouso Alegre!MG - Eq. 08 - N.S. de Lurdes CE: Pe. Luiz Cesar Moraes CP: Lys e José Alberto - Eq. 09 - N.S. da Obediência CE: D. João Bergese CP: Sonia e Luiz Carlos . Salvador/BA - Eq. 03- N. S. de Fátima CE: Mons. Edmllson Macedo CP: Ana Lulza e Edllson - Eq. 04 - N.S. das Graças CE: D. José Antonio Lozi CP: Márcia e José Walter - Eq. 05- N.S. Rainha da Paz CE: Pe. Lukass Kocik CP: Teima e Webster . José Bonifáclo/SP - Eq. 01 - N.S. Rosa Mística CE: Pe. Mauro Glotl Pereira CP: Dorotí e Armando Luiz - Eq. 02- N.S. da Paciência CE: Pe. Mauro Gloti Pereira CP: Herotides e Mário - Eq. 04 - N.S. das Graças CE: Pe. Mauro Giotl Pereira CP: Aldacira e Antonio Roberto . Porto Feliz!SP A equipe 19, Setor de Sorocaba, foi lançada em Porto Feliz, como Experiência C~
munitárla, em 24.04.89. Sua fundação deve-se multo ao esforço do Pe. Francisco de Assis Moraes, que foi seu primeiro CE. A pilotagem foi exercida Inicialmente por Décio e Lurdes e posteriormente por Nélio e Janete, ambos os casais de Sorocaba. Seu primeiro CR foi Nivaldo e Augusta e neste ano de 92, Augusto e Joseana. Atualmente a equipe é composta por sete casais e seu CE é o Pe. Jorge Luiz Machado. Os equlplstas de Porto Feliz agradecem muito ao Setor de Sorocaba pelo carinho e constante ajuda que vêm recebendo . • Taubaté/SP - Eq. 12- N.S. de Lurdes CE: Seminarista Edwaldo CP: Marllene e Osvan -EXPERIÊNCIA COMUNITÁRIA Está a 'todo vapor' em Mogi das Crugeral de Gislene e Afonso (Eq. 10). Cinco grupos estão em andamento, sendo três em Mogl das Cruzes, um em Arujá e outro em Salesópolis, totalizado 31 casais. Os grupos são animados pelos casais equipistas: Maura e Faruk (eq. 07); Emília e Emilio (Eq.04); Rosa e Ademar (Eq. 07); Maria José e Moisés (Eq. 11 ); Neusa e José (Eq. 02) .
~ sob a coordenação
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ORAÇÃO PRESENÇA Meu Deus, meu Senhor, meu tudo. Presença viva junto de mim. Presença sem formas e sem linhas. Força que ocupa espaço, sem ser vista pelos meus olhos. Presença que tranquifiza, suaviza e dá sentido. Presença carinhosa, companheira, que traz alegria. Senhor Jesus, mesmo que meus olhos não possam ver-te, sei de sua presença, te conheço e te sinto.
É o meu ser, meu eu, vazio, sem pretensões que se identifica contigo e se prolonga completando-se. E nesse ir e vir permaneço quieta, permitindo que este encontro me traga paz e tranqüilidade. Obrigada, Jesus, pela tua visita.
Déa (do Murilo) Equipe 3 Brasília/DF
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MEDITANDO EM EQUIPE (Sugestão para o mês de setembro) Texto de meditação (CI1 , 15-20) Ele é a imagem do Deus invisível, o Primogênito de toda criatura, porque nele foram criadas todas as coisas, nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis: Tronos Soberanias, Principados, Autoridades, tudo foi criado por ele e para ele. Ele é antes de tudo e tudo nele subsiste. Ele é a cabeça da Igreja, que é seu Corpo. Ele é o Princípio, o Primogênito dos mortos, (tendo em tudo a primazia), pois nele aprouve a Deus fazer habitar toda a Plenitude e reconciliar por ele e para ele todos os seres, os da terra e os dos céus, realizando a paz pelo sangue da sua cruz. Oração Litúrgica De pé a Mãe dolorosa, junto da cruz, lacrimosa, via Jesus que pendia.
Pobre mãe, tão desolada, ao vê-la assim transpassada, quem de dor não choraria?
No coração transpassado sentia o gládio enterrado de uma cruel profecia.
Quem na terra há que resista se a mãe assim se contrista ante uma tal agonia?
Mãe entre todas bendita, do Filho único, aflita, a imensa dor assistia.
Para salvar sua gente, eis que seu Filho inocente suor e sangue vertia.
E, suspirando, chorava, e da cruz não se afastava, ao ver que o Filho morria.
Na cruz por seu Pai chamando vai a cabeça inclinando, enquanto escurece o dia.
Quando chegar minha hora, dai-me, Jesus, sem demora, a intercessão de Maria. Oficio das leituras - 15 de setembro- N.S. das Dores
MAGNIFICAT Antífona: O Poderoso fez em mim maravilhas, e Santo é seu nome. -A minh'alma engrandece o Senhor exulta meu espírito em Deus, meu Salvador; - Porque olhou para a humildade de sua serva, doravante as gerações hão de chamar-me de bendita. - O Poderoso fez em mim maravilhas, e Santo é seu nome! - Seu amor para sempre se estende sobre aqueles que o temem; - Manifesta o poder de seu braço, os soberbos; d