iCARTA
;MENSAL z ~ o
~
RESUMO Santo Domingo: A ECIR conversa com vocês, sobre a família na perspectiva de Santo Domingo . . . . . . . . . A oração do Papa João Paulo li pela IV Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano . Igreja: O Círio de Nazaré comemora, no 22 domingo de outubro, seus 200 anos! . - Missões: Mensagem do Papa . . Palavra de O. Raymondo sobre o mês das missões A missão dos esposos e pais cristãos . Uma entrevista: as ENS missionárias . . . . . Pastoral Familiar: Este mês , de 19 a 25, a 1ª Semana Nacional da Família . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Quem são e o que se espera dos Agentes de Pastoral Familiar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Vida do Movimento: Segunda Inspiração: carisma e missão das ENS . Prioridades: - 3ª parte das reflexões sobre a Reunião de Equipe, comunidade que celebra . . . . . - Experiência Comunitária: dois testemunhos - Comunicação . . . . . . . . . . . . . . . . "Casal problema" e vida de equipe . . . . . . Pontos Concretos e o treinamento da vontade Eleição e Balanço . . . . . . . . Especial- Vidas Feridas (2ª parte) O que são Grupos de Fronteira? Os divorciados perante a Igreja, dez anos após a Familiaris Consortio Dia "das Crianças" : O Papa faz um apelo O que comemorar? . Pastoral da Criança . Outono: Viver com entusiasmo Notícias e Informações . . . . . Meditando em equipe: sugestões para outubro
01
48 04 08 10 11 12
05 06 15 17 29 31 e 32 34 35
37 e 38 22
24 40 42 43 45
46
49
Carta Mensal é uma publicação mensal do Movimento das Equipes de Nossa Senhora. Jornalista Responsável : Cattierine Elisabeth Nadas (MTb 19.835) f.d.i4ã2;. Equipe de Casais da Carta Mensal. Composição/ Diagramação/ Fotolitos: CEN - Composição Eletrônica Newswork. Av. Paulista, 688 - 11 andar - Sala 115. Fone: (011) 287.9486 Impressão e Acabamento: Edições Loyola, R. 1822, 347. Fone : (011) 914.1 922. Tiragem desta Edição: 7.800 exemplares .
º
A EC/R CONVERSA COM VOCÊS
A FAMÍLIA NA PERSPECTIVA DE SANTO DOMINGO Outubro, mês missionário e dedicado ao rosário, apresenta inúmeros motivos de celebração por parte de nós cristãos e equipistas. Enquanto mês missionário, somos desafiados a despertar em nós compromissos e gestos fraternos em favor da evangelização dos povos. João Paulo 11 afirma que a fé se fortalece quando comunicada. Por isto, "nenhuma comunidade cristã é fiel à própria tarefa se não é missionária; ou é comunidade missionária, ou nem sequer é comunidade cristã." As Pontifícias Obras Missionárias e a CNBB elaboraram subsídios para as dioceses, paróquias, comunidades, escolas, grupos e para seus agentes de pastoral. Somos chamados a participar e mesmo organizar estas celebrações em família e com as famílias, ao mesmo tempo que contribuir materialmente para as missões universais no Dia Mundial das Missões (penúltimo domingo do mês) . O tema é: Juventude e missão, hoje, a partir da América Latina. Mas também é o mês do rosário. Esta devoção, sempre tão cara para preservar a unidade dos casais e famílias , deve ser revigorada, pois se constitui em apelo feito incessantemente por Nossa Senhora, madrinha do nosso Movimento. Três outros fatos marcantes estarão acontecendo neste mês de outubro, quando também as equipes estarão elegendo ou se preparando para eleger o novo casal responsável de equipe para o próximo ano. O primeiro vem do Movimento em Defesa da Vida, que promove no dia 8 o "Dia pelo Direito à Vida". O objetivo é a conscientização e o despertar das comunidades para que se respeite a vida humana desde e fecundação até a velhice. É importante participar das programações e promover ações concretas para a transformação de todas as situações que agridem a dignidade da pessoa e impedem a vida plena. O segundo fato marcante é a 1ª Semana Nacional da Família, que será realizada de 19 a 25. Muitas dioceses e paróquias já promovem o dia ou a semana da família em diferentes períodos do ano, com frutos extremamente positivos. A unificação do tema e data, em nível nacional, tem por objetivo fazer desta Semana uma atividade pastoral intensa, com repercussões sólidas em termos catequéticos . Estimular a vida eclesial em família, portanto, é o grande objetivo para que a família seja efetivamente a célula mais importante da Igreja e da Sociedade. Todos os equipistas estão convocados a se engajarem neste projeto do Setor Família da CNBB e da Comissão Nacional de Pastoral Familiar, considerado de vital importância para a família brasileira no momento atual. CM Outubro/92 - 1
Informe-se na sua paróquia ou diocese, procure os subsídios preparados e organize grupos de família para celebrar esta Semana com intensidade. O terceiro fato diz respeito à IV Conferência Geral do Episcopado LatinoAmericano, que se realizará em Santo Domingo, de 12 a 28. O tema, aprovado pelo Papa, é: "Nova evangelização, promoção humana, cultura cristã- Jesus Cristo ontem, hoje e sempre." Os participantes da Conferência terão em mãos o Documento de Trabalho, considerada a "ferramenta pastoral" que servirá de base para as reflexões. Ainda, segundo o Papa, "agora trata-se de traçar para os próximos anos uma nova estratégia evangelizadora, um plano global de evangelização que leve em conta as novas situações dos povos latino-americanos e que constitua uma resposta aos desafios da hora presente, entre os quais se destacam a crescente secularização, o grave problema do avanço das seitas e a defesa da vida em um continente em que uma cultura de morte faz sentir sua presença destrutiva." (Este Documento de Trabalho é publicado pelas Edições Loyola) Dentre as reflexões propostas, as relacionadas à família e à pastoral familiar são muito significativas, e merecem nossa atenção e, quem sabe, uma reunião de estudo e debate em equipe. A família é chamada a manter seu ideal de Igreja doméstica, pois é o lugar por excelência onde se evangeliza, onde se aprende a orar, dialogar, partilhar, sofrer, amar, perdoar, trabalhar na transformação do mundo, enfrentar a morte. Neste sentido, ela é um destacado agente de inculturação do Evangelho, um centro privilegiado de irradiação da fé. (n 2 540) Como Igreja doméstica, apesar do acelerado processo de desintegração a que é submetida, representa o espaço onde acontece o crescimento das pessoas e a formação de comunidades cristãs. (n 2 221) O Documento ressalta que "o futuro da família apresenta-nos enormes desafios pastorais ainda por resolver". Ao mesmo tempo que reconhece que a pastoral familiar ainda deixa muito a desejar, recomenda aos leigos, inseridos ou não em movimentos familiares, uma atenção pastoral coordenada em favor das famílias que vivem em situações difíceis. (n 2 223) A "vida e missão dos leigos" representa uma nova opção pastoral , como preconiza o Documento de Trabalho da IV Conferência. Neste sentido, todos são convocados a expressar concretamente seus dons e carismas e a impregnar a realidade do continente latino-americano com o Evangelho de Jesus Cristo. O anúncio do Evangelho deve ser feito com novo ardor (com fome de contagiar a outros com a alegria da fé, fundada numa profunda experiência de Jesus Cristo) , com novos métodos (realizando o apostolado que está ao seu alcance , fazendo-se protagonista da mensagem de Cristo) e com nova expressão (com os ouvidos abertos, em atitude de escuta ao que diz o Senhor nos sinais da história, para saber anunciar a Boa Nova numa linguagem que todos possam entender) . (n 2 456-466) 2 - CM Outubro/92
Enfim, estimados irmãos e irmãs em Cristo, aproveitemos este momento forte da Igreja, colocando-nos em sintonia com o seu caminhar, testemunhando ardorosamente e com zelo apostólico nosso casamento, nossa família, enquanto sinais de transformação da Sociedade e crescimento da Igreja. Que Nossa Senhora Aparecida nos abençoe, abençoe nossas crianças, transformando-nos em família missionária que realiza a nova evangelização, superando a atitude de espera e acomodação, que caracteriza os tempos atuais. Mariola e Elizeu Calsing pelaECIR
CM Outubro/92 - 3
CAMINHANDO COM A IGREJA
Os paraenses se encontram, todos os anos, no 22 dom1ngo de outubro, no mesmo lugar, à mesma hora e pelo mesmo motivo. Eles se encontram na festa da fé, o Círio de Nazaré. Tem sido assim desde 1793, sem interrupção. Eram centenas nos primeiros anos, depois milhares, hoje supera a casa de um milhão o número de pessoas que saem às ruas de Belém na manhã do 2º domingo de outubro, para festejar a Padroeira dos paraenses, para rezar, pagar promessas, acompanhar a procissão ou simplesmente testemunhar com os seus olhos uma das maiores concentrações religiosas de todo o mundo. O Círio de Nazaré é o ponto culminante de uma quadra alegre, bonita e de uma indescritível magia. Belém transfigura-se, as pessoas irradiam alegria e saúdam-se nas ruas, desejando umas às outras "Feliz Círio" ou "Bom Círio". Paira no ar um clima de festa que contagia até os não-católicos. Tudo começou em 1700, quando um humilde homem do povo, de nome Plácido, encontrou uma pequena imagem de Nossa Senhora da Nazaré junto a uma árvore de taperebá e a levou para casa, de onde desapareceu misteriosamente, para voltar a ser achada junto àquela árvore. Plácido tornou a levá-la para casa. E tudo se repetiu de novo, inexplicavelmente, mais algumas vezes. Por causa disso, decidiu-se construir uma pequena ermida no lugar onde a imagem da Santa foi achada, onde hoje se ergue a majestosa Basílica de Nazaré. E o mistério da imagem que sempre voltava às suas origens deu lugar à procissão da Transladação, que acontece na véspera do Círio de Nazaré e é a primeira de uma série de préstitos religiosos em louvor da Padroeira dos paraenses. Não há texto que ajude a transmitir a força dessa festa, sua magia e sua beleza. Por isso, quem participa do Círio de Nazaré faz questão de voltar no ano seguinte e nos outros anos. E quem não tem essa ventura, chora em frente à televisão. Se você já participou de algum Círio de Nazaré, você sabe do que estamos falando. 4 - CM Outubro/92
PASTORAL FAMILIAR 1ª SEMANA NACIONAL DA FAMÍLIA (19-25/1 0/1992) O Setor Família da CNBB e a Comissão Nacional de Pastoral Familiar estão propondo que seja realizada a 1!! Semana Nacional da Família neste mês de outubro (última semana: 19 a 25). Vários países, alguns em nível de Dioceses e outros em nível nacional, desenvolvem esta experiência com muito êxito (pela quantidade de famílias e de grupos de famílias envolvidas) e com muita riqueza para o fortalecimento da fé, para a valorização da família, para uma melhor convivência familiar e social. No Brasil, como é sabido, são muitas as Dioceses e Paróquias que promovem o Dia ou a Semana da Família, em diferentes períodos do ano com frutos extremamente positivos. Qual é o objetivo dessa proposta? Além da unificação do tema e data, em nível nacional, seu objetivo é fazer desta Semana uma atividade pastoral intensa, com repercussões mais sólidas em termos catequéticos. A família não só é fundamental para a Sociedade, como célula básica. O é principalmente para a Igreja, para estimular uma maior vivência do amor e uma vida comunitária mais intensa. Estimular a vida eclesial em família, portanto, é o grande objetivo, para que a família seja efetivamente a célula mais importante da Igreja, Povo de Deus. A 1ªSemana Nacional da Família apresenta, como subsídios aos senhores Bispos e Sacerdotes, e aos fiéis leigos, um pequeno impresso, que também deverá circular na Revista Família Cristã, que contém cinco temas de reflexão, três roteiros ou esquemas de palestras e um roteiro de homilia. Os temas de reflexão são os dons e qualidades de cada um; confiar e escutar; como gostaria que fosse minha família; nossa família e Deus; nossa família e os outros. Sempre há uma leitura bíblica em referência ao tema, um pequeno texto de reflexão e a proposta de uma dinâmica, sempre diferente, para fazer esse encontro da família ou de grupos de famílias. A 1!! Semana Nacional da Família propõe, como tema de fundo, uma reflexão sobre juventude e família (dentro do espírito da Campanha da Fraternidade de 1992). O Setor Família da CNBB e a Comissão Nacional de Pastoral Familiar estão estimulando a todos os senhores Bispos e Sacerdotes a se engajarem nesse projeto, considerado de vital importância para a família brasileira no momento atual. A partir do próximo ano, a sugestão, acolhida pela maioria, é de realizar a Semana da Família na segunda semana de agosto. (do Boletim da Comissão Nacional de Pastoral Familiar) CM Outubro/92- 5
PASTORAL FAMILIAR
AGENTES DE PASTORAL FAMILIAR Pressupostos para a ação Todos estamos convencidos de que nossos agentes de pastoral familiar precisam ter boa formação para o exercício de sua missão. Gostaríamos aqui de lembrar alguns pressupostos ou condições para que um agente bem formado possa realizar um trabalho fecundo. Maturidade humana e cristã - Esta característica vale para todos os agentes de pastoral. Supõe que nossos casais, agentes de pastoral , tenham atingido certa maturidade humana: capacidade de fidelidade a compromissos, coragem para vencer obstáculos, facilidade de convivência, habilidade de resolver situações conflitivas, ausência da vontade de aparecer, pessoas que assumem o que lhes parece possível realizar. Por sua vez, a maturidade cristã supõe sólida união com Jesus, participação consciente na vida sacramental da Igreja, ações e gestos colocados segundo o "espírito" e não segundo a "carne", senso missionário aguçado, amor efetivo pelas pessoas para além de simpatias. Conhecimento da realidade - Conhecerá profundamente a realidade do casamento e da família lá onde exerce sua atividade. Conhecerá também a organização pastoral que existe (ou deveria existir) para que seu trabalho tenha eficácia. O agente de pastoral familiar não é ingênuo. Não é alguém que tem algumas belas palestras feitas e vagas idéias a respeito da transformação do mundo e da família. Insistimos: será preciso olhar a realidade bem de perto e verificar a multidão que vive sem família, sem sacramento, sem pão e sem esperança. Senso de unidade pastoral - Normal que dioceses e paróquias organizem a pastoral familiar. Leigos, sacerdotes e bispos propõem linhas desta e de todas as atividades da comunidade eclesial. Estamos vivendo um tempo de Igreja, como Povo de Deus. A comunhão e participação de todos são elementos fundamentais desta visão de Igreja. Os pastores se colocam a serviço desse Povo e são sinais de unidade. Os leigos, por seu batismo, são responsáveis pela pastoral e pela construção do Reino. Os leigos casados são os agentes naturais da pastoral familiar. Todos deverão estar unidos. Todos colocarão seus préstimos, seus questionamentos, suas interrogações, seus talentos em comum. Não se pode pensar em pastorais paralelas ou iniciativas que provoquem cisão. Todos estamos convencidos de que os movimentos de espiritualidade conjugal e fam iliar, os serviços e institutos familiares estão prestando um 6 - CM Outubro/92
excelente serviço à pastoral familiar em muitas dioceses do Brasil. Com sua rica espiritualidade e seu carisma específico são de enorme valia. Importante será sempre que todos construam a unidade. Unidade não quer dizer uniformidade. Sua construção supõe diferenças e momentos de conflito. A unidade nunca poderá ser uniformidade que empobrece. Vivência matrimonial e familiar - Ninguém pode dar o que não tem. Supõe-se que os leigos casados engajados na pastoral familiar estejam num processo de crescimento de sua conjugalidade e vivam intensamente todas as dimensões da Igreja doméstica. Eis alguns sinais de vivência matrimonial e familiar: marido e mulher construindo a unidade na diferença de suas pessoas através do diálogo, exercício do perdão e da generosidade, respeito mútuo e prestação de serviços no universo familiar. Toda postura de machismo e feminismo deterioram o casal. Supõe-se que no lar dos agentes haja espaço para o diálogo entre pais e filhos. Os pais serão os primeiros e efetivos educadores da fé dos filhos. Supõe-se ainda que essas famílias onde vivem os agentes de pastoral sejam abertas, acolhedoras, desejosas de iluminar com toda humildade outras vidas e outras famílias. Senso crítico- Nunca foi tão importante o senso crítico como em nossos dias. Ter senso crítico não é adotar postura de crítica infantil ou adolescente. Quando dizemos que os agentes de pastoral precisam ter senso crítico, queremos dizer que estejam sempre questionando métodos, dinâmicas, esquemas de palestras e trabalhos de grupo. São lúcidos para ver o que se mostra inviável, inócuo. Será preciso sempre, nas equipes de pastoral familiar, realizar constantes revisões, inventando-se o novo sob a inspiração do Espírito. A rotina pode destruir a vida. A letra mata e o espírito vivifica. Vivência em comunidades de casais- Parece importante que as equipes de ação da pastoral familiar se constituam em pequenas fraternidades de casais. Essas equipes não são espaços de estratégia, mas grupos de vivência cristã e humana do matrimônio e da família. (do Boletim da Pastoral Familiar da CNBB, nº3, setembro 1992)
CM Outubro/92 - 7
IGREJA - MISSÃO
MENSAGEM DE JOÃO PAULO 11 PARA O DIA MUNDIAL DAS MISSÕES- 1992 Caríssimos irmãos e irmãs! ( ... )Ao aproximarmo-nos do terceiro Milênio da Redenção, a missão universal [da Igreja] faz-se ainda mais urgente. Não podemos permanecer indiferentes, quando pensamos em milhões de pessoas que, como nós , foram remidas pelo sangue de Cristo, mas vivem sem um verdadeiro conhecimento do amor de Deus . Nenhum dos que crêem em Cristo, nenhuma instituição da Igreja pode subtrair-se do dever supremo de anunciar Cristo a todos os povos. Dois terços da humanidade , hoje, ainda não conhecem Cristo; esses têm necessidade d'Eie e da sua mensagem de salvação. Porque a Igreja é, por sua própria natureza, missionária, a evangelização é um dever e um direito para cada um dos seus membros (cf. Lumen Gentium 17; Ad Gentes 28, 35-38) . O Senhor Jesus chama-nos a sair de nós mesmos e a partilhar com os outros os bens que possuí mos, a começar pelo dom de nossa fé, a qual não pode ser considerada um privilégio individual, mas um dom a ser partilhado com aqueles que ainda não o receberam . De tal empenho a própria fé certamente será fortalecida, porque essa se reforça ao ser doada. Participar da missão universal da Igreja
No Dia Mundial das Missões todas as Igrejas particulares , das mais novas às mais antigas, das que vivem em liberdade às que sofrem perseguições, das que têm suficientes recursos às que vivem em condições de pobreza, sentem o dever de olhar além de si mesmas para assumir a corresponsabilidade da missão "ad gentes". Respondendo, portanto, ao convite do "Dia Mundial", todos e cada um empenhem-se em participar da missão universal da Igreja, antes de tudo com a cooperação espiritual, acompanhando e sustentando com a oração as atividades dos missionários . Jesus mesmo falou da "necessidade de rezar sempre" (Lc 18,1) e dela deu testemunho com o sacrifício da própria vida. Como discípulos de Cristo, oferecemos, também nós, a nossa vida a Deus, por meio de Cristo, o primeiro Missionário. Neste sentido, têm um grande valor a oração e os sacrifícios dos doentes, que com os seus sofrimentos estão intimamente associados à Paixão de Cristo. Todos os que se dedicam ao ministério pastoral junto a estas pessoas não deixem de ajudá-las e encorajá-las a oferecer seus sofrimentos em união ao Cristo Crucificado pela salvação do mundo (cf. Redemptoris Missio, 78). 8 - CM Outubro/92
É necessário que o nosso espírito de sacrifício se expresse de maneira concreta e visível. Para alguns isto poderá consistir na generosa correspondência à vocação missionária, "partindo" para anunciar o Evangelho lá onde o Espírito os conduz. Esta "partida" encontra seu modelo ideal no envio missionário dos Apóstolos: "Recebeis uma força, a do Espírito Santo, que descerá sobre vós, e sereis minhas testemunhas em Jurusalém, em toda a Judéia e na Samaria, e até os confins da terra" (At 1,8). Contexto do V Centenário da Evangelização da América
No contexto do V Centenário da Evangelização da América, recordamos os missionários que, partindo da Europa, anunciaram o Evangelho aos povos deste continente. Celebramos este evento na humildade e na verdade, agradecendo a Deus os benefícios espirituais concedidos a estes antigos e nobres povos. Hoje, nós vemos com alegria que os missionários não vêm somente das Igrejas de antiga evangelização, mas também das Igrejas da África, da Ásia e da América Latina, onde muitos se consagram ao primeiro anúncio do Evangelho. Em diversos países de missão continua, precioso e indispensável, o trabalho dos catequistas locais, os quais são movidos por um profundo espírito missionário que os torna animadores incansáveis de fé e de esperança. Se nem todos são chamados a uma vocação específica para a missão "ad gentes", todos, no entanto, devem fazer crescer o espírito e o empenho missionário em si mesmos e nas próprias comunidades eclesiais. Em particular, os Bispos e os sacerdotes devem sentir-se os primeiros responsáveis pela missão universal e formar os fiéis, a fim de que tenham entusiasmo e cooperem com as missões. Contudo, é no seio da vida familiar que os leigos desenvolvem o amor pela vocação missionária (Ad Gentes 41), visto que a família cristã, como "Igreja doméstica", é um lugar privilegiado de evangelização missionária. (... ) João Paulo 11
CM Outubro/92 - 9
IGREJA - MISSÃO
MÊS DAS MISSÕES Todo o mês de outubro é dedicado às Missões, e num sentido mais amplo, missão significa toda atividade pastoral da Igreja exercida entre os fiéis a fim de levá-los a uma comunhão mais íntima com Deus por Jesus Cristo no Espírito Santo e com os irmãos, como também todo trabalho com intuito de restaurar a unidade entre os Cristãos. Hoje em dia, nas comunidades eclesiais, há também tantas pessoas que não aderiram a Cristo e à sua Igreja. Daí a necessidade de todos os Cristãos leigos reavivarem seu espírito missionário para levar o Evangelho. pelo testemunho e pela palavra, àqueles que embora vivendo no âmbito geográfico da paróquia, não se sentem membros conscientes da mesma. A Igreja existe para evangelizar, isto é, para anunciar Jesus Cristo aos homens e levá-los a optar por Ele, integrando-se pela fé na família de Deus. "Ide, portanto e fazei que todas as nações se tornem discípulos, batizandoas em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo e ensinando-as a obedecer tudo quanto vos ordenei' (Mt. 28, 19).
É claro que todo esse trabalho da Igreja, de gerar Cristo nos corações humanos, pela fé, é lento. Começa-se às vezes, pela presença silenciosa, por uma vida de doação e compreensão, para só depois se chegar ao anúncio explícito da pessoa de Jesus Cristo. E, mais ainda, somos apenas INSTRUMENTOS na obra da evangelização, pois o seu verdadeiro protagonista é o ESPÍRITO SANTO. A conversão e a santidade são obras suas. Neste mês das missões, ofereça suas orações e seus sacrifícios por todos os missionários: sacerdotes, religiosos e leigos que trabalham na difusão do Evangelho e para que mais vocações missionárias surjam na Igreja do Brasil. Dom Raymundo Damasceno Assis.
1O - CM Outubro/92
IGREJA - MISSÃO
A MISSÃO DOS ESPOSOS E PAIS CRISTÃOS "Vossa missão de esposos e pais cristãos ultrapassa o quadro restrito da família. Proteger a intimidade do lar não é fechá-/o esterilmente sobre si mesmo" .
João XXIII. Quando constituímos uma família, assumimos um compromisso social extremamente importante; seremos responsáveis pela educação de nossos filhos, pelo equilíbrio e segurança da família e pelo bom desempenho de sua função social. Como pais cristãos, nossa responsabilidade vai mais além: seremos os evangelizadores de nossos filhos, formaremos um lar cristão. Jamais conseguiremos formar filhos conscientes e equilibrados fugindo da realidade que nos cerca, fechando nossa família ao relacionamento com os outros, vivendo egoisticamente voltados para nossos próprios interesses. Num lar verdadeiramente cristão isto jamais deve ocorrer, pois a síntese do cristianismo é o amor. Temos, acima de tudo, a responsabilidade de amar. Estamos vivendo um difícil momento de desigualdade e injustiça social, que afetam diretamente a família, quer pela luta pela sobrevivência, quer pela inversão dos valores essenciais à dignidade humana; por isso mesmo, momento carente de pessoas solidárias. Precisamos um dos outros para tornar menos difícil a nossa missão, dividir nossos problemas e preocupações, compartilhar também nossas alegrias e esperanças. Como família cristã, precisamos ser disponíveis e acolhedores. Precisamos suprir nosso lar de carinho e afeto, de um amor verdadeiro, para que ele irradie e se estenda a todos que nos cercam. Marina e Geraldo Equipe 1 Salvador/BA
CM Outubro/92 - 11
ENTREVISTA UMA EQUIPE EM TERRA MISSIONÁRIA Depois de algumas dificuldades para que se orientasse à distância desde São Paulo um grupo de casais desejosos de formarem uma Equipe de Nossa Senhora em Barra do Corda, no Estado do Maranhão, a EC/R convidou os responsáveis pelo Setor de Fortaleza a assumirem a pilotagem daqueles casais, o que vem acontecendo há dois meses. A CM entrevistou Vanda e Bosco, para que nossos leitores conheçam essa ação apostólica e missionária das Equipes em terras tão distantes. CM- Barra do Corda é de fato terra de missão? V ANDA- Visualizem o mapa do Brasil. Descubram o Estado do Maranhão. Mais ou menos no centro de sua forma triangular, lá onde dois rios caudalosos nascidos nessa região amazônica se encontram : o Corda e o Mearim, encontraremos Barra do Corda, a uma distância aproximada de mil quilômetros , tanto de Belém, como de Fortaleza. BOSCO - A cidade surgiu no início do século, quando missionários capuchinhos ali aportaram, via fluvial, e estabeleceram os primeiros contatos com os índios guajajaras, bravios e indômitos, que em 1902, arrasaram a Missão e imolaram os primeiros mártires, quinze, entre sacerdotes, religiosos (freiras e irmãos) e alguns leigos catequistas e serviçais, cujo sangue fez fecundar a Fé, ainda viva até hoje. Os aborígenes são temidos ainda (lembro o recente caso com a Polícia Federal) e se assentam em terras demarcadas pela FUNAI e perambulam pelas cercanias e pelas cidades e vilarejos, contaminados pelos pecados da civilização, após a expulsão dos missionários pelo órgão governamental, dilapidando as riquezas naturais devastando às multi-nacionais as florestas e a flora medicinal, corrompidos pela bebida e pelos vícios do branco explorador, a quem eles corrompem pelo comércio do fumo pesado. VANDA - Hoje , a cidade já é bem grande e uniforme, tendo, aproximadamente uns trinta mil habitantes, que extraem sua renda principal do plantio do arroz maranhense e da exploração do coco babaçu . Com seu núcleo cortado pelos dois rios, bem onde se encontram, acavala-se pelos morros circundantes , formando um como anfiteatro de arena, dominado pelas obras assistenciais dos Capuchinhos: a Matriz, o Seminário, o Colégio, as oficinas e lojas para iniciação profissional dos jovens. A pirâmide social é encimada por uma minoria de classe média-alta (famílias tradicionais detentoras da política e das propriedades); uma faixa mediana significativa de comerciantes , funcionários públicos e colonos posicionados; e a grande maioria, a base, de operários, trabalhadores rurais, morando em bairros desestruturados, em pequenas casas muitas vezes de pau-a-pique. Con12 - CM Outubro/92
ta-se, também, a população indígena, oscilante, com seus costumes e usos, descatequisados e desaculturados. BOSCO - É, no entanto, uma cidade agradável, com muito verde, muita água, onde se realizam banhos coletivos, bom clima e um povo bonito e simpático, amigo e acolhedor; acima de tudo, de muita Fé, de muito espírito cristão de partilha, de doação às pastorais e de vida espiritual e vivência sacramental. CM - Como surgiu o interesse pelas Equipes de Nossa Senhora? V ANDA - O responsável por todo esse dinamismo religioso e social é o frei Leonardo Trotta, OFM, que sentiu a necessidade de aprimorar os grupos de casais, a fim de que aprofundassem a espiritualidade conjugal e, ao mesmo tempo, fossem agentes evangelizadores nas famílias e na sociedade de hoje, que, lá também, sofre os embates dos valores anti-cristãos e da corrupção dos meios de comunicação sociais, como o assédio cada vez maior das seitas e "missionários" interessados menos na salvação das almas, que na exploração das riquezas. Ouvindo falar sobre as Equipes, frei Leonardo manteve contato com a ECIR e passou a orientar o grupo pelas cartas do casal Dina e Chico, muito queridos dos equipistas, mesmo sem conhecê-los. Mas era bem difícil dessa forma chegar-se a uma exata compreensão das Equipes. Foi quando recebemos a missão de acompanhá-los mais de perto, por mais perto deles nos achávamos (mil quilômetros). Com arrojo paulino, esperançosos no Espírito, ardentes no desejo de evangelizar, partimos para o campo, ou para as matas, levando a mensagem equipista. CM - Quando e como se deu o primeiro encontro com o grupo de casais? V ANDA- Com o aporte financeiro da ECIR, (o custo da viagem chega hoje - junho/92 - a perto de oitocentos mil cruzeiros), embarcamos no dia 21 de maio às 21 horas para Teresina, onde amanhecemos, para reiniciar viagem às 13 horas, chegando a Barra do Corda às 22 horas do dia 22. Amavelmente recebidos pelos casais, pousamos com a família de Selma, Francisco (o Chicão) e o menininho guajajara que eles adotaram. Às nove horas do dia 23, iniciamos a Reunião de Informação para doze casais, que até hoje perseveram; ao meio dia, houve um almoço como em equipe e, à tarde, debates e esclarecimentos sobre a nossa proposta. Não faltou a santa Missa com o frei Leonardo à noite; e, para terminar, um agradável passeio dos casais na pracinha da Matriz, misturados aos jovens namorados . Todos aceitaram o convite das Equipes, marcando-se o próximo encontro para o dia 13 de julho, que já se realizou, como a primeira reunião de pilotagem. Somente o Bosco pôde estar presente (lembrem-se dos custos) como o Frei Leonardo. Não faltou um só casal. Nota-se que o esforço e a animação continuam vivos. CM Outubro/92 - 13
CM - O que vocês sugeririam aos equipistas de todo o Brasil? BOSCO - Que orem ao Senhor por essa messe promissora e por nós também , para que tenhamos os dons necessários para transmitirmos sentimentos de Fé e de entusiasmo pelo ideal equipista, a devoção à Mãe santíssima e o verdadeiro ardor missionário no desempenho de uma profícua pastoral familiar e social. V ANDA - E que nos auxiliem também materialmente , de alguma forma, para que os equipistas de lá possam levar à frente o Lar dos Idosos, sobre o qual falaremos noutra oportunidade. CM - Muito obrigado, e estejam certos de que as orações vão dar-lhes grandes arrimo e incentivo. Que o exemplo de vocês contagie muitos outros equipistas, a fim de que esta obra da Mãe de Deus se propague cada vez mais.
Brasil
14 - CM Outubro/92
SEGUNDA INSPIRAÇÃO
CARISMA E MISSÃO DAS ENS A Segunda Inspiração nos convoca a compreender o nosso carisma e nossa missão inseridos no mundo de hoje. Para tanto, é preciso perceber os chamados de Deus em cada momento da história do Movimento. A ENS nasceram , em 1938, dentro de uma sociedade de estrutura patriarcal, onde o casamento poderia ser chamado de dissimétrico: uma profunda desigualdade de dignidade e direitos marcavam a relação homem-mulher. Nesta época, anterior ao Concílio Vaticano 11 , a Igreja confundia-se com sua hierarquia, seus padres e bispos. Era o tempo das missas em latim , do padre de costas para a comunidade que "assistia" à missa. Um tempo de uma religião individualista, sem compromisso comunitário, e onde a alma era vista em oposição ao corpo. Pode-se dizer que o lema desta época era "Salva tua alma". É neste quadro que o Espírito Santo inspira o surgimento das ENS, como idéia inovadora: o casal pode ser visto como uma unidade a ser santificada. As ENS são definidas como um "movimento por uma espiritualidade conjugal". Seu carisma é, nesta época, entendido a favor da vivência do sacramento do matrimônio. A missão do casal estava no âmbito de sua família e o serviço era voltado para o interior do Movimento e sua expansão. Os anos 60 foram uma época em que se iniciaram grandes mudanças na sociedade. Era tempo do movimento hippie, dos movimentos feministas , da guerra fria. Vivia-se uma sociedade de concorrência, que se refletiu também na vida conjugal e familiar. O fruto desta época foi o casamento simétrico, em que ao lado das conquistas de igualdade de dignidade e direitos , estabeleceu-se uma competição entre mulheres e homens. Os esposos estão um ao lado do outro, ambos independentes , porém não formam uma unidade. A Igreja é marcada, também, por profundas mudanças, decorrentes do Concílio Vaticano 11 . Não apenas pelas missas na língua local ou pelo padre de frente para a comunidade. Estes são apenas sinais de uma mudança de concepção. O Concílio revelou a Igreja como o Corpo Místico de Cristo. Aedescobre-se o sentido de Igreja-comunidade de fé. O leigo é chamado a inserir-se na Igreja, mas seu papel se restringe a prestar serviços, a ser colaborador com a hierarquia. As ENS acompanham este espírito novo da Igreja e vêem o seu perfil de "uma comunidade cristã de casais" , apresentado pelo documento "O que é uma ENS ", de 1976. Percebe-se que, sendo comunidade que se reúne em nome de Cristo, Ele aí se torna presente. Desta forma, o CM Outubro/92 - 15
entendimento de nosso carisma se amplia: somos uma comunidade eclesial de casais que buscam a santidade através da vivência do sacramento do matrimônio. A missão dos casais equipistas volta-se, também, para os outros casais. É o tempo em que somos chamados à inserção na Igreja, a assumirmos atividades pastorais. Estamos vivendo hoje numa sociedade que aspira à solidariedade. Por toda parte surgem sinais de convergência, de superação das diferenças. Começa a surgir o ideal do casamento-comunhão, onde homem e mulher estejam unidos para construir sua família, onde haja partilha de vida. Mais de 20 anos após o Vaticano 11, a Igreja se vê como Povo de Deus em marcha, a caminho do Reino definitivo. Neste sentido, todos os seus membros, leigos ou consagrados, de diferentes vocações e carismas são chamados a viver em comunhão e participação. Em comunhão com o Espírito que anima a Igreja e na participação da missão de Cristo; o anúncio da Boa Nova. É neste contexto que surge, nas ENS , a Segunda Inspiração (1988) a nos mostrar a necessidade de atualização do Movimento, para que atenda às necessidades dos casais e da Igreja de hoje, mantendo-se fiel ao carisma fundador. A Segunda Inspiração nos revelou novos aspectos do carisma: o matrimônio, a família são sinais de amor no mundo. Deste modo, a missão dos casais ultrapassa não só as paredes do lar, mas vai além da Igreja, dirige-se também ao mundo. As ENS tem a missão de evangelizar as famílias, missão de anunciar a Boa Nova sobre o casamento. É importante ressaltar que cada momento da história das ENS aqui apresentado foi uma resposta ao seu tempo e construiu a etapa seguinte. Cada aspecto novo não anula o anterior, mas, ao contrário, a ele se soma, dando maior dimensão a este. Hoje podemos falar das ENS como uma comunidade cristã de casais que buscam a santidade através da vivência do sacramento do matrimônio, constituindo-se um sinal de amor no mundo. Da mesma maneira, uma aspecto da missão não supera o outro, mas se complementam: os casais das ENS são chamados a santificar a si e à sua família, a ajudar outros casais na vivência de sacramento do matrimônio (no Movimento e na Igreja) , a ajudar a outros na conquista da vida em comunidade e a testemunhar que o casamento é o lugar de amor, meio de felicidade e caminho de santidade. (Síntese elaborada por Lourdes e Sobral , CRR , da palestra proferida nos EACRES/92 da Região Centro Norte)
16 - CM Outubro/92
PRIORIDADES
A REUNIÃO DE EQUIPE: COMUNIDADE QUE CELEBRA (111) ·a dimensão demonstrativa· 1. lntroduçã~ A reunião de equipe forma uma pequena Igreja, uma comunidade litúrgica, uma instituição divina, sinal da presença da Santíssima Trindade atuante no mundo dos homens. Da mesma forma que a Igreja se fortalece na celebração litúrgica, a equipe de base, no Movimento das Equipes de Nossa Senhora, nasce, se estrutura, se desenvolve, se fortalece na reunião de equipe. Assim, ela é, por excelência, uma realidade visível do sacramento da Igreja, da animação do Espírito Santo, do mistério de Deus no meio dos homens , do dom e da graça de Deus. Dentro do espírito de traçar um paralelo entre celebração litúrgica e reunião de equipe, podemos discernir pelo menos quatro dimensões importantes. São elas: a demonstrativa, a do compromisso, a rememorativa e a prospectiva. Como toda ação litúrgica, a reunião de equipe tem um movimento, um ritmo próprio, uma unidade dinâmica, pelas diferentes partes que a compõem , pelas palavras e gestos usados, pelos elementos visíveis e realidades invisíveis manifestas. A reunião de equipe, como celebração litúrgica, ocorre no momento em que sua ação se desenrola para exprimir e atualizar a economia da salvação, o esforço de vida conjunto tendo em vista a santificação do casal , da família, da comunidade. Esta se reúne, portanto, como pequena Igreja para manifestar toda sua realidade de fé , esperança e caridade, enquanto sinais visíveis e concretizações do Evangelho de Jesus Cristo. Nos textos seguintes serão analisadas as quatro dimensões da liturgia, procurando apresentar exemplos concretos a partir do que costumamos ou podemos vivenciar durante a reunião de equipe.
2. A dimensão demonstrativa. Na liturgia, enquanto celebração do mistério pascal de Cristo, faz-se presente toda a obra salvífica de Deus, e sempre através de sinais sensíveis e eficazes de santificação e de culto. A história da salvação inicia-se propriam ente pela eleição gratuita que Deus faz de Israel, constituindo-o em seu povo predileto. Esta escolha CM Outubro/92 - 17
está destinada ao próprio homem, uma vez que Deus quer compartilhar sua vida divina. Ela é histórica, portanto, porque o amor de Deus é comunicado, experimentado, atinge pessoas, envolve comunidades. Ela é salvífica, pois parte da livre vontade de Deus, com o único interesse de mostrar ao homem o seu amor, a sua misericórdia, o seu cuidado como Criador. No Antigo Testamento, a ação amorosa de Deus e sua vontade salvífica revelam-se no chamado a Abraão; na libertação de Israel da escravidão do Egito; na posse de uma terra onde brota leite e mel, e assim por diante. Esses acontecimentos foram acompanhados de sinais marcantes, mas foi a palavra profética quem descobriu para Israel o significado profundo de cada um. Deste modo, Deus fala através da linguagem dos homens, para que ninguém possa se desculpar e não entender suas promessas, a gratuidade do seu amor, sua eleição preferencial, o conteúdo de sua Aliança. Por isso mesmo, estas atitudes suscitam em Israel o reconhecimento profundo de fé em lahweh, como seu único Deus e, em outros povos, o temor ao Deus de Israel. Mas, o acontecimento que marca a história da salvação é o envio que Deus Pai faz do seu próprio Filho, nascido de uma mulher. (GI 4,4,) Jesus Cristo, assumindo a natureza humana, faz dela o seu sinal de encontro com o homem, o caminho da redenção da humanidade. Sua mensagem, ratificada por obras, garante aos novos tempos, tempos missiânicos, o início do Reino de Deus. Não existe outro caminho nem outra palavra para se chegar a Deus. Em Jesus Cristo encontramos e experimentamos o rosto amoroso de Deus Pai; em sua palavra, o querer de Deus; nas suas obras, a demonstração da misericórdia do Pai. A morte de Cristo na cruz não representa apenas o momento histórico último, mas o ápice de uma vida que, desde a encarnação, foi demonstração do cumprimento da promessa salvífica, demonstração da fidelidade de Deus. E como não poderia ser diferente, a ressurreição constitui a forma mais extraordinária e eloqüente de demonstrar que a morte de Jesus Cristo - sacrifício do único Filho do Pai - alcançou a salvação dos homens. Assim, Deus Pai demonstra seu amor pelo homem através da vida nova trazida por seu Filho, e Jesus Cristo demonstra para o mundo e para os homens, através do seu sacrifício, o amor de Deus. A liturgia da Igreja conserva a estrutura demonstrativa da história da salvação. Através de sinais sensíveis e da palavra, a liturgia nos torna presente a graça de Deus, a vida divina, a redenção em Jesus Cristo, a santificação pelo Espírito Santo. Por tudo isto somos justificados; tudo isto nos transforma em criaturas novas; através destes sinais mantemos e renovamos nossa filiação divina e nossa pertença à comunidade eclesial. A Igreja, por sua parte, exprime e realiza através da liturgia sua 18 - CM Outubro/92
sacramentalidade, mistério de comunhão, isto é, mistério de união pessoal da cada homem com a Trindade divina e com os outros homens, pelas graças emanadas dos sacramentos, pela vivência do mandamento do amor e pelo culto filial. Mas, a liturgia não é só renovação atual e histórica da vontade de Deus. É também o momento e o espaço nos quais o homem demonstra sua fé em Jesus Cristo, acolhe livremente a graça pelo perdão dos pecados, exprime sua filiação divina, apresenta seu esforço de santificação.
3. O que demonstrar na Reunião de Equipe?. A dimensão demonstrativa, na celebração litúrgica que se realiza durante a reunião de equipe, encontra inúmeros momentos e motivos de manifestação. Mas, antes de mais nada, é preciso recordar que o sacramento do matrimônio transforma duas pessoas numa só carne, diviniza um encontro pela graça de Deus. Não são duas pessoas distintas, mas uma só que ali se congrega em comunidade para celebrar sua estreita união com o Cristo. Não são duas pessoas que decidem viver vidas distintas, mas a mesma vida, possível pelo sacramento do matrimônio, pela união do casal, da mesma forma como Cristo e o Pai são um, da mesma forma que Cristo e sua Igreja se identificam como uma unidade. Se cada casal, numa equipe de base, valoriza esta íntima união dos seres (nos níveis físico, sensível e espiritual), encontrará aí motivos para demonstrar que o casamento é um ato de construção de todos os dias, que o amor não é deixado às suas próprias forças ou ao seu espontaneismo. Encontrará motivos para demonstrar que o casamento é um lugar de amor, um meio de felicidade, um caminho de santidade. Encontrará motivos para demonstrar que o sacramento do matrimônio é um dom precioso de Deus para valorizar a vida, enquanto um meio para a santificação e divinização do homem. Neste sentido, qual é um dos grandes objetivos da reunião de equipe? É expressar o que é a vida de fé de cada casal (através da oração, sacramentos, compromisso evangélico, formação dos filhos), vida de fé na família, na comunidade, no meio profissional, na política, na evangelização, junto à cultura, e assim por diante. É expressar, através da palavra e de sinais sensíveis, a pratica da solidariedade e da partilha, a comunhão de vida com Cristo e com os irmãos em comunidade. O que podemos, por exemplo, demonstrar na partilha? Ela não é, como todos sabemos, um momento de prestação de contas, de demonstração de uma contabilidade pessoal ou conjugal, de dizer que fizemos isso ou aquilo. Uma partilha, orientada a partir das três atitudes de vida cristã (cultivar a assiduidade em nos abrir à vontade e ao amor de Deus; CM Outubro/92 - 19
desenvolver nossa capacidade para viver a verdade; aumentar nossa capacidade de viver o encontro e a comunhão), mostra que não estamos aí para cumprir "coisas", que ninguém nos impõe nada, que não há lugar para formalismos. Uma partilha orientada e vivida mostra o espírito que dá sentido à proposta de vida comunitária de cada casal e da equipe de base que se encontra reunida em celebração. Na partilha, devemos demonstrar para os irmãos de nossa equipe: - toda a nossa experiência de vida a dois em união com Cristo; - toda a nossa capacidade de aceitar a graça de Deus através do sacramento do matrimônio que nos une e nos faz verdadeiramente um só; - todo o uso que fazemos dessa graça em proveito pessoal e dos outros que formam nossa família, nossa comunidade; - todo o esforço que desenvolvemos para viver o projeto de Deus a nosso respeito; -todos os sucessos e dificuldades em assimilar o verdadeiro espírito cristão e em seguir o Cristo nos diversos ambientes de nossa vida; -todos os momentos, alegres ou tristes, que nos ajudaram na busca da vontade de Deus e do seu amor para conosco e para com a humanidade. Na verdade, demonstramos a confiança que temos nos irmãos que formam a comunidade da qual fazemos parte. É esta confiança que nos permite uma total abertura de nosso coração, pela certeza de sermos ouvidos, compreendidos e ajudados. Por outro lado, os irmãos de equipe que nos ouvem, demonstram, quer pela correção fraterna sincera, quer pela entre-ajuda, o amor e a caridade que têm para conosco. Alguns outros exemplos, bastante simples, são muito expressivos. Quando nos preparamos bem e com antecedência para a reunião, quando entregamos nossa folha de respostas para o tema de estudo e para a partilha a tempo de ser considerada na reunião preparatória, quando chegamos alegres e dispostos para a reunião e no horário marcado, o que é que demonstramos? São gestos muito simples, mas que demonstram todo o nosso interesse em crescer espiritualmente. Demonstram o nosso respeito pelos irmãos equipistas. Demonstram a vontade que temos de expressar nosso amor por aquilo que constitui um dos momentos mais preciosos da vida da equipe, da vida do Movimento. São gestos simples, mas que dignificam a celebração, permitem tornar a celebração mais densa, exprimem nossa pertença verdadeira à comunidade eclesial.
4.
Conclusã~
A reunião de equipe é rica em momentos e motivos para a vivenciar a dimensão demonstrativa da celebração litúrgica. 20 - CM Outubro/92
Desde o momento em que se "inicia", até o momento em que "termina" a reunião , pode-se demonstrar como se faz presente a obra salvífica de Deus, e sempre por meio de palavras e fatos concretos. Nossas equipes de base são constituídas por um povo eleito gratuitamente por Deus. Ele quer compartilhar sua vida divina conosco. Ele quer, por nosso intermédio, mostrar o seu amor, a sua misericórdia, o seu cuidado como Criador. A ação amorosa de Deus e sua vontade salvífica encontram em nós, por isto mesmo, um terreno fértil , porque nos comprometemos a sermos seus discípulos qualificados, como sujeitos e agentes da evangelização. É o sacramento do matrimônio o dom mais precioso que Deus nos confere para valorizar a vida, para santificar e divinizar o homem e a mulher que decidem viver uma só vida, concretizar uma proposta de vida cristã em família, uma pequena Igreja doméstica, fortalecida por uma comunidade eclesial fundada com estes propósitos. Demonstrar não é refletir ou aparentar alguma coisa. É mostrar nas coisa pequenas, gestos e sinais o maravilhoso da nossa experiência de Deus como casal e o nosso amor pela comunidade eclesial chamada Equipes de Nossa Senhora, à qual pertencemos. Por isto mesmo, a reunião de equipe não pode ser um momento improvisado, montado na última hora, da mesma forma que ninguém improvisa uma celebração eucarística, ou a monta de qualquer jeito. Enquanto uma celebração litúrgica, além de exigir uma participação ativa e consciente de todos , torna-se alimento para a vida comunitária, uma vez que o mistério do Cristo se faz presente e atuante. Mariola e Elizeu Calsing Pe. Augusto Garcia Equipe 19-A (Brasília)
CM Outubro/92 - 21
ESPECIAL - VIDAS FERIDAS
GRUPOS DE FRONTEIRA Constata-se, sobretudo ao longo dos últimos anos, uma constante preocupação pastoral da Igreja com os assim chamados "casos difíceis", de católicos casados que, por motivos vários, estão separados e hoje vivem sós ou em novas uniões, evidentemente, não sacramentadas. A preocupação fica mais evidente, a partir da Exortação Apostólica Familiaris Consortio (1983) de João Paulo 11, onde se lê (n 2 83 e 84); "A Igreja, com efeito, instituída para conduzir à salvação de todos os homens e sobretudo os batizados não pode abandonar aqueles que- unidos pelo vinculo sacramental/matrimonial- procuraram passar a novas núpcias. Por isso esforçar-se-á, infatigavelmente, para oferecer-lhes os meios de salvação". O assunto encontra eco, como não poderia deixar de ser, na Igreja do Brasil e acha-se incluído nas linhas de ação da Pastoral Familiar da C.N.B.B .. No que tange ao Movimento das ENS, a matéria cresce de importância, de forma nítida, mormente a partir da Segunda Inspiração e da prioridade de "Ir ao encontro da realidade". Dentre os campos de ação da Pastoral Familiar para engajamento dos equipistas, cita-se, nominalmente, no documento da Segunda Inspiração (n 2 4.2): ".. . -ajudar casais em dificuldades e divorciados que se casaram novamente ... Não podemos, sob pena de grave confusão, integrar estes últimos nas ENS mas podemos pensar em estruturas paralelas ao serviço das quais estariam os casais das equipes". Objetivando passar da preocupação para a ação, alguns equipistas da Região São Paulo Sul I, após consulta ao Casal Regional e rica troca de idéias como o Pe. José Carlos Di Mambro (então CEda ECIR), reuniram um primeiro grupo de pessoas separadas (algumas vivendo sós e outras em segundas uniões), em sua maioria bastante espiritualizadas, balizadas e formadas na Igreja Católica, na qual viveram enquanto estiveram sacramentalmente casadas e hoje buscando como viver melhor o seu cristianismo dentro de sua atual condição. O apoio entusiasta e a participação efetiva do Pe. José Carlos (presente a todas as reuniões do grupo enquanto seu estado de saúde assim o permitiu) foram fundamentais para responder a dúvidas e questionamentos de caráter teológico e dogmático, para acalmar as angustias dos participantes quanto à sua atual condição, e mesmo, de algumas mágoas por se sentirem "abandonados pela Igreja". Com o retorno do Pe. José Carlos à Casa do Pai (onde, com certeza, intercede por este trabalho), o grupo deixou de contar com a presença permanente de um conselheiro espiritual, de tanta importância para o seu crescimento. Alguns outros sacerdotes convidados não puderam assumir devido à sua indisponibilidade decorrente de outras tarefas e engajamentos. Contamos com as orações de todos os nossos leitores para que o Espírito Santo, por intercessão de Maria nos envie um novo Conselheiro Espiritual. Merece destaque, a participação de D. Nancy Moncau numa das reuniões do grupo, quando seu carisma e sua bondade muito marcaram os participantes. Na última reunião da qual participou, Pe. José Carlos solicitou aos presentes que dessem um nome para esses grupos em geral, tendo então surgido a designação de "Grupos de Fronteira" e esse primeiro grupo intitulou-se "Grupo 22 - CM Outubro/92
Shalom". Em novembro de 1991 , estivemos presentes à uma reunião da Comissão Nacional da Pastoral Familiar da CNBB, em São Paulo, em busca de informações e de experiências que pudessem nos ajudar. Fomos recebidos fraternalmente e incentivados a prosseguir, muito embora a Comissão ignorasse quaisquer outras experiências concretas nesse sentido. A metodologia que vem sendo adotada no Grupo Shalom é de uma reunião mensal (preparada e animada sempre pelo mesmo casal equipista que não age em nome da "instituição das ENS", mas nunca escondem a sua condição de equipista) em sistema de rodízio pelas casas de seus membros. A reunião é iniciada com uma parte de Oração (Abertura, Leitura e Meditação da Palavra, Intenções). Segue-se um momento de 'pôr em comum", onde os participantes se manifestam, livremente, sobre seus problemas, alegrias, questionamentos, etc. e onde se tem notado, de forma crescente, o exercício da ajuda mútua entre os membros do grupo. A seguir, troca-se idéias sobre o tema de estudos proposto na reunião anterior e que se baseia na seqüência temática da Experiência Comunitária, adaptada onde necessário tendo em vista as peculiaridades do grupo. Nos últimos meses, a reunião vem sendo encerrada com uma refeição comunitária. Nota-se, com o correr do tempo, cada vez mais a presença de um sentido de "comunidade" e um re-despertar espiritual dos participantes. Se pudéssemos contar com a presença de um sacerdote temos certeza de que o crescimento seria ainda maior. Somos de opinião que esse tipo de ação não pode se expandir muito rápida e grandeme_nte pois é necessário, primeiro, consolida-la num número limitado de grupos. E preciso, porém, um intercâmbio de experiências e nesse sentido pretende-se formar, a curto prazo, mais dois grupos que seriam acompanhados por outros dois casais equipistas que se dispuseram a isso, mas continuamos esbarrando no problema da falta de Conselheiros Espirituais. Esses outros casais desejam atender ao chamado do "Ide trabalhar na vinha" e querem levar a Boa Nova a esses irmãos que não tem, como nós, a felicidade de viver na plenitude da graça do Sacramento do Matrimônio, nem o privilégio da pertença ao Movimento das Equipes de Nossa Senhora. Maria Thereza e Carlos Heitor Seabra Eq. 04/B São Paulo/SP e Equipe da Carta Mensal
-
..
~,
I
'
~
•
•- . •
.
CM Outubro/92 - 23
ESPECIAL - VIDAS FERIDAS
OS DIVORCIADOS PERANTE A IGREJA, A DEZ ANOS DA FAMILIARIS CONSORTI0 11
11
O texto seguinte, taduzido do espanhol por José e Therezinha Veiga, foi publicado na revista mexicana Signo de los tiempos.
À tarde do dia 12 de maio de 1981, o Papa João Paulo li relia em seu estúdio privado as páginas do rascunho do que seria a FAMILIARIS CONSORTIO. Não suspeitava de forma alguma que no dia seguinte à mesma hora estaria na UTI do Hospital Gemelli , da cidade de Roma, por causa do incrível atentado que sofreria na Praça de São Pedro. Logo viriam as intervenções cirúrgicas e uma longa convalescência que o impediriam de dedicar-se novamente à redação final do documento. Somente em 22 de novembro desse ano seria publicado o texto oficial. Passaram-se dez anos e essa exortação apostólica, com seus importantes ensinamentos para as famílias cristãs, parece ter caído no esquecimento sem maiores aplicações práticas nas comunidades eclesiais ... Creio que o documento não tenha merecido atenção nos diversos níveis da Igreja, ainda que nenhuma outra instituição tenha sofrido, como a família, a influência das mudanças e transformações amplas, profundas e rápidas da sociedade e da cultura. Ademais é um texto de 166 páginas e seu conteúdo é pesado e difícil de se assimilar. Sem dúvida aí estão os princípios e as pautas para a grande pastoral da família cristã moderna que os sacerdotes e associações eclesiais de leigos devem tomar conhecimento com urgência e adotar em seus programas de trabalho. É importante destacar o anexo deste documento relativo ao que o Papa chama "os casos difíceis" (nos números marginais 77 a 85): casais mistos, uniões livres, casais em teste, casamentos só no civil , os divorciados e os divorciados que tornam a casar. Parece-me um anexo muito moderno, no qual a Igreja se apresenta com um sorriso maternal que não mostrava há muitos anos, especialmente quando se dirige a essas quatro categorias de casamentos que não tinham a bênção sacerdotal e aos simplesmente divorciados. Em relação aos casamentos mistos, entre católicos e não católicos, não há propriamente novidades ; neste campo a Igreja, após o Vaticano li, publicou vários documentos fazendo grandes concessões em relação à norma pré-conciliar; MATRIMONIA MIXTA, de Paulo li (1970) por exemplo e outros emanados 24 - CM Outubro/92
da Congregação Pontifícia da Doutrina da Fé. A novidade desta seção é o termo usado para referir-se a essas quatro categorias de casais sem sacramento; são chamados simplesmente: "casais em situação irregular ", quando antes eram chamados de pecadores públicos, adúlteros, infames ou excomungados. Ademais o Papa afirmou que tanto os que vivem em união livre como os divorciados que tornam a casar seguem sendo filhos de Deus e participando da vida da Igreja. Estas são suas palavras: "Em união com o Sínodo exorto vivamente aos sacerdote e toda a comunidade dos fiéis para que ajudem os divorciados, procurando com solicita caridade que não sejam considerados separados da Igreja, podendo e até devendo, enquanto batizados, participar em sua vida" (FC 84) . As linhas mestras deste anexo já haviam surgido embrionariamente em um documento firmado por Monsenhor Eduardo Gagnon, presidente da Comissão Pontifícia da Família (1978) sob o título de "Problemas pastorais relativos aos católicos divorciados e casados de novo no civil". Neste documento se utiliza pela primeira vez a expresso: "Casais em situação irregular", que na Familiaris Consortio se tornará, por assim dizer, carta da cidadania para referir-se a todos os casais que vivem maritalmente sem o sacramento do matrimônio. Devemos levar em consideração que os padres sinodais da Europa, Canadá, Estados Unidos e de muitos outros países exerceram, durante o Sínodo sobre a Família, uma pressão intensa para obter da parte da Igreja uma atitude de maior compreensão e benevolência para com estes casais em sua prática pastoral. O sorriso maternal da Igreja aparece, pois, com esta nova expressão, porque aceita sabiamente que só Deus pode conhecer e ajudar o íntimo das consciências e a eventual culpabilidade; só Ele conhece verdadeiramente suas dúvidas, suas lutas, sua debilidade, sua índole, suas ilusões ingênuas e, talvez sua boa fé . O termo "situação irregular" é benigno, respeitoso e objetivo; tratando-se de batizados que vivem maritalmente sem o sacramento do matrimônio, ficam em situação irregular em relação à lei da Igreja. Isto é algo externo, patente, de modo que o termo é válido e não agressivo. Vemos também a solicitude maternal e a compaixão da Igreja na frase seguinte: "É necessário um empenho pastoral generoso, inteligente e prudente, a exemplo do Bom Pastor, para com aquelas famílias que, freqüentemente e independente da própria vontade, ou premidas por outras exigências de distinta natureza, enfrentam situações objetivamente difíceis"(FC 77) . A respeito das "uniões livres de fato" o Papa afirma: "Trata-se de uniões sem vínculo institucional publicamente reconhecido, nem civil, nem religioso (amancebados, em linguagem popular). Este fenômeno, cada vez mais frequente, há de chamar a atenção dos CM Outubro/92 - 25
pastores de almas, já que nele mesmo pode haver elementos vários, e atuando sobre eles será possível, talvez, limitar suas conseqüências' (FC 81) , e mais adiante acrescenta: "os sacerdotes e a comunidade eclesial se preocuparão em conhecer tais situações e suas causas concretas, caso a caso, se acercarão dos que convivem com discreção e respeito; se empenharão em uma ação de iluminação paciente, de correção caritativa e de testemunho familiar cristão que possa mostrar-lhes o caminho da regularização de sua situação." Acerca dos simplesmente divorciados , o Papa expõe uma visão cheia de compreensão e caridade, muito oposta à que em nossos meios católicos se tem ainda agora, dez anos depois da publicação destes textos. "Motivos diversos, como incompreensões recíprocas, incapacidade de abrir-se às relações interpessoais, etc, podem conduzir um casamento válido a uma ruptura freqüentemente irreparável. Obviamente, a separação deve ser considerado um remédio extremo, depois que todas as tentativas tenham fracassado ". É interessante destacar nestas linhas como se aceita a existência de casos em que o divórcio é um remédio válido; temo que são mais numerados do que supomos à primeiro vista. Sem dúvida, há tempos julgávamos "maus" todos os divorciados, sem exceção, e, como conseqüência, não eram aceitos quando pediam emprego, nem os filhos de pais divorciados eram aceitos em algumas escolas católicas . Agora sim, são aceitos , pois do contrário não teriam alunos suficientes. Há escolas de renome em que 50% dos alunos são filhos de pais divorciados. Prossegue o texto : "A solidão e outras dificuldades são as vezes encargos do cônjuge separado, em especial se é inocente. Neste caso cabe à comunidade eclesial apoiá-lo com estima, solidariedade, compreensão e ajuda concreta, de maneira que lhe seja possível conservar a fidelidade, mesmo na situação difícil em que se encontra ". Ao final deste parágrafo se ratifica explicitamente que estes exemplos de fidelidade e coerência cristã assumem um particular valor de testemunho frente ao mundo e à Igreja, e que exige desta uma ação contínua de amor e ajuda, sem que existam obstáculos para sua admissão aos sacramentos (FC 83) . Como é urgente que mais irmãos , os sacerdotes que trabalham na pastoral de paróquias e igrejas , aceitem que os simplesmente divorciados possam comungar e confessar-se como os casados e solteiros. Há porém os que os repelem preconceituosamente, sem caridade; mais grave é o caso dos que o fazem por ignorância destas disposições do Papa, que têm relação direta com seu ministério sacerdotal. É oportuno citar alguns fatores históricos peculiares que causaram a marginalização dos divorciados e divorciados casados no México. Em 1874, em um clima de forte anticlericalismo por parte do governo, foi liberado o divórcio, mas com princípios de ética e moral, sem destruição do 26 - CM Outubro/92
.
vínculo sacramental. Ou seja, era legítima a separação física dos cônjuges mas não se permitia outro casamento civil; em decreto de 1974 foi modificada esta disposição, no sentido de que o casamento pode dissolver-se durante a vida dos cônjuges, por mútuo e livre consentimento ou por causas graves fixadas pela lei, tornando-os habilitados para uma nova união legítima. É óbvio que estas disposições legais foram recebidas pela hierarquia e, em geral, pelas católicos, como um golpe baixo. Dai brotou uma nova mentalidade coletiva de repúdio e excomunhão contra divorciados e seus familiares que os acolhiam com hospitalidade e, mais ainda, com os recasados. Não houve certamente nenhum decreto oficial de excomunhão, mas a reação entre os católicos, sacerdotes e fiéis foi tão rigorosa que em algumas regiões assim se passa mesmo sem ter havido documento oficial. A atual mentalidade e atitude oficial da Igreja católica para com os divorciados e recasados mudou muito como afirmado acima. Sua disciplina a respeito da negação da comunhão e confissão sacramentais aos recasados e demais casais em situação irregular segue como antes, mas o Papa João Paulo 11, na Familiaris Consortio, convoca-os paternalmente a não considerarem-se separados da igreja, podendo e até devendo, enquanto batizados, participar em sua vida. "Que sejam chamados, diz, a escutar a Palavra de Deus, a freqüentar o sacrifício da Missa, a preservar a oração, a participar das obras de caridade e das iniciativas da comunidade em favor da justiça, a educar os filhos na fé cristã, a cultivar o espírito e as obras de penitência, para implorar deste modo, dia a dia, a graça de Deus". E termina esta exortação com uma frase que, por si só, deveria bastar para que muitos sacerdotes mudassem sua mentalidade juridicista tradicional por uma atitude que reflita mais a misericórdia de Cristo, por uma atitude mais coerente com o Evangelho. "A Igreja reze por eles, os anime, se apresente como mãe misericordiosa e assim os sustente na fé e na esperança " (FC 84). Este ponto me parece ser o ápice da parábola da misericórdia, que traça aqui João Paulo 11 para com os casamentos em situação irregular. Mais adiante, sem dúvida, ratificará a prática tradicional da Igreja de negar o acesso aos sacramentos da eucaristia e da penitência. E por último, fará alusão aos "desprovidos de família" , essa categoria de pessoas que pela situação concreta em que vivem, estão especialmente próximas ao Coração de Cristo, e são dignas de afeto da Igreja, assim como dos sacerdotes: há no mundo muitas pessoas que não têm em absoluto o que se chama de família. Grandes setores da humanidade vivem em condições de enorme pobreza, onde a promiscuidade, a falta de moralidade e a grave carência de cultura não permitem poder falar de verdadeira família. Sem dúvida, para todas elas, assegura o Papa, existe uma "boa nova da família". É um dever que cabe solidariamente a toda a sociedade, mas de maneira especial às CM Outubro/92 - 27
autoridades bem como às famílias, que devem demonstrar grande compreensão e vontade de ajudar. A esses irmãos nossos o Papa dirige estas palavras: "Ninguém se sinta sem família neste mundo: a Igreja é casa e família para todos, especialmente para aqueles fatigados e agoniados" (FC 85). A dez anos da Familiaris Consortio, neste campo da pastoral familiar, isto é, dos matrimônios em situação irregular, estão acontecendo mudanças profundas, condicionadas pela nova atitude misericordiosa da Igreja exposta no documento e pelo alarmante número de divórcios (a maior parte nos primeiros cinco anos de casamento), nos EUA, onde vivem 13 milhões de católicos divorciados e mais outros 13 milhões de não católicos. De cada três divorciados, dois tentaram um segundo casamento, ou seja, oito milhões e meio de segundos casamentos no civil. Por este motivo surgiram, patrocinados pela Igreja católica dois livros: "To Trust Again" e "Once more with lave", cursos de preparação para o segundo matrimônio. O Padre B. Hãring, renomado moralista europeu, publicou uma pastoral para divorciados sob o título: "Há uma saída?"; do bispo francês Le Bourgeois acaba de surgir: "Cristãos divorciados casados novamente"; de Michel Legrain, a reflexão bíblica e pastoral: "Divorciados e recasados"; "Divórcio e recasamento na Igreja Católica", de Lawrence G. Wrener; "Divórcio e recasamento para católicos" de Stephen S. Kelleher; "O recasamento dos divorciados" do Centro Dominicano de Proidmont, Bélgica; "Divórcio e recasamento" do padre Theodore Mackin, SJ; "Divórcio e novo casamento" de Francisco Lozano. Não pretendo ser cansativo quanto à bibliografia sobre este assunto, mas apenas indicar que devemos aceitar que todas estas informações constituem um movimento que busca obter da Igreja católica uma abertura maior, uma pastoral mais benevolente que permita o acesso dos recasados aos sacramentos. Quisera ver a estrela da manhã nas palavras de João Paulo li já citadas: "A Igreja reze por eles, os anime, se apresente como mãe misericordiosa e assim os mantenha na fé e na esperança". Ignácio Diaz de León, M.Sp.S.
28 - CM Outubro/92
PRIORIDADES
EXPERIÊNCIA COMUNITÁRIA: DOIS TESTEMUNHOS Há mais ou menos seis meses fomos convidados a coordenar a primeira Equipe de Experiência Comunitária do Setor E [de Brasília] . A principio ficamos bastante apreensivos, face a responsabilidade que estávamos assumindo, qual seja, a de plantar a semente precursora das ENS naquele Grupo. As dificuldades encontradas não constituíram motivo para desânimo muito menos para desistência, mas nos levaram a uma reflexão mais profunda sobre a importância deste trabalho para nós e para o Movimento como um todo. Logo nas primeiras reuniões, o grupo, que é oriundo de um dos círculos do ECC da Paróquia São Paulo Apóstolo- Guará I, demonstrou que se trata de casais com um nível de espiritualidade muito bom. A cada encontro que realizamos observamos que aumenta o entrosamento, o entusiasmo e a participação de cada um. Tudo isso, aliado aos depoimentos que temos tido oportunidade de assistir, nos leva a acreditar que a futura Equipe de Nossa Senhora sabe a que veio e tem muito a oferecer ao Movimento e à comunidade a que pertence. Como casal responsável pela formação básica daqueles futuros equipistas, a nossa perspectiva é de vê-los cada vez mais inseridos no contexto das ENS, porém temos outra preocupação não menos importante, que é a de pedir a você equipista, que não perca a oportunidade de coordenar um grupo dessa natureza, quando for solicitado pelo Casal Responsável de seu Setor. A Experiência Comunitária é algo que nos permite dimensionar o valor do serviço em favor dos nossos irmãos. Servir ao próximo é como acender uma vela na escuridão: aquele que a acende é quem primeiro recebe a claridade. Dalvinha e Edmílson Equipe 50 - Setor E Brasília/DF
* Dando prosseguimento ao que foi levantado pela Segunda Inspiração surgiram as seis prioridades do movimento. Fizemos um estudo profundo de cada uma delas e verificamos a nossa realidade: havia 23 casais que há quase um ano reclamavam ser Equipe de Nossa Senhora. Nossa justificativa para estes era a falta de Padre, mas hoje concluímos que a Luz do Espírito Santo com a sua presença estava nos orientando para a definição do momento. E o momento era aquele e nos foi apresentado como CM Outubro/92 - 29
uma prioridade: Experiência Comunitária- Um Caminho. Este caminho buscava expandir o movimento, levando a outros casais as riquezas que se encontram na vivência cristã, conjugal e comunitária, identificando casais católicos que tendo recebido o Sacramento do Matrimônio, têm em comum a inquietação pela procura da felicidade e entrevêem nas propostas cristãs um caminho a eles aberto. Dirige-se portanto a grupos que podem ou não tornar-se Equipes de Nossa Senhora. Esta experiência é vivida por grupos de casais aos quais se propõe descobrir e aprofundar a vivência do matrimônio, proposta em 8 (oito) reuniões sob a orientação de um casal equipista, mais um Conselheiro Espiritual. Partindo deste pressuposto, a Equipe 11, com o apoio da equipe 52, e o Padre Moisés, todos do Setor A, [de Brasília] reuniram em 2 grupos os 23 casais. Foram oito reuniões de aproximadamente 2 horas de duração, conforme o sugerido pelo Movimento. Após o término de cada uma das reuniões os casais demonstravam mais sede de conhecimento, de crescimento na vida a dois , descobrindo, após determinado momento, a beleza do diálogo conjugal e da entre-ajuda no grupo e na comunidade a que cada um pertence. Concluindo esta etapa, ficou assim distribuído o grupo: 3 casais desistiram na 2" Reunião por motivos particulares; 1 casal transferiu-se para Fortaleza onde irá procurar o Movimento; 3 casais integraram a Equipe 51; os outros dezesseis formaram as Equipes 17 e 31. Animados pelos resultados no Núcleo Bandeirante, o Setor A e o Setor D uniram-se para implantar a Experiência Comunitária na Agrovila São Sebastião com 3 grupos de 12 casais, todos remanescentes do círculo do ECC, juntamente com seminaristas que prestam serviços naquela comunidade. Posteriormente, ainda neste semestre a equipe 11 lançará a Experiência Comunitária na Candangolândia, visto que é um núcleo de recente formação residencial e com um número de famílias famintas pelo conhecimento da Verdade Cristã. Dalela e Saul Equipe 11 - Setor A Brasília/DF
30 - CM Outubro/92
PRIORIDADES
COMUNICAR SEMPRE ... Hoje mais do que ontem temos necessidade de nos comunicar e de sermos comunicadores. Muitas vezes não recebemos algum recado, porque a comunicação foi interrompida por algum motivo, conseqüentemente não participamos de algum evento, ou deixamos de saber alguma coisa. Portanto, temos um papel importante na comunicação, somos comunicadores da Palavra de Deus, somos comunicadores de conhecimentos e valores a nossos filhos, somos comunicadores de recados nas E.N.S.; se falharmos ou nos omitirmos a comunicação fica deficiente e conseqüentemente prejudicamos alguém, impedindo que ele receba a mensagem. Por outro lado, "os meios de comunicação" estão a todo vapor, nos comunicando todo tipo de informação. Nem sempre queremos receber tais informações, porém, recebemos. Faz-se necessária uma filtragem, uma retomada de nossos valores, o diálogo em família, para que a mensagem recebida não seja apenas assimilada mas amplamente discutida. Criticamos os meios de comunicação, mas não podemos negar sua eficácia. Diante da eficácia dos meios de comunicação e da ineficácia da nossa pequena comunicação, deixo uma proposta: não sermos apenas receptores passivos, mas comunicadores eficientes para que a nossa mensagem alcance seu objetivo.
Íri de - Equipe 3 Araraquara/SP
CM Outubro/92 - 31
COMUNICAÇÃO
VI ENCONTRO NACIONAL DE IMPRENSA CATÓLICA Embora atrasados, queremos comunicar aos prezados irmãos equipistas a participação da Carta Mensal no VI Encontro Nacional da Imprensa Católica, realizado em Curitiba, nos dias 19 e 20 de junho último. Promovido pelo setor de Comunicação da CNBB, representado pelo Padre Augusto César Pereira, Assessor Nacional de Comunicação da CNBB, pela arquidiocese de Curitiba, na pessoa de seu Arcebispo Dom Pedro Fedalto e pelo Jornal Atualidade, liderado pelo dinâmico Jornalista Plácido José Oliveira, o evento desenvolveu-se nas dependências da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, que acolheu, magnificamente, a jornalistas, editores e representantes de 58 órgãos da Imprensa Católica Brasileira. O primeiro dia foi pleno de esclarecedoras palestras sobre a situação atual da imprensa católica no Brasil, chegando-se à conclusão de que a Igreja possui uma enorme força de comunicação, mas descoordenada, e que urgia a criação de uma Central de Informação para dinamizar esse potencial. Os grupos de estudo, que se seguiam às palestras, eram ricos sobre a atuação de cada órgão representado: jornais, revistas e boletins diocesanos, cada qual no seu cantinho, sem incomodar e sem ser incomodado. Nada de articulação, a não ser no fato de um transcrever artigo do outro, por vezes, sempre com receio de direitos autorais. Sobre isso se firmou ampla liberdade de aproveitamento, desde que se citem a fonte e outros elementos identificadores. A primeira parte do segundo dia foi consagrada ao Congresso Internacional da Imprensa Católica, a realizar-se em São Domingos, capital da Republica Dominicana, e à maneira como se devem tratar os documentos da Igreja. Após o almoço, houve duas sessões plenárias muito importantes e a redação final e aprovação da Carta de Curitiba. Carta de Curitiba: Em seguida a quatro moções aprovadas, como: a) solicitar à CNBB maior cuidado no material publicado da Campanha da Fraternidade; B) referendar e apoiar o Congresso Mundial de Jornalista Católicos, a realizar-se em Campos do Jordão, de 22 a 28/9/92; c) assegurar na Imprensa Católica maior espaço para as etnias e grupos marginalizados; d) incentivar os delegados brasileiros, que irão a São Domingos, se empenhem na aprovação da Comunicação, como uma das prioridades da Igreja Católica na América Latina, os participantes de Encontro ouviram, debateram e aprovaram a chamada Carta Curitiba, constituída de nove considerandos e nove propostas, encabeçadas por aquela que sugere a criação imediata de "uma Agência de Notícias da Igreja, capaz de veicular 32 - Outubro/92
os fatos, a opinião autorizada, a interpretação jornalística dos Documentos da Igreja e a posição da Igreja nos vários segmentos sobre os fatos emergentes, com a rapidez e a eficiência que a dinâmica da Imprensa exige, em nível profissional". Eis, em breves palavras, o que foi o Encontro, sem falarmos na fidalguia dos anfitriões: Dom Fedalto, Dr. Euro Brandão- Magnífico Reitor da PUC, Monsenhor Luiz Gonzaga Gonçalves, o jovem Jornalista Plácido José de Oliveira e outros, que nos proporcionaram dois dias cheios de alegrias para o espírito (atos de Liturgia e Cultura) e para o corpo (churrasco à gaúcha, jantar, etc.). Queremos registrar aqui nosso melhor agradecimento ao Casal Rosmarie e Roberto, da Equipe 17 B, de Curitiba, que nos acolheu em sua residência como a velhos amigos, ou melhor, como a irmãos. Nossa Senhora lhe dê e a seus filhos gentilíssimos uma chuva pesada de bênçãos especiais. Nilza e Maurício da Equipe da Carta Mensal
NOTÍCIAS BREVES
"PASTORAL DAS ELITES" A Arquidiocese de São Paulo, decidiu criar os Vicariatos das Lideranças Sociais e dos Meios de Comunicação, espécie de "dioceses informais" dentro da Arquidiocese. Para esta criação D.Paulo Evaristo Arns e seus bispos auxiliares partiram de um diagnóstico com seis constatações: 1) As elites e os meios de comunicação social "têm uma importância fundamental" para as mudanças na sociedade. 2) A Igreja Católica está ausente "quase totalmente" desses segmentos. 3) A Igreja está praticamente ausente das organizações representativas das elites e, inclusive, das pessoas com liderança social. 4) Os católicos que integram esses setores queixam-se da falta de acompanhamento pastoral. 5) As atuais pastorais "são incapazes" de atender a essas expectativas. 6) A própria Arquidiocese de São Paulo sente dificuldade para chegar a esses segmentos. Além dos comunicadores, a Igreja pretende atingir através dos dois Vicariatos - empresários, sindicalistas, políticos, artistas, intelectuais, juízes e professores universitários. Os Vicariatos atuarão através de grupos de reflexão, semanas de estudos, promoção de retiros espirituais e publicações específicas.
Outubro/92 - 33
VIDA DE EQUIPE
"CASAL PROBLEMA" E VIDA DE EQUIPE Volta e meia param na mesa da "Carta Mensal" perguntas sobre o papel de uma equipe diante de um "casal problema". Problema tanto mais sério e premente que muitas vezes se trata de um casal que está no movimento faz anos, e que ninguém na equipe pretende rejeitar e abandonar. Mas, por outro lado, a presença deste casal na equipe, sobretudo se ele procura encontrar nela uma solução para seus problemas, pode muito bem provocar a desintegração da própria equipe. Pois a reunião de equipe não é uma sessão de psicoterapia de casal , e sim de vivência evangélica visando progresso espiritual. O que fazer? Claro, claríssimo, não rejeitar o casal que enfrenta um problema de vida conjugal e família!. Aliás, qual é o casal que poderia pretender nunca ter atravessado na sua vida a dois, períodos de turbulência? Um momento de mal estar na vida conjugal não passa, muitas e muitas vezes, de um~ crise, isto é, de uma oportunidade para crescer humana e espiritualmente. E uma lástima ver tantos casais se separarem porque enfrentam uma dessas crises normais em toda vida humana, que nunca evolui de maneira linear, mas sim ondulatória. Nessa altura, o apoio espiritual da equipe só pode ajudar poderosamente. Com uma condição: que o casal com problema saiba ser muito discreto e não abra o jogo na reunião de equipe; e que a equipe, por sua vez, não pressione o casal para abertura de jogo. Nessa situação, o melhor seria recorrer a um terapeuta especializado em terapia de casal, conhecido e tecnicamente bem preparado. Na falta de um bom terapeuta especializado (são raríssimos) , o mais razoável seria procurar para um bom aconselhamento o conselheiro espiritual da equipe ou um dos casais, da própria equipe, ou um casal amigo que poderia eventualmente ajudar a parar para pensar e a analisar a situação tomando o recuo necessário, sem se envolver efetivamente. Pois é isso que inevitavelmente aconteceria com a própria equipe: um envolvimento efetivo enorme que, além de não resolver coisa alguma, só poderia prejudicar, e gravemente, a própria equipe. Em certas cidades existem "institutos da família", que muitas vezes oferecem recursos terapêuticos. Podem também ser procurados. Concluindo: não se trata de fazer da reunião da equipe uma sessão de psicoterapia, correndo o risco praticamente inevitável de uma sessão de psicoterapia mal feita, com prejuízo para todos. Mas se trata de oferecer a esse casal em crise o conforto de uma boa e firme amizade, e de um apoio espiritual profundo e verdadeiro, como pode oferecer uma verdadeira Equipe de Nossa Senhora. fr. J.P. Barruel de Lagenest O.P.
34 - CM Outubro/92
PONTOS CONCRETOS DE ESFORÇO
É PRECISO TREINAR A VONTADE ... "Um homem não trabalhava porque não tinha forças; não tinha forças porque não comia; não comia porque não tinha dinheiro; não tinha dinheiro porque não trabalhava; não trabalhava porque..." O que distingue o equipista dos demais cristãos são pontos concretos de esforço e a vida de equipe. Mas é interessante notar que, no Movimento, às vezes, vivem-se mal essas características, apesar da vontade de vivêlas. Como só podemos querer aquilo que conhecemos, conclui-se que a vontade só pode agir por meio da inteligência. É a inteligência que apresenta o objeto para a vontade desejar. Ao pertencermos a um movimento de pastoral familiar, como as ENS, devemos, por questão de inteligência, discernir sua condição eclesial, seus propósitos, regras e objetivos. Não nos tornamos equipistas para sermos equipistas. As ENS não têm fim em si mesmas. Ao contrário, devem ajudar os casais a darem testemunho de sua fé no dia-a-dia da vida conjugal, familiar, e ainda serem testemunhas de Cristo, presença de Igreja em qualquer ambiente ou lugar em que estiverem. Para isso o Movimento pede que se aproximem de Deus e dá o caminho de crescimento com temas de estudo, pontos concretos de esforço e uma vida de equipe muito ligada a Deus pelos Sacramentos e aos irmãos com o exemplo e a ajuda de Maria Santíssima. Qualquer agrupamento de pessoas, sindicatos, associações, clubes, movimentos, só se tornam eficazes se seus membros buscam firmemente defender os objetivos do grupo, se trabalham nesse sentido. Assim também nós, das ENS, devemos ter sempre em mente o objetivo de santidade a que Deus nos chamou e que tentamos viver, como casados, no Movimento. É isto que nos deve questionar: estamos realmente interessados em buscar nas Equipes a vida de santidade conjugal? Esforçamo-nos para isto? Acreditamos nos meios que o movimento nos oferece para crescermos espiritualmente? Abrimo-nos à ação de Deus e fazemos nossa parte? Se o Movimento não está ajudando o casal a crescer espiritualmente, a ligar fé e vida, a ser presença viva e atuante de Deus no mundo, na comunidade (Igreja), na família, então está faltando alguma coisa ... Não podemos pertencer a uma equipe só porque gostamos, porque temos bons amigos, porque nos sentimos protegidos contra certos males do mundo, porque nos auxiliamos nos momentos difíceis, ou porque algo CM Outubro/92 - 35
de bom sempre se aproveita. Tudo isso é bom e importante, mas o principal é o objetivo de uma espiritualidade familiar e conjugal, nosso testemunho cristão no mundo. O resto vem por acréscimo em nossa vida de equipe. Os pilares de uma vida cristã são: a oração, o estudo e a ação. Uma coisa depende da outra. Se nossa vida espiritual não vai bem , é preciso interferir no ciclo dos três pilares para não se cair no caso daquele homem que não trabalhava ... Do contrário, corremos o risco de não agir, porque não estudamos (conhecer); não estudamos, porque não rezamos (só Deus fortalece nossa vontade) ; etc ... A maneira de interferir nesse eventual círculo vicioso é deixar Deus agir em nossa vida. Em nível de Equipes, é conhecer profundamente o Movimento, reafirmar nosso objetivo e colocar nossa vontade nas mãos de Deus. Mas é preciso treinar nossa vontade. Não basta conhecermos a técnica de mudança das hábitos de vida (oração, meditação, leitura, etc) . Devemos distinguir entre conhecer e praticar. Cristianismo não é matéria só intelectual. Se nossos propósitos, se nosso esforço estiver limitado apenas ao plano da inteligência, da boa intenção, não estaremos livres de um fragoroso fracasso. Em Deus, na oração, devemos atingir nossa vontade para então atingirmos nosso ideal. Sem vontade surgem o desânimo, as desculpas, até mesmo os conflitos. Exercitar a vontade torna-se assim uma condição sem a qual é impossível alguém controlar o próprio instinto, a própria acomodação. Se a vontade é fraca para cumprirmos os pontos concretos de esforço, mas desejamos que isso se resolva, é preciso que a exercitemos diariamente, que a revigoremos , que a fortifiquemos com exercícios de autodomínio, através de renúncia, penitência, que certamente espantarão nossa pouca persistência. Refiro-me a desenvolvermos o autodomínio, fazendo coisas de que não gostamos , e deixando de fazer outras tantas que queremos, sem reclamarmos , por amor de Deus. Isto faz bem ao espírito e fortalece a vontade. O único modo de aprendermos como treinamos a vontade é começarmos a treiná-la desde já Os exercícios da vontade treinam o controle do instinto, e o controle do instinto treina a vontade, ambos concorrem para o êxito da vida. Com nossa vontade fortalecida viveremos melhor as medidas indispensáveis à nossa vida de equipe, os pontos concretos de esforço e, praticando-os, estaremos dando a Deus o dízimo de nosso tempo. Deborah e Tininho Pouso Alegre/MG.
36 - CM Outubro/92
VIDA DO MOVIMENTO BALANÇO E ELEIÇÃO DO CASAL RESPONSÁVEL Aproxima-se o final do ano e com ele, dois momentos muito importantes para as ENS : o Balanço anual e a eleição do Casal Responsável.
É necessário que todos nós nos preparemos bem para vivenciar esses dois momentos; que estejamos com o coração aberto à Deus, para poder, na presença de Maria nos situarmos em nossa história da comunidade em que vivemos . Que tenhamos a humildade de Maria, para nos reconhecermos como realmente estamos e se preciso for, que tenhamos a capacidade de nos reconhecermos errados e fazermos o possível e o impossível para nos colocarmos novamente nos caminhos de Deus. Quanto à eleição do Casal Responsável, que tenhamos a caridade suficiente para, também dentro dos planos de Deus, assumirmos o compromisso que Ele nos pede dentro do movimento. Não somos apenas consumidores; somos construtores do Movimento. Não podemos dizer que o Movimento não vai bem , quando na realidade, nós mesmos não fazemos bem a nossa parte, quando nós mesmos não construímos a unidade e a caridade que devem ser a marca de uma comunidade cristã. O Movimento somos nós e não só a ECIR ou o Setor. Que cada casal não fique alegando uma série de inconvenientes para ser eleito : "Quem está na chuva é para se molhar" . Quem não tem a disponibilidade de, pelo menos por um ano, estar à serviço dos irmãos , estar mais disponível ao Cristo presente nelas , que sequestione bem se vale a pena se dizer equipista. Além do mais, nessa caminhada, não estamos sozinhos. Cristo está conosco, Maria caminha conosco! Então, de que precisamos ter medo? Vamos aderir aos desígnios de Deus com toda a nossa fé com toda a disponibilidade e colocar em suas mãos o que pretendemos realizar .. . O resto , sem dúvida alguma, virá por acréscimo. Maria Tereza e Odir CR- Setor Bauru/SP
CM Outubro/92 - 37
VIDA DO MOVIMENTO
RESPONSÁVEIS DE EQUIPE? DEUS NOS LIVRE ... - Se formos eleitos, saímos da equipe! - Graças a Deus não fomos nós o casal eleito! Quantas vezes já ouvimos estas frases? Quantas vezes estes sentimentos não estão em nosso íntimo, ainda que não reconhecidos? Ser responsável nos soa, freqüentemente , como um excesso de atribuições e aborrecimentos dos quais queremos estar longe. Mas será, realmente, este o sentido de ser Casal Responsável? Ser o burro de carga dos outros? Ser o dono de uma equipe?
"Um homem tinha dois filhos. Dirigindo-se ao primeiro, disse: "Filho, vai trabalhar hoje na vinha ". Ele respondeu: Não quero, mas depois, reconsiderando a sua atitude, foi. Dirigindo-se ao segundo, disse a mesma coisa. Este respondeu: Eu irei, senhor, mas não foi. Qual dos dois realizou a vontade do pai?' (Mt 21 ,28-32). A humanidade é a vinha preciosa do Senhor, por Ele plantada, regada e podada. Cada ramo tem sua atenção especial. Mas , vinha que somos, também somos convocados a servinhateiros. A vinha nos foi entregue para dela cuidarmos . A todos nós se dirige a palavra do Pai: "vai hoje trabalhar na vinha" . Curiosa esta duplicidade de papéis: somos vinha e agricultores, somos objeto e agentes. Isto nos ajuda a compreender que somos todos responsáveis uns pelos outros neste mundo. Se Deus nos entrega sua vinha, cada ramo por ele cuidado com amor especial , como não nos sentirmos responsáveis? Nada do que fazemos ou somos é irrelevante no mundo. Tudo o que somos ou fazemos (na nossa vida pública ou no íntimo de nosso lar) é a resposta à vocação de cuidar da vinha. Ser bom vinhateiro não é hobby ou privilégio, é convocação. A vinha do Senhor é grande e nós somos uma gleba desta plantação, chamada de Equipes de Nossa Senhora. Não que nosso ser ou agir se restrinja a este campo , mas este foi a nós confiado. Não a alguns poucos dirigentes , mas a todos . Então por que escolher Casais Responsáveis de Equipe? Voltando à parábola, podemos imaginar que aquele pai não tinha só dois filhos, mas a eles fez um chamado, para eles tinha uma tarefa especial. A vinha não era só herança destes dois filhos , não eram só eles que nela trabalhavam, mas o pai confiou-lhes uma missão : talvez a poda, ou o regar 38 - CM Outubro/92
ou o plantar. Algo que não foi confiado aos outros filhos. O pai os amava e confiava nestes dois para o trabalho. E, certamente, amou muito mais aquele que, apesar da inicial recusa, foi trabalhar na vinha. Deus nos livre sim , não de sermos eleitos Casal Responsável, mas de não compreendermos o especial amor de Deus por nós quando nos entrega uma missão. Deus nos livre de não compreendermos que somos responsáveis uns pelos outros (e isso não se revela no fazer coisas, mas no assumir, cada um , o seu papel). Deus nos livre de não sermos capazes de repensar nossa atitude e aceitarmos trabalhar onde Ele nos chama. Deus nos livre ... Lourdes e Sobral C. R. Região Centro-Norte
CM Outubro/92 - 39
DIA DAS CRIANÇAS
.. VINDE A MIM AS CRIANCINHAS .. 20 de outubro de 1991 - Em Salvador, o Papa faz amargurado apelo durante o encontro com as crianças.
Quantas vezes na minha vida li e ouvi as palavras de Nosso Senhor dizendo que "quem não se fizer parecido às crianças não entrará no Reino dos Céus" (Mt. 18,3) , e "quem colocar um obstáculo para uma criança cair, seria melhor ser jogado ao mar" (Mt. 18,6) ! Quando queriam afastar d'Eie as crianças , Ele reclamou: "Deixai vir a mim as criancinhas " (Mt. 19,14). Por isso, eu, que sou indigno discípulo de Jesus e faço as vezes d'Eie na Igreja, fiquei feliz quando soube que as crianças do Brasil queriam me encontrar. Eu disse: "Deixem que elas venham ao Papa! Estou ainda mais feliz porque são vocês, crianças da Bahia, que hoje se encontram comigo em nome de todas as crianças do Brasil. Digo então a vocês: "Crianças da Bahia, bom dia"! Quero dizer-lhes , antes de tudo, que vocês são muito importantes para o Papa. Importantes porque, aqui no Brasil , vocês são muitas e formam grande parte da população. Vocês sabiam disso? Importantes porque são o futuro do Brasil, o futuro da Nação; importantes porque são também o futuro da Igreja. Vocês sabiam? Devem saber mais e mais! O que é bonito em vocês, crianças, é que cada uma olha as outras crianças e dá as mãos , sem fazer diferença de cor, de condição social, de religião. Vocês dão as mãos umas às outras . Tomara que os grandes fizessem também como vocês e acabassem com toda discriminação. Só assim o mundo poderia encontrar a paz. Vocês querem a paz do mundo? Vocês querem um mundo em paz? Para serem realmente importantes, vocês precisam de uma família, de pais unidos, de um clima de amor e de paz. É preciso ajudar as crianças que nasceram e estão crescendo fora de uma verdadeira família. Mas é preciso também fazer alguma coisa para que todas as crianças vejam respeitado seu direito de terem pais unidos, irmãos que se amam, uma casa harmoniosa e feliz. Se vocês querem isso, levantem a mão direita! Para serem importante, vocês precisam de escolas , onde todas, sem exceção, aprendam a ler e escrever, a fazer as contas e tudo mais que é necessário para crescer na vida. Crianças que já vão à escola, vocês querem ser aplicadas e estudiosas para aprenderem muito. Vocês querem que as outras, que ainda não vão a escola, tenham boas escolas para estudar? Para serem importantes vocês precisam conhecer Jesus Cristo, precisam 40 - CM Outubro/92
amá-Lo como seu maior amigo, rezar a Ele todos os dias, sem falta. Se vocês querem isso, levantem agora a mão esquerda! Vocês precisam também aprender o Catecismo em casa, na escola e na Igreja, preparar-se para a Primeira Comunhão e para a Crisma. Se vocês querem isso, levantem as duas mãos! Se ser criança é tão importante, então todas as crianças são importantes, todas! Não pode nem deve haver crianças abandonadas. Nem crianças sem lar. Nem meninos e meninas de rua. Não pode nem deve haver crianças usadas pelos adultos para imoralidade e grandes infrações, para a prática do vício. Não pode nem deve haver crianças amontoadas em centros de triagem e casas de correção, onde não conseguem receber uma verdadeira educação. Não pode nem deve haver, é o Papa quem pede e exige em nome de Deus e de seu Filho, que foi crianças também, Jesus, não pode nem deve haver crianças assassinadas, eliminadas sob pretexto de prevenção ao crime , marcadas para morrer! Vocês querem que todas as crianças sejam felizes? Querem uma cidade, um Estado, um País, sem crianças abandonadas e meninos e meninas de rua? (cf. L'Osservatore Romano)
CM Outubro/92 - 41
DIA DAS CRIANÇAS O QUE COMEMORAR NO DIA DA CRIANÇA? Se não há motivos para comemorações, há grande razão para uma séria reflexão. São 45 milhões de menores vivendo em condições subumanas; 25 milhões sofrendo de desnutrição crônica; 1O milhões obrigadas ao trabalho precoce; 7 milhões de deficientes físicos e mentais. Milhares são vítimas de maus tratos, torturas, humilhações, mutilações, estupros e violência policial. 18 milhões de jovens entre 7 e 14 anos são analfabetos e quase metade da população rural brasileira em idade escolar não pode freqüentar uma sala de aula. Quase 25 milhões de crianças e adolescentes são de famílias com renda mensal"per capita" de até meio salário mínimo. Durante os anos de 1985 a 1990, nasceram 20 milhões de crianças no Brasil. Destas, mais de 1 milhão morreram antes de completar 1 ano de vida. As estatísticas apontam 8 milhões de menores que vivem quase permanentemente na rua, sujeitos a violências de toda espécie. Calcula-se que 5 menores de rua estão sendo assassinados por dia. No ano passado, o jornal londrino "The lndependent" publicou:- "O Brasil já resolveu o problema de como tirar as crianças das ruas: matá-las". Esse é o reflexo do Brasil no primeiro mundo. Na França, perguntei a um amigo que chance teria um filho meu em trabalhar naquele país. Fiquei surpreso com sua resposta: A maior barreira seria a língua. Outro problema; o brasileiro não é bem visto aqui; ainda se fosse argentino ou chileno ... O Estatuto da Criança e Adolescente, em vigor desde 12 de outubro de 1990, teoricamente foi uma grande conquista da sociedade brasileira, com avanços em relação ao Código do Menor, vigente desde 1980. O Estatuto prevê o cumprimento de alguns direitos fundamentais, como direito à vida, à saúde, à alimentação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, ao respeito, à dignidade ... tudo isso transformado em piada, pois devido à corrupção e à mentira nenhum dos direitos foi cumprido. A criança continua sem casa, sem comida, sem escola, marginalizada e até assassinada. Algumas crianças terão seu dia de festa: passeios e presentes caros, viagens, doces e guloseimas. Certamente alguém vai prometer o cumprimento dos 266 artigos do Estatuto da Criança e do Adolescente, sem levar em conta que a criança é criança; seja rica, pobre, feia, de qualquer raça ou cor. Criança precisa ser respeitada. Criança tem o direito de ser criança. Neusa e Orlando Equipe- 12 Bauru/SP 42 - CM Outubro/92
DIA DAS CRIANÇAS
PASTORAL DA CRIANÇA O Brasil, país de tamanho continental e que ocupa o 82 lugar na Economia Mundial, tem 8.511 .000 km2 e 145 milhões de habitantes. Cerca de 70% da população mora em zona urbana e 30% em áreas rurais . O empobrecimento do país se fez sentir de forma especial nos últimos 1O anos, em grande parte provocado pela Dívida externa e a progressiva concentração de rendas e de terras nas mãos de poucos. Se for tomado como parâmetro o Salário Mínimo mensal, 50,5% das famílias são pobres porque recebem até 1/2 salário, e 27,4% dessas são miseráveis porque recebem até 1/4 de salário (ano de 1989). Os 50% da população mais pobres participam de 10,4% da renda do país. Essa situação de pobreza, somada à baixa escolaridade, leva a constantes migrações em busca de melhores oportunidades de trabalho e de vida. Pelas dificuldades, a que estão expostas, são vítimas fáceis da criminalização e de toda a sorte de atividades marginais. Os grupos que sofrem a maior violência são as crianças, adolescentes e as mulheres que, em grande parte, carregam também o fardo da desagregação familiar, provocada pela situação econômica. O cotingente de crianças de O a 6 anos de idade no Brasil é de 23 milhões, sendo cerca de 12 milhões as pertencentes a famílias pobres, que necessitam de apoio de programas especiais. A Pastoral da Criança da Igreja Católica, iniciou-se em setembro de 1983, como forma de incentivar a participação organizada das comunidades carentes , para a sobrevivência e desenvolvimento infantil e educação da mulher e famílias carentes. Foi idealizada e operacionalizada pela médica, pediatra e sanitarista Doutora Zilda Arns Neumann e D. Geraldo Majella Agnelo, então Arcebispo de Londrina/PR , a partir de um encontro de D. Paulo Evaristo Arns, Cardeal Arcebispo de São Paulo, com o Diretor Executivo do UNICEF, Mr. James Grant, em maio 1982, e debatido pela CNBB, na época com D. Ivo Lorscheiter na presidência e D. Luciano Mendes de Almeida na Secretaria Geral. Estende seus benefícios hoje a 1.365.602 crianças menores de 6 anos, 74.835 gestantes de 868.589 famílias , acompanhadas por 48.771 líderes voluntários treinados, que moram nos bolsões de pobreza e de miséria e atuam entre famílias vizinhas. Esse trabalho é realizado em 12.679 comunidades de 2.376 Paróquias, 215 Dioceses, de 26 Estados e 1.559 Municípios. CM Outubro/92 - 43
Em 1987, a Pastoral da Criança iniciou, como apoio à melhoria da saúde, os Projetos alternativos que surgem de necessidades de comunidades já acompanhadas e visam a Capacitação para o Trabalho e Geração de Renda das famílias, a sua auto-sustentação pelo Trabalho. Esta ainda em fase de consolidação; dos 600 Projetos apoiados, constatou-se que 71% destes continuam funcionando e alcançaram os objetivos. Em junho de 1991, iniciou-se o Programa Radiofônico "Viva a Vida", semanal, onde a Pastoral elabora Programas de educação de saúde e convivência fraterna e encaminha às emissoras de Rádio que se comprometerem a transmiti-lo, sem ônus para a Pastoral, e em horário predeterminado. Após 5 meses de implantação, já está sendo transmitido por 241 estações de rádio de 26 Estados brasileiros. (do Relatório das Atividades da Pastoral da Criança, reproduzido por L'Osservatore Romano)
SOU CRIANÇA ... Sou um pedacinho de minha mãe... Sou fruto de um amor elevado. Sou a criança pensada incessantemente ... esperada com muito anseio ... nascida num dia de amor... acalentada até hoje. Sou a criança que quer ser gente. E eu peço para ser gente ... eu quero que me ouçam quando falo, que me expliquem quando peço, que me corrijam quando erro. Que me tratem como flor mimosa. Eu sou gente. sou gente pequena, mas tamanho não é documento. Eu preciso de gente que me trate como gente ... eu preciso que cuidem de mim. Não como passarinho da gaiola, não como um gatinho de estimação. Carinho para mim, criança, é me ajudar a crescer... Eu sou pequena, mas em mim está toda força, embora não pareça. Em mim está o futuro ... Em mim está a alegria. Eu sou como a terra, o que plantarem colherão. Se plantarem em meu coração o bem, colherão felicidade. Se plantarem o mal, colherão infelicidade. Se plantarem o amor, colherão alegria. Se plantarem o ódio, colherão amargura. Se plantarem o amor ao próximo, colherão a paz. Se plantarem a indiferença, o egoísmo, colherão a injustiça. Eu sou muito forte, porque em mim Deus colocou todo o futuro ... No sorriso, na paz, na alegria da criança está a harmonia de Deus, do qual o mundo está tão precisado! 44 - CM Outubro/92
OUTONO
VIVA COM ENTUSIASMO
A juventude não é um período da vida. É um estado de espírito. É o vigor da vontade, a qualidade da imaginação, a força das emoções, a predominância da coragem sobre a timidez, do desejo da aventura, da preferência ao amor à comunidade. Ninguém envelhece pelo simples fato de viver um determinado número de anos. As pessoas envelhecem quando abandonam seus ideais. Os anos enrugam a pele, a desistência do entusiasmo enruga a alma ... A preocupação, a dúvida, a falta de confiança em si mesmo, o medo e o desespero fazem curvar a cabeça e voltar ao pó o espírito desenvolvido. Aos 60 ou aos 16 há no coração de toda a criatura o amor ao maravilhoso, o doce assombro diante das estrelas e das coisas e pensamentos cintilantes; o desafio indômito dos acontecimentos; a infalível curiosidade infantil por todas as coisas e a alegria de viver a vida. Uma pessoa é tão jovem quanto a sua Fé; tão velha quanto a sua insegurança; tão jovem quanto a sua capacidade de confiar, tão velha quanto o seu desassossego. Uma pessoa é jovem enquanto seu coração recebe da terra, do homem e do infinito mensagens de beleza, de ânimo, de coragem, grandeza e força ... Quando desce o pano e todos os pontos centrais do coração estão cobertos pela neve do pessimismo e o gelo do ceticismo, então e só então estaremos realmente velhos e que Deus tenha piedade de nossa Alma. Viva todos os dias de sua vida como se esperasse viver para sempre.
(Confederação das Famílias Cristãs)
CM Outubro/92 - 45
NOTÍCIAS E INFORMAÇÕES -MUDANÇAS NOS QUADROS - Região Rio 11 . Myriam e Galvão que passam a C.R.R. transferem a missão de CR Setor Valen!ia para Zélia e Américo . O Setor B de Petrópolis foi subdividido em B e C, tendo como CRS V era Regina e Luciano e Ana Maria e Roberto, respectivamente, em substituição a Helô e Ivan ir . Piabeta, com sete equipes passa de Coordenação a Setor e mantém seu C.R. Dalfeli e José - Parelhas/RN . Antônia Zélia e Moacir foram substituídos por Rosimeri e Zequinha nas funções de CR da Coordenação. -NOVAS EQUIPES - Valença/RJ . Eq.10- N.S.Rosa Mística (composta por 109viúvas) C.E.: Irmã Maria do Rosário CP : Maria José e Ernane - Teresópolis/RJ . Eq.OS- N.S.de Fátima (oriunda da Ex.Co) C.E.: Pe.Adamastor Urbani CP: Margarida e Paulo - Brasília/DF . Eq.59/D CP: Feliciana e Célio (Eq.26) -JOVENS -O Setor de Valen!ia!RJ constituiu 3 equipinhas compostas por 35 filhos de aquipistas que estão sendo coordenadas por Mônica e Julio Cesar; lucia e Cesar; Malú e Guilherme. - lançadas em Recife/PE em 14.06.92 as Equipinhas de Nossa Senhora. Após a missa celebrada por Frei Gilberto Matos (CE Eq. 05 e 07), foram anunciados os nomes dos casais que acompanharão as três primeiras equ i pinhas a saber : Olga/Angelo (da Eq.06); Rita/Diderô (da Eq.13); JeaneNalmir (da Eq.1 O). Frei Altamiro será o CE das três equipinhas que somam 54 jovens. Os responsáveis pelas
46 - CM Outubro/92
equipinhas de Recife são lucia/Aicindo ajudados por Alcione/Grizzi e Mercês/Ismael (todos da Eq.OS) -EXPERIÊNCIA COMUNITÁRIA - Dois grupos de Ex-Co estão em andamento em Valen!ia!RJ sendo um deles constituído por casais que moram na periferia da cidade. A coordenação está a cargo de Claudia e Haroldo; Graça e Noé. -ABAIXO-ASSINADO - Adair e Elaine, da Eq. 11 de São José do Rio Preto/SP, prepararam e lideraram um abaixo-assinado dirigido ao Governo Federal no qual apresentam críticas quanto ao estado atual de nossa sociedade e sugestões para modificá-la à luz das virtudes religiosas. O abaixo-assinado foi encaminhado em Janeiro de 1992 e chegou às nossas mãos recentemente, quando já esta vamos fechando esta edição. -VOLTA AO PAI - Nestor Parmegiani (da Norma), Equipe 55/A de PortoAiegre/RS em 24.05.92. Fundador de sua equipe há sete anos, foi seu CR em 90/91 e teve destacada atuação na pastoral familiar de sua paróquia, ECC e Encontro de Noivos. -EVENTOS - Realizou-se em 04.07.92 em Caçapava/SP um Dia de Formação para Casais Pilotos da Região São Paulo - Leste, com 48 casais participantes e a presença de Maria Regina e Carlos Eduardo (EC IR) e o CRR Heloisa e João Maurício. Após a missa de abertura, o novo Manual de Pilotagem foi estudado em vários grupos de co-participação seguindo-se um plenário em que foram reforçados alguns pontos e sanadas algumas dúvidas. Testemunhos e sugestões dados por casais-piloto que já estão vivendo essa realidade enrique-
ceram o assunto. A destacar a organização do encontro que foi assumida pela Coordenação de Caçapava e aberto a todos os equipistas da Região São PauloLeste. - A Região São Paulo-Sul/1 promoveu, em São Paulo, em 22.08.92 uma manhã de encontro para Casais Coordenadores de Ex-Co e Casais-Piloto, que contou com a participação de equipistas da Capital, Santos, Grande ABCD e Alphaville. Os casais de Mogi das Cruzes, impedidos de comparecer enviaram seu depoimento. A dinâmica do encontro foi baseada em testemunhos dos casais que já estão trabalhando nessa missão e encerrado com um plenário levando a uma riquíssima troca de experiências. -Realizada em 22.07.92 uma Noite de Estudos promovida pelo Setor de Niteroi/RJ com tema interessantíssimo e bastante atual: "O Plano de Evangelização 2000' Após a Introdução por Pe.Meirelles, os casais foram divididos em grupos de estudo para responder a pergunta: Como fazer esta evangelização? As conclusões foram muito ricas constatando-se que cabe aos equipistas uma grande dose de responsabilidade neste Projeto. - Tereza e lrineu Barbosa, responsáveis pela Ex-Co e Pastoral Familiar na Região Rio Grande do Sul participaram, em Porto Alegre/AS do 52 Encontro Sul Regional da Pastoral Familiar com a presença de 10 dioceses gauchas e 6 catarinenses. No
encontro os esforços estiveram voltados para a missão de transformar as famílias a partir de uma Pastoral Familiar atuante e eficaz, aprimorando cada vez mais, a formação de seus agentes. Sentem-se privilegiados por virem participando, já há alguns anos, de encontros desse tipo, quando partilham as experiências vividas, divulgam as ENS e as Cartas Mensais, apresentam a Ex-Co como trabalho apostólico do nosso Movimento e estabelecem relações de amizade e de crescimento espiritual. "Por tudo isso são gratos ao Senhor'. -CONSELHEIROS ESPIRITUAIS - As ENS de Baurú/SP, enriqueceram-se nos últimos meses com novos sacerdotes que passaram a assistir equipes que estavam sem Conselheiros. São eles: Pe.lvo Martinelli (ex-CE do Setor e da Eq.02) na Eq.05. Pe.Lélio na Eq.02. Pe.Junlor na Eq.08. Pe.Enedir na Eq.10. Pe.Décio na Eq.13. A eles o Setor agradece e dá boas-vindas. - Com muita alegria o Setor E de Brasília/DF registra a Ordenação Presbiterial de Luiz Antonio Craveiro em 10.05.92 que acompanhou durante um ano, como Diácono a Eq.27/E e agora continua como seu Conselheiro Espiritual. - Pe.José Ollvero, CE da Eq.30 de Brasília/DF celebrou em 21.06.92 seu Jubileu de Ouro Sacerdotal.
CM Outubro/92 - 47
ÚLTIMA PÁGINA
ORAÇÃO PELA IV CONFERÊNCIA GERAL DO EPISCOPADO LATINO-AMERICANO Pai Santo e misericordioso que diriges a história de teus filhos da América Latina nós te damos graças pela mensagem do Evangelho que há quinhentos anos é proclamado neste Continente da Esperança. Graças te damos, ó Pai, pelo dom da fé em Jesus Cristo, único Salvador dos homens; pela implantação de tua Igreja santa em nossos povos sob o amparo maternal da Virgem Maria. Volta-te, propício, para os que estabeleceste como Pastores de tua Igreja, convocados para a IV Conferência Geral do Episcopado Latino-americano em Santo Domingo; envia sobre eles teu espírito de sabedoria e de amor para que guiem teu povo pelos caminhos da nova Evangelização, de modo que o nome do teu Filho amado esteja presente no coração e na vida de todos os latinos-americanos. Consolida a identidade cristã de nossas comunidades, fortalece a fé em tua Igreja, santa, católica e apostólica; aumenta a comunhão de todos, pastores e fiéis, com o sucessor de Pedro. Preserve em cada família o dom da vida que de ti procede e defende nosso continente da violência e dos sinais da morte. Leva-nos a nos comprometer com a promoção integral de todos os nossos irmãos, especialmente dos mais pobres e desamparados; que todas as culturas se abram à mensagem do Evangelho; e se instaure nos corações e na sociedade a civilização do amor, da solidariedade e da paz. Nós te pedimos isso, ó Pai, sob o olhar misericordioso de Maria, por teu Filho, Jesus Cristo, na unidade do Espírito Santo. Amém! João Paulo 11
48 - CM Outubro/92
MEDITANDO EM EQUIPE (Sugestões para o mês de outubro) Texto de meditação (Mt 28,16-20)
Os onze discípulos caminharam para a Galiléia, à montanha que Jesus lhes determinara. Ao vê-lo, prostraram-se diante dele. Alguns, porém, duvidaram . Jesus, aproximando-se deles, falou : "Toda a autoridade sobre o céu e sobre a terra me foi entregue. Ide, portanto , e fazei que todas as nações se tornem discípulos, batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo e ensinando-as a observar tudo quanto vos ordenei. E eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Oração litúrgica
Celebrando nosso Salvador, que se dignou nascer da Virgem Maria, lhe peçamos:
R. -Senhor, que a vossa Mãe interceda por nós! Sol da justiça, precedido pela aurora luminosa da Virgem Imaculada, faze i que caminhemos sempre à luz da vossa presença. R. -Senhor, que a vossa Mãe interceda por nós!
Salvador do mundo, preservastes vossa Mãe de toda sombra de pecado pela virtude de vossa reedenção, preservai-nos também a nós de todo pecado. R. -Senhor, que a vossa Mãe interceda por nós!
Redentor nosso, que tornastes a imaculada Virgem Maria uma habitação para vós e o Espírito Santo , fazei de nós templos perenes do vosso Espírito.
R. - Senhor, que a vossa Mãe interceda por nós! Rei dos reis , que quisestes ter vossa Mãe convosco no céu em corpo e alma, concedei que nós pensemos sempre nas realidades do alto.
R.- Senhor, que a vossa Mãe interceda por nós! (Liturgia das Horas, festa de N.S .Aparecida)
MAGNIFICAT Antífona: O Poderoso fez em mim maravilhas, e Santo é seu nome. ·A mlnh'alma engrandece o Senhor exulta meu espírito em Deus, meu Salvador; • Porque olhou para a humildade de sua serva, doravante as gerações hão de chamar-me de bendita. • O Poderoso fez em mim maravilhas, e Santo é seu nome! • Seu amor para sempre se estende sobre aqueles que o temem; • Manifesta o poder de seu braço, "'"'"""""'" os soberbos;