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RESUMO A ECIR tem novo Conselheiro Espiritual .. A reflexão sobre a Reunião de Equipe aprofunda, este mês, a dimensão rememorativa . . . . . . Muito se fala sobre o Carisma. Mas, afinal, o que é? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A Comunicação é uma prioridade do Movimento. Temos pensado nela como caminho de solidariedade? Um testemunho sobre Experiência Comunitária A educação na fé como educação para a vida Cremos nós, realmente , num Deus que é Pai? Qual é a verdadeira Missão? . . . . . . Para onde nos leva o caminho estreito? Qual é o eu te amo! verdadeiro? Testemunhos e reflexões sobre Pontos Concretos: - Oração Conjugal . . . . . . . . . . . . . . . 20,21 -Retiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Refletindo, com Maria, sobre as bem-aventuranças Testemunho: Fomos reunidos por acaso? Uma carta a um Casal de Ligação . . . . . . . O que faz, afinal o Casal Animador da reunião? Sugestão para um Tema de Estudos As eleições entram no 22 turno . . . . . . . Nossa Biblioteca . . . . . . . . . . . . . . . Intercâmbio . . . . . . . . . . . . . . . . . A Carta Mensal recebe um alentado Correio Notícias e Informações . . . . . . . . . . . Uma oração pelos casais e outra pelo Projeto Evangelização da Sexualidade Meditando em Equipe . . . . . . . . . . . . .
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A EC/R CONVERSA COM VOCÊS CONSELHEIRO ESPIRITUAL DA ECIR A ECIR, Equipe de Coordenação Inter Regional, tem como função essencial estar em constante discernimento sobre a vida das ENS no Brasil, para que o Movimento mantenha-se unitário em Cristo e fiel ao seu carisma de viver e fazer viver a espiritual idade conjugal. Para o bom exercícío dessa função, a ECIR trabalha colegiadamente com os Casais Regionais, com o Casal Responsável pela Carta Mesal, e tem necessidade da presença do sacerdote e do conselheiro. Por isso, com alegria anunciamos que, no dia 15 de agosto último, participou pela primeira vez de uma reunião da ECIR seu novo Conselheiro Espiritual, o Pe. Mário José Filho.
Vamos, em breves tópicos apresentar a pessoa e a vida doPe. Mário. Todos que dele se acercam logo percebem uma característica que o marca, inclusive nas suas atitudes sacerdotais: ele abraça seu trabalho e seus projetos com grande entusiasmo. E esse entusiasmo, sem dúvida baseado na fé, leva-o a diferenciar-se pelo estudo e pea criatividade. Pe. Mário é religioso e sacerdote da Congregação dos Sagrados Estigmas de Nosso Senhor Jesus Cristo ("padres estigmatinos"). CM Novembro/92 - 1
Paralelamente à sua formação religiosa ele percorreu a formação acadêmica. Cursou Filosofia no Instituto Estigmatino Chácara do Vovô, Serviço Social e Teologia na Pontifícia Universidade Católica de Campinas, e atualmente chega à fase final dos trabalhos de pós-graduação em Filosofia da Educação. Suas atividades pastorais voltam-se principalmente aos jovens e aos casais , tendo desenvolvido nesse campo vários trabalhos em Campinas e em Curitiba. Em Curitiba, ele foi pela primeira vez Conselheiro Espiritual de uma equipe de nosso movimento. Atualmente Pe. Mário tem como atividade primordial ser Formador do Seminário Estigmatino de 212 Grau. Como professor universitário leciona duas disciplinas na Universidade da Associação de Ensino de Ribeirão Preto. Em nosso Movimento, é Conselheiro Espiritual de quatro equipes e da equipe de Setor de Ribeirão Preto. AS ENS têm sido previlegiadas por Deus em seus Conselheiros Espirituais da ECIR. Já tivemos a graça da participação de Pe. Melansson, Pe. Antonio Aquino e Pe. José Carlos, que receberam de todo o movimento muito respeito e carinho. Temos certeza quePe. Mário também será alvo da atenção, do apoio e do respeito de nossos equipistas de todo o Brasil, como já o é entre os equipistas ribeirãopretanos. Ao Pe. Mário José Filho agradecemos em nome de todos os equipistas sua disponibilidade e seu amor às ENS , e rogamos a Deus Pai que o cubra com sua Sabedoria. Beth e Romolo pelaECIR COMPOSIÇÃO ATUAL DA ECIR
Casal Responsável: Elizabeth e Romolo Prota (Ribeirão Preto) Conselheiro Espiritual: Pe. Mário José Filho Dna. Nancy Cajado Moncau (São Paulo) Maria Regina e Carlos Eduardo Heise (Piracicaba) Wilma o Orlando Santos Mendes (JundiaQ Mariola e Elizeu Francisco Calsing (Brasília) Maria Cecília e Gaspar Novelli Filho (Londrina) Silvia e Francisco de Assis Pontes (Sorocaba) Junia e Mauro J. Ferraz Lopes (Rio de Janeiro) 2 - CM Novembro/92
PRIORIDADES
A REUNIÃO DE EQUIPE: COMUNIDADE QUE CELEBRA (IV) ·a dimensão rememoratlva • 1 INTRODUÇÃO I
A reunião de equipe, no Movimento das Equipes de Nossa Senhora, não acontece por acaso, não ocorre por uma decisão arbitrária e unilateral de alguém, numa data qualquer. Ela é uma convocação do Cristo para uma experiência e uma vivência concreta do amor de Deus e da ação comunitária de um grupo de casais e de um conselheiro espiritual, e que deve ocorrer periodicamente, uma vez a cada mês pelo menos. A reunião de equipe, e com isso todos deveríamos estar de acordo, representa um momento de celebração ansiosamente desejado, esperado. Para nós, casais das ENS, a reunião de equipe é uma prioridade, é um compromisso importante da e para a vida comunitária. E por que? Porque é um momento de fazer memória, de rememorar, de recordar o seguimento do Cristo em cada um dos nossos irmãos equipistas. Ao instituir a Eucaristia, Cristo foi taxativo: Fazei isto para celebrar a minha memória, para recordar minha vida, morte e ressurreição. O rememorar na liturgia é um recordar comprometido dos momentos decisivos da vida de Jesus, de sua Igreja, de todo o povo de Deus. Fazer memória através da celebração litúrgica é recordar o mistério de Cristo, é re-viver esse mesmo mistério. Em outras palavras, ela é verdadeiramente memória porque introduz a vida do cristão na vida de Cristo. Da mesma forma que não basta o padeiro misturar os ingredientes do pão para obter a massa, porque precisa trabalhá-la, amassá-la. sová-la, assim também acontece quando se deseja fazer memória do Senhor. A rememoração, como ato de uma comunidade eclesial, significa celebrar a intervenção de Deus na sua história concreta, aqui e agora; significa viver o que se recorda; significa ser obra de Deus, seu instrumento de promoção/construção do Reino. Rememorar não é desenvolver uma atividade mental, introversão dascomprometida de acontecimentos passados. Rememorar é questionar o presente à luz do passado para criar o futuro, o dever ser, o Reino definitivo. 2. A DIMENSÃO REMEMORATIVA O que é fazer memória na liturgia? Para responder a essa pergunta, talvez seja necessário começar dizendo o que não é memória segundo o CM Novembro/92 - 3
pensamento bíblico-litúrgico. Na memória litúrgica não se trata de recordar episodicamente o passado, nem de reconstituir historicamente fatos passados. Na liturgia não se faz memória pelo mero fato de se repetir mecanicamente e de modo exato narrações que podem não ter, ou que não têm, correspondência no momento atual. A memória litúrgica não é uma seleção de momentos passados que hoje parecem importantes, nem retroceder no tempo com aquilo que hoje parece importante. Na liturgia, a memória é um ato de Deus e um ato do povo de Deus. Estes dois níveis da realidade litúrgica provém de um duplo movimento: do recordado ao que recorda, e de quem recorda ao recordado. SÃo dois níveis que se interpenetram, são inseparáveis, mas também são inconfundíveis. O primeiro movimento sublinha que a memória histórica da salvação é obra do Espírito de Deus, e é o próprio Deus quem recorda ao homem suas secessivas alianças. (Ex 2,24; Gn 9,15; Ex 6,5) O homem não é dono da memória desta história; não é ele que cria esta memória, não é o homem que a evoca, como e quando quiser. O lembrar-se provém de Deus, e é sempre presença libertadora, presença de ajuda concreta, presença que salva. O segundo movimento, do homem para Deus, reflete a lembrança da aliança, e significa, da parte do homem, assumir uma atitude de vida de acordo com a aliança de Deus. Trata-se, portanto, de uma mútua lembrança, porque em acontecimentos passados houve uma relação de um para com o outro. Daí que o efeito primeiro desta mútua lembrança, é a renovação daquela relação numa nova aliança, o próprio Jesus Cristo. Ele é a manifestação da presença de Deus Pai, a recordação das promessas e alianças do Antigo Testamento. Desde o limiar da fé cristã era clara, na Igreja, a consciência de que na celelbração eucarística se faz memória da ceia do Senhor, e se faz seguindo o mandato do mesmo Jesus Cristo: "fazei isto em memória de mim". Na Eucaristia, a memória do Senhor: - é presença do seu Corpo e do seu Sangue; - é relação nova do Ressuscitado com a comunidade eclesial; - é nova criação do Espírito de Deus que nos faz um com Jesus Cristo; - é presença da vitória e do triunfo sobre a morte. Da mesma forma que a última ceia para Jesus Cristo, a Eucaristia não é só memória de um momento de sua vida, mas de toda a sua existência, de sua morte na cruz e de sua ressurreição. Assim, o mistério pascal não aparece como algo isolado, mas como resultado de toda a vida de Jesus. A partir da recordação do mistério pascal é que se faz memória dos demais fatos que o ocasionam, provocam, determinam. O rememorar, como ato de Deus, reatualiza na comunidade, pela ação do Espírito Santo, o que se realizaou definitivamente no mistério pascal de 4 - CM Novembro/92
Cristo. Como ato da comunidade que celebra com fé, esperança e amor a intervenção de Deus na sua história, a memória é reatualização do seu ser Igreja de Deus, enquanto comunidade escatológica. 3. O QUE REMEMORAR NA REUNIÀO DE EQUIPE? A dimensão rememorativa, a partir do espírito litúrgico que deve animar a reunião de equipe, encontra inúmeros momentos e motivos de manifestação. Como vimos, fazer memória é obra do Espírito Santo. Celebrar a memória de Cristo, por isto mesmo, significa incorporar a vida de Jesus à práxis do cristão de hoje. Daí que rememorar a ação de jusus é importante para orientar a ação do cristão, para orientar o seguimento do Cristo. Entre uma e outra reunião de equipe acontecem muitas coisas, toda uma vida por vezes. É por isto que a reunião de equipe precisa ser este o momento de recordação do que se fez e se deixou de fazer como cristão, precisa ser este espaço de perdão e de reconciliação comunitária; precisa ser um momento de animação para o seguimento do Cristo, que é sempre exigente e inseparável de uma conversão profunda de sentimentos e atitudes; precisa ser um tempo de análise de toda esta realidade humana, sempre tão frágil e limitada; precisa ser, enfim, um momento de festejar as exigências da fé e o caminhar do cristão, fiel à missão recebida do Senhor. Fazer presente esta realidade humana, inclusive do pecado, é um dos objetivos da reunião de equipe, que dedica bom tempo à recordação/rememoração do mês que passou, sendo tudo isto feito à luz da palavra de Deus e do Magistério da Igreja, e que tem no Conselheiro Espiritual um orientador e um formador por excelência da caminhada empreendida. Não se trata, na reunião de equipe, de apenas trazer à memória mentalmente todos os fatos, situações, ações e vivências. Trata-se de recordar o que pode exemplificar o seguimento de Jesus. Trata-se de rememorar a ação de Deus e do seu Espírito, como a graça e presença gratuita na vida de cada um, na vida conjugal e familiar de cada um. O que podemos, durante a partilha, rememorar sobre o dever de sentar-se feito? Certamente que todos os fatos ou acontecimentos que servem para mostrar como estamos melhorando a qualidade de nosso relacionamento como casal, como pais, como profissionais, como missionários, como equipistas de Nossa Senhora. Certamente que todos os fatos ou acontecimentos que comprovam nossa vivência da vontade de Deus, do seu projeto de amor na formação de nossa pequena Igreja doméstica. Certamente que todos os fatos ou acontecimento que justificam o exigente ideal de vida cristão que assumimos, que não é um caminho fácil para a criatura humana indigente e sem espírito de doação e serviço. E no tema de estudo, o que podemos rememorar? Não se trata de expor nosso conhecimento científico, em qualquer área que seja. O tema de estudo, a partir das respostas que damos, não pode ser vivido intelectualeM Novembro/92 - 5
mente. Deve expressar nossa práxis cristã, confrontar nossas vida à luz do Evangelho e do Magistério da Igreja. Não se trata de um dever de escola, mas de uma aplicação à nossa vida de um conteúdo teológico, filosófico ou pastoral, que serve de reflexão, debate e estudo durante todo o mês, que vai contribuir para nossa formação cristã e humana. O tema de estudo, por isto mesmo, confronta e ilumina nossa existência individual, conjugal, equipista e eclesial; permite todo um discernimento sobre nossa existência passada, presente e futura, seja ela individual, conjugal, de família ou de Igreja; suscita mudanças de atitudes a partir da análise de experiências passadas de vida e de fé; leva a um amadurecimento da fé , da esperança e da caridade. Enfim , é fonte de inquietação, porque se refere a ensinamentos que precisam penetrar na vida do equipista/cristão. Já na co-participação, outro momento importante de rememoração, recordamos atitudes simples ou expressivas que contribuiram para o crescimento espiritual e humano , de cada um individualmente e do casal. Rememoramos todos os esforços feitos para o fortalecimento de nossa fé , esperança e caridade. Rememoramos todos os acontecimentos do casal que ajudaram a sedimentar a unidade e o sacramento do matrimônio. Rememoramos todos os acontecimentos familiares que ajudaram a estruturar e a fortalecer a Igreja doméstica. Enfim, rememoramos todos os acontecimentos comunitários que revelam experiências de evangelização vividas e as descobertas das inesgotáveis exigências e possibilidades do seguimento do Cristo. E a refeição? Que momento precioso para partilhar um pouco do nosso ser comunitário, um pouco daquilo que temos e somos! Que momento precioso de rememorar o encontro do Cristo com os seus apóstolos na última ceia, em torno de uma mesa! A refeição, seja ela qual for, é parte integrante e expressiva da reunião de equipe. O prato que cada um dos casais leva, é a expressão do amor, do cuidado, da dedicação, do carinho que possui para com os irmãos de sua comunidade eclesial. Levar um prato bem preparado, significa ir com amor renovado para a reunião de equipe. Um prato bem caprichado revela e exprime o conhecimento que possuímos dos outros, porque pensamos em coisas que são do gosto ou que causam satisfação aos outros irmãos. Preparar bem o prato é rememorar antecipadamente a reunião de equipe, é lembrar-se antecipadamente da festa que irá ocorrer, é preparar-se dignamente para a celebração que vai ocorrer. 4. CONCLUSÃO Na verdade, na reunião de equipe rememora-se a parte dinâmica do presente, e não um passado obsoleto e sem força, sem impulsão para a construção do futuro. Rememora-se a força atuante do Cristo em cada um e no seio da comunidade. A reunião de equipe será a memória dos cristãos que, reunidos em nome de Cristo, querem se comprometer cada dia mais como comunidade 6 - CM Novembro/92
eclesial a serviço da construção do Reino de Deus. A reunião de equipe registra e celebra a memória do que o grupo de casais, junto com o Conselheiro Espiritual, viveu em termos de fé, construiu equanto comunidade, promoveu em favor do reino de Deus. Rememorar é recordar, é fazer memória do compromisso de fé assumido, do engajamento do cristão no processo histórico transformador, do autêntico sacrifício de viver de forma efetiva o preceito do amor ao próximo, do momento pascal da morte e ressurreição de Jesus. Só é possível fazer memória daquilo que se vivencia na dimensão da fé, do seguimento de Cristo. Se a reunião de equipe não tem nada para rememorar, o que então está acontecendo com os casais, com as equipes, com o Movimento das Equipes de Nossa Senhora? Mariola e Elizeu Calsing Pe. Augusto Garcia Equipe 19-A Brasília/DF
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O CARISMA DAS ENS Discorrer sobre carisma é uma tarefa sobremaneira difícil, pois o carisma é sempre um traço significativo de uma entidade. Cada vez que trabalhamos com conceitos de âmbito mais profundo, temos que recorrer ao auxilio de línguas mais fortes como o hebraico, o grego e o latim para precisarmos melhor a profundidade do significado das palavras. No caso da palavra carisma, creio ser importante, partirmos do termo hebraico: "hessed" que significa: graça, dom oferecido de graça por um carinho especial de Deus. O termo "hessed" corresponde ao termo grego: "Káris" cujo significado é: aquilo que brilha, que resplandece e que provoca admiração, alegria, que chama a atenção, que leva ao entusiasmo, ao amor e à disponibilidade de imitação. Na língua grega temos o verbo "Karidzomai" que significa entrar nas graças de alguém, fazer alguém se inclinar para aquele ou aquela que é alvo de admiração. O sentido mais forte deste verbo é fazer Deus se inclinar para uma pessoa que espelha sua beleza, seu esplendor e a grandeza de sua glória. No caso da Virgem Maria, ela foi saudada pelo Arcanjo São Gabriel com as palavras: "Enfeitada inteiramente com a beleza de Deus". O termo que nos interéssa verdadeiramente é "carisma" , portanto, é algo profundamente envolvente em todas as junturas da pessoa que irradia graça. A graça, significando irradiação de Deus penetra na criatura e torna-a aceitável, atraente, amorável. O carisma vem marcando profundamente com a perenidade da Aliança, que envolve todo o projeto salvífico de Deus em favor de Israel, seu povo e do novo Israel, os cristãos. No casamento, o sinal externo é a aliança, que caracteriza um compromisso de amor explicito, conscientizado e concretizado na união de duas criaturas, ambas trazendo em sí existencialmente a imagem e a semelhança de Deus. Para o esposo, a esposa é o memorial de Deus, como para a esposa, o esposo é o mesmo memorial de Deus. Para tornar o memorial concreto, visível, social e eclesial, Jesus se coloca entre esposo e esposa no sacramento do matrimônio, como uma presença, não só na hora da ratificação do matrimônio, mas de um modo perene na consumação do mesmo sacramento. Assim o matrimônio torna-se sagrado em toda a sua perenidade. O sacramento do matrimônio não se concretiza só no momento da celebração na Igreja, mas tem ali o seu início e se estabelece como um rio que não pode se separar da fonte. Não há rio sem fonte e as fontes alimentam os rios garantindo sua perenidade. Mas, afinal de contas, qual é o carisma das ENS? Não há possibilidade de apresentar uma receita mágica ou mística para as ENS. A receita está em 8 - CM Novembro/92
uma grande e forte palavra que é fidelidade no amor. O amor conjugal é como uma planta que exige constantemente o cultivo. É preciso alimentar as raízes, tratar do tronco e cultivar os ramos para que produzam frutos. Em tudo está o carisma, isto é a fecundidade da presença de Deus. O exercício da sexualidade, o reconhecimento de sua força, mesmo que não seja geradora de filhos, constituem um elemento central e gerador de energias aptas para manter a união dos casais, a alegria e o estímulo para a estabilidade da família. Os instrumentos que garantem o impulso de união e de solidariedade, são os encontros nas equipes, com todas as peças que ajudam significativamente a nau do matrimônio em uma rota certa para a felicidade e a felicidade brota da fidelidade. A fidelidade só será garantida pela força de um amor profundo, capaz de enfrentar o sacrifício, a luta. Não há verdadeiro amor sem sacrifício, como não há liberdade e alegria sem compromisso. Ou nós somos comprometidos com o sacramento que brilha em nosso estado de vida, ou nós nos arriscamos ao fracasso e à despersonalização total. O amor a Deus encarnado no cônjuge é a forma suprema de energia humana que se identifica com a energia divina. O amor sem sacrifício assume a dimensão do descartável. A pessoa humana jamais entrará no nível do descartável, pois ela possui semente do divino. Podemos afirmar com toda convicção que a melhor tradução do termo carisma para nós no âmbito das ENS é: "AMOR". O amor, na expressão de Teilhard de Chardin, pode ser uma força selvagem que pode levar a destruição do outro e até a sí mesmo; sob este aspecto o amor deixa de ser amor e se transforma no mais terrível dos instintos. Entretanto o verdadeiro amor vem de Deus e orienta tudo para Deus. Um amor verdadeiro e grande não focaliza exclusivamente o genital, o físico, o corporal, mas constrói todo um clima de atração sublime em relação ao outro. Ninguém "tem" ninguém, mas todos devem "ser" para o outro. O casamento é o ponto altíssimo da altruidade. Não é bom que o homem esteja só, o homem "só" é morto, cadavérico. É no matrimônio, ou em outro nível comunitário que ele se reconhece e também se define. O carisma amoroso e realizador das ENS constitui um verdadeiro ninho de irradiação de vida, de amizade, de segurança, de apoio e de comunicação dos valores pessoais. Quando os casais são escolhidos por Cristo, eles tem a sensação de estarem escolhendo algo mais significativo, como uma iniciativa particular, mas na realidade é Cristo, que, num gesto de amor carismático os escolhe para os colocar mais encrustados na célula construtora de uma sociedade básica, que é a família, formadora de uma Igreja doméstica, como pedra viva da Igreja de Deus.
É através dos Pontos Concretos da vivencia cristã na família, de maneira CM Novembro/92 - 9
disciplinada e orgânica, dentro da solidariedade com os outros casais integrantes das Equipes, que o carisma faz dos casais equipistas, novas criaturas. O social não pode permanecer simplesmente no social. Se o social não se revestir de um valor mais consistente, que é o espiritual, ele pode se degenerar e perder o seu brilho. O social, por sí só é inconsistente. O Documento de Santo Domingo vem mostrar, não como novidade, mas como uma afirmação bem definida, que a família há de manter seu ideal de Igreja Doméstica, onde se evangeliza, onde se aprende a orar, dialogar, partilhar, sofrer, amar, perdoar, trabalhar na transformação do mundo, enfrentar a morte. Ela é destacado agente de inculturação evangélica, quando é centro de irradiação de fé. "Os traços de identificação são: o respeito, à dignidade das pessoas, a fidelidade, a atenção aos mais fracos, o estímulo à vida, a laboriosidade, englobando tudo isto o amor, um amor que é comunicação do amor de Deus por nós". A família é o lugar privilegiado onde as virtudes da Fé, da Esperança e do Amor constituem os fundamentos de uma sociedade sadia. Não se pode pretender uma Igreja viva e florescente sem famílias comprometidas com a Palavra de Deus. Famílias desestruturadas: Igreja fraca; famílias consistentes: Igreja viva e sinal da presença forte do Reino. O carisma das ENS é ser sinal vivo de Deus em um mundo dessinalizado. Pe. Vicente P. Ribeiro C.E. - Equipe 9 São Paulo
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PRIORIDADES COMUNICAÇÃO: CAMINHO DE SOLIDARIEDADE A palavra "solidariedade' ocupa, sem dúvida nenhuma, um lugar quase central nos ensinamentos do Papa João Paulo 11. Ainda na sua última Encíclica, comemorativa dos cem anos da Rerum Novarum, o tema da solidariedade retoma forte e claro. "Se outrora, diz o Papa, o fator decisivo da produção era a terra, e, mais tarde, o capital, ... hoje o fator é cada vez mais o próprio homem, isto é, sua capacidade de conhecimento que se revela no saber científico, a sua capacidade de organização solidária, a sua capacidade de intuir e de satisfazer a necessidade do outro" (n. 32) A Comunicação e os Meios de Informação deveriam estar a serviço desse homem, no desenvolvimento e transmissão da ciência que a humanidade vem armazenado ao longo do tempo, sobretudo nas últimas décadas. Deveriam estar a serviço dessa capacidade inegável que o homem possui de se organizar de forma solidária, apesar de todos os egoísmos que envolvem a maioria de seus atos. Deveriam estar a serviço das necessidades de todos. Nem se pode imaginar uma Comunicação insensível e fechada sobre interesses individuais. Porque Comunicação é participação, é comunhão. Estou tomando apenas um exemplo, o da Comunicação e dos Meios de Comunicação, que deveriam ser instrumentos de construção daquilo que Paulo VI e João Paulo 11 chamaram de "civilização do amor". (...) A guerra do Golfo demonstrou que a tecnologia sofisticada não é pilastra de um mundo melhor. A alternativa que desejamos e queremos são os Meios (dos primitivos à informática) a serviço do diálogo fraterno e solidário, onde todos os homens e todas as criaturas possam exercer seu direito de ter vez na construção e fruição da sociedade humana. O homem não se realiza sem comunicação. Mas, se olham para nós em torno de nós, verificamos que padecemos do mal da incomunicação. Por isso é fraca nossa solidariedade. E quando a vocação solidária aguça nossa consciência, preferimos acalmá-la, sendo solidários com os que estão longe. A precaução, quase maníaca, que temos de fechar portas e portões é o símbolo concreto de uma incomunicação estéril que cultivamos, em detrimento da alegria fecunda da solidariedade. Frei Clarêncio Neotti, ofm
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PRIORIDADES
EXPERIÊNCIA COMUNITÁRIA " ... Tudo o que ele fez era bom." (Gn 1,33) E prá nós não poderia ser diferente, nossa experiência como equipistas. Tudo que vimos, ouvimos e refletimos sobre o movimento era e é bom. Assim como gostamos que outros provem e se deliciem com uma suculenta salada, um apetitoso pudim; assim nos inquietou a ignorância de muitos irmãos casados, sem o conhecimento das maravilhas existentes no movimento das Equipes de Nossa Senhora. Quisemos dar-lhes uma prova desta gostosura. Contudo, sem querer formar outra equipe, partimos para um trabalho corpo a corpo, convidando princiapalmente entes queridos para compor um grupo. Porém , nenhum profeta é aceito em sua terra natal. Depois de algumas reuniões, noventa e nove por cento desistiram. Nosso estímulo também foi a pique. A tentação nos impelia a viver só a nossa equipe e nossa missa dominical, pois já era o bastante. Nós não acreditávamos que alguém se habilitaria a recomeçar outra experiência comunitária. Mas um sopro do Espírito Santo fez com que lançássemos novamente a semente, no nosso ambiente de trabalho, e em outras messes. Surtiu efeito. Alguns também da nova safra escapuliram. Contudo, como os primeiros, provaram um pouquinho das maravilhas sobre a santificação do matrimônio, e de como é bom e salutar viver em comunidade de casais. Da primeira remessa ficou um casal, e desta última, cinco. Já foram informados e brevemente estará sendo lançada uma nova ENS em nosso município. Vale apenas resssaltar que fomos subsídiados pela literatura do movimento, como também pelo nosso Conselheiro Espiritual , pelos casais responsáveis de setor de Belém , e por nossa equipe-mãe. Valeu também para nós esta experiência: adquirimos um pouco de discernimento, estudamos mais a vida do movimento, etc ... concluimos que é isto o que queremos. Enriquecemo-nos quando partilhamos com outros tudo de bom que aprendemos. Este trabalho, esperamos que não seja o último; foi uma maneira de agradecer a Deus e ao Movimento das ENS por tudo aquilo que recebemos nestes quatro anos de participação. Concluimos nosso relato com este questionamento que fizemos no EACRE/92: somos aproximadamente seis mil equipistas no Brasil, imaginem se cada casal equipista católico consciente e por opção, trabalhasse mais cinco casais? Quantas famílias não estariam sendo evangelizadas!!! Um abraço fraterno e a paz de Cristo a todos.
Socorro e Carlinhos Equipe 04- N.S. do Carmo Castanha! - Pará
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FÉ E VIDA A BÍBLIA NAS MÃOS Catecismo com perguntas e respostas não é a solução mais adequada para falar de Deus às crianças. Resta então a pergunta: hoje, qual é o texto que mais favorece a comunicação da fé na família? Antes de Concílio Vaticano 11, os pais tinham nas mãos um livro de poucas páginas, sem gravuras, com perguntas e respostas, contendo as principais verdades da religião católica. Chamava-se catecismo. Hoje, com a aprovação de novas orientações dadas pelos bispos do Brasil no documento Catequese Renovada, Orientações e Conteúdo, a Bíblia transformou-se no agente principal da catequese renovada. Dizem os bispos: "Em primeiro lugar, recordamos que o uso dos manuais não deve substituir a leitura da Bíblia, livro por excelência de catequese, mas orientar para ela". Quando vemos os pais com a Bíblia nas mãos, lendo, refletindo e fixando seus olhares demoradamente na Palavra de Deus, dizemos que eles estão realizando uma catequese viva, excelente e verdadeira. Assim, o pai e a mãe assumem a tarefa importante e insubstituível de serem educadores e educandos da fé na Igreja doméstica." Os bispos ainda recomendam: "Não se trata simplesmente de tirar da Eucaristia elementos fragmentários a serem inseridos na catequese, mas de respeitar a natureza e o espírito da revelação bíblica". Portanto, para os pais serem bons catequistas não basta saber uma ou outra parábola, narrar aos filhos aquela passagem da vida de Maria, dos apóstolos ou alguns milagres de Jesus. Trata-se de transmitir à família o projeto de Deus, linha central das Escrituras, concentrando-se na pessoa, na mensagem, na vida e nas obras de Cristo. Muitos pais julgam suficiente explicar as profecias que prenunciam a vinda de Jesus. Alguns acham que basta comentar o fato do Natal e dos Santos Reis. Outros concluem que nada é preciso comunicar à família, pois é necessário que os filhos cresçam para, pessoalmente, assumirem a religião. Estes, na verdade, educam para o indiferentismo. Como educamos os filhos para o trabalho, para a comunicação e expressão, para a arte e a música, precisamos educá-los na fé cristã. Aliás, tudo na pessoa precisa de formação e educação. Frei Bernardo Cansi Limeira/SP
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REFLEXÃO DEUS PAI Os homens de hoje "crêem" em muitas coisas. Crêem na força da natureza; crêem no futuro; crêem em forças ocultas; crêem na magia; crêem no espiritismo; etc. Entretanto nem sempre crêem no principal: num Deus que é Pai. As origens da crença num Deus único encontram-se no judaísmo. Em confronto com o mundo circunstante, politeísta, o judaísmo mantém sua fé num Deus único e verdadeiro, "acima de todos os deuses". Contudo, a fé em Deus como Pai é específica do cristianismo. Se o próprio Filho de Deus não nos houvesse revelado esta verdade inaudita, se Ele não nos tivesse ensinado a tratar Deus como Pai, uma tal invocação poderia parecer blasfêmia: quem é o homem para considerar-se filho de Deus? O fato de crermos em Deus Pai apresenta muitas conseqüências para nossa vida. Antes de mais nada, se cremos em Deus Pai devemos estar cheios de confiança. Nada temos a temer. Deus é tão nosso Pai, que não cairá nenhum cabelo de nossa cabeça sem que Ele o permita. O filho que confia no Pai não se deixa invadir por vãos temores: nem pelo temor diante do imprevisto, nem pelo temor do sofrimento, nem pelo temor diante da morte. Sua vida será confiante e por isso, irradiará confiança. O cristão que crê em Deus como Pai encontra-se na melhor situação possível para enfrentar todos os desafios da vida. Se crermos que Deus é Pai, não depositaremos nossa confiança nem em nós mesmos, nem no dinheiro. Em seguida, se crermos em Deus Pai, seremos livres de tantos outros temores que rondam a vida da maioria das pessoas de hoje, sobretudo de nós, brasileiros: o temor de forças ocultas; o temor de maus olhados; o temor aos "trabalhos"; o temor das sextas-feiras, dia 13; o temor do horóscopo negativo. Quem crê em Deus é uma pessoa verdadeiramente livre. "Se Deus está comigo, quem estará contra mim?". Minha fé em Deus Pai me levará também a crer nos outros. Há mil razões para desconfiarmos dos outros. Desde crianças, fomos trabalhados para ver no outro um inimigo em potencial, ou, ao menos, um concorrente. A fé em Deus Pai, ao mesmo tempo nos conduz a nos considerarmos irmãos dos outros. Deus não é só meu. Foi Ele quem criou todas as pessoas humanas à sua imagem e semelhança. Esta fé implica numa atitude diferente em relação aos outros: nós passaremos a olhá-los com os olhos de Deus. Desta forma como o Cristo, seremos capazes de descobrir a bondade de Maria Madalena, a pecadora; de Zaqueu, o publicano e até do bom ladrão. Finalmente ao crermos em Deus Pai, saberemos ver nele o Pai de todas as criaturas, racionais e irracionais. O homem de hoje está destruindo a criação. Polui tudo: as águas, o ar, a vida. Destrói o seu meio ambiente. 14 - CM Novembro/92
Isso tem uma causa profunda: é que o homem de hoje vê nas criaturas apenas uma fonte de lucros possíveis. Ele domina as coisas, em vez de viver com elas. Os problemas ecológicos têm sua última raiz no fato de o homem ser incapaz de reconhecer o Pai comum de todas as criaturas. Como vemos, através desses poucos tópicos, "crer em Deus Pai" representa uma profunda repercussão em toda nossa vida. Não há dúvida quanto a isso. Entretanto, é preciso crer de fato. não só em palavras, mas em atitudes de vida. Frei Antônio Moser, C.F.M . CEdas E.N.S.
PROGRAMA DE VIDA A vida é uma oportunidade, tome-a; A vida é beleza, admire-a; A vida é beatitude, saboreie-a; A vida é um sonho, torne-o realidade; A vida é um desafio, enfrente-o; A vida é um dever, assuma-o; A vida é um jogo, jogue-o; A vida é preciosa, dê-lhe sentido; A vida é riqueza, conserve-a; A vida é amor, goze-a; A vida é um mistério, desvende-o; A vida é uma promessa, cumpra-a; A vida é triste, supere-a; A vida é um hino, cante-o A vida é um combate, aceite-o; A vida é uma tragédia, suporte-a; A vida é uma aventura, atreva-te; A vida é felicidade, mereça-a; A vida é a vida, defenda-a.
Madre Teresa
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REFLEXÃO
AMAR, A MISSÃO DO CRISTÃO Antigamente, a grande preocupação dos missionários era "salvar vidas" e "entrar no céu", pelo fato de que milhões de pessoas, se não fossem batizadas, estariam a "beira do inferno". Hoje, o mundo mudou, e também as formas de trabalho dos missionários que estão mais sensibilizados em construir o REINO DE DEUS aqui na Terra, lugar das nossas lutas, para depois, participarmos plenamente do REINO DO CÉU ... Sabemos que desde o nosso batismo, nos tornamos discípulos de Jesus e conseqüentemente demos o SIM à MISSÃO , aceitando o amor como nosso lema, pois essa foi a síntese de todos os ensinamentos do Mestre: "Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo". Ser missionário, portanto, é dar continuidade à missão de Jesus. E qual foi a missão de Jesus? - Foi a de transformar, mudar, reconciliar os homens entre si e com Deus. Jesus Cristo veio reunir e salvar o que estava perdido, veio reconciliar o mundo e foi rejeitado por ele, que o condenou à morte e morte de cruz. Mas Jesus, com a Sua morte, leva vida na sua Ressurreição, sendo uma presença contínua entre todos aqueles que continuam o seu caminho. Todos nós cristãos devemos passar por uma metanóia, ou seja, mudança de mentalidade e de atitudes, para que possamos acolher o dom do Amor de Deus e comunicá-lo ao irmão. Devemos, sinceramente, fazer tudo para que o REINO DE DEUS comece a acontecer aqui e agora, lembrando que ele é igual para todos. Hoje, não há mais lugar para dicotomia "céu e terra". Pelo testemunho de vida, o missionário de Cristo deve ser reconhecido em qualquer parte do mundo, a ponto de todos exclamarem, como fizeram com as primeiras comunidades cristãs: Vejam como eles se amam! Na atual realidade que vivemos, precisamos pedir com muita fé a ação do Espírito Santo sobre todos nós, para que possamos nos transformar e nos tornar verdadeiros missionários de CRISTO. Alcione e Grizzi Equipe 5 Recife/PE
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REFLEXÃO
A PORTA ESTREITA Pairava, sobre os judeus da época de Jesus, certo pessimismo com relação à salvação eterna, tanto que um deles escreveu: "São mais numerosos os que se perdem do que aqueles que se salvam". Provavelmente, o judeu que fez a pergunta a Jesus, narrada por Lucas, sofria a influência daquele ambiente. "Senhor, são poucos os homens que se salvam"? (Lc 13,23). E Jesus, como em outras ocasiões, não quis discutir se são poucos ou muitos os que se salvam. Preferiu convidar o judeu a tomar uma decisão, respondendo: "Procurai entrar pela porta estreita, porque, digo-vos, muitos procurarão entrar e não conseguirão". (Lc 13,24) Nos dias atuais, Jesus faz o mesmo convite. Não quer o Mestre que se fique perguntando, mas que se tome uma decisão. Jesus serve-se da imagem da porta, pois é através dela, que se entra na sala do banquete do Messias - o Paraíso. O que se deve ter em mente é que a vida é curta, motivo pelo qual o tempo deve ser aproveitado e, com muito empenho pessoal, preparar a caminhada para conseguir entrar pela porta estreita. Esse empenho deve refletir-se numa busca contínua de conversão, que exige muita oração, penitência e caridade. Manter a conversão é saber aceitar os sofrimentos, as tribulações, com paciência, mansidão e resignação. Jesus disse: "Muitos procurarão entrar, e não conseguirão". Chegou-se a pensar, que indicando a porta estreita, Jesus quisesse exigir práticas severas, flagelações, jejuns prolongados, mas não é assim. O caminho estreito é aquele que quem quiser seguir, deve renunciar a si e carregar sua cruz, pois esta é a vontade de Deus. Não é fácil, mas todos podem percorrê-lo. Larga é a porta, espaçosa a estrada que conduz à perdição, e muitos são os que enveredam por ela. Não é isso, o que Jesus quer, mesmo porque Ele veio ao mundo para salvar a todos. Ele respeita a liberdade de cada pessoa. O caminho estreito leva o cristão a ter um comportamento diferente, com gestos concretos de serviço, humildade, paciência, mansidão, justiça, aceitação, amor e fraternidade. O que Jesus quer, é que se vença a tentação, sem eliminar a cruz que deve ser carregada, seja qual for o seu peso. Inês e Heraldo Duarte Equipe 08 Marília/SP CM Novembro/92- 17
REFLEXÃO
EU TE AMO! Eu te amo! Eu amo você! Eu maior que você. Você maior que eu. Eu igual a você. Proposições diferentes com resultados diversos. Nos valores em que há desigualdade- um maior e outro menor- resultados negativos. Na forma de igualdade - eu igual a você - resultado positivo. Parece algo como álgebra, mas é mera coincidência. Tudo depende de quem ama e qual o significado do amor. Amor é uma das palavras mais usadas e quiçá de sentidos mais diversos e até antagônicos. Amar: desejar, possuir, usufruir, usar e até dominar. Pressupõe uma das partes maior que a outra. É um sentimentonão não raro de pequena duração. O amor eterno prometido um dia- e quem sabe até sinceramente - não resiste ao tempo e ao egoísmo. E lá ficam as duas pessoas suportando-se juntas, odiando-se juntas, ou uma prá lá e outra prá cá. Não é absolutamente o amor que leva os dois à felicidade pela vida afora. O eu te amo verdadeiro precisa ser companheirismo, prazer de agradar e ser agradado, planos de vida e realizações, sempre a dois, afinidades, respeito à personalidade do outro, e crescimento. Crescimento que é fruto da maturidade de cada um. Tudo isso fica mais completo ainda, se houver um sentimento de participação na obra do criador: um se dando ao outro, com os frutos dessa real doação. Só assim, dentro dessa igualdade - eu igual a você - pode-se dizer com convicção perante Deus: ... Na alegria e na tristeza ... Para sempre ... Assim constrói-se um mundo melhor. José Maria Duprat
18- CM Novembro/92
PONTOS CONCRETOS ORAÇÃO CONJUGAL É um diálogo do casal com Deus sob o olhar do outro. Sendo diálogo, Ele se comunica conosco e é sua iniciativa porque nos ama e sabe do que precisamos, e por isso devemos a Ele entregar-nos. Pelo sim sacramental, o nosso amor humano é santificado pelo Sacramento do Matrimônio tornando-se fonte de espiritualidade a dois. Este momento de reafirmação sacramental, assumido em espírito de humildade e esperança, não será uma superposição de orações, mas sim, uma comunhão de orações a dois, onde se forjará a alma comum do casal, proporcionando momentos sublimes de revelação ao outro diante de Deus. A oração é o alimento essencial da vida espiritual como fora para Cristo que também sentiu necessidade de orar, assim como os apóstolos que pediram ao Pai que os ensinasse a orar. Nós, quando interpelados por Deus, sentimos necessidade de orar. Somos assim chamados a orar em várias circunstâncias do nosso dia-a-dia, não só nos momentos difíceis, em que nos valemos da oração como um escudo, mas também contra nosso desânimo e acomodação. Neste encontro com Deus, devemos estar desnudos de nossa auto-suficiência e intelectualidade. Devemos encontrá-lo como a um amigo e passamos a ser mais íntimos. Contudo, nestes momentos, precisamos estar mais conscientes de nossa condição de pecadores, e ao assumirmos a renúncia mútua, o pedir perdão, nos permitirá carregar a cruz do nosso dia-a-dia tal como Cristo conclamou os Apóstolos: "Se alguém quer vir após mim, renegue-se a si mesmo, tome cada dia a sua cruz e siga-me" (Lc 9,23) . Assim o casal em clima de recolhimento e interiorização, na presença de Deus e após a escuta de um texto bíblico, refletirá, através da palavra, o que Deus quer sobre sua vida pessoal, conjugal e familiar. Seguramente pelo espírito de fé, este momento suscitará o que em sua vida precisa ser iluminado, esclarecido ou interrogado, propiciando, assim, soluções aos anseios e necessidades. A oração conjugal não envolve somente a reflexão sobre o que Deus nos oferece para nosso crescimento espiritual, mas também o louvor pela vitalidade do Sacramento do Matrimônio seguido da gratidão a Deus pela graça que nos concede todos os dias, guiando-nos, perdoando e purificando. Este momento de crescimento a,dois poderá ser vivenciado em conjunto com os filhos na Oração Familiar. E o instante em que a família pode tomar consciência do que ela é, descobrindo que o amor não é nada sem a presença de Deus. Aproveitamos então este meio de aperfeiçoamento, que nos reserva momentos sublimes para dedicarmos a Deus esta possibilidade tão singular hoje em dia, que é unir o casal e a família em torno da oração. Ana Luíza e Edilson Equipe 2 SalvadorlBA
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PONTOS CONCRETOS O RETIRO ANUAL "Vinde à parte, para um lugar deserto e descansai um pouco" (Me 6,31)
O nosso Movimento pede-nos que façamos todos os anos um retiro de dois dias em casal. Isso tem sido para nós, na maioria das vezes, uma regra, uma "obrigação". E do ponto de vista do Movimento pode ser interpretado desta maneira. Mas, do nosso ponto de vista o retiro deve ser encarado mais como uma oportunidade de nos encontrarmos profundamente com Deus, com nós mesmos e com o nosso cônjuge. É uma oportunidade de pararmos para pensar melhor sobre a nossa vida, para readquirirmos forças para continuar na caminhada de nossa santificação. Do mesmo jeito que, se quisermos, o dever-de-sentar-se não é um "dever", o retiro não é uma "obrigação" - é privilégio. No nosso retiro tudo é importante: o pregador, a liturgia, o ambiente, a partilha, a convivência. Mas o essencial é a nossa disposição interior para nos encontrarmos face a face com Deus, com aquele silêncio íntimo necessário para estarmos à "escuta da palavra" de Deus e conhecer a sua vontade. Não é necessário que nos retiremos para nos colocarmos à escuta do Pai; fazemos isto constantemente em nossa vida diária. Mas no retiro afastamo-nos de nossas preocupações cotidianas para colocar toda a nossa vida para sob o olhar do Senhor. O retiro é momento de encontro e de conversão, de reabastecimento e de partilha. Lenice e Luiz Equipe 1 Araraquara/SP
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PONTOS CONCRETOS O RETIRO CAIU DE MODA? Estamos no final do ano. No começo, certamente, vocês fizeram as previsões de gastos, de férias para o casal e para os filhos; previram as viagens, os compromissos mais importantes; previram até os imprevistos. Para que? Respondem vocês: para a felicidade da família e a sua harmonia. Certo. Na firma em que você trabalha também não se planejou o ano? Então a firma e a família se igualam? Não, me dizem vocês. E têm razão. Neste caso, porém, nas previsões de 92 para a família, não falta nada? Quem suscitou o amor entre vocês dois? Quem lhes dá a força de se perdoarem? De se sacrificarem pelos filhos? Quem põe em suas vidas a esperança de vencerem as dificuldades? Vocês previram algum tempo para ELE? Ou ELE não entrou nas suas previsões? Meus amigos, falemos claro: os casais das Equipes de Nossa Senhora se comprometem a fazer um retiro anualmente; é o compromisso mais importante, em nível de grupo. Mais da metade dos casais, porém, não o fazem. Alega-se como motivo o cuidado com os filhos, a necessidade de descanso, dificuldades em pagar as taxas, não se gosta do termo retiro, etc ... Mas a verdade é que por trás disso há mais: falta de conhecimento da importância e necessidade de um encontro sério e profundo com Deus; medo de um confronto franco entre o casal e Deus; medo das exigências transformadoras que Deus despertaria em nossas vidas; falta de uma fé viva e operante. Um casal profundamente cristão, que vive na poluição da grande cidade, se não quiser estacionar, acomodar-se, viver na superficialidade, perder-se nos ruídos diários, entrar num redemoinho sem rumo, este casal precisa tomar tempo para se retirar no silêncio, para pensar na sua vida, no destino dos filhos, na presença de Deus, do Cristo, do Espírito Santo. O casal equipista necessita de tempos fortes de oração; em família, em primeiro lugar, mas uma vez por ano, precisará também de uma saída, de uma retirada, de um recolhimento, de um retiro, onde possa se encontrar profundamente, consigo e com Deus. O casal equipista que não conseguir prever dois dias por ano para seu retiro não anda bem; algo está errado. Meus amigos, os mais interessados pela felicidade de sua vida conjugal são vocês. Prevejam, pois, além de todas as outras coisas secundárias, um tempo para a principal: o retiro. Se isto acontecer, o cristianismo de vocês realmente me convence, do contrário, não. Frei Constância Nogara, ofm CE de Equipes Bragança Paulista Nota: No retiro deixamos de falar de Deus aos outros e passamos a falar de nós a Deus.
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MARIA E AS BEM-AVENTURANÇAS Na oração do Magnificat, Maria cheia do Espírito Santo diz: "Por isto, desde agora, me proclamarão bem aventurada todas as gerações" (Lc 1 ,48). Maria é bem-aventurada porque ela encarnou o próprio Deus em suas entranhas e viveu a sua doutrina no coração e em sua vida. Maria viveu as Bem- Aventuranças. Jesus disse: "Bem-aventurados os que tem um coração de pobre, porque deles é o reino dos céus'. Maria tinha um coração de pobre porque era vazia das coisas do mundo. Sem orgulho, sem vaidade, despojada de si. Sem preocupar-se com sua reputação, nem mesmo com sua própria vida, permitiu que Deus usasse o seu corpo, o seu ventre, para nele fecundar a seu Filho de forma sobrenatural, mesmo correndo o risco de ser repudiada e morta pelo apedrejamento (conforme permitiam as leis da época). "Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados".
Maria chorou, chorou muito durante sua missão na Terra. Chorou com Jesus e por Jesus até na cruz. Chorava em silêncio quando não compreendia nem mesmo a missão do Filho e guardava tudo em seu coração de Mãe. "Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a Terra".
Raras as pessoas que têm a mansidão de Maria em seu coração. Uma mansidão tão grande que foi transmitida a Jesus, seu Filho, manso como um cordeiro até na hora da morte. Esta mansidão de Maria é um exemplo para todos os cristãos. "Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados'.
Ninguém mais do que Maria tinha fome e sede de justiça. Não da forma que muitos erradamente tentam passar como imagem de Maria, na violência, na força, na conquista da justiça pela espada. A fome de justiça de Maria é expressa nas Bodas de Caná, quando ela aponta Jesus e diz: "Fazei tudo o que Ele vos disser". Isto significa, siga os passos de Jesus e a justiça será implantada na Terra. Porque ser justo não é nada mais nada menos do que ajustar-se ao plano de Deus. "Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia".
Maria era cheia de graça e quem tem graça em abundância transborda misericórdia. Usando o mesmo exemplo de Caná percebemos que Maria estava atenta para as necessidades humanas. Ela diz: "Filho, eles não têm 22 - CM Novembro/92
mais vinho". Maria estava preocupada com as necessidades dos homens. Sua misericórdia faz com que na dor dos homens ela interceda junto ao Filho. Mesmo antes de lembrarmos de recorrer a Jesus, Maria se antecipa intercedendo. Isto é misericórdia.
"Bem-aventurados os corações puros, porque verão a Deus". Maria era tão pura, que não só viu a Deus como também experimentou a graça de tecer o próprio Deus em seu ventre humano. Deus procurara um local totalmente puro, isento de pecado e maldade, totalmente Santo para que isso acontecesse. Maria pura, sem mácula e sem pecado.
"Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus'. Maria, rainha da paz. Tão pacífica que seu prêmio foi maior do que ser chamada filha de Deus. Foi proclamada mãe de Deus, esposa do Altíssimo, mãe de toda a humanidade. Sua presença de paz está em todos os lugares onde há guerra, exortando, pedindo, rogando pela paz em Medjugorje e em tantos outros locais onde deixa sua mensagem de paz.
"Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus'. Maria, juntamente com os primeiros cristãos, foi perseguida porque pregava os ensinamentos de seu Filho, o Justo, e falava de justiça a todos.
"Bem-aventurados sereis quando vos caluniarem, quando vos perseguirem e disserem falsamente todo mal contra vós por causa de mim. Alegrai-vos e exultai porque será grande a vossa recompensa nos céus, pois assim perseguiram os profetas que vieram antes de vós". As calúnias, as perseguições e falsidades que fizeram e disseram contra Maria se estendem até os dias de hoje. Muitos, interpretando mal a Sagrada Escritura, não conseguem enxergar as Bem-Aventuranças daquela que é proclamada bem- aventurada portadas as gerações. Mas Maria já recebeu a sua recompensa, é chamada Mãe de Deus e intercessora nossa junto ao Pai. Transcrito do jornal mensai "Anunciamos Jesus". (Contribuição de Thereza e Galvão. Equipe 8-B São Paulo)
CM Novembro/92 - 23
TESTEMUNHO
FOMOS REUNIDOS POR ACASO? Não podemos deixar passar em branco e em vão esse dia ... Ele nunca será como um outro dia qualquer. Para nós foi mais uma bênção de Deus e de Maria para nossas vidas, em nosso lar. Entramos para o Movimento das ENS, o Tony e eu (Célia) e há 9 anos fazemos parte da Eq. 12 de Londrina-PR. Hoje estamos residindo há 2 anos e 6 meses em Maringá,PR, a 100 kms. de Londrina e como aquí não há o Movimento das ENS continuamos a participar das reuniões em Londrina normalmente, e quando chega a data da reunião em nossa casa, os casais e o Conselheiro Espiritual se deslocam até aquí. Isto acontece desde que nos mudamos. Como dissemos no início, esse dia de hoje jamais será esquecido por nós, pois mais uma vez se realizou em nossa casa a reunião mensal. Para essa reunião houve vários imprevistos, mas com a graça de Deus e de Maria que nos guia, conseguimos realizá-la. Muitas vezes nessa caminhada de quase 3 anos fora de Londrina, desanimamos e pensamos até em não mais continuar no Movimento, devido à distância e aos imprevistos e tentamos até levar por várias vezes nossa decisão à equipe. Com muita paciência e amor fraterno dos casais para conosco, refletimos bastante e decidimos continuar nossa caminhada. Hoje mais do que nunca sabemos que não seriamos os mesmos, se deixassemos tudo no meio do caminho. Temos também o carinho e o apoio do nosso C. E. Pe. Eurico Dedino, que nos incentiva e nos orienta. Na Carta Mensal de Agosto/92 - pág. 2 tivemos o tema: Teremos sido reunidos por acaso? Achamos que não! Especialmente nós, que fomos escolhidos por Deus, para junto com mais 5 casais e o C.E., formarmos a equipe 12, devemos, apesar das dificuldades, caminhar, ajudar-nos, e estar sempre juntos nesse caminho, seja ele qual for. Devemos ser casais dignos dessa missão que Ele com tanto amor nos confiou. Nesse dia paramos um pouco nossa reunião no "por em comum" e refletimos: Será que estamos aquí reunidos mais uma vez por acaso? Será que o Senhor nos colocou aquí diante uns dos outros e do C. E. para sermos uma 24 - CM Novembro/92
equipe a mais? Ou um casal a mais? Pensamos e refletimos, e chegamos à conclusão que nosso compromisso, nossa missão e responsabilidade são muito grandes. E nessa reunião descobrimos mais uma vez o sentido de sermos chamados, de sermos escolhidos para sermos luz e instrumentos dentro das ENS e no mundo. Deus tinha e tem um plano especial para cada casal, e para cada equipe. Cabe a nós pesar, meditar e transformar esses planos em dons de amor, para elevar até Ele através de Maria toda nossa caminhada! Guiados e iluminados pelo Espírito Santo deixamos aos casais nossa resposta e testemunho, de que embora as dificuldades e obstáculos no caminho existam, não podemos nos deixar levar. Elevemos sempre nosso pensamento a Maria e deixemos que ela guie ao Pai, sejam nosso caminho e nosso destino quais forem, ela estará sempre presente, mostrando-nos que tudo vale a pena por amor ao seu Filho e ao Pai! Despedimo-nos na paz de Cristo e no amor a Maria!!! Tony e Célia Equipe 12 Londrina/Maringá-PR
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VIDA DO MOVIMENTO
PREPARAÇÃO PARA O RETIRO Terminamos recentemente de fazer nosso Retiro anual cujo tema foi a FÉ. Anteriormente já sabiamos que aquele seria o Retiro que participariamos, pois haviamos decidido ja há algum tempo. Iniciamos então a preparação e o nosso pensamento estava totalmente voltado para as coisas materiais, como: as roupas, comportamento, com o que haveriamos de levar, o carro e também a grande e cruciante preocupação de como ficariam nossos filhos e até mesmo a nossa casa, naqueles dias de ausência. Eram tantos os detalhes a ponto de colocarmos neles todo o nosso pensamento, pois parecia mais que nossa participação seria um dever, uma obrigação como quem se desincumbe de uma grande tarefa, para se ter a sensação do dever cumprido. Ainda quando estávamos envoltos nestas preocupações e pensamentos, que não deixam de ser importantes, fomos, parece que tocados pelo Espírito Santo que nos impeliu a fazer uma meditação sobre um texto da Biblía. Neste momento nos veio a mente o capítulo que fala de Marta e de Maria e as suas escolhas de tarefas e atitudes e ao mesmo tempo a resposta de Jesus: "Marta, Marta, estás ansiosa e afadigada com muitas coisas, mas uma só é necessária; e Maria escolheu a boa parte, a qual não lhe será tirada". (Lc. 10-41 e 42) A partir daí iniciamos uma preparação totalmente diferente da que estávamos fazendo, na busca de também escolher a melhor parte. Confessamos que ficou mais claro entender que o que vale mesmo é o Cristo Ressucitado e que a aparência vem muito depois. Ficou mais facil entender que criamos filhos para o mundo e nào para nós mesmos. Ficou mais facil entender que a aridez de nossa caminhada cotidiana deve ser para nós motivo de santificação e não desespero. Entendemos que o importante é uma preparação junto, ligado, encharcado da Família de Nazaré. O Retiro, parece até que foi feito só para nós, exclusivamente para nós. Cada palavra, cada colocação do Sacerdote enchia-nos de paz e dava aquela serenidade que vem do alto e que só ELE pode dar. Olinda e Miguel Equipe 08 Londrina/PR
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VIDA DO MOVIMENTO
CARTA A UM CASAL DE LIGAÇÃO Caríssimos Irmãos
Vocês não podem calcular o quanto nos alegrou o saber que vocês foram escolhidos para a missão de Casal de Ligação. Puxa, parece-nos que foi ontem que nós tivemos a graça de pilotar a Equipe de vocês. Não é que sejamos, por demais, nostomaniacos, mas a recordação dos dias vividos com vocês nos enche de imensa alegria. Àquele tempo, eramos mais jovens ... mas, assim mesmo, mais velhos do que vocês. Lembra-nos que ao final de nossa missão houve todo aquele tradicional convite do "fiquem com a gente". Impossível. Alertamos a vocês que viria um Casal de Ligação que seria o elo de vocês com o Movimento. A ele competia regar a semente que houvéramos plantado e, certamente, com as orações de vocês a Maria Santíssima não haveria o que temer. Graças a Deus, assim foi e hoje vocês, depois de terem sido Casal Piloto, são Casal de Ligação. Como Pilotos coruja, nós estávamos nos sentindo na obrigação de escrever-lhes estas "mal traçadas linhas", para incentivá-los na missão assumida e para a qual, no nosso entender, vocês têm condições de levar a bom cabo. Vocês sabem que temos a mania de guardar todos os documentos, cartas, circulares, cópias de palestras e tudo o mais que se refira às Equipes. Assim, entre nossos guardados encontramos a conferência do saudoso Pe. Aquino intitulada "Autoridade e Obediência" e nela ensinamentos dignos de serem meditados por vocês: "As dimensões do serviço são as dimensões da comunidade", "não é só decidir, mas liderar, arrastar, motivar, animar, bem como aconselhar, sugerir, e mesmo consolar, perdoar, admoestar, etc.", "o maior serviço da autoridade é o serviço da unidade que se faz no amor, na união dos corações, na caridade e mútuo auxílio". Vocês, agora, estão a serviço da unidade. Elo vital das Equipes ligadas com o Movimento e deste com as Equipes. O Casal de Ligação, na vida do CM Novembro/92- 27
Movimento, antecedeu a criação de setores e de regiões. É importantíssimo sustentáculo das disposições contidas na CARTA. Em nosso entendimento, o êxito da missão de Ligação supõe como alicerce o auxílio mútuo lembrado pelo Pe. Aquino que foi o Conselheiro da ECIR durante muitos anos. Vocês irão encontrar pela frente algumas incompreensões, algumas contestações e, até mesmo, alguma falta de atenção de alguns casais. Não há o que temer. Vale aqui lembrado um ensinamento destacado pelo Pe. Michel Legfain na sua conferência "Uma missão de Profeta": "Sejamos muito prudentes na nossa maneira de chamar a atenção dos outros. Michel Quoist nos adverte : não nos apressemos demais em nossos trabalhos, nem nos deixemos surpreender somente pelo comportamento exterior dos outros: possivelmente parece ele dormir, quando na realidade está recolhido; possivelmente, ainda, este outro pode estar calado ante um sofrimento muito secreto e, então, precisa mais ser aconchegado do que sacudido". Contudo: Lembremo-nos que ninguém deve ficar nas Equipes unicamente por laços sentimentais ou para agradar. Assim também, não estaria no seu lugar uma equipe decidida a "andar sozinha", aproveitando do Movimento apenas certas normas e rejeitando deliberadamente o resto. Os métodos das Equipes constituem um conjunto só, do qual não se pode tirar uma pedra sem comprometer a solidez de todo o edifício espiritual que se tem em vista".
É isso aí. A belíssima missão de vocês requer dedicação por inteiro. Atreveriamos a recomendar-lhes- se não soubéssemos que vocês as têm lido - as Epistolas de São Paulo, modelo perfeito de Casal de Ligação. Priscila e Áquila assistidos por Paulo, conseguiram levar para a casa deles Apolo para melhor ficar conhecendo os ensinamentos de Jesus. Foi São Paulo quem definiu na 11! Epistola aos Corintos, 13,4. 7:- "A caridade (amor) é paciente, a caridade é benigna, não é invejosa, a caridade não se ufana, não se ensoberbece, não é inconveniente, não procura o seu interesse, não se irrita, não suspeita mal, não se alegra com a injustiça, mas rejubila com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta". Na primeira oportunidade iremos visitá-los para dizer-lhes de nossas experiências como Casal de Ligação (que não foram poucas), o importante é que vocês saibam que foram as muitas orações que nos ampararam e motivaram para que tivéssemos, - para usarmos uma linguagem futebolística- , "jogo de cintura" nos momentos em que as "barreiras" surgiram em nosso caminho. 28 - CM Novembro/92
No mais, como sempre, estamos rezando com vocês e por vocês, nesta oportunidade em que lhes foi confiada tão importante missão. Abraça-os, fraternalmente, o seu antigo Casal Piloto (Contribuição da Equipe 6-D São Paulo)
O CASAL ANIMADOR Um Casal Responsável de Setor conversa com os casais animadores de reunião.
Todos os casais são co-responsáveis pela equipe, no entanto, a cada mês, um coordena as responsabilidades ao lado do Casal Responsável. Poderá apelar para outro casal para ajudá-lo, sempre que for necessário. Mas ele é o responsável pela animação de equipe no mês. Ele tem que estar atento ao que cada um revela durante a co-participação e a partilha para oferecer a sua ajuda durante o mês àquele que dela precisar, seja quanto a asssuntos pessoais, seja quanto à vivência da equipe. O casal animador estimula cada casal que está indiferente à sua vida de cristão, à sua inserção na Igreja, que está pouco motivado em relação ao esforço que deve fazer para cumpir os Pontos Concretos, ou em relação aos eventos do Setor das ENS. Só formamos comunidade se nos preocuparmos com o crescimento espiritual de cada um do grupo, se aceitarmos todos os irmãos (como Jesus o fez), mas é essencial que todos os aspectos humanos sejam valorizados: nas nossas fraquezas, na doença, na dor; também nas atividades sociais, aniversários, aniversários de casamento e todos os motivos de alegria que Cristo nos proporciona no decorrer do mês. Temos que ser presença na casa de cada irmão de equipe. Cabe ainda ao casal animador: a. lembrar os casais e o Conselheiro Espiritual: . da entrega do tema de estudo para a reunião prévia; . dos eventos do Setor; . dos compromissos de sua equipe; . dos aniversários dos membros de sua equipe e do Conselheiro Espiritual; b. entregar aos casais e ao C. E. as Cartas Mensais, (o boletim do setor) CM Novembro/92 - 29
e outros documentos; c. colaborar com o Casal Responsável na reunião de estudos (informal); d. paricipar da reunião prévia para preparação da reunião mensal, quando será elaborado o roteiro da reunião seguinte; e. entregar o roteiro da reunião mensal com antecedência de 5 dias, no mínimo, a cada casal , ao C. E. e ao casal de ligação da equipe; f. dirigir a reunião mensal, atento para que esta se inicie no horário estabelecido; g. durante a reunião: . incentivar a participação ativa de todos; . evitar conversas paralelas; . incentivar a ajuda mútua e a correção fraterna. Lenice e Luiz CRS Araraquara
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TEMA DE ESTUDOS
COISAS NOSSAS 11 • PADRE AQUINO Há um ano deixou-nos o Pe. Aquino. Para aqueles que, durante 20 anos, tiveram uma vivência, praticamente mensal, com ele, como é o nosso caso, ficou um vazio muito grande, só suprido pela fé em Nosso Senhor Jesus Cristo cuja face ele empenhou-se em revelar, mas também graças à valiosa herança que nos deixou. E é sobre essa herança que queremos falar hoje. Ela, de certa forma, consubstanciou-se em seus livros, que por ironia do destino ... (plano de Deus?) vieram a luz juntamente com sua agonia. Um verdadeiro processo de simbiose: enquanto uma luz bruxuleava, a outra crescia em intensidade. Vale a pena aquí, a título de testemunho, fazermos uma referência ao que significou para nós, casal e para nossa equipe o estudo de seu livro "Conflito e Paz". Ele ajudou-nos a refletir, guiados pela sabedoria dos Evangelhos, sobre as realidades muito concretas dos dias de hoje. Os grandes desafios que a vida nos apresenta, alguns sobre os quais podemos agir, outros que apenas cabe-nos administrar, uma vez que acontecem independentemente e à revelia de nossa vontade e que nos dilaceram e nos tiram a alegria de viver. Vocês sabem muito bem como são essas coisas ... "Há dias em que você se sente triste, perdido, sem saber por onde começar ou «como sair dessa» ... " "Há caminhos até hoje ocultos para você que caminhando chega-se lá... Mas há desvios ou sucedâneos que, por momentos satisfazem, mas afastam da verdadeira paz definitiva". Pudéssemos dizer uma palavrinha particularmente a cada um de vocês, diriamos: programem com sua equipe estudar esse livro. Nós, casais das Equipes de Nossa Senhora somos os personagens lá retratados. Foram mais de 30 anos de vivência com os casais que credenciaram o autor a resumir os frutos dessa vida nessa obra. A gente descobre-se nestas páginas. É a nossa vida que alí é posta a nu. Dessa forma o Pe. Aquino permanece vivo em nosso meio, contribuindo para o progresso dos casais.
À guisa de subsídio, damos o roteiro que elaboramos, sob a orientação do Pe. Aquino, para o estudo desse livro: - 1!! reunião - do início até a página 28 - Problemas existenciais; CM Novembro/92 - 31
- 2ª reunião- página 29 - Dia do Impasse, até a página 41 -Mudando de Escala; - 3ª reunião- página 43- Curtir as fases da vida, até a página 54- Quando a oração resolve; - 4ª reunião- página 55- Conflitos e mais conflitos, até a página 72- Aceitar permanente; - 5!i! reunião - página 73 - Missão, até a página 84- Vidas sem sentido; - 6ª reunião- página 87- Seja feita a vossa vontade ... até o fim. Finalizamos com o que escreveu um casal da equipe na sua reflexão sobre o tema: "Muito obrigado Pe. Aqui no, temos agora muita matéria para o nosso Dever de Sentar-se. Pedimos sua intercessão junto ao Senhor, para que os conflitos e divergências, pela ação do Espírito Santo, sejam transformados, cada vez mais, em caminho de paz e crescimento no amor". Rubens Equipe 3-D São Paulo Sul I
Pe. Antonio Aqulno, S.J. -o- 13.12.1922 9 14.5.1991
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ATUALIDADE ELEIÇÕES - 22 TURNO Um direito fundamental à nossa cidadania: o de votar, no 22 turno das eleições de 1992. Escolhemos prefeitos para os próximos quatro anos, corresponsáveis pela administração de nossas comunidades. Sim, corresponsáveis!!! A fé em Cristo implica também assumirmos a plenitude de nossa cidadania, ou seja, não virar as costas às discussões e debates que cercam a ação política dos administradores públicos, mas envolver-se com as questões e problemas de nossas cidades. Nosso compromisso de assumir a Palavra de Deus não pode ser uma atitude passiva. Ao contrário, é um ato de coragem, assim como ele nos disse que seria. Um ato de coragem impõe desafios. Como é cômodo esperar que outros façam a nossa parte! Nós, pelo exemplo que veio Dele, não transferimos a outros o ônus de decisões nem reduzimos nossa participação a críticas gratuitas, escondidos atrás de biombos de onde justificamos: "Eu disse que não ia dar certo ... ", "Não tem jeito ... ", "Sempre vai ser assim ... ", etc. Há muito espaço para os cristãos, para iniciativas e ações, pouco para o comodismo e o conformismo político. Nesse contexto, convidamos todos para refletirem sobre o termo corresponsabilidade, e a importância dele para aqueles que assumem um compromisso com a Igreja. Nossa fé é imensa para nos sitiarmos em mensagens individualistas ou fronteiras partidárias. A crença na palavra do Pai nos fortalece contra aquilo que propõem, com palavras vazias, os discursos fáceis da submissão, da violência, do preconceito. Então, quando se apresentam momentos políticos relevantes, como as eleições deste ano, somos convocados para evocar, outra vez, nossa vocação ativa e corajosa. Ouvir, discutir, expressar, refletir, opinar e, depois, ASSUMIR! As eleições deste ano ocorrem num clima de profunda degradação da Administração pública e de desrespeito à cidadania de cada um de nós. Que o quadro atual sirva de reflexão sobre nossas ações (e omissões) passadas e, principalmente, de meditação sobre que responsabilidades os cristãos, em geral, e nós, membros das Equipes, em particular, queremos assumir sobre os destinos do País. Que a Mãe nos fortaleça de coragem e animo e nos abençoe em nossa missão. Maria Cecília/Gaspar ECIR Londrina/PR.
CM Novembro/92 - 33
NOSSA BIBLIOTECA A MISSÃO DA FAMÍLIA CRISTÃ NO MUNDO DE HOJE- Dom Hilário Moser, Ed.Dom Bosco, 1992, 40 pgs.
DOM HILÁRIO M88E8
Dom Hilário Moser, bispo auxiliar de Olinda e Recife, respondendo à necessidade que temos, como agentes de Pastoral Familiar, de conhecermos em profundidade o Plano de Deus Criador e de Cristo Redentor a respeito do Matrimônio e da Família, nos oferece uma obra de grande praticidade. É uma maneira nova e dinâmica de nos colocar em contato com a Familiaris Consortio, a exortação apostólica que nos oferece o caminho para esse conhecimento. Com perguntas e respostas, Dom Hilário criou um instrumento útil para nossa formação e para nosso serviço dentro da Pastoral Familiar. Se sua equipe busca aprofundar-se neste campo, não deixe de levar em conta esta sugestão: use esta obre como Tema de Estudo.
I
(!]
FAMILIA,
a~AMENTO, ~EXO
FREI BERNARDINO LEERS,_QEM
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FAMÍLIA, CASAMENTO, SEXO - Frei Bernardino Leers, ofm, Ed. Vozes, 1992, 95 pgs. Os agentes da Pastoral Familiar sentemse, muitas vezes, de mãos amarradas diante do paredão de uma moral tradicional e sob a mira da artilharia da sociedade atual. Aborto, anticoncepcionais, divórcio, recasamento, relações pré-matrimoniais compõem um quadro pastoral problemático. Nesta obra, Frei Bernardino Leers procura fazer uma reflexão competente, séria e aberta sobre este quadro. Muitas das questões levantadas, altamente polémicas, merecem também nossa reflexão.
INTERCÂMBIO
Um Grande Privilégio Grande é a alegria de podermos contar a nossos irmãos uma grande graça: termos Dom Osvaldo como nosso Conselheiro Espiritual. Sentimos sua grande doação e disponibilidade, incluindo-nos no restrito tempo livre que lhe resta em Marília. Lembramos com carinho de nosso querido Mons. Tófolli, que até os últimos momentos de sua vida estava presente em nossas reuniões. Será que nós equipistas, já refletimos sobre esse privilégio de termos um padre a nosso dispor durante alguns dias do mês? Está na hora de colocá-los para valer em nossa vida familiar. Marinês e Jô Equipe 09 Marília/SP
Rede Globo Debocha da Religião A rede Globo acha-se no direito de ridicularizar a religião na temática de suas novelas. Na cabeça mórbida desses materialistas, tudo o que diz respeito à Igreja deve ser visto sob o enfoque da caricatura, do deboche e da farsa. Pesquisas mostram que a referida emissora atinge um público de 50 milhões de telespectadores em todo o Brasil e digamos que 5 milhões sejam católicos praticantes. Se a metade escrevesse protestando, seriam 2 milhões e meio de cartas para o Sr. Roberto Marinho que o incomodariam um pouco. E nós das Equipes de Nossa Senhora o que vamos fazer? Sônia e Wagner Lombardi. Eq. 13 N.S. do Bom Conselho Marília/SP
Davi, Nosso Grande Irmão... Davi, você foi embora depressa quando ninguém esperava. Sua vida foi um exemplo de fé, ao lado de sua Cida. Hoje vão se passando de mansinho os dias desde que você nos deixou. O que nos dá forças é saber que a morte é um fim entendido como meta alcançada, plenitude almejada e lugar do verdadeiro nascimento. Temos certeza que Deus já o acolheu em seu Reino e que você está intercedendo pela sua e nossa querida Cida, seus filhos e por nós. lnez e Natal Equipe 5 - Setor B Araraquara/SP CM Novembro/92 - 35
E o Cordeiro Foi Imolado... Reunidos no Mosteiro da Transfiguração, localizado no Tabor, em Mogi das Cruzes/SP, a Equipe 1O daquela cidade e seus convidados celebraram a Hagadá (narrativa pascal). A iniciativa e a participação do conselheiro espiritual da equipe, Padre Dimas, visaram preparar os casais para bem viver o mistério pascal. Todos pediram a ajuda do Cristo para levar no dia-a-dia esta mensagem de liberdade e de vida, inspirando nossa conduta ao longo de nosso
caminho.
Bodas de Prata "Que gostoso quando se conheceram. tudo era paixão, namoro e sonhos. Fim de semana chegando, o coração não aguentava. Distantes, as horas pareciam anos; juntos, pareciam segundos. Não tinham, mais como ficar separados. Casaram! Agora eram um só, ela e ele. Os dias dela eram os dias dele e as noites dele eram as noites dela. Vida a dois, coisa complicada de se aprender. Cotidiano e rotina a serem superados. Haja paixão e paciência. Foram anos de alegrias, tristezas, conhecimento e amadurecimento. Anos que deixam marcas. Ele cabelo grisalho ... Ela, continua quase a mesma. 36 - CM Novembro/92
Aprenderam muito e ensinaram muito. Foram 25 anos de amor, dos quais nós, filhos, presenciamos grande parte, e esperamos e sabemos que durará enquanto eles existirem. Se daqui a 25 anos nos encontrarmos novamente teremos certeza de que será o dobro do amor que hoje comemoramos. Parabéns por este amor tão lindo e obrigado por compartilharem conosco. Nós os amamos muito. (Mensagem lida nas bodas de prata de Glória e Teixeira da Equipe 01 de Piracicaba/SP)
Nossa Páscoa... Que Alegria. A equipe 19 de Santos/SP , enviou uma foto de sua missa de Páscoa. As pintas brancas que aparecem na foto são flocos de algodão trocados pelos presentes durante o Abraço da Paz.
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CORREIO
ELEIÇÕES/92 ... "Convictos que cada qual vive segundo o carisma que recebeu, colocando-se a serviços dos outros, como bons administradores da multiforme graça de Deus (1 Pd 4,1 O) é que equipistas resolveram candidatar-se" ... Sandra e Herbenio Eq. 07 - Fortaleza/CE ... "Com muito respeito e admiração pelo belo trabalho que vocês estão fazendo pela CM cada vez mais rica em conteúdo e informações e pela divulgação dos nomes dos equipistas candidatos" ... Cecí e Nonato Eq. 03 - Fortaleza/CE ..."Ficamos muito decepcionados com a atitude da equipe da C.M. em inserir o artigo Eleições/92 no número de junho/92. A simbiose Igreja (ou movimentos religiosos) e pol~ica nunca deu certo e está sendo catastrófica no presente com a evasão de fiéis e a perda de religiosidade. As ENS têm se mantido ao longo de seus 42 anos no Brasil afastados da pol~ica partidária e casais de diferentes orientações pol~icas se aproximam no intuito de desenvolver sua espiritualidade conjugal sem mostrar sua preferência partidária ... ... E se conseguirmos o intento desejado, com a eleição de um grande número de equipistas, viria o desejo de repetí-lo em outras eleições, correndo-se o risco de que casais viessem a se aproximar do Movimento com intuitos eleitorais ... O principal inconveniente é que nós equipistas, podemos falhar como humanos, e temos notícias de vários que não procederam corretamente na vida particular. Será conveniente que as ENS arrisquem tudo, avalizando todos os candidatos? Cada um tem seus carisma: deixemos a espiritualidade conjugal com as ENS e a pol~ica com os partidos, onde os equipistas podem se inscrever obedecendo suas preferências" ... Arlete e Honório Aner Eq. 18/C Rio de Janeiro/RJ ... "Achamos de extrema importância que a Igreja e os movimentos nela inseridos tomem posição a favor dos candidatos que participam dessa Igreja e desses movimentos. Esse posicionamento não precisa ser pessoal nem partidário, mas de esclarecimentos aos cristãos, para que votem em pessoas que possam defender o que prega o evangelho, ou seja, justiça social, moral e costumes, direitos da família e oporem-se a tudo o que fere a doutrina cristã" ... Clarice e Serrano Eq. 04- Pindamonhangaba/SP
DEVERIA SER OBRIGATÓRIO " O artigo de vocês nos causou muita alegria e ao mesmo tempo nos fez chorar. Aquele choro manso de saudade e de gratidão - poucas vezes encontramos 38- CM Novembro/92
pessoas como o Pe. Charbonneau ... Foi altamente gratificante abrir a Carta Mensal e ler "deveria ser obrigatório". Só nos resta dizer "obrigado Senhor!" Valeu ... Aqui no Rio, também por coincidência, foi a Eq. 6 que primeiro escolheu o tema (ainda manuscrito) "Amor de Outono" ... Nossos votos para que todos os seus, olhando para vocês, tenham - como dizia o Charbonneau - a felicidade de dizer: "Vejam quanto eles se amam!" Nosso abraço amigo" Martha e Carlos Eduardo Eq. 01 - N. S. das Vitória - Rio
FESTA TAMBÉM NO CASAMENTO RELIGIOSO - "Na carta mensal de Maio, JPBL volta a falar sobre o casamento religioso e o triste papel que aí cabe à Igreja representar. Desde a entrada da noiva até os últimos gorjeios da solista, sem esquecer tapetes, luzes, flores, filmagens, vestidos, decotes e falatórios é tudo uma "festa". E, para nós, uma pena. Para que uma cerimônia - que tinha tudo para ressaHar o sentido mais profundo da entrega diante de Deus que se fazem um homem e uma mulher - perde todo o seu encanto original, vira representação balofa, se esvazia irremediavelmente para, como diz o autor, se tornar "um mero teatro" ... Se a Igreja quer que o Sacramento do Matrimônio seja, na verdade, um "sinal visíyel da graça de Deus", como lembra JPBL, alguma coisa tem que ser feita ... E preciso que os noivos e também os padrinhos estejam conscientes da grandeza do ato que realizam e que não apenas eles, mas também o padre e todos os presentes à cerimônia sejam bem "compreensivos" e para isto contem com normas pastorais mais compreel)síveis mas exigentes, não apenas numa mas em todas as igrejas católicas ... E preferível uma redução do número de jovens que procuram a Igreja para ali selar sua união, a banalizar um sacramento, a inverter valores, a ver nossos templos transformados em salões de espetáculo, e um espetáculo muito caro como lembra o autor... O problema é de difícil solução mas, insistimos alguma coisa é preciso fazer para contar com a família cristã a partir do sacramento do matrimônio... Transcrevemos o teor de um convite de casamento que, tempos atrás recebemos e que talvez possa servir de modelo no caso de haver convidados que não comungam da mesma fé dos noivos: "Com muita alegria vimos participar-lhe o nosso casamento e dizer-lhe o quanto gostaremos de tê-lo conosco nesse dia. Porque somos cristãos e o sacramento tem para nós um significado muito grande, casaremos na Igreja (tal), às (tantas horas). Não queremos forçá-lo a tomar parte na celebração religiosa, se ela não tem para você o significado cristão que tem para nós. Se estiver presente, convidamo-lo a participar conosco de modo ativo. Para nós, a participação será plena com a comunhão. Muito gostaríamos se assim fosse também para os convidados que queiram estar conosco. Mas se, livremente optar por não ir à igreja, esperamos encontrá-lo depois no restaurante (tal) onde todos confraternizaremos". Com um convite assim não teremos medo de nos privar da companhia dos convidados e ficaremos com a certeza de estar ajudando a fazer o casamento religioso uma grande festa, parte na igreja e parte no bufê, mas sempre festa". Dulce e Manuel Eq. 09-A Rio de Janeiro/ RJ
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" Há tempos vem a Carta Mensal publicando opiniões a respeito desse assunto e em Maio/92, JPBL comentou a situação de determinada comunidade com referência à "taxa da Igreja" para casamentos, comentário resultante de uma publicação "evidentemente malévola numa revista de grande circulação" (SI C). Decidimos então não deixar para outra oportunidade de opinar sobre o assunto. Participamos durante longo período de tempo em cursos de noivos. Iniciamos este trabalho no tempo em que os casais interessados (não obrigados) se r,euniam nas casas dos casais palestristas. E bem verdade que o número deles era bem menor. As reuniões eram realizadas à noite. Sua montagem era muito semelhante ao relatado no artigo da carta mensal já referida, (maio/92), no artigo entitulado "Preparação próxima ao casamento" de Nilza e Maurício da Eq. 11 - 8/S.Paulo. Mas os tempos mudaram. O número de casais aumentou e o curso passou a ser obrigatório. Sofreu também algumas modificações, procurando motivar os interessados a frequentá-lo. Em algumas paróquias os cursos foram condensados em fins de semana, diversos temas tiveram seus t~ulos mudados e outros foram ampliados devido ao maior interesse demonstrado pelos participantes, segundo as fichas de avaliação. Para nós, casal com mais de 40 anos de casados, achamos conveniente, de sã consciência, oferecer a oportunidade aos casais mais novos e mais sintonizados com os conceitos atuais. Não era nosso propósito nos afastar deste apostolado, daí então propusemos ao nosso coordenador reunir os pais dos noivos para que pudéssemos conversar a respeito do casamento de seus filhos. Naquele momento, ainda havíamos pensado sobre o que poderia versar nossa conversa. Aprovada a idéia, iniciamos então uma reflexão sobre o que seria exposto. achamos interessante desenvolver nosso trabalho formulando duas perguntas para os pais, a fim de que trocassem idéias em grupo: 1) O que representa para seus filhos o casamento na Igreja? 2) Como pretendem ajudar seus filhos na vida de casal? Terminando o trabalho em grupo, sintetizamos as respostas em um quadro negro e a partir daí fomos desenvolvendo as idéias procurando, com base nas respostas, o verdadeiro sentido do casamento cristão e a melhor maneira de ajudar os recém-casados. O que nos tem impressionado até hoje é o conceito que fazem os pais do porque seus filhos casam na igreja: - tradição, desejo dos pais, busca de bênção de Deus, por desejo da noiva, porque é o sonho de toda jovem ... bem poucos justificam a celebração de um casamento na presença de uma comunidade que vive a palavra de Deus ou mesmo um testemunho dos noivos em assumir o compromisso do casamento indissolúvel perante Deus e toda a comunidade presente ... Há meses atrás, assistimos em Campo Grande, a um casamento civil que foi realizado num bufê em meio a uma grande e maravilhosa festa ... 40 - CM Novembro/92
... Somos de parecer que devemos, desde já, iniciar um trabalho no sentido de difundir a idéia de se realizar a festa do casamento nos moldes do que assisti em Campo Grande, e fazer do casamento na Igreja uma celebração para cristãos que valorizam esta cerimônia. Poderia inclusive retornar a celebração do casamento durante a missa, de forma que os convidados pudessem participar da Eucaristia. Dar-se-ia com isto maior solenidade à cerimônia, sem que fosse necessário tanta suntuosidade e luxo como atualmente acontece. De que forma poderemos dar início a este trabalho? Simplesmente transmitir a idéia nos cursos de noivos, ou então caso algum curso tenha ou adote o trabalho com os pais, apresente a idéia. Frequentam os cursos de noivos, pais de noivos que têm vivência cristã e poderão, quem sabe, adotá-la. O importante é não permanecermos parados, achan~o que será difícil mudar o hábito. Façamos nossa parte e Deus fará o resto. E uma idéia." Lilia/Sérgio Equipe 01 Setor Campinas/SP
PASTORAL FAMILIAR CASOS DIFÍCEIS OU SITUAÇÃO MATRIMONIAL IRREGULAR Lemos, em recentíssimo artigo publicado na nossa Carta Mensal (SeV92), que as Paróquias da Cidade de Recife, estão acabando com o velho tabu de tratar, marginalmente, as pessoas que estão vivendo uma "situação matrimonial irregular" ... Isso implica em dizer que o Evangelho da fidelidade, tornado possível pela fé e pela graça, está sendo anunciado e pregado juntamente com o Evangelho da Reconciliação e o Perdão. Seria, tal fato, uma mudança de atitude da nossa Igreja,- frente aos casos, cada vez mais frequentes, de casais separados? Parece-nos, com certeza, que não. Não está em jogo a possibilidade um novo matrimônio, como Graça Sacramental, mas sim, aquele cuidado pastoral com as pessoas que, por qualquer razão, tentaram mas não conseguiram preservar a união matrimonial... ... Vivemos, sem nenhuma sombra de dúvidas, um novo tempo, onde não só a "Teologia Pastoral", como também a "prática pastoral", -deveriam encarar de maneira "nova", àqueles que vivem, verdadeiramente, um segundo Matrimônio. Supondo que esses casais estejam vivendo com fé e dignidade a sua nova situação conjugal, dando aos filhos uma boa formação cristã, onde os erros já tivessem sido perdoados e os sofrimentos esquecidos, seria ou não lícito perguntar: POR QUE PRIVAR ESSES ESPOSOS DO CONVÍVIO DA IGREJA E MESMO DOS SACRAMENTOS DA PENITENCIA E DA EUCARISTIA? Esse é um assunto muito amplo, que requer profundas reflexões não só dos Teólogos, Exegetas, Biblistas, Canonistas e Pastores, como também nossa, os Leigos. Hoje, como nunca, precisamos exercer aquela recomendação muito ampla que Cristo nos legou: "Sede misericordiosos como o Vosso Pai é misericordioso" - Lc. 6,36. Cleide e Valentim Giansante Equipe 1O/A- SP.
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PRIORIDADES Os responsáveis pela Carta Mensal pedem testemunhos a respeito do engajamento com as prioridades do movimento. Ao levantar dados para atendê-los, mais uma vez constatamos que as equipes de Nossa Senhora são especiais. Constituídas por um grupo de pessoas que se reúnem 1 ou 2 vezes por mês anos a fio e permanecem unidas, seus objetivos sempre se renovam e uma grande motivação é permanentemente mantida. A razão principal do fato, evidentemente, é a presença constante de alguém em cujo nome nos reunimos. Mas recebemos também enorme ajuda do próprio Movimento. Rígidas no geral, as regras existentes deixam boa margem para criatividade, dinâmica própria e, sobretudo, troca de idéias. Assim é que nossa equipe tem se aproveitado muito de sugestões recolhidas em EACRES, retiros e encontros com outros equipistas. Dentro da mesma linha, há cerca de 2 anos mais ou menos, adotamos iniciativa através da qual nos temos beneficiado ainda mais. Conforme até já comunicamos em outra oportunidade, a cada mês fazemos comentários sobre a totalidade dos artigos da Carta Mensal, para uma apreciação conjunta. As prioridades, pelo menos as internas, desse modo são atendidas plenamente. As reuniões tornam-se interessantes e objetivas, há co-participação de casos pessoais a partir dos assuntos da Carta; o Conselheiro Espiritual faz catequese baseado também em um dos artigos e na contra-capa encontramos texto para meditação e oração. Quanto à formação, os variados artigos, de muita clareza e profundidade, são o que de melhor podemos ter. Afora as boas dicas e sugestões de livros. Estamos, aliás, iniciando o estudo de "Amor de Outono", do Padre Charbonneau, excelente indicação da equipe 6-D. Nossos agradecimentos a ela. E que melhor veículo da comunicação inter-equipe e equipistas que a Carta Mensal? Pelas suas páginas recebemos correspondência de todas as partes, que a cada mês aguardamos ansiosos. Ãs vezes até respondemos, como agora, um pouco por obrigação e bastante por prazer e alegria. Nossa opinião pessoal é que a equipe tem crescido consideravelmente com a leitura atenta da Carta Mensal. Quanto mais seguimos a orientação do movimento, mais tranquilas e produtivas se tornam nossas atividades. Maria Yolanda/Luiz Equipe 8 D - São Paulo.
EVANGELIZAÇÃO DA SEXUALIDADE Avançando na leitura do documento de base do PES deparamos, nas páginas 63 a 64, com um testemunho sobre o uso de métodos naturais de Planejamento Familiar narrado por um casal europeu. Na qualidade de casal equipista, responsável de setor, membros do Centro de Planejamento Natural da Família (CENPLAFAM) a nível local e nacional, médicos e dedicados a trabalhos pastorais nesta àrea, sentimos a obrigação de levantar um alerta. Temos consciência de que um testemunho é tão somente a expressão da opinião ou sentimento do autor (ou autores) mas sabemos também que é capaz de 42 - CM Novembro/92
influenciar opiniões e nortear condutas, principalmente quando escrito por equipistas em um documento oficial das ENS. Ao ler tal depoimento e antevendo os possíveis riscos de seus efeitos fomos levados a fornecer alguns dados para conhecimento e análise dos leitores. No artigo o casal relata a sua angústia e o seu dilema em seguir os conselhos da Igreja em relação ao planejamento familiar uma vez que usando o método da temperatura resulta, especialmente no período de amamentação pós parto, em grandes períodos de abstinência sexual (até de um ano ou mais) o que seria, sem dúvida, prejudicial à vida amorosa do casal. Apresentado desta maneira leva qualquer pessoa a concluir pela invalidade dos métodos naturais, e, conseqüentemente, pelo julgamento falacioso de que a Igreja está equivocada neste aspecto e que os últimos papas têm sido erradamente sectários. Certamente que tã,o pesado sacrifício não é pedido por Deus aos que se uniram pelo Matrimônio. E verdade que o método da observação da temperatura só indica infertilidade após a subida térmica, que marca o início do período pós ovulação, por este parâmetro é igualmente verdade que o casal teria que se abster por meses a fio por ocasião da amamentação. Acontece que os autores do testemunho certamente não têm conhecimento do método da ovulação (Billings) cujo sinal detectável de fertilidade é a presença do muco cervical. Este antecede SEMPRE a ovulação e portanto a súbida da temperatura. O conhecimento deste método torna viável o uso do mesmo durante a amamentação e em mulheres irregulares, requerendo períodos de abstinência absolutamente salutares e compatíveis com a vida conjugal. Temos farta experiência neste campo e incontáveis são os casais, inclusive equipistas, que podem testemunhar a eficácia do método durante e fora da amamentação. Queremos deixar bem claro que esta comunicação não é fruto de qualquer sentimento de "concorrência" entre métodos naturais. Nenhum deles promove ninguém e quase sempre são ensinados e usados em conjunto para maior segurança. Não se trata de ser "melhor" ou não, pois todos eles estão ao lado do amor e da vida. Estão todos a serviço da construção do Reino de Deus através das famílias e em consonância com a Igreja. Prezados irmãos. Cremos não pedir demasiado ao solicitar que este esclarecimento seja de alguma forma difundido entre os equipistas para que o julgamento da questão não venha a ser incompleto e dele tiradas conclusões incorretas. Que Nossa Senhora nos ajude a permanecermos fiéis à Cristo e à sua Igreja. Julio e Maria Auxilium Tôrres Responsáveis pelo Setor A de Manaus.
BOLSA DE EMPREGOS "Li na Carta Mensal de Junho/92 uma referência a esse assunto ... em certa ocasião tive uma idéia semelhante e posso imaginar que não fui o único ... Pensei na possibilidade de incluir uma separata à Carta Mensal obedecendo o critério regional ou local... Outra idéia que reputo eficaz mas que exigiria um ou mais elementos para triagem - seria centralizar em cada Região das ENS os oferecimentos e a procura de emprego (com o correspondente currículo)". José Maria Duprat Eq. 01/A São Paulo/SP CM Novembro/92 - 43
ALEGRIA "Estava tentando repousar um pouco, à tarde para recobrar as minhas forças, ainda abaladas, pela perda do meu filho caçula Thiago, aos 15 anos, em acidente de moto em 10.06.91 ... Peço sempre força a Deus e Ele não me tem negado ... O telefone tocou, meu filho Flávio atendeu e chamou-me ... Era uma grande amiga, presbiteriana, que muito tem me ajudado ... Ainda falando com ela, e meu filho entrega-me as cartas mensais de junho/92. Sou casal responsável pela Equipe 12 de Campinas/SP, ah! que felicidade ... todos aqueles testemunhos, a 1° página vem logo falando de Pentecostes. Mais algumas folheadas, ansiosa, vejo Frei Almir lembrando até que ponto colocamos a Eucaristia na vida? Já li mais algumas coisas que me deixaram tão contente, tão abastecida. Até o conforto de lembrar-me de Maria Luiza e Rafael, de Araraquara, pois já passamos por lá como equipistas ... e cheguei até minha querida Casa Branca onde germinou o meu amor pelas ENS, pois lá foi nossa 1g equipe ... ... Bem, queria sair correndo com a carta e entregar aos meus irmãos equipistas aqui de Campinas ... Logo que terminar de escrever-lhes quero ler o que o nosso querido Henri Caffarel tem ainda a nos dizer depois de ter dito tudo ao criar o nosso Movimento... Esta cartinha é também para dizer a O. Nancy Moncau o quanto a amo ... Pe. José Carlos Di Mambro, que foi nosso assistente e muito nos ajudou, falava-nos tanto dela ... Não posso deixar de lembrar de Esther e Luiz Marcello que, há muitos anos, falaram-nos num EACRE em São Paulo com seu bebê Janjão no colo ... Para completar, li há poucos meses "O Sentido de Uma Vida" sobre o Dr. Pedro Moncau e peço a Nossa Senhora que o meu filho que está se formando em Medicina venha a lê-lo e o passe aos amigos ... Minha intenção é dizer a vocês da Carta Mensal o quanto os amamos e lhes somos gratos por este serviço na obra divina e no aperfeiçoamento da família e na valorização do Sacramento do Matrimônio... Deus lhes abençoe a todos'. Luiza e Edgar Eq.12 Campinas/SP
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NOTÍCIAS E INFORMAÇÕES -CONSELHEIROS ESPIRITUAIS
- EFEMÉRIDES
. Frei Almir Guimarães, ofm, que por muitos anos foi CE do Setor de Niterói. RJ é o novo Assessor Nacional da Pastoral Familiar da CNBB.
- O Movimento das ENS completou, em agosto passado, 30 anos de existência em Jundlai/SP. O boletim MENSageiro, em edição especial lembra •quantas foram as graças recebidas e transmitidas por tantos casais durante todo este tempo! Quão grande foi a contribuição dada à comunidade e à diocese ao longo desses anos! Quantos exemplos de perseverança, humildade, dedicação, testemunho, força, fé em Deus e na Igreja!" No momento em que comemoram a data os equlpistas daquele Setor "ficam felizes também pelas perspectivas que se abrem. As experiências comunitárias com grupos que se Iniciam em Jundlai e em Louvelra, trazem ao Movimento a possibilidade de expansão que há multo não tínhamos, o que permite visualizar um Movimento mais dinâmico, mais vivo, mais unido, mais ativo, rejuvenescido, renovado" . - A Equipe 02/B, N.S. da Providência de BelémfPA, completou em 13.12.91, 15 anos de fundação (foto). A celebração ocorreu em casa de Teté e Calá e contou com a presença, além de todos os componentes da equipe, de Odete (viúva do Cruz), Casal Piloto; o CR do Setor B, Socorro e Amaral; o CL Eneida e Álvaro. O encontro de confraternização, para louvar a Deus que fez grandes coisas por nós, culminou com a celebração Eucarística pelo Monsenhor Geraldo. Em abrll/92, Teté (que na foto aparece de blusa estampada sentada em sua cadeira de rodas) teria o seu encontro com o Pai, conforme já noticiado na Carta Mensal. Sua passagem para a vida eterna ocorreu, cercada por seus familiares e por seus Irmãos de equipe entoando o Magnlflcat. Sua partida para Deus foi um momento de grandeza e amadurecimento cristão. Na missa de corpo presente o Conselheiro da equipe fez o seguinte comentário: "Teté partiu para Deus no dia de nossa reunião mensal, logo Ele queria que o encontro não fosse só da equipe, mas sim com todo
-MUDANÇAS NOS QUADROS . Santarém/PA Assumem a Coordenação das ENS naquela cidade Jussara e Daniel em substituição a Ellonal e Brasil -VOLTA AO PAI • João Armando Padovanl (da Albanlra), da Eq. 08 - N. S. de Nazaré de Marilla/SP em 01.08.92. No Movimento há mais de 20 anos. Casal atuante na Paróquia de São Miguel onde residia. Participou da peregrinação das ENS a Roma em 1982. • Nadir Morell (do Almir), da Eq. 02-B de Florlanópolis/SC, em 07/07/92. Pertenceu durante 15 anos às ENS. Sua vida terrena foi plena de amor, disponibilidade e dedicação à família, à educação especial e ao Reino de Deus. Na Fundação Catarlnense de Educação Especial foi dela a Iniciativa de preparar e realizar a primeira Eucaristia de crianças excepcionais, multas das quais a chamavam de mãe. -RETIROS Recebemos de vários setores das ENS, notícias sobre a realização de retiros, esse Importante Instrumento que o Movimento coloca à disposição de seus membros. Foi o caso, por exemplo, de Santarém/PA, Marílla/SP e Teresópo.!!ILELI.. com a participação de número expressivo de equlplstas e, no caso de Marília, com a participação também de filhos de equlplstas, viúvas e casais não equlplstas. As pregações, os momentos de lnterlorlzação e a vivência fraterna f~ ram de extrema riqueza.
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o Movimento e na Igreja de São Francisco de Assis, onde o casal trabalhou muito para o Reino de Deus. • -COMUNICAÇÕES - Foi ao ar, pela primeira vez no dia 05/09, pela Rádio Geração 2000, 1580 KHZ, o programa "Caminhando com Maria", organizado e dirigido pela equipe 03 de Teresópolis/RJ, e dedicado à divulgação dos princípios da fé cristã e, em particular do Movimento das Equipes de Nossa Se~ nhora, seus carismas, objetivos e participação na Igreja e na comunidade. Neste primeiro programa foi entrevistado o ca-
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sal Maria Laura e Oscar, responsável pela coordenação de Teresópolls. Semanalmente o programa irá ao ar às sextasfeiras, no horário de 20:40 hs às 21 :00 hs. -A edição de 16.08.92 da VOZ DE NAZARÉ (o Jornal Católico da Família Paraense) traz em sua página 4, além das Equipe... Dicas (notícias do nosso Movimento naquela cidade) uma matéria de autoria de Moacir Calandrini (da inesquecível Teté) da Eq. 02, intitulada ·o incomensurável valor da Carta Mensal ". Agradecemos as bondosas referências ao nosso trabalho ali contidas e que muito nos incentivam em nossa missão de .serviço ao Movimento.
ORAÇÃO PELOS CASAIS "O que Deus uniu, que os homens não separem!" Ouvi isto um dia, em Teu altar, Quando recebia de Tuas mãos, a minha esposa; Ouço isto tantas vezes, Quando participo de casamento de amigos. Entretanto, Senhor, quanto trabalham os homens Para realizar exatamente o contrário Do que Tu nos dizes! Assim, quero Te pedir pelos que hoje se casam Tanto quanto para os que há mais tempo, Diante de Ti se prometeram eterna fidelidade. Concedei-lhes Senhor, permanentemente, A Graça que ofereces Aos que recebem o sacramento do matrimônio. Por meio dela, impedi que as tempestades desta vida, Abalem os alicerces construídos Nos dias de namoro e de noivado. Conservai-os unidos no amor, na amizade, No respeito mútuo e na fidelidade, Na saúde e na doença, na paz e nas tribulações, Ajudai-os na caminhada Muitas vezes árdua, penosa, Por entre valores falsos, fantasias, ilusões e ambições Criados por uma sociedade tantas vezes fraca e corrompida Onde mais vale o Ter do que o Ser. Não lhes deixe esquecer o carinho do namoro, Os olhares apaixonados do noivado, Os passeios de mãos dadas, o abraço terno, Que a idade não precisa nem pode desfazer. Abençoai os filhos que nascerem Para que sejam constantes fontes de alegrias, Prolongamentos do amor que construiram, Sem jamais se tomarem divisores, I mpecilhos à uma união que se fez eterna. Não deixei que a rotina e as necessidades do dia-a-dia Os transformem em meros sócios de uma empresa familiar Preocupados apenas em gerir os lucros e as despesas, Esquecidos de viver o amor a dois. CM Novembro/92 - 47
Abençoai , Senhor, os casais de hoje e de ontem. Conservando-os dois em um, Depois três em um, com os filhos que vierem Sem que se perca a unidade pessoal. Que em tudo tomem como modelo A Tua própria Trindade, Na união perfeita de pessoas bem definidas, No amor infinito que Te faz o verdadeiro Deus. Amém. Edvaldo D'Assumpção (Colaboração de Olga e João Humberto · Equipe 4 Limeira/SP)
ORAÇÃO PELO PROJETO EVANGELIZAÇÃO DA SEXUALIDADE Ó Cristo que pedistes para nos amarmos uns aos outros, que exortastes o Amor Fraterno como Dom maior, aquele que permanecerá para sempre, nós vos rogamos, com a intervenção de Maria sua mãe, que as nossas reuniões este ano estejam impregnadas de Amor Fraterno, para que tenhamos um clima de respeito e discrição entre nós e possamos trocar idéias numa atitude de escuta, sem julgamentos apressados, compartilhando nossos sentimentos mais íntimos num ambiente de confiança. O crescimento do Amor Fraterno em nossa equipe fará com que possamos vencer todas as nossas fraquezas e maldades, e certamente permitirá que o Projeto de Evangelização da Sexualidade traga um aumento de nossa comunhão e um aprofundamento de nossa vivência como casal. Assim seja.
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MEDITANDO EM EQUIPE (Sugestão para o mês de novembro) Texto de meditação (ITes 5, 1-5;9-1 O) No tocante ao tempo e o prazo, meus irmãos, é escusado escrever-vos, porque vós sabeis, perfeitamente, que o Dia do Senhor virá como ladrão noturno. Quando as pessoas disserem: paz e segurança!, então lhes sobrevirá repentina destruição, como as dores sobre a mulher grávida; e não poderão escapar. Vós, porém, meus irmãos, não andais em trevas, de modo que esse dia vos surpreenda como um ladrão; pois que todos vós sois filhos da luz, filhos do dia. Não somos da noite nem das trevas. Portanto não durmamos a exemplo dos outros ; mas vigiemos e sejamos sóbrios. (.. .) Não nos destinou Deus para a ira, mas sim para alcançarmos a salvação, por nosso Senhor Jesus Cristo, que morreu por nós, a fim de que nós, na vigília ou no sono, vivamos em união com ele.
Oração Litúrgica Salve, ó Mãe da esperança, da piedade e do perdão; ó Mãe de Deus e Mãe da graça, plena de santa exultação. Vale florindo a flor da graça, toda a delícia flui de vós. De nossa dor compadecida, ó Santa Mãe, rogai por nós. O Pai supremo vos criou, em vós o Filho se encarnou. Fostes fecunda pelo Espírito. Aos Três, a glória e o louvor.
Liturgia das Horas· Memória da Apresentação de Nossa Senhora -'21 de novembro
MAGNIFICAT Antífona: O Poderoso fez em mim maravilhas, e Santo é seu nome. ·A mlnh'alma engrandece o Senhor exulta meu espírito em Deus, meu Salvador; • Porque olhou para a humildade de sua serva, doravante as gerações hão de chamar-me de bendita. • O Poderoso fez em mim maravilhas, e Santo é seu nomel • Seu amor para sempre se estende sob~ aqueles que o temem; • Manifesta o poder de seu braço, d OS ctnl-rhnc:t. •