ENS - Carta Mensal 292 - Junho e Julho 1993

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RESUMO • A universalidade, a pluralidade e a permanente unidade do Movimento vão se manifestando de diversos modos. A ECIR (pg . 2) e a ERI (4) nos dão notícias a este respeito. • Também os jovens do mundo inteiro estarão reunidos no próximo mês de agosto. O Papa lhes envia sua mensagem (6) . • Pesquisamos para vocês o documento da IV CELAM . As referências à família são abundantes (7). • Qual é a visão da Igreja sobre o destino universal dos bens? É uma questão bem atual (9) • O que vem a ser exatamente o novo Catecismo da Igreja Católica? Pedimos a um sacerdote e a um casal que se debruçassem sobre o assunto (11 ). • Uma de nossas prioridades é o "encontro da real idade". Dom Luciano Mendes de Almeida (15) nos ajuda a encontrá-la através da política. • "Enquanto alguns profetizam o fim da família", um poema de Luzia Rodrigues nos anuncia "a nova era do amor" (16). • Toda a nossa fé, contida no terço (17) . • Chiara Lubich ajuda-nos a refletir sobre a presença de Cristo nos atos de nossa vida cristã (18) ; uma jovem fala -nos da humildade (20) . • Na seqüência de artigos anteriores, Pe. Luís Kirchner refl ete conosco sobre a obediência de Maria (21 ). • Algumas matérias nois falam da coerência entre Fé e Vida: na oração (22) , na utilização do nosso tempo (23), na nossa atuação junto à comunidade (25,27) . • Dois pontos concretos de esforço estão presentes este mês: A Escuta da Palavra (28) e o Retiro (30) . • A seção Vida do Movimento fala da Segunda "Expiração" (32) e presta contas dos "dinheiros" do Movimento (33) . • Importantes testemunhos e reflexões de casais equipistas estão presentes nas seções "Testemunho" (34) , "Co-participação" (36) e "Intercâmbio" (39) . • A seção "Atualidade" nos traz a opinião da CNBB sobre a questão do "patenteamento da vida" (41 ). • Muitas notícias das equipes, dos setores e das regiões , a partir da página 43. • Na "Última Página" , como você pode ser o reflexo do amor de Deus (48) .


Esta Carta Mensal, que se refere aos meses de junho e julho, chega com um pouco de atraso às mãos de vocês. Queremos pedir desculpas, mas tivemos alguns contratempos técnicos que nos atrapalharam na nossa vontade de sermos sempre pontuais. Temos recebido comentários- de forma geral favoráveis- a respeito do novo visual da Carta. Aguardamos também a sua opinião, querido irmão equipista. Se você não diz nada, como vamos saber se a Carta está sendo útil - e por que não agradável - para você? Este número vem com duas novidades. Uma, que vocês talvez nem percebam, diz respeito à organização interna da nossa equipe da Carta Mensal. Além das sessões permanentes (como EDITORIAL, A ECIR CONVERSA COM VOCÊS, A CARTA DA ERI), três grandes programas foram consolidados e distribuídos entre os membros da equipe: FÉ E VIDA, SER COMUNIDADE, AMOR-FELICIDADE-SANTIDADE. Com isso, pretendemos levar testemunhos e subsídios cada vez mais eficazes a vocês sobre as grandes preocupações atuais do Movimento e da Igreja. A segunda novidade está na forma de apresentação dos textos de meditação, na terceira capa da Carta. A partir deste número, em vez de reproduzir na íntegra o próprio texto sugerido para meditação na reunião, estaremos dando simplesmente a indicação do trecho, acompanhada, porém, de algumas pistas iniciais para reflexão. Se, por um lado, isto significa que vocês terão que procurar antes o trecho no Evangelho, por outro lado vem atender a algumas sugestões no sentido de tornar as orações pessoais melhor preparadas e de maior aproveitamento para a equipe como um todo. Esperamos os seus comentários também a este respeito. Um grande abraço e até agosto ... com mais pontualidade, se Deus quiser!

A equipe da Carta Mensal

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UNIDADE NA PLURALIDADE Entre os dias 12 e 16 de julho faremos mais uma vez a experiência de vivermos a unidade que se traduz na comunhão de vida, de idéias, de fé, na pluralidade das formas, posições e culturas. Nestes dias estarão reunidos em Vinhedo, São Paulo, a E.R.I. (Equipe Responsável Internacional} e os casais que respondem pelas sete Superregiões do mundo (França, Bélgica, Itália, Espanha, Portugal, Estados Unidos e Brasil), além de um casal australiano e um colombiano, responsável pela coordenação América Latina. Nos acompanharão o Padre Olivier, Conselheiro Espiritual E.R. I., e o Padre Mário, Conselheiro Espiritual da ECIR. Este encontro, que se realiza anualmente, acontece este ano pela primeira vez no Brasil e por isso convidamos todos os equipistas brasileiros a alegrarem-se com a possibilidade que o Senhor nos abre para exercermos a hospitalidade, para vivermos de forma mais ampla a catolicidade do Cristianismo e para sentirmos mais de perto a ação do Espírito, difundindo pelos cinco continentes a Boa Nova do amor conjugal. Nos reunimos para comunicarmos uns aos outros as razões de nossa fé e para partilharmos as formas como temos respondido ao chamado do Cristo em cada cultura . Nos reunimos para discernirmos os caminhos do Movimento no mundo de hoje, para que ele continue a ser um instrumento eficaz de santificação.

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Buscamos assim a comunhão, sinal mais evidente da presença do Senhor na direção de nossas vidas e da história que construímos. No sentido dessa comunhão, cada equipista sinta-se presente a esse encontro, na pessoa de cada Casal Responsável Regional que participará nos dois últimos dias. Além disso participe concretamente, rezando para que este encontro em terras brasileiras motive e convoque cada casal do mundo todo a ter coragem de ser sinal do amor transformador. Para isso rezemos juntos nesses dias:

"Senhor, tu que nos chamaste a anunciar ao mundo pelo nosso amor conjugal, o teu amor divino, ajuda-nos a vivermos a fé, ali onde nós estamos e a cada dia, de tal forma que fique evidente que o que nos move é teu amor por nós. Não permitas que nossa palavra seja descompromissada, que nossa sensibilidade pela dor alheia seja em embotada, que o medo e a angústia nos tranquem dentro da segurança de nossos lares. Não permitas que o moralismo nos segregue dos outros e nem que nossas diferentes culturas impeçam nossa comunhão. Transforma Senhor cada casal, a nossa equipe o Movimento todo em comunidades verdadeiras para podermos viver a tua vontade, a verdade e a participação e comunhão" . Amém. Beth e Romolo Pela ECIR


... Sobre os EACREs É com muita alegria que partilhamos com vocês uma primeira avaliação dos EACREs, que aconteceram neste ano de 1993. Foram realizados 21 EACREs, durante os meses de fevereiro e março, nas diversas regiões do Brasil, nas quais o Movimento se faz presença.

Pudemos perceber que a animação, alegria e disposição dos casais participantes foi um ponto importante dos EACREs, mostrando que nosso Movimento está VIVO e CAMINHANDO. Buscar a coerência entre fé e vida foi e continua sendo um desafi~ para todos nós. Foi apresentado nos EACREs, que o "Ser Comunidade" e a "Coparticipação", são instrumentos valiosos que nos auxiliam a refletir e revelar essa nossa coerência entre fé e vida, bem como o "t~rmômetro" de nossos compromissos como o Reino de Deus. O empenho e a participação dos casais nas dinâmicas vivenciadas nos EACREs foi outro ponto que merece destaque, pois através das conclusões apresentadas pelos grupos, verificou-se que apesar da "descontração" e das "revelações de artistas", o assunto foi assimilado com profundidade e seriedade. Merecem também relevância as liturgias, preparadas para os EACREs, que versaram sobre o nosso len:a deste ano "Àquele a quem mUlto se deu, muito será pedido" (Lc 12,4~) .. Tanto as Celebrações Eucanst1cas, quanto as liturgias de encerramento, demonstraram uma forte assimilação de celebrarmos

nossa vida na fé e vice versa. Queremos ainda ressaltar um ponto que também foi marcante nestes EACREs, a presença de nossos estimados Conselheiros Espirituais, em uns EACREs, mais, e em outros menos, mas estiveram conosco, demonstrando a costumeira disposição dos Sacerdotes em servir o Povo de Deus. Diz o livro dos Atos dos Apóstolos ... "Louvavam a Deus e gozavam da simpatia de todo o povo. E o Senhor acrescentava cada dia ao seu número os que seriam salvos" ... (At. 2,47). Hoje somos, mais de seis mil casais e cerca de quinhentos Conselh~iros Espirituais que participam ativamente do Movimento das Equipes de Nossa Senhora, o que revela que Deus tem nos mostrado o caminho e continua acrescentando a cada dia mais. Isso tudo nos revela a ação de Deus por meio do Espírito Santo em nosso meio. Continuemos em frente, buscando cada vez mais a unidade de Nosso Movimento com a Igreja, Povo de Deus, colocandonos a serviço do Reino. Aos queridos casais regionais queremos parabenizá-los pelo empenho, carinho e dedicação na organização dos EACREs. Um abraço mais orações.

Pe. Mário José Filho C.E.- ECIR

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Este ano, o Movimento está colocando à disposição de suas 6.000 e tantas equipes, como tema de estudo , um documento de trabalho em comum: "Ser Famí lia Hoje na Igreja e no Mundo" . Com esta contribuição para o Ano da Família, específica e própria do carisma do nosso Movimento, estaremos nos unindo a muitos outros grupos e preparando-nos ao grande Encontro universal das Equipes de Nossa Senhora, em julho de 1994, em Fátima. Será um pedaço de caminhada em comum , uma reflexão mundial , uma tomada de consciênc ia e um aprofundamento da identidade e da missão da família cristã. E então em Fátima, na grande comun idade, partilharemos nossas experiências e nossas descobertas e receberemos novos estímulos. Vocês talvez já tenham folheado com curiosidade o novo tema. Vale a pena. Ele é vál ido para todos, sejam jovens ou mais idosos, sejam casais com crianças pequenas, ou grandes e independentes. Este estudo universal vai ser muito rico e apaixonante! Como se apresenta uma "verdadeira" família, a família "ideal"? Qual é a imagem da nossa família? Os casais sem filhos também formam uma família? Se lermos a introdução ao tema, encontraremos algumas respostas: o objetivo não é de buscar um espírito? ... dar pistas para a reflexão e a troca de idéias que possam ajudarnos no aprofundamento das riquezas e das dificuldades vivenciadas pela família hoje. O que faz com que 4 - CM Junho/93

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uma família seja uma família e como participa da construção do Reino ... ? Ao continuarmos a leitura, percebemos que o conceito de família não se limita ao casal e seus filhos que vivem em comun idade . Tem um sentido bem mais amplo. Primeiro, trata-se do relacionamento homemmulher, assim como do lugar, do papel e da missão da mulher e mãe, do homem como pai. Depois, vivemos um relacionamento familiar com nossos parentes e próximos. Hoje, busca-se até mesmo a solidariedade com toda a família humana, o que implica na questão de nosso estilo de vida e dos verdadeiros valores. Nossa família é, ainda, uma comunidade cristã, uma pequena Igreja, uma parte do Reino de Deus que se constrói , que é viva. No tema , encontramos estímulos concretos para um tipo de "espiritualidade da família" - que é um dos objetivos maiores deste documento ... As perguntas para a troca de idéias - em casal e em equipe dizem respeito à prática e podem ser um grande auxílio e incentivo para alargar nossos horizontes. Antecipamos com alegria a possibilidade de poder trabalhá-las em nosso casal e com nossos amigos da equipe. Achamos que cada casal, qualquer que seja sua idade e sua experiência familiar, poderá tirar muito proveito deste tema. Mas isto depende também - como, aliás, todos os temas - do que tivermos investido nele durante o decorrer do mês!


Acompanhando o tema, vocês receberão um caderno contendo "12 esquemas de oração familiar" . Um auxílio e um suporte concretos com propostas de metodologia bem preparadas e adequadas. A oração faz parte da identidade das Equipes de Nossa Senhora, quer se trate da oração pessoal, querem casal ou em família. Nossas equipes querem ser, conscientemente, verdadeiras escolas de oração . Nossos meios e pontos concretos de esforço querem ajudar-nos a assegurar um lugar para a oração em nossa vida de casal e de família. Tivemos uma experiência concreta, numa recente reunião , da grande dificuldade que a oração comporta para todos nós. Com uma jovem equipe - a meio da pilotagem - partilhávamos nossas experiências de oração. Os jovens casais com filhos pequenos e pesados compromissos profissionais expressavam a sua decepção em não encontrar o tempo e a ocasião para a oração, sobretudo conjugal e pessoal. Uma dificuldade real, difícil de ser resolvida! Ou então, a incapacidade dos cônjuges para orarem juntos, o cansaço, a má consciência de não conseguir ... A troca de idéias esquentou, quando um dos participantes afirmou que considerava a ação, o agir, como uma oração, uma oração talvez ainda mais importante que uma oração "passiva" , pois, no final, se-

remos questionados sobre nossas obras ... São questões complexas e apreciamos muito as reações daqueles jovens casais. Uns, "lutando" pelo tempo para a oração, outros defendendo, em vez, a ação; eles foram chegando à conclusão que as duas coisas são necessárias, que não é o caso de opô-las mas procurar viver um certo equilíbrio . Quanto mais cuidarmos de nossa vida interior, tanto mais perceberemos aquilo que nossa alma necessita. O Senhor no mostrará qual a ação que melhor corresponde ao nosso ser profundo. Neste sentido, eles queriam continuar seus esforços, mesmo sabendo da dificuldade que teriam para ter sucesso. Esperamos que as propostas de metodologia ajudem vocês a planejar, pelo menos uma vez por mês, uma hora de oração e de liturgia em família. Esperamos também que todas as equipes comecem juntas a caminhada espiritual para Fátima. E gostaríamos que todos trouxessem em sua bagagem tudo aquilo que tiverem vivenciado e aprofundado em equipe , para partilhá-lo com os demais. Poderemos assim, em comunidade, buscar uma "espiritualidade da família " e dar a nossa contribuição para a Igreja e o mundo. Peter e Dorotea Bitterli

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PARA QUE TODOS TENHAM VIDA Reproduzimos aqui um trecho da mensagem do Santo Padre para o VIII Dia Mundial da Juventude, a ser celebrado em agosto de 1993.

"Eu vim para que todos tenham vida, e a tenham em abundância" (Jo 10,10).

Caríssimos Jovens! Depois dos encontros de Roma, de Buenos Aires , de Santiago de Campostela e de Czestochowa, a nossa peregrinação prossegue pelos caminhos da história contemporânea. A próxima etapa será em Denver, no coração dos Estados Unidos, perto das Montanhas Rochosas do Colorado, onde em, Agosto de 1993, será celebrado o VIII Dia Mundial da Juventude. Ali, juntamente com tantos jovens americanos, reunir-se-ão , como já aconteceu nos encontros precedentes , rapazes e moças de todas as nações, quase a representar a fé mais viva ou, pelo menos, a busca mais apaixonada do universo juvenil dos cinco continentes. Estas manifestações periódicas não querem ser um rito convencional, isto é, um acontecimento que obtém a sua justificação do seu próprio repetir-se : elas nascem, antes de uma necessidade profunda, que tem origem no coração do ser humano e se reflete na vida da Igreja, peregrina e missionária. Os Dias e as Reuniões Mundiais da Juventude assinalam momentos providenciais de paragem: servem aos jovens para se interrogarem sobre as suas aspirações mais íntimas, para aprofundarem o seu sentido eclesial , para proclamarem com crescente alegria e audácia a comum fé em Cristo, morto e ressuscitado . São momentos em que muitos deles maturam opções corajosas e iluminadas, que podem contribuir para orientar o futuro da história sob a guia, ao mesmo tempo forte e suave, do Espírito Santo.

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A FAMÍLIA NA IV CONFERÊNCIA DO CELAM Encerrou-se no dia 28 de outubro de 1992, em São Domingos, capital da República Dominicana, a IV Conferência Geral do Episcopado LatinoAmericano, cuja temática foi a Nova Evangelização, Promoção Humana e Cultural Cristã, com o lema evangelizador: "Jesus Cristo ontem, hoje e sempre". O objetivo desta IV Conferência foi aprofundar e atualizar as orientações de Medellín e Puebla, no sentido de uma evangelização do Continente. Além do Santo Padre, participaram 231 cardeais e bispos, mais 22 sacerdotes seculares ou diocesanos, 21 religiosos e religiosas, 4 diáconos permanentes, 16 leigos, 12 superiores gerais de diferentes congregações religiosas, 20 peritos teólogos e 32 pessoas da equipe de apoio à secretaria geral, perfazendo um total de 538 pessoas. Das palavras do Santo Padre e do Episcopado sobre a Família, podemos concluir que se reafirmou o que encontramos nas Constituições e Decretos do Concílio Vaticano 11 e em Documentos posteriores, como a Exortação Apostólica "Familiaris Consortio" . Mas, o que se pretendeu ali, de maneira especial, foi deixar patente que "é neces-

sário fazer da pastoral familiar uma prioridade básica, sentida, real e atuante. Básica, como fronteira da Nova Evangelização. Sentida, isto é, acolhida e assumida por toda a comunidade diocesana. Real, porque será respaldada, concreta e decididamente, no acompanhamento do bispo diocesano e seus párocos. Atuante significa que deve estar inserida numa pastoral orgânica". (Documento de Santo Domingo - Primeira Parte - Jesus Cristo, Evangelho do Pai - Comunidades eclesiais vivas e dinâmicas - A Família Cristã). O mesmo Documento, incluindo o tema "Família" na parte que trata da Promoção Humana, salienta a figura do homem e da mulher, como imagem e semelhança de Deus, frisa o caráter divino do matrimônio, elevado por Jesus Cristo à categoria de sacramento, redefine a família como "santuário da vida", "serva da vida", "célula primeira e vital da sociedade", "igreja doméstica" , e especifica-lhe a missão: "viver, crescer e aperfeiçoar-se como comunidade de pessoas, que se caracteriza pela unidade e indissolubilidade", realizando o projeto de Deus Criador. Apesar desses qualificativos, CM Junho/93 - 7


muitos são os desafios à família e à vida hoje. E os Bispos salientam alguns: 1) As uniões consensuais livres, os casamentos apenas civis, os divórcios, os abortos, frutos de uma mentalidade "laicizante", que os meios de comunicação têm espalhado e aprofundado no meio do povo; 2) A situação de miséria e fome, em razão do desemprego, de salários aviltantes, do abandono de crianças, jovens e idosos, e o número fabuloso de mães solteiras; 3) O desafio da cultura da morte, desde o nascedouro da vida, através da distribuição maciça de anticoncepcionais abortivos, esterilização em massa de mulheres sul-americanas e caribenhas, até a violência dos seqüestros, dos assaltos, dos acidentes de trânsito, das injustiças cometidas na sociedade ; 4) A perplexidade dos cristãos ante as contradições e falta de coerência dos agentes de pastoral familiar, quando não seguem o Magistério da Igreja, conforme à Humanae Vitae, Familiaris Consortio, Reconciliatio et Poenitentia e outros documentos. Como tentativas de solução desses problemas, os Bispos

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propõem uma série de linhas pastorais, como: a) enfatizar a prioridade e centralidade da pastoral familiar na Igreja diocesana. Essa pastoral tem que ser previsora, audaz e positiva, denunciando as violações contra a justiça e a dignidade da família, principalmente as dos setores mais pobres, rurais e urbanos: b) proclamar que Deus é o único Senhor da vida, condenando e rejeitando a anticoncepção, a eutanásia, a esterilização e o aborto provocado; c) instituir uma pastoral dirigida a casais em situações irregulares; d) aproveitar o conhecimento de especialistas para a promoção de programas sobre métodos naturais de planejamento familiar, e elaboração de manuais de educação para a sexualidade e o amor, dirigidas a crianças, adolescentes e jovens. São estas algumas das idéias básicas do Documento de "Santo Domingo", sobre a Família. Ideal seria que todos os Casais das Equipes de Nossa Senhora lessem o texto oficial inteiro. Há riquezas admiráveis nele escondidas. Mãos à obra! (Equipe da Carta)


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Caminhando'' com a l9reja O DESTINO UNIVERSAL DOS BENS

Os bens da terra foram criados por Deus e colocados à disposição dos homens, para geri-los e com isto garantir o seu sustento. Originalmente os bens eram representados pelo solo e suas riquezas. O homem, com seu trabalho e auxiliado pelo braço de outros, foi tirando da terra o alimento e outros elementos que faziam sua vida melhor e mais confortável. Aí o solo passou a ser procurado e ambicionado. Além de garantir o sustento do homem, passou a ser um bem acumulável , pelas coisas boas que proporcionava. Apareceu o espírito de propriedade e de conquista. E esses bens foram pouco a pouco deixando de ter seu destino universal, para terem um destino particular. Com o progresso e a capacidade inventiva do homem , apareceram as fábricas e outros tipos de produção acumulada, com intuito de venda e lucro. Começaram a surgir aqueles que tinham visão e capacidade de gerar capitais, e aqueles que dispunham somente de seus braços para sobrevivência. De um lado ficou o capital e, de outro, o trabalho. E confirmou o destino particular dos bens. Em certa altura, surgiram algumas formas chamadas ideológicas , para corrigir esse

desequilíbrio, optando pela centralização dos bens pelo Estado. Não deu certo, como vimos recentemente. A Igreja, há cem anos - Rerum Novarum- alertou-se para a forma pouco cristã como vinham sendo mantidos os relacionamentos entre capital e trabalho e a forma, a seu ver incorreta, como vinham sendo usados os bens da terra, tanto pelos indivíduos como pelos Estados. Alertou-se com base exclusivamente no Evangelho de Cristo e na lei de Deus. Ela prega a participação de todos nos bens existentes, embora defenda o direito de propriedade , o que não é conflitante. A Igreja prega essencialmente uma participação efetiva, que jamais pode ser simbólica e nem paternalista, aproveitando de todas as formas os valores individuais. Assim , quanto mais pat rimôn io acumulado, maior a participação de cada um no resultado. No nosso entender, é este o plano da Igreja externado através de suas encíclicas sociais, coroadas agora pela Centesimus Annus. É a opção cristã entre o capitalismo selvagem, que divide perigosamente as classes, com o resultado que estamos vendo- greves sobre greves- e o comunismo em que o Estado fica o grande patrão, com CM Junho/93 - 9


todas as deficiências que isto trouxe para a economia e a liberdade. Mas, diga-se de passagem, esta opção cristã da participação de todos nos bens - seu destino universal - não é nada fácil de ser posto em prática; violenta seriamente o instinto de posse das pessoas e é preciso muita coragem e disposição de políticos e empresários que vejam nisto uma conquista cristã. Há que acrescentar o aspecto do poder que os bens da terra representam. A coisa retroage à Idade Média, onde surgiram os ducados e condados entregues pelo poder monárquico a seus no-

bres vassalos, aos quais o povo humilde e desfavorecido prestava serviços e completa obediência. Nessa ordem de idéias podemos admitir que o mundo em geral já galgou importantes etapas na busca de mais justiça e liberdade, apesar de alguns aspectos deprimentes, a que o terceiro mundo ainda não encontrou solução, nem colaboração efetiva dos países do primeiro mundo. Zélia e José Maria Equipe 1-A São Paulo/SP

NOTÍCIAS BREVES INSTITUTO DE TEOLOGIA PARA LEIGOS: a Diocese de São José dos Campos, SP, acaba de fundar o Instituto Diocesano de Teologia para Cristãos Leigos que funciona simultaneamente em São José dos Campos e Jacareí. Tem por finalidade ministrar a instrução teológica, bíblica, pastoral, litúrgica, metodológica e psicológica, visando a formação de Agentes de Pastoral e lideranças cristãs. "Com isso - afirma o Bispo Diocesano Dom Nélson Westrupp, scj - esperamos responder aos apelos de Santo Domingo, que insiste na qualificação de agentes de pastoral para os diversos campos de ação". EDIÇÃO ESPECIAL DE "REDEMPTORIS MISSIO": a Dimensão Missionária da CNBB e as Pontifícias Obras Missionárias publicaram uma Edição Especial do Documento do Papa João Paulo 11, Redemptoris Missio, com o objetivo de "alargar sempre mais as fronteiras da missão". A publicação, com 96 páginas, tiragem de 30 mil exemplares, foi patrocinada pela Congregação para a Evangelização dos Povos. Já foi enviada, gratuitamente, aos bispos e, através deles, aos presbíteros diocesanos, superiores provinciais, seminários, comunidades religiosas. Com esta publicação a Dimensão Missionária e POM querem dar ampla divulgação ao Documento, aprofundar a reflexão em preparação ao V Congresso Missionário Latino Americano, criar a consciência da vocação Missionária da Igreja em todas as comunidades, O livro é acompanhado por um guia de leitura que ajuda a aprofundar o Documento.

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O CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA Diante dos muitos questionamentos que se fazem inclusive em função de comentários da imprensa - a respeito do novo catecismo da Igreja Católica, pedimos a um sacerdote e a um casal que nos oferecessem, a título de subsídios para os casais equipistas, algumas noções sobre este documento, cuja tradução brasileira deve ser publicada em breve. Em sua nona redação, o Catecismo universal, desejado pelo Sínodo episcopal de 1985, foi aprovado, em junho de 1992, pelo Papa João Paulo 11 , e solenemente lançado em dezembro. É um tijolo de 2863 alíneas e mais de 580 páginas, agora saindo em versão brasileira. Ele resume a doutrina e moral católicas em língua moderna, fácil de entender, mas sem concessões sobre o fundo. Não procede com perguntas e respostas, nem pretende visar diretamente a catequese popular. Ele se oferece antes às regiões episcopais para nortear os futuros manuais ou guias de instrução religiosa. Sua consulta se recomenda para verificar a posição oficial da Igreja sobre determinado assunto no campo que abrange. Por isso ele é dotado de amplos e vários índices práticos e bem feitos, que referem às alíneas. Este "Catecismo" é estruturado em quatro partes. A primeira versa sobre A profissão de fé . Seguem

os enunciados do credo para esmiuçar os dogmas. A segunda parte tem por título: A celebração do Mistério cristão: examina detalhadamente a economia sacramentar e os sete sacramentos. Terceira parte: A vida no CristQ: vocação humana, conceitos fundamentais da ética cristã e, sobretudo, comentário dos Dez mandamentos. O público alvo é presumido próximo à perfeição cristã tradicional. Quarta parte: A oração Cristã. Após introdução sobre a oração (curiosamente, a liturgia já tendo sido tratada na segunda parte), vem um comentário do Pai nosso. As citações são muitas, referindo-se tanto à Bíblia (todos os livros), quanto aos documentos do magistério, sem desprezarem "escritores eclesiásticos" mais célebres. Alguns tópicos da cultura moderna são mencionados aqui e acolá, mas seu tratamento, como para o resto, é tradicional, com a teologia de redenção intocada. "Jesus entregue segundo desígCM Junho/93 - 11


nio bem determinado de Deus" (599), Não se deve esperar um prolongamento notável de Vaticano 11 no sentido de acolhimento à modernidade, mas a lembrança da doutrina social da Igreja não deixa de ser oportuna. Para os equipistas, a posse deste manual será proveitosa tanto para reassumir em leitura cursiva o conteúdo resumido de encíclicas, notadamente das que dizem respeito ao matrimônio e à família, que nem sempre tivemos o tempo de ler completamente, quanto para guiar a educação e formação dos filhos ou responder rapidamente a indagações pontuais no tocante à nossa religião. Pe. Hubert Lepargneur

*** Qual a origem dos catecismos de nossa Igreja? Podemos afirmar que o primeiro catecismo cristão, ou a primeira catequese, no sentido de doutrinação, começou com Jesus Cristo e suas andanças pelas estradas da Palestina, à margem dos lagos, nas casas dos amigos, no templo, na cruz, no caminho de Emaús e em outras manifestações, após sua Ressurreição ... Seguindo o exemplo do Mestre e cumprindo seu mandato, os Apóstolos continuaram a difundir os ensinamentos de Jesus Cristo às populações, que se convertiam. Assim, os Evangelhos, que recontam a linda história do amor de Cristo, os Atos e as Cartas dos apóstolos são um maravilhoso compêndio de catequese. 12 - CM Junho/93

Mas, os tempos apostólicos iam passar, e a doutrina se deterioraria se ficasse, apenas, na transmissão oral. Então, no final do primeiro século, surge a Didaqué, o catecismo dos primeiros cristãos, a chamada instrução dos doze apóstolos. O conteúdo e o estilo da Didaqué lembram-nos textos do Antigo e do Novo Testamento, bem como trabalhos de autores cristãos do primeiro século. No tempo dos Padres da Igreja, a catequese constitui-se em preocupação permanente. Desta época, além de outros escritos, encontramos a preciosa obra de Santo Agostinho (354-430) "De Catechizandis rudibus", sobre a instrução dos catecúmenos. Esta obra recapitulou e sintetizou, tanto no plano pedagógico como no da fé, o que de melhor a Igreja havia produzido nos primeiros quatro séculos de experiência catequética. Mas vieram os tempos modernos. A par das grandes invenções e descobertas, o Humanismo e o Renascimento dos séculos XV e XVI ressuscitaram o paganismo e velhos erros doutrinários, culminando na grande cisão do corpo místico de Cristo, efetuada no primeiro quartel do século XVI. Aí se realiza o Concílio de Trento (15451563), no qual se restabeleceram as verdades básicas da Igreja Católica, a disciplina do clero e se elaborou o Catecismo Romano, editado em 1556, eque serviu de base a todos os catecismos da doutrina cristã, até hoje.


No Brasil, o primeiro catecismo de grande importância surgiu no dia 8 de setembro de 1904, no Santuário de Nossa Senhora Aparecida. Ali reunidos em conferência, sob a presidência do Arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Joaquim Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti, oito bispos de diversos Estados, inclusive o de São Paulo, escreveram o Primeiro Catecismo da Doutrina Cristã, bem como um elementar, o Catecismo Resumido. Ficou aprovado, também, um catecismo maior (que se imprimiria mais tarde com as especificações de Segundo e Terceiro Catecismos) . Tudo de acordo com o Catecismo Romano e sob as determinações do Concílio Plenário Latino-Americano. Em 11 de maio de 1934, o Arcebispo de São Paulo, Dom Duarte Leopoldo e Silva, em visita a Nossa Senhora Aparecida, mandava que se reimprimisse o Primeiro Catecismo da Doutrina Cristã, que se encontra na 133ª edição (1992). Os catecismos, elaborados sob a inspiração tridentina, apresentam, normalmente, três partes fundamentais: Da Fé, Dos Mandamentos e Dos Sacramentos. No Sínodo Extraordinário de 1985, os bispos do mundo inteiro, reunidos em Roma, pediram ao Santo Padre se elaborasse um catecismo atualizado, que servisse para toda a Igreja Católica. Eis o que dizem as sugestões da "Relatio Finalis" do Sínodo: "Muitíssimos (bispos) expressaram o

desejo de que seja composto um catecismo ou compêndio de toda a doutrina católica, tanto em matéria de fé como de moral, para que ele seja como um ponto de referência para os catecismos ou compêndios que venham a ser preparados nas diversas regiões. A apresentação da doutrina deve ser bíblica e litúrgica, oferecendo ao mesmo tempo uma doutrina sã e adaptada à vida atual dos cristãos". Esse Catecismo está pronto, em latim, depois de sete anos de trabalho da comissão, designada pelo Papa. No dia 8 de dezembro de 1992, festa da Imaculada Conceição, em solenidade mariana, realizada na Basílica de Santa Maria Maior, o Santo Padre apresentou à Igreja o Catecismo pós-Conciliar. Antes desta cerimônia, no dia 11 de outubro de 1992, o Papa João Paulo li editou a Constituição Apostólica "Fidei Depositum", para a publicação do referido catecismo. Já existe traduções em algumas línguas européias. Esperamos a nossa para breve, conforme Editoras Católicas. O que podemos dizer aos queridos irmãos equipistas é o que lemos em revistas e jornais católicos, porque a imprensa leiga, com raras exceções, demonstrou-se "leiga" mesmo, e publicou algumas idiotices a respeito do assunto. Nossa base principal é a "Fidei Depositum", em cuja Introdução o Papa salienta o papel do Concílio CM Junho/93 - 13


Vaticano 11, com relação ao futuro Catecismo da Igreja Católica e finaliza dizendo: "Depois da renovação da Liturgia e da nova codificação do Direito Canônico da Igreja Latina e dos cânones das Igrejas Orientais Católicas, este Catecismo trará um contributo muito importante àquela obra de renovação da vida eclesial inteira, querida e iniciada pelo Concílio Vaticano 11". O corpo da Constituição distribui-se por três itens. No primeiro, o Santo Padre traça o itinerário e o espírito da redação do testo, falando sobre a colaboração, o trabalho da Comissão e a vasta consulta a todos os bispos católicos, às Conferências Episcopais, aos Sínodos e aos Institutos de Teologia e de Catequese. No segundo item, o Papa fala sobre a distribuição da matéria, salientando os pilares em que se apóia o Catecismo: Sagrada Escrituras, Tradição Viva, Magistério autêntico, a Herança Espiritual dos Padres, dos Santos e Santas da Igrejas, tudo sob a inspiração do Espírito Santo. Sua Santidade afirma que o Catecismo incluirá novas e velhas coisas. "Velhas", isto é, a doutrina tradicional da Igreja: o Credo, a Sagrada Liturgia, com os Sacramentos em primeiro plano, o agir cristão, exposto a partir dos Mandamentos, e, por fim, a oração cristã. "Novas" - aqui é que entrou a especulação maliciosa da imprensa

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leiga escrita e falada (até do "Fantástico"). Publicou-se que o Catecismo era um "dicionário de pecados", ou "lista de pecados atuais e desatuais", sob o rótulo de "pecados tolerados e pecados não tolerados!" Pareceria brincadeira, se não fosse reflexo da maldade, da ignorância. No terceiro item, a Constituição trata do valor doutrinai do texto. O Santo Padre afirma que o Catecismo da Igreja Católica "é uma exposição da Fé da Igreja e da doutrina católica, testemunhadas, ou iluminadas pela Sagrada Escritura, pela Tradição apostólica e pelo Magistério da Igreja- norma segura para o ensino da Fé. O Papa roga "aos Pastores das Igrejas e aos fiéis que acolham este Catecismo em espírito de comunhão, e que o usem assiduamente ao cumprirem sua missão de anunciar a fé e de apelar para a vida evangélica". Concluindo, João Paulo 11 pede "à Santíssima Virgem Maria, Mãe do Verbo Encarnado e Mãe da Igreja, que ampare com a sua poderosa intercessão o empenho catequético da Igreja inteira a todos os níveis, nestes tempos em que ela é chamada a um novo esforço de evangelização". Sugestão: Cada família equipista deve adquirir o Catecismo da Igreja Católica, estudá-lo e vivê-lo. Nilza e Maurício Equipe 11-B São Paulo/SP


CARIDADE E POLÍTICA PODEM CAMINHAR JUNTAS? De quantas maneiras podemos praticar a caridade? As possibilidades são tantas que é quase impossível enumerá-las . O Pe. Diego Jaramillo, que coordena inúmeros trabalhos da Renovação Carismática Católica na Colômbia e já foi coordenador do Escritório da RCC em Roma, descreveu a ação da caridade que podemos praticar em três níveis: o primeiro, se dá a nível pessoal , um prato de comida, uma roupa para alguém que vem bater em sua casa, uma sacola de alimentos, enfim. No segundo nível , o cristão se depara com a realidade de seu bairro e junto com os demais membros de sua comunidade estudam os meios e arregaçam as mangas para reivindicar melhorias que todos necessitam. No terceiro nível , o cristão busca o discernimento para sua vocação. Quando esta é para o mundo político, então ele vai transportar a sua experiência comunitária para uma dimensão maior. É o momento em que ele entra para um partido, atua no sindicato e se preocupa cada vez mais com os grandes problemas do povo e como solucioná-los. Esta solução está na ação política. Com isto é possível medir este terceiro nível da caridade, a possibilidade para uma situação de tranqüilidade, de justiça e paz. Eis o grande chamado da vocação política, que não se

realiza plenamente na vida do cristão sem que antes ele tenha vivido a experiência da oração e da vida em comunidade. Na ação política conduzida pela oração está a chave para interferir na organização e na vida da sociedade, isto porque uma grande parte do sofrimento humano, da injustiça, da infelicidade deriva exatamente da desordem que se instalou na sociedade. É por isto que quem interfere na organização econômica, política e social da cidade e do país, está fazendo política, e quando se faz política está se vivendo uma dimensão da própria fé, ou como diz o Pe. Diego Jaramillo, vivendo o terceiro nível da caridade. Mas cuidado - somente a oração pode ajudar os nossos políticos a escapar das "armadilhas" do poder. E somente o acompanhamento de nossas comunidades pode dar força para que eles desempenhem a contento a sua missão. "Ser cristão, viver com dignidade, é ter casa, é poder educar seus filhos, é ter um leito para ser tratado no hospital, é sair do analfabetismo, é ter, sobretudo, condições de trabalho, com uma remuneração justa e condigna. É a fé que nos leva a assumir o compromisso de transformação da sociedade" . Dom Luciano Mendes de Almeida, Presidente da CNBB CM Junho/93 - 15


CREIO NA FAMÍLIA Luzia Rodrigues -Creio na família, sustentáculo da sociedade, instituída por Deus e santificada pelo sacramento do matrimônio. -Creio na família, que professa a fé, primeiramente em seu seio, não se envergonhando de aderir ao bem, tornandose, assim, mensageira, arauto da fé e do amor para além das fronteiras do próprio lar. - Creio na família, onde os anciãos são acolhidos com carinho, respeito e atenção, considerados como membros importantes, respeitados pelo que já viveram e reconhecidos por todo o bem que praticaram ao longo de seus anos. - Creio na família, que enfrenta seus problemas com maturidade, num diálogo aberto e respeitoso entre os pais e filhos, porque a palavra de Deus é que lhes fornece critérios de julgamento ante os acontecimentos e solicitações do dia a dia. -Creio na família, onde cada membro tem seu papel e lugar, responsabilidades, direitos e deveres, formando um todo harmonioso. Família que sabe reconhecer os valores de seus membros, respeitando os dons, tendências e vocação de cada um, promovendo especialmente a realização de todos como pessoas. -Creio na família, que, unida, reza, age, sofre e se alegra. Unida permanecerá, apesar de todas as contingências e vicissitudes, porque os valores de seus membros são postos a serviço de todos, numa permuta dinâmica de amor. - Creio na família, que não se deixa massificar, nem escravizar pelos meios de comunicação, mas sabe discernir entre o bem e o nocivo, sabe aderir àquilo que realmente lhe serve e conduz com seus princípios.

"Enquanto alguns profetizam o fim da família, nós anunciamos a nova era do amor, que une pais e filhos". (Colaboração de Humberto e Denise Equipe 1 Porto Feliz/SP) 16 - CM Junho/93


A FÉ EM CÓDIGO Quando o Cardeal Meisner, Arcebispo de Colonia era bispo auxiliar de Esfurt, na Alemanha, teve oportunidade de participar de uma peregrinação e encontrar um grupo de alemães do Volga, que viviam há trinta e cinco anos na Sibéria, sem qualquer contato com a Igreja. Eles lhe disseram: "-Temos tanta saudade da Igreja! Que havemos de fazer para transmitir aos nossos filhos as verdades da fé? A primeira proposta do Cardeal Meisner foi dar-lhes um catecismo e um Novo Testamento. Mas, ninguém podia levar livros para a Russia! Então surgiu outra idéia Poderiam levar o terço? Os peregrinos responderam que sim, pois poderiam levá-lo ao pescoço, como um adorno, certamente ninguém haveria de objetar. Mas ... e daí?

Então o Bispo mostrou a cruz, no terço: "Aqui nós dizemos o Credo, ou seja, repetimos a doutrina de nossa fé. Em seguida vêm três contas - a fé, a esperança e a caridade. A seguir, como num colar, vem todo o Novo Testamento: o mistério da Encarnação de Deus, nos mistérios gozosos. Os mistérios da Paixão no terço doloroso, e finalmente, os mistérios da Redenção, que são os mistérios da plenitude humana"! Um dos peregrinos exclamou: "-Pois temos, então, numa única mão, toda a fé católica"! Que Maria nos ajude, que seus filhos tenham sempre na lembrança os mistérios do rosário, para que, em qualquer lugar, a qualquer momento, possamos meditar sobre nossa Fé. Baseado no folheto "Videntes da Fátima" Mêses janeiro/abrii-1991-Portugal

Daisy e Adolpho Equipe 9-A Rio de Janeiro/RJ

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O VÍNCULO DA PERFEIÇÃO "Acima de tudo revesti-vos da caridade que é vínculo da perfeição" (Gol. 3,14)

Estas palavras são decisivas para a nossa vida e para o nosso testemunho cristão. Elas fazem parte de um longo trecho, no qual o apóstolo Paulo recomenda aos cristãos de Colossos que deixem os hábitos pecaminosos da vida passada e se revistam daquelas disposições interiores que são próprias do homem completamente renovado em Cristo: a misericórdia, a bondade, a humildade, a mansidão, a paciência, a suportação e o perdão recíproco. No fim conclui:

veste do cristão. Com a expressão "vínculo de perfeição" ele quer dizer, portanto, que a caridade une entre si e garante todas as virtudes já mencionadas, ou então - como disse alguém- que ela une de maneira perfeita os membros da comunidade cristã.

"Acima de tudo revesti-vos da caridade, que é o vínculo da perfeição".

Mas, se é verdade que graças ao batismo nós já temos a caridade, é também verdade que a possuímos como um embrião que espera ser levado ao pleno desenvolvimento. Por isso, o apóstolo estimula os cristãos a não considerar a caridade como uma virtude adquirida, mas a desenvolvê-la e a se revestir dela de modo a torná-la visível, evitando o perigo de permanecer no abstrato, no campo das boas intenções ou das ilusões.

O apóstolo gosta muito de usar a imagem da roupa como termo de comparação, e também neste caso ele o faz. É pensando nela que ele nos exorta a nos revestirmos de todas as virtudes acima mencionadas, que fazem parte do vestuário do homem novo, e a colocar acima delas uma outra peça, a caridade, que é o liame, o nó perfeito. A caridade, que ele compara a uma faixa ou a uma cinta, que junta e une todas as demais peças, é a virtude que completa a 18 - CM Junho/93

Ao ser batizado, o cristão certamente se revestiu de Jesus (Gal 3,27); e, com ele, revestiuse da caridade e de todas as virtudes que necessariamente a acompanham.

Nós sabemos como a bondade, a mansidão, a misericórdia e as outras virtudes,


enumeradas anteriormente pelo apóstolo, se identificam. No entanto, diz o apóstolo: acima de todas estas virtudes revistam-se da caridade. O fato é que, mesmo sabendo como estas virtudes constituem diferentes aspectos e atitudes da caridade, ele quer chamar nossa atenção para a caridade vista na sua essência, na sua raiz, da qual surgem depois todas as suas expressões. Ora, Jesus nos explicou o que é a caridade quando disse: "Amai-vos uns aos outros como eu vos amel' (Jo 13,34). A caridade, portanto, é: amar o próximo com o mesmo coração de Jesus, isto é, até o ponto de dar a vida por ele . É servir o próximo e identificar-se com ele, do mesmo modo como Jesus identificou-se conosco . É amar o próximo fazendo morrer o nosso eu e esquecendo-nos de nós mesmos . Desta maneira também as outras virtudes florescem, são consolidadas e protegidas. Estas palavras do Apóstolo nos convidam , portanto, a examinar até que ponto a nossa vida cristã é animada pela caridade; até que ponto suas raízes penetram na morte do nosso eu para amarmos cada vez melhor aos nossos próximos.

Mas nós o sabemos: para chegar a isso é preciso um esforço notável, é necessário perseverar e sobretudo ter uma grande paciência com nós mesmos. As ocasiões, porém, não faltam e com elas podemos treinar continuamente: na família, na comunidade, na escola, no trabalho, na sociedade. E será o amor à cruz de Jesus que tornará mais sensível o nosso coração e nos fará cada vez mais capazes de ouvir, de nos identificar com os problemas dos nossos próximos; de compartilhar suas alegrias e dores, de fazer cair certas barreiras que ainda nos dividem, de colocar de lado certas atitudes de orgulho, de rivalidade, de inveja, de ressentimento por eventuais ofensas recebidas; de superar aquela terrível tendência ao julgamento e à crítica, de sair do nosso isolamento egoístico, para nos colocarmos à disposição de quem passa necessidade ou está só; de construir por toda parte a unidade desejada por Jesus. E não é a isto que aspiram todos os corações realmente cristãos?

Chiara Lubich

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ASPIRAÇÕES MODESTAS "Senhor, o meu coração não está orgulhoso, nem altivos, os meus olhos. Não aspirei a grandezas, nem a coisas mais elevadas que a minha capacidade".

Ser humilde é admitir sua capacidade, suas limitações e tentar realizar sempre o melhor trabalho. Não tentar ser o melhor de todos, querer ganhar sempre e pisar nas pessoas que o rodeiam, mas sim realizar o que está ao seu alcance, fazer o seu melhor, buscar vencer em tudo o que faz se para beneficiar a si mesmo e aos seus semelhantes. Ser humilde é aceitar os desafios da vida sem rancor, sem ódio no coração. É saber ouvir as palavras de Deus sussurradas no dia-a-dia. Saber pedir perdão todas as vezes que estiver errado, tentar entender seus irmãos, buscar sempre uma razão para os acontecimentos que o levam a chatear-se, que o magoam. Ser humilde não é caminhar cabisbaixo mas é andar cons-

ciente de seus passos. Não é ficar calado diante de injustiças mas é saber falar na hora certa e do modo certo. É abraçar o próximo sem buscar recompensas! É muito difícil ser humilde nos dias de hoje, na selva em que vivemos. Somos julgados pelo que temos, pelo que apresentamos. E 0 que sentimos, 0 que pensamos, o que somos realmente fica sufocado na luta do dia-a-dia. muitas vezes nos esquecemos da humildade, pois às vezes a humildade é confundida com humilhação. Ser bom, ser honesto, ser verdadeiro todos os dias de nossa vida é muito difícil. Nessas horas precisamos lembrar de Deus, de Seus ensinamentos, de Seus mandamentos ...

"Os bens e os males, a vida e a morte, a pobreza e as riquezas, tudo isto vem de Deus" . Rosanna Marotti (Filha de Maria Alice e Álvaro) Equipe 6 Petrópol is/RJ 20 - CM Junho/93


AS GLÓRIAS DE MARIA (Segundo Santo Afonso Liguori)

Maria Obediente o Egito. E sem reclamações e queiQuando o anjo Gabriel anunciou xas! o plano que Deus Pai tinha reservado para Maria, na sua resposta obeAo pé da cruz, Maria consegue oferecer seu único Filho ao Deus diente Ela usou o titulo de SERVA. São Tomé de Villanova nota que Pai , participando do plano da salva"esta serva fiel nunca contradisse o ção. Em Lucas 11 ,27, Jesus já tinha plano de Deus , nem por penpreparado a base teológica, com samentos, palavras, ou obras; dessua resposta à mulher que tinha dito: «Felizes as entranhas que te pojada de sua própria vontade, trouxeram e os seios que te amaMaria vivia sempre e em todos os mentaram ». Jesus disse: «Felizes, momentos obediente à vontade de antes, os que ouvem a palavra de Deus". Deus e a observam». Em outras Desde o inicio, teólogos tem notado que a obediência de Maria recupalavras, a grandeza de Maria não está num ato de biologia, mas , perou o dano feito por Eva. "Como Eva, por sua desobediência, proprincipalmente, na sua fé e obediênvocou sua própria morte e a da raça cia. Por causa disso, ganhou a graça humana, assim a Virgem Maria, por de conseguir o perdão para os piosua obediência, ganhou sua sal res pecadores. Basta que o malanvação e a de todos". (Santo lrineu). Outros acham que seu grau de dro peça misericórdia, com a final idade de melhorar sua vida , obediência foi superior ao dos sanpara Maria entrar em ação e alcantos, pois eles foram atingidos pelo çar-lhe a salvação. pecado original, com tendências Num mundo de crimes e pecados para a maldade. Maria foi totalmente gerados por causa do orgulho e da isenta de tudo isso. Segundo São maldade presente no coração dos Bernardino, "seu objetivo principal na vida foi olhar constantemente homens, mais do que nunca é impara Deus, a fim de descobrir a vonportante que aprendamos a lição da obediência de Maria. Ela nos orienta tade d'Eie. Logo que ela descobriu o que Ele queria, ela fez". para sermos mais dóceis ao Espírito Seu espírito de obediência foi tão Santo. Ela nos educa nos caminhos grande que cumpriu as ordens do do Senhor. ó Maria, minha mãe, ajuda-me a ser Imperador Romano , executando seu dever de cidadã; fez uma viafiel ao Plano de Deus Pai; orienta migem de mais de 120 quilômetros a nha vontade para procurar discernir e Belém , durante o inverno, como saber o que Ele quer de mim. Como a gestante, para ser cadastrada, saSenhora estava pronta para obedecer bendo que era pobre e acabou por ao anjo, quero estar atento aos apelos dar à luz numa cova. que o mundo de hoje me faz. Da mesma maneira, obedeceu a Pe. Luís Kirchner seu marido José no meio da noite , C.E. Setor B pegando suas coisas e fugindo para Manaus/AM CM Junho/93 - 21


ORAÇÃO ADULTA Oração é atitude de abertura a Deus, na tentativa de conhecermos o que ele quer de nós, a fim de que sua vontade seja por nós realizada. Pelo o menos este é o tipo de oração "adulta". Bem diversa daquela oração infantil , nossa preferida, feita de pedidos e lembretes, que em continuação despachamos para Deus. Como se Deus estivesse às escuras de nossa situação precária e de nossas necessidades ... Até parece que ficamos com medo de transformar nossa oração em momentos de contemplação, de silêncio e de escuta. Medo de descobrir que a vontade e os planos de Deus não combinem com os nossos e sejam difíceis de cumprir .. . Pensamos que, pondo de lado nossos planos e dedicando-nos à realização dos planos de Deus, acabaremos prejudicados, frustrados e voltando para casa de mãos vazias. Quer dizer que ainda não somos suficientemente maduros para entendermos que nossa suprema felicidade consiste em fazermos a vontade de Deus. A qual jamais é contra nós, contra nossos interesses ou contra nosso bem; mas está sempre a nosso favor. Deus

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sabe o que é melhor para nós, e conhece o paradeiro de nossa verdadeira felicidade ... Há momentos em que sentimos em nossa própria carne o impulso de rezar de maneira adulta e o des~o de que Deus venha nos revelar sua vontade. Depois, porém, é aquela luta a travar-se em nosso íntimo: entre nós e o próprio Deus, entre os interesses do Reino e os interesses de nosso egoísmo. E, não raro , resolvemos a questão deixando de rezar ... É o momento de recorremos a CRISTO : "Senhor, ensina-nos a rezar! " "Perdoa-nos se degradamos o sentido da oração apenas rezando-a com convicção, de todo o coração, só quando há em mim a necessidade de clamar, de chamar a Deus. Isso é egoísmo. Perdoa-me". Porque, é só pela oração que nossa ação pode se tornar evangélica, beneficiando toda a comunidade humana. E é só pela oração que nos será possível contemplar a realidade deste mundo com os olhos de DEUS. Pe. Virgílio Colaboração: Maria Angela e Paulo Equipe 9 Araraquara/SP


O TEMPO Com muita frequência sentimonos premidos, acossados. Parece-nos que o tempo não nos é suficiente e isto se traduz em correrias, em tarefas inconclusas, em mau humor e agressividade. "Não tenho tempo " é a desculpa mais utilizada. Não temos tempo para o diálogo conjugal, para oração, para escutar os outros, para aceitar e cumprir com as responsabilidades que ás vezes nos pede o Movimento. Realmente é indispensável uma reflexão íntima sobre o assunto e desejamos compartilhar com vocês algumas idéias para sua reflexão pessoal. Não queremos impô-las. Deus é o senhor do tempo. É Ele quem decide- em última instância - sobre a duração das nossas vidas. Perguntemo-nos o que Ele quer do nosso tempo. Podemos utilizá-lo totalmente sem ter Deus em conta? Ou só superficialmente? Pensemos que o tempo é uma questão de preferências: nós o utilizamos de acordo com nossa escala de valores, com nossas prioridades. Revisemos essas prioridades e, automaticamente, a utilização do nosso tempo ajustarse-á a tais critérios. Temos tempo para o que queremos e buscamos. Fechamos-nos no trabalho, na busca do bem estar material. Não

deixamos espaço para compartilhar, ou simplesmente para observar a natureza e desfrutá-la. Corremos buscando coisas, buscando que nos valorizem mais, em ter mais e deixamos escapar o sorriso do filho, as carícias, o calor do lar, a possibilidade de ajudar o próximo e de encontrar a felicidade no trabalho. Temos que sair do "ativismo" . De estar sempre fazendo coisas sem dar lugar a conhecermo-nos intimamente, sem dar ocasião a que Deus atue em nós mediante a reflexão tranqüila, a escuta da Palavra, a oração. Pensemos se as urgências, as premências, o fato de nos sentirmos pressionados não nascem, em boa parte, dos nossos temores muitas vezes imaginários: temor do que os outros irão dizer, de perder prestígio, de perder "status" social , temor do futuro. O Evangelho é a Boa Nova. Cristo veio salvar-nos, ajudar-nos a descobrir a realidade, a verdade e a aceitá-las. Veio mostrar que o sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado, ensinar-nos o que é o fundamental e como distinguí-lo do acessório. Ele ensina como sermos donos do nosso tempo ao conseguirmos a paz interior. Nossos temores, no fundo, são faltas de fé num Deus que é o amor e só quer a nossa CM Junho/93 - 23


felicidade. Ordenemos nosso coração, nossas prioridades. Recordemos o conselho de Jesus (Lc 12,30-31) para quem se atormenta por tantas coisas: "Buscai primeiro o reino de Deus

e tudo o mais vos será dado por acréscimo" Luiz e Carmem Alícia Londono Responsáveis pelas E.N.S. da Colômbia (Traduzido da Carta Mensal hispanoamericana)

*** CONTA E TEMPO Deus pede estrita conta do meu tempo e eu vou, do meu tempo, dar-lhe conta; mas, como dar, sem tempo, tanta conta, eu que gastei, sem conta, tanto tempo? Para dar minha conta feita a tempo, o tempo me foi dado e não fiz conta; não quis, sobrando tempo, fazer conta, hoje quero acertar conta e não há tempo. Oh! Vós que tendes tempo sem ter conta, não gasteis vosso tempo em passatempo; Cuidai, enquanto é tempo, em vossa conta. Pois aqueles que, sem conta, gastam tempo, quando o tempo chegar de prestar conta, chorarão, como eu, o não ter tempo.

(Extraído da 4ª capa de um caderno fabricado pelas Escolas Profissionais Salesianas).

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e o/üfa

S.O.S. FAMÍLIA Dois Setores nos enviaram seu testemunho sobre "S.O.S. Família", uma atividade ad extra em que alguns equipistas vêm se engajando. Aqui vão seus relatos:

BAURU O S.O.S. Família, desafio proposto para as E.N.S., abre caminho e começa a atingir os seus objetivos. Desde a seu início e ao longo destes meses, vários fatores concorreram para concretização desta iniciativa. Um deles, bastante forte por sinal, relaciona-se ao local de seu nascimento, isto é, ao "berço equipista", onde( ... ] esta idéia pode ser bem estruturada. Nos primeiros meses, após a sua implantação, tinha-se a impressão de que alguma falha havia sido cometida, quanto à sua organização, uma vez que não se conseguia atender a nenhum caso. Entretanto as expectativas para o início deste trabalho eram grandes e nem mesmo os plantonistas demonstraram cansaço ou impaciência. E, fato curioso, à medida que o tempo passava, compreendia-se que aquelas duas horas gastas no plantão do S.O.S. seriam bem aproveitadas, quer fazendo-se um dever se sentar-se com o cônjuge, quer em um "bate papo" gostoso com o outro casal plantonista. E assim, muitas amizades foram fortalecidas e graças a essa paciente espera e à força do Espírito Santo que está atento a todas as necessidades, aguardava-se o momento de se prestar serviço. "Mas como debaixo do céu há momento para tudo e

tempo certo para cada coisa", eis que a primeira oportunidade de se ajudar um casal com problema surgiu e logo em seguida outros casos foram aparecendo. Alguns encontraram solução dentro do próprio Movimento, outros precisaram ser encaminhados aos órgãos competentes. Hoje, a poucos meses do início deste trabalho, estamos com 9 casos atendidos. Na verdade, não é muito, principalmente se levarmos em consideração dois aspectos significativos: o grande número de casais desajustados - que se tivessem uma palavra amiga talvez conseguissem resolver seus problemas - e os irmãos das equipes (40 mais ou menos) comprometidos com esse apostolado e que aguardam o momento de colocarem seu carisma a serviço daqueles casais. Se durante a caminhada do S.O.S., conseguirmos atender os casais necessitados, ajudando-os a superarem as dificuldades, não terá sido em vão a longa espera e estaremos assim cumprindo a missão a que nos propusemos. Marilene e Arnaldo Equipe 8 Bauru/SP

JAÚ O SOS Família é mais um e recente Movimento da Igreja em defesa da família em crise. Depois do curso de Preparação CM Junho/93 - 25


ao Casamento, destinado exclusivamente aos noivos, sentiu-se a necessidade de se criar um movimento para orientar, além dos recém casados na difícil fase de adaptação à nova vida a dois, também os casais em geral nos desajustes entre si e entre estes e os filhos, para evitar as conseqüências que afligem a sociedade. A família é uma instituição duradoura e não apenas um contrato a dois, uma aventura egoística. Hoje os jovens se preparam, se especializam em todas as áreas do conhecimento humano, menos para o casamento, considerando-o uma experiência. É na família vocacionada, a Igreja doméstica, que a criança aprende a discernir entre o bem e o mal, se prepara para enfrentar os perigos externos, para ser o homem de amanhã. Não se trata de auxílio material, mas dependendo das circunstâncias até que poderá sê-lo. E, sim, de orientação sócio-psicológica e espiritual para não se perderem diante dos perigos da desinformação. Como ensina Lucas: a família deve ser construída sobre a rocha e mão sobre a areia, para resistir contra as investidas dos inimigos do casamento que proliferam assustadoramente. O SOS Família já funciona com sucesso em várias cidades e os irmãos de Bauru é que estão nos orientando. A denominação SOS Família foi escolhida dentre muitas sugestões, como a que mais impacto provocou nos interessados. Enquanto no curso de preparação ao casamento se ministra aos noivos um conhecimento mais amplo e geral, abrangendo diversas áreas do 26 - CM Junho/93

conhecimento humano, dentre eles, a economia doméstica, psicologia masculina e feminina, a paternidade responsável, planejamento familiar, sacramentos, etc., o SOS Família se concentra especificamente e profundamente no problema apresentado ou abordado. O SOS Família terá uma Direção Geral, onde participarão todos os movimentos pastorais (Equipes de casais, Curso Bíblico, Encontro de Casais com Cristo, Vicentinos e até os Alcoólatras Anônimos, e outros). Será pedido o apoio e incentivo da Diocese, dos Párocos. Este Movimento, que se encontra na fase embrionária, colocar-se-á à disposição para assessorar a Delegacia da Mulher, a Policia Civil e Militar, a Divisão de Tóxicos, do Juizado de Menores e Adolescentes, a Procuradoria Jurídica, etc. Será solicitada a indispensável colaboração da Imprensa escrita e falada, dos médicos, psicólogos, assistentes sociais, professores, advogados e dos demais segmentos da sociedade. Haverá uma sede, onde os casais voluntários e treinados se revezarão com os responsáveis da Secretaria Municipal dos Serviços Comunitários. No início funcionará uma vez por semana, das 20 às 22 horas, depois mais vezes por semana de acordo com as necessidades e procura. O diálogo entre o casal plantonista e o casal consulente, que será absolutamente confidencial, poderá se realizar no mesmo dia, quando possível ou em data designada. Avany e Jorge Equipe 4 Jaú/SP


AF~MOSTRADANASOBRAS O lema que norteou o ano de 92 foi a frase "Filho, vai hoje trabalhar na minha vinha", conclamando todos os equipistas a se porem a serviço do Pai na comunidade, colocando seus dons para que a "sua" vinha fosse trabalhada. O movimento agora nos leva a refletir sobre a proposta do Reino, de trabalhadores da vinha que não podem perder tempo, pois temos o privilégio de receber muito do Movimento, que não cansa de contribuir para nossa formação, para sermos agentes de pastoral capacitados. E lembra-nos, então, que "àquele a quem muito se deu, muito será pedido. E a quem muito se houver confiado, muito será reclamado". (Lc. 12,48). Portanto nossa fé deve ser mostrada nas obras que desenvolvemos em favor da Igreja, nas nossas atitudes de procurar viver de acordo com a nossa verdade, nossos carismas, dons. Ser cristão descomprometido

não é ser cristão. "Quem me ama põe em prática o meu projeto" (Jo 14, 15}. É no encontro com Cristo na pessoa do outro que está o seu projeto e que somos lembrados a assumir, mas assumir com entusiasmo. Se temos Deus em nós, temos que viver esse entusiasmo de poder servi-lo desempenhando o tão necessário compromisso de cristão. "A quem muito foi dado, muito será pedido" é uma advertência. Nossa responsabilidade tem o seu referencial no próprio Evangelho o seguimento de Cristo não se restringe à promessa de melhorar no futuro, mas à ação hoje, sem demora, sem subterfúgios, porém com a graça de Deus que não nos falta nunca. Lenice e Luiz C.R.Setor Araraquara/SP

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.. FAZER A CABEÇA .. , PALAVRA DO DIA Estamos constantemente ouvindo e dizendo que a sociedade atual, cada vez mais, caminha de "cabeça feita". São os meios de comunicação social de massa, são os círculos fechados, são os sistemas existentes na sociedade, são as revistas, enfim, é todo um emaranhado de coisas que fazem com que as pessoas hoje ajam e vivam de um modo despersonalizado e inconsequente . O próprio Papa João Paulo 11, em Porto Alegre, no ano de 1980 disse: "eles fazem-nos agir e pensar como eles querem", referindo-se, na ocasião, aos MCS. Esta situação nos apavora e, ao mesmo tempo, nos questiona. Se os poderes do mundo têm tanta força para "fazer a cabeça" da humanidade, será que a fé cristã, a Mensagem de Jesus, não possui força suficiente para levar-nos a uma postura crítica, corajosa e, diríamos, vitoriosa sobre a realidade? Disse alguém que, na medida em que os cristãos se deixassem tomar pelo Senhor e por suas verdades muito se mudaria a vida da humanidade. Há quase dois mil anos o Evangelho é anunciado entre nós. Somos testemunhas de quantos já, por causa desta força que emana dos escritos sagrados, deram a própria vida e ainda estão dando em vista da libertação de seus irmãos. Nestes, dizemos, a Palavra teve força. Neles a Mensagem de Jesus fez sulcos tão profundos que não mais poderiam viver sem Ele e sem se comprometerem com a sorte de seus irmãos, os homens e mulheres 28 - CM Junho/93

espezinhados pela "selvageria moderna da sociedade". Será que isto é privilégio de alguns? Será que Jesus não pensou em fazer as maravilhas de sua Mensagem em todos? Ou será que a maioria não está se abrindo à sua Palavra! Ou, quem sabe, ainda, nossa formação cristã não foi suficiente para fazer-nos entender a profundidade, a largura, a extensão e a altura do Dom de Deus, revelado a nós pelo seu Filho! A sociedade e todos os seus segmentos degeneradores da pessoa humana sabem, usam e abusam das técnicas e procuram aprimorar os meios para melhor "fazer a cabeça" de seus alvos - a humanidade; enquanto que nós, cristãos "apaixonados" e nada reais, nos contentamos com um simples ouvir, sem deixar que a Mensagem do Mestre penetre no mais profundo do nosso ser e nos "trabalhe". Há um deleite muito patente entre os homens e mulheres em escutar a Revelação, contudo, quando esta começa a remexer o interior pedindo coerência diante do escutado, nós nos revolvemos em críticas e desmentidos acerca de sua veracidade. Batemos , portanto, em retirada . Somos, em suma, armados contra a Palavra que liberta, e, por outro lado, desejamos sentir que somos amados por Ele! Bela incoerência dos tempos modernos! Já disse alguém: "ninguém ama aquilo que não conhece". Ora, para que a Palavra se transforme em vi-


tória em nossa vida, necessário se faz deixarmos que ela nos penetre, nos inunde, nos tome totalmente e nos faça, de uma vez por todas, movermos a partir dela. Isto é, "deixar-se fazer a cabeça por Ele", atitude esta que só se reverterá em benefício nosso e da humanidade como tal, pois "uma alma que se eleva, eleva o mundo". Será que não conseguiremos isto se dermos valor, importância em nossa vida de equipistas, À LEITURA E À MEDITAÇÃO DA PALAVRA? Não deveriam estes pontos concretos de esforço ser uma forma sublime de rezar? Se oração é, "falar com Deus", isto já diz que na oração não devemos manter um monólogo. Também Deus precisa ter oportunidade de falar! Por isso, temos que ficar no silêncio para podermos ouví-lo. Meditação é uma oração demorada, uma oração sem muitas palavras, na qual o que reza sente Deus mais perto, dirige seus pensamentos a Ele para, em conjunto, contemplar ou refletir sobre algo. Quanto melhor se sabe meditar, tanto menos serão necessários palavras ou pensamentos próprios. O ponto de partida é o silêncio e o recolhimento. Conseguido isto, nós nos tornamos conscientes da proximidade de Deus. Então vemos e ouvimos o que Deus disse e fez para nós, suas criaturas. Depois, tomamos um parágrafo da Sagrada Escritura, a lemos 3 ou 4 vezes, pausadamente, deixando que a Palavra nos penetre. Fechemos o "livro" e busquemos o pensamento que mais nos tocou. A partir

daí, leia os acontecimentos de sua vida, da sociedade, e procure identificar em qual deles a Palavra nos ilumina. Aí está o ponto que Ele, Deus, quer que atuemos, mudemos ou transformemos. Cada vez mais o valor da meditação é reconhecido, justamente pelos jovens. As formas orientais de meditação exercem uma poderosa fascinação, inclusive as não cristãs. É sabido que a nossa concepção intelectual de ocidentais, calculistas, e racionais, é, em última instância, desumana, provocando a minimização de valores essenciais. Realmente, a meditação oriental pode nos ensinar muito. Acima de tudo podemos afirmar que para aqueles que abraçam este caminho (reservar algum tempo, mesmo que seja pequeno) de meditar a Palavra, sentem-se mais serenos, seguros, tendo um crescimento mais consciente, como também lhes proporciona uma maior libertação e paz interior.

Recomendação: Agora que você tomou consciência do valor da Escuta da Palavra e Meditação, recolha-se num lugar, sozinho (a) e tome a Bíblia, abra aleatoriamente e, o texto que cair debaixo de suas vistas, reza, no mínimo, 4 vezes. Depois feche a Bíblia e veja o que mais lhe chamou a atenção. É neste ponto que o Senhor quer ver você crescendo no amor.

Pe. Luiz Carlos Rodrigues Florianópolis/Se

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I+

Pontos Concretos AINDA E SEMPRE O RETIRO

Uma vez mais fizemos retiro e mais uma vez comprovamos que esse é, deve ser, um dos meios mais eficazes e agradáveis de que a gente dispõe para crescer no amor de Deus e do próximo. Nem preciso deveria ser que os Estatutos das ENS estabelecessem como obrigação para seus associados a prática desse exercício, uma vez a cada ano. Se o equipista preza os valores do espírito, o retiro não é um dever que se impõe a ele, é um direito que lhe assiste para se firmar mais na fé, se mirar na escala de valores em que acredita, se conduzir de acordo com os preceitos da ascese cristã que abraçou para ser fiel à sua vocação. Ou, como escreveu na CARTA MENSAL de novembro passado o casal Lenice e Luiz, de Araraquara, "o retiro não é uma obrigação, é privilégio". Na página a seguir dessa mesma CARTA Frei Constância Nogara, conselheiro espiritual de uma equipe de Bragança Paulista, lembra também que, para os casais ligados às ENS, fazer retiro é "o compromisso mais importante em nível de grupo". Para esse conselheiro, "ocasal equipista que não conseguir prever dois dias por ano para seu retiro não anda bem". E não bas30 - CM Junho/93

ta fazer do retiro um ameno e alegre encontro de confraternização. Segundo Frei Constância , "um casal profundamente cristão, que vive na poluição da grande cidade, se não quiser estacionar, acomodar-se, viver na superficialidade, perder-se nos ruídos diários( ... ), precisa tomar tempo para se retirar no silêncio, para pensar na sua vida, no destino dos filhos, na presença de Deus, do Cristo, do Espírito Santo". O retiro de um casal equipista está na lógica da própria vida. Se para viver e ter boa saúde a gente não precisa que alguém nos obrigue a fazer as refeições, a praticar esportes, a tirar férias, será que um casal consciente e desejoso de responder dignamente por seu compromisso de cristão ainda precisa que as ENS o "obriguem" a fazer exercícios espirituais uma vez por ano? Para nós que acreditamos na ação e na força do Espírito e vivemos num mundo cada vez mais opaco e sedutor, fazer retiro, mais que o cumprimento de um dever ou mesmo o uso de um privilégio, é a satisfação de uma necessidade. Necessidade espiritual mas necessidade. O próprio Jesus, que viveu numa época certamente bem menos


complicada que a nossa, nos deu o exemplo. Várias vezes o Evangelho relata que ele se retirava a sós para renovar sua energia espiritual, para entrar em diálogo com o eterno Pai, para rezar, simplesmente rezar. No mais absoluto silêncio. Nosso último retiro começou ao cair da noite de uma sexta-feira e se estendeu até o meio da tarde do domingo seguinte. Foram 45 horas de profundo e eloqüente silêncio, quebrado apenas pela voz do pregador e por nossas orações em comunidade- três casais e três viúvas. Um silêncio que, acreditem, nada tinha de artificial ou penoso. Abençoado silêncio. Ele nos fez colocar mais em sintonia com aquele que fala aos corações. Só assim, nos parece, teríamos condições de melhor interiorizar aquilo que nos vinha pelo ouvido ou pela leitura. Só assim se faria mais audível a voz do Senhor a quem buscamos e de quem nos queremos tornar um pouco mais íntimos. Para o ano que vem, queremos precisamente renovar a dose. Se possível, no mesmo local (Foyer de Charité, Caixa Postal 5, Mendes, RJ, CEP 26700, telefone 0244 - 65-2288), um local que de alguma forma faz evocar o Monte Tabor onde, por alguns instantes, Jesus deixou transparecer sua face gloriosa. A equipe que cuida da casa (quatro mulheres ainda jovens), além de cobrar um preço mais que

modesto, tudo faz para tornar as horas que lá passamos um tempo muito agradável, capaz de transfigurar, um pouco, a realidade desta vida. Uma vida marcada pelas mais prementes preocupações terrenas mas também impregnada pela crença no Espírito e pela esperança que nos impele na direção desse mesmo Espírito. No mural do Foyer estavam fixadas duas máximas que dispensam maiores explicações para entender a importância do silêncio num retiro: "Se o silêncio nos pesa, é porque nos é terrivelmente necessário" (G. Courtois); "Estabelecer o silêncio é ouvir Deus, é suprimir tudo o que nos impede de ouvi-/o" (M. Debbrel). E, agora, um exemplo de casa. No "Sentido de uma Vida" - através de cujas páginas Nancy Moncau nos traça um perfil do seu marido, Pedro Moncau- vale lembrar também o que ele, esse equipista a quem tanto devem as ENS do Brasil, escreveu ao comentar a cena em que o anjo Gabriel anuncia a Maria que ela ia ser a mãe do Salvador: "É no silêncio que Deus fala aos homens(. ..), que o homem ouve a voz de Deus (. . .), que Deus se manifesta aos homens". Preciso dizer mais?

Dulce e Manuel Equipe 9-A Rio de Janeiro/RJ CM Junho/93 - 31


A SEGUNDA EXPIRAÇÃO Outro dia eu estava preparando uma aula de zoologia sobre as aves, nas quais o ciclo respiratório completo implica em dois movimentos inspiratórios e dois expiratórios. Existe, portanto, a primeira inspiração, a primeira expiração, a segunda inspiração ... Aí estava uma expressão que eu conhecia! Dei uma paradinha, ri da coincidência dos termos e continuei meu trabalho. Mas a coisa ficou na cabeça. Inspiração, tomada de ar, energia, revitalização... Sem dúvida , era este o significado da Segunda Inspiração para as ENS . O que mais me inquietava, contudo, é que toda inspiração é seguida por uma exp iração . É fundamental que isso ocorra, do contrário o gás carbônico não eliminado intoxica o corpo. Ele, um dos frutos da respiração, não pode ser guardado, deve ser eliminado. O interessante é que o gás carbônico, que não nos serve, é elemento essencial da cadeia da vida, na fotossíntese. A expiração é, portanto, dom. De repente, vi que tudo isto também se relacionava às ENS . Os frutos da Segunda Inspiração não podem ficar guardados! Os casais, as equipes, o Movimento inteiro, não podem fechar-se sobre

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si próprios, deleitando-se com os frutos deste novo ar, pois poderão acabar intoxicados. Foi exatamente por terem se fechado antes, que a Segunda Inspiração se tornou necessária. Por terem se fechado por tanto tempo, a nova entrada de ar pareceu tão violenta. Os frutos da Segunda Inspiração não são apenas nossos. Parte deles se destina à Igreja e ao mundo. Nossa ação, orientada por este novo fôlego , deve ajudar a construir o Reino de Deus. Dar do que temos para gerar, para iniciar uma cadeia de Vida Nova. No fundo, a percepção disto já existe nas prioridades do Movimento que falam de ir ao encontro da realidade e do engajamento nas atividades pastorais. Não é possível nos acomodarmos e esperarmos a quase asfixia para, então, tentarmos tomar novo fôlego. Se vive melhor quando se respira devagar. A cada inspiração corresponde uma expiração ... A cada dom do Espírito, um dom nosso ao mundo ... Numa suave respiração , numa suave troca de vida ... Lourdes (do Sobral) Equipe 37 Brasília/DF


I~ PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE FINANÇAS Os "especialistas" da Carta Mensal analisaram o Balanço do Movimento referente ao ano de 1992 e procuram, aqui, responder a algumas dúvidas e questões colocadas pelos leitores. Pergunta: Qual foi a contribuição arrecadada pelo Movimento em 1992? Resposta: Foi arrecadado, através das contribuições mensais, um total de Cr$ 623.264.463,95, o que corresponde, em números redondos, a 77.500,00 por mês por equipe, ou ainda, a 12.900,00 por casal , em cada mês. Isto significa que a renda média mensal de cada casal do Movimento terá sido, em 1992, de aproximadamente 3 m i lhões de cruzeiros. Pergunta: O Movimento teve outros tipos de receita, além da contribuição? Resposta: Sim . Recuperou-se uma parte das despesas com Impressos Doutrinários e outros, no valor de Cr$ 19.652.027,64. Por outro lado, para proteger o dinheiro contra a inflação, os valores em caixa foram sempre aplicados, obtendo-se com estes investimentos, uma receita financeira de Cr$ 419.704.369,90. Pergunta: E as despesas? Quais foram as maiores? Resposta: As maiores despesas do Movimento estiveram voltadas em grande parte para a difusão das ENS e para a comunicação "corpo a corpo". Isto é traduzido por uma despesa com Encontros (transportes, diárias, etc .) de Cr$ 181 .226 .579,23 , que representa

praticamente um terço do total de Cr$ 533.708.732,89 gasto durante o ano. Pergunta: E o Secretariado? Quanto representa? Resposta: Entre salários e encargos de pessoal, aluguéis, limpeza, água , luz, etc., gastou-se pouco mais de 147 milhões, ou seja, 27,5% do total. Pergunta: Quanto custou a Carta Mensal? E os outros documentos do Movimento? Resposta: Com a confecção da Carta Mensal gastou-se Cr$ 36.450.610,00. Mas a este valor, .seria preciso acrescentar boa parte dos 51 milhões gastos com correio, que inclui a expedição da Carta. Quanto aos demais impressos doutrinários, representaram uma despesa de Cr$ 24.137.596,85. Pergunta: Houve outras despesas significativas? Resposta: A nossa despesa de telefone foi de 13,4 milhões. As despesas financeiras, os impostos e as taxas representaram 38,5 milhões. Donativos, ajuda de custo, contribuições com outras entidades somaram 21 ,8 milhões . Gastou-se 2 milhões com assinaturas de jornais e revistas e compras de livros e 4,2 milhões com material de expediente. CM Junho/93 - 33


TRANSPARÊNCIA E AMOR Mais uma vez viemos pôr em comum algumas reflexões que fizemos. Desta vez, a partir do EACRE deste ano, cujo tema, aliás, veio completamente ao encontro de nossos anseios: O lema, como todos sabem, foi : "Aquele a quem muito se deu muito será pedido" (Lc 12,48). Fora a balançada que, por si só, já nos dá esse versículo , foram tratado~ dois importantíssimos aspectos ligados a ele: o da coerência entre fé e vida, e o de sermos chamados a ser comunidade. E é sobre esse primeiro aspecto, sobre a coerência, que refletimos. O EACRE foi aberto pelo nosso querido Bispo D. Nélson Westrupp, que com simplicidade e sabedoria que lhes são peculiares, nos questionou seriamente, com verdadeiro coração de Pastor, sobre a nossa vivência cristã e equipista. E uma das coisas que ele disse nos tocou chamou nossa atenção em particu~ lc:r: c_oerência é igual a transparencla . Por que isso mexeu conosco? ... Quase sempre quando falamos e.m coerência, tendemos a pensar, Cientes de nossa pequenez, que é coisa impossível na prática. Não conseguimos ainda ser coerentes e nunca o conseguiremos; ou ainda, chegamos a pensar que neste mundo de hoje, nem sequer podemos ser coerentes , pois senão seríamos po_r demais prejudicados! E, por fim, ca1mos num esforço descomunal para fazer o que se espera de nós. 34 - CM Junho/93

Mas acontece que isso nos desgasta demais, é ou não é? Outro ponto que costumamos confundir é que santidade é igual a perfeição, no sentido de nunca errar, titubear ou cair. E então dizemos: "Eu não sou santo" ou pior "Eu nunca sere i sant~" . E s~ considerarmos que o santo logicamente deve ser coerente, então, como não somos perfeitos, acabamos, por tabela, desistindo de ser santos, achando que é coisa para uns poucos privilegiados. E isso é muito grave! Sim , pois fomos todos chamados a ser santos! A santidade é nossa primeira vocação! E é aí que entra a "luz" que foi a definição de D. Nélson: coerência é igual a transparência. O que isso significou para nós? Nós somos gente, seres humanos, e não anjos. Deus nos criou assim. Se Ele quisesse que fôssemos anjos, assim Ele nos teria criado! Mas o Senhor nos quis e nos criou homens e mulheres! Como perfeito Pai, Ele conhece Seus filhos, sabe, "do que nós somos feitos". Nós não temos obrigação de ser uma coisa que não somos de fato! Assim, a coerência não é sermos perfeitos, nunca errarmos mas é sermos transparentes, ou 'seja, filhos que se sabem amados por Deus, e que lutam cada dia cada instante, para serem parecid~s com o Pai; é deixar transparecer a nossa luta, nossos sucessos e fracassos;


é deixar que vejam a graça de Deus atuando em nossa fraqueza! Pois "Quando me sinto fraco, então é que sou forte" (liCor 12,10c). Ouvimos numa vez num retiro uma frase que bem se encaixa aqui: "Se nos escandalizamos com nossa fraqueza, é sinal que está pequena a nossa confiança em Deus" . Não podemos negar que somos limitadíssimos, mas também não podemos nos apoiar nas nossas falhas, de maneira a não crer no poder e no Amor de nosso Deus, a quem "nenhuma coisa é impossível" (Lc 1,37)!!! E a transparência evidencia isso: somos fracos, é verdade , mas confiamos e vivemos num Deus que é Amor, que está Vivo , que se relaciona carinhosamente com seus filhos, a Quem eu quero corresponder da maneira mais plena que a minha natureza permite! Aqui neste ponto entra um outro ângulo de nossa reflexão: nossa transparência , nossa coerência será, então, conseqüência natural do Amor! Amor de Deus por nós, o qual experimentamos de modo indubitável, e nosso amor por Deus que, embora limitado, quer ser resposta Àquele que nos amou primeiro! Isso é transparência! Se eu tento ser coerente simplesmente porque me filiei a uma "filosofia", bela e bem estruturada e preciso, então, estar bem adequado, caio num legalismo superficial, que não dá fruto nenhum. Ao contrário, a transparência decorre de uma fé viva, não queremos dizer emocional, mas experiencial, no sentido que Deus é Amor (IJo 4,8b) e está vivo, e nós nos

relacionamos intimamente com Ele (através da vivência das três atitudes, dos PCE)!!! É como a esposa do Cântico dos Cânticos, que quer corresponder apaixonadamente ao Amor Apaixonado do Noivo. E isso não é um fardo para ela! Não é uma obrigação imposta de fora para dentro! Quando lemos a primeira carta de São Paulo aos Coríntios, no capítulo 13, onde São Paulo faz aquela maravilhosa descrição do Amor, vimos confirmar isso tudo. O Amor nos leva à transparência. A coerência é a transparência de um coração, humano, mas que ama! Um coração onde Deus tomou Seu lugar de honra, como Rei e Senhor. Diante disso tudo, nos fizemos um pergunta: será que somos pouco transparentes porque pouco amamos? ... Talvez essa seja uma boa pergunta para todos nós ...! E, como Jesus prometeu que aquele que tivesse sede e fosse a Ele, receberia a Água Viva, que é seu Espírito (Jo 7,37-39), cremos que Ele não negará esse nosso pedido, e assim, nós, equipistas, poderemos ser verdadeiramente as testemunhas que o mundo de hoje necessita com tanta urgência. ASSIM SEJA!!!

Maria Teresa e Valdison Equipe 12 São José dos Campos/SP

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~RTICIPAÇÂb "EIS QUE O MESTRE ESTÁ AQUI E TE CHAMA" (Jo 11,28) Pela primeira vez, fomos chamados a participar de um EACRE. Mas, ah! como é difícil dizer sim quando são tantos e tão graves os problemas. Não, nós não iríamos. Deus, atento a tudo o que nos acontece, nos conduz pelas mãos. Assim foi que, nos dias 27 e 28 de fevereiro, pudemos dizer: "Senhor, se queres que eu te siga, respondo : eis-me aqui" . Fomos. A emoção de estarmos lá era grande. Grande também era a responsabilidade. Tudo nos foi agradável. O encontro, as palestras, as orações e ... as refeições também . De tudo o que nos foi falado, escolhemos um tema: a Co-participação, sobre o qual queremos falar aqui. Casais conscientes de sua própria fraqueza e das dificuldades que encontraram, decidem formar uma comunidade de fé, para percorrerem juntos um caminho de conversão, apoiando-se uns nos outros. Assim surge uma comunidade, uma equipe. Essa equipe de casais procura na ajuda mútua forças para recomeçar sempre. O recomeço se faz durante a co-participação. Os casais se reconhecem como irmãos, são amigos que expõem suas vidas, emoções, preocupações, alegrias e tristezas uns aos outros. Dãose a conhecer . Conhecemo-nos mutuamente e nos conhecemos a nós mesmos. Nesse ambiente comunitário, de caridade cristão, a verdade aparece, é a base para o crescimento das pessoas. É a co-participação . Os casais buscam a coerência entre a fé e a vida. A verdade aparece: "Que adianta, meus irmãos, alguém dizer: tenho fé, se não tiver obras? Poderá,

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talvez, a fé salvá-lo? Assim também se passa com a fé: se não for acompanhada pelas obras, por si mesma está morta" (Tg 2,14-17). Na reunião de equipe, colocamos em comum o esforço pessoal e conjugal para se adquirir ou desenvolver essas atitudes com as quais nos comprometemos. É o momento da Coparticipação. A Co-participação é a busca de uma vivência cristã, coerente entre a fé e vida. A Co-participação é o momento da celebração da vida. A Co-participação é o momento da ajuda mútua. E isso nos lembra uma outra história: "Naqueles dias, pôs-se Maria a caminho para a região montanhosa, dirigindo-se a uma cidade da Judá ... permaneceu com lzabel uns três meses e voltou então para sua casa" . (Lc 39,56). Maria vai até Isabel, não porque precisasse da ajuda da sua prima, mas porque Isabel, grávida e já velha, precisava dela. Maria de Nazaré nos ensina que a verdadeira amizade nasce da necessidade de amar e se doar, de ser para o outro presença nos momentos difíceis da vida. Ser amigo mesmo é estar presente na hora certa, estar ausente na hora certa, saber dizer sim sem esperar, saber dizer não, saber orientar, contestar, animar, corrigir a quem amamos de verdade ... Somos amigos. Somos Equipes de Nossa Senhora. Elisabeth e José Antonio C .R. Equipe 6 Araraquara/SP


CO-PARTICIPAÇÃO RESPOSTAS URGENTES A Campanha da Fraternidade deste ano nos propôs: "Onde Moras?' Refletimos no mês de fevereiro sobre um tema de estudo relacionado a essa proposta da Igreja. No artigo, selecionado da revista VIDA PASTORAL de janeiro-fevereiro, cujo título é "CASA: ESPAÇO DE TERNURA E DE VIDA", de Ir. Zilda Fernandes Ribeiro, encontramos importantes inquietações de caráter sociológico, ao denunciar injustiças, opressões, as quais não nos deixam tranqüilos e satisfeitos. A insatisfação em ver a situação de desordem, injustiça, atraso, passividade, imprudência, transgressão de princípios éticos, é sentida. Muitas vezes nos deparamos, porém, com comentários de revolta, diante dos fatos, nos quais é comum se depositar a esperança nos governos, na segurança econômica e financeira. As vezes a ciência, a técnica e as ideologias apresentam-se quase como que responsáveis pelas soluções. Pensamos porém que a partir dessa revolta não se enxerga nada além, nem com os olhos da fé, nem com os olhos da esperança. Lembramos por outro lado que precisamos tornar-nos sinais, símbolos, de esperança num mundo

onde a esperança sofre sérios ataques todos os dias. Somos chamados a manter a mesma esperança que Maria tinha nos momentos mais difíceis de sua vida, nos grandes desafios que enfrentou. Experimentamos então a necessidade de alimentar esperanças verdadeiras. A esperança que deveríamos portar é aquela de levar as pessoas para Jesus, pois é Ele a única esperança, e dará verdadeiras respostas a nível individual, familiar, social. Após essa reflexão sentimos que as respostas deveriam ser buscadas para a conquista de um mundo mais justo, onde a opressão, a pobreza, não são possíveis. É o Papa quem indica as possibilidades quando afirma que a preocupação social é parte da missão evangelizadora da Igreja: "devese buscar soluções em âmbito mundial, instaurando uma verdadeira economia de comunhão e participação de bens". (pg. 3 da Carta Mensal de dezembro, 1992). A partir dessa proposta, a nível mundial, a responsabilidade nos questiona como casal: - Como utilizamos o nosso salário diante de uma situação de miserabilidade em que uma maioria da população vive? Lembramos sempre que, aquilo que não preciCM Junho/93 - 37


so e tenho não deveria ser meu mas daquele Jesus, presente nas pessoas que precisam e não têm? Conseguimos acreditar na Providência e partilhar, muitas vezes não só o supérfluo, mas até o essencial, com aqueles que ao nosso redor estão necessitados? - Como organizamos nossas compras em casa, pensando que se as plantas enraizadas no solo sobrevivem com tão pouco, por que precisamos de tanto, muitas vezes inutilmente? -Como perto de nós, com o cônjuge, com os filhos, a ajudante, os alunos, tentamos extinguir nossa postura de dom inação, poder, egoísmo, para cultivar um laboratório real de amor mútuo lembrando que é o próximo quem deve ter

prioridade pois Jesus está presente nele? Pensamos também que a nível coletivo as respostas são urgentes. Em nossas Equipe por exemplo, um espaço coletivo posterior ao familiar, sabemos de nossas necessidades para nos ajudarmos? Além das necessidades espirituais, as materiais são partilhadas? Ainda coletivamente, porém também próximo, como nos abrimos às necessidades das nossas paróquias com os empenhos que constantemente nos são solicitados? E o nosso dízimo? Fátima e Geraldo Equipe 3 Araraquara/SP

*** ONDE MORAS? "Mais do que um mutirão, um só coração"

Tudo começou com um grupo de pessoas participantes da Pastoral da Criança e trabalho de promoção humana (PRODCC) em Dois Córregos/SP que, vendo as necessidades de vinte famílias de uma pequena favela, gente simples, humilde , trabalhadora e honesta, "arregaçou as mangas" para ajudar esses irmãos. Começamos a nos "unir num só coração" objetivando dar moradia a eles. Assim nos organizamos em grupos de sete pessoas e nos dirigimos à Prefeitura a fim de conseguirmos terrenos . Graças a 38 - CM Junho/93

Deus, após muitas reuniões, conseguimos dar o primeiro passo em direção ao que seria "um sonho tornando-se realidade". Uma grande abertura de coração, liderada pelo nosso querido Padre José, aconteceu e hoje toda a comunidade está trabalhando para que todas aquelas famílias, até o final do ano, estejam num ambiente digno de todo ser humano, uma casa, um verdadeiro lar e que os ajude a encontrar a sua identidade. lvone e José Luiz Equipe 3 Dois Córregos/SP


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NOVAS EQUIPES Nós, das Equipes 17 e 31, nascemos de uma Experiência Comunitária, e de um ano de pilotagem. Gostaríamos de agradecer aos dois casais pilotos pelo seu carinho e dedicação e por fazerem despertar em nós as riquezas que se encontram na vivência cristã, conjugal e comunitária. Também ao C.E. das duas equipes, Padre Moysés que com seu amor e humildade, vem guiando-nos à prática do amor a Jesus Cristo. Equipes 17 e 31 Setor A Brasília/DF

EXPERIÊNCIAS COMUNITÁRIAS Reunidos com a Coordenação para apresentação das prioridades do Movimento, foram-nos feitos comentários explicativos mais detalhados sobre as Experiências Comunitárias. As colocações foram um puxão de orelhas para nós, pois ainda não vivíamos a Segunda Inspiração. As Experiências Comunitárias vieram preencher um espaço que estava faltando em nossa vida de comunidade, dando autenticidade ao nosso cristianismo. Nossa satisfação é tão grande que, por onde passamos fazemos nosso comercial a respeito da nova equipe de casais. Rose e Celso Equipe 5 Santarém/P A

O SENHOR FEZ EM NÓS MARAVILHAS, SANTO É SEU NOME "Somos instrumentos de Sua vontade" No primeiro semestre de 1992, nós, da Região Rio 11, que reúne, além dos Setores de Petrópolis, o Setor de Valença e as coordenações de Piabetá e Teresópolis, tivemos oportunidade de viver momentos da maior solidariedade. Por motivos de saúde, Marylena e Mário, nosso casal regional foi compelido a desistir da missão deixando Terezinha e Thiago, casal de ligação da ECIR, com a tarefa de substituí-los. Isso tudo veio acontecer justo quando da preparação do EACRE, além da Sessão de Formação e o Inter-Regional em junho. Foi feita distribuição de tarefas entre os casais de outros setores e coorde-

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nações. Foi realmente emocionante a disponibilidade com que todos participaram, deslocando-se para reuniões, comunicando-se por carta, trocando idéias por telefone. "O Senhor fez em nós maravilhas Santo é Seu nome" Helô e lvanir Equipe 11-B Petrópolis/RJ

COMPROMISSO ECLESIAL As equipes de Nossa Senhora passam por um dos mais importantes momentos de sua caminhada. Um dos objetivos específicos nos exorta ao compromisso. Este compromisso resume todo aprendizado que cada equipista conseguiu reter em seu espírito até hoje. Dentre as várias maneiras de assumirmos este compromisso, está o nosso dever de, como Igreja Doméstica (Família , Casal e Equipe), priorizar as Diretrizes de Nossa Igreja Mãe. A única, a instituída por Cristo. "... Tu és Pedra e sobre tí edificarei a minha Igreja." Devemos amar a nossa Igreja como amamos o nosso movimento, a nossa família. Devemos abraçar a sua belíssima opcão pelos mais necessitados . Devemos respeitar este COMPROMISSO ECLESIAL de forma que possamos servir a nossa Igreja e sua Hierarquia. Devemos estar atentos e vig ilantes aos ensinamentos do nosso Papa. A nossa equipe de base encarnou este espírito e começamos a fazer certas modificações na ritualidade de nossa reunião mensal. Para isto foram colocadas em prática as idéias do nosso casal re§ponsável e também as orientações dadas através dos artigos "A REUNIAO DE EQUIPE: COMUNIDADE QUE CELEBRA, (Mariola e Elizeu e Pe. Augusto), publicados na Carta Mensal. Somado a isso contamos com o ótimo relacionamento que temos com a nossa Diocese, semente esta plantada pelo nosso ex-casal coordenador. O Grau de receptividade que temos com o Nosso Bispo Dom Uno Von Bom mel, e com o coordenador da Pastoral da diocese, Pe. Gilberto Pastana é tão bom, que através de um convite nosso, juntamente com o casal da ECIR, Cecília e Gaspar, o nosso Bispo veio participar de uma reunião mensal da nossa equipe. Naquele dia a presença do Espírito Santo se materializou nas palavras, gestos, exortações e carinhos de Dom Li no. Esta graça fez com que reforçássemos os laços que unem as Equipes de Nossa Senhora e nossa Diocese. Atualmente todos os casais estão realmente assumindo o seu compromisso eclesial e sentimos o grande carinho que a Igreja tem por nós, que somos também parte de seu Corpo. Portanto, caros irmãos, vamos todos assumir este compromisso, que é em primeiro lugar a assinatura do nosso contrato para jogar no time de DEUS. Jussara e Daniel Equipe 2 Santarém/P A

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PATENTEAMENTO DA VIDA E BIOÉTICA Estas reflexões objetivam ajudar-nos no posicionamento éticoteológico frente ao projeto de lei de propriedade industrial que tomou o número 824/91 e ficou conhecido como Lei de Patentes. A Bioética (ética da vida) procura o respeito da vida visando o Bem Comum; de antemão, patentear a vida vai contra a apropriação de bens pertencentes à comunidade e sociedade como tal. A Bioética procura proporcionar uma qualidade de vida para todos, então, como entender o privilegiamento da vida de alguns em detrimento da vida da grande maioria? A concessão de patentes é, pois, um mecanismo a acentuar a diferença entre os poderosos e os fracos. A apropriação privada dos recursos genéticos do País através do patenteamento das biotecnologias representa a expropriação pelos monopólios internacionais dos conhecimentos e práticas seculares por agricultores e povos indígenas. Assim, no novo campo aberto pelas modernas tecnologias de manipulação genética, o patenteamento virou um instrumento vital de dominação dos mercados pelas empresas multinacionais, o que não deixa de ser protecionismo mercantilista em detrimento do comunitário. Só os muito ingênuos pensam que os EUA querem a lei de patentes para

acelerar o desenvolvimento brasileiro. A vida é sagrada: o dom divino da vida não deve ser considerado como um produto químico sujeito a alteração genética e patenteável para o benefício econômico. A vida humana é um valor comum a todas as religiões e até ao ateísmo. Não podemos aceitar um conceito reducionista e materialista da vida que elimina as diferenças entre as coisas vivas e não-vivas. As Igrejas devem questionar todas essas tecnologias, sejam tradicionais ou modernas, cuja única postura frente à criação é uma atitude de exploração e de lucro. A vida não é um produto industrial inventado. O patenteamento do ser vivo pode levar a um conceito reducionista da vida. É preciso estabelecer com exatidão exigências éticas que impeçam a manipulação genética a serviço do lucro com o risco até de formações monstruosas, ameaças de catástrofes, fruto de descontrolada engenharia genética. "Aquilo que é tecnicamente possível não é necessariamente, por esta mera razão, admissível do ponto de vista moral". (Instrução sobre o respeito à vida humana nascente e dignidade de procriação", Ed. Paulinas, p. 16). Muitos grupos públicos sensibilizados consideram que se deve CM Junho/93 - 41


rejeitar o princípio de patentear as formas vivas, já que a vida não é uma mercadoria sobre a qual se possa conceder ou ostentar direitos ou monopólios. A extensão dos direitos de propriedade intelectual sobre a vida reflete uma relação entre a Humanidade e a Natureza sumamente questionável. Em vez de considerar a vida como uma expressão da Natureza e da Criação, convertemo-la em um banal conjunto de moléculas e substâncias químicas que possuem a capacidade de se reproduzir, que são suscetíveis de manipulação e que se pode ter como propriedade. A relação da sociedade com a natureza ficará reduzida a uma mera empresa comercial baseada na exploração e no benefício. A possibilidade de patentear organismos significa que alguns gozarão da propriedade intelectual sobre os próprios fundamentos da matéria viva e dos ciclos vitais, com que solaparão os últimos fundamentos do respeito para com a natureza, num mundo que já é muito artificial. Os inventores do mundo da biotecnologia não são criadores da natureza, pois eles simplesmente a recortam em dife-

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rentes peças e depois reivindicam a propriedade sobre a mesma. Tal arrogância para com o mundo que nos circunda já vem causando danos enormes, além de ser uma atitude suicida perante o sistema que nos mantém. O conceito global de direitos humanos será pisoteado, já que não só os seres humanos, como também partes de seu corpo, poderão ter exclusiva propriedade dos titulares das patentes. No caso concreto do genoma humano (ou mapeamento genético), a descoberta da função dos genes pode ser patenteada? Ou ainda, no surgimento previsível de uma antiAids, poderíamos falar de patenteamento da mesma? Pe. Christian de Paul de Barchifontaine Coordenador Nacional da Pastoral da Saúde e Professor de Bioética. Pe. Leocir Pessini Diretor do Instituto Camiliano de Pastoral da Saúde (ICAPS) e Professor de Bioética. (Publicado no Boletim da CNBB)


NOVAS EQUIPES • Pindamonhangaba/SP Resultantes de Experiências Comunitárias foram criadas nesse Setor (2) novas Equipes. A de nº 3 Nossa Senhora Rosa Mística que após pilotagem elegeu seu 1 casal responsável Majô e Haroldo tendo como Conselheiro Espiritual Padre Henrique Baltussem. E a de nº 05 Nossa Senhora Rainha da Paz que está sendo pilotada pelo casal Heloísa e José Roberto juntamente com o também novo Conselheiro Espiritual Padre Marco Eduardo Jacób Silva. • São José do Rio Preto/SP Formada após passar pela Experiência Comunitária: Eq. 24 - N.S. Mãe do Sagrado Coração C.E.: Pe. Geomar C.P.: Maria Inês e Viomar.

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EVENTOS • 1º Mutirão de Varginha/MG. Promissores serão os frutos a colher em Varginha, como resultad? deste primeiro encontro do Mo~l­ mento vivido nos dias 3 e 4 de abnl, na ca~a de retiros do Cenáculo. Contando com 42 casais de Varginha e cinco de Pouso Alegre, além de 4 Conselheiros Espirituais, montagem e coordenação do próprio pessoal de Varginha, o evento reuniu fé, entusiasmo e confraternização. As palestras ficaram a cargo doPE. João, C.E. de equipe e pároco; Astrid e Ribeiro, Casal Responsável Regional; e Júnia e Mauro, Casal Ligação da ECIR. Pa-

rabéns à coordenação e à equipe de serviço, que deu testemunho d~ coragem e dedicação. Na cozmha, além de casais adultos, trabalharam adolescentes e jovens, filhos dos equipistas que participavam do Encontro. Realizou-se em 27.03.93 uma tarde de Aprofundamento para 7 equipes da Coordenação de Votuporanga/SP com a participação do Pe. João, C. E. das equipes de Guapiaçú. Após uma reflexão sobre a Quaresma, os participantes tiveram a oportunidade de participar de uma ceia idêntica à última Ceia do Senhor. Sobre a mesa estavam o vinho, os pães ázimos, as erv~s amargas, o Larósset e o carne1ro assado. A ceia foi dirigida pelo Pe. João que através de leituras, c~nd~­ ziu os presentes a uma expenenc1a plena de espiritualidade recordando-lhes a verdadeira Páscoa dos judeus. Intensamente participado, o acontecimento veio acrescentar muito para a reflexão quaresma!. Os equipistas de Votuporanga agradecem a Deus pela oportunidade e pedem Suas bênçãos para o Pe. João a fim de que ele continue a ser luz para as ENS. Com a preocupação de pôr em prática e trabalhar as prioridades do Movimento o setor de São José dos Campos/SP realizou uma Noite de Formação cuja pregação esteve a cargo do Revmo. Bispo Diocesano D. Nélson Westrupp sobre o tema "Viver em Comunidade", escolhido a partir do EACRE/93. No encerramento, D. Nélson formulou seu agradecimento especial pela ~~s­ tentação financeira que os eqUiplstas daquela cidade vêm dando, há três anos, ao Seminário Diocesano, CM Junho/93 - 43


indo "ao encontro da difícil realidade" da formação de novos sacerdotes, tão necessários à Igreja em geral quanto às ENS em particular, na figura dos Conselheiros Espirituais.

EFEMÉRIDES • O Movimento das Equipes de Nossa Senhora em E.ln.d.a: monhanÇJaba/SP completou em 1992 seus 25 anos de existência representada pela Equipe nº 1 Nossa Senhora do bom Sucesso. • Em 21-05-93 as ENS de Santarém/PA, completaram 1O anos de existência. A efeméride foi devidamente comemorada com Missa de Ação de Graças celebrada pelo Revmo. Bispo Dom Li no e celebrada pelos conselheiros espirituais Pe. Raimundo, Pe. Matias, Frei Mauro e Frei Edilson . • Em 02.04.93 as ENS de .s.arlli!: rém/PA promoveram uma palestra sobre "Forma e Sistema de Governo" proferida pelo Secretário Municipal Osmando Figueiredo objetivando um melhor conhecimento e reflexão dos equipistas sobre o seu voto no Plebiscito e procurando levá-los a "ir ao encontro da realidade" política do país. O evento foi encerrado com oração pelo futuro do Brasil.

EXPANSÃO • Informam Áurea e Lamartine que o Setor de Santos/SP, em consonância com a Região São Paulo Sul I, elegeu a expansão como "prioridade 1" de suas atividades. Em pauta a formação de novas Equipes, em especial o descobrimento de casais jovens, recém casados, um sonho há muito 44 - CM Junho/93

acalentado. "Além de imaginarmos Equipes em São Vicente, Guarujá e Cubatão, testemunhando o Sacramento do Matrimônio como fonte de felicidade, lugar de amor e caminho para a santidade, acreditamos que, de imediato, podemos atender a essa importante prioridade, trazendo novos casais para nossas próprias Equipes. Essas admissões entendemos como um trabalho altamente positivo, pois obrigará os casais equipistas a uma reciclagem de valores e conhecimento, voltando-se para as origens e exercitando a humildade para receber e integrar os novos que chegam ." Esse exercício certamente enriquecerá o relacionamento entre o casal e deste com o Pai. • O Setor das ENS de Mafra/PR conta com 3 grupos de Experiência Comunitária .

VOLTA AO PAI • JOSÉ CARLOS LIBÓRIO DE MENESES (da Rivânia), Equipe 34 Nossa Senhora Mãe da Igreja, do Setor "B" de Brasília/DF, em 6 de março de 1993. Desde 1989 ingressou com Rivânia no Movimento das ENS, contribuindo para o crescimento espiritual dos casais da Equipe 34. Deixa muitas saudades nos seus irmãos equipistas . • ROBERTO FILOMENO BARZAN (da Astéria), Equipe 5/B - Nossa Senhora da Glória, de Florjanópolis/SC em 13/1 0/92. Equipista há 30 anos, dedicandose com muito carinho à sua esposa e filha, bem como ao curso de noivos (35 anos de casados). • PEDRO MIRANDA DA CRUZ (da


Maria de Lourdes) , Equipe 5/B Nossa Senhora da Glória, de Florianópoljs/SC em 19/02/93. Equipista há 20 anos, responsável pelos retiros, casal de ligação de três equipes, há muitos anos engajado em movimentos de jovens e curso de noivos. (37 anos de casados).

MUDANÇAS NOS QUADROS • Setor de Pouso Aleore/MG Sônia e Tiãozinho assumiram em 12 de fevereiro a responsabilidade pelo Setor em substituição à lracena e Tadeu. • Região Rio 111 Foi durante a Missa do Reencontro e Entrega do EACRE em 14 de março que Juçara e Henrique (Setor C) e Patrícia e Paulo Renato (Setor B) foram substituídos por Patrícia e Jayme e Odeneide e Luiz Cláudio, respectivamente . Padre Raimundo, o celebrante, invocou as bênçãos de Deus para os dois novos responsáveis de Setor na presença de cerca de 60 casa is. Quanto aos dois, que viveram a missão recebida com tanto entusiasmo e doação, que Nossa Senhora, nossa Mãe e Modelo, possa sempre interceder junto ao Seu Filho por eles.

EACRES/93 • Fortaleza/CE Realizado em 27 e 28/03/93 coma participação do Pe. Mário José e os casais Mariola e Elizeu (ECIR) e Zélia e Justino (Regional Nordeste). Estiveram presentes também os C.E. Pe. José Paulo, Pe. Luís Xavier, Pe. Tomáz e Pe. José Maria (Vigário de Quixadá/CE. Além dos Casais Responsáveis, Pilotos e Ligações, participaram também os

C.B. da Equipe 1 de Ouixadá/CE e Barra do Corda/MA. O EACRE foi bastante animado e proveitoso, proporcionando entusiasmo a todos os participantes. • Região Minas Gerais Realizou-se a 13 e 14 de março, no Seminário da Floresta em Juiz de Fora o EACRE da Região Minas. Estiveram presentes mais de 180 membros , entre Casais Responsáveis, Ligações, Pilotos e Conselheiros Espirituais, de Pirapora, Divinópolis, Belo Horizonte, Barbacena, Pouso Alegre, Varginha e Juiz de Fora. Darcy (da Ieda), representante da ECIR, recebeu o aplauso da assembléia , por suas colocações, sobre o Lema e os Objetivos do Movimento para 1993, bem como sobre a ênfase de "ser comunidade". Foram ainda abordadas, com dinâmicas apropriadas à "Comunicação horizontal", a Coparticipação e a Reunião de Equipe como celebração. Uma bela e profunda paraliturgia estabeleceu o clima propício para a oração, o diálogo e a fraternidade . Paralelamente, a Região Minas fez realizar um curso de atualização para Casais Pilotos e Casais Responsáveis pela Expansão nos diversos setores. Foram dias de intensa manifestação doEspirito Santo! • Reoião Paraná ' Realizado com bastante êxito nos dias 6 e 7 de março em Curitiba, com a presença do casal da ECIR, Olga e Toninha, Monsenhor Luiz de Gonzaga - que nos falou com muita autoridade sobre a Pastoral Familiar - e a presença da maioria dos casais responsáveis de Curitiba e Mafra. Agradecemos aos casais Erica e Joaquim , Elizete e Sebastião e os demais casais que colaboraram CM Junho/93 - 45


com o almoço comunitário e também os casais orantes das equipes, pela dedicação e espírito de serviço demonstrados durante a realização deste EACRE. Foram dois dias iluminados pelo Espírito Santo, nas palestras, nos trabalhos em grupos, onde se partilhou o entusiasmo, a alegria, as experiências de equipe e se refletiu sobre a missão do casal equipista no mundo atual. Todos saíram do EACRE bem motivados e mais seguros para lutar junto as equipes. • BeQião São Paulo Sul 11 Dois dias de reflexão para setenta casais e conselheiros espirituais no maravilhoso cenário do Centro Schoenstadt-Tabor em Atibaia/SP. A responsabilidade invocada pelo lema escolhido" Àquele a quem muito se deu, muito será pedido" encontrou grande ressonância no íntimo dos participantes. Não se trata de uma convocação doutrinai e sim de convite à plenitude, à beleza, à redescoberta do que realmente importa ... Vida, vida em abundância. "As propostas formuladas foram simples e belas, desafios para quem quer crescer como ser humano: o que podemos fazer, como casais responsáveis , para tornar as pessoas mais felizes ; como podemos enfeitar o mundo com a cor do nosso amor; de que forma vamos celebrar o mistério da vida individual e coletivamente. Antes de mais nada, e acima de tudo, pensamos que é necessário ter olhos para ver aquilo que a visão comum esconde, saber ouvir a voz do Espírito e saber em que direção os ventos do amor estão soprando. E ter coragem para abandonar antigas posturas, formas cristalizadas e repetitivas de viver a religiosidade, 46 - CM Junho/93

senso crítico para agir sobre a realidade tão marcadamente injusta para o povo deste país. O EACRE 93 sinalizou os caminhos. Caberá a cada um de nós ir colocando nossos passos sobre eles. A natureza em sua sabedoria e Maria em sua humildade grandiosa saberão nos acompanhar. O importante é resgatar a capacidade de sonhar ... Seremos salvos pelo poder do sonho que se esconde em nós e que, às vezes, adormece, quando precisaria estar acordado. Quem está bem acordado, ri e sonha ... e só assim , é capaz de acender luzes ..." • Região Rio 111 Realizamos mais um EACRE na Região Rio 111 com a presença de 4 Conselheiros Espirituais, 53 novos CRE e 3 Casais Pilotos de equipes novas, Casais da ECIR Wilma e Orlando e Júnia e Mauro, Casal Responsável Regional Regina e Cleber que também coordenaram o evento, 7 Casais Responsáveis pelos Setores, e as Equipes de Serviço. Certamente o objetivo deste EACRE 93 em nossa região foi alcançado pois os novos CREs foram motivados, de forma bastante didática, a viver e aprofundar a 3ª dimensão do carisma: Ser Sinal de Amor Transformador, uma vez que de acordo com o lema "Aquele a quem muito se deu, muito será pedido" (Lc 12,41 -48), colocando em prática os objetivos específicos: Coerência entre fé e vida e assumindo o compromisso com os que caminham e se deixam orientar pelo sinal de amor de Deus. "Vivenciamos isto na reunião de equipe que ocorreu determinando o final do EACRE quanto o nosso casal responsável co-participou com muito entusiasmo tudo o que viu e


tem como lema: A QUEM MUITO SE DEU, MUITO SERÁ PEDIDO sendo este o objetivo que o movi~ mento quer viver para este ano. Dos palestrantes, muitos deixaram seus filhos suas famílias, seus lares, seus empregos, viajaram muitas horas para nos trazer informações e nos ajudar na caminhada deste ano como Casal Responsável. Foram estudados a Co-Partic[pação, Vida em Comunidade e "Aquele a quem muito se deu, muito será pedido", no qual nos ficou muito clara a importância de cada um deles. Além de serem passados para as equipes várias propostas para o ano, ficamos sabendo que as equipes de Nossa Senhora foram reconhecidas - provisoriamente por cinco (5) anos - como um movimento de leigos pela Igreja. No final a alegria era expressada no rosto de cada casal e como Jesus Cristo nos disse: "onde houver duas ou mais pessoas reunidas em meu nome eu estou no meio delas", e através do dinamismo de cada casal da organização e dos participantes, fizeram deste EACRE/93 um encontro que jamais sairá da memória dos participantes.

ouviu. Foi realmente contagiante. Sentimos a presença forte do espírito Santo entre nós." • Região São Paulo Centro Graças a "muitas orações, com o olhar de Jesus Cristo e com a iluminação do Espírito Santo foi realizado nos dias 27 e 28 de fevereiro de 1993 em São Carlos/SP, um acontecimento marcante em nossas vidas. Os organizadores e os Colaboradores deste evento trabalharam ao máximo, planejando e organizando os almoços, jantares e cafezinhos, onde a cada refeição os casais eram divididos em grupos diferentes, tendo a oportunidade de conhecer vários casais de outras cidades e assim trocarmos experiências. Organizaram os pernoites, as palestras, as reuniões e as missas, sendo uma delas realizada pelo Sr. Bispo. Organizaram também uma "alavanca", onde pessoas oravam por nós durante todo o tempo, fazendo assim deste um encontro muito aproveitável por todos. Participaram mais de 100 casais e muitos Conselheiros Espirituais, na maioria de outras cidades vizinhas que também vieram com muito ânimo para este evento, que

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DEUS PREFERIU CONTAR COM VOCÊ Só Deus pode criar, Mas você pode valorizar o que Ele criou. Só Deus pode dar a vida, Mas você pode transmiti-la e respeitá-la. Só Deus pode dar a fé, Mas você pode dar o seu testemunho. Só Deus pode dar a Paz, Mas você pode semear a União. Só Deus pode dar a força, Mas você pode apoiar quem desanimou. Só Deus pode infundir esperança, Mas você pode restituir a confiança ao irmão. Só Deus pode dar o amor, Mas você pode ensinar o seu irmão a amar. Só Deus pode dar a alegria, Mas você pode sorrir a todos. Só Deus é o caminho, Mas você pode indicá-lo aos outros. Só Deus é a Luz, Mas você pode fazê-la brilhar no mundo. Só Deus é a vida, Mas você pode dar aos outros a alegria de viver. Só Deus pode fazer o impossível, Mas você sempre poderá fazer o que é possível. Só Deus pode fazer milagres, Mas você pode fazer sacrifício. Só Deus pode fazer a semente do bem germinar, Mas você pode plantá-la no coração humano. Só Deus se basta a si mesmo, Mas Ele preferiu contar com você. Colaboração de lzaura e Francisco Equipe 2 Araraquara/SP

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MEDITANDO EM EQUIPE (Sugestões para junho/julho) Texto de meditação: • Mt 11 25-27 I

(Estremece Jesus de alegria pela sabedoria do Pai em revelar o mistério da salvação. Ele vê longe. Vê no correr dos séculos a inumerável fila de homens e mulheres de todas as idades e condições que vão aderir com alegria à sua -. mensagem, transmitida por seus arautos. E agradece ao Pai que revela esta mensagem aos pequeninos, àqueles que sabem dizer Pai, e não aos profissionais da sabedoria, fechados em sua suficiência.) A fé , que faz aderir a Cristo e à sua Igreja, é sempre também um ato de humildade, expressão de alguém que reconhece ter necessidade de salvação, ato de confiança naquele que quer nos salvar.

Oração litúrgica Embora fosse de divina condição Cristo Jesus não se apegou ciosamente a ser igual em natureza a Deus Pai. Jesus Cristo é Senhor, para a glória de Porém esvaziou-se de sua glória e assumiu a condição de um escravo, fazendo-se aos homens semelhante. Jesus Cristo é Senhor, para a glória de Reconhecido exteriormente como homem, humilhou-se, obedecendo até a morte, até a morte humilhante numa cruz. Jesus Cristo é Senhor, para a glória de Por isso Deus o exaltou sobremaneira e deu-lhe o nome mais excelso, mais sublime e elevado muito acima de outro nome. Jesus Cristo é Senhor, para a glória de Para que ao nome de Jesus nosso Senhor se dobre reverente todo joelho, seja nos céus, seja na terra ou nos abismos. Jesus Cristo é Senhor, para a glória de E toda lingua reconheça , confessando, para a glória de Deus Pai e seu louvor: "Na verdade , Jesus Cristo é o Senhor!" Jesus Cristo é Senhor, para a glória de

Deus Pai!

Deus Pai!

Deus Pai!

Deus Pai!

Deus Pai!

Deus Pai!


MAGNIFICAT Antífona: O Poderoso fez em mim maravilhas, e Santo é seu nome. -A minh'alma engrandece o Senhor exulta meu espírito em Deus, meu Salvador; - Porque olhou para a humildade de sua serva, doravante as gerações hão de chamar-me de bendita. - O Poderoso fez em mim maravilhas, e Santo é seu nome! - Seu amor para sempre se estende sobre aqueles que o temem; - Manifesta o poder de seu braço, dis rsa os soberbos;


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