RESUMO • O mês da Bíblia está presente nas páginas deste número nas palavras da ECIR (pg. 2) e de vários casais equipistas, que estabelecem o vínculo entre a Sagrada Escritura e a nossa Escuta da Palavra (14) . • A ética é o grande tema do momento e várias matérias procuram aprofundá-lo p:ua nós: o pronunciamento dos nossos bispos em ltaici (5), as palavras de O. Lino Vombommel (12) , as aspectos da ética na televisão (36) . • As palavras de João Paulo 11 voltam-se, uma vez mais, para a Família (18) . • Várias matérias nos falam da Vida Conjugal (20) . • Diversos aspectos da Vida do Movimento, que continua pulsando forte, são abordados por casais equipistas a partir da página 28 . • A coerência entre fé e vida, a começar por Abrãao, e chegando até as E.N.S. (34) . • As reflexões de um Conselheiro Espiritual sobre o sentido da esperança para o cristão (27) • Na seção Atualidade, algumas reflexões sobre a nossa responsabilidade diante dos que passam fome; uma reflexão de Dom Lucas Moreira Neves sobre o profetismo de Paulo VI (38) . • Um encontro internacional do qual o Brasil foi palco, está nas Notícias Internacionais da ;:: á:Jina 3 .
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• O Intercâmbio (43) e as Notícias e Informações (46), ajudando a nossa grande co-participação . • ... e Maria, como sempre, no centro da Carta Mensal (24) . Boa leitu ra!
Muitas coisas têm animado esta pequena equipe da Carta Mensal no serviço que quer prestar ao Movimento. Uma delas, sem dúvida, é este contato permanente e estreito que temos mantido com vocês, nossos co-participantes neste serviço, seja como leitores ou colaboradores, seja como missivistas, críticos e incentivadores. As cartas que temos recebido têm nos dado muita alegria porque, afinal, qual é o sentido de escrever uma Carta, se a gente não recebe resposta ... ? Outro motivo de animação aconteceu recentemente, quando estiveram entre nós irmãos de equipe de todo o mundo, conforme noticiamos na pequena reportagem da página 3. Tivemos a oportunidade de estar com eles e trocar idéias sobre Cartas Mensais em geral. Graças à eficiência de nosso Secretariado, a nossa é recebida regularmente no mundo inteiro. E todos manifestaram seu espanto diante da sua freqüência. De fato, nos demais países, as Cartas não são realmente "mensais", pois são publicadas apenas cinco vezes por ano. Mas o que os deixa mesmo boquiabertos - e por que não dizer invejosos - é a participação dos equipistas na sua elaboração. "Vocês realmente têm - diziam-nos eles - uma Carta feita por todos para todos!". Não é para ficarmos animados? Mas não podemos deixar a "peteca" se esborrachar! Vamos em frente, que ainda temos muito o que melhorar. Continuamos contando com vocês!
*** A preocupação com a ética é a grande moda do momento. Todos falam nisso, parece "coqueluche". Mas pelo que a gente percebe, poucos sabem realmente de que se trata. Pareceu-nos oportuno transcrever, neste número, alguns pronunciamentos de nossos bispos, que, a nosso ver, permitem entender um pouco mais o assunto. Valeria a pena, quem sabe, na ausência de um Editorial, ainda este mês, debruçar-se um pouco mais em profundidade sobre estas matérias. Todos os aspectos de nossa vida de cristãos casados, pais e mães de batizados, profissionais e... brasileiros estão envolvidos. Não lhes parece? Com um fraternal abraço da Equipe da Carta Mensal CM Setembro/93 - 1
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A HCIR CONVERSA COM VOC~S BÍBLIA: FÉ E VIDA
A Bíblia é a resposta definitiva às mais profundas indagações de cada um de nós. Ela é, com efeito, o fundamento e o alimento da fé para todos os povos cristãos, pois há uma "caridade" profunda no coração humano que está sempre à espera de algo que o preencha. Esses anseios desaparecem quando lemos a Bíblia com os "olhos da fé". A 21 Carta de Timóteo 3,16-17 nos aconselha: "Toda Escritura é inspirada por Deus e útil para instruir, para refutar, para corrigir, para educar na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito, qualificado para toda boa obra ·. Tudo isso só terá sentido se vivermos essa fé no nosso dia a dia. A coerência entre fé e vida é o nosso maior testemunho cristão. O Documento de Santo Domingo, no nQ 96, hoje nos diz: "Comprova-se , porém, que a maior parte dos batizados ainda não tomou consciência de sua pertença à Igreja. Sentem-se católicos, mas não Igreja. Poucos assumem os valores cristãos como elementos de sua identidade cultural, não sentindo a necessidade de um compromisso eclesial e evangelizador. Como conseqüência o mundo do trabalho, da política, da economia, da ciência, da arte, da literatura, dos meios de 2 - CM Setembro/93
comunicação social não são guiados por critérios evangélicos ... " Assim se explica a incoerência entre a fé que dizem professar e o compromisso real na vida (conf. Puebla 783). E no nQ 24 nos alerta: • ... A nova evangelização surge na América Latina como resposta aos problemas apresentados pela realidade de um Continente, no qual se dá um divórcio entre a fé e a vida, ao ponto de produzir clamorosas situações de injustiça, desigualdade social e violência". Puebla nQ 350 confirma: O evangelho deve penetrar no coração da pessoa, em suas experiências e modelos de vida, em sua cultura e ambientes, para fazer uma humanidade nova com homens novos e caminharem todos na direção de uma nova maneira de ser, julgar, viver e conviver. Só por meio dessa fé vivida baseada na palavra de Deus e da coerência de nossas atitudes e obras, teremos condições de chegar à vida plena. A falta de coerência num cristão, corrói a própria religião, e compromete a mensagem evangélica. Nosso projeto de conversão fica prejudicado, pois perdemos a fidelidade, a perseverança na busca de um esforço diário na realização do Plano de Deus. Conversão cujo conteúdo seja: aceitar Cristo total;
aceitar os irmãos; destruir os ídolos; dizer sim ao projeto de Deus. Faz-nos lembrar aqui a queixa de um bispo presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, que, em Brasília, quando por vezes se encontrava com alguns membros do legislativo, estes apresentavam-se com certa ufania: "Excelência, eu sou católico, sou cursilhista, sou equipista, sou ... " e lá vinham outros istas. E quando se sabia - diz o bispo - que tais fulanos, lá no Congresso, votavam leis contra os direitos funda-
mentais defendidos pelo Plano de Deus e pela Igreja; projetos a favor do aborto e contra a família; negavam-se a aprovar leis de uma dis·tribuição mais justa dos bens para os filhos de Deus. Uma autêntica evangelização se preocupa com a Palavra chegando ao coração dos homens e se fazendo VIDA. Não existe outro caminho que nos leve ao Pai senão através da nossa vivência diária. Maria Cecília e Gaspar pela ECIR
NOTÍCIAS INTERNACIONAIS O Mosteiro de São Bento, na cidade de Vinhedo/SP, foi, por alguns dias em julho, o local mais importante para as Equipes de Nossa Senhora de todo o mundo. De fato, entre os dias 12 e 17, ali se reuniu o Colegiado ERI/SuperRegionais, para pôr em comum e debater uma extensa pauta de trabalhos, buscando discernir a vontade do Senhor sobre o Movimento.n Estiveram reunidos: Pela EQuipe Responsável Internacional: f;>e. Bernard Olivier, belga Alvaro e Mercedes Gómez-Ferrer, espanhóis (*) Notícias mais detalhadas sobre este encontro serão dadas na próxima Carta Mensal.
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Antoine e Marie Magdeleine Berger, franceses Peter e Dorothée Bitterli, suíços Alberto e Maria Almira Ramalheira, portugueses Benoit e Marie Odile Touzard, franceses lgar e Cidinha Fehr, brasileiros CM Setembro/93 - 3
Super-Regionais: Gabriel e Marie Peeters, belgas; Juan Luis e Maria José FerrariCortes, espanhóis; Bob e Pat Verhalle, americanos; Jacques e Annick Mariet, franceses; Giuseppe e Silvia Simonis, ltrlianos; Bernardo Mira Delgado( , português; Romolo e Beth Prata e Pe. Mario José Filho, brasileiros. Regiões Distantes: Hispano-América: Antonio e Olga Lúcia Arango e Pe. Ector Cubillos, colombianos; Austrália: Bob e Rose-Marie Prosser; convidados: Gerald e Use Tremblay, canadenses.
Os trabalhos intensos, desenvolvidos num ambiente de colegiado e de grande caridade fraterna, foram coordenados .Pelo Casal Responsável da ERI, Alvaro e Marcedes, e estiveram voltados para a caminhada do Movimento na perspectiva da Segunda Inspiração, assim como para a preparação do Encontro Internacional da Fátima, em julho de 1994.
As palestras do Pe. Olivier ajudavam a iluminar o discernimento do colegiado sobre os temas abordados. A Eucaristia, celebrada cada dia numa língua diferente, alimentava o encontro de todos no Senhor. Na sala de palestras, com tradução simultânea entre francês, inglês e espanhol, o espírito de co-participação permeava as trocas de idéias.
Na 61 feira, dia 16, os participantes ouviram uma palestra de D. Luciano Mendes de Almeida, presidente da CNBB, que falou sobre a Conferência de Santo Domingo e outros assuntos ligados à Igreja da América Latina. À noite desse mesmo dia, com a chegada dos Casais Responsáveis Regionais de todo o Brasil, foi oferecido um churrasco aos membros do Colegiado internacional, seguido de uma festa de música brasileira muito animada, que, no seu próprio dizer, eles "não iriam esquecer tão cedo". No sábado, 17/7, os membros da ERI e os Super-Regionais, após sua reunião de conclusões pela manhã, puderam ainda visitar uma exposição de coisas típicas regionais do Brasil, montada pelos casais brasileiros presentes. Foi realmente uma semana em que o Movimento exercitou sua característica fundamental de supranacionalidade, no Espírito Santo. (••) Maria da Graça, doente, não pôde vir.
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PROMOÇÃO DOS VALORES ÉTICOS PRONUNCIAMENTO DA 31• ASSEMBLÉIA DA CNBB, ITAICI 93 áreas, já se buscam novos camiTodos sentimos que, de anos nhos éticos. para cá, os costumes da sociedade mudaram muito. Está havendo um Como Pastores, queremos reafirmodo de pensar, de agir, de viver mar que, sem uma sincera converfora dos princípios éticos até há pqusão conforme os critérios éticos do co tempo respeitados e aceitos. E o evangelho, não seremos fermento que se chama de crise da Ética, isto de uma nova sociedade. Propomoé, aceita-se como "natural" esta nos, também, oferecer algumas nova situação, como se não houponderações para os cristãos do vesse norma para reger os atos hunosso rebanho, para todos os que manos tanto particulares, como vêem no Evangelho uma mensapúblicos. Falta aceitação da necesgem de Vida e Esperança e para os sidade da Ética, que compreende os . que confiam na valores capazes Igreja Católica Sem uma sincera conversão de garantir a reacomo promotora conforme os critérios éticos do lização pessoal e dos valores étisocial do ser huevangelho, não seremos cos. Juntamente mano, conforme fermento de uma com este Pronunsua dignidade e o nova sociedade ciamento entresentido de sua gamos à opinião vida. pública do país outro documet:~to É geral esta crise, não só brasileira, mas característica da vida moderna. Atinge a família, as modas, a escola, os negócios, sobretudo os meios de comunicação social e as atividades políticas. Não há dia sem notícias da desonestidade pública, de corrupção, de abuso de poder, de exploração, de licenciosidade, de violência, de humilhações aos necessitados de atendimento ou até de justiça. Faz-se necessário que lutemos todos para superar esta degradante situação, para erradicar a corrupção e para implantar séria e profunda reforma das instituições. Isto é possível. Há sinais de que, em muitas
maia amplo, mais sistemático - "Etica: pessoa e sociedade" - que encaminhamos particularmente à consideração dos dirigentes de nossa Sociedade: na educação, na política, na economia e nos Meios de Comunicação. Queremos prestar um serviço à dinâmica democrática de nosso país, onde poucos se tornam ricos cada vez mais ricos às custas de muitos pobres cada vez mais pobres. "A existência de milhões de empobrecidos é a negação radical da ordem democrática. A situação em que vivem os pobres é critério para CM Setembro/93 - 5
medir a bondade, a justiça e a moralidade, enfim, a efetivação da ordem democrática. Os pobres são os juízes da vida democrática de um país" (Exigências Éticas da Ordem Democrática, n11 72).
1- CRISE E REDESCOBERTA DA ÉTICA Nesta situação de crise podemos, contudo, reconhecer sinais de redescoberta da ética. Na sociedade de hoje, economia, política, ciência seguem a sua própria lógica, sem referência à religião ou à ética. Assim, o bem das pessoas é sacrificado e cria-se uma situação em que é muito reduzida a preocupação com o bem comum. Os indivíduos se sentem abandonados a si mesmos e levados a lutar cada um por si. Em oposição a isso, manifesta-se a resistência de pessoas, grupos, comunidades e movimentos sociais que buscam manter vivas as exigências éticas nos diversos campos da atividade humana. Neste contexto, a sociedade atual estimula e alimenta o INDIVIDUALISMO, que privilegia as opções e decisões do indivíduo, considerando exclusivamente seus próprios interesses . Diz-s~. com frequência: "você decide". E verdade que cada um é chamado a tomar decisões pessoais. Mas é falso pensar que cada um pode decidir apenas a partir de seus "gostos" particulares. Na decisão deve-se prestar atenção à voz da consciência que diz: "Faça o bem e evite o mal". Cada um tem o dever de formar a consciência procurando a verdade e discernindo 6 - CM Setembro/93
o que contribui para o bem. O individualismo tão exacerbado em nossos dias leva muitos a assumir como princípio de vida: "Cada um para si" ... Corrói-se, por dentro, o sentido de fraternidade e de solidariedade. É quase como repetir a palavra de Caim: ·sou eu o guarda de meu irmão?' (Gn 4,9). Alegra-nos constatar que em contraposição à tirania do individualismo, surgem hoje muitos sinais concretos de autêntica busca da solidariedade, especialmente através de grupos, movimentos e organismos que lutam pela defesa e promoção da vida. No Brasil, o sistema colonial e escravocrata consagrou a desigualdade e reforçou a arrogância do mais forte. Diz-se muitas vezes: "Quem pode, pode". Quem tempoder (econômico ou político) acha que pode fazer o que bem entender, gozar dos privilégios que quiser, usar da violência e esbanjar a riqueza. Tudo isso se opõe frontalmente ao princípio elementar da justiça e estimula o recurso à VIOLENCIA.
À lei do mais forte opõem-se a consciência da dignidade humana e a defesa dos direitos dos fracos. São muitas as iniciativas de defesa dos direitos, de luta pela cidadania e, não obstante certa desmobilização que hoje se constata no Brasil, surgem iniciativas que estimulam a união dos pequenos, o respeito à lei, a participação na edificação do bem comum, a busca do estado de direito e o fortalecimento da democracia. A convivência social se deteriora não apenas pela violência, mas hoje sobretudo pela CORRUPÇÃO. Ela
criou raízes profundas e temos dificuldade em erradicá-la de nosso País. Deformou-se a bela palavra atribuída a São Francisco de Assis: "É dando que se recebe". Muitas vezes, os que deveriam ser os primeiros defensores e promotores do bem comum passam a defender seus próprios interesses através de negociações escusas. Dividem-se vantagens ilícitas, desvia-se o dinheiro público para atender interesses particulares, mantêm-se mordomias, vantagens e altos salários que afrontam a miséria de nosso povo. A impunidade e a morosidade da Justiça acabam estimulando a prática da corrupção, em detrimento do bem comum.
Daí o gosto pelos jogos de azar, loterias e apadrinhamento por parte de ricos e poderosos. Muitos admitem como válido o princípio "salvese quem puder" e passam a considerar como lícito qualquer meio para assegurar a sobrevivência. A falta de esperança em garantir sustento digno com trabalho honesto incentiva o recurso à desonestidade. Torna-se dramático o interrogativo ético que surge do contraste entre a abundância de recursos econômicos e técnicos e a fome e a miséria que destroem a vida humana. A indignação ética diante do drama da fome suscita como soiução emergencial a Ação da Cidadania Contra a Miséria em favor da Vida.
Muitos assumem como princípio de vida: "Cada um para si". É quase como repetir, com Calm: "sou eu o guarda de meu Irmão?"
Sabemos que a luta contra a corrupção tem ainda pela frente longo caminho por se percorrer. Mas já nos parece promissor o questionamento a políticos que distanciam seus interesses das aspirações dos eleitores, mostram pouca transparência no agir e se envolvem na corrupção ou no abuso do poder. As iniciativas contra a corrupção são sinais de esperança de uma renovação profunda da política e da sociedade.
Promissor também é o desempenho de políticos que, com honestidade , generosidade e sacrifício, se dedicam ao bem comum, aos quais não deve faltar o nosso estímulo e o reconhecimento do povo. A desigualdade gera, de um lado, situações de injustiça e de pobreza e, de outro lado, leva o povo à prática do "jeitinho", da esperteza, da malandragem e da busca da sorte.
Com satisfação, constatamos que se intensifica hoje, em muitos ambientes, a discussão sobre ética e economia. Desse debate a Igreja Católica tem participado ativamente , não somente através de pronunciamentos do Papa e dos Bispos, como também pela atuação de muitos leigos que buscam colocar em prática o ensino social da Igreja. Se, de um lado, constatamos a crise ética e da ética, de outro lado, verificamos a recriação da ética pelos movimentos sociais para novos estilos de vida marcados pelo sentido da liberdade e da solidariedade, bem como abertura para a experiência do sagrado na vida humana. Como pastores, reafirmamos CM Setembro/93 - 7
"Cristo, medida de nossa conduta moral" e sentido pleno de nossa vida (CF. SD 231 ). A proclamação e implantação do Reino de Deus, por parte de Jesus é anúncio profético de felicidade para todos os que acolhem sua boa-nova. Este se transforma em exigência ética na "moral das bem-aventuranças", que concentra a Lei nos mandamentos do amor a Deus e ao próximo, amor gratuito, universal e capaz de perdão e reconciliação.
1. Ética pública Um projeto comum de sociedade eticamente regulado exige uma proposta ética iluminada pelos princípios de solidariedade e participação.
1.1- Ética na Política
A vida política deve reencontrar sua dignidade na edificação da cidade humana, onde todos têm oportunidade de realização pessoal e de comunhão solidária. Recupera-se o espírito público adotando estruturas Anunciamos Jesus Cristo ressuse instituições adequadas, o que exicitado, princípio de toda Evangelizage decisões políticas conseqüenção, raiz e fundamento dos valores tes. Um primeiro passo se impõe: a éticos que devem penetrar no coracorreta relação entre o que é público ção e nas estrue o que é partituras da sociedacular. Ética pública e ética privada de.
não são dois caminhos, duas No entanto, a A Igreja se senéticas, mas um único projeto recuperação da te responsável, de renovação pessoal e social política passa não somente por pela moralização anunciar a mendos políticos como verdadeiros "hosagem evangélica, mas também por mens de Estado" e não "negocianindicar princípios e normas morais, tes do poder", enredados em tanto no plano individual quanto na jogadas pessoais. Isto exige romper ordem social, na medida em que os os laços entre política e negócios considera necessários à salvação e privados. ligados aos direitos fundamentais das pessoas (Cf. Catecismo da IgreOs serviços públicos, para serem ja Católica, 2032). éticos, devem ser acessíveis, eficientes, com critérios humanos, com sensibilidade social. O pa11- EM BUSCA DE RESPOSTAS rasitismo, o mau atendimento aos Tanto uma ética plenamente huusuários, a irritante morosidade, a mana quanto as exigências éticas irresponsabilidade, o descaso aos do Evangelho nos impelem a dar doentes ... desafiam uma educação passos indispensáveis à re11ovação para o "senso do serviço" ao nosso da pessoa e da sociedade. E fundapovo já tão necessitado. mental superar a distância entre ética pública e ética privada, isto é entre a responsabilidade pelo bem comum e a realização pessoal. Não são dois caminhos, não são duas éticas, mas um único projeto de renovação pessoal e social. 8 - CM Setembro/93
O Documento de Santo Domingo faz um diagnóstico sombrio desta realidade para toda a América Latina: ·A corrupção tem-se generalizado. Há um mau emprego dos recursos econômicos públicos; pro-
gridem a demagogia, o populismo, a "mentira política" nas promessas eleitorais; burla-se a justiça, generaliza-se a impunidade e a comunidade se sente impotente e indefesa diante do delito ... " (SD 233). 1 2 Ética na economia O primeiro desafio, que brota da opção pelos pobres, apontado no Documento de Santo Domingo é "promover uma Ordem econômica, social e política" (SD 296) . A exigência ética fundamental é que esta nova ordem se construa sobre as bases de uma "economia solidária, real e eficiente" (SD 201 ). As Diretrizes da ação pastoral da Igreja no Brasil (1991 - 1994) afirmam que o modelo econômico neoliberal em nossa Pátria se caracteriza pela separação entre a economia e a ética. Prevalece o individualismo e o corporativismo tanto empresarial como sindical, sem considerar o bem da Sociedade. O processo de modernização tecnológica põe a ciência como fator decisivo na produção da riqueza e faz diminuir a importância do trabalho, com risco de tornar a pessoa humana reduzida a mercadoria. O mercado se torna o centro de tudo. A Encíclica "Centesimus Annus" nos diz que "é tarefa do Estado prover à defesa e tutela de certos bens coletivos, como o ambiente natural e o ambiente humano, cuja salvaguarda não pode ser garantida por simples mecanismos de mercado" (CA 40). Além do Estado, tem também a empresa um papel social.
1 3 Ética nos Meios de Comunicação social A sociedade tem o direito à informação fundada na verdade, na liberdade, na justiça e na solidariedade. Cabe à sociedade promover a democratização dos MCS e a educação para o senso crítico. A justa liberdade de expressão supõe a subordinação a critérios éticos. Os Meios de Comunicação social têm um papel fundamental na tarefa de informação, formação e promoção cultural a serviço do bem comum. Para manter uma informação livre e honesta, os Meios de Comunicação social precisam superar uma situação de quase monopólio. Não podem ser geradores de necessidades fictícias, de falsas expectativas, de exploração da violência e da pornografia, nem, menos ainda, manipuladoras das massas visando a objetivos partidários, enaltecendo ou derrubando instituições ou pessoas.
2. Ética Profissional O exercício de qualquer profissão na sociedade submete-se a normas éticas. A falta de formação ética de muitos profissionais é responsável por desvios.da própria sociedade. O ensino da Etica nas Universidades e nos Centros de Formação possibilitam a nossos profissionais exercer um serviço ao bem comum. A pesquisa cientifica conforme às exigências éticas cumpre sua missão, especialmente num país como o nosso, quando comprometida com as necessidades prementes da população.
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3. Ética Pessoal Não é admissível dissociar a ética da vida pública e profissional da ética pessoal e familiar. 3.1 . Corpo e Sexualidade A pessoa humana se descobre a si mesma como ser sexuado, portador de uma energia que o impele para a comunicação com o outro, e torna possível o encontro entre seres humanos conscientes e livres. Assim se conquista a personalização e a integração entre as pessoas em nível afetivo e social, caminho privilegiado para o relacionamento com Deus. A sexualidade, .
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A visão ética e cristã da sexualidade é essencialmente ligada à dignidade da pessoa humana. A grandeza e nobreza da vida sexual provêm do sentido ablativo do amor. Por isso, tudo que banaliza o sexo e o amor conjugal fere a dignidade do ser humano. É necessário reeducar-nos para que se evitem os males da permissividade, da licenciosidade, das experiências extra-conjugais do sexo, dos desvios de comportamento. Uma bem orientada educação sexual, que se não restrinja apenas a explicações biológicas, mas se oriente para a compreensão das finalidades humanas da sexualidade, por certo, terá gran-
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o sexo e o amor p o r se r fundamental à vida hu- conjugal fere a dignidade do ser esperar da famímana, quando h p instrumentaliza umano. romover a Vida significa lia, da escola, dos da ou absolutiza- . urgir as exigências humanas e Me i os de c oevangélicas do amor conjugal municação social da, converte-se em instrumento de alienação e dese da Igreja valiapersonalização. o prazer, quando sa colaboração para que a pessoa humana saiba valorizar a sexualireduzido à genitalidade, pode ser um mecanismo para afastar as pesdade como dom de Deus. soas umas das outras. As campa3.2. Promoção da Vida e da nhas abortivas e antinatalistas Família provêm de uma concepção que conA crise ética se manifesta também sidera a fertilidade das famílias popelo aumento da violência na sociebres como a causa preponderante dade, pelos atentados à vida huda problemática social. mana e à sua dignidade, pela atual O permissivismo que admite todo e qualquer comportamento sexual desagregação da família. A vida hucomo isento de conotação moral mana, dom do amor de Deus, é desvirtua o sexo e deforma a sagrada; deve ser respeitada e proconsciência sobretudo dos jovens tegida desde a concepção. A ninainda em formação. guém e permitido destruí-la. Assumir a pena de morte como O corpo não é mero objeto de maneira de reagir à problemática da natureza biológica. No corpo e pelo violência em nossa sociedade signicorpo nos realizamos pessoal e sofica "assumir a própria violência cialmente. Não pode ele ser reduzicomo forma de comportamento da do à perspectiva privada e egoísta: sociedade", além de ser "um modo "sou dono do meu corpo, faço dele de julgamento contrário aos melhoo que eu quiser". 1O - CM Setembro/93
res princípios da ordem jurídica" .(Declaração do Conselho Permanente da CNBB: Em favor da vida, contra a Pena de Morte, 27.06.91). A promoção da Vida tem a Família como espaço privilegiado. Deve ser respeitada como "santuário da Vida" (CA 39) e "célula primeira e vital da sociedade" ("Familiaris Consortio",
42). Promover a Vida hoje significa urgir as exigências humanas e evangélicas do amor conjugal, contra os fermentos de dissolução dos laços de fidelidade e indissolubilidade do matrimônio, rompidos pelo divórcio e negados elas uniões livres. Outro campo que demanda s defesa da vida é a ecologia. Torna-se urgente conjugar o desenvolvimento com o respeito ao meio ambiente. Como diz o Documento de Santo Domingo : as propostas de desenvolvimento têm de estar subordinadas a critérios éticos. Uma ética ecológica postula a aceitação do princípio do destino universal dos bens da criação e a promoção da justiça e solidariedade como valores indispensáveis (cf. SD 169).
*** ••• Na tarefa de buscar novos caminhos para a ética não basta apontar os sintomas da crise, mostrandolhes as causas. Nem mesmo é suficiente atacar seus efeitos maléficos na sociedade e nas consciências. Faz-se necessário o esforço de todos para a formação da consciência ética. A Igreja sabe que esta tarefa cabe não somente a ela, mas a toda a sociedade da qual ela faz parte. Seria impossível levá-la adiante sem diálogo amplo e compartilhado. Unimo-nos aos vários segmentos ou classes sociais, governo e povo, empresariado e organizações sindicais, instituições representativas das diversas etnias, culturas e religiões para a construção de uma sociedade justa e solidária, baseada na promoção dos valores éticos. Ao oferecermos estas ponderações ao povo do nosso País, pedimos ao Criador faça germinar as boas sementes que Ele depositou no coração e na consciência de toda pessoa humana. ltaici, 06 de maio de 1993.
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A respeito da parte do pronunciamento da CNBB que diz respeito à Família, Jussara e Daniel, CR da Coordenação de Santerém/PA, solicitaram a Dom Uno, bispo de sua diocese, que acrescentasse seus comentários para a Carta Mensal. Dom Uno gentilmente os atendeu:
REGENERAÇÃO ESPIRITUAL DA FAMÍLIA Na última Assembléia Nacional dos Bispos do Brasil, em ltaicí, muito se falou e se escreveu sobre a crise ética, com grandes impactos negativos para a convivência humana. Dizem os Bispos: "De anos para cá os costumes da sociedade mudaram muito. Está havendo um modo de pensar, de agir, de viver fora dos princípios éticos, até há pouco tempo respeitados e aceitos. É o que se chama de crise ética ... Atinge a família, as modas, a escola, os negócios, sobretudo os meios de comunicação social e as atividades políticas ... Mas, há sinais de que, em muitas áreas, já se buscam novos caminhos éticos." Peço a todos os casais e eQuipes de Nossa Senhora que leiam estudem e meditem o conteúdo do documento azul da CNBB "ÉTICA" PESSOA E SOCIEDADE", discutido e aprovado na última Assembléia da CNBB. Esta temática deve envolver-nos a todos, pois todos juntos podemos conseguir a regeneração espiritual da sociedade em todos os níveis, também na convivência familiar. Sim, conforme dizem os Bispos, há sinais de que em toda parte se busca um mundo mais sadio. Pro12 - CM Setembro/93
cura-se uma nova síntese de virtudes e valores. Cito apenas um caso: Nos anos sessenta a Australiana Germaine Greer lutou pela independência sexual da mulher. Seu livro "O Eunuco Feminino" causou um grande impacto na sociedade, tendo como conseqüência e abolição e desvalorização da virtude da moderação sexual e união monogâmica. No entanto, em 1984 Germaine Greer escreveu outro livro intitulado "A Castração Secreta" . Aí diz ela textualmente: "As mulheres precisam voltar a ser castas, renunciar a métodos anticoncepcionais, ter filhos. Não há nada mais precioso do que uma família numerosa. A regeneração espiritual só pode ocorrer através da dedicação à criança." Mais adiante continua a mesma autora: "Tudo que sobrou de meu idealismo sexual, gostaria de transmitir às mulheres jovens, para que elas possam agir diferentemente de nós, para que se valorizem e considerem seu corpo importante demais para estimulá-lo com esteróides e nele colocar instrumentos diversos ... "
Disse alguém que o ser humano só é íntegro quando se dedica totalmente à uma missão, ou se doa completamente a uma outra pessoa. Somando-se a idéia de Germaine Greer: "A regeneração espiritual só pode ocorrer através da dedicação à criança", creio que isto vale muito para os casais. Nesta década em que muito se fala de "Nova espiritualidade", "Nova mística", "renovado ardor
missionário", a Igreja toda se volta para a família. Oxalá muitíssimas famílias possam robustecer-se no Espírito, recuperando a grandeza do Sacramento do Matrimônio, com casais fiéis e felizes, doandose ambos à sua missão maior: o lar, com filhos alegres e cheios de vida. Dom Lino Vombommel Bispo de Santarém/PA
••• NOTÍCIAS BREVES • Campanha da Fraternidade 1993, 1994, 1995 - Além da avaliação da CF-93, feita em 20/22 de junho passado, a CNBB vem preparando ativamente a CF-94, cujo tema é Fraternidade e Família, com o lema "A Família, como vai?'. Já foram definidos os Cantos para a Missa e o Cartaz e está sendo analisado o Texto-Base. Quanto à CF-95, o tema já definido é Fraternidade e os Excluídos e o lema: "Eras tu, Senhor?' . • Dois bispos brasileiros fazem parte do recém criado Pontifício Conselho para a Cultura. São eles Dom Lucas Moreira Neves e Dom Fernando Figueiredo. Em recente artigo artigo publicado nos jornais, Dom Lucas informa que o Conselho, em sua primeira reunião, em junho 94, deverá refletir sobre a pergunta: «Como falar de Deus aos homens, hoje?» . • Várias publicações vêm ganhando as livrarias, a respeito do Catecismo da Igreja Católica. Uma delas é "Catecismo e Catequese- uma Nova Proposta", organizado por Francisco Gatão e escrito por diversos autores, entre os quais Frei Bernardo Cansi e Dom Décio Pereira (Ed. Paulinas). • Palavra Viva é o título de novo programa de televisão que vem sendo transmitido diariamente, entre 7:20 e 7:30, pela SBT, em rede nacional. Produzido por diversas congregações religiosas e a Conferência dos Religiosos do Brasil, o programa aguarda os comentários dos telespectadores.
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Pontos Concretos A Bíblia é a nossa fonte mais concreta para a prática da Escuta da Palavra. E setembro é o mês da Bíblia. Entre as muitas matérias que nos chegam das diversas partes do Brasil, selecionamos cinco que poderão nos ajudar a melhor discernir a vontade.de Deus em nossa leitura.
Setembro, mês da Bíblia. Por que um mês todo dedicado à Bíblia? É porque no dia 30 de setembro se comemora a festa de São Jerônimo, grande estudioso e tradutor dos textos originais da Bíblia. Desde 1947, em homenagem a este santo, os católicos fixaram o último domingo do mês de setembro como o Dia a Bíblia. Daí surgir a idéia de dedicar um mês todo à Bíblia, desde 1971. O objetivo é demonstrar às pessoas que a Bíblia é um livro que deve fazer parte do dia-a-dia do povo. Em setembro (mais do que em outros meses) incentiva-se a leitura da Bíblia, em grupos, círculos bíblicos, comunidades. Seria ótimo que esse gesto fosse adotado também pelas equipes. A Bíblia surgiu no meio de um povo do oriente, chamado Povo de Israel. No início era um grupo de migrantes, vindos da Mesopotâmia (O lraque do hoje), chamados hebreus e descendentes de Abraão. Lá pelos anos de 1850 A.C., Abraão saiu de lá com sua família, em busca de uma nova terra. Vai para Canaã, onde nascem seus filhos e netos. Abraão, lsaque e Jacó (também chamado Israel) são os patriarcas, pais e fundadores do Povo da Bíblia. Como no Egito a terra é mais fértil muitos mudam-se para lá, entre eles Jacó e sua família. Só que ao passar dos tempos, os faraós começam a escravizar o povo, incluindo os hebreus. A dura realidade do povo trabalhador, injustiçado, escravizado e oprimido volta à tona no mês da Bíblia. A espiritualidade, conversão e preocupação de Paulo com o povo e sua opção de romper com o ideal grego de uma vida tranqüila, só de estudos e meditação, sem muito esforço, sem "pegar no pesado", a preocupação pelos assalariados e escravos são destaques nesse mês da Bíblia. 14 - CM Setembro/93
É dada a nós, neste mês, uma grande oportunidade de repensar o trabalho ... como bênção, fonte de sustento, de realização pessoal; e que esse trabalho e realização pessoal não sejam exercidos à custa de opressão e injustiças com os nossos irmãos menos favorecidos. Neusa e Orlando Equipe 12 Baurú/SP *** A Bíblia não é um tratado de ciência ou de história; ela é o depósito da fé de homens que viveram no temor de Deus, que acima de tudo colocaram-no em suas vidas: viveram com Deus, apesar de suas imperfeições, de sua pobreza humana. O Evangelho não é um ideal político ou social. E pela conversão que o homem respeita e ama os outros homens. É pelo amor a Jesus Cristo que ele se torna irmão e procura viver em fraternidade. E o amor vai brotando aqui e ali pela transformação de cada homem. Mesmo parecendo haver discórdia, nesta luta pela Fé, só se consegue a vitória final pelo amor. Muitos pensam estarmos, no momento, diante de uma: situação caótica e ameaçadora, mas, para nós, cristãos, não é o medo, não são as agressões que nos atemorizam; na verdade, o que nos entristece é não estarmos em paz, é não sentirmos amor pelos irmãos, é não estarmos em sintonia com Cristo. Junto a Ele nada nos poderá atingir. Sua Palavra lida, meditada e vivida diariamente, faz crescer dentro de nós uma força, da qual emana um halo de tranqüilidade ao nosso redor. Estarmos em paz, vivermos em paz é o resultado do desenvolvimento de nosso interior. Nós somos um pequeno mundo, sacrário do Espírito Santo e devemos ser presença viva do Cristo Ressuscitado. É a graça do Senhor que, agindo sobre nós, nos conduz pelo caminho do bem, que nos leva a distinguir no emaranhado das coisas que a vida nos oferece, como escolher entre as várias idéias, leituras e conhecimentos religiosos, políticos e sociais, o caminho a seguir. A oração é fonte de abastecimento para agirmos com justiça, quando não dissociada da vida. Precisamos ser testemunhas de Cristo. Tudo que Jesus disse, deve ser resumido em: viver no amor do Pai, viver fraternalmente com o irmão. Thereza e Leal Equipe 3 Recife/PE
*** Mais uma vez vamos celebrar o "Mês da Bíblia". É sempre um novo convite para chamar-nos à reflexão e à mudança de vida. Aquela vida que para ser "plena", exige de nós conversão: justiça, partilha, solidariedade, perdão, gestos de fraternidade. A Bíblia nasceu de um apelo de Deus aos homens e da resposta que eles deram a Deus. Surgiu da vontade desse povo ser fiel a Deus e da preocupação de transmitir a mensagem desse Deus libertador. A Bíblia não fala só de Deus que vai em busca do seu povo, mas também do povo que vai em busca de seu Deus. CM Setembro/93 - 15
A história do povo de Deus é a nossa própria história com erros, infidelidades, mas também com acertos e virtudes, caindo e levantando. Na Bíblia, Deus nos fala, principalmente, por seu filho Jesus Cristo, pela sua vida, morte e Ressurreição. • O Verbo se fez carne e habitou entre nós". (Jo 1, 14)
Jesus Cristo é a Palavra, o Verbo de Deus. Nele Deus realizou o seu gesto supremo conosco. Procuremos neste mês da Bíblia, redobrar nossos esforços para ouvir o que Deus quer de nós. Meditar a Sua Palavra e vivê-la plenamente no nosso dia-a-dia. Maria do Carmo e Severino Equipe 80/C Rio 111
*** O nosso tema de estudos é "A Leitura Orante da Bíblia". É o primeiro livrinho da coleção "Tua Palavra é Vida", da CRB. Trata-se de uma ótima ajuda para o ponto concreto de esforço "Escuta da Palavra". Aliás, quem não se alimenta da Palavra de Deus e da Eucaristia, não pode ser considerado cristão. Abrindo a Bíblia, não estamos abrindo um livro estranho, mas sim um livro que fala de nós, de nossa vida, de nossa caminhada, de nossa luta. Assim, a Bíblia é a nossa vida, é a nossa história. Através dela, o Espírito de Deus nos adverte para m _ ... ~CftlNO alguns elementos importantes e indispensáveis de leitura que tínhamos esquecido ou negligenciado: partir da realidade de hoje e criar um ambiente comunitário e orante de fé. Unindo os três critérios realidade, comunidade e texto- eles se articulam entre si em torno do mesmo objetivo: escutar Deus hoje. Esta unidade nos coloca no coração da Tradição da Igreja e da Vida Religiosa, marcada pela prática secular da "Lectio Divina", ou seja, Leitura Divina. Ela indica a prática da leitura que os cristãos fazem para alimentar a sua fé , a sua esperança, o seu amor e compromisso. Aliás, a Leitura Divina sempre foi a espinha dorsal da Vida Religiosa. Este tema nos ajuda também a praticar outros pontos concretos de esforço, pois a Leitura Divina compreende quatro degraus: a leitura, a meditação, a oração, a contemplação. São os quatro passos da leitura da Bíblia, tanto individual como comunitária. E o que é mais importante, são também quatro atitudes permanentes que devemos ter diante da Palavra de Deus. 16 - CM Setembro/93
Que essas atitudes nos ajudem para alimentar nossa fé, esperança e amor e animar nossa caminhada. Venício Aurélio Onofri Equipe- 03 Marília/SP
••• A Escuta da Palavra é a fonte de todo amor de Deus, vivificada por Cristo entre nós. Deus nos fala porque nos ama e somos sua própria criação, imagem e semelhança de seu filho, Cristo, nosso irmão, estabelecendo-se uma relação de pessoa a pessoa, dando-se a conhecer, nos conhecendo, comunicando-nos seus desejos e pensamentos. Se somos a obra mais preciosa de sua criação, Ele deseja manter o homem plenamente realizado através de atos, que são Palavra, falando-nos de modos diversos, desde a criação do universo. No princípio da criação, através da Trindade- Pai, Filho e Espírito Santo- a Palavra foi e é o Princípio e o Fim. "No princípio era o Verbo e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus'. (Jo 1,1 ). Quando Deus nos criou, deu-nos também a capacidade de continuarmos a nossa própria criação, envolveu-nos na Santíssima Trindade, partilhando de nossa condição humana, estabelecendo conosco a Aliança, pela fundação da Igreja. A palavra revelada pelas narrações dos Profetas e expressa por Cristo através da Bíblia - expressão humana da Palavra de Deus - é reativada entre nós pelo Espírito Santo, quando atentos à sua Palavra na Homilia, vivificada quando recebemos a Eucaristia. Ouvindo Deus através da Palavra de Cristo, estamos dando a esta leitura uma dimensão divina e não simplesmente a leitura de um texto, avaliado criticamente pela inteligência sob os aspectos históricos, literários e doutrinais. Assim, a Palavra de Deus deve ser ouvida como uma voz, encarnando Cristo. O escutar a Palavra requer que estejamos sintonizados continuamente com Deus, pois Ele espontaneamente sempre está ligado a nós; devemos aprimorar nossa capacidade de escutar, tornando-nos disponíveis, perseverantes, pacientemente humildes e moldando-nos à sua vontade tal como Maria: "Faça-se em mim segundo a tua Palavra" (Lc. 1,38). Para que a Palavra permaneça e frutifique, é necessário que a verdadeira leitura se faça de "coração a coração" como um eco à Palavra de Deus, criando-se um clima propício onde devemos: condicionar um horário disponível, num ambiente de ternura, relaxante; escolher o texto apropriado ao momento de nossos sentimentos, iniciando-se com uma oração de súplica, para que o Senhor molde nosso coração; seguindo-se um momento de interiorização em que refletimos e acalentamos a Palavra. Assim exercitada, a Palavra nos envolverá como também a todos que nos cercam, proporcionando a evangelização do casal, família e comunidade, necessitando para isto que a Palavra seja vivenciada, tornando-nos acolhedores ao outro, pois os benefícios desta conscientização cristã serão usufruídos reciprocamente na Reunião de Equipe. Ana Luiza e Edilson Equipe 2 SalvadorlBA CM Setembro/93 - 17
ATENÇÃO CONCRETA À FAMÍLIA Transcrevemos a seguir alguns trechos de um discurso de João Paulo 11, dirigido, em maio deste ano, aos membros da Conferência Episcopal Italiana.
A família é lugar privilegiado do anúncio evangélico. Nunca nos devemos cansar, caríssimos Irmãos no Episcopado, de servir a família; de dar, assim, resposta à fome e sede que ela tem de sentido, de verdade e de amor profundo, de liberdade autêntica e de plenitude de vida. O primeiro serviço fundamental da Igreja aos cônjuges cristãos é recordar-lhes e acompanhá-los a redescobrir, com admiração alegre e grata, o "grande mistério" (Ef. 5,32), o "dom" que lhes foi oferecido pelo Espírito de Jesus morto e ressuscitado. Num contexto social e cultural em que a descristianização e a indiferença religiosa ofendem profundamente a mentalidade e os comportamentos das mesmas famílias cristãs, urge reevangelizar incansavelmente os cônjuges cristãos e fazer-lhes escutar de novo a "boa nova" do dom divino. A consciência deste misterioso dom é a raiz e a força da vida moral dos casais, do seu caminho quotidiano para a santidade conjugal e familiar, bem 18 - CM Setembro/93
como da sua específica participação na missão da Igreja. No interior da comunidade eclesial, o casal e a família cristã são chamados a percorrer um singular itinerário de fé . Assim, entre a grande Igreja e a "pequena igreja", realiza-se, cada dia, em virtude da presença do Espírito, um "intercâmbio de dons", que é recíproca comunicação dos bens espirituais. Recebendo da Igreja o tríplice dom da Palavra, do Sacramento e da Caridade, a família está habilitada e empenhada a desempenhar o seu ministério típico em favor dos outros. (cf. 1Cor 7,7). Venerados Irmãos, vós sois plenamente conscientes das profundas mudança, das tensões e das crises a que, neste momento histórico, a família está submetida. Compartilho a vossa trepidação pelos contragolpes que daí derivam para a estrutura social inteira. Mas também me uno a vós em reafirmar plena confiança na presença vitoriosa do Ressuscitado. Sustentados pela sua força, os cônjuges cristãos saberão
testemunhar, de modo claro e forte, valores humanos e evangélicos fundamentais, como o amor fiel e freqüente à desestima da indissolubilidade, a doação generosa da vida num contexto de medo e de rejeição da vida mesma, o serviço humilde e a solidariedade desinteressada numa cultura do egoísmo e do proveito próprio. E ainda: a reconciliação e a paz numa situação social de conflitividade, a reciprocidade gratuita da comunicação e do diálogo num contexto fortemente marcado pela incomunicabilidade, um estilo de vida sóbrio e essencial no interior duma sociedade consumista. Por fim, a moralidade e a espiritualidade no interior de uma mentalidade materialista e em crise nas suas referências éticas. Mais do que no passado, é preciso que o testemunho evangélico da família seja o mais amplo e unitário possível, também em ordem a uma real eficácia histórica. Daqui a necessidade de promover e alimentar as diversas formas de associacionismo familiar, não só para a vitalidade pastoral das comunidades eclesiais , mas também para uma participação mais explícita na construção de uma sociedade iluminada pela esperança do Evangelho. Não vos é desconhecido, veneráveis Irmãos no Episcopado, que o renovamento do País passa através de uma atenção concreta à família. Se esta deve assumir com mais coragem a sua tarefa social e política, a sociedade e o
Estado devem subtraí-la à condição de marginalização, e com freqüência de penalização, à qual ainda está relegada; devem fazer da política familiar a chave central e resolutiva da política inteira dos serviços sociais. Caríssimos Irmãos no Episcopado, sois vós os primeiros responsáveis da pastoral nas vossas respectivas Dioceses. A vós, portanto, está confiada a tarefa de promover uma atenta e constante ação missionária e evangelizadora em favor da família e mediante a família, para o bem de toda a Comunidade civil. Oriente-vos e sustente-vos sempre o "premente convite" que já Paulo VI dirigia aos Bispos na Encíclica Humanae Vitae: "à frente dos vossos sacerdotes, dos vossos colaboradores e dos vossos fiéis, trabalhai com afinco e sem tréguas na salvaguarda e na santificação do matrimônio, para que ele seja sempre, cada vez mais, vivido em toda a sua plenitude humana e cristã. Considerai esta missão como uma das vossas responsabilidades mais urgentes, na hora atual" (Humanae vitae, 30). Na vossa palavra e solicitude pastoral, as famílias, especialmente as que se encontram em dificuldade, poderão, assim, ouvir "o eco fiel da voz e do amor do Redentor" (Humanae vitae, 29). Acompanhe-vos no quotidiano ministério episcopal a dócil e forte proteção da Sagrada Família de Nazaré, de Jesus, Maria e José.
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Vida C9onjugal COLOQUEGOTASDEAMOREMTUDO
São nos pequenos gestos e atividades do nosso dia-a-dia que devemos proporcionar o mínimo de alegria e compreensão a todos que nos cercam, procurando com isso, demonstrar porque estamos neste caminho. Por isso seja gente, não se anule. Viva cada momento como se fosse o último. Enxergue carinho nos olhos de quem te quer bem. Lembre-se: nós podemos tudo, pois temos tudo e todas as respostas dentro de nós mesmos. Toda reação deve refletir a vontade da Lei superior. Essa vontade quer sempre nosso enriquecimento espiritual. Não se esqueça: as palavras influem nos sentimentos. Se você pretende manter-se em harmonia deve abrandar suas palavras e falar em tom calmo, com amor. Como é lamentável a existência de pessoas que, após alguns meses de vida conjugal deixam de
pensar na influência que suas palavras possam causar no sentimento do outro. Aquela linguagem dócil e atenciosa que usavam quando namorados, transformase em linguagem violenta, grosseira , áspera e fria , como se atirada na cara do outro. Existe a expressão lua-de-mel. Felizes são aqueles que procuram preservar os sussurros suaves como mel, mesmo decorridos dez, vinte ou trinta anos de casados. Se passarmos a procurar somente qualidades positivas do nosso companheiro, mesmo que essas qualidades sejam agora pequeninas, louve-as com palavras. A qualidade se expandirá gradativamente até se tornar uma grandiosa luz que apagará todos os defeitos. Ângela e Victor Equipe 9 Araraquara/SP
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O "SIM" DO CASAMENTO Todos aqueles que se casam, hoje, deveriam pensar mais seriamente no que seja o "sim" que proferem um ao outro na presença do sacerdote. Quando dizem "sim" estão afirmando, ali, um consórcio de toda a vida que nasce entre os dois, entendida esta expressão no sen20 - CM Setembro/93
tido de todo o tempo, para a vida até o fim, e no sentido de abrangência deste consórcio, isto é, da vida total um do outro. Quando analisamos no Tribunal Eclesiástico se o "sim" foi verdadeiro, analisamos estes dois aspectos: se a pessoa se reservou alguma coisa no casamento, este
Há p:>ucos dias, na Justiça Cível, tivemos a oportunidade de ouvir um juiz dizer a dois separados, que discutiam diante dele sobre assistência aos filhos, a afirmativa: "A briga de vocês é prova de que o casamento é indissolúvel". Nunca mais se separarão de verdade, embora separados juridicamente. É preciso, pois, que os noivos pensem bem no sentido do "sim" dado no momento do casamento. É união total de vida para sempre, ou então está se profanando o sacramento, fazendo-se uma farsa diante do celebrante e de toda a comunidade; portanto, diante de Deus. Vicente Porto de Menezes (Em "O Lutador")
sim não foi autêntico. Assim, se se reservou o débito conjugal, a conseqüência natural de ter filhos etc. No outro sentido, e deste quero chamar a atenção, também o "sim" não foi verdadeiro se houve qualquer condicionamento. Está na moda, hoje, casar-se dizendo assim: "Se não der certo nos separamos". Aí está o divórcio para colocar este problema na cabeça dos noivos. O "sim" do casamento é a adesão a um casamento indissolúvel. Se um dos noivos já admite ao menos a hipótese da separação, já está fugindo ao essencial do casamento. Ao menos aquele momento, está sendo falso o seu "sim". ***
QUESTÕES DO AMOR lida Pontes, personagem da novela "Pedra sobre pedra", decidida a sair de casa, dizia, em seu emocionado diálogo com o filho, coisas mais ou menos assim: "Todas as noites eu pensava: meu Deus, eu tenho tudo ... essa casa tão boa, como e visto do bom e do melhor, tenho a minha música, o meu piano ... o que é que me falta?" Amargurada e em prantos, lida constata que lhe falta o principal, o amor. Uma recente publicação jornalística apontou a crescente incidência de desquites e divórcios nos últimos anos, com dados estatísticos revelando também que a maioria das separações ocorrem
por iniciativa feminina. "As mulheres não querem mais se submeter aos maridos" - explica resumidamente o advogado pelos dados. A emancipação da mulher é fato indiscutível. Recém-saída de sua posição de inferioridade com relação ao homem, ela começa a reconhecer seus desejos mais profundos, deixando o lugar de simples serviçal do marido e dos filhos para se colocar no mundo como um ser social capaz de assumir com o mesmo brilho, atividades a responsabilidades antes confiadas apenas ao homem. A mulher demonstra rejeição à submissão e aos maus tratos mascuCM Setembro/93- 21
li nos por reconhecer-se como pessoa. Mas, muitas mulheres, como a personagem lida Pontes, têm tudo, ou quase tudo: posição, dinheiro, casa, comida, até bons tratos do marido, mas estão infelizes porque lhes falta amor. Não podemos negar que homens também se queixam de falta de amor, mas podemos afirmar que a grande maioria dos homens, principalmente em nossa cultura ainda machista, parece não saber lidar muito bem com as situações do amor. Onde está o amor dos homens? O amor é, desde sempre, a maior questão do ser humano. É a mola mestra da vida. Amamos aquilo que queremos e toda demanda é uma demanda de amor. Para que um objeto ou alguém se torne desejável, é necessário acreditarmos que ele possui as características que supomos satisfazer-nos, completando aquilo que nos falta. Duas pessoas se sentem atraídas, passam a um conhecimento mais profundo, cada um tentando levar o outro a acreditar que ele tem aquilo que lhe falta e os desejos de um passam a se concentrar totalmente no outrc: Como diz Marina Colasanti em seu interessante livro "E por falar em amor", "amar é estar disponível para o sofrimento, pois, se o amado se torna insubstituível, nossa vulnerabilidade é absoluta". Qualquer mudança na imagem que fazemos do outro poderá dei22 - CM Setembro/93
xar-nos inseguros. Procuramos encaixar o amado em nossa moldura pré-fabricada. "Suas atitudes, suas idéias, suas posturas serão medidas, confrontadas, agigantadas ou encolhidas para combinarem melhor com as nossas, para preencherem os vãos que lhes havíamos destinado, e realizar aquela mágica de complementação e completude que nos darão a certeza de estarmos navegando em pleno amor". Sendo a mulher, de modo geral menos defensiva que o homem, ela tende a sofrer mais quando, nas situações do dia-a-dia, o amado deixa de lado certas atenções e o carinho dispensado nos tempos áureos da paixão. Esquecerse da despedida ao sair para o trabalho, negar um telefonema prometido, olhar com indiferença, dar uma resposta mais ríspida, são pequenas atitudes que começam a arranhar o brilho da moldura. Com o correr do tempo, as tribulações naturais da vida vão levando as pessoas a um descuido cada vez maior em se manterem dentro do padrão esperado. A relação passa da paixão - quase sempre cega- a uma amizade que muitas vezes se torna tão pouco partilhada, a ponto de os amantes ou já supostos amantes se perguntarem: Mas o que é que eu via nele (ou nela) que hoje não vejo mais? É comum que a mulher se torne deprimida, apática ou agressiva e o homem diga: Eu não entendo o
que quer essa mulher! Esse não entender se funda quase sempre em sua defesa, própria de uma educação machista em que o homem tem que ser duro, forte . Desde cedo, ele aprende a camuflar seus sentimentos mais profundos, a tornar opaca a sua sensibilidade a ponto de não poder se entender com uma criatura semelhante a ele, que é a mulher. Homem e mulher se tornam dois seres estranhos que nunca se encontram, nunca se harmonizam. Diz a mulher: Eu não me sinto
amada! Diz o homem: Não sei o que fazer para que essa mulher deixe de criar caso. Ela sabe que eu a amo! Mas, como disse há dias um colega, na televisão: Amor é para ser vivido. Amor que não é expresso, é amor morto, sem função. E complementamos: amor é como uma planta rara e preciosa que exige cuidados especiais para sobreviver. O zelo por ele deve partir sempre de ambas as partes. Cláudia Coutinho Bernardes
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A PROCURA DA VERDADE Não há vida cristã sem fé viva. E não há fé viva e progressiva sem reflexão. A maior parte dos cristãos casados, renuncia a todo o esforço de estudo e de meditação, por não conhecer a sua importância. Mas, este não seria o nosso caso, já que somos equipistas e aspiramos a uma vida integralmente cristã. Através dos Meios de Aperfeiçoamento, procuramos manter bem acesa a chama da fé, pela qual o nosso amor santificado pelo Sacramento do Matrimônio torna-se um testemunho aos homens. O hábito que fomos desenvolvendo de procurar a vontade de Deus, pondo em prática os Pontos Concretos de Esforço, se completa na partilha com o intercâmbio, o discernimento e a exigência fraterna de toda a Equipe. Amar exige conhecer ... As Equipes são formadas para nos ajudar. Mas, como ajudar sem conhecer? A Partilha oferece então esta oportunidade de conhecimento àqueles que se reúnem em nome de Cristo. É preciso recor,~hecer diante da Equipe os passos em falso, as inconstâncias, as deficiências, as covardias e também os sucessos. Não se trata de uma confissão, pois é preciso comentar nossos fracassos ou sucessos em relação às atitudes que nos propusemos a assimilar. Assim, vivamos a comunhão na Partilha, escutemos com a mente e o coração, compreendamos e respeitemos o outro, indo ao seu encontro numa permuta de amor cristão. Dorinha e Dau Equipe- 6 Recife/PE CM Setembro/93 - 23
A IMPORTÂNCIA DE MARIA SANTÍSSIMA EM NOSSA VIDA A propósito do 259 aniversário da fundação das E.N.S. em Londrina.
Entre os homens é costume festejar o 25 2 aniversário com o epíteto de "bodas de prata". Tratando-se de algo referente a Maria Santíssima, qualquer celebração deve ser de ouro para cima, porque de ouro para cima é o amor que Lhe dedicamos. Nesse sentido, parece-me que não seria descabido, talvez até muito oportuno, perguntar-nos - nós que temos o privilégio de pertencer às E.N .S. sobre a importância de Maria Santíssima em nossa vida.
I. - Presente de Deus a toda a humanidade Deus deu-nos Maria como presente. Mas os dons de Deus têm sempre uma finalidade determinada. O que pretendia Deus ao darnos Maria? a) Ela é, em primeiro lugar, Mãe de Deus. Ela trouxe Deus aos homens, mais próximo dos homens. b) Em segundo lugar, a Mãe dos homens. Ela tem a missão de levar os homens a Deus, mais próximo de Deus. E não devemos esquecer que, quando Deus dá um cargo (mis24 - CM Setembro/93
são) dá também as graças necessárias para o desempenho eficaz do mesmo. Por isso, Maria tem todas as graças de Deus para a missão que o mesmo Deus Lhe deu. Segundo os planos salvíficos de Deus, Ele quer utilizar as causas segundas, para a realização (melhor dito, aplicação) de seus planos de Redenção. Por isso, escolheu Maria, como instrumento por excelência. Mas ela, por sua vez, quer necessitar de outros instrumentos, para a realização dos planos de Deus: esses somos nós.
11. - Lugar de Maria no plano de Salvação A nossa entrega a Maria não se baseia numa devoção particular. Se somos marianos (como no caso das E.N.S.), é porque queremos acolher, em toda a sua plenitude, a ordem objetiva querida por Deus . Por isso, a razão fundamental do nosso caráter acentuadamente mariano, deve ser baseado no fato de que Deus conferiu a Maria um lugar a uma função especial e universal na redenção. Não fomos nós que tomamos a iniciativa de dar importância à Santíssima Virgem; somente continuamos algo que o Senhor mesmo começou . Foi Ele quem a escolheu, quem fez dela a sua obra predileta e a cumulou de graças sobre todas as criaturas. É esta a mentalidade que inspira uma autêntica espiritualidade mariana: um espírito objetivo que procura o plano que o próprio Deus traçou. Nossa entrega e dependência de Maria não são um capricho ou um sentimentalismo. Também não é uma devoção particular, como a pode ter uma pessoa que cultive em forma especial uma relação com um santo determinado. A nossa entrega e dependência vão muito mais além : "Somos marianos porque queremos acatar a ordem objetiva, o plano de redenção concreto que o próprio Deus estabeleceu e tirar dele todas as conseqüências para a vida da pessoa e da comunidade". A esse plano pertence Maria em forma essencial. O cris-
tianismo, como tal, possui uma modalidade essencialmente mariana. Foi Deus quem assim dispos. Daí que para ser marcadamente marianos, não temos que recorrer a revelações privadas, lendas ou fantasias. Baseamo-nos no ensinamento bíblico, no Dogma e no Magistério da Igreja. Porque Maria, "sem ser o centro, está no centro". Deus fez de Maria a criatura mais extraordinária do universo Sua obra prima, "a pérola do cos~ mos", como a chama Teilhard de Chardin; a "Sua melhor invenção", no dizer de Michel Quoist". Teoricamente, Deus poderia ter concebido outro plano de redenção. Para perdoar os nossos pecados e dar-nos a graça, em si não era necessário nem que o Verbo de Deus encarnasse nem que nascesse de Maria. Nem sequer era necessário que Cristo morresse na Cruz. No entanto, em sua infinita misericórdia, Deus assim o determinou. Desta forma demonstrava-nos mais o seu amor. Não chegaríamos ao fim se quiséssemos enumerar as graças que Deus outorgou à Santíssima Virgem. Tragamos à nossa mente e ao nosso coração somente alguns desses dons mais significativos que Deus lhe deu e que, em sua pessoa, nos deu a todos nós: a) - Maria é singular e única por sua relação com a Santíssima Trindade: é Filha predileta de Deus Pai, sua humilde e fiel serva que deseja unicamente fazer a sua vontade; é Mãe e esposa do CM Setembro/93 - 25
e a pô-la em prática, dizendo-nos Verbo encarnado e santuário vivo sempre de novo: "Fazei o que Ele do Espírito Santo. b) - Ela é singular e única em sua vos disser". (Jo. 2,5) . Se quisermos saber como deve ser o perfeirelação com Jesus Cristo. Deus a to discípulo do Senhor, temos colocou ao lado de Jesus como apenas que olhar para Maria. Com segunda Eva, fazendo dela a sua ajuda permanente em toda a obra razão invocá-la como Rainha dos Apóstolos e dos Mártires. da redenção. Maria é Mãe de JeE agora poderíamos perguntar: sus, Corredentora e Medianeira que mais poderia ter feito Deus das graças. Podemos afirmar, por por Ela, que não tenha feito? Não isso, que no plano de Deus, ambos- Cristo e Maria-, são verdaé a maior alegria do artista ver deiramente inseparáveis. reconhecida a sua obra? c) - Maria é singular e única Mas a Santíssima Virgem não é como encarnação do ideal do hosó um ideal excelso. Não é apenas mem remido. É a ilustração viva do um compêndio vital e global de homem novo em sua plenitude. nossa fé. Devemos trazer para a vida as verdades sobre Maria; tirar Deus quis mostrar-nos na Imacuas conseqüências pastorais e pelada, a vitória total de Cristo, redentor do homem. Por ela, dagógicas do mistério de Maria na esmaga a cabeça da serpente. A Igreja. Se ela é de verdade nossa Mulher vestida de sol e coroada de Mãe na fé, então devemos recoestrelas é o sinal que Deus faz nhecê-la como tal e vincular-nos a brilhar e que espalha a sua luz ela com um grande afeto e carinho sobre o mundo. (Apoc. 12,1 ). É o filiais; se ela é colaboradora persinal de esperança que nos mosmanente de Cristo, devemos tratra o caminho da salvação como balhar com ela e pôr-nos à sua disposição, como instrumentos uma luz luminosa e ardente. d) - Maria é singular e única por em suas mãos; se ela é medianeira das graças, devemos e podesua relação com a Igreja, da qual é, ao mesmo tempo, seu membro mos recorrer a ela com ilimitada mais exímio e Mãe bon- -,...-~,...,..-~ confiança. Também dosa. Seu coração maaqui vale a sentença do ternal é o refúgio dos peSenhor: "... o que age cadores e o lugar de segundo a verdade, encontro e unidade para aproxima-se da luz. (Jo o povo de Deus. 3,21). e)- Em sua Maternidade, Maria ensina-nos o P. Antonio Ribeiro Lobo autêntico seguimento de C.E. - Equipe 16-8 Cristo, isto é, ensina-nos (Cons. da Coordenaa escutar a sua palavra ção)- Londrina-PR
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O REINO DE DEUS E A ESPERANÇA Certo camponês necessitava atravessar uma imensa floresta. Iniciou sua caminhada embrenhando-se na mata. Depois de andar um certo tempo sobreveio-lhe a dúvida a respeito de como saberia orientar-se na mata, sem correr o perigo de andar em círculos ou de simplesmente perder-se. A primeira solução imaginada foi a de seguir o curso dos rios. Os rios sempre vão dar em algum lugar. Mas a dúvida permaneceu, uma vez que não tinha certeza se o destino dos rios era o mesmo que o seu objetivo. Tentando resolver esta questão, sentou-se à sombra de uma árvore e teve uma súbita inspiração: vou guiar-me pelo sol. Ele sempre levanta-se no mesmo lado do céu e ele poderá ser meu guia seguro. Naturalmente posso seguir o curso dos rios se me for conveniente e se dirigirem para o mesmo sentido, mas quem fará o traçado de minha caminhada serei eu e o meu guia será o sol. Esta pequena estorieta se presta para muitas reflexões, mas aqui queremos apenas refletir sobre dois fatores fundamentais para a caminhada do cristão. O primeiro é a Esperança - o sol que guia a andança do homem pelo mundo da vida. Sem esta força ficamos não só perdidos na vida mas sem destino, sem certeza. Assim como o sol guia, a esperança não faz o caminho, não substitui o andante
e nem dá os passos pelo viajante. Aqui entra outro pensamento importante para o Cristão: o do Reino de Deus - Deus presente na caminhada do homem (Emanuel). Deus companheiro da história do homem, solidário nas suas perguntas, solícito na cooperação. O Reino de Deus se torna força na vida dos homens tanto pela esperança que ele traz e que por sua vez anima, ilumina e fortalece nossa caminhada, como também é certeza porque Jesus Cristo fez e faz este itinerário do homem em busca da Paz definitiva. Assim, o Reino de Deus é uma proposta de utopia que se realiza dentro desta esperança presente e animante, iluminadora e participante, mas que não substitui ou apequena o homem, infantilizando-o ou reduzindo a necessidade de ele decidir empreender e realizar a tarefa da caminhada. Esta meta fica iluminada pelas palavras do Apocalipse: "Eis a tenda de Deus com os homens. Ele habitará com eles; eles serão o seu povo, e ele, Deuscom-eles, será o seu Deus. Ele enxugará toda lágrima dos seus olhos, pois nunca mais haverá morte, nem luto, nem clamor e nem dor haverá mais. Sim! as coisas antigas se foram" (Apoc. 21,3-
4). Pe. José Luiz Cazaroto C.E. Equipe 14-8 CM Setembro/93 - 27
Publicamos aqui algumas colaborações de casais equipistas sobre diversos aspectos da vida no Movimento. HOSPITALIDADE As atitudes de vida que os Pontos Concretos de Esforço despertam em nós, como cristãos, devem ~ encaminhar-nos para uma conversão contínua, progressiva e irreversível. A conversão compreende o encontro e a comunhão, atitudes a serem cultivadas para que possamos, de verdade, nos transformar. Estamos nós procurando viver esse encontro com o próximo, viver essa comunhão na prática da hospitalidade? Estamos nós acolhendo o próximo, os irmãos de equipe em nossa casa? Vivemos de coração aberto para acolher aquele que nos procura para se fazer ouvir? Muitas vezes, a pretexto de que a casa não está "de acordo", dificultamos a realização de reuniões, não oferecemos hospedagem a casais equipistas que vêm de fora; às vezes até impedimos que os irmãos de equipe venham à nossa casa no dia do nosso aniversário. Incomodam-nos? Sempre? Aumentar a capacidade de viver o encontro é um aprendizado que exige constância, mas precisamos viver por esses caminhos estreitos e tortuosos, para sermos coerentes com nossa vida de cristãos. Lenice e Luiz C.R.S. Araraquara/SP 28 - CM Setembro/93
O IDEAL DE UM CASAL EQUIPISTA ... ... O CASAL EQUIPISTA IDEAL O exercício da convivência, da troca de experiências pessoais, da busca contínua de ver no próximo, não só a aparência, mas ver além do corpo, além dos bens, além da cultura, o interior de sua alma; o exercício de conhecer e de se deixar conhecer na caminhada da vida, nos faz mais sábios. Não de uma sabedoria filosófica, científica, intelectual, mas, de uma sabedoria espiritual que transcende o entendimento humano, que nos aproxima da imagem e semelhança de Deus, que nos leve a sermos pacientes, sem sermos superiores, mas com a virtude daqueles que crêem e tem esperança; fervorosos, não de uma fé infantil cheia de cobranças ou baganhas com Deus, mas uma fé adulta que conhece e sabe que cada um tem c;ut: fazer a sua parte para que o ~,lano de 8eus se realiza em nossas vidas; caric''Jsos, não de uma caridade confunc.':da com a prestação de serviços acs menos favorecidos, mas com a ,1reocupação de implantar o Reino dt'Deus junto aos homens, nossos irr 'lãos em Cristo, portanto merecedc~es igualmente de Sua Graça. As Equipes de Nossa Senhora, nos oferecem através de sua estrutura, os meios para nos colocarmos, sem máscaras, diante de Deus, de modo pessoal, através da Escuta da
Palavra, Meditação e Regra de Vida. Como casal, colocamos-nos despidos de subterfúgios, frente a Cristo através da oração conjugal e o diálogo conjugal; e ainda como comunidade temos a oportunidade de os expormos ao Pai, com nossas virtudes e limitações, durante a reunião de equipe onde oramos para o mesmo Deus, refletimos a palavra do mesmo Cristo, trocamos idéias sobre o mesmo tema, partilhamos os esforços para o crescimento espiritual vividos nos mesmos meios de aperfeiçoamento, co-participamos a vivência de filhos de um só Deus. Para culminar esta caminhada, repletos que estamos de tantas graças, não conseguindo mais conter tamanha maravilha, temos oportunidade de deixar transbordar o cálice de nossa vida, na convivência com outros irmãos equipistas que, tal qual nós, viveram durante o mês as mesmas alegrias que o Movimento oferece. Aí temos então a grande festa, todos falando a mesma língua, todos entendendo os sinais, todos sendo irmãos, formando um imenso coral, entoando afinados o mesmo canto, em unidade com o Pai, o Filho e o Espírito Santo, regidos por Maria e anunciando:
uo Senhor fez em mim maravilhas! Santo é o Seu Nome!' Célia e Marsola Eq. 4 - N.S. Bom Parto Santos/SP
REUNIÃO DE EQUIPE CELEBRAÇÃO DE COMPROMETIDOS
Dói, em nossos corações, o fato de não ser entendido, por vários casais, o que é uma Reunião de Equipe. Para que uma Reunião de Equipe demonstre o verdadeiro sentido da comunidade eclesial que celebra ou até mesmo que testemunhe ser pequena Igreja que se encontra com Cristo, urge que se entenda o seguinte: - Não adianta ouvir sem participar. Não existe escuta sem resposta. É preciso dizer o Sim. É preciso responder a Deus; a entrega do Tema e Partilha demonstra a nossa fé, amor, vocação e perseverança nos compromissos que assumimos. - Se é a Reunião de Equipe o momento privilegiado para escutar o Cristo presente nos casais através da celebração litúrgica (orações, reflexões, troca de idéias, etc), vazio será este momento sem o Tema e Partilha, deixados de ser feitos por esse ou aquele casal. - O sentido do Tema de Estudo é refletir sobre a caminhada dos cristãos e o papel de cada casal equipista na história da salvação. Não se trata de fazer exercício intelectual, folclórico e até mesmo escolar. É uma resposta de vida, é um examinar de consciência vivencial daquilo que foi proposto e aceito pelo casal.
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- É imprescindível que o Tema seja lido e vivido pelos dois durante o mês, bem antes de ser respondido. Não se deve apanhálo momentos antes de entregá-lo para a reunião preparatória. A razão fundamental de resposta do Tema e Partilha é amadurecer e dar crescimento de vida aos cristãos casados, cujo trabalho deverá ser feito conjuntamente (marido e mulher). - Durante a partilha, cada casal diz aos outros, que escutam atentos, como respeitou a regra do jogo (PCE) durante o mês. Fala o que cumpriu, as descobertas feitas, e também aquilo que tenha falhado, os pontos fracos para os quais solicita ajuda da equipe. Ajuda que pode traduzir-se em sugestões, conselhos, apoio de encorajamento fraterno, ajuda também na oração de todos. Sem a Partilha, a Reunião de Equipe nunca foi, e tampouco será, o momento mais importante do encontro - Igreja comunhão - daquele grupo de casais que decidiu formar uma pequena comunidade eclesial. A Carta Mensal de Junho 92 enfatiza: "Se as equipes de base do Movimento das Equipes de Nossa Senhora aspiram não simplesmente estar na Igreja, mas de fato ser Igreja, então não podemos ser grupos que se abastecem a si mesmos, que se reúnem para cumprir uma formalidade, para cumprir uma mera obrigação". Sem os pontos concretos de esforço, a Reunião Mensal perderá o 30 - CM Setembro/93
sentido de Comunhão, de comunidade cristã. Sem partilhar, a Igreja (família) torna-se individualista e não é a igreja de todos, como semente da única videira que é Cristo. Para que as equipes de base vivam como comunidades eclesiais, é preciso que cada casal cumpra a metodologia proposta pelas ENS, acolhendo, com gratidão, o dom do Espírito Santo, que nos chama a sermos leigos responsáveis. Que a Rainha da Paz nos ajude na caminhada. Maria do Carmo e Arlindo CR - Coordenação Brasília A PARTILHA
Tem-se notado que até hoje a partilha não foi bem entendida pela maioria das pessoas e por isso há uma fuga ou uma pressa em desenvolver este momento da reunião das Equipes de Nossa Senhora. Em primeiro lugar, devemos deixar claro que a partilha não é vivida somente na reunião da Equipe, mas um empenho que se faz durante todo o mês, para, aí sim, na reunião fazer a devida avaliação. Até no "dever de sentar-se" devem ser colocados os sucessos, fracassos, descobertas, alegrias, etc. Ficou bem claro no último EACRE que não é difícil fazer o que se entende por partilha; basta,
como já dissemos antes, um empenho para tal. Baseado nas três atitudes que devemos adotar para viver a partilha: 111 • Cultivar a assiduidade em nos abrir à vontade e ao amor de Deus. Esse cultivar a assiduidade nada mais é do que saber ler e entender o que o Pai nos diz na Sagrada Escritura e sermos assíduos, constantes, atentos. Deveríamos ter a Bíblia como nosso código de conduta; mas como usar esse Código se nem o procuramos conhecer? Essa assiduidade tem que ser diária e não somente quando se tem vontade de fazê-la, ou quando não tem outros livros que mais nos interessam; tem que haver até uma rotina para podermos escutar, realmente, o que Deus nos quer falar, qual a Sua vontade, e o que devemos fazer. Devemos nos habituar com a sua Palavra. 211 • Desenvolver a capacidade para viver a Verdade. É fácil enxergar o outro ou os outros como eles são: vendo defeitos, dificuldades, intolerância e até a falta de vontade. Mas nós conseguimos ver a nós mesmos como realmente somos, sem fingimentos? Somos capazes de sermos nós mesmos para nós mesmos, reconhecendo nossas faltas, dificuldades, preguiça, falta de vontade de nos comprometermos com Cristo? É chegada a hora de assumir essa verdade e se for negativa, reconhecendo falhas , procurar traba-
lhar nelas para vencê-las; se for positiva, ótimo, está um passo à frente. É seu dever, agora, ajudar quem está mais atrás, não se omitindo nas colocações sobre a partilha que poderão ajudar a Equipe a crescer. 311 • A vida em comunhão. Colocar-se em comum união, vivendo uma amizade sincera, sem reservas, procurando ajudar o outro em suas dificuldades, doando-se por amor. Dando-se a conhecer, sendo transparentes para poder ser ajudado, ou ajudar o outro a caminhar. Devemos ter sempre presente que a partilha nos ajuda e ajuda toda a Equipe se ela for feita com amor, dedicação, descobertas e doação. Therezinha e Weenis C.L. Equipes 3 e 4 Araraquara/SP UM GESTO CONCRETO
Sempre que nos reunimos, não é raro falarmos da importância do fortalecimento da nossa fé, para melhorar a nossa aproximação com o Criador. Esta virtude, às vezes, nos parece mais fortalecida quando fazemos bom uso das ferramentas que o Movimento das ENS nos oferece e que, nem sempre, recebem, de nossa parte, a devida atenção. Quando voltamos de mais um Retiro, por exemplo, notamos que alguma co usa pulsa diferente dentro de nós; nem por isso podemos CM Setembro/93- 31
afirmar que a nossa fé saiu fortalecida, mas sim que estamos reabastecidos de depósitos que poderão fortalecê-la, caso nos dispusermos a transformar, pelo menos, um desses depósitos em gesto concreto. Para isso podemos nos valer da Regra de vida ou qualquer outro meio que nos permita essa realização. No momento em que tanto se discute a falta de credibilidade, nós equipistas não podemos deixar-nos abater por esses pensamentos negativistas, nem tampouco perder a fé nos homens, imagem e semelhança de Deus, por onde o Divino Espírito Santo manifesta-se e se faz presente entre nós. O mundo que todos nós sonhamos e que a humanidade tanto
necessita, certamente depende de cada gesto que tornamos concreto (fazemos a vontade do Pai), não apenas perante ao Movimento, mas sobretudo na família, no trabalho, no lazer ou em qualquer lugar em que nos encontramos. São nos momentos mais difíceis, quando as coisas nos parecem mais obscuras, que devemos mostrar a autenticidade de nossa fé cristã. Pois são nas noites mais escuras que percebemos com mais nitidez a presença dos vagalumes nos campos da vida. É procurando ser um sinal de luz, através de um testemunho de vida cristã, que talvez se conquiste a nossa missão mais sublime. Dalvinha e Edmilson Equipe 50 Brasília/DF
AS EQUIPES DA PRIMEIRA HORA Eu as conheço. Respeito-as e admiro-as por tudo o que já fizeram pelo Movimento no Brasil, abrindo com esforço, entusiasmo e dedicação as picadas pelas quais hoje caminham os casais mais jovens, continuadores da sua missão. Sei que Deus ama esses equipistas que, no seu tempo, trabalharam generosamente pela difusão da espiritualidade conjugal, aproximando de Deus tantos casais brasileiros. Devemos olhá-las com carinho e respeito, com dedicação e o apoio de uma presença amiga, como os bons filhos olham para os seus pais idosos. É preciso que o Movimento lhes abra um espaço adequado às suas condições atuais e saiba utilizar o imenso potencial interior que ainda possuem. Quem conhece o Antigo Testamento. deve lembrar-se de que quando o Povo de Israel foi atacado por forças inimigas, Moisés que já era idoso e não podia mais dirigir um combate nem empunhar uma lança, subiu ao monte para rezar. De braços erguidos intercedia por seu povo que lutava na planície. Quando baixava seus braços cansados os israelitas começavam a recuar. Foi preciso que Aarão e Hur que o acompanhavam mantivessem seus braços erguidos até a vitória final. (Ex. 17,8-13). Por que não 32 - CM Setembro/93
fazer dessas equipes os braços erguidos do Movimento alcançando de Deus, pelas suas orações, as graças, as forças, as luzes, a perseverança e a vitória para os que lutam "na planície"? Confiemo-lhes tarefas ao seu alcance. Confiemo-lhes o êxito de nossos encontros, de todos os nossos trabalhos. Deus ama esses equipistas e sua oração é poderosa como a oração do justo porque ao longo de sua longa vida sofreram os "ventos e as tempestades" e permaneceram fiéis. Há um caminho para chegar até eles - o Casal de Ligação. Em nosso setor D de São Paulo, o C. L. reúne-se a cada três meses com os C. R. das equipes por eles ligadas. O C.R. da equipe antiga também comparece. Contribuem com sua experiência e renovam seu espírito diante dos esforços e do entusiasmo dos mais jovens. Com que alegria os casais da minha equipe, uma das mais antigas do Movimento, encontram-se com o nosso jovem casal de ligação. Tem a idade dos nossos netos. Revemo-nos nele que vive hoje essa doação que já vivemos e segue os caminhos que já trilhamos. Deus ainda espera muito desses casais da primeira hora. Espera a ajuda que nos podem dar- sua experiência, uma colaboração adequada às suas possibilidades, o incentivo da sua presença e, sobretudo, a manifestação de sua fé e de sua esperança. Deus ama a quem dá com alegria e lembremo-nos de que "Àquele a quem muito se deu, muito será pedido". Unamo-nos com respeito e amor. Nancy C. Moncau
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O PRIMEIRO, ABRAÃO ... Deus, teria inúmeras maneiras de distribuir Seus dons. Se fosse um tímido, se se prendesse a julgamentos precipitados e sem base, repartiria seus dons em doses rigorosamente iguais para todos. Ninguém se poderia queixar: ninguém teria nada a mais, nada a menos. Tudo numerado, etiquetado, registrado ... Seria indigno da imaginação criadora de Deus. Seria de incrível monotonia, como se todas as criaturas humanas tivessem o mesmo rosto ou todas as flores tivessem a mesma forma, a mesma cor, o mesmo perfume. Deus aceita o risco de parecer injusto. Ninguém deixa de receber, pelo menos, o indispensável. Mas há quem recebe com largueza estonteante. No caso, aludimos as verdadeiras riquezas : as riquezas interiores. E há os ricos de dons divinos, os privilegiados da graça. Deus parece injusto, mas não é. Pede mais de quem recebe mais. Quem recebe mais, recebe a função dos outros. Não é maior, nem melhor, é mais responsável. Deve servir mais. Viver para servir. Há talvez quem se apresse a dizer - e, perdoe, sem muita convicção e sinceridade - que o seu caso é o de quem recebeu, se recebeu, apenas o essencial. O que importa não é pesar, medir, contar os dons recebidos . Não 34 - CM Setembro/93
é ter recebido muito ou pouco. Importante é a firme decisão interior de responder ao máximo, e de servir. Deus, pensando em todos, chama alguns. Decide-os a pular no escuro, a partir, caminhar. Provaos, através de sacrifícios terríveis. Mas sustenta-os, encoraja-os. Dálhes a missão arriscada e bela de ser instrumentos de chamadas divinas. Encarrega-os de ser presença discreta na hora decisiva de opções. Deles faz animadores de caminhadas de outros. Torna-os sinais de Deus, quando surgem as provações. Abraão foi chamado por Deus. Não vacilou um instante. Partiu. Caminhou. Enfrentou provações dificílimas . Aprendeu, à própria custa, a despertar irmãos, em nome de Deus. A chamar, a encorajar. A pôr em marcha ... Judeus, Cristãos e lslamitas conhecem-lhe a história. Como se chamará, dentro das outras grandes religiões, o pai dos crentes, o animador das caminhadas? ABRAÃO recebeu muito? Respondeu muito. Respondeu ao máximo. SERVIU!. .. " "ÀQUELE A QUEM MUITO SE DEU , MUITO SERÁ PEDIDO" (Lucas 12-48) Auxiliadora e Petrônio Equipe - 02 - N.S. Auxiliadora Divinópolis/MG
S.O.S.- FAMÍLIA A Carta Mensal de junho-julho publicou notícias sobre o S.O.S.- FAMÍLIA, das Equipes de Nossa Senhora, de Bauru. Ficamos interessados em conhecer esse serviço de amor e, por isso, ao passarmos uns dias de férias naquela cidade, visitamos a sede do S.O.S. -FAMÍLIA. Era uma quinta-feira, à noite. Recebeu-nos o atencioso casal Laila e Augusto, que nos colocou a par de tudo: idéia inicial, estrutura, finalidade, meios, etc. Vimos algumas fichas, ou anotações sobre pessoas e casais atendidos, bem como soubemos de seu encaminhamento a médicos, psicólogos, advogados, sacerdotes e outros. No final da conversa, recebemos dois formulários: Cadastro (minucioso) e Folha de Encaminhamento. Quando já estávamos informados, chegou um casal. Ficamos satisfeitos, pois iríamos assistir a um atendimento, o que nos proporcionaria testar aquilo que ouvíamos. Enganamo-nos - com muita satisfação. O casal recém-chegado era a Francisca e o João Celso Lazarini, da Equipe 1, de Rio Claro, o qual, como nós, desejava obter esclarecimentos sobre o S.O.S. - FAMÍLIA, para implantá-lo em sua cidade. Isto nos alegrou, pois vimos, concretamente, que a Carta Mensal está cumprindo uma de suas missões, qual seja a de congregar as famílias em torno da Família. Deixamos aqui o nosso agradecimento ao querido casal Laila e Augusto pela carinhosa acolhida e parabenizamos o Setor e as Equipes de Nossa Senhora, de Bauru, pelo meritório serviço colocado à disposição das Famílias. Nilza e Maurício da Equipe da Carta Mensal
ENCONTRO INTERNACIONAL DE FÁTIMA- JULHO 1994 A Equipe da Carta Mensal tem recebido, por um lado, algumas indagações sobre o Encontro Internacional e, por outro, algumas informações sobre casais e equipes que já estão pensando em se organizar para participar. É evidente que não cabe à Equipe da Carta Mensal promover qualquer organização deste tipo; a alegria de servir nossos irmãos equipistas nos vem -em doses maciças! - do trabalho de montar este meio de formação, informação e comunicação que é a Carta Mensal. Dentro desta perspectiva, porém, de comunicação, colocamo-nos à disposição dos interessados para divulgar nestas páginas, tanto o que vem sendo organizado, nas diversas Regiões do Brasil, quanto o interesse que os casais eventualmente tenham em participar de grupos que se organizam. Enviem-nos seus comunicados. Teremos prazer em divulgá-los. CM Setembro/93 - 35
A DETERIORAÇÃO DA TV ALIMENTA A CORRUPÇÃO Nós, bispos católicos do Brasil, participantes da 31 1 Assembléia Geral da CNBB, decidimos unanimemente dar a público um pronunciamento explícito sobre a ética na TV, no Brasil de hoje. Movem-nos a esta tomada de posição quer a importância que, em sintonia com todas as instâncias da Igreja, atribuímos à comunicação e aos meios de comunicação social, quer o amplo e aprofundado debate que, nestes últimos meses, vem se travando em todos os âmbitos e escalões da sociedade brasileira sobre o tema ética na TV. Temos consciência da forte interpelação que nos chega, carregada de ansiedade e esperança, da parte dos fiéis católicos de todo o país, no sentido de erguermos clara e enérgica nossa voz de pastores. Compreendemos também que o assunto não concerne somente aos fiéis católicos, mas a toda a população, uma vez que estão em jogo a moral cristã, a ética em geral, o humanismo autêntico e a exigências de um verdadeiro patriotismo. Congregados , portanto, nesta instância mais alta da Conferência Nacional, manifestamos nossa grave preocupação diante do quadro de deterioração da TV em nosso país. Tal deterioração, que de um lado reflete e de outro alimenta 36 - CM Setembro/93
a corrupção vigente na sociedade brasileira, está patente em partes substanciais de suas programações. Preocupam-nos vivamente a difusão da violência sob todas as formas: as obscenidades em palavras e atos, bem como a vulgaridade e atentados ao pudor difusos na programação; a ausência de verdadeiro processo educativo e cultural; o modo insuficiente e inadequado com que se trata o problema da miséria e da fome, que assolam amplas camadas da população enquanto se incentiva um ideal de doce vida, calcada em gozo e no poder; noticiários elaborados de modo a propagar a delinqüência; a manipulação da informação a serviço de interesses de indivíduos e grupos; a exploração do sentimento religioso do nosso povo. Não se justifica nem se pode tolerar a ostentação da licenciosidade em novelas, entrevistas e programas humorísticos de péssimo gosto. Agrava o quadro a exibição de cenas degradantes de violência e pornografia que se faz em horários acessíveis a crianças e adolescentes. Bem sabemos que cabe aos pais a vigilância sobre os espetáculos vistos pelos filhos. Sabemos também que todos os "consumidores" da mídia devem receber adequada formação de seu senso
crítico para aquilatarem o valor estética, literária e político-ideolódos programas que lhes são progica. Propugnamos, sim, para que postos e para não absorverem o as redes concessionárias de camal que lhes é instilado. Quando, nais de TV tenham absoluto resporém, a produção televisiva se peito às normas expressas na mostra marcada, em grande parte, Constituição (art. 220-224), nopelos males da violência e da meadamente quando às suas finaobscenidade , torna-se praticalidades de informação veraz , mente impossível a vigilância dos objetiva e completa, educação, educadores e faltam alternativas cultura e sadio lazer. para os telespectadores em geral. Neste sentido desejamos, espeDeclaramos, sem ambiguidade, ramos e pedimos que: não desejar o retorno da censura • o Congresso Nacional implemente, sem mais demora, o artigo 224 da Constituição, Instituindo o Conselho de Comunicação Social como seu órgão subsidiário; • os responsáveis pela televisão- proprietários, diretores de programação, agentes publicitários, roteiristas, entrevistadores, humoristas e artistas em geral- com liberdade unida a responsabilidade, tomem a iniciativa de passar a limpo a TV sem o que não se passará a limpo a nação; • os pais e educadores, pastoralmente formados na sua consciência crítica, se empenhem, por sua vez, na formação da consciência dos filhos e educandos e na vigilância sobre os programas a que assistem; • os párocos e agentes de pastoral façam chegar aos fiéis esta nossa preocupação e o presente pronunciamento; • os anunciantes e patrocinadores, em nome da sua consciência moral e de seu senso cristão e patriótico, retirem todo o apoio a programas que deseducam e deformam o espírito; • os fiéis e as pessoas esclarecidas se abstenham de consumir produtos anunciados por meio de programas deletérios, violentos ou obscenos e façam saber aos anunciantes e patrocinadores seu repúdio ao apoio que se dá a esses programas; • os cidadãos conscientes digam "não a TV imoral", desligando seus aparelhos, e se organizem para manifestar seu protesto contra os maus programas. Da nossa parte , compropara o melhor uso possível dos metemo-nos a envidar esforços a meios de comunicação social. fim de formar, entre os sacerdotes Só com esses elementos conjue diáconos, seminaristas, agentes gados será possível coibir os exde pastoral, religiosos(as) e leicessos da TV; defender-se, como gos, pessoas bem preparadas cidadãos, contra os seus malefíCM Setembro/93 - 37
cios e exigir uma TV aderente à Constituição e sensível ao bemcomum do povo brasileiro. Como pastores, responsáveis por vastas multidões de fiéis no Brasil, e como cidadãos deste país cujos destinos nos preocupam e solicitam nosso zelo, queremos renovar nossos sentimentos de admiração pelos processos técnicos dos meios de comunicação social no Brasil; de confiança na capacidade que eles têm quando bem utilizados para a educação das jovens gerações; de reconhecimento pelos valiosos serviços prestados através dos bons programas de lazer, educação popular, conhecimento científicos etc; de apreço pela mídia, enquanto válido instrumento de evangeli-
zação, e de agradecimento aos canais de TV que abrem generoso espaço a programas religiosos e evangelizadores propostos pela CNBB, e pelos bispos e suas dioceses; de encorajamento ao esforço e trabalho das redes educativas e culturais que, em geral, têm contribuído para uma televisão de alto nível e respeitosa da ética. Por ocasião de mais um Dia Mundial das Comunicações Sociais, elevamos nossas preces a Deus por intercessão da Virgem da Anunciação e apresentamos aos comunicadores sociais, em todos os setores e escalões, cumprimentos e votos por sua tarefa e missão, em benefício da sociedade brasileira". ***
SOBRE O MAPEAMENTO DA FOME Não há muito tempo, a imprensa veiculou uma triste e comovedora notícia, capaz de envergonhar qualquer brasileiro. No Nordeste, uma criança de nome Anselmo, pouco antes de morrer, por desnutrição, alimentando uma última esperança, perguntou: "Mãe, no céu tem pão?" Esse acontecimento reflete o quadro de extrema pobreza da nossa gente, que muito tem concorrido para deformar a dignidade das pessoas, representando, no dizer de Dom JOSÉ CARLOS DE LIMA VAZ, "uma chaga aberta na pretensão de vivermos numa sociedade que se pretende humana". Estudos realizados recentemente pelo Banco Mundial e pelo Instituto de Pesquisa Econômica aplicada (IPEA) revelam dados, alarmantes e estarrecedores, que poderão levar o Brasil a um colapso sócio-econômico, pois um terço da população já foi atingida pela miséria! Os documentos divulgados demonstram a grave situação de indigência do nosso povo, provocando do próprio Presidente da República a declaração de que "vivemos um estado de emergência social".
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Para se ter idéia desse dramático estado de pobreza do povo brasileiro, basta conhecer alguns dos dados pesquisados. De acordo com as pesquisas do Banco Mundial, dos 130 milhões de pessoas pobres da população latino-americana, 44 por cento estão no Brasil, o equivalente a 57,2 milhões, sendo mais de 30 milhões de indigentes. Juntamente com o Panamá e o Perú, o Brasil está entre os três países onde a pobreza mais cresce nos últimos dez anos, tendo afetado 40 por cento da população, com 18 por cento de extremamente pobres. Em matéria de renda per capita, o Brasil está no mesmo nível da Guatemala e pior que Honduras, sendo que os 57,2 milhões de pobres só detêm 2,1 por cento do Produto Interno Bruto (PIB). Segundo os indicadores do "Mapa da Fome", elaborado pelo IPEA, o terço da população que vive na miséria não ganha o suficiente para comer, mora mal ou nas ruas, é constituída de desempregados, subempregados ou escravos do trabalho e não recebe assistência médica. A pobreza é mais intensa no Nordeste, com 45 por cento das famílias pobres, correspondendo a 29,9 milhões de pessoas, dos quais 18,9 por cento são indigentes. Nesta região, em 1989, de cada mil crianças foram registradas 75 óbitos. Dos 32 milhões de miseráveis que vivem em estado de completa indigência, embora o Nordeste seja recordista, não se encontram em melhores condições as favelas e assentamentos próximos às grandes regiões metropolitanas. O número de indigentes em todo o país, no ano 1990, estava em torno de 31 .670.096. Se consideradas as famílias indigentes (rendimento per capita igual ou inferior a 1/4 de salário mínimo, inclusive sem rendimentos), por região, os números são os seguintes: Norte- 169.729 indigentes e 396.033 pobres; Nordeste- 3.756.512 indigentes e 6.473.989 pobres; Sudeste- 1.792.315 indigentes e 4.588.326 pobres; Sul815.537 indigentes e 2.035.730 pobres; Centro-Oeste- 375.821 indigentes e 910.024 pobres. O número de famílias , no Brasil, excluída a área rural da região Norte, perfaz um total de 6.909.913 indigentes e 14.404.102 pobres. Diante dessa cruel realidade, cabe-nos, a todos os cristãos, refletir sobre qual é a efetiva contribuição que poderemos dar, no sentido de promover o combate à fome e à miséria, em busca de uma solução definitiva para erradicar essa chaga que nos envergonha. Adalberto e Helaine Equipe de Reflexão Brasília-DF
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HUMANAE VITAE- UMA PROFECIA Tirando, com um sopro ou com a ponta do dedo, a poeira do tempo, consigo evocar dois pequenos episódios de redondos 25 anos atrás. O então núncio apostólico, depois cardeal Sebastião Baggio, convoca o jovem bispo auxiliar de São Paulo, antigo assistente nacional do Movimento Familiar Cristão, entrega-lhe antecipadamente, e sob rigoroso segredo, um documento papal que ainda está para ser publicado e o encarrega de apresentar à imprensa, três dias depois, 25 de julho de 1968, nada menos do que a encíclica Humanae Vitae. Um mês depois, em Medellín, na Colômbia, no correr da 11 Conferência-Geral do Episcopado Latino-Americano, é o mesmo bispo quem responde às perguntas insidiosas da imprensa internacional a respeito do mesmo documento. Usei, nas duas oportunidades, a mesma expressão que leria, em seguida, sob a pena de muitos comentadores: "A Humanae Vitae, um grito profético de Paulo VI". Quem, no rumoroso texto, só leu o debatido n2 14 , sobre "os meios ilícitos para a regulação da natalidade", polemizou com as afirmações nele contidas e se fechou às outras considerações da encíclica, teve dificuldades em ver o forte clamor profético que nela percebemos. Ora, 25 anos depois, é evidente que o idoso pontífice, atento aos "sinais dos tempos", como verdadeiro profeta, denun40 - CM Setembro/93
ciou algumas perversões características da cultura daquele tempo e anunciou as atitudes a tomar, mesmo contra a corrente, para diminuir os efeitos maléficos de tais perversões. Para falar, nesta coluna, de apenas uma delas, permito-me recordar que Maio de 1968 acontecera só dois meses antes: estavam incandescentes e faziam ainda grandes estragos as lavas do inesperado, inimaginável "chienlit". Mais do que um "grafitti" irreverente e provocatório, "é proibido proibir' fora uma profissão de fé anárquica e um grito de guerra, ao impacto dos quais, juntamente com alguns símbolos da hipocrisia reinante, se espatifaram também inderrogáveis valores éticos, morais, religiosos e espirituais. E, em compensação, surgiram ou se consolidaram dogmas mais rígidos do que os antigos e execrados. Entre outros, os que alimentam aquela espécie de "religião" que se chamou "revolução sexual" ilimitada confiança na tecnologia, aceitação das manipulações da técnica sobre o homem, desmedida exaltação da autonomia e da subjetividade do indivíduo, o prazer como critério da bondade e retidão dos atos humanos, a eliminação do divino - e daí um incontrolado permissivismo sexual. A experiência da sexualidade humana e os comportamentos sexuais sofreram, como conseqüência, um pro-
cesso de deterioração que parece não ter chegado ainda ao termo. Tentando desenhar de maneira plástica os caminhos da deterioração, penso que é justo traçar o seguinte itinerário: Casamento, sim; filhos não; Amor, sim; casamento não; Sexo, sim; amor, não; Gozo, sim; sexo (= diferença sexual), não; Prazer sexual, sim; responsabilidade, não; Na espécie da antropologia degenerada que se engendra a partir de semelhantes postulados, afirma-se o homem como senhor e dono do seu corpo e de tudo o que o rodeia. Mas este senhorio revela imediatamente seu sentido: cada indivíduo faz do corpo o que quiser, contando que seja como fonte inesgotável de todos os prazeres. Neste momento, porém, o corpo passa a ser mero instrumento de libido e erotismo e, como notam agudamente alguns teólogos, o corpo não é mais uma parte substancial do "eu", é uma mera prótese ou apêndice , exterior, adventício. A conseqüência, que alguns não têm a coragem e a hombridade de tirar, é que, nessa antropologia, a pessoa é uma realidade, o corpo, outra totalmente separada. Portanto, o corpo pode ser considerado simples peça do jogo erótico, "mera zona franca de livre comércio sexual, isenta de toda e qualquer normativa ética" {cf. A Verdade vos Libertará, da Conferência Episcopal Espanhola).
Ora, tal antropologia divorciada da ética e da moral está nos antípodas da antropologia cristã, arraigada no Jesus das bemaventuranças e no apóstolo Paulo. Divorciada até de certas antropologias que, embora pagãs ou précristãs, se baseiam num humanismo autêntico e, por isso, integram o corpo numa visão infinitamente mais abrangente da pessoa humana. Pois bem, longe de se reduzir a uma única diretriz da ética sexual (a do n° 14, contra os métodos artificiais de planejamento), a encíclica Humane Vitae quis, e quer, responder e, até certo ponto, contestar as reivindicações mais significativas e mais deletérias da revolução sexual - o direito de decretar: "O meu corpo é meu e dele faço o que bem entendo" (quando a antropologia mais sensata diz: "O meu corpo sou eu e faz parte do meu destino último"), direito ao prazer a qualquer preço; direito de ser o supremo critério de toda ação, acima de qualquer valor ético, acima do bem ou do mal. Profética a Humanae Vitae foi ao denunciar a perversão embutida na revolução sexual: falso conceito do composto humano de corpo e alma; falso conceito do próprio corpo; falso conceito da sexualidade, de suas finalidades, do seu comportamento, da sua influência sobre a pessoa. Profética, igualmente ao propor uma concepção do sexo em sintonia com todos os outros valores humanos. Do sexo aberto ao juízo e avaCM Setembro/93 - 41
liação éticos e morais. E, visto que o agir moral que rege a sexualidade é o mesmo que rege a política, a economia, a convivência social e a ecologia, digamos sem medo que a Humanae Vitae foi uma profecia em favor da pessoa humana, da sociedade humana e de tudo
quanto há de mais humano em qualquer comunidade.
Dom Lucas Moreira Neves Cardeal-arcebispo de Salvador e primaz do Brasil. (Em O Estado de S.Paulo)
Prezados Irmãos da Equipe da Carta Mensal: Com o recebimento da carta mensal n11 292 junho e julho, não poderíamos deixar de agradecer, bem como, de colocar nossa opinião sobre as alterações inclusas na mesma. Sentimos que a Carta se tornou mais comunicativa com melhor aproveitamento dos espaços, com a retirada das fotos que chegavam a ocupar quase uma página inteira. A abertura com a seção "Acolhida", ficou mais receptiva e aproximando mais a equipe da Carta dos demais equipistas. Na seção "Intercâmbio", como temos no Brasil6.000 equipes, seria interessante que fosse incluído em cada carta mensal a distribuição destas equipes por estado. Com isso aos poucos estaríamos divulgando um maior intercâmbio e mobilizando mais as equipes. Quanto ao texto de meditação, consideramos que ficou mais pratico, induzindo mais a utilização do Evangelho, possibilitando interpretações mais pessoais. Um grande abraço da "Equipe dos Pampas". Eva e Lecey Equipe 06/B - N.S. do Rosário Porto Alegre/AS Nossa equipe, após a fase de pilotagem, começa a dar seus primeiros passos. Nessa oportunidade queremos agradecer ao casal Cinira e Oscar (Equipe 06, Piracicaba) por ter-nos convidado a participar da experiência comunitária e por compartilharem conosco, durante todos estes meses, de sua simpatia e amizade fraterna. Por mais que o tempo passe jamais vamos esquecê-los, seu exemplo sempre caminhará conosco. Nosso agradecimento se estende ao nosso C.E., Padre Luiz, que com sua humildade nos transmite a palavra de uma forma simples, guiando-nos à prática do amor a Deus. E ao nosso primeiro C. R. Maria Vilma e Paulo, pela gratuidade com que abraçaram essa tarefa, contem conosco pro que der e vier. Louvamos e agradecemos a Deus por tê-los conosco, que a Virgem Santíssima abençoe todos vocês. Equipe 09 - Nossa Senhora de Lourdes Piracicaba 42 - CM Setembro/93
EXPANSÃO - SOPRO DO ESPÍRITO SANTO Graças a Deus, mais casais estão sendo chamados a aprofundar a vivência do Sacramento do Matrimônio e a refletir sobre a vida em família. Desta vez o local escolhido pelo Espírito Santo foi a cidade de Itabaiana, Sergipe, distante 64 Km de Aracaju . Tudo começou com a chegada do novo pároco Pe. Valtewan que tivera uma rápida experiência com as ENS em Brasília. Recém-chegado, logo contatou o Arcebispo diocesano D. Luciano Cabral Duarte a quem falou da importância do movimento das ENS, no que teve a melhor acolhida. A partir dai , através de Lourdes e Sobral (CRR Centro-Norte) a notícia chegou a Zélia e Justino (CRR Nordeste) que tudo prepararam e para lá foram para uma Informação. Tudo estava organizado conforme as orientações e no dia combinado, 22 do mês consagrado a Maria, 21 casais davam o seu SIM à caminhada e agora incorporam-se ao Movimento as equipes: 01 - N.S. de Fátima; 02- N.S. Aparecida; 03- N.S. do Bom Parto, pilotadas, respectivamente por Zélia e Justino; Socorro e Almeida; Mercês e Ismael, todos do Setor Recife. Por outro lado Pe. Valtewan, no entusiasmo da juventude de seus 28 anos, assume como C.E. das três equipes, havendo a possibilidade do Bispo Auxiliar D. João Maria Messi (ex. C.E. de equipe em Curitiba/PR) vir a assumir uma delas. Após a 11 reunião de pilotagem em 19.06, Zélia e Justino sentem que vale a pena e que todo o esforço dos 1320 Km de ida e volta (mês a mês) faz sentido, quando o objetivo é trabalhar pelo Reino. Agradecem a Deus por terem colocado Socorro/Almeida e Mercês/Ismael em seu apoio. Só encontram resposta, além da ação do Espírito Santo, na coerência entre a Fé e Vida e na consciência do lema deste ano: "Àquele a quem muito se deu muito será pedido" (Lc. 12,48).
EXPERIÊNCIA COMUNITÁRIA - I Convidados pelo Setor B de Juiz de Fora/MG, para coordenar a primeira Experiência Comunitária, a princípio vimos obstáculos e ficamos temerosos, mas pedimos a intervenção do Espírito Santo e demos nosso SIM. Orientados e apresentados por Sandra e Calil fomos para a 11 reunião, na comunidade do Vale dos Bandeirantes onde sete casais e o pároco Con. Maurício nos receberam muito bem. Os casais, de há muito, colaboravam na pastoral da paróquia e queriam conhecer as ENS. Através das apostilas iniciamos nosso trabalho que foi se desenvolvendo de forma gradual e didática e levando os participantes a perceberem a importância do ser casal e do ser comunidade, do ser missionário em todos os momentos e todos os lugares. Os casais foram assíduos e formaram-se em grupo coeso e interessado. Aquele nosso medo inicial tornou-se alegria e aprendemos muito com eles. CM Setembro/93 - 43
Ao final da experiência, todos estavam convictos que desejavam participar da vida de equipe. Chegou então, a pilotagem e nós mesmos fomos chamados para essa missão, agora confiantes de que nossa Mãe continuaria conosco e com muita alegria também pelo vínculo de amizade que agora nos une a esses casais. Deu-se início à pilotagem em abril de 1992 sob a invocação de N.S. Auxiliadora e no dia 13 de Maio, numa homenagem a Maria, a equipe foi apresentada na Igreja do bairro. Foi uma experiência maravilhosa e queremos dizer a todos os leitores que quando forem chamados para coordenar esta experiência não percam esta oportunidade pois terão a mesma alegria que estamos tendo. Vemos aí um caminho de apostolado e também de expansão do Movimento, levando a outros casais as riquezas de encontrar na vida cristã sua oportunidade conjugal, familiar e Comunitária. Carolina e Flávio Equipe 5 - N.S. da Anunciação Juiz de Fora/MG
EXPERIÊNCIA COMUNITÁRIA - 11 Em busca de uma maior aproximação com Deus, enquanto casal, participamos por nove meses do grupo de experiência comunitária da Igreja da Glória, em Juiz de Fora/MG e, ao final concluímos por sua enorme validade já que nos introduziu, de forma gradativa numa vida mais religiosa ensinando-nos a orar, a estudar os fundamentos da nossa religião, assim como os compromissos que devemos honrar enquanto cristãos e filhos de um mesmo Pai. Acreditamos, ainda, que no futuro colheremos mais frutos desse trabalho, pois, ingressando na Equipe 29, teremos condições de adptarmo-nos melhor aos compromissos desta e aos estudos em si. Somos gratos pela ótima coordenação que recebemos do casal Rosal i e Cleber (Eq. 1O) concluindo que: São Tomé viu e creu; assim como ele muitos crêem quando vêm. Desta forma deixamos uma mensagem aos casais que ainda não participam de movimentos religiosos: Venham, vejam e então decidam se crêem ou não. Garantimos que não se arrependerão". Suely e Marinelson Equipe 29/8 Juiz de Fora/MG
NOITE DE REFLEXÃO Reunir casais equipistas para uma noite de reflexão foi a responsabilidade das equipes 03 e 16 do Setor de Taubaté/SP. Que tema escolher? Como não poderia deixar de ser, o Espírito Santo atuou e a idéia de analisar a Conferência de Santo Domingo foi muito oportuna. Pe. Pedro Lopes, de maneira clara objetiva, expos o assunto, possibilitando uma reflexão no sentido de fazer cada um repensar em seu papel como equipista e cristão , de "renovadores" que tem 44 - CM Setembro/93
que ir ao encontro do próximo. A idéia é não ficar à espera, mas buscar, entrosando-se nos movimentos familiares através das Pastorais. Esta reflexão veio uma vez mais colocar as equipes diante do lema •àquele a quem muito se deu muito será pedido", chamando-nos à responsabilidade e busca da vontade de Deus. Equipe 01 (Comunicação) Taubaté/SP
ADEUS PE. JAN VAN DEAL Nascido na Bélgica, sacerdote da Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus "Dehonianos". Chegou ao Rio de Janeiro há pouco mais de 2 anos trazendo como missão trabalhar e ajudar as comunidades Carentes, pois a Paróquia Bom Jesus é circundada por favelas. Falava português meio enrolado, mas o suficiente para transmitir amor e esperança aos necessitados. Aceitou ser conselheiro Espiritual da Eq. 70 - N.S. da Penha, Setor O/Rio 111 e nas reuniões nos transmitia sua experiência de amor ao próximo. Recebendo ajuda financeira da Bélgica e Alemanha transformava esses recursos em auxílio aos necessitados sob forma de material para reconstrução de barracos, remédios e alimentos, tudo distribuído através das Comunidades Carentes. Junto com a ajuda material também evangelizava, construía salas de catequese e pequenas capelas para melhor reunir as pessoas, como por exemplo a Capela de São Vicente no alto do Morro do Cruzeiro inaugurada em 21.09.93. Seu ideal era ajudar ainda muito mais mas foi solicitado a deixar o Brasil e retornar à Bélgica o que aconteceu em 29.09.92 num clima de grande tristeza e frustração das comunidades que se empenharam para que a decisão fosse revertida. Adeus Pe. Jan, que Deus reconheça aquilo que os homens não quiseram reconhecer. Os doentes necessitados, os meninos de rua, os deserdados da sorte vão perguntar por você, vão sentir sua falta e aguardar sua volta para continuar seu trabalho. Adeus Pe. Jan, a Equipe 70 continua a rezar por você e a pedir que Deus perdoe todos aqueles que não quiseram compreender a grandeza do seu coração. Cristo só fez o bem e recebeu como prêmio uma Cruz. Glória e Agostinho Gomes Eq. 70/D - N.S. da Penha Rio 111
NOVO BOLETIM Sabedores da necessidade da comunicação como elo das equipes a nível local, os casais da Eq. 06 N.S. de Lourdes de Santarém/PA tomaram a iniciativa de criar um informativo mensal das ENS que valoriza e estimula o trabalho de todos os equipistas daquela Coordenação.
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[. 'tr EVENTOS • Como faz todos os anos o setor das ENS de Taubaté, realizou em 15.05.93 sua Peregrinação a Aparecida. O tema "Maria e o Espírito Santo" direcionou a reflexão durante o percurso. O encontro com os equipistas de
Guaratinguetá e Aparecida ocorreu no pátio da Basílica em clima de grande alegria. O evento culminou na missa celebrada pelo Revmo. Bispo Diocesano. Por tudo o que vivenciaram neste dia, podem dizer que "o espírito de peregrinação permanece em nós até hoje".
Mini-Eacre em Juiz de Fora
• Durante o mês de abril/93 os C.L. do Setor B de Juiz de Fora/MG promoveram tardes de estudos com as equipes ligadas que, carinhosamente, designaram de "Mini-Eacres". A idéia surgiu no ano passado, por ocasião do Eacre de Belo Horizonte e os objetivos foram plenamente atingidos. Neste ano, com diversas dinâmicas, foi estudado o 46 - CM Setembro/93
Lema, Ser Comunidade, Coparticipação, Reunião como Celebração, além de uma forte parte de oração e uma gostosa confraternização durante o lanche. O equipista de base que há alguns anos vivia restrito à sua equipe, hoje está caminhando junto com as mais novas orientações do colegiado do nosso Movimento.
• Como já se tornou tradição, realizou-se mais uma vez, em 23.05.93, a Peregrinação Anual do Setor do Grande ABC (São Paulo Sul 1). Desta vez o local escolhido foi o Santuário de Nossa Senhora Schõenstadt em Atibaia/SP. Participaram 25 casais num clima de muita alegria, oração e meditação. Um momento emocionante ocorreu quando o ônibus dos equipistas cruzou, na Rodovia Fernão Dias, com a imagem peregrina de N.S. de Fátima e o grupo recebeu a bênção do sacerdote que acompanhava a imagem . • Cumprindo mais uma etapa de sua programação/93, o Setor do Grande ABC/SP realizou em 27.06 a sua 21 Tarde de Estudos, dirigida pelo C.E. do Setor, Pe. Airton sobre o tema "Nova Evangelização - Missão das ENS" . Os 32 casais presentes trabalharam em grupos o tema dividido em três pontos: a) O Movimento das ENS como um fato teológico; b) As orientações da Igreja e a Missão das ENS (cf. Santo Domingo); c) Missão do Movimento das ENS. • Aconteceu de 28 a 30.05.93, na Casa de Retiros Cura d'Ars o 12 Retiro de 1993 das equipes de São José dos Campos/SP. Participaram 29 casais e a pregação esteve a cargo do Frei Constância Nogara, OFM. Foi um período de extrema riqueza com pregação e reflexões sobre a Igreja e a Família. O retiro culminou com a Celebração
Eucarística no domingo de Pentecostes, deixando viva a presença do Espírito Santo em todos os participantes. CONSELHEIROS ESPIRITUAIS
• Em OS de junho último, em Guapiaçu/PR, Frei Aldo Pietrobon foi ordenado sacerdote, em cerimônia presidida por O. Armando Girio. O neo-sacerdote foi C.E. da equipe 1 do Setor do Grande ABC/SP, deixando muitas saudades, pois permanecerá em Guapiaçu como vigário. A equipe 1 esteve representada na ordenação pela presença de três casais e seus filhos. VOLTA AO PAI
• Dorací Teixeira da Silva (Dora do Otacílio) da Eq. 0-1 N.S. do Perpétuo Socorro de Pitangueirasil:B em 19.06.93, após longa enfermidade. No Movimento há mais de 16 anos, foi fundadora de sua equipe e várias vezes C.R. Membro do Apostolado da Oração e Catequista, muito querida por todos, especialmente as crianças. Sempre disposta, foi exemplo de dedicação e responsabilidade nas ENS e em tudo o que fazia. Deixa muitas saudades nos amigos, parentes e irmãos equipistas. • Pe. José Olivero, C.E. da Eq. 30/8 de Brasília/DF em 10.05.93. Foi substituído por Pe. Ivan Clementino da Silva (ordenado em 10.01.88). CM Setembro/93- 47
MUDANÇAS NOS QUADROS • V era Silvia e Olavo Antonio Cestari, substituíram a Jane e Pedro Gilberto Lima na missão de CRS de Dois Córregos/SP • Criada a Coordenação das ENS de Rio Claro/SP desmembrada de Piracicaba. Assumiram como responsáveis Francisca e João Celso Almeida Lazarini, tendo como C.E. Pe. Geraldo Bassi. • Na Missa comunitária de 04.07.93 celebrada por Pe. Renato, C.E. das ENS de Eiab.e.: táLB.J. e com a presença do CRR Rio 11 , Myriam e Galvão, tomaram posse como CRS Nelcina e Jobel em substituição a Dalfelí e José. O Setor conta atualmente com 09 equipes e 08 grupos de experiência comunitária, todos muito engajados na Igreja local, com trabalho na Pastoral da Criança, evangelização domiciliar de famílias , participação em Círculos Bíblicos, além de outras atividades que demonstram forte espírito comunitário. Os equipistas muito agradecem a Dalfelí e José por estes 5 anos de dedicação e pedem as bênçãos de Deus para Nelcina e Jobel.
NOVAS EQUIPES • Iniciada a pilotagem de duas novas equipes em Santarém/PA, sendo uma oriunda da Experiência Comunitária e outra formada por casais da Paróquia do Santíssimo, tendo à frente Frei
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Mauro (C. E. da Eq. 01 ). As novas equipes estão sendo pilotadas, respectivamente, por Rose e Celso (Eq. 05) e Olga e Gilberto (Eq. 01 ). Dois novos grupos de Experiência Comunitária foram iniciados. • "Sentindo que a mística do Movimento lhes fornecerá o húmus de que precisam para seu crescimento espiritual", dez casais que participaram da Experiência Comunitária decidiram fazer parte da família das ENS do Setor de Santos/SP e formaram duas novas equipes: - Equipe N.S. de Fátima (lançada em 13.05.93, dia de N.S. de Fátima) . C.E. : Mons. Ari C.P .: Célia e Marsola (Eq . 04) -Equipe N.S. Mãe de Jesus (lançada em 30.05.93, domingo de Pentecostes). C.E.: Pe. Eniroque Ballerini C.P. : Heide e Sebastião (Eq. 19)
ENGAJAMENTO PASTORAL O C.R . Coordenação de San.: tarém/PA, Jussara e Daniel, foi convidado a participar da IV Assembléia diocesana como conselheiros e representantes dos movimentos leigos. Com muito entusiasmo e iluminados pelo Espírito Santo, conseguiram colaborar para que a Família fosse colocada como primeira prioridade do Plano Pastoral da Diocese e também que entre as diretrizes da Igreja local fossem incluídos os movimentos leigos.
MEDITANDO EM EQUIPE (Sugestões para setembro)
Texto de meditação: Mt. 19, 3-12
A atitude de uma sociedade para com o sexo e o matrimônio mostra sua idéia do homem, da mulher, da vida: é questão de profunda dignidade humana. É uma questão fundamental de ética. Por duas vezes, no texto, Cristo se refere ao que era "desde o princípio". A ética do matrimônio vem inscrita no coração do homem pelo próprio Criador.
Oração litúrgica (No dia 14 de setembro celebra-se a Exaltação da Santa Cruz. E no dia seguinte, a Memória de Nossa Senhora das Dores. A oração aqui proposta é extraída da sequência lida durante a Missa de Nossa Senhora.)
De pé a Mãe dolorosa junto da cruz, lacrimosa, via o Filho que pendia.
Traga em mim do Cris:o a morte, da Paixão seja consorte, suas chagas celebrando.
ó santa Mãe, dá-me isto: trazer as chagas do Cristo gravadas no coração.
Por elas seja eu rasgado, pela cruz inebriado, pelo sangue do teu Filho!
Do teu Filho, que por mim entrega-se à morte assim, divide as penas comigo.
No Julgamento consegue que às chamas não se entregue quem por ti é defendido.
Oh! dá-me, enquanto viver, com Cristo compadecer, chorando sempre contigo.
Quando do mundo eu partir, dai-me, ó Cristo, conseguir, por vossa Mãe, a vitória.
Junto à cruz eu quero estar, quero o meu pranto juntar às lágrimas que derramas.
Quando o meu corpo morrer, possa a alma merecer do Reino celeste a glória!
Virgem, que às virgens aclara, não sejas comigo avara: dá-me contigo chorar.
Amém.
1994 SER FAMÍLIA HOJE NA IGREJA E NO MUNDO o
ANO INTERNACIONAL DA FAMÍLIA
o
CAMPANHA DA FRATERNIDADE
o
ENCONTRO INTERNACIONAL DAS ENS: FÁTIMA