ENS - Carta Mensal 297 - Dezembro 1993

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RESUMO • No Editorial deste mês, Pe. Olivier nos fala da reabilitação do amor e da família (pg. 2) . É também sobre a família que a ECIR conversa com todos nós (7), assim como dois casais, que nos falam da oração (11) e da vida conjugal (39). A família, ainda, é o assunto do Dia Mundial da Paz, 1Q de janeiro de 1994 (27). • Um bom número da matérias nos falam do Natal, a partir da pg. 12 e na Última Página. No centro da Carta (pg. 24/25), as mensagens de Natal da ECIR. • Duas matérias, sobre a humildade de Maria (9) e sua noite de Natal (1 O) nos falam este mês de nossa Mãe. • A preocupação com o aborto e sua legalização marcam nossa caminhada com a Igreja (26). Mas essa caminhada também nos leva a procurar melhor compreender a Encíclica Veritatis Splendor, sob a orientação segura de Dom Lucas Moreira Neves (28). • A seção Reflexão contém várias matérias sobre diversos aspectos do tempo litúrgico que estamos vivendo (33). • A política (40) e a indignação diante da violência (41) são temas da seção Atualidade. • A Vida do Movimento nos é contada no noticiário internacional (4) , nas notícias e informações dos setores (45), e num alerta sobre as "férias" (38). Boa leitura!


Queridos irmãos equipistas, Este número de nossa Carta Mensal marca o fim de mais um ano de graça do Senhor e a celebração do 19932 aniversário do nascimento de Seu Filho Jesus. De alguma forma, todo o conteúdo da Carta está dedicado à lembrança destes acontecimentos, na palavra de quantos, dos mais diversos cantos do Brasil, enviaram suas colaborações. Mas este número marca também o final de uma missão de oito anos que desempenhamos a serviço de nosso querido Movimento. A partir do primeiro número de 1994 - ano 34 de sua publicação no Brasil -a Carta Mensal terá novo casal responsável, substituindo-nos neste serviço. Não poderíamos deixar passar esta última Acolhida, sem expressar, a todos os que nos acompanharam nesta missão, a nossa mais profunda gratidão e o amor que nos une a eles. Em primeiro lugar, a todos os casais do Movimento, desde a ERI e a ECIR até os que estão entrando hoje. Obrigado pelo incentivo que sempre recebemos de todos, através da sua colaboração, de suas sugestões, de suas críticas e, sobretudo, de suas orações e seu carinho. Nosso profundo apreço e gratidão também ao nosso conselheiro espiritual, Frei Barruel, e aos casais que, na equipe da Carta Mensal, nos acompanharam no serviço comum, trabalhando, rezando e meditando conosco e transmitindo-nos, tantas vezes, a luz do Espírito Santo: Teresa e Seabra, Maria Célia e João, Nilza e Maurício, Therezinha e Veiga, Blanche e Lauro, Glorinha e Moacir, Edith e João, Dirce e Percival, Maria Luiza e Gabriel e tantos outros. Obrigado, ainda, à nossa "equipe de base", de Nossa Senhora do Desterro, sem o apoio da qual a tarefa teria sido muito mais difícil. Mas obrigado, acima de tudo, ao Senhor, que durante todos estes anos não cansou de nos mostrar o caminho e de nos enviar, sem cessar, o seu Espírito Santo, sempre fiel à palavra que dirige a todos que envia em missão: «Eu estarei convosco ... ».

É com esta certeza que queremos desejar, aos nossos irmãos Teresa e Seabra, que agora assumem a missão, todas as graças que sempre recebemos. Sua dedicação e desprendimento serão a garantia de que, cada vez mais, a Carta Mensal será um instrumento ao serviço da construção do Reino. A todos, nosso carinhoso abraço em Cristo Jesus, Hélime e Peter

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A PROPÓSITO DA MORTE DE UM REI Considero como uma graça o ter estado presente, na Bélgica, no momento da morte do rei Baudouin. Permitiu-me comungar, de forma direta e imediata, no fervor de todo um povo. Um fervor extraordinário e bastante inesperado.

É certo que o rei Baudouin e a rainha Fabíola eram venerados, mas, para que ficasse claro até que ponto, foi preciso que ocorresse este acontecimento. Eles eram quietos, não apareciam nas manchetes dos jornais de escândalos e dos pasquins sensacionalistas. Viviam e agiam de maneira discreta, porém veraz e profunda. Formavam um casal exemplar, até nas provações que podem atingir um casal. Há uma palavra do rei que foi muito lembrada. Havia declarado, durante uma entrevista: «Vocês sabem que não temos filhos. Questionei-me por muito tempo sobre o sentido deste sofrimento que nos foi imposto. Depois, compreendi que se não tínhamos filhos nossos, era para poder amar os filhos dos outros, todas as crianças» . Mas não é disto que quero falar. Parece-me que há para nós, equipes de casais, uma lição a ser tirada deste acontecimento, espe2 - CM Dezembro/93

cialmente neste ano de preparação para o Encontro de Fátima, neste ano consagrado à Família. A expressão de extraordinário fervor popular que ocorreu, deixou muito intrigados aos políticos e aos sociólogos. Foi-se buscar até psiquiatras para explicar este fenômeno incompreensível. De que fenômeno se trata, em realidade? Simplesmente da imponente manifestação, da explosão de um valor com o qual não se costuma contar, que não se costuma utilizar na política, um valor não cotado em bolsa, que não se pode quantificar ou inserir nas estatísticas ... Os valores da afeição e, afinal, os valores do amor. Quando se perguntava a essas pessoas , que por centenas de milhar, esperavam pacientemente durante horas - em alguns casos mais de 1O horas - para homenagear pela última vez o seu soberano: «Por que você veio aqui?», a maioria respondia, simplesmente, sem ostentação nem respeito humano: «Porque a gente o amava». E ouviu-se na multidão gritos dirigidos à rainha Fabíola: «Nós amamos a senhora!» . Confesso nunca ter assistido, sobretudo na Bélgica, a tais declarações públicas de amor. É este o


ponto que quero enfatizar. Vivenciamos uma reabilitação, uma exaltação dos valores da afeição, do amor. Compreendemos que são valores que ainda contam em nosso mundo, e talvez mais do que nunca. E penso que o lugar onde estes valores podem nascer e crescer talvez o único lugar que possa ga~ rantí-los, é a família. Poi~ nã~ são coisas que se possam 1ncut1r com argumentos, raciocínios, aulas, programas escolares e afins .. . São coisas que se apr~nd,em pelo exemplo e por cont~glo. E no coração da família que sao aprenclidas , simplesmente como se aprende a respirar. E já desde o seio da mãe, pois está provado hoje que o feto percebe ~s ond~s afetivas que se lhe destl~am. E no seio da família que as cnanças e os adolescentes podem descobrir, como por osmose o que é realmente o amor. E sabe-

se também, hoje, que as crianças que não foram cercadas de amor desde a mais tenra idade, correm risco de estarem marcadas por 1sso para sempre. Não terão recebido todas as possibilidades para enfrentar a vida.

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Hoje, pode estar aí a missão mais urgente da família. Num mundo que faz cintilar quase exclusivamente os atrativos do dinheiro, do poder, do sexo, da fuga, formar jovens que acreditem no amor. Que acreditem por tê-lo vivenciado, por saber o que é. Por ocasião da celebração de um ano da família, na Bélgica, em 1989, o cardeal Danneels dizia: «A maneira de uma mãe tomar seu filho nos braços é uma iniciação, para esta criança, na descoberta do amor de Deus» . A família é o lugar insubstituível da iniciação para o amor. Bernard 0/ivier, op

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'êrt~Ípaçáo de ~~~i:

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membros da ERI, dos sete casais super regionais, do casal responsável da coordenação inter-regional hispano-americana, do casal responsável da região isolada da Austrália, dos antigos responsáveis do Canadá e dos conselheiros espirituais do Brasil e da Hispano-América, a reunião anual do Colégio ERI I SR realizou-se de 12 a 17 de julho passado, pela segunda vez fora da Europa, em Vinhedo, no Brasil. O local: admirável, no inverno brasileiro, com sol e chuva, flores e árvores magníficas em volta do mosteiro beneditino de Vinhedo, no Estado de São Paulo. O acolhimento, a organização, a tradução: magníficos. Inesquecíveis, a noite de festa com um churrasco brasileiro, com o baile animado pela música brasileira, tocada e cantada pelos equipistas, a Eucaristia do último dia, a pequena "Expo" organizada com entusiasmo pelas diferentes regiões do Brasil, a respeito de suas equipes e de suas riquezas geográficas, folclóricas e artesanais. Além de tudo isso, um trabalho intenso. Os super regionais e regionais partilharam longamente sobre seus países, fazendo um 4 - CM Dezembro/93

balanço da Segunda Inspiração. Trabalharam em grupos e em plenário sobre os seguintes assuntos: o Encontro de Fátima, as orientações para o pós-Fátima, a Sessão de Formação Internacional. Foram apresentados os documentos "O Sacerdote Conselheiro Espiritual" e "A Responsabilidade nas Equipes de Nossa Senhora" e foi feito um balanço sobre a síntese do Projeto Sexualidade. Tratou-se também de finanças e outras questões referentes ao secretariado internacional. Foi a questão do pós-Fátima que mais tempo e energia consumiu, em função de sua importância para o futuro das Equipes. Sobre o assunto, havia consenso quanto ao conteúdo, mas as opiniões divergiam quanto à metodologia a ser aplicada, obrigando a ERI a um grande esforço para destacar os pontos convergentes e as grandes linhas de força. Foi também essa questão que permitiu constatar, uma vez mais, como o Espírito de Deus pode agir através das pessoas e como pode iluminar nosso discernimento, se nos abrirmos à sua vontade. Um outro tempo forte da reflexão comunitária foi um interessantíssimo "brain-storming" livre, profundo, sobre o futuro e a missão do Movimento na Igreja. O Padre Olivier, em suas pales-


tras doutrinárias, tratou de três assuntos fundamentais para a formação de quadros: a oração de meditação e de contemplação, a partilha como tempo de conversão e- por estar no Brasil- a teologia da libertação. Como todas as vezes, houve também uma palestra de um convidado: o arcebispo Dom Luciano Mendes de Almeida, presidente da CNBB, fez uma notável apresentação do problema da evangelização no contexto cultural, social e econômico da América Latina. Ao ouví-lo falar, arrebatado pela paixão diante da urgência da situação, mas ao mesmo tempo discernindo com inteligência os melhores meios para enfrentá-la, compreendemos melhor a Igreja do Brasil e o que ela tem a dizer.

Por iniciativa da Região GrãBretanha, uma "sessão de férias" reuniu em Trinidad, entre 8 e 13 de agosto, 11 casais da Inglaterra, 1 sacerdote da Irlanda, 1 casal francês e 16 casais de Trinidad, acompanhados de 40 filhos de equipistas. As equipes do setor de Trinidad-Tobago, atualmente em número de 1O, com mais 3 em início de pilotagem , celebraram desta forma o 1Oº aniversário da implantação do Movimento na Ilha. Elas recebem um forte apoio de seu arcebispo, Dom Pantin, que presidiu as sessões de abertura e de encerramento. A imprensa católica, por sua vez, publicou na ocasião um suplemento especial de oito páginas sobre as Equi-

pes de Nossa Senhora. A sessão foi uma ocasião, para os equipistas de Trinidad, de romper sua sensação de isolamento, ao vivenciarem durante uma semana, sua pertença a um Movimento internacional. Por outro lado, estimulou seu entusiasmo e provocou neles a preocupação pela expansão das Equipes de Nossa Senhora nas outras Ilhas do Caribe. Os casais que por acaso passem pela região serão bemvindos em Trinidad! ...

"Hoje é xx/xx de 1992, um dia muito especial, um aniversário especial. Há dez anos, neste dia, minha esposa dava à luz sua primeira filha, S. A pequena nasceu praticamente morta no final da gravidez. Ela tinha sido esperada e desejada longamente e por fim , depois de oito anos, havíamos pensado que nossas esperanças e orações fossem atendidas. Foi um golpe muito duro, um desespero sem fim. E agora, confrontados com este "Projeto Sexualidade", sentimo-nos particularmente envolvidos. Revivemos nossos 18 anos de casamento, com as experiências felizes e tristes e conseguimos, de certa forma, rever nossa vida e falar de algo que tinha ficado sufocado, sem ter sido esquecido, dentro de nós. (*) Traduzido do Italiano

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Casamos sem um preparo adequado, ao terminar nossos estudos, pensando organizar-nos um pouco, para depois ter filhos. Quando percebemos que os filhos desejados não chegavam, não estávamos em condições de compreender que poderiam existir outras soluções, uma outra forma de fecundidade do casal, e passamos a viver mal a nossa existência, sobretudo em nosso relacionamento conjugal e nossas relações sexuais, orientados para algo que, mês após mês, foi fracassando. Os médicos falavam de esterilidade, várias vezes confirmada. O fato é que após 8 anos de casamento, houve uma primeira gravidez, interrompida após dois meses, e depois uma outra, que levou ao nascimento de S. Depois deste episódio, fomos tomados de forte desilusão e de desespero. Apesar de tudo, nosso relacionamento saiu fortalecido, não, com certeza, por mérito nosso, mas porque Deus estava seguramente junto conosco em tudo. Levou-nos a encontrar as pessoas certas e, notadamente, a pessoa que soube aconselhar-nos com

competência mas também confortar-nos e devolver-nos a confiança. Passaram-se mais dois anos de espera, que nos permitiram realizar uma maneira diferente de estarmos juntos, numa intimidade maior. Depois nasceu A. e logo F., duas meninas e, quando F. fez seis meses, G., uma terceira menina, deu seus primeiros sinais de vida. Foi difícil para nós aceitar um terceiro filho, por mil razões: já não éramos jovens, começávamos a nos sentir cansados, mas sobretudo tínhamos medo de que algo pudesse dar errado. Uma vez mais, Deus nos ajudou a acolher G. com grande alegria, e não cessamos de agradacê-Lo. O problema de acolhimento de uma criança é realmente muito importante: uma coisa é falar no assunto, outra é enfrentar a realidade. Em conclusão, podemos dizer que somos verdadeiramente felizes, que vivemos um bom relacionamento de casal, de família, de equipe e em nosso ambiente. Por tudo isso, agradecemos o Senhor."

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SER FAMÍLIA, HOJE, NA IGREJA E NO MUNDO Era uma casa grande, espaçosa e acolhedora, como costumam ser as casas de Goiás. Uma daquelas casas onde se saboreiam as deliciosas quitandas e se toma um delicioso e perfumado chá de folhas de canela. Foi lá, na cidade de Goiatuba, que a dona da casa tranqüila e atenciosa, me mostrou um livrinho que o frei Carlos Roberto, companheiro do frei José Cardoso, tinha descoberto na busca que sempre faz de coisas boas para serem lidas, estudadas e refletidas. - O tema é tão bom que está servindo de base para um programa que a Igreja tem na Rádio local... E, minha gente, que surpresa, que agradável surpresa! Tratavase do livro "Ser família, hoje, na Igreja e no mundo" que, como o mensageiro que não pode perder tempo, chegou a Goiatuba antes do movimento das Equipes de Nossa Senhora. Realmente, só agora estão sendo dados os primeiros passos para começar nessa cidade, que é vizinha de ltumbiara, uma experiência comunitária, mas o documento já está lá, fiel à sua missão de um serviço à Igreja, de uma reflexão séria sobre a família, sua grandeza e seus problemas, suas profundas ale-

grias, suas mágoas e suas carências. Adotado em nosso país por mais de 95% das equipes, se for bem aproveitado, poderá ser um excelente instrumento para que as famílias consigam estar atentas para escapar à escravização, à manipulação e à instrumentalização, perigos sempre presentes no nosso tempo onde os meios de comunicação e a tecnologia são muito avançados mas a preocupação com a felicidade dos seres humanos ocupa um lugar secundário. Somos chamados a curar as feridas das famílias e a procurar juntos um fortalecimento das relações familiares e um caminho de esperança. Essa família, assim recuperada e mais confiante será capaz de abrir-se para os outros que esperam muito de nós e para o mundo, com todos os seus desafios. Junto ao tema, temos a brochura com os esquemas de oração. Quando o frei Almir Ribeiro Guimarães, de passagem pela casa de Cidinha e lgar, tomou conhecimento dessa brochura, ficou muito entusiasmado e disse: - É disso que estamos precisando! CM Dezembro/93 - 7


Realmente, se tivermos a coragem de pôr "toda a nossa vontade nessa caminhada" e fizermos tudo para "favorecer um encontro de amor", como o próprio documento nos diz, conseguiremos abrir um canal de comunicação com nossos filhos. Sairemos todos agradavelmente surpreendidos dessa experiência: nossos filhos, com uma noção nova de oração familiar e das oportunidades de diálogo que ela pode oferecer e nós, com as riquezas que nossos filhos têm para nos dar e que, muitas vezes, ficam escondidas para sempre. Não deixemos passar essa oportunidade (como já fizemos outras vezes) de participar plenamente do estudo e da reflexão desse tema. Que nossas equipes se preocupem com o preparo das reuniões em casa, com a família, com um outro casal ou o casal sozinho, lendo, refletindo, rezando o tema e contribuindo com a sua experiência de vida para enriquecê-lo e completá-lo. Que nossa discussão e reflexão do tema, na equipe, sejam proveitosas e nos permitam tomar uma posição diante da realidade de nossas vidas e buscar o caminho que nos indica a vontade do Pai. Nosso documento já foi editado pela Vozes. Ele é o terceiro volu-

me da coleção "Casamento e Família". Na apresentação, D. Aloysio José Leal Penna, SJ, Bispo responsável pelo Setor Família da CNBB, nos diz: "Agradecendo a iniciativa dos responsáveis pelo Movimento, o casal Alvaro e Mercedes GomezFerrer, queremos apresentar à Igreja do Brasil e a todos os homens de boa vontade estas páginas que refletem a problemática da família. Há um olhar sobre a realidade. Insiste-se no tema da solidariedade que pode brotar dos corações das famílias. Lança-se uma luz de fé que vem da Palavra de Deus, do mistério e da ação da Igreja, insiste-se na busca de uma espiritualidade familiar, abordarse a educação dos filhos. Os grupos de casais poderão servir-se deste texto para leitura particular ou em fecundos trabalhos em grupo". Se "quisermos", de verdade, nossos trabalhos em grupo poderão ser tão "fecundos" que nos levem a partir corajosamente para modificar nossa realidade.

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Então, vamos aceitar o desafio?

Wilma e Orlando


HUMILDADE Aproximemo-nos de Maria hoje para que ela nos ensine a progredir na virtude da humildade. A humildade é o fundamento de todas as outras virtudes pois ela é a porta pela qual passam as graças que Deus nos outorga, amadurecendo todos os nossos atos, dando-lhes valor e fazendo com que sejam agradáveis a Deus. Finalmente, faz-nos donos do coração de Deus, até fazer dele, por assim dizer, nosso servidor, pois Deus nunca pode resistir a um coração humilde. Exclamou Maria após o anúncio do anjo: "Porque viu a humildade da sua escrava". A virgem mostra-nos o caminho da humildade. A palavra humildade vem do latim "humus", terra, e significa inclinar-se para a terra. Trata-se de uma virtude que consiste fundamentalmente em inclinar-se diante de Deus e diante de tudo o que há de Deus nas criaturas, em reconhecer a nossa pequenez e indigência em face da grandeza do Senhor. Este aniquilamento nosso não reduz, não encurta as nossas verdadeiras aspirações, mas empobrece-as e concede-lhes novas asas, abrindo-lhes horizontes mais amplos. Quando Nossa Senhora é escolhida como Mãe de Deus proclamase imediatamente sua escrava.

Não desvenda o mistério nem sequer a José; deixa que a Providência o faça no momento oportuno. Ignorava-se a si mesma. Por isso pôde medir plenamente o alcance da sua aniquilação- desamparada e segura ao mesmo tempo -, sentindo-se incapaz de tudo, mas sustentada por Deus. A conseqüência foi que se entregou a Deus, que viveu para Deus. A humildade funda-se na verdade, na realidade; sobretudo numa certeza: a distância que existe entre o Criador e a criatura é infinita. Quanto mais se compreende esta distância e o modo como Deus se aproxima da criatura com os seus dons, a alma, com a ajuda da graça, torna-se mais humilde e agradecida. Quanto mais alto se encontra uma criatura, mais compreende esse abismo: por isso a Virgem foi tão humilde. Saibamos pôr-nos ao serviço de Deus sem condições, e seremos elevados a uma altura incrível; participaremos da vida íntima de Deus, mas pelo caminho da humildade e da docilidade ao querer do nosso Deus e Senhor.

Ref.:- Francisco Fernandez Carvajal Falar com Deus - Vo/. 5 Editora Quadrante

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DE ONDE NOS VEM A SORTE DA VISITA DO SENHOR José e Maria saem de Nazaré, na Galiléia, e perfazem um trajeto de 180 quilômetros para ir à terra de suas origens, Belém, onde nascera o rei Davi, do qual ambos descendiam. Belém era pequenina. Ficava a apenas 7 Km de Jerusalém, a capital da Judéia; era o último povoado antes de se entrar no deserto. Mas sobre ela havia uma profecia de Miquéias, feita 715 anos antes de Cristo, que previa sair de Belém o rei que governaria os povos com a força de Deus e daria ao Senhor Altíssimo toda a glória e seria a personificação da paz na terra (Mq. 5,1 s). E foi em Belém que Jesus, concebido em Nazaré da Galiléia, nasceu na noite que passou a se chamar "Noite de Natal". Palácio nenhum era suficiente a Ele, rei do céu e da terra. Nasceu no meio da noite, à beira do caminho, numa gruta de pedra, onde se abrigava um boi de arado que, nesta noite, recebeu a companh ia do burro de carga de José e juntos representaram todos os animais irracionais. Se falasse o burro, se falasse

o boi, eles diriam o que já exclamava Santa Isabel: "De onde nos vem a sorte da visita do nosso Senhor?" A mesma pergunta brota de dentro do nosso coração na noite de Natal: "De onde nos vem a sorte, a bênção, da visita do nosso Senhor?" Ele vem de Deus, porque é Deus eterno e Senhor dos senhores, mas vem do ventre consagrado de Maria de Nazaré, porque quis assumir nossa contingência, nosso tempo, nosso espaço e nossa pobreza. Adoramos nessa noite um Deus feito homem. Adoramos nessa noite um homem-Deus. É um mistério de fé: duas naturezas - a divina e a humana - numa só pessoa: Jesus, que o Pai escolheu - e por isso se chama o Cristo -, para salvar e divinizar os homens, sem tirá-los de dentro de sua história, sem dispensar os homens do esforço e da liberdade de escolher entre a graça e a desgraça, entre a bênção e a maldição.

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Frei Clarêncio Neotti, O.F.M.


ORAÇÃO E PERDÃO NA FAMÍLIA A maior defesa que temos contra todos os males é a oração. Uma pessoa de oração freqüente está sempre protegida e resguardada dos ataques do maligno. E mais: se duas ou mais pessoas se unirem em oração, essa proteção aumenta, fazendo surgir uma nova e poderosa força com a qual poderemos conseguir de Deus maravilhas! Portanto concluímos que a oração é a primeira e maior força de resistência aos ataques do mal sobre nossas famílias . A oração é acima de tudo um diálogo com Deus; é momento de conversar diretamente com ele e se interrompemos esse diálogo com o criador, interrompemos também como o próximo. Esse próximo, no caso das famílias é o esposo, a esposa, o filho, a filha , o irmão, etc. Todo fechamento da pessoa humana para com Deus agrava os irmãos . Esse fechamento contínuo e crescente leva fatalmente a pessoa a um isolamento, e daí ao egoísmo. Um ser egoísta, naturalmente, começa a inchar-se de orgulho, que é a raiz de todo pecado. O orgulho é sem sombra de dúvidas a grande causa das divisões, brigas, discórdias e separações em família. O orgulhoso, por exemplo, nunca admite que o outro possa ter razão, pois acredita ser o dono da verdade sempre. Para ele, todo

mundo tem que se submeter à sua lei, aos seus caprichos e às suas vontades senão ... O orgulho tem sido, em toda a história da humanidade, a desgraça do homem. É o pecado que mais arrasta as criaturas ao inferno tanto em vida como na morte. O orgulhoso é condenado principalmente por não praticar em vida o perdão e essa é a grave causa dos problemas da família. Muitos problemas poderiam ser resolvidos em família, simplesmente se as partes envolvidas perdoassemse mutuamente. A ausência do perdão nas famílias é sinal da ausência do amor, pois não existe amor sem o perdão e o perdão só acontece na presença do amor. Deus é amor, logo concluímos que a falta de amor nas famílias reflete, nada mais, nada menos, do que a ausência de Deus nos lares. Pois essa ausência de Deus estimula mais a falta de oração que por sua vez leva à maior falta de diálogo, que induz à falta de perdão, que afasta mais de Deus e assim, sucessivamente, as famílias ficam cada vez mais distantes de Deus e suscetíveis á ação do maligno. Portanto, se queremos resolver nossos problemas de família temos que começar imediatamente a rezar. Alice e lnacio Equipe 13 - Manaus-AM

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UM MENINO NASCEU PARA NÓS Era noite. Uma mulher, prestes a dar à luz, não encontrava pousada em nenhum lugar. Em vão, procurou um lar, uma hospedagem, um abrigo que acolhesse a ela e a seu esposo, ao menos por uma noite. A hora do nascimento daquela criança estava bem próxima. Ela o sabia, ela o sentia. A angústia, a ansiedade apertavam o coração daquela família, ante a impossibilidade de conseguir um cantinho qualquer. Os que se encontravam acordados estavam alheios, indiferentes ao problema que os afligia. Os outros dormiam, dormiam numa cidade chamada Belém. E eles caminhavam sem descanso. A todos o marido dizia que eram pobres, que não podiam pagar muito. Uma última tentativa, porém, fez aquela família. E alguém lembrou-se de indicar-lhes o caminho da estrebaria e foi ali, naquele humilde lugar, num lugar destinado aos animais, que nasceu o Cristo - o Salvador. Vinte séculos são passados, vinte séculos nos distanciam daquela noite, mas a humanidade relembra, todos os anos, a esta época, o nascimento daquele menino. É tempo de Natal! Porém, o que significa em nossas vidas esse Cristo? Que Cristo é esse que continua depois de vinte séculos na lembrança de todos nesta data e 12 - CM Dezembro/93

quantas vezes é olvidado no nosso cotidiano? Nos outros dias do ano, quantas vezes ficamos fechados em nosso mundo, encerrados numa torre de marfim, preferindo as alegrias pessoais, sem partilharmos essas alegrias com os outros, sem estendermos a mão às pessoas que nos estendem as suas? Distanciamo-nos tanto dos outros! Se todos pudessem compreender quão importante, que sabor delicioso é esse de ajudar os outros! Nós também estamos dormindo sossegados, como dormiam ou alheias e indiferentes estavam aquelas pessoas na noite em que nasceu o Cristo. Sejamos como aqueles hebreus que indicaram uma caminho àquela família. Oportunidades não nos faltam. Na família, no trabalho, na vizinhança, na comunidade. São os nossos atos de cada dia que fazem com que Ele, o Cristo, nasça ou morra no coração de cada um de nós. O nosso Movimento, o próprio nome o diz, necessita da participação ativa de cada um, da doação sem troca, do amor, da compreensão, do serviço e, por que não dizer, até do ato de perdoar aqueles que nos ofendem. Neste Natal que se avizinha,


com que finalidade estaremos reunidos? Apenas para recebermos e darmos presentes, para participar de uma mesa farta? Ou estaremos reunidos para, além disso, vivermos o verdadeiro espírito de Natal, na vivência cada vez maior do Amor, não por um período tão curto, tão diminuto perdido no ano, mas para lembrarmos que somos todos irmãos? Participemos, sim, das alegrias próprias da época, com a família, com os amigos, com os vizinhos, com os que necessitam de nós, com os que conosco cruzam, pro-

curando, através do nascimento de Cristo, nascer para uma vida nova, conhecer com o Cristo o verdadeiro e único sentido do Natal que é o Amor, Fraternidade, Vivência Cristã. Só assim, temos certeza, há possibilidade de despertarmos e sairmos à procura do outro. Afinal, um menino nasceu para nós, o Salvador do Mundo nos foi dado e, por amor a nós, foi imolado. Feliz Natal! Flor e Va/linoto

Equipe 18 Belém/PA

NATAL, OUTRA VEZ No gesto supremo de AMOR para com os homens, Deus, por sua misericórdia, mandou seu próprio filho Jesus habitar entre nós. Sua vinda, que deveria ser recordada a todo momento por cada cristão, tem na celebração do Natal, o período maior desse contínuo encontro, e reencontro, entre o Homem e seu Criador. Momento maior, em que o SIM de Maria, deveria representar o SIM de todos os homens que buscam escapar do pecado, e da iniquidade do mundo, para encontrar o bem maior que é Deus. Para esse momento maior, Deus colocou alguns ingredientes bastante próximos de todos nós: a figura da Mãe, a figura do Pai, a

Família. Tal fato está tão presente na Igreja, que a liturgia católica inseriu no seu calendário uma festa da Sagrada Família, comemorada atualmente uma semana depois do Natal. Assim, para as ENS, e para cada equipista, o período do Advento é o momento oportuno para recordar o nosso carisma como movimento da Igreja, movimento que tem no sacramento do matrimônio, a manifestação da graça do Senhor para conosco, e para com a nossa família, o instrumento poderoso para santificar-nos. Como é bom redescobrirmos as lições mais simples oferecidas por Deus para a nossa salvação! A obediência sem vacilar de Maria à CM Dezembro/93 - 13


vontade de Deus; o Sim obsequioso de José ao seu papel de pai da Sagrada Família e orientador de Cristo em sua infância e adolescência; a humildade do Menino Deus em se despojar de todos os possíveis bens materiais para nascer numa simples manjedoura, dentro de uma gruta de animais; a anunciação do nascimento de Cristo a humildes pastores, e não a doutores, ou membros influentes da sociedade da época. Tudo nos leva a contrastar com os atuais valores prevalentes na sociedade, onde o poder, o orgulho, a possessão de bens materiais, a luxuria, invadem continuamente os nossos lares cristãos através de meios de comunicação de massa. Cristo que remiu a humanidade, escolheu uma Família para iniciar seu caminho para salvar os ho-

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mens. A nós, membros da Igreja de Cristo neste período conturbado de fim de século XX, cabe a responsabilidade de vivermos, e anunciarmos a todos nossos semelhantes, essa grande verdade: a nossafamíliaé um lugar sagrado porque nela está Cristo todos os dias expressando-se através do sacramento do Matrimônio! Celebremos o NATAL através da celebração de nosso amor para com Cristo e para com os equipistas e desejando que no novo ano muitos outros casais tenham a felicidade de encontrar nas equipes o meio de caminhar para a santificação.

Virgfnia e Marcos

Equipe3- C São Paulo/SP

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NATAL. .. SIMPLES E PERTINHO DE VOCÊ A noite de Natal exerce realmente sobre nós um fascínio- uma sensação de paz e de alegria; é algo sublime, intangível, que nos penetra tornando-nos mais humanos, pelo menos naquela noite ... Então porque não eternizar esses sentimentos, se conforme o plano de Deus, fomos criados para sermos felizes? Buscamos a felicidade durante todo o tempo voltados quase que unicamente para os bens materiais: arriscamo-nos em projetos na maioria das vezes irrealizáveis, 14 - CM Dezembro/93

esquecendo-nos de que a verdadeira felicidade está nas coisas simples da vida .. . e sentimo-nos infelizes. A noite de Natal leva-nos a refletir sobre isso. Examinemos o Presépio no canto da sala; é uma verdadeira escola de amor. Na sua aparência rústica, não esconde o encanto que encerra, pois não importa a pobreza existente no local, o que importa mesmo é que ali existe uma FAMÍLIA. Olhemos agora ao nosso redor e encontraremos também bem perto


de nós outra FAMÍLIA, a nossa, coisa simples que representa a nossa verdadeira felicidade, se a sabemos conduzir. Sim, companheiros, acreditamos que aquele sentimento de Paz e Alegria possa ser sentido com maior intensidade por aqueles puros de coração, que não se deixam envolver pelo consumismo e sabem valorizar a FAMÍLIA como cerne da eterna felicidade ...

Que nosso Senhor Jesus Cristo nos abençoe no Natal, para que possamos assim fortificados, compreender e encontrar a verdadeira felicidade nas coisas simples e belas da vida, como a nossa FAMÍLIA... FELIZ NATAL A TODOS ... Maura e Sergio Equipe 16-E Rio de Janeiro/RJ

*** *•• +HEscreve-nos um Conselheiro:

O QUE O PRESÉPIO ME DIZ Meu amigo, há uma coisa que me encanta no Presépio. Paro muitas vezes e fico pensando na extrema pobreza de Belém. Imagino como seria aquela gruta, com o vento entrando portados os lados. Vejo o chão, tantas vezes calcado pelos animais. Apesar de todos os esforços de José, descubro ali, naquela terra grosseira, restos de esterco, o excremento dos bois. Considero especialmente o berço - aquela manjedoura, o cocho, este objeto rústico em que era colocada a comida das vacas. E eu me pergunto: porque tanta pobreza? Qual o sentido da vinda de Cristo no meio de tanta miséria? Seria necessário um des-

pojamento tão completo? E logo brilha para mim a resposta: era preciso que Jesus nascesse assim para curar-nos da febre da riqueza. Os homens são intensamente apegados às coisas! O Salvador veio dizer-me que devo querer ser mais e não simplesmente ter mais. O grande perigo para a humanidade é a ânsia de acumular. Sempre foi assim mas esta tendência é muito mais forte na hora atual. Vivemos num clima de consumismo. Se pensarmos bem, veremos que hoje um operário da Ford ou um mecânico da Volks tem mais conforto do que um rei de duzentos ou mesmo de cem anos atrás. A inteligência humana está continuamente em ação para CM Dezembro/93 - 15


diminuir o nosso esforço. Há toda uma ciência- publicidade que perscruta a natureza para despertar em nós o desejo de possuir coisas novas, para levar-nos a adquirir mais, a comprar mais, multiplicando assim nossas necessidades. Veja a televisão, Está a todo momento bombardeando-nos para que coloquemos outros objetos em nossa vida. Resumiria toda esta filosofia numa simples frase: É feliz quem tem muitas coisas e esforça-se para sempre conseguir outras coisas novas ... Como é indispensável que o Menino Jesus, no Presépio, me venha dizer que a verdadeira, a minha autêntica realização está em crescer como pessoa. Só assim serei feliz, e que é um engano ter como ideal acumular um amontoado de coisas ao meu redor. Compreendeu isto um homem que não era cristão; mas, estou certo, tinha verdadeiro espírito de Cristo. Gandhi falou : "A civilização, no verdadeiro sentido da palavra, não consiste em multiplicar as necessidades, mas limitá-las

voluntariamente. É o único meio para conhecer a felicidade e torná-la mais disponível aos outros. Querer criar um número ilimitado de necessidades, para ter de satisfazê-las em seguida, é como correr atrás do vento". Ainda noutro dia, debrucei-me sobre um belíssimo pensamento dum grande filósofo francês, Gabriel Mareei: "Possuir é uma outra maneira de ser o que não se é". Para nós, porém, a verdadeira luz da vida deve ser a Bíblia, a mensagem do Espírito Santo a cada um de nós. Terminemos, portanto, com duas sentenças da Sagrada Escritura: "O AMOR AO DINHEIRO É A RAIZ DE TODOS OS MALES (1 Tm 6, 10), diz-nos Paulo. E Cristo nos afirma: "NÃO PODEIS SERVIR A DEUS E AO DINHEIRO" (Mt 6, 24) .

Dom Cristiano P. A. Pena Bispo Emerito, Divinópolis/MG C.E. Equipe 7

A OUTRA FACE DO NATAL Noite de Natal. Os cristãos, piedosamente, ornamentam suas mesas para o grande banquete. Orações e cânticos de louvor elevam-se aos céus . Cartões artisticamente confeccionados , acompanham os valiosos presen16 - CM Dezembro/93

tes que os irmãos trocam entre si. Todos aguardam, ansiosamente, o aniversariante. Querem, com sinceridade, dar graças pelos bens recebidos: mesas fartas, situação econômica estável, tranqüila como o jardim de Éden, na


hora suave da brisa da tarde ... Não são como tantos outros, marginais, alheios às práticas religiosas, sem teto sequer para abrigá-los, que agonizam nas vias públicas. Mas o aniversariante, não comparece. Procuram-no por toda parte: nas Igrejas, nos presépios emoldurados em ouro e prata, nas praças feericamente iluminadas. Tudo em vão. Cristo está comprometido com os meninos e meninas de rua. É nas ruas que Ele vai ceiar, dividindo o pão com as adolescentes estupradas e prostituídas, com os menores viciados, de faces pálidas, olhos voltados para o amanhã que não existe. Não há mesa. Nenhuma cadeira. É noite

plena. Mas uma luz intensa, vinda do alto, ilumina as almas quando o Cristo, o aniversariante, indiferente às solicitações dos ricos e poderosos, distante dos palácios e mansões, faz ecoar, no grande momento Eucarístico, numa rua esquecida, ao pé da montanha, um sermão que há dois mil anos atravessa os séculos: "Bem-aventurados os que tem fome, porque serão saciados. Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados. Bem-aventurados os pobres e injustiçados, porque verão a glória de Deus." Miguel Tavares (Tribuna da Serra 31.12.91}

QUANDO SERÁ O NATAL? Irmãos, nesta noite de Natal, perguntamos a nós mesmos se o Natal está acontecendo hoje ou se temos de esperar um Natal diferente que seja, de fato, uma festa luminosa e alegre para todo o povo. Natal seria somente a festa de uma noite, a emoção e as alegrias- sinceras e convencionadas - de um dia especial que vem, passa e se vai no tempo e que só volta no ano seguinte? Não seria mais do que a visita passageira de Jesus, que, talvez, nos faça sonhar por um tempo e logo abandona nosso mundo com seus imensos problemas, sem resolver suas

dores e seus fracassos? Natal, tempo de gastos, de consumo forçado e de presentes para um povo pobre, iludido e espoliado pela propaganda comercial? Tempo de frustração e de amargura para os que não podem conseguir sequer as migalhas que caem dos banquetes dos ricos? Quando será o Natal? O Natal será quando existir um mundo igualitário de irmãos e desaparecer a exploração do homem pelo homem, especialmente das classes populares pelas classes dominantes e aliadas. CM Dezembro/93 - 17


Quando o povo se libertar da pobreza e da ignorância e voltar a ser dono de seu destino, quando os bens da terra servirem para o sustento e para a realização máxima de todos, cada um segundo suas necessidades e possibilidades. Será Natal, quando existir de verdade, para todos, o mundo reconciliado, fraterno e feliz pelo qual Jesus Cristo nasceu e morreu. "Quando se manifestar em toda a vida dos homens, mesmo na sua dimensão econômica, social e política, nossa participação na comunhão de Deus, no seu mistério interpessoal de amor". (cf Puebla 209-21 O) Como está longe aquele Natal que signifique para nossos povos

latino-americanos segurança, abundância e liberdade! É Natal cada vez que um homem olha para outro homem como irmão e nasce em sua vida o compromisso de construir um mundo onde reine a justiça, a liberdade e a paz para todos. O Natal verdadeiro é fruto de nosso trabalho e de nossos esforços. Depende de nós homens. Quando alcançaremos as promessas de Deus: Uma terra nova na qual habitará a justiça? O Natal pleno e perfeito ainda está por vir.

Equipe 1 Araras/SP

UM NOVO NATAL No Natal de Jesus os anjos anunciam uma mensagem: "Glória a Deus nas alturas, e paz aos homens de boa vontade". Eu e você precisamos duma conversa. Eu sou Cristo. Você, um amigo. Nós dois queremos Renascer. Queremos reviver os melhores momentos de felicidade. Eu, Cristo. Você, meu amigo. Gostaria que você nascesse como eu: pobre, num estábulo. Gostaria que você tivesse MARIA por mãe. JOSÉ, como pai. Gostaria que 18- CM Dezembro/93

você tivesse em sua casa coisas simples. E que você cortasse tábuas. Varresse a casa. Limpasse a carpintaria. Gostaria que tivesse o meu ideal: Fazer-me pequeno, uma criança para que todos o abraçassem. Gostaria que você fosse bem pequeno. Então, teríamos no mundo um novo nascimento de CRISTO. Você vai topar tudo isto? Vai? Então o novo NATAL é você. "E eu acabei de NASCER


COMO EM BELÉM" ... E os anjos cantavam: "GLÓRIA A DEUS NO MAIS ALTO DOS CÉUS" E Paz na Terra aos homens de BOA VONTADE

(Como vocês, equipistas de N. Senhora). Colaboração Inês e Célio Equipe 53/E- Rio 111

*** *** EU VI A SAGRADA FAMÍLIA Estava eu em um supermercado para fazer as compras de Natal. Meu esposo, após longa fila, chegou ao caixa. Foi quando dei por falta de mais um produto e voltei às pressas para pegar o que me faltava. Nesse instante, chamoume a atenção uma voz que dizia: "É desta maçã que a Jéssica precisa". Parei e olhei para a dona da voz, uma menina que deveria ter uns quatorze anos, morena, bonita, com um corpinho miúdo e frágil , roupas surradas e chinelo de dedo já bem gasto; ao lado um menino de, talvez uns 16 anos, rosto liso com pequenas penugens, mostrando uma futura barba. Junto deles havia uma criança de 1 ano de idade, com cabelos louros e encaracolados, com os lábios abertos num sorriso, que nos mostrava dois dentinhos. Apressei-me e corri ao caixa onde estava meu marido. Ele já estava terminando de passar as nossas compras. Pedilhe algum dinheiro, pois precisava comprar maçãs para uma menina. Voltei para procurar o casal, corri o mercado e não os achava, senti um alivio no coração quando encontrei o casal sentado em um canto no chão do mercado, cha-

mei a menina (mãe) e lhe disse: "Filha gostaria de comprar alguma coisa para sua menina, o que você quer? Ao que ela me respondeu: "Qualquer coisa moça, muito obrigada". Eu expliquei a ela que gostaria que ela escolhesse, e ela muito humildemente aceitou. Fizemos as compras, passamos no caixa e dei a ela a notinha, porque tão mal vestida poderiam achar que estava roubando. Voltei ao carro sentindo muita alegria no coração, foi aí que tive diante de meus olhos uma cena que me emocionou: sentada em uma carroça estava a jovem mãe com seu bebê ao colo, o marido com uma camiseta enrolada na cabeça puxando o cavalo que conduzia a carroça. Aquela humildade me fez lembrar José, Maria e o Menino Jesus. Este fato é real e se passou comigo na véspera do Natal de 92.

*** ***

Aurea e Nilton Equipe 105 - Setor F Região Rio 111

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A NOITE MAIS FELIZ Jogral-celebração para ser realizado, pela família, na noite de Natal. Coro - Estamos reunidos para celebrar o nascimento de Cristo, no Natal. Do Cristo que é o caminho, a verdade e a vida. Para recebê-lo bem, é preciso que cada um se prepare, modificando comportamentos e vivendo atitudes de conversão. Pai - Cristo é nosso caminho. Mãe - Ele pede que cada qual prepare em seu coração um caminho que conduza a uma nova vida. Filho- Retirando as pedras que possam atrapalhar a própria caminhada. Filha- Retirando todos os obstáculos que possam dificultar o percurso do irmão. Voz Infantil- Um caminho novo coberto deflores do amor, da compreensão e conversão. Uma pessoa - Um caminho iluminado, feito de partilha, doaç3o e solidariedade. Coro - Um caminho novo, traçado pelo surgir de uma nova vida! Pai- Que fará brotar, em cada coração, a verdadeira felicidade, como uma nova flor. .. Mãe - Incapaz de ser produzida. Filho - Preparemos nossos corações, acolhendo, com muito carinho, a mais bela de todas as noites. Filha- A noite do Menino-Deus: o caminho de todos os homens, a estrada feita de amor e fraternidade. Voz infantil -A noite mais feliz para a humanidade, a noite de Natal. Uma pessoa - A noite em que as estrelas parecem brilhar muito ma~ porque iluminam a esperança de todos os homens na Terra. , Coro- Um caminho iluminado com a luz das nações, o Messias esperado. Pai - O seu nascimento nos traz a felicidade, porque significa libertação. Mãe - Libertação do ódio, do pecado, do orgulho, da ambição. Filho- Repartamos com as famílias ... Filha- com os amigos ... Uma pessoa- com aqueles que não a têm ... Coro- a alegria de acolher, em nosso lar, o Cristo caminho e verdade. Pai - Cristo é a nossa verdade. Mãe - E essa verdade está hoje, aqui, no meio de nós , presente no Menino-Deus ... 20 - CM Dezembro/93


Filho - que veio trazer esperança para nossos corações ... Coro - através de sua verdade. Filha -A verdade da amizade, da doação, da solidariedade. Uma pessoa - A verdade do amor, gratuito, desinteressado. Pai - A verdade de que todos somos irmãos. Por isso devemos extinguir a guerra, a desunião e promover a paz. Voz Infantil- Devemos constituir a união das crianças, dos jovens e dos casais. Mãe - Consigo, o Menino-Deus trouxe a verdade dos pais, a verdade dos filhos, o amor da família. Coro - Ele é a verdade que deve guiar todos nós. Filha -A verdade do filho arrependido que retoma à casa do Pai. Uma pessoa- Da semente que cresce e se reproduz no bom terreno. Voz Infantil - Do jovem que não esconde o seu talento. Pai - Do pai que perdoa e acolhe. Mãe - Do preço justo e do alimento repartido. Voz Infantil- Da justiça social que deve ser praticada por nós. Coro - O Menino-Deus, que está entre nós, é a verdade presente em nossas palavras e relacionamentos. Pai - Cristo, caminho e verdade, é também a nossa vida. Uma pessoa - Vida que chegou até nós com toda a sua plenitude, na noite mais feliz para os homens que abriram o seus corações. Mãe - Para todos os que se esvaziaram de si e fizeram lugar para o Menino-Deus. Filho - Na noite mais festejada em todos os países: em lares simples ou luxuosos. Por quem está livre ou preso. Em grupo ou sozinho. Uma pessoa- O Menino-Deus está entre nós. E nesta noite de Natal, nossa família, solidária com todos os homens, se compromete a ser promotora de vida. Voz infantil- Para que os pobres contem com menos dor. Os desesperançados com menos desilusão, e os doentes com mais amor. Filha - Está é a noite da confraternização, onde renasce a esperança de dias melhores e de um mundo mais irmão. Pai - O presente divino, nascido em uma manjedoura, está ao alcance de todos, sem distinção. Mãe - Um presente que é a vida que deve ser repartida. Multiplicada. Sem disputas. Uma pessoa - Sem divisas, sem idiomas que afastam as pessoas. Filho- Tudo é vida neste dia. Tudo é recordação feliz. Até uma lágrima emocionada. Voz Infantil - Uma árvore enfeitada com bolas coloridas; um velhinho de CM Dezembro/93 - 21


vestes vermelhas e longa barba branca, um presépio sobre uma mesa; os sinos tocados nas igrejas; os galos cantando de madrugada; estrelas brilhando no céu, tudo lembra o Natal, presença do Menino-Deus. Coro - Que apesar de sua fragilidade, é o mestre da humanidade ... Uma pessoa- O caminho, a verdade e a vida para os homens de boa vontade. Como então, não desejar a todos um Feliz Natal? Filho- Feliz Natal para os que não terão ceia, mas possuem Deus em seu coração. Filha- Feliz Natal para os que não estão com seus familiares, mas jamais esquecem as pessoas que lhes são queridas. Mãe - Feliz Natal para os doentes que alimentam a esperança da cura. Voz infantil - Feliz Natal para todas as crianças, que farão o mundo de amanhã. Pai - Feliz Natal para os desajustados em busca de compreensão. Filho - Feliz Natal para os jovens em fase de transição, em busca da verdade. Filha - Que esta noite, a mais feliz do ano, possa fazer parte com todas as suas conseqüências de nosso dia a dia. Uma pessoa- Com o Menino-Deus presente em nossos corações. Coro- Tendo Maria e José como exemplos, prometemos ser caminho, verdade e vida para o irmão. Voz Infantil - Menino-Deus, trazei paz para todos os homens. Uma pessoa- Menino-Deus, que haja alimento para todos. Filho- Menino-Deus, livrai os homens da ganância, do poder, da ambição. Coro - Menino-Deus, na noite mais bela e mais feliz, dai-nos a paz e a coragem de repartir o que somos e o que temos. Dessa forma, viveremos um Feliz Natal Pai e Mãe- Menino-Deus, abençoai nossa família e todas as famílias do mundo. Que todas se esforcem para viver, a exemplo da família de Nazaré, o amor, a compreensão, o acolhimento, a justiça e a paz. Fé. Wilson R. Vicente

*** *** 22- CM Dezembro/93


Quisera Senhor, Neste Natal armar uma árvore dentro do meu coração e nela pendurar em vez de presentes, os nomes de todos os meus amigos. Os amigos de longe e de perto. Os antigos e os mais recentes. Os que vejo cada dia e os que raramente encontro. Os sempre lembrados e os que ás vezes ficam esquecidos. Os constantes e os intermitentes. Os das horas difíceis e os das horas alegres. Os que sem querer, eu magoei, ou , sem querer me magoaram. Aqueles a quem conheço profundamente e aqueles de quem não me são conhecidas a não ser as aparências. Os que pouco me devem e aqueles a quem muito devo. Meus amigos humildes e meus amigos importantes. Os nomes de todos os que já passaram pela minha vida. Uma árvore de raízes muito profundas para que seus nomes nunca mais sejam arrancados do meu coração. De ramos muito extensos, para que novos nomes vindos de todas as partes, venham juntar-se aos existentes. De sombras muito agradáveis para que nossa amizade seja um alento de repouso nas lutas da vida. Aurea e Nilton Equipe 105 - Setor F Região Rio 111

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Mais uma vez nos encontramos com alegria para pensar um pouco sobre a nossa caminhada enquanto Igreja-Povo de Deus. Após a realiz~ção do Encontro N~cional, temos como esperança a celebração da umdade de nosso Mov1mento. A cada encontro, a cada reunião de Equipe, a cada momento que se vive o Movimento, vivemos também o Cristo que a cada Natal renasce. Que os sentimentos de solidariedade, carinho, ternura, justiça e compromisso com os irmãos, não sejam vividos só pelo espírito natalino, mas que sejam uma constante em nossas vidas. Lembro-me da música: ... "Tudo seria bem melhor, se o Natal não fosse um dia, se as Mães fossem Maria e se os Pais fossem José e se a gente parecesse com Jesus de Nazaré" .. . para que a cada dia possamos confrontar nossa feição com as feições de Maria-José-Jesus. Façamos o esforço de viver neste "Advento", uma espera da esperança em dias melhores, uma espera da recuperação dos valores evangélicos, uma espera da reconquista do homem todo e de todo homem como condutor de sua história, enfim o "advento" do mundo justo, fraterno e solidário. Que ao celebrarmos o "Natal" tenhamos em mente nossas disposições e nossos esforços em sermos melhores e mais coerentes ainda com nossa fé e nossa vida. Aproveito a oportunidade para desejar a todos um fel iz e santo Natal . De forma especial saúdo os Conselheiros Espirituais, irmãos de sacerdócio e rogo ao Deus menino que continue a derramar suas bênçãos sobre nós. Que 1994 seja o ano das realizações pessoais, familiares, pastorais e sociais. Paz e Bem, Abraços e Orações

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Pe. Mário José

" Um certo dia, Deus amou tanto o seu povo que decidiu morar com ele. E a palavra, então quis fazer-se carne no ventre da mais linda das criaturas que Ele mesmo havia criado - Maria. Era noite ... A luz de Deus brilhou no meio das trevas e sua presença nos trouxe paz e esperança. Em Belém nasceu o AMOR! Neste Natal Ele quer nascer em cada coração". Silvia e Chico

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Referindo-se aos ideais cristãos, disse célebre ateu materialista: "o cristianismo é tão belo; pena que jamais tenha sido praticado". Nossas faltas e omissões são a principal causa deste dito de profunda ironia e não menor verdade. O Natal está aí. O Cristo renova seu oferecimento e nos convida a participar de sua vida e sua glória. Deixemo-lo nascer e vamos, alegres, recebê-lo em nossos corações para que, daqui por diante, seja Ele verdadeiramente a viver em nós. Só assim, com nossa colaboração e participação ativa, o mundo se transformará na comunidade fraterna que tanto desejamos. Nosso grande abraço, com os tradicionais votos de Feliz Natal e próspero Ano Novo.

Desejamos que este Natal seja um momento forte de transformação de nossos corações, junto a todos os familiares, como um primeiro passo para a construção de uma sociedade mais humana, fraterna e cristã. E que o ano de 1994, todo ele dedicado à família, nos torne evangelizadores cada vez mais ardorosos deste núcleo É NATAL! VAMOS VIVER A yital da Igreja e da ESPERANÇA. sociedade. VAMOS VIVER O AMOR QUE CRISTO São desejos de NOS ENSINOU! Mariola e Elizeu Orlando e Wilma Mendes

Junia e Mauro

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NÓS, ENS, EM DEFESA DA VIDA "Pai Nosso ... Seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu' (Mt 6,9). "Nele (o Verbo) estava a vida, e a vida era a luz dos homens" (Jo 1,4) Para nós cristãos a Vida é o dom máximo, porque é Deus mesmo que se faz presença em nós, tornando-nos efetivamente humanos e à sua semelhança. A vontade do Pai é que a vida seja realizada em plenitude, gratuitamente, gerando o Homem e o Seu Reino. Neste momento de nossa história, quando alguns dos representantes do povo apresentam projetos de lei que consideram aceitável o aborto em determinadas condições e lhe tiram a consideração de crime contra a vida, é ato de coerência cristã que propaguemos nossa fé na vida, na capacidade de mulheres e homens

de acolher a vida apesar das circunstâncias que a permitiram, e na misericórdia de Deus. Casais equipistas, falemos alto. Somos pais, somos famílias, geradores de vida. Coloquemos nossas palavras em cartas, telegramas, faixas, para atingir políticos e povo em geral, em defesa da pequena pessoa, ainda em gestação, mas que já recebeu a Vida do Pai. Leia mais uma vez a nota da CNBB que está publicada em seguida e ... ... "Juntos como irmãos membros da Igreja, vamos caminhando, ... " ... "Eu vim para que todos tenham vida e todos tenham vida plenamente ... " Beth e Romolo Casal Responsável Nacional pela EC/R

*** *** EM DEFESA DA VIDA A divulgação em uma revista de larga difusão, de afirmações arespeito da posição da Igreja em relação ao aborto provocado, requer uma palavra clara da Presidência da CNBB. Com efeito, as afirmações publicadas e outras manifestações de grupos que se dizem 26 - CM Dezembro/93

católicos, suscitaram perplexidade em vários ambientes e estão criando a impressão de que haja dúvida quanto ao direito do nascituro à vida. O arti~;~o, infelizmente, afirma que a mae tem o direito de interromper a gravidez, que "o aborto


não é pecado" e alude ao fato de que a Igreja poderá, com a passar do tempo, mudar sua doutrina sobre o aborto. A este respeito é necessário proclamar, com firmeza, a doutrina da Igreja, em defesa do direito à vida, desde o primeiro momento da concepção. Provocar o aborto eliminando a vida inocente e indefesa no seio materno é grave pecado diante de Deus e da própria consciência. Quanto ás disposições subjetivas de quem provoca ou aconselha o aborto, pode haver situações de forte diminuição de liberdade ou de advertência à intrínseca maldade do ato. Mas, em nenhum momento, se justifica a aprovação do aborto ou sua legalização. Outras afirmações no mesmo artigo, especialmente quanto à autoridade do Santo Padre e à disciplina da Igreja sobre o celibato e a ordenação sacerdotal, não respondem à doutrina da Igreja e são apresentadas numa perspectiva deformada. Recebemos informações de que o artigo foi elaborado sem revisão da autora e até modificado seu

pensamento. Reconhecemos os méritos da Irmã entrevistada, em tantos anos de serviço dedicado à Igreja e com confiança, aguardamos que possa ela retificar a expressão de seu pensamento em sintonia e fidelidade à doutrina da Igreja. Pedimos a todos os fiéis que, com sua oração e palavra esclarecedora, comuniquem, a quantos puderem, a posição da Igreja em defesa e promoção da vida do nascituro e repúdio ao aborto provocado e sua aprovação legal, em especial, neste momento em que tramitam no Congresso projetos de lei favoráveis ao aborto. Procuremos, ao mesmo tempo, promover uma ordem social justa, garantindo condições de saúde e trabalho para nosso povo, com especial atenção à mulher empobrecida. Cabe a todos nós acolher e defender o dom sagrado da vida. Brasília, 14 de outubro de 1993 A Presidência da CNBB

+ Dom Luciano Mendes de Almeida + Dom Serafim Fernandes de Araújo + Dom Antônio Celso Queiroz

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Estes pés são indênticos em tamanho aos de um feto de 1o semanas após ser concebido

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DIA MUNDIAL DA PAZ- 1994 "Da família nasce a paz da família humana" · O ano de 1994 foi proclamado pelas Nações Unidas Ano Internacional da Família. Na convicção de que existe um ligame íntimo entre a paz e uma sadia vida familiar, o Santo Padre decidiu dedicar à família e à paz a Sua Mensagem para o Dia Mundial da Paz -1994. Atualmente, em quase todos os ângulos do mundo, existem conflitos entre as nações, povos e etnias que revelam sérias carências morais: mentira, injustiça, opressão, ódio. Ora, a paz constrói-se sobre os valores opostos: verdade, justiça, liberdade, caridade. Onde é que se aprendem e se praticam esses valores basilares? Como são eles transmitidos senão na família? A família é o lugar privilegiado da socialização, a célula base da sociedade. E na família que descobrimos o plano de Deus sobre cada um de nós, que nos abrimos ao mundo, que aprendemos a dar-nos aos outros e a contribuir para o bem comum . É, de fato, Deus mesmo que quis que a família se fundasse sobre as relações de comunhão, de respeito, de responsabilidade e de abertura aos outros, a saber, sobre a paz (cf. Gén. 1-2 passim). A grave responsabilidade dos pais na educação dos filhos para a paz, está fortemente obstaculizada quando faltam as condições

mínimas de uma vida digna do homem: ~limentação, moradia, trabalho. E igualmente óbvio que os conflitos e as guerras causam danos incalculáveis à família. Do mesmo modo, a falta de respeito pela dignidade de todo o ser humano, infelizmente prevalecente hoje, reflete-se por vezes nas famílias: relações de violência, rejeição da vida, infidel idade em relação a qualquer compromisso, inclusive o próprio matrimônio. Face às dificuldades que a família hoje deve enfrentar, para viver em paz e contribuir para a construção de uma sociedade pacífica, todas as pessoas e as autoridades civis devem sentir-se interpeladas. Como se pode construir a paz, sem ajudar a fam ília a encontrar as condições necessárias para viver em paz e olhar para o futuro com confiança e esperança? A Igreja continua a oferecer-se para ajudar as famílias , na transmissão dos valores sobre os quais se constrói a paz, e para as sustentar nas situações difíceis que devem enfrentar no mundo hodierno. O Santo Padre quer, de modo particular este ano, convidar todas as famílias a darem-se generosamente para a construção da paz. Com efeito, "da família nasce a paz de toda a família humana".

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L'Osservatore Romano- 25.07.93


AS PALAVRAS-CHAVE

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na sua mais profunda e essencial identidade. A procura do bem e do agir moral bom tem, pois como primeiro passo buscar conhecer a verdade sobre Deus e a verdade plena sobre o homem. Verdade do homem que implica natureza e sobrenatural, pecado e graça, queda e ascensão. A segunda palavra na encíclica é liberdade. Palavra essencial já que não existe ato moral completo sem liberdade e seu correlativo que é a responsabilidade. Conhecedor do homem (especialmente do homem contemporâneo), de suas mais íntimas contradições, João Paulo 11 põe na VS uma inequívoca defesa da liberdade humana e, ao mesmo tempo, uma clara visão dessa liberdade. Ele responde . assim a inúmeros mestres das ciências humanas que, ,, de um lado teorizam para o homem uma liberdade intocável, quase absoluta, e, por outro lado, apontam nela tais e tantos condicionamentos que chegam a por em dúvida a sua realidade. A liberdade que a VS descreve é a de um homem composto de matéria e espírito, pecador e redimido, dominador da criação, mas freqüentemente acorrentado às suas próprias masmorras interiores. Não é mera independência, esta liberdade, para autonomia ou in30 - CM Dezembro/93

determinação. É a possibilidade e a capacidade de agir bem, libertando-se da verdadeira tirania que é a do mal e das suas seqüelas. Por isso - e aqui está uma intuição forte e decisiva que a VS foi buscar nos lábios do próprio Cristo no Evangelho de São João (8,32) - a liberdade é fruto do conhecimento e da prática da verdade. Só a Verdade sobre Deus e a verdade sobre si próprio são capazes de produzir e manter o homem livre. Lei Natural é outra palavra-chave da VS. A liberdade do homem demonstra inconformismo e rebeldia diante de leis humanas que a constrangem: leis extenores e leis que lhe vêm do interior - sobretudo as leis do pecado e da morte. Mas não fica menos livre o ;., ; homem quando abraça, inte' rioriza e pratica a lei divina. Ao contrário, na obediência a ·-. essa Lei, o homem encontra . sua verdadeira liberdade . A lei divina se encarna, além de outras expressões, na Lei natural, presente no íntimo de cada pessoa humana. Só a opção pelo subjetivismo e o individualismo absolutos impedem uma pessoa de acolher uma lei universalmente válida. Na procura do bem a praticar, o homem encontra uma garantia e a possível certeza acolhendo os ditames da lei eterna de Deus (Santo Agosti-


nho), da "razão da sabedoria divina que move tudo no sentido do fim verdadeiro" (Santo Tomás de Aquino). A lei Natural é a expressão humana da lei Eterna de Deus. Por isso é a revelação do verdadeiro bem. Consciência é mais uma palavra-chave da encíclica.

Santuário íntimo da pessoa humana, a consciência ecoa no coração os imperativos da Lei de Deus encarnada na Lei Natural.

não sei se, na hora de agir, ele guarda coerência e continuidade com os pensamentos. Digase o mesmo com relação à vontade. Os atos humanos são atos morais. Mais exatamente, devem ser atos moralmente bons, mas podem ser também moralmente maus, dependendo do uso que tal pessoa faz da sua liberdade. O ato é moralmente bom somente quando é inequivocamente conforme com o verdadeiro bem do homem, o bem que corresponde à verdade do homem, e não às suas possíveis falsas identidades. Em outros termos, um ato humano é realmente bom quando ele orienta e conduz o homem para o seu fim, que é a felicidade de entrar em comunhão e intimidade com Deus, começando nesta vida -=~ e culminando na vida eterna. ' Não se espante o leitor ao ·- dar, na encíclica, com a pala. vra teleologia. Vem do vocábulo grego telos, fim; e quer dizer simplesmente que um ato humano não é forçosamente moral e moralmente bom só porque é útil e proveitoso, só porque dá prazer, poder e prestigio - é bom quando visa o Bem supremo, que é Deus, quando decorre da liberdade e consciência do homem; quando segue os ditames da Lei Eterna encarnados na Lei Natural.

Se bem formada, reta e justa- e não perplexa ou pervertida-, a consciência está em perfeita sintonia com a verdade de Deus e do homem. Por isso ela conhece o bem e sabe como praticá-lo. É também no fundo da consciência moral que liberdade e lei se . encontram, não conflitantes, mas convergentes. Na consciência trava-se o diálogo do homem consigo próprio. Formar a própria consciência à luz da razão e da fé é meio caminho andado para conhecer o bem e seguí-lo. Outras palavras são também pilares da encíclica. Detenho-me na expressão, usada várias vezes na encíclica, atos morais. Expressão relevante para quem sabe que ética e moral são noções naturalmente operativas. Não basta saber se alguém tem pensamentos justos e retos, moralmente bons, se eu ~ ...:_-_.- - - - - -

/lreno para uma outra palavra-chave inesperada, talvez até chocante CM Dezembro/93 - 31


para alguns: a palavra martírio. Quer dizer testemunho, e mais precisamente testemunho heróico, testemunho definitivo. Na perspectiva da VS, a obediência à lei moral deve ser ordem que chegue se for preciso, até o dom da própria vida. Com isso a encíclica está dizendo que nunca será fácil aderir ao bem moral. Haverá sempre um preço a pagar: o preço da incompreensão, do vitupério, da perseguição, talvez até da morte. "O martírio representa o vértice do testemunho prestado à verdade moral". Mais uma palavra-chave na encíclica é o serviço da pessoa e da sociedade. Na ordem moral e na obediência à lei moral há, certamente, uma dimensão de intimidade, quase de solidão em face das exigencias da consciência moral. De outra parte, porém, há uma grande solidariedade na busca do bem. Por isso a encíclica recorda que a moral contribui para a renovação da vida social e política. Recolho mais uma palavra-chave: a graça. Para viver na procura da verdade e do bem, para usar da sua liberdade, não para abusar dela, para estar em paz no fundo da sua consciência, o homem deve contar com suas energias interiores, deve ter a coragem de viver. Freqüentemente, porém, não bastam essas forças, é então que o homem conta com o poder de Deus. Ao nosso lado, Ele nos oferece Sua graça, isto é, um dom gratuito. Nova evangelização é mais uma palavra-chave na encíclica. O autor da encíclica é o mesmo papa que hoje convida o mundo inteiro a um renovado anúncio de Jesus Cristo, quer aos pagãos que ignoram tudo Dele, quer aos que vivem 32 - CM Dezembro/93

na indiferença. Com muita acuidade, João Paulo 11 percebe a descristianização que afeta grande parte da Igreja e, com palavras de sabedoria, faz ver que esse fenômeno se deve, de um lado, à perda da fé ou à redução dela a algo de insignificante para o concreto da vida humana; de outro porém, a descristianização se deve ao declínio e obscurecimento do senso moral do homem. Evangelizar alguém, pessoa ou comunidade, é também regenerar seu senso moral eventualmente perturbado. Refiro-me às duas últimas palavras-chave na VS: pastores e teólogos. Aos seus pastores os fiéis devem um eminente serviço que, de certo modo, engloba todos os outros: o de guiá-los no caminho que leva ao bem. Aos teólogos o povo de Deus pede uma orientação para saber onde realmente está o bem. Um teólogo não pode dar a quem o escuta somente luzes intelectuais; deve dar também a indicação do caminho, luz para os passos, ânsia de conhecer o que é bom , motivação para abraçar este bem. Este objetivo final pode parecer árduo, quase inating1vel. São muitos os que, olhando a escassa procura do bem moral, desistem também de procurá-lo. Esta é uma atitude prejudicial, não só para quem a toma, mas para a sociedade em que ele esta inserido. Tomara que o leitor, com achave das palavras aqui recordadas, abra a porta da Veritatis Splendor. Nela penetre. E viva o conteúdo dela. Dom Lucas Moreira Neves O Estado de S. Paulo (27/10 e 03/11/93)


É TEMPO DE FAZER BALANÇO Cada ano lhe reserva um 31 de dezembro. É o fim do ano que chegou. Com foguetes e alegrias para uns, com tristezas e pouca esperança para outros. Antes do baile de Reveillon, é preciso parar um pouco e lançar um olhar sobre o ano que passou. Dobrar a fronte diante do Criador e agradecer a oportunidade que tivemos de viver, enquanto outros já partiram. Houve um superávit ou um déficit no rendimento espiritual do ano? ... Quantas chances de realização nos oferece um ano! E nem sempre talvez aproveitamos ao máximo as oportunidades de fazer o bem. A omissão é o grande mal de nosso século. O indiferentismo perante o que deveria ser feito, é dos piores males que afligem a humanidade. E talvez tenhamos incorrido neste erro ... Mais um ano está passando ... Milhares e milhares de horas-vida Deus nos deu. Até que ponto temos valorizado esta vida? Esta chance de crescimento que a bondade de Deus nos concedeu?

Mais um ano está chegando. E com ele, esperanças de que tudo melhore. Especialmente no campo espiritual. O novo ano deverá ser melhor. Em termos de santificação, não podemos contentarnos com o que já obtivemos. Devemos ser exigentes conosco. Nossa meta é subir, subir sempre. Crescer, crescer sempre. O ideal de perfeição que Cristo nos apontou é imenso e não podemos cruzar os braços diante do muito que ainda deve ser feito. "SEDE PERFEITOS, COMO VOSSO PAI CELESTE É PERFEITO" - MT. 5,48 As falhas e os fracassos do ano que termina, não devem repetirse. As lições que a vida nos ensina, estas sim, devem ficar gravadas profundamente em nosso coração. A mais importante, sem dúvida, é aquela que o amor de Cristo nos ensina: que a vida, diariamente, deve ser partilhada. Um novo ano é a grande oportunidade que Deus nos oferece. Abrem-se novos caminhos, descortinam-se novos horizontes, nascem novas perspectivas. É mais um ano de graças e de bênçãos com que DEUS nos brinda. CM Dezembro/93 - 33


Sejamos otimistas, e não derrotados! Sejamos dinâmicos, e não passivos! Sejamos construtores da história, e não omissos!

Que você tenha um ano cheio de realizações e que o mundo se alegre por você estar vivendo hoje. Colaboração - Equipe 5 N.S. das Graças-Santo André

*** *** PROFISSÃO DE FÉ O nascer é uma dádiva de Deus O viver e amar é outra dádiva divina Quando contemplo a perfeição da Natureza Quando estendo a mão ao próximo Quando falho diante dos homens e de mim mesmo Eu sei que existo. Quando me desencontro e me reencontro Quando me perco nas trevas do pecado e depois encontro a luz Eu sei que existo. Enquanto o semelhante duvida de tudo Enquanto a ciência desafia o evangelho Enquanto a humanidade esquece o seu destino Eu sei que existo. Quando eu passar para outra dimensão Quando for um ponto no intangível E aqui for apenas saudade Eu sei que existo. E nas andanças pelo desconhecido Na caminhada pelo tempo Até o fim dos tempos Eu sei que existo. Porque Ele estará lá esperando ... Para o encontro final. E depois continuarei existindo Porque Deus é amor. Afonso (da Maria José) Equipe09 Recife/PE

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ADVENTO "Já é hora de despertarmos do sono pois estamos mais perto da nossa salvação do que quando recebemos a fé. Deixemos pois as obras das trevas e revistamo-nos das armas da luz" (Rm 13, 11-12).

É fácil? Não ... Esse apelo feito por São Paulo para que nós revistamos do espírito de Cristo é bombardeado, constantemente, pelos inimigos do homem. E são tantos esses inimigos! Porém a lógica humana não serve para explicar as realidades da graça. O PAI usa de seus instrumentos mais frágeis para deixar claro que a obra é Dele. Fomos chamados sem mérito nenhum de nossa parte para trabalhar na comunidade de equipes mesmo sendo portadores de defeitos, com inúmeras fraquezas, com palavras e talvez poucas obras, muito poucas.

mildade, para não perder de vista o propósito da eleição divina. O advento vem lembrar que somos chamados a assumir responsabilidades de apóstolos, sempre renovando o ânimo, sempre despertos. O equipista que não se encaminha com esforço, na busca da santidade, demonstra desconhecer profundamente o que é a vida, a sua religião, a sua fé e seu DEUS. Para sermos eficazes no meio do mundo, temos de ser santos. Caso contrário, não podemos iluminar as almas que fugiram do PAI. Temos de preparar-nos para a chegada do SENHOR. Que Ele nos encontre atentos e bem dispostos; e assim terá de encontrarnos também no nosso encontro definitivo com ELE. Precisamos tornar retos os caminhos de nossa vida, voltar-nos para esse Deus que vem até nós.

Mas a base de nossa vocação de batizado é a fé que nos ilumina, é a caridade que nos faz amar e a esperança nos sustém lutando sem desanimar. Tudo dom gratuito de DEUS.

Estaremos alertas se cuidarmos com esmero da oração pessoal, conjugal, da palavra que nos fala, do diálogo que aproxima e perdoa.

O advento é sempre presente para aqueles que não esmorecem durante a caminhada.

Meditar com atenção, aprofundando o sentido desse novo Advento.

É ter o olhar para o futuro como os profetas e partir sempre da hu-

A nossa Mãe, ajudar-nos-a melhorar e a saber esperar com grande CM Dezembro/93 - 35


recolhimento interior o nascimento de seu Filho. Com ela será fácil preparar nossa alma para a chegada da luz dos homens. JESUS precisa de equipistas com audácia para completarem a redenção dos leprosos; de casais que saibam dirigir a barca para longe da praia; precisa de equipes entusiastas

que sejam tenazes e lúcidas no meio da grande confusão que invade o mundo.

Jamil e Angela Região Rio I - Setor A Equipe 74- N.S. de Fátima

*** ***

11

FAZEI TUDO O QUE ELE VOZ DISSER ..

Recomendação de mãe deve ser lenitivo para o filho (a). Recomendação de nossa mãe Maria é imperativo diante do qual temos duas opções fundamentais: cumpri-la fielmente ou não acatá-la e, assim , romper a relação amorosa que deve impregnar a vida de todo filho com sua mãe. Para cumprir essa recomendação de Maria precisamos nos tornar fiéis discípulos de seu Filho; conhecer Jesus e renovar a cada dia o compromisso de seguí-lo. Para conhecê-lo temos duas fontes de capital importância para nós: o Evangelho e o Pobre. Já dizia o apóstolo Paulo que a fé nos entra pelo ouvido, mas como ouvir se não nos dedicamos com vigor sempre renovado à escuta da Palavra e à sua meditação? Como é bom estarmos familiariza36 - CM Dezembro/93

dos com o Evangelho para podermos agir, nas mais diversas circunstâncias da vida, inspirados por Ele! O que faria Jesus se estivesse no meu lugar, nesta circunstância determinada? Não se trata da velha imitação de Cristo. É muito mais que isso. É agir inspirado por Ele. A imitação pode nos levar a matar o Espírito num apego irracional à letra da Bíblia. Seguir a Jesus é assumir a desafiadora e bela missão de atualizar seus gestos em contextos de hoje, tão distantes e tão mudados em relação ao tempo e espaço de Jesus histórico. E para isso é urgente que nos tornemos ouvintes assíduos de sua Palavra. E nela meditemos dia e noite. A outra fonte que nos dá a garantia de estarmos agindo sob a inspiração da prática de Jesus é a opção evangélica pelos pobres.


Jesus fez seu Caminho de Verdade e Vida na companhia inseparável daqueles que a sociedade de seu tempo marginalizava e oprimia: os pobres, os deficientes físicos, as prostitutas. Os pequeninos da terra são protagonistas do Reino!

Como dizia São Vicente de Paulo: "Os pobres são nossos mestres e senhores". Obedeçamos à mãe, Nossa Senhora! Sigamos o Filho, Jesus Cristo. Amemos os pobres: seus preferidos.

Fazer tudo o que Ele nos manda implica no amor radical e incondicional aos pobres. São estes os nossos juízes (Mt. 25,31-46).

Equipe27 Guará-Brasflia

*** *** VIVENDO EM COMUNIDADE O nosso ideal é a felicidade. Essa felicidade não encontramos quando só pensamos em nós mesmos, trabalhamos para nós mesmos, porque nós não nos bastamos. É necessário vivermos em comunidade. E nela cada um se enriquece como o dom do outro. Cada um aprende que o outro nos dá o que nos falta. Cada um se doa e multiplica seus dons. Assim, nossa gratidão a Deus deve ser demonstrada continuamente por reconhecermo-nos privilegiados de viver na comunidade, onde os dons são colocados a serviço do outro porque esses dons são comunitários. Se os sufocamos, estamos nos fechando à graça de Deus , não nos comprometemos com Ele. Não podemos correr o risco de sermos julgados não só pelo que

fizemos de errado, mas pelo bem que deixamos de fazer. Não basta a palavra, mas a prática que se deve exercer em relação ao outro: precisamos ser sinal de amor ao mundo, testemunhas coerentes, apesar de sabermos que somos limitados. Mas vivendo a humildade, sabendo-nos pequenos, vamos recebendo a graça de Deus, abrindo o nosso coração e nos tornando disponíveis. Amando o próximo , é Deus que amamos nele. Muito será exigido de nós, que temos tido tantas oportunidades de encontrar em nossa vida o alimento precioso da graça, a esperança de um Deus Salvador e a misericórdia do nosso Redentor. Lenice e Luiz - CRS Araraquara/SP

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MAIS UMA PAUSA Só a força do Espírito Santo poderia dar condições a que tantas vezes se abordasse o mesmo tema: A CAMINHADA DAS ENS. E ninguém melhor do que cada equipista para falar de sua própria caminhada, dando testemunho daquilo que o Movimento já conseguiu realizar em sua vida. Ainda que para muitos, esse não seja o ponto de vista, não é motivo para desânimo, pois as coisas de Deus são assim mesmo acontecem de maneira muito simples e,econômica, até que percebamos. As vezes leva tempo para que notemos e compreendamos certas transformações. Ao encerrar-se mais um Ano Equipista, levemos em conta a consciência do esforço empreendido pois, certamente, alguma coisa mudou: nos casais, nas famílias e lá fora, se procurarmos viver e agir como cristãos. Em conseqüência, algum crescimento aconteceu. Quando falamos em encerramento do ano equipista, é preciso lembrar que, para aqueles que já assumiram o seu papel de equipista e incorporaram o conteúdo das ENS na sua conduta de vida, não há férias espirituais. As atividades das equipes, muitas vezes consideradas cansativas e em grande número, não tem outro propósito, a não ser nos ajudar a encontrar os caminhos da conversão. Se assim entendemos, o tempo empregado foi investimento dos mais rentáveis. Más, será que fomos bons aplicadores neste período? Encontramos 38 - CM Dezembro/93

na nossa equipe de base os fundamentos que necessitávamos, ou melhor, que vamos absorvendo ao longo da caminhada? Contribuímos com ela para favorecer os outros membros? Colhemos dividendos dos PCEs, a ponto de partilhar com aqueles que ainda não descobriram as vantagens desses meios de transformação de atitudes? Anunciamos os lucros que tivemos, ou nos fechamos egoisticamente, não dando oportunidade a que outros casais, pudessem também, ser participantes deste tesouro recebido gratuitamente? E finalmente, já despertamos para a realidade que nos convoca à ação? Realidade em vários sentidos e que exige atitudes diversas? Quantas interrogações ainda poderiam ser formuladas para nós equipistas! Contudo, ficam as pistas para reflexão no espírito do NATAL. Vamos pensar no próximo ano com Fé e Esperança revigoradas, acreditando num Deus único e verdadeiro, que nos ama infinitamente e nos convida a ser construtores do seu Reino. Que em cada lar aconteça o nascer de uma nova aurora, marcada pela alegria, confiança, fraternidade e amor mútuo. Deus nos quer felizes, logo, temos o dever de lutar por isso. Portanto, que Maria, nossa carinhosa medianeira, interceda por todos nós. Zélia e Justino Casal Responsável Nordeste


SER UM SÓ "Por isso o homem deixará seu pai e sua mãe para se unir à sua mulher, e os DOIS SERÃO UM SÓ. Assim, não são dois, mas um só. Portanto, que o homem não separe o que Deus uniu". (Mt. 19,5-6). Os nossos anos de casados nos dizem, cada vez mais, o quanto é difícil esta unidade da qual fala o Evangelho, mas também o quanto é gratificante o esforço dispensado para conseguí-la. Cada casamento é uma nova história. História iniciada por duas pessoas, reforçada pela presença dos filhos. Não há modelo a ser seguido. Há algumas semelhanças com outros casamentos, mas a individualidade destas duas pessoas determina um caminhar diferente do dos outros. A proposta evangélica é radical: partimos de dois, caminhando para um só. Por conseguinte, os dois não se anulam num só, mas tentam fazer e viver um só. Esta insistente repetição de palavras diz claramente que a individualidade de cada um tem que ser respeitada e que esta deve colocar-se à disposição do outro, para a construção de um único caminho. Neste sentido, o harmonizar-se com o outro é um passo bastante significativo na vida conjugal. E isto é feito nas pequenas coisas: dividir as tarefas da casa (e não fazer apenas as gratificantes), refletir sobre os desentendimentos que ocorrem no dia-a-dia, colocar-se no lugar do outro nas diversas situações, dividir a vida dos filhos (na escola, na doença, na espiritualidade, nas dificuldades), ter um lazer a dois (passeio, bar, uma rede, ...), rezar juntos, etc. O harmonizar-se nas mínimas coisas não é concretizado em alguns anos, mas tem que ser tentado todos os dias e DEVE SER PROCURADO a partir do momento em que os dois decidem viver juntos. A renúncia e o respeito à personalidade do outro são duas atitudes fundamentais que se completam. O casamento é, portanto, uma das tentativas de se chegar à unidade com Deus, através do outro.

Graça e Walter

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JESUS E A POLÍTICA O pastor Desmond Tutu, Prêmio Nobel da Paz, diz que "não há nada mais político do que afirmar que a religião nada tem que ver com a política". Querer separar religião e política é o mesmo que, numa pessoa pretender isolar o espírito do corpo. A expansão muçulmana no mundo, o boicote chinês à presença do Dalai Lama na Conferência da ONU sobre Direitos Humanos, a política israelense frente às nações árabes e a intransigência da Coroa britânica em não admitir a independência da Irlanda do Norte são questões políticas com fortes ressonâncias religiosas. Como observa o teólogo Clodovis Boff, "tudo é político, mas a política não é tudo". Ao abrir o Evangelho, constatamos que a vida de Jesus teve implicações políticas antes mesmo de ele nascer. Herodes, temendo o Messias, ordenou a matança das crianças. Para Maria, o filho esperado era bênção do Senhor que "derruba do trono os poderosos e eleva os humildes; aos famintos enche de bens, e despede os ricos de mãos vazias" (Lc. 1,52-53}. Se a religião nada tivesse que ver com política, João Batista, primo de Jesus, não teria sido preso e assassinado por ordem de Herodes, porque ele fora denunciado 40 - CM Dezembro/93

como corrupto (Me. 6,17-29). Toda a missão de Jesus é um permanente conflito com as autoridades de seu tempo: escribas, fariseus, saduceus, membros do Sinédrio e da Corte romana. O fato de Jesus denunciar a hipocrisia da lei, defender os direitos dos marginalizados, proclamar um Reino que não era o de César, provocou a ira de Herodes, a quem ele tratou de "raposa" (Lc. 13,32). Quando os apóstolos sugeriram que Jesus despedisse o povo faminto, ele reagiu, obrigando-os a repartir o alimento (Me. 6.30-44). Na oração que Jesus ensina, o refrão Pai Nosso/Pão Nosso deixa claro que não se pode testemunhar que Deus é nosso Pai enquanto não vivermos como irmãos, partilhando os bens da Terra e os frutos do trabalho humano. Todo cristão é discípulo de um prisioneiro político. Jesus não morreu de desastre de camelo numa rua de Jerusalém nem de hepatite na cama. Foi assassinado sob dois processos sumários, o do Sinédrio e o dos romanos. Era preciso calar Aquele que ensinava que sagrada é a pessoa humana, e não o Templo de Jerusalém ou o palácio de Herodes em Tiberíades. O cego, o coxo, o pobre Lázaro, bem como Zaqueu e os abastados, são templos vivos de Deus. Nenhuma ordem política


pode considerar o direito de propriedade acima do direito de vida das pessoas. Para a fé cristã, a saúde de um pobre doente vale muito mais que a vara de porcos que Jesus precipita no lago (Lc. 8,26,33), assim como o direito do posseiro está acima da posse da terra; o salário do empregado, acima do lucro do patrão; a educação das crianças de rua, acima dos interesses das empreiteiras. A Igreja Católica não é um partido político nem se pode confundir com eles. É por razões éticas e

pastorais que ela se manifesta sobre política, não por razões eleitorais. Sendo Igreja de homens e mulheres, e não de anjos, tem o dever de velar para que, já neste mundo, todos "tenham vida e vida em abundância" (Jo. 1O, 1O). Foi para isso que Ele veio restaurar o paraíso criado pelo Pai e subvertido pelo egoísmo humano. Se há um só Deus, de Quem somos filhos, por que tantas desigualdades entre irmãos? Frei Betto

*** *** A SOCIEDADE CHORA MAS NÃO REAGE Os recentes acontecimentos na Candelária nos colocam frente à necessidade de fazer uma profunda reflexão sobre a perda total dos valores da nossa Sociedade. Devemos procurar as causas que levaram a esse rompimento do tecido social.

nifestação de repúdio a essa brutal violência, exigindo a punição dos culpados principalmente a busca dos efetivos responsáveis, pois essas ações não existiriam se atrás delas não houvessem grupos que a aprovassem ou a estimulassem.

Os dados que representam uma rejeição aos acontecimentos, de 85% em São Paulo e 82% no Rio de Janeiro nos animam, mas frente à tal barbaridade o índice de aprovação ou de indiferença ainda é muito grande.

ESSA VIGÍLIA PERMANENTE SÓ NÃO BASTA!

Não podemos ficar imobilizados perante uma situação dessa restringindo-nos ao nosso cotidiano, pois perderá o sentido a existência de um movimento da expressão das ENS se nada for feito. É necessária uma intensa e ampla ma-

As ENS são um movimento de reflexão e de defesa dos valores de uma sociedade solidária e cristã. Nesse momento, esses valores estão sendo totalmente perdidos. Na verdade já vem manifestando essa deterioração e não temos reagido, pois o extermínio de menores só no Rio de Janeiro, apresenta uma evolução de 172 crianças em 1985 para 4 70 em 1991. No 12 semestre de 1993 já CM Dezembro/93 - 41


atingiu 320 crianças. Ora, isso não ocorre só no Rio; poderemos acrescentar os dados das demais cidades brasileiras e os números serão mais estarrecedores ainda! VAMOS CONTINUAR ASSISTINDO A ISSO E NOS MANTERMOS APÁTICOS? Será que é essa sociedade que queremqs para os nossos filhos e netos? E para isso que lutamos tanto no nosso cotidiano? Educamos nossos filhos, encaminhandoos para as escolas e universidades, para que venham a se defrontar com um mundo violento e sem respeito ao próximo? Será que vale a pena continuar fingindo que nada está acontecendo?

À Equipe da Carta Mensal Saúde e Paz! Numa reunião que tivemos com o nosso regional (AS), foi mencionado por eles que talvez, em 94, como medida de economia, a Carta Mensal passaria a ser editada 6 vezes por ano, e não 9 como é agora. Diante disso, viemos sugerir que ele fosse editada em papel de qualidade inferior e talvez com menos páginas, mas que não deixasse de ser as 9 anuais. Ou então, que houvesse a possibilidade 42- CM Dezembro/93

Temos que utilizar o nosso tempo e energia nas nossas atividades de equipe para refletir, buscar compreender as causas que geram essa brutal distorção e em seguida de forma sistemática e organizada agir. As ENS e a Igreja têm a responsabilidade conjunta de liderar esse processo de reflexão e ação, ser o sal da terra e a luz do mundo. Assim não sendo, afundaremos na nossa omissão e iremos pagar pesado tributo com as gerações futuras. Dilermando e Yolanda Equipe 120 São Paulo/SP

de parte dela ser patrocinada por empresas de equipistas ou outras. É uma comunicação tão boa e útil entre nós equipistas que todos perderíamos muito com essas medidas. SUGESTÕES: - Que houvessem mais entrevistas com pessoas importantes, ligadas à Pastoral Familiar ou outra; - E mais artigos sobre relacionamentos pais-filhos, principalmente adolescentes. Evani e Marco Antonio Schoeller Capão da Canoa/R S.


Queridos irmãos da Carta mensal das Equipes de Nossa Senhora, que a paz de Jesus esteja presente em seus corações e conseqüentemente em todos que os rodeiam.

É com grande alegria que, pela primeira vez, escrevo-lhes para dizer da nossa alegria em pertencer a essa família maravilhosa que é a ENS. Nossa equipe vai bem, participando dos trabalhos da Igreja, atravessando apenas alguns problemas comuns nesse tempo conturbado em que a televisão, o modernismo, os problemas sociais teimam em vencer a vontade daqueles que lutam por um mundo melhor. Gostaríamos muito que vocês lessem esta mensagem a respeito da unidade do casal e se fosse possível publicassem na Carta Mensal... ficaríamos felizes em contribuir. Agradecemos pelo carinho e dedicação de todos vocês, que Maria seja a sombra de todos os seus passos. Um abraço! Socorrinha e Marcelo CRE Equipe 01 - N.S. do Perpétuo Socorro Quixadá-CE

*** *** "Nossos caminhos são agora um só caminho, nossas almas, uma só alma, cantarão para nós os mesmos pássaros e os mesmos anjos desdobrarão sobre nós as invisíveis asas. Temos agora por espelhos os nossos olhos; o teu riso dirá a minha alegria, e o teu pranto a minha tristeza. Se eu fechar os olhos, tu estarás presente; se eu adormecer, serás meu sonho; e serás, ao despertar, os sol que desponta. Nossos mapas serão iguais, e traçaremos juntos os mesmos roteiros que conduzam às fontes escondidas e aos tesouros ocultos. CM Dezembro/93 - 43


Na mesma página do Evangelho encontraremos o Cristo, partiremos na ceia o mesmo pão; meus amigos serão os teus amigos, e perdoaremos com iguais palavras aqueles que nos invejam. Será nossa leitura à luz da mesma lâmpada, aqueceremos as mãos ao mesmo fogo e veremos em silêncio desabrochar no jardim a primeira rosa da primavera. Iremos depois nos descobrindo nos filhos que crescem, e não mais saberemos descobrir em cada um os meus traços e os teus, o meu e o teu gesto, e então nos tornaremos parecidos. E nem o mundo nem a guerra nem a morte, nada mais poderá separar-nos pois seremos mais que nunca, em cada filho, uma só carne e um só coração. Que o homem não separe o que Deus uniu. que o tempo não destrua a aliança que nos prende, nem os amores, o amor. Que eu não tenha outro repouso que o teu peito, outro amparo que a tua mão, outro alimento que o teu sorriso. e, quando eu fechar os olhos para a grande noite, sejam tuas as mãos que hão de fechá-los. E, quando os abrir para a visão, de Deus, possa contemplar-te como o caminho que me levou, dia após dia, à fonte de todo amor".

Dom Marcos Barbosa

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MUDANÇAS NOS QUADROS/ EXPANSÃO • V anda e João Bosco após deixarem a função de CRS Fortaleza/CE passaram a ser CL das equipes de~ dá/CE e Barra do Corda/MA. • O novo CL das equipes de Natai/RN com o CRR Nordeste é Salete e Arthur Krause. • A Coordenação das ENS de José Bonifácio/SP foi elevada a Setor em 05.1 0.93. O CR Benedita e Hélio continua a responder pelo Movimento naquela cidade e continua a contar com Pe. Mauro, agora como CEdo Setor. • A Região São Paulo Sul I foi desmembrada em duas regiões, a saber, São Paulo-Capital que abrange os Setores A, B, C, e D daquela cidade e a Região São Paulo Sul I que abrange os setores de Santos, do ABC e de Mogi das Cruzes. A ECIR achou por bem assim proceder em razão do aumento do número de equipes nos vários setores, fruto do bem sucedido esforço de expansão que vem sendo empreendido, sobretudo através dos Grupos de Experiência Comunitária. O CR da "Nova" Região São Paulo Sul I é Maria Helena e Orlando e na São Paulo-Capital, Stella e Celso (Ex. CR Setor A) assumem em lugar de Maria Alice e lvahy.

ram a função de CR em substituição a Maria Lúcia e Pedro Garcia.

NOVAS EQUIPES/EXPERIÊNCIA COMUNITÁRIA • Taguatinga/PF Eq. 15- N.S. da Divina Providência C. E.: Pe. Antonio Bernardo C.P.: Helena e Rudes • Capão da Canoa/AS (oriundas da Ex. Co.) Eq. 08- N.S. do Rosário C. E.: Pe. Adenir José Fumagalli C.P.: Terezinha e Luiz Motti Coord. Ex. Co.: Beatriz e Renê Eq. 09- N.S. de Lourdes C. E. : Pe. Almir José Fumagalli C.P.: Vilda e Batista Coord. Ex. Co.: Teresinha e João • O Setor Litoral/AS conta com mais dois grupos de Ex. Co. em Providência de Capão da Canoa que estão sendo coordenados por Nercy/Jeremias e Evani/Marco Antonio (ambos da Eq. N.S. da Divina Providência).

CONSELHEIROS ESPIRITUAIS • Realizou-se em 23.1 0.93 o Jubileu de Prata do Pe. Char1es Borg, CE do Setor B de Aracatuba/SP e ainda das equipes 3/A, 3/B e 6/B daquela cidade. É também Vigário da Paróquia Santo Antonio de Pádua e Vigário Episcopal da Diocese de Lins. Parabéns dos seus equipistas, paroquianos e amigos por seus 25 anos de sacerdócio bem como pelo trabalho que vem realizando na Pastoral Familiar daquela cidade.

• Elza e José Carlos Miranda assumiram a função de CR da Coordenação Paraná-Norte em lugar de Sueli e Aristides.

EVENTOS

• No Setor A de Londrina/PR, Rúbia Carta e Brasil Alvim Versoza assumi-

• Em comemoração à Semana da Família realizaram-se em João Pes-

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~nos dias 04,

05 e 06.08 palestras e trocas de idéias conduzidas por casais e pelo Pe. Fábio, CEdas equipes 1 e 2. O tríduo teve intensa participação da comunidade local e pelos casais das três equipes e foi encerrado com uma Missa de Ação de Graças pela Família.

• As ENS de Santarém/PA realizaram entre01 e03.10 o seu 92 Retiro Anual , marcado pela organização e pela espiritual idade transmitida aos participantes. Além dos casais equipistas estiveram presentes as duas equipes em pilotagem e mais oito casais convidados. O pregador foi o Pe. Gennaro Tesauro, vindo de Belém . Nas confissões estiveram o Pe. Valdir Silveira e o Bispo Emérito de Santarém , Dom Tiago. O clima de paz, fraternidade, amor, oração e compromisso foi tão grande que, para o próximo ano, estão sendo planejados dois retiros. • AsENSdeSãoJosédosCampos/SP, tendo no serviço a Eq. 9 e como pregador Pe. Tetuo Koga, realizaram entre 24 e 26.09 um retiro "diferente". Isto porque foi uma "missa de dois dias", iniciada na 6ª feira com uma preparação para a Eucaristia, focalizando a importância do diálogo do casal , entre os casais e de todos com Deus, para que fosse "Celebrada a Vida" (tema do Retiro). Com uma participação muito ativa dos 28 casais presentes, orações e reflexões conduzidas por Pe. Tetuo, cada parte da Missa foi vivida de forma profunda e forte, de modo particular a Comunhão. Todos saíram do Retiro alimentados por uma forte experiência do Deus Vivo que "nos reúne numa grande festa familiar para a celebração da nossa vida, no banquete Eucarístico!" • Realizado em João Pessoa/PB o 22 Retiro Anual das ENS em 29.08 com

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a participação dos casais das equipes 1, 2 e 3, do Seminarista Joselito (CE da Equipe 3) e do pregador Pe. Fábio com o Tema "Amor''. Todos retomaram às suas casas "leves e abastecidos" • Em agosto passado, o Movimento das ENS participou em Juiz de Fora/MG da Vigflia pela Famfl ia, promovida pela Arquidiocese local. No horário que coube às equipes foram apresentados cânticos e textos cuja preparação foi coordenada por Terezinha e Marcos Coimbra (Eq. 9/B) e dos quais recebemos cópias que estão à disposição de todos os equipistas interessados.

VOLTA AO PAI • Thomas Schuwerdtner (da Noemia) Eq. 93/C- Rio I em 30.08.93. Votos de seus irmãos equipistas para que "sua alma encontre o merecido repouso junto ao Senhor''. • Olinda (do An icésio) da Eq. 47/F de Taguatinga/DF em 18.08.93. Ela e seu marido (hoje gravemente enfermo) sempre testemunharam o grande amor que viveram , em comunidade. Integrantes do Conselho de Voluntários do seu bairro, fo ram idealizadores, na Paróquia de São José, de um lar de menores abandonados em pleno funcionamento. Sua comun idade perde um grande ser humano. Anicésio, apesar de não falar e se mover, sentiu grandemente sua perda, assim como seus irmãos de equipe. "Que N.S. do Amparo a guarde!" • Pe. Luiz Garcia de Souza, CE da Eq. 106/A do Rio de Janeiro em 14.09.93. O jesuíta, ordenado em 03.12.54, elegante e aparentemente tímido voltou ao Pai, discretamente, como era do


seu feitio, místico, modesto e aristocrático. Atual responsável pelo setor de Sociologia da PUC, dedicou-se, embora com alguns sacrifícios, a seus equipistas por quase dois anos, brindando-os com sua espiritualidade e erudição religiosa, deixando em todos eles uma lembrança perene de sua carinhosa passagem por suas vidas. N.S. da Conceição certamente acolheu-o no céu . • Cônego Francisco Assis Gandolpho, CEda Eq. 6/A de São Paulo Capital em 31.07.93, após um ano e meio de enfermidade. Cônego da Arquidiocese de São Paulo, Presidente do Arquivo Metropolitano e do Instituto Educacional Seminário Paulopolitano (mantenador das Faculdades Associadas lpiranga) . Membro do Museu de Artes Sacras e do Conselho de Curadores da FIDES - Fundação Instituto de Desenvolvimento Empresarial Social. Assessor Doutrinário da ADCE - Associação de Dirigentes Cristãos de Empresas. Além de muitas outras funções foi também ViceReitor Comunitário da PUC/SP por 1o anos seguidos. Entrou na glória eterna num momento especial de grande intimidade com Deus quando concelebrava a Santa Missa em sua residência. Morreu exercendo a missão sacerdotal à qual dedicou toda a sua vida e foi sepultado no Dia do Padre. Deixa como herança um exemplo de vida nobre, próprio de quem "vive neste mundo sem ser deste mundo". Aceitou o sofrimento com amor, dignidade e grandeza. "Nas mãos de Deus entrego minha Vida. Recebi tudo Dele. Agora tudo é para Ele. Eu já estou me preparando para o encontro na casa do Pai. Lá, rogarei por todos vocês, mas é preciso que vocês se amem muito na caridade evangélica"

(escrito dias antes de sua morte) . A equipe que conviveu com ele durante 25 anos e seus amigos perderam um ser humano grande, nobre e brilhante, mas ganharam um protetor e a Igreja ganhou um Santo. • Nelson Manoel do Rego (da T erezinha, Eq. 1 de Santos/SP em 08.1 0.93. "Nel ito" e Terezinha foram o 12 CR da 1ªequipe da cidade e quem deu início ao Movimento em Santos. A medida que se formaram novas equipes, foram os primeiros CR da Coordenação e, posteriormente, do Setor. Médico conceituado e competente, professor emérito, cidadão prestante, foi principalmente um Cristão e toda a sua vida foi um exemplo de vivência cristã a serviço da Igreja. Foi Secretário Municipal da Saúde, com conduta política exemplar. Católico fervoroso, sempre preocupado com as instituições da Igreja, particularmente a Sociedade de São Leopoldo e a Universidade Católica. Acometido, há dois anos, de grave enfermidade, a qual, como médico, sabia ser irreversível, sofreu três operações e padeceu dores. Nesse período seu valor cristão sobressaiuse ainda mais. Ao lado de T erezinha, também enferma, unidos recebiam quem os visitasse, sem queixumes, com serenidade e confiança na ação de Deus. Recebiam diariamente a Eucaristia ministrada por Frei Eugênio (CEda equipe) cujo privilégio e graça agradeciam. Seus irmãos equipistas de 35 anos de caminhada sentem na partida de Nelito a beleza de sua figura extraordinária, agradecendo o privilégio de ter convivido com ele e guardando a lembrança constante de seus exemplos de fé e de amor ao próximo. "Caiu um Líder! nasceu um Santo!"

CM Dezembro/93- 47


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FELIZ NATAL

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Ao desejar Feliz Natal, quero que meu bom desejo se dirija a todo homem, meu irmão. É o Natal Daquele que não discrimina. Os anjos o anunciaram a todos.

Feliz Natal aos pequen·n~~J\QÂ~~ildes , depositários diretos e anunciadores primeiros da ní salvação e alegria. Madrugadores na caminhada n~r~ .'-"' 1 Feliz Natal aos grandes assim objeto da força i e poderoso, se fez

retardatários, mas mesmo aquele que, sendo grande ·· pelo amor.

Feliz Natal aos que o Senhor de seu ser e de Feliz Natal . também.

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A força da ai:fllcá e refratári Ao

nhas palavras sejam mais do

t;Jm1.]j#lb~·t;a~~feto, impregnadas de bons desejos, quero que sejam • da alegria, da paz e da felicidade que o Cristo veio trazer, evocando, visualizando, contendo e comunicando o que expressam. Feliz Natal. Pe. /sidoro de Nadai

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MEDITANDO EM EQUIPE (Sugestões para Dezembro- Janeiro- Fevereiro) (Ano 1994: ano da Família).

Texto de meditação: Ev. de s. Lucas, cap. 2, vers. 22-40 1) Lucas nos mostra Maria e José cumprindo o que a lei de Deus prescrevia, mas à maneira dos pobres, porque são realmente pobres. 2) Simeão toma nos braços a esperança de libertação do pecado e das estruturas de pecado do seu tempo: o Messias prometido para a Salvação do mundo. 3) Mas será também um "sinal de contradição": pode-se recusá-lo. 4) Perfil um tanto misterioso de Ana: não fala, mas reza e faz penitência. Ela também é pobre. 5) Num lugarejo pobre e desprezado, Jesus cresce e fica forte, tornando-se homem adulto, debaixo do olhar de Deus. Para refletir: Como tornar Deus presente em nossas famílias? Nossas famílias e comunidades são unidas? Quais são os fatores de união e desunião? Oração Litúrgica: Homens:

Ó luz bendita dos céus, dos homens suma esperança, Jesus, o amor da família sorriu a vós em criança

Mulheres: Maria, cheia de graça, só vós podeis apertar Jesus no peito e, com beijos, materno leite lhe dar Homens:

E vós, o guarda da Virgem, feliz eleito dos céus, o doce nome de pai vos deu o Filho de Deus

Mulheres: Da nobre raiz de Jessé, para salvar-nos nascidos, ouve as preces humildes, dos corações redimidos. Homens:

A flor da graça e virtude em vossa casa nascida, se reproduza em nossas para transformar a vida

Mulheres +Homens: Jesus, quisestes ser filho obediente a seus pais. A vós, ao Pai e ao Espírito louvor e glória eternais. Oração:

O Deus de bondade, que nos destes a Sagrada Família como exemplo, concedei-nos imitar em nossos lares as suas virtudes para que, unidos pelos laços do amor, possamos chegar um dia às alegrias da vossa casa Amém.


1994 SER FAMÍLIA HOJE NA IGREJA E NO MUNDO o

ANO INTERNACIONAL DA FAMÍLIA

o

CAMPANHA DA FRATERNIDADE

o

ENCONTRO INTERNACIONAL DAS ENS: FÁTIMA


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