li Carta Mensal Equipes de Nossa Senhora
Eras Tu, Senhor? Quaresma: Conversão Protagonismo das ENS
Ser Igreja: Coerência entre Fé e Vida
Ano XXXV - Nº 307 - Fevereiro-Março/95
EQUIPES DE NossA SENHORA
CARTA MENSAL Nº 307
fEv-MAR/1995
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INDICE Editorial O Nosso Protagonismo ............... .. .. .... 1 A ECI R conversa com vocês .. .. .. .. .. .. .. . 2 Caminhando com a Igreja ............ .. ..... 4 Quaresma ...... ............. ........ ..... ........... 7 Formação ............................................ 9 Projeto Conjugal........ ...... ................. 28 Vida do Movimento .......................... 32 Notícias e Informações ..................... 34 Nossa Biblioteca ............................... 35 Atualidade ...................................... .. 36 Reflexão ........ .... ............ .. ...... .. ... ..... .. 38 Oração .............................................. 39 Última Página ................................... 40
Carta Mensal é uma publicação mensal das Equipes de Nossa Senhora. Jornalista Responsável: Catherine Elisabeth Nadas (MTb 19835). Edição: Equipe de Casais da Carta Mensal. Fone: (011) 604-8833. Composição, Diagramação e Fotolitos: Newswork. Rua Venâncio Ayres, 931. São Paulo. Fone: (011 )263-6433. Impressão e Acabamento: Edições Loyola. Rua 1822, 347. Fone: (011) 914-1922. Tiragem desta edição: 8.200 exemplares.
Editorial 0 Nosso
PROTAGONISMO
Queridos Casais Equipistas! Paz e Bem! Iniciamos mais uma ano, cheio de significação, esperanças, alegrias e principalmente com grandes perspectivas de trabalho. Neste ano a nossa Mãe Igreja, nos convida, mais fortemente a assumirmos a missão de levar a Boa Nova aos irmãos. É preciso darmos passos ainda mais firmes e fortes no sentido de abraçarmos o protagonismo dos leigos. Nosso movimento tem se destacado pela atuação no âmbito da Pastoral Familiar, uma realidade complexa e difícil de ser articulada, mas sabemos que muito se tem feito e que os avanços são inúmeros. Este ano, a Campanha da Fraternidade nos apresenta o questionamento: Eras Tu, Senhor? Certamente em muitas situações não percebemos que Ele pode se fazer presença em situações que até desapercebemos. Fraternidade e excluídoscomo conjuminar duas coisas tão opostas, mas tão decorrentes uma da outra? Refletiremos em nossos EACRE's, o Ser Igreja, a coerência entre Fé e Vida; O protagonismo das Equipes de Nossa Senhora, tendo em vista alicerçarmos nossos atos, nossas mentes e nossos corações para buscarmos caminhos, propóstas e sugestões para um trabalho efetivamente transformador. A busca constante de Soluções e Respostas deve ser nossa primordial tarefa neste ano de 1995. Diminuir as distâncias sociais, implantar a justiça, a fraternidade, o perdão, a paz deve ser objetivo de trabalho do nosso protagonismo. Lembremo-nos que o Espírito Santo nos acompanha em todos os momentos, e neste principalmente, nos impelindo à Missão. Que todos os casais equipistas possam vislumbrar a beleza que é o colocar-se a serviço do Reino, que se instaura aqui e já. Não percamos tempo, arregacemos as mangas, pois, da parte de Deus temos todo o apoio. Que Deus abençoe e proteja a todos e a cada um em particular. Abraços e orações
Pe. Mário José- ECIR FEv/MAR-95
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A EC/R conversa com vocês
PREPARAÇÃO PARA MA IS UM ANO DE CRESCIM ENTO Queridos irmãos e irmãs equipistas!
omo em famíli a, gostaríamos de colocar em co mum com vocês alguns pontos de nossa primeira reun ião como Casal Responsável da ECIR. Ao contarmos um pouco deste encontro gostaríamos de poder compartilhar inicialmente da nossa grande alegria em poder servir, o que para alguns poderia parecer um peso, mas na verdade é uma imensa graça de Deus. Neste momento nos vem à me nte a citação de J. Lebret no seu livro Princípios para a Ação :
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//Tan to m ais seremos responsáveis/ quanto m ais formos simplesmente e integralmente servidores// 2-
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O que crescemos com o serviço ao próximo só pode ser mesmo um dom de Deus. Foi grande nossa alegria com o início da participação em nossns reu niões do casal Vera Lúcia e J osé Renato, equipistas de Salto/SP que passam a fazer parte da equipe da ECIR. Começamos a refletir em equipe sobre o Planejamento de nossas atividades para este ano. Cremos que a ECIR deva ter claro seu objetivo a ser perseguido e, portanto, deverá ter metas ou projetos estabelecidos aos quais iremos nos dedicar nos próximos meses. Tanto a definição do
Objetivo como o estabelecimento das metas ou projetos estão sendo pensados e refletidos pelos casais da ECIR, a fim de que os tenhamos defi nidos na nossa próxima reunião. Uma coisa porém é certa, de que este objetivo deverá estar voltado para o aprofundamento e consolidação das três dimensões do carisma e da mística do nosso Movimento, a saber: Espiritualidade Conjugal, Comun idade e Missão. Devemos, pri mordialmente, como responsáveis pelo nosso Movimento neste momento histórico, zelar para que nossos casais vivam cada vez mais sua FE v / M A R - 95
espiritualidade conjugal, com e em comunidade, encarnada no mundo, por meio de sua missão. Outro assunto foi a preparação dos nossos EACREs que se aproximam. Nossas equipes renovam seus casais responsáveis e temos aí um momento extremamente forte para animá-los e incentivá-los neste seu serviço aos irmãos e irmãs equipistas durante este ano. Pensamos que nossos EACREs devam ser como que uma extensão do nosso Encontro Nacional, realizado em Itaici. Para tanto é preciso que tenhamos muito espírito de oração e um grande empenho por parte de todos aqueles que irão participar, sejam como novos casais responsáveis, sejam como casais em equipes de organização e serviço. Peçamos igualmente em nossas orações pelos nossos Conselheiros Espirituais, para que eles também tenham disponibilidade, dentre seus inúmeros afazeres, para participarem deste momento forte de encontro de preparação para mais um ano de crescimento. Refletimos igualmente, ainda sob o impacto das colocações de Dom Angélico S. Bernardino no Encontro Nacional, sobre a FEv/MAR-95
O objetivo deverá estar voltado para o aprofundamento e consolidação das três dimensões do carisma e da mística do nosso Movimento: Espiritualidade Conjugal/ Comunidade e Missão. Campanha da Fraternidade desde ano de 95. Somos um Movimento de Igreja e portanto temos necessariamente que caminhar em sintonia com os apelos desta, que mais do que nunca nos convoca a sermos verdadeiramente seguidores de Jesus Cristo. Como seguidores de Jesus Cristo que faremos para realizar concretamente essa Campanha da Fraternidade de 95 , principalmente pensando nas famílias e casais excluídos? Na esperança de um ano repleto de realizações e de muitos frutos , enviamos a vocês nosso carinhoso e fraternal abraço.
Maria Regina e Carlos Eduardo EC/R CARTA
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Caminhando com a Igreja ERAS
Tu,
SENHOR?
Estamos completando trinta e dois anos de Campanha da Fraternidade no Brasil. Nesses anos todos, refletimos e tomamos decisões sobre desafios inquietantes à nossa consciência cristã. Foram desafios nascidos do mundo do trabalho, da migração, da saúde (ou melhor: da doença), da ed ucação, da comunicação, da moradia, da família, do abandono, da discriminação, da violência, da fome . Não é preciso ser otimista para dizer que nossas campanhas todas produziram bons resultados. Se mais não fizeram, é que somos débeis e as situações e estruturas resistem . Neste ano de 1995 e principalmente nesta Quaresma somos desafiados a enfrentar a realidade da exclusão, de todos aqueles que de algum modo estão fora total ou parcialmente da partilha dos bens humanos. E nossa primeira atitude tem de ser a de olhar para ver, pois que muitas vezes nem olhamos nem vemos os que estão ao nosso redor, e quase nunca os que estão um pouco mais longe. Vamos pela cidade atentos, olhando e vendo. 4-
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Temos os "moradores de rua" e os andantes "moradores da estrada". Os desconsiderados. Os presidiários e ex-presidiários . Prostitutos, prostitutas e vítimas de violência sexual. Doentes pobres e principalmente do-
pensar. Por falar em pensar, diante da exclusão de tantos não podemos deixar de nos perguntar quem são os responsáveis, quem são os excluidores. A exclusão é uma forma de desamor, não é produto do acaso.
A exclusão é uma forma de desamor, não é produto do acaso. entes discriminados, como aidéticos e hansenianos. Deficientes físicos e mentais . Alcoolizados e drogados. Desempregados e subempregados . Analfabetos e semianalfabetos. Discriminados por causa de sua raça, de sua religião, de sua cultura. E de modo geral todos aqueles que , sem ser nada disso, estão nos últimos lugares entre 50% dos brasileiros que lutam por algumas migalhas dos 11 ,2% da renda nacional que lhes são deixados por enquanto . Olhando para ver poderemos recuperar nossa sensibilidade já um tanto embotada, ou porque a situação nos parece sem remédio, ou porque simplesmente não queremos
Podemos falar de maneira impessoal, apontando como responsáveis pela exclusão: os preconceitos sociais, religiosos ou culturais, o sistema econômico que valoriza as pessoas apenas enquanto produtoras e consumidores, que produz a concentração de renda, o consumismo e o desperdício, a organização política com sua enganosa participação popular, com o favorecimento de alguns em prejuízo da maioria, a desonestidade, o descompromisso, a fa lta de visão e de amor dos grupos religiosos, das igrejas e da Igreja. Só que o impessoal não existe: existem pessoas, entre as quais estamos nós . Não podemos, FEv/MAR-95
pois, deixar de examinar muito honestamente nossa responsabilidade pessoal como excluidores. Não vou nem mesmo me perguntar sobre o que faço ou deixo de fazer. Vou apenas examinar o meu modo de pensar e de julgar. Como vejo e como julgo os movimentos e as pessoas que se dedicam ao problema dos sem terra (CPT), à pastoral carcerária, à pastoral entre prostitutas, à pastoral entre os meninos de rua, à pastoral entre os moradores de rua, à defesa dos direitos humanos, ao atendimento aos aidéticos e drogados? Como vejo e como julgo os cristãos que se dedicam à militância partidária à militância sindical, à militância nas associações de bairro, nos movimentos ecológicos? Como vejo a possibilidade de minha equipe dedicar uma atenção especial aos casais irregulares, às mães solteiras, acolhendo, incluindo essas pessoas?
Campanha da Fraternidade 1995 coloca-se diante de uma pergunta inocente: "Eras tu, Senhor?" É a tradução resumida da inocente pergunta dos que, espantados, não entendem porque estão sendo incluídos no Reino final ou dele excluídos: "Mas quando foi, Senhor, que te vimos com fome ... " (Mt 25,44)
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Pe. Flávio Cavalca de Castro, CSsR Equipe da Carta Mensal FEv/MAR-95
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Caminhando com a Igreja DocuMENTO soBRE A CoMUNHÃO EucARíSTICA o dia 14 de outubro, a Congregação para a Doutrina da Fé publicou uma "Carta aos Bispos da Igreja Católica a respeito da recepção eucarística por fiéis divorciados novamente casados". Este documento, para evitar dúvidas, reafirma a disciplina baseada na doutrina da Igreja sobre a impossibilidade de comunhão nos casos mencionados. "Por fidelidade à palavra de Jesus Cristo" (Me 10,11 -12), a Igreja sustenta que não pode reconhecer como válida uma nova união, se o primeiro Matrimônio foi válido. Se os divorciados se casam civilmente, ficam numa situação objetivamente contrária à lei de Deus. Por isso, não podem aproximarse da comunhão eucarística, enquanto persiste tal situação (cf Catecismo da Igreja Católica, no 1.650) . Esta norma não tem, de forma alguma, um caráter punitivo ou então discriminatório para com os divorciados novamente casados, mas exprime antes uma situação objetiva que, por si, torna impossível o acesso à comunhão eucarística: Não podem ser admitidos , já que o seu estado e condições de vida contradizem objetivamente aquela união de amor entre Cristo e a Igreja, significada e atuada na Eucaristia. Há, além disso, um outro peculiar motivo pastoral : se se admitissem estas pessoas à Eucaristia, os fiéis seriam induzidos em erro e confusão acerca da doutrina da Igreja sobre a indissolubilidade do matrimônio (Exort ap. Familiaris consortio, no 84 ).
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"Ater-se ao juízo da Igreja e observar a disciplina vigente acerca da obrigatoriedade da forma canônica, como condição necessária para a validade dos matrimônios dos católicos, é o que verdadeiramente aproveita ao bem espiritual dos fiéis interessados. Com efeito, a Igreja é o Corpo de Cristo, e viver a comunhão eclesial é viver no Corpo de Cristo e nutrir-se do Corpo de Cristo. Ao receber o sacramento da Eucaristia, a comunhão com Cristo-Cabeça não pode ser jamais separada da comunhão com seus membros, isto é, com sua Igreja. Por isso, o sacramento da nossa união com Cristo é também o sacramento da unidade da Igreja. Receber a comunhão eucarística em contraste com as disposições da comunhão eclesial é, pois, algo de contraditório em si mesmo. A comunhão sacramental com Cristo inclui e pressupõe a observância, mesmo se às vezes pode ser difícil, das exigências da comunhão eclesial, e não pode ser justa e frutífera se o fiel, mesmo querendo aproximar-se diretamente de Cristo, não observa estas exigências" Esta carta ressalta que a Igreja compreende a situação dos fiéis nestas circunstâncias e que procura "com solícita caridade, fazer tudo quanto possa fortificar, no amor de Cristo e da Igreja, os fiéis que se encontram em situação matrimonial irregular".
Pe. Jaime Rojas, eudista. CEda Eq. 6A - N.S. do Bom Parto Fortaleza- CE Fev/MAR-95
Quaresma CELEBRAREMOS A pÁSCOA EM FAMÍLIA N
o Natal a luz brilhou e iluminou de alegria e esperança os nossos corações e nossas famílias . Agora, chega a Páscoa, é a festa maior! Será que só sabemos expandir a nossa alegria pelo Natal? Temos que concordar ser mais fácil, porque para a Páscoa se exige firme disposição e vontade, considerando-se ainda ser um drama de dor e sofrimento. Entretanto, se temos fé, precisamos celebrar também a Páscoa. Pois, se como membros de Cristo que somos, em cada Natal, renascemos com Jesus para uma vida nova, pela Páscoa, ressuscitamos , vencendo um pouco mais, em cada ano, o "homem velho" que trazemos dentro de nós e que muito nos atrapalha na conquista da perfeição cristã. No Natal , o Cri sto nos apareceu, sobretudo, com luz. Agora, na Páscoa, Ele manifesta-se como Vida na Alma e na Igreja. Ele é a Vida e nos enche de Vida Divina pelo Batismo e pela Eucaristia. O preço desse Fev/M AR-95
dom inestimável é a sua morte. Assim, portanto a Vida por sua Morte - é o sentido profundo do tempo pascal. Cristo quer resgatar nossos pecados. Devemos, então, ter a consciência de que somos pobres pecadores. Jesus quer nos resgatar por sua Paixão, sua Cruz e sua Ressurreição. Festejamos esta Redenção durante a Semana Santa e na Páscoa. Como viver na família a preparação para a Páscoa? Ora, compreendido bem esse espírito, podemos combinar em casa e, além das nossas decisões pessoais, tomar algumas resoluções apostólicas em comum. Nada de extraordinário, coisas simples e fundamentais, como as que sugerimos : Oraç ão: A missa dominical ouvida em comum por toda a família, corounhões fervorosas e frequentes , inclusive nas missas semanais. Esforço para que nenhum membro da família falte às orações da noite. Jejum: Suprir gostos como doces , sorvetes, guloseimas , ou distra-
ções, como ouvir rádio, ir ao cinema, assistir TV, etc., em alguns dias determinados da quaresma. Esmola: Pode-se combinar de cada um concorrer com pequenas renúncias para, em comum, ajudar efetivamente alguma família pobre, além de esmolas esparsas que podemos dar, com mais generosidade. Evitar indelicadeza, não tratar com gritos e ralhos - esmola espiritual - os irmãos, filhos, vizinhos, chefes, subordinados.
Recolhimento e Reflexão: Combinar um momento de silêncio para que todos possam se entregar a uma boa leitura. Fazer aos sábados a leitura comentada da missa do domingo. Evitar grandes manifestações festivas; se possível, transferir para depois da quaresma alguma comemoração familiar. Estes propósitos, não são coisas extraordinárias, supõe apenas a Vida Cristã, para q ue sejam aceitos com naturalidade pela família . Zezinha e Jailson Eq. 04 Recife - PE CARTA M EN SAL - 7
Quaresma NASCER DE Novo ósvivemos num mundo onde todos buscam o sucesso. Ali ás, essa é uma virtude e um sinal de perseverança daqueles que lutam por seus direitos e cumprem com seus deveres.
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Nesta busca, neste caminho que percorremos, existe algo muito precioso chamado de justiça, que quer dizer: Devo praticar o bem, fazer às pessoas aquilo que gosto que elas façam para comigo. Assim deveria ser em todo lugar, mas sabemos que a realidade é um pouco, ou muito diferente. Onde está o ser humano, lá estão a cobiça e a caridade, a inveja e o bem, a corrupção e a honestidade, o egoísmo e a generosidade, a vaidade e a simplicidade, o ódio e o amor, a descrença e a fé , convivendo e desafiando a personalidade de cada um. Mas o que é certo e o que é errado neste mundo, onde existem tantas contradições, tantas verdades e mentiras? De que lado nós estamos, para onde devemos ir e até onde podemos avançar? Para chegarmos a uma sábia conclusão, é preciso antes nascermos de novo, voltarmos a ser crian-
ças . Aí, então, com pureza, sinceridade e desapego das necessidades exageradas que criamos e que nos escravizam, encontraremos a verdadeira liberdade, enxergaremos com clareza e saberemos entender que as conquistas e as derrota são lições na escola da vida e, no exame final, só será aprovado aquele que souber tirar dessas lições compreensão, amor, amizade, doação, lealdade, espírito de luta e fidelidade. Jesus Cristo diz: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida" Nas palavras, nos ensinamentos deste que é o nosso melhor amigo, estão as respostas para todas as nossas dúvidas, está a força para superarmos os problemas. Está o amor para unir cada vez mais. Aproximese mais Dele, acredite Nele, procure conhecê-Lo melhor, confie Nele, coloque a sua vida em suas mãos, visite-O pelo menos uma vez por semana em sua casa e você vai ser rico de bondade, grande de coração, campeão de eternidade, ao lado do Pai, Filho e Espírito Santo e ganhará como troféu a paz e como prêmio a felicidade.
Célia e Pedro Norberto Eq. 14
Baurú - SP
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Formação
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PARTILHA
COMO MEIO DE
*Pe. Bemard Olivier, op **(Palestra na Sessão Internacional de Formação, Fátima, julho de 1994)
CONVERSÃO I Mudai os vossos corações!
2) Mudai os vossos corações
Trata-se, aqui, de uma conversão em profundidade e não mais de uma "Mudai os vossos corações" ou simples mudança de direção. Com fre"convertei-vos": pode-se estabeleqüência, a liturgia nos lembra o texto cer uma equação entre estas duas de Ezequiel: "Dar-vos-ei expressões. Ambas são - - - - - - - - - um coração novo, porei bíblicas. Podemos ... conversão em vós um espírito explicitá-las com mais novo". em precisão para melhor Mas por que se diz compreendê-las. profundidade exatamente: mudai os vossos corações? Poderia e não mais se dizer também (e está 1) Convertei-vos. uma simples implícito): A quaresma começa pela imposição das cinmudança de • Mudai o vosso olhar. Aliás, "só se vê bem com zas. Este rito lembra: direção. os olhos do coração". -a fragilidade radical do Mude o seu olhar sobre homem. Para sublinhála, há uma fórmula clássica: "Lembra- você mesmo, sobre seus cônjuge, seu casal, seus filhos, etc. te que és pó e ao pó tornarás" Mudai as vossas idéias: trata-se de • sua "qualidade" de pecador, diante daquele que é á própria santidade, revê-las, corrigi-las, substitui-las evencomo o aviso- a outra fórmula litúrgi- tualmente por outras, melhores ... ca à escolha - "convertei-vos e crede .. Mudai os vossos hábitos: um bom esforço para a Quaresma, que recomendo no Evangelho". Converter-se significa voltar-se, cada ano à minha equipe (e ela faz quesmudar de direção, de orientação. Con- tão!), é desfazer-se de verdade de alforme o caso, é preciso dar um quarto gum hábito de preguiça, de egoísmo. Se de volta ou meia volta completa. O ob- conseguíssemos eliminar um por ano ... jetivo é voltar-se para Deus, desvian- ... Mudai o vosso passo, vossa marcha, do-se daquilo que pode constituir obs- vossos ritmos de vida espiritual..., para táculo. Portanto, é um movimento e ro- caminhar mais depressa para Deus, mais tação, um retorno, uma mudança de ati- diretamente, de forma mais decidida. Quando se diz "mudai vossos cotude, de "desejo", de conduta prática. Este é o sentido mais simples da rações", é de tudo isso que se trata, porpalavra- e não quero entrar em toda a que se ataca a raiz. De minha parte, quero usar esta riqueza de significado que a palavra toexpressão num sentido muito preciso. mou na Bíblia. FEv/MAR-95
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É preciso dar um Conta-se que Jesus 2) O objeto fez, com Catarina de passo a mats específico da Siena, a troca dos coPartilha, sua na prática rações . Quando vou a matéria, são os da Partilha. Siena, nunca deixo de pontos de ir rezar no lugar onde É preciso esforço. o fato aconteceu ... fazer da Ainda pode haver para pedir a minha peconfusão. quena parte! Pois é Partilha uma Um exemplo que este o meio radical: ferramenta vivi: eram citados, como amar como Jesus , pontos de esforço : de "com o coração dele". •.. a missa do domingo <<Eu vi v o, diz São conversão. (pois é .. . ) Paulo, mas não s ou ... a missa durante a mais eu que vivo , é Cristo que vive em mim>> . Penso semana que é esta a graça que devemos pe- ... a contribuição dir com insistência: sermos condu- ... a leitura do Editorial zidos pelo Espírito de Jesus. É a ... a oração das Equipes. mesma coisa. Esta confusão explica-se: vide texNo ímpeto da Segunda Inspira- to da Carta original ção, queremos aprofundar o que já H ou ve uma evolução na nomenclaestamos praticando. É preciso dar um tura dos pontos de esforço ou das "obripasso a mais na prática da Partilha. gações", conforme a expressão antiga. É preciso fazer da Partilha uma ferNa Carta original, enunciavam-se ramenta de conversão. assim as "obrigações" : Vejamos como: a) Fixarem-se eles mesmos uma re11 Ficha técnica da Partilha 1) Distinguir bem Coparticipação e Partilha. Há muita confusão , mesmo nas equipes expe rientes. A minha própria equipe usa às ve zes uma expressão pela outra .. . Em Munique , discutimos longamente a palavra alemã mais adequada: Mitteilen traduz uma e outra ... No fundo , é uma questão de convenção , é um vocabulário convencional , bastante arbitrário. Mas é preciso distinguir as realidades . Dizer: "Partilha dos pontos concretos de esforço" 10-
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gra de vida b) Rezarem juntos e com os filhos, uma vez por dia, na medida do possível, porque a família como tal deve culto a Deus e porque a oração comum tem um grande poder. c) Rezarem diariamente a oração das Equipes de Nossa Senhora , em união com todos os casais do Movimento. d) Praticarem mensalmente o "dever de sentar-se ". É a ocasião, para cada casal, de fazer um balanço da própria vida e) Estudarem conjuntamente, marido e mulher, o tema de estudos mensal e enviarem suas reflexões , por escrito, antes da reunião. Assistirem à reunião . FEv/MAR-95
f) Lerem cada mês o editorial da Car-
ta Mensal. g) Fazerem cada ano um retiro fechado de 48 horas, no mínimo, marido e mulher juntos na medida do possível. É obrigatório pelo menos um retiro, antes do compromisso da Equipe. h) Darem cada ano , a título de contribuição, o produto de um dia de trabalho para assegurar a vida material e a expansão do Movimento, ao qual devem, de certo modo, o próprio enriquecimento espiritual. i) Entrarem em contato e acolherem com o coração fraterno, quando se lhes oferecerem oportunidades , os casais de outras equipes . Não preciso lembrar os seis pontos concretos de esforço atuais. Se bem que existem alguns dos pontos antigos que às vezes seria bom lembrar! Se eles não estão mais na lista atual, é porque se pensa que já foram incorporados ... Será?
111. O sentido da Partilha 1) No começo das ENS. Conheci as Equipes em seus primeiros anos (1948-49) como jovem sacerdote, observador... Era a época da "partilha tabulada" , que se devia enviar para Paris ... Isto era compreensível , no início: necessidade de assegurar em todo lugar uma prática fundamental; necessidade de verificar o andamento das equipes. Mas havia um real perigo de formalismo, além do aspecto de "controle" por parte do Centro Diretor. .. Sobre este ponto, evoluiu-se bastante! E a Segunda Inspiração propõe aprofundar ainda mais esta prática fundamental. A tal ponto fundamenFEv/MAR-95
tal que, na minha opinião, uma equipe que não pratique mais a Partilha ( e existem!) não pode mais ser considerada como uma verdadeira Equipe de Nossa Senhora.
2) Como compreender a partilha? Vou fazer referência aqui ào documento sobre a Partilha, do casal Gomez-Ferrer. É um excelente documento, estudado pelas Equipes no mundo inteiro. Talvez seja até bom demais; alguns o acham místico demais. Tenho medo das reações como as dos filhos desses casais "perfeitos" que dizem: nunca poderemos imitar nossos pais, então nem vale a pena tentar! Portanto, vou propor aqui, simplesmente, algumas precisões concretas e um pouco terra-a-terra. Mas que se enquadram perfeitamente na linha dessa mística. Penso, por exemplo (e isto tem algo de místico), que, concretamente, a primeira função real da Partilha é alertar os casais antes da reunião, a respeito do que deverão partilhar sobre os pontos de esforço, lembrarlhes que eles têm coisas a fazer para poderem falar delas ... É por isso que muitos casais correm a fazer o dever de sentar-se na véspera da reunião. Esta é uma função pouco mística da Partilha, mas eficaz no atingimento do objetivo. Precisamos deste tipo de lembrete ... Mas o documento sobre a PartiIha é centrado sobre três atitudes: .. a assiduidade para nos abrirmos à vontade e ao amor de Deus; .. a capacidade de vi ver na verdade; -a capacidade de realizar o encontro e a comunhão. CARTA
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Antes, porém, dois pontos: Retomemos agora as três atitudes a) Distinguir bem Co-participa- conforme o documento. ção e Partilha. É importante: as duas 1. Busca assídua da são necessárias! vontade de Deus. Co-participação: trocam-se noÉ o primeiro gesto, o primeiro temtícias sobre o mês que passou, alguns po da conversão permanente do crisfatos importantes, um pouco exterio- tão: compreender qual é a vontade de res, ou então problemas Deus sobre mim, para sérios que se enfrentam. querer o que Deus quer. Partilha: comunicaA Partilha é E este é um ato de ção em profundidade, soequipe. Creio que é dicentrada bre a vida profunda, cenfícil, muitas vezes, comsobre três trada sobre os pontos de preender sozinho- ou só esforço. São justamente atitudes: Nos em casal - esta vontade os pontos concretos que de Deus . abrirmos à são as vigas mestras da da opivontade e ao niãoPrecisamos vida profunda do casal dos outros. Repor(palavra de Deus, oração, amor de to-me à minha experiêndever de sentar-se). cia da vida religiosa. A Deus; Viver É preciso, portanto, pobreza religiosa, elena verdade/· centrar a Partilha sobre mento essencial (um dos estes pontos (não se fala e Realizar o três votos), mudou de de qualquer coisa .. . ), encontro e a aspecto e talvez até de sabendo, porém, ultrasentido. De qualquer comunhão passá-los para comunimodo, as regras, outrocar experiências profunra muito estritas, tornadas de vida e para poder juntar-se mu- ram-se muito flexíveis . De minha partuamente em profundidade. Não se te, pergunto-me freqüentemente como deve, portanto, contentar-se em dizer se deve viver esta pobreza hoje. E sinse se observaram ou não os pontos to que não sou capaz de responder somas, partindo daí, fazer uma verda- zinho a esta pergunta: há necessidade deirapartilha de vida (da mesma for- de uma conversa, de uma "partilha" ma como se "partilha o Evangelho" , sobre este ponto, para ter certeza de é uma boa referência). não divagar. .. h) Compreender que se trata de Existem algumas condições inum ato de vida em equipe. dispensáveis. um ato que alicerça e constrói a equipe - ato fundador; a) O respeito pelo outro. É preciso saum ato que assegura o funcionamento ber aceitar-se diferentes, com opiniões da equipe: "é fazer equipe" diferentes, notadamente na política e na É preciso, portanto, ultrapassar o liturgia, que são os campos habitualsimples relato do que se fez para cons- mente sensíveis; mas também com rittruirmos juntos, para levarmos a equi- mos de caminhada espiritual diferentes: pe para frente. Na Partilha, assumimos não se apavorem diante de certos cono encargo uns dos outros. frontos ou até mesmo conflitos! 12-
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b) Ativa participação de todos. Portanto, não
... se for verdade que o segundo mandamento é inseparável do prime iro, então aqui está a conversão essencial: comungar na amizade comas outros da equ1pe.
há lugar para mudez sistemática ("por princípio, não intervenho" , nem para dizer da minha situação, nem para dar conselho aos outros). Nem tampouco há lugar para a indiferença. O que é preocupação de um é preocupação de todos. c) Ajudarem a desbloquear, a liberar os que se sentem bloqueados . Uma palavra sincera pode desvendar dificuldades e permite que se procure solucioná-las . Mas é preciso aceitar dar e receber conselhos! Em suma, é necessário caminhar juntos, ombro a ombro, para a descoberta mais perfeita da vontade de Deus .
2. Busca da verdade Para se ajudarem mutuamente, é preciso conhecerem-se, não com um simples conhecimento externo, formal ou intelectual, mas com um conhecimento ao mesmo tempo da razão e do coração. A Partilha pode contribuir muito para isto. Para tanto: a) Aceitarem revelar-se aos outros. É preciso evitar dois excessos: a síndrome da Esfinge, cujos pensamentos ficam profundamente ocultos; a síndrome do "estripado", que mostra tudo sem discriminação ... Deve-se saber reconhecer as próprias fraquezas. A Partilha não é a entrega do "Oscar", acompanhada, corno na TV, de uma sessão de autoFEv/MAR-95
parabenização. Mas não é, tampouco, uma confissão pública. É preciso guardar uma reserva suficiente e evitar qualquer trauma e qualquer processo de culpabilização. Isto nunca ajudou ninguém. Precisam, também, saber reconhecer os próprios êxitos e falar deles: é uma atitude positiva e dinâmica, que muitas vezes é animadora para todos. b) Buscarem a verdade sobre si mesmos. O olhar com que nos vemos é certamente muito diferente daquele com que os outros nos vêem. Este tem algo que pode nos enriquecer. Perguntei-me muitas vezes como um passarinho vê o mundo: de cima, numa perspectiva diferente e com um olhar de pássaro, a respeito do qual nada sabemos. Como nos vê um passarinho? Como nos vê uma mosca? Como nos vêem os outros, não com um olhar hostil e inutilmente crítico, mas com um olhar amigo, que quer ser objetivo. Não digamos: <<0 que os outros pensam de mim? ... ora!. .. >>. Seu olhar deve corrigir o nosso . É para isto que deve servir a Partilha. c) Buscarem a verdade sobre os outros. Têm-se, freqüentemente, arespeito dos outros, idéias "a priori", preconcebidas. Deve-se querer, verdadeiramente conhecer os outros. A Partilha nos faz entrar na vida íntima. Creio que há duas maneiras, nas ENS, de conhecer os outros: a Partilha e as reuniões de equipes mistas . Saibamos
aproveitá-las! CARTA MENSAL -
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3. Vivência do encontro e da comunhão Sabe-se que o ser humano, desde o início de sua existência, necessita do relacionamento com os outros para construir-se, para construir sua própria identidade. E isto, em suma, continua durante toda a vida. Já que estamos falando de conversão através da Partilha, aqui se trata da conversão na sua dimensão horizontal: a conversão para os outros. Vejo dois momentos nesta conversão. a) Sair de si mesmo, para interessar-se pelos outros. Ficamos facilmente trancados em nossos próprios problemas, nossos projetos, nossas preferências. Corremos o risco de fechar o mundo em nós mesmos, em nosso casal, nossa família (com a parte preponderante dos filhos entre nossas preocupações). Todas estas coisas certamente precisam ser consideradas, mas nem por isso nos fecharmos em nós mesmos. Se for verdade que o essencial para nósl a única coisa que finalmente conta, é o amor, o ágape; se for verdade que o segundo mandamento é inseparável do primeiro, então aqui está a conversão essencial: comungar na amizade com os outros da equipe. A Partilha é um dos melhores meios para criar e construir esta amjzade. b) Há um segundo momento: este encontro/comunhão implica também em "carregarem os fardos uns dos outros". Não basta registrar e dar conselhos judiciosos; é preciso utilizar-se de outros meios. Por exemplo, se um casal, depois de vários anos, não consegue chegar a uma verdadeira oração conjugal, deve ser aconselhado, deve-se propor-lhe a experiência dos demais. 14 - CARTA MENSAL
Mas precisa também ajudá-lo naquilo que pode considerar-se aqui como o exercício da "comunhão dos santos". Decidir, por exemplo, todos juntos, de fazer um esforço especial neste mês sobre este ponto - e é sobre este ponto que se fará uma Partilha mais aprofundada- rezando especialmente durante o mês pelo casal que apresenta esta dificuldade.
Nota: Há, em tudo isso, uma condição indispensável: uma total discrição deve ser assegurada. O que se diz na Partilha não pode sair da reunião ... Permitam-me terminar aqui com uma confidência muito pessoal. Antes de entrar nas ENS, pratiquei durante longos anos a Partilha no seio do movimento "Correntes". Chamava-se a "culpa", por referência a esta prática nos capítulos dos monges. E tenho o profundo sentimento de que a Partilha em equipe me enriquece muito mais e me compromete muito mais claramente do que a tal "culpa" ou do que a partilha na minha própria comunidade religiosa. É uma riqueza de vida que deve ser explorada afundo!
FEv/MAR-95
Formação
muito pensado por eles, era a ABNEGAÇÃO. Teriam que praticar esta virtude. A única coisa que tem que crescer SONHOS é o amor; o amor entre os dois e para Vida não é um sonho; mas os com Deus. Digo melhor, o que tem que onhos animam a vida. As sau- crescer é o amor para com Deus, com ades não são um alimento, mas Cristo; e, este tem que se expressar no são uma força que me leva 'a fonte dos amor entre os dois. E amor é doação, é sair de si para se alimentos. Pensando nesta "vida", que deve encontrar com o outro. Amar é tentar ver ser levada a sério para que ela não nos o outro em tudo o que faz. E quanto mais surpreenda seriamente, lembrei-medes- descubro o outro menos me vejo a mim mesmo, menos penso em mim. A beleza tas duas palavras: saudades e sonhos. Seja como indivíduos seja como preciso vê-la no outro; a paz e felicidade casais, estamos na estrada da vida e com eu preciso senti-las no outro. Ver-se no um destino bem definido. Esta vida, que outro e sentir-se no outro. Não há cresé dom de Deus, também tem um desti- cimento no amor sem abnegação. Ela é no traçado por Deus. Somos como que o fermento. O exercício ou prática desta um embrião gerado por Deus e coloca- abnegação era visto pelos primeiros equido no seio deste mundo, mas que so- pistas como um exercício essencial desmos destinados a nascer para a vida ple- de o começo das ENS. Era o caminho para encontrar o tesouro da santidade. E na no Reino de Deus. Esta caminhada, esta gestação, para o para adquirir o tesouro vale a pena tudo, casal equipista deve acontecer para os dois, por penoso que seja. O sonho de ser santo deve ser reacomo se fossem gêmeos no seio da mãe. Quando os quatro primeiros casais vivado nos casais equipistas. E, ao reada primeira equipe iniciaram a gestação vivarem este sonho, reavivam também da própria equipe e que seria o modelo a energia dos primeiros momentos dos das equipes de todo o mundo e de sem- quais temos saudade. Reavivar o que nos traz saudades é pre, alimentavam um sonho: viver o duplo amor- o conjugal e o amor a Cris- reavivar os momentos em que o importo. Queriam a santidade que é a perfei- tante era o outro, o gostoso era aquilo ção do amor. Queriam realizar-se, como que o outro gostava ... Queridos casais equipistas, vamos humanos e como cristãos. O amor de Deus precisava traduzir-se neles em caminhar felizes mas decididos para a amor conjugal e familiar. Este era o so- meta do meu sonho e que esta seja minha grande motivação e que o primeiro nho dos primeiros equipistas. Para que este sonho se realizasse, entusiasmo do casal, objeto da minha e com muito entusiasmo e como quem nossa saudade, seja uma força sempre tem pressa, procuraram os meios. O nova e sempre viva a conduzir a verdaimportante é o fim; os meios são ape- deira e plena vida. Pe. Pertille Avelino nas instrumentos que facilitam e tornam· C E Região Rio Grande do Sul possível o fim . E, um destes meios, FEv/MAR-95 CARTA MENSAL - 15
SAUDADES E
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CONVI DA D OS PARA A FESTA DAS BODAS
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esde o ano que passou, no correr desses meses, as Equipes de Nossa Senhora vivem em clima de festa. Festa da feliz Campanha da Fraternidade de 1994, que se debruçou
• - - - - - - - -. .-..sobre a problemática da FAMÍLIA e a coloriu
os recantos do País; festas dos EACRES, anualmente re novadas, cada vez mais populosas, novos casais responsáveis de equipes recém-constituídas: festa
13 de maio; festa de Pentecostes, rememorando o nascimento da grande família da Igreja; festa do Encontro Internacional de Fátima, com a orientação de vida e a extraordinária celebração das "Bodas", inspiradas nas de Caná do Evangelho de São João; festa da Se16 -
C A RT A
M ENSAL
mana da Farru1ia, promovida pela Igreja no mês vocacional de agosto, com a marcante presença das ENS; festa da Família, em Roma, transmitida pela televisão, com a participação de Cidinha e Igar, como novo Casal Responsável da ERI: festa do Encontro Nacional das ENS, em ltaici, com o congraçamento dos responsáveis de Setores e Regiões de todo o Brasi l e seus Sacerdotes Conselheiros Espirituais; festa do Natal do Se n hor, exultante de a leg r ia ... apenas para citar alguns dos eventos repletos de evocação à Família, no curso deste tempo. Agora, aproximamo-nos da grandiosa Festa da Páscoa de Nosso Senhor Jesus Cristo, vivendo, ainda, em clima de EACRES. É motivo, mais do que suficiente, para que nosso espírito exulte de alegria em Deus, nosso Salvador. O Poderoso faz em nós maravilhas . Ocasião para enchermos as tal has com a água do poço de nosFEv /M A R- 95
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sas fraquezas, amarguras, mágoas , necessidades e desesperanças, e apresentá-las a Jesus , Aquele que opera e salva, liberta e transforma tudo pela graça e seu Espírito de Amor. A Igreja, seguindo o memorial do Plano de Salvação, na caminhada do ano litúrgico, antepõe ao festejo pascal o tempo especialíssimo da Quaresma, com o qual se prepara para, de fato, viver a inigualável FESTA DA RESSURREIÇÃO . Hora de séria reflexão, de balanço pessoal, de verificação atenta da verdade de nossa vida e da realidade que nos cerca, seguindo o exemplo de Maria nas Bodas de Caná: "Eles não têm mais vinho" . Temos buscado conhecer a vontade de Deus, habitualmente? Com que firmeza nos esforçamos por viver os pontos concretos, que o Movimento nos propõe para avançarmos no seguimento de Jesus? ... Façamos um completo exame de consciência. É preciso que nos conheçamos melhor para, com sinceridade, subme-termo-nos ao doce perdão restaurador e ao amor misericordioso de Deus. Preparemos, FEv/MAR-95
também, um "dever de sentar-se" mais abrangente, que avalie nossa caminhada conjugal neste ano; averigüemos os processos e falhas nas nossas relações familiares. Como nos posicionamos diante dos problemas sociais e comunitários, entre os vizinhos e ... os excluídos? Está aí a nova Campanha da Fraternidade com este tema, trazendo a angustiante indagação: Eras Tu, Senhor? Reflitamos sobre quem nos aparece como excluídos: os pobres e carentes de toda a ordem: as crianças de rua; os jovens que estão sendo formados e manipulados pelos traficantes de drogas; os filhos divididos de pais separados; os nascituros que têm a vida interrompida criminosamente dentro do ventre materno; as tristes crianças filhas de pais desinteressados; os que se excluem do amor de Deus, optando pelos apegos e apelos do mundo; as famílias desfeitas e desestruturadas; os doentes e idosos abandonados .. . "Eras Tu, Senhor", que batias em minha porta? "Eras Tu , Senhor", que me pedias atenção, enquanto eu respondia invariavelmente estar "ocupado"? "Eras Tu,
Senhor", que deixei de aconselhar, quando me pedias uma palavra amiga sobre a crise matrimonial? "Eras Tu, Senhor", que deixei de acolher, quando estavas doente, desabrigado, solitário? "Eras Tu, Senhor", o "bicho" humano, que catava no lixão algo para comer? "Eras Tu, Senhor", que me falavas de amor, aos meus ouvidos insensíveis? Eras Tu, Senhor? ... Assim refletindo, ecoa em nossos ouvidos o refrão tantas vezes cantado no Encontro de Fátima: <Si me falta e! amor, no me sirve de nada Si me falta e! amor, nada soi> Depois, então, de uma madura preparação, que deve culminar com o Sacramento da Reconciliação, investidos no firme propósito de sincera mudança, vistamos a "roupa das Bodas" e nos sintamos convidados e incluídos na FESTA, na condição de comensais e serviçais, ao mesmo tempo, para seguirmos o bom conselho da Mãe de Jesus : "Fazei tudo o que Ele vos disser" .
Maria da Graça e Eduardo (CR Regional- RGS) CARTA
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E N SAL -
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Formação
ORIENTAÇÃO DE VIDA E LEMA 1. Introdução
Outros movimentos de casais fazem reuni ões semelhantes às nossas, com oração, meditação, estud o de tema, por em comum, etc. São procedimentos muito difundidos, na medida em que fazem parte de uma celebração litúrgica. Contudo, os PCEs e a partilha nos distinguem, tornando as nossas reuniões diferentes e, mais do que as reuniões, a nossa vivência como equipistas/ cristãos, que se faz em comunidade.
As Equipes de Nossa Senhora nos oferecem inúmeros meios e toda uma pedagogia para nos ajudar na caminhada de cristãos. Tanto a pedagogia quanto os outros meios não representam um fim em si mesmos. Também não têm a capacidade, por si sós, de transformar a realidade eclesial e social. A pedagogia e os meios nos são oferecidos para que nos tornemos aptos ao serviço concreto que o Povo é difícil viver a Palavra de Deus espera de nós. de Deus sem meditá-la/ ou Por isto mesmo, toda a pedagogia tem em vista sem praticá-la o objetivo geral proposto pelo Movimento, qual Os PCEs estão profundamente liseja: Como Igreja, participar e comàs três atitudes: gados prometer-se com a construção do Rei.. viver a verdade; no, vivendo o sacramento do Matriprocurar a vontade de Deus; mônio, buscando a vontade de Deus, viver o encontro e a comunhão. a verdade e o encontro e a comunhão São atitudes que nos conduzem a na vid a em comunidade proposta pelo uma mudança de vida. Viver as atituMovimento. des sem os PCEs não tem sentido, Para alcançarmos este objetivo geral e para que esta pedagogia seja efi- como também viver os PCEs fora da caz, há que termos em conta os seguin- dimensão das três atitudes. Há uma coerência interior que os tes pilares, sobre os quais repousa, ou une, de forma que é difícil viver a Pade que depende nossa caminhada de lavra de Deus sem meditá-la, ou sem equipistas. São eles : praticá-la no dia-a-dia como regra de orientações de vida; vida, por exemplo, ou sem utilizá-la .. pontos concretos de esforço; para orientar o dever-de-sentar-se, ou .. vida de equipe. sem tê-la como referência para a ora2. Pontos Concretos ção conjugal , ou sem que ela seja a orientação de vida buscada num retiro de Esforço Sempre falamos muito sobre os espiritual silencioso. Como podemos ver, por meio dos PCEs e a partilha, e afirmamos que isto é algo de bem específico das PCEs procuramos viver ou mudar nossas atitudes , e não simplesmente conENS. Fev/M AR-95 18- CARTA MENSAL
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cretizar coisas. Partilhando a vivência dos PCEs, estamos oferecendo e solicitando a entreajuda espiritual, como também buscando nossa profunda conversão.
... ajudar na transformação da cultura do casamento e da família
3. Vida de Equipe Trata-se de uma prioridade do nosso Movimento para os próximos anos. Não se limita à reunião de equipe. Envolve toda nossa participação na vida desta pequena comunidade eclesial que se reúne, por diferentes motivações durante um mês, para celebrar as maravilhas que Deus faz em nós, pela nossa <;ondição de casados e de família. A vida de equipe, portanto, está ligada à própria vida do Movimento, que quer ser e viver a Igreja, que quer viver e celebrar sua coerência entre fé e vida, que quer discernir sobre os valores básicos do casamento e da família, que está convidado às Bodas de Caná para ajudar na transformação da cultura do casamento e da família, procurando assim implantar uma nova imagem do casamento e da família. A vida de equipe e de Movimento é uma vida de missão, de evangelização do casamento e da família; é uma experiência de conversão no seio da Igreja; é uma festa porque nosso coração palpita/testemunha/vive os valores do Reino de Deus.
4. Orientações de Vida a) O que significam? As orientações de vida propostas pelo Movimento representam um caminho pedagógico para que possamos viver mais plenamente o carisma das ENS, que é a espiritualidade conjugal. Espiritualidade que significa viver toFEv/MAR-95
das as realidades de nossa vida conjugal e familiar segundo o Espírito e a vontade de Deus. Como caminho pedagógico, ou como metodologia, as orientações de vida servem para nos ajudar a fazer das palavras do Evangelho um projeto de vida para nós, como casal e como família. As orientações de vida também mostram mais claramente os vários aspectos da nossa vocação cristã e as atitudes evangélicas que precisamos assumir, aprofundar e trabalhar durante alguns anos, em casal e em equipe. b) A Segunda Inspiração A partir do Encontro de Lourdes, não foi proposta nenhuma orientação de vida concreta. Foi oferecido um documento, denominado de "A Segunda Inspiração", que tinha por objetivo produzir uma ampla reflexão sobre o carisma e avocação do Movimento das ENS, deixando assim que cada casal, equipe, setor, região ou super-região encontrasse um modo de se deixar conduzir e renovar pelo Espírito Santo. c) Convidados às Bodas de Caná A partir do Encontro Internacional de Fátima, o espírito da Segunda Inspiração alcança uma nova etapa. Como nos recordam Álvaro e Mercedes Gomez-Ferrer, ainda como responsáveis pela ERI, "é chegado o momento de propor-lhes, para os próximos anos, uma orientação ao mesmo tempo muito precisa e muito ampla, pois ela procura abrir a espiritualidade conjugal à missão". A orientação de vida, proposta aos casais do Movimento para ser desenvolvida ao longo dos próximos cinco anos CARTA
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(como estabelece o livre to na página 3), é: Convidados às Bodas de Caná. Esta orientação de vida é um ponto de partida, e como meio pedagógico tem por objetivo que assimilemos, pouco a pouco, de forma sempre crescente, a espiritualidade conjugal, a verdade sobre o nosso ser casal. Esta orientação de vida é resultado de um profundo discernimento do nosso Movimento a partir das necessidades profundas dos casais neste momento histórico concreto, quando tantas ameaças e crises estão pairando sobre o casamento e a família.
5. Frases Evangélicas Esta orientação de vida apóia-se em três frases extraídas do Evangelho de São João (Jo 2,1-12): .. Eles não têm mais vinho; ... Fazei tudo o que ele vos disser; ... Enchei de água as talhas. Poderíamos dizer que cada uma destas frases já contém em si ou constitui uma orientação de vida. É necessário, contudo: ... que nos utilizemos de mais de uma reunião de equipe para incorporar a orientação de vida e as frases evangélicas em nossas vidas; ... que não tomemos a orientação de vida e as frases como proposições independentes; que tanto a orientação de vida quanto as frases sejam entendidas como uma mesma atitude de vida, porque estão estreitamente ligadas entre si.
6. Tema(s) de Estudo a) Livreto "Convidados às Bodas de Caná" Como vamos trabalhar tudo isto nos próximos anos? (Trata-se de uma proposta muito rica, cuja reflexão de-
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CARTA
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verá produzir em //é chegado o todo o Momomento de vimento, e em particupropor-lhes/ lar em cada para os casal equipróximos pista, uma anos/ uma grande orientação ao transformação de mesmo tempo vida.) muito precisa P o r enquanto, e muito ampla/ pois ela não será oferecido procura abrir a nenhum espiritualidade outro tema conjugal à de estudo missão// ou reflexão, além do livreto "Convidados às Bodas de Caná" . Isto, aliás, foi uma decisão praticamente unânime do Colegiado Nacional (ECIR e Casais Responsáveis Regionais). Como sugere o preâmbulo do livreto, sua utilização seria por quatro reuniões de equipe, cada capítulo comportando algumas partes fixas: ... Uma reflexão bíblica e existencial sobre as diferentes partes da orientação, seguida de perguntas para o diálogo em casal; .. um texto curto para redescobrir o sentido e as atitudes da co-participação; .. perguntas para serem discutidas na reunião de equipe, referindo-se, ao mesmo tempo, a aspectos da co-participação e a expressões concretas da orientação; ... um esquema de oração em equipe. O livreto é um ponto de partida obrigatório para todos os equipistas. FEv/MAR-95
Ser Igreja e a Coerência 7. Conclusão entre Fé e É importante não esquecer as linhas mesVida. Estas tras (ou diretrizes) que linhas de estão sendo propostas : o SER IGREJA e a COconduta ERÊNCIA ENTRE FÉ cristã devem E VIDA. Estas linhas de permear todo conduta cristã devem permear todo o tema de o tema de estudo, toda a reflexão estudo, toda sobre as Bodas de Caná e toda a vida de equipe a reflexão e de Movimento. sobre as Também, as seis · Bodas de prioridades propostas, Caná e toda a que são como que as seis talhas de água que vida de precisam ser transformadas em bom vinho , equipe e de quais sejam: vida de Movimento. equipe, formação, co-
Mas, o que fazer depois destas quatro reuniões? b) Uma outra proposta para 1995/96 (e anos seguintes) Tema: da Campanha da Fraternidade e de outros tempos fortes da Igreja. Exemplo: Excluídos (com ênfase no casamento e na família - 1995) Ano Missionário (1994/95) Orientação de Vida Permanente: Convidados às Bodas de Caná. Lema: As três frases evangélicas em conjunto, numa perspectiva integrada. Atitudes: Cada frase está mais diretamente relacionada a uma das atitudes. Exemplo: .Eles não têm mais vinho - viver a verdade - (VER) .. Fazei tudo o que ele vos disser- procurar a vontade de Deus - (JULGAR) .Enchei de água as talhas - viver o encontro e a comunhão - (AGIR) PCEs: Trabalhar em conjunto os PCEs na partilha, ou dar ênfase em algum PCE em particular. Vida de Equipe: Enfatizar o ser comunidade, o sentido de equipe que vive e celebra sua coerência entre fé e vida, o discernimento sobre os valores essenciai s do casamento e da família, o verdadeiro sentido da coparticipação, a reflexão bíblica e existencial, esquemas de oração profunda, etc. FEv/MAR-95
municação, presença no mundo, Pastoral Familiar e Experiência Comunitária.
8. Textos consultados para estas anotações a) Convidados às Bodas de
Caná; b) Carta de Fátima; c) A vocação e missão das ENS no mundo de hoje (Palestra de Álvaro/Mercedes); d) Atas de reuniões da ECIR e do Colegiado Nacional.
Mariola e Elizeu Calsing EC/R CARTA MENSAL - 21
F~rmação PROTAGONISMO DAS
C
mo já é de praxe, após cada Encontro Internacional o movimento nos propõe sempre alguma orientação de auXI1io em nossa caminhada rumo à santificação do casal, tendo sempre em vista o momento histórico tanto da nossa Igreja como do mundo. Neste ano, após o Encontro de Fátima, é colocada enfaticamente a proposta de vi venci~ os em sua plenitude as "Bodas de Caná". Já há algum tempo vem-se falando da terceira dimensão do carisma - a qual complementa necessariamente as duas primeiras - e culmina agora com a proposta concreta do Movimento nível internacional. Enfatizamos a complementaridade dos carismas porque, se deixarmos de lado os dois primeiros deixaremos automaticamente de serE.N.S. E qual é a proposta a nós colocada após Fátima? A de nos chamar a uma atitude mais concreta para com o nosso compromisso, que sempre tivemos, como batizados, católicos, casados e com uma graça especial de sermos equipistas: o nosso compromisso para com a MISSÃO. Sejamos nós, os leigos, reais prota-
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CARTA
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E.N.S.
//Então/ eu vos digo em nome do Senhor: com seus filhos/ com seus netos/ íde depressa preparar este mundo do ano 2000. Isto é necessário! Isto é urgente r/ (Pe. Bernard 0/ivie~ o.p.) gonistas da transformação da sociedade, evitando reduzir a nossa ação ao âmbito intereclesial. "A necessidade de que todos os fiéis compartilhem tal responsabilidade não é apenas questão de eficácia apostólica, mas um dever-direito, fundado sobre a dignidade batismal". (R.Mi 71).
Fundamentação da Missão Porque somos convocados à missão pelo Movimento das E.N.S.? Por decorrência da eclesialidade do Movimento das Equipes de Nossa Senhora. Vamos nos aprofundar um pouco mais neste aspecto, refletindo juntos sobre a razão de ser desta eclesialidade. O texto dos Atos dos Apóstolos 2,42-4 7 nos mostra claramente o retrato da comunidade cristã primitiva. Apenas para verifi-
carmos a coerência existente entre aquelas primeiras comunidades e a proposta das E.N.S. para vivenciarmos a "nossa" pequena comunidade eclesial, pensemos sobre alguns aspectos: 42a: "Eles se mostravam assíduos ao ensinamento dos apóstolos ... " Encontramos como um instrumento forte dentro das equipes a proposta de vivenciarmos, através dos P.C.E., a Escuta da Palavra e a sua assimilação através da nossa Meditação. 42b: " ... à comunhão fraterna ... " Nas equipes procuramos vivenciar em casal a Oração Conjugal e o Dever-de-Sentar. Mas a proposta do Movimento vai muito além, pois nos convida à fraternidade para com todos, à hospitalidade não reduzida a simples visitas, à comunhão de bens, FEv/MAR-95
de Deus). Onde? Na voz dos irmãos (Mt 25,
31-46).
o que equivale a dizer, à solidariedade para com os mais necessitados. 42c: " ... à fração do pão ... " Fração do pão é a terminologia paulina que retrata a eucasomos chamados a "sermos mais", isto é, a participar mais amiúde da vida eucarística, em equipe e em comunidade, e assumir para valer o nosso compromisso para com o próximo. E aqui está um bom assunto para a nossa Regra de Vida. 42d: " ... e às orações". É o compromisso cristão e equipista de espiritualidade. Vemos pois que uma E.N.S. ou é lim experiência eclesial ou então não tem mo ti vo para existir na Igreja. Assim é fundamental que também ela, equipe, deve passar pela dinâmica:
Palavra - Partilha Eucaristia - Orações Sem estes quatro elementos não há E.N.S., pois não há Igreja. A eclesialidade das E.N.S. nasce justamente da vivência dessa dinâmica. FEv/MAR-95
•
conclusão desta primeira reflexão podemos afrrmar: .Não tem sentido ser cristão restrito à equipe; .Não tem sentido ser equipista sem compromisso
com as preocupações e as dores da Igreja: as farru1ias, os pobres, os pequenos, os excluídos. • Por ser uma comunidade cristã- "onde dois ou mais ... "- as E.N.S . devem sentir-se "Comunidade Eclesial", Igreja, e como tal aberta às necessidades dos outros e do mundo: "Fazei tudo o que Ele vos disser" diz a Mãe das E .N.S. O que Ele diz? É necessário procurar ouvir (Busca assídua da Vontade
Se a Igreja, assim como as E.N.S., quiser ser uma resposta-proposta ao homem e à família de hoje, ela terá que ouvir-lhes os apelos: "Eles não tem mais vinho". Se nã;o, corre o risco de esclerose e anacronismo. Precisamos, como evangelizadores, dar uma resposta aos problemas apresentados pela realidade de um continente e especialmente de um país que é o nosso, onde há um divórcio entre Fé e Vida, a ponto de produzir clamorosas situações de injustiça, violência e desigualdades sociais. (Santo Domingo, no 24). Pois bem, assim posto de que se somos um Movimento eclesial, se somos Igreja, se toma inquestionável o chamamento para a Missão, que é a de, na qualidade de seguidores de Jesus Cristo, sermos evangelizadores e protagonistas da Construção do Reino. Neste ponto convocaríamos a todos a uma releitura e reflexão sobre os Documentos "Christifideles Laici" e "Redemptoris Missio", os quais numa linguagem extremamente acessível nos mostram claramente a missão e os campos pertinentes a nós como cristãos leigos. CARTA
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A Especificidade de Nossa Missão A nossa missão específica, como batizados, casados e equipistas, é a de "Transformar a Cultura do Matrimônio e da Fanu1ia nos dias de hoje". Com todas as dificuldades da modernidade, temos o dever de olhar à nossa volta (e mesmo para dentro de nossas próprias famílias) para desvendarmos a Vontade de Deus - Eles não tem mais vinho, dos casais e famílias deste nosso Brasil. "A Igreja peregrina é, por natureza, missionária, nascida que é da Missão do Filho e do Espírito Santo, por vontade de Deus Pai. Edificada pela ação evangelizadora de Jesus e plenificada pelo sopro do Espírito, em Pentecostes, ela deve, em todos os tempos e lugares, continuar a Missão recebida pelos Apóstolos de realizar o desígnio salvífico do Pai". (LG 9,17; AG 2).
Instrumentos para a Missão Para que possamos ser realmente estes pro tagonistas da transformação da cultura do matrimônio e da fallli1ia, temos no Movimento as nossas Prioridades. Estas prioridades nada mais são do que "ferramentas" que irão nos ajudar a encontrar formas
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CART A
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de reflexão, de discernimento, de ação, bem como estarão permanentemente nos lembrando de forma concreta dos nossos compromissos. Basicamente permanecemos com as seis prioridades já escolhidas há mais tempo pelo próprio Movimento no Brasil, quais sejam:
1. Vida de Equipe:
* fortalecer a vida de equipe através principalmente dos P.C.E., da Partilha e da Co-participação; * ser e viver mais com unidade * equipe que vive e celebra a coerência entre fé e vida * aprofundamento da espiritualidade do casal
2. Formação:
* catequética,
doutrinai, pastoral e litúrgica * fomentar a participação dos equipistas em atividades paroquiais/diocesanas (cursos, seminários, etc.) * nova imagem do casal
3. Comunicação:
* ligação horizontal
4. Presença no
Mundo:
* revestir-se do caráter da missionariedade e do protagonismo das equipes
5. Pastoral
Familiar:
* entrosamento com outros movimentos, serviços e institutos familiares * conhecer a P.F. da sua cidade/paróquia * S.O.S. Família 6. Experiência
Comunitária:
* implementar/reforçar tanto no sentido de expansão como de apostolado Bibliografia: # Vocação e Missão dos Leigos na Igreja e no Mundo - Exortação Apostólica de João Paulo li Christifideles LaiciEd. Paulinas, 1989 #A Validade Pennanente do Mandato Missionário - Carta Encíclica de João [[ Paulo Redemptoris Missio - Ed. Paulinas, 1991 # IV Conferência Geral do episcopado Latino-Americano Conclusões de Santo Domingo - Ed. Loyola, 1992 #Igreja no Brasil Desafios e Protagonistas da Missão. Campanha Missionária, Pontifícias Obras Missionárias - CNBB, 1994
* continuar a estimular a implantação/consolidação da P,F. em todas as dioceses e paróquias
Maria Regina e Carlos Eduardo ECIR FEv /M A R-9 5
Formação
SER IGREJA COERÊNCIA
FÉ X
VIDA
A Teologia Cristã do Mistério Pascal
"Mistério" evoca algo de secreto, escondido em Deus, relativo aos acontecimentos da história e a orientação desta para chegada definitiva do Reino de Deus. - O "Mistério" diz respeito ao Reino inaugurado desde agora em Jesus Cristo, escondido mas ativo como o fermento na massa ou a semente enterrada no solo (Mt. 13). -Do Cristo, o "Mistério" se estende, em Paulo, à Igreja. O ser mistério da Igreja consiste em sua relação de dependência ao Cristo. - O "Mistério" primeiro é o Cristo. Na iependência do Cristo, a Igreja pode ser ,hamada de "Mistério fundamental". - A Igreja é a presença do Cristo, como o Cristo é a presença de Deus. A Igreja é o Cristo existindo como comunidade. -A corresponsabilidade eclesial recebe uma luz quando todos iguais e solidários num Povo em caminhada, todos diferentes e completados em um só Corpo, todos animados pelo Espírito, graças à diversidade de seus dons, buscam o Reino Definitivo.
- O "coração" é o centro vital de nosso corpo sem o qual é impossível viver. - A teologia cristã parte de um ponto central, de um coração. -Este coração da teologia e de nossa fé cristã é a VIDA, MORTE e RESSURREIÇÃO do Cristo. Fonte e centro para a fé de todos os cristãos. - O Vaticano II designa diversas vezes a obra de Cristo como "Mistério Pascal", em vista da festa da Páscoa Judaica durante a qual Jesus foi crucificado. - O termo Páscoa (do hebraico "PESHA") significa passagem, trânsito; Jesus, passando pelo mar do sofrimento e da morte, conduziu o novo povo de Deus à comunhão com o Pai através de sua VIDA e MISSÃO, que é para nós, na fé, graça de salvação. - Sentido Bíblico do terA Realidade da Igreja como: Povo de mo mistério: AT - desígnio secreto de Deus, Corpo de Cristo, Templo do salvação, escondido em Espírito Santo Deus, e revelado a certos homens, através de so- Igreja do Povo de Deus: Povo Vocacionado nhos, visões ou por interPovo Liberto médio dos anjos (Dan. 2, Povo a Caminho 18-30). NT - desígnio eterno de Igreja do Corpo de Cristo: Relação de Interioridade salvação, outrora esconRelação de Alteridade dido e agora plenamente Relação de Dependência revelado em Jesus Cristo a todos os homens e mu- Igreja Templo do Espírito Santo: lheres (Ef. 3, 3; Co!. 1,26 O Espírito edifica a Igreja toda inteira - 27; Rom. 16, 25-26). Pelo Espírito todos têm acesso junto ao Pai. - O sentido da palavra Fev/MAR-95
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Que Igreja quis Cristo? - Fiel ao Senhor Jesus - Fiel a Missão de Jesus
Todos somos Igreja Não só o Papa, os bispos, os padres, as irmãs, mas todos nós, os batizados, que, inspirados pelo Espírito de Jesus, reconhecemos Deus como Pai, Cristo como Senhor e Salvador, o Filho de Deus. E, unidos a Cristo, unidos entre nós como irmãos, formamos o Novo Povo de Deus, a família de Deus, povo-para-servir (LG 9-14) .
A Igreja somos nós, todos os cristãos que procuramos: - VIVER como Jesus nos ensinou: "amai-vos uns aos outros, como eu vos amei" (Jo 15, 12). "Cada comunidade eclesial deveria esforçar-se por constituir para o Continente um exemplo de modo de convivência onde consigam unir-se a liberdade e a solidariedade" (Puebla 273). - SERVIR cada um à sua maneira, aos outros componentes da comunidade e a todos os homens: "O Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos" (Mt. 20,28). "A Igreja é, portanto, um povo de servidores ... Este serviço evangelizador da Igreja se dirige a todos os homens, sem distinção ... A Igreja, como servidora do Evangelho, serve ao mesmo tempo a Deus e aos homens" (Puebla 270).
A Fé: As verdades da FÉ devem entrar pela cabeça, descer ao coração e sair pelas mãos .. . em obras! A fé é uma adesão pessoal do homem inteiro a Deus que se revela. Ela inclui uma adesão da inteligência e da 26 -
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vontade à Revelação que Deus fez de si mesmo pelas suas ações e palavras. Por consegui nte, "crer" tem uma dupla referência: à pessoa e à verdade, por confiança na pessoa que a atesta. Não devemos crer em ninguém a não ser em Deus, o Pai, o Filho e o Espírito Santo. A fé é um dom sobrenatural de Deus. Para crer, o homem tem necessidade dos auxílios interiores do Espírito Santo. "Crer" é um ato humano, consciente e livre, que corresponde à dignidade da pessoa humana. "Crer" é um ato eclesial. A fé da Igreja precede, gera, sustenta e alimenta a nossa fé. A Igreja é a mãe de todos os crentes. "Ninguém pode ter a Deus por Pai, que não tenha a Igreja por mãe". "Nós cremos em tudo o que está contido na Palavra de Deus, escrita ou transmitida, e que a Igreja propõe crer como divinamente revelado". A fé é necessária à salvação. O próprio Senhor o afirma: "Aquele que crer e for batizado será salvo; aquele que não crer, será condenado" (Me. 16,16). "A fé é um antegozo do conhecimento que nos tornará bem-aventurados na vida futura".
Obstáculos da Fé - falta de empenho e vontade - orgulho - soberba - auto-suficiência - ignorância- falta de conhecimento -abusos do materialismo e sensualismo Frente a tudo isso a FÉ supõe - Aceitar - Conhecer - Testemunhar Comprometer-se *Veja bibliografia deste trabalho, na página seguinte Pe. Mario José Filho CEECIR FEv/MAR-95
Formação
* BIBUOGRAFIA CONSULTADA
Catecismo da Igreja Católica - Ed. Vozes Paulinas - Loyola- Ave Maria 1993. CNBB - "Igreja no Brasil - Desafios e protagonistas da Missão" - ABC-BSB Ed. Ltda. -Brasília- 1994. CNBB - Doc. Azul n° 40 "Igreja: Comunhão e Missão na Evangelização dos povos, no mundo do trabalho, da política e da cultura"- Ed. Paulinas- SP- 1990. CNBB - Doc. Azul n° 50 "Ética: Pessoa e Sociedade"Ed. Paulinas- SP- 1993. Compêndio do Vaticano 11- Constituições Decretos - Declarações - Ed. Vozes - Petrópolis - RJ 1983. Documento da Puebla Conclusões - Ed. Loyo1a1979. Documento de Santo Domingo- Texto Oficial - Ed. Paulinas - SP - 1992. João Paulo 11 - "A validade permanente do Mandato Missionário" Ed. Paulinas-1991. João Paulo 11- "0 Redentor do Homem" - Ed. Pauli nas - SP - 1990. João Paulo 11 - "Solicitude Social"- Ed. PaulinasSP- 1990. Magalhães, Luiz Carlos "Vivamos nossa fé" - Ed. Paulinas - SP- 1976. Moracho, Félix -"Na Escola da Fé" - Ed. Paulinas - SP- 1985. Ribolla, J. - "O Plano de Deus - proposta/resposta para o homem hoje". Ed. Santuário- SP- 1987. Fev/MAR-95
FUNDIR NO AMOR
E NO EsPíRITO EACRE = Momento de transformação Bodas de Caná nos dão a oportuidade de analisar interiormente a nossa fé, à luz da atitude de serviço de Maria. Convidada a participar da festa, apresentou -se com toda disponibilidade existente em seu coração, não hesitando no momento de se colocar a serviço dos irmãos, "Eles não tem mais vinho" (Jo 2,3). Necessário se faz que nos compenetremos de que, se a palavra de Deus não for acolhida em nosso cotidiano, transformando nossas atitudes, certamente irá faltar o vinho do auxílio mútuo, que comumente deve impregnar nossas atitudes de fraternidade a que nos leva o movimento do qual fazemos parte. A vista disso, julgamos também necessário que nos apoiemos reciprocamente, apesar de nossas fraquezas, e que sobretudo, nos unamos com o espírito de desprendimento que sempre demonstramos em nossa caminhada. Assim agindo, estaremos permitindo que a água se transforme em vinho, mas um vinho bom, que represente amor, responsabili-
dade e solidariedade. O Senhor nos convida a participar de sua missão redentora, somos intimados a nos "fundir" para que haja uma transformação de vida em benefício de outros irmãos. Nosso amor fraterno é portador do Poder, da Força e da Eficácia de Deus, contanto que ultrapasse a barreira de simples amizade e venha assim a se "fimdir" no amor e no Espírito. Irmanados nesta oportunidade, sejamos disponíveis para que o EACRE de 1995, produza em nós uma verdadeira mudança de atitude, encorajandonos a trabalhar numa nova Evangelização, buscando a implantação do Reino de Deus aqui na terra. Que a Virgem Mãe, nos anime nessa transformação, onde cada equipista é convidado a participar, não como mero espectador, mas como Ela, a se por a serviço dos irmãos. Senhor Jesus, que transformastes a água em vinho, concedei que todos nós vivamos para os outros, a fim de nos ajudarmos a transformar nossas vidas. AMÉM.
Alaíde e José Reis Eq. 1 - Assis/SP CARTA MENSAL - 27
Projeto Conjugal
A PRIMAZIA ABSOLUTA D O A MOR (Palestra às ENS. Campinas/SP 14.9.94).
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diram-me um tema de atualidade. Pensei apresentar-lhes o "Cân tico dos Cânticos", tema de estudo neste ano para o "Mês da Bíblia". Optei, finalmente, por falar-lhes da experiência misteriosa e sempre atual do amor.
1) O amor é um encanto. Amar é, antes de mais nada, "ser atraído, seduzido, cativado" por alguém. É ficar fascinado, encantado. Vemo- lo no Cântico dos Cânticos: - "Como você é linda, minha amada, como você é linda!" (Ct 1,15; 4,1), diz o Esposo . E ela responde: - "Como você é lindo, meu amado, e 28 -
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que doçura!" (Ct 1,16). O amor é, em primeiro lugar, uma atração, um encantamento. Para o enamorado, a amada é sempre bela e "não tem um só defeito" (Ct 4,7). Para ela, tudo nele "é uma delícia" (Ct 5, 16). A atração dos que se amam não é apenas física, mas total: física, psicológica e espiritual. Um defeito ou peculiaridade física, como o nariz da Cleópatra ou o estrabismo da Ava Garner, pode tornar uma pessoa mais sedutora. Quem ama se sente atraído não apenas por um rosto belo ou uma figura esbelta. O que fascina no ser amado é o mistério da sua pessoa. Poetas e místicos coincidem em afirmar que o amor é inefável, não dá para entender nem explicar. Camões, poeta mulherengo, o descreve como "Um não sei quê,/ que nasce não sei onde,/ vêm não sei como/ e doi não sei porquê". E o casto São Bernardo: "Quem ama, ama; e não sabe mais nada". A Bíblia diz que a pessoa é imagem e semelhança de Deus (Gn 1,2627). E "Deus é amor" (1 Jo 4,8.16). Daí que toda pessoa tenha a capacidade ou FEv/M
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Amar não é apenas ficar fascinado por alguém, mas também e sobretudo caminhar juntos, assumir um projeto de vida em
aptidão para ser amada; O Cântico expressa poetiela pode e deve ser amacamente este desejo de inda. Todo ser humano metimidade permanente: rece ser amado. "O meu amado é meu e O amor não depende eu sou dele" (Ct 2, 16). tanto da beleza do amado, "Encontrei o amado da quanto da capacidade e da minha alma. Agarrei-o e vontade de amar de quem não vou soltá-lo (3,4; ama, "e essa generosidade, 6,3). até o último dos pobres Amar não é apenas fipode se permitir" (Tagore). car fascinado por alguém, Contam que um semas também e sobretudo nhor idoso permanecia caminhar juntos, assumir solteiro. "Porque o seum projeto de vida em cocomum, nhor não casou?", permum, compartilhar alegriguntaram-lhe. "Porque compartilhar as e dificuldades. passei toda a vida procuQuem ama de verdaalegrias e rando a mulher ideal", de está disposto a "amarrespondeu. "E não a endificuldades. rar-se" numa vida a dois . controu?". "Sim, sim . Eu O clássico conquistador a encontrei . Acontece que ela estava de mulheres (o "Dom Juan") não sabe procurando também o homem ideal". amar, nem a mulher fatal (a "vampe"). Em vez de esperar encontrar a pes- Ambas são figuras narcisistas. Narciso soa ideal, para amá-la, deveríamos co- é aquele que deseja-se a si próprio, a si meçar a amar, desde já, as pessoas im- próprio se louva" (Ovídio). As amantes perfeitas que temos ao nosso lado. A co- ou os admiradores são meros pretextos meçar por aquela ou aquele que Deus desta auto-exaltação. nos deu por esposa/esposo, e com quem A família, como comunidade de nos comprometemos no sacramento do pessoas unidas pelo amor, é o melhor matrimônio. antídoto contra a chamada "Cultura do É necessário passar da sonhada Narcisismo" (Christopher Lasch). Na perfeição à "pobreza oferecida", do sua recente Carta às famílias, João Pau"amor ideal" inatingível ao "amor real lo li afirma que a família é o centro e o e possível". coração da "civilização do amor" (n. 2) Da Paixão à Serenidade 13). A família tem início na comunhão ou o Amor Duradouro. conjugal. Somente pessoas livres e maA segunda característica do amor duras são capazes de viver "em comuque desejo destacar é a comunhão de nhão" , sendo fiéis a uma "aliança", na vida. A atração leva à união; a pessoa qual o homem e a mulher "se entregam seduzida deseja a intimidade com o se- e se recebem um ao outro" (Vaticano dutor; quem ama quer "estar junto" ao Il, GS 48). Nesta doação recíproca, conamado ou, como dizem hoje os jovens, clui o Papa, manifesta-se o "caráter es"ficar com" ele, e ficar "para sempre". ponsal do amor". Um amor a prazo fixo não merece o A cultura atual, chamada de "pósnome de amor. moderna", é pessimista a respeito da FEv/MAR-95
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durabilidade do amor. Este, no dizer do poeta, será "infinito" apenas "enquanto dure" (Vinícius de Morais). "O amor é entidade crepuscular. Seu dia é curto" (Rubem Alves); " não responde ao desejo de absoluto que nos habita, embora seja a chave para alguns instantes de fruição fugaz desse absoluto" (Giuliana Giudici, "Amor e Perda"). Este pessimismo parece ter sua confirmação na crescente instabilidade de muitas uniões conjugais. O fracasso de tantos casamentos contradiz, brutalmente, o desejo e o projeto concreto que a maioria dos casais tiveram, ao casar. Em certa ocasião, perguntaram-me se eu era a favor ou contra o divórcio. Respondi : "Sou a favor da união do homem e da mulher para toda a vida. O divórcio não me interessa". Mas será possível o amor "para toda a vida"? A sabedoria do antigo povo de Israel assim o pede: "Seja bendita a sua fonte, alegrese com a esposa de sua juventude: ela é corça querida, gazela formosa. Que as carícias dela embriaguem sempre você, e o amor dela o satisfaça continuamente" (Pr 5, 18-19). No Novo Testamento, Jesus reafirma o sentido fundamental do matrimônio como aliança de amor, abençoada por Deus, que o homem não deve separar (Me 5 ,9). Felizmente, a nossa literatura também conhece o amor duradouro. A poesia de Adélia Prado é boa prova disso:
ajudo a escamar; abrir; retalhar e salgar./ É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha,! de vez em quando os cotovelos se esbarram,! ele fala coisas como 'este foi difícil'/ 'prateou no ar dando rabanadas'/ e faz o gesto com a mão.! O silêncio de quando nos vimos a primeira vez/ atravessa a cozinha como um rio profundo./ Por fim, os peixes na travessa,/ vamos dormir./ Coisas prateadas espocam:/ somos noivo e noiva." (Adélia PRADO, Poesia reunida. São Paulo, 1991, pág. 252).
Quem ama de verdade, mesmo que se diga ateu, está com Deus.
"Casamento:/ Há mulheres que dizem:/ Meu marido se quiser pescar; pesque,! mas que limpe os peixes./ Eu não. A qualquer hora da noite me levanto,! 30 -
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transcende todo amor.
Como terceira característica do amor verdadeiro, quero enfatizar a sua transcendência. Necessidade vital, destino, meta e sentido da nossa existência, esperança e promessa de plena realização humana, o amor é uma palavra chave, um conceitosíntese, uma experiência fundamental. Quem não ama está perdendo a vida. E quem ama, mesmo mal sucedido, está atingindo o fim da nossa vida. O fim da vida é Deus. E Deus é amor. Quem ama de verdade, mesmo que se diga ateu, está com Deus. Porque o único ateu verdadeiro é quem não ama. Ele morrerá de solidão, da fome mais radical: "Fome de ser mais/fome de Deus,/ fome de amor eterno" (Unamuno). O amor-Deus é ânsia-necessidade minha e dos outros. O verdadeiro amor descobre e ama a Deus no próximo. O meu amor revela Deus ao outro, fazendo-lhe descobrir a sua própria beleza. Aqueles que me rodeiam, especialmente a esposa, o esposo, os FEv/MAR-95
fiÍhos, têm necessidade deste Deusamor. Só Ele poderá dar-lhes essa segurança tranqüila e pacificadora, em frente aos enigmas e angústias da existência humana. O apoio do esposo, a atenção da esposa, ajudam o outro a descobrir toda a beleza e riqueza que Deus lhes deu. "Você ... me faz bonita/de olhar-me", diz Adélia Prado. Quem fez bela à mulher foi Deus, mas o olhar carinhoso do marido lhe faz descobrir sua própria beleza. Para que comprar aquele vestido novo e arrumar-se, se ele não olhasse para ela? E vice-versa: o homem incapaz de conquistar, cada dia, o carinho da esposa é um fracassado, embora possa acumular fortuna e ter ao seu alcance todos os prazeres deste mundo. "O amor é forte como a morte!/ Cruel como o abismo é a paixão./ Suas chamas são chamas de fogo,/ uma faísca divina./ As águas da torrente jamais poderão /apagar o amor,/nem os rios afogá-lo./Quisesse alguém dar tudo o que tem/para comprar o amor./seria tratado com desprezo" (CT 8,6-7). Na fórmula do compromisso matrimonial, os esposos prometem "amarse" e "respeitar-se" todos os dias da sua vida. Porque, no verdadeiro amor, o respeito é essencial. O verdadeiro, o grande amor, "forte como a morte", foi definido como "a aliança do desejo e do respeito. Desejo e respeito se reforçam mutuamente. Respeita-se o ser que se deseja e deseja-se a pessoa que se respeita" (Jacques de Bourbon Busset, "Le respect, âme de 1'amou r", La Croix, 16 junho 1990). Não é assim como devemos nos relacionar com Deus? Com muito "acatamento e reverência", diz Sto. Inácio de Loyola, com "humildade amorosa", com todo respeito. Fev/MAR-95
O "respeito", no sentido forte da palavra, não é algo convencional ou servil. É um sentimento muito forte, que faz com que prestemos atenção ao outro. O respeito supõe a vontade de compreender o outro, colocando-se no seu lugar. Para tanto, é necessário sair de si mesmo, renunciar ao próprio orgulho, abandonar a auto-suficiência. E isso, não é fácil. No seu livro "A Arte de Amar", dizia Erich Fromm que o amor exige seriedade, disciplina, paciência, vontade firme, atitude de humildade, objetividade, superação do narcisismo. E o poeta Drummond de Andrade: "Amar é privilégio de maduros,/ que amor começa tarde". O homem e a mulher só poderão encontrar-se a si mesmos no amor desinteressado. Todos sabemos que a melhor maneira de ser feliz no casamento é buscar, acima de qualquer interesse ou desejo pessoal, a felicidade do marido ou da mulher. Termino com o testemunho de alguém que deu ao amor a prioridade que ele merece. Para surpresa nossa, o exemplo não está tirado da Bíblia, nem das vidas dos santos, mas do mundo dos "publicanos" e das "samaritanas" de hoje: Alec Baldwin, ator de cinema e marido da bela Kim Basinger, declarou: "Eu e minha mulher somos muito ligados. Ela é minha prioridade número um" (O Estado de São Paulo, 16 julho 1994). Deus, que é amor, deve ser a prioridade absoluta de todo cristão. Você, que é casado (a), comprometeu-se diante dEle a priorizar, para o resto da sua vida, a sua mulher (o seu marido) e os seus filhos.
Pe. Luis González-Quevedo, S.J. CARTA MENSAL -
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ENCONTRO NACIONAL DAS nforme noticiado, revemente, em ossa edição de Dezembro/94 (o prazo de fechame nto não permitia uma matéria mais ampla), realizou-se de 4 a 6 de novembro passado , em Itaicí/ SP o E ncontro Nacional das ENS, um dos pontos altos do "calendário equipista" de 1994. Estiveram presentes ao evento, 48 Conselheiros Espirituais de Setores e Regiões, 110 casais (e 2 maridos) Responsáveis de Setor, 25 Casais Responsáveis Regionais (aí incluídos 03 casais que na ocasião deixaram essa missão) e toda a ECIR, com destaque para a presença sempre marcante de D. Nancy Moncau, introdutora, juntamente com seu esposo Dr. Pedro Moncau, do nosso Movimento no Brasil nos idos de 1950. Menção especial à equipe de serviço capitaneada por Dina e Chico (de Jundiaí) cujo trabalho incansável, per32 - CARTA M ENSAL
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mitiu que tudo corresse às mil maravilhas e também à dedicação dos funcionários do Secretariado, Lucy, Joel e Edna que trabalharam durante todo o Encontro.
ENS
Bíblia .. A seguir os presentes ouviram Beth e Romolo e Cidinha e Igar, relembrando a todos o que foi a trajetória das ENS desde a sua fundação até o último Encontro Interna-
Missa de encerramento do Encontro Nacional, em Jtaicí A chegada na 6• feira à tarde constituiu-se no primeiro grande momento de alegria em rever irmãos conhecidos e conhecer irmãos ainda desconhecidos, mas nem por isso menos queridos, numa antevisão da "Grande Festa" para a qual foramos convidados. O mesmo clima alegre e fraterno caracterizou o jantar e prolongou-se durante todo o Encontro. À noite aconteceu a paraliturgia de abertura conduzida por Pe. Mário José, coadjuvado por Silvia e Chico e Maria Cecília e Gaspar, incluindo a procissão da
cional em Fátima. Após a Bênção por Pe. Mário, os participantes recolheramse para repouso. No sábado, já às 7 horas, todos reunidos na Igreja para a Oração da Manhã e, após o café, dirigiram-se ao auditório, onde Pe. Mário abordou o tema Ser Igreja: Coerência entre Fé e Vida. Após um breve intervalo, reuniram-se os grupos de assimilação, todos coordenados por um CRR, porém, mesclando CE's e CRS's das diferentes regiões e setores, resultando em grande enriquecimento. FEv/MAR-95
Ainda pela manhã, ouvimos a palestra de Maria Regina e Carlos Eduardo, sobre o tema Protagonismo das ENS - Prioridades. No intervalo após o almoço, grande movimentação dos presentes na exposição montada sobre a atuação dos equipistas de todo o Brasil com referência ao Ano Internacional da Família e também de sua participação no Encontro Internacional em Fátima. A exposição permaneceu montada durante todo o Encontro Nacional. No início da tarde voltaram a reunir-se os mesmos grupos de assimilação para uma reflexão conjunta sobre o tema da palestra anterior e, simultaneamente, os Conselheiros Espirituais reuniram-se com a ECIR. Após o intervalo para o cafezinho, tivemos o privilégio de ouvir D. Angélico Sândalo Bernardino que nos falou sobre a Missão do Cristão no Mundo de Hoje, antecipando o tema da Campanha da Fraternidade, que trata dos excluídos e cujo "slogan: Eras Tu, Senhor?" nos remete ao Capítulo 25 do Evangelho de S. Mateus. Às 18 horas, presidida por Pe. Mario concelebrada por todos os CE's Fev/MAR-95
presentes, Celebração Eucarística, durante a qual foi dada posse ao casal Maria Regina e Carlos Eduardo, como novos responsáveis pela ECIR em substituição a Beth e Romolo que transmitiram o cargo, após anos de extrema dedicação ao movimento. Na mesma oportunidade, houve a transmissão do cargo dos CRR das regiões São Paulo- Leste, São Paulo - Centro II, Rio III, Santa Catarina, e Região Centro. Seguindo-se ao jantar, aconteceu uma grande festa (com bolo de casamento tudo), animada por um conjunto de músicos profissionais e que são também equipistas em Jundiaí. -Impossível descrever o clima de alegria reinante. Durante a festa, inúmeras manifestações de carinho e agradecimento a Beth e Romolo. A festa da noite anterior não impediu que às 7:30hs do domingo todos já estivessem presentes à Igreja para a Liturgia da Manhã, seguindo-se o café e as palestras no auditório por Beth e Romolo (Posturas no Serviço) e Mariola e Eliseu (Bodas de Caná). Após um breve cafezinho, os Casais Re-
Momento da posse do casal Regina e Carlos Eduardo - Responsáveis Nacional gionais reuniram-se com os Casais Responsáveis de seu respectivos setores para troca de idéias sobre os temas das palestras e início do seu planejamento para 1995. Após o almoço, a comovente Celebração Eucarística de Encerramento e "Envio", durante a qual todos os participantes, receberam uma "talha", a ser preenchida com a água de sua responsabilidade e que sem dúvida Cristo transformará no bom vinho decorrente do seu serviço ao Movimento, à Igreja e ao Mundo. A tristeza do adeus foi compensada pela riqueza do encontro que vivemos naqueles dias, pela expectativa dos reencontros, e pela certeza da comunhão na missão de serviço à qual todos foram chamados. CARTA MENSAL -
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Notícias e Informações EvENTOS
EQUIPES NOVAS
Recolhimento A equipe 93, setor C, Região RIO I, promoveu em Teresópolis, com grande proveito, um dia de recolhimento, do qual participaram também casais de outras equipes.
Cursos de Pilotagem As equipes de João Pessoa realizaram um curso de pilotagem para reavivar a todos os equipistas as grandes linhas do movimento. Em Divinópolis foram promovidos cursos para casais piloto e para casais de ligação, visando a formação dos quadros e expansão do movimento.
Recife- PE Equipe7- B CP - Tereza e Leal CE- D. Mauro Alves da Cruz (OSB) Equipe 16-A CP-. Eunice e Murilo CE- Frei Mario Marques Equipe 17-B CP - Clair e Paulo CE- Frei Franklin Equipe 18-A CP - Mercês e Ismael
L------------------------.----~ B~sflm-DF
Equipes jovens
Em Catanduva _ SP, foi iniciado 0 movimento de Jovens, com a formação de 5 (cinco) equipes, reunindo 85 participantes. Em Divinópolis- MG, realizou-se encontro de jovens com o comparecimento de 57 jovens, inclusive alguns de Belo Horizonte.
Confraternização As Equipes de Juiz de Fora - MG promoveram um dia de Confraternização, reunindo todas as equipes dos setores, inclusive as equipes jovens .
Equipe 22- Nossa Senhora da Saúde CP - Graça e Teburcio
Divinópo/is- MG Equipe 4- Nossa Senhora de Fátima CP- Aparecida e Saleh CE- Pe. Mariano
Londrina - PR Equip e 15-A Nossa Senhora do Perpetuo Socorro CP - Sueli e Nelson CE - Pe. lido Borges Valadão
VOLTA AO PAI
ERRATA
Monsenhor Francesco Bessa, C. E. das Equipes 23 e 24, do Setor C, Rio de Janeiro, RI. Antônio Trivellato (esposo de Maria Helena) Eq. de Araçatuba. Gustavo Tauz, filho de Nilza e Luciano, ex-responsável do Setor A, do Rio de Janeiro, RJ Adilson de Freitas (da Regina), Equipe 2, Jacareí, SP Gian Piero Lorenzetti (Pedro da Franca), Equipe 36, Setor E, Brasília, DF
O artigo entitulado "Crescer em comunhão", da pág. 38 da CM de outubro/94 de autoria de Graça e Teburcio, da Eq. 14 C, é de Brasília e não de Londrina!PR, como erroneamente constou.
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Comunicado do Secretariado
INTERCÂMBIO Matérias disponíveis: Dia de Formação e Treinamento para Casais Ligação - "Ligação: Sua missão apostólica" -"Ligação: A serviço das Equipes, do Movimento e da Igreja" Nancy e Benjamin Tannus (CRR São Paulo - Centro I) Rua Francisco Otaviano 515 13070-560, Campinas , SP
O horário de funcionamento do nosso Secretariado Nacional é de 2" a 6" feira, das 8:30 às 17:00hs, com uma hora de intervalo para almoço. Para maior comodidade dos equipistas, nosso telefone (0 11)- 604-8833 agora está equipado com uma secretária eletrônica. Assim os pedidos de publicações ou outras solicitações, podem ser feitos fora do horário comercial, através de mensagens gravadas o que também redundará em economia para os equipistas, uma vez que, as chamadas interurbanas fora do horário comercial e nos finais de semana gozam de tarifas reduzidas.
Nossa Biblioteca Eras Th, Senhor!?,.._..,"'""'·'· Texto ba se para a CampanhadaFraternidade 1995, "A Fraternidade dos Excluídos; CNBB; Editora Salesiana Dom Bosco; SP; 1994; 111 pág. Divide-se o Texto base em três partes, das quais a 1"- "Somos Testemunhas: Os Excluídos são Muitos"procura conscientizar-nos quanto aos descaminhos a que nos conduzem a "sociedade capitalista neoliberal", promotora do "materialismo", do consumismo, do individualismo e da competição, Tornando-se excludente para muitos de nossos irmãos, verdadeiramente "uma cultura de morte". FEv/MAR-95
As outras partes tância, é leitura obrigatóreferem-se a "O So- ria para todo cristão, mas nho de Deus" e a considerada a abrangência ··como Continuá- dos temas que aborda e a lo", pela solidarieda- condição de João Paulo TI, de aos excluídos, é também indispensável, pela assunção de sua para todos os "homens de dor e pela transfor- boa vontade", conhecê-la mação do gesto num na íntegra. Com simplicidade e processo contínuo. Não é possível deixar sem filigranas teológicas, de recomendar sua leitura está exposta a essência da a todos os católicos, pois visão cristã e a posição da do contrário, estar-se-ia Igreja perante as grandes fechando os olhos e o co- dissensões enfrentadas ração à caridade, ao Amor, pelo mundo moderno, quer no terreno religioso, quer ao Cristo. no terreno fiCruzando o Limiar da Esperança • • • • • • • losófico, não CRIZANDU ·· rara que o - por sua Santidade o Ll\11 \R 0.\ mundo E 't ,. E K \ N ... \ João Paulo 11 creia", mas Vittorio Messori li tambémesovraria Francisco Alhretudo, pela ves editora S.A., RJ. ··ação salvífi1994, 209 pág. JOÃO P\l LO 11 ca em favor Esta obra, de extraordinária impor• • • • • • domundo". CARTA
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Atualidade VIA-SACRA DOS INOCENTES* Contribuição de Cida e Raimundo - Eq. 04 João Pessoa - PB *(Texto de Richard Thaimann da Revista TAU. In Paz e Bem)
1 A Condenação Eu fui condenado à morte antes de ter nascido. A mim ninguém me deu amor, pois a mim ninguém me quer.
"eliminado"
:V 3 Primeira Queda
4 Encontro com a Mãe
Eu sou um pecado, "uma queda". Ninguém pode ser obrigado a carregar o erro de uma gravidez não desejada!
Quão doloroso, Senhor, foi o teu encontro! Eu ... eu não tenho mãe, que me encontre e chore! Eu estou encarcerado no ventre de uma mulher que me manda matar! ..
5O Cirineu Alguém ajudou-te a levar a cruz. Amim ... amjm ninguém me ajuda! O médico dá à mulher um narcótico para que ela não sofra, quando eu sofrer a morte.
6 A Verôniêa Oh, quem me dera uma Verônica que me consolasse na minha condenação! Ninguém sabe da minha situação! A "lei" cala os próprios cristãos!
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7 Segunda Queda É fácil mandar-me matar, enquanto sou pequeno! Meu pai faz cálculos: quanto lhe vou custar? .. Minha morte sai mais "barata"! Dai ... tenho que morrer!
9 Terceira Queda A queda é fatal: eu tenho que morrer! Estão confirmados os cálculos: não há lugar para mim! Não há um pedacinho de pão para mim neste vale de lágrimas. Tenho que morrer!
8 As Mulheres De que te serviram, Senhor, as lágrimas das mulheres? Não puderam impedir a tua morte! De que me valem as "leis"? "Legalizam" minha morte!
1OJesus Despido A ti despiram-Te dos vestidos eu nunca tive vestido! Apenas a minha pele. Mas, mesmo assim ... agarram-me com segurança!
12 Morte na Cruz
11 Crucificação A Ti pregaram-Te numa cruz. A mim partem-me em pedaços. E também "contam todos os pedacinhos ... " para terem a certeza de que a mãe não fica com infecção.
Tu morres. Eu também. Tu és inocente. Eu também. Lembra-Te de mim, quando entrares no Teu Reino ... no Teu Reino de Vida Eterna.
13 Descida da Cruz
14 No Túmulo
Morto, pudeste repousar no regaço de quem nasceste ... Mas a mim renovam-me apenas a maldição ... Porque serei uma carga a pesar... na consciência!
A Ti ofereceram-Te um túmulo. Para mim apenas o monturo de lixo! ... Lá esperarei o juízo final... quando terei de fazer o meu depoimento contra "meus pais".
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Reflexão PAZ E SERENIDADE
erta ocasião, dois pintores fo ram convidados a pintar um quadro que simbolizasse a PAZ. Um pintou a cena de uma lagoa serena, de águas quietas e margens amenas.
C
O outro pintou uma catarata turbulenta e acima da catarata, desenhou um delgado ramo de árvores avançando sobre o abismo escancarado. Na extremidade do galho, um ninho. Dentro do ninho, um pássaro calmo e sereno, sem medo nenhum do abismo e da turbulência da catarata espumante ... Quem de nós não sonha e suspira por uma vida mais tranqüila e menos agitada, com um mundo mais pacífico , mais fraterno e menos violento? Esta é a paz que Deus nos oferece e que nos cabe construir: a paz na luta, no esforço, na perseverança. Paz que não se perturba em meio aos desafios e agitações. Paz tecida na fé e na esperança. Paz que se alteia, serena e soberana, apesar das águas agitadas que nos rodeiam . Quem ama recria o mundo para si e para a pessoa amada. Recriemos o mundo e a sociedade, unidos numa alegre corrente de fé, esperança e fraternidade. Sobre o abismo da catarata turbulenta, um delgado ramo de ár38 -
CARTA MENSAL
vore. Dentro do ninho aconchegante uma ave serena, feliz e tranqüila .. .
No momento em que estamos convivendo com guerras/ agressões/ falta de amo0 violência/ falta de família e de fé; no momento em que estamos sofrendo com Cristo todas as tentações da Quaresma/ vamos nos reun1r em oração pedindo que possamos .todos ajudar a recriar o mundo transmitindo a alegria da ... Paz em Cristo Aurea e Nilton Eq. 105- Setor F
Rio I// Fev/MAR-95
I
Oração
PAI
Nosso
-
Não posso dizer "PAI NOSSO", se não vejo em todos os homens irmãos meus; Não posso dizer "QUE ESTAIS NO CÉU", se o que me preocupa são os bens da terra ; Não posso dizer "SANTIFICADO SEJA O VOSSO NOME", se a minha vida é uma imagem de cristão falso; Não posso dizer "VENHA A NÓS O VOSSO REINO", se não deixo o amor de Cristo crescer em mim; Não posso dizer "SEJA FEITA A SUA VONTADE ASSIM NA TERRA COMO NO CÉU" , se divinizo as minhas vontades, se o que me importa é o que eu quero; Não posso dizer " O PÃO NOSSO DE CADA DIA NOS DAI HOJE", se não sou capaz de repartir o meu pão com os necessitados; Não posso dizer "PERDOAI AS NOSSAS OFENSAS, ASSIM COMO NÓS PERDOAMOS A QUEM NOS TENHA OFENDIDO", se minha vida é permanente ofensa à justiça, à caridade; Não posso dizer "E NÃO NOS DEIXEIS CAIR EM TENTAÇÃO MAS LIVRAINOS DO MAL", se fecho à mão estendida, os ouvidos ao pedido, se fujo de minhas responsabilidades como homem na construção de um mundo melhor; Não posso dizer "AMÉM " , porque minto, se não aceito tudo isso .
Fev/MAR-95
U
Célia e Adernar Eq .. 8 - Setor C São José Rio Preto - SP CARTA MENSAL - 39
Última Página PRIMEIRA CARTA DE SÃO PAULO AOS CoRíNTIOS
(1 ,3),
HoJE
SE eu aprender inglês, francês , espanhol, Alemão e chinês e dezenas de outros idiomas, Mas não souber me comunicar como pessoa, De nada valem as minhas palavras. SE eu concluir um curso superior, andar de anel no dedo E freqüentar cursos e mais cursos de atualização, Mas viver distante dos problemas do povo, Minha cultura não passa de uma erudição. SE eu morar numa cidade do interior Mas desconhecer os sofrimentos da minha região, E fugir para as férias na América ou na Europa E nada fizer pela promoção do homem, não sou cristão. SE eu possuir a melhor casa da minha rua, A roupa mais avançada do momento e o sapato da onda, E não me lembrar que sou o responsável por aqueles Que moram na minha cidade, Andam de pé no chão e se cobrem de sujos e de mulambo, Sou apenas um manequim colorido. SE eu passar os fins de semana em festas , boates, farras e programas, sem ver a fome, o desemprego, o analfabetismo e a doença, sem escutar o grito abafado do povo que se arrasta à margem da história, não sirvo para nada. O CRISTÃO não foge dos desafios de sua época. Não fica de braços cruzados, de boca fechada, de cabeça vazia. Não tolera a injustiça nem as desigualdades gritantes do nosso mundo. Luta pela verdade e pela justiça com as armas do amor. O cristão não desanima, nem desespera Diante das derrotas e das dificuldades , Porque sabe que a única coisa que vai sobrar de tudo isso é o AMOR.
Autor Desconhecido 40 -
CARTA
MENSAL
FEv/MAR-95
I
Meditando em Equipe
Meditação: Lucas (14, 25-33) 1 - Começando este ano, quais são seus planos como casal Cristão? 2 - Qu_e precauções tomará para que possa realizá-los? 3 - No seu planejamento, qual o lugar reservado ao poder de Deus?
Oração Litúrgica: Salmo 126 Se o Senhor não construir a casa, é inútil o cansaço dos pedreiros. Se não é o Senhor que guarda a cidade, em vão vigia a sentinela.
É inútil madrugar, deitar tarde, comendo um pão ganho com suor; a quem ama, Ele o concede enquanto dorme
Os filhos são herança do Senhor, é graça sua o fruto do ventre. Como flechas na mão de um guerreiro são os filhos gerados na juventude. Feliz o homem que tem uma aljava cheia deles; não ficará humilhado quando vier à porta para tratar com seus inimigos
Prioridades: - Vida de Equipe -Formação - Comunicação - Presença no Mundo -Pastoral Familiar - Experiência Comunitária
Equipes de Noss a Senhora Movimento de Casais por uma . Espiritualidade Conjugal e Familiar Rua João Adolfo , 118 92 and . cj 901 01049 -91 O São Paulo SP . Tel (0 11) 604-8833 Fax (011 ) 604-8969