Equipes de Nossa Senhora
Equipes de Nossa Senhora Carta Mensal n°330 Setembro/1997 EDITORIAL ............ ..... ... ............ ..... O1
HISTÓRIAS DA NOSSA HISTÓRIA .. . 28
Conselheiro da EC IR ... .... .. .... .... ... .. 02
A "Mão" Ca nadense ............. ..... .. 28
CORREIO DA ERI .... ... ... ..... ... ..... ..... 03
MARIA .... ..... ................. ..... ... .. ..... .. 30
Carta do CE Internacional ............... OS
Presença de Maria .... .... ... ...... ..... ... 30
Notícias Internacionais ......... . ..... . .... 07
PCE- PARTILHA ........... ............. .... .. 31
ECIR .. ... .... .. .. ...... ........... ......... .. ..... . 08
Cinco Minutos por Dia ...... . ..... . .... . 31
EC IR Conversa com Vocês .... .... ...... 08
Os Meios São as Regras .. .... ........... 3 3
VIDA NO MOVIMENTO ...... .. ......... 1O
ATUALIDADE .. .............. ........ .. .. .... . 35
Uma "Sala de Visita ao Ar Livre" ... . 1 O
CEBs Rumo ao Terceiro Milênio ....... 3 5
11
N : Censura ou Auto-Regulamentção .... 3 7
Equipista s de Jundia í no 46° Congresso Eucarístico Internacional .... 1 3
TESTEMUNHO ...... ...... .. ................ .. 39
FORMAÇÃO .................... ........ ...... 1 5
Ainda Somos Seis ............. .
Lembranças do Pad re Caffarel ......... .. 39
Somos Batizados, Graças a Deus
15
Deus, o Mar e as Equipes do Litoral Norte ...... .. ..... 41
M ês da Bíbl ia . . . . . . . . . . . . . .. .. . . .. .. . . . .
17
PALAVRA DO LEITOR .. .................. 42
Família : a Primeira Experiência do Reino de Deus ... .. .. .. 1 9
ORAÇÃ0 .................................... ... 43
LITURGIA .. ..................................... 21 Os Símbolos .................... .. .. ... .... . 21
Oração Pela Pátria: o Brasil que Oueremos .................. 44
NOTÍCIAS EINFORMAÇÕES .. .......... 23
REFLEXÃO ....... ... ...... ...... ..... ...... .. ... 4 5
PASTORAL FAMILIAR ..... .... .... ......... 26
Bem-Vindo À Holanda .... ...... ... ..... 45
11 Encontro Mundial do Papa com as Famílias . . . . ..
O Copo e o Balde ...... .. ... ...... ...... 46 26
O Brasil se Prepara .... ............... . .. 27 Carta Mensal
Wilma e Orlando S. Mendes
é uma publicaçâo das
Pe. Flávio Cavu/ca de Castro,
Equipes de Nossa Senhora
CSsR (collS. espiritual)
Edição: Equipe da Corra Mensal
Jornalista Responsável: Cath erine E. Nadas (MTb 19835)
Silvia e Chico Ponres (responsáveis) Rita e Gilberto Canto Maria Cecília e
José Carlos Sales
Editoração Eletrônica e /lustmções: F& V Editora Ltda. R. Venâncio Ayres, 931 · SP Fone: (O JJ ) 62.30 13
Oração Para o Mês de Bíblia .... .. ... . 43
Medi tando Sobre o Evangelho de Marcos ..... .. . .. ........ 48 Foto capa: Debora Simone
Fotolitos e Impressão: Edições Loyola · R. 1822, 347 · Fone: (O JI ) 6914.1922
Carta Mensal R. Luis Coelho, 308
Tiragem desta edição: 10.700 exemp lares
cep OI 309-000 São Paulo . SP
Cartas, colaborações,
Fone: (OJI) 256. 1212 Fax: (01 1) 257.3599
notícias, testemunhos e imagens devem ser enviadas para:
5° andar • conj. 53
NC Silvia e Chico
Olá, gente amiga!
I
Vai chegando a primavera, tempo de plantio, tempo de semeadura. Talvez seja por isso que a liturgia coloca setembro como o MÊS DA BÍBLIA, para que a Palavra de Deus, tantas vezes prefigurada na semente, seja eficazmente plantada no coração do homem. Primavera é vida nova, esperança que transparece no desabrochar das flores, em seus multicoloridos tons. É nesse cenário de vida em transformação, de semente que morre para germinar em fruto, que nos lembramos, neste setembro, do primeiro aniversário do falecimento doPE. CAFFAREL, que tantas sementes lançou para fazer frutificar o casal e a família. Nesta edição, a figura serena do nosso Fundador é lembrada em tons alegres, nas gostosas reminiscências de um sacerdote amigo. Mas é o próprio PE. CAFFAREL que nos exortará em dois de seus escritos, um sobre a ESCUTA DA PALAVRA e outro a respeito de NOSSA SENHORA. Outra das nossas seções estará reforçando as "dicas" para percebemos a importância de vivenciar a ORAÇÃO CONJUGAL (pois o DIÁLOGO é uma das exigências da evangelização, no Projeto Rumo ao Novo Milênio). A seiva do nosso Movimento vai circulando nas páginas vivas da seção TESTEMUNHO e VIDA NO MOVIMENTO. No CORREIO DA ERI continua a reflexão sobre a CARTA do nosso Movimento (Estatutos) que logo vai completar seus 50 anos. E, que surpresa, para nós brasileiros: o trabalho pioneiro dos nossos irmãos de Manaus-AM, com a EQUIPE PARA DEFICIENTES AUDITIVOS, virou notícia internacional! Em 7 de setembro não esqueçamos de REZAR PELO BRASIL QUE QUEREMOS. Se vocês quiserem "adubar" sua formação, já que estamos em época de mexer na terra, passem os olhos nos artigos de FORMAÇÃO e REFLEXÃO. Paremos por aqui, dizendo apenas: não deixem de lançar, no terreno dos seus corações, as sementes enviadas através da nossa Carta do mês da primavera!
Um abraço caloroso e sempre amigo, em nome de toda a equipe de redação. Silvia e Chico CR da Carta Mensal
Conselheiro da ECIR / Queridos Casais e Conselheiros Espirituais! Paz e Bem! Neste mês de setembro toda nossa Igreja celebra o mês da Bíblia. Mês oportuno para fazermos uma reflexão mais séria e profunda sobre a vivência de dois Pontos Concretos de Esforço que estão intimamente relacionados com ela: a Escuta da Palavra e a Meditação. O ideal seria que a Bíblia fosse utilizada para a vivência destes Pontos Concretos de Esforço, pois é o livro mais completo que fundamenta a mística das Equipes de Nossa Senhora. Sugiro que neste mês vocês procurem partilhar, em suas reuniões de Equipe, a experiência vivida, decorrente da leitura bíblica. Leiam em casal, no livro "Cântico dos Cânticos" o capítulo 4, versículos 1 a 16. O que o texto nos diz? Por que o salmista aclama a amada? O que responde a amada? Meditem nestas três questões. Após isto, reflitam no significado disso tudo para os dias de hoje. Quais os valores que precisam ser retomados, acrescentados? O que, como esposo, posso aclamar em minha amada esposa? E eu, esposa, o que posso responder ao meu amado esposo? É respondendo a estas, e talvez a outras inúmeras questões que surgirem, que estarão vocês vivenciando a Meditação. Parece simples, não é? Todos nós buscamos, às vezes, métodos e técnicas mais sofisticados para entrar em "sintonia". Esses métodos e técnicas existem, mas lembrem-se que o nosso Deus é um Deus simples, que se revela na brisa leve e suave. Procurem vivenciar este mês, de forma mais intensa, esses dois Pontos Concretos de Esforço, e, desta maneira, também em casal vocês estarão "celebrando o mês da Bíblia". Deixem Deus se revelar um ao outro, através de um ou outro. Rezarei por vocês para que a "Palavra de Deus" transforme suas vidas e que esta experiência se torne um verdadeiro hino de amor, uma verdadeira Oração Conjugal.
Abraços e orações!
Pe. Mário José Filho ECIR 2
Queridos amigos, casais das / Equipes de Nossa Senhora de todo o mundo, Os casais que estiveram na origem do Movimento das Equipes de Nossa Senhora queriam fazer do Evangelho a norma de sua vida e, conscientes das dificuldades de o fazerem sozinhos, pediram ao Padre Caffarel que os ajudasse e decidiram formar uma equipe. Também nós, que viemos a seguir, queremos fazer do Evangelho a norma de nossa vida e, por isso, decidimos formar uma equipe e integrar um Movimento que, pela sua mística, pedagogia e organização, pudesse nos ajudar. O nosso objetivo é, assim, viver em coerência com o Evangelho e, para conseguirmos isso, procuramos uma vida de equipe, integrada num Movimento e nos propomos viver com coerência a sua Carta, a sua Regra. Sem oração, não é possível estarmos abertos à Vontade de Deus. Por isso, ela deve estar muito presente na nossa vida, para nos manter em contato com o Pai, para que possamos criar em nós a atitude de abertura e transparência ao que Ele quer de cada um de nós: "Vós sereis meus amigos se fizerem o que Eu vos mando" (Jo 15, 14). É necessário ler, meditar, debater o Evangelho para conhecê-lo e para nele encontrar critérios pelos quais queremos reger a nossa vida. Na vida de família, a coerência com o Evangelho significa viver um amor altruísta, ablativo e
Sem oração, não é possível estarmos abertos à Vontade de Deus.
generoso (isto é a caridade), em relação ao cônjuge e aos filhos. Isso significa abertura a novas vidas e educação nos valores cristãos daqueles que já nasceram. Significa praticar- especialmenteos valores da generosidade, da fecundidade, da abnegação, da mansidão, da compreensão etc. 3
Na vida profissional, pede-nos o Evangelho que tentemos conciliar a necessidade de eficácia com o respeito pelos outros, pelo seu ritmo, pelas suas necessidades. Para viver com coerência o Evangelho, temos de saber determinar com equilíbrio o tempo dedicado aos deveres profissionais, para que não seja exagerado e em detrimento do que é dedicado à família e aos outros trabalhos voluntários. Temos de conciliar a concorrência e a competição, em que todo trabalho profissional nos envolve, com os valores evangélicos do amor, do respeito, da conciliação, da atenção às necessidades dos outros, da entreajuda. Na nossa vida social, a coerência com o Evangelho implica que o lazer não seja alienação e que devemos conciliar o tempo dedicado ao descanso (mas sem preguiça), à cultura (sem diletantismo), com o trabalho voluntário, apostólico e pastoral. Em suma, se queremos fazer do Evangelho a Carta de nossa vida, devemos viver de maneira coerente, na caridade. É para nos ajudar a manter esse estilo de vida que o Movimento das Equipes de Nossa Senhora nos propõe uma Regra, uma Carta, onde vem o essencial da sua mística, da sua pedagogia e da sua organização, sugerindo-nos que vivamos em equipe e que apliquemos essa Carta com coerência. É também necessário viver com coerência a mística das Equipes, que é viver no esforço perma-
nente para progredir na busca da vontade de Deus, no conhecimento de si próprio e no encontro e comunhão; e tudo isso com base na oração, na leitura da Palavra, no estudo, no diálogo, ajudando-nos mutuamente e testemunhando o amor de Deus. A entreajuda não pode esgotar-se na equipe, tem de transbordar no serviço de Igreja, na organização, no apostolado, respondendo às solicitações dos nossos pastores, dos nossos bispos. Assim, viver com coerência a Carta das Equipes, implica ainda estar disponível quando se é chamado a integrar uma equipe de serviço na estrutura do Movimento e nela participar com diligência, imaginação, lealdade e competência. Este ano, em que o Movimento celebra os cinqüenta anos da Carta, e em que, por todo o mundo, as equipes organizam encontros, celebrações e festejos para comemorar esse grande acontecimento, é oportuno relermos com toda a atenção a Carta e o documento complementar "O que é uma Equipe de Nossa Senhora". É preciso relê-los, comentá-los em equipe, confrontá-los com nossa maneira de viver sua mística e sua pedagogia, para que isso possa nos incentivar a dar mais um passo na vida coerente com o Evangelho, que deve ser a Carta de nossa vida. Com um abraço,
Teresa e Duarte da Cunha ERI - Portugal 4
Carta do Conselheiro Espiritual Internacional Um Olhar Sobre o Mund o Desde a primeira página, a nossa Carta convida-nos a nos reconhecer como cidadãos do mundo. Ela se faz eco das palavras de Jesus, na sua oração sacerdotal: "Não te peço para tirá-los do mundo, mas para guardá-los domai" (Jo 17, 15). Jesus sabe bem que este mundo está cheio de ciladas e perigos para os que o seguem, mas Ele insiste na necessidade de estar presente no mundo, de modo a tornar visível o Evangelho: "Como Tu me enviaste ao mundo, Eu também os envio ao mundo" (Jo 17, 18) porque, pelo testemunho deles, os discípulos tornam possível "que o mundo reconheça que tu me enviaste" (Jo 17, 23). Quando os redatores da Carta, em 1947, falam, na primeira página, de sua época, embora de maneira breve, eles nos convidam a reagir, face a uma realidade que está bem distante dos projetos de Deus para a história dos homens. A intenção dos autores da Carta não é um convite à fuga, como a daquele que se afasta da realidade para evitar qualquer espécie de contaminação. Nós estamos no mundo, pertencemos ao mundo no sentido mais amplo do termo, mas não somos
Nós es tamos no mundo, pertencemos ao mundo no sentido mais amplo do termo, mas não somos "mundanos", no se ntido mais restrito e negativo dessa expressão . Parece-nos esta a razão pela qual a Carta nos convida a tomar consciência da nossa pertença a uma realidade que nos cerca, que nos ameaça talvez, mas à qual fomos enviados por Jesus. 5
"mundanos", no sentido mais restrito e negativo dessa expressão. Parece-nos esta a razão pela qual a Carta nos convida a tomar consciência da nossa pertença a uma realidade que nos cerca, que nos ameaça talvez, mas à qual fomos enviados por Jesus. Cada um dos casais das Equipes de Nossa Senhora, cidadão do mundo, é chamado a ser testemunha ativa do Evangelho da salvação. Há sempre um convite à ação, pois, com uma espiritualidade vivida em toda a sua integridade, tornamo-nos células vivas e saudáveis de um corpo que sabemos doente. Podemos- mais do que isso, devemos - ser pessoas capazes de levar essa esperança de saúde, que é tão desejada por todos. Nossa mensagem é a de Jesus que, antes que tudo, fizemos nossa, na prece e no diálogo conjugal, na vida comunitária de nossa equipe, e que nos dá a força de servir nossos irmãos do mundo, unidos ao mistério da salvação, que é a Igreja. Mas, se devemos levar uma mensagem de sal vação a todos os irmãos do mundo, devemos conhecer o mundo ao qual nos dirigimos. Devemos desvendar os seus mistérios, aprofundar o seu modo de pensar e não nos tornarmos estranhos à sua linguagem. Não se trata de sermos especialistas, mas de agir como conhecedores. Manter abertos os olhos das nossas equipes, viver o nosso tempo, ser capazes de dialogar com humildade e firmeza com nossos contemporâneos, porque sabemos que somos escolhidos
por Deus para sermos homens e mulheres abertos ao Espírito. Todos os Pontos Concretos de Esforço, todos os conselhos da nossa Carta são dirigidos para alcançar essa meta. O espírito das Equipes de Nossa Senhora seria ceifado se os casais tentassem abrigarse em trincheiras de certezas. Uma equipe jamais será uma cidadela ou um refúgio (muito menos um abrigo de adultos). Uma equipe é a forja onde devemos moldar e consolidar a nossa vida cristã, para tornála apta ao serviço da fé e da esperança. O mundo não é nosso inimigo, ele está doente. E se queremos contribuir para a sua cura, devemos nos aproximar dele como conhecedores das suas necessidades, dos seus fracassos, dos seus êxitos, das suas qualidades. Só assim estaremos aptos a ser testemunhas, apesar da nossa fragilidade. Teremos sempre conosco a força da virtude de Cristo, pois, como disse São Paulo: " Ele porém me respondeu: 'Para você, basta a minha graça, pois é na fraqueza que a força manifesta todo o seu poder'. Portanto, com muito gosto, prefiro gabar-me de minhas fraque zas, para que a força de Cristo habite em mim. E é por isso que eu me alegro nas fraquezas, humilhações, necessidades, perseguições e angústias, por causa de Cristo. Pois quando sou fraco, então é que sou forte." (2a Cor 12, 9-10).
Cristobal Sàrrias, s.j. Conselheiro Espiritual da ERI 6
Notícias Internacionais / NOTA DA REDAÇÃO:
metendo-se o leitor para a Carta Mensal acima referida. A importância e o pionerismo desse trabalho, que gerou a Equipe Nossa Senhora do Silêncio, em Manaus/AM, estão sendo apontados ao mundo como um exemplo edificante e um testemunho de verdadeira fraternidade.
A notícia internacional deste mês, enviada pela ERI - Equipe Responsável Internacional - para ser publicada nos vários países onde existe o Movimento das ENS, reproduz basicamente a matéria já veiculada em nossa Carta Mensal de maio/97, página 15, sob o título "ENS PARA DEFICIENTES AUDITIVOS", motivo pelo qual ames-
Equipe da Carta Mensal
ma não está sendo reproduzida, re-
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A ECIR Conversa /
com Vocês Como Casais, Oremos! "Por isso o homem deixa o seu pai e a sua mãe, para se unir a sua mulher; e já não são mais que uma só carne" .
(Gn 2,24) is a fundamentação bíblica que avaliza a intuição infundida, pelo Espírito Santo, nos corações daqueles jovens casais e do padre Caffarel, na origem das Equipes de Nossa Senhora. Fundamentação bíblica do nosso Carisma , a Espiritualidade Conjugal. O Ideal das ENS , e de todos os outros Movimentos da Igreja, é que seus membros vivam uma vida integralmente cristã. Mas o que diferencia o nosso Movimento é que esta busca é feita pelo casal, partilhando a vida passo a passo . Nas Equipes de Nossa Senhora, a unidade passível de ser santificada, através do Matrimônio, é o casal. Esta é a nossa vocação. Nisto cremos. Os meios que podem nos ajudar a atingir este Ideal todos sabemos, são os Pontos Concretos de Esforço. Todos igualmente importantes, interligados , interdependentes, elos de uma mesma corrente. Neste ano de 1997, abraçando a proposta do "Projeto Rumo ao Novo Milênio", o Movimento elegeu por objetivo imediato a
E
" COERÊNCIA ENTRE FÉ E VIDA", utilizando os Pontos Con-
cretos de Esforço como instrumentos que desenvolvem a maturidade da personalidade cristã, com ênfase, principalmente, na Escuta da Palavra, Meditação, Retiro e Oração Conjugal. Oração Conjugal , um trato de amor com Deus , sob o olhar do cônjuge. É sobre ela que gostaríamos de conversar um pouquinho 8
a pérola que Deus nos deu se esfumace ao longo dos anos que passam e não voltam mais. Estamos deixando que o ônibus da Graça Divina passe, sem que nos decidamos a nele embarcar. É tão simples! Pode ser breve: um dar-se as mãos, um Pai Nosso, uma Ave Maria, um agradecimento a Deus, o Magnificat, tudo feito de coração, antes de dormir, ao acordar ou numa das refeições. Nós preferimos reservar 30 minutos antes de dormir, para este encontro com Deus, com a leitura de um texto bíblico, reflexão, oração espontânea baseada na Escuta da Palavra, intenções de cada um e Magnificat. Desta maneira vivenciamos vários Pontos Concretos ao mesmo tempo. Cada qual dialogando com Deus e dando-se a conhecer ao outro, num processo de ajuda e animação mútua, contemplando a dimensão diálogo, que é uma das exigências da nova evangelização, crescendo aos olhos de Deus, investindo na nossa Espiritualidade.
mais com vocês, neste momento. As constantes avaliações feitas nas nossas Equipes, apontam a Oração Conjugal, juntamente com o Dever de Sentar-se, como sendo os pontos concretos de esforço de menor vivência no Movimento. Se acreditamos na sua validade, se somos vocacionados à conjugalidade, POR QUE NÃO O FAZEMOS?
Cremos que, para o nosso bem, é chegada a hora de uma tomada de posição firme, decidida. Não podemos mais ficar dando desculpas evasivas, deixando que
Não podemos mais ficar dando desculpas evasivas, deixando que a pérola que Deus nos deu se esfumace ao longo dos anos que passam e não voltam mais. Estamos deixando que o ônibus da Graça Divina passe, sem que nos decidamos a nele embarcar.
Um só caminho, um só coração, uma só oração! Irmãos, como casais, oremos! É necessário! É urgente! Vamos fa zer a experiência?
Márcia e Luiz Carlos ECIR 9
Uma 11Sala de Visita 1 ao Ar Livre'' I
A
s equipes de Pindoretama, no Estado do Ceará, enviaram a foto de uma reunião de Equipe, como aliás, costumeiramente acontece entre eles. Na simplicidade daqueles que conseguem enxergar para além das aparências, e na falta de melhor acomodação, o negócio é estender um fio elétrico por entre as árvores, com uma luz pingente para servir de iluminação, formar uma roda amiga, e ali vivenciar intensamente, ao
som da brisa fresca, a grande experiência de partilha e co-participação de uma reunião mensal. Deixemos que a foto revele, com o seu silêncio, o testemunho vibrante da gente boa e amiga do nosso querido Nordeste, onde o Movimento cresce forte e pujante, no coração despojado desses nossos irmãos de caminhada.
Equipe da Carta Mensal
Equipe 3: Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, Pindoretama, Ceará 1o
Ainda Somos Seis
Equipe 9: Reunião em Chapecó ~
ramos seis. Seis casais. O casal-piloto Lourdes e Larcides cumpriu sua missão em dezembro 1.996. A Equipe 9 ensaiou, então, caminhar com suas próprias pernas. Porém, com um casal a menos. Edson e Arina, por motivo de trabalho (transferência) mudaram-se para Chapecó no final de fevereiro de 1. 997. Do sul do Estado foram para o extremo oeste. Fez muita falta sua presença em nossas reuniões. Estávamos já habituados a nos espelhar em sua firmeza. Engajados no Movimento das Equipes de Nossa Senhora, jamais tiveram momentos de vacilação. Sua certeza nos animava. Depois que se foram, mesmo à distância, eles rezavam para que a
E
equipe se fortalecesse. Estávamos freqüentemente em contato. Combinamos que faríamos uma reunião em sua nova casa. Depois dos planos, dos acertos, marcamos a data: 14 de junho. Por que faríamos tão longo trajeto? Por que faríamos semelhante esforço? O que nos moveria? Ninguém formulou a resposta, mas todos deixaram claro, em sua disponibilidade, a alegria e a gratuidade de tal gesto. Foi uma atitude espontânea, fruto de um estado de espírito que se implantou entre nós desde que nos ligamos para ser equipe. Contratamos ônibus e motorista e lá fomos para o reencontro necessário. Movidos pela alegria que transbordava, viajamos pra celebrar 11
a amizade e a família. Tivemos companhia dos filhos, do casal-piloto, do Conselheiro Espiritual Pe. Chico, mais dois casais equipistas, amigos comuns. Levamos um presente para Edson e Arina, uma lembrança que lhes permita ver materialmente o laço que nos une. Inspirados pela Carta de Junho/Julho, lá no metal
Descobrimos que já crescemos um pouquinho depois que nos tornamos equipistas. Descobrimos que todos nós somos gratos por havermos sido escolhidos para integrar este Movimento. Descobrimos que todos nós, diante de tudo que já recebemos, estamos dizendo sim ao chamado, sem medo de compromisso. Partilhamos a descoberta desse crescimento.
do presente gravamos a mensagem: "VIEMOS PARA CELEBRAR NOSSA AMIZADE E PARTILHAR A ALEGRIA QUE JÁ NÃO CABE DENTRO DE NÓS".
Viagem longa - entre ir e vir 20 horas de estrada. Histórias, orações, enjôos, brincadeiras. Chegamos. Emoção! Encontro à noite. Os seis casais reunidos novamente. A partilha, a co-participação. Descobrimos que já crescemos um pouquinho depois que nos tornamos equipistas. Descobrimos que todos nós somos gratos por havermos sido escolhidos para integrar este Movimento. Descobrimos que todos nós, diante de tudo que já recebemos, estamos dizendo sim ao chamado, sem medo de compromisso. Partilhamos a descoberta desse crescimento. Nossos amigos se transformaram no momento e no motivo para o convívio fraterno da viagem. Domingo. Despedidas. Retornamos certos de que a viagem de reencontro valeu a pena. Embora separados pela distância Edson e Arine sentem-se parte do grupo e nós não imaginamos a equipe sem eles. Sabemos que, assim que houver oportunidade, retornarão. Na reunião de agosto, eles estarão conosco. Ainda somos seis.
]anete e Jânio Equipe 9 - Setor Criciúma - SC 12
Equipistas de Jundiaí / no 46° Congresso Eucarístico Internacional ntre 25 de maio e 1o de junho do corrente ano, aconteceu na cidade polonesa de Wroclaw, o 46° Congresso Eucarístico Internacional. O grande objetivo destes congressos é a união dos cristãos do mundo inteiro em tomo da Eucaristia. Surgiram no século passado, como fruto de uma ardente devoção eucarística e com o objetivo, naquela época, de desafiar a ignorância e a indiferença religiosas em relação ao mistério central da Igreja, que é a Eucaristia. Desenvolveram-se com a harmoniosa colaboração de leigos e do clero. A meta principal de todos os Congressos Eucarísticos, desde o seu início, foi sempre a "A SAL V A-
E
ÇÃO DA SOCIEDADE ATRAVÉS DA EUCARISTIA".
Os primeiros congressos tinham como atividades: a adoração, a comunhão (especialmente das crianças) e a procissão, com a participação de todas as associações, movimentos e paróquias. Após o Concílio Vaticano II, os congressos mudaram e assumiram uma fisionomia nova que se exprime na denominação "STATIO ORBIS", isto é: as Igrejas Particulares unem-se ao Papa, ou a seu legado, numa cidade, em torno de Cristo, no seu mistério Eucarístico, para revelar o seu significado. A
A delegação brasileira reuniu 55 pessoas, das quais 73 são religiosos. Os leigos eram das cidades de )undiaí , /tu, Bauru, Brasília, Rio de janeiro, Salvador e de algumas cidades dos Estados de Santa Catarina e Piauí. 13
Igreja vive da Eucaristia. É nela que encontra forças para desempenhar sua própria missão. O tema deste Congresso Eucarístico foi "EUCARISTIA E LIBERDADE", e foi cuidadosamente escolhido por ser a Polônia um dos países recém-saídos do regime comunista e por estar passando por mudanças que deram início a uma nova época. É importante também considerar que a diocese de Wroclaw comemorava 1.000 anos de sua existência. A delegação brasileira reuniu 55 pessoas, das quais 13 são religiosos, sendo 2 arcebispos, 4 bispos e 7 padres. Os leigos eram das cidades de Jundiaí, Itu, Bauru, Brasília, Rio de Janeiro, Salvador e de algumas cidades dos Estados de Santa Catarina e Piauí. Nesse grupo estavam os casais Lígia/Carlos e Maria Clara/ Antonio Luiz, equipistas de Nossa Senhora da cidade de Jundiaí/SP e D. Amaury Castanho, Bispo dessa diocese e D.Roberto Pinarello de Almeida, seu bispo Emérito. O evento que reuniu representantes de 90 países consistiu em celebrações, palestras e reuniões de grupos, e outras atividades, como apresentação de corais, orquestras e grupos folclóricos . Na procissão que agrupou cerca de 500.000 pessoas, sentiu-se a felicidade e o louvor a Jesus Eucarístico, da parte do povo polonês pela reconquista do dom da liberdade, pois durante o regime totalitário no dia do Corpus Christi, o máximo que 14
se conseguiu realizar era uma procissão ao redor da Igreja Catedral. No final do Congresso Eucarístico chegou o Papa João Paulo II, que presidiu uma grande cerimônia ecumênica, na qual estavam presentes diversos representantes de outras Igrejas de confissão Cristã. Nesse evento, inclusive, o Papa foi saudado e homenageado por um Bispo Luterano. O Papa intercedeu pela unidade e tolerância entre as Igrejas, dizendo que não basta a aceitação recíproca, pois Jesus Cristo espera de nós um tangível sinal de unidade. O momento culminante do Congresso foi STATIO ORBIS - CORAÇÃO EUCARÍSTICO DO MUNDO. Ali estava reunida espiritualmente a Igreja de todos os continentes do globo terrestre. Diante do mundo inteiro ela, Igreja, deseja fazer uma vez mais, a solene profissãv de fé na Eucaristia e cantar o hino de agradecimento a Deus por este inefável dom do amor divino. Como conclusão deste Congresso podem ser destacados dois pontos fundamentais: a. Devemos agradecer a Deus, a todo instante, a liberdade que temos de expressar a nossa fé. b. Só a tolerância não basta. Precisamos nos aceitar sempre e fazer unidade com todos os irmãos, mesmo com aqueles de outras Igrejas.
Ligia e Carlos Equipe 7, ]undiaí Maria Clara e Antonio Luiz Equipe 11, Jundiaí - SP
Somos Batizados,/ Graejas a Deus / Projeto "Rumo ao Novo Milênio" tem por meta ajudar as comunidades a aprofundar a fé em Jesus, a renovar a adesão pessoal a Ele, a firmar o compromisso de segui-lo nos caminhos da vida. Entre os meios disponíveis, está a revitalização da nossa condição de batizados. Muitas vezes estamos acostumados a pensar no Batismo só para preparar pais e padrinhos para a celebração do sacramento de seus filhos. Salientamos mais o rito do que a vivência cristã. A experiência missionária, nascida do Batismo, pouco nos toca. Vamos refletir um pouco sobre nossa situação de pessoas batizadas. Vamos fundamentar mais nossa espiritualidade, a partir do Batismo. Somos pessoas marcadas por Deus e por sua Igreja. Somos pessoas chamadas à santidade, consagradas ao Senhor. Ele nos confiou uma missão. Somos especiais e importantes para muita gente. O Batismo nos marcou. Nossa resposta de fé nos fez voltados para servir à família, à sociedade, em nome de Deus. Já desde o Antigo Testamento, a purificação pelas águas tornava as pessoas sinais de pertença do Povo de Deus. Assim faziam os judeus, na acolhida dos prosélitos, nos rituais dos essênios e no batismo do Batista. Foi sempre um sinal da aliança do povo com
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Já desde o Antigo Testamento, a purificação · pelas águas tornava as pessoas sinais de pertença do Povo de Deus. Foi sempre um sinal da aliança do povo com seu Deus.
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seu Deus. Jesus se torna o modelo de todos os batizados. Em seu batismo no Jordão, Jesus é revelado como o Messias, o ungido do Espírito Santo. Ele inaugura os novos tempos como o Servo que assume os pecados da humanidade e com ela se solidariza para testemunhar o projeto do Pai. O Reino de Deus está vivo e presente em Jesus que anuncia e realiza a Boa Nova. As primeiras comunidades cristãs trazem algo novo na proposta do Batismo. O anúncio da Boa Nova deve preceder o compromisso batismal. A pessoa, ouvindo o anúncio, crê e aceita a proposta. Como sinal de adesão, é batizada. Não há, portanto, o Batismo sem fé, isto é, sem resposta ao anúncio. São Paulo, em suas Cartas, vem nos incentivar a uma espiritualidade profundamente batismal. É na passagem da morte para a Vida que o cristão participa do mistério pascal. É vivendo segundo a lei do Espírito Santo que o cristão se torna espiritual. Ele se deixa guiar pelo Espírito do Senhor. A nossa opção, traduzida em atos, torna-nos criaturas novas . O nosso relacionamento com as pessoas torna-nos fraternos. A partilha de vida e dos bens leva a atrair tantos outros à comunidade cristã, como acontecia com as primeiras comunidades. A união a Cristo faz, de cada batizado, um membro atuante do Povo de Deus. A Igreja será o grande sinal do Reino, à medida em que seus
Jesus se torna o modelo de todos os batizados. Em seu batismo no Jordão, Jesus é revelado como o Messias, o ungido do Espírito Santo. Ele inaugura os novos tempos como o Servo que assume os pecados da humanidade e com ela se solidariza para testemunhar o projeto do Pai. O Reino de Deus está vivo e presente em Jesus que anuncia e realiza a Boa Nova.
filhos viverem a maravilha do Batismo.
Pe. José Ernani Angelini SCE Equipes 06 e 22, Setor B Sorocaba - SP 16
Mês da Bíbli~ Cartas de Amor
orno você gostaria que uma pessoa muito queri~a lesse uma carta sua, escnta para ela com muito amor? Pare, pense ... Eu também sou uma carta, ou melhor, uma coleção de cartas; precisamente setenta e três, que Alguém escreveu para você com muito carinho, porque o ama. E isto não porque você é bonito(a), bonzinho(a), ou para que seja assim. Não, este Alguém o ama, simplesmente porque o ama. Gratuitamente. Eu fui escrita em partes, por diversas penas, em épocas diferentes. Comecei a ser escrita há aproximadamente uns três mil anos, no seio de um povo muito especial, povo sofrido, vibrante, de muitas histórias. E fui concluída há quase dezenove séculos. Garanto-lhe, entretanto, que não estou nem um pouco caduca ou "demodée". Continuo atualizadíssima. Diria mesmo que, para mim, o tempo não passa. Sou eterna. Embora várias pessoas tenham concorrido para minha redação, a grande verdade é que todas elas expressaram tão somente o pensamento daquele que o ama. Agora, o que eu acho bacana, é o fato de que, em mim, há lugar para vários gêneros literários, e todos a sua disposição para qualquer estado de ânimo em que se encontre. Há Poesia, Cântico, História, Comparação, Diário etc. Mas não pense que sou complicada, não. Basta que você me leia com o coração aberto,
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Eu fui escrita em partes, por diversas penas, em épocas diferentes. Comecei a ser escrita há aproximadamente uns três mil anos, no seio de um povo muito especial, de muitas histórias. com a simplicidade e a humildade de uma criança. E assim, fazendose criança, você vai escutar Aquele que o ama dizer: -"Sê firme e corajoso(a). Não te atemorizes, não tenhas medo, porque estarei contigo em qualquer parte para onde fores". - "És precioso(a) aos meus olhos, porque eu te aprecio e te amo". - "Fui eu quem te criou e te formou desde o seio matemo" ...
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Bonito, não? Mas em núm está escrito também: "Eis que a Virgem conceberá e dará à luz a um filho que se chamará EMANUEL". E aqui eu preciso fazer o alerta de que você não deve ficar esperando isto acontecer, simplesmente porque já aconteceu! E em vista deste fato, dividiram-me em dois legados: O primeiro, chamado "ANTIGO", refere-se a tudo o que em núm foi escrito antes da vinda do EMANUEL. O segundo, formado dos escritos pós EMANUEL, foi batizado de " NOVO". Agora, o interessante, é que o "NOVO" não anula o "ANTIGO", mas o complementa. No "NOVO", você vai conhecer a história de EMANUEL. Um poço de ternura. Uma maré de misericórdia. Uma avalanche de amor. Você vai saber de sua Mãe, mulher corajosa, pobre, humilde, serena, silenciosa... mulher de fé! A ela foi dito que seu Filho seria grande. Ela acreditou e apostou toda a sua vida nesta promessa. Mas sabe onde a promessa acabou? Numa cruz! EMANUEL, apesar de só falar em paz, foi preso, humilhado, violentado, crucificado e morto. Tanto sonho, tanto sofrimento, para nada! O sonho acabou junto com o sonhador. Acabou? Não para a Mãe. Qual um monumento majestoso ela se conservou de pé diante da cruz, certamente sofrendo muito, mas com a convicção profunda de que o sonho não havia acabado. A partir daqui você vai descobrir um significado para o sofrimento, quando assumido por amor. E por falar nisso, permita-me um desaba-
fo: "Quando o homem nasce, cada um de vocês, recebe um imenso presente que é justamente este mundo todo que aí está. Ao desembrulhar este presente, espera encontrar só o gozo, o prazer, a alegria. Mas o sofrimento também faz parte do pacote, ele também é seu; experimente-o e aprenda a chorar, pois só assim vai entender o sofrimento do seu irmão e poder enxugar as suas lágrimas". O sonho verdadeiramente não acabou! Você vai constatar em mim, através de testemunhos e da certeza que irromperá do seu coração, que " EMANUEL vive e está no meio de nós". VOCÊ SABE QUEM EU SOU ? Este mês de setembro é o meu mês. Homenagem dos homens a mim, que sou nada mais, nada menos , que a Palavra eterna de EMANUEL, que me finaliza dizendo a você, sempre com muito amor: " UM DIA ENXUGAREI TODAS AS LÁGRIMAS DE SEUS OLHOS, E JÁ NÃO HAVERÁ MORTE, NEM LUTO, NEM GRITO, NEM DOR". Estas Palavras são fiéis e verdadeiras. "AQUELE QUE TEM SEDE, VENHA!" E que o homem de boa vontade receba, gratuitamente, da água da vida! Vem EMANUEL! A BÍBLIA
Márcia e Luiz Carlos Equipe 4 - Recife - PE 18
Família: a Primeira Experiência do Reino de Deus uando os fariseus perguntam a Jesus quando viria o Reino de Deus, Ele respond Reino de Deus não virá de um modo ostensivo, nem se dirá: ei-lo aqui, pois o Reino de Deus já está no meio de vós". (Lc 17, 20-21) Podemos, então, dizer que o Reino de Deus está dentro de cada um de nós, é um novo modo de ser, de agir, de amar; um novo modo de crer e esperar. Nele não se entra pelos caminhos da razão ou da ciência, mas do coração e do amor, pela porta do serviço e da caridade fraterna, principalmente aos mais necessitados, aos que sofrem, que são os prediletos do Reino de Deus. Deus, quando enviou ao mundo seu Filho, quis que ele fosse também filho do homem. Por isso, ele nasceu em uma farru1ia, não por acaso, mas para mostrar que a família é o lugar apropriado para fazer as primeiras experiências do Reino, por ser uma comunidade de vida e de amor. Assim, a Sagrada Família -Maria, José e Jesus- deve ser para nós o modelo da vivência dos valores do Reino. Somos chamados a viver em família o amor que Jesus tem por nós: "Amai-vos uns aos outros como eu vos amo". AMOR que é:
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Deus, quando enviou ao mundo seu Filho, quis que ele fosse também filho do homem. Por isso, ele nasceu em uma família, não por acaso, mas para mostrar que a família é o lugar apropriado para fazer as primeiras experiências do Reino, por ser uma comunidade de vida e de amor.
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• Gratuito e Desinteressado
• Perdão
No mundo de hoje, onde tudo tem um preço, onde o consumismo é cada vez maior, é um desafio para nós, farm1ias cristãs, vivermos a so-
O povo costuma dizer que "Quem ama perdoa". Deus é Amor e sempre nos perdoa. Ele, que é perfeito, está sempre a nos perdoar, quando nos arrependemos; e nós, imperfeitos, temos tanta dificuldade em perdoar as faltas alheias! Na oração do Pai Nosso, pedimos a Deus que perdoe nossos pecados, como perdoamos a quem nos tem ofendido ... Todos temos nossos erros e precisamos saber reconhecêlos e pedir perdão para nos reconciliarmos com o que ofendemos.
lidariedade e não a competição, ensinando a nossos filhos que ser o melhor não é pisar nos outros para subir, aparecer e ter poder, mas dar a mão aos que necessitam, para crescermos juntos, sabendo partilhar os dons.
• Serviço • Do marido para a mulher e vice-versa- não só partilhando as tarefas diárias com amor, mas, principalmente, cada um se preocupando em fazer o outro desenvolver seus dons, para ser melhor, mais feliz e mais santo.
• Dos pais para com os filhos -gerando e educando-os como criaturas à imagem e semelhança de Deus, com responsabilidade, para que cresçam em graça e sabedoria (sabedoria dos valores do Reino), utilizando para isso momentos de oração, escuta da Palavra e celebração em farru1ia.
• Dos filhos para com os pais e entre os irmãos- erramos quando habituamos nossos filhos a só serem ervidos; na medida do possível, desde cedo, devem executar pequenas tarefas para aprender a servir, mais tarde, na comunidade. • Ao próximo - o amor de uma família não pode se esgotar entre as paredes de uma casa, mas deve levála a servir a todos aqueles que são marginalizados pela sociedade, como famílias carentes, em crise, sem teto etc.
• Justiça e Paz Promover, na farru1ia, a justiça de Jesus Cristo, que é ditada pelo amor, acima das leis: Jesus curou, em dia de sábado; pagou o mesmo salário a todos os trabalhadores da vinha, mesmo aos que entraram na última hora; recebeu o filho pródigo com festa . No entanto, a justiça dos hom ..:ns baseia-se em leis que nem sempre são justas. Os modelos injustos da sociedade, como: egoísmo, autoritarismo, machismo etc. não devem ser passados para a família; cabe a nós tentar mudá-los. Se observássemos mais os mandamentos de Deus haveria mais justiça, paz, solidariedade e amor no mundo. Somos os profetas de hoje e nossa missão é anunciar e testemunhar o Reino de Deus na família e no mundo, rumo ao milênio que se aproxima, pois só assim ele será realmente NOVO.
Myrian e Galvão Equipe 6, Valença -RJ 20
Os Símboloo/
ímbolo aqui é tomado não no sentido moderno ou alegórico ou irreal, mas no sentido profundo dos antigos. O símbolo compõe-se de dois elementos. Vem da palavra grega syn-ballo, synbolon, que significa lançar junto, unir. Conhecemos várias palavras com a raiz bailo: embalo, baiano, baliza, balão, balística, balé, baile, bolo, bola. Temos sempre subjacente um movimento, uma ação. Quando os comerciantes gregos faziam um contrato, os dois contratantes quebravam um bastão pelo meio, levando cada qual uma parte dele consigo. Por ocasião do cumprimento do contrato, levavam o respectivo pedaço do bastão e uniam-nos para comprovar que o contrato fora feito entre eles. Esta ação de unir as duas partes do bastão constituía o símbolo. Ora, onde os dois pedaços se unem, há uma figura ou uma forma que é, ao mesmo tempo, igual e diferente. Um pedaço contém o outro, um está no outro, tornam-se dois em um só. Um está
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no outro, mas em outra forma. Podemos dizer, então, que o símbolo é a mesma coisa, ou a mesma realidade, em outra forma. Assim também nos mistérios do culto, há algo que é igual e algo que é diferente entre o fato histórico ou o mistério de Cristo. Ora, a ação salvífica de Cristo é amesma na sua vida terrena e no rito, mas está presente de modo di ver-
Os símbolos da Liturgia con têm , ocultam, e ao mesmo tempo revelam e comunicam o mistério.
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so, isto é, existe a mesma realidade, mas sob outra forma, ou seja, na forma de rito, simbolicamente, sacramentalmente. Podemos dizer, então, que o símbolo é a linguagem do mistério, a comunicação do mistério. Os símbolos da Liturgia contêm, ocultam, e ao mesmo tempo revelam e comunicam o mistério. Por isso, podemos dizer que na Liturgia todos os sinais são simbólicos e serão sinais litúrgicos na medida em que forem capazes de ocultar, conter, revelar e comunicar os mistérios de Cristo. Há vários tipos de sinais significativos ou símbolos na Liturgia. Em primeiro lugar o sinal PESSOA. Temos então a assembléia litúrgica, o ministro dos Sacramentos e os demais ministros. A PALAVRA é, sem dúvida, um dos meios mais importantes de comunicação entre os homens. Pode ser a Palavra de Deus contida na Sagrada Escritura ou textos formulados pela Igreja. Depois, os ELEMENTOS DA NATUREZA , que se tornaram símbolos na Liturgia: água, luz, fogo, incenso, pão e vinho, óleo, cinza, etc . Os objetos também são freqüentemente usados: cálice, patena, alianças, báculo, mitra, livros litúrgicos etc. Temos, em seguida, os G ESTOS: Gestos com a mão, como o sinal da cruz, juntar as mãos, erguer as mãos, impor as mãos; gestos com a cabeça, gestos com o corpo. Os MOVIMENTOS: pro22
cissões, romarias. O SOM poderá tornar-se um sinal significativo. Temos, então, todo o sentido da arte musical. A COR como linguagem. Temos a arte plástica, capaz de expressar os diversos mistérios da salvação. Aí se encontram a pintura e a escultura. Não devemos esquecer o ESPAÇO SAGRADO: sagrado porque capaz de significar uma realidade além da própria experiência do espaço, porque nos revela os mistérios de Cristo como, por exemplo, a Jerusalém celeste, o Templo de Deus. A VESTE é uma linguagem muito forte ,capaz de indicar a realidade do mistério. O TEMPO pelo qual o homem experimenta o processo de vida e de morte. Por isso o tempo está na base da vivência anual, semanal e diária do mistério de Cristo. Por fim, o próprio SILÊNCIO pode ser um sinal eloqüente e, por vezes, mais eloqüente do que muitas palavras ou muito barulho. O sinal litúrgico terá sempre um conteúdo sagrado. E na medida em que expressa um conteúdo sagrado é que ele se torna um sinal litúrgico.
Extraído do livro CELEBRAR A VIDA CRISTÃ Formação Litúrgica para Agentes de Pastoral, Equipes de Liturgia e Grupos de Reflexão Editora Vozes Frei Alberto Beckhiiuser, OFM
Jubileu de Ouro Sacerdotal O querido padre Ormindo Viveiros de Castro, CE da Equipe 33/B - Rio III, comemorou suas Bodas de Ouro Sacerdotais no dia 18 de junho, em missa festiva celebrada na Igreja do Colégio Santo Inácio, no Rio de Janeiro. Antes de ingressar no Colégio Anchieta de Nova Friburgo (RJ), em fevereiro de 1933, na época a Casa de Formação dos Jesuítas, o jovem Ormindo encantava a todos jogando no Botafogo um vistoso e refinado futebol. O abalizado, irreverente e saudoso crítico João Saldanha escreveu certa feita que os Jesuítas, sem pagar, apoderaram-se do "passe" do maior craque que vira jogar... Em 18/06/47 foi ordenado padre da Ordem dos Jesuítas da Companhia de Jesus em West Baden, Illinois (USA). Após alguns anos participando de cursos de mestrado e doutorado na Espanha e Inglaterra, retomou ao Brasil em 1951, A partir de 1987, intensificou sua vocação específica inserida em sua vocação sacerdotal, qual seja a de Conselheiro Espiritual de casais. O Setor B da Região Rio III associa-se às homenagens prestadas ao padre Viveiros.
Mechita e Silvino C.R. Setor B - Rio 111
Falecimentos Lembremo-nos, em nossas orações, de nossos irmãos falecidos, pedindo que Deus os acolha em sua presença.
16.05.97- Guida (do Edson) Equipe 11 - Nossa Senhora da Esperança, Diadema-SP 07.06.97 - Padre João Duque dos Reis CE Equipe 02- Nossa Senhora da Piedade, Barbacena-MG 15.06.97- Leilfl (do Schwenck)
Equipe 09 de Campinas. Também participaram do Movimento nas cidades de São Paulo e Ribeirão Preto-SP 16.06.97- Luizinho (da lsaurinha) Equipe 01 - N. S. do Carmo, Borda da Mata-MG 23
Ordenação Sacerdotal Em Leopoldina/MG, no último dia 03 de agosto, pela imposição das mãos do Arcebispo Metropolitano de Pouso Alegre/MG, o diácono Luciano Bonato, recebeu o sacramento da ordem como Presbítero. O agora Pe. Luciano Bonato, mesmo como diácono, já vinha dando acompanhamento e assistência espiritual à Equipe 37 -Nossa Senhora Imaculada Esposa do Espírito Santo, do Setor C, de Juiz de Fora/MG.
Centenário da Congregações dos Rogacionistas Fundada na cidade de Messina, na Itália, em 16 de maio de 1.897, a Congregação dos Rogacionistas do Coração de Jesus vem festejando seus 100 anos de existência com comemorações intensas que foram iniciadas em maio/ 97 e se estenderão até julho de 1.998, quando se realizará a Assembléia Geral, a última do milênio. A Congregação desenvolve sua missão em vários Estados do Brasil, sobretudo no campo da Pastoral Vocacional e no serviço aos pobres. Seu fundador, cuja foto está acompanhando esta notícia, foi o Padre Aníbal Maria de Frância, declarado Bemaventurado pelo Papa João Paulo II.
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ENS Balan4jo Patrimonial (em R$) Ativo
31/12/95 264.227 1.045
31/12/96 401.635 11.783
Total Ativo Passivo
265.272
413.418
Circulante Patrimônio Líquido
979 264.293
1.107 412.3 11
Total Passivo
265.272
413.418
Circulante Permanente
Demonstração do Resultado (em R$ )
31/12195
%s/
31/12/96
%s/
Receitas Total das Receitas Despesas
595.761
100%
702.618
100%
c/ Encontros c/ Adm . Das Equipes e/Pessoal Despesas Gerais
164.768 84.627 91.822 93.202
27,7% 14,2% 15,4% 15,6%
215 .535 92.089 94.149 152.827
30,7% 13,1% 13,4% 21 ,8%
Total das Despesas Resultado
434.419
72,9%
554.601
78,9%
Result. do Exercício Fundo Patrimonial
161.342 102.951
148.018 264.293
Result. Acumulado
264.293
412.311
595.761
Provisões para 1997 Carta Mensal .. ... .................. 70.000 Encontro C. Espirituais ....... 60.000 Encontro Colegiado (2) ...... . 40.000
702.618
Encontro Nacional ............ ... 95.000 Projeto Vocacional .. .. .. ......... 60.000 Sessão de Formação .. ......... . 75.000
Saldo Disponível ................ 12.311 ENS- 1996 Contribuições x •Despesas
ENS -1996 Distribuição das Despesas
585,6
Yoca~õe'.!.s~1::::-:""'iil 3%
OBS: Demonstrações Financeiras de 1.996. Colocamo-nos à disposição para quaisquer esclarecimentos.
Vera e José Renato - ECIR 25
11 Encontro Mundial do / Papa com as Famílias agenda da visita do Papa João Paulo II ao Brasil está definida. Sua chegada ao Rio de Janeiro está marcada para o dia 02 de outubro, quinta-feira, no Aeroporto Internacional do Galeão, onde será recebido pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso e pelo Cardeal do Rio Dom Eugenio Sales. O Papa e sua comitiva ficarão hospedados no Sumaré, na residência oficial de Dom Eugenio. Na sexta-feira, dia 03, pela manhã, João Paulo li irá visitar o Presidente Fernando Henrique no Palácio das Laranjeiras. A tarde, o Papa estará presente no encerramento do Congresso Teológico sobre Farru1ia, no Rio-Centro e, à noite, no mesmo local, participa de um jantar com 800 Bispos do CELAM - Conferências Episcopais Latino Americanas. Sábado, dia 04, o Santo Padre presidirá uma Missa na Catedral Metropolitana para cerca de 4.500 padres, bispos e religiosos. Às 17 horas, João Paulo II participará da Festa Testemunho, no Maracanã, onde estarão presentes 140 mil fiéis, de 190 países do mundo. No domingo, haverá o grande encontro do Santo Padre com as Farru1ias, em uma Missa Campal, que acontecerá no Aterro do Flamengo, às 9:30 horas. Concelebrada por 800 bispos de várias partes do mundo, a missa contará ainda com a participação de coro com 100
A
vozes, coral com mil vozes para os cantos comunitários e o coro dos beneditinos. Para este evento, espera-se cerca de um milhão e meio de pessoas. O Papa João Paulo II embarca para Roma dia 05, às 18 horas. 26
O Brasil se Prepara / ntre os dias 01 e 03 de outubro, acontecerá, no Rio de Janeiro, um Congresso Teológico Pastoral, que será encerrado pelo Santo Padre e contará com a participação de 2.500 pessoas enviadas pelas Conferências Episcopais do mundo inteiro. Além do clero, o Congresso se destina a membros e agentes de Pastoral Familiar, formadores de opinião e educadores, agentes de saúde e membros dos três poderes, que aprofundarão temas como: "A família a serviço da vida" e "O direito à maternidade". Como forma de preparação para esse evento já estão sendo organizados em todo o Brasil "PréCongressos", que visam abordar o tema do 11 Encontro Mundial do Papa com a Farru1ias, que é "Família: Dom e Compromisso, Esperança da Humanidade". Esses PréCongressos foram divididos em duas linhas de ação: a das instituições católicas de ensino e a dos Pensadores, que está em fase de preparação e entrará em vigor a partir de agosto nas universidades leigas. As instituições católicas de ensino já estão desenvolvendo os seus pré-congressos, como por exemplo o Movimento de Vida Cristã que promoveu um encontro de Escolas Católicas de 2a Grau, cujo tema foi "A farru1ia e a esperança". A PUC do Rio de Janeiro está programando eventos, como mesas redondas, debates e palestras, que serão realizados na própria Universidade,
E
como forma de preparação para o 11 Encontro Mundial do Papa com as Farru1ias. Nas universidades leigas os précongressos estão sendo elaborados por um grupo de estudiosos, que é coordenado por Dom Karl Josef Romer, bispo auxiliar da Arquidiocese do Rio de Janeiro e coordenador do Congresso Teológico. Eles estão estudando os seguintes textos: "A missão da farru1ia cristã no mundo de hoje", da Exortação Apostólica de João Paulo 11 e "Carta às Farru1ias", também do Santo Padre. Estes documentos servirão de base para os debates.
Colaboração de Cláudia e Saulo Equipe 41 -Setor B Rio de Janeiro-R] (do Boletim Informativo no 13) 27
A
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Mão'' Canadense /
o Canadá conhecemos bem as Cataratas que rivalizam com as nossas, do Iguaçu. Dali sentimos, também, o frio e nos aliviamos por viver em país tropical! Curioso é que, sopradas pelo Espírito Santo, as águas do Niagara rolaram para o Brasil, trazendo três figuras importantíssimas para as equipes brasileiras de Nossa Senhora. Há muitos anos, veio ao Brasil um padre canadense dominicano, o
D
Pe . MARCEL MARIE DESMARAIS, para, no Centro Dom Gastão,
em São Paulo, fazer uma palestra sobre o amor cristão, ocasião em que se encontrou com alguns casais que já tinham como ideal a busca de meios para o crescimento da espiritualidade cristã, em farm1ia. Deulhes, então, a boa nova: passando por Paris, teve notícia de que ali havia grupos de casais ligados à revista L' Anneau D'Or, que perseguiam o mesmo ideal. O primeiro passo estava dado. A leitura de um exemplar da revista e a subseqüente troca de correspondência entre PEDRO MONCAU e o Pe. CAFFAREL
completaram as informações necessárias e, assim, formou-se a primeira equipe brasileira, a Equipe 1 de São Paulo-Capital, entregue à proteção de Nossa Senhora das Graças. Depois de apenas duas reuniões, pela precária saúde do Mons. AGU INALDO GONÇALVES que a acompanhava, essa primeira equipe viu-se sem Conselheiro Espiritual
Padre Melanson e, para tal mister, convidou um outro sacerdote, também canadense, o PADRE OSCAR MELANSON,
da Congregação de Santa Cruz, que não conhecia o Movimento, mas que, tão logo teve oportunidade de ler seus Estatutos- a Carta de 1947 -perguntou aos casais que o haviam convidado: "É isso que vocês querem fazer?" Diante da resposta afirmativa, afirmou enfático: "Aceito". Daí em diante, o Pe. MELANSON tornou-se entusiasta e, além de caminhar com a Equipe 1, passou a divulgar o movimento em todos os lugares por onde passava, sendo um dos responsáveis, não só por sua fixação, como por
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seu grande desenvolvimento em nossa pátria. Por coincidência ou não, um outro canadense, o PADRE LIONEL CORBEIL juntou-se aos predecessores, tornando-se o Conselheiro Espiritual do primeiro Setor das ENS em São Paulo. Pe. MELANSON faleceu num mês de setembro, o mesmo desta Carta Mensal. Ao contarmos histórias de nossa história, pensamos em render-lhe todas as homenagens, pois talvez se possa dizer que ele está, para as Equipes do Brasil, como o Pe.CAFFAREL para as da França. Nas Equipes de Nossa Senhora, unem-se os sacramentos da Ordem e do Matrimônio. É ali que casais desejosos de viverem o cristianismo, na santidade do matrimônio, formam uma comunidade com a ajuda indispensável do sacerdote. Pois, as calorosas Equipes do Brasil têm sua vida marcada pela mão amiga que nos veio do frio, representada pelo ministério daqueles três padres, todos canadenses, que bem desempenharam a tarefa de primeiro "Sacerdote informante", o Pe. DESMARAIS; primeiro Conselheiro Espiritual de Equipe, o Pe. MELANSON e primeiro Conselheiro Espiritual de Setor, o Pe. CORBEIL. Que Deus os guarde sempre na sua infinita misericórdia.
Tão logo teve oportunidade de ler seus Estatutos - a Carta de
1947perguntou aos casais que o haviam convidado: "É isso que vocês querem fazer?" Diante da resposta afirmativa, afirmou enfático: "Aceito". Daí em diante, o Pe.MELANSON tornou-se entusiasta e, além de caminhar com a Equipe 1, passou a divulgar o movimento em todos os lugares por onde passava.
]unia e Mauro Equipe 28, Setor B - Rio I Fontes: Carta Mensal/Nov.84, páginas 2-5, Pedro Moncau "O Sentido de uma Vida" páginas 111-113 e 123-126 29
PresenCja de Maria
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ra compreender o lugar de Maria na nossa vida de oração, é necessário, antes de mais nada, considerar a oração de Maria. Presunçoso empreendimento seria este, se pensássemos imiscuir-nos na intimidade de amor entre Deus infinitamente perfeito e a Virgem puríssima; é um Santo dos Santos inviolável; só podemos ficar à porta, adorar e calar-nos. Mas não é interdito, sem violar o mistério, procurar entrever alguns aspectos dessa oração da mais santa das criaturas. E sobretudo não pensem na oração de Maria como uma realidade afastada no tempo e no espaço. Nada é mais atual e ao nosso alcance. Ousemos aproximar-nos, introduzir-nos na sua oração como quem penetra na penumbra duma capela. Na presença da Majestade Altíssima, ela, a pequena filha dos homens, adora - recolhamo-nos; aqui roçamos o Mistério ... Ela canta também, canta um puríssimo canto de louvor Àquele que dignou inclinar-se sobre a sua pequenez e fazer nela e por ela grandes coisas. Ela reza pelos seus inumeráveis filhos, ou antes, reza em nome deles - é uma maneira excelente de rezar por aqueles que amamos. Quantos desses filhos esquecem o seu Deus, deixam de lhe agradecer os seus dons, de solicitar o seu perdão, de reconhecer a sua soberania. Mas, felizmente, a Mãe está lá e supre as suas negligências.
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Sempre atenta a todos, ela intervém por cada um, junto do seu Filho, oferecendo a oração balbuciante de um, a hesitante boa vontade de outro; intercede por todos: por aquele que sofre, ou que a tentação ameaça, pelo que se recusa a Deus, por aquele que se aproxima da morte ... Ela reza à maneira das mães. Quero dizer que leva os seus ftlhos ao seu Deus, a quem os oferece, como outrora, ao levar nos seus braços aquele pequenino que era o Filho do Onipotente. À pergunta de vocês, que lugar ocupa Maria na oração dos católicos, vejam que respondo, primeiro, falando-lhes do lugar que nós ocupamos na sua. É que a nossa melhor oração é a que a Virgem faz em nosso nome e por nós. O cristão que quer rezar começa, portanto, por se ajoelhar junto da sua Mãe orante. Quando, contagiado pelo recolhimento desta, entra pela oração na companhia do seu Deus, é a vez de Maria se tornar presente na oração dele. Porque se há um espetáculo na terra que comove e alegra o seu coração materno, é exatamente ver um dos seus tentar falar ao Senhor e escutá-lo. E, como quem abriga com as mãos uma frágil chama soprada pelo vento, Maria, com a sua prece toda-poderosa, protege a oração de seu filho.
Henri Caffarel (Reunidos em Nome de Cristo Vol. 7, páginas 12 e 13) 30
Cinco Minutos Por Dia/
ração silenciosa, mas também leitura, escuta da Pala vra de Deus, uma sendo complemento da outra. De que modo iremos nos familiarizar com a Palavra de Deus? Há, certamente, múltiplas maneiras de o conseguir. Aqui vai uma. Ela era ainda jovem e solteira, quando a conheci. Gostava, então, de ler e meditar todos os dias. Depois de casada, vinha confessar-se, mas tinha abandonado toda a leitura espiritual e toda meditação. Com regularidade, eu voltava à carga, procurando levá-la a reconhecer que a sua vida cristã vinha definhando. Mas era sempre para ouvir a mesma réplica: "Ah! Bem se vê que o senhor não é mãe de farru1ia. Mamadeiras, mingaus, fral-
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das, coqueluche ... Evidentemente, isto nada significa para o senhor!" Um dia, em vez de sua resposta habitual: "Está bem, seja ... " disse-me ela: "que quer que eu faça?" Saindo da igreja, respondi-lhe: "Entre numa papelaria, compre um lápis vermelho. Chegando em casa, escolha um lugar onde tenha a certeza de encontrar sempre o lápis vermelho e o seu Evangelho. Depois, leia todos os dias o Evangelho. Cinco minutos, nem um minuto a mais, nem a menos. Para esta leitura adote um fio condutor, seja a caridade fraterna, a penitência, as relações de Cristo com o Pai, ou qualquer outro assunto. Sublinhe, então, com um traço vermelho todos os textos que se referem ao tema escolhido".
Eu quisera que cada um de vocês conseguisse consagrar cinco minutos por dia à leitura do Evangelho. Francamente, mesmo numa vida superocupada, acham que seja impossível? Eu não. Quanto ao resultado, eu garanto: o Evangelho tornar-se-á um grande amigo.
Persuadida de que uma mãe de farm1ia pode encontrar nos acontecimentos ocorridos com Cristo e nas suas palavras um guia para o educador, empreendeu ela uma pesquisa de todos os textos que teriam relação com a educação. Os meses se sucediam. Conscientemente, lápis vermelho em mãos, ela lia o seu Evangelho cinco minutos por dia. Por vezes, ela reconhecia ter ultrapassado os cinco minutos regulamentares. "Mas, minha senhora, nem pense nisso ... e as mamadeiras e os mingaus, as fraldas e a coqueluche ... isso não significa nada
para a senhora?" Terminada a leitura, ela transcreveu em fichas os trechos assinalados, sempre a razão de cinco minutos por dia. Depois classificou as fichas e, com ar triunfante, veio trazer-me seu pequeno tratado de educação, segundo o Evangelho. Esse trabalho a tinha empolgado. Tanto assim que conseguiu comunicar o seu entusiasmo ao filho mais velho (8 anos), que logo setornou mestre em ciências evangélicas! Disto eu mesmo fiz a dura experiência. Certo dia, em casa deles, no decorrer do jantar, o garoto me interpela: "Padre, será que eu posso pedir-lhe um esclarecimento sobre o Evangelho?" Não sem um secreto contentamento, eu me prontifico para demonstrar-lhe a minha ciência ... "Padre, quantas espécies de animais há no Evangelho?" "Hum! ... uma dúzia, meu caro Julinho ..." "Uma dúzia! mas há trinta!" E eis o Julinho fazendo desfilar em uma ordem a caravana dos animais evangélicos: o camelo, o porco, o burro, o mosquito ... A mãe do garoto saboreava uma deliciosa desforra ... E eu, uma amarga confusão. Eu quisera que cada um de vocês conseguisse consagrar cinco minutos por dia à leitura do Evangelho. Francamente, mesmo numa vida superocupada, acham que seja impossível? Eu não. Quanto ao resultado, eu garanto: o Evangelho tomar-se-á um grande amigo.
Henri Caffarel (Reunidos em Nome de Cristo Vol.2 - páginas 13 e 14) 32
Os Meios São as Regras
A
pós a leitura do Documento
"OS PONTOS CONCRE JOS DE ESFORÇO E A PARTILHA", chegamos à conclu-
são que se fizermos um paralelo com as REGRAS de qualquer Ordem Religiosa, veremos que são a mesma coisa. Devemos obediência aos PCEs como qualquer religioso deve obediência à sua Regra. Tanto um quanto o outro está se esforçando para chegar à salvação e a Regra ou os PCEs nos conduzem à salvação. Vamos imaginar um carro, bonito, confortável, impecável. Mas sem algumas peças fundamentais os condutores não poderão chegar a lugar algum. Vamos passo a passo montar o nosso carro, mesmo porque qualquer pessoa, quando vai fazer uma viagem, procede uma boa revisão em seu veículo.
O MOTOR: o Dever de Sentar-se É como casal que vocês querem se santificar, querem se conhecer, ajudar, amar. É preciso deixar de lado a covardia de dizer que não conseguimos, por razões fúteis. Se tivermos a coragem de parar, de sentar-nos um em frente ao outro, de mãos dadas, e pedir a Cristo que nos ajude, teremos condições de realizar um Dever de Sentar-se completo, profundo e transformador. Completo, no sentido de termos dito tudo e ouvido tudo. Profundo ao ponto de, ao final, renovar nossas esperanças 33
recíprocas e em relação a Deus, principalmente no amor que nos une e salva. Transformador, porque devemos assumir a cada DEVER DE SENTAR-SE, o compromisso de mudar a nossa vida para melhor e para o alto. Renascidos, novos e esperançosos em nosso viver a dois. O DEVER DE SENTAR-SE é colocado como o MOTOR, pois é o motor a forÇa que impulsiona o carro para frente, tornando-o capaz de suportar o peso da carga, bem como alcançar o objetivo, o destino de uma viagem. É por assim dizer o coração do carro.
A GASOLINA: a Ora~ão Coniugal Precisamos da ajuda de Deus, precisamos agradecer, louvar, adorar: "Quem reza se salva, quem reza se santifica". É um momento de obediência capital, pois é a prova de nosso amor a Deus. A ORAÇÃO a ELE dirigida nos eleva e conforta, ao mesmo tempo em que é uma declaração de amor ao próximo, personificado no cônjuge. A alegria será maior se toda a nossa família rezar unida, porque então a humanidade se expande. Num carro, é a GASOLINA o ingrediente necessário para gerar a força no MOTOR. Sem que o motor seja alimentado pela GASOLINA, não anda e portanto não atinge o objetivo.
AS RODAS: a Escuta da Palavra Para conhecer o amor de Deus, o que nos oferece e o que nos pede. É uma honra que Deus nos dá: temos acesso a sua Palavra e à promessa de salvar-nos, se a seguirmos e vivenciarmos. Só podemos verdadeiramente AMAR aquilo que CONHECEMOS, e o conhecimento do amor de Cristo se dará pela freqüência que tivermos a SUA PALAVRA. Através das RODAS é que o carro percorre as estradas, sem elas de que adianta um motor perfeito, um tanque cheio! Mas elas devem estar alinhadas, balanceadas, para que não atrapalhem a direção e não desviem o veículo.
relação com o amor de Deus para conosco e sua importância para nossa vida e nossa sa lvação. Quem não quer melhorar e com isso viver melhor, amar mais e mais profundamente seu próximo e, ao mesmo tempo, tornar mais fácil para os outros nos amarem e, juntamente, amarem a Deus nosso Pai e Criador? As MARCHAS, nos veículos, permitem que ao longo da viagem, ele ande com mais ou menos velocidade, sem que o veículo seja danificado. O motor indica a MARCHA, para que a vida do carro seja modificada.
O ÓLEO: a Meditação Diária Para aprofundar o conhecimento, examinar nossa realidade, tomar decisões, a MEDITAÇÃO permite o reconhecimento da Vontade de Deus em nossa vida. Momento de silêncio em que ouvimos tão forte a voz de Deus: VEM E SEGUE-ME ! O ÓLEO é que dá vida ao motor, lubrificando suas partes, permitindo que cada engrenagem, cada peça, funcione de forma harmoniosa, sem desgaste, sem empenar, sem arranhar, sem ranger!
OS FREIOS: o Retiro Anual Uma oportunidade especial: distância para julgar melhor; oração, meditação e convivência comunitária mais intensas; controle anual, retomada de caminho para a santidade. É um grande DEVER DE SENTAR-SE COM DEUS , feito junto com outros irmãos. No RETIRO, nos encontramos mais próximos de Deus e dos irmãos vivendo momentos fortes de oração, de diálogo e de conversão. Sem os FREIOS, o carro anda sem limites, perde o controle, não faz a vontade do condutor!
AS MARCHAS: Regra de Vida Para ir corrigindo e melhorando, controlando sempre a vida espiritual é ainda mais evidente sua
Beth e Scalzo Equipe 5 Nossa Senhora da Glória Belo Horizonte - MG 34
CEBsRumo ao Terceiro Milênio
O
Encontro das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) ocorrido de 15 a 19 de julho reuniu em São Luiz/MA 2.359 delegados de base, provenientes de 240 dioceses (no Brasil há 255 dioceses), 57 bispos, 58 representantes de igrejas evangélicas, 57 teólogos e pastoralistas, 53 índios (representando 33 nações indígenas), 65 convidados latino-americanos e caribenhos e delegados de 28 paí- tólica no Brasil, ainda é marcada ses, oriundos de todos os continen- pelo universo rural. Pré-moderna, tes. Ao todo, participaram 2. 798 esforça-se para se fazer presente pessoas, sem incluir as equipes de na esfera urbana secularizada, pluserviço. A grande maioria vinha de ralista, "desencantada", como assifamílias com renda mensal inferior nalava Max Weber. Daí a importâna três salários-mínimos. Era o con- cia do debate sobre os meios de cocílio dos pobres. municação social, a relação dos caNinguém ficou em hotel. As tólicos com outras religiões, o engainstalações da Igreja Católica e o jamento nas lutas dos movimentos acolhimento das CEBs e das pa- populares e na defesa dos direitos róquias da capital maranhense per- dos negros. mitiram que o evento se realizasPela primeira vez, as CEBs se a baixo custo. Os alimentos vie- desbloqueiam-se no diálogo interram das CEBs do Nordeste, bem religioso, em especial com as igrecomo cadernos, lapiseiras, talhe- jas pentecostais. O movimento res e canecas. carismático, dentro e fora da esfera O tema central - a relação das católica, foi encarado com seriedaCEBs com as massas populares -foi de e os preconceitos debatidos. debatido em seis blocos subtemáticos: A questão indígena encontra nas Catolicismo Popular, Religiões Afro, CEBs espaço privilegiado. No enconPentecostalismo, Excluídos e Movi- tro, os índios chamaram a atenção mentos Populares, Cultura de Mas- para a diversidade de suas culturas sa e Questão Indígena. e religiões. O ecumenismo é um deTrês eixos nortearam o encon- safio também entre guaranis e tro: a inserção das CEBs no mundo pataxós, tupiniquins e caiapós. O urbano, o ecumenismo e os direitos Brasil não conhece o Brasil. Teme o sociais dos excluídos. A Igreja Ca- resgate de suas raízes. Embora seja 35
uma das raras nações do mundo com tanta diversidade de culturas indígenas, aos olhos do mundo urbano continuam ignoradas e marginalizadas. Centramos a atenção nos desertos de Marte, quando temos, a poucos quilômetros de nossa casa, uma riqueza antropológica a ser preservada, defendida e aprofundada. Qual o partido político que se preocupa com a questão indígena? Que governo se empenha na demarcação de suas terras e na preservação de seu patrimônio cultural? O tema das religiões afro-brasileiras, que atraiu 406 participantes, permitiu que a presença da raça negra fosse vista além da ótica meramente folclórica. Congadas e terreiros emergiram da clandestinidade cultural. Mães-de-santo foram acolhidas como irmãs. Atabaques ritmaram cantorias e louvações. O tema Cultura de Massa permitu constatar o empenho das CEBs na multiplicação de rádios comunitárias, que iniciam o processo de democratização da mídia, dando voz às classes subalternas. Valorizou-se o resgate das festas populares: romarias e peregrinações, celebrações de Páscoa, Natal, santas e santos padroeiros, vias sacras e São João, bumba-meu-boi e reizado. Diante da "cultura de morte" neoliberal, conforme expressão da CNBB, que propaga como valores a competitividade, a acumulação, a egolatria e a supremacia do mercado, as CEBs querem acentuar a cultura da vida, fundada em valores evangélicos de solidariedade, parti-
lha de direitos humanos e sociais. Pesquisa realizada no encontro constatou que 60% dos delegados de base não eram filiados a nenhum partido político. Os 40% filiados dividiam-se entre 20 diferentes partidos e superam, em muito, a média brasileira de adesão partidária, que não chega a 1% da população. O evento foi marcado por celebrações litúrgicas ricas de fé e criatividade artística. Um dia inteiro foi dedicado à prática de Jesus como exemplo atual. A Bíblia era o coração do congraçamento das CEBs. Cantos indígenas, danças negras, poetas e violeiros deram aos momentos fortes de oração um colorido especial. As CEBs, com os olhos voltados para o terceiro milênio, reafirmaram sua opção pelos pobres e seu empenho na conquista de uma sociedade de justiça e paz. O 1oo Encontro lntereclesial das CEB s está marcado para o ano 2.000, em Ilhéus/BA. O tema será CEBs- 2.000 Anos de Caminhada. Até lá, é cumprir o preceito evangélico de fazer-se "fermento na massa", evangelizar via movimentos sociais, criando obras de justiça (cooperativas, clubes de mães, roças e farmácias comunitárias, alfabetização de adultos, etc), disseminando a palavra de Jesus neste mundo carente de esperança e sedento de amor.
Frei Betto, escritor e um dos assessores do 9° Encontro lntereclesial das CEBs (Extratos da sua matéria, publicada em "O Estado de São Paulo" edição de 23107197) 36
TV: Censura ou
Auto-regulamenta~ão
O
povo pede censura contra o sexo e a violência na TV. Pesquisa do Instituto Gallup mostra que76,8% dos entrevistados são favoráveis à censura prévia de cenas violentas e 82,9% das cenas de sexo. Uma coisa é a liberdade de imprensa, base de qualquer sociedade civilizada. Seu exercício, desvinculado de indesejáveis intervenções do Estado, é o selo de garantia da democracia. O Brasil, graças ao vigor investigativo da imprensa e à liberdade dos seus repórteres, tem experimentado os benefícios sociais da livre informação. Outra coi sa é o impacto comportamental provocado pela
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cultura do espetáculo. A televisão exerce verdadeiro monopólio sobre o tempo de lazer das pessoas. Exporta, freqüentemente, para todos os rincões do país, um padrão uniforme de pretensos valores, de estilo de vida próprio de pequenos estratos sociais, que se quer impor a todos sem a menor consideração pela fisionomia do país real. A questão não se encerra com o argumento falacioso de que basta desligar o aparelho ou mudar de canal para que o inconveniente não atinja o telespectador. A premissa dessa argumentação é falsa, porque omite a importância que os meios de comunicação já atingiram
A televisão exerce verdadeiro monopólio sobre o tempo de lazer das pessoas. Exporta, freqüentemente, para todos os rincões do país, um padrão uniforme de pretensos valores, de estilo de vida próprio de pequenos estratos sociais, que se quer impor a todos sem a menor consideração pela fisionomia do país real.
na formação de todos e o papel que desempenham no cotidiano de cada brasileiro. A exaltação do sucesso sem fronteiras éticas, a banalização da violência e a apresentação de aberrações como fatos normais
têm colaborado para o crescimento de comportamentos çriminosos. No horário da tarde, a "babá eletrônica", assanhada e moderninha, só fala de sexo. Depois, com pudores vitorianos investe, desapiedada, contra os pecadores do fumo. A proibição de propaganda de cigarro antes das 21 horas é um modelo do contra-senso na esquizofrenia moral que espartilha a TV brasileira. Sou contra a censura. Ninguém defende uma programação piegas e cor-de-rosa. Trata-se apenas de evitar a gratuidade da violência e do sexo aviltado. É uma questão de bom senso. Impõemse, por isso, medidas urgentes de auto-regulamentação efetiva. Caso contrário, a censura virá. A sociedade c i vil deve ser auscultada. A televisão precisa ter balizas éticas opera ti vas para não se tornar uma seqüestradora da cidadania.
Carlos Alberto Di Franco Professor de Ética ]ornalistica (extraído do Boletim Interprensa - Abril/97)
Diante destes fatos, que atitudes como Cristãos e Equipistas devemos tomar? Não nos iludir, achando que censura ou auto-regulamentação vão neutralizar os interesses capitalistas. Devemos sim, discutir o tema e as programações, dialogar com o cônjuge e filhos, confrontar as mensagens e valores da tevê com as mensagens de Jesus, pedindo-Lhe que nos conduza a usar de tal modo os bens que passam, para que possamos abraçar os bens que não passam. Equipe da Carta Mensal 38
LembranCjas do Padre CaHarel o próximo 18 de setembro acontecerá o primeiro ani versário do falecimento do inesquecível Pe. Caffarel. Para não ficarmos naquele clima de tristeza, já que morte é ressurreição, chegou à nossa redação um artigo de um Sacerdote Conselheiro Espiritual que conviveu com o nosso fundador, trazendo para todos um pouco das suas recordações. Vamos ao artigo: "Foi a partir do ano de 1953 que comecei a conhecer o Pe. Caffarel: Conselheiro Espiritual de uma equipe em Caen, participei de vários encontros nacionais e internacionais. Continuei, quando passei para a região de Paris em 1962. Uma grande convivência foi a viagem das Equipes para Roma em 1959 "Mil Casais em Roma" - quando fomos acolhidos, com o Pe. Caffarel à frente, pelo Papa João XXIII, antes do Concílio Vaticano II. Mais tarde, por volta do ano 1970, durante um ano, trabalhei mais próximo dele, quando me pediu para participar na redação de uma pequena revista "Cahiers sur l'Oraison" (Cadernos sobre a Oração). Uma vez ou duas por mês, almoçávamos juntos e discutíamos sobre as coisas da revista. Foi muito enriquecedor para mim, mas não tão fácil: o meu espírito, bastante lento, tinha de seguir a inteligência ampla, viva, sutil dele; e era bastante exigente! Mas aproveitei muito.
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Uns anos mais tarde, preguei um retiro para um grupo de viúvas e o lugar do retiro foi a casa de Troussures, a Casa de Oração tão querida do Pe. Caffarel, onde ele morava. Estava em casa nestes dias, e tivemos a ocasião de conversar. Acho que foi a última vez que eu o encontrei, há vinte anos mais ou menos. Tentemos esboçar um retrato do Pe. Caffarel. Era um homem baixinho, franzino, de nariz pontiagudo- imagem da sua capacidade de intuição bem pontiaguda!- de olhar penetrante. Fazia poucos gestos, não levantava a voz; mas a sua presença era forte, impressionante. Tinha uma inteligência, como já dissemos, rápida e profunda- fora aluno da grande Escola Politécnica de Paris - e ensinava com uma grande clareza e com muita pedagogia. Cuidava muito de suas palestras; escrevia com capricho aspassagens-chave que haviam de tocar
mais os espíritos e os corações; depois, redigia os elementos menos importantes. Era muito criativo. Além das Equipes de Nossa Senhora, criou um Grupo de Viúvas, várias revistas (L' Anneau d'Or, Cahiers sur l'Oraison), um Curso de Oração por Correspondência (eu fui durante vários anos "corretor" ou orientador neste curso) ... E a Casa de Oração de Troussures, quando já estava com 70 anos. Seu traço mais destacado era a concentração: nada tenso, mas sim uma presença intensa em tudo que ele vivia, dizia; uma atenção total às pessoas que acolhia. Presença intensa, concentrada. Contudo, o seu ensino não era difícil. Um dos aspectos de sua pedagogia era proporcionar a seus ouvintes momentos divertidos,de relaxamento. Lembro-me de uma história que ele contou no meio de uma palestra bem densa, forte. "Numa região da França, começou, havia muitos protestantes; lidavam com os católicos num clima bem ecumênico. Dois casais viviam assim uma amizade ecumênica; o casal católico tinha um menino de uns 4 anos; o casal protestante tinha uma menina da mesma idade; os dois eram amiguinhos. Um dia as duas farru1ias sairam juntas, a passeio. Almoçaram no campo, junto a um riacho. As crianças brincavam; de repente os dois caíram no riacho, que não era profundo; foram tirados facilmente, mas com as roupas molhadas. Despiram-se para as roupas secarem no sol. O garotinho
nunca tinha visto a sua coleguinha assim nua. Ficou muito impressionado. Ao final, com as roupas já secas, a turma voltou para casa. O menino parecia refletir profundamente. Antes de adormecer, chamou a mãe: -Mamãe! -Diga, meu amor! -Eu não sabia que tivesse tanta diferença entre católicos e protestantes!" Ao falarmos da pedagogia do Pe. Caffarel, eu queria terminar citando uma das suas fórmulas bem cunhadas. A Sra. Nancy Moncau já a citou de memória, parcialmente, na Carta de Novembro de 1.996. O texto francês é o seguinte: "TON EXIGENCE SANS AMOUR ME RÉVOLTE; TONAMOUR SANS EXIGENCE M' AVILIT; TON AMOUR EXIGEANT ME GRANDIT"
Poderia traduzir: "TUA EXIGÊNCIA SEM AMOR ME REVOLTA; TEU AMOR SEM EXIGÊNCIA ME REBAIXA; TEU AMOR EXIGENTE ME ENGRANDECE".
Pe. Paul Lileent, eudista Sacerdote Conselheiro Espiritual da Equipe 8, Setor B Fortaleza - CE 40
Deus, o Mar e as / Equipes do Litoral Norte
ondas vão e vêm pelas areis da praia da vida. um momento de ternura, Deus molha com sua água viva os corações do Pe. Nino e de vários casais e nascem as Equipes de Nossa Senhora, do Litoral Norte no Estado de São Paulo. A brisa suave do Espírito Santo sopra e o amor vai surgindo, transformando cada um a seu modo. É o milagre da conversão. Conversão lenta, consciente, que brota da vontade de viver santamente o sacramento do Matrimônio. Muito esforço para atingir os Pontos Concretos. E de concreto
vemos claramente a mudança que o Senhor operou no coração do Schmidt da Cleusa, da Equipe 2 de Caraguatatuba. Homem rude, temperamental, pedra bruta moldada pelas graças de Deus se transformando numa pérola que brilha, que reluz, que testemunha. O que acontece nas equipes não é utopia, é a pura verdade, é o agir de Deus com a meiga intercessão de Nossa Senhora, fazendo milagres, transformando o impossível na mais pura realidade. Toninho (da Nilda) Equipe 2 - Caraguatatuba - SP 41
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reuniões, convivência, liturgia, tinham atingido nossas filhas, embora soubéssemos que tudo isso estivesse influindo em sua formação. Fomos tomados de surpresa quando recebemos de nossa filha caçula, que está morando este ano no Exterior, através de um intercâmbio cultural, uma carta da qual transcrevemos o seguinte trecho: "Querido Pessoal das Equipes de Nossa Senhora. Eu estou escrevendo esta carta prá agradecer as orações. Eu sei que vocês estão orando muito por mim, pois só as minhas orações não seriam suficientes pra tudo estar dando tão certo comigo. Eu estou tendo muitas dificuldades em situações naturais da vida e que eu não sabia que era capaz de resolver sozinha. É só caindo que se aprende a levantar e às vezes me sinto super desanimada, zonza, mas daí eu lembro que além de Deus eu tenho muita gente que gosta de mim. Tenho aprendido muito e só agora consigo enxergar coisas que antes eu não conseguia. Nesses anos em que tenho participado indiretamente das equipes aprendi muito e o principal ensinamento foi que eu nunca estarei sozinha". São fatos como esse que nos mostram que, ao longo dos anos, a semente germinou e embora não tenhamos nos dado conta, frutificou.
Se analisarmos em profundidade e em espírito de oração a Carta de Maio, veremos que ela está impregnada de bênçãos. Não dá para classificar qual o melhor artigo, porque cada um traz uma mensagem de amor ou testemunhos pessoais. Mas a palestra de Dona Nancy (Correção Fraterna) todo equipista deveria ler e reler, meditar e fazer uma regra de vida para vivenciar o que ela nos diz. Precisamos desvendar nossos olhos para enxergarmos as exigências de Deus e iniciar ainda hoje o processo de conversão, colocando em prática os verbos cultivar, desenvolver e aumentar.
Delônia (do Oli), Equipe 1 Tramandaí - RS I:8J
I ="I Apresentamos aos equipistas um "Parabéns a Voce" no espírito de seguidores de Jesus Cristo: "Parabéns a você, nesta data querida, Com Jesus a seu lado, muitas bênçãos na vida". Cecaia e Hamilton CRR Minas li [8J
I ="I No decorrer desses 15 anos de vida em equipe, não tínhamos ainda parado para pensar até que ponto as atividades rotineiras:
Maria Inez e Walter Equipe 3 - Londrina- PR f2l
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Ora~ãoPara
o Mês da Bíblia Deus de infinita sabedoria! Nós vos bendizemos pela vossa Santa Palavra presente na Bíblia Sagrada . Ela nos orienta na vida e para a vida; ela é a força de nossas comunidades, ela é o sustento de nossas famílias, ela é a garantia da união e da paz Deus de infinita sabedoria! Neste mês dedicado à Bíblia, viemos também fazer um pedido: no caminho de Jesus Cristo, vossa Palavra que se fez carne, abençoai a todos nós, com a luz do Espírito Santo. Iluminai nossos irmãos e irmãs, em suas reuniões de círculos bíblicos. Iluminai nossas comunidades, em suas celebrações litúrgicas, na vivência de sua fé e na prática do amor fraterno . Iluminai nossas famílias, na busca de saúde e paz. Deus de infinita sabedoria! Ajudai-nos a conhecer e amar o Amor testemunhado na Bíblia, a fim de construirmos juntos a vossa santíssima vontade. Amém!
(Extraída do Calendário do Sagrado Coração de Jesus)
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OraCjão Pela Pátria: o Brasil que Queremos Senhor, colocamos em tuas mãos o Brasil que a gente quer! Livra-nos, Senhor, das doenças da dominação e da inconsciência, Da marginalidade e da opressão, da corrupção e da violência, Do autoritarismo e da demagogia, do vício de acumular riquezas, Do político traidor e das alianças, do poder pelo poder e para o poder. Senhor, colocamos em tuas mãos o Brasil que a gente quer! Dá-nos, Senhor, vontade firme de agir, saúde para trabalhar, força para produzir, consciência para reclamar, coragem para combater, Persistência para conter a ambição e perseverança na resistência. Senhor, colocamos em tuas mãos o Brasil que a gente quer! Ajuda-nos a repartir as terras, desconcentrar a renda, varrer a injustiça, Educar, educar, educar, aumentar a solidariedade, Acabar com os privilégios e derrubar o véu da incompreensão.
Onde houver individualismo, ponhamos comunhão. Senhor, colocamos em tuas mãos o Brasil que a gente quer! Senhor, te pedimos: sacia a fome de quem não tem pão, Mata a sede de quem sofre injustiça, protege a criança de rua, Consola a dor do abandonado, abranda a ira do revoltoso, Converte o ímpio, acolhe o migrante, liberta a mulher oprimida, Dá chão ao sem-terra, ilumina o cego de espírito. Senhor, colocamos em tuas mãos o Brasil que a gente quer! Senhor, salva-nos! O nosso exército és tu, e nosso quartel a tua casa! Arma-nos com as ferramentas da palavra e da luz, Da identidade e da cidadania, da integração e do desenvolvimento, Da harmonia, da solidariedade e da paz! Senhor, colocamos em tuas mãos o Brasil que a gente quer! Senhor, sê tu o compromisso entre o rico e o pobre, A ponte entre a direita e a esquerda, A fonte luminosa da energia para a restauração deste Brasil.
Senhor, colocamos em tuas mãos o Brasil que a gente quer! Abençoa-nos, Senhor! Onde houver racismo, ponhamos fraternidade. Onde houver clientelismo, ponhamos participação. Onde houver machismo, ponhamos fraternidade. Onde houver separatismo, ponhamos compromisso.
Lélia Rita E.F. Ribeiro Campo Grande-MS, (Extraído de "Famz1ia Cristã", Agosto/94)
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Bem-Vindo A Holanda eqüentemente sou solicitada a descrever a experiência de dar à luz uma criança com deficiência. É uma tentativa de ajudar pessoas, que não têm com quem compartilhar essa experiência única, a entendê-la e imaginar como é vivenciá-la. Seria como ... Ter um bebê é como planejar uma fabulosa viagem de férias para a ITÁLIA! Você compra montes de guias e faz planos maravilhosos! O Coliseu. O Davi de Michelangelo. As Gôndolas em Veneza. Você pode até aprender algumas frases em italiano. É tudo muito excitante. Após meses de antecipação, finalmente chega o grande dia! Você arruma suas malas e embarca. Algumas horas depois você aterrissa. O comissário de bordo chega e diz: "BEM -VINDO À HOLANDA!" · "Holanda?! Diz você, o que quer dizer com Holanda?! Eu escolhi a Itália! Eu devia ter chegado à Itália. Toda a minha vida eu sonhei em conhecer a Itália" Mas houve uma mudança de plano de vôo. Eles aterrissaram na Holanda e é lá que você deve ficar. A coisa mais importante é que eles não te levaram a um lugar horrível, desagradável, cheio de pestilência, fome e doença. É apenas um lugar diferente. Logo, você deve sair e comprar novos guias. Deve aprender uma nova linguagem. E você irá encontrar todo um novo grupo de pes-
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soas que nunca encontrou antes. É apenas um lugar diferente. É mais baixo e menos ensolarado que a Itália. Mas após alguns minutos, você pode respirar fundo e olhar ao redor, começar a notar que a Holanda tem moinhos de vento, tulipas e até Rembrants e Van Goghs. Mas, todos que você conhece estão ocupados indo e vindo da Itália, estão sempre comentando sobre o tempo maravilhoso que passaram lá. E por toda a sua vida você dirá: "Sim, era onde eu deveria estar. Era tudo o que eu havia planejado". E a dor que isso causa, nunca, nunca irá embora. Porque a perda desse sonho é uma perda extremamente significativa. Porém, se você passar a sua vida toda remoendo o fato de não ter chegado à Itália, nunca estará livre para apreciar as coisas belas e muito especiais sobre a Holanda.
Emily Perl Knisley. Texto extraído do home-page da Cerebral Palsy Association of Western Austrália Ltd. (uma associação que se preocupa com os problemas de paralisia cerebral) e traduzido pela dra. Mônica Á vila Carvalho, mãe de Manuela, em Cambuquira - Minas Gerais 45
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O Copo e o Balde o silêncio de certa madruga da, um Copo de vidro comum sobre a mesa da cozinha e um Balde de zinco gasto de uso, embaixo da pia, descansavam das penosas tarefas do dia-a-dia. Entreolharam-se de inveja, mergulhados no vazio de água. Puseramse, então, a remoer desejos irrealizáveis. Na espera do amanhecer, no gozo da preguiça e ociosidade, o Copo deixara-se invadir por pensamentos quiméricos . E a falar a sós: quisera ser aquele Balde. Nele cabem cinco litros de água, trinta vezes mais do que posso conter. Não passa pelo desconforto de freqüentar boca de mau hálito. Cheio e pesado, mão de criança não o levanta. Se cai no chão, não quebra. Seco e empoeirado o pano de chão nele é lavado ou umedecido para enxugar ou limpar qualquer imundície. Onde há sujeira é o primeiro a ser lembrado e corre-se a procurá-lo. Onde entro, ele entra: na sala, no quarto, no banheiro ... chamando mais atenção. Serve para retirar água do poço, molhar hortas e canteiros de flore s, apagar o fogo , trazer água da fonte , guardá-la (quando falta nas torneiras) , para fazer almoço, lavar pratos , copos e talheres. Mil serventias que não tenho, ele tem, só porque pode conter maior volume de água. Vida de Balde é boa: não quebra e não se
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importa com a sujeira. Por sua vez, o Balde, embaixo da pia, murmurava, baixinho, com sua alça: quisera ser aquele Copo sobre a mesa, junto ao pequeno vaso de violetas. Levezinho, comporta apenas uma porçãozinha de água filtrada. Até mãos de criança o levantam. Recebe trato cuidadoso, é lavado ao ser usado e guardado em
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cristaleira de paredes espelhadas. Viaja em bandejas de prata ao lado de finas bebidas, pousa em toalhas de linho ricamente bordadas. Outro dia, enchi-me de ódio, ao vê-lo com três rosas vermelhas e delicadas folhagens, aos pés da imagem de Nossa Senhora Aparecida sobre a mesa do escritório. Se possível for trocar de vida, hei de escolher ser Copo. Não amassa, não enferruja. Eis uma história que retrata
sonhos de veleidade: querer alguém alcançar o que está fora de suas possibilidades. Feito para ser Copo, ambiciona ser Balde; inconformado com o que é e com sua circunstância, aspira ser o outro. Retrata ainda a falta de reconhecimento dos próprios valores. Ambos insubstituíveis nas respectivas tarefas. O Copo não foi feito para lavar o chão; não se bebe água levando o Balde à boca. Cobiçam um do outro as qualidades, porque não se aceitam como são. Retrata, por fim, que talentos e dons não se avaliam por medida de quantidade; mas pelos frutos produzidos segundo a própria capacidade. Ensina o Mestre: quem recebe cinco talentos e os faz render outros cinco (100%), merece ser chamado de "servo bom e fiel". A quem é dado um só talento e o enterra, com medo de perdê-lo, merece a repreensão de "servo mau e preguiçoso". No desempenho das tarefas diversas, Copo e Balde viveriam felizes se enxergassem como são importantes suas diferenças para o bem-estar de quem servem. Balde que lavais o chão e Copo que matais a sede, sabei que a inveja vos impede de apreciar os próprios valores; antes, faz-vos sentir tristeza com o bem do outro. Pior, arma-vos um contra o outro.
Dom Eduardo Koaik Bispo Diocesano de Piracicaba - SP
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Meditando Sobre o Evangelho de Marcos As Pa rábolas Segundo Marcos
(Me. 4 , 1 -34)
ual o aspecto da pessoa ou do pensamento de Cristo que essa passagem nos permite compreender melhor? espeito de Cristo pela liberdade do homem. Ele apresenta aos homens seus gestos, suas palavras, seus milagres; a autoridade que emana dele toma-orespeitável. Poderia ter-se apresentado como o Filho de Deus, o Messias ansiosamente esperado. Poderia impor-se; porém, prefere o anonimato. Mas, depois de ter falado , acrescenta: " Quem tem ouvidos, ouça ". É como se Marcos dissesse aos que o escutavam: "O que eu vos digo, foi o Cristo quem o disse. A vós cabe escutar, permitir que esses ensinamentos não fiquem só na superfície, que não atinjam vossos ouvidos como tantos outros sons, tantas outras palavras, tantos outros discursos ; mas que penetrem no vosso interior, e sejam gravados, assimilados. Sois livres para fazê-los vossos ou não". "Ele lhes anunciou a Palavra na medida em que eram capazes de compreendê-la ". (4,33) Senhor, nós nos escandalizamos algumas vezes, irritamo-nos freqüentemente quando vemos ao nosso redor fazerem po uco caso de vossos ensinamentos . Escandalizamo-nos com a ignorância do povo, cuja religião é de tal modo feita de superstição! Ora, Vós mesmo pronunciastes a Palavra, Vós a anunciastes na medida da capacidade de compreensão dos que a ouviam. Por que seríamos mais exigentes do que Vós? "Quem tem ouvidos para ouvir, ouça". E, em particular, explicava tudo aos seus discípulos! Na medida da minha compreensão sou responsável pela prática do que me dizeis no Evangelho. E minha responsabilidade é tanto maior porque, sendo vosso discípulo pelo batismo, tenho a minha disposição a explicação que me dais pela vossa Igreja, pelos vossos ministros.
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Pedro Moncau Júnior
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MEDITANDO EM EQUIPE Texto-base: Capítulo VI Caminhamos na Estrada de Jesus O Evangelho de Marcos - CNBB Depois de ter passado anos e anos a sonhar com um mundo novo, e fazendo o bem (At 1 O,3 8), Jesus viu-se d iante do fracasso da condenação e da morte . Depois de ter sonhado e esperado muito, apóstolos e d iscípulos viram seu Mestre condenado, morto e sepultado . A reação de Jesus foi uma, outra foi a da maioria de seus amigos . Para Jesus e seus amigos a resposta para todas as perguntas possíveis foi a ressurreição. (Me 14, 1-16,8)
.. .. . .. . ... .... .. . .. .. .. . ... . ... .... .. ... .. . Leitura: Evangelho de Marcos 14,32-36 • • • •
Por que e como Jesus aceitou até o fracasso da morte? Oual sua atitude diante dos fracassos, dos desenganos, da morte? Oual deve ria ser sua atitude? Renove sua adesão, sua esperança, seu amor. Louve, peça e agradeça .
. . . . .. ... .. . .. .. . .. .. .. .. .. . .. .. . .. ... Oração litúrgica: Jesus esvaziou -se d e sua glória e assumiu a condição de escravo, fazendo-se a nós semelhante .
para que diante dele todos se inclinem dobrando os joelhos, nos céus, na terra e nos abismos .
Reconhecido como homem, humilhou-se, obedecendo até a morte, até a morte numa cruz.
Para que todos reconheçam e p roclamem para a glória do Pai : "Jesus Cristo é o Senhor!
Por isso Deus o exaltou colocando -o acima de tudo quanto existe,
(Veja FI 2,6-11)
Pistas para viver a 11 escuta da palavra 11 Nem sempre é fácil distinguir, discern ir a decisão que devemos tomar. • • •
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Por isso é que devemos escutar a Deus . Formule claramente o problema ou a questão . . Peça que Deus ilumine você . Procure resposta na sua convicção cristã; procure ver o que a sua comunidade-Igreja diz; peça o conselho de seu cônjuge, de um irmão ou de uma irmã; consulte a Bíblia ou outro texto que possa ajudar de fato ... Peça que Deus ajude a fazer o que lhe pareceu o mais certo . Errata : na edição anterior - "Meditando e m Equ ip e ", favor corrigir, onde se lê: Pistas para Viver a Ora ção Co njuga l, leia-se : Retiro A nual
PONTOS CONCRETOS DE ESFORÇO • Escuta da Palavra • Meditação • Oração Coniugal • Dever de Sentar-se • Regra de Vida • Retiro
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