EQUIPES DE NOSSA SENHORA Carta Mensal • n °354 • Maio/ 2ooo
EDITORIAL ....... .. .. .. ........... ...... ..... O1
j UBILEU DAS ENS .................. .... .. 29
Uma Comemoração .. ...... ... .. ...... O1
Cravos Vermelhos em ltaici ....... .. 29
Um Tempo Especial de Louvor ..... 02
Cid inha e lga r Feh r .. .... ..... ...... .. .. 31
PALAVRA DA SUPER-REGIÃO ....... 03 Construindo um Novo Tempo .... .. 03
Carta Mensal ..... ............ ..... ......... 32 VIDA NO MOVIMENTO ..... .. ....... . 34
ERI - ESPECIAL ......... .................... 05
Nossa M issão em Po rtugal ....... .... 34
50 Anos das Equipes de
ENS - Um Fermento
Nossa Senhora no Brasil ............. 05
na Comunidade .. ... ..... .. ........ .... .. 36 Uma Equipe Especia l .. ............ .... . 38
NOSSA HISTÓRIA ....... .. ....... ....... 06
Recordando e Ag radecendo ...... .. 40
Antes de 13 de Maio de 1950 ..... 06 Uma Carta Para a Equipe ............ 09
SANTIAGO 2000 .. ............. .... ..... 4 1
Primeiro Setor: Passos In iciais ...... 1O
A Pequena Fagulha e o G rande
As Primei ras Equ ipes .......... ......... 11
Candelabro de Sã o Tiago ........... 41
Primeiras Equipes Fora da Cidade de São Paulo ..... .... .. ..... ... 1 3
MARIA .. .... ... ....................... ......... 43
As Visitas do Padre
Históri a da Silhueta da
Caffarel ao Brasil ...... .. .......... ..... . 19
Nossa Senhora das Equ ipes .... ... . 43
Os Primeiros Conselheiros .......... . 21
Uma Mu lher Chamada Ma ria ..... 45
Padre Melanson ...................... ... .. 21 Padre Corbeil ... .... .. ..................... 23
REFLEXÃO ... .......... .... ..... .. ..... ...... 46
Um Sarampo de
Vamos pra Frente! ..... .... .... ....... ... 46
Muitas Conseqüência s ................. 24
PO NTOS CONCRETOS
PALAVRA DO SCE DA
DE ESFORÇO .......... .... ..... ... .... .... 4 7
SUPER-REGIÃO ... .. ........... ... ... .... . 28
Ação de Graça s ........ ...... .... ..... ... 4 7
Carta .liL•nsrtl é uma 1Juhlica(tio mensal das Eqttitws de Nono Seuhora
Janete e Nl'lio Pe. Enwni 1. :\ ngeli11i (cous. c•spiritua/)
/ JiaKramaçtlo :
:\lcssawlra Carig1wni
Htliçtio :
Jornalista R espmt.WÍJ'd :
l:'cJUÍpcda CorJa Alt'll\111
Ca!herine /:'. Nadas
Cecllia c Jo.\ t; Carlos
l~'ditoraçtlo
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\\'i/ma c Orlando Rita l ' ( ii/herto /.ucimlu c 1\larco
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1:'/etniuil·a. Fotolitos e 1/ustraçiies: Non1 Rcmdeira
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Jmpresstio: l:'d ivks J.~,_n,Ja R. /822. 3./7 Fone: (0/1) ()<)/.J. IV22
TiraJ.:em dt•sta ediçtio : /.J .OOO c.I'<'IIIJ'Iarn
Canas. colaborações. notícias, testemunhos e imagens devem ser enviadas para:
Carta Mensal R. Luis Coelloo, 308 anda r . conj. 53 0/3()9.()()() • Stio Paulo - SP Fone: (O:u /1) 256. 1212 Fax: (Oxx /1 ) 257.3599 ca rram ensa l @ens.o rg. br
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N C Cecflia e José Ca rlos
U1V1A COMEMORAÇAO
C
omemoramos neste mês o Jubileu de Ouro das Equipes de Nossa Senhora, no Brasil 50 anos. É inevitável um olhar sobre o passado, uma visão do caminho percorrido. Uma visão abrangente onde podemos distinguir as horas de luta, as alegrias do sucesso, a força que nos fez perseverar, o cair e o levantar-se, com a confiança em Deus e a esperança de vencer com o seu auxílio. Diante do presente que hoje descortinamos, fruto de todo esse passado, das graças recebidas, devo ressaltar, como apoio fundamental, a confiança mútua que nos mantém unidos, disciplinados, firmes no objetivo traçado, fiéis às nossas raízes. Neste país continente, irmãos na fé, na doação ao serviço de Deus, da sua Igreja, dos casais e suas famílias, guiados pela proteção de Maria e as luzes do Espírito, pudemos realizar de norte a sul, aquela unidade que nos permitiu construir "equipes autenticamente Equipes de Nossa Senhora".* É hora de ação de graças. Conhecemos nossos limites pessoais e sabemos que, se não tivéssemos o auxílio que nos veio do alto, não teríamos conseguido continuar na caminhada. Sentimo-nos a serviço de Deus, no esforço de vivenciar o Evangelho em nossa vida, por meio desta Espiritualidade Conjugal que o padre Caffarel pôs em evidência e incentivou- dom de Deus aos casais do século XX. É hora, também, de assumirmos
nossas responsabilidades face ao futuro, com a força e a coragem de quem acredita no amor de Deus para com seus filhos, amor que nos incentiva a prosseguir com fé e humildade. Oferecendo-nos ao Pai como seus instrumentos, continuaremos a marcha pelos caminhos que a sua Providência descortinar à nossa frente. Obrigado, Pai, pelo passado e pelo presente. Aceita-nos como servos e como filhos que desejam continuar a teu serviço, no futuro que nos aguarda, ao lado dos irmãos de outros Movimentos, para, juntos, trabalharmos pela difusão da tua mensagem.
Nancy Cajado Moncau Super-Região *
Palavras de Marie e Louis d' Amonville, em sua visita às Equipes de todo o Brasil,em 1977, como membros da Equipe Dirigente Internacional .
UM TEMPO ESPEClAl DE lOUVOR Amigos Equipistas! Cinqüenta anos das Equipes de Nossa Senhora no Brasil! É um tempo de louvar e agradecer a Deus por tudo que recebemos, por tudo que nos foi dado. É um tempo de agradecer a Maria tantas graças recebidas e também a dedicação de tantos casais para com o Movimento. Para esse momento especial de louvor encontramos na última capa a ORAÇÃO JUBILAR escrita pelo padre Flávio Cavalca, SCE da Super-Região. Com o propósito de mostrar aos equipistas um pouco da nossa história, é que preparamos com muito carinho esta edição especial, a cores. Para os equipistas da primeira hora é mais uma oportunidade de reviver os camjnhos das ENS desde o seu início. Para os equipistas da hora presente, é o momento de aprofundar seus conhecimentos sobre a vida do nosso Movimento. Nós solicitamos aos Casais Regionais que nos enviassem a história da primeira equipe de sua Região. Recebemos muito material, graças a Deus, que será utilizado nas próximas Cartas. Nesta edição, limitados pelo espaço, além da história do início do Movimento, publicamos um pouco da história das cinco primeiras equipes fundadas fora da cidade de São Paulo (até a primeira visita do padre Caffarel). Ao fazer a leitura dos textos publicados, gostaríamos que vocês se detivessem em alguns detalhes, procurando enxergar quanto o "dedo de Deus" estava e ainda está presente no nosso Movimento. Também nesta edição, através de artigos de duas equipes iniciadas recentemente (Água Boa, MT e Nossa Senhora do SilêncioManaus, AM) mostramos a vocês que o pioneirismo dos primeiros equipistas continua vivo até nossos dias, não medindo esforços para levar o Movimento onde seja necessário, em qualquer circunstância. É um tempo de comprometer-se. Comprometer-se com o Pai a levar a quem necessitar tudo o que recebemos. Comprometer-se com o Movimento a vivenciar o seu Carisma e a sua Mística. Comprometer-se a seguir firme na caminhada, fazendo parte da história das nossas Equipes de Nossa Senhora. Não podemos ficar de braços cruzados! Boa leitura! Equipe da Carta Mensal 2
CONSTRUINDO UM NOVO TEMPO Olá, gente amiga!
Há cinqüenta anos o sopro do Espírito lançou em terras brasileiras o Movimento das ENS e aqui plantou as sementes que se espalharam pelos quatro cantos desta nação. Celebrar este tempo sagrado é nos aproximar do que ele tem de mais divino, é entrar no experimento das graças com que Deus presenteou incontáveis casais que buscam fazer do seu matrimônio um caminho de santidade. Quando se chega até este espaço de amor, plantado sem fronteiras, livre e generoso, a gente se encontra com os antigos companheiros de viagem que vêm celebrar conosco a nossa vida. A gente se encontra, sobretudo, com Jesus, Mestre e Senhor, que caminha conosco e nos fala através do seu Espírito para comunicar o que o Pai quer do nosso Movimento. Passado e presente se unem de alguma maneira neste tempo e neste espaço benditos nos quais só tem sentido a esperança que nos impulsiona para o infinito, para o futuro em Deus. Tocado por essa força misteriosa que brota do coração de Deus aos casais, o Movimento se lança, se atreve, afronta os desafios de novos tempos para conquistar novos espaços; avança nos espaços da vida para escrever a história de um novo tempo. Estamos em tempo de anunciar 3
os valores cada vez mais profun- roem busca do infinito, numa camidos justamente nos espaços cada nhada que abrange toda a nossa vida vez mais largos em que domina a e que não terá outro destino senão aquele único para o qual Deus nos mediocridade. quer levar. Basta tomar a Sua mão e É preciso fazer renovar o espírito, fazer que aconteça o novo, dar deixar-se conduzir! É justo e necessário, assim, que novo impulso a tudo o que recebemos nestes 50 anos e que Deus, ago- possamos celebrar. Quem não for capaz de celebrar ra, coloca em nossas mãos e nos diz: a vida está enterrando "Daqui para frente é a alegria que Deus nos com vocês!". dá em abundância. É preciso renascer É preciso Quem não for caesse tempo sagrado, fazer renovar paz de celebrar a vida pois sagrados foram está envelhecendo anos corações daqueles o espírito, fazer tes da hora, está perque nos deixaram esta dendo a oportunidade herança, daqueles que aconteça de ser feliz. que se deixaram tocar o novo, dar Quem não for capela inspiração do Sepaz de celebrar a vida nhor. Sagradas foram novo impulso está se rendendo às dias horas de vigília, as ficuldades, ao desânihoras que teceram os a tudo o que mo, contentando-se sonhos daqueles que recebemos com o pouco, enquannos geraram esta to que fomos criados grande família de nestes 50 anos. para vôos altos. quase 2000 equipes Os anos jubilares, na no Brasil. Mais amor no casal para que o tradição bíblica, sempre foram o temamor seja sacramento, sinal visível po especial da graça do Senhor. Que nestes 50 anos que passaram e nos ao mundo. Mais caridade nas equipes para próximos que virão não nos falte sua que cada uma delas acolha, parti- presença e seu amor. Mais do que nunca as Equipes de Nossa Senhora lhe e revele o amor do Pai. farão com que o amor do casal, sanMais vigor missionário a cada tificado pelo matrimônio, seja um equipista, para que a sociedade seja compromisso diante dos homens e um transformada, para que as necessihino de louvor ao Criador. dades sejam saciadas. Parabéns a todos nós ... se conseMais fervor em cada coração guinnos fazer com que isso aconteça! para que o Evangelho seja anunciaCom o nosso carinhoso abraço, do e Deus seja mais amado. Passado e presente se unem nesSilvia e Chico te Jubileu de Ouro para projetar, sob CR da Super Região as luzes do Espírito Santo, um futu4
so ANOS DAS EQUIPES DE NOSSA SENHORA NO BRASIL Mui queridos casais e Conselheiros Espirituais das Equipes de Nossa Senhora no Brasil
Cidinho e lgor
É com o coração cheio de alegria e de reconhecimento ao Pai, por haver introduzido, no coração de Nancy e Pedro Moncau, um forte desejo de viver o matrimônio na fidelidade ao seu pensamento em relação ao casal, ou seja, na fidelidade à promessa que fizeram no momento da celebração de seu casamento, que escrevemos estas linhas. Foi esse desejo que os moveu a reunir um grupo de casais amigos e um padre, no dia 13 de maio de 1950 para formar a primeira equipe brasileira. À semelhança do "grão de mostarda, que um homem toma e semeia em seu campo e que embora seja a menor das sementes, depois de crescida é a maior das hortaliças, chegando a tornar-se árvore, em cujos ramos as aves do céu vêm aninhar-se", conforme Mt 13, 31-32, aquela primeira equipe produziu muitos frutos, as quase duas mil equipes de Nossa Senhora no Brasil, que com as graças de Deus, e o empenho de muitos, vêm ajudando inúmeros casais a viver sua vida conjugal, familiar e sua vida no mundo, mais em conformidade com os ensinamentos de Cristo. Na celebração tlos cinqüenta anos das Equipes de Nossa Senhora, no Brasil, elevemos nosso agra-
decimento ao Pai por ter inspirado Pe. Caffarel e os primeiros casais na França e por ter movido D. Nancy e Dr. Pedro Moncau a iniciar a primeira equipe aqui no Brasil, pelos casais que os seguiram, pois graças ao empenho de todos, aquela primeira equipe deu origem a uma caminhada de aprofundamento no amor e de crescimento na fé, que tem sido providencial para a vida de muitos casais.
Cidinha e lgar Fehr Casal Responsável pela Equipe Responsável Internacional 5
ANTES DE 13 DE MAlO DE 1950
a
entro de Estudos Dom astão, organizado pelo Departamento de Casados da Congregação Mariana a que Dr. Pedro Moncau Jr. pertencia, reunia as fanu1ias dos congregados casados e visava proporcionar a seus membros a procura de meios para uma maior vivência de sua vida conjugal e familiar. Buscando esclarecimentos, apoio e orientação, o Centro promovia, de maneira periódica, palestras para as
Carta de Pedro
Moncau para o Padre Caffarel
,. ,.
quais eram convidados sacerdotes e leigos que se destacavam no campo fami liar e educativo. Os casais freqüentavam o Centro mas sentiam que as suas reuniões, embora sérias e profundas, não forneciam o alimento espiritual que desejavam para sua vida conjugal. Havia, assim, pelo menos dez anos antes da formação da primeira equipe no Brasil, um movimento de casais entre nós. Quando esteve em São Paulo, o padre Marcel Marie Desmarais ,
dominicano canadense, para proferir uma palestra sobre a família, no Centro D. Gastão, ficando sabendo dos anseios do grupo contou-lhes que havia em Paris, alguns grupos de casais, conhecidos como os "Grupos de Casais do Pe. Henri Caffarel" ligados ao "1' Anneau d'Or" (O Anel de Ouro), que perseguiam os mesmos objetivos. Dominando bem o francês, Dr. Pedro Moncau Jr. foi encarregado de buscar junto a esses Grupos algumas orientações que pudessem ajudá-lo. No dia 30 de novembro de 1949, Pedro escrevia ao Pe. Caffarel: " ...Pelas informações que nos foram dadas pelo padre Desmarais, tive a impressão de que a finalidade de "L'Anneau d'Or" é sensivelmente idêntica à que perseguimos. Ocorreu-me, então, escrever-lhe com toda a franqueza e com toda a simplicidade também, para pedir-lhe que me envie, com detalhes, dados sobre o que faz "L'Anneau d'Or", seu programa e, particularmente, a técnica de suas reuniões, etc. " Pe. Caffarel respondeu a carta recebida do Dr. Pedro Moncau Jr., comentando: " ... da alegria e emoção que tive ao ler sua carta. É igualmente impressionante pensar que, através dos oceanos, laços se ligam graças aoL'Anneaud'Orquefundei e cuja direção assumi. .. . Como pressentiu, nossas orientações são parentes próximas. L'Anneau d'Or e os grupos de casais que trabalham paralelamente a ele têm o objetivo essencial de
ajudar os casais a tender para a santidade, nem mais, nem menos. Não esclareço nesta carta o que fazem os nossos grupos de casais, porque recomendo ao nosso Secretário Geral, Sr. Gerard d'Heilly, que lhe faça a remessa de toda uma documentação referente aos mesmos grupos de casais. Se tiver tempo de tomar conhecimento desses documentos e interessar-se por eles, ficarei pessoalmente muito feliz em conhecer sua opinião. Não hesite em escrever-me e me colocar a par de seu modo de pensar. Não receio as contradições e desejo vivamente receber as sugestões úteis". Essa carta, datada de 15 de dezembro de 1949, constitui como que a certidão de nascimento das Equipes de Nossa Senhora no Brasil, pois foi o começo de uma série de contatos que culminaram com o início, no dia 13 de maio de 1950, da primeira equipe. D. Nancy nos diz em seu livro "O Sentido de Uma Vida": "Lembro-me, ainda, perfeitamente, do dia em que vi Pedro, com um maço de papéis na mão, entrar na cozinha de casa, onde eu passava roupas. Estava eufórico. Era a primeira documentação das Equipes que chegara. E me disse: 'Era isso que eu, há tanto tempo, procurava'! E lia e comentava os trechos que mais o tocavam". Dr. Pedro, referindo-se às suas primeiras impressões, diria ao padre Caffarel, na segunda carta que lhe escreveu: " ... lendo sua carta tão amiga, tive a impressão de uma descaber7
ta. E, alguns dias depois, folheando os Estatutos e as Cartas Mensais, minha primeira reação foi francamente de emoção. Porque, segundo meu parecer, é exatamente isto que há muito tempo procurávamos. É exalamente a fórmula que corresponde às nossas necessidades" (Carta de 14 de fevereiro de 50).
PRlMElRO CASAL DEUGAÇÃO A troca de cartas e relatórios com o Casal de Ligação Gerard d'Heilly, co----~ meçou antes mesmo do lançamento da primeira equiJ pe. Vale a pena conhecer algumas Resposta do Padre orientações dadas na sua primeira Caffarel a Pedro Moncau carta, datada de 25 de abril de 1950. "Talvez sejam supéifluas estas observações, mas assim mesmo será profissional. A equipe é feita para dar apoio a cada um, na sua marútil jazê-las. Desde o início, estabeleça as re- cha para Deus, e para ajudá-los a lações entre equipistas num plano carregar todos os seus fardos, tode grande simplicidade. Se for fei- dos os seus encargos e responsabita uma refeição em comum, que não lidades. É preciso, pois, que cada haja nenhuma ostentação, cada qual saiba falar deles, muito simqual receba em sua casa de acordo plesmente, a todos os outros. Ponha em destaque a seriedade. com seus hábitos, mas evitando Não se trata de fazer muito, de acutoda preocupação mundana. Cuide muito para que haja g ran- mular obrigações, mas de Jazer tudo de abertura entre os casais. É certo correta e profundamente. É com aleque o tempo ajudará muito, mas é gria que respondemos a seu pedido preciso, pelo menos, dar a orienta- de orações. Ele será transmitido a todas as Equipes da França e da Bélção desde o início. Eles devem saber pôr em comum gica, que se sentirão felizes de saber as intenções, os problemas que se que um esforço análogo ao delas está se concretizando em seu país". apresentam na sua vida familiar,
-
8
UMA CARTA PARA A EQUlPE
P
edro Moncau e Dona Nancy, enviavam cartas para orientação dos casais da equipe que, por dois anos e meio, foi a única equipe no Brasil. Vamos conhecer o conteúdo:
São Paulo, 4 de março de 1951. Prezados amigos, Recebemos há dias uma carta do Revmo. Pe. Caffarel, de que transcrevemos aqui alguns trechos particularmente interessantes: Referindo-se à consulta por nós feita sobre a fundação de grupos de casais nas paróquias, diz ele: "Eu penso ... que os grupos de casais, se não são a solução, podem ser pelo menos uma solução de importância capital para a recristianização profunda dos meios que devereis atingir. Por meio deles, a caridade fraterna pode se retemperar no seio da paróquia e transformá-la pouco a pouco numa verdadeira Comunidade cristã". Em outro trecho, comentando a marcha de nossos trabalhos, escreve: " ... é importante que, de uma para outra reunião, de ano para ano, se façam progressos. Uma equipe que não avança, recua- é evidente". E mais adiante, anunciando os contatos com membros das Equipes que para cá devem vir e com os que já aqui estiveram: "Como eu desejo que os laços entre as diferentes Equipes de Nossa Senhora, dos vários países, se estreitem cada vez mais! Então, na medida da nossa união, poderemos dar um testemunho que será visível, confortador e que, na cristandade, será um apelo eloqüente dirigido aos casais, para que se unam, para que tomem consciência de sua responsabilidade, para que se tornem impacientes do reinado de Cristo!" Prezados amigos. "Uma equipe que não avança, recua". E a marcha da equipe depende do esforço, que cada um de seus membros empregar para viver com intensidade o ideal que nos propõe, e que nada mais é do que o ideal de todo cristão que tenha consciência de sua dignidade de Filho de Deus, que lhe foi conferida no batismo. Foi justamente com o intuito de analisar os pontos sobre os quais deveriam convergir os nossos esforços para obtermos o progresso de nosso grupo, que nos reunimos no último dia 15, em reunião extraordinária e de caráter amistoso. Nem todos estiveram presentes e é por isso que tomamos a liberdade de lembrar os principais pontos firmados: 9
1. Estudo mais profundo dos Estatutos, que nos leve a aceitar inteiramente e sem reticências as obrigações que a Regra impõe, fazendo todos os esforços para vivê-las da melhor fo rma possível, nos dizeres do Sr. d' Heilly. 2. Revisão da Regra de Vida, cada qu al readaptando-a ao seu caso especial, anotando bem onde houve negligência e onde houve impossi bilidade real no seu cumprimento. Haj a lealdade inteira, nesta análise. 3. Pontualidade às reuniões. O jantar deverá ter início o mais tard ar às 7,45. O casal que por acaso não estiver presente até esse momento, não se magoará se, ao chegar, já encontrar os outros à mesa. Lembramos que a próxima reuni ão será reali zada em casa do Volpi e que o Tema de Trabalho co ntinu ará a ser aqu ele intitulado "A caminho da Unidade". Como não há questionário, estudaremos juntos os pontos mai s importantes do tema. Tivemos há dias a visita do Sr. Jean Brocart, um dos mais antigos membros das Equipes, de Pari s. Na reunião, fa laremos a respeito. Perfe ita comunidade de idéias. Amizade franca, simples, leal e confortadora: ami zade cristã! Com toda a nossa cordialidade, Nancy e Pedro Moncau
~.·~PR1ME1RO
SETOR: PASSOS 11N1C1A1S Monique e Gerard F. Duchêne, também se ofereceu para a tradução de documentos, temas e da Carta Mensal francesa. Por ocasião da primeira visita do padre Caffarel ao Brasil -julho de 1957 - durante uma Missa por ele celebrada, com aquele recolhimento e piedade que a todos nos envolvia, foi instalado oficialmente o primeiro Setor brasileiro, tendo como Conselheiro Espiritual o Pe. Lionel Corbeil, e o Casal Responsável de Setor Dona Nancy e Pedro Moncau Jr.
Atendendo as orientações de Jean Pillias (2° Casal de Ligação do Brasil com a Equipe Dirigente Internacional), foram ensaiados os primeiros passos para a organização de um Setor. Em 19/07/53, esse Setor foi constituído pelos 3 Casais Responsáveis de Equipe e tendo como Assistente Espiritual o Pe. Melanson de 1953 a 1956. A Carta Mensal, que o casal Sinesgali assumira com a sua equipe, passou às mãos da equipe 7, cujo Casal Responsável de Equipe, 10
AS PR1ME1RAS EQUIPES
E
assim, no dia 13 de maio de 1950, foi lançada, em São Paulo, a primeira Equipe de Nossa Senhora, no Brasil. Eram seis casais animados pelo entusiasmo do Pe. Oscar Melanson c.s.c., primeiro Conselheiro Espiritual e grande incentivador. Mons. Aguinaldo José Gonçalves, convidado, não pode ser o Conselheiro Espiritual da Equipe. Para que se tinham reunido? Para tomar conhecimento do conteúdo de uma pequenina brochura, os Estatutos das ENS , que um deles tinha recebido através de uma correspondência trocada com o Pe. Caffarel. Troca de idéias, debates, objeções ... Conclusão: iriam tentar a experiência da vida de equipe, tal qual era apresentada naqueles Estatutos . Mas, quanta coisa diferente e estranha! A começar pelo jantar. Em seguida, a forma de es-
tudar os assuntos propostos ... seria possível aquela abertura de uns para com os outros, na co-participação ou na partilha? Seria exeqüível aquela fraternidade capaz de levar a carregar os fardos uns dos outros? ... Um pouco a medo, iniciaram os primeiros passos, longe de pensar que estava sendo lançada uma sementezinha que haveria de crescer no decorrer dos anos. O seu intento era bem mais modesto: simplesmente reagrupar alguns casais, para tentar uma experiência nova que os ajudasse na sua vida conjugal e familiar. Simplesmente apoiados nos Estatutos, no primeiro tema de estudos e em alguns números da Carta Mensal francesa, foram se realizando as primeiras reuniões . Padre Oscar Melanson, no ar11
cações, de acordo com seus pontos de vista. Com muita mágoa vimos partir elementos que desejaríamos ter conservado ao nosso lado e a quem, pessoalmente, estimávamos. Mas respeitamos suas opiniões e sua liberdade". Padre Melanson (CM maio/80), continua nos relatando:- "Desde o princípio, procurara interessar jovens casais da J.U.C. (Juventude Universitária Católica) nas Equipes . A tempo e a contratempo espalhava o meu entusiasmo. Passaram-se doi s anos se m que nada acontecesse. Finalmente, veio um convite a Pedro para apresentar as Equipes a um grupo desses jovens casais. Após um tempo de espera, um segundo convite. ' Desta vez, ou vai ou racha', falei ao Pedro. E fo i! Uma segunda Equipe foi fundada em 21 de junho de 1952, sendo que quase todos os casais vêm da J.U.C. No final do ano, dezembro de 1952 surgiu a terceira Equipe . Com a atuação dinâmica do Pe. Lionel Corbeil , c.s.s., no Setor, houve um admirável surto. Enfim a coisa pegava fogo! Nos dias 14 a 16 de dezembro, preguei o meu primeiro retiro das ENS". Graças aos seus cantatas nas múl ti pias viagens, a partir de 1954 formam-se as primeiras equipes fora de São Paulo, Capital: Porto Alegre, Florianópolis, Campinas, Jaú , Curitiba, Caxias do Sul. No extremo norte do Brasil, houve uma experiência em Campina Grande; isolada, com dificuldades enormes na correspondência, não teve continuidade.
tigo publicado pela Carta Mensal de maio/80, no s conta:- " No dia 1° de julho de 1950, assisto à minha primeira reunião da equipe. Os casais já vinham se reunindo há dois meses, com Mons. Aguinaldo . Estavam estudando um ponto dos Es tatutos das ENS. Na reunião seg uinte, fiz a minha confissão: minhas reticências, minhas tergiversações . E dis se: ' Se vocês qui se rem isto (os Estatutos), eu estou com vocês'. Recordo com que alegria acolheram a minha capitulação. E eu já os amava mai s que aos Estatutos! No dia 9 de de ze mbro de 1950, fizemos o nosso primeiro recolhimento em São Paulo. Em 1951 , começa uma segunda equipe. Os Moncau são o casal piloto e eu o assistente (obviamente, eu tinha perdido todo reflexo de defesa). No dia 26 de agosto, houve um segundo recolhimento, com as dua s equipes , no Sedes Sapientiae. Em 1952, pela sedimentação dos primeiros ensaios, houve a fusão das duas equipes". D. Nancy nos conta: "Algumas dificuldades surgiram logo, mas Pedro com firmeza e perseverança no objetivo proposto e um esforço permanente, conseguiu atravessar estes primeiros anos, se m se afastar das diretrizes básicas do Movimento. Uma delas foi a resistência a uma di sciplina e a um Estatuto. Muitos casais entravam para as Equipes e logo às primeiras reuniões, antes mesmo de terem feito com seriedade sua experiência, já propunham uma série de modifi12
PRlMElRAS EQUlPES FORA - PAULO DA ClDADE DE SAO 1.
R10 GRANDE DO SUL: A PERS1STÊNC1A S1LENC10SA
aspirações de vida plena a dois, na busca de santificação dos cônjuges num mesmo Sacramento. Reunimos, no início 6 casais, os quais já eram afinados pela integração na Congregação Mariana e na Ação Católica, tanto os maridos como as esposas: Marina e Edmundo Casado Marques, Lígia e Fernando Costa Gama, Izar e Jorge Casado de Azevedo, Janice e Otto Krause, Niomar e Júlio de Rosa e nós. Possuíamos, ainda, mais um laço a nos vincular ao Movimento: Pe. Oscar Melanson, de grande atuação na Ação Católica, era Assistente de Equipe. Começava conosco, como Assistente Espiritual, Pe. Agostinho Pretto. Mergulhamos fundo na leitura dos Estatutos e no estudo dos mesmos. Fizemos contato com São Paulo, e Monique e Gerard nos pilotaram com dedicação e carinho, apesar da distância. Crescíamos na caminhada, aprofundando nossos estudos, alimentando o desejo de fazer com que outros partilhassem da riqueza da descoberta que havíamos feito. Estávamos entusiasmados, querendo crescer, quando foi comunicado ao nosso Assistente Espiritual pela autoridade responsável pela pastoral na Arquidiocese que, tendo optado pela difusão de outro Movimento de casais na sua jurisdição, não queria a expansão das ENS, para não haver competição no
Por volta de 1954, Fernando e Lígia Costa Gama, voltando do Congresso Eucarístico do Rio de Janeiro, receberam das mãos de Pedro Moncau, os Estatutos e os documentos básicos das Equipes de Nossa Senhora, fazendo sentir que desejava fazer que os mesmos viessem parar nas minhas mãos, porque não sei. Tão logo chegados à Porto Alegre, Fernando e Lígia diligentemente nos entregaram sem ao menos os terem lido. Quando recebi, avidamente os li e reli, encantado e surpreso. Eles continham uma resposta que não só eu, como também amigos e companheiros meus buscávamos. Parecia que o Senhor os havia escrito para nós. Confusos, víamos que a cultura dominante sufocava o "grande Sacramento", o qual era grande na palavra e pobre na vivência. Em nosso Estado, especialmente no interior, era uso, ainda, na Igreja os homens postaremse do lado do Evangelho e as mulheres no da Epístola. Homens e mulheres faziam retiros separados, como se fossem diferentes as verdades transmitidas, bem como as virtudes a serem cultuadas . O surgimento das Equipes de Nossa Senhora era uma resposta aos nossos anseios, aos nossos desejos e 13
aliciamento de casais. Nosso Assistente sentiu-se na obrigação de comunicar-nos a decisão de deixar de nos acompanhar. A decisão não implicava, em extinguir a nossa Equipe, mas não poderíamos difundir o Movimento. Devíamos silenciar, evitando a propagação, pois a vontade da autoridade era que todos se preocupassem com o movimento que fora escolhido, que, no seu entendimento, atendia às aspirações pastorais já definidas. Obedecemos, não sem sacrifício, não sem dor, mas com aceitação e fé, convictos que Deus apontaria o caminho. Durante anos assim nos mantivemos. Conseguimos sempre Assistentes que nos aj udaram e foram eles os sacerdotes religiosos: Olmiro Allgayer, Odilon Joeger e Frei Júlio Refosco. Os dirigentes do Movimento sempre estiveram ao nosso lado, indicando Casais de Ligação dentre os quais, agora destaco Altimira e Paulo Saraiva. Sempre que algum casal das ENS vinha a Porto Alegre, nos visitava e estimulava. Estudamos e aprofundamos os temas de estudos. Prestamos o Compromisso solenemente e o renovávamos com fervor. Duvido que haja Equipe que tenha esmiuçado tanto os Estatutos e, os hoje chamados Pontos Concretos de Esforço, quanto a nossa. Nos deixamos envolver pelos primeiros temas que nos foram passados. Sempre buscamos estar presentes nos Encontros do Movi-
men to. Apesar de tudo, continuávamos sendo a equipe do silêncio, teimosa, persistente, presente, viva, mas sem vitalidade, até que aparece, como enviado por Deus, o padre, hoje Monsenhor Antônio Lorenzzatto. Ele assumiu a defesa do Movimento, falou com o Arcebispo, mostrou seus méritos, seus valores e recebeu a autorização para trabalhar na implantação. Aos poucos, tínhamos dez novas equipes na Capital, pilotadas pelos casais da primeira equipe e mais tarde, sendo necessário já as entregávamos a Helma e Luiz Pau letti que representavam a nova geração. Instalamos a primeira Coordenação da qual estivemos à frente, posteriormente entregando-a ao casal Helma e Luiz, acompanhados de perto pelas bênçãos e dedicação do Padre Antônio. Aquela semente cultivada no silêncio, alimentada pela oração e expectativa de seu crescimento em extensão e profundidade, começou a se expandir graças ao trabalho dos novos e à compreensão das autoridades, o que permitiu que vicejasse a tal ponto que hoje estão presentes duas Regiões, uma com 64 equipes e 320 casais e outra com 46 equipes e 270 casais. O Movimento cresceu envolvendo centenas de casais e farru1ias, todos passaram a usufruir de sua mística, de sua ação, de seu exemplo, de sua espiritualidade.
Fernando A . G. da Fonseca (da Denize) Equipe 1 - Porto Alegre, RS 14
••• 2.A PRIMEIRA EQUIPE DE SANTA CATARINA Entre 1950 e 1954, um grupo de jovens casais, que se casaram nesse período, egressos das atividades pastorais desenvolvidas na Ação Católica, buscava espaços dentro da Igreja para viver a experiência de uma espiritualidade para casados, pois não havia lugar para casais, como tal, nos Movimentos da época. Todos se separavam nas celebrações. Era uma situação que esses jovens casais questionavam e se esforçavam para ter oportunidade de viver concretamente, também dentro da Igreja, a condição de casal. Foi quando chegou a Florianópolis o padre Francisco de Sales Bianchini, recém-doutorado em Roma que abraçou a causa desses casais, procurando algo para lhes dar como apoio numa nova caminhada. Em setembro de 1954, veio a Florianópolis o padre Oscar Melanson, Assistente Espiritual da ENS de São Paulo. Tomou conhecimento das preocupações dos casais, do desejo do padre Bianchini, falou para eles da existência, em São Paulo, do Movimento Equipes de Nossa Senhora. Algumas cartas foram trocadas e, no dia 8 de março de 1955, foi realizada a primeira reunião da primeira Equipe de Nossa Senhora, no Estado de Santa Catarina, da qual participaram os casais Lina e Benno, Nagibe 15
e Aderni, Irany e Nereu, Di va e Darei, Dilma e Miguel, Maria Odete e Washington e o Assistente Espiritual padre Bianchini. Dilma e Nagibe, viúvas de Miguel e Ademi freqüentam a Equipe em ocasiões especiais, continuando portanto a Equipe com a mesma formação nos seus 45 anos de existência. Como pilotos assumiram D. Nancy e Dr. Pedro Moncau, que pilotaram a equipe por correspondência.
Irany e Nereu, Equipe I - N. Sra. do Desterro Florianópolis, SC
••• 3.CAMPINAS Conforme pesquisa realizada junto aos casais remanescentes da primeira Equipe de Nossa Senhora de Campinas, constatamos que o Movimento começou nessa cidade, em 1955. Nesta data, o Movimento ainda estava nascendo no Brasil e o Sr. Luciano Marques, médico que residia em São Paulo e trabalhava em
mensalmente para estudar e refletir a Palavra de Deus, como faziam há quarenta anos, continuando assim dando testemunho de unidade e de casais cristãos. Tudo isso é fruto daquela semente plantada, que resumimos no versículo dos Atos dos Apóstolos , 4, 32: "Tinham um só coração e uma só alma!"
Campinas, no Instituto Penido Burnier, teve uma conversa com sua esposa dona Nair e, como já faziam parte do Movimento em São Paulo (Equipe 4), resolveram convidar alguns casais, colegas de profissão de Luciano, para uma reunião em que seriam apresentadas as propostas das ENS. Esta reunião, de fato, aconteceu no dia 05 de maio de 1955 e, como esperavam, a luz do Espírito Santo brilhou neste dia, formando-se a primeira Equipe de Nossa Senhora, em Campinas. Esta equipe, durante sua caminhada, contou com a ajuda e importante participação do casal Alice e Mário de Jesus, que, mesmo enfrentando algumas dificuldades com entrada e saída de alguns casais, conseguiu formar mais outras cinco equipes, sendo constituído, assim, o Setor de Campinas em 1962, com seis equipes. Para essa ocasião, puderam contar com a presença do padre Caffarel, de dona Nancy e Pedro Moncau. De toda essa história, um fato interessante nos foi contado. Não poderíamos deixar de destacar que, alguns casais, até hoje, mesmo desligados do Movimento, reúnem-se
Maria Lúcia e Pedro de Oliveira Casal Regional Região São Paulo Centro I
• •• 4 · JAÚ: O DEDO DE DEUS Convidado pela Carta Mensal a escrever sobre o início do movimento e seus plimeiros passos, aqui em Jaú, embaralhei-me já no título. Queria intitular este rascunho "O dedo de Deus", como realmente aparece desde a fundação. E tal o caminho, que só Deus podia traçar. Vejamos. Religioso premonstratense, desde os estudos, eu tinha particular interesse por tudo o que se relacionava com a família. Na década de 40, os estudos teológicos se voltaram para a Assunção de Maria. Pelos anos 47, 48 começaram a ser realizados Con16
gresscis de Teologia de índole nacional, das quais, como jovem professor de teologia, participava. Encerrou o 2° Congressó no Rio, o Padre Helder Câmara (mais tarde o grande arcebispo do Recife). Descreveu seu trabalho pastoral: reunir famílias nas casas para aprofundamento da religião. Entusiasmei-me, mas a hora de Deus não chegava. Todos os domingos, eu celebrava a Missa em nossa igreja. Após a Missa, um médico, Dr. José Luís França Pinto me procurava para um bate papo. Uma vez, saiu com esta: "A gente vem à Missa, houve coisas boas, mas fica nisso. Pouco se sabe da religião. É pena!" Expus-lhe o trabalho do Pe. Helder, entusiasmouse também, e disse: "Vou falar com o Adonis Pirágine, dono da Academia de Comércio". Achava-se em Jaú, para dar palestras na academia sobre teatro, o Clóvis Garcia, de São Paulo, colunista do assunto "teatro", no jornal "O Estado de São Paulo". Quando o José Luiz falou com o Adonis sobre o estudo de religião nas casas, o Clóvis, que nessa hora estavajunto, entrou na conversa. "Isso que vocês estão querendo fazer já existe em São Paulo. E bem organizado, com estatutos próprios. Entrem nesse movimento e não será preciso começar coisa nova. Se quiserem, explico tudo para vocês". Combinaram uma reunião para às 14 horas. Imediatamente me falaram dessa reunião. O senhor topa começar? Topo. É um movimento de casais chamado Equipes de Nossa Senhora, em que se estuda e se vive a espiritualidade conjugal. Nes17
se instante uma ducha fria caiu sobre nós três. Éramos apenas três pessoas ouvindo. Nada de esposas. Exposta toda a organização, funcionamento, as vantagens da Equipe, nós nos perguntamos: queríamos estudar religião e nos fala de espiritualidade conjugal... e agora? ... Vamos topar, pois queremos alguma coisa. O senhor topa? Perguntaramme. Topo, respondi. Logo pegaram a lista telefônica e foram catar nomes de casais que fossem aptos e pudessem aceitar o convite (notem que o médico tinha uma grande clientela, o outro era dono de escola, muito freqüentada. Daí a consulta à lista telefônica). Foi difícil encontrar os nomes. Mas finalmente chegou a hora de Deus. Estava começando a Equipe de Nossa Senhora, em Jaú. O Clóvis prometeu entrarem contato, em São Paulo, com o Dr. Moncau e D. Nancy e enviar-nos o material necessário. Assim, em setembro de 1955 realizamos nossa primeira reunião. Não se vê em tudo isto o dedo de Deus? Durante anos juntei pedrinhas para chegar a essa conclusão maravilhosa: Deus seja louvado! Durante uns dois anos saboreamos, de braços cruzados, os ensinamentos
sobre o "Amor e Casamento" e "Os caminhos que levam a Deus" (temas obrigatórios dos primeiros anos). Novamente o dedo de Deus entra em ação. Na reunião alguém diz: "É demais recebermos tantos ensinamentos e não levarmos nada aos outros ... " Inspiração, sem dúvida, do Espírito Santo do Senhor. Acordaram. Seguiram a segunda, terceira e outras equipes. Note-se que ninguém, então, falava da expansão do Movimento. E levamos as Equipes de Nossa Senhora à Araraquara, (depois morreu - fundada novamente por São Carlos, hoje floresce), Bocaina, Pederneiras, Bauru, Dois Córregos ... Aquela sementinha cresceu e deu frutos. Hoje contamos com vinte e três equipes, divididas em dois setores e onze sacerdotes conselheiros espirituais. Se escrevemos tudo isto, não foi para nos gloriarmos. Nada nos custou. Foi só para mostrar como o dedo de Deus- Espírito Santo- nos levou por caminhos desconhecidos. Continue, Senhor, a conduzir nossas equipes e suscitar muitos apóstolos leigos. Nossa Senhora, Rainha de suas equipes, rogai por nós!
Cônego Pedro Rodrigues Branco, O . Prem. SCE de 3 equipes e da Pré-Região São Paulo Centro III
••• 5. PRlMElRA EQUlPE DO PARANÁ: CURlTIBA
para fazerem estudos da bíblia. Após algumas reuniões, ao refletirem sobre a Doutrina Católica, perceberam com mais profundidade o caráter sacramental do Matrimônio, tomando assim consciência do sentido prático das graças do Sacramento do Matrimônio, como caminho de santificação. Começou, então, a busca por algo mais. Padre Rafael levou ao conhecimento do grupo que, em São Paulo, estava sendo iniciado um Movimento de Casais, que poderia ajudá-los nessa busca. Como o padre Rafael estava sempre viajando para São Paulo, foi encarregado pelo grupo de estudo bíblico, de estabelecer contato com Pedro Moncau e trazer notícias a respeito do Movimento de Casais, pois os participantes desejavam que suas esposas tomassem parte desses encontros. Padre Rafael visitou cada um dos casais e marcou a primeira reunião para o dia 04/04/57. Nesta reunião compareceram, e são fundadores do Movimento das Equipes de Nossa Senhora em Curitiba, os casais: Lo urdes e Silvio; Lygia e José Maria; Sodênia e Ruy; Zilda e Francisco (permanecem até hoje no Movimento); Edi e Ubaldo e o padre Rafael Busatto, o Assistente Espiritual. O Casal de Ligação da Equipe ao Movimento foi Nancy e Pedro Moncau, que acumulou, também, a função de Casal Piloto, sendo substituído em seguida por Carmem e Luiz Gonzaga, de São Paulo.
Maria Ângela e Luiz Adalberto CRR - Paraná Sul
Em 1957, alguns homens reuniram-se com o padre Rafael Busatto, 18
AS VlSlTAS DO PADRE CAFFAREl AO BRASll "Não se considerem melhores que os outros, por serem das Equipes de Nossa Senhora. Tenham consciência de serem pobres pecadores, dos quais porém, Cristo pode se servir para fazer milagres, se tiverem uma grande confiança no seu amor e na sua graça". Pe. Caffarel
O
padre Caffarel fez três visitas ao Brasil. A primeira, foi em julho de 1957, quando encontrou aqui 13 equipes formadas. Para essas equipes, a presença do inspirado criador das ENS, foi um verdadeiro Pentecostes, pois só assim os casais conseguiram entender realmente toda a dimensão do Movimento, todas as exigências da espiritualidade. Foram feitas reuniões em São Paulo, no Colégio Santa Cruz, com representantes das 13 equipes. A Segunda, foi em setembro de 1962. Havia então 167 equipes. A expansão se realizara um pouco desordenadamente e o Pe. Caffarel, como pai cuidadoso, não hesitou em alertar-nos sobre o pe19
rigo que as equipes poderiam correr: era preciso atentar meno para a quantidade e mais para a qualidade. O programa comportava uma Sessão de Quadros em Valinhos, a instalação do Setor de Campinas, uma visita ao setor de Jaú e encontros, em separado, com os casais de São Paulo e com os Conselheiros Espirituais de suas equipes, além de um contato mais íntimo com a Equipe da Região. Em setembro de 1972, o Pe. Caffarel veio pela última vez ao Brasil. Contávamos, então, com 350 equipes. Aqui, um programa intenso o esperava: duas Sessões de Formação, uma em Itaici, outra em Florianópolis e três Encontros Ge-
rais: em São Paulo, Florianópolis e Rio de Janeiro. No final de sua visita, padre Caffarel nos diz: "Muita coisa vi, muita coisa aprendi e parto acreditando cada vez mais na missão das Equipes de Nossa Senhora". A presença do padre Caffarel foi sempre motivo de crescimento e esperança para todos. Nosso fundador soube despertar nos equipistas brasileiros uma visão nova, séria e profunda do Movimento e uma vontade maior de viver mais, e melhor, o cristianismo. Seu testemunho nos fez compreender o que ele queria dizer com a expressão: "casais caminhando para a santidade, através da espiritualidade conjugal."
Podre Cofforel durante visito ao Brasil, em 1972 20
OS PRIMEIROS CONSELHEIROS
PADRE OSCAR MELANSON "Reunião, meios de aperfeiçoamento, temas de estudo - discute-se muito hoje esses assuntos. Eu acho que, no fundo, é tudo questão de saber acariciar o porco-espinho, no sentido certo." Pe. Melanson
dre Oscar Melanson foi o primeiro Conselheiro Espiritual as Equipes de Nossa Senhora no Brasil. Apresentamos alguns trechos do artigo, em que ele nos conta como foi "laçado" e o início do Movimento. Padre Melanson foi Assistente Latino Americano daJ.O.C-Juventude Operária Católica, e no desempenho desse compromisso, viajou por todo o Brasil e pelos países da América, sempre divulgando o Movimento. Lançou a semente de muitas equipes, em nosso país. "No começo, pensava que este Movimento se tratava de mais um grupo de gente casada que queria se reunir pelo prazer de se reunir e não queria fazer nada. Fui só para agradar ao cura da Catedral, Mons. Aguinaldo José Gonçalves, a quem eu devia muitos favores. A coisa foi assim: quando uma chuva de pedras quebrou todas as vidraças da sede da J.O.C no Ipiranga, a gente não agüentava ficar lá à noite, de tanto frio, e o cura cedeu-me uma das três camas que mantinha num corredor à disposição
Podre Oscar Melonson dos padres que não tinham onde ficar. O fato é que fui àquela reunião só para agradar a ele; pensava atender ao seu pedido e "cair fora" na primeira ocasião. Bem, lá fui eu à primeira reunião; Pedro Moncau, muito habilmente, coloca na mesa 21
Movimento, sentindo muitas possibilidades de dar certo. Ele nos fala: das "possibilidades do ponto de vista conjugal: primeiro, era um Movimento feito por casais, para casais; segundo, os problemas que abordava, os temas de que tratava- o amor conjugal, os caminhos da unidade, as vias de união com Deus - dentro de uma espiritualidade própria. Isso não existia antes; era uma valorização do matrimônio que afinal vinha na hora certa, valorização cristã como a gente sentia nas cartas que nos escreviam, nos temas, no "L' Anneau d' Or". O Dever de Sentar-se, esse então foi uma revelação para mim, principalmente porque uma das maiores surpresas de minha vida sacerdotal foi a descoberta de que os casados não falam entre si mais do que eu falaria com o cobrador do bonde ou o jornaleiro; falam-se mais ou menos do mesmo jeito e sobre as mesmas coisas: o tempo, a falta d'água, o telefone que não funciona, etc .. Quando descobri que o Movimento tinha esse "Dever de Sentar-se", senti como aquilo tudo estava bem pensado. Para mim, o aspecto conjugal e o aspecto espiritual já eram valores importantes. Em terceiro lugar, percebi a possibilidade de se fazer também desse grupo uma célula eclesial: com base na necessidade de pôr em comum as preocupações conjugais e paternas, havia a possibilidade de fazer uma comunhão eclesial, uma igreja. Este foi um dos grandes valores que senti no Movimento".
ao meu lado os Estatutos das ENS. Enquanto eles conversavam, eu abri, comecei a olhar e quando acabei de ler perguntei ao Pedro: 'escuta aí, é isso que vocês querem fazer?', e Pedro respondeu-me: 'Sim, é isso mesmo'; aí eu percebi que já estava laçado ... Vi que aquilo era feito por gente que "entendia do recado", por gente casada para gente casada, e com certas exigências, com uma vontade evidente de fazer algo sério. Isso me cativou e senti que não poderia mais escapar. Continuamos só com esse grupo durante quase dois anos, pois queríamos ter a certeza de que podia funcionar também aqui no Brasil. Quando vimos que dava certo, começamos a falar no Movimento, a procurar casais para formar a segunda equipe. "Apanhamos" bastante: procurei muitas vezes o pessoal da J.U.C (Juventude Universitária Católica), falava com eles, mas ninguém "mordia ... " Uma vez, Pedro foi conversar com eles, eu disse a ele: 'olha, para mim chega, é a última vez que a gente vai falar com este pessoal; desta vez, ou vai, ou racha'. E foi; não rachou- graças a Deu s. Aquilo me prendeu muito. Eu percebia que o Movimento tinha muitas possibilidades, eu me entusiasmava por essas possibilidades. Eu viajava muito; por toda parte, comecei a falar: falava no Rio , falava em Florianópolis, no Rio Grande do Sul, em João Pessoa. Formaram-se as primeiras equipes fora de São Paulo: Jaú , Florianópolis, Porto Alegre". Padre Melanson acreditou no
Carta Mensal- Maio/1970 22
PADRE CORBEll
P:
das ao Brasil, entusiasmado, tornouse Conselheiro Espiritual de sua primeira Equipe, no ano de 1957, fundada sob a proteção de Nossa Senhora Rainha da Paz. Já se vão lá 43 anos que ele acompanha estes casais que são a sua família brasileira, e, dos quais se tornou um pai espiritual, firme, exigente, mas afetuoso. Esta sua maneira exigente de ser, revelou sempre o educador preocupado em levar seus filhos a crescer espiritualmente, através do cumprimento fiel dos Pontos Concretos de Esforço e do estudo dos temas de espiritualidade, que jamais aceitou fossem apresentados oralmente: tinha que estar tudo escrito também ! Para estes seus filhos, na sua última reunião de balanço, antes de se aposentar ele escreveu: "que Deus Pai abençoe cada casal desta minha bem amada Equipe, bem como suas queridas famílias". Padre Corbeil, merecidamente, recebeu em 1995 o título de cidadão paulistano, pelos inestimáveis serviços prestados à nossa cidade. Só a doença inexorável o impediu de levar avante tantos empreendimentos que o empolgavam. Num exemplo ímpar de fortaleza, ele concelebra diariamente a Eucaristia, na capela do seu tão querido colégio.
dre Lionel Corbeil, c.s.c, foi o Conselheiro Espiritual do primeiro Setor das Equipes no Brasil, em 1957. Vamos conhecer um pouco de sua vida. Uma palavra fraterna e carinhosa sobre um padre querido e amigo, que hoje goza sua merecida aposentadoria, numa aprazível casa no Alto de Pinheiros, recebendo aí a visita de todos aqueles que o querem bem . Padre Lionel Corbeil veio de Montreal, Canadá, em 1944, convidado pelo Padre Saboia de Medeiros a fundar um Colégio na Cidade de São Paulo, nascendo assim o Colégio Santa Cruz, do qual foi diretor até 1993. A vida de Padre Corbeil esteve também, intensamente ligada à Arquidiocese de São Paulo, sendo Assistente Geral da Juventude Católica, membro-fundador da Escola de Pais, fundador da Associação de Educação Cristã e o Conselho Estadual de Educação, colaborando ativamente na legislação do sistema educacional de São Paulo, que criou os cursos Supletivos. Interessou-se profundamente pelo Movimento das Equipes de Nossa Senhora, por sua mística voltada para a e piritualidade conjugal e familiar. Hospedando no Colégio Santa Cruz o Padre Cafarrel, numa de suas vin-
Equipe JB- Nossa Senhora Rainha da Paz São Paulo 23
UM SARAMPO DE MUlTAS CONSEQÜÊNClAS ma empolgação, a grande aventura das Equipes de Nossa Senhora. É o que íamos experimentar pela primeira vez, e se repetiria daí por diante em todas as visitas que faríamos, não só pelo Interior, mas, alguns anos mais tarde, também pelo
r incrível que pareça, foi tudo ulpa de um sarampo. Tudo u quase tudo, pois esse sarampo já foi pego como acidente de trabalho ... Mas vamos chegar lá. Em 1958, Da. Nancy e Dr. Moncau nos confiaram a ligação da equipe de Jaú. Naquele tempo, dizia-se "a" equipe de Jaú, "a" equipe de Campinas (e não "aEquipe I", como diríamos hoje), pois só havia uma: ao todo, eram cinco equipes no Estado de São Paulo: em Campinas, a primeira, fundada em 1955, em Jaú (também 55), em São Carlos (57), Ribeirão Preto (58) e Santos (58). Nós tínhamos somente quatro anos de equipe, mas o entusiasmo e a boa vontade iriam suprir a falta de maior experiência - pelo menos era o que vínhamos pedindo ao Espírito Santo no trem a caminho de Jaú. Na verdade, naquele tempo, todos nós estávamos mais ou menos no mesmo pé - basta ver as datas de fundação das equipes- e seríamos acolhidos como irmãos vivendo ames24
HISTÃ&#x201C;RICO DO MOVIMENTO DAS ENS NO BRASIL
30.11.49 Primeira carta do Dr. Mon cau para o padre Caffarel, pedindo informações sobre o Movimento
13.05.50 Início do movimento das ENS no Brasil
19.07.53 Primeiros passos (“embrião”) para a organização do 1º Se tor das ENS no Brasil
1949 a 1955 Junho 1954 1ª Peregrinação Internacional - Lourdes 1954 Início do Movimento no Rio Grande do Sul – Porto Alegre
08.03.55 Início do Movimento em Santa Catarina, Florianópolis
1962 Segunda visita Padre Caffarel ao Brasil.
HISTÓRICO DO MOVIMENTO DAS ENS NO BRASIL
1976 5ª Peregrinação Internacional – Roma
Julho de 1957 Primeira visita do Padre Caffarel ao Brasil. Criou-se oficialmente o 1º Setor no Brasil
1959 Início do Movimento no Rio de Janeiro
1963 Subdivisão da Região Brasil em 3 Regiões. Forma-se a primeira ECIR – Responsáveis D. Nancy e Pedro Moncau
1957 1957 –– 13 13 equipes equipes
1962 1962 –– 167 167 equipes equipes
1956 a 1960
1961 a 1965
1967 ENS no Brasil passa de 3 para 7 Regiões
1986 1982 6ª Peregrinação Internacional do Movimento - Roma
1966 a 1970
1971 a 1975
1976 a 1980
1981 a 1985
1976 Dirce e Rubens de Moraes assumem a direção da ECIR
1969 Assumem a Coordenação da ECIR Esther e Luiz Mar cello Moreira de Azevedo, passando, o Brasil, a ter 9 Regiões
Junho 1965 3ª Peregrinação Internacional – Lourdes
Maio 1970 4ª Peregrinação Internacional – Roma
1986 a 1990 1988 7ª Peregrinação Internacional - Lourdes. Anúncio da Segunda Inspiração.
Setembro de 1972 Terceira visita do Pe. Caffa rel ao Brasil 1965 Assumem a di reção da ECIR, Glória e João Payão Luz
Lançado o livro “O Sentido de U m a V id a ” , escrito por D. Nancy Moncau
1985 1985 –– 939 939 equipes equipes
1975 1975 –– 465 465 equipes equipes
Maio de 1959 2a Peregrinação Internacional – Roma
1960 Funda-se a Região Brasil
1972 Expansão Norte e Centro-Oeste Fundam-se as Equipes de Ma naus e Brasília
17.08.82 Dr. Pedro Moncau Jr. re t orn a à casa do pai
1986 Experiência Comunitária
1988 Beth e Romolo Protta assumem a responsabilidade da ECIR 1980 Expansão Nordeste Funda-se a primeira equipe em Recife. 1980 Peregrinação nacional a Apa recida. Comemoração dos 30 anos do Movimento no Brasil
1983 Cidinha e Igar assumem a ECIR
18.09.96 Padre Caffarel retorna ao Pai
1997 Comemoração dos 50 anos da Carta (Estatuto)
13.11.99 Reestruturação do Movimento no Brasil. São criadas 7 Províncias 1994 Maria Regina e Carlos Eduardo assumem a responsabilidade da ECIR
Novembro 1999 Silvia e Francisco Pontes assumem a responsabilidade do Movimento no Brasil. Último Encontro Nacional da ECIR
1995 1995 –– 1.193 1.193 equipes equipes
2000 2000 –– 1.950 1.950 equipes equipes
1991 a 1995
1996 a 2000 BRASIL
1994 8ª Peregrinação Internacional Fátima, ocasião em que é lan çado o apelo à MISSÃO Cidinha e Igar assumem a responsabilidade da ERI
1950-2000
Maio de 2000 Peregrinação ao Santuário Nacional de Aparecida, como comemoração oficial dos 50 anos do Movimento no Brasil Lançamento do livro escrito por D. Nancy, sobre a história do Movimento no Brasil
É preciso que cada equipe seja um viveiro de apóstolos. Formar equipes não é abandonar a massa. É suscitar apóstolos que irão prolongar a ação do sacerdote.
É bom olhar para as origens a fim de meditar nas lições que encerram e novamente partir com passo decidido para a missão que ai está a nossa frente. O passado prepara o futuro.
Henri Caffarel
Nancy e Pedro Moncau
HISTÓRICO DO MOVIMENTO DAS ENS NO BRASIL
Ninguém sabe até onde Deus pode conduzir uma alma que se deixa modelar por Ele.
BRASIL
Nancy e Pedro Moncau
1950-2000
Nunca deixeis de vos formar. Se a ação não nos vos permitir continuar vossa formação, a ação vos perderá. Henri Caffarel
A equipe que não avança, recua. Henri Cafarrel
Províncias Super-Região Brasil
Sul e no Rio de Janeiro. Recebidos por Ignez e Orozimbo Loureiro Costa, ficamos conversando até altas horas, como se fôssemos velhos amigos - e já o éramos mesmo depois de dez minutos, como sempre acontece entre equipistas. Planos eram arquitetados para o Compromisso, para a formação de novas equipes, para a Coordenação, depois para o Seto r. Um dos mais gratificantes foi a realização do retiro. Naqueles tempos, colégio religioso algum aceitava casais - nem pensar! Ignez e Orozimbo não tiveram dúvida: carregaram os equipistas e o Assistente, como se dizia então, o querido Cônego Pedro, para uma fazenda e lá ajeitaram maridos de um lado, mulheres do outro. No segundo retiro, foram as duas equipes. E pasmem os que hoje acham impossível ficar em silêncio quando todas as condições materiais estão reunidas para favorecer isto: o retiro foi no mais absoluto silêncio, como recomendava o Pe. Caffarel. .. Voltamos a 1aú outras vezes e foi na segunda visita, um ano depois, hospedados pelo então casal responsável da Equipe 1, que Gérard contraiu o tal sarampo. "Em casa de ferreiro ... ": embora o pai fosse médico, um dos meninos ia e vinha pela casa com 40° de febre - sarampo. "Vocês já tiveram, não é?" Chegando em casa, tomamos banho da cabeça aos pés, só faltou queimar nossas roupas, com medo de trazer o sarampo para o nosso filho, então com 4 anos. Só que, dias depois, quem caiu de cama foi Gérard ... A relação com o título? Sem ter o que
fazer, Gérard começou a matutar e acabou escrevendo um memorando para Dr. Moncau e Da. Nancy. Antes de contar o que havia no memorando, permitam-nos, cronologicamente, algumas outras recordações. Depois de 1aú, Dr. Moncau e Da. Nancy nos deram a ligação de Campinas e São Carlos. A primeira visita a São Carlos ficou marcada pelo atoleiro em que o nosso "fusca" ficou preso - chuva forte em estrada de terra dava isso mesmo e serve para lembrar que aqueles eram tempos heróicos : Ignez e Orozimbo relataram, numa Carta Mensal dos anos 70, a epopéia que representava - nos anos 60 - uma simples viagem de Jaú a Bauru. Estavam sendo esperados em Bauru para uma reunião da equipe, então em pilotagem. Ao chegarem à estação, descobriram que o trem estava parado em algum lugar, não havendo previsão de quando voltaria a circular. Chovia a cântaros, mas só restava mesmo a opção da estrada - um sabão só, evidentemente. Demonstrando mais uma vez decisão e criatividade, pediram ao Cônego Pedro que se sentasse no fundo da perua para fazer peso ... e enfrentaram a lama. A história ainda conta que, chegando em Bauru como iam ser apanhados na estação, não tinham idéia de onde seria a reunião -, tiveram de ir de casa em casa até acertarem, e serem recebidos com a maior surpresa e alegria, pois os casais, sabendo da pane do trem, tinham certeza de que não viriam mais. Em Campinas, Pérola e Cícero
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Wey de Magalhães costumavam nos Dutra de Oliveira, fomos hospedaesperar para o almoço. Nosso en- dos por Norma e Geraldo Duarte, initendimento era total: compartilháva- cio de longa colaboração. A Equipe mos o entusiasmo pelas Equipes e o 1, a cuja reunião assistimos os quaencantamento com as expressões da tro, era composta por professores da Faculdade de Medicina, e seu "Asfé aqui e alhures. Bem, e o sarampo? ou melhor, o sistente", o Pe. Diógenes da Silva memorando? Naquele ano de 1959, Matthes, seria, mais tarde, o primeiem Jaú como em Campinas, já ha- ro bispo de Franca. No dia seguinte, reunião da Equipe 2, via duas equipes sem quase toda de bancáricontar as que estavam os, e da 3. O Assistenpara ser lançadas, às Nosso vezes em cidades vizite era o Pe. Angélico entendimento nhas (Bauru, por Sândalo Bernardino, exemplo). Era evidenfuturo Conselheiro do era total: temente muito cedo Setor, hoje Bispo Auxicompmtilhávamos liar de São Paulo. Depara se pensar num Setor, mas faltava algupois foi a vez de Sano entusiasmo ma coisa, um liame entos. Encontramos uma pelas Equipes e tre as equipes de uma equipe muito homogêmesma cidade. Gerard nea, cujo casal fundao encantamento sugeria uma pequena dor, Therezinha e Nelequipe que "coordenasson Manoel do Rego, com as se" os responsáveis e vinha há tempos queexpressões os pilotos, para trocar rendo lançar a segunda equipe, o que aconteceidéias e programar atida fé aqui v idades conjuntas. ria exatamente por ocae alhures. sião dessa nossa visita, Numa segunda fase, as primeiras equipes ligarem abril de 1960. Seis se-iam entre si, até que pudessem meses depois, lançaria e pilotaria tamser todas ligadas localmente, quan- bém a terceira. Voltamos a Santos do haveria condições de se formar muitas vezes. um Setor. Aprovada a idéia pelos Por falar em instalação do setor, Moncau e pelo Casal de Ligação do que alegria a dos "padrinhos" quanBrasil na França, coube-nos a tarefa do os "afilhados" acediam à plena de implementá-la. autonomia! Era o fruto chegado à Começaram então os desdobra- maturidade e, quase tanto quanto os mentos em cadeia do sarampo ... Pri- irmãos que haviam liderado toda a meiro, fomos com Dr. Moncau e Da. caminhada das suas equipes, Nancy conhecer as equipes de Ri- sentíamo-nos realizados. Experimenbeirão Preto, que já eram três, duas tamos essa sensação primeiro com a delas em formação (pilotagem). O instalação do Setor de Jaú. Alguns casal Moncau era recebido pelos meses depois, nesse mesmo ano de 26
1962, foi a vez de Campinas, de instalar o seu Setor, de modo muito especial: é o único Setor brasileiro que se pode orgulhar de ter sido instalado pelo próprio Pe. Caffarel. Como viajamos por esse interior! Quando não havia uma equipe "antiga" por perto, lá íamos nós a fazer a reunião de informação ou de lançamento, levando conosco sempre que possível o futuro casal piloto. Felizmente, alguns casais da nossa equipe nos ajudavam. Nelson e Doris, Lançando e pilotando Araçatuba, numa façanha que deixaria boquiaberto um RS francês que achava "muito longe" a cidade vizinha, distante apenas uma hora, e a quem contamos que esses nossos companheiros enfrentavam 3 horas de trem mais I h Yz de ônibus e o mesmo tanto para voltar, num total de 9 horas de viagem, e isso com duas crianças pequenas. Teresa e Eduardo, lançando e pilotando equipes em São João da Boa Vista e outras 8 cidades, das quais infelizmente só vingou a de Casa Branca, hoje um Setor. Jorge e Maria Lúcia, visitando amiúde e ligando São José dos Campos e Taubaté. Essas duas primeiras equipes no Vale do Paraíba foram casos à parte. Em São José, a equipe começou com cinco casais franceses (levamos conosco o capelão da colônia francesa), mas só deu certo quando convidou para Assistente o Pe. Ramón Ortiz, de Jacareí, e vários casais brasileiros para integrá-la. A de Taubaté já existia como grupo, formado pelo Pe. Pedro Lopes na esteira do "Mundo Melhor", e compreendia 9 casais e uma viúva. Dois casais desistiram logo
depois da reunião de lançamento; quanto à viúva, foi preciso pedir uma licença especial ao Pe. Caffarel para que pudesse continuar, e até hoje ela se orgulha de ter sido a "primeira viúva das Equipes no Brasil". Maria, alguns anos mais tarde, mudou-se para São Paulo e entrou na nossa equipe, da qual já conhecia dois casai - mulher de profunda espiritualidade, foi para nós uma dádiva de Deus. No quartinho dos fundos havia um mapa onde espetávamos alfinetes coloridos à medida que se lançavam ou "filiavam" equipes. No início, uma cor para equipes "filiadas" ou "admitidas", outra para as "compromissadas" -jargão da época-, outra ainda para as equipes "em formação" (pilotagem). Com o tempo, passaram a significar uma Coordenação na la. fase, na 2a., um Setor, equipes isoladas ("fora de Setor", como se dizia então). O mapa ficava lindo, todo colorido ... Só que já não dávamos conta! Tivemos que dividir a tarefa, adivinhem com quem: Ignez e Orozimbo- começáramos com eles, com eles terminaríamos. Algum tempo depois, o Centro Diretor finalmente aprovou a sub-divisão da Região Brasil em três e, mal éramos oficialmente confirmados como Casal Responsável pela Região São Paulo/Interior, passávamos o cargo para Ignez e Orozimbo, pois ficaríamos com a Região Outros Estados. Isso, porém, já é outro "desdobramento do sarampo" e ficamos hoje por aqui ...
Monique e Gerard Duchêne Equipe AI - São Paulo 27
Caros Casais e Conselheiros Espirituais. Os cinqüenta anos do Movimento, que neste mês comemoramos, foram de graças e bênçãos que devemos agradecer ao Senhor. Durante esses anos todos, milhares de casais e de famílias foram beneficiados pelas propostas de busca da perfeição cristã no matrimônio e através do matrimônio, puderam crescer no ambiente de comunidade-igreja propiciado pelas Equipes, ajudados por sua mística e espiritualidade. Para além dos limites das Equipes, há um número ainda maior de casais e de famílias atingidos pelas iniciativas equipistas na pastoral familiar e em outras ati vidades na Igreja local. Tudo isso foi obra do Senhor, do seu amor e do seu poder. De modo todo especial devemos agradecer a Deus as mulheres e os homens que ele colocou entre nós para que plantassem e fizessem crescer no Brasil as Equipes de Nossa Senhora. Seus nomes estão no livro da vida (FI 4,3) e em nossos corações. Os casais da primeira hora para o Brasil, os casais da primeira hora para nossas Equipes, Setores e Regiões; os casais que ainda agora são apoio e inspiração para nós. Bendito seja Deus pelo amor desses casais, pelos seus sonhos, pela sua coragem e pela sua perseverança. Se os agradecemos a Deus, a eles também devemos agradecer. Temos de agradecer-lhes o amor, a dedicação. E sabemos que isso significou longas viagens, horas roubadas ao de canso e ao convívio familiar,
muita oração, muito estudo e planejamento. Nossa oração de agradecimento ao Senhor não seria completa se também não mostrássemos nossa gratidão a es as irmãs e irmãos que ainda estão entre nós ou que já foram para as núpcias eternas. Ao lado das Equipes sempre estiveram os Conselheiros Espirituais: louvado seja Deus que no-los deu e ainda continua enviando: que ele mesmo seja sua recompensa. Finalmente, celebrar os cinqüenta anos no Brasil das Equipes de Nossa Senhora deve ser oportunidade para renovarmos nossos compromjssos, casais e conselheiros espirituais. Cinqüenta ano já fazem história e tradição que no cobram fidelidade, inspiram confiança e empurram para o futuro. Que Maria, a Senhora de Nossas Equipes, esposa e mãe, rogue sempre por nós, para que possamos passar adiante, na sua plenitude, o carisma, o dom querecebemos. Deus nos ajude.
Pe. Flávio Cavalca de Castro, cssr.
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CRAVOS VERMELHOS EM 1TA1Cl PARTE11
D
no mundo, um dos objetivos da ECIR de maior repercussão junto às equjpes. Se, no início, houve rejeição por parte de alguns casais, devido à incompreensão a respeito de nossos propósitos, foi havendo uma mudança de atitude, na medida em que os casais se conscientizavam de que essa inserção no mundo é dever do cristão, e que inserir-se não significa apenas assumir ati vidades paroquiais ou diocesanas, mas significa sobretudo ser cristão em todas as atividades da vida. De nossa parte, como responsáveis pelo Movimento, procuramos manter um contato mais intenso com a hierarquia da Igreja, participar das Assembléias Nacionais da Pastoral Familiar, e dos diversos encontros relativos à família e das Assembléias do Conselho Nacional dos Leigos. Esse nosso esforço fez com que as ENS se tornassem mais conhecidas pela hierarquia da Igreja no Brasil e fossem aceitas pela mesma. Em razão disso, fizemos parte da Comissão Nacional da Pastoral Familiar, da Comissão Executiva do Conse-
epois de Dirce e Rubens,. foi a vez de Cidinha e Igar, que, com muita dedicação, estiveram à frente do Movimento de 1983 a 1988. Quando a Carta Mensal lhes disse: "Gostaríamos de saber qual foi o procedimento que marcou, de maneira especial, o período em que vocês estiveram à frente da ECIR", Eles responderam: "Queremos destacar apenas três fatos especiais:
• Inserção dos casais equipistas, como membros da Igreja, no mundo e maior aproximação da hierarquia da Igreja A preocupação, e conseqüente reflexão, no sentido de redescobrir a vocação das ENS, permanecendo assim fiéis à sua origem, foi contínua e, como decorrência, houve um permanente incentivo aos casais para assumirem nossa missão, como batizados , na Igreja e no mundo . Constatou-se ter sido este esforço pela inserção dos casais equipistas, como membros da Igreja, 29
lho Nacional dos Leigos e, por indicação dos bispos do Brasil, fizemos parte do Pontifício Conselho para a Família.
Assumir nossa missão como balizados na Igreja e no mundo;
• Experiência Comunitária das
ENS Considerando o fato de ter sido o Movimento previsto para casais evangelizados, reconhecendo não ser essa a realidade de um grande número de casais, ao menos na época da nossa responsabilidade, e considerando também o fato de não serem poucos os casais que deixavam a equipe algum tempo após a pilotagem, ou mesmo no transcorrer desta, por não se adaptarem à proposta de vida em comunidade, feita pelas ENS, após refletir muito, tivemos a idéia de começar a caminhada dos casais das equipes por uma "experiência de vida em comunidade", com a duração de alguns meses. Ao longo desses meses, iam sendo, aos poucos, vivenciadas as partes da reunião e introduzidos alguns pontos concretos de esforço, sem que nós os nomeássemos, e se fazia uma pequena catequese, deixando assim claro, desde o início, que deviam visualizar o Movimento como um caminho, rumo ao Pai, proposto para casais católicos. Ao final dessa experiência, apresentava-se o Movimento das ENS. 30
iniciar uma caminhada dos casais das equipes por uma experiência de vida em comunidade; maior aproximação de casais de equipes de base com a "direção do Movimento". Uma primeira experiência foi realizada em Jundiaí, com um grupo de casais interessados em participar das equipes e, em seguida, a partir de nossas anotações e algumas idéias, foi pedido, a alguns casais equipistas de Ribeirão Preto, que elaborassem um documento contendo o roteiro dessa 'experiência comunitária'. A ECIR decidiu, em seguida, que um grupo de casais faria uma reformulação do trabalho, que também foi submetido à apreciação de alguns experientes casais pilotos e conselheiros espirituais. Exemplares desses primeiros trabalhos foram entregues à ERI, que os fez traduzir para o francês e os distribuiu a todos os responsáveis de Super Região, na reunião do Colégio ERI/SR de 1987, na Bélgica.
As Experiências Comunitárias contribuíram significativamente para a expansão do Movimento no Brasil e, hoje, elas estão implantadas em vários países.
EACRES e das Sessões de Formação e as reuniões entre ECIR e os Responsáveis Regionais são sinais visíveis desse processo. Foi a partir desse momento, que os equipistas começaram a perceber como o movimento das ENS é avançado, a força evangelizadora que representamos e o papel importante que nos está destinado nos próximos anos."
• Abertura-Aproximação Um outro aspecto que ocorreu foi a procura de uma maior aproximação entre casais e equipes de base do Movimento e a comumente chamada "direção do Movimento". Procurou-se fazer com que cada casal, cada equipe, cada setor ou região tivesse uma maior participação nas decisões, estas, cada vez mais, tomadas em conjunto, aumentando assim o sentido de participação ecoresponsabilidade. A maior descentralização dos
lgar (da Cidinha) Casal Responsável da ERI
C1D1NHA E lGAR FEHR
a
asal Responsável pelo ovimento em todo o undo é brasileiro. Vamos conhecer alguns dados biográficos deles. Cidinha, nasceu em Brotas, SP e Igar em Jundiaí, SP. Conheceram-se quando foram colegas de classe no curso colegial em Jundiaí. Casaram-se em 1959, em Aparecida do Norte. Têm quatro filhos e dois netos. Em 1964 entraram nas Equipes de Nossa Senhora, participando no ano seguinte do Boletim "Equipe" da Coordenação de Jundiaí e em
1966 foram Pilotos de duas equipes. Em 1969 assumiram a responsabilidade do Setor de Jundiaí, e em 1972 foram escolhidos Casal Responsável da Região. Em abril de 1976 foram convidados a fazer parte da ECIR e em 1983 assumiram como Casal Responsável. Em 1988 foram nomeados pelo Santo Padre, Membros do Pontifício Conselho para a Família, por um período de cinco anos. Em 1989 passaram a fazer parte da ERI, assumindo como Casal Responsável da Equipe Responsável Internacional em 1994. 31
CARTA MENSAL
N
a Carta Mensal de maio/95, Monique e Gerard nos contaram como foi o início da elaboração das Cartas Mensais e de suas dificuldades. "A Carta Mensal era rodada num mimeógrafo a álcool, na cozinha do consultório do Dr. Moncau. 'Ninguém tinha experiência em Iidar com o mimeógrafo, lembra D. Nancy, e aquele mimeógrafo fazia a maior sujeira ... ' Quem rodava era o próprio Dr. Moncau, até o Aldo Sinesgalli vir substituí-lo, prudentemente munido de um avental. Com o tempo, e o Movimento crescendo, já foi possível arranjar um mimeógrafo a tinta- diminuiu bastante a sujeira! -e um auxiliar encarregado de rodar, o que permitiu liberar o Aldo. Até então, conta ele, "fazia quase tudo sozinho: traduzia os textos, batia os estênceis, passava no mimeógrafo e ainda entregava na casa dos equipistas". Aos poucos, pediu aos casais de sua equipe que ajudassem nas traduções - eram todos da J.U.C. e os universitários, naquele tempo, dominavam o francês. Os companheiros de equipe ainda tinham que ajudar a distribuir as Cartas, pois em 1956 já havia 7 equipes em São Paulo, ou seja, aproximadamente 40 casais. Foi o primeiro trabalho de equipe para a Carta Mensal! Em 1960, Doris e Nelson Gomes Teixeira assumem oficialmente o Secretariado e a Carta Mensal. .. 32
Graças ao seu dinamismo, a Carta Mensal vai dar dois passos decisivos. O primeiro: a partir de maio de 1961, ela é impressa, no formato de um pequeno livro, que cabia direitinho no bolso do paletó ou
numa bolsa de mulher. O segundo passo será dado alguns anos mais tarde: a entrega, pelo Correio, na casa dos equipistas, aqui em São Paulo. Antes disso, houve uma fase em que os Responsáveis de equipe iam buscar a Carta Mensal na Rua Paraguaçu (casa dos Moncau). D.
Nancy recorda com carinho aqueles tempos, em que o entra-e-sai de casais à procura da CM, ou de algum outro documento, proporcionava ao casal um contato constante com as equipes da primeira hora. Os equipistas eram sempre bemvindos, mesmo que fosse em horários inesperados, como quando um ou outro passava bem cedo, antes de ir para o trabalho, e encontrava a dona da casa de penhoar." Nossa Carta Mensal, embora tenha se transformado em uma revista, por fidelidade à sua origem, manteve o nome "CARTA MENSAL", mesmo tendo nove edições anuais e, é o instrumento oficial de comunicação do Movimento com suas equipes de base, isto é, vocês! Dentro dessa fidelidade, sua elaboração é responsabilidade de uma equipe - a Equipe da Carta Mensal- ligada a Super-Região e formada por um Casal Responsável, um Conselheiro Espiritual e mais quatro casais. E, como vocês podem também perceber, a grande maioria dos artigos é escrito por equipistas e não por jornalistas profissionais, transformando nossa Carta Mensal numa grande troca de "cartas" e experiências de nossos irmãos equipistas. Nesta edição comemorativa dos 50 anos do início do Movimento no Brasil, mostramos a evolução das capas da Carta Mensal. Em outras edições voltaremos a conversar mais sobre a elaboração da nossa Carta Mensal.
Equipe da Carta Mensal 33
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NOSSA MlSSAO EM PORTUGAl lheres, com reflexos também no desenrolar das reuniões de equipe - o Pe. Janela fazia seus apontamentos, mais interessado em aproveitar a experiência de evangelização brasileira para a Pastoral Familiar de seu País. Por isso, quis saber tudo sobre as dinâmicas de grupo, tão bem manejadas por Ana e Sílvío na vida de equipe, e sobre os métodos de evangelização desenvolvidos nas Experiências Comunitárias e nos Encontros de Noivos, que as Equipes de Nossa Senhora de Porto Alegre vinham trabalhando. E não sossegou enquanto não obteve a nossa adesão para participarmos de um seminário de formação de leigos no Patriarcado de Lisboa. Quando aceitamos não tínhamos idéia do que nos esperava: ao invé de mera troca de idéias, nós seríamos os próprios formadores de agentes. Foram doze dias de trabalho intensivo, porém apaixonante, em janeiro de 1995, em pleno inverno europeu. Para começar, nossos agasalhos não nos protegiam suficientemente do frio. Logo, o atento Pe. Janela providenciou, tirando do seu próprio guarda-roupa, dois sobretudos para nós. Ana e Graça foram às lojas. Aquecidos os corpos, era hora de esquentar a conjugação de esforços para que o nosso trabalho conjunto se tornasse viável , pois não tivéramos oportunidade de encontro, no Brasil, para acertarmos o modo de apresentação daquilo que cada
á que estamos nos preparando para o Encontro Internacional de Santiago de Compostela, vale a pena recordar um acontecimento muito peculiar, que resultou como fruto do rico convívio que se tem em um encontro destas proporções. Partilhamos essa experiência com os queridos amigos Ana e Sílvio Piza, da Equipe 16-D, N. Sra. do Amor, de São Paulo-Capital. Tudo se originou das co-participações que fazíamos durante a Sessão de Formação Internacional, que se eguiu ao Encontro de Fátima de 1994. Estávamos, então, no mesmo grupo de reflexão com Ana e Sílvio, do qual fazia parte o outro casal brasileiro, Anarosa e Donizetti Faria, amados amigos, que hoje são Responsáveis pela Pré-Região Goiás-Sul, mais um casal português, Rosa Maria e Francisco Campos, que foram Casal Responsável pela Super-Região de Portugal, e um casal africano de Luanda, Teresa e Pascual Pomba , que nos encantaram pela singular profundidade de sua fé. Completava o grupo o perspicaz Pe. Antônio Janela, então Conselheiro Espiritual da Região de Lisboa. Enquanto nós brasileiros nos deliciávamos com os relatos de Pascual e Teresa, testemunhando com simplicidade sua fé viva, dentro da sua realidade de extremos contrastes com os nossos costumes. Lá os homens ainda exercem enorme domínio sobre as mu-
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casal preparou separadamente. Nossa situação era delicada: não estávamos expondo apenas as nossas pessoas, mas também a reputação das Equipes do Brasil e de todo um trabalho para preparação de agentes, cuidadosamente articulado pelo Patriarcado, que arcou com todas as despesas para o bom êxito do seminário Leigos em Missão. Nosso "quartel-general" e oficina de trabalho se localizavam no apartamento residencial dos bons amigos Maria Isabel e João Luiz Ferreira, ao norte de Lisboa, casal equipista sem filhos, que não mediam esforços na ajuda incondicional que prestavam às iniciativas pastorais do Pe. Janela. Colocaram à nossa disposição computador, telefone, carro e motorista, pois não se cansavam de nos levar para um lado e outro. Além disso, fizemos ali várias refeições e aprendemos a comer saladas temperadas com leite. Por falar nisso, se existem mais de mil maneiras de se preparar o bacalhau, como é dito em Portugal, nos 13 dias que lá passamos comemos mais de vinte tipos deferentes deste delicioso prato. Bem, com a graça de Deus, o trabalho partilhado entre os dois casais foi bem sucedido. Conjugamos as inúmeras dinâmicas de grupo, muito bem orientadas por Ana e Sílvio, com o anúncio do querigma, dentro de uma evangelização básica, adaptada para uma catequese de adultos com casais, no i vos, sacerdotes, em pequenas comunidades. Mostramos as vantagens de se fazer uma preparação
para o casamento, não como um "curso", onde há aprendizes e mestres, mas com as características de um "encontro" de pessoas que comungam do mesmo ideal, no qual se vive a experiência inesquecível e marcante de estar com Jesus, numa convivência fraterna, diante da perspectiva da boa-nova do amor conjugal. Nós mesmos, pela força renovadora da ação do Espírito Santo, nos envolvemos de maneira tão viva com o trabalho, que nos maravilhamos com a descoberta do outro e despertamos para uma nova vivência de partilha do Evangelho. Fomos levados a passar esta experiência por diversas dioceses, em assembléias variadas, ora formadas por casais convidados da Pastoral Familiar, por equipistas, por jovens seminaristas, por presbíteros e bispos. No grande seminário "Leigos em Missão", contamos com apresença solene do Patriarca de Lisboa, Cardeal Antônio Ribeiro. Concluímos o evento com uma Missa de envio, aos moldes brasileiro, enriquecendo a liturgia com destacada participação dos casais, para espanto e alegria de todos - tão habituados com ritos herméticos, fechados à participação dos leigos. Enfim, podemos registrar que desencadeamos uma nova evangelização de casais em terras portuguesas, quase cinco séculos depois de o nosso Brasil ter recebido sua primeira evangelização. Quinhentos anos se passaram e foi a vez dos descobridores serem desbravados, colhendo os frutos das remotas sementes que aqui plantaram. 35
Em dezembro de 1996, recebemos uma carinhosa carta do Patriarcado de Lisboa, informando-nos que "na Diocese de Lisboa existe uma nova actividade com o nome de Leigos em Missão- Querigma, que congrega cinco grupos interparoquiais, cada um acompanhado por um pároco e que já realizaram seis encontros de evangelização do primeiro anúncio. Estes encontros de evangelização têm obedecido ao esquema por vós deixado ... " Mais adiante, falando das linhas de ação para o futuro , comunicava que "uma destas linhas tem a ver com o lançamento das Experiências Comunitárias". Depois, no Na tal de 1998, o casal equipista responsável em nível diocesano por
este trabalho, Ana e Vasco Varela, man teve contato telefônico conosco, dando contas de que estavam concluindo mais um grande encontro de evangelização para casais, com participação recorde. Ligavam para partilhar da exultante alegria que experimentavam ao se sentirem discípulos de Cristo, sinais verdadeiros de um Amor transformador. Como diz Michel Quoist: "para colher os frutos, é preciso sair de casa e seguir caminho, caminhar, caminhar sempre. Partir, Senhor, é aventura apaixonante".
Maria da Graça e Eduardo Barbosa Casal Resp. Província - Sul III
. . ... . . .. . . . . .. . . ...
ENS - UM FERMENTO NA COMUNlDADE
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oi no final de 1997 que alguns casais, a convite do Pe. Adenir, que já tinha trabalhado como C.E. das equipes, saíram de Brasília e foram plantar semente bem no coração do Brasil, onde fica a cidade de Água Boa. Era um trabalho novo para a região Centro-Oeste, pois eram as primeiras equipes de fora da capital Federal e do Goiás, agora no Mato Grosso, onde somente o Pe. Adenir tinha conhecimento deste movimento. A semente plantada começou a brotar devagar, mas com firmeza e
hoje já podemos colher bon·s frutos em toda a comunidade. As três equipes de Água Boa, sentindo-se motivadas neste Ano Jubilar e querendo viver intensamente a Campanha da Fraternidade para um "Novo Milênio sem Exclusões", atendem prontamente o convite do SCE padre Adenir, para dar assistência espiritual e social a um setor chamado Jardim Conquista. Estamos concluindo o cadastro das famílias católicas e de outras religiões na medida que estas aceitam. Neste setor já está acontecendo a 36
Águo Boa
Pastoral da Criança e a Cateq uese está sendo organizada, bem como a preparação para as Missões Saletinas. Estão em andamento em Água Boa, quatro Experiências Com unitárias e uma em formação. Essas atividades estão sendo de grande valia para o crescimento das ENS em nossa cidade, bem como para o fortalecimento dos casais. É a ação do Espírito Santo, bem como o Vargas, da Marina e a Maria do Socorro, do Vicente, q ue lá do céu estão intercedendo por nós. Outra experiência de grande valor foi o EACRE que aconteceu nos dias 26 e 27/03 em Brasília, onde se fizeram presente os Casais Responsáveis de Equipe de Água Boa. Com isso, vemos que a semente está produzindo seus frutos não somente com os casais equipistas, mas principalmente na comunidade como um todo, pois os PCE são como uma bola de neve, que vai aumentando de tamanho à medida que rola. Água Boa sente que as ENS foram uma benção, e por isso os ca-
sais pilotos SocorroNicente; Marina/ Vargas e Dalva /B atista têm um lugar especial na cidade- coração do Brasil, e principalmente com os equipistas. Queremos crescer no Movimento e com o Mov imento.
Equipes de Água Boa/MT Setor C da Região CO-II (Do Boletim - O Equipista agosto/99; Regiões CO I e IIBrast1ia, DF) Atualizado pelo padre Adenir- SCE das 3 equipes de Água Boa Nota da Redação: Os Casais Piloto das três equipes eram de Brasília distante aproximadamente 900 km de Água Boa, no Mato Grosso. Quando faltava apenas uma reunião para ser encerrada a Pilotagem e os casais Marina/Pedro e Maria do SocorroNicente, se dirigiam para Água Boa, para participarem dessa reunião, sofreram um acidente, vindo a falecer o Pedro Vargas e a Maria do Socorro. 37
UMA EQUlPE ESPEClAL EQUIPE NOSSA SENHORA DO SILÊNCIO
S
ílvio Márcio (surdo) e Yara
95) para ajudar como intérpretes nas reuniões. A Experiência Comunitária durou 17 meses e em fevereiro de 1997, com a presença do casal Maria Regina e Carlos Eduardo (ECIR), que vieram para o EACRE, foi lançada a Equipe 7 - Nossa Senhora do Silêncio. É uma equipe pequena de quatro casais: Virgínia e Albino (duas filhas ouvintes), Graça e Antônio Júlio (duas filhas ouvintes), Valdelvira e Paulo Takahira (um casal de filhos surdos e um filho ouvinte) e Yara e Sílvio (um filho ouvinte). Somos equipistas há três anos.
L~ila_ (ouvinte!, filh?s de pa!s
cnstaos, quenam vtver mais plenamente o seu matrimônio . Sendo filho de pais equipistas e por reconhecer os benefícios que o Movimento trouxe para a sua família, Sílvio pediu aos seus pais para ajudá-los a organizar um trabalho com casais surdos. Foi quando surgiu a idéia de fazer uma Experiência Comunitária só para casais surdos e antes mesmo do casamento (realizado em julho/96) ele e Yara começaram a participar do grupo (setembro/
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Nossa caminhada é um pouco mais lenta que a dos outros, porque as dificuldades são dobradas. No caminho rumo à santidade conjugal , tropeçamos em um grande obstáculo: a incapacidade dos nossos irmãos surdos de lerem um texto e o compreender. Na reunião preparatória realizamos três atividades ao mesmo tempo: preparamos a próxima reunião formal, realizamos estudo bíblico e damos aulas de Português. Aí vale ressaltar a paciência, a disponibilidade e o bom humor infinito do nosso Conselheiro, o padre Carlos Steiner. Estamos usando agora um truque para fazermos o estudo do tema: Yara simplifica o texto a um português fácil, o Sílvio faz a leitura, gesticulando em LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais), e o Paulo grava tudo isso em fita de vídeo,
que depois é reproduzida para os outros casais. Nós , Yara e Sílvio, somos o primeiro Casal Responsável da Equipe, estamos empenhados em realizar um bom trabalho e ajudar a nossa equipe a crescer na fé e no amor, pois sentimos quanto as ENS têm contribuído para uma maior espiritualidade dos casais. Os PCE vividos com alegria e constância são meios para o casal encontrar o caminho da santidade. Obrigado, ENS. Obrigada Nossa Senhora do Silêncio. Obrigado, queridos irmãos equipistas, por suas orações e pelo apoio. MAGNIFICAT!
Yara e Sz1vio Márcio Equipe 7- Nossa Senhora do Silêncio Setor A - Manaus, AM
Nota da Redação: Durante os dias 12 a 16 de janeiro, em Fortaleza, aconteceu o X ENAPAS (Encontro Nacional da Pastoral dos Surdos), para traçar as diretrizes da Pastoral para o biênio 2000/0 I. As ENS se fizeram presentes apresentando o trabalho realizado com casais surdos em Manaus, AM, de modo especial com a Equipe 7 N . S. do Silencio. O Casal Ligação Stella e Alencar, reunido com os agentes da Pastoral dos Surdos, falou da experiência (inédita) no Movimento. Sílvio, Responsável da Equipe realizou trabalhos com os grupos, relatando a sua vivência como equipista surdo e o quanto ele e os demais casais da equipe têm se beneficiado e crescido, em sua vida de casais cristãos, através das ENS. Os casais surdos ficaram entusiasmados com as ENS e alguns desejam fazer a mesma experiência em seus Estados de origem . Ao final do Encontro, o Sílvio Márcio foi escolhido como Coordenador Nacional da Pastoral de Casais Surdos.
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RECORDANDO E AGRADECENDO
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o ler o artigo "Padre Roger Tandonnet - Um grande amigo das ENS do Brasil", relembrei o ano de 1975 em Manaus. Eu tinha 12 anos e Pe. Tandonnet ficou hospedado em minha casa, junto com Marie e Louis D ' Amonville. Foi muito bom ter tido contato com eles, embora na época eu pouco soubesse de seu grande valor. É desde este período que as ENS estão fazendo parte da minha vida. Sou filha de Neuza e Antônio (falecido), equipistas da equipe 1 de Manaus, e agradeço a Deus por ter entrado nas equipes tão nova, ainda criança. Pude acompanhar o crescimento do Movimento das Equipes em Manaus e pude perceber toda esta grande fanu1ia por todo o Brasil. Recebemos visitas em nossa casa: de paulistas, como D. Nancy e Pedro Moncau, Maria Helena e Zarife, Cidinha e Igar; cariocas, como Mery Nise e Sérgio; brasilienses como Elza e Renato, Mariola e Eliseu; gaúchos, como Vilma e Júlio; curitibanos, como Ita e José, e tantos outros. Pude ter um convívio, durante minha adolescência e juventude, com casais que buscam esta santidade conjugal e servem de exemplos para os jovens. Cresci e tomei-me equipista; estamos há oito anos no Movimento. Uma vez , de férias em Niterói, contatei com casais de lá e fui a uma missa mensal. Coincidentemente, era a missa de 25 anos do Movimento. Uma filha de equipistas agradecia
aos pais pela infância e adolescência vivida entre a farru1ia equipista e não sabia o que deveria fazer com tudo o que recebeu durante todos esses anos. Eu digo, faça o mesmo para seus filhos. É isto que busco. Nossa filha mais velha tinha três anos quando começamos e nossa ftlha mais nova já nasceu equipista. Ela sempre se refere aos casais "da nossa equipe". Mas agora pude sentir de perto o apoio desta família em nossa mudança para Recife. Estamos aqui há um ano e já estamos bem integrados, pois os equipistas que nos acolheram mostraram que realmente somos uma grande família. Obrigada D. Nancy e Dr. Pedro, a sua perseverança fez uma grande diferença em minha vida. Obrigada a todos que se dispuseram a incentivar o Movimento em Manaus. Obrigada a meus pais que souberam que, através deste Movimento, podiam fazer uma grande diferença em nossa família e em tantas outras. Obrigada meu Deus por eu ter permitido que tua mensagem entrasse e agisse em mim. Obrigada Maria pela proteção de todos estes anos. De Manaus, nós fomos paraRecife, onde fomos acolhidos pela Equipe 4 ; atualmente estamos em São Paulo e pertencemos à Equipe 16B- N. Sra. das Famílias.
Lucimeyre (do Gil Carlos) Eq. 16B- N. Sra. das Famílias São Paulo 40
A PEQUENA FAGULHA E O GRANDE- CANDElABRO DE SAO TIAGO
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procissão se preparava para a sua caminhada. As velas precisavam ser acesas. Mas ninguém tinha fósforos. Irmã Maria, olhou para a pequena lamparina que iluminava o Sacrário. Era uma pequena fagulha de luz, mas que estava indicando o lugar ondeJesus Cristo estava tão vivo e tão real como está no Céu. Num relance, encostou o pavio de sua vela na pequenina chama e este se acendeu. Passando imediatamente para as outras velas, dentro de poucos instantes, todas as velas da Comunidade estavam acesas. Olhando a lamparina, era a mesma, humilde , pequenina, cumprindo os seus desígnios. E certamente, assim continuaria, mesmo que tivesse acendido as velas do mundo inteiro. Há mais de meio
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risma fundador e à Mística da sua organização, como uma pequena fagulha, frágil, mas útil e submissa à sua caminhada. É por isso, que nosso Movimento vai este ano festejar o Grande J ubileu, à sombra do grande candelabro de São Tiago de Compostela. Muitos casais lá estarão fisicamente, mas todos , sem exceção, lá estarão espiritualmente. Assim, todo mundo, que pertence ao nosso Movimento , formará a grande cadeia da fé , voltada para a pequena fagulha que foi a grande origem do nosso amor fraternal. Portanto, todos reunidos, em São Tiago ou nos nossos locais de origem, vamos nos unir numa grande prece, transformando as fagulhas da nossa fé em grandes luzeiros, a iluminar o nosso Amor conjugal e a valorização da farru1ia, nesta grande caminhada, rumo ao Terceiro Milênio e ao Grande Jubileu do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo. Que todos aqueles que nos olharem, reunidos em São Tiago ou em nossas Comunidades, possam dizer e murmurar: OLHA, COMO ELES SE AMAM!
século, o Pe. Cafarrel, também teve a idéia de acender o pavio da fé, daqueles casais pioneiros, que deram origem ao Movimento das Equipes de Nossa Senhora. A pequena lamparina, espalhou sua luz pelo mundo inteiro, hoje podemos comparar o nosso Movimento, com o enorme candelabro de São Tiago de Compostela, onde muitos casais irão encostar o pavio de suas velas, para a grande procissão do Jubileu de Nosso Senhor Jesus Cristo. O Movimento das Equipes de Nossa Senhora, sendo um Movimento da Igreja, é santo porque surgiu de uma inspiração divina, mas é pecador porque é dirigido por Casais, pessoas humanas, portanto passíveis de errar. O importante, é que continua fiel ao Ca-
Glória e Agostinho Gomes Ribeiro Eq. 70- A - Região Rio III 42
HlSTÓRlA DA SllHUETA DA NOSSA SENHORA DAS EQUlPES dre Cirillo Paes, Conselheiro Espiritual da Equipe 1, em São osé dos Campos presenteou a Equipe com uma imagem de Nossa Senhora, em atitude de oração, ajoelhada. Tratava-se de uma peça simples em gesso, que restou de um presépio desfeito. Durante uma das reuniões, um dos equipistas, olhando essa imagem de gesso, desenhou-lhe a silhueta. Esse desenho ficou guardado, por muito tempo, em uma pasta que continha os documentos da Equipe e permaneceu junto com outros papéis, totalmente esquecido. Um belo dia, Maria Antonieta e Luiz Gonzaga Rios, Casal Ligação da mesma equipe, encontraram na tal pasta de documentos o desenho de Nossa Senhora.
ferro, adorna uma das paredes da casa de Maria Antonieta, Dona Nancy Moncau e muitos outros equipistas. Luiz Gonzaga, em um EACRE realizado no Colégio Coração de Jesus, em São Paulo, por volta de 1969/1970, distribuiu aos casais, umas peças em acrílico com o formato da silhueta. Surgiram, também, alguns chaveiros com esta silhueta de Nossa Senhora. Equipistas de Marília, SP, por outro lado, confeccionaram essa silhueta em peças de arame grosso e assim, o símbolo ia se espalhando pelo Brasil desde a década de 70. O EACRE de 1977, em São José dos Campos foi um evento especial, pois contou com a presença do Casal Responsável da ERI, Louis e Marie d' Amonville, e do Pe. Roger Tandonnet, CE da ERI na época. Foi nessa ocasião que Wilma e Amilton M.Monteiro puseram todas as equipistas a bordar as tapeçarias com a silhueta, que foram oferecidas aos casais responsáveis presentes. Duas tapeçarias de tamanho maior seriam produzidas para serem oferecidas aos d' Amonville e ao Pe. Tandonnet. Uma delas, bordada por Hélene Nadas foi entregue aos d' Amonville e encontra-se, até hoje, no Secretariado das Equipes em Paris, e já serviu de modelo para muitos outros países.
amigo para aprimorá-lo. Rios, também tinha uma fábrica de antenas e, com o material lá empregado, surgiu a idéia de fazer uma figura simples da Virgem Maria, com as mãos estendidas, em atitude de oferta e de joelhos. Um técnico aperfeiçoou-lhe o perfil e hoje esta peça, que foi reproduzida em 43
Uma outra tapeçaria ampliada, foi devidamente preparada para ser entregue ao Papa em nome do Movimento das ENS. Em 1980, por ocasião da passagem de sua Santidade por São José dos Campos, Wilma, furando todos os esquemas de segurança que cercavam o Papa, conseguiu entregarlhe, pessoalmente a tapeçaria.
Maria do Carmo e José Maria Whitaker Neto (Extratos do artigo publicado na CM abril/96- pg.30/32)
••• Em toda nossa caminhada como equipistas, sempre presenciamos testemunhos de irmãos de equipe de que "aqueles que se colocam a serviço do Movimento são os que mais recebem". Nós que completávamos em fins de 1992, oito anos de serviços aos quadros do Movimento no Setor e
na Região pudemos comprovar que essa afirmação era autêntica e verdadeira pois, olhando para nosso interior, percebemos o bem que nos tinha feito esse trabalho. Vivendo esse clima e com espírito de agradecimento, uns meses antes de passarmos a responsabilidade a nossos sucessores, me coloquei a modelar em argila a imagem de Nossa Senhora das Equipes prestando assim uma homenagem aquela que foi uma imensa fonte de inspiração e ajuda em nosso serviço. Naquelas tardes, enquanto minhas mãos modelavam a escultura de Nossa Senhora, ela modelava dentro de mim uma nova vida. Alguns dias depois comprovei, através de exames, minha gravidez. O Lucas estava a cantinho. Esta foi a maior de todas as graças. A imagem de Nossa Senhora foi oferecida na nússa de passagem de responsabilidade da ex-Região São Paulo Sul I, atual São Paulo Capital , para que acompanhasse o trabalho de nossos sucessores. A imagem estafixada sobre uma base que, em sua parte inferior, possui uma placa removível para que todos os que passarem pelaresponsabilidade possam deixar sua mensagem.
Maria Alice (do lvahy) Equipe 7EN.Sra. de Todos os Dias São Paulo, SP 44
UMA MULHER CHAMADA MARlA s pastores a encontraram junto a uma manjedoura, dobrada sobre um pingo de gente que devia ser seu Filho, ao lado de um homem forte que devia ser seu esposo.
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Não encontraram um "monstro sagrado" nem uma deusa, nem uma rainha. Simplesmente uma MULHER. Nada parecida com as "madonas" admiradas nos quadros de pintores afamados, de mãos delicadas e envoltas em mantos de seda preciosa. Em seu rosto estavam gravados os sinais das preocupações diárias; e em suas mãos, os estigmas do trabalho, à semelhança de tantas donas de casa, com os mesmos problemas que afligem a vida dos pobres de todos os tempos . Mas era ela a Mulher por excelência. E foi assim que ela entrou na história do mundo: ocupando seu lugar ao lado de Cristo e ao lado do homem.
É certo que esta Mulher não é o maior motivo de esperança e de alegria que você encontrará em suas andanças. O maior é Cristo. Mas ela é um grande motivo. O "grande sinal" posto entre o céu e a terra, a fim de que a ninguém pareça excessiva a distância entre o homem e Deus . Então, no caminho que leva a Cristo, você sempre acabará, como os pastores, encontrando uma Mulher. Isso, não apenas para dar um toque de gentileza à casa de Deus e às coisas da religião. Mas para que você fique sabendo que Cristo não é uma "abstração" , uma idéia filosófica ou um personagem imaginário e remoto. As abstrações e as personagens imaginárias não precisam de mãe ... Cristo é alguém como você. Pois, assim como você, precisou de uma Mãe para entrar no mundo. Pe. Virgz1io Ciaccio, SSP 45
VAMOS PRA FRENTE!
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O anos de caminhada! Mo-
construir fmru1ias sensíveis ao verdadeiro amor. Espaços de esperança onde possamos descobrir a alegria e atualidade das palavra de Cristo. Espaços de esperança onde aprendamos a verdadeira dimensão missionária dos equipistas. Casais ligados por um amor renovado, pelo diálogo e auxilio mútuo, dispostos a acolher os excluídos, a fazer com que desapareçam as diferenças e os preconceitos e empenhados em restabelecer a dignidade daqueles que a vida de hoje marginalizou. Mas para que isso aconteça é preciso que AGORA olhemos pm·a o futuro de nossa caminhada. E olhando para os próximos 50 anos, é preciso, mais do que nunca, revitalizar, redescobrir o Movimento. Como? Revitalizando as nossas reuniões de equipe, revitalizando os pontos concretos de esforço. Injetando entusiasmo e alegria em tudo que fazemos; ajudando os nossos conselheiros espirituais a proclamarem a esperança e a vida contida na Palavra de Deus. Que as nossas orações se transformem num alegre hino de louvor ao Pai, rejuvenescendo as nossas meditações. Enfim, é preciso que nos desinstalemos. Não podemos nos acomodar. O momento é de desafio e nós temos todas as ferramentas e a força necessária para vencer. Vamos pra frente!
mento especial para sentar e refletir. O que Deus nos pede hoje, num mundo tão diferente de 1950? O que Deus pede hoje aos nossos casais, principalmente aos mais jovens, num mundo tão dinâmico, onde os acontecimentos se desenvolvem num velocidade tal que a maioria não está preparada para acompanhar? Num mundo onde a família deixa de ser o centro formador e os meios de comunicação e o egoísmo da sociedade falam mais alto? E os filhos de nossos filhos que respiram, vivem e reagem como o frio computador que têm pela frente? E agora que as nossas escolas começam a usar o livro eletrônico, fazendo com que a nossa juventude perca a sensibilidade de entrar na livraria, folhear, sentir o cheiro gostoso de um livro? De conhecer a vida, a história do seu autor? O que Deus espera de nós, casais cristãos equipistas, dentro dessa realidade? Penso que, acima de tudo, como os casais da "primeira hora", devemos alimentar a nossa fé em Deus e rezar. Rezar muito para que Ele, no meio desta confusão, nos ilumine e nos leve a encontrar a sabedoria, para transformar as nossas equipes em "espaços de paz e de esperança" . Paz e esperança para que os nossos jovens casais possam enfrentar o desafio que se apresenta hoje em dia. Paz e esperança para que, através do auxilio fraterno, possamos
Orlando (da Wilma) Equipe N. S. do Rosário - 2A ]undiaí, SP 46
AÇÃO DE GRAÇAS "Mostra-me, ó Senhor, teus caminhos e faze-me conhecer a tua estrada! Tua verdade me oriente e me conduza, porque és o Deus da minha salvação." ( si 24)
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embras Senhor, quando estávamos num "Dever de sentar-se" em tua presença e meditamos sobre a nossa vida e descobrimos o quanto nos transformaste com a tua graça? São tantos anos vividos com intenso amor e doação. Descobrimos que não saberíamos mais viver sem a ri-
queza dos Pontos Concretos de Esforço, que são sinais do teu amor por nós. Hoje percebemos o quanto nos fazes de novo: as nossas impaciências, os nossos temores, a nossa falta de caridade e de solidariedade, os nossos apegos ... e, apesar das nossas imperfeições, Tu nos fortaleces na fé. O que seria de nós, se não fosse
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começar uma vida nova, e, nesse partilhar, temos certeza que colocamos em comum os dons que de ti recebemos; e como é maravilhoso perceber que não somos perfeitos, mas é nas diferenças que en·contramos a riqueza da unidade. Dá-nos sempre Senhor, a graça de buscar-te cada vez mais, principalmente na Eucaristia, dando-nos a força e ensinando-nos o amor doação, que é a razão da nossa conjugalidade e para que possamos ser ao mundo um sinal do teu amor transformador. Senhor, nós te louvamos e agradecemos pelo tesouro que nos entregaste, a graça de termos em nossa vida os Pontos Concretos de Esforço, que é o caminho que nos leva à santidade, Amém.
a tua eterna misericórdia? Aprendemos a cada dia enxergar um ao outro com os teus olhos e cada vez mais nos surpreendemos com a tua graça. Às vezes nos sentimos fracos, mas a força da tua Palavra não nos deixa cair e nela procuramos descobrir o que mais necessitamos para assumirmos a verdade em no ssa vida, porém não esquecemos que somos comprometidos com o teu amor e com o teu Evangelho, que nos levam a nos abrirmos às necessidades dos outros e a aceitarmos , como balizados, o desafio da nossa missão procurando promover a paz e a dignidade humana. Nos caminhos mostrados por ti, Senhor, nos fizeste conhecer a tua estrada, caminho que fazemos juntos com os nossos irmãos de Equipe. Durante a partilha tens presenciado o esforço, a dedicação e a grande vontade de cada um de nós em
Brast1ia e Armando Eq. 4B - N. S. de Fátima Sorocaba, SP
FONTES CONSULTADAS PARAA PREPARAÇÃO DESTA EDlÇÃO: "O Sentido de uma Vida" - Nancy Cajado Moncau - Ed. Loyola "Henry Caffarel- Um Homem Arrebatado por Deus"- Jean Allemand - Ed. Nova Bandeira "A Missão do Casal Cristão" - Henri Caffarel - Ed. Loyola Carta Mensais das Equipes de Nossa Senhora
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Meditando en1 Equipe 2000 •
Ano da Eucaristia
Estamos em pleno tempo pascal. O Cordeiro foi imolado e está vivo . Participar dele exige fé e compromisso de vida . "Cada um se examine antes de comer desse pão e beber desse cálice" . (1 Cor. 11,28)
....................... . .................... Leitura: 1 ª Carta aos Coríntios 11, 1 7-2 9 •
Oue diferença você sente entre um encontro religioso ao qual se vai por
•
O que significa para você "comer do pão ou beber do cálice do Senhor
costume e uma celebração participada da Ceia do Senhor? indignamente?"
. .. .... . .. . .. . . . .. .. . . .. .. . .. .. .. .. .. . ... ... Oração Litúrgica:
E todos
repartiam o pão
E não havia necessitados entre eles . Nossos irmãos repartiam os seus bens, fraternalmente, tinham tudo em comum; e era grande a alegria e a união, no dia-a-dia e ao partir o pão . Hoje, de novo, a Palavra nos reúne, e com a mesma união e alegria, vamos, na Ceia do Senhor, partir o Pão, Para depois repartir com nosso irmão . Pe. José Ernani Angelini
ORAÇÃO JUBILAR Senhor, que amas e dás o amar, nós te louvamos pelos 50 ANOS das Equipes de Nossa Senhora no Brasil . Nós te agradecemos as mulheres e os homens que as plantaram, fizeram crescer e frutificar. Abençoa, Senhor, esses casais que querem viver a plenitude cristã do casamento; que sejam sacramento do Cristo um para o outro, para a família, para a Igreja e para o Mundo. Maria, mãe de Jesus, dá aos nossos lábios o louvor alegre do teu Magnificat confiante, ao nosso coração a força do teu Sim corajoso . Roga por nós ao teu Jesus, que encha de vinho novo do amor as talhas dos nossos dias e das nossas noites . Oue ele esteja sempre com nossas equipes e faça que sejam comunidades fraternas de casais a caminho. Amém .
EQUIPES DE NOSSA SENHORA Movimento de Casais por uma Espi ritualidade Conjugal R. Luis Coelho, 308 • 5° andar • cj 53 cep 01309-000 São Paulo - SP Fone: (Oxx11) 256.1212 • Fax: {Oxx11) 257.3599 E-mail: secretariado@ens.org.br • cartamensal@ens.org .br