ENS - Carta Mensal 398 - Abril/2005

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EQUlPES DE NOSSA SENHORA Carta Mensal • n°398 • Abril

EDITORIAL

2005

NOTÍCIAS E INFORMAÇÕES ..... .. 23

Da Carta Mensal .. ..... .. .... ..... ...... .. .. O1

MARIA SUPER-REGIÃO Buscando luzes sobre a Sexualidade ..... ..... ..... ... .. .. 02 É preciso viver a esperança dos filhos de Deus ..... .. 03 Do carnal ao espiritual .. .. .. .. ... ..... .. 04

Ma ria, modelo da matern idade da Igreja .. ......... ... ..... 28

ENCONTRO DE LOURDES Vamos a Lourdes ! .. .. ..... ..... ... .. .... ... 30

PARTILHA E PONTOS CONCRETOS DE ESFORÇO

CORRREIO DA ERI Jesus, o filho de Deus .... .. .... .......... 06 As Equipes de Nossa Senhora e os Movimentos da Igreja .... .. ..... . 07 A Zona Eurásia .. .... .... ..... ........ .. ...... 09 ERI chama ao 10° Encontro ... .... ... 11

Dever de sentar-se .... ...... .... ..... .. .. .. 33 Correção fraterna .. .. ............. ... ... ... 3 5

TESTEMUNHOS

FORMAÇÃO

O silêncio inimigo do amor .. ..... .. .. 37 Oração conjugal .. .... ...... .......... .... .. 38 Família, torna -te o que és! .. ... ...... . 39 Experiências Comunitárias e Evangelização .. ................ ..... .... .. 41 O nascer de Natália ... .... .. ... .. .. .... ... 42 A fam ília se evangeliza .. .... .... ... .. ... 43 Exemplo de fé ........ .. ... ...... ... ... .. .. ... 44

A relação entre a paróquia e os movimentos eclesia is ....... .. .... 1 5

ATUALIDADE

VIDA NO MOVIMENTO Um domingo diferente ... .. ..... .. .. ... . 13 Retiro .. ...... ..... ... .. .. ....... .. .. .. ... ......... 13 Estatísticas ..... ..... .. .. .... .... ......... ..... . 14

Uma cruz em Auschwitz .... .. .... .. ... 45

TEMPO DA IGREJA O ano eucarístico e a Páscoa ... ... .. 19

REFLEXÃO Tsunamis da vida ......... ... ..... ....... .. . 47

CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2005 Solidariedade e Paz ...... ..... ... ..... .... 21

Carta Me11sal é uma publicaçüo men'Ja/ das Equipes de Nossa Senhora RegLwv 'Lei de Imprensa" n• 219.336 livro B de 09. 10.2002

Avani e Carlos Clélia e Domingos Helena e Tomaz Sola e Sergio Pe. Geraldo Lui~ B. Ha ckmann

Edição: Equipe da Carta Mensal

Jornalista Responsável: Catherine E. Nadas (mtb 19835)

Graciete e Gambim ( responslÍveis)

Projeto Gráfico: Alessandra Carignani

Um pedido da Carta Mensal .... ..... 48 Editoração Eletrônica, Fotolitos e Ilustrações: No va Bandeira Prod. Ed. R. Turiasm , 390- I I" andar. cj. I 15 - Perdi~es - São Paulo Fone: (Oxxll ) 3873.1956 Foto de capa: Avelino Gambim Impressão: Laborprint Tiragem desta edição: 17.200 exemplares

Canas, colaborações, notícias, testemunhos e imagens devem ser enviadas para:

Carta Mensal R. Luis Coelho, 308 5° anda r • conj. 53

O1309-000 • São Paulo - SP Fone: (Oxx/1 ) 3256.12 12 Fa:c: (Oxxll ) 3257.3599 carlam ensal @ens.o rg. br

A/C Graciete e Gambim


Queridos Irmãos: Os EACREs já se tornam vida nas equipes e o assunto Sexualidade e Abnegação já está sendo refletido. Este é um tema que Pe. Caffarel desejaria ter aprofundado. Neste ano, nós o veremos com serenidade, sem nos culpar e sem culpar ninguém. O que importa é crescer no amor, caminhar em busca da perfeição do casal (ver Mt 5,48), como nos admoesta Frei Avelino. Vamos fazê-lo, confiando no Senhor, pois é ele quem nos dá asas para voar acima das nossas fraquezas, como nos animam Graça e Roberto, pois a compreensão da sexualidade nos deve levar a viver melhor a espiritualidade conjugal, refletem conosco Angela e Luiz. Estudaremos a sexualidade para viver o amor e dele sermos missionários para jovens e outros casais. É a sexualidade que nos identifica como homem ou como mulher. Faz parte do ser pessoa humana feminina ou masculina. O homem deve viver plenamente a sua sexualidade masculina e a mulher a sua sexualidade feminina, quer como celibatário, quer como casado. Homem e mulher casados complementam-se como "humanidade" (Deus criou o ser humano, (. .. ) homem e mulher os criou- cf Gn 1, 27). A vida do homem e da mulher cristãos casados, na busca da santidade, é um contínuo conhecer a si próprio e conhecer o outro, para se completarem e se ajudarem a serem santos. O ato sexual é uma

das expressões da sexualidade, é como uma liturgia a celebrar todos os atos da vida do casal e todo seu esforço para crescer no amor. É como pão e vinho a dar força e alegria na caminhada. A abnegação é todo o esforço feito para libertar-se do orgulho e de todas as formas de egoísmo, para que o casal se torne uma unidade, "uma só carne", como Cristo o é com a Igreja, a sua Esposa eterna. Nesta edição, ainda, Mons. Fleischmann recorda o dado central da nossa fé: Jesus é o Filho de Deus. O Casal Cogavin, da ERI, diz como está acontecendo a animação das Equipes da Zona Eurásia. Unamonos àqueles irmãos pela oração! Como conciliar vida equipista com vida paroquial? - Leia os esclarecimentos de Maria Regina e Carlos Eduardo e também uma entrevista com Pe. Cattaneo. No tempo pascal, Pe. Kirchner nos ajuda a viver a Eucaristia, centro da vida cristã. E o Encontro de Lourdes? - A ERI e o Casal Coordenador apontam seus objetivos principais. Mas na Carta há muito mais: Dever de sentar-se, testemunhos, jubileus, reflexões ... Que Maria, modelo da maternidade da Igreja, ajude-nos a viver uma fecunda espiritualidade! Abraços e o carinho de

Graciete e Gambim CR Equipe Carta Mensal


BUSCANDO lUZES SOBRE A SEXUALIDADE Caríssimos casais e conselheiros espirituais! Que o Amor do Pai e do Filho esteja convosco! Estamos abordando o tema "sexualidade". Talvez, o que esperamos vai chegar por outro caminho, de outro horizonte e com outra roupagem. A Igreja nunca foi omissa em se tratando de anunciar a verdade, talvez, foi em passos lentos com este tema. Queremos contemplá-la agora na vida matrimonial. O amor

conjugal é um caminho, cuja meta é a santidade. Vivendo e caminhando aprende-se a amar. Na escola da vida, onde todos, e sempre, seremos discípulos, a lição que os cônjuges devem aprender e dominar é a lição do amor. Dispomos do tempo para navegar neste misterioso mar. O preço do amor não está tabelado. Sabemos por quanto fomos avaliados por Cristo! Eu avalio o amor e mostro por quanto pretendo "comprá-lo" pelo empenho em conquistá-lo. Nesta busca precisamos utilizar todos os dons: imaginação, criatividade, intuição, cuidado, tempo, sensibilidade ... Precisamos, também, corrigir egoísmos, prejuízos, a mentalidade da defesa e do ataque, da agressão, da lamentação, do autoritarismo; numa palavra, devemos corrigir o que pode tomar-se obstáculo à realização da solene promessa: "Prometo amar-te ... " Assim, os esposos realizarão a vocação de amarem-se, ratificada pelo Sacramento do Matrimônio. A lição do 2

"amar" aprende-se na família . A estrutura interior que habilita para amar tem nela sua base. "Somente a educação do coração é o coração da educação" (Palumbieri). Educar o coração é tarefa exclusiva da fanu1ia, escola para o matrimônio feliz. É a vida de quem se ama a mestra e o paradigma do verbo amar. Casal que se ama, quase se desafiando em gestos de ternura e de atenção, é lição que forma e modela corações aptos para amar. O mundo precisa de testemunhos. Um amor forte, fiel e provado pelos gestos simples da vida diária modela corações capazes de amar. Só quem é capaz de amar, não se importando com o preço, é capaz de assumir a vida matrimonial. "A qualidade do relacionamento dos esposos tem uma incidência profunda nos filhos" (J.P. ll). O circuito do amor conjugal é semelhante ao do Amor Trinitário. Quem ama e sente-se amado tem um valor infinito. É o amor que cada um sente pelo outro que habilita para a doação, a fidelidade e a exclusividade. Os esposos devem voltar à escola do aprendizado do amor. Sem amar, sem amor, a lição da sexualidade não vai satisfazer jamais. Esta é a nova roupagem e este o novo caminho pelo qual virá o que tanto esperamos com o tema da sexualidade.

Pe. Frei Avelino Pertile SCE da Super-Região


É PREClSO VlVERA ESPERANÇA DOS ALHOS DE DEUS Queridos e amados irmãos:

"... aqueles que contam com o Senhor renovam suas forças; ele lhes dá asas de águia ... " (Is 40,31). Retomamos neste mês as Orientações para 2005, a fim de ressaltar a oportunidade do tema "Sexualidade e Abnegação" como contribuição do Movimento para vivermos uma ajuda mútua conjugal autêntica. Esta reflexão certamente nos irá conduzir ao cerne da comunhão de vida e de amor e nos ajudará a descobrir e experimentar toda a alegria e beleza colocadas por Deus na sexualidade humana. As impressões colhidas até o presente nos Encontros Provinciais e EACRE's são animadoras. As avaliações oriundas das Provfucias também enchem-nos de esperança. Os casais, ajudados por seus conselheiros espirituais, querem superar a desinformação que paira sobre a sexualidade conjugal, escondendo as riquezas com que Deus adorna o coração e o corpo do homem e da mulher para construírem o amor. Algumas manifestações surgidas espontaneamente em conversas informais marcaram-nos profundamente: "Na nossa idade, este tema tem pouco utilidade"; "É pena que

só agora ele chegue para nós"; "Agora já não adianta mais" .. . Neste particular, nos socorremos do Pe. Flávio Cavalca, cujo pensamento bem caracteriza a sexualidade nos diversos estágios e circunstâncias da vida conjugal: "É na medida em que o casal CM 398

souber viver cristãmente a sua sexualidade, na medida em que tiver conseguido dar conteúdo humano e cristão ao seu relacionamento, é exatamente nessa medida que ambos saberão continuar vivendo plenamente sua sexualidade quando as forças definharem, ou quando certas circunstâncias exigirem que se abra mão de certas manifestações". (CM no 394, pág Xll -encarte) A sexualidade humana exige apresença do amor. Ela o nutre e o expressa impregnando o modo de ser, de pensar, de agir e de amar dos cônjuges, permitindo-lhes melhor compreender o seu sentido humano e cristão. Permita-nos Deus vivermos, desde já, a felicidade nascida de uma relação conjugal que substituiu o fascínio dos sentidos pela busca cotidiana da emoção do primeiro encontro. Possa a força que brota da confiança no Senhor (Cfls 40, 31) atualizar a união de Cristo e da Igreja pelo dom total de nossos corpos entregues por inteiro ao cônjuge para formarmos com ele um só corpo. Possamos nós, que cremos no mistério da morte e ressurreição de Cristo e aprendemos a esperar pacientemente por aquilo que ainda não vemos (Cf Rom 8, 25), testemunhar toda a alegria, beleza e generosidade colocadas por Deus na união de um homem e de uma mulher que desejam viver na santidade conjugal.

Graça e Roberto - CRSR 3


Palavra do Provincial

DO CARNAL AO ESPlRlTUAL Devido à nossa formação cultural e religiosa, poderíamos ter a impressão de um dualismo: carne e espírito. No entanto, atentos à Palavra de Deus, percebemos a integração destes dois aspectos. São Paulo nos questiona: "Porventura não sabeis que os vossos membros são templo do Espírito Santo, que habita em vós, que vos foi dado por Deus, e que não pertenceis a vós mesmos?!" (lCor 6, 19). O corpo é a porta para a percepção da grandeza do amor de Deus. Através da Sagrada Escritura constatamos que Jesus se expressava através de todo o seu ser. Jesus nos ensina, nas relações com as pessoas, que a comunicação se realiza através do corpo e perpassa corpo e espírito. Ele olhava com ternura para as pessoas, as ouvia e as escutava ... Ele estendia sua mão, tocava, abraçava, se comovia com a dor de seus irmãos. Ele abençoava, consolava, anunciava, orientava e corrigia quando necessário. Jesus se compadecia, chorava e se alegrava junto com todos que desejavam conhecê-lo. "E o Verbo se fez carne" (Jo 1, 14). Deus se fez ser humano, um como nós praticamente em tudo, 4

menos no pecado. Ele quis ter um corpo como o nosso, e esta realidade nos revela a união da natureza divina com a humanidade. "Glorificai a Deus no vosso corpo", diz São Paulo aos Coríntios (1Cor 6, 20). Nosso corpo é uma realidade sagrada e o que nos dignifica é a possibilidade de formar o Corpo Místico de Cristo, que é a Igreja. O pecado veio atrapalhar, desvirtuar o projeto de Deus. Mas não extingue, não interrompe o plano que Ele tem para nós. Jesus vem restaurar o plano de amor de Deus. Ele, quando questionado, responde firmemente aos fariseus: "Não lestes que quem criou o homem no princípio, criou-os homem e mulher e disse: 'Por isso deixará o homem pai e mãe, e juntar-se-á com sua CM 398


mulher, e os dois serão uma só carne'? (. .. ) Moisés, por causa da dureza de vosso coração, permitiu-vos repudiar vossas mulheres; mas no princípio não foi assim" (Mt 19, 4-6.8). Assim, o corpo humano marcado pelo selo da masculinidade ou da feminilidade "comporta desde o prin-

cípio o atributo esponsal, ou seja, a capacidade de exprimir o amor: aquele amor precisamente no qual o homem-pessoa se toma dom e mediante esse dom - realiza o próprio sentido do seu ser e existir" (João Paulo II- Catequese- 1980). Cristo, com sua morte e ressurreição, toma possível a libertação do pecado e a alegria do dom recíproco. A relação sexual, enquanto dom total de si mesmo - morrer para o outro viver- recorda o sacrifício de Cristo. A verdadeira unidade vem de Deus, é graça de Deus, tem a participação de Deus. Jesus nos deixou a Eucaristia para que permanecêssemos em comunhão com Ele e com seu corpo, a Igreja. Jesus se fez alimento, tornou-se pão para que tivéssemos sua vida em nós. Dar a vida para o outro é o maior gesto de amor possível. Na vida conjugal, em todos os seus momentos, inclusive na doação e acolhimento mútuo dos corpos, manifesta-se o amor de Cristo. Como a presença da Eucaristia em nós poderia permitir uma tão destrutiva separação do carnal e o espiritual? Por isso, na união conjugal, o ato sexual significa tomar-se dom, ser mais vida para o outro. Quanto mais levamos o nosso cônjuge a se realiCM 398

zar, ser ele mesmo, descobrir-se como ser querido e amado, mais realizamos a vontade de Deus que é o amor, o que dá sentido à nossa vida. O ato conjugal deve ser sempre fonte de vida para os cônjuges.

"Compreende-se o profundo respeito da Igreja pela união de amor entre um homem e uma mulher. Se a união dos corpos tem por vocação significar e atualizar a união de Cristo e da Igreja, já não pode ser um gesto banal, o cantata rápido de epidermes à procura de um prazer efêmero, ou um gesto de afeição banal entre amigos. É, pelo contrário, sinal do dom total ao outro" (Homem e Mulher Ele os criou, pág. 29). Então, em todos os gestos de doação de um para o outro, manifesta-se o amor de Deus. Quanto maior e mais profunda a comunhão entre marido e mulher, em todas as suas dimensões, maior a semelhança com a aliança de Cristo e sua Igreja. Essa reflexão nos deve levar a enxergar uma realidade diferente da que nos foi transmitida e ajudar as pessoas, os casais a redescobrir a dignidade de seus corpos, segundo o projeto de Deus, para reencontrar o valor e a riqueza do matrimônio. Que o Senhor nos dê a graça de que essa descoberta nos ajude a viver à imagem e semelhança do Deus Trino e realizar por inteiro a vocação para a qual fomos chamados como casal: a Santidade Conjugal.

Angela e Luiz CR - Província Sul III 5


JESUS, O AlHO DE DEUS Nós aprendemos desde a infância que Jesus é o Filho de Deus. À nossa volta, porém, alguns contestam a condição divina de Cristo. Mas este é precisamente o dado central da fé cristã. Vale a pena, então, voltar a refletir sobre ele. Sem fazer uma demonstração lógica e racional, já que estamos no dorrúnio da fé, experimentemos ver como, no seguimento aos discípulos de Cristo, somos conduzidos à afrrmação que nos é proposta por toda a Igreja desde as origens: Jesus Cristo é o Filho de Deus. Se percorrermos as páginas do Evangelho, constatamos que Jesus, ao mesmo tempo em que se comporta como um pobre e perfeito servidor, também se exprime com uma autoridade tal que ultrapassa a dos antigos profetas. Suas palavras causam forte impressão sobre as multidões que o escutam, estupefatas com seu ensinamento, pois Ele as ensina como quem tem autoridade (Mt 7, 28-29). Além disso, sem hesitar Ele perdoa ao paralítico seus pecados, uma prerrogativa divina, mais forte mesmo que aquela da cura. Disto estão conscientes todas as testemunhas (Mt 9, 1-8). Ele reivindica o poder de ser Senhor do Sábado (Lc 6, 5), o que quer dizer que sua palavra iguala ou ultrapassa a própria Lei. Ele faz uma afirmação em termos que não escondem a sua condição divina, ao se atribuir o nome divino, quando diz: Antes que Abraão existisse, Eu Sou (lo 8, 58). 6

Esta autoridade incomparável Jesus a fundamenta na sua relação filial e única com Deus, a quem Ele chama de "meu Pai". Ele tem consciência de ser o Filho único de Deus e, neste sentido, de ser Ele mesmo Deus. O Evangelho de São João, em particular, mostra a intimidade constante de Jesus com seu Pai, que Ele designa como meu Pai e vosso Pai, em sua mensagem de ressuscitado às santas mulheres (cf. Jo 20, 17), expressão que sugere que a relação de Jesus com o Pai não é da mesma ordem que a dos discípulos com o Pai. A própria pessoa de Jesus-Filho revela Deus-Pai. Quem mais ousaria dizer: Quem me viu viu o Pai (Jo 14, 9)? Jesus revela o Pai num sentido totalmente novo: Deus é Criador e, acima de tudo, é eternamente Pai, numa relação comunicada plenamente a seu Filho único, Ele que é eternamente Filho em relação ao Pai. Precisamos meditar sempre sobre estas palavras de Jesus: Ninguém CM 398


conhece o Filho, senão o Pai, como ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar (Mt 11, 27). E, como narração completa e histórica da presença do Filho encarnado entre nós, é o Evangelho todo que testemunha a divindade de Cristo. O sentido de tudo o que Cristo diz e faz decorre do que Ele mesmo é. É porque Ele é o Filho de Deus que Ele pode fazer de nós filhos também: a todos aqueles que o têm acolhido Ele deu o poder de se tornarem filhos de Deus (Jo 1,12). Que este breve rememorar da fé na condição divina de Jesus não nos faça esquecer que Ele assume totalmente a condição humana. Indo mais além, é necessário dizer ainda que o Filho de Deus feito homem experimenta e suporta realmente, à exceção do pecado, todas as rupturas, os sofrimentos e a própria mor"

te, que caracterizam nossa condição humana. Ele vai experimentar até o "abandono" de seu Pai, como testemunham sua agonia no Getsêmani e o grito sobre a Cruz. Autores de escritos sobre espiritualidade e teólogos nos permitem dizer que, em Jesus Cristo, é o próprio Deus trinitário que dá provas de compaixão; e esta é a obra de amor mais perfeita. Podemos assim falar do "sofrimento de Deus", isto é, desta compaixão por amor, que repara as rupturas e nos reconcilia, para nos fazer entrar na alegria da reconciliação e da união com Deus, que é a alegria da correspondência perfeita que reina entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo, a alegria da chegada do Reino, cujo caminho o Filho vem abrir no meio de nós.

Mons. François Fleischmann SCE da ERI

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AS EQUIPES DE NOSSA SENHORA E OS MOVIMENTOS DA IGREJA "Desde o início do meu Pontificado, atribuí especial importância ao caminho dos Movimentos Eclesiais e tive ocasião de apreciar os frutos da sua difundida e crescente presença no decurso das visitas pastorais às paróquias e das viagens apostólicas" Mensagem do Papa João Paulo 11 aos participantes do Congresso Mundial dos Movimentos Eclesiais- 27 de maio de 1988

Queridos irmãos e irmãs das Equipes de Nossa Senhora deste mundo maravilhoso que Deus criou por Amor. CM 398

Ao iniciarmos esta nossa conversa de hoje, gostaríamos de relembrar o forte apelo feito pelo Papa João Paulo II, no sentido de criarmos 7


cada vez mais uma união entre os diversos movimentos, para que possamos nos integrar em um trabalho mais amplo de evangelização do nosso mundo. Quando vemos a diversidade de movimentos, cada um com seu carisma específico, mas todos frutos dos dons do mesmo Espírito Santo, sentimos forte a sua presença, atuando onde quer e das mais diversas maneiras. Os movimentos são uma riqueza para a Igreja, como bem afirmou o padre Arturo Cattaneo, professor de Direito Canónico em Veneza e de Eclesiologia em Roma e Lu gano: "João Paulo II manifestou com freqüência sua confiança na capacidade dos movimentos para renovar a ação apostólica da Igreja e, em especial, a das paróquias. Às vezes, vemos paróquias que enfraquecem, convertidas em meras 'distribuidoras de serviços pastorais'. Neste caso, o papel dos movimentos é especialmente importante e providencial, ante o desafio da descristianização, e a resposta às demandas de religiosidade, cada vez mais urgentes no Ocidente" (ZENIT de 22/12/2005). A importância dos movimentos dentro da Igreja é tal que nosso Papa João Paulo ll, em sua Exortação Apostólica Christifideles Laici, trata diretamente do direito dos leigos em se associarem para participarem ati vamente da vida da nossa Igreja. Após apontar diversos motivos para que existam essas associações, o documento diz explicitamente: " ... a razão profunda que 8

justifica e exige o agregar-se dos fiéis leigos é de ordem teológica: uma razão eclesiológica, como abertamente reconhece o Vaticano II, ao apontar o apostolado associado como um 'sinal da comunhão e da unidade da Igreja em Cristo'. É um 'sinal' que deve manifestar-se nas relações de 'comunhão', tanto no interior como no exterior das várias formas agregativas, no mais vasto contexto da comunidade cristã" (Vocação e Missão dos Leigos na Igreja e no Mundo, no 29). Lembramos que os movimentos não são pastorais da Igreja. Eles são, sim, meios privilegiados de ajudar as pessoas a terem uma melhor formação cristã e, conseqüentemente, serem aptas a se tornarem melhores testemunhas da vivência da proposta evangélica. Por outro lado, é muito importante termos sempre em vista a necessidade de um trabalho conjunto, não só dentro dos movimentos, mas inclusive entre os movimentos. " ... a CM 398


comunhão eclesial, já presente e operante na ação do indivíduo, encontra uma expressão específica no operar associado dos fiéis leigos, isto é, na ação solidária que eles desenvolvem ao participar responsavelmente da vida e da missão da Igreja" ( Ibidem, no 29). Os movimentos, ao se integrarem na vida da Igreja e ao praticarem a entreajuda entre si, podem fazer um eficaz trabalho de evangelização da sociedade. O mundo está carente de fraternidade, de compaixão, ou seja, precisa conhecer a Deus, que é o Amor supremo. É através do conhecimento e da vivência deste amor que poderemos ter a esperança de um mundo com Paz. Quem procura viver o amor de Deus procura a Justiça, a Paz, a Fraternidade. O nosso Movimento especificamente, por ter o carisma da Espiritualidade Conjugal, nos impulsiona a viver nosso testemunho como ca-

sais, engajando-nos na Pastoral Familiar. É interessante notar-se que, aonde quer que tenhamos um trabalho de Pastoral Familiar, seja em nível de Paróquia, seja em nível de Diocese, e nestas realidades tenhamos igualmente o Movimento das Equipes de Nossa Senhora, muitos dos casais das equipes estão lá, atuantes, participando com muito empenho, e boa formação, nesse serviço que, de acordo com o Papa João Paulo II, é um dos prioritários nos dias de hoje. Continuemos, pois, levando avante este projeto de nos engajarmos cada vez mais com outros movimentos da nossa Igreja, a fim de trabalharmos pela construção do Reino de Deus em nosso meio, em nossa sociedade e no mundo. Com todo nosso carinho,

Maria Regina e Carlos Eduardo Heise Casal Membro da ERI

A ZONA EURÁSlA A Zona Eurásia tem esta denominação em razão da sua localização na superfície do globo. Ela se estende das Ilhas Trinidad y To bago, na ponta oeste do Atlântico, até a Nova Zelândia, ao sul do Oceano Pacífico. Não obstante esta grande extensão, em quase todas as regiões se fala o Inglês. Inclui os seguintes países: Austrália, Nova Zelândia, Filipinas, Índia, Ilhas Trinidad CM 398

y Tobago, Inglaterra, Irlanda e África do Sul. As terras de missão nesta Zona são: Coréia, Japão, Vietnam, Holanda e a Escandinávia, o que virá acrescentar outras línguas ao Inglês. A divisão de nosso mundo equipista em Zonas parece ter tomado menor o próprio mundo. Ao longo destes últimos anos e, mais precisamente, depois que as Zonas foram 9


criadas, a cada novo encontro do Colégio Internacional o conceito de Zonas tem estreitado os laços entre todas as diferentes culturas. Nossas relações tornaram-se mais estreitas e o nosso engajamento de solidariedade uns pelos outros se tornou maior. Tomemos o exemplo da única Super-Região de nossa Zona, a Austrália. Ela tomou o nome de "Oceania", quando foi encarregada da nova missão de englobar todas as outras regiões das ilhas do Pacífico. Hoje esta Super-Região compreende também a Nova Zelândia e as Filipinas, e permite prever como o nosso Movimento pode se expandir nas outras comunidades das ilhas do Pacífico. Nossas culturas de todos esses lugares, quando as partilhamos, nos enriquecem a todos. Na Irlanda e na Inglaterra temos a tendência de falar relativamente pouco de nossa religião. Geralmente não manifestamos em público nossas convicções religiosas. Provavelmente torna mais difícil a expansão de nosso Movimento o fato de não sermos tão explícitos sobre nossa fé. Ao contrário, quando de nossa visita de ligação à Índia, encontramos pessoas muito prontas a testemunhar a sua fé. Em geral, quando se embarca em um carro ou táxi, a religião do proprietário não é um segredo. A gente a reconhece pela queima de incenso, feita sobre o painel, ou pelo rosário dependurado ao espelho retrovisor. Lá, no decorrer de nossa visita, quando íamos de trem à Conferên10

cia Anual das Equipes (Corresponde ao nosso EACRE, obs da CM), os casais vinham juntar-se a nós ao longo de todo o percurso. Antes de dormir, quando todos ainda estavam no trem, reuníamo-nos em um dos vagões públicos para fazermos a oração da noite, cantar salmos e hinos. As demais pessoas continuavam sentadas tranqüilamente a escutar e aceitavam o que fazíamos como algo absolutamente normal. Esta experiência tão maravilhosa e positiva tornou-se para nós um desafio, o de nos tornarmos mais explícitos em relação à nossa fé. E interessante saber que, durante estes quatro últimos anos, o número de equipes na Índia subiu de 28 para 46. Numa recente viagem à ilha de Trinidad, um elemento novo chamou-nos a atenção: Lá, muitos casais jovens levam seus filhos a participar das reuniões, da seguinte maneira: os filhos adolescentes destes casais tomam conta dos filhos peCM 398


quenos, como baby-sitting. Esta prática se estendeu também aos retiros em um convento, onde leitos suplementares para os filhos foram colocados nos dormitórios. Durante o dia, organizam-se jogos e competições esportivas para eles. A visão missionária é um importante elemento do trabalho de uma Zona. Atualmente estamos em vias de desenvolver um projeto pastoral, com vistas à expansão das Equipes na Coréia do Sul. Isto implica em novos desafios, como viagens, traduções , estruturas de apoio, pelos quais lhes pedimos que orem. Pedimos igualmente a todos os que tiverem pessoas da fanu1ia, ou amigos, nesse país, ou em outras regiões, como Vietnam, Japão,

Hong Kong, que façam a gentileza de nos passar informações. A Inglaterra tem incentivado novas iniciativas nessa região, e atualmente nós estamos pilotando, à distância, nossa primeira equipe, em Malawi, no leste da África. Enquanto nos dedicamos a desenvolver a Zona e fazemos a ligação com os responsáveis, nos vêm à mente as palavras de João Paulo II, ditas em 2001: "Toda a primavera na Igreja deve ter a missão como objetivo, se ela não quer se tornar vítima de uma espécie de introversão eclesial."

John e Elaine Cogavin Membro da ERI e Ligação Zona Eurásia

ERl CHAMA AO 10° ENCONTRO Aos Casais, Viúvas e Viúvos, e aos Conselheiros Espirituais das Equipes de Nossa Senhora Caros amigos: Um encontro internacional é um momento privilegiado para o Movimento das Equipes de Nossa Senhora. Ele acontece de seis em seis anos e o que vai ser realizado em LOURDES, de 16 a 21 de setembro de 2006, será o décimo. No decorrer deste grande encontro, que vamos nós viver? • Um tempo de oração e de ação de graças pelo que recebemos do CM 398

Movimento e pelo que doamos, em casal, às Equipes de Nossa Senhora, na Igreja e no mundo; • Um tempo de partilha entre equipistas de todo o planeta, provindos de 68 países de todos os continentes; • Um tempo de festa em um lugar impregnado de graça, visitado por Maria, onde ela se encontrou com uma pastora humilde e pobre, pedindo-lhe que cresse; • Um tempo de ensinamento e de troca de idéias sobre o tema do Encontro; 11


Um tempo para receber e acolher as autoridades da Igreja e os responsáveis por outros movimentos; • Um tempo para rezar e celebrar o 10° aniversário de falecimento de Pe. Caffarel; • Um tempo para receber as novas orientações do Movimento, que nos conduzirão de 2006 a 2012; • Um tempo para nos deixarmos evangelizar e guiar pelo Espírito Santo, numa caminhada de renovação de nossa fé e de nosso sacramento do Matrimônio; • Uma oportunidade para todos retornarem cheios de alegria, para partilhar essa alegria com a equipe, para que a vida de equipe seja dinâmica e revitalizada. Nós os convidamos à partilha e à ajuda mútua, como preconiza a Carta das ENS. Que cada uma das equipes de vocês envie um casal em missão a Lourdes, a fim de trazer suas intenções de preces, as preocupações de vocês, e levar de volta ramalhetes de flores de alegria e

felicidade, partilhadas com outros equipistas. Nós os convidamos a virem numerosos, irmãs e irmãos das Equipes, porque o Movimento, nossa Igreja e o Mundo têm necessidade de seu testemunho de Fé, de Esperança e de Amor. Nós os estamos esperando, na oração e na amizade. Pela Equipe Responsável Internacional

Gérard e Marie Christine de Roberty Casal Responsável

Como o Filho de Deus, ao se fazer homem, não renunciou

à sua divindade, mas se abnegou por amor até a morte ignominiosa na cruz, também o marido não pode renunciar

à sua sexualidade masculina, nem a mulher à sua sexualidade feminina. Por amor vão aos poucos abnegando-se, renunciando a tudo o que atrapalha o bem do cônjuge.

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CM 398


UM DOMINGO DIFERENTE No mês de setembro de 2004, nossa equipe foi presenteada pela equipe 8 com a sugestão de um dever de sentar-se diferente: Nosso encontro foi marcado para a capela do Sítio Assunção, onde todos participamos da missa das 10 horas. Envolvidos pelo clima da celebração, após a missa nos ajoelhamos em frente ao sacrário e fizemos nossa oração em equipe, já pedindo a Deus que conduzisse o nosso dever de sentar-se. Distribuímos para os casais um roteiro, onde constava um momento de leitura, meditação da palavra e oração espontânea. Junto havia também um envelope com dez perguntas para serem sorteadas e dialogadas, segundo a ação do Espúito Santo. No fmal, deveria ser escolhida uma regra de vida individual ou para o casal, encerrando-se o dever de sentar-se com uma oração de agradecimento e o Magnificat. Os casais que não tinham com

"

quem deixar os filhos os levaram, e eles não atrapalharam em nada, pois os maiores cuidaram dos menores até terminarmos a dinâmica. Foi um domingo bastante proveitoso e agradável, que se encerrou com um gostoso almoço. Constatamos na reunião seguinte que foi produtivo, pois todos os casais fizeram o dever de sentar-se com mais facilidade, sem tantos receios e espontaneamente. Deveríamos repetir esse momento. E ficamos super felizes, pois pudemos contar com a presença de todos. É sempre bom poder contar com a sugestão de outras equipes. Agradecemos a Deus e à Equipe 8, que dividiu conosco esta experiência que tanto nos fez crescer.

Luciani e Arnaldo Equipe N. S. Rainha da Paz Teresópolis/RJ

RETlRO Realizou-se nos dias 9 e 1O de outubro de 2004 o primeiro retiro espiritual, como parte integrante dos Pontos Concretos de Esforço, das Equipes Distantes de Caruaru/PE, da Região Pernambuco 1 e Alagoas. O retiro aconteceu na Casa de Retiros da Paróquia da cidade de Sairé, da nossa Diocese de Caruaru, e contou com a participação de cerca de 23 casais, integrantes de três equipes, duas delas em pilotagem, e de dois grupos em experiência comunitária, além de três casais de Recife. Participaram também três Conselheiros Espirituais - um presbítero, um diácono e um seminarista. A missa de encerramento foi presidida por Dom Bernardino Marchió, bispo diocesano de Caruaru. Só nos resta louvar e agradecer ao Senhor por tantas graças recebidas e pedir que no próximo ano de 2005 o Movimento cresça cada vez mais, atingindo novas farru1ias. José/ia e Fortunato, Eq. N. S. do Rosário- Caruaru/PE 1

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13


,

ESTATISTICAS Super-Região Brasil

- 2003

a

2005

Janeiro de 2003 Províncias

Regiões Setor/Coord.

Norte Nordeste Centro-Oeste Leste

2 7 4 8 7 7 6 41

Sul I Sul li Sul III

TOTAL

11 40 19 40 41 33 33 217

Equipes Casais Equip. Cons. Espirit.

103 355 215 415 508 375 326 2297

643 2190 1414 2590 2964 2171 1730 13702

82 232 170 279 371 208 226 1568

Janeiro de 2004 Províncias

Regiões Setor/Coord.

Norte Nordeste Centro-Oeste Leste

3 7 4 8 8 7 6 43

Sul I Sul li Sul III

TOTAL

12 45 20 44 44 35 36 236

Equipes Casais Equip. Cons.Espirit.

105 399 226 424 535 373 327 2389

633 2478 1488 2653 3113 2192 1734 14291

77 262 165 282 396 204 231 1617

4,3%

3,1%

Variação Percentual Jan.2004 sobre Jan.2003

4,9%

8,8%

4,0%

Janeiro de 2005 Províncias

Norte Nordeste Centro-Oeste Leste Sul I Sul li Sul III

TOTAL

Regiões Setor/Coord.

3 7 4 8 8 7 6 43

13 47 24 45 44 36 36 245

Equipes Casais Equip. Cons.Espirit.

117 459 244 441 551 372 336 2520

701 83 2893 1600 2762 3202 2126 1786 15070

Variação Percentual Jan.2005 sobre Jan.2004

0,0% 14

3,8%

5,5%

5,5%

296 181 o 277 "' ·~ 395 ~"'u 209 o<11 246 ~o 1687 ·:;> ~ Vl

4,3% CM 398

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A RElAÇÃO ENTRE A PARÓQUlA E OS MOVlMENTOS EClESlAlS Entrevista com o Professor Arturo Cattaneo Roma, quarta-feira, 22 de dezembro de 2004 (zenit.org) O Conselho Pontifício para os Leigos, como motivo de sua XXI Assembléia Plenária (24-28 de novembro), refletiu sobre como "redescobrir o verdadeiro rosto da paróquia". O tema da relação entre paróquia e movimentos eclesiais foi apresentado pelo Padre Arturo Cattaneo, professor de Direito Canônico em Veneza e de Eclesiologia em Roma e Lugano. Nesta conversa com Zenit, o padre Cattaneo explica as conclusões às quais chegou em sua intervenção.

Os movimentos eclesiais seguem crescendo. Acabarão substituindo as paróquias ? Cattaneo: Não, porque a paróquia desempenhará sempre um papel fundamental e insubstituível. É, como diz João Paulo II, a presença última da Igreja em um território e, em certo sentido, a própria Igreja, vizinha às casas de seus filhos e filhas (exortação apostólica Christifideles Laici n. 26). Por isso, há que pensar na paróquia como a "casa comum dos fiéis" , o "primeiro lugar de encarnação do Evangelho", e não se a pode substituir por movimentos. Então por que o Santo Padre considera tão positivo e promissor o CM 398

desenvolvimento dos movimentos? Cattaneo: É evidente que a paróquia não é o único meio com o que a Igreja responde às exigências da evangelização. A paróquia não pode conter toda forma possível de vida cristã, seja individual ou de grupo , como se fosse uma diocese em miniatura. Que contribuição os movimentos oferecem às paróquias? Cattaneo: João Paulo II manifestou com freqüência sua confiança na capacidade dos movimentos para renovar a ação apostólica da Igreja e, em especial, a das paróquias. Às vezes, vemos paróquias que enfraquecem, convertidas em meras "distribuidoras de serviços pastorais". Neste caso, o papel dos movimentos é especialmente impor15


tante e providencial e, ante o desafio da descristianização, a resposta às demandas de religiosidade, cada vez mais urgentes no Ocidente.

Pode detalhar um pouco mais esta idéia? Cattaneo: Cada movimento tem um carisma próprio e os que participam são chamados e ajudados a vivê-lo na vida familiar, social, profissional, política, cultural, esportiva etc., justamente esta presença capilar de vida cristã é a principal contribuição dos movimentos à paróquia. Como observou recentemente o professor Giorgio Feliciani: "A primeira e mais importante contribuição que os movimentos podem dar a uma comunidade paroquial é apresença em seu âmbito territorial daquelas que João Paulo II definiu como 'personalidades cristãs maduras, conscientes de sua própria identidade batismal, sua própria vocação e missão na Igreja e no mundo'. E, pelo mesmo, capazes de oferecer a todos que encontrem um testemunho de vida cristã significativo". Às vezes se fala do perigo de que os movimentos constituam uma Igreja paralela. Qual a sua opinião? Cattaneo: Sobretudo diria que este slogan pode ser uma injusta simplificação, que tende a dar uma imagem negativa dos movimentos e não ajuda a que contribuam a revitalizar a vida paroquial. A autoridade eclesiástica, que aprova os estatutos e vigia a atuação destes movimentos, é a instância competente para evitar que cresçam como uma Igreja paralela. 16

Que significa concretamente "escola de comunhão"? Cattaneo: O Papa propôs o desafio de ter o "olhar do coração no mistério da Trindade que habita em nós". Desta profunda realidade pessoal surgirão medidas e posturas que favoreçam o desenvolvimento da comunhão eclesial. Em uma sociedade como a nossa, tão impregnada de individualismo, na qual muitos sofrem de solidão, tudo isto me parece de grande atualidade e importância. O que o pároco pode fazer para promover esta comunhão? Cattaneo: A Instrução da Congregação para o Clero sobre "O presbítero pastor e cabeça da comunidade paroquial" (2003) recorda que, "sobretudo o pároco, deve ser tecedor paciente da comunhão da própria paróquia com sua Igreja particular e com a Igreja universal". Deveria ser também "modelo de adesão ao Magistério perene da Igreja e a sua normativa" (n. 16). Exorta-se com freqüência os movimentos a respeitar e a promover a unidade da Igreja. Mas não há que esquecer que isto vale também para as paróquias e que, às vezes, também estas têm defeitos no que se refere a uma unidade deste tipo. E se um pároco pertence a um movimento? Cattaneo: Este será seguramente para o mesmo pároco uma fonte de apoio e de enriquecimento espiritual, que se manifestará em um dinamismo pastoral crescente, em CM 398


benefício de toda a paróquia. O pároco deverá, não obstante, prestar atenção a que o movimento ao qual pertence não monopolize as atividades da paróquia e cuidar que ninguém seja discriminado.

Hoje se fala muito da necessidade de uma renovação missionária da paróquia. De que se trata? Cattaneo: A este aspecto se referiu o Santo Padre na audiência concedida aos participantes na Plenária do Conselho para os Leigos, quando sublinhou que a paróquia "necessita renovar-se constantemente para chegar a ser 'comunidade de comunidades' , capaz de uma ação missionária verdadeiramente incisiva". Nesta perspectiva, aprecia-se o enriquecimento que a paróquia recebe da vitalidade apostólica dos movimentos. Dom Renato Corti, vice-presidente da Conferência Episcopal Italiana, observou recentemente que "sublinhar a grande e urgente tarefa da evangelização nos fará a todos mais sensíveis à unidade da missão e nos dará o valor para dar os passos necessários para a conversão". Em defesa dos movimentos, recorda-se às vezes a liberdade dos fiéis. Não pensa que isto possa minar a necessária unidade da Igreja, inclusive a paroquial? Cattaneo: Certamente a liberdade dos fiéis encontra seu limite intrínseco na obrigação de manter a comunhão com a Igreja e, portanto, a sua unidade. Mas, pensando bem, liberdade e unidade não se CM 398

Cada movimento tem um carisma próprio e os que participam são chamados e ajudados a vivê-lo na vida familiar, social, profissional, politica, cultural, esportiva etc., justamente esta presença capilar de vida cristã é a principal contribuição dos movimentos à paróquia.

contrapõem, como se afirmar a primeira pudesse levar a negar a segunda. Trata-se mais bem de duas exigências simultâneas e harrnônicas da comunhão eclesial. A unidade da paróquia implica o respeito da liberdade de cada um; a falta de liberdade não faria bem à unidade, pelo contrário, seria causa de desagregação. 17


Quais são as principais exigências que os movimentos devem ter em conta para manter uma relação proveitosa com a paróquia? Cattaneo: Tudo o que acabo de dizer a respeito da paróquia para que esta seja "escola de comunhão" e "missionária" vale também para os movimentos. Mas estes têm em parte características diferentes da paróquia. Uma destas é a de transcender o âmbito paroquial. Contudo é essencial para os movimentos sua integração na diocese e, portanto, a unidade com o bispo. Vários textos do Magistério sublinharam também alguns "critérios de eclesialidade" para os movimentos. Em minha palestra, preferi deter-me a considerar a maneira como a paróquia pode fazer proveitosa tal relação. Poderia falar-nos dos principais critérios de eclesialidade para os movimentos? Cattaneo: Sobretudo, a capacidade de fazer com que o próprio carisma se integre na Igreja local. O forte sentido de pertença, experimentado dentro do movimento, poderia ofuscar o sentido de pertença à própria Igreja local e a própria responsabilidade com respeito a esta. Os membros dos movimentos, permanecendo fiéis ao próprio carisma, deverão tratar de inseri-lo criativamente na vida da Igreja local. O que não significa necessariamente que devam estar presentes, como representantes de um movimento, nos organismos diocesanos ou paroquiais. O primeiro campo de ação 18

eclesial próprio dos fiéis leigos é o da vida familiar, social, profissional, política, cultural, esportiva etc. Outra exigência que os movimentos devem ter em conta é a estima de outras realidades eclesiais. A consciência da variedade e complementaridade dos diversos carismas e vocações na Igreja levará os membros de cada movimento a compreender que este, ainda que seja admirável, constitui só um dos elementos que integram o conjunto sinfônico que chamamos "catolicidade". Deste modo, os membros dos movimentos saberão apreciar também outras experiências e estilos de vida cristã. Dom Luigi Giussani, fundador de Comunhão e Libertação, falando do sinal que cada movimento oferece à vida da Igreja, chegou a afirmar: "O primeiro sinal é que quem o vive esteja cheio de estima, atenção, apreço e colaboração com os demais movimentos". Há que recordar também o espírito de serviço, o qual levará os membros dos movimentos a apoiar com gosto as iniciativas do bispo e do pároco, segundo as características do próprio carisma. Os membros de um movimento evitarão assim cair em um protagonismo pouco eclesial, que pode resultar contraproducente para a harmoniosa integração na comunhão da Igreja local e paroquial.

Contribuição de Maria Regina e Carlos Eduardo Heise Casal ERI Ligação para a Zona América CM 398


O ANO EUCARÍSTICO EAPÁSCOA Continuando as reflexões sobre o Ano Eucarístico (cf. a Carta Mensal de dezembro/2004, falando sobre o sentido geral do Ano Eucarístico e a de fevereiro/março, sobre a Eucaristia a partir do gesto do Lava-pés), f vamos conversar e refletir sobre a Presença da Páscoa na Eucaristia. Em primeiro lugar, a palavra páscoa quer dizer passagem. O Anjo exterminador passou por sobre as casas dos hebreus e não matou o primogênito onde ele encontrou o sangue de um cordeiro no portal (cf. Ex 12). Ao morrer na cruz, derramando o seu Sangue, Cristo se tornou o nosso Libertador da escravidão do pecado. Era a Páscoa nova, definitiva, feita para salvar todos os seres humanos na face da terra. A salvação passou a ser "católica", para todos. Salvação acessível a todos. Cristo, então, deixou durante a Última Ceia a Eucaristia como o meio visível de enxergar a sua presença amorosa, e onde recebemos as suas graças. A Eucaristia, portanto, é a Páscoa sendo celebrada e vivida hoje, aqui e agora, para nós. Cada missa é viver a Páscoa mais uma vez em nossa época. O (Novo) Catecismo da Igreja Católica diz: "A Santíssima Eucaristia contém todo CM 398

o bem espiritual da Igreja, a saber, o próprio Cristo, nossa Páscoa" (N° 1324). No filme feito por Mel Gibson (católico praticante), A Paixão de Cristo, ele faz uma ligação clara da Paixão e Morte na Cruz com a Última Ceia. Só um católico poderia ter feito um filme deste jeito: mostrar a íntima união entre os dois momentos. Talvez não foi por nada que se criou o velho costume de fazer a páscoa, isto é, receber a Santa Comunhão durante o tempo da Páscoa. "Quem come a minha carne e bebe o meu sangue terá a vida eterna" (Jo 6/54). Santo Afonso M. de Liguori, Doutor da Igreja ( 1696-1787) e que trabalhou muito com os pobres e caipiras da roça, precisava usar símbolos e sinais concretos para ensinar as coisas de Deus. Eminentemente prático, ele escolheu o sacrário como o sinal visível da presença do Cristo ressuscitado. Ao receber a Santa Comunhão ou fazer uma visita ao Santíssimo, ele encontrou o Cristo vivo e atual, presente no mundo de hoje. Afonso comenta, nas orações de suas Visitas ao Santíssimo, que existem pessoas que fazem viagens longas e perigosas até a Terra Santa, a fim de visitar o local do nascimento ou sepultura de Cristo, mas 19


em cada esquina, onde tem uma Igreja com o Santíssimo, o cristão pode encontrar o Cristo vivo, conversar e falar com Ele. Durante muitos séculos, milhares de católicos têm descoberto a presença real de Jesus no Sacrário: a sua Páscoa e esperança de vida eterna. No meu tempo de seminarista, uma vez por ano nós visitávamos o seminário dos Anglicanos, e uma vez por ano eles vinham visitar o nosso. Confesso que, quando fui lá, o primeiro local que eu procurei foi a quadra coberta para poder jogar basquetebol. Quando os Anglicanos chegavam ao nosso seminário, a primeira coisa que faziam era visitar a nossa capela onde estava o Santíssimo, pois eles tinham certeza de que Cristo estava presente em nosso sacrário! Jean Maria Ségalen diz: "para Santo Afonso, o ponto mais alto da oração cristã é a Eucaristia. Com efeito, o Cristo ressuscitado, trazendo as marcas dos cravos, vem ao nosso encontro, nos reúne, nos reconcilia, fala conosco, nos alimenta, une-se a nós e nos envia a continuar sua missão no mundo". Depois o Santo diz: "O terno amor que Jesus tem por nós leva-O a instituir a Santa Eucaristia, a mais íntima união conosco". Conclusão da historia: devo freqüentar a minha missa dominical fielmente, pois o meu Salvador e o meu melhor Amigo me espera. 20

No meu livro sobre Santo Afonso (Uma Espiritualidade para Hoje, Ed. Santuário), cito o grande devoto de Cristo que oferece esta oração a ser rezada diante do Sacrário: "Abençoa minha língua - que ela só fale da tua glória; Abençoa meus olhos - que eles não olhem para nada que te desagrade; Abençoa meu corpo - que ele e todos os seus membros te sirvam; Abençoa minha memória - que ela sempre relembre teu amor e todas as coisas boas que fizeste por mim; Abençoa minha mente - que saiba da tua bondade e do meu dever de amar-te, o que devo fazer e o que devo evitar para que esteja sintonizado com o teu pensamento;

Abençoa minha vontade - que te ame mais e mais, procurando tudo aquilo que te agrade". Pe. Luís Kirchner, CSSR Conselheiro das Equipes 12 e 19 - Manaus!AM CM 398


SOllDARlEDADE E PAZ: Felizes os que promovem a Paz! Hoje, muitos de nós desejamos ver nossa Terra repleta de paz. Por vezes, porém, desistimos e até mesmo perdemos a esperança de que essa paz chegará de verdade por aqui. A Campanha da Fraternidade deste ano tem um desafio e tanto: ajudar a superar a violência, promover a solidariedade e construir uma cultura da paz. Vamos ver que Deus, de infinito amor, apesar de todas as nossas falhas, não desiste de seu projeto de vida feliz, com paz e segurança para todos. A fundamentação deste desafio está na Bíblia, que conta a história de um povo em busca da paz. A Palavra hebraica shalom. que quer dizer paz, aparece 239 vezes na Bí-

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blia, significando bem estar, felicidade, saúde, segurança, relações equilibradas e harmonia. O grande retrato da paz é o paraíso, retratado no livro do Gênesis, onde Adão e Eva podem ter uma vida em plenitude. Mas aparece um exemplo de violência familiar: Caim mata Abel, num conflito que expressa a dificuldade de vivermos como irmãos. Os profetas Amós, Oséias, Isaías, Miquéias e Jeremias, ao falar ao povo de Israel, quase sempre em guerras, denunciam a violência e ensinam que a paz está em uma vida simples, com cada um tendo o suficiente para viver, sem precisar se defender do vizinho ou de quem quer que seja. E vão além: mostram que para viver bem é

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O caminho concreto para

a solidariedade e a paz está no

amor ao próximo. preciso entender o mundo como uma grande família, onde cada um cuida do outro com amor e delicadeza. Será que é assim que acontece mesmo? Hoje há muitos tipos de violência: muita gente não tem casa para morar, não tem terra para plantar, não tem trabalho, muitos são privados de seus direitos, sofrem de injustiças sociais e são postos à margem da vida, além da violência provocada pelas drogas, guerras, violência urbana armada etc .. Muitas vezes o perigo mora em casa mesmo. Nem sempre a violência está na rua. No lar onde deveria reinar harmonia, acontecem abusos por causa do álcool, drogas, humilhações pelo desemprego, doenças, maus tratos, chantagens emocionais etc .. Muitas vezes as vítimas são crianças, idosos e mulheres feridas por maridos ou namorados, que por vergonha ou medo normalmente escondem tais agressões. A Bíblia, porém, nos mostra um caminho de reconciliação para superação de todo mal, uma nova civilização, onde "o lobo e o cordeiro pastam 22

juntos" (Cfls 65, 19-25), sinal de perdão e recuperação das relações fraternas. Os que cederam à violência ou à droga têm que ser valorizados no próprio meio e recuperados. Ninguém pode ficar excluído do projeto de felicidade que Deus quis para o seu povo. A felicidade de que falamos não é algo distante e individual. Nem está relacionada com dinheiro: ter, poder, comprar. Se fosse assim, quem não tem dinheiro não poderia ser feliz. Lendo Mateus 5, 9, vamos ver que a felicidade está ligada à pratica da Justiça e à promoção da paz. Paz pressupõe amor, verdade e justiça. Jesus também nos ensina o que é necessário para ser feliz, mas são regras diferentes daquelas que o mundo costuma seguir. Ensina um caminho surpreendente e cheio de sabedoria (Cf Mt 5, 3-10). O caminho concreto para a solidariedade e a paz está no amor ao próximo. A parábola do bom samaritano apresenta a figura de um homem ferido de morte e jogado à beira do caminho. Todos os que podiam e deviam fazer alguma coisa passaram e deram as costas. Mas justamente um samaritano é que o acolhe, se faz próximo e o ajuda (CfLc 10, 25-37). Se quisermos ver nossa Terra repleta de paz e solidariedade, precisamos começar a fazer alguma coisa. Quais atitudes eu posso tomar para promover a paz e a solidariedade na minha casa, no meu trabalho e na sociedade?

Lourdes e José BenediJo de Faria Equipe 18 - N. S. Mãe das Graças - São Carlos/SP CM 398


Falecimentos Moniz, da Leidy, em 22 de janeiro de 2004. Muniz integrava a Equipe Nossa Senhora de Nazaré, do Setor B de Natal/RN. Maria Aparecida (Mariinha), do Ylves J. M. Guimarães, no dia 29 de dezembro de 2004. Ela pertencia à Equipe 2 A, São Paulo, Capital!. Edgard Barbosa Rennó, da Marlene, no dia16-1-2005. Edgard pertencia à Equipe 5B de São José dos Campos/SP. Diácono Laury Souto de Queiroz, em Sorocaba. Lauri era diácono permanente desde 22 de setembro de 1991. Era Conselheiro Espiritual da Equipe 8- N. S. do Perpétuo Socorro, de Votorantim. Era casado com Maria Romilda Tobias de Queiroz e tinha 4 filhos. Jane Araújo de Lima Menezes (do José Ribamar), no dia 06-2-2005. Membro da Equipe 880903- N. S das Graças, de Caicó/RN. Esméria (do Lomar), no dia 30-1-2005. Com Lomar, era o casal mais antigo do Movimento em Juiz de Fora/MG. Integrou, desde o início, a primeira equipe da cidade.

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JUBILEU DE OURO De ordenação presbiteral de Mons. Paulo Daher Há 50 anos uma pessoa saiu para o campo espalhando sementes. Hoje, numa visão retrospectiva, pode ser admirada uma seara com frutos maduros. Mas a semeadura continua. Todos que se aproximam do semeador recebem acolhimento, compreensão, cura de males espirituais. Não há preconceitos, nem censuras severas, mas respeito, perdão das faltas. Portas se abrem ao seu toque. Não existe acomodação, mas disponibilidade para o serviço de Deus. Onde existe procura, aí está aquele que ajuda a encontrar o Tesouro. Enxerga além das aparências e traduz tudo em mensagens que atingem o coração de quem se dispõe a seguir suas pegadas. Afaga o coração de quem sofre. Indica ocaminho, que é Jesus. Leva consigo o

alimento para quem parte deste mundo. Aconchega-nos sob o manto de Maria. Durante cinqüenta anos de vida consagrada foi pastor e sacerdote para todos. Esse é Monsenhor Paulo Daher. Louvemos ao Senhor que nos deu esse representante na Terra. Nas Equipes de Nossa Senhora incorporou à sua multiforme atuação a capacidade de trabalhar junto a casais e famílias. Onde quer que haja uma atividade equipista, ali está Monsenhor Paulo Daher com sua esclarecedora palavra a orientar a "Igreja Doméstica". Mons. Daher é SCE das Equipes 2 - N. S. da Esperança; 4 - N. S. da Cabeça; 7- N. S. de Fátima, e 18 - N. S. das Graças, todas do Setor A de Petrópolis, além de ser o SCE da Região Rio II. Lauricy e Humberto, Eq. 4A- N. S. da Cabeça - Petrópolis/RJ

••• De Vida Consagrada do Pe. Hervé A comunidade paroquial da SSma. Trindade, no bairro do Flamengo, no Rio de janeiro, no dia 17 de outubro de 2004, brindou com missa festiva os 50 anos de vida religiosa do seu pároco, Pe. Hervé, da Congregação dos Agostinianos da Assunção. A celebração eucarística foi presidida por Monsenhor Manuel, representando o Cardeal Dom Eusébio, Arcebispo Metropo24

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litano do Rio de Janeiro, e concelebrada por vários sacerdotes. Durante a homilia, Pe. João Bosco ressaltou que a vida religiosa consagrada se caracteriza pela vivência dos três votos de pobreza, castidade e obediência, explicando que a vida religiosa consagrada se organiza em ordens e congregações. Após a festiva missa, Pe. Hervé foi homenageado pela comunidade, por membros da famnia assuncionista e por pastorais e serviços. Ele é SCE das Equipes Nossa Senhora das Famílias e Nossa Senhora da Assunção, Setor C, Rio L

Pe. Sallet, além de SCE da Província Sul III, também o é da Região Paraná Sul, e de um de seus Setores e de duas equipes de base. São mais de 30 anos ajudando os casais equipistas a vivenciar a Espiritualidade Conjugal! Louvamos a Deus por todas as maravilhas que Ele operou através de nosso irmão, amigo e conselheiro! Sua vida é um constante dom para seus irmãos. Apesar de seus inúmeros compromissos com o Colégio Medianeira, em Curitiba, onde reside e trabalha, sua dedicação amorosa com os órfãos do Patronato Santo Antônio, seu carinho e disponibilidade com várias Congregações Religiosas, dando formação e pregando retiros, jamais deixou de nos apoiar, animar e incentivar. Obrigado Pe. Sallet por todo bem realizado pelos casais e conselheiros das Equipes de Nossa Senhora. Agradecemos, especialmente, pelos retiros que orientou durante todos esses anos e que foram fundamentais em nossa caminhada de casais cristãos. Deus o abençoe!

••• De Vida Religiosa Consagrada de Pe. Pedro Sa11et Celebrado no dia 28 de fevereiro de 2005. CM 398

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Novas Equipes

• N 53- N. S. da Divina Providência- Setor B- Recife/Pe • N 54- N. S. Mãe dos Homens- Setor B- Recife/PE • Equipe 4- N. S. da Imaculada Conceição- Itabuna/BA

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Guaratinquetá - 40 Anos de Equipes Foi com muita alegria e agradecimento a Deus e a Nossa Senhora que as Equipes de Guaratinguetá comemoraram 40 anos de Movimento, no dia primeiro de dezembro de 2004. Com uma Missa de Ação de Graças, seguida de confraternização, os equipistas e familiares puderam comemorar o seu tempo nas Equipes e principalmente rever alguns dos casais que foram responsáveis pelo início de nossa caminhada, nossos queridos amigos de Taubaté. Tudo começou quando, em outubro de 1964, Pe. Pedro Lopes veio a Guaratinguetá, para proferir uma série de palestras sobre um curso para um mundo melhor. Numa dessas palestras, falou sobre o Movimento das Equipes de Nossa Senhora, que existia em Taubaté e do qual era um dos Conselheiros Espirituais. Alguns casais se interessaram. Após algumas reuniões de informação sobre o Movimento, aceitaram formar uma equipe. Em O1 de dezembro de 1964, formou-se a Equipe 01, Nossa Senhora das Farm1ias, pilotada por Consuelo e Ernesto que, sem medir sacrifícios, vinham regularmente de Taubaté para as reuniões, tendo como SCE Monsenhor Oswaldo de Barros Bindão. Com a consolidação da Equipe O1, na ocasião formada por Regina e Eduardo (falecido), Ruth e Walter (falecido), Glorinha e Moacir (hoje em Taubaté) e Maria Helena e Guido CM 398

(hoje em Piracicaba), em 1967 surgiram as Equipes 2 e 3, e em mais alguns anos formaram-se as Equipes 4 e 5, dando assim origem ao Setor Guaratinguetá. Aos poucos o Movimento foi crescendo e se consolidando, pois eram muitos os casais ansiosos por uma espiritualidade conjugal, ocorrendo assim a fundação de várias equipes e dissolução de outras, até chegarmos às atuais 13 equipes. Esta, em poucas palavras, a história do Movimento das Equipes de Nossa Senhora em nossa cidade, nascido do interesse de alguns casais e do dinamismo, doação e entusiasmo do Pe. Pedro Lopes e Dna. Nancy Moncau. Não podemos esquecer de todos os SCE, que durante todos esses anos se dedicaram, doaram e trabalharam em prol do nosso Setor, em especial do Pe. Flávio Cavalca, que há anos vem sendo nosso SCE.

Sadia e Antonio Carlos, CRS Guaratinguetá/SP 27


MARlA, MOD MATERNIDADE DA Caríssimos Irmãos e Irmãs:

É precisamente na maternidade

ao aprofunMaria,

divina que o Concílio divisa o fundamento da particular relação que associa Maria à Igreja. Lemos na Constituição Dogmática Lumen Gentium que "pelo dom e missão da maternidade divina, que a une a seu Filho Redentor, e pelas suas singulares graças e funções, está também a Virgem intimamente ligada à Igreja" (n. 63). A este ·mesmo pressuposto faz sempre referência a citada constituição dogmática sobre a Igreja, para esclarecer as prerrogativas de "tipo" e "modelo", que a Virgem exerce em relação ao Corpo Místico de Cristo: "Com efeito, no mistério da Igreja, a qual é também com razão chamada mãe e virgem, a bem-aventurada Virgem Maria foi adiante, como modelo eminente e único de virgem e mãe" (ibid.). A maternidade de Maria é definida "eminente e única", pois constitui um fato singular e irrepetível: Maria, com efeito, antes de exercer a sua função materna para com os homens, é a Mãe do Filho unigênito de Deus feito homem. A Igreja, ao contrário, é mãe enquanto gera espiritualmente Cristo nos fiéis e, portanto, exerce a sua maternidade em relação aos membros do Corpo Místico. Assim, a Virgem constitui para a Igreja um modelo superior, precisamente devido à unicidade da sua prerrogativa de Mãe de Deus.

da que esta se realizou disposições emin""''"•"-' "Porque, acreditando e v v ........,,... do, gerou na terra, sem ter conhecido varão, por obra e graça do Espírito Santo, o Filho do eterno Pai; nova Eva, que acreditou sem a mais leve sombra de dúvida, não na serpente antiga, mas no mensageiro celeste" (LG, 63). Destas palavras emerge com clareza que a fé e a obediência de Maria na Anunciação constituem para a Igreja virtudes a imitar e, num certo sentido, dão início ao seu itinerário materno no serviço aos homens chamados à salvação. A maternidade divina não pode estar isolada da dimensão universal, que lhe foi atribuída pelo plano salvífico de Deus, a qual o Concílio não hesita em reconhecer: "Ela deu à luz um Filho que Deus estabeleceu primogénito de muitos irmãos (cf. Rm 8, 29), isto é, dos fiéis, para cuja geração e educação Ela coopera com amor de mãe" (LG, 63). A Igreja torna-se mãe, tomando como modelo Maria. A respeito disso, o Concílio afirma: "A Igreja que contempla a sua santidade misteriosa e imita a sua caridade, cumprindo fielmente a vontade do Pai, torna-se também ela própria mãe, pela fiel recepção da palavra de Deus: efetivamente, pela pregação e pelo Batismo gera, para vida nova e irnor-

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tal, os filhos concebidos por ação do Espírito Santo e nascidos de Deus" (LG, 64). Analisando esta descrição da obra materna da Igreja, podemos observar aqui como, dum certo modo, o nascimento do cristão está ligado ao nascimento de Jesus, e é como que um seu reflexo: os cristãos são "concebidos por obra do Espírito Santo" e a geração deles, fruto da pregação e do Batismo, assemelha-se assim à do Salvador. Além disso, a Igreja, ao contemplar Maria, imita-lhe a caridade, o fiel acolhimento da Palavra de Deus e a docilidade no cumprimento da vontade do Pai. Realiza, seguindo o exemplo da Virgem, uma fecunda maternidade espiritual. A maternidade da Igreja, porém, não toma supérflua a de Maria que, continuando a exercer a sua influência sobre a vida dos cristãos, contribui para atribuir à Igreja uma feição materna. À luz de Maria, a maternidade da Comunidade eclesial, que poderia parecer bastante geral, é chamada a manifestar-se de modo mais concreto e pessoal em relação a cada homem remido por Cristo. Ao mostrar-se como Mãe de todos os crentes, Maria suscita neles relações de autêntica fraternidade espiritual e de diálogo incessante. A experiência quotidiana de fé, em cada época e em todos os lugares, põe em evidência o fato de muitos precisarem confiar a Maria as necessidades da vida quotidiana, abrindo confiantes o seu coração para pedirem a sua intercessão materna e obterem a sua alentadora proteção. CM 398

As orações dirigidas a Maria pelos homens de todos os tempos, as numerosas formas e manifestações do culto mariano, as peregrinações aos Santuários e aos lugares que recordam as maravilhas operadas por Deus Pai, mediante a Mãe de seu Filho, demonstram a extraordinária influência exercida por Maria na vida da Igreja. O amor do Povo de Deus pela Virgem sente a exigência de entretecer relações pessoais com a Mãe celeste. Ao mesmo tempo, a maternidade espiritual de Maria sustém e incrementa o exercício concreto da maternidade da Igreja. Ambas as mães, a Igreja e Maria, são essenciais para a vida cristã. Poder-se-ia dizer que a primeira exerce uma maternidade mais objetiva e a outra, mais interior. A Igreja toma-se mãe na pregação da Palavra de Deus, na administração dos sacramentos e em particular no Batismo, na celebração da Eucaristia e no perdão dos pecados. A maternidade de Maria exprime-se em todos os setores da difusão da graça, de modo particular no quadro das relações pessoais. Trata-se de duas maternidades inseparáveis: com efeito, ambas fazem reconhecer o mesmo amor divino que deseja comunicar-se aos homens.

João Paulo II Audiência de 1310811997 Extraído do site w w w. vatican. va/holy Jather! john_paul_ii/ audiences/19971 documents/hf_jp-ii_aud23041997 _po.html 29


VAMOS A lOURDES! Primeiramente, queremos aqui deixar nosso agradecimento sincero aos queridos Sílvia e Glauco de Florianópolis, que nos enviaram o livro de Mafalda Boing, "Lourdes, fonte de graças". Somos muito gratos, amigos, pela delicadeza e lembrança de seu gesto; acreditem que essa leitura nos acrescentou bastante e tem sido motivo de muita reflexão e troca entre nós dois. Estamos nos aproximando do nosso grande Encontro Internacional. Agora já podemos até nos referir a ele como um acontecimento para o ano que vem ... e como o tempo voa! E nós? E os preparativos para esta grande festa? É certo que precisamos desde cedo tratar dos gastos que teremos, fazer nossos cálculos, tomar

providências em relação ao trabalho e outros compromissos, às crianças e em quem cuidará delas durante nossa ausência, enfim, pensar em nosso cotidiano em todas as suas dimensões. Contudo, estejamos vigilantes para que essas preocupações (legítimas, sem dúvida) não nos desviem do preparativo mais importante: precisamos rezar e rezar muito pelo nosso X Encontro Internacional: ele será certamente e acima de tudo, para nós, um grande momento de ação de graças; um grande momento de oração universal pelos casais do mundo inteiro. Estaremos unidos, pedindo e agradecendo ao Pai pela nossa vida de casal, pelo nosso matrirnônio. Estaremos unidos, mostrando ao mundo que somos felizes porque somos casados,


e que através dessa opção que fizemos queremos ser melhores a cada dia: através do matrimónio os cônjuges se santificam. Irmãos queridos, isto é muito grande e por isso precisamos estar em oração. Peçamos a nossos familiares, amigos sacerdotes, religiosos e leigos que nos incluam em suas intenções e súplicas. Peçamos ao Pai que este Encontro possa ser uma grande oportunidade de renovação; que tenhamos a graça de sentir nosso coração arder com a proximidade de Deus e da Virgem de Lo urdes, que nos acolhe e nos espera como humildes peregrinos, confiantes e agradecidos.

Nota Explicativa Com relação ao texto do nosso artigo anterior, publicado na Carta Mensal de Fevereiro-Março: "Quan-

do vocês receberem esta Carta Mensal, já deverão ter pago a primeira parcela ... ", cabe-nos esclarecer que, quando escrevemos esse artigo, em 20 de dezembro de 2004, nossa expectativa era de que os camês seriam emitidos até meados de janeiro de 2005; contudo, por motivos técnicos, essa remessa sofreu um atraso de 15 a 30 dias. Quando propusemos ao Casal Responsável da Super-Região desencadear o mais cedo possível o início de nossa poupança, visando ao Encontro Internacional e, em paralelo, desenvolver um sistema moderno de controle de eventos, estava implícito um certo risco na execução do cronograma, mercê da complexidade e do caráter inédito do sistema. No entanto, diante das vantagens apresentadas pelo sistema proposto, tais como: rodar em ambiente "web" (via


internet), compatível com o sistema de controle da ERI, acessível a todos os inscritos, compartimentado para atender os diversos níveis de gerenciamento e aplicável a qualquer evento futuro, o Colegiada da SuperRegião aceitou o desafio. Assim sendo, contamos com a compreensão de vocês, com a certeza de que o esforço de todos nós será amplamente recompensado daqui para frente. Aproveitamos a oportunidade para deixar público o nosso agradecimento e reconhecimento pelo competente e dedicado trabalho de nossa analista Marta Modenesi, equipista como nós, que não tem medido esforços para desenvolver esta ferramenta de trabalho que será de grande utilidade ao Movimento.

Próximos Passos Uma vez superadas as dificuldades iniciais, vejamos o que temos pela frente: • Provavelmente em março (segundo informações de que dispomos até o momento), iremos receber da Organização Internacional do Encontro de Lourdes as "Fichas Oficiais de Inscrição". Este fato implicará na necessidade de vocês fornecerem mais alguns dados pessoais (além dos que já foram fornecidos para a pré-inscrição) para os organizadores do Encontro na França. Lembrem-se de que o que fizemos até agora foi apenas uma pré-inscrição, que permitiu dimensionar o número de inscrições da Super-Região Brasil (que sur32

presa agradável! Cremos que atingiremos 3.000 inscritos) e iniciar uma poupança o mais cedo possível, de modo a diluir os custos da taxa de inscrição; • Para facilitar, agilizar e diminuir a possibilidade de erros na transmissão dos dados, vocês irão fornecer essas informações complementares diretamente via internet, através do SITE das ENS, como foi divulgado na Carta Mensal do mês passado (Fevereiro-Março/2005), utilizando seu número de inscrição e sua senha pessoal impressos na folha de rosto do carnê de pagamento. Aqueles que não têm acesso a esse meio de comunicação (internet) poderão recorrer aos seus companheiros de Equipe, Setor ou Região para fazê-lo ou enviar as informações via correio/fax. • O acesso à intemet permitirá também que vocês se atualizem com relação às informações sobre o Encontro (além da leitura da Carta Mensal), que consultem seus dados cadastrais e que acompanhem os pagamentos realizados. • Novas inscrições continuarão a ser aceitas, respeitado o prazo limite já divulgado (até 28 de abril de 2005), da mesma forma que vêm sendo feitas, isto é, através do envio para nós, Casal Coordenador, da ficha de inscrição (disponível na intemet) devidamente preenchida. Fiquem com Deus. Com carinho,

Regina e Cleber Casal Coordenador para o X Encontro Internacional CM 398


DEVER DE SENTAR-SE lnstrumento àe cultivo àa uniàaàe

A busca constante do encontro e comunhão é uma das atitudes fundamentais que o Movimento nos propõe. Como casais cristãos somos chamados a ser um em todos os níveis da realidade humana: • "Uma só carne" (Gn 2,24), nos níveis corporal, material, físico; • "Um só coração" (At 4,32), nos aspectos psicológico, emocional, sentimental; • "Uma só alma" (At 4,32), no nível espiritual. Esta unificação não significa fusão ou confusão. Cada um mantém sua personalidade, suas características, suas qualidades e tamCM 398

bém seus limites e defeitos. Já por este aspecto vê-se que a unidade não é fácil. Pressupõe a superação de empecilhos e limites em todos os níveis, no físico, no psicológico, no espiritual. A unidade perfeita já neste mundo é um sonho, idealizado no paraíso do Gênesis. O primeiro casal humano vivia em perfeita harmonia conjugal, em perfeita sintonia com a natureza e em perfeita comunhão com Deus. O egoísmo, o orgulho e a auto-suficiência quebraram esta maravilhosa harmonia. Perdeu-se aquele paraíso. Agora, a unidade precisa ser reconstruída 33


a duras penas, combatendo o egoísmo, o orgulho, a auto-suficiência. Após o pecado, ficou mais difícil amar de verdade, amar com o corpo, com o coração e com a alma. Precisamos estar sempre atentos e vigilantes sobre nós mesmos (cf. Mt 26,41). Precisamos de contínua conversão. Ao querermos reconstruir nosso belo jardim, precisamos primeiro remover tudo o que atrapalha: pedras, espinhos, ervas daninhas. Este cuidado dever ser permanente, porque, por exemplo, as ervas daninhas continuam renascendo e, se não agirmos, acabarão por tomar conta. As flores (nossas qualidades) precisam de cuidados, para se desenvolverem, para se renovarem. Procuramos eliminar o "negativo" e incentivar o "positivo". Assim devemos agir também com nosso amor e nosso casamento. O dever de sentar-se é um instrumento maravilhoso de cultivo de nosso "jardim", inspirado pelo Espírito Santo aos casais, porque é o mais adequado à nossa realidade. Podemos assim, a dois, aos poucos, eliminar o que dificulta e dar força ao que favorece o nosso crescimento em unidade, em capacidade de encontro e comunhão.

No dever de sentar-se procuramos eliminar o negativo e incentivar o positivo.

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Condições e frutos Para que o dever de sentar-se possa ser este maravilhoso instrumento de crescimento na unidade conjugal, há condições fundamentais, indispensáveis a cada cônjuge e ao casal: • Abertura à verdade. É a verda34

de que nos liberta, segundo Jesus (Cf. Jo 8,32). A verdade não sobrevive sem a humildade. Precisamos aceitar tirar primeiro as traves que tapam nossos olhos . .. (Cf. Mt 7,3). Precisamos aceitar a poda, para produzir mais frutos (Cf. Jo 15,1-2). Busca constante da Vontade de Deus. Negar-se-á Ele a revelar sua vontade a dois que Ele mesmo uniu com um Sacramento e que se reúnem no nome de seu Filho? É Jesus o primeiro a pedir que sejamos um, como Ele e o Pai (cf. Jo 17,21). Compreender que amar é procurar o bem do outro, mais que o próprio, é pôr-se a serviço da felicidade do cônjuge, e que isto pressupõe necessariamente espírito de "abnegação" e renúncia (Cf. Pe. Flávio - encarte da Carta Mensal de janeiro/2004). Estarmos prontos a valorizar aciCM 398


ma de tudo os pontos positivos, as qualidades um do outro, as coisas boas de nossa vida a dois, que são como as flores de nosso jardim, que precisam ser regadas, adubadas, cultivadas. • Querer realmente crescer no espírito de encontro e comunhão com o cônjuge. Para isso, cada um deve querer sempre dar o primeiro passo, correr na frente (cf. Mt 7,12). • Colocarem-se ambos aos pés de Jesus, para ouvi-Lo, sentir a sua presença e o seu amor. É possível, assim, não amar, não crescer em unidade, não ser feliz?

lsto e fácil? Claro que não! Nossa velha natureza resiste. Não é fácil aceitar primeiro morrer como o grão de trigo (Cf. Jo 12,24-25). Não conseguiremos fazer isto só com nossas forças. Precisamos do auxílio da Gra-

ça, da força do Espírito Santo. Nosso amor humano precisa ser redimido por Cristo para se transformar em "caridade" (Cf. 1Cor 13, 1-13). Precisamos superar as "obras da carne" e deixar o Espírito Santo gerar em nós as "obras do Espírito" (Cf. Gl5, 16-25). Temos à nossa disposição, porém, os melhores recursos: os Pontos Concretos de Esforço, em especial o Dever de Sentar-se e a Regra de Vida, os sacramentos, a ajuda dos irmãos de Equipe, a orientação de um conselheiro espiritual. Não falta nada. A mais longa das caminhadas é feita passo após passo na direção certa. O mais belo dos jardins é o resultado do cuidado humilde e quotidiano dedicado a cada flor.

Sola e Sergio Eq. N. S. Medianeira - Setor C Porto Alegre!RS

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CORREÇAO FRATERNA A vida espiritual não fecha o cristão em si mesmo. Muito pelo contrário, ela nos toma largamente abertos para os outros, para a Igreja e para o mundo. A nossa salvação acontece comunitariamente. Por isso é necessário antes de tudo vivermos em comunidade. E já que somos uma comunidade de casais cristãos, agradamos a Deus quando vivenciamos a unidade. CM 398

Conversando com alguns casais equipistas, constatamos a necessidade de suas equipes viverem a correção fraterna, apesar de que existe um certo receio de ocasionar constrangimento entre seus membros. Mas por que temer o que Jesus mais pregou em sua missão, o amor e a unidade? É necessário seguir, viver e testemunhar a unidade de Jesus com o 35


Pai ("Eu e o Pai somos um"- JoiO, 30; cf. Jo17, 22). Sabemos que alguns alegam que é preciso a equipe ter maturidade, mas será que o amor que temos pela nossa equipe e pelo Movimento não supera essas dificuldades? Lutamos e defendemos uma causa maior: será que não vale a pena fazer tudo isso pela nossa conversão e santidade? Reflitamos! A conversão se realiza, entre outros gestos, pela correção fraterna e, para que ela seja autêntica, é preciso que haja, antes de tudo, aceitação e mudanças. O gesto da correção fraterna deve ser fundamentado no amor, na humildade e na oração. Por isso devemos cultivar o amor aos outros ("Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei"- Jo 15,12). Só quando amamos os outros é que nasce a coragem de falar de coração para coração. É preciso que o nosso coração transborde de amor e bondade, pois somente os que estão cheios de bondade são capazes de se admoestarem mutuamente (Cf. Rm 15.14). É necessário também desenvolver a nossa capacidade para aceitarmos o outro com humildade ("Sede perfeitos como vosso Pai celeste é perfeito"- Mt 5,48). Aceitar o outro é querer o seu bem, é ir ao seu encontro e dar-lhe o que precisa receber naquele momento. É importante que saibamos quais os nossos pontos fracos e isso exige muita humildade. Temos que acreditar que as pessoas querem o melhor para nós. Com certeza esse é um passo fundamental 36

para sermos felizes. Precisamos também aumentar o nosso fortalecimento na oração, porque só é possível corrigir e ser corrigido se existir abertura e espaço para a vontade de Deus ("Não podeis vigiar uma hora comigo?" Mt 26,40). Se, ao corrigir alguém, este não se emendar, não o hostilize, mas recomende-o a Deus. Ora, Deus assim dispôs para que aprendamos a carregar mais o fardo dos outros; porque ninguém há sem defeito; ninguém sem carga; ninguém com força e juízo bastante só para si; mas cumpre que uns aos outros nos suportemos, consolemos, auxiliemos, instruamos, aconselhemos e perdoemos; quanto maior a virtude de alguém, mais ela se manifesta na hora da adversidade, as ocasiões não fazem o homem fraco, mas revelam o que ele é. A correção fraterna não é a condenação do outro, mas uma palavra de compreensão, de se colocar no lugar do outro. Supõe humildade em quem fala e em quem ouve, porque é um ato de amor. Esse gesto fraterno pressupõe ainda que a equipe mantenha acesa a chama da fidelidade ao amor. Nela somos uma farru1ia e, se o sistema produz excluídos, a equipe gesta pessoas felizes, proporcionando a cada membro a necessidade de se renovar e ser capaz de viver o encontro e o amor misericordioso e libertador de Jesus, tomando a equipe uma comunidade de amor.

Lídia e Dehon Eq 01 B - João Pessoa/PB CM 398


O SILÊNCIO INIMIGO DO AMOR A vida do meu marido, obrigado pelo segredo profissional a não partilhar as suas preocupações e atividades, foi imediatamente obstáculo para o desenvolvimento da nossa vida a dois. Não me comunicava nada da sua vida profissional e chegamos assim a não comunicar nada dos nossos projetos, das nossas aspirações e das nossas dificuldades. As férias eram uma oportunidade para tomarmos consciência disso e para o lamentarmos, mas não íamos mais longe. O estudo dos temas levou-nos a aprofundar em conjunto a nossa vida conjugal, a nossa vida espiritual e foi o ponto de partida da nossa atual união: o dever de sentar-se dá-nos a oportunidade de nos abrirmos um ao outro e renova o nosso conhecimento um do outro. Vim procurar nas Equipes, sobretudo e em primeiro lugar, a possibilidade de uma união melhor e mais completa com o meu marido e a maneira de viver plenamente o nosso sacramento do Matrimónio. Encontrei nelas o meio de ficar profundamente unida a ele, graças ao dever de sentar-se: este realmente impede que capitulemos perante a tentação, tão fácil, do CM 398

silêncio e da separação moral que, a pouco e pouco, provém dele. Além disso, a obrigação de trocarmos impressões sobre os temas de estudo, permitiu que nos descobríssemos um ao outro. Mas o que é fundamental no contributo das Equipes ao nosso casamento é, segundo me parece, a autenticidade de um para o outro: com efeito, se jogamos jogo franco, somos obrigados a despojarmo-nos de toda a vaidade, o que é, essencialmente, o estado de filhos de Deus. As Equipes fizeram com que nos encontrássemos diante de Deus e foi isso que nos aproximou.

Testemunhos extraídos da Carta Mensal Equipes Novas, n° 8, Editada e utilizadas no Brasil na década de 1960 37


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ORAÇAO CONJUGAL "O meu amado é para mim um cacho de cipro florido entre as vinhas de Engadi. Como és bela, minha amada, como és bela! ... " Ct 1, 14-15

É com muita alegria que partilhamos com vocês, irmãos equipistas, um pouco de nossa experiência na vivência dos PCEs, principalmente a Oração Conjugal. A vivência diária deste Ponto Concreto de Esforço feito de uma maneira amiga e gostosa. Nos colocamos na presença do Senhor em nosso oratório, no quarto, algumas vezes de manhã outras à noite. E, então, nos desnudamos e nos colocamos juntos nas mãos de Deus, par~ que ele nos liberte dos apegos ao mundo material que nos cega e, assim, nos faça descobrir 38

dentro de nós a semente do amor, imagem e semelhança divinas que o Senhor da vida colocou em nós. Nossa Senhora do Carmo é a nossa Mãe Medianeira. É a hora da entrega das alegrias, das preocupações, dos filhos, dos irmãos etc .. Eu rezo pelo Geraldo e ele reza por mim. Eu sofro com ele e ele sofre comigo. Eu me alegro com ele e ele se alegra comigo. Eu aceito o amor dele e ele aceita o meu amor. É nesse momento que percebemos a presença de Jesus Ressuscitado na nossa vida. Eu me dou para ele e ele se dá para mim. E toda essa entrega CM 398


de um ao outro e de ambos para Deus acontece diariamente na Oração Conjugal, que se transforma numa celebração do Amor. Coloco a responsabilidade pela minha santificação nas mãos do meu amado e ele, por sua vez, nas minhas mãos, e juntos colocamos nosso esforço de busca de santificação nas mãos de Deus. Isso é fruto de uma longa caminhada, de superação de desafios, mas acima de tudo de escolhas. Nós escolhemos que o

Senhor será tudo em nossa vida conjugal. Entendemos que acontece uma manifestação da graça de Deus quando os cônjuges cativam um ao outro e abrem o coração para acolher o outro na sua integridade e se tornam responsáveis pela santificação um do outro: são sinal de que Cristo já os cativou.

Regina (do Geraldo) Equipe N. S. do Carmo - Setor B - Piracicaba/SP

FAMÍllA, TORNA-TE O QUE ÉS! "Não vos preocupeis, pois, com o dia de amanhã: o dia de amanhã terá as suas preocupações próprias. A cada dia basta o seu cuidado" Mt 6,34

Os filhos crescem e exigem de nós determinadas opções, que jamais imaginamos realizar. Por morarmos em uma cidade "pequena", chamada Quixadá, muitos de nós, casais aqui residentes, somos forçados a "mandar'' os filhos para estudar em Fortaleza, distante 168Km, em busca de melhores escolas e oportunidades para eles. Resta-nos duas opções: enviar os filhos sozinhos ou ir com eles. Entendendo o grande perigo a que estão expostos, crianças e/ou adolescentes, sem ainda o amadurecimento necessário para escolher e assumir suas ações cotidianas, cercados por inúmeros perigos (drogas, influência negativa dos colegas, namoro

sem orientação, violência... ) característicos de uma cidade grande, escolhemos a segunda opção. O dia tão "temido" por nós chegou, e Deus nos foi mostrando e confirmando nossa escolha, orientandonos na difícil decisão de mudar, através de pequenos sinais. (Lembro que, quando nos dirigimos à Escola Salesiana, em Fortaleza, escolhida para matricular as meninas, ao sermos recebidos no auditório, onde se encontrava uma imagem em tamanho natural de Nossa Senhora Auxiliadora, a Irmã nos acolheu dizendo: "Vocês não vieram aqui por acaso, Nossa Senhora os enviou", não pude conter as lágrimas). Nossa escolha é sempre confirmada em nossos ~

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momentos de oração, embora alguns amigos não a tivessem entendido e até a reprovassem. Como grande parte do nosso orçamento é conseguido por atividades ligadas ao pequeno comércio que mantemos, tivemos que nos "separar": eu iria com as crianças e o Flávio ficaria trabalhando, e nos fms de semana nos juntaríamos ora em Fortaleza, ora em Quixadá. Há três anos estamos vivendo desta maneira, eu reclamava muito, embora reconhecendo esta necessidade, inclusive por causa de nosso filho menor que precisa de escola especial e de algumas terapias especializadas. Por isso, passei inclusive a exercitar o jejum da língua, procurando entender além das aparências o que Deus quer de nós ... Deus nos desinstala para nos ensinar e nos formar, retira de nós nossos portos seguros e tantas coisas que julgamos importantes: nossa casa grande e confortável arduamente construída durante 3 longos anos, os amigos, a equipe, os movimentos e pastorais de que participávamos e, o mais importante, arotina cotidiana familiar, nem sempre devidamente valorizada por nós. Todos os dias medito o que Deus nos quer falar... Vivemos com meus pais em Fortaleza, e vejo que esta situação que em alguns aspectos é conveniente para nós, tem sido também para eles motivo de alegria e bálsamo na velhice, curtindo a vida dos netos, seus problemas e sucessos, embora algumas vezes reclamando do barulho ... Passamos a valorizar mais nos40

sos momentos como casal, a namorar mais, surpreendendo o outro com pequenos e significativos gestos, a nos sentirmos verdadeiramente "uma só carne", buscando a unidade nas decisões à distância e esperando ansiosamente pela chegada da sexta-feira. A exemplo do Pequeno Príncipe, na quinta-feira já estamos ansiosos e felizes. A "cada dia basta seu cuidado", tudo ganhou para nós outro sabor; as orações em família e nos momentos da refeição, a pipoca repartida à frente da TV, o passeio na praça à noite, terminando com um sorvete, a disputa pelo espaço à mesa, que cada dia se toma menor para as crianças que crescem, a briga para dormirmos todos juntos em nosso quarto, enfim, ficar juntos tem sido uma festa. Assim a saudade pelo "bom tempo" vivido anteriormente se toma ainda presente, mas cede lugar à certeza de que a distância não nos impede de sermos e vivermos como farm1ia, pois "não separe o homem o que Deus uniu"(Mt. 19, 6). Temos tido a oportunidade de experimentar em nossas vidas a verdadeira espiritualidade de Maria, vivendo a vontade do Pai, tudo aceitando no silêncio dos nossos corações e permitindo a Jesus transformar a água em vinho, dando mais sabor e cor às nossas vidas, reafirmando diariamente em nossa oração conjugal que o Poderoso faz em nós maravilhas ...

Dz1ia (do Flávio) Eq. N S. Imaculada Rainha do Sertão - Quixadá/CE CM 398


EXPERlÊNClAS COMUNlT ÁRlAS E EVANGEllZAÇAO Nosso contato com as Experiências Comunitárias aconteceu quando servimos à expansão das Equipes de Nossa Senhora em São Carlos, por onde passaram muitos casais, dos quais vários aderiram ao Movimento e até hoje fazem parte de nossas Equipes. Descobrimos no manual de Experiência Comunitária um guia eficiente para formação e estruturação da comunidade, que permite levar os casais a um conhecimento pessoal, conjugal, familiar e até social, que possibilita transformação para melhor, máxime pela vivência da graça da fé e da vida de comunidade. Foi por isso que adotamos o manual como material de apoio na Pastoral Familiar da Paróquia Nossa Senhora do Carmo de São Carlos, que coordenamos juntamente com o Padre José Antonio Pachielli, SCE da jovem Equipe 24, Nossa Senhora das FamJ1ias. São 12 grupos com mais de 70 casais de primeira e segunda união que se reúnem nas casas, como preconizado no manual, e também com o padre na Paróquia, fazem experiência da vida de comunidade, rezam juntos, estudam e servem a Paróquia nos diversos engajamentos, sem intenção de virem a se tornar Equipes de Nossa Senhora. Começamos com a proposta da vida de comunidade, passamos pela história do casamento, redescobrimento do amor, diálogo, encontro de pesCM 398

soas, projeto de Deus e condição humana e agora estamos aprofundando o conhecimento da pessoa de Jesus Cristo, através do estudo do Evangelho de São Mateus, em sintonia com o projeto de evangelização da Igreja. "As ENS são um movimento de espiritualidade, e uma verdadeira espiritualidade implica em partilhar o que gratuitamente se recebeu" (Manual Exp. Com. Pág 115), por isso nossa comunhão deve transformar-se em doação aos outros, em um dom à Igreja na construção do Reino de Deus, particularmente na seara da vida matrimonial, preparados que fomos paulatinamente pelo Movimento. Nossa intenção é tão-somente relembrar o valor enorme do manual de Experiência Comunitária como instrumento de evangelização e melhor forma de prover casais para o Movimento, e que serve também a outras finalidades dentro da comunidade, também à Pastoral Familiar, formando comunidades de casais. Fica aqui a nossa sugestão aos queridos sacerdotes e irmãos equipistas de não guardar na estante, mas de conhecer e experimentar essa ferramenta prontinha que as ENS nos oferecem.

Lourdes e José Benedito de Faria Equipe 18- N. S. Mãe das Graças - São Carlos!SP 41


O NASCER DE NATÁllA Aos vinte e seis dias do mês de outubro de 2002, na cidade de Feira de Santana, Nini do Rosival, gestante de 34 semanas, apresentou sinais de um parto prematuro, com perda do líquido amniótico. Como o esposo estava viajando, ela resolveu pedir ajuda a um casal equipista, para ir à procura de atendimento médico. Por volta das 11 horas da noite, iniciouse uma trajetória que não poderíamos imaginar possível na segunda maior cidade da Bahia, e que só teve fim no domingo, por volta das 14h30rnin, com a ajuda dos amigos. Em todos os hospitais públicos, nenhum médico quis comprometerse a fazer o parto de um bebê prematuro. Cada hospital alegava uma desculpa: falta de material, de uma equipe médica, de UTI neonatal; num outro, o berçário estava lotado e segundo a atendente já havia até uma fila de espera. Diante dessa situação, os nossos irmãos equipistas rezavam e muitos se fizeram presentes, manifestando apoio. O tempo ia passando. Pedíamos socorro de hospital em hospital e as respostas sempre negativas. Decidimos pedir ajuda a amigos equipistas em Salvador, para averiguar as possibilidades de transportar a paciente para um hospital da Capital. O nosso SCE, Pe. Giovanni, ao saber da situação, se dirigiu ao ambulatório da maternidade, onde estávamos inutilmente à espera de uma solução, e, decidido, nos orientou a procurar um hospital particu42

lar para livrar a mãe e a criança do sofrimento, da angústia da espera e até mesmo para salvar a vida do bebê, pois qualquer demora a mais no atendimento poderia ser fatal. Com o parto cesariano, nasceu Natália, uma bela menina, saudável com 1.950 gramas. A partir daí surgiu a idéia da ajuda financeira entre os equipistas para pagar as despesas, vivenciando um momento de grande ajuda mútua, onde pudemos contar com o nosso SCE, o casal regional, casais equipistas de Salvador e de Feira de Santana e alguns amigos. Quisemos partilhar esta experiência com vocês, porque acreditamos que viver em equipe é compartilhar com os outros alegrias e dificuldades. Agradecemos a Deus e a Nossa Senhora pela oportunidade de vivenciarmos momentos fortes de oração e de grande ajuda mútua. Saímos dessa experiência muito mais fortalecidos e encorajados.

Mirian e Carlinhos Eq. 2 - N. S. das Graças Feira de Santana!BA CM 398


A FAMÍLIA SE EVANGELIZA Partilhamos a experiência vivida pela nossa equipe, no mês de dezembro de 2004, durante reunião de estudo. Com alguns membros da equipe, preparamos a reunião dos Pais com os filhos (na verdade foi deles), com muito amor e entusiasmo, juntamente com a nossa CE, Irmã Maria Helena. Nossos filhos têm idade entre 7 e 15 anos, porém todos participaram intensivamente! Tendo uma equipista na animação, e obedecendo o roteiro, no acolhimento utilizamos música e o aconchego de abraço entre todos! Fizemos uma oração com o corpo e a alma (cantando e dançando), depois vimos uma fita de vídeo no momento do Evangelho e, a seguir, a ressonância da Palavra, onde os filhos participaram ativamente com a sua sabedoria. Uma música de interiorização antecedeu a oração espontânea: eles nos surpreenderam, tamanha a espiritualidade. Reunidos em dois grupos de 6 e 7 participantes, cada grupo leu, discutiu e expôs para os casais a parábola que lhes coube estudar. Demonstraram, com a graça de Deus, que estão realmente engajados numa família especial, com valores especiais ... Realizou-se uma mesa redonda, sem a presença dos pais, acompanhada pela Conselheira, com quem todos se sentiram à vontade. Sortearam temas sobre relacionamento, auxílio mútuo, escola, entre outros. Trocaram experiências, discutiram, receberam sugestões e, enfim, fizeram propostas de mudança de vida (regra de vida!). Houve então uma celebração, com a participação de pais e filhos, cujo tema foi: "Dando Graças a Deus", realizando-se uma procissão de oferta e agradecimento. Nela foram utilizados elementos símbolos como a Bíblia, família, estudos, natureza, alimento, abrigo, trabalho etc .. Foi um momento muito importante de reconhecimento do amor de Deus para conosco .. . Logo após, a revelação do amigo secreto das crianças e o lanche. Todos amaram o acontecimento. As crianças e jovens pediram "bis". Estamos pensando em realizar esta reunião ao menos 2 vezes ao ano. DEUS nos abençoe! Quantas e quantas graças recebemos e às vezes não nos damos conta! Que a experiência possa inspirar-nos para que incluamos cada vez mais nossos filhos na vivência cristã e, principalmente, melhorar o nosso relacionamento no lar! Maria Luiza (do Valdeires) Eq. N. S. da Rosa Mística - Setor A - ltumbiara!GO CM 398

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EXEMPLO DE FÉ Irmãos equipistas, vamos contar a história de uma grande amiga, membro da nossa equipe. Eliana (do Carmo), em janeiro de 2003, depois de passar por vários médicos e por uma bateria de exames, constatou que estava com um tumor na cabeça e que precisava operar em um espaço curto de tempo. Tranqüila, ela deu a notícia à nossa equipe e pediu orações, pois estava confiante no Cristo que estava com ela. Vale ressaltar que, além de equipista, ela atua na pastoral familiar e na equipe de liturgia da paróquia e participa de outros movimentos. Em abril de 2003 foi operada em Brasília. A cirurgia, que durou 11 horas, graças a Deus foi um sucesso. Desde o início, sempre muitas orações foram feitas para que ela fosse curada. O resultado da biópsia, porém, acusou malignidade e ainda a existência de outro tumor, até então desconhecido. Ainda enfraquecida pela recente cirurgia, foi submetida a novos e exaustivos exames, querevelaram a existência de outro tumor no pulmão. Alguns meses após, começou a fazer radioterapia e mais tarde qui-

mioterapia na cidade de Goiânia. Mesmo debilitada, ela e Carmo continuaram fiéis e dedicados à função de CRE em 2003. Recém operada, deitada em sua cama ainda, fez questão de falar bem lentamente o que gostaria que fosse colocado no relatório mensal. E assim, sempre com muita fé, animou a equipe durante todo o ano. E todos os dias das reuniões formais saía de Goiânia, onde fazia o tratamento de quimioterapia, e vinha para Brasília, participava da reunião e no outro dia voltava para continuar a maratona de tratamento árduo e fatigante. Participava de todos os eventos do Movimento e se preocupava com o bem estar da Equipe. Hoje, ela continua na luta ainda, porém, com mais fé e esperança no Cristo vivo. Continua indo a Goiânia para se submeter à quimioterapia e a inúmeros exames para controle do tumor existente no pulmão. Agradecemos a Deus pela existência e exemplo dessa mulher, que ainda não sabe se deverá submeter-se a outra cirurgia ou não. Ela já entregou nas mãos de Deus.

Joaninha e Chicão Eq. 46 - Setor C, Brasz1ia/DF

O amor conjugal é um caminho cuja meta é a santidade. Na escola da vida, onde todos sempre seremos discípulos, a lição que os cônjuges devem aprender é a lição do amor.

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UMA CRUZ EM AUSCHWlTZ Agradam-me as viagens de turismo, especialmente em lugares onde se passaram fatos históricos memoráveis, ainda que não recomendáveis do ponto de vista ético ou moral. Essas viagens costumam ser alegres, descontraídas e até mesmo emocionantes. Todavia, a emoção que experimentei na pequena cidade polonesa de Oswiecim, chamada pelos alemães de Auschwitz, a cerca de 50km de Cracóvia, foi muito diferente, pois nada teve de alegre ou descontraída. O lugar hoje é calmo e sossegado, mas a simples visão da dupla cerca de arame farpado, anCM 398

tes eletrificada, e do seu portão de entrada, com a inscrição em ferro "O trabalho faz a liberdade" ("Arbeit macht frei"), logo transformou-me a tranqüilidade em angústia, tensão e tristeza. A visita completa ao campo, que incluiu a câmara de gás e o fomo crematório, só aumentou estas sensações. Estranhamente, no campo de Auschwitz, encontra-se uma grande cruz plantada perto do chamado Bloco ou Pavilhão da Morte, para onde eram levados os prisioneiros punidos pela transgressão de algum regulamento interno do campo, o que invariavelmente os levava à 45


morte, pois eram trancados em celas solitárias, sem qualquer comida ou bebida. A cruz foi posta ali por freiras católicas carmelitas que se instalaram à beira do Campo, em homenagem a sua colega de congregação, Edith Stein, a Madre Teresa Benedita, judia de nascimento, que ali morreu para depois ser canonizada, bem como ao Padre Maximiliano Kolbe, também canonizado depois de sua morte naquele Pavilhão, numa cela pequena, escura e solitária, para a qual foi levado a seu próprio pedido, para receber a punição antes endereçada a outro prisioneiro, Francis Gajowniczek, um judeu, pai de farm1ia, em favor de quem o Padre Kolbe deu espontaneamente sua própria vida. Aquela cruz fora a mesma que ornamentara o altar, em Cracóvia, onde João Paulo II havia rezado uma missa campal, em 1978, por ocasião de sua primeira visita, como Papa, à terra onde atuara como Bispo e Cardeal. Depois da sua instalação em Auschwitz, o lugar se tornou palco de intensa peregrinação e os devotos de Edith Stein e do Padre Kolbe ali instalaram mais de uma centena de cruzes pequenas, em razão de sua devoção. A comunidade judaica não se conformou com isso, porque, no seu modo de ver, não era razoável instalar símbolos cristãos em lugar sagrado para o judaísmo. Para ela, em vez da cruz, somente a estrela de Davi haveria de ornamentar o lugar do holocausto. Para evitar confrontos, João Paulo II interveio e firmouse um acordo pelo qual as freiras 46

carmelitas transferiram seu Convento para outro local e a centena de cruzes foi retirada do campo em que só restou a maior, hoje chamada Cruz do Papa. No silêncio daquele campo de exterrnínio,pensei:Jesus,urnjudeu, se identificou com os pobres e oprimidos e seu Evangelho deixou claro que os benefícios feitos a algum deles seriam, por igual, dados a Ele próprio, o Cristo, o que implica o corolário: o mal feito a algum pobre ou oprimido é feito, também, ao próprio Jesus. Mirando a Cruz do Papa, entendi o seu verdadeiro significado. De fato, não foram apenas um milhão e meio de judeus que morreram em Auschwitz. Jesus também, corno um simples judeu numerado a ferro, ali morreu um milhão e meio de vezes, na pessoa de cada uma daquelas vítimas inocentes. Sua cruz estava muito bem colocada e, olhando-a, tive a exata noção do significado da palavra compaixão e do sentido mais profundo do que é o homem ecuménico. Terminei a visita com uma oração em favor de todos os que ali estiveram durante aqueles tempos dolorosos de guerra, oprimidos e opressores, vítimas e algozes. Orei, também, por toda a humanidade, cristãos, judeus, muçulmanos, budistas e crentes de todo gênero, inclusive ateus. Que Deus tenha misericórdia de todos e que nos venha o seu Reino.

Mauro (da ]unia) Equipe 28 - Setor B Região Rio I CM 398


TSUNAMlS DA VlDA "Fechado em si mesmo, o homem não aceita o que vem do Espírito de Deus. É uma loucura para ele, e não pode compreender, porque são coisas que devem ser avaliadas espiritualmente" 1Cor 2, 14

"Nesse tempo, chegaram algumas pessoas levando notícias a Jesus sobre os galileus que Pilatos tinha matado, enquanto ofereciam sacrifícios. Jesus respondeu-lhes: Pensam vocês que esses galileus, por terem sofrido tal sorte, eram mais pecadores do que todos os outros galileus? De modo algum, lhes digo eu. E se vocês não se converterem, vão morrer todos do mesmo modo. E aqueles dezoito que morreram[ .. ] pensam vocês que eram mais culpados do que todos os outros moradores de Jerusalém? De modo algum, lhes digo eu. E se vocês não se converterem, vão morrer todos do mesmo modo" (Lc 13, 1-5). Celebramos o Natal e o Ano Novo chocados com as notícias da tragédia causada pelas ondas gigantes (Tsunamis). Milhares de mortos pela violência da natureza. Como pode Deus permitir tamanha tragédia? Lembro do comentário sobre a tragédia que se abateu sobre o filho de um casal conhecido de todos da nossa equipe. Um rapaz em plena juventude, cursando o terceiro ano de medicina, veio a perder a vida num acidente. Surpreendiam-se da coragem dos pais em enfrentar a situação. Um dos presentes comentou que gostaria de ter uma fé "grande" como a deles. Na vida há acontecimentos trágiCM 398

cos. Esses não significam que as vítimas sejam menos afortunadas do que os outros. Ao contrário, são convites abertos para que se reflita no imprevisível dos fatos e na urgência da conversão, para a construção de uma nova história. Sofremos com os que partem, mas o sentimento do amor daquele que nos habita e nos conforta com a certeza de que estão bem: encontram-se no seio do Pai/ Mãe Eterno, acolhidos por quem melhor sabe cuidá-los. Para esta realidade deve se converter o nosso co- ...._-'---• ração. Nós nos surpreendemos quando encontramos pessoas fortes diante da morte e do sofrimento. Nós as admiramos e gostaríamos de ter, sentir esta mesma força. São pessoas que podem nos contar seu dia-a-dia. Não chegaram a isso num passe de mágica, mas sua conversão cotidiana as fez encontrar tal fortaleza: "Quem é fiel nas pequenas coisas, também é fiel nas grandes ... " (Lc 16, 10). Na fidelidade às pequenas coisas do cotidiano, ao poder do momento presente, se fortalecem para o imprevisível dos fatos relativos à transitoriedade que vi vem.

Maria Sonia e Luiz Norberto Gulin Equipe 6, N. S. Aparecida Setor C- Curitiba!PR 47


UM PEDlDO DA CARTA MENSAL Irmãos equipistas: Nos congratulamos com todos os que enviam artigos para a Carta Mensal. Dos artigos enviados depende a sua qualidade. Pedimos, no entanto, que a matéria enviada seja identificada. Assim, ao enviar seu testemunho, seu artigo, sua informação, convém apor, ao final do escrito, o nome do casal (se casado/a ou viúvo/a), a sua equipe (código e Invocação) e cidade/estado (ou setor/Região).

Exemplo: Ana e Joaquim. 510502- Equipe N. S. das Graças- Feira de Santana/BA OBS.: 1. Se só um é o autor ou se é viúva/o, pôr em parêntesis o nome docônjuge: Maria (do Paulo); 2. Se a matéria não for da autoria de quem envia, indicar o autor e a fonte (revista/jornallinternet. ..) 3. O código da equipe indica a região, o setor e a equipe a que pertence o equipista. O código da sua equipe pode ser encontrado na etiqueta de endereço da Carta Mensal que lhe é enviada. (São os primeiros seis algarismos que vêm antes do seu nome). Tal procedimento facilita uma possível comunicação da Carta com o rnissivista. Acima de tudo e por tudo, Deus seja louvado!

Possa a força que brota da confiança no Senhor atualizar a união de Cristo e da Igreja pelo dom total de nossos corpos entregues por inteiro ao cônjuge para formarmos

com ele um só corpo.

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Meditando en1 Equ ipe Estamos em pleno tempo pascal. Nada mais justo do que refletir sobre a Eucaristia, particularmente neste ano, no qual se está vivendo o "Ano da Eucaristia" . A Páscoa aponta para a Eucaristia, pois eles o reconheceram na "fração do pão" .

Escuta àa Palavra em Lucas 24,13-35. Sugestões para a meditação : 1. O que representa a Eucaristia em nossa vida cristã? 2. A Eucaristia é capaz de nos fazer reconhecer o Ressuscitado ao longo de nossa caminhada cotidiana e de aquecer nosso coração sofrido pelas dificuldades da vida? 3. Sou capaz de reconhecer a presença real de Jesus Cristo na Eucaristia? Pe. Geraldo

Oração litúrgica (Hino do Ofício das Leituras da festa do Santíssimo Sacramento) A santa festa alegres celebremos, vibre o louvor em nossos corações; termine o velho e tudo seja novo: o coração, a voz, as ações. Da Última Ceia a noite recordamos, Em que Jesus se deu, Cordeiro e Pão; conforme as leis entregues aos antigos, ele também se entrega a seus irmãos. Aos fracos deu seu corpo em alimento, aos tristes deu seu sangue por bebida . Diz: "Recebei o cálice com vinho, dele bebei, haurindo eterna vida". Instituído estava o sacrifício, que aos seus ministros Cristo confiou . Devem tomá-lo e dá-lo aos seus irmãos, seguindo assim as ordens do Senhor. O Pão dos anjos fez-se pão dos homens, o pão do céu põe término às figuras. Oh maravilha: a carne do Senhor é dada a pobres, frágeis criaturas. A vós, ó Una e Trina Divindade, ped imos: Vinde, ó Deus, nos visitai e pela santa estrada conduzi-nos à nossa meta, à luz onde habitais.


MAGNlFlCAT O Poderoso fez em mim maravilhas, e Santo é o seu nome! A minh 'alma engrandece o Senhor, exulta meu espírito em Deus, meu Salvador ! Porque olhou para a humildade de sua serva, doravante as gerações hão de chamar-me de bendita! O Poderoso fez em mim maravilhas, e Santo é o seu nome! Seu amor para sempre se estende sobre aqueles que o temem! Manifesta o poder de seu braço, dispersa os soberbos; derruba os poderosos de seus tronos e eleva os humildes; sacia de bens os famintos, despede os ricos sem nada. Acolhe Israel, seu servidor, fiel ao seu amor, como havia prometido a nossos pais, em favor de Abraão e de seus filhos para sempre! Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo, como era no princíp io, agora e sempre. Amém .

O Poderoso fez em mim maravilhas, e Santo é o seu nome!

EQUIPES DE NOSSA SENHORA

Movimento de Casais por uma Espiritualidade Conjugal R. Luis Coelho, 308 • 5° andar • cj 53 cep 01309-000 São Paulo - SP Fone: (Oxx11) 3256 .1212 • Fax: (Oxx11) 3257.3599 E-mail : secretariado @ens .org .br • cartamensal @ens.org .br Home page : www.ens .org.br


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