ENS - Carta Mensal 406 - Fevereiro e Março/2006

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EQUlPES DE NOSSA SENHORA Carta Mensal • n°406 • Fevereiro- Março 2005

EDITORIAL Da Carta Mensal ........ .... ......... .... .. . O1

TEMPO DA IGREJA A quaresma .... .. ... ... ... ......... .. ...... .... 26

SUPER-REGIÃO Convite para a festa ... .... .. ....... .... .. 02 Sim! Iremos a Lourdes .. .......... .... .. 03 Alguém que dê Sentido à Vida .... . 04

NOTÍCIAS E INFORMAÇÕES . ... ... 27

CORREIO DA ERI Ao Encontro de Nossa Senhora de Lourdes .. ........ .. 06 Síria, Berço de Civilizações ......... ... 07 Dos Quatw Cantos do Mundo Reunidos em Lourdes ... ... . 09 TEMA DE ESTUDO Um Tesouro para a Vida .... ... .... ... .. 12 Errata: livro "À Descoberta do Cristo" .... .... ... ... 12 Casal chamado a contemplar a face de Cristo .... .... .. 13 Partilha de descobertas ................. 14 VIDA NO MOVIMENTO Sigilo por Amor ... .... ...... ....... ..... .. .. 1 6 Encontros provinciais ....... .... .. .... ... 17 FORMAÇÃO Retrato de Cristo Jesus ..... .... .... ..... 22

Carta Mensal é uma publicação mensal das Equipes de Nossa Senhora Registro '"Lei de Imprensa" n• 219.336 livro B de 09.10.2002

Avani e Carlos Clélia e Domingos Helena e Tomaz Sola e Se rgio Pe. Gera ldo Luiz B. Hackmann

Edição: Equipe da Carta M ensal

Jornalista R esponsável: Catherine E. Nadas (nub 19835)

Graciete e Gambim (responsáveis)

Proj eto Gráfico: Ale.;sandra Ca rignani

PARTILHA E PONTOS CONCRETOS DE ESFORÇO Med itação ...... ... ... ... ..... ...... .. .. ........ 30 Escut a da Palavra ... .. ....... ........ .. .... . 31 PCE - Horário Sagrado ..... ....... .... .. 32 Parti lha .......... ..... .... .. .. ... ..... ... ......... 33 TESTEMUNHOS O Amor Fez a Diferença ..... ...... .... . 34 Volta de um Casal Não Tão Pródigo ... 36 Animados Pelo Espírito ..... ............ 37 É Bom Viver Em Equipe ..... ........ .... 38 Crescendo na pilotagem ..... ... .. ..... 39 Unidade e Acolhimento .. .. ... ... ..... . 39 ATUALIDADE Beatificação do Padre Caffarel .... .. 40 Matrimônio, Patrimônio da Humanidade .... ... .. . 43 REFLEXÃO Ponha um Tubarão no seu Tanque .... 46 Maravilhas da Criação ................... 47 Idosos ou Velhos .... .... .................... 48

Editoração Eletrônica, Cartas, colaborações, notfFotolitos e Ilustrações: cias, testemunhos e imngens Nova Bandeira Prod. Ed. devem ser enviadas para: R. Turiassu, 390 - I I" andar, Carta Mensal cj. 115 - Perdizes - Soo Paulo R. Luis Coelho, 308 Fone: (0xxl1 ) 3677.3388 5° andar · conj. 53 Imagem capa: de !a lhe da obra de A/do Locattelli, Igreja S. 01309-902 • São Paulo - SP Pelegrino, Caxias do Sul/RS Fone: (Oxx/1) 3256. 1212 Fax: (Oxx ll ) 3257.3599 Impressão: Prol Ed. Gráfica cartamensal@ens.org.br Tiragem desta edição : NC Graciete e Gambim 18.000 exemplares


Queridos irmãs e irmãos: Estamos já em 2006. O ontem não é apagado, mas se torna presente no hoje. Fazemos hoje o que ontem foi planejado, com o discernimento e o sim novos de cada dia. Na caminhada do povo de Deus até a plenitude do tempo do mistério de Cristo, cabe-nos, neste ano, uma grande etapa: conhecer melhor Jesus Cristo e preparar e viver o X Encontro Internacional das ENS. Maria, a Imaculada Conceição, carinhosamente nos espera em Lourdes, e como Mãe nos ajudará a ver o verdadeiro rosto do seu Filho e nosso irmão. Frei Avelino, em várias edições seguidas da Carta Mensal, nos falará de Jesus Cristo. Mas como ele mesmo insiste: Onde melhor podemos conhecer a pessoa de Jesus é na escuta atenta dos Evangelhos. Também as reflexões sobre o tema de estudo nos ajudarão a responder à pergunta: "E vós, quem dizeis que eu sou?" Nesta edição, Rosa e Paulo refletem conosco o tema da 1a reunião: temos necessidade de alguém que dê sentido à nossa vida. E esse Alguém é Cristo. Sobre o Encontro de Lourdes nos falam Graça e Roberto, nosso CRSR, motivando-nos a prepararmos o coração para o Encontro e para a peregrinação ao santuário daquela a quem o Movimento foi consagrado. Muito importante lermos o Correio da ERI para adentrarmos ainda mais no sentido de um Encontro Internacional das Equipes.

Frei Avelino e Pe. Geraldo nos colocam em sintonia com o tempo litúrgico da Quaresma, para bem nos prepararmos para a Páscoa, centro da vida cristã, pois a nossa meta é a ressurreição. Nesta edição são ressaltados os PCE Meditação e Escuta da Palavra. E vamos ler, ainda, co-participações dos encontros provinciais, reflexões, testemunhos ... O querido Casal que faz Ligação da ERI com a SR Brasil fala sobre o processo de beatificação do Padre Caffarel. Também podemos conferir a importância do matrimônio e da fanu1ia para o mundo e para a Igreja, na palavra do Papa Bento XVI. Externamos a gratidão do Movimento a todos quantos enviaram artigos para a Carta Mensal no ano de 2005. Grande parte não foi possível publicar. Podemos afirmar, contudo, que todos os textos enviados contribuíram para a elaboração de uma Carta Mensal fiel a Cristo, à Igreja e ao Movimento, no intento de integrar os equipistas do Brasil todo e ser um meio de formação e informação. Agradecemos o carinho do incentivo, dos elogios e também das críticas construtivas enviadas à Equipe da Carta. O fazemos neste editorial porque não foi possível agradecer individualmente. Com carinho!

Graciete e Avelino Gambim Equipe Carta Mensal


CONVlTE PARA A FESTA Caóssimos casais e conselheiros!

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Entremos pela "Via Quaresma!" É a única via que leva à Festa da Páscoa. "Quaresma" é uma palavra usada para significar os 40 dias passados por Jesus no deserto no inicio de sua vida pública. A duração desse tempo tem fundamentação bíblica: Moisés, Elias e Jesus, passaram em oração, na montanha, 40 dias. Esses dias lembram os 40 anos do Povo hebreu a caminho da Terra Prometida. Nessa marcha, o Povo experimentou a fome, a sede, o enfraquecimento da esperança e até a coragem para caminhar parecia desaparecer. Contudo, foram anos de uma experiência espiritual única, em que o povo pôde sentir, de uma forma palpável, a ternura do amor Deus. A Quaresma foi estabelecida para intensificar este aspecto da vida de peregrinos: a necessidade do sacrifício e da renúncia para reconstruir o homem caído pelo pecado. Deserto, sensação da presença e também da ausência de Deus, provação, austeridade, desprendimento e oração são imagens que lembram as experiências do Povo hebreu em busca das promessas. A alegria pascal é fruto da experiência nascida em momentos vi vidos na intimidade com Deus, na difícil e espinhosa caminhada da fé . O povo pôde, assim, perceber os apelos do Senhor. O sacrifício exigido por 2

Deus aos que o seguem permite sentir o sabor da sua presença e a certeza do cumprimento das suas promessas. É renunciando ao não necessário que o homem aprende a saborear o único necessário: E cutar a Palavra de Deus. Em outros tempos a Igreja assinalava formas concretas de penitência para a Quaresma. Hoje prefere mostrar a finalidade e o significado. A penitência quaresmal revela as duas faces do amor. "Vós acolheis, Senhor, as nossas penitências como uma oferenda à vossa glória, ( ... ) levando-nos a imitar vossa misericórdia, repartindo os nossos bens com os necessitados". A pedagogia da Igreja propõe-nos intensificar, na Quaresma, o compromisso da conversão, convidando-nos a fazer uma revisão de vida, à luz da Palavra de Deus. Converter-se é despojar-se do "velho homem" e revestir-se do "homem novo". A Quaresma é o caminho. A Páscoa, vida de ressuscitados, é a meta. Só ressuscita quem morre. Se não dou o grito de morte aos hábitos do velho homem, permanecerei morto. A Quaresma é convite à festa do Ressuscitado para os res uscitados. Aceitar este convite é viver o espírito da Quaresma!

Pe. Frei Avelino Pertile , SCE/SR CM406


SlM! lREMOS A LOURDES Sob o olhar maternal da Virgem Maria, saudamos os equipistas brasileiros que estão com os corações voltados para Lourdes, apressando os preparativos para o Encontro Internacional. Peregrinar ao lugar onde Maria manifestou a Bernadete a verdade da Imaculada Conceição é glorificar a Trindade Santa, una e indivisa. As multidões acorrem ao Santuário de Lourdes para depositar as suas inquietudes, necessidades e desejos aos pés da Virgem Imaculada, na esperança de obter, por sua intercessão junto a Deus, saúde da alma e do corpo. Vão também entoar canções e louvores àquela que todas as gerações proclamam bem-aventurada (cf. Lc 1,48). O que Maria terá a dizer hoje aos filhos que o Pe. Caffarel colocou sob o seu patrocínio quando os Estatutos das ENS foram instituídos (1947)? Coloquemos-nos à sua escuta! Ir ao X Encontro Internacional é acolher o chamado para crescermos em santidade, contemplando Maria, Mãe solícita, que pela fé, amor e perfeita união a Cristo prefigura a Igreja, a noiva sem mácula e sem rugas (cf. Ef 5,27). É também aprofundar o significado e o alcance da consagração do Movimento a Nossa Senhora, ratificada no I Encontro Internacional (Lourdes, 1954). A Maria fomos amorosamente confiados e a ela nos entregamos sem medidas: CM406

"Sete anos atrás, o Pe. Caffarel confiou-nos ao vosso patrocínio, como o fazem os pais cristãos ao colocar sobre o vosso altar o seu filhinho, logo após o batismo . ... damo-vos sem reservas nem condições o nosso Movimento e todos os casais que o compõem, em homenagem de amor de confiança. Podeis dispor inteiramente dele para a glória do vosso Filho . ... " (Excerto da Consagração. ln: Um Homem Arrebatado por Deus, p. 90). Façamos do Encontro ponto de partida para uma conversão mais profunda, para uma vida conjugal mais santa, mais enraizada no Evangelho. Ele nos ajudará a renovar a capacidade de viver o amor e irradiar a esperança, para olhar o mundo confiantes em Jesus Cristo, que nos escolheu para sermos, pela Sua presença no nosso matrimônio, manifestação da caridade conjugal. Seja Lourdes, para os equipistas brasileiros, uma oportunidade para fortalecer a unidade e a internacionalidade das ENS. Saiamos ao encontro dos irmãos! Vamos transpor fronteiras, conhecer pessoas de outros países, raças, línguas e situações sócio-culturais. Vamos partilhar nossas experiências. "Vá beber na fonte e vos lave lá!" foi o apelo de Maria à Bernadete. Unamos os corações e digamos "SIM"!

Graça e Roberto - CRSR 3


Palavra do Provincial

ALGUÉM QUE DÊ SENTIDO À VlDA Todos nós, a cada dia, buscamos respostas às indagações internas, pessoais, como: Quem somos para nós mesmos? Quem somos para os outros? Que sentido damos aos nossos dias? Muitas vezes, tais respostas até são conhecidas, porém, nem sempre aceitas ou vividas. Nossas escolhas sobre quem queremos ser estão condicionadas às circunstâncias sociais, históricas, ambientais, religiosas, familiares etc. e, mais ainda, são fortemente influenciadas por interesses externos, de pessoas ou entidades, que, sutilmente, nos impõem critérios, muitas vezes alienantes. "O egoísmo não consiste em vivermos conforme os nossos desejos, mas sim em exigirmos que os outros vivam da mesma forma que nós gostaríamos". (Oscar Wilde) Na busca incansável da felicidade, homens e mulheres querem ter toda a liberdade necessária para viver seus dias, cada um ao seu modo, com seus conceitos, crenças, desejos e opções. Liberdade sem restrições, sem compromisso; muitas vezes confundida com permissividade, desobediência às regras elementares do convívio social e do respeito ao semelhante. 4

O homem busca dar sentido à sua existência, agarrando-se ao que se lhe apresenta, fazendo escolhas que lhe permitem formar e identificar sua pessoa, sua personalidade. Escolhas estas nem sempre acertadas, e que, por serem as "suas escolhas", poucos param para avaliálas ou conhecê-las e muito menos aceitar caminhos indicados por outra pessoa. Para o conhecimento profundo da mensagem de Cristo, "Eu sou o caminho, a verdade e a vida" (Jo 14,6), é preciso pré-disposição para acolhê-Lo e aceitá-Lo. Hoje, preferimos trajetos confortáveis, fáceis e que não nos tragam sofrimentos, antes, nos proporcionem todo prazer, convencidos, especialmente pela mídia, de que a vida só faz sentido quando vivida em plena satisfação e "felicidade", prometida pelo ato da compra. CM 406


Vivemos um tempo em que é proibido sentir dor, toda "anestesia" é bem vinda. Não admitimos que nada nem ninguém nos impeça de sermos "felizes". Vivemos na ilusão de que o consumo das coisas materiais nos proporcionará o êxtase ilimitado. Tornamo-nos cada vez mais dependentes das novas tecnologias, nem sempre necessárias ou sadias. Outras vezes, optamos por caminhar pelas estradas do poder... A cada pessoa colocada em nível abaixo do nosso, uma sensação de prazer perpassa nossa alma. Necessitamos que a sociedade nos distinga e nos reconheça especiais e importantes. Fama e poder são nossos "direitos" ... Poder fugaz e ilusório que nos leva a usarmos máscaras e nos apresentarmos diferentes do que somos. Jesus, ao contrário, ao entrar em Jerusalém no lombo de um humilde burrico, deixou claro que, mesmo sendo Rei, era alguém com quem qualquer pessoa poderia se relacionar. Jesus ensina que, para o pleno conhecimento de si mesmo, cada um deve relacionar-se com o outro na perspectiva da ajuda mútua, na confiança e no amor fraterno. O conhecimento científico não responde plenamente às indagações que afligem a humanidade. Somente as relações, nas quais conscientemente nos colocamos na condição de entrega gratuita e amorosa, permitem compreender o sentido do existir. É o "viver para", o dom de si mesmo que leva CM406

à descoberta do "quem sou" e do "para quem sou". Precisamos, humildemente, reconhecer que dependemos das outras pessoas para descobrir quem somos. É no relacionamento como iguais, criaturas do mesmo Criador, que encontraremos o sentido de nós mesmos. "O segredo da existência humana consiste não só em viver, mas ainda em encontrar um motivo de viver". (Dostoievski) Das opções de vida, apenas uma nos revela o verdadeiro sentido do viver e nos permite encontrar a verdadeira felicidade. Como diz a canção do Pe. Zezinho, para ser feliz é preciso " ... amar como Jesus amou, viver como Jesus viveu, sentir o que Jesus sentia, sorrir como Jesus sorria .... " "Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância" (Jo 10,10). Como Jesus, muitos são os exemplos de pessoas que, na alegria, souberam dar sentido às suas vidas a partir da doação de si. Suas existências foram para que outros tivessem mais vida. Ex.: Tereza de Calcutá, Irmã Dulce, Helder Câmera, Henry Caffarel, Pedro Moncau (vide livro O Sentido de uma Vida) e tantos outros. Que nossa vida seja fonte que jorra, sacia e alimenta, que ajuda a reerguer e a indicar o caminho. Então saberemos que o sentido das nossas vidas está em "sermos para o irmão" e não para nós mesmos.

Rosa e Paulo Casal Comunicação/SR 5


AO ENCONTRO DE NOSSA SENHORA DE lOURDES Nós vamos nos reunir em Lo urdes. Pe. Caffarel colocou as Equipes sob o patrocínio de Nossa Senhora. Temos muitos motivos para nos determos por um instante e meditarmos sobre a presença de Maria na Igreja e em nossa vida cristã. Hoje vamos refletir somente sobre alguns pontos. O papel de Maria na história da salvação poderia quase que ser expresso em uma única palavra: "sim". Quando do anúncio do anjo, esta filha de Sião, que encarna em si mesma toda a expectativa de seu povo, aceita a missão de ser a Mãe do Messias. Nela, no que ela tem de mais puro e mais belo, a humanidade acolhe a presença de Deus. Nela o Verbo assume a condição humana. O "sim" de Maria traduz sua fé livre, humilde, incondicional. Em Maria, cuja esperança sempre foi nutrida pela escuta, o acolhimento da Palavra de Deus atinge o ato central de nossa história. Durante toda sua vida, ela medita em seu coração a Palavra que lhe foi dita. Ao longo de toda a vida de seu filho, ela demonstra disponibilidade total, ao ponto de participar com Jesus da oferenda sobre a cruz. Passada a manhã da Páscoa, ela vive o nascimento da Igreja pelo dom do Espírito, da mesma maneira como o dom do Espírito havia feito nascer nela o Filho de Deus. Presente na primeira comunidade, ela 6

vive a Eucaristia "como se acolhesse de novo em seu ventre aquele coração que batera em uníssono com o seu". (João Paulo II Ecclesia de Eucharistia, no 56) Por sua fé, Maria nos precede e nos inspira. Nós a invocamos afetuosamente, porque sabemos encontrar nela a perfeita realização da bem-aventurança: "Felizes os puros de coração porque verão a Deus". Onde o ser humano poderia melhor encontrar a união entre o conhecimento inteligente da mensagem cristã e a contemplação calorosa do amor de Deus, do que no coração imaculado de Maria? A graça com a qual Maria foi cumulada e a radicalidade do seu humilde "sim" à sua vocação fazem dela uma figura eminente na Igreja. A Tradição tem justamente reconhecido nela o "tipo da Igreja na ordem da fé, da caridade e da perfeita união com Cristo". (Cone. Vaticano II, citando Sto. Ambrósio, em Lumen Gentium, no 63) CM406


O Concílio prosseguiu sua reflexão sobre a ligação de Maria com a Igreja, afirmando: "Por sua fé e sua obediência, ela gerou sobre a terra o próprio Filho do Pai ( ... ), que o Pai fez primogênito entre uma multidão de irmãos (Rm 8,29), isto é, entre os fiéis, em cuja geração e formação ela coopera com amor maternal". (ibid) Especialmente em Lourdes, podemos confiar a Maria, mãe caridosa, os casais e seus filhos e as Equipes, como fizeram nossos predecessores em 1954: "Todos os casais de nossas Equipes confiam em vós, ó Maria: ficai em nossas casas. Fazeinos conhecer vosso Filho. Ensinainos a amá-Lo e a imitá-Lo." Em Lo urdes, como em cada mis-

sa, renderemos graças a Deus, com a Virgem Santa. O Magnificat não é a oração das Equipes? João Paulo II nos convidou a relê-la em uma perspectiva eucarística: "Quando Maria exclama: 'A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador', Jesus está presente em seu seio. Ela louva o Pai "por" Jesus, mas louva também "em" Jesus e "com" Jesus. ( ... ) A Eucaristia nos é dada para que nossa vida, à semelhança da de Maria, seja toda ela um Magníficat". (Ecclesia de Eucharistia, no 58)

Mons. François Fleischmann SCE-ERI

.... . ... . ... . . .. SlRlA, BERÇO DE ClVlllZAÇOES

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A Síria, lugar de presença humana intensa e contínua, foi sempre uma encruzilhada privilegiada, onde se enriqueceram múltiplas civilizações, que forjaram nosso mundo contemporâneo com seus progressos, suas crenças e seus erros. Numerosos sírios legaram seus nomes à história, tais como Apolodoro, arquiteto do foro de Trajano em Roma, e Públio Sírio, o escrivão. O trono do Império RoCM406

mano foi ocupado também por quatro dinâmicas mulheres, as célebres Júlia sirías, e mais tarde por 7


Heliogábalo, Severo, Alexandre e Filipe, o Árabe. A Síria foi o primeiro país a ser evangelizado. Partindo de Jerusalém, os apóstolos chegaram à Síria. Foi em Damasco, a capital atual, que Saulo se converteu e se tornou Paulo. Foi em Antioquia, a capital de então, que, pela primeira vez foi dado aos discípulos o nome de cristãos. Além disso, a Cátedra de S. Pedro foi ocupada por oito Papas sírio . É bom, enfim, recordar alguns santos sírios, como Sto. Efrém, S. João Crisóstomo e Sto. Inácio de Antioquia. A Síria se compõe de numerosas comunidades cristãs e muçulmanas, que vivem em perfeita harmonia e tolerância. Os cristãos não representam mais que 8% da população ( 1,5 milhões para um total de 18 milhões) e agrupam-se em várias comunidades católicas unidas a Roma (melquitas, siríacas, armênias, caldaicas, maronitas e latinas), ortodoxas (gregas, siríacas e armênias) e protestantes (evangélicas). Esta diversidade traz grande enriquecimento à vida religiosa e às liturgias. A visita do Papa João Paulo II em 2001, como peregrino nos caminhos de S. Paulo, foi um momento decisivo para a história das igrejas orientais. Com efeito, os olhos de todo o mundo voltaram-se para a Síria, e a situação ecumênica excepcional que une as diferentes comunidades terá certamente produzido frutos em outros lugares. Além do mais, a visita chamou a atenção para o valor dos tesouros da 8

arquitetura cristã, favorecendo assim a presença de turistas e de peregrinos. Isto deu aos cristãos sírios mais confiança em seu país, freando, em conseqüência, o fenômeno da emigração. O Movimento das Equipes de Nossa Senhora começou na Síria em 1970, em Lattaquié. Num primeiro momento, um casal libanês assumiu a pilotagem da primeira equipe síria, que ainda existe. Em seguida, o Movimento se desenvolveu, ao mesmo tempo, em outras cidades, como Damasco, Alep e Homs. O Movimento conta atualmente com 44 equipes, divididas em 5 setores. O Movimento na Síria se caracteriza por três aspectos:

1. A missão: Os casais valorizam as riquezas que receberam e fazem questão de convidar casais jovens a juntarem-se a eles para participar de sua aventura espiritual. Os resultados se manifestam na expansão do Movimento, tanto entre católicos quanto entre ortodoxos. Com efeito, em Lattaquié formaram-se 8 equipes ortodoxas. Elas utilizam os mesmos documentos e vivem a mesma espiritualidade, sem, porém, pertencer ao Movimento. Ultimamente, após vários contatos com casais do Egito, Jordânia, Iraque e Emirados Árabes Unidos.. formaram-se duas equipes em Dubai, compostas por casais sírios e libaneses. Um casal libanês assumiu a informação e a pilotagem, deslocando-se para lá durante uma semana por mês. CM 406


2. A publicação:

3. Os retiros espirituais:

Uma vez que tudo é feito em árabe nas reuniões e sessões, todos os documentos do Movimento são traduzidos do francês para o árabe e impressos em quantidades limitadas. Isto exige esforços e um orçamento especial. Somente um tema local foi preparado por um sacerdote conselheiro espiritual, por ocasião da visita do Papa à Síria. Nele foram tratados temas que o Santo Padre evocou em sua visita e que interessam aos cristãos sírios. Ultimamente, uma pequena colaboração a nível de tradução começou a ser feita pelas equipes libanesas.

Na falta de locais suficientes para os retiros espirituais, este ponto concreto de esforço é assegurado aos casais pela Equipe Responsável da Síria, através de três retiros de três dias, realizados no verão, e um no inverno. Assim, todos os equipistas esperam impacientemente por esses retiros, a fim de viverem juntos esses tempos fortes em que podem fazer um reabastecimento espiritual para o ano todo.

Jean-Louis e Priscilla Simonis Casal Membro da ERI

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DOS QUATRO CANTOS DO MUNDO REUNIDOS EM LOURDES Caros amigos equipistas: As Equipes de Nossa Senhora tiveram um crescimento significativo no número de seus membros e uma grande expansão geográfica, em pouco tempo de existência. As primeiras peregrinações que depois se tomaram encontros internacionais - estão entre os principais fatores desta evolução e da unidade do Movimento. Em setembro, casais das Equipes e seus CM406

conselheiros espirituais se deslocarão dos quatro cantos do mundo ao Encontro de Lourdes. Estaremos

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juntos para uns aos outros nos darmos forças, no objetivo comum de de envolver e viver plenamente nossa espiritualidade conjugal. Os primeiros peregrinos eram principalmente casais e sacerdotes franceses. As peregrinações tinham lugar na França. A primeira grande transformação se realizou em 1959 com o encontro de Roma. Mesmo que tenha sido ainda preponderantemente europeu, este encontro refletia já a nossa dimensão internacional. Pe. Caffarel dizia então: "A oração do Magnificat, que cada equipista recita quotidianamente, une, de modo invisível, todos os casais do Movimento, na Europa, na América e na África." Em 1970, por ocasião de um novo encontro em Roma, comentando o discurso do Papa Paulo VI, ele anunciava: "O Movimento conta com mais de 20.000 casais, agrupados em 3.500 equipes, espalhadas por 36 países, nos 5 continentes." Quando nos reunirmos em Lourdes, em setembro, estaremos representando mais de 50.000 casais, de mais de 10.000 equipes, presentes em mais de 70 países. Esses casais, de numerosas e diferentes culturas, demonstrarão que se reúnem na mesma fé. A alegria que experimentaremos será a concretização destas palavras do Papa Paulo VI, ditas no encontro de Roma, em maio de 1970: "Caros filhos e filhas, a Igreja, da qual vocês são células vivas e ativas, através de vocês, casais, dá uma prova experimental da pujança do amor salvador e oferece seus fru10

tos de santidade ... Vocês preparam, para a Igreja e o mundo, uma nova primavera, cujos primeiros rebentos nos fazem vibrar de alegria." Por que o número de participantes desses encontros não cessa de aumentar, mesmo que sejam elevados os custos, em termos de tempo e recursos? Com base em nossa própria experiência, concluímo que a participação em um tal acontecimento é uma experiência que transforma uma vida. É uma aventura sair da própria casa para ir encontrar os irmãos e irmãs equipistas. Nós nos reunimos, partilhamos, rezamos juntos, acompanhamos juntos as conferências. Os temas dessas conferências são o resultado de muito trabalho do colegiado, sempre à escuta dos casais responsáveis de cada região do mundo . Foram, particularmente, definidos na reunião de janeiro de 2003, em Roma. Presentes no mundo de hoje, temos que nos manter sempre atentos aos sinais do nosso tempo, aos novos questionamentos que ele nos propõe, às novas realidades e desafios. As orientações que o nosso Movimento nos dá visam sempre a nos ajudar a encontrar as respostas e a conduzir nossa vida cristã, enfrentando as exigências que venham a surgir em nossa vida de casais. Durante o encontro, as reuniões de equipe, em que se misturam e se unem casais e conselheiros espirituais de diferentes culturas para partilhar e rezar juntos, são uma experiência muito rica e profunda. Os novos relacionamentos surgidos CM406


dentro desta equipe criarão laços que jamais serão esquecidos. Este tipo de encontro é uma maravilhosa manifestação de solidariedade e unidade. Fazem-nos recordar a multiplicação dos pães e peixes feita por Jesus para 5.000 pessoas. Iremos a Lourdes famintos de alimento espiritual, em uma viva expectativa das mensagens quereceberemos. Retornaremos saciados e nos esforçaremos por carregar uma abundante nutrição espiritual para os membros de nossas equipes que não puderam ir ao encontro. E eles, em suas casas nos acompanharão com sua prece e em pensamento. Nós nos lembraremos deles todos os dias, enquanto estivermos orando e louvando a Deus pela experiência que nos concedeu viver. Em 2003, em Roma, enquanto preparávamos este próximo encon-

tro internacional e desenvolvíamos a orientação do Movimento para os próximos anos, fomos interpelados pelo Papa João Paulo II. Ele nos fez recordar nossa responsabilidade com estas palavras: "Caros amigos, rendo graças a Deus pelos frutos produzidos por seu Movimento através do mundo, encorajando-os a testemunhar sem cessar e de maneira explícita a grandeza e a beleza do amor humano, do casamento e da família." Talvez ainda estejamos naquela primavera de que falava o Papa Paulo VI e, no decorrer deste nosso encontro, veremos aparecer muitos novos rebentos, o que nos dará grande alegria! Com nossa amizade. Que Deus os abençoe a todos.

John e Elaine Cogavin Casal Membro da ERI

COMUNIDADE NOSSA SENHORA DA ESPERANÇA - CNSE Este movimento para viúvas, viúvos e pessoas sós, fundado por Dona Nancy Moncau, com a ajuda de casais e viúvas equipistas, tem o apoio da Super-Região Brasil. Já se firma em várias cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, onde continua se expandindo, e está sendo implantado em Fortaleza/CE, Recife/ PE e Porto Alegre/RS. Informações sobre a CNSE com: Cleide e Valentim: andanat@itelefonica.com.br

ou Tere-;;a P. Shoshima: famshoshima@kbonet.com.br

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UM TESOURO PARA A VlDA O tema proposto para estudo em 2005 foi realmente inspirado pelo Espírito Santo. Este presente recebido de Deus não deve ser esquecido ou guardado em nosso interior como mais um tema estudado. Não! Este presente é para ser usado pela vida toda, a todo momento. Para os casais mais jovens servirá de guia para a vida conjugal que floresce, para os casais mais "maduros" servirá para rever seus princípios e pensamentos, buscando valorizar mais o tempo de convivência conjugal e tirar melhor proveito das lições recebidas. Para os casais ditos de terceira ou melhor idade é sem dúvida instrumento de aprendizado onde, através da vivência conjugal, conseguirão alcançar novos mares de amor e entrega mútua. Em uma de nossas reuniões mensais, o nosso Conselheiro Espiritual

nos disse que o Sacramento do Matrimônio é tão grandioso que deve ser este o motivo porque poucos ou raros casais conseguem vivê-lo em plenitude, sacramento que é sinal da união de Cristo com a sua Igreja. A cada ano se faz mais certeza que o Movimento nos quer ajudar na santificação a que Deus nos chama. Não percamos tempo, não deixemos que este aprendizado se perca pelas coisas do mundo. Se buscamos a real felicidade, procuremos viver o nosso sacramento do Matrimônio como nos indicou o tema estudado no ano que passou e teremos coragem de sermos testemunhas do amor pelo e no sacramento do Matrimônio, na farru1ia, no trabalho, na comunidade ...

Cris e Toninho Eq. JD - São Paulo - Capital

Errata: livro "À Descoberta clo Cristo" No livro de estudo do tema em preparação para o Encontro Internacional de Lourdes - À DESCOBERTA DO CRISTO - na página 35, capítulo 3°, as três perguntas constantes no subtítulo Partilhar, procurar, compreender juntos em equipe pertencem ao capítulo 1°. Substituí-las pela seguinte questão: O mundo de hoje parece não ter mais fronteiras, mas talvez os Limites mais fortes e mais duros que nos abatem são os dos nossos corações, de nossas idéias, de nossas atitudes e condutas. Que será necessário fazer para viver um verdadeiro espírito ecumênico?

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CASAL CHAMADO A CONTEMPlARA FACE DE CRlSTO No próximo ano estaremos refletindo sobre um tema fundamental para a nossa relação com Deus: a profissão de fé naquele que é a maior e plena revelação do Pai, Jesus Cristo. Disse tema fundamental, pois é a partir da nossa relação com o Senhor que devemos pautar o nosso amor fraterno e também o amor conjugal, afinal o amor fraterno, sem a dimensão transcendental da fé, se toma mero altruísmo, e o amor conjugal, sem esta mesma dimensão, se torna apenas um contrato ou convivialidade. É muito interessante o texto de Me 8,27 que nos é colocado para a reflexão já na capa do nosso texto anual. Na verdade este episódio narrado no mais antigo dos evangelhos, e repetido por Mateus e Lucas, é um momento determinante para o CM 406

anúncio de Jesus Cristo. Até então Ele estava anunciando o Reino através de gestos, mas agora chegou o momento de interrogar os discípulos sobre o que as pessoas estavam falando a seu respeito. A resposta do povo, que não satisfaz Jesus, identifica-O simplesmente como profeta. Parece muito, mas profetas eram coisa comum em Israel. Num segundo momento, Jesus argüiu os próprios discípulos: "E vós quem dizeis que Eu sou?" E ouve a iluminada resposta de Pedro, importantíssima, pois o Pai se vale dos lábios do Apóstolo para nos dizer a fé que deve ser de todos nós. Pedro professa a fé da Igreja. Na verdade, a resposta de Pedro deve ser a de cada um de nós e não somente isto: é preciso que cada um dê a sua resposta pessoal a esta 13


pergunta, que busca identificar qual é o lugar de Jesus nas nossas vidas, porque o estar nas Equipes não nos isenta do risco de colocar Deus na nossa vida ao lado de tantas outras prioridades ou, pior, depois de tantas outras prioridades. O tema que nos espera neste ano é amplo e é belo. Contudo, ele somente falará à nossa vida se nós abrirmos os nossos corações. Tenho pensado, na minha curta experiência de Equipes de Nossa Senhora, que ele pode oferecer a cada casal, e mesmo a nós sacerdotes, uma bela oportunidade de nos questionarmos sobre a nossa fé e trabalharmos na nossa contínua conversão. Contudo, nunca é demais lembrar, a salvação não acontece sem a nossa adesão pessoal. Assim, mais uma vez, o tema nos convoca a uma mudança, e penso que esta, para os casais equipistas, passa pela experiência de serem fiéis à mística do Movimento, uma

grande ferramenta para fazer com que os casais sejam santos - não apesar do matrimônio, mas justamente por terem optado por este sacramento. A passagem de Marcos nos recorda também algo determinante para nossa experiência de Deus: a cruz. Sem ela corremos o risco de transformar Deus em apenas algo que não nos questiona e que reforça o nosso ego. A cruz é necessária para a ressurreição, não queiramos apenas a glória. E carreguemos as nossas com a grandeza de quem sabe que o Senhor não nos dá cruzes que não possamos carregar, ao passo que carregá-la, com disponibilidade, é condição para seguirmos a Jesus. Com amor fraterno,

Frei João Benedito Ferreira de Araújo, OFMConv SCE Setor A - RCO I Brasília/DF

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PARTILHA DE DESCOBERTAS Foram muitas as descobertas que tivemos, enquanto casal, ajudados pelo estudo do livro "Homem e Mulher Ele os Criou" e pelo retiro que veio completar, frisar e engrandecer estas descobertas. • Quando somos amados, somos reconhecidos pelo outro. Como é bom descobrir que somos amados, que um precisa do outro para ser feliz, para ser completo. Queremos, como novo para nosso 14

casamento, assumir a cada dia o compromisso de fazer o outro feliz, amando sempre mais. • Como é bom poder viver e deixar o outro viver, descobrir o quanto um é precioso para o outro e o esforço que um faz para o crescimento do outro, muitas vezes podando o que é ruim, o que nos faz mal, e perdoando sempre. Queremos, como novo para o nosso casamento, o amor de Deus CM 406


continuando a nos iluminar, fazendo com que o nosso amor possa sempre se renovado. • Casamento é sacramento - homem e mulher são sacramento da união de Cristo com a Igreja. A união sexual, e não apenas o amor conjugal, é sacramento. Nosso corpo é templo do Espírito Santo. Como é bom saber que nossa união é um dom dado e abençoado por Deus. Queremos, como novo para o nosso casamento, que este dom cresça e se renove a cada dia e que possamos juntos perseverar nesse caminho, até o fim sendo fiéis um ao outro. • O Encontro carnal transformase numa oração e ação de graças. Foi muito bom confirmar que podemos nos maravilhar com a bondade do ato sexual. Deus se maravilhou com toda a sua criação, inclusive com a criação do homem e da mulher e o seu destino de serem fecundos. Nesse momento, a descoberta maior e mais importante para nós foi a de mais uma vez lembrarmos dos três frutos da nossa união, os nossos três filhos. Queremos, como novo para o nosso casamento, a bênção de Deus, para que nossos encontros sexuais continuem sendo momentos extraordinários de amor e possamos sentir-nos profundamente unidos a Deus. • Juntos para sempre. A fidelidade não é um peso, é uma grande alegria: Sabermo-nos únicos para quem é único para nós. Queremos, como novo para o nosso CM406

casamento, a bênção de Deus para o nosso sim fiel, e pedimos sabedoria para que, em meio às mudanças deste mundo, os nossos corações se fixem onde se encontram as verdadeiras alegrias, que estão no amor e na fidelidade de Deus. • Deus criou o homem à sua imagem e semelhança. Chamandoo à experiência do amor, chamouo ao mesmo tempo ao amor. O amor é, portanto, fundamental vocação de todo o ser humano. Queremos sempre, como novo para o nosso casamento, o amor que nos uniu, que se renovou até hoje, para que possamos sempre perseverar neste amor e ser um para o outro e para nossos filhos testemunhas da salvação, da qual o sacramento do Matrimônio nos torna participantes.

Paula e Niwton Eq. N. S. do Perpétuo Socorro Pederneiras/SP 15


SlGllO POR AMOR Todo profissional tem, por exigência ética, a obrigatoriedade do sigilo no exercício da profissão, especialmente quando esta lida com pessoas, como os médicos, os advogados, os psicólogos ... O Direito da Igreja, com grande rigor, obriga os sacerdotes ao segredo daquilo que ouvem em confissão. Se deve ser obedecida a lei do sigilo, quanto mais este deverá ser guardado em nome do amor, pois a lei julga e condena, mas o amor salva e dá vida. No episódio da adúltera (cf. Jo 8,3-11), Jesus, que veio para salvar, não alardeia os pecados daqueles que condenavam a mulher, apenas escreve no chão e todos, acusados pela própria consciência, retiram-se. Em seguida diz à mulher: "Nem eu te condeno ... " Quando Isabel, grávida de João Batista, recebe a saudação de Maria, que vinha ajudá-la, ela se expande em "bem dizer": "Bendita és tu entre as mulheres ... Donde me vem que a mãe do meu Senhor me visite? ... " (Lc 1,42.43). Ela não fica ansiosa por saber como aconteceu a gravidez de Maria, ou preocupada em como a prima iria explicar o ocorrido a José ou à sua comunidade de Nazaré. Antes, ela bendiz a Deus e à própria Maria. A visita de Maria a Isabel é repleta de bênçãos - de "dizer bem" - e de ação de graças a Deus expressa no canto de Maria, o Magnificat. Cada equipe de Nossa Senhora 16

existe para exercitar o amor. É comunidade de ajuda mútua no amor e na presença viva de Cristo. É um meio para os casais se ajudarem na caminhada de santidade, meio de salvação. E a reunião mensal de equipe é também uma visita dos casais e do SCE entre si e nela seria ótimo se reinasse esse mesmo espírito de "bem dizer". Bendizer a Deus pelo encontro de irmãos, pela amizade, pela busca comum da santidade conjugal, pela partilha e coparticipação feitas com coragem, confiança mútua e caridade. Se a partilha se tomou um peso para a equipe e ninguém mais coparticipa sua vida nas reuniões mensais, talvez seja o momento de os casais avaliarem, com muita caridade e verdade, como andam as suas conversas fora da reunião. É possível que desabafos e revelações pessoais confiadas aos irmãos tenham saído do âmbito da equipe, resultando na perda da confiança mútua. Não é por mal que alguém pode virar repórter do que acontece na equipe e talvez até esteja animado pelo desejo de ajudar um irmão ou uma irmã. (O que se diz em relação à equipe de base também é válido para os assuntos tratados em reuniões de outras instâncias do Movimento). À semelhança de Maria e Isabel, "como é bom, como é agradável" (cf. SI 132) os irmãos de equipe se bendizerem, nunca fazendo quaisquer julgamentos sobre o que CM 406


vier a ser conhecido nas reuniões ou fora delas. Repetimos: Acima da lei está o amor. E o amor nos impele aguardar sigilo sobre a vida dos nossos semelhantes, quanto mais daqueles que a nós confiaram suas dificuldades e os esforços que fazem em busca da salvação. Os homens crucificados ao lado de Jesus, um lhe faz cobranças, enquanto o segundo

confia-lhe as suas fraquezas. A este Jesus promete o paraíso. O primeiro Ele o escuta calado, não o recrimina, mas o inclui na grande lista daqueles que Ele ama e deseja salvar: "Pai, perdoai-lhes, eles não sabem o que fazem" (Lc 23,33).

Graciete e Gambim Eq. N. S. de Guadalupe - Setor D - Porto Alegre/RS

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ENCONTROS PROVlNClAlS Sinal de Deus em nossas vidas Vivemos momentos fortes no Encontro Provincial Norte, realizado nos dias 11, 12 e 13 de novembro de 2005, em Santarém/PA. Desde o ano de 2001, como CRS, em cada Encontro Provincial de que

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participávamos éramos agraciados com as bênçãos de Deus em nossas vidas. Em Santarém não poderia ser diferente: Deus sempre demonstra que lá do alto está nos contemplando. Soubemos por meio de nosso filho que o Canêjo conseguira aposentadoria da iniciativa privada, fato tão ansiosamente espera-

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do, almejado, para nós melhor vivenciarmos a nossa missão nas Equipes. Naqueles dias em Santarém, brotou em nossos corações com mais fervor o sentimento de gratidão a Deus, sentimo-nos privilegiados ao iniciar um serviço no próximo ano com o Tema "E vós quem dizeis que eu sou?" e o Lema "Casal chamado a contemplar a face de Cristo". Lá no Encontro, já havíamos pensado: Senhor, estamos maravilhados com tua presença, porque sentimos que estás abrasando nossos corações e nós aqui sendo testemunhas das maravilhas que realizas em nós! Sabemos que enfrentaremos vários desafios, mas acreditamos que, quando somos escolhidos por Deus, seu amor nos dará forças e coragem para segui-Lo. As dificuldades que surgirão com certeza contribuirão para que nossa fé se torne mais forte. Pedimos à Virgem Maria que nos ajude a servir o Reino de Deus com coragem e sem temor de abrir as portas dos nossos corações para contemplar a face de Cristo e sempre ser suas testemunhas. Fátima e Canêjo CRR-Norte II

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Provinda Norte O Encontro da Província Norte, realizado na "Pérola do Tapajós" (Santarém/PA) foi abençoado por Deus. Inicialmente, porém, fomos "agraciados" com um atraso de oito horas no vôo que trazia os equipistas 18

de Belém e dez no vôo de Manaus. Depois do atropelo, fomos recepcionados calorosamente pelos equipistas santarenos, inclusive por Graça e Roberto, CR da Super-Região, que viveram conosco esses momentos inesquecíveis. Foi uma experiência singular o amor que recebemos de todos aqueles casais e sacerdotes. Um sinal de Deus para conosco. Estávamos apreensivos, mas é nesse momento que se percebe que os desígnios de Deus não são os nossos. O Encontro que estava previsto para começar na sexta-feira, começou no sábado. Registela e Claudionor, CRR Norte III, e os casais hospedeiros em tudo contribuíram com incansável empenho. Na Celebração Eucarística de sábado, presidida pelo Pe. José Albuquerque, SCE Norte I foram empossados os novos casais responsáveis de setor. As orientações do Movimento para 2006 foram apresentadas por Graça e Roberto, CR Super-Região. Pe. José Albuquerque, SCE Norte I, nos falou sobre Jesus Cristo, Tema de Estudo/2006. O estudo do Manual do CRS foi desenvolvido em forma de gincana pelo CRP Norte. A confraternização de sábado à noite foi marcada pela homenagem prestada ao Monsenhor Marcelino Ferreira, pelos vinte e cinco anos de SCE na Região Norte II. Deus seja louvado pelas presenças dos sacerdotes conselheiros espirituais nas celebrações litúrgicas e palestras, e pelos três casais regionais, com excelentes participações, CM 406


quer na condução das liturgias, quer na realização de flashes e animação. Apesar das dificuldades iniciais, foi um encontro de formação, espiritualidade e orientação, vivido em clima de simplicidade, alegria e amizade. Nazira e João Paulo CRP Norte

••• Encontrar-se é necessário, é fundamental! Há poucos dias pudemos vivenciar mais uma grande maravilha de Deus em nossas vidas, entre tantas, ao participarmos do Encontro Provincial Nordeste. O Tema e o Lema para 2006 já tinham sido colocados aos Casais Regionais no Encontro Nacional em agosto de 2005. Escudados na pedagogia do Movimento, nossa fraqueza foi transformada em força, que nos veio do apoio dos irmãos do Colegiada Provincial, na certeza de não estarmos sós, pois Cristo permanecia conosco. Conscientes dos objetivos e da importância do Encontro para a caminhada do Movimento, um pensamento estava sempre a rondar nossa mente: será este encontro ponto de chegada ou ponto de partida? Uma primeira resposta, voltando o olhar para trás, considerando tantas reuniões, encontros, mutirões etc., empre reunidos em nome de Cristo, concluímos que o Encontro Provincial era um ponto de chegaCM406

da, em vista da grande "viagem" pelo Reino de Deus. Mas dirigindo o olhar para a frente, percebemos o muito ainda a percorrer e temos a certeza de que o Encontro Provincial é também ponto de partida para desenvolver as orientações específicas do Movimento para o ano de 2006 em nossas equipes de base. Munidos de tais pensamentos, não poderíamos deixar de cantar ao Senhor a alegria que nos tomava. Alegria co-participada pelos irmãos vindos das oito Regiões que compõem a Província, cantando, porque mais uma vez nos reuníamos em nome de Cristo. Amparados por esta certeza, o canto "incendiou" de vez o coração do Nordeste. A experiência de um encontro como este faz-nos lembrar as palavras de Paulo: "Tende um mesmo amor, uma só alma e os mesmos pensamentos. Nada façais por espírito de vanglória, mas que a humildade vos ensine a considerar os outros superiores a vós mesmos" (Fil 2,2b-3). Por tudo o que nos foi possível vivenciar naqueles dias, podemos hoje afirmar: ao final foi fácil contemplar Cristo na face de cada um dos irmãos que para lá se dirigiram. O olhar já não era mais o mesmo, pois seus corações estavam aquecidos tal qual os dos discípulos de Emaús, ao fazerem a caminhada com o Cristo. A exemplo deles, ao partir do pão, reconheceram que haviam feito a melhor de suas caminhadas. Que por intercessão da Virgem 19


de Nazaré, nossa Mãe, possamos, a seu exemplo, servir ao Senhor e crer definitivamente no seu Filho, que nos adverte: "Sem mim nada podeis fazer". (lo 15,5c) Vilma e Adelman. CRR Maranhão/Piauí

••• Provinda Centro-Oeste A casa de Retiros Assunção em Brasília acolheu, nos dias 04, 05 e 06 de novembro de 2005, os casais e Sacerdotes Conselheiros Espirituais da Província Centro-Oeste (Regiões: Centro-Oeste I, Goiás Sul, Centro-Oeste II e Mato Grosso/ Mato Grosso do Sul), para o Encontro Provincial Anual. O local acolhedor, a alegria do encontro de irmãos, o objetivo comum a todos, buscando o crescimento espiritual e as orientações do Movimento, para bem desenvolver a missão junto aos seus setores, fez dos três dias momentos fortes de oração, fraternidade, solidariedade e caridade, num alegre e agradável convívio. Estivemos sob a animação nova do Casal Provincial Nilza e Nivaldo, que, iluminado pelo Espírito Santo, soube com serenidade conduzir o nosso Encontro. Com certeza, somente quem confia em Deus e se põe no colo de Maria tem a graça de superar as dificuldades e forças para cumprir a missão que o Senhor lhe confiou. Que os frutos dessa entrega, sentidos no entusiasmo de cada um dos 20

participantes, tenha o seu reflexo em cada um dos nossos setores e em cada uma de nossas equipes. E como disse um conhecido, querido e exigente SCE de nossa Província: "este Encontro trouxe resultados verdadeiramente positivos". Tudo aconteceu conforme a vontade e a graça de Deus! Que Ele seja louvado! Mércia e Aguimar CRR Centro-Oeste I

••• Provinda leste O Encontro da Província Leste foi realizado num clima de muita oração e espiritualidade, na cidade de Borda do Campo/MG, entre os dias 04 a 06 de Novembro de 2005. Presentes o Casal Provincial, Josefina e Roque, o Conselheiro da Província, Padre Tarcísio, os 9 Casais Responsáveis Regionais, 47 dos 49 Casais Setor, e 10 Conselheiros Espirituais de diversas regiões e setores. O Casal Provincial iniciou as atividades, citando uma passagem do editorial de despedida do Padre Caffarel, lembrando que suas orientações se aplicam inclusive aos dias de hoje. Salientou ainda a importância do Encontro para trocar experiências, receber as informações e repassá-las às equipes de base. Os 17 Casais de Setor que estão assumindo foram acolhidos pela comunidade com o canto "Nova Geração". Foi um instante em que todos se sentiram envolvidos pela presença de Jesus. CM406


As orientações para o ano de 2006 foram claramente expostas pelo Casal Provincial, e o tema para reflexão em 2006 - "Quem dizem os homens que eu sou?" -foi desenvolvido pelo Padre Tarcísio. Num dos momentos de animação, foi feita uma dinâmica com balões. À medida que eram enchidos e subiam, apresentavam-se as virtudes que devem ornar a equipe. Quando os balões começavam a cair, mencionavam-se as dificuldades: equipe sem conselheiro, setor sem colegialidade, casal sem Eucaristia ... Concluindo-se que o casal responsável de setor deve ficar atento para que as orientações do Movimento sejam seguidas. Também a destacar a divertida e instrutiva peça de teatro sobre o retiro, com o talentoso elenco dos Casais Regionais. Em 2006, vamos estar presentes em Lourdes. Teremos, também, de responder a um questionamento pessoal e em casal: "Quem dizem os homens que eu sou?" Será que saberemos responder, como aquele que escreveu no quadro negro: Jesus é a Resposta. Será que seremos capazes de pronunciar esta frase, em alto e bom som, "tu és o Filho de Deus vivo"? Ele, Cristo, está sempre esperando de cada um de nós uma resposta para a nossa salvação, a resposta da fé. Fé é dom graCM 406

tuito de Deus, que precisa ser alimentado pela oração, aceita livremente pela inteligência e participada na fé da Igreja. Todos têm necessidade de identificar-se com Cristo: é um desejo in uperável do coração. Padre Caffarel, já em 1960, preocupado com a oração, lançava um alerta aos equipistas: "É através da oração que alcançamos a plena eficácia em nosso diálogo com Deus". Neste nosso encontro, todos perceberam a necessidade de participar mais da vida de equipe, ser mais comunidade, fortalecer a unidade e ser mais irmãos uns dos outros, exercitar a entre-ajuda, como forma de sair de si mesmo e reencontrar o outro, sem vacilações, com humildade e disponibilidade. E todos saíram imbuídos de suas responsabilidades, partícipes dos objetivos traçados e com uma felicidade incontida por pertencer a um Movimento inspirado pelo Espírito Santo. Neuza e Hélio CRR Minas IV 21


RETRATO DE CRlSTO JESUS Primeira parte "Pai, chegou a hora: glorifica Teu Filho para que Teu Filho Te glorifique, e que, pelo poder que lhe deste sobre toda carne, Ele dê a vida eterna a todos os que lhe deste! Ora, a vida eterna é esta: que eles Te conheçam a Ti, o único Deus verdadeiro, e aquele que enviaste, Jesus Cristo" (Jo 17,1-3). Nós desejamos conhecer Jesus porque queremos vida para as pessoas, vida para a Igreja e vida para o Movimento das Equipes de Nossa Senhora. O Movimento pede que nos empenhemos no estudo da pessoa de Jesus Cristo como preparação ao X Encontro Internacional, em setembro de 2006. "Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?" "E vós, quem dizeis que Eu sou?" (Mt 16,13.15). Cada pessoa pinta a fotografia de Jesus com as cores com que os seus olhos vêem e do modo como o coração sente. Para pintar o retrato de Jesus precisamos acreditar em quem nos fala dele. Cremos na palavra de quem amamos. Amemos Jesus Cristo na palavra da Escritura e na voz da Igreja e teremos tudo para o melhor retrato de Jesus. O Encontro Internacional, lembrando o décimo ano do falecimento do Pe Caffarel, deverá marcar a vida das Equipes de Nossa Senhora. Será um acontecimento marcante, se Cristo, centro e coração da espiritualidade 22

das Equipes de Nossa Senhora, for o ponto de partida.

Como Jesus se define a si mesmo? O primeiro nome que Jesus se atribui é "Filho do Homem". Esta expressão é muito freqüente nos Evangelhos. É usada também no Antigo Testamento (cf. Dn 7,1314). Com outros nomes, autodenomina-se como Bom Pastor, Luz, Caminho, Verdade, Vida, Pão da vida, Videira ... e muitos outros para mostrar, dar a entender quem ele é. Mas, afinal, quem é? CM406


Jesus é o Filho de Deus feito homem Desde que nasceu chamou os pastores para que fossem os primeiros anunciadores e testemunhas. Desde então ninguém ficou indiferente diante dele. Tomou-se o pesadelo do mundo e será a fonte inspiradora de toda espiritualidade.

Fonte do conhecimento de Jesus Para conhecer Jesus vamos direto à fonte: a Bíblia, especialmente os Evangelhos. A vida eterna consiste em conhecer o Único Deus verdadeiro e Aquele que Ele enviou, Jesus Cristo (cf. Jo 17,3). Essa é a maior razão para acolher com amor a tarefa de aprofundar o conhecimento de Jesus Cristo, carinhosamente sugerido pelo Movimento. Iniciaremos essa tarefa, partindo do único Evangelho, narrado por quatro evangelistas. Desta fonte tiraremos as "tintas" para que o retrato de Jesus seja perfeito. "Quem quer conhecer Cristo deve conhecer as Escrituras". "Quem ignora as Escrituras ignora Cristo". O retrato de Jesus está presente em toda Escritura. "Começando por Moisés e por todos os Profetas, interpretou-lhes em todas as Escrituras o que a Ele dizia respeito" (Lc 24,27). O melhor caminho para compreender o mistério de Cristo não pode ser senão o diálogo contínuo com a Palavra de Deus: lida, estudada e meditada. "Toda a Escritura é voz do Amado, do Esposo, de Cristo, que se dirige incessantemente à sua CM406

Esposa, ao seu Povo, à sua igreja e às almas".

Quem é Jesus, sequndo os Evanqelhos? Marcos inicia o Evangelho definindo quem é Jesus Cristo: "Princípio do Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus" (Me I , 1). Lucas, falando do nascimento de Jesus e da visita do pastores, declara quem é Jesus, nestas palavras do Anjo do Senhor aos pastores assutados: "Não temais ( ... ) Nasceu-vos hoje um Salvador, que é o Cristo Senhor!" (Lc 2, 11). João fala do Verbo que estava com Deus e que era Deus; do Verbo por quem foram feitas todas as coisas e que, sem Ele nada foi feito. O Verbo que "se fez carne e habitou entre nós" (cf. J o 1, 1-19).

Jesus, o Filho eterno do Pai (cf. Jo 1 7) É difícil conhecer a fundo a personalidade de um homem, apesar de termos em mãos todos os dados, vivendo lado a lado, conhecendo a voz, escutando as palavras e constatando as mais diferentes reações diante do comportamento dos homens; quanto mais difícil será conhecer Jesus, de quem nunca escutamos a voz, nunca vimos com nossos olhos como agia e reagia diante de tudo o que acontecia, nunca escutamos com nossos ouvidos suas palavras, e que, além de ser homem, é também Deus!

Necessidade da luz divina para conhecer Jesus Se Deus não iluminar com sua 23


luz as mentes e os corações, se não iluminar suas próprias palavras, jamais seremos capazes de interpretar corretamente os seus mistérios! Quando Pedro respondeu: "Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo" (Mt 16, 16), Jesus lhe diz: "Bem-aventurado és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne ou o sangue que te revelaram isso, e sim o meu Pai que está nos céus" (Mt 16,17). A luz que me autoriza a afirmar quem é Jesus Cristo vem do alto, ilumina o interior daquele que sabe acolher no coração.

Fontes para o conhecimento de Jesus Evangelho e Magistério da Igreja. O mistério da pessoa de Jesus só é percebido escutando com o coração a sua palavra. Maria guardava as palavras do Filho e por isso ninguém melhor do que ela conheceu Jesus (cf. Lc 2,19). Mas a garantia da veracidade de tudo aquilo que descobrimos através do Evangelho, pelo estudo, pela revelação interior, pela meditação e contemplação, somente a Igreja pode dar, porque toda revelação foi confiada a ela. A leitura da Palavra é o primeiro passo para conhecer Jesus. A Bíblia é Palavra de Deus e, como tal, deve ser lida e escutada com critérios de fé e obediência à Igreja. Na tarde em que Jesus encontrou e chamou os primeiros quatro discípulos, entrou na barca de Pedro e começou a ensinar às multidões e o fez "desde a barca de Pedro!" Quando acabou de falar, 24

disse a Pedro: "Faze-te ao largo; lançai vossas redes para a pesca". Simão respondeu: "Mestre! Trabalhamos a noite inteira sem nada apanhar; mas, porque mandas, lançarei as redes!" A pesca foi grande! Pedro lançou-se aos pés do Mestre e pediu que se retirasse, "porque sou homem pecador". Jesus respondeu: "Não tenhas medo! Doravante serás pescador de homens" (cf. Lc 5,1-11). Não será esse o momento do nascimento da Igreja, a responsável pelo anúncio, zelo e correta interpretação da Palavra revelada por Jesus, o Evangelho, que deverá manter-se íntegro e puro? Jesus não passa sozinho pelo mundo, embora não tivesse necessidade de ninguém para dar testemunho dele (cf. Jo 2,25). Ele sempre quis contar com os homens. Escolheu colaboradores humanos, chamados e enviados por Ele, para que fossem seus companheiros, compartilhando a vida e a missão e, depois de sua morte, fossem os continuadores de sua obra. O Pai continua a obra da Criação através de homens, o Filho continua a obra da Redenção através de homens. Os Apóstolos são a luz de Cristo no mundo, como Cristo foi a luz do Pai. Como os planetas, atraídos e iluminados pelo sol, brilham, assim os Apóstolos, atraídos e iluminados pelo Senhor, iluminam o mundo. Somente em comunhão com a Igreja, em tudo o que ensina, estaremos seguros de que a luz não é produto da imaginação humana, mas vem de Deus. CM 406


Relação entre Cristo e os Apóstolos A história da arte cristã mostra a estreita relação entre a vida e atividade de Jesus e a dos Apóstolos. À luz do Evangelho constatamse poucos momentos em que Jesus estava só; quase sempre está cercado dos Apóstolos. Onde estes se encontram, aí está Ele também. É difícil imaginar Cristo sem os Apóstolos e os Apóstolos sem o Cristo e isso o compreendeu a arte cristã: Na cúpula maior da Basílica de Santa Sofia, em Constantinopla, está Jesus rodeado da "Coorte Imperial" dos Apóstolos. Cristo com os Apóstolos destacam-se na cúpula do Vaticano, no momento em que recebem a ordem de irem pelo mundo para anunciar o Evangelho. Grandes artistas se inclinaram sobre cenas da vida de Jesus para expressarem sua fé e seus dons artísticos. Os pintores com as tintas e os poetas com a rima dos versos cantaram a beleza do mistério da humanidade de Jesus.

lmportância do conhecimento de Jesus Cristo como homem para a vida espiritual Teresa de Ávila é a grande mestra da intimidade com o Jesus humano (cf. Pe. Gabriel de Santa Maria Madalena). Poucos, como ela, souberam dar tanto valor à humanidade de Jesus, no cultivo da vida espiritual. Por isso, Jesus-Homem tem um lugar central na espiritualidade de Teresa, santa e doutora da Igreja. A meditação sobre o mistério da humanidade de Jesus CM406

teve uma forte influência na evolução da sua conversão definitiva, na sua experiência mística e em seu magistério espiritual. (cf. Pe. Jesus Castellano, OCO) Como nós queremos conhecer Jesus Cristo? Queremos e devemos crer na humanidade de Jesus, Homem inesquecível, digno de ser amado por tudo o que vemos nele como Homem.

Mas Jesus é mais que isso! Se pararmos apenas no Homem, não teríamos motivos para percorrer o mundo anunciando Jesus. Não teríamos motivo ou razão para induzir as pessoas a segui-lo. Nenhum dever missionário de evangelização nasceria em nós. A fé não seria senão um comportamento facultativo, um hobby para alguns. A fé em Jesus não seria mais o fator que decide o sucesso ou o fracasso na busca do destino eterno. Certamente seria um homem importante, admirável, mas não seria a passagem obrigatória nos caminhos da nossa vida; poderia ser dispensável. Ao mundo viemos para conviver com os homens, formando um povo. Mas, para o encontro com Deus, caminhamos juntos. Se nos encontrarmos com os homens nos encontraremos com Deus. Para encontrar-se com os homens e com Deus, só existe um caminho: Jesus Cristo! "Ninguém chega ao Pai senão por mim". Ele é a passagem obrigatória.

Frei Avelino Pértile - SCE!SR 25


A QUARESMA

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No ano litúrgico, cujo centro é o mistério pascal, a "Igreja comemora, em dias determinados, a obra salvífica de Cristo" (Normas universais sobre o ano litúrgico 1). O calendário litúrgico contém diversos tempos, entre os quais a Quaresma. Desde o seu início, a Igreja tem consciência de que a Páscoa constitui o vértice de sua vida, o centro de convergência de sua história. Por isso, os primeiros cristãos celebram com toda solenidade a liturgia pascal, conforme relata a obra Peregrinação de Etéria, porque tomaram consciência do lugar insubstituível para o cristianismo da morte e ressurreição de Jesus Cristo. Os cristãos, no entanto, vão sentindo a necessidade de se prepararem adequadamente para a celebração da Páscoa, a fim de fazerem memória de acordo com a ordem recebida do Senhor (cf. Lc 22,19; 1Cor 11,24-25). E, assim, se origina a Quaresma. A oração e o jejum vão sendo introduzidos paulatinamente, assim como toda a etapa catecumenal, já testemunhada pouco antes de 384, até chegar à forma como se tem hoje. A Quaresma surge, pois, como uma etapa preparatória à Páscoa, tendo como intuito preparar tanto os catecúmenos quanto os fiéis, pela comemoração do batismo e da penitência, para a celebração pascal. Ela inicia com a quarta-feira de cinzas, com a bênção e a imposição das 26

cinzas e o jejum, inaugurando o espírito e a prática penitencial, e vai até a Missa da Ceia do Senhor exclusive. A preparação dos catecúmenos para receberem o sacramento do Batismo também faz parte deste tempo litúrgico. A semana santa, introduzida pelo Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor, quer recordar a Paixão de Cristo, desde a sua entrada messiânica em Jerusalém. Esse tempo, composto por cinco semanas e mais a semana santa, adquire um caráter exortativo e rico para a vida dos fiéis. As leituras dos cinco domingos de 2006 são do Ciclo B e ressaltam o tema da reconstituição da Aliança. Os dois primeiros domingos trazem os relatos das tentações de Jesus e de sua transfiguração, enquanto os outros três utilizam o evangelho de João, com a finalidade de atualizar, do ponto de vista teológico, os eventos da aliança de Deus com o seu povo. Portanto, a Quaresma se constitui em um momento ímpar da graça de Deus, que capacita os fiéis, através das práticas da penitência e da mortificação, a buscarem a conversão e, desse modo, se prepararem melhor para vivenciar o centro da vida cristã, a morte e a ressurreição de Jesus Cristo.

Pe. Geraldo Luiz Borges Hackmann SCE da Equipe da Carta Mensal CM406


Equipes Evangelizam na TV Diariamente, das 18 às 19 horas e 30 minutos, equipistas de Nossa Senhora de Campo Grande/MS, já há um ano, fazem o programa "O Rosário em seu Lar'', na TV Imaculada Conceição daquela cidade, leo vando aos lares, além da oração, a boa nova da espiritualidade conjugal. Parabéns aos irmãos de Campo Grande!

Jubileu de Prata O dia 22 de novembro de 2005 foi uma data muito especial para a Equipe Nossa Senhora das Vitórias do Setor B de Brasília/DF: Comemoramos o Jubileu de Prata Presbiteral do querido Frei Mário Márquez, nosso SCE. Vinte e cinco anos dedicados a Cristo e à Igreja. Nasceu no hoje município de Luzerna/SC, no dia 23111/1952 e desde cedo Deus procurou trazer o pequeno Mário para mais perto de Si. Vocação é Dom de Deus e cada pessoa recebe uma vocação específica para através dela atender à vocação primeira, o chamado à santidade perfeita. Foi o que aconteceu com o nosso Frei Mário. Ele recebeu este dom inefável para tomar-se Presbítero do Senhor. Ingressou no Seminário Santa Maria, em Engenheiro Guterres/ CM 406

PR, onde fez o curso secundário. Após os cursos de Filosofia e Teologia, foi ordenado presbítero, no dia 22 de novembro de 1980. Exerceu seu ministério em Rancho Alegre, Uraí, Curitiba e Recife. No dia 15/0111996, assumia como Capelão da Base Aérea de Brasília e, no Natal de 2000, como Cura da Catedral Militar Rainha da Paz. Acessível, prestimoso, comunicativo, infatigável em sua ação sacerdotal, tem sabido conquistar a admiração e o respeito de seus amigos, irmãos de presbitério e paroquianos, os quais se fizeram presentes à Missa de Ação de Graças. Que Deus abençoe Frei Mário e dê a ele as graças necessárias ao desempenho do seu ministério sacerdotal. Parabéns Frei Mário! Dalila e Xisto Eq. N. Senhora das Vitórias RC0-1 - Brasília/DF 27


Ordenação Presbiteral • Pe. José Silvano Onofre de Amorim. Foi ordenado presbítero no dia 14 de outubro de 2005, em sua cidade natal, Ibirajuba!PE, pela imposição das mãos de Dom Bernardino Marchió, Bispo da Diocese de Caruaru/PE. O senhor Bispo apresentou o Padre Silvano à comunidade paroquial com as palavras: "Eis-me aqui, para fazer a Tua vontade". Estiveram presentes seminaristas, diáconos, familiares, amigos, outros presbíteros e casais da Equipe Nossa Senhora de Fátima, de Caruaru, da qual Pe. Silvano é Conselheiro. Josélia e Fortunato Filho Eq. 5, N. S. de Fátima Caruaru/PE

• Pe. Luiz Ricardo de Araújo Xavier. Foi ordenado presbítero no dia 4 de novembro de 2005, no Santuário do Pão dos Pobres de Porto Alegre/RS. É Conselheiro Espiritual da Equipe Nossa Senhora da Conceição, do Setor Vale do Gravataí, desde quando era diácono. Somos felizes por termos como amigo um sacerdote tão especial. Rosiméri e Renato Eq. N. S. da Esperança Setor G - Porto Alegre/RS 28

Conselho Mundial de lqrejas Sob o tema "Deus, em tua graça, transforma o mundo", de 14 a 23 de fevereiro de 2006, acontecerá em Porto Alegre/RS a 9• Assembléia do Conselho Mundial de Igrejas. Será um tempo de encontro, oração, celebração e deliberação para milhares de cristãos de todo o mundo. A Assembléia é o mais alto órgão legislativo do CMI, e acontece a cada sete anos. Mais de 700 delegados e seus consultores, representando mais de 340 igrejasmembro do CMI, vão desempenhar seu trabalho num programa que incluirá oração, estudo bíblico, plenárias temáticas, palestras e trabalho de comitês. A Igreja Católica, embora não sendo membro do CMI se faz representar, a convite: nessas Assembléias, inicialmente por observadores e ultimamente por eminentes colaboradores nos trabalhos , mas sem direito a voto. Além de assuntos cruciais contemporâneos, a Assembléia se ocupará principalmente de ecumenismo e da unidade da Igreja de Cristo. Eq. Carta Mensal

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Partiram para a casa ào Pai • Maria Elba Pereira Gress, do Oscar, no dia 9 de novembro de 2005. Integrava a Equipe 3- Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, Setor C - Região Ceará. • Nelson Aguiar Rocha, da Norma G. Rocha, ocorrido em 28 de outubro de 2005. Ele pertencia à Equipe Nossa Senhora Mãe da Unidade, em Florianópolis/SC. • Zilá Justo, do Noé, no dia 11 de novembro de 2005. Era integrante da Equipe Nossa Senhora de Fátima, Pantana Grande/RS. • Vilésio Fava, da Lucila Palato Fava, no dia 16 de novembro de 2005. Era membro da Equipe Nossa senhora Mãe Auxiliadora, Setor B de Votuporanga/SP. • Dário, de Da Paz, no dia 8 de dezembro de 2005. Integrava a Equipe Nossa Senhora da Conceição, Setor B de Jaboatão dos Guararapes/PE. • Pe. Orlando Ricardo Gambi, na data de 22 de novembro de 2005. Pe. Orlando, que teve muitos artigos seus publicados na Carta Mensal, também deu seu tempo precioso às equipes como SCE. • Dom Geraldo do Espírito Santo Ávila, Arcebispo Militar do Brasil, em Brasília!DF, na data de 14 de novembro de 2005. A atuação de Dom Ávila marca a história da Arquidiocese de Brasília, onde esteve presente desde os primeiros anos da fundação, como presbítero e depois ( 1977) como bispo auxiliar, tendo sido responsável por inúmeras atividades e projetas. Foi nomeado Arcebispo Militar em 1990. Dom Ávila foi um dos primeiros sacerdotes conselheiros espirituais das Equipes de Nossa Senhora em Brasília, na Equipe 10, desde a pilotagem até o último dia de sua vida. Mesmo como Bispo, participou de muitos EACRE. Sempre tinha uma palavra aos demais sacerdotes, incentivando-os a serem SCE de equipe. Dom Ávila era um entusiasta pelo Movimento, o qual amava, propagava e defendia. CM406

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MEDlTAÇÃO Meditação é uma forma de oração. Talvez a mais difícil, porque pressupõe o cumprimento de algumas etapas preliminares e porque exige muita concentração durante a sua realização. Uma boa preparação é condição para uma boa Meditação, o que inclui a escolha de um ambiente acolhedor e silencioso, o tempo disponível, o assunto sobre o qual meditaremos, respiração regular, postura confortável (mas não indolente), paz de espírito. Quando bem feita, essa etapa tem o poder de restaurar em nós a serenidade que propicia o encontro com o Pai. Durante a Meditação, freqüentemente somos tentados a nos distrair. É quando nos lembramos das tarefas urgentes (mas não prioritárias) que temos que fazer, de um problema não resolvido, de um gesto incompreendido, da notícia que chamou a nossa atenção, do filho que ainda não chegou ... Nem por isso devemos abandonar o nosso propósito ou nos culpar. Deus sabe como são essas coisas e recompensará o nosso esforço, abrindo caminho para a concentração. Agora, estamos prontos. É hora de nos concentrarmos, prestar atenção em Deus e perceber a sua presença junto de nós. Não meditamos para ficar em paz conosco mesmos, mas buscamos a paz para chegar a Deus. Nem devemos fazer da meditação uma fuga, mas um meio de conhecer melhor o Deus vivo que 30

habita em nós. "Na Meditação ( ... ) procuramos não propriamente pensar em Deus, mas estar com Deus". (A Palavra que leva ao Silêncio, John Maio, Paulus, 1987) Com simplicidade, "entreguemonos à Meditação por Deus e não por nós mesmos" (ENS - Reunidos em nome de Cristo, 0° 3, 1985). A Meditação nos leva à consciência da nossa filiação divina pelo batismo. Ao abrirmos o nosso coração, para esvaziá-lo das fraquezas que dificultam a nossa caminhada e limitam o nosso crescimento, damos a Deus a chance de enchê-lo com a sua presença amorosa. Não se trata de um acontecimento que vai se realizar no futuro. Deus nos fala agora. Ele age e nos conduz. Por que Meditar? Nas palavras de John Maio, já citado, "simplesmente para nos prepararmos para receber a plenitude, a vida e a luz para as quais fomos criados". Então, boa Meditação a todos.

Silvia e Glauco CRR SC I CM 406


ESCUTA DA PAlAVRA Entre os Pontos Concretos de Esforço que são uma característica e sencial do Movimento das Equipes de Nossa Senhora, está a Escuta da Palavra, que é um convite a escutar assiduamente a Palavra de Deus. Nos primeiros anos como equipistas, tínhamos o hábito de querer interpretar o texto, mas, através dos retiros e momentos de formação, começamos a exercitar a escuta. Descobrimos que é preciso que nos afastemos do trabalho, das distrações e até das preocupações. Escutando a Palavra de Deus, escutamos seu Filho. Passamos a nos relacionar com uma pessoa viva que age em nós . Suas palavras estão sempre atuais e próprias para todos os momentos que estamos vivendo. Procuramos fazer a Escuta da Palavra em casal, no nosso quarto, porque é silencioso e é privativo. Após a leitura, cada um comenta o texto lido e meditado individualmente. Muitas vezes tomamos uma Regra de Vida, em casal, após a meditação e completamos com a Oração Conjugal. A Escuta da Palavra nos traz a certeza de que não há outra Palavra. Que Cristo nos diz qual o seu projeto para nós. Por isso só nos resta pedirmos a sabedoria que vem Dele para CM406

construirmos a cada dia uma relação nova na nossa vida pessoal e de casal. O Guia das ENS [VI, B), a)] explica que "a Palavra criadora de Deus é sempre uma fonte indispensável de motivação e de energia para o nosso crescimento ... É por isso que as ENS convidam cada um a ouvir, cotidianamente, a palavra de Deus". É tarefa difícil manter esta disciplina diária. E quando isso não ocorre diariamente, nós perdemos muito, porque agimos e tomamos decisões sem uma orientação correta. Sabemos "que a multidão se comprimia em volta de Jesus para ouvir a Palavra de Deus" (Lc 5, 1). Como não estar com Ele, a cada dia, de preferência em casal, para ouvir a sua Palavra? Porque cada casal tem sua própria realidade, é comum que arrumemos uma série de explicações e "justificativas" para não exercitar esse momento ímpar para o nosso crescimento espiritual. Um sacerdote conselheiro espiritual nos dizia que a partilha o ajudava a ser melhor padre porque, quando ele ouvia o esforço dos casais, ele exigia mais dele mesmo. 31


Precisamos elencar as prioridades em nossa vida e se o fizermos com a devida consciência, acreditamos que a Escuta da Palavra será privilegiada. O Movimento elegeu a Escuta da Palavra como uma das

prioridades para 2006. Vamos fazer dela uma prioridade em nossa vida?

Neusa e Valdir Eq. N. S. Aparecida - Setor B Blumenau!SC

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PCE- HORÁRlO SAGRADO Nossa atenção é sempre despertada pelo empenho e cuidado dos animadores do Movimento com a prática dos Pontos Concretos de Esforço. A Carta Mensal sempre nos presenteia com testemunhos e destaques. Os mutirões e outros momentos de estudo e formação nos animam a exercitar os PCE. Muito se fala dos PCE. Não poderia ser de outra maneira, precisamos ser fiéis à prática. Como aproveitar este momento espiritual de avivamento conjugal, como propósito de vida? A prática dos PCE parece difícil para alguns equipistas. As explicações são variadas. Mas ... "Deus é espírito e seus adoradores devem adorá-lo em espírito e verdade" (Jo 4,24). Aprendamos com Pe. Henry Caffarel: "que Deus seja em vossas casas o primeiro a ser buscado, o primeiro a ser amado, o primeiro a ser servido". Ele também responde às nossas indagações: "O que me parece faltar à comunidade cristã e a seus membros é a vitalidade (... ) Penso que a causa dessa inquietante anemia está no descuido dos cristãos pela oração 32

e, principalmente, por essa forma de oração, face a face com Deus, que se chama oração interior. Naqueles que a negligenciaram, fica como que entravada a eficácia da Palavra de Deus e dos Sacramentos". "Seguese que começar a oração a partir do Evangelho é muito recomendável, desde que não o leiamos como quem estuda literatura, mas como alguém que ama e que, portanto, por detrás das palavras ouve bater o coração daquele a quem ama". Vivenciemos os PCE para fortalecer-nos. Retornemos a Pe. Caffarel: "É bom desejar avidamente a união com Deus, mas o caminho é longo, ou melhor, a senda é escarpada: é preciso enfrentá-la com passos calmos, respiração regular de quem pretende subir alto. ( ... ) Se você está decidido a suportar, a afrontar o deserto e a noite, então tenha confiança. Mas reafirme muitas vezes a sua decisão; freqüentemente estará ameaçada, de maneira especial nos momentos de oração. Antigos autores espirituais, falando das provações da oração, usam uma expressão muito forte: é preciso sofrer Deus, recomendamCM406


nos, aceitar o longo, implacável, engenhoso, perseverante trabalho do Espírito Santo em nós que pouco a pouco faz morrer o velho homem, tenaz e sempre vivo, para que surja o novo homem, livre de todas asescórias, como o metal faiscante ao sair da fornalha". Escuta da Palavra, Meditação, Oração Conjugal. Aqui temos a pista, o farol que nos indica o caminho para a vivência de todos os PCE. Melhor viveremos a espiritualidade conjugal, se buscarmos a Palavra, que ensina o amor e o perdão, e a Oração Conjugal, que nos aproxima de Deus e dá a certeza da presença divina na vida do casal- o coração

se abre, as mãos se entrelaçam, Deus toma-se presente. O começo é a Palavra e a Oração. Vivenciemos os PCE para fortalecer-nos. Marquemos um encontro com Nosso Senhor, peçamos a intercessão de Maria Santíssima, para fazermos nossos Pontos Concretos de Esforço. "Por nada neste mundo faltem a esse 'encontro sacramental'. Deus ali os está esperando", alerta-nos Pe. Caffarel. Que este encontro com o Senhor seja um horário sagrado.

Edyr e João Eq. 43 - Setor A - Rio III

PARTILHA Foi nas duas últimas reuniões que, para nós, a partilha tomou rumo mais claro. Nos encontros anteriores, como ainda não havíamos sido apresentados a todos os PCE, nos limitávamos mais a dizer se tínhamos, ou não, cumprido o PCE a nós explicado na reunião precedente. Por isso, focávamos a partilha mais nas dificuldades objetivas encontradas (tempo, preguiça, esquecimento, dúvidas etc.) do que, especificamente, nas transformações ocorridas a partir do que tínhamos vivenciado, ainda que precariamente, durante o mês. Na última reunião, um dos questionamentos propostos pelo casal piloto (Como vivi este mês a procura da vontade de Deus? O que descobri?) nos fez entender mais o verCM406

dadeiro significado da partilha, proporcionando maior abertura dos equipistas, de modo geral. A mesma abertura foi observada na reunião relativa á Unidade V e, certamente, será responsável para que, daqui por diante, possamos verdadeiramente assumir nossos irmãos de equipe, estimulados pelas propostas do Movimento. Até agora, aresponsabilidade que sentíamos era mais fundamentada nas relações de amizade que já havíamos estabelecido antes mesmo da Experiência Comunitária.

Daniella e Everton Eq. 54C - N. S. Mãe dos Pobres (em pilotagem) Juiz de Fora/MG 33


O AMOR FEZ A DIFERENÇA

Paulo e Eu, no dia 9 de setembro de 2005, comemoramos nossas Bodas de Ouro. Há 50 anos fundamos nossa fanu1ia. Antes do casamento, namoramos 2 anos e meio e noivamos 1 ano. O tempo de preparação para o casamento foi de fundamental importância para nós e para o lar que pretendíamos fundar. Nós nos conhecemos em agosto de 1951, eu tinha 17 anos e Paulo 20, ele, quartanista de Medicina, estava terminando o CPOR e eu fazia o segundo ano da Escola Normal. No dia em que nos conhecemos aconteceu algo inusitado. Era uma tarde de domingo, sentados em um canto da sala, uma amiga, Paulo e eu conversávamos. Minha amiga e eu, como duas adolescentes semostradeiras (que quer dizer exibidas ou assanhadas), tivemos um grande acesso de riso que o irritou profundamente. Paulo do alto de sua importância não se deixava levar pelas bobagens deste mundo. Diante de tanta risada falou muito bravo para mim e para minha amiga, mas olhando fixamente para mim, que acabara de conhecer: "detesto mulher que vive dando risada". Eu retruquei com ar de caçoada: "Então vou lhe rogar uma praga: você vai se casar com uma mulher que vai rir a vida inteira em sua orelha, rah! rah! rah! ... " Não sei se dou tanta risada hoje em dia, mas que estamos juntos desde então é bem verdade. Em abril começamos a namorar. Um dia Paulo me perguntou o que 34

eu achava do namoro. Cheia de coragem disse o que sentia, namoro para mim é preparação para o casamento. Diante desta resposta ele me perguntou se eu o esperaria por quatro anos. Três anos e meio depois estávamos casados. Estes dois pequenos fatos mostram que entre nós desde o início houve muita sinceridade e alegria. O casal que não brinca e não ri junto é um triste casal e quem não é sincero mesmo nas pequenas coisas corre o risco de abrir as portas CM406


para a traição e a infidelidade. Sempre fomos muito diferentes um do outro: temperamentos, gostos, cultura e formação familiar: Paulo, cientista, tocava violino, educação jesuítica muito rígida; eu sonhadora, sempre alegre, adorava carnaval e futebol, nada conhecia de música erudita, mas cantava de cor todas as marchinhas de carnaval ou as dores de cotovelo de Lupicínio Rodrigues ou imitava a voz marcante de Dalva de Oliveira, cantando Barracão de Zinco. Realmente as diferenças entre nós são muito grandes, mas o amor sempre existiu e sempre cresceu, ajudando-nos a compreender e a amar as diferenças. O amor de Deus sempre orientou as nossas vidas, tudo pusemos aos pés da Santíssima Trindade, descobrimos juntos as belezas do sexo no sacramento do Matrirnônio, rezamos juntos diariamente, orações curtinhas, mas freqüentes. Aprendemos a dialogar, o que não é fácil, diante de Deus e com muita naturalidade fomos nos conhecendo, nos modificando, nos moldando como o barro na mão do oleiro. Até parece que tudo foi um mar de rosas. Ledo engano! Tínhamos e temos temperamentos e personalidades fortes. Se de um lado Paulo era dominador, de outro eu sempre fui indomável. Que luta, quanta briga! Como diz o ditado português,

arrancávamos os tamancos e descíamos a ladeira, mas nunca houve traição, infidelidade ou desamor, sempre soubemos fazer as pazes antes de dormir... CM406

Na vida há alguns paradoxos, há casais que querem ter poucos filhos, há outros que fazem de tudo para ter um filho. Há também os que se colocam nas mãos de Deus, queríamos ter os filhos que Ele nos mandasse, pensávamos que teríamos uma farru1ia bem numerosa, não sabíamos como seria difícil aceitar o que viria pela frente. Vivemos oito gravidezes, conseguimos ter cinco filhos lindos, dos cinco três já estão na morada que o Pai nos reserva ... Os oito netos coroam a nossa felicidade, cada um com suas características, com seu temperamento, com seus dotes artísticos, esportivos e intelectuais. Pedimos a Deus por ele o que sempre pedimos para seus pais: que sejam homens e mulheres de Fé. Pretendemos com esta reflexão fazer com os amigos um ato de ação de graças. Não é um ponto final, longe disso, é um momento de olhar e analisar com orgulho, louvar a Deus pelo passado, refletir, dar graças e viver intensamente o presente e planejar, colocando nas mãos de Deus o nosso futuro ... Nas Equipes de Nossa Senhora aprendemos com Henry Caffarel, nosso fundador, que a devoção a Maria é fonte de vida e sabedoria, diz ele: "Contemplai o lar de Nazaré, e compreendereis o que é um lar onde Deus é tratado como Deus"

Altimira e Paulo Eq. N. S. do Perpétuo Socorro do Brasil São Paulo Capital I - B 35


VOLTA DE UM CASAL

NÃO TÃO PRÓDlGO Queremos compartilhar com todos os irmãos das Equipes porque quisemos a nossa volta, já que estávamos há alguns anos afastados do Movimento. Iniciamos nas Equipes em Marília, cidade que nos acolheu durante dez anos. Lá fomos convidados a integrar a então Equipe Nossa Senhora das Farru1ias. Foi bom demais fazer parte dessa família, que nos ensinou muito, nos desenvolvemos como casal cristão, compartilhamos, vimos nossas filhas e filhos de nossos irmãos de equipe se tomarem adolescentes e jovens. São nossos amigos de ontem, de hoje e de sempre. Infelizmente, precisamos por motivo de trabalho mudar para Belo Horizonte, onde fizemos alguns contatos, mas lá, não sei porque, não conseguimos nos reintegrar às Equipes. Fizemos amigos ligados à Igreja, ao trabalho e amigos simplesmente sociais, continuamos nossa caminhada de casal cristão com muitos amigos .... Voltando para Birigui, continuamos com muitos amigos, mas sentíamos muita falta do nosso crescimento espiritual conjugal e de uma família escolhida para viver o mesmo ideal. Demorou um pouco para buscarmos as equipes em Araçatuba, já que em Birigui ainda não há Equipes de Nossa Senhora. Quando ligamos para o atual CRS, nos sentimos em casa. Fomos acolhidos com 36

delicadeza e amor. Vieram nos conhecer e nos convidaram a fazer parte de sua equipe de base. Nossa equipe possui casais com bebê, como a Maria Eduarda, e com netos, que é o nosso caso e de outro casal. Acabamos de chegar e já nos sentimos integradíssimos! Há pouco tempo, participando de uma sessão de formação, ficamos espantados ao ouvirmos que muitas equipes e casais querem fazer das suas reuniões meros encontros sociais, não valorizando os PCE e a formação, sendo que é justamente por tudo isso que quisemos voltar ao Movimento. Precisamos lembrar que amigos para vida social encontramos em qualquer lugar, mas movimento que nos ajuda a crescer na relação com Deus e nos faz ter compromisso com a espiritualidade, com a verdade, com a humildade, com a dedicação e o perdão, só encontramos nas Equipes de Nossa Senhora. Quando disse a volta de um casal não tão pródigo, é porque fomos recebidos como tal. Quando deixamos nossa equipe, éramos somente pais, hoje retomamos pais, sogros e avós, um casamento sólido e a vontade de compartilhar e valorizar a cada dia a maravilha de ser equipista.

Maria Inez do José Eduardo Eq. N. S. Mãe de Deus e da Amizade - Araçatuba/SP CM 406


ANIMADOS PELO ESPÍRITO "Se as Equipes de Nossa Senhora não são um viveiro de homens e mulheres, prontos a assumirem corajosamente as responsabilidades na Igreja e no mundo, elas perdem sua razão de ser". (Pe. Henry Caffarel)

Animados pelo Espírito Santo, damos graças ao Senhor da eterna glória, que nos escolheu como discípulos seus. Em nossa caminhada equipista, passamos por momentos de quedas, de soerguimentos, de tristezas, de alegrias, de fracassos, de entusiasmo. No ano de 2003, não estávamos assumindo nenhum serviço no Movimento. Apenas participávamos das reuniões mensais. Começamos a nos sentir apáticos, vazios ... Em nossa oração conjugal entregamos nossa caminhada nas mãos do Senhor e pedimos que Ele nos animasse. Participando de reunião de uma equipe que fomos visitar em Várzea!PE, partilhamos um pouco a nossa oração conjugal e pedimos àqueles casais que lembrassem de nós em suas orações, pois estávamos nos sentindo desanimados e fracos. Após alguns meses, CM406

fomos chamados a sermos casal ligação daquela equipe e casal piloto de outra equipe que estava concluindo a experiência comunitária. Demos nosso sim. Em nossas orações pedíamos ao Espírito Santo por nós e por aquelas duas equipes. As duas equipes tornaram-se muito unidas. Entusiasmaram-se e

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"perseveraram nas reuniões em comum" (At 2, 42), fiéis à mística do Movimento. Na semana da farru1ia, os encontros aconteciam pelas ruas e, após cada encontro, eram partilhados com os idosos chá e biscoito, doados pela comunidade e pelos equipistas. "Partiam o pão nas casas e tomavam a comida com alegria e singeleza de coração" (At 2,46). No mês das Missões, os equipistas participaram de celebrações até em sítios, com o nosso SCE, Pe. João Satumino, onde nem havia energia

elétrica, só a luz da lua, candeeiros e velas. "Todos viviam unidos e tinham tudo em comum" (At 2,44). Era uma só família, comemoravam aniversários, festas em farru1ia e faziam campanhas de alimentos para ajudar carentes, dando assim testemunho na comunidade. "Louvavam a Deus e cativavam a simpatia do povo" (At 2,47). Hoje em Várzea há quatro equipes e uma experiência comunitária.

Vânia e Edson Eq. 01 - Santa Luzia/PB

É BOM VlVER EM EQUIPE Há 5 anos, quando iniciamos nossa caminhada equipista, não imaginávamos ir tão longe .. Acreditamos que as pessoas que conhecemos, que passaram por nossas vidas neste período, deixaram marcas que nunca tínhamos tido durante toda a nossa existência. São experiências e testemunhos que mudaram nossas vidas. Crescemos e amadurecemos com a dificuldades e sofrimentos do dia-a-dia, mas também com os exemplos dos amigos, dos irmãos de caminhada. Administração da casa, criação dos filhos, vida profissional, vida de Igreja ... em tudo houve co-participação. Partilhar fez-nos abrir o coração para o próximo e para Deus. Como é bom viver em equipe! Em equipe nós descobrimos que os 38

nossos problemas não são nem maiores e nem diferentes dos de outros casais com os quais convivemos. Aproximamo-nos mais um do outro, demos novo sentido à vida conjugal, reavivamos o diálogo, nossa oração ... Descobrimos o sentido da ajuda mútua, da confiança, do perdão. E além de todo o envolvimento com os casais, também tivemos a oportunidade de levar nosso filho à convivência com outras crianças, num ambiente saudável e familiar. A presença de um Sacerdote Conselheiro foi fundamental em nossas vidas. Amadurecemos espiritualmente, aprendendo sobre a missão a que Deus nos chama enquanto casal, enquanto farru1ia, enquanto Igreja. Descobrimos que sofrimentos e CM 406


dificuldades são apenas 20% e que não devemos potencializar essas agruras e fazê-las 80% de nossas vidas. Dificuldades sempre existirão, mas não devem tomar o lugar da ale-

gria que é viver, partilhar e amar.

Chris e ]anderson Eq. 48 A - Reg. Centro-Oeste II

CRESCENDO NA PllOTAGEM Agradecemos a Deus e a Nossa Senhora a oportunidade que nos foi dada de pilotar a Equipe Nossa Senhora dos Nós de Aracaju/SE. Colocamo-nos à disposição do Movimento e assumimos o nosso compromisso, buscando viver e agir com a verdade, para alcançarmos a espiritualidade que nos comprometemos buscar viver quando entramos para as Equipes. Encontramos oito casais unidos, num círculo de fraternidade, todos procurando crescer na espiritua-

lidade do casal e na ajuda mútua da equipe. Ao deixá-los para continuarem sua caminhada sozinhos, nos damos conta de que, se lhes passamos algo do carisma e da mística do Movimento, também muito aprendemos com essa equipe, em cujos casais, temos certeza, o Espírito Santo produzirá frutos maravilhosos.

Lucineide e Ansérgio Eq. N. S. do Perpétuo Socorro Aracaju/SE

UNlDADE E ACOlHlMENTO Ao participar de um congresso em Porto Alegre, tive a alegria de me encontrar com o casal Graça e Roberto (CRSR Brasil) e sua equipe de base. Com eles pude congraçar e viver a palavra de Jesus: "Onde dois ou mais estiverem reunidos em meu nome, eu estarei no meio deles". Mesmo estando distante dos meus familiares, senti-me entre irmãos e compartilhamos o amor ensinado no Movimento das ENS, como se já nos conhecêssemos! Pude observar que, apesar de serCM406

mos de regiões tão distantes e diferentes, temos o mesmo desejo de santidade conjugal, tentamos cumprir os PCE com afinco, inclusive com dificuldades semelhantes. Em uma reunião formal da qual participei com eles, tivemos tudo em comum, mesmo sem nunca nos termos visto, isto significa deixar a unidade ultrapassar fronteiras!

Ana Aécia do Franzé Equipe 31 B- N. S. da PazFortaleza/CE 39


BEATIACAÇÃO DO PADRE CAFFAREl· Um pequeno preâmbulo: Dias atrás, Graça e Roberto, nosso querido casal responsável pela Super-Região Brasil, nos pediram se poderíamos escrever alguma coisa para a Carta Mensal sobre a beatificação do Padre Caffarel. Tal pedido não poderia ser desconsiderado. Entretanto, ao iniciarmos a sua redação, constatamos que havia inúmeros fatos desconhecidos da maioria dos equipistas e que não poderiam continuar sendo "guardados", sob o risco inclusive de perdermos sua memória. Portanto, iniciaremos este artigo pedindo desculpas aos que nos lêem pela extensão desta matéria, o que não é de nosso feitio, pois normalmente procuramos nos comunicar através de textos curtos. Com as nossas devidas escusas ... vamos lá. No dia 18 de setembro de 1996 falecia o Padre Caffarel, com a idade de 93 anos. Nove dias após, é celebrada na Igreja da Madeleine, em Paris, missa por sua intenção. Nessa oportunidade, o Cardeal Jean-Marie Lustigier, Arcebispo de Paris, pronunciou uma bela homilia, na qual ele reconheceu no Padre Caffarel um dos eminentes profetas do século XX. Ele ainda sublinhava: "Não abusemos do título 40

"profeta": somente Deus os designa. Utilizei-o, contudo, com relação ao Padre Caffarel". E, em seguida, mencionava uma série de peculiaridades da vida e obra deste grande homem, dentre as quais gostaríamos de salientar algumas mencionadas pelo eminente Cardeal: • Duas preocupações orientaram toda a sua ação na diversidade de suas iniciativas: por um lado, a vida do casal, da família, o amor humano; e, por outro lado, o amor de Deus e a oração; • Padre Caffarel antecipou de forma prodigiosa o que viria a ser o casal; • Quando fervilhava a reflexão dos cristãos em tomo do que viria a ser "o apostolado dos leigos", o Padre Caffarel colocou a mira no ponto mais alto: propôs aos leigos desejar nada menos que a santidade. E a santidade no e pelo sacramento do Matrimônio; CM406


Em tudo isso, ele antecipava o sopro do no Concílio do Vaticano quanto à vocação dos leigos.

Por essas e outras circunstâncias, lembramo-nos ainda de que na época de seu falecimento éramos o Casal Responsável pela Super-Região Brasil e diversas pessoas, leigos e sacerdotes, nos indagavam sobre a possibilidade de se levar adiante um processo de beatificação do Padre Caffarel. Lembramonos bem de uma reunião da ECIR (quem se lembra dela, a famosa "dona" ECIR? Era assim que denominávamos a equipe responsável pela Super-Região Brasil), na qual inclusive discutíamos sobre os custos para a concretização de um projeto como este. Mas nada se iniciou naquela época, inclusive por questões legais, pois um processo como este só pode ser iniciado passados alguns anos da morte do provável beato. Passam-se os anos. No decorrer do ano de 2003, a Super-Região Brasil, sob a responsabilidade do casal Sílvia e Chico, resolve realizar um grande encontro das Equipes de Nossa Senhora, denominado ro Encontro Nacional, em Brasília. Para este encontro são convidados, entre outros, o casal responsável pela ERI (Equipe Responsável Internacional), os Roberty, e o Sacerdote Conselheiro Espiritual dessa equipe, Monsenhor Fleischmann. Na oportunidade, eles fazem um pequeno giro pelo país. Chegam por Recife, onde são festivamente recebidos pelos nossos equipistas. Ali têm o CM 406

primeiro contato com a nossa realidade social, de igreja, de movimento e do nosso povo. Em seguida são levados a João Pessoa, onde vivem novamente esta nova experiência, de contato com a nossa realidade. Após alguns dias no Nordeste, seguem para Brasília. Igualmente ali são festivamente recebidos. Participam de todas as atividades do Encontro, inclusive da experiência de uma reunião de equipe, cujos participantes eram todos bra ileiros (natos ou naturalizados) fluentes no francês. Ao término do Encontro, seguem para São Paulo, via Piracicaba, onde passam dois dias como nossos hóspedes. Aqui uma experiência os marcou também profun-

Ao final dessa série de considerações, Monsenhor Aeischmann disse que tudo aquilo o havia levado a ter a idéia de introduzir uma causa de beatificação do nosso padre fundador.

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damente. Diversos casais de Rio Claro, Americana, Campinas, após haverem se despedido deles no dia anterior, em Brasília, tendo feito a viagem de retomo de ônibus, durante toda a noite, estavam novamente juntos, participando de uma reunião realizada especialmente para os franceses, na noite de segunda-feira, para que pudessem ter um contato mais próximo com os equipistas da região. Eles simplesmente não conseguiam "entender" esta disposição e disponibilidade por parte desses casais. Dois dias após repetem a mesma experiência com os equipistas de São Paulo, bem como um encontro em Aparecida do Norte, onde também são recepcionados pelo Padre Flávio Cavalca e equipistas. Como a partida de volta para o velho continente se faria via aeroporto do Galeão, ainda ti veram um meio período de contato com alguns equipistas da cidade do Rio de Janeiro. Em resumo, puderam colher dessa viagem uma visão bastante boa do nosso povo e do Movimento das Equipes de Nossa Senhora, em nosso país. Em nossa primeira reunião da ERI após estes eventos todos, Monsenhor Fleischmann teceu diversos comentários sobre suas impressões, das quais destacamos algumas: • lembrança da admirável acolhida no Brasil; • Encontro de Brasília, admiravelmente organizado; • o testemunho de entusiasmo espantoso; um engajamento muito forte dos equipistas; 42

• A impressão que teve pelo programa dos equipistas de Recife para com os casais em dificuldades; • coragem missionária impressionante; • uma fortíssima impressão também: a presença da lembrança do Padre Caffarel. Ao final dessa série de considerações, Monsenhor Fleischmann nos disse que tudo aquilo havia levado a ter a idéia de introduzir uma CAUSA DE BEATIFICAÇÃO do nosso padre fundador. Enfim, como consta da Ata desta nossa reunião da ERI de novembro de 2003: Causa de canonização do Padre Caffarel - elemento desencadeador: a visita (dos franceses) ao Brasil. Queridas irmãs e irmãos, procuramos registrar de forma mais ou menos sucinta essas passagens marcantes na história do nosso Movimento, com o intuito de não perdermos a memória de tais fatos. Se são importantíssimos para o Movimento, o são também de uma maneira muito especial para as nossas equipes do Brasil. Aliás, é um bom momento para agradecermos de coração a todos vocês que tanto têm contribuído para o desenvolvimento e amadurecimento desta dádiva de Deus para conosco aqui no nosso querido Brasil.

(continua no próximo número)

Maria Regina e Carlos Eduardo Heise Casal Ligação da ERI CM 406


1V1ATRlMÔNlO PATRlMÔNlO DA HU1V1AN1DADE I

Bento XVI: Discurso aos presidentes das Comissões Episcopais para a Família e a Vida da América Latina (3-12-2005) Queridos Irmãos no Episcopado:

1. Satisfaz-me recebê-los por ocasião do Terceiro Encontro dos Presidentes das Comissões Episcopais para a Família e a Vida da América Latina. Desejo expressar minha gratidão pelas palavras que me dirigiu o Senhor Cardeal Alfonso López Trujillo, Presidente do Conselho Pontifício para a Farru1ia. Sou testemunha, junto com toda a Igreja, da solicitude com que o Papa João Paulo II se entregou a este tema tão importante. Por minha parte, assumo esta mesma preocupação que afeta em grande medida o futuro da Igreja e dos povos, já que, como afirmava meu predecessor na Exortação Apostólica Familiaris Consortio, "o futuro da humanidade se molda na farru1ia!" Por conseguinte, é indispensável e urgente que "todo homem de boa vontade se esforce por sal var e promover os valores e exigências da família". E acrescentava: "Corresponde também aos cristãos o dever de anunciar com alegria e convicção a 'boa nova' sobre a família que tem absoluta necessidade de escutar sempre de novo e de entender cada vez melhor as palavras autênticas que lhe revelam sua identidade, seus recursos interiores, a importância de sua misCM406

são na Cidade dos homens e na de Deus" (n° 86). A mencionada Exortação, junto com a Carta às Famílias Gratissimam Sane e a Encíclica Evangelium Vitae constituem como um luminoso tríptico que deve inspirar vossa tarefa de Pastores. 2. Quero agradecer, de modo especial, vossa solicitude pastoral no intento por salvaguardar os valores fundamentais do matrimônio e da farru1ia, ameaçados pelo fenômeno atual da secularização, que impede a consciência social de chegar a descobrir adequadamente a identidade e missão da instituição familiar, e, ultimamente, pela pressão de leis injustas que dela desconhecem os direitos fundamentais. Frente a esta situação, contemplo com complacência como cresce e se consolida o trabalho das Igrejas particulares em favor desta instituição humana, que funde suas raízes no desígnio amoroso de Deus e representa o modelo insubstituível para o bem comum da humanidade. São muitíssimos os lares que dão uma resposta generosa ao Senhor, e também abundam as experiências pastorais, sinal de uma nova vitalidade, nas quais, através de uma melhor preparação para o matrimônio, fortalece-se a identidade da farru1ia. 43


3. Vosso dever de Pastores é apresentar em toda sua riqueza o valor extraordinário do matrimônio que, como instituição natural, é "patrimônio da humanidade". Por outra parte, sua elevação à altíssima dignidade de sacramento deve ser contemplada com gratidão e estupor, como já o expressei recentemente ao afirmar que "o valor de sacramento que o matrimônio assume em Cristo significa, portanto, que o dom da criação foi elevado à graça de redenção. A graça de Cristo não se acrescenta desde fora à natureza do homem, não lhe faz violência, mas o liberta e o restaura, precisamente ao elevá-la mais além de seus próprios limites". (Discurso na Cerimônia de Abertura da Assembléia Eclesial da Diocese de Roma, 6 de junho de 2005) 4. O amor e a entrega total dos esposos, com suas notas peculiares de exclusividade, fidelidade, permanência no tempo e abertura à vida, estão na base dessa comunidade de vida e amor que é o matrimônio (cf GS 48). Hoje é preciso anunciar com renovado entusiasmo que o evangelho da família é um caminho de realização humana e espiritual, com a certeza de que o Senhor está sempre presente com a sua graça. Este anúncio com freqüência é desfigurado por falsas concepções do matrimônio e da fanu1ia que não respeitam o projeto originário de Deus. Neste sentido, chegaram-se a propor novas formas de matrimônio, algumas delas desconhecidas nas culturas dos povos, nas quais se ai44

tera sua natureza específica. Também no âmbito da vida estão surgindo novas propostas que põem em tela de juízo este direito fundamental. Como conseqüência, facilita-se a eliminação do embrião ou seu uso arbitrário em nome do progresso da ciência que, ao não reconhecer seus próprios limites e não aceitar todos os princípios morais que permitem salvaguardar a dignidade da pessoa, converte-se em uma ameaça para o próprio ser humano, ficando reduzido a um objeto ou a um mero instrumento. Quando se chega a estes níveis, ressente-se a mesma sociedade e se estremecem seus fundamentos com toda classe de riscos. 5. Na América Latina, como em todas as partes, os filhos têm o direito de nascer e crescer no seio da família fundada sobre o matrimônio, onde os pais sejam os primeiros educadores da fé de seus filhos, e estes possam alcançar sua plena maturidade humana e espiritual. Verdadeiramente, os filhos são a maior riqueza e o bem mais precioso da fanu1ia. Por isso é necessário ajudar todas as pessoas a tomar consciência do mal intrínseco do crime do aborto que, ao atentar contra a vida humana em seu início, é também uma agressão contra a própria sociedade. Daí que os políticos e legisladores, como servidores do bem social, têm o dever de defender o direito fundamental à vida, fruto do amor de Deus. 6. É indubitável que para a ação pastoral, em uma matéria tão deliCM406


cada e complexa, e na qual intervêm diversas disciplinas e se tratam questões tão fundamentais, requer-se uma cuidadosa preparação dos agentes pastorais nas dioceses. Assim, os sacerdotes, como colaboradores imediatos dos bispos, hão de receber uma sólida preparação neste campo, que lhes permita enfrentar com competência e convicção a problemática suscitada em seu trabalho pastoral. Quanto aos leigos, sobretudo os que dedicam suas energias a este serviço das famílias, necessitam também de uma válida e elevada formação que os ajude a testemunhar a grandeza e o valor permanente do matrimônio na sociedade atual. 7. Queridos Irmãos: como bem sabeis, está já próximo o V Encontro Mundial das Farm1ias, em Valência, Espanha, e que terá como tema: "A transmissão da fé em família". A este respeito, desejo expressar minha cordial saudação ao arcebispo daquela cidade, Dom Agustín Garcia-Gasco, o qual participa deste Encontro, e que, com o Conselho Pontifício para a Família, leva a cabo a árdua tarefa de sua preparação. Animo todos a empenharem-se para que numerosas deCM406

legações das Conferências Episcopais, Dioceses e Movimentos de América Latina possam participar de tão importante evento eclesial. Por minha parte, apóio decididamente a celebração deste Encontro e o ponho sob a amorosa proteção da Sagrada Farm1ia. A vós, queridos Pastores, e a todas as famílias da América Latina, envio de coração minha Benção Apostólica.

Tradução: Zenit Colaboração de Peter Nadas da Hélene Eq N. S. do Desterro - Setor D São Paulo Capital I 45


PONHA UM TUBARÃO NO SEU TANQUE

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Pe. Antonio José Wartha, num encontro do nosso colegiado provincial, contou-nos que o povo japonês tem fama de ser o que mais come peixe cru, tanto que, ao escassearem os peixes das águas mais próximas, os pescadores tiveram de avançar mar adentro. Devido às distâncias, os barcos precisavam ser guarnecidos de geladeiras, onde os peixes eram guardados para evitar que se estragassem. Mas a medida não agradou os consumidores, que sentiram diferença. Para atendê-los, passaram a usar barcos maiores, nos quais instalaram grandes tanques para trazer o pescado ainda vivo. Parecia ser a solução, mas exigente, o consumidor percebeu que a consistência do peixe não era a mesma. De fato, instalado na segurança do tanque por vários dias, sem ter de fugir dos predadores, o peixe se tomava apático e mole, pois não precisava lutar pela vida. Criativos, os pescadores estudaram a situação e concluíram que a única maneira de manter os peixes nas mesmas condições em que se encontravam no mar seria colocar um tubarão no tanque. Obrigados a se movimentar com rapidez para não serem devorados, os peixes continuavam ariscas, ágeis, preservando consistência e sabor originais. Completa o Pe. Antônio: isso ocorre com todos nós, quando nos deixamos levar pela rotina. E pode acontecer com algumas equipes. O 46

frescor e o serviço dos primeiros tempos, aquela sede de conhecer cada vez mais o Movimento, que nos levanta a participar de todos os eventos, parece desaparecer. Os compromissos mensais de equipistas se esvaziam, como se ali nada tivéssemos para aprender. Como vencer essa apatia? Temos observado algumas respostas: Ao acolherem um casal jovem para completá-las e se comprometerem elas mesmas a promover a pilotagem, algumas equipes sentiram o efeito de um tubarão no tanque. Na verdade, ao reverem juntos o "Vem e Segueme", estão recobrando a alegria e o entusiasmo dos velhos tempos. Proust afirma que "viajar não consiste tanto em visitar lugares novos, mas em ver os mesmos lugares com novos olhos". Essa mudança de perspectiva constitui o segredo. Um olhar pleno do Espírito faz novas todas as coisas, possibilitando-nos recuperar a vitalidade que possuíamos quando entramos nas equipes. É claro, novos olhos requerem humildade, admitir um "não saber", porta para o verdadeiro conhecimento. E o amor pela vida equipista pode ser despertado novamente. Alguém aí está precisando de um "tubarão"?

Nanci e Rubens, CRR Paraná Norte Extraído do Boletim Mensageira Setor José Bonifácio/SP CM406


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MARAVILHAS DA CRlAÇAO Estava eu caminhando na praia, contemplando as maravilhas da criação de Deus. Olhava o mar e via a imensidão das águas movidas pelo impacto dos ventos que sopravam sobre as ondas. Parei por um instante, olhei para o céu, um pouco nublado e que escondia por entre as nuvens o grande astro da luz e, na fascinante visão, pude perceber a perfeição que se instala entre as coisas criadas por Deus. Vi o sol, calmo, brando, porém majestoso, deixando-se perceber através das nuvens em sua forma esférica; contemplei seus raios descendo, devagarzinho, rasgando as nuvens com todo vigor e resplandecendo por sobre as águas, tudo em perfeita harmonia, como instrumentos de uma orquestra. Continuava a caminhada, quando me deparei com pequeninas conchas na areia, sem rumo, sem direção; as ondas, já quase sem forças as moviam num lento movimento de vai e vem. Abaixei-me e, pegando-as, pude perceber a pequenez daquelas conchas diante de tudo que as envolvia. Me perguntei se elas também faziam parte da criação ... e tive a certeza de que por menor que fossem, e agora já sem

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utilidade, aquelas pequeninas conchas também faziam parte da criação, simplesmente porque um dia protegeram uma vida. Nós somos co-responsáveis uns pelos outros e, igualmente àquelas conchas, a nossa missão é em defesa da vida, através do amor que se manifesta na compreensão, no perdão, na partilha, no auxHio mútuo, na oração. As conchas, porém, depois de dispersas ficam ali na areia, esperando talvez ornamentar algum objeto, mas nós nunca estaremos sem utilidade, pois Deus desde o inicio quis contar conosco, especialmente na propagação do seu reino, onde sempre estaremos atarefados, servindo como instrumentos na proteção contínua da vida. A maior e mais bela criação de Deus somos nós, homens e mulheres, e, apesar de nossas limitações, é dever nosso estarmos em harmonia com Ele, principalmente vendoo na pessoa do irmão. Sintamos a presença de Deus em nossas vidas, contemplando as suas maravilhas.

Júnior da Sandrinha Eq. N. S. de Guadalupe Santa Luzia/PB

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100505 OU VELHOS Você, cara Viúva, Viúvo ou Pessoa Só, se considera uma pessoa idosa ou velha? Acha que é amesma coisa? Pois então veja o depoimento de um idoso de oitenta anos: Idosa é uma pessoa que tem muita idade. Velha é a pessoa que perdeu a jovialidade. Você é idoso quando sonha. É velho quando apenas dorme. Você é idoso quando ainda aprende. É velho quando já nem ensina. Você é idoso quando pratica esportes, ou de alguma forma se exercita. É velho quando apenas descansa. Você é idoso quando seu calendário tem amanhãs. É velho quando seu calendário só tem "ontens". O idoso é aquela pessoa que tem a felicidade de viver uma longa vida produtiva, de ter adquirido uma grande experiência. Ele é uma ponte entre o passado e o presente, como o jovem é uma ponte entre o presente e o futuro. É no presente que os dois se encontram. Velho é aquele que tem carregado o peso dos anos, que em vez de transmitir experiência às gerações vindouras, transmite pessimismo e desilusão. Para ele não existe ponte entre o passado e o presente. Existe um fosso que o sepa-

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ra do presente, pelo apego ao passado. O idoso renova a cada dia que começa. O velho se acaba a cada noite que termina. O idoso tem seus olhos postos no horizonte de onde o sol desponta e a esperança se ilumina. O velho tem miopia voltada para os tempos que passaram. O idoso se · moderniza, dialoga com a juventude, procura compreender os novos tempos. O velho se emperra no seu tempo, se fecha em sua ostra e recusa a modernidade. O idoso leva uma vida ativa, plena de projetas e de esperanças. Para ele o tempo passa rápido, mas a velhice nunca chega. O velho cochila no vazio e suas horas se arrastam, destituídas de sentido. As rugas do idoso são bonitas, porque foram marcadas pelo sorriso. As rugas do velho são feias, porque foram vincadas pela amargura. Em resumo, idoso e velho são duas pessoas que até podem ter a mesma idade no cartório, mas têm idades bem diferentes no coração. Se você é idoso, guarde a esperança de nunca ficar velho.

Extraído do Boletim da Comunidade Nossa Senhora da Esperança Colaboração de Dona Nancy C. Moncau

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Meditando em Equipe O tempo litúrgico da Quaresma está iniciado. Esse período é, ao mesmo tempo, um apelo e um desafio. Um apelo à conversão e um desafio a procurar uma vida nova. Sendo assim, haverá uma verdadeira preparação para a Páscoa, objetivo último da liturgia quaresmal.

Escuta da PalCIVYa em ls 58,6-12 Sugestões para a meditação: 1. Qual é o jejum que agrada a Deus? 2. Quais são as práticas penitenciais adotadas pela família durante a Quaresma? 3. Como o casal e a família vão se preparar para a Páscoa? Pe. Geraldo

Oração litúrgica (Hino das Laudes da Quaresma) Ó Cristo, sol de justiça, Brilhai nas trevas da mente. Com força e luz, reparai a criação novamente.

Dai-nos, no tempo aceitável, um coração penitente, que se converta e acolha o vosso amor paciente. A penitência transforme tudo o que em nós há de mal. É bem maior que o pecado o vosso dom sem igual. Um dia vem, vosso dia, e tudo então refloresce. Nós, renascidos na graça, exultaremos em prece. A vós, Trindade clemente, com toda terra adoremos, e no perdão renovados um canto novo cantamos.


Jtan All<mand

Henri Caffarel Um homem arrebatado por Deus

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