ENS - Carta Mensal 411 - Setembro/2006

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EQUIPES DE NOSSA SENHORA Carta Mensal • n°411

EDITORIAL Da Carta Mensal ... ... .. ... ......... ... .. ... O1

Setembro 2oo6

Formação é crescim ento ...... .. .. .. .. . 25 Sessão de formação nível 111 .......... 26 O longe é perto ........ .. .. .... ............. 27

SUPER-REGIÃO Com Maria, em Lourdes ... .. ....... .... 02 Eis-me aqui, Senhor ! .... .. .. ....... ..... 03 A resposta pessoal e a resposta do casal .. .. .. .. ........ ..... 04

CORREIO DA ERI O dom do Espírito Santo .. .. ..... .. .. .. Dai e recebereis ...... .... .. ............... .. Malawi .... ............ .. ................ ......... Em 2006, uma recordação viva do pe. Caffarel .......... .. .. .. .... ...

06 07 08

TEMPO DA IGREJA A palavra de Deus .... .. ...... .. ........... A sagrada escritura dá vigor à vida da igrej a ........ .. ........... Escutai -O .... ................ .... .. .... .. ...... .. Apelos a uma vida cristã .. .. ...........

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NOTÍCIAS E INFORMAÇÕES ....... 33 MARIA

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TEMA DE ESTUDO A resposta pessoal e do casa li ...... .. ........ .. .................... 1 3 À Descoberta de Cristo ...... .. ........ .. 14

Magnificat .. .. .... .......... .... .... ... ..... .. .. 36

PARTILHA E PONTOS CONCRETOS DE ESFORÇO Para nos transfo rmar e converter .. ...... .................. .. ...... ... 37 A escuta da palavra .. .. ............ .. ..... 38

CONJUGALIDADE O ato conjugal .. .. .... .......... .. ........ .. . 15 De violetas e orquídeas ........ .. ....... 16 Seu céu será o que tiver sido o seu casamento .................... 17 Terapia do amor ...... .... ......... .... .... . 18

TESTEMUNHOS Um dever de sentar-se .... .... .. ... .... . 40 Tempo para Deus nos falar .. :.... .. ... 41 Acolhido na Itália .. .. .. ........ .... ........ 42

ATUALIDADE FAMÍLIA Família, lugar do primeiro anúncio da fé .. .. .. .... .. .... .. 20

As eleições e os equipistas ............ 43 Em defesa da vida .. .. .. .. .. .. .. .......... . 44

REFLEXÃO VIDA NO MOVIMENTO A honra de ser Casal Res onsável de Equipe .. .. .. .. 24 Carta Mensal é uma publicação mensal das Equipes de Nossa Senlwra

Conversão uma tarefa diária ........ . 45 Prece do tempo presente .. .. .. .. .. .... 46 Sugestão para oração pessoal .... .. 47 Editor{lfão Eletr6niea, Fotolitos e lhulrafões: Nova Bal!deira Prod. Ed. R. Turiassu, 390 - li • andar; cj. 115 - Perdizes - São Paulo Fone: (Oxx/J) 3677.3388

Registro "Lei de Imprensa " n• 219.336 livro B de 09.10.2002

Avani e Carlos Clélia e Domingos Luciane e Marcelo Sola e Sergio Pe. Geraldo Luiz B. Hackmann

EdiçiúJ: Equipe da Carta Mensal

Jornalista Respons6vel: Catherine E. Nadas (mtb 191135!

lmpressiúJ: Cly

Graciete e Gambim (responsáveis)

Projeto Gr6f~eo: Alessal!dra Carignani

Tiragem desta edição: 18.800 exemplores

Fotomontagem da capo: Roberta Silva Gambim

Cartas, colaborações, notf-

cias, testemunlws e imagens devem ser enviadas para: Carta Mensal R. Luis Coelho, 308 5" andar · conj. 53 01309-902 • SàD Paulo- SP Fone: (Oxxll) 3256.1212 Fax: (Oxx11) 3257.3599 cartamensal@ens.org.br A/C Graciere e Gambim


Queridos equipistas: Vamos a Lo urdes! Vamos em peregrinação a um lugar onde a Imaculada Mãe de Deus nos apresenta seu Filho. Como a um sanatório (expressão usada por Frei Avelino), pessoas de todo o mundo para lá acorrem em busca de cura para inúmeros males do corpo. Os maiores milagres, no entanto, acontecem nos corações que encontram Jesus e o reconhecem como o "Cristo de Deus" e se convertem. Nós, que O conhecemos um pouco mais neste ano, através do estudo e das reflexões, vamos a Lo urdes para, com Jesus Cristo, agradecer ao Pai por ter revelado seu mistério de amor e misericórdia a nós, "pequeninos". A graça que pediremos é a conversão de nossos matrimônios em verdadeiros rostos do Cristo que ama e santifica a Igreja. Pela intercessão da Virgem, Deus nos conceda mais firmeza na fé e uma esperança operosa, para que nossas vidas se tomem caridade enxertada no amor da Trindade. Vamos pedir que o sim que nos demos, marido e mulher, um ao outro diante do altar- ato testemunhado e abençoado por Deus e pela Igreja- possa ser celebrado todos os dias. Que, transpondo as pedras e espinhos do caminho, seja-nos dada a graça de fazer do casamento um encontro fecundo, um com o outro e com Deus. Tudo isso é possível a quem abre seu coração ao Espírito Santo, que opera o Amor em Deus, na Igreja e

em cada coração, e na união de marido e mulher. Também vamos a Lourdes agradecer a Deus pelo dom do Padre Henri Caffarel, em quem o Espírito Santo agiu para, na Igreja, aprofundar a compreensão original do sacramento do Matrimônio, a fim de que melhor ele seja vivido pelos casais, trazendo a eles e suas faml1ias mais felicidade e santidade. Vamos a Lourdes agradecer e pedir pela grande faml1ia Equipista, onde o Espírito Santo torna irmãos e amigos casais de países diferentes e distantes, como entre Malawi e Irlanda. O mês de setembro é dedicado à Bíblia, Palavra eterna do Pai "encarnada" em palavras humanas, para revelar a bondade de Deus a nosso respeito, mistério que foi revelado em Jesus Cristo, o Filho de Deus feito homem. A Bíblia é fonte de toda nossa oração e meditação. A Palavra nos torna dóceis ao Espírito Criador, para que Ele vá esculpindo em nós a "imagem" da Trindade. Nesta edição, ainda, leremos testemunhos da vivência dos PCE, como retiros e Escuta da Palavra, belas reflexões sobre temas de estudo, experiências vivenciadas em sessões de formação, a palavra do Papa sobre as famílias, e outras. Boa leitura!

Graciete e Avelino Gambim CR Equipe da Carta Mensal


COM MARlA, EM LOURDES Caríssimos Casais e Conselheiros! Neste ano, o coração dos equipistas volta-se para Lourdes. Será um ano de graça para as Equipes de Nossa Senhora, nascidas na terra visitada pela Mãe de Deus, no mesmo lugar em que nasceu a "Segunda Inspiração". O que vem de Lourdes passa pelas mãos de Maria. Olhar e ir a Lourdes é olhar e encontrar-se com Maria. Será um grande encontro da Família ENS com a Mãe de Jesus. Quem não puder ir sinta-se presente no coração de todos os que lá estarão. Ninguém que ama o Movimento estará ausente! Em 1858, duas íngremes montanhas cercavam a desconhecida vila. Um verde bosque e o rio Gave eram os adornos do povoado. Uma pequena gruta, obra do Criador, completava o cenário. Mas a riqueza maior eram seus 5000 moradores, aos quais somouse uma nobre visitante, que resolveu estabelecer entre eles sua morada: A Imaculada Virgem Maria. Em Lourdes como que se repetiu a página bíblica da visita de Maria a Isabel. Maria, informada pelo Anjo da gravidez da prima, dirigiu-se depressa à montanha, para socorrer Isabel. Em 1858, a mesma Mulher, volta à montanha do humilde lugarejo para fazer o que mais sabe: servir. Setembro de 2006, 148 anos depois, em Lourdes, Maria espera as Equipes de Nossa Senhora. Com certeza tem algo a nos dizer! 2

As aparições tornaram aquele local o horizonte de muitos olhares, para onde se voltam os olhos de tantos que não mais sabem para onde olhar, em quem acreditar e em quem se apoiar. Lourdes é um lugar de esperança. Maria, sempre grávida de esperança, é portadora de esperanças para quem acredita. Belo é o rio. Mais bela é a fonte, onde peregrinos de todos os povos e línguas vão lavar-se e beber. Multidões bebem daquela água, não para saciar a sede física, mas a sede de Deus, a água vi va que fortalece a fé e a esperança. O mundo vai a esta fonte para purificar-se das impurezas do coração, para curar as feridas do pecado, tão enraizado no coração. Hoje, lava mais e melhor a água da fonte que a água do rio. Lourdes tornouse o Santuário, o lugar de encontro com Maria, sim, mas o que Ela quer mesmo é que se encontrem com seu Filho. Lourdes tornou-se o sanatório de todas as doenças, espirituais principalmente, de pessoas atraídas pela Mãe do médico que pode curar o corpo e a alma. Maria está chamando os equipistas a este xo Encontro Internacional, para dizer a todos os casados: "Fazei tudo o que Ele vos disser!", para que a festa do matrimonio não acabe. Salve, Mãe das Equipes!

Pe. Frei Avelino Pertile , SCE/SR CM 411


EIS-ME AQUI, SENHOR! Amados irmãos: Vivemos os derradeiros momentos que antecedem o Encontro de Lo urdes. É tempo de manifestarmos a nossa gratidão pelos progressos que Deus nos permitiu alcançar na vida conjugal neste ano de preparação, em que fomos convidados a contemplar o rosto do seu Filho Amado: "Eu te bendigo Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequenos". (Mt 11,25) O Encontro Internacional é importante pelo que ele tem de essencial: a Presença de Deus. Vale pela esperança que suscita. Vale pela coragem e ânimo que gera em nossos corações de batizados. Vale também pela alegria da fé contagiante presente nos olhares e sorrisos de tantos rostos e vidas conjugadas, que crêem na beleza da verdade e do amor oferecidos por Cristo. Quem for a Lourdes será enviado da sua equipe e levará no coração o compromisso de fortalecer os laços da internacionalidade presentes na partilha de vida com casais de outros países. Também acolherá, em nome de todos, a prioridade de reflexão e as orientações que regerão a caminhada das ENS de 2006 a 2012. Mas o desafio do Encontro é descobrir um espaço que privilegie, em especial, a participação dos equipistas impossibilitados de estarem fisicamente presentes em Lourdes. CM 411

Isto nos faz lembrar Bernadete que, impedida de chegar à Massabielle, que estava cercada por ordem das autoridades, não hesita passar para a outra margem do Gave (pequeno rio que banha Lo urdes), a fim de alcançar o seu intento. E, diante da gruta, ainda que um pouco mais distante, contemplava ... "Não via mais do que a Virgem. Jamais a vira tão bela", diria ela mais tarde. (Site de Lourdes - 18a aparição). A fé e a esperança fortalecem o amor e o tornam fiel! São muitas as "cercas" que impedem irmos a Lo urdes. Custos, disponibilidade, farru1ia, trabalho, saúde, medo ... Mas Deus nos oferece a esperança de podermos trazer Lourdes até nós, como nos alenta Dom Murilo Krieger: "Ir a Lourdes é uma graça; trazer Lourdes para perto de si é uma possibilidade ao alcance de todos os filhos daquela que se apresentou a Bemadete, dizendo: "Eu sou a Imaculada Conceição" (ln Lourdes, fonte de graças, Mafalda Bõing, Loyola. p.2). Trazer Lourdes até nós é orar! É enviar! É acolher! É permanecer sobre a brecha, velando com Cristo crucificado por todos os participantes do Encontro. É reconhecer a presença do Espírito Santo em nossa história. Trazer Lourdes até nós é responder com Maria: "Eis-me aqui, Senhor!"

Graça e Roberto, CRSR 3


Palavra do Provincial

A RESPOSTA PESSOAl E A RESPOSTA DO CASAl Cada homem ou mulher caminha pela vida. Pode procurar a Deus individualmente e se encontrar com Ele, e para isso recebe no Batismo e na Confirmação graças em abundância. E se cura e alimenta espiritualmente nessa caminhada, com a Reconciliação e a Eucaristia. Dedicando-se sinceramente a essa procura, a pessoa encontrará experiências, relacionamentos, oportunidades de vislumbrar de forma cada vez mais clara o rosto de Cristo. Essa procura incansável e esses encontros fazem com que a pessoa se abra ao Espírito Santo e se deixe inspirar por Ele no seu dia a dia. O Santo Padre Bento XVI nos diz, na Introdução da Carta Encíclica 'Deus Caritas Est': " ... Ao início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande idéia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, dessa forma, o rumo decisivo". Lembra-nos a 1• Carta de São João 4,16: "Nós conhecemos e cremos no amor que Deus tem para conosco. Deus é amor, e quem permanece no amor permanece em Deus e Deus nele". Estas citações nos lembram co4

mo são oportunos e importantes os PCE da Escuta da Palavra e da Meditação para esta aproximação com Deus É claro que é difícil, mesmo para homens e mulheres de fé e de presença na Igreja, persistir nesta procura, o tempo todo, dia após dia. Haverá momentos de fragilidade, de aridez, de dores, de tentações, de quedas. A vida em comunidade ajuda a superar muitas dessas dificuldades. A solidariedade, o conselho, o encorajamento, a ajuda mútua, o serviço em equipe, a oração compartilhada, o auxílio caridoso são frutos naturais de uma comunidade cristã e mostram nuances desse rosto que nosso peregrino procura enxergar e cujo olhar amaro o deseja receber. Chegamos ao momento de falarmos do casal, do amor conjugal, do sacramento do Matrimônio. O caCM 411


sal é uma comunidade pequena em quantidade, mas muito importante, tanto no sentido meramente humano, terreno, como no aspecto transcendental, espiritual. O amor conjugal é mesmo essencial no plano de Deus para a sustentação da família e, conseqüentemente, de uma sociedade justa, misericordiosa, fiel, transmissora do amor e da fecundidade divinos. Com o sacramento do Matrimônio, o casal celebra sua crença no amor e na presença próxima de Deus, seu compromisso de cultivar durante toda a vida o amor conjugal e de fazê-lo florescer, para que frutifique em sua fecundidade. Podem ser filhos ou netos, podem ser amigos ou irmãos de comunidade, podem ser serviços à Igreja ou atitudes íntegras na sociedade. Tudo isso é fecundidade. Deus dá esses tipos de fecundidade a quem procura seu amor, a quem quer ver o rosto de Cristo. O Matrimônio e a vida conjugal deixam entrever generosamente esse rosto amigo, essa face amorosa, forte, compassiva de Cristo. Não por acaso as Escrituras explicam o amor de Deus por sua Igreja, comparando-o à dedicação total, ao compromisso pleno, entre o homem e a mulher. O livro 'À descoberta do Cristo', em seu Capítulo 6, insiste, traduzindo para palavras simples, no conceito do 'sacramento permanente', em oposição ao 'sacramento do dia da celebração'. Quanta gente acha que o sacramento do Matrimônio se limita ao CM 411

momento em que o casamento religioso acontece, quando são feitos juramentos de amor eterno e quando Cristo abençoa a união deste homem e desta mulher. Esta celebração bonita, esta grande festa familiar e comunitária é na realidade o ponto de partida, o lançamento do foguete do amor carregado de graças. O sacramento precisará ser celebrado pelo casal todos os dias, todas as horas, com os devidos juramentos renovados e a bênção de Deus sempre a ser requisitada e invariavelmente obtida. Ou poderíamos dizer, talvez, que o casal precisa continuar a procurar enxergar melhor o rosto de Cristo, os dois juntos, somando seus graus de visão espiritual, cada um passando para o outro o que conseguiu enxergar sozinho, ajudando-se mutuamente a ajustar o foco de suas lentes. Ao misturarmos casal e comunidade nos vem à mente as Equipes de Nossa Senhora, seu carisma, sua mística, disciplina e a vivência em cada equipe e nos quadros do Movimento. Concluímos, reproduzindo alguns versos da oração final da carta encíclica de Bento XVI: "Santa Maria, Mãe de Deus ... Mostrai-nos Jesus. Guiai-nos para Ele. Ensinai-nos a conhecê-lo e amá-lo, para podermos também nós tornar-nos capazes do verdadeiro amor e de ser fontes de água viva no meio de um mundo sequioso."

Josefina e Roque CR Província Leste 5


O DOM DO ESPÍRITO SANTO Amigos das Equipes, eu lhes escrevo esta mensagem alguns dias após a festa de Pentecostes. Nós a celebramos em Roma, juntamente com os movimentos eclesiais - dos quais as Equipes de Nossa Senhora fazem parte- e com novas comunidades. O Papa Bento XVI nos presenteou com uma bela reflexão sobre o Espírito Santo. Eu lhes proponho meditar sobre alguns aspectos dessa mensagem, que citarei em linhas gerais. O Espírito do Senhor é dado a vocês de modo muito especial no sacramento do Matrimônio. Vocês, com certeza, sabem que as edições recentes do ritual expressam claramente este dom: na bênção aos esposos, o celebrante pede a Deus: "derrama sobre eles a força do Espírito Santo". Bento XVI lembrou inicialmente que o Espírito é criador. O mundo e o nosso próprio ser são queridos e ordenados pelo Espírito de Deus. O Espírito Santo "vem ao nosso encontro através da criação e da sua beleza". Esperase de nós, "homens e mulheres, que sejamos realmente filhos de Deus e que nos comportemos como tais". "O Espírito Criador vem em nossa ajuda". Ele nos permite "lançar um olhar à intimidade do próprio Deus". "O Espírito Criador tem um Coração. Ele é Amor". A unidade de amor, que é o próprio Deus, énos manifestada pelo Filho, encarnado em Jesus. E "Jesus não se contenta apenas em vir ao nosso en6

contro. Ele quer mais. Ele quer a unificação. Isto é o que significa a imagem do banquete de casamento". Daqui em diante, nos é dado o Espírito Santo, que "entra em nossos corações, unindo-nos ao próprio Jesus, ao Pai e ao Deus Uno e Trino". Rendamos graças pelo dom do Espírito de amor, que liga tão profundamente o amor humano à sua fonte, o amor infinito e fiel de Deus Criador. Baseando-se nas palavras de Jesus, o Papa discorreu sobre três frutos do Espírito que nos foram transmitidos pelo Cristo: Ele doa a vida, a liberdade e a unidade. O filho pródigo queria ser ele mesmo o único dono da sua vida, mas acabou por encontrar-se em um vazio desesperador. Jesus, porém, dá a vida em abundância. Como Bom Pastor, Ele, por iniciativa própria, doa a sua vida (cf. Jo 10, 18). "Não se encontra a vida, senão dando-a; não se pode encontrá-la, querendo tomar posse dela". Não está aqui uma chave do amor autêntico dos esposos, que se doam um ao outro no ato sacramental, que se prolonga por toda a vida? CM 411


O Espírito nos dá a liberdade de filhos. "A verdadeira liberdade demonstra-se na responsabilidade, no modo de agir que assume a co-responsabilidade pelo mundo, por si mesmo e pelos outros". É livre o filho ao qual pertence qualquer coisa e que não permite que esta coisa seja destruída. Cabe a vocês reconhecer aqui um segredo, um meio de entender a vida de casal. Inseparável dos dons da vida e da liberdade é o dom da unidade. O sopro

do Espírito "nos reúne, porque a verdade une e o amor une. O Espírito Santo é o Espírito de Jesus Cristo, o Espírito que une o Pai ao Filho no Amor, que, no único Deus, doa e acolhe". Posso sugerir-lhes que dediquem um Dever de Sentar-se para redescobrir juntos como vocês acolhem os dons da vida, da liberdade e da unidade, estes dons do Espírito?

François Fleischmann SCE ERI

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DAl E RECEBERElS Caros amigos equipistas de todo o mundo: Ao abrirmos esta nova página em branco de nossa vida, após todos estes anos felizes vividos no serviço aos irmãos, não podemos deixar de louvar ao Senhor e de lhe render graças com estas palavras de Jesus: "Dai e recebereis: colocar-vosão no regaço medida boa, cheia, recalcada e transbordante; porque, com a mesma medida com que

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medirdes, sereis medidos vós também" (Lc 6,38). Estas palavras são importantes em nossa vida. Elas nos permitem superar tudo o que entrava nosso engajamento no mundo, na Igreja. Elas são motivo de esperança para todos os que dão um pouco de si mesmos e recebem o cêntuplo. Estas palavras, no Evangelho de Lucas, vêm colocadas logo após a proclamação das Bem-aventuranças. Jesus está na planície, depois de ter rezado sobre a montanha, e pela primeira vez se dirige aos doze que Ele acaba de chamar e de lhes dar o nome de apóstolos (cf. Lc 6,12-16). Jesus começa por nos mostrar a beleza de toda missão que concorre para a vinda do reino de Deus: "Felizes vós, os pobres, porque vosso é o reino de Deus!" (Lc 6,20). Jesus prossegue prevenindo os apóstolos: a missão que vos confio exige re7


núncias e condições. "Digo a vós que me ouvis: amai vossos inirrúgos, fazei o bem aos que vos odeiam" (Lc 6,27). Jesus nos indica, a seguir, como realizar nosso serviço. E nos mostrará ainda melhor na noite da quinta-feira santa e sobre a cruz, na sexta-feira da paixão. Ele nos diz também: "sede misericordiosos como vosso Pai é misericordioso" (Lc 6,36). Não julgueis, não condeneis, perdoai, dai; não olheis a palha que está no olho do vosso irmão, mas tirai primeiro a trave do vosso olho. Ele nos convida a nos conduzirmos com humildade e com reconhecimento a Deus, que nos dá tudo. Nada devemos negligenciar no conhecimento de sua palavra e da palavra da Igreja: "o discípulo não é superior ao mestre; mas todo discípulo será perfeito, se for como o seu mestre" (Lc 6,40).

Vocês serão, então, como aquela árvore cheia de frutos generosos da qual Jesus diz: "cada árvore se reconhece pelo seu fruto: não se colhem figos de espinheiros" (Lc 6,44). Caros amigos equipistas, se com certeza, ao longo destes anos de serviço às Equipes de Nossa Senhora, não fizemos tudo o que o Senhor Jesus nos pediu, pelo menos tentamos tender para tal... Temos já recebido, porém, mais que o cêntuplo, tanto do Senhor, quanto de todos vocês. Nós os convidamos, do fundo do coração, a responder a este apelo de Jesus Cristo, que o Pe. Caffarel quis fosse inscrito sobre seu túmulo:

"VEM E SEGUE-ME". Gerard e Marie Christine de Roberty, CR ERI (Obs.: deixam a Responsabilidade em setembro 2006)

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . .. . . . MALAWI laços fraternais entre continentes diferentes Em 2005, foi formada a SuperRegião Transatlântica, para coordenar e desenvolver o Movimento em todas as regiões de fala inglesa na Europa, África e Carrubas. Ao mesmo tempo, Peter e Anna Chandler, Responsáveis pela Comunicação das Equipes da Inglaterra, tinham publicado um artigo em The Tablet - Supporting Married Couples (Ajudando Casais Unidos em Ma8

trimônio). Ficaram encantados ao receber uma resposta, por e-mail, de Mavuto Mandata, um católico casado de Malawi, que, com sua mulher Christina, procurava saber como iniciar as Equipes de Nossa Senhora em seu país. Peter e Anna, com um espírito novo e aberto, responderam e, com sua equipe Farehan 1, assumiram a pilotagem da primeira Equipe de Malawi. CM 411


No outono de 2005, o novo casal Super-Regional Transatlântico, Paul e Helena McCloskey, realizou o Encontro Anual de Formação para Casais Responsáveis irlandeses [Obs. da CM: um EACRE] e falou do desenvolvimento do Movimento em Malawi. Perceberam, em seguida, que no auditório encontravam-se Dermot e Florian Leavy, de Mullinger. Florian preparava uma visita a Malawi, pela organização caritativa Self Help Internacional, com a qual estava envolvida. Ela propôs fazer contatos pessoais com a equipe. O texto a seguir é a história da visita de Florian, assim contada em suas próprias palavras: "Em 2 de novembro de 2005, cheguei a Malawi com a Organização Self Help Internacional, sabendo que uma Equipe de Nossa Senhora havia sido formada lá há cerca de 6 meses. Eu viajava com um grupo de 50 irlandeses para analizar projetas que haviam sido propostos à organização, e eu esperava poder encontrar a equipe enquanto estava em Malawi. Essa equipe foi formada após um malawita, chamado Mavuto, ter lido um artigo sobre as Equipes de Nossa Senhora em uma revista chamada The Tablet. Ele contatou Peter e Anna Chandler na Inglaterra e, graças à sua ajuda, a primeira equipe de Malawi pôde ser formada. Antes de partir, eu havia contatado Peter, para informá-lo que ia visitar o país durante 10 dias e que gostaria, realmente, de encontrar os membros da equipe sediada em Zomba. Felizmente, eu previra passar três noites CM 411

MOZAMBIQUE

nessa cidade, situada ao Sul, perto da planície Zomba. Graças a Peter, eu já tinha feito contato com Mavuto, um professor de 2° Grau, informando-o de que estaria em sua cidade e gostaria de encontrá-lo e aos outros membros da equipe. No entanto, não foi possível definir nenhum encontro antes de partir da Irlanda. Ao chegar a Zomba, enviei uma mensagem a um outro professor, colega e amigo de Mavuto, dizendo que, por não ter podido me comunicar diretarnente com ele, eu estaria no Albergue KuChawe, um hotel situado a 3000 de altitude, acima das nuvens. Para meu espanto, naquela 9


mesma tarde Padre Callisto, um malawita, conselheiro espiritual da equipe, chegou ao hotel. Meia hora mais tarde, apareceu Mavuto, já no escurecer. Trocamos saudações afetuosas, como amigos que não se viam há muito tempo. Enquanto preparava a reunião, eu imaginava que teria um telefone celular à disposição e que os meios de transporte facilitariam a tarefa. Nada disso, porém. Vim a saber, mais tarde, que Mavuto havia atravessado a cidade a pé por vários quilômetros para encontrar um caminhão que o levaria ao alto da montanha, para me encontrar no albergue. Foi somente graças à gentileza de seu amigo professor, que lhe havia passado minha mensagem, e graças também à sua tenacidade, que este encontro pôde acontecer realmente. Padre Callisto e Mavuto juntaramse a mim naquela tarde para o jantar. Separamo-nos, após termos combinado um outro encontro, dois dias mais tarde. Mas na noite seguinte, para minha grande alegria, Mavuto e um outro membro da equipe, Patrick, chegaram ao albergue. Mantivemos, durante o jantar, uma longa conversa sobre a equipe e deixamos marcado um encontro com as outras farm1ias, em Zomba, na tarde seguinte. No dia seguinte, Padre Callisto, Mavuto e Patrick nos foram encontrar, a mim e a um amigo do Grupo SelfHelp, Maureen Caffrey. Viajamos, a bordo do caminhão de Padre Callisto, de uma casa de equipista a outra. Senti-me privilegiada de ser acolhida tão calorosamente e de constatar a hospitalidade e a generosidade deles. Cada 10

família nos fez sentir que entrávamos em uma casa diferente das outras. Esta ligação imediata e maravilhosa deveuse à nossa pertença comum às Equipes de Nossa Senhora. Foi uma sensação de intensa emoção e honra ter podido encontrar Padre Callisto e as quatro famílias em suas próprias casas e de lhes entregar algumas lembranças irlandesas que eu havia levado. Falamos-lhes do funcionamento prático de uma Reunião de Equipe e dos frutos que as Equipes trazem para suas vidas, da família e na comunidade. A equipe de Zomba faz suas reuniões à tarde, porque à noite, a partir de seis horas, é muito perigoso para os equipistas saírem de suas casas. Deixar as casas sem vigilância à noite é correr o risco de vê-las assaltadas. Os equipistas encontram em suas reuniões um grupo seguro e de confiança, onde podem falar do crescimento de sua fé. O engajamento deles nas Equipes já trouxe um efeito profundo sobre sua vida cristã. Durante minha visita, Mavuto disse-me que seu salário era de 40 Euros por mês. Um saco de 10 k de milho, que nutrirá sua farm1ia, composta de dois adultos e três crianças, por cinco semanas, custa 20 Euros. Sobram 20 Euros para sua farm1ia viver o mês. A pobreza é grande em Malawi. A Equipe Zomba 1 está atualmente em vias de formar uma nova equipe. Eles têm esperança de que outras equipes surgirão. Pe. Callisto, missionário montfortino, tem grande mérito nisso. Ele assumiu a direção espiritual da primeira equipe em Malawi com grande entusiasmo. Ele mora em uma Paróquia a 15 km de Zomba. Os CM 411


equipistas fazem questão que a Reunião de Equipe no Natal seja feita em seu presbitério. Ele aguarda ansiosamente receber as quatro famílias em sua casa por ocasião das festas. A partir dessa reunião, estabeleceu-se forte ligação entre a Equipe Zomba 1 e a minha própria Equipe, Mullingar 4. Os membros da equipe irlandesa escrevem regularmente a cada farru1ia da equipe de Zomba e esta correspondência tem permitido a ajuda e o encorajamento entre os dois grupos, fazendo nascer uma sólida ligação entre os dois continentes. A equipe Zomba 1 pediu que não a esqueçam, quando do Encontro Internacional das Equipes em Lo urdes, que acontecerá de 16 a 21 de setembro de 2006. Eles pedem também nossas orações, de modo particular neste período, em que Malawi enfrenta uma fome cruciante, tanto que foi declarada região em cala-

midade pública pelo seu Presidente". Agradecemos por termos à nossa disposição os meios de comunicação que tornam possível o contato com nossos irmãos e irmãs equipistas através do mundo. Oramos a fim de que o Espírito Santo continue fazendo seus apelos e que nós possamos responder a eles, como Peter e Anna, Mavuto e Christina, Derrnot e Florian, e todos aqueles que têm ajudado a semear e a cultivar as sementes de nosso Movimento. Pedimos que vocês rezem por essa equipe, por suas fallll1ias e pelas comunidades de Malawi, que necessitam de nossa solidariedade, nossa ajuda mútua e nosso amor. Que Deus os abençoe!

John e Elaine Cogavin Membro da ERI e CL Zona Euroásia

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EM 2oo6, UMA RECORDAÇA O VIVA DO PE. CAFFAREL Em 18 de setembro de 1996, Pe. Henri Caffarel morria em Troussures, discretamente, como desejava ele. Dez anos após, em 18 de setembro de 2006, no decurso do Encontro Internacional de Lourdes, as Equipes de Nossa Senhora celebrarão sua memória. Uma memória viva, pois nós continuamos unidos a este homem de Deus, a quem tanto devemos. Por que solicitar a abertura do processo de sua beatificação? A CM 411

Equipe Responsável Internacional avaliou o impacto que continua a ter a personalidade do Pe. Caffarel, não somente na França, mas em muitos outros países onde há equipistas que lhe são fiéis. Esperamos ver reconhecida a santidade deste Sacerdote de Cristo, "cativado por Deus". Ele é o fundador que contribuiu para aprofundar a santidade do matrimônio e para desenvolver a espiritualidade conjugal. É o mestre espiritual 11


que soube guiar inumeráveis leigos, especialmente leigos casados, no caminho da oração. Tendo tudo isto presente em espírito, o Cardeal Lustiger disse do Pe. Caffarel, logo após sua morte, que ele era "um profeta do século XX". Poder-se-ía dizer que ele fez, indiretamente, uma confidência sobre si mesmo, quando, em um editorial de 1962, Pe. Caffarel escreveu: "Um verdadeiro discípulo de Cristo [... ] seria o primeiro a lhe pedir: E, sobretudo, Senhor, seja intransigente. Não admita que eu retome o que quer que seja de minha oferta, [... ] nem tolere que eu lhe doe, jamais, menos do que tudo". Numerosos testemunhos atestam a qualidade espiritual, a exigência em relação a si mesmo e o vigor da inspiração que caracterizavam Pe. Caffarel. Evoquemos, por esta única citação, a meditação do Pe. Caffarel sobre o amor dos esposos: "O amor cristão é autenticamente humano; é, ao mesmo tempo, sobrenatural: a Caridade, o amor que procede do coração de Deus, transforma-o a partir do interior como uma poderosa seiva e o faz produzir frutos de santidade" (L' Aneau d'Or, no 2-4, 1945). Para promover a sua causa de beatificação, foi constituída, principalmente pelos membros do Colegiada Internacional, a Associação dos Amigos do Pe. Caffarel. Juntaram-se à Associação notadamente representantes do "Esperança e Vida", da "Fraternidade Notre-Dame de la Ressurrection", dos "Intercessores", e daqueles que viveram os anos de 12

Troussures. Esta Associação está aberta a vocês. Em Lourdes, e também depois, ser-lhes-á informado sobre a maneira de aderir a ela. Solicitamos, então, ao Arcebispo de Paris que fosse dado inicio ao estudo da figura do Pe. Caffarel e de sua presença espiritual enraizada na comunhão da Igreja visível e invisível. No decorrer do Encontro, acolheremos com alegria sua resposta positiva: de acordo com o Bispo de Beauvais e com a Santa Sé, ele abrirá a causa de beatificação daquele que nós podemos, de de já, chamar de o Servo de Deus, Henri Caffarel. Padre Paul-Dorninique Marcovits assume a missão de postulador, assistido por Marie-Christine Genillon, vice-postuladora. Eles têm a tarefa de reunir os documentos úteis, de apresentar a biografia do Servo de Deus e os testemunhos dos que o conheceram. Que todos os que conheceram pessoalmente Pe. Caffarel se manifestem junto a Pe. Marcovits. Os que possuem cartas ou textos inéditos mantenham igualmente contato com ele. Gostaria de concluir com um apelo à oração: peçamos ao Cristo que confirme a luminosidade [da santidade] do Pe. Caffarel. Que o Servo de Deus interceda pela vida das Equipes de Nossa Senhora e pela fidelidade delas ao carisma fundador. Pedimos ao Senhor que Pe. Caffarel seja reconhecido como intercessor dos casais, para que eles sejam "os que buscam a Deus", como vigorosamente ele incentivava.

François Fleischmann, SCE/ER.I CM 411


A RESPOSTA PESSOAl E DO CASAl O Matrimônio é um sacramento permanente, que se alimenta do amor dos esposos e da presença de Deus neles. É uma aliança que expressa uma promessa de amor para sempre, feita pelo casal, um para o outro, na presença de Deus. Ele lhes dá a sua bênção divina, como selo dessa aliança, bênção que alimenta os cônjuges na sua vida de casados. Como casal, é importante nós estarmos sempre atentos, para buscarmos nos formar permanentemente e sermos fecundos em nosso amor, ministros e testemunhas do amor de Deus no meio em que vivemos. As Equipes de Nossa Senhora auxiliam o casal nessa busca de santidade, através do aprofundamento da fé, levando-o a testemunhar ao mundo a felicidade do casamento cristão. Um casal não pode caminhar solitariamente. Necessita manter um equilíbrio e caminhar com a equipe. Exercitando os PCE, buscamos

a cada dia subir um degrau em nossa caminhada de casal cristão, vivendo nossa espiritualidade conjugal, amando-nos cada vez mais, porque só assim conseguiremos forças para transpor as dificuldades do dia a dia e ânimo para usufruir das graças que o Senhor nos proporciona. Pedimos a Deus, pela intercessão de Nossa Senhora, que saibamos viver nosso casamento, respeitando a gradualidade, para não queimarmos nenhuma etapa e vivenciarmos cada uma delas com alegria, a personalização, para crescermos juntos, respeitando o ritmo de cada um, e com esforço, para realizar o crescimento espiritual, que abrange todos os aspectos de nossa vida. Que possamos todos os dias dar um tempo à nossa vida de casal e que possamos servir à Igreja.

Priscila e Eduardo Equipe 04 - N. S. Shoenstat Garça!P SP -

A "comunhão·' dos cônjuges dá início à "comunidade" familiar. O "Nós" divino constitui o modelo eterno do 'nós" humano; e, em primeiro lugar, daquele "nós" que é formado pelo homem e pela mulher" [ ... ]. Somente as pessoas são capazes de viver em comunhão. A família tem início na comunhão conjugal, que o Concílio Vaticano 11 classifica como "aliança" (. .. ] O fato de se tornarem pais faz com que a família, já constituída pela aliança conjugal do matrimônio, se realize 'em sentido pleno e específico'. A maternidade implica necessariamente a paternidade e, vice-versa, a paternidade 1mpl1ca necessariamente a maternidade. João Paulo 11. Carta às Famílias, 8

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À DESCOBERTA DE CRlSTO "E vós quem dizeis que Eu sou?" -Você Jesus, para nós, é o Cristo que entrou em nossas vidas desde o dia de nosso Batismo, quando, através do testemunho de nossos pais, abrimos nosso coração a Você, que desde então nos tem acompanhado na jornada de nossa vida, seja nos bons momentos ou nos momentos de cruz, nos momentos de trevas ou nos momentos de luz. É bem verdade que às vezes deixamos Você de lado e escolhemos os caminhos mais fáceis que o mundo nos oferece. Outras vezes, nós nos deixamos ser tomados por seu gos no meio da rua, nas lágrimas que Espírito e escolhemos o caminho da escorrem no rosto dos infelizes ... renúncia, do perdão e da doação Nem sempre, porém, conseguimos mútua, do serviço e do amor ao pró- enxergá-Lo nessas ocasiões. Para nós, Você é o Messias, o ximo, em especial, o caminho do amor conjugal. O que importa é que nosso Salvador, que tomou novas as sempre podemos contar com sua nossas vidas, quando permitiu que misericórdia e perdão. E, como a _ déssemos um ao outro o sim do filhos pródigos, Você nos perdoa e amor, quando nos casamos, quando nos acolhe em seus braços com todo propiciou-nos gerar dois filhos lindos e desfrutar de tantas alegrias carinho e ternura. juntos. O Messias que colocou em Historicamente, sabemos que Você viveu na Palestina, morreu. nosso caminho centenas de amigos Mas cremos na sua ressurreição e e amigas e, há 14 anos, a nossa queque está presente de corpo e alma, rida e amada equipe. Para nós, Jesus, Você é o elo que humanidade e divindade na Eucaristia. Você nos chama a todo ins- une nossas vidas com Deus Pai. Sua tante a sermos suas testemunhas e proposta de vida não é fácil, mas nos a mostrar ao mundo o quanto é rico envolve e nos fascina, nos apaixona e valioso o nosso amor conjugal. e nos toma a cada dia um pouquinho Muitas vezes Você aparece para melhores. nós no olhar triste dos casais que Angela e Marcos estão em dificuldade, no semblante Equipe N.S. da Rosa Mística vazio dos jovens alienados, nos corSetor A - Piracicaba!SP pos sujos e maltrapilhos dos mendi14

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O ATO CONJUGAl Como sacerdote vivido em anos, já ouvi de diversos casais que, no momento do ato conjugal, cobriam as imagens de santos ou as voltavam para a parede, a fim de que não contemplassem uma cena que eles achavam vergonhosa, feia ou má. Quem procedia assim havia recebido uma formação desacertada em relação a sexo. (Creio que entre os equipistas tal não deve mais estar acontecendo, depois de quanto se estudou nos últimos anos, especialmente em 2005, sobre sacramento do Matrimônio e sexualidade). Aquilo que Deus planejou para as pessoas realizarem não pode ser indecoroso. Antes, se feito segundo o projeto do Criador, só pode ser uma ação boa, sagrada e meritória, pois, além de ser uma participação na obra criadora de Deus, na transmissão da vida, o encontro íntimo dos cônjuges é o ápice da celebração permanente do sacramento do Matrimônio, o sinal mais expressivo e significativo da realidade espiritual de duas pessoas humanas que se entregam totalmente uma à outra para se tornarem "uma só carne" (Mt 19,5). Já que este ato é venerável, para não ser profanado, deve ser realizado na intimidade bendita do quarto nupcial. Sendo uma celebração sagrada, Cristo está presente, alimentando o amor que une marido e mulher com o amor com que Ele une a si a Igreja. E o Criador, que deu ao casal o dom sublime da fecundidade, como que aguarda este moCM 411

mento para fazer surgir um novo ser, uma nova pessoa, à "sua imagem e semelhança", como os filhos se assemelham aos seus genitores. Por ser sagrada na sua origem criadora ("Não é bom que o homem esteja só. Vou fazer uma auxiliar que lhe corresponda"- Gn 2, 18), a união de um homem e de uma mulher redimidos por Cristo torna-se sinal da união de Jesus Cristo com a Igreja, sacramento do amor, à imagem e semelhança do amor trinitário em Deus. Por isso os noivos, diante do altar do Senhor e de um ministro ordenado, selam a mútua aliança de amor e fidelidade e assumem também o compromisso de gerar a vida, e recebem a bênção do ministro oficiante, revivendo o que o Criador fez com nossos protoparentes: "E Deus os abençoou, dizendo-lhes: Crescei e multiplicai-vos e povoai a terra" (Gn 1,28). Quem é cristão e não realiza o seu casamento religioso, não procede bem e peca, porque não busca a bênção e a autorização junto de Deus para propagar a vida e se abstém de receber as graças próprias à santificação da vida conjugal. O que muita gente não sabe, e por isso não a pede, é que a Igreja, intérprete da vontade divina, concede uma bênção especial para o quarto e o leito nupcial. Não existem atos indiferentes: eles são bons, quando realizados segundo os desígnios de Deus, ou maus, se contrariam os projetos do Criador. Por isso a prática sexual 15


durante a constância do casamento traz merecimentos para o casal, pois é uma ação boa, importante para a sua vida conjugal, tanto nos aspectos físico, afetivo e psicológico como no espiritual. É importante observar que padres e religiosos optam pelo celibato não porque considerem o casamento algo não bom ou depreciativo para a vida cristã, mas porque desejam se entregar livre e totalmente ao serviço do Reino de Deus e ser sinal do mundo que há de vir,

"no qual os filhos da ressurreição não casam nem são casados". (Cf. Presbiterorum Ordinis, 16) Se Deus é amor e criou o ser humano com amor e para o amor, homem e mulher casados, apesar das contingências e imperfeições humanas, pelas graças do sacramento do Matrimónio, são inseridos no mistério do amor divino e sua relação amorosa toma-se santificante.

Mons. Antônio Lorenzatto SCE Setor C - Região RS I

. . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . DE VIOLETAS E ORQUÍDEAS Sempre, na festa de Santo Antônio, cabia a mim arrumar o jardim em frente à casa. E, no meio de outras flores, as humildes e rasteiras violetas, primeiras a abrir, eu as distinguia com carinho. Elas resistiam bravamente e mesmo entre os seixos disformes, não paravam de florescer e enfeitar o chão. E elas entraram na minha história. Quando vi pela primeira vez aquela que seria minha mulher, ela estava com uma violeta na blusa e quando perguntei-lhe "quem lhe deu essa flor tão bonita?", ela sorriu e confessou: "Comprei. Já que ninguém me dá uma flor, eu mesma me dei". Caminhamos até onde havia uma casa de flores e pedi a ela: - Você me espera aqui um pouquinho. Promete? Corri para o vendedor e comprei a primeira orquídea que vi, dentro 16

de uma caixa de plástico, com um laço de fita amarela. Dois ou três minutos depois, novo pedido: CM 411


-Vamos fazer uma troca? Você me dá essa violeta e eu lhe dou esta orquídea. A moça sorriu novamente e perguntou se eu não estava doido. - Doido eu estou agora, que acabo de conhecer você. E se a gente se entender, eu espero um dia poder casar com quem agora me deu uma violeta. Quase 40 anos depois que nos casamos, abro o velho dicionário de português-latim. Entre as páginas onde se encontra a palavra violeta (viola, em latim), lá está ela, meio desbotada, a violeta que ganhei quando comecei a namorar a Dulce. Eu lhe mostro a preciosa relíquia e ela traz-me, dentro da caixa de plástico, seca e amarelada, a orquídea que eu lhe dera em troca da violeta. A violeta e a orquídea estão secas, porém, continuamos a valorizar ainda mais tudo aquilo que elas significaram e continuam significando para nós dois. Hoje, entendo melhor que também os velhinhos e as velhinhas precisam sentir-se queridos e amados. Entendo que não há ser humano que não necessite ser amado. Amado por

Deus, ele será, sem dúvida, mas que o seja também por aqueles e aquelas a quem deu vida, ternura e alegria. Quando vou a um casamento e ouço a mútua promessa de amor que se fazem os noivos "por todos os dias da nossa vida", sempre me lembro do saudoso Dom Hélder Câmara, que dizia: "É graça divina começar bem. Graça maior, persistir na caminhada certa. Mas a graça das graças é não desistir nunca". Assim deve ser a aliança de amor que homem e mulher fazem um ao outro no dia do casamento. Uma violeta e uma orquídea, que um dia seduziram os olhos de dois namorados, envelhecem e podem até perder o encanto, mas o carinho e a afeição que elas simbolizam serão conservados e cultivados sempre. Marido e mulher, fiéis à graça de Deus e fiéis ao amor do primeiro dia, a cada dia hão de brotar, como flores de perene e eterna beleza.

Manuel, da Dulce Eq. N. S. do Carmo - Setor D Região Rio III

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SEU CÉU SERÁ O QUE TIVER SlDO O SEU CASAMENTO Tivemos a graça de participar da peregrinação da Província Sul I a Aparecida/SP, no dia 13 de maio, da missa celebrada às 12 horas no Santuário de Aparecida, e ouvir a homilia do nosso querido Padre Flávio CM 411

Cavalca. A homilia foi especialmente dirigida aos casais das Equipes e o que mais me chamou a atenção foi a frase "Seu céu será o que tiver sido o seu casamento". Confesso que essa afirmação mexeu muito 17


comigo e fiquei dias procurando aprofundar-me nessa afirmação. Escrevi, então, ao Pe. Cavalca, questionando sobre os altos e baixos que acontecem no dia a dia da minha convivência com meu cônjuge. Mencionei as cobranças, as incompreensões, as contrariedades, as insatisfações ... Considerando assim minha vida conjugal, como será o meu céu? E o meu céu aqui, enquanto estamos neste mundo? Segue abaixo, a resposta dele: "Vilma, desculpe a demora na resposta ... Quanto à frase acima, estou convencido disso: "Seu céu será o que tiver sido o seu casamento". Vejo na frase dois sentidos: 1°. Será impossível chegar à felicidade do céu se não vivermos intensamente a vida para a qual fomos chamados por Deus. O casal, chamado a viver a aliança conjugal

de toda a vida e por toda a vida, chegará à perfeição e à felicidade final na medida da generosidade com que tiver vivido essa proposta de amor. 2°. É verdade que jamais conseguiremos viver aqui plenamente o ideal que nos propomos. Sempre haverá falhas, altos e baixos como você diz. O nosso céu será na proporção de nossa boa vontade, de nossa generosidade, de nosso desejo de viver plenamente o amor, não exatamente na medida de nossas realizações. O que Deus nos reserva, misericordiosamente, é bem essa realização de todos os nossos anseios de amor, de pureza, de maturidade, de superação de todas as mediocridades. Nosso céu será quando Deus terminar em nós sua obra de amor e misericórdia. Pe. Flavio Cavalca"

Vilma e João Paulo CRS - B Jundiail SP

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. TERAPIA DO AMOR Esta carta quer dividir com os irmãos uma missão: O privilégio de participar das Equipes de Nossa Senhora não deixa de ser também uma semente plantada em nossos corações para fazermos acontecer o amor em outros casais. Amor é o único bem que quanto mais a gente divide mais ele cresce. Lembremos da multiplicação de pães e peixes realizada por Jesussó houve a multiplicação quando 18

existiu a repartição! Nossos amigos casaram apressadamente, sem muita preparação. O início atribulado, em seguida o filho, dúvidas que surgiam, ausência de diálogo, "tijolinhos" começavam a construir entre os dois uma "Muralha da China"! Na Páscoa, eles vieram passar alguns dias conosco: Ele, deprimido, não brincava, não sorria, não era espontâneo como sempre fora e, o CM 411


mais esquisito, simplesmente eles não conversavam entre si! Era uma situação delicada! Na madrugada de sábado para domingo, ficamos conversando ela e eu até as quatro da madrugada. Ela chorou muito, falou de tudo que estava acontecendo, das vontades que tinha de ser com o marido um casal feliz ... Eu sabia que muitas etapas haviam sido queimadas naquela relação. Que conselho dar a uma mulher nesta situação? Foi então que pensei: não sou eu quem ela precisa ouvir e sim Deus. Invoquei o Espírito Santo e perguntei a ela: -Você quer salvar o casamento de Vocês? Quer resgatar o amor que um dia existiu entre vocês, ou transformar em amor o que um dia foi paixão? Diante da resposta positiva, eu disse: - Você precisa fazer a terapia do amor! -O que é isso? Ah, Maria, deve custar caro! - Não custa nada. A terapia do amor é simplesmente dar amor sem receber nada em troca. Então fui explicando, disse que havia um abismo entre eles e que, se desejava reverter a situação, ela deveria dar o primeiro passo. A terapia do amor é simples como a vida deve ser, e saborosa como é o sentimento de querer o bem do outro. São gestos simples, para agradar, para fazer o outro feliz. É deixar um bilhetinho, comprar um docinho, elogiar, fazer carinho, dar beijinho, ligar e perguntar o que o outro vai querer comer no jantar... Pequenas CM 411

coisas que fazem a felicidade da vida a dois. E avisei: não espere uma mudança imediata, ele pode até no início estranhar, não ceder. Não dê bola, insista. Amigos, Deus tem mesmo seus caminhos. Nada lhe é impossível. Para nossa imensa alegria, dois meses depois da conversa e da visita crítica, recebemos novamente nossos amigos. Pudemos curtir, enfim, outro casal. Os dois sorridentes, carinhosos um com o outro, conversando ... O marido tornou-se realmente outra pessoa, melhor até que nos tempos de namoro. Assumiu o papel de pai, de responsável pela família, de marido, alegre em estar com a esposa, desejoso de querer construir um lar. Ela me confidenciou deliciosamente que a melhor coisa que aconteceu na vida dela foi ter conhecido a terapia do amor. Que hoje a prioridade da vida dele é ela e a neném, que ele também está dando presentinhos. Como é bom ficar feliz com a felicidade dos outros! Aproveitando as coisas boas que dão certo na vida dos outros, podemos nos perguntar: em nossos casamentos, mesmo fora dos momentos de crise, estamos preocupados em fazer terapia do amor? Pode ser a hora de experimentá-la! "Provai e vede como o Senhor é bom!" (Sl 34,9).

Maria do Leandro Eq. N. S. Mãe de Deus Setor A - Florianópolis/SC 19


FAMÍllA, LUGAR DO PR1ME1RO ANÚNC10 DA FÉ Amados irmãos e irmãs: Sinto um grande contentamento ao participar deste encontro de oração, no qual se pretende celebrar com muita alegria o dom divino da farru1ia. [... ] Unidos na mesma fé em Cristo, estamos congregados aqui, vindos de tantos lugares do mundo, como uma comunidade que agradece e dá testemunho com júbilo do ser humano que foi criado à imagem e semelhança de Deus para amar, e que só se realiza plenamente quando faz a entrega sincera de si mesmo aos outros. A farru1ia é o âmbito privilegiado onde cada pessoa aprende a dar e receber amor. Por isso, a Igreja manifesta constantemente a sua solicitude pastoral por este espaço fundamental para a pessoa humana. Assim ensina seu Magistério: "Deus, 20

que é amor e criou o homem por amor, chamou-o a amar. Criando o homem e a mulher, chamou-os ao Matrimônio, para uma íntima comunhão de vida e amor entre eles, 'de modo que já não são dois, mas uma só carne' (Mt 19,6)" (Catecismo da Igreja Católica. Compêndio, 337). Esta é a verdade que a Igreja proclama ao mundo sem cessar. Meu querido predecessor, João Paulo II, dizia que "O homem se tornou 'imagem e semelhança' de Deus não só através da própria humanidade, mas também pela comunhão das pessoas que varão e mulher formam desde o princípio. Tornam-se a imagem de Deus, não tanto no momento da solidão, quanto no momento da comunhão" (Catequese, 14 de novembro de 1979). Por isso, confirmei a convocação deste V CM 411


Encontro Mundial das Farm1ias na Espanha, e concretamente em Valência, rica em suas tradições e orgulhosa da fé cristã que se vive e que se cultiva em tantas farm1ias. A família é uma instituição de mediação entre o indivíduo e a sociedade, e nada pode substituí-la totalmente. Ela mesma se apóia, sobretudo, na profunda relação interpessoal entre o esposo e a esposa, sustentada pelo afeto e compreensão mútuos. No sacramento do Matrimónio ela recebe a abundante ajuda de Deus, que comporta uma verdadeira vocação à santidade. Queria Deus que os filhos contemplem mais os momentos de harmonia e de afeto dos pais do que os de discórdia ou distanciamento, pois o amor entre o pai e a mãe oferece aos filhos uma grande segurança e ensina-lhes a beleza do amor fiel e duradouro. A farm1ia é um bem necessário para os povos, um fundamento indispensável para a sociedade e um grande tesouro dos esposos durante toda a sua vida. É um bem insubstituível para os filhos, que hão de ser fruto do amor, da doação total e generosa dos pais. Proclamar a verdade integral da farm1ia, fundada no matrimónio como Igreja doméstica e santuário da vida, é uma grande responsabilidade de todos. O pai e a mãe deram-se um sim total diante de Deus, o qual constitui a base do sacramento que os une; igualmente, para que a relação interna da farm1ia seja completa, é necessário que eles digam também um sim de aceitação aos seus filhos, aos que geraram ou adotaram e que têm a sua CM 411

própria personalidade e caráter. Assim, eles irão crescendo num clima de aceitação e amor; e é de desejar que, ao alcançarem maturidade suficiente, queiram dar, por sua vez, um sim àqueles que lhes deram a vida. Os desafios da sociedade atual, marcada pela dispersão que acontece, sobretudo, no ambiente urbano, tomam necessário garantir que as famílias não estejam sozinhas. Um pequeno núcleo familiar pode encontrar obstáculos difíceis de superar se está isolado do resto de seus parentes e amigos. Por isso, a comunidade eclesial tem a responsabilidade de oferecer acompanhamento, estímulo e alimento espiritual que fortaleçam a coesão familiar, mormente nas provações ou momentos críticos. Nesse sentido, é muito importante o trabalho nas paróquias, assim como o das diferentes associações eclesiais, chamadas a colaborar como redes de apoio e braço direito da Igreja para o crescimento da farm1ia na fé. Cristo sempre revelou qual é a fonte suprema da vida para todos e, portanto, também para a família. "Este é o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros como eu vos tenho amado. Ninguém tem maior amor que aquele que dá a vida pelos seus amigos" (Jo 15,12-13). O amor do próprio Deus foi derramado sobre nós no batismo. Portanto, as farm1ias sejam chamadas a viver essa qualidade do amor, pois é o Senhor quem se faz garantia de que isso é possível para nós através do amor humano, sensível, afetuoso e misericordioso como o de Cristo. 21


Junto com a transmissão da fé e do amor do Senhor, uma das maiores tarefas da farm1ia é a de formar pessoas livres e responsáveis. Por isso, os pais devem ir devolvendo a liberdade aos seus filhos, da qual durante algum tempo são tutores. Se estes vêem que seus pais - e, em geral, os adultos que os cercam vivem a vida com alegria e entusiasmo, apesar das dificuldades, crescerá mais facilmente neles essa alegria profunda de viver, que os ajudará a superar com acerto os possíveis obstáculos e as contrariedades que a vida humana comporta. Além disso, quando a fanu1ia não se fecha em si mesma, os filhos vão aprendendo que toda pessoa é digna de ser amada, e que há uma fraternidade uni versai fundamental entre todos os seres humanos. Este V Encontro Mundial nos convida a refletir sobre um tema de particular importância e que comporta uma grande responsabilidade para nós: "A transmissão da fé na família". O Catecismo da Igreja Católica o expressa muito bem: "Como uma mãe que ensina seus filhos a falar, e com isto a compreender e a comunicar, a Igreja, nossa Mãe, nos ensina a linguagem da fé para introduzir-nos na compreensão e na vida da fé" (n° 171 ). Como se simboliza na liturgia do batismo, com a entrega do círio aceso, os pais são associados ao mistério da nova vida como filhos de Deus, que se recebe com as águas batismais. Transmitir a fé aos filhos, com a ajuda de outras pessoas e instituições, como a paróquia, a escola ou 22

as associações católicas, é uma responsabilidade que os pais não podem esquecer, descuidar ou delegar totalmente. "A farm1ia cristã é chamada Igreja doméstica porque manifesta e realiza a natureza de comunhão e familiar da Igreja como farm1ia de Deus. Cada membro, segundo o próprio papel, exerce o sacerdócio batismal, contribuindo para fazer da família uma comunidade de graça e de oração, escola das virtudes humanas e cristãs, lugar do primeiro anúncio da fé aos filhos." (Cateci mo da Igreja Católica. Compêndio, 350). Além disso: "Os pais, participantes da paternidade divina, são os primeiros responsáveis pela educação dos seus filhos e os seus primeiros anunciadores da fé. Têm o dever de amar e respeitar os filhos como pessoas e como filhos de Deus (... )Em particular, têm a missão de os educar na fé cristã" (ibid, 460). A linguagem da fé se aprende nos lares, onde esta fé cresce e se fortalece através da oração e da prática cristã. Na leitura do Deuteronômio, escutamos a oração constantemente repetida pelo povo escolhido, a Shema Israel, e que Jesus escutaria e repetiria em seu lar de Nazaré. Ele mesmo a recordaria durante sua vida pública, como nos mostra o evangelho de Marcos (Me 12,29). Esta é a fé da Igreja que vem do amor de Deus, por meio das vossas farm1ias. Viver a integridade dessa fé, em sua maravilhosa novidade, é um grande dom. Mas nos momentos em que o rosto de Deus parece ocultar-se, crer é difícil e custa um grande esforço. CM 411


A famflia é o âmbito privHegiado onde cada pessoa

aprende a dar e receber amor. Este encontro dá um novo alento para continuar anunciando o Evangelho da farm1ia, reafirmar sua vigência e identidade, baseada no matrimónio aberto ao dom generoso da vida, e onde se acompanha os filhos em seu crescimento corporal e espiritual. Deste modo, opõe-se a um hedonismo muito difundido, que banaliza as relações humanas e as esvazia de seu genuíno valor e beleza. Promover os valores do matrimónio não impede de saborear plenamente a felicidade que o homem e a mulher encontram no seu amor mútuo. A fé e a ética cristã, portanto, não pretendem sufocar o amor, senão torná-lo mais sadio, forte e realmente livre. Para isso, o amor humano tem necessidade de se purificar e amadurecer para ser plenamente humano e princípio de uma alegria verdadeira e duradoura (cf. Discurso em São João de Latrão, 5 de junho de 2006). Convido, portanto, os governantes e legisladores a refletirem sobre o bem evidente que os lares em paz e em harmonia asseguram ao homem, à farm1ia, centro nevrálgico da sociedade, como lembra a Santa Sé na CM 411

Carta dos Direitos da Farm1ia. O objetivo das leis é o bem integral do homem, a resposta às suas necessidades e aspirações. Isso é uma notável ajuda à sociedade, da qual ele não se pode privar, e para os povos é uma salvaguarda e uma purificação. Além disso, a farm1ia é uma escola de humanização do homem, a fim de que ele cresça até se fazer verdadeiramente homem. Neste sentido, a experiência de serem amados pelos pais leva os filhos a terem consciência de sua dignidade de filhos. A criatura concebida deve ser educada na fé, amada e protegida. Os filhos, com o direito fundamental de nascer e de serem educados na fé, têm direito a um lar que tenha como modelo o de Nazaré, e de serem preservados de toda espécie de insídias e ameaças. Desejo referirme agora aos avós, tão importantes nas farm1ias. Eu sou o avô do mundo, acabamos de escutar. Eles podem ser - e são tantas vezes - a garantia do afeto e da ternura que todo ser humano precisa dar e receber. Eles dão aos pequenos a perspectiva do tempo, são memória e riqueza das farm1ias. Tomara que, sob nenhum conceito, sejam excluídos do círculo familiar. Eles são um tesouro que não podemos arrebatar das futuras gerações, sobretudo quando dão testemunho de fé diante da proximidade da morte. [... ]

Discurso de Bento XVI na noite de 8 de j ulho de 2006, na vigz1ia do V Encontro Mundial das Famaias, em Valência/Espanha 23


A HONRA DE SER CASAL RESPONSÁVEL DE EQUIPE No mês de outubro deste ano teremos eleições no Brasil inteiro. Cada partido, cada candidato se apresenta como o melhor, em intensas campanhas. Com certeza, é muito importante que nós cristãos façamos valer, conscientemente, o nosso voto. No mês de outubro, todos os anos, acontece uma outra eleição. Nela não se faz campanha para eleger este ou aquele e todos os eleitores são candidatos. Ninguém se acha melhor do que os demais. O eleito se oferece para amar mais e trabalhar mais, como um dom gratuito de Deus a serviço dos irmãos. Trata-se de escolher o Casal Responsável de Equipe para o ano próximo. A honra (não honraria!) de ser casal responsável de equipe está na disponibilidade de se colocar a serviço do crescimento dos irmãos de equipe, na fidelidade ao Carisma fundador do Movimento e às suas orientações específicas para o ano. O CRE é um casal de oração, e rezará pela sua equipe. Um casal que cultiva o amor conjugal, por isso saberá amar os casais da sua equipe. É um casal que buscará animar a equipe com criatividade e iniciativa, em vista do crescimento de todos na espiritualidade conjugal, e sua vida é um testemunho de coerência entre o que acredita e o que vive. OCRE é o encorajador dos irmãos, para que todos busquem fazer da equipe uma verdadeira comunidade de ajuda mútua (Cf. Guia das ENS, pág. 34). 24

Os critérios de escolha nós os encontramos no manual "O Casal Responsável de Equipe", nas páginas 13 e 14 (Cap. II, 2). Seria interessante que todos nós lêssemos esse item antes de ir para a Reunião Mensal em que acontece a eleição. Vale lembrar: • Escolhe-se aquele casal que pensamos ter as melhores condições de animar a equipe naquele ano. Só excepcionalmente um casal pode ser reeleito para outro ano consecutivo. • Leva-se em conta o bem da equipe, sem preferências pessoais . A escolha deve ser do agrado do Espírito Santo, por isso o invocamos antes de decidir quem escolher. • OCRE não é indicado por sorteio nem por rotatividade. • O voto é individual e secreto, após discernimento em oração. A apuração é feita em segredo pelo SCE (que não vota). Ele anuncia o casal escolhido sem revelar a proporção dos votos nem se outros foram votados. • Os eleitos serão acolhidos como o casal "ungido" para o serviço da equipe naquele ano e todos se disporão a cooperar para o crescimento da equipe. A responsabilidade é um chamado do Senhor, que não negará sua bênção aos escolhidos.

Equipe da Carta Mensal CM 411


Partilhamos com os amigos algumas riquezas a nós proporcionadas pela Sessão de Formação Nível I, da qual participamos em Vinhedo, nos dias 27 e 28 de maio. Confesso que após o convite de nosso CRS, aceitamos com alegria, mas também com um sentimento de "ficar quites" com mais esse compromisso. Sabíamos que Sessão de Formação Nível I aprofunda a espiritualidade e a fé, por isso, imaginávamos que viesse a ser um evento pesado, cansativo. Doce engano! Frei Anselmo, aos 82 anos de vivência, vitalidade, ânimo e exemplo de vida, nos cativou. Suas seis palestras foram profundas, diretas, proporcionando-nos grande crescimento. Após cada tema apresentado, tivemos a oportunidade de, em equipe, aprofundar, detalhar e discutir cada assunto, além da alegria de conhecer e conviver com casais de nossa Região. Se pudesse resumir a riqueza do que ouvimos em uma única passagem bíblica, destacaria "De que CM 411

aproveitará, irmão, a alguém dizer que tem fé, se não tiver obras? (... ) Assim também a fé : se não tiver obras, é morta em si mesma. ( ... ) Assim como o corpo sem a alma é morto, assim também a fé sem obra é morta" (Tg 2,14-26). As atividades entre as palestras foram de muita alegria, participação eotimismo. Todos nós, como profissionais, temos centenas de oportunidades para nosso desenvolvimento profissional e técnico. Na área espiritual, tendemos a ficar estacionados em nosso "terninho da Primeira Comunhão" (como diz Frei Anselmo). As sessões de formação são ocasião para crescermos e trocarmos as vestes infantis por vestimentas de fé adulta. Somos abençoados por participarmos das Equipes de Nossa Senhora, que nos abrem espaço para uma Sessão de Formação que nos possibilita esse crescimento.

Welman da Marília Eq. N. S. de Nazaré - Setor A Campinas/SP 25


SESSÃO "QE FORMAÇÃO NlVEllll "Continuai a ser o que vos propusestes desde o primeiro dia, mantendo a vossa vocação de verdadeira escola de espiritualidade para os casais... " (Paulo VI, Encontro Internacional das ENS - Roma 1976 - in Carta Mensal, dezembro 1976)

Apesar do cansaço físico, os espíritos estavam repletos de paz e aconchego, de carinho do Pai, que nos recompensa quando a Ele nos doamos, quando ouvimos o seu apelo, afinal: "Muitos são chamados, poucos os escolhidos!" Foi esse o sentimento geral dos casais "escolhidos" que participaram, nos últimos dias 3 e 4 de junho, da Sessão de Formação Nível ill, em Brasília. Reencontramos amigos que há muito não víamos e conhecemos outros, para então juntos fazermos uma viagem sem igual pelo mundo admirável das ENS. As palestras, próprias desse nível da formação, levaram-nos a refletir, avaliar e re-planejar nossa caminhada equipista de verdadeiros cristãos. O tempo destinado às discussões em grupo, que à primeira vista achávamos que seria longo, passou num piscar de olhos, cada item lido suscitava testemunhos de espiritualidade e rica partilha de experiências, dificuldades e vitórias na caminhada, para ao final, concluirmos unânimes: A messe é grande e poucos são os trabalhadores. Arrebatar nos26

sos irmãos equipistas para o serviço no Movimento, eis um desafio! O Casal Provincial, Nilza e Nivaldo, falando de Responsabilidade nas ENS, lembraram-nos um importante ensinamento: se queres ser o primeiro, que sejas o último ... servir mais, amar mais, entregar-se mais, rezar mais! Tudo isso resumido num ato de lava-pés de seus Casais Regionais. Após, nada mais precisou ser dito! Ao final, no ENVIO, rezamos, cantamos e agradecemos a Deus por esse carinho especial para com seus filhos amados.

Tatiana e Rubens Coimbra CRS A - Reg. Centro-Oeste I Brasaia!DF CM 411


O lONGE É PERTO O longe é um lugar que não existe quando levamos Cristo e sua mãe no coração. As distâncias são grandes, mas não impedem de fazermos maratonas com a finalidade de levar as maravilhas do Movimento e ao mesmo tempo vivenciarrnos as riquezas com que nos presenteiam os casais e Conselheiros Espirituais de São Gabriel, Mostardas, Santa Rosa, Pantana Grande ou Tapes, cidades distantes de Porto Alegre 335, 215, 525, 120 e 80 quilômetros, respectivamente. O Espírito Santo sopra onde e quando quer. Coube a nós, com apoio de outros casais, sermos seus instrumentos, sedimentar Sua vontade, acompanhando as chamadas equipes distantes espalhadas pelo interior do estado. Primeiro foi em São Gabriel, onde surgiu a Equipe N. S. da Saúde, formada por casais maduros, que nos mostram a perseverança, a alegria e o testemunho de que vale a pena lutar para manter a seiva do Movimento circulando em seus corações. Logo em seguida, soprou em Mostardas, situada em uma estreita faixa de terra entre o mar e a lagoa. Lá surgiram as equipes N. S. Aparecida e N. S. de Fátima. Hoje não as acompanhamos mais, pois pertencem à Região RS II. Algum tempo depois, foi a vez de Santa Rosa, cidade da região das Missões, formandoaequipeN. S. de Fátima, que tivemos a alegria de pilotar. É formada por casais jovens, cheios de vontade para transformar pelo amor o mundo ou, então, aqueles que estão à sua volta no trabaCM 411

lho, nas escolas e na grande comunidade. São perseverantes, questionadores, dando-nos exemplo de uma constante busca da espiritualidade coqjugal. Quase ao mesmo tempo, Ele encontrou em Pantana Grande terreno fértil, "adubado" por um casalláresidente,cujaequipeeradePorto Alegre. Com a acolhida do Pe. Laudenor, a localidade se transformou em novo celeiro das equipes. Hoje formam o Setor Vale do Rio Pardo. Servindo-se de outros casais de boa vontade, soprou sobre Tapes. Muitos são os chamados, poucos os escolhidos. Assim, de duas Experiências Comunitárias iniciais, surgiu a Equipe N. S. do Carmo, cujos casais são atuantes na comunidade e abertos às riquezas que o Movimento lhes proporciona. Inspirados no poema de M. Delbrel, "Convite para Dançar", queremos nos colocar como os dançarinos que Cristo leva onde quer e como quer. Precisamos apenas seguir o ritmo de sua dança. Rezamos para que o Senhor nos ensine a viver nossa vida como uma festa sem fim, na qual se renova o encontro com Ele, numa dança nos braços de Sua graça, na música universal do Seu amor. Que sejam também outros casais convidados a dançar, dispostos a segui-lo sempre alegres, flexíveis à sua vontade, deixando-se transformar em ágeis e vivos mensageiros da boa nova do casamento que as Equipes de Nossa Senhora querem levar aonde forem chamadas pelo seu Espírito.

Lídia e Léo, Eq. N. S. das Graças SetorAIRS I 27


A PALAVRA DE DEUS No mês de setembro, as comunidades cristãs procuram dedicar-se ainda mais à leitura da Palavra de Deus. É o mês da Bíblia. Pelos livros do Antigo e do Novo Testamento, Deus entra em comunhão conosco e manifesta seu plano de amor para a humanidade. Falou pelos profetas e, na plenitude dos tempos, comunicouse pela vida e mensagem do seu Filho Jesus, centro de toda revelação. Há dois aspectos principais a valorizar na leitura da Bíblia: A experiência de oração e as lições para o agir cristão. Os livros sagrados são a grande escola de oração. Passando pelos profetas e justos do Antigo Testamento, somos introduzidos à oração de Jesus Cristo, que nos comunica o mistério de sua comunhão filial com o Pai e também nos ensina a confiar totalmente em Deus, a exemplo de sua Santíssima Mãe Maria e dos apóstolos. A leitura assídua da Bíblia, sob a ação do Espírito Santo e a orientação da Igreja, alimenta a nossa fé e torna-se experiência de oração, auxiliando-nos a descobrir, sempre mais, que "tudo coopera para o bem dos que amam a Deus" (Rm 8,28). É a Palavra de Deus que sustenta o testemunho de vida cristã, o zelo dos missionários e a coragem dos mártires. Mas a Bíblia é também a luz que ilumina o discernimento de valores e o agir dos discípulos de Jesus. Na Palavra de Deus estão contidos os 28

ensinamentos que transformam e renovam a convivência humana. Sem a Palavra de Deus não alcançaríamos a verdade do perdão. Onde encontraríamos força para rezar por quem nos calunia, para amar os que nos ofendem e para pagar o mal com o bem? São as lições do Evangelho que nos fazem descobrir a beleza do amor gratuito, a paciência no sofrimento, a dedicação aos doentes e empobrecidos e o abandono confiante nas mãos de Deus. A Bíblia nos ensina a solidariedade fraterna, o conforto nas provações, a dimensão redentora da cruz e a esperança de vida eterna e feliz. É o momento de agradecermos a Deus a dádiva imensa da Sagrada Escritura. Unamos nossa voz à da Virgem Maria, Mãe de Deus e nossa, para cantar o louvor da Palavra Divina, que nos ilumina, fortalece e alegra no caminho da vida.

Dom Lucútno Mendes de Almeida (Folha de São Paulo extraído do Boletim do Setor José Bonifácio/SP) CM 411


A SAGRADA ESCRITURA DÁ VlGORÀ VlDA DA lGREJA No mês de setembro, nossas comunidades eclesiais procuram aprofundar o conhecimento da Palavra de Deus, sobretudo do modo como Deus nos fala, descobrir e compreender o seu amor infinito pela criatura humana. Chamamos setembro o mês da Bíblia porque, ao fim desse mês, comemorarmos São Jerónimo, que traduziu dos originais para o latim quase todos os livros sagrados. Na Bíblia, encontramos abundantemente o plano, o desígnio de Deus. A Bíblia é, porém, parte de toda a revelação. O evangelista João termina o seu evangelho afirmando de forma hiperbólica: "Há

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muitas coisas que Jesus fez e que, se fossem escritas uma por uma, creio que nem o mundo inteiro poderia conter os livros que seriam escritos" (lo 21,25). "A Tradição Apostólica é a transmissão da mensagem de Cristo, realizada desde as origens do cristianismo, mediante a pregação, o testemunho, as instituições, o culto, os escritos inspirados. Os apóstolos transmitiram a seus sucessores, os bispos, e, por meio deles, a todas as gerações até o final dos tempos o que receberam de Cristo e aprenderam do Espírito Santo" (Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, 12). A Tradição Apostólica se realiza com a transmissão viva da Palavra de Deus (também chamada simplesmente de Tradição) e com a Sagrada Escritura, que é o mesmo anúncio da salvação feito por escrito. A Tradição e a Sagrada Escritura estão em estreita ligação e comunicação entre si. Ambas, com efeito, tornam presente e fecundo na Igreja o mistério de Cristo e brotam da mesma fonte divina, constituem, um só sagrado depósito da fé, de onde a Igreja haure a própria certeza sobre todas as coisas reveladas. A transmissão da revelação divina é destinada a todos os homens e mulheres, porque "Deus quer que todos sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade" ( 1Tm 2,4), ou seja, de Jesus Cristo. Por 29


isso, é necessário que Cristo seja anunciado a todos os homens segundo o seu próprio mandamento: "Ide, pois, fazer meus discípulos entre todas as nações" (Mt 28,19). A história da salvação possui duas etapas: a primeira, chamada Antigo Testamento, é o tempo anterior a Cristo, e a segunda, chamada Novo Testamento, o tempo desde a vinda do Salvador Jesus Cristo. O Antigo Testamento prepara o Novo e o Novo é o cumprimento do Antigo: os dois se iluminam mutuamente. O Novo Testamento, cujo objeto central é Jesus Cristo, confia-nos a verdade definitiva da Revelação divina. Nele, os quatro evangelhos, o de Mateus, Marcos, Lucas e João, por serem o principal testemunho sobre a vida e a doutrina de Jesus, constituem o coração de todas as Escrituras e ocupam um lugar único na Igreja. A Sagrada Escritura dá suporte e vigor à vida da Igreja. É para seus filhos firmeza da fé, alimento e fonte de vida espiritual. É alma da teologia e da pregação pastoral. Diz o salmista: "é lâmpada para meus passos e luz no meu caminho" (SI 119,105). A Igreja exorta por isso a freqüente leitura da Sagrada Escritura, porque "a ignorância das Escrituras é ignorância de Cristo" (São Jerônimo). Deus é o autor da Sagrada Escritura. Por isso dizemos que ela é inspirada e ensina sem erro as verdades que são necessárias à nossa salvação. O Espírito Santo inspirou os autores humanos, que escreveram o que ele quis nos ensinar. A fé 30

cristã não é "uma religião do Livro", mas da Palavra de Deus, que não é "uma palavra escrita e muda, mas o Verbo encarnado e vivo" (São Bernardo de Claraval). É o próprio Filho de Deus feito homem. Esta Palavra se concretiza numa pessoa única, visível, que fez uma história de vida e permanece entre nós. Ele é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, que nos alcança a graça de filhos de Deus, renascidos para a vida nova no batismo. São Jerônimo, escrevendo a Ponciano, disse: "Lê muito freqüentemente a sagrada escritura. Direi mais: as tuas mãos não deveriam jamais largar o texto sagrado. Estuda a matéria que deves ensinar. Permanece ligado à palavra da fé, segundo o ensinamento obtido". Embora a fé supere a razão, jamais poderá haver contradição entre fé e ciência, porque ambas têm origem em Deus. É o mesmo Deus que dá ao homem tanto a luz da razão quanto a fé. Oxalá o mês da Bíblia nos ajude a redescobrir o Cristo que é luz que ilumina todo o ser humano, única resposta verdadeiramente válida também para o mundo de hoje, com todos os seus problemas. Só Ele pode transformar o homem velho que está em nós, de mentira, injustiça, maldade, ódio, vingança. Ele é o caminho, a verdade, a vida.

Cardeal Geraldo M. Agnelo Arcebispo de Salvador/BA Extraído de l'Osservatore Romano em Português, de 10-9-2005 CM 411


ESCUTAl-0 Os Evangelhos, que nos oferecem inúmeras palavras de Cristo, só nos relatam três palavras do Pai. Como deveriam ser elas preciosas para nós! Uma delas é um conselho: o único conselho do Pai a seus ftlhos. Com que infinita ftlial reverência devemos recebê-Lo, com que solicitude atendê-Lo! Tal conselho, que contém o segredo de toda santidade, é simples e pode ser expresso numa só palavra: "Escutai-O" (Mt 17 ,5), diz o Pai, ao mesmo tempo que nos aponta o seu Filho Bem-amado. Meditar é, assim, o grande ato de obediência ao Pai. É, como Madalena, sentarmo-nos aos pés de Cristo para escutar a sua palavra ou, melhor ainda, para escutá-Lo, a Ele que nos fala. É com efeito a Ele, mais ainda que às suas palavras, que devemos estar atentos. Entregar-se à meditação a partir de uma página do Evangelho é muito recomendável; sob a condição de lermos, não como professores de literatura, mas como a noiva que, para além das palavras, nas cartas que recebe, escuta o pulsar do coração de seu amado. Saber escutar é sem dúvida uma grande arte. O próprio Cristo nos adverte: "Cuidai, pois, na maneira de escutar" (Lc 8,18). Se somos beira do caminho, rochedo, ou terreno espinhoso, a sua Palavra não poderá crescer em nós. Trata-se de ser a terra boa, onde as sementes encontram o que lhes é necessário para brotar, desenvolver-se, amadurecer. CM 411

Escutar, aliás, não é somente atribuição da inteligência. É nosso ser por inteiro, alma e corpo, inteligência e coração, imaginação, memória e vontade que devem estar atentos à palavra de Cristo, a ela abrirse, ceder-lhe o lugar, deixar-se por ela penetrar, invadir, apossar, darlhe adesão sem reserva. Compreendeis agora porque emprego a palavra escutar de preferência a meditar. Tem uma ressonância mais evangélica e designa principalmente, não uma atividade solitária, mas sim um encontro, um diálogo, um contato de coração a coração: é nisto que consiste essencialmente a meditação. Na verdade, sem a graça, ninguém poderia escutar o Cristo, pois somos todos surdos de nascença, ftlhos de uma raça de surdos. Mas, ao sermos batizados, Cristo pronunciou a palavra que, depois da cura do surdo-mudo da Decápole, abriu os ouvidos de milhões de discípulos: "Ephetha! Isto é, abre-te!" (Me 7,34). Quando, através da meditação, abrimos o nosso íntimo para que nele tenha acesso a Palavra de Cristo, Ela nos converte, nos "faz passar da morte para a vida" (Jo 5,24), nos ressuscita; torna-se em nós, para nós, fonte impetuosa, vida eterna. Mas, escutar a Palavra não é suficiente: "Feliz, diz o Cristo, aquele que ouve a palavra de Deus e aguarda" (Lc 11 ,28), com ela se rejubila, dela se alimenta, leva-a consigo, como Maria a criança que tinha con31


cebido - que era a Palavra substancial. Através dela, Jesus santificava aqueles com quem Maria se encontrava, fazia estremecer de alegria o Batista no seio de sua mãe. Assim quer ele fazer por nosso intermédio. Não é ainda isto o suficiente. Esta Palavra ouvida, guardada, importa que "seja posta ativamente em prática" (Tg 1,25). Quer isto dizer que é preciso, ao longo do dia, estar atento à sua presença atuante em nós, aberto às suas sugestões, aos seus

impulsos. É o seu dinamismo que nos levará a multiplicar as obras boas, trabalhar, afadigar-se, viver, morrer pelo advento do Reino do Pai. E se formos fiéis, grande será a nossa alegria, pois que Jesus disse: "Aqueles que ouvem a Palavra de Deus e a põem em prática é que são minha mãe e meus irmãos" (Lc 8,31).

Henri Caffarel Editorial da Carta Mensal de agosto de 1972.

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APELOS A UMA VlDA CRlSTA 1. Louve a Deus, diariamente, fazendo sua oração da manhã e da noite. 2. Invoque a luz do Espírito Santo antes de tomar decisões importantes. 3. Abençoe e agradeça a Deus nas refeições, pelo alimento de cada dia. 4. Reúna freqüentemente sua família para uma oração em comum. 5. Participe com alegria da Santa Missa ou do Culto Dominical. 6. Busque, sempre que precisar, o sacramento da Penitência. 7. Permaneça na escuta da Palavra, lendo e meditando a Bíblia Sagrada. 8. Estude o Catecismo. para melhor conhecer os ensinamentos da Igreja 9. Ame sua Igreja e colabore com ela, doando seu dízimo. lO.Reze o Rosário, contemplando com Maria os mistérios cristãos. 11. Testemunhe Cristo onde você vive, estuda e trabalha. 12.Examine sua Consciência à noite e peça a Deus perdão dos pecados.

Pe. Celso Antônio Marchiori Eq. N. S. do Perpétuo Socorro - Campo Largo/PR

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JUBILEU DE OURO PRESBJTERAL Pe. João Kulaga O querido Padre João (Jan Kulaga), no dia 24 de junho de 2006, comemorou o seu Jubileu de Ouro sacerdotal, com uma grande festa realizada na Igreja Matriz São José, de Mafra/SC. Padre João nasceu na aldeia de Lipiny, em Dombrowa, na Polônia. Ingressou no Seminário dos Padres Vicentinos, em Cracóvia, no ano de 1946, recebendo a Ordenação Sacerdotal no dia 24 de junho de 1956, passando a exercer várias atividades apostólicas junto a hospitais. Chegou a Curitiba em 1970, tendo exercido o ministério em várias cidades do Paraná e Santa Catarina, indo depois aos EUA e novamente à Polônia. Depois de breve estadia em Mafra no ano de 1966, está entre nós desde 2002, pregando com amor a palavra de Deus. Depois de tantas andanças, semeando o amor de Deus pelas paróquias onde serviu, esta comemoração é mais do que justa, digna e merecedora. Padre João há quinze anos é SCE de equipes em Mafra. Márcia e Edson Kreiger, Eq. N. S. Aparecida - Mafra/SC

••• Pe. Pedro Paulo Dias - JCJ O nosso querido Padre Pedro Paulo, no dia 29 de junho de 2006, festejou junto à sua Equipe Nossa Senhora da Penha o seu Jubileu de Ouro de ordenação presbiteral, num festivo jantar, do qual também participaram os demais sacerdotes da Paróquia Bom Jesus da Penha, desta cidade do Rio de Janeiro. Padre Pedro Paulo, a sua missão não pára! Continue semeando a palavra de Deus, distribuindo seu carinho e suas bênçãos. Obrigado por tudo, pela doação da sua pessoa, por nos trazer a presença de Cristo. Parabéns! Anna Paulina e Tozatto, CR Eq. N. S. da Penha - Setor A - Rio II/

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)UBllEU DE EQUlPE Há 25 anos, em abril de 1981, fomos surpreendidos com um convite feito por Salete e Valdo, amigos de Frei Jamaria, para participarmos com mais alguns casais, dentre eles Marlene e Mirim, de uma informativa a respeito do movimento das Equipes de Nossa Senhora, que nos era totalmente desconhecido. De pronto, o convite foi aceito, embora intimamente fizéssemos restrições: será que daria certo? Deu tão certo que estamos comemorando jubileu de prata e, como espero não morrer tão cedo, esperamos chegar juntos ao jubileu de ouro. O Poderoso começou logo a operar maravilhas nos casais: Teresinha e Tiago, Deyse e Elmano, Leda e Carlos e o saudoso e querido Frei Jamaria. A ação do Espírito Santo foi tão forte que ao término da reunião informativa havia uma química tão grande que a impressão que tínhamos era de já nos conhecermos há longos anos. Frei Jamaria, este nome faz lembrar o discípulo amado do Mestre, pois, mesmo doente e com a idade avançada, vinha duas vezes por mês a Bangu para participar das reuniões,

algumas vezes direto de Brasília. Ele veio ao mundo para servir. Nas bodas de Caná, Maria estava lá. Aos pés da cruz, Maria partilhava o sofrimento de seu Filho. No Pentecostes, Maria estava junto aos discípulos. Guardadas as proporções, a nossa equipe também, desde sua criação, esteve e está sempre presente aos acontecimentos do Movimento. Ao Primeiro Encontro Nacional, em Brasília, fomos enviados como representantes da equipe, com as despesas rateadas entre todos seus membros. Na caminhada, alguns casais deixaram a Equipe, mas outros chegaram, para nossa alegria e enriquecimento. Recebemos também um reforço fundamental para nosso crescimento espiritual, o SCE Padre Jorge. Em nome da Equipe, o agradecimento ao apoio e ajuda espiritual dos con elheiros que passaram pela equipe, aos casais responsáveis do Setor e aos casais ligação. Concluímos pedindo orações para a pequena igreja que é a nossa equipe. Paulo da Lourdes Eq. 64, N. S. do Carmo Setor D- Região Rio III

Partiram para a casa do Pai 1. Mauro Victor de Oliveira, da Terezinha, no dia 15 de junho de 2006. Integrava a Equipe 3, N. Sra. Mãe Rosa Mística- Setor B - Votuporanga!SP. 2. Irinéa, do Altamiro, no dia 20 de maio de 2006. Fazia parte da Equipe Nossa Senhora da Luz, do Setor D da Região Rio I. 3. Paulo Sant'anna Pedroso, da Maria Alice, no dia IOde julho de 2006. Fazia parte da Eq. N. Sra. da Glória, do Setor B de Juiz de Fora/MG. 4. Roberto Lemes da Silva, da Cleyde, no dia 29 de julho de 2005. Integrava a equipe 4, N. Sra. da União, do Setor D, Região São Paulo Capital II. 34

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BODAS DE OURO Letízia e Nilo (Aurélio), no dia 09 de junho de 2006, comemoraram 50 anos de feliz vida matrimonial, na Capela Santa Rita de Cássia, na cidade de Araçatuba/SP. Na celebração do Amor, em Ação de Graças, realizada pelo SCE Pe. Charles Borg, estavam cercados dos seus filhos, genros, noras, netos, familiares e irmãos equipistas. Parabéns ao casal por essa tão grandiosa graça!

Equipe 06 - Nossa Senhora da Esperança, Araçatuba/SP

••• Ieda Maria e William Forni, no dia 10 de julho de 2006, reuniram-se com seus seis filhos, onze netos e um bisneto, acompanhados dos irmãos da sua Equipe, Nossa Senhora Aparecida, do Setor C de Porto Alegre/RS, para render graças ao Senhor e para festejar 50 anos de vida matrimonial, vida cheia de graças e bênçãos. O Senhor realmente faz maravilhas!

••• O ano de 2005 foi muito especial para a Equipe 1, Nossa Senhora das Graças, do Setor A de Recife/PE. Nos dias 23 de setembro e 17 de fevereiro, respectivamente, dois casais da Equipe, Lenir e Fernando (abaixo, à esquerda) e Mary e Jovino (abaixo, à direita), celebraram festivamente as suas Bodas de Ouro, com ações de graças e louvores a Deus, reunindo suas farru1ias , amigos e, é claro, seus irmãos equipistas.

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MAGNlACAT

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Minha alma engrandece o Senhor e exulta meu espírito em Deus, meu Salvador (Lc 1,46). Com estas palavras, Maria reconhece, em primeiro lugar, os dons que lhe foram especialmente concedidos; em seguida enumera os benefícios universais com que Deus favorece continuamente o gênero humano. Engrandece o Senhor a alma daquele que consagra todos os sentimentos da sua vida interior ao louvor e ao serviço de Deus; e, pela observância dos mandamentos, revela pensar sempre no poder da majestade divina. Exulta em Deus, seu Salvador, o espírito daquele que se alegra apenas na lembrança de seu Criador, de quem espera a salvação eterna. Embora estas palavras se apliquem a todas as almas santas, adquirem, contudo, a mais plena ressonância, ao serem proferidas pela santa Mãe de Deus. Ela, por singular privilégio, amava com perfeito amor espiritual aquele cuja concepção corporal em seu seio era a causa de sua alegria. Com toda razão, pôde ela exultar em Jesus, seu Salvador, com júbilo singular, mais do que todos os outros santos, porque sabia que o autor da salvação eterna havia de nascer de sua carne por um nascimento temporal; e, sendo uma só e mesma pessoa, havia de ser ao mesmo tempo seu Filho e seu Salvador. "O poderoso fez em mim maravilhas, e santo é o seu nome!" (Lc 36

1,49). Maria nada atribui a seus méritos, mas reconhece toda a sua grandeza como dom daquele que, sendo por essência poderoso e grande, costuma transformar os seus fiéis, pequenos e fracos, em fortes e grandes. Logo acrescentou: E santo é o seu nome! Exorta assim os que a ouviam, ou melhor, ensinava a todos os que viessem a conhecer suas palavras que pela fé em Deus e pela invocação do seu nome também eles poderiam participar da santidade divina e da verdadeira salvação. É o que diz o Profeta: "Então, todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo" (Jl 3,5). É precisamente este o nome a que Maria se refere ao dizer: "Exulta meu espírito em Deus, meu Salvador". Por isso, se introduziu na Liturgia da santa Igreja o costume belo e salutar de cantarem todos, diariamente, este hino na salmodia vespertina. Assim, que o espírito dos fiéis, recordando freqüentemente o mistério da encarnação do Senhor, entregue-se com generosidade ao serviço divino e, lembrando-se constantemente dos exemplos da Mãe de Deus, se confirme na verdadeira santidade. E pareceu muito oportuno que isto se fizesse na hora das Vésperas.

São Beda, o Venerável Extraído de Liturgia das Horas - Festa da Visitação Colaboração de vários casais CM 411


PARA NOS TRANSFOR1\11AR E CONVERTER Quando entramos para as Equipes de Nossa Senhora, ficamos sabendo que o Retiro Espiritual seria para nós equipistas um Ponto Concreto de Esforço. Só não tínhamos consciência de que o esforço seria sinônimo de transformação e conversão. Hoje, fazendo uma retrospectiva dos efeitos que o Retiro Anual proporcionou a nossas vidas, nós nos comparamos a uma cebola. Cebola? Cebola, sim, pois o cerne de nosso ser estava envolto em inúmeras cascas, que nos impediam de um contato mais íntimo com Deus. A cada retiro fomos retirando parte destas cascas. As primeiras a caírem foram as cascas do comodismo e da insegurança. O comodismo de não abrirmos mão do conforto de nossa casa e do descanso semanal, por apenas um fim de semana. A insegurança de deixar nossos filhos, ainda pequenos com seus avós. Felizmente, estas cascas, em nosso caso, foram fáceis de serem retiradas, parte porque cedo entendemos a importância de dedicarmos um tempo privilegiado a Deus e parte por contarmos com pais e irmãos atenciosos, que tomaram conta de nossos filhos, numa época em que o caçula ainda usava fraldas. Outra casca que tivemos que retirar foi a casca da agitação, que não nos deixava fazer silêncio para ouvir Deus nos falar, pois Ele nos fala como uma suave brisa, acariciando a superfície de águas tranqüilas. CM 411

A casca da superficialidade foinos revelada em um dos retiros, quando o pregador alertou-nos para o perigo que correm os cristãos que vivem uma fé superficial, com medo de mergulhar nas suas profundezas e lá descobrir o projeto que Deus tem para cada um de nós. Ao retirarmos a casca da superficialidade, descobrimos logo abaixo a casca do medo, que nos desencorajava • de assumirmos responsabilidades na construção do Reino. Num outro retiro, fomos convidados a retirar a casca da complexidade. Esta nos faz olhar a vida através de uma lente distorcida e não nos deixa ver que o essencial para sermos felizes é bem mais simples do que imaginamos. E assim, de retiro em retiro, fomos retirando uma ou mais cascas que nos revestiam e nos afastavam da busca da santidade. E quantas cascas ainda teremos que deixar cair... Mas temos certeza que, ano após ano, à medida que vamos crescendo espiritualmente, descortinam-se aos nossos olhos várias possibilidades de mudança e que, a cada retiro, vamos ficando mais leves, e, impulsionados pelo Espírito de Deus, vamos saindo da superficialidade na fé e assumindo gestos concretos para a transformação de nossas vidas.

Cristina e Duque E. SSA N. S. - Juiz de Fora, MG 37


A ESCUTA DA PAlAVRA Queridos casais equipistas: Entre os pontos concretos de esforço propostos pelo movimento das Equipes de Nossa Senhora, encontra-se a Escuta da Palavra. Este PCE insere-se na grande Tradição da Igreja de ouvir a Palavra de Deus. Em toda a história da humanidade, em especial na história da salvação, Deus Pai se revela, descobre o véu e se mostra (cf. lJo 1,1; 4,10), se nos dá a conhecer sobretudo pela sua Palavra (cf. Hb 1,1-2). Sendo Cristo a Palavra feita Carne ( Jo 1,14) pela ação do Espírito Santo, nós temos acesso ao Pai e nos tornamos, pelo batismo, participantes de sua vida divina (cf. 2Pd. 1,4; Ef. 2,18 ).

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A Escuta da Palavra deve ser entendida por nós não como um peso ou dever a ser desempenhado, não como conta a ser prestada no momento da partilha da reunião formal. A Escuta da Palavra insere-se no dizer de Jesus a Marta: "Maria escolheu a melhor parte, que não lhe será tirada" (Lc 10,38-42). Isto significa que escutar a Palavra é estar a cada dia aos pés de Jesus, ouvindo o que Ele nos tem a dizer, falando-nos como a amigos (cf. Jo 15,14-15). Assim, este ponto concreto, trilhando a Tradição da Igreja, que "sempre venerou as divinas Escrituras, da mesma forma como o próprio Corpo do Senhor, já que, princi-

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palmente na Sagrada Liturgia, sem cessar, toma da mesa tanto da Palavra de Deus quanto do Corpo de Cristo, o pão da vida e os distribui aos fiéis" (DV 21). "Se compreenderdes isso e o praticardes, felizes sereis" (Jo 13, 17). Escuta da Palavra é ouvir o próprio Cristo, pois "chamados à comunhão" ( 1Cor 1,9), devemos dar o nosso testemunho na primeira Igreja que é a fanu1ia. É São Paulo quem nos diz: "Toda a Escritura é inspirada por Deus, é útil para instruir, para refutar, para corrigir, para educar na justiça" (2Tm 3, 16). Realmente não seremos Equipes de Nossa Senhora sem o sustento da Palavra de Deus como fundamento do nosso agir, do nosso pensar. Prezados casais equipistas, numa sociedade como a nossa, consumista e capitalista, onde o espaço para o dom e a doação quase não existe, é necessário um exercício e mesmo uma ascese para com a Escuta da Palavra. É exatamente neste Ponto Concreto de Esforço que o casal vai ser educado na Palavra de Deus, compreendendo bem o que o Senhor nos fala. Portanto, não se trata de ler, simplesmente, a Palavra de Deus como um escrito qualquer, apressadamente, com tempo escasso, mas ler, escutando o que o Senhor nos quer falar. Aqui, precisamos imitar os animais ruminantes. A Palavra de Deus deve ser mastigada lentamente, engulida, digerida, voltar novamente à nossa boca, ser mastigada de novo e engulida mais uma vez, ou quantas vezes for preciso. Como bem nos diz aquele provérbio latino: CM 411

[

Não seremos Equipes

de Nossa Senhora sem o sustento da Palavra de Deus como fundamento do nosso pensar e agir. prima digestio fiat in ore (a primeira digestão se faz na boca). Aqui entra a ascese, palavra quase não mais usada por nós, mas que significa o mais genuíno exercício de escutar a Palavra de Deus e de colocá-la em prática. Sem dúvida, deveremos superar de muito o nosso egoísmo e o nosso pecado, para sacrificar o nosso tempo, ou perda de tempo, com coisas e situações que não nos deixam ouvir a Palavra do Senhor. Ajude-nos a presença do Espírito Santo na Escuta da Palavra, pois nos diz Santo Ambrósio, grande Doutor da Igreja e Bispo de Milão: "a que pela freqüente leitura das divinas Escrituras aprendam a eminente ciência de Jesus Cristo( ... ) Lembre-se, porém, de que a leitura da Sagrada Escritura deve ser acompanhada pela oração, a fim de que se estabeleça o colóquio entre Deus e o homem: pois a Ele falamos quando rezamos; a Ele ouvimos quando lemos os divinos oráculos" (cf. Catecismo da Igreja, 2653).

Padre Dimas SCE Região Minas III 39


UM DEVER DE SENTAR-SE Era uma bela manhã de domingo nesta en olarada Belém. Após a Santa Missa e o café da manhã juntos, preparamos o ambiente para fazermos o nosso Dever de Sentar-se. Na sala de nossa casa, a imagem de Nossa Senhora de Guadalupe e de Cristo Crucificado foram colocadas na mesa próxima ao local onde sentaríamos. Um fundo musical de suaves Ave Marias, tornava ainda mais agradável o ambiente. Fizemos a leitura/estudo da s• reunião do livro tema/2006 e, após, desenvolvemos o nosso diálogo conjugal com base nas questões propostas nesse capítulo (como vimos fazendo ao longo deste ano). Quantos ensinamentos e reflexões esse texto nos propiciou! Recordamos e demos reconhecimento ao amor que recebemos ao longo de nossas vidas, identificando os seus transmissores - nossos pais, parentes e outros- como que os escultores das pessoas em quem nos transformamos. Constatamos a importância da aceitação da alteridade e das diferenças, a riqueza da busca de Deus no outro, especialmente naquele que escolhemos para nosso cônjuge, e, conseqüentemente, a busca de Deus em conjunto, procurando viver a nossa vida conjugal na plenitude do sacramento do Matrimônio. Lembrando os ensinamentos da Carta Encíclica Deus Caritas Est, do Papa Bento XVI, tão oportuna para o mundo atual e muito 40

especial para todas as famílias, refletimos sobre o nosso amor conjugal de 32 anos, sob a perspectiva da philia, que nos permite ser cada vez mais próximos, mais amigos; de Eros, expressão dessa graça divina que é a nossa intimidade de casal; e, finalmente, a busca do amor na dimensão de agape, o amor doação. Também foram objeto de nossas reflexões o matrimônio, como uma vocação, e a relação conjugal, como um projeto a ser renovado diariamente, procurando a superação de todas as dificuldades e buscando a meta maior que é a identificação ao projeto divino. Juntos física e espiritualmente, naquele ambiente acolhedor, na presença de Deus, relembrando coisas tão nossas, o filme das nossas vidas CM 411


e, em especial, desfilando diante de nós o filme da vida que construímos juntos, fomos tecendo novos planos que nos ajudem a viver cada vez melhor o nosso amor. Para nós, esse Dever de Sentar-

se foi, como outros já o foram, na verdade, um prazer de sentar-se.

Rita e Fernando Eq. 13B - N. S. de Guadalupe Belém/PA

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TEMPO PARA DEUS NOS FALAR "O Retiro Anual não é só um tempo para falarmos de Deus, mas, principalmente, um tempo para Deus nos falar". Como não querer participar? Como não aproveitar esta oportunidade de estarmos, pessoalmente e em casal, refletindo sobre a nossa vida na presença de Deus? A cada Retiro uma vivência diferente. A cada ano um crescimento em nossa vida espiritual, pessoal e do casal. As Equipes de Nossa Senhora têm como carisma a Espiritualidade Conjugal, ou seja, levar-nos a alcançar a perfeição em Cristo Jesus, no e através do sacramento do Matrimônio, que é a nossa vocação. E foi com essa motivação que, desde o início de nossa caminhada no Movimento, dispusemo-nos, com o coração aberto, a participar de tudo que ele nos propusesse. Sentimos que cada Retiro foi único e que nenhuma experiência vi vida se repetirá. Em cada um deles, a presença de Jesus, o Bom Pastor, representado pelo Sacerdote, nos guiava através de cada palaCM 411

vra, oração em casal e celebração de que participávamos, mostrandonos o caminho a seguir. O pregador do Retiro será Frei Ivo Theiss, com quem aprendemos tanto. Agora nos reencontraremos neste maravilhoso momento de crescimento para nossa espiritualidade conjugal e, temos certeza, continuaremos aprendendo e crescendo com suas reflexões e pregações. Setembro, mês do Retiro Anual do Setor Lagos e mês do Encontro Internacional de Lourdes. Que o Espírito Santo de Deus nos ilumine e nos ajude a fazermos deste retiro uma preparação para nossa ida a Lourdes e que, sob a proteção de Maria, possamos mais uma vez aproveitar os ensinamentos que este Ponto Concreto de Esforço oferece para o crescimento da nossa espiritualidade conjugal, vivendo o lema deste ano: "Casal chamado a contemplar a face de Cristo".

Tereza e Reizinho CR Setor Lagos - Região Rio IV reinaldosazevedo@oi.com.br 41


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ACOLHlDO NA lTAllA Com minha esposa Ana Vera, integro há mais de 3 anos a Equipe 9B de Sorocaba/SP. Em dezembro passado, estive em minha cidade natal, Bari/Itália, para passar 40 dias com meu pai, irmãos e toda a minha família. Antes de viajar, através do site das ENS, consegui descobrir e entrar em contato com o casal Nico la e Chiara Colaianni, da Equipe BA 3 de Bari (depois soube que era também o Casal Responsável do Setor). Fui convidado a visitá-los, quando chegasse a Bari (não precisava de hospedagem, pois a minha família mora lá). Uma vez lá, me convidaram a participar de sua Reunião Mensal e pude viver assim uma experiência inesquecível. Ao final da reunião, fizeram questão de ligar para o Brasil para cumprimentar minha esposa. Foi comovente. A Equipe BA 3 de Bari, que me acolheu, é composta de cinco casais e o seu Sacerdote Conselheiro. Tive também a alegria de descobrir

que dois casais da Equipe 4 de Bari são íntimos amigos de meu irmão e minha cunhada. Depois desta reunião ainda fui convidado à festa de despedida do Ano Velho na casa do Nicola e da Chiara e, na hora de voltar ao Brasil, na casa de Michele e Sibilla, fizeram a festa da minha despedida, com direito a fotografias e a presentes que guardo com muito carinho. Como foi bom ter conhecido casais do Movimento em outro país e, mais ainda, em minha cidade natal. Pude confirmar a unidade do Movimento, sua mística, sua espiritualidade, sua disponibilidade em servir e, no meu caso, a peculiaridade de uma Equipe de minha cidade natal. Continuo mantendo regularmente contato com eles por e-mail.

Francesco Sassaroli da Ana Vera Eq.9, N. S. da Rosa Mística Setor B - Sorocaba/SP

Quereríamos, apenas, esta manhã, chamar a vossa atenção para a hospitalidade, que é uma forma eminente da missão apostólica do lar. [ ... ] No nosso tempo, tão duro para tantos, que graça ser acolhido "nesta pequena Igreja" (... ),entrar na sua ternura, descobrir a sua maternidade, experimentar a sua misericórdia, tão verdade é que um lar cristão é "o rosto sorridente e doce da Igreja"(. .. )! É um apostolado insubstituível que vos incumbe realizar generosamente. A formação dos noivos, o auxílio aos jovens casais, o amparo aos lares em aflição constituem campos privilegiados a um apostolado do casal. Ajudando-vos um ao outro, de quantas tarefas não sereis capazes na Igreja e na sociedade!

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(Paulo VI, Discurso às Equipes de Nossa Senhora, 12. Roma 1970. ln Missão do casal cristão, p. 94. Loyola, 1998)

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AS ElElÇÕES E OS EQU1P1STAS Aproximam-se as eleições. É necessário refletirmos sobre isto. Em partilhas e co-participações ao longo de cerca de 15 anos, em nossa Equipe, temos refletido sobre a necessidade de viver plenamente a nossa fé num mundo onde a corrupção, a mentira, a ganância e a violência andam soltas. Fazer parte de uma sociedade igualitária e justa parece ser uma coisa impossível hoje. Por isso, nós cristãos, temos que agir no sentido de sermos o fermento na massa, e buscarmos fatores de esperança num mundo que parece cada vez mais hostil à fé cristã. Sabemos que a Igreja estende sua ação evangelizadora aos vários campos em que os cristãos desenvolvem suas atividades. A presença da Igreja no campo da política é uma das maneiras de se exercitar a missão evangelizadora. Missão esta que deve ser desenvolvida também na política partidária, campo próprio de atuação dos leigos. Estes devem ter o objetivo de buscar a participação na construção de uma sociedade justa e solidária, a ser vivida segundo o exemplo de Jesus Cristo. Os leigos necessitam preocupar-se, cada vez mais, com a relação fé-política, o que só se concretiza na ação, nunca na omissão, conforme ensinou o Papa Paulo VI. E João Paulo ll, em diversas ocasiões, reforçou essa orientação, que ele explicitou na Carta Apostólica Christifidelis Laici (Cap 3,42 ), onde se lê: "Os fiéis leigos empenhados na política( ... ) devem dar CM 411

testemunho daqueles valores humanos e evangélicos que estão intimamente ligados à própria atividade política, como a liberdade e a justiça, a solidariedade [... ] Isso exige que os fiéis leigos sejam cada vez mais animados por uma real participação na vida da Igreja e iluminados pela sua doutrina social." [... ] "As acuações de arrivismo, idolatria de poder, egoísmo e corrupção que muitas vezes são dirigidas aos homens do governo, do parlamento, da classe dominante ou partido político[ ... ] não justificam minimamente nem o ceticismo nem o absenteísmo dos cristãos pela coisa pública". Temos que nos imbuir da necessidade de agirmos no sentido de pregar a verdade evangélica, respeitando e promovendo a liberdade política e a responsabilidade de cada um, pois a formação da verdadeira democracia consiste na valorização da pessoa humana e na ampla participação dos cidadãos nas decisões políticas. É este o protagonismo dos leigos, mormente dos equipistas, que devem lutar para fazer prevalecer os valores fundamentais do casamento e da fanu1ia no mundo de hoje. A política é um dos caminhos para isso. Assim, devemos ser os que almejamos a transformação da sociedade à luz do Evangelho e da Doutrina Social da Igreja, através da ação política. Lembremo-nos de que as eleições parlamentares de outubro próximo são ocasião privilegiada para tal fim. Deus é o Senhor. Ele guia a his43

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tória, mas conta com nossa ação. Fiquemos, pois, atentos quanto à escolha dos candidatos a quem vamos confiar o nosso voto.

Neusa e Cyro Eq. 5, N. S. Mãe de Deus, Setor C São José do Rio Preto/SP

EM DEFESA DA VlDA Laura Alejandra Figueroa é uma mãe de 39 anos de idade que comoveu a sociedade argentina com seu valente testemunho. Grávida de seu nono filho, decidiu adiar um tratamento contra o câncer que lhe foi diagnosticado para não arriscar a vida de seu bebê ainda por nascer. O semanário Cristo Hoje contou a história de Laura Alejandra, em uma entrevista. Esta nova Mãe-Coragem confessou que, com sua decisão, quer mostrar seu amor a "este filho que vem, da mesma maneira que mostrei aos outros que tenho. Quero que meu filho saiba que o amo e que vou amá-lo sempre, que vou dar minha vida se for necessário". Diagnosticaram-lhe câncer de mama e para combater a doença deveria se submeter a um tratamento de quimioterapia. Entretanto, o procedimento arriscaria seriamente a vida de seu bebê, por isso decidiu esperar até o nascimento. Pelas circunstâncias particulares do caso, os médicos farão uma cesárea depois do sexto mês de gestação. Esta valente mulher explicou que com sua decisão pôs em primeiro lugar a vida de seu filho. "E lógico que não pretendo descuidar de minha saúde, já que tenho a responsabilidade de proteger minha própria vida e de meu 44

bebê, mas, não obstante isto, evito tudo o que, para proteger minha aúde, possa afetar a do meu filho", indicou. Segundo ela, a fé tem um papel capital em sua decisão. "A fé me ajuda, porque sei que há um Deus bom e misericordioso. A partir do diagnóstico, aprendi que Ele me ama e me ajuda, apesar de tudo. Além disso, tenho a segurança de que Ele vai tomar a melhor decisão e, para mim, seja qual for, será a melhor. Deixo tudo em suas mãos". Além disso, quer que seu testemunho ajude a quem defender a vida desde a concepção: "Hoje, mais do que nunca, há pessoas que estão contra a vida, que querem legalizar o aborto, o que considero um crime abominável, por isso peço que este testemunho sirva para que os que o lerem se animem a defender a vida por nascer. Eu gostaria que todas as mulheres que estão esperando um filho levassem em conta que nenhuma situação, por mais dura que seja, justifica tirar a vida do bebê que carregam em seu seio. Nem sequer em caso de violação ou risco da própria vida", sustentou.

Colaboração de Joice e Jerson Eq. N. S. dr Guadalupe Setor F - Porto Alegre/RS CM 411


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CONVERSAO UMA TAREFA DlÁRlA Como equipistas, mesmo sendo cristãos desde o nascimento, nós necessitamos de uma conversão contínua, para abrir espaço ao Senhor em nossa vida. Não pensemos que a conversão é só para os pecadores ou para os pagãos que não conhecem a Cristo e aceitam pela primeira vez o dom da fé. Não pensemos também nos grandes convertidos que fizeram história na Igreja. Falamos aqui da conversão pessoal e de casal equipista, uma tarefa contínua e silenciosa de toda a nossa existência, esforço de cada dia, tendo sempre a pessoa de Jesus Cristo como modelo, e toda uma pedagogia oferecida pelo Movimento como meio adequado para crescermos espiritualmente e atingirmos a santidade. Podemos estar perguntando: converter-nos do quê? Do pecado, é claro! Nunca estaremos suficientemente convertidos do pecado que se aninha em nosso

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coração e tem múltiplas manifesta- '"' ções: egoísmo, soberba, agressividade, violência, luxúria, mentira, desamor, classismo, duplicidade, apatia, desesperança... Converter-nos para sermos altruístas, generosos, humildes, pacíficos, castos, serviçais, acolhedores, sinceros e testemunhas da esperança. Podemos ainda cometer o pecado de omissão ... Quanto bem deixamos de fazer e quanto testemunho evangélico deixamos de dar! Ser cristão de fato, estar convertido para o Reino de Deus é um desafio exigente, é algo sempre inacabado, é uma formação da qual não se recebe diploma de final de curso. Nunca somos bons suficientemente. A perfeição é proposta para nós como vocação: "Sede perfeitos, como o Pai celeste é perfeito" (Mt 5,48). É um ideal muito alto, mas não impossível, porque para Deus tudo é possível!

Terezinha e Nero CR Região São Paulo-Oeste I

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PRECEDO TEMPO PRESENTE Meu Deus, agora que não estou mais no tempo de alimentar ilusões, aguça meus sentidos para que eu perceba a beleza da realidade. Agora que as opções foram feitas e tantas portas se fecharam em definitivo, dá-me aceitação para que as renúncias não sejam um fardo pesado. Agora que a soma dos erros derrubou as jovens ilusões de onipotência, não me tire a pretensão de continuar a acertar. Agora que desenganos e incompreensões repetiram lições de ceticismo, conserva minha fé e minha disponibilidade diante das criaturas. Agora que as forças do meu corpo começam a falhar, alerta meu espírito, livra-me do comodismo, redobra minha vontade. Agora que já aprendi a precariedade das coisas, as limitações de todas as lutas, as proporções da nossa pequenez, afasta-me do desânimo. Agora que já alcancei o ponto de perspectiva que me dá a exata visão do pouco que sei, livra-me da defesa fácil de colocar viseiras e ajuda-me a envelhecer com a abertura dos corajosos, dos que suportam revisões até a hora da morte. Agora que aumenta o círculo das criaturas que me olham e esperam alguma coisa de mim, dá-me um pouco de sabedoria, ensina-me a palavra certa, inspira-me o gesto exato, norteia minha atitude. Agora que perdi a abençoada cegueira da juventude e só posso amar de olhos abertos, redobra minha compreensão, ajuda-me a superar mágoas, protege-me da amargura. Meu Deus, concede-me a graça de não cair na desilusão, de não chorar o passado, de continuar disponível, de não perder o ânimo, de envelhecer jovem, de viver cada dia com reservas de amor. Amém.

Autor desconhecido. Colaboração de João Roberto e Marlene Eq. 1 - N. S. das Famaias Guaratinguetá/SP 46

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- PARA SUGESTAO ORAÇÃO PESSOAl (também para a oração em casal) • Sinal da Cruz inicial • Quietude - exercício de relaxamento para harmonização física e psicológica; contemplação. • Invocação ao Divino Espúito Santo 1. Adoração e Louvor - reconhecer-se como criatura diante do Criador e prostrar-se diante do Rei da Glória. Exaltar a grandeza do Senhor que nos criou e o poder do Salvador Jesus que nos libertou de todo o mal. Reconhecer as maravilhas de Deus presentes em toda a criação e de um modo muito especial no coração de todo ser humano. Pode ser um hino ou cântico de louvor, escrito ou espontâneo. A oração de louvor nos faz experimentar uma vida saudável, física, mental e espiritual. O louvor aumenta nossa capacidade de viver e crescer no amor e na santidade. 2. Perdão e Arrependimento examinar-se e reconhecer-se pecador. Numa atitude de contrição, pedir perdão e comprometer-se em buscar a reconciliação com as pessoas que fizeram ou ainda fazem parte de nossa história. Rezar, pedindo a cura de ressentimentos, mágoas, rancores e todo tipo de feridas interiores que nos impedem de experimentar a plenitude do amor de Deus. Com sincero arrependimento, rezar o ato de contrição e CM 411

fazer um propósito de viver uma vida de maior santidade.

3. Palavra de Deus e Meditação - refletir algum texto da Sagrada Escritura. Pode ser o trecho indicado pela liturgia do dia ou algum outro de sua preferência. As Escrituras nos inspiram e nos infundem fé, esperança e amor. Meditar enquanto a leitura vai se desenvolvendo e, após tê-la feito, aplicar seu conteúdo a si mesmo, confrontando-o com suas atitudes. A Palavra de Deus nos leva a contemplar o 47


projeto que o Pai tem para cada um de seus filhos e nos reveste de ardente desejo de vivermos segundo os valores evangélicos. A meditação das Escrituras aprofunda nossas convicções de fé, suscita a conversão do coração e fortalece nossa vontade de seguir a Cristo. Pela meditação, somos levados a um conhecimento amoroso do Senhor e a uma íntima união com Ele.

4. Súplicas e Intercessões pedir a Deus para si maior grau de santidade, firmeza na fé, perseverança na caridade, prudência nas palavras e unção nas atitudes. Pedir também graças para a farm1ia, para a comunidade, para a Igreja, para os enfermos, para as vocações ... Orar pelas pessoas que convivem mais perto de nós, para que sejam tocadas pelo poder do Espírito Santo e experimentem mais alegria, mais força, mais paz. Orar para que haja justiça, fraternidade e solidariedade entre os povos ... S. Momento de Maria e Magnificat - Maria é o modelo perfeito para o orante. Quando nos dirigimos a ela, na verdade aderimos com ela ao desígnio do Pai de salvar toda a humanidade. Portanto, com um ato de consagração, ou a Ave-Maria, ou a Salve-Rainha, ou com a Ladainha, ou com uma outra oração a Maria, escrita ou espontânea, unamo-nos à Mãe de Jesus e entreguemo-nos ao Pai, para que ele nos torne parecidos com seu Filho Jesus. Poderemos concluir esse momento com o Magnificat, o cântico da Mãe de Deus 48

e da Igreja, cântico da Filha de Sião e do novo povo de Deus, cântico de ação de graças dos pobres de todo gênero, cuja esperança se vê realizada em Jesus de Nazaré.

6. Ação de Graças e Entrega adorar o Senhor através da gratidão. Agradecer por graças recebidas, ou que simplesmente foram pedidas; agradecer pela vida, pelo dom da fé, da oração, da vocação, da farm1ia etc. E entregar a Jesus todo nosso ser, tudo o que somos e o que temos, nossos sentimentos, afetos, vontade, sexualidade, inteligência, capacidades, forças e inclusive nossos limites e pecados; entregar-se e pedir a Jesus que nos transforme num perfeito dom e que ele mesmo nos ofereça ao Pai. 7. Silêncio e Escuta - de olhos fechados fixar o pensamento em Jesus e permanecer numa atitude de escuta silenciosa. Neste silêncio, unimo-nos mais intimamente a Jesus, que nos faz participar de seu mistério celebrado pela Igreja na Eucaristia. No silêncio, o Espírito Santo vai fecundando em nosso interior o amor do Pai que nos foi semeado pelo Filho enquanto nos entregávamos à oração. Aproveitar desse momento para escutar propostas e desafios que Deus nos propõe para continuarmos construindo seu Reino. Oração do Senhor: Pai Nosso

Pe. Celso Antônio Marchiori SCE Eq. N. S. do Perpétuo Socorro - Campo Largo/PR CM 411


Meditando em Equipe Setembro é o mês da Bíblia . A Palavra de Deus guia a vida do cristão . A leitura assídua e a meditação constante da palavra de Deus fazem com que a fé seja alimentada e purificada, motivando para o seguimento de Jesus Cristo. Escuta da Palavra em At 6, 26-35

Sugestões para a meditação: 1. Qual é o lugar da Palavra de Deus em nossa família? 2. A Palavra de Deus guia a vida dos pais e dos filhos? 3 . Como o casal pode tornar seu lar um lugar de escuta e prática da palavra de Deus?

•••••• • •••••••••••••••••••••••••• P.e .• ~erald9 ..

Oração Utúrqica (SI 67)

Deus tenha piedade de nós e nos .abençoe, fazendo sua face brilhar sobre nós, para que se conheça o teu caminho sobre a terra, em todas as nações a tua salvação. Que os povos te celebrem, ó Deus, que os povos todos te celebrem. Que as nações se alegrem e exultem, porque julgas o mundo com justiça, julgas os povos com retidão, e sobre a terra governas as nações. Que os povos te celebrem, ó Deus, que os povos todos te celebrem. A terra produziu o seu fruto: Deus, o nosso Deus, nos abençoa. Que Deus nos abençoe, e todos os confins da terra o temerão!



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