ENS - Carta Mensal 413 - Novembro/2006

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EQUlPES DE NOSSA SENHORA Carta Mensal • n°413

EDITORIAL Da Carta

Novembro

2006

NOTÍCIAS E INFORMAÇÕES ....... 20

ensa l .... .... .......... .... .. .... 01

MARIA

SUPER-REGIÃO

O senhor fez em mim maravilhas! .... 23

Por que temer? .................. ............ 02 Matrimónio e ENS: caminho de santidade .... ............... 03 Quem dizem os homens que Eu sou? ................ .. ... 07

TESTEMUNHOS

VIDA NO MOVIMENTO Encontro tlo Colegiada Nacional .. .. 09 Retiros a ua is ............................ .... 18

As equipes nos unem ...... .......... .... Um dia de estudos ...... .... .... ........ .. Eu sou aquele que não era para existir ........................ Amor verdadeiro ao movimento .... Obrigado pelo seu sim ..................

25 25 26 27 28

REFLEXÃO PARTILHA E PONTOS CONCRETOS DE ESFORÇO Meditando com Jesus .. ...... .......... . 19

Registro "Lei de Imprensa " n• 2/9.336 livro 8 de 09.10.2002

Avani e Carlos Clélia e Domingos Luciane e Marcelo Sola e Sergio Pe. Geraldo Luiz 8 . Hackmann

Edição: Equipe da Carta Mensal

Jornalista Responsável: Catherine E. NIUÚls (mtb 19835!

Carta Mensal é wna publicação mensal dlls Equipes de Nossa Senhora

Graciete e Gambim Projeto Gráfico: (_,_es.;..p_on_s_á_ve_is..;.)_ _ _ _ Alessandra Cari nani

E os dois serão uma só carne ........ 2 9 Viver é fundamental ........ .... ...... .... 30 E vós quem dizeis que Eu sou? .... . 31

Editoração Eletrônica e Produção Gráfica: Nova Bandeira Prod. Ed. R. Turiassu, 390- II " andar, cj. 115 - Perdi~es - São Paulo Fone: (Oxx ll ) 3677.3388 Foto da capa: José Carlos Sales Impressão: Cly Tiragem desta edição: 19.000 exem lares

Cartas, colaborações, notícias, testemunhos e imagens devem ser enviadas para: Carta Mensal R. Luis Coelho, 308 5° andar . conj. 53 01309-902 • São Paulo- SP Fone: (Oxx ll ) 3256.1212 Fax: (Oxxll) 3257.3599 cartamensal@ens. org.br

A/C Graciete e Gambim


Queridos Irmãos Equipistas: O fim do ano já se avizinha. Com certeza chegamos mais perto de Cristo, para contemplar a sua face e vê-lo no irmão, em especial no cônj uge. Aconteceu o Encontro Internacional das Equipes, foi um ano de muitas graças vindas do Senhor... Frei Avelino reflete conosco sobre o balanço da nossa vida e da vida de equipe neste ano e nos convida a fazê-lo sem medo, com esperança, pois aqueles comportamentos que tivemos menos bons mostram-nos quanto precisamos de Deus para crescermos em santidade. Certamente precisamos tomar nossa cruz e seguir Jesus, reconhecendo nele o Cristo de Deus, como nos dizem Nilza e Nivaldo. Graça e Roberto já nos lançam à caminhada de 2007. Descobrimos o Cristo, mas permanecemos no mundo. É no tempo presente que o Espírito nos santifica e o objetivo essencial das Equipes é a nossa santificação. Somos convidados a reanimar nossa caminhada de casais equipistas, para que a espiritualidade conjugal, dom de Deus, seja de fato meio para a nossa santificação em casal. Daí o tema para 2007, "Espiritualidade conjugal: compromisso nas equipes", cujo lema, "Matrimónio e ENS: caminho de santidade", conscientizanos de que o melhor caminho de santificação para nós casais é viver inteiramente a vida de homem e mulher unidos pelo sacramento do Matrimónio.

Encontramos também uma resenha do Encontro do Colegiada Nacional realizado em agosto passado, com os principais assuntos tratados, trazendo principalmente aqueles pontos que deverão ser trabalhados em 2007. Durante o Encontro foram empossados onze novos casais regionais e um casal provincial. Podemos ler ainda lições, testemunhos, reflexões. Há pouco tempo, Dona Nancy foi chamada à Casa do Pai. Todos sentiram sua falta. Todos se edificam com o testemunho de sua vida. Muitos celebraram pelo seu sufrágio. Muitos renderam ação de graças por sua vida. A Super-Região, desejando guardar a memória de quem trouxe o Movimento para o Brasil, publica nesta edição um caderno especial sobre Dona Nancy, alguns depoimentos sobre sua vida, sua pessoa: Alguém que sempre buscou Deus, noiva que se deu a conhecer, uma esposa dedicada, uma mãe amorosa, uma cidadã, uma cristã atuante na sua comunidade, alguém que descobriu, através das Equipes, o tesouro do sacramento do Matrimónio e que, determinadamente, não cansou de levar a boa nova da espiritualidade conjugal a outros casais, até o fim da sua caminhada. Boa leitura. Com carinho!

Graciete e Avelino Gambim CR Equipe da Carta Mensal


POR QUE TEMER? Caríssimos Casais e Conselheiros! "Já é hora de despertar/.. ./A noite já vai adiantada, o dia vem chegando: despojemos-nos das ações das trevas e vistamos as armas da luz" (Rm 13,11-12). Às vésperas do "dever" do balanço, estas palavras parecem oportunas. Um tremor invade o coração quando pensamos em lançar um olhar para dentro de nós mesmos. Por que ter medo de olharse por dentro, como indivíduo, como casal e como equipe? Balanço é voltar pelo caminho feito e rever os passos dados: como equipe, como casal e como indivíduo. Temos uma meta: a santidade do casal, um rumo, apontado pelas setas dos PCE e da Vida de Equipe, um convencimento: creio em minha opção. Isto basta para motivar-nos a fazer uma corajosa revisão de vida. O Padre Caffarel deixou claro desde o começo: As ENS existem para aqueles que querem buscar a santidade. Não há balanço sem consciência clara desta meta, sem a convicção do compromisso assumido e sem um reconhecimento do valor e da eficácia destes instrumentos e desta pedagogia. A fidelidade é um sinal luminoso de amor ao ideal do Movimento, um sinal de que a chama de amor às ENS está aceso. Mas as infidelidades são um alerta do amor ameaçado. O balanço leva-nos a redescobrir os valores fundamentais da vida nos três níveis (pessoa, casal e equipe). 2

Sem medo, coloque lado a lado a vida e as exigências das ENS, assumidas livremente. Não tenhamos medo de fixar nosso olhar nos pontos fracos; não tenhamos vergonha de confessar: mea culpa. Para quem quer vencer, as falhas não significam fracasso, mas são, antes, oportunidades de arranques para vitórias futuras. "É quando sou fraco que sou forte". As falhas apequenam os orgulhosos, mas engrandecem os humildes. "Lavai as mãos, pecadores, purificai os vossos corações/ ... /Humilhai-vos diante do Senhor e Ele vos exaltará" (Tg 4,8-10). Não fujamos deste chamado que é para nós o balanço. Ser cristão é uma grande dignidade e ser equipista, uma grande honra! Dignidade e honra são pérolas preciosas que requerem proteção. O balanço dirá como as estamos protegendo. A vida tende a simplificar tudo, exigindo sempre menos. Estamos convencidos, porém, de que uma vida que exige pouco não enriquece ninguém. A alegria nasce da descaberta do tesouro escondido e do encontro de um valor perdido. Descobrir o tesouro escondido (ser cristão equipista) e achar o valor perdido (pela omissão) são a missão do balanço. Façamos da vida uma busca contínua e corajosa. Não tenhamos medo! Deus está conosco!

Pe. Frei Avelino Pertile , SCE/SR CM 413


1'MTR1MÔN10 E ENS: CAMlNHO DE SANTIDADE Amados irmãos equipistas: Estamos retornando de duas experiências magníficas que irão influenciar as nossas vidas. Mal acabou o Encontro do Colegiado Nacional e já estávamos experimentando os primórdios do X Encontro Internacional de Lourdes. Ainda que Lourdes vá influenciar os próximos seis anos da vida do Movimento, é do primeiro Encontro que desejamos tratar neste momento. Está bem presente em nós a alegria, o entusiasmo, a fraternidade que o Colegiado Nacional nos proporcionou. Lá apresentamos as Orientações para 2007 que irão desdobrarse sucessivamente nos Encontros Provinciais e depois pelos EACRE, dando o rumo da nossa caminhada no próximo ano. As Orientações a seguir nos ajudarão a dar os primeiros passos na

caminhada do novo ano equipista. Enfatizaremos o tema de estudo, o lema adotado e o objetivo que perseguiremos em 2007. A grande novidade é a prioridade de reflexão lançada recentemente em Lourdes.

De Santiago de Compostela a lourdes As Orientações propostas anualmente não são criadas aleatoriamente. Elas refletem o discernirnento feito pelos quadros dirigentes do Movimento, a partir das necessidades dos seus membros e das exigências que o mundo apresenta. Por isso, à guisa de retrospectiva, propomos a seguir uma contextualização sumária da caminhada feita nos últimos anos. Desde o Encontro de Santiago de Compostela, a nossa animação teve como eixo central a prioridade de reflexão proposta pela Equipe Responsável Internacional (ERI)

"Ser casal Cristão hoje na Igreja e no mundo". Durante os últimos seis anos, enfatizamos a experiência dos casais e o seu compromisso na Igreja e no CM 413

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mundo, segundo duas perspectivas. Uma delas destacava o compromisso eclesial vivido como serviço de engajamento na Igreja e de presença no mundo. A outra insistiu no compromisso eclesial como serviço que desenvolve e aprofunda a vivência da espiritualidade conjugal. Por essa via percorremos, sucessivamente, os temas: Ser pessoa, Ser casal, Ser casal cristão, Missão do casal cristão e, Homem e mulher Ele os criou. Em 2006, o tema foi "À descoberta do Cristo - Quem dizem os homens que Eu sou?" Através dele, revigoramos a fé no Deus que é Amor, que vêm a nós, que nos conquista, que nos faz experimentar uma amizade que se torna comunhão e se faz Corpo. Aprendemos a encontrá-LO ao acolhermos os nossos irmãos, reconhecendo nos seus semblantes o rosto de Cristo.

O rosto do homem é o rosto de Deus (livro do tema, cap 7, pág 67). Tornou-se muito claro para nós, casais, que contemplar o rosto de Jesus jamais será algo abstrato ou teórico. Temos bem perto de nós um rosto concreto que identifica a pessoa que amamos e que nos ama. É a pessoa cuja existência nos foi confiada e a quem devemos ajudar a percorrer o caminho que leva à perfeição cristã. Por isso, contemplar o rosto de Cristo implicou discernir também o que estávamos fazendo com quem nos foi confiado. Desvendamos melhor o caminho que Deus nos concede para que, em nossa natureza humana, al4

cancemos a beleza e a alegria do amor presente na relação trinitária. "Quem me vê, vê o pai que me enviou". (Jo 14,9) Este tema não só nos engajou mais intimamente ao esforço que a Igreja do Brasil faz através do Projeto de Evangelização 2004 I 2007, como foi também o foco central da preparação para o Encontro Internacional de Lourdes, de onde vêm as orientações (prioridade de reflexão) que balizarão o nosso esforço até 2012. Agora começa um novo ciclo. Durante os próximos seis anos, o contexto da animação da caminhada do Movimento será dado pela prioridade: Equipes de Nossa Senhora, Comunidade De Casais, Reflexo do Amor de Cristo. Essa prioridade de reflexão apóia-se no valor da comunhão eclesial, na valorização do serviço e no acolhimento que podemos dar aos casais do nosso tempo, como um sinal para o mundo de uma força de atração que aprofunda a fé em Cristo. "Como Eu vos tenho amado,

assim também vós deveis amarvos uns aos outros." (Jo 13,34). Eis aí uma síntese da experiência que irá nos envolver, gradativamente, a partir do momento em que as orientações do Encontro Internacional de Lourdes começarem a penetrar na vida do Movimento.

O tema de

2007

O tema será Espiritualidade conjugal: compromisso nas CM413


equipes. Ele nos permitirá vivenciar a nova prioridade de reflexão, olhando para os frutos que a inspiração divina gerou nos 67 anos de história das ENS. Hoje, quando lemos o Guia das ENS e o vemos afirmar enfaticamente que somos um movimento de espiritualidade conjugal, dom de Deus a todos os seus membros (pág. 14), nem sempre lembramos que, atrás dessa afirmação, há uma história fecunda de amor, de gratidão e de vitalidade apostólica que a sustenta. A espiritualidade conjugal é dom de Deus e destina-se a gerar frutos de santidade. Sua fecundidade, naquilo que depende de nós, decorre da abertura que temos nas nossas relações com Deus, com os irmãos e com as realidades que nos cercam. Teremos oportunidade de aprofundar a nossa conscientização quanto aos frutos que a espiritualidade conjugal tem gerado em nossas vidas. Será certamente um bom momento para nos questionarmos sobre a influência efetiva da pedagogia do Movimento na nossa forma de viver. Também será uma bela oportunidade para verificarmos se o nosso compromisso nas Equipes tem nos ajudado a viver a fé enraizada na comunidade conjugal e a alarga para outras comunidades (a fanu1ia, a paróquia, o trabalho, .. .). Poderemos, também, renovar a abertura ao nosso cônjuge, às suas necessidades, às suas dificuldades e aos seus anseios de felicidade. Por fim, destacamos que este tema nos ajudará a redescobrir o CM 413

ideal que deu sentido e animou a caminhada do Movimento até aqui. Ideal que a ação do Espírito fez brotar no coração dos nossos iniciadores e fez chegar a nós, de geração em geração, pelos testemunho de vida dos casais que nos antecederam. Sua origem está numa singela troca de correspondências mantida por Nancy e Pedro Moncau com o Pe. Caffarel, nos momentos que antecederam a criação das ENS no Brasil. Na sua primeira resposta a Pedro Moncau, o Pe. Cafffarel afirma esse ideal: "o objetivo essencial das ENS é ajudar os casais

a tender para a santidade. Nem mais, nem menos".

lema de

2007

O lema Matrimônio e ENS: caminho de santidade, escolhido pela Equipe da Super-Região para 2007, quer destacar esse ideal perseguido pelo Movimento. Une os dois pólos que atrairão a nossa atenção durante a reflexão que faremos (matrimônio e método das Equipes) ao fim buscado pelo Movimento desde a sua origem. Para que compreendamos bem o foco da animação proposta neste lema, lembramos de uma palestra sobre os PCE proferida por Da Nancy Moncau, há alguns anos. Ela nos propunha o ideal de santidade como um tesouro que Deus coloca em nossas mãos, para nos aperfeiçoar, para vivermos o amor que Ele nos dá e pede que vivamos, e para que possamos colaborar na constru5


ção do Seu Reino. (Destacamos a seguir, em itálico, algumas idéias dessa colocação). A palavra santidade ainda pode parecer-nos algo pretensioso. Antes do Concílio Vaticano II, quando se falava em santidade, imaginava-se um santo no altar ou algo fora da realidade do mundo. A partir do Concílio, essa idéia foi se tornando gradativamente mais clara. Há no livro do Levítico uma manifestação de Deus dirigida a Moisés para que transmitisse ao Povo de Israel, a seguinte mensagem: "Dirás a toda a assembléia de Israel o seguinte: sede santos porque eu, o Senhor, vosso Deus, sou santo. " (Lv 19, 2) "E quem era esse povo? Era um povo que viveu muito tempo no deserto. Era um povo de dura cerviz, de cabeça dura, teimoso, que ainda não estava preparado para ser aquele povo eleito de Deus. Estava sendo formado por Ele para ser sua testemunha diante dos outros povos politeístas e afirmar que existe um único Deus que eles reverenciavam e em quem eles acreditavam. Esse povo tinha ainda uma longa caminhada a fazer para ser realmente o povo de Deus". Cristo repetirá a mesma idéia, dois mil anos depois: "Sede perfeitos, assim como o vosso Pai celeste é perfeito." (Mt 5, 48) A mesma interpelação continua sendo feita hoje a nós. O convite é ainda o mesmo e o apelo também. O próprio Deus aftrma que Ele é o modelo: Sede perfeitos como o vosso Pai do céu é perfeito". 6

Este é o caminho do povo cristão rumo à santidade. Este é também o nosso peregrinar. Estamos nas Equipes porque compreendemos o caminho e atendemos o chamado. Para nós, atender o chamado é viver a espiritualidade encarnada nos deveres do cotidiano; é colocar a vida de casal e de cristãos nas mãos de Deus para que Ele nos ajude; para que Ele nos dê as forças que necessitamos para sermos fiéis; para podermos curar as nossas feridas e nos reconciliarmos mutuamente. Estamos aqui porque temos consciência de que a vida conjugal exige uma procura firme e continuada da união que Cristo torna possível para o casal. Por fim, desejamos destacar que o esforço que faremos em 2007 deve ajudar-nos a "Aprofundar a vida de equipe como comunidade de fé, esperança e amor na fidelidade ao carisma das ENS". Temos a firme convicção de que abertura de coração e de espírito a essa proposta fará com que as "Equipes de Nossa Senhora sejam, cada vez mais, comunidades vivas de casais, reflexos do amor de Cristo". Invocamos a Nossa Senhora de Lourdes para que interceda por nós, ajude-nos a perseverar na oração e na fidelidade, para que nos mantenhamos intimamente unidos ao pensamento de Cristo. Que Deus abençoe o esforço de reflexão empreendido por todos os equipistas do Brasil!

Graça e Roberto - CRSR CM 413


Palavra do Provincial

QUEM DlZEM OS HOMENS QUE EU SOU? - TU ÉS O CRlSTO, O AlHO DE DEUS. Jesus partiu com seus discípulos para os povoados de Cesaréia de Filipe. No caminho, perguntou a eles: "Quem dizem os homens que eu sou?" (Me 8,27).

Como aconteceu há dois mil anos, num lugar afastado do mundo conhecido de então, também hoje, diante de Jesus as opiniões humanas são diversas. Alguns lhe atribuem a qualificação de profeta. Outros o consideram uma personalidade extraordinária, um ídolo que atrai as pessoas. Outros ainda acreditam que Ele é capaz de iniciar uma nova era. E vocês, quem dizem que eu sou? (Me 8,29) A pergunta de Jesus força os discípulos a fazerem uma revisão de tudo o que ele realizou no meio do povo. Esse povo não entendeu quem é Jesus. Os discípulos, porém, que o acompanham e vêem tudo o que Jesus tem feito, reconhecem agora, através de Pedro, que Jesus é o Messias. A ação messiânica de Jesus consiste em criar uma humanidade plenamente humana, segundo o projeto inicial do Criador, onde tudo é de todos e repartido entre todos. Esse messianismo destrói a estruCM 413

tura de uma sociedade injusta, onde há ricos à custa de pobres e poderosos à custa de fracos. Na verdade, a resposta de Pedro deve ser a resposta de cada um de nós: é preciso que cada um dê a sua resposta pessoal a esta pergunta, buscando identificar qual é o lugar de Jesus em nossas vidas, porque o estar nas Equipes não nos isenta do risco de nós colocarmos Deus em nossa vida ao lado de tantas outras prioridades ou, pior, depois de tantas outras prioridades. A pergunta é tal que não consente uma resposta indefinida. Exige uma escolha de campo e envolve todos. Também hoje, Cristo pergunta: vocês católicos, vocês cris7


tãos, vocês equipistas, vocês cidadãos, homens e mulheres, quem dizeis que Eu sou? A indagação brota do próprio coração de Jesus. Aquele que abre o próprio coração quer que a pessoa que está à sua frente não responda apenas com a mente. A pergunta proveniente do coração de Jesus deve tocar os nossos corações! - Quem sou Eu para vocês? O que represento Eu para vocês? Conheceis-Me verdadeiramente? Sois as minhas testemunhas? Amais-Me? Então Pedro, respondeu: Nós cremos que Tu és "o Messias de Deus" (lbid.). O evangelho de Mateus refere a profissão de Pedro de maneira mais detalhada: "Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo!" (Mt 16, 16). "O Papa, como sucessor, por vontade divina, do Apóstolo Pedro, professa em vosso nome e juntamente convosco: Tu és o Messias

de Deus, Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo" (João Paulo II). A profissão desta fé em Cristo chama ao seguimento de Cristo. Por uma inspiração divina, fomos colocados em pequenas equipes para que o grande aprendizado, através da oração e do auxílio mútuo que ali se pratica, fizesse com que a nossa fé em Jesus Cristo pudesse ser vivida de forma cada vez mais coerente, pois a justa profissão de fé deve ser acompanhada de uma justa conduta de vida. Pedro havia acabado de pronunciar a extraordinária profissão de fé "Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo!" (Mt 16,16) e, imediatamente, ele e os outros discípulos ouvem de 8

Jesus aquilo que o Mestre espera deles : "Se alguém quer vir após Mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, dia após dia, e siga-Me" (Lc 9,23). Foi por meio de sua prática que Jesus revelou-se como o Messias, aquele que veio trazer uma era de justiça e de paz. Por isso não basta reconhecer que Jesus é o Cristo de Deus ou Messias, é preciso vivê-lo e vivenciá-lo no dia-a-dia. Assim como foi no início, assim continua a ser agora: Jesus não procura pessoas que só O aclamem. Ele procura pessoas que O sigam. As pessoas de hoje, como no tempo de Jesus, têm idéias equivocadas sobre Ele, sobre religião, sobre a Igreja, sobre os sacramentos, sobre os mandamentos, sobre as práticas religiosas ... Nos grandes "supermercados da fé" que hoje vendem felicidade, os olhos se enchem de admiração, desejos e cobiças diante da variedade de propostas, cada uma mais "linda e deliciosa" do que a outra ... Pode-se encher o carrinho ou a sacola com os mais variados "produtos" para matar a fome e a sede momentâneas, mas a ânsia de infinito, o desejo de comunhão, a experiência de amor não são satisfeitos e a pergunta fica sem resposta. A experiência do Deus de Jesus Cristo deve ser feita na relação de pessoas vivas, nós e Ele, na certeza de espírito e na prática da vida da nossa resposta de fé: "Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo".

Nilza e Nivaldo CR Província Centro-Oeste CM 413


ENCONTRO DO COlEGlADO NACIONAl Nos dias 18, 19 e 20 de agosto, no Centro de Pastoral Santa Fé, em Perus/SP, realizou-se o Encontro do Colegiada Nacional de 2006. Na alegria de irmãos que se reencontram ou que se vêem pela primeira vez, os primeiros a entrar na Casa foram acolhendo casais e Sacerdotes Conselheiros Espirituais que iam che~ando depois. As 19h40rnin, a abertura oficial. Rosa e Paulo, Casal Comunicação Externa da SR, conduziram a animação do evento, propondo que o Encontro fosse realizado numa concatenação de esforços para manter a sua unidade, na soma de exposições e palestras que se sucederiam. Graça e Roberto, Casal Responsável pela Super-Região Brasil, dão as boas vindas a todos, em especial CM413

àqueles que pela primeira vez participavam de um Colegiada Nacional e aos que iriam assumir responsabilidade como Casal Provincial ou Casal Regional. Fazem conclamação para que os três dias sejam de congraçamento fraterno, de estudo, manifestação da unidade do Movimento e, especialmente, de celebração. Em seguida, chamaram todos os membros da Equipe da Super-Região, co-responsáveis pela preparação e atividades do Encontro, os quais se apresentaram com simplicidade fraterna. Posse àos novos CR Em seguida às apresentações, durante Celebração Eucarística, na capela, foi realizada a cerimônia de posse do novo Casal Responsável pela Província Sul ll, Glacy e Silvino, 9


e dos onze novos Casais Regionais, quase todos acompanhados de seus respectivos Sacerdotes Conselheiros Espirituais. A comunidade inteira invocou o Espírito Santo sobre os que assumiam as responsabilidades. Respondendo a perguntas do SCE e CR da Super-Região, os empossandos se comprometeram a, com a graça de Deus, animar e zelar pela unidade das Equipes de Nossa Senhora nas suas respectivas província e regiões e, na fidelidade ao carisma fundador, aprofundarem-se na mística do Movimento, a promoverem a unidade e a participação na Igreja dos membros das Equipes e a se colocarem disponíveis, no exercício da responsabilidade, com humildade e espírito de quem está a ser-

viço, comprometendo-se também a trabalhar em colegialidade, fundando sua autoridade no amar e no servir. O SCE da Super-Região invocou o Todo Poderoso para que ungisse a cada novo Casal Respon" sável. Em continuação, a comunidade pediu ao Senhor da Misericórdia derramar suas bênçãos sobre cada um dos seus novos escolhidos . Que lhes seja concedido serem fiéis aos irmãos e recebam os dons da fortaleza, da sabedoria e do discernimento. Pedem ainda que eles recebam graças especiais para serem testemunhas do amor e defensores da santidade conjugal e familiar. A seguir, a relação das fotos, com os nomes e respectivas responsabilidades:

Irai Ides e Manoelito Região Bahia-Sergipe, Prov. Nordeste

Rosária e Hudson Região Goiás Sul, Prov. Centro-Oeste

Beth e Carlos Alberto Região Minas 11, Prov. Leste

Maria Emília e Luiz Antônio Região Rio III, Prov. Leste

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Ester e Renato Região Rio IV, Prov. Leste

Caria e Otávio Região Rio V, Prov. Leste

Carmen e João Fernando Região SP Centro 11, Prov. Sul I

Hermelinda e Arturo Região SP Leste I, Prov. Sul I

Maisa e José Região SP Sul li, Prov. Sul I

Glacy e Silvino CR Prov. Sul li

Márcia e Rubens Reg. SP Centro 11, Prov. Sul li

Sarita e Mário Reg S. Catarina I, Prov. Sul III

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Espiritualidade Conjugal

Após a exposição, por Graça e Roberto, dos grandes objeti vos do Movimento para o ano de 2007, já lidos nas primeiras páginas desta edição, Pe. Frei Avelino falou sobre Espiritualidade Conjugal, tema do qual já se ocupava Pe. Caffarel, em cujo dizer, nada mais é do que "viver o matrirnônio como caminho para realizar a vocação à santidade". Buscar ser santo é obrigação de todo batizado. Observou, contudo, que o que faz a diferença nas Equipes de Nossa Senhora é a proposta da busca da santidade em casal, adotando os métodos que o Movimento propõe. Levar os casais a caminhar para a santidade é o objetivo essencial das Equipes. Por isso, em nosso Movimento, que tem por carisma a espiritualidade conjugal, refletir sobre ela significa renovar a consciência da própria identidade. A espiritualidade se exprime pela docilidade ao Espírito Santo, deixando-se iluminar e conduzir por Ele. É ter Jesus Cristo como único modelo a ser imitado e seguido. Espiritualidade é a motivação que dá vida a todos os momentos, a ins12

piração para todos os projetos e a força para a realização desses projetas e compromissos. Por isso, na espiritualidade conjugal, vamos reavivar a verdade que "os dois são uma só carne" (Gn 2,24), reavivar a ordem de Jesus, "não separe o que Deus uniu" (Mt 19,6), e a promessa feita no dia do casamento: "prometo ser fiel..." Continua sua palestra, afirmando que a espiritualidade e também o casamento não estão prontos no dia que nos unimos diante do altar. É uma construção, um caminhar a dois ao longo dos dias. Até o último dia de nossa vida a espiritualidade conjugal deve crescer em nós, pela vivência do amor conjugal, à semelhança do amor de Deus por seu povo eleito, a Igreja. E aponta caminhos para crescermos na santidade, como a oração, a meditação ... bem como etapas a serem observadas e regras a serem seguidas.

Encontro de lourdes O Casal Regina e Cleber, que no Colegiada Nacional de 2004 aceitou a responsabilidade da Coordenação para o Encontro de Lourdes, apresentou um balanço do trabalho realizado durante dois anos e deu as

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últimas orientações para os peregrinos que iriam a Lourdes e para aqueles que ficariam em vigília pelo X Encontro Internacional das Equipes de Nossa Senhora. Acrescentou que também em Lourdes estaria à disposição para resolver problemas locais (como realmente aconteceu).

Palavra da ERl

O Colegiado Nacional teve a alegria da presença de Maria Regina e Carlos Eduardo, Casal Membro da Equipe Responsável Internacional (ERI) e Casal Ligação da ERI para a Zona América. (As super-regiões e regiões isoladas das Equipes no planeta, para seu melhor acompanhamento e animação pela ERI, estão agrupadas em quatro Zonas). O casal enfatizou a internacionalidade do Movimento e sua unidade em torno do carisma da espiritualidade conjugal e da mística da presença de Cristo, da ajuda mútua e do testemunho do amor conjugal. Por fim, agradecendo a acolhida e o apoio da Super-Região Brasil, faz sua despedida como Casal Ligação da ERI, pois durante o X Encontro Internacional, CM 413

em Lourdes, tendo já se completado os seis anos de exercício daresponsabilidade, seria substituído por Sílvia e Chico.

Desafios e oportunidades de evangelização Na tarde de sábado, Dom Odilo Scherer, Secretário Geral da CNBB (ele é SCE de uma equipe, emBrasília/DF), falou para o Colegiado sobre "Desafio e oportunidades de evangelização". Começou afirmando que vivemos um tempo muito forte de Igreja, a partir do Concílio Vaticano II. A Igreja não é estática. É uma casa que está sendo construída. Ela faz história com a humanidade. Ela está sempre evangelizando, porque as gerações humanas se sucedem. E a evangelização se faz através da vida da própria Igreja. A Igreja vive e cumpre sua missão de Profeta, Sacerdote e Rei. A Igreja é Profeta pelo anúncio da Palavra, sempre nova em cada situação nova. Por isso toda a Igreja- todos nós- precisamos nos alimentar e deixar-nos conduzir pela Palavra de Deus e anunciá-Lo, O grande desafio da Igreja, especialmente no Brasil, é superar a ignorância religiosa, para tomar a fé tradicional em fé viva. Missão Sacerdotal é a missão de santificar, a principal missão da Igreja, ou seja, é levar as pessoas à comunhão com Deus. O cristão deve ser santo para santificar o outro. E isso a Igreja faz através da vida sacramental da liturgia, da vivência da Palavra e da Caridade. 13


Missão Real: é a missão pastoral, de Jesus Pastor, que reúne as ovelhas num só rebanho e cuida delas. Missão de Jesus servidor, do Deus Amor. A caridade não é um apêndice da vida cristã, mas sua essência. É também a missão dos cristãos no mundo, onde devem ser cristãos cidadãos, como agentes de transformação, para a promoção da paz e da justiça. Depois de apresentar algumas atividades específicas da Igreja no Brasil hoje, destaca o papel essencial da farm1ia na sociedade. Afrrmou que o cristão deve saber cobrar dos poderes públicos proteção para a farru1ia, pois é cidadão também deste mundo, onde quer viver cristãmente. Termina, anunciando a V Conferência Geral do Episcopado da América Latina e Caribe, que se reunirá em Aparecida/SP, no próximo ano.

Pontos Concretos de Esforçoênfase para 2007 Aos casais equipistas são propostos seis pontos concretos de esforço, meios para melhor trilhar o caminho de santificação no e pelo 14

Matrimônio. A cada ano são enfatizados um ou mais PCE, para que os casais aprofundem a importância deles para a vida do casal que busca a santidade. No ano de 2007, dar-se-á atenção especial, sem esquecer os demais, para o Dever de Sentar-se, a Regra de Vida e a Oração Conjugal, temas apresentados em painel, com belas dinâmicas, pelos casais provinciais Cida e Raimundo, Josefina e Roque e Nazira e João Paulo. O primeiro passo para um Dever de Sentar-se é agendar o encontro. O Dever de Sentar-se é uma celebração conjugal, não pode ser improvisado. O segundo passo é não ter pressa de terminá-lo, por isso é preciso deixar as preocupações de lado. Terceiro: começar por uma boa leitura e depois por uma oração espontânea, pedindo as bênçãos de Deus. Em quinto, fazer uma retrospectiva da vida conjugal, vendo o que foi bem ou não. Nisso, é importante citar somente fatos (comportamentos) recentes e específicos e os sentimentos pessoais deles resultantes, evitando fazer julgamentos ou culpar e acusar o outro. Por fim, antes da oração final, a escolha de uma Regra de Vida para o mês. Nós somos como diamantes preciosos, mas que precisamos ser lapidados. A Regra de Vida nos permite ir retirando de nós tudo aquilo que esconde o ser "mui~o bom" criado pelo Senhor Deus. E um limpar progressivo, às vezes até doloroso, da crosta das nossas imperfeições, que nos causam feridas na alma e ferem também o nosso cônjuge. Não CM 413


é tarefa para um dia, mas de uma vida, mês após mês, mas constante, começando pelos defeitos mais urgentes de serem vencidos e pelas virtudes de que mais necessitamos na atual fase do casamento. A prática da Regra de Vida é um processo de conversão, de mudança de atitude, em que "eu" busco ser melhor, para ajudar o meu cônjuge a também ser melhor. É um esforço talvez o mais contínuo dos PCE, feito na dinâmica do amor ao cônjuge, para amar a Deus como casal.

Palavra da Carta Mensal O Casal da Carta Mensal, após traçar breve histórico do surgimento e das razões de existir da Carta Mensal, e dizer que os objetivos desta e os do Movimento são os mesmos, cita o Manual da Formação, afirmando que a Carta Mensal é um dos meios do Movimento para a formação dos seus membros, "um veículo de ComuniCM413

cação da Super-Região, um instrumento de circulação da "seiva" do Movimento, que visa ao fortalecimento da unidade. Serve como meio de formação para divulgar notícias de interesse geral do Movimento". A Carta Mensal, mesmo quando informa, não pode deixar de ser um veículo de formação e de unidade do Movimento. A Carta Mensal tem duas dimensões: • Vertical: Da Super-Região e da ERI para os equipistas - São as orientações do Movimento. • Horizontal: dos equipistas para os equipistas. São os testemunhos de vivência equipista. Sem os artigos das bases, a Carta Mensal seria apenas uma carta de orientações. Com somente artigos vindos das equipes, ela seria uma Carta sem unidade. Com as orientações dos que estão investidos como responsáveis pelo Movimento e com 15


o testemunho da vivência dos equipistas, a Carta tem a garantia da unidade, na fidelidade ao carisma fundador e torna-se um veículo de circulação da seiva do Movimento. A Carta Mensal não é uma revista que publica opiniões, mas uma carta destinada à formação dos membros das equipes. A Carta Mensal é veículo de inter-comunicação, mas tem uma função formativa, de ligar, de ajudar a formar unidade, na caridade e na verdade. Por isso, há uma preocupação da Equipe da Carta Mensal, por dever, de que as matérias guardem fidelidade às Escrituras, à Igreja e ao Movimento.

Comunicaçã o Rosa e Paulo, Casal Comunicação Externa, fizeram rápida exposição da sua responsabilidade nas

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ENS. Eles representam o Movimento na Conselho Nacional do Laicato do Brasil (CNLB), na Pastoral Familiar nacional e em eventos de caráter nacional, nos quais as Equipes devam se fazer presentes e falaram sobre sua participação nesses organismos. Também deram explicações sobre o site www.ens.org.br. Anunciaram que o site traria para os equipistas todo o desenrolar do Encontro Internacional. Rosa e Paulo foram o Casal Animador do Encontro, o qual souberam conduzir com simplicidade, alegria e dinamismo, concatenando a seqüência do evento, sempre em sintonia com o CRSR. A unidade do Encontro sugeriu a unidade do Movimento.

Secretaria/Tesouraria As Equipes de Nossa Senhora são um movimento de espiritualidade, instituído como associação de fiéis . Em cada país, são também uma associação civil, sem fins lucrativos. Uma associação necessita de recursos financeiros e administrativos, que nas Equipes advém da contribuição estatutária dos seus membros (um dia dos rendimentos do casal por ano, em dez parcelas)

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NANCY CAJADO MONCAU Quem encontrará a mulher talentosa! Está vestida de força e dignidade E sorri diante do futuro Abre a boca com sabedoria E sua língua ensina com bondade Seus filhos levantam-se para saudá-la, Seu marido canta lhe louvores.

............ (Pr 31,10 25-29)


FALAM NANCY E PEDRO A comissão da Carta Mensal pede que nos apresentemos ... Para quem quiser nos ouvir, vamos bater à máquina alguma coisa da nossa experiência de 34 anos de casados e a influência que as Equipes de Nossa Senhora exerceram sobre nossas vidas ... No ponto de partida, nada de particular: o vídeo tape da vida de todos vocês: os primeiros tempos passados na descoberta de um pelo outro, a harmonização de nossos temperamentos, a interpenetração de nossas almas, a confrontação de nossas espiritualidades, os planos de futuro, no firme propósito de construir um lar cristão. Já possuíamos uma vida cristã marcada por atividades apostólicas: a Congregação Mariana e vida Vicentina de um lado, de outro, ação católica e catequese. Procuramos um apoio para a nossa vida espiritual, sentindo que não podia ser a mesma de solteiros. Mas nada havia para casais. Após um ano de casados a alegria imensa da eclosão de uma nova vida, a experiência extraordinária e sem paralelo da paternidade, a emoção do despertar gradativo de uma vida para a vida. Dois anos depois, nova experiência, mas esta particularmente dolorosa: um filho com grave deficiência psicomotora. Sem nada compreender dos desígnios de Deus passamos da resignação dolorosa à aceitação integral e serena de uma Vontade

superior. Dezesseis anos depois, Deus chamou para si esta alma. Os anos sucederam-se e vieram outros filhos que trouxeram novas alegrias, novos trabalhos e responsabilidades, que fortificaram o sentimento de que acima de nossas dificuldades e lutas, Deus aí estava com a sua Providência e seu Amor. Com o correr do tempo, a vida vai se tomando monótona. As dificuldades e lutas podem endurecer o coração se não nos precavermos. 2


Temos a impressão que o amor também se desgasta. Também a nossa vida espiritual tende a deslizar na rotina, uma vez que em nada favorecia a realização do "nós" espiritual, na vida conjugal. Em 1950, inicia uma nova fase na nossa vida de casados, fazemos a descoberta das Equipes de Nossa Senhora. Temos a impressão que deve sentir o navegante que, perdido o rumo, vislumbra no horizonte o navio que poderá conduzir ao porto. Fazemos a descoberta do pensamento de Deus sobre o amor humano. Descobrimos o sentido comunitário da farru1ia; descobrimos que ela é a célula viva da Igreja. O sentido mesmo do sacramento de nossa união, vai lentamente se revelando e adquirindo uma riqueza nova: Cristo que toma o nosso pobre amor humano e o consagra a Deus por um Sacramento.

Descobrimos que o casal também é consagrado! Fazemos também a descoberta de uma vida espiritual que podia ser, finalmente vivida a dois. Fazemos a experiência do quanto esta participação conjunta na oração, no estudo, na ação, é capaz de unir o casal, ao mesmo tempo no plano humano e espiritual. E ainda a descoberta da vida em equipe. A evidência viva de que a palavra do Evangelho: amai-vos uns aos outros, não é uma experiência vã, um ideal platônico. Descobrimos que era possível abrir sim o coração, sem reservas, entre os esposos, mas também entre amigos. Descobrimos que era possível o auxílio fraterno efetivo, concreto, na marcha para Deus, com uma profundidade nunca experimentada anteriormente. Desde então, muitos anos se passaram. A confiança naquilo que nos empolgara no início do Movimento não se alterou. Reconhecidos pelo que recebêramos, convictos de que as Equipes eram uma benção de Deus e uma solução para o fortalecimento da farru1ia cristã, não hesitamos em continuar a dar nossa contribuição, para que outros fossem também beneficiados. O auxílio mútuo e a confiança em Deus fizeram o milagre da difusão do Movimento, que foi crescendo muito além das modestas expectativas iniciais. (Síntese de matéria publicada na Carta Mensal de junho de 1970.)

Luciane e Marcelo Eq. da Carta Mensal


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AÇAO DE GRAÇAS Nesta Celebração Eucarística, damos graças a Deus pela vida de Dona Nancy. O que falar de uma pessoa que dedicou mais de 56 anos de sua vida ao movimento das Equipes de Nossa Senhora? Só podemos agradecer ao Pai por nos ter dado o casal Nancy e Pedro Moncau que, no final de 1949, iniciaram as correspondências com Pe. Caffarel, a fim de tomar conhecimento do movimento de casais que estava caminhando na França. Obrigado, Senhor, por colocar D. Nancy no nosso caminho. Obrigado, Senhor, por ter colocado no coração de Pedro e Nancy a inspiração e coragem de iniciar este Movimento em nosso País, em 1950. Obrigado, Senhor, por ter encorajado D. Nancy a dedicar sua vida às Equipes de Nossa Senhora e lhe dar forças para que, aos 94 anos, ela iniciasse um outro movimento, a "Comunidade Nossa Senhora da Esperança", destinada "às viúvas, viúvos e pessoas sós", o qual já conta com 50 grupos implantados. Obrigado, Senhor, por nos ter dado a oportunidade de conviver com D. Nancy nos 5 anos em que estivemos à frente da Carta Mensal. Sentir a sua firmeza, a sua coragem, o seu dinamismo. Obrigado, Senhor, pelos "puxões de orelha" que ela nos dava, quando não gostava ou não aprovava alguma coisa que publicávamos. Obrigado, Senhor, pelo "sim" deste casal Nancy e Pedro Moncau, pois sem a coragem, sem a dedicação que eles tiveram pelo Movimento, não estaríamos aqui hoje. Neste momento de ação de graças, pedimos, Senhor, que nos dês coragem para carregar a bandeira da Espiritualidade Conjugal que D. Nancy empunhou por mais de 56 anos e que cabe a cada um de nós levála adiante. Dona Nancy, temos certeza de que aí, junto do Pai, a senhora estará sempre olhando por todos nós equipistas, para que vivamos com fidelidade as orientações do Movimento, pois esse era o seu sonho. Amém.

Cecília e Zé Carlos Eq. 3B - N. S. Mãe da Igreja - Sorocaba/SP (Oração feita no início de um mutirão, Sorocaba/SP, 26.8. 2006) 4


TESTEMUNHOS DE VlDA "Quanto mais fores importante, tanto mais humilha-te para achares graça diante do Senhor." (Eclo 3, 19) delas - sua humildade. Lembramo-nos bem, quando do Encontro de Brasília em 2003, ao vermos aquela multidão de casais e sacerdotes ali presentes, ficávamos nos indagando como estaria ela se sentindo, sabendo que havia plantado, pouco mais de cinqüenta anos atrás, juntamente com seu falecido marido, mais alguns casais e um conselheiro, uma pequena semente que se mostrava como uma árvore frondosa, plena de frutos. Entretanto, ela encontrava-se presente como qualquer outro de nós, como se fora uma simples equipista. Suas palavras proferidas em uma das colocações realizadas naquela oportunidade, porém, causaram um grande impacto, não somente em nós, brasileiros, ali presentes, mas inclusive nos Roberty (casal francês responsável internacional pelo Movimento) e Padre Fleischmann (conselheiro espiritual da equipe internacional). Eles ficaram impressionados não somente com o conteúdo de sua explanação, mas principalmente pela humildade com que se colocava dentro do contexto. Em nossas reuniões da antiga ECIR, era interessante verificar como ela acatava a opinião, o parecer e mesmo as decisões da equipe, sem, entretanto, deixar de comparecer com seus comentários, contribuições, sugestões e mesmo críticas construtivas. Nós nos lembramos bem de uma reunião, em São

Quando entramos para o Movimento das Equipes de Nossa Senhora, o Dr. Pedro Moncau ainda era vivo. Entretanto, não tivemos o privilégio de conhecê-lo pessoalmente. Algum tempo depois de seu falecimento, viemos a conhecer a Dona Nancy. Lembramo-nos bem de que naquela ocasião ela nos era apresentada como a viúva do Dr. Pedro e iniciadores do Movimento aqui no Brasil. Desde então, naqueles tempos, em função de atividades que exercíamos nas Equipes, viemos a encontrá-la algumas vezes, como em Sessões de Formação, Encontros etc. Pelos idos de 1995, ao sermos chamados para colaborar na antiga ECIR (Equipe de Coordenação Inter-Regional), começamos a ter um contato mais amiúde com ela, pois também ela fazia parte daquela equipe de coordenação nacional. A partir de então, foram quase dezesseis anos de um contato mais estreito, inicialmente como participantes da equipe, depois como responsáveis nacionais e, finalmente, como participantes da ERl. Durante este tempo todo, pudemos ir descobrindo aos poucos uma série de virtudes e características da sua pessoa e personalidade, que foram aos poucos nos cativando cada vez mais. Entre tantas outras, nesta pequena e singela homenagem que a ela prestamos, gostaríamos de salientar uma

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Paulo, ainda no tempo do Padre José Carlos di Mambro, quando ela, no meio de uma troca de idéias, pediu licença para falar, fazendo um simples comentário: vocês precisam olhar menos para seus umbigos e olhar mais para fora, para a realidade do mundo! Ao término de nossa responsabilidade como responsáveis nacionais, nas vésperas de celebrarmos os cinqüenta anos de Movimento no Brasil, perguntamos a ela se não poderia nos deixar alguma coisa escrita sobre a vida e história desta caminhada. Ela não se fez de rogada. Já então com 90 anos de idade, pôs mãos à obra e realizou este sonho, através do seu livro "Equipes de Nossa Senhora no Brasil - ensaio sobre seu histórico". Durante a elaboração do livro, por diversas vezes, ou ela nos escrevia ou nos telefonava, para saber a nossa opinião sobre um assunto ou outro. Dizíamos que ela havia vivido a história, participado, construído, e, portanto, não víamos o porquê de darmos nossa opinião. Mas ela fazia questão absoluta disto, porque, segundo ela, nós havíamos sido chamados para dar nossa colaboração como responsáveis pelo Movimento e, nessa condição, ela necessitava saber o que pensávamos sobre o que ela havia escrito. Ainda agora, recentemente, quando ela foi convidada a participar como membro da Associação

dos Amigos do Padre Caffarel, associação esta que está tratando do processo de beatificação dele, ela nos telefonou, para saber de nós o que achávamos de ela participar ou não (tendo em vista principalmente seu estado de saúde já precário). Ela nos dizia que, se o Espírito Santo nos havia guindado a esta responsabilidade, ela devia respeitar e acatar nossa simples opinião. Cremos que, com estes poucos exemplos, dá para se ter uma pálida idéia de como ela realmente "encarnava" a humildade. Que exemplo de vida nos deixou! Temos certeza absoluta de que, como nos diz o Eclesiástico, ela "achou graça diante do Senhor" ! Damos graças a Deus pela oportunidade que nos concedeu em poder partilhar um pouco da vida de Dona Nancy e, acima de tudo, por aprender uma grande lição de vida. O imenso valor do dom da humildade. (6-9-2006) Maria Regina e Carlos Eduardo Heise Casal Ligação da ERI 6


CARlSMA, TESTEMUNHO E AMOR Ingressamos no Movimento em 1973. Durante os primeiros 20 anos nas equipes, nossos contatos com D. Nancy (e alguns também com Dr. Pedro Moncau, quando ainda vivo) limitaram-se, praticamente, a assistir suas palestras nos EACRE, nas vezes que fomos eleitos casal responsável de equipe, e também no tempo em que exercemos a missão de Casal Responsável da Região São Paulo Capital. Muito aprendemos com aquele casal sobre o carisma, a rrústica e a pedagogia do Movimento. Ele é que "conduzia" as palestras. Ela parecia até um pouco "tímida", pouco intervinha, mas quando o fazia era sempre com muita propriedade. Após o falecimento de Dr. Pedro, D. Nancy

continuou a proferir palestras na maioria dos EACRE de que participamos. Notamos nela uma certa mudança de postura. Aquela mulher antigamente calada, que parecia ser uma coadjuvante de Dr. Pedro, colocava-se com uma clareza e objetividade marcantes, e o seu carisma, testemunho e amor pelo Movimento sobressaiam a todo instante. Nosso convívio maior com D. Nancy iniciou a partir de 1993, quando, assumindo a responsabilidade pela Carta Mensal, passamos e integrar a ECIR e a freqüentar suas reuniões e também os Encontros Nacionais. Tínhamos a alegria de levá-la, desde São Paulo, a esses eventos e nas viagens longas (até Ribeirão Preto, onde a ECIR habi-


tualmente se reunia), ou curtas (até Itaicí, onde os Encontros Nacionais eram realizados) privávamos de sua companhia e de ouvi-la, sempre firme e objetiva em suas colocações. Nas reuniões da ECIR, ela pouco opinava sobre as questões "administrativas", mas quando se tratava da mística do Movimento, ela jamais deixava de participar, como uma verdadeira guardiã do nosso carisma. Impressionava-nos também a sua disposição. As reuniões tinham uma agenda intensa, com poucos intervalos, mas ela, embora em idade já avançada, jamais demonstrava cansaço ou desatenção. Após receber cada número da Carta Mensal, ela invariavelmente nos telefonava e nos transmitia seus comentários, sugestões e suas críticas sempre construtivas. Após nossa saída da Carta Mensal (e conseqüentemente da ECIR), eu (Thereza) tive o privilégio de continuar um estreito contato com D. Nancy devido, principalmente, à minha missão no Secretariado Nacional das ENS. Quando D. Nancy resolveu escrever o Ensaio sobre a História das ENS no Brasil, ela passou a freqüentar assiduamente o Secretariado. Pesquisávamos juntas, a amizade se solidificou com as "caronas" no período da manhã, o almoço no Secretariado e as "caronas" da tarde. Trânsito lento, muita conversa. Fui conhecendo melhor a ela, aos filhos, netos e sua vida familiar. Simples em tudo, principalmente no modo de pedir os "favores", que eram feitos com muito amor. Minuciosa, às vezes exigennn.

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te, sempre fume em seus pontos de vista e opiniões. Ordem impecável ao pesquisar e arquivar documentos. À medida que ela ia escrevendo (ainda na sua velha máquina de escrever, pois só mais recentemente passou a usar computador), eu levava os textos para casa e Carlos Heitor os digitava. Apos a digitação e impressão, D. Nancy lia tudo, corrigia, alterava, acrescentava. Nova digitação, nova impressão, nova revisão. Ficava patente o zelo, o cuidado com a precisão e, sobretudo, o seu amor pelo Movimento. Partilhei, também, com as companheiras do Lar onde ela residia, os "bate-papos" ao pé da cama, ou na sala de estar ou os momentos na capela. Ela era confidente e conselheira de muitas senhoras que lá residiam. Animava a parte espiritual do Lar, e acredito que, além das religiosas por voto, ela era a maior religiosa professa. Pude, também, partilhar um pouco com seus filhos o amor que ela lhes dedicava de modo recíproco. Recentemente, preparando a documentação para a beatificação do Pe. Caffarel, também convivemos bastante e ela , apesar dos anos, continuava lúcida, precisa, ordeira e persistente. No seu último aniversário, ela combinou conosco que no seu aniversário de 100 anos aceitaria uma grande festa. Achamos que ela já está comemorando, antecipadamente com todos os santos que encontrou! Maria Thereza e Carlos Heitor Seabra Eq. 03 A - N. S. Luz dos Povos Região São Paulo Capital II

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CElEBRANDO A VlDA E o que sempre nos marcou, nesses contatos, foi a humildade e a simplicidade dela. Numa ocasião, num aniversário dela, Hélene lhe havia trazido um presentinho e perguntou, discretamente, onde poderia deixálo. D. Nancy perguntou: "É muito grande? Cabe na minha bolsa?". Como Hélene disse que sim, ela pegou o pacotinho, agradeceu e enfiou com simplicidade na bolsa ... Além de nossa convivência com ela na antiga ECIR, assim como em muitos eventos do Movimento, tivemos muito contato com D. Nancy, neste ano que passou, quando a misericórdia de Deus quis que as últimas participações dela nas Equipes fossem justamente na nossa, a Equipe 3 do setor D. Fomos também encarregados pelo Movimento de

Nossos irmãos da redação da Carta Mensal pediram-nos que disséssemos algumas palavras sobre nossa querida Dona Nancy, para testemunhar a respeito de sua vida. Sim, porque não vamos falar de sua morte, mas, na verdade, celebrar sua vida. Não queremos fazer aqui uma biografia de D. Nancy, que por sua idade poderia ser a mãe de qualquer um de nós dois. Nós só podemos dar o nosso testemunho acerca da parte da vida dela que conhecemos. E o que nos ligou a D. Nancy foi em primeiro lugar as ENS. Tivemos também muita ligação com ela quando, diariamente, nos encontrávamos na missa da capela do Lar Nossa Senhora das Mercês, onde ela morava e que ficava no nosso bairro.

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vida de casada e que acabou encontrando, em 1950, nas ENS . Espiritualidade Conjugal que ela defme, no início de seu livro sobre as Equipes, pelas palavras do Pe. Caffarel, como "a arte de viver, no estado do casamento, toda uma vida cristã conforme os desígnios de Deus". Neste sentido, podemos dizer que ela foi, nestes últimos 24 anos, a mais fiel e perfeita continuadora da obra de seu marido - sobre quem escreveu dois livros - consolidando, sem alarde e com a mesma humildade, as Equipes que a dois haviam iniciado há 56 anos. O Movimento que se iniciou com a equipe que eles fundaram está hoje a serviço de mais de 16000 casais em 2750 equipes e conta com a participação de 1800 sacerdotes. Sem inútil ufanismo, podemos dizer que a sua presença em todo o País constitui uma pequena revolução em favor do matrimônio e da família. Dizem que a diferença entre idoso e velho é que o velho é aquele que não tem mais projetos para o futuro . Dona Nancy nunca ficou velha. Em 2003, aos 94 anos- após comprar um computador! - resolveu criar um novo Movimento para viúvas, viúvos e pessoas sós, que passou a ser chamado de Comunidades Nossa Senhora da Esperança - CNSE. Para tanto, contou com a colaboração de alguns amigos, entre os quais alguns casais das ENS e do Padre João Zago, que é o Conselheiro Espiritual do Movimento. Hoje, as Comunidades Nossa Senhora da Esperança, idealizadas por D. Nancy sob a inspiração do Espírito Santo, são uma firme realidade.

coletar seu testemunho para constar do processo de beatificação do Padre Caffarel, com quem ela teve tanto contato durante a vida, o que nos permitiu conhecê-la ainda um pouco melhor. Em relação às Equipes, cremos que ela foi, durante a vida de Dr. Moncau, sua colaboradora mais dedicada na condução do Movimento. Porque mesmo depois que em 1965 deixaram de ser os responsáveis, continuaram a participar da direção, através da sua pertença à ECIR, onde nós os encontrávamos no início dos anos 80, época em que Rubens e Dirce eram os responsáveis. Lembramos dela como alguém que pouco falava, deixando sempre o protagonismo a cargo do Dr. Moncau. Após o falecimento dele, em 1982, aos poucos, timidamente, ela foi adquirindo o papel de conselheira e de orientadora do Movimento no Brasil. Pela sua simplicidade e pela profundidade de suas palavras, passou a ser convidada a falar para os equipistas de todo o País. Apesar de sua idade, não recusava nenhum convite e seu testemunho, suas palestras contribuíram decisivamente para manter o Movimento na linha de seu carisma original. O que Dom José Antônio Tosi, em seu prefácio ao livro que ela escreveu sobre a História das Equipes no Brasil, chama de Memorial e Testemunho, poderia aplicar-se a todo este período de sua vida. O centro de tudo para D. Nancy, nesta vivência do Movimento, sempre foi aquela "espiritualidade conjugal" que, como ela diz, procurou durante os primeiros 14 anos de sua 10


pelas ENS, pelas CNSE e que, junto com Pedro, vela pela nossa vivência dessa espiritualidade conjugal, que tanto procurou e pela qual tanto trabalhou em toda a sua vida. Parafraseando o que ela disse do Pedro, no 2° aniversário da morte deste, sabemos que de onde ela está, pensa em nós que estamos nas Equipes e nas Comunidades. Por isso, não nos sentimos realmente órfãos, porque nossa união com ela permanece em Deus e nos outros e a comunhão nos aproxima, nos une suavemente, no mais profundo do nosso ser. Nancy querida, roga por nós! Hélene e Peter Nadas Eq. 3-D - N. S. do Desterro São Paulo Capital I

Sempre trabalhando em conjunto com casais das ENS, já estão implantadas em 8 Estados do Brasil e contam com 44 grupos em funcionamento e 14 em formação. Toda esta vida dedicada à construção do Reino de Deus fez dela filha predileta de Maria, nossa Mãe, que a levou com ela, no dia em que celebramos sua Assunção, 15 de agosto. Quase exatamente 24 anos depois de seu marido. À celebração de sua vida entre nós, podemos agregar agora a celebração de sua vida junto do Pai, de Jesus e de Maria, unida a eles no amor do Espírito Santo. Sabemos que ela vai continuar intercedendo por seus filhos, por nós,

A ÚLTIMA PORTA Especiais amigos, Graça e Roberto: Estamos dirigindo a vocês uma mensagem que o coração nos ditou, para que a recebam como representantes, que são, das Equipes de Nossa Senhora do Brasil. Solidarizamonos, especialmente, com os casais que tiveram a gratificante ocasião de um convívio mais próximo com Dona Nancy Moncau. Ela nos deixou, semana passada, para atravessar a última porta que Deus lhe abriu. Todos lhe devíamos muito, pelo muito que ela e Pedro Moncau fizeram, como precursores do Movimento das Equipes de Nossa Senhora em nosso País, descortinando-nos um método novo, apropriado, benfa11


var para os encontros algum vinho das nossas vinícolas gaúchas para degustarmos com os amigos, no encerramento do dia, antes de nos recolhermos para o descanso noturno. Como havia aqueles que preferiam leite, chás ou café, perguntávamos para Dona Nancy qual era a sua preferência, ao que ela prontamente respondia: "Ora, eu prefiro o vinho tão bom que vem do sul". Assim, com moderação, mas também com fidelidade, saboreava o seu cálice de vinho, com enorme satisfação para nós, que, desta forma, podíamos desfrutar um tempinho a mais de um infórmal convívio com ela. Em razão disso, passamos a levar, nessas ocasiões, um vinho especial diet, visto que ela padecia de diabetes. Pessoa despojada e simples, tinha gosto por um dedo de prosa, especialmente com companheiros do Movimento, interessando-se em saber sobre a família, o trabalho, os engajamentos na Igreja e na sociedade. Dona Nancy comemorou seu aniversário conosco, em nossa casa em Porto Alegre, em março de 1995, em uma de suas vindas ao Rio Grande do Sul, para participar do EACRE, atendendo a convite nosso, quando estávamos à frente da Região. Apagou as velinhas (que ainda guardamos conosco ), rodeada por casais da equipe da Região, de nossa equipe de base e nossas filhas. Era o ano em que o Movimento completava 45 anos de existência no Brasil. Na mesma data, comemoramos o aniversário de ordenação do Pe. Avelino Pértile, que era nosso Conselheiro da Região.

zejo e eficaz de caminhada na espiritualidade conjugal. Tocam-nos, especialmente, algumas lembranças que guardamos, do tempo em que compartilhávamos do convívio regular com a figura ímpar da "mãe brasileira do Movimento". Dona Nancy, mesmo depois de ter deixado oficialmente a responsabilidade nacional das ENS, cumpria rigorosamente a incumbência oficiosa de participar das reuniões da Equipe de Coordenação Inter-Regional (ECIR) e, depois , da Equipe da Super-Região (com o advento das Províncias), que os casais que a sucederam na responsabilidade lhe conferiram. Além das reuniões administrativas, também mantinha participação ativa nos eventos do Movimento, em níveis nacional e regional. Nas reuniões, tinha sempre uma palavra de discernimento, de preciosa orientação, sempre atenta à unidade do Movimento. Nos eventos, jamais recusava um convite para palestras, entrevistas com sacerdotes conselheiros e contribuições nos grupos de trabalho. Em qualquer ocasião, era uma opinião segura sobre a vida das ENS, um estímulo ao esforço e trabalho dos responsáveis, sem se furtar de apontar as distorções, onde quer que as observasse. Recordamos com carinho passagens de bastidores, que compunham e ilustram a personalidade de Dona Nancy. Por exemplo, na época em que fazíamos parte da ECIR e tínhamos a incumbência de preparar e trabalhar nas liturgias dos eventos nacionais, em parceria com o estimado Pe. Mário José, costumávamos le11


Coincidentemente, a nossa equipe de base faz aniversário no dia 22 de agosto e, ao completarmos os 20 anos de equipe, celebramos Eucaristia (Ação de Graças) na casa de Helena e Tomaz, justamente sete dias depois do falecimento da saudosa Nancy Moncau, tendo oportunidade de celebrarmos, também, em sufrágio de sua alma. Recordamos alguns fatos, durante a celebração, e lembramos de uma frase que Dona Nancy disse, no programa SOS Família, que tínhamos na Rádio Aliança (com vocês, Graça e Roberto, e Graciete e Gambim), ao ser perguntada até quando pretendia trabalhar pelo Reino de Deus: "Enquanto Deus me der forças"- respondeu ela. E completou: "Quando Ele

abre uma porta, eu entro por ela". Este é o exemplo de quem age com discernimento e docilidade à vontade do Senhor e aceita, com alegria, as frentes que Ele abre. No dia 15 de agosto, dia de Nossa Senhora da Assunção, Dona Nancy passou pela última porta que Deus lhe abriu. Muitas oportunidades ela nos abriu pela mão de nosso Senhor. Pedimos, agora, que Ele nos ajude a imitarmos os passos de nossa precursora e darmos um SIM vigoroso, atento e consciente às ocasiões abertas pela Divina Providência. Graça e Eduardo Eq. N. S. do Bom Conselho Setor B - Porto Alegre/RS Porto Alegre, 23 de agosto de 2006

UMA MULHER CHAMADA NANCY Segundo dia do Encontro Internacional de Lourdes. As ruas da cidade, como sempre, estão cheias de movimento. Olhamos em volta e percebemos que fazemos parte de uma multidão que caminha, como uma onda gigante, para o Santuário. Uma multidão encantada com os primeiros momentos desse evento tão esperado. De repente, uma voz amiga chega até nós: - Oi, meninos! Vocês também estão aqui? Há quanto tempo não nos víamos!

E o aconchego de um abraço nos emociona. Sem perder o ritmo, mas agora mais felizes ainda, continuamos nossa caminhada e a conversa flui animadamente. - Isto está maravilhoso, não é mesmo? Mas, para falar a verdade, uma coisa me entristece: o fato de dona Nancy não estar aqui, vivendo conosco este momento inigualável. Nossa amiga tem razão. Já começamos a sentir a falta dessa pessoa tão querida. Uma tentação de


tristeza e desânimo aperta o nosso coração. Vamos seguindo e chegamos até a Basílica subterrânea. Que grandiosidade! O local, enorme, parece estar completamente lotado. Diante daquele quadro, ficamos parados na contemplação de algo nunca visto. Nas cadeiras, um número muito grande de casais, dando o seu testemunho de amor e fidelidade, num tempo em que o casamento parece algo sem importância, e, para muitos, coisa ultrapassada. Casais formados por pessoas cheias de fé, vida e esperança que responderam ao apelo do Senhor. De repente, uma frase inesquecível enche o nosso coração: "-Quando resolvemos, apesar de todas as dificuldades, iniciar no Brasil as Equipes de Nossa Senhora, uma coisa nova, um caminho fecundo e corajoso para os nossos casais, não esperávamos que pudéssemos chegar a este ponto". Uma frase inesquecível de uma Nancy Moncau, admirada e agradecida diante do grande número de pessoas e da qualidade dos trabalhos, num Encontro Regional. Então, uma idéia cheia de força nos fez levantar a cabeça. Nossa fundadora estava ali. Como podíamos ter pensado que aquele momento seria possível sem a sua presença? Ela estava presente, sim, pelo seu testemunho corajoso de esposa, de mãe de equipista e de amiga sincera. Estava presente por tudo que fez durante todos esses anos, pela fidelidade à causa que abraçara. Estava presente por tudo o que escreveu e ensinou. Graças a ela e ao

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Dr. Moncau, ficamos sabendo que, pelo matrimônio, poderíamos chegar à santidade, um ideal que, na época, parecia impossível. Aliviados, tendo certeza de sua presença, podíamos agora pensar no sorriso maroto que iluminava seu rosto, na sua atitude de crítica honesta e construtiva, na tranqüilidade de sua postura e nas palavras que ela nos diria com firmeza e naturalidade. Dona Nancy estava presente ali e continuaria presente graças ao trabalho que realizou . Ela será sempre uma luz para todos nós que a conhecemos e para todos os que vierem depois para continuar, com coragem e competência, a nossa missão de casais comprometidos com Cristo na construção de um mundo melhor. •

Wilma e Orlando Equipe 2/A Jundiaí/SP

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lEMBRANDO DONA NANCY "Não pensem que as palavras que vou lhes dizer tenham sido inspiradas pelo Espírito Santo. Não O comprometam pelas idéias que vou expor". Assim D. Nancy começou uma de suas inúmeras palestras, demonstrando sua simplicidade e seu constante bom humor. Tentamos juntar aqui algumas lembranças, que pensamos não estarem em livros ou escritos diversos sobre ela, pois a maior parte dos fatos de sua vida já deve ser do conhecimento dos equipistas. Sempre nos impressionou sua disposição para participar dos eventos das Equipes. Fosse uma reunião de trabalho ou um grande encontro, lá estava ela, atenta, discreta, atuante. Num destes últimos anos, num intervalo de poucos dias, participara de diversos EACRE, sendo um em Porto Alegre e um outro em Belém, quase sempre viajando sozinha. Comentando com ela sobre a disposição e coragem em fazer tão longas viagens ela respondeu: "Alguém me leva ao aeroporto; durante o vôo as comissárias de bordo são muito gentis e me tratam bem; chegando ao destino alguém já está me esperando. Não me sinto sozinha". Lembramo-nos do ocorrido em nosso retorno ao Brasil após o Encontro Internacional das Equipes em Lourdes em 1988. Terminado o encontro, fomos visitar nosso filho, que estava fazendo um estágio na Polónia. Ao chegarmos ao aeroporto de Madri, para pegar o avião para

São Paulo, numa feliz coincidência, lá estava D. Nancy que retornavasozinha- de Lisboa, onde fora visitar um casal equipista amigo. Este casal, preocupado com ela viajando sozinha, fez mil recomendações aos funcionários da companhia aérea. Devido a essas recomendações, os funcionários levaram-na, desde o desembarque do avião que a trouxe de Lisboa, até ao embarque para o vôo para São Paulo, numa cadeira de rodas. Ela nem olhava para os lados. Já no avião nos confidenciou: "Eu queria morrer de vergonha sentada naquela cadeira". Durante essa viagem, contamos a ela que, ao final do Encontro, havíamos sido convidados a participar da Equipe Responsável Internado15


Nessa visita, levamos a ela o livro "Henri Caffarel, um homem arrebatado por Deus", que acabara de ser lançado em francês, com dedicatória a ela pelo autor, Jean Allemand. Ao recebê-lo agradeceu, interrompeu nosso diálogo e, com todo interesse, passou a folheá-lo procurando o que fora escrito sobre o Pe. Caffarel e o Brasil; ao encontrar o assunto passou a lê-lo cuidadosamente. Só depois retomou ao diálogo. Algumas vezes tivemos a alegria de recebê-la em nossa casa para passar alguns dias. Ela gostava, pois ficava mais em contato com a natureza e o ambiente era de tranqüilidade. Na bagagem ela trazia sua máquina de escrever portátil e ficava boa parte do tempo escrevendo seus trabalhos. Era muito disciplinada. Dedicava um tempo ao trabalho e um tempo ao descanso, quando então conversava muito com a Cidinha ou ambas faziam pequenos passeios a pé. Havia a expectativa de uma nova visita que não chegou a acontecer. Era admirável o cuidado com que preparava seus livros, artigos e palestras. Fazia pesquisas para aprofundar os assuntos, consultava as pessoas que deles estavam mais a par, e tudo o mais que fosse possível para que seu trabalho saísse da melhor forma possível. Sua linha de pensamento era muito clara e coerente. Muito equilibrada, muito bom senso, com uma visão positiva, não deixando de olhar o lado bom dos fatos e sempre aberta ao novo. Suas opiniões eram fundamentadas no Evangelho.

nal. Ela, com seu jeitinho de sempre, disse: "Já estava mais do que na hora de haver alguém do Brasil na ERI". A discrição dela era tal que, até então, em todos os anos que participamos juntos na ECIR, ela nunca expressara uma opinião dessas nas reuniões. Não nos lembramos de ter visto D. Nancy de mau humor. Mesmo quando falava de algo de que não gostava ou com que não concordava, sempre usava palavras delicadas e muito bem colocadas, de tal forma que ninguém se sentia aborrecido ou desconfortável com sua posição. Por ocasião do 50° aniversário da Carta das Equipes de Nossa Senhora em 1997, foi feita uma celebração simples, porém significativa. Procurou-se coincidir a reunião anual dos Casais Responsáveis e Conselheiros Espirituais das Super-Regiões, Regiões Isoladas e a Equipe Responsável Internacional com o aniversário da promulgação da Carta - 8 de dezembro. O ponto alto foi a Eucaristia, celebrada na mesma data e local onde a Carta fora promulgada. E, para essa celebração, foram convidados também os casais que levaram as Equipes aos seus países. D. Nancy foi convidada, mas devido às suas condições de saúde na ocasião, não pode estar presente. Logo após nosso retomo, fizemos uma visita a ela. Disse-nos que chorou muito por não ter podido ir. Em tom de brincadeira dis emos a ela que então teria sido melhor não tê-la convidado. Ela, sorrindo, respondeu: "Ah, se eu não tivesse sido convidada, eu teria chorado mais ainda!".

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Nos primeiros Encontros Internacionais, quando o Brasil era um "emergente" no movimento das Equipes, os casais da Europa doavam uma importância em dinheiro para que as equipes brasileiras tivessem casais representantes nesses encontros. Num encontro nacional da ECIR com os CRR destinou-se um tempo para discutir como seriam escolhidos os casais para ir ao encontro. Um dos CRR questionou se não seria melhor destinar esse dinheiro para atender às necessidades de casais mais pobres em lugar de pagar passagens e inscrições de alguns para o encontro. D. Nancy observou que o dinheiro estava sendo colocado à disposição das equipes do Brasil com uma finalidade específica e completou com a passagem de S. Mateus 26,10-11: "Porque reclamais com esta mulher? Boa obra ela me fez. Porque pobres sempre tereis convosco, a mim, porém, nem sempre me tereis". Falando, numa palestra, sobre a "Escuta da Palavra", usou a seguin-

te comparação: "Se estamos sozinhos em casa, à noite, e ouvimos um barulho estranho, ficamos parados e em silêncio, concentrando toda nossa atenção para melhor ouvir esse barulho. Uma postura, semelhante a essa, devemos ter para melhor 'escutar' a tudo o que Deus quer nos falar num momento de meditação". Não é possível falar de D. Nancy sem falar também do Dr. Moncau, como nós o tratávamos. Normalmente nas reuniões e encontros, Dr. Moncau falava muito pouco. D. Nancy costumava dizer que ele era dado mais à reflexão e a escrever e ela a falar mais. Um dia, ao pararmos para almoçar durante uma reunião da ECIR, numa conversa informal ele dissenos que a equipe estava tratando muito da ação, deixando um pouco de lado a oração. Era, de fato, um homem de oração. Vemos isso no livro de D. Nancy "Pedro Moncau O homem, o médico, o cristão". E tivemos oportunidade de constatar "ao vivo", muitas vezes, quando, nos momentos de oração de nossas reuniões, extemava sua reflexão e fazia sua oração espontânea. Numa das reuniões da ECIR, ilustrando o assunto que estava sendo tratado, D. Nancy deu um testemunho do casal: "Um dia 'sentaramse' para fazer o 'dever'. Perguntaram-se sobre o que falariam; depois de mais de trinta anos (naquela ocasião) de deveres de sentar-se o que mais poderia ainda ser abordado? Decidiram então refletirem a partir do texto que haviam lido antes de iniciar o diálogo - os "discípulos de

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Emaús". Fizeram uma revisão dos fatos da vida do casal, em que o Cristo os acompanhara e eles, naquelas ocasiões, não tinham se dado conta dessa presença". Concluíram dizendo que "fora um dos melhores 'deveres de sentar-se' naqueles mais de trinta anos". Uma reunião da ERI estava programada para ser realizada na casa de orações do Pe. Caffarel em Troussures, na França. Como certamente iríamos estar com nosso fundador, perguntamos a D. Nancy se ela gostaria que levássemos alguma mensagem sua, visto que as relações entre o Pe. Ca:ffarel e o casal eram muito próximas, apesar da distância e dos poucos contatos pessoais. Ela pediu-nos apenas que levássemos sua saudação. Nessa reunião tivemos oportunidade de estar, toda a ERI, reunida com ele durante urna tarde inteira e, no dia seguinte, participamos da Eucaristia com o Pe. Ca:ffarel na capela de sua casa. Ao final da celebração, transmiti-lhe a saudação de D. Nancy. Ele agradeceu e retribuiu. Depois perguntou-nos "Como era mesmo o nome de batismo do Moncau?" (por lá há o costume de referir-se muito às pessoas pelo seu sobrenome). "Pedro", respondemos. Então ele concluiu: "Certamente, num futuro, teremos mais um outro São Pedro". Pensamos que hoje, possivelmente, Pe. Ca:ffarel diria: "Certamente, num futuro, teremos mais um casal de santos: São Pedro e Santa Nancy". Cidinha e Igar Eq. N. S. Aparecida Jundiaí/SP

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RDEllDADE E AMOR Recordamos com muita alegria as oportunidades em que tivemos dona Nancy ao nosso lado, na ECIR/Super Região Brasil, na Província Sul II. Sua presença traduzia amor e ao mesmo tempo apelo à fidelidade ao Movimento, pois tinha ela explicação para tudo, especialmente nos EACRE e, particularmente, quando da sua participação no programa Tribuna Independente da Rede Vida de Televisão, em S. José do Rio Preto. Nessa ocasião, hospedou-se na residência do casal Maria Inês e Viomar, da Equipe II, preparando-se para a entrevista. Pudemos assim conviver com a dona Nancy vários dias, ouvindo dela toda a história das ENS desde seu início na França até sua chegada no Brasil e sua caminhada até esses dias. Sua memória será sempre respeitada por todos os equipistas. Rosinha e Anésio Equipe I N. S. Mãe Imaculada Setor A S. José do Rio Preto/SP

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PESSOA ESPEClAL Há alguns anos atrás, a filha de D. Nancy, MariaLúciaeesposo (falecido), juntamente com os filhos, decidiram sair de São Paulo e se radicarem em Guaratinguetá. Para nossa felicidade, sempre que ela aqui os visitava, tínhamos a oportunidade de estar com D. Nancy e contar com sua presença alegre em muitos eventos, muitas vezes fazendo uso da palavra, como sempre com sabedoria, humildade e riqueza de testemunhos. Tivemos, por graça, a oportunidade de privar mais intimamente do seu convívio. No dia 26 de agosto, a missa mensal do Setor foi celebrada em sufrágio de D. Nancy. Ao final da celebração, um casal ressaltou a importância e o valor do casal Pedro e Nancy Moncau, fundadores do movimento das ENS no Brasil. Após a celebração litúrgica, no momento da confraternização, em intimidade equipista, ouvimos de Maria Lúcia, filha de Dona Nancy, as seguintes palavras: "A mamãe era uma pessoa muito especial. Por onde passasse deixava uma marca. Quando vinha para Guaratinguetá se tornava o centro de tudo. Não que ela fizesse por ser o centro, simplesmente era o centro. Mamãe era uma pessoa inspirada por Deus. Uma coisa que marcava muito e eu sempre ouvia das pessoas que conheciam minha mãe como pessoa, nem sabiam do traba-

lho que ela fazia, das palestras que dava, enfim não sabiam nada sobre minha mãe e diziam para mim: - Maria Lucia, sua mãe é tão doce, tão delicada, ela passa para a gente uma paz tão grande! E era isso mesmo. Onde ela estivesse, transmitia paz e essa paz só poderia vir de uma pessoa enviada por Deus e inspirada por Ele. Outra coisa que eu admirava nela eram as conversas que a gente tinha. Nós nos sentávamos à mesa da cozinha em casa, minha filha, meu filho, minha nora, e eu, e ficávamos batendo papo sobre coisas corriqueiras do dia-a-dia, mas sempre que ela falava ou respondia alguma coisa eram palavras objetivas, esclarecedoras ou de orientação. Às vezes a gente diz assim: Ah! Hoje eu não quero saber de 19


blema. Às vezes a gente tinha alguma dúvida sobre como resolver determinada coisa e perguntava para ela. Ela nos mostrava o caminho com uma clareza e objetividade incríveis! A gente dizia entre nós, pergunte para a mamãe o que ela acha, e o que ela dissesse, sem dúvida, era o certo. Para minha mãe não havia obstáculos, ela derrubava todos e incentivava a gente a fazer o mesmo. O que ela deixou para nós filhos, netos e bisnetos foi um exemplo de vida. Meu pai sempre nos aconselhava:- Meu fllho, seja reto! Minha mãe dizia: - Seja perseverante! Persiga seus objetivos e veja qual é a prioridade. E coloque Deus na sua vida. O que mais precisamos para seguir em frente. Se você é reto, você tem certeza que está fazendo o certo, se você é perseverante e Deus está na sua vida, você com certeza vai chegar onde quer. Enfim eu só posso agradecer a Deus por ter me escolhido para ser filha de um homem santo e de uma mulher maravilhosa que Deus enviou à Terra com uma missão especial, que ela cumpriu até o fim e só parou porque Deus deve ter dito a ela:- Nancy venha para junto de Mim e de minha Mãe. Sua missão na terra já foi cumprida! E Deus a levou no dia da Assunção de Nossa Senhora, como se fosse uma recompensa pela vida santa e exemplar que ela teve. Obrigada Meu Deus e obrigada mamãe!". Maria Lucia. Sônia e Antônio CR Setor Guaratinguetá/SP

conversa séria, eu quero jogar conversa fora. Minha mãe não sabia fazer isso. Eu nunca vi minha mãe jogando conversa fora. As respostas, as coisas que ela falava, mesmo quando estávamos brincando, falando abobrinha, como a gente diz, ela tinha uma palavra séria e esta palavra nunca foi sem objetivo. Ela não precisava pensar para falar, as palavras simplesmente saiam de sua boca, parecia que já estavam prontas, preparadas, só esperando a oportunidade de sair. Isso só acontece com pessoas preparadas por Deus, inspiradas pelo Espírito Santo, que por sinal ela dizia para a gente que sempre invocava por Ele para preparar suas palestras e como ela fazia isso tão bem. Não gaguejava, não repetia palavras, não titubeava, ela não lia suas palestras, ela olhava no papel para se orientar quanto ao tema, mas desenvolvia esse tema com a maior naturalidade e serenidade. Outra coisa que eu admirava nela era a capacidade de analisar um pro20


NOSSA CONVlVÊNClA COM DONA NANCY Tudo o que sabíamos de D. Nancy se referia ao que tínhamos lido em seus livros ou através de suas palestras, sempre ricas, profundas e de um sentido religioso ímpar, que a todos encantava. Não podíamos ser exceção. Eis que em Fevereiro de 2003, fomos surpreendidos por um telefonema seu, dizendo que queria encontrar-se conosco para falar sobre um projeto que tinha em mente e que gostaria de ouvir a nossa opinião. No dia seguinte (ela tinha pressa), no horário combinado, fomos até o Lar onde ela morava e, surpresos, ouvimos sua intenção de iniciar um trabalho específico para as Viúvas e Viúvos em geral, seguindo, naquilo que fosse possível, a metodologia das Equipes de Nossa Senhora. Contounos detalhes de sua vida após amorte do seu marido e as razões que a levaram somente agora a se preocupar com isso. Percebemos, nitidamente que, apesar de estar bem no Movimento das Equipes e em sua Equipe de base, sentia necessidade de mostrar para todas/os que viviam o estado de vida da viuvez, a face amiga e amorosa de Cristo. Estava flrme em seu propósito. Apenas disse que precisava de ajuda e que queria formar uma "equipe de trabalho" para pensar nos detalhes e cuidar da sua implementação. Perguntou se poderia contar conosco e, diante daquela pessoa amável, serena e muito segura, mesmo sem conhecer nada sobre a viuvez, dis-

semos sim. Até hoje não sabemos se foi um sim convicto e de fato consciente. Sua alegria foi contagiante e disse-nos: "sabia que poderia contar com vocês". Imediatamente começou a falar de outros nomes que tinha em mente e que estava pensando em convidar. Antes dessa primeira conversa conosco, ela já havia trocado correspondência e mesmo telefonemas com várias viúvas equipistas de Petrópolis e de Florianópolis e também com alguns Padres. Em sua cabeça estava praticamente alicerçada a idéia de se fazer uma "experiência", a exemplo da "Experiência Comunitária das Equipes de Nossa Senhora". Uma coisa a preocupava: queria que tudo fosse muito simples e que servisse, ao mesmo tempo, de apoio espiritual e religioso, para quem vive essa situação especial de vida. Aos poucos fomos percebendo que ela pretendia que os integran21


tes dos Grupos fossem se afeiçoando a urna disciplina espiritual ou a uma fé alimentada prioritariamente, pela: a) Oração - que ela definia corno a "respiração da alma" e que era urna questão de reservar um tempo e ter boa vontade para encontrar-se com o Senhor. b) Eucaristia - O Sacramento que "conforta e alimenta", necessitando, também, de disciplina para, senão diariamente, pelo menos semanalmente, recebê-lo na Missa Dominical. c) Pausa para ouvir o Senhor - Encontrar Deus, corno dizia ela, "é a preocupação primeira de nossa vida ou a mais importante". Na verdade, o que D. Nancy queria é que todas/os se enriquecessem espiritualmente e conhecessem melhor a Deus. Para tanto, seria necessário que lessem a Bíblia (escutassem a Palavra de Deus); que criassem o hábito de fazer uma oração interior (meditação), com palavras simples e sinceras, que refletissem o que estavam sentindo naquele momento; que estabelecessem regras para si próprias/os, para superar todo tipo de dificuldade, desânimo, mágoas etc. (regra de vida); que participassem de um Grupo (Comunidade I Equipe), onde pudessem ajudar e ser ajudadas por pessoas também sós. Formada a equipe de trabalho, fazíamos reuniões a cada quinze dias, que ela conduzia com absoluta segurança, iniciando sempre com uma oração fervorosa de louvor e agradecimento a Deus e pedindo as luzes do Espírito Santo para que nos precedesse naquilo que pretendíamos fazer. Logo a nossa Equipe de

Trabalho foi enriquecida com apresença do Pe. João Zago, Sacerdote Camiliano, que passou a nos dar apoio e orientação espiritual. Além das viúvas e viúvos, juntaram-se ao nosso público alvo também as Pessoas Sós, que compreendem as "solteiras" e as "separadas" ou seja, aquelas que romperam o seu casamento, mas continuam sós, fiéis, portanto, ao vínculo conjugal. Aos poucos e com intensa dedicação, os temas da primeira fase, versando sobre o Credo, foram desenvolvidos, os caderninhos foram montados, o Manual de Coordenação foi elaborado, os primeiros grupos pilotos foram formados no ABC e em São Paulo e logo surgiu uma outra preocupação da D. Nancy: obter as bênçãos e a autorização dos Senhores Bispos Diocesanos. Mais ainda: queria deixar com eles um jogo completo do nosso material de trabalho, devidamente encadernado, como acontece com um trabalho bem organizado. Ela esteve presente nas audiências ocorridas em São Paulo, Jundiaí, Rio de Janeiro, Petrópolis e Niterói. O incentivo recebido dos Senhores Bispos foi um detalhe à parte para que continuássemos com vigor redobrado nesse projeto, que viria preencher uma lacuna nos serviços da Igreja. Hoje, se lermos o Diretório da Pastoral Familiar no Brasil - documento 79 da CNBB -veremos que o cap. 7 (Situações especiais) contém instruções especificas sobre esse assunto. O Movimento "Comunidades Nossa Senhora da Esperança", idealizado e iniciado por D. Nancy, já estava em agosto de 2006, quando de 22


seu falecimento, devidamente organizado e em fase de implantação em todo o Brasil. Além de estar registrado como Entidade Social sem Fins Lucrativos, como estipula o Novo Código Civil Brasileiro, cuja Assembléia Geral de Fundação foi por ela presidida, possui a sua norma de funcionamento, com descrição clara dos seus objetivos, carisma, mística e orientações gerais. Contamos, também, com o Manual de Coordenação da 1a. Fase, A Responsabilidade pela Coordenação dos Grupos pós 1a fase,

Atribuições do Conselheiro ou Conselheira Espiritual, Temas de Estudos para a la, 2a e 3a fases e um Folder explicativo do Movimento. Agradecemos a Deus por essa oportunidade que tivemos de conviver com a Da. Nancy durante esses últimos quatro anos, ao longo dos quais nos beneficiamos de sua sabedoria, simplicidade, espírito de doação e profundo amor ao Senhor da Vida. Cleide e Valentim Giansante Equipe 05/A- RSP I- Capital ele ide. valentim@ terra.com.br

APENAS CONVlVENDO Ao nos dispormos a um serviço dentro do Movimento, seguramente recebemos muito mais do que podemos oferecer. E um dos grandes presentes que Deus nos deu foi a oportunidade de conviver de forma muita próxima com Dona Nancy. Além de sua presença constante nas reuniões da Equipe da SuperRegião, da qual éramos o Casal Responsável, das visitas que lhe fizemos na casa de repouso onde vivia, tivemos a oportunidade de conviver com ela por uma semana após o Encontro Internacional de Santiago de Compostela. Dona Nancy tinha manifestado vontade de passar uns dias em Madri, para se encontrar com um "filho espanhol", filho de equipistas, que ela acolhera em sua casa quando esse jovem viera ao Brasil para fazer um curso na Universidade de São Paulo.

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Dispusemo-nos a ficar com Dona Nancy para acompanhá-la nestes dias. Foi uma experiência maravilhosa e profundamente enriquecedora. Nessa ocasião, Dona Nancy já contava com 91 anos de idade, apresentava uma saúde debilitada e, para piorar a situação, justamente no dia em que embarcou para Santiago de Compostela foi acometida de uma paralisia facial que lhe causava muitos incômodos e quase a impossibilitava de mastigar.


Ao terminar o Encontro, sugerimos cancelar o passeio a Madri e voltar para o Brasil, mas ela, com a tenacidade própria de seu caráter, insistiu em encontrar o "filho espanhol". E lá fomos nós ... Andávamos sempre de braços dados: Dona Nancy no meio e nós, um de cada lado, a garantir-lhe a segurança e apoio. Nas refeições, ela somente conseguia consumir coisas liquidas. Sentia muitas dores e sofria bastante, mas não a vimos reclamar de nada. Dona Nancy era uma mulher de fibra. Ao se decidir por uma coisa, não havia obstáculo que a fizesse desistir. Essa tenacidade era uma de suas marcas registradas. Quando assumia o compromisso de participar de um EACRE, de fazer palestra em algum setor, enfim, de dar um testemunho em qualquer encontro promovido pelo Movimento, nem a dor, cansaço, nem a doença eram capazes de fazê-la recuar. Tinha a profunda convicção de que não podia decepcionar as pessoas, de que não poderia faltar à palavra empenhada. Assim, não media os sacrifícios. No porte franzino, e já arqueada pelo peso dos anos, escondia-se uma vitalidade de fazer inveja, e que vinha de um espírito decidido e inundado pela graça e força de Deus. Estar com Dona Nancy era como ter à nossa disposição uma fonte de sabedoria. Seu pensamento estava sempre à frente: informava-se de tudo. Nada do que acontecia no mundo era-lhe indiferente: discutia sobre a questão dos transgênicos; interessava-se por computador, em tudo parecia querer des-

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cobrir o dedo de Deus traçando os rumos da história do homem. Que dizer então das coisas do nosso Movimento! Conhecia os atalhos de cada proposta, fazia aflorar o espírito de cada coisa, de cada exigência, que sabia transmitir com simplicidade e encantamento. Conversamos muito naqueles dias, a nós inesquecíveis, e deixamonos maravilhar pelas descobertas que ela nos permitia penetrar. Falava de Deus com a intimidade daqueles que nele encontraram o seu tesouro. Temos a certeza de que convivemos com uma mulher que buscava intensamente a santidade, vivenciada no concreto das coisas comuns do quotidiano. Para encerrar este depoimento, lembramos que, já no vôo de volta, quando nos aproximávamos da hora do pouso, Dona Nancy nos falou que, assim que chegasse, iria fazer uns telefonemas a vários amigos. Sabem para quê? Para lhes passar informações sobre a vida pregressa de vários candidatos (as eleições iriam se realizar alguns dias depois), para ajudar essas pessoas a votarem de forma consciente. Foi com esta lição de vida, onde a cidadania se casa com a fé, que voltamos à nossa casa. Já não éramos os mesmos e pudemos perceber melhor o tamanho do presente que Deus nos dera ao nos fazermos simplesmente companheiros de viagem desta mulher santa e notável: Nancy Cajado Moncau. •

Silvia e Chico, Membros da ERI Eq. 2- N. S. de Fátima Setor B - Sorocaba/SP

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UMA AMlGA, UMA HlSTÓRlA, UMA REFERÊNClA ... Caros amigos, é meio difícil o que nos pedem, por dois motivos: um é o curtíssimo prazo, o outro é que Dona Nancy era muito especial para nós e tínhamos uma relação muito antiga e muito estreita com ela ... Perdê-la, ou seja, abrir mão dela, mesmo sabendo que ela ia para junto de Deus, foi muito, muito difícil para nós. Não foi só perder uma amiga querida, foi encerrar toda urna história. Uma história que vinha desde os anos 50, com o Dr Moncau e, depois que ele se foi, ao longo dos anos, com ela, sempre na mesma sintonia. Eis que nos sentimos órfãos: ficar definitivamente sem essa referência que ela representava para o Movimento e para nós nos parece uma coisa aberrante ... Tinha que acontecer um dia, mas ela continuava tão presente, tão lúcida, tão viva, malgrado seus 97 anos e a saúde cada vez mais declinante, que não nos passava pela cabeça que iríamos ter de ficar sem ela. Foi, pois, com muita relutância que a vimos partir... Ficou um vazio e a estranha sensação de não mais termos de pedir por ela ao rezarmos nosso Magnificat diário. Restam as recordações. Começando pelas mais recentes, o espantoso dinamismo com o qual, já com 93 ou 94 anos, ela se entregou à fundação das Comunidades N. S. da Esperança nos deixava maravilhados. Assim também ficamos boquiabertos quando a vimos, com

94 anos, aprender a usar o computador para escrever a sua próxima palestra, aposentando a velha máquina de escrever. Somente a presença nela do Espírito Santo pode explicar a fortaleza com que enfrentou a terrível provação da perda do filho assassinado (isso depois de perder outro poucos anos antes), recusando-se a cancelar a palestra que devia fazer dias depois. Para uma mãe, em qualquer idade, isso seria sobre-humano, mais ainda com 95 anos ... e a reação veio depois, mas mesmo nos meses em que ficou deprimida nunca deixou de participar dos trabalhos do que se tomara a menina dos seus olhos, as Comunidades Na. Sra. da Esperança. Remontando a anos anteriores,

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depois que Dr. Moncau, em 1982, voltou ao Pai, Da. Nancy, para espanto de todos nós - ela que antes só acompanhava o marido - foi se revelando, aceitando uma palestra aqui, depois outra ali ... e de repente a vimos não só falando mas também escrevendo, habitada pelo desejo de dar a conhecer melhor não só o marido mas os primórdios e depois a história do Movimento. Com a mesma humildade que constituía um traço marcante da personalidade do Dr. Moncau, tomava conselho de uns e outros, sempre atenta a fazer prevalecer a herança recebida, ao mesmo tempo que aberta às novas feições e necessidades do Movimento. Com o passar dos anos, era impressionante como sua energia não esmorecia, a despeito dos achaques

da idade e mesmo doenças suportadas em espírito de oblação. E assim foi até o fim. Já não enxergava quase, precisava apoiar-se em alguém para andar, mas a cabeça sempre alerta, a memória perfeita. Assim era essa incrível mulher, por quem nutrimos tanta admiração e uma afeição de filhos, que felizmente ela considerava assim. Em vez de sentirmos a sua partida como uma perda, deveríamos agradecer por termos privado com ela e considerar que, se Da. Nancy foi uma dádiva de Deus para o nosso Movimento, de lá do Céu, junto com Dr. Moncau, ela pode fazer muito mais. Como o grão de trigo de que fala o evangelho de São João ... Monique e Gérard Eq. N. S. do Sim São Paulo Capital I

lEMBRANÇAS DE NOSSOS PAlS A gente crescia, mas eles cresciam mais rápido que a gente. Sentimos falta de não termos discutido mais, brigado mais, conversado mais com nossos pais. Teríamos aprendido mais ... Estejam certos, não são tristezas, são lembranças. No fmal dos anos 40, morávamos próximo ao Largo Pompéia. Éramos 5 filhos (o caçula ainda iria nascer), o maior com 12, o menor ainda bebê. Aquele bairro é uma sucessão de montanhas. Nas férias, mamãe saía

É muito difícil falar sobre nossa mãe, falar sobre nossos pais. Tão distantes e tão próximos. Tão inatingíveis e tão ao alcance das mãos. Olhamos para trás e os percebemos com cinzéis, talhando filhos fortes, idéias fortes. De onde vinha tanta força, tanta coragem, tanta firmeza? Como aquela pouca força física, aqueles gestos suaves, palavras pausadas, olhares pacientes, como tudo "aquilo" podia ser tão simples e tão firme?

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sozinha pela manhã, ela e nós 5, a pé, carrinho de bebê, velocípedes, patinetes. Subíamos a pé os 6 ou 7 quarteirões de "montanha", até a Igreja N. S. da Pompéia, e continuávamos do outro lado, descendo uns 500m de ladeira de terra, até onde então terminava a Avenida Pompéia. Daí para adiante era quase tudo mato. Atravessávamos uma ponte de tábuas sobre pequeno riacho e subíamos outros 400 ou 500 metros de morro inabitado, até alcançarmos um pequeno descampado com um "cruzeiro" no topo do morro, onde fazíamos um piquenique ... Estávamos a cerca de 2 quilômetros de casa. E mamãe frrme com sua "ninhada" e toda a "tralha" ... Retomávamos a pé, pelo mesmo caminho, morro abaixo, morro acima, já em meio à tarde ... Esta era nossa mãe. O que se propunha a fazer, fazia. A montanha ou a "penca" de filhos não eram obstáculos, eram estímulos. Ela e papai estavam acumulando energias naquele final de década para iniciarem juntos a grande empreitada das Equipes de Nossa Senhora no Brasil. Nunca vimos mamãe ou papai rindo,apenassorrindo.Mastambém nunca os vimos reclamando ou lamentando ... exceto mamãe, quando da morte trágica de um de seus filhos ... Foi quando ela começou amorrer. E em meio a esta "fraqueza" ela ainda teve energias para dar vida a um novo movimento de pessoas sós, a Comunidade N. S. da Esperança. Assim era nossa mãe. Sempre procurando e superando montanhas. Uma de suas últimas frases an-

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tes de partir foi um misto de protesto e prece: "O que faço aqui, Senhor, presa nesta cama! O que faço aqui, sem poder escrever, sem poder preparar minhas palestras!". A imagem da infância se mistura com o presente. E' como se ela estivesse a dizer: "O que faço aqui, Senhor, se não posso conquistar montanhas?". O Senhor ouviu sua prece, e junto com Sua Mãe, ela subiu a mais importante de todas as montanhas. Amém. De maneira muito singela e sincera, nós, filhos de Pedro e Nancy, agradecemos o carinho, o apoio, a amizade e o companheirismo que nossos pais receberam tão generosamente dos casais, dos Conselheiros Espirituais e da direção das Equipes de Nossa Senhora e dos membros da Comunidade N. S. da Esperança. Em especial, agradecemos a um número significativo de casai e de sacerdotes mais próximos, com os quais os laços de amizade estreitaram-se e fortaleceram-se de forma notável ao longo de anos de convívio fraterno, não só agora, mas durante suas vidas, inclusive nos momentos difíceis. Nunca lhes faltou o carinho e o amparo que receberam de todos. Estejam certos, vocês permitiram que eles fossem felizes e realizassem seus sonhos. Eles receberam tanto ou mais do que deram. O nosso "muito obrigado" e que Deus vos abençoe a todos.

Pedro Carlos, Luiz Arnaldo, Maria Lúcia e Álvaro Setembro de 2006

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lMPRESSOES QUE ACAM (Baseado no Livro "O Sentido de Uma Vida") A recente partida à casa do PAI, da nossa querida Da. Nancy Cajado Moncau, aos 97 anos de idade, deixa-nos a certeza de que sua vida não passou em vão, pelo muito que plantou nos corações de tantos casais, sempre com profunda dedicação, disponibilidade, persistência, carinho e, sobretudo, com muita fé e amor a Deus. Muitos tiveram a graça de conviver bem próximos a ela, outros tantos a conheceram rapidamente, nos encontros, nas palestras, pelos seus livros e artigos publicados na Carta Mensal. A todos deixou profundas impressões como um grande ser humano cristão. Ficamos muito edificados com a participação de D. Nancy no 1°. Encontro Nacional de Brasília, realizado em 2003. Ela vinha de um período de convalescença e, apesar da sua idade avançada, deu um longo testemunho da influência do Pe. Caffarel em sua vida pessoal e conjugal, com riqueza de detalhes, muitas vezes sem ler na folha e em pé. Sua figura, embora pequenina, era de uma pes oa forte, determinada, disponível e profundamente amorosa, pois estava ali para nos ensinar os caminhos da busca da santidade através da espiritualidade conjugal. Ela foi uma esposa amorosa, dedicada e companheira em todos os projetas abraçados por seu marido, Pedro Moncau Júnior. Sua admiração por ele era tão grande que,

após ter ficado viúva em 17 de agosto de 1982, lançou em 1986 o livro "O Sentido de Uma Vida", biografia de Pedro Moncau Júnior e, em 1993, o livro "Quando a Palavra se Torna Vida", com meditações do marido falecido. Era um casal tão unido, que a biografia de um é também, excluindo-se alguns aspectos pessoais, a biografia do outro. Pedro e Nancy conheceram-se em 7 de setembro de 1931, num intercâmbio espiritual promovido pela Congregação Mariana de Araraguara, que acolhia a de São Paulo. Casaram-se em 27 de junho de 1936, após cinco anos de no i vado, com muita correspondência e poucas visitas. Através das cartas, davam-se a conhecer um ao outro e foram percebendo com muita alegria que possuíam as mesmas aspirações em relação a um lar cristão: "Como será boa, Nancy, esta nossa vida em comum, em que apoiados um no outro e, os olhos fitos em Deus, procuraremos, na paz e na harmonia das nossas consciências, edificar Longos dias de uma felicidade suave e calma". (O Sentido de Uma Vida, pg. 42). "Precisamos espiritualizar o nosso afeto, o nosso amor, eleváLo acima de nós mesmos, depositáLo, em uma palavra, aos pés de Jesus, para que por meio dele faça de nós o que for da sua vontade. É com esta disposição que, no dia do nosso enlace, pousare-

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mos as mãos sobre a estola e sobre a mão do sacerdote, para dele receber a benção de Deus". (0 Sentido de Uma Vida, pg. 46). O desejo de construir um lar cristão fez com que, depois de casados, buscassem um sacerdote, cuja orientação firme e segura lhes ajudou a encarar cristãmente Armandinho, o segundo filho, que tinha síndrome de Down e morreu aos 16 anos. Nancy e Pedro levavam-no a todos os lugares aonde iam com os irmãos e, apesar dos olhares curiosos, interrogativos, e dos comentários indiscretos que os magoavam, a alegria que ele sentia nesses passeios era mais importante que o amor próprio de seus pais. Ao todo, tiveram seis filhos e um de criação, que foi acolhido aos oito meses, e foi amado igualmente. Também foram um casal participante e engajado nas paróquias às quais pertenceram. Dez anos antes da formação da primeira equipe no Brasil, Pedro e Nancy já participavam do Centro de Estudos D. Gastão, organizado pelo Departamento de Casados da Congregação Mariana, o qual reunia as farm1ias dos congregados casados, visando a procurar meios para proporcionar a seus membros uma maior vivência da vida conjugal e familiar. Mas faltava "algo mais". "Após 14 anos de casamento e de longa busca, a descoberta das Equipes foi como que um clarão a iluminar o quadro dessa vida familiar que tentávamos viver." ... "Era isso, dizia Pedro, o que tanto tempo procurávamos. " (O Sentido de Uma Vida. Pág. 198).

O início da Equipes no Brasil, sua trajetória e difusão, devem-se ao grande amor que este casal viveu, fundamentado na espiritualidade conjugal. Pedro e Nancy amavam o Movimento e esforçaram-se para trazê-lo ao Brasil e para fazê-lo crescer. Foram 32 anos como participantes das ENS em casal e, após a morte do esposo, D. Nancy continuou por mais 24 anos. O amor que os unia era tão grande, verdadeiro e único que perdurou na sua viuvez: No 2°. aniversário da morte de Pedro, D. Nancy falou:- "Realmente, nossos laços perduram. Para mim, de um certo modo, Pedro continua vivo. Vivo nos seus escritos, nos seus trabalhos, nas nossas lembranças. E sei que, dessa maneira, ele também continua vivo no Movimento e na lembrança de todos que o conheceram e amaram. Creio que a graça que o Espírito Santo nos concede na comunhão ultrapassa a morte e se estende a uma união profunda de duas almas que viveram juntas na terra, que ainda se procuram uma à outra e que podem continuar a crescer, não na união terrena, é verdade, mas numa outra dimensão que é a união a Deus e ao próximo. Sinto-me unida a Pedro, procurando compreendê-lo melhor através de seus escritos e de minhas lembranças e sinto Deus presente nessa união entre nossas almas, na união com o próximo, esse próximo que amamos juntos e servimos. Sei que, de onde ele está, pensa também nesse próximo nas 29


equipes e, particularmente, nos que nos são mais próximos. Sob este aspecto, não me sinto viúva, porque nossa união permanece em Deus e nos outros, e a comunhão nos aproxima, nos une suavemente, pacificamente, no mais profundo do nosso ser". (Nancy Cajado Moncau, 17 de agosto de 1984). Com um amor tão pródigo, D. Nancy, no ano de 2000, por ocasião dos 50 anos das ENS no Brasil, es-

creveu seu terceiro Livro "Equipes de Nossa Senhora no Brasil- Ensaio sobre seu histórico". Em todos esses anos, as equipes foram sua vida e sua vida foi a das equipes, primeiro junto com Pedro e depois como orientadora e conselheira, - diriase quase materna - dos dirigentes do Movimento. (Orelha do livro Equipes de Nossa Senhora no Brasil). A vani e Carlos Equipe da Carta Mensal

DONA NANCY Lourdes, setembro de 2006. À sombra dos plátanos, ouvindo o cantar das águas do Gave. Do outro lado, a gruta, a fila infinita dos devotos. Por toda a parte os tons canário dos equipistas brasileiros. Dona Nancy gostaria de estar aqui. Aliás, uns dois meses antes de nos deixar, confidenciou: "Se eu estivesse um pouquinho melhor, gostaria de ir a Lo urdes". Não pôde vir. Ou melhor, não precisou

vir, porque no coração da Trindade, no colo de Maria, ali podia estar como ninguém. Não me custa ver Dona Nancy caminhando, na juventude recuperada, à sombra dos plátanos, a ouvir o cantar do Gave, olhando para longe, muito mais longe que Massabielle. É assim que a vejo agora. Não na fragilidade da anciã, mas na força plena do que viveu. Esteve entre nós como mulher forte, lú30


vas. Em reuniões, mais de uma vez eram suas as propostas mais ousadas. Bem porque sabia manter fidelidade ao perene e inegociável. Até os últimos meses, pensava no futuro, continuava a lançar sementes, a despertar adesões a novas propostas, a incitar medrosos e acomodados. Mulher forte, lúcida, sábia, aberta ao futuro. Essa a Dona Nancy que pude conhecer mais de perto. E admirar. Não tenho dúvida, ela está por aí, quem sabe em frente da Gruta, ou, quem sabe, a olhar aquele casal de camisa amarelocanário, a conversar sob a dança das manchas de luz e de sombras. Pe. Flávio Cavalca de Castro Sacerdote Conselheiro Espiritual

cida, sábia, pronta sempre a encarar o futuro. Foi assim que a pude conhecer mais de perto nos últimos anos. A voz podia ser débil, incerta às vezes, mas as palavras transmitiam firmeza. Mesmo em situações em que gente mais jovem vacilava. Conhecia os objetivos, antevia os caminhos, apontava rumos. Tinha opiniões, que sabia defender, idéias claras de quem soubera cultivar o pensamento e o coração. Tinha opiniões, ou melhor, tinha certezas nascidas da escuta do Senhor. A lucidez de Dona Nancy era tranqüila, sem medo de ouvir idéias diferentes, capaz de as avaliar e integrar numa visão mais ampla. Até os últimos meses ainda fazia palestras muito bem concatenadas e ricas. E, ao ouvir, surpreendia, percebendo nas palavras matizes que a outros escapavam. Foi como me surpreendeu ao ler, nas entrelinhas de uma palestra, uma idéia que eu não tivera a coragem de expor abertamente. Percebeu logo o sentido oculto, e tirou conclusões. Era mulher sábia. Sabedoria amadurecida ao longo dos anos e de múltiplas experiências de vida. Sabia aconselhar, porque sabia compreender as pessoas. Tinha a sabedoria da vida, que lhe permitia rir de muitas seriedades, e até de si mesma. Sabedoria das conversas sérias ou descompromissadas, mas sempre marcadas pela fé e por uma visão cristã da vida, que nada tinha de estreita ou medrosa. Dona Nancy não mostrava medo do futuro, ou das coisas no)1



e também da doação de serviço de quem exerce responsabilidade, na equipe de base e no Movimento. Eunice e Milton, Casal Secretário/Tesoureiro, apresentaram ao Colegiada o balanço anual financeiro desta associação que somos todos, seus passivos e ativos, bem como as projeções para o futuro, conclamando a todos a fazerem planejamentos criteriosos dos eventos que requeiram recursos do Movimento. A situação financeira está sempre no limite, às vezes no déficit, às vezes em leve superávit, mas sob controle e sempre confiando na Providência. Também fizeram apelo a que as contribuições sejam conscienciosas por parte de cada casal.

liturgias A coordenação da liturgia do Encontro coube ao Casal Provincial Centro-Oeste, Nilza e Nivaldo. Os temas das celebrações alinharam-se com as orientações da Super-Região para o ano de 2007, cujo tema é Espiritualidade conjugal: compromisso nas equipes, e lema, Matrimônio e ENS: caminho de santidade. CM 413

O ponto alto de todo encontro são as celebrações, momentos fortes de comunhão de irmãos reunidos no Senhor. Especialmente a Celebração Eucarística é celebração da vida. E nós, como casais e como equipistas, levamos para a celebração as nossas vidas, nossos anseios de busca da santificação, por isso buscamos o Espírito Santo, fonte da Santidade. Na liturgia celebramos a nossa vida conjugal, como espelho da "Nova Aliança", a aliança de Cristo com a Igreja, celebração que dá sentido à nossa oração conjugal, com a qual celebramos diariamente o nosso matrimônio. Como casal, buscamos em Maria um modelo de santidade, a cristã fidelíssima à vontade de Deus, que a elevou à glória do céu. Se a liturgia, que celebramos na pequena capela, une a nós, Igreja que ainda peregrina em busca de santificação, com a liturgia da Igreja que já está na glória do Pai, também pela liturgia, chega-nos um mandato missionário, para que, como esposa e esposo, sacramento do amor, formemos comunidades de amor, especialmente entre casais jovens. • 17


RETIROS ANUAIS O Pré-Setor de Edéia, Região Goiás Sul, nos dias 4, 5 e 6 de agosto, realizou seu Retiro Anual, tendo como pregador o SCE Pe. Rinaldo F. Medeiros. Houve a participação de 93 % dos casais. Quantas descobertas fizemos do Jesus Cristo: O Jesus histórico, o Cristo, Homem e Deus! Exercitamos os PCE propostos pelo Movimento para este ano. Refletimos como Jesus quis depender das pessoas e percebemos o quanto também nós dependemos. Bebemos da água viva que só Jesus pode nos dar. Fizemos o Dever de Sentar-se na presença do Cristo Sacramentado ... Jesus curou e libertou muitos corações feridos! Fomos agraciados com as bênçãos de Deus. Após o retiro podemos dizer: "Contemplamos a face de Cristo". Pré Setor Edéia

••• O Setor de Toledo/PR realizou seu Retiro Anual nos dias 9 a 11 de junho de 2006, tendo como pregador Pe. Emerson Rafaelli, tendo como tema: Vocação e Missão. Pe. Emerson nos levou a mergulhar na profundidade do Sacramento do Matrimônio, fazendo-nos refletir sobre a vida de Maria, mulher e mãe, em seu relacionamento com o seu filho Jesus, menino, adolescente, jovem e adulto, a partir do que nos conduziu a repensar as nossas relações diárias, em família e em casal. 18

Rute e Ernesto Dali 'Agnol Casal Comunicação do Setor Toledo/PR

••• Nos dias 5 e 6 de agosto, Rogério e eu participamos do Retiro Anual do Movimento. Tudo estava quase perfeito. O pregador é jovem, aliás o mais jovem do retiro, inteligente, carismático e apaixonado pelo Movimento. A casa onde o retiro foi realizado nos acolheu com o mesmo cuidado de sempre. O retiro foi bem preparado pelos responsáveis. Mas faltou alguma coisa, faltaram aqueles que por algum motivo não fizeram o retiro. A nossa sensação: "Poxa! Eles tinham que estar aqui!", pois foi muito bom e proveitoso para nós vivenciarmos o retiro, com o tema: "A Descoberta do Cristo através dos nossos sentidos". Andréa e Rogério Eq 28- Petrópolis/RJ

••• O Retiro do Seto r Serra realizouse nos dias 26 e 27 de agosto e contou com a presença de 34 casais. Foram momentos de oração, reflexão, buscando aprofundamento no conhecimento de Jesus Cristo. Meditamos a Palavra de Deus, que nos interroga firmemente: "Quem dizem os homens que eu sou?" Foram apontadas para nós muitas pistas para identificar Cristo, conversar com Ele e escutar o que verdadeiramente Ele nos quer dizer. Basta abrirmos os nossos corações. O retiro fez sentirmo-nos comproCM 413


metidos com o seu projeto, certos de que seremos capazes de cumprir sua missão como casal cristão, com a presença constante de Jesus Cristo. Salete e Saul CRS Serra - Região RS I

••• Jesus foi maravilhoso, permitindo-nos participar do Retiro Espiritual anual. Ponto mais que concreto, verdadeiro momento de parar, ouvir, meditar e mudar. Foi nesse

espírito que realizamos o nosso retiro, no setor de Louveira/SP, nos dias 04,05 e 06 de agosto de 2006. Tudo foi perfeito ... Com certeza este não foi mais um retiro, mas o "Retiro", do qual nunca mais esqueceremos. Nós nunca deveríamos deixar que algo nos impedisse de realizar este PCE. Cristina e Luciano CRS Setor Louveira/SP Região SP Sul II

• • • Partilha e Pontos Concretos de Esforço • • •

MEDlTANDO COM JESUS "Jesus mandou os discípulos subirem à barca e irem à frente para a outra margem, enquanto despedia a multidão. E, tendo dispensado o povo, subiu sozinho ao monte para rezar. Caindo a noite, estava lá só" (Mt 14,22-23). Vocês conseguem visualizar esta cena? Todas as passagens evangélicas que descrevem as situações em que Jesus se retirava para orar me fascinam. Eu fecho os olhos e tento vêLo exatamente naquela condição. É uma sensação indizível. Se até Ele precisava daqueles momentos de meditação, oração, por que não nós? Na agitação e condições geográficas urbanas é impossível encontrar um deserto ou um monte para que possamos nos retirar e ausentarmo-nos de nossos afazeres. O meu "deserto" é em um cantinho, ao lado do meu quarto, em que montei um oratório. Ali teCM 413

nho imagens de Nossa Senhora, santos, a Bíblia sempre aberta, um castiçal para a vela e um livrinho de reflexões diárias. O Marco não sai de casa sem passar por ali e fazer sua oração matinal, os filhos ... ainda estão aprendendo o caminho, mas de vez em quando encontro uma velinha acesa, e sei que um deles passou por ali, fico feliz! Quando me "retiro", fecho as portas, sento, e nada mais escuto lá de fora, até tiro o telefone da tomada. O assunto é só entre mim e Deus. É algo muito íntimo, um momento especial. Meditar é transcendental, diferente de refletir, pensar. Por isso, precisa de um lugar que tenha as condições necessárias para dialogar com Deus.

Luciene e Marco André ENS Mãe da Igreja - Setor B Campo Grande/MS 19


GRATlDÃO O dia 15 de agosto é um dia de alegria, onde o amor venceu. Neste dia, celebra-se a Assunção ao céu de Maria, Mãe de Deus e nossa Mãe. No dia 15 de agosto de 2006, a mulher forte, mãe das ENS no Brasil, D. Nancy C. Moncau, foi chamada a encontrar-se com nossa Mãe do Céu, junto à Trindade Santa, na Jerusalém Celeste, nossa última morada. Sendo a gratidão a memória do coração, queremos agradecer a Deus por Dona Nancy, pela sua coragem e perseverança em lutar para levar aos casais o aprendizado do amor conjugal, através de uma espiritualidade própria aos casados, para que assim fossem unidos cada vez mais ao Cristo, pela intercessão de Maria, nossa Padroeira e Guia. Dona Nancy, que seu testemunho continue encontrando eco entre os casais das Equipes de Nossa Senhora e que do céu, juntamente com a Mãe de Deus e nossa Mãe, continue sua luta, intercedendo pelo Movimento, seus casais e fanu1ias. Pe Valdenito L. de Oliveira SCE da Eq.06-N. S. do Pérpetuo Soccorro - Olinda/PE (Missa de r Dia, por Dona Nancy, com a participação dos Equipistas da Região Pernambuco 1). Encaminhado por Tainha e George Alves

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MOMENTOS DE EMOÇÃO ... No dia 22 de agosto de 2006, as Equipes de Nossa Senhora de São José dos Campos prepararam, na Catedral Diocesana, uma Missa de 7° dia para Dona Nancy Moncau. Foi um momento muito emocionante. Celebrada pelo Padre Rinaldo Resende, pároco da Catedral e SCE de duas Equipes e concelebrada pelo Frei José Antonio Flesch, com apoio dos Diáconos Álvaro Vantine e Marcos Reis de Faria, todos Conselheiros Espirituais de equipes em nossa cidade. Estávamos presentes cerca de 150 equipistas. Padre Rinaldo focou a homilia na figura humana e perseverante de Dona Nancy e a coincidência das datas da sua morte e da Missa que estávamos realizando com as datas das celebrações litúrgicas da Assunção de Nossa Senhora e de Nossa Senhora Rainha. Foi momento marcante a presença do filho de Dona Nancy, o Sr. Luiz Arnaldo, que estava de passagem por São José dos Campos e que, ao procurar por uma missa em homenagem à mãe, acabou assistindo-a conosco. Convidado ao final para nos dizer algumas palavras sobre sua mãe, fez uma apresentação emocionante, destacando as características do pai, Dr. Pedro Moncau e a garra e determinação da mãe. Hermelinda e Arturo Eq. N. S. de Fátima - Setor D São José dos Campos/SP CM 413


Bodas de ouro Lourdes e Eittel, no dia 16 de julho de 2006, comemoraram 50 anos de feliz vida matrimonial, dos quais, 40 anos como membros da Equipe 13 - Setor A, Rio I. A Missa de Ação de Graças foi celebrada na Igreja da PUC do Rio e teve como celebrantes o antigo e o atual SCE da Equipe, Côn. Djalma Rodrigues de Andrade e Pe. Antônio Lemos Gonçalves. Além dos filhos, noras, genros, netos, familiares e amigos, compareceram mais de 300 irmãos equipistas. Lourdes e Eitel, nestes 40 anos, sempre foram atuantes no Movimento, aceitando as missões para as quais foram chamados, com muita dedicação e responsabilidade.

••• Maria 1rani e Francisco, no dia 03 de novembro de 1956 recebiam as bençãos de Deus para seu matrimônio. Frutos destas bênçãos: quatro filhos e seis netos e muito amor do casal. "Assim será abençoado aquele que teme o Senhor"(Sl 127,4). Pertencem à Equipe 111 - Nossa Senhora da Glória do Setor E, Região Rio III, há 15 anos. Deus seja louvado por estes 50 anos de testemunho de fidelidade e amor. Os membros de sua equipe e todo o Setor E felicitam o casal, pedindo ao Senhor que lhe dê a paz e

Jubileu de Prata No dia 17 de novembro de 2006, a Equipe Nossa Senhora da Guia do Setor B da Região Centro-Oeste I, em Brasília/DF, completa 25 anos de existência. Atualmente, são sete os casais que a compõem, dos quais apenas Marilene e Nivaldo estão nela desde o início. Juntamente com nosso Conselheiro Espiritual, Pe. Luiz, Pároco da Igreja Nossa Senhora das Graças, estaremos celebrando uma Missa de Ação de Graças, da qual deverão participar todos os casais que já pertenceram à equipe e aqueles que já foram Conselheiros Espirituais. Não faltará um bolo a ser repartido, na alegria de festejar tão brilhante e querida data. Lucinha e Sérgio Eq. N. S. da Guia - Setor B Região Centro-Oeste I

Partiram para a casa do pai

• Evandro Giannico, da Edméa no dia 24 de agosto de 2006. Integrava a Eq. 3 - Nossa Senhora das Graças, Guaratinguetá/SP. • Amália Thereza Manna de Deus - no dia 23 de março de 2006. Pertencia à Eq. 4, N. S. Auxiliadora de Mogi das Cruzes/SP. • Joaquim Dias, da Érica, no dia 14 de etembro de 2006. Inegrava a equipe Nossa Senhora de Fátima- 13-B, de Curitiba!PR. • Oclésio, da Virgínia, no dia 12 de outubro de 2006. Era membro da Equipe Nossa Senhora Aparecida do Setor de Anápolis/GO. 21


ORDENAÇÃO PRESBlTERAL Pe. George Batista Pereira Filho, foi ordenado presbítero pela imposição das mãos do Bispo Dom Aldo Pagotto, no dia 29 de agosto de 2006, na Paróquia Nossa Senhora do Carmo, em Fortaleza/CE, para alegria e festa do Setor A de João Pessoa/PB. Pe. George já era Conselheiro da Equipe Nossa Senhora do Rosário 02-A-JP-PB e será também Conselheiro do Setor. Ele é natural de Fortaleza, onde residem seus familiares. Ao nosso querido Conselheiro Espiritual todo o nosso amor e carinho. Que as bênçãos de Deus sempre estejam sobre ele e que Nossa Senhora seja-lhe sempre guia na caminhada. Sinara e Valdeis CR Setor A - João Pessoa/PB

••• Pe. Luciano Tartari Neto, foi ordenado presbítero no dia 12 de agosto de 2006, em Lauro Muller/ SC. É SCE da Equipe 4- Nossa Senhora do Rosário de Fátima, Setor A de Criciúma.

Sua primeira missa, no dia 13 de agosto, foi em sua terra natal, na Capela São Salvador de Rio Capivaras Alto/SC. Seu lema: "Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim" (Gl2,20). Silvana e Dionélio Daleffe Comunicação Social - Setor A Criciúma/SC

••• Pe. Rodrigo Arnoso. Nossa equipe está em festa, pois o nosso Sacerdote Conselheiro Espiritual foi ordenado presbítero no dia 19 de agosto de 2006, em Tiradentes/SP. No dia 10/09/2006 ele celebrou missa solene no Santuário Nacional e nós estávamos lá participando da Eucaristia. Foi muito emocionante. Auxiliadora e Hernandes Eq. N. S. do Rosário Setor Aparecida - SP Leste II

Jubileu de Ouyo Completou 50 anos de vida presbiteral o Pe. Luiz de Oliveira Campos, SCE da equipe Nossa senhora da Guia, do setor B de Brasília/DF - Região CO I. (Cf. CM 412, p. 22). 22

Equipes novas Equipe Nossa Senhora da Imaculada Conceição Eq. I de Cunha/SP

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O SENHOR FEZ EM MlM MARAVILHAS! SANTO É O SEU NOME!

A saudação de Maria

toma o dom maior e fonte de todo sustento: o Espírito Santo.

O outro é sempre mais importanFicou cheia do te. Este princípio condensa as riquezas das inúmeras indicações que a fé Espirito Santo O serviço da Mãe Maria é comcristã aponta como condição de sua vivência autêntica e fecunda. O gesto pleto. É o serviço da verdadeira discída Mãe Maria, a Mãe do Senhor, dei- pula. Não é um favor qualquer e cirxando a sua casa e partindo, apressa- cunstancial. É o serviço da vida. O damente, para a região montanhosa, serviço da vida que responde às nea urna cidade da J udéia, revela o seu cessidades muitas das circunstâncias coração de autêntica discípula do Fi- do dia a dia e aponta na direção da lho Amado. Esta autenticidade se com- · vida que não passa. Há de se presuprova no gesto de eleger o outro como mir que Isabel, grávida, necessitasse mais importante. Uma importância de ajuda e cuidados especiais. São que emoldura com relativizações as muitas preocupações e afazeres, propróprias condições e direitos, fazendo vidências e encaminhamentos. Tudo valer tão simplesmente o que conta e conta como importante para a chegao que garante o bem do outro. Não foi da de um outro. Cada outro é imporsem razão que Isabel encheu-se de tante como se fosse único. Esta soliadmiração e encantamento com a dariedade faz parte da vida de tantas chegada de Maria, sua parenta, na sua pessoas. A vida é vida, de verdade, casa. Outra não poderia ser a pergunta na medida em que a esta solidariedaque nasceu do fundo do seu coração: de preside os gestos, escolhas e as 'Como posso merecer que a mãe do prioridades do tempo que se tem como meu Senhor me venha visitar?' Outra presente de Deus para se viver. Para não pode ser a resposta senão aquela além destes serviços que criam conda importância que cada um possui dições confortáveis e concretizam os diante de Deus. Uma importância que direitos insubstituíveis da dignidade hufaz de cada outro diante de cada um o mana nos contextos da vida, a saudaservidor. Maria ficou durante três me- ção de Maria, ouvida por Isabel, enses com Isabel. Uma permanência cheu o seu coração do Espírito Santo. que se fez em serviço. Um serviço Eis o grande e mais importante servique foi anunciado logo na sua chega- ço do coração do discípulo à vida do da, bastando constatar esta qualidade outro. É no Espírito Santo de Deus no pular da criança, no ventre da mãe que se pode compreender que a vida Isabel, e o seu coração que se encheu ultrapassa as raias do tempo para lodo Espírito Santo. Um serviço que se calizar-se no horizonte infinito da preCM 413

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sença amorosa de Deus. Uma vida que jamais acabará pela força do amor de Deus. A alegria de Isabel nasce da compreensão da vida que nasce, ela esperava o seu filho, e desabrocha plenamente no coração de Deus pela força do Espírito Santo. A alegria de Isabel, diante da presença da VIrgem, ouvindo sua saudação, comprova a íntima ligação do coração de Maria com o coração de Deus, conhecedora, pela clarividência de sua fé, da vitória final desta vida sobre toda morte. Uma sabedoria que se sustenta pela ação invisível e amorosa do Espírito Santo, o mestre da santidade, cuja força amorosa é a ação redentora do Pai, em Cristo, arrancando seus filhos todos, como o fez com o seu Filho Amado, da morte, e garantindo a vida que não passa. A presença de Maria na casa de Isabel é muito mais do que a chegada de uma parenta amiga. É o verdadeiro anúncio da vida que gera a alegria duradoura. A alegria que nasce da vitória da vida sobre a morte. Uma alegria que se ancora na certeza da vitória da ressurreição do Senhor.

Bem aventurada aquela que acreditou Quando Isabel exclama, 'Bemaventurada aquela que acreditou', comprova sua compreensão desta maravilhosa ação de Deus, pelo Espírito Santo, modificando tudo e criando as condições, para além de toda previsão humana, para que a vida seja plena. Isabel testemunhou ter compreendido que só é possível alcançar este estágio de encantamento no Senhor e de encantamento para com os outros, 24

tudo concretizando em gestos solidários de serviço e de oferta generosa, na medida em que se vive a fé como compromisso e como intimidade profunda com o coração de Deus. Uma intimidade que se faz presidida pela ação invisível e amorosa do Espírito Santo. Não há outro caminho, a não ser o caminho da fé, como entrega, escuta e intimidade, para que se possa compreender a vida como serviço, na consciência clara e convicta de que a vida verdadeira já está garantida, possibilitando nesta que passa a alegria de espalhar o bem e distribuir tudo o de que os outros têm necessidade. A fé é a fonte do serviço e as raízes de sua nobreza. Quando Maria, em seguida à exclamação de Isabel, canta, ela compartilha com o coração de sua parenta as verdades e as raízes de sua fé, gerando nos corações esta certeza. A certeza da presença amorosa de Deus criando coragem de viver elegendo esta razão como única para se viver e garantir por ela a vitória que todos buscam, sem deixá-la ofuscar por interesses outros ou por cálculos enganosos. E nas circunstâncias concretas da vida, como de Isabel, a Mãe do Senhor anuncia a vida que não passa, vitória definitiva sobre esta, por ela experimentada na sua Assunção ao Céu.

D. Walmor Oliveira de Azevedo Arcebispo Metropolitano de Belo Horizonte Fonte: Arquidiocese de Belo Horizonte!MG Colaboração de Rosangela e Marcelo Schwam Valparaíso!SP CM 413


AS EQUlPES NOS UNEM Estamos nas ENS há mais de 6 meses. Desde então, nossa vida vem sofrendo verdadeiras transformações. Já tínhamos feito um encontro de casais, mas nosso espírito pedia mais, então nos tomamos equipistas, graças a Nossa Senhora de Fátima. Nesse período, no entanto, talvez não tivéssemos descoberto o verdadeiro sentido do ser equipista. De repente aconteceu algo tal entre nós que passamos duas semanas como se estivéssemos num campo de batalha ... não podíamos nem nos olhar que já íamos atirando para todos os lados. Foi aí que convidei o Gilton para fazermos um Dever de Sentar-se. Depois da conversa, fomos dormir. No outro dia, tudo estava diferente, pois

sentíamos uma saudade imensa um do outro, algo inexplicável, estávamos tão perto um do outro, como um casal de namorados bem apaixonados. No domingo seguinte, fomos participar do mutirão do Setor. Foi incrível, parecia que tudo que ali acontecia estava direcionado para nós dois, as palestras, dramatizações ... Tudo falava sobre formas de amor e melhor convivência entre casais. Para nós, as Equipes são uma escola grandiosa e a nossa equipe é nossa fanu1ia, pois não nos abandona em nenhum momento. Obrigado, Senhor!

Aglaédna e Gilton, Eq. 1- N. S. Fátima, ltabaiana!SE aglaednabls@bol.com.br

................................................... UM DlA DE ESTUDOS Foi num clima de muita alegria e entusiasmo que no dia 6 de agosto de 2006 os setores ABC 2 e ABC 3, realizaram um dia de estudos. Uma equipe de cada setor se uniram e, arregaçando as mangas, partilharam seus dons, seus talentos e criatividade, percorrendo lado a lado, todos os capítulos da Primeira Encíclica do Papa Bento XVI, "Deus é amor", finalizando com um tema bastante atual e também muito preocupante para nós, enquanto famílias cristãs e enquanto Equipes de Nossa Senhora, que é a questão CM 413

da valorização da vida, assunto que realmente nos inquieta. São esses os momentos em que a face de Cristo se toma evidente e, ao mesmo tempo, fortalece a nossa certeza de que Deus é o amor que vive e reina absoluto em nosso meio. E como é de costume, uma descontraída confraternização entre todos os equipistas e familiares, confirmou o amor e a alegria de se viver em comum.

Arlete e Osvaldir CR Setor ABC 2- Região SP Sull 25


EU SOU AQUELE QUE NAO ERA PARA EXlSTIR Quando li o artigo "Contra o Aborto!" na Carta Mensal de agosto de 2006, resolvi relatar a coparticipação que fiz na Reunião Mensal de minha equipe, em março próximo passado. Estávamos estudando o primeiro capítulo do tema "À Descoberta de Cristo", e tinha sido proposta a seguinte questão: "Afinal, quem sou eu?". Na preparação para a reunião fiquei meio sem saber por onde começar, apesar dos meus 30 anos de Movimento e mais de 60 anos de vida. É sempre difícil falar de si mesmo, mas na medida em que refletia sobre a pergunta, percebi que era uma oportunidade de dar-me a conhecer na intimidade mais íntima da minha alma, a mim e a meus irmãos de equipe. Comecei a coparticipação com a frase: "Eu sou aquele que não era para existir". Eu não era para existir, pois quando minha mãe engravidou de mim, meus pais eram casados há pouco tempo, tinham saído do Rio Grande do Sul para o Rio de Janeiro para que meu pai pudesse estudar e seria muito complicado eles conviverem com esta gravidez indesejada e com o filho que viria. Eram tempos difíceis, em plena segunda guerra e eles longe da família, com dificuldades financeiras, morando num simples quarto de pensão de um sobrado antigo do centro do Rio, sem amigos, tudo parecia conspirar contra a minha vida. 26

Meu pai propôs que fosse feito o meu aborto, pois seria a única forma que teriam de sobreviver tão longe da farru1ia, pois o pouco que meu pai ganhava mal dava para os dois. Minha mãe, que também não tinha planejado aquela gravidez e sabia das conseqüências que teria de enfrentar, foi contra o aborto apesar da pressão do meu pai e preferiu voltar sozinha para a casa dos meus avós paternos no Rio Grande do Sul. Foram 5 dias e 4 noites numa viagem de trem, solitária e triste, carregando-me no ventre e deixando meu pai sozinho no Rio. Est~ história só me foi contada quando eu já era adulto, casado e pertencente às Equipes, e eu, que já era contra o aborto, pude refletir mais profundamente sobre este assunto. Saber que minha vida poderia ter sido interrompida tão cedo me fez pensar muito no que eu já tinha vivido. Escondi este fato por muito tempo da maioria das pessoas, pois ninguém gosta de admitir que foi rejeitado, nem que seja por pouco tempo. Deus, em sua infinita bondade, permitiu que eu superasse o primeiro impacto e não tivesse mágoa alguma de meu pai por ter desejado o meu aborto. Bem sei que em determinadas ocasiões nossas fraquezas nos levam a pensar ou fazer coisas das quais poderemos nos arrepender depois. Hoje meus pais têm 87 anos e são separados. Se eu não existisse, CM 4 13


eu e eles não desfrutaríamos até hoje da alegria de nossos encontros. Se eu não existisse, minhas duas filhas mais velhas também não existiriam; minhas filhas mais novas, que foram adotadas, onde estariam? Minhas netas também não existiriam; e qual teria sido o destino da minha esposa Lucia? Desde que eu soube destes fatos, agradeço a Deus diariamente pelo dom da minha vida, pela felicidade de ter alguém que resistiu à ten-

tação de procurar uma solução mais fácil para eliminar o problema de uma gravidez indesejada. Peço pelos fetos que passam pela mesma situação que vivi, e por seus pais, para que sejam iluminados e resistam à tentação e deixem os filhos nascer e crescer para, como eu, dar graças a Deus pelo resto de suas vidas.

Arry da Lucia Eq. N. S. de Loreto - Setor B S. José dos Campos/SP

AMOR VERDADEIRO AO MOVlMENTO Todo casal equipista é chamado a participar do Movimento e amá-lo. Em nossa equipe, temos um casal que, mesmo antes do casamento, aprendeu a amar as ENS e já se consideravam do Movimento, pois seus pais e um irmão já eram equipistas. Mas o testemunho de verdadeiros equipistas eles nos deram com o passar do tempo. Por necessidade de trabalho, mudaram de Guapiaçu para São Paulo Capital e, mesmo distantes 450km, por mais de ano continuaram participando de nossa equipe, reunindo conosco todos os meses, sem nunca arrumar qualquer pretexto ou desculpas. Depois, ingressaram em uma equipe na Capital. Transferidos depois para Guairá/SP, para nossa alegóa, o casal retornou à nossa equipe. Mesmo residindo a 120km da equipe de base, abraçaram a missão de Casal Responsável de Equipe e conseguiram, com muita garra, carinho e dedicação, mostrar que nem a distância é capaz de desanimar quem ama o Movimento. Para nossa tristeza, terão que se mudarem de novo, desta vez para Brasília/DF. Com certeza serão acolhidos por outros irmãos na Capital Federal e continuarão firmes no Movimento. Para isso rezamos.

Toninho da Toninha, Eq. 06 Mãe Rosa Mística Setor Guapiaçu/SP CM 413

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OBRIGADO PELO SEU SlM Olhando para Dona Nancy, quando de seu velório, pensava comigo mesmo, este semblante tranqüilo com certeza faz jus à sua caminhada aqui neste mundo. Com certeza Nossa Senhora escolheu seu dia, o da Assunção, para convidá-Ia a fazer parte da sua equipe, lá no Céu. A exemplo de Maria, que à mensagem do anjo, disse sim a Deus e a ele foi fiel até o fim, D. Nancy abraçou o sim que deu ao Movimento das Equipes de Nossa Senhora com toda sua força e seu amor. Desde muito cedo, em sua vida matrimonial, acreditou e continuou a acreditar no amor dos esposos como fonte viva para manter o matrimônio e a farru1ia, instituições criadas por Deus. Foi incansável esta sua caminhada de mais de 56 anos, com certeza atravessando também obstáculos, numa luta incansável pela propagação do Movimento no Brasil, sempre fiel. Destes 56 anos, 24 anos, após a partida para o Pai do seu esposo Pedro Moncau Júnior, com quem fundou o Movimento no Brasil, ela os percorreu como viúva, continuando a prestar seus serviços e testemunhando o amor às Equipes de Nossa Senhora. Não bastasse isso, visando a atender aos anseios de tantas pessoas sós, funda um novo Movimento, "Comunidades Nossa Senhora da Esperança", também um movimento de espiritualidade, trazendo nova esperança a viúvos, viúvas e pesso28

as sós que buscam continuar a crescer na fé em Cristo Jesus. Sua simplicidade e amabilidade foram sempre sua marca registrada, como também a fidelidade às raízes: ao Carisma e à Mística do Movimento. O nosso muito obrigado a Deus por nos ter dado o privilégio de ter convivido com pessoa tão doce, que com certeza soube espelharse em Maria, inclusive no seu sim, dedicando quase toda uma vida ao seu chamado e testemunho de mulher cristã. Que ao ser recebida lá no Céu por seu esposo Pedro Moncau, possam juntos continuar a olhar por nós casais que aqui estamos, tentando trilhar os mesmos caminhos que eles trilharam, buscando através de seus exemplos continuar acreditando na força do amor e da farm1ia. Amém!

Cris e Toninho Equipe 1 D - São Paulo Capital CM 413


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E OS 0015 SERAO UMA SÓ CARNE Todo ser humano tem dentro de si virtudes e defeitos que se alternam conforme as circunstâncias. Ora um é mais evidente, ora outro se revela, muitas vezes, a nosso contragosto. Apesar disso, como casais cristãos e equipistas, nós temos por ideal a prática das virtudes como proposta de vida, a fim de buscar a meta pretendida por todos os que crêem em Jesus Cristo: a santidade. No sacramento do Matrimônio, fomos presenteados por Deus com esta graça especialíssima, instrumento eficaz na caminhada rumo à santificação. Uma grande graça, porque somos chamados pelo Pai a cooperar com Ele, fazendo do casamento um lugar de felicidade e santidade, de realização pessoal e conjugal, e da constituição de uma família. O Deus Trindade, comunidade de amor do Pai e do Filho com o Espírito Santo, determinou: "Não é bom para o homem ficar sozinho ... " (Gn 2,18). Essa união é a força do casal. É como se fôssemos, ainda que mal comparando (porque no casal são duas pessoas viventes), iguais àquela famosa massa adesiva conhecida como Durepoxi, que é composta de dois bastões que, isolados, não possuem poder de aderência algum, mas, depois de unidos e misturados de forma homogênea, formam uma substância única. Os cônjuges, individualmente, possuem valores e talentos que, estimulados por uma união conjugal vivida em "um mesmo amor, um mesmo coração ... " (Fl2,2), enraizados no amor verdadeiro, mesmo nas provações florescerão e ficarão ainda mais unidos nos períodos de bonança. Quando um fraquejar, o outro estará sempre ao lado para erguê-lo; o que faltar a um, o outro completará e, nesta complementaridade, os dois irão avançando cada dia rumo à meta. Permanecerão firmes no amor a Deus e ao outro e não cederão. Mais que isso, suas vidas brilharão, refletindo a luz de Deus onde quer que estejam, ajudando-se mutuamente, pela prática dos PCE, na caminhada de fé. Trabalhemos, pois, para sermos cada dia mais unidos no amor, sendo "uma só carne" (uma só vida), em qualquer situação. Nosso testemunho de amor será ferramenta eficaz da ação de Deus em nossa fanu1ia, nas Equipes, na Igreja e no mundo.

Léa e Esmeraldino Equipe 05 B, N. S. de Medjiugórie Belo Horizonte/MG CM 413

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VlVER É FUNDAMENTAL A tecnologia e a globalização trouxeram ao mundo uma capacidade imensa de interação, comunicação e competição. Estes fatores associados, dentro deste mundo rápido, obrigam ordinariamente a que pessoas, por outro lado, também corram sem parar em busca de um "lugar ao sol". Para tanto, o dia existencialmente fica mais curto e as horas de trabalho mais longas; os momentos com a família ficam mais raros, bem como também escassos os momentos de lazer, convivência e envolvimento. A vida vai ficando mecânica, enfadonha, técnica e impessoal. O tempo que nos resta, muitas vezes é dedicado ao sono e ao isolamento. "Estamos muito cansados", é o argumento. O fator existir toma o lugar de viver. O estilo de vida cada vez mais comum, infelizmente, torna a nossa vida relacional pobre e degradante. A afinidade e a amistosidade que sentíamos pelas pessoas vão sendo substituídas por relações cada vez mais superficiais. Por um lado, realizamos muito, funcionamos bem, consumimos mais. Mas vivemos pouco. A corrida veloz em que a vida se tornou não nos permite ombros para chorar, mãos para afagar e afeto para nutrir. Mais ou menos como se disséssemos: não tenho tempo para ser humano. Sou uma máquina que produzo para o consumo meu e do mundo. 30

Esse homem ex-machine é o retrato mesmo do homem moderno. O materialismo puro e simples é um grande engano, com o qual, porém, de alguma maneira nos vemos envolvidos. As coisas devem acontecer juntas, mas com prioridade para o ser. Neste mundo materialista, falamos mais e mais das realizações profissionais para abafarmos, quase sempre, os fracassos e as fraquezas do nosso mundo emocional e relacional. As corporações modernas, paradoxalmente, lutam por tornar o seu profissional mais competitivo. Embora vivendo corporativamente, o profissional desse meio torna-se mais individualista e ambicioso. As pessoas com as quais ele convive não passam de nomes técnicos na sua agenda de trabalho. As relações são meramente profissionais. Quando Deus chamou Moisés para libertar Israel do Egito, este quis saber o seu nome, ao que Deus respondeu: "Eu Sou". Deus é Aquele que é plenamente. Como seres criados à "imagem e semelhança de Deus", buscaremos a nossa razão última de ser enquanto humanos, insaciavelmente sedentos de vida. Estamos nos aproximando do Advento, um tempo forte de conversão. Quando se aproxima o fim de ano, a gente logo se prepara, limpa a casa, troca alguns móveis, compra roupa e calçados. DeveCM 41 3


ríamos ter preocupação ainda maior, enquanto cristãos, em relação à vinda do Messias. O Advento é exatamente o tempo para que a gente faça uma reflexão: para onde vamos, o que queremos, qual a nossa missão aqui terra etc. O Advento é, ainda, um tempo pro-

pício para limparmos o nosso coração das impurezas que o impedem que realizemos as boas obras para um mundo novo.

Aninha e Léo Eq. N. S. da Saúde - Setor C Natal/RN

E VÓS QUEM D1ZE1S QUE EU SOU? Durante o corrente ano nos foi apresentado para meditação, para reforço e aprofundamento do nosso conhecimento da fé, a edição brasileira do tema de estudo que tem a pessoa de Cristo como cerne da reflexão. Como coroamento de nossa reflexão anual, o nosso CE nos solicitou uma resposta por escrito a respeito dessa temática. Este foi o pedido: Após o estudo do tema deste ano, o que o casal responderia se, ao encontrar com Jesus, fosse questionado por ele: "quem dizeis que eu sou?" (Cf. Mt 16,13-17). ( ... )

Nossas considerações: Primeiro Jesus quis saber o que os outros pensavam a respeito dele. Isto é, a opinião daqueles que não CM 413

O conheciam na intimidade; aqueles que ainda não tinham feito a experiência de sua compaixão e do seu amor. Nós, no entanto, estamos sendo colocados no mesmo grupo daqueles que O seguiam, daqueles que O conheciam na intimidade, daqueles que Ele próprio tinha escolhido para segui-lo. Ao longo de sua vida pública, Cristo, aos poucos, foi se dando a conhecer. Dia após dia Ele se foi revelando ... Hoje, para nós O conhecermos, vai depender de como nós O enxergamos, de como nós vivenciamos os seus ensinamentos, acreditamos em sua mensagem salvífica. Vai depender da experiência que fazemos do Cristo Ressuscitado. 31


Neste revelar de Cristo a nós, Ele próprio assim se definiu: • "Eu sou a Porta, se alguém entrar por mim será salvo ..." (Jo 10, 9) • "Eu sou o Caminho a Verdade e a Vida; ninguém vem ao Pai senão por mim ... " (Jo 14, 6) • "Eu sou a videira, e meu Pai é o agricultor" ... (Jo 15,1) • ''EusouoBomPastor..."(Jo10,14) • "Eu sou o Pão da vida ..." (Jo 6,35) • ''Eu sou a luz do mundo ..." (Jo 8, 12) • "Eu sou a ressurreição e a vida ... " (Jo 11, 25) Nossa experiência de Cristo deve levar-nos, diariamente, a vivenciarmos todos esses EU SOU, como Ele próprio se definiu. Reconhecemos Cristo como a Porta verdadeira? Buscamos constantemente entrar por essa Porta? Enxergamos realmente Cristo como o Caminho seguro, o único a nos conduzir ao Pai? Será que o Cristo Verdade tem vez em nossa vida, nós que vivemos em um mundo de mentiras e de enganos? O Cristo Vida encontra espaço entre nós? Aceitamos sua oferta de Vida em abundância ou preferimos viver a vida fácil que o mundo nos oferece? Temos procurado viver enxertados em Jesus Videira, para que sua seiva nos penetre e nos dê vida? Temos deixado que o Pai agricultor nos "pode" para produzirmos mais frutos? Aceitamos e reconhecemos Jesus como o nosso Bom Pastor? Temos procurado ajudá-Lo em sua missão de Pastor? Reconhecemos verdadeiramente a presença eucarística de Jesus? 32

Buscamos freqüentemente o Pão da Vida? Que transformação a Eucaristia tem promovido em nós? Será que nos estamos deixando iluminar pelo Jesus Luz do mundo, de tal maneira que possamos também ser luz para os outros? Onde estamos colocando a Luz em nossas vidas? Num lugar elevado ou debaixo da cama? Será que temos dado oportunidade para o Jesus Ressuscitado tomar conta de nossas vidas? Temos realmente uma fé inabalável no Cristo Ressuscitado? Em nosso caminhar diário, buscamos constantemente vencer a morte do pecado? Após essa reflexão sobre a maneira como Cristo se manifesta a nós, voltemos o nosso olhar para a nossa caminhada de Equipistas. Quem nos interroga é o próprio Cristo: Quem dizeis que Eu sou? E é nesse diálogo, em grupos de casais, em casal, ou isolados e silenciosos que buscamos descobrir a resposta. Nossa resposta só pode ser dada fazendo a experiência do Cristo por inteiro. É a nossa fé que nos vai permitir responder com Pedro, com a mesma convicção dele: Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo, o nosso Salvador. E Ele nos dirá: "Feliz és tu, porque não foi a carne nem o sangue que te revelou isto, mas meu pai que está nos céus".

Marta e João Cintra Eq. N. S. do Carmo - Setor A Três Corações/MG CM 413


Meditando en1 Equipe Novembro inicia com a festa de Todos os Santos. É uma oportunidade para se refletir sobre a vocação universal à santidade. Deus chama cada pessoa a ser santa, a exemplo dele. Santidade é um processo de amadurecimento progressivo, no qual a pessoa vai pertencendo incondicionalmente a Deus, sem colocar barreiras, até viver totalmente de Deus.

l eia Romanos

1,1-7

Sugestões para a meditação: 1. O casal tem consciência de que é chamado à santidade e vai conquistando-a através da vocação matrimonial? 2. A nossa família tem consciência de que o Batismo tornou cada um santo? 3. Como o casal cristão pode aliar a sua vida espiritual ao seu compromisso de ser agente de transformação do Reino de Deus no mundo?

................................................... Oração litúrgica (Liturgia das Horas, vol. IV, p. 1883)

Ó Maria, Virgem e Mãe Santíssima eis que recebi o vosso amado Filho, que concebestes em vosso seio imaculado e destes à luz, amamentastes e estreitastes com ternura em vossos braços. Eis que humildemente e com todo o amor vos apresento e ofereço de novo aquele mesmo cuja face vos alegrava e enchia de delícias, para que, tomando-o em vossos braços e amando-o de todo o coração, o apresenteis à Santíssima Trindade em supremo culto de adoração, para vossa honra e glória . por minhas necessidades e pelas de todo o mundo. Peço-vos, pois, ó Mãe compassiva , que imploreis a Deus o perdão dos meus pecados, graças abundantes para servi-lo mais fielmente e a perseverança final , para que convosco possa louvá-lo para sempre . Amém.


EQUIPES DE NOSSA SENHORA

lquo,.. do Nono h•hou

Movimento de Espiritualidade Conjugal R. Luis Coelho, 308 • 5° andar, cj 53 • 01309-902 • São Paulo - SP Fone: (Oxx11) 3256.1212 • Fax: (Oxx11) 3257.3599 secretariado@ens.org.br • cartamensal@ens.org.br • www.ens.org.br


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