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Equipes de Nossa Senhora
EDITORIAL
Da Carta Mensal oooo• ····· ··········· ··· ···· 01 SUPER- REGIÃO
Ide e vede! oooooooo oooooooooooooooo oo oooo oo oooo. 02 Eu e minha casa serviremos ao Senhor oooooooooooooooooo oo oooooooooooooooooo. 03 O amor vence o egoísmo 04 0000 00
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FLOR IANÓPOLIS 2009
PARTI LHA E PONTOS CONCRETOS DE ESFORÇO
Um PCE mal conhecido oooo .. oo oo .. oo .. . 19 Dois buscadores de Deus oooo ...... 21 Nossa oração conjugal 24 0000
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TESTEMUNHOS
Ser um pouco de santo 25 Ponha a boca no mundo oooooooo .. oooo . 25 O amor não é um cacto 26 00000000 0000 00 000
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2° Encontro Nacional das ENS
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06 ATUALI DADE
FORMAÇÃO
Equipes Jovens de Nossa Senhora 28 Comportamento 29 frente a bioética Considerações sobre o ano paulino oo .. oo .. .. oooooo oooo oooooooooooo 30 0000
A liturgia e os Pontos Concretos de Esforço como lugares de encontro Matrimônio e santidade 00
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TEMA DE ESTUDO
REFLE X ÃO
Voltar às fontes OO oooo ... 1 O Orar OO OOoo oooo oo oooooo oo oooooooooooooooo oooo oooooooo 1 2 00
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Gotas de óleo oooooo .... .. oo oo oooooo oooooooo oo 32
PRÓPRIO DO TEMPO
Namorar é bom demais ...
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NOT ÍC IAS E INFORMAÇÕES . oo. 14 MARIA
A oração a Maria
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Especial: Chamados a construir a "civilização do amor"
Queridos irmãos e irmãs: Estamos já avistando Florianópolis. Lá chegaremos em torno de cinco mil pessoas, representando os outros mais de 30 mil que permanecerão em suas casas. Os que vão e os que ficam estaremos todos unidos pelo desejo de continuar a obra que, como nos lembra Frei Avelino, Pe. Caffarel propôs aos casais Gérard e Madeleine d' Helly, Michel e Ginette Huet, Frédéric e Marie-Francoise de la Chapelle , e Pierre e Rozem de Monjamont, naquele 25 de fevereiro de 1939: "Busquemos juntos" entender o sacramento do Matrimônio, a fim de vivê-lo como caminho do amor de Deus para crescermos em santidade e fazer conhecer suas riquezas à Igreja e ao mundo. Estaremos em Florianópolis , como atentam Graça e Roberto, porque "convocados para revigorar o nosso amor conjugal no amor mútuo vivido no convívio fraterno. Ninguém foi convocado por si e para si", e sim, como comunidade fraterna , para realizarmos todos um mutirão de reavivamento da "fecundidade evangélica" da vocação conjugal. Na equipe, no Movimento, na Igreja ... em meio ao relativismo moderno, haveremos de afirmar com decidido entusiasmo: "Eu e a minha casa serviremos ao Senhor" (Js 24,15). Rosa e Paulo nos ajudam a refletir sobre o quarto capítulo do tema do ano: A grande luta da pessoa humana se faz contra o egoísCM 436
mo, raiz do orgulho e de todo pecado, uma guerra que só o amor vencerá . Serão batalhas diárias para manter vivo o esforço de, em nossos atos internos e externos, fazer o nós sobrepujar o eu. Esta edição traz mais uma conferência proferida no 2° Encontro dos Responsáveis, em Roma. Pe . Bartolomeu Sorge fala sobre a necessidade de os cristãos assumirem responsabilidades nas sociedades civis, e nelas defender a liberdade, praticando a verdadeira democracia, mas sem renunciar aos princípios da fé. Esta edição não tratará das grandes solenidades litúrgicas de junho deste ano: SSma. Trindade, São João Batista, os santos colunas da Igreja Pedro e Paulo, e a exaltação pública de Jesus Cristo Eucarístico, cujo mistério é celebrado diariamente pelas comunidades. Infelizmente dependemos de espaço físico na Carta. Leremos também nesta Carta artigos sobre os PCE, tema de estudo e outros que nos animarão na caminhada equipista. Alguém nos recorda o Dia dos Namorados. O casal cristão·cultiva o namoro, para não parar de crescer no amor. (Talvez pudéssemos nesse dia fazer um Dever de Sentar-se sobre "o dever de nos namorarmos"). A todos os casais um Dia dos Namorados feliz todos os dias.• Graciete e Avelino Gambim CR Carta Mensal
IDE E VEDE! Caríssimos! O estarmos às portas. de um grande evento para as Equipes de Nossa Senhora do Brasil obriga-nos a uma profunda reflexão. Em Florianópolis, em julho, as ENS do Brasil encontrar-se-ão pela segunda vez. O tempo haverá de falar deste acontecimento. Este Encontro estará escrevendo uma grande página da vida das ENS no Brasil. Nós seremos os autores desta página, que esperamos seja gloriosa. O evento será uma ótima estação para semear. O futuro mostrará a qualidade da semente e do terreno em que a plantamos. Não queremos ser presunçosos, apenas responsáveis pela pureza e integridade da semente do carisma, nesta terra, preconizada como terra de esperança para as ENS. Queremos que este acontecimento seja raio de luz e corrente de água viva aos que alimentam as esperanças e as expectativas do "homem arrebatado por Deus". Para as ENS, 25 de fevereiro de 1939 é um marco histórico. Os frutos, a explosão surpreendente das ENS, já provaram a importância daquela data. A primeira equipe foi o humilde mas fecundo seio que acolheu o tesouro do carisma. Bem poderiam eles dizer: "Senhor, Tu me confiaste 5 talentos; aqui estão outros 5 que ganhei". A Igreja percebeu que algo extraordinário estava surgindo, e a reflexão sobre o fenômeno ENS impôs-se 2
por si mesma. A multiplicação das equipes foi um sinal para a hierarquia da Igreja. A equipe do Pe. Caffarel, pequena Igreja, iniciou um processo de assimilação deste misterioso sinal: "Busquemos juntos", à luz da Escritura, o que Deus quer do matrimónio. Esta resolução foi o motor da equipe. O II Encontro Nacional das ENS será um sinal para os casais do Brasil e do mundo. Muitos casais e sacerdotes partirão de suas terras para escutar o que Deus espera dos casais, hoje. Do encontro, um compromisso e uma missão haverão de nascer. O compromisso: escutar. A missão: levar a outros casais o que Deus irá falar. A Igreja , atenta ao sinal do surgimento e multiplicação das ENS, olhou-as com interesse, percebendo nelas uma voz e um chamado de Deus. O II Encontro Nacional é um sinal luminoso que convoca a sermos reflexos do carisma, razão da existência e da missão das ENS. O mundo de hoje precisa da voz profética dos casais. O II Encontro há de brilhar, como a estrela dos Magos, no cél1 do Brasil e do mundo. Muitos casais olharão para a estrela, desejando desvendar o mistério nela escondido e descobrirão o matrimónio como fonte de amor, de felicidade e de santidade. Saudações de esperança.• Pe. Frei Avelino Pertile - SCE!SR CM 436
EU EMINHA CASA SERVIREMOS AO SENHOR Amados irmãos: Esta será a nossa última mensagem de convocação para o 2° Encontro Nacional na Carta Mensal. Quando ela circular, teremos ainda pela frente 45 dias de animação. A alegria experimentada nas animadas mensagens do blog, nos intensos preparativos das equipes de trabalho, na agitada organização dos deslocamentos, nas celebrações e momentos de oração pelo Encontro sãos prenúncios do que ocorrerá, se deixarmos o dinamismo do amor de Deus tomar conta do nosso amor. . Há dois anos o Encontro está sendo amorosamente preparado. As comissões estão prontas para acolher mais de 5.000 equipistas, na esperança de que sairemos fortalecidos dessa experiência de fé. De 16 a 19 de julho Florianópolis será a nossa casa, o nosso lar, o lugar de encontro da familia equipista. Lá iremos render graças a Deus pela vida das ENS no Brasil. A ponte-símbolo de Florianópolis será sinal de acolhida e de envio. Será também a "porta estreita" para por ela passar quem busca a comunhão fraterna e a fideli dade presentes na Assembléia que ocorrerá na outra margem. Será, principalmente, símbolo da união dos casais que fundaram seu casamento sobre a rocha (cf. Lc 14,2832) e acorrem ao encontro com o Senhor, que os chamou e espera. CM 436
Fomos convocados para revigorar o nosso amor conjugal no amor mútuo pelo convívio fraterno. Ninguém foi convocado por si e para si. As equipes são comunidades eclesiais vivas, e todos somos seus mensageiros. Vamos ajudá-las a viver, partilhando não só a experiência pessoal e de casal, mas a experiência da vida em equipe. Assim fortaleceremos o sentido de pertença ao Movimento. Mesmo que nem todos possam estar lá fisicamente presentes, estaremos unidos em oração, louvando ao Senhor, intercedendo pelos que tenham qualquer parcela de responsabilidade no Encontro, pedindo que o sopro divino os inspire e os oriente para o bem de todos. Rorianópolis convida-nos a sentir a "fragrância" da fecundidade evangélica (tema do Encontro), que nos ajudará a clarificar a nossa vocação de cônjuges e renovará em nós a perspectiva profética do Pe. Caffarel de que o amor conjugal é caminho de crescimento, de perfeição e de santidade para o casal cristão. Que Deus nos permita manifestar, ao final desses dias, a nossa gratidão pela sua presença misericordiosa em cada momento de nossas vidas e testemunhar a toda a assembléia e às nossas equipes como o fez Josué ao chegar à terra prometida: Eu e minha casa serviremos ao Senhor! (Js 24,15) • Graça e Roberto, CRSR Brasil 3
PALAVRA DO PROVINCIAL
O AMOR VENCE O EGO ÍSMO Queridos irmãos, Com a intensa participação na vida de equipe, no Movimento, na Igreja e na sociedade, corremos o risco de não percebermos uma falsa e inebriante sensação de que somos cristãos perfeitos, diferenciados, capazes de nos acharmos especiais. Não tanto pelo quanto amamos a Cristo e aos irmãos, mas pelo volume de tarefas que cumprimos, ou julgamos cumprir. A presunção daquele que está dentro, julgando-se me-· lhor do que aquele que está de fora é, dos pecados, talvez o pior. Se não estivermos encharcados de um legítimo sentimento de "amor doação" em tudo que fizermos , motivados por um firme propósito de amar sem medida, todo esforço não passará de pobre vaidade pessoal, de alimento que nutre o ego. O egoísmo, quando fortalecido pela arrogância, torna-se inimigo mortal do autêntico amor cristão, destrói qualquer possibilidade de crescimento espiritual. Torna a pessoa escrava, fraca para lutar, corroe de dentro para fora, restando nada mais além de "casca". "Quem, pois, quiser crescer no amor a Jesus, deve a todo o custo fazer morrer em si o amor da estima própria. E para isso é preciso ocultar-se para não ser conhecido 4
nem honrado" (Santa Maria Madalena de Pazzi) . Diariamente , p re cisamos nos retirar por uns minutos, a exemplo de Cristo, entrar no quarto, para um encontro silencioso com o Pai. Com Ele, conversar na intimidade de pai para filho, com sinceridade de coração, reconhecendo-se pecador, como o publicano da parábola. Devemos reconhecer que nossa salvação está em Cristo e só em Cristo, Ele é o caminho. De pouco adiantará tantas noites de oração, encontros e reuniões se no fundo do coração não houver o desejo amoroso de abraçar o Cristo da cruz e da paz, na pessoa de cada um dos irmãos, sofredor ou não, equipista ou não, da igreja ou não .. . Da mesma forma, a prática dos Pontos Concretos de Esforço se tornará mais um conjunto de fazeres farisáicos se não forem precedidos da renúncia do "eu" em favor do "nós". Não há vida no simples cumprimento CM 436
·. dos meios sugeridos, mas na vivência. A alegria de ser cristão não pode ser medida pelo quanto conseguimos realizar ou do quanto obedecemos ao que nos é recomendado pela Igreja ou pelo Movimento. A alegria cristã deve brotar do coração, pelo muito que amamos e pelo desejo de amar sempre mais e melhor. Nossas ações devem verter do amor e viceversa. O amor é a única e grande arma na luta contra o egoísmo. O amor exige ascese, renúncia de si, sacrifícios e esforços para nele progredir. Sacrificar-se por amor a Deus e ao próximo não significa optar pela dor, pelo sofrimento, pela humilhação. Isto seria apenas mais uma vaidade, um inimigo disfarçado. Deve, antes, significar uma opção livre, alegre e generosa por um caminho, nem sempre fácil, nem sempre reconhecido, que leve à maturidade cristã, à santidade e à felicidade. Colocar-se a serviço do outro, amar sem medida e sem esperar nada em troca, a exemplo de Maria, exige que deixemos de lado alguns prazeres com os quais estamos acostumados e não gostamos de abrir mão. É preciso "morrer" para nascer de novo, deixar de viver para si e passar a viver com e para o outro. Os casais que vivem, no dia-a-dia, a experiência do "fazer" o outro feliz podem dar testemunho do que falamos . Jesus mesmo nos disse: aquele que entregar sua vida por amor, ganha-la-á. Nenhum crescimento é fácil. Crescer no amor é ainda mais difícil. Exige abnegação, dedicação e exercícios CM 436
diários. É preciso determinar regras de vida para si mesmo, exercícios que representem verdadeiras e eficazes armas na luta contra a inércia e o egoísmo. É na prática diária de pequenos gestos de generosidade, misericórdia, compaixão e ternura que iremos descobrindo, aos poucos, que a alegria de amar, como Jesus amou, é infinitamente maior que toda glória pessoal. Uma palavra acolhedora ou um gesto de misericórdia para com um irmão suscita grandes e perenes transformações naquele que recebe e no que pratica. Na reunião de equipe, acolher e ouvir o outro com o coração pode ser um bom começo. No Dever de Sentar-se, abrir-se ao outro sem reservas, eis aí mais uma boa oportunidade. Permitir que o outro possa revelar-se sem medo, mais uma. E com nossos filhos? Redobramos nossos esforços para que aprendam o sentido da vida e conheçam a força que brota do amor, dando-lhes nós mesmos o exemplo? Nossos inimigos: a presunção, a falsa modéstia, não nos dão folga, caminham conosco o tempo todo, nos espreitam e, na primeira oportunidade, aplicam seu golpe certeiro. A ascese e a oração são armas poderosas, escudos protetores, vacinas antifarisaísmo, mantendo-nos sempre renovados e revigorados. Definir uma Regra de Vida e pôla em prática é decidir agora que, amanhã, quero ser melhor do que sou hoje, para o meu bem e para o bem dos que me cercam. • Rosa e Paulo CR Comunicação Externa 5
2° ENCONTRO NAC IONAL DASENS Prezados irmãos, vivemos a alegria do mês que antecede a grande assembléia das Equipes de Nossa Senhora no Brasil. Ao refletirmos sobre o livro de Josué, onde se insere o lema do nosso Encontro "Eu e minha casa serviremos ao Senhor" (Js 24-15) , percebemos que Josué vai conduzindo o povo a aceitar conscientemente a aliança. Esta aceitação que no Novo Testamento se chama fé, no contexto do Antigo Testamento se chama "servir o Senhor". É nesse dinamismo de caminhada de povo de Deus, povo que se compromete a servir ao Senhor pela fidelidade à aliança, que nos dirigimos a Florianópolis, a nossa Siquém. Para a caminhada é necessário abandonar, tirar do nosso meio, outras preocupações, escolhendo só o que for essencial para o Encontra. Se isto nos parecer difícil, invoquemos o Senhor que libertou nossos pais da escravidão do Egito e que faz grandes • prodígios diante
dos nossos olhos. Assim o nosso coração estará preparado para aceitar com abnegação e desprendimento o que por ventura possa estar fora da nossa expectativa. Para que nossa presença torne mais rica a partilha, mais fecunda a oração, mais sólida a formação e mais fraterno o encontro, coloquemo-nos em intensa oração. Já somos mais de 5.000 inseritos e habilitados a participar do 2° Encontro Nacional. Aqueles que estão decidindo pela sua participação deverão contatar o casal Coordenador das Inscrições em sua Província, o qual lhes informará sobre a existência ou não de vagas. Com a certeza que Deus guardará o nosso peregrinar, partamos. Com fraterno abraço, •
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Eunice e Milton Casal Secretário-Tesoureiro CM 436
A LITURGIA E OS PONTOS CONCRETOS DE ESFORÇO COMO LUGARES DE ENCONTRO A celebração da missa é a expressão máxima de nossa fé , pois nela manifestamos nossa relação com Deus Pai, por meio de Jesus Cristo, na ação do Espírito Santo. Ao celebrarmos a presença de Deus em nossa vida, em nossa história, ouvimos e partilhamos a sua Palavra que é o próprio Cristo falando à sua Igreja, e a Palavra que se fez carne, se faz alimento eucarístico que é o próprio Corpo e Sangue do Senhor Jesus Cristo. A liturgia é por excelência a celebração da Páscoa do Senhor. Celebrando a Páscoa de Cristo, passamos com Cristo da morte para vida plena. Passamos a viver com ele (Rm 6,8) e novos horizontes se abrem, pois ele é a nossa esperança (lPd 3,15). Desse modo, a liturgia é o ápice para o qual tende toda a ação da Igreja e ao mesmo tempo é a fonte donde emana toda a sua força (Sacrosanctum Concilium 10). Nessa ação, acontece um duplo movimento, pois sendo a liturgia uma obra divina, Deus vem ao encontro CM 436
do ser humano para santificá-lo; o ser humano, por sua vez, rendendo graças ao Criador, coloca-se numa atitude de glorificação a Deus, que nos salva por meio de seu Hlho, Jesus Cristo, Nosso Senhor (Sacrosanctum Concilium 7) . Nessa perspectiva, temos um verdadeiro encontro entre o humano e o divino, manifestado no mistério de Cristo, através dos sinais visíveis, sobretudo, pela Palavra e pela Eucaristia. Os casais equipistas se propõem a viver uma espiritualidade conjugal fundamentados em alguns pontos concretos que visam, sobretudo, possibilitar cada cônjuge e o casal a realizarem um encontro profundo e verdadeiro com o Senhor. Nesse sentido, percebemos que existe uma profunda relação entre liturgia e a vivência dos Pontos Concretos de Esforço, pois ambos têm como fim levar a pessoa a se encontrar profunda e verdadeiramente com Deus. Podemos assim lançar um desafio a cada casal equipista a tor7
nar sua vida conjugal ump liturgia continuada, através da vivência dos PCE. Queremos mostrar que existem muitos gestos litúrgicos que se identificam aos pontos concretos vivenciados no dia a dia pelos casais. Primeiramente, uma Regra de Vida, que deve fazer parte da vida de cada equipista é a participação da missa dominical. É inconcebível um casal equipista que não participe , junto à sua comunidade, da Eucaristia Dominical. Participar da missa, principalmente em família, é um sinal evidente do compromisso cristão, tornando o matrimónio sinal do Cristo Ressuscitado. Participando da celebração, o casal é convidado a atualizar o Retiro realizado. O casal se retira do meio das coisas passageiras para ir ao encontro das coisas eternas, para o lugar do totalmente Outro. A Escuta da Palavra acontece de modo bem evidente nas celebrações, pois bem sabemos que um dos pontos altos da celebração litúrgica é o Rito da Palavra. Ocasal se coloca numa atitude de escuta, pois naquele momento quem nos fala é o próprio Deus e o Evangelho é o coração de todo este momento, pois temos a Palavra que se fez e se faz carne, Jesus Cristo. A Meditação pode ser vivendada em vários momentos da celebração, como no silêncio que deve haver entre as leituras, após a comunhão e na própria homilia, pois é no silêncio que Deus nos fala ao coração. Já a Oração.Conjugal, embora não seja tão evidente, pode ser ex8
perimentada em vários momentos da celebração. A liturgia em todo o seu corpo é a oração da· comunidade dos batizados, mas não deixa de ter seu caráter individual e também da comunidade conjugal. Ali cada um se coloca diante de Deus, com suas alegrias e tristezas, vitórias e fracassos. Sendo assim, os cônjuges podem apresentar-se a Deus , trazendo no coração seu agradecimento e seus pedidos e apresentá-los ao Pai, de modo especial , na oração da coleta, no momento da oração da comunidade e na recitação do Pai Nosso. Por fim, um dos mais belos e profundos pontos concretos de esforço, que é o Dever de Sentar-se, pode ser associado ao momento culminante da oração e comunhão eucarísticas. A estrutura desta nos remete à ultima ceia de Cristo que, junto aos apóstolos, senta-se à mesa, amando-os até o fim (Jo 13,1), dálhes pão e vinho, seu corpo e seu sangue. Na comunhão, Cristo entra em nossa vida, habita o mais profundo do nosso ser e nos alimenta. Realizando o Dever de Sentar-se, esposa e esposo dão-se por inteiro um ao outro, neste maravilhoso gesto de humildade, de fé , de esperan~a e, acima de tudo, de muito amor. E uma profunda comunhão de duas vidas, duas personalidades , dois olhares que buscam a unidade na diferença, que só se alcança pela ação da graça de Deus. Vivendo em comunidade, cada casal é convidado a se maravilhar diante da obra que Deus realiza em nossa vida, através de Jesus CrisCM 436
to. Por sua vez, os Pontos Concretos de Esforço levam o casal a se abrir cada vez mais à vontade de Deus, fundamentado na Verdade, buscando sempre o encontro e a comunhão. Que o casal equipista de Nossa Senhora possa fazer de seu matri-
mônio uma missa continuada, no desejo de glorificar sempre a Deus por meio daquilo que são e realizam na comunidade conjugal e familiar, no seio da comunidade cristã e em toda sociedade. • Pe. Rafael SCE Setor A - Varginha/MG
....... .... ................... MATRIMÔNIO E SANTIDADE Como casais equipistas, sentimo-nos estimulados a refletir sobre a nossa santidade. Daí o convite para que olhemos a nossa vida conjugal e nos questionemos sobre o que estamos fazendo para atingir este sublime patamar. Ao fazer um balanço da nossa caminhada em busca da santidade, percebemos que uma coisa se faz necessária: definir o que é santidade. Essa palavra nos traz à mente duas ideias: as imagens dos santos e santas das nossas igrejas e uma realidade como que impossível de ser vivenciada. O que é santidade? O chamado a viver a santidade vem de Jesus Cristo: "Sede perfeitos, assim como vosso Pai celeste é perfeito" (Mt 5,48) , como o Senhor já falara ao povo de Israel: "Sede santos, porque eu, o vosso Deus, sou Santo" (Lv 19,2). A palavra santo deve ser ouvida como um convite a viver a vida de um modo diferente, como Jesus viveu. Os cônjuges têm dentro de si mesmos o desejo de encontrar a feliCM 436
cidade, pois é algo inerente à natureza humana. Dessa forma, matrimônio e santidade têm tudo a ver, pois, todos buscamos ser felizes. Para ser santo em casal faz-se necessário auxiliar o cônjuge na caminhada para Cristo, com amor, com alegria, humildade e correção fraterna, em busca da verdadeira felicidade. A santidade é possível de ser vivida, sim, pois Deus nunca nos chama a algo que não podemos fazer. A santidade pode estar nas pequenas coisas do cotidiano, como no realizar tudo da melhor maneira possível. Não basta fazer por fazer, é preciso fazer bem feito, como um administrador da obra de Deus. Trabalhar com amor, dar o máximo que estiver ao alcance , procurar engajamento em grupos de pastorais comprometidas em fazer o mundo mais conforme à vontade de Deus, com certeza, tudo isso é estar começando um caminho de santidade. • Nilma e 0/eudo Eq. N. S. da Assunção - Fortaleza/CE 9
VOLTAR ÀS FONTES Neste ano, o movimento das Equipes de Nossa Senhora nos pede para "voltarmos às fontes" com o intuito de respondermos, segundo Frei Avelino, a algumas perguntas cruciais para a própria sobrevivência do Movimento: Para onde estamos indo? Por que estamos na ENS? Estaremos no caminho certo? Acreditamos no caminho traçado pelas ENS? Será este o rumo? Percebemos que a metodologia nos leva ao crescimento? (encarte da Carta Mensal n° 433). Esse voltar às fontes , segundo ainda Frei Avelino, significa que "nós queremos voltar ao Pe . Caffarel para escutá-lo novamente". Escutálo para, como aconteceu com ele, encontrar a pessoa de Jesus Cristo, cujo Espírito Paráclito pode reacender em nós a chama do carisma fundador das Equipes de Nossa Senhora, aquele mesmo fogo devorador que levou Padre Caffarel a acreditar, em 1939, que nós, casais, também podemos trilhar o caminho da santificação, no e pelo sacramento do Matrimônio que nos une. Esse assunto, abordado no tema de estudos proposto para este ano, é de vital importância para nós casais equipistas e merece que reflitamos sobre ele com muita seriedade e objetividade. A proposta de voltarmos a nos encontrar com o Pe. Caffarel, além dos objetivos citados, também faz parte dos eventos programados pelo Movimento, visando a tornar 10
conhecida a obra do nosso fundador, conscientizando também para uma campanha de orações pela beatificação do Pe. Caffarel, cujo processo foi lançado durante o X Encontro Internacional das ENS em Lourdes, no ano de 2006. Coincidentemente, também em Lourdes, no ano de 1988, foi proposto aos equipistas do mundo inteiro um tema de reflexão intitulado A Segunda Inspiração, igualmente com a proposta de "voltar às fontes", para que refletíssemos sobre o carisma inicial a partir dos textos fundadores. Naquele momento, o Movimento comemorava os 40 anos da Carta (Estatutos, 194 71987) , e a ERI (Equipe Responsável Internacional) entendia que ele "se encontrava em um momento decisivo de sua história". Intuíram que "após um tão longo período, há perigo da rotina, da estagnação, mas também porque a humanidade está passando atualmente por CM 436
profundas transformações que têm repercutido fortemente na vida do casal, da família. " (Documento A Segunda Inspiração- 1988) Essa "segunda inspiração" pretendia um verdadeiro aggiornamento para que as equipes continuassem sendo um verdadeiro fermento de renovação, como foram na sua origem, num momento de crise, mas também de grande esperança. Naquela reflexão profunda, seus membros buscavam evitar o desalento, a rotina ou mesmo o habitual, através de "um segundo fôlego", termo muito usado por atletas para os esforços de longa duração. Para isso, era exigido um esforço de verdade, de lealdade e respeito às origens. (site das ENS) Em 1987, um pouco antes do Encontro Internacional em Lourdes, o Pe. Caffarel participou de outro encontro com os casais responsáveis regionais europeus , quando constatou que alguns aspectos fundadores ainda não haviam sido desenvolvidos em profundidade: "1 ° - que o amor sozinho não é o único fator de perfeição para o casal, mas que a abnegação também é necessária; 2° - que o Movimento não tinha aprofundado suficientemente o sentido humano e cristão da sexualidade; 3° - a importância da missão das ENS na Igreja, na qualidade de movimento de casais ". A partir dessas constatações, a ERI relacionou-as com a situação da Igreja e do mundo à época e elaborou o documento, no qual incitava todos os equipistas, a partir daquela semente CM 436
depositada aos pés de Maria em Lourdes, a "desenvolver-se, brotar, dar fruto, do mesmo modo que o Menino que ela carregou em seu seio se tornou Homem, o Homem da Salvação. Isto requer tempo e cuidados, esperança e paciência, e que tenhamos um coração aberto ao Espírito, ao 'inesperado' de Deus." (documento A Segunda Inspiração) De lá para cá o Movimento cresceu e se desenvolveu no mundo inteiro, mas quer nos parecer que os fundamentos daquela "segunda inspiração'' e do presente "voltar às fontes" são os mesmos. Talvez diferentes apenas em grau, considerandose que o mundo tanto avançou quanto degenerou nesses últimos vinte e um anos. Parece-nos que podemos concluir que o ciclo da "segunda inspiração" ainda não se fechou , mas está em uma nova fase. Por isso, as perguntas formuladas por Frei Avelino devem ser respondidas por todos nós com humildade e coragem, não só para definirmos hoje o futuro do Movimento - e, em conseqüência, nosso nível de participação dentro dele - mas também para confirmarmos que a vida do Pe. Caffarel não tenha se consumido em vão por uma de suas duas grandes paixões. Confirmarmos, também, que a semente plantada aos pés de Maria em Lourdes caiu em terra fértil e produziu bons frutos. Mas uma condição é necessária: temos que ser honestos para conosco mesmos, para com o Movimento e para com o seu fundador, buscando o essencial: a santidade. • Ange/a e Amarante Eq. 9 - Setor A - Catanduua/SP 11
ORAR ''A oração interior é um encontro face a face com Deus; o desejo de cada um é diferente: podemos nós abordá-lo e ver como poderemos nos entre-ajudar mutuamente a realizar este ponto concreto de esforço?" A essa pergunta colocada no capítulo terceiro do livro tema deste ano respondemos: A oração interior é o alimento fundamental de nossa vida espiritual; sem ela o nosso espírito definha, porque a oração é nosso alimento quotidiano. Assim como o amor humano exige encontros, trocas, momentos de união de corações, assim também o amor de Deus o requer. Como amar o que não conhecemos? O momento mais propício para este encontro é a oração interior. É ela que nos põe face a face com Deus. Após ler o artigo do Padre Caffarel, chegamos à conclusão que, para promovermos esse encontro, precisamos reformar nossa vida, refletir sobre nossas afeições, nosso pensamento, nossos comportamentos, a fim de retificá-los. Mas é preciso que nos lembremos que nada é feito da noite para o dia , como ninguém se torna orante sem um consciencioso aprendizado. É preciso, antes de tudo, perseverança e simplicidade. O importante não é pensar muito, mas amar muito. É pensar em Deus, meditando no que Ele nos revela sobre Ele mesmo, exercitando nossa fé. 12
Se tivermos alguma dificuldade, invoquemos humildemente o Espírito Santo: ele é o nosso Mestre da oração. Quanto a ajudar o nosso cônjuge nesta oração, sabendo que somos diferentes, podemos praticar a ajuda mútua, dizendo um ao outro das descobertas que fazemos na oração interior, perguntando ao cônjuge, vez por outra, como está sendo a sua oração, se está precisando de alguma ajuda ou se não seria melhor marcar uma hora para fazermos juntos, apesar de a oração ser individual, pessoal e ser um encontro a sós da pessoa humana com seu Deus. A realidade do dia-a-dia, a perseverança, a humildade apontarão para nós o melhor caminho.• Maria Julieta e José Carlos Barbosa CR Setor N. S. Aparecida - Minas 1 CM 436
NAMORAR É BOM DEMAIS ... O que é namorar? Será que ainda lembramos do que seja isso? Namorar, diz o dicionário, é cortejar, inspirar amor, apaixonar-se, cativar, seduzir, atrair, cobiçar, desejar ardentemente, ficar encantado, empregar todos os esforços para obter. Vamos voltar ao passado e lembrarnos de nossa primeira troca de olhar: FJe era um pão! FJa era uma uva! Será que ainda lembramos da primeira troca de palavras, de como ansiosamente nos preparávamos para cada encontro, de como o tempo custava a passar quando estávamos longe um do outro e de como o tempo voava quando estávamos juntos? O primeiro toque de mão! O primeiro abraço! O primeiro beijo! O escurinho do cinema! Os bailes .. . As brigas .. . (todas bobas). O bom mesmo eram as reconciliações ... Que saudade! Namorar era bom demais! Era? Mas hoje, não continuamos namorando? Se era bom demais, seria um contrassenso que o namoro tivesse acabado! O dicionário diz que para namorar temos que cortejar, ou seja, tratar com cortesia, lisonjear, fazer a corte ... Como anda a nossa cortesia com nosso cônjuge? Diz, também, que temos de inspirar amor. Isso mesmo, temos de ser inspiração do amor. Será que somos presença agradável? Inspiramos amor ou pena? Paixão ou compaixão? Vamos nos apaixonar... até o sublime amor. Cristo amou-nos até a Paixão! CM 436
Mas namorar é também cativar: Trazer cativo. Não escravos ou prisioneiros de um compromisso formal, mas unidos pelos laços da conquista, do companheirismo, da confiança e da estima. O dicionário diz que vamos ficar encantados. E que no namoro é preciso seduzir. Seduzir, no sentido de atrair, encantar, fascinar. Sinceridade. Fidelidade. É cuidado de todos os dias, de todas as horas. É estima, respeito, a mais pura amizade. E seduzir depende só de nós, no agir, no vestir, no falar.. . Namorar é atrair... Namorar é cobiçar, é desejar ardentemente. É querer. E o mesmo dicionário diz que namorar é coisa maravilhosa, é estado de plena satisfação. Logo, namorar é bom demais. É coisa divina! É agradável a Deus! Por fim, nos diz que temos que empregar todos os esforços para obter! Então, não podemos acomodar-nos. Se namorar é bom demais, esse esforço é plena alegria. O dicionário não diz que namorar é coisa para jovens ou para solteiros .. .! Nós, casais, no Dia dos Namorados, faremos nossa oferta a Deus de "pão" e "uva", e pediremos a Ele, o Pleno Amor, que afaste de nós todas as barreiras que nos impedem de amar, para que sejamos eternos namorados. • Léo, da Aninha Eq. 3, Setor C - Natai/RN 13
JUBILEU DE PRATA DE SACERDÓCIO
Padre Gusmão Calado, no dia 14 de março de 2009, comemorou 25 anos de ordenação presbiteral. Em clima de muita alegria e agradecimento a Deus, foi celebrada uma solene Eucaristia na Matriz de São Miguel, na Paróquia de Barreiros/PE. "Eu te seguirei para onde quer que vás" (Lc 9,57). Pe . Gusmão é SCE de equipes e do Setor Barreiros. Adriana e Alcides, CRS Barreiros (PE)
. . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . SCE É ORDENADO BISPO
Nomeado para pastorear a diocese de Divinópolis/MG , no dia 11 de fevereiro de 2009 , Dom Tarcísio Nascentes dos Santos foi ordenado bispo no dia 18 de abril do mesmo ano. O ginásio Dom Bosco, em NiteróV RJ,·estava em festa naquela manhã de sábado. Eram muitas faixas de agradecimento, congratulações e de manifestação de amizade pela ordenação episcopal de um padre muito querido e admirado por tantos. A celebração foi presidida por Dom Alano, bispo de Niterói, e teve a presença de vários outros bispos e clérigos. Entre outros Movimentos, Serviços e Pastorais, nós, das Equipes de Nossa Senhora, também estivemos lá e fomos citados por D. Tarcísio em seus agradecimentos como "o Movimento de que participo há 16 anos com muita alegria"! Lembramos das suas palavras: "Obrigado, aceito", quando depois de alguns dias disse sim ao convite que lhe fizemos para ser SCE da nossa Província, em 1999, quando a ECIR foi transformada em SuperRegião e foram criadas as provín14
cias, nos cabendo a responsq.bilidade pela Província Leste. Aprendemos muito com ele , com sua simplicidade, seu jeito manso de falar, seu gosto pelo estudo, sua vontade de conhecer mais sobre o Pe. Caffarel e as Equipes, sua disponibilidade em servir, sua fidelidade à Igreja, sua amizade e apoio a nós. Sempre pudemos contar com sua dedicação para encontros, reuniões, sessões de formação, viagens a locais de expansão das equipes, visitas a sacerdotes em outras cidades. Logo grangeou o carinho e a admiração dos equipistas da Província. Somos gratos a Deus por ele. Esteja certo, D. Tarcísio, de que nosso carinho, nossa gratidão, e, sobretudo, nossas orações sempre o acompanharão em seu caminho de pastor. Além de SCE da Província Leste, foi também SCE da Região Rio N e de várias equipes em Niterói. Ultimamente era SCE da Equipe Nossa Senhora de Fátima, Setor NiteróVRio IV Regina e C/eber Eq. 138- Setor F - Rio V CM 436
EQUIPE NOVA
CORREÇÃO
Equipe Nossa Senhora Mãe de Deus do Setor E da Região Centro-Oeste I, Brasília/DE
Pe. Joácio Nóbrega é SCE da Equipe 95 de Várzea/PB, e não como constou na edição 434, pág. 29.
25 ANOS DE EQUIPE A Equipe Nossa Senhora Rainha da Paz, do Setor B de Belo Horizonte, está comemorando seu Jubileu de Prata (19842009). Da sua fundação até a presente data, a Equipe passou por momentos de grandes alegrias e também por momentos de profundo pesar, principalmente no ano de 2003, quando faleceu nosso inesquecível Humberto, da Angelina. A Equipe passou por grandes transformações, com várias entradas e saídas de casais, principalmente por mudança de local de trabalho, mas a Equipe não sucumbiu. Apesar das saídas, hoje somos 6 casais: Lusia e Joaquim, Vânia e Carlos Alberto, Elizabeth e Carlos Alberto Dantas, Luzimar e Pedro, Natália e Alcides e Maria Inês e Raul Guilherme (Tuca e Gama), casal equipista vindo de mudança de São Paulo e inserido em nossa Equipe neste ano. Padre Edésio, durante muitos anos, foi nosso Conselheiro Espiritual. Louvamos a Deus pelo que dele recebemos. Hoje nosso SCE é Pe. José Jomêr. O primeiro CRE da Equipe foi Vânia e Carlos Alberto, coincidentemente o somos novamente no ano do jubileu. Que Nossa Senhora, Mãe e intercessora, nos oriente nesta caminhada de pertença às ENS. Vânia e Carlos Alberto CM 436
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JUBILEU DE OURO SACERDOTAL Padre Ary João Longhi, 76 anos, comemorou em Lages (SC), no dia 08 de março de 2009, o Jubileu de Ouro de sua ordenação sacerdotal com uma Missa Solene, às 10:00 horas, na Catedral Diocesana e, logo após, seus convidados confraternizaram em um concorrido almoço. Estiveram presentes, seus familiares, amigos, paroquianos, equipistas de Nossa Senhora, membros do Apostolado da Oração e autoridades locais. Muitas manifestações de carinho e gratidão emocionaram o homenageado neste dia. Padre Ary nasceu em Caxias do SuVRS. Iniciou os estudos de Filosofia e Teologia em São Leopoldo e os completou no Seminário maior de Viamão/RS.
Exerceu seu ministério em várias localidades do planalto catarinense. Autor de cinco livros, colabora com escritos para vários jornais locais e de Caxias do Sul. É SCE da Equipe Nossa Senhora dos Prazeres do Setor A de Lages, dando aos casais testemunho de fé , profunda espiritualidade, abnegação, retidão e obediência à Igreja e aos Estatutos das Equipes de Nossa Senhora e fidelidade à missão que lhe foi confiada. Célia e Loriual Eq. N. S . dos Prazeres S etor A de Lages/SC
PARTIRAM PARAACASA DO PAI Altevir Cavalcante Lopes de Souza, da Acinée, no dia 8 de janeiro 2009. Integrava a Equipe Nossa Senhora Rainha do Céu do Setor A de Belém/PA. Maria Sonia Campos Alves, do Pedro, no dia 11 de março 2009. Era membro da Equipe Nossa Senhora Rainha do Céu do Setor A de Belém/PA. Célia Maria Dias dos Santos, do Osmar, no dia 21 de fevereiro 2009. Integrava a Equipe Nossa Senhora da Esperança, do Setor A de Belém/PA. Cecílio Reis Graim, da Ivanilde, no dia 22 de fevereiro 2009. Era membro da Equipe Nossa Senhora da Esperança, do Setor A de Belém/PA. Augusto Faustino Dantas, da Maria Oliveira, no dia 6 de março de 2009. Era membro da Equipe de Nossa Senhora Aparecida Caicó-RN. Pe. Afonso Henrique Hagreaves Boti, no dia 11 de abril de 2009. Era SCE da Equipe Nossa Senhora das Graças- Setor D -Juiz de Fora/MG. 16
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CHAMADOS A CONSTRUI R A "C lVI LIZAÇÃO DO AMOR" Bartolomeo Sorge S.J. • Roma, 27 Janeiro 2009 O terrorismo islâmico ensanguenta o mundo em nome de Deus; os Estados Unidos teorizam e praticam a "guerra preventiva"; a humanidade parece encaminhada para um terrível choque de civilizações; na sequência dos crescentes fluxos migratórios, explodem fortes tensões sociais nas nossas cidades; as inteligências e as consciências são desorientadas pelo relativismo moral e pelo ateísmo prático; o "pensamento únicd', hoje dominante, leva a um individualismo e a um egoísmo exacerbados. Neste contexto cultural e social, era necessária toda a coragem profética de Bento XVI para recordar à Igreja o dever de continuar a anunciar que Deus é amor e que a paz só se pode construir sobre a justiça e a caridade: "Num mundo em que ao nome de Deus se associa, às vezes, a vingança ou mesmo o dever do ódio e da violência - escreve o Papa - esta é uma mensagem de grande atualidade e de significado muito concreto. Por isso, na minha primeira Encíclica, desejo falar do amor com que Deus nos cumula e que deve ser comunicado aos outros por nós" 1 . Depois do Concílio Vaticano II, Paulo VI foi o primeiro a insistir na necessidade de uma nova civilização do amor, em que a justiça fosse integrada e sublimada pela caridade: "Se, efetivamente, para além das regras jurídicas, falta um sentido profundo do serviço do outro, mesmo a legalidade perante a lei poderá servir de álibi para flagrantes discriminações, para se manterem explorações e para um desprezo efetivd' (Octogésima adveniens [1971]23). Isto- continuava o Papa Montini - é confirmado pelas contradições muitas vezes dramáticas do mundo moderno: ''As relações de força jamais estabeleceram de fato a justiça de maneira duradoura e verdadeira [... ]. O uso da força, de resto, suscita da outra parte o pôr em prática forças
adversas, donde um clima de lutas que dá azo a situações extremas de violência e a abusos" (ibid. , n° 43) . Por isso, deve ser prioritário o compromisso por uma civilização do amor. João Paulo II desenvolve o ensinamento de Paulo VI: "Uma pergunta interpela profundamente a nossa responsabilidade: que civilização se imporá no futuro do planeta? Com efeito, depende de nós o triunfo da civilização do amor, como Paulo VI gostava de lhe chamar, ou a civilização - que mais corretamente se deveria chamar 'incivilização' - do individualismo, do utilitarismo, dos interesses opostos, dos nacionalismos exasperados e dos egoísmos arvorados em sistema"; e conclui: ''A Igreja sente a necessidade de convidar todos os que se interessam de verdade pelo destino do homem e da civilização a unirem os seus recursos e o seu esforço, para construir a civilização do amor" (Ange/us, 13 de fevereiro 1994). O Papa Wojtyla já tinha abordado este tema na encíclica Diues in misericórdia (1980): "A experiência do passado e do nosso tempo demonstra que a justiça, por si só, não basta e que pode até levar à negação e ao aniquilamento de si própria, se não se permitir àquela força mais profunda, que é o amor, plasmar a vida humana nas suas várias dimensões" (n° 12). A justiça- concluíadiz "compensação", mas só o amor e o perdão fazem com que a compensação seja "digna do homem" (cf. ibid, n° 14). Bento XVI , na encíclica Deus cantas est (2005) , vai mais além. O Papa Wojtyla tinha insistido no fato de que Deus age por amor; o Papa Ratzinger transfere a tônica do "agir" para o próprio "ser" de Deus: Deus age sempre por amor, porque é amor. Assim, depois de ter feito a distinção entre o ágape e o eros (isto é, entre o amor primeiro, totalmente gratuito e desinteressado, e o amor segundo, que não exclui a autossatisfação) mostra que em Deus o amor é uma realidade única, eros e ágape integram-se: da mesma maneira, amor do homem e amor de Deus, filantropia e caridade, razão e fé, justiça e perdão, estão destinados a encontrar-se e a integrar-se na civilização do amor. A crise é grave. O fosso entre sociedade civil e instituições democráticas alargou-se desmedidamente. Alastra a "antipolítica", e a classe política passa a ser designada com o desprezível nome de "casta". Entrou em crise a democracia representativa, aquela que nos demos depois da segunda guerra mundial e que permitiu que tantos países se modernizassem. Que fazer para sair das atuais dificuldades? É tempo de reagir à
crise para construir uma "democracia participativa" mais madura. Para isso pode ser útil realizar três passos: 1) antes de mais, é necessário ter em conta a natureza e as dimensões da grave crise em que nos debatemos; 2) em segundo lugar, ver qual é hoje o papel dos cristãos (ad extra) na sociedade; finalmente , por outro lado, qual é o papel dos fiéis leigos (ad intra) na Igreja de hoje, à luz do Concilio Vaticano II. 1. NATUREZA E DIMENSÕES DA CRISE ATUAL Há que dizer desde já que a crise da democracia representativa é um aspecto da crise de cultura e de civilização mais ampla que caracteriza esta longa transição da época modema para a época pós-modema. Aplicando os instrumentos conceituais que a antropologia cultural nos fornece , devemos dizer que estamos vivendo uma crise não simplesmente conjuntural, mas de natureza estrutural. A crise conjuntural é devida à alteração dos equilíbrios internos da sociedade, mas sem variações significativas do quadro geral da cultura e dos valores, nos quais se fundam as instituições que suportam uma determinada civilização. Enquanto resistirem a cultura e os seus valores, resistem as instituições que nela se fundam (a família, a escola, o trabalho, o sistema político ... ); é claro que os equihbrios se renovam a cada mudança de geração, mas mantêm-se no interior do mesmo quadro de valores, da mesma civilização, que pode durar muito tempo. Trata-se de uma crise de natureza conjuntural. Quando, pelo contrário, se transformam a cultura e os valores em que se estabelece o equilíbrio institucional, então a crise torna-se estrutural, as instituições já não aguentam e têm de ser reformadas e repensadas. Acaba uma civilização e começa outra. A crise estrutural é fundamentalmente uma crise de sentido da vida. Hoje a crise é justamente de natureza estrutural: acaba a civilização industrial, que durou mais ou menos trezentos anos, e nasce a civilização pós-modema ou tecnológica; entrou em crise a cultura anterior com os seus valores. Acaba uma época e abre-se uma nova. A atual crise das instituições (familiares, laborais, escolares, de participação política como os partidos .. .) não é só conjuntural, mas estrutural, porque é o próprio sentido da vida que está em crise. Bento XVI sublinha isto mesmo: "Devido à influência de fatores de ordem cultural e ideológica, a sociedade civil e secular de hoje encontra-se numa situação de perturbação e de confusão: perdeu-
se a evidência originária dos fundamentos do ser humano e da sua ação ética, e a doutrina da lei moral natural encontra-se com outras concepções que são a sua direta negação. Tudo isto tem enormes e graves consequências na ordem civil e social"2 . Por estas razões de fundo entrou em crise a democracia representativa, que muitos bons frutos produziu. Em certa medida, é urna crise de crescimento, não desprovida, porém, de aspectos muito negativos. Hoje, os cidadãos já não confiam nos partidos e nas instituições democráticas; duvidam que eles sejam capazes de defender a segurança dos cidadãos, de garantir o bem estar a todas as camadas sociais, de libertar os territórios do país dominados pelas máfias, de assegurar a rapidez da justiça e a certeza da pena, de oferecer serviços sociais que funcionem , de elaborar normas fiscais justas. Numa palavra, a chamada "república dos partidos" acabou, não só porque decapitada por Tangentopoli*, mas também porque, devido à profunda alteração cultural que se seguiu ao fim das ideologias, a velha forma-partido ideológica já não permite uma verdadeira participação dos cidadãos na ela- · boração da política nacional (cf. Constituição [Italiana], art. 49) . Já não chega votar uma vez de cinco em cinco anos! A vida democrática foi reduzida a engenharia administrativa e a procura do poder pelo poder; os velhos partidos acabaram por descurar a necessidade de relações humanas, interpessoais e sociais, as quais têm amadurecido nos cidadãos. Hoje a sociedade civil cresceu, já não aceita que o bem dos cidadãos mais desfavorecidos ou marginalizados dependa apenas da benevolência do Estado que intervém na redistribuição da riqueza produzida (Estado social); exige que os cidadãos participem responsavelmente na vida política e sejam ativamente incluídos nos processos de produção e de redistribuição da riqueza. Que fazer para passar à "dem o cracia deliberativa" ou participativa? É necessário impedir que a política fique nas mãos da "casta", isto é, dos representantes eleitos pelo povo, mas escravos de poderes fortes ou de grupos de interesses, já sem referência à vontade dos eleitoBENTO XVI, Discurso aos membros da Comissão Teológica Internacional (5 Outubro 2007) , em rOsservatore Romano, 6 Outubro 2007, 5.
*
Tangentopoli (lit. cidade do suborno) : Termo jornalístico dos anos 90 corresponde nte à investigação criminal em grande escala que teve lugar em Itália no princípio dos anos 90 contra a prática generalizada de corrupção e suborno na administração pública e em círculos políticos e empresariais. Esta ação levou à queda da chamada Primeira República, com o desaparecimento do Partido da Democracia Cristã, no poder desde o fim da Segunda Guerra. (N.doT.)
res e à custa do bem comum: é indispensável que a comunidade civil se reaproprie dessa função política, que demasiadas vezes delegou exclusivamente aos "profissionais" deste compromisso na sociedade. "Não se trata de superar a instituição 'partidd , que continua a ser essencial na organização do Estado democrático, mas de reconhecer que se faz política não só nos partidos, mas também fora deles, contribuindo para um desenvolvimento global da democracia com o assumir de responsabilidades de controle e de estímulo, de proposta e de atuação de uma participação real e não apenas proclamada" 3 . Todavia, é necessário ter atenção a que o discurso sobre a 'democracia deliberativa', por sua vez, não se reduza apenas ao aspecto pragmático e funcional, ou seja, à necessidade de inventar novas técnicas de diálogo e de "inclusão" dos cidadãos nas decisões, mas descurando a parte alicerçante ou dos valores em que a nova forma de democracia se deve apoiar para ser sólida. Para "reconstitucionalizar" o Estado, para passar a uma "democracia deliberativa", efetivamente participada, é necessário sobretudo uma nova cultura da participação, que reforce os pilares corroídos da democracia representativa. Quais são os elementos fundamentais desta cultura?
2. PAPEL DOS FIÉIS LEIGOS NA SOCIEDADE (AD EXTRA) Trata-se de ultrapassar a visão antropológica neoliberal, utilitarista e individualista, que está na origem do relativismo ético que pôs em crise a democracia representativa4 • De fato, o "pensamento único" neoliberal dominante corroeu os pilares fundamentais da democracia representativa: a pessoa (reduzindo-a a "indivíduo"), a solidariedade (reduzindo-a a "legalismo formal"), a racionalidade (reduzindo-a a "laicismd' ). Por isso, o esforço que todos devemos fazer é o de fazer assentar a nova "democracia deliberativa" ou participativa numa nova cultura política, passando: a) do indivíduo à pessoa integral; b) do legalismo formal a uma verdadeira solidariedade fraterna; c) do laicismo a uma laicidade positiva. COMISSÃO ECLESIAL JUSTIÇA E PAZ, Educare alia /ega/ità (1991), n.17, § 580, in Enchiridion CEI, 5, p. 224. BENTO XVI, na encíclica Spe sa/ui (2007), analisa como no Ocidente esta cultura se fundou na sequência do progresso científico e técnico, estabelecendo uma relação ambígua entre liberdade e razão (n° 16-23); e conclui: "Se ao progresso técnico não corresponde um progresso na formação ética do homem, no crescimento do homem interior (d. Ef. 3,16; 2 Cor4,16), então aquele não é um progresso, mas uma ameaça para o homem e para o mundd' (n° 22) .
A) Do indivíduo à pessoa. O neoliberalismo funda-se numa visão "débil" da pessoa humana, entendida como indivíduo; tal concepção lesa antes de mais o próprio conceito de "pessoa" , chegando a negar que todo o indivíduo seja pessoa, como no caso de quem não fosse capaz de relações normais, devido a malformações genéticas. Na realidade, o homem vale por aquilo que é, e não apenas por aquilo que tem ou por aquilo que faz. O homem merece amor e respeito porque vive, não porque possui. A sua dignidade está ligada justamente ao fato de ser pessoa. Por conseguinte, enquanto · ,_. _..,... viver, todo o homem conservará sempre a sua honorabilidade; mesmo que seja pobre ou doente , mesmo que erre ou seja delinquente. A pessoa humana nunca perde a sua grandeza natural, e ninguém lha pode tirar. O homem permanece sempre o princípio e o fim da sociedade civil. Esta é a razão pela qual - como observa o Concllio Vaticano II - pelo menos em princípio, "tudo quanto existe sobre a terra deve ser ordenado em função do homem, como seu centro e seu termo: neste ponto existe um acordo quase geral entre crentes e não crentes" 5 . Mas a dificuldade nasce quando se trata de esclarecer a origem e o fundamento da dignidade da pessoa. Dão-se muitas explicações. Todavia- como a história demonstra - nenhuma concepção puramente imanente do homem consegue fundamentar de modo absoluto a dignidade e a existência de direitos inalienáveis. De cada vez que se nega ou se ignora a origem transcendente da pessoa, cai-se no relativismo e o homem destrói-se. A raça, a cultura, a .saúde, o poder, o sucesso, o dinheiro ou qualquer outra razão imanente nunca poderão fundamentar o valor primário da pessoa. Daqui decorre o papel fundamental dos cristãos na atual crise da sociedade. Com efeito, a revelação cristã ajuda, revelando o homem ao homem. De fato, "a Sagrada Escritura- acrescenta o Concilio - ensina que o homem foi criado 'à imagem de Deus', capaz de conhecer e amar o seu Criador, e por este constituído senhor de todas as criaturas terrenas, para as dominar e delas se servir, dando glória a Deus"6 . Por outras palavras, a pessoa humana possui - ao contrário de todos os outros seres vivos - uma dignidade transcendente e direitos inalienáveis, porque foi criada "à imagem e semelhança" de Deus (Gn 1,26) .
, .~. •
CONCÍUO VATICANO II, constituição pastoral Gaudium et spes, n° 12. 6. lbid.
B) Da solidariedade à fraternidade. O segundo pilar da democracia representativa, entendido de forma redutora pelo neoliberalismo, é o conceito de "solidariedade". De fato, segundo a concepção individualista da pessoa, cada um é livre de escolher e de fazer o que quiser: o único limite é o respeito pela liberdade dos outros, e o único princípio de autoridade e de verdade é a vontade da maioria. Não existem uma verdade pressuposta e uma norma ética transcendentes que possam impedir a livre autodeterminação do indivíduo. A própria história, contudo, mostra que uma liberdade sem limites e sem qualquer norma moral leva à autodestruição da própria liberdade e da solidariedade. Os valores não dependem da vontade livre de cada homem nem de maiorias provisórias e mutáveis; não é o Estado que os cria e os decide. Eles precedem a livre organização da sociedade; estão inscritos na consciência de cada homem e, enquanto tal, são ponto de referência normativa para a própria lei civil. Tarefa do Estado é defendê-los e coordená-los em vista do bem comum, tomando-os como fundamento do ordenamento democrático. Por isso, também João Paulo II observava: "Se não existe nenhuma verdade última que guie e oriente a ação política, então as ideias e as convicções podem facilmente ser instrumentalizadas para fins de poder. Uma democracia sem valores torna-se facilmente num totalitarismo aberto ou dissimulado, como a história demonstra"7. O sistema democrático é apenas um instrumento e , como tal, recebe a sua moralidade dos fins ao qual serve. Por isso, a concepção iluminista de liberdade altera o modo de se entender a legalidade, ou seja, o conceito de solidariedade, as relações dos cidadãos entre si e com o estado. A legalidade não pode consistir na mera observância formal das regras em sentido individualista, mas é intrinsecamente social. (Ver o exemplo do semáforo vermelho.) De fato, a sociedade é uma comunidade de pessoas em relação umas com as outras, não é um rebanho de indivíduos anônimos ao lado uns dos outros, em que cada um pensa unicamente em si: não há liberdade pessoal sem responsabilidade social. O bem comum não é a soma total dos bens individuais, mas é o bem de todos e de cada um. "A natureza social do homem - observa o Concílio - torna claro que o progresso da pessoa humana e o desenvolvimento da própria sociedade estão em mútua dependência. Com efeito, a pes-
soa humana, uma vez que, por sua natureza, necessita absolutamente da vida social, é e deve ser o princípio, o sujeito e o fim de todas as instituições sociais. Não sendo, portanto, a vida social algo de adventício ao homem, este cresce segundo todas as suas qualidades e torna-se capaz de responder à própria vocação, graças ao contato com os demais, ao mútuo serviço e ao diálogo com seus irmãos" 8 . Mais uma vez, o papel dos cristãos é determinante. A revelação cristã, mais uma vez, ajuda. É necessária a solidariedade, mas a pura legalidade só por si não chega: "Em nome de uma suposta justiça (por exemplo, histórica ou de classe), por vezes aniquila-se e mata-se o próximo, priva-se o próximo da liberdade e se o despoja dos elementares direitos humanos. A experiência do passado mostra que a justiça por si só não basta e que, antes de mais, pode levar à negação e ao aniquilamento de si próprio, se não se permitir que aquela força mais profunda que é o amor modele a vida humana nas suas várias dirnensões"9 . C) Do laicismo a uma "laicidade positiva". Finalmente, o terceiro pilar da democracia representativa - a racionalidade, tornada "laicismo" - está hoje em discussão. Por uma lado, a história avançou, mas também a Igreja avançou: a demonstração histórica da importância decisiva da consciência religiosa na luta contra as injustiças e em favor da paz andou pari passu com o fato de a Igreja ter abandonado os velhos esquemas apologéticos e com o reconhecimento de que a democracia laica é o melhor sistema de governo. Isto levou também o Estado laico a superar as antigas desconfianças e a reconhecer a importância social da religião. Quem poderá ainda defender que a fé é um fato puramente privado e sem qualquer consequência social, diante da contribuição que a consciência religiosa teve na queda do muro de Berlim, no resgate de muitos povos latino-americanos, na luta contra a máfia? Por outro lado, também a Igreja avançou. O Concílio Vaticano II reconheceu a laicidade como um valor. De fato - explica a constituição Gaudium et spes- as realidades temporais têm um valor intrínseco, têm finalidades, leis e instrumentos próprios, que não dependem da revelação sobrenatural: "Em virtude do próprio fato da criação, todas as coisas possuem consistência, verdade, bondade e leis 8.
CONCÍUO VATICANO II, Constituição pastoral Gaudium et spes, n° 25.
próprias, que o homem deve respeitar, reconhecendo os métodos peculiares de cada ciência e arte" 10 . Assim, para a Igreja, a laicidade não é um acidente histórico, mas tem verdadeiramente um fundamento teológico. A conclusão é que razão e religião não são alternativas, mas complementares. Esta reflexão da noção de laicidade, imposta pela evolução dos tempos e das ideias, é confirmada por dois casos emblemáticos: o Acordo de revisão da Concordata lateranense entre a Santa Sé e a República Italiana (18 de Fevereiro 1984) e o Tratado constitucional europeu (assinado em Roma a 29 de Outubro 2004, agora substituído pelo Tratado de reforma da União, assinado em Usboa em Dezembro 2007)11 . Assim, a religião já não é considerada um fenômeno privado, e o Estado laico já não a pode ignorar. Na sociedade pluricultural e pluriétnica, o problema de encontrar uma via de encontro no respeito pelas diversidades tornou-se inadiável e urgente. Só uma laicidade positiva permite o encontro entre tradições diferentes, no respeito pela identidade de cada uma. A nova laicidade, entendida já não como oposição entre separados, mas como colaboração entre diferentes, implica que, sem renunciar à sua própria identidade, se procurem em conjunto pistas concretas para realizar o maior bem comum possível numa dada situação, conscientes das necessárias mediações a realizar. Neste ponto estão de acordo Sarkozy e Bento XVI. O presidente da França laica falou disso, pela primeira vez, por ocasião da tomada de posse do canonicato honorário de São João de Latrão (20 de Dezembro 2007): ''A laicidade - disse em Roma- afirma-se como uma necessidade e uma oportunidade. Tornou-se uma condição da paz civil. [... ] É chegado o momento em que, num mesmo espírito, as religiões, em particular a religião católica que é a nossa religião majoritária, e todas as forças vivas do país olhem juntas o que está em jogo para o futuro [... ]. Na república laica, o homem político [... ] não deve decidir em função de considerações religiosas. Mas importa que a sua reflexão e a sua consciência sejam iluminadas especialmente pelas opiniões que se referem a normas e convicções livres das contingências imediatas [.. .]. É por isso que faço um apelo a uma laicidade positiva, ou seja, a uma laicidade que, velando pela liberdade de pensamento, de crer ou de não crer, não considera as religiões como um perigo, mas antes como uma vantagem" . 10. CONCÍUO VATICANO II, constituição pastoral Gaudium et spes, n° 36.
Em Paris, um ano mais tarde, o Presidente francês retomou este discurso: "É legítimo para a democracia e respeitoso para com a laicidade - disse - dialogar com as religiões. Estas, e em particular a religião cristã, com a qual partilhamos uma longa história, são património da reflexão e do pensamento, não só sobre Deus, mas também sobre o homem, sobre a sociedade e até sobre essa preocupação hoje central, que é a natureza e a proteção do ambiente. Seria uma loucura privar-nos das religiões, seria uma falta contra a cultura e contra o pensamento. É por isso que apelo mais uma vez a uma laicidade positiva. Uma laicidade que respeite, uma laicidade que reúna, uma laicidade que dialogue. E não a uma laicidade que exclua e que denuncie. Nesta época em que a dúvida e o fechar-se sobre si mesmo põem as nossas democracias diante do desafio de responder aos problemas do nosso tempo, a laicidade positiva oferece às nossas consciências a possibilidade de chegar a um intercâmbio, muito além das crenças e dos ritos, sobre o sentido que queremos dar à nossa existência. A procura de sentidd'. Por sua vez, Bento XVI, no discurso no Eliseu (12 de Setembro 2008) , retomou o tema da necessária colaboração entre católicos e laicos. "Neste momento histórico - disse o Papa - em que cada vez mais as culturas se entrecruzam, estou profundamente convencido de que uma nova reflexão sobre o verdadeiro significado e sobre a importância da laicidade é cada vez mais necessária. É, de fato, fundamental , por um lado, insistir na distinção entre o âmbito político e o religioso, a fim de proteger tanto a liberdade religiosa dos cidadãos como a responsabilidade do Estado para com eles e , por outro lado, adquirir uma consciência mais clara da insubstituível função da religião para a formação das consciências e do contributo que ela pode dar, juntamente com outras instâncias, para a criação de um consenso ético fundamental na sociedade" 12·. 11. O art. 1 do Acordo de revisão diz: "A República Italiana e a Santa Sé reafirmam que o Estado e a Igreja Católica são, cada uma na sua ordem, independentes e soberanos, comprometendo-se ao pleno respeito deste princípio nas suas relações e na colaboração recíproca em favor da promoção do homem e do bem do País>>. Por sua vez, o art. I-52 do Tratado constitucional europeu (agora art. 16C do Tratado reformador, aprovado em Usboa em 2007) reconhece o estatuto de que gozam no próprio país as Igrejas, associações ou comunidades religiosas (§1); assim, depois de ter admitido explicitamente o valor social da religião, dispõe que se instaurem relações estáveis de colaboração entre as instituições da União e as Igrejas, através de «um diálogo aberto, transparente e regular" (§3). 12. BENTO XVI , "Discurso no Eliseo" (12 de Setembro 2008), em [0sservatore Romano, 13 de Setembro 2008. O Papa voltou a este assunto na audiência de 17 de
A laicidade positiva, com o diálogo que implica, pode causar problemas, sobretudo nos católicos, chamados a inspirar as escolhas políticas em exigências éticas fundamentais e irrenunciáveis. Contudo, é a própria natureza da arte política que não permite que essas exigências absolutas se traduzam imediatamente em leis, mas impõe a necessária gtadualidade exigida pelas situações concretas. Revelao o Compêndio da Doutrina Social da Igreja: "O fiel leigo é chamado a divisar, nas situações políticas concretas, os passos realisticamente possíveis para dar atuação aos princípios e aos valores morais próprios da vida social. [... ]a fé nunca pretendeu manietar num esquema rígido os conteúdos sócio-políticos, bem sabendo que a dimensão histórica em que o homem vive impõe que se admita a existência de situações não perfeitas e, em muitos casos, em rápida mudança" 13 . Por conseguinte, a colaboração política dos católicos como parceiros de orientação cultural diferente deve ser imposta laicamente e no respeito pelas regras democráticas, sem com isso comprometer a sua identidade e a coerência com os valores inspiradores. Este encontro no plano da laicidade é a passagem obrigatória à democracia deliberativa. Ao mesmo tempo, os cristãos, enquanto na política se comprometem a respeitar plenamente a laicidade e as regras democráticas, procurando o maior bem concretamente possível no diálogo com os homens de boa vontade, nunca renunciarão a testemunhar a força profética e crítica do Evangelho. Ora, esta passagem da democracia representativa à democracia deliberativa não é um dado adquirido. Nenhum de nós está preparado. É por isso que o discurso sobre a formação é essencial. Tanto mais que a "questão social" se tornou "questão antropológica", cujos problemas gravíssimos - os chamados "eticamente sensíveis", juntamente com os da paz, da salvaguarda da criação, da convivência multiétnica e multicultural - exigem o encontro e a colaboração de todos os homens de boa vontade, qualquer que seja a sua raça, a sua cultura, a sua religião. Trata-se de realizar um "neopersonalismo social e laico", que Setembro 2008, dedicada à sua viagem apostólica a França: "A verdadeira laicidade - disse - não significa prescindir da dimensão espiritual, mas reconhecer que esta é radicalmente garantia da nossa liberdade e da autonomia das realidades terrenas, graças aos preceitos da Sabedoria criadora que a consciência humana sabe acolher e realizar" (tOsseroatore Romano, 18 de Setembro 2008}. 13. CONSELHO PONTIFÍCIO JUSTIÇA E PAZ, Compêndio da Doutrina Social da Igreja, n° 568.
permita ultrapassar as contraposições, para fazer unidade na diversidade, mantendo cada um as suas raízes e a sua história, mas superando-se numa visão superior comum. Trata-se de passar da pessoa entendida como indivíduo à pessoa entendida em sentido integral, da solidariedade reduzida a mera realidade relacional à fraternidade e do laicismo entendido como ·separação e contraposição à laicidade entendida como distinção na cooperação para o bem comum. Numa palavra: da democracia representativa à democracia deliberativa. No entanto, não basta repensar os pilares teóricos da "democracia representativa", hoje corroídos; mas, ao mesmo tempo, é preciso ter a coragem de enfrentar os problemas concretos, realizando as necessárias reformas que permitam a participação subjetiva dos cidadãos, para que estes se sintam pessoalmente envolvidos nas decisões que contam e não sejam apenas consultados. Mas, para isso, é necessário formar-se.
3. PAPEL DOS FIÉIS LEIGOS NA IGREJA (AD INTRA)
À nossa geração cabe a grave tarefa do discernimento. Os modelos de ontem já não servem, os de amanhã ainda não existem. É preciso "inventar" caminhos novos de participação. É um verdadeiro esforço - perigoso até, porque se podem cometer erros - mas exaltante. O pior é que esta crise epocal de civilização nos apanhou desprevenidos , não a vimos vir. Todos nos encontramos impreparados para a enfrentar. Daí a absoluta prioridade da educação e da formação, tanto mais necessária quanto os católicos hoje estão divididos relativamente não à necessidade de prestar ao País um serviço cultural, mas ao modo de o prestar. Como devem a Igreja e os católicos colocar-se face às graves interrogações que a presente situação implica? A Igreja não pode desinteressar-se desta questão - defende o Papa: "não pode eximir-se de se interessar pelo bem de toda a comunidade civil, na qual vive e trabalha, e de lhe oferecer o seu contributo peculiar formando nas classes políticas e empresariais um genuíno espírito de verdade e de honestidade, visando à busca do bem comum e não do proveito pessoal"14 . Por isso, Bento XVI, na 45a Semana Social dos católicos italianos, reforçou o que já tinha dito na encíclica 14. BENTO XVI, Mensagem ao Presidente da CEI por ocasião da 45a Semana Social dos Católicos Italianos, em L;Osseruatore Romano, 20 de Outubro 2007, n° 6.
Deus caritas est: "o dever da Igreja é mediato, enquanto lhe compete contribuir para a purificação da razão e para o despertar das forças morais"; mas, ao mesmo tempo, a par do contributo mediato, específico da Hierarquia, é dever dos fiéis leigos agirem ."de forma imediata", para uma ordem justa na sociedade; portanto, "como cidadãos do Estado, compete-lhes participar pessoalmente na vida pública e, no respeito pelas legítimas autonomias, cooperar para configurar retamente a vida social, juntamente com todos os outros cidadãos, segundo as competências de cada um e sob a sua própria responsabilidade autônoma" 15 . Numa palavra: esta é a hora dos leigos. É sua missão servir de medianeiros, em termos culturais, políticos, econômicos e sociais, da luz com que o Evangelho e o ensino da Igreja iluminam a antropologia. De fato, algumas pessoas inspiram-se no método dedutivo: pensam que se deva partir da reafirmação dos valores e dos princípios "não negociáveis" para dialogar "sem complexos de inferioridade com as dinâmicas culturais do nosso tempd' (assim, por exemplo, se lia no documento preparatório da 45a Semana Social) , propondo-se de forma mais ou menos velada restabelecer na Itália uma forma de liderança cultural católica, depois do fim dessa política. Outras, porém, sem nada retirar à importância do testemunho e do anúncio corajoso dos valores do Reino de Deus, pensam que no plano operativo se deva seguir o método indutivo: partir antes da partilha desinteressada dos problemas materiais, morais e culturais das pessoas, para juntos prosseguir gradualmente para a verdade total, confiando na ajuda do Espírito Santo, que abre os olhos da mente e do coração. Este é o método de João XXIII (ver, julgar, agir) , feito seu pelo Concílio (Gaudium et spes) , e codificado por Paulo VI na carta apostólica Octogésima adveniens, n° 4. Importa esclarecer esta relação entre diálogo e testemunho da caridade. Não é só uma questão de método, ainda que seja verdade - como escreve Bento XVI na encíclica Deus caritas est - que a caridade (logo, também a caridade cultural) "não deve ser um meio em função daquilo que hoje é indicado como proselitismo. O amor é gratuito; não é realizado para alcançar outros fins. [... ] quem realiza a caridade em nome da Igreja nunca procurará impor aos outros a fé da Igreja"16 .
Hoje, em todas as partes do mundo, a questão é esta: numa situação cultural e politicamente fragmentada, os católicos serão ou não capazes de ajudar o seu país (a Europa e o mundo) a realizar a necessária unidade no respeito pela pluralidade? Serão ou não capazes de realizar juntamente com os outros uma mediação cultural que acolha o que de válido existe nas diferentes tradições, sem pedir a ninguém que renegue as suas raízes e a sua história, mas impelindo todos a uma participação democrática que ultrapasse as anacrónicas barreiras ideológicas e culturais? Certamente que sim. Não só os católicos são capazes de dar esse contributo, mas hoje é este o seu dever. A isto os compromete o grande <<Sim» da fé , de que Bento XVI fala tantas vezes. Não é uma categoria abstraía (A fé sem obras está morta [Tg 2,26]), mas traduz-se necessariamente em testemunho desinteressado da caridade, mesmo da "caridade cultural" e da "caridade social e política": oferecida não de forma instrumental, para impor aos outros a sua própria visão confessional, mas desinteressadamente com vista à formação de um ethos civil e laico partilhado, em torno do qual realizar a unidade na pluralidade, necessária para garantir o bem comum. Por outras palavras: não basta anunciar os valores absolutos e os princípios "não negociáveis" (que devem certamente ser anunciados e testemunhados) , se ao mesmo tempo não houver empenho em procurar em conjunto o bem comum possível, que passa inevitavelmente pelas regras democráticas do consenso e pelas psicológicas da gradualidade. De fato - como muito bem explicou o Cardeal Martini no discurso de Santo Ambrósio, 1998- o bem comum
não consiste numa definição filosófica abstrata, mas deve ser procurado concretamente, ajustando-o às situações históricas reais em que se age; isto significa que a sua realização deverá passar pela persuasão e pela paciência, pela progressiva e gradual afirmação dos valores, "até por duras renúncias, em nome de uma superior concórdia civil e sempre em vista a um bem mais altd' 17 . Os princípios e os valores em si são sempre não negociáveis, mas a sua tradução histórica está sujeita às condições de tempo e de lugar, ao consenso e ao crescimento do costume e da vida política. "Mas parece - continua Martini - que, ao aceitar as leis do consenso, o cristão se sente culpado, como se confiasse ao consenso democrático a legitimação ética dos seus valores. Não se trata de confiar ao critério da maioria a verificação da verdade de um valor, mas de assumir autonomamente uma responsabilidade relativamente ao crescimento do costume civil de todos, que é a verdadeira tarefa da ética política. Por isso, esta tarefa importa de modo particular à Igreja na sua ação, como semente e fermento na sociedade" 18 . Assim, aplica-se também ao exercício da "caridade cultural" o que Bento XVI diz mais em geral na encíclica Deus caritas est: "O cristão sabe quando é tempo de falar de Deus e quando é justo não o fazer, deixando falar somente o amor. Sabe que Deus é amor (d. lJo 4,8) e torna-se presente nos momentos em que nada mais se faz a não ser amar" 19 . Em conclusão, hoje já não é tempo de pensar na hegemonia de uma cultura política (nem sequer da "católica") que se imponha a outras, mas de realizar a participação de todos na vida democrática, que abra as várias tradições culturais a uma nova dimensão transcendente, sem lhes cortar as raízes. Mas para isso é necessário formar-se, educar-se na política. Para todos, trata-se de fazer a síntese entre a atenção à dimensão ética e religiosa (própria do personalismo da tradição social cristã, expressa pela Doutrina Social da Igreja) , a insistência na solidariedade (própria da tradição socialista) e a exigência de laicidade (própria da tradição liberal-democrática) . Por que é que não haveríamos nós hoje de conseguir aprofundar em conjunto o significado de valores (liberdade, igualdade, solidariedade, paz, 17. MARTIN! C.M., "Il seme, illievito, ii piccolo gregge", discurso para a viguia de Santo Ambrósio 1998, em AS 2 (1999) 164.
dignidade da pessoa) que são partilhados pela consciência civil contemporânea e impregnam também as grandes Cartas internacionais dos direitos humanos? Para os católicos, em particular, trata-se de formar numerosos políticos novos, homens e mulheres que sejam síntese entre espiritualidade e profissionalidade, capazes de testemunhar e de introduzir na vida política o que é especificamente cristão. "Quem tem responsabilidades políticas e administrativas tome a peito algumas virtudes, como o desinteresse pessoal, a lealdade nas relações humanas, o respeito pela dignidade dos outros, o sentido da justiça, a recusa da mentira e da calúnia como instrumento de luta contra os adversários, e porventura também contra quem inadequadamente se define como amigo, a força para não ceder à chantagem dos poderosos, a caridade para assumir como suas as necessidades do próximo, com clara predileção pelos últimos"20 . Assim, os cristãos - qualquer que seja a sua escolha partidária são hoje chamados a dar um contributo original e essencial na busca de uma nova cultura da participação, seja a nível de reflexão teórica seja a nível operativo de testemunho e de efetivo serviço político e social. A isto os chama o dever de se empenharem, juntamente com todos os homens de boa vontade, na construção da Civilização do Amor. • 20. COMISSÃO ECLESIAL JUSTIÇA E PAZ, Educare alia legalità, cit. n° 16, § 578, p. 223.
A ORAÇÃO A MARIA 1. No decorrer dos séculos o culto mariano conheceu um desenvolvimento ininterrupto. Ele viu florescer, ao lado das tradicionais festas litúrgicas dedicadas à Mãe do Senhor, inúmeras expressões de piedade, frequentemente aprovadas e encorajadas pelo Magistério da Igreja. Muitas devoções e preces marianas constituíram um prolongamento da própria liturgia e , às vezes , contribuíram para enriquecer a estrutura, como no caso do Ofício em honra da bem aventurada Virgem e outras pias composições que começam a fazer parte do Breviário. A primeira invocação mariana conhecida remonta ao século III e inicia com as palavras: "Sob a tua proteção (sub tuum praesidium) procuramos refúgio, Santa Mãe de Deus ... " Contudo, desde o século XIV, a Ave Maria é a oração à Virgem Maria mais comum entre os cristãos. Ao retomar as primeiras palavras dirigidas pelo Anjo a Maria, introduz os fiéis na contemplação do mistério da Encarnação. A palavra latina "ave" traduz o vocábulo grego "caire", que constitui um convite à alegria e poderia ser traduzido por "alegra-te". O hino oriental Akatistos reafirma com insistência este "alegra-te". Na Ave Maria a Virgem é chamada "cheia de graça" e assim reconhecida na perfeição e na beleza da sua alma. CM 436
A expressão "o Senhor é convosco" revela a especial relação pessoal entre Deus e Maria, que se situa no grande desígnio da aliança de Deus com a humanidade inteira. Depois, a locução "Bendita sois vós entre as mulheres e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus" afirma a atuação do desígnio divino no corpo virginal da Filha de Sião. Ao invocarem "Santa Maria, Mãe de Deus", os cristãos pedem Àquela que por privilégio singular é a imaculada Mãe do Senhor: "Rogai por nós pecadores" e confiam-se a Ela no momento presente e na suprema hora da morte. 2. Também a tradicional oração do Ange/us convida a meditar o mistério da Encarnação, exortando o cristão a tomar Maria como ponto de referência nos diversos momentos da própria jornada, com o fim de a imitar na sua disponibilidade para realizar o plano divino da salvação. Esta oração faz-nos como que reviver o grande evento da história da humanidade, a Encarnação, à qual cada Ave Maria faz referência. Aqui estão o valor e o fascínio do Angelus, tantas vezes expresso não só por teólogos e pastores, mas também por poetas e pintores. Na devoção mariana, o Rosário assumiu um lugar de relevo: Através da repetição das Ave Marias, leva a contemplar os mistérios da fé . Também esta oração 17
simples, alimentando o amor do povo cristão para com a Mãe de Deus, orienta de maneira mais clara a prece mariana para a sua finalidade: a glorificação de Cristo. O Papa Paulo VI, bem como os seus predecessores, especialmente Leão XIII, Pio XII e João XXIII, teve em grande consideração a prática do Rosário e desejou sua difusão nas famílias. Além disso, na Exortação Apostólica Maria/is cultus, ilustrou-lhe a doutrina, recordando que se trata de "oração evangélica, centrada no mistério da Encarnação redentora", e reafirmando a sua "orientação profundamente cristológica". A piedade popular acrescenta ao Rosário com frequência as ladainhas, entre as quais as mais conhecidas são habituais no Santuário de Loreto, que por isso chamamse "lauretanas". Com invocações simples, elas ajudam a concentrar-se na pessoa de Maria, para colher a riqueza espiritual derramada n'Ela pelo amor do Pai. 3. Como demonstram a liturgia e a piedade cristãs, a Igreja sempre teve em grande estima o culto para com Maria, considerando-o indissoluvelmente ligado à fé em Cristo. Com efeito, ele encontra o seu fundamento no desígnio do Pai, na vontade do Salvador e na ação inspiradora do Paráclito. Tendo recebido de Cristo a salvação e a graça, a Virgem é chamada a desempenhar um papel relevante na redenção da humani18
dade. Com a devoção mariana os cristãos reconhecem o valor da presença de Maria no caminho rumo à salvação, recorrendo a Ela para obter todo o gênero de graças. Eles sabem, sobretudo, que podem contar com a sua intercessão materna, para receber do Senhor quanto é necessário ao desenvolvimento da vida divina e à obtenção da salvação eterna. Como atestam os numerosos títulos atribuídos à Virgem e as peregrinações ininterruptas aos santuários marianas, a confiança dos fiéis na Mãe de Jesus impele-os a invocá-la nas necessidades quotidianas. Eles estão certos de que o seu coração materno não pode permanecer insensível às misérias materiais e espirituais dos seus filhos. Deste modo a devoção à Mãe de Deus, estimulando à confiança e à espontaneidade, contribui para aplacar o clima da vida espiritual e faz com que os fiéis progridam na via exigente das bem aventuranças. 4. Queremos, por fim, recordar que a devoção a Maria, dando relevo à dimensão humana da Encarnação, faz descobrir melhor o rosto de um Deus que compartilha as alegrias e os sofrimentos da humanidade, o Deus conosco, que Ela concebeu como homem no seu seio puríssimo, gerado, assistido e seguido com amor inefável desde os dias de Nazaré e de Belém até aqueles da Cruz e da Ressurreição. • João Paulo II. Do livro A Virgem Maria, p.l66-168. CM 436
UM PCE MAL CONHECI DO No evangelho da Transfiguração, Jesus convida Pedro, Tiago e João a subir com ele uma alta montanha para, num lugar solitário, rezar e ouvir a Deus. E Deus, com efeito, lhes fala: "Este é o meu Filho bemamado. Escutai o que Ele diz". Esse episódio do Novo Testamento é o modelo do retiro. Jesus nos convida para irmos a um lugar alto, silencioso, longe do burburinho e preocupações do dia a dia, para rezar e ouvir a Deus que nos vai falar por meio de seu Filho bem-amado. Jesus nunca tomava uma decisão importante sem antes retirar-se para rezar no silêncio e ouvir o Pai. Assim, retirou-se por quarenta dias no deserto antes de iniciar a sua vida pública, passou a noite em oração antes de escolher os doze apóstolos e antes de enfrentar a sua Paixão. A Igreja também sempre incitou os seus filhos a fazer.um retiro antes de grandes decisões e de receber os Sacramentos: a confirmação, a ordem, o matrimônio. Essa recomendação está hoje muito esquecida, mas importa justamente revivê-la. O Padre Caffarel sempre atribuiu importância muito grande ao retiro, assim como à oração interior (que é muito mais do que uma meditação). Assim, ao redigir, inspirado pelo Espírito Santo, a Carta Fundadora que iria nortear a vida das Equipes de Nossa Senhora e a norteia até hoje, incluiu entre as obrigações fundamentais para os equipistas, hoje chamadas de PonCM 436
tos Concretos de Esforço, dedicar pelo menos 10 minutos, cada dia, à oração interior, e "fazer cada ano um retiro fechado de 48 horas no mínimo, marido e mulher juntos na medida do possível". Procuremos refletir sobre este PCE. O Pe.Caffarel, que organizou e dirigiu retiros durante toda a sua vida, ensinava como aproveitá-los para caminhar rumo ao objetivo de todo cristão: ser "santo como o Pai celeste é santo". Em primeiro lugar é preciso ter consciência de que o retiro não é uma obrigação inventada pelo Movimento, mas um meio de progresso espiritual tradicional na Igreja. Desde o início, os equipistas eram incitados a participar dos retiros existentes em suas cidades, organizados por congregações que deles fazem seu apostolado. Por haver na França um leque bastante grande de opções, o Padre Caffarel nunca sugeriu que os retiros devessem ser organizados só pelo Movimento e que somente desses os equipistas deveriam participar. A lista de retiros publicada anualmente na Carta Mensal francesa revela que lá são raros os retiros organizados por Setores ou Regiões: os equipistas escolhem os retiros que lhes são mais convenientes por sua localização ou data, ou cujo tema ou pregador mais lhes interessam. Esses retiros, por um lado, são uma rica oportunidade de comunhão na Igreja, graças à par19
ticipação conjunta de casais, solteiros, viúvos, sacerdotes, religiosos, membros dos mais diversos movimentos ou paróquias; por outro lado, a presença de equipistas representa valioso testemunho do carisma que é seu. No Brasil, quando começou o Movimento, havia pouquíssimos retiros e eram radicalmente segregados para homens ou mulheres, a ponto de nenhuma congregação ou casa de retiros dispor-se a aceitar casais; assim o Movimento teve que organizá-los para que fosse possível o cumprimento do PCE. Hoje, felizmente, a situação mudou. Nas grandes cidades multiplicaramse locais apropriados e iniciativas de retiros. Entretanto, em muitos locais do interior e em certos estados, continua a não haver retiros disponíveis, e torna-se indispensável que Regiões ou mesmo Setores os organizem. Já nos anos 50, a primeira equipe de Jaú teve de fazer os seus primeiros retiros numa fazenda , dormindo os maridos numa sala, as mulheres noutra ... Sabemos que equipes do Nordeste têm se esmerado em encontrar soluções para as suas dificuldades. Se entendêssemos quão importante é o retiro, não só escolheríamos com antecedência o retiro que maior proveito nos pode dar, como reservaríamos com cuidado a sua data, procurándo não assumir outros compromissos para a mesma época, ou dar preferência a outros acontecimentos, a não ser que sejam realmente de força maior. Mais ainda se tivermos uma responsabi20
!idade no Movimento, que requer uma dose maior de auxi1io do Espírito Santo para o exercício do serviço que nos foi confiado: temos que organizar o nosso calendário de maneira a não conflitar com a data do retiro escolhido. Em segundo lugar, é preciso lembrar-se que, dos 6 PCE, 4 são individuais e 2 conjugais: individuais a Escuta da Palavra, a Oração Interior, a Regra de Vida e o Retiro, conjugais a Oração Conjugal e o Dever de Sentar-se. Por isso, quando a Carta recomenda que marido e mulher façam o retiro juntos, na medida do possível, ela não quer dizer que isso seja indispensável, embora altamente desejável, pois permite que a reflexão e meditação de cada um, a partir da orientação do pregador, frutifique num Dever de Sentar-se, feito no final do retiro, ou eventualmente mais tarde em casa, quando marido e mulher trocarão idéias sobre as suas reflexões e as resoluções que cada um tomou . Muitas vezes o casal não pode ausentar-se juntos, por não ter com quem deixar os filhos pequenos ou pela presença de um pai ou uma mãe doente. Isso não deve ser obstáculo para que um dos dois vá ao retiro escolhido e o outro participe de outro retiro mais tarde, num revezamento das responsabilidades do casal. Em terceiro lugar, convém recordar as características principais de um retiro, segundo o ensinamento de Padre Caffarel. O retiro deve ser de preferência fechado, abrindo-se mão dessa característica em dois CM 436
casos apenas, quando não há local disponível, ou quando o seu custo for proibitivo. Retiro fechado não quer dizer que seja reservado a um grupo, muito pelo contrário, deve ser aberto a todos, equipistas ou não, mas sim que todos devem lá permanecer durante a sua duração, apartados do mundo exterior, sem sair, ouvir rádio, ler jornal ou usar o celular, só recebendo recados em casos de extrema gravidade, e assim mesmo através das irmãs que proporcionam o local. O silêncio deve reinar durante todo o retiro, desde a sua abertura e até o seu encerramento, o pregador sendo o único a falar. Esse silêncio, necessário para ouvir Deus, deve ser mantido durante as refeições e nos quartos, quando partilhados. As características de um retiro são diferentes das de um encontro, e nele não devem ser previstas reuniões de grupo nas quais o silêncio é rompido e as reflexões interrompidas. Os tempos livres precisam permitir a reflexão individual, a leitura da Palavra e a ora-
ção. A liturgia da Igreja deve estar presente, participando-se da missa e de alguma para-liturgia sugerida pelo pregador, como uma noite de adoração, mas sem interferir com os tempos de reflexão e oração. É recomendável fazermos anotações, não só das palestras, mas das nossas reflexões, pois, após o término do retiro, enriquecerão a troca entre marido e mulher e também na reunião da equipe, e ainda ajudarão a recordar as resoluções tomadas. Por fim, não tenhamos medo de fazer retiro! Um retiro bem vivido é uma benção de Deus, o seu benefício em nossa vida espiritual e conjugal não se pode medir. Demos, pois, ao retiro o lugar que lhe cabe e ele será para nós a grande oportunidade para ouvir a Deus, melhor conhecê-lo, e assim amá-lo melhor e melhor segui-lo, descobrindo cada vez mais a sua presença em nosso cônjuge, cujo amor reflete para nós o amor do Pai, e em nossos irmãos. • Gerard e Monique Eq. N. S . do Sim - Setor A São Paulo Capital 1
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DOIS BUSCADORES DE DEUS Nós queremos testemunhar o quanto a Oração Conjugal nos ajudou em várias situações de nossas vidas. Que a perseverança em realizá-la, sem entender muito bem no início da nossa caminhada nas ENS, nos ajudou muito. Quando fomos pilotados, o motivo para nós CM 436
rezarmos, muitas vezes, era para não levar bronca do nosso casal piloto, na próxima reunião. Talvez por esse medo humano é que persistimos, e essa oração foi aos poucos transformando nosso dia a dia. Nessa oração nós pedimos que Deus abençoe nosso 21
amor, nossa vida, que o Cristo esteja presente sempre na nossa casa, na vida de nossos filhos; que com a luz do Espírito Santo consigamos caminhar, enxergar o que Deus nos quer falar. Nos nossos pedidos, procuramos buscar a vontade de Deus - essa parte é difícil, precisamos saber nos entregar, confiar realmente. Também pedimos pela missão que ele nos confiou - quantas graças recebidas por essa entrega! Lembramos de que Cristo é o centro de nossa vida, de nossa família, e finalizamos pedindo sempre pelo nosso amor. Nós nos conscientizamos de que Cristo caminha conosco em nossa vida conjugal. Entendemos que cada casal encontra o seu jeito, seu momento de fazer a Oração Conjugal. Mas é preciso buscar esse momento. Dificuldades terão de ser superadas, mas com perseverança todo casal pode encontrar a sua maneira de marido e mulher dialogarem entre si e juntos conversarem com Deus. Não são necessárias fórmulas. É apresentar a Deus, com espontanei22
dade, as suas vidas de casados e de família e dar-se tempo para escutar de Cristo a palavra animadora para a caminhada. São Paulo diz que devemos orar sem cessar. E marido e mulher podem experimentar juntos dialogar com Deus, em todos os momentos de suas vidas, dando graças por tudo! À medida que a gente exercita este diálogo com Deus, estaremos crescendo na santidade, teremos mais força para o nosso dia a dia, teremos com certeza mais alegria. E estaremos mais próximos do Pai. Quando criança, aprendemos a andar de bicicleta, levamos muitos tombos, muitas "raladas", mas persistimos, perseveramos. Enquanto não sentirmos firmeza não desistimos! Também para rezar: precisamos vencer os obstáculos, precisamos de humildade e perseverança, necessitamos espantar a preguiça e o desânimo, abertos ao perdão do cônjuge pelas falhas cotidianas. Vigilantes, abriremos o coração para Deus, pois Ele sabe do que necessitamos. Deus nos ama e quer que nos aproximemos dele. Para muita gente, Deus é alguém distante, que só se busca quando vai à igreja. É difícil construir um relacionamento quando se fica distante. Para um bom relacionamento, qualquer que seja, é necessário que se busque a proximidade, a freqüência .. . Também para nossa relação com Deus ser eficaz é preciso que frequentemente o busquemos, mesmo nos momentos mais difíceis. Quando parece que tudo e todos estão afastados de nós, Deus jamais nos CM 436
abandona. Isto é muito importante para podermos dialogar com Ele. Quando nos colocamos diante de Deus, nos abrimos para o nosso cônjuge, e muitas vezes isso não é fácil. Mas é através de tentativas, lentamente, que a Oração Conjugal vai quebrando nossas divergências, nossos egoísmos, vamos ficando mais próximos um do outro. Por mais corrida que seja a nossa vida, precisamos determinar um tempo para estar com Deus. É preciso insistir nisso. Quando falamos com alguém, colocamo-nos totalmente à disposição da pessoa. Com Deus não é diferente! Santa Tereza D' Ávila interpelava suas monjas: "Falais muito bem com outras pessoas, por que vos faltariam palavras para falar com Deus?" Mesmo que seja um tempo curto, precisamos nos desligar das preocupações ao redor e falar com Deus sobre todos nossos sentimentos, alegrias, tristezas, preocupações, angústias. Chorar, se for o caso! Mas não podemos esquecer de agradecer a Deus por tudo. Também pedir com humildade, sem orgulho... Para Deus tudo é possível. Lemos nos Estatutos: "Os casais das Equipes de Nossa Senhora querem que seu amor, santificado pelo sacramento do Matrimónio, seja um louvor a Deus, um testemunho aos homens, ... " O tema deste ano nos convida a deixar Cristo entrar em nossa vida para testemunhar aos outros que Cristo veio salvar o amor. Mas para que a santidade e o testemunho aconteCM 436
çam, é preciso que oremos! Pe. Caffarel, em 1959, coloca três condições para a eficácia da oração: Crer nessa eficácia, unir-se para orar e dirigir-se ao Pai em nome de Jesus Cristo. Em Roma, a 5 de maio de 1970, na conferência "Em face do ateísmo", Pe. Caffarel animava os equipistas: "Vosso casal dará testemunho de Deus de maneira mais explícita se ele for a união de dois buscadores de Deus". Continuando, Pe. Caffarel nos fala : "A Oração Conjugal é uma verdadeira festa na igreja doméstica". A vida e o amor vão penetrando, e já não se sabe o que é vida, o que é o amor e o que é a oração. No momento do nosso sim sacramental fomos banhados pelo amor de Cristo. Ali nós já estávamos orando um pelo outro e Cristo fundava em nós um santuário, uma igreja doméstica. Nós somos chamados no e pelo sacramento do Matrimónio a percorrer em casal o caminho da santidade. "Dois que juntos procuram encontrar Deus". É a Oração Conjugal o momento precioso em que o casal busca intimidade com Deus. Quando a praticamos, somos espelho para nossos filhos e assim vamos abrindo caminho para a oração familiar. A oração conjugal é o porto de onde partimos para enfrentar nosso dia a dia, e também é o porto seguro onde atracamos para que se realize em nós a graça do amor de Deus.• Neli e João CR Setor A - Santos/SP
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NOSSA ORAÇÃO CONJUGAL Estamos casados há 25 anos e pertencemos ao Movimento há 13 anos e vou relatar o testemunho e a atitude perseverante de Célia, mi- · nha esposa. Um dos PCE mais presentes em nosso dia a dia é a Oração Conjugal. Falo na perseveranÇa de Célia porque, como tenho que trabalhar cedo, ela levanta todos os dias às 5 horas comigo, tomamos o café e, a seguir, vamos até o nosso altar e ali fazemos a nossa Oração Conjugal, incluindo a Escuta da Palavra, com a leitura, o salmo e o evangelho do dia, meditamos alguns minutos sobre a palavra refletida , fazemos a prece Oração dos Casais, após a qual apresentamos a Deus as nossas vidas, nossas alegrias, nossas preocupações do dia, agradecemos a Ele por nosso matrimónio, rezamos as nossas d ificuldades , nosso relacionamento de marido e mulher, nossos filhos , e falamos a Deus de nossas esperanças e apresentamos a Ele o desejo de que o nosso dia seja-lhe um louvor, um dia vivido no amor. Finalizamos com a Oração de S. Francisco e encerramos com o Magnificat. Para nós, a Oração Conjugal é um dos momentos mais fortes em nossa vida de casal. Na oração, eu agradeço a Deus pela Célia e por nos haver proporcionado entrar nas ENS. A Célia por ser esta esposa maravilhosa e companheira e as ENS por ser um divisor de águas em nosso casamento, cuja vivência 24
do sacramento do Matrimónio se divide em antes e depois das ENS. Foi no Movimento que encontramos esse meio tão forte de nos aproximar mais de Deus. Aos casais que ainda não experimentaram o sabor e a graça da Oração Conjugal em seu matrimón io, podemos afiançar que o diálogo com Deus em casal é muito importante para a caminhada matrimonial ao encontro do Senhor. • Paulo, da Célia Eq. 28 - Setor A São José do Rio Preto/SP CM 436
SER UM POUCO DE SANTO "Eu mesmo apascentarei as minhas ovelhas
e as farei repousar, diz o Senhor!" (Ez 34, 15)
Estamos no "hall de entrada" das Equipes de Nossa Senhora e gostaríamos de partilhar nossa nova postura religiosa. Até bem pouco tempo, éramos apenas um casal que participava das missas e rezava em casa, educando os filhos na religião e para a vida, simplesmente. Agora, não só temos um Conselheiro Espiritual, que é Dom Paulo Roxo, como também um casal que , gentilmente , com amor, paciência e Deus no coração, nos acolhe, pilotando-nos para sermos um casal em Cristo. Sim, porque ser um casal em Cristo não é apenas crer nele. É professá-lo, difundir a fé nele, não somente no nosso lar, mas àqueles que se avizinham de nós, que nos procuram ou, talvez, que não nos
procuram. É também participar da vida de outros casais, auxiliandoos sempre, no que for preciso, não só no que estiver ao nosso alcance, mas produzindo ações que possam resultar em seu favor. Ser equipista (e essa palavra nos causa frisson , pela responsabilidade que suscita em nós e pelo significado que carrega) é ser um pouco de santo, é ter o coração aberto para a comunidade, para os que necessitam. É orar pelos necessitados , pelos injustiçados , pelos governantes, pela Igreja, pelos nossos, pelos outros, pela vida daqueles que perigam , pela família ao lado, pelos sacerdotes, pelo Papa, pela natureza que nos serve ... • Lei/a e João Luís
Eq. N. S. de Lourdes - Lages/SC
. . . . . . . . ...... .. . . . ...... . . . .. PONHA A BOCA NO MUNDO Tudo começou numa terça-feira, na penumbra de uma sala de ultrassom. Como o marido de nossa filha estava viajando a trabalho, meu marido e eu a acompanhamos para fazer uma ultrassonografia, com o fim de saber o sexo do bebê que ela estava esperando. O médico, com toda a sua experiência, da qual nunca podemos separar a ação do CM 436
Espírito Santo, pode ver muito mais do que o sexo do bebê. Existia algo anormal na formação de nossa criança. Ela tinha espinha bífida. O médico explicou por alto o que era e quais as possíveis consequências. Entre outras coisas, o bebê poderia ter problemas cerebrais, teria grandes chances de não andar, ter os pezinhos tortos ... Saímos de lá abalados. Minha 25
filha foi consultar a sua ginecologista, que a encaminhou para a cidade de São Paulo, a fim de ser acompanhada semanalmente. Começava a nossa peregrinação em busca de ajuda médica .. . E lembramos das palavras de Jesus: "Onde dois ou mais estiverem reunidos em meu nome, eu estarei no meio deles" (Mt 18,20). Então, pedimos a oração de todos os equipistas. Em clima de oração, neste tempo de sofrimento, conseguíamos manter viva a nossa fé . Era muito bom encontrarmos equipistas com os quais nem tínhamos muito contato, e que nos diziam estar rezando por nossa netinha ... Isto nos dava muita força e não temos como agradecer a todos. Resumindo, hoje a nossa netinha, cujo nome seria Yasmin, chama-se Maria Vitória, porque nos deu um grande exemplo de força e porque Nossa Senhora, juntando-se às orações que nós, os amigos e tantos
equipistas fazíamos, sempre esteve à nossa frente , guiando-nos e dando forças para enfrentarmos com fé os percalços que se nos apresentavam. Nossa pequena Maria Vitória é realmente uma vitoriosa. Enfrentou 2 cirurgias logo após o nascimento e a menininha que corria o risco de não andar, hoje já tem três aninhes, é uma criança super normal, anda, corre, pula, faz natação e ballet e faz a nossa alegria. Aprendemos que diante de qualquer situação é preciso não ter medo nem vergonha de pedir orações e ajuda, especialmente aos irmãos deste movimento maravilhoso que são as Equipes de Nossa Senhora, que além de nos fortalecer como casal, nos presenteia com verdadeiros amigos que estão sempre ao nosso lado, nas alegrias e nas tristezas. • Ângela e Galhano Eq. N. S . do Perpétuo Socorro Setor C - Pouso Alegre/MG
.. . . . .. . . . .. . . .. . .. . . . ... . . . . .. . O AMOR NÃO É UM CACTO Já faz anos, diante do altar do Senhor fizemos nossos votos nupciais. Naquele dia, envolvidos pela emoção, dávamos um passo decisivo que transformaria as nossas vidas. Consagrávamos a Deus a flor do nosso amor: uma pequena e frágil flor, muito especial e rara, que poderia permanecer vistosa e cheirosa por toda uma vida, caso não esquecêssemos de adu26
bá-la , aguá-la e livrá-la das pragas . Dada a fragilidade da flor, entendemos logo que tínhamos que aprender o ofício de jardinagem e que precisávamos da ajuda de um bom jardineiro para nos ensinar as lições básicas de como lidar com esta flor. Queríamos, ou precisávamos, do melhor jardineiro do mundo, pois uma flor preciosa e delicada assim , merecia o CM 436
melhor dos nossos esforços. Já bem antes daquele dia decisivo, nos falaram de um jardineiro fabuloso, cujas lições eram capazes de transformar jardins sem vida em um espetáculo de cor, cheiro e beleza. Suas lições eram simples: A boca fala daquilo que o coração está cheio, então enchamos o coração de amor. Amemos nosso cônjuge como a nós mesmos, portanto é preciso ter amor a nós mesmos. Não é o quanto ou o que nós damos que conta, mas o amor com que o fazemos , assim coloquemos amor em tudo que fizermos ao nosso cônjuge. O maior é aquele que serve; então aprendamos a servir dentro de casa. Se no relacionamento diário nosso cônjuge perder a calma e bater-nos na face direita, ofereçamos-lhe também a esquerda, pois só assim o ciclo da raiva poderá ser quebrado na família. Perdoar sempre, pois só Deus é perfeito e assim aceitar as limitações do outro é um gesto de coerência e caridade. Nunca esqueçamos de dialogar, para não ocorrer de começarmos uma obra e ela não poder ser acabada. Construamos nossa família sobre a rocha , que é Deus, para que nas intempéries ela possa permanecer de pé. Desde então temos tentado pôr em prática as lições do Jardineiro e contamos com Ele nos momentos mais difíceis, quando as pragas ameaçam a frágil flor. Pragas que insistem em sufocar o amor, algumas que vêm de fora e outras de dentro, sendo as últimas as mais perigosas. A praga chamada egoísmo, a pior deCM 436
las, que com seus espinhos enormes e ponteagudos tenta tomar conta de todo o jardim. A praga da preguiça e do comodismo que nos amarram e nos impedem de servir o outro com pequenos gestos diários de gentileza e originalidade. A praga venenosa, que se manifesta através do nosso falar ríspido e crítico, nunca elogioso, e que aos poucos vai minando a força da flor. Com certeza um dos grandes segredos que o Jardineiro nos ensinou foi sobre o estar sempre vigilantes, não deixando que a rotina do dia-a-dia nos faça esquecer de cuidar da nossa pequena flor. É preciso estarmos cientes de que o joio cresce no silêncio da nossa rotina e só o trabalho paciente e apaixonado de todo o dia, de regar, adubar e arrancar as pragas que teimam em crescer é capaz de salvar a flor. Muitos casamentos fracassam, pois pensam que o amor é como um cacto do deserto que é capaz de sobreviver às mais adversas situações e que não necessita de cuidados. O amor, porém, não é um cacto, mas uma flor muito delicada e rara, que, quando bem cuidada, não existe outra mais cheirosa e vistosa e que seja capaz de produzir frutos tão doces para a vida do casal. • Duque da Cristina
Eq. 55 do Setor F- Juiz de
Fora/MG
EQUIPES JOVENS DE NOSSA SE NH ORA E como poderíamos agradecer a Deus por vós, por toda a alegria que tivemos diante dele por vossa causa?! (1Ts 3,9)
No início do ano, as ENS proporcionaram uma bela oportunidade para que as Equipes de Jovens de Nossa Senhora (EJNS) se fizessem conhecer! Estivemos presentes em vários EACRE no Brasil disseminando as EJNS. Nosso movimento é pequeno, e sabemos que essa projeção é importante para nosso crescimento. Foi uma forma maravilhosa de divulgarmos nosso movimento, pois a acolhida, a receptividade e a simpatia dos casais foram mimos de Deus para nós. Por isso o versículo da carta de São Paulo aos Tessalonicenses que encimou este artigo, Como agradecer a vocês a alegria que nos proporcionaram de sentir a presença de Deus em cada EACRE em que estivemos? E como agradecer adisponibilidade , a empolgação de vocês com nosso movimento? Imagino que alguns relatos dos jovens que estiveram presentes nos encontros pode ilustrar nosso entusiasmo: "O EACRE foi maravilhoso! Fomos muito bem recebidas. Demos um pequeno testemunho, que emocionou os casais. A jovem que foi nossa piloto estava lá com o marido, foi bacana. No final da palestra vários casais vieram falar conosco, já fomos convidados para fazer tar28
de de informação. Até tivemos casais se oferecendo para ser nosso casal acompanhador... Adorei! " "Escrevo para partilhar o sucesso da apresentação do Movimento nos EACRE. Não há palavras para descrever. Só estando lá para ver! Ao final da palestra fomos abordados por inúmeros casais, pedindo contatos, informações, detalhes etc. Já fomos convidados para apresentar o Movimento em vários lugares. Foi, enfim, uma grande benção de Deus e um grande carinho de Nossa Senhora." "Todo mundo adorou. Essa semana um casal me ligou, falando que foi demais e que foi um dos pontos mais legais do EACRE. Outro casal escreveu falando que o pessoal amou e se animou." Esses são alguns exemplos do que sentimos com esses momentos! Queridos casais, muito obrigada por tudo! Saibam que o apoio e o exemplo de vocês nos animam e nos fazem perseverar na fé e na construção do Reino de Deus! Nos veremos no Encontro Nacional. • Lísian Camila Vasconcelos Responsável Nacional para Equipes de Jovens de Nossa Senhora CM 436
COMPORTAMENTO FRENTE A BIOÉTICA No final do ano de 2008 o Papa Bento XVI publicou a Instrução Doutrinal Dignitas Personae, que aborda as questões da bioética. Nada mais oportuno que este assunto, principalmente pela pressão que os cristãos em geral sofrem em seu dia a dia, com questionamentos e críticas. Nesta, o Papa reafirma que a "vida humana começa desde o momento da constituição do zigoto", ou seja a fecundação do óvulo pelo espermatozoide. A partir daí está aberto o caminho para que apenas uma célula se transforme em outras 30 trilhões agrupadas nos ossos, músculos, coração, rins, fígado, sangue, intestino, cérebro, olhos, ouvidos, língua, nariz etc. No total mais de 200 tipos de células altamente especializadas descendem do zigoto. Será que necessitamos de algo mais para concordar com o Papa? Como não poderia deixar de ser, o texto deixa bastante claro que é ilícito a manipulação, congelamento e destruição de embriões seja qual for o fim . Ao mesmo tempo, afirma serem lícitos os tratamentos baseados com células tronco adultas extraídas da medula óssea, por exemplo, ou extraídas do sangue do cordão umbilical no momento do parto ou de "tecidos de fetos mortos de morte natural" (N° 32), sendo que atualmente existem muitas linhas de pesquisa neste sentido. A vantagem da utilização das células CM 436
tronco adultas é o baixo risco de rejeição, já que são extraídas do próprio paciente. Recentemente o Brasil entrou para o seleto grupo de países que são capazes de produzir células-tronco pluripotentes induzidas (IPS, induced pluripotent stem cells) , que são células adultas reprogramadas geneticamente para agirem como se fossem as embrionárias, ou seja, é uma espécie de volta ao passado genético . A pluripotência é a capacidade da célula para se transformar em qualquer tecido do organismo. No Brasil já existem também os bancos de placenta cujo o sangue é rico em células tronco, que podem se transformar em tecidos do corpo humano, como ossos, nervos e músculos. Assim o Magistério da Igreja não prega o obscurantismo como a mídia insiste em dizer, mas sim defende a vida desde seus primeiros momentos e mostra alternativas para o avanço da ciência. Mas, fica no ar a pergunta: se é possível o desenvolvimento de tratamentos confiáveis através de células troncos adultas ou placentárias, por que há uma pressão tão grande pelas pesquisas em células embrionárias? A resposta pode estar no futuro, ou seja, caso realmente este seja um tratamento que possa levar a cura de várias doenças tidas hoje como fatais, haverá uma grande demanda pela matéria prima (células tronco) e que neste caso 29
deverá ser produzida em massa. As células tronco adultas, que são extraídas do próprio paciente para diminuir a chance de rejeição, não atendem a este fim . As placentárias necessitariam de milhares de bancos de placenta espalhados pelo mundo com uma infraestrutura de armazenamento e transporte dispendiosa. Por fim , a indústria farmacêutica já domina a técnica de fertilização in vitro e pode facilmente industrializar este processo, bastando apenas os doadores de óvulos e espermatozoides, ou alguém duvida que existam pessoas que venderiam este material? As pesquisas com células embrionár.ias também possibilitam o desenvolvimento da técnica da clonagem de embriões, de modo a multiplicar a 'matéria prima' produzida. Assim a pressão para utilização de células tronco embrionárias é mais um problema económico do que científico, pois do que adianta
investir milhões em um produto que não poderá ser produzido em escala industrial e assim gerar lucros. Cabe a nós cristãos atendermos mais uma vez ao chamado do Documento de Aparecida, e sermos discípulos missionários, de maneira a defendermos a vida de quem não pode se defender e também o Magistério de nossa Igreja. Muitas pessoas, inclusive alguns que se dizem cristãos, são contra a Igreja, pois estão mal informados e se deixaram envolver pelo pesado ataque da mídia que mostra pessoas em cadeiras de rodas e diz que não poderão ser curados se não houver pesquisas com células embrionárias. Poderão sim ser curados, até com suas próprias células, ou com as placentárias. Cabe-nos a tarefa de nos posicionarmos firmemente, mesmo que seja contra toda uma mídia organizada. • Cristiane e Brito Eq. N. S. Auxiliadora - Setor D São. José dos Campos/SP
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CONSIDERAÇÕES SOBRE O ANO PAU LI NO O ano Paulino foi instituído pelo Papa Bento XVI para comemorar os 2000 anos do nascimento de São Paulo (Saulo), e vai de junho de 2008 a junho de 2009. Paulo nasceu na cidade grega de Tarso, um próspero e renomado centro de educação, na região sul da Ásia Menor (hoje, Turquia). Paulo era um fariseu fiel às tradições judaicas. 30
O APOSTOLADO Tendo encontrado Jesus Cristo Ressuscitado, que o escolheu para ser seu apóstolo, Paulo, convertido, toma consciência de que sua missão não era outra a não ser pregar e difundir o Evangelho. E isto significava para ele mostrar a todos a figura de Cristo como Mestre e Salvador do mundo. Daí a sua profunCM 436
da humildade, mostrando-nos que, na sua missão de evangelizador, ele não buscava pregar a si mesmo ou fazer alarde da sua sabedoria. Era apenas um servidor do Evangelho e isso pela vontade daquele que o escolhera: "Sou o último dos apóstolos e nem mereço ser chamado assim, pois vivi perseguindo a Igreja de Deus" (I Cor 15,9) O apóstolo reconhecia que seu físico franzino, os parcos recursos de sua voz e de seus gestos não podiam apresentá-lo aos seus ouvintes como um grande e imponente orador. Alem, disso, a doutrina que pregava não oferecia assuntos ou mensagens de sabedoria humana. Por isso apoiava-se unicamente na sua fé, na sua profunda convicção, aliadas a uma imbatível perseverança em meio a todos os sofrimentos. Suas cartas mostram o feitio humilde e despretensioso do grande evangelizador. Em diversas passagens aparece a constante preocupação do Apóstolo em falar simples e ao alcance de todos. "Para perfeitos falamos de uma sabedoria, mas não da sabedoria deste mundo. Não falamos com palavras estudadas de acordo com a sabedoria humana, mas com os recursos do Espírito, propondo verdades do Espírito às pessoas que vivem do Espírito" (1Cor 1,13) . O Evangelizador não se preocupava em receber elogios, nem com fazer amizades ou admiradores. Seu único desejo era pregar o Evangelho, levando a todos o conhecimento de Cristo, a única verdade. Podemos dizer que esta foi a CM 436
ideia fixa que o levou a suportar todas as lutas, todos os sacrifícios, e perseguições: "Tudo o que fizerdes, em palavras ou obras, seja sempre em nome de Jesus, dando por Ele graças a Deus" (Cl3,17). Paulo tinha consciência de sua missão e nada neste mundo o iria afastar do cumprimento de seu dever. Certo de que Deus o escolhera, ele saberia corresponder, custasse o que custasse. Sentindo-se devedor de todos, Paulo sabia que a sua dívida maior era com Cristo. Aquele Saulo, perseguidor implacável da Igreja e pavor dos primeiros cristãos foi o homem que Cristo escolheu para levar o Evangelho ao mundo. E foi para cumprir a sua missão que ele viveu viajando, sem descanso. Suportou sofrimentos de toda sorte, até mesmo prisões e, por fim, o martírio. Tudo ele aceitou para a glória de Deus. Na sua segunda carta a Timóteo (cf. Tm 2,9), Paulo diz que, embora preso, a palavra de Deus nunca seria encarcerada. De fato, confinado em sua casa em Roma e mesmo no cárcere, o apóstolo continuou pregando e fazendo discípulos. Somente a morte pode calar sua voz, no entanto suas palavras e seu testemunho permanecem até hoje entre nós. Sua morte foi sua pregação mais forte e impressionante. A Igreja a celebra todos os anos no dia 29 de junho, para que lembremos sempre desse apóstolo.• Maria Lúcia e José Alfredo de Oliveira Lima Eq. N. S . de Fátima - Garça/SP 31
GOTAS DE ÓLEO Num quarto modesto, o doente pedia silêncio. Mas a velha porta rangia nas dobradiças cada vez que alguém- médicos, enfermeiros, familiares - a abria ou fechava ... Aquela circunstância trazia ao enfermo e a todos que lhe prestavam assistência e carinho verdadeira guerra de nervos. Contudo, depois de várias horas de incômodo, chegou um vizinho e colocou algumas gotas de óleo lubrificante na antiga engrenagem e a porta silenciou, tranqüila e obediente. A lição é singela, mas muito expressiva. Em muitas ocasiões há tumulto dentro de nossos lares, no ambiente de trabalho, numa reunião qualquer. São as dobradiças das relações fazendo barulho inconveniente. São problemas complexos, conflitos , inquietações, abalos .. . Entretanto, na maioria dos casos nós podemos apresentar a cooperação definitiva para a extinção das discórdias. Basta que lembremos do recurso infalível de algumas gotas de compreensão e a situação muda. • Algumas gotas de perdão acabam de imediato com o chiado das discussões mais calorosas. • Gotas de paciência no momento oportuno podem evitar grandes dissabores. • Poucas gotas de carinho penetram as barreiras mais sólidas e produzem efeitos duradouros e salutares. • Algumas gotas de solidariedade e fraternidade podem conter uma guerra de muitos anos. • É com algumas gotas de amor 32
que as mães dedicadas abrem as portas mais emperradas dos corações confiados à sua guarda. • São as gotas de puro afeto que penetram e dulcificam as almas ressecadas de esposas e esposos, ajudando na manutenção da convivência duradoura. • Nas relações de amizade, por vezes, algumas gotas de afeição são suficientes para evitar os ruídos estridentes da discórdia e da intolerância. Dessa forma , quando você perceber que as dobradiças das relações estão fazendo barulho inconven iente , lembre-se de que você poderá silenciar qualquer discórdia, lançando mão do óleo lubrificante do amor, útil em qualquer circunstância e sem contraindicação. Não é preciso grandes virtudes para lograr êxito nessa empreitada. Basta agir com sabedoria e bom senso. Às vezes, são necessárias apenas algumas gotas de silêncio para conter o ruído desagradável de uma discussão infeliz. E se você é daqueles que pensam que os pequenos gestos nada significam , lembre-se de que as grandes montanhas são constituídas de pequenos grãos de areia. "A resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira." (Pr 15.1) • Autor Desconhecido Colaboração de Sandra e Zuim Eq. N. S. de Lourdes - Setor C Taubaté/S P CM 436
MEDITANDO EM EQUIPE Estamos chegando aos meses centrais do ano de 2009. Junho e julho, dessa forma, podem sugerir uma avaliação do ano ora em curso. Uma revisão sempre ajuda a constatar quais das metas escolhidas para o ano já foram cumpridas ou estão em andamento, assim como aqueles propósitos que até agora foram esquecidos. Essa atitude favorecerá uma vivência mais profund~ da vida cotidiana e trará satisfação devido ao progresso desejado e alcançado, resultando em crescimento integral de cada pessoa, do casal e da família. Os apóstolos Pedro e Paulo poderão servir de estímulo!
ESCUTA DA PALAVRA EM LUCAS 6,46-49 Sugestões para a meditação: 1. Fizemos e estamos cumprindo um planejamento do crescimento espiritual para o ano de 2009? 2. Qual é o alicerce real em que se baseia a minha vida, a do casal e a da família? 3. Que pistas o texto dá para a vida espiritual não soçobrar perante as dificuldades? Pe. Geraldo
ORA<
G CA (SI 111)
Celebro a Javé de todo o coração na intimidade dos retos e no conselho. Grandes são as obras de Javé, dignas de estudo para quem as ama. Sua obra é esplendor e majestade, e sua justiça permanece para sempre. Ele deixou um memorial de suas maravilhas, Javé é piedade e compaixão: Ele dá alimento aos que o temem, Lembrando-se sempre da sua aliança; mostra ao seu povo a força de suas obras, entregando-lhe a herança das nações. Justiça e Verdade são as obras de suas mãos, seus preceitos todos merecem confiança: são estáveis para sempre e eternamente, vão cumprir-se com verdade e retidão. Ele envia libertação para seu povo, declarando sua aliança para sempre; seu nome é sagrado e terrível. O princípio da sabedoria é temer a Javé, todos os que o praticam têm bom senso. Seu louvor permanece para sempre.
MAGNIFICAT O Poderoso fez em mim maravilhas, e Santo é seu nome! A minh'alma engrandece o Senhor, exulta meu espírito em Deus, meu Salvador; Porque olhou para a humildade de sua serva, doravante as gerações hão de chamar-me de bendita. O Poderoso fez em mim maravilhas, e Santo é seu nome! Seu amor para sempre se estende, sobre aqueles que o temem; Manifesta o poder de seu braço, dispersa os soberbos; Derruba os poderosos de seus tronos e eleva os humildes; Sacia de bens os famintos, despede os ricos sem nada. Acolhe Israel, seu servidor, fi el ao seu amor; Como havia prometido a nossos pais, em favor de Abraão e de seus f ilhos para sempre. Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo, como era no princípio, agora e sempre. Amém
O Poderoso fez em mim maravilhas, e Santo é seu nome!
Equipes de Nossa Senhora Movimento de Espiritualidade Co njugal
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