ENS - Carta Mensal 531 - Dezembro 2019

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Ano LIX • dezembro • 2019 • no 531

CARTA Natal não são as luzes lá fora, mas a luz que brilha em seu coração. Feliz Aniversário, Senhor!

O Deus na Manjedoura

Mensagem de Natal da Super-Região


índice

Carta Mensal no 531 • dezembro • 2019

Correio da ERI.................................................. 20 Igreja Católica.................................................. 21 Ano Missionário............................................ 21 A atenção aos mais pobres........................... 22 O presépio: significado e origem................... 23 Advento........................................................ 25 Vida no Movimento......................................... 27 Visita da SRB à Província Centro Oeste......... 27 Raízes do movimento....................................... 34 Eu me cansei de encontrar a Deus................ 34 Testemunho..................................................... 36 Equipistas notáveis: nossas lembranças do Peter.......................... 36 “É possível ser feliz”..................................... 38 Reflexão........................................................... 39 Modelo de virtude para todo ser humano..... 39 Um amor que dá testemunho do Amor ........ 40 Equipes de Nossa Senhora: um carisma em movimento!......................... 42 O Sentido da Justiça Humana perante a Justiça Divina................................ 44 Partilha e PCE................................................... 46 Correção Fraterna.......................................... 46 Notícias............................................................ 47

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Carta Mensal é uma publicação periódica das Equipes de Nossa Senhora, com Registro “Lei de Imprensa” Nº 219.336 livro B de 09/10/2002. Responsabilidade: Super-Região Brasil - Lu e Nelson - Equipe Editorial: Responsáveis: Débora e Marcos - Cons. Espiritual: Pe. Franciel Lopes - Membros: Lázara e Edison Jornalista Responsável: Vanderlei Testa (Mtb. 17622), para distribuição interna aos seus membros. Edição e Produção: Nova Bandeira Produções Editoriais - R. Turiassu, 390, Cj. 115, Perdizes - 05005-000 São Paulo SP - Fone: 11 3473-1282 - Fax: 11 3473-1284 - email: novabandeira@novabandeira.com - Responsável: Ivahy Barcellos - Revisão: Jussara Lopes - Diagramação, preparação e tratamento de imagem: Douglas D. Rejowski - Imagens: (Capa: Domingos Antônio Sequeira) Pixabay / Can Stock Photos \ Freepik \ Freeimages; Tiragem desta edição: 30.250 exs. Cartas, colaborações, notícias, testemunhos, ilustrações/imagens devem ser enviados para ENS - Carta Mensal, Av. Paulista, 352, 3o Conj. 36 - 01310-905 - São Paulo-SP, ou através de email: cartamensal@ens.org.br A/C de Débora e Marcos. Importante: consultar, antes de enviar, as instruções para envio de material para a Carta Mensal no site ENS (www.ens.org.br) acesso Carta Mensal.

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Editorial............................................................. 1 Super-Região...................................................... 2 É desafiador amar e tornar-se santo, mas também recompensador!........................ 2 Todo chamado implica numa resposta............ 4 Quando ainda estava longe, seu pai o avistou e foi tomado de compaixão. Correu-lhe ao encontro, abraçou-o e o cobriu de beijos. (Lc 15,20)........................... 6 Amor ao próximo, misericórdia, perdão e acolhimento..................................... 7 “O Deus da Manjedoura”............................... 8 Mensagem de Natal da Equipe da SRB......... 10 A caminho dos 70 anos................................. 11 Preparação para a primeira vinda segundo o Catecismo da Igreja Católica...................... 12 Encontro Mundial das Famílias........................ 14 Mensagem final Evangelho da família, Alegria para o Mundo Dublin 2018............... 14 Jornada Mundial da Juventude........................ 16 A concretude diária da presença de Deus........................... 16 Ecos de Fátima................................................. 18 Alegria já!..................................................... 18


editorial Queridos amigos e irmãos equipistas, O ano de 2019 nos proporcionou a oportunidade de refletir sobre a parábola do filho pródigo, nos identificando ora com o filho mais novo, ora com o mais velho e ora com o Pai. Foi intrigante e desafiador o caminho percorrido e com certeza crescemos e aprendemos mais sobre a reconciliação e caminho de santidade, conforme o artigo de Lu e Nelson. É assim que Deus nos quer, a cada ano evoluindo um pouquinho, servindo mais e nos aproximando do Seu grande projeto que é a santificação! Tudo acontece de forma gradativa, por isso força, fé e perseverança em 2020. Este é também um momento especial para agradecer todas as contribuições recebidas sob a forma de artigos, testemunhos e notícias! Cada edição da Carta Mensal é como um filho para nós, curtimos, amamos e nos entristecemos quando algo não sai bem. Graças a Deus, na maioria das vezes, alegramo-nos, pois percebemos que existe muito amor envolvido. Muitos artigos ricos e testemunhos inspiradores! É a vida que pulsa e de forma generosa vocês compartilham. Certamente muitas famílias foram iluminadas e enriquecidas pelo que veiculamos aqui. Tudo isso só é possível pelo amor que cada um tem e pela experiência de Deus que vivenciou e vivencia. Noticiamos muitos momentos alegres, porém também houve tristezas pela partida de muitos equipistas. É a vida! Enfim, fiquemos com a certeza de que valeram os esforços empreendidos e permaneçamos fiéis à nossa caminhada para Ele. O Natal é uma festa linda em que o Menino Jesus se destaca entre luzes e cores. Nesta edição, Pe. Cleber nos fala da delicadeza de Deus que abreviou-se para ser contido no coração e na consciência de cada ser humano. Aproveitem também o artigo escrito pela Irmã Solange, que nos conta sobre a origem e significado do presépio. Ela nos lembra que a presença do Menino Jesus naquele estábulo, ao lado de seus pais, tendo como testemunhas pastores e animais e recebendo a visita dos Reis Magos, guiados pela estrela de Belém, mostra a grandeza e a onipotência de Deus representada na fragilidade de uma criança. Amigos, como o tempo será maior até a próxima edição da Carta Mensal, desejamos uma leitura calma, capaz de penetrar nos vossos corações e transformá-los em verdadeiros apóstolos missionários. No próximo ano teremos algumas mudanças em relação a este veículo de formação. Aguardem! Feliz Ano-Novo, muitas bênçãos e saúde na vida e família de cada um. Grande abraço. Débora e Marquinho CR Carta Mensal CM 531

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super-região

É desafiador amar e tornar-se santo, mas também recompensador! Queridos equipistas, amados e amadas de Deus, Deus é bom! Deus é bom sempre! Deus nos chama a percebermos sua bondade manifestando-se em tantos momentos e oportunidade em nossa vida e na vida dos outros. Precisamos aperfeiçoar nosso olhar da fé para enxergarmos nos diversos acontecimentos da vida, mesmo aqueles trágicos, difíceis e dolorosos, a manifestação da bondade amorosa de Deus junto a nós. Esta realidade, não poucas vezes, passa desapercebida e ignorada, criando dificuldades até mesmo no relacionamento com Ele. Nosso Movimento tem como seu objetivo principal conduzir os casais à vivência da santidade na vida conjugal e familiar. Sabemos que são próprios da vida conjugal a fidelidade, a abertura à vida, a unidade, a doação recíproca, a solidariedade, a entreajuda e outros elementos que são, na verdade, a manifestação concreta nos relacionamentos, de 2

um amor verdadeiro e eficaz nutrido na fonte de amor que é Deus, como nos lembra São João “(...) Todo aquele que ama conhece a Deus e nasceu de Deus.” (1Jo. 4,7). A santidade não é um caminho fácil, porque amar não é fácil. Amamos com nossas imperfeições, e amamos os outros em suas imperfeições, na convicção que só o amor nos aperfeiçoa, nos cura as feridas e nos liberta dos limites negativos que trazemos. É desafiador amar e tornar-se santo, mas também recompensador! E a cada dia Deus nos mostra que esta santidade não só é necessária como também é possível no cotidiano de nossa vida, no silêncio de nossos lares, na atenção entre as pessoas que se encontram e aprendem na partilha o que são e o que têm – tanto espiritualmente como também materialmente –, construindo famílias, comunidades e ambientes que se tornam pequenas Igrejas – Comunidades Eclesiais Missionárias marcadas CM 531


pela oração, pela partilha do pão e da vida, pelo interesse e entreajuda fraterna, pela busca de levar ao próximo o testemunho daquilo que Deus realiza em nossa vida. A canonização de nossa querida Irmã Dulce, agora Santa Dulce dos Pobres, foi mais um gesto da bondade de Deus que, por sua ação misericordiosa através dela, mostrou que o amor e o cuidado humanos são caminhos de transformação da sociedade através do atendimento às necessidades das pessoas, principalmente as que vivem situações de fragilidade, carência e pobreza. Santa Dulce gastou suas energias no relacionamento com Deus pela oração, que foi a fonte de sua capacidade de amar a todos, e no relacionamento com os pobres, principalmente as crianças, que foram o objeto de sua capacidade de amar. Tanto na vida de Santa Dulce como na vida dos casais está o amor como caminho de cuidado e CM 531

atendimento às necessidades dos outros, caminho de santidade no dia a dia da vida, nos trabalhos, nas necessidades, nos sofrimentos e nas alegrias que todos nós experimentamos e que podemos partilhar com aqueles que Deus coloca em nosso caminho. Que Santa Dulce dos Pobres seja também para nós, equipistas, um testemunho e um exemplo para que sejamos um Movimento que, a partir da sua vocação de amar, constrói a sua missão de servir. Amar e servir no Movimento, na Igreja (sobretudo em nossas paróquias e dioceses) e na sociedade! Eis nossa missão e nosso desafio! Coragem, vamos em frente!

D. Moacir Arantes SCE Super-Região 3


Todo chamado implica numa resposta Queridos amigos equipistas, Estamos no final de mais um ano e parece que foi ontem que escrevíamos o primeiro artigo de 2019. Realmente passou muito rápido. Este ano o Movimento nos deu a oportunidade de refletirmos e vivenciarmos o Tema de Estudo “Reconciliação, Sinal de Amor” à luz da parábola do filho pródigo. Refletimos que em vários momentos das nossas vidas nos identificamos ora com o filho mais novo, ora com o mais velho e ora com o pai. Nos trouxe um olhar diferente sobre o pai, de amor, de perdão e de misericórdia.

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Esperamos que, assim como nós, vocês também possam ter compreendido, através deste estudo, que esse é o itinerário que todos nós fazemos ao longo da nossa caminhada existencial, onde no final iremos nos deparar com um pai que acolhe e nos recebe de braços abertos através da nossa conversão. Para o próximo ano teremos oportunidade de voltar à fonte a partir do nosso carisma e da nossa mística e olharmos para dentro de nós mesmos e do nosso casal e resgatarmos aquilo que é essencial para nós através de um chamado. E como sabem todo chamado implica numa resposta. A Carta de Fátima nos faz um alerta e um chamamento: “Não tenham medo, saiamos”.

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Não é que a vida tenha uma missão, mas a vida é uma missão Significa um convite para agir na Igreja e no mundo a partir dos desafios que estão à nossa volta, tendo o carisma do Movimento das Equipes de Nossa Senhora como essência e catalizador de nossa missão como casais equipistas. “Não é que a vida tenha uma missão, mas a vida é uma missão” (GE, nº 27). O Tema de Estudo do próximo ano chama a atenção para: quanto mais nos santificarmos como pessoa, nossa vocação última, como casal e como Equipe de Base, tanto mais fecundos nos tornaremos para a Igreja e para o mundo; portanto, mais fecunda será nossa missão. Vocação e missão! Como podem ver, muita coisa boa está por vir, então que possamos abrir o nosso coração para acolher

a vontade de Deus para cada um de nós a partir destas novas propostas e novos desafios. Aproveitamos para parabenizar e acolher com muito carinho a todos os Casais Responsáveis eleitos para 2020, o Movimento conta muito com vocês para fazer de nossas equipes de base uma verdadeira comunidade eclesial. Com carinho e afeição.

Lu e Nelson CR Super-Região

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Quando ainda estava longe, seu pai o avistou e foi tomado de compaixão. Correu-lhe ao encontro, abraçou-o e o cobriu de beijos (Lc 15,20) Movidos pela Graça de Deus chegamos ao final de mais um ano, ano no qual através do livro de estudo nós pudemos fazer um itinerário voltado para o conhecimento pessoal, abordando aspectos fundamentais para construção de nossa identidade cristã, palavras como liberdade, dons, conversão, fragilidade, dor, misericórdia, justiça, reencontro, nos interpelaram a sermos a partir do nosso encontro com Deus, pessoas mais conscientes do nosso papel transformador da sociedade a partir de nós mesmos, tendo como base principal a nossa família. Ao usar uma parábola familiar para retratar o amor misericordioso do Pai, Jesus projetou para nós a mensagem de que o exercício do perdão perpassa por nossa família e que devemos ser a extensão desse amor, pondo em prática, através de nossas ações cotidianas, não somente na vida conjugal, mas, sobretudo, nos ambientes em que frequentamos, tornando-os, a partir de nosso testemunho, pequenas Eclésias. Embora sejamos fruto do 6

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Amor ao próximo, misericórdia, perdão e acolhimento amor e concebidos para o amor, não somos imunes a sentimentos por vezes mesquinhos e egoístas como o do filho mais velho da parábola ou de esbanjamento dos dons do filho pródigo. “Na verdade, os pensamentos dos mortais são tímidos e nossas reflexões incertas: porque o corpo corruptível torna pesada a alma, e a tenda de argila oprime a mente que pensa” (Sb 9, 1415). Somos seres em constante processo de construção pessoal, processo lento e doloroso, pois exige de nós o discernimento de reconhecermos nossas fragilidades e dons, discernimento, por vezes, obscurecido pelo distanciamento da casa Paterna. A parábola mostra-nos a ainda latente diferença entre a justiça humana e a justiça de Deus. Diz o texto no cap. 7 do Tema de Estudo: ”Na justiça divina existe o amor ao próximo, misericórdia, perdão, acolhimento”. Enquanto que a justiça humana, por sua vez, é orientada ao mundo, é imperfeita, atua na sociedade onde se considera que toda culpa deve ser penalizada e, em alguns CM 531

casos, marca na pessoa afetada uma mancha indelével como um antecedente que a acompanhará por toda a vida e que será objeto de discriminação e rebaixamento. Quantos corações foram dilatados pelo amor este ano, quantos deixaram de lado a retórica, para viver intensamente o perdão. De fato, o estudo nos ajudou a perceber que podemos mais, sempre mais, que por vezes permanecíamos na superficialidade do amor. O perdão nos faz mergulhar em águas mais profundas do amor. Oxalá possamos nunca preestabelecer limites para arrependimento e o perdão. Deus fez em nós Maravilhas, pois Santo é seu nome!

Edna e Sebastião CRP Norte 7


“O Deus da Manjedoura” No plano divino, a salvação sempre desdobrou-se na história humana através de um contínuo e progressivo engajamento de Deus mesmo em favor da humanidade: a atenção salvífica de Deus nunca foi meramente “intencional” ou “emocional”, mas traduziu-se num dinamismo que revela na interioridade divina um movimento contínuo de “expropriação”. A vida interior de Deus não é imobilidade, nem inatividade, muito menos indiferença. Toda a Sagrada Escritura testemunha esta intenção de Deus de condividir sua vida divina aos homens. “Em Jesus Cristo, Deus não só fala ao homem, mas procura-O. A Encarnação do Filho de Deus testemunha que Deus procura o homem. É uma busca que nasce no íntimo de Deus e tem o seu ponto culminante na Encarnação do Verbo. Se Deus vai à procura do homem, criado à sua imagem e semelhança, fá-lo porque o ama eternamente no Verbo, e em Cristo quer

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elevá-lo à dignidade de filho adotivo. Portanto, Deus procura o homem, que é sua particular propriedade, de uma maneira diversa de como o é qualquer outra criatura. Aquele é propriedade de Deus na base de uma opção de amor: Deus procura o homem, impelido pelo seu coração de Pai” (TMA 7). A infinitude de Deus, por assim dizer, resumiu-se na forma visível de um recém-nascido “colocado numa manjedoura” (Lc 2,12). Deus abreviou-se para ser contido no coração e na consciência de cada ser humano. A majestade das teofanias do Antigo Testamento cedeu lugar à ternura de uma criança; a extraordinariedade do esplendor divino agora assumiu a humilde ordinariedade de um nascimento em uma gruta. A precariedade e a simplicidade tornaram-se lugar teológico e epifânico: a partir desta Noite Santa, todo drama humano torna-se espaço e âmbito de uma presença divina que ilumina o drama humano de luz e de confiança. Toda humana solidão agora é alcançada pela presença divina. Jesus é o novo e insuperável encontro de Deus com cada ser humano. No Deus-Menino, “colocado numa manjedoura” (Lc 2,12), o homem encontra seu paradigma de autêntica humanidade: a filantropia divina modela e informa o caminho de cada pessoa para sua realização humana mais profunda. Para o cristão, para aquele que acredita no Deus “abreviado” num recém-nascido, surge o imperativo de construir a própria vida na forma “abreviada” de Deus, ou seja, sair do próprio isolamento egoísta e exprimir sua fé no Natal através de uma responsabilidade solidária que oferece concreta atenção para todo homem e mulher marcados pelas inúmeras solidões que afetam o mundo moderno. É a essa manjedoura simples e pobre que devemos sempre voltar nossa contemplação de fé para recuperar nossa autêntica humanidade. Se para o Filho de Deus não havia lugar entre os homens... para nós, existe e sempre haverá um lugar no coração de Deus, daquele Deus que restaura a dignidade e beleza a toda carne. Sem amor, sem Deus, o homem experimenta o inferno na terra porque “o inferno é todo lugar que não tem Cristo “ (Paul Claudel). Santo Natal!

Pe. Cleber Franco SCE Equipes 04 e 15 Setor Castanhal - Província Norte CM 531

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Mensagem de Natal da Equipe da SRB Hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós um Salvador, que é o Cristo Senhor. Lc 2,11 Queridos amigos equipistas, Que neste Natal ofereçamos a Jesus as condições para que Ele possa nascer em nossos corações e nos lares de todos, que Ele nos traga a certeza de que dias melhores virão e nos inspire a buscá-los com perseverança, fé e amor, e nunca desistirmos diante das dificuldades que se apresentarem e que com Ele venha também a esperança de dias melhores, de mais amor, paz e harmonia. Com o espírito do N ­ atal, espalhemos alegria e fraternidade a todas as

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pessoas superando as divisões e intolerâncias oriundas de preconceitos e de interesses contrários às propostas da Igreja. E que o espírito do natal perdure por todo o ano que iniciaremos. Ouçamos o que diz o Padre Henri Caffarel - A Missão do Casal Cristão, p. 19, primeiro Editorial 25/12/1945: “Que Deus seja em vossas casas o primeiro a ser buscado, o primeiro a ser amado, o primeiro a ser servido”. Fraterno abraço a todos e um Feliz Natal.

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A caminho dos 70 anos Iniciado em julho de 2017, o Projeto ENS Brasil 70 Anos tem por objetivo levantar a história do nosso Movimento no Brasil nas suas sete décadas de caminhada, e­ xpandindo-se em todas regiões do país. A partir do resultado do trabalho realizado em cada uma das oito Províncias (trabalho esse animado pelos Casais Pesquisadores), foi selecionada uma base de informações para a elaboração de um acervo contendo imagens, textos, documentos, etc. referentes à história do início e do crescimento das ENS em cada Província. Enquanto o trabalho dos pesquisadores avançava, depoimentos com os pioneiros em cada Província foram gravados mostrando o lado humano e a dedicação pastoral de tantos casais equipistas. Foram gravados cerca de 130 vídeos com quase 70 horas de duração. Essas gravações estão sendo editadas e serão divulgadas a partir de janeiro. A consolidação da base de informações e dos depoimentos neste momento serve de suporte para a redação do texto de um livro que contará o caminhar das Equipes de Nossa Senhora no Brasil: o ambiente de procura de CM 531

espiritualidade conjugal por alguns casais de São Paulo, o encontro dos Grupos de casais do Padre Caffarel, o começo da vida em equipe por aqueles casais, a expansão por todas as Províncias e o desdobramento da atuação, interna e externa, do Movimento e dos casais equipistas em atividades que muito têm contribuído para auxiliar casais e sacerdotes a viverem, aqui nas terras da Mãe Aparecida, a sua vocação para o amor. Muitos de vocês já participaram de alguma forma na elaboração desse relato histórico. Essa já foi uma maneira de nós nos prepararmos para darmos Graças a Deus no dia 13 de maio próximo pelas maravilhas que Ele tem realizado por nós e com o nosso serviço como membros das Equipes de Nossa Senhora.

Ivahy Barcellos e Luis Carlos Magalhães Coordenação Geral do Projeto 70 Anos 11


Preparação para a primeira vinda segundo o Catecismo da Igreja Católica

O Catecismo da Igreja Católica nos ajuda a meditar sobre o tempo de espera que é o Advento – e não apenas em relação à preparação para celebrar o Santo Natal, mas também para a vinda definitiva de Jesus, que faz parte, afinal, do mesmo mistério: a nossa vida toda é advento, é espera pelo encontro eterno com o Deus que vem a nós e nos leva a Si. Em nossa oração e contemplação durante este Advento podem ser de intensa ajuda espiritual estes números do Catecismo: 522. A vinda do Filho de Deus à terra é um acontecimento de tal imensidão que Deus quis prepará-lo durante séculos. Ritos e sacrifícios, figuras e símbolos da “Primeira Aliança”, tudo Ele faz convergir para Cristo; anuncia-o pela boca dos profetas que se sucedem em Israel. Desperta, além disso, no coração dos pagãos a obscura expectativa desta vinda. 523. São João Batista é o precursor imediato do Senhor, enviado para preparar-lhe o Caminho. “Profeta do Altíssimo” (Lc 1,76), ele supera todos os profetas, deles é o último, 12

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inaugura o Evangelho; saúda a vinda de Cristo desde o seio de sua mãe e encontra a sua alegria em ser “o amigo do esposo” (Jo 3,29), que designa como o “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1,29). Precedendo a Jesus “com o espírito e o poder de Elias” (Lc 1,17), dá-lhe testemunho por sua pregação, seu batismo de conversão e, finalmente, seu martírio. 524. Ao celebrar cada ano a liturgia do Advento, a Igreja atualiza esta espera do Messias: comungando com a longa preparação da primeira vinda do Salvador, os fiéis renovam o ardente desejo de sua Segunda Vinda. Pela celebração da natividade e do martírio do Precursor, a Igreja se une a seu desejo: “É preciso que Ele cresça e que eu diminua” (Jo 3,30). 525. Jesus nasceu na humildade de um estábulo, em uma família pobre; as primeiras testemunhas do evento são simples pastores. É nesta pobreza que se manifesta a glória do Céu. A Igreja não se cansa de cantar a glória dessa noite: Hoje a Virgem traz ao mundo o Eterno E a terra oferece uma gruta ao Inacessível. Os anjos e os pastores o louvam Os magos caminham com a estrela. Pois vós nascestes por nós, Menino, Deus eterno! 526. “Tornar-se criança” em relação a Deus é a condição para entrar no reino; para isso é preciso humilhar-se, tornar-se pequeno; mais ainda; é preciso “nascer do alto”(Jo 3,7), “nascer de Deus” para tornar-nos filhos de Deus. O mistério do Natal realiza-se em nós quando Cristo “toma forma” em nós. O Natal é o mistério deste “admirável intercâmbio”: Admirável intercâmbio! O Criador da humanidade, assumindo corpo e alma, dignou-se nascer de uma Virgem; e tornando-se homem sem intervenção do homem, nos doou sua própria divindade!

Sonia e Eiyti CR Intercessores CM531 13


encontro mundial das famílias Mensagem final Evangelho da família, Alegria para o Mundo Dublin 2018 O tema do Encontro Mundial das Famílias em 2018 em Dublin, na Irlanda, foi o Evangelho da Família, Alegria para o Mundo. O encontro foi dividido em três etapas, o Congresso Pastoral com duração de 3 dias, sendo os temas apresentados em uma conferência principal e depois em várias outras palestras auxiliares. No sábado, durante o encontro do Papa com as famílias, o Sumo Pontífice falou dos desafios das famílias nos dias atuais; e por fim, no domingo, a missa de encerramento, onde centenas de milhares de fiéis escutaram durante o ato penitencial, em profundo silêncio, o Papa pedindo perdão pelos erros da Igreja. Todas as conferências de alguma forma abordaram a Exortação Apostólica Pós-Sinodal Amoris Laetitia, que é um convite à reflexão, não é doutrinal, sendo rica em metáforas, e nos convida a um novo estilo de vida. Jesus é a fonte da evangelização, não somos cristãos por decisões éticas ou por uma boa ideia, mas por um encontro pessoal. Um dos grandes obstáculos para a estabilidade da vida familiar é a cultura do descartável, que se infiltrou nos

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relacionamentos humanos e gera situações onde as pessoas tornam-se obsoletas rapidamente e desta forma são substituídas por outras. O casamento é uma jornada, não é nada que simplesmente acontece, é sempre um novo degrau, um longo caminho e sem perdão não se sustenta. O casamento é um local de gastar tempo de qualidade juntos. Casamento apresenta oportunidades, casamento precisa de espaço, casamento precisa de um lar construído pelo novo casal, lar onde possam ter sua intimidade diária. Destacou-se a importância da família para a sociedade como fonte de amor e local de oração, precursora da educação, mestra das virtudes, primeira escola dos valores humanos, onde se pratica a liberdade e não um simples local para aprender regras, mas para a vivê-las com alegria. A vivência plena da sexualidade na vida conjugal aproxima o casal de Deus e para isso uma linguagem própria deve ser construída. As famílias devem se preocupar com a educação sexual dos seus filhos para que na vida adulta vivam bem sua vida matrimonial sendo fecundos em todos os sentidos.

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A necessidade de o homem e a mulher assumirem cada um seu papel no seio familiar também foi abordada. Esposa e marido, mãe e pai devem ser flexíveis e adaptáveis ao compartilhar os papéis e responsabilidades conjugais, em casa e no trabalho, na criação de sua família, sua importância nesse processo é complementar. As crianças precisam ver essa partilha e complementaridade como normais e saudáveis e descobrir e apreciar a dignidade de sua mãe e de seu pai, devem ter bons exemplos como nos santos, mas às vezes os santos estão distantes, então os heróis da história são os pais, mesmo que imperfeitos. A vida familiar e conjugal é sustentada por uma boa comunicação que deve ser aberta e eficiente, principalmente na definição dos papéis que cada um deve desempenhar, conversando sobre as expectativas e planos de vida. A tecnologia nos dá uma ilusão de superioridade e de sermos autossuficientes, tudo podemos conseguir com um smartfone conectado, de uma receita, um mapa, um encontro com minha futura esposa que ainda nem conheço. Para as famílias, o mais importante é dar uma educação em casa, no mundo real e não virtual. A capacidade de se relacionar, de compartilhar, de respeitar, de amar se aprende na família e no mundo real. Antes toda autoridade na família passava pelos pais, mas agora a tecnologia deixa as crianças mais independentes. Os pais devem estar

preocupados com o mundo virtual dos filhos, conhecer quem entra silenciosamente em suas casas na madrugada enquanto todos dormem. O papel missionário das famílias também foi destacado, principalmente porque são elas mesmas as maiores beneficiárias. A Igreja é um bom local para casar-se, mas também para permanecer casado, é onde se batizam os filhos e se criam e se educam os filhos. Os casais devem ajudar na formação de outros casais e dos que estão em crise, o braço das famílias é muito mais longo que o dos presbíteros, as famílias estão inseridas em todos os locais da sociedade. E assim, queridos amigos equipistas, terminamos aqui nossa contribuição de trazer para vocês o conteúdo do Encontro Mundial das Famílias 2018. A coletânea de todo esse material está disponível no site do Movimento na aba do acervo de formação (https:// www.ens.org.br/novo/acervo-de-formacao). Um forte e carinhoso abraço, contem com nossas orações.

Cristiane e Brito, Eq. N. S. Auxiliadora, São José dos Campos-SP

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jornada mundial da juventude

A concretude

diária da presença de Deus

Em 27 de janeiro de 2019, último dia da Jornada Mundial da Juventude do Panamá, após uma noite em Vigília, o Papa Francisco proferiu na homilia da missa de encerramento algumas palavras a respeito das consequências da presença concreta de Deus em nossas vidas. Citando Bento XVI, afirmava que custa a aceitar que “o amor divino se tornou concreto e quase experimentável na história com todas as suas vicissitudes ásperas e gloriosas” (Bento XVI, Catequese na Audiência Geral de 28/IX/2005)1. Quando pensamos na ação de Deus, somos tentados a imaginá-lo somente nas intervenções miraculosas que Ele mesmo realizou na história da salvação. Entretanto, esse Deus, pondera o Papa, é um Deus distante, do qual não temos proximidade, e que não nos interpela. Nosso Senhor não quis manifestar-Se de modo angélico ou espetacular, mas quis dar-nos um rosto fraterno e amigo, concreto, familiar2. E é essa concretude de Jesus que nos permite sermos mais fraternos, mais unidos ao Deus Uno e Trino. Deus é Amor! O Santo Padre, ainda citando Bento XVI, nos dizia: Deus é real, porque o amor é real; Deus é concreto, porque o amor é concreto. E é precisamente esta “dimensão concreta do amor aquilo que constitui um dos elementos essenciais da vida dos cristãos” (Bento XVI, Homilia, 1/III/2006)3. O sentimento de nós jovens, sob o sol panamenho, foi o de se perguntar: se Deus é tão presente em nossas vidas, como poderemos ter a certeza da sua presença entre nós? “Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes Homilia do Papa na missa final - 27 de janeiro de 2019, Campo São João Paulo II. Idem. 3 Idem. 1 2

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uns aos outros” (cf. Jo 13, 35). Ser discípulo de Cristo é verdadeiramente imitá-lo no amor, mas para além disso, ser realmente habitado pelo próprio Cristo: “Que Cristo habite pela fé em vossos corações, arraigados e firmados no amor, a fim de que possais, com todos os cristãos, compreender qual seja a largura, o comprimento, a altura e a profundidade, isto é, conhecer a amor de Cristo, que desafia todo o conhecimento, e sejais cheios de toda a plenitude de Deus” (cf. Ef 3, 17-19). Vivendo o amor concreto, enraizado no amor de Cristo que foi derramado em nossos corações, teremos a certeza da presença de Jesus entre nós. Foi esse mesmo Deus quem infundiu no coração de todos os homens o desejo da felicidade, que reside na realização do bem. Quando realizamos o bem, cumprimos um desígnio divino para nossas vidas, o desígnio de amar. Ao nos abrirmos à Sua vontade, nos colocamos de modo receptivo diante da graça de Deus. Assim, quando cumpro meus horários, ou quando faço bem o que me é pedido, ou, ainda, quando sou fiel à rotina que a minha vida me pede, posso ter a certeza de que caminho na vontade de Deus. Essa Vontade divina está sempre no momento presente, no ordinário que se torna extraordinário em nossas vidas. Quando nos apercebemos que essa presença de Deus é muito mais ordinária que extraordinária, caminhamos na via da santidade que faz real o sede santos, porque eu sou santo (cf. 1 Pd 1, 16). “Quereis viver em concreto o vosso amor? O vosso ‘sim’ continue a ser a porta de entrada para que o Espírito Santo conceda um novo Pentecostes ao mundo e à Igreja”4. 4

Idem.

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Áderson Miranda da Silva Seminarista Arquidiocese de Brasília 17


ecos de fátima

Alegria já!

Ao nos aproximarmos do final do ano, olhamos para o calendário que será substituído e vemos ali infindáveis apontamentos, sinais de compromissos atendidos, traços que indicam o grande volume de atividades realizadas. É hora, então, de um balanço pessoal: que tempo sobrou para preparar o presépio interior, à espera do Menino que vem? O que toda essa atividade do ano significou para as pessoas com quem convivo? O que fiz de relevante para o Reino de Deus? A quem servi efetivamente? De tudo que foi feito, o que vale a pena continuar? Cresci em espiritualidade, avancei no processo de conversão, deixei-me amar por Deus, vivi o amor? São algumas indagações que 18

podem servir de forro à manjedoura natalina do coração. Uma coisa é certa: vamos ter o Natal que prepararmos. O caminho passa por deixar o Espírito Santo iluminar, em um exame de consciência, o que somos e vivemos à luz do Evangelho, buscando as curas que necessitamos no posto de saúde da Misericórdia Divina – o sacramento da Reconciliação. Os sacramentos são um dínamo de alegria que enfeitam de esperança e ardor a decoração do ser interior, pois nos aproximam de Jesus. O Papa Francisco aponta que “Jesus veio para trazer alegria a todas as pessoas, de todos os tempos. Não é apenas uma alegria esperançosa, ou uma alegria adiada para o paraíso, como se aqui na Terra fôssemos CM 531


O caminho passa por deixar o Espírito Santo iluminar, em um exame de consciência, o que somos e vivemos à luz do Evangelho tristes, mas no paraíso fôssemos preenchidos com alegria. Não! Não é isso; é uma alegria real já, tangível agora, porque o próprio Jesus é nossa alegria, e com Jesus a alegria encontra sua casa” (A Alegria de Ser Discípulo, p. 62). O tempo de Advento nos conduz ao berço do amor, da esperança, da vida que se renova, por isso é tempo de recarregar as baterias da alegria. Voltamos com o Papa Francisco, que nos conforta e anima: “Queridos amigos, sejam felizes! Não tenham medo de ser felizes! Não tenham medo da alegria – alegria que o Senhor nos dá quando lhe permitimos entrar em nossa vida. Deixemos que entre em nossa vida e nos convide a ir às margens da vida e anunciar o Evangelho. Não tenham medo da alegria. Tenham alegria e coragem!” (ob. cit., p. 62). Não há motivos para duvidar, mesmo por quem está ferido pelo sofrimento, pela injustiça, ou confinado pelo pecado. Somos chamados a confortar os que padecem, orar por eles e fazê-los sentir o calor do amor de Deus. A misericórdia do Pai é inesgotável! Cabe-nos iluminar esta verdade. Como diz Pe. Flávio Cavalca, “misericórdia é um amor entranhado, que nasce de nosso íntimo, que nos liga e compromete com o outro, e faz que CM 531

participemos de seus sentimentos. Temos que ter pelos outros a mesma misericórdia imensa que o Pai tem para conosco” (Deus em minha casa, setembro 2019, p. 46). Importante é não desperdiçar momentos de transcendência, como o que prepara a festa do Natal, e fazer todo o empenho para estar com o festejado, que é Jesus. Deixemo-nos acender pelo fogo da Palavra, para iluminarmos a todos quantos, ainda que de longe, enxerguem esta chama que reflete o Cristo e possam se beneficiar da alegria de buscá-lo. Por isso, nosso convite é que, neste Natal, sejamos velas acesas de fé, para clarear de alegria os caminhos que trilhamos, os lares que visitamos, as pessoas que abraçamos. Deus esteja conosco! Ele está no meio de nós.

Graça e Eduardo Eq. Nossa Senhora do Bom Conselho - Porto Alegre-RS 19


correio da ERI

Distrações e realidades na complexidade de nosso quotidiano

A velocidade com que os acontecimentos se sucedem e a quantidade de informações com que somos bombardeados através dos meios de comunicação e das redes sociais do nosso tempo fazem com que, muitas vezes, percamos de vista o essencial e nos distraiamos nas complexidades do quotidiano. Todos os dias, os nossos celulares, tablets e computadores recebem milhares e milhares de notícias, conversas, vídeos, áudios, memes, saudações… etc. Como é difícil estabelecer prioridades e definir importâncias! Do mundo das relações familiares, laborais, econômicas, políticas, afetivas e eclesiais chegam-nos muitas coisas: espirituais ou religiosas umas, interessantes, simpáticas, divertidas ou outras inúteis. Convidam-nos a diversas atividades, comportamentos, atitudes, modos de vida… Enfim, como é fácil perder o horizonte! Parece que a vida é apenas uma soma de trivialidades e a agitação ligeira de coisas que acontecem sem deixar marca. Ao lado dessas realidades, temos as interrogações sobre o sentido da vida e o seu significado, sobre os valores transcendentes e o convite que Deus nos faz para caminharmos em direção ao que é pleno e definitivo. Jesus Cristo e a Igreja convocam-nos para fazer da nossa existência uma presença visível da misericórdia e da compaixão de Deus. Não nos podemos desviar dos problemas do mundo contemporâneo. Aquecimento global, Amazônia em crise, migrantes desesperados e maltratados, violência, injustiça, desigualdade, corrupção, perda de sentido, são alguns dos 20

fenômenos negativos que acompanham a nossa caminhada. Ao seu lado, a solidariedade, a cooperação, a procura de soluções efetivas e eficazes, a consagração de tantas pessoas às causas mais nobres, a misericórdia e a compaixão que se manifestam, o compromisso real de muita gente por um mundo melhor. A nós, as Equipes de Nossa Senhora, indicam-nos um projeto e mostram nas suas orientações que a nossa pertença ao Movimento deve manifestar-se através de uma vida de testemunho e entrega, de saída e compromisso, de preocupação com o bem-estar de outros casais e de serviço concreto e eficaz a quem está diante de nós. Surge, então, a questão do caminho a seguir. Qual deve ser o nosso comportamento e qual o compromisso que devemos assumir? Não podemos perder o rumo tentando resolver tudo. Também não podemos nos fechar numa cápsula de crise para nos isolar e olhar apenas para o que é nosso. É preciso observar claramente o que está à nossa volta, traçar objetivos e propostas e, enriquecidos pelo amor de Deus e pela vida partilhada, ir ao encontro de quem precisa e exige a nossa cooperação O Senhor caminha conosco, a­ nima-nos e fortalece-nos. Com ele, podemos encontrar o melhor sentido para uma existência que quer ter sentido. Vamos em frente!

Pe. Ricardo Londoño Domínguez SCE-ERI CM 531


igreja católica

Ano Missionário Com a convocação do Papa Francisco para a celebração do Ano Missionário extraordinário neste ano 2019, arquidioceses, dioceses, prelazias, pastorais e movimentos do mundo inteiro estão vivendo as alegrias deste ano. A ideia é inserir dentro da programação ordinária e habitual das Igrejas locais a temática da missão, visando a conversão pastoral missionária. As dimensões indicadas pelo Papa na sua carta sejam levadas em consideração. Encontro: Centralizar a pessoa e a missão de Jesus Cristo. Testemunho e vivências: Valorizar os padroeiros da missão, Santa Terezinha e São Francisco Xavier, e o testemunho dos santos. Formação: Reflexão bíblica teológica sobre a identidade missionária de todo povo de Deus, a partir da Carta Apostólica Maximum Illud do Papa Bento XV. Caridade missionária: Atenção aos povos da Amazônia Legal. Cooperação: Conectar esta caminhada com o Sínodo para a Amazônia; impulsionar os projetos Igrejas Irmãs e Ad Gentes e as diversas experiências missionárias. E, por fim, a dimensão Celebrativa: CM 531

Nossa Missão

Trazer o ardor missionário para todas as atividades da Igreja, destacando o mês de outubro. Da nossa parte, como Equipes de Nossa Senhora, intensifiquemos a oração conjugal, trazendo ao seio das nossas preces a missão da Igreja; na leitura da Palavra e na meditação, aprofundemos a reflexão bíblica e deixemo-nos transformar pelos apelos do Mestre. Na Regra de Vida e no Dever de ­Sentar-se, vejamos como tem sido nosso compromisso batismal e assumamos uma postura mais missionária em nossa prática religiosa. Nosso Retiro anual nos desperte e encante para a missão. E, sobretudo, em nossas paróquias e atividades pastorais, façamos valer a pena a pertença a este Movimento de espiritualidade conjugal que é um dom de Deus para a nossa santificação como padres e casais, e um grande bem para a Igreja de nosso Senhor Jesus Cristo.

Pe. Aerton Sales da Cunha SCE Eq. N. S. de Fátima Natal-RN 21


A atenção aos mais pobres Como um “legado” do Ano Santo da Misericórdia/2016, instituído por SS. Francisco, o Dia Mundial dos Pobres, que celebramos recentemente, pela terceira vez, em 17 de novembro, teve como tema “A esperança dos pobres jamais se frustrará” (Sl 9,19). Na época deste salmo, os mais pobres sofriam extrema miséria e os ricos estavam cada vez mais ricos, inclusive por explorar os pobres ao extremo. O Papa, em sua Mensagem para a data, afirma a atualidade do texto sagrado: “Passam os séculos, mas permanece imutável a condição de ricos e pobres, como se a experiência da história não ensinasse nada”, destacando que, também hoje, encontramos “muitas formas de novas escravidões a que estão submetidos milhões de homens, mulheres, jovens e crianças”. Francisco mostra que o pobre é aquele que “confia no Senhor” (Sl 9,11), “pois tem a certeza de que nunca será abandonado”, e que isso “faz sobressair a grandeza de Deus, quando Se encontra diante dum pobre.” Este pobre “sabe que Deus não o pode abandonar; por isso, vive sempre na presença daquele Deus que Se recorda dele”, e complementa: “Um pobre não poderá jamais encontrar Deus indiferente ou silencioso perante a sua oração.”

Palavra do Papa Em 1959, o Pe. Caffarel já havia identificado esses irmãos: “Para um sem-número de casais, viver o ideal cristão do matrimônio se torna extremamente difícil, senão impossível, por causa de condições de vida desumanas”.1 O Papa nos apresenta a “opção pelos últimos” como escolha prioritária a que somos chamados os discípulos de Cristo. Ele nos desafia a ir além de iniciativas de assistência, louváveis e necessárias em si, mas que devem levar a uma atenção plena à pessoa que se encontra em dificuldade. “Assim deve ser o cristão”, diz o Pe. Caffarel em L’Anneau d’Or 109, de 1963, prosseguindo: “Enquanto discípulo de Cristo, deve falar e atuar. Tem que ser o primeiro a ajudar os que sofrem, os que estão aflitos, os oprimidos; deve dedicar-se às grandes tarefas humanas, entregar-se até o sacrifício; mas também por meio da palavra deve revelar o segredo dessa lembrança de si mesmo e esse dom aos demais, o amor e a graça do Deus em que crê. Tem que dar conhecimento da esperança que há nele.”2 O Natal se aproxima e os mais pobres olham com amor o Menino na pobre manjedoura, certos de que Ele não os frustrará. A nós cabe, atendendo a esses chamados, ser agentes da caridade cristã junto a esses irmãos.

Rita e Fernando Eq. N. S. de Guadalupe Belém-PA 1 2

Henri Caffarel, A Missão do Casal Cristão, p. 45, Nova Bandeira, 2006. Livro de Estudo 2018 A Missão do Amor, p. 88.

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O PRESÉPIO: significado e origem

A tradição começou na Idade Média

No Brasil, a cena do presépio foi apresentada pela primeira vez aos Índios e aos colonos portugueses em 1552 por iniciativa do Padre José de Anchieta. Montar um presépio em casa já é tradição entre as famílias católicas. É um gesto que ajuda a preparar a celebração do Nascimento de Jesus. O termo presépio vem do latim praesaepe, que significa estrebaria, curral. O presépio é uma das representações mais singelas do Nascimento de Jesus Cristo. Procura resgatar a importância e magnitude daquele momento ao mesmo tempo que lembra a forma simples e humilde em que se deu o Nascimento. A presença do Menino Jesus naquele estábulo, ao lado de seus pais, tendo como testemunhas os pastores e os animais e recebendo a visita dos Reis Magos, guiados à gruta pela estrela de Belém, mostra a grandeza e a onipotência de Deus representada na fragilidade de uma criança. CM 531

Significado de cada figura Os animais: representam a natureza a serviço do homem e de Deus. No Nascimento de Jesus fornecem calor ao local e simbolizam a simplicidade do local onde Jesus quis nascer. Pastores: depois de Maria e José, os pastores foram os primeiros a saberem do nascimento do Salvador. Os pastores simbolizam a humildade. O Anjo: representa o céu que celebra o nascimento de Jesus. É o mensageiro de Deus, comunicador da Boa Nova. Estrela: simboliza a luz de Deus que guia ao encontro do Salvador e orienta os Reis Magos onde estava Jesus. É a indicação do caminho que se deve percorrer para encontrar o Menino Jesus. Reis Magos: Belchior, Gaspar e Baltazar eram homens da ciência. 23


Conheciam Astronomia, Medicina e Matemática. Eles representam a ciência que vai até o Salvador e o reconhece como Deus. Ouro, Incenso e Mirra são os presentes que eles oferecem ao Menino Jesus. O Ouro: significa a realeza; era um presente dado aos reis. O Incenso: significa divindade, um presente dado aos sacerdotes. Sua fumaça simboliza as orações que sobem ao céu. Dando este presente a Jesus os Magos reconhecem que o Menino é Divino. A Mirra: simboliza o sofrimento e a eternidade. É um presente profético: anuncia que Jesus vai sofrer, mas também que seu reinado será eterno. São José: é o pai adotivo de Jesus, o homem que o assumiu como filho, que lhe deu um nome, um lar, que ensinou a Jesus uma profissão: a de carpinteiro. São José deu ao Menino Jesus a experiência de ser filho de um pai terreno. Maria: é a mãe do Menino Jesus, a escolhida para ser a mãe do Salvador. É aquela que disse “sim” à vontade de Deus, e por ela a humanidade recebeu Jesus. Menino Jesus: é o Filho de Deus que se fez homem para dar sua vida pela humanidade. 24

ORIGEM O presépio é uma criação de São Francisco de Assis. Esta ideia fantástica acabou sendo incorporada na cultura católica. Foi por volta do ano de 1223, quando quis celebrar o Natal de uma maneira diferente, que ensinasse à população de Greccio, na Itália, onde ele pregava, sobre a importância da data para os cristãos. Portanto, o presépio que conhecemos hoje foi uma iniciativa do jovem de Assis. São Francisco fez a representação do nascimento de Jesus; e as figuras do presépio foram representadas em tamanho natural. Maria e José foram feitos de barro e os animais; burro e vaca, eram verdadeiros. As palavras de paz e serenidade de São Francisco trazem até nós o sentido do verdadeiro Natal: “Todas as pessoas nascem iguais, pela sua origem, seus direitos naturais e divinos e seu objetivo final” e ainda “no presépio se honra a simplicidade, se exalta a pobreza, se elogia a humildade”. (Fontes Franciscanas 1 Cel. 85). Na pobreza do presépio, meditemos sobre o mistério da encarnação, buscando encontrar-se com o verdadeiro Deus que se faz humilde para nos ensinar que a maior riqueza não está naquilo que se tem, e sim naquilo que se é. Santo Natal a Todos! Que seu coração seja verdadeira manjedoura do Menino Jesus.

AE Ir. Solange Eq. 09 - N. S. Auxiliadora Anápolis-GO CM 531


Advento

A tecnologia e a globalização trouxeram ao mundo uma capacidade imensa de interação, comunicação e competição. Estes fatores associados, dentro deste mundo rápido, obrigam ordinariamente a que pessoas, por outro lado, também, corram sem parar em busca de um “lugar ao sol”. Para tanto, o dia existencialmente fica mais curto e as horas de trabalho mais longas; os momentos com a família ficam mais raros, bem como também escassos os momentos de lazer, convivência e envolvimento. A vida vai ficando mecânica, enfadonha, técnica e impessoal. O tempo que nos resta, muitas vezes, é dedicado ao sono e ao isolamento. “Estamos cansados” – é o argumento. O fator existir toma o lugar de viver. O que importa nesse tipo de raciocínio é subsistir e não viver enquanto ente ontológico. O estilo de vida cada vez mais comum, infelizmente, torna a nossa vida relacional pobre e degradante. A afinidade e a amistosidade que sentíamos pelas pessoas vão sendo substituídas gradativamente por relações cada vez mais superficiais. Por um lado, realizamos muito, funcionamos bem, consumimos mais. Mas vivemos pouco. A corrida veloz em que a vida se tornou não nos permite ombros para chorar, mãos para nos afagar e afeto para nutrirmos. Mais ou menos como se disséssemos: não tenho tempo para ser humano. Sou uma máquina que produzo para o consumo meu e do mundo. Esse homem “ex-machine” é o retrato mesmo do homem (mulher) moderno. O materialismo puro e simples é um grande engano. Dá-nos uma ilusão futurista de que um dia distante viveremos com tudo aquilo que conseguimos. É exatamente nessa alienação de ter para depois ser que estamos todos desavisadamente metidos. As coisas devem acontecer juntas, intradependentes, mas com prioridade, é claro, voltada para o ser. Neste mundo ilusório (o materialista) falamos mais e mais das realizações profissionais para abafarmos, quase sempre, os fracassos e as fraquezas do nosso mundo emocional e relacional. As corporações modernas paradoxalmente lutam por tornar o seu profissional mais competitivo, ou seja, muito embora vivendo corporativamente (sendo de uma “companhia”) deve ser, ao mesmo tempo, mais individualista e ambicioso. O seu grupo, isto é, pessoas com as quais ele convive, não deve passar de um nome técnico escrito na sua agenda de trabalho. As relações são meramente profissionais. E isso é mera sobrevivência e não existência plena. O Deus da Bíblia é um Deus totalmente feliz. Quando Ele comissionou Moisés para libertar o povo do Egito, Moisés quis saber o seu nome, ao que CM531 25


Ele respondeu: “Eu Sou”. Por isso, Deus não é frustrado em seu ser, pois o primeiro e mais importante atributo seu é o de Ser. A sua auto existência é a realização de todas as suas alegrias. Como seres criados à “imagem e semelhança de Deus”, devemos buscar, antes de qualquer coisa, a nossa razão de ser enquanto humanos e insaciavelmente sedentos de vida. Estamos nos aproximando do Advento, um tempo forte de conversão. Quando se aproxima o fim de ano a gente logo se prepara, limpa a casa, troca alguns móveis, compra roupas e calçados. Deveríamos ter a mesma preocupação, enquanto cristãos, em relação à vinda do Messias. O ­Advento é exatamente o tempo para que a gente faça uma reflexão: para onde vamos, o que queremos, qual a nossa missão aqui na terra etc. O Advento é, ainda, um tempo propício para que possamos limpar o nosso coração das impurezas que o impedem que realizemos as boas obras. Na espera do Natal fazemos a trajetória do Advento. Talvez pudéssemos, analogicamente, pensar no sopro, no vento, chegada do vento, ou até caminhada para o grande sopro de Deus, como aconteceu no Antigo Testamento, no tempo da criação, quando Ele soprou no ser humano o “sopro da vida”. Jesus é o sopro da Palavra que era Deus e estava em Deus e agora se torna pessoa humana. Estamos em tempo de preparação, fazendo um caminho de esperança. Depositamos confiança em muitas coisas do mundo, mas nem sempre conseguem trazer-nos a verdadeira realização, muito menos a esperança. Só Deus é capaz de nos dar segurança e perspectiva de vida duradoura. É o tempo da busca, da conversão, de encorajamento e confiança no amor misericordioso do Senhor. É importante ter a consciência de que somos conduzidos pelas mãos do Senhor. Só assim somos habilitados para vencer as grandes barreiras e dificuldades da vida. Natal significa que o Senhor vem ao nosso encontro para resgatar as pessoas indefesas de muitas situações ameaçadoras da vida. Por isto é um tempo de bênção. O momento é de vencer as resistências num horizonte de liberdade e de ilimitada responsabilidade no caminho da esperança. É uma questão de fé, de convencimento de que Jesus Cristo nasce para trazer vida, superando todas as fragilidades que acompanham a humanidade. Sua convocação basilar é a conversão, capacitando as pessoas para atos de reconciliação através do perdão.

Aninha e Léo Eq. 4C - N. S. da Saúde Natal-RN 26

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vida no movimento

Visita da SRB à Província Centro-Oeste

Dos dias 8 a 10/11/2019 a equipe da Super-Região Brasil esteve reunida em Campo Grande-MS. Duas vezes ao ano, por ocasião desta reunião de trabalho, a equipe da SRB realiza um momento de celebração eucarística e convivência com os equipistas locais. São momentos fortes de oração, animação, ligação e difusão do Movimento. A visita é um importante momento em que a Super-Região vai até a equipe de base, conhecendo e dando-se a conhecer. Desde abril 2019, quando ficou definida pela visita pastoral nós e nosso Casal Responsável de Região do Mato Grosso do Sul, Cris e Danilo, bem como todo o seu colegiado e casais apoio, fomos envolvidos de grande expectativa e atenção. Os detalhes do local onde a equipe SRB se reuniria, a chegada dos casais e conselheiro da SRB, os deslocamentos, a celebração eucarística com os equipistas locais, a convivência, enfim, tudo cuidadosamente pensado e amorosamente realizado. Rendemos graças a Deus por nos presentear com uma reunião e visita tão cheia de bênçãos.

Meire e Gilson CRP Centro-Oeste CM 531

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PROVÍNCIA NORTE

Mutirão Em clima de grande alegria e espírito de pertença ao Movimento, aconteceu no dia 15 de setembro o Mutirão do Setor São Miguel do Guamá, Região Norte II, com participação de 56 casais que, além de trocar experiências, deixaram-se conduzir harmonicamente

tornando o Mutirão um momento agradável e rico em conhecimento. Porque onde dois ou três estão reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles. Mt 18,20. Magnificat!

PROVÍN CIA

NOR DES TE I

Edna e Sebastião CRP Norte

EEM

Nos dias 31/8 e 1/9, aconteceu na cidade de Limoeiro do Norte -CE, Setor Vale do Jaguaribe, promovido 28

pela Região Ceará III, o Encontro de Equipes em Movimento com a participação de 20 casais. CM 531


Foi um encontro bem vivenciado, que deu oportunidade para renovar e atualizar o “Ser Equipista”, e de conscientizar para a vocação a que o casal cristão é chamado. Depoimento de Elena e Maury: Despertados para a presença de Cristo nos acontecimentos do dia a dia,

PROVÍNCIA

“resta-nos responder com atitudes práticas que resultem num verdadeiro desabrochar de crescimento espiritual, e, efetivamente, assumirmos missões no Movimento, na Igreja e no mundo”.

Socorrinha e Marcélio Setor Ceará Centro A – Região Ceará III

NOR DES TE I I

Formação “Ser Movimento” No primeiro final de semana de setembro, na cidade de Itabaiana, Região Sergipe, aconteceu a Formação SER MOVIMENTO, com participação de 86 casais, o SCE, Lu e Nelson-CRSRB, Maria e Amâncio-CRP e o CRR Noélia e Francisco. Sentimos no rosto de cada participante a alegria de rever assuntos já conhecidos, porém, de um jeito novo, alegre e confiante de transmitir. Muitos casais CM 531

que há muito pertencem ao Movimento estavam lá de coração aberto e sorriso no rosto, revendo tudo o que esta formação nos oferece. Todo casal participante sempre fala dos benefícios desta formação, principalmente o momento dos grupos de reflexão, que para todos é muito proveitoso.

Maria e Amâncio CRP NEII 29


PROVÍN CIA CENTR O-OES TE

ENF Região Goiás Sudoeste Aconteceu nos dias 5 e 6 de outubro o Encontro de Equipes Novo Fôlego, com a participação de 34 casais, na cidade de Quirinópolis-Go, Região Goiás Sudoeste. Começamos com a Santa Missa e depois a Equipe de Formadores, muito bem preparada e com testemunhos edificantes, em cada módulo apresentado nos fazia repensar como estamos buscando a santidade, o nosso crescimento espiritual e se estamos tendo lealdade com o Estatuto das Equipes de Nossa Senhora. Tivemos momentos de revigoramento, troca de

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experiências, reflexões sobre nossos pontos fortes e fracos em equipe, um novo ânimo, com muitas orações e lindos cânticos. Nosso sentimento é de muita alegria e entusiasmo, certos de que o espírito Santo está agindo em nossas vidas e que todos levarão para sua equipe de base esses aprendizados. Que o Pe. Caffarel interceda por todos esses casais, permitindo que possam, a cada dia, ter mais experiências e que sintam a grandeza que é ser um equipista.

Lena e Alex CRR Goiás - Sudoeste CM 531


PROVÍNCIA L ESTE

EEN - REGIÃO RIO II

Nos dias 24 e 25 de agosto realizou-se o Encontro de Equipes Novas da Região Rio II na Paróquia Sagrado Coração de Jesus – Barra do Imbuí, Teresópolis-RJ. Foi um momento de excelente formação, com grande troca de experiências entre formadores e casais participantes. Com a presença de 26 casais (dos Setores Nova Friburgo, Teresópolis A e Teresópolis B), além do SCE Teresópolis B – Padre André, destacamos, como positivo, o sentimento manifestado pelos casais nas avaliações, com relação à dinâmica

e apresentação dos módulos, assim como toda a organização do encontro. A colaboração e acolhida do CRR Rio II – Janete e Marco Antônio e dos CRS Teresópolis A – Neuza e Marinho e Teresópolis B – Simone e Luiz, também devem ser destacadas como excelente. Terminamos o Encontro com a Celebração Eucarística e a participação de todos os casais juntamente com a comunidade local e casais equipistas pertencentes aos Setores locais.

Emília e Luiz Setor C – Região Rio III

PROVÍNCIA

SUL I

Mutirão Esse foi o balanço da vivência do dia 27 de julho do Setor Porto Feliz. O desafio feito constou de CM 531

uma apresentação no formato workshop com o objetivo de celebrar e aprofundar todos 31


os pontos importantes e que compõem o espírito deste rico Movimento. E o milagre aconteceu. Nas apresentações ficaram evidentes talentos variados: dramatização, cenas do cotidiano, imagens coloridas e plenas de sentido, e uma belíssima e tocante celebração do lava-pés. Foi possível vislumbrar a espiritualidade, o carisma e missão das ENS de forma criativa e pedagógica. Esta metodologia, além de ser extremamente exigente, pois tira de cada um o que existe de melhor e,

PROVÍ NCI A

muitas vezes escondido no silêncio da timidez, evita protagonismos e “estrelismos” porque o objetivo não é “ser melhor”, mas contribuir para que o todo aconteça de forma serena e evangélica. É um fato comprovado: somente aquilo que vem de Deus permanece. Agradeço pelo evento que, com certeza, produzirá muitos e abençoados frutos.

Ir. Elenice Ap. Moraes Eq 03 N. S. Mãe dos Homens Eq. 10 N. S. de La Salete Porto Feliz-SP

SU L I I

Encontro de Equipes Novo Fôlego A vida de cristão bem como a vida de equipista é sempre um belo caminho a percorrer e sempre com lugares desafiadores e paradas para reabastecimento. No final de semana, nos dias 14 e 15/9/2019, aconteceu o Encontro Novo Fôlego, em Votuporanga, com participação de 30 casais e a presença iluminada do SCE da Região Norte I Padre Joaquim Tadeu. 32

Como equipista, tivemos uma parada, atendendo a um chamado no mínimo surpreendente! Como é boa esta característica do Movimento das Equipes de Nossa Senhora de não deixar que os equipistas se estabeleçam na sua zona de conforto, se acomodem. Este Encontro nos proporcionou enriquecedoras trocas de experiências com outras equipes, CM 531


um diálogo construtivo entre os casais da nossa equipe, e um momento sublime em casal para rever nossa caminhada no Movimento. Ou seja, três elementos que se complementam para trazer ao casal e a sua equipe de base um novo fôlego, ou muito mais que isso, um sopro

PROVÍNCIA

do Espírito Santo. Vivemos nestes dois dias a graça, mas também o compromisso de ser cada vez mais um equipista melhor.

Neusa e Nei CRR SP-Norte I Votuporanga-SP

SUL I I I

Mutirão

No dia 4 de outubro, no Seminário Santa Mônica, os equipistas do Setor Toledo puderam vivenciar a experiência de amor e pertença ao Movimento, o Mutirão. Inicialmente houve a acolhida carinhosa feita pelo SCE Frei Francisco e em seguida a celebração Eucarística preparada com muita espiritualidade. Contou com a presença de 30 casais que, de forma alegre, criativa e muito preparo, transmitiram as experiências vivenciadas em cada tema apresentado. Os temas enfatizados foram: os Pontos Concretos de Esforço, a história da chegada do Movimento CM 531

ao Brasil, as obras de Pe. Caffarel, o SCE na Equipe e os Encontros Nacionais e Internacionais. Como gesto concreto, cada casal fez doação de produtos de limpeza destinados ao Seminário Santa Mônica, que sob a direção de Frei Francisco está sempre de portas abertas a nos acolher. Foram momentos que possibilitaram muita interatividade e troca de experiências entre os casais das diversas equipes. Ao final teve a partilha de alimentos.

Roseli e Marcos CRS Toledo Região PR Oeste 33


raízes do movimento

Eu me cansei de

encontrar a Deus

Início de setembro, primeira reunião da equipe dirigente, agenda do dia: balanço espiritual do ano que passou, previsão para o novo ano, estado de saúde do Movimento. Cabeça entre as mãos, olhando para o teto, dedo na boca, caminhando velozmente na sala; cada um adota uma atitude familiar que favoreça a explosão de pensamentos profundos. Depois é colocar tudo em comum. Uma questão lançada por um de nós – “a energia das Equipes de Nossa Senhora está em baixa” – suscita uma veemente discussão. E a conclusão foi que se a gente considerar o Movimento no seu conjunto, se a gente pensar nas Reuniões Anuais de Responsáveis, na Peregrinação à Lourdes, essa observação não é correta. Mas foi constatada por muitas equipes! Nós nos interrogamos sobre o porquê dessa queda de energia e sobre os meios de encontrarmos um remédio para isso. Tivemos a ideia de colocar essa questão para aqueles dos tempos heroicos1, os veteranos das Equipes. Suas respostas coincidiram: o entusiasmo do início é o entusiasmo da descoberta. “Eu me lembro, disse um deles, com que alegria, após cada reunião, nós voltávamos para casa. As ruas de Paris eram sinistras à noite, durante a ocupação,2 mas nós tínhamos a impressão de termos nos apercebido do pensamento de Deus sobre o amor, a paternidade, a sexualidade, a educação... eram perspectivas inspiradas por Deus. Nós havíamos descoberto que nosso casamento não era uma caminhada qualquer, mas um caminho real, que nos conduzia a Deus, que o mistério do amor nos fazia descobrir plenamente que nos levava diretamente ao mistério de Cristo e da Igreja”. Esse testemunho dos mais velhos é esclarecedor. O entusiasmo, o verdadeiro entusiasmo é a questão da descoberta. Eu vos convido a fazer essa reflexão à luz dessa constatação. Se o entusiasmo cristão está em baixa nas suas equipes, na sua fé, na sua vida pessoal, não será apenas porque o espírito da descoberta se perdeu? E por quê? Para descobrir é preciso procurar, para procurar é preciso haver o desejo de encontrar, para desejar encontrar é preciso crer que há alguma coisa a encontrar. É preciso lembrar que essa carta se refere aos tempos de guerra e os mais velhos das equipes provavelmente foram heróis da guerra. 2 Novamente é preciso lembrar que essa expressão era uma referência aos tempos de ocupação nazista na França. 1

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CM 531


Vocês acreditam que ainda há alguma coisa a encontrar, ou vocês são um desses cristãos que, tendo descoberto a grandeza do casamento, imaginam já ter feito a total descoberta desse “grande mistério”, para falar como São Paulo? Quem teve oportunidade de participar de algumas conferências e apresentações se contenta em receber e repassar a outros as “insondáveis riquezas de Cristo” como disse também São Paulo? Se vocês acreditam que ainda têm muito a encontrar – jamais conseguiremos descobrir a verdade infinita –, vocês possuem esse desejo de encontrar? Vocês têm fome de busca do conhecimento? A anorexia espiritual é uma doença muito frequente nos cristãos. Eles não têm fome e também negligenciam muito ao se alimentar. Muitas vezes o alimento que eles utilizam não é devidamente aproveitado. Reconhecemos a saúde espiritual através do sinal de fome de conhecimento de Deus, da sua doutrina, da sua Palavra. Se vocês têm fome, vocês buscam esse alimento? Vocês dedicam um momento do seu dia para ler as Escrituras? Vocês reservam na sua vida atribulada algum tempo para o aprofundamento da sua fé? Lê-se no Livro dos Provérbios: “Eu me cansei de encontrar a Deus” E vocês? Estudam o tema mensal dentro desse espírito de descoberta sobre as questões que estamos falando? Sua troca de ideias na reunião, suas reflexões são uma discussão intelectual ou uma busca ansiosa por verdades e descobertas das quais temos necessidade vital? Saibam que seu conselheiro espiritual não é apenas uma pessoa que lhes ministra os sacramentos, mas também conhecedor da Palavra de Deus: Vocês lhe solicitam de forma suficiente nas suas reuniões? Eu deixo a vocês essas questões. Mas eu lhes peço, reflitam honestamente: Eu não direi mais seu “entusiasmo”, pois essa palavra talvez seja equivocada – mas sua “vitalidade cristã” depende disso. Não há vitalidade cristã sem uma fé viva, sem a busca por novas descobertas. Pe. Henri Caffarel Colaboração

Maria Regina e Carlos Eduardo Eq. N. S. do Rosário Piracicaba SP

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testemunho

Equipistas notáveis Nossas lembranças do Peter Nunca pensamos que um dia teríamos que escrever sobre o Peter... Tamanha era sua vitalidade malgrado seus problemas de saúde – que jamais o impediram de realizar o que quer lhe fosse pedido – que nunca poderíamos imaginar que um dia esses o derrubariam repentinamente e tão cedo diante do muito que ainda tinha a oferecer. Conhecemos Peter no início dos anos 60, quando como CRR fomos lançar a Equipe 1 de São José dos Campos – nos primeiros meses uma equipe de língua francesa, que rapidamente incluiu brasileiros, tornando-se uma equipe igual às outras. Desde o começo era possível perceber no Peter um líder, e em poucos anos foi assumindo responsabilidades cada vez mais importantes no Movimento, começando como CRR do Vale do Paraíba. Dona Nancy, no seu Histórico do Movimento – que o próprio Peter inclusive ajudou a montar –, lembra o papel que ele teve a partir de 1973, então como CRR por São Paulo, com um pé em São José e outro em São Paulo, na reorganização das equipes de São Paulo. Em 1976, ele e Hélène foram chamados a integrar a ECIR (Equipe de Coordenação Inter-Regional). Seria mais fácil dizer o que Peter não fez... porque, com sua inteligência ímpar, sua cultura, seu domínio das línguas e sua criatividade inesgotável, entregava-se a mil tarefas ao mesmo tempo. Além do seu engajamento nas equipes, contribuindo inclusive com incontáveis traduções, dedicou inúmeros esforços em prol da Pastoral Familiar, também militou na linha de frente de organismos como a ADCE – Associação de Empresários Cristãos, e outros que já não nos vêm à mente.

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Peter gostava de contar que uma das suas maiores alegrias foi a de ter conseguido, sentando-se ao lado do Padre Caffarel numa refeição em Paris, convencê-lo a vir pela terceira vez ao Brasil (nosso fundador recusara-se a encarar essa nova viagem). A partir desse sim obtido pelo Peter, 1972 marcou um tempo fortíssimo na vida do Movimento no Brasil, com as Sessões de Formação de São Paulo e Florianópolis. Por ocasião dessas formações, Peter teve uma das suas atuações mais marcantes, assegurando sozinho a tradução simultânea das palestras do Pe. Caffarel – feito que acabou sendo o início de novas oportunidades de dedicação, quando, ignorando as recomendações médicas para poupar-se de posições que lhe provocariam dor, não hesitava em ficar trancado por horas nas cabines de tradução em grandes encontros do Movimento como peregrinações e sessões do Conselho Internacional. No contato com membros da ERI, eles perceberam a sua capacidade inata aliada à sua criatividade e disponibilidade, e foi convidado a levar a sua contribuição a nível internacional participando de uma das Equipes Satélites. Nesses últimos anos Peter havia assumido a tarefa de compilar os dados a serem incluídos numa publicação especial celebrando os 70 anos do Movimento no Brasil. E ultimamente trabalhava também na elaboração do tema do ano que vem. Aliado à pouca atenção que dava à própria saúde, o ter de completar esses trabalhos em pouco tempo pode ter aumentado o estresse em que já vivia devido à doença da Hélène, levando-o ao infarto que o tirou do nosso convívio, encerrando, cedo demais ao nosso gosto, essa vida de doação exemplar. Para o Movimento e para a Igreja a partida desse apóstolo incansável representa uma perda imensurável, e para nós, seus amigos, abriu um vazio irreparável.

Monique e Gérard Eq. 01 B - N. S. do Sim São Paulo-SP

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“É possível ser feliz” A vida a dois requer colocar sempre, em primeiro lugar, o juramento prestado perante Deus e as testemunhas e amigos durante o seu casamento. Aceitar, relevar, perdoar, colocar em evidência a importância que representa a companhia do seu cônjuge na sua vida. Pequenas falhas e mesmo as maiores devem ser administradas visando a harmonia do casal para solidificar o casamento e a família. Pedir perdão ao outro explicitamente dizendo que o faz por amá-lo é algo importante e não muito praticado como deveria ser. Com simplicidade e humildade, sempre é possível reverter as deselegâncias que ocorrem nos relacionamentos conjugais. A felicidade é contagiosa, comece na sua família, com seu cônjuge, filhos, parentes, amigos, inimigos, para que vire epidemia e todos seremos felizes. Um dengo sempre é bem-vindo e necessário para azeitar o relacionamento. Puxar a cadeira para ela sentar-se à mesa, um abraço com um beijo ao sair para trabalhar são gentilezas comuns que eu exerço junto a Jacy. Nas datas comemorativas como: dia internacional da mulher; dia dos namorados; dia de seu aniversário; aniversário de casamento e dia do Natal, tenho como hábito entregar a Jacy um cartão acompanhado de rosas ou barra de chocolate, pois ela é o meu tudo. O romantismo está sempre presente! 38

Mantenha vivo o encanto pelo seu cônjuge que lhe fez levá-lo ao altar. O tempo passa, os cabelos ficam embranquecidos, rugas, as intempéries são inevitáveis para ele e para ela. O encantamento deve continuar, o companheirismo, a solidariedade, a cumplicidade que passam a ser o fermento para continuarmos juntos e viajar, dançar, ir ao cinema, teatro, shopping etc. ser sempre útil e prazerosa a companhia do nosso cônjuge. A nossa entrada (38 anos de caminhada) no Movimento das ENS foi muito benéfica para o fortalecimento do nosso matrimônio. O seu carisma e PCEs contribuíram para uma caminhada abençoada por Deus e Ns. Sra. A realização dos PCEs diariamente pela manhã, juntos, nos abastece para permanecer todo o dia em sintonia com Deus. Os eventos, os compromissos assumidos com nossos irmãos equipistas nos credenciam a ter uma vida religiosa voltada à família e aos irmãos em Cristo. Lembrem-se: a nossa fé e o que aprendemos no Movimento devem ser transformados em obras. Uma reflexão, fruto de 56 anos de um feliz casamento. Pai de 2 filhos e 5 netos.

Eduardo da Jacy, Eq. 3 - Setor C Belém-PA CM 531


reflexão

Modelo de virtude para todo ser humano Dom Aparecido Donizeti de Souza Bispo auxiliar de Porto Alegre

A reflexão desta edição recai sobre uma figura bíblica que ocupou um papel decisivo na história da salvação, Maria, a mãe de Jesus. Ela muito tem a ensinar aos homens e mulheres de todos os tempos e lugares. Mesmo sendo poucos relatos nos Evangelhos se ocupando de Maria, são suficientes para vermos virtudes que todo ser humano precisa para construir uma história pessoal rica de significados. Ela é exemplo de fé, humildade, despojamento, alteridade e gratuidade no serviço ao próximo. A fé é um dom que cada ser humano recebe do Criador. É uma virtude inata! Quando não depositada em Deus, será provavelmente depositada em coisas materiais ou pessoas. Isso pode trazer sérias consequências, pois a vida pode naufragar numa profunda falta de sentido existencial. Assim, entendemos a importância dessa fé ser depositada em Deus de tal forma que o mesmo seja a razão última da existência e oriente todo viver. É dessa maneira que Maria é e será sempre modelo para todos. Ela soube colocar sua vida nas mãos de Deus. Sua vontade, projetos e sonhos pessoais foram substituídos unicamente pelo projeto de Deus. O “faça-se em mim segundo tua vontade” atribuído a ela nasceu do coração e determinou toda sua história de vida. Essa atitude de entregar-se a Deus pela fé CM 531

é um imenso despojamento de si mesma para viver em função da vontade de Deus. Outra virtude em Maria que merece a devida atenção é sua humildade. Ela se assume como “a serva do Senhor”. Indiscutivelmente, essa virtude é muito valorizada na sociedade. Basta vermos como algumas figuras históricas são apreciadas pela humildade vivida. Exemplo disso se vê em São Francisco de Assis, Madre Teresa de Calcutá, Irmã Dulce. Na mesma direção temos ainda o Papa Francisco que, com palavras e gestos de profunda humildade, contagia a muitos. Certamente, todos eles se inspiraram muito em Maria. Por fim, falar de Maria é falar de alteridade e gratuidade no serviço aos outros. Ela soube estar totalmente aberta a Deus e ao próximo. Dois relatos bíblicos que refletem fortemente isso é a atitude de Maria para com Isabel, que se encontrava grávida, e no relato do casamento em Caná da Galileia, quando faltou vinho. Em Maria, encontramos fortemente essa sensibilidade e solidariedade em favor dos outros. Gestos como esses, sem dúvida, precisamos ver mais presentes no mundo de hoje, tempo em que crescem a insensibilidade e a indiferença frente ao sofrimento alheio.

Colaboração Diácono João Batista Eq. 06 A - N. S. Assunção Pindamonhangaba-SP 39


Um amor que dá testemunho do Amor Em 1970, no Encontro Internacional das Equipes de Nossa Senhora em Roma, o Pe. Caffarel lançou um desafio aos membros do Movimento: ser testemunhas de Deus, vivendo mais perfeitamente o Amor, despertando em si as virtudes e manifestando o seu amor de forma fiel, feliz e fecunda. Para isso, é necessária a graça de Cristo, salvador do casal e redentor do amor humano. Com a graça de Deus e o esforço pessoal a sua “união [a do casal] se converte em testemunho de Deus Salvador, e não apenas de Deus Criador”1. Pe. Caffarel convidava os casais a serem “buscadores de Deus”, segundo a expressão dos salmos. Ele mesmo se considerava um “mendigo de Deus”, e queria que os casais cristãos se sentissem do mesmo modo: “Dos buscadores, cuja inteligência e coração estão ávidos de conhecer, de encontrar a Deus. Apaixonados por Deus, impacientes de estar unidos a Ele, para os quais Deus é a grande realidade, para os quais Deus interessa acima de tudo. Em um casal assim, tudo vive e concebe em função de Deus”2. O fundador do Movimento disse que a primeira reunião das equipes ocorreu em 1939, depois que uma mulher o procurara para pedir aconselhamento espiritual. Aquela senhora depois pediu orientação para seu marido e outros três casais amigos. Depois de um momento de hesitação, o Pe. Caffarel se reuniu com os casais e percebeu que aqueles jovens (tinham aproximadamente 30 anos, enquanto o Pe. Caffarel tinha 35 anos) tinham realizado uma “dupla reconciliação”: a) reconciliação entre amor humano e matrimônio, pois eles não aceitavam o que dizia na época: “o amor é uma coisa; o casamento, outra”; para eles, amor e casamento eram uma só coisa: “seu primeiro amor era o cônjuge e seu casamento era um amor alegre”3; b) a reconciliação entre “religião e o amor de Cristo”: a França naquela época estava ainda muito influenciada pelo Jansenismo, que acentuava a necessidade de se cumprir os deveres para com Deus, deixando de falar do amor de Deus pelos homens. Pe. Caffarel diz que era possível contar nos dedos os padres que falassem do amor de Cristo naqueles anos. Por obra da Providência divina, o Pe. Caffarel teve um diretor espiritual que lhe apresentara o amor de Deus, ainda no tempo da sua formação. De forma que ele pôde perceber, naquela primeira reunião, casais que H. Caffarel, Padre Caffarel, Centelhas de sua Mensagem, Nova Bandeira Produções Editoriais, São Paulo, p. 30. 2 Ibid. 3 Ibidem, p. 41. 1

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“Vês a Trindade quando vês caridade” (S. Agostinho) traziam na alma dois amores: o amor do cônjuge e o amor de Cristo, que conviviam em harmonia, incutindo-lhe o desejo de prosseguir no caminho da santidade. Pe. Caffarel disse que então ele perdeu o medo de falar e logo compreendeu o motivo daquilo: ele vivia uma relação de amor com Cristo há pelo menos dez ou quinze anos. Assim, ele entendeu que “as leis do amor são idênticas em todos os lugares”4. Pouco a pouco aqueles casais e aquele jovem sacerdote foram avançando na compreensão do pensamento de Deus sobre o matrimônio, algo que não estava claro nos livros de Teologia da época. Perceberam que o caminho do matrimônio, assim como o do sacerdócio, era uma via de santidade. Para os casais, a santidade era “como um desenvolvimento do amor conjugal e do amor de Cristo”5. Surgiu assim um movimento de busca pela santidade, de vida de oração intensa, de desenvolvimento de uma espiritualidade tipicamente conjugal – e não emprestada ou adaptada da espiritualidade das congregações religiosas – que estabelecia uma plena harmonia e cooperação entre os dois sacramentos da missão do cristão no mundo: o Matrimônio e a Ordem. Naquela primeira reunião compreendeu-se que o matrimônio e o sacerdócio são dois sacramentos “casados”, são duas formas de atualizar no mundo a única Aliança de amor entre Cristo e a Igreja. Nas reuniões, os sacerdotes deveriam representar Cristo-Cabeça da Igreja, cooperando com indicações sobre o que pensa a Igreja sobre o amor humano e matrimonial; e os casais representariam o corpo da Igreja, que leva a Cristo as suas necessidades, desejos e aspirações. Assim, os ensinamentos da Igreja não cairiam no vazio e não estariam desconectados da realidade. Na mensagem de 1970 em Roma, o Pe. Caffarel disse ainda: “Desejaria poder lhes comunicar minha convicção de que um casal de ‘buscadores de Deus’ em nosso mundo, que já não acredita em Deus, que já não acredita no amor, é uma ‘teofania’, uma manifestação de Deus, como foi para Moisés aquela sarça do deserto, que ardia sem ser consumida” (32). O casal cristão, portanto, manifesta no mundo o Amor de Deus Trindade da mesma forma que o sacerdócio vivido como serviço a Deus e à Igreja, corpo de Cristo, o manifesta.

Pe. Anderson Machado R. Alves SCE Província Leste Região Rio II 4 5

Ibidem, p. 42. Ibid.

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Equipes de Nossa Senhora: um carisma em movimento! Nós que acompanhamos as ENS em nível espiritual e fraterno, talvez tenhamos um tanto de aprendizado que dificilmente será possível estabelecer numa medida. Cada encontro, é uma oportunidade de partilhar os dons e sentir viva a chama do Espírito Santo arder em nossos corações e que a tantos impulsiona. Neste ano ao acompanhar alguns Encontros Interequipes, dinâmica própria do Movimento que proporciona o conhecimento e a interação entre os casais de diversas equipes, e, diante da proposta de estudo e partilha que foi disponibilizada à luz do Documento de Fátima, 2018, fiquei a me questionar: para não sermos meros “inquilinos” da vivência como equipistas, precisamos tomar consciência que somos parte deste carisma, que ele, como sangue, pulsa em nosso coração e nos faz assumir com total disponibilidade aquilo que nos pede a sua vivência. O que é ter carisma? Dizemos comumente que alguém alegre, disponível, servidor, dado ao 1 2

diálogo tem carisma; os artistas traduzem esta palavra como “presença de palco”, desenvolvimento da habilidade de lidar com os fãs, informações válidas, mas, se pensarmos na nossa caminhada como Igreja, o que é um carisma? A resposta base se encontra no Catecismo ao estabelecer: quer extraordinários quer simples e humildes, os carismas são graças do Espírito Santo que, direta ou indiretamente, têm utilidade eclesial, pois são ordenados à edificação da Igreja, ao bem dos homens e às necessidades do mundo.1 O próprio Pe. Caffarel nos diz: É coisa muito diferente de uma boa ideia, de uma ideia edificante; é uma inspiração do Espírito Santo, que será como um dinamismo a conduzir a instituição durante todo o seu desenvolvimento e lhe permitirá cumprir a sua missão.2 A partir disso, podemos perceber nas equipes um carisma? É cristalino que sim, pois, embora simples e realizado como trabalho silencioso, sem muita midiatização, preocupado com a edificação das “Igrejas

[1] – CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA, n. 799. CAFFAREL, Henri. Conferência no Encontro de Responsáveis Regionais da Europa, Chatilly, 3 de maio de 1987. Disponível em: <http://equipe12ens.blogspot. com/2012/04/o-discurso-de-chantilly-padre-henry.html> Acesso em: 24 set. 2019.

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domésticas” que partem dos casais e das suas famílias, há uma utilidade para o bem da Igreja-mãe e esposa, para homens e mulheres (e também jovens) espalhados por todo o mundo. Já se vão 80 anos desde que o sonho do Pe. Henri Caffarel com aqueles quatro casais se tornou uma realidade para a Igreja, por isso reconhecemo-nos herdeiros dum patrimônio rico de compromisso e de testemunho cristãos3. Foram, são e serão verdadeiras sementes de santidade lançadas pelas mãos dos fundadores e que chegam às mãos e vidas de tantos por meio

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de todos aqueles que ainda hoje são chamados a participar desta vivência baseada no amor e na espiritualidade conjugal. Portanto, sintamos pulsar em nosso coração o “sangue” deste movimento, sintamos que não somos meros inquilinos, mas, portadores de um tesouro de inestimável valor e pelo qual somos capazes de comprometer a vida!

Fr. Rafael D. A. Fonsêca Eq. 10B - N. S. Mãe dos Homens Recife-PE

[2] – Tó e Zé Moura Soares. Actualidade do Pensamento do Padre Caffarel. Palestra no Encontro de Fátima, 2018. Disponível em: <https://www.ens.org.br/novo/ upl/files/acervo-formacao/encontros/fatima-2018/palestras/18%20Actualidade-do-pensamento-do-P.-Caffarel.pdf> Acesso em: 26 set. 2019.

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O Sentido da Justiça Humana perante a Justiça Divina O tema de estudos nos faz comparar e refletir sobre a justiça humana perante a justiça divina. Na parábola do filho pródigo somos levados a julgar com os olhos humanos o filho mais novo como errado, e o mais velho como justo. Mas se fizermos uma leitura orante e buscarmos os vários sentidos e ensinamentos contidos na parábola, percebemos que nenhum dos dois filhos agiu corretamente: o mais novo quis logo sua parte da herança, ainda com o pai vivo, e foi-se sem olhar para trás, sem pensar nos que ficaram e nos sentimentos que tinha despertado em todos; por sua vez, o mais velho, julgado como justo, observamos que não era tão justo assim, visto que, no fundo, seu amor era interesseiro. Então, o pai demostra o seu grande amor pelos dois filhos, cada um na medida da sua necessidade. O amor de Deus é assim, nos ama como somos, nos acolhe e nos dá o necessário para mantermos nossa dignidade. Deus usa de misericórdia para com todos, isto é, acolhe a nossa miséria em Seu coração, e nos reergue. Cabe-nos questionar sobre o que nos impede de sermos misericordiosos como Ele. Seria a falta de fé? A constituição dogmática Dei Verbum no 5 diz que: “Ao Deus que se revela deve-se a ‘obediência da fé’ pela

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qual o homem livremente se entrega todo a Deus prestando ‘ao Deus revelador um obséquio pleno do intelecto e da vontade’ e dando voluntário assentimento à revelação feita por Ele. Para que se preste essa fé, exigem-se a graça prévia e adjuvante de Deus e os auxílios internos do Espírito Santo, que move o coração e converte-o a Deus, abre os olhos da mente e dá ‘a todos suavidade no consentir e crer na verdade’. A fim de tornar sempre mais profunda a compreensão da Revelação, o mesmo Espírito Santo aperfeiçoa continuamente a fé por meio de Seus dons”. A fé é o encontro entre o Deus que se aproxima e o homem que O acolhe, auxiliado pelo Espírito Santo. Então, se não O acolhermos e não aceitarmos o presente da Revelação Divina e a Redenção que Ele nos deu através de Jesus, não teremos fé e, por conseguinte, não poderemos ser misericordiosos, porque não nos abriremos ao Seu infinito amor. Para sermos mais misericordiosos é preciso desenvolver e exercitar mais a nossa fé, principalmente através da escuta da Palavra de Deus, porque através dessa atitude conseguiremos perceber o que o Senhor quer de nós, e buscarmos colocar em prática o que Ele nos diz, testemunhando ao mundo as maravilhas que o Senhor faz quando O acolhemos, e nos abrimos à Sua vontade. É claro que tentações, provações, problemas aparecem; não é porque nos aproximamos de Cristo que ficaremos imunes a eles. Mas testemunharemos esse amor através das atitudes que teremos perante esses mesmos problemas. Quando percebemos falhas nas outras pessoas, principalmente no nosso cônjuge, que é o nosso próximo mais próximo, temos um primeiro impulso de querer que seja feita a justiça humana. Mas temos que buscar sempre a luz do Espírito Santo, parar, pensar, lembrar que somos uma só carne; se o ferimos, ferimos a nós todos, refletindo no casal e na família. Então, é nesse momento que temos que ter em mente que usar da justiça divina, embora não a compreendamos, é a atitude mais sensata; devemos agir com amor, nos colocando no lugar do outro, e tratá-lo da mesma forma como gostaríamos de ser tratados. Percebemos então, que é melhor ser feliz do que ganhar uma discussão. Peçamos que o Espírito Santo venha em socorro à nossa fraqueza, e nos dê o discernimento para que prevaleça em nós a justiça divina, e possamos usar mais de misericórdia nas situações que nos são apresentadas nas nossas vidas!

Robertha e Marcondes Eq. N. S. da Chama do Amor Santa Luzia-PB. CM 531

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Partilha e PCE

CORREÇÃO FRATERNA Estimados irmãos em Cristo, as Equipes de Nossa Senhora possuem vários pilares que norteiam sua pedagogia e unidade, a Correção Fraterna está configurada neste alicerce para percerbemos o amor de nossos irmãos conosco, no que diz respeito ao caminho que estamos trilhando no Movimento, na vida conjugal, na família e em outras veredas, nos inspirando a fazê-la à Luz do Espírito Santo. Meditemos o que diz Santo Agostinho: “Acaso não devemos repreender e corrigir um irmão para impedir que caminhe tranquilamente para a morte? Pode acontecer, como acontece frequentemente, que se entristeça com a repreensão, que resista e proteste, mas depois, sozinho no silêncio, quando só Deus e ele estão presentes, evite fazer o que lhe foi repreendido, odeie a sua falta e ame o seu irmão que é apenas o inimigo desta falta”. (Reunião de Equipe, Super-Região Brasil, p. 27, 2010). É simplesmente amor o que Santo Agostinho nos relata. Procuremos entender que a correção é o que Jesus nos ensina, enquanto seus discípulos, não importando se estamos a sós com nosso irmão ou na presença de outras testemunhas, quando assim o fazemos é o amor que prevalece sobre nosso irmão. O que se repreende é a sua falta, 46

aquilo que faz ou deixa de fazer, ou seja, a ação da correção humana de fazê-lo precisa de misericórdia, e se tratando disso, misericórdia ainda maior é reconhecer a nossa falta e a disponibilidade do amor deste irmão que nos faz enxergar nossa conduta. A correção fraterna de uma má conduta é algo delicado para quem é corrigido, mas deve estar fundamentada no respeito e no amor, pois quando estamos de olhos vendados e de coração endurecido, não compreendemos o amor direcionado a nós. A correção fraterna perpassa pela oração, como disse São Francisco: “Onde houver erro, que eu leve a verdade”. Pois o que se busca é a verdade, e neste caminho, o que as ENS nos impulsiona é justamente a chance de nos reconciliar com o irmão e abolir nossas faltas. Assim, desejamos a todos que trilhem seus caminhos na doutrina da igreja católica e nas diretrizes das ENS “...que meus passos sejam firmes, solícitos e sempre orientados para o ideal... Que meus olhos saibam discernir os caminhos de minha vida; conduzir meus passos, evitar que caiam nas ciladas do caminho...” (O Sentido de uma Vida, Pedro Moncau Jr., o Homem, o Médico, o Cristão, p. 64, 2015).

Giovânia e Jarison CRR-Alagoas CM 531


notícias BODAS DE PRATA

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out 2019

jul 2019 Ariadna e Marcelo Eq. N. S. de Guadalupe Divinópolis-MG

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Samira e Fernando Eq. N. S. do Caravaggio Piracicaba-SP

03

out 2019

dez 2019 Lucineide e Zé Estevão Eq. N. S. da Assunção Quixadá-CE

Meire e Gilson Eq. N. S. de Nazaré Itumbiara-GO

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17

dez 2019

dez 2019 Adilene e Lindomar Eq. N. S. dos Aflitos Parelhas-RS

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dez 2019

dez 2019 Rosária e Hudson Eq. N. S. Nazaré Itumbiara-GO

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Valdelene e João Eq. N. S. Aparecida João Pessoa-PB

Cristina e Joamir Eq. N. S. Aparecida Rio de Janeiro-RJ 47


BODAS DE OURO

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6

jul 2019

dez 2019 Hélia e Ivan Eq. N. S. Aparecida Três Corações-MG

Ana e Adilson Eq. N. S. Mãe das Vocações Florianópolis-SC

JUBILEU DE PRATA – SCE 8

dez 2019

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set 2019

Padre Paulo Simões Eq. N. S. das Graças Barbacena-MG

Padre Antônio Dalló Eq. N. S. do Caravaggio Osório-RS

VOLTA AO PAI Henrique da Sandra 30/9/2019 Eq. N. S. do Belém Ribeirão Preto-SP 48

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MEDITANDO EM EQUIPE No amor e no perdão vivenciamos a plenitude da liberdade interior A Palavra de Deus - “Nós amamos, porque Ele nos amou primeiro.” 1Jo 4, 19 - “De fato, Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho único, para que todo o que Nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna.” Jo 3,16

Reflexão - Chegamos ao fim de mais um ano, encerramos um ciclo de reflexão sobre a “Reconciliação, Sinal de Amor”. A mensagem mais evidente de tudo o que refletimos é que Deus nos amou e nos ama por primeiro. Nos amou tanto que nos deu seu Filho Unigênito, o qual veio a este mundo para realizar uma única missão: nos salvar. Uma vez reconciliados, devemos ser instrumentos de reconciliação na Igreja e no mundo. - A certeza de sermos amados por Deus nos leva a perdoar sempre, sem reservas, sem limites e sem condições. O homem reconciliado no Amor passa a viver a mais plena liberdade interior, não se condiciona a nada, não se prende a ninguém, não se fecha em rancores ou sentimento de vingança, mas se lança na bela aventura de perdoar amando e amar perdoando. Somente o amor, e consequentemente o perdão, nos faz livres. Quem não perdoa se torna escravo do seu próprio egoísmo. Qual caminho temos trilhado ao longo de nossas vidas: da liberdade ou da escravidão?

Oração espontânea - Desejo-lhes fazer dois convites: - No dia em que vocês realizarem o Dever de Sentar-se, cada um individualmente escreverá numa folha de papel tudo aquilo que ainda é obstáculo em sua caminhada rumo à santidade, o que o impede de viver a Reconciliação, tudo aquilo do qual você deseja tirar de sua vida. Uma vez colocado no papel, vocês juntos queimarão esses papéis rezando e pedindo a Deus para começarem uma nova história reconciliados no Amor. - Terminar rezando o Salmo 31, louvando a Deus pelo perdão sempre concedido a nós.

Oração litúrgica Senhor, fazei de mim um instrumento da Vossa paz. (Oração de São Francisco) Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver discórdia, que eu leve a união. Onde houver dúvidas, que eu leve a fé. Onde houver erro, que eu leve a verdade. Onde houver desespero, que eu leve a esperança. Onde houver tristeza, que eu leve a alegria. Onde houver trevas, que eu leve a luz.

Ó Mestre, fazei que eu procure mais: consolar, que ser consolado; compreender, que ser compreendido; amar, que ser amado. Pois é dando que se recebe. É perdoando que se é perdoado. E é morrendo que se vive para a vida eterna. Pe. Franciel Lopes SCE Carta Mensal

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A Luz de Belém Conta-se que, há muito tempo, um jovem esteve em Belém e ficou muito impressionado com o que viu na Igreja da Natividade: perto do local onde nasceu Jesus havia uma vela que ficava perma­ nentemente acesa, iluminando dia e noite aquele lugar sagrado. Teve, então, uma ideia: por que não levar a chama daquele fogo para o seu país? Assim, na noite de Natal, os habitantes de sua cidade poderiam acender suas velas com a chama de Belém. Decidido a fazer isso, partiu. Não poucas vezes teve a tentação de desanimar: a viagem era longa e o frio, intenso. Passou fome, enfrentou assaltantes e quase foi preso. Na véspera de Natal, ao chegar a sua cidade, experimentou tamanha alegria que se esqueceu logo das dificuldades enfrentadas: graças a sua determinação, as velas de todos os que estavam reunidos para a celebração natalina foram acesas com a luz que trouxera de Belém... Porque é Natal somos convidados a fazer o mesmo. Levemos a luz do presépio a todas as pessoas e lugares, especialmente àquele lugar e àquela pessoa que só nós poderemos atingir. Deve animar-nos a certeza de que, fazendo nossa parte, a luz de Cristo brilhará em corações que atualmente não o conhecem e em lugares onde nunca foi acolhido.

Av. Paulista, 352 - cj. 36 • 01310-905 • São Paulo-SP Fones: (11) 3256.1212 • 3257.3599 secretariado@ens.org.br • cartamensal@ens.org.br • www.ens.org.br


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