ENS - Equipes Novas 1974-11

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EQUIPES NOVAS ·

CARTA No

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EQUIPES DE NOSSA SENHORA SÃO PAULO- 1974


"Grande é na verdade a messe, mas os operários são poucos. Rogai, pois, ao dono da messe que mande operários para a sua messe". Luc. 10,2


EDITORIAL

CINCO MINUTOS POR DIA

Conhecia-a solteira . Gostava muito, então, de ler e meditar todos os dias. Já casada, vinha confessar-se mas abandonara a leitura espiritual e a meditação. Eu voltava à carga regularmente, levando-a a verificar que a sua vida espiritual estiolava porque já não a alimentava. Contudo, sempre replicava: "Vê-se bem que o Sr. não é casado! :1!: claro que as mamadeiras, os caldos, as fraldas, as coqueluches, não significam nada para si!" Um dia disse-me ela em vez da resposta habitual: "Está bem, seja. Que quer que eu faça?" Respondi-lhe : "Quando sair da Igreja, vá a uma papelaria e compre um lápis vermelho. - ? l - Quando chegar em casa, arranje um lugar onde tenha sempre a certeza de poder encontrar o lápis vermelho e os Evangelhos. Depois leia todos os dias o Evangelho durante cinco minutos. Nem um minuto mais, nem um minuto menos. Faça essa leitura segundo certo objetivo que pode ser a caridade fraterna, a penitência, as relações de Cristo com seu Pai, ou qualquer outro assunto, e sublinhe a vermelho todos os textos que se refiram ao tema escolhido". Convencida que uma mãe pode encontrar um guia de educação nos fatos e palavras do Evangelho, começou a procura-r todos os textos que se referissem à educação. -1-


Passaram os meses. Cinco minutos por dia, ia lendo conscienciosamente o Evangelho, de lápis em punho. As vezes confessava-me que tinha ultrapassado os cinco minutos regulamentares. "Mas então, minha Senhora, já não pensa nas mamadeiras, nos caldos, nas coqueluches? Já não significam nada para si?" Terminada a leitura, passou para fichas as passagens sublinhadas, sempre durante cinco minutos por dia. Depois classificou as fichas e trouxe-me triunfante o seu pequeno tratado de educação segundo o Evangelho. Este trabalho tinha-a apaixonado de tal forma que conseguiu transmitir a sua paixão ao filho mais velho (8 anos), que em breve já era mestre em ciências evangélicas! Eu próprio o verifiquei, com certo embaraço. Certo dia, durante uma visita, o garoto perguntou-me: "Senhor Padre, posso fazer-lhe uma pergunta sobre o Evanielho?" - Com certo contentamento preparei-me para lhe transmitir a minha ciência. . . "Quantas espécies de animais há no Evangelho"? - "Uhm ... olha, Jorginho, ai uma dúzia .. . " - "Uma dúzia!" "Há trinta!" E o Jorge enumerou em boa ordem a caravana dos animais evangél!cos: o camelo, o porco, o burro, o mosquito... A mãe gozava uma deliciosa vingança . .. E eu ... uma amarga confruão. Gootaria que cada um de vocês conseguisse consagrar cinco minutos por dia à leitura do Evangelho. Com franqueza, acham que isso é impossível, mesmo numa vida muito sobrecarregada? Eu não acho, e quanto aos resultados, garanto-lhes que o Evangelho se tornará o seu grande amigo. HENRI CAFFAREL

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A VOCAÇÃO DO APOSTOLADO

Paulo VI fala aos 3.000 parlicipanles do III Congresso Mundial para o apostolado dos leigos:

A vocação cristã. é também de apostolado Como vedes, a Igreja reconhece (pois) o leigo, não apenas como fiel, mas como apóstolo. E abrindo perante ele um campo quase 111mitado, dirige-lhe confiadamente o convite da parábola evangélica: "Ide, vós também, trabalhar na minha vinha" ~Mt. 20, 4) . Este trabalho será múltiplo e variado. O Decreto Conciliar sobre o Apostolado dos Leigos depois de ter, por sua vez, estabelecido com firmeza o princípio de que "a vocação cristã é também, por sua própria natureza, vocação ao apostolado", con.sagra dois capítulos inteiros a detalhar os "vários campos" e os "vários modos" deste apostolado. Com certeza que estes textos vos são familiares. Basta tê-los mencionado para reforçar nas vossas almas, queridos filhos e filhas, a certeza inabalável da realidade do apelo que a Igreja voz dirige nestes meados do século XX e da confiança que em vós deposita; da amplitude das responsabllidades que vos convida a assumir para que o Reino de Cristo progrida entre os vossos irmãos, para que sejais plenamente, como vos convida o tema do vosso Congresso, "o povo de Deus no itinerário dos homens".

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A variedade dos ministéirlos

Aqui surge uma objeção. Efetivamente, poder-se-ia dizer: se as tarefas apostólicas confiadas ao laicado são tão vastas, não seria preciso admitir. de futuro, na Igreja, duas hierarquias paralelas, como se dois organismos existindo um ao lado do outro assegurassem melhor a obra imensa da santificação e da salvação do mundo? Isso seria esquecer a estrutura da Igreja tal como Cristo a quis, com a variedade dos seus ministérios. ~ certo que o Povo de Deus cheio de graças e de dons e marchando no caminho da salvação, representa um espetáculo magnfflco. Significará Isso que o Povo de Deus é, por si mesmo, o seu próprio intérprete da Palavra de Deus e o ministro da Graça divina? Que pode elaborar um ensino e diretivas em matéria rellgiosa, abstraindo da fé que a Igreja professa com autoridade? Ou que pode afastar-se à vontade da tradição ou emancipar-se da autoridade do Magistério? Uma única hierarquia

Estas suposições são tão absurdas que isso basta para demonstrar como é falso o fundamento da objeção. De resto, o decreto sobre o Apostolado dos leigos teve a preocupação de recordar que "aoo Apóstolos e seus sucessores, confiou Cristo a missão de ensinar, santülcar e governar em Seu nome e com o Seu poder". (N9 2). Certamente ninguém pode perder de vista que o instrumento normal da execução do plano divino é a Hierarquia, ou que na Igreja a eficácia está na proporção da ligação de cada um àqueles que Cristo "estabeleceu como vigilantes para apascentar o rebanho do Senhor" (cf. Act. 20, 28). Todo aquele que pretendesse agir sem a Hierarquia ou contra ela no campo do Pai de família, poderia comparar-se ao ramo que clefinha porque já não está em comunicação com a cepa donde lhe provém a seiva. A história o demonstra: quem assim se

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conduz é como uma gota de água que se separa da torrente e acaba por se perder miseravelmente na areia ... Re-sacralizar o mundo O Concílio disse-o e repetiu-o: "os leigos consagram o mundo para Deus", trabalham para a "santificação do mundo", para a "animação cristã do mundo", "o saneamento das são estas as instituições e condições de vida no mundo"; próprias expressões dos documentos conciliares. E que é isto senão "re-sacrallzar" o mundo fazendo que nele penetre ou volte este sopro poderoso da fé em Deus e em Cristo, único que pode conduzir à verdadeira felicidade e à salvação? EspirituaUdade e Apostolado Terminamos, queridos filhos e filhas, com algumas palavras sobre a espiritualldade que deve caracterizar a vossa atividade. Não sois eremitas retirados do mundo para melhor vos consagrardes a Deus. J!: no mundo, na própria ação, que vos deveis santificar. A espiritualldade que vos deverá inspirar terá portanto caracteristicas especiais e o Concílio não deixou de as ilustrar num longo parágrafo do Decreto sobre o Apostolado dos Leigos (N9 4). Bastará dizê-lo numa palavra: só a vossa união pessoal e profunda com Cristo garantirá a fecundidade do vosso apostolado, seja ele qual for. Podeis encontrar Cristo na Escritura, na participação ativa tanto na liturgia da Palavra como na liturgia Eucaristica. Podeis encontrá-LO na oração pessoal e silenciosa, único meio de garantir um contacto da alma com o Deus vivo, fonte de toda a graça. O compromisso do apostolado no meio do mundo não destrói estes pressupostos fundamentais de toda a espiritualldade, mas supõe-os; mais ainda, exige-os. (Extrato do Discurso do Santo Padre no Congresso para o Apostolado dos Leigos, em 1967).

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VIDA DE EQUIPE

CORREÇÃO FRATERNA

t certamente ainda cedo para lhes falar da "correção fraterna", lermo esle, aliás, um lanlo severo! Mas a série de Cartas para as Equipes Novas está prestes a terminar: esle número é o penúllimo. Provavelmente, vocês não se conhecem ainda suficienlemenle uns aos outros para poderem prestar-se mutuamente esle enorme serviço que consiste em se alertarem sohre determinada deficiência ou fraqueza. Leiam enlre!an!o estas páginas e fiquem alentos e lembrem-se delas quando for oportuno.

Qual o grupo que não tenha passado por esta experiência: um de seus membros não está presente e os outros aproveitam para o criticar, comentar os seus defeitos. Quando ele chega, todos se calam. Esta falta de lealdade repugna logo às pessoas retas. cidem reagir: daí por diante dirão tudo face a face.

De-

Quantas vezes assisti a compromissos destes: numa estadia, em férias, com estudantes; numa reunião de casais ... O resultado nunca foi satisfatório: a franqueza excessiva provoca dramas, -6-


Será então preciso renunciar à franqueza? Seria resignarmo-nos a uma caridade fraterna bem medíocre. Porquanto a caridade, que nos manda ajudar os nossos irmãos nas suas necessidades materiais, é ainda mais exigente quando se trata. de suas necessidades espirituais. l!: bem este o pensamento de muitos de vocês. Haja vista o testemunho deste casal: "J!: ótimo que tomemos conta dos filhos uns dos outros; que ofereçamos a nossa oração e simpatia a este amigo aflito; que se chegue mesmo à ajuda financeira. Mas o amor fraterno fica medíocre quando não é capaz de se elevar até a correção fraterna. Assim, por exemplo, um casal da equipe está seriamente equivocado sobre o comportamento de uma das filhas. A criança sofre, fecha-se ; os pais endurecem a sua atitude... Todos o percebem, menos os interessados. será admissível que ninguém na equipe tente uma solução? Um marido tem para com sua esposa atitudes um tanto agressivas e de desconsideração. J!:, sem dúvida, um hábito inveterado, pois parece nem dar por isso. Não haverá nenhum companheiro da equipe que lhe mostre fraternalmente o erro, numa conversa a dois? Outro casal é apaixonado por politica e as suas opiniões são intransigentes e injustas. Ninguém será capaz de mostrar os seus excessos? J!: certamente preciso muita coragem para falar, muita humildade para aceitar. Mas, então, que triunfo da caridade!" Sim, a correção fraterna é uma forma autêntica. da caridade. A prática da. caridade é, com efeito, coisa muito diversa do que agradável divertimento. E a caridade não se acomoda à covardia do coração. Atenção, porém! J!: preciso não ter pressa demais. Salvo raríssimas exceções, só se atingem as formas mais altas da caridade, depois de a ter praticado durante muito tempo, nas suas expressões mais elementares. Sei de equipes que já tentaram a correção fraterna. Em uma delas, que conheço muito bem, foi a princípio um fracasso. Mas não se deu por vencida : abandoná-la lhe pare-7-


cia uma falência da caridade fraterna . Foi então adotada uma nova fórmula, segundo a qual, não se tratava mais de tomar a iniciativa da correção fraterna, mas sim de solicitá-Ia. Exemplifiquemos : um casal solicita-a de outro, de sua escolha; outro equipista pede a um dos companheiros da equipe com quem tem maior afinidade, para falar-lhe com toda a sinceridade; aquela mãe de familia dirige-se a outra. Os interessados tiram grande proveito com esta maneira de proceder. Mas acentuam a necessidade, para aquele que é interrogado, de responder com grande humildade, de se abster de julgamentos definitivos, de sentenças infalíveis. Verificaram ainda que a obrigação de dizer as coisas com tacto e delicadeza - não para atenuar, mas para serem mais verdadeiros - os leva a reconhecer muitas vezes até que ponto os seus julgamentos tinham sido, até então, apressados e categóricos. A delicadeza das palavras é impossível para quem não tem a delicadeza de coração. Acentuam, por outro lado, que o amigo procurado pode sempre escusar-se, mas nunca deve, por fraqueza ou covardia, tranquilizar o seu interlocutor, quando não for o caso. ALGUNS TESTEMUNHOS Prudência e preparação:

"Deve-se observar a maior prudência, preparando a correção cuidadosamente, medindo as palavras, procurando ver os outros com . . . benevolência. Alguns sentir-se-ão satisfeitos por verem a verdade frente a frente, mas para outros isso irá, pelo contrário, provocar constrangimento. Temos, pois, de começar por conhecer bem aquele a quem vamos falar, procurar as razões que o levam a agir, pormo-nos no seu lugar e, por fim, pensarmos bem o que dil"emos para não falarmos demais. Aconteceu conosco que um casal nos fez correção fraterna de improviso e sofremos muito com isso. Acabou por dar bom -8-


resultado, porque depois de uma crise que durou do~ meses, o Senhor fortificou a nossa amizade com esse casal". Humildade e desejo de aperfeiçoamento: "Só se deve pedir a correção fraterna quando há verdadeiro desejo de aperfeiçoamento e não pelo gosto de falar de si, ou por curiosidade. Aliás poderia haver surpresa porque nem sempre é agradável vermo-nos pelos olhos dos outros!". Verdadeira caridade:

"1!: preciso nunca esquecer que trabalhamos para o progresso espiritual e que temos de ter muito amor uns pelos outros. Temos pois de nos colocar sob o olhar do Senhor. A maior parte das vezes começamos e acabamos com uma oração" . Verdade:

"Não se trata de dizer tudo o que pensamos, mas de sermos verdadeiros em tudo o que dizemos. Não se trata de falar dos defeitos naturais que são muitos difíceis de remediar. Será por dizermos a um tímido que toda a gente nota as suas hesitações e indecisões que ele se tornará mais resoluto? Mas, embora delicadamente, é preciso dizermos o que pensamos na realidade. Temos de ir ao objetivo, sem evasivas, mas com toda a delicadeza necessária". ALGUNS BENEFíCIOS

''Foi fator de equilíbrio para nós, graças a certas críticas e conselhos, referentes ao plano material da nossa vida". "Foi muito útil para a vida da equipe, porque a amizade solidificada pelo "desabafar", facilita a oração e a partilha na equipe". "Sentimo-nos finalmente bem mais respomáveis pelos outros, quando tomamos consciência de que podemos ajudá-los". "Duas conseqüências nítidas : o aumento da caridade e a possibilidade de aperfeiçoamento, porque nos conhecemos melhor a nós mesmos". -9-


E, para terminar, alguns textos bíblicos: "Repreende o .sábio e ele te amará'. (Prov. 9, 8) "Corrige o teu amigo, porque talvez não procedeu com (má) intenção ( . .. ) ou, .se o fez, para que o não torne a fazer. Repreende o e .se o disse, Repreende o é assim . . . Repreende o

teu próximo, que talvez não tenha dito tal coisa; para que o não torne a dizer. teu amigo, porque muitas vezes se diz o que não teu próximo antes de o ameaçar". (Eccl. 19, 13-14, 17)

"Isto diz o Senhor: Não fortalecestes as ovelhas débeis, e não curastes as enfermas, não ligastes os membros às que tinham algum quebrado. Não fizestes voltar as desgarradas, nem buscastes as que se tinha perdido". (Ez. 34, 4-6) "Se o teu irmão cometer alguma falta contra ti, vai e repreende-o a sós, entre ti e ele. Se te ouvir, terás ganho o teu irmão". (Mt. 18, 15)

"Se teu irmão pecar, repreende-o; e, se ele se arrepender, perdoa-lhe. Se pecar contra ti sete vezes ao dia e sete vezes vier ter contigo, dizendo: "Arrependo-me", hás-de per~ doar-lhe". (Lucas 17, 3-4) "Irmãos, ainda que um homem seja surpreendido em alguma falta, vós, os espirituais, tratai de o corrigir em espírito de mansidão; e tu examina-te a ti mesmo, não venhas a .ser -10-


também tentado. Levai os fardos uns dos outros e cumpri desse modo a lei de Cristo". (Gál. 6, 1-2)

"Conservai a paz entre vós. Nós vo-lo recomendamos, irmãos, repreende! os indisciplinados, animai os pusilânimes, amparai os fracos, tende paciência com todos. Cada um procure sempre o bem dos outros e o de todos".

<I Tess. 5, 14 Ouçamos agora Sto. Agostinho: "Acaso não devemos perdoar e corrigir um irmão para impedir que caminhe tranqüilamente para a morte? Pode acontecer, como acontece freqüentemente, que se entristeça com a repreensão, que resista e proteste, mas depois, refletindo sozinho no silêncio, quando só Deus e ele estão presentes, evite fazer o que lhe foi repreendido justamente e, odiando a sua falta, ame o irmão que é apenas inimigo dessa falta" .

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ESPIRITUALIDADE

VIDA E ORAÇÃO

Vamos ouvir, com os jovem reunidos em Taizé em Setembro de 1967, este padre ortodoxo, Mons. ANTOINE, expor-nos como a vida e a oração se entrecruzam:

"Uma vida sem oração é vida que ignora a dimensão essencial da existência, é vida que se satisfaz com o visível, com o nosso próximo, mas com o nosso próximo de quem não descobrimos a imensidade nem a eternidade de seu destino. O valor da oração consiste em descobrir, afirmar e viver o fato de tudo ter uma dimensão de eternidade, se assim se pode dizer. Contudo, muitas vezes parece-nos difícil coordenar a vida e a oração. ];: um erro, um erro total que provém de termos uma idéia errada da vida e da oração. Pensamos que a l'ida consiste em nos agitarmos e que a oração consiste em nos retirarmos para qualquer lugar e esquecermos completamente o nosso próximo e a nossa civilização humana. ];: falso, é calúnia para a vida, calúnia para a própria oração. Se quisermos aprender a orar devemos começar por nos tornarmos solidários com a realidade total do homem, com o seu destino e o do mundo inteiro, assumindo-os inteiramente. Está

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aqui a essência do ato que Deus realizou na Encarnação, é o aspecto global daquilo a que chamamos intercessão. Normalmente quando pensamos na intercessão achamos que consiste em recordar, delicadamente a Deus aquilo que Ele se esqueceu de fazer. Na realidade a intercessão consiste em dar o passo que nos leva ao âmago duma situação trágica, passo que tenha a mesma qualidade dos passos do Cristo que se fez homem duma vez para sempre. Nós devemos dar o passo que nos leva ao âmago duma situação da qual nunca mais desejaremos sair. Será a solidariedade cristã, cristica, que é orientada simultâneamente para dois polos opostos. O Cristo encarnado, verdadeiro homem e verdadeiro Deus, está totalmente solidário com Deus quando se volta para o homem, totalmente solidário com o homem, no seu pecado, quando se volta para Deus. 1'!: esta dupla solidariedade que, de certo modo, nos torna estrangeiros aos dois campos e ao mesmo tempo unidos nos dois campos. 1'!: a nossa situação cristã básica. Agora dir-me-ão: que havemos de fazer? oração surge de duas fontes:

Pois bem, a

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Ou é o extasiamento que sentimos para com Deus e as coisas de Deus <o nosso próximo ou o mundo que nos rodeia, apesar das suas sombras), - ou é o sentido da tragédia, nossa e dos outros principalmente ... Berdiaeff dizia: "Se sinto fome , é uma realidade fisica; se o meu vizinho tem fome, é uma realidade moral". Ora bem, é esta a tragédia que nos surge a todos os momentos. O meu vizinho tem sempre fome . Nem sempre de pão, mas também fome dum gesto de humanidade, dum olhar caridoso. Pois bem, é ai que começa a oração, nessa sensibilização à maravilha e à tragédia. Quando ela permanece tudo é fácil porque quando nos maravilhamos, rezamos com facilidade, tal como nos acontece quando o sentido da tragédia nos possue. -13-


Ma.s fora disso? Fora disso, vida e oração devem ser UMA só. Levantem-se de manhã, coloquem-se perante Deus e digam: "Senhor abençoa-me e a este dia que começa". E depois considerem todo este dia como dádiva de Deus e considerem-se, vocês próprios, como enviados de Deus nesse desconhecido que é o novo dia. Isto quer dizer apenas uma coisa muito difícil: que NADA do que vai acontecer nesse dia é estranho à vontade de Deus; tudo sem exceção é uma situação na qual Deus os terá colocado para que sejam a sua presença, a sua caridade, a sua compaixão, a sua inteligência criadora, a sua coragem, ... e, por outro lado, sempre que encontrarem uma situação de vida, vocês serão aqueles que Deus ali colocou para fazerem o papel do Cristo, para serem a parcela do Corpo de Cristo, a ação de Deus. Se assim fizerem, verão facilmente que, em todos os momentos, terão de se voltar para Deus e dizer: "Senhor, ilumina a minha inteligência, reforça e dirige a minha vontade, dá-me um coração de fogo, ajuda-me". Noutros momentos poderão dizer· "Senhor, obrigado!" Se forem sensatos e se souberem agradecer, evitarão aquela tolice que se chama vaidade ou o orgulho que consiste em pensar que se fez uma coisa que não poderia ser feita doutra maneira. Não; foi Deus quem a fez, foi Deus que nos deu esse maravilhoso presente, o presente de nos entregar isso para fazermos. Quando, à noite, se apresentarem novamente a Deus e fizerem o rápido exame do dia, poderão cantar os seus louvores, glorificá-lo, agradecer-lhe, chorar pelos outros e por vocês mesmos. Se começarem desta maneira a unir A VIDA à vossa ORAÇÃO, elas nunca mais se separarão. A vida será o combustível que, momento a momento, alimentará o fogo que se tornará cada vez mais rico, cada vez mais ardente, e que os transformará a vocês próprios nessa sarça ardente de que fala a Sagrada Escritura.

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OS MEIOS DE APERFEIÇOAMENTO

DEZ MINUTOS DE MEDITAÇÃO POR DIA ...

Para lhes provocar a convicção de que é necessário reser·var parte do dia para a meditação (uma espécie de "dízimo", como para os Judeus; no caso deles tratava-se dos seus rebanhos e colheitas, para vocês é o vosso tempo), eis algumas respostas a vários problemas: Por que se pede a todos os membros das Equipes para fazerem meditação? "A oração mental, escreve Santa Tereza de Avila, é na minha opinião uma relação íntima de amizade, em que nos relacionamos pessoa a pessoa com esse Deus de quem nos sabemos amados". E insiste na importância desta oração. "As almas que não oram, dizia-me há pouco tempo um grande teólogo, são como um corpo paralisado ou impotente, que tem pés e mãos mas que não pode servir-se deles . .. " Na verdade, a meditação exercita e desenvolve a nossa fé, caridade, e esperança, esses "órgãos" da vida divina em nós; entrega-nos à. ação de Deus. li: um fator essencial de progresso espiritual. Portanto, pede-se a todos os membros do Movimento que consagrem diariamente à. oração mental um mínimo de dez minutos. A 144"' parte do dia dada gratuitamente a Deus! Como preencher esse tempo? Auxiliados pela Escritura através da qual Deus nos fala, pensando Nele e esforçando-nos por reagir através da adoração, o arrependimento, o louvor, a ação de graças, a intercessão, à.quilo que nos revela de si pró-15-


prio, da Sua vontade sobre nós e a humanidade; fazendo atos de fé, de caridade e de esperança; e por vezes a oração será o silêncio habitado por uma Presença". S. Nicolas de Flue dizia: "Deus faz com que a oração saiba tão bem que se vai para ela como para a dança; e também que tenha tal gosto que se vá para ela como para o combate". Haverá dias em que a oração será difícil, em que teremos vontade de a abandonar, em que a arrastaremos, mas nem todos os dias são de festa... O que importa é não ceder a essa lassidão, voltar a partir se houve abandono. Nunca se pode perder de vista o fim: ceder pouco a pouco em nós, todo o lugar a Cristo. Então, toda a nossa vida será oração. Não se :á preciso ser místico para fazer meditação? Não será reservado aos religiosos? Não haverá em muitos de nós certa compreensão deficiente desse contacto misterioso com o Senhor que é a meditação? Não estaremos convictos que é com as nossas qualidades de coração ou espírito que encontraremos Deus, quando em primeiro lugar é preciso estar convencido que o Senhor se deixa encontrar por quem O procura, com uma primeira e única condição que é a de não se procurar a si mesmo? Não pensemos, por fim, que o nosso esforço persistente nos cria o direito de encontrar Deus? Surgem então os primeiros desencorajamentos. Imaginam-se graças excepcionais, alterações sensíveis, Deus sabe que iluminações e, na prática, não surge nada disso. Ou nos convencemos de que são precisas receitas complicadas para meditar. . . Por exemplo, numa reunião de equipe, depois de férias , um casal dizia que não tinha podido cumprir a obrigação da oração e por isso a pusera de lado. Contudo, dizia outro, não é precisamente em férias, ante as maravilhas da natureza, quando o espírito está liberto das preocupações habituais e dum ritmo de vida fatigante, que estamos nas melhores condições para encontrar Deus? Todos exclamaram então: "Mas não se pode cair na facilidade! Não é nada disso que as Equipes nos pedem!" Estranha concepção esta de querer que -16-


o encontro com o Senhor seja árido e difícil! Como parecemos complicados, longe da simplicidade das crianças de que o Evangelho nos diz que só elas têm acesso ao coração do Pai! Finalmente, muitos partem já vencidos. A palavra meditação assusta-os. Chegam a ela <:om o espírito cheio de preocupações profissionais ou domésticas, carregados de fadiga ou com a cabeça vazia e sem servir para nada. Seriam menos agradáveis a Deus neste estado do que ricos, repousados e sentindo-se bem? O Senhor acolheria hoje menos afetuosamente os doentes, os aflitos ou os pobres, do que nos tempos abençoados do Evangelho? Ou pelo contrário, reserva-lhes ainda a parte privilegiada? PRIMEIRO TESTEMUNHO

Faço a meditação quando chego em casa, antes do almoço. Ao voltar do escritório recito o Angelus e tento preparar-me para a meditação com o esforço de desprendimento e disponibilidade. Ao chegar, vou para o quarto, leio algumas frases do Evangelho, peço a Cristo que me una a Ele na homenagem que oferece a Seu Pai durante uma Missa que se esteja a celebrar em qualquer parte do mundo e depois tento conversar com Jesus. Uno-me a todos os outros equipistas. Pergunto a Deus o que quer de mim, qual é a Sua vontade sobre os acontecimentos mais importantes do momento. Penso que Deus me ama, que Jesus se interesse por mim, por mais extraordinário que isso pareça. Penso na ternura que sinto para com os meus filhos e digo a mim próprio que a do Senhor para comigo é infinitamente maior. Deixo de falar, pedindo-lhe que me faça compreender como devo estar mais unido à Sua vontade. O esquema que se segue é bastante representativo da forma da minha meditação: -17-


"Não sou nada. Vós sois tudo. Bom dia, aqui estou eu. Sou eu que O\lSO falar- Vos. Obrigado por me acolherdes. Ofereço-me a Vós . Amo-Vos com todas as minhas forças. O que Vos ofereço não é nada mas é tudo o que sou e tenho". As minhas dificuldades?

- A preguiça: "Hoje não tenho tempo. Tenho muito trabalho, muitas preocupações, estou enervado, estou irritado com Pedro ou Paulo. Amanhã faço, hoje não. Também não se pode ser muito rigoroso, posso muito bem ter uma pequena falha". Poderá acontecer, muito excepcionalmente, que se possa dizer com inteira verdade que não se tem tempo; então nesse dia pode-se reduzir o tempo de oração a quase nada (mesmo 30 segundos) mas tem de se fazer no momento escolhido. Será verdadeiro ato de humildade e de amor. - A distração: Muitas olhadelas ao relógio, fuga dos pensamentos para 36 assuntos diferentes. Pedir perdão todas as vezes, humilhar-se, pedir ao Senhor que nos ajude. Procuro compenetrar-me da idéia de que fazer a meditação é a sua vontade; logo, posso consegui-lo. Devo ter confiança n'Ele e em mim, neste aspecto. Deus o quer, logo hei-de ser capaz, porque Ele o tornará possível. .. - Períodos sem gosto; mas continuo. Não quero que nada falhe na equipe, no Movimento, no mundo por não fazer a minha parte do trabalho. 2q TESTEMUNHO

Outra coisa que compreendi através da minha experiência própria: a meditação simplüica a vida; cria a unidade. Comecei a compreendê-lo durante um retiro, ao escutar estas palavras de Jesus: "Para orares, entra no teu quarto, fecha a porta" (Mt. 6 5-8) ... Entrar no quarto é atingir o mais profundo de nós mesmos. ~ lá que Deus habita; é lá que nós so-18-


mos verdadeiramente nós mesmos e que atingimos a nossa verdade perante Ele; é a partir dai que a vida se unifica sob o seu olhar e para Ele. Todas as nossas atividades tomam o seu verdadeiro sentido e concorrem para o mesmo fim: realizar a vontade do Pai. Convencida deste importante papel da meditação, orientei para ela todas as obrigações dos Estatutos. No Dever de Sentar-se procuramos em conjunto como nos havemos de organizar para dar na nossa vida o devido lugar à · meditação. A minha regra de vida contém um ponto que diz respeito à meditação. Por exemplo, quando tinha quatro filhos muito pequenos e estava cansada e nervosa, impus-me uma sessão diária de relaxamento no fim da qual fazia a meditação estendida sobre o tapete. O mesmo se passa com as outras obrigações. A meditação fez-me descobrir progressivamente a necessidade do desprendimento sob formas de exigências muito concretas. Atualmente, para mim, apresentam-se da seguinte forma: hierarquizar as minhas tarefas, abrir-me aos outros, permanecer vigilante e disponível ao Espírito Santo. Um dia em que tinha faltado à meditação por me deixar absorver demasiadamente por um trabalho material que não era indispensável, compreendi que precisava, não de arrumar a meditação dentro duma série de ocupações já pré-estabelecidas, mas sim começar por ela e organizar a seguir as minhas atividades, suprimindo-as conforme as necessidades. "Não podeis servir a dois Senhores". <Mt. 6, 24). Por ocasião dum retiro prolongado onde, graças ao silêncio, a meditação tinha lugar preponderante, compreendi também que a minha maneira de viver, de organizar o meu tempo, tudo contava para a meditação. Não se improvisa um encontro silencioso com Deus... "Não queirais ser como o cavalo e a mula sem entendimento, cujo impeto se domina com o cabresto e o freio; doutro medo não se aproximam de ti". (Sl. 32, 9) ~

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:É uma ascese diária (1). Pode-se exercer a prop6sito de tudo. Tendo pouco tempo para ler, eliminei os livros atraentes e fáceis em proveito de trabalhos que possam alimentar melhor a minha oração. Antes de quaisquer tempos livres, reservo o tempo de Deus.

Outra exigência primordial é a preocupação dos outros. Se não estivermos abertos para os outros é impossível encontrar Deus, o Outro por excelência. Constatámos, com freqüência, que quando não conseguimos estabelecer um verdadeiro diálogo conjugal, é-nos quase impossível fazer meditação. Finalmente, a meditação desenraíza-nos de nós mesmos. Elimina a rotina. O Espírito Santo quer que tenhamos uma leveza simultaneamente ativa e passiva. Se a meditação é penosa, se estamos secos, é Ele que nos trabalha para nos pur ificar do nosso egoísmo e nos tomar dóceis à sua ação. Não nos devemos preocupar com o resultado sensível. Invisível, mas constantemente, o Espírito Santo, transforma-nos: pede-nos que tenhamos confiança n'Ele. Ouçamos a sua promessa: "Eu te instruirei e ensinar-te-e! o caminho que deves seguir : tendo fixos sobre ti os meus olhos, serei o teu conselho". (Sal. 32, 8) . 39 e

4'~

TESTEMUNHOS . ..

"Desde que me pus a fazer meditação, tenho tido grandes dificuldades e nenhum atrativo. Falei nisso à equipe e ao nosso Conselheiro Espiritual. Ele sossega-me dizendo-me que esta oração de fidelidade que faço talvez tenha ainda mais mérito que qualquer outra. Parece-me muitas vezes que sou uma acha diante de Deus e que sou incapaz de Lhe falar; as distrações assaltam-me . .. Mas apesar d!s.so parece-me que a (I) Repararam na palavrinha "ascese"?

Esiá perfeitamente adequada. A ascese serve para nos libertar para o serviço do Senhor ou dos nossos irmãos, para nos fazer mais disponíveis. -20-


meditação está longe de ser inútil e mesmo que é multo útil à. minha vida toda. ll:, em primeiro lugar, um chamamento mais premente da presença de Deus durante o dia, e depois tento, cada vez mais, ver as pessoas, as coisas, os a.conteclmen· tos com o olhar de Deus". "Para mim foi sobretudo decisivo compreender a utilidade destes 10 minutos, a importância que o Senhor lhes atribula. Tentava encontrar motivos mas sem grande empenho. E depois, um dia em que hesitava, tentava rezar sem convicção, compreendi que o Senhor tinha sede desses pobres minutos, como tinha sede no poço de Jacob, Ele, a fonte da água viva. Eu era indigno, tal como a Samaritana, de lhe dar de beber e, contudo, Ele queria aqueles inStantes para me purificar, instruir e conduzir" .

• Quando se toma um banho de sol, não é preciso esforçar-se para que ele nos aqueça e nos penetre. Basta apenas que se esteja ali, oferecendo-se à sua irradiação. Passa-se o mesmo na meditação; basta expor-se ao Sol. Mas é preciso acreditar no Sol e na sua ação. t a nossa fé que importa. Só ela conhece a ação santilicante de Deus, só ela nos abre e nos entrega a essa ação. Portanto nunca comecem a meditação sem tomar consciência de Deus presente, sem Se oferecerem ao Seu amor ativo e eficiente. E perseverem, porque depende dessa perseverança que Deus, pouco a pouco, os transforme e os divinize.

H. C.

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A NíVEL DO MOVIMENTO

Já há cerca de um ano que participam da vida de uma equipe, que se reunem uns com os outros. Talvez conheçam outras equipes da sua cidade, talvez não, e sem dúvida, ainda não tiveram oportunidade de encontrar membros de equipes doutras cidades e doutros países. No Movimento, a diferentes níveis, são organizados encontros entre membros das equipes, entre equipes, com dupla finalidade que pode ser descrita resumidamente: a de promover o melhor conhecimento daquilo que motiva a nossa presença nas Equipes. ou seja, as grandes realidades da vida espiritual, da vida do casal, dos meios que nos propõe o Movimento para encontrar Deus e para nos deixar encontrar por Ele - o de permitir encontros fraternos entre casais de meios, países e idades diferentes que partilham o mesmo ideal e empenham-se na mesma procura . ~ . por certo, muito enriquecedor encontrarem-se assim, vindos de diversos horizontes para comunicarem o melhor de si mesmos. Que ocasiões de encontros propõe o Movimento? - A nível do Setor, uma reunião agrupa todos os anos os membros das equipes, reunião que pode realizar-se de variados modos. A nível da Região, também podem ser organizados encontros gerais. - A nível dum conjunto de regiões (ou mesmo dum grupo de pe.íses, conforme os casos), os "Encontros de Responsáveis" são organizados todos os anos. Esses encontros são dire-

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tamente orientados para a animação dos Responsáveis de equipes, dos casais Pilotos e dos Casais de Ligação. Sessões, geralmente de quatro dias, são organizadas e abertas a todos os casais membros das Equipes, que desejem aprofundar os seus conhecimentos sobre o espírito e métodos do Movimento. Poderão, mais adiante, ler o testemunho dum Casal sobre a participação numa sessão. - Finalmente chamamos a atenção de vocês para os grandes encontros internacionais, organizados a nível de todo o Movimento, aproximadamente de 5 em 5 anos. Até aqui, têm sido "peregrinações", no sentido de serem profundamente preparadas pela oração e de nos termos encontrado em lugares privilegiados como Roma e Lourdes. Em Lourdes, em 1954, 450 casais de 4 paises; Em Roma, em 1959, 1.000 casais de 13 países; Em Lourdes, em 1965, mais de 3.000 casais de 15 países;

Em Roma, em 1970, cerca de 2.000 casais de 23 países. Vive-se nestas peregrinações numa extraordinária fraternidade, tanto a nível da pequena equipe de base que se encontra à noite para uma pequena reunião, como a uma missa concelebrada e cantada em várias línguas. Encontramo-nos verdadeiramente "no Senhor" e muitos peregrinos, mais do que simples recordações, trouxeram um encontro mais ver·dadeiro com o Senhor, uma ou outra amizade que perdura, e frequentemente um amor conjugal renovado e mais forte ... Depois do testemunho sobre uma sessão, poderão ler pequenos testemunhos sobre as peregrinações das Equipes. Um testemunho é apenas um testemunho, o que quer dizer que é pessoal, mas é um convite. Deus trabalha em nós a Seu modo e o que faz a outros ou com outros, não é repetido em nós da mesma maneira. Mas Ele só sabe fazer "maravilhas", (cf. o Magnificat) e fá-las-á em nós! Cabe-nos fornecer-lhe a ocasião, estando onde Ele nos espera. -23-


TESTEMUNHOS DAS SESSõES

Eis o qae escrevia sobre ama sessão, um casal de operários mililaales siadicalislas:

"Conservamos uma profunda recordação dessas Jornadas. "Para mim foi sobretudo decisivo compreender a uti!idúvida isso que para cada um de nós marcou o grande valor da sessão; foram dias de grandes graças e felicidade para nós e ainda vivemos delas todos os dias. Depois de quatorze anos de matrimônio, era a primeira saída dos dois por alguns dias; podem imaginar se não tinha um sabor especial: como saída era de grande qualidade! H., no seu entusiasmo (juvenil!) queria voltar a viver dias como estes . de união com Deus, de amizade e enriquecimento, mas paciência, temos matéria com que trabalhar e fazer a bagagem adquirida dar fruto; além disso, que nos irá reservar este sétimo filho, que esperamos? Descobrimos o Movimento das Equipes de Nossa Senhora, a sua profundidade e orientações. Alguns problemas que levantávamos a nós próprios, especialmente a propósito do "testemunho" de vida de cada membro das Equipes, da revisão de vida, da entrada de casais operários para o Movimento, encontraram resposta durante a sessão. "

lfo ealanlo, aales de nos decidirmos surgem objeções, podendo as principais vir de nós mesmos. Assim, escrevia ama jovem senhora das Equipes:

"Acabo de ler na Carta Mensal das Equipes que "as Seôsões são para todos os casais das Equipes." Elas duram quatro dias. Ora nós temos três semanas de férias. Tere-24-


mos então de sacrificar quatro desses preciosos dias? Sim, porque para nós, é realmente um sacrificio. Os termos "férias" e "sessão" não oferecem, a meu ver, as mesmas perspectivas. Por um lado, há o ar livre, o sol, certa preguiça. Por outro, uma sala fechada, conferências, esforços de reflexão, certo ar de retiro ... Sem esquecer o problema dos filhos! Além de que, este estudo mais profundo da espiritualldade conjugal, este melhor conhecimento do Movimento, me levarão a tomar maior consciência das exigências do Senhor e dormirei menos confortavelmente na minha honesta mediocridade; voltarei a ser sacudida por meu marido que entrará, certamente, no jogo. . . TUdo isto levará a decisões para o próximo ano, enquanto que voltar de férias, bem bronzeada, nunca provocou alterações no ritmo da vida familiar ... Contudo, conheço-me bastante bem! Sou eu quem vai falar nisto ao Pedro e acabarei talvez por ter a fraqueza de insistir para que façamos a nossa inscrição!"

TESTEMUNHOS DE ENCONTROS GERAIS

"0 que me impressionou foi ver que um bom número de peregrinos, tal como nós, só deram a sua adesão após bastante insistência. No entanto no decorrer dessas horas de peregrinação, sentimos a alma distender-se, e os corações abrirem-se. Era evidente que o Espirito Santo estava trabalhando. . .. Sentimo-nos loucos de alegria; como a árvore que na primavera se embriaga de seiva e que explode em rebentos, folhas, e, dentro em breve, frutos, já não podíamos guardar só para nós o amor que recebêramos". "0 encontro entre homens é sempre belo. O encontro entre crentes é sempre uma graça do Espírito . Na nossa peregrinação tivemos essa graça abundantemente. Vivemos o -25-


amor fraterno, com simplicidade, para além das nacionalidades e das línguas. Deveria ser apenas experiência cristã normal, mas visto que os cristãos já não sabem viver assim, as Equipes de Nossa Senhora são uma graça do Espírito para e redescobrir." (Testemunho de um padre italiano). "Se é cedo demais para fazer um balanço, cremos poder dar-lhes a nossa impressão global. Jl: marcada por um imen-

so sentimento de alegria:

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alegria por irmos em casal, apesar de certas reticências e de uma preparação bem superficial; alegria por termos encontrado outros casais, irradiando seu estado de alma, e que viviam a sua fé com simplicidade; alegria por ter formado , nas "equipes" verdadeiras fraternidades, apesar das nossas origens diversas, das nossas diferenças de linguagem, e por termos encontrado imediatamente um ponto comum, no mesmo encontro com o Senhor e no amor dos nossos irmãos; alegria de ter sentido concretamente a força de estar ma-cissamente juntos, para rezar, cantar e comungar; alegria e emoção por ter ouvido o Santo Padre que, até agora, nos parecia muito distante de nós e de nos sentirmos compreendidos por ele; alegria da iluminação de Assis, durante uma visita, no entanto bastante rápida e desordenada".

"Alegria delirante no Palácio dos Congressos, dificilmente traduzfvel por palavras. Todos os peregrinos se sentiam verdadeiramente filhos da Igreja e irmãos. Uma senhora dizia: "Tinha vontade de beijar toda a gente". "0 ambiente do Palácio dos Congressos onde nos sentíamos mais próximos dos casais das diferentes nações e o cântico final que foi para nós a apoteose, pelo que significou da universalidade da caridade de Cristo".

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"Foi, sem dúvida, nessa ocasião, nesse espaço aberto, evocador da Roma antiga e cristã, com o cortejo dos grupos llnguisticos (poder dos "simbolos"!) que nós sentimos, mais do que nos encontros "fechados" de S. Pedro ou S. Paulo fora-dos-muros, de maneira visível, quase palpável, a "dimensão eclesial" do Movimento. Vivido, em primeiro lugar, dentro da "eclesia" das nossas equipes de compartimento ou de casa, este sentimento encontrava ali a sua confirmação a. nível superior, num contexto mais vasto, um contexto cuja evocação, pelos 2.000 casais unidos aos 18.000 casais do Movimento, o alargava às dimensões do mundo inteiro" .

• Dá a. concórdia. e a paz a nós e a todos os habitantes da terra., como a concedeste a nossos pais, que a ti oravam na fé e na verdade, submetidos à tua omnipotência e à tua santidade.

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OS NOSSOS FILHOS

Como talvez saibam, quando o Movimento fez a primeira peregrinação a Roma, em 1959, o Santo Padre João XXIII recebeu-nos em audiência. Como podem calcular, não quisemos apresentar-nos diante dele de mãos vazias. Oferecemos-lhe dois grossos volumes e um cofre. Na primeira página desses belos volumes, encadernados em pergaminho branco, o Santo Padre podia ler o seguinte texto: "Santíssimo Padre, as carlas e as folografias que esles livros conlêm são enviadas pelos casais das Equipes de Nossa Senhora. Eles sabem que os seus filhos são do Senhor, mesmo anles de lhes perlencerem. Querem, pois, dizer-vos que acolherão alegremenle o chamamenlo de Crislo, se Ele for baler à sua poria para escolher denlre os seus filhos, padres, religiosos ou religiosas. Anles de vos dirigirem eslas carlas quiseram dizer a cada um dos seus filhos que se um dia lhes fossem confiar o apelo do Senhor, receberiam com alegria a sua vocação. Dignai-vos, Santíssimo Padre, abençoar, junlamenle com os pais, lodos os filhos das Equipes de Nossa Senhora, para que sejam bons e leais servidores da Igreja, cada um dentro da sua vocação própria". -28-


Mais de 2.000 casais responderam à sugestão da Equipe Dirigente de então pedindo para lhe serem enviadas cartas para o Santo Padre, todas do mesmo formato, acompanhadas pelas fotografias dos filhos. Sentimos realmente que os casais deviam oferecer ao Santo Padre qualquer coisa muito caracteristica da peregrinação, e que ao mesmo tempo correspondesse aos desejos do Pastor supremo. Se já leram o discurso de João XXIII às Equipes de Nossa Senhora, sabem como este gesto o sensibilizou. Repetia várias vezes ao folhear os livros: "Será a alegria dos meus olhos e do meu coração". Mas não passava de um gesto, que não pode ser apenas dos casais que faziam parte do Movimento em 1959. ~ por isSO que queremos que o conheçam e vos pedimos para meditarem em casal no que ele implica para vocês.

* * * "Na famflia, pertence aos pais encaminhar os filhos desde a infância para o conhecimento do amor de Deus a todos os homens e ensinar-lhes gradualmente, sobretudo pelo exemplo, o cuidado pelas necessidades materiais ou espirituais do próximo ... " ''Mas, sobretudo na famflia cristã enriquecida com a graça e o dever do sacramento do matrimônio, é necessário que se ensinem os filhos, desde os primeiros anos, segundo a fé recebida no batismo, a conhecer e a adorar a Deus e a amar o próximo; nela encontram a primeira experiência quer duma sociedade humana sã, quer da Igreja; finalmente, através da -29-


famflia, os filhos são pouco a pouco introduzidos na sociedade civil dos homens e no povo de Deus .. . " "Os esposos cristãos são cooperadores da graça e testemunhos da fé para eles mesmos, para os filhos e restantes familiares. Eles são para os filhos os primeiros pregadores da. fé e os primeiros educadores; com a palavra e o exemplo formam-nos para a vida cristã e apostólica; ajudam-nos com prudência a escolher a sua vocação; e favorecem com todo o cuidado a vocação sagrada, se porventura se manifesta neles"'. Vaticano II: Ap. 30; Educ. 3; Ap. 11

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ORAÇÃO PARA A PRóXIMA REUNIÃO

TEXTO DE MEDITAÇAO

(Jeremias 1, 4-10)

Vocação de Jeremias.

E foi-me dlrlg1da a palavra do Senhor nestes termos: Antes que fosses formado no ventre da tua mãe, eu te conheci; e, antes que tu saísses do seu selo te santifiquei e te estabeleci profeta entre as nações. E eu respondi: "Ah, Senhor Deus, tu bem vês que eu nem sei falar, porque sou um menino". E o Senhor disse: Não digas: "Sou um menino" pois irás a todos aqueles aos quais eu te enviar, e dirás tudo o que eu te mandar. Não os temas, porque eu estou contigo para te livrar, diz o Senhor. Em seguida o Senhor estendeu a Sua Mão e tocou-me na boca e disse-me:

Eis que ponho as minhas palavras na tua boca, eis que hoje te dou poder sobre as nações e sobre os reinos -31-


para arrancares e destruires, para arruinares e demolires e para edificares e plantares. ORAÇÃO LITúRGICA Antífona:

Eis que eu te estabeleci para luz das nações, a fim de levares a minha salvação até à última extremidade da terra. Salmo (116) : Nações, louvai todas o Senhor; Povos, glorificai-O todos, porque sobre nós foi confirmada a Sua misericórdia, e a fidelidade do Senhor permanece eternamente. Glória a Deus Pai, Todo poderoso, a Seu Filho Jesus Cristo, Nosso Senhor, ao Espirito que habita os nossos corações. Antífona: Eis que eu te estabeleci para luz das gentes, a fim de seres a salvação que Eu envio até à última extremidade da terra. ORAÇÃO DO CELEBRANTE:

Deus que nos criaste à tua imagem, por teus sacramentos e por teus mandamentos, firma os nossos passos no reto caminho e dá-nos a caridade que, pela virtude da esperança, nos fazes desejar. Por Nosso Senhor Jesus Cristo que, sendo Deus, contigo vive e reina na unidade do Espírito Santo AMll:M.

-32-


íNDICE EDITORIAL -

Cinco minutos por dia

A vocação do Apostolado ............................... .

1

3

Correção fraterna ...... ... .. .............. . . ............ .

6

Vida e oração .......................................... .

12

Dez minutos de meditação por dia ..................... .

15

A nfvel do Movimento ... .. .... ......... .. .... .... . ..... .

22

Os nossos filhos ......... .. .. ....... . . . ................. .

28

Oração para a próxima reunião ........................ .

31


EQUIPES NQTRE DAME

•9 Rue de la Glaciêre Paris XIII EQUIPES DE NOSSA SENHORA

M530 -

Rua Dr. Renato Paes de Barros, 33 - São PaUlo, SP -

Tel.: 80-·850


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