ENS - Equipes Novas 1978-7

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EQUIPES

NOVAS

CARTA No

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EQUIPES DE NOSSA SENHORA SÃO PAULO- 1978


"Olha que estou Ă porta e bato; se alguĂŠm ouvir a Minha voz e me abrir a porta, entrarei em casa dele para cear Eu com ele e ele comigo". Apocalipse, 3, 20


EDITORIAL

t

BOM PARA OS MONGES!

1: bem verdade que, durante muito tempo, só se propôs aos leigos casados que desejavam progredir na vida espiritual, a espiritualidade monástica, mais ou menos explfcita. Isto levouos a certo desprezo pelos valores temporais. O amor, a sexualidade, a arte, a ciência, o trabalho, o serviço civico, acabavam por se tornar suspeitos a seus olhos.

Há perto de trinta anos começou a esboçar-se a reação; diz-se, insistentemente, aos leigos que têm uma espiritualidade própria, procurando definir as suas linhas de força. Embora nem tudo tenha o mesmo valor nestas pesquisas, pelo menos têm surgido marcos importantes que vão balizando o caminho espiritual dos leigos. Mas eis que surgem conseqüências inesperadas e inquietantes. Já não se podem apresentar a certas pessoas o.s ensinamentos evangélicos mais indiscutíveis e mais incontestavelmente dirigidos a todo.s os discípulos de Cristo, tal como a oração, o jejum, a renúncia, a abnegação ... sem se ouvir dizer imediatamente: "Mas nós não somos monges!" ou então "Isso é bom para monges!" Ora, não existem duas santidades, dois evangelhos. Há uma só santidade, para a qual todos os filhos de Deus são convidados, e um só evangelho, luz para quem quer avançar no caminho da santidade. Só as modalidades da vida cristã é que são diferentes. -1-


Os leigos casados, longe de se situarem em oposição ao estado religioso, devem pelo contrário, voltar os olhos para ele a fim de compreenderem melhor o ideal evangélico. 1!: essa a verdadeira razão de ser da vida religiosa na Igreja: proclamar que um filho de Deus não pode viver como pagão, que tem o seu centro de interesse noutro ponto, o seu coração noutro lado : onde está o seu tesouro, ai está o seu coração. O leigo não deve estar menos retirado do mundo que o monge. Um e outro, efetivamente, já não se pertencem, mas a Cristo. Enquanto que um dá testemunho disso, afastando-se do mundo e entrando num convento, e outro exprime-o vivendo em pleno mundo, mas segundo o modo de viver de outro mundo - precisamente aquele que o evangelho ensina. Um e outro são igualmente "estrangeiros e peregrinos", na terra, não têm nela "morada permanente"; a. sua pátria não é aqui (cfr. IP, 2, 11; Hb. 13, 14).

Enquanto o leigo não o tiver compreendido, ainda não começou a seguir Cristo. Descobri que já os leigos do século IV replicavam a S. João Crisóstomo que pregava o Evangelho, que não eram monges. Mas não sabiam com quem se metiam! 1!: melhor verem como este grande pregador, "defensor do matrimônio e advogado da virgindade ", como lhe chamaram, respondia em termos vigorosos: "Se S. Paulo nos exorta não só a imitar os monges e os discípulos, mas o próprio Cristo, como se pode dizer que é uma vida demasiado elevada? lt esta a verdadeira dimensão a que se devem elevar todos os homens, e o que causa a ruina do mundo inteiro é nós pensarmos que esta atenção escrupulosa é só para os monges e que os outros podem viver na negligência. Não, nunca! Exige-se a todos a mesma sabedoria. Afirmo-o veementemente, ou melhor, não sou eu a afirmá-lo mas aquele que nos há de julgar". E mais ainda: "Quando Ele diz: vinde a Mim todos os que andais afadigados e sobrecarregados, e Eu vos aliviarei. Tornai sobre vós o meu -2-


jugo e aprende! de Mim, porque sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para as vossas almas" (Mt. 11, 28), Cristo não se dirige só aos monges mas a todo o gênero humano. Quando ordena que se siga pela v1a estreita, não fala apenas para os monges mas para todos os homens. Também para toda a gente que prescreve o ódio à própria vida neste mundo e preceitos análogos. Quando os preceitos não se dirigem a todos, Ele o diz claramente. Quer se trate da leitura das Escrituras, da oração ou da moral evangélica, não há dois pesos nem duas medidas. Eis um texto do grande pregador - com um final bastante inesperado - acentuando que a moral é só uma: "Aquele que se irrita com seu irmão, quer seja ou não secular, ofende Deus da mesma forma. Aquele que olha para uma mulher, desejando-a, seja qual for o seu estado de vida, incorre na mesma pena de adultério. Mais ainda: se há mais alguma coisa a acrescentar, refletindo bem, é que o secular, ao fazer isto, tem menos desculpa que o solitário. Na verdade, o delito não é o me&mo para quem, tendo esposa e gozando desta consolação, se deixa seduzir pela beleza duma mulher, do que para aquele que não tendo essa consolação se deixa arrastar para o mal". Noutra altura, S. João Crisóstomo mostra aos leigos que a leitura da Bíblia talvez lhes seja ainda mais necessária que aos religiosos: "0 que corrompe tudo é supordes que a leitura das divinas Escrituras só compete aos monges, quando ainda vos é mais necessária. Efetivamente, aqueles que estão no meio do perigo e que, todos os dias, recebem ferimentos têm muito mais necessidade de medicamentos do que os outros. Assim. considerar como inútil a leitura sagrada é pior que não o fazer. ll: este o conselho que Satanás nos dá". Não hesita em afirmar que levantar-se de noite para orar não convém menos aos leigos do que aos monges: "A noite não é feita para se passar toda inteira a dormir e a repousar: os artesãos, os negociantes e os comerciantes provam-no. A Igreja de Deus levanta-se a meio da noite. Levanta-te também e contempla o coro dos astros, esse silêncio profundo, -3-


essa imensa calma. Admira a providência do teu Mestre. Durante a noite a alma é mais pura, mais leve; eleva-se mais alto com maior facilidade; as próprias trevas, o grande silêncio predispõem ao arrependimento. Se contemplas o céu constelado de estrelas que parecem olhos abertos sobre nós, o pensamento do Criador penetrar-te-á duma plena alegria . . . Nada mais respeitável do que o quarto onde se fazem tais orações... Durante a noite, as palavras respiram e também a tua alma, mais do que elas, recebe o orvalho celeste. A noite refresca e faz reviver aquilo que o sol queimou durante o dia". "Como poderá o casamento ser um obstáculo, quando a mulher vos foi dada como auxiliar e não como inimiga?" replica ele àqueles que procuram desculpas falaciosas, enumerando todos os personagens bíblicos que sendo casados, foram homens de Deus. Termina esta página eloqüente com estas palavras que podemos imaginar acompanhadas de um sorriso: "Por minha conta e risco, prometo-vos a salvação, mesmo se tendes mulher". Não ireis pen•ar, esposas que me ledes, que os homens, ouvintes e discípulos do grande pregador. fossem monges fracassados ou melhor dito maridos fracassados! Leiam os conselhos do santo e estou certo que sereis as primeiras a lamentar que os vos:os maridos não tenham S. João Crisóstomo como confessor : "Nunca fales à tua mulher levianamente mas sempre com res]::eito, doçura e amor. Rodeia-a dos teus louvores e ela não sentirá necessidade de ouvir outros. Não desejará a estima de outros se gozar da tua. Prefere-a a tudo e a todos, pela beleza e pela sabedoria; tem o cuidado de a louvar e fica certo que o seu coração não se inclinará para mais ninguém; ela desdenhará tudo por ti". HENRI CAFFAREL

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OS MEIOS DE APERFEIÇOAMENTO

O RETIRO ANUAL

"Como vimos, (lS casais vêm às Equipes procurar ajuda. Nem por isso ficam dispensados de se esforçarem. :t para orientar e amparar os seus esforços que as Equipes lhes pedem t:ara fazerem todos os anos um retiro fechado de pelo menos 48 horas, marido e mulher em conjunto, sempre que t:ossível". (nos Estatutos das E.N.S.)

Os Estatutos convidam-nos - e obrigamo-nos a nós próprios quando os aceitamos - a fazer um retiro por ano. O retiro feito antes do compromisso permite já que os novos casais apreciem os benefícios desta obrigação. Obrigação fundamental : quem não a aceita não poderá permanecer nas E.N.S. Provoca por vezes, multo frequentemente, problemas de ordem prática. Mas não haverá tendência para cada um se considerar "aquele casal a quem o rearo põe problemas insolúveis"? Dois casais, com J:erspectivas multo diferentes, vão dar o seu testemunho: Uma mãe de fam!lia, de um melo modesto, com cinco filhos e em vésperas do sexto, obrigada a ficar em repouso

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durante seis meses escrevia: "Fizemos retiro no ano passadv. Neste ano parece-nos difícil de o conseguir, mas as dificuldades são só momentâneas". Um casal em que o ma.rido trabalha no sábado, escrevia na mesma altura: "não podemos ir ao retiro porque nunca temos um fim de semana livre. Não temos coragem de roubar um pouco do tempo das férias". Fiquem sabendo que as equipes do Movimento Familiar Cristão, na América do Sul, aliás muito mais maleável que as Equipes de Nossa Senhora, não admitem nenhum casal que não tenha feito um retiro. E, pense-se o que se pensar, as dificuldades são quase as mesmas para os casais de Montevidéu, Rio de Janeiro, Bruxelas, Paris, Barcelona e outros lugares ... COM DEUS, NA SOLIDAO E NO SILE:NCIO

Mas talvez a palavra "retiro" meta medo a alguns? Talvez tenham más recordações dos retiros de criança ou adolescentes? Recordação de um aborrecimento vago, de uma inação interminável, atravessada pela obsessão do pecado e do temor do inferno. . . Outros, pelo contrário, aproveitaram outrora os beneficios da solidão, do silêncio, da Palavra de Deus ali ouvida. Mas ainda não ousaram ir em casal. Interroguem então os casais que fizeram a experiência. Muitos, reticentes a princípio, voltaram entusiasmados, proclamando os benefícios recebidos. . . Para se convencerem dos beneficios e da necessidade de um retiro, a melhor maneira é fazerem um. Neste ano da entrada para as Equipes, onde o Senhor os chama a um esforço de aprofundamento e de irradiação, este "banho de graça e de amor ", como dizia um casal, é verdadeiramente indispensável. Que la vão encontrar? Antes do mais, uma renovação da intimidade com Cristo. Não só com o Cristo apresentado -6-


pelo pregador, não só com Cristo eucaríStico, diante de Quem virão rezar de dia e às vezes de noite, mas sobretudo com Cristo interior Aquele que quer falar a sós com vocês, no silêncio do recolhimento e da oração, para lhe dizer o que espera de vocês. Depois, uma renovação de intimidade entre os dois. Suspiram muitas vezes, por umas horas de repouso e tranquilidade a dois. Tê-las-ão no retiro, mas de uma maneira diferente. O clima especial de silêncio e recolhimento permitir-lhes-á que se vejam um ao outro com uma profundidade insuspeitada. E esta alegria será um "renovar" do seu amor. Finalmente o retiro será, tanto para cada um como para o casal, um olhar para a frente e um olhar para trás. Para trás, para fazer o balanço do passado, desde hâ um ano, cinco ou dez anos de casamento. Para a frente para recomeçar com uma força, uma alegria, um entusiasmo novos. Mas é evidente que. para que um retiro os toque e os renove tão profundamente. deve durar mais que umas horas ... Um retiro deve durar dois dias completos (por exemplo de sexta à noite a domingo à noite). Naturalmente que objetarão: "E os filhos?" 1!: realmente uma dificuldade mas não é insuperável; se entre equipistas não são capazes de se ajudarem neste aspecto, ficando com os filhos uns dos outros é porque não compreenderam o que é uma equipe. DOIS TESTEMUNHOS

Como foi f.Uperada a dificuldade de entregar os filhos através da ajuda mútua entre equipes: "Somos uma equipe muito silenciosa, que lê com muito interesse a Carta Mensal mas que nunca contribuiu para ela. Como conseguimos no passado mês de outubro fazer um retiro com os seis casais da equipe (dois dias e três noites

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de ausência), apesar dos 35 filhos, sentimo-nos contentes em o poder comunicar. Já há muito tempo que o nosso assistente nos exprimia o desejo de nos ver participar num retiro em equipe. Desejo esse que nos parecia irrealizável, porque os seis casais tinham trinta e cinco filhos! Basta para isto ver com que dificuldades sairíamos durante dois dias e três noites. Na primeira reunião depois das férias, aceitamos em princípio fazer um retiro e decidimos assistir a um marcado para o fim de outubro, a 35 km das nossas casas. Os membros das outras equipes do nosso bairro ofereceram-se espontaneamente para ficar com os nossos filhos. Alguns que tinham filhos suficientemente crescidos para tomar conta dos mais novos, deixaram os filhos sós, pedindo apenas a outros casais para irem todos os dias ver como iam as coisas em casa. Na véspera da partida o nosso assistente, temendo desistências de última hora, mandou a cada um uma palavrinha pedindo-nos para não ouvirmos as sugestões do "maligno" que podia arranjar-nos desculpas e afastar-nos do nosso projeto. Finalmente fomos todos fiéis ao encontro e os seis casais da nossa equipe, um dos quais levou o seu bebê, puderam aproveitar juntos os benefícios de alguns dias passados no silêncio e no recolhimento. Em outra altura teria sido uma tragédia para nós abandonar a casa e os filhos durante alguns dias. Como tudo correu bem, decidimos recomeçar no proximo ano". A DESCOBERTA DA ESPIRITUALIDADE CONJUGAL

"Fizemos o nosso primeiro retiro em casal há um ano. Um amigo tinha-nos convidado de forma insistente e também eficaz, porque conseguiu convencer-nos. Nessa altura não conhecíamos as Equipes de Nossa Senhora e não tínhamos -8-


nenhum compromisso apostólico. Depois do retiro, tornamo-nos membros de uma Equipe de Nossa Senhora! Mas sobretudo, voltamos para casa completamente modificados, podemos mesmo dizer, convertidos. As coisas a que dávamos importância já não eram as mesmas. Começava uma verdadeira transformação na nossa vida. Este retiro fez-nos também compreender que havia uma vontade nítida de Deus sobre nós e sobre o nosso lar, que devíamos procurar conhecer e seguir. Foi o primeiro contato real que tivemos com a espiritualidade conjugal. E surgiu-nos como uma revelação. Já tinhamos lido livros ou artigos sobre o casamento, mas é como se tivéssemos sido anteriormente incapazes de os compreender. Esta experiência é, antes do mais, a de um primeiro retiro e do choque benéfico que ele pode trazer. Mas as descobertas que lá fizemos estão sempre prestes a desaparecer. ~ preciso repensá-las e voltar a encontrá-las muitas vezes. Estamos certos que o retiro anual cria o clima indispensável para renovar esta tomada de consciência dos valores espirituais e tirar da[ conclusões. De onde vem esta influência na nossa vida? Deste corte que permite abstrairmo-nos das preocupações quotidianas e tomar fôlego, da reflexão em silêncio atento a Deus e em atmosfera de caridade: da atenção muito interessada pela palavra do padre ; do contacto prolongad.o com Deus na oração e no recolhimento". E o Senhor disse-lhe: "Sal e conserva-te sobre o monte diante do Senhor, porque o Senhor vai passar. E diante do Senhor correu um vento impetuos'O e forte, que rasgava os montes e quebrava os rochedos; e o Senhor não estava no vento; e depois do vento houve um terremoto; e o Senhor não estava no terremoto. E depois do terremoto, acendeu-se um fogo; o Senhor não estava no fogo; e depois do fogo ouviu-se o sopro duma branda vibração. Tendo Elias ouvido isto, cobriu o rosto com a capa, e tendo saldo, pôs-se à -9-


entrada da caverna. E eis que vem uma voz que lhe diz ... " (39 Livro dos Reis, cap. XIX, 11-13) .

•*• "0 E~pírito Santo dá a definição do retiro: "conduzi-la-ei na solidão e falarei ao seu coração". A solidão é o afastamento, llU seja o suspender das atividades normais que excitam e desequilibram a vida interior; é o silêncio, a calma, o apaziguamento, finalmente a paz, que ao envolverem o corpo, penetram na alma. São as condições necessárias para um (er se possuir, tornando-o deste modo apto a recompor-se, a examinar-se, a conhecer-se; portanto a refazer-se, a recuperar-se, a restaurar-se " .

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O RELATóRIO MENSAL

Todos os meses, num dos dias que se seguem à reunião, o vosso responsável envia ao casal de ligação um relatório a que junta um "anexo" que recapitula o esforço da equipe, referente às diversas obrigações. O VO.!'SO casal de ligação, depois de os ter estudado, responde aos responsáveis e em seguida transmite a sua resposta estes dois documentos e os vossos temas de estudo ao Casal Responsável de Setor. Pode surgir a tentação de dizer que é apenas trabalho administrativo e de contabilidade. Mas o que é a administração senão o serviço de todoo? Como definir a contabilidade, senão como o método de registro que permite conhecer o estado atual da empresa (perdão, da equipe), seguir a sua evolução e fazer a sua prospecção? Em que consiste o relatório mensal? Os vossos responsáveis expõem com toda a simplicidade e toda a amizade como se desenrolou a reunião, em que ambiente, quais foram os momentos dominantes (oração fervorosa, pôr em comum lúcido e generoso ... ) , sobre que aspectos lhe parece que a equipe fez progressos ou, pelo contrário, que dificuldades têm encontrado. Quer se trate de progressos ou de dificuldades, o vosso casal responsável tenta determinar as causas e tirar conclusões para que o aspecto positivo se possa solidificar e desenvolver, e as dificuldades sejam dominadas. O anexo é um quadro que permite sintetizar todos os meses a posição da equipe quanto às obrigações dos Estatutos. É evidente que só tem valor relativo - uma obrigação pode estar, eventualmente, com perda de vitalidade - mas se persiste essa falta de vigor é como o sinal de alarme e o vosso casal responsável, de acordo com o casal de ligação, chamará a VO.!'sa atenção para esse aspecto e procurará ajudá-los. Se tiverem o cuidado de conservar, a título pessoal, a cópia das partilhas e de as consultar todos o:s meses, tam-11-


bém funcionará, para vocês e para o casal o tal sinal de alarme sobre determinados aspectos que podem repensar durante o dever de sentar-se. As vossas descobertas, os vossos progressos vão beneficiar outros casais, através desses documentos. O relatório e o anexo são uma forma de pôr em comum e de partilhar a nfvel de Setor e de Movimento, e uma forma de fazer entreajuda mais ampla.

t: muito reconfortante verificar com que cuidado de discrição, de objetividade e de caridade, são de maneira geral redigidos os relatos mensais sem dúvida porque a maior parte dos casais invoca o Espirito Santo antes de Iniciar o trabalho. Os Casais de Ligação fazem o mesmo antes de os ler e responder, tentando ajudar a vossa equipe dentro da personalidade que lhe é própria. Sugerimo-vos que façam um pôr em comum na equipe, que pensem na melhor forma de ajudar os vossos responsáveis a preencher o anexo cada vez melhor, por exemplo, preparando a partilha por escrito. Quando os responsáveis vos parecerem cansados não deixem de lhes oferecer a vossa ajuda, a fim de lhes proporcionar tempo para realizarem este aspecto da sua regponsabilidade.

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A REUNIÃO DE BALANÇO

Antes das férias a equipe terá vantagem de fazer o balanço do ano que passou. Tal como no Dever de sentar-se, a equipe procurará olhar o passado em vista ao futuro, fazer o balanço para tomar novo impulso. Será acompanhado da eleição do R. E. que exercerá o seu cargo no retorno de férias (esta eleição pode .ser feita na reunião anterior à reunião de balanço). Eis algumas sugestões:

No que diz respeito à reunião de balanço: 1) A reunião de balanço deve realizar-se logo antes da separação das férias. 2) Será. preparada pela reflexão de cada um sobre o ano que passou e os progressos a realizar. Cada um deve considerar a sua própria participação na vida de equipe e nas E. N. S., e o caminho feito pela equipe em conjunto. 3) Faz-se uma partilha séria sobre a obrigação anual: ida ao retiro. 4) Geralmente, é nesta reunião que se escolhe o Tema para o próximo ano. 5) Aconselha-se veementemente que considerem também a orientação geral do ano, considerando os esforços realizados nesse sentido, aquisições, fraquezas . .. 6) As sugestões feitas por uns e outros para levar a um progresso na vida da equipe, devem ser cuidadosamente anotadas. Estudadas pelo casal responsável e pelo conselheiro espiritual, serão apresentadas na reunião do começo do ano, como objeto de uma resolução a tomar na renovação do compromisso. -13-


No que se refere à eleição do Casal

Re~ponsável:

1) A eleição é anual (antes das férias). 2) O mesmo casal pode ser reeleito uma e mesmo duas vezes. 3) equi~,>e

Cada um vota segundo o que pensa ser mais útil à nesse ano que irá começar.

4) O Conselheiro Espiritual não vota, mas é ele quem apura. oo votoo e dá oo re~;ultados. 5) Para ser eleito, um casal deve ter maioria. de votos. 6) Somente um motivo grave pode levar um casal a recusar a. responsabilidade da equipe .

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AS OBRIGAÇOES CONDUZEM-NOS A LIBERDADE PERFEITA

Cristo libertou-nos para "ama1mos" (Gálatas 5). "Ama e faze o que quiseres", dizia Sto. Agostinho. Certa maneira, talvez um pouco utópica, de compreender estes dados fundamentais tornou-nos um tanto alérgicos ao que se chama "OBRIGAÇOES". Eis um texto do Padre Durrwell que restitui o verdadeiro sentido do termo e que nos reconduz ao realismo. "Nós não e5tamos ainda totalmente mortos a nós próprios, nem totalmente dominados por Deus. Como a noosa submissão ainda é imperfeita, a nossa liberdade também está incompleta. Só no céu poderemos seguir apenas as leis do nooso coração, porque então o Espírito é o único sentido da nossa vida. Enquanto esperamos estamos ainda parcialmente sob o regime do Antigo Testamento, porque estamos "na carne" como o antigo povo. É necessário que a vontade de Deus nos seja também imposta exteriormente através da Igreja e das suas múltiplas instituições, a hierarquia, a legislação canônica, as legislações religiosas especiais. Todas estas instituições são provisórias, válidas apenas na nossa peregrinação terrena, enquanto dura a nossa imperfeição "até chegarem todos ao estado de homem feito, à estatura proporcionada à plenitude de Cristo" (Ef. 4, 13). Mas estas instituições do tempo da - imperfeição são também instrumentos de Deus para nos conduzir à liberdade perfeita. Sinais dos tempos ® imperfeição, são destinados a -=lá=


suprimi-la, a conduzir-nos à con.sumação final, porque nos fazem morrer para nós mesmos e submetermo-nos à vontade de Deus. A Fé é também um sinal dos tempos de imperfeição, de sofrimento e de morte, e todos os três nos fazem morrer para nós mesmos e nos introduzem na via da ressurreição. As instituições da Igreja podem ser uma cruz mas para quem se submeta a elas. esta cruz é a de Cristo, onde estão a salvação, a Vida e a nossa Ressurreição. A Igreja está estabelecida na Terra para conduzir os homen.s à consumação do último dia, sendo a sua missão imprimir neles aquele movimento que os leva além de si mesmos, à Parusia de Cristo. Fá-lo através da natureza dos seus preceitos, e apenas pelo fato de ordenar. l!: um erro estranho pensar que se progride quando se está na desobediência".

• Há dias, estava por demais aborrecido, já não sabia para onde me virar e então rezei diretamente e disse: "Apesar de tudo, obedeci". .. "Naturalmente que não tive resposta mas a partir deste momento senti-me apaziguado e livre .. . ". Os seus olhos estavam cheios de lágrimas ao dizer isto. O pintor MATISSE ao Padre COUTURIER

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TRI::S CARACTERJSTICAS DAS E. N. S.

Na Igreja, tal como na sociedade civil, qualquer associação é levada em determinada altura a exprimir a sua natureza, objetivos e métodos. Não convém fazê-lo prematuramente, para evitar moldes demasiado limitados, que poderiam vir a comprometer a evolução e adaptações necessárias mas, contudo é preciso estabelecer, logo que seja po.ssivel, essa estrutura que assegurará um desenvolvimento sem desvios e resolverá qualquer hesitação ou discussão sobre as características próprias do agrupamento. As novas instituições da Igreja são aprovadas em primeiro lugar pelo bispo do local da fundação. Depois, pela Santa Sé, se o julgar oportuno. S. E. o Cardeal Feltin aceitou ser, de certo modo, o fiador das E. N. S. Em 1960 escreveu uma carta ao Centro Diretor, que a considera da maior importância. Este documento onde estão definidas, com vigor e clareza, as caracteríSticas do nosso Movimento, merece ser lido e meditado por cada um de vós. Não se poderia definir mais claramente o nosso lugar na cristandade. "Testemunha do desenvolvimento das Equipes de Nossa Senhora em França e em todo o mundo, conhecendo o progresso espiritual dos casais que as formam, sinto-me feliz por ter oportunidade de exprimir o meu pensamento à direção do Movimento. Como Bispo do lugar da fundação e depois de ter estudado os Estatutos que me foram submetidos, tenho o prazer de declarar ao Centro Diretor do Movimento que os aprovo. São o fruto de longa experiência, que provou como uma estrutura administrativa ao mesmo tempo firme e maleável pode favorecer o aumento da caridade e a irradiação dos casais. -17-


Que todos continuem fiéis à inspiração original e às características do Movimento - espiritualidade, supranacionalidade e estrutura leiga. 1 - As Equipes de Nossa Senhora são e devem continuar a ser um movimento de formação espiritual. Foram criadas para dar a conhecer aos seus membros as exigências e a grandeza de sua vocação de batizados e ajudá-los através dos estatutos e da estrutura do Movimento, a "esforçarem-se, por atingir a perfeição da vida cristã através da sua vida conjugal e familiar", conforme as palavras do discurso de João XXIII dirigido aos mil casais do Movimento em peregrinação, no último mês de maio. As Equipes de Nossa Senhora, escolas de vida cristã, não se identüicam com os movimentos da Ação Católica nem com os movimentos familiares. Têm todo o direito de aspirar a ser um viveiro de militantes que participarão, segundo a sua própria vocação na vida da Ação Católica e nas diversas obras aprovadas pela hierarquia e que se comprometerão nas tarefas temporais com a preocupação de levar o seu testemunho de cristãos e de contribuir para a criação de uma ordem social conforme os ensinamentos da Igreja. 2 - O ideal de supranacionalidade das Equipes de Nossa Senhora é justificado pelo seu objetivo de formação espiritual. A vida espiritual não tem fronteiras e esta grande fraternidade espiritual e internacionais de casais num único movimento, implantado em mais de vinte nações, é precioso testemunho na cristandade e, ao mesmo tempo, uma grande esperança. Esta supranacionalidade exige, para não ser ilusória e para permanecer na caridade de Cristo, uma direção forte e ao mesmo tempo espírito de disciplina leal por parte dos quadros e dos membros das Equipes. Sem isso o Movimento ficaria desarmado perante a tentação que ameaça todos os agrupamentos espirituais, de procurar objetivos de ação. Ceder à tentação ~eria renegar a razão de ser das Equipes de Nou;a. Senhora.

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Há vantagens em que as responsabilidades, a todoo

o.s níveis, sejam assumidas por leigos. Está na linha da promoção do laicato, tão favorecida pela Santa Sé de há trinta anos para cá. O padre que, segundo os Estatutos, presta assistência ao Casal Responsável de Setor, tem a missão de comunicar entusiMmo e conselhos espirituais aos casais, e de assegurar a ligação com o Bispo da diocese. A Equipe Responsável Internacional do Movimento, dada a responsabilidade doutrinai e espiritual implícita às suas funções, tem como Responsável um sacerdote designado pelo Cardeal Arcebispo de Paris. Esta função foi exercida até agora pelo Rev. Pe. Caffarel, fundador das Equipes de Nossa Senhora. A aprovação que damos aos Estatutos é uma oportunidade para confirmar o Rev. Pe. Caffarel nas suas funções e para lhe transmitir a nossa inteira aprovação pelo esforço de ordem espiritual e doutrinai que imprime às Equipes de Nossa Senhora, bem como pela inteligência com que ele e o.s seus colaboradores as orientam, num espírito de abs-oluta fidelidade para com os Bispos e a Santa Sé, espírito esse nunca desmentido". Aprovação dada em Paris, em 25 de março de 1960. Assinado: Maurice Cardinal FELTIN Arcebispo de Paris

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PORQUE ESTAMOS NAS EQUIPES DE NOSSA SENHORA Tiramos da documentação dos membros das equipes para o compromisso algumas frases ca.acteristicas, em resposta à pergunta: "Por que entraram para as E. N. S.?" Uma surpresa : a ausência quase toial da preocupação apostólica. Está, com certeza, subjacente mas gostaríamos de a ver explicitada. - O desejo de me aproximar de Deus, do meu marido e de conduzir melhor os meus filhos para Deus (Warrnambool, Austrália). - Para conseguir realizar todas as boas resoluções que tomamos quando casamos (Washington, U.S.A.). - Convidados a assistir a uma reunião de equipe, ficamos impressionados ao ouvir a oração. Sentimos a presença de Deus e ficamos cativados pelo ambiente de fraternidade <Toulon, França). - Para concretizar o nosso desejo de chegar a Deus como casal; sentíamo-nos incapazes de preservar sozinhos; víamos que era ne~sário sermos amparados por outros e sustentados por organismo bem estruturado (Charleroi, Bélgica). - Para aprofundar o nosso amor mútuo e o nosso amor por Deus, e encontrar ajuda para atingir este fim (Alexandria, U.S.A.). - Porque os nossos pais faziam parte das Equipes e pareciam tão fel!zes com isto (um jovem casal francês). - Porque desejávamos aprofundar a nossa fé, como casal, e porque, através da experiência dos nossos pais, pensávamos que as E. N. S. eram um bom meio (Caen, França). - Para pôr em prática os compromissos tomados no nosso casamento, desenvolver a nossa unidade no amor de Cristo e testemunhar esse amor <Paris).

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MOVIMENTO DE ESPIRITUALIDADE Como eco à primeira parte da Carta de Sua Eminência o Cardeal Feltin, dirigida às Equipes de Nossa Senhora, o Rev. Pe. Caffarel explica o que devemos entender por "Movimento de espiritualidade". Quando lhes perguntam o que são as Equipes de Nossa Senhora, respondem sem dúvida: "Grupos de espiritualidade". Como certamente já notaram, as reações a esta definição são muito variadas. Nem sempre são de interesse ou simpatia. Por vezes esboça-se um simples sorriso, como o que se dirige a um pobre maníaco, inofensivo mas completamente inútil para os seus semelhantes quando confessa que coleciona moedas romanas, autógrafos, ou escaravelhos . .. As vezes ouvimos dizer: " Eu não sou místico. Basta-me ser um bom cristão. Estou de tal maneira sobrecarregado com as tarefas profissionais, familiares e sociais .. . que não me posso preocupar também com espiritualidade!" Por vezes chega a ser um autêntico escândalo: "Então evadir-se assim do temporal não é uma traição, quando há tantos males que exigem a dedicação de todos, quando se forma uma nova civilização que, se não for edificada conosco, será feita contra nós?" Estas reações decorrem de um grave engano. Uns, parecem identificar a espiritualidade a um passatempo, a uma arte recreativa! Os outros, embora lhe dêem alguma consideração, vêem nela apenas a ciência da oração e da virtude. Nem lhes passa pela mente que a espiritualidade possa ter alguma relação com as responsabilidades familiares, profissionais ou cívicas ... Tanto uns como os outros ignoram o que é realmente a espiritualidade. Como havemos de os esclarecer? Sem dúvida começando por explicar o que quer dizer a palavra espiritualidade. -21-


A espiritualidade é a ciência que trata da vida cristã e dos caminhos que levam ao seu pleno desenvolvimento. Ora, a vida cristã integral não é só adoração, louvor, ascese, esforço de vida interior, mas também serviço de Deus no lugar designado por Ele, na família, na profissão, na Socieáade ... Desta forma os casais que se agrupam para se iniciarem na espiritualidade, muito longe de procurarem a maneira de se evadirem do mundo, esforçam-se por aprender como hão-de a exemplo de Cristo, servir a Deus em toda a sua vida e em pleno mundo.

• Caminha no teu amor, mas não esperes que a alegria te siga passo a passo. A felicidade não é a sombra do amor. Quando o amor avança, parece por vezes dormir ou recuar. Mas quando o teu amor tiver atingido a sua finalidade, que é Deus, a alegria atingir-te-á dum só golpe e nunca mais te abandonará. Gustave THIBON

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O CONClUO FALA DO MATRIMôNIO

"COOPERADORES DA GRAÇA E TESTEMUNHAS DA

n: ...''

"Tendo o Criador de todas as coisas estabelecido A. sociedade conjugal como origem e fundamento da sociedade humana c fazendo dela, pela graça um grande sacramento em Cristo e na Igreja (Cf. Ef. 5, 32), o apostolado dos esposos e das famílias tem singular importância, tanto para a IgreJa como para a sociedade civil. Os esposos cristãos são cooperadores da graça e testemunhas da fé um para o outro, para os filhos e para os restantes familiares. Eles são para os filhos os primeiros pregadores e educadores da fé; com a palavra e o exemplo formam-nos na vida cristã e apostólica; ajudam-nos com prudência a escolher a sua vocação; e favorecem com todo o cuidado a vocação sagrada, se porventura se manifesta neles. "A PARTE MAIS IMPORTANTE DO SEU APOSTOLADO ... "

Sempre foi dever dos cônjuges, mas hoje é a parte mais importante do seu apostolado: manifestar e provar com a sua vida a indissolubilidade e a santidade do vinculo matrimonial; afirmar abertamente o direito e o dever próprio dos pais e tutores de educar cristãmente a prole; e defender a dignidade e a legítima autonomia da família ... ORAÇÃO, HOSPITALIDADE A SERVIÇO DOS ffiMAOS ...

A família recebeu de Deus a missão de ser a célula primeira e vital da sociedade. Cumprirá e.sta missão. se, pela -23-


mútua piedade dos membros e pela oração dirigida a Deus em comum, se mostrar como santuário fam111ar da Igreja; se toda a familla participar no culto litúrgico da Igreja; e, finalmente se a famflia praticar hospitalidade solicita e promover a justiça e outras boas obras, para serviço de todos os irmãos que sofram necessidades. Entre as várias obras de apostolado fam111ar, podem enumerar-se as seguintes: adotar crianças abandonadas, acolher com benevolência os estrangeiros, prestar serviços nas escolas, assistir os adolescentes com conselhos e meios econômicos, ajudar os noivos a prepararem-se melhor para o matrimônio, colaborar na catequese, amparar os esposos e fam!lias que se encontrem em dificuldade material ou moral e proporcionar aos velhos não só o indispensável. mas procurar-lhes também os justos frutos do progresso econômico". (Decreto sobre o Apostolado dos Leigos, n9 11)

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O TESTEMUNHO DA VOSSA PALAVRA ... Precisamente porque podemos ser privilegiados mas não queremos ser avaros devemos ter a preocupação de transmitir o que recebemos (tanto na nossa oração silenciosa e durante um retiro, como nas nossas reuniões de equipe e nas leituras da Palavra de Deus). Eis o que dizia o Cônego Caffarel aos peregrinos de Roma em 1970 começando por evocar a nossa missão junto aos filhos e referindo-se, em seguida, aos que nos rodeiam: I'

O TESTEMUNHO DA PALAVRA

Muitas vezes ouço dizer: Falar de Deus não será traí-Lo? Palavras, imagens e conceitos são sempre inadequados. ~ verdade! E os muçulmanos têm razão ao ensinarem que o centésimo nome de Deus. o seu verdadeiro nome, é des'COnhecido, indizível (sendo os outros noventa e nove simples aproximações) . O bispo anglicano John Robinson ainda há pouco tempo escrevia, nesse mesmo sentido : "Quando falamos de Deus, todas as no •as palavras são destinadas a passar ao lado". Santo Agostinho pensava o mesmo, mas logo retificava : "O que poderá dizer aquele que fala de Ti? E no entanto, ai daqueles que se calam de Ti". Doze séculns mats tarde Bossuet com o seu vigorrn:o bom senso interpelava os seus ouvintes: "Se para falar de Deus esperais ter encontrado palavras que Lhe sejam dignas, jamais falareis Dele". O problema que se apresenta não é, po,.tanto, se devemns falar de Deus. Mas antes: como fa'ar Dele, sem O trair? Não O trair, em primeiro lugar, junto dos vossos filhos. Eis a resposta que vos proponho: seeundo a expressão bíblica, o no.~ so Deus é um "Deus escondido", incogno•cível, mas que se revelou no homem-Jesus, que se deu a conhecer como sendo o amor, amor dos homens sem dúvida, mas antes de tudo amor na sua vida íntima, trinitária, e que está presente no -25-


coração das suas criaturas. Vou interpretar rapidamente esta resposta. O nosso Deus é um Deus escondido, incognoscível, que nenhuma imagem e conceito pode conter; mas esta convicção, longe de afastar o crente de Deus, aproxima-o Dele, suscita a sua adoração: verifiquei isso com crianças diversas vezes. São Tomás de Aquino pronunciou palavras fortes a este respeito: "No termo do nosso conhecimento conhecemos a Deus como a um desconhecido; e é para o nosso espírito uma maneira muito perfeita de penetrar no conhecimento de Deus reconhecer que a essência divina está acima de tudo o que neste mundo a inteligência pode apreender". ll: fazer pressentir a grandeza única de Deus, dizê-lo acima de toda a linguagem. E, no entanto, Deus para se dar a conhecer correu o risco da linguagem. Dessa linguagem infinitamente mais explícita e eloqüente do que qualquer outra: a encarnação do seu Verbo. Para ~ aproximar de nós sem nos chocar, para nos familiarizar com Ele, revelou-nos a sua glória através de uma fisionomia e de um sorriso de homem; comunicou-nos o fogo devorador de Sua santidade, mas por meio de um coração de homem. Neste Jesus-Cristo Deus revela o seu amor: "Deus amou tanto os homens, que lhes deu o seu Filho único" (J. 3, 16). Amor é sem dúvida o conceito e a palavra menos impróprios para nos dar a conhecer o que ele é em relação a nós. Mas esta palavra "amor", terrivelmente deturpada, acaba por se tornar ambígua. Importa, por isso, ter o cuidado de lhe precisar bem o sentido. Não será a vós esposos, que compete revelar através da vossa vida, o menos imperfeitamente possível, o seu significado? Sem dúvida, graças ao amor do homem e da mulher, os homens deveriam ser postos na direção do mistério inacessível. ll: ainda a vós, marido e mulher, que compete deixar enr.r~­ ver pela vossa união o mistério de Deus Trindade. Com efeito o nosso Deus não é esse triste e impassível "celibatário dos mundos" de que falava René de Chateaubriand, mas um sol

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reanimador, uma comunidade de três pessoas que se amam. AqUi ainda, é preciso apressarmo-nos em ultrapassar as Idéias e as palavras, para alcançar as realidades que representam. E a oração silenciosa é finalmente a melhor via de acesso ao mistério trinitário. Enfim, ainda não se disse aos homens aquilo que sem dúvida mais lhes importa, enquanto não se lhes ensinou que o nosso Deus não é um Deus-ausente, um Deus-do-além, mas sim, um Deus muito próximo, presente no coração de toda criatura. Por o ignorar, Santo Ago.stinho tarde se converteu. Ele mesmo confessa: "Tarde Te ame!! Mas quê! Tu estavas dentro de mim e eu estava fora de mim mesmo! Era no exterior que eu Te procurava, perseguindo as criaturas. Tu estavas comigo e eu não estava Contigo" <Confissões, Livro X). Deus está dentro de nós, chama-nos, espera-nos. Trabalha para nos divinizar: "Meu Pai e Eu atuamos sem cessar" (J. 5, 17).

Eis o Deus que, a meu ver, deveis revelar - antes de tudo aos vossos filhos - através da vossa vida e das vossas palavras. Se acreditardes verdadeiramente neste Deus, o testemunho da palavra será espontâneo. Não consistirá, aliás, tanto em discutir e argumentar - nem todos têm capacidade para isso e, de resto, Deus não se encontra no termo de uma discussão - mas simplesmente dizer o que Deus representa para vós, o lugar que ocupa na vossa vida.

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DISCURSO DE PAULO VI AS EQUIPES DE NOSSA SENHORA

Para fundamentar os nossos trabalhos de pesquisa. e reflexão sobre o amor conjugal é nece: sário ler e estudar o Discurso de Paulo VI às E.N.S. (edição apresentada. e comentada pelo Cônego Ca.ffa.rel: "Sexualidade, casamento, amor; discurso de Paulo VI", no Secretariado das E.N.S.). Todo o resto é apenas conseqüência e comentário, explicação ... mesmo tendo sido publicado anteriormente. Nenhum casal que entre para. as E.N.S. poderá desconhecer este discur! o que, proferido dois anos depois da. "Humana.e Vitae", se dirige, para além dos membros das E.N.S., a todGs os casais cristãos.

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ORAÇÃO PARA A PRóXIMA REUNIÃO

TEXTO DE MEDITAÇAO

"Disse ainda o Senhor-Deus: "Não convém que o Homem fique na sua solidão: far-lhe-ei uma auxiliar que lhe seja semelhante .. ." E o Senhor-Deus fez a mulher, e apresentou-a ao homem. E disse Adão: "Agora sim, eis o osso dos meus ossos e a carne da minha carne, e será chamada mulher, porque foi tomada do homem". Por isso o homem deixará pai e mãe e unir-se-á à sua esposa e farão os dois uma só carne. (Gênesls 2:18, 22-24) "Não separe, pois, o homem o que Deus uniu". (Mateus, 19 :6)

ORAÇAO LITúRGICA

Tiramos de "Orações para o Tempo Presente" estes pedidos de intercessão, indicados para a festa da Sagrada Famflia. Adoremos o Verbo eterno que quis ser filho duma famflia humana e digamos-Lhe: Conserva-nos, Senhor, no Teu amor. -29-


- Tu amaste os teus pais e eles se amaram eternamente; guarda todas as famílias na paz e no amor. Conserva-nos, Senhor, no Teu amor. - Tu estavas atento às coisas do Pai celeste; que Ele seja adorado em todas nossas famflias. Conserva-nos, Senhor, no Teu amor. - Tu quiseste que os Teus pais Te procurassem quando ficaste no Templo: ensina-nos a procurar o Reino de Deus em primeiro lugar. Conserva-nos, Senhor, no Teu amor. -

Jesus, verbo eterno do Pai. Tu que foste submisso a Maria e a José, ensina-nos a humildade. Conserva-nos, Senhor, no Teu amor.

- Tu, nosso Mestre de quem Maria conservava no coração os gestos e palavras, ensina-nos a escutar e a guardar a Tua Palavra num coração puro e bom. Conserva-nos, Senhor, no Teu amor. Como conclusão - dita pelo Conselheiro Espiritual - eis uma oração da liturgia do noivado, tirada do ritual dos nossos irmãos orientais captas (Ed. Chevetogne - Le mariage dans les églises d'Orient) : "Nós vos damos graças, Senhor Deus, dominador de todas as coisas, que existis antes dos séculos; senhor do universo, que pela Vossa Palavra ornastes os céus, que criastes a terra e tudo o que ela encerra, que reunistes os elementos dispersos e criastes os dois homem e mulher, para que sejam um só. Senhor nosso, nós vos suplicamos tornai os vossos serviços dignos do sinal e simbolo espiritual contido na Vossa Palavra através -30-


deste laço do noivado; que o amor sem falha que virão a ter um pelo outro seja o fundamento e a segurança da sua união. Edificai-os sobre o alicerce da Vossa Santa Igreja, para que ambos caminhem juntos em harmonia e união, iniciadas pela palavra que agora trocaram entre si. Porque Vós sois, Vós próp·rio, esse laço de amor e a norma que regulará a sua união; que segundo a Voosa Palavra sejam um só na união das suas duas pessoas; que eles realizem, Senhor, o preceito do amor que o vosso Filho Jesus Cristo, nosso Senhor, levou à perfeição total. 'Com Ele e com o Espírito Santo, sede bendito agora e sempre. Amém".

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Composto e impresso na EDITORAS UNIDAS LTDA.

Rua Bueno de Andrade, 218 -São Paulo-


EQUIPES DE l\OSSA SENHORA Movimento de casais por uma espiritualidade conjugal e familiar

Revisão, Publicação e Distribuição pela Secretaria das EQUIPES DE NOSSA SENHORA ~105 0

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Rua. João Adolfo, 118 - 99 - conj. 901 SAO PAULO, SP

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son:ente para distribu1ção interna. -

Te!.: 36-6177


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