ESCOLA PORTUGUESA DE MOÇAMBIQUE
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CENTRO DE ENSINO E LÍNGUA PORTUGUESA
10 contos ANO VI
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NÚMERO 46
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MAIO 2007
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JORNAL MENSAL
Dia de África
IV SIMPOSIUM INTERNACIONAL Língua Portuguesa, Diálogo entre Culturas
Contactos entre escolas vizinhas
DESTAQUES III Olimpíadas de Português 2 Provas de Aferição 3 Visita à Casa Museu de José Craveirinha 4 Contactos com escolas vizinhas 5 Semana da Criança 7 IV Simposium 9 Dia de África 11 A Nossa Gente 14 Psicologando 17 Descobrir um país... Portugal 21
EDITORIAL O mês de Maio, que antecede o encerramento do ano lectivo, é, na nossa Escola, habitualmente um mês de grande profusão de actividades, tanto internas como de contacto com o exterior. Num momento em que, a nível pedagógico, se divulgam os trabalhos efectuados pelas áreas disciplinares, ocorre o grande encontro internacional de Língua Portuguesa: Diálogo entre Culturas que, este ano, já vai na sua quarta edição. É um momento em que os alunos têm oportunidade de ouvir e contactar com pensadores e homens de letras que, pela sua vida dedicada ao estudo e à investigação, são exemplos de perseverança e modelos de cidadania. Também os nossos quadros são instigados a partilhar os seus saberes e as suas reflexões pedagógicas, promoven-do, como objectivo maior, o diálogo entre culturas. Para além disso, é tempo da EPM-CELP cimentar as suas pontes com outras instituições, tanto portuguesas como moçambicanas. Este contacto com o outro permite fortalecer a nossa identidade e delinear novos projectos para o futuro. No Simposium, a Língua Portuguesa é, não só o pretexto, mas o fim último, que junta nesta casa pessoas oriundas de vários ramos, de várias paragens e com vivências plurais e diversas. E porque esta é uma Escola de portas abertas à escuta, à partilha, à mudança e mosaico onde confluem várias culturas e identidades, não pode deixar de reflectir o contexto em que se encontra inserida. Neste âmbito, as comemorações do dia de África vieram dar viva voz a todos os que nestas paragens nasceram ou simplesmente vivem. As actividades levadas a cabo por esta instituição de ensino, neste mês, mais não são do que um espelho do nosso compromisso com a formação de cidadãos, cada vez mais conscientes da riqueza que advém do conhecimento da sua identidade, e do respeito pelo outro.
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Ofertas à Biblioteca…
Assim, os alunos ficaram a conhecer as principais pragas, os factores que intervêm na sua incidência, as suas consequências na rentabilidade da produção e possíveis formas de tratamento. O estudo das pragas (entomologia) é um ramo da agronomia que contribui para melhorar os níveis de produção, ajudando a minorar as carências alimentares de que cantos países sofrem. MN
A Biblioteca Poeta José Craveirinha congratula-se com o enriquecimento do seu acervo livresco, graças às generosas ofertas de que foi alvo nos últimos meses. Nestas inscrevem-se as obras enviadas pelas Autarquias do Porto, de Loulé, de Faro, de Vouzela, de Viseu, da Marinha Grande, de Lafões e de Castanheira de Pêra, na sequência de um pedido da Biblioteca, que muito enriquecerão o nosso conhecimento sobre o património histórico, arquitectónico, urbanístico, paisagístico e cultural das mesmas. É de realçar, neste universo de ofertas, o contributo, de elevada monta, das Edições Caixotim, que conta com centenas de obras de literatura portuguesa, de estudos literários e de arte. EP
Visita de Estudo à Faculdade de Agronomia No dia 25 de Maio de 2007, a turma A do 12º Ano efectuou uma visita de Estudo à Faculdade de Agronomia, no âmbito da disciplina de Biologia, integrada na Unidade didáctica relativa à Produtividade Alimentar e Sustentabilidade. Os alunos tiveram oportunidade de assistir a uma palestra relativa ao tema do controlo de pragas e de participar numa visita guiada ao laboratório, onde puderam observar insectos que constituem as pragas de algumas culturas em Moçambique.
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Chegaram ao Fim... As III Olimpíadas de Português da EPM-CELP Na semana de 7 a 11 de Maio teve lugar a grande final das III Olimpíadas de Português, com a participarão dos vinte e quatro finalistas correspondentes aos quatro ciclos (seis alunos por ciclo), tendo por objectivo motivar os alunos para o domínio do funcionamento da língua, ou seja, para o uso correcto das regras gramaticais. Os alunos vencedores foram os seguintes: 1º Ciclo: Lea Arone, 4ºD; Iva Gonçalves, 4ºB; Jessica Camejo, 4ºD; 2º Ciclo: Mateus Lima, 5ºC; Rita Gomes, 5ªC; Patrícia Santos, 6º; 3º Ciclo: Maria Guadalupe Gomes, 7ºA; Vânia Ferreira, 8ºA; Mónica Amorim, 9ºB; Secundário: Prital Maganlal, 10ºB; João Figueira, 12ºA; Nair Noronha, 12ºA. Os prémios foram distribuídos na cerimónia oficial das comemorações do dia 10 de Junho, Dia de Portugal, de Camões e das
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Comunidades Portuguesas, tendo sido atribuído, em cada ciclo de escolaridade, um cheque-brinde e um certificado de participação, aos primeiros três classificados. Ao longo das três fases da competição, participaram 667 alunos (213 alunos do 1º ciclo, 153 alunos do 2º ciclo, 181 alunos do 3º ciclo e 120 alunos do ensino secundário), deixando, mais uma vez, bem presente o desejo e o gosto de perservar e desenvolver a língua de Camões. A EPM – CELP agradece a participação empenhada de todos os alunos neste evento. AB
Estas provas visam efectuar um diagnóstico do sistema de ensino como um todo, contribuindo para a avaliação do modo como as competências essenciais de cada ciclo estão a ser alcançadas. A análise dos resultados deve suscitar, em cada escola, momentos de reflexão que permitam avaliar os elementos estruturantes do sistema de ensino, designadamente programas, manuais escolares, estratégias e metodologias de ensino.
interesse que manifestaram durante a leitura das instruções, próprio de quem tem a intenção de as cumprir escrupulosamente. Tudo decorreu com a normalidade desejável, não obstante a nossa Escola ter continuado com as aulas e actividades já anteriormente programadas, o que exigiu da parte dos funcionários e dos professores uma atenção redobrada, para que fosse garantido o silêncio e a ordem imprescindível a estes momentos de trabalho. Esta “prova” foi ganha, pois encarada também como uma
Provas de Aferição na EPM-CELP Nos dias 21 e 24 de Maio, tal como aconteceu por todas as escolas portuguesas, os nossos alunos, dos 4º e 6º anos dos 1º e 2º Ciclos do Ensino Básico, realizaram provas de aferição às disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática.
Apesar de estarem devidamente informados de que os resultados destas provas não teriam qualquer efeito no seu processo avaliativo, os mais pequenitos não deixaram de evidenciar algum nervoso miudinho, o que parece compreensível, dado que pela primeira vez estavam a realizar uma prova de “avaliação” e, ainda por cima, na presença de dois professores, sempre vigilantes e atentos. De salientar que o comportamento dos nossos alunos esteve completamente à altura da “solenidade” do momento, traduzido no empenhamento e dedicação com que resolveram a sua prova, não esquecendo também o
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experiência para futuras provas académicas, permitiu vencer medos e receios, perfeitamente justificados, de quem desconhece exactamente o que se vai passar, especialmente ao nível dos procedimentos. Agora que o ano lectivo se aproxima a passos largos do fim, só nos resta esperar pelos resultados dos seus desempenhos, nas “letras”, nos “números” e, claro, nas artes … Para os nossos alunos, estreantes neste processo de “avaliação diagnóstica”, aqui ficam os nossos agradecimentos pela colaboração prestada. GP
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Corrida solidária para com Moçambique
Visita à Casa-Museu do Poeta José Craveirinha
poeta vivera, os presentes tiveram o privilégio de participar numa palestra sobre a vida e obra do poeta, moderada pelos
A Escola Secundária Daniel Sampaio, no concelho de Almada, realizou no passado dia 8 de Março, Dia Internacional da Mulher e dia desta escola, uma “corrida solidária” com o fim de recolher fundos para apoiar os Médicos do Mundo nas suas actividades de solidariedade em Moçambique. Este projecto assenta num conceito simples: cada aluno solicita a familiares, amigos e conhecidos um patrocínio de participação na corrida, tendo como objectivo obter meios para a construção de centros de acolhimento e apoio educacional e psicossocial para crianças órfãs e em situação de vulnerabilidade entre os 2 e os 5 anos de idade, dalguns bairros da cidade da Namaacha. Moçambique foi o país escolhido por esta escola, devido à gravidade da situação sanitária, sobretudo derivada às altas taxas de incidência do HIV/SIDA, o que justifica que esta ONG tenha desenvolvido vários projectos no sentido de apoiar as estruturas de saúde locais. Todos na escola se juntaram em torno de uma causa comum: a solidariedade. Como eles dizem no jornal da escola, que gentilmente nos enviaram e em que dão conta desta realização, “atravessámos as fronteiras do nosso Concelho, do nosso País e tornámo-nos parceiros de todos os que lutam pelo direito à educação, à saúde e à condição humana…” Bem hajam por esta iniciativa que seguramente contribuirá para a formação de cidadãos mais conscientes e solidários! TN
No dia 28 de Maio, a EPM– CELP foi convidada a participar nas comemorações do 85º aniversário do poeta moçambicano José Craveirinha, falecido no ano de 2003, tendose deslocado àquela que foi a sua residência, agora transformada em Museu, onde
estão expostas as suas obras e onde se pode “ler” em cada parede, móvel e objecto um pouco daquilo que foi a vida e obra deste poeta, patrono da nossa Biblioteca. A Escola fezse representar no acto pelos alunos da turma do 12º ano de escolaridade, pelos professores Ana Castanheira, Armindo Bernardo, Nuno Domingues, Olga Pires e pela Presidente do Conselho Directivo, Doutora Albina Silva. Após uma visita guiada aos compartimentos onde outrora o
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professores Nataniel Ngomane, Luís Cezerilo e Calane da Silva, tendo os alunos dirigido algumas perguntas pertinentes aos palestrantes e abandonado o local mais informados em relação ao que é a escrita e a literatura, e à sua importância na transmissão das emoções e dos sentimentos que cada um guarda dentro de si. Seguidamente, os presentes dirigiram-se à Praça dos Heróis onde, em conjunto com amigos e familiares do poeta, procedeu-se à deposição de flores em sua memória. AB
A A EPM-CELP EPM-CELP EM EM FOCO FOCO Contactos entre Escolas Vizinhas... No âmbito das relações de boa vizinhança existentes entre a EPM-CELP e a Escola Francesa de Maputo, no dia 24, a nossa Escola teve a honra de receber uma prestigiada delegação do Ministério dos Negócios Estrangeiros Francês, que vinha numa visita de cortesia e de reconhecimento da Escola Portuguesa. Da comitiva, faziam parte Maryse Bossière, Directora da Agência do Ensino de Francês no Estrangeiro, Olivier Perrais, Presidente da Associação de Pais da Escola Francesa, Gilles Lainé, Conselheiro Cultural da Embaixada Francesa, Mathieu Gerdon Mollard, Adido Cultural, e Martine Calonge Simon, Directora da Escola Francesa. Uma comissão de boas-vindas, encabeçada pela Presidente do Conselho Directivo, fez as honras da casa, recebendo os visitantes à porta, neste caso, no portão de entrada dos alunos, que fica paredes-meias com a Escola Francesa. Iniciou-se então um breve percurso pelos espaços que mais nos identificam e orgulham, com a presença dos professores da Área Disciplinar de Francês, ajudando a ultrapassar a barreira da língua. Passaram pela parte da frente da Escola e dirigiram-se ao Auditório Carlos Paredes, onde foram acolhidos pelo Coro da EPM-CELP e as suas canções. Contornaram, depois, o Pátio das Buganvílias e dirigiram-se à Biblioteca José Craveirinha, onde os alunos do 8º ano os receberam com poemas de Jacques Prévert. Em seguida, e porque o tempo escasseava, o grupo terminou a sua visita na sala de reuniões, onde foram acolhidos com um bom café e uns portugueses pastéis de nata. À saída, aproveitaram para visitar, também, algumas das nossas salas de aula e o florido Pátio das Laranjeiras. Os convidados partiram maravilhados com o que viram e ouviram, e não quiseram deixar de retribuir o convite para que a Direcção da EPM-CELP visitasse também a “casa” deles. E foi assim que a Dra. Albina aceitou o convite, dirigindo-se, juntamente com a Vogal de Direcção, Dra. Dina Mira, e com o Coordenador da Área Disciplinar de Francês, Professor Arsénio Sitoe, às instalações da Escola Francesa, para a inauguração do campo de jogos dessa instituição. A Directora da Agência de Ensino do Francês no Estrangeiro, Mme Maryse Bossière, manifestou a sua satisfação e agrado pelo que acabara de observar, desejando a continuação do bom trabalho e do excelente aproveitamento das instalações da EPMCELP. Nas suas palavras, «chaleureuse et accueillante, la visite a permis d’identifier de nouveaux besoins permettant de renforcer la collaboration et les échanges entre les deux AS /EM établissements.»
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MATEMATICANDO Problema para o 2º Ciclo
Problema do Mês de Maio Problema para o Ensino Secundário
Problema para o 3º Ciclo
Vencedores do Problema do mês de Abril
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Matematicando notícias curtas Pmate em Aveiro
Realizaram-se, nos dias 4 e 5 de Maio, em Aveiro, as competições nacionais do PMate, nas quais a nossa Escola esteve representada por três equipas. Destas, fizeram parte os alunos Prital Majualal e Renato Azevedo (10º ano); Yara Loio e Vinicha Jovam (9º ano) e Vânia Ferreira e Cristiana Dias (8º ano). A equipa do 10º ano, concorrente à competição Mat12, classificou-se em 3º lugar, de um total de 254 equipas, e a do 9º ano em 13º lugar, entre 816 equipas.
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APELO
à solidariedade social O Projecto NESOM – Núcleo de Educação Social, Organização Não Governamental, comemorou a Semana Internacional da Criança, entre os dias 30 de Maio e 1 de Junho de 2007. Esta actividade teve com principal objectivo a mobilização de recursos para apoio de crianças desfavorecidas e da criança orfã, entre outros objectivos de carácter social, tendo como população alvo os residentes no Bairro Polana Caniço B, bairro envolvente da nossa Escola. A NESOM apelou à solidariedade da comunidade escolar da EPMCELP: alunos, encarregados de educação, professores e funcionários, através da doação de produtos alimentares, recolha de roupa infantil e desportiva, brinquedos e livros novos ou usados que foram distribuídos por aquela organização a 10 famílias mais carenciadas.
dores que trauteavam, cantou “Os meninos do Huambo”. Depois, foi a vez da Tuninha actuar, brindandonos com dois temas do seu repertório: “Hina Hina”, “Mamana Rosita” e “Eu vi, eu vi”. Em seguida, a Dra. Dina abriu solenemente a exposição, cortando simbolicamente as fitas que rodeavam o recinto onde se concentravam os trabalhos, muito aplaudida pelos jovens presentes.
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Abertura da Semana da Criança
A professora acompanhante, Isabel Loio, salientou o comportamento exemplar de todos os alunos ao longo da viagem e estadia em Portugal. IL
Na presença de toda a miudagem que se concentrava, expectante, no Pátio das Laranjeiras, foi oficialmente inaugurada, às 9.15 horas do dia 29, pela Vogal da Direcção, Dra. Dina Mira, a exposição de trabalhos realizados pelos meninos do PréEscolar e do 1º Ciclo, ao longo deste ano lectivo. A sessão abriu com a actuação do Coro da EPM-CELP que, com alegria e bem acompanhado pelas dezenas de pequenos especta-
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E eram dezenas de desenhos, pinturas e artefactos que, expostos em cavaletes e biombos, enfeitavam o Pátio das Laranjeiras, já de si tão colorido. EM
IV SIMPOSIUM INTERNACIONAL DA EPM-CELP Lusofonia
PROGRAMA - 2º DIA
não se deverá pensar a lusofonia apenas no âmbito dos países em que o Português é língua materna ou oficial. Por outro lado, a lusofonia não deve ser confundida com outros conceitos que com ela concorrem, como a lusotopia (conceito que visa uma valorização dos lugares onde se fala português), a Lusofilia (conceito que põe a tónica sobre o amor pelas coisas portuguesas, afastando-se da lusofonia que procura valorizar a língua nos seus contextos plurais e não apenas no seu berço, pondo, também, em relevo as culturas que a acolhem ), a Lusografia (conceito pertinente pela valorização da escrita, mas pouco abrangente já que deixa de parte a língua falada). Independentemente de todas as dissonâncias em torno da lusofonia, a verdade é que o português é uma língua viva, a sexta mais falada no globo, sendo a geografia em que se inscreve o espelho da sua universalidade. Uma língua que chama a si o colorido dos quatro cantos do mundo, revelando-se em tantas e diferentes roupagens, carece de uma atenção cada vez maior, pelo que todas as acções implementadas no sentido da sua promoção são ainda poucas. EP
PROGRAMA - 3º DIA
O conceito de Lusofonia surge, geralmente, associado aos países cuja língua materna ou oficial é o Português, falamos naturalmente de Portugal, do Brasil, de Angola, de Cabo Verde, da Guiné-Bissau, de Moçambique, de S.Tomé e Príncipe e de Timor Leste. Este conceito tem sido alvo de inúmeras controvérsias que se prendem com a politização deste termo que é, frequentemente, associado a uma tentativa neocolonial de perpetuar um momento histórico ultrapassado. É uma visão legítima, se pensarmos nas vivências que a ela conduzem, mas redutora, porque impede um olhar sobre o essencial: o uso da língua portuguesa num espaço obrigatoriamente multicultural. Impõe-se, pois, uma observação rigorosa acerca da origem etimológica desta palavra, com vista a uma clarificação do seu significado. Ora, a palavra lusofonia é composta por dois elementos, o primeiro Luso, equivale a lusitano ou lusitânia, isto é, a português, enquanto o segundo fonia, equivale a fala, língua, vindo do vocábulo grego foneo que significa falar. Quer isto dizer que, ao falarmos de lusofonia, estamos a focar o conjunto de falantes que usam este código linguístico para estabelecerem um acto comunicativo, pelo que
PROGRAMA - 1º DIA
considerações em torno de um conceito
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IV SIMPOSIUM INTERNACIONAL DA EPM-CELP Para lá de todas as fronteiras uma singela homenagem a Eugénio Lisboa Chegou-nos com a voz, a presença, o halo de quem diz “confesso que vivi”, confesso que vivo, aqui, neste Universo, no seu todo, indissociável em categorias e onde tu não te distingues dele. Chegou-nos a voz, a presença de Eugénio Lisboa, Homem de cultura científica e humanista fundidas, só Homem e Homem só, no Cosmos de que faz parte. Voz da condição humana, da tragédia humana, da antevisão da morte, individual e universal. Voz que se alça para além das fronteiras que os homens traçaram, homem de raízes profundas no saber universal, de Shakespeare a Newton e na perplexidade de Nils Bohr, de mãos manchadas no sangue de Hiroshima. De Los Álamos, também, viu erguer-se o gigantesco cogumelo que paira sobre a cabeça da Humanidade, nivelados todos que estaremos pelo Nada, “Néant”. O caminho da entropia é o que o Homem decidir, destruindo-se ao destruir o Mundo, anulando até a memória de ter sido. Cogumelo do eterno esquecimento alisando a História, depois de Hiroshima nunca mais seremos os mesmos e urge que a consciência vigie os cadinhos da ciência, sob pena do inverno se perpetuar : “Um frio estelar rouba à glória a memória./ Ao mais e ao menos uma fria brisa alisa. / Arrefecido o homem, já da sua história / fica só nada, que o fluir do tempo pisa. / Do que fomos, nem de nos termos esquecido / traço fica. / Inocente, o tempo, liso, flui, / nem sabendo que não sabe. O já ter sido / é nem ter chegado a ser: o passado alui./ Eterno, sem lembrança, o frio acontecido” . Profética voz que nos ecoa dos anos da peste, gravando na topografia desta cidade uma outra que já não existe, a de Alberto Lacerda, a que consumiu Reinaldo Ferreira, a de folhearmos o livro de água de Glória de Sant’Ana, a de dividirmos as noites com Sebastião
insinuante que retorna devagar,/ ao palato amargo,/ à boca ardida,/ à crista do tempo,/ ao meio da vida” (Rui Knopfli). A meio do caminho da vida a nostalgia da infância, retorna, amiúdes vezes à lembrança um lugar mítico que já não há “«Gostaria tanto de acreditar num além onde pudesse voltar a encontrar a minha casa, o meu quarto, o Nero e a estantezinha de prateleiras mínimas onde cabiam à justa, as novelas Inquérito que eu lia como quem descobre! Porque não há uma máquina do tempo que me permita voltar à Mendonça Barreto e encontrar ali, pela primeira vez, a Senhora de Rênal a perguntarme, com uma doçura que me trespassou: «Que voulez-vous ici, mon enfant?». Quem sabe aquele canto da memória de Eugénio Lisboa permaneça imutável nalgum lugar?
Alba, a dos olhos deslumbrados de Fernando Couto, a de Fonseca Amaral, a de bebermos uma ou duas laurentinas com Grabato Dias. Poeta entre os poetas de Moçambique, poetas de Portugal, poetas do Mundo, que urge resgatar, assim que se entender que a poesia é como comermos mangas verdes com sal, dispensa ideologia e convém saborear cada palavra “de sabor longínquo,/ sabor acre,/ da infância a canivete repartida/no largo semicírculo da amizade,/ sabor
Niels Bohr: cientista que fugindo da perseguição nazi se instala nos EUA, onde fará parte da equipa que prepara a bomba atómica Los Álamos – central nuclear de onde partiu a destruição de Hiroshima e Nagasaki no fim da segunda guerra mundial Alberto Lacerda, Reinaldo Ferreira, Eugénio Lisboa, Rui Knopfli, Sebastião Alba, Fernando Couto, Glória de Sant’Anna, Grabato Dias pertencem a uma geração de poetas de Moçambique que, por razões ligadas à descolonização, não têm sido objecto da atenção que as suas obras literárias merecem, quer em Moçambique, quer em Portugal. Bibliografia consultada: Teresa Martins Marques, Eugénio Lisboa, um princípe das duas culturas. TN
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IV SIMPOSIUM INTERNACIONAL DA EPM-CELP CONCLUSÕES DO IV SIMPOSIUM A Escola Portuguesa de Moçambique organizou, entre os dias 7 e 9 de Maio de 2007, o IV Simposium Internacional de Língua Portuguesa, Diálogo entre Culturas, sob o tema Lusofonia: Línguas e Patrimónios.
O IV Simposium contou com a participação de vinte e oito palestrantes, entre académicos, historiadores, críticos de literatura e arte, professores da EPM-CELP e especialistas noutras áreas cuja pluralidade de olhares muito enriqueceu a reflexão conjunta sobre a temática proposta. Mais uma vez, os trabalhos levados a cabo contribuíram para fortalecer os princípios orientadores desta instituição de ensino, enquanto espaço privilegiado de confluência de criadores e utentes da língua, entre académicos, professores e alunos, isto é, dimensionando a escola como palco de uma vivência cultural activa, respeitadora da diversidade e pluralidade de ideias e aberto à controvérsia. Podemos, grosso modo, agrupar as comunicações em sete tipologias. A primeira diz respeito às questões conceptuais e teóricas ligadas ao termo lusofonia onde se inscreveram os trabalhos de Lourenço do Rosário, Fernando Cristóvão, Custódio Duma, Adélio Dias, Francisco Belard, Paulo Samuel e Ernesto Rodrigues e Estela Pinheiro.
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Um segundo grupo de comunicações agrupa os trabalhos que falam da situação passada e presente da língua portuguesa em Moçambique. Juvenal Bucuane, Secretário- geral da AEMO, fez um voo pela história da língua portuguesa em Moçambique, dando realce ao ensino da língua no período colonial . António Aresta discorreu sobre Manuel Brito Camacho, Maria Adelina Amorim debruçou-se sobre a missionação colonial, incidindo sobre os aspectos ligados ao uso da língua como instrumento de missionação colonial.
Uma terceira tipologia fala de contágios linguísticos e da emergência de neologismos em Moçambique, por influência das línguas bantú e inglesa. Irene Mendes e Calane da Silva, académicos moçambicanos, focalizaram as suas comunicações nos aspectos neológicos da língua portuguesa em Moçambique, tendo Calane da Silva incidido esta questão na função dos neologismos, do ponto de vista estético-estilístico, na criação literária moçambicana. Duas comunicações, a de Vítor Serrão e de Sara Teixeira dizem respeito às influências portuguesas e indoportuguesa sobre o património artístico e arquitectónico de Moçambique. Uma vez mais fica patente o facto de que a inter-penetração entre as várias culturas se fizeram em várias linguagens, sendo a arte e a arquitectura receptoras privilegiadas de uma mestiçagem cultural. António Cabrita e Teresa Martins Marques salientaram o carácter universal da cultura, o carácter prolixo de toda a arte, nas suas múltiplas vertentes e raízes, dando como exemplos o caso de João Pedro Grabato Dias e Eugénio Lisboa, lusófonos que abarcaram várias linguagens, várias culturas, assumindo-se como homens de raízes múltiplas na procura de formas de expressão universais. Maria José Craveiro cruzou a literatura portuguesa com a literatura moçambicana, através da comparação de alguns autores. Um outro grupo de comunicações pretendeu mostrar algumas especificidades culturais presentes no mosaico
IV SIMPOSIUM INTERNACIONAL DA EPM-CELP da sociedade moçambicana e a forma como os membros desta sociedade se representam a si mesmos. Teresa Noronha utilizou para isso a voz de Paulina Chiziane enquanto Lázaro Impuia recolheu depoimentos de membros de uma comunidade de origem goesa na Catembe sobre as suas tradições e formas pelas quais estas se expressam. Esta última comunicação contou com a participação de uma aluna que apresentou um trabalho, em suporte de power-
point, exemplificativo dos usos e costumes da comunidade goesa da Catembe. Duas comunicações versaram sobre figuras do património lendário português: Camões e sua retratação num painel de azulejos foi tratado por Fernando Almeida, enquanto a figura de Brites de Almeida, A Padeira de Aljubarrota, foi analisada por Júlia Nery que explicou por que razões esta figura teria ficado no imaginário lendário e mitológico português e não outras figuras que também participaram na história da célebre batalha. Algumas questões mais laterais como a forma como os acontecimentos políticos são tratados pela imprensa portuguesa e moçambicana foram objecto de reflexão por parte de Isabel Nery. Eugénio Lisboa, grande figura das letras portuguesas e cidadão de raízes trilaterais em Portugal, em Moçambique e Inglaterra, homem de uma cultura híbrida científica e humanista, deu-nos um testemunho emocionado da sua vivência e do percurso que o empurrou – segundo palavras do próprio – para a escrita. Para além das comunicações, durante o simposium, foram lançados vários livros, editados pela EPM-CELP. O curandeiro branco e outras histórias de José Cardoso, conforme tinha sido anunciado no III Simposium, foi editado com a chancela da EPM-CELP e lançado na presença do autor. José Cardoso é também um eminente cineasta moçambicano e, este livro é a sua primeira obra escrita. Foi ainda lançada uma edição do livro de Manuel Brito Camacho sobre “ A Educação Nacional”. António Aresta foi o organizador e redigiu o prefácio desta obra. Foi ainda lançada a
revista Aprender Juntos nº 8/9, que compila as actas do III Simposium de Língua Portuguesa, Diálogo Entre Culturas que teve lugar em 2006, nesta mesma casa e “A Educação em Moçambique” (carteira de postais). Houve ainda espaço para a apresentação de uma antologia crítica do Conto português, coordenada por Maria Isabel Rocheta e Serafina Martins e publicada em 2006 pelas Edições Caixotim. Durante estes três dias houve também momento para a divulgação da música e artesanato moçambicanos no espaço exterior da EPM-CELP. Uma homenagem a Miguel Torga foi feita no último dia do Simposium com a inauguração de um Obelisco com um Poema deste autor. Neste momento de particular beleza e emoção foram lidos vários poemas deste grande poeta da terra, das raízes e do mundo. Na ocasião foi instituído o Prémio Miguel Torga que visa premiar os melhores alunos de Língua Portuguesa. Ainda no propósito de homenagear este grande homem das letras, Ernesto Rodrigues proferiu uma palestra em que percorreu exaustivamente a vida e obra de Miguel Torga.
O Simposium tornou visíveis, as várias actividades pedagógicas da escola que cumpre o seu objectivo de formar um cidadão completo na fusão das actividades didácticas, sem descurar a componente lúdica e artística. Os pequenos violinos, a Tuninha do Sol e Dó estiveram presentes em vários painéis, criando momentos de singular beleza. O Grupo de Filosofia para crianças apresentou um trabalho que espelha a forma como a pedagogia se deve inscrever nas preocupações de formar alunos possuidores de uma ética social em conformidade com o seu papel a devir. Estamos certos de que estes encontros continuarão, na EPM-CELP, a juntar homens e mulheres de pensamento livre que, pelo seu exemplo e obra, darão aos nossos alunos a inspiração necessária para se tornarem homens e mulheres de coragem, determinação e dedicação ao conhecimento e à Humaniddade. TN
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FOTOREPORTAGEM IV SIMPOSIUM INTERNACIONAL Língua Portuguesa, Diálogo entre Culturas
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FOTOREPORTAGEM DIA DE ÁFRICA Celebrar um continente!...
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EPM-CELP EM FOCO DIA DE ÁFRICA Decorreram no dia 25 de Maio, durante a manhã, as comemorações do Dia de África levadas a cabo pelo grupo do Pré-Escolar no Parrot nº 1 . Às 10h o espaço estava convenientemente decorado conforme a ocasião o exigia. Queriase mostrar e celebrar África e, para isso, estiveram patentes várias exposições que deram conta de alguns aspectos da cultura africana, nomeadamente do artesanato, da literatura e música tradicionais e da gastronomia. Foi pois possível apreciar: bonecas de pano típicas de Moçambique, cuja confecção foi explicada pelas artesãs presentes; peneiras decoradas pelas crianças; contos, canções, jogos tradicionais, receitas gastronómicas recolhidas e trabalhadas pelos alunos e doçaria moçambicana. Uma hora mais tarde, e já com a presença dos Encarregados de Educação, dos alunos do 1º ano e respectivos professores, procedeuse à dinamização de um conjunto de actividades alusivas preparadas pelos alunos e respectivos Educadores. ERstamos a falar de uma apresentação, por um grupo de crianças, de 3 canções nas línguas locais – Changane e Ronga; a dramatização de um conto Moçambicano: “A Capulana da D. Filomena”; a construção de uma Capulana com “retalhos”, decorados pelas crianças; a apresentação de uma Passagem de Modelos com vestes tipicamente africanas; a apresentação de uma Marrabenta, pelo Grupo de Dança. Sentiu-se África no colorido do cenário, nas vozes, nas vestes, nos movimentos, na expressão plástica dos trabalhos expostos, no cheiro e sabor dos doces e na alegria que brotava dos mais pequenos e a todos contagiava. África estava em todos filhos da terra ou de coração.
O que disseram de nós!... (Transcrição de um Artigo do Jornal Expresso, do dia 26/05/07)
ENCONTROS EM MAPUTO «Lusofonia»: Línguas & Patrimónios» foi o tema do IV Simposium da escola Portuguesa de Moçambique Não sei se por acaso, as minhas viagens a Maputo tiveram sempre como pretexto uma palavra - lusofonia. Na primeira, «Pontes Lusófonas» do Instituto Camões; na segunda, o III Simposium Internacional «Língua Portuguesa - Diálogo entre Culturas», da Escola Portuguesa de Moçambique - Centro de Ensino e Portuguesa (EPM-CELP); e na terceira, de 7 a 9 deste mês, «Lusofonia: Línguas & Patrimónios». Este foi o IV Simposium da série que desde 2004 aquela escola organiza na bela cidade onde foi fundada em 1999. As actas do III - o tema foi «A Viagem na Literatura» - foram agora publicadas no n° 8-9 da revista da EPM «Apren-der Juntos», que parece um livro. Na nota de apresentação desse número diz-se que os seis anos de «caminhada editorial» (e repare-se que a revista não é a única publicação. da escola) são «testemunho da acção educativa, pedagógica, cultural e cívica do maior projecto da cooperação portuguesa na África Austral». Os dias ali passados em 2006 e 2007 levam-me a concordar com essa afirmação de legítimo orgulho. A EPM parece-me um exemplo a seguir noutros países, incluindo o nosso. Com cerca de 1200 alunos, abrange a educação pré-escolar, os três ciclos do ensino básico e o ensino secundário; as actividades complementares e extracurriculares são muito variadas, incluindo a música; muitos funcionários e estudantes são moçambicanos, e os alunos estrangeiros procedem de mais de vinte países. Dirigida com firmeza e humanidade pelo conselho directivo presidido por Albina Santos Silva, dá apoio a outras instituições (moçambicanas, portuguesas, ONGs, etc.). E põe os visitantes em contacto com experiências diferentes, vividas por outras pessoas e comunidades de Moçambique, como vi em 2006, na visita ao pintor Malangatana, e em 2007, ao visitarmos, a Escola de Mumeno/ Marraquene, gerida pela Congregação das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras, extraordinário trabalho em meio rural, mostrando o que a sabedoria e o esforço persistente e generoso podem fazer com recursos escassos, nume país pobre. Cidade apenas desde 1887, a região de Maputo (Lourenço Marques até 1976) foi tardiamente ocupada pelos portugueses (o número de Outubro de 1987 do boletim do Arquivo Histórico de Moçambique dá
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EPM-CELP EM FOCO valiosas informações sabre essa fase) e as línguas locais mantêm vitalidade; isso ajuda a explicar que a República de Moçambique tenha mantido o português como língua oficial e reforçado a sua difusão, necessária à unidade do Estado. Das línguas bantu, das relações entre elas e com o português falaram no simpósio Calane da Silva e Juvenal Bucuane (da Associação de Escritores Moçambicanos). Sobre a função da lusofonia, “louvando-a ou questionando-a, falaram, sem temer polémicas para as quais faltou tempo, Eugénio Lisboa, Fernando Cristóvão e Lourenço do Rosário (que dirige a revista Proler»). F. Cristóvão expôs também tópicos sobre o ensino do Português no estrangeiro. E. Rodrigues teceu o louvor da língua portuguesa e, no dia 9, lembrou a vida e obra de Miguel Torga, em sábia conferência que se seguiu à inauguração de um monumento ao escritor e à instituição de um prémio da EPM com o seu nome, para os melhores alunos. António Cabrita (poeta do recente Piripiri Suite) evocou João Pedro Grabato Dias, ao qual chamou “o multiplicador de línguas”. Teresa Noronha leu um estudo sabedor sobre Paulina Chiziane. Maria Adelina Amorim abordou de modo estimulante o papel da língua na missionação colonial. Paulo Samuel, que dissertou sobre a saudade no pensamento português, apresentaria (como editor da Caixotim) uma antologia do Conto Português cuja receita reverte a favor da congregação acima referida. Vítor Serrão fez uma reflexão forçosamente breve, mas luminosa nas propostas, sobre o sentido da História da Arte no quadro de uma investigação integrada da arte no período colonial. Fernando António AImeida desvendou um plausível retrato de Camões. Nestas e noutras comunicações (não cabem aqui todas, como a história de um comerciante oitocentista de marfim, os dados sobre a comunidade goesa, sobre a arte indo-portuguesa em Moçambique, o inventário da toponímia de origem portuguesa na capital, ou algumas questões de identidade e cidadania), o tom universitário prevaleceu, e com proveito, mas foi salutar em diferente sentido a intervenção de Júlia Nery, falando da lendária padeira de Aljubarrota em tom adequado aos muitos jovens que quase sempre enchiam o auditório. Outros livros foram apresentados naqueles dias:
O Curandeiro Branco, histórias de José Cardoso, veterano do cinema em Moçambique; A Educação Nacional, de Brito Camacho (personalidade tratada por António Aresta) e o livrinho das alunas Eliana, Nádia e Natasha, Mundo e Vida. Deixo para o fim um dos mais importantes estudos ali apresentados, o de Teresa Martins Marques, «Eugénio Lisboa - Um Príncipe das Duas Culturas». Ouvir essa comunicação sobre um excelente crítico foi tão emocionante intelectualmente como o privilégio de acompanharmos o próprio Eugénio Lisboa, presente também fisicamente, nas ruas da sua Lourenço Marques, hoje Maputo. Houve visitas a vários locais, como a casa de José Craveirinha, a Biblioteca Nacional e os velhos cafés, alguns extintos, lembrando Knopfli e a sua geração. À margem do simpósio, tive ensejo de, separadamente, conversar com os escritores Eduardo White e João Paulo Borges Coelho, que em breve devem passar por Portugal. Francisco Belard, em Maputo fbelard @expresso.pt in Actual, Expresso 26 de Maio de 2007
Eugénio Lisboa, ensaísta e crítico, recusa ter uma só pátria.
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A NOSSA GENTE Tudo é composto de Mudança... As instituições são organismos sociais que vivem - e terão sempre de viver! - para além das pessoas individuais que delas fazem parte e que nelas trabalham. As escolas, como instituições que são, não são, por isso mesmo, excepção. Contudo, em muitas destas instituições sociais, há sempre nomes que sobressaem, porque são capazes de as marcar e individualizar, devido à forte presença pessoal que nelas imprimem... Neste rol de pessoas incluem-se, muitas vezes, os membros iniciais, porque são eles os primeiros rostos visíveis de um projecto que se vai construindo. Para além das chefias superiores, timoneiros de mapas do ir-além, são também importantes as chefias intermédias, que, através de um cotacto mais directo com os restantes membros das instituições, conseguem interpretar e fazer “executar” as rotas, que eles próprios ajudam também a delinear e a vislumbrar por entre os nevoeiros do caminho. Mas, como dizia o poeta, “toda a vida é composta de mudança”. Se isso acontece nos seres, o mesmo se passa também nas instituições, e, em consequência, nas escolas, como a Escola Portuguesa de Moçambique - Centro de Ensino e Língua Portuguesa. A Escola que os viu chegar, há uns anos atrás, vê-os agora partir... Referimo-nos, concretamente, aos Coordenadores de duas importantes estruturas desta instituição: o Centro de Formação e o Centro de Recursos, coordenados, respectivamente, pelo Dr. António Aresta e pelo Dr. Jorge Pereira. Para além destes elementos, deixam-nos também a Drª Piedade Pereira, que além de professora, tem desempenhado também vários cargos de coordenação, assim como a Drª. Luísa Almeida, que tem sido docente de Língua Portuguesa, nas áreas de Português Língua Materna e de Português para Estrangeiros. Pelo trabalho que todos aqui têm desenvolvido desde 2002, o “Pátio das Laranjeiras”, que, para além de outros objectivos, tem também a obrigação de “ir fazendo a história desta instituição”, resolveu, nesta edição, incluí-los, a todos, na nossa já conhecida rubrica “A Nossa Gente”.
António Manuel de Aragão Borges Aresta nasceu a 13 de Novembro de 1955, em Vila Boa do Bispo, uma aldeia banhada pelo Tâmega, situada no Concelho de Marco de Canavezes. É Licenciado e Mestre em Filosofia pela Faculdade de Letras do Porto, pertencendo ao Quadro de Nomeação Definitiva. Homem de raízes nortenhas, senão mesmo ibéricas, de um rigor, seriedade e discrição que fazem lembrar a terra onde cresceu, só revelada a quem trilhar os seus caminhos que rasgam o verde das culturas ou dos montes. Assume-se como sócio da utopia, forma brilhante como designou o professor, nos dias de hoje, aquando da sua comunicação sobre Brito Camacho, no IV Simposium Internacional de
Língua Portuguesa. Um olhar sobre o seu percurso de vida profissional deixa transparecer uma paixão pela viagem, pelo contacto com mundos novos e na impossibilidade de acompanhar os heróis lusos da expansão ultramarina de outrora, vai vivendo a sua diáspora ao sabor do Oriente e de África. Tem uma grande e diversificada experiência docente, tendo exercido a docência no ensino secundário, no ensino prisional e no ensino superior politécnico. Esteve em Comissão de Serviço em Macau entre 1987 e 1998 (primeiro no Liceu de Macau e mais tarde na Direcção dos Serviços de Educação), considerando um privilégio ter vivido onze anos em Macau por toda a vivência social, cultural e ética de que pôde usufruir. Desde 2002 que está destacado na EPM-CELP a convite da Presidente. Nesta instituição de ensino, coordena o Centro de Formação e toda a área de edições e de publicações, actividades que considera bastante gratificantes. É, ainda, o responsável pelas Jornadas de Formação para Professores e
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Técnicos do Sistema Educativo Moçambicano (nove jornadas) e pela organização do Simposium Internacional de Língua Portuguesa (quatro edições), para além de outros eventos. Assegura, também, a ligação da EPM-CELP com os projectos de cooperação e de filantropia. Ao longo da sua carreira tem conciliado o ensino com a investigação, tendo, dirigido e coordenado a publicação de várias obras. É autor de diversos estudos no âmbito da História da Educação entre os quais se destacam A Educação Portuguesa no ExtremoOriente, Lello e Irmão, 1998; O Pensamento de Sant’ Anna Dionísio, Porto Editora, 2005. Escreveu, igualmente, o argumento de uma série televisiva para a RTP, em doze episódios, sobre a presença portuguesa no Extremo-Oriente denominada Arquivos do Entendimento. Estas notas biográficas espelham vivências culturais plurais que lhe conferiram, nas suas próprias palavras, “Uma abertura ao mundo do impensado e às fragilidades das coisas da vida quotidiana – tenho
A NOSSA GENTE procurado decantar na minha experiência docente alguma sabedoria que tenho aprendido no Extremo-Oriente e em África. Tenho uma enorme admiração pela história dos Portugueses em todos os continentes. A herança de Fernão Mendes Pinto é para todos emblemática, porque mistura a coragem com a sabedoria e com a facilidade de integração em qualquer sítio: tenho encontrado a nossa gente em sítios tão díspares quanto Quioto (Japão), em Minsk (Sibéria) ou Kuala-Lumpur (Malásia) É a arte de ser português, que Teixeira de Pascoaes superiormente teorizou.” Relativamente a projectos futuros pretende dar continuidade ao seu labor na área da educação, como Professor de Filosofia, querendo ser “cada vez mais lavrador e lavrador de ideias na vida escolar”. EP/AA
Jorge Manuel Calisto Pereira nasceu a 5 de Maio de 1952, em Mira, Coimbra. Licenciado em Filosofia pela Faculdade de Letras de Coimbra, na mesma cidade fez a “Profissionalização em Exercício”, em 1982, efectivando em Tábua em 1986, e fazendo parte do quadro de Escola da EB 2,3 de Martim de Freitas, em Coimbra. Em 1992 partiu para uma missão de 5 anos em Macau, onde desempenhou o cargo de Director do Centro de Recursos da DSEJ e foi professor de Português como Língua Estrangeira, no IPOR e no CDLP.
Regressado a Portugal em 1996, foi Vice-Presidente do Conselho Executivo da EB 2,3 de Martim de Freitas, e em 2002 aceitou o desafio africano, como Coordenador do Centro de Recursos na EPM-CELP. “Na hora do regresso, levo um saco de boas recordações aqui vividas, principalmente das pessoas. Foi bom viver aqui estes cinco anos! Não esquecerei, facilmente, estes lugares e estas gentes. A esperança de um dia cá voltar, está viva! Bem hajam, todos!” JP
Maria da Piedade Simões Rodrigues Silva Pereira nasceu a 19 de Outubro de 1951, em Coimbra. Licenciada em História pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, fez o Estágio Clássico em 1975, passando a integrar o Quadro da Escola EB 2,3 de Inês de Castro, em Coimbra. A vontade de conhecer o Oriente fê-la candidatar-se ao lugar de professora em Macau, e nessa cidade permaneceu até 1996, leccionando no Liceu e na Universidade. De terras do Oriente trouxe uma experiência de vida incalculável. De regresso a Coimbra, foi VicePresidente do Conselho Executivo da Escola a que pertence, de 1997
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a 2002, ano em que vem para Moçambique. Em Maputo, lecciona na EPMCELP, e esta terra e esta Escola enriquecem ainda mais a sua vida profissional e pessoal. Agora que se prepara para voltar novamente a Coimbra, leva muito boas recordações dos professores, dos alunos, dos funcionários… de todos os que fazem parte desta grande família que é a EPM-CELP e que a receberam e trataram tão bem. “Aprendi muito com a diversidade cultural desta Escola e fiz bons amigos que espero voltar a ver em Portugal, ou talvez aqui, quando vier numa “romagem de saudade”. A todos eles um muito obrigada. PP
A EPM-CELP EM FOCO Semana de Geografia / Economia
A Área Disciplinar de Geografia/Economia, no cumprimento do Plano Anual de Actividades, realizou a “Semana da Geografia/Economia” desde o dia 11 ao dia 18 do corrente mês de Maio. Neste contexto, esteve patente, no átrio principal da EPM-CELP à comunidade escolar, no referido período, uma exposição de trabalhos realizados pelos alunos ao longo do presente ano lectivo, alusivos às diferentes temáticas tratadas nas duas disciplinas, e, nos diversos anos de escolaridade.
Assim, teve lugar no Auditório Carlos Paredes no dia 14 de Maio a projecção do filme épico “O Último Viking”, para os alunos dos 10ºs anos. No dia 17 de Maio, decorreu uma palestra proferida por Sua Excelência o Embaixador da União Europeia acreditado em Moçambique, subordinada ao tema
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“Estágio de Desenvolvimento da Integração Económica Europeia”, para os alunos dos 11ºs anos. No dia 18 de Maio a semana desta Área Disciplinar culmina com a apresentação de uma peça de teatro escrita e representada pelos alunos do 11º C, intitulada “Uma Crítica à Sociedade”, cujo público alvo foram os alunos do 6º e 7º anos. Feito o balanço da semana da Geografia/Economia, os docentes da Área Disciplinar consideram ter decorrido dentro das suas expectativas, querendo desde já manifestar os seus agradecimentos a todos quantos os ajudaram, e que permitiram que este evento pudesse ser realizado com sucesso, em particular à nossa Directora Drª Albina Santos Silva. LV
Semana de Educação Física Durante a última semana de Maio, o grupo disciplinar de Educação Física levou a cabo um conjunto de actividades que fizeram do desporto, o rei da EPM-CELP. Foi proporcionado à comunidade educativa um conhecimento mais profundo sobre a prática da Educação Física na escola, através de projecções em power-point, assim como a prática desportiva, seja entre alunos, referimo-nos aos campeonatos inter-turmas dos vários ciclos de ensino. Para além dos alunos, os professores tiveram, também, oportunidade de participar em várias actividades desportivas, nomeadamente ao nível de “jogos de ringue” e de voleibol. Para além do cuidado que à mente e ao corpo a prática desportiva confere, foram realizadas palestras que proporcionaram um maior conhecimento sobre o mundo do desporto e uma inevitável reflexão acerca deste. A primeira palestra, ministrada por alunos do 12º ano, realizou-se no dia 29 de Maio e teve como temas “O Marketing no Desporto” e o “ Desporto e Tecnologia”. A segunda Palestra decorreu no dia 31 de Maio, na Biblioteca Poeta José Craveirinha, e teve como orador o Dr. Joel Libombo, que fez uma comunicação acerca do papel da Educação Física, na melhoria da qualidade de vida. EP
PSICOLOGANDO Desen volvimento Desenv da Linguagem em Ref le xão… efle lexão…
Uma das preocupações do Serviço de Psicologia dentro da nossa escola tem sido acompanhar o desenvolvimento dos nossos alunos a partir do pré-escolar. E fazêmo-lo, em primeiro lugar, e concretamente neste grupo etário, porque desejamos que as crianças que ingressam no 1º ano, tenham atingido um desenvolvimento harmonioso dentro das áreas fundamentais, necessárias para iniciar o processo de aprendizagem da leitura e da escrita, sem défices que venham a causar possíveis dificuldades, em particular na área da linguagem. Em segundo lugar, porque é também tarefa do Serviço de Psicologia ter um olhar técnico sobre a qualidade do rendimento escolar dos nossos alunos e das diversas variáveis envolvidas nesse processo. Referindo resultados obtidos em avaliações feitas ao longo deste ano lectivo como traço comum a todos os níveis do Ensino Básico, constatamos que a aptidão onde se regista uma maior imaturidade é a da linguagem. Desde o pré-escolar (50 alunos), e mantendo-se nos 1º e 2ºs anos (respectivamente, 77 e 80 alunos), as crianças manifestam um fraco domínio de vocabulário e compreensão linguística, incluindo conceitos quantitativos utilizados na área da
matemática, o que dificulta a compreensão verbal na sua forma mais abrangente. Nos 3º ( 106 alunos) e 4º anos (também com 106), os níveis do desenvolvimento da linguagem aproximam-se da média esperada para o este grau de escolaridade, voltando depois a diminuir, progressivamente, até ao 9º ano (73 alunos). Neste ano, os nossos alunos mostram um baixo domínio do vocabulário, com resultados significativamente abaixo do esperado para o seu nível académico, nas áreas da compreensão verbal e mesmo da fluência verbal, podendo comprometer a qualidade das aprendizagens. Esta visão sobre a problemática da linguagem ao longo dos ciclos, associada ao insucesso nas áreas de português e matemática, levanos a reflectir sobre o que se andará a passar com a língua Portuguesa, que, apesar de não ser a língua materna de muitos dos nossos alunos, é a língua onde são feitas as aprendizagens escolares. Estes valores não devem ser interpretados como handicaps do desenvolvimento de aptidões comunicativas diversas, mas, sim, como razões objectivas para o desenvolvimento de actividades diversas de estimulação e aperfeiçoamento de capacidades
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mentais do domínio da língua de carácter transdiciplinar. Se, por um lado, será simples perceber as suas implicações directas na disciplina de Português, não podemos deixar de perceber a sua ligação com outras áreas do saber, como a da Matemática. Afinal, como perceber o enunciado de um problema, se não se dominam os conceitos? Como resolver os problemas matemáticos, se não se entende o conteúdo das questões? Quantas perguntas nos testes, nas diversas disciplinas, são deixadas por responder, apenas porque não se sabe o significado de “Explica”, “Exemplifi-ca”,”Identifica”, “Refere”, “Relaciona”, “Comenta”. Esta tarefa de nos expressarmos, e compreendermos bem a nossa língua, começa desde muito cedo, com a qualidade e correcção que ouvimos os nossos pais falar em casa. Depois, o desenvolvimento da capacidade linguística vai crescendo com o mundo das histórias que se ouvem e alargam os nossos horizontes, com a qualidade do ensino dos nossos professores e com o desenvolvimento de hábitos de leitura, que não devem cessar nunca, devendo ser estimulados desde casa até à escola. AM
ESCOLHAS DA BIBLIOTECA Histórias de P er to e de Long e Per erto Longe e Histórias de Meninos e de Outros que o não foram Diz Rui Tojal na apresentação do livro Histórias de Longe e de Perto e Histórias de Meninos e de outros que o não foram: “A colectânea de histórias tradicionais e de discursos transmissores de experiências pessoais, que são o núcleo do projecto Histórias de Longe e de Perto, inscreve-se nesse terreno tão móbil e sensível que é o do encontro de pessoas provenientes de grupos com memórias colectivas várias, traduzidas num legado de valores, atitudes, expectativas e olhares muito diferenciados”. Desta vontade de confrontar histórias formadores de identidades surgiu Histórias de Longe e de Perto e também Histórias de Meninos e de Outros que o Não Foram. O livro coordenado por Mª de Lourdes Tavares Soares, e Mª Odete Tavares Tojal, nasceu de um convite feito em 1996 pelo Ministério da Educação português às duas escritoras. O livro foi editado em 1997 pelo Secretariado Entreculturas e tem tido grande sucesso junto de professores de língua portuguesa, educadores em geral e pessoas interessadas por literatura tradicional e por histórias de vida de pessoas oriundas de culturas diferentes. De facto, esta obra é composta por dois livros diferentes, Histórias de Longe e de Perto – histórias, contos e lendas de povos que falam também português é uma compilação de histórias, contos e lendas tradicionais originárias de Portugal e das suas comunidades cigana e de origem indiana, de Macau, de Angola, do Brasil, de Moçambique, S. Tomé e Princípe e Timor-Leste. Nas suas costas e no sentido “impressamente” oposto, com uma outra capa no lugar da contracapa temos Histórias de Meninos e de outros que o não foram. Este é composto por um conjunto de estórias, da autoria de alunos do ensino básico, cuja representatividade das minorias étnicas é, neste momento, em Portugal, significativa. Eles contam as suas histórias de vida ou retalhos de ela, falando dos seus sentires que tantas vezes não encontram eco no sentir dos outros. Se por um lado temos histórias de encantar, de fazer sonhar, no reverso encontramos a crueza de uma realidade, que nos toca mais por ser retratada pela voz dos mais pequenos e na primeira pessoa, com uma nota de desencanto. Uma tentativa conseguida de sensibilizar para a igualdade na diferença e para a riqueza da diversidade. As ilustrações fazem jus a Manuela Bacelar, nome sobejamente conhecido nas ilustrações de livros infantis. TN
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PAÍSES E POVOS NA NOSSA ESCOLA - PORTUGAL Descobrir um país ... P or tug al! país... Por ortug tugal!
Portugal situa-se no limite sudoeste da Europa. Este aspecto é responsável por o país beneficiar de um clima singular. Mas, importa perguntar: clima ou climas? É que, como afirma Amorim Girão, na obra Geografia de Portugal, «Três viajantes que percorressem o nosso país, um pelas viçosas e frescas veigas do Minho, outro pelos planaltos rudes do Nordeste Transmontano, (…) e outro ainda pelo delicioso jardim do litoral algarvio, julgar-se-iam em países diferentes e distantes uns dos outros!». De facto, o clima temperad define a situação climática do país: o litoral norte, com um clima temperado marítimo, o interior norte, com um clima temperado continental e o sul, com um clima temperado mediterrânico. Importa não esquecer os arquipélagos da Madeira e dos Açores, com um clima também muito específico.
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Por isso, cada uma destas regiões tem particularidades físicas (associemos o relevo, a rede hidrográfica e a extensa costa atlântica ao já referenciado clima) que formam um extenso leque de ofertas para quem as procura para o simples lazer. Quem ali vive, sabe que isto é verdade, rentabilizando ao máximo os recursos naturais e potencializando o património humano aí existente.
Para além destes aspectos, a crescente globalização do turismo impulsionado pela massificação dos meios de informação, de comunicação e de transporte e pela excelência das vias de comunicação existentes, funciona como o aspecto agregador de todo este conjunto. Conjunto este, que ficaria desfigurado sem as personagens principais, precisamente os turistas, sejam eles nacionais ou vindos de outras paragens. Hoje em dia, não se duvida que se deve apostar tanto no slogan “Vá para fora cá dentro” (para uso nacional), como no “Portugal – um país a visitar” (para uso internacional). Assim, uns e outros turistas, já fazendo parte de um só grupo, que em comum têm o prazer de descobrir e
PAÍSES E POVOS NA NOSSA ESCOLA - PORTUGAL experienciar as maravilhas de cada região, chegam, usufruem e partem, certamente satisfeitos, para um dia voltar, ou para dar a vez a alguém conhecido, a que tanto e tão bem falaram do sítio visitado. É que as opções são imensas. Para os que procuram umas férias com muito sol, praia e água a uma temperatura aceitável, a costa litoral alentejana e Porto Santo (no arquipélago da Madeira) concorrem com o inevitável Algarve, oferecendo, ainda, uma fantástica gastronomia, onde o peixe fresco e o marisco levam claramente vantagem às carnes. Para os que gostam de umas férias mistas, onde a praia se conjugue com o rico património histórico e cultural que o país claramente dispõe, a região a norte de Lisboa, como Sintra, a região centro, como o eixo Figueira da Foz/Coimbra, ou a região norte, como o Minho litoral, são sítios a não deixar de visitar. Bonitas
praias, muito campo à volta, pelo menos um centro urbano próximo, passeios histórico-culturais para fazer e, sempre, sempre, uma rica e variada gastronomia, onde os pratos de peixe e de carne competem na escolha do turista. É necessário, obviamente, não esquecer a excelente doçaria tradicional portuguesa, maneira sublime de terminar a refeição. E não se pode deixar de tecer uma referência à grande variedade de vinhos (brancos, tintos, verdes, espumantes, doces...), com uma qualidade cada vez mais alvo de elogios – e de prémios! –, fruto de uma secular tradição vitivinícola, complementada com uma aposta nas novas tecnologias de produção e acondicionamento e na modernização da apresentação do produto. O chamado turismo de natureza, em que o lema é cansar o corpo para limpar a cabeça, também é uma boa opção, já que desde o Parque Nacional da PenedaGerês, passando pela Serra da Estrela, até aos Açores e à zona norte da ilha da Madeira, são muitos os locais que potencializam, sobretudo, este tipo de turismo. A estes géneros de lazer, cada vez mais concorre o chamado turismo rural, com todas as suas vertentes específicas. Em quintas, casas de campo ou SPA‘s, o turista pode relaxar entre uma piscina, uma leitura, um
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passeio histórico, uma prova de vinhos ou um excelente refeição, em que a gastronomia local é rainha. O Minho interior, Trás-os-Montes, as Beiras, o Ribatejo, o Alentejo interior e a ilha da Madeira são regiões que estão na moda. Há, ainda, um tipo de turismo mais urbano e intelectual, em que são já, sobretudo, os grandes centros urbanos o alvo da escolha por parte dos turistas, em particular a capital, Lisboa. Aqui, dá-se primazia à visita aos grandes marcos da história portuguesa, como monumentos históricos e religiosos, museus, cafés históricos e zonas urbanas históricas.
Estas, aliás, onde ainda se pode sentir o pulsar do Portugal tradicional, onde as vozes das vizinhas e o barulho de uma pequena oficina (algures escondida num qualquer pátio interior), e que aqui marcam o diaa-dia, vão diminuindo progressivamente de volume à medida que a noite aparece, até serem completamente substituídos pelo som, cada vez mais crescente, das conversas e risos de grupos que afluem a estes locais para passarem um bom bocado e ouvirem esse ícone do património cultural português, que é o fado. E nesta altura, silêncio … Para terminar, um obrigado e… voltem sempre! ND N
PAÍSES E POVOS NA NOSSA ESCOLA - PORTUGAL ENTREVISTA COM ALUNOS PORTUGUESES Pedro Pamplona nasceu a 9 de Junho de 1989, em Portugal, na cidade do Porto onde sempre viveu, identificando-se, por isso mesmo, com os valores da cultura portuguesa em que foi crescendo. Frequenta a Turma A do 12ºano. Ana Catarina Jessen nasceu em Lisboa a 18 de Outubro de 1990, onde viveu até aos 6 anos. Filha de pai moçambicano e de mãe angolana, é um exemplo perfeito de miscegenação cultural, uma vez que cresceu entre a cultura portuguesa e a cultura africana. Frequenta a turma C do 11ºano. Pátio das Laranjeiras – Há quanto tempo frequentam a EPM-CELP? Pedro Pamplona – Eu estou cá desde Setembro de 2006. Ana Catarina - E eu desde Setembro de 2005. P.L. - O que vos levou a optar por esta escola? P.P. - Eu vim para Moçambique por causa do meu pai, que veio para cá trabalhar. A escolha desta escola foi natural, uma vez que sou português e sempre frequentei o ensino público português. A.C. - A opção por esta escola tem a ver com o facto de ter herdado uma cultura portuguesa, embora esteja a viver em Moçambique há muitos anos e de ter feito os meus estudos na Escola Portuguesa do Songo. Esta foi a forma de dar continuidade ao meu percurso escolar. P.L. - Como foi o vosso percurso escolar? P.P. – Estudei sempre em escolas públicas portuguesas, como já disse. Frequentei a escola 111 de Nevogilde, a Escola E.B2,3 Francisco Torrinha, Escola Secundária Garcia de Horta. A.C. - Aos seis anos de idade vim para Moçambique e fui viver para a vila do Songo, porque o meu pai começou a trabalhar na Barragem de Cahora Bassa. Todo o meu percurso escolar foi feito, como já disse, na Escola Portuguesa do Songo. Era como se fosse a minha segunda casa. Tenho muito boas recordações da minha primeira escola, pela relação com os professores, pelos amigos que fiz… P.L. - Como foi a vossa adaptação a esta nova escola? P.P./ A.C. - Fomos muito bem recebidos, embora inicialmente nos sentíssemos perdidos por desconhecer o espaço. Contudo, os nossos colegas e professores estavam sempre prontos a ajudar. P.L. - Qual é a vossa opinião sobre a EPM-CELP? P.P/ A.C. – Pensamos que as infra-estruturas são óptimas. Nota-se também uma grande dedicação dos professores e dos funcionários, pois todos se esforçam por nos garantir um bom ambiente de trabalho.
P.L. Quais são os vossos planos para o futuro? P.P. - Gostaria de seguir Gestão e Engenharia Industrial, no Porto. A.C. - Eu quero seguir Relações Internacionais em Lisboa. Depois gostaria de tirar um mestrado em Inglaterra. P.L. - Gostam de estar em Moçambique? P.P. - Está a ser uma boa experiência, mas no início foi um choque. É uma realidade completamente diferente. Há um contraste social imenso, tanto vemos um condomínio como um bairro com casas de caniço sem condições nenhumas. Apesar de todas as dificuldades, acho Maputo uma cidade bonita; se estivesse cuidada seria mesmo muito bonita. A.C. Gosto muito de Moçambique, do seu povo hospitaleiro, das suas belezas naturais. Eu tive o privilégio de viver no Songo, dos 6 aos 14 anos, um lugar paradisíaco, onde a natureza é fantástica e onde está aquilo a que eu chamo a 8ª maravilha do mundo: a Barragem de Cahora Bassa. Este país, que também sinto como meu, tem muitas potencialidades, pena é que não sejam aproveitadas e que haja tanta pobreza. P.L. Se tivessem que apresentar Portugal, o que diriam? P.P. - Eu gosto muito de Portugal. É um país pequeno, mas há muito para ver desde o litoral ao interior. Há muitos monumentos que ajudam a compreender a história e a cultura portuguesas. A paisagem é igualmente muito diversificada. Da serra à planície, passando pela praia, é só escolher o que mais se gosta. Na minha opinião, a melhor altura para visitar é Setembro, porque o clima é mais ameno. A.C. Apesar de só ter vivido 6 anos em Portugal e de neste momento só lá ir de férias, posso afirmar que é um país muito bonito, que se deve conhecer. Agradame especialmente o clima e a gastronomia. P.L.- Obrigada por se darem a conhecer e boa sorte para o futuro. P.P/ A.C.-Obrigado nós.
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ÚLTIMA PÁGINA Dia dos Museus
Países e Povos na Nossa Escola
Capital: Lisboa 38°42’N 9°11’O No dia 18 de Maio comemora-se o Dia Internacional dos Museus. Esta efeméride foi assinalada na EPMCELP através de uma visita virtual pelos museus de Moçambique, realizada no Auditório Carlos Paredes, contando com a participação dos alunos do 2º ciclo e de todos os outros elementos da comunidade educativa que se quiseram juntar a esta ronda museológica. Assinalando também esta data, o Centro de Recursos desta instituição de ensino em parceria com a Direcção Nacional de Cultura/ Departamento dos Museus lançou uma publicação/roteiro dos Museus de Moçambique. Esta publicação é a única que dá informação útil a quem pretenda visitar algum dos museus existentes neste País – Museu Nacional de Arte, Museu Nacional de Geologia, Museu de História Natural, Museu Nacional da Moeda, Museu da Revolução, Museu regional de Inhambane, Museu Nacional de Etnologia, Museus da Ilha de Moçambique. Através desta brochura é possível conhecer os horários, a localização e os serviços prestados por estas instituições culturais. EP
Cód. Internet .pt Cód. telef. ++ 351
Maior cidade: Lisboa (Pop. 2001: 2 600 000)
Website governamental www.portugal.gov.pt
Língua oficial: Português Governo: Democracia parlamentar -Presidente: Aníbal Cavaco Silva -Primeiro Ministro: José Sócrates Formação: 1093 d.C. -Independência : 1139 -Reconhecida: 1143 Área -Total 92,391 km² População: -Estimativa de 2006: 10,945,870 hab. -Censo 2001: 10,148,259 -Densidade 114 hab./km² PIB (base PPC) Estimativa de 2006 -Total $229.881 bilhões USD -Per capita $22.677 USD Moeda Euro (EUR) Fuso horário (UTC) -Verão (DST) EST (UTC+1) Cód. ISO: PRT
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O Mirandês tem também estatuto oficial, mas é apenas localmente utilizado.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Portugal
Pátio das Laranjeiras, n.º 46 Directora: Albina Santos Silva . Coordenação Editorial: Vítor Roque . Coordenação Executiva: Jorge Pereira e António Aresta . Redacção: Teresa Noronha, Estela Pinheiro, Eugénia Marques e Vítor Roque . Concepção Gráfica e Paginação: Vítor Roque . Fotografia: Filipe Mabjaia e Vítor Roque . Colaboração: Alexandra Melo, Armindo Bernardo, Graça Pinto, Arsénio Sitoe, Jeremias Correia, Eugénia Marques, Estela Pinheiro, Francisco Belard (colaborardor externo), Piedade Pereira, Jorge Pereira, António Aresta, Lurdes do Vale, Nuno Domingues, Isabel Loio, Sara Teixeira . Revisão: Eugénia Marques, Estela Pinheiro, Teresa Noronha e Vítor Roque . Produção: Centro de Recursos Educativos, Novembro de 2006 Propriedade: Escola Portuguesa de Moçambique - Centro de Ensino e Língua Portuguesa, Av. do Palmar, 562 . Caixa Postal 2940 . Maputo . Moçambique . Telefone: 00 258 21 481300 . Telefax: 00 258 21 481343 , www.edu-port.ac.mz . E-mail: patiodaslaranjeiras@edu-port.ac.mz . epm-celp@edu-port.ac.mz
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