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Começar o internato em tempos de COVID 19

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Mundo dos ecrãs

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Sou Médica Interna de Medicina Geral e Familiar do 1º ano - há apenas seis meses. Entrei a medo e com algumas incertezas. Sentimentos que depressa deram lugar ao entusiasmo e à vontade de aprender. Conversar com os utentes, conhecer as suas histórias, conduzir eu própria uma consulta, formular hipóteses de diagnóstico e terapêutica. A cada consulta, as anotações de tópicos para mais tarde estudar multiplicavam-se e a curiosidade aguçava cada vez mais.

Mas o quotidiano e o tipo de trabalho que eu idealizava serem o de um Médico de Família pouco mais de dois meses durou. Após largas semanas de notícias que davam conta da evolução da doença pelo novo coronavírus no mundo, aquilo que parecia tão longínquo chegava até nós. E toda a necessária reorganização que se seguiu virou o meu internato de “pernas para o ar”. Formações e cursos cancelados, worskhops e congressos indefinidamente adiados, reuniões presenciais que deram lugar a encontros virtuais. E aquilo que mais gozo me dava, o de contactar presencialmente com pacientes e problemas reais, o de aprender a conquistar e a construir uma relação com cada um deles, de repente desvaneceu. As consultas telefónicas tornaram-se rotineiras e as dificuldades de comunicação inerentes fizeram delas verdadeiros desafios.

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O que me deixou mais apreensiva foi a incerteza e a sensação de que tinha o internato suspenso. Durante algum tempo senti-me perdida, sem saber ao que me deveria dedicar, pois “do dia para a noite” a palavra de ordem era COVID-19. Cheguei a sentir-me desmotivada e sem o entusiasmo e sede de conhecimento iniciais. Porém, senti que devia encarar esta situação única como uma oportunidade, também ela única, de aprendizagem. Com as consultas telefónicas aprimorei as minhas capacidades de comunicação. Com as reuniões e cursos virtuais adaptei-me a novas formas de divulgação de conteúdos. Apercebi-me que, em cada dificuldade e obstáculo, podemos encontrar um ponto de partida para uma nova e melhor forma de trabalhar.

Agora, com a retoma, estou a adaptar-me a uma nova normalidade, ainda com as barreiras impostas por este vírus, mas com a vontade de transformar estas adversidades numa oportunidade de fazer melhor, por nós e pelos nossos utentes.

Teresa Raquel Vaz

USF Nova Via tvaz@arsnorte.minsaude.pt

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