Event Point 3

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. ANO II . NÚMERO 3 . TRIMESTRAL . ABRIL / MAIO / JUNHO . 2012 . 5,00 € (CONT.)

. EVENTOS . CONGRESSOS . FEIRAS . INCENTIVOS . DESTINOS .

QUANTO VALEM OS E V E N T O S E M P O R T U G A L?

JOÃO SERRA FAZ PRIMEIRO BALANÇO DE GUIMARÃES 2012 SUMOL NAZARÉ SPECIAL EDITION: EVENTO “PRONTO A MONTAR” VINHO: COPO CHEIO DE POTENCIALIDADES W W W.E VENTPOINT.COM.PT


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FICHA TÉCNICA

EDITORIAL

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PROPRIETÁRIO Estação Livre . Comunicação Tel: 226053936 info@eventpoint.com.pt www.eventpoint.com.pt SEDE DA REDACÇÃO Rua Visconde de Bóbeda, 70, 2º Fte 4000‑108 Porto DIRECTOR Rui Ochôa (rui@eventpoint.com.pt) EDITORA / DIRECTORA DE INFORMAÇÃO Cláudia Coutinho de Sousa (claudia@eventpoint.com.pt) REDACÇÃO Cláudia Coutinho de Sousa Maria João Leite (mj@eventpoint.com.pt) Sara Marques (sara@eventpoint.com.pt) ASSISTENTE DE DIRECÇÃO Rita Coutinho Costa COLABORAÇÃO Ana Godinho (agodinho@eventpoint.com.pt) Maria Pereira (mpereira@eventpoint.com.pt) Olga Teixeira (oteixeira@eventpoint.com.pt) COLUNISTAS Alexandra Baltazar Ana Marreiros Diogo Assis John Hooker José Pimentel Furtado Miguel Júdice Pedro Cardoso Pedro Rodrigues DESIGN Norma Design (geral@normadesign.com) FOTOGRAFIA Minifoto IMAGEM DE CAPA Dreamstime IMPRESSÃO Norprint Zona Industrial Alto da Cruz ‑ Fontiscos Apt.: 172 . 4780‑583 Santo Tirso DISTRIBUIÇÃO VASP – Distribuidores de Publicações Nº REGISTO ERC 126066 DEPÓSITO LEGAL 330066/11 TIRAGEM 3.500 exemplares PERIODICIDADE Trimestral É estritamente proibida a reprodução parcial ou integral de textos ou ilustrações da Event Point. As informações contidas nos anúncios são da exclusiva responsabilidade dos anunciantes. Consequentemente, não podemos ser responsabilizados por qualquer informação incorrecta que se possa verificar.

RUI OCHÔA

CLÁUDIA COUTINHO DE SOUSA

A pergunta é óbvia, clara, transparente. Quanto vale, em Portugal, o sector dos eventos corporativos, associativos, públicos? Sabíamos à partida que esta era uma pergunta sem resposta, ou melhor, com muitas respostas. Porque a actividade e a informação estão dispersas, porque há entidades que se recusam a responder, outras que dizem que sim, e durante dois meses nunca fornecem esses dados. Intencionalmente, optámos por só pedir números, informações aos convention bureaux, aos principais venues e cadeias hoteleiras, mesmo para evitar alguma duplicação de registos. O Instituto Nacional de Estatística, também consultado para o efeito, forneceu os números de 2009 do CAE que identifica a actividade de organização de eventos, o 82300, desconhecido de muitos, mesmo de quem organiza eventos. O que conseguimos foi o esperado, ou seja, uma pequena amostra do valor do mercado em Portugal. É comum ouvir-se falar num número redondo: mil milhões de euros por ano. No final deste trabalho, o valor não nos parece descabido. Mas se disséssemos dois mil milhões dificilmente alguém poderia provar que estávamos errados. Qual então a vantagem de fazer esta pergunta? Desde logo

para provocar a curiosidade e o interesse do sector. Porque enquanto não for possível dar uma resposta mais definitiva, dificilmente este conseguirá afirmar-se, nomeadamente junto dos poderes políticos. Como sustentar o investimento, a aposta numa indústria que não se consegue impor, pelo número de pessoas que emprega, pelo dinheiro que factura, pela riqueza que gera para o país? Esperamos que a partir daqui o repto seja aceite por outras entidades, empresas, associações sectoriais, institutos públicos, e se apure regularmente quanto vale o sector dos eventos em Portugal. Se isso acontecer, então o papel da Event Point, enquanto meio especializado, ter-se-á cumprido. E estamos disponíveis para colaborar em tudo o que pudermos. De resto, este número da Event Point está repleto de desafios, com uma preocupação essencial: precisamos de nos unir. Não perca ainda a entrevista em que João Serra, presidente da Fundação Cidade de Guimarães, faz o primeiro balanço da Capital Europeia da Cultura. Note que esta é a primeira Event Point trimestral. Optámos por ter menos um caderno em cada edição, mas estarmos mais regularmente junto dos nossos leitores, de si.

Boas leituras.


ÍNDICE 5

6 8 12 16 22 25 34 38 40 42 44 48 50 52 56 60 62 64 69 70 74 76 79 80 82 88 92 94

Colunistas Espaço APECATE Notícias GRANDE ENTREVISTA: JOÃO SERRA Percepções e realidades, por Alexandra Baltazar DOSSIÊ TEMÁTICO: QUANTO VALEM OS EVENTOS EM PORTUGAL? “A União Faz A Força”, por Diogo Assis Luísa Teixeira é a nova presidente da EFAPCO Abreu-PCO: 33 anos a organizar congressos Sustentabilidade e diálogo, precisam-se!, por Pedro Cardoso Capítulo Ibérico da ICCA reúne-se em Las Palmas Sugestões: Arquivo Estádio da Luz recebe final da Champions CASE-STUDY: SUMOL NAZARÉ SPECIAL EDITION Como definimos confiança, por John Hooker O triunfo dos eventos em tempo de crise, por Pedro Rodrigues Sugestões: Palácio da Pena Catering na China: de ficar de olhos em bico, por Miguel Júdice ExpoEventos apostada em ser “o farol” do sector Conto eu a história?, por Ana Marreiros Tecnologia: RFID Segurança, relações públicas e protocolo, por José Pimentel Furtado Comunicar sustentabilidade no mercado dos eventos Consultório de Protocolo VINHO: UM COPO CHEIO DE POTENCIALIDADES Destino internacional: Malásia Empresas Directório

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COLUNISTAS 6

ALEXANDRA BALTAZAR Licenciada em Direito pela Universidade Autónoma de Lisboa, estagiou nas Nações Unidas, em Nova Iorque. Durante cerca de dois anos trabalhou na Câmara de ­Comércio Portugal‑US, na mesma cidade. Em 1999 regressa ao país para exercer funções de assessoria de imprensa e relações públicas no Turismo de Portugal. Em 2005 torna‑se Adjunta da Directora Executiva – responsável pela imprensa do Turismo de Lisboa. Um ano depois ocupa o cargo, que mantém até à actualidade, de Coordenadora do Lisboa Convention Bureau / Turismo de Lisboa.

ANA MARREIROS Depois de responsável pelo departamento de comunicação e imagem de uma empresa de consultadoria e mediação imobiliária, Ana Marreiros reforça a equipa do Grupo Inforpress em Portugal, onde trabalha há mais de 8 anos. Como Account Manager tem vindo a planear, orga‑ nizar e coordenar um conjunto de eventos internos e externos de vários âmbitos e sectores.

DIOGO ASSIS Formado em Gestão Hoteleira e Turismo, trabalhou no departamento comercial e de marke‑ ting de algumas das principais cadeias hoteleiras do país, assim como no International Hyde Park em Londres. Em Novembro de 2002 decidiu lançar‑se numa nova experiência e co‑fundar a TLC. O objectivo era tornar esta empresa o DMC líder em Portugal. A TLC mudou de nome para events by tlc, tendo iniciado operações no Brasil.

JOHN HOOKER Um estratega e estudioso de eventos e um dos opinadores mais importantes da meetings industry. Do seu percurso profissional destaca‑se o lançamento do Dubai International Convention and Exhibition Centre. Actualmente é director da JHCP, uma consultora para a área de eventos, com trabalhos já realizados na Europa, África, Médio‑Oriente e América do Sul. É um apaixonado por pessoas e tem um gosto especial por formar novos talentos.


COLUNISTAS 7

JOSÉ PIMENTEL FURTADO Coronel de Cavalaria, Pimentel Furtado é licenciado em Ciências Militares. Desempenhou diversas funções na área de Segurança, entre as quais Comandante de diversas Unidades da Polícia Militar das Forças Armadas Angolanas e a de Staff Security Manager do Quartel‑General da NATO, em Oeiras. Foi responsável pela organização da segurança de dezenas de eventos oficiais. Actualmente dedica‑se à consultoria, ensino superior e formação técnica.

MIGUEL JÚDICE Formado em Gestão de Empresas pela Universidade Católica. Mestrado em Hospitality Management pela Cornell University. Trabalhou em empresas como a Mars e Sonae Turismo, sendo actualmente presidente do grupo Lágrimas. É presidente da Associação da Hotelaria de Portugal e representante em Portugal da EPCAS, a European Association of Party Caterers.

PEDRO CARDOSO Formado em Gestão Hoteleira, foi director de Front‑Office/Alojamento na abertura do ex‑Sheraton Porto em 1986 e director de Marketing e Vendas até 1995. Quadro co‑fundador e director‑executivo da Sugestões&Opções e do Grupo QRM, de 2002 a 2008. Fundador, em 2002, administrador e principal accionista da The House of Events. Consultor de Hotelaria e Turismo, e ex‑docente na Escola de Hotelaria e Turismo do Porto.

PEDRO RODRIGUES Coordenador de eventos da Desafio Global ativism – corporate events. Docente do Mestrado em Gestão Estratégica de Eventos da ESHTE.

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ANA BARBOSA PRESIDENTE DA APECATE

ANA BARBOSA ASSUMIU RECENTEMENTE A PRESIDÊNCIA DA DIRECÇÃO DA APECATE, SENDO ACOMPANHADA NA VICE‑PRESIDÊNCIA POR JOEL VICENTE, O NOVO PRESIDENTE DA SECÇÃO DE EVENTOS, E POR MARIA JOSÉ TEIXEIRA, QUE SE MANTÉM À FRENTE DA SECÇÃO DE CONGRESSOS. FOMOS CONVERSAR COM A NOVA PRESIDENTE. A APECATE passou por uma fase conturbada, com a saída de vários associados, a renúncia de João Sacchetti, presidente da associação, e a sua cooptação como presidente. A vida já regressou ao normal? Não me parece correcto adjectivar esta fase de conturbada. É uma palavra que remete para agitação e instabilidade e não houve nem uma coisa, nem outra. A Direcção estava a par das decisões do João Sacchetti e preparámo‑nos para esta alteração sem sobressaltos. A presidência da APECATE é estatutariamente composta pelos três presidentes eleitos pelas secções especializadas. Este facto sempre nos fez entender a presidência como uma espécie de triunvirato e a Direcção teve sempre um funcionamento colegial. A minha cooptação fez‑se de forma serena. Quanto à entrada do Joel Vicente, não só não nos provocou qualquer sentimento de “corpo estranho”, como tem sido um factor de dinamismo a vários níveis. Somos uma equipa coesa, com um rumo definido e uma forte determinação em superar as dificuldades que a crise provoca nas empresas e, através delas, às associações. Há uma continuidade e uma renovação, cuja necessidade era sentida antes da renúncia do João Sacchetti. Isto assenta na reflexão que temos vindo a fazer sobre o papel que deve desempe‑ nhar uma associação sectorial no século XXI e nas estratégias que estamos a implementar para promover o crescimento, nomeadamente nas secções de eventos e de congressos.

Quais são os grandes desafios para 2012? Em primeiro lugar, alterar a nossa linha de comunicação. O trabalho da APECATE tem sido imenso em muitas áreas e não o temos comunicado bem. Quem conhece o contributo que demos para a colocação dos organizadores profissio‑ nais de eventos no mapa da economia portuguesa? Ou soube da perseverança da Helena Weinstein que, apostando o essencial do seu trabalho na internacio‑ nalização, assumiu a vice‑presidência da EFAPCO e levou o nome de Portugal a dezenas de feiras da meetings industry? Quem conhece o esforço que tem sido feito a este nível pelo reconhecimento da profissão? E compreende o alcance de ter sido eleita presidente da EFAPCO uma empresária portuguesa, a Luísa Ahrens Teixeira, que nos honramos de ter como associada em representação da Mundiconvenius? No que respeita à animação turística, quem é que tem conhecimento do papel que desempe‑ nhámos na conquista de um enquadra‑ mento jurídico adequado para o sector? E que partiu de nós a proposta de criação de um CAE para a organização de activi‑ dades de animação turística? Temos que investir um esforço subs‑ tancial para dar maior visibilidade ao


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trabalho que estamos a realizar. É este grande objectivo – fazer chegar o nome e a mensagem da APECATE ao seu universo‑alvo – que está a inspirar o Plano de Comunicação já em curso, a cargo do vice‑Presidente. Mas os desafios para 2012 não se esgotam na comunicação. Destacando o essencial, posso adiantar que o funda‑ mental do que queremos atingir até ao fim do ano vai passar, sobretudo, pelo trabalho da Secção de Eventos, que tem um plano a três anos. As empresas organizadoras de eventos são muito competitivas. Devemos ter orgulho nacional nas nossas competências nesta área. Temos excelentes empresários e condições objectivas ímpares para desenvolvermos e internacionalizarmos o sector. O mesmo se diga das condições de excepção que tem Portugal para se afirmar como destino de congressos. Basta olhar para Lisboa e ver o que já nos oferece: um clima invejável, beleza, património de excelência, gastronomia, hotelaria, animação … e profissionais, que fazem milagres quando têm que organizar congressos com sete ou oito mil pessoas, com efeitos multiplicadores incomensuráveis para o país. A APECATE tem uma função muito importante a

desempenhar, ao nível da afirmação destes sectores e do apoio aos empre‑ sários, e vai fazê‑lo. A linha de rumo é esta. Não quero antecipar resultados mas estou muito confiante no salto em frente que vai ser dado. Ainda no campo dos eventos e dos congressos, parece‑me que a maturi‑ dade atingida coloca na ordem do dia o debate sobre os mecanismos que fará sentido activar na auto‑regulação destes sectores que, ao contrário do que sucede com a animação turística, não têm um enquadramento jurídico próprio que lhes crie obrigações específicas e iden‑ tifique os seus agentes através de um Registo Nacional. A Carta de Qualidade que elaborámos foi um primeiro passo. É preciso validá‑la junto dos sectores, aprofundar conte‑ údos e transformá‑la num efectivo instrumento de incentivo e controlo de qualidade. Este é outro grande desafio.

No que respeita à animação turística, o grande objectivo para 2012 é a criação de uma nova qualificação profissional – o Técnico de Turismo de Ar Livre. Trata‑se de um trabalho de fôlego que só é possível graças à dedicação pro bono dos associados envolvidos neste projecto. Espero, sinceramente, que quem de direito o reconheça.

De que maneira pode a APECATE prestar apoio aos associados neste período de crise? Quais são os prin‑ cipais problemas das empresas que vos procuram? Os tempos de crise são tempos de luta e de descoberta de oportunidades. O que podemos e devemos fazer é apoiar os objectivos de qualificação e de internacionalização dos associados, abrir‑lhes janelas de oportunidade, oferecer‑lhes o debate dos seus problemas com especialistas, etc. Estamos a calendarizar acções para realizar estes objectivos, como por exemplo os jantares‑debate com espe‑ cialistas. Prevemos quatro por ano, dois no Sul e dois no Norte. Mas, em parti‑ cular neste período, há outros aspectos importantes que correspondem ao capítulo dos benefícios aos associados. Só para dar exemplos, baixámos tempo‑ rariamente a quota anual da Secção de Eventos e lançámos uma campanha interna de angariação de novos asso‑ ciados que traz benefícios aos membros angariadores – a Campanha Quota Parte; assinámos já um protocolo de seguros com a Bull Insurance, que tem produtos para eventos e congressos; renegociámos novos benefícios no protocolo com a Liberty, a nossa seguradora para a animação turística; vamos firmar um acordo com uma empresa especializada em candidaturas a fundos de apoio; estamos a adaptar o nosso Plano de Formação de Activos às necessidades mais prementes; e temos vários projectos, ainda em fase de matu‑ ração, que têm como objectivo criar as pontes inter‑associados para que todos possam beneficiar da APECATE como espaço solidário de sinergias, centro de contactos para a actividade económica e, também, como plataforma de apoio à internacionalização.

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SECÇÃO DE EVENTOS COM NOVO PRESIDENTE

JOEL VICENTE PRESIDENTE DA SECÇÃO DE EVENTOS

Teme que por dificuldades financeiras algumas empresas deixem a asso‑ ciação? De que forma vão conseguir evitar estas situações? Os tempos não estão bons para ninguém e esta é uma realidade que todas as associações têm que enfrentar. Mas o que me diz a experiência é que, as empresas que acreditam mesmo que a APECATE vale a pena, não fazem cortes cegos. Só a deixarão se não tiverem mesmo outra opção. E sempre que for esse o caso, conseguiremos, como até hoje, encontrar boas soluções.

Joel Vicente, director da Line Up, é o novo presidente da secção de Eventos da APECATE. Os objectivos da secção estão definidos num plano de acção e estratégia para os próximos três anos, aprovado em Assembleia‑Geral. Em termos de asso‑ ciados a estratégia passa por: aumentar o número de sócios (objectivo é triplicar e trazer para a secção outras áreas de eventos); aumentar os benefícios para asso‑ ciados; redução do valor da quota (campanha exclusiva para 2012); melhorar a comunicação e o networking entre associados e potenciais associados, bem como entre os associados e o mercado; premiar e reconhecer as empresas e profissionais do sector, através da criação dos Prémio APECATE. No que diz respeito a visibilidade e representatividade, os objectivos são: aumentar a comunicação e relações públicas; aumentar o reconhecimento das empresas associadas no mercado; aumentar a representatividade no governo e tutela; traba‑ lhar em estatísticas que demonstrem a importância do sector. Finalmente, quanto à competitividade e internacionalização, o plano prevê: a organização de um evento de esclarecimento sobre incentivos AICEP/IAPMEI; a criação de uma parceria com consultoras para apoio à realização de candidaturas a incentivos; e aumentar a representatividade e protocolos com instituições que possam apoiar o desenvolvimento do sector.

Numa empresa que esteja a ponderar aderir à APECATE, que argumentos usaria para convencer os seus responsáveis? A dinâmica de desenvolvimento da APECATE e os benefícios que ofere‑ cemos aos associados são o argumento mais fácil. A APECATE é um fórum de encontro entre empresários que tanto têm relações de concorrência como criam teias de contratação entre si. As sinergias e complementaridades entre as empresas de congressos, de eventos e de animação turística são objectivas e têm dado frutos. O mesmo se diga das relações preferenciais que temos com os associados colaboradores que fornecem serviços conexos com as nossas áreas de actividade. É minha convicção de que o que tem levado muitas empresas a aderir à APECATE é o reconhecimento do trabalho em prol dos sectores que representamos e a consciência de que, quanto mais forte e representa‑ tiva é uma associação, maior é a sua capacidade de resolver os problemas,

desempenhar com eficácia as tarefas de representação perante a Administração Central e contribuir decisivamente para que sejam os empresários os primeiros responsáveis pelas decisões que determinam os seus destinos. Esta consciência associativa não é um dado adquirido no sector empresarial nacional. Mas tem vindo a desen‑ volver‑se. E é esta consciência cívica, por vezes mais do que a obtenção de benefícios directos, que mantém e fortalece as associações empresariais. São estes os empresários que nunca abandonam o seu posto. Estou confiante de que o nosso plano de acção para este ano, que, em síntese, se traduzirá numa nova dinâmica de afir‑ mação sectorial, de divulgação da asso‑ ciação e na conquista de novos benefí‑ cios, transformará este difícil 2012 num ano histórico para a APECATE.


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NOTÍCIAS 12

PRIMEIRO ENCONTRO EUROPEU DE PROTOCOLO ERRATA Na edição de Outubro da Event Point, na reportagem intitulada “A imaginação é o limite”, na secção de tecnologia, o director da Outmind surge com o nome Nuno Fradique Mendes, em vez de Nuno Fradique Vieira. Pelo lapso, de involuntária inspiração literária, pedimos desculpa, ao visado, e aos nossos leitores.

A primeira edição do Encontro Europeu de Protocolo vai centrar‑se nas expec‑ tativas profissionais na organização de eventos e protocolo na Europa. É organizado pelo Instituto Mediterráneo Estudios de Protocolo, em colabo‑ ração com a Associação Espanhola de Protocolo e a Associação Portuguesa de Estudos de Protocolo (APEP). Foram já anunciados alguns dos oradores do evento. A saber: Nicolas da La Grandville, chefe de Protocolo da Comissão Europeia, Eloy Martinez de La Pera, ex‑chefe de Protocolo da Presidência Espanhola da União Europeia, Isabel Amaral, presidente da APEP, Thomas Sladko, vice‑chefe de Protocolo da Chancelaria Federal da Áustria e

Margarita García Díaz Varela, directora de Protocolo de Sacyr Valhermoso. O evento vai decorrer a 11 e 12 de Maio, no Centro de Congressos de Elche. Antes disso, a APEP, no dia 20 de Abril, organiza as Jornadas Luso‑Espanholas de Protocolo, dedicadas ao tema: “Protocolo, um instrumento de credi‑ bilidade das instituições”. A inicia‑ tiva, que vai decorrer no auditório da Fraterna, em Guimarães, vai contar com a presença de vários oradores estrangeiros, entre eles, Mar Castro, do ISPE – Instituto Superior de Protocolo y Eventos, Juan José Feijóo, da AEP – Asociacion Española de Protocolo, e Jorge J. Fernández y Vázquez, da Faculty Brokers.

ESTORIL RECEBE CAMPEONATO DO MUNDO DE ESGRIMA ARTÍSTICA A Costa do Estoril vai receber mais de 2 mil pessoas para o Campeonato do Mundo de Esgrima Artística (World Stage Fencing Championship – WSFC 2012). Este evento vai decorrer de 16 a 20 de Agosto, no Centro de Congressos do Estoril, numa organização do Clube Duelo, membro da Academia de Armas de Portugal e da Academia de Armas Internacional.

O WSFC 2012 em Cascais conta com o apoio da autarquia local, do Ministério da Cultura, da Secretaria de Estado da Juventude e Desportos, da Secretaria de Estado do Turismo e do Turismo de Portugal. Vai incluir uma série de eventos paralelos tais como: exposições, semi‑ nários, demonstrações, um festival de cinema e eventos sociais.

Para quem não conhece, a esgrima artística é um conjunto de técnicas que permite criar e interpretar duelos de qualquer época ou de fantasia para teatro, cinema, bailado, ópera, ballet, através de reconstituições históricas. As armas usadas são reais. Mais informações em: www.wsfc2012.org.

PORTO COM ETAPA DO EXTREME SAILING SERIES O Porto vai receber uma etapa do Extreme Sailing Series, um dos princi‑ pais eventos de vela do mundo. São ao todo oito etapas, distribuídas por várias regiões do mundo, reunindo a elite de skippers e tripulações olímpicas e veteranas da Taça América. “O Porto tem uma vista boa para a realização da etapa do Extreme Sailling Series. É uma cidade com grandes

conexões (ligações), boas condições do vento”, afirmou à TVPorto Mark Turner, CEO da organizadora, acres‑ centando: “A população vai ficar entu‑ siasmada com o evento e as equipas contentes por vir aqui competir”. Vladimiro Feliz, vice‑Presidente da Câmara, diz que esta é uma demons‑ tração da capacidade do Porto para receber eventos mundiais, “É o que

temos vindo a fazer nos últimos anos. Não só apostar na promoção da marca Porto como no aumento da sua noto‑ riedade. Assim é, por exemplo, com o Circuito da Boavista e agora também com esta prova mundial de vela”. A competição, em formato de estádio, o que permite o envolvimento do público, vai decorrer na Foz do Douro, de 5 a 8 de Julho.


NOTÍCIAS 13

CASCAIS RECEBE CONGRESSO MUNDIAL SOBRE PROPRIEDADE INTELECTUAL A quinta edição do Intellectual Property Business Congress (IPBC) vai realizar‑se em Cascais. Este é um dos mais importantes eventos nesta área, e sobretudo numa altura em

que se discutem tanto as questões da propriedade intelectual, o congresso assume uma relevância extra. Estarão presentes as principais personalidades do sector, e representantes de grandes

empresas. O evento, promovido pela revista Intellectual Asset Management, vai decorrer de 24 a 26 de Junho, no Hotel Cascais Miragem.

MERCADOS EMERGENTES APOSTAM NA IMEX As economias emergentes estão a demonstrar grande interesse na IMEX 2012 e isso está reflectido na procura por um lugar no programa de hosted buyers. A organização dá ainda conta de que o número de expositores será o mesmo ou maior do que o ano passado. Ray Bloom, director da IMEX, confirma uma série de novos intermediários americanos que vão trazer à feira clientes‑chave dos Estados Unidos. Os mercados emergentes, Brasil, China e

Índia, vão estar bem representados no programa de compradores. O plano é também atrair mais compradores de eventos corporativos. O responsável espera que a edição nº10 bata todos os recordes em termos de hosted buyers. A procura por espaço na feira está a ser elevada, diz a organização, destacando o aumento de espaço de destinos como Boston, Brasil, Costa Rica, Croácia, Moscovo, Paris, Eslováquia, Sri Lanka e Turquia.

Este vai ser um evento especial. A IMEX Frankfurt comemora os dez anos de existência e vai partilhar a data com os expositores e visitantes, através de um extenso programa educativo que está a ser preparado. Ao todo vão ser 100 seminários que se vão debruçar sobre temas como o marketing, a comuni‑ cação, as aplicações, a saúde, susten‑ tabilidade e redes sociais. Para conferir tudo de 22 a 24 de Maio, em Frankfurt.

AIBTM 2012 COM PAVILHÃO EUROPEU A Americas Meetings & Events Exhibition 2012 (AIBTM) vai contar com um pavilhão especialmente dedicado à Europa. A decisão decorre da grande procura por parte dos expositores europeus de expandir as suas relações de negócio com os Estados Unidos. Assim, este espaço vai contar com a presença de hosted buyers daquele país com interesse nos destinos europeus. Além disso vai contar com uma área de apresenta‑ ções, chamadas Spotlight Sessions, dedicadas ao velho continente, a que todos os expositores do pavilhão vão

ter acesso. As sessões vão permitir um ganho de notoriedade extra. A directora de vendas da Reed Travel Exhibitions, Danielle Keogh, lembra que os estudos mais recentes deixam a indicação de que o mercado americano vai crescer em 2012. “Esta é uma grande oportunidade para todos os expositores europeus maximizarem a sua partici‑ pação e a notoriedade junto dos hosted buyers americanos, não só no pavilhão, mas também através das Spotlight Sessions”, diz Danielle Keogh. Já estão confirmadas para este pavilhão as seguintes entidades:

Toerisme Viaanderen, Destination DC & Visit Brussels, Moscow Exhibition and Convention Agency, Vienna Convention Bureau, Ungerboeck Softward International, Ireland Tourist Board, Cititravel, Tui Travel Plc, Meliã Hotels International, Barcelona Convention Bureau, Madrid Visitors & Convention Bureau, Kuoni Travel, Dorchester Collection e Shangri‑La Hotels & Resorts. A feira decorre de 19 de Junho a 21 de Junho, em Baltimore. Mais informações em: www.aibtm.com.

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NOTÍCIAS 14

CONGRESSO DA UNIÃO DE FEIRAS IBERO‑AMERICANAS NO NORTE DE PORTUGAL O Congresso da União de Feiras Ibero‑Americanas vai realizar‑se em Portugal, numa organização da Associação Portuguesa de Feiras e Congressos (APFC), em parceria com a Associação de Feiras Espanholas e a Associação Internacional de Feiras da América Latina. Apesar de ser organi‑ zado em conjunto, para Miguel Corais, presidente da APFC, esta é uma opor‑ tunidade para dar mais visibilidade à associação, “sensibilizando para as nossas questões os vários operadores de mercado do turismo e eventos. Será certamente um evento que nos permitirá lançar as nossas questões e assumirmos outra importância em Portugal.”. O tema do congresso será “O Futuro ‑ Cooperação e Novos Desafios”. O facto de ser um

evento que vai trazer profissionais do lado de lá da fronteira e da América Latina é uma oportunidade para os profissio‑ nais portugueses. “Queremos que neste evento os portugueses possam aproveitar para lançar projectos de cooperação num mercado emergente e em crescimento como o da América Latina”. Sobretudo o Brasil. “Para nós o Brasil é de extrema importância, quer pela lusofonia quer pela importância actual deste mercado”. Os principais temas em discussão passam pela situação actual das feiras e dos mercados iberoameri‑ canos; estratégias de crescimento do negócio; oportunidades de inter‑ câmbio e cooperação; novos conceitos de eventos, redes sociais e tecnologias de informação.

MIGUEL CORAIS . PRESIDENTE DA APFC

O Congresso vai decorrer de 21 a 23 de Junho, na Exponor, com uma passagem por Braga.

BRAGA: DESTINO DE CONGRESSOS Já está online o bragacongress.com, a face mais visível de uma estrutura que pretende promover Braga como um destino para congressos, eventos, feiras e reuniões. O projecto BragaCongress.com agrega toda a oferta, pública e privada, existente em Braga ao nível deste segmento, promovendo‑a nacional e internacionalmente através do website, de brochuras, apresentações em feiras de turismo, de “Fam Trips” que possi‑ bilitem uma visita técnica de operadores turísticos, e de inserções publicitárias. O projecto vai promover Braga juntos dos vários agentes ligados à meetings industry, como agências de viagens, agentes turísticos, DMC, PCO, organiza‑ dores de eventos, empresas, entre outras

entidades. O BragaCongress.com integra o Município de Braga, o PEB – Parque de Exposições de Braga, a Entidade de Turismo Porto e Norte de Portugal, a Associação Industrial do Minho, os hotéis Bom Jesus, o Hotel Meliã, o Hotel Turismo e a Quinta do Esquilo. “Para uma cidade como Braga, de média dimensão, mas que se distingue com um património riquíssimo e bimilenar, captar congressos e eventos é estratégico como forma de promoção, geradora de riqueza e novos negócios”, consideram os promotores deste projecto, numa nota de imprensa, que acrescenta que o turismo de negócios é um segmento importante para a afirmação duma região e uma alavanca importante em

termos económicos, em especial na promoção e captação de turistas. O portal associado ao projecto vai inte‑ grar todas as respostas necessárias para um organizador de congressos e eventos (espaços, serviços, transportes, etc.), disponibilizando uma nova funcionali‑ dade – “Construa o seu Evento” –, que consiste numa checklist das necessi‑ dades. Além disso, vai divulgar todas as potencialidades da cidade. O portal ficou disponível no dia 1 de Março, dia em que o projecto foi apre‑ sentado na BTL – Bolsa de Turismo de Lisboa, na FIL.


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JOÃO SERRA PRESIDENTE DA FUNDAÇÃO CIDADE DE GUIMARÃES © RUI LUÍS ROMÃO . EVENT POINT


GRANDE ENTREVISTA 17

ESTE HOMEM NÃO É DO NORTE!

Pois não. Mas nem por isso deixou de assumir a presidência da Fundação Cidade de Guimarães. E conseguiu trazer à Capital Europeia da Cultura de 2012 uma tranquilidade que lhe pareceu faltar durante muito tempo. João Serra é caldense, historiador, e tem um percurso de mais de três décadas enquanto docente, na ESAD das Caldas da Rainha e na Faculdade de Ciência Sociais e Humanas da Universidade Nova, em Lisboa. Recebeu a Event Point no seu gabinete, no Palácio Vila Flor. Como é que chega a este projecto de Guimarães ‑ Capital Europeia da Cultura? Formalmente, fui convidado pela ante‑ rior presidente da Fundação Cidade de Guimarães para integrar a equipa dela.

Devo dizer que aceitei convencido de que as responsabilidades que iria ter no projecto seriam bastantes menores do que aquelas que viria a ter. Estava mesmo convencido de que podia compatibilizá‑las com a continuidade das funções lectivas. Mais tarde verifiquei que não era possível.

Havia alguma ligação anterior a Guimarães? Não. Conhecia Guimarães como qual‑ quer outro português. Penso que fui convidado por um conjunto de factores. Terá sido reconhecido que alguma da minha experiência poderia ser útil ao projecto, algum tipo de relações que poderia ter em certos meios culturais, e o facto de ser professor da área de Gestão Cultural. Hoje dedico praticamente toda a minha vida a este projecto. Como muitas vezes acontece, as circunstâncias que nos aproximam de determinada função são fortuitas, ocasionais. O que é que lhe interessou mais neste desafio? Na minha vida o que é constante é a actividade de docente. São mais de trinta anos, com poucas interrupções. Mas também houve outros desafios, aos quais fui sempre procurando responder. Na altura, além da minha vida académica, desempenhava

funções de membro executivo da Comissão das Comemorações do Centenário da República, e nessa missão tinha a meu cargo a progra‑ mação cultural. O que se passou aqui foi de alguma forma uma extensão dessa função, mas era um desafio que tinha outra envergadura e responsa‑ bilidade também. Pareceu‑me que a minha experiência numa equipa que era bastante jovem podia ser útil. E foi um pouco esse instinto que me trouxe até Guimarães. Rapidamente me apercebi de que não seria possível realizar este projecto sem uma dedi‑ cação integral. Mantive, é certo, a coordenação do Mestrado em Gestão Cultural nas Caldas da Rainha, com delegação de competências em colegas que lá estavam. Cheguei a Guimarães em Setembro de 2009, e em Dezembro desse ano já tinha procurado casa e já me tinha instalado. Não era possível vir aqui dois ou três dias por semana.

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G R A N D E E N T R E V I S T A . JOÃO SERRA 18

Foi muito doloroso o processo de mudança de presidência da Fundação? Como todos os processos de ruptura, eles têm qualquer coisa de normal. Não devem ser encarados como algo de excepcional. A ruptura pode acontecer da parte de pessoas que aderiram ao projecto e que, a certa altura, verifi‑ caram que não estavam em condições de continuar. E às vezes a ruptura atinge mesmo os órgãos dirigentes. Não é desejável, mas é normal. E é sempre doloroso. O que é que trouxe de positivo para a Capital Europeia da Cultura esse momento de ruptura? Na altura encarei‑a como um factor muito perturbador da vida do projecto. Hoje, tenho a ideia de que essa ruptura lhe trouxe uma possibilidade, que não tinha, de reorientação, realinhamento do seu discurso com a cidade. Isso foi possível com uma nova equipa, e o resultado está à vista. Hoje é claro que o projecto se teria realizado com uma conflitualidade latente ou mesmo aberta com a cidade, o que seria extrema‑ mente prejudicial à imagem pública, à confiança. A verdade é que o projecto tinha sofrido um desgaste muito grande da sua imagem externa, mas também um desgaste interno. Um dos directores já se tinha demitido, e provavelmente seguir‑se‑iam outras demissões. Terminou há pouco tempo um primeiro ciclo de programação. Que balanço é possível fazer destes meses? Foi um ciclo que confirmou a Capital da Cultura como um grande aconteci‑ mento nacional, com grande projecção externa. Que o balanço é positivo praticamente todos os observadores independentes o disseram, desde a crítica dos espectáculos aos jorna‑ listas. Mas, para quem está dentro do projecto, pede‑se que não se limite a dizer que é positivo. Revelou, sobre‑ tudo no aspecto qualitativo, que as grandes apostas desta Capital, que tem alguns aspectos singulares e originais,

já tinham produzido resultados e criado adesão do público. Podiam ter corrido bem todos os espectáculos, nenhum ter sido adiado, e não terem criado uma compreensão, uma acei‑ tação, uma apropriação por parte das várias audiências a que se dirigiam. Estes públicos confluem todos para Guimarães porque a cidade se tornou uma vedeta neste processo. Somou à qualidade urbana, ao aspecto simbólico e representativo da história, e à boa defesa que tem sido feita do seu centro histórico e dos seus valores, uma Capital que ocorre num contexto complexo da sociedade portuguesa. Uma Capital que se afirma como um sítio jovem, arejado e projectado para o exterior. Nestas circunstâncias, a cidade tornou‑se uma vedeta em que a Capital acrescenta valor, soma e multiplica. É uma cidade que suscita atenções? Sem dúvida, e independentemente do que cá se passa. O discurso que fazíamos da Capital Europeia da Cultura, como o processo que comu‑ nicava uma cidade, com a sua história e a sua contemporaneidade, a história mais antiga ou mais recente e o desejo de mostrar que é um palco aberto à criação, implicava não apenas utilizar todos os palcos que a cidade já tinha, mas criar alguns novos. Estes novos palcos foram as apostas mais fortes da Capital Europeia da Cultura do ponto de vista do colocar Guimarães ao nível das restantes capitais europeias neste domínio. Refiro‑me à conversão de antigos espaços industriais em espaços de criação e exibição. Isso foi feito com a iniciativa privada e de forma bem sucedida. O factor Capital Europeia agiu como um catalisador, mas não como o elemento detonador. Para isso havia da parte da sociedade civil e das empresas interesse, disponibilidade e visão. No fundo mostra também que a cultura pode, e deve, aliar‑se, a uma visão empresarial moderna e em Guimarães ela sempre existiu.

Qual é que pode ser a herança mais valiosa da Capital Europeia da Cultura? Há coisas que já ficaram, de certa forma. A marca Capital Europeia da Cultura trouxe a Guimarães uma noto‑ riedade externa que, somada ao facto de ser uma cidade que integra a lista do Património Mundial, a tornou num destino turístico muito sublinhado. Desde que o New York Times apontou, em Novembro, Guimarães como um destino de visita para 2012, isso teve um efeito multiplicador excepcional. Têm números relativamente aos visi‑ tantes estrangeiros? Não temos ainda. Há uma entidade que os está a contabilizar, mas ainda não nos forneceu dados suficientes. Provavelmente só a partir de Abril. Mas nota‑se essa presença? Domingo à tarde passeei pela cidade e estava completamente cheia. Havia filas para entrar, para sair. Parecia um dia de grandes jogos de futebol, e não era o caso. Estava um ambiente muito agradável, com as pessoas a viverem a cidade. Esta marca já está. Mas para nós não seria suficiente. Atrair mais turismo sim, sem dúvida, mas vamos ver que tipo de turismo. Diria que estamos sobretudo interessados em ganhar uma quota no turismo de experiência, de apropriação. Não é o turismo que passa, mas o que quer vir e voltar a Guimarães para fazer uma experiência nos seus workshops, nas suas estruturas de programação cultural. Estamos interessados em conquistar uma quota nesse turismo internacional, sobretudo europeu, que é um turismo criativo, que participa nos processos de criação. Para isso é preciso que a cidade disponha de estruturas que permitam manter uma posição muito elevada nessa rede de cidades criadoras. A oportunidade que Guimarães tem em 2012, e que não podia desperdiçar, era a de se dotar dessas estruturas. Não as estruturas de exibição, essas já tinha, mas os tais


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locais atractivos para os criadores. Procuramos fazer reflectir o nosso investimento em estruturas que ficam para lá de 2012. Parece‑lhe que existe o risco de haver um vazio, a seguir? Evidentemente que o pós‑2012 tem vários níveis de abordagem. Um deles é de natureza técnico, outro tem a ver com a sustentabilidade financeira dos projectos, e o outro é político. Há aqui apostas muito fortes que foram susten‑ tadas pela geração que actualmente tem responsabilidades na cidade, e que julgo serão continuadas. Guimarães não é a mesma cidade, e não será a mesma cidade que em 2013 enfrentará o legado de 2012. Seria incompreen‑ sível para todo o tecido económico e social da cidade que se viesse a desperdiçar aquilo em que se apostou tão fortemente em 2012, e que gerou resultados. Outra coisa é o modelo de gestão. Sobre esse ponto de vista, o modelo de uma Capital Europeia da Cultura esgota‑se em 2012. É neces‑ sário que a seguir se encontrem outros modelos de gestão. Isso está a ser estudado pelas entidades locais. A Fundação poderá perdurar para além deste horizonte temporal de 2012? Esta administração entende que o seu mandato é estritamente o de realizar a Capital Europeia da Cultura e fechar essas contas de modo a não deixar nenhum encargo negativo para o futuro. Recebemos o mandato em Agosto/Setembro de 2011 e prometemos levá‑lo até sensivelmente meados de 2013. Nessa altura entregaremos o nosso mandato às entidades de quem o recebemos: à Câmara e ao Governo. Essas duas entidades saberão o futuro da Fundação. Pessoalmente, cada um de nós, em meados de 2013, regressa tran‑ quilamente às funções que já tinha.

Mas do ponto de vista técnico, parece‑lhe que faz sentido? Duvido que faça muito sentido. A Fundação Cidade de Guimarães não é proprietária de nenhum elemento decisivo para o futuro de Guimarães como capital de cultura. A Oficina, uma entidade da cidade, produz mais de metade do investimento no programa cultural e artístico. Quer dizer que há uma percentagem elevadíssima deste investimento que é gerido por uma estrutura de Guimarães. Ela é que ficará como principal detentora da experiência adquirida. Por outro lado, a gestão de nenhum equipamento foi transferida para a Fundação. Olhando particularmente para o público local, qual é o balanço que faz do envolvimento dos vimaranenses? No último Conselho Geral, que se realizou em Março, e onde têm assento diversos representantes de institui‑ ções da cidade, todas as intervenções tiveram uma tónica positiva, referindo os aumentos fantásticos de públicos. Tivemos um aumento absolutamente inesperado e muito forte. Também estiveram representantes de associa‑ ções comerciais e industriais e todos foram no mesmo sentido, embora o impacto medido na restauração, ou em vendas nas lojas de artesanato e da área histórica, seja diferente das que se situam fora da área histórica. Todos esses dados mostram aumentos de 20, 30% relativamente ao ano ante‑ rior. Mas, para além disso, o que esses representantes transmitiram foi o sentimento generalizado de confiança e de orgulho na Capital Europeia da Cultura. E a ideia de que a cidade está bonita, sabe receber, e tem uma progra‑ mação cultural diversificada e interes‑ sante para atrair públicos vindos de todo o lado. Há uma participação franca, aberta da cidade na sua Capital Europeia da Cultura, e a noção de que todos os fantasmas que ocorreram no primeiro semestre de 2011 foram afastados.

Como é que se faz a articulação entre Guimarães e outras cidades próximas, como Braga, que é este ano a Capital Europeia da Juventude? Os projectos são autónomos, mas houve a preocupação mútua de criar sinergias. Queríamos deixar um bom legado para o futuro, um diálogo aberto entre as políticas públicas dos vários concelhos da região. Não podemos dizer que os resultados sejam muito expressivos, mas são significativos. Temos com Braga uma dezena de projectos em comum, o que não é pouco. O trabalho foi realizado de forma discreta, mas aturada, visando sobretudo aproveitar essa capaci‑ dade de marketing territorial que estes eventos trazem associados. Há outros concelhos envolvidos, para além de Braga [Barcelos e Famalicão], formando um quadrilátero. É ao abrigo dessa lógica que foram desenvolvidos estes projectos, e continuarão a sê‑lo até ao fim do ano. Estão satisfeitos com os resultados? Não completamente. Isto é, achamos que é possível melhorar, tirando mais partido ainda das entidades que têm, elas próprias, um âmbito territorial mais vasto. Apesar de toda a disponibi‑ lidade, é possível por exemplo potenciar o papel de Guimarães no Turismo do Porto e Norte e a promoção que o Porto e Norte traz a Guimarães. Houve aqui, tenho que reconhecer, algum atraso da nossa parte, que não foi possível recu‑ perar completamente entre Outubro e Março. A grande preocupação era abrir a Capital Europeia da Cultura de modo a criar um élan positivo, que desfizesse algumas sombras sobre o que se estava a fazer em Guimarães, a sua pertinência e a sua qualidade. Houve que concentrar esforços na abertura e no primeiro ciclo. Estamos agora a dirigir os esforços mais para o lado da comunicação, incluindo esse entrosamento com a região.

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Com a expansão das redes sociais, tornou‑se mais fácil comunicar a Capital Europeia da Cultura? Essa é uma matéria sobre a qual temos alguma experiência acumulada, porque no fundo tivemos três campanhas de marca. As duas primeiras não foram particularmente bem sucedidas, ou tiveram dificuldades, e a terceira, que se iniciou em Novembro do ano passado, teve um êxito muito grande. A campanha “Tu fazes parte”, lançada nessa altura, foi um caso de sucesso, medido logo na primeira semana, quando as pessoas exigiram que passasse a ser “Eu faço parte”. Esse fenómeno quase nos escapou, porque foram os destinatários que transformaram o lema. Houve uma colagem da ideia, do objectivo de integrar, numa adesão espontânea e emotiva. Aí as redes sociais tiveram um papel impor‑ tante, porque essa é uma linguagem do Facebook. Mas este também não é algo de geração espontânea, e não é qualquer pessoa que lida com ele. Em que é que se traduziu essa adesão? Nós já tínhamos Facebook, e sem grande êxito. Numa semana passámos de um número residual para dezenas de milhares de fãs, o que significa que aprendemos a trabalhar com aquela ferramenta. Porque é preciso alimentar as redes sociais, responder, estar atento, ter uma estrutura dedicada a essa gestão. O que nós fizemos foi mudar o sinal, a preocupação com a comunicação, de modo a que ela fosse percebida interna‑ mente, não como um meio, mas como algo de essencial à própria programação. A comunicação não é uma coisa que se acrescenta. Uma Capital Europeia da Cultura é um evento de comunicação, à volta de uma programação contempo‑ rânea, à volta de um conjunto de valores. E só a partir de Novembro esta percepção se tornou clara, não apenas nos objec‑ tivos, mas também nos meios postos à disposição de Guimarães 2012. Dissemos sim às novas tecnologias, enquanto prioridade, não como se fossem um meio barato de comunicação.

OITO PERGUNTAS A JOÃO SERRA Um período da história? Aquele que estudo, dos anos 90 do século XIX aos anos 30 do século XX. Época em que gostaria de viver? Sou um homem do meu tempo. Em D. Afonso Henriques, prefere a figura histórica ou o mito? A figura andou durante muito tempo envolta no mito... Devo ao Professor José Mattoso, e ao seu trabalho, a minha percepção de que há ali uma figura que apro‑ veita um momento único na história para criar um país. Portugal só podia ter sido fundado naquela altura, e isso resulta de uma leitura perspicaz, dele e do seu grupo de conselheiros, da situação internacional. Quarenta anos antes, ou depois, isso já não teria sido possível. Assim, a figura histórica ganhou hoje uma outra espessura. Como vê o fim dos feriados de 5 de Outubro e de 1 de Dezembro? Não me pareceu uma decisão muito feliz. Se fosse verdade que cada feriado a menos representasse uma poupança extraordinária, então acabávamos com todos. Os feriados são operações simbólicas. Sobre o 1º de Dezembro, que perdeu o aspecto afectivo, teria menos preocupações. Em relação ao 5 de Outubro, parece‑me claramente uma decisão pouco acertada. Figura da história? Independentemente do lado mais apolíneo ou mais dionisíaco, é uma personagem que marcou profundamente a história da Europa. Napoleão. Clube? Benfica Cidade para viver? Paris Palavras e expressões de que se apropriou, neste tempo que leva de Guimarães? Já integrei no vocabulário o “à beira”, no sentido de ficar “junto a mim”, “à minha beira”. Rapidamente apanho a pronúncia. Já canto um pouco no final das frases, como é comum aqui no Minho (risos). Ao princípio até fazia um pequeno dicionário. “Recesso”, por exemplo, é palavra que não se usa no Sul, de onde sou natural, dita no sentido de “pão duro, com dois dias de casa, ou recesso”. Mas o que mais me choca é a aversão generalizada, em Guimarães, aos coentros (risos).

Rui Luís Romão (rui@eventpoint.com.pt) Cláudia Coutinho de Sousa (claudia@eventpoint.com.pt)


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A L E X A N D R A B A LTA Z A R COORDENADORA DO LISBOA CONVENTION BUREAU © MINIFOTO


OPINIÃO 23

PERCEPÇÕES E REALIDADES

Penso e repenso no que me motiva e inspira, a relação apaixonada que mantenho com Lisboa, imprescindível ao desenvolvimento do meu trabalho, na promoção internacional da Cidade, nos nossos fracassos e sucessos. Pergunto‑me sobre os meus pares e a sua percepção sobre nós ‑ errada ou correcta, positiva ou negativa, temporal ou não. E as percepções impactam decisões, a nossa vida e futuro? Sim, sem dúvida. Esta indústria, à semelhança de quase tudo no planeta, está em mudança, exigindo‑nos estratégia, flexibilidade, criatividade, paixão, excelência, etc. Adaptamo‑nos a crises económicas e financeiras, a furacões, vulcões, epidemias, atentados, greves, novos mercados, internet e social media e muito mais. O mundo é cada vez mais pequeno e as oportunidades para viajarmos e conhecermos outras culturas são cada vez mais acessíveis. As escolhas são imensas e a competiti‑ vidade entre países e cidades fantástica. Uma das componentes mais impor‑ tantes desta indústria é a interacção, a comunicação com as pessoas, no caso, organizadores de eventos, viajantes – os potenciais clientes de Lisboa ‑, e também com aqueles que localmente operacionalizam e materializam a experiência dos anteriores no destino – a nossa rede local.

E falo de nós. O nosso capital humano é de facto um factor diferenciador – sabemos receber, sabemos organizar, sabemos fazer os outros sentirem‑se “em casa” e isso é fantástico. Às vezes nem damos por ela, é quase genético, mas os outros sentem.

Os visitantes e potenciais clientes de Lisboa, que nos visitam pela primeira vez, ficam encantados, dizem que nunca pensaram encontrar uma Lisboa assim, e que de facto nós temos tudo. Se sabemos valorizá‑lo ‑ essa será outra questão.

É importante mencionar o trabalho que se tem desenvolvido nos últimos anos na promoção internacional de Lisboa. Lisboa é um destino muito apelativo e competitivo ao nível das suas congé‑ neres europeias, especialmente ao nível dos city breaks e turismo de negócios. Somos um destino com uma oferta diferenciada, com cultura, história, modernidade, vida nocturna, exce‑ lente gastronomia e vinhos, um clima fantástico, óptimas infra‑estruturas, especialmente ao nível da hotelaria, com uma excelente relação qualidade‑preço, e boas acessibilidades. Também somos um destino seguro e friendly.

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OPINIÃO

. P E R C E P Ç Õ E S E R E A L I D A D E S , P O R A L E X A N D R A B A LT A Z A R

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ESTES SÃO TODOS FACTORES MOTIVACIONAIS! É fundamental que acreditemos no produto que temos, para que o possamos promover/vender. E esse é o nosso trabalho. Vender Lisboa aos potenciais clientes, sejam eles turistas em lazer ou empresas e associações com potencial para aqui organizarem os seus eventos. Há um Plano com objectivos, estratégias, definição dos mercados prioritários, produtos turísticos e segmentos, e ainda o contacto com organizações internacionais do sector. A par da actividade promocional, as relações com os pares contribuem também para alicerçar e consolidar a nossa notoriedade enquanto destino de excelência no quadro da MI (meetings industry). Há uma rede sólida com os players locais, e juntos concretizamos objectivos. Lisboa também se promove através das redes sociais, fomentando a rede local, atraindo visitantes a expe‑ riências, momentos, desenvolvendo

e fidelizando contactos e ouvindo os outros. São outros “pequenos actos” de promoção da experiência Lisboa. Lisboa sabe potenciar oportunidades e fê‑lo muito bem através da Expo 98. Mostrou‑se ao Mundo no seu melhor – com orgulho no passado e no presente, com uma visão clara do futuro. Uma aposta ganha. Depois o Euro 2004, outro evento mediático que pôs Portugal nos media internacionais e em que o país esteve à altura. Dissemos ao Mundo quem somos e da excelência da nossa organização, do nosso saber receber. E há muitos mais desses momentos a acontecer até hoje, dife‑ rentes, de pequena, média ou grande dimensão. São todos importantes. O objectivo: que os participantes tenham uma experiência inesquecível. Por último, Lisboa tem sido regu‑ larmente distinguida com variados prémios de turismo (ver caixa), dando‑nos um posicionamento

excepcional em vários rankings internacionais. Este posicionamento é consolidado. Pretendemos sustentá‑lo, e melhorar onde for possível.

Não tenho quaisquer dúvidas sobre a percepção positiva de Lisboa. O nosso trabalho de promoção continua com pequenos‑grandes actos, com sucessos e fracassos. O mais importante é continuarmos na corrida, e em concorrência com os melhores! Vamos continuar a trazer os outros ao conhecimento da experiência, do sentir que é Lisboa…

PRÉMIOS E MENÇÕES 2012 . Academia do Urbanismo do Reino Unido: Lisboa foi distinguida com a nomeação “Cidade Europeia de 2012”

2011 . European Best Event Awards 2011: Festival dos Oceanos considerado o Melhor Evento Cultural Europeu 2011 . Hoscar Awards 2011: Três hostels de Lisboa foram considerados entre os melhores do mundo . Cruise Excellence: Porto de Lisboa ‑ o Melhor Porto Internacional de Cruzeiros do Atlântico Norte Europa . EuroTest 2011: O serviço de táxis em Lisboa obteve a classificação de “Bom” num estudo comparativo sobre a qualidade e a segurança da mobilidade na Europa

2010 . ICCA: Lisboa classificada em 8º lugar no ranking mundial da ICCA – International Congress and Convention Association . European Best Event Awards: Festival dos Oceanos considerado o 2º Melhor Evento Cultural . World Travel Awards: Europe´s Leading City Break Destination – Vencedora / World´s Leading Destination – Nomeada / World´s Leading Cruise Destination – Nomeada . European Consumer Choice: Best European Destination

2009 . World Travel Awards: Europe´s Leading Destination – Vencedora / Europe´s Leading City Break Destination – Vencedora / World´s Leading Cruise Destination – Vencedora . Business Destination Awards, da revista Business Destination / Lisbon Convention Bureau considerado o Best European CB . ICCA: Lisboa classificada em 8º lugar no ranking mundial da ICCA – International Congress and Convention Association


DOSSIÊ TEMÁTICO 25

© CANHASAL

EM BUSCA DOS EUROS PERDIDOS

Quanto vale a meetings industry* (MI)? Uns milhões assegura a maioria… Sim, mas quantos? Sabíamos que a tarefa de avaliar este mercado era árdua, complexa e não havia a garantia de ser bem‑sucedida. Perguntámos, fizemos as contas, comparámos… A Event Point andou à procura dos euros perdidos que avaliam o mercado português dos congressos, feiras, incentivos e eventos, e no final não encontrou o tesouro pretendido. A uma conclusão chegámos: é mais fácil acertar nos números do Euromilhões do que avaliar a MI nacional. Exagero? Ora veja… *Segundo a Organização Mundial de Turismo, a meetings industry inclui eventos corporate, associativos e do governo, incentivos corporate, seminários, congressos, conferências, convenções, exposição e feiras.

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Poderíamos ter usado um ábaco, contado pelos dedos, recorrido a uma calculadora, ao Excel ou até feito as contas de cabeça e o resultado não seria muito diferente. A Event Point contactou os diferentes convention bureaux, os principais centros de congressos e espaços destinados a eventos, passando pelas principais cadeias hoteleiras de Norte a Sul, não esquecendo as ilhas, do sector público ao privado. A tarefa parecia uma autêntica caça ao tesouro. Desde a falta de informação, passando pela falta de disponibilidade, até à pouca actualidade dos dados, deparámo‑nos com tudo. Para não esquecer que cada entidade e empresa contabiliza de forma diferente a sua informação. Das dezasseis entidades e espaços que nos responderam conseguimos chegar a um total de facturação de cerca de 40 milhões de euros. Muito longe dos mil milhões de euros de que se ouve falar nos corredores ‑ claro que nos faltaram muitos espaços. No entanto, a forma de contabilização dos seus eventos e congressos difere, como já referimos, bem como o ano dos resul‑ tados e aqui começa a dor de cabeça para analisar a indústria. Estas mesmas entidades, num ano, organizaram mais de 3.200 eventos, com quase 500 mil participantes, mas as lacunas de informação foram muitas. É de ressalvar que, das entidades que nos responderam, seis não mencionaram facturação, quatro não detalharam o número de eventos e outras tantas faltaram com o número de participantes. Quanto aos principais mercados

geradores de negócio para a indústria nacional de MI foi possível constatar que grande parte da actividade é gerada pelo mercado nacional, seguida pelos principais mercados emissores de turistas para Portugal: Alemanha, Reino Unido e Espanha. Olhando para o ranking** da ICCA (International Congress and Convention Association), Portugal não se apre‑ senta nada mal tendo alcançado a 15ª posição em 2010, com a cidade de Lisboa a garantir a 8ª posição. Mas depois no terreno a percepção é um pouco diferente. “Não se pode falar de um mercado nacional”, diz Gonçalo Garcia, da consultora ILM. O respon‑ sável, em declarações à Event Point, admite que “a Região de Lisboa (Lisboa e Estoril) tem conseguido assumir‑se como um destino credível e fiável para a organização de eventos, incentivos, congressos, seminários etc…”, contudo a cidade “apresenta, ao nível da oferta, uma carência para a organização de grande eventos, sendo que um novo centro de congressos, construído de acordo com as actuais exigências de mercado, poderia potenciar e consolidar a região em termos internacionais”. Chegou a estar previsto um novo centro de congressos para Lisboa. No entanto, este projecto ainda não saiu do papel e agora a crise não veio ajudar a dar seguimento a esta inicia‑ tiva. Mas Gonçalo Garcia refere que as restrições não ficam só pela falta de novas infra‑estruturas de maiores dimensões. “O factor preço é de resto uma das condicionantes que afectam a competitividade da cidade de Lisboa. Existem actualmente destinos emergentes na Europa, com uma oferta instalada moderna e bastante apelativa, com preços mais competi‑ tivos do que a cidade de Lisboa, como é o caso de Liubliana (Eslovénia)”.

Para não falar das ligações aéreas disponíveis, quando comparadas com as existentes no Centro da Europa, que ficam muito a desejar. No inquérito feito ao congressista de Lisboa feito pelo Observatório do Turismo de Lisboa, a região surge com a melhor classificação em termos de qualidade e a que realiza os melhores congressos, à frente de Londres, Paris ou Roma. De acordo ainda com esta análise, o congressista gastou, em 2011, cerca de 1.500 euros, menos 100 euros do que no ano anterior e ficou em média 3.8 dias na cidade, menos do que os 4.5 dias do ano anterior. O hotel Corinthia Lisboa, no seio da capital, admite que os últimos anos foram difíceis. “2009 e 2010 foram particularmente difíceis dadas a situação económica mundial e toda uma série de desastres naturais e instabilidade política que acabou por afectar os mercados emissores”, revelou à Event Point fonte oficial do hotel. A procura estagnou e a oferta em Lisboa continuou a crescer com hotéis a abrir e a renovar os seus produtos. “Lisboa torna‑se assim um mercado muito difícil de operar”, acrescentou. Gonçalo Rebelo de Almeida, director de marketing do Vila Galé, admitiu que a cadeia hoteleira também veri‑ ficou “uma ligeira diminuição dos congressos internacionais em Lisboa, mas a manutenção nas restantes áreas (Coimbra e Porto). Na cidade do Porto, que vive muito do turismo de negócios, os eventos duram no máximo 1 a 2 dias, e são habitual‑ mente organizadas em hotéis, “mas também muito ‘à mesa do Restaurante’ e esta é uma realidade difícil de quantificar”, referiu o mesmo respon‑ sável. O Convention Bureau do Porto admite que não tem “mecanismos muito fiéis para quantificar o número

** Um evento pode ser incluído na base de dados da ICCA se for rotativo, atrair um mínimo de 50 participantes e rodar por pelo menos três países.


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de eventos que se realizam, quer no destino quer gerados por acções e/ou contactos directos”. Todavia ressalva que o “principal objectivo é promover o destino nos mercados prioritários e estratégicos”. E são várias as razões para que os associados não mantenham o Convention Bureau informado “o que nos dificulta, conforme já mencionado, a quantificação dos mesmos”. As dificuldades adensam‑se quando tentamos analisar as restantes regiões, por terem menores dimensões.

O único estudo concreto é da região do Algarve, feito pela ILM, data de 2010 e é referente ao ano anterior. Em 2009, já em plena crise, o Algarve recebeu 1.978 eventos, de um total de 9.734 eventos solicitados, o que corresponde a uma taxa de concretização de 20,3%, sendo que a concorrência local, internacional e a falta de voos de ligação directa corresponderam aos principais factores condicionantes da taxa de concretização.

A ILM sublinha que parte desses 1.978 eventos realizados foram responsá‑ veis por gerar 84.140 room nights nos estabelecimentos hoteleiros locali‑ zados no Algarve e 20,9 milhões de receita, valor este que inclui despesas de alojamento, F&B, aluguer de espaços de reunião e actividades complementares. Será que poderí‑ amos fazer uma regra de três simples para estimarmos o valor do negócio em Lisboa? Demasiado arriscado… Já falámos de alguns pontos fracos desta indústria em Portugal, mas Gonçalo Garcia acrescentou ainda a falta de consistência ao nível das regiões para apresentar um produto homogéneo. Os pontos fortes também são de sublinhar, diz o consultor da ILM. “As infra‑estruturas são já uma referência, com por exemplo o Centro de Congressos do Estoril a destacar‑se internacionalmente em catego‑ rias e prémios de sustentabilidade ambiental e políticas verdes”, bem como a “predisposição do português para receber e servir é igualmente uma vantagem competitiva”. Com toda a falta de informação é difícil aferir como é que a crise e esta conjun‑ tura recessiva estão a afectar a indústria. “Lisboa registou um bom ano (2011) em termos de número de dormidas, e de forma global o preço médio por quarto também aumentou”, recordou Gonçalo Garcia. O responsável referiu ainda que, “do ponto de vista do turismo de negócios, é relevante salientar que as políticas de incentivo à exportação dos mais diversos sectores de actividade têm consequentemente um efeito de aumento do turismo de negócios, na medida em que promove a vinda de profissio‑ nais e empresários para a negociação,

conclusão de negócios. Neste sentido. esta é uma oportunidade”. No entanto, não se pode esquecer as empresas portuguesas, pois são elas que contribuem em muito para o cres‑ cimento desta indústria e estas estão com algumas dificuldades.

O estudo de Rob Davidson, especialista no sector, para a EIBTM, mostra que há motivos para optimismo a nível internacional. A procura mantém‑se em alta e os preços dos principais destinos (os do top do ranking da ICCA) vão aumentar. É, portanto, um ano de oportunidade para os destinos de segunda linha, já que praticam preços mais acessíveis. Um estudo da ACTE (Association of Corporate Travel Executives), de Outubro de 2011, sobre os budgets para eventos, mostra que 46% dos inquiridos pretende gastar em 2012 o mesmo que em 2011, e 33% pretende gastar mais. Em Portugal, a única coisa que se sabe é que esta indústria continuará a constar das prioridades do Governo e de um futuro plano estratégico. Quanto vale a MI nacional? Continuamos sem saber… continuamos em busca dos milhões de euros perdidos.

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FREDERICO COSTA . PRESIDENTE DO TURISMO DE PORTUGAL

DEZ PERGUNTAS A FREDERICO COSTA, PRESIDENTE DO TURISMO DE PORTUGAL O Turismo de Portugal (TP) dispõe de números, estatísticas sobre o valor dos eventos em Portugal? Temos números do turismo de negó‑ cios, do que valem os eventos corpo‑ rativos, mas são por amostragem ou o resultado de estudos. Não é uma avaliação detalhada e directa sobre causa‑efeito. Sabemos o que os eventos valem em termos de dormidas, mas não temos depois a relação directa em termos de valor, impacto económico. O que é que dificulta essa tarefa, de ter números sobre o sector? Acho que é uma questão de opção, de se fazer ou não. As estatísticas do turismo não são nossas, são do Instituto Nacional de Estatística (INE), nós é que depois as trabalhamos. Tudo tem a ver com a capacidade do próprio

INE de verificar todos os segmentos, produtos, áreas e fazer essa avaliação... É complicado! Por outro lado, penso que são as associações sectoriais, e os próprios interessados, que devem fazer a avaliação do seu produto, no sentido de valorizarem o seu core business. O TP ainda não o fez, mas poderá fazê‑lo. Qual é a estratégia do TP, daqui em diante, para a meetings industry (MI)? O modelo actual define que são as agências regionais de promoção turística as responsáveis pelos produtos. Nós, no TP, tratamos da marca, do destino. As agências regionais de promoção turística, que são associações de direito privado, onde se incluem os convention bureaux, os privados, são responsáveis pelo produto MI. A promoção, a captação, a divulgação de um produto específico

cabe às agências regionais nos mercados seleccionados. E para isso têm verbas do TP. Outra coisa é o pano de fundo. Na nossa campanha internacional, o turismo de negócios faz parte das prio‑ ridades que estão previstas pelo Plano Estratégico Nacional de Turismo. Onde é que ajudamos também? Na captação de grandes congressos. Actuamos onde há deficiências. No caso dos grandes congressos, estávamos a perdê‑los por vezes por um pequeno incentivo, uma acomodação financeira, uma apresen‑ tação mais formal e um bocadinho mais cara que fosse necessário fazer. O TP lançou uma linha, em conjunto com as agências regionais de promoção turística, e com a Ana Aeroportos, no sentido de financiar e apoiar a captação de grandes congressos para Portugal. E isso está em vigor (ver página 31).


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De que forma o Turismo de Portugal se pode envolver nas candidaturas a esses eventos? Estamos a negociar, em fase final de contratação, o congresso dos Rotários, em 2013. É o maior congresso que alguma vez veio a Portugal. O Turismo de Portugal está envolvido até à espinha, com grandes verbas alocadas. Vai investir só nesse congresso mais de um milhão de euros. Estamos muito atentos à captação daqueles eventos que requerem obrigatoriamente a componente pública para ajudar a alavancar o investimento privado. Num mercado que é cada vez mais globalizado, em que a concorrência é fortíssima, que argumentos temos para contrapor a outros destinos? Temos rotas aéreas estabilizadas para Portugal, com bastantes frequências. Temos uma linha para captar novas rotas. Temos boas infra‑estruturas, e um profissionalismo enorme nas nossas empresas. O turismo de negócios talvez seja uma das áreas e sectores do nosso turismo mais profissional. Temos capacidade de venda, não há a menor dúvida, e capacidade de desempenho em termos de flexibilidade, inovação, adaptação às necessidades dos clientes. E por fim, obviamente, temos um preço competitivo. Penso que temos todas as condições, e uma imagem enquanto destino turístico que é boa. Uma das queixas frequentes, quando se fala de eventos, é a escassez de venues. Quantos mais houver, melhor. Ninguém nega isso... Todos queremos mais venues, mais aviões, mais receitas e mais recursos financeiros, mas temos que equilibrar isso com a viabilidade. O TP lançou, durante quase dois anos, uma linha de apoio financeiro à cons‑ trução de centros de congresso e o facto é que não apareceu nenhuma candi‑ datura. Não pode ser sempre o Estado a financiar os venues. Tem que haver iniciativa privada, e a verdade é que não houve. Acho que Lisboa está bem

servida. Podemos dizer que precisamos de um novo centro de congressos se ambicionarmos congressos de 20 mil pessoas. Mas ainda há tanto para conquistar e crescer com o que temos. Preocupa‑me mais, por exemplo, o Algarve, onde ainda continuamos um pouco deficitários. Certamente valorizaria e ajudaria a combater a sazonalidade. Mas nesse caso não há uma desade‑ quação das ligações aéreas? É um trabalho que tem que ser feito em simultâneo. Quando falamos com uma companhia aérea dizemos “É muito importante voarem daqui”, e eles respondem logo “Mostrem‑nos a procura que nós pomos os aviões”. É o problema da galinha e do ovo. A verdade é que foi construído um novo centro de congressos no Arade para o qual não existe procura suficiente. Temos que trabalhar em rotas que viabilizem congressos, no tipo de venues para o local certo, e obviamente numa estratégia acertada de promoção e de comercia‑ lização para se ir buscar esses eventos. Tem que ser um esforço conjunto. Voltando aos novos venues, defende então um modelo de iniciativa privada? O turismo é um negócio de empresas. O Estado só pode ajudar, eventual‑ mente, a colmatar falhas. O interesse é empresarial. Obviamente que num investimento tão grande como um centro de congressos teria que haver envolvimento público, mas numa parceria, em que os privados, na minha opinião, deveriam gerir. Normalmente gerem melhor. Sente mais dificuldades, mais pedidos de ajuda por parte de empresas que trabalham nesta área? Todas as empresas precisam, inva‑ riavelmente, de duas coisas: recursos financeiros e promoção. Tem‑se investido muito dinheiro e recursos na promoção, na captação de rotas, de turistas. E também em instrumentos

de financiamento vários, de apoio às empresas. É suficiente? As empresas dirão que não. Acho que o TP e os governos têm feito o possível nessa matéria. E quanto às prioridades, em termos de promoção? Se falamos em divisão de recursos financeiros, ela é feita de modo trans‑ parente e não é equitativa. Regiões como Lisboa, Algarve e Madeira são realidades completamente diferentes do Porto ou do Alentejo. Existem mais camas, restaurantes e campos de golfe para encher. Certamente que o esforço do TP terá que ser maior... Relativamente aos produtos, é uma questão que aceito que possa ser discutida. Mas também sabemos que não podemos abdicar do sol e mar. Continua a ser o pão e manteiga do turismo nacional. Há uma obrigação para com a economia, a criação de emprego e estabilidade do país. Não podemos enveredar por segmentos ou nichos que desequilibrem a realidade da procura nacional. Isto não quer dizer que o turismo de negócios não deva ter mais atenção. Pessoalmente, acho que sim. Mas recordo que no modelo actual as verbas estão nas agências regionais de promoção turís‑ tica, nos convention bureaux, onde os associados são os privados. E têm que fazer valer as suas prioridades. Se os recursos vão mais para o golfe e menos para o turismo de negócios, é lá, nesse fórum, que devem defender os seus interesses. Isto não é sacudir a responsabilidade para outrem. Este modelo de descentralização tem que evoluir para ir mais ao encontro dos interesses das empresas. Concordo que o turismo de negócios, juntamente com o golfe, é talvez um dos produtos mais eficazes para combater a sazonalidade. Mas há muito ainda por fazer, de facto, e a responsabilidade também é do TP. Temos que ser agressivos na captação de eventos, sobretudo onde mais falhamos, que é justamente na altura que nos interessa, o Inverno.

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APECATE QUER SABER QUANTAS EMPRESAS DE EVENTOS EXISTEM INE fala em pouco mais de mil, com um volume de negócios de 173 milhões. Só há dados até 2009. Eram pouco mais de mil as empresas que o Instituto Nacional de Estatística (INE) contava como sendo de “organização de feiras, congressos e outros eventos similares” em 2009. A APECATE (Associação Portuguesa de Empresas de Congressos, Animação Turística e Eventos) fala em cerca de 1.400. Há muito pouca informação sobre quantas sociedades existem actualmente a trabalhar no sector e sobre o seu real peso no turismo e na economia. “Pretendemos iniciar o processo de recolha de informação junto das empresas, no entanto, ainda nos falta identificar muitas empresas, trabalho que estamos a desenvolver, visto sabermos que existem cerca de 1.400 empresas com o CAE [Classificação de Actividade Económica) 82300, mas que não são associadas, nem temos informação qualificada”, adiantou à Event Point Joel Vicente, vice‑presi‑ dente da APECATE. Segundo os dados recolhidos junto do INE, em 2009 estas empresas tinham um volume de negócios agregado de 173 milhões de euros, um valor que estava já abaixo dos 184 milhões de 2008. O Instituto não forneceu dados mais actualizados para um segmento que continua a ser muito difícil de avaliar até porque não tem quase enquadramento legal. “Este sector não

tem praticamente regulamentação, é muito fácil qualquer pessoa dizer que faz eventos, muitas vezes sem qual‑ quer tipo de formação ou experiencia considerável”, afirma Joel Vicente. Outra das debilidades para o respon‑ sável é a “falta, em alguns sectores, de formação. Faltam ligações áreas. Para os grandes congressos, existem infra‑estruturas que tem que ser melhoradas e aumentadas”, alerta o vice‑presidente da APECATE. “Quando falamos em fazer congressos de 15 mil, 20 mil, 30 mil pessoas em Portugal, basta pensar que Lisboa não tem hotéis com capacidade acima de 500 pessoas e é fácil imaginar a logística de distribuirmos 20 mil pessoas por hotéis de 100 a 400 quartos. Também os Centros de Congressos têm lacunas para estas dimensões”, explica Joel Vicente. Para o responsável “falta também uma maior integração e concertação de sinergias entre as várias empresas do sector e organismos de tutela, para uma promoção internacional conjunta”. Para Joel Vicente no entanto as empresas portuguesas do sector têm várias qualidades. “Temos um conjunto de empresas com excelentes competências, que apostam na inovação, com serviços e soluções de valor acrescentado para os clientes”, diz o responsável, salientando que “existe a oportunidade de conse‑ guirem captar negócios nos mercados externos, explorando o potencial e recursos que Portugal tem, enquanto destino de excelência com condições meteorológicas óptimas”. Mas para isso é preciso promover o destino. “Para o sector do turismo de negócios e meeting industry, ainda não existe uma

estratégia bem definida e que consubs‑ tancie uma aposta clara nestes sectores, complementares e fundamentais para a sustentabilidade do Turismo em Portugal”, adianta o responsável. Joel Vicente dá o exemplo da burocracia. “Não faz sentido empresas de eventos ou animação turística, maioritariamente pequenas e micro empresas, que tipica‑ mente precisarão de apoios financeiros de pequena ordem entre os 15 mil os 150 mil euros, terem a mesma burocracia de candidatura que um projecto de um milhão de euros”.

“O mercado neste momento exige uma grande flexibilidade de adequação ao budget, que os clientes têm disponível, que tem vindo a ser consideravelmente reduzido” explica Joel Vicente, adiantando que “Portugal poderá aproveitar temporariamente, uma imagem implícita de destino mais barato e discreto, em detrimento de destinos mais caros e ostensivos, que nesta altura muitas empresas europeias evitam”.


D O S S I Ê T E M Á T I C O . QUANTO VALEM OS E VENTOS EM PORT UGAL? 31

FUNDO JÁ CAPTOU CONGRESSOS ATÉ 2019 Sucessivos governos colocaram o segmento MI entre as suas prioridades políticas. Este negócio iria gerar mais receitas para os hotéis e restaurantes das regiões e os turistas de negócios poderiam transformar‑se em turistas de lazer, aumentando a visibilidade de Portugal no estrangeiro. Captar novos eventos e colocar Portugal no mapa internacional das escolhas para este tipo de iniciativas tem sido uma aposta contínua, ou pelo menos tem cons‑ tado nos programas legislativos. Para reforçar essa opção política, o anterior Executivo decidiu criar um Fundo de Captação de Grandes Congressos. Cerca de dois anos depois de ter sido lançado, este instrumento de financiamento já captou 24 congressos, até 2019. Em 2010, já a crise tinha batido à porta de Portugal, o Governo socialista decidiu avançar com um conjunto de incentivos para apoiar áreas priori‑ tárias para a indústria do turismo. Numa fase inicial, os instrumentos de financiamento não só previam a captação de novos congressos, como também pretendiam apoiar a cons‑ trução de novas infra‑estruturas para este negócio. No entanto, a conjuntura adversa fez arrepiar caminho, ficando apenas em vigor o Fundo de Captação de Grandes Congressos, reunindo mais de 1.000 pessoas, com uma dotação de um milhão de euros, para um período de três anos. Este mecanismo de apoio é gerido pelo Turismo de Portugal e as candidaturas são promovidas pelos Convention Bureaux ou, na sua ausência, pelas Agências Regionais de Promoção Turística. Como se pode ler no regula‑ mento, este fundo destina‑se a dotar as regiões de condições competitivas para a captação de grandes congressos internacionais que contribuam para

gerar negócio turístico e aumentar os fluxos na baixa e média estação. Contudo, Gonçalo Garcia, consultor da ILM, admitiu que esta iniciativa não tem tido assim um impacto tão significativo que possa, para já, alterar o posicionamento do país num pano‑ rama internacional. “Do meu ponto de vista as mudanças ainda não são visíveis. Deve‑se contudo enaltecer a iniciativa de conferir ao segmento a sua importância estratégica, abrindo uma linha de apoio dedicada à meetings industry. Contudo, acredito que a maior mudança deve começar pela reorganização da relação entre os diversos players (privados e institucio‑ nais), internamente, de modo a poten‑ ciar todas as oportunidades de negócio que surjam. A promoção externa já está a ser feita”, detalhou o responsável em declarações à Event Point.

O Turismo de Portugal sublinha que os requisitos para acesso a “este Fundo estão definidos de forma a enquadrar as realidades das diversas regiões, tendo em conta a sua dimensão, capacidade hoteleira e vocação específica para este produto”. E apesar da mudança de Governo, o turismo de negócios, onde se incluem os congressos e eventos, continua a estar entre as prioridades. No entanto, em declarações recentes, a secre‑ tária de Estado do Turismo, Cecília

Meireles, foi peremptória ao dizer que a aposta incidirá essencialmente na promoção, não estando previsto qualquer reforço do fundo. “Até ao início de Março, o Fundo de Captação de Congressos Internacionais recebeu 34 candidaturas, das quais 24 (oriundas de Lisboa, Estoril, Porto, Algarve e Évora) já deram origem à captação de congressos. Estas dizem respeito a três congressos já realizados em 2011 e a 21 congressos a acontecer entre 2012 e 2019, permitindo captar, no total, mais de 75 mil congressistas.”, adiantou à Event Point fonte do Turismo de Portugal. Quanto à dotação, a mesma fonte escusou‑se a detalhar. Para um evento ser apoiado por este instrumento, 75% dos participantes deve provir de mercados externos. E se este for situado na área abrangida pela Agência Regional de Promoção Turística de Lisboa, com excepção do Estoril, deve ter mais de 1.800 participantes. O número reduz para 900 se a localização ficar abrangida pelas Agências do Porto, Norte, Estoril ou do Algarve e para 450 se for para os Açores e Madeira, Centro e Alentejo. Este apoio visa reduzir o investimento do organizador no aluguer dos espaços, das salas e áreas para a realização do programa social, e serviços de transferes. Consoante os objectivos fixados pelo regulamento, este apoio pode ir de 7.500 até 50 mil euros. De acordo com a ICCA (Associação Internacional de Congressos e Convenções), no ano passado Portugal foi o 17º país que mais concentrou reuniões associativas internacionais. A cidade de Lisboa consolidou‑se no top 10 das cidades do mundo mais atrac‑ tivas para estes eventos, garantindo a 8ª posição neste ranking. As organizações dos eventos e congressos poderão candidatar‑se ao Fundo até 31 de Dezembro de 2012.

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TIPOS DE APOIO: Nas Agências Regionais de Promoção Turísticas do Centro, Alentejo, Madeira e Açores, os congressos que recebam entre 450 e 674 congressistas contarão com um apoio de 7.500 euros. Nestas mesmas regiões, se o número de participantes estiver compreendido entre os 675 e os 899 congressistas, o apoio é de 11.250 euros;

Nas ARPT do Porto e Norte, Algarve e Turismo Estoril, se os congressos acolherem entre 900 e 1.349 congressistas, o apoio é de 10 mil euros. Para o mesmo número de congressistas, nas ARPT do Centro, Alentejo, Madeira e Açores o apoio é de 20 mil euros;

Nas ARPT Porto e Norte, Algarve e Turismo Estoril, se os congressos acolherem entre 1.350 e 1.799 congressistas, o

ESPAÇOS QUE NÃO SAEM DO PAPEL Em Portugal há vários projectos que nunca avançaram no sector. A falta de financiamento é a razão mais apontada.

apoio é de 15 mil euros.

Na ARPT Lisboa, com excepção do Turismo Estoril, os congressos só terão apoio se acolherem mais do que 1.800 congressistas. Assim, os eventos que contarem entre 1800 e 2.699 receberão um apoio de 15 mil euros. Para este mesmo número de participantes, se os congressos ocorrem nas ARPT do Porto e Norte, Algarve e Turismo Estoril, o incentivo é de 20 mil euros.

Na ARPT Lisboa, com excepção do Turismo Estoril, se os eventos contarem com um número de participantes entre os 2.700 e 3.599 participantes, o apoio é de 22.500 euros. Se o número de participantes ultrapassar os 3.600 participantes, o incentivo é de 50 mil euros.

A Praça Sony já teve outros planos que não passavam pelo desmantelamento, que acabou por ser o seu destino. Em 2005, a FIL – Feira Internacional de Lisboa anunciou um investimento que rondava os 50 milhões de euros para expandir as suas instalações para aquele que foi um dos espaços mais conhecidos da Expo 98. O objectivo era transformar a FIL no terceiro centro de congressos ibérico, uma opção que existia para o centro de congressos desde 1996 quando foi firmado um contrato promessa de compra e venda em que a FIL teria direitos de preferência na compra do espaço. Mas o projecto acabou por nunca se concretizar, com a Parque Expo a enfrentar cada vez mais dificuldades financeiras, sendo que a Praça Sony e seu equipamento tinham uma manu‑ tenção dispendiosa. Assim, uma parte importante do futuro terceiro centro de congressos ibérico acabou trans‑ formada num projecto imobiliário. A Praça Sony deveria ter começado a receber congressos em 2010. Oeiras é outro caso de um centro de congressos que está há alguns anos em preparação, mas que tem encontrado dificuldades. Segundo revelou à Event Point o vice‑presidente da Câmara de Oeiras, Paulo Vistas, a obra de

construção do Centro de Congressos de Oeiras está parada por falta de finan‑ ciamento, um problema que afecta a economia portuguesa em grande escala neste momento.

“A entidade bancária deixou de dar continuidade ao contrato de financiamento e portanto não houve, por parte do parceiro privado, a capacidade para levar por diante a obra, que teve de parar”, explica Paulo Vistas. A obra estava a cargo da Oeirasexpo, SA (detida a 49% pela Câmara Municipal de Oeiras), sendo o consórcio responsável pela construção liderado pela Edivisa. A obra deveria estar concluída em 2011. O pavilhão Rosa Mota, conhecido por Palácio de Cristal, é um dos espaços mais emblemáticos do Porto e talvez por isso seja a opção natural da cidade para ter um centro de congressos. A sociedade Porto Lazer, empresa municipal que trata deste segmento tinha, em 2009, um orçamento de 19 milhões de euros para requalificar o espaço. Três anos depois, o montante subiu para 25,57 milhões de


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euros. O projecto está parado, também por falta de financiamento e porque se introduziram alterações ao empreendi‑ mento inicial. A autarquia conta agora com o dinheiro proveniente da privati‑ zação das Águas do Porto e da venda do Silo Auto para levar a cabo a requalifi‑ cação. O objectivo é atrair espectáculos culturais, desportivos e congressos num espaço alargado com capacidade para milhares de pessoas. A requalificação do Pavilhão resulta de uma parceria da Parque Expo, do Pavilhão Atlântico, da Associação Empresarial de Portugal (AEP) e do Coliseu do Porto. O Pavilhão Atlântico é mais conhecido pelos concertos de música que acolhe em Lisboa, mas sempre houve quem achasse que seria um bom centro de congressos. O espaço pode estar agora mais perto disso, depois de ter sido colocado à venda pela Parque Expo que explicou que convidou para a compra “tanto agentes do sector, como entidades que possam combinar as suas distintas valências e experiên‑ cias no sentido de apresentarem uma proposta satisfatória”. A apresentação das propostas decorre até ao dia 27 de Abril, já depois do fecho desta edição, sendo que apareceram vários interessados, e entre eles o Benfica, como aliás avançou a Event Point no seu site. Além do clube está confirmado o interesse da Live Nation, empresa norte‑americana de produção de espectáculos, o consultor de comunicação Cunha Vaz, a promotora Everything is New e a Sociedade Campo Pequeno.

© MANUEL DE SOUSA

ESTADO TENTA SALVAR EUROPARQUE O Europarque já foi apontado como uma das infra‑estruturas mais promissoras a nível nacional para receber congressos e feiras. Para alguns especialistas tem o melhor palco do país para acolher eventos. Mas nunca nos 17 anos de vida o Europarque se conseguiu assumir verdadeiramente como centro de congressos da região Norte. A infra‑estrutura, longe do Porto, tem dificuldades em competir com locais como a Exponor e nunca conseguiu afirmar‑se, nem recuperar o investi‑ mento de 70 milhões de euros que a Associação Europarque financiou com seis milhões de capitais próprios, 35 milhões de um empréstimo bancário com aval do Estado e 30 milhões de fundos comunitários. Face à dificuldades de reembolsar estes montantes, a AEP – Associação Empresarial de Portugal acabou por se subs‑ tituir ao Europarque para levar a cabo o pagamento da dívida. Mas a própria AEP reconheceu recentemente ao Jornal de Negócios que não tinha capacidade para continuar. O problema passou agora para as mãos do Estado, que tinha dado aval ao empréstimo contraído para o projecto.

Ana Godinho (agodinho@eventpoint.com.pt) Cláudia Coutinho de Sousa (claudia@eventpoint.com.pt) Maria Pereira (mpereira@eventpoint.com.pt) Rui Luís Romão (rui@eventpoint.com.pt)

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DIOGO ASSIS DIRECTOR DA EVENTS BY TLC


OPINIÃO 35

“A UNIÃO FAZ A FORÇA” O povo tem uns dizeres sábios que evitam escrever parágrafos para explicar uma ideia. Sou um adepto do “A União Faz A Força” e vivo esta máxima no seu expoente, tanto no trabalho como na vida privada. A vida em sociedade fica mais fácil se entendermos que dependemos uns dos outros para atingir bons resultados e para vivermos melhor. Nesta crise profunda que a Europa vive, e em particular o nosso país, temos que nos unir, encontrar denominadores comuns para ultrapassar o presente na esperança de um futuro mais próspero. Acredito no nosso talento , acredito que com trabalho e mobilização conseguiremos superar os desafios que temos pela frente. Acredito no nosso país. Mas é da nossa indústria, a dos eventos, que venho falar e esse deno‑ minador comum, tem que ser a comu‑ nicação para e no exterior. Uma comunicação pensada, simples, holística, consistente e dinâmica que posicione Portugal nos primeiros lugares no mercado de eventos corpo‑ rativos, associativos e desportivos. Uma estratégia e uma mensagem. Não podemos continuar a promover Lisboa, promover o Porto, promover o Algarve, o Douro, o Alentejo, as Ilhas, sem comunicarmos Portugal. Não pode haver concorrência na promoção entre as áreas geográficas quando quem está a sofrer é o país num todo e é essa imagem que continua fraca lá fora e tem que ser alvo de todos os esforços para a tornar forte.

Defendo que a comunicação deve ser simples porque temos os ingredientes para ser simples: Somos um país com características naturais fantásticas, com bom e diverso produto, bom serviço, de forma geral, e value for money. Temos excelentes casos de sucesso desde a Expo 98, de boa organização, profissionalismo e da alegria com que os Portugueses recebem convidados de outros países. Há que capitalizar no que foi feito e proactivamente lutar para ganhar grandes projectos para Portugal. Os eventos internacionais têm que ser parte da solução, parte da estratégia para ultrapassar os dias de hoje. Entra divisa estrangeira no País de forma directa e indirecta. A mensagem tem que chegar a quem decide.

Não faz sentido continuarmos a ouvir os grandes players internacionais queixarem‑se de que continuam a não ser visitados pelos organismos oficiais e de que a imagem de Portugal é fraca quando comparada com Espanha, Itália, Inglaterra, França entre muitos outros.

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OPINIÃO

. “A U N I Ã O F A Z A F O R Ç A” , P O R D I O G O A S S I S

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Se queremos concorrer com esses grandes destinos então temos que criticar o que tem vindo a ser feito e exigir melhor trabalho dos nossos responsá‑ veis. Não pode ser um chavão usado em intervenções públicas, sem quaisquer efeitos práticos, tem que ser vivido por todos, instituições oficiais e privados. Tem que haver verba para comunicar bem e com força o País. Se não há para isto, pergunto eu, haverá para quê? Estamos desorganizados, desalinhados e sem objectivos definidos. Já muita tinta foi escrita sobre a promoção de Portugal no exterior, a falta de verba para passar mensagem e sobretudo a fragmentação dessa mesma promoção. Volto a trazer este tema porque acredito que é vital nesta fase, sobretudo nesta fase, dar garan‑ tias aos mercados internacionais de que Portugal é um destino excelente e de excelência.

Sinto que temos pouca força junto do Governo e que os eventos não estão na prioridade da agenda política, e não são pensados como ferramenta estratégica de crescimento do país. O caso do Pavilhão Atlântico demonstra isso mesmo.

Mas também não tenho ilusões: o problema parte de dentro. A indús‑ tria dos eventos em Portugal sofre de falta de informação. Pergunto se há alguma instituição que consiga dizer quanto valem, em Portugal, os eventos internacionais? Quanto representam no PIB nacional? Quantos postos de trabalho directos e indirectos cria? Perguntas básicas, mas para as quais não temos resposta.

FAZ FALTA UMA ASSOCIAÇÃO! A nossa indústria está ávida de uma força associativa que trabalhe de forma séria em estatística relevante e fidedigna que permita aos empresários e ao Governo tomar decisões estraté‑ gicas de orientação da sua comuni‑ cação e posicionamento nos mercados internacionais. Falo de uma associação de DMCs, PCOs e fornecedores, dentro de uma rede internacional, como a MPI, a PCMA, ou outra, ou nenhuma. Mas que nos junte a pensar o país, o que faz falta para que possamos ser mais atractivos

e mais bem posicionados na corrida para os mega eventos. Irmos juntos a jogo, porque todos temos a ganhar. Não podemos continuar a discutir os nossos temas na mesma mesa onde se discutem assuntos de agências de viagens de outgoing, que nada têm a ver com os nossos assuntos. Tem que haver segmentação, come‑ çando na lei geral das agências de viagens que põe tudo no mesmo saco, incoming e outgoing, trazendo problemas de agilidade e de competiti‑ vidade para os DMCs.

Precisamos de deixar a concorrência barata e negativa e pensar no país. As partes interessadas têm que se juntar: “A União Faz a Força”.


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EM DESTAQUE 38

Um dos objectivos do mandato de Nicolas Le Brun foi o de ampliar o número de membros da EFAPCO. Quais são os principais objectivos da nova direcção? Sem dúvida que a presidência de Nicolas Le Brun na EFAPCO foi um contributo importantíssimo na captação de novos membros. Foi uma tentativa com grande êxito. No entanto, a consolidação não está total‑ mente feita. É ainda preciso um grande esforço no trabalho continuado junto dos novos membros.

LUÍSA TEIXEIRA PRESIDENTE DA EFAPCO

LUÍSA TEIXEIRA É A NOVA PRESIDENTE DA EFAPCO A presidente eleita da EFAPCO (Federação Europeia das Associações de Organizadores Profissionais de Congressos), Luísa Teixeira, vai iniciar as suas funções na próxima reunião do Conselho de Administração, que se realizará em Maio na IMEX, Frankfurt. Antes, conversou com a Event Point sobre os desafios da Associação.

Como vê a questão do reconheci‑ mento da profissão de Organizador Profissional de Congressos (OPC)? A minha vontade sempre foi no sentido do reconhecimento da profissão. Foi este, aliás, um dos objectivos que nortearam a fundação da Associação de OPC de Portugal, há já alguns anos. Infelizmente, esse reconhecimento não foi bem alcançado em Portugal, por factores de diversas origens, mas prin‑ cipalmente por via da ínfima dimensão do mercado. Acredito, no entanto, que junto da UE possamos alcançar o tão merecido reconhecimento a breve trecho. O trabalho está a ser feito e em breve terei oportunidade de o analisar em detalhe. Quais são os temas mais importantes para os OPC e que devem ser trazidos para a discussão na EFAPCO? Podia enumerar alguns temas que são importantes, mas a meu ver o reconhe‑ cimento da profissão à escala interna‑ cional é sem dúvida o mais relevante. Em que eventos vai participar a EFAPCO? Vão manter a participação nas grandes feiras do sector? Este assunto está incluído entre os muitos outros que irei colocar para análise e discussão dos membros do “Executive Board”. Penso que na IMEX teremos oportunidade de divulgar o Plano de Acção para o mandato que vamos abraçar, e onde logicamente estarão definidas as grandes linhas de acção.


EM DESTAQUE

. LUÍSA TEIXEIRA É A NOVA PRESIDENTE DA EFAPCO 39

Qual o balanço que faz do recente Congresso da EFAPCO realizado em Portugal? O balanço é sem dúvida muito positivo, embora com participação reduzida das empresas que actuam no mercado MI, e que não são membros da APECATE ‑ Associação Portuguesa de Empresas de Congressos, Animação Turística e Eventos. Penso que, em Portugal, continua a existir um sentimento de sectorização muito forte, em detrimento do associativismo e da coligação de esforços na mesma área. Ainda sobre o Congresso da EFAPCO, aproveito para destacar o trabalho da Helena Weinstein na produção do programa do Congresso, trazendo a Portugal nomes relevantes no mercado internacional.

Qual é a importância para o sector em Portugal do facto de a EFAPCO ser liderada por uma portuguesa? A importância desta presidência é sem dúvida relevante para Portugal, pela consequente divulgação do nome do nosso país, internacionalmente, com particular enfoque no desenvolvimento do mercado de MI e, por arrasto, do turismo de lazer. Se pudesse tomar uma medida política/estratégica que melhorasse o contexto de trabalho dos OPC em Portugal, qual seria a sua escolha? Sem dúvida que a medida que mais pode melhorar o contexto dos OPC em Portugal é o reconhecimento da profissão e a aliança entre todas as entidades que operam no sector.

E que importância tem o facto da EFAPCO ser liderada por uma mulher? Não vejo que possa fazer grande diferença o facto de as Instituições, Associações ou Empresas serem lide‑ radas por elementos masculinos ou femininos. O que pesa são as quali‑ dades, o perfil de liderança, e também a determinação, a capacidade de trabalho e o sacrifício que estes cargos sempre acarretam. Citando algumas das intervenções no Congresso da EFAPCO, exactamente acerca do tema “Mulheres que lideram ‑ o que dife‑ rencia uma mulher que lidera?”, “Têm mais objectivos colectivos do que indi‑ viduais. São mais organizadas, mais intuitivas, mais sensíveis e confiam mais no poder da informação”. Cláudia Coutinho de Sousa (claudia@eventpoint.com.pt)

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EM DESTAQUE 40

© ABREU

ABREU‑PCO: 33 ANOS A ORGANIZAR CONGRESSOS Em 1978, a Agência Abreu criou uma área especializada em organização de congressos, para fazer face a uma lacuna do mercado. Após 33 anos, a Abreu‑PCO apresenta um portefólio de eventos, que incluem conferências, congressos, simpósios e exposições, em Portugal e no estrangeiro. Com uma média de 75 a 90 congressos por ano, organizados pelos departa‑ mentos de Lisboa e Porto ‑ que vão desde os congressos médios com 50/60 a 200/500 pessoas até congressos com 5.000 ou até mesmo com 20.000 pessoas ‑, só este ano a empresa já organizou mais de 60 eventos. Os clientes são marcas e institui‑ ções nacionais e internacionais de

sectores tão diferentes como a Saúde, a Tecnologia, o Desporto, a Economia, entre outros. E o âmbito de actuação não se limita ao território português. A Abreu‑PCO aproveita a dimensão e notoriedade da marca Abreu, mas não só. Na organização de um evento, o facto de a empresa integrar uma agência de viagens e um departamento de carga é muitas vezes uma mais‑valia,

permitindo ao cliente encontrar as soluções que pretende na mesma empresa. A Abreu pode assim actuar como OPC‑Organizador Profissional de Congressos e como Agência de Viagens, além disso, através da Abreu Carga pode tratar de questões como importação e o transporte de materiais e equipamentos.


EM DESTAQUE

. ABREU‑PCO: 33 ANOS A ORGANIZAR CONGRESSOS 41

grande capacidade para que possa acolher grandes eventos, sem que exista a necessidade de se construírem espaços. Como vê o sector dos congressos nesta conjuntura de crise? Apesar de estarmos a atravessar uma fase em que tudo é considerado crise, a verdade é que continuamos a organizar congressos em Portugal. Sente que os vossos clientes estão mais preocupados com questões como a sustentabilidade, a avaliação do ROI ou o uso de novas tecnologias e formatos de reuniões? Temos clientes muitos diferentes, com preocupações também elas distintas. Alguns têm preocupações com a susten‑ tabilidade, outros com as tecnologias e formatos de reuniões. Por exemplo, poder dividir uma plateia de 1000 congressistas em três ou quatro salas, para que a infor‑ mação seja captada com maior eficácia. © ABREU

A Event Point entrevistou Elizabete Figueiras, Directora de Operações da Abreu‑PCO para saber um pouco mais sobre a actividade deste departamento.

benefícios a nível da qualidade e preço. Contamos ainda com o importante apoio do departamento de Carga, na área das exposições.

Porquê criar um departamento de congressos? O departamento surgiu em 1978. Não existiam em Portugal departamentos específicos de congressos, mas existiam pedidos para organização dos mesmos. Atendendo a estes pedidos, foi formado um departamento só de Congressos.

Em Portugal, quais as zonas geográficas onde mais operam? E fora de Portugal? Em Portugal fazemos Congressos em Lisboa, Porto, Braga, Algarve, Viana do Castelo, Guimarães, Aveiro, Setúbal, Ilha da Madeira, Açores, etc. Fora de Portugal, destaca‑se a Itália, Espanha, Alemanha, Brasil, Holanda, Suíça, entre outros. Organizamos também congressos em Moçambique

Quantas pessoas integram o departamento? Actualmente são 10 pessoas. De que forma são aproveitadas as sinergias dentro da empresa? Fazendo parte integrante de uma agência de viagens, são aproveitados todos os serviços inerentes a viagens, sendo que podemos oferecer aos clientes uma garantia nesta área, com claros

Quais as principais dificuldades que encontram no mercado de congressos em Portugal? E mais‑valias? Portugal é, por si só, um país que tem tudo para ser um gerador deste mercado (clima, gastronomia, cultura, acolhimento, profissionalismo, etc.) Na nossa opinião, Portugal necessita de um Centro de Congressos com uma

Qual é a estratégia para o futuro? Encaramos o futuro com esperança, profissionalismo e verdade. Queremos ser cada vez melhores, e passar a mensagem de que, com a Abreu, “Grandes Eventos são Grandes Momentos”. O nosso objetivo é que o congressista leve para casa não só o conhecimento cienti‑ fico, mas também a saudade e a vontade de voltar a Portugal, porque tudo correu bem, porque se sentiu em casa, e porque não se esquece de quem trabalhou para transmitir todo este sentimento. Quais são os principais desafios que se colocam aos organizadores profissio‑ nais de congressos, como a Abreu? No que diz respeito à organização de congressos, todos os dias os desafios são diferentes, e cada cliente, e cada Congresso, tem uma alma própria. É preciso entender esta “alma do Congresso” para oferecer e praticar a oferta com “garra e amor” a uma profissão que se dá aos outros. Sara Marques (sara@eventpoint.com.pt)

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PEDRO CARDOSO DIRECTOR‑EXECUTIVO DA THE HOUSE OF EVENTS


OPINIÃO 43

SUSTENTABILIDADE E DIÁLOGO, PRECISAM‑SE! A urgência na implementação destes princípios e conceitos tem vindo a ocupar cada vez mais espaço, mais tempo e envolvimento emocional no meu dia‑a‑dia. Vivemos uma época de paradoxo! Com o advento da tecnologia, pela primeira vez, uma pequena parte da Humanidade tem acesso quase ilimitado à informação disponível e pode comunicar em plenitude. Entretanto, a complexidade dos problemas, o fosso entre ricos e pobres aumentam, sem vislumbre de soluções. O desenvolvimento sustentável das organizações e sociedades em geral resulta de um processo de aprendi‑ zagem e formação de uma consciência participativa, com o objectivo de criar um “modus vivendi” que faça sentido. Cito o projecto ELIAS*, “focalizado em plataformas regionais, que visam facilitar a inovação entre múltiplos intervenientes, de forma transversal. Unidos à volta de temas e problemas comuns, responsáveis governamentais, empresários e membros da socie‑ dade civil partilham sensibilidades, aprofundam o seu conhecimento dos actuais sistemas, para descobrir e criar protótipos de novas ideias e oportuni‑ dades de colaboração…” No micro universo da THE, uma agência especializada na organi‑ zação de congressos, desde há alguns anos que temos vindo a desenvolver competências, inspirados pela nossa “campeã” Maria Manuel, no sentido

de alertar consciências e implementar medidas para a organização de eventos sustentáveis, em conjunto com clientes e fornecedores. Todas as organizações, sem excepção, deveriam promover este estatuto e assumir o compromisso de que, a médio e longo prazo, a meetings industry e o sector do turismo em geral liderem um modelo de desenvolvi‑ mento coerente e sustentável. Como corolário deste movimento, pretendemos, conjuntamente com a Event Point, promover encontros regulares, ainda este ano, onde inter‑ venientes do sector possam dialogar, sem agenda, sobre a resolução de problemas comuns, partilhar conheci‑ mento e valores. Um espaço onde o livre pensamento e a acção se envolvam em diálogo e criem alicerces para uma mudança colectiva. Fica aqui o convite, aberto à partici‑ pação de todos os que acreditam que,

através de diálogo(s), da capacidade de desenvolver o pensamento colectivo, um pequeno grupo de cidadãos pode contribuir de forma muito significa‑ tiva para criar um Mundo melhor, a começar pelo sector.

A compreensão da dinâmica de forças presente nas relações humanas – vida pessoal, educação e cultura, negócios, e mesmo na política – é parte integrante desta equação difícil, mas essencial, que pretendemos continuar a abordar nos próximos artigos.

*ELIAS foi co‑criado pelo Presencing Institute, o MIT CoLab e o MIT Leadership Center, em Cambridge, Massachusetts, EUA.

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REPORTAGEM 44

© GRAN CANARIA CONVENTION BUREAU

CAPÍTULO IBÉRICO DA ICCA REÚNE-SE EM LAS PALMAS

Discutir a situação actual dos dois países e dos eventos que organizam, reflectir em temas como o foco principal estar no cliente, a flexibilização do preço dos venues , a gestão do risco, novos formatos de eventos, foram alguns dos pratos fortes da Reunião Anual do Capítulo Ibérico da ICCA. O evento, que este ano decorreu em Las Palmas, juntou cerca de 50 profissionais, de Portugal, Espanha e Andorra.


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EVENTOS TÊM QUE ACRESCENTAR VALOR “Os eventos nunca mais vão ser os mesmos”, avisou Linda Pereira, direc‑ tora da CPL Events, keynote speaker do congresso. O sector tem que reflectir e adaptar‑se. Por exemplo, os programas sociais já não são imprescindíveis. São simplesmente um extra. “Os eventos estão sob um intenso escrutínio”’, alerta Linda Pereira, e a percepção que se tem do evento é muito importante. O luxo, a ostentação não têm lugar nesta indústria. A resposta à pergunta “Porque é que o meu destino deve receber o evento?” tem agora que ter na base um argumento económico, de negócio. Tem que acrescentar valor. Neste sector, que é global, muito se fala dos destinos emergentes. São novos compradores que querem vir para a Europa e esta é uma oportunidade para os países ibéricos. Linda Pereira destacou Portugal como uma verda‑ deira ponte para a Península Ibérica, de mercados como o Brasil, a China e

a Índia, dadas as ligações históricas e culturais entre os países. A Espanha tem também uma ligação natural aos países da América Latina, e também com os Estados Unidos, através das comunidades hispânicas. Além de novos compradores, emergem novas entidades, conforme explica Linda Pereira. Por exemplo os AMC‑Association Management Companies, que têm uma função de aconselhamento estratégico das asso‑ ciações. As parcerias entre instituições e a estruturação em DMO (Destination Management Organization) é uma tendência importante. Os core OPC (Organizador Profissional de Congressos contratado de forma permanente) ganham cada vez mais relevância e têm um papel funda‑ mental na escolha dos destinos. E em termos corporate, com as dificuldades, assiste‑se ao desaparecimento dos departamentos de eventos. Segundo a

responsável, espera‑se o aumento da subcontratação neste segmento. No que respeita à selecção dos destinos, a tendência é a de que a escolha coincida com os objectivos estratégicos das asso‑ ciações. Linda Pereira lembra que não faz sentido gastar dinheiro numa candi‑ datura se a região não fizer parte dos objectivos da associação. Estas fazem cada vez mais uma pré‑selecção de regiões e possíveis países para acolher eventos seguintes. Os profissionais dos eventos, por seu lado, têm uma palavra a dizer nesta decisão. E todo este processo é cada vez mais transparente. As associações, lembra Linda Pereira, estão mais sofisticadas, pelo que os OPC atentos às tendências deste sector “vão ter sucesso”. A directora da CPL Events sublinhou a negrito a impor‑ tância das parcerias e da colaboração. “Neste sector já não é possível traba‑ lhar de forma isolada”, argumenta.

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A MINHA CRISE É MAIOR DO QUE A TUA Chega de chorar por causa da crise, incita Ramón Bustillo, e toca a reagir. Para o director da consultora Aactividad, a chave do sucesso passa por entender as necessidades dos clientes. E dá o exemplo da indústria automóvel. Antigamente, todos queríamos ter um carro, hoje em dia queremos um carro com determinadas características: desportivo, familiar, citadino, etc. E o sector adaptou‑se a isso, segmen‑ tando os seus produtos, trabalhando com economias de escala. A imagem dos automóveis muda, mas as peças são basicamente as mesmas, explica. A indústria dos eventos tem também de antecipar o que os clientes precisam. “Usar da imaginação e da inovação, e isso muitas vezes não custa dinheiro”, refere Bustillo. Ramón Bustillo parti‑ lhou algumas ferramentas de abor‑ dagem comercial, nomeadamente o método dos 4e. Empatia inicial; Escuta activa; Estruturar a oferta; Estabelecer um plano de acção consensual. Para que este método tenha sucesso é preciso planificação prévia, fixação do objectivo da visita, e análise posterior, e plano de actuação.

EVENTO DE GRANDE QUALIDADE PRÓXIMO DESTINO: AÇORES Frank Garcia, presidente do Capítulo, destacou que, apesar do clima econó‑ mico, viu “um positivismo muito grande, uma vontade de fazer coisas. Fazê‑las de forma diferente, mas não deixando de as fazer”. O responsável refere que se tratou de um evento com grande qualidade, onde se discutiram os temas que inquietam o sector, tanto em Portugal, como em Espanha, e que esta união entre os dois países é muito importante. “Temos que estar mais unidos do que nunca”, diz Frank Garcia, “e iniciativas como a do Capítulo Ibérico, em que Espanha e Portugal apresentam um destino comum, que é a Península Ibérica, são muito positivas”.

Em 2013, a reunião anual do Capítulo Ibérico da ICCA vai decorrer nos Açores. A candidatura foi apresentada durante a Assembleia‑Geral do Capítulo e a escolha foi unânime. Lembre‑se que este congresso se realiza alternada‑ mente entre Portugal e Espanha. Os Açores querem afirmar‑se como um destino MI, referiu Verónica Bettencourt, da Delegação de Turismo da Terceira. O governo regional procurou dotar a maioria das ilhas com infraestruturas para acolher eventos. A par disso dispõe de um incentivo finan‑ ceiro de 100 mil euros para a realização de eventos com impacto na região. Cláudia Coutinho de Sousa (claudia@eventpoint.com.pt)* * A jornalista viajou a Las Palmas a convite do Capítulo Ibérico da ICCA


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SUGESTÕES 48

© 3CULTURA

© 3CULTURA

ENFIADOS NO ARQUIVO O Arquivo é um lugar onde arte e gastronomia se entrecruzam, o testemunho perfeito de como a imaginação se apropriou da Baixa do Porto. Vocacionado para grupos pequenos, de escassas dezenas de pessoas, dispõe de cinco salas, amplas e luminosas, a que se juntam um restaurante de inspiração clássica, com a assinatura do chef Jorge Peres, um showroom de mobiliário vintage, cujas peças, escolhidas por Raul Sousa, se vão renovando regularmente, e uma agenda cultural que ambiciona misturar áreas da criação, do design à música, como se se tratassem afinal dos ingredientes de uma receita. Este espaço, inaugurado apenas em 2011, ocupa o mesmo palacete do século XIX que entre 1932 e 1995

albergou o Arquivo Distrital do Porto. A requalificação foi dos arquitectos Inês Fraga e Tiago Júdice, tratando‑se este do primeiro projecto da 3Cultura, entidade que concebe e gere iniciativas no âmbito das indústrias criativas. O que é interessante no Arquivo é que, com os objectos que habitam a casa, se podem construir inúmeros ambientes, não perdendo nunca o conforto e acon‑ chego de uma segunda casa, mesmo quando se trata do encontro de um conselho de administração. Concluídos os negócios, pode muito bem provar a Salada de Vieiras, o Risotto de Lagostim ou um Bife Wellington, deixando‑se ficar depois a apreciar um último copo de vinho, sentado num envolvente sofá do brasileiro Percival Lafer... Por isso é que apetece ficar nesta Casa.

Com 20 anos de experiência, em Portugal e no estrangeiro, onde teve a oportunidade de trabalhar com Ferran Adrià,Gordon Ramsay, Alexis Gauthier, Michael Hasler e Alain Ducasse, Jorge Peres assume a inteira responsabilidade do catering. E esse é o leitmotiv que confere uma integridade singular à oferta deste espaço. Rui Luís Romão (rui@eventpoint.com.pt)

ARQUIVO © 3CULTURA

Praça da República, 38 4050‑495 Porto 222 023 129 arquivo@3cultura.com www.arquivo.co.pt


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EM DESTAQUE 50

ESTÁDIO DA LUZ RECEBE A FINAL DA CHAMPIONS Só um estádio em Portugal poderia receber uma final da Champions League. Isto considerando somente a capacidade da infra-estrutura. Mas há outros critérios de selecção da cidade anfitriã. Critérios cumpridos pelo estádio do Benfica e pela cidade de Lisboa, que recebem em 2014 a final. Estivemos à conversa com Daniel Ribeiro, líder de Projecto da Final da Champions League, que explicou alguns dos factores críticos na organização deste grande evento A primeira ideia é a de que é impos‑ sível organizar com 100% de sucesso um evento como a Champions League, porque “quem perde os jogos fica sempre insatisfeito e tem sempre críticas a fazer”. Provavelmente, a principal preocupação num evento destes é a segurança de todos os parti‑ cipantes. “A experiência no evento tem que ser agradável”, diz Daniel Ribeiro. Para os adeptos, por um lado, pelo que é dada muita atenção a aspectos como a gestão de multidões ou a sinalética; para os jogadores, que devem estar simplesmente preocu‑ pados em jogar ao mais alto nível; e para todos os outros stakeholders: media, patrocinadores, voluntários, habitantes da cidade anfitriã. Os métodos, a organização e o grau de dificuldade variam consoante a cidade. A estrutura de coordenação do projecto é constituída pelo comité local, a agência de marketing da UEFA, e o responsável da UEFA. Esta estrutura é definida com três ou quatro anos de antecedência em relação a cada evento. Há várias áreas a ter em conta. A desportiva, “que é fundamental”, e que cobre a condução do jogo, a cerimónia de abertura, a cerimónia de entrega do troféu, a acreditação e o serviço aos espectadores. Depois há a área de operações no estádio, responsável pelas condições do espaço, a mobilidade dos

fãs, os serviços médicos, o parque de estacionamento. Estabelece também os pontos de contacto com as autori‑ dades locais. Segue‑se a área comercial com obrigações ao nível da Champions Village (tenda com cerca de 5 mil convidados), merchandising, cate‑ ring VIP, e o catering do staff. A área dos media é fundamental ‑ sobretudo quando se fala de um evento com uma audiência televisiva superior a 100 milhões de telespectadores ‑, pelo que responde pelas infra‑estruturas alocadas aos meios de comunicação, procurando dar‑lhes as melhores condições possíveis para a realização do seu trabalho. O departamento de Event Services cobre matérias como o protocolo, armazenamento e transporte, aloja‑ mento, catering, voluntariado. Já o departamento de Promoção é respon‑ sável pelo Festival Champions League, um evento que tem um investimento de 2,5 milhões de euros, e por todos os outros eventos paralelos, como por exemplo o Jogo das Estrelas, a entrega do troféu à cidade, etc. Ao todo estamos a falar de oito mil pessoas acreditadas para o evento, entre voluntários, staff e comunicação social. E só 15 a 20 estádios têm a capa‑ cidade de recebê‑lo. Para Daniel Ribeiro, os factores críticos de sucesso do evento são: a

comunicação, a correcta acepção e gestão do risco (condições meteoro‑ lógicas, limitações do venue e cidade, gestão de multidões e ameaças), recursos humanos, ouvir os stakehol‑ ders (no final há inquéritos deta‑ lhados) e o apoio da cidade anfitriã à organização do evento. O responsável esteve em Portugal, a propósito do FootballTalks, um evento promo‑ vido pela Liga Portuguesa de Futebol Profissional.

QUATRO PERGUNTAS A DANIEL RIBEIRO Quais são os critérios de escolha da cidade anfitriã da Liga dos Campeões? São vários os critérios. A começar pelo estádio e a sua capacidade. Se uma cidade tem um estádio adequado, começamos a estudar outros factores, que envolvem o aeroporto, a capacidade de alojamento de uma cidade, porque falamos em quase 2500 quartos na noite do jogo, acessibilidades, transportes. Até que ponto as equipas que chegam à final condicionam a organização? Às vezes muito (risos...). Tentamos criar a estrutura e a base do evento, mas com flexibilidade. Cada equipa tem a sua própria forma de organização


EM DESTAQUE

. ESTÁDIO DA LUZ RECEBE A FINAL DA CHAMPIONS 51

e cultura. Começamos a comunicar com eles a partir dos quartos de finais, para a informação não chegar toda ao mesmo tempo. Se há alguma coisa com a qual não estão de acordo, pelo menos já sabemos disso dois ou três meses antes e podemos alterar. Até que ponto têm preocupações de sustentabilidade? É uma coisa que estamos a começar a desenvolver. Para os campeonatos da Europa e para as finais temos áreas de tratamento de lixo, de reciclagem. Em termos de energia, usamos estru‑ turas que sejam melhores em termos ambientais. E há os factores sociais que são importantíssimos que têm que ver com a percepção da organização e com o envolvimento da organização do país ou cidade.

Qual é o equilíbrio de forças entre os fornecedores locais e os vossos fornecedores? Depende da área a fornecer. Se esti‑ vermos a falar de decoração do estádio, impressão das telas, tudo o que seja de imagem, e que tem que ter um particular nível de qualidade, por vezes é melhor trabalhar com um fornecedor que está habituado, que conhece muito bem a nossa forma de trabalhar e a nossa expectativa de qualidade. Ao mesmo tempo temos muitas oportu‑ nidades para fornecedores locais. E faz todo o sentido, em termos económicos, culturais, envolvê‑los na organização. Temos áreas que são de base em que, para manter uma certa consistência, recorremos aos nossos fornecedores, mas há uma abertura muito grande para trabalhar com fornecedores locais.

DANIEL RIBEIRO . UEFA © HÊRNANI PEREIRA (LIGA PORTUGUESA DE FUTEBOL PROFISSIONAL)

Cláudia Coutinho de Sousa (claudia@eventpoint.com.pt)

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CASE‑STUDY 52

© SUMOL NAZARÉ SPECIAL EDITION

SUMOL NAZARÉ SPECIAL EDITION

UM EVENTO “PRONTO A MONTAR” Um evento sem data concreta, estando dependente das melhores condições para a sua realização. Assim que estas estão reunidas a organização dá o alerta, geralmente com 16 a 24 horas de antecedência. Este é um conceito um pouco impensável para alguns, mas é nestes moldes que funciona o Sumol Nazaré Special Edition, um campeonato internacional de bodyboard, que reúne alguns dos melhores atletas nacionais e internacionais de dois em dois anos na Praia do Norte, na Nazaré.


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O evento é promovido pela Autarquia da Nazaré, pela empresa municipal Nazaré Qualifica e pelo Clube de Desportos Alternativos local. Nasceu em 2003 e já com um conceito desportivo e moldes inovadores que o viriam a diferenciar dos restantes eventos da modalidade. O Sumol Nazaré Special Edition tem o que se chama de “janela de espera” e entre as datas estabelecidas o evento acontece no que for considerado o melhor dia.

“Para nos destacarmos no panorama do bodyboard nacional e internacional, temos de oferecer aos atletas e ao público elementos inovadores, que ao longo dos últimos nove anos passaram por condições excepcionais em termos de qualidade de ondas, prestar um serviço de hosting ímpar aos atletas, assim como montar um sistema de comunicação e promoção do evento e da modalidade que até hoje em Portugal e na Europa continua a ser um modelo de referência”, conta à Event Point Paulo Caldeira, da organização do evento. Outro ponto que o difere de outras competições é realizar‑se numa época de menor exposição comer‑ cial. “Os restantes campeonatos têm normalmente uma data pré‑definida, acontecem geralmente no Verão, a melhor época em termos de exposição das marcas que usam as actividades de praia e de mar como estratégia de comunicação com o seu target. No entanto, sempre quisemos ser dife‑ rentes nessa abordagem, quisemos olhar de dentro da modalidade para fora, pois sabíamos que ao oferecer tudo o que os bodyboarders e o público desejam (boas ondas para um bom espectáculo) teríamos conse‑ quentemente patrocinadores, público e media associados ao evento. Por isso, partimos em busca de swell de Outono e de Inverno, mais frio, mas ao mesmo tempo com mais potencial de imagem e de comunicação. Essa revelou‑se a melhor estratégia, pois trouxe uma legião de fãs disposta a tudo para assistir ao evento”, acres‑ centou o responsável.

AVALIAR O MAR A janela de espera da quinta edição do Sumol Nazaré Special Edition esteve aberta entre 12 de Outubro e 1 de Novembro de 2011. Durante este período, a organização procurou as melhores condições para a realização da prova, mas por não estarem reunidas, o período de espera foi transferido para Janeiro deste ano (entre os dias 2 e 30), tendo tido lugar no dia 8. “Estamos sempre dependentes da vontade e da conjugação de diferentes elementos (direcção e tamanho da ondulação, fundos de areia da Praia do Norte, direcção e intensidade do vento) para a realização do Special Edition. Pela primeira vez em nove anos tivemos de prolongar o período de espera, o que em termos logísticos e operacionais gerou um desafio extra”, explicou Paulo Caldeira. Sentados em frente ao computador a comunicar em rede, alguns dos elementos responsáveis pela realização do Sumol Nazaré Special Edition estão

atentos às previsões do estado do mar em vários sítios na internet. A equipa responsável pela avaliação desportiva e meteorológica, liderada por Dino Casimiro e Nuno Amado, em cola‑ boração com Alfredo Coelho, e mais recentemente com o apoio do Instituto Hidrográfico da Marinha Portuguesa, analisa todos os factores de influência para a concretização do evento. De acordo com Paulo Caldeira, “mediante o objectivo delineado em termos de performance desportiva, cabe a este grupo determinar qual o melhor dia para a prova. É um trabalho que começa meses antes, com a análise e a comparação das cartas marítimas e de vento, análise dos fundos de areia, gravação de imagens, de forma a serem ajustadas todas as informações e detalhes para uma decisão consciente e acertada do melhor dia para a realização do Special Edition. É uma tarefa árdua e muitas vezes difícil de efectuar”. Entre cada edição, que acontece de dois em dois anos, existe muito trabalho de planeamento em termos despor‑ tivos, de comunicação, produção e de “venda” do projecto. “Apesar do forte enraizamento da modalidade em Portugal o processo de venda deste projecto é deveras moroso e difícil, uma vez que a falta de reconhecimento da modalidade ainda é grande por parte dos patrocinadores. Nesta última edição, e já com o apoio comercial da empresa municipal Nazaré Qualifica, todo o processo saiu mais agilizado”. No entanto, o responsável tem a noção de que o potencial do evento ainda não está explorado a cem por cento.

RETORNO POSITIVO E como lidam os patrocinadores com o facto de este ser um evento “pronto a montar”? “Em 2003 foi mais difícil. No entanto, face à notoriedade que este evento foi ganhando e ao grau de profissionalismo com que o conceito foi desenvolvido, todas as entidades

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associadas já encaram este evento ‘flutuante’ como uma mais‑valia, pois sabem que estamos sempre à procura das melhores ondas, dos melhores atletas, de forma a maximizar a expo‑ sição de todos os envolvidos. Quando o objectivo é este porque não arriscar e pensar fora da caixa?”, sublinha Paulo Caldeira, adiantando que “em termos logísticos todas as marcas já estão bem preparadas para este desafio”. A exposição comercial é garantida e o retorno de media, de acordo com valores da Media Monitor cedidos pela organização, é bastante positivo. Os dados revelam que na quarta edição do Sumol Nazaré Special Edition, em 2009, resultou em mais de 400 mil euros em exposição mediática, sem contabilizar a imprensa web e inter‑ nacional, onde o evento já conta com algum destaque. E a partir daqui, o objectivo deste grupo de trabalho é crescer ainda mais, de forma ambiciosa mas cons‑ ciente. “Fomos pioneiros na Europa na realização de eventos em período de espera e vamos continuar a desenvolver este conceito em prol da melhoria da imagem do bodyboard português e das ondas da Nazaré em termos mundiais. Os objectivos que temos passam por captar mais a atenção de atletas interna‑ cionais, aumentar a duração do campe‑ onato e plano de actividades do mesmo e quem sabe passar o Special Edition a uma etapa do campeonato mundial de bodyboard”, refere Paulo Caldeira. Além disso, acrescenta, há outras metas que passam pela internacionalização deste conceito, assim como “pelo desenvol‑ vimento da marca Special Edition para outras áreas de negócio. Tudo de forma consciente e ponderada”.

© SUMOL NAZARÉ SPECIAL EDITION

ESPECTÁCULO NA PRAIA DO NORTE Ainda o sol estava a nascer no domingo, dia 8 de Janeiro, e a equipa de trabalho do Sumol Nazaré Special Edition já estava no terreno a tratar de erguer as estruturas previstas. A Praia do Norte convidava a um bom espectáculo de bodyboard, mas era preciso ter todo o equipamento necessário: espaços para júri e atletas, sanitários, som, luz, etc. A produção deste evento não difere muito da produção de outros. Quando a data é decidida, tem início um “complexo sistema de operações e logís‑ tica, desde montagens da estrutura, branding, segurança dentro e fora de água, atletas, alojamento, alimentação, enfim tudo o que é necessário para que o evento corra dentro da normalidade”. A comunicação é uma das poucas áreas que é traba‑ lhada com mais tempo – são cerca de seis meses de comunicação –, “de forma a maximizar a exposição de todos os envolvidos”. A Praia do Norte esteve de gala para acolher o Special Edition, com ondas entre os dois e os 3,5 metros. A praia nazarena, nestes últimos meses famosa pela onda gigante apanhada pelo extreme waterman Garrett McNamara, provou uma vez mais que oferece ondas para todos os gostos e modalidades.

“O Special Edition não é, nem nunca teve a pretensão de ser, um evento de bodyboard em ondas grandes. No entanto, pelas particularidades únicas da Praia do Norte e pela destreza e coragem dos atletas convidados podemos afirmar que as edições de 2007 e 2009 ficam para sempre marcadas como dois eventos históricos, pois tivemos ondas gigantes ao longo de toda a competição, que em muito contribuíram para a fama nacional e internacional desta prova e desta praia”, conclui o responsável. O actual campeão do mundo de bodyboard, o francês Pierre Louis Costes, foi o vencedor da quinta edição do Sumol Nazaré Special Edition.


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JOHN HOOKER DIRECTOR‑GERAL DA JOHN HOOKER CONSULTANCY PRACTICE


OPINIÃO 57

COMO DEFINIMOS C O N F I A N Ç A?

Já não confiamos nos políticos, nos banqueiros, nem na imprensa para nos dar boas notícias. Não confiamos no procurement empresarial para gerir com lealdade os RFI*, assim como nos briefings que recebemos, quando sabemos que foram enviados para meio mundo. Confiaremos sequer nas previsões meteorológicas, nos dias que correm? ENTÃO, COMO DEFINIMOS CONFIANÇA? No Ocidente vivemos numa cultura baseada em regras, em que achamos que os processos definem os bons negócios, enquanto que no leste e em outras economias emergentes a cultura se baseia nas relações. As relações são baseadas na confiança e isso leva tempo. Mesmo os mercados emer‑ gentes não confiam neles próprios, quanto mais em si. Talvez seja altura, então, de voltar a comprometer‑se com as pessoas, em vez de se esconder por detrás de um email, exigindo uma resposta “agora” sem ter em consideração a cultura ou a pessoa que o recepciona. Na nossa indústria, mais do que em outras, as pessoas “compram” pessoas, por isso é a altura de trazer a sua

personalidade, aspecto e experiência para o curriculum, para o site. Uma cara sorridente faz milagres e oferece segurança. Um vídeo, por exemplo, permite‑lhe levar o escritório e a equipa até ao cliente, dada a dificuldade em assegurar uma reunião presencial. Talvez seja a altura de pegar no tele‑ fone, algo que as gerações X e Y não gostam muito de fazer, e discutir os requisitos de um briefing ou perguntar de que forma adicionar valor ao próximo evento. A sua voz pode trans‑ mitir confiança. O que é escrito e o que é lido podem ser coisas bem diferentes, levando a mal‑entendidos. Vivemos num mundo global e o inglês pode ser a língua dos negócios, mas para muitos é o segundo idioma.

A confiança é mais do que apenas as pessoas, é também transparência e negócios assentes em alicerces tão robustos que suportam qualquer escrutínio. Certifique‑se de que mostra as suas competência no site, juntando mais racio‑ nalidade para acompanhar as emoções. Confiança é uma proposta de serviço clara, que adiciona valor ao cliente a um preço justo, que reflecte o valor do seu trabalho em vez das comissões sobre o produto comprado. Confiança é também

* RFI – No original, Request For Information. Consulta que uma empresa faz a um ou mais potenciais fornecedores, perante uma determinada necessidade, para perceber que soluções o mercado pode oferecer. Esta consulta não é vinculativa.

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OPINIÃO

. COMO DEFINIMOS CONFIANÇA?, POR JOHN HOOKER

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clareza na altura de facturar e naquilo que vai incluído na conta. Há que gerir essas expectativas desde o início. Seja opaco e só criará desconfiança.

OS CONCURSOS CRIAM CONFIANÇA? Que confiança têm os fornecedores quando os RFI não passam de meros questionários de escolha múltipla, e são por isso respondidos online? É uma forma de consulta sem alma, que ignora o custo de resposta, a ansie‑ dade e a falta de controlo sobre todo o processo que os inquiridos sentem. Muitos não confiam neste processo como uma forma avaliar o real valor dos fornecedores. Em quem pode confiar quando tem um prazo apertado, e isso passou a ser a regra nos dias que correm? Temos ignorado o tempo que é necessário para estabelecer uma relação proveitosa com os fornecedores. Agora viramo‑nos para o primeiro nome que nos aparece, quando confrontados com um prazo mais curto, porque não temos tempo para avaliar e fazer o nosso trabalho como deve ser.

Assim, construa uma relação de cooperação com os seus fornecedores, estabeleça uma verdadeira parceria. Isso dará uma confiança acrescida aos vossos clientes. Confie nas suas capacidades, acredite que é capaz de acrescentar valor, e seja capaz de passar isso numa conversa de dez segundos no elevador. Afinal, uma boa impressão, duradoura, conta muito, transmite confiança e paixão. Basta que acredite em si.

?

A confiança é uma estrada de dois sentidos? É necessário que todos sintam que cada briefing representa uma oportunidade clara, aberta, equitativa, porque muitos, em especial os fornecedores, estão já queimados com a promessa de negócios futuros em troca de um favor, “só desta vez”. Que sentido tem pedir a nove ou mais fornecedores que apresentem propostas, se já avaliou os potenciais parceiros e confia no seu julgamento? Não tome nada como garantido. Leve confiança ao seu cliente tal como a montanha veio a Maomé. Uma coisa é certa. A “lealdade” corre o perigo de extinção, por isso é tempo de a redefinir como “confiança”. E assim não tem que se preocupar com o passado, apenas com as oportunidades do futuro.


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PEDRO RODRIGUES COORDENADOR DE EVENTOS DA DESAFIO GLOBAL ATIVISM


OPINIÃO 61

O TRIUNFO DOS EVENTOS EM CONTEXTO DE CRISE Alguns pressupostos prévios para estarmos todos em sintonia:

‑ A crise vai passar? Sim. ‑ As coisas vão ser como antigamente? Provavelmente não. ‑ Alguma vez a indústria de eventos, em Portugal, viveu tempos de “vacas gordas”? Que me recorde, não.

ENTÃO COMO PODEMOS FALAR DE TRIUNFO EM CONTEXTO DE CRISE? Podemos, por duas razões importantes que desenvolvo neste artigo. Primeiro porque, em tempos de nave‑ gação turbulentos, os eventos assumem uma importância fulcral no desempenho das organizações que querem triunfar e na motivação dos seus colaboradores. Segundo porque, no leque das disciplinas de comunicação, mais depressa assis‑ timos a uma marca, ou organização, a questionar investimentos na publicidade dita “tradicional” do que nos eventos.

ASSIM, AQUI VAMOS… Poderíamos pensar que, no actual contexto de constrangimento económico, tudo seriam espinhos para a indústria de eventos. Mas, com o passar do tempo, se tivermos a capacidade de ler as evoluções do mercado, vamos constatar que os eventos ressurgem com uma importância acrescida para os clientes, para a sua estratégia de negócios e para os tempos

desafiantes em que vivemos. Já escrevemos, e reescrevemos, que vivemos tempos em que todos têm que fazer mais com menos. Mas essa destreza e agilidade acrescidas, que fazem com que já não existam planos estratégicos duradouros, mas sim uma “navegação à vista” e que implicam uma capacidade de adaptação e de resposta automática das organizações, fazem com que a motivação e a comunicação, já anteriormente valori‑ zadas, ganhem uma maior importância ao nível da sobrevivência das organizações. E que melhor ferramenta para comu‑ nicar e motivar de imediato, e a curto prazo, do que um evento? Conseguem calcular, no actual contexto, qual é a diferença entre uma equipa de colaboradores motivada e informada, e uma equipa sem rumo nem sentido? Temos todos a consciência de que estamos a falar da diferença entre o sucesso e o fracasso das organizações? A que preço? 5% do custo salarial mensal desse mesmo colaborador? 5% que podem fazer toda a diferença… E os eventos face à publicidade dita tradicional? No espectro comunicacional, puxando

a brasa à sardinha dos eventos, acre‑ dito sinceramente que o cliente possa prescindir e limitar algum investi‑ mento em áreas como a publicidade. Chamemos‑lhe “racionalizar”. Agora, manda o bom senso, face ao exposto, que os eventos mantenham os seus investimentos e, cenário desejável, reforcem mesmo as verbas disponíveis. Não falamos obviamente nem de ostentação nem de desperdício. Falamos de impacto obtido com eficiência de meios e recursos. Falamos de um fenómeno curioso, que se passa neste momento no mercado. Os clientes cada vez valorizam mais a qualidade e a fiabilidade dos organizadores de eventos. Porquê? Porque em tempos de “vacas gordas”, que no fundo nunca existiram nesta área, o cliente arriscava e fazia eventos com várias agências e, inclusive, havia espaço para o conhecido do conhe‑ cido que até era bom a organizar festas. Hoje em dia, o evento é tão importante, mas tão importante, que não existe margem para erro. O cliente tem que acertar à primeira. E que melhor garantia disso, do que o seu fornecedor de eventos ser uma empresa qualificada e com provas dados no mercado? Isso, meus amigos, não tem preço.

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SUGESTÕES 62

PALÁCIO DA PENA: EVENTOS COM HISTÓRIA Em 1838, D. Fernando II, rei‑consorte de Portugal, adquire um convento quinhentista em plena Serra de Sintra. A intenção era recuperá‑lo para residência de Verão da família real, mas o fascínio que o edifício e a região envolvente exerciam sobre o monarca rapidamente levou a uma alteração do plano inicial. O convento seria ampliado para se tornar num palácio: o da Pena, expoente máximo do romantismo em Portugal. Este enamoramento de D. Fernando II é comum a muitos dos que visitam a Pena ‑ mais de 650 mil em 2011 ‑, e a quem participa ou organiza eventos no palácio. A oferta como espaço para eventos abrange sobretudo o Terraço (interessante para cocktails dinatoire), a Sala dos Veados (exclusivamente para eventos corporate, também com uma zona ao ar livre), o Salão Nobre (muito usado para concertos, dada a acústica do espaço) e a Sala dos Cocheiros (restau‑ rante do Palácio). A procura é maiorita‑ riamente por parte de clientes nacionais, para o lançamento de produtos, reuniões de empresas, ocasiões especiais. Já se realizaram por exemplo caças ao tesouro e jogos de observação. E todo o Parque da Pena oferece um manancial de possibili‑ dades para este sector, desde que salva‑ guardada a integridade do monumento. Mas nem sempre é fácil o convívio entre um palácio de grande relevância histó‑ rica, aberto ao público, e o acolhimento de eventos. O Palácio, em condição alguma, é encerrado durante o horário de visitas, pelo que os eventos têm que

se acomodar aos restantes horários. Há sempre uma visita guiada ao monumento, conduzida de forma mais leve, realçando os pormenores mais interessantes da história, e dessa forma contribuindo para a experiência que pode ser estar num evento em pleno Palácio da Pena.

© RUI LUÍS ROMÃO . EVENT POINT

© RUI LUÍS ROMÃO . EVENT POINT

PALÁCIO DE MONSERRATE

PARQUES DE SINTRA

Residência de férias do milionário inglês Francis Cook, o Palácio de Monserrate é outro grande exemplo da arquitec‑ tura romântica no nosso país. Um dos ex‑libris é o jardim que circunda a casa, considerado um dos mais ricos jardins botânicos de Portugal. O Palácio viveu alguns anos no ocaso, ao abandono, mas reabriu no Verão de 2010, sendo um venue a ter em conta na região de Sintra. É utilizado muitas vezes por empresas para acções de formação, mas também pode receber jantares de gala, apresen‑ tações de produto, reuniões, concertos, entre outros.

Ambos os palácios estão sob alçada da Parques de Sintra – Monte da Lua S.A., empresa de capitais exclusiva‑ mente públicos, criada em 2002. Foi constituída no seguimento da classi‑ ficação de Sintra como Património da Humanidade da Unesco, tendo o Estado entregue à empresa a gestão das suas propriedades na zona. Para além dos palácios da Pena e de Monserrate, fazem parte da Parques de Sintra o Castelo dos Mouros, o Convento dos Capuchos e o Chalet da Condessa d’Edla.


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MIGUEL JÚDICE PRESIDENTE DO GRUPO LÁGRIMAS


OPINIÃO 65

C AT E R I N G N A CHINA, DE FICAR DE OLHOS EM BICO

Raro é o evento que não tenha uma componente de catering. Seja um coffee‑break, um almoço, cocktail ou jantar formal, a alimentação está sempre presente quando estamos falar em acontecimentos que reúnam pessoas à volta de um tema que as agrega. Apesar disso nem sempre se dá ao catering a importância devida. É verdade que raramente a componente de alimentação é o tema central de um evento, mas a experiência diz‑nos a todos que por vezes o melhor evento fica manchado com a componente de alimentação, sempre que esta não é devidamente valorizada. Ora, parece existir aqui alguma inconsistência com os objectivos dos organizadores de um evento, que querem dar boa imagem aos participantes… Faz sentido não cuidar e apostar na componente de um evento que determina de forma tão importante o seu sucesso ou fracasso, numa componente que tem tanto impacto na memória futura de um evento? Muitas vezes (infelizmente) os orga‑ nizadores pensam que esta compo‑ nente é secundária e não lhe dedicam os recursos (tempo de preparação e orçamento) que dedicam a outras componentes do evento, como luz

e som, animação ou a produção de brindes para os participantes (que muitas vezes acabam no lixo pouco depois). Não faz sentido deixar de ter estas componentes, mas acredito que nem sempre as prioridades de um

organizador de evento são o espelho daquelas que são efectivamente as partes mais importantes para um participante, e como deveriam ser, para que os objectivos do mesmo fossem mais facilmente atingidos.

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OPINIÃO

. C ATERING NA CHINA , DE FIC AR DE OLHOS EM BICO, POR MIGUEL JÚDICE

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No fundo o que estou a sugerir é que os organizadores de eventos dedi‑ quem mais à componente de catering, nomeadamente dediquem mais do seu tempo, que se envolvam mais na sua conceptualização, que usem o catering para servir também os objectivos e o tema dos eventos que organizam. A vantagem do catering é que é perfei‑ tamente adaptável a briefings especí‑ ficos, não tem de se assumir que esta componente tem necessariamente de ser standardizada.

Se estamos a fazer um evento para uma empresa de energia porque não servir bebidas energéticas? Se se trata do evento de uma empresa com um logo onde a cor encarnada está presente, porque não adaptar o que é servido para incluir alimentos dessa cor? E se a empresa for Japonesa porque não servir um apontamento gastronómico desse país?

© JONATHAN MCINTOSH

Enfim, apenas alguns exemplos para mostrar que o céu é o limite para o que se pode fazer e é uma pena que nem sempre os eventos explorem esse enorme potencial que o catering tem. Não considerar o catering como uma das partes centrais do evento, não usar a possibilidade de usá‑lo estrategica‑ mente, é quase um crime… A punição não é uma pena de prisão, mas apenas um grande desperdício. O melhor exemplo que conheço a este nível vem da China, onde me encontro nestes dias num colóquio sobre a indústria de convenções. Aqui, no país onde a aparência e hospitalidade são essenciais à vida, não há nada pior do que “perder a face”, o que signi‑ fica que qualquer anfitrião, seja uma pessoa em sua casa, seja uma empresa que organiza uma convenção para 3000 participantes, tem de dar boa imagem. Isso, aliado à importância

que a gastronomia tem para esta cultura, faz com que as refeições de eventos corporativos ou associativos sejam verdadeiras experiências. Estive em dois banquetes de uma feira esta semana na cidade de Hefei e foram servidos dois banquetes de 16 pratos para 500 pessoas, um de boas‑vindas da cidade, outro oferecido pelos organizadores de uma feira que aqui decorre. Garanto que na minha vida nunca vou esquecer estas refeições e, simultaneamente, a feira e coló‑ quio em que vim participar. Qual o valor desta memória na cabeça de uma pessoa? Não é esse o objectivo de qualquer organizador de eventos, criar experiências memoráveis que ajudem a reforçar uma marca ou uma mensagem? Temos alguma coisa a aprender com os chineses a este nível, porque aqui os eventos são mesmo de nos pôr os olhos em bico, no bom sentido.


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EVENTOS 69

EXPOEVENTOS APOSTADA EM SER “O FAROL” DO SECTOR A pensar na disponibilidade dos operadores e do mercado, a organização da ExpoEventos optou por um modelo especial de feira, ancorado nos Seminários Gest e na Gala dos Eventos, e dirigido ao público profissional. A organização assume que o evento é uma edição “intercalar” e “low‑profile”, mas segundo António Sousa e Silva, responsável do projecto, o objectivo mantém‑se o mesmo, “ser uma vez mais o ponto de encontro e o momento alto do sector dos eventos em Portugal”. A conjuntura explica “em muito” a opção por este novo formato do evento, mas também “a constatação de que este sector – o dos eventos –, que poderia em determinado momento ter evoluído para uma maior profissionalização, também ele foi vítima da irresponsa‑ bilidade e do compadrio que ao longo dos últimos anos envolveu gover‑ nantes, privados do “regime” e várias outras “franjas” que não hesitaram em esbanjar dinheiros públicos e privados em iniciativas milionárias e não fisca‑ lizáveis que prejudicaram a imagem do sector, como um todo”, refere António Silva e Sousa. O responsável diz que a consequência disso é o facto de agora as empresas públicas e as grandes empresas estarem sem verbas para eventos, o que deixa “milhares de micro e pequenas empresas, que constituem a quase totalidade dos operadores do sector, em sérias dificuldades”. Mas não será esta uma visão muito pessimista da situação corrente? O director da ExpoEventos rejeita a ideia, lembrando que, ao manter o evento na agenda, “passamos até uma mensagem de esperança e adequação à realidade. Não fazer nada e cruzar os braços é que seria uma atitude negativa”. Sendo o “modelo

possível nos tempos que correm”, a ExpoEventos está apostada em conti‑ nuar a ser “um farol” para o sector. O responsável lembra que o evento tem estado “ na vanguarda na apre‑ sentação das tendências e na intro‑ dução dos principais debates e temas estruturantes para o sector. Pelos seminários, fóruns e congressos que já organizámos, desde 2004, passaram mais de 100 oradores nacionais e 40 internacionais de topo, dezenas de visitantes e buyers qualificados portugueses e estrangeiros visitaram já a ExpoEventos”. António Silva e Sousa destaca ainda o papel que o projecto teve no movimento associativo, na consolidação dos media especializados na área, e na formação. Durante a ExpoEventos vão ser entre‑ gues os prémios da Gala dos Eventos, uma iniciativa que premeia o sector. O nível dos eventos deve, segundo António Silva e Sousa, “ reflectir a conjuntura”, mas lembra que no ano passado a crise já existia e “acabámos por ter um bom leque de candidaturas, diversificado, qualificado e representativo do que melhor acontece por todo o país”. Em relação ao Gest – Seminário de Gestão de Eventos e Turismo de

Negócios, a coordenação científica está a cargo de Linda Pereira, directora da CPL Events, assessorada por Miguel Neves, responsável pelo Departamento de Eventos e Planeamento de Projectos da IMEX, e Hugo Soares, docente na área da Organização de eventos e organizador do Encontro Nacional de Estudantes de Organização e Gestão de Eventos. Do programa vai constar um painel sobre plataformas de relaciona‑ mento e interacção entre profissionais da indústria, promovido como o apoio da AHP – Associação da Hotelaria de Portugal, a propósito do lançamento da sua “ferramenta” on‑line Tourism Think Tank (TTT). Confirmada está já a presença de José Tavares, director‑geral do Tribunal de Contas para falar do tema “Eventos e Turismo de Negócios – Perspectivas e Novos Desafios”. Tal como no ano passado, vai acontecer ainda o Seminário de Marketing Desportivo. A oitava edição da ExpoEventos realiza‑se a 7 e 8 de Maio, no Fontana Park Design Hotel, localizado bem no centro da cidade de Lisboa. A organi‑ zação está a cargo da Publihappening. Cláudia Coutinho de Sousa (claudia@eventpoint.com.pt)

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ANA MARREIROS ACCOUNT MANAGER INTERNAL COMMUNICATION & SUSTAINABILIT Y . GRUPO INFORPRESS


OPINIÃO 71

CONTO EU A HISTÓRIA? Recentemente a maternidade trouxe‑me de volta a colecção dos livros da Anita. E fez‑me pensar na influência que a Anita, o Pedro e o Pantufa exercem sobre as crianças. Nos valores que transmitem.Para quem não se lembra, os livros apostam muito mais na imagem, as ilustrações em aguarela, do que nos conteúdos. Mas cada escassa linha da história é redigida com muita assertividade, para que as crianças se mantenham atentas da primeira à última página e para que cheguem ao final com uma lição aprendida. Hoje em dia e aplicado ao mundo dos eventos, a Anita deixa‑nos um grande ensinamento: só conseguimos ter sucesso num evento se conseguirmos criar uma história bonita, agradável e que acrescente valor aos participantes.

O storytelling moderno, ou o poder de conseguir contar uma história com impacto, é assumido como ferramenta com larga aplicação no mundo da comunicação, da política, da cultura e dos eventos. Segundo Mauro Pereira‑de‑Mello, diretor da JourneyCom, agência de publi‑ cidade em São Paulo, o processo de storytelling pode ser resumido em sete etapas: ouvir, aprender, desco‑ brir, explorar, criar, comunicar e encantar. Ou seja, primeiro temos de adquirir a sabedoria de saber ouvir o cliente e outros actores do processo. Depois estudamos o negócio e explo‑ ramos as histórias do sector do nosso cliente. Por fim, criamos conceitos, campanhas, documentos ou eventos que possam encantar o cliente e os seus consumidores. Em vez de continuar a escrever sobre a teoria do storytelling, vou tentar contar a história de um evento em que estive envolvida há bem pouco tempo. Um conjunto de quase 200 Presidentes Executivos de uma multinacional com presença em praticamente todo o mundo esteve reunido perto de Lisboa num evento corporativo de três dias. O

evento tinha como principal objectivo partilhar boas práticas de inovação da empresa no mundo. O primeiro desafio do desenho do evento foi o nome. Que nome dar a este evento, tão corpora‑ tivo, tão de trabalho e com uma agenda tão extensa de objectivos? Optámos por juntar as palavras “força”, “cultura” e “inovação”, num claim que resultou perfeito. Afinal todos os Presidentes respiravam a “cultura” da empresa, estavam ávidos de conhecer os projectos de “inovação” dos outros países e queriam sair do evento com “força” e motivação para implementar, no seu mercado, novas formas de trabalho e abordagem ao mercado. Em termos gráficos podíamos abusar do cinzento e do preto. Convenhamos que do ponto de vista criativo, são duas cores em nada relacionadas com a inovação. Decidimos criar um conceito gráfico a partir de uma combinação de linhas que davam lugar a uma forma final. Esta forma era imperceptível para quem não estava envolvido no evento, mas em tudo relacionada com as histó‑ rias que iam acontecendo ao longo dos três dias. Apesar de cinza e preta, esta combinação de linhas lisas, suaves e

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O P I N I Ã O . CONTO EU A HISTÓRIA?, POR ANA MARREIROS 72

futuristas transportava os participantes para o futuro, ou seja, para a projecção que a empresa queria atingir depois desta sessão de trabalho. A base do storytelling do evento foi a criação de uma feira de inovação, com espaços próprios para cada país partilhar melhores práticas, road map com indicações para a visita a estes espaços, vox‑pop com os intervenientes da inovação e distinções para os melhores projectos. Inserido dentro do evento, este projecto criou um buzz enorme no que realmente queríamos passar: inovação. Tudo isto foi possível porque a orga‑ nização do evento foi trabalhada com antecedência e com grande inten‑ sidade. Porque tivemos tempo para fazer brainstormings que geravam novos tentáculos ao storytelling, que vinham reforçar ainda mais o objec‑ tivo do evento. Ouvimos o cliente e ele ouviu‑nos a nós, a equipa envolvida na organização e concepção do evento. Ambos aprendemos com as ideias que iam surgindo e com as pequenas implementações que fomos decidindo. Descobrimos, em conjunto, que afinal o conceito inovação ainda não estava gasto nem obsoleto, mas que quanto mais o estudávamos, mais surpresas

positivas surgiam. Explorámos os limites de um evento corporativo porque queríamos evoluir de uma sessão de trabalho para uma sessão agradável de trabalho. E criámos e implementámos o evento. Comunicámos antes, durante e depois do evento. E na avaliação final concluímos que encantámos os participantes. Resultou a regra do ouvir, aprender, descobrir, explorar, criar, comunicar e encantar.

Para voltar um pouco à teoria, deixo apenas a reflexão de que, ao criarmos o conceito do evento, devemos incluir três forças fundamentais: conseguir criar suspense, conseguir evoluir do clássico para a inovação e deixar uma parte importante para desvendar no final do evento.

Desde que consigamos criar histórias com valores, conhecimento e emoção, o storytelling pode ser poderoso e mágico. Tal como nos livros da Anita, o evento deve ter a capacidade de se transformar numa viagem, transpor‑ tando‑nos para um local agradável. Confesse: ficou com vontade de reler um dos livros da Anita?


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TECNOLOGIA 74

RFID: APLICAÇÕES EM EVENTOS O maior exemplo da aplicação da RFID (identificação por radio‑frequência) presente no nosso dia‑a‑dia é a Via Verde. Mas esta tecnologia é também usada em certas indústrias, na identificação, por exemplo, de objectos ou materiais, em lojas, para efeitos de segurança, já se fala inclusive na possibilidade de fazer pagamentos com cartões com RFID incorporada, e em eventos. Fomos conversar com Luís Fonseca, consultor de RFID da Sybase SBS Software, e com Carlos Ferreira, da Event Services, para saber qual tem sido a progressão desta tecnologia no nosso sector. Personalização, interactividade, expe‑ riência, conforto, facilidade são hoje em dia palavras recorrentes no léxico dos profissionais de eventos. O consu‑ midor/participante em eventos, sejam congressos, incentivos, feiras, é cada vez mais exigente, aprecia ser tratado de forma diferenciada, quer viver uma experiência e quer interagir com as marcas, oradores, ou produtos. A RFID é uma tecnologia que, dependendo da aplicação, pode potenciar todas estas características num evento. Além de ajudar a melhorar a experiência do participante, pode também facilitar a logística ao organizador. “Tipicamente, esta tecnologia é aplicada ao badge do participante com recurso a uma etiqueta RFID (tag) permitindo que a identificação seja efectuada de forma unívoca”, explica Luís Fonseca. Desde mensagens de boas‑vindas, a outros serviços de interacção, como o pedido de certificados, troca de contactos, pedido de informações, inscrição em outros eventos, tudo isto pode ser feito de forma perso‑ nalizada, fácil, discreta (não há lugar para cabos e afins), e com impacto. A evolução tecnológica, conforme explica o consultor, tem permitido ultrapassar a dificuldade que havia em ler etiquetas RFID em pessoas. E hoje em dia as soluções são

diversas, “podem variar desde o típico sistema RFID passivo a soluções de loca‑ lização em tempo real (RTLS), passando por tecnologias emergentes como o NFC (Near Field Communication)”.

Para o participante, o processo é muito simples.“Desde que devidamente credenciado o participante não é mais incomodado, pode movimentar‑se livremente no evento”, explica Carlos Ferreira, da Event Services. O mesmo responsável lembra que, no que toca à monitorização e movimen‑ tação das massas, esta tecnologia facilita o controlo de presença em sala, o tempo de presença e os níveis de assistência. Ao organizador permite ter melhor informação (listagens) sobre o decorrer do evento, relatório com as estatísticas em tempo real, leitura a 100% de todas as pessoas identificadas, e possibilidade de detecção de fraudes, exemplifica.

Mas estará esta tecnologia só acessível a grandes eventos? Segundo o responsável da Sybase, a tecnologia RFID “pode ser considerada cara”. No entanto, a sua flexibilidade permite diversas soluções para eventos, “podendo ser elevada a níveis onde a ‘imaginação é o limite’, adicionando exclusividade ao evento”. Carlos Ferreira recorda que o valor de implementação depende do número de pontos (portas) a controlar. “Para terem uma ideia, cada porta necessita de duas ou quatro antenas (torres). Duas para registar a entrada e duas a saída, ou terminais portáteis RFID e um terminal para ligar ao servidor. É necessário o mesmo tipo de equipamento no secreta‑ riado para associar as tags a cada parti‑ cipante. Depois existe o valor por cada congressista para a tag que pode ser um autocolante ou um cartão RFID em PVC” Alguns organizadores de eventos, ouvidos pela Event Point, apontam, de facto, o preço do serviço como grande obstáculo à maior implan‑ tação da tecnologia no mercado, mas não deixam de a utilizar quando o orçamento o permite. Carlos Ferreira estima que a evolução da tecnologia a torne mais acessível. Cláudia Coutinho de Sousa (claudia@eventpoint.com.pt)


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JOSÉ PIMENTEL FURTADO CORONEL DE CAVALARIA, ESPECIALISTA EM SEGURANÇA E GESTÃO DE CRISES


OPINIÃO 77

SEGURANÇA, RELAÇÕES PÚBLICAS E PROTOCOLO Se, no entendimento comum, Protocolo e Relações Públicas (RP) são geralmente vistos como actividades ligadas e complementares, o mesmo não se passa com a Segurança, encarada frequentemente como uma actividade estranha, ou até em oposição às duas primeiras. Nada mais errado. PROTOCOLO E SEGURANÇA Longe vão os tempos em que, para ter garantias de segurança, príncipes, reis e imperadores tinham que conduzir as negociações com o adversário em “terra de ninguém”, recorrendo a espe‑ ciais medidas de segurança. O actual Direito Internacional Público obriga o governante que se desloque a território estrangeiro a confiar a sua segurança ao governante anfitrião e impõe a este o dever de zelar pela protecção daquele, em todas as circunstâncias, enquanto o visitante permanecer em território sob sua soberania. Para protecção do “príncipe” visitante, o anfitrião nomeava uma guarda pessoal, tanto maior quanto maior a importância daquele, ou a ameaça sobre ele. Na maioria dos países, esta guarda está hoje convertida em mera Guarda de Honra.

Este exemplo representa bem a ligação entre Protocolo e Segurança e a simul‑ taneidade da sua génese. O Protocolo de Estado moderno nasceu da neces‑ sidade de, em respeito uniforme pela soberania de todos, estabelecer regras de convivência que respeitem os direitos de cada um, a começar pelo direito à segurança. Ao definir certas regras, o Protocolo confere determinadas garantias de segu‑ rança e impõe outras tantas obrigações de tratamento. Transforma um ambiente potencialmente hostil e imprevisível num ambiente sereno e regrado, em que cada participante sabe o lugar que deve ocupar e que atitudes tomar. Evita‑se desorgani‑ zação, equívocos e querelas na forma dos actos, para que as delegações se possam concentrar no conteúdo das negociações.

Em qualquer evento, público ou privado, o Protocolo é um factor de organização que permite evitar dúvidas e hesitações. Possibilita a segregação dos participantes, de acordo com a sua importância relativa, factor indis‑ pensável para um bom ambiente de segurança, sem melindres e de acordo com regras claras e conhecidas.

PROTOCOLO E RP Por que razão uma entidade pública ou privada organiza uma convenção, uma cimeira ou um congresso? Porque, para além dos assuntos a tratar, há a neces‑ sidade de projecção pública. Um evento público é, antes de mais, um acto de RP, que visa cativar a

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OPINIÃO

. SEGURANÇA , RELAÇÕES PÚBLIC AS E PROTOCOLO, POR JOSÉ PIMENTEL FURTADO

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atenção e a adesão do público, o fisi‑ camente presente, ou o que o segue à distância, através da comunicação social. Protocolo e RP são duas áreas inseparáveis na criação da imagem e da mensagem a ser transmitida. A cres‑ cente cobertura mediática dos eventos, em especial por parte da televisão, veio reforçar esta interligação. Quem assiste ao evento tem que perceber clara‑ mente qual a importância relativa dos diversos actores, a relevância dos actos, distinguir aquilo e aqueles que são importantes do acessório. E o Protocolo é o instrumento privilegiado para transmitir as mensagens não verbais. Compete ao Protocolo um impor‑ tante papel na organização do evento, de acordo com a mensagem que se pretende que as RP difundam, tendo porém em consideração as exigências específicas das técnicas e artes das RP.

SEGURANÇA E RP Hoje em dia é impossível organizar um evento sem segurança. A segurança dos actores, do público, dos jornalistas, do staff, e até mesmo dos hooligans ou dos manifestantes que tentam boicotar o evento, tem que ser cuidada. Para todos estes diferentes tipos de Segurança são necessários os devidos agentes, que têm que lidar com os diversos públicos, por vezes em situ‑ ações de tensão. Exige‑se que sejam corteses, educados e competentes, com capacidade para resolver os problemas dos participantes, antecipando‑os e evitando‑os, se possível. Quantas vezes não é a incapacidade ou incompetência do “segurança” o factor facilitador dos incidentes? Ao chegar ao evento, a maioria dos participantes terá o seu primeiro contacto com a organização através de um elemento da segurança. É esta a primeira impressão sobre o evento. Qualquer bom agente de segurança tem que começar por ser um bom agente de RP.

Por outro lado, é frequente os agentes da segurança serem solicitados a desempenhar funções de RP, desde a resposta a questões simples como horários ou localizações de actividades, a situações mais complexas, à beira do confronto ou do incidente protocolar. Uma adequada organização da Segurança desempenha um papel fundamental na criação da imagem do evento que se pretende projectar. Hoje em dia, a Segurança é cada vez mais um dos factores principais a considerar na definição desta imagem. Simetricamente, os profissionais das RP desempenham um papel funda‑ mental no sistema de segurança de um evento, se souberem estar atentos a todos os factos estranhos, compor‑ tamentos bizarros, pedidos extrava‑ gantes, tentativas de iludir o sistema de acessos e de controlo, etc., pois estes podem ser os indícios de que um ataque está na iminência de se concre‑ tizar. Frequentemente é o staff das RP quem se encontra em melhor posição para detectar estes indícios, muito antes dos elementos da Segurança se poderem aperceber da situação. Cabe ainda às RP explicar publica‑ mente qualquer incidente de segurança ou protocolar que ocorra, pelo que o seu staff tem que compreender perfei‑ tamente o papel das outras duas estru‑ turas, os seus objectivos e métodos, e receber em tempo útil toda a infor‑ mação crítica relativa a tais incidentes. Por fim, cabe ao staff das RP fazer o seu trabalho respeitando o Protocolo e sem provocar quebras de Segurança.

CONCLUSÃO Segurança, RP e Protocolo têm que encontrar entre si um modelo equilibrado: . DE ORGANIZAÇÃO DO EVENTO, QUE SATISFAÇA OS OBJECTIVOS DA IMAGEM A PROJECTAR, RESPEITANDO AS EXIGÊNCIAS DO PROTOCOLO E CUMPRINDO TODOS OS REQUISITOS DA SEGURANÇA; . DE INTERACÇÃO MÚTUA, QUE PERMITA QUE A INFORMAÇÃO IMPORTANTE E CRÍTICA CIRCULE ENTRE ESTAS TRÊS “ESTRUTURAS” DE FORMA ATEMPADA; . DE FUNCIONAMENTO, QUE LEVE A QUE TODOS OS ELEMENTOS DE CADA UMA DESTAS ÁREAS COMPREENDA A IMPORTÂNCIA DO SEU PAPEL NA REALIZAÇÃO DOS OBJECTIVOS DAS OUTRAS DUAS, FAZENDO COM QUE FUNCIONEM, DE FACTO, DE FORMA ARTICULADA.

Apenas com a íntima coordenação entre estas três áreas surgirá um modelo de evento equilibrado e sustentável.


SUSTENTABILIDADE 79

“NÓS NÃO HERDÁMOS A TERRA DOS NOSSOS ANTEPASSADOS, PEDIMO‑LA EMPRESTADA AOS NOSSOS FILHOS” [PROVÉRBIO ÍNDIO]

COMUNICAR SUSTENTABILIDADE NO MERCADO DOS EVENTOS No mercado dos eventos observa‑se, cada vez mais, uma preocupação em introduzir o tema da sustentabilidade, quer como forma das empresas se reinventarem e (re)posicionarem, ganhar a confiança do consumidor e o respeito dos seus pares, quer para conquistar novos consumidores e segmentos de mercado, e comunicar... Independentemente da motivação para o alinhamento com esta temá‑ tica por parte dos organizadores e/ ou promotores de eventos, é cada vez mais comum estarmos perante eventos que se auto‑denominam Eventos Sustentáveis, Eco Eventos, Eventos Verdes, Eventos Responsáveis… São inúmeras as designações que vemos, mas afinal do que se trata? E do que trata a Sustentabilidade? “Sustentabilidade” está, de facto, na ordem do dia, mas é um chavão por vezes utilizado de forma indis‑ criminada, descontextualizado, sem essência e de conteúdo difuso. Nestes casos, a principal motivação é a de uma apropriação oportunista da temática, que conduz a uma total desinfor‑ mação, descredibilização e confusão no mercado. Nestes casos, estamos perante o que correntemente se deno‑ mina por greenwash! Face a esta realidade recente e à sua sensibilidade em matéria de comuni‑ cação/(des)informação ao mercado, colocam‑se, muitas vezes, questões como: “Estarão estes organizadores e promo‑ tores de eventos a fazer uma comunicação adequada?”, “As mensagens são claras e coerentes com a promessa e a acção?”. De que forma podemos evitar estas situações, potencialmente penalizadoras da repu‑ tação das marcas? A resposta não é complexa! Consideremos uma velha máxima

popular, “À mulher de César não basta parecer, tem que ser!”. O mesmo se deve passar com os organizadores e promotores que designam os seus eventos por Eventos Sustentáveis: devem esclarecer e demonstrar a efectividade da sua acção, através da apresentação das boas práticas (ambientais, sociais…) adoptadas e de eventuais metas a atingir, do envolvi‑ mento directo dos vários stakeholders, e do escrutínio público dos resultados alcançados (walking the talk). A aposta para disseminar e potenciar uma mensagem adequada sobre estes compromissos com a Sustentabilidade deverá passar por uma Comunicação Responsável – Racional (que assenta em informação credível e robusta), Razoável (que recusa afirmações não verdadeiras e promessas falsas) e Relevante (que é clara, transparente, sem dupla interpre‑ tação e de fácil entendimento). E para evitar o greenwash é funda‑ mental conhecer (e não esquecer) os 10 pecados mais cometidos:

4) Claims irrelevantes (por exemplo: Evento de Sonho!);

1) Linguagem Fofinha (por exemplo: Evento Eco‑Friendly);

10) Estar a mentir descaradamente!

2) Evento Verde vs Atitude da Empresa Organizadora (por exemplo: a empresa que promove o evento não possui qualquer tipo de política de Sustentabilidade); 3) Utilização de Imagens Sugestivas (por exemplo: não recorra a flores para credibilizar a sua acção!! Se por acaso tiver que dizer que optimizou o trans‑ porte de carga de material a utilizar durante o seu evento, não coloque flores a sair do tubo de escape!);

5) O melhor da sua classe (poderemos ter sempre um lugar no pódio, quando a concorrência é terrível); 6) Não ser credível (por exemplo: fazer um evento sustentável, numa zona protegida…); 7) Gobbledygook (por exemplo: Oih?!?! Palavras demasiado técnicas e quase imperceptíveis); 8) Amigos imaginários (por exemplo: criar labels não reconhecidos e que não ajudam à credibilidade da mensagem. Normalmente não funcionam nos públicos que estão cada vez mais informados); 9) Sem provas (por exemplo: podemos dizer que somos neutros em carbono, mas sem provas fica difícil de credibilizar!);

Agora que sabe o que é o greenwash , comunique de uma forma responsável, estreite relações com o seu público, ganhe a sua confiança, e reforce positivamente a sua reputação! E.Value

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LEITOR 80

C O N S U LT Ó R I O D E PROTOCOLO

Neste espaço dedicado aos leitores, e que conta com o contributo das especialistas Susana de Salazar Casanova e Cristina Marques Fernandes, tiram‑se algumas dúvidas sobre protocolo. Desta feita, as perguntas centram‑se em questões bastante particulares, esclarecidas de seguida. Num evento em que se espera a presença de comunicação social, é necessário avisar os convidados desse facto? MF, Porto

Em primeiro lugar é preciso considerar o tipo de evento. Se estivermos a falar de uma gala, de um jantar de benefi‑ cência, uma entrega de prémios, alguns casamentos, ou até no lançamento de um livro, seja porque neles participem convidados VIP ou, ainda, porque contam com a presença de um convi‑ dado de honra de grande notoriedade, é muito frequente a presença da comu‑ nicação social. Nestes casos, e consi‑ derando que é do conhecimento do público que estarão presentes os vários meios, não se considera obrigatória a informação prévia. Nos eventos oficiais ou mesmo nos empresariais ‑ uma inauguração ‑, em que participam, além dos anfitriões empresariais, algumas Altas Entidades do Estado, devem informar‑se os assessores de comunicação dessas

individualidades, pois é a estes que cabe a tarefa de gerir a relação dessas entidades com a comunicação social. Por outro lado, ao organizar um evento em que esteja confirmada a presença do Presidente da República, do Primeiro‑Ministro, de um Presidente de Câmara ou de personalidades do mundo empresarial, é do conheci‑ mento público que os meios de comu‑ nicação estarão presentes e tentarão cobrir o evento, acompanhar as princi‑ pais pessoas, sendo ainda possível estar prevista a realização de uma entrevista. Por norma, nestes eventos a relação entre os órgãos de comunicação acredi‑ tados e a entidade anfitriã é gerida por uma agência de comunicação. É‑lhes entregue um dossier de imprensa, com documentação diversa sobre o evento

e um “press release” (pelo que se aconselha os organizadores a disponi‑ bilizar um espaço para os profissionais de comunicação: sala de imprensa ou centro de imprensa, (dependendo da dimensão do acontecimento). Noutros casos, ao encerrar‑se o evento, pode estar prevista a realização de uma conferência de imprensa. Se tal acon‑ tecer, os envolvidos devem ser avisados atempadamente. Torna‑se particularmente importante referir a presença da comunicação social naqueles eventos, por vezes até de pequena dimensão e com partici‑ pação restrita (uma reunião de trabalho ou um debate), em que podem estar presentes, mediante convite, alguns órgãos de comunicação social.


LEITOR

. C O N S U LT Ó R I O D E P R O T O C O L O 81

Num evento devemos colocar na mesma mesa duas figuras que sabemos que se dão mal, mesmo que protocolarmente devam aparecer juntas?

Existe algum regulamento que diga especificamente que o Hino Nacional não deverá ser tocado em recintos fechados? Tenho ideia de já ter visto isso escrito nalgum lado, mas não me recordo onde. Será que estou a fazer confusão?

MF, Porto

SV, Lisboa

Defendemos um protocolo flexível, pelo que devem ser esgotadas todas as opções até se chegar à possibilidade que refere. Partindo do pressuposto de que se trata de uma mesa de refeições, um aspecto que não menciona, mas que poderá fazer toda a diferença, é se se trata de um evento (oficial ou não) onde estejam presentes Altas Entidades constantes da Lista de Precedências (vide Lei n.º 40/2006), no qual a margem de manobra poderá ser inexistente, ou se se trata de em evento cujos participantes não integram a Lista de Precedências e, neste caso, as possibilidades de dar a ambos posição de destaque, mantendo‑os separados, são muito maiores ‑ por exemplo, atribuindo‑lhes a presidência de dife‑ rentes mesas. Uma das funções do protocolo é gerir relacionamentos pelo que, com toda a maleabilidade, deverão ser consideradas todas as opções no sentido de evitar ao máximo qualquer constrangimento. Caso isso seja de todo impossível, e esgotadas todas as alternativas, confie‑se no bom senso das partes envolvidas.

Ao contrário da Bandeira Nacional, para a qual existe um Decreto‑Lei específico que estabelece um conjunto de regras pelo qual se deve reger o seu uso, não existe um Decreto‑Lei equivalente para este símbolo da Pátria. A informação disponível está incluída no Decreto‑Lei n.º 331/80, no Regulamento de Continências e Honras Militares (docu‑ mento que revoga o Decreto n.º 26381 de 29 de Fevereiro de 1936). No que respeita à pergunta feita, no citado Decreto do Conselho da Revolução não existe nenhuma refe‑ rência que possa sustentar a afirmação que a leitora faz. Menciona que o Hino Nacional é entoado em cerimónias oficiais, civis e militares quando se rende homenagem à Pátria, à Bandeira e ao Estandarte Nacionais, bem como ao Presidente da República (Art. 52º). Em protocolo nem sempre se encon‑ tram as regras escritas. Nestas situações podemo‑nos guiar, como orientação, pelas grandes cerimónias do Estado. A título de exemplo, note‑se a Cerimónia do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas onde se pode constatar que o Hino Nacional é entoado, no interior, quer no início quer no encer‑ ramento da sessão solene.

Quando é que o titular de um cargo público (ex.: presidente de Câmara) é plenamente reconhecido, nessa condição, pelo protocolo? Quando é eleito? Quando toma posse? RC, Portimão

O titular de um cargo público é plena‑ mente reconhecido pelo protocolo enquanto detentor desse cargo a partir do momento em que formalmente toma posse.

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PORTUGAL, PORTUGAL 82

© ESSÊNCIA DO VINHO

© ESSÊNCIA DO VINHO

VINHO

UM COPO CHEIO DE POTENCIALIDADES Portugal é por excelência um país de gastronomia rica e variada, onde à mesa não pode faltar um bom vinho. E em diferentes regiões do país os vinhos são para todos os gostos… Há experiências que só o vinho proporciona, e por isso representa não só um bom suporte para momentos pessoais, como para convívios empresariais, eventos, animações e incentivos.


P O R T U G A L , P O R T U G A L . VINHO: UM COPO CHEIO DE POTENCIALIDADES 83

Muitas empresas dedicam‑se a traba‑ lhar este tema. Por exemplo, o vinho é a base dos eventos e experiências organizados pela DOC DMC ‑ Services, Events & Wine. A responsável, Susanna Tocca, explica à Event Point que o vinho “é um fantástico icebreaker em todos os eventos e aprender sobre o vinho é útil a muitas pessoas, em muitas circunstân‑ cias. Ou seja, é um tema interessante e atractivo para muita gente”. E são diversas as iniciativas que se podem realizar em torno do “precioso néctar”. Além dos eventos dedicados ao vinho, como a Essência do Vinho (ver caixa), é possível em operações de team building, por exemplo, realizar vindimas, visitar adegas ou realizar apenas uma degus‑ tação de bons vinhos. Afinal, o vinho tem muitas potencialidades. De acordo com Susanna Tocca, o vinho pode ser a base de vários tipos de eventos. E exemplifica. “Fazer o seu próprio vinho – Sommelier por um dia –, participar numa vindima com almoço de confraternização e um workshop de cantigas e concertina, o pisar da uva, jogos à volta de uma quinta, dando a oportunidade de se conhecer a história e as características da quinta e da sua família proprietária.” Estes jogos podem depois ser combinados com as activi‑ dades tradicionais da região.

© DOC DMC

ESPAÇOS DE NORTE A SUL, PASSANDO PELAS ILHAS Existem variados espaços para eventos e até para turismo relacionados com o vinho. Das caves de vinho do Porto e das quintas em terras vinícolas, aos hotéis temáticos e espaços espalhados por todo o país. “Penso que Portugal está actualmente bem servido de espaços para eventos desta natureza. É preciso conhecer. É preciso também pensar que, de

qualquer modo, falamos de um produto de nicho que não suporta a massifi‑ cação, pois de outra forma perderia a sua autenticidade. Importante é com tempo adaptar as estruturas ao desenvolvimento do mercado, desen‑ volvimento que vai criar naturalmente mais apetência por participar, e trazer investimento da parte das empresas”, explicou Susanna Tocca.

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© ESSÊNCIA DO VINHO

ESSÊNCIA DO VINHO

DESMISTIFICAR A LINGUAGEM DO VINHO É um evento dedicado ao vinho com grande reconhecimento nacional e internacional. O Essência do Vinho, cuja nona edição decorreu no passado mês de Fevereiro, surgiu em 2004 e deu origem à empresa homónima, que se decide a organizar e produzir eventos de vinho e gastronomia. De acordo com Nuno Pires, director da Essência do Vinho, a iniciativa surgiu pela necessi‑ dade de produção de um evento “com características diferenciadoras dos que existiam, dirigido ao consumidor, capaz de desmistificar a linguagem do vinho, com capacidade de trazer novas gera‑ ções de consumidores para o vinho”. O vinho faz parte do quotidiano lusi‑ tano e tem inúmeras potencialidades que a Essência do Vinho promove dentro e fora de portas. “O vinho, mais do que um produto, é também um elemento cultural português e do estilo de vida mediterrânico. Comunicando‑o de um modo mais

apelativo e moderno tornámo‑lo mais apetecível e acessível à generalidade dos consumidores, que na actualidade estão cada vez mais interessados em o descobrir, em perceber as diferenças que existem entre castas, regiões e estilos de vinho. Sim, o vinho – tal como a gastronomia – está na moda e pode por isso ser divulgado de forma mais democrática, menos complicada, com mais glamour, associando todo um lifestyle de cariz urbano e mais cosmopolita”, explica Nuno Pires. Além disso, e por proporcionar um conjunto infindável de experiências, “se o ‘casamento’ natural do vinho, na cultura mediterrânica, é com a gastronomia, esse mesmo vinho pode também ser apreciado com música, com arte, num ambiente de diversão… Enfim, tem a capacidade de se conse‑ guir integrar em diferentes ambientes, contextos e até tipologias de eventos.” Havendo tantas potencialidades, será

que o vinho está em crise? “O vinho, convém sublinhá‑lo, é o mais pujante dos sectores da agricultura portuguesa. As dificuldades de uma ligeira quebra de consumo – em todo o mercado europeu – têm sido ultrapassadas pela generalidade das empresas produtoras através de uma mais efectiva exportação de produtos, sobretudo para mercados terceiros como Angola, Brasil, Estados Unidos e Canadá, entre outros. Falar em crise no vinho parece‑me, pois, abusivo”, afirmou Nuno Pires. O Essência do Vinho – Porto recebeu este ano a visita de cerca de 20 mil pessoas, tendo aumentado para cerca de três mil o número de visi‑ tantes estrangeiros, das mais diversas nacionalidades. A empresa, que tem também vários projectos editoriais e de comunicação, realizou de 20 a 22 de Março o seu primeiro grande evento internacional – a Brasil International Wine Fair –, no Rio de Janeiro.


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© THE YEATMAN

© HOTEL THE VINE

© JAIRO

ALGUNS EXEMPLOS DE ESPAÇOS PARA EVENTOS: QUINTA DE SÃO LUIZ Localizada nas margens do Douro, produz vinhos do Porto e do Douro. Além de apresentar uma vista privilegiada, permite a realização de visitas guiadas, provas de vinhos e actividades de team building. QUINTA DO ENCONTRO Na zona da Bairrada, tem um espaço para eventos e uma vasta adega, que é possível visitar. HERDADE DOS GROUS Situada em Albernoa, em Beja, a herdade conta com uma adega onde é possível realizar provas de vinhos e ainda dois restau‑ rantes onde se podem provar as iguarias regionais. CARMIM ‑ COOPERATIVA AGRÍCOLA DE REGUENGOS DE MONSARAZ Possui espaços dedicados ao enoturismo, congressos e incentivos. Dispõe de uma sala de reuniões com capacidade para cerca de 100 pessoas. CAVES DE VINHO DO PORTO São várias as caves de vinho do Porto localizadas na marginal e áreas circundantes de Vila Nova de Gaia. Além das visitas guiadas e das apresentações das histórias de cada um dos diferentes produtos, é possível encontrar em parte delas espaços para eventos. HOTEL THE VINE Este hotel, com vista para a cidade do Funchal, apresenta 22 suites de luxo. O spa é especializado em vinoterapia. THE YEATMAN Este hotel vínico situado em Vila Nova de Gaia tem disponíveis 82 quartos e suites e 11 espaços versáteis para eventos, sejam eles reuniões, incentivos, jantares, exposições, conferências ou congressos. EUROSTARS RIO DOURO HOTEL & SPA O formato deste hotel de quatro estrelas, recentemente inaugurado nas margens do Douro, a dez quilómetros de Castelo de Paiva, homenageia os socalcos de vinhedos. O hotel tem 42 quartos, duas salas para reuniões com capacidade para 120 pessoas, spa, marina para 26 embarcações, um restaurante panorâmico com gastronomia local, entre outros.

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“MUITO MERCADO” POR CONQUISTAR O vinho português é um dos mais conceituados a nível mundial. Pelo menos quatro vinhos lusos estão no top 100 de 2011 da revista de vinhos Wine Spectator. Para a responsável da DOC DMC, Portugal começa agora “a apro‑ veitar da melhor forma as potenciali‑ dades do vinho, mas ainda há muito caminho para fazer e lá fora há muito mercado para ser conquistado”. Um mercado que deve ser explorado, não só ao nível das exportações do vinho, como produto, mas em termos de captação de eventos. E Portugal está cada vez mais sob o olhar atento de empresas/organizadores de eventos internacionais. Por exemplo, Guimarães foi a cidade escolhida para

acolher, de 4 a 6 de Maio, o Concours Mondial de Bruxelles, um dos mais prestigiados concursos de vinho a nível mundial. O evento realiza‑se todos os anos em diferentes regiões vinícolas europeias e esta edição vai ter lugar na região do Vinho Verde. A Guimarães vão chegar mais de 300 produtores, compradores, críticos de vinho e jorna‑ listas, de cerca de 40 nacionalidades, que vão provar e avaliar mais de 7400 vinhos a concurso. O perfil do cliente da DOC DMC é “médio‑alto”. “Temos ofertas para todo o tipo de enoturista, do espe‑ cializado com vontade de explorar o vinho em profundidade, ao wine lover que quer aprender sobre um país, a

sua terra, paisagens e gente através do vinho e da gastronomia”, referiu Susanna Tocca. E porque tem esta empresa o vinho como elemento‑base? “Porque adoramos o vinho, sobretudo quando é tinto e português, e achamos que é preciso imensa divulgação a nível nacional e internacional.” O vinho une as pessoas, “tal como todas as coisas agradáveis partilhadas”, a comida, um filme ou uma peça de teatro – “acontecimentos que puxam a conversa entre as pessoas. Tendo o vinho um efeito animador, desinibidor, as coisas funcionam ainda melhor.” Tchim‑tchim! À nossa! Maria João Leite (mj@eventpoint.com.pt)

DOURO FILM HARVEST

PORQUE O VINHO É TAMBÉM UMA ARTE... É um festival de cinema que não prestigia apenas a sétima arte, mas também a paisagem do Douro, o vinho e toda uma série de experiências que se podem ter na região duriense. “O Douro Film Harvest surgiu como uma das ferramentas do plano de marketing do Turismo do Douro. Aliou a necessidade de atrair e comunicar com mercados internos e externos, através de um formato de extrema qualidade, com um evento customizado à oferta hoteleira da Região do Douro”, explicou Manuel Vaz, o responsável por este conceito. O Douro Film Harvest acon‑ tece sempre nas colheitas, porque o vinho é um dos elementos‑chave do evento. O vinho é “uma arte e uma paixão”, que mexe com os sentidos, a percepção e as memórias, factores essenciais nos eventos, segundo Manuel Vaz. O conceito do Douro Film Harvest assenta por isso “na reunião das melhores colheitas de vinhos com as melhores colheitas de filmes, num dos mais belos anfiteatros do mundo!” De acordo com o responsável, “o evento é em si um argumento de peso para mostrar internacionalmente o que de melhor o Douro oferece, o seu cenário cine‑ matográfico único e Património da Humanidade, o vinho do Porto – seu grande embaixador e também Património da Humanidade –, a oferta hoteleira de extrema qualidade ou as quintas do Douro. As experiências e o imaginário histórico da região fazem este festival único e faz com que ícones da sétima arte aceitem o convite e saiam como embaixadores do território e do nosso vinho. Milos Forman, Andie MacDowell, Carlos Saura ou Sophia Loren são apenas alguns desses embai‑ xadores...”. A próxima edição do Douro Film Harvest vai acontecer em Setembro. O programa será apresentado em Maio.


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DESTINO INTERNACIONAL 88

SARAWAK CULTURAL VILLAGE © MALAYSIA CONVENTION & EXHIBITION BUREAU (MYCEB)

MALÁSIA

UM PAÍS, VÁRIOS DESTINOS DIFERENTES Desde a selva de Bornéu até aos arranha‑céus de Kuala Lumpur, a Malásia é um país com variadíssimos motivos de interesse e que não se esgotam no turismo de lazer. Engloba uma grande metrópole, locais classificados pela UNESCO como património mundial, floresta tropical, praias paradisíacas, ilhas quase virgens e uma população muito heterogénea, composta por malaios, chineses e indianos, com uma grande variedade cultural e religiosa (muçulmanos, hinduístas, budistas, e ainda minorias católica, taoísta, confucionista). Mas a verdade é que, apesar de toda esta diversidade, e talvez em parte também por causa dela, a Malásia tem sido considerada um excelente destino de negócios, seja para congressos, reuniões, feiras ou incentivos.


DESTINO INTERNACIONAL

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metrópole cheia de edifícios brilhantes de arquitectura arrojada e vistosa, de mega‑centros comerciais, mas também de palácios, monumentos e edifícios históricos, numa simbiose entre Ocidente e Oriente. O centro empresarial de Kuala Lumpur (CBD ‑ Central Business District) é também o pólo turístico da capital, onde estão os melhores hotéis, restau‑ rantes, bares e discotecas.

KUALA LUMPUR CONVENTION CENTRE © MALAYSIA CONVENTION & EXHIBITION BUREAU (MYCEB)

KUALA LUMPUR, A GRANDE METRÓPOLE Localizado no sudeste asiático, o país é constituído por uma parte continental, limitada a norte pela Tailândia e a sul por Singapura, e uma outra parte formada pelas ilhas. Esta localização, entre a Índia e a China, coloca a Malásia facilmente acessível através de voos internacionais e torna o país num hub da região. Voando para a capital, Kuala Lumpur, está, no máximo, a duas horas de distância de avião de todos os destinos internos malaios e tem ligação a mais de 100 destinos internacionais.

É inegável que a imagem da grande metrópole de Kuala Lumpur e das suas emblemáticas Torres Petronas, é uma das primeiras coisas que nos ocorre quando pensamos na Malásia. Aqueles que foram durante muito tempo os edifícios mais altos do mundo conti‑ nuam a ser um dos principais postais ilustrados do país. Mas em Kuala Lumpur há mais para ver. A capital da Malásia é uma cidade moderna, vibrante, com uma população de 1,5 milhões de habitantes. Uma grande

LANGKAWI, O PARAÍSO DE AREIA BRANCA E ÁGUAS CRISTALINAS A ilha de Langkawi fica a apenas uma hora de distância de avião de Kuala Lumpur. Com as suas praias de areia branca e águas transparentes azuis esverdeadas, recifes de coral que convidam ao snorkeling e ao mergulho, campos verdes no interior, grutas cheias de morcegos e cascatas impres‑ sionantes, é ideal para quem procura o turismo de mar e banhos de sol, mas também para o sector dos incentivos. As Cataratas de Telaga Tujuh (que em malaio significa sete piscinas) elevam‑se a mais de 90 metros de altura, criando 7 piscinas naturais de água cristalina distribuídas por vários níveis.

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FOUR SEASONS LANGKAWI

INCENTIVE . KHOO KONGSI

© MALAYSIA CONVENTION & EXHIBITION BUREAU (MYCEB)

© MALAYSIA CONVENTION & EXHIBITION BUREAU (MYCEB)

BORNÉU, O SANTUÁRIO DE BIODIVERSIDADE Bornéu é uma grande ilha, dividida por três países. A maior parte pertence à Indonésia, a segunda maior à Malásia e a menor parte (encravada na parte da Malásia) pertence ao Brunei. A ilha é conhecida dos Portugueses desde o início do século XVI, pouco depois da conquista de Malaca, e segundo a história foram mesmo os lusitanos que lhe deram nome, baseando-se no sulta‑ nato de Brunei que alí estava instalado. O Bornéu é um santuário de biodiver‑ sidade onde, só nos últimos três anos, 123 novas espécies foram descobertas. Por isso, foi criado na ilha um parque natural para proteger 220.000 quiló‑ metros quadrados de florestas luxu‑ riantes e as espécies animais e vegetais que ali habitam.

MALACA, MARCAS PORTUGUESAS NO PATRIMÓNIO MUNDIAL Malaca (em malaio, Melaka) é o terceiro menor estado da Malásia. No seu auge, era um sultanato poderoso que controlava o sul da Península Malaia e grande parte de Sumatra. Em Abril de 1511, Afonso de Albuquerque zarpou de Goa para Malaca com uma força de cerca de 1.200 homens e 17 ou 18 navios. Malaca tornou‑se assim uma base estratégica para a expansão portuguesa nas Índias Orientais, subordinada ao Estado Português da Índia. Passou depois para domínio holandês, até 1795, e foi cedida aos britânicos em 1824. Em 2008, o centro histórico de Malaca foi declarado Património Mundial pela UNESCO. Da presença portuguesa na cidade sobrevivem a Igreja de São Paulo e a Porta de Santiago da Fortaleza de Malaca, conhecida como “A Famosa”.

TURISMO DE NEGÓCIOS, PRIORIDADE NACIONAL Em 2010, a Malásia foi palco de 119 eventos internacionais, número que duplicou nos últimos dez anos (em 2000 organizaram‑se no país apenas 54). Destes 119 eventos internacionais, a maioria (79) tiveram lugar em Kuala Lumpur, o que dá à cidade o 23.º lugar no ranking da ICCA a nível mundial. Já o país ocupa o 28.º lugar no mesmo ranking a nível mundial, 7.º na região Ásia Pacífico. Segundo o vice‑ministro do Turismo, James Mamit, o objectivo da Malásia é, até 2020, chegar ao top 5 da região. Para isso, pretende aumentar as chegadas de turistas por motivos de negócio de 5% para 8%. A Malásia recebeu 1,3 milhões de turistas de negócios em 2010, que geraram cerca de 11 mil milhões de ringgits malaios (mais de 327 milhões de euros) na economia local. Como as estatísticas mostram que, em média, quem viaja a negócios gasta três vezes mais do que o turista de lazer, o turismo de negócios tornou‑se também um dos sectores‑chave do programa


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ALGUNS VENUES PARA EVENTOS

PETRONAS T WIN TOWERS © MALAYSIA CONVENTION & EXHIBITION BUREAU (MYCEB)

do Governo para o crescimento da economia nos próximos dez anos. Mas, para concorrer numa região tão dinâmica e que integra alguns dos gigantes dos eventos (como o Japão e a China), o Governo malaio sabe que tem de apostar forte no sector. A localização geográfica privilegiada, a diversidade do país, o facto de o inglês ser uma das línguas mais faladas, preços de hotelaria competitivos e venues premiados, são alguns dos trunfos da Malásia neste sector. Em 2009, a multinacional de estudos de mercado UBS classificou Kuala Lumpur como o destino asiático com preços de hotéis mais competitivos. Em 2010, o país foi classificado pelo conhecido guia de viagens Lonely Planet como um dos “best value destinations”. E em 2011, o índice de viagens e turismo do Fórum Económico Internacional atribuiu à Malásia o terceiro lugar na lista dos países com preços mais competitivos.

Próximo das icónicas Torres Petronas, o premiado Kuala Lumpur Convention Centre integra 12 mil quartos de hotel, 36 salas de reuniões, capacidade para três mil pessoas em anfiteatro e banquete, quase dez mil metros quadrados de área de exposição e recepção com espaço para seis mil pessoas. Engloba ainda lojas, áreas de entretenimento, além da vantagem de ter transportes acessíveis. A apenas meia hora de avião de Kuala Lumpur, na zona da luxuriante floresta do Bornéu, fica o Borneo Convention Centre. Tem 18 salas de reunião, espaço para cinco mil pessoas em anfiteatro, duas mil em banquete, dois mil metros de área de exposição e recepção com capacidade para 3.500 pessoas.

INCENTIVOS

INFORMAÇÕES ÚTEIS

Pelas suas características naturais, a Malásia é um destino muito procurado para incentivos. Segundo o MYCEB (Malaysia Convention & Exhibition Bureau), entidade governamental responsável pelo sector da meetings industry, as mais recentes experiências de grandes grupos incluíram os 8.500 participantes da Perfect Travel China 2007, três mil pessoas da Amway India Leadership 2009, a empresa de Taiwan Nanshan Life Insurance levou mil pessoas à Malásia em 2010 e a China Infinitus 2011 integrou 1.800 pessoas.

Os cidadãos portugueses que pretendam deslocar‑se à Malásia devem ser portadores de passaporte cujo prazo de validade mínimo seja, à data de entrada no país, de 6 meses. Não é exigido um visto para períodos inferiores a 30 dias. O clima é tropical, quente e húmido. O período de Outubro a Fevereiro é marcado pela ocorrência de monções a norte do território. Na zona sul, a monção inicia‑se em Abril. A Malásia é servida pelos seguintes aeroportos: Kuala Lumpur, Penang, Kota Kinabalu, Kuching e Langkawi. O fuso horário é GMT +8. Sara Marques (sara@eventpoint.com.pt)

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EMPRESAS 92

FONTANA PARK HOTEL Reuniões no coração de Lisboa O primeiro Design HotelTM da capital começou por ser, no início do século XX, a metalúrgica Lisbonense. A recuperação arquitectónica, da autoria de Francisco Aires Mateus, e o design de interiores, assinado por Nini Andrade Silva, trouxeram‑no até aos nossos dias como uma estrutura moderna, minimalista, depurada de formas e cores. Um refúgio zen, claramente marcado pelo gosto oriental, beneficiando de uma localização extraordinária, na zona do Saldanha, a pouco mais de dez minutos do aeroporto, e a uns passos da Avenida da Liberdade. O Fontana Park Hotel dispõe de nove salas para reuniões, ou outro tipo de eventos, com três metros de pé direito, áreas que vão dos 14 aos 420 m2, podendo acolher até 400 pessoas. As salas estão localizadas no piso 00, com acesso directo à garagem, por onde podem ser movimentados todos os materiais e equipamentos. Existe uma moderna rede de comunicações que suporta vídeo‑conferências, serviço de tradução simultânea, uso de equi‑ pamento audiovisual (datashow e ecrã incorporados) e acesso a Internet sem fios e por cabo. Paredes amovíveis e inso‑ norizadas permitem que oito das nove

salas sejam ajustáveis e combináveis. O trabalho não é tudo, e o Fontana Park oferece dois espaços gastronó‑ micos com identidades bem vincadas. O Restaurante Saldanha Mar, com o melhor da cozinha nacional e mediter‑ rânica, destacando‑se ao almoço a rica oferta de peixe bem fresco e ao jantar uma cozinha mais elaborada, de autor. O Restaurante Bonsai, como o nome deixa adivinhar, é um convite a que se descubra a gastronomia japonesa. Quem optar por ficar alojado no Fontana Park pode esperar quartos sóbrios, espaçosos, elegantes, em tons de branco, preto e cinzento,

mobiliário contemporâneo, e muita luz, os argumentos que em 2008 lhes valeram uma distinção nos European Hotel Design Awards. Apesar do ambiente minimalista, o Fontana Park Hotel não esquece a importância dos afectos, e oferece a quem o visita diversos momentos de descontracção. Experimente o Bar Lounge, ao som de boa música, mesmo para uma bebida com os colegas ou os amigos ao final da tarde, ou um digestivo no jardim interior, depois de uma boa refeição. Para mais informações visite: www.fontanaparkhotel.com


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DIRECTÓRIO 94

DIR EC TÓ RI O Ambiente

Animação turística

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MÚSICA NO CORAÇÃO Lisboa 210 105 700 musicanocoracao@musicanocoracao.pt www.musicanocoracao.pt RITMOS & BLUES Paço D’Arcos 214 694 050 info@ritmoseblues.pt www.ritmoseblues.pt UAU Lisboa 213 303 500 uau@uau.pt www.uau.pt Audiovisuais

EQUINÓCIO Lisboa 210 155 139 info@equinocio.com www.equinocio.com GRAU 5 Barroca 934 743 519 contacto@grau5.pt www.grau5.pt JAVSPORT Sto. Tirso 252 850 621 aventura@javsport.pt www.javsport.pt MARGENS Barrosinhas 234 648 571 margens@margens.pt www.margens.pt PROMÓBIDOS Caldas da Rainha 262 843 579 promobidos@promobidos.com www.promobidos.com ROTA DO FRESCO Vila Nova da Baronia 284 475 413 info@rotadofresco.com www.rotadofresco.com RUSTITUR Évora 266 978 043 info@rustitur.com www.rustitur.com SAL Setúbal 265 227 685 sal@sal.pt www.sal.pt TURAVENTUR Évora 266 743 134 turaventur@turaventur.com www.turaventur.com

Artistas e espectáculos EVERYTHING IS NEW Lisboa 213 933 770 geral@everythingisnew.pt www.everythingisnew.pt

ADLC AUDIOVISUAIS Carnaxide 218 621 440 comercial@adlc‑av.com www.adlc‑av.com ALFASOM Amadora 214 967 000 info@alfasom.com www.alfasom.com AUDINOVA Leça da Palmeira 229 961 930 geral@audinova.pt www.audinova.pt AUDIOMEIOS Venda do Pinheiro 219 663 843 geral@audiomeios.pt www.audiomeios.pt BACKLIGHT Setúbal 212 349 740 backlight@verylight.pt DIGITAL FRAME Vila Nova de Gaia 227 870 175 info@digitalframe.pt www.digitalframe.pt ELECTROAUDIO S.Domingos de Rana 214 531 223 info@electroaudio.net www.electroaudio.net EUROLOGISTIX Almancil 289 419 199 info@eurologistix.pt www.eurologistix.net MAINVISION MEDIA SOLUTIONS Lisboa 939 117 564 marcia.ferreira@mainvision.pt www.mainvision.pt RXF Sintra 210 189 366 geral@rxf.pt www.rxf.pt

SERVICE PACK Leça da Palmeira 229 942 944 geral@servicepack.pt www.servicepack.pt Ver página: 21 Catering B HOLDING Abóboda 214 658 420 geral@bholding.com.pt www.bholding.com.pt CASA DO MARQUÊS Lisboa 214 118 152 casadomarques@casadomarques.pt www.casadomarques.pt CATERI Alcabideche 214 608 830 geral@cateri.pt www.cateri.pt COISAS DO VINHO Colares 219 282 733 coisasdovinho@coisasdovinho.pt www.coisasdovinho.pt COOKING LAB Lisboa 911 559 666 info@cookinglab.net www.cookinglab.net COZINHA DIVINA Lourinhã 917 898 555 contacto@cozinhadivina.com www.cozinhadivina.com ENCONTRUS Carregal do Sal 232 960 200 mail@encontrus.com www.encontrus.com MOJITO BAR CATERING Paço de Arcos 210 992 980 . 919 186 029 info@mojitobarcatering.com www.mojitobarcatering.com Ver página: 93 SILVA CARVALHO CATERING Sintra 219 105 860 comercial@gruposilvacarvalho.pt www.gruposilvacarvalho.pt SOLINCA EVENTOS E CATERING Porto 707 502 220 comercial@solincacatering.com www.solincaeventosecatering.com TRÊS SÉCULOS Vila Nova de Gaia 223 742 800 general.office@tresseculos.pt www.tresseculos.pt TROPICAL CATERING Funchal 291 700 840 restaurante.tropical@clix.pt www.tropicalcatering.pa‑net.pt


DIRECTÓRIO 95

C o n v e n t i o n B u r e a u x / Tu r i s m o s ALGARVE CONVENTION BUREAU Faro 289 800 403 www.algarveconvention.com ESTORIL & SINTRA CONVENTION BUREAUX Estoril 214 668 167 geral@estorilmeetings.com www.estorilmeetings.com PORTO CONVENTION BUREAU Porto 223 326 751 portocvb@portocvb.com www.portocvb.com TURISMO LEIRIA FÁTIMA Leiria 244 848 771 info@rt‑leiriafatima.pt www.rt‑leiriafatima.pt

IMAGINE MORE Lisboa 213 628 393 ana.telo@imaginemore.pt www.imaginemore.pt THE HOUSE OF EVENTS Porto 228 348 940 info@the.pt www.the.pt TOP ATLÂNTICO DMC Lisboa 218 925 800 topatlantico@topatlantico.com www.topatlantico.pt TURANGRA Angra do Heroísmo 295 401 515 angra@turangra.com www.turangra.com Espaços Multiusos

TURISMO DA MADEIRA Madeira 291 211 900 info@madeiratourism.com www.madeiraislands.travel TURISMO DA SERRA DA ESTRELA Covilhã 275 319 560 info@turismodaestrela.pt www.turismoserradaestrela.pt TURISMO DE LISBOA VISITORS & CONVENTION BUREAU Lisboa 210 312 700 atl@visitlisboa.com www.visitlisboa.com

AVEIRO EUROPARQUE Santa Maria da Feira 256 370 200 eventos@europarque.pt www.europarque.pt BEJA EXPOBEJA Beja 284 315 602 expobeja@mail.telepac.pt www.expobeja.com

LISBOA

PORTO

AUDITÓRIO DA FACULDADE DE MEDICINA DENTÁRIA Lisboa 217 922 625 auditorio@fmd.ul.pt www.fmd.ul.pt

CAVES CALÉM – SOGEVINUS FINE WINES Vila Nova de Gaia 223 746 660 turismo@sogevinus.com http://www.calem.pt

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DE LISBOA Lisboa 213 224 050 sm@acl.org.pt www.acl.org.pt CAMPO PEQUENO Lisboa 217 998 450 vascocornelio@campopequeno.com www.campopequeno.com CASINO ESTORIL Estoril 214 667 700 info.cestoril@estoril.sol.com www.casino‑estoril.pt CENTRO CULTURAL DE BELÉM Lisboa 213 612 697 dac@ccb.pt www.ccb.pt CENTRO DE CONGRESSOS DE LISBOA Lisboa 213 601 400 lisboacc@aip.pt www.lisboacc.pt

BRAGA

CENTRO DE CONGRESSOS DO ESTORIL Estoril 214 647 575 info@estorilcongresscenter.com www.estorilcongresscenter.com

TURISMO DO ALENTEJO Grândola 269 498 680 geral@turismodoalentejo.pt www.visitalentejo.pt

MULTIUSOS DE GUIMARÃES Guimarães 253 520 300 geral@tempolivre.pt www.tempolivre.pt

COLISEU DE LISBOA Lisboa 213 240 580 mjoao@coliseulisboa.com www.coliseulisboa.com

TURISMO DO CENTRO DE PORTUGAL Aveiro 234 420 760 geral@turismodocentro.pt www.turismodocentro.pt

PARQUE DE EXPOSIÇÕES DE BRAGA Braga 253 208 230 peb@peb.pt www.peb.pt

CONVENTO DO BEATO Lisboa 210 109 923 conventodobeato@cerealis.pt www.conventodobeato.com

TURISMO DO DOURO Vila Real 259 323 560 info@douro‑turismo.pt www.douro‑turismo.pt

COIMBRA

ESTÁDIO ALVALADE XXI Lisboa 217 516 522 eventos.corporate@scp.pt www.sporting.pt

TURISMO DO OESTE Óbidos 262 955 060 info@turismodooeste.pt www.turismodooeste.pt Destination Management Companies ABREU Porto 222 043 520 congressos.exp@abreu.pt www.abreu.pt AIMS Lisboa 213 245 040 lisbon@aims‑international.com www.aims.pt CITUR TRAVEL Linda‑a‑Velha 217 712 610 lisbon@citur.pt www.citur.pt EVENTS BY TLC Lisboa 213 213 060 events@tlc.pt www.eventsbytlc.com

CENTRO DE ARTES E ESPECTÁCULOS DA FIGUEIRA DA FOZ Figueira da Foz 233 407 200 geral@figueiraturismo.com www.cae.pt FARO CENTRO DE CONGRESSOS DO ARADE Portimão 282 410 440 geral@expoarade.pt www.expoarade.pt PORTIMÃO ARENA Portimão 282 410 440 geral@portimaoturis.pt www.portimaoarena.com

EXPOSALÃO BATALHA Batalha 244 769 480 info@exposalao.pt www.exposalao.pt

COLISEU DO PORTO Porto 223 394 940 coliseu@coliseudoporto.pt www.coliseudoporto.pt ESTÁDIO DO DRAGÃO Porto 225 083 027 portoestadio@fcporto.pt www.fcporto.pt Ver página: 59 EXPONOR Matosinhos 229 981 400 info@exponor.pt www.exponor.pt FUNDAÇÃO DE SERRALVES CONGRESS CENTER Porto 226 156 500 serralves@serralves.pt www.serralves.com MOSTEIRO DE SÃO BENTO DA VITÓRIA Porto 223 401 900 larcher@tnsj.pt www.tnsj.pt SANTARÉM CNEMA Santarém 243 300 300 centrodecongressos@cnema.pt www.cnema.pt VALE D’ALGARES Vila Chã de Ourique 243 709 321 geral@quatroancoras.com www.valedalgares.com VISEU

ESTÁDIO DA LUZ – BENFICA EVENTOS Lisboa 217 219 565 bsa@slbenfica.pt www.slbenfica.pt FIL – FEIRA INTERNACIONAL DE LISBOA Lisboa 218 921 500 fil@aip.pt www.fil.pt MUSEU DA CARRIS Lisboa 213 613 087 museu@carris.pt http://museu.carris.pt

LEIRIA CENTRO CULTURAL E CONGRESSOS DAS CALDAS DAS RAINHA Caldas da Rainha 262889650 secretariado@ccc.eu.com www.ccc.eu.com

CENTRO DE CONGRESSOS E EXPOSIÇÕES DA ALFÂNDEGA Porto 223 403 024 cce@amtc.pt www.amtc.pt Ver página: 75

PAVILHÃO ATLÂNTICO Lisboa 218 918 409 info@pavilhaoatlantico.pt www.pavilhaoatlantico.pt Ver página: 15 PLAZA RIBEIRO TELLES – CENTRO DE EVENTOS Vila Franca de Xira 263 288 559 mrtelles@plazaribeirotelles.com www.plazaribeirotelles.com

EXPOVIS Viseu 232 422 018 geral@expovis.pt www.expovis.pt AÇORES AÇOR ARENA Vila Franca do Campo 296 539 390 acorarena@acorarena.pt CENTRO CULTURAL E DE CONGRESSOS DE ANGRA DO HEROÍSMO Angra do Heroísmo 295 206 120 culturangra@culturangra.pt MADEIRA CENTRO CULTURAL E DE CONGRESSOS DE PORTO SANTO Porto Santo 291 980 600 MADEIRA TECNOPOLO Funchal 291 720 000 admin@madeiratecnopolo.pt www.madeiratecnopolo.pt

W W W.E VENTPOINT.COM.PT


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Estruturas e aluguer de material ALUGOCLIMA Aldeia de Paio Pires 212 549 550 info@alugoclima.com www.alugoclima.com (Ar‑condicionado) Ver página: 37 ALUGU’AQUI Sintra 219 108 003 info@aaqui.com www.aaqui.com (Mobiliário, louça) EURODOME Fernão Ferro 917 224 866 eurodomes@gmail.com www.eurodome.pt (Domes e outras estruturas) EUROPALCO Mem Martins 219 605 520 vanessa.fonseca@europalco.pt www.europalco.com (Palcos e outras estruturas) EVENTPACK Braga 253 283 483 pedro@eventpack.net www.eventpack.net (Estruturas, mobiliário, decoração) EVIDÊNCIA DISPLAY Lisboa 214 603 620 geral@evidenciadisplay.com www.evidenciadisplay.com (Stands) GL EVENTS Alcochete 212 317 430 info@glevents‑portugal.com www.glevents‑portugal.com (Mobiliário) MODELSTAND Braga 253 300 320 comercial@modelstand.pt www.modelstand.pt (Stands) MULTIARCO Lisboa 218 483 740 info@multiarco.pt www.multiarco.pt (Ar‑condicionado) Ver página: 87 PEBÊ DESIGN Terrugem 219 188 720 geral@pebe.pt www.pebe.pt (Stands)

SPORMEX Braga 253 673 689 geral@spormex.pt www.spormex.pt (Stands)

BRAGA

Formação

MELIÃ BRAGA Braga 253 144 000 melia.braga@meliaportugal.com www.meliabraga.com

HOTEL LUSITÂNIA CONGRESS & SPA Guarda 271 238 285 lusitania.dir@naturaimbhotels.com www.naturaimbhotels.com

BRAGANÇA

LEIRIA

HOTEL SÃO LÁZARO Bragança 273 302 700 comercial.hsl@hoteis‑arco.com www.hoteis‑arco.com

MARRIOT PRAIA D’EL REY & BEACH RESORT Óbidos 262 905 100 info.pdr@marriott‑pdr.com.pt www.praia‑del‑rey.com

ESCOLA DE GESTÃO E NEGÓCIOS Lisboa 213 177 607 egnegocios@universidade‑autonoma.pt www.egnegocios.ual.pt ESCOLA SUPERIOR DE HOTELARIA E TURISMO DO ESTORIL Estoril 210 040 700 isabel.sousa@eshte.pt www.eshte.pt

PUBLIACÇÃO Almargem do Bispo 210 106 295 geral@publiaccao.com www.publiaccao.com (Road‑show)

GUARDA

C ASTELO BRANCO

LISBOA

TRYP COLINA DO CASTELO Castelo Branco 272 349 280 tryp.colina.castelo@solmeliaportugal.com www.trypcolinacastelo.com

ALTIS BELÉM Lisboa 210 400 200 info@altisbelemhotel.com www.altishotels.com

ISLA Lisboa 808 203 544 elpme@lx.isla.pt www.isla.pt

TRYP CONFORT D. MARIA Covilhã 275 310 000 tryp.dona.maria@solmelia.com

CORINTHIA LISBOA HOTEL Lisboa 217 236 363 lisboa@corinthia.pt www.corinthiahotels.com

COIMBRA RESTART Lisboa 213 609 450 info@restart.pt www.restart.pt Fotografia e vídeo CITY LAB Marco de Canaveses 255 539 230 citylab@citylab.pt www.citylab.pt FABRICE ZIEGLER Lisboa 218 877 719 fabriceziegler@netcabo.pt www.fabriceziegler.com

HOTEL QUINTA DAS LÁGRIMAS Coimbra 239 802 380 comercial@quintadaslagrimas.pt www.quintadaslagrimas.pt

FONTANA PARK HOTEL Lisboa 210 410 600 geral@fontanaparkhotel.com www. fontanaparkhotel.com Ver página: 92

HOTEL VILA GALÉ COIMBRA Coimbra 239 240 000 coimbra@vilagale.pt www.vilagale.pt

HOTEL DOM PEDRO LISBOA Lisboa 213 896 600 lisboa.reservations@dompedro.com www.dompedro.com

ÉVORA

HOTEL REAL VILLA ITÁLIA Cascais 210 966 000 realvillaitalia@hoteisreal.com www.realhotelsgroup.com

HOTEL MAR DE AR Évora 266 740 700 geral@mardearhotels.com www.mardearhotels.com FARO

MINIFOTO Lisboa 217 567 330 minifoto@netcabo.pt www.minifoto‑estudio.com Ver página: 49

CROWNE PLAZA HOTEL Vilamoura 289 381 600 geral@cpvilamoura.com www.crowneplazavilamoura.com

NV STUDIO Porto 226 180 741 nvstudio@nvstudio.co.pt www.nvstudio.co.pt

CS SALGADOS GRANDE HOTEL Albufeira 289 598 331 groups.algarve@cshotelsandresorts.com www.cshotelsandresorts.com

Hotéis

GRANDE HOTEL DA CURIA Anadia 231 515 720 geral@grandehoteldacuria.com www.grandehoteldacuria.com PALACE HOTEL BUSSACO Luso 231 937 970 bussaco@almeidahotels.com www.almeidahotels.com

HOTEL FARO Faro 289 830 830 comercial@hotelfaro.pt www.hotelfaro.pt LE MERIDIEN PENINA GOLF E RESORT Portimão 282 420 200 reservations.penina@lemeridien.com www.lemeridienpenina.com MONTE DA QUINTA Almancil 289 000 300 mqreservas@mqclub.com www.montedaquintaresort.com

BEJA SIRAM Funchal 291 230 350 siram@siram.pt www.siram.com (Palcos e outras estruturas)

TIVOLI MARINA DE VILAMOURA Vilamoura 289 303 303 htmarinavilamoura@tivolihotels.com www.tivolihotels.com

ETIC Lisboa 213 942 550 info@etic.pt www.etic.pt

AVEIRO POP COMMUNICATION GROUP Lisboa 218 650 400 popgroup@popgroup.pt www.popgroup.pt (Stands, sinalética)

AXIS OFIR Esposende 253 989 800 reservas@axisofir.com www.axishoteisegolfe.com

BEJA PARQUE HOTEL Beja 284 310 500 reservas@bejaparquehotel.com www.bejaparquehotel.com

SHERATON ALGARVE HOTEL & RESORT Albufeira 289 500 100 pinecliffs.reservations@luxurycollection.com www.sheratonalgarve.com

HOTEL VILLA RICA Lisboa 210 043 000 hotelvillarica@viphotels.com www.villaricahotelsgroup.com LISBON MARRIOTT HOTEL Lisboa 217 235 400 claudia.ventura@marriotthotels.com www.marriott.com/hotels/travel/ lispt‑lisbon‑marriott‑hotel/ PALÁCIO ESTORIL Estoril 214 648 000 front‑desk@palacioestorilhotel.com www.palacioestorilhotel.com PESTANA PALACE Lisboa 21 361 56 00 sales.portugal@pestana.com www.pestana.com RITZ FOUR SEASONS HOTEL LISBOA Lisboa 213 811 400 fsh.lisbon@fourseasons.com www.fourseasons.com/lisbon SHERATON LISBOA Lisboa 213 120 000 sheraton.lisboa@sheraton.com www.starwoodhotels.com VIP EXECUTIVE ART’S Lisboa 210 020 400 hotelarts@viphotels.com www.viphotels.com


DIRECTÓRIO 97

PORTO

MADEIRA

PORTO PALÁCIO CONGRESS HOTEL & SPA Porto 226 086 600 geral@portopalaciohotel.pt www.portopalaciohotel.pt

HOTEL SAVOY Funchal 291 213 000 reservations@savoyresort.com www.savoyresort.com

SHERATON PORTO HOTEL & SPA Porto 220 404 000 sheraton.porto@sheraton.com www.sheratonporto.com

THE VINE HOTEL Funchal 291 009 000 reservations@hotelthevine.com www.hotelthevine.com

THE YEATMAN Vila Nova de Gaia 220 133 100 reservations@theyeatman.com www.theyeatman.com TIARA PARK ATLANTIC Porto 226 072 500 reservas.porto@tiara‑hotels.com www.tiara‑hotels.com SANTARÉM DOM GONÇALO HOTEL & SPA Fátima 249 539 330 mail@hoteldg.com www.hoteldg.com VIANA DO C ASTELO AXIS GOLF PONTE DE LIMA Ponte de Lima 258 900 250 reservas@axispontedelima.com www.axispontedelima.com FLÔR DE SAL Viana do Castelo 258 800 100 reservas@hotelflordesal.com www.hotelflordesal.com VILA RE AL VIDAGO PALACE HOTEL Vidago 276 990 900 vidagopalace@unicer.pt www.vidagopalacehotel.com VISEU AQUAPURA DOURO VALLEY Lamego 254 660 600 aquapuradouro@aquapuradouro.com www.aquapurahotels.com HOTEL MONTEBELO Viseu 232 420 000 montebeloviseu@visabeiraturismo.com www.montebeloviseu.pt MELIA CONFORT GRÃO VASCO Viseu 232 423 511 geral@hotelgraovasco.pt www.hotelgraovasco.pt

Limpeza VADECA Matosinhos 229 397 800 vadeca.servicos@vadeca.pt www.vadeca.pt CLIMEX Lisboa 21 847 58 54 comercial@climex.pt www.climex.pt Organizadores Profissionais de Congressos ACRÓPOLE Porto 226 199 680 geral@acropole‑servicos.pt www.acropole‑servicos.pt BLOOM UP Lisboa 217 611 010 bloom@bloom.pt www.bloom.pt CI – CONGRESSOS E INCENTIVOS Sintra 219 246 342 cicongressos@sapo.pt www.ci‑congressos.com

Organizadores de Eventos 3 EM LINHA Lisboa 21 814 39 02 geral@3emlinha.com www.3emlinha.pt AA‑COM. Lisboa 211 929 707 geral@aa‑com.pt www.aa‑com.pt ACTING OUT Lisboa 214 544 355 actingout@actingout.pt www.actingout.pt ADDSOLUTIONS Lisboa 218 444 460 geral@addsolutions.pt www.addsolutions.pt ADEREÇO PRODUÇÕES Porto 225 322 720 geral@adereco.com www.adereco.com B+ Estoril 214 689 668 geral@bpositivo.com www.bpositivo.com BAIXA 62 Cacém 214 278 660 joana.botelho@baixa62.pt www.baixa62.com BEST EVENTS Braga 253 204 053 info@bestevents.pt www.bestevents.pt

CPL EVENTS Cascais 214 003 540 events@cplevents.pt www.cplevents.pt

CANTO MONIZ Lisboa 213 430 240 diana.martin@cantomoniz.pt www.cantomoniz.pt Ver página: 67

LEADING – CONGRESS & ASSOCIATION MANAGEMENT Linda‑a‑Velha 217 712 634 leading@leading.pt www.leading.pt

DESAFIO GLOBAL ATIVISM Linda‑a‑Velha 214 149 550 pedro.rodrigues@desafioglobal.ativism.pt www.desafioglobal.ativism.pt Ver páginas: 2 e 3

MTP – ORGANIZAÇÃO DE EVENTOS Lisboa 217 583 325 correio@mtp.pt www.mtp.pt

GL EVENTS Alcochete 212 317 430 info@glevents‑portugal.com www.glevents‑portugal.com

MUNDICONVENIUS Lisboa 213 155 135 info@mundiconvenius.pt www.mundiconvenius.pt

INFORPRESS Lisboa 213 240 227 lisboa@inforpress.com www.inforpress.com Ver página: 55

AÇORES HOTEL AVENIDA Ponta Delgada 296 209 660 avenida@bensaude.pt www.bensaude.pt

PEDRO SALGADO – ORGANIZAÇÃO DE EVENTOS E PROMOÇÕES S. Pedro de Sintra 214 461 020 geral@pedrosalgado.pt www.pedrosalgado.pt

KRIAEVENTOS Lisboa 217 955 424 ke@kriaeventos.pt www.kriaeventos.pt

HOTEL AÇORES ATLÂNTICO Ponta Delgada 296 302 200 atlantico@bensaude.pt www.bensaude.pt

SKYROS Porto 226 165 450 skyros@skyros‑congressos.com www.skyros‑congressos.com

LAGOS PREMIUM EVENTS Carnaxide 213 034 900 geral@lagossports.com www.lagossports.com

HOTEL PRÍNCIPE DO MÓNACO Ponta Delgada 296 302 460 comercial@astatlantida.com www.principedomonaco.com

LINEUP Lisboa 213 303 734 info@lineup.pt www.lineup.pt

MERCADO DA CULTURA Oeiras 214 410 448 geral@mercadodacultura.pt www.mercadodacultura.pt NEW EVENTS Lisboa 213 303 768 geral@newevents.com.pt www.newevents.com.pt PLUREVENTO Cacém 219 129 599 mail@plurevento.com www.plurevento.com PRESTÍGIO Lisboa 213 839 600 geral@prestigio.pt www.prestigio.pt PUBLIHAPPENING Sacavém 219 422 334 info@publihappening.com www.publihappening.com Ver página: 47 REALIZAR Porto 225 074 530 info@realizar.com www.realizar.com SFORI Lisboa 217 604 839 geral@sfori.com www.sfori.com SIRAM Funchal 291 230 350 siram@siram.pt www.siram.pt STRESS LESS Lisboa 213 403 300 geral@stressless.pt www.stressless.pt TAVOLANOSTRA EVENTOS GLOBAIS Arganil 235 203 029 geral@tavolanostra.com www.tavolanostra.com Ver contracapa TEMPOS E VENTOS Aveiro 234 385 624 cperestrelo@temposeventos.com www.temposeventos.com TOX’INN – PROMOÇÃO E EVENTOS Lisboa 217 923 35 geral@toxinn.com www.toxinn.com UPPARTNER – COMUNICAÇÃO DE MARKETING Lisboa 210 410 100 helio.soares@uppartner.pt www.uppartner.pt WECANSELL Lisboa 213 303 720 info@wecansell.pt www.wecansell.pt YOU ARE ONE Sesimbra 289 410 270 geral@youareone.com www.youareone.com

W W W.E VENTPOINT.COM.PT


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Pirotecnia LUSO PIROTECNIA Almada 212 741 056 headoffice@lusopirotecnia.com www.lusopirotecnia.com MACEDO’S PIROTECNIA Lixa 255 483 999 pirotecnia@macedos.com.pt www.macedos.com.pt Saúde CRUZ VERMELHA PORTUGUESA Lisboa 213 913 932 mcecilio@cruzvermelha.org.pt www.cruzvermelha.pt FEMÉDICA Belas 211 975 723 geral@femedica.pt www.femedica.pt HELPED Corroios 707 452 452 info@helped.pt www.helped.pt MED FIRST Paço de Arcos 216 002 732 geral@medfirst.pt www.medfirst.pt Segurança 2045 Malveira 219 663 070 geral@2045sa.pt www.2045.pt

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FIDALGUIA Lisboa 219 566 359 geral@fidalguia.pt www.fidalguia.pt

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