COMO A FIFA ESCOLHEU OS JUÍZES QUE VOCÊ VAI XINGAR
TEORIAS DA CONSPIRAÇÃO
RAIO X www.trivela.com
A LIÇÃO QUE A SELEÇÃO DE 1982 NOS ENSINOU
PARREIRA
Nº 4 | MAI/06 | R$ 7,90
COPA‘06 Nº 4 MAI/06
MOSTRA O CAMINHO “Não podemos mudar tudo a cada mês” “O esquema funciona e vamos mantê-lo” “Acho que nossa defesa é boa” P O O L
editora
PERFIS DE ITÁLIA, ESTADOS UNIDOS, HOLANDA, CROÁCIA, PARAGUAI, ARÁBIA SAUDITA E IRÃ capa.indd 1
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ÍNDICE GADGETS
PERFIL
PÁG. 4 Camisas
PÁG. 36 Estados Unidos
Assita à Copa a caráter
Americanos traçam objetivos audaciosos ENTREVISTA
ENFERMARIA PÁG. 4 Os contundidos
PÁG. 40 Bruce Arena
Outro argentino preocupa Pekerman
“União é o nosso ponto forte”
TOP 10 TRIVELA PÁG. 5 Nosso ranking
HISTÓRIA PÁG. 42 Carrossel Holandês
As melhores teorias da conspiração
O time que colocou o país no mapa PERFIL
COLUNA PÁG. 6 Mauro Beting
PÁG. 44 Holanda
O dilema de jogar feio ou bonito
Van Basten comanda renovação
ENTREVISTA PÁG. 8 Carlos Alberto Parreira
PÁG. 48 Croácia
A inquietação do técnico na reta final
Nova geração à sombra do time de 1998
PERFIL
PERFIL
ARBITRAGEM PÁG. 16 Os 23 juízes do Mundial
PÁG. 52 Paraguai
Os “critérios” da Fifa para a escolha
Defesa não é mais o ponto forte PERFIL
ENTREVISTA PÁG. 20 Carlos Eugênio Simon
PÁG. 56 Arábia Saudita
“Sou o melhor árbitro do Brasil”
Outro vexame ou mais uma surpresa?
SEDES DA COPA PÁG. 22 Frankfurt, Stuttgart e Hannover
ENTREVISTA PÁG. 60 Marcos Paquetá
Onde o futebol fica em segundo plano
Sem medo do histórico de demissões PERFIL
RAIO X PÁG. 26 Copa de 1982
PÁG. 62 Irã
Lições da derrota que chocou o Brasil PERFIL
Jovens vão à Alemanha de olho em 2010
PÁG. 30 Itália
CHARGE PÁG. 66 Guilherme Jotapê Rodrigues
Frustrações passadas motivam Azzurra
Parreira e a geometria
ENTREVISTA
TABELA
PÁG. 34 Luca Toni
PÁG. 67 Alemanha 2006
O brilho tardio do atacante italiano
Todos os 64 jogos do Mundial
www.trivela.com Editores Caio Maia Carlos Eduardo Freitas Cassiano Ricardo Gobbet Tomaz Rodrigo Alves Reportagem Ricardo Espina Ubiratan Leal Colaboradores Guilherme Jotapê Rodrigues (www.verborragiagrafica.blogspot.com)
Luís Eduardo Martines Mauro Beting Mike Woitalla Revisão Assertiva Comunicação Foto da capa Sergio Moraes/Reuters Direção de arte Luciano Arnold (looks@uol.com.br) Diagramação e tratamento de imagem s.t.a.r.t. (start.design@gmail.com) Projeto gráfico Ds2 Editora Agradecimentos Dimas Maia Comercial comercial@trivela.com (11) 4208-8006 Atendimento ao leitor contato@trivela.com (11) 4208-8205
EDITORIAL TOMARA QUE ELES TENHAM RAZÃO Se, normalmente, ver Parreira sorrindo não é fácil, imagine a poucas semanas de uma Copa em que ele tem uma única obrigação: ganhar. A um mês antes da estréia brasileira, o treinador transpira inquietação com temas como favoritismo e a má-fase de alguns jogadores. Goleiro? “Não falo mais sobre isso”. Zaga? “Acho nossa defesa boa”. Favoritismo? “Desconsideramos esse rótulo”. Por falar em favoritismo, a Trivela fala nesta edição sobre a Holanda de 1974 e conta como jogava a “Laranja Mecânica”. Como um time tão maravilhoso não foi campeão? O mesmo vale para a inesquecível Seleção de 1982, que, repleta de craques, encantou o Brasil até cair diante da Itália. Se até hoje choramos aquela derrota, é bom aprendermos as lições deixadas por eles, como esmiúça a matéria da página 26. Em 2006, assim como em 1998, não sobram teorias da conspiração a respeito do que vai acontecer com a Seleção. No Mundial da França, diziam que havia um “esquema” entre patrocinadores para que o Brasil recebesse a Copa de 2002 (Coréia e Japão desistiriam). Para relembrar algumas dessas lendas, a Trivela listou as dez mais saborosas. Uma das teorias atuais diz que a arbitragem derrubará o Brasil. Será? A Fifa já anunciou quem serão os juízes da Copa, e promete um nível melhor que o do Mundial anterior. A entidade diz ter feito uma escolha mais criteriosa, mas será que há, de fato, algum critério? Carlos Eugênio Simon, representante brasileiro pela segunda vez seguida, diz que sim na entrevista da página 20. Esperamos que ele tenha razão!
Equipe Trivela
COPA’06 - Trivela é uma publicação mensal especial da Trivela Comunicações. Todos os artigos assinados são de responsabilidade dos autores, não representando necessariamente a opinião da revista. Todos os direitos reservados. Proibida a cópia ou reprodução (parcial ou integral) das matérias e fotos aqui publicadas Atendimento ao jornaleiro e distribuidor Pool Editora pooleditora@lmx.com.br (11) 3865-4949 Circulação LM&X - Alessandra Machado (Lelê) lele@lmx.com.br (11) 3865-4949 Números atrasados www.trivela.com/copa06 contato@trivela.com (11) 4208-8181
Distribuição nacional Dinap Impressão Prol Editora Gráfica Ltda. Publicação mensal (6 edições)
*Esta edição é dedicada à memória do mestre Telê Santana
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4 GADGETS
ENFERMARIA
Torça a caráter
Alerta vermelho na Argentina
Época de Copa do Mundo é a hora de todas as fornecedoras de material esportivo darem um tapa no figurino e renovarem o visual das camisas. Como os preços estão salgados (entre R$ 150 e R$ 250 para os produtos de primeira linha), a Trivela escolheu as cinco que julga mais bonitas. Resta saber se você vestirá a “amarelinha” ou vai “trair a pátria”.
José Pekerman está preocupado. Não bastassem os problemas musculares de Lionel Messi e a meningite de Pablo Aimar, o treinador da seleção argentina perdeu o zagueiro Gonzalo Rodriguez, do Villarreal, para a disputa da Copa. O mais irônico é que a lesão no tornozelo do defensor ocorreu na partida contra o Barcelona pelo Campeonato Espanhol, na qual vários jogadores foram poupados para... evitar lesões. Veja a lista dos machucados a poucas semanas do início da Copa:
Fotos Divulgação
BRASIL Fabricante: Nike Desta vez, o Brasil vai ao Mundial com um desenho simples e com poucos detalhes, sem parecer uma bola de bilhar ou uniforme de algum super-herói. Os estilistas basearamse no modelo da primeira camisa amarela, de 1952.
ITÁLIA Fabricante: Puma Os mais puristas podem reclamar, mas a Itália já abandonou o veto à marca do fabricante no uniforme de jogo. Também apareceu uma faixa mais escura nas costas. De qualquer maneira, a mística da camisa “azzurra” continua a mesma. E, agora, com detalhes dourados.
INGLATERRA Fabricante: Umbro A Inglaterra sempre primou por camisas sóbrias e clássicas, com poucos detalhes azuis ou vermelhos no branco que predomina. Desta vez, o mais marcante é uma cruz vermelha no ombro, referência ao desenho da bandeira inglesa.
ALEMANHA Sebastian Deisler (Bayern de Munique) Contusão: joelho Previsão de volta: setembro ANGOLA Gilberto (Al-Ahly/EGI) Contusão: ruptura do tendão de Aquiles Previsão de volta: julho ARGENTINA Gonzalo Rodriguez (Villarreal/ESP) Contusão: tornozelo Previsão de volta: junho
ALEMANHA Fabricante: Adidas
ESPANHA Juan Carlos Valerón (La Coruña) Contusão: joelho Previsão de volta: agosto INGLATERRA Alan Smith (Manchester United) Contusão: fratura na perna e tornozelo deslocado Previsão de volta: novembro
PORTUGAL Jorge Andrade (La Coruña) Contusão: joelho Previsão de volta: agosto
Manuel Bruque/EFE
MÉXICO Fabricante: Nike
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EQUADOR Franklin Salas (LDU Quito) Contusão: joelho Previsão de volta: junho
Ledley King (Tottenham) Contusão: fratura no pé esquerdo Previsão de volta: fim de maio
O desenho é o tradicional: alvinegro, com traços modernos em vermelho e amarelo. No modelo adotado pelo fornecedor, os números frontais ficam no peito, à direita. A camisa reserva também chama a atenção: agora é vermelha, escolha pessoal do técnico Klinsmann.
Claro que a Copa também é pretexto para conhecer e comprar camisas de seleções menos tradicionais. O México pode entrar nessa categoria porque era difícil encontrar sua camisa no Brasil. O detalhe mais visível é o “v”, em branco, no peito.
CORÉIA DO SUL Dong Gook Lee (Pohang Steelers) Contusão: rompimento dos ligamentos do joelho Previsão de volta: outubro
SUÉCIA Erik Edman (Rennes) Contusão: tornozelo quebrado Previsão de volta: junho
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5 TOP 10 TRIVELA
10 TEORIAS DA CONSPIRAÇÃO A história das Copas é pródiga em histórias mirabolantes que justificariam as mais variadas derrotas. Propinas, esquemas políticos... Tudo vale quando o negócio é justificar um resultado negativo. O problema é saber se existe alguma verdade nessas histórias. Veja, abaixo, as 10 mais emblemáticas.
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1
“Esquema Nike” (1998)
Pau no Puskas (1954)
Esse é só um dos nomes recebidos pela teoria de que a Seleção de Zagallo entregou a final da Copa de 1998 para a França. O delírio incluía um acordo Nike-Adidas para o Brasil receber a Copa de 2002 (porque, claro, Japão e Coréia do Sul desistiriam em cima da hora de organizar o evento). Variações sobre o tema incluem o Pedro Bial e a Susana Werner. O mais surpreendente foi essa teoria não ser citada em “O Código Da Vinci”.
Na primeira fase da Copa de 1954, a Alemanha Ocidental enfrentou a grande sensação da competição, a Hungria. Naquela partida, os alemães jogaram com o time reserva. A teoria “legítima” diz que foi para esconder o jogo. A tese conspiratória diz que, nessa partida, os alemães quebraram Puskas, maior destaque húngaro, de propósito, já projetando um reencontro na final do Mundial.
7
2
Garrincha absolvido (1962)
Grana para a Polônia (1974)
DPA/Picture Alliance
Garrincha foi expulso na semifinal contra o Chile e, claro, não deveria jogar a decisão da Copa de 1962. Diz a lenda que o jogador foi absolvido porque árbitro e bandeira da partida não apareceram no julgamento ou que a súmula teria desaparecido misteriosamente. Há quem jure que, semanas depois, ambos foram convidados pela CBD a conhecer o Brasil. Com tudo pago, evidentemente.
3
Doping liberado de Maradona (1994) Na Copa dos Estados Unidos, Maradona foi pego com efedrina na urina e mandado de volta para Buenos Aires. Há quem diga que, para promover o futebol no país mais rico do mundo, a Fifa precisava do “Diez” e havia prometido a ele que seu nome não seria sorteado para exames antidoping.
4
Uma mão lava a outra (1966) Não faltam suspeitas sobre a Copa de 1966, organizada na Inglaterra. Uma das mais famosas ocorreu nas quartas-de-final. Um árbitro inglês apitou Alemanha Ocidental x Uruguai, enquanto um alemão arbitrou Inglaterra x Argentina. Os europeus venceram os dois jogos. E as duas arbitragens foram polêmicas.
5
Mussolini manda (1934)
Na primeira Copa realizada na Alemanha, Itália e Polônia se enfrentaram na última rodada da primeira fase. Um empate classificaria as duas seleções, mas os poloneses abriram 2 a 0. A teoria diz que, no intervalo, os italianos teriam oferecido dinheiro para que a equipe de Lato permitisse o empate. Como o jogo acabou 2 a 1 para a Polônia, a segunda parte da tese diz que os poloneses não teriam aceitado a propina porque a Argentina, que seria eliminada com o empate, teria coberto a oferta italiana.
8 9
Alemão tirou o pé (1990)
São numerosas as histórias de que Mussolini interferiu na Copa de 1934, jogada na Itália. A mais famosa diz que ele teria escolhido todos os árbitros do torneio. Mas há outras mais elaboradas, como a que afirma que agentes do serviço secreto italiano teriam se fingido de torcedores uruguaios, já na Copa de 1930, e ameaçado a saúde da mãe do argentino Monti. O objetivo era desmoralizar o jogador, que teria mais motivação para se mudar para a Europa e se naturalizar italiano para jogar o Mundial quatro anos depois.
Em 1990, a Argentina eliminou o Brasil da Copa com um gol de Caniggia, após lançamento de Maradona. Na época, especulou-se que o meio-campista Alemão, que jogava com Maradona, no Napoli, teria “facilitado” o trabalho do colega de clube e pegado leve na marcação.
Moreno de férias em Miami (2002) Que a Coréia do Sul só chegou longe na Copa de 2002 por causa dos árbitros não é teoria, mas fato. A questão é saber se foi de propósito que Byron Moreno operou a Itália, e Gamal Ghandour engavetou a Espanha. Os italianos juram que o equatoriano Moreno saiu da Ásia direto para Miami, onde teria curtido férias com tudo pago.
10
Bélgica 4x3 União Soviética (1986) Poucas seleções foram tão roubadas nas Copas de que participaram como a União Soviética. Esse jogo de 1986 foi o mais emblemático, com dois gols belgas validados em impedimento claro, eliminando a equipe que pintava como favorita após arrasar a Hungria por 6 a 0, na primeira fase.
Você acha que faltou alguma teoria conspiratória? Escreva para top10@trivela.com
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Mauro Beting Daniel Augusto Jr.
COLUNA
JOGA FEIO
A
defesa antológica de Zoff naquela cabeçada de Oscar, aos 43 minutos de Itália 3x2 Brasil, no Sarriá (enorme candidata à maior defesa sem rebote de todos os Mundiais), acabou por ser guardiã do jogo da defesa contra o ataque. O milagre do quarentão Dino jogou o futebol mundial à idade das trevas táticas e das travas de chuteiras nos olhos do torcedor. A desclassificação nas quartas-definal do Brasil-82 desorientou treinadores do mundo perdido. Eles se perderam na escalação de medusas de vários cabeças-deárea. Cérberos descerebrados. Botinudos e bandoleiros com salvo-conduto das arbitragens flácidas e dos treinadores frágeis. O futebol perdeu qualidade e quantidade com a derrota no Sarriá. A tese tacanha ganhou de goleada no seu simplismo de dois tostões: para que jogar “bonito” e perder? Melhor jogar “feio” e ganhar. Assim se fez até o cúmulo do mau gosto e acúmulo do péssimo futebol: a lazarenta Copa de 1990. Parece até que os deuses do futebol se vingaram contra os italianos campeões de 1982. Na Itália, foram vistos os piores jogos de todos os tempos. Pior: não foram vistos. Ninguém quis jogo. Ninguém arriscou. A ponto de a própria regra ser mudada: a partir de 1991, o goleiro não poderia mais defender com as mãos um recuo com
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os pés, como tanto se viu na Copa. O mundo não suportaria tão pouco futebol. O tetra, em 1994, coroou o Brasil menos brasileiro de todos os campeões. Culpa, ainda, da derrota da geração de Zico. O time de Romário era superior aos demais, mas poderia ter ganho com menos sofrimento, se soubesse aproveitar as capacidades técnicas pouco valorizadas pelo comando. A filosofia de Parreira era ganhar de qualquer jeito, nos Estados Unidos, e não jogar com o jeitão de 1982. Para abusar do fla-flu simplista que deixou em campos opostos os que só querem saber de vitória (assim chamados “pragmáticos”) contra os que querem saber – e ver – um pouco mais de futebol (os “românticos”): o Brasil de Telê tentou jogar bonito e ofensivo (para não escrever “tentou jogar brasileiro”) porque não saberia jogar feio e atrás. O de Parreira não quis jogar “bonito” (como poderia); quis vencer (como todos devem fazer). Na Alemanha, deveremos assistir ao melhor Mundial desde 1982. O número de grandes jogadores e de ótimas equipes é superior ao dos campeonatos anteriores. Pelas principais seleções, pelas grandes equipes do planeta (Barcelona, Milan, Juventus, Chelsea, Real Madrid, Lyon, Bayern de Munique, Internazionale, Arsenal, Manchester United), não há como não esperar uma grande Copa. O
problema é que uma enorme expectativa pode gerar imensa frustração, como em 1982. O Brasil, na Espanha, não foi aquele time maravilhoso que curvou França, Inglaterra e Alemanha, em excursão, em 1981. Só foi a equipe sonhada e possível no 3 a 1 contra a Argentina, véspera da tragédia de Sarriá. Foi pouco pelo muito que poderia jogar. O medo de um fracasso de geração tão talentosa como a atual, superior até mesmo àquela de 1982, é a derrota do Brasil ser o epitáfio do futebol ofensivo, bem jogado e bolado. Se (quase) todo mundo fica feliz com o sucesso do futebol do Brasil, todo o planeta perderá se um time tão capaz e tão ofensivo for batido por uma Grécia da Euro-04 da vida. Ou por uma Itália da morte, nas oitavas-de-final de 2006. Nem entro na questão da arbitragem, quase sempre favorável ao Brasil em outros Mundiais, potencial e politicamente desfavorável na Alemanha. Fico apenas nas possibilidades concretas de um grande time, num pequeno dia, perder o mundo, e o mundo perder o belo jogo brasileiro. Como em 1982. As mesmas bestas do apocalipse, mais bestas que apocalípticas, trombetearão o fim dos ataques em nome do indefensável defensivismo do ser. A praga pragmática poderá se disseminar como gripe aviária. Ou peste de urubu.
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Zinho
Branco
Márcio Santos
Mauro Silva
Mazinho
Dunga
Jorginho
Aldair
Taffarel
7
Bebeto
Romário
Micos e reis de Copas
Papel Passado
Ronaldo
Adriano
Kaká
R. Gaúcho
Roberto Carlos
Juan Zé Roberto
Emerson
Cafu
Lúcio
Dida
Zagallo fala com empolgação do recuo do volante Mauro Silva nas partidas decisivas da Copa-94. O volante do La Coruña admite que foi um líbero nos jogos contra equipes com centroavantes altos e enfiados na área brasileira (Suécia e Itália). Ele tanto podia atuar à frente de Aldair e Márcio Santos (quando o Brasil tinha a bola) quanto ficar entre ou mesmo atrás deles, dependendo do contra-ataque alheio. Mas Parreira insiste que o Brasil não jogou desse modo, que atuou com quatro zagueiros a Copa toda. Não sei o motivo. Só que ele, diferentemente de Zagallo, em 1998, teve dois esquemas táticos distintos. Um mérito que ele não assume – ele sempre diz usar uma linha de quatro zagueiros.
Papel Presente Parreira tem opções técnicas inimagináveis nos últimos tempos. Mas, taticamente, parece ter menos soluções. Ajustou o time mais ofensivo de sua carreira no 4-2-2-2, com Kaká e Ronaldinho nas meias, Adriano e Ronaldo no ataque e um “volante” (que é meia ou lateral): Zé Roberto. Ainda não apresentou alternativas a ele, nem ofensivas nem defensivas. Em 1994, pela pressão sem títulos, e pela qualidade inferior dos jogadores, usou o 4-4-2 com pouca liberdade de movimentação pelos lados. Agora, só precisa ajustar Kaká e Ronaldinho em funções menos ofensivas que as desenvolvidas pelos dois em Milan e Barcelona.
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Vale pagar para esperar craque em Copas. Vicente Feola e Paulo Machado de Carvalho seguraram o jovem Pelé, em 1958, quebrado por uma dura dividida com o corintiano Ari Clemente. Além dele, foram baleados para a Suécia Garrincha, Joel, Zagallo e Didi. Em 1998, Lídio Toledo, Zagallo e Zico não esperaram por Romário, que voltou aos campos no meio da Copa, pelo Flamengo. Dava. Não deu com o próprio Baixinho, em 1990, quando se arrastou no Mundial da Itália. Outras apostas com jogadores machucados foram mais felizes. Rummenigge, na Alemanha-82. Baresi, operado no joelho em plena Copa-94. Outras, nem tanto: Keegan mal jogou pela Inglaterra-82. Di Stefano só fez número pela Espanha-62. Puskas, caçado pelos alemães na primeira fase de 1954, jogou com o tornozelo inchado na decisão. Acabou vice, como outro canhoto genial, Maradona, que em 1990, com o tornozelo mais inchado, acabou com o Brasil e só parou na Alemanha. Contusões sempre atrapalharam o Brasil. Em 1938, Leônidas foi “poupado” para a final. O Brasil, eliminado. Leônidas voltou contra a Suécia, fez dois gols, e terminou artilheiro da Copa. Em 1950, Zizinho só estreou no terceiro jogo. Os pontas Tesourinha e Rodrigues, nem isso. Em 1954, o armador Pinga não jogou contra a Hungria. Em 1962, não fosse a peitada do zagueiro Mauro, ele não teria sido capitão do bi. Aymoré esperou que ele se recuperasse de contusão e não se arrependeu. Pelé não se recuperou depois de se machucar no jogo contra os tchecos. Amarildo foi o melhor remédio. Em 1966, nem Paraná sabe por que continuou na seleção com a canela lanhada. Em 1970, Scala, Rildo, Toninho Guerreiro e Leônidas foram sacados por motivos relacionados à altitude do México. Rogério perdeu o tri por contusão muscular. Em 1974, Clodoaldo e Carlos Alberto foram cortados pelo bisturi afiado do dr. Lídio. Em 1978, Zé Maria e Nunes caíram fora. Em 1982, na boca da Copa, Careca. Em 1986, Cerezo nem foi. Telê insistiu com Zico e Falcão. Não foi feliz. Em 1994, Mozer e Ricardo Gomes perderam o tetra. Márcio Santos, um dos substitutos, levou o “troco” em 1998, ao lado de Romário e Flávio Conceição. Como Emerson, que substituiu o Baixinho na França, seria substituído na véspera do penta por Ricardinho.
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Sergio Moraes/Reuters
ENTREVISTA
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TENSÃO
PRÉ-MUNDIAL Depois de quatro anos de importantes conquistas e relativa tranqüilidade, Carlos Alberto Parreira entra na reta final da busca pelo hexacampeonato com ar de inquietação
O
por Carlos Eduardo Freitas
s quatro anos que separaram a conquista do penta e o início do Mundial de 2006 foram perfeitos para a Seleção Brasileira. A boa base deixada por Luiz Felipe Scolari acabou com o ar de incerteza constante durante o período pré-2002, e as conquistas do time ao longo dos anos resultaram numa maré de tranqüilidade a favor de Carlos Alberto Parreira. Tanto que a grande discussão de sua atual gestão foi a da geometria do ataque: quarteto ou pentágono? Alguns sugeriam até hexágono. Passados a euforia da conquista da Copa das Confederações e o primeiro lugar nas eliminatórias, a Seleção entrou na reta final de sua preparação para a Copa do Mundo. À medida que se aproxima o início da competição, aumentam algumas questões na cabeça dos brasileiros e surge um certo clima de tensão pré-Mundial. Como lidar com o favoritismo absoluto? Nossos jogadores chegarão inteiros? Dida será nosso goleiro na Alemanha? E nossa defesa? Geralmente tranqüilo, Carlos Alberto Parreira transmitiu alguma irritação ao comentar, em entrevista à Trivela, temas como a condição física de seus jogadores (chegou a dizer que a preparação do Brasil para a Copa não é a adequada) e as críticas à zaga – “Nossa defesa é boa”. Foi só ser questionado a respeito da má-fase dos três goleiros que planeja levar para a Alemanha, para perder a paciência. “Estamos observando tudo o que acontece”.
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10 “Frase noonno nonono onono nonon onon ono n ono nonon onoonononono nonononono”
“Pelos jogadores que temos, é natural que encontremos esse favoritismo, mas só isso não ganha Copa do Mundo”
Dos adversários do Brasil na primeira fase, há algum que te preocupe mais? Todos, sem exceção. Outro dia, pediram para eu definir o nosso grupo, e não soube dizer se era forte, fraco ou médio. Encontrei um termo prático, pragmático: é um grupo traiçoeiro. Não tem nenhum time bobo. Nosso primeiro adversário, a Croácia, classificou-se em primeiro lugar de sua chave, ganhou da Argentina recentemente. A Austrália eliminou o Uruguai e todo mundo joga no exterior, enquanto o Japão vai a sua terceira Copa e está disputando as eliminatórias para a Copa da Ásia agora, está em preparação. Teremos de entrar focados e jogando com seriedade. Não teremos jogos fáceis, não. Em 2002, a Argentina chegou à Copa como favorita e acabou eliminada na primeira fase. Muita gente chegou à conclusão de que o time alcançou o auge um ano antes da hora. Você teme que o mesmo aconteça com o Brasil? Não dá para comparar uma equipe com a outra. A Argentina viveu uma situação, nós, outra. Pelos resultados, pelos jogadores que nós temos, é natural que encontremos todo esse favoritismo por parte da imprensa internacional, mas não podemos nos deixar levar por isso. Estamos conscientes de que todos os adversários têm de ser respeitados e desconsideramos todo e qualquer favoritismo. Isso não ganha Copa do Mundo.
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O Leonardo (atualmente dirigente do Milan) disse, recentemente, que a conquista do Mundial, em 1994, salvou o futebol brasileiro. Você concorda? Não sei se salvou, mas que ajudou muito, ajudou. Havia um caos financeiro, uma decepção, uma desilusão muito grande. O Brasil não ganhava uma Copa havia 24 anos. Se não ganhasse, seriam 28, depois 32. Imagine só o desespero que seria. Quando ele diz salvou, vejo pelo lado financeiro. A CBF ganhava US$ 200, 250 mil por jogo. Passou a cobrar US$ 500 mil [o amistoso contra a Rússia, em 1° de março, rendeu cerca de US$ 1 milhão à entidade]. Os patrocinadores começaram a chegar, o dinheiro começou a entrar, ela pôde se estruturar melhor, dar mais condições de trabalho aos profissionais e aos jogadores. Não sei se a palavra certa seria “salvar”, mas quase isso. De fato, o título ajudou – e muito. O Felipão disse à Trivela que, se pudesse escolher entre a Seleção atual, que tem um time formado, e a de 2002, que era bastante criticada, ele assumiria de novo em 2002. A situação antes do penta era semelhante à que você viveu em 1992. Qual das duas realidades lhe agrada mais? Não dá para escolher – vai de acordo com o momento. E não tenho escolha: preciso lidar com a situação atual. Administrar o sucesso é sempre muito mais complicado do que... Não vou dizer o caos, mas dificuldades. Para quem já está no auge, é muito complicado
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NOSSA DEFESA É BOA MESMO, PARREIRA?
Achim Schedemann/EFE
A um mês da estréia na Copa do Mundo, Carlos Alberto Parreira defende seus jogadores e seu time – até mesmo a defesa, um dos setores mais criticados de seu período como treinador. “Acho nossa defesa boa”, afirmou o técnico à Trivela. Em 2004, dias antes do amistoso contra a Irlanda, em Dublin, Parreira concedeu uma entrevista à BBC em que confessava sua preocupação com a zaga brasileira: ”As equipes que eu dirijo têm de tomar uma média de no máximo meio gol por jogo ou um a cada três partidas”. A média ideal, de acordo com Parreira, fica entre 0,33 e 0,5 gols por jogo. A média de gols sofridos pela Seleção desde que ele assumiu, em 2003, está bem acima disso: 0,83 gols por partida.
A SELEÇÃO DE PARREIRA, EM NÚMEROS DESEMPENHO
subir mais, enquanto desabar é fácil. Já quem está por baixo, para subir um pouco, é fácil. Eu entendo perfeitamente o que ele falou e concordo, mas a gente não pode escolher o momento. Fui convidado para administrar um time que é campeão do mundo. O risco e o desafio das pessoas são diferentes. Se você for campeão, não fez nada mais do que confirmar o campeonato. Se perder, é aquela história de fracasso, desastre, que todos conhecemos bem. Você e sua comissão técnica demonstram muita preocupação com a preparação física dos jogadores. A Trivela fez uma matéria que mostra que boa parte dos jogadores chegarão à Copa perto de completar 60 partidas na temporada... É um número muito exagerado e são partidas muito competitivas, mas a gente não pode fazer nada. A gente aprendeu a trabalhar com a realidade, e não com a utopia. Essa é a grande virtude dessa comissão técnica. A gente não vai trabalhar calcado em como a gente idealizaria. Isso não existe. Temos de viver a realidade: não temos quase ninguém no Brasil – está todo mundo fora –, a Seleção fica de outubro, quando jogou contra a Venezuela, até a Copa do Mundo, sete meses, sem jogar. Só com esse jogo da Rússia, que até foi um jogo oficial, um amistoso. É complicado para o treinador, mas essa é a realidade. Não dá para ficar com “o ideal seria...”. Para mim, o cenário perfeito seria jogarmos um amistoso em fevereiro, um em março, um em abril e outro em
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49 jogos 25 vitórias 18 empates 6 derrotas 105 gols marcados (2,14 por jogo) 41 gols sofridos (0,83 por jogo)
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TÍTULOS Copa América 2004 Copa das Confederações 2005 Primeiro lugar nas eliminatórias para 2006 * As vitórias por 6 a 0 sobre Haiti, 7 a 1 sobre Hong Kong e 8 a 0 sobre Emirados Árabes elevam bastante essa média (que seria de 1,82 gols, sem essas três partidas) ** O Brasil só não sofreu gols em 20 das 49 partidas sob o comando de Parreira, entre 2003 e 2006
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12 “Não é em cima de uma boa ou de uma má atuação que um jogador será chamado ou cortado”
maio, para termos mais possibilidades de analisar o esquema tático e ver mais os jogadores. Não adianta ficar se lamentando. Algum jogador lhe preocupa mais? Esse pessoal que tem jogado mais [referindo-se aos jogadores de Milan e Barcelona] preocupa no sentido de se contundir e chegar desgastado. Teremos de fazer um trabalho especial com eles. Diante de tanta preocupação com a questão física, você de alguma maneira se arrepende de ter levado o time praticamente titular [só Ronaldo, Roberto Carlos e Cafu foram poupados] para a Copa das Confederações? Muito ao contrário. Aquilo ajudou a gente à beça. Foi um ano atrás. A Copa das Confederações deu muita força para o Brasil. Ganhamos da Alemanha, da Argentina com aquela exibição de gala, e observamos alguns jogadores ao longo de uma competição oficial. Um dos jogadores que mais têm sido criticados pela opinião pública, aqui no Brasil, é o Dida, que não anda numa fase muito boa, no Milan. Além dele, o Marcos não está plenamente recuperado de uma contusão, e o Júlio César foi relegado à reserva na Internazionale... [Parreira interrompe a pergunta e responde irritado] Não vou mais comentar a respeito de jogador nenhum. Já fui maliciosamente mal-interpretado ao dizer que um está convocado, outro está desconvocado. Estamos atentos a tudo o que está acontecendo. Jogador de Seleção precisa ter uma média de atuações ao longo de anos. Não é em cima de uma boa ou de uma má atuação que ele será chamado ou cortado. Falemos, então, sobre um setor, e não sobre um jogador específico. Muita gente critica a defesa da Seleção. Conversamos com zagueiros que você tem chamado, e eles foram unânimes
ao dizer que se sentem expostos pelo sistema tático. Por que não adotar um esquema mais protegido, com em 1994, em que o Mauro Silva funcionava como um terceiro zagueiro? São realidades diferentes. Uma coisa é 1994, outra 2006. Muita coisa mudou, de lá para cá. O mundo mudou. Tanto no futebol quanto na vida, não existem comparações. Acho que nossa defesa é boa. Essa exposição maior acontece por que o time é ofensivo. É aquela história do cobertor curto: se cobre a cabeça, descobre os pés. Não tem jeito. O esquema deu certo, tem dado certo assim, e vamos mantê-lo. No ano passado, depois da Copa das Confederações, o grande assunto era a história de usar o quadrado ou o pentágono. Hoje, já tem até gente achando que é melhor tirar um deles para entrar o Juninho. Essa é uma possibilidade válida? Vai entender o que o pessoal quer. Nós é que temos de fazer aquilo que achamos que é o correto. Se fôssemos nos levar pelas opiniões, não chegaríamos a lugar nenhum. Temos de ser conseqüentes. Temos de ter metas, objetivos. Não podemos mudar tudo a cada mês que passa. Quem não tem compromisso e não tem que tomar decisão, pode mudar todo dia. Em 1998, quando treinava a Arábia Saudita, você disse, antes do jogo com a França, que o Zidane era um craque, e muita gente, na época, zombou de você, aqui no Brasil. Quem você aponta, hoje, como fora de série? Eles estão no Brasil. O Adriano, o Ronaldinho principalmente, o Kaká. Fora, tem o Messi, que, se jogar a Copa, vai fazer uma boa figura. Tem algum jogador de outro país que teria lugar na Seleção? Não. Os bons jogadores de outros países nós temos. A concorrência é desleal. Eu gosto muito do Henry, mas a gente não precisa de atacantes. Temos jogadores tão bons quanto ele.
A QUINTA COMO TREINADOR A Copa do Mundo de 2006 será a quinta de Carlos Alberto Parreira no comando de uma seleção. Somadas a essa lista suas participações como preparador físico da Seleção Brasileira, em 1970 e 1974, são sete Copas. Seu nome já está marcado na história dos Mundiais. Atrás apenas de Bora Milutinovic, o brasileiro comandou quatro países diferentes – o sérvio é o recordista, com cinco. Parreira, porém, registra um título em seu currículo.
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1982 – KUWAIT Terminou a primeira fase no último lugar do grupo D, com apenas um ponto conquistado no empate por 1 a 1 com a Tchecoslováquia 1990 – EMIRADOS ÁRABES Novamente o time terminou na lanterna. Dessa vez, sem marcar nenhum ponto no grupo D e com 11 gols sofridos nas três partidas 1994 – BRASIL Acabou com o jejum de 24 anos sem títulos para a Seleção Brasileira, mesmo bastante criticado pelo estilo defensivo da equipe 1998 – ARÁBIA SAUDITA Tornou-se o primeiro técnico da história a ser demitido durante uma Copa, após a goleada por 4 a 0 para a França
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Carlos Barria/Reuters
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Até quem mais entende
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Futebol para quem gosta de futebol
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ARBITRAGEM
O TIME QUE
Desmond Boylan/Reuters
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DECIDE Lista de árbitros da Fifa tem nomes experientes, mas a escolha ainda é feita de acordo com critérios pouco claros
É
por Cassiano Ricardo Gobbet
verdade, falar de arbitragem não é o prato predileto de nenhum torcedor. Só que não adianta fingir que não viu. O outrora homem de preto pode arruinar a corrida da sua seleção rumo à taça, assim como pode dar aquela ajuda amiga apitando um pênalti “mandrake” aos 45 do segundo tempo. Normalmente, só se fala do juizão se ele fizer alguma atrocidade, mas aí já é tarde. Se o erro prejudicou o adversário, você até pode dar aquela risada irônica, mas quem já foi garfado pelo apito sabe que perder dói. E perder roubado é muito, mas muito pior. Na Copa de 2002, a expressão “juiz ladrão” ganhou traduções em praticamente todas as línguas existentes. Na Itália, o equatoriano Byron Moreno virou folclore por causa da eliminação da Azzurra diante da Coréia do Sul. Na Espanha, o egípcio Gamal Ghandour não ganhou tantos admiradores assim por sua atuação no jogo da Fúria contra... a mesma Coréia! Quanta coincidência... O fato é que a Fifa, pelo menos oficialmente, preocupou-se mais com os níveis de arbitragem para o Mundial da Alemanha. A entidade resolveu escalar auxiliares da mesma nacionalidade do árbitro e diz ter feito uma seleção criteriosa dos 23 escolhidos que devem apitar jogos no torneio. Criteriosa? Talvez cuidadosa, mas certamente não criteriosa. A escolha dos nomes que vão à Copa passa pelos meandros políticos da Fifa. Os indicados pelas federações nacionais ganharam ou perderam força muito mais pela situação política da federação que os recomenda do que por suas atuações. A Fifa argumenta que os árbitros foram escolhidos pela “qualidade”, mas não explica o que isso quer dizer. O fato é que o Comitê de Arbitragem tem dois homens fortes: o espanhol Angel Maria Villar Llona e o brasileiro Ricardo Teixeira. Villar Llona assumiu
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Byron Moreno virou sin么nimo de juiz ladr茫o em italiano
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Luis Tejido/EFE
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Ghandour: em 2002 foram os muçulmanos que expulsaram os espanhóis
depois da Copa de 2002, quando a Espanha deixou o Mundial chorando de raiva, enquanto Teixeira já está no comitê executivo da entidade há 12 anos – isso mesmo: desde o Mundial de 1994. O próprio Comitê de Arbitragem da Fifa está longe de ser adequado para escolher quem apita bem ou não. Villar Llona é um ex-jogador profissional (jogou pelo Athletic Bilbao), mas o conhecimento futebolístico de seus membros pára aí. Além de Teixeira (que, segundo consta, não teve carreira como jogador), os membros do comitê vêm de federações cujo profissionalismo é discutível. Tailândia, Vanuatu e Barbados têm representantes entre os que decidem se um árbitro é bom ou não, e não há um corpo técnico que tome as decisões. A Fifa divulgou, no final de março, uma lista de 23 nomes, mais sete suplentes. A maioria dos escolhidos tem uma final recente de torneios da Fifa na bagagem, e os que não têm uma final, possuem considerável experiência internacional. Dos cinco últimos torneios organizados pela Fifa (ver tabela na pág. 19), somente o norueguês Terge Hauge, que apitou a final do Mundial de Juniores vencido pela Argentina, ficou de fora.
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A novidade que soa mais interessante para esta Copa é o fato de a Fifa escolher árbitros e auxiliares da mesma nacionalidade, evitando problemas de idioma e de pontos de vista divergentes. A idéia é boa. Na verdade, é tão lógica que faz perguntar por que isso não acontecia antes. Avanços eletrônicos? Ainda não será desta vez. Joseph Blatter mantém posição intransigente sobre o assunto e tem um argumento sólido: introduzir meios não-humanos em torneios com mais disponibilidade financeira criaria um “futebol de segunda classe” onde eles não fossem usados. E – argumenta Blatter – a beleza do esporte é que ele é disputado da mesma maneira em qualquer lugar no mundo. Realmente, algo para se pensar. A pouco menos de um mês para o início da Copa, dá para cravar: decisões polêmicas acontecerão. O nível dos árbitros é realmente bom, adotando-se como critério o desempenho recente dos escolhidos. Isso no geral. Quase todos os árbitros têm em seu histórico alguma decisão que causou confusão. Algum juizão vai aprontar das suas na Alemanha e, dependendo de qual lado ele condenar, é você quem terá de ir para um bar alemão encher a cara de cerveja.
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Amarelos*
Média por jogo*
Vermelhos*
Média por jogo*
Toru Kamikawa
Japão
8/6/1963
4
25 6,25
1
0,25
Shamsul Maidin
Cingapura
16/4/1966
1
5
0
0
Mark Shield
Austrália
2/9/1973
7
30 4,29
1
0,14
Essam el Deen Abd el Fatah
Egito
30/12/1965
3
16 5,33
0
0
Coffi Codjia
Benin
9/12/1967
3
9
1
0,33
Benito Armando Archundia Tellez México
21/3/1966
7
34 4,86
2
0,29
Carlos Alberto Batres González
Guatemala
2/4/1968
6
32 5,33
2
0,33
Peter Prendergast
Jamaica
23/9/1963
3
9
3
0
0
Carlos Amarilla Demarqui
Paraguai
26/10/1970
2
9
4,50
0
0
Horacio Elizondo
Argentina
4/11/1963
7
34 4,86
2
0,29
Jorge Larrionda
Uruguai
9/3/1968
11 51 4,64
4
0,36
Oscar Julian Ruiz Acosta
Colômbia
1/11/1969
8
30 3,75
3
0,38
Carlos Eugênio Simon
Brasil
3/9/1965
2
10
5
0
0
Massimo Busacca
Suíça
6/2/1969
5
20
4
0
0
Frank de Bleeckere
Bélgica
1/7/1966
5
30
6
7
1,40
Massimo de Santis
Itália
8/4/1962
2
5
2,50
1
0,50
Valentin Ivanov
Rússia
4/7/1961
0
0
0
0
0
Manuel Enrique Mejuto Gonzalez
Espanha
16/4/1965
15 64 4,27
3
0,20
Markus Merk
Alemanha
15/3/1962
2
8
0
0
Lubos Michel
Eslováquia
16/5/1968
8
44 5,50
0
0
Graham Poll
Inglaterra
29/7/1963
2
7
3,50
0
0
Eric Poulat
França
8/12/1963
3
10 3,33
0
0
Kyros Vassaras
Grécia
1/2/1966
5
30
6
2
0,40
Khalil Ibrahim al Ghamdi
Arábia Saudita 2/9/1970
2
12
6
2
1
Jerome Damon
África do Sul
4/4/1972
2
11 5,50
0
0
Mohamed Guezzaz
Marrocos
1/10/1962
2
7
3,50
1
0,50
Marco Antonio Rodriguez Moreno México
10/11/1973
2
6
3
4
2
Carlos Chandia Alarcon
Chile
14/11/1964
3
14 4,67
0
0
Luis Medina Cantalejo
Espanha
1/3/1964
4
28
2
0,50
Roberto Rosetti
Itália
18/9/1967
3
13 4,33
2
0,67
Árbitro
País
Nascimento
Olimpíadas
Jogos*
Mundial de Clubes 2005 Copa do Mundo 2002
Mundial sub-20
Mundial sub-17
*Considera-se apenas as partidas apitadas nas competições aqui listadas
Copa das Confederações
OS ÁRBITROS
AFC 5
CAF 3
CONCACAF
CONMEBOL
UEFA
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SUPLENTES
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20 ENTREVISTA
A MODÉSTIA FICA DE LADO
Carlos Eugenio Simon chega à segunda Copa do Mundo confiante em si e acredita que a competição terá arbitragem melhor que em 2002
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“
por Carlos Eduardo Freitas
ou o melhor árbitro do Brasil. E quem diz são a CBF e a imprensa”. A frase pode não ser modesta, mas pelo menos, Carlos Eugenio Simon tem como argumentar. Indo para a segunda Copa do Mundo, se junta a Mário Viana, Armando Marques e Arnaldo Cezar Coelho no seleto grupo dos juízes com dois Mundiais. Você não concorda? Ele já enterrou seu time? “Errar faz parte da falibilidade humana”, rebate Simon. O árbitro de 40 anos, idade que lhe permite sonhar com mais um Mundial, falou com exclusividade à Trivela e não escondeu a auto-admiração. Como todo juiz da Copa, jura que não quer apitar a final e que será mais um torcedor da Seleção. E também garante que o fato de a Fifa ter escolhido para a Copa os árbitros que menos levantaram cartões é uma coincidência. Mas admite: ele não manda ninguém para o chuveiro com freqüência.
Como é o dia-a-dia do árbitro durante a Copa? Treinamos pela manhã e, à tarde, fazemos reuniões sobre o jogo que foi apitado. Depois, assistimos aos que estão passando. Quando estamos de folga, temos de acompanhar o trabalho daqueles que estão em campo. Há uma rotina. Ficamos em esquema de concentração total, só os árbitros, fechados. Desta vez, ficaremos em Frankfurt. Vocês não podem sair? É difícil. Ficamos concentrados nos treinamentos, estudo, regras. Um ou outro dia temos uma folga. Aí, colocam um ônibus à nossa disposição e vamos visitar algum monumento histórico, mas isso é raro. Como é assistir a um jogo, na concentração, em que um colega seu comete um erro grave de arbitragem? Não é legal. Todos torcemos pela arbitragem. A “família” da arbitragem é uma só. Torcemos sempre para que dê tudo certo. Quais são as principais recomendações que a Fifa fez com relação à arbitragem para esta Copa?
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Mudou muita coisa. Desta vez, a preparação começou um ano antes, o que não aconteceu em 2002. Primeiro fizeram aquela lista de 44 árbitros e acompanharam todos de perto. Em março, selecionaram os 23. A seleção física foi muito mais rigorosa, além de exames orais e escritos, em inglês. Houve muito, mas muito rigor. Creio num ótimo nível de arbitragem nessa Copa. Quais as novidades que a Fifa implantará neste Mundial? A Fifa só define isso na fase final da preparação, mas acho que haverá uma diretriz para sermos mais rígidos com simulações e agarra-agarra entre os jogadores. Uma das novidades já divulgadas pela Fifa é que os trios de arbitragem serão de um mesmo país. Do ponto de vista do árbitro, é melhor trabalhar com um auxiliar que fale a mesma língua e tenha os mesmos critérios? Sem dúvida. Embora todos falem inglês, isso elimina algumas diferenças. É como um jogador que está acostumado a jogar com outro: apenas num olhar já se sabe qual a decisão a ser tomada. Os árbitros que estiveram na última Copa e irão à Alemanha foram os que deram menos cartões no Mundial passado, sobretudo vermelhos. Isso é coincidência? É pura coincidência. Jamais recebi algum tipo de orientação, quando estive na última Copa, a esse respeito. Minha média de cartões no Campeonato Brasileiro é baixa. Apitei a final do Campeonato Cearense, entre Ceará e Fortaleza, e dei apenas dois cartões amarelos. Isso vai da filosofia de cada árbitro, do estilo. Uns se pautam mais pela presença física, outros pela experiência. Isso varia de árbitro para árbitro. Os critérios de marcação de faltas são diferentes em cada cultura. Como se faz para unificar isso? É difícil. Na Europa, a média de faltas é de 20 por jogo, enquanto, no Campeonato Brasileiro, está na casa das 40. No Brasil e na América do Sul, em geral, se você deixa de marcar uma falta, os jogadores já te dão paulada.
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Você acha que, com menos árbitros e quase todos vindo de países com tradição futebolística, a tendência é errar menos? Acho que sim, já que foi mais exigente a cobrança. A tendência é que apitemos mais jogos. Qual a importância de tornar-se o terceiro árbitro brasileiro a apitar em duas Copas consecutivas? É o fruto de um trabalho de muito empenho. São 22 anos de arbitragem e quase mil jogos apitados. Ir para a segunda Copa significa que estou entre os melhores do mundo. Fui muito bem na última Copa do Mundo. Tanto que, geralmente, o árbitro volta para casa quando a seleção de seu país chega às quartas-de-final. Eu fiquei. Me preparo muito para isso. Eu vivo arbitragem, me preparo diariamente e estudo. Sou um sujeito bem preparado para arbitrar futebol. Evidentemente erro aqui e ali – faz parte da falibilidade humana –, mas que sou bem preparado, sou. Prova disso são meus resultados físicos, técnicos e provas teóricas. Sem dúvida, tenho uma carreira bastante vitoriosa. Você se considera o melhor árbitro na atualidade? Não sou eu que digo. Há algum tempo, pela imprensa e pelos jogadores, tenho sido apontado como um dos principais árbitros brasileiros. Entre 1998 e 2003, apitei todas as decisões do Campeonato Brasileiro. Cinco finais de Brasileirão, quatro de Copa do Brasil, final de Intercontinental... Você mencionou algumas decisões importantes em seu currículo. E a final de Copa do Mundo, você gostaria de apitar? Sinceramente, não. O Brasil é franco favorito, tem um grande time, com dois jogadores extraordinários que são o Ronaldinho e o Kaká. Tenho consciência dessa situação. Acho que disputaremos o título e, para mim, qualquer jogo que eu apitar na Copa já será uma glória. Vou torcer para o Brasil ser campeão. Quero apenas representar a arbitragem brasileira com muita dignidade e competência. Qual a diferença entre apitar partidas de campeonatos regionais, nacionais, continentais e uma Copa do Mundo? O jogo Itália x México, que apitei em 2002, foi assistido por 2 bilhões de pessoas. É muita responsabilidade. Se você comete um erro, o mundo inteiro fica sabendo. Num clássico regional, o que acontece fica naquele Estado; o que acontece no Brasileiro fica no Brasil. Apitar um jogo de Copa do Mundo e receber uma nota 10 é magnífico, repercute no mundo todo. E, em 2002, nos dois jogos que apitei, minhas notas foram 8,9 e 9,2. O que conta mais para um juiz apitar na Copa do Mundo: bom preparo físico, conhecimento da regra ou boas relações com dirigentes? Arbitragem é dentro de campo: aplicar a regra e ter preparo físico. Aplicar a justiça, o respeito recíproco entre os jogadores. Isso é o fundamental. Quanto ao relacionamento, você tem de ser cordial com todo mundo, tranqüilo e ter bom senso. Dentro de campo, você não pode querer agradar alguém, senão terá de agradar a todos.
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Jorge Adorno/Reuters
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ÁRBITROS BRASILEIROS EM COPAS 1930: Almeida Rego (3 partidas) 1950: Mário Viana (2 partidas) e Alberto da Gama Malcher (2 partidas) 1954: Mário Viana (1 partida) 1962: João Etzel Filho (1 partida) 1966: Armando Marques (1 partida) 1974: Armando Marques (1 partida) 1978: Arnaldo Cezar Coelho (2 partidas) 1982: Arnaldo Cezar Coelho (2 partidas) 1986: Romualdo Arppi Filho (3 partidas) 1990: José Roberto Wright (4 partidas) 1994: Renato Marsiglia (2 partidas) 1998: Márcio Rezende de Freitas (2 partidas) 2002: Carlos Eugênio Simon (2 partidas)
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22 SEDES
EM
SEGUNDO
PLANO
Futebol não é o principal atrativo de Frankfurt, Stuttgart nem Hannover, mas as três cidades voltam a ser sedes de jogos de uma Copa do Mundo
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por Carlos Eduardo Freitas
e alguém perguntar quais os principais atrativos de Frankfurt, Stuttgart e Hannover, a resposta dificilmente será “futebol”. As três cidades são mais conhecidas, respectivamente, por bancos, fábricas de carros e pela realização de grandes feiras. Ainda assim, os times dessas três cidades, que, pela segunda vez, receberão jogos de uma Copa do Mundo, têm história e tradição. Franfkurt é o centro do futebol na Alemanha. Próximo ao rio Main, está a sede da DFB, a Federação Alemã de Futebol, e também a da DFL, a Liga Alemã, responsável pela organização da Bundesliga. A presença de mais de 300 bancos em “Mainzhattan”, como ficou conhecida a cidade, não é mera coincidência. Apesar de o poder do esporte, no país, estar centralizado na cidade, o principal clube local deixa a desejar. O Eintracht Frankfurt é muito conhecido no Brasil porque o Campeonato Alemão começou a ser transmitido por aqui no início da década de 90, quando o time passava por uma boa fase. Hoje em dia, porém, a equipe não é uma sombra daquele time que tinha Tony Yeboah e Andreas Möller e que, por muito pouco, não conquistou o título em 1991. Desde então, o clube tem-se aperfeiçoado na arte de subir e descer das divisões principais da Alemanha. Para não dizer que o futebol na cidade é um fracasso, é no time feminino que joga Brigitte Prinz, eleita, em 2005, pela terceira vez, a melhor jogadora do mundo. A situação atual é bastante diferente da de 1954, quando dois jogadores de times da cidade – Richard Herrmann, do FSV Frankfurt, e Alfred Pfaff, do Eintracht – estavam na seleção que conquistou o primeiro título mundial para os alemães. Em 2006, os clubes da cidade terão de se contentar com Doo Ri Cha (filho do lendário Bum Kun Cha), da Coréia do Sul, e com o suíço Christoph Spycher.
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Esse é um problema que Stuttgart não terá. Apesar de o futebol ser bastante ofuscado pelas atividades automobilísticas da cidade – sede das fábricas da Porsche e da Mercedes-Benz –, diversos jogadores atuais ou que passaram pelo clube disputarão a Copa. Timo Hildebrand, Andreas Hinkel, Philip Lahm e Kevin Kuranyi eram os protagonistas da geração que, em 2003, levou o VfB à primeira Liga dos Campeões de sua história. Kuranyi e Lahm já deixaram o clube, mas Thomaz Hitzlsperger, que estará entre os 23 de Klinsmann no Mundial, ainda permanece. O próprio treinador, aliás, tem sua história ligada à cidade. Ele começou a carreira no Stuttgarter Kickers e transferiu-se para o VfB Stuttgart, onde foi um dos destaques do time que chegou à final da Copa Uefa de 1989, vencida pelo Napoli de Maradona. Depois de sua saída para a Internazionale, o time chegou ao quarto título nacional, em 1992, quando Élber acabara de chegar ao clube. Hannover, por sua vez, é famosa internacionalmente por realizar feiras de grande porte e por sua tradição na jardinagem – há quem diga que o gramado da AWD-Arena é um dos melhores do país. Futebolisticamente, as glórias do Hannover 96 datam do pré e do pós-Segunda Guerra Mundial. O time conquistou o Campeonato Alemão em 1938 e depois, em 1954, quando derrubou o Kaiserslautern de Fritz Walter. Desde então, jamais conseguiu desempenho semelhante. Um espasmo foi o título da Copa da Alemanha, em 1992, quando o clube estava na segunda divisão. O grande nome da cidade, na atualidade, é Per Mertesacker, jovem zagueiro tido como uma das grandes revelações da Alemanha, muito provavelmente titular durante o Mundial. Mesmo que as chances de a Alemanha passar por Hannover, assim como por alguma dessas três cidades (a única que tem chances é Stuttgart), sejam pequenas, voltar a receber uma Copa já estará de bom tamanho para elas.
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Commerzbank-Arena Capacidade: 49.962 (43.324 na Copa)
Dicas para quem vai... ...para Frankfurt É lá que fica a sede da Federação Alemã de Futebol, a DFB. Vale a visita ao prédio, localizado na Otto-Fleck-Schneise, 6. Um grande atrativo é a lojinha com diversos artefatos históricos ou retrô. Além disso, dada a quantidade de ex-jogadores que são funcionários da entidade, não seria surpresa trombar com algum nas redondezas.
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O antigo Waldstadion ficou famoso recentemente, na final da Copa das Confederações, quando uma parte do moderno teto retrátil não agüentou o peso da água de um temporal e formou uma cachoeira em uma das quinas do campo. A cobertura colocada no teto se justifica: em 1974,
Eintracht Frankfurt Principais títulos 1 Campeonato Alemão 4 Copas da Alemanha 1 Copa Uefa Jogadores na Copa Doo Ri Cha (COR) Christoph Spycher (SUI)
Alemanha e Polônia se enfrentaram no estádio, cujo gramado virara um verdadeiro lamaçal. Antes de ser rebatizado, o “Estádio da Floresta” recebeu também uma luta válida pelo título dos pesos pesados do boxe, entre Muhammad Ali e Karl Mildenberger, em 1966.
Jogos na Copa: 10/junho 13/junho 17/junho 21/junho 1º/julho
Inglaterra x Paraguai Coréia do Sul x Togo Portugal x Irã Holanda x Argentina quartas-de-final
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Gottlieb-Daimler-Stadion Capacidade: 57.000 (47.757 na Copa) O Gottlieb-Daimler-Stadion foi considerado o mais bonito estádio da Copa do Mundo de 1974. Construído em 1933, com projeto de Felix Kölbel – o mesmo arquiteto que assina o Empire State –, o Neckarstadion (seu nome original) foi reformado antes do primeiro Mundial que sediou e recebeu
Jogos na Copa: 13/junho 16/junho 19/junho 22/junho 25/junho 8/julho
França x Suíça Holanda x Costa do Marfim Espanha x Tunísia Croácia x Austrália oitavas-de-final (1°B x 2°A) decisão do terceiro lugar
uma cobertura inovadora, toda suspensa e sem pilares que atrapalham a visão. O estádio fica junto do Neckar Park, um complexo poliesportivo vizinho à sede do Stuttgart e à frente da fábrica da Mercedes Benz, hoje parte da Daimler-Chrysler (por isso o nome do estádio).
VfB Stuttgart Principais títulos 4 Campeonatos Alemães 3 Copas da Alemanha Jogadores na Copa Timo Hildebrand (ALE) Andreas Hinkel (ALE) Thomas Hitzlsperger (ALE) Fernando Meira (POR) Daniel Ljuboja (SMO) Ludovic Magnin (SUI) Stuttgarter Kickers Principais títulos 3 Campeonatos do Sul da Alemanha Jogadores na Copa Nenhum
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Dicas para quem vai... ...para Stuttgart Entre os pontos altos da culinária alemã estão seus pães e confeitos. O lugar ideal para quem gosta de futebol apreciar alguns dos diversos tipos é a Klinsmann Bäckerei (padaria Klinsmann), que fica na Eltingerstrasse, 42, no bairro de Botnang. Sim, é a padaria da família do técnico da seleção alemã. É lá que, provavelmente, a torcida local vai xingar sua mãe no caso de um fiasco.
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Dicas para quem vai...
12/junho 16/junho 20/junho 23/junho 27/junho
Itália x Gana México x Angola Costa Rica x Polônia Suíça x Coréia do Sul oitavas-de-final (1ºH x 2ºG)
Antes conhecida por Niedersachsenstadion, a AWD-Arena foi construída em 1954 e, desde então, passou por diversas reformas, à medida que abrigava competições importantes. Na Copa de 1974, por exemplo, recebeu um teto que cobria parte de suas arquibancadas. Foi lá, aliás, que o Brasil derrotou
a Alemanha Oriental, na segunda fase, por 1 a 0. Em 1988, quando a Alemanha recebeu a Eurocopa, o estádio sofreu outros retoques. Para 2006, além de rebatizada, a AWD-Arena recebeu uma roupagem nova e um sistema de som de causar inveja ao de grandes estádios no país.
AWD-Arena Capacidade: 49.000 (39.297 na Copa)
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Hannover 96 Principais títulos 2 Campeonatos Alemães 1 Copa da Alemanha Jogadores na Copa Per Mertesacker (ALE) Steve Cherundolo (EUA) Vahid Hashemian (IRA) Jiri Stajner (TCH)
...para Hannover Uma linha vermelha no chão guia os visitantes pelos principais pontos turísticos da cidade, como a prefeitura (Rathaus) e alguns dos tradicionais jardins de Hannover. Um desses pontos é a AWD-Arena. Não dá para se perder.
Jogos na Copa:
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A DERROTA VEIO
DENTRO DE CAMPO O veredicto da Copa de 1982 é cruel: a Seleção tinha talento de sobra, não sofreu com desorganização e esteve longe de problemas internos significativos. Ainda assim, o título foi parar na Itália
É
por Ubiratan Leal
possível estabelecer vários paralelos entre a Seleção Brasileira que foi à Espanha disputar a Copa de 1982 e a atual, que chega à Alemanha como favorita. Ambas eram talentosas, contavam com um grupo de jogadores sem problemas graves de relacionamento, jogavam futebol ofensivamente e gozavam de relativa paz nos bastidores. Porém, o Brasil perdeu o Mundial há 24 anos. Tudo porque, do outro lado do campo, havia um adversário com capacidade de destruir os sonhos brasileiros. Algo que parece lógico, mas que, às vezes, é esquecido. Em 1982, a expectativa que cercava o Brasil era muito grande. Desde 1970, era a primeira vez que a Seleção chegava a uma Copa do Mundo com um time que inspirava confiança. Havia talentos em quase todas as posições, a comissão técnica tinha respaldo dos dirigentes e mesmo as brigas de vaidades – comuns em épocas de Mundiais – haviam sido estancadas. Estava formada a receita básica para confirmar o imaginário de que, se seguir a cartilha do futebol organizado, o Brasil não tem adversários. Como hoje, às portas da Copa de 2006, até havia subsídios para considerar a Seleção favorita destacada ao Mundial da Espanha. Nos 12 meses que antecederam o torneio, a equipe de Telê venceu Inglaterra, Alemanha Ocidental (duas vezes) e França. No caso inglês, foi a primeira vitória da história do Brasil em Wembley. Nessas partidas, Telê Santana teve oportunidade de consolidar gradualmente o grupo, que apresentava bom nível de entrosamento e jogava de maneira fluida antes de a Copa começar – tanto que o time estava invicto havia 20 jogos, desde a derrota para o Uruguai, no Mundialito, em janeiro de 1981. Porém, subestimava-se o fato de que, como qualquer equipe, o Brasil de 1982 também era um time falível. A Seleção empatou com Suíça e Tchecoslováquia em amistosos de preparação e teve extrema dificuldade para passar pela União Soviética, na estréia da Copa. “No Brasil, a paixão pelo futebol é muito grande, e nem sempre as análises são racionais”, comenta Sócrates, capitão do time naquele Mundial.
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Para o ex-meia, a imprensa teria contribuído muito para criar esse clima de otimismo exagerado. “Naquele momento, havia um único veículo de comunicação, e ele vendia a vitória como certa, o que não existe em futebol”. A Copa de 1982 foi transmitida para o Brasil com exclusividade pela Rede Globo.
OS 22 CONVOCADOS DE TELÊ SANTANA 1 – Waldir Peres (São Paulo) 2 – Leandro (Flamengo) 3 – Oscar (São Paulo) 4 – Luizinho (Atlético-MG) 5 – Toninho Cerezo (Atlético-MG) 6 – Júnior (Flamengo) 7 – Paulo Isidoro (Grêmio) 8 – Sócrates (Corinthians) 9 – Serginho Chulapa (São Paulo) 10 – Zico (Flamengo) 11 – Éder (Atlético-MG) 12 – Paulo Sérgio (Botafogo) 13 – Edevaldo (Fluminense) 14 – Juninho (Ponte Preta) 15 – Falcão (Roma-ITA) 16 – Edinho (Fluminense) 17 – Pedrinho (Palmeiras) 18 – Batista (Grêmio) 19 – Renato (São Paulo) 20 – Roberto Dinamite (Vasco) 21 – Dirceu (Atlético de Madrid-ESP) 22 – Carlos (Ponte Preta)
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Paolo Rossi: o italiano que acabou com o sonho do tetra
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A idéia de que o Brasil conquistaria seu quarto título em gramados espanhóis cresceu à medida que a Seleção correspondia às expectativas em campo. Na estréia, o Brasil não conseguiu furar a defesa soviética e quase perdeu a partida após uma falha de Waldir Peres. Mas chutes de fora da área de Sócrates e Éder, no final do jogo, asseguraram a virada. Na segunda partida, o Brasil voltou a sair perdendo, dessa vez para a Escócia. Mas o time já estava mais solto e reverteu o marcador para 4 a 1. A primeira fase foi concluída com uma grande exibição de Zico e uma vitória por 4 a 0 sobre a Nova Zelândia. A Alemanha Ocidental, única seleção que era vista como rival à altura, estava titubeante, sobretudo depois de ser surpreendida pela Argélia, na primeira rodada da Copa. A tendência de ver a Seleção como um time invencível virou certeza depois do jogo contra a Argentina, no estádio de Sarriá, em Barcelona. Os platinos não vinham com uma campanha das mais convincentes (haviam perdido para Bélgica e Itália), mas eram campeões mundiais e tinham Maradona no início de seu estrelato. O time de Telê Santana fez uma de suas partidas mais brilhantes. Serginho Chulapa desencantou e marcou um gol, Waldir Peres fez grandes defesas e o gol de Júnior, o último do Brasil na vitória por 3 a 1, tornou-se símbolo do futebol envolvente daquela equipe. As poucas críticas que restavam – como a preferência por Waldir Peres, em vez de Leão, e o fato de Serginho, o titular, ser apenas a terceira opção de centroavante, já que Reinaldo e Careca não estavam em condições físicas para disputar a Copa – desapareceram.
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Gentile foi o homem que Bearzot escalou para anular Zico
Uma Bota no caminho Para chegar às semifinais, o Brasil teria de passar pela Itália. A Azzurra parecia fazer questão de destruir suas próprias chances na Copa. Antes mesmo de o Mundial começar, o técnico Enzo Bearzot deu motivo para críticas ao convocar Paolo Rossi – que voltava de dois anos de suspensão por participação em um esquema de manipulação de resultados – e deixar de fora Roberto Pruzzo, artilheiro do Campeonato Italiano nas duas temporadas anteriores. O goleiro Zoff, com 40 anos, também não era unanimidade. O clima ficou ainda mais pesado após as atuações pálidas na primeira fase. A Itália empatou, na estréia, com a Polônia (0 a 0), resultado aceitável devido à força do adversário, mas foi difícil justificar as igualdades contra o já decadente Peru e o desconhecido Camarões (ambas por 1 a 1). Com Rossi mostrando falta de ritmo e de familiaridade com o gol, a Azzurra sentia falta de poder ofensivo. Ainda assim, se classificou, em segundo lugar, por ter feito um gol a mais que Camarões. Na iminência de uma crise, a delegação italiana decidiu se unir. A principal medida foi calar-se para a imprensa como retaliação pela pressão que sofria. E assim, calada, a Itália iniciou sua virada. Na estréia pela segunda fase, Bearzot destacou Gentile, um dos jogadores menos dotados tecnicamente daquele time, para uma marcação pessoal sobre Maradona. A estratégia deu certo. O craque argentino não teve liberdade e até recebeu um cartão amarelo por irritar-se com a falta de espaço. Além disso, todo o time já estava mais solto e determinado a mostrar algum futebol, conseguindo a vitória por 2 a 1. Esse resultado foi decisivo para a mudança de rumo da Azzurra. “Os
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12/maio/1981 – Inglaterra 0x1 Brasil (Londres) 15/maio/1981 – França 1x3 Brasil (Paris) 19/maio/1981 – Alemanha Ocidental 1x2 Brasil (Stuttgart) 8/julho/1981 – Brasil 1x0 Espanha (Salvador) 26/agosto/1981 – Chile 0x0 Brasil (Santiago) 23/setembro/1981 – Brasil 6x0 Irlanda (Maceió) 28/outubro/1981 – Brasil 3x0 Bulgária (Porto Alegre) 26/janeiro/1982 – Brasil 3x1 Alemanha Oriental (Natal) 3/março/1982 – Brasil 1x1 Tchecoslováquia (São Paulo) 21/março/1982 – Brasil 1x0 Alemanha Ocidental (Rio de Janeiro) 5/maio/1982 – Brasil 3x1 Portugal (São Luís) 19/maio/1982 – Brasil 1x1 Suíça (Recife) 27/maio/1982 – Brasil 7x0 Irlanda (Uberlândia) *Todos jogos amistosos
EFE
italianos estavam com dificuldades, mas vencer a Argentina fez tudo ficar para trás: eles ganharam confiança, e todos os problemas começaram a se resolver”, conta Valdir Joaquim de Morais, treinador de goleiros do Brasil na Copa de 1982 e braço direito de Telê Santana. Ainda assim, o início de reação italiana não era considerado suficiente para tirar o favoritismo do Brasil na partida que definiria o grupo C da segunda fase – até porque um empate bastava à equipe sul-americana. Mas os brasileiros rejeitam qualquer hipótese de excesso de confiança naquela partida. “Tínhamos muita qualidade e confiávamos nisso, mas quem vive no futebol sabe que a idéia de ‘já ganhou’ é coisa do torcedor”, afirma Morais. Bearzot repetiu a tática do jogo anterior e destacou Gentile para anular o principal jogador adversário, no caso, Zico. Além disso, Collovatti ficou em cima de Serginho e, assim, os italianos esperavam tirar o poder ofensivo do Brasil. O primeiro gol italiano, de Rossi, veio logo aos 5 minutos do primeiro tempo, mas era uma situação à qual os brasileiros já estavam se acostumando. O Brasil empatou em seguida, justamente por conseguir se desvencilhar da armação defensiva italiana. Zico fechou para o meio e atraiu Gentile. Sócrates aproveitou o espaço aberto na direita e entrou sem marcação para empatar a partida. De qualquer maneira, a Azzurra continuou determinada a encarar o Brasil e, em um dia em que tudo parecia dar certo para o time europeu, se aproveitou de duas falhas da defesa brasileira para vencer por 3 a 2. E teria feito 4 a 2, se o árbitro israelense Abraham Klein não anulasse um gol legítimo de Antognoni, no final da partida. Pelo que ocorreu naqueles 90 minutos de jogo, no estádio Sarriá, a vitória italiana foi aceitável. O Brasil teve oportunidades, mas a Azzurra não foi coadjuvante e, pelo menos naquela partida específica, soube usar suas virtudes para se impor diante de um rival mais forte. “Eu mesmo não conhecia muito a Itália, mas, depois que fui jogar no Torino e comecei a acompanhar aqueles jogadores de perto, vi que era um time muito forte, também”, reconhece Júnior, um dos símbolos daquela campanha por ter lançado, pouco antes da Copa, o compacto “Voa, Canarinho”, em que canta músicas sobre a Seleção. Independentemente de a Itália, depois, ter confirmado sua reação com a conquista de seu terceiro título mundial, o Brasil logo buscou bodes expiatórios. Caso do eventual excesso de ofensivsmo do time, que, para alguns, deveria ter se resguardado mais na defesa para segurar o empate contra os italianos. Trata-se de uma posição contraditória, diga-se de passagem, pois uma das críticas a Telê, antes do Mundial, era o fato de o time não ter um ponta típico, em uma época em que o sistema mais comum no país era o 4-3-3. De acordo com as pessoas ouvidas pela reportagem da Trivela, a filosofia de jogo era uma espécie de vocação do time, algo inerente à forma como os jogadores se postavam em campo. “A equipe era ofensiva porque tinha jogadores de qualidade, que tocavam a bola desde a defesa e acabavam ajudando o ataque como seqüência natural”, explica Valdir de Morais, que completa: “O planejamento foi correto, tínhamos respaldo da CBF, e o time estava bem preparado. Perdemos a Copa em campo, que é onde o futebol se decide”.
TRAJETÓRIA DO BRASIL ENTRE MAIO DE 1981 E JUNHO DE 1982
Vitória sobre Argentina encheu o Brasil de moral
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PARA
ATROPELAR
NA RETA FINAL
Itália prepara-se sem alarde para a Copa, mas tem um grupo novo, um técnico excelente e uma vontade acumulada com anos de frustrações
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por Cassiano Ricardo Gobbet
última vez que a Itália deu o posto de treinador da Azzurra para um nome inquestionável foi quando Arrigo Sacchi deixou seu onipotente Milan para assumir a seleção. A “inquestionabilidade” do técnico durou meio minuto e, fora de seu habitat milanista, Sacchi voltou a ser a vidraça, como tinham sido seus antecessores e como foram seus sucessores. O drama seguiu até 2004, quando Giovanni Trapattoni foi escorraçado, após uma Eurocopa pífia. Para a sorte da Itália, o técnico Marcello Lippi estava dando sopa, depois de deixar a Juventus. O técnico chegou à Azzurra com apoio unânime – até do próprio Sacchi, geralmente crítico feroz dos treinadores italianos. Quando chegou, Lippi tinha três desafios. O primeiro era resolver de vez o problema das alas, cuja ineficiência sufocava mortalmente a chegada da bola aos atacantes. O segundo era encontrar uma maneira de fazer Andrea Pirlo e Francesco Totti atuarem no time sem desequilibrar o meio-campo. Finalmente, Lippi precisava fazer o grupo de jogadores acreditar que tinha condições de enfrentar e vencer adversários como França, Argentina ou Brasil – afinal, a Itália não ganha nada relevante desde 1982. De certa forma, resolveu os três. A Itália parte para a Copa do Mundo com uma defesa extremamente sólida, onde Gianluigi Buffon é o pilar central. Não é exagero dizer que o arqueiro da Juventus é o melhor do mundo, certamente ajudado por uma dupla de zaga igualmente brilhante, o duo Nesta-Cannavaro.
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Itália Federazione Italiana Giuoco Calcio www.figc.it Participações em Copas: 15 (1934, 1938, 1950, 1954, 1962, 1966, 1970, 1974, 1978, 1982, 1986, 1990, 1994, 1998 e 2002) Momento memorável: a conquista do bicampeonato na Copa de 1938, disputada na França Uniforme: camisa azul, calção branco e meias azuis Na Copa de 2006: grupo E, com Estados Unidos, Gana e República Tcheca
CAMPANHA NAS ELIMINATÓRIAS PARA 2006 04/09/04 - ITA 2x1 08/09/04 - MOL 0x1 09/10/04 - ESN* 1x0 13/10/04 - ITA 4x3 26/03/05 - ITA 2x0 04/06/05 - NOR 0x0
NOR ITA ITA BLR ESC ITA
03/09/05 - ESC 07/09/05 - BLR 08/10/05 - ITA 12/10/05 - ITA
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Alessandro Bianchi/Reuters
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Na defesa, Lippi começou a resolver o problema das alas. O meia Zambrotta foi recuado para a lateral-esquerda, com Barzagli ou Bonera na direita. Com o apoio de Camoranesi no meio-campo, a Itália achou um modo de alcançar a linha de fundo – e os atacantes – com facilidade. Para acomodar Pirlo e Totti no mesmo time, a saída foi usar Gennaro Gattuso, companheiro de Pirlo no Milan, no miolo do meio-campo. Gattuso está acostumado a cobrir os espaços de Pirlo e Kaká, cujo papel no Milan é similar ao de Totti na Itália. Dessa forma, a equipe pode usar o que tem de melhor no meio-campo. O ataque sofreu uma revolução. Del Piero e Vieri não são mais os titulares absolutos, perdendo a primazia para a nova geração de Gilardino e Toni. Lippi estimula a concorrência no ataque e deve ter grandes dores de cabeça com a boa fase de Filippo Inzaghi no Milan, até porque nenhum dos outros atacantes tem como característica forçar a linha de impedimento adversária, o que pode fazer falta à Azzurra. Pontos fracos? Sim, a Itália certamente os têm. O grande problema do técnico seria perder algum atleta por contusão. Os prováveis reservas, como o zagueiro Materazzi e o volante Perrotta, não convencem Lippi. Pior ainda se Zambrotta ou Camoranesi se machucarem. Só no ataque há liberdade de escolha. Outro ponto fraco é o desenho do meio-campo. Por mais que a presença de Gattuso dê um pouco de segurança ao setor, Pirlo acaba sendo seu elo mais fraco. O milanista é, talvez, o melhor mediano do mundo, hoje, com uma visão de jogo e precisão de passe espetaculares. Só que, se for apertado – ou precisar apertar o adversário –, acaba abrindo espaços para os rivais. No aspecto psicológico, a Itália realmente tem uma cara nova. Os jogadores da Azzurra não se arrogam favoritos ao título, mas estão com uma disposição que há muito não se via no ambiente da seleção. Os italianos sabem que, num torneio curto como a Copa, nem sempre o melhor sai vencedor, e o elenco tem força suficiente para bater qualquer adversário, num dia bom. Claro, se ninguém se machucar antes. No melhor estilo italiano, o time de Lippi aguarda a hora certa para dar o golpe de misericórdia.
A mídia vai cansar seus ouvidos ao dizer que... ...o futebol da seleção italiana é defensivo ...em 1982, Paolo Rossi acabou com o sonho do Brasil ...o Brasil se vingou da Itália conquistando o tetra em 1994 ...o Campeonato Italiano é chato ...a Itália produz bons zagueiros
Itália se parece com... Rocky Balboa Sempre apanha nas primeiras lutas, mas sabe se recuperar e tem tudo para chegar ao título
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Além de ajudar na defesa, De Rossi também ataca
Giorgio Benvenuti/EPA
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O ASTRO: TOTTI Mesmo sem ter uma participação marcante pela seleção italiana, Francesco Totti é uma unanimidade no país, que vê no craque o jogador que pode fazer a diferença, na Alemanha. O jogador, que começou como atacante, na Roma, já jogou no meio-campo e agora voltou ao ataque. Esse rodízio em posições ofensivas deu a Totti grande desenvoltura em fundamentos como arremate, passe e posicionamento, fazendo dele um jogador ideal para ligar o meio-campo ao setor ofensivo. A posição ideal do romanista é atrás dos atacantes, onde pode fazer suas assistências precisas ou chegar na área como um terceiro atacante, livre dos papéis defensivos que normalmente um meia precisa ter. Essa necessidade de liberdade, porém, faz com que sua inserção no time seja sempre difícil, pois os outros precisam cobrir seus espaços, o que não impede que seja titular. Totti é o jogador-chave de Marcello Lippi no esquema 4-3-1-2, que, na verdade, é utilizado em função de sua presença. O Mundial é a chance de marcar de vez seu nome com a camisa azul.
A PROMESSA: DE ROSSI Daniele de Rossi disputa uma vaga com Andrea Pirlo no meio-campo, com a vantagem de deixar o setor muito mais robusto, e também com excelente técnica e um passe de qualidade. O jogador é um produto das categorias de base da Roma e já é um titular indiscutível na capital. Forte e ágil, joga pouco à frente da defesa, mas tem fôlego e talento para apoiar o ataque, o que faz com que ele freqüentemente marque gols, especialmente em arremates de longe. Além disso, tem grande entrosamento com Totti, o que pode facilitar o jogo italiano.
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A SELEÇÃO
Morgan de Sanctis 23/3/1977 Clube: Udinese Copas: Eliminatórias: 1J / 1GS Angelo Peruzzi 16/2/1970 Clube: Lazio Copas: Eliminatórias: 3J / 2GS DEFENSORES Andrea Barzagli 8/5/1981 Clube: Palermo Copas: Eliminatórias: 1J / 0G Daniele Bonera 31/5/1981 Clube: Parma Copas: Eliminatórias: 6J / 0G
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Vincenzo Iaquinta 21/11/1979 Clube: Udinese Copas: Eliminatórias: 4J / 0G
Massimo Oddo 14/6/1976 Clube: Lazio Copas: Eliminatórias: 2J / 0G
Gianluca Zambrotta 19/2/1977 Clube: Juventus Copas: 2002 Eliminatórias: 8J / 0G
Cristian Zaccardo 21/12/1981 Clube: Palermo Copas: Eliminatórias: 4J / 1G
ATACANTES Antonio Cassano 12/7/1982 Clube: Real Madrid (ESP) Copas: Eliminatórias: 2J / 0G
Filippo Inzaghi 9/8/1973 Clube: Milan Copas: 1998 e 2002 Eliminatórias: 0J / 0G
MEIO-CAMPISTAS Massimo Ambrosini 29/5/1977 Clube: Milan Copas: Eliminatórias: 1J / 0G
Alessandro del Piero 9/11/1974 Clube: Juventus Copas: 1998 e 2002 Eliminatórias: 2J / 1G
Luca Toni 26/5/1977 Clube: Fiorentina Copas: Eliminatórias: 8J / 4G
Simone Barone 30/4/1978 Clube: Palermo Copas: Eliminatórias: 2J / 0G
Marco di Vaio 15/7/1976 Clube: Monaco (FRA) Copas: Eliminatórias: 1J / 0G
Francesco Totti 27/9/1976 Clube: Roma Copas: 2002 Eliminatórias: 6J / 2G
Manuele Blasi 17/8/1980 Clube: Juventus Copas: Eliminatórias: 3J / 0G
Alberto Gilardino 5/7/1982 Clube: Milan Copas: Eliminatórias: 8J / 2G
Christian Vieri 12/7/1973 Clube: Monaco (FRA) Copas: 1998 e 2002 Eliminatórias: 4J / 1G
Fabio Cannavaro 13/9/1973 Clube: Juventus Copas: 1998 e 2002 Eliminatórias: 7J / 0G
Mauro Germán Camoranesi 4/10/1976 Clube: Juventus Copas: Eliminatórias: 6J / 1G
Giorgio Chiellini 14/8/1984 Clube: Juventus Copas: Eliminatórias: 1J / 0G
Daniele de Rossi 24/7/1983 Clube: Roma Copas: Eliminatórias: 8J / 2G
Aimo Diana 2/1/1978 Clube: Sampdoria Copas: Eliminatórias: 5J / 0G
Stefano Fiore 17/4/1975 Clube: Fiorentina Copas: Eliminatórias: 2J / 0G
Fabio Grosso 28/11/1977 Clube: Palermo Copas: Eliminatórias: 5J / 1G
Gennaro Ivan Gattuso 9/1/1978 Clube: Milan Copas: 2002 Eliminatórias: 8J / 0G
Marco Materazzi 19/8/1973 Clube: Internazionale Copas: 2002 Eliminatórias: 6J / 0G
Simone Perrotta 17/9/1977 Clube: Roma Copas: Eliminatórias: 1J / 0G
Alessandro Nesta 19/3/1976 Clube: Milan Copas: 1998 e 2002 Eliminatórias: 7J / 0G
Andrea Pirlo 19/5/1979 Clube: Milan Copas: Eliminatórias: 6J / 2G
Gerry Penny/EPA
GOLEIROS Gianluigi Buffon 28/1/1978 Clube: Juventus Copas: 1998 e 2002 Eliminatórias: 6J / 5GS
O TÉCNICO Marcello Lippi tem 57 anos e nasceu em Viareggio, na Itália. Ex-líbero da Sampdoria e da seleção italiana, Lippi é um dos treinadores que mais venceu na Juventus, colecionando mais de uma dezena de títulos, entre eles cinco “scudetti” e uma Copa dos Campeões. Fez uma renovação tática na Itália e firmou vários nomes como Luca Toni, Alberto Gilardino, Daniele de Rossi e Fabio Grosso.
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Chris Trotman/EFE
ENTREVISTA
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ANTES TARDE DO QUE NUNCA Luca Toni apareceu para a elite do futebol já maduro. Mesmo assim, ganhou sua vaga na Azzurra e, hoje, é um dos titulares de Marcello Lippi
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por Ubiratan Leal
uatro anos atrás, Luca Toni estava no Brescia e lutava contra as seguidas contusões que teve no clube lombardo. Com 25 anos, num clube pequeno e atormentado pelas lesões, era difícil imaginar que o atacante da Fiorentina seria o provável camisa 9 da seleção, em 2006. “Talvez eu não tenha feito a trajetória mais comum para um jogador”, disse o atacante em entrevista à Trivela. “Se foi mais longa do que o normal ou não, eu não sei. O fato é que cheguei aonde queria”, diz. Toni deixou o Brescia em 2003, rumo ao Palermo, quando o time do Renzo Barbera ainda estava na Série B. Foi uma aposta arriscada que o jogador fez – poderia ter desaparecido na segunda divisão –, mas valeu a pena. Com 30 gols marcados, o atacante entrou para a história do clube como o maior goleador numa única temporada. Faria outros 20, já na Série A, colocando seu nome na órbita da seleção. Também na Fiorentina virou herói. Ao fazer seu 26º gol no atual campeonato, Toni alcançou uma marca só batida por dois mitos fiorentinos: Kurt Hamrin e Gabriel Batistuta.
Na temporada passada, a Fiorentina investiu milhões de euros e quase caiu. Neste ano, está às portas da Liga dos Campeões. O que mudou? Acho que a Fiorentina ainda é um clube jovem, por causa da reestruturação total que aconteceu depois da falência (ocorrida em 2002). Vivendo e aprendendo. Os erros de ontem são uma escola para hoje. E isso teve impacto na torcida? Certamente. A torcida fiorentina sempre mostrou uma proximidade enorme com o time, mesmo jogando nas divisões inferiores. É uma torcida extraordinária. Um 12º homem em campo. Como você prefere jogar? Com mais um ou dois no ataque? Sinceramente, o esquema não me importa muito. Primeiro, eu quero jogar. Se possível, gosto de jogar de frente para o gol, e não tendo de virar. Acho que rendo mais olhando para o gol. Com Gilardino ou Del Piero? Essa é uma escolha do técnico. Para mim, não importa.
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Você e Gilardino ameaçam as vagas de Vieri e Del Piero. Você se considera o sucessor de Vieri? Não, não. Eu sou o Luca Toni. Procuro jogar da minha maneira, embora a posição seja a mesma. Mas minha preocupação é em estar à disposição para o treinador escolher. E uma Itália sem Totti? É possível? Se ele não jogar, outro entrará e jogará bem, embora ainda seja cedo para definir. Contra a Alemanha usamos três atacantes e fomos muito bem. O importante é que este grupo é muito sólido. Há várias alternativas. Marcello Lippi montou um time de verdade na Azzurra. Com Camoranesi pela direita e Zambrotta subindo da lateralesquerda, você acha que a Itália resolveu o problema das alas? Sim. E ainda há muitos jogadores bons capazes de atuar no setor. A vitória sobre a Alemanha alterou a visão que a Itália – especialmente a imprensa – tinha sobre sua seleção. Isso afeta muito os jogadores? Não, não. Estamos acostumados à pressão da imprensa. Se não jogarmos sem pensar nisso, não chegamos a lugar nenhum. O grupo da Itália (com República Tcheca, Estados Unidos e Gana) assusta? É duro, mas não assusta. Não vejo nenhum adversário superior a nós. Num Mundial, todos os times são bons. Gana tem excelentes jogadores, como meu ex-colega de Brescia, o Appiah. E a República Tcheca tem seu colega de Fiorentina, Ujfalusi. É um cara sensacional e um baita zagueiro. Mas, mesmo sendo meu amigo, espero que ele saia de campo derrotado contra a Itália. Um cruzamento entre Brasil e Itália é possível. Vocês falam disso no grupo? O Brasil é o pesadelo de qualquer adversário. Sem dúvida é a seleção mais forte. Tomara que não aconteça. Qual é seu ídolo de infância, e que atacantes te impressionam hoje? Marco van Basten. Quando fomos jogar com a Holanda, senti um frio na barriga em conhecê-lo. Hoje? Difícil, porque há muitos. Mas, se tiver de listar, cito Ronaldinho, Drogba e Henry.
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PROCURANDO MANTER O
RESPEITO
Após surpreender em 2002, os Estados Unidos chegam à Alemanha com objetivos audaciosos
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por Luís Eduardo Martines
bram alas para a quarta potência do futebol mundial! Pelo menos é o que indica o ranking da Fifa de abril. A seleção norte-americana chega à Alemanha para provar que o respeito obtido na Copa de 2002 não foi obra do acaso. Apesar da expectativa de bom desempenho, os EUA vão a sua oitava Copa se ressentindo da falta de um de seus maiores aliados em 2002: o elemento-surpresa. Diferentemente do que ocorreu então, seus adversários dificilmente cometerão o erro de subestimar os ianques. Se, em seu papel de força mediana, os EUA são indigestos para qualquer seleção, ante um adversário bem estruturado invariavelmente algum setor acaba falhando. Uma vez vazados por uma equipe européia, em partidas oficiais, em nenhuma oportunidade os americanos viraram o placar. Esse é o dado que mais preocupa a imprensa do país. Mesmo aportando na Alemanha com jogadores bem preparados fisicamente e que atuam com alguma continuidade, os EUA se ressentem bastante da ainda limitada habilidade individual da maioria de seus atletas. Apesar de o grupo aliar juventude e experiência, falta-lhe instantes de criatividade capazes de fazer o fiel da balança pender para seu lado em momentos de equilíbrio. O grupo E tem todos os elementos de um “grupo da morte” para os EUA, principalmente se considerarmos que seu setor defensivo é mais vulnerável que o de seus adversários. Ainda que debaixo das traves não falte proteção, o problema está na zaga, onde nenhuma das duplas testadas com Pope, Conrad, Berhaler, Onyewu ou Bocanegra convenceu. O técnico Bruce Arena usa um esquema 4-4-2 que permite relativa liberdade de ataque aos laterais contra adversários menos capazes. Cherundolo, pela direita, e Lewis, pela esquerda, atacam melhor do que defendem, ajudando os EUA a amealharem gols contra presas dóceis. Gana, República Tcheca e Itália não se encaixam
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Estados Unidos United States Soccer Federation www.ussoccer.com Participações em Copas: 7 (1930, 1934, 1950, 1990, 1994, 1998 e 2002) Momento memorável: a vitória por 1 a 0 sobre a Inglaterra, que então era considerada o melhor time do mundo, na Copa de 1950 Uniforme: camisa branca com uma listra vertical azul e uma vermelha, calção branco e meias brancas Na Copa 2006: grupo E, com Itália, Gana e República Tcheca CAMPANHA NAS ELIMINATÓRIAS PARA 2006 13/06/04 - EUA 20/06/04 - GRN 18/08/04 - JAM 04/09/04 - EUA 08/09/04 - PAN 09/10/04 - ELS 13/10/04 - EUA 17/11/04 - EUA 09/02/05 - TRI 27/03/05 - MEX
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38 nessa descrição, o que possivelmente levará Arena a armar seus pupilos no 4-5-1, geralmente empregado ante rivais mais fortes. Se a defesa não comprometer, a ligação com o campo adversário deve funcionar bem. Apesar de suas contusões crônicas, Reyna e O’Brien formam uma firme dupla de volantes capazes de levar a bola até os hábeis Donovan e Beasley. Ralston ou Mastroeni podem reforçar o meio-campo, possibilitando mais aproximação dos meias de ligação com o ataque, onde McBride e Twellman formam uma dupla tecnicamente correta e de boa mobilidade, ainda que incerta nas finalizações. Hejduk é um interessante coringa, com mais raça e gás que habilidade, para as laterais, zaga ou meio. Por fim, vale um parêntese para Freddy Adu. Provavelmente o nome mais famoso fora dos EUA, o jogador de 16 anos (fará 17 às vésperas do Mundial) não tem lugar garantido entre os 23 que irão à Copa. Adu tem a habilidade que falta à seleção, mas se ressente da pouca maturidade quando enfrenta profissionais tarimbados. Na seleção principal, jogou pouco e não obteve destaque. Bruce Arena é um técnico pragmático e, por isso, é provável que prefira jogadores mais rodados, em vez de sacrificar um lugar para que Adu ganhe experiência. Se o desempenho de 2002 ajudou na solidificação do futebol e da liga profissional MLS no mercado americano e, paralelamente, alçou o US Team ao rol das seleções médias que ameaçam qualquer adversário, o objetivo de galgar mais um degrau no cenário mundial deve levar ainda algumas Copas. Apesar de o time atual dos EUA ser possivelmente o melhor já montado, a competência de seus adversários imediatos não dá margem a erros. A menos que o efeito “Portugal 2002” se repita, os EUA precisarão se superar para chegar às oitavas-de-final.
A mídia vai cansar seus ouvidos ao dizer que... ...se os EUA se classificarem em segundo lugar em seu grupo, deverão ser os adversários do Brasil nas oitavas-de-final ...na Copa de 1950, a seleção americana surpreendeu o mundo ao bater a Inglaterra por 1 a 0 ...o futebol – que os americanos chamam de “soccer” – é um esporte em crescimento nos EUA ...o Kasey Keller é “cego” porque usa lentes de contato; o Tim Howard é “louco” porque tem sintomas leves da Síndrome de Tourette
Estados Unidos se parecem com... a Nação Zumbi Tem o respeito da crítica, um conjunto com qualidades, mas falta um líder para levá-lo ao primeiro escalão
Twellman: mais um que não se deu bem no futebol alemão
O ASTRO: DONOVAN Apesar do histórico de Lalas e Meola e do potencial futuro de Freddy Adu, Landon Donovan é o maior nome do futebol norte-americano. Aos 16 anos, ele foi eleito o melhor jogador do Mundial sub-17 de 1999, sendo, em seguida, contratado pelo Bayer Leverkusen. O retorno aos EUA aconteceu em 2001, ao San Jose Earthquakes, que ele conduziu aos títulos nacionais daquele ano e de 2003. Em 2005, transferiu-se para o LA Galaxy. Mais dois títulos: nacional e Copa dos EUA. Boa visão de jogo e técnica individual fazem de Donovan o ponto de ligação do contra-ataque dos EUA com a área adversária. Preciso nas finalizações, Donovan, às vezes, carece de melhor julgamento em decisões que faz em campo, seja num passe a mais em vez do chute, seja arrumando encrenca com um becão maior que os seus 1,70 m. Mesclando status de “superstar” e uma atitude “bad boy”, esse californiano representa o até há pouco impossível sonho do menino americano que gosta de futebol: se profissionalizar, ganhar dinheiro e jogar em seu país. Ah, e namorar uma bela atriz/modelo também!
A PROMESSA: TWELLMAN Taylor Twellman destacou-se no Mundial sub-20 de 1999, quando foi terceiro artilheiro. Assinou, então, com o alemão 1860 Munique, onde teve desempenho apagado. Em 2002, chegou ao New England Revolution, tornando-se vice-artilheiro da MLS. Escolhido melhor jogador americano de 2005, chamou a atenção de Bruce Arena. Ambidestro, Twellman faz muitos gols de fora da área, além de ser especialista em desarmes, pressionando a saída de bola adversária.
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A SELEÇÃO
Kevin Hartman 24/5/1974 Clube: Los Angeles Galaxy Copas: Eliminatórias: 0J / 0GS Tim Howard 6/3/1979 Clube: Manchester United (ING) Copas: Eliminatórias: 3J / 3GS Kasey Keller 29/11/1969 Clube: Borussia Mönchengladbach (ALE) Copas: 1990, 1998 e 2002 Eliminatórias: 14J / 8GS DEFENSORES Chris Albright 14/1/1979 Clube: Los Angeles Galaxy Copas: Eliminatórias: 6J / 0G Gregg Berhalter 1/8/1973 Clube: Energie Cottbus (ALE) Copas: 2002 Eliminatórias: 7J / 0G Carlos Bocanegra 25/5/1979 Clube: Fulham (ING) Copas: Eliminatórias: 11J / 1G Steve Cherundolo 29/2/1979 Clube: Hannover 96 (ALE) Copas: 2002 Eliminatórias: 7J / 0G Cory Gibbs 14/1/1980 Clube: Feyenoord (HOL) Copas: Eliminatórias: 6J / 0G Frankie Hejduk 5/8/1974 Clube: Columbus Crew Copas: 1998 e 2002 Eliminatórias: 8J / 0G Eddie Lewis 17/5/1974 Clube: Leeds (ING) Copas: 2002 Eliminatórias: 11J / 2G
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Oguchi Onyewu 13/5/1982 Clube: Standard Liège (BEL) Copas: Eliminatórias: 7J / 0G
John O’Brien 29/8/1977 Clube: Den Haag (HOL) Copas: 2002 Eliminatórias: 1J / 0G
Heath Pearce 13/8/1984 Clube: Nordsjaelland (DIN) Copas: Eliminatórias: 0J / 0G
Ben Olsen 3/5/1977 Clube: DC United Copas: Eliminatórias: 0J / 0G
Eddie Pope 24/12/1973 Clube: Real Salt Lake Copas: 1998 e 2002 Eliminatórias: 9J / 0G
Steve Ralston 14/6/1974 Clube: New England Revolution Copas: Eliminatórias: 9J / 2G
Chris Rolfe 17/1/1983 Clube: Chicago Fire Copas: Eliminatórias: 0J / 0G
Claudio Reyna 20/7/1973 Clube: Manchester City (ING) Copas: 1994, 1998 e 2002 Eliminatórias: 8J / 0G
Taylor Twellman 29/2/1980 Clube: New England Revolution Copas: Eliminatórias: 5J / 1G
ATACANTES Brian Ching 24/5/1978 Clube: Houston Dynamo Copas: Eliminatórias: 6J / 2G
Josh Wolff 25/2/1977 Clube: Kansas City Wizards Copas: 2002 Eliminatórias: 5J / 1G
Jonathan Spector 1/3/1986 Clube: Charlton (ING) Copas: Eliminatórias: 2J / 0G MEIO-CAMPISTAS Freddy Adu 2/6/1989 Clube: DC United Copas: Eliminatórias: 0J / 0G DaMarcus Beasley 24/5/1982 Clube: PSV (HOL) Copas: 2002 Eliminatórias: 13J / 4G Bobby Convey 27/5/1983 Clube: Reading (ING) Copas: Eliminatórias: 7J / 0G
Eddie Johnson 31/3/1984 Clube: Kansas City Wizards Copas: Eliminatórias: 7J / 7G Brian McBride 19/6/1972 Clube: Fulham (ING) Copas: 1998 e 2002 Eliminatórias: 14J / 4G
Marcos Delgado/EFE
GOLEIROS Marcus Hahnemann 15/6/1972 Clube: Reading (ING) Copas: Eliminatórias: 1J / 0GS
Clint Dempsey 9/3/1983 Clube: New England Revolution Copas: Eliminatórias: 7J / 0G Landon Donovan 4/3/1982 Clube: Los Angeles Galaxy Copas: 2002 Eliminatórias: 16J / 7G Pablo Mastroeni 26/8/1976 Clube: Colorado Rapids Copas: 2002 Eliminatórias: 9J / 0G Pat Noonan 2/8/1980 Clube: New England Revolution Copas: Eliminatórias: 4J / 0G
O TÉCNICO Bruce Arena assumiu os EUA após a Copa de 1998 com um objetivo simples: vencer, mesmo jogando feio. Pentacampeão nacional pela Universidade da Virgínia, Arena dirigiu a seleção olímpica em 1996 e, em seguida, o DC United, levando-o ao bicampeonato da MLS e ao título da Copa da Concacaf em 1998. Enquanto seus críticos o taxam de teimoso e cauteloso em excesso, esse novaiorquino chega a sua segunda Copa sabendo como adequar sua estratégia a seus comandados. Poucos técnicos conhecem seus jogadores tão bem como Arena, para quem a seleção dos EUA não é inferior às outras do grupo E. “Precisamos errar pouco, só isso”, alerta o recordista de vitórias no US Team.
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40 ENTREVISTA
NOME
FAMOSO NÃO PÕE A MESA Os Estados Unidos não têm nenhum Michael Jordan no futebol. Mas o técnico Bruce Arena acredita mais do que nunca que o seu elenco pode causar dores de cabeça
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por Mike Woitalla
m 1998, o pior time da Copa do Mundo era o dos Estados Unidos. Quatro anos depois de receber o evento, os EUA tomaram uma piaba até mesmo do modesto Irã e acabaram a Copa segurando a lanterna. Foi um murro na boca do orgulho americano, que não gosta de perder nem em torneio de xadrez infantil. Quem juntou os cacos desse quadro foi o técnico Bruce Arena. Na Copa passada, ele mostrou serviço, e sua seleção, uma sensível evolução. O US Team passou uma rasteira em Portugal e chegou até as quartas-de-final, limando do torneio também o rival local México, com um futebol bastante decente. E – quem diria – a equipe chega ao Mundial da Alemanha como a quinta melhor do mundo, segundo o ranking da Fifa. Com o moral alto na sua federação, Arena credita a evolução visível à continuidade, admite limitações, mas não coloca a viola no saco antes do torneio começar. “Se todos os meus jogadores estiverem em boas condições físicas, temos como mostrar que um time não se resume ao nome de seus jogadores”, comenta o técnico, na entrevista a seguir, publicada originalmente pela revista Soccer America e cedida com exclusividade à Trivela.
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O que falta para seu time jogar da maneira que você considera ideal? Sei que todo mundo quer ver futebol bonito, mas o foco principal da seleção, especialmente neste ponto da preparação, são resultados. Esse conceito de jogar bonito para alegrar a torcida parece bacana, mas você já assistiu a algum jogo das eliminatórias por aí para ver como é? São partidas duras e geralmente não tão interessantes quanto as entre clubes. Há muito mais em jogo. O nível de dificuldade costuma ser maior. Por exemplo: qual o time que você mais gosta de ver jogar? Brasil. E por que isso? Eles têm os melhores jogadores. Esse é o ponto. É por isso que eles conseguem, como seleção, um futebol de alto nível em mais ocasiões. Eles têm os melhores jogadores. E quais são os pontos fortes do seu time? Acho que o espírito de equipe. Não havia nenhum jogador americano na lista dos 30 melhores do mundo elaborada pela Fifa. Acho que nossa principal qualidade é sermos uma equipe forte. Se estivermos em boas condições físicas, dá para ver que um time não se resume ao nome de seus jogadores. Desde que assumi o cargo,
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não consegui ter todos os jogadores à disposição em tempo integral. Se algum dia isso tivesse acontecido, tenho certeza de que essa situação seria um pouco diferente. Ainda assim, acho que nossa força sempre foi jogar em grupo, ter uma boa mentalidade como equipe e entender quais são nossos objetivos. Quais as posições em que os Estados Unidos levam vantagem e em quais o time sente falta de jogadores? Isso muda toda hora. Anos atrás, tínhamos um monte de zagueiros. No momento, trata-se de um setor em que temos algumas limitações. Quando estamos com força máxima, temos um bom grupo de defensores e talvez também alguns bons atacantes, mas não me lembro quando foi a última vez que vimos Eddie Johnson e Brian McBride jogarem juntos. Curiosamente, temos várias opções de meias-esquerdas. Tempos atrás, tínhamos um bom número de meias-direitas competentes, especialmente quando Cobi Jones e Earnie Stewart estavam no auge. Ultimamente, porém, há poucas alternativas. Como você compara a safra de jogadores atual à de quatro anos atrás? Eu diria que temos mais opções. O que realmente quero é ver o que acontece no período que antecede a Copa para avaliar quem pode ser incorporado à lista. A questão que está para ser respondida
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é se a qualidade também melhorou. Mas, certamente, temos um número maior de jogadores, que torna a competição maior dentro do grupo. Em janeiro, quando ficamos concentrados para uma série de treinamentos, levei 28 jogadores e podia ter levado outros 28. Porém, precisamos traçar limites e tomar decisões. Posso dizer que temos um grupo forte de atletas num nível alto, mas, para fazer algo mais significativo numa Copa do Mundo, preciso que eles melhorem o nível em relação ao estágio atual. Esse é nosso objetivo na fase final de preparação – ver se alguns jogadores conseguem surgir ou melhorar o nível um pouco para garantir seus lugares na lista final. Há algo que você aprendeu na preparação para a última Copa que lhe encorajou a fazer mudanças, desta vez? Em geral, fizemos grandes acertos. Não há muito que eu tenha feito que eu olhe para trás e diga que não faria de novo. Não consigo me lembrar de algo de que me arrependa. Talvez a escolha dos jogadores, saber de antemão quais os desafios de um Mundial. Ou então fazer um ou outro ajuste no nosso elenco baseado no que vi em 2002. Seu contrato chega ao fim após a Copa. O que determinará se você continuará no comando da seleção americana depois de julho de 2006? Enquanto não houver uma proposta, não dá para responder isso.
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42 HISTÓRIA
ELES ERAM OS
MELHORES Em 1974, a Holanda apresentou um time que encantou o mundo, mas foi freado pela displicência e por uma Alemanha talentosa e determinada Staff/AFP/Getty Images
Beckenbauer: “Cruyff foi melhor do que eu, mas eu ganhei a Copa”
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por Cassiano Ricardo Gobbet
Holanda é o único país da elite do futebol mundial que jamais venceu uma Copa do Mundo. A única conquista internacional relevante da Oranje é a Eurocopa de 1988, mas certamente não é daí que vem o status de superpotência que a seleção laranja tem. Vem, isso sim, da devastadora performance durante a Copa de 1974, na qual, apesar da derrota na final, foi unanimemente considerada a melhor seleção do torneio. Não só a melhor. Aquela Holanda é até hoje considerada o ideal de futebol a ser jogado. Não só de futebol ofensivo. De futebol. O time comandado por Johan Cruyff e Rinus Michels não queria só o gol, mas visava uma completa dominação do adversário em todos os momentos, sufocando-o desde o primeiro instante.
O show tinha começado bem antes da Copa A Holanda de 1974 foi a elevação em nível internacional de um jogo que já tinha varrido a Europa nos anos anteriores. Quando a Copa do Mundo começou, o Ajax acabara de ceder a coroa européia ao Bayern de Munique, depois de três títulos consecutivos. Johan Cruyff sucedera Pelé no posto de melhor jogador do mundo, e o planeta ainda se extasiava com o rolo compressor que Michels tinha reconstruído na seleção, à imagem de seu Ajax. Para se ter uma idéia do elenco disponível para Michels, vale trazer à memória algo de que pouca gente se lembra: imediatamente antes do tricampeonato europeu do Ajax, o Feyenoord tinha vencido a Copa dos Campeões. O insucesso internacional da Holanda até então era inexplicável, com tanto talento.
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PROTAGONISTAS JOHAN CRUYFF: o regente da orquestra; rodava pelo campo matando seus marcadores. Tecnicamente perfeito, ditava o ritmo do jogo. ARIE HAAN: foi para a zaga por uma sacada de Rinus Michels. Sua habilidade tornava o jogo holandês ainda mais dinâmico. JAN JONGBLOED: o goleiro atuava muito adiantado, diminuindo os espaços dos adversários e jogando freqüentemente com os pés. RUUD KROL: era um dos armadores do time, mesmo atuando na lateral-esquerda. Cobria toda a faixa do campo e ainda tinha força e inteligência para se deslocar. Foi um dos maiores de todos os tempos na posição. JOHAN NEESKENS: não brilhava como Cruyff, mas era tão importante quanto ele. Incansável, garantia o combate no meio-campo. Descendo ao ataque, era igualmente habilidoso. RINUS MICHELS: o “General” disciplinava com punho de ferro seus jogadores. “São como soldados; futebol é guerra”, dizia.
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QUASE NÃO DEU Apesar da Copa inesquecível, a Holanda quase não se classificou para o torneio. Em um grupo com Islândia e Noruega – que, na época, não representava perigo –, a única ameaça à vaga era a Bélgica. Só que a Oranje tinha que vencer os outros dois adversários, o que quase não aconteceu. A vitória contra a Noruega, em Oslo, só saiu a dois minutos do final, com um gol do defensor Hullshoff. Holanda e Bélgica empataram em 0 a 0, em Antuérpia, e, na última partida da qualificação, decidiram a vaga em Amsterdã. A Holanda levava vantagem no saldo de gols, mas quase ficou fora: os visitantes tiveram um gol anulado injustamente e foram eliminados sem sofrer nenhum gol nas eliminatórias.
Rinus Michels era técnico do Barcelona quando foi chamado para comandar a Oranje nas eliminatórias. Seu antecessor, o tcheco Frantisek Fadrhonc, manteve oficialmente o cargo, mas quem mandava era mesmo Michels. Com ele, a Holanda conseguiu a vaga para a Copa, ainda que numa campanha dificílima (ver acima).
Tentando explicar o inexplicável Já se tentou explicar o esquema tático da Holanda inúmeras vezes, mas, provavelmente, o maior responsável por dobrá-lo na final de 1974, Franz Beckenbauer, tenha dado a melhor definição. “Era mais a força do elemento-surpresa do que uma fórmula mágica”, disse o capitão alemão, em entrevista depois da Copa. “Custou para alguém vencê-los porque ninguém entendia como eles jogavam, mas não tinha tática nenhuma. Era um grupo de jogadores brilhantes com uma bola”. O sutil desdém do “Kaiser” é ácido, mas tem fundamento. Teoricamente, Michels usava um 4-3-3, mas o que fazia a diferença é como ele montava esse esquema. O goleiro Jongbloed jogava adiantado, quase como líbero; a zaga central tinha um meia ofensivo (Haan) e um lateral-direito (Rijsbergen, então com 22 anos), enquanto os laterais Suurbier e Krol eram praticamente dois armadores. Na frente, Cruyff era o centroavante, mas distribuía o jogo de todas as posições. Tente colocar isso no papel e você terá um monte de riscos. No campo, era uma máquina azeitada. Como disse o “Kaiser”, eram “jogadores brilhantes e uma bola”. Para Ruud Krol, o preparo físico era fundamental. “Se você tiver de correr 50 metros e voltar para sua posição, você se cansa; por isso, quando
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alguém saía, o mais próximo assumia seu lugar”. Assim, o lateralesquerdo descia ao ataque, mas o volante ficava no seu posto. O jogo tinha uma obsessão pela posse de bola. “Ficávamos com a bola no pé por oito, nove minutos consecutivos”, lembra o ponta Rob Rensembrink. “Só pensávamos em fazer gols. Assim, mantínhamos o adversário longe do nosso campo”. A observação do elegante Rensenbrink ilustra outro ponto-chave: a pressão instensa no campo do rival. Ela fazia com que o time pudesse jogar sem um homem na sobra. O risco valia a pena. A Holanda fazia mais da metade de seus gols em jogadas próximas à área do rival, que não tinha tempo para respirar. E como isso era possível? “Aquele futebol foi possível por causa de um grupo de jogadores muito inteligentes e talentosos”, analisa David Winner, jornalista inglês obcecado com o futebol da Oranje. “Krol, Suurbier, Neeskens, Van Hanegem, Rep, Rensenbrink, além de Cruyff. Naquele time, muitos tinham personalidade e eram jogadores espetaculares”. “Então por que perdeu?” Como tantos outros times mágicos, a Holanda de Cruyff parou numa Alemanha mecanicamente determinada. A seleção anfitriã tinha um timaço e, assim como tinha feito contra a Hungria, em 1954, estudou cuidadosamente o adversário antes da final. “Os alemães venceram jogando muito bem, e a Holanda perdeu para a sua própria arrogância”, diz Winner. “O primeiro gol holandês na final saiu sem que a Alemanha tocasse na bola”, lembra. “Eles (os holandeses) achavam que poderiam vencer a qualquer momento. E não era assim”. Que pena.
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ESCOLINHA DO PROFESSOR VAN BASTEN
Ex-craque da Holanda passa a régua na geração de Seedorf e aposta numa nova safra de talentos para conseguir colocar a Holanda no topo do mundo
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por Cassiano Ricardo Gobbet
uando a Holanda foi eliminada pela República Tcheca, na Euro-2004, ficou no ar a sensação de que mais uma geração de bons jogadores tinha ficado sem um título. Seedorf, Davids, Kluivert e Stam, dentre vários outros, não chegaram a mostrar com a Oranje o futebol que apresentavam em seus clubes. Quando o ex-craque Marco van Basten assumiu o comando da seleção, o dilema era exatamente esse: manter os medalhões ou abrir as portas a uma nova geração. E ele decidiu pela segunda opção. A decisão de Van Basten foi seriamente influenciada pela sua determinação de construir um grupo forte, em que os jogadores acatassem as decisões e trabalhassem para o resultado coletivo, deixando de lado estrelismos. Foi uma maneira, também, de tentar impor disciplina a um grupo historicamente muito rebelde. Desde que Cruyff se recusou a jogar com a marca do patrocinador da seleção, em 1974, os jogadores holandeses têm um histórico de aversão à hierarquia na seleção, e brigas, discussões e intrigas foram problemas comuns para os últimos treinadores. O holandês certamente foi influenciado por Arrigo Sacchi, seu técnico no Milan, que costumava dizer aos jogadores: “Se você não for Maradona, tem de me obedecer”. Que fique bem claro, no entanto, que Van Basten pode ter perdido em experiência, mas tem jogadores talentosíssimos a sua disposição. No gol, uma das poucas exceções à renovação. Com 35 anos, Edwin van der Sar vive o melhor momento técnico de sua carreira, aliando
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Holanda Koninklijke Nederlandse Voetbalbond www.knvb.nl Participações em Copas: 7 (1934, 1938, 1974, 1978, 1990, 1994 e 1998) Momento memorável: a Copa de 1974, quando o Carrossel Holandês encantou o mundo Uniforme: camisa laranja, calção branco e meias azuis Na Copa de 2006: grupo F, com Argentina, Costa do Marfim e Sérvia e Montenegro
CAMPANHA NAS ELIMINATÓRIAS PARA 2006 08/09/04 - HOL 2x0 09/10/04 - MAC* 2x2 13/10/04 - HOL 3x1 17/11/04 - AND 0x3 26/03/05 - ROM 0x2 30/03/05 - HOL 2x0 04/06/05 - HOL 2x0
TCH HOL FIN HOL HOL ARM ROM
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*Macedônia
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46 Nistelrooy chega a sua primeira Copa em baixa
A mídia vai cansar seus ouvidos ao dizer que...
Laurent Gillieron/EPA
...a Holanda teve uma grande seleção em 1974 ...Romário e Ronaldo foram ídolos do PSV ...o técnico da Holanda, Marco van Basten, foi um grande jogador ...a seleção holandesa nunca venceu uma Copa do Mundo, apesar da “tradição”
visão, comando, posicionamento e frieza para liderar o setor da seleção que é mais pressionado pela postura ofensiva do seu futebol. Além do goleiro do Manchester United, titular e capitão, a Holanda deve ter também Henk Timmer, do AZ, como segundo goleiro, indicando a opção do treinador por priorizar a experiência na posição. Na defesa, Van Basten testou muitos jogadores, mas alguns nomes parecem certos. Hedwiges Maduro (Ajax), Khalid Boulahrouz (Hamburg) e Giovanni van Bronckhorst (Barcelona) atuaram na maior parte das eliminatórias, deixando uma vaga na lateral-direita. Jan Kromkamp (Liverpool), Barry Opdam, Denny Landzaat (AZ) e Wilfried Bouma (Aston Villa) também têm boas chances de serem convocados. O esquema mais utilizado pelo treinador foi o 4-3-3. Van Basten não usa um volante fixo, e o trabalho de marcação acaba sendo feito por jogadores mais leves. O experiente Phillip Cocu é o regente do setor, com os talentosos Van der Vaart e Sneijder mais soltos. Uma opção estudada pelo treinador é o encaixe de Edgar Davids pela esquerda, dando mais força física, sem comprometer o passe. No ataque, o centroavante é Ruud van Nistelrooy, artilheiro do time nas eliminatórias. Ele é apoiado por Dirk Kuyt, do Feyenoord, que se sacrifica para abrir espaços para o atacante do Manchester United. Mais aberto pelas pontas, Arjen Robben é o encarregado de puxar os marcadores para as beiradas do campo e buscar a linha de fundo. Além dos prováveis titulares, Van Basten tem nomes de sobra para escolher seu time. Robin van Persie, Nigel de Jong, Roy Makaay e Mark van Bommel são algumas das opções de luxo de que o treinador pode dispor, tornando as possibilidades táticas muito variadas. O ponto fraco do time é a inexperiência. Só quatro titulares têm mais de 24 anos. O resultado é que a Holanda perde a concentração em partidas sem maiores dificuldades e, não raro, cria problemas para si. Aliás, isso acontece normalmente. Ensinar os garotos a tomar outro rumo é o desafio de Van Basten.
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Holanda se parece com... Rubens Barrichello No início da temporada, é cercada de grandes expectativas, mas, sempre que começa a ir bem, aparece um alemão pela frente
O ASTRO: VAN NISTELROOY O sucesso da Holanda passa pelos pés de Ruud van Nistelrooy. O atacante do Manchester United é um dos jogadores de quem se espera muito para a Copa. Van Nistelrooy não tem a técnica de um Ronaldinho Gaúcho, mas marca constantemente gols decisivos para os Red Devils. Na Holanda, o jogador tem o ataque trabalhando para si. Não que ele fique esperando a bola na boca do gol, como Romário, mas, dentro do esquema, é ele quem aparece mais freqüentemente no meio da área em condições de concluir. E isso ele sabe fazer. Ótimo finalizador com os pés e pelo alto, o melhor de Van Nistelrooy é quando ele recebe a bola de frente para o gol. Mesmo marcado, o holandês encontra um jeito de arrematar com força e precisão. O maior desafio do jogador será chegar à Copa na sua melhor forma. Na atual temporada, Van Nistelrooy não teve um grande desempenho e chegou a esquentar o banco de reservas para o francês Louis Saha em várias oportunidades, inclusive na final da Copa da Liga Inglesa, a única decisão do clube em 2006. Por outro lado, o menor número de jogos faz com que aumentem as chances de o atleta não chegar exausto à competição.
A PROMESSA: BABEL A eterna fábrica de craques do Ajax não pára e, na Copa da Alemanha, a promessa se chama Ryan Babel. Rápido e inteligente, Babel conseguiu sua primeira convocação quando tinha disputado somente dois jogos como titular no Ajax. E não desapontou. Babel é atacante, mas gosta de chegar à área trazendo a bola desde o meio-campo. Deve ser o nome mais novo na lista da Holanda, com somente 19 anos. O Ajax está fazendo de tudo para prolongar seu contrato, que vai até 2007, mas o assédio de clubes italianos está forte.
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A SELEÇÃO
Henk Timmer 3/12/1971 Clube: AZ Copas: Eliminatórias: 0J / 0GS Edwin van der Sar 29/10/1970 Clube: Manchester United (ING) Copas: 1994 e 1998 Eliminatórias: 12J / 3GS Edwin Zoetebier 7/5/1970 Clube: PSV Copas: Eliminatórias: 0J / 0GS DEFENSORES Khalid Boulahrouz 28/12/1981 Clube: Hamburg (ALE) Copas: Eliminatórias: 7J / 0G Wilfried Bouma 15/6/1978 Clube: Aston Villa (ING) Copas: Eliminatórias: 2J / 1G
Mario Melchiot 4/11/1976 Clube: Birmingham (ING) Copas: Eliminatórias: 2J / 0G
Phillip Cocu 29/10/1970 Clube: PSV Copas: 1998 Eliminatórias: 8J / 4G
Arjen Robben 23/1/1984 Clube: Chelsea (ING) Copas: Eliminatórias: 6J / 2G
André Ooijer 11/7/1974 Clube: PSV Copas: 1998 Eliminatórias: 2J / 0G
Edgar Davids 13/3/1973 Clube: Tottenham (ING) Copas: 1998 Eliminatórias: 4J / 0G
Wesley Sneijder 9/6/1984 Clube: Ajax Copas: Eliminatórias: 7J / 2G
Barry Opdam 27/2/1975 Clube: AZ Copas: Eliminatórias: 6J / 1G Giovanni van Bronckhorst 5/2/1975 Clube: Barcelona (ESP) Copas: 1998 Eliminatórias: 10J / 0G MEIO-CAMPISTAS Romeo Castelen 3/5/1983 Clube: Feyenoord Copas: Eliminatórias: 5J / 1G
Nigel de Jong 30/11/1984 Clube: Hamburg (ALE) Copas: Eliminatórias: 7J / 0G Denny Landzaat 6/5/1976 Clube: AZ Copas: Eliminatórias: 10J / 0G Theo Lucius 19/12/1976 Clube: PSV Copas: Eliminatórias: 3J / 0G
Marcel Antonisse/EPA
GOLEIROS Maarten Stekelenburg 22/9/1982 Clube: Ajax Copas: Eliminatórias: 0J / 0GS
Mark van Bommel 22/4/1977 Clube: Barcelona (ESP) Copas: Eliminatórias: 6J / 0G Rafael van der Vaart 11/2/1983 Clube: Hamburg (ALE) Copas: Eliminatórias: 9J / 2G ATACANTES Ryan Babel 19/12/1986 Clube: Ajax Copas: Eliminatórias: 3J / 1G Dirk Kuyt 22/7/1980 Clube: Feyenoord Copas: Eliminatórias: 11J / 3G
Tim de Cler 8/11/1978 Clube: AZ Copas: Eliminatórias: 1J / 0G
Roy Makaay 9/3/1975 Clube: Bayern de Munique (ALE) Copas: Eliminatórias: 4J / 0G
John Heitinga 15/11/1983 Clube: Ajax Copas: Eliminatórias: 4J / 0G
Pierre van Hooijdonk 29/11/1969 Clube: Feyenoord Copas: 1998 Eliminatórias: 3J / 2G
Jan Kronkamp 17/8/1980 Clube: Liverpool (ING) Copas: Eliminatórias: 4J / 0G
Ruud van Nistelrooy 1/7/1976 Clube: Manchester United (ING) Copas: Eliminatórias: 10J / 7G
Hedwiges Maduro 13/2/1985 Clube: Ajax Copas: Eliminatórias: 7J / 0G Joris Mathijsen 5/4/1980 Clube: AZ Copas: Eliminatórias: 3J / 0G
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O TÉCNICO Poucos treinadores podem se dar ao luxo de iniciar a carreira na seleção nacional. Marco van Basten nunca dirigiu um time profissional, e sua experiência se limita às divisões de base do Ajax. Na Oranje, seu braço direito é John van’t Schip, que era auxiliar de Koeman no clube de Amsterdã. O que se diz é que a parte técnica fica com Van’t Schip, cabendo a Van Basten a parte “política”. Van Basten foi o escolhido com o aval de Johan Cruyff, sem o apoio de quem nenhum treinador tem sossego.
Robin van Persie 8/8/1983 Clube: Arsenal (ING) Copas: Eliminatórias: 6J / 1G Jan Vennegoor of Hesselink 7/11/1978 Clube: PSV Copas: Eliminatórias: 3J / 0G
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48 PERFIL
A NOVA GERAÇÃO DE
OURO Nova safra de jogadores talentosos tem condições de fazer a Croácia voltar a brilhar
N
por Ricardo Espina
o primeiro Mundial do qual participou, em 1998, a Croácia conquistou o terceiro lugar graças a uma geração de jogadores talentosos. Zvonimir Boban, Robert Prosinecki e Davor Suker foram os principais destaques da equipe nos gramados franceses, com um estilo de jogo baseado na habilidade e criatividade. Porém, quatro anos mais tarde, a seleção deu vexame ao apostar mais uma vez em diversos daqueles rostos. O resultado foi ruim: eliminação logo na primeira fase. Em 2002, a seleção passou por um momento de transição. Jogadores já consagrados se despediam do time, enquanto o embrião para 2006 tomava corpo com a chegada de novos nomes. Foram necessárias algumas decepções, como a fraca campanha na última Eurocopa (caiu na primeira fase), para que o time pudesse crescer e aprendesse a lidar com a pressão. O resultado foi o surgimento de uma nova safra de excelentes jogadores, principalmente no meio-campo e no ataque. Com o intuito de fortalecer o espírito coletivo, o treinador Zlatko Kranjcar chamou poucos jogadores para a disputa das eliminatórias. Houve espaço para uma ou outra observação nos amistosos, como na disputa da Carlsberg Cup. A Croácia foi uma das poucas seleções a se classificar de forma invicta para o Mundial. Venceu sete (incluindo dois triunfos sobre os suecos) das dez partidas em seu grupo e deu-se ao luxo de em-
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Croácia Hrvatski Nogometni Savez www.hns-cff.hr Participações em Copas: 2 (1998 e 2002) Momento memorável: a vitória sobre a Alemanha nas quartas-de-final da Copa de 1998 Uniforme: camisa quadriculada em vermelho e branco, calção branco e meias brancas Na Copa 2006: grupo F, com Brasil, Austrália e Japão
CAMPANHA NAS ELIMINATÓRIAS PARA 2006 04/09/04 – CRO 08/09/04 – SUE 09/10/04 – CRO 26/03/05 – CRO 30/03/05 – CRO 04/06/05 – BUL
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HUN CRO BUL ISL MLT* CRO
03/09/05 – ISL 1x3 07/09/05 – MLT 1x1 08/10/05 – CRO 1x0 12/10/05 – HUN 0x0
CRO CRO SUE CRO
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Karl Azzoparadi/EFE
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Kranjcar é o único titular que ainda atua em casa
Croácia se parece com... Jacob Dylan A mídia vai cansar seus ouvidos ao dizer que... ...a Croácia de Suker e Boban surpreendeu o mundo ao ficar em terceiro na Copa de 1998 ...Nico Kranjcar só está na equipe porque é filho do técnico ...a Croácia tem entre seus jogadores diversos “estrangeiros”, incluindo um “brasileiro”
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É boa-pinta, provou ter qualidades, mas não consegue fugir às comparações com seu pai
patar, na última rodada, com a Hungria, quando já estava com a vaga para a Copa garantida. A defesa foi um dos pontos-chave da excelente campanha: levou apenas cinco gols em dez partidas. A Croácia atua num 3-5-2, com Nico Kranjcar responsável pela armação. No ataque, Dado Prso é a referência. O atacante do Rangers marcou cinco gols nas eliminatórias, e nem mesmo uma contusão muscular foi capaz de atrapalhá-lo na seleção. Ao lado dele joga Ivan Klasnic, que tem se destacado pelas atuações no Werder Bremen, mostrando-se um jogador veloz e bom cabeceador. Apesar de fazer gols com facilidade, ele não repete nos Vatreni (algo como “Ardentes” no idioma croata) o mesmo desempenho do clube alemão. Para piorar, Klasnic teme perder espaço na seleção após discutir com Thomas Schaaf, treinador do Werder Bremen, e ser relegado à reserva no clube. Outro ponto forte da seleção está nos alas. Tanto Marko Babic, pela esquerda, como Darijo Srna, pela direita, apóiam o ataque com grande freqüência e sempre buscam Prso nos cruzamentos. Mas quem realmente leva mais perigo é Srna. Tanto no Shakhtar Donetsk como na seleção, ele marca vários gols por conta de sua habilidade nas cobranças de falta. Enfrentar a defesa croata não tem sido uma tarefa fácil para os adversários. Nas eliminatórias, a equipe não levou gols em seis das dez partidas. Robert Kovac comanda o setor e aproveita a experiência para transmitir segurança aos companheiros. Quem destoa do restante da equipe é Tomislav Butina. O goleiro titular tem cometido algumas falhas e sofre com as críticas da imprensa local, que exige a substituição dele por Stipe Pletikosa. O primeiro adversário do Brasil na Copa entrará em campo sem medo. No amistoso contra a Argentina, em março, quando derrotaram os sul-americanos por 3 a 2, os croatas deram uma demonstração de que irão à Alemanha para provar que estão por cima novamente. Quem subestimá-los será surpreendido.
O ASTRO: PRSO Prso nunca foi um exemplo de classe ou de extrema habilidade. Porém, possui uma qualidade indispensável: ele resolve. Sabe se colocar no lugar certo, na hora certa. Tem no jogo aéreo uma de suas principais virtudes, sendo o alvo para os cruzamentos de Srna e Babic. Por conta da instabilidade política na antiga Iugoslávia, Prso mudou-se para a França. Andou por clubes de divisões inferiores até chegar ao Monaco, em 1999. Demorou quase três anos para que o atacante finalmente brilhasse. Ele foi um dos maiores responsáveis pela campanha da equipe na Liga dos Campeões, em 2003/4, quando foi vice-campeã. Transferiu-se para o Rangers, mas uma contusão no joelho o impediu de manter a regularidade.
A PROMESSA: KRANJCAR Considerado como o sucessor de Robert Prosinecki, Kranjcar é o único titular da Croácia que joga no país. Nascido na Áustria, o meia era considerado, aos 16 anos, a maior promessa do futebol croata. Apesar da juventude, mostrou maturidade para não ser prejudicado pelo obaoba e provou ter méritos para defender os Vatreni. Dono de excelente visão de jogo, controle de bola e força física, Nico se destacou nas seleções de base e chega à Alemanha para comprovar seu talento.
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A SELEÇÃO GOLEIROS Tomislav Butina 30/3/1974 Clube: Club Brugge (BEL) Copas: 2002 Eliminatórias: 8J / 3GS Jozef Didulica 14/10/1977 Clube: Áustria Viena (AUT) Copas: Eliminatórias: 0J / 0GS Stipe Pletikosa 8/1/1979 Clube: Hajduk Split Copas: 2002 Eliminatórias: 2J / 2GS
Igor Tudor 16/4/1978 Clube: Siena (ITA) Copas: 1998 Eliminatórias: 8J / 2G
Jerko Leko 9/4/1980 Clube: Dínamo Kiev (UCR) Copas: Eliminatórias: 7J / 0G
Sasa Bjelanovic 11/6/1979 Clube: Ascoli (ITA) Copas: Eliminatórias: 0J / 0G
MEIO-CAMPISTAS Marko Babic 21/1/1981 Clube: Bayer Leverkusen (ALE) Copas: Eliminatórias: 9J / 1G
Zoran Mamic 30/9/1971 Clube: Dínamo Zagreb Copas: 1998 Eliminatórias: 0J / 0G
Ivan Klasnic 29/1/1980 Clube: Werder Bremen (ALE) Copas: Eliminatórias: 8J / 0G
Ivica Banovic 2/8/1980 Clube: Nuremberg (ALE) Copas: Eliminatórias: 1J / 0G
DEFENSORES Marijan Buljat 12/9/1981 Clube: Dínamo Zagreb Copas: Eliminatórias: 0J / 0G
Ivan Bosnjak 6/2/1979 Clube: Dínamo Zagreb Copas: Eliminatórias: 6J / 0G
Robert Kovac 6/4/1974 Clube: Juventus (ITA) Copas: 2002 Eliminatórias: 8J / 0G
Niko Kovac 15/10/1971 Clube: Hertha Berlim (ALE) Copas: 2002 Eliminatórias: 9J / 2G
Mato Neretljak 3/6/1979 Clube: Suwon Bluewings (COR) Copas: Eliminatórias: 0J / 0G
Niko Kranjcar 13/8/1984 Clube: Hajduk Split Copas: Eliminatórias: 9J / 2G
Anthony Seric 15/1/1979 Clube: Panathinaikos (GRE) Copas: 1998 e 2002 Eliminatórias: 2J / 0G
Ivan Leko 7/2/1978 Clube: Club Brugge (BEL) Copas: Eliminatórias: 3J / 0G
Luka Modric 9/9/1985 Clube: Dínamo Zagreb Copas: Eliminatórias: 0J / 0G Daniel Pranjic 2/12/1981 Clube: Heerenveen (HOL) Copas: Eliminatórias: 0J / 0G Darijo Srna 1/5/1982 Clube: Shakhtar Donetsk (UCR) Copas: Eliminatórias: 9J / 5G Jurica Vranjes 31/1/1980 Clube: Werder Bremen (ALE) Copas: 2002 Eliminatórias: 5J / 0G ATACANTES Bosko Balaban 15/10/1978 Clube: Club Brugge (BEL) Copas: 2002 Eliminatórias: 5J / 2G
Ivica Mornar 12/1/1974 Clube: Portsmouth (ING) Copas: Eliminatórias: 1J / 0G Ivica Olic 14/9/1979 Clube: CSKA Moscou (RUS) Copas: 2002 Eliminatórias: 5J / 0G Mladen Petric 1/1/1981 Clube: Basel (SUI) Copas: Eliminatórias: 0J / 0G Dado Prso 5/11/1974 Clube: Rangers (ESC) Copas: Eliminatórias: 9J / 5G Eduardo da Silva 25/02/1983 Clube: Dínamo Zagreb Copas: Eliminatórias: 0J / 0G
Dario Simic 12/11/1975 Clube: Milan (ITA) Copas: 2002 Eliminatórias: 4J / 0G Josip Simunic 18/2/1978 Clube: Hertha Berlim (ALE) Copas: 2002 Eliminatórias: 8J / 1G
Stjepan Tomas 6/3/1976 Clube: Galatasaray (TUR) Copas: 2002 Eliminatórias: 5J / 0G
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Vassil Donav/EFE
Mario Tokic 23/7/1975 Clube: Áustria Viena (AUT) Copas: Eliminatórias: 5J / 0G
O TÉCNICO Antes de assumir o cargo, Zlatko Kranjcar contava com o respeito da opinião pública por conta de seu currículo como jogador. Ele atuava no ataque e foi um dos atletas mais populares da antiga Iugoslávia, nas décadas de 70 e 80. O treinador entrou no lugar de Otto Baric logo depois da eliminação da Eurocopa, em 2004, e conseguiu montar um bom time. Conhecido por ser bem-humorado e pela personalidade calma, “Cico” disciplina seus jogadores com muita conversa.
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Jorge Adorno/Reuters
PERFIL
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A ZAGA NÃO É MAIS A MESMA Embora o ataque do Paraguai tenha melhorado, os problemas da defesa tornam o time mais frágil que o de 1998
A
por Ubiratan Leal
campanha de 1998 foi marcante para o Paraguai. A seleção passou pelo considerado “grupo da morte” (com Espanha, Nigéria e Bulgária), caiu diante da anfitriã França apenas na morte súbita e tinha um padrão tático que se tornou referência para o futebol do país. No entanto, já se passaram oito anos, muita coisa mudou, e o time ainda carrega aquela imagem. Por exemplo, a maior parte dos talentos da Albirroja (como os paraguaios chamam sua seleção) não está mais na defesa. E o principal desafio do técnico Aníbal Ruiz é justamente dar novas feições à seleção antes do Mundial. Os paraguaios ainda têm, em teoria, um estilo de jogo semelhante ao de 1998, por mais que tenham deixado o 3-5-2 de lado para adotar um 4-4-2 tradicional. A defesa tenta se fechar e assimilar o assédio do adversário, apostando em estratégias simples no setor ofensivo, como o contra-ataque rápido ou bolas cruzadas na área. É isso o que quase todo o mundo espera da seleção paraguaia, mas esse estilo vai contra o equilíbrio de talentos do atual elenco. Por mais que Gamarra seja o capitão e uma referência, a concentração de destaques começa a migrar para o meio-campo e o ataque. Se, na Copa da França, Paulo César Carpegiani era obrigado a contar com o meia Benítez improvisado como principal homem de frente, Aníbal Ruiz já tem à disposição o veterano Cardozo (reserva em 1998), Santa Cruz, Haedo Valdéz e Cuevas. Além de opções como Dante López e “El Tigre” Ramírez. No meio-campo, Dos Santos, meia do Bayern de Munique, já aparece como maior promessa do futebol guarani e faz companhia aos experientes Paredes e Gavilán. Por outro lado, o setor defensivo ainda não tem um substituto eficiente para Arce e um parceiro à altura de Gamarra – uma ne-
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Paraguai Asociación Paraguaya de Fútbol www.apf.org.py Participações em Copas: 6 (1930, 1950, 1958, 1986, 1998 e 2002) Momento memorável: vitória por 3 a 1, contra a Nigéria, em 1998, que assegurou a classificação para as oitavasde-final, mesmo enfrentando o “grupo da morte” Uniforme: camisa listrada branca e vermelha, com calção azul e meias brancas Na Copa 2006: grupo B, com Inglaterra, Trinidad e Tobago e Suécia
CAMPANHA NAS ELIMINATÓRIAS PARA 2006 06/09/03 – PER 10/09/03 – PAR 15/11/03 – PAR 18/11/03 – CHI 31/03/04 – PAR 01/06/04 – BOL 06/06/04 – ARG 05/09/04 – PAR 09/10/04 – COL
4x1 4x1 2x1 0x1 0x0 2x1 0x0 1x0 1x1
PAR URU EQU PAR BRA PAR PAR VEN PAR
13/10/04 – PAR 1x1 17/11/04 – URU 1x0 27/03/05 – EQU 5x2 30/03/05 – PAR 2x1 05/06/05 – BRA 4x1 08/06/05 – PAR 4x1 03/09/05 – PAR 1x0 08/10/05 – VEN 0x1 12/10/05 – PAR 0x1
PER PAR PAR CHI PAR BOL ARG PAR COL
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54 A mídia vai cansar seus ouvidos ao dizer que...
Paraguai se parece com... Amélie Poulain Sabe bem o que quer e poderia ser mais ousada, mas prefere ficar na defensiva para ver se o outro lado toma a iniciativa
...o Paraguai é bom na defesa, mas não tem atacantes bons ...nos últimos anos, o Paraguai assumiu o posto de terceira força da América do Sul ...mesmo veterano, Gamarra ainda é o melhor jogador da seleção paraguaia ...em 1998, Gamarra ficou a Copa inteira sem cometer uma única falta
cessidade premente, porque o zagueiro do Palmeiras já não tem a mesma vitalidade que o eternizou como “o zagueiro que passou uma Copa sem cometer faltas”. Menos mal que, no gol, Aníbal Ruiz tem alternativas para o fantasma deixado por Chilavert. Villar ganhou a confiança do treinador e consolidou-se como titular durante as eliminatórias. Sem falar que Cárdenas, Gómez e o veterano Bobadilla apresentam-se como boas opções. É difícil não perceber que o time está desbalanceado. O esquema de jogo dá importância maior ao setor que tem mostrado mais instabilidade nos últimos meses (a defesa), enquanto o ataque sofre com a escassez de jogadas ou estratégias ofensivas que tirem total proveito de seu potencial. O Paraguai não vai se transformar em uma força mundial graças a uma mudança em seu estilo de jogo, mas poderia ter mais consistência. Como tinha em 1998.
Dos Santos chegou ao Bayern como candidato a substituir Ballack
A situação dos paraguaios não é das mais simples. A Albirroja precisa encontrar sua personalidade o quanto antes, pois a tabela do Mundial se mostra ingrata. Os paraguaios consideram o grupo B acessível, mas reconhecem que as possibilidades de classificação às oitavas-definal – uma exigência depois das campanhas nas duas últimas Copas – moram em um eventual resultado positivo contra a Suécia. Afinal, qualquer ponto no jogo contra a Inglaterra é visto como uma tarefa hercúlea, e a vitória sobre Trinidad e Tobago, obrigatória, justamente porque os dois times mais fortes da chave devem consegui-la. Como o Paraguai estréia contra a Inglaterra, deve entrar em campo contra a Suécia, na segunda rodada, já dependendo de um bom resultado para se manter na disputa pelo segundo lugar. O duelo contra Trinidad e Tobago apenas ratificaria a tendência apontada pelas partidas anteriores. É uma chave cheia de armadilhas, que pode levar seu segundo colocado a enfrentar a Alemanha na segunda fase. Sinal de que, se repetir a campanha dos dois últimos Mundiais e ficar entre os 16 melhores, os torcedores paraguaios já teriam motivos para se sentirem satisfeitos.
O ASTRO: HAEDO VALDÉZ Quando apareceu no Werder Bremen, Nelson Haedo Valdéz era apenas um atacante voluntarioso e oportunista, mas atabalhoado. Assim, não conseguia um lugar no ataque mais perigoso da Bundesliga, formado pela dupla Klose-Klasnic. Na atual temporada, o croata se contundiu e abriu a possibilidade de o paraguaio ter uma seqüência maior de jogos. A chance foi muito bem aproveitada: com vários gols no Campeonato Alemão e boa sinergia com Klose, Haedo Valdéz ganhou força na disputa por um posto entre os titulares dos “Papagaios”. Tão importante quanto deixar o banco de reservas em seu clube, foi tornar-se a principal referência ofensiva do Paraguai. Isso significa que ele deixou para trás a eterna promessa Roque Santa Cruz e o veterano José Saturnino Cardozo, até então únicas figuras capazes de diminuir a imagem de time defensivista que acompanha a seleção paraguaia. É um feito razoável para um jogador que não disputou partidas profissionais no Paraguai: quando foi contratado pelo Werder, tinha 18 anos e atuava no Atlético Tembetary, um clube amador.
A PROMESSA: DOS SANTOS
Ivan Alvarado/EFE
Com apenas 23 anos, Julio dos Santos já foi eleito o melhor jogador do Campeonato Paraguaio (2005) e, por isso, despertou a atenção de seu atual clube, o Bayern de Munique. Revelado pelo Cerro Porteño, o meia tem a experiência de uma Copa América e se destaca por sua capacidade de dar ritmo à equipe. Chamou a atenção dos europeus a ponto de só ir para a Alemanha após uma disputa judicial entre os alemães e o Cádiz, da Espanha, com quem o jogador havia acertado as bases de um contrato. No clube bávaro, Dos Santos é tratado como um possível substituto de Ballack.
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A SELEÇÃO
Miguel Cárdenas 8/5/1978 Clube: Nacional Copas: Eliminatórias: 0J / 0GS Derlis Gómez 2/11/1972 Clube: Sportivo Luqueño Copas: Eliminatórias: 1J / 0GS Justo Villar 30/6/1977 Clube: Newell’s Old Boys (ARG) Copas: 2002 Eliminatórias: 15J / 19GS DEFENSORES Pedro Juan Benítez 23/3/1981 Clube: Cerro Porteño Copas: Eliminatórias: 0J / 0G Juan Daniel Cáceres 6/10/1973 Clube: Estudiantes (ARG) Copas: Eliminatórias: 2J / 0G
Julio Manzur 22/1/1981 Clube: Santos (BRA) Copas: Eliminatórias: 5J / 0G
Carlos Paredes 16/7/1976 Clube: Reggina (ITA) Copas: 1998 e 2002 Eliminatórias: 13J / 3G
Nelson Cuevas 10/1/1980 Clube: Pachuca (MEX) Copas: 2002 Eliminatórias: 12J / 0G
Jorge Núñez 22/1/1978 Clube: Estudiantes (ARG) Copas: Eliminatórias: 5J / 1G
Christian Riveros 16/10/1982 Clube: Libertad Copas: Eliminatórias: 0J / 0G
Nelson Haedo Valdéz 28/11/1983 Clube: Werder Bremen (ALE) Copas: Eliminatórias: 4J / 1G
Delio Toledo 10/2/1976 Clube: Zaragoza (ESP) Copas: Eliminatórias: 3J / 0G
José Domingo Salcedo 11/9/1983 Clube: Cerro Porteño Copas: Eliminatórias: 1J / 0G
Dante López 16/8/1983 Clube: Genoa (ITA) Copas: Eliminatórias: 1J / 0G
MEIO-CAMPISTAS Roberto Acuña 25/3/1972 Clube: Dep. La Coruña (ESP) Copas: 1998 e 2002 Eliminatórias: 3J / 0G
ATACANTES Salvador Cabañas 5/8/1980 Clube: Jaguares (MEX) Copas: Eliminatórias: 7J / 1G
César Ramírez 21/3/1977 Clube: Flamengo (BRA) Copas: 1998 Eliminatórias: 4J / 0G
Edgar Barreto 15/7/1984 Clube: NEC (HOL) Copas: Eliminatórias: 7J / 0G
José Saturnino Cardozo 19/3/1971 Clube: San Lorenzo (ARG) Copas: 1998 e 2002 Eliminatórias: 15J / 7G
Carlos Bonet 2/10/1977 Clube: Libertad Copas: 2002 Eliminatórias: 8J / 0G
Júlio César Cáceres 5/10/1979 Clube: River Plate (ARG) Copas: 2002 Eliminatórias: 15J / 1G
Julio dos Santos 7/5/1983 Clube: Bayern de Munique (ALE) Copas: Eliminatórias: 4J / 0G
Denis Caniza 29/8/1974 Clube: Cruz Azul (MEX) Copas: 1998 e 2002 Eliminatórias: 12J / 0G
Walter Fretes 18/5/1982 Clube: Cerro Porteño Copas: Eliminatórias: 0J / 0G
Paulo da Silva 1/2/1980 Clube: Toluca (MEX) Copas: Eliminatórias: 14J / 0G
Diego Gavilán 1/3/1980 Clube: Newell’s Old Boys (ARG) Copas: 2002 Eliminatórias: 12J / 1G
Cristian Fatecha 15/3/1982 Clube: General Caballero Copas: Eliminatórias: 2J / 0G
José Montiel 19/3/1988 Clube: Olimpia Copas: Eliminatórias: 2J / 0G
Carlos Gamarra 17/2/1971 Clube: Palmeiras (BRA) Copas: 1998 e 2002 Eliminatórias: 15J / 3J
Ángel Ortíz 27/12/1977 Clube: Guaraní Copas: Eliminatórias: 12J / 0G
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Roque Santa Cruz 16/8/1981 Clube: Bayern de Munique (ALE) Copas: 2002 Eliminatórias: 12J / 4G Chico Sánchez/EFE
GOLEIROS Aldo Bobadilla 20/4/1976 Clube: Libertad Copas: Eliminatórias: 0J / 0GS
O TÉCNICO O uruguaio Aníbal “Maño” Ruiz assumiu a seleção paraguaia com a missão de iniciar a renovação sem que isso provocasse instabilidade no time – sobretudo porque o legado de seu antecessor, o italiano Cesare Maldini, não era dos melhores. O trabalho do pai do zagueiro milanista Paolo Maldini limitouse a reaproveitar a geração de 1998 e não deixou marcas. Por isso, até que Ruiz foi bemsucedido: conseguiu ser efetivado após uma contratação considerada “tampão”, lançou alguns bons jogadores e ajudou os paraguaios a conquistar o segundo lugar nos Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004, primeira medalha olímpica da história do país em qualquer esporte.
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NUM
DESERTO
DE INFORMAÇÕES Sem nenhum jogador que atue no exterior, a Arábia Saudita é a seleção mais misteriosa da Copa do Mundo
Q
por Tomaz R. Alves
uais são os principais jogadores da seleção? Quais são os pontos fortes e fracos do time? Como é armado o esquema tático? Qual é o estilo de jogo? A equipe é forte ou fraca? Quando o assunto é Arábia Saudita, essas questões não têm nada de trivial. No que diz respeito à seleção do país, faltam informações e sobram estereótipos. Isso acontece porque todos os jogadores da seleção atuam no Campeonato Saudita. As informações sobre o torneio são quase todas em árabe, e a quantidade de partidas internacionais disputadas pelos clubes do país é pequena. Os jogos da seleção também recebem pouca cobertura internacional e, pelos resultados, pode-se deduzir pouco além do óbvio: hoje, a Arábia é uma das principais forças da Ásia, mas sofre contra adversários europeus ou sul-americanos. Nas últimas décadas, a Arábia investiu pesado para desenvolver seu futebol. E, de fato, a seleção do país, hoje, é muito melhor do que era 20 anos atrás – o que não significa muito, dado que o time antigo era terrível. Pelo menos, a Arábia conseguiu estabelecer-se como potência na Ásia e chegou a quatro Copas do Mundo seguidas. Se Japão e Coréia do Sul inspiram certo respeito, seria lógico se com os árabes a história fosse igual. Afinal, o time passou pelas eliminatórias com facilidade, derrotando duas vezes os coreanos no caminho. O que acaba com a credibilidade da seleção da Arábia é a alta rotatividade dos técnicos. Nas eliminatórias, o país teve três treinadores diferentes. Começou com o holandês Gerard van der
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Arábia Saudita Saudi Arabian Football Federation www.saff.com.sa Participações em Copas: 3 (1994, 1998 e 2002) Momento memorável: o golaço de Al Owairan, contra a Bélgica, que ajudou os árabes a passar às oitavas-definal da Copa de 1994 Uniforme: camisa branca, calção branco e meias brancas Na Copa 2006: grupo H, com Espanha, Ucrânia e Tunísia
CAMPANHA NAS ELIMINATÓRIAS PARA 2006 18/02/04 – ARA 3x0 31/03/04 – SRI**0x1 09/06/04 – ARA 3x0 08/09/04 – TCM 0x1 12/10/04 – INA 1x3 17/11/04 – ARA 3x0 09/02/05 – UZB 1x1 25/03/05 – ARA 2x0
INA* ARA TCM*** ARA ARA SRI ARA COR
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*Indonésia **Sri Lanka ***Turcomenistão
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58 Lem, que foi demitido em 2004, após o desempenho ruim na Copa da Ásia. Depois, assumiu o interino Nasser al Johar, em sua terceira passagem pela seleção. Por fim, veio o argentino Gabriel Calderón, que classificou os árabes para o Mundial, mas caiu depois de ir mal na Copa do Oeste Asiático. A impaciência e a falta de profissionalismo dos dirigentes sauditas são alimentadas pela grande quantidade de competições regionais que a Arábia disputa, sempre com a obrigação de se sair bem. Um único tropeço pode ser suficiente para que o técnico perca o emprego. Depois da queda de Calderón, em dezembro de 2005, sobrou para Paquetá a chance de treinar a Arábia. Tão instável é o cargo que bastaram alguns maus resultados em amistosos para o brasileiro balançar.
A seleção Com tantos problemas de bastidores e dificuldades para se obter informações a respeito do time, como, afinal, joga a equipe saudita? Paquetá utiliza o 4-4-2, no estilo brasileiro: quatro na defesa em linha, dois volantes, dois meias e dois atacantes. Hoje, a defesa é melhor do que aquela que levou oito gols da Alemanha, na estréia da Copa de 2002. Comandada pelo zagueiro Hamad al Montashari, eleito o Jogador do Ano na Ásia, em 2005, a retaguarda não comete tantos erros quanto antigamente – mas eles ainda acontecem. O gol merece uma palavra à parte. Mabrouk Zaid foi o titular nas eliminatórias, mas, quando Paquetá assumiu o comando, preferiu trazer de volta Mohammed al Daeya, pela experiência. Com mais de 180 partidas disputadas, o árabe é o jogador que mais vezes atuou por uma seleção na história. No meio-campo e no ataque, há alguns bons jogadores, como Al Temyat e Al Jaber – que também ficou entre os três finalistas do prêmio de Jogador do Ano. No entanto, falta “pegada” à equipe: a marcação no meio-campo é limitada, e os atacantes “somem” quando enfrentam uma marcação mais pesada, coisa que raramente ocorre na Ásia. É nesse aspecto que se faz sentir a ausência de intercâmbio internacional. Do time que vai para a Copa, só um jogador passou pelo futebol europeu: o atacante Sami al Jaber, que ficou quatro meses no Wolverhampton, da Inglaterra. E, embora boa parte do elenco tenha experiência em Copas do Mundo, essa falta de contato regular com outros continentes se faz sentir nos momentos decisivos. Como no grupo H não há nenhum “bicho papão”, não se pode descartar a possibilidade de a Arábia causar uma surpresa. Mas, se der a lógica, o time voltará com, no máximo, um ponto na bagagem.
A mídia vai cansar seus ouvidos ao dizer que... ...Al Owairan marcou um golaço na Copa de 1994 ...a Arábia Saudita levou de 8 a 0 da Alemanha, em 2002 ...depois de uma boa estréia na Copa de 1994, a Arábia só apanhou em Mundiais ...a Arábia é um país muito fechado por causa da religião ...o Campeonato Saudita tem muitos estrangeiros, que vão para lá só por causa dos petrodólares
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Al Qahtani: potencial para jogar na Europa
O ASTRO: AL MONTASHARI O melhor jogador da Ásia, hoje, é saudita. Pelo menos é o que diz a Confederação Asiática. O zagueiro Hamad al Montashari foi eleito pela entidade o Jogador do Ano, superando seu companheiro de seleção Sami al Jaber e Maksim Shatskikh, do Uzbequistão. O prêmio é questionável, já que a AFC só escolhe jogadores que se disponham a comparecer à cerimônia de premiação. Seria injusto, porém, não reconhecer os méritos de Al Montashari. Ele foi um dos principais nomes do Al Ittihad, atual campeão da Liga dos Campeões da Ásia. Trata-se de um zagueiro que se posiciona bem e é muito confiante. O principal diferencial do jogador é a saída de bola. Em vez de se limitar aos chutões, ele sempre busca armar as jogadas de ataque, tornando-se uma importante arma para surpreender os adversários. O zagueiro também se aventura na frente e é bom no jogo aéreo – o São Paulo sabe bem disso, já que sofreu um gol de Al Montashari no Mundial da Fifa.
A PROMESSA: AL QAHTANI Com apenas 23 anos, o atacante Yasser al Qahtani já esteve envolvido em uma transferência de US$ 10 milhões. Isso aconteceu em 2005, quando o Al Hilal teve que desembolsar essa quantia para bater Al Ittihad e Fenerbahçe na briga para tirá-lo de seu clube anterior, o Al Qadisiya. Embora Al Qahtani tenha muito a desenvolver em seu jogo, já se nota que, com o treinamento adequado, ele tem potencial para jogar em um dos grandes centros do futebol europeu.
Arábia Saudita se parece com... George Costanza (do seriado “Seinfeld”) Vive trocando de emprego e tentando novos esquemas, mas sempre se dá mal
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A SELEÇÃO GOLEIROS Mohammed al Daeya 2/8/1972 Clube: Al Hilal Copas: 1994, 1998 e 2002 Eliminatórias: 0J / 0GS
Hamad al Montashari 22/6/1982 Clube: Al Ittihad Copas: Eliminatórias: 9J / 0G
Hadi Sharify 19/12/1977 Clube: Al Nasr Copas: Eliminatórias: 1J / 0G
Saud Ali Khariri 3/7/1980 Clube: Al Ittihad Copas: Eliminatórias: 7J / 1G
Yasser al Mussailim Clube: Al Ahli Copas: Eliminatórias: 0J / 0GS
Kamil Saddiq al Mousa 29/8/1982 Clube: Al Hilal Copas: Eliminatórias: 0J / 0G
MEIO-CAMPISTAS Manaf Abushgeer 5/2/1980 Clube: Al Ittihad Copas: Eliminatórias: 5J / 0G
Mohammed Massad 17/2/1983 Clube: Al Ahli Copas: Eliminatórias: 0J / 0G
Mustafa Reda Malaeka Clube: Al Ansar (LBN) Copas: Eliminatórias: 0J / 0GS
Zaid al Mowalad 1/6/1976 Clube: Al Shabab Copas: Eliminatórias: 1J / 0G
Mabrouk Zaid 11/2/1979 Clube: Al Ittihad Copas: 2002 Eliminatórias: 8J / 1GS
Naif Ali al Qadi 3/4/1979 Clube: Al Ahli Copas: Eliminatórias: 6J / 0G
DEFENSORES Ahmed al Bahri 18/9/1980 Clube: Al Shabab Copas: Eliminatórias: 6J / 0G
Sulaiman Amido 18/1/1983 Clube: Al Wahda Copas: Eliminatórias: 0J / 0G
Walid al Jahdali 1/6/1982 Clube: Al Ahli Copas: Eliminatórias: 2J / 0G
Antonio Lacerda/EFE
Abdulaziz al Khathran 31/7/1973 Clube: Al Hilal Copas: 2002 Eliminatórias: 4J / 0G
Ahmed Dhoki 12/3/1976 Clube: Al Ittihad Copas: Eliminatórias: 0J / 0G Redha Hassan Tukar Fallatah 29/11/1975 Clube: Al Ittihad Copas: 2002 Eliminatórias: 2J / 0G
Saheb al Abdulla 1/7/1977 Clube: Al Ahli Copas: Eliminatórias: 6J / 0G
Mohammed Noor al Hossawi 26/2/1978 Clube: Al Ittihad Copas: 2002 Eliminatórias: 3J / 1G
Omar al Ghamdi 11/9/1979 Clube: Al Hilal Copas: 2002 Eliminatórias: 0J / 0G
ATACANTES Mohammad al Anbar 22/3/1985 Clube: Al Hilal Copas: Eliminatórias: 1J / 1G
Taiseer al Jassam 25/7/1984 Clube: Al Ahli Copas: Eliminatórias: 5J / 0G
Saad al Harthi 8/7/1982 Clube: Al Ittihad Copas: Eliminatórias: 3J / 3G
Mohammad al Shlhoub 8/12/1980 Clube: Al Hilal Copas: 2002 Eliminatórias: 7J / 3G
Sami al Jaber 11/12/1972 Clube: Al Hilal Copas: 1994, 1998 e 2002 Eliminatórias: 5J / 3G
Nawaf al Temyat 28/6/1976 Clube: Al Hilal Copas: 1998 e 2002 Eliminatórias: 0J / 0G
Yasser al Qahtani 10/10/1982 Clube: Al Hilal Copas: Eliminatórias: 9J / 4G
Khaled al Thaker 14/7/1981 Clube: Al Hilal Copas: Eliminatórias: 6J / 0G
Mohammed Ameen 1/7/1980 Clube: Al Ittihad Copas: Eliminatórias: 0J / 0G
Mohammad Haidar 29/4/1980 Clube: Al Ittihad Copas: Eliminatórias: 2J / 0G
Saleh Bashir 14/6/1983 Clube: Al Ittifaq Copas: Eliminatórias: 0J / 0G
O TÉCNICO O atual técnico da Arábia Saudita é o brasileiro Marcos César Dias de Castro, conhecido como Marcos Paquetá. Ele foi escolhido por seu bom desempenho à frente do Al Hilal, entre agosto de 2004 e dezembro de 2005: em 16 meses, venceu o Campeonato Saudita e a Copa da Arábia Saudita. Antes de ir para o Oriente Médio, Paquetá já ganhara dois importantes títulos com a Seleção Brasileira: o Mundial sub-17 e o Mundial sub-20, ambos em 2003. “Sou o único técnico a ser campeão mundial duas vezes em três meses”, brinca.
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Divulgação
ENTREVISTA
SEM MEDO DE COBRANÇAS Marcos Paquetá afirma que histórico de demissões de técnicos na Arábia Saudita não representa uma pressão sobre seu trabalho
E
por Ubiratan Leal
m 1998, Carlos Alberto Parreira participou da Copa do Mundo como técnico da Arábia Saudita. Depois de derrotas nas duas primeiras partidas, contra Dinamarca e França, o brasileiro foi demitido no meio do torneio, um fato até então inédito na história dos Mundiais. O treinador disse que era vítima de uma expectativa infundada dos dirigentes sauditas, que consideravam a seleção forte o suficiente para chegar às fases decisivas da competição. Pois Marcos Paquetá, comandante da Arábia Saudita, afirma que está tranqüilo e que não pensa muito nesse tipo de cobrança. De acordo com ele, apesar dos rumores de que Bora Milutinovic poderia assumir a seleção em seu lugar, a pressão não seria tão forte como aparenta. “Não faz diferença o que se fala antes de o Mundial come-
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çar, mas sim o que ocorre em campo”, disse o técnico em entrevista concedida à Trivela enquanto acompanhava a vitória de 3 a 1 do Al Hilal sobre o Al Mina’a, do Iraque, na Liga dos Campeões da Ásia. Pouco conhecido no Brasil, o carioca tem em seu currículo uma passagem mal-sucedida pelo Flamengo, títulos mundiais com seleções brasileiras sub-17 e sub-20 e um Campeonato Saudita e uma Copa do Rei pelo Al Hilal. Essas conquistas no futebol árabe o credenciaram a substituto de emergência do argentino Jorge Calderón, demitido em dezembro. Mesmo com pouco tempo no cargo, o brasileiro já identificou alguns desafios para a seleção da Arábia Saudita. Segundo ele, o principal seria promover o intercâmbio internacional a uma equipe sem jogadores na Europa e acostumada apenas a disputar competições asiáticas.
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A Arábia Saudita tem um histórico de demitir técnicos em momentos considerados impróprios. Candinho foi dispensado em 1993, pouco depois de classificar a seleção para sua primeira Copa, Carlos Alberto Parreira caiu no meio do Mundial de 1998 e, ano passado, Jorge Calderón não seguiu seu trabalho mesmo passando pelas eliminatórias. Isso deixa uma pressão muito forte sobre o atual técnico, no caso, você? Pode até parecer que há muita pressão, mas não é bem assim. Na verdade, a única coisa realmente forte é a expectativa para apagar a imagem ruim deixada na última Copa. Só isso. No meu caso, sei que meu trabalho será avaliado pelos resultados e pelo que o time fizer em campo, e não pelo que as pessoas podem pensar ou falar antes do Mundial. O que aconteceu naquela derrota por 8 a 0 contra a Alemanha, em 2002? Os sauditas falam muito sobre esse jogo? Ficou uma sensação ruim, pois foi um resultado muito marcante negativamente. Eu não sei dizer muito bem o que aconteceu. Só dizem que foi conseqüência de uma preparação inadequada, iniciada apenas 13 dias antes da estréia na Copa. Quais as condições de trabalho que a federação saudita lhe dá? São acima da média: eles me dão tudo o que eu preciso, até avião particular para ver jogos internacionais, psicólogo, segurança... Enfim, toda a infra-estrutura que se possa imaginar. Teremos até um cinegrafista para fazer imagens do time para analisarmos nos treinos e na concentração. Você assumiu a Arábia Saudita cinco meses e meio antes do início do Mundial. Não é pouco tempo? O grande motivo de eles me chamarem é que eu trabalhei aqui, antes, e já havia trabalhado com oito ou nove jogadores selecionáveis, além de conhecer os demais por enfrentá-los. Então, não cheguei à seleção sem saber nada. Que jogadores você destaca na Arábia Saudita? Nós temos o jogador escolhido como o melhor da Ásia em 2005, o zagueiro Al Montashari. Temos o meia Nawaf Al Temyat, que também já foi escolhido como um dos melhores do continente. E, claro, o Sami al Jaber, atacante com experiência de três Copas e uma passagem pelo Wolverhampton, da Inglaterra. É raro haver um jogador saudita na Europa. Por que acontece isso? Acho que é por causa da adaptação. A forma de vida deles aqui, a cultura, a religião, é completamente diferente. O próprio jogador não tem muita vontade de sair. Mas uma coisa é importante ressaltar: o grupo atual é, talvez, o que conta com mais jogadores com intenção de atuar fora do país, em grandes centros. É difícil o intercâmbio entre a Arábia Saudita e os principais centros? Esse é um dos nossos maiores desafios. Em competições asiáti-
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cas, o retrospecto da seleção da Arábia é muito bom. Mas o time ainda tem dificuldade contra europeus e sul-americanos. Que tipo de coisa fica faltando por causa dessa ausência de intercâmbio? Falta sobretudo se acostumar com partidas disputadas em alto nível. Por isso, estamos fazendo amistosos com equipes européias, que têm um estilo de jogo diferente, mais experiência e melhor preparo emocional para competições internacionais. Nesse aspecto, o fato de um dos adversários na Copa ser a Tunísia, outro país árabe, facilita? Ah, e como! O futebol dos dois países tem características parecidas e os jogadores se conhecem bastante. Até porque todo ano é disputada a Copa dos Campeões Árabes, envolvendo países de origem árabe no Norte da África e no Oriente Médio. Será um jogo muito bom. E o que você conhece de Espanha e Ucrânia? Hoje, o futebol se globalizou, e todas as seleções se conhecem. Temos uma vasta relação de jogos de Tunísia, Espanha e Ucrânia, com muitas informações dos jogadores de cada time. Já temos uma noção muito boa do que vamos enfrentar. E como você projeta a campanha da Arábia Saudita na primeira fase? A gente tem de se preparar para disputar a Copa e, depois, tentar buscar os objetivos de acordo com o que for acontecendo. Os jogos contra Ucrânia e Espanha já serão condicionados com o que acontecer na rodada anterior. E isso vale para nossos adversários também. Por exemplo, a Ucrânia vai ter um ânimo diferente e pode mudar a estratégia para nos enfrentar dependendo do resultado na estréia. E nós faremos o mesmo. A Ucrânia é vista como uma incógnita européia. Quais as reais possibilidades desse time na Copa? A Ucrânia foi a primeira seleção a se classificar na Europa, o que já é um sinal de que merece muito respeito. No todo, é um time que joga muito atrás e tem um jogador que desequilibra na frente. Mas tem capacidade para ir longe na Copa. Por que a seleção da Arábia Saudita tem empatado tanto na preparação para a Copa (quatro nos primeiros cinco jogos sob o comando de Paquetá)? O que falta para conseguir as vitórias? Em amistosos de preparação, os resultados não são muito importantes, porque nosso objetivo é sempre melhorar a qualidade dos adversários. Ainda assim, empatamos com Grécia e Suécia, duas seleções boas. Além disso, estamos na fase de experimentar jogadores, e as dificuldades são comuns. Como joga a seleção saudita? O time usa um tradicional 4-4-2, sistema mais praticado aqui. Como no Brasil, o jeito mais comum é com dois meias e dois volantes, mas estamos preparando o time para ter mobilidade nesse setor, com dois meias abertos ou com meio-campo em losango.
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PERFIL
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HABILIDOSO, MAS AINDA VERDE
Team Melli chega à Copa com o elenco mais promissor de sua história, mas isso deve ser insuficiente para conseguir a inédita classificação para a segunda fase
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por Carlos Eduardo Freitas
oucas festas marcaram tanto a história do Irã como a da comemoração pela vaga na Copa do Mundo de 2006, a terceira da história do país. Diversas regras impostas pelo fundamentalismo islâmico – entre as quais a que proíbe a presença de mulheres em estádios de futebol – foram quebradas, mas o governo fez que não viu. Melhor: participou da comemoração. Tudo isso é uma prova da importância que tem o futebol num país em que, tempos atrás (na época do Aiatolá Khomeini), era considerado “um produto viciante do ocidente”. Até a maneira como os iranianos se referem a sua seleção explicita o valor dado ao futebol. O time é conhecido como “Team Melli”, cuja tradução nada mais é do que “seleção nacional”. Algo que, em teoria, poderia ser usado também para, por exemplo, o time de luta olímpica, outro dos esportes populares no país. A diferença está na sutileza da pronúncia: diz-se “Team-eh Melli” quando se refere ao time de futebol, enquanto, em outros esportes, diz-se “seleção de vôlei” ou “seleção de basquete”. “Team-eh Melli” significa algo como “A” seleção. Depois de se classificar com relativa facilidade e se tornar o segundo país a garantir sua vaga na Alemanha por meio das eliminatórias – apenas uma hora após o Japão –, o Irã espera que sua seleção supere, pela primeira vez na história, a fase de grupos. Essa vontade segue uma espécie de “linha evolutiva”. Na primeira
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Irã Islamic Republic of Iran Football Federation www.iriff.ir Participações em Copas: 2 (1978 e 1998) Momento memorável: a única vitória em Mundiais, por 2 a 1, sobre os Estados Unidos, na Copa de 1998 Uniforme: camisa branca, calção branco e meias brancas Na Copa 2006: grupo D, com México, Angola e Portugal
CAMPANHA NAS ELIMINATÓRIAS PARA 2006 18/02/04 – IRA 3x1 31/03/04 – LAO 0x7 09/06/04 – IRA 0x1 08/09/04 – JOR 0x2 13/10/04 – QAT 2x3 17/11/04 – IRA 7x0 09/02/05 – BAH 0x0
QAT IRA JOR IRA IRA LAO IRA
25/03/05 – IRA 2x1 30/03/05 – CDN*0x2 03/06/05 – IRA 1x0 08/06/05 – IRA 1x0 17/08/05 – JAP 2x1
JAP IRA CDN BAH IRA
*Coréia do Norte
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64 Copa que disputou, em 1978, a equipe conseguiu seu primeiro ponto (empate por 1 a 1 com a Escócia). Em 1998, a primeira vitória – sobre os Estados Unidos, por 2 a 1. Agora, o mínimo que seria de se esperar é uma vaga nas oitavas-de-final. O azar dos iranianos foi cair num grupo tão desnivelado, com favoritos às duas vagas tão claros, como México e Portugal.
Eles também têm um quarteto Hoje, o Team Melli tem à disposição a melhor geração de sua história. Seis dos prováveis titulares atuam nas mais fortes ligas européias. Dentre eles, destacam-se Ali Karimi, do Bayern de Munique, maior astro do futebol iraniano; Mehdi Madavikia, uma espécie de dínamo do meio-campo do Hamburg; e Vahid Hashemian, atacante do Hannover 96. Soma-se a esse trio o veteraníssimo Ali Daei, e está formado o “quarteto mágico” do Irã. Tamanho poder de fogo contrasta com a inconstância do setor defensivo. A dupla de zagueiros, formada por Golmohammadi e Rezaei, tem experiência de sobra, mas falha como se fossem dois novatos. Eles até costumam ser ajudados pela dupla de volantes, formada por Nekounam e Zandi, mas o ímpeto ofensivo dos laterais – sobretudo Hosein Kabei – costuma deixar o goleiro Ebrahim Mirzapour em saias-justas. Se ainda fosse um camisa 1 herói, vá lá, mas não é o caso. Suas falhas nas eliminatórias por pouco não
Irã se parece com... Rodrigo Santoro Tem moral dentro de casa e paga de galã, mas, quando vai para o exterior, não passa de coadjuvante
custaram a classificação ao time – tanto que o técnico Branko Ivankovic não descarta relegar Mirzapour à reserva, no Mundial. Não bastasse a fragilidade tática do setor defensivo, a meta iraniana corre ainda mais riscos, se os adversários investirem em jogadas aéreas, sobretudo porque os zagueiros do Team Melli têm estatura abaixo da média dos jogadores do setor. Outro ponto fraco da seleção do Irã é o banco de reservas, formado por jogadores que não estão no mesmo nível dos titulares e, em sua maioria, são muito jovens – fruto de uma forte renovação promovida por Ivankovic. Por um lado, essa inexperiência custará caro ao time, no caso da contusão de algum jogador do quarteto ofensivo, mas, ao mesmo tempo, dá para encarar essa situação como excelente, para os iranianos, no médio prazo. Afinal, para jogadores acostumados a atuar apenas contra equipes locais, começar desde cedo a viver a experiência de uma Copa do Mundo será bastante interessante para prepará-los para as futuras edições. Talvez esteja aí a grande contribuição do técnico croata ao Team Melli. Ivankovic sabe das limitações de sua equipe, mas se mostra confiante. “Apesar de termos adversários fortes, que devem brigar para chegar às semifinais, não temos o que temer. Já provamos ser um time capaz de causar decepções e fazer milagres”. Ele só tem que torcer para ser mantido no cargo até 2010, para, então, quem sabe, colher os frutos do que plantou.
A mídia vai cansar seus ouvidos ao dizer que... ...com a camisa do Irã, Ali Daei marcou mais gols do que Pelé com a do Brasil ...a partida entre Irã e Estados Unidos, em 1998, foi um dos momentos mais bonitos da história das Copas ...os aiatolás prejudicaram o desenvolvimento do futebol no Irã
O ASTRO: KARIMI Quando Ali Karimi chegou ao Bayern de Munique, muita gente comentou que se tratava de uma jogada de marketing para conquistar mercado no Oriente Médio. Só depois de mandar Mehmet Scholl e Sebastian Deisler para o banco é que os críticos se convenceram de que o iraniano foi uma aposta acertada. Karimi foi eleito o Jogador do Ano na Ásia, em 2004, quando fez chover na Copa da Ásia. Seus dribles e agilidade lhe renderam o apelido de “Maradona Asiático”. Uma de suas especialidades é cruzar a bola com perfeição na cabeça dos atacantes. Quem anular essa jogada tem grandes chances de emperrar a maior arma dos iranianos. Se conseguir recuperar-se das contusões que o atrapalharam ao longo da temporada, Karimi tem tudo para infernizar a vida de portugueses e mexicanos.
O lateral-direito Hossein Kaebi tornou-se um dos mais jovens jogadores a vestirem a camisa da seleção iraniana, com apenas 16 anos. Ele é rápido e notabilizou-se por seus dribles e por apoiar o ataque com bastante eficiência. Kaebi é um queridinho da imprensa e da torcida. Seu gênio forte costuma render-lhe cartões, mas, sabe-se lá como, passou pelas eliminatórias com apenas um amarelo.
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O problema de Kaebi é não ajudar na marcação
Yuriko Nakao/Reuters
A PROMESSA: KAEBI
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A SELEÇÃO
Mohammad Mohammadi 20/9/1977 Clube: Pirouzi Copas: Eliminatórias: 0J / 0GS Seyed Mehdi Rahmati 2/2/1983 Clube: Esteghlal Copas: Eliminatórias: 1J / 2GS
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Mohammad Nosrati 1/11/1982 Clube: Paas Copas: Eliminatórias: 11J / 1G
Javad Nekounam 7/9/1980 Clube: Sharjah (EAU) Copas: Eliminatórias: 12J / 3G
Ali Daei 12/3/1969 Clube: Saba Battery Copas: 1998 Eliminatórias: 10J / 9G
Rahman Rezaei 20/2/1975 Clube: Messina (ITA) Copas: Eliminatórias: 8J / 1G
Alireza Vahedi Nikbakht 30/6/1980 Clube: Esteghlal Copas: Eliminatórias: 9J / 2G
Gholam-Reza Enayati 23/2/1976 Clube: Esteghlal Copas: Eliminatórias: 1J / 2G
Sattar Zare 27/1/1982 Clube: Bargh Shiraz Copas: Eliminatórias: 4J / 0G
Ferydoon Zandi 26/4/1979 Clube: Kaiserslautern (ALE) Copas: Eliminatórias: 5J / 0G
Hassan Roubdarian 6/7/1978 Clube: Paas Copas: Eliminatórias: 0J / 0GS
MEIO-CAMPISTAS Ali Badavi 20/1/1982 Clube: Foolad Ahvaz Copas: Eliminatórias: 4J / 0G
Mahdi Vaezi 6/3/1975 Clube: Pirouzi Copas: Eliminatórias: 0J / 0GS
Mojtaba Jabbari 16/6/1983 Clube: Esteghlal Copas: Eliminatórias: 1J / 0G
DEFENSORES Mohammad Seyed Alavi 21/9/1982 Clube: Foolad Ahvaz Copas: Eliminatórias: 6J / 0G
Mohammed Ali Karimi 8/11/1978 Clube: Bayern de Munique (ALE) Copas: Eliminatórias: 11J / 0G
Mehdi Amir Abadi 22/2/1980 Clube: Esteghlal Copas: Eliminatórias: 1J / 0G
Mehdi Mahdavikia 24/7/1977 Clube: Hamburg (ALE) Copas: 1998 Eliminatórias: 8J / 2G
Yahya Golmohammadi 19/3/1971 Clube: Saba Battery Copas: Eliminatórias: 11J / 0G
Madanchi Mehrzad 21/5/1982 Clube: Fajr Sepasi Copas: Eliminatórias: 0J / 0G
Hossein Kaebi 23/9/1985 Clube: Foolad Ahvaz Copas: Eliminatórias: 12J / 0G
Eman Mobali 3/11/1982 Clube: Foolad Ahvaz Copas: Eliminatórias: 5J / 0G
Jalal Kameli Mofrad 15/5/1981 Clube: Foolad Ahvaz Copas: Eliminatórias: 3J / 0G
Moharram Navidkia 1/11/1982 Clube: Sepahan Copas: Eliminatórias: 5J / 0G
Vahid Hashemian 21/7/1976 Clube: Hannover 96 (ALE) Copas: Eliminatórias: 7J / 4G
ATACANTES Siavash Akbarpour 21/1/1985 Clube: Esteghlal Copas: Eliminatórias: 0J / 0G
Javad Kazemeyan 23/4/1981 Clube: Pirouzi Copas: Eliminatórias: 3J / 0G
Khodadad Azizi 22/6/1971 Clube: Rah-Ahan Copas: 1998 Eliminatórias: 2J / 0G
Rasoul Paki Khatibi 22/9/1978 Clube: Sepahan Copas: Eliminatórias: 1J / 0G
Arash Borhani 14/9/1983 Clube: Paas Copas: Eliminatórias: 5J / 2G
Mehdi Rajabzadeh 21/6/1978 Clube: Zob-Ahan Copas: Eliminatórias: 2J / 0G Abedin Taherkenareh/EFE
GOLEIROS Ebrahim Mirzapour 16/9/1978 Clube: Foolad Ahvaz Copas: Eliminatórias: 11J / 4GS
O TÉCNICO O croata Branko Ivankovic é apontado, dentro do Irã, como o maior técnico estrangeiro a ter treinado a equipe. Ele chegou ao time como auxiliar de Ciro Blazevic, com quem também trabalhou na Croácia, na Copa do Mundo de 1998. Foi efetivado no cargo após o fracasso de seu mentor na tarefa de levar o Irã ao Mundial de 2002.
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66 CHARGE A geometria tira o sono de Carlos Alberto Parreira por Guilherme Jotapê Rodrigues
Não perca na próxima edição! - Megaperfil do Brasil: entrevistas com os destaques e detalhes sobre os jogadores - Perfis de República Tcheca, Ucrânia, Espanha, Trinidad e Tobago e México - Histórias e peculiaridades do futebol em Kaiserslautern, Colônia e Leipzig
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TABELA PRIMEIRA FASE
GRUPO A
GRUPO B
GRUPO C
GRUPO D
ALEMANHA
INGLATERRA
ARGENTINA
MÉXICO
COSTA RICA
PARAGUAI
COSTA DO MARFIM
IRÃ
POLÔNIA
TRINIDAD E TOBAGO
SÉRVIA E MONTENEGRO
ANGOLA
EQUADOR
SUÉCIA
HOLANDA
PORTUGAL
10/junho - Frankfurt 10h: Inglaterra x Paraguai 10/junho - Dortmund 13h: Trinidad e Tobago x Suécia 15/junho - Nuremberg 13h: Inglaterra x T. e Tobago 15/junho - Berlim 16h: Suécia x Paraguai 20/junho - Kaiserslautern 16h: Paraguai x Trinidad e Tobago 20/junho - Colônia 16h: Suécia x Inglaterra
10/junho - Hamburgo 16h: Argentina x Costa do Marfim 11/junho - Leipzig 10h: S. Montenegro x Holanda 16/junho - Gelsenkirchen 10h: Argentina x S. Montenegro 16/junho - Stuttgart 13h: Holanda x Costa do Marfim 21/junho - Munique 16h: C. Marfim x S. Montenegro 21/junho - Frankfurt 16h: Holanda x Argentina
9/junho - Munique 13h: Alemanha x Costa Rica 9/junho - Gelsenkirchen 16h: Polônia x Equador 14/junho - Dortmund 16h: Alemanha x Polônia 15/junho - Hamburgo 10h: Equador x Costa Rica 20/junho - Hanover 11h: Costa Rica x Polônia 20/junho - Berlim 11h: Equador x Alemanha
GRUPO E
GRUPO F
GRUPO G
11/junho - Nuremberg 13h: México x Irã 11/junho - Colônia 16h: Angola x Portugal 16/junho - Hanover 16h: México x Angola 17/junho - Frankfurt 10h: Portugal x Irã 21/junho - Leipzig 11h: Irã x Angola 21/junho - Gelsenkirchen 11h: Portugal x México
GRUPO H
ITÁLIA
BRASIL
FRANÇA
ESPANHA
GANA
CROÁCIA
SUÍÇA
UCRÂNIA
ESTADOS UNIDOS
AUSTRÁLIA
CORÉIA DO SUL
TUNÍSIA
REPÚBLICA TCHECA
JAPÃO
TOGO
ARÁBIA SAUDITA
12/junho - Gelsenkirchen 13h: EUA x República Tcheca 12/junho - Hanover 16h: Itália x Gana 17/junho - Colônia 13h: República Tcheca x Gana 17/junho - Kaiserslautern 16h: Itália x Estados Unidos 22/junho - Nuremberg 11h: Gana x EUA 22/junho - Hamburgo 11h: República Tcheca x Itália
12/junho - Kaiserslautern 10h: Austrália x Japão 13/junho - Berlim 16h: Brasil x Croácia 18/junho - Nuremberg 10h: Japão x Croácia 18/junho - Munique 13h: Brasil x Austrália 22/junho - Stuttgart 16h: Croácia x Austrália 22/junho - Dortmund 16h: Japão x Brasil
13/junho - Frankfurt 10h: Coréia do Sul x Togo 13/junho - Stuttgart 13h: França x Suíça 18/junho - Leipzig 16h: França x Coréia do Sul 19/junho - Dortmund 10h: Togo x Suíça 23/junho - Hanover 16h: Suíça x Coréia do Sul 23/junho - Colônia 16h: Togo x França
14/junho - Leipzig 10h - Espanha x Ucrânia 14/junho - Munique 13h: Tunísia x Arábia Saudita 19/junho - Hamburgo 13h: Arábia Saudita x Ucrânia 19/junho - Stuttgart 16h: Espanha x Tunísia 23/junho - Berlim 11h: Ucrânia x Tunísia 23/junho - Kaiserslautern 11h: Arábia Saudita x Espanha * horário de Brasília
FASE FINAL OITAVAS 24/junho - Munique 12h: 1º A x 2º B
OITAVAS
QUARTAS
QUARTAS
30/junho 12h - Berlim
SEMI
24/junho - Leipzig 16h: 1º C x 2º D
FINAL 9/julho 15h - Berlim
4/julho 16h - Dortmund
SEMI
25/junho - Stuttgart 12h: 1º B x 2º A
1º/julho 12h - Gelsenkirchen 25/junho - Nuremberg 16h: 1º D x 2º C
5/julho 16h - Munique 27/junho - Dortmund 12h: 1º F x 2º E
26/junho - Kaiserslautern 12h: 1º E x 2º F 30/junho 16h - Hamburgo
3º LUGAR 8/julho 16h - Stuttgart
1º/julho 16h - Frankfurt
26/junho - Colônia 16h: 1º G x 2º H
27/junho - Hanover 16h: 1º H x 2º G A melhor cobertura da Copa do Mundo você encontra em www.trivela.com
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