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EUROPA Copa Africana de Nações leva craques e irrita os clubes
PALMEIRAS PPor or qque ue o ttime ime não n ão cconsegue onsegue gganhar anhar eem m ccasa asa
A nova era dos
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Jogadores como Ibson, Arouca e Hernanes mudam a cara do futebol bbrasileiro atuando onde antes ssó havia brucutus
latino-americanos que podem pintar no seu time
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ÍNDICE VOLANTES
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Meias defensivos evoluem e se tornam muito mais que cabeças-de-bagre PALMEIRAS
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Por que o time fez sua pior campanha no Parque Antarctica desde os anos 70 ITÁLIA
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Ninguém parece saber como manter a violência das torcidas sob controle ENTREVISTA » ORTEGA
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Meia argentino conta como tenta superar os problemas com o álcool PENEIRÃO LATINO
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Apresentamos 78 latino-americanos que podem ser bons reforços
Juan Mabromata/AFP
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eu fiscalizo a
Copa 2014
JOGO DO MÊS
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CURTAS
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Editor Caio Maia Editor assistente Tomaz R. Alves Reportagem Carlos Eduardo Freitas Cassiano Ricardo Gobbet Leonardo Bertozzi Ricardo Espina Ubiratan Leal Consultoria editorial Martinez Bariani Mauro Cezar Pereira Colaboradores Antonio Vicente Serpa Dassler Marques Gustavo Hofman João Tiago Picoli Marcus Alves Mauro Beting Zeca Marques
PENEIRA
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OPINIÃO
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TÁTICA Escócia do séc. XIX
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HISTÓRIA Taça de Prata
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ÁFRICA Copa Africana de Nações
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Agradecimentos Rodrigo Guerra
CAPITAIS DO FUTEBOL Porto
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Foto da capa André Mourão/Agif/Gazeta Press
ESPANHA Os favoritos do poder
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EUA Freddy Adu e companhia
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Projeto gráfico e direção de arte Luciano Arnold
RÚSSIA Zenit St. Petersburg
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CULTURA Futebol alternativo
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NEGÓCIOS Brasileirão no exterior 62 CADEIRA CATIVA
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A VÁRZEA
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Iniciativa privada se mobiliza para ficar com uma parte dos R$ 20 bilhões que a Copa deverá movimentar
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EDITORIAL Pirlo não é Dunga Dunga tem autorização da imprensa brasileira para fazer as maiores barbaridades, mas uma delas caiu como uma bomba: o cara votou em um volante para melhor do mundo. Um volante! Como pode o comandante da Seleção futebol-arte achar que um maldito volante pode ser o melhor do mundo só porque ele mesmo jogava nessa posição? Pois bem, ao contrário de todas as outras barbaridades que o técnico tem feito, desta vez é a nossa “imprensa” quem está viajando. Para começar, Pirlo está léguas à frente de Dunga como jogador. Além disso, parece que ninguém percebeu que os melhores jogadores do último Brasileirão jogavam também nessa posição. Some-se a isso o fato de que há tempos não havia tantos meias decisivos para seus times atuando nesta faixa do campo: Pirlo, Fábregas, Essien, De Rossi, Gerrard... a lista é bem grande. Parece que a turma se de esqueceu que, entre outros, Falcão e Beckenbauer jogavam ali naquele pedaço. Alguém acharia ultrajante considerá-los entre os melhores de todos os tempos? O futebol, como quase tudo, muda. Nossos analistas, infelizmente, não acompanham.
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Diagramação e tratamento de imagens Bia Gomes
Assinaturas www.trivela.com/revista (11) 3038-1406 trivela@teletarget.com.br Diretor comercial Evandro de Lima evandro@trivela.com (11) 3528-8610 Atendimento ao leitor contato@trivela.com (11) 3528-8612 Atendimento ao jornaleiro e distribuidor Vanessa Marchetti vanessa@trivela.com (11) 3528-8612 Circulação DPA Cons. Editoriais Ltda. dpacon@uol.com.br (11) 3935-5524 é uma publicação mensal da Trivela Comunicações. Todos os artigos assinados são de responsabilidade dos autores, não representando necessariamente a opinião da revista. Todos os direitos reservados. Proibida a cópia ou reprodução (parcial ou integral) das matérias e fotos aqui publicadas Distribuição nacional Fernando Chinaglia Impressão Araguaia Tiragem 30.000 exemplares
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Kim Kyung Hoon/Reuters
JOGO DO MÊS por Marcus Alves
Em sentidos opostos Pela segunda vez, clubes africanos se dão bem no confronto contra times do México no Mundial epois do América em 2006, era a vez de outro time mexicano, o Pachuca, chegar ao Japão cotado como possível ameaça ao domínio do eixo EuropaAmérica do Sul no Mundial de Clubes. Para confirmar essa expectativa, ele precisaria passar, primeiro, pelo Étoile du Sahel, que conquistara a LC africana. A princípio, não parecia se tratar de uma tarefa das mais difíceis. Ainda mais para um time que havia deixado de lado o papel de figurante no México, com os diversos títulos conquistados nos últimos anos. Nem mesmo as derrotas que arranharam sua condição de imbatível no segundo semestre e que provocaram a eliminação no Torneio Apertura e na Copa Sul-Americana repercutiram negativamente no clube. Acreditava-se que, com a saída precoce dessas competições, a equipe poderia realizar uma melhor preparação para o Mundial. Dessa forma, o desgaste físico e psicológico das temporadas passadas seria amenizado. Ledo engano. Os Tuzos até que conseguiram tomar as
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rédeas da partida logo cedo, por meio da manutenção da posse de bola - como, aliás, pede seu treinador, Enrique Meza. Entretanto, o time falhava ao tentar traduzir esse domínio em gols. Muito disso por conta da insistência em tentar penetrar pelo meio da retaguarda tunisiana, setor que se encontrava bem protegido pelos volantes do Étoile, Narry e Nafkha. Ainda assim, ora com Giménez, ora com Cacho, os mexicanos levavam perigo à meta do goleiro Balbouli. No segundo tempo, o time africano assumiu uma postura tática mais agressiva. Mas, a cada ataque, ficava clara a falta de criatividade de seu meio-campo, que, com a ausência do suspenso Meriah, perdeu grande parte de sua força. Competiu ao ganense Narry deixar a marcação para avançar e, com um chute aparentemente despretensioso, marcar o gol da vitória estrelista, aos 40 minutos.
Estava selada a primeira surpresa do Mundial. Como na edição anterior, uma equipe africana conseguiu apresentar um futebol organizado, mostrando que, a despeito do que se pensa, não só as seleções do continente estão crescendo, mas também seus clubes. Prova disso é o modo como o Étoile portou-se durante todo o jogo, firme em sua proposta defensiva e longe da “correria” que alguns crêem predominar na África. Esse resultado ainda atesta o desastroso desempenho dos clubes mexicanos na competição. Em 2006, o badalado América foi goleado pelo Barcelona nas semifinais, para depois perder do Al Ahly na disputa pelo terceiro lugar. Agora, o Pachuca, que não passou sequer das quartas-de-final. Não faltava qualidade aos dois times do México, o que leva a crer que o problema transcende as quatro linhas.
ÉTOILE DU SAHEL 1x0 PACHUCA Data: 9/dezembro/2007 Local: Estádio Nacional (Tóquio) Árbitro: Mark Shield (Austrália) Gols: Moussa Narry (85 min) Cartões amarelos: Ben Dhifallah e Gharbi (Étoile du Sahel); Álvarez e López (Pachuca)
ÉTOILE DU SAHEL Balbouli; Ben Frej, Ghezal, Felhi e Bejaoui; Narry, Nafkha, Gharbi e Ogunbiyi; Ben Dhifallah (Sacko) e Chermiti. Técnico: Bertrand Marchand
PACHUCA Calero; López, Manzur e Pinto; Cabrera, Correa, Caballero (Rey) e Rodríguez (Chitiva); Giménez e Álvarez; Cacho. Técnico: Enrique Meza
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Gleb Garanich/Reuters
CURTAS
“Sua administração é um lixo e você tem a mesma culpa que o Dualib, o Nesi Curi e os outros. Você é sem-vergonha e só chegou ao poder porque se aproveitou dos esquemas da época da gestão Dualib” Monga, um dos líderes da Gaviões da Fiel, deixa clara sua insatisfação com o novo presidente do clube, Andrés Sanchez, pelo rebaixamento do Corinthians.
1.047
Pontuação de Kaká na eleição de Jogador do Ano da Fifa. Messi, o segundo colocado, teve 504, e Cristiano Ronaldo, terceiro, 426.
“As pessoas sabem que eu tomo isso há algum tempo. Apesar de ser chamado de doping, não é doping. A única coisa que vai mudar na minha imagem é que vou ter menos cabelo” Romário põe a culpa em um remédio para a calvície após um teste antidoping seu ter dado positivo. Gols do milanista Filippo Inzaghi, que ultrapassou Gerd Muller e tornou-se o maior artilheiro da história em competições interclubes da Europa.
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Times como Shakhtar (esq.) e Celtic (dir.) serão favorecidos pelas mudanças na LC
NOVIDADES NA LC A Liga dos Campeões sofrerá alterações As seis vagas extras (antes, 16 times a partir da temporada 2009/10. A Uefa, em tinham classificação garantida) serão dareunião de seu comitê executivo, decidiu das aos terceiros colocados dos três paíadotar algumas das mudanças propostas ses mais bem colocados no ranking e aos por Michel Platini, presidente da entidade. campeões das nações entre 10° e 12°. Esse A final da competição modelo valerá até passará a ser disputa2012. Depois, Platini Vagas Parte 1 Parte 2 Pos. País* diretas (5 vagas) (5 vagas) da em um sábado à pretende dar vagas 1 Espanha 3 1 0 noite, em vez de no na LC aos campeões meio da semana. de copas nacionais. 2 Inglaterra 3 1 0 Além disso, clubes A Copa Uefa tam3 Itália 3 1 0 de países de menor trabém sofreu mudanças. 4 França 2 1 0 dição ganharão mais O torneio terá quatro espaço. A fase elimietapas eliminatórias, 5 Alemanha 2 1 0 natória será dividida que classificarão 37 6 Portugal 2 1 0 em duas partes: em equipes para a fase 7 Romênia 1 1 0 uma, 15 times dos de grupos. Outros dez principais países disclubes virão das pre8 Holanda 1 1 0 putarão cinco vagas; liminares da LC. O 9 Rússia 1 1 0 em outra, também bricampeão da edição 10 Escócia 1 1 0 garão por cinco vagas anterior também terá 11 Ucrânia 1 1 0 os 40 campeões das vaga garantida. Serão, nações que ocupam ao todo, 12 grupos, 12 Bélgica 1 1 0 as piores posições do com quatro equipes. 13 Turquia 0 1 1 ranking da Uefa. Os Outra novidade é que 14 Rep. Tcheca 0 1 1 dez classificados se a Intertoto não será juntarão aos 22 clubes mais disputada, in15 Grécia 0 1 1 que entram diretamenchando as preliminaOutros 0 0 1 37 países te na fase principal. res da Copa Uefa. *De acordo com o atual ranking de países da Uefa
Confira no site Dia 14 O mata-mata da LC Quem são os favoritos e as zebras nas oitavas-de-final da Liga dos Campeões
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, em janeiro
Dia 18 Guia da Copa Africana de Nações
Dia 21 O mata-mata da Uefa
Saiba mais sobre a competição mais importante da África
A análise dos confrontos da Copa Uefa
Dia 24 Os armadores do Brasil
Dia 30 10 em forma: Itália
Quem está na corrida por vagas na armação do time de Dunga
Trivela lista dez jogadores que estão comendo a bola na Série A
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PENA REDUZIDA
“Um amigo meu que joga no Internacional já tinha me avisado que os caras não iriam se esforçar contra o Goiás. Se um dia o Inter estiver nessa situação, vou ter o prazer de pagar na mesma moeda”
FORA! A Indonésia não terá times na próxima Liga dos Campeões da Ásia. A AFC tomou a decisão porque tanto a Copa como o Campeonato Indonésio não terminaram dentro do prazo. Os substitutos serão Nam Dinh (Vietnã) e Krung Thai Bank (Tailândia). Para piorar a situação do futebol indonésio, o país pode sofrer sanção da Fifa, pois a federação local recusa-se a convocar novas eleições para substituir o presidente Nurdin Halid, preso por fraude.
Mexsport
Cinco dos seis jogadores afastados da seleção chilena por um episódio de indisciplina durante a Copa América tiveram suas punições reduzidas. O palmeirense Valdivia, Contreras, Navia, Tello e Vargas terão de cumprir dez jogos de suspensão, em vez dos 20 previstos. A federação não explicou por que a medida não se aplica a Ormeño, o sexto envolvido no tumulto provocado pelos atletas em um hotel de Puerto Ordaz.
COPA COMPRADA A polêmica vitória por 6 a 0 da Argentina sobre o Peru, na Copa de 1978, voltou ao noticiário por conta de declarações do colombiano Fernando Rodríguez Mondragón, filho de Gilberto Rodríguez Orejuela, um dos ex-chefes do cartel de Cali. Segundo ele, os traficantes ofereceram dinheiro a atletas peruanos, a pedido de oficiais argentinos. “Meu tio Miguel falou com uma autoridade e confessou sobre o dinheiro usado arranjar esse jogo, para tirar o Brasil da final”. Essas e outras revelações estão no novo livro de Mondragón, “O Filho do Enxadrista 2”.
DE PÉ A Uefa pretende rever a regra que proíbe os torcedores de acompanhar em pé partidas de torneios da entidade. O presidente Platini reuniu-se com alguns representantes de associações de fãs da Inglaterra, Escócia, Alemanha, França, Espanha, Itália e Dinamarca. Os torcedores pedem que seja seguido o exemplo do Werder Bremen, que permite tal prática em suas partidas na Bundesliga.
O goleiro Felipe mostra “fair play” zero e reclama de um suposto corpo-mole do Colorado, esquecendo que o resultado desse jogo não importaria se o Corinthians tivesse conseguido vencer o Grêmio na última rodada do Brasileirão.
405 Média de ingressos vendidos por jogo do Ituano, que foi disparado o time com menor público nas Séries A e B do Campeonato Brasileiro de 2007.
“Não me chamaram para o evento. Não recebi convite, ninguém me ligou. Seria bom ter sido lembrado. Fiz parte da campanha” Adriano Gabiru, autor do gol que deu o título mundial ao Internacional, lamenta ter sido deixado de fora da festa de um ano da conquista do Colorado.
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Al Bangura, meia do Watford, teve rejeitado seu pedido para ficar na Inglaterra. O jogador, de 19 anos, chegou ao país há quatro anos como refugiado, fugindo de ameaças de mutilação em Serra Leoa, seu país-natal. Agora, o atleta deverá ser deportado. Bangura não obteve carteira de trabalho na Grã-Bretanha como jogador profissional porque Serra Leoa não está entre os 70 primeiros colocados no ranking da Fifa e por nunca ter jogado pela seleção.
Getty Images
APELO REJEITADO
FRAUDE NA REPÚBLICA TCHECA A comissão disciplinar da Federação Tcheca impôs a mais pesada sanção de sua história. A entidade puniu três jogadores e um treinador de uma equipe da segunda divisão por manipulação de resultados. De acordo com gravações, os atletas Zdenek Houst, Ales Schuster e Tomas Mrazek, do Bystrc, apostaram em um jogo da própria equipe contra o Vitkovice, na temporada passada. Houst foi suspenso por sete anos, Schuster por seis e Mrazek por cinco. Tibor Duda, ex-treinador da equipe, foi suspenso por dois anos.
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Número de casos de doping flagrados pela Uefa na temporada passada, em 1.662 testes realizados. Na temporada 2005/6, haviam sido cinco casos positivos, em número menor de testes.
“O Renato Gaúcho não ajudou em nada no desenvolvimento da carreira profissional do Leandro Amaral” Ao que parece, para Eurico Miranda, pegar um jogador que estava no ostracismo e transformá-lo no melhor jogador do Vasco não é “desenvolvimento”. O que será, então?
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1 Palmeiras B A filial palmeirense terminou em primeiro lugar no seu grupo em 2005 e foi premiada com um inusitado duelo contra a equipe principal na segunda fase. O jogo, que deixou as “duas torcidas” (ou seria uma só?) confusas, acabou com goleada de 4 a 0 a favor da equipe A.
PRESO Um torcedor dinamarquês foi condenado a 20 dias de prisão por atacar um juiz durante a partida entre Dinamarca e Suécia, pelas eliminatórias para a Euro-2008. O homem, que não teve seu nome divulgado, invadiu o campo e tentou agredir o árbitro Herbert Fandel. O incidente aconteceu depois que o juiz marcou um pênalti a favor dos suecos, aos 44 minutos do segundo tempo, com a partida empatada por 3 a 3. Depois da tentativa de agressão, Fandel encerrou o jogo. O homem, de 29 anos, admitiu estar bêbado quando causou a confusão. A Uefa decretou a Suécia vencedora por 3 a 0.
NOVO TORNEIO INTERCLUBES A Conmebol anunciou a criação de mais um troféu interclubes. A entidade acertou com a federação japonesa que os campeões da Copa Sul-Americana e da Copa da Liga Japonesa (Copa Nabisco) se enfrentem. A primeira edição do torneio será disputada em 2008, entre Arsenal de Sarandí e Gamba Osaka. O jogo será realizado em 30 de julho, no Japão. Ainda não foi divulgado o nome da competição.
CURIOSIDADES DA BOLA • O Paysandu não cansa de passar vexames. Para arrecadar dinheiro, a equipe organizou um amistoso contra um combinado da cidade de Tomé Açu-PA e pagou o mico de perder por 2 a 1. • Pelo segundo ano seguido, Adriano foi eleito o “Bidone d’Oro” (algo como “Perneta do Ano”) na Itália. Dida, Ronaldo e Ricardo Oliveira também figuraram na votação dos piores de 2007 organizada pelo programa “Catersport”, da rádio RAI 2.
ERRAMOS Na edição de dezembro, na seção de Negócios, o nome do sócio-diretor da loja Roxos e Doentes foi grafado errado. O correto é Eduardo Rosemberg
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Fernando Pilatos/Gazeta Press
Anders wiklund/AFP
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times bizarros que já estiveram na Copa São Paulo
2 Bayern de Munique (ALE) Sim, o Bayern já disputou a Copinha... e deu vexame. Em 1985, o time alemão não passou da primeira fase. Perdeu para o Santos por 4 a 0 e para o Pinheiros-PR por 3 a 0. A equipe só ganhou do lanterna América-RJ (3 a 2). O Bayern de Munique foi o primeiro, e até hoje o único, time europeu a participar do torneio.
3 Oratório-AP Os amapaenses fizeram parte de um dos grupos mais alternativos da história da competição, em 2001: Brasil de Farroupilha-RS, Tombense-MG e Paulistano-SP. Nos três jogos do Oratório, nada menos que 28 gols foram marcados: vitória por 5 a 4 sobre o Brasil e derrotas por 8 a 4 para o Paulistano e 6 a 1 para o Tombense.
4 Universidad Guadalajara (MEX) Despontou como sensação da Copinha de 1988 ao derrotar o São Paulo por 1 a 0 na estréia, mas decepcionou nos jogos seguintes e foi derrotado por Bahia e XV de Jaú. O México já havia sido representado pelo Providencia, que saiu com três derrotas em 1980.
5 Comerciário-MA O time de São Luís viajou 2.753 km até Bauru para perder suas três partidas na Copinha de 2007. Voltou depois de sofrer 20 gols, 12 deles em uma goleada do Internacional, a maior do torneio.
6 Nagoya Grampus Eight (JAP) O clube japonês foi o primeiro representante asiático na Copinha, em 1994. Caiu na primeira fase, quando levou uma goleada de 7 a 2 do Flamengo. No ano seguinte, participou a seleção japonesa, que teve chances de classificação depois de ganhar do Grêmio, mas acabou eliminada com uma derrota para o Capivariano.
7 Nitroquímica-SP O time originado da indústria do bairro de São Miguel Paulista marcou presença na Copa São Paulo no início dos anos 70. Campeão estadual amador em 1956, chegou a jogar profissionalmente na década seguinte. Na Copinha, foi saco de pancadas. Em 1971, levou 3 a 0 do Corinthians, 9 a 1 do Fluminense e 6 a 2 da Ponte Preta.
8 Seleção da China Em 1997, os sub-20 chineses foram eliminados com derrotas para São Paulo e Portuguesa, mas se despediram honrosamente, vencendo o União São João.
9 Náutico-RR A equipe de Boa Vista é persistente. Participou das últimas três edições, mas perdeu todos os jogos e acumulou 45 gols sofridos em nove partidas, média de 5 por jogo.
10 Vélez Sarsfield (ARG) Os argentinos disputaram duas edições consecutivas, em 1981 e 1982, e não conheceram o gosto da vitória. O Boca Juniors participou em 1993 e perdeu os três jogos, incluindo uma goleada de 4 a 0 para o Juventus-SP.
Janeiro de 2008
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PENEIRA
Valeri: Um meia distinto Nome: Diego Hernán Valeri Nascimento: 1/maio/1986, em Valentín Alsina (Argentina)
Altura: 1,78 m Peso: 75 kg Carreira: Lanús
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(desde 2003)
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qualquer função no meio-campo. A ascensão de Valeri como principal nome do Apertura deve-se, sobretudo, ao treinador Ramón Cabrero. O respaldo dado por ele para que o meia tivesse espaço em um time formado por promessas, como Blanco e Acosta, e veteranos, como Bossio e Graieb, contribuiu, e muito, para seu desenvolvimento. Exemplo de organização na Argentina, o Lanús pretende manter Valeri para a disputa da próxima Libertadores. Resistir ao assédio de clubes como Juventus e Atlético de Madrid, no entanto, será difícil. [MA]
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Lanús surpreendeu os torcedores argentinos ao ficar com o título do Apertura 2007. O grande responsável por esse feito foi Diego Valeri, meia de 21 anos que, ao conduzir o time a seu primeiro título nacional, mostrouse um jogador distinto tanto fora – lê Nietzsche e fala alemão e inglês – quanto dentro de campo. Para alcançar esse destaque, porém, Valeri precisou superar percalços como a contusão que o tirou dos gramados por nove meses, em 2005, e a concorrência de Leto e Archubi por uma vaga entre os titulares. Assim que teve a chance de provar seu talento, no início de 2007, ele a aproveitou. Além da destreza nos passes e arremates, o “Conde” mostrou uma versatilidade que lhe permite desempenhar
Agbonlahor: Inglaterra x Escócia x Nigéria
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Nome: Gabriel Agbonlahor Nascimento: 13/outubro/1986, em Erdington (Inglaterra) Altura: 1,80 m Peso: 78 kg Carreira: Aston Villa (2004 a 2005 e desde 2006), Watford (2005) e Sheffield Wednesday (2005) FP Get
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40 gols no Campeonato Inglês de aspirantes – um recorde. Em março de 2006, Agbonlahor estreou na Premier League, diante do Everton – e cavou seu espaço imediatamente, com um gol. Aos poucos, foi deixando pra trás veteranos ineficazes como Baros, Ángel e Phillips. O melhor é que o atacante cresce nos grandes jogos. Só nesta temporada, fez gols contra Chelsea, Tottenham, Manchester United e no dérbi local contra o Birmingham. Com mais quatro anos de contrato e evoluindo rapidamente, Agbonlahor tem tudo para aparecer na seleção – inglesa, escocesa ou nigeriana – em breve. [DM]
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os 21 anos, com duas temporadas no time principal do Aston Villa e experiência na seleção sub-21 inglesa, Gabriel Agbonlahor chegou a um momento de decisão em sua carreira. O promissor atacante recebeu convites para se integrar à seleção da Nigéria (país de seu pai) e da Escócia (país de sua mãe). O jogador, no entanto, se diz propenso a tentar um espaço na Inglaterra. A decisão faz sentido. Afinal, com exceção dos titulares Rooney e Owen, a Inglaterra não tem opções confiáveis para o ataque. Com seis gols marcados nos 15 jogos iniciais da atual Premier League, “Gabby” Agbonlahor poderia ser uma alternativa. Combinando força, oportunismo e explosão, o atacante, que chegou ainda adolescente ao Villa, destacou-se no time de aspirantes. Na temporada 2003/4, marcou Janeiro de 2008
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PONTO DE BOLA por Mauro Beting
Importante é competir ZAGALLO TEVE 21 JOGOS, de outubro de 1994 a julho de 1996, para montar a equipe sub-23 (com três monstros super-23 como Rivaldo, Bebeto e Aldair) que saiu pelo Kanu e levou chumbo na Olimpíada de Atlanta. O “Velho Lobo” ainda usou outros 15 jogos do Brasil para mesclar a equipe principal com a seleção olímpica. Luxemburgo teve 16 partidas para montar o Brasil olímpico, de abril de 1999 a setembro de 2000. Para levar ferro de nove camaroneses e, em seguida, perder o cargo. Dunga só assumiu oficialmente a seleção olímpica no Dia de Finados de 2007. Já testava alguns jogadores sub-23 em jogos da seleção principal. E mais nada. Teve um só amistoso contra a seleção do BR-07. Perdeu por 3 a 0 com um time que dificilmente será usado em Pequim. Em 2008, não há nada programado para o time olímpico – equipe que já não existia quando o Brasil ganhou o tíquete para Pequim, com o título do Sul-Americano sub-20. Por vontade e planejamento da CBF, continua não existindo uma equipe. Mesmo sem contar os três marmanjos, há gente para armar uma boa seleção. Por alto, uma lista de convocáveis sub-23 (nascidos a partir de janeiro de 1985, o que tira ótimos nomes como o zagueiro Thiago Silva e os goleiros Felipe e Bruno) poderia incluir: os goleiros Renan (Inter), Cássio (PSV, ex-Grêmio), Diego (Almería, ex-Atlético-MG) e Felipe (Santos). Os laterais-alas-direitos Rafinha (Schalke-04, ex-Coritiba), Ilsinho (Shakhtar Donetsk, ex-São Paulo), Apodi (Cruzeiro), Nei (Atlético-PR), Eduardo Ratinho (CSKA Moscou, ex-Corinthians) e Fágner (PSV, ex-Corinthians). Os zagueiros Breno (São Paulo), Alex Silva (São Paulo), Henrique (Coritiba), David Luiz (Benfica, ex-Vitória), Alcides Eduardo (PSV, ex-Santos), Edcarlos (Benfica, ex-São Paulo), Léo (Grêmio), David (Palmeiras), Lima (Betis, ex-Atlético-MG), Rhodolfo (Atlético-PR), Luizão
(Vasco), Leandro Almeida (Atlético-MG), Digão (Milan, ex-São Paulo), Gladstone (Sporting, ex-Cruzeiro) e Sídnei (Inter). Os laterais-alas-esquerdos Marcelo (Real Madrid, ex-Fluminense), Filipe (La Coruña, ex-Figueirense), Leonardo (Portuguesa), Valmir (Palmeiras), Fábio (Fluminense), Ronny (Sporting, ex-Corinthians), Carlinhos (Santos) e Anderson Pico (Grêmio). Os volantes Denilson (Arsenal, ex-São Paulo), Lucas (Liverpool, ex-Grêmio), Hernanes (São Paulo), Arouca (Fluminense), Ramirez (Cruzeiro), Charles (Cruzeiro), Roberto (Atlético-PR), Ji-Paraná (Inter), Maycon (Inter), Elicarlos (Cruzeiro), Marcelo Oliveira (Corinthians), Renan (Al Ittihad, ex-Cruzeiro), Diogo (Figueirense), Rômulo (Flamengo) e Moradei (Corinthians). Os meias Diego (Werder Bremen, exSantos), Anderson (Manchester United, ex-Grêmio), Thiago Neves (Fluminense), Wágner (Cruzeiro), Diego Souza (Grêmio), Carlos Eduardo (Hoffenheim, ex-Grêmio), Renato Augusto (Flamengo), Ramón (CSKA Moscou, ex-Corinthians), Pedro Ken (Coritiba), Caio (Palmeiras), Lulinha
(Corinthians), Willian (Shakhtar Donetsk, ex-Corinthians), Toró (Flamengo), Kerlon (Cruzeiro), Éder Luís (Atlético-MG), Leandro Lima (Porto, ex-São Caetano), Fernandinho (Shakhtar Donetsk, ex-Atlético-PR), Danilinho (Atlético-MG), Evandro (Atlético-PR), Fellype Gabriel (Nacional-POR, ex-Cruzeiro), Danilo Rios (Grêmio), Dentinho (Corinthians) e Felipe (Goiás). Os atacantes Alexandre Pato (Milan, exInter), Guilherme (Cruzeiro), Jô (CSKA Moscou, ex-Corinthians), Diogo (Portuguesa), Rafael Sóbis (Betis, ex-Inter), Keirrison (Coritiba), André Lima (Hertha Berlim, ex-Botafogo), Celsinho (Sporting, ex-Portuguesa), Diego Tardelli (São Paulo), Pedro Oldoni (Atlético-PR), Renatinho (Santos), Alan Kardec (Vasco), Soares (Fluminense), Lenny (Braga, ex-Fluminense), Moraes (Santos), Luiz Adriano (Shakhtar Donetsk, ex-Inter), Welliton (Lokomotiv Moscou, ex-Goiás), Paulo Henrique (Heerenveen, ex-AtléticoMG), Anderson Aquino (Sport) e Thiago Ribeiro (Al Rayyan, ex-São Paulo). Bons nomes. Mas quando vão treinar e jogar para valer? Janeiro de 2008
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MARACANAZO por Mauro Cezar Pereira
A melhor Libertadores FLUMINENSE, SÃO PAULO, Cruzeiro, Flamengo, Santos. Os cinco representantes brasileiros na Copa Libertadores 2008 são exatamente os mais bem colocados no campeonato nacional do ano passado. Com a quarta colocação do tricolor carioca, que se qualificou para o torneio por dois caminhos (antes ganhara a Copa do Brasil), não teremos um intruso, como Santo André ou Paulista, ou um “grande” que não estaria lá sem a existência do mata-mata que serve de “atalho”. Além disso, serão três Estados representados – pena não ter nenhum gaúcho –, sem “excesso” de paulistas. Isso é reflexo de alguns aspectos. Primeiro: o campeonato já não é disputado adequadamente apenas pelos times “de sempre”. De 2003 a 2006, com a competição disputada no atual formato, as vagas via pontos corridos estiveram concentradas nas mãos de clubes de São Paulo, que assim se classificaram para a Libertadores dez vezes, número superior às oito que os outros haviam acumulado, somados — três do Rio Grande do Sul, três do Paraná, uma de Minas Gerais e uma de Goiás. A volta cruzeirense ao grupo de elite e a presença, inédita, de dois cariocas é animadora. O futebol de São Paulo mantém a hegemonia, afinal, atuais campeão e vice são do
Estado, algo inédito na “era” dos pontos corridos. Mas isso não impediu a descentralização, que ajuda a tornar o formato mais popular, aceito em diversas regiões do país, a ponto de grandes públicos serem registrados com maior freqüência fora do território paulista – em especial nos jogos do Flamengo no Maracanã, mas também no Mineirão, Olímpico, Beira Rio, Arena da Baixada e outros estádios. Aos poucos, o torcedor se acostuma com a velha fórmula e encontra motivação para torcer pelo time de coração quando o objetivo não é mais o título, mas a vaga na Libertadores. Falta, apenas, melhor organização da Copa Sul-Americana e um calendário mais razoável, inteligente, para que o segundo torneio continental possa se tornar de fato atraente. Mas o caminho certo vem sendo seguido. A Libertadores 2008 tem todas as condições para se tornar a mais interessante de todos os tempos para o torcedor brasileiro, não só pela descentralização como pela presença de cinco equipes de torcida. São camisas que já faturaram o título nacional, sendo que quatro delas têm no currículo a própria taça oferecida pela Conmebol e três a do Mundial. Tradição, popularidade, rivalidade e bons times: ingredientes de sobra para que a edição 2008 do torneio entre para a história.
HAT TRICK Joel Santana livrou o Flamengo da zona do rebaixamento no Brasileirão. Depois, classificou a equipe para a Libertadores. Como se não bastasse, “Papai Joel”, como passou a ser chamado na época de Natal (até porque nasceu em 25 de dezembro), livrou o Flamengo do “manager” Vanderlei Luxemburgo. Seu desempenho bloqueou a possibilidade de “Luxa” voltar à Gávea. Pode ter sido seu maior feito. Desinformada, parte da mídia rotulou o Lanús como um “timeco” quando a equipe encarou o Vasco pela Copa SulAmericana. Venceu com autoridade na Argentina (2 a 0) e tomou incrível virada em São Januário, onde o time carioca fez três gols e não sofreu nenhum. Foi um dos raros grandes momentos vascaínos na temporada 2007. Pouco mais de dois meses depois, o Lanús se tornaria campeão nacional. Além disso, hoje é um dos principais reveladores de talentos do futebol argentino. Se você é corintiano e pouco ligava para a origem do dinheiro da MSI, achava normal a instalação de uma “lavanderia” no Parque São Jorge, gritou “El! El! El! O Kia é da Fiel” e achava o sujeito “gente boa”, você tem parcela de culpa no rebaixamento. Dizer que a “Fiel” não tem culpa é clichê barato, populista, cínico até. Responsabilidade zero têm aqueles alvinegros que jamais se deixaram levar pelo dinheiro fácil trazido por Kia sob a chancela do milionário Boris Berezovsky. Quem vende a alma ao diabo depois paga a conta.
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ENCHENDO O PÉ por Caio Maia
5-3-1 COSTUMA-SE DIZER que em terra de cego, quem tem um olho é rei. Em geral, é verdade. Isso não impede, porém, que o rei desfile nu pela cidade em alguns momentos. E que seja aplaudido por quase todos quando faz isso. Um bom exemplo disso se chama São Paulo Futebol Clube. Seu decantado planejamento está, sem dúvida, muito acima da média do resto dos times brasileiros. Isso não faz, porém, com que o clube seja um modelo de administração. Nem evita que seu incensado departamento de marketing invente diversas papagaiadas. A diferença é que, como elas vêm do São Paulo, a galera gosta. Poucos lembram, por exemplo, que o São Paulo teve, durante momentos do Brasileirão, uns 20 atacantes no elenco — Lima e Marcel entre eles. E nenhum volante. Muricy Ramalho teve a competência de descobrir em Richarlyson e Hernanes dois caras talhados para o novo modelo de volante, mas o fato é que, não fosse isso, o Tricolor teria terminado o campeonato na base do improviso. Lembrando: o São Paulo chegou a contratar para a posição Fernando, cuja maior credencial é ser irmão de Carlos Alberto, ex-Fluminense e Corinthians. Outro episódio risível, mas que foi tratado com seriedade pela mídia – e, incrivelmente, copiado pelo Palmeiras –, foi a venda de pedaços de grama do Morumbi em uma caixinha de vidro. Fico imaginando quem foi que comprou e o que aconteceu com o aparato – imagine a grama em decomposição dentro de uma caixinha de vidro exposta ao sol...
A última papagaiada do marketing tricolor, entretanto, supera tudo o que foi visto antes: a “conversão tricolor”. Funciona assim: se o indivíduo for ao Morumbi com alguma prova de que era corintiano ou palmeirense, ganha desconto pra virar são-paulino. Simples assim. Dá pra imaginar uma reedição do início dos anos 80, quando a diretoria tricolor pagava a torcedores rivais para que seus jogos tivessem mais público. Os caras, é claro, pegavam a grana. E iam ao jogo. Com a cara pintada de verde, ou de preto e branco. O São Paulo tem hoje a terceira maior torcida do país, muito sucesso em campo e uma diretoria melhor do que a média. Só que é ridículo supor que, por isso, torcedores vão abandonar suas equipes para torcer pelo tricolor. Se assim fosse, o Corinthians teria chegado a 1977 sem torcedores, e o que se viu foi o contrário disso. Algumas torcidas crescem na crise, e a postura arrogante da direção são-paulina tem tudo para contribuir com isso. O corintiano se torna ainda mais ferrenho, e redobra a vigilância em cima do filho, que poderia estar pensando em torcer para um outro time. E todos ficam com raiva do São Paulo. Espera-se, também, do competente departamento de marketing tricolor que “acerte” uma de suas boas sacadas, a camiseta do “4-3-3”, depois “5-3-3”. Sim, afinal, se o São Paulo diz ser o primeiro penta brasileiro porque é assim que estabelecem os critérios “oficiais”, abrirá mão de se dizer tri-mundial, já que, “oficialmente”, o Mundial começou em 2000 e só voltou a acontecer em 2005. Seria “5-3-1”, portanto? Janeiro de 2008
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TÁTICA por Cassiano Ricardo Gobbet
O nascimento
do passe celeuma causada pela nãoclassificação da Inglaterra para a Eurocopa acabou deixando em segundo plano uma eliminação de outro britânico, que foi ainda mais dramática: a da Escócia. Contando com uma das mais fanáticas – e leais – torcidas do mundo, a seleção escocesa conseguiu resultados impressionantes nas eliminatórias e deu a pinta de que poderia conseguir sua primeira vaga numa competição importante desde a Copa de 1998. Só que uma inesperada derrota para a já eliminada Geórgia em Tbilisi, na penúltima rodada, deixou os escoceses precisando vencer a Itália campeã do mundo em sua última partida. E daí, não deu. Depois da derrota para a Itália, não faltou quem esculhambasse a Escócia como uma seleção horrorosa. De fato, no jogo com os campeões mundiais, a Tartan Army (como é conhecida a barulhenta torcida escocesa) sofreu com o futebol de sua seleção. Mas cabe lembrar que, mesmo com jogadores de talento limitado, a Escócia venceu a França vice-campeã mundial – duas vezes – nas eliminatórias, coisa que o Brasil não consegue fazer nem a pau. Além do respeito pelas recentes vitórias em cima dos Bleus e pela torcida que canta e comemora junto com os torcedores rivais, a Escócia também merece reconhecimento por uma outra virtude. Foram os escoce-
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ses os primeiros a pensar no futebol como um esporte coletivo. Sim, a gênese da tática do futebol passa – e muito – pelos campos do país.
“Combinação” Na segunda metade do século XIX, quando o futebol começou a se desenhar na Inglaterra, o jogo era bem diferente do que é hoje. O conceito de defesa era praticamente inexistente e, taticamente, as disposições eram muito ingênuas. Os times ingleses vangloriavam-se de sua preparação física e de sua habilidade, do “dribbling football”, ou “futebol driblador”. Vale lembrar que a origem do esporte favoreceu a valorização do drible. O futebol nasceu simultaneamente em várias escolas inglesas, que adotavam regras diferentes entre si. Naquelas em que a regra de impedimento era mais rigorosa, o passe tornava-se inútil (no rúgbi de hoje ainda há restrições). Assim, a tática de dar chutões para a frente (outra semelhança guardada da origem comum com o rúgbi) era a mais eficiente. Daí, as disposições táticas adotadas pelas equipes inglesas serem extremamente ofensivas, como 1-1-8 ou 1-2-7 (figura 1). Na década de 1870, no entanto, um time escocês começou a chamar a atenção por seu poderio. Fundado em 1867, o Queen’s Park era considerado invencível. Mesmo
David Moir/Reuters
Futebol escocês de hoje não tem técnica apurada, mas, na origem do esporte, foi o primeiro a pensar o jogo de um modo mais coletivo
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1-2-7 Nos primórdios do futebol, a tática mais usada era a dos chutões para a frente, com muitos atacantes
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quando jogava contra times ingleses – Wanderers, Royal Engineers, Oxford –, o Queen’s Park saía sem sofrer gols. Numa partida contra o Notts County, a supremacia escocesa ficou nítida depois de uma vitória de 6 a 1 em Hampden Park. O segredo do Queen’s Park estava no jogo de passes. Aproveitando a definição da regra de impedimento, em 1866 (eram necessários três jogadores entre a bola e o gol para o lance ser legal), os escoceses se deram conta de que fazer a bola rolar facilitava o domínio da partida. Em vez do 1-2-7 dos ingleses, o Queen’s Park jogava com dois jogadores atrás, dois no meio e “só” seis atacantes, divididos em três pares (um à esquerda, um à direita e outro no meio). Em duplas, os jogadores tinham mais facilidade para barrar os avanços ingleses com dribles e, quando tinham a bola, dificultavam que o adversário adivinhasse de onde viria o ataque (figura 2). A origem exata da “Combinação”, como era chamado o jogo de pas-
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2-2-6 Ao dividir os jogadores em duplas, o Queen’s Park tornou o ataque mais perigoso e a defesa mais sólida
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2-3-5 O Preston adaptou o estilo escocês e criou o esquema que seria o mais usado nas décadas seguintes
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G: goleiro / D: defensor / M: meia / A: atacante
Escócia (à dir. na foto) hoje tem um time limitado, mas, no século XIX, foi responsável por uma revolução no futebol
ses, é creditada a vários times diferentes, até porque a observação do jogo na época era muito mais rudimentar, além de haver poucos registros escritos e quase nenhum fotográfico. Alguns times ingleses clamam a gênese do “passing football”, mas o crédito verdadeiro parece mesmo do futebol escocês, que ficou entre 1874 e 1878 sem perder na Inglaterra, num período em que a Escócia tinha a melhor seleção do mundo. No decorrer da década de 1870, com a realização de jogos entre times e seleções de Inglaterra e Escócia, a idéia se espalhou. A “Combinação” foi o embrião do futebol baseado no passe, que floresceu no futebol moderno. Na década seguinte, um time inglês, o Preston North End, fez uma adaptação do estilo, criando um esquema tático que seria hegemônico durante os 50 anos seguintes: o 2-3-5 (figura 3), que foi adotado pelos dois finalistas da Copa de 1930, entre muitos outros.
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ENTREVISTA RR ARIEL ORTEGA por Antonio Vicente Serpa
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O alcoolismo é difícil de tratar porque sempre se encontra um bom motivo para cair. Se você está eufórico, para festejar; se está deprimido, para esquecer
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“Quero ser um cara
” normal Ariel Ortega conta como busca forças na família para tentar superar o alcoolismo e voltar à condição de ídolo do River Plate
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listas. O técnico não deu mais detalhes, mas deixou evidente o motivo. Alguns dias depois, Ortega dava o primeiro grande passo rumo à recuperação: reconheceu publicamente o problema. Já era inverno, e viajou ao outro lado da Cordilheira dos Andes com sua esposa Danesa para enfrentar um tratamento contra seu vício em álcool. Haviam terminado aqueles que foram, talvez, os seis meses mais descontrolados de sua vida. Hoje, o ídolo do River Plate está diferente, o que se percebe no brilho do olhar. Não diz com palavras: não fala de encher a cara, nem de beber, nem de álcool, como se tentasse um exorcismo silencioso. E não está curado (“isso não se cura nunca”, esclarece), mas, sim, mais forte para lutar, aproveitando coisas simples do cotidiano que antes lhe pareciam tão estranhas como aquela Istambul da qual fugiu para nunca voltar. “No tempo livre, brinco com meus filhos, fico muito em casa, aproveito isso. Quase não estou saindo à noite”, diz Ortega – embora o “quase” revele que, como deixa claro, a briga ainda não está vencida, e a tentação é grande e às vezes leva a melhor sobre ele. Nas últimas semanas, sem ir mais longe, teve uma recaída da qual ninguém falou publicamente. Então? “Bom... Nos momentos de fraqueza, tento pensar em meus filhos, no que poderia ter acontecido, no que sofreram tanto tempo. Isso me dá forças. Eles são a minha felicidade. Me faz bem ver que estejam rindo ou que
chorem, que estão saudáveis”, diz, como se descobrisse tardiamente a vida de pai de seus três filhos. Quando fala sobre as crianças, seu rosto se ilumina: “A casa fica uma loucura entre as 6:00 da tarde e as 10:00 da noite. Primeiro, não querem tomar banho, e depois não tem como tirá-los debaixo d’água. Ou não querem comer. E, agora, vou buscálos na escola. Muitas das mães do colégio torcem para o River, e as que não, viraram fãs por minha causa e vão ver os jogos na minha casa, com a minha mulher”, conta, desfrutando das pequenas delícias da vida diária.
Marcos Brindicci/Reuters
onta a lenda, com aquele dramatismo que só os dados exageradamente precisos podem ter, que seu companheiro de quarto o segurou na varanda quando estava prestes a atirar-se em direção ao asfalto da avenida Costanera. As janelas espelhadas do hotel Costa Galana, um dos cinco estrelas de Mar del Plata, refletiam a imagem de Ariel Ortega – um semblante borrado pelo álcool e a ira – enquanto as cortinas esvoaçavam nas alturas. Momentos antes, ele havia sido visto na rua, à qual havia fugido sem autorização, errante e cuspindo ao vento seus demônios. Contam que cambaleava, após perder outra batalha contra o único adversário que não consegue driblar: o vício. Foi no verão de 2007, e o episódio já seria motivo suficiente para interromper essa trajetória infernal. Mas ele continuou, como quando pega velocidade no campo e começa uma corrida por entre os adversários. Bateu uma vez o carro. Duas. Viveu cenas de violência familiar. Cenas marcantes. Faltou a treinamentos do River sem avisar, ou chegou atrasado. Já não havia barreira capaz de contê-lo. Até que uma manhã chegou bêbado a um treino, e Daniel Passarella, quase seu pai, seu mentor, o técnico que o fez estrear há 16 anos (em 14 de dezembro de 1991), o mandou de volta para casa. “Não está em condições de treinar”, repetiu uma, duas, três vezes, ante as perguntas dos jorna-
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Enrique Marcarian/Reuters
Você se incomoda que na rua, na televisão ou em qualquer lugar se fale de seus problemas? Não, não me afeta. Mas não é legal estar na boca de todos. Eu só digo que é preciso ter em conta que o meu problema é difícil de tratar porque sempre se encontra um bom motivo para cair. Se você está eufórico, para festejar; se está deprimido, para esquecer. Se agora você está melhor, é graças a Passarella? Eu acho que em boa parte é graças a ele. Desde que cheguei de Jujuy (no extremo norte da Argentina, na fronteira com a Bolívia), foi como se ele e sua família tivessem me adotado. Passarella foi sempre o meu tutor, encarregou-se de mim. Eu tinha uma relação muito boa com sua esposa e também com Sebastián, seu filho que morreu (em 1995, num acidente de trânsi-
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to). Quando ganhava meus primeiros salários, dava o dinheiro para Daniel, para que guardasse, porque eu tinha medo de gastá-lo mal. Até que um dia ele juntou bastante, me levou a um banco e abriu uma conta para mim. Eu tenho que estar muito agradecido porque ele também me fez ver que eu não podia continuar do jeito que estava nos últimos meses. Às vezes, me irrito com ele, como outro dia, quando saí xingando porque ele me tirou de um jogo, mas sei que faz isso pelo meu bem e pelo time. E, se tivesse que escolher um técnico entre todos com quem trabalhei na minha carreira, escolheria ele, sem dúvidas. Pensei que você iria escolher o Ranieri... Nããããão (ri bastante). Que cara maluco, o “Tano” (Ranieri dirigiu Ortega no Valencia). Colocava uma exigência terrível, matava a gente. E era típico técnico do “catenaccio”.
Hoje, sou muito mais feliz do que antes, pelas coisas que estou vivendo. Sei que não sou um exemplo, mas eu luto
FUTEBOL EUROPEU A época da Europa não é uma que Ortega possa recordar com um sorriso nos lábios: não se adaptou ao Valencia de Ranieri, time que soube pôr em xeque os grandes do futebol espanhol, com um estilo mesquinho, mas eficaz (“il contropiede”). Foi para o futebol italiano, onde os agouros eram piores. Apesar disso, mesmo longe do brilho que só mostrou no River e na seleção argentina – onde se sonhou que pudesse ser o sucessor de Maradona –, o “Burrito” (apelido que ganhou pela identificação com o asno de sua província natal) teve bons períodos na Sampdoria e, sobretudo, no Parma. Depois de um breve retorno ao River, em 2000, para ganhar oxigênio com esse ar de Núñez que é o ar de sua casa, se expôs ao pior de sua carreira: a Turquia. “O tempo no Fenerbahçe foi terrível, jamais consegui me adaptar. Me sentia sozinho, não entendia o que diziam. Nem gostava do estilo de jogo dos turcos! Por isso, aproveitei um jogo da seleção contra a Holanda e voltei”. A vingança dos turcos foi dura: não o deixavam jogar, não mandavam a transferência internacional e exigiam uma fortuna para liberá-lo. Quem pagou o dinheiro foi o Newell’s Old Boys, com ajuda da Federação Argentina para destravar a situação. Quem mais se beneficiou, no entanto, foi o River Plate, apesar de o time de Rosário ter tido o gosto de ganhar com Ortega um título pelo qual o River luta sem êxito há quase quatro anos.
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Ariel Arnaldo Ortega Nascimento: 4/março/1974, em Ledesma (ARG) Altura: 1,70 m Peso: 64 kg Carreira: River Plate (1991 a 1996, 2000 a 2002 e desde 2006), Valencia (1997 a 1998), Sampdoria (1998 a 1999), Parma (1999 a 2000), Fenerbahçe (2002 a 2003), Newell’s Old Boys (2004 a 2006) Títulos: Copa Libertadores (1996), Campeonato Argentino (1991, 1993, 1994, 1996, 2002 e 2004) NA
Pela seleção argentina: 86 J / 17 G
Por que você acha que o River está há tanto tempo sem ser campeão? Chegouse a falar de divisões entre os grandes e os pequenos do elenco. É verdade? Não sei o motivo. Se vejo algo de que não gosto, chego no vestiário e xingo. Alguns garotos não percebem que estão no River, onde têm uma chance que por aí, na vida, não se dá duas vezes, e eu tento fazê-los entender. Não para prejudicá-los, mas para passar a eles o que me transmitiram sujeitos como Astrada (ex-jogador, capitão e técnico do River, que também passou pelo Grêmio). Era tão diferente na sua época? Sim, era outra coisa. Veja, te conto uma história. Quando voltei para Jujuy, de-
pois de ter estreado como profissional, eu ainda não tinha um contrato e me deram dinheiro para a viagem. Sei lá, pensei que iam me dar 100 pesos (na época, o equivalente a US$ 100) ou algo assim para pagar a passagem do ônibus, mas recebi uns 4 mil. Nunca tive tanto dinheiro na minha vida! Por isso, fui abraçado à malinha durante as 24 horas que a viagem durou. Agora, trabalha-se com outros valores, e a realidade é outra também. Eu, por exemplo, jamais teria pensado em ir embora do River sem ganhar algum campeonato. Ganhei alguns títulos e deixei o clube seis anos depois de ter chegado. Hoje, você está no outro extremo: é o referencial e o grande ídolo do River.
Como você lida com isso? Tem coisas com as quais ainda não me acostumei, porque nasci em Ledesma, que é uma cidadezinha muito pequena. E, de repente, estou andando em um shopping e vem um garoto com a namorada, se ajoelha e me diz, chorando: “Você é o máximo, você é meu ídolo, Burrito”. Isso ainda me deixa muito encabulado, mas é algo que vem com a fama. Então, você é feliz ou não, Ariel? Sou muito mais feliz do que antes, pelas coisas que estou vivendo. Sei que não sou um exemplo, mas eu luto. Sou um cara normal, com a diferença de que jogo futebol. Bom... eu quero ser um cara normal. Janeiro de 2008
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MERCADO por Ubiratan Leal
Sem dinheiro para manter revelações ou repatriar jogadores no auge, futebol brasileiro estica o olho para os países vizinhos. Para dar uma mãozinha aos clubes, a Trivela preparou um listão de 78 jogadores latino-americanos que podem aparecer por aqui em 2008 sulamericanos.indd 2
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ogério Ceni, V Valdíívia e Acosta. O trio finalista do prêmio de Melhor M lh Jogado J g dor d do Campeonato C t Brasileiro B il i 2007, 2007 concedido did pela p la CBF, exp pôs defi definitivamente d nitivamente a nova fase do mercado futebolístico no Brasil. D Dos três indicados, um era chileno e outro era uruguaio. Aind da qu ue o vencedor tenha sido o único brasibrasi leiro, não há como neg gar: cada vez mais, olhar para os demais países da América a Lattina pode ser uma estratégia eficaz para contratar jog gadores de talento a custos acessíveis. Essa filo osofia já é vista em clubes por todo o país. D Dos 20 0 participantes da Série A de 2007, apenas ciinco o – Atlético-MG, Botafogo, Fluminense, Paran aran ná e Sport port – não tiveram um jogador estrangeiro durrante a competição. com Em compensação, Atléticco-P PR, Flamengo, amengo, Gr Grêmio, Internacional e Vasco ttiveram mais de um, com destaque para o Tricolor gaú úcho, com cinco. A origem dos do jogadores
G eiros Gole
também mbém foi variada: a Venezuela foi o ún único país sul-ameri-cano que não ã teve t representante t t ((veja j ttabela) b l ). A tendência é que esse fluxo migratório continue. Log Lo ogo go após o final do Brasileirão Brasileirã 2007, vários estrangeiros entr traram na mira de clubes brasileiros. O Bo Botafogo acertou com om o argentino Alexis Ferrero, errero, zagueiro do Tigre, su surpreend dente vice-campeão do Apertura. O Vasco co apostou em Joséé Luis L Villanueva, chileno que estava sem clube. Outros utros nom nomes já á apareceram em especulações e há grandes chances de alguns lgunss serem anunciados até o início dos estaduais. Diante desse cenário, é sempre útil ter um panorama rama d de como está o mercado latino-americano. Nas páginas a segui seguir, você verá uma relação de algumas das melhores ofertas — não apenas jogadores que atuam no continente, mas algu alguns que estão até na Europa e poderiam voltar diante de propo propostas acessíveis ao bolso dos clubes brasileiros.
Os latino-americanos do Brasileirão 2007 Argentina (8)
Z ueiros Zag
Frontini (América-RN e Figueirense), Colace e Maxi (Flamengo), Schiavi e Saja (Grêmio), Guiñazu (Internacional), Dudar e Conca (Vasco)
Posições dos jogadores
Colômbia (7) Late erais
V antes Vola
Ferreira, Moreno, Valencia e Viáfara (Atlético-PR), Bustos (Grêmio), Orozco (Internacional) e Martín (Vasco)
Uruguai (3) Sorondo (Internacional), Vanzini (Juventude) e Acosta (Náutico)
Chile (2) Valdívia (Palmeiras) e Maldonado (Santos)
Paraguai (2) Gavilán (Grêmio) e Florentín (Palmeiras)
Equador (1) Reasco (São Paulo)
Peru (1) Hidalgo (Grêmio)
Venezuela (0) M as Meia
Bolívia (2) Arce (Corinthians) e Marcelo Moreno (Cruzeiro)
Panamá (0)
Obs.: os outros estrangeiros que participaram do torneio foram o sérvio Petkovic (Santos) e o angolano Johnson (Goiás)
A cantes Atac Janeiro de 2008
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Jorge R. Jorge
Agustín Julio Nascimento 25/outubro/1974 Clube Tolima
Goleiro seguro que vive a melhor fase de sua carreira. É o principal destaque do Tolima e tem sido titular da seleção colombiana nas eliminatórias para a Copa-2010
Patricio Urrutia Nascimento 15/novembro/1978 Clube LDU Quito
Líder do meio-campo da LDU Quito, com folga o melhor time do Equador em 2007. Marca bem, sabe ajudar o sistema de armação e arremata bem de fora da área
Experiência Miguel Riffo Nascimento 21/junho/1981 Clube Colo-Colo
O discurso de quem está na Libertadores é sempre igual: buscar jogadores que já disputaram o torneio. Desse modo, atletas sul-americanos experientes ganham espaço. É o caso de Saja, goleiro que o Grêmio foi buscar no San Lorenzo no início do ano e deu bons resultados durante a competição continental (no final do ano, entrou em má fase e caiu em desgraça com a torcida). No entanto, procurar nomes mais conhecidos pode ser importante não pela catimba da Libertadores, mas pela própria qualidade técnica que o reforço acrescentaria ao time. O Brasileirão 2007 teve dois bons exemplos disso: Acosta, vice-artilheiro do campeonato pelo Náutico, e Guiñazu, destaque do Libertad na Libertadores 2007 e prontamente contratado pelo Internacional.
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Zagueiro da seleção chilena, não esbanja técnica, mas tem mostrado muita consistência nas duas últimas temporadas
Limberg Gutiérrez Nascimento 19/novembro/1977 Clube Blooming
Eficiente na marcação e especialista em chutes de longa distância, sua carreira internacional só não foi mais para frente por causa de problemas judiciais com o Bolívar
Ariel Ortega Nascimento 4/março/1974 Clube River Plate
Veterano e quase símbolo do River Plate, não tem sido feliz na passagem atual por Núñez. É constantemente citado como possível reforço de clube brasileiro
Claudio Morel Rodríguez Nascimento 2/fevereiro/1978 Clube Boca Juniors (ARG)
Opção viável para quem quer um zagueiro experiente ou lateral que marca mais do que apóia. O difícil é convencer o Boca a liberá-lo
Marcelo Gallardo Nascimento 18/janeiro/1976 Clube Paris Saint-Germain (FRA)
Habilidoso e técnico, está encostado no PSG, e um retorno à América do Sul não está descartado. Seu principal problema é a facilidade com que se contunde
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Aníbal Matellán Nascimento 8/maio/1977 Clube Arsenal
Com passagem pela Europa, foi um dos pilares defensivos do Arsenal campeão da Copa Sul-Americana. Atua A como líder da defesa ou lateral eficiente na n marcação
Jorge Bava Nascimento 2/agosto/1981 Clube Libertad (PAR)
Não é um gênio no gol, mas orienta a defesa e dá um mínimo de segurança para quem tem carência na posição
Freddy Grisales Nascimento 22/setembro/1975 5 Clube Colón (ARG)
José Manuel Rey
Marcador incansável, é uma aposta interessantee para quem precisa proteger er com mais eficiência sua defesa
Nascimento 20/maio/1975 Clube Caracas
Zagueiro seguro, foi a grande figura do Caracas nas duas vitórias sobre o River Plate na última Libertadores. Além disso, é perigoso nas cobranças de falta Fotos AFP
Nelson Cuevas Nascimento 10/janeiro/1980 Sem clube
Liberado pelo América-MEX, tem treinado no Portsmouth na esperança de cavar espaço na Europa. Se não for aprovado, é interessante para quem precisa de um atacante rápido
Lorgio Alvarez
Bastante determinado na marcação, conseguiu fazer uma carreira acima da média para o futebol boliviano. Passou dois anos no Independiente e está no Cerro Porteño
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outros veteranos
Nascimento 29/junho/1978 Clube Cerro Porteño (PAR)
Aldo Bobadilla Mario Cuenca
20/abril/1976
Indep. Medellín (COL)
3/junho/1975
Arsenal
Jorge Guagua
28/setembro/1981
Emelec
Derlis Cardozo
16/junho/1981
Libertad
Jorge Brítez José Amaya José Sand Omar Pouso
2/agosto/1981
Cerro Porteño
16/julho/1980
Atlético Nacional
17/julho/1980
Lanús
28/fevereiro/1980
Libertad (PAR)
Daniel Montenegro Giovanny Hernández Walter Ayoví
28/março/1979
Independiente
6/junho/1976
Colo-Colo (CHI)
11/agosto/1979
El Nacional
Leonardo Biagini Miguel Mostto Patrício Galaz Reinaldo Navia
13/abril/1977
Arsenal
11/novembro/1977
Barnsley (ING)
31/dezembro/1976
Universidad de Chile
10/maio/1978
Racing
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Elias Figueroa Nascimento 26/janeiro/1988 Clube Liverpool
Habilidoso e rápido, foi grande figura do Uruguai nas categorias de base. É uma surpresa ainda não estar na Europa — uma eventual revenda pode ser lucrativa
Alejandro Guerra Nascimento 9/julho/1985 Clube Caracas
Meia de armação com boa técnica e visão de jogo, mostrou toda sua capacidade na campanha do Caracas na Libertadores do ano passado
Djalma Vassão/Gazeta Press
Franco di Santo Nascimento 7/abril/1989 Clube Audax Italiano (CHI)
Atacante alto e oportunista, forma dupla de ataque perigosa com Villanueva. Tem perspectiva de ir à Europa no futuro — contratálo hoje pode ser um bom investimento
Pensando no Do mesmo modo como os clubes europeus gastam milhões para levar promessas brasileiras na esperança de que elas explodam, o Brasil pode fazer algo parecido na América do Sul. Os argentinos são mais difíceis de trazer pela conexão direta com a Europa, mas é viável apostar nas revelações dos demais países. Há bons exemplos: Maldonado chegou como uma novidade no futebol chileno e até hoje é um dos principais volantes em atividade no Brasil. Valdívia e Lugano também chegaram com esse status e se tornaram ídolos de, pela ordem, palmeirenses e são-paulinos.
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Radamel R F Falcao García Nascimento 20/fevereiro/1986 Clube River Plate (ARG)
Promessa do futebol colombiano, não consegue estourar no River. Ficou famoso no Brasil após marcar três gols no Botafogo na Sul-Americana de 2007
Alexis Sánchez Nascimento 19/dezembro/1988 Clube River Plate (ARG)
Atacante veloz e habilidoso que cai pelo lado direito. Tem contrato com a Udinese, que o empresta a equipes sul-americanas para ganhar experiência
Reimond Manco Nascimento 23/agosto/1990 Clube Alianza Lima
Ao lado de Ismodes, é a esperança dos peruanos de ver seu país subir alguns degraus no cenário internacional. Ainda é frágil fisicamente, mas tem talento de sobra
Damián Ismodes Nascimento 10/março/1989 Clube Sporting Cristal
Pequeno fisicamente e muito habilidoso, é uma das grandes esperanças do Peru para a próxima década. É chamado de “Robinho Peruano”
Janeiro de 2008
12/20/07 9:40:19 PM
Dayro Moreno Nascimento 16/setembro/1985 Clube Once Caldas
David Ospina Pérez
Faz gols com extrema facilidade, tanto que foi o artilheiro do Finalización da Colômbia. O problema é controlar seu gênio
Nascimento 21/agosto/1988 Clube Atlético Nacional
Grande revelação no gol colombiano. Ágil e talentoso, ainda causa dúvidas pela inexperiência. Ainda assim, tem muito potencial para crescer
Mauro Boselli Nascimento 22/maio/1985 Clube Boca Juniors
Bastante talentoso, não consegue espaço em um clube que já tem Palermo e Palacio. Se não parar n Europa, pode ser uma opção na viável, ainda que por empréstimo
Óscar Bagüí Nascimento 16/fevereiro/1986 6 Clube Olmedo
Carlos Villanueva Nascimento 5/fevereiro/1986 Clube Audax Italiano
Boa revelação do Olmedo, surpresa do futebol equatoriano em 2007. Já faz parte da seleção principal de seu país
Objeto de desejo de vários clubes, incluindo europeus. Meia de formação, pode jogar como atacante. Foi artilheiro do Clausura com quase um gol por jogo
Fernando Muslera Nascimento 16/junho/1986 Clube Lazio (ITA)
Fotos AFP
Mostrou talento no Nacional-URU na Libertadores 2007. Como sua estréia na Lazio foi desastrosa (derrota por 5 a 1 para o Milan), perdeu espaço na Itália
Óscar Ustari Roberto Fernández
Filho do ex-goleiro Gato Fernández (ex-Internacional e Palmeiras), é apelidado de “Gatito”. Foi a principal figura do Paraguai no Sul-Americano sub-20 de 2007
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outras promessas
Nascimento 29/março/1988 Clube Cerro Porteño
3/julho/1986
Getafe (ESP)
Damián Malrechauffe 19/outubro/1984 Oswaldo Vizcarrondo 31/maio/1984
Danubio
Manuel Iturra
29/agosto/1985
Universidad de Chile
Adrián Ramos Álvaro Navarro Cristián Benítez Hugo Rodallega Junior Ross Luis Miguel Escalada
11/fevereiro/1986
América de Cáli
28/janeiro/1985
Defensor Sporting
1º/maio/1986
Santos Laguna
25/julho/1985
Necaxa (MEX)
19/fevereiro/1986
Coronel Bolognesi
27/fevereiro/1986
LDU Quito (EQU)
Unión Maracaibo
12/21/07 4:38:45 PM
Néstor Ayala Nascimento 18/fevereiro/1983 Clube Tigre (ARG)
Companheiro de ataque de Maxi Biancucchi no Sportivo Luqueño, foi ao Tigre e fez parte do surpreendente vicecampeonato do pequeno time argentino
Diego de Souza Nascimento 14/maio/1984 Clube Defensor Sporting
Meia de armação típico, distribui bem as jogadas e sabe concluir quando necessário. Foi considerado um dos melhores jogadores do Apertura 2007 do Uruguai
Jorge R. Jorge
Jaime Castrillón
Destaques
Nascimento 5/abril/1983 Clube Independiente Medellín
Não é tão alto, mas seu posicionamento na área e sua impulsão o tornam um grande cabeceador. Com a bola nos pés, chega bem ao ataque
cont continentais A falta de confiança dos europeus ou de uma conexão de agentes mais sólida faz com que muitos bons jogadores da América do Sul fiquem pelo continente. Mesmo quando haveria potencial para ganhar alguns euros ou dólares em mercados secundários como o Leste Europeu ou a Ásia. Com isso, fica aberta a possibilidade de os brasileiros buscarem esses nomes. Foi assim que chegaram o argentino Conca (Vasco) e o colombiano Ferreira (Atlético-PR), dois dos melhores meio-campistas do último Campeonato Brasileiro. Outros poderiam vir, e nem é tão difícil identificá-los.
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Julio dos Santos Nascimento 7/maio/1983 Clube Almería (ESP)
Armador criado pelo Cerro Porteño, foi vendido ao Bayern de Munique. Não deu certo e foi emprestado ao Almería, onde está no banco. Fala em voltar à América do Sul
Luis Tejada Nascimento 28/março/1982 Clube América de Cáli (COL)
Poucos se lembram, mas foi a estrela do Panamá no surpreendente vicecampeonato da Copa Ouro 2005. Aliás, foi um dos artilheiros e acabou eleito melhor jogador do torneio
Waldo Ponce Nascimento 12/abril/1982 Clube Universidad de Chile
Vive um bom momento, em que ganha experiência e passa a diminuir as falhas típicas de iniciantes. Já faz parte da seleção chilena
Fernando Belluschi Nascimento 10/setembro/1983 Clube River Plate
Chegou ao River como estrela, mas afundou junto com a má fase do time. Indisciplinado, viu seu nome ficar em baixa, mas tem talento acima da média do continente
Janeiro de 2008
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Joselito Vaca
Gonzalo Fierro Nascimento 21/março/1983 Clube Colo-Colo
Destaca-se pela versatilidade, pois joga como meia, volante e até lateral. Desse modo, é peça estratégica no esquema do Colo-Colo e ganha espaço na seleção chilena
Domingo Salcedo Nascimento 9/novembro/1983 Clube Racing (ARG)
Meia que faz gol com a naturalidade de um atacante. Está no Racing, que não pagou todas as parcelas ao Cerro Porteño, seu ex-clube, e pode ser devolvido
Macnelly Torres
Nascimento 12/agosto/1982 Clube Blooming
É o principal nome da nova geração do futebol boliviano. Titular da seleção boliviana, passou por Dallas Burn e New York/New Jersey Metrostars, dos Estados Unidos
Nascimento 5/abril/1984 Clube Cúcuta
Cérebro do Cúcuta semifinalista da Libertadores 2007. Tem visão de jogo, lança com precisão, sabe finalizar e cobra faltas com muito perigo
Nicolás Vigneri Nascimento 6/julho/1983 Clube Peñarol
Principal revelação do Peñarol na atualidade, faz gols com facilidade e já é cotado para ir à Europa
Ignacio González Nascimento 14/maio/1982 Clube Danubio
Fotos AFP
Jogador criativo, foi o melhor do Uruguai na temporada 2006/7 e passou a fazer parte das convocações da seleção celeste. Tem potencial para ir à Europa
César González
Rápido e habilidoso, cai pela ponta direita com facilidade e puxa contraataques. Deu muito trabalho ao Santos na Libertadores 2007, quando defendia o Caracas
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outros destaques
Nascimento 1/outubro/1982 Clube Colón (ARG)
Ignacio Ithurralde
30/maio/1983
Monterrey (MEX)
Ernesto Cristaldo Hugo Droguett Luis Saritama Walter Fretes
16/março/1984
Cerro Porteño
2/setembro/1982
Tecos UAG (MEX)
20/outubro/1983
Alianza Lima (PER)
18/maio/1982
Cerro Porteño
Gualberto Mojica Juan Cominges Milovan Mirosevic
2/setembro/1982
Cluj (ROM)
1º/outubro/1983
Sporting Cristal
20/junho/1980
Beitar (ISR)
Blas Pérez Dante López Edmundo Zura Humberto Suazo
13/março/1981
Hércules (ESP)
16/agosto/1983
Libertad
12/janeiro/1983
Imbabura
10/maio/1981
Monterrey (MEX)
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HISTÓRIA por Ubiratan Leal
Ambiente
familiar
Jogar a Segundona não é novidade para o Corinthians. Na década de 1980, o clube disputou a Taça de Prata, uma espécie de segunda divisão que dava vaga na primeira no mesmo ano mérica-RJ, Catuense, Colatina, Guará e Leônico. Os companheiros do Corinthians no grupo C do Campeonato Brasileiro de 1982 deixam evidente o nível em que o clube paulista estava. Os alvinegros viviam no ostracismo da Taça de Prata, segunda divisão do Brasileirão e prova de que estar no segundo nível – realidade de 2008 – não é uma completa novidade no Parque São Jorge. A participação corintiana na Segundona muitas vezes é esquecida pelo formato bizarro da competição — e pelo fato de o time não ter sido rebaixado. Ela surgiu em 1980, na esteira da eleição de Giulite Coutinho à presidência da CBF. O dirigente pretendia enxugar o Brasileirão, que no ano anterior chegou a ter 94 participantes. Assim, a competição foi reduzida para 40 participantes e surgiu a segunda divisão, chamada Taça de Prata. Para definir os participantes da primeira divisão, a CBF determinou que cada Estado teria um número de vagas de acordo com sua importância no cenário nacional. Desse modo, para cair à Taça de Prata não era preciso ser rebaixado no Brasileiro, mas fazer uma campanha ruim no estadual. Foi o que ocorreu com o Corinthians em 1981. O elenco não era fraco, contando com nomes como Sócrates e Zenon, além do técnico Oswaldo Brandão. No entanto, o time não engrenou no Paulista e acabou sem lugar na elite – mesmo havendo seis vagas à disposição. A crise que tomou conta do Parque São Jorge impulsionou uma recuperação rápida do clube. Em 1982, sob a direção do recém-eleito Waldemar Pires, o time mudou a filosofia de trabalho no elenco – era
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o início da Democracia Corintiana – e os resultados começaram a vir. A equipe terminou invicta as duas primeiras fases da Taça de Prata e, em uma das bizarrices do regulamento da época, conseguiu vaga direta na segunda fase da primeira divisão. A boa fase continuou na presença dos grandes e, ao final do ano, o clube era semifinalista do Brasileirão de 1982 e campeão paulista. Um desempenho tão bom que nem parecia que o time disputara a Segundona.
Palmeiras também passou por lá O arqui-rival Palmeiras, por outro lado, guarda lembrança mais amarga da fase,
Em 1982, Corinthians e Palmeiras disputaram a Taça de Prata
CAMPEÕES, VICES E PROMOVIDOS DA TAÇA DE PRATA Ano Campeão
Subiram para a elite no mesmo ano
Vice
1980
Londrina
CSA
América-SP, Americano, Bangu e Sport
1981
Guarani-SP
Anapolina
Bahia, Náutico, Palmeiras e Uberaba
1982
Campo Grande-RJ
CSA
América-RJ, Atlético-PR, Corinthians e São Paulo-RS
1983
Juventus
CSA
Americano, Botafogo-SP, Guarani-SP e Uberaba
1984
Uberlândia
Remo
Uberlândia
1985
Tuna Luso
Goytacaz
Não houve
* Vencedores das primeiras fases garantiam a promoção no mesmo ano, portanto não disputavam o título da Taça de Prata. Campeão e vice tinham vaga na primeira divisão do ano seguinte
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OS GRANDES PAULISTAS NA TAÇA DE PRATA Corinthians 1982 Time-base: César; Zé Maria, Gomes, Wagner e Wladimir; Biro-Biro, Sócrates e Zenon; Eduardo, Mário (Casagrande) e Joãozinho. Técnico: Mário Travaglini 2x0 América-RJ (C) 1x1 Colatina (C) 0x0 Catuense (F) 5x1 Guará (C) 3x1 Leônico (F) 4x2 Fortaleza (F) 2x1 Campinense (C) Obs.: o clube foi promovido e disputou a segunda fase da Taça de Ouro no mesmo ano
Acervo Gazeta Press
Palmeiras 1981
que integrou os anos da “fila” (1977-93). Com problemas financeiros, falta de planejamento e dificuldade em montar um time desde a ida de Telê Santana para a Seleção Brasileira, em 1980, o Alviverde teve algumas das piores equipes de sua história. O zagueiro Darinta, por exemplo, é lembrado até hoje como símbolo da fragilidade técnica daquela época. Com isso, o Palmeiras não conseguiu se classificar para o Campeonato Brasileiro em dois anos seguidos, 1981 e 1982. No primeiro, o time ainda conseguiu bons resultados na Taça de Prata e foi promovido para a elite na mesma temporada. Isso não ocorreu em 1982, quando o clube do Parque Antarctica efetivamente terminou o ano eliminado na primeira fase da Segundona. A presença constante de grandes equipes na segunda divisão – entre os campeões brasileiros, Atlético-PR, Bahia, Coritiba,
Sport e Guarani também passaram pela Taça de Prata – fez a CBF “flexibilizar” os critérios de classificação para a elite. Em 1982, o Santos fez uma péssima campanha no Paulistão e ficou em nono lugar, o que não lhe daria vaga na primeira divisão nacional do ano seguinte. No entanto, a CBF usou um suposto ranking histórico para convidá-lo a disputar a primeira divisão sem passar pela Taça de Prata. O mesmo ocorreu em 1984, quando a Taça de Ouro contou com Vasco (sétimo no Estadual do Rio de 1983) e Grêmio (terceiro no Gauchão de 1983). Curiosamente, Santos e Vasco foram vice-campeões da primeira divisão no ano em que deveriam jogar a segunda. Em 1987, com a criação da Copa União e a divisão do Campeonato Brasileiro em módulos, a Taça de Prata foi definitivamente extinta — inclusive da memória da maior parte dos torcedores.
Time-base: João Marcos; Benazzi, Édson, Darinta e Jaime Boni; Vítor Hugo, Sena e Adauto; Jorginho, Paulinho e Baroninho. Técnico: Dudu 2x1 América-SP (C) 3x1 São Paulo-RS (C) 1x1 Ferroviária-SP (F) 0x0 Criciúma (F) 1x0 Internacional (SM)-RS (C) 2x0 Novo Hamburgo (F) 1x1 Comercial-MS (C) 2x1 Americano (C) 1x2 Guarani (F) 0x0 Americano (F) 2x0 Guarani (C) Obs.: o clube foi promovido e disputou a segunda fase da Taça de Ouro no mesmo ano
1982 Time-base: Gilmar; Nenê, Luís Pereira, Édson e Jaime Boni; Suca, Célio e Aragonés; Jorginho, Almir e Esquerdinha. Técnico: Paulinho de Almeida 2x2 Juventus (C) 1x1 Volta Redonda (C) 0x0 Anápolis (F) 1x2 Vila Nova-GO (F) 1x0 Operário-MT (C)
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Jorge R. Jorge
VOLANTES
Arouca é um dos representantes da nova geração de volantes brasileiros
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NADA DE Nova geração de volantes brasileiros sabe como tratar a bola, ajuda a armar jogadas, decide partidas e contraria fama no Brasil de que cabeça-de-área precisa ser apenas um incansável marcador
por Dassler Marques
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São Paulo teve Hernanes e Richarlyson. O Santos contou com Maldonado e Rodrigo Souto. No Flamengo, destacaram-se Cristian e Ibson. O Fluminense foi comandado por Arouca. O Cruzeiro revelou Charles e Ramires. Todos os cinco primeiros colocados do último Campeonato Brasileiro montaram seu meio-campo com suporte em volantes leves e técnicos. Considerando que Denílson, Lucas e Anderson, primeiros nomes “de ponta” do futebol brasileiro a aportar na Inglaterra, têm a mesma característica, fica evidente o surgimento de um novo perfil nos tradicionais cabeças-de-área de nosso futebol. Até recentemente, o estereótipo do responsável pela marcação no meio-campo vinha sendo o de jogador lento e forte, que não ataca muito, marca e comete faltas constantemente e tem habilidade suficiente para, no máximo, pegar a bola e tocar para o companheiro mais próximo – tipicamente, o que fazia Dunga quando era jogador. É o oposto do que se exige dos meias centrais modernos, jogadores técnicos, ágeis, multifuncionais, bons chutadores e excelentes passadores. Essa tendência internacional se deve a uma mudança na postura defensiva das equipes. Com laterais que avançam cada vez menos, os times passaram a buscar novas figuras para surpreender os adversários. “Quem tem de jogar hoje não são mais os laterais, e sim os volantes. Na Europa, os laterais marcam e o Ibson volante sobe e acaba fazendo a diferen7/novembro/1983 ça. Veja a seleção da Itália campeã do Flamengo mundo. Quem era o pensador do time? De volta ao Brasil, o flamenguista O Pirlo”, comenta Muricy Ramalho em se mostrou capaz de desempenhar entrevista concedida para a edição de qualquer função e ocupar todas as dezembro da Trivela. posições existentes em um meioPara Roy Hodgson, membro do cocampo. Taticamente inteligente, mitê de análises técnicas e táticas da ofereceu liberdade aos alas e, Uefa e treinador da Finlândia, esse fenômuitas vezes, apareceu meno se deve mais às características dos para concluir
Fernando Soutello/AGIF/Gazeta Press
O
Eduardo Costa ficou conhecido como jogador sem técnica, mas provou que é um reforço valioso Em 2001, com apenas 19 anos, Eduardo Costa deixou o Grêmio para defender o Bordeaux. Deixou por aqui, também, a imagem de volante viril e, por vezes, desleal. No time de Tite, campeão da Copa do Brasil no mesmo ano, era um jogador aplicado fisicamente e com a força física habitual para um cabeçade-área. Em seus poucos jogos com a camisa da
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Seleção Brasileira, àquela época com Felipão, não foi muito bem aceito pela média da opinião pública, embora houvesse alguma má vontade nessas análises. Nos seis anos que se arrastaram até meados de 2007, pouco se ouviu falar de Eduardo Costa por aqui. Além do Bordeaux, o gaúcho passou por Olympique Marseille e Espanyol sem
grande alarde. De volta ao Olímpico, percebeu-se nele um jogador bastante diferente. Fisicamente pronto e com atributos técnicos acentuados, Eduardo foi o principal acréscimo gremista pós-Libertadores. Fez só 16 jogos, mas se tornou referência. Por isso, os dirigentes gremistas precisam correr: seu empréstimo termina em julho.
Jefferson Botega/RBS
MUDANDO A IMAGEM
Janeiro de 2008
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COMO JOGAM OS VOLANTES DE HOJE
Gattuso
Ambrosini Ramires
Charles Mascherano he
Gerrard ra
Pirlo
No tradicional desenho tático brasileiro, 4-2-2-2, os volantes normalmente precisam se desdobrar para cobrir os laterais, que quase sempre estão à frente da linha dos zagueiros. Isso ocorreu no Cruzeiro de 2007, com a diferença de Ramires e Charles também avançarem. Na Europa, a formação já é bem diferente. No Milan, Gattuso e Ambrosini
dão o primeiro combate e Pirlo o segundo. Com a bola, Pirlo aproveita sua posição mais recuada para ter visão privilegiada do campo e liberdade para avançar (nesse caso, Gattuso o cobre) ou lançar. Aliás, o uso de volantes na armação foi a tese de conclusão de curso de Carlo Ancelotti na escola de técnicos de Coverciano. O Liverpool, atual vice-campeão
europeu, joga no tradicional 4-4-2 com duas linhas de quatro. No time, os dois meias centrais (supostamente os volantes) têm funções diferentes. Gerrard avança com mais liberdade pela sua capacidade de armar e arrematar de longa distância. Mascherano ou Xabi Alonso, mais marcadores, ficam atrás para ter espaço para realizar lançamentos.
jogadores atuais do que a inovações táticas. “Não acho Fredson, a solução foi recuar dois meias – Hernanes e que a função de meia central tenha mudado tanto Richarlyson – para a frente dos zagueiros, justamenHernanes assim dos anos 70 para cá. Os papéis não mudate o ponto forte do São Paulo em 2005 e 2006. 29/maio/1985 ram tanto quanto as pessoas gostam de pensar. A aposta de Muricy deu certo. Inicialmente São Paulo Quem mudou foram os jogadores”, afirma. atuando com uma linha de três zagueiros, Tal mudança nos atletas não seria coinMuricy deu à dupla melhores condições de Ala, meia, atacante... O ambidestro Hernanes rodou um bocado até se cidência ou acaso. O próprio técnico inglês adaptação, já que a necessidade de marcar fixar na cabeça-de-área. Na função, explica como o contexto induziu as novas seria um pouco menor. Os dois, rapidamente, mostrou técnica de meia, força física gerações de volantes a se desenvolver. “A assumiram uma condição de destaque no time de ala e finalização de fazer inveja maioria dos times diria que prefere um jotitular. “Hernanes e Richarlyson tiveram persoem atacantes. Esteve entre os gador no meio-campo que proteja os quatro nalidade, competência e muita capacidade para melhores jogadores do defensores. Mas os mesmos times também quesuperar todos os problemas dentro de campo. Se Brasileiro rem um jogador que tenha bom domínio de bola não fossem bem, seriam muito cobrados”, comenta e possa fazer passes decisivos.” Jorge Wagner, companheiro de ambos no São Paulo. Em algumas oportunidades, em São-paulinos viram exemplos vez de três zagueiros, Muricy Arouca Denílson Independentemente do moRamalho pôs um desenho tá11/agosto/1986 tivo dessa evolução, ela está tico com duas linhas de qua16/fevereiro/1988 Fluminense Arsenal chegando ao Brasil. Identro homens. Assim, Jorge tificando a possibilidade Wagner atuava por denPerfeito para atuar na faixa central de Arsène Wenger não é daqueles técnicos um meio-campo ao melhor estilo inglês, de os volantes ajudarem a tro, ficando a lateral esque contratam um adolescente de 18 o tricolor é uma combinação de força armar o jogo, Muricy muquerda com Richarlyson. anos sem motivos. Denílson era uma física, técnica e precisão nos arremates. liderança nas equipes de base do São dou o perfil dos cabeçasEste, por sua versatiliEm 2007, apresentou a maturação Paulo desde a infância. Hoje, dá razões de-área do São Paulo após dade, chegou a jogar até necessária para comandar, em para ser tratado como um jogador as saídas de Mineiro e Josué, como zagueiro e foi um campo, um grande time promissor, ainda que reserva em 2007. Sem tantas opções, dos principais pontos para brasileiro no Arsenal em virtude da lesão delicada de a estabilidade tricolor ao Janeiro de 2008
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O Campeonato Brasileiro 2007 foi palco de vários lances em que os volantes apareceram de forma decisiva
Hernanes dribla dois adversários e acerta um chutaço de fora da área para dar a vitória ao São Paulo por 2 a 1 sobre o Cruzeiro, de virada no Mineirão
Fotos Gazeta Press
Mal em campo, o Flamengo não conseguia entrar na defesa corintiana e perdia no Maracanã. Até Ibson tabelar com Souza e aparecer livre para empatar o jogo
Arouca fez uma grande partida na vitória do Fluminense sobre o Juventude, coroando a atuação com dois gols Fotocom.net
QUANDO OS VOLANTES DECIDIRAM
longo do Campeonato Brasileiro. 9/janeiro/1987 Como ambos os Liverpool volantes tinham Titular do Grêmio aos 18 anos, versatilidade e combina agilidade, técnica, velocidade, o combatividade e uma liderança São Paulo nem praticamente nata. Com isso, atraiu precisou do trao interesse de Rafa Benítez, que já dicional volante tem lhe dado oportunidades avantajado fisicaentre os Reds mente, que comanda o setor na base da força. No caso, a chave era a capacidade de antecipação. “Eu aliei um cara que tem habilidade, boa técnica, bom passe e bom chute (Hernanes) a outro que tem uma força impressionante, ótima impulsão e faz cobertura dos laterais quando eles atacam (Richarlyson)”, explica Muricy. O entrosamento entre todos os jogadores e a facilidade em mudar seu sistema de jogo também ajudou muito no sucesso são-paulino. “O time é compacto, e os jogadores estão sempre um perto do outro. Isso facilitava para que o Hernanes e o Richarlyson acabassem aparecendo sempre no ataque”, analisa Zé Elias, ex-volante do Corinthians. Ainda que o desempenho tenha sido inferior ao do São Paulo, outros clubes brasileiros também apostaram em volantes mais técnicos. O melhor exemplo disso é o Cruzeiro, que remontou o time para superar uma crise após o Campeonato Mineiro. Entre os jogadores lançados estava a dupla Ramires e Charles. O primeiro tem mais fôlego para carregar a bola por todo o campo, enquanto o segundo aproveita a visão de jogo de um meia armador de origem. No Rio de Janeiro, viu-se o mesmo fenômeno. Arouca, do Fluminense, foi revelado em 2005, mas viveu uma fase ruim no ano seguinte. Em 2007, o volante recuperou a auto-estima, a plenitude física e foi um dos principais e mais regulares nomes da ótima temporada nas Laranjeiras. “Hoje, tenho mais maturidade. Acho que venho sendo mais regular e 2007 foi meu terceiro ano como titular do clube”, lembra o jogador de apenas 21 anos. No Flamengo, Toró foi outro exemplo de meia mais ofensivo que ganhou espaço depois de se tornar volante. Mas os melhores momentos do setor foram proporcionados por Cristian e Ibson, este último um dos principais jogadores em atividade no Brasil na atualidade. Emprestado Anderson pelo Porto ao clube da Gávea, Ibson é um 13/abril/1988 meia em teoria, Manchester United mas desempenha Outro jovem prodígio gremista forjado funções defensivas na Série B de 2005, Anderson já é uma com facilidade e realidade na competitiva Premier League. muitas vezes perEnviado por Alex Ferguson para a faixa mitia que os laterais central, mostra a mesma qualidade de Paul Scholes, agora já com Léo Moura e Juan se um substituto natural tornassem as principais armas do time.
Lucas
Em confronto direto de times que lutaram por vaga na Libertadores, Charles (dir.) e Ramires fizeram a diferença para o Cruzeiro. Foram deles os gols do 2 a 0 sobre o Grêmio no Olímpico
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14/fevereiro/1985 Cruzeiro
Reconquista do espaço na Europa
Na década de 1980, jogadores como O cruzeirense Charles, antes um Falcão e Toninho camisa 10 no Ipatinga, foi para os Cerezo foram dois celestes algo próximo do que é Andrea grandes exemplos de Pirlo para o Milan. Jogador mais recuado como o Brasil produdo meio-campo, ofereceu passes zia volantes de técnica precisos, incursões ofensivas, apurada. No entanto, bom chute e uma razoável isso se perdeu um pouco marcação nos últimos anos e os melhores exemplos de meias de marcação com habilidade passaram a vir de outros países. A Argentina revelou Fernando Redondo, uma referência nessa função. Hoje, a Itália tem em Pirlo um herdeiro da tradição de um país que já teve Tardelli e Ancelotti – ele mesmo, o atual técnico do Milan. Nesta temporada, os brasileiros voltam a ocupar esse espaço. Na Inglaterra, Lucas tem ganho algumas oportunidades no Liverpool, e Denílson é uma das apostas do Arsenal para o futuro. Na Espanha, Renato reencontrou seu futebol depois de uma temporada instável e é peça importante no emergente Sevilla. Um exemplo ainda mais inusitado é Anderson. Meiaatacante no Grêmio e no Porto, o jogador passou a se destacar no Manchester United quando foi deslocado para a meia central, fazendo as vezes do lesionado Paul Scholes. O técnico Alex Ferguson não se furta a elogiar abertamente o brasileiro. “Estamos encantados com ele, Ramires que provou ser um verdadeiro meia central”, 24/março/1987 elogiou o treinador à revista oficial do clube. Cruzeiro Esse fenômeno pode ter reflexos na SeleBuscado com olho clínico no ção. Na partida mais recente pelas eliminaJoinville, Ramires tem estilo de jogo tórias da Copa de 2010, contra o Uruguai, mais móvel, produzindo muitos debateu-se muito os desempenhos de Gildeslocamentos à área adversária e berto Silva e Mineiro. Presa a funções decomandando os contragolpes fensivas e com uma dinâmica burocrática, a cruzeirenses por sua dupla provocou muita reclamação dos torceagilidade dores paulistas e da imprensa. Ambos, ainda que não sejam ruins tecnicamente, não se notabilizam pelo fino trato com a bola. Um dos motivos para o mau momento dos dois jogadores é simples: Gilberto Silva e Mineiro estão no banco de reservas em seus clubes. Seus substitutos imediatos na Seleção, Josué e Fernando Menegazzo, também estão longe de encantar no futebol europeu. Zé Roberto e Juninho Pernambucano são mais técnicos, mas já estão fora dos planos de Dunga. Ou seja, há margem para a nova geração buscar seu espaço na Seleção. Richarlyson Pode ser uma idéia interessante. Para mui27/dezembro/1982 tos, a Copa de 2006 foi dominada pelos São Paulo volantes. Pirlo, Gattuso, Vieira, Makélélé, Substituir Mineiro, no São Paulo, era Frings, Tymoschuk e Mascherano estivequestão prioritária no início do ano ram entre os melhores jogadores de todo passado. Alguns meses se passaram até o Mundial. No Brasil, apenas o veteraque Richarlyson – com marcação, no Zé Roberto acompanhou esse grupo. inteligência, técnica e uma força Talvez, para 2010, a Seleção já tenha mais física avantajada – assumisse a opções para o setor. E, a partir desses nomes, função com qualidade possa construir uma base vencedora.
Fotocom.net
Charles
O QUE SOBROU PARA OS VOLANTES TRADICIONAIS? Ter um leão à frente da cabeça da área ainda seduz muitos treinadores. Em especial nas equipes com laterais muito ofensivos, contar com um cabeça-de-área fixo significa atacar com mais tranqüilidade — e ter, quando preciso, um jogador definido para anular o adversário mais talentoso e oferecer conforto aos zagueiros. Pierre e Leandro Guerreiro foram os marcadores com mais destaque no último Campeonato Brasileiro. Ambos tiveram o reconhecimento de analistas e torcedores, algo que também atingiu Moradei, mesmo com o rebaixamento do Corinthians. Janeiro de 2008
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PALMEIRAS por Carlos Eduardo Freitas
Estran Bruno Miani/Gazeta Press
no nin Palmeiras fecha 2007 com o pior desempenho dentro do Parque Antarctica desde o famoso jejum de 17 anos sem títulos
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Palmeiras entrou em campo na última rodada do Campeonato Brasileiro com uma missão que não parecia das mais difíceis: vencer o Atlético-MG, a quem havia derrotado no Mineirão no primeiro turno, para se garantir na Libertadores 2008 e salvar mais uma temporada fraca. O jogo era em casa, no Parque Antarctica lotado, com cerca de 30 mil torcedores para empurrar o time de volta para a competição continental que conquistou em 1999 e não disputa
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há dois anos. Os alviverdes foram para o intervalo com a partida empatada por 1 a 1, depois de saírem em desvantagem e igualarem com Edmundo. No segundo tempo, em vez de crescer para cima dos mineiros, a equipe levou dois gols e deu adeus ao sonho continental. O desfecho dessa última partida da temporada reflete o desempenho do Palmeiras em casa ao longo de 2007: uma tragédia. Em seu estádio, onde deveriam levar vantagem sobre os adversários, os paulistas jo-
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Rodrigão lamenta a derrota por 3 a 1 para o Atlético Mineiro, que tirou do Palmeiras a vaga na Libertadores
ho ho garam fora quase metade dos pontos disputados. No ano, o alviverde teve apenas 55,9% de aproveitamento nas partidas disputadas dentro do Parque Antarctica, a pior média em quase 30 anos. Retrospecto pior, só nos primeiros anos da “fila” de 17 anos, entre 1977 e 1993. Dentro do Brasileirão, a média de pontos conquistados foi ainda menor, de 55,5%, o 12º aproveitamento do torneio – à frente apenas dos quatro rebaixados e de Botafogo, Atlético-MG e Fluminense. Muito pouco
para uma equipe que almejava disputas internacionais. Os tropeços dentro do Parque não se resumem ao Brasileirão, em que o Verdão perdeu seis e empatou duas das 18 partidas lá disputadas (o clássico contra o Corinthians foi jogado no Morumbi). No Campeonato Paulista, o time perdeu a chance de avançar para as semifinais em casa, na penúltima rodada, num jogo contra o Guaratinguetá, que terminou empatado por 2 a 2 depois de a equipe do interior ter feito 2 a 0. Como no Brasileiro, uma vitória bastava para garantir a vaga. Quatro dias depois, foi a vez de dar adeus à Copa do Brasil, diante do Ipatinga, nos pênaltis. “Este ano, tivemos mais problemas em casa principalmente pela juventude da equipe, por ser um time em formação. No último jogo, por exemplo: quando a gente tomou o segundo gol do Atlético-MG, o time se abateu psicologicamente. Foi o fundo do poço”, explica Caio Júnior, técnico palmeirense em 2007. O atacante Rodrigão, que chegou ao time durante o ano, concorda com seu extreinador: “Tínhamos jogadores de qualidade, mas acho que por sermos uma equipe jovem, às vezes, sentíamos um pouco essa obrigação”.
APROVEITAMENTO EM CASA DOS 20 PARTICIPANTES DO CAMPEONATO BRASILEIRO Time Estádio
%
Maracanã
75,4
Morumbi
73,0
Olímpico
70,1
Kyocera Arena
68,4
Beira-Rio
66,7
Ilha do Retiro
66,7
Vila Belmiro
64,9
Mineirão
63,3
Orlando Scarpelli
61,4
Serra Dourada
57,8
São Januário/Maracanã
57,5
Parque Antarctica
55,5
Maracanã/Engenhão
54,3
Aflitos
54,3
Mineirão
53,3
Maracanã
51,8
Alfredo Jaconi
50,8
Durival de Brito
49,1
Pacaembu
45,4
Machadão
15,7
Não é de hoje Para Toninho Cecílio, ex-zagueiro do clube e atual diretor de futebol, o maior problema em 2007 foi a ansiedade: “Em alguns momentos, nossa equipe se jogou ao ataque só porque estava no Palestra Itália. Tem que entender que você não ganha só porque está em casa”, opina. Como o próprio cartola alviverde se lembra, porém, não é de hoje que o Palmeiras cai em casa em momentos decisivos. Mesmo no período em que o di-
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TROPEÇOS DENTRO DO PARQUE ANTARCTICA QUE O PALMEIRENSE GOSTARIA DE ESQUECER
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Palmei Palm eira rass 1x 1x3 Atlé At léti tico-MG 2/de 2/ deze de zemb ze mbro mb ro/2 ro /200 /2 007 00 7– Camp Ca mpeo mp eona eo nato na to B Bra rasi ra sile si leir le iro ir o Os aalv lviv lv iver iv erde er dess pr de prec ecis ec isav is avam av am m apeeena ap nass de uuma na ma vvit itór it ória ór ia para pa ra ssee ga gara rant ra ntir nt irem ir em nnaa Li Libe berbe rtado ta dore do res. re s. C Com omeç om eçar eç aram ar am atr trás ás no ppla laca la car,r, mas EEdm ca dmun dm undo un do emppat atou at ou ain inda da no no pr prim imei im eiro ei ro temp te mpo. mp o. D Dep epoi ep oiss do iint oi nter nt erva er valo va lo,, lo oss pau aulililist stas st as nnão ão m man anti an tive tive ve-ram ra m a re reaç ação aç ão,, le ão leva vara va ram ra m do dois is gols go ls e dder eram er am aade deus de us à vagga. a
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Jorge R. Jorge
55,9% nheiro da Parmalat recheava o clube de craques, o time dava seus desgostos para a torcida. Foi o caso, por exemplo, da derrota do time de Vanderlei Luxemburgo na final da Copa do Brasil de 1996, quando caiu diante do Cruzeiro. Na época em que Luiz Felipe Scolari esteve no comando, a equipe não perdeu tanto em casa e conquistou dentro do Parque Antarctica o título mais importante de sua história, a Libertadores de 1999. Mesmo assim, Felipão, antigo carrasco dos palmeirenses nos tempos em que treinava o Grêmio, sofria nas mãos da torcida. De tanto que alguns lhe cornetavam, deu ao grupo “de um ou dois que ficam azucrinando atrás do banco de reservas”, como disse à época, o apelido de “Turma do Amendoim”. As críticas diminuíram depois do título continental, mas voltaram a crescer depois da saída de Felipão, quando assumiram Marco Aurélio e, principalmente, Celso Roth. Teria a fanática e dedicada torcida palmeirense alguma culpa no
mau desempenho do time em seus domínios? “A torcida tem sempre de ser um fator positivo, jamais negativo. Jogando em casa, então...”, argumenta Toninho. Quem trabalha dentro de campo, porém, vê uma outra realidade. Foi assim com Felipão, com Roth e com Caio Júnior, que esgotou a paciência do torcedor depois das eliminações no primeiro semestre. “Nós não tínhamos um time capaz de se impor ao adversário, como acontecia com o da época da Parmalat. Aquele, sim, era bom, tinha uma qualidade técnica grande e o torcedor ia junto, apoiava. Comigo, tinha uma equipe em formação dentro de um clube em que a pressão por vitórias é muito grande. Em alguns momentos dos jogos em casa, isso passa uma tensão que os jogadores acabam não suportando”, critica o agora técnico do Goiás, que ainda afirma: “A responsabilidade de ganhar em casa é muito maior”. De fato, os números mostram que sem a tal pressão o elenco verde
atuou melhor que os Aproveitamento do adversários: quando Palmeiras em casa o time jogou fora do no ano de 2007, Parque Antarctica, o pior desde 1980 o aproveitamento palmeirense foi de 48,3%, média inferior apenas a Atlético-MG (59,2%) e São Paulo (57,4%). A diretoria está ciente dos problemas do time, sobretudo quando tem o mando de suas partidas, e planeja um 2008 com melhor sorte do que a vivida nos últimos anos. “Acho que a manutenção da base e a seqüência do trabalho que iniciamos em 2007 nos ajudarão a conseguir resultados melhores”, aposta Toninho. Pouco antes do Natal, o clube apresentou um projeto ousado, que prevê a transformação do Parque Antarctica em uma arena multiuso, dentro dos padrões exigidos pela Fifa. Se a tal reforma acontecer, o Verdão terá que atuar fora de seu estádio por um grande número de rodadas. A torcida só espera que não seja esta a solução para o fim da má fase. Janeiro de 2008
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ÁFRICA por Marcus Alves
Quando os
Cristina Quicler/AFP
craques vão para a África
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discussão em torno da relação entre as seleções nacionais e os clubes não é recente. A cada dois anos, são acrescentados a ela novos capítulos com a Copa Africana de Nações. Em 2008, será disputada mais uma edição do torneio e, para o desespero de diversos times europeus, alguns de seus principais jogadores estarão presentes, desfalcando-os durante o período em que a maioria dos campeonatos tende a partir para uma definição - os meses de janeiro e fevereiro. O prestígio cada vez maior dos atletas africanos nos gramados da Europa se desvela a partir das reações das equipes às suas ausências. Antes pouco valorizados, eles, agora, são destaques em grandes clubes do futebol mundial. Nem mesmo a certeza de que essas estrelas estarão distantes durante a disputa da CAN tem impedido a contratação delas pelas agremiações européias – ao contrário do que, aliás, se previa. Com a proximidade da competição, cresce consideravelmente o número de dirigentes e treinadores descontentes com as suas datas. Esse panorama, porém, em nada ameaça as pretensões da CAF, entidade organizadora do torneio. Desse modo, compete às equipes se prepararem com antecedência para compensar a perda dos atletas e, assim, manter o rendimento em seus campeonatos. Mas elas agem assim? Na maioria dos casos, não.
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Com a chegada da Copa Affricana de Nações, allguns dos principais clubes europeus sofrem com os desfalques decorrentes da competição
Estrago generalizado Das principais ligas européias, a única que não sofre com a CAN é a alemã, já que a Bundesliga pára no auge do inverno europeu, período em que a competição é disputada. A Série A italiana também não perde muito, já que os poucos africanos que lá atuam não são protagonistas em suas equipes. Na Espanha, Inglaterra e, principalmente, França, entretanto, as perdas são consideráveis. Barcelona e Sevilla, em perseguição ao líder Real Madrid, precisarão superar a ausência de alguns de seus principais nomes no Campeonato Espanhol. A pior situação é a do clube andaluz que, além de perder o volante Seydou Keita, não terá os atacantes Arouna Koné e Kanouté durante a CAN. Para o meio-campo, existem diversas alternativas, como Poulsen, Renato e Maresca, que podem substituir Keita. Ao contrário do ataque, no qual, à exceção de Luís Fabiano, não há opções confiáveis. O Barcelona, por sua vez, terá os desfalques de Yaya Touré, que vem sendo titular, e Eto’o. No início da temporada, os Culés chegaram a pedir a ambos que solicitassem dispensa de suas equipes, o que acabou não acontecendo. Os catalães até têm reposição de qualidade para o posto de Touré: Deco, titular até se deverá ficar sem o atacante machucar, e Iniesta podem ocupar a posição sem problemas. No caso do atacante camaronês, a situação é mais complicada. Contundido em 4 partidas do durante parte da temporada, Eto’o seria agora fundamental, já que Lionel Messi está contundido e deve ficar um bom tempo fora.
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Sevilla
Frédéric Kanouté
Campeonato Espanhol
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Getty Images/AFP
GANA E COSTA DO MARFIM PARTEM COMO FAVORITOS
Com Ronaldinho em má forma, os Blaugrana terão Henry como único nome forte no setor, e dependerão de boas atuações do jovem Bojan Krkic. Na Inglaterra, é maior o número de clubes tocados pelo torneio africano, a começar pelo líder Arsenal. A equipe de Arsène Wenger terá que reforçar a sua defesa por causa das convocações de Eboué e Touré pela Costa do Marfim e da possível chamada do camaronês Song para a competição. Sem eles, restará somente Senderos como opção para fazer companhia a Gallas na zaga, a não ser que se decida por improvisar nomes como Hoyte e Gilberto Silva no setor. No milionário Chelsea, duas peças de fundamental importância viajam para a África: Essien e Drogba. Os Blues também perdem duas importantes peças de seu elenco: Mikel, que tem atuado mais entre os titulares, e Salomon Kalou. Avram Grant pelo menos tem em jogadores como Sidwell, Makélélé e Pizarro opções para que a queda de qualidade não seja tão sentida – e para que o clube não precise contratar ninguém. A disputa pelas vagas inglesas nas copas européias será ainda mais atingida pelas baixas africanas. Everton, Portsmouth e Newcastle, clubes diretamente envolvidos na briga, ficarão sem jogadores importantes em janeiro. O Pompey não terá à disposição Diop, Muntari e Utaka durante a CAN. Os três formam, ao lado de Sean Davis, o meio-campo da equipe. Também ficará de fora o experiente Kanu, opção de qualidade para o ataque – além, possivelmente, de Lauren, se este aceitar retornar para a seleção de Camarões. Já os Toffees ficam sem os nigerianos Yobo e Yakubu, e o sul-africano Pienaar, três peças importantes da equipe, principalmente o primeiro, titular absoluto da zaga azul. Sam Allardyce, treinador do Newcastle, propôs à liga inglesa, em 2004, quando ainda treinava o Bolton, que parasse a disputa do campeonato durante a CAN. Até aqui, a sugestão não foi aceita, o que fará com que “Big Sam” fique sem quatro jogadores importantes: Faye, Beye, Geremi e Martins. É na França, entretanto, que a Copa Africana de Nações fará o maior estrago. Nada menos do que sete equipes da Ligue 1 têm entre seus destaques jogadores que estarão em Gana. Nancy e Le Mans, que tiveram uma surpreendente largada nessa temporada, são bons exemplos disso. O Le MUC perderá quatro titulares Camara, Romaric, Sessegnon e Gervinho - durante a competição. Para amenizar a queda de rendimento, precisará realizar contratações. A situação do Nancy é semelhante. O lateral-direito Chrétien e o atacante Youssef Hadji reforçarão a seleção de Marrocos, e o ANSL terá que encontrar um substituto, principalmente, para o segundo. Assim, talvez consiga se manter entre os primeiros colocados na Ligue 1. Para alcançar essa condição, o Olympique de Marseille, por sua vez, se desdobrará sem Taiwo, M’Bami e Niang, seu maior nome nessa temporada. Mais uma oportunidade para Cissé, na ausência do atacante senegalês, provar seu valor. Além dessas equipes, PSG, Nice e Lyon perderão jogadores importantes.
Com opções para o ataque como Drogba, Kalou e Dindane, a Costa do Marfim chega à Copa Africana das Nações como a maior ameaça ao título da favorita Gana. Para medir forças com os anfitriões, porém, os Elefantes precisarão passar, primeiramente, pelo grupo da morte - sim, a CAN também tem um - no qual enfrentam Nigéria, Mali e Benin. Exceção feita às Super Águias, os outros dois são adversários acessíveis, encontrados num patamar abaixo dos marfinenses atualmente.
Gana, por sua vez, não deverá ter dificuldades contra times como Guiné, Namíbia e Marrocos na primeira fase. Nos outros grupos, a África do Sul, treinada por Parreira, desde já trabalha pensando na Copa do Mundo de 2010. Os Bafana Bafana estão em uma chave equilibrada, com Tunísia, Senegal e Angola. O atual campeão Egito segue com a mesma base que levantou a taça. Sem Mido e Barakat, porém, pode ser surpreendido por seleções como Zâmbia e Sudão, além de Camarões, que é o favorito do grupo.
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AFRICANOS QUE DEVEM DESFALCAR AS PRINCIPAIS EQUIPES EUROPÉIAS
Zokora (esq.) e Drogba (dir.) farão muita falta para Tottenham e Chelsea
Não só os clubes... As seleções européias também perdem atletas por causa da CAN. Desde que se tornou possível, em 2004, que atletas com dupla nacionalidade e até 21 anos trocassem de representação, o assédio por parte dos selecionados africanos sobre promessas do Velho Continente que preenchessem esses requisitos cresceu consideravelmente. Entre os nomes que aceitaram essa proposta estão Kanouté e Sissoko, ambos nascidos na França, mas que atuam por Máli. A opção de Kanouté, então no Tottenham, pelas Águias irritou o clube. Ainda assim, ele persistiu com a sua decisão, acompanhada, depois, por outros como Chamakh, de Marrocos. Entretanto, nem todos são seduzidos pelo chamado dessas seleções. Aissati, Benzema (França) e Agbonlahor (Inglaterra) são alguns dos que o recusaram.
Arsenal
Kolo Touré (CMA)
Bolton
Diouf (SEN)
Chelsea
Essien (GAN), Drogba (CMA)
Everton
Yakubu (NIG)
Portsmouth
Muntari (GAN)
Tottenham
Zokora (CMA)
Barcelona
Eto’o (CAM)
Real Madrid
Diarra (MLI)
Sevilla
Kanouté (MLI)
Bayer Leverkusen
Haggui (TUN)
Hamburg
Atouba (CAM)
Werder Bremen
Sanogo (CMA)
Boavista
Zé Calanga (ANG)
Porto
Tarik Sektioui (MAR)
Lens
Dindane (CMA)
Nancy
Chrétien (MAR)
Nice
Apam (NIG)
Olympique de Marselha
Taiwo (NIG), Niang (SEN)
período em que a CAN é disputada. Esse pedido, ao que tudo indica, está distante de ser atendido. De acordo com a Confederação Africana de Futebol, não é possível realizar a competição entre junho e julho, como querem os times, por razões climáticas. Durante esses meses, quase todo o continente está sob constantes chuvas. É claro que, nessa questão, também pesam outros pontos que precisam ser considerados. Em termos de visibilidade, não há dúvidas de que preservar a CAN no período atual é mais atraente para a CAF. Assim, ela dispensa a concorrência que teria na metade do ano com os demais torneios continentais e a Olimpíada. Por outro lado, desde 2006 as eliminatórias para a Copa do Mundo e para a CAN são disputadas simultaneamente, reduzindo, dessa maneira, o número de partidas disputadas pelas seleções do continente. Os clubes europeus agradecem — mas querem mais.
A resposta da CAF Estrelas como Eto’o e Essien aderiram, recentemente, ao pedido das equipes européias por uma mudança no
Veja na Trivela.com a lista atualizada de atletas que estarão ausentes de seus clubes durante a CAN
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Segunda maior concentração urbana de Portugal, o Porto destaca-se pela supremacia dos Dragões e pelo caráter liberal e empreendedor 44
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Miguel Vidal/Reuters
Cidade
CAPITAIS DO FUTEBOL por Zeca Marques
do futebol e raga reza, Coimbra estuda, Lisboa se diverte e o Porto trabalha”. A despeito dos estereótipos, esse velho ditado exprime de maneira sintética a oposição entre as mais emblemáticas cidades de Portugal. De fato, Braga tem o maior número de igrejas do país, enquanto Coimbra possui a mais antiga universidade do território. E se Lisboa ganhou fama por seu caráter festivo e artístico, coube ao Porto notabilizar-se como cidade comercial e empreendedora.
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“
Recentemente, essa oposição ganhou novos contornos no futebol, com a supremacia do Futebol Clube do Porto, associação mais do que centenária (foi fundada em 1893). Até a metade da década de 1980, era Lisboa que dava as cartas no cenário futebolístico nacional, com os triunfos alternados de Benfica e Sporting. Depois que o clube das Antas passou a ser presidido por Jorge Nuno Pinto da Costa, em 1982, os Dragões não pararam de ganhar: nesse período, o Porto abandonou
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Porto (esq.) e Boavista (dir.) fazem um dérbi importante, apesar da diferença de tamanho entre os clubes
o “ar” provinciano e projetou-se para o mundo, com dois títulos da Liga dos Campeões, duas Copas Intercontinentais e nada menos que 15 títulos do Campeonato Português (mais do que a soma de todos os outros times). Além disso, na década de 1990 o Porto conseguiu a maior seqüência de títulos da história do Campeonato Português, com o penta de 1994 a 1998. Esse poder absoluto acabou por deixar em segundo plano a rivalidade doméstica, já que a cidade do Porto conta ainda com outro clube histórico, o também centenário Boavista Futebol Clube, fundado em 1903 e campeão nacional em 2001. Até hoje, em quase 70 anos de história do Campeonato Português, apenas duas agremiações conseguiram romper o domínio do “Trio de Ferro”, composto por Benfica, Sporting e Porto: o Belenenses, campeão em 1946, e o próprio Boavista.
Primo rico, primos pobres
do trabalho CLUBES DA CIDADE DO PORTO Futebol Clube do Porto 2 Copas Intercontinentais 2 Ligas dos Campeões 1 Copa Uefa 26 Campeonatos Portugueses 13 Copas de Portugal
Boavista Futebol Clube 1 Campeonato Português 5 Copas de Portugal
A sanha de vitórias do Porto nos últimos anos serviu também para mudar o mapa futebolístico em Portugal. O dérbi da cidade, entre Dragões e Axadrezados (como são conhecidos os fãs de Porto e Boavista, respectivamente), ainda é capaz de provocar certo furor entre a imprensa local e as torcidas dos dois clubes, mas está longe de representar uma disputa entre iguais. Na cidade do Porto, os Dragões estão bem à frente de seu adversário local, tanto no que diz respeito ao tamanho da torcida quanto nas dimensões do patrimônio. O outro clube tradicional da cidade, o Salgueiros (que chegou a disputar a primeira divisão), afundado em dívidas, fechou as portas do futebol profissional e luta para voltar a existir enquanto associação desportiva. É por essas e outras que o grande antagonismo do futebol português, nos últimos anos, se transferiu para o confronto Porto x Benfica. Tal qual acontece no Brasil, com a lendária rivalidade entre cariocas e paulistas, Portugal vive há muito tempo uma outra disputa, entre o norte e a capital Lisboa. O país formou-se ainda no século XII, na cidade de Guimarães, que também foi a primeira capital nacional. Depois disso, Coimbra teve a honra de ser capital do país, até que Lisboa assumiu o posto em 1255. Esse movimento de cima para baixo repete o da reconquista da Península Ibérica, que pôs fim à ocupação muçulmana após cerca de oito séculos. É por Janeiro de 2008
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Cidade do Porto 260 mil habitantes
Portugal
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ESTÁDIOS
isso que os portistas, de forma politicamente incorreta, chamam os lisboetas de “mouros”. Os torcedores do Benfica, por sua vez, sempre que vão ao norte entoam uma cantiga popular que enaltece a capital do país (trata-se da animada e melódica “Cheira Bem, Cheira a Lisboa”). É preciso destacar ainda que, nesse antagonismo geográfico, a hegemonia portista obedeceu a um criterioso projeto de fortalecimento regional: nas duas últimas décadas, o clube azul e branco passou a manter convênios com diferentes equipes do norte do país, a partir do empréstimo de diversos jogadores. Assim, os times passaram a mostrar maior resistência à dupla Sporting-Benfica, tirandolhes pontos preciosos ao longo do campeonato. Quando defrontavam o Porto, contudo, os jogadores emprestados eram impedidos de atuar por contrato, o que acabava favorecendo os Dragões. Essa estratégia teve resultados importantes na configuração futebolística nacional: antes, as equipes ao Sul do Mondego (rio que banha Coimbra, bem no centro do país) predominavam no campeonato nacional. Atualmente, entretanto, dos 16 clubes participantes, apenas sete situam-se mais próximos de Lisboa, enquanto outros dois pertencem à Ilha da Madeira. As sete equipes restantes são do norte de Portugal.
Francois-Xavier Marit/AFP
Além do clássico
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Estádio do Dragão
À semelhança de Benfica e Sporting, o Porto também decidiu demolir seu velho estádio – o das Antas – e construir um novo recinto para participar da Euro-2004. Inaugurado em novembro de 2003, o local foi palco da abertura da competição e também recebeu da Uefa a classificação de cinco estrelas. Seu projeto impressiona pela cobertura de 280 toneladas de aço. Tem capacidade para 52 mil pessoas.
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Para receber três jogos da Euro-2004, o Boavista decidiu remodelar seu estádio. Construíram-se quatro novas arquibancadas com lugares cobertos, deixando o recinto com aspecto semelhante ao dos estádios ingleses. Foi reinaugurado em 2003, ano de centenário do clube, e conta atualmente com capacidade para 30 mil lugares. No entanto, só costuma ter casa cheia em partidas da seleção de Portugal ou no dérbi com o rival Porto.
Adrian Dennis/AFP
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Estádio do Bessa Século XXI
Mais que pelo futebol, contudo, a cidade do Porto tornou-se singular por causa do passado cheio de triunfos e conquistas, a ponto de também ser conhecida como “Cidade Invicta” – pelo fato de nunca ter sido derrotada nas lutas contra seus invasores. Além disso, o Porto ganhou notoriedade por defender os ideais republicanos e a causa liberal. Já em 1832, durante o reinado de D. Pedro IV (D. Pedro I, aqui no Brasil), os habitantes da cidade rebelaram-se contra o poder absoluto da Coroa portuguesa, pregando a necessidade de uma nova Carta Constitucional. A importância da cidade remonta ao século VIII a.C. Edificada à beira do rio Douro, a localidade tinha o nome de Cale; mais tarde, veio o título de Portucale, devido à importância de sua atividade portuária. Essa denominação deu origem ao nome atual do país, Portugal. A primeira grande fase de desenvolvimento econômico da região ocorreu no fim da Idade Média, o que coincide com a fase de afir-
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Fotos Divulgação
O QUE VISITAR ENTRE UM JOGO E OUTRO
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Praça e Cais da Ribeira
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À beira do rio Douro e com a Ponte D. Luís à frente, é a região mais tradicional e pitoresca da cidade. Do outro lado do rio, a 10 minutos de caminhada, situa-se Vila Nova de Gaia, com uma dezena de adegas onde se pode degustar o célebre Vinho do Porto.
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Casa da Música
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Torre dos Clérigos
Com 75 metros de altura, é feita em estilo barroco. Foi construída no século XVIII e fica próxima à Igreja da Ordem Terceira do Carmo, que fascina com seu grandioso painel de azulejos.
Palácio da Bolsa
Projetada pelo arquiteto holandês Rem Koolhaas, deveria ter sido inaugurada em 2001, quando o Porto foi Capital Européia da Cultura. Só ficou pronta em 2005, mas logo ganhou destaque na paisagem por sua forma poliédrica.
Monumento nacional e sede da Associação Comercial do Porto, sua construção em estilo neoclássico data do século XIX. Em seu interior, destaca-se o Salão Árabe, que tem como modelo o palácio de Alhambra, na Espanha.
mação do novo território nacional. Mais tarde, nos séculos XVII e XVIII, volta a ser protagonista em razão da indústria do vinho do Porto, que acaba por tornar o nome da cidade conhecido mundialmente. Aliado a isso, a riqueza arquitetônica do centro histórico do Porto fez com que a Unesco o classificasse como “Patrimônio Cultural da Humanidade”, em 1996. Em 2001, a cidade foi escolhida
como “Capital Européia da Cultura”. No campo musical, há mais uma marca da oposição ferrenha a Lisboa: se a capital portuguesa ganhou notoriedade com o fado, o Porto parece recusar o ritmo que se firmou como um dos pilares da construção da identidade nacional. Mas talvez seja essa característica contestadora que mantenha a cidade viva e que a torne singelamente bela.
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Livraria Lello & Irmão
Foi inaugurada em 1906, mas o edifício de fachada neogótica já se dedicava à tradição livreira desde 1869. Chamam a atenção o mezanino e a escadaria dupla, que têm servido de cenário para diversas locações cinematográficas.
Quem leva Após a remodelação e a modernização do Aeroporto Francisco Sá Carneiro, a cidade do Porto passou a receber vôos diretos de São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador por meio da TAP (www.flytap.com – 0800-7077787). Não há pacotes turísticos específicos para o Porto, mas não faltam opções de pacotes que passam pela cidade e por outras localidades de Portugal. CVC (www.cvc.com.br) e Agaxtur (www.agaxtur.com. br), entre outras, têm ofertas interessantes.
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ESPANHA por Ubiratan Leal
Filhos prediletos Furtivamente, governos de Madri e da Catalunha demonstram preferência por Real Madrid e Barcelona, causando protestos de rivais locais
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do Atlético de Madrid era retratado de modo pejorativo, enquanto o aficionado do Real Madrid era um cidadão exemplar. A diretoria dos Colchoneros protestou oficialmente contra a empresa, que pertence à Comunidad de Madrid (governo da região da capital), por discriminação. A explicação oficial é que o vídeo foi feito por uma produtora terceirizada, e a diretoria não teria conhecimento do conteúdo. Ainda assim, os dois responsáveis pela aprovação foram demitidos, e a Metro pediu desculpas oficiais aos torcedores do Atlético.
Um problema mais profundo Isoladamente, pode-se afirmar que os dois casos foram resolvidos relativamente rápido. No entanto, o descontentamento de espanyolistas e atléticos não acabou. Para os torcedores, trata-se de um processo histórico, e os vídeos apenas reforçaram uma sensação geral de que Barcelona e Real Madrid são favorecidos pelas autoridades. Tal pensamento não é injustificado e está por trás dos constantes choques entre Sánchez Llibre e o Barça. Na Catalunha, não ser torcedor do Barcelona é quase um crime contra a cultura local. O time é visto como símbolo da região, e o catalão orgulhoso de sua origem deve manifestar isso apoiando os Blaugranas. O Espanyol é considerado uma equipe de “traidores” à causa catalã, algo reforçado até pelo nome do clube, que remete a uma união nacional que nem
Lluis Gene/AFP
ntes das partidas do Campeonato Espanhol, acontece um tradicional encontro de diretorias. Presidentes dos dois clubes almoçam juntos, como um sinal de que o duelo em campo não está acima das boas relações oficiais, e faltar a tal compromisso é uma afronta. Por isso, a não-realização do almoço de presidentes antes de Espanyol x Barcelona, no dia 1º de dezembro, não pôde ser ignorada. Daniel Sánchez Llibre, presidente espanyolista, foi claro ao explicar o motivo de não organizar a refeição. “Se é para dividir espaço com uma pessoa que não me agrada, prefiro almoçar em casa”. A ira do dirigente contra Joan Laporta começou quando o presidente do Barcelona negouse a emprestar o atacante Saviola e foi reforçada por uma gafe governamental. Em outubro de 2007, duas secretarias da Generalitat de Catalunya (governo regional) produziram o vídeo “Catalunha, Terra de Todos”. No filme, há claras referências ao Barcelona como grande símbolo do esporte catalão. O Espanyol nem é mencionado. A torcida “perica” revoltouse contra o fato de um material oficial dar tamanho apoio a uma instituição privada que tem “concorrentes” locais. No final, o material foi retirado de circulação para corte das menções esportivas. O caso Espanyol x Generalitat não foi inédito. Um mês antes, ocorrera algo semelhante, em Madri. A Metro de Madrid (companhia do metrô da capital espanhola) veiculou um vídeo em que o torcedor
sempre é bem vista naquela parte do país. Seus torcedores são poucos – muitos são não-catalães que moram em Barcelona – e se consideram marginalizados. Essa diferença de tratamento pode ser vista na prática. Os dois grandes jornais esportivos da Catalunha, “Sport” e “El Mundo Deportivo”, têm cobertura claramente favorável ao Barcelona. Na televisão, a TV3 (um canal estatal catalão) é patrocinadora oficial dos dois clubes barceloneses, mas a relação é muito mais próxima do Barça. Considerando essa relação preferencial da emissora estatal com o Barcelona, não parece gratuita a forma como Joan Laporta, presidente “blaugrana”, usa o
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As instituições catalãs têm clara preferência pelo Barcelona (esq.) sobre o Espanyol (dir.)
clube para defender os interesses do governo da região. O dirigente declara sem pudores que é a favor do aumento de autonomia da Catalunha e diz que a região deveria ter uma seleção de futebol que pudesse disputar torneios oficiais. Essa diferenciação se vê também em instituições privadas. Em 2003, o Barcelona estava afundado em dívidas e enfrentava dificuldade para montar uma equipe forte. A contratação de Ronaldinho, no verão europeu daquele ano, foi uma enorme ousadia financeira do recém-eleito Laporta. Quando o clube ainda tentava equacionar as contas, o banco catalão La Caixa (considerado pelos catalães um dos
TERRA DE TODOS? No vídeo educativo “Catalunha, Terra de Todos”, um grupo de garotos em desenho animado ensina o que é a cultura catalã. A produção é voltada a crianças estrangeiras ou de outras partes da Espanha que moram na Catalunha. Quando são perguntados sobre o que lembra a região, os personagens respondem “Catalunha é o Barça e Ronaldinho!” Mais adiante no filme, os garotos passam de helicóptero sobre o Camp Nou e começam a cantar o hino do clube. Em seguida, invadem um treino das categorias de base “blaugranas”. Em todo o filme, não há nenhuma menção a outros clubes como representantes do esporte catalão.
símbolos da força econômica da região) deu uma mãozinha e aprovou um crédito de € 150 milhões, que permitiu ao clube pagar as dívidas mais prementes e ainda investir pesado em nomes como Eto’o, Deco, Giuly e Edmílson, dando início à seqüência de dois títulos espanhóis e um da Liga dos Campeões.
Enquanto isso, em Madri... Na capital espanhola, não há tanta diferença de tamanho dos clubes. Ainda que o Real seja uma potência mundial, o Atlético é visto como uma grande equipe. A diferença é que os Colchoneros têm sua torcida concentrada em bairros operários, enquanJaneiro de 2008
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CIDADÃO-MODELO Para mostrar os benefícios do transporte de massa, a Metro de Madrid produziu o vídeo “Efeito Metro de Madrid”. No filme, dois torcedores dirigem-se ao Santiago Bernabéu para ver um Real x Atlético. O madridista é um homem calmo, que pacientemente sai de casa, pega o metrô e chega ao estádio com antecedência. Enquanto isso, o torcedor do Atlético prefere o carro. Espalhafatoso, ele xinga os pedestres, tira a mão do volante para acender o cigarro, deixa de olhar a rua para falar no celular e fica irritado com o trânsito. Na cena final, o fã “colchonero” chega atrasado e perde o jogo.
Getty Images/AFP
O Atlético (esq.), de torcida operária, vê o Real (dir.), da elite, ser beneficiado
to os Blancos ganharam espaço na elite madrilena. Desse modo, os fatos ligados aos clubes funcionam como metáfora das relações entre os grupos sociais de Madri. Essa questão ficou muito forte em 2000, quando a prefeitura decidiu reurbanizar Chamartín, bairro onde o Real tinha sua Ciudad Deportiva (centro de treinamento). Desse modo, foi incluída no projeto a compra do terreno do CT madridista pelo equivalente a € 360 milhões. Com esse montante, o clube pôde quitar boa parte de seus € 240 milhões de dívidas, construir um novo CT (em terreno doado pela prefeitura) e ficar com sobras para dar início à era dos “galácticos”, com contratações como Figo, Zidane e Ronaldo. O acordo foi muito favorável às necessidades madridistas e causou protestos. Juan Bautista Soler, presidente do Valencia na época, acusou Florentino Pérez, dirigente máximo do Real Madrid, de ter chantageado o então primeiro-ministro José María Aznar. Segundo Soler, a Ciudad Deportiva só foi incluída no projeto de reurbanização porque Pérez teria dito que o Real quebraria se o terreno do CT não entrasse no plano. O dirigente “merengue” negou ter conversado com Aznar.
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Essa boa vontade com o Real Madrid voltou à tona quando a prefeitura da cidade quis requalificar a área industrial às margens do rio Manzanares. O projeto passaria pelo estádio Vicente Calderón, do Atlético, e o poder público ofereceu ao clube o uso do estádio de La Peineta e mais € 250 milhões. Os Colchoneros consideraram a proposta uma afronta e exigiram igualdade de tratamento. Depois de dois anos de negociação, a prefeitura cedeu. O Atlético será dono do La Peineta, a prefeitura reformará o local para ampliá-lo para 73 mil torcedores e o clube ainda receberá, de acordo com a imprensa espanhola, um valor entre € 320 milhões e € 350 milhões. Não há comunicado ou declaração oficial que comprove isso, mas os sinais mostram que Real Madrid e Barcelona se beneficiam mais com a boa vontade do governo que os rivais Atlético e Espanyol. Atitudes como os termos para a compra de terrenos ou até vídeos educativos mostram que não se trata apenas de complexo de perseguição dos pequenos. SSaiba mais sobre futebol espanhol em w www.trivela.com/espanha
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Shaun Best/Reuters
ESTADOS UNIDOS por Dassler Marques
A turma do
Freddy Adu é apenas a cereja no bolo de uma jovem geração norte-americana que promete levar o futebol do país a um novo patamar nos próximos anos torcedor brasileiro certamente se surpreendeu quando Josmer Altidore, no último Mundial sub-20, fez dois gols e deu a vitória, por 2 a 1, para os Estados Unidos frente ao Brasil. Na verdade, esse resultado apenas ratificou o que os norte-americanos já sabiam: nos próximos anos, o país tem condições de chegar a um novo patamar no futebol internacional. Os agentes dessa mudança são alguns garotos recém-saídos da adolescência. Freddy Adu, Josmer Altidore, Danny Szetela e Michael Bradley são os destaques de uma geração que, por muito pouco, não foi à semifinal do Mundial sub-20
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disputado em 2007, no Canadá. Em comum, eles têm um porte físico respeitável, que é, de certa forma, natural aos norte-americanos no esporte em geral. Fortes e rápidos, os garotos também apresentam qualidade técnica bastante acima do que os Estados Unidos apresentaram até hoje no futebol. Em 2002, quando os norte-americanos surpreenderam ao chegar às quartas-definal da Copa do Mundo, o time tinha outros pontos fortes. A nova geração conta com uma técnica apurada que permite uma perspectiva animadora para a seleção de Bob Bradley nos próximos anos.
Belezas norte-americanas Basta prestar atenção na forma como Freddy Adu trata a bola para constatar seu imenso potencial. Nome mais interessante do mercado benfiquista na última pré-temporada, Adu tem feito gols importantes e vai vencendo as desconfianças e o ceticismo daqueles que pensavam tratar-se apenas de um produto de marketing para atrair os torcedores norte-americanos ao futebol. Tendo estreado profissionalmente aos 14 anos, Freddy Adu alcançou a proeza de disputar três Mundiais sub-20, em 2003, 2005 e 2007. No último, fez grande papel. Aos 18 anos, afinadíssimo com Altidore, soube lidar muito bem com o peso de ser, naquele momento, o maior nome do time. O próprio Altidore, até então pouco conhecido internacionalmente, ganhou notoriedade. Atacante forte, rápido e forte, tem potencial para crescer
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muito: tanto que, com apenas 18 anos, já estreou na seleção principal. Bajulado nacionalmente, “Jozy” Altidore joga na Major League Soccer, onde detém o título de mais jovem jogador a atuar nos playoffs, com menos de 17 anos. Na última edição da MLS, foi, com nove gols, um dos principais goleadores, cerca de um ano após sua estréia como profissional. Parece apenas questão de tempo até que Altidore siga os passos de Adu rumo à Europa. Quem já constrói uma carreira sólida no Velho Continente é Michael Bradley. Meia de vocação ofensiva, tem status de insubstituível no Heerenveen, onde joga há três temporadas. Titular também no último Mundial sub-20, tem sido, desde então, convocado regularmente por seu pai, Bob Bradley, para a seleção principal. Outro meia bastante reverenciado nos Estados Unidos é Danny Szetela. Bem conceituado por se adaptar a qualquer função no meio-campo, foi mais um a deixar excelente impressão no último Mundial sub-20. Descendente de poloneses, foi o segundo jogador mais jovem a ser escolhido na história do “draft” da MLS. Desde cedo, interessava a clubes da primeira divisão inglesa, ao mesmo tempo em que percorria – com sucesso – todas as seleções de base dos Estados Unidos. Após recusar ofertas da Roma e do
Nos últimos três Mundiais sub-20, os Estados Unidos ficaram em primeiro lugar em seu grupo. Em dois deles, chegaram até as quartas-de-final Newcastle, foi para o Racing Santander, onde ainda não teve oportunidade de brilhar. A essa lista, ainda, podem ser incluídos nomes mais experientes. Eddie Johnson e Benny Feilhaber, nascidos em 1984 e 1985, fizeram parte da equipe campeã da Copa Ouro, em 2007. Artilheiro do Mundial sub-20 em 2003, Johnson até hoje é um dos principais atacantes da Major League Soccer. Feilhaber, do inglês Derby, destacou-se no Mundial sub-20 de 2005 e na última Copa Ouro. Nascido no Brasil, é um volante técnico e com bom chute, mas ainda não repete no futebol de clubes o mesmo brilho da seleção.
terá que brilhar, se quiser levar a seleção de seu país ao nível dos melhores times do mundo. Outros atletas promissores, como, por exemplo, Landon Donovan, acabaram tendo a carreira estagnada, justamente por não desenvolverem suas qualidades em campeonatos mais competitivos que o dos Estados Unidos. Mesmo sabendo que o futuro desses jogadores está na Europa, não se pode subestimar a importância da liga norteamericana na formação de novos jogadores. Nomes como o do zagueiro Mykell Bates, capitão e autor de três gols no último Mundial sub-17, mostram que a geração de Adu não surgiu por acaso. Ainda há um caminho longo a percorrer até que se possa pensar em título mundial, mas a combinação de jovens habilidosos com o grupo sólido que já existe hoje tornará os Estados Unidos um adversário temível. Na Copa de 2010, o mundo já poderá ter uma noção mais nítida do que pode fazer esse time. Mas é em 2014 que a nova geração estará no auge. Quem sabe, em solo brasileiro, os norte-americanos não causem nova surpresa, como fizeram em 1950?
Futuro europeu Apesar do desenvolvimento da MLS, é na Europa que a geração de Freddy Adu
Saiba mais sobre futebol americano em www.trivela.com/estadosunidos
Freddy Adu Idade: 18 anos Posição: Meia-atacante Clube: Benfica Características: Habilidade, dribles e velocidade
Josmer Altidore Idade: 18 anos Posição: Atacante Clube: New York Red Bull Características: Força, oportunismo e boa finalização
Michael Bradley Idade: 20 anos Posição: Meia Clube: Heerenveen Características: Liderança, bom passe e movimentação
Fotos AFP e Reuters
OS FUTUROS ASTROS NORTE-AMERICANOS Danny Szetela Idade: 20 anos Posição: Meia externo Clube: Racing Santander Características: Força, velocidade e boa finalização
Eddie Johnson Idade: 23 anos Posição: Atacante Clube: Kansas City Wizards Características: Presença de área, velocidade e boa finalização
Benny Feilhaber Idade: 22 anos Posição: Volante Clube: Derby Características: Marcação, qualidade no chute e no passe
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O fundo do poço
não chega a tarde do domingo, 11 de novembro, os estádios italianos começavam a receber público para a 12ª rodada da Série A. De repente, o clima ficou tenso em todo o país. A notícia da morte de um torcedor da Lazio, Gabriele Sandri, por um policial em uma auto-estrada deixou as torcidas inquietas e apreensivas. Em nome da segurança, a Federcalcio decidiu suspender a partida entre Internazionale e Lazio, que deveria acontecer em Milão. Seis jogos foram mantidos. Neles, uma aparente civilidade se manteve, exceto em Bérgamo, onde a Atalanta enfrentaria o Milan. Lá, os chefes das organizadas locais exigiam a suspensão da rodada. Se isso não acontecesse, o pau iria comer. Sem medo, alguns deles até subiram nos alambrados com megafones, gritando para os jogadores atalantinos: “Não joguem ou vamos invadir o campo”. A partida foi mantida, mas a “curva” liderada por alguns marginais mascarados começou uma invasão, estraçalhando os vidros blinda-
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Outrora o paraíso do futebol, Itália passa por uma crise generalizada que ninguém sabe consertar. Aliás, ninguém nem se habilita para a tarefa
Damien Meyer/AFP
ITÁLIA por Cassiano Ricardo Gobbet
dos. Para evitar uma tragédia, o árbitro Massimiliano Saccani suspendeu o jogo. Só que o pior estava por vir: na capital italiana, onde se disputaria Roma x Cagliari, “ultras” romanistas tomaram as ruas para protestar. Em uma faixa, lia-se: “Quando morreu um policial [Filippo Raciti, morto em Catania em outro confronto com torcedores], vocês suspenderam a rodada; com um torcedor, não estão nem aí”. O adiamento da partida do Estádio Olímpico deu-se em meio a um clima de guerra civil, com dezenas de policiais feridos, carros virados e incendiados, saques e ataque a prédios públicos. A Itália via, mais uma vez, que seus “hooligans” eram tão selvagens quanto os piores da Europa.
“Calcio” doente Diversas versões surgiram quanto ao início do incidente com Sandri, inocentando mais ou menos uma das partes. Independentemente de qual seja a verdadei-
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À esquerda, tensão entre a polícia e torcedores em Roma. Nesta página, o Estádio Olímpico vazio, após os incidentes na capital
“O confronto é a nossa droga; todo ‘ultra’ procura a briga. É algo que vem de dentro”
ra versão, a grande estupefação da opinião pública deveu-se à fragilidade das instituições para controlar, reprimir e punir os membros das torcidas organizadas em seus intentos crimiClaudio Galimberti, chefe da nosos cada vez mais comuns. “curva” da Atalanta Um sintoma claro da doença que acomete o “calcio” é o fato de o primeiro foco de violência ter sido em Bérgamo, cidade que não tinha nada a ver com a morte de Sandri. Por que a torcida bergamasca se revoltaria mais do que as outras? Por nada, a não ser pelo fato de a “curva” atalantina ser a mais perigosa da Itália. “Invadir o campo talvez tenha sido um erro, mas era nossa obrigação parar o jogo. O futebol tinha de parar por Sandri como parou por Raciti”, explicou, desafiador, Claudio Galimberti, o chefe da torcida, em entrevista à publicação italiana “TuttoNapoli”.
Filippo Monteforte/AFP
“O adversário é um inimigo; deve entender quem é que manda” Lá – como aqui –, as torcidas organizadas vivem como sanguessugas dos clubes. A instituição em si não ganha nada com as organizadas, mas a cartolagem aproveita para fazer uma moral, distribuindo ingressos, autografando camisas e patrocinando viagens dos “torcedores profissionais”. Clubes que têm diretorias menos complacentes acabam pagando um preço alto. O vice-presidente do Milan, Adriano Galliani, passou a andar com uma escolta de quatro policiais depois que alguns chefes de torcida começaram a ameaçá-lo, por terem exigências de ingressos e favores recusados. Mas a Itália apresenta um agravante em relação aos confrontos entre torcidas inimigas ao redor do mundo. Os “ultras” de algumas facções, cada vez mais, vão para cima da polícia sem nenhuma reverência. “O confronto é a nossa droga; todo ‘ultra’ procura a briga. É algo que vem de dentro”, confessou Galimberti, ao “TuttoNapoli”. Na partida suspensa entre Atalanta e Milan, os chefes de torcida atalantinos ameaçaJaneiro de 2008
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A FÚRIA DAS TORCIDAS
Livorno x Ascoli
Roma x Manchester Utd
(Mar/2006) Quando os ônibus da torcida do Ascoli voltavam para casa escoltados pela polícia, cerca de 50 torcedores livorneses aproveitaram uma pausa do comboio na auto-estrada e atacaram os ônibus e os policiais, que reagiram. Dezenas de torcedores foram presos, e 12 ficaram feridos.
(Abr/2007) Antes do jogo pela Liga dos Campeões, “ultras” romanistas cercaram torcedores do Manchester e partiram para a briga. Seis ingleses foram esfaqueados, um deles gravemente. Os policiais disseram que a torcida inglesa provocou, mas foram acusados de não agir com rigor suficiente.
Lazio x Juventus
(Fev/2007) Depois de um dérbi siciliano, as torcidas de Catania e Palermo fizeram uma verdadeira batalha campal nas ruas de Catania. Um policial, Filippo Raciti, morreu assassinado pela explosão de uma bomba jogada por um torcedor. As cenas dos confrontos correram o mundo, e o funeral do policial comoveu a Itália. O acusado não ficou na cadeia.
Frente à loucura das arquibancadas, Milan e Atalanta são forçados a abandonar o campo
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Alessandro Garofalo/Reuters
Catania x Palermo
(Nov/2007) Numa briga entre torcedores de Lazio e Juventus num posto à margem de uma auto-estrada, o “laziale” Gabriele Sandri foi baleado no peito e morreu. Em Bérgamo, a torcida atalantina tentou invadir o campo, e o jogo Atalanta x Milan foi suspenso. Em Roma, torcedores de Lazio e Roma se organizaram numa manifestação que virou um ataque generalizado à polícia, em uma atmosfera de guerra civil. Mais de 50 pessoas ficaram feridas, carros foram queimados, e a sede do Comitê Olímpico foi destruída. Os prejuízos são avaliados em €1 milhão.
vam todos – jogadores e policiais –, sem nenhum medo de represália. A ousadia das torcidas tem como causa direta uma desorganização institucional das autoridades na Itália. Entre Ministério dos Esportes, Federcalcio, forças policiais e clubes, ninguém assume direito a responsabilidade devida. “Espero do mundo do futebol uma atitude exemplar”, declarou a Ministra dos Esportes da Itália, Giovanna Melandri. “O governo segue fazendo as mesmas advertências, mas que nunca resultam em nada concreto”, criticou o jornalista Renzo Rosati, da revista “Panorama”. Enquanto o gato sai, os ratos fazem a festa. O aumento da “marginalização” ligada ao futebol, sem dúvida, também passa pelos escândalos recentes no esporte: “Calciocaos”, passaportes falsos, doping, apostas ilegais, manobras financeiras irregulares, etc. Poucas e brandas punições foram levadas a cabo, e a sensação de que as coisas se arranjam por baixo do pano ficou cada vez mais forte, assim como a impressão de que as forças de ordem não são serviços de proteção, mas sim órgãos repressivos que funcionam para os poderosos. Daí explica-se o ódio irracional que explode nos confrontos com a polícia. O episódio de Sandri pode ter sido o mais famoso, mas a violência é generalizada. Antes do dérbi entre Genoa e Sampdoria, em setembro, nove pessoas ficaram feridas em brigas. Em Turim, antes de Juventus x Torino, a polícia prendeu 40 envolvidos numa confusão. Em fevereiro, o policial Raciti morreu com a explosão de uma bomba, após Catania x Palermo. E a lista não pára de crescer. Esses episódios deveriam ser suficientes para as autoridades endurecerem suas atitudes, mas isso não acontece. Depois da “guerra civil” de Roma, falou-se até em aplicar um agravante de terrorismo às acusações – mas isso não saiu do papel. Até o acusado de matar o policial Raciti não está na cadeia. As complexas relações políticas entre torcidas organizadas, dirigentes de clubes, autoridades e políticos criaram um vácuo penal, e os exemplos recentes de impunidade não ajudam. Por exemplo, depois de ter sido flagrado conversando com Luciano Moggi no escândalo do “Calciocaos” quando era comentarista de arbitragem da RAI, o ex-árbitro Carlo Longhi ganhou uma vaguinha no órgão estatal encarregado de vigiar a violência nos estádios. Ou seja, não é exatamente um modelo para quem quer mostrar seriedade.
As complexas relações políticas entre organizadas, dirigentes, autoridades e políticos criaram um vácuo penal, e os exemplos recentes de impunidade não ajudam
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Roberto Baretti/AFP
Nem os apelos dos jogadores acalmaram a torcida, que ameaçava invadir o gramado
Soluções – por bem ou por mal O caos cobra seu preço. Clubes como Inter e Milan, que planejam estratégias globais de marketing, não só têm suas marcas ligadas a um campeonato manchado por corrupção e violência como também enfrentam queda de público nos estádios e êxodo de jogadores. “Se a situação das torcidas continuar assim, eu posso vir a deixar a Série A”, declarou Kaká à “Gazzetta Dello Sport”, em novembro. A frase fez com que o brasileiro fosse muito criticado na Itália, mas ninguém tem dúvidas: o melhor do mundo está longe de ser o único a pensar nisso. O próprio Fabio Cannavaro, capitão da Itália campeã mundial e Bola de Ouro em 2006, não amaciou: “Tenho sorte de estar jogando fora da Itália”. Esboçar soluções não exige muita imaginação. Seguir o caminho trilhado pela Inglaterra, que revolucionou seu futebol no final da década de 1980 ao reformar estádios, endurecer leis e delinear bem as responsabilidades de cada entidade, é a saída óbvia. Mas é uma ruptura, que dificilmente tem como acon-
tecer se não houver a sensação de Os “ultras” de beco sem saída (como aconteceu na Inglaterra, com as tragédias de Heysel algumas facções, e Hillsborough). cada vez mais, Mesmo com tudo de torto que tem acontecido na Itália, mesmo com todo vão para cima mundo indignado e reclamando, gente da polícia morrendo e se ferindo, o “calcio” ainda exala sucesso dentro de campo: foi sem nenhuma campeão mundial em 2006, venceu a reverência última Liga dos Campeões e classificou-se para a Eurocopa. Como em tantas outras ocasiões, o resultado cobre tudo. Tanto pior. Mesmo com a fossa cheirando mal, todos os envolvidos limitam-se a dizer frases de efeito e fazer cara de paisagem. Mais cedo ou mais tarde, as soluções terão de ser tomadas à força e às pressas. Certamente será mais difícil e mais dolorido. Saiba mais sobre futebol italiano em www.trivela.com/italia
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RÚSSIA por Gustavo Hofman
Campeão movido Getty Images/AFP
a gás Zenit St. Petersburg alcançou o topo do futebol russo com ajuda de muito dinheiro investido pela gigante Gazprom Zenit St. Petersburg representa muito bem o processo de globalização pelo qual passa o futebol russo. O elenco da equipe é composto por jogadores de Ucrânia, Coréia do Sul, Bélgica, Argentina e Turquia, entre outros países – e o técnico é holandês. Somente oito jogadores são nascidos na Rússia. E, por sinal, nenhum brasileiro faz parte do time, diferentemente do que acontece em outros grandes do país. Essa miscigenação de culturas e estilos levou à conquista do título do Campeonato Russo em 2007. O sucesso do time de São Petersburgo, no entanto, só foi possível graças ao financiamento da gigante Gazprom, desde o final de 2005. Trata-se da maior empresa do mundo no setor de gás natural – é a principal fornecedora do produto para o continente europeu – e quarta maior corporação do planeta, de acordo com o valor de suas ações. Com os milhões de dólares injetados anualmente pela companhia, foi possível montar um elenco forte e transformar o Zenit no clube mais rico do país, deixando para trás os tradicionais rivais moscovitas. Nesta temporada, o Zenit chamou a atenção da mídia internacional ao realizar a contratação mais cara da história do futebol russo. Por cerca de US$ 20 milhões, tirou o volante Anatoliy Tymoschuk, um dos destaques da Ucrânia na última Copa do Mundo, do Shakhtar Donetsk. Também foram contratações importantes os atacantes Alejandro Domínguez (ex-Rubin Kazan) e Pavel Pogrebnyak (ex-Tom Tomsk), dois dos principais destaques do Campeonato Russo em 2006. Desde julho de 2006, o treinador Dick Advocaat está à frente do time. Com seu estilo de jogo ofensivo (o time
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US$ 20 milhões Valor pago pelo Zenit para tirar Anatoliy Tymoschuk (esq.) do Shakhtar Donetsk
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Kirill Kudrjavtsev/AFP
Título russo é a primeira conquista do Zenit com o dinheiro da Gazprom
teve o melhor ataque do campeonato, com da empresa, que ganha visibiliA Gazprom, quarta internacional 54 gols marcados), conseguiu impor sua dade e imagem positiva (pelo mesmo motivo, maior empresa do a comanhia assinou contrato de patrocínio de mentalidade ao elenco e, após o título deste ano, renovou seu contrato por mais uma € 25 milhões com o Schalke 04). No entanto, mundo, pretende temporada, por cerca de US$ 4 milhões. são muitas as dúvidas acerca das reais motransformar o Zenit tivações por trás desse investimento – prinA chegada de Advocaat foi uma tacada certa da diretoria em seu objetivo princicipalmente pelo fato de o governo russo ter num dos gigantes pal: fazer do Zenit um time importante no 50% das ações da empresa. do futebol europeu cenário europeu. Por isso, contratações de A história da própria Gazprom também é neestrangeiros são feitas aos montes, e o dibulosa. Maior empresa russa e maior extratora nheiro da Gazprom jorra incessantemente nos cofres do clube. de gás natural no mundo, ela sempre esteve envolvida na política, Até 2007, a última vez que o Zenit St. Petersburg havia si- com escândalos e privatizações suspeitas, principalmente durante do campeão nacional fora em 1984, ainda sob a bandeira do o governo de Boris Yeltsin. A empresa foi fundada em 1989 e, nos regime soviético. Àquela época, São Petersburgo chamava-se anos seguintes, com o fim da União Soviética, abriu aos poucos Leningrado – uma cidade que, ao longo do último século, esteve seu capital e, assim como na maioria das privatizações na Rússia, diretamente envolvida na vida política do país. Além dos dois permitiu o enriquecimento fácil de muitas pessoas – no caso, Viktor títulos nacionais, possui apenas uma Copa da Rússia (1999) e Chernomyrdin, Dmitri Medvedev e Alexei Miller. Os dois últimos uma Copa da União Soviética (1944). foram fundamentais na assinatura do acordo com o Zenit. Já com o dinheiro da empresa, em 2005/6, o time fez uma das Movido a gás suas melhores campanhas em competições européias, ao alcançar Apesar de seu passado com conexões políticas, foi o gás na- as quartas-de-final da Copa Uefa. Na competição desta temporada tural que colocou o Zenit entre os grandes do país. Desde que a (2007/8), a equipe segue na disputa pelo título. Mas mais importanPremier Liga foi criada, em 1992, esta foi apenas a segunda vez te é o planejamento para a próxima Liga dos Campeões, que certaque o título russo não ficou em Moscou – a outra foi em 1995, mente incluirá mais alguns milhões de dólares em contratações. com o Alania Vladikavkaz. Como ficou claro nos últimos anos, dominar o cenário nacional Em dezembro de 2005, as diretorias de Zenit e Gazprom – o que ainda não é o caso do Zenit – não é suficiente para ir bem anunciaram o acordo que mudaria a história do clube. Fora o na principal competição européia. Com Advocaat no comando, investimento em reforços, a companhia prometeu para os pró- talvez os milhões da Gazprom sejam bem gastos, em contratações ximos anos construir um novo estádio para o time, que atual- eficientes. Se o dinheiro continuar entrando e o clube mantiver a mente manda seus jogos no antigo (mas reformado) Petrovsky trajetória ascendente, quem sabe em alguns anos vejamos o título Stadium, com capacidade para pouco mais de 20 mil pessoas. da Europa indo para São Petersburgo. Naturalmente, hoje é a empresa que manda dentro do clube. Com isso, o Zenit torna-se um reflexo do poderio da Gazprom. Saiba mais sobre futebol russo em www.trivela.com/russia Oficialmente, o gasto no clube é parte da estratégia de expansão Janeiro de 2008
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Everest (RJ)
Brasilândia (DF)
Yuracan (MG)
Fotos Emerson Ortunho e Orlando Lacanna/Jogos Perdidos
CULTURA por Leonardo Bertozzi
Futebol “alternativo”, com seus jogos obscuros e fatos pitorescos, preserva os verdadeiros valores do esporte corrd co dar ar ceed d do on no o dom omiin ng go o, rreeun unir ir os aam mig igo oss e peg gaarr a essttra rada ad daa par par ara ra asasas ssiissttiirr a um jo jog go o da te terccei eira ra div ivis isãão o eesst sttaadual du d ual. aall. Pr Prog ogrraama ma de íín nd diio o?? Não op par aarra os ara os torc to rceed d dor ores or es qu uee têêm m o fut uteeb uteb bo oll “al alte tern rnaattiv ivo o”” cco om om mo o rel elig igião iiãão, o, peessso sso soas as que ue se ju jun nttam m paarra troc tr occar aarr in nffor orma maççõ maçõ õeess e com omp paare recceer er a p paart rtii-das o da ob bscur bsc sccu urraass. Sã São os os “JJo og go os P Peerrd did idos”, os”, os ”, coomo defi mo efine u um m do oss siitteess maaiiiss po popu pullaare res sso obrre b re o tteem maa (ww www w..jo jog jogo go ossp peerrd diiido do d os. s.com com. co m.b brr). ). Feern F rnan and do o Mar arttiine nez, z, um do dos fu fun nd daad dores oreess or do siitte, do e, co on nta ta que ue a in niici ciat ativ iva n iva nãão ttiinh nh haa op prro op pó óssiitto d dee attiing ngir ir um gr graan nde de púb úbli licco o. “No pr “N priin ncí cíp cípi piio, o, era ra alg go pa parraa con onsu sum mo o ininntteerrn ter no” o”, aafi firma ma. ““P ma. Per erce erce ceb bii que ue eu e u um m gru rupo p o de p peess ssoa oas fr freq req eqü üeen nttáv ávam amo oss os m meessm mo oss jogo jo gos, s, ent ntã tãão o com omeççam amo oss a no oss org rgan aniizzar ar. A id idééiia ia er era ap apeen nas as pub ubli blica lliicar car fo ca fotto os p paarraa qu q uem em não ão pô ôd de ir ir. De Depo poiiss, d deecidi cid ci diim mo os ffaaazer ttaamb ze mbéém m um te text xto sobr sso obr bre ccaad daa jog ogo, o, e a parrttiirr daaíí vei pa eio es eio esse sse se ine nessp per per eraad do su succeess sso o””. O conc cco onc nceeiito to por or trá rás ás da da paaiiix xãão p x peello o all-tteern rnat ativ ivo é ssiim mp ples. less.. Mil le ilan an x Boc oca Ju Juni nior ior orss,, naa final n al do Mu Mund ndiiaaall d dee Cllu ube bess,, e Poç oço oss de Cald Ca ldaass x Tup upy yn nam mb báás, s, vaallen end do o o acceesso sssso à
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Holanda x Croácia? Não. Poços de Caldas x Tupinambás pela terceirona mineira, com direito a Euller em campo
Seegu S gund ndona on o na m miine neir iraa,, são ão jo og go oss do m meessm mo eesspo port rtee.. Por or que ue, een ntã tão, o, liim miittar ar o in ntter ereessssee às gra às rand ndeess com omp ompe peettiiçõ ções es? Essa Es sa fi fillo osso ofi fia é beem fia mo obs bserva bs ervada er vaada v da qu uaan nd do ssee acceessssa n no o Ork rku utt a com omun mu un niid dad ade “F “Fu utteb teb ebo oll Altter Al eerrn naattiivo o”” (w ww ww. w.o w.or orrk ku ut. t.cco om om/ m//Co /Co Com mm mun unity. ity it y.. aspx aspx as px?c ?cmm mm=4 =49 =495 95 510 0). ). Com om geen nu uííno no in ntter ereessse se do d os me memb mbro ros, s, são ão dis iscu cuttiid do os te tem tema maas co como m o a ssel eleç el eção ão sub ub b-1 -17 do -1 do Iêm êmen êmen n, a ffaase se de grrup g upos upo os da L Liiga ga do oss C Cam amp am peeõ õees Á Árrab abeess e a cco con ont ntra trata rata ra taççãão de taç de do oiis rreefo forç rços os co ollo om mb biiaan n nos os os peelo p lo Ypi pira rang gaa-P PE E. A co comu muni nid daad dee fo oii cri riaad da p peello o par araanaaen n aeen nse se Leeo on naarrd do B Bo onass naassssoli n oli, ol i, qu uee co on nta ta: “Qua “Q uand ndo ccrriieei a co comu muni nida dad dee, eeu u sen enti tia ffaall-tia ta de u ta um m esp spaço aaçço p paara ra dis iscu cuttiiirm rmo rm oss o ‘llaado do B’’ do fu B fute tebo boll.. Ela la foi oi crreessccen endo do aos os pou oucco os e h ho ojjee tem oj em mai ais d dee 5 miill meem mbros brro b oss”.”.
O êêx xito ito de it deste sstte ttiip po o de iin niiccia ciiaati tiva va po od de ssee com co mp prova rov ro vaar p peelo lo fat ato d dee o out utro ut ros te terreem si sid do o iin ince nce cen nttiv vad ado oss a faz azer er o mes esm mo o. É o ca caso so do jorn jo rnal aliissta ta par araaeens nse L Leeon onar ardo do Aq qu uin no o,, que ue se mir se irou ou n no o ex ex xem empl em empl plo d do os JJo ogo gos P Peerd rdiid do oss e cr crio iou a C Caarraavana vaan v naa Paarraazzão. ão. E ão En nttrre 20 2004 04 e 2006 20 06, eelle se se dedic edic ed ico ou u a aco comp mpaan nh haar ar os os jo o-go g os d do os ccllub ubeess peeq queno ueeno u nos pe pello o est stad adual. ual. ua l. Hissttó Hi tó órria ias cu curi rios osaass não ão faalllta tam ta m.. Aq qu uin no lem le mb brraa o des br eseessp peerro o de um um aami miig m go o par ara cco omp mpra rar u rar um ma cam ccaamisa miissaa do Ca m Cast staan nha hall:: “Er Era dom do domi miin ng go, o, e o com oméérrcciio llo occaal es esta tava va feechaad ch do. o. Ellee viu iu um tr tran anse seun unttee co om m a caamiisa m sa do C Caassttan anha anha hal e n nãão te teve ve dúv úvi viid daass: fe fez fez um u ma o offer erta ta paarra cco omp mprá rá-l -laa.. Saiu aaiiu co com el ela, a, e o tr traan nsseeu un nttee fo oii em mb bo orra seem ca cami missaa”. ”.
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LANÇAMENTOS
7 de Setembro (AL)
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En E ntr tre os tre os per erso son naaagen ge ens ns que ue Aq qu uin ino enco een ncco on on nttrro ou em essttáád em dio ios, ios, s, o maaiis m maarrcccan aan nte nte te é um sseenho nh orr de un uns 70 70 anos no n os q qu ue tto orc rce p peela la Tu un na Lu L uso so. “A “A div iv ver eerrssãão d do o povo ovo é pr ov prov ovo occáá--lo lo. Dize Di zem q qu ue el ele é Re Remo Remo mo, q qu ue é P Paays ay yssan and du u. Elle só E só rres esp es po on nd dee:: ‘E Eu u so ou u Tu un na, a, otá tári riio! o!!’ o Hojjee, é cco Ho on nh heecciid do co co omo mo ‘T mo Tu un no otá tári rio’ o’””..
Amorr g Am gen enuí en u no JJoga Jo og gaar p po or go gost stto op peelo lo esp spo orrte rte te é um maa daass ccaara ract cterís erííssttiica er ica cas ma mais is adm dmiirraad daass pel elos elos os ad deepep p-tos. to s. “P Paara ra cad ada P Peeellé lé, ex exis iste iste tem 1 15 5 miillhõ hões es de Mac de acaallés” ééss”, ”, leem mbr bra B Bo ona nass nass ssol olii,, da Fu oli Fute ute teb bo ol Altteern Al rnaatti tiiv vo o.. “É g grraattifi ifi ficccan anttee ver an er o eesf sforço sf orrçço o o do oss aam maad mad do orres es d daa No Nov vaa Zeellân lâân nd diia q qu ue ch cheg egaam ma diisp d sput utar taarr um Mu Mun nd diiaal d dee Clu lub bees. s. É um jo jog go o maiiss pu ma urro q qu ue o da das cciifr fraass mil ilio ion náárriiaass””.. “É fáácciill jog “É ogar ar qu uaand an nd do se se teem m ho otteell d dee llu ux xo o, v o, viiag agem em d dee aav v viã ião. iã o. No oss caam mp peeo on naattos tos os qu q ue ac aco om mp paan nh ham amos, os, o jjo os oga gado dor or tem tem qu te que gaan g nh har ar a par arti tid tida daa par ara g gaara ran nttir ir o alm lm moç oço. oç o. Todo To do clu lub bee tem em seeu u vaallor or”, ”, acr creesscceen ntta Marrttinez Ma ineezz, do in do Jog ogo oss Peerrd diid do os. os. s. Uma da Um das tr traad trad diç diç içõ õees do do Jog ogos os Peerrdi did do os é pu publ blic icar ar fo ottos os pos osaad das da as dos os tim imeess nas as paart p rtida idas id as. M Maaart rtin rt rtin inez ez con onssiid deerraa gra rattiifi fica ccaan ntte o cco ont ntaatto to cco om o oss jog ogaad do orres es, q qu ue se se mo ossttrraam m su urrp prreesso oss co om m o int nter eres esse se. “E “Ellees fi fi-cam fe ca cam felize lizzees, li s, ccon on o nttaam pa para ra a fam amííllia ia. N Nó ós não es nã esta tam mo os lá lá par ara fa fazer zer p ze piiaad daa.. Paarra el da. eleess, eles é cco om mo o um p prrêêm mio io, é o Os Osca carr””, br briin nca ca. a. “Fu “F utteb ebo ebol oll alter lltteerrn naati tivo vo é pra ra qu ueem eesstá tá vii-cciiad ciad ado e n nãão ão q qu ueerr cu urra. a. Nãão o é à toa oa que ue
565 Times diferentes que Jurandyr Junior, do Jogos Perdidos, viu em campo
nu n u unc ncca n n no o oss co comp mpo orrta tam mo os cco om mo o ‘do doeen nte tes’ ess’’, e sim co si como mo aam maant m ntes teess allttter eerrna nativo ttiiv vo os do do esp spor orte te”, ”, eex xpl pliicca Th Thaalllleeess Fe Ferr rreeiirraa, o ““M Maan nch chaa””, u um m do d os mo mode derraad do orrees da da Fu utteeb bol ol Alt lteerrna lter nattiivo vo. “O alltteerrna “O nati attiiv vo o nãão o vê o fute futteeb fu bo ol co com mo o gu ueerrrraa, e ssiiim m co com mo o relig eelligi igiiããão. ig o.. Paarra o tto o o orc rced rc edor or all-tern tern te rnaattivo ivo, iv o, o fut utebol ebo eb oll faz az vaaller er qu uaase se tud udo o””.
Lacu La c na cu a pre reen ench chida chid id da Diife D fere ren rent ntttem em em men en nttee de p paaíísses es com omo In Ing gllat ateerrra ra e Ar Arrg geen g nttin inaa,, qu uee dão ão essp paaçço cco ons nsid ideerrráv ááv vel el na mííd na dia dia ia às d diiv viiisõ sões sõ es in nffeerrio rio iore ress,, no Br Brasil asiill as há uma há ma defi eficiê iên ncciaa de co cobe bert rtu urraa,, na v viissãão dos “a do “alltter ter errn nattiiv na viist ist stas stas as”.”. “À Àss vezes eezzeess, aass pes essso oas as neem fi n fica ccaam ssaab cam been nd do q qu ue v vaai have haave h ver o jjo og go o”, ”, lame la ment nta M Maarrttin inez ez. “T “Tem em tor orcceedo dor q qu ue m mo ora a do ra oiis q qu uar arte teiirrõe ões do do essttáád dio dio io e aca cab caba baa nãão iin n nd do o po orr caau ussaa diisssso usa o. T o. Teem d diiri rige gente nte nt qu q ue aatté no nos os aag grraad deece eccee peella d diivulg vu v ulg lgaç açãão o””.. Bo B on ona naass ssol oli vê vê a Fu utteeb bo oll Alltter erna nati tiv vo o exe xererr-cendo ce ndo o m nd meesm essm mo p paap peell:: “De De ceerrtto o mo od do do, o,, prreeeen p ncche hem em mo o oss es essa sa laaccun cuna un u naa.. Fal alttaa a imp mpre ren nssa sa cob co brrir ir de Li Live verrp poo ool a Li Lib ibe berm rmor orro rro ro, o, p po orq rqu uee tto od do o tiim me te tem sseeu tto orc orc rced edo orr. N Naa no osssa sa coomun mu muni niida dade de, e, p po or ex exeem mp pllo, o, há to torc rced ed dor oreess do or ores Viideir V Vide deir de iraa-SC SC, T Taaub aub ubat ubat até-SP é-SP éSP, at até do do J. Malu Maalu M luce cellllii-PR. Te PR Ten nh ho m mu uit ito re ressp peeiito to po orr essssaass pes esso soas. É fá as as. fácciil il torc tto orrccer er peello S Sãão ão Pa Paul ulo. o. Que uero ro veerr torc to torc rceerr peello Pr Priim m mav aveerra de av de Ind ndaaiiaattu ub baa””. ba” Eng En gaan naa-s -se, e, po orrém, ém, q ém qu ueem m aacr ccrred ediitta qu que o lad la do o pit ito orres esco co do ffu utteeb bo ol eesste teja teja ja lim imiittaad do ao u ao uni niiv n nive veers rso d rso do os ccllu ub bes es peq equ ueen no oss.. “M os. Mu uitos ito it oss jjo og gaad do ore res q qu ue ho hojjee sãão o crraaqu aq qu ueess tiiv veerram am um u m iní níci ícciio aalltteern errn nat nat ativ tiv ivo o””, re recco ord rda Bo Bona nass ass ssol olii.. ““P Por or exe xem mp pllo o, o R Ro ona naldo lld do jjo og go ou no no Sãão o Crriissttó C Cris óvã óvã vão an ante tes d dee ir pa para ra o Cruze ruzzeeir ru iro o””. O ccrria iado dor da da com omun mu un niid daad de rreessu um mee o mo o-mento me nto at nt atua ual al do do fu utteeb bol ol brraassiilleeir iro faze faze fa zen nd do um paarraalleello co um com o m mu und ndo do da da mú ússic ica: a: “D Dáá paarraa diizzzer p eerr qu uee a siittu uaaççãão g geerraal al é aalltteern rnat atiivaa. O ffu v utteebo bol br braassil sil ileeiirro o attrrrav aav veesssa ves sa um m mo omeen m ment ntto to ‘g ‘grru u ung nge’ ng e’, eem m qu uee o ‘un und deerg rgro rou un nd’ nd’ d’ se mis se istu turraa com om o ‘m maaaiin inssttre ream’ am’’””. D am Deefi fini niççãão ni maiiss alltter ma ern naattiiva va que ue ess ssa, a, im mp pos osssííve vel. ell..
Restaurante Il Calcio O atacante Fernandão inaugurou em dezembro o restaurante italiano Il Calcio. Localizado no bairro de Moinhos de Vento, zona leste de Porto Alegre, a cantina, como diz o próprio nome, tem no futebol seu principal tema. Na decoração, camisas da coleção do artilheiro e garçons com roupa de juiz e muita massa. Il Calcio Rua Quintino Bocaiúva, 256. Moinhos de Vento Fone: (51) 3346-4120
Amor eterno Aproveitando as demonstrações de amor da torcida do Corinthians após o rebaixamento do time, o departamento de marketing do clube lançou o kit “Eu nunca vou te abandonar”. O principal item é uma camisa que tem essa frase na frente e a inscrição “Porque te amo. Eu sou Corinthians” no verso. Além disso, o kit inclui uma pulseira e um adesivo. Kit “Eu nunca vou te abandonar” Onde encontrar: Lojas Todo Poderoso Timão ou Roxos e Doentes Preço: R$ 44,90
Títulos santistas Depois do lançamento da camisa com os números 5-3-3 pelo São Paulo, o Santos entrou na onda e lançou uma camisa nos mesmos moldes. No modelo do Peixe, disponível em preto e em branco, os números são 8-2-2, referentes a oito títulos nacionais (o clube conta as cinco conquistas da Taça Brasil e uma do Roberto Gomes Pedrosa, além dos Brasileiros de 2002 e 2004), duas Libeert Libe Li r addor oress e ddois ores doi oiss Mundiais. oi M Libertadores
Camisa 8-2-2 Onde encontrar: Lojas Santos Mania Preço: R$ 39,00
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NEGÓCIOS por Carlos Eduardo Freitas
Show me the money Clubes e Globo Esportes se organizam para arrecadar mais dinheiro com a venda de direitos de transmissão do Brasileirão para o exterior Campeonato Brasileiro deverá ter uma novidade na temporada 2008. Em todas as rodadas de fim de semana, uma das partidas será disputada às 11:00 da manhã de domingo. E por que motivo os jogadores poderão ter que atuar sob o sol do meio-dia? Para satisfazer a vontade do mercado asiático de exibir partidas do Brasileirão no horário nobre local. Essa provável mudança (o anúncio foi feito em caráter provisório) foi proposta devido ao desejo dos times brasileiros, representados pelo Clube dos 13, de arrecadar mais dinheiro com a venda de direitos de transmissão para o exterior. Recentemente, em conversa com a Trivela, um dirigente do Flamengo, que pediu para não ter seu nome citado, reclamou da
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atuação da entidade no que diz respeito a esse filão. “Precisamos explorar melhor esse potencial”, cobrou o cartola. A reclamação do flamenguista procede. Hoje, o Campeonato Brasileiro é exibido em 135 países. O número impressiona, mas a receita dos clubes com as transmissões é baixa. “A arrecadação do Clube dos 13 com esses direitos para fora é de US$ 1,5 milhão”, conta Fernando Carvalho, atualmente vice-presidente da entidade. Quem negocia esses direitos é a Globo Esportes, braço da Rede Globo para a área esportiva, que repassa 50% das receitas conseguidas no exterior para o C13. A cúpula da entidade não assume publicamente sua insatisfação com a falta de iniciativa da emissora, mas os planos para melhorar a situação deixam claro que o panorama atual está longe do desejável. A idéia da associação de clubes é inverter essa relação e negociar ela mesma com quem tiver interesse em exibir o futebol brasileiro fora do país. “O potencial é muito maior e é possível conseguir mais dinheiro, desde que haja uma negociação mais detalhada. Um dos formatos que estudamos é o Clube dos 13 vender e depois levar o produto para a Globo e fazer a divisão da receita”, afirma Carvalho.
Pouco valorizado Para mostrar esse potencial de que fala o vice-presidente do Clube dos 13, pode-se tomar como exemplo a Premier League in-
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glesa. A liga, que é a mais rica da atualidade e a mais vista em todo o mundo, fechou no início de 2007 um novo acordo para exibir o Campeonato Inglês ao redor do planeta. A partir desta temporada, os times da primeira divisão inglesa receberão um total de US$ 425 milhões por ano, praticamente o dobro do contrato anterior, para terem seus jogos transmitidos em 208 países. Obviamente, não dá para esperar que o valor dos contratos brasileiros chegue perto dos ingleses, mas a comparação dos valores arrecadados com a venda dentro do país e no exterior dá uma mostra do potencial a ser explorado por aqui. Hoje, a Premiership recebe US$ 1,16 bilhão ao ano
US$
425
milhões Valor arrecadado anualmente pela Premier League com a venda de direitos para fora da Inglaterra
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US$
1,5
milhão
Marcelo Campos/Vipcomm
É o que recebe da Globo Esportes o Clube dos 13 pela venda de direitos para o exterior
do mercado interno, valor quase três vezes maior do que entra de fora. No Brasil, o Clube dos 13 fatura o equivalente a cerca de US$ 170 milhões, mais de 100 vezes o US$ 1,5 milhão que vem do exterior. Ao longo de 2007, dirigentes do C13 viajaram para o leste da Ásia e para o Oriente Médio com a intenção de estreitar relações com emissoras de televisão e federações locais, de modo a sondar o interesse em nosso futebol. “Os contatos ainda são superficiais, mas podem render contratos com valores muito superiores aos que recebemos atualmente”, comenta Carvalho. “A rede Al Jazeera é uma das principais interessadas em
transmitir o Brasileirão”, disse recentemente Fabio Koff, presidente do Clube dos 13. Segundo os dirigentes, há também contatos avançados com emissoras de Cingapura. Uma das barreiras levantadas pelos asiáticos é o fuso horário. Partidas disputadas aqui às 16:00 ou às 18:00 são exibidas de madrugada na Ásia. Por isso se propõe que uma partida por rodada seja disputada em um horário conveniente para o mercado externo. “Se for interessante para os clubes, a gente tem de acomodar isso”, concorda Marcelo Campos Pinto, diretorexecutivo da Globo Esportes. Ele aponta, também, a intensificação das relações com o mercado asiático como a “grande estratégia” da emissora para 2008. Assim, no próximo Brasileirão, se você precisar atrasar seu almoço de domingo para assistir a seu time, lembre-se de que esse sacrifício, pelo menos, pode render um pouco mais de dinheiro para o seu clube.
NOTAS Bar temático O Cruzeiro, em parceria com a loja Roxos e Doentes, inaugura em janeiro o primeiro bar temático de um clube brasileiro. Localizado no Savassi, bairro nobre de Belo Horizonte, o Cruzeiro Sport Bar tem área de 600m2, dois andares e capacidade para receber de 250 a 300 pessoas. Além disso, o local terá também um espaço destinado à venda de produtos da equipe mineira.
Nova feira de futebol A discussão sobre o futebol e a exposição dele, em 2008, terá um novo espaço. A Futexpo pretende oferecer uma série de atividades das mais variadas vertentes, tendo o futebol como fio condutor. Previsto para o mês de julho, em Santos, o evento terá cunho cultural, educativo, ambiental, social e esportivo – além de tratar de negócios, evidentemente. Entre os palestrantes agendados estão nomes como Juca Kfouri, Ruy Castro, Armando Nogueira, Tostão, Luiz Felipe Scolari e Vanderlei Luxemburgo. Os organizadores ainda afirmam ter convidado Michel Platini e Franz Beckenbauer. Entre as principais atividades, destaca-se o Pelé Experience. Trata-se do museu virtual sobre o “Rei” que foi montado originalmente em Berlim, na época da Copa da Alemanha. Você pode saber mais sobre a feira no site www.futexpo.com.
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Divulgação
LU PA
Cresce a pressão para que a cidade de São Paulo tenha dois estádios na Copa 2014. “Há conversas extra-oficiais para que uma segunda arena paulistana seja incluída no Mundial”, admite Walter Feldman, secretário de esportes da capital paulista. Ele aposta no projeto para um estádio do Corinthians (o clube afirma ter três em mãos), mas o Palmeiras já apresentou o plano de modernização e ampliação de sua casa, e se diz interessado em receber a Copa, particularmente os jogos da Itália.
eu fiscalizo a
Copa 2014
por Ubiratan Leal Um evento que, pelas estimativas extra-oficiais, deve movimentar cerca de R$ 20 bilhões é atrativo demais para não ser repartido. Não é a toa que a iniciativa privada se mobiliza para ficar com uma parte desse filão chamado Copa 2014. Não apenas na realização de obras, mas na operação da infra-estrutura que será feita para a competição. Entidades setoriais não escondem essa intenção. “Já estamos fazendo lobby para isso. Já tivemos reuniões com o comitê de organização e fomos a Brasília conversar com deputados que trabalham na área”, afirma Ralph Lima Terra, vice-presidente executivo da Abdib (Associação Brasileira da Infra-Estrutura e Indústrias de Base). Apesar do apetite apresentado, ainda não há completa noção de tudo o que terá de ser feito. Tanto que os empresários dizem preferir que a definição das cidades-sede (de 10 a 12 das 18 indicadas) seja anunciada o mais rápido possível. Há dois motivos: antecipar os planos e evitar que essa escolha esbarre no processo eleitoral do final do ano. Pelo menos no discurso, o governo federal se coloca ao lado da iniciativa privada. “Não há nenhuma razão estratégica para o
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São Paulo quer dois estádios
Governo propõe que estádios tenham concessões, como as rodovias
Estado manter a administração de um estádio de futebol”, comenta Orlando Silva Júnior. “Nossa determinação é que não se gaste nada em estádios, já que a iniciativa privada ficaria responsável por modernizar e administrar as arenas”. Apesar da convicção do ministro ao falar de estádios, a empolgação de eventuais investidores não é tão grande. Parece haver desconfiança em relação às atitudes dos clubes em relação a parceiros. Assim, o filão é mesmo a infra-estrutura. “Para mim, a Copa do Mundo não são os 30 dias de jogos. Minha preocupação é com tudo o que será feito em torno dessas partidas, antes e depois do torneio”, comenta Paulo Safady Simão, presidente da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção). Em teoria, imagina-se que o aumento do investimento privado seja benéfico pelo fato de não envolver dinheiro do contribuinte. É preciso, porém, ter em mente que empresas funcionam na lógica de mercado e que só entrarão em algum projeto se houver perspectiva de lucro. Assim, o governo (bem como a sociedade em geral) tem a obrigação de assegurar que o interesse público prevaleça sobre o das empresas.
Oba-oba O governo da Bahia anunciou que vai convidar membros da Fifa a passarem o carnaval em Salvador. Objetivo: mostrar a capacidade da capital baiana de organizar grandes eventos. O Estado está em clara desvantagem em relação às outras 17 cidades candidatas a sede da Copa desde que a queda de um pedaço de arquibancada da Fonte Nova provocou a morte de sete torcedores.
Copa em 18 cidades? Paulo Safady Simão, da Câmara Brasileira da Indústria da Construção, diz que o setor vai lutar para que as 18 cidades indicadas na candidatura sejam sedes de jogos. Ele alega que, em 2002, 20 cidades receberam jogos – esquecendo-se de que, naquele ano, dois países organizaram o torneio. Nem entre colegas há muitos defensores da idéia.
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CADEIRA CATIVA por Rodrigo Guerra
Como se
de sempre Seu time vai mal? Vá ao estádio em dia de clássico entre dois rivais, escolha um deles para torcer e descubra sensações diferentes num ambiente rotineiro uando o Goiás eliminou o Vila Nova na semifinal do Campeonato Goiano de 2007, a gozação foi inevitável. Afinal, duas divisões nacionais separavam os rivais. Mas quem poderia prever que, no fim do mesmo ano, os dois poderiam estar na mesma divisão, para desespero da torcida esmeraldina? Nessa hora, para um torcedor fanático do Goiás, valia até se fazer de fã do Atlético Goianiense para secar o rival. Numa noite quente de quinta-feira, no mesmo Serra Dourada de sempre, pela antepenúltima rodada do octogonal decisivo da Série C, o Atlético enfrentava um Vila Nova sossegado, que só precisava de uma vitória para garantir o acesso à Série B. Quem chegou ao estádio em cima da hora encontrou uma fila gigantesca para comprar ingressos. Aí veio a idéia: assistir ao jogo na arquibancada inferior, a “geral”, já que na bilheteria de baixo não
Fotos Rodrigo Guerra
Q
Ricardo Rafael/Jornal O Popular/Gazeta Press
não fosse o
Gol de Túlio (esq.) não impediu a derrota do Vila Nova, para alegria dos torcedores do Goiás
havia fila. Como é de praxe, os assentos de lá estavam sujos, os banheiros encharcados, e o placar eletrônico dava defeito. A torcida vilanovense, maioria entre os 18.391 pagantes, pulava e cantava sem parar. No meio da massa, havia dois caixões de papelão – um rubro-negro e outro verde. Do lado atleticano, poucos e dispersos seguidores esforçavam-se para levantar um bandeirão desproporcional ao tamanho da torcida. Não havia hostilidades, apenas algumas provocações do lado vermelho, que mal eram respondidas pelos desanimados atleticanos. Quando a bola rolou, a falta de fé foi justificada. O Vila Nova abriu o marcador com Wando e dominou todo o primeiro tempo. No intervalo, um grito rasgou o silêncio da claque rubro-negra: “Vocês tão tudo morto? Vamo pular, animar o time!” Quase ninguém deu ouvidos. “Tá difícil”, sussurrou um torcedor. Mas, numa reviravolta, Guerra empatou, aos 11 minutos do segundo tempo, e, aos 15, o experiente Lindomar virou a partida. A torcida atleticana, então, pareceu se multiplicar e, entoando o grito
ATLÉTICO-GO VILA NOVA-GO
de guerra plagiado do Atlético-PR (aquele em que o nome do time é pronunciado sílaba por sílaba), viu o goleiro Márcio marcar de falta o primeiro gol de sua carreira. A geral, semideserta, foi o lugar perfeito para a comemoração. Atleticanos corriam de um lado para o outro, incrédulos, vingativos, realizados. O êxtase durou até os 37 minutos, quando Túlio Maravilha descontou para o Vila Nova. A partir daí, um clima de tensão tomou conta dos rubro-negros, até que o árbitro Djalma Beltrami decretou o fim da partida. No final das contas, o Vila Nova acabou subindo, na última rodada. O encontro entre os rivais na Série B só não aconteceu porque o Goiás escapou do rebaixamento no sufoco, mandando o Corinthians para a Segundona. O Atlético não subiu, mas isso não impediu que, naquela quinta-feira, esmeraldinos e atleticanos gritassem juntos: “Um, dois, três! O Vila é freguês!”
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Competição: Campeonato Brasileiro – Série C Data: 22/novembro/2007 Local: Serra Dourada (Goiânia)
Você foi a algum jogo que tem uma boa história para ser contada? Escreva para contato@trivela.com que seu texto pode ser publicado neste espaço!
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A Várzea
Prêmios Várzea 2007 Como já se tornou tão tradicional quanto amigo secreto, peru e cidra barata, a cada fim de ano A Várzea faz “questã” de premiar as personalidades da temporada que passou. Em 2007, foram muitas emoções e valeu quase tudo para entrar em tão seleto
grupo. Tolete já subiu no palanque com seu puído terno de estimação — o qual tem um botão que insiste em pular toda vez que se depara com a barriga de nosso intrépido repórter — para anunciar os nomes dos ganhadores. And the winners are...
Troféu “Mascote do Ano”
Troféu “Amarelo Manga”
Troféu “A Regra é Clara”
Senhor Testículos. Sim, é verdade. Esse é o nome do mascote que o Everton botou em campo, como parte de uma campanha de prevenção de câncer testicular. Sem dúvida, foi uma grande “sacada”...
O Botafogo estava com um pé e meio nas quartas-de-final da Copa Sul-Americana. Ele só perderia a vaga se tomasse três gols do River Plate nos 15 minutos finais do jogo. Tomou. O time ficou tão desnorteado que demitiu o Cuca – e recontratou o técnico menos de um mês depois.
Após errar contra o Botafogo na Copa do Brasil, Ana Paula Oliveira acalmou os ânimos dos torcedores ao posar nua para uma revista masculina. E tome piadinhas dizendo que ela levantou a bandeirinha...
Troféu “Eye of the Tiger” Troféu “Flop do Ano” Vai para a Inglaterra, que só precisava empatar em casa com uma Croácia que jogava para cumprir tabela, mas conseguiu ser derrotada e ficou de fora da Euro-2008. Mais patético ainda foi torcer para a poderosa Andorra empatar um jogo contra a Rússia, para evitar a eliminação.
Round one, fight! Luiz Felipe Scolari confundiu Ivica Dragutinovic com Ivan Drago e quase acertou um cruzado no nariz do sérvio. O técnico de Portugal acabou suspenso, mas viu os Tugas se classificarem para a Euro-2008.
Troféu “Tolete de Ouro” Nosso repórter se sentiu honrado ao ver um discípulo seu estampar na home page da Gazeta Esportiva: “Fifa sorteia grupos da Copa Uefa”. Um primor de jornalismo investigativo.
Troféu “Jogos Perdidos”
Fábio, goleiro do Cruzeiro, tentou imitar o personagem da “Escolinha do Professor Raimundo” e levou um frango que entrou para a história do futebol. Nessa, o Galo se deu bem e foi para a galera.
Diz a lenda que houve um torneio de futebol masculino nos Jogos Pan-Americanos, uma competição tão importante que teve várias desistências. Mesmo assim, o Brasil conseguiu ser eliminado na primeira fase pelo poderoso Equador, que ganharia a medalha de ouro ao derrotar a mais poderosa ainda Jamaica na final.
Troféu “Bonde da Alegria”
Troféu “Matou a Avó e Foi ao Cinema”
Presidente, governadores, políticos, puxa-sacos. Se bobear, até o papagaio de algum deputado foi para a Suíça acompanhar algo totalmente inesperado: a escolha do Brasil, candidato único, como sede da Copa do Mundo de 2014.
Stephen Ireland “matou” a avó para ser dispensado da seleção irlandesa e ficar com a namorada. Quando a federação descobriu, ele teve a cara-de-pau de dizer que tinha sido a outra avó que morrera – o que também provou ser tão verdadeiro quanto os “testes de fidelidade” do João Kléber.
Troféu “Seu Boneco”
Troféu “Âncora e Timão” Andrés Sanchez foi favorável à parceria do Corinthians com a MSI, é acusado de envolvimento em irregularidades no clube e mesmo assim foi eleito para a presidência do Timão, além de ser tratado como salvador. E tem gente que ainda se pergunta como o Corinthians foi rebaixado!
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Troféu “Meus Cabelos Continuam os Mesmos”
A charge do mês Você pode receber A Várzea todo dia em sua caixa postal. Basta entrar no site www.trivela.com e inserir seu endereço de e-mail no campo de cadastro. Ou, então, mande uma mensagem para varzea@trivela.com, com a palavra Cadastrar no campo de assunto
Romário tomou um remédio para não virar aeroporto de mosquito. Só que o comprimido tem uma substância proibida, e o atacante foi suspenso por doping. Aos 167 anos, já estava na hora de o “Baixinho” assumir a careca.
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