especial www.trivela.com
ENTREVISTAS Muricy, Iarley, Lucas, Maldonado Renato Augusto, Flávio, Schelotto e Passarella
Guia da Copa Toyota
Libertadores
Guia da Copa Toyota Libertadores 2007
Perfis completos dos 32 participantes 10 jogos inesquecíveis de clubes brasileiros E MAIS R$ 7,90 | Pool Editora
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História Promessas Tabela Quiz
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+ Índice Confira a localização dos 32 participantes 32 Necaxa MEX
27 América 58 Toluca
53 Caracas 48 Unión Maracaibo 36 Cúcuta
VEN
37 Tolima COL
61 Deportivo Pasto
49 LDU
26 El Nacional EQU
41 Emelec
PER
31 Alianza Lima BRA
57 Cienciano 56 Bolívar
BOL
43 Real Potosí PAR
25 Libertad 33 Cerro Porteño 44 Flamengo
CHI
52 Colo-Colo
ARG
30 Audax Italiano
50 River Plate 42 Vélez Sársfield 54 Boca Juniors
62 Santos URU
28 São Paulo 46 Paraná 38 Internacional 34 Grêmio
24 Banfield 59 Gimnasia La Plata
40 Nacional 60 Defensor Sporting
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Retrospectiva 2006
www.trivela.com
Relembramos a última edição da Libertadores, que consagrou o campeão Internacional
Edição Caio Maia Ubiratan Leal
Mauro Beting e nosso especialista Ubiratan Leal analisam o que esperar da competição
Reportagem Antonio Vicente Serpa Carlos Eduardo Freitas Gustavo Hofman Ricardo Espina Tomaz Rodrigo Alves
6 8 Opinião 10 Fique de olho 12 História 16 Negócios 19 Top 10 20 Desafios geográficos 22 Participantes 64 Tabela de jogos 66 A Várzea 67 Quiz
Apresentamos 10 jovens promessas latino-americanas que começam a aparecer
Contamos a trajetória da Libertadores desde seu início, em 1960, até os dias de hoje
Como clubes e empresas descobriram o potencial econômico da Libertadores
Os dez maiores jogos envolvendo equipes brasileiras na história da competição
Altitude, distância e clima tornam a Libertadores mais complicada de se disputar
Apresentamos o mais completo guia da competição, com análises de cada um dos 32 clubes
Oito grupos, 32 times. Acompanhe todas as partidas e preencha os resultados em nosso tabelão
Colaboradores João Tiago Picoli Leonardo Bertozzi Mauro Beting Agradecimentos Luiz Fernando Bindi Foto da capa Paulo Whitaker/Reuters Projeto gráfico Luciano Arnold (looks@uol.com.br) Arte Rodrigo Buldrini (robuldrini@gmail.com) Tratamento de imagem s.t.a.r.t. (start.design@gmail.com) Diretor comercial Evandro de Lima evandro@trivela.com (11) 4208-8213
Grupo a grupo, o mais bem-humorado guia da Copa Libertadores
Atendimento ao leitor contato@trivela.com (11) 4208-8205
Você acha que sabe tudo sobre a competição? Teste, então, seus conhecimentos
Atendimento ao jornaleiro e distribuidor Pool Editora pooleditora@lmx.com.br (11) 3865-4949
Carta ao leitor Cinco estreantes, dez ex-campeões e outras 17 equipes vão lutar pelo título da Copa Toyota Libertadores de 2007, quando a empresa comemora dez anos de patrocínio da competição. Como fazemos desde 1998, nas análises do site e no Guia da Liga dos Campeões publicado em 2005, na Trivela você não vai encontrar um perfil de seis páginas das equipes brasileiras e de meia página dos times menos cotados. Afinal, bem ou mal, os times brasileiros o torcedor já conhece, não é? Faz muito mais sentido, portanto, trazer informações sobre equipes como o Audax Italiano e o Deportivo Cúcuta, que não temos a oportunidade de conhecer no dia-a-dia – claro, sem deixar de analisar os representantes do Brasil. Além disso, neste especial da Trivela, você vai encontrar também entrevistas diferentes das de todo o dia, como as de Schelotto, do Boca, e Daniel Passarella, técnico do River Plate, além de reportagens com a profundidade com a qual nosso leitor está acostumado. Com isso, a Trivela cumpre a missão de ser a principal referência de qualidade em futebol. Compre outros guias e compare. Acho que já sabemos o resultado da disputa.
Circulação LM&X - Alessandra Machado (Lelê) lele@lmx.com.br (11) 3865-4949 Guia da Copa Toyota Libertadores é uma publicação especial da Trivela Comunicações. Todos os artigos assinados são de responsabilidade dos autores, não representando necessariamente a opinião da revista. Todos os direitos reservados. Proibida a cópia ou reprodução (parcial ou integral) das matérias e fotos aqui publicadas Distribuição nacional Fernando Chinaglia Impressão Parma Gráfica Tiragem 30.000 exemplares
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I Retrospectiva 2006 Marcelo Sayao/EFE
por Caio Maia
Até que enfim À margem da relação de favoritos da maioria, Internacional fez campanha discreta e consistente e, quando precisou provar sua capacidade, passou pelo São Paulo na decisão e levou sua primeira Libertadores
Depois de perder em casa para o Internacional no primeiro jogo da final, o São Paulo saiu atrás na partida de volta, mas conseguiu empatar. O gol de Tinga freou o ímpeto tricolor e selou o destino do título – mesmo com seu autor sendo expulso por tirar a camisa na comemoração.
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Paulo Whitaker/Reuters
Daniel Augusto/EFE
O São Paulo havia batido o Chivas, em Guadalajara, no primeiro jogo da semifinal, mas, jogando em casa, levava um sufoco quando Fabão cometeu pênalti. Rogério Ceni defendeu a cobrança de Bautista e apagou o time mexicano – que não teve forças para segurar a empolgação são-paulina e perdeu por 3 a 0.
Integrante da segunda divisão brasileira, o Paulista ainda não havia vencido no torneio e estava quase fora do mata-mata. A primeira vez, porém, foi em grande estilo: um 2 a 1 diante do poderoso River Plate, resultado que acabou empurrando a equipe argentina para o caminho do Corinthians nas oitavas-de-final.
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para a história
Depois de ter o jogo contra o River – de Daniel Passarella – na mão, o Corinthians cedeu o empate em um gol contra de Coelho e, nervoso, ainda tomou mais dois gols. Um início de confusão na arquibancada e a ameaça de invasão do gramado do Pacaembu pela torcida levaram a polícia a utilizar bombas de fumaça, para conter os mais exaltados.
Além do Timão, ainda turbinado pelo dinheiro da MSI, e do próprio River, Chivas e Vélez Sársfield foram duas outras equipes que mostraram bom futebol e deram esperanças a suas torcidas. Ironicamente, esses dois times cruzaram-se nas quartasde-final. Os argentinos, melhor campanha da fase de grupos da competição, ainda tiveram a vantagem de enfrentar o Chivas desfalcado de meio time (seis jogadores estavam se preparando com a seleção mexicana para a Copa do Mundo) na partida de ida, em Guadalajara. Mesmo empatando por 0 a 0 fora de casa, o Fortín não conseguiu segurar a poderosa equipe mexicana, em Buenos Aires. A inexperiência e a baixa média de idade do elenco argentino certamente contribuiram para isso. O 2 a 1 na casa do adversário levou o Chivas à semifinal diante de um São Paulo que, embora defendesse o título da competição, fora batido pelos mexicanos duas vezes na fase de grupos – na segunda vitória, inclusive, a equipe quebrou uma invencibilidade de quase 19 anos dos são-paulinos no Morumbi, pela Libertadores. Na hora da verdade, porém, os Rojiblancos não agüentaram a responsabilidade e acabaram derrotados tanto em casa como fora. A multidão de são-paulinos prontos para comemorar o quarto título continental que lotou o Morumbi no primeiro jogo da final certamente não saiu feliz do estádio. A vitória colorada, porém, coroou a equipe mais forte e fez justiça a Fernandão e Tinga, grandes jogadores que não tinham ainda em seus currículos um título dessa importância – além, claro, de incluir mais um clube brasileiro ao rol de campeões da história da Copa Libertadores da América.
Daniel Augusto Jr./EFE
C
om desempenhos soberbos de Rafael Sóbis e Tinga, o Internacional venceu o São Paulo por 2 a 1, na primeira partida da final da Libertadores de 2006. Naquele momento, além de surpreender o Morumbi e de ficar em boa posição para a conquista do título, o Colorado deixou claro que era, sim, um time pronto para entrar para a história. A atuação dos gaúchos naquela noite de 9 de agosto mostrou as qualidades que levaram os comandados de Abel Braga a seu primeiro título continental. A autoridade com que o Inter encarou o São Paulo – incluindo um jogo de volta emocionante, em que as duas equipes apresentaram um grande futebol – serviu para legitimar a conquista. Antes da final, é inegável que a campanha colorada foi distorcida pela má qualidade ou falta de tradição dos adversários. Na primeira fase, os brasileiros enfrentaram Nacional do Uruguai, Unión Maracaibo e Pumas. No mata-mata, jogaram contra Nacional novamente, LDU e, por fim, o Libertad. Enquanto isso, o São Paulo pegava o rival local Palmeiras, o futuro campeão argentino Estudiantes e o Chivas, de quem havia perdido duas vezes na primeira fase. Claro que havia equipes fortes no caminho do Inter. Mas elas não souberam fazer valer seu favoritismo e foram caindo antes de pegar os gaúchos. O principal responsável por isso foi o River Plate. Primeiro, os Millonarios eliminaram o Corinthians, adversário que, além da força dentro de campo, levaria para um eventual confronto contra os gaúchos o peso do Brasileiro de 2005, decidido entre as duas equipes. Em seguida, os argentinos foram eliminados de maneira surpreendente pelo Libertad, que acabou enfrentando o Colorado.
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~ Opinião
Dez favoritos por Mauro Beting
ESTE JORNALISTA AGRADECE a direção da Conmebol pela idéia de jerico de proibir (dentro do possível) a decisão entre clubes de um mesmo país. A bobagem, que estabelece que a geografia é mais determinante que o futebol, facilita os chutes iniciais da imprensa: pode dar qualquer coisa na finalíssima. Se os fatos desandarem, a culpa não é minha: é do regulamento bocó que fará de tudo para não acontecer uma final brasileira – ou argentina. Ainda assim, é possível dar Brasil-il-il-il! Internacional, São Paulo, Santos, Grêmio e Flamengo têm nove canecos de Libertadores nas galerias. Hoje, ou pelo menos até junho, todos têm elenco para chegar bem longe na competição mais equilibrada dos últimos anos. Equilibrada não apenas pelas qualidades e quantidades conhecidas dos brasileiros, mas sobretudo pelo retorno do grande bicho-bolão sul-americano deste século: o Boca Juniors conseguiu se livrar do técnico La Volpe e tem história para tremer a própria casa e fazer temer qualquer rival. Gago fará falta ao meio-campo (Banega ainda parece verde demais para tamanha responsabilidade). No entanto, é equipe capaz de fazer da Bombonera apenas mais um detalhe na reconquista da hegemonia. (Só agora escrevo de Riquelme. O maior jogador na competição deste século volta ao clube amado para jogar o que não jogou – ou não pôde jogar - pelo Villarreal, desde a Copa-06. Se fizer apenas metade do que fez quando brilhou em 2000/1, basta.) O River Plate tem camisa e bom elenco para equiparar-se ao rival. Foi o vencedor do pentagonal do verão argentino e parece mais forte que nos últimos anos. Em 2006, com um time frágil, e o Passarella de sempre, não repetiu a escrita dos anos terminados em 6 da Libertadores, quando sempre chegara para decidir. Ano passado, passou longe. Agora, é tão candidato quanto qualquer brasileiro. Ou mexicano. Por exemplo, o clube que também manda seus jogos em La Bombonera e é bem competitivo e rápido: o Toluca, do brasileiro Zinha (que eles pronunciam “Sinha”). Não tem cancha de Libertadores, mas tem time para começar a fazer história. Como o futebol mexicano, que já passou da hora de apenas disputar campeonatos por disputar – mesmo que seja a sina, digamos, histórica do futebol do país. Outro que pode fazer bonito é o poderoso América. Deve esquecer o fiasco no Mundial. E rejuvenescer o elenco. É uma aposta na história. Como o Colo-Colo chileno. Um time carente da estrela Matías Fernández (que foi para o Villarreal) precisa que Alexis Sánchez amadureça, e o colombiano Hernández apareça. (Parágrafo e parênteses para reflexão: o espanhol Villarreal já foi citado duas vezes neste texto: por ter “devolvido” um craque – Riquelme – e por ter contratado um aspirante chileno – Fernández. Não estamos falando de Barcelona ou Milan ou Manchester. Apenas do Submarino Amarelo espanhol...)
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CQD, como queríamos demonstrar: a Libertadores vem a reboque da Europa. O que já não serve, o que poderá servir, está tudo aqui. É um torneio tão nivelado em quantidades e qualidades de favoritos quanto de nível achatado pelo exagero de clubes disputantes. Mesmo que São Paulo e Internacional (e o Boca do início do século) mostrem que é possível vencer as potências transnacionais lá no Japão, a bola que rola e quica na América é extremamente discutível. As chances brasileiras, não. Elas são indiscutíveis. São Paulo e Inter (e mesmo o Atlético-PR de 2005) mostraram que não é preciso montar esquadrões históricos para fazer antologia. O campeão sabe que, muito mais difícil que ganhar uma Libertadores, é repetir a façanha, que, nos últimos 30 anos, apenas Boca (2000/1 e 1977/8) e São Paulo (1992/3) conseguiram: ser bicampeões. O Inter descobriu Pato, manteve a base, mas não será fácil repetir o futebol e as façanhas. Ainda mais contra um São Paulo recomposto, mordido e sempre pronto. Apenas Mineiro fará muita falta a um time quase no ponto. Como o Santos de Luxemburgo, melhor que o de 2006. Como o Grêmio de Mano Menezes e o Flamengo de Ney Franco, muito melhores que na temporada passada. Só o Paraná, pelo noviciado, pelos desfalques e pelos costumeiros desmontes, irá sofrer. Passará, porém, de fase. No mata-mata, o trabalho do palpiteiro profissional é ainda mais fácil: como imaginar o que vai dar em cruzamentos que só serão definidos lá na frente? Por mais que se planeje e se estude, o torneio só começa, mesmo, na próxima fase. Quando não há como pensar em outra coisa a não ser a Libertadores. Ou, mais uma vez, no título-refeição para o banquete de fim do ano no Japão.
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Marcos Brindicci/Reuters
O rio da nossa aldeia ATÉ O TORCEDOR QUE NÃO VÊ SEU TIME na Libertadores sabe que o torneio tem algo especial. Em alguns pontos, pode até ser mais interessante que a Liga dos Campeões. Claro, a competição européia tem mais dinheiro, organização, craques, candidatos ao título, público e audiência de TV. Esses são fatos consolidados que qualquer número comprova facilmente. No entanto, há uma aura especial em torno da Libertadores. Fernando Pessoa – na verdade, seu heterônimo Alberto Caeiro – explicou muito bem esse sentimento em “O Tejo é mais belo” (aquele que começa com “O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia, / Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia / Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia”). A Libertadores é assim. É como o rio aldeão, mais belo e interessante em suas peculiaridades, algo que só um sul-americano entende. O primeiro aspecto que salta aos olhos é o nome do torneio: “Libertadores da América”. No Brasil, Dom Pedro I não é uma figura histórica tão destacada quanto poderia. Nos outros países da América Latina, porém, o “libertador” é importantíssimo, uma espécie de figura lendária no imaginário coletivo – seja ele Simón Bolívar, José de San Martín, Bernardo O’Higgins, José Gervasio Artigas ou Antonio José de Sucre. Só pelo fato de usar uma referência histórica tão forte em seu nome, o torneio já dá o tom figadal com que se desenvolve cada partida, cada lance, cada dividida. Sem cair no chavão de chamar tudo de “guerra”, é apenas elevar a disputa pela vitória às últimas conseqüências que as regras permitem (e algumas que não permitem). Mais do que mostrar quem
por Ubiratan Leal
é simplesmente bom, o torneio valoriza os times que têm coração, técnica, estômago e cérebro ao mesmo tempo. Os desgastes físico e psicológico são imensos. A graça de partidas desse jeito, um europeu não entende. Embora a maior parte deles pratique o esporte de forma viril, para eles, Portugal 1x0 Holanda na Copa de 2006 foi apenas um jogo violento. Não viram que aquelas duas equipes que se esfacelavam psicologicamente no gramado estavam protagonizando uma das poucas partidas realmente divertidas do Mundial. A despeito dessa alma de Libertadores, é claro que a competição poderia ser melhor. Poderia haver uma fase preliminar maior, para reduzir o tamanho e melhorar o nível técnico da fase de grupos (que é onde os jogos começam a importar). As partidas deveriam ser mais valorizadas, recebendo tratamento de grande evento na cidade em que se realizam. A tabela é bagunçada – exigências da Fox Sports à parte, não custava a Conmebol colocar todos os jogos de cada rodada na mesma semana – e prevê algumas partidas no esdrúxulo horário das 19:30. A incompatibilidade de calendários e as restrições da Concacaf para a participação dos mexicanos fazem que os atuais campeões de Argentina (Estudiantes) e México (Chivas) fiquem de fora do torneio. O potencial financeiro não é totalmente aproveitado porque a Conmebol não sabe como trabalhar sua segunda competição (Copa Sul-Americana) sem atrapalhar a primeira... A lista de melhorias necessárias é grande. Ainda assim, a Libertadores é especial. É o torneio em que a América se vê em campo, com seus problemas, qualidades e jeito de ser. É o rio de nossa aldeia, que não é belo e gigantesco como o Tejo, mas é só nosso. Guia da Copa Toyota Libertadores 2007
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§ Fique de olho por Ubiratan Leal
Saindo do forno
Leo La Valle/EFE
Com o êxodo de jogadores sul-americanos para a Europa, muitas vezes os protagonistas da Libertadores são jovens pouco conhecidos, que apenas começaram a mostrar seu talento. Foram esses os casos de Tevez, no Boca Juniors de 2003, e de Rafael Sóbis, no Internacional de 2006. Por isso, confira dez promessas da nova geração da América do Sul
Zárate
Ávalos
Cáceres
De la Haza
Escalada
Mauro Zárate surgiu no Vélez Sársfield como irmão de Rolando, Sergio e Ariel, três ex-jogadores do clube. Rapidamente, porém, o atacante mostrou que tinha um espaço próprio no Fortín. Tornou-se titular do time de Liniers no segundo semestre de 2006 e, logo em seu primeiro campeonato nacional, mos-trou raro oportunismo e tornou-se artilheiro do Apertura. Para tê-lo em forma na Libertadores, o Vélez negou-se a ceder o jogador para a seleção argentina que disputou o Sul-Americano sub-20, em janeiro.
Quando Bruno Marioni anunciou que queria deixar o México para voltar à América do Sul, o Toluca sabia que precisaria de um atacante confiável nas finalizações, para substituí-lo. O paraguaio Ávalos, vindo do Cerro Porteño, não esbanja técnica, mas destaca-se pela garra e oportunismo.
O jogador foi lançado no Cerro Porteño apenas em agosto de 2006 e rapidamente assumiu a posição de titular. Eficiente na marcação, joga no meio da defesa, mas também pode ser utilizado na lateral direita. Neste caso, é útil quando o time precisa de um marcador ferrenho pelas pontas, mesmo que sacrificando a possibilidade de contar com os avanços pelas laterais.
Lateral-direito rápido e bom no apoio, tornou-se um dos pulmões do Cienciano nas últimas temporadas. Apesar de não ser muito bom na marcação, leva muito perigo no ataque, principalmente quando fecha pelo meio e tenta arremates de longa distância.
Luis Miguel Escalada é um caso raro de jogador que, aos 21 anos, já se notabiliza pelo porte físico avantajado. Com 1,77 m de altura e 76 kg, o atacante argentino recebeu o apelido de “El Toro”, pela forma como usa seu corpo para ganhar espaço diante dos zagueiros adversários. Oportunista, o artilheiro do último Campeonato Equatoriano foi contratado pela LDU com status de estrela.
Nome: Erwin Lorenzo Ávalos Nascimento: 27/abril/1983, em Caazapá (Paraguai) Carreira: Cerro Porteño (2001 a 2006) e Toluca (desde 2007)
Nome: Marcos Antonio Cáceres Nascimento: 5/maio/1986, em San Lorenzo (Paraguai) Carreira: Cerro Porteño (desde 2004)
Nome: Mauro Matías Zárate Nascimento: 18/março/1987, em Haedo (Argentina) Carreira: Vélez Sársfield
Nome: Paolo Jancarlo de la Haza Urquiza Nascimento: 30/novembro/1983, em Lima (Peru) Carreira: Sport Boys (2002 a 2004) e Cienciano (desde 2004)
Nome: Luis Miguel Escalada Nascimento: 27/fevereiro/1986, em Ceres (Argentina) Carreira: Boca Juniors (2004 a 2005), Emelec (2006) e LDU (desde 2007)
(desde 2004)
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Miguel Menéndez V./EFE
Ian Salas/EFE
Alexis Sánchez
Pachi
Quintero
Vizcarrondo
Ithurralde
Se não dividisse o meiocampo colocolino com Matías Fernández, Alexis Sánchez teria muito mais destaque. O jogador já era titular do clube mais popular do Chile em 2006, com apenas 17 anos, e foi importante na conquista do Clausura, no segundo semestre. Suas principais virtudes são a habilidade e a capacidade de trabalhar como segundo atacante, preparando jogadas ou mesmo finalizando-as.
Em um time como o Bolívar, que perdeu tantos jogadores importantes, a permanência de Pachi foi tratada como prioridade pela diretoria. Na baixa produção de talentos que tem marcado o futebol boliviano, nos últimos anos, não se podia desperdiçar um jogador rápido, criativo e que, com apenas 23 anos, já disputou final de Copa Sul-Americana. Após muita negociação, os dirigentes celestes conseguiram renovar o contrato do meia.
O Sul-Americano sub-20 teve um nível técnico muito abaixo do esperado. Ainda assim, houve espaço para alguns jogadores se destacarem – como o atacante Quintero, do Tolima. O colombiano teve uma grande atuação contra a Argentina, na primeira fase, e, devido a sua habilidade, desperta o interesse de clubes do exterior (inclusive o Atlético-PR). Ainda assim, precisa ter um pouco mais de constância, sobretudo nos jogos decisivos.
Rey e Cichero formam uma dupla de zaga experiente e consolidada como a melhor que a seleção venezuelana pode formar. Mesmo assim, cada vez são mais fortes as vozes que pedem que Vizcarrondo, do Caracas, tenha mais espaço. O jogador ainda abusa da violência, sinal de inexperiência, mas mostra espírito de liderança e capacidade de organizar uma defesa.
Mesmo nascendo no Uruguai, país pródigo em bons defensores, o jovem Nacho Ithurralde conseguiu se destacar rapidamente, a ponto de fazer parte das convocações da seleção celeste. Bom no jogo aéreo e em chutes de fora da área, é considerado o líder do Defensor Sporting, nas últimas temporadas. Sua ida para o futebol europeu é dada como certa.
Nome: Aléxis Sánchez Sánchez Nascimento: 19/dezembro/1988 Carreira: Colo-Colo (desde 2005)
Nome: Danner Jesús Pachi Nascimento: 1º/janeiro/1984, em Santa Rosa de Mapiri (Bolívia) Carreira: Bolívar (desde 2001)
Nome: Carlos Darwin Quintero Villalba Nascimento: 19/setembro/1987, em Bogotá (Colômbia) Carreira: Tolima (desde 2004)
Nome: Oswaldo Augusto Vizcarrondo Nascimento: 31/maio/1984, em Caracas (Venezuela) Carreira: Caracas (desde 2004)
Nome: Ignacio Ithurralde Sáez Nascimento: 30/maio/1983, em Montevidéu (Uruguai) Carreira: Defensor Sporting (desde 2002)
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História por Ubiratan Leal
A conquista da A Libertadores foi criada como resposta sul-americana à Copa dos Campeões da Europa, mas hoje tem cultura própria
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Esses fatos chamaram a atenção dos sul-americanos. Assim, a Conmebol passou a articular a realização de uma competição oficial entre os clubes do continente. A Uefa deu seu apoio e ajuda, imaginando a criação de um torneio intercontinental que atestasse quem é o melhor clube do mundo. Desse modo, em 1959, a Conmebol decidiu organizar, no ano seguinte, a primeira edição de sua competição de clubes. Inicialmente, o formato era bastante semelhante ao europeu, apenas com campeões nacionais enfrentando-se em mata-mata. Até o nome do torneio era parecido: Copa Campeões da América. Em 1965, a AUF (federação uruguaia) propôs a inclusão dos vice-campeões de cada país. A sugestão foi aceita e, no ano seguinte, a competição mudou de nome para Copa Libertadores da América. A ampliação do torneio não foi unânime. Brasileiros e colombianos consideravam
essa uma descaracterização da idéia original e não participaram da primeira edição com dois representantes por país. Apesar desse revés, o torneio entrou rapidamente no gosto dos torcedores, principalmente de argentinos, uruguaios e paraguaios. A Libertadores consolidou-se e passou a ganhar vida própria, formando sua mitologia e cultura de jogo. Esquadrões como o Santos de Pelé, Pepe, Coutinho, Gilmar e Zito, ou o Peñarol de Mazurkiewicz, Forlán, Pedro Rocha e Spencer, entraram para a história e protagonizaram os primeiros grandes duelos com os times mais fortes da Europa, no recém-criado Mundial Interclubes. No entanto, parte do “jeito Libertadores de ser” não está diretamente ligado a times que esbanjam técnica. A competição passou a dar espaço para equipes “guerreiras”, que tinham a garra e a determinação como principais – às vezes, únicas – virtudes, usando a torcida para criar
Fotos Acervo/Gazeta Press
Hegemonia do Independiente entre 1972 e 1975 consagrou o estilo de jogo aguerrido
ue tal criar um torneio reunindo os melhores times de cada país da América do Sul, para conferir quem é o melhor do continente? A idéia parece tão óbvia que surpreende o fato de ninguém ter pensado nela antes de 1960. Na verdade, a idéia já existia, tanto que havia várias competições amistosas com esse princípio. Foi preciso, porém, o surgimento de um exemplo na Europa para que alguém bancasse oficialmente a criação de um torneio com os campeões nacionais da América do Sul. O surgimento da Copa Libertadores da América está diretamente ligado ao da Copa dos Campeões da Europa. A principal competição de clubes do Velho Continente foi criada em 1955, a partir de uma idéia de Gabriel Hanot, editor do jornal francês L’Équipe. Foi um sucesso imediato, com a adesão de clubes dos principais países europeus e o surgimento de um grande esquadrão: o Real Madrid.
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América
Vasco conquistou torneio precursor
Santos x Peñarol, em 1962: duelo dos times que dominaram os primeiros anos da Libertadores
um clima hostil para os visitantes. Nesse universo, destacam-se o Estudiantes de Carlos Bilardo, Juan Ramón Verón, Pachamé e do técnico Osvaldo Zubeldía e o Independiente de Bochini e Bertoni. Não à toa, são os maiores campeões em seqüência da história do torneio.
Evolução com os anos A mistura desses estilos de jogo é a base da cultura da Libertadores até hoje. A partir da década de 1980, porém, houve dois movimentos que ajudaram a equilibrar a relação de forças entre os países participantes. O mercado europeu abriu-se mais, e jogadores argenti-
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nos, brasileiros e uruguaios passaram a reforçar equipes italianas, espanholas, portuguesas e alemãs. Inevitavelmente, os clubes das grandes potências sulamericanas enfraqueceram-se, e os esquadrões tornaram-se raridade. Ao mesmo tempo, países periféricos como Colômbia, Equador e Bolívia organizaram-se melhor e passaram a montar equipes mais fortes, de nível parecido com Chile, Paraguai e Peru, que estavam em um patamar intermediário. Esse movimento descendente dos países mais tradicionais, unido à ascensão dos pequenos, levou a Libertadores a um período de grandes zebras.
A Copa Libertadores foi oficialmente criada em 1960. No entanto, não foi a primeira competição entre clubes sulamericanos a ser organizada. Entre torneios amistosos, um se destacou e teve até reconhecimento oficial: o Campeonato Sul-Americano de Clubes Campeões, realizado em 1948, em Santiago. Apesar de algumas questões discutíveis, o torneio foi o que mais se aproximou de apontar quem era, de fato, o melhor time da América do Sul. Os convites atenderam a critérios técnicos, de acordo com o desempenho dos clubes em 1947. Assim, participara da competição Vasco (campeão carioca), River Plate (campeão argentino), Nacional (campeão uruguaio), Colo-Colo (campeão chileno), Municipal (vicecampeão peruano), Litoral (campeão de La Paz) e Emelec (convidado). Com um time que era a base da seleção brasileira vice-campeã da Copa de 1950, o Vasco logo despontou como favorito. Com vitórias sobre Litoral, Nacional, Municipal e Emelec, nas primeiras rodadas, os cruzmaltinos assumiram a liderança. Em sua penúltima partida, os vascaínos empataram com o Colo-Colo. No último jogo, o time brasileiro dependia de um empate contra o River Plate, para ficar com o título. Mesmo diante de um ataque poderoso, que contava com Di Stéfano, Labruna e Lostau, o Vasco segurou o 0 a 0. Em 1997, a Conmebol reconheceu oficialmente o Sul-Americano de Clubes Campeões como precursor da Libertadores. O Vasco não ganhou status de campeão da Libertadores (isso só ocorreu no ano seguinte, quando efetivamente conquistou o título do torneio), mas teve direito, por exemplo, a participar da Supercopa de 1997.
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1960 1961 1962 1963 1964 1965 1966 1967 1968 1969 1970 1971 1972 1973 1974 1975 1976 1977 1978 1979 1980 1981 1982 1983
Peñarol (URU)
Olimpia (PAR)
Independiente (ARG)
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Estudiantes (ARG)
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São Paulo (BRA)
Universidad Católica (CHI)
Estudiantes (ARG)
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River Plate (ARG)
América de Cali (COL)
Independiente (ARG)
Colo Colo (CHI)
Cruzeiro (BRA)
Sporting Cristal (PER)
Independiente (ARG)
São Paulo (BRA)
Vasco (BRA)
Barcelona (EQU)
Independiente (ARG)
Unión Española (CHI)
Palmeiras (BRA)
Deportivo Cali (COL)
Cruzeiro (BRA)
River Plate (ARG)
Boca Juniors (ARG)
Palmeiras (BRA)
Boca Juniors (ARG)
Cruzeiro (BRA)
Boca Juniors (ARG)
Cruz Azul (MEX)
Boca Juniors (ARG)
Deportivo Cali (COL)
Olimpia (PAR)
São Caetano (BRA)
Olimpia (PAR)
Boca Juniors (ARG)
Boca Juniors (ARG)
Santos (BRA)
Nacional (URU)
Internacional (BRA)
Once Caldas (COL)
Boca Juniors (ARG)
Flamengo (BRA)
Cobreloa (CHI)
São Paulo (BRA)
Atlético-PR (BRA)
Peñarol (URU)
Cobreloa (CHI)
1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
Internacional (BRA)
São Paulo (BRA)
Grêmio (BRA)
Peñarol (URU)
Fatos, curiosidades e, claro, confusões da Libertadores 1960 A Copa Campeões da América foi criada. Apenas sete equipes participaram da primeira edição: Bahia (BRA), Jorge Wilstermann (BOL), Millonarios (COL), Olimpia (PAR), Peñarol (URU), San Lorenzo (ARG) e Universidad de Chile (CHI).
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1962 No segundo
1966 A competição
jogo da final, Peñarol e Santos empatavam na Vila Belmiro, quando a partida foi interrompida por falta de segurança. Para evitar tumulto maior, o árbitro continuou o jogo extra-oficialmente, e o Santos fez o terceiro gol. Mas, oficialmente, a vitória foi uruguaia.
passou a contar com os vice-campeões de cada país e mudou de nome para Copa Libertadores da América.
1968 O Náutico fez três substituições na vitória sobre o Deportivo Galícia (VEN) e acabou perdendo os pontos – e a classificação para a segunda fase – na Justiça.
1971 Uma briga generalizada durante Boca Juniors 2x2 Sporting Cristal provocou a expulsão de nove jogadores argentinos e dez peruanos. Como punição, a Conmebol decidiu que o Boca estava fora do torneio, perdendo automaticamente os jogos restantes.
1975
O Independiente conquistou o quarto título consecutivo, maior série da história da competição.
1980
Empatados ao final da primeira fase, Flamengo e Atlético-MG tiveram de disputar jogo desempate, em Goiânia. Em decisões muito polêmicas, José Roberto Wright expulsou cinco atleticanos até os 37 minutos do primeiro tempo, e o Flamengo ficou com a classificação.
1983 Na semifinal, o Grêmio vencia o Estudiantes, em La Plata, por 3 a 1, no intervalo. Os argentinos criaram um clima intimidador para o segundo tempo e, mesmo com apenas sete jogadores em campo, conseguiram o empate. Foram os gaúchos, porém, que chegaram à final.
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1986
O Peñarol foi campeão com um gol de Diego Aguirre, aos 14 minutos do segundo tempo da prorrogação do terceiro jogo da final. Com isso, o América de Cali estabeleceu o recorde de três vice-campeonatos consecutivos.
1989 Sol de América x Olimpia foi suspenso por falta de luz no primeiro tempo. O jogo prosseguiu no dia seguinte, quando se sabia que apenas uma vitória do time da casa a partir de 5 a 4 classificaria as duas equipes. Placar final: Sol de América 5 a 4.
Marcelo Ferrelli/Gazeta Press
O auge desse processo aconteceu entre 1989 e 1991, quando a competição teve três edições sem que brasileiros, argentinos e uruguaios sequer chegassem à final. Foi a era em que Colo-Colo, Olimpia, Atlético Nacional e Barcelona de Guaiaquil transformaram-se em fantasmas e forças (ainda que temporárias) continentais. Depois desse momento de crise, brasileiros e argentinos aprenderam a conviver com o êxodo de jogadores e, em alguns casos, passaram a se organizar melhor. Os uruguaios não souberam sair da depressão, e até hoje caminham sem rumo. Além disso, as nações secundárias também se viram obrigadas a exportar seus talentos, e os clubes desses países também caíram. Como um todo, o futebol sul-americano tornou-se mais profissional, e expedientes como antijogo e uso da torcida como forma de intimidação perderam importância. No entanto, mudar uma cultura não é tão simples, e o duelo entre técnica e força ainda está presente no imaginário de torcedores e jogadores. As partidas muitas vezes ganham um clima mais tenso que o necessário, e equipes menos preparadas emocionalmente soçobram por essa razão. Ainda assim, das últimas 15 edições da Libertadores, em apenas duas o campeão não foi argentino ou brasileiro. É um sinal de que a hegemonia na principal
competição de clubes da América do Sul voltou para as potências regionais. Essa tendência, em curto prazo, só pode mudar em duas circunstâncias: um time de sucesso repentino e fugaz, como o Once Caldas de 2004, ou o surgimento de novas forças. A primeira hipótese é de difícil previsão, apesar de ser natural que ocorra de tempos em tempos. A segunda já acontece. Em 1998, a Conmebol fez um acordo com a Concacaf para incluir equipes do México na Libertadores. Ricos e bem estruturados, os mexicanos entraram
discretamente, mas foram ganhando espaço e, hoje, concorrem com brasileiros e argentinos pela condição de favoritos. Ainda não conquistaram nenhum título, mas já chegaram perto (o Cruz Azul só perdeu a final de 2001 nos pênaltis). O que, mesmo com a chegada de um “forasteiro” vindo do norte, não muda é o fato de que a Libertadores ainda é um torneio em que sua própria história é muito importante. Ela sempre premiou os clubes que entendem sua lógica e sabem usá-la para serem respeitados e fazerem valer sua força.
1990
1995
Após derrota para o El Nacional por 1 a 0, Edmundo agrediu um cinegrafista da TV equatoriana e ficou preso dois dias em seu quarto de hotel, em Quito.
2001
1991 O Colo-Colo conquistou o único título internacional oficial da história do futebol chileno.
2000
2004
O Vasco reclamou que o árbitro da partida de volta contra o Atlético Nacional foi ameaçado por chefes do Cartel de Medellín. Foi feita nova partida, em Santiago, com vitória colombiana por 1 a 0.
O Cruz Azul tornou-se o primeiro clube mexicano a chegar à decisão. Perdeu em casa para o Boca Juniors, mas recuperou-se em La Bombonera e só deixou escapar o título nos 1998 Mexicanos foram admitidos pênaltis. na Libertadores. Nos primeiros anos, tinham de disputar uma fase 2002 Contra o São preliminar, contra os venezuelanos. Caetano, o Olimpia tornouNo mesmo ano, a Toyota tornou-se se o primeiro time a perder patrocinadora da competição, que em casa a partida de ida na passou a ser chamada de Copa final e garantir o título como Toyota Libertadores. visitante. A Libertadores foi estendida para 32 clubes.
A competição teve novo aumento: 36 participantes.
Fanatismo da torcida sempre marcou os jogos da Libertadores
2005
A Copa Toyota Libertadores chegou a seu formato atual, com 38 participantes e uma fase preliminar. O São Paulo ficou com seu terceiro título e tornouse o clube brasileiro com mais conquistas no torneio.
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★ Negócios por Ubiratan Leal
Economia em expansão
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o Mundial de Clubes. A montadora patrocina a competição sul-americana desde 1998, quando o modelo de negociação em bloco ainda não havia sido definido, e tornou-se o primeiro patrocinador oficial do torneio. Um dos principais pontos do acordo com a Conmebol foi mudar o nome da competição para Copa Toyota Libertadores da América, denominação oficial até hoje. Além disso, a montadora japonesa premia a cada ano o melhor jogador da competição com um carro (veja os ganhadores na tabela ao lado). Há dez anos, as negociações foram feitas diretamente pela matriz da empresa, no Japão, pois tratava-se de mais uma ação de marketing global. Nos últimos anos, porém, a empresa passou a incorporar essa parceria em uma estratégia específica para as Américas e criou ações para explorar mais o potencial da competição. “Tentamos até entrar em contato com nossa rede de concessionárias para saber o que eles acham que a gente pode fazer para usar a imagem da Libertadores”, comenta Luiz Carlos Andrade Júnior, vice-presidente sênior da Toyota Mercosul. De acordo com Andrade, uma das ações com melhor retorno é convidar consumidores que estão na fila de espera para comprar um veículo da montadora para assistir a uma partida de seu time na Libertadores, no camarote da Toyota. “Quando fazemos o cadastro, perguntamos para que time ele torce. Se tiver um jogo na cidade, ligamos de surpresa para alguns e convidamos”, diz. Na Argentina, a montadora aproveita a mobilização criada por grandes partidas para levar escolas aos jogos, antes passando pelo museu do clube em questão. “Por mais que não sejam compradores de carros, é uma forma de aliar diretamente a marca
os melhores da Libertadores
P
ela importância esportiva e simbólica, disputar e ganhar a Copa Toyota Libertadores é o objetivo de qualquer equipe grande na América do Sul e no México. A torcida se empolga, o time enfrenta adversários internacionais e ainda tem a chance de disputar o título mundial. Pois o potencial econômico disso tudo é cada vez mais bem aproveitado. O que era apenas uma competição futebolisticamente importante transformou-se em um grande negócio para quem dela faz parte. Em 2000, a ISM (International Soccer Marketing, empresa norte-americana que cuida da comercialização do torneio) assinou um contrato com a Conmebol e definiu um novo modelo de investimento para a competição. A partir daquele ano, as empresas interessadas passaram a negociar o patrocínio em bloco. A inspiração na Liga dos Campeões da Europa, tida como uma das competições mais rentáveis do mundo, fica clara. Na Libertadores, as cotas de patrocínio dão direito às empresas de expor suas marcas nas placas de publicidade no gramado e no painel de fundo usado em entrevistas coletivas, além do uso de camarotes VIPs para clientes e convidados e vinculação da competição a seus produtos. Essa gama de possibilidades atraiu diversas empresas. Em 2007, a principal competição das Américas terá patrocínio oficial de Toyota, Visa, Goodyear, Sony Ericsson, Movistar (marca da Telefonica para celulares no mercado internacional) e Corona (cervejaria mexicana). Dessas empresas, um caso a parte é o da Toyota, que comemora, em 2007, dez anos de patrocínio da competição. A empresa tornouse conhecida no meio do futebol por patrocinar
Marcos Delgado/EFE
Nos últimos anos, a Copa Toyota Libertadores desenvolveu seu potencial de marketing e tornou-se produto atraente para patrocinadores e clubes envolvidos
Veja os jogadores que já ganharam o carro oferecido pela Toyota:
Ano
Ganhador
1999
Marcos (Palmeiras)
2000
Oscar Córdoba (Boca)
2001
Riquelme (Boca)
2002
Ortemann (Olimpia)
2003
Tevez (Boca)
2004
Viáfara (Once Caldas)
2005
Amoroso (São Paulo)
2006
Fernandão (Inter)
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da empresa com o jogo e reforçar nossa imagem junto ao público”. Para a Visa, que também patrocina a competição, a Copa Toyota Libertadores faz parte de toda uma campanha ligada ao futebol (a empresa também patrocina a Copa do Brasil e a Copa Sul-Americana). A bandeira de cartão de crédito até criou o Visa Futebol Clube, site específico para essas ações. “Justamente pelo fato de o envolvimento com o torneio fazer parte de um projeto maior, não é possível ter números específicos sobre o retorno apenas dela, mas certamente é um dos nossos principais patrocínios”, afirma Luis Cássio de Oliveira, vicepresidente adjunto de marketing da Visa.
Mesmo sem revelar números precisos, Oliveira admite que a empresa realiza estudos de avaliação da marca. Os números não são divulgados, mas a pesquisa da ISM nessa área (veja tabela) dá uma boa pista do que a Libertadores representa em exposição na mídia na América Latina e nos Estados Unidos. No Brasil, a audiência média dos jogos do torneio foi de 43 pontos na cidade de São Paulo, com 68 pontos na decisão entre Internacional e São Paulo. Clubes também se mexem Não é apenas para os patrocinadores oficiais que a competição é atraente comercialmente. A exposição das camisas
dos clubes, e de seus patrocinadores, aumenta exponencialmente com a participação no torneio. O Flamengo reconhece que isso é considerado nas conversas com a Petrobrás, empresa que tem forte interesse no mercado latino-americano. “Colocamos isso na proposta de renovação de contrato”, comenta Ricardo Jorge, diretor de marketing do clube carioca. “Ficamos com muito mais poder de barganha”. Um ganho mais direto com o torneio é que ele estimula o consumo de produtos ligados aos clubes. Empolgados com a classificação para a Libertadores e uma eventual possibilidade de título internacional, os torcedores proporcionam
A competição garante boa exposição a seus patrocinadores
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Maurilio Cheli/EFE
Só em bilheteria, o São Paulo arrecadou cerca de US$ 5 milhões na Libertadores 2006
Os norte-americanos vêm aí?
Tempo que a Copa Toyota Libertadores esteve presente na mídia de diferentes países, em 2006
PAÍS
MINUTOS
Total
57.300
Fonte: Internacional Soccer Marketing
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exposição na mídia
Brasil .....................................22.690 Argentina.............................6.348 México.....................................4.620 Bolívia ......................................4.242 Equador .................................3.996 Paraguai ................................2.900 Colômbia ..............................2.640 Peru.............................................2.440 Chile ...........................................2.226 Uruguai ..................................2.048 Estados Unidos .............1.764 Venezuela ............................1.386
Em dezembro, Nicolás Leoz, presidente da Conmebol, disse que gostaria de ver equipes dos Estados Unidos participando da Copa Toyota Libertadores. A possibilidade não é tão improvável, considerando que o DC United participou da Copa Sul-Americana em 2004, e a MLS – liga norteamericana de futebol – fez um acordo com a federação mexicana para investir em um torneio da América do Norte. Esse é um sinal de que há interesse no mercado latino-americano. A entrada dos norte-americanos na Libertadores ainda é uma teoria, pois depende de acertos políticos e econômicos. Entretanto, com a chegada de David Beckham ao Los Angeles Galaxy e a consolidação da MLS, o mercado vê essa possibilidade com bons olhos. “O crescimento da competição, agregando novos mercados, sempre a torna mais atraente para o público e para os investidores. Foi assim com a chegada dos mexicanos, em 1998”, afirma Luiz Carlos Andrade Júnior, vice-presidente sênior da Toyota Mercosul. Apesar de sofrerem diretamente com o aumento nos deslocamentos, os clubes também parecem atraídos pela idéia. Como diz Ricardo Jorge, do Flamengo, a entrada dos americanos – e do mercado dos EUA - na Libertadores poderia colocar a competição em outro degrau, como uma contrapartida americana à Liga dos Campeões.
boas bilheterias. Em 2006, o São Paulo aumentou para R$ 70 o valor do ingresso da final contra o Internacional. Mesmo assim, o Morumbi estava lotado. Com isso, o Tricolor paulista levou para cerca de US$ 5 milhões a renda somada de todas suas partidas em casa, um valor nada desprezível para o futebol brasileiro. O consumo também aumenta na área de produtos licenciados. Assim, ações como o lançamento de artigos ligados à Copa Toyota Libertadores são bem-vindos. Nesse aspecto, o Grêmio é um dos clubes brasileiros que mais investiram em 2007. Até como resposta ao Internacional, campeão no ano passado, o Tricolor gaúcho criou a campanha “Libertadores é a nossa cara”, com referência ao fato de o time ter um título continental a mais que o rival. “O fato de o Inter ser campeão não nos abala, porque estamos acostumados com a Libertadores. Essa é a nossa 11ª participação”, provoca Flávio Paiva, vicepresidente de marketing gremista. O “kit Libertadores” do Grêmio conta com cachecol, boné, chapéu, camisa e bandeira com o slogan que remete à competição. Além disso, o clube lançou camisas de jogo especiais, sendo que a titular, metade azul e metade preta, faz referência ao primeiro uniforme gremista. Para as partidas, o clube lançou um plano de sócio-torcedor em que, por R$ 20 mensais, o associado tem 50% de desconto em ingressos. Apesar de ser válido também para jogos do Gaúcho e do Brasileiro, o atrativo é a Libertadores. Nas primeiras duas semanas do projeto, o Grêmio conseguiu 3 mil novos sócios-torcedores. Com estratégias abrangentes, atingindo os diferentes públicos, a Libertadores mostra que sua capacidade de mobilizar amantes de futebol em toda a América Latina pode ser transformada em dinheiro. Ainda há muito a crescer, como diz Luiz Carlos Andrade Júnior, da Toyota: “Sempre que analisamos as ações da Toyota com relação à Copa, percebo que ainda há muito potencial para criar novidades relacionadas ao torneio”. Como algumas das maiores empresas do mundo já perceberam, não se pode desprezar a importância econômica que tem a competição.
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Top 10 W
10 jogos inesquecíveis de brasileiros Na Libertadores, a partir do mata-mata, todo jogo ganha a aura de uma final: o aspecto emocional é muito forte, o que faz com que muitas partidas tenham ares épicos. Assim, fica difícil selecionar apenas 10, até porque o torcedor de cada time tem seu duelo inesquecível. Veja 10 grandes partidas envolvendo equipes brasileiras selecionadas pela Trivela:
1
Boca Juniors 1x2 Santos (1963)
Acervo/Gazeta Press
2
Flamengo 2x0 Cobreloa (1981)
O Santos precisava segurar o empate em La Bombonera contra o Boca Juniors de Sanfilippo, Rattín e Orlando Peçanha, para ficar com o bicampeonato sul-americano. Os Xeneizes abriram o marcador no começo do segundo tempo, mas, em uma das maiores apresentações da dupla Pelé-Coutinho, os santistas viraram com autoridade.
3
Mesmo apanhando muito, o Flamengo soube impor sua superioridade técnica, para vencer o desleal time chileno. Zico estava eternizado, e o clube mais popular do Brasil conquistava a América do Sul.
Palmeiras 3 (5)x(4) 2 Corinthians (2000) O Corinthians era mais time, vencera o jogo de ida por 4 a 3 e estava com 2 a 1 a favor no jogo de volta da semifinal. Liderado por Galeano, o raçudo Palmeiras de Felipão buscou a virada no final. Nos pênaltis, Marcos defendeu a cobrança decisiva de Marcelinho Carioca, cena que permanece na memória não só de corintianos e palmeirenses.
4
São Paulo 1x2 Internacional (2006) O Morumbi era um estádio quase inexpugnável para quem pegasse o São Paulo na Libertadores. Pois Rafael Sóbis e Tinga passaram por cima do retrospecto do então campeão, para deixar o Internacional perto de seu primeiro título continental.
5
River Plate 2x3 São Paulo (2005) No jogo de ida da semifinal de 2005, o São Paulo teve que superar o adversário e a arbitragem, mas ganhou de 2 a 0. Em Buenos Aires, sofreu forte pressão, mesmo depois de Danilo abrir o placar, mas conseguiu não só a classificação como a vitória.
6
9
7 8
Depois de quase ficar atrás no marcador com um recuo desastrado de Gilmar no contra-pé de Zetti, o São Paulo de Telê Santana recuperou a concentração e, com uma grande atuação de Müller e Raí, fez um segundo tempo irresistível para praticamente assegurar o bicampeonato sul-americano.
Grêmio 2x1 Peñarol (1983) O Grêmio saíra atrás em Montevidéu, mas tinha conseguido voltar para casa com um empate por 1 a 1. Em casa, depois de sair na frente, levou o empate, mas conseguiu fazer o segundo gol. A cena mais marcante – e simbólica da virilidade da partida – acabou sendo a do zagueiro De León levantando a taça com a mão sangrando.
Cruzeiro 3x2 River Plate (1976) A terceira partida da final da Libertadores de 1976 estava empatada por 2 a 2 quando, aos 44 minutos do segundo tempo, o Cruzeiro teve uma falta na entrada na área. Enquanto os argentinos arrumavam a barreira, Joãozinho se adiantou e bateu rapidamente a falta no ângulo de Landaburu, dando o primeiro título aos mineiros.
Palmeiras 6x1 Boca Juniors (1994)
Para muitos, foi a maior atuação do Palmeiras nas últimas duas décadas. Com Mazinho, Zinho e Evair em noite inspirada, o Alviverde tocou a bola, fez seus gols com naturalidade e humilhou o Boca, como se fosse uma equipe de segunda divisão.
São Paulo 5x1 Universidad Católica (1993)
10
Palmeiras 5x1 Grêmio (1995) Depois de ser humilhado pelos gaúchos, em Porto Alegre, com uma goleada de 5 a 0, o Palmeiras ainda sofreu um gol no início desta partida, em que Murílo, goleiro do Grêmio, atuou com a mão quebrada. À medida em que os gols iam saindo, porém, a torcida passou a acreditar na virada – que acabou não acontecendo.
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Desafios geográficos por Carlos Eduardo Freitas
Para o alto, e avante! Altitude, longas distâncias e variações climáticas tornam a Libertadores um dos mais difíceis e desgastantes torneios de futebol do planeta
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1.231 4.260 3.090 1.942 9.16 2.336 2.497 3.728 6.696 4.361 2.609 3.642 6.721 4.498 1.659 Santos
2.611 2.215 2.854 1.541 4.439 5.144
San Juan de Pasto
4.432 2.320 3.544 6.563 4.228 337 1.348
Toluca
4.691 514 2.679 2.036 2.353 1.232 4.733 5.275
Cuzco
3.427 1.814 3.350 748 1.818 4.907 2.634 2.063 1.872
La Paz
2.362 4.850 672 4.525 2.745 3.973 6.887 4.560 336 1.957
Plano de milhagem Outro dos desafios impostos pela Libertadores é a distância. Com a extensão do continente sul-americano, viagens entre um país e outro sempre têm de ser organizadas de forma inteligente, pois podem tomar um dia inteiro de trabalho. A situação, que já era complicada, ficou ainda pior desde que a Conmebol passou a convidar equipes mexicanas. Pegue como exemplo o pior caso possível nesta Libertadores, levando em consideração um eventual encontro no mata-mata. Se Nacional ou Defensor Sporting, ambos de Montevidéu, tiverem de enfrentar o Necaxa, de Aguascalientes, a equipe visitante percorrerá nada menos que 9.644 km (veja tabela) e mudar de estação do ano, saindo do inverno uruguaio para enfrentar o verão mexicano e vice-versa.
Caracas
4.579 2.478 1.697 4.180 2.013 1.859 657 2.433 477 4.389 4.296
des quentes e úmidas, enquanto que o inverno curitibano pode ser incômodo para quem vem do verão de México ou Colômbia, e o ar seco e poluído de São Paulo não é agradável a quem vem de ambientes úmidos. “A altitude é uma condição que tratamos com naturalidade, pois temos de passar por isso constantemente”, comenta Claudio Borghi, técnico do Colo-Colo e ex-jogador de Flamengo e River Plate. “No entanto, os chilenos desgastam-se mais que o normal em locais muito úmidos”.
Maracaibo
4.391 1.832 1.945 5.324 1.246 5.176 2.672 3.735 6.820 4.759 1.623 161
Potosi
714 4.334 1.121 1.871 5.030 548 4.815 2.501 3.681 6.757 4.443 1.179 835
Rio de Janeiro
3.166 4.799 898 4.613 2.863 793 4.342 1.136 2.453 2.027 2.372 424 4.442 4.732
Guaiaquil
508 4.797 5.062 1.388 4.149 3.147 323 4.483 679 1.948 1.538 2.850 448 3.984 4.225
Montevidéu
Santiago
5.635 5.168 8.303 9.664 5.325 8.111 7.793 3.498 7.778 3.976 5.466 4.273 1.224 3.556 9.599 9.553
Porto Alegre
São Paulo
6.372 749 1.843 2.242 3.293 1.142 3.770 1.468 2.590 3.270 2.743 1.078 573 3.780 1.474 3.494 3.188
Ibagüé
2.395 8.571 3.701 4.179 2.243 1.428 3.536 2.982 1.597 4.849 2.312 4.858 1.865 2.166 6.143 3.850 2.649 1.267
Cúcuta
2.645 3.453 9.548 3.913 4.390 1.109 1.563 4.313 429 2.023 4.669 408 4.378 2.375 2.888 6.761 4.304 70 1.674
Lima
7.954 7.011 4.747 1.649 3.993 3.536 7.426 9.112 3.680 8.142 6.151 3.499 7.821 3.969 5.726 5.208 1.201 3.601 7.954 7.935 Cidade do México
Quito
4.353 4.304 3.716 1.324 5.269 574 631 4.047 4.492 266 4.566 2.560 1.423 4.205 1.748 2.135 1.643 2.545 208 4.353 4.407
Aguascalientes
por Luiz Fernando Bindi
3.564 6.644 1.134 1.594 2.508 8.825 3.299 3.806 829 1.075 3.501 1.486 1.042 4.266 845 4.098 1.459 1.985 6.110 3.620 1.153 1.074 Assunção
distâncias em km
1.129 4.321 7.347 1.659 1.129 3.089 9.480 4.162 4.793 852 221 4.187 1.950 1.815 5.198 1.340 5.066 2.231 2.716 7.387 4.417 1.682 64 Buenos Aires
Assunção Quito Cidade do México São Paulo Santiago Lima Aguascalientes Cúcuta Ibagüé Porto Alegre Montevidéu Guaiaquil Rio de Janeiro Potosi Maracaibo Curitiba Caracas La Paz Cuzco Toluca San Juan de Pasto Santos La Plata
Entre elas, chegar poucas horas antes da partida ou com grande antecedência, para permitir que os jogadores não sofram do famoso “mal de altura”, que causa hipoxia (baixa oxigenação do sangue) – algo que faz com que se sinta falta de ar e, em alguns casos, sangramentos no nariz. Nos anos 90, o São Paulo inaugurou um departamento de fisiologia que virou referência no Brasil. Em vez de chegar dias antes a cidades como La Paz, os jogadores simulavam os efeitos da altitude no próprio centro de treinamentos da equipe. As conquistas de 1992 e 1993 consagraram o clube nessa área, por mais que não tenham evitado que o forte time de Telê Santana perdesse uma partida contra o fraco Bolívar, na primeira fase de 1992. Hoje, praticamente todos os clubes que disputam a Libertadores têm esse equipamento e realizam esse trabalho. A simulação é tão real que o meia Renato Augusto, do Flamengo, admite que chegou a passar mal durante os testes (confira entrevista na pág. 45). O que muitos brasileiros esquecem, porém, é que, para um estrangeiro, o Brasil também pode ser hostil. Rio de Janeiro e Santos são cida-
Curitiba
T
ente pensar em todas as variáveis possíveis para aumentar o nível de dificuldade de uma competição. Agora pense nos principais torneios de futebol do planeta e responda à seguinte pergunta: “Qual a competição mais difícil do mundo?” A resposta óbvia seria dizer que é a Copa do Mundo ou a Liga dos Campeões da Europa, em função do alto nível dos jogadores envolvidos. Se levarmos em consideração questões geográficas, porém, não há muitos campeonatos no planeta tão complicados quanto a Libertadores. Isso tem ficado cada vez mais claro para os clubes brasileiros, que há poucos anos começaram a dar ao torneio a devida importância. O primeiro fantasma a assombrar nossas equipes foi o da altitude. Graças a estudos e pesquisas de fisiologistas, aprendeu-se quais as melhores maneiras de enfrentar os 3 ou 4 mil metros de altura de algumas cidades.
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Cidade do México .................poluição do ar Curitiba .......umidade e frio, dependendo da época do ano Cuzco ......................................................................... altitude La Paz ........................................................................ altitude La Plata....................................clima frio e úmido Lima..................................................................... clima seco Maracaibo ....................................................................calor Montevidéu ..................... altas temperaturas no verão Potosí...................................... altitude, clima seco Rio de Janeiro ...................... calor e umidade Santiago .............................................poluição do ar São Paulo ................................. ar poluído e seco no inverno Quito .......................................................................... altitude
desafios geográficos na competição
Aguascalientes ......................................... distância
Bruno Domingos/Reuters
Para efeito de comparação, Porto e CSKA Moscou tiveram de percorrer menos da metade da distância entre Montevidéu e Aguascalientes para se enfrentarem pela primeira fase da atual edição da Liga dos Campeões. Considerando a viagem em linha reta, seriam cerca de 11 horas de vôo entre a capital uruguaia e o México. A realidade, porém, é pior, pois muitas vezes é necessário fazer conexões e estender a viagem. Por isso, o técnico são-paulino Muricy Ramalho prevê dificuldades na visita a Aguascalientes, na primeira fase. “Temos de pegar um vôo até a Cidade do México e depois uma conexão. Em termos de logística, não é nada legal”, afirma ele, que conhece bem o México, onde começou sua carreira como treinador. “Seria até melhor jogar na altitude”, diz, referindose ao fato de o Necaxa ter sede na capital asteca até 2003. A situação complica-se ainda mais no caso de cidades que não têm aeroporto ou que sejam destinos de poucos vôos regulares, algo comum de acontecer com participantes da Libertadores que não têm sede nas capitais. Nesses casos, as equipes têm de se locomover de avião até a cidade mais próxima e, depois, seguir de ônibus até o destino final. Em muitos casos, toda a viagem chega durar até um dia inteiro, o que desgasta os jogadores. No ano passado, o Palmeiras demorou 20 horas para chegar a San Cristóbal, na Venezuela, para enfrentar o Deportivo Táchira, fase preliminar do torneio. Foram necessários dois vôos e um deslocamento de ônibus antes. Nesse tempo, seria possível ir e voltar de Madri. Essa foi, aliás, a principal preocupação de Vanderlei Luxemburgo, após a vitória sobre o Blooming, que garantiu ao Santos a classificação à fase de grupos da competição – sobretudo porque um de seus adversários é o Deportivo Pasto, de San Juan de Pasto, no interior da Colômbia. “A viagem pode durar 15, 16 horas e, na volta, ainda corremos o risco de mais complicações, por causa do carnaval”, comentou o treinador, pensando também no jogo do fim de semana contra o Paulista, pelo campeonato estadual. Com pelo menos duas das principais variáveis encontradas esmiuçadas acima, tente responder novamente a pergunta do início deste texto. Se não tiver mudado de idéia, torça pelo menos para que alguns dos jogadores de seu time venham de Krypton.
Jogadores do Flamengo passaram mal ambientando-se à altitude de Potosi
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❉ Participantes
Os donos da festa
Paulo Whitaker/Reuters
Brasileiros e argentinos ganharam 13 das 15 últimas edições da Libertadores, mas há 21 equipes querendo mudar isso, em 2007
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epois de duas finais brasileiras consecutivas, o torcedor já tem a sensação de que a disputa pela Libertadores está ficando “doméstica”. É claro que não é bem assim, e o Boca Juniors reforçado por Riquelme, o forte River Plate de Passarella e os mexicanos, capitaneados pelo Toluca, vão fazer de tudo para provar que o que aconteceu em 2005 e 2006 foi só uma coincidência. Isso não se pode dizer, porém, de outro número: 13 dos últimos 15 campeões do torneio são ou brasileiros ou argentinos. Embora não seja impossível que o título vá para outro país – o México, principalmente, o persegue há tempos –, uma análise das principais forças da competição deve se concentrar nas 11 equipes de Brasil e Argentina. Entre os nossos representantes, dá para dizer que todos têm condições de chegar à final, mesmo se o Paraná apenas estréia no torneio, e o Flamengo não conta com tanto prestígio entre os principais analistas. São Paulo e Inter, pelo histórico recente, fazem companhia a Boca Juniors e River Plate na lista dos maiores
favoritos, mas ninguém vai poder chamar de zebra um triunfo gremista ou santista, ou mesmo do Vélez Sársfield, time muito cotado no ano passado, mas que paga por ter uma equipe jovem – em 2007, é claro, um ano menos jovem. Banfield e Gimnasia La Plata, em princípio, não assustam tanto, mas é bom lembrar que o Estudiantes, ainda sem Verón, esteve perto de eliminar o São Paulo, em 2006. Entre os outros participantes, destaque para os mexicanos, principalmente o Toluca, e para o Colo-Colo. Todas essas perspectivas, porém, valem muito pouco quando a bola começa a rolar, principalmente no futebol sul-americano, em que um jovem que hoje é desconhecido amanhã ganha o mundo fazendo gols e decidindo partidas. Nas próximas páginas, você confere o perfil dos 32 participantes da competição: suas principais forças e fraquezas, seus jogadores mais importantes e sua história nas competições do continente. Assim, você decide quem é favorito ou não, quem seu time deve temer ou não, e que equipes quer acompanhar de perto.
Guia da Copa Toyota Libertadores 2007
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1 Banfield
por Carlos Eduardo Freitas
Banfield precisa voltar à boa fase de 2005 para pensar na classificação
Clube de bairro, da região sul da Grande Buenos Aires, o Banfield chega a sua segunda Libertadores com o objetivo de repetir o desempenho de sua primeira participação na competição, quando, em 2005, conseguiu chegar às quartas-de-final e cair apenas diante do River Plate. A tarefa, porém, não será das mais fáceis. Depois de fazer uma excepcional temporada 2005/6, quando conseguiu um quinto lugar no Apertura e um quarto no Clausura (quarto colocado na soma geral), os banfilenhos tiveram uma queda vertiginosa de desempenho no Apertura 2006, quando fizeram apenas 20 pontos e terminaram na 15ª colocação. Desgastado com a diretoria, o técnico Carlos Leeb saiu e deu lugar a Patricio Hernández, que já havia comandado o Taladro (“furadeira”, em português), na temporada 1996/7. Para disputar a principal competição sul-americana, o treinador pediu à diretoria que fossem contratados jogadores experientes, pois com o elenco jovem que o Banfield tinha seria difícil acreditar que o clube fosse longe – ainda mais num grupo
Club Atlético Banfield Estádio: Florencio Sola (33.351 lugares) Altitude de Buenos Aires: 25 m Como se classificou: 4ª melhor campanha na temporada 2005/6 Principais títulos: nenhum Melhor participação na Libertadores: quartas-de-final, em 2005 Site: www.clubbanfield.com.ar Apelido: El Taladro
34º45’12.49” S 58º23’14.92” W
você sabia... ...que, em 1948, o Banfield estava praticamente rebaixado e foi salvo por uma greve? Os jogadores decidiram parar nas últimas cinco rodadas, e todos clubes argentinos foram obrigados a usar seus times juniores para terminar o campeonato. Os garotos do Taladro conquistaram nove de dez pontos possíveis e salvaram a equipe da segunda divisão.
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equilibrado, com equipes como o América e o Libertad, que em 2006 eliminou o poderoso River Plate. O pedido foi atendido, e Hernández recebeu Julián Maidana, uma alternativa interessante e rodada à dupla de zaga formada por Galván e Sanguinetti. Quinteros e Villarreal chegaram para compor o meiocampo com cinco homens idealizado pelo treinador. Além deles, veio também José Chatruc, para jogar aberto pela direita, e o promissor Pablo Vitti, que deverá formar a dupla de ataque com o veterano Lujambio ou Silvio González. Apesar de os pedidos do técnico terem sido atendidos, o que por si só já dá alguma esperança à pequena e fanática torcida banfilenha, é difícil fazer qualquer prognóstico muito positivo para a equipe. A classificação às oitavas-de-final não é um sonho impossível – principalmente para uma equipe argentina, que, como seus compatriotas, costuma saber fazer valer o fator campo. Se conseguir avançar de fase, o Taladro já poderá comemorar um furo bem feito na temporada.
elenco
Cézaro De Luca/EFE
Furo ou furada?
Cristian Lucchetti Pablo Santillo Enrique Bologna Julián Maidana Carlos Galván Hernán Pagés Javier Sanguinetti Julio Barraza Guillermo Esteban Marcos Galarza Daniel Quinteros Fabián Santana Javier Villarreal Martín Andrizzi Roberto Salvatierra Gastón Schmidt Luciano Civelli José Chatruc Ángel Morales Darío Cvitanich Pablo Vitti Josemir Lujambio (URU) Jerónimo Barrales Silvio González Cristian Bardaro
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26/6/1978 7/3/1980 13/2/1982 11/1/1972 28/10/1973 2/5/1973 8/1/1971 4/3/1980 23/2/1987 4/3/1984 10/3/1976 29/7/1985 1/3/1979 5/7/1976 28/10/1984 16/5/1987 14/12/1986 9/11/1976 14/6/1975 16/5/1984 9/7/1985 25/9/1971 28/1/1987 6/8/1980 8/11/1977
Técnico: Patricio Hernández
Guia da Copa Toyota Libertadores 2007
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Libertad por Ubiratan Leal
Quando se trata de Paraguai, é estranho falar em chances na Libertadores e não remeter imediatamente a Olimpia ou Cerro Porteño. Pois, pelo segundo ano seguido, isso acontece. A equipe paraguaia com mais chances de causar algum impacto na principal competição sul-americana é o Libertad. O objetivo do clube, aliás, não é fazer nada novo, e sim apenas repetir a excelente campanha de 2006. No ano passado, os Gumarelos foram um dos fantasmas da competição. Ficaram em primeiro lugar, em um grupo que tinha River Plate, Paulista e El Nacional. Depois, eliminaram o favorito Tigres nos pênaltis, superaram novamente o River – empate por 2 a 2, em Buenos Aires, e vitória por 3 a 1, em Assunção – e só pararam no Internacional, que precisou de dois gols nos últimos dez minutos para assegurar a classificação no Beira-Rio. Para deixar a torcida libertenha otimista, o clube manteve a base sólida que protagonizou essa campanha. É bem verdade que o seguro goleiro Bobadilla foi para o Boca Juniors, mas a diretoria
Técnico: Sergio Markarián (URU)
2/8/1981 2/7/1973 12/7/1984 5/7/1975 20/11/1980 26/9/1979 29/4/1979 22/1/1980 18/2/1984 28/8/1979 23/3/1981 2/10/1977 25/3/1985 26/8/1978 8/4/1986 16/10/1982 22/11/1977 21/9/1979 17/7/1984 14/8/1985 21/1/1978 24/5/1978 18/11/1984 11/5/1981 27/3/1982
Título paraguaio dá esperança a libertenhos de, mais uma vez, chegar às semis
o campeonato nacional foi atrasado em duas semanas, e a preparação foi afetada. Ainda assim, os libertenhos chegam como segunda força da chave – atrás do América – e com reais possibilidades de alcançar as quartas-de-final. Mais do que isso, é repetir um sonho improvável.
Club Libertad Estadio: Defensores del Chaco (36.000 lugares) Altitude de Assunção: 43 m Como se classificou: campeão do Apertura 2006 Principais títulos: 7 Campeonatos Paraguaios Melhor participação na Libertadores: semifinalista, em 1977 e 2006 Site: www.clublibertad.com.py Apelidos: Gumarelos, Guma, Repolleros 25°17’31.47” S 57°39’26.91” W
*lista de jogadores não oficial
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elenco*
Jorge Bava Horacio González Roberto Acosta Pedro Sarabia Edgar Balbuena Vladimir Marín (COL) Raúl Damiani (ARG) Arnaldo Vera Ricardo Martínez Deivis Barone (URU) Pedro Benítez Carlos Bonet Victor Cáceres Pablo Guiñazu Osvaldo Martínez Cristian Riveros Edgar Robles Sergio Aquino (ARG) Carlos Ruiz Peralta Wilson Pittoni Rodrigo López (URU) Julio Ortellado Nelson Romero Roberto Gamarra Fredy Bareiro
trouxe o uruguaio Bava, ex-Nacional de Montevidéu. Na defesa, o Libertad conta com os eficientes Benítez, Balbuena e Sarabia. O meio-campo também é forte, com os experientes Bonet e Marín. O ataque é o setor mais fraco, com os regulares Roberto Gamarra e Romero como principais opções. Se, dentro de campo, os nomes são familiares, fora, há mudanças. O técnico que liderou a campanha de 2006, o argentino Gerardo Martino, foi contratado pela seleção paraguaia. Aliás, sua saída era dada como certa desde o fim da Copa do Mundo, o que desestabilizou os Gumarelos já no Clausura. O novo treinador é o uruguaio Sergio Markarián (que terá como auxiliar Francisco Arce, ex-Grêmio e Palmeiras), que precisará manter o embalo do atual campeão paraguaio. Além de conviver com um novo comandante, o time terá de evitar que os problemas políticos atrapalhem. Os principais clubes do país – incluindo o Libertad – uniram-se para derrubar o presidente da federação paraguaia. Com isso,
Andrés Benítez/EFE
Feliz ano velho
você sabia... ...que o apelido “Gumarelo” vem de um cartum? Em 1920, o jornalista Antonio Franiecevich criou o personagem Pascuale Gummarello para ironizar os costumes dos imigrantes italianos, na seção de humor do jornal La Gaceta. Como o Libertad tinha muita ligação com essa colônia, Gummarello era libertenho fanático, e o clube alvinegro era tema de muitas das histórias.
Guia da Copa Toyota Libertadores 2007
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1 El Nacional por Gustavo Hofman
El Nacional aposta em elenco 100% equatoriano
Invariavelmente, o El Nacional consegue fazer bons resultados na altura dos 2.850 m de Quito, mas quando a equipe desce a montanha, costuma tornar-se presa fácil para os adversários. Em 2007, é difícil acreditar que essa sina do clube do exército equatoriano na Libertadores vá ser diferente. Apesar disso, o El Nacional tem dominado o cenário do futebol do país, onde faturou os dois últimos títulos. Os Puros Criollos (“puros nativos”, apelido dado ao clube por não contratar jogadores estrangeiros), como também são conhecidos, não têm uma torcida tão grande e fiel quanto a LDU, por exemplo, mas costumam estar entre os mais fortes do país. O El Nacional não é um clube cheio de craques, mas fez um trabalho razoável nas categorias de base e conseguiu formar alguns jogadores que hoje estão na seleção equatoriana. É uma equipe bastante regular, com alguns destaques individuais, como os atacantes Cristian Benítez e Evelio Ordóñes, artilheiro do time, com 17 gols, no último Campeonato Equatoriano. A maior estrela da equipe, porém, foi contratada para esta temporada e veio do
rival Emelec. Iván Kaviedes, atacante da seleção equatoriana na Copa da Alemanha, foi contratado para aumentar ainda mais o poderio ofensivo do time. É na defesa, porém, que se encontram os maiores problemas do El Nacional, que, no último Campeonato Equatoriano, sofreu 53 gols em 46 jogos, tendo funcionado bem só no hexagonal final. No banco de reservas está outro destaque do El Nacional. Trata-se do técnico paraguaio Ever Hugo Almeida, que tem histórias de sobra na Libertadores. Como jogador, foi bicampeão do torneio, em 1979 e 1990, pelo Olimpia, clube pelo qual foi campeão mundial em 1979. Além disso, Almeida tem no currículo o recorde de partidas da principal competição sulamericana, com 113 jogos. O Bi-tri (curioso apelido que lembra o fato de o clube ser o único duas vezes tricampeão equatoriano) vai precisar contar com a estrela de seu treinador para avançar na Libertadores. Para superar América, Libertad e Banfield, terá que mostrar um pouco de seu futebol além das fronteiras de Quito.
elenco*
Guillermo Legaria/EFE
Um pouco além das nuvens
Club Deportivo El Nacional Estádio: Atahualpa (45.000 lugares) Altitude de Quito: 2.850 m Como se classificou: campeão equatoriano, em 2006 Principais títulos: 13 Campeonatos Equatorianos Melhor participação na Libertadores: semifinalista, em 1985 Site: www.elnacional.ec Apelidos: Puros Criollos, Bi-tri
você sabia... ...que, em 1995, o El Nacional ficou desfalcado de seu preparador físico durante parte da Libertadores? Como o clube é ligado ao exército, parte de sua comissão técnica e direção é formada por militares. Naquele ano, Equador e Peru tiveram um princípio de guerra, por uma disputa de fronteira, e membros do clube deixaram o futebol de lado para ir ao front.
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*lista de jogadores não oficial
0º10’38.00” S 78º28’35.00” W
Giovanni Ibarra Rixon Corozo Róbinson Sánchez Omar de Jesús Carlos Castro Pavel Caicedo Erick de Jesús Jhon Cagua Renán Calle Bolívar Gomez Luis Armando Checa Fabricio Guevara Carlos Hidalgo Mario Quiroz Wellington Sánchez Kléver Chalá Pedro Quiñonez Walter Ayoví Jhon Minda Santiago Morales Evelio Ordóñez Cristian Benítez Gustavo Figueroa Iván Kaviedes Walter Calderón
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8/9/1969 8/8/1981 25/3/1978 29/2/1976 24/9/1978 15/6/1972 8/11/1982 25/9/1975 8/9/1976 31/7/1977 21/12/1983 16/5/1989 9/2/1979 8/9/1982 19/6/1975 29/6/1971 4/3/1986 11/8/1979 21/7/1986 3/5/1979 3/11/1973 1/5/1986 30/8/1978 24/10/1977 17/10/1977
Técnico: Ever Hugo Almeida (URU)
Guia da Copa Toyota Libertadores 2007
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América por Tomaz R. Alves
Marcos Delgado/EFE
Águias desprotegidas
O América é o time mexicano mais conhecido aqui no Brasil. Equipe mais rica do México, vai para a disputa de sua quinta Libertadores – disparado o maior número de participações entre os clubes do país. Em 2006, ganhou destaque na mídia do mundo inteiro pela participação no Mundial de Clubes, ao qual chegou na condição de possível ameaça ao Barcelona. No final das contas, as Águilas decepcionaram muito no torneio – não por perder para o Barça, mas por terem sido derrotadas também pelo Al Ahly, na disputa pelo terceiro lugar. Essa fraca participação no torneio inter-
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Técnico: Luis Fernando Tena
13/7/1985 31/1/1979 22/11/1980 10/1/1981 11/8/1980 2/8/1981 21/3/1976 14/2/1982 16/10/1978 7/5/1974 30/8/1984 29/8/1985 3/9/1980 20/10/1983 17/4/1985 25/9/1983 2/4/1973 19/6/1973 25/1/1982 27/7/1984 5/8/1980 17/1/1973 7/3/1985 10/1/1980 27/4/1984
elenco
Francisco Ochoa Alberto Becerra Armando Navarrete Ismael Rodríguez José Antonio Castro Óscar Rojas Duilio Davino Carlos Infante Raúl Salinas Ricardo Rojas (CHI) Diego Cervantes Rodrigo Iñigo Daniel Bilos (ARG) Luis Saritama (EQU) Juan Carlos Mosqueda Ignacio Torres Germán Villa Fabián Peña Alejandro Argüello Raúl Mendoza Salvador Cabañas (PAR) Cuauhtémoc Blanco Santiago Fernández Nelson Cuevas (PAR) Marco Antonio Gómez
clubes moldou a campanha de contratações do América para 2007. Forte no ataque e frágil defensivamente, o time se desfez de dois homens de frente (Vuoso e Claudio López), para contratar os meias Bilos – argentino descendente de croatas que quase defendeu a seleção européia na Copa – e Saritama. Essas mudanças, por um lado, ajudam a equilibrar mais o elenco. Por outro, não resolvem o problema da defesa – setor mais fraco da equipe – e ainda podem acabar com a eficiência do ataque, setor para o qual não chegaram reforços. Outro problema do América é a idade
do elenco. Cuauhtémoc Blanco, capitão e principal jogador da equipe, já tem 34 anos. O zagueiro Ricardo Rojas e o meia Germán Villa também passaram dos 30 faz tempo. Essa é uma questão bastante séria, para uma equipe que terá que disputar duas competições desgastantes ao mesmo tempo. Apesar dos problemas, o América ainda é, sem dúvida, um dos times mais fortes do continente. A campanha na Interliga – torneio que deu às Águilas a vaga na Libertadores –, em janeiro, apagou a impressão ruim do Mundial e mostrou a força da equipe. O time da capital mexicana conta com quatro jogadores da seleção de seu país, além de selecionáveis de Argentina, Equador, Paraguai e Chile. Quantas outras equipes podem se dar a esse luxo? As Águilas ainda têm com a vantagem de enfrentar um grupo relativamente fácil na primeira fase, que lhes permitirá acertar o time e talvez até poupar alguns jogadores para as etapas decisivas. Se o título deste ano sair do eixo Brasil-Argentina, o América é um de seus mais prováveis destinos.
América reforçou o meio-campo para apagar a má impressão deixada no Mundial
Club América Estádio: Azteca (114.500 lugares) Altitude da Cidade do México: 2.235 m Como se classificou: vice-campeão de um torneio classificatório, em janeiro Principais títulos: 5 Copas dos Campeões da Concacaf, 14 Campeonatos Mexicanos e 6 Copas do México Melhor participação na Libertadores: semifinalista, em 2000 e 2002 Site: www.clubamerica.com.mx 19º18’10.79” N 99º09’02.57” W
Apelido: Águilas
você sabia... ...que, em 2002, Cuauhtémoc Blanco, astro do América, teve seu noivado desfeito em cadeia nacional, depois que sua noiva, Galilea Montijo, descobriu que foi traída pelo jogador enquanto participava da versão mexicana do Big Brother? Depois, Blanco conseguiu reatar o noivado – e Montijo ainda ganhou o Big Brother.
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2 São Paulo Marcos Delgado/EFE
por Caio Maia
São Paulo conta com a liderança de Rogério Ceni para buscar o tetra
A vida sem Mineiro São Paulo acabou montando boa equipe, mas mudanças no time podem atrapalhar
O
campeão brasileiro São Paulo foi a primeira equipe do país a começar a se reforçar para a temporada 2007. Mal havia terminado o campeonato de 2006, e o clube já anunciava Jadílson. Na seqüência, vieram Hugo e Borges. A partir daí, porém, o São Paulo parou e deixou sua torcida em suspense, até porque havia um notório buraco na cabeça de área após a saída de Mineiro. Pouco antes do fim da janela de transferências européia, porém, o Tricolor voltou a se mexer. O clube juntou ao grupo três nomes de qualidade: Frédson, o tão necessário volante, Jorge Wágner, que pode atuar pela meia e pela ala esquerda, e Marcel, atacante que se destacou no Coritiba. Com esses reforços, o Tricolor pode ficar até mais forte ofensivamente que em 2006, quando chegou ao título brasileiro sem poder contar com um ataque artilheiro. Ao lado dos novos rostos, joga Aloísio, que, no começo de temporada, tem mostrado seu melhor futebol desde que chegou ao clube. Com essa formação, o ataque é promissor. Na defesa, o time ainda tem algumas interrogações. André Dias é mais técnico que Fabão e tem tudo para compor com
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Miranda um setor defensivo compacto. Mas o que deve fazer toda a diferença para a equipe, mesmo, é a ausência de Mineiro. Não é só por sua qualidade técnica, mas porque, com ele ao lado de Josué, o São Paulo perdeu pouquíssimas partidas, em 2006. O problema é que, neste ano, não há reservas para o setor – e ainda não é possível dizer nada sobre a confiabilidade do futebol de Frédson. O que também pode atrapalhar o Tricolor é o fato de que Muricy Ramalho parece acertar o time na base da “tentativa e erro”, diferentemente de seus antecessores. O treinador alterna os esquemas de jogo, mas dá a impressão de que, mais do que por uma eventual variação tática, é movido pelas circunstâncias de cada jogo. O que sempre foi a grande força da equipe, o entrosamento, muitas vezes foi prejudicado por isso, em 2006. Como a ligação do são-paulino com o título continental continua sendo diferente da dos outros torcedores, o time acaba crescendo nessa competição. Se Muricy conseguir achar um padrão para a equipe e souber utilizar-se da chamada “mística”, o Tricolor pode chegar a sua terceira final consecutiva.
Guia da Copa Toyota Libertadores 2007
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entrevista: Muricy
“Precisamos de jogadores que enfrentem o Boca diante de 70 mil pessoas” Muricy Ramalho admite que o volante Mineiro fará falta ao São Paulo, mas diz que o clube não pode contratar qualquer um para a disputa da Libertadores
por Ubiratan Leal
Técnico: Muricy Ramalho
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22/1/1973 14/11/1974 12/10/1985 15/5/1979 10/5/1985 7/9/1984 20/6/1973 11/10/1978 23/7/1977 10/3/1985 4/12/1977 9/5/1982 17/11/1978 19/7/1979 4/2/1979 7/10/1980 22/2/1981 27/12/1982 4/8/1983 1/5/1981 13/8/1980 21/1/1975 5/10/1980 12/11/1981
elenco
Rogério Ceni Bosco Ilsinho André Dias Edcarlos Miranda Júnior Maurinho Néicer Reasco (EQU) Alex Silva Jadílson Alex Jorge Wágner Josué Souza Hugo Frédson Richarlyson Rafinha Lenílson Leandro Aloísio Borges Marcel
O Campeonato Paulista de 2007 tem mata-mata e permite que se perca alguns pontos na primeira fase, sem sacrificar o resultado final. Fica mais fácil poupar jogadores para estar em melhores condições físicas na Libertadores? Tentamos agir como no ano passado, para não arrebentar um jogador durante a temporada. Por isso, montamos um bom elenco e temos um acompanhamento cuidadoso, com muito critério, para evitar que façamos loucura com os atletas. Em 2006, isso deu certo. Por exemplo, em um jogo decisivo, nas últimas rodadas, o São Paulo ganhou com autoridade do Goiás, lá no calor de Goiânia. Justamente por saber da importância de trabalhar com todo o elenco, e não apenas com 11 jogadores, é que não usamos o termo “time reserva” aqui. Na Libertadores de 2006, o Souza consolidou-se como ala direito. Isso significa que, além de ter bons reservas, é preciso saber como aproveitar os jogadores em outras posições? Tem de saber respeitar as características dos jogadores e treiná-los para exercer outras funções, se for necessário. Mas eu não inventei nada no caso do Souza, porque ele já jogava muito pelo lado direito do campo. Há alguma coisa diferente de orientar um time para a Libertadores, em relação a outras competições? É totalmente diferente. O time adversário é diferente, o jogo é mais duro, você precisa ter uma outra postura. Aqui, por exemplo, o jogo de contato, o juiz pára toda hora.
Os jogos mais aguerridos não farão a saída do Mineiro ser mais sentida? Ele faz muita falta, porque é um grande jogador e estava entrosado com o resto do time. Não dá para achar que basta sair no mercado para contratar um jogador como o Mineiro, porque não há tantos como ele. Temos essa consciência, mas vamos trabalhar com calma e planejamento, para montar um time forte. Para este ano, o São Paulo precisa de jogadores que consigam enfrentar o Boca Juniors no Morumbi, diante de 70 mil pessoas. Não dá para pegar um cara que passa pela porta do vestiário e não chega no final do túnel de acesso ao gramado. Como usar o Morumbi lotado em favor do time, sem o risco de se sentir pressionado? O clube não precisa, porque os jogadores estão acostumados a chegar ao Morumbi e ver aquela praça lotada esperando o time. Quando chega dia de Libertadores, eles saem do CT a 100 por hora. Além disso, o time também sabe jogar fora de casa. No Brasileiro do ano passado, o São Paulo foi campeão ganhando muitos jogos longe do Morumbi. Como o elenco voltou de férias mais cedo neste ano, teve uma pré-temporada mais longa em relação a 2006. Que efeito isso poderá trazer ao time? Realmente, fizemos uma preparação melhor, mas eu acredito no que se vir em campo. Aquele time fez sua parte e foi campeão brasileiro. O deste ano tem de provar que está no mesmo nível.
São Paulo Futebol Clube Estadio: Morumbi (80.000 lugares) Altitude de São Paulo: 760 m Como se classificou: campeão brasileiro de 2006 Principais títulos: 3 Mundiais de Clubes, 3 Copas Libertadores, 4 Campeonatos Brasileiros Melhor participação na Libertadores: campeão, em 1992, 1993 e 2005 Site: www.saopaulofc.net Apelido: Tricolor
23°36’00.17” S 46°43’13.30” W
você sabia... …que Cìcero Pompeu de Toledo, ex-presidente são-paulino que dá nome ao Estádio do Morumbi, tinha um irmão, Brício, que foi presidente do Palmeiras?
Guia da Copa Toyota Libertadores 2007
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2 Audax Italiano por Ubiratan Leal
Com time jovem, Audax deve apenas fazer figuração
Em 2006, o Audax Italiano foi uma boa surpresa no futebol chileno. Com uma base muito jovem, o time mostrou um futebol ofensivo, ficou sempre nas primeiras posições na fase de classificação, eliminou a Universidad Católica no Clausura e teve força para chegar à decisão. É uma história interessante, mas que dificilmente terá continuidade na Copa Libertadores – a primeira que o clube da colônia italiana de Santiago disputa. Em uma competição internacional, a falta de experiência deve ficar mais evidente. As duas principais figuras dos Tanos são os atacantes Villanueva, de 20 anos, e Di Santo, com só 17. O primeiro é mais rápido e se movimenta bastante, eventualmente voltando para buscar a bola no meio-campo. Di Santo fica mais fixo, servindo de referência. Com 1,94 m de altura, é eficiente no jogo aéreo, em jogadas comandadas pelos bons laterais Careceda (pela direita) e Rieloff (pela esquerda). No setor defensivo, a (pequena) torcida do clube confia na liderança do veterano volante Romero e o goleiro Peric, os dois
Audax Club Sportivo Italiano Estádio: San Carlos de Apoquindo (20.000 lugares) Altitude de Santiago: 540 m Como se classificou: vice-campeão do Clausura 2006 Principais títulos: 4 Campeonatos Chilenos Melhor participação na Libertadores: estréia na competição Site: www.audaxitaliano.cl Apelido: Tanos, Ciclistas
33°23’44.87” S 70°30’01.39” W
você sabia... ...que, como Palmeiras, Boca Juniors, Parma, Benfica, Juventude e Peñarol, o Audax Italiano teve apoio da Parmalat na década de 1990? Os Tanos, inclusive, participaram da edição de 1994 da Copa Parmalat, que contava apenas com os times patrocinados ou geridos pela empresa. O time chileno perdeu de Palmeiras e Benfica e empatou com o Parmalat-HUN.
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jogadores mais experientes da equipe. Não é suficiente para dar consistência ao time, tanto que a diretoria investiu na contratação de reforços para o setor, como o meia uruguaio Scotti (ex-Nacional-URU, Olimpia e Gimnasia La Plata) e o goleiro Loyola. No geral, ainda é uma equipe em formação. A maneira como o Audax perdeu para o Colo-Colo, na decisão do Clausura chileno, mostra como, em momentos decisivos, o time ainda precisa amadurecer. Nem no Chile espera-se que o time de La Florida (distrito de Santiago) possa provocar um grande impacto na competição. Por isso, o objetivo realista na Libertadores é fazer um bom papel e, eventualmente, conseguir expor seus jogadores a clubes mais ricos. Villanueva e Di Santo interessam ao Colo-Colo, mas a diretoria não esconde que pensa em vendê-los para o exterior. Considerando que a torcida não é numerosa e dificilmente transformará o pequeno estádio de La Florida em um caldeirão, o Audax Italiano deve ser um figurante no grupo que tem São Paulo e Necaxa.
elenco
Marco Mesina/EFE
Jovem e despretensioso
Victor Loyola Jorge Antonio Lema Nicolás Peric Jorge Antonio Carrasco Roberto Cereceda Juan Claudio González Boris Rieloff Eladio Rivera César Santis Fernando Gutiérrez Braulio Leal Carlos Alberto Garrido Miguel Ángel Romero Diego Scotti (URU) Enzo Cabrera Fabián Orellana Claudio Valdivia Marco Antonio Medel Sebastián Domínguez Carlos Villanueva Rodolfo Moya (URU) Leonardo Medina (URU) Matías Campos Oliver Toledo Franco di Santo (ARG)
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22/6/1981 22/8/1981 19/10/1979 1/2/1982 10/10/1984 6/10/1975 8/1/1984 13/11/1987 5/2/1979 4/11/1980 22/11/1981 6/10/1977 2/9/1975 14/1/1977 1/4/1985 27/1/1986 11/4/1987 30/6/1989 5/12/1987 5/2/1986 27/7/1979 30/5/1977 22/6/1989 17/9/1987 7/4/1989
Técnico: Raúl Toro
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Alianza Lima por Ricardo Espina
Em busca do reconhecimento
Técnico: Gerardo Pelusso (URU)
20/6/1982 14/10/1985 5/6/1980 13/6/1979 13/04/1974 21/10/1974 22/10/1980 10/2/1981 2/08/1980 2/11/1975 9/7/1980 23/10/1974 6/6/1983 20/1/1973 4/3/1985 15/2/1981 22/3/1978 16/5/1975 9/11/1980 21/1/1986 23/3/1988 19/2/1986 29/8/1982 21/1/1973 1/6/1976
cia que poderia azedar o ambiente no elenco. Os dirigentes da equipe pagaram aos jogadores os prêmios relativos à conquista do último Campeonato Peruano e evitaram uma possível represália dos atletas. Solucionados os problemas internos, cabe ao Alianza Lima se acertar em campo para buscar uma vaga nas oitavas-de-final.
O lateral Arakaki (centro) é um dos destaques do Alianza
Club Alianza Lima Estádio: Alejandro Villanueva (35.000 lugares) Altitude de Lima: 154 m Como se classificou: campeão do Apertura 2006 Principais títulos: 22 Campeonatos Peruanos (dois deles como Sport Alianza) Melhor participação na Libertadores: semifinalista, em 1976 e 1978 Site: www.clubalianzalima.com Apelidos: Íntimos, Blanquiazules
*lista de jogadores não oficial
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elenco*
George Forsyth Juan Carrasco Joel Pinto Ernesto Arakaki Augusto Caicedo (EQU) Guillermo Salas Ismael Quiñones Jair Cardenas Kilian V. Rojas (COL) Santiago Salazar Jhoel H. Zegarra Aldo Vassallo Alexander S. Reyes Juan José Jayo Cesar Viza Luis Hernandez Diaz Marko Ciurlizza Erick Arias Martín Ligüera (URU) Oscar Vilchez Carlos E. Galliani Junior Ross Johan Sotil Flavio Maestri Roberto Pro
clube saudita e permaneceu no Alianza Lima para disputar a Libertadores. O meia Martín Ligüera também interessava a outros times, mas preferiu ficar. Apesar de, em um primeiro momento, o clube afirmar que nesta temporada apostaria na base que conquistou o último Campeonato Peruano, o Alianza encheu seu carrinho de compras. Em termos de reforços, a equipe trouxe praticamente um time inteiro. A aposta do clube está em Junior Ross. O atacante, ex-Cienciano, formará a dupla ofensiva com Maestri. Se o time conta com um bom setor ofensivo, na defesa residem as preocupações mais sérias de Pelusso. O treinador mostrou-se descontente com o desempenho da zaga nas partidas contra Sport Boys e Melgar, no início do Apertura, e considerou que houve falhas em excesso – sinal de que mudanças no setor devem ocorrer em um curto espaço de tempo. Um outro fator quase estragou a preparação da equipe para 2007. Os Blanquiazules resolveram uma pendên-
Stringer/EFE
Segundo clube mais popular do Peru, o Alianza Lima sonha em repetir nesta edição da Copa Libertadores as façanhas alcançadas por seus dois maiores concorrentes. Universitario e Sporting Cristal chegaram à final do torneio em 1972 e 1997, respectivamente. Para não ficar atrás dos rivais, os Blanquicelestes pretendem finalmente deixar de passar vexame. Das 19 participações anteriores, o clube foi eliminado 15 vezes ainda na primeira fase. O técnico uruguaio Gerardo Pelusso dirige os victorianos pelo segundo ano consecutivo e conta com um elenco em cuja base há diversos atletas jovens e que têm crescido nos últimos tempos. No entanto, grande parte desses jogadores carece de maior experiência em competições continentais. Para conseguir bons resultados, a equipe contará com a experiência de Flavio Maestri. Com 34 anos, “El Tanque”, como o atacante ficou conhecido, segue como um dos principais destaques da equipe. O argentino recusou uma proposta de um
12º04’06.68” S 77º01’22.51” W
você sabia... ...que, em 2007, completam-se 20 anos da tragédia que causou a morte de uma delegação inteira do Alianza? Em 8 de dezembro de 1987, o avião que trazia a delegação da equipe da cidade de Pucallpa caiu no mar, pouco antes de chegar em Lima. Apenas o piloto sobreviveu.
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2 Necaxa por Tomaz R. Alves
Necaxa conta com a boa fase do artilheiro brasileiro Kléber
*elenco
O Necaxa chega à Libertadores como um time que chama pouco a atenção, mas pode ir longe no torneio. A equipe desperta desconfiança pela fraquíssima campanha no Campeonato Mexicano passado – ficou em 15º lugar –, mas começou 2007 em grande forma e tem condições técnicas para enfrentar de igual para igual quase todos os times do continente. O maior responsável pela melhora é o experiente técnico José Luís Trejo, que assumiu o Necaxa na virada do ano. Logo de cara, classificou os Hidrorrayos para a Libertadores, vencendo todas suas quatro partidas na Interliga. Aliás, de Libertadores o técnico entende, já que foi ele que levou o Cruz Azul ao vicecampeonato da competição, em 2001. Na pré-temporada, o Necaxa mudou bastante, com seis contratações e três saídas. Hoje, os Hidrorrayos não têm um elenco tão forte quanto os dos outros mexicanos, mas ainda assim merecem
David de la Paz/EFE
Onde se encaixa o Necaxa?
respeito. A retaguarda é segura, e há suficiente criatividade na armação para preocupar as defesas adversárias. O sucesso do clube na Libertadores está relacionado ao impacto de dois brasileiros no time. Por um lado, os Hidrorrayos terão que superar a ausência do meia-atacante Fabiano (ex-São Paulo, Portuguesa e Santos), que rompeu o tendão de Aquiles e dificilmente se recuperará a tempo de participar da competição. Por outro lado, o clube conta com a excelente fase do atacante Kléber (ex-Náutico e Atlético-PR). Na Interliga, o brasileiro marcou quatro gols – inclusive um na decisão – e firmou-se como a principal arma ofensiva da equipe. Na primeira fase, dificilmente o Necaxa superará o São Paulo. Por outro lado, espera-se que a equipe mexicana passe com facilidade por Audax Italiano e Alianza Lima. Se Kléber continuar inspirado e Fabiano não fizer falta, os Hidrorrayos podem ser uma das surpresas da competição – como foi no Mundial de Clubes de 2000, quando os mexicanos ficaram em terceiro lugar, à frente de Real Madrid e Manchester United. Caso contrário, o time deve cair frente ao primeiro adversário forte que enfrentar.
Club Necaxa Estádio: Victoria (23.000 lugares) Altitude de Aguascalientes: 1.870 m Como se classificou: campeão de um torneio classificatório, em janeiro Principais títulos: 1 Copa dos Campeões da Concacaf, 7 Campeonatos Mexicanos e 7 Copas do México Melhor participação na Libertadores: eliminado na fase preliminar, em 1999 Site: www.clubnecaxa.com
21º52’50.37” N 102º16’32.01” W
você sabia... ...que Javier Pérez Teuffer, atual presidente do Necaxa, foi presidente do América, entre 1999 e 2004? No clube da capital, ele conseguiu por acabar com uma fila de 13 anos sem títulos.
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*lista de jogadores não oficial
Apelido: Hidrorrayos
Iván Vázquez Alexandro Álvarez Aldo Díaz Pablo Quatrocchi (ARG) Joaquín Beltrán Horacio Cervantes Víctor Gutiérrez Salvador Cabrera Omar Hernández Mario Pérez Ricardo Navarro Osvaldo Lucas Everaldo Barbosa (BRA) Oscar Zea Gerardo Galindo Mario Padilla Francisco García Frankie Oviedo (COL) Fernando Morales Aarón Padilla Alfredo Moreno (ARG) Émmanuel Sánchez Luis Padilla Kléber (BRA) Mario Padilla
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14/12/1982 26/1/1977 21/4/1980 19/1/1974 29/4/1977 17/10/1981 27/1/1978 21/8/1973 15/8/1985 17/6/1982 2/10/1985 28/5/1977 12/9/1975 26/1/1983 23/5/1978 12/7/1985 21/6/1987 21/9/1973 19/9/1985 13/8/1977 12/1/1980 1/7/1983 24/2/1985 13/8/1975 12/7/1985
Técnico: José Luis Trejo
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Cerro Porteño por Ubiratan Leal
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A Copa Libertadores é um pesadelo para o Cerro Porteño. Apesar de toda a experiência na disputa da competição, o clube nunca chegou a uma decisão. Enquanto isso, o rival Olimpia tem três títulos e é o quarto maior campeão do torneio. Por isso, disputar a competição sul-americana normalmente traz uma grande carga de responsabilidade sobre os cerristas. Tudo indica que, por mais um ano, os Azulgranas continuarão tendo de aturar a torcida rival. Dezembro de 2006 tem muito a ver com esse momento de incerteza no Barrio Obrero. Depois de vencer o Clausura com superioridade constrangedora diante dos rivais, o Cerro foi derrotado na final do Campeonato Paraguaio pelo Libertad (campeão do Apertura) – coisas de mata-mata. O time perdeu a concentração e acabou caindo também para o Tacuary – adversário notoriamente mais frágil – na repescagem para a Copa SulAmericana 2007. O moral da equipe caiu bastante com essas duas derrotas. Para piorar, o time
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Técnico: Gustavo Costas (ARG)
14/11/1980 8/3/1983 29/3/1988 29/6/1978 30/7/1975 19/10/1980 22/1/1978 16/3/1984 5/5/1986 22/4/1983 30/12/1087 8/2/1981 10/4/1979 11/9/1983 23/1/1977 9/9/1986 23/3/1984 1/7/1973 21/9/1987 21/3/1977 18/5/1982 7/11/1984 29/6/1981 1/12/1985 6/11/1981
elenco
Hilario Navarro Pablo Aurrecochea (URU) Roberto Fernández Jr. Lorgio Álvarez (BOL) Rodrigo Costa (BRA) Fidel Amado Pérez Jorge Núñez Ernesto Cristaldo Marco Cáceres Nelson Cabrera Alfredo Rojas Jorge Brítez Edgar González Domingo Salcedo Gustavo Morínigo Óscar Gamarra Osvaldo Hobecker Éder Godoy Marcelo Estigarribia César Ramírez Alejandro da Silva Mauro Aldave Pablo Giménez Roberto Ovelar Jorge Achucarro
perdeu seus três melhores jogadores. O meia Walter Fretes e o atacante Ávalos foram vendidos, e o goleiro Diego Barreto foi suspenso pela Fifa por quatro meses por ter, em 2005, rompido contrato com o Valladolid, para ir ao Almería (clube que o emprestou ao Ciclón). O camisa 1 paraguaio continuará no Cerro Porteño, mas só poderá atuar em maio. Com tantos reveses em tão pouco tempo, a diretoria decidiu radicalizar e implementou um forte processo de renovação. Entre os recém-chegados estão o lateral Jorge Núñez, ex-Estudiantes, o zagueiro brasileiro Rodrigo Costa, exStandard Liège, e o atacante Aldave, exRocha. Outro reforço é o atacante César Ramírez. “El Tigre” foi emprestado pelo Flamengo e, por questão contratual, não poderá enfrentar o clube carioca caso este cruze o caminho do Cerro. Considerando que Salcedo, Achucarro, Cristaldo e Morinígo continuam no Barrio Obrero, percebe-se que o Ciclón tem, no papel, um elenco de respeito. O problema é que, com tantas mudanças,
Andrés Cristaldo/EFE
Precisa-se de tempo
vai levar um tempo até o time encontrar seu esquema de jogo. Quando isso ocorrer, pode ser tarde demais.
Reformulado, Cerro Porteño virou incógnita
Club Cerro Porteño Estadio: La Olla (25.000 lugares) Altitude de Assunção: 43 m Como se classificou: campeão do Clausura 2006 Principais títulos: 23 Campeonatos Paraguaios Melhor participação na Libertadores: semifinalista, em 1975, 1978, 1993, 1998 e 1999 Site: www.cerro.com.py Apelidos: Ciclón, Azulgranas 25º18’00.17” S 57º38’14.46” W
você sabia... ...que as cores do Cerro Porteño foram escolhidas para representar neutralidade política? Em 1912, quando o clube surgiu, o Paraguai passava por uma grande disputa entre os partidos Colorado e Liberal. Para evitar que se vinculasse o novo clube a um dos lados, o Ciclón adotou as cores dos dois grupos, vermelho (Colorado) e azul (Liberal). O branco veio anos depois, como forma de ficar com os tons da bandeira paraguaia – e o vermelho, com o tempo, acabou virando grená.
Guia da Copa Toyota Libertadores 2007
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3 Grêmio Ricardo Duarte/EFE
por Caio Maia
Grêmio não entra como favorito, mas tem condições de surpreender
Com tudo o que é necessário O Grêmio tem organização e padrão tático – justamente o que exige a Libertadores
O
Grêmio surpreendeu até sua própria torcida ao se classificar para a Copa Libertadores, um ano após quase não ter subido para a primeira divisão do Brasileiro. Sem investimento pesado, os gremistas superaram os favoritos, com a manutenção do padrão de jogo, a força da camisa e um grupo de jogadores aguerridos. Essas características tornam possível imaginar até o tílulo na principal competição sul-americana. Mais até do que um campeonato como o Brasileiro, disputado em pontos corridos, as copas como a Libertadores valorizam equipes com as virtudes que sobram no Olímpico. Em um mata-mata, é muito importante a confiança da equipe. A principal força do time gaúcho está no meio-campo. Embora tenha perdido Herrera, segundo maior goleador da equipe em 2006, o Tricolor manteve Lucas, craque e alma do time. Outro jogador importante no esquema de Mano Menezes – ainda mais depois da saída de Hugo – é Tcheco. Embora ainda não tenha justificado a expectativa que criou em torno de si no início da carreira, o ex-jogador de Santos e Coritiba tem categoria para organizar a equipe.
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A defesa também impõe respeito. O Grêmio se mexeu e contratou jogadores com experiência continental de sobra. O goleiro Saja, ex-San Lorenzo, já conquistou a Copa Sul-Americana e a Mercosul, e o zagueiro Schiavi, ex-Boca Juniors, tem no currículo um título da Libertadores e dois da Sul-Americana. Com a dupla de argentinos, o Grêmio espera ter a segurança defensiva que faltou em 2006. No ataque, os esforços foram mais tímidos. Depois de perder Rômulo para o Cruzeiro, a equipe investiu em Tuta, que teve passagem pelo Fluminense e por tantas outras equipes. Não resta dúvida de que se trata de um goleador que decide partidas difíceis, mas é também um atleta inconstante, que some por longos períodos. Não dá para dizer que o grupo gremista é cheio de craques. Entretanto, em uma competição como a Libertadores, em que pouquíssimos jogadores merecem esse epíteto, isso não fará falta. Assim, um eventual título continental, ao contrário do que ocorreu com a classificação para o torneio, não surpreenderia ninguém.
Guia da Copa Toyota Libertadores 2007
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entrevista: Lucas
“Temos de manter a tradição” Para Lucas, mais que a conquista do rival Internacional em 2006, a própria história gremista na Libertadores coloca uma grande responsabilidade nas costas dos jogadores
por Ubiratan Leal
Técnico: Mano Menezes
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6/5/1979 10/4/1983 13/1/1987 8/10/1974 18/1/1973 24/8/1976 1/5/1986 30/7/1979 11/8/1982 20/6/1979 29/7/1980 23/2/1974 17/6/1985 9/1/1987 11/4/1976 18/7/1987 6/8/1973 7/4/1983 16/1/1987 16/2/1987 20/3/1984 20/6/1974 10/6/1978 6/1/1986 30/1/1986
elenco
Sebastián Saja (ARG) Galatto Marcelo Grohe Patrício Rolando Schiavi (ARG) William Bruno Teles Pereira Teco Lúcio Jucemar Edmílson Diego Souza Lucas Tcheco Carlos Eduardo Sandro Ramón Adílson Warken William Antunes Nunes Tuta Aloísio Éverton Douglas
Você disputou o Sul-Americano sub-20 em janeiro. Atuar contra equipes estrangeiras que contavam com jogadores que estarão na Libertadores deu noção de como é o futebol na América do Sul? Ajudou muito a ver que há um estilo de jogo bastante diferente, e isso vale até para os árbitros. As partidas são muito mais ríspidas. Não chegam a ser violentas, mas são muito mais duras, com jogadores que valorizam a força física e a garra. Os árbitros refletem isso e não dão falta a qualquer encontrão, como ocorre no Brasil. Assim, foi bom disputar o Sul-Americano, para facilitar a adaptação a esse outro tipo de futebol e para saber que não vamos conseguir ganhar as partidas apenas na técnica. A confusão no empate por 2 a 2 contra o Chile (o árbitro marcou dois pênaltis duvidosos contra o Brasil, e alguns jogadores brasileiros chegaram a agredi-lo depois do jogo) também fica como experiência para o tipo de obstáculo que se pode esperar na Libertadores? Acho que isso não vai acontecer de novo. Na Libertadores, os árbitros são preparados para apitar jogos complicados e aguerridos. Aquele caso do Sul-Americano foi uma coisa que aconteceu, mas não podemos ficar levando em consideração para o futuro. O fato de o Inter ter conquistado a Libertadores em 2006 cria uma pressão extra sobre os gremistas? Não é nada além do que haveria normalmente. O Grêmio sempre foi bem quando jogou a Libertadores, e os jogadores carregam a respon-
sabilidade de manter essa tradição. Além disso, o clube e a torcida dão muita importância à competição, e nos vemos sempre com a necessidade de mostrar que fizemos o possível dentro de campo. De que forma a Libertadores entra no planejamento do Grêmio para a temporada? É uma competição que tem prioridade sobre todas as outras. Isso, porém, não acontece só no Grêmio, mas sim, imagino, em todas as equipes. Por isso, ela sempre recebe uma atenção especial. Por exemplo, as viagens são planejadas com mais cuidado, para termos o maior conforto possível, e auxiliares do Mano Menezes viajaram bastante para colher informações sobre nossos adversários – tanto que já estamos estudando alguns jogos deles. Em relação a poupar jogadores e outras medidas, ainda não nos foi passado muita coisa, porque elas serão aplicadas à medida que precisarmos. Nem todos apontam o como um dos favoritos à conquista do título. Internamente, o que vocês considerariam uma campanha bem sucedida? Todo mundo entra com ambição de ganhar, mas não podemos pensar no final sem tomar cuidado com os primeiros passos, em avançar degrau a degrau. É complicado falar quando a competição nem começou. Por enquanto, pensamos na Libertadores passo a passo. Primeiro, estamos com o foco na fase de grupos, em nossos adversários (Cerro Porteño, Cúcuta e Tolima). A partir da classificação, vamos estabelecendo nossas pretensões nas oitavas-de-final, quartas, semifinais...
Grêmio Foot-ball Porto Alegrense Estadio: Olímpico Monumental (51.081 lugares) Altitude de Porto Alegre: 10 m Como se classificou: 3º colocado no Brasileiro de 2006 Principais títulos: 1 Mundial de Clubes, 2 Copas Libertadores, 2 Campeonatos Brasileiros e 4 Copas do Brasil Melhor participação na Libertadores: campeão, em 1983 e 1995 Site oficial: www.gremio.net Apelido: Tricolor 30°03’37.66” S 51°12’47.97” W
você sabia... ...que, em 1935, o Grêmio surpreendeu o favorito Internacional e conquistou, com um gol a cinco minutos do fim, o Campeonato Metropolitano no centenário da Revolução Farroupilha? O título foi tão importante que os gremistas prometeram festejá-lo por 100 anos. Até hoje, o clube organiza em 22 de setembro (dia da decisão) um jantar especial para lembrar aquela conquista.
Guia da Copa Toyota Libertadores 2007
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3 Cúcuta por Gustavo Hofman
Em dois anos, Cúcuta foi da Segundona à Libertadores
O Cúcuta é um dos caçulas desta edição da Libertadores. Na Colômbia, apesar de um passado honroso, sempre foi apenas um figurante nos torneios nacionais, situação que só mudou nos últimos dois anos. Em 2005, a equipe venceu a segunda divisão colombiana e, logo no ano seguinte, faturou o Finalización e assegurou uma vaga na competição sul-americana. Para este ano, porém, o Cúcuta perdeu o treinador que comandou essa ascensão. Jorge Luis Pinto, que chegou a dirigir a Costa Rica nas eliminatórias para a Copa de 2006, deixou a equipe e assumiu a seleção colombiana. Após a saída, a diretoria não perdeu tempo e trouxe o técnico Jorge Luis Bernal, vice-campeão colombiano com o Tolima, ao perder na final justamente para o Cúcuta. Além do treinador, a diretoria trouxe nove reforços para a temporada, com destaque para o atacante Lionard Pajoy, que deverá formar a dupla de ataque do time com o artilheiro panamenho Blas Pérez. No entanto, é na defesa – a menos vazada do último Campeonato Colombiano – que
Corporación Nuevo Cúcuta Deportivo Estádio: General Santander (28.000 lugares) Altitude de Cúcuta: 320 m Como se classificou: campeão do Finalización 2006 Principais títulos: 1 Campeonato Colombiano Melhor participação na Libertadores: estréia na competição Site: www.cucutadeportivo.com Apelido: Doblemente Glorioso
7°53’41.06” N 72°30’06.72” W
você sabia... ...que, em 1951, o Cúcuta contratou alguns dos protagonistas do “Maracanazo”? O clube já tinha muitos uruguaios no elenco e ainda trouxe Gambeta e Tejera, que participaram da vitória da Celeste sobre o Brasil, na decisão da Copa de 1950, no Rio de Janeiro.
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está o ponto forte do time. As principais figuras do setor são o goleiro Robinson Zapata e o jovem zagueiro Portocarrero, que faz parte da seleção colombiana. Na Libertadores, porém, o Doblemente Glorioso terá muito trabalho pela frente. A equipe caiu junto com duas equipes tradicionalíssimas da competição – Grêmio e Cerro Porteño –, além do compatriota Tolima. Com isso, a total falta de experiência internacional do Cúcuta pode pesar. Além disso, o Estádio General Santander está em reforma e, na primeira fase, o clube pode jogar em outra cidade. É possível que esse revés torne-se uma vantagem no futuro da competição. O estádio que abrigava 28 mil torcedores passará, a partir de abril, a receber 45 mil pessoas. A missão do Cúcuta é de, pelo menos, terminar em terceiro lugar no grupo e provar que a boa campanha de 2006 não foi apenas um bom momento de um caçula atrevido. Quem sabe se, com um pouco de sorte, o time não acaba conseguindo beliscar uma improvável classificação para as oitavas-de-final.
elenco
Efrain Patiño/EFE
Ascensão rápida e eficiente
Robinson Zapata Andrés Castellanos Williers Valencia Julián Hurtado Wálter José Moreno Pedro Paulo Portocarrero Rubén D. Bustos César Alberto Vásquez Joe Louis Ragua Braynner García Elvis González Nelson Flores Charles Castro (URU) Lin Carlos Henry Macnelly Torres José Rodrigo Castillo Alexander del Castillo Roberto Bobadilla (URU) Ricardo Rueda David Córdoba Víctor Cortés Blas Pérez (PAN) Lionard Pajoy Elvis Rivas Juan Manuel Martínez (ARG)
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30/9/1978 9/3/1984 16/10/1974 24/11/1979 18/5/1978 13/5/1977 28/8/1981 5/5/1974 23/2/1981 6/9/1986 20/2/1984 1/3/1974 19/5/1978 7/12/1977 1/11/1984 20/2/1986 13/3/1977 19/7/1974 28/12/1972 12/12/1980 26/2/1976 13/3/1981 7/6/1981 19/2/1987 25/10/1985
Técnico: Jorge Luis Bernal
Guia da Copa Toyota Libertadores 2007
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Tolima por Gustavo Hofman
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Em 2006, o Tolima foi o clube mais regular da Colômbia. Mesmo assim, perdeu as disputas do Apertura e do Finalización, ambas na reta final. Para este ano, quis o destino que a equipe caísse na chave ao lado de um de seus carrascos do ano passado, o Cúcuta, que o derrotou na final do Finalización colombiano. Esse, com certeza, é um motivo a mais de motivação para o Tolima, que chega à Libertadores pela quarta vez em sua história e tem como melhor resultado uma classificação à fase semifinal, em 1983. Apesar da falta de conquistas (só foi campeão nacional uma vez), o Vinotinto y Oro, como é chamado por sua torcida, está sempre na disputa pelos títulos do país. A base consistente de 2006 foi mantida, com o seguro goleiro Julio e o talentoso atacante Quintero. O ataque é um dos pontos fortes do time. Na temporada 2006 da Colômbia, o time marcou 83 gols e foi o melhor do país, sendo que o principal
Técnico: Jaime de la Pava
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25/10/1974 12/2/1981 13/7/1984 26/9/1976 2/1/1980 31/8/1975 29/10/1978 3/12/1976 9/12/1975 9/3/1985 11/10/1982 14/8/1979 30/10/1982 14/5/1978 2/4/1973 8/4/1977 28/5/1984 1/2/1986 16/4/1985 1/9/1981 21/8/1981 11/10/1984 28/6/1979 22/3/1984 19/9/1987
elenco
Agustín Julio Janner Serpa Enrique A. Quiñónez Ricardo Álvarez Yesid Martínez Hilario Cuenu Roller Cambindo Gerardo Vallejo Jesús Sinisterra Darío Alberto Bustos Nicolás Nahuad (ARG) Diego Cochas (ARG) Juan Carlos Escobar John Jairo Charría Hernando Patiño Franklin E. González José Anchico Andrés Ramírez Gustavo A. Bolívar Leiner Rolong Gustavo H. Savoia (ARG) Jorge Perlaza César Rivas John Jairo Castillo Carlos Quintero
destaque foi o meia John Charría, com 16 gols anotados. Para esta temporada, o clube contratou o argentino Savoia para reforçar ainda mais o setor. Com isso, o Tolima chega carimbado como a melhor aposta colombiana na Libertadores, o que pode lhe trazer problemas de pressão de torcida e imprensa e, principalmente, dificuldades para ser competitivo. Além disso, perdeu o técnico Jorge Luis Bernal justamente para o Cúcuta, mas a diretoria contratou o experiente Jaime de la Pava, tricampeão nacional com o América de Cali. Na fase preliminar da Libertadores, o Tolima passou fácil pelo Deportivo Táchira, com duas vitórias (2 a 1 na Venezuela e 2 a 0 em casa). No grupo 3, deve brigar pelo segundo lugar com o Cerro Porteño e, claro, com seu compatriota Cúcuta. O time terá que provar em campo que pode surpreender e, quem sabe, ir longe nesta edição do principal torneio sul-americano.
Carlos Sosa/EFE
Melhor aposta colombiana
Tolima confirmou favoritismo ao derrotar o Dep. Táchira
Corporación Club Deportes Tolima Estádio: Manuel Murillo Toro (31.000 lugares) Altitude de Ibagüé: 1.225 m Como se classificou: melhor campanha na temporada 2006, entre os que não conquistaram um título na Colômbia Principais títulos: 1 Campeonato Colombiano Melhor participação na Libertadores: semifinalista, em 1983 Site: www.deportestolima.com Apelidos: Pijaos, Vinotinto y Oro 4°25’49.93” N 75°13’08.19” W * nessa região, não há aproximação suficiente no Google Earth
você sabia... ...que o Estádio Manuel Murillo Toro, pertencente ao município de Ibagüé, foi construído em 1955, em apenas 55 dias? No começo, porém, tinha capacidade para somente 8 mil pessoas. Além disso, por causa de muita politicagem ao longo dos anos, ele mudou de nome cinco vezes.
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4 Internacional Neco Varella/EFE
por Caio Maia
Inter aposta no conjunto para buscar o bicampeonato
Todos contra um Campeão do mundo manteve a base desde o Japão e é o inimigo a ser batido
O
Internacional começou 2007 como todas as equipes deveriam iniciar toda temporada: deu férias aos jogadores que conquistaram o Mundial, começou o estadual com o time “B” e, no devido tempo, estreou os titulares, mais para estes ganharem ritmo de jogo do que para qualquer outra coisa. No tão decantado quesito “planejamento”, o Colorado, mais uma vez, saiu na frente da concorrência. Basicamente, a equipe deve ser a mesma que conquistou o Mundial. A chegada de Christian (e a inexplicável contratação de Jean) deve servir apenas para fazer sombra aos jovens Luis Adriano e Alexandre Pato, além de ser alternativa para o caso de contusão de algum titular. O meio deve permanecer igual, mas a defesa perde muito com a saída de Fabiano Eller, um dos melhores jogadores do Brasil em 2006. Apesar disso, o Inter tem esquema e qualidade técnica para superar a perda, como fez com a saída de Bolívar, após a final da Libertadores. O Internacional é o campeão do mundo. Manteve a base técnica e “espiritual”, nas figuras de Fernandão e Iarley, e sua reserva para o futuro. Mesmo com o Boca de volta – e com Riquelme –, o
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São Paulo fortalecido e o rival Grêmio cheio de coisas para provar, o Inter tem que ser considerado o favorito ao título continental. É aí que reside uma boa parte do problema para Abel Braga. O favorito ao título é, naturalmente, o time a ser batido. Para as equipes tradicionais, como o já citado Boca e os rivais nacionais, como o São Paulo, derrotado na final de 2006, vencer o Inter será uma questão de “marcar posição”, deixar claro o desafio ao título. Para as mais fracas, é a possibilidade de tangenciar a história. A maturidade adquirida na Libertadores do ano passado e no próprio Mundial, porém, trabalha a favor do Colorado – que pode usar o favoritismo em seu benefício, para inspirar autoconfiança em um grupo que, apesar dos veteranos, pode render muito mais se os jovens aparecerem. O grupo da primeira fase, do qual Abel reclamou muito, traz o bom Vélez Sársfield, melhor campanha da primeira fase de 2006. Por outro lado, tem também o equatoriano Emelec e o tradicional, mas fraco, Nacional. Não parece ser nada que possa significar algo mais que um treino para a verdadeira competição, nas fases de mata-mata.
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entrevista: Iarley
“A Libertadores mudou minha vida” Iarley conta como a Libertadores foi importante em sua carreira e afirma que Inter é favorito ao título mesmo com a venda de alguns dos campeões de 2006
por Carlos Eduardo Freitas
Técnico: Abel Braga
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20/10/1968 24/1/1985 28/11/1984 18/6/1980 14/2/1975 10/11/1984 15/6/1976 2/7/1982 13/5/1978 6/9/1976 4/1/1986 7/9/1978 25/3/1982 15/1/1983 11/8/1977 17/4/1980 28/6/1977 14/2/1985 18/3/1978 29/3/1974 2/9/1989 12/4/1987 23/4/1975 13/7/1980 9/8/1980
elenco
Clemer Renan Marcelo Boeck Ceará Índio Rafael Santos Martín Hidalgo (PER) Élder Granja Ediglê Rubens Cardoso Wilson Wellington Monteiro Alex Edinho Adriano Fabián Vargas (COL) Perdigão Maycon Fernandão Iarley Alexandre Pato Luis Adriano Christian Michel Jean
O que você achou do grupo em que o Inter caiu, ao lado de Emelec, Nacional e Vélez Sársfield? É um grupo complicado, com equipes tradicionais. Jogar com o Nacional em Montevidéu não é fácil, da mesma maneira que o Vélez Sársfield é uma grande equipe. Serão jogos difíceis, mas temos totais condições de vencê-los e avançar às oitavas-de-final. Por sermos os atuais campeões, todos tentarão nos derrubar, mas estamos preparados para isso. Descobrir o gosto de conquistar um título continental mudou alguma coisa para o Inter? Todo mundo sempre quer bater o campeão. Isso vai complicar muito a nossa vida, mas o que mais queremos é repetir o título do ano passado. Sabemos que não vai ser fácil, mas é nosso objetivo, e temos time para isso. Chegar a uma competição como favorito não aumenta a responsabilidade? Sem dúvida, mas, num torneio como a Libertadores, não dá para considerar apenas uma equipe como favorita. Você falou em ter time para conquistar o bicampeonato, mas boa parte da equipe campeã de 2006, como Bolívar, Tinga, Rafael Sóbis, Jorge Wagner e Fabiano Eller, deixou o Beira-Rio. Não é uma perda muito grande? Realmente, perdemos muitos bons jogadores, mas chegaram bons nomes para o lugar deles – tanto que conquistamos o Mundial de Clubes no fim do ano. Mesmo assim, acho que o mais importante
foi termos mantido a mesma comissão técnica do ano passado, o que garante que uma filosofia e um estilo de trabalhar ao qual estamos acostumados será mantido. É por isso que estaremos fortes para a disputa da Libertadores. Desde então, surgiu também o Alexandre Pato, considerado a grande esperança do time e uma das maiores promessas do futebol brasileiro. Por se tratar de um jogador tão jovem, essa expectativa não pode prejudicá-lo? Aqui no Inter, não encaramos mais o Alexandre como uma promessa. Ele já é uma realidade. Promessa ele era ano passado, quando estava começando. Sinceramente, acho que ele está preparado para encarar o que vem por aí. Esta será a quarta Libertadores, com o terceiro clube diferente, de sua carreira. O que significa essa competição para você? A Libertadores mudou minha vida. Fiquei conhecido no Brasil por causa daquele gol que fiz no Boca Juniors, em La Bombonera, em 2003, quando defendia o Paysandu. Depois, o próprio Boca me contratou, e tive a oportunidade de jogar uma edição por eles. Ano passado, descobri o que é conquistar esse título. É por isso que, para mim, jogar uma Libertadores faz toda diferença. Como assim? Um clube que joga a Libertadores sempre terá minha preferência. Se duas equipes quiserem me contratar e uma for disputar a competição, pode até pagar menos que eu vou. Não tem nada igual.
Sport Club Internacional Estádio: Beira Rio (56.000 lugares) Altitude de Porto Alegre: 10 m Como se classificou: campeão da Libertadores de 2006 Principais títulos: 1 Mundial de Clubes, 1 Copa Libertadores, 1 Campeonato Brasileiro e 1 Copa do Brasil Melhor participação na Libertadores: campeão, em 2006 Site: www.internacional.com.br Apelido: Colorado
30°03’56.40” S 51°14’08.70” W
você sabia... …que o Internacional foi criado porque o Grêmio só aceitava sócios alemães ou descendentes? Em 1908, os irmãos paulistas Poppe, de origem italiana, tentaram se associar ao Grêmio, mas não foram aceitos. Então, decidiram fundar outro clube.
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4 Nacional por Ubiratan Leal
Em algum lugar do passado
Garra uruguaia é uma das poucas armas do Nacional
tivos em seus quadros. Hoje, 107 anos depois, o clube continua refletindo o que é o futebol do Uruguai: no caso, decadente, desorganizado, sem força internacional e ainda suspirando de saudade por títulos longínquos. Nem os três títulos mundiais e sulamericanos nem os esquadrões em que brilharam Cea, Héctor Castro, Luis Cubilla, Scarone e De León atenuam o fato de que, na Libertadores 2007, o Nacional é mero figurante, e até a classificação para as oitavas-de-final seria surpreendente. O pessimismo justifica-se: o time vem de uma campanha fraca no Apertura – quinto lugar, atrás até do Bella Vista – e, para piorar, ainda teve uma pré-temporada bagunçada. A falta de planejamento foi atroz. Logo após o Apertura, a diretoria demitiu o técnico Martín Lasarte. O problema é que o clube tinha eleições presidenciais previstas para janeiro. O grupo de situação venceu, mas não contratou o novo treinador enquanto a reeleição não era uma certeza. Assim, Daniel
Club Nacional de Football Estádio: Parque Central (20.000 lugares) Altitude de Montevidéu: 43 m Como se classificou: campeão do Clausura 2006 Principais títulos: 3 Mundiais de Clubes, 3 Copas Libertadores, 41 Campeonatos Uruguaios Melhor participação na Libertadores: campeão, em 1971, 1980 e 1988 Site: www.decano.com Apelidos: Bolsos, Tricolores 34°53’04.02” S 56°09’31.79” W
você sabia... ...que o Estádio Parque Central recebeu uma das partidas que abriram a primeira Copa da história? Foi na casa tricolor que Estados Unidos e Bélgica deram início ao Mundial de 1930, ao mesmo tempo em que França e México jogavam no extinto Estádio Pocitos.
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Carreño chegou em cima da hora, sem tempo para montar um elenco a seu gosto e treiná-lo. Nesse cenário, o clube terá de confiar em seus jogadores mais experientes para superar as dificuldades. O líder é o lateral-direito Diego Jaume, que, mesmo aos 33 anos, ainda é convocado esporadicamente para a seleção uruguaia. Outra referência é o volante Javier Delgado, 31 anos e também com passagem pela Celeste. Entre os mais jovens, os destaques são o veloz atacante Gonzalo Castro e o meia armador Jorge Martínez. O pouco que resta de esperança para os Tricolores está no reaparecimento de uma mística cada vez mais fraca. Na Copa Sul-Americana de 2006, ela apareceu, e, na base da garra, o time conseguiu eliminar os favoritíssimos Libertad e Boca Juniors, antes de cair diante do Atlético-PR. Se esse espírito charrúa se fizer valer, talvez os uruguaios consigam atrapalhar Internacional ou Vélez. Nem os uruguaios, porém, apostam nisso.
elenco
Iván Franco/EFE
Quando foi fundado, em 1899, o Nacional pretendia ser um clube que representasse o futebol uruguaio. Até então, as demais equipes tinham origem britânica e dificultavam a entrada de na-
Fernando Muslera Lucero Alvarez Alex Viera Diego Jaume Diego Godín Alejandro Rodríguez Jorge da Rosa Marcelo Broli Pablo Álvarez Marco Vanzini Marcelo Tejera Mathias Cardaccio Adrián Romero Marcelo Sosa Diego Arismendi Javier Delgado Ignacio La Luz Jorge Martinez Agustín Viana Giancarlo da Silva (BRA) Andrés Márquez Martín Cauteruccio Diego Vera Gonzalo Castro Carlos Juarez
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16/6/1986 24/2/1985 18/10/1978 9/10/1973 16/2/1986 9/7/1986 10/10/1984 13/3/1978 7/2/1985 19/4/1976 6/8/1973 2/10/1987 25/6/1977 2/6/1978 25/1/1988 8/7/1975 19/4/1985 5/4/1983 23/8/1983 18/10/1982 3/9/1984 14/4/1987 5/1/1985 14/9/1984 24/4/1972
Técnico: Daniel Carreño
Guia da Copa Toyota Libertadores 2007
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Emelec
Elétrico só no apelido O Emelec foi fundado em 1929, com o nome da companhia elétrica do país e por funcionários dela. Por isso, até hoje, o time é conhecido como Eléctricos. No entanto, nos dias atuais, a equipe tem cada vez menos justificado seu apelido energético. Há cinco anos sem vencer o Campeonato Equatoriano, o Emelec retorna à Libertadores quatro anos após sua última participação. Em 2003, o time caiu na primeira fase. Nesta temporada, tem a esperança de, ao menos, avançar para o mata-mata. Para azar de sua fanática e numerosa torcida, porém, o time caiu num dos grupos mais difíceis do torneio, ao lado de Internacional, Vélez Sársfield e Nacional. Para a disputa da Libertadores, a diretoria não trouxe muitos reforços e aposta na jovem base montada ainda em 2005 e que começa aos poucos a dar resultado. No último Campeonato Equatoriano, por exemplo, o terceiro lugar na classificação
Téc: Carlos Torres Garcés
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19/4/1972 20/3/1985 1/7/1988 1/6/1987 28/9/1977 21/12/1979 18/8/1980 16/12/1981 3/8/1983 28/3/1981 26/7/1983 16/11/1982 29/5/1984 2/10/1988 11/6/1975 23/4/1987 12/11/1981 7/2/1982 21/2/1988 21/9/1986 21/7/1982 27/5/1987 29/3/1987 2/6/1988
elenco
Marcelo Elizaga Robert Angulo Xavier Guamán Eduardo Morante Marco Quiñónez Facundo Orozco Carlos Quiñónez Silvano Estacio Lorenzo Mercado Ranner Caicedo Tilson Minda Luis Alberto Zambrano José Luis Quiñónez Sebastián Hernández (COL) Luis Rivera (COL) Michael Antonio Arroyo Jaime Caicedo Wimper Guerrero Jaime Javier Ayoví Jorge Washington Ladines Israel Rodríguez (PAR) Óscar Asís (ARG) Lucas Viatri (ARG) Jerónimo M. Neumann (ARG)
final assegurou a vaga sul-americana, com uma defesa forte e muito bem armada. No entanto, na frente, o elenco deve sentir a perda de dois nomes importantes. O experiente atacante Ivan Kaviedes, que defendeu o Equador na Copa do Mundo e teve passagens por Itália, Espanha, Argentina e México, trocou os emelexistas pelo El Nacional. Para piorar, seu colega de ataque, o avante argentino Luis Miguel Escalada, artilheiro da última temporada equatoriana com 29 gols, foi para a LDU Quito. Não é apenas no mercado que o Emelec está em desvantagem em relação às equipes da capital equatoriana. Por ter sede em Guaiaquil, os Eléctricos são um dos poucos times do país que não tem a vantagem de usar a altitude dos Andes – na primeira divisão, apenas o rival Barcelona está na mesma condição. Pelo contrário: a altitude média da “Pérola do Pacífico” – míseros 4 m – é
uma das menores dentre as cidades que receberão a Libertadores. Enfim, para o Emelec, do técnico Carlos Torres, tentar chegar perto de sua melhor participação na Libertadores – as semifinais de 1995, quando caíu diante do Grêmio de Felipão –, será preciso os jovens jogadores do time se desdobrarem e derrotarem o favoritismo de brasileiros e argentinos na chave. Quem sabe, assim, os Eléctricos voltem a brilhar na América.
O Emelec dificilmente passará pelos favoritos Inter e Vélez
Club Sport Emelec Estádio: George Capwell (25.000 lugares) Altitude de Guaiaquil: 4 m Como se classificou: 3º colocado no Campeonato Equatoriano, em 2006 Principais títulos: 10 Campeonatos Equatorianos Melhor participação na Libertadores: semifinalista, em 1995 Site: não tem Apelidos: Eléctricos, Millonarios 2°12’24.46” S 79°53’37.63” W
você sabia... ...que o Emelec foi fundado para a prática de esportes tradicionais dos Estados Unidos? Na década de 1920, a Empresa Eléctrica del Ecuador era comandada pelo norte-americano George Capwell, que decidiu fundar um clube para praticar seus esportes preferidos: beisebol, basquete, atletismo e natação. Após muita pressão dos demais associados, o futebol foi incorporado.
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STR New/Reuters
por Gustavo Hofman
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4 Vélez Sársfield por Carlos Eduardo Freitas
V, de vingança
Favorito em 2006, Vélez passou fácil pelo Danubio
venceu as cinco primeiras partidas e logo despontou como o time a ser batido. O bom desempenho no grupo 5, porém, não se confirmou na fase eliminatória. A equipe que não suportou a pressão de jogar contra o forte Chivas e caiu nas quartas-de-final. Desde então, muita coisa mudou pelos lados do Fortín, como é conhecido o clube. Ao final de 2006, a diretoria trocou de técnico com o Boca Juniors – Miguel Ángel Russo foi para a Bombonera, e Ricardo La Volpe chegou ao José Amalfitani –, o que de cara agradou aos torcedores. La Volpe tem como características principais a formação de jogadores e a implementação de esquemas ofensivos. Não raramente, faz valer como treinador o apelido dos tempos de goleiro do San Lorenzo, nos anos 1970, quando era chamado de “louco” por ficar avançado e gostar de sair jogando com a bola nos pés. Seus esquemas táticos favoritos são o 3-4-3 e o 5-2-3, que não é nada mais que uma variação do primeiro, com os
Club Atlético Vélez Sársfield Estádio: José Amalfitani (49.540 lugares) Altitude de Buenos Aires: 25 m Como se classificou: 5ª melhor campanha na temporada 2005/6 Principais títulos: 1 Mundial de Clubes, 1 Copa Libertadores e 6 Campeonatos Argentinos Melhor participação: campeão, em 1994 Site: www.velezsarsfield.com.ar Apelido: Fortín 34º38’07.12” S 58º31’15.30” W
você sabia... ...que o uniforme original do Vélez Sársfield não tinha o “V” azul no peito? Entre 1910, quando foi fundado, e 1933, a camisa era toda branca, por ser mais barata de confeccionar. Em 1933, um comerciante ofereceu um lote com o famoso “V”, que tinha sobrado de um time de rúgbi. Os dirigentes gostaram, e o resto é história.
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alas postados mais atrás. O ex-treinador da seleção mexicana gosta também de pressionar o adversário no ataque, provocando erros na marcação rival. Comparado aos outros argentinos que disputam a Libertadores, o Vélez investiu pouco em reforços. O time aposta muito em suas categorias de base – e por isso La Volpe se encaixa tão bem na filosofia do clube. A grande aposta do Fortín é o atacante Mauro Zárate, que completa 20 anos em março e marcou o primeiro gol do clube na pré-Libertadores, contra o Danubio. A seu lado, também no ataque, joga Lucas Castromán, outro dos pontos de referência da equipe do “V”. Na retaguarda, o goleiro Gastón Sessa, o zagueiro Hernán Pellerano e o volante Maximiliano Bustos são os responsáveis por carregar o piano e permitir que o Fortín consiga fazer valer o status de favorito tão alardeado na temporada passada. A sede de vingança pelo tropeço de 2006 ainda está na boca de jogadores e torcedores.
elenco
Cézaro De Luca/EFE
Ao final da primeira fase da Libertadores 2006, nem Internacional nem São Paulo eram considerados favoritos absolutos ao título. Com um futebol envolvente e eficiente, o Vélez Sársfield
Gastón Sessa Ezequiel Cacace Sebastián Peratta Mariano Uglessich Ariel Broggi Marco Torsiglieri Marcelo Bustamante Gastón Montero Leandro Coronel Hernán Pellerano Maximiliano Pellegrino Mario Méndez (MEX) Maximiliano Bustos Iván Fabianesi Damián Escudero Franco Razzotti Emiliano Papa Javier Robles Sergio Sena Ramón Ocampo Facundo Coria Lucas Castromán Mauro Zárate Gustavo Balvorín Sebastián Ereros
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15/4/1973 7/1/1984 1/11/1976 6/11/1979 15/1/1983 12/1/1988 17/2/1980 23/3/1986 10/2/1988 4/6/1984 26/1/1980 1/6/1979 5/1/1982 4/6/1979 20/4/1987 6/2/1985 19/4/1982 18/1/1985 25/8/1982 21/6/1986 28/5/1987 2/10/1980 18/3/1987 6/9/1977 14/4/1985
Técnico: Ricardo La Volpe
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Real Potosí por Ubiratan Leal
Para alguns clubes, enfrentar a altitude de Toluca, Cidade do México, Pasto e Cuzco assusta. Comparados com Potosi, porém, parecem locais inofensivos aos visitantes. A cidade ao sul da Bolívia, que foi uma das maiores das Américas no século XVII, está 3.967 metros acima do nível do mar. O clube da cidade, o Real Potosí, carrega o título de ser “o mais alto” em todas as primeiras divisões do continente. Esse “feito” é levado bastante em consideração na projeção da campanha potosina na Libertadores. A expectativa na Bolívia é que os Violetas obtenham bons resultados em casa e, assim, consigam ao menos lutar pela segunda vaga do grupo 5 nas oitavas-de-final. Foi mais ou menos isso o que ocorreu na única participação anterior do clube na competição, em 2002, quando venceu San Lorenzo e Peñarol (esse último por um humilhante 6 a 1) e teve chances de classificação até a última rodada. É claro que, para isso, o time tem de mostrar um pouco de futebol em cam-
Técnico: Félix Berdeja
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10/5/1982 8/11/1976 9/1/1978 21/10/1984 11/5/1976 6/4/1982 28/8/1988 28/10/1976 24/4/1985 20/2/1988 1/11/1979 29/11/1983 23/12/1973 29/7/1973 8/8/1977 9/12/1986 4/4/1988 15/11/1980 7/5/1980 9/3/1974 26/1/1978 8/9/1982 6/6/1972 2/12/1974
po. Para os padrões bolivianos, até que o Real Potosí é uma equipe interessante. O principal jogador da equipe é Líder Paz, ex-The Strongest que, pela seleção boliviana, já marcou gol no Brasil, nas eliminatórias da Copa de 2002. Experiente, o
elenco
Gustavo Gois de Lira (BRA) José Pablo Burtovoy (ARG) Hamlet Barrientos Edemir Rodríguez Oscar Vera (ARG) Santos Amador Gerardo Yecerotte Percy Colque Gerson García Ronald Eguino Luis Gatty Ribeiro Ever Barrientos (PAR) Nicolás Suárez Marco Paz Darwin Peña Edgar Muñoz Dino Huallpa Fernando Brandán (ARG) Eduardo Ortiz Franz Calustro Rubén Aguilera (PAR) Adrián Cuéllar Carlos Eduardo Monteiro Líder Paz
David Mercado/Reuters
Ninguém é tão alto atacante serve de referência e, sem trocadilho com o nome, é o líder do elenco. A presença de Paz é importante para suprir a saída da dupla Jara e Monteiro, que formou o melhor ataque do futebol boliviano, em 2006. A diretoria ainda contratou outros dois atacantes: Cuéllar e Aguilera. Na organização das jogadas a partir do meio-campo, destaca-se Darwin Peña. No setor defensivo, o principal destaque é Gatty Ribeiro. Rápido nos avanços pela direita, o lateral costuma criar boas jogadas pelas pontas e, eventualmente, fechar pelo meio. Para dar mais suporte aos laterais, o técnico Félix Berdeja tem montado o time com três zagueiros, dando cobertura a quem vai ao apoio do ataque. Os Violetas são tecnicamente inferiores a Flamengo, Paraná e Unión Maracaibo, demais integrantes do grupo. No entanto, se os bolivianos souberem usar a altitude para jogar com inteligência e velocidade, podem conseguir pontos surpreendentes – possibilidade que não tira do time a condição de azarão.
O Real Potosí conta com a altitude para, como em 2002, surpreender os favoritos
Club Bamin Real Potosí Estadio: Mario Mercado (18.000 lugares) Altitude de Potosi: 3.967 m Como se classificou: vice-campeão do Apertura 2006 Principais títulos: nenhum Melhor participação na Libertadores: primeira fase, em 2002 Site: não tem Apelidos: Violetas, León
19°34’43.48” S 65°45’41.43” W
você sabia... ...que os símbolos do Real Potosí homenageiam o Real Madrid? O clube teve o nome de “Bamin” entre 1941, ano de sua fundação, e 1987, quando foi comprado pelo espanhol Samuel Blanco. Torcedor fanático do Real Madrid, Blanco mudou o nome, o distintivo e a camisa do clube, para se parecerem com os dos Merengues. O futebol, porém...
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5 Flamengo Antonio Lacerda/EFE
por Gustavo Hofman
Flamengo mantém trabalho bem sucedido em 2006 para mostrar, na Libertadores, que não é apenas Obina
Ainda em construção Flamengo tem uma base definida, mas precisa amadurecer para sonhar com o título
P
or mais que a torcida do Flamengo insista em comparar Obina com Eto’o, brincadeira tem limite. Por isso, as expectativas em cima da participação do time na Libertadores devem ficar no campo da realidade, em que a história é bem diferente da imaginada pelos torcedores, apesar de o clube de fato ter um conjunto mais homogêneo que nos anos anteriores. O Flamengo retorna à principal competição sul-americana cinco anos depois de sua última participação, quando foi eliminado ainda na primeira fase. Agora, o intuito é ir longe na competição. O time comandado por Ney Franco trouxe poucos reforços para a temporada. A notícia mais comemorada pela torcida rubro-negra no começo do ano foi a permanência na equipe do meia Renato, maior destaque da Gávea, com potentes chutes de fora da área. Além dele, o time conta com jogadores que, sem estardalhaços, vêm crescendo desde o ano passado, como o goleiro Bruno, o volante Paulinho, o meia Renato Augusto e os laterais Juan e Leonardo Moura. A base é praticamente a mesma do ano passado, quando o time fez uma campanha mediana no Campeonato Brasileiro e
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surpreendeu ao conquistar a Copa do Brasil, batendo o arquirival Vasco na final, o que lhe garantiu a vaga na Libertadores. Com as chegadas de Moisés para a defesa, Juninho Paulista e Claiton para o meio e Souza para o ataque, o Flamengo ganhou qualidade e experiência, mas não se tornou do dia para a noite o time mais temido do mundo. Para a primeira fase, a tarefa flamenguista no Grupo 5 é tranqüila, já que irá enfrentar adversários de pouca expressão no cenário continental e de pouquíssima história no torneio. Nisso, a tradição do clube, campeão sul-americano em 1981, deve contar a favor. Para as fases seguintes, porém, o time pode sofrer com a falta de um elenco maior e de experiência internacional de algumas peças-chave. De qualquer modo, o Flamengo tem condições de fazer uma campanha digna. Ney Franco é um bom treinador, sabe armar a equipe e ganhou a confiança da torcida. Resta saber se essa torcida não vai perder de vista que a comparação de Obina com Eto’o é brincadeira e que o Rubro-negro, com todas as suas virtudes, não inicia a competição entre os principais favoritos.
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entrevista: Renato Augusto
“Maracanã terminado faz diferença” Revelação do Flamengo em 2006, Renato Augusto diz que Rubro-negro pode se impor em casa e que espera aprender com a disputa da Libertadores
por Ubiratan Leal
Técnico: Ney Franco
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23/12/1984 2/2/1982 17/12/1982 23/10/1978 25/7/1979 27/3/1983 6/2/1982 5/11/1982 13/6/1985 21/3/1984 25/4/1979 29/11/1975 20/11/1982 30/12/1975 25/1/1978 8/2/1988 9/6/1978 14/5/1981 19/4/1982 22/4/1985 22/3/1973 31/1/1983 4/3/1982 28/4/1977 26/10/1982
elenco
Bruno Diego Marcelo Lomba Leonardo Moura Moisés Irineu Juan Luizinho Gérson Magrão Rodrigo Arroz Thiago Ronaldo Angelim Marlon Paulinho Claiton Renato Augusto Renato Léo Medeiros Jaílton Leandro Salino Juninho Paulista Obina Souza Roni Leonardo
A última vez que o Flamengo disputou a Copa Libertadores foi em 2002. A campanha foi péssima: última posição do grupo, na primeira fase. Há uma cobrança extra para vocês irem melhor desta vez? A responsabilidade sempre existe, mas não tem nada a ver com 2002, e sim com o simples fato de estarmos no Flamengo. A Libertadores é o sonho de todo mundo que está dentro do clube, dos torcedores aos funcionários. O tratamento da torcida com o time mudou desde a classificação para a competição? Ah, desde então, sempre que estamos na rua, aparece um torcedor que aborda, incentiva e fala “vamos lá”. É o sonho da torcida também, e ela quer extravasar isso, vibrando junto com a gente. Para você, como é a expectativa de jogar a Libertadores pela primeira vez? É o sonho de qualquer jogador, não apenas pela importância da competição em si, mas porque vou passar por novas experiências. O ano passado foi muito bom, porque participei de uma final de Copa do Brasil contra o principal rival. Agora, aprenderei outras coisas, como encarar torcidas que ficam em cima da gente pressionando e jogar na altitude. Vocês pegam na primeira fase o Real Potosí, que tem o estádio mais alto de todo o torneio. Alguém disse algo a vocês sobre como é jogar nos Andes? Fazemos uma simulação de como é estar na altitude. Todo dia, ficamos uma hora com uma máscara respirando ar com menos oxigênio, para nos acostumarmos com a experiência de respirar lá.
Você sentiu algo diferente? Na primeira vez, fiquei meio tonto e com pressão um pouco forte no olho e na cabeça. A partir da segunda e da terceira seções, essa sensação foi diminuindo cada vez mais, até desaparecer. Nesse aspecto, foi bom o Paraná ter se classificado, em vez do Cobreloa? Sim, não apenas pela altitude, mas também pela viagem. Contra o Paraná, é necessário fazer uma viagem curta e rápida, não tem de pegar dois vôos para ir a outro país. No entanto, falando do ponto de vista técnico, o Paraná é um adversário complicado, com o qual devemos tomar muito cuidado. O Flamengo deve poupar jogadores no estadual? Depende muito de como o jogador está se sentindo no momento. Há quem agüente melhor uma maratona de partidas. Também depende se o jogo exigirá um ritmo mais intenso. O Ney Franco e a comissão técnica estão acompanhando isso, para saber quando será necessário mexer no time. Você conviveu com o Maracanã em obras, no ano passado, e já jogou com o estádio quase pronto, com as cadeiras azuis abertas. Para o time, isso pode fazer diferença na Libertadores? Isso já tem feito diferença. O torcedor fica muito perto do campo, e até dá para escutar o que eles falam. Mesmo no Estadual do Rio, com muito menos público do que imagino que tenha na Libertadores, a pressão ficou bem maior em cima do adversário. Vai ser bom para nós também fazermos pressão e nos impormos em casa.
Clube de Regatas Flamengo Estádio: Maracanã (103.405 lugares) Altitude do Rio de Janeiro: 2 m Como se classificou: campeão da Copa do Brasil em 2006 Principais títulos: 1 Mundial de Clubes, 1 Copa Libertadores, 5 Campeonatos Brasileiros e 2 Copas do Brasil Melhor participação na Libertadores: campeão, em 1981 Site: www.flamengo.com.br Apelido: Rubro-negro, Mengo 22°54’44.00” S 43°13’47.99” W
você sabia... ...que o Flamengo só virou rubro-negro por superstição? Na época da fundação, o clube era azul e amarelo, mas, com as derrotas constantes nas competições de remo (principal atividade do clube, no final do século XIX), os dirigentes acharam que as cores davam azar. Escolheram o preto e o vermelho por serem, segundo eles, tons mais fortes e aguerridos.
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5 Paraná Victor Ruiz Caballero/Reuters
por Gustavo Hofman
Vitória sobre o Cobreloa, em Calama, mostrou que o Paraná pode fazer um bom papel no cenário internacional
Surpreendente sempre Paraná desfaz time de 2006, mas, contrariando as previsões, manteve bom futebol
P
ara a maioria dos “entendidos” em futebol, o Paraná dificilmente manteria a boa campanha do Campeonato Brasileiro do ano passado até o fim e jamais se classificaria para a Libertadores. Mas o time conseguiu. Neste ano, na fase preliminar do torneio sul-americano, a maioria acreditava que a equipe não fosse superar o tradicional Cobreloa, na altitude de Calama, e chegar à fase de grupos. Mais uma vez, o Paraná surpreendeu e eliminou os chilenos. É nessa toada de surpresas que o time de Curitiba chega pela primeira vez à Libertadores. O elenco do ano passado foi praticamente e inexplicavelmente desmontado pela diretoria, que negociou os principais destaques (alguns com o Flamengo, agora rival sul-americano) e ainda perdeu o técnico Caio Júnior, que foi para o Palmeiras com alguns jogadores. Para seu lugar, veio Zetti, que, como técnico, ainda carrega somente as glórias da época de jogador – mas foi justamente a experiência do ex-goleiro do São Paulo na Libertadores (bicampeão, em
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1992/3) que influenciou a decisão do clube em contratá-lo. Além dele, os reforços foram poucos e desconhecidos. Para o grande público, destacam-se o habilidoso meia Dinélson, ex-Corinthians, e o atacante Vinícius Pacheco, que veio como sobra do Flamengo. Fora isso, os retornos dos zagueiros Aderaldo e Daniel Marques, que formaram na Vila Capanema a segunda defesa menos vazada do Brasileirão 2005, também são um alento, completado com a experiência e segurança do goleiro Flávio. De qualquer modo, a expectativa da torcida é de sofrimento constante, principalmente pelo 3-6-1 utilizado pelo técnico Zetti neste início de temporada. De qualquer modo, o Paraná já parece ter alcançado o mais difícil, que era chegar na fase de grupos do torneio. Na teoria, o que vier daqui para frente é lucro. No entanto, num grupo que inclui Real Potosí (apesar da altitude) e Unión Maracaibo, é possível os paranistas almejarem a classificação para as oitavas-de-final, desta vez sem serem a surpresa.
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entrevista: Flávio
“Na Libertadores, não adianta jogar bonito” Flávio diz que estilo de jogo paranista tem de mudar na competição sulamericana
por Carlos Eduardo Freitas
Técnico: Zetti
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17/12/1970 3/4/1982 28/12/1987 10/1/1986 11/7/1983 14/6/1977 15/6/1980 16/6/1986 27/10/1977 17/11/1984 15/3/1983 25/5/1986 13/2/1983 16/3/1973 29/3/1981 4/2/1986 20/5/1980 27/2/1986 20/10/1980 23/5/1984 27/9/1985 7/8/1980 11/5/1983 7/9/1980 6/1/1988
elenco
Flávio Marcos Leandro Gabriel Alex Daniel Marques Aderaldo Goiano Egidio Neguette João Paulo João Vítor Digão André Luiz Beto Gérson Dinélson Serginho Xaves Joélson Henrique Vinícius Pacheco Josiel Lima Zumbi Jeff
No elenco atual do Paraná, você é um dos poucos que têm experiência de disputar Libertadores. Como você encara a competição? Pois é, joguei duas vezes, em 2000 e em 2002, ambas pelo Atlético-PR, e gostei bastante. É uma competição diferenciada, de que todo mundo quer participar – tanto que todos no elenco estão bastante motivados e ansiosos pelo começo da nossa participação. Qual a diferença em relação aos outros torneios? É uma competição diferente de qualquer outra, principalmente por jogarmos contra equipes de outros países. Por exemplo, as partidas exigem mais contato físico. Aí está a grande diferença: aqui no Brasil, em qualquer toquinho no jogador, o juiz marca falta. Nessas competições sul-americanas, não: os árbitros deixam as jogadas correr e não param muito. Raramente marcam faltas. Por isso, não adianta querer jogar bonito, enfeitar os lances. Tem de fazer o necessário para vencer as partidas. Quem você considera que são os favoritos à conquista do título? Diria que o São Paulo, o Inter, o Grêmio e poucas outras equipes. Por ser a estréia do Paraná na competição, até onde você acha que a equipe pode chegar? Nosso primeiro objetivo é passarmos da primeira fase e, no mínimo, chegar às oitavasde-final. A partir daí, a história é outra, porque a Libertadores é uma competição curta, com mata-mata. Tudo pode acontecer. É só pegar
o exemplo do Atlético-PR, em 2005. Não eram favoritos, passaram da primeira fase e, contra qualquer expectativa, chegaram à final, contra o São Paulo. O Paraná é um time que tem uma pegada forte e joga bem compacto. Acho que começamos o ano fazendo boas partidas e temos totais condições de surpreender. Por ser uma chance rara para muitos jogadores, temos de aproveitá-la bem. O Paraná foi uma das grandes surpresas do último Brasileirão. Muito por conta disso, saíram o técnico e diversos jogadores. Isso não diminuiu as chances da equipe? Olha, para falar a verdade, dos titulares do ano passado sou um dos poucos que sobraram. Por outro lado, quem chegou, chegou bem. Mudou praticamente tudo, mas acho que, pelo que vi neste começo de ano, estamos bem e temos condições de fazer um bom papel. Após a saída do Caio Júnior, a diretoria trouxe o Zetti, uma pessoa que tem uma importante história na Libertadores. A experiência dele tem ajudado vocês? Sem dúvida que tê-lo aqui nos ajuda. O Zetti tem conversado bastante com os jogadores, tem sempre deixado claro que, por se tratar de Libertadores, precisamos ter mais pegada, garra e determinação, coisas que sempre fazem a diferença, numa competição desse tipo. Ele faz sempre questão de dizer que jogar bonito não vai adiantar nada, nesta competição. Temos de jogar feio e ganhar.
Paraná Clube Estádio: Vila Capanema (20.083 lugares) Altitude de Curitiba: 934 m Como se classificou: 5º colocado do Campeonato Brasileiro Principais títulos: nenhum Melhor participação na Libertadores: estréia na competição Site: www.paranaclube.com.br Apelido: Tricolor
25º26’22.75” S 49º15’19.50” W
você sabia... ...que o Flamengo, adversário no grupo 5, apesar de ser muito mais tradicional, é freguês paranista? Até hoje, foram 17 confrontos entre as equipes, com dez vitórias do Paraná, três empates e apenas quatro triunfos rubro-negros. Destaque para o 6 a 2 aplicado em 2003 pelo Tricolor da Vila.
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5 Unión Maracaibo por Ubiratan Leal
Será desta vez?
Chegar às oitavas estaria de bom tamanho para o UAM
único membro da Conmebol que não tem o futebol como esporte mais popular, o time da capital venezuelana do petróleo já mostrou no cenário internacional que pode, ao menos, ser um adversário bastante incômodo. Em suas duas participações na Libertadores, o resultado foi bastante digno. Em 2004, foi segundo no grupo 2, atrás apenas do Once Caldas (que se tornaria campeão) e à frente do Vélez Sársfield. Os Azulgranas só não chegaram às oitavas-de-final porque, naquele ano, alguns segundos colocados teriam de disputar uma repescagem, em jogo único, no qual caíram diante do mais experiente Barcelona, em Guaiaquil. Em 2006, os marabinos seguraram o Internacional na Venezuela e ficaram a um ponto da classificação. Para 2007, a expectativa é repetir esse desempenho. A base da temporada passada foi mantida, com jogadores de experiência internacional. O mais conhecido é o goleiro Angelucci, de 39 anos e com passagem pelo San Lorenzo.
Unión Atlético Maracaibo Estádio: José Pachencho Romero (35.000 lugares) Altitude de Maracaibo: 6 m Como se classificou: campeão do Apertura 2005 Principais títulos: 1 Campeonato Venezuelano Melhor participação na Libertadores: segunda fase, em 2004 Site: www.uamaracaibo.org Apelidos: UAM, Azulgrana 10°40’25.74” N 71°38’41.96” W * nessa região, não há aproximação suficiente no Google Earth
você sabia... ...que o clube “comprou” sua vaga na primeira divisão? No final de 2001, o Unión foi terceiro colocado na Segundona e não teria direito à promoção. No entanto, o Zulianos, campeão do torneio, não tinha condições de investir para montar um time para a elite e negociou sua vaga com o clube marabino.
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Hoje, porém, o maior destaque é Mea Vitali, volante que defendeu Lleida, Argentinos Juniors e Lazio. Dono de grande espírito de liderança, o jogador só peca por confundir um pouco marcação forte com violência. Outros nomes que merecem atenção são o meia Urdaneta, da seleção venezuelana e com passagens por vários clubes suíços, o zagueiro Bovaglio, que também atuou na Argentina, e o atacante Cásseres, ex-Atlas. Mesmo sendo um dos poucos jogadores do Unión Maracaibo que ainda não atuaram fora da Venezuela, o lateral-direito Vallenilla cresceu muito na última temporada e é uma figura importante da equipe. Com um grupo experiente e acostumado a partidas internacionais, os marabinos devem ser os principais adversários de Flamengo e Paraná na primeira fase. Se forem menosprezados, podem protagonizar uma grande surpresa e, depois de passar perto duas vezes, chegar pela primeira vez às oitavas-de-final.
elenco
Gabriel Rivera/EFE
Em princípio, não há muitos motivos para temer um clube venezuelano fundado em 2001, como o Unión Maracaibo. No entanto, essa primeira impressão é enganosa. Apesar de ser novo e vir do
Gilberto Angelucci Manuel Sanhouse Alexis Angulo Renier Rodríguez Rafael Mea Vitali Julio César Machado Juan Fuenmayor Luis Vallenilla Lucas Bovaglio (ARG) Elvis Martínez Dickson Díaz Rubén Galván (ARG) Pedro Fernández Guillermo Beraza (ARG) Miguel Mea Vitali Gabriel Urdaneta Vicente Suanno Wilton Almeida Darío Figueroa (ARG) Andrée González Julio Laffatigue (ARG) Orlando Ballesteros (COL) Daniel Arismendi Emilio Rentería Cristian Cásseres
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7/8/1967 16/7/1975 21/2/1984 25/3/1984 16/2/1975 19/6/1982 5/9/1979 13/3/1974 19/4/1979 4/10/1970 4/3/1980 27/2/1977 27/6/1977 25/10/1975 19/2/1981 7/1/1976 1/1/1983 5/4/1981 13/2/1978 30/6/1975 23/2/1980 24/10/1975 4/7/1982 9/10/1984 29/6/1977
Técnico: Jorge Pellicer (CHI)
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LDU
por Gustavo Hofman
A Liga Deportiva Universitária de Quito, ou simplesmente LDU Quito, tem sido a equipe equatoriana de maior destaque no futebol sul-americano, nos últimos anos. Vai para sua quarta participação seguida na Libertadores e, na edição passada, foi a única equipe que conseguiu derrotar o campeão Internacional. No entanto, uma briga campal diminuiu consideravelmente as chances do time neste ano. Na última rodada do hexagonal final do Campeonato Equatoriano, no fim de 2006, LDU e Barcelona de Guayaquil promoveram uma briga generalizada, que resultou na suspensão de vários jogadores dos dois times e na ida de alguns para o hospital. Pela LDU, foram sete atletas suspensos, alguns da seleção nacional: Espinoza (dois meses), Borja (dois meses), Urrutia (quatro meses), Campos (seis meses), Delgado (um ano), Palacios (um ano) e Espínola (um ano).
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26/9/1979 2/1/1983 5/6/1987 13/10/1978 4/4/1973 6/5/1979 19/7/1984 14/10/1980 12/5/1972 15/10/1977 27/4/1980 21/5/1986 12/11/1987 30/8/1981 26/10/1986 16/12/1988 15/9/1984 10/3/1979 21/7/1986 8/8/1984 27/2/1986 30/8/1981 28/4/1985 27/3/1985 20/6/1986
elenco
Cristian Mora Luis Pretti Alexander Domínguez Norberto Araujo (ARG) Rolando Jácome Arlin Ayoví Jairo Campos Paul Ambrossi Alfonso Obregón Patricio Urrutia Christian Lara Pedro Larrea Víctor Manuel Chalá Luis Alberto Ortiz Diego Calderón Jhonatan Monar Orlando Ayoví Enrique Vera (PAR) Jonathan Villalva José Nicolás Vizcarra (ARG) Luis Miguel Escalada (ARG) Franklin Salas Joffre Guerrón Luis Alberto Bolaños Ángel Pután
A direção do clube tenta, na Justiça, conseguir a liberação dos jogadores, mas já vendeu alguns para o exterior. Com isso, os Universitários tiveram que se reforçar ainda mais para este ano. A principal contratação foi o atacante argentino Luis Escalada, artilheiro da última temporada equatoriana, com 29 gols marcados pelo Emelec, e esperança da torcida em 2007. Mesmo com as suspensões, o time ainda conta com vários jogadores da seleção equatoriana, uma das sensações da última Copa do Mundo, casos do goleiro Cristian Mora e do meia Paul Ambrosi. Para complicar um pouco mais a vida da LDU, o time, após superar o Tacuary, do Paraguai, na fase preliminar da Libertadores, caiu num grupo que tem River Plate, um dos favoritos ao título, e Colo Colo, com potencial de surpresa da competição. Pelo menos o Caracas, que completa o quarteto da chave, não põe medo.
Andrés Cristaldo/EFE
Desfalcada desde o início
Resta à LDU pensar em jogar futebol, para que as chances de o time avançar aumentem. A tarefa não será fácil, mas os 2.850 metros de Quito sempre serão uma vantagem muito importantes nos jogos em casa, onde o time precisa fazer os resultados, para buscar empates pela América do Sul.
Urrutia, da seleção equatoriana, é destaque da LDU
Liga Deportiva Universitaria de Quito Estádio: Casa Blanca (55.400 lugares) Altitude de Quito: 2.850 m Como se classificou: vice-campeão equatoriano de 2006 Principais títulos: 8 Campeonatos Equatorianos Melhor participação na Libertadores: semifinalista, em 1975 e 1976 Site: www.clubldu.com Apelidos: Albos, Universitarios
0º06’27.00” S 78º29’20.00” W
você sabia... ...que o primeiro título nacional conquistado pela LDU no profissionalismo foi ganho em 1969, e que o grande ídolo do time naquela época era um brasileiro, o meia-atacante José Gomes Nogueira? Até hoje, ele é totalmente desconhecido no Brasil.
Técnico: Edgardo Bauza (ARG)
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6 River Plate Martín Zabala/EFE
por Carlos Eduardo Freitas
River Plate confia no oportunismo do atacante Farías
Hora de voltar a ser grande Há mais de dois anos sem comemorar um título, os Millonarios começam bem 2007
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o ano passado, mesmo sem saber o que esperar do time em campo, era comum ouvir que o River Plate era favorito à conquista da Libertadores. Afinal, foi vice em 1966 e 1976 e campeão em 1986 e 1996 – e estávamos em 2006, um ano terminado em 6. A superstição por pouco não se confirmou. Depois de uma primeira fase sem grande brilho, os Millonarios passaram pelo Corinthians e chegaram às quartas-de-final com banca de que arrancariam rumo à decisão. Ledo engano: caíram diante do Libertad, do Paraguai. O mesmo tipo de bobeada no final pôde ser visto no Apertura 2006, quando o time terminou na terceira colocação, seis pontos atrás de Boca e Estudiantes. Essa sina de “amareladas” tem acompanhado o time desde o Clausura 2004, quando o clube conquistou seu último troféu. Ao que tudo indica, porém, a torcida tem motivos para acreditar que 2007 será o ano de La Banda, apelido do clube pela faixa vermelha que cruza o peito na camisa da equipe. Nos “Torneos de Verano”, o River conquistou o pentagonal que envolve os cinco principais times do país, vencendo todos os quatro rivais e, principalmente, com um 2 a 0 sobre o Boca
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Juniors, sob os gritos de “olé” da torcida. Semanas depois, voltou a bater o rival na Copa Revancha, nos pênaltis, depois de empatar por 1 a 1 com dois jogadores a menos em campo. Mais importante que esses bons resultados na pré-temporada é o processo de renovação da equipe promovido por Daniel Passarella. O clube perdeu jogadores para o futebol europeu, caso de Higuaín (Real Madrid), Gallardo (Paris SaintGermain), Lucas Merenque (Porto) e Germán Lux (Mallorca). Por outro lado, com o dinheiro dessas transferências, a equipe de Núñez foi quem mais se reforçou entre seus compatriotas. Na principal transação, repatriou o volante Leonardo Ponzio, cuja tarefa será devolver à equipe a estabilidade dos tempos em que Javier Mascherano era o camisa 5. Além disso, os Millonarios contam com a volta de Radamel Falcao Garcia, recuperado de uma contusão que o afastou dos gramados nos últimos meses. Há muito tempo sem comemorar um título, tanto as contratações quanto o bom começo de ano dão motivos de sobra para a torcida acreditar que esta pode, enfim, ser a chance de o River voltar a brilhar – e, desta vez, sem superstições bobas.
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entrevista: Passarella
“Precisamos ganhar um título” Passarella reconhece que o River precisa levantar algum troféu neste ano e diz que jogadores e comissão técnica não têm desculpa, desta vez
por Antonio Vicente Serpa
26/3/1980 6/5/1984 10/11/1982 27/12/1985 6/9/1982 7/3/1979 31/7/1974 14/1/1974 13/8/1976 25/3/1983 4/1/1982 10/4/1986 19/3/1982 10/9/1983 8/4/1985 31/8/1982 3/1/1985 1/1/1984 20/1/1979 4/3/1974 29/1/1982 29/5/1980 26/10/1986 10/2/1986 5/1/1988
rosa, pois tínhamos grandes expectativas. Pelo menos naquele caso, temos pouco do que nos queixar, porque o Libertad foi superior e ganhou com justiça. Para 2007, temos de ser otimistas. Você está otimista? Sempre penso positivamente. Estou contente com o elenco que tenho, pois chegaram Rivas, Ponzio, Ruben, Villagra. Não temos nenhuma desculpa, porque os dirigentes fizeram um trabalho muito bom e trouxeram os jogadores que pretendíamos. É um dos melhores elencos da Argentina? Sim, mas que não nos coloquem o rótulo de favorito. Temos de ir aos poucos, ver o que acontece dentro de campo. Ter à disposição 30 jogadores de nível não quer dizer necessariamente que tenhamos a melhor equipe. Você anda diferente do início de sua carreira como técnico, mais descontraído. Tem se divertido mais? Sempre me diverti, pois faço o que gosto. A diferença é que, antes, perdia a paciência rapidamente. Hoje, estou mais aberto. Isso não tem a ver com os resultados. O que não mudou no Passarella de hoje, depois de passar por Uruguai, Brasil, Itália e México? Minha essência. Outra coisa que não muda é o reconhecimento dos jogadores. Alguns com quem trabalhei no Uruguai ainda me telefonam, e os jogadores do Corinthians, quando nos enfrentamos, vieram me cumprimentar. Posso, às vezes, ser rígido com os jogadores, mas o faço porque não quero que cometam os erros que cometi.
Club Atlético River Plate Estádio: Monumental de Nuñez (65.645 lugares) Altitude de Buenos Aires: 25 m Como se classificou: 3ª melhor campanha na temporada 2005/6 Principais títulos: 1 Mundial de Clubes, 2 Copas Libertadores e 32 Campeonatos Argentinos Melhor participação: campeão, em 1986 e 1996 Site oficial: www.cariverplate.com.ar Apelidos: Millonarios, La Banda
*lista de jogadores não oficial
Técnico: Daniel Passarella
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elenco*
Bernardo Leyenda Juan Pablo Carrizo Juan Marcelo Ojeda Cristian Villagra Cristian Nasuti Danilo Gerlo Eduardo Tuzzio Federico Lussenhoff Federico Domínguez Nelson Rivas López (COL) Paulo Andrés Ferrari Augusto Fernández Diego Galván Fernando Belluschi Nicolás Domingo Oscar Ahumada René Martín Lima Rubens Oscar Sambueza Victor Eduardo Zapata Ariel Ortega Leonardo Ponzio Ernesto Antonio Farías Marco Gastón Ruben Radamel Falcao García (COL) Juan Ignacio Antonio
Desde 2004, o River Plate não ganha nada. Dá para sentir a pressão por conquistar algum título? Se fosse um técnico novo, talvez até sentiria, mas, entre as carreiras de jogador e técnico, tenho 15 anos de River Plate. O pessoal aqui se sente bem comigo, até porque cheguei num momento difícil, e a torcida reconheceu que jogamos bem. Tudo bem que eu quero que o torcedor do River se entusiasme com a essência da equipe, mas... Mas, agora, vocês têm de ganhar algo. Mais que uma promessa, é uma obrigação? Claro, temos que ganhar algo neste semestre. É verdade que, ao final de 2006, você disse a seus jogadores: “Chega de ver os outros festejar!”? Claro! Quem gosta de perder? Não gosto de perder nem para meu filho, numa pelada nas férias. A prioridade do River será o Clausura ou a Libertadores? Por estarmos falando de River Plate, no início entraremos para vencer as duas competições. Talvez depois, no decorrer do semestre, tenhamos de escolher uma. No ano passado, começamos preocupados com o campeonato local e depois mudamos para a Libertadores. No final, ficamos sem nada. Por isso é que temos de pensar bem. O que acontece com o River nesse sentido? Contra o Libertad, quando vocês caíram na Libertadores de 2006, havia um clima estranho... Prefiro não entrar em detalhes. Tivemos problemas com jogadores que não estão mais no elenco, mas isso já passou. Admito que foi uma derrota dolo-
34º32’42.80” S 58º26’59.05” W
você sabia... ...que o “aristocrático” River Plate foi fundado no bairro portuário da Boca? Em seu site oficial, o clube não cita o nome da região ligada ao rival, apenas diz que nasceu “às margens do Riachuelo”. Só que o citado rio fica... na Boca. Posteriormente, o clube mudou-se para o bairro de Palermo e, mais tarde, para Belgrano.
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6 Colo-Colo por Ubiratan Leal
Os favoritos de plantão à Copa Libertadores vêm de Brasil, Argentina e México. Dificilmente o título fugirá de um desses países – o que não significa que, dentro de certos limites, não haja margem para equipes de centros menores brilharem. Nesse contexto, o candidato mais forte a agradável surpresa da competição é o Colo-Colo. O currículo justifica tal expectativa. Em 2006, o Cacique conquistou os dois torneios do Campeonato Chileno. Mais que isso, causou impacto no cenário internacional durante a Copa Sul-Americana, quando passou com autoridade por argentinos (Gimnasia La Plata) e mexicanos (Toluca), antes de chegar à final – a qual perdeu para o Pachuca. O que mais impressiona no time dirigido pelo técnico argentino Claudio Borghi (que, como jogador, foi campeão da Libertadores de 1985, pelo Argentinos Juniors, conquistou a Copa do Mundo de 1986 e teve passagem apagada pelo Flamengo) é o estilo. O Colo-Colo apresenta um jogo rápido e insinuante, sobretudo quando parte para
contra-ataques mortais. Desse modo, as principais figuras naturalmente estão no ataque. Matías Fernández, candidato a craque da equipe, foi vendido ao Villarreal como her-
Club Social y Deportivo Colo-Colo Estádio: Monumental David Arellano (62.500 lugares) Altitude de Santiago: 540 m Como se classificou: campeão do Apertura e do Clausura 2006 Principais títulos: 1 Copa Libertadores, 25 Campeonatos Chilenos e 10 Copas do Chile Melhor participação na Libertadores: campeão, em 1991 Site: www.colocolo.cl Apelidos: Cacique, Albos 33º30’23.00” S 70º36’21.00” W
você sabia... ...que David Arellano, fundador e primeiro grande jogador do Colo-Colo, morreu em decorrência de um acidente durante um jogo? O clube enfrentava o Valladolid, em uma excursão à Espanha. Depois de um choque com um adversário, Arellano contundiu-se gravemente no abdômen. A lesão transformou-se em peritonite, que acabou levando à morte.
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deiro de Riquelme. No entanto, a torcida não ficou órfã de talento, pois o criativo Alexis Sánchez, de 18 anos, e o artilheiro Humberto “Chupete” Suazo, de 25 anos, continuam em Macul. O meio-campo também tem estrutura, com o experiente – e por vezes violento – Meléndez na marcação, ao lado de Sanhueza e Millar. O único setor em que há problemas mais graves é a defesa. Cejas – filho do ex-goleiro santista – é um guarda-metas seguro, e Vidal, um zagueiro promissor. No entanto, o esquema de jogo ousado sacrifica demais a linha defensiva. É um time forte o suficiente para passar da primeira fase, mesmo com o favorito River Plate e a perigosa LDU pelo caminho. Se chegarem às fases de mata-mata, os colocolinos terão de vencer um obstáculo imprevisível: sua própria inexperiência internacional. A Copa Sul-Americana serviu como ensaio, mas, ao mesmo tempo, mostrou como a equipe sentiu o peso da responsabilidade de decidir em casa um torneio quase ganho. A Libertadores não perdoa esse tipo de atitude.
elenco
Objetivo do Colo-Colo é repetir o bom desempenho da Copa SulAmericana
Marco Mesina/EFE
Candidato a surpresa
Sebastián Cejas (ARG) José González Rainer Wirth Richard Leyton Arturo Vidal Bastian Arce David Henríquez Gilberto Velásquez (PAR) Gonzalo Jara Luis Mena Miguel Riffo Boris González Giovanni Hernández (COL) Arturo Sanhueza José Luis Jerez Juan Pablo Arenas Moisés Villarroel Kalule Meléndez Rodrigo Millar Alexis Sánchez César Reyes Gonzalo Fierro Humberto Suazo Juan Lorca Edison Giménez (PAR)
G G G G D D D D D D D M M M M M M M M A A A A A A
21/04/1975 2/12/1989 25/10/1982 25/1/1987 22/5/1987 17/8/1989 12/7/1977 11/3/1983 29/8/1985 28/8/1979 21/6/1981 22/5/1980 16/6/1976 11/3/1979 26/6/1978 22/4/1987 12/2/1976 3/10/1977 3/11/1981 19/12/1988 22/6/1988 21/3/1983 10/5/1981 15/1/1985 5/4/1981
Técnico: Claudio Borghi (ARG)
Guia da Copa Toyota Libertadores 2007
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Caracas por Ubiratan Leal
6
Quando conquistou o título do Apertura venezuelano, em dezembro, o Caracas tinha convicção de que sua equipe poderia fazer uma boa figura na Copa Libertadores. O time é competitivo e vinha ganhando solidez ao longo da temporada. No entanto, parte desse otimismo esvaiu-se depois da definição dos grupos da competição continental, que colocou três adversários difíceis no caminho dos Rojos. Uma das virtudes do Caracas é contar com um grupo homogêneo, com boas figuras nos diferentes setores do campo. No meio-campo, por exemplo, o volante Vera e o armador Guerra são da seleção venezuelana. O ataque tem a liderança do colombiano Carpintero, artilheiro da equipe em 2006. No entanto, o setor em que o time se destaca é a defesa. Praticamente toda a retaguarda do Caracas é composta por jogadores que atuam na seleção “vinotinto”. A zaga, que já contava com Rey, foi reforçada por Vizcarrondo. A dupla ainda precisa se entrosar para provar que é realmente segura, mas o potencial
12/10/1977 29/6/1976 31/5/1984 13/6/1981 3/7/1983 1/1/1984 28/6/1985 30/8/1978 20/2/1981 8/8/1976 9/3/1973 1/10/1982 17/5/1982 19/10/1984 9/7/1985 2/12/1986 2/1/1977 15/9/1977 16/2/1985 6/7/1984 23/8/1980 10/1/1988 2/9/1975 27/8/1976 1/10/1980
com a altitude de Quito. A saída seria aproveitar bem o mando de campo para se garantir em casa, mas até isso fica complicado. O futebol está em crescimento na Venezuela, mas está muito longe de ser o esporte mais popular do país. Com isso, raramente há jogos de clubes com mais de 15 mil torcedores presentes, mesmo em finais. A torcida do Caracas é uma das maiores do país, mas, no caso, isso significa pouco. O jeito é correr por fora e torcer para a sorte ajudar em campo, pois foi madrasta no sorteio das chaves.
Caracas precisará de um milagre para passar pelo seu grupo
Caracas Fútbol Club Estádio: Brígido Iriarte (20.000 lugares) Altitude de Caracas: 900 m Como se classificou: campeão do Clausura 2006 Principais títulos: 8 Campeonatos Venezuelanos Melhor participação na Libertadores: oitavas-de-final, em 1995 Site: www.caracasfutbolclub.com Apelido: Rojos del Ávila
*lista de jogadores não oficial
Técnico: Noel Sanvicente
G G D D D D D D D M M M M M M M M A A A A A A A A
é grande. O experiente goleiro Toyo foi o melhor do país, na última temporada Não é uma equipe fantástica, mas tem consistência para complicar os adversários na Libertadores e manter-se na luta pela classificação até o fim. O problema dos venezuelanos é que os adversários são nitidamente mais fortes. O River Plate é um dos favoritos ao título e deve ficar com uma das vagas nas oitavas-definal. O Caracas lutaria, assim, pela segunda vaga, com o bem montado ColoColo e com a perigosa LDU, que conta
elenco*
Javier Toyo Euro Guzmán Oswaldo Vizcarrondo Daniel Godoy Edder Pérez Giovanny Romero Raúl González Leonel Vielma Franklin Lucena Weymar Olivares (COL) Luis Vera César González Bremer Piñango Edgar Jiménez Alejandro Guerra Ronald Vargas Pedro Depablos Wilson Carpintero (COL) Ever Espinoza Jorge Casanova Miguel Romero Irving Anton Rafael Castellín Iván Velásquez (COL) Habynson Escobar (COL)
Chico Sanchez/EFE
Maldito sorteio
10°28’58.65” N 66°56’31.10” W
você sabia... ...que o Caracas está construindo o primeiro estádio particular específico para a prática do futebol da Venezuela? O Cocodrilos Sports Park tem capacidade para 3 mil pessoas e, com as ampliações previstas, deve chegar a 15 mil.
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7 Boca Juniors Iván Franco/EFE
por Carlos Eduardo Freitas
Ataque poderoso é a principal arma do Boca para reconquistar a América
Levantando-se do tombo Ausentes da última edição, Xeneizes trazem Riquelme de volta para retomar a hegemonia
E
m setembro de 2006, o Boca Juniors superou o São Paulo com autoridade e conquistou a Recopa Sul-Americana. Naquele momento, o clube – então bicampeão argentino – aparecia como pré-candidato ao título da Libertadores, torneio do qual os Xeneizes ficaram de fora no ano passado. Depois disso, porém, pouca coisa deu certo em La Bombonera. Alfio Basile foi para a seleção argentina, Ricardo La Volpe assumiu, e o time perdeu o rumo: deixou escapar um título nacional que parecia ganho e teve de trocar mais uma vez de comandante. Sob a direção de Miguel Ángel Russo, ex-Vélez Sársfield, os boquenses precisam recuperar-se do trauma da perda do Apertura 2006, que ainda ronda o clube. Mesmo tendo perdido poucos jogadores importantes desde a saída de Basile – o mais significativo foi Gago, hoje no Real Madrid –, o time não lembra nem um pouco aquela equipe aguerrida e combativa, que simplesmente não deixou o São Paulo jogar. Prova disso foi o fraco desempenho do time nos famosos “Torneos de Verano” (espécie de pré-temporada de luxo dos clubes argentinos), em que tropeçou duas vezes diante do arqui-rival River Plate. Se a busca por reforços parecia uma obrigação, a resposta foi
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rápida e em alto nível: Juan Román Riquelme chegou, emprestado por seis meses pelo Villarreal. Ídolo “xeneize” e principal responsável pela conquista dos títulos de 2000, 2001 e 2003, ele volta como a grande esperança boquense para uma retomada – sobretudo por reencontrar seu amigo Martín Palermo, com quem formou uma parceria vitoriosa no passado. O setor ofensivo, aliás, é a grande força do Boca Juniors para sua 20ª participação na competição. Além de Palermo, que, por mais criticado que seja, sempre faz gols, a equipe ainda tem em seu elenco Guillermo Schelotto, lenda “xeneize”, Bruno Marioni, que volta à Argentina após boa passagem pelo México, e os promissores Rodrigo Palacio e Mauro Boselli. Os demais setores também contam com bons valores, como Ibarra, Clemente Rodríguez, Battaglia e Orteman. Pelo simples fato de ter a seu favor um estádio como La Bombonera, que intimida qualquer adversário, o Boca deveria ser considerado favorito de antemão. Cabe a Miguel Ángel Russo conseguir tirar proveito dos bons jogadores que tem à disposição, para que os Xeneizes se consagrem como grandes campeões sul-americanos da década.
Guia da Copa Toyota Libertadores 2007
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entrevista: Schelotto
“Enfrentar brasileiros é colocar em jogo o orgulho de ser o melhor” Remanescente do Boca de Carlos Bianchi e tricampeão da Libertadores, Schelotto fala sobre o gosto de jogar contra times brasileiros
por Antonio Vicente Serpa
Técnico: Miguel Ángel Russo
20/4/1976 31/7/1978 27/1/1982 25/9/1984 2/2/1978 1/4/1974 13/7/1979 19/5/1988 29/4/1985 31/7/1981 24/12/1987 8/11/1980 4/2/1984 24/6/1978 2/2/1981 29/11/1978 8/8/1986 19/5/1984 29/6/1988 4/5/1973 7/11/1973 15/6/1975 5/2/1982 22/5/1985 14/2/1985
elenco
Aldo Bobadilla (PAR) G Mauricio Caranta G Pablo Migliore G Matías Silvestre D D Claudio Morel (PAR) Hugo Ibarra D Daniel Díaz D Santiago Villafañe D Jonatan Maidana D Clemente Rodríguez D Matias Cahais D Sebastián Battaglia M Pablo Martín Ledesma M Juan Román Riquelme M Guillermo Marino M M Sergio Orteman (URU) Neri Raúl Cardozo M Alberto Datolo M Ever Banega M Guillermo Barros Schelotto A Martín Palermo A Bruno Marioni A Rodrigo Palacio A Mauro Boselli A Marcos Mondaini A
O Boca é candidato ao título? Claro! Somos favoritos pela qualidade do elenco, que está entre os melhores das Américas – ainda mais agora, que o Riquelme chegou. Diria que nós somos também favoritos ao Campeonato Argentino, que queremos ganhar depois de perder para o Estudiantes, no ano passado. Só acho que, em determinado momento, teremos de escolher entre a Libertadores e o Clausura. Aí, o Boca tem uma preferência especial pela Libertadores. Isso serve também para o Inter, que chega como campeão, e para o São Paulo. As equipes brasileiras não estão um pouco melhor? Diria que brasileiros e argentinos estão pau a pau, dependerá do momento de cada equipe. O Inter, por exemplo, dava mostras de que ganharia o título havia algum tempo. A conquista do São Paulo também era esperada. Assim, será campeã a equipe cujos jogadores tiverem o melhor rendimento no momento de definir – e creio que Boca e River são tão favoritos quanto os brasileiros. Dá para apontar outros favoritos? Os mexicanos deram um passo importante, ao vencer a Copa Sul-Americana. Eles iam bem nas competições, mas tropeçavam nos momentos finais. O Colo-Colo, vice-campeão da Sul-Americana, também merece respeito. Só precisamos ver como se sairão sem Matías Fernández. Foi estranho não estar na Libertadores em 2006? E como! Acompanhamos pela TV e sempre nos perguntávamos: “Por que não estamos lá?” Agora,
comentamos que não podemos deixar passar esta oportunidade. Podemos até encontrar uma equipe de primeiro nível que nos vença, mas temos certeza de que daremos nosso máximo até o final. Você acha que o Boca é mais respeitado depois das conquistas dos últimos anos? Claro! Nossos adversários nos respeitam muito mais por isso. Os próprios brasileiros têm um respeito acima da média pela gente, pois o Boca ganhou várias vezes no Brasil – e de adversários importantes, como o Flamengo, no Maracanã, São Paulo, Palmeiras e Santos, no Morumbi, o Vasco, no Rio… Lembro-me que o Vasco, em 2001, tinha um recorde impressionante, de mais de 30 partidas invicto. Ganhamos o jogo de ida, por 1 a 0, e o de volta, por 3 a 0. Tudo isso influi. Para os adversários, jogar contra o Boca não é o mesmo que contra um time qualquer. Você, particularmente, costuma ir bem contra as equipes brasileiras. Fez gols no Vasco e marcou três contra o Paysandu, em Belém. O que acontece? Contra os brasileiros, há uma motivação especial. São clássicos, partidas diferentes, em que está em jogo o orgulho de ser o melhor – o que não ocorre contra outras equipes sul-americanas. Quando um clube argentino enfrenta um brasileiro é como se jogassem Argentina e Brasil. Não digo que os torcedores de outras equipes argentinas fiquem do lado do Boca, por exemplo, porque não é assim. Mas os jogadores envolvidos sentem algo diferente, mais global.
Club Atlético Boca Juniors Estádio: La Bombonera (49.000 lugares) Altitude de Buenos Aires: 25 m Como se classificou: campeão do Apertura 2005 e do Clausura 2006 Principais títulos: 3 Mundiais de Clubes, 5 Copas Libertadores, 2 Copas Sul-Americanas e 22 Campeonatos Argentinos Melhor participação: campeão, em 1977, 1978, 2000, 2001 e 2003 Site oficial: www.bocajuniors.com.ar Apelidos: Xeneizes, Bosteros, Auriazules 34º38’08.07” S 58º21’53.23” W
você sabia... ...que em 2005, no ano de seu centenário, o Boca lançou uma camisa com uma faixa diagonal amarela, referente à que usava no início do século XX? Maradona chegou a dizer que aquilo era um absurdo, e o River Plate aproveitou, em seu site oficial, para cutucar o rival: “nós sabíamos que vocês queriam ser como a gente, mas não precisavam copiar a camisa”.
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7 Bolívar por Ubiratan Leal
Juntando os cacos
Cuéllar é um dos poucos remanescentes de 2006
a diretoria ainda conseguiu convencer alguns jogadores importantes a ficarem, mas, para 2007, não houve saída. A debandada foi grande, e sobrou pouca gente para evitar um vexame. Entre os que saíram, estavam Limberg Gutiérrez, Percy Colque, Gatty Ribeiro e Óscar Sánchez, principais figuras no histórico vice-campeonato da Copa SulAmericana de 2004 e do título boliviano de 2006. Para piorar, o experiente zagueiro Marco Sandy aposentou-se e virou o técnico da equipe. Com esse cenário, o clube teve de montar um elenco às pressas. A boa dupla de ataque Viglianti e Cuéllar ficou no Bolívar, assim como o goleiro Zayas e o meia Pachi. A essa base juntaram-se os meias Baldivieso, que disputou a Copa de 1994, e Flores, além de vários garotos que tentarão aproveitar a oportunidade para aparecer no cenário internacional. A preparação foi improvisada, com técnico novo, elenco em formação e ainda sem esquema tático definido. A
campanha na Copa Aerosur (torneio amistoso de pré-temporada, na Bolívia) foi fraca, com os Celestes ficando atrás de Oriente Petrolero e The Strongest, que nem na Libertadores estão. No Campeonato Boliviano, coisa rara, poucos arriscam colocar a Academia como candidata ao título. A situação anda tão ruim para o Bolívar que nem os 3.650 metros de altitude de La Paz, tábua de salvação quando o time é tecnicamente abaixo da média, devem ajudar. O Boca Juniors tem capacidade de vencer mesmo com dificuldades para oxigenar o corpo, e os demais adversários do grupo 7 – Cienciano e Toluca – também vêm de cidades no alto da montanha. Sem dinheiro, esquema de jogo nem a vantagem da altitude, o pessimismo é grande entre os Celestes. A torcida, desmotivada, torce apenas por uma campanha digna e uma eventual surpresa pelo caminho. Classificação para a segunda fase é algo fora dos planos mais realistas.
*elenco
Leo La Valle/EFE
Mesmo para os padrões bolivianos, o Bolívar tem um time mediano, se tanto. O maior campeão da Bolívia sofre os efeitos de uma grave crise financeira que se arrasta desde 2005. No ano passado,
Club Bolívar Estádio: Hernando Siles Suazo (42.000 lugares) Altitude de La Paz: 3.650 m Como se classificou: campeão do Apertura 2006 Principais títulos: 27 Campeonatos Bolivianos Melhor participação na Libertadores: semifinalista, em 1986 Site: www.clubbolivar.com
16º29’57.00” S 68º07’21.00” W
você sabia... ...que os fundadores do clube decidiram homenagear Simón Bolívar, líder da independência da Bolívia, como resposta nacionalista aos nomes ingleses de Nimbles Sport e The Strongest? A criação do Bolívar, porém, não mudou essa tendência, já que depois surgiriam no país Destroyers, Blooming e Always Ready.
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*lista de jogadores não oficial
Apelidos: Academia, Celestes
Joel Zayas (PAR) Ellioth Toro Diego Issa Diego Salvatierra (ARG) Juan Doile Vaca Carlos Camacho Carlos Tordoya Ovidio Guatía Ariel Juárez Ignacio García Faustino García Leonel Reyes Gabriel Viglianti (ARG) Thiago Leitão (BRA) Julio César Baldivieso Juan Bustillos Danner Pachi Dany Alpire Rubén Melgar Adalberto Cuellar Luis Sillero (ARG) Carlos Saucedo Rudy Montaño Justo Meza (PAR) Zackary Flores
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17/9/1977 17/1/1985 9/5/1986 11/4/1980 8/10/1979 5/2/1986 31/7/1987 10/4/1981 26/3/198 20/8/1986 15/2/1984 19/11/1976 12/6/1979 12/6/1978 2/12/1971 17/5/1988 1/1/1984 30/9/1989 8/4/1981 14/12/1976 17/4/1977 11/9/1979 11/4/1989 20/9/1979 31/8/1982
Técnico: Víctor Hugo Antelo
Guia da Copa Toyota Libertadores 2007
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Cienciano por Ricardo Espina
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Nas alturas
18/3/1979 25/2/1976 23/4/1982 1/11/1984 16/1/1975 9/6/1977 8/9/1982 8/2/1982 24/6/1978 11/3/1982 6/7/1982 3/4/1984 30/11/1983 16/6/1981 2/1/1982 4/4/1980 2/9/1985 23/10/1984 23/2/1968 9/5/1980 1/1/1982 18/2/1985 11/11/1977 26/8/1978 3/1/1984
Altitude não ajudará muito, mas Cienciano mantém esperança de chegar às oitavas
realizou as reformas necessárias, e o local foi liberado. Além da altitude, o Papá conta com uma torcida fanática, e essas são suas principais armadilhas para tentar surpreender seus adversários.
Club Sportivo Cienciano Estádio: Inca Garcilaso de la Vega (45.000 lugares) Altitude de Cuzco: 3.399 m Como se classificou: campeão do Clausura 2006 Principais títulos: 1 Copa Sul-Americana Melhor participação na Libertadores: oitavas-de-final, em 2002 Site: www.cienciano.com Apelidos: Papá, Imperiales
*lista de jogadores não oficial
Técnico: Julio César Uribe
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elenco*
Jesús Cisneros Juan Flores Ignácio Drago Carlos Maldonado Sandro Gamarra Miguel Huertas Marcelo Pisano (ARG) Guillermo Guizazola Francisco Hernández Javier Salazar Edgar Villamaría Jimmy Flores Paolo de la Haza Julio César García Juan Carlos Mariño Miguel Torres Julio Edson Uribe Christian Guevara Juan Carlos Bazalar William Chiroque José Carlos Fernández Juan Gonzalez Vigil Miguel Mostto Rodrigo Saraz (COL) Jaime Ruiz
O Papá manteve seu principal jogador para esta temporada. O artilheiro do último Campeonato Peruano, Miguel Mostto, de 29 anos, tinha uma proposta para assinar com o Lech Poznan, mas a negociação com a equipe polonesa não evoluiu. Para reforçar seu ataque, o Cienciano contratou o colombiano Jaime Ruiz, de 23 anos, destaque do Deportivo Pasto. Conhecido como “El Tanque”, ele jogou pelas seleções de base de seu país. Por outro lado, o clube cusquenho perdeu o zagueiro Carlos Lugo, que acertou com o Nacional do Paraguai. O goleiro Óscar Ibáñez também deixou o clube e foi para o Sport Boys. Para seu lugar, chegou Juan “Chiquito” Flores. Com tantas mudanças, o Cienciano usa as primeiras partidas do Apertura para entrosar o elenco a tempo para a Libertadores. A equipe ainda passou por apuros pouco antes da sua estréia contra o Toluca. O Cienciano foi obrigado a fazer obras emergenciais no Inca Garcilaso de la Vega, pois foram apontados alguns problemas na infra-estrutura do estádio. O clube
Stringer/EFE
Por ser uma equipe com poucos recursos técnicos, o Cienciano aposta em uma arma extra para a Libertadores. Localizada em Cuzco, a equipe peruana utiliza os 3.399 metros de altitude da cidade como forma de compensar suas limitações. Contudo, nem isso pode salvar o time da eliminação, pois dois de seus rivais (Bolívar e Toluca) também dispõem dessa mesma estratégia. Para piorar, o Boca Juniors, um dos favoritos ao título, completa a chave. Pelo menos, o Papá guarda boas lembranças dos Xeneizes, pois, em 2004, surpreendeu a equipe argentina, na decisão da Recopa Sul-Americana. Para piorar, o Cienciano corre o risco de ficar sem técnico no meio da disputa. Julio Cesar Uribe recentemente renovou seu contrato com o clube, mas incluiu uma cláusula na qual está prevista a rescisão do vínculo, caso seja convidado para treinar a seleção peruana. Juvenal Silva, presidente da equipe e da comissão selecionadora, já indicou que essa possibilidade tem boas chances de se tornar concreta.
13°31’31.42” S 71°57’59.26” W
você sabia... ...que o Cienciano recebeu esse nome por ter sido fundado por estudantes de um colégio de ciências? E que o apelido Imperiales refere-se ao fato de Cuzco ter sido a capital do Império Inca?
Guia da Copa Toyota Libertadores 2007
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7 Toluca por Tomaz R. Alves
O adversário que ninguém quer enfrentar
Especialista em matamata, Toluca desponta como mais perigoso dos times mexicanos
Embora conte com poucos “medalhões”, o elenco do Toluca é muito forte. O clube está bem coberto em todas as posições e ainda tem opções razoáveis no banco de reservas. A defesa é comandada por Paulo da Silva, que disputou a Copa de 2006 com o Paraguai. No meio-campo, está o principal nome da equipe, o brasileiro naturalizado mexicano Naelson “Zinha”. A única interrogação é o ataque: o time perdeu o oportunista Bruno Marioni, que foi para o Boca. Para seu lugar, trouxe o paraguaio Ávalos, que tem potencial, mas sua adaptação ao Toluca ainda é uma incógnita. Esse elenco sólido é comandado pelo argentino Américo Gallego, que está no clube desde a metade de 2005. Seu desempenho com os Choriceros é mais que convincente: um título, um vice-campeonato e uma semifinal, Mexicano. Além desse título, o treinador tem no currículo conquistas na Argentina, com River Plate, Independiente e Newell’s – ou seja, não dá
Deportivo Toluca Fútbol Club Estádio: Nemesio Díez Riega (24.000 lugares) Altitude de Toluca: 2.667 m Como se classificou: campeão do Apertura 2005, venceu playoff contra o América, campeão do Clausura 2005 Principais títulos: 2 Copas dos Campeões da Concacaf, 8 Campeonatos Mexicanos e 2 Copas do México Melhor participação na Libertadores: estréia na competição Site: www.deportivotolucafc.com Apelidos: Diablos Rojos, C horiceros 19º17’14.28” N 99º40’00.25” W
você sabia... ...que o estádio do Toluca mudou de nome várias vezes? Primeiro, chamou-se Héctor Barraza, depois Luis Gutiérrez Dosal, em seguida Toluca 70 (por ter sido sede do Mundial), depois Toluca 70-86, posteriormente La Bombonera. Hoje, o nome oficial é Nemesio Díez Riega.
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para duvidar da competência de Gallego. Para completar, o Toluca ainda joga em um dos estádios mais intimidadores da América Latina: o Nemesio Díez, não por acaso conhecido como “La Bombonera”. Não bastasse a pressão da torcida, a altitude da cidade de Toluca de Lerdo (mais de 2,5 mil metros) também é um fator incômodo para os adversários. Na última Copa Sul-Americana, o Toluca chegou até a semifinal. Pode-se considerar esse como um primeiro “aviso” aos adversários da América do Sul, pois, no México, o time tem fama de especialista em mata-mata. Nesta Libertadores, logo de cara, os Choriceros terão um bom desafio, enfrentando o Boca Juniors. Ganhe ou perca dos argentinos, o Toluca provavelmente avançará para as oitavas, já que seus outros dois adversários de grupo são fracos. No mata-mata, o clube mexicano será um daqueles adversários que todo mundo vai torcer para não enfrentar.
elenco
Guillermo Legaria/EFE
Dentre os três times do México nesta Libertadores, o Toluca é o menos conhecido no Brasil. Afinal, o clube nunca disputou a Libertadores, tampouco esteve presente em nenhuma edição do Mundial da Fifa. Mas não se deixe enganar: os Choriceros são sérios candidatos ao título e têm um time até melhor que os de seus compatriotas.
Rolando Mandarino (ARG) César Figueroa Paulo da Silva (PAR) Emilio Viades Slim Manuel de la Torre Erick Espinoza Miguel Ángel Quiroz Edgar Peñaflor José Manuel Cruzalta Francisco Gamboa Jonathan Arias Ariel Rosada (ARG) Antonio Naelson “Zinha” Josué Castillejos Carlos Higuera Diego de La Torre Iván Castillejos Salvador Reyes Ernesto Bejarano Erwin Ávalos (PAR) Vicente Bragunde (URU) Sergio Villegas Edgar González Carlos Esquivel Ismael Valadez
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16/9/1969 31/5/1977 1/2/1980 10/1/1978 13/6/1980 13/1/1980 6/5/1982 5/3/1983 8/4/1978 20/7/1985 18/4/1986 11/4/1978 23/3/1976 14/4/1981 6/6/1979 5/2/1984 24/7/1984 1/1/1987 11/10/1987 27/4/1983 7/12/1979 13/8/1981 03/07/1980 10/4/1982 14/9/1985
Técnico: Américo Gallego (ARG)
Guia da Copa Toyota Libertadores 2007
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Gimnasia La Plata por Carlos Eduardo Freitas
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Apesar de ser o clube mais antigo da Argentina, fundado em 1887, o Gimnasia y Esgrima La Plata está longe de ser considerado uma equipe grande. Em seus 120 anos de história, jamais conquistou um título relevante e apenas pela segunda vez consegue chegar à disputa de uma Libertadores. Isso aconteceu graças ao bom desempenho na temporada 2005/6, quando foi vice-campeão do Apertura, apenas três pontos atrás do Boca Juniors, e ficou em quinto no Clausura. Desde então, porém, o desempenho do Gimnasia caiu consideravelmente. Acabou em 13° no Apertura 2006 e perdeu de 7 a 0 o clássico platense contra o Estudiantes. Assim, o Lobo chega a sua segunda Libertadores consciente da necessidade de melhorias, para não fazer feio em gramados internacionais e evitar repetir o fiasco do Rosario Central em 2006, quando foi o único argentino a não chegar às oitavas-de-final.
Técnico: Pedro Troglio
G G G D D D D D D D D D M M M M M M M M A A A A A
21/2/1976 13/4/1983 9/1/1985 28/6/1972 31/7/1983 7/7/1977 3/4/1986 2/6/1979 28/2/1979 20/3/1984 9/1/1985 4/4/1979 21/4/1982 13/3/1983 11/4/1976 17/1/1983 4/2/1985 4/6/1988 8/1/1989 7/3/1984 19/2/1986 25/9/1982 1/7/1982 9/12/1980 25/8/1985
elenco
Juan Carlos Olave Carlos Kletnicki Pablo Bangardino Jorge San Esteban Diego Herner Gustavo Semino Lucas Landa Horacio Franco Fernando Crosa Héctor Romero Santiago Gentiletti Álvaro Ormeño (CHI) Matías Escobar Oscar Cornejo Antonio Pacheco (URU) Reinaldo Alderete Ignacio Piatti Juan Cuevas Jonatan Chaves Germán Basualdo Sebastián Dubarbier Sergio Leal (URU) Félix Leguizamón Santiago Silva (URU) Antonio Piergüidi
Uma das grandes dificuldades que o técnico Pedro Troglio terá pela frente será controlar a fanática massa “tripera”, cuja principal facção é conhecida por “La 22”, uma das mais violentas da Argentina. Foi graças a ameaças da torcida que, no Apertura, o Gimnasia se viu obrigado a entregar um jogo para o Boca Juniors, com o objetivo de prejudicar o rival Estudiantes, que acabaria sagrando-se campeão, para desespero dos Triperos. A atitude da torcida fez com que diversos jogadores deixassem o clube. Entre eles, Goux, Cabrera, Cardetti, Guglielminpietro, Esteban González, Verón e Virviescas. A diretoria, porém, atendeu aos pedidos do técnico e trouxe os reforços solicitados. Chegaram Ignácio Piatti, Álvaro Ormeño e os uruguaios Antonio Pachego e Sergio Leal. Saber se o Gimnasia conseguirá repetir o excelente desempenho de 2005/6 é a grande dúvida que paira sobre torcida, comissão técnica e crítica, que esperam
Ian Salas/EFE
Inspiração no passado recente
que o clube ao menos supere o desempenho de 2003, quando, em sua estréia em Libertadores, caiu logo na primeira fase. Ter caído no grupo em que apenas o Santos desponta como favorito à classificação já serve de incentivo para os Lobos.
Gimnasia precisa reencontrar a boa fase de 2005
Club de Gimnasia y Esgrima La Plata Estádio: Ciudad de La Plata (40.000 lugares) Altitude de La Plata: 9 m Como se classificou: 2ª melhor campanha na temporada 2005/6 Principais títulos: nenhum Melhor participação: primeira fase, em 2003 Site oficial: www.gimnasia.org.ar Apelidos: El Lobo, Los Triperos
34°54’49.45” S 57°59’19.82” W
você sabia... ...que o Gimnasia La Plata foi o primeiro clube sul-americano a vencer o Real Madrid em domínios blancos? A equipe fez 3 a 2 sobre os madrilenos, em uma excursão realizada entre 1930 e 1931. O jogo aconteceu, mais precisamente, no dia 1° de janeiro de 1931.
Guia da Copa Toyota Libertadores 2007
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59 2/17/07 7:31:39 AM
8 Defensor Sporting por Ubiratan Leal
Time uruguaio confia em sua defesa segura
A forma como o Danubio foi eliminado na fase preliminar da Libertadores, caindo duas vezes diante do Vélez Sársfield, deu uma boa noção do atual nível dos clubes uruguaios. Se o cam-
peão do Apertura 2006 foi derrotado de maneira tão contundente, imagine o que esperar de equipes mais fracas no cenário doméstico. É mais ou menos assim que chega o Defensor Sporting, terceiro colocado no segundo semestre do ano passado. Os Violetas não são ruins, apenas frágeis. O elenco é jovem, com vários jogadores com menos de 25 anos, e sofre a instabilidade comum em grupos imaturos. É capaz de mostrar talento e bom futebol em muitos momentos, mas falha em lances mais agudos ou partidas decisivas. Por isso, o Defensor corre por fora, sem responsabilidade, mesmo em um grupo que não prima pela força de alguns de seus integrantes. Isso pode lhe fazer bem. Para sonhar mais alto, o clube do Parque Rodó contará com sua defesa, talvez a melhor do Uruguai na atualidade. O líder é Ithurralde, cuja segurança lhe valeu convocações para a Celeste Olímpica. Cáceres complementa muito bem o miolo da zaga, a menos vazada
Defensor Sporting Club Estadio: Luis Franzini (15.000 lugares) Altitude de Montevidéu: 43 m Como se classificou: campeão de um torneio classficatório, em 2006 Principais títulos: 3 Campeonatos Uruguaios Melhor participação na Libertadores: oitavas-de-final, em 1990, 1992, 1994 e 1996 Site: www.defensorsporting.com.uy Apelidos: Tuertos, Violetas
34°54’59.18” S 56°10’00.44” W
você sabia... ...que, em 2005, o Defensor Sporting renunciou ao direito de jogar a final do Campeonato Uruguaio? Na última rodada do Torneo Especial, o Nacional venceu o Rocha com um gol de pênalti inexistente. O resultado forçou a realização de um jogo extra entre os líderes Nacional e Defensor. Os Tuertos negaram-se a participar, alegando que o campeonato estava “comprado”. O árbitro foi suspenso do futebol uruguaio, mas o Nacional ficou com o título por WO.
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do Apertura 2006, com apenas 13 gols sofridos, em 15 jogos. Na frente, o Defensor não é uma equipe das mais perigosas. Isso ficou evidente na última rodada do Apertura, quando os Tuertos precisavam de uma vitória em casa contra o frágil Miramar Misiones, para terem esperança de conquistar o título, mas sentiram o peso da decisão e ficaram em um melancólico 0 a 0. Essa dificuldade se explica pelo próprio estilo de jogo da equipe. Por ser forte na defesa, o time violeta normalmente aposta em contra-ataques rápidos, mas reformulou o setor de armação e o ataque. Desse modo, levará um tempo até o técnico Jorge da Silva descobrir a melhor formação. Como um todo, os Tuertos têm condição apenas de fazer um papel discreto e digno na competição. Se souberem aproveitar os jogos em casa contra os instáveis e pouco confiáveis Gimnasia La Plata e Deportivo Pasto, até podem pensar na classificação – o que seria mais do que o esperado.
elenco
Miguel Menéndez V./EFE
Sem grandes pretensões
Martín Silva Mauricio Nanni Fernando Rodríguez Nelson Semperena Williams Martínez Andrés Lamas Damián Suárez Ruben Fernández Sebastián Ariosa Ignacio Ithurralde José Martín Cáceres Maximiliano Pereira Gonzalo Maulella Fernando Fadeuille Carlos Díaz Diego de Souza Miguel Amado Tabaré Viudez Álvaro González Carlos Morales Paulo César Pezzolano Mauro Villa Álvaro Navarro Danilo Peinado Sebastián Fernández
G G G D D D D D D D D D D M M M M M M A A A A A A
25/3/1983 12/7/1979 2/1/1983 19/2/1984 18/12/1982 16/1/1984 27/4/1988 24/1/1980 5/6/1985 30/5/1983 7/4/1987 8/6/1984 6/7/1984 10/5/1974 4/2/1979 14/5/1984 28/12/1984 8/9/1989 29/10/1984 1/3/1970 25/4/1983 25/2/1986 28/1/1985 15/2/1985 23/5/1985
Técnico: Jorge da Silva
Guia da Copa Toyota Libertadores 2007
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Deportivo Pasto por Gustavo Hofman
8
Candidato a decepção
Técnico: Álvaro de Jesús Gómez
20/1/1980 29/3/1972 23/11/1981 23/6/1978 8/12/1980 25/11/1984 12/10/1981 11/3/1979 12/4/1983 12/12/1971 3/7/1985 11/6/1980 28/4/1974 3/1/1990 1/7/1980 22/2/1974 6/9/1978 4/3/1987 4/2/1975 17/2/1979 25/4/1986 19/10/1980 24/12/1979 16/4/1970 18/12/1975
Associación Deportivo Pasto Estádio: Libertad (19.700 lugares) Altitude de San Juan de Pasto: 2.527 m Como se classificou: campeão do Apertura 2006 Principais títulos: 1 Campeonato Colombiano Melhor participação na Libertadores: estréia na competição Site: www.deportivopasto.com Apelido: Cuyigans
1°12’09.75” N 77°17’04.65” W *lista de jogadores não oficial
G G G D D D D D D D D M M M M M M M A A A A A A A
técnica, ainda pode contar com a falta de oxigênio dos adversários como um fator positivo em casa. Para completar, a temperatura média na cidade costuma ficar em 14º C. Como não caiu numa chave fácil, o Deportivo Pasto dificilmente irá conseguir se classificar – as vagas devem ficar com Santos e Gimnasia. Ficar com a terceira posição já seria um feito e tanto para o modesto e reformulado clube. Obter a classificação seria algo heróico – e improvável.
Pasto desfez time campeão e dificilmente terá alegrias em 2006
elenco*
Carlos Barahona Diego Gómez Nelson Ramos Wilmer Lucumi Fernando Rozo Walden Vargas Jámmel Ramos José Mera Carlos Saa Eyner Viveros Harold Rodríguez John Jaramillo Jorge Vidal Eder Ruales Carlos Salazar Juan Rebolledo Luis Ómar Valencia Mauricio Henríquez Carlos Rodas Ferley Villamil Carlos Hidalgo Oscar Darío Martínez Amir Buelvas Juan García (VEN) Rubén Velásquez
como aliados, também peca pela inexperiência tanto de jogadores como dirigentes, além de contar com uma defesa fraca, que sofreu 50 gols em 39 jogos na última temporada colombiana. No entanto, o Deportivo Pasto é o único time colombiano desta Libertadores que tem altitude a seu favor. A cidade de San Juan de Pasto fica 2.527 metros acima do nível do mar, no Vale de Atriz, em plena Cordilheira dos Andes, aos pés do vulcão ativo Galeras. Se o time perdeu muito em qualidade Stringer/EFE
A história é conhecida por muitos: um time pequeno faz uma grande campanha e ganha um inesperado título nacional. Logo depois da conquista, a diretoria negocia os principais jogadores e enfraquece a equipe consideravelmente. Essa também pode ser a história do Deportivo Pasto, campeão do Apertura colombiano no primeiro semestre do ano passado e que vai disputar a Libertadores pela primeira vez. Os Cuyigans, apelido do time, têm pouca tradição até mesmo na Colômbia, onde apareceram no cenário nacional na década de 90 e têm se mantido na divisão de elite do país há mais de dez anos. De lá para cá, chegou a intrometer-se entre os grandes do país algumas vezes, até atingir a glória máxima com o título em 2006. A diretoria mudou de técnico (saiu Óscar Héctor Quintabani e chegou Álvaro de Jesús Gómez) e trocou uma base consistente de jogadores por jovens que ainda precisam provar seu valor. Com isso, a equipe, que não tem a história e tradição
* nessa região, não há aproximação suficiente no Google Earth
você sabia... ...que o único título nacional conquistado pelo Pasto veio com uma classificação final na primeira fase em oitavo lugar, como o Santos no Brasileiro de 2002? Depois, o time surpreendeu os favoritos no quadrangular semifinal e bateu o tradicional Deportivo Cali na decisão.
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8 Santos Jorge Abrego/EFE
por Caio Maia
Mesmo com Rodrigo Tiui (com a bola), Santos ainda precisa de um atacante oportunista
O segundo ano Trabalho de Luxemburgo no ano passado foi ruim, mas pode render frutos em 2007
A
pesar dos esforços da mídia “luxemburguista” para provar o contrário, o Santos decepcionou em 2006, e seu treinador foi um dos principais culpados por isso. Embora tenha feito um bom trabalho com o grupo que tinha, não pode se desculpar pelos fracos resultados pelo simples fato de que quem montou o grupo foi ele mesmo. Quem decidiu queimar um bom dinheiro em jogadores do Iraty e mais outro tanto em um só reforço (Zé Roberto) foi o próprio Luxemburgo. E quem comprometeu grande parte da receita do clube com comissão técnica foi ele mesmo – contando, é claro, com o beneplácito da direção santista. No entanto, se os resultados de 2006 foram decepcionantes, as perspectivas para 2007 são muito boas. Embora tenha errado na escolha de algumas peças, Vanderlei Luxemburgo ainda é muito bom na hora de utilizá-las. O elenco santista tem jogadores de alta qualidade no meio e atrás. Mesmo desequilibrando o orçamento fora do campo, Zé Roberto – um dos melhores jogadores da Copa de 2006 – e Kléber – o melhor lateral do Brasil – desequilibram vários jogos. Além disso, o Peixe trouxe
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Adaílton, jovem destaque das seleções brasileiras de base, para o miolo de zaga. Na proteção à defesa, Maldonado e Cléber Santana – que, se controlar o temperamento, pode deixar sua marca como futebolista – também ganharam companhia: Rodrigo Souto, ex-Figueirense, não é nenhum craque, mas faz o básico no setor. O principal ponto fraco da equipe é o ataque. Por isso, o clube reforçou o setor, que foi mal em 2006. A chegada do bom Marcos Aurélio e a volta dos promissores Jonas e Fabiano – que se contundiram gravemente no ano passado – têm resultado em gols para o time. O fato de serem jovens, porém, representa um problema, já que uma eventual má fase da equipe pode influenciar negativamente seu desempenho. Se tivesse um atacante de bom nível e confiável, o Santos entraria automaticamente no grupo dos favoritos. Com o que tem hoje, porém, pode chegar lá. Vai depender de a boa fase de seus melhores jogadores durar a maior parte do torneio. Nisso, Vanderlei Luxemburgo costuma ser bom.
Guia da Copa Toyota Libertadores 2007
2/17/07 7:33:00 AM
entrevista: Maldonado
“Os problemas fora de campo não podem mexer com nossa cabeça” Para Maldonado, jogadores santistas não podem se influenciar pelo momento do clube para seguir o trabalho em busca do título continental
por Carlos Eduardo Freitas
G G G D D D D D D D D D M M M M M M M A A A A A A
Técnico: Vanderlei Luxemburgo
27/11/1977 23/4/1972 10/1/1988 14/4/1983 1/4/1980 25/4/1981 18/5/1969 21/12/1977 12/12/1985 21/9/1983 23/1/1987 25/5/1987 9/9/1983 3/1/1980 10/7/1974 27/6/1981 29/6/1977 19/11/1980 29/5/1987 1/4/1984 25/7/1984 10/2/1984 7/3/1987 14/5/1987 4/12/1985
elenco
Fábio Costa Roger Felipe Adaílton Kléber Pedro Antônio Carlos Ávalos Domingos Dênis Carlinhos Marcelo Rodrigo Souto Claudio Maldonado (CHI) Zé Roberto Cléber Santana Pedrinho Rodrigo Tabata Adriano Jonas Fabiano Marcos Aurélio Júnior Renatinho Rodrigo Tiuí
Você disputou a Libertadores por Cruzeiro e ColoColo. Em que ela é diferente de outras competições? Os jogos são diferentes, muito disputados, e todos os times são fortes, o que torna essa uma competição muito difícil de jogar. Cada partida parece uma final, e não dá para deixar para ver o que acontecerá no próximo jogo. Os times têm de jogar para ganhar. Como está o ambiente no Santos para essa disputa? Está ótimo! Passamos o ano passado inteiro atrás da vaga na Libertadores, e nosso objetivo é poder conquistar essa competição, independentemente do que acontecer no Campeonato Paulista. É a nossa prioridade na temporada – tanto que, por conta dela, voltamos muito cedo das férias, em 26 de dezembro. O Santos passa por um momento financeiro difícil. Comenta-se, nos bastidores, que os dirigentes esperam que o time vá bem na competição para melhorar essa situação. Ao saberem disso, os jogadores se sentem mais pressionados? Esse tipo de coisa não pode mexer com a nossa cabeça. Temos de nos concentrar e tentar fazer o melhor, independentemente dos problemas que o Santos tem fora de campo. Estamos realizando um bom trabalho e tenho certeza de que tudo o que fizermos será bem-vindo. O Santos tem no elenco jogadores como Zé Roberto, Kléber, Fábio Costa e você, que estão acima da média do futebol brasileiro. Você acha que dá para dizer que o Peixe é favorito?
Temos consciência de que contamos com um time forte, mas ainda falta muito para chegarmos ao ponto de nos sentirmos favoritos. Até o começo da Libertadores, nos mantivemos como líderes do Campeonato Paulista e não perdemos nenhuma partida em 2007, até agora. A cada rodada, mostramos que temos um bom time, que pode ficar ainda melhor. Ultimamente, os clubes brasileiros que chegam à Libertadores têm contratado jogadores sul-americanos, com o pretexto de trazerem a experiência dos latinos. Como chileno, você acha que isso faz alguma diferença? Os times daqui não precisam de nenhum estrangeiro. A qualidade do brasileiro é muito alta, com muitos jogadores em condições de defender times grandes. Acho que os clubes fazem isso mais pela vontade e pela determinação que os jogadores sul-americanos apresentam. Pessoalmente, agradeço muito pela chance de poder jogar aqui. O que você achou do grupo do Santos? No papel, não parece tão complicado. No entanto, sabemos que, por ser uma Libertadores, essas previsões perdem valor. Vamos jogar contra o Gimnasia, em La Plata, depois com o Defensor, do Uruguai, e o Deportivo Pasto. São times fortes. O Pasto, por exemplo, foi campeão colombiano; o Gimnasia fez uma ótima temporada na Argentina. Podem não parecer tão fortes em um primeiro momento, mas sabemos que vamos encontrar muita dificuldade, principalmente jogando fora de casa.
Santos Futebol Clube Estádio: Vila Belmiro (20.120 lugares) Altitude de Santos: 2 m Como se classificou: 4º colocado no Brasileiro 2006 Principais títulos: 2 Mundiais de Clubes, 2 Copas Libertadores e 2 Campeonatos Brasileiros Melhor participação na Libertadores: campeão, em 1962 e 1963 Site: www.santosfc.com.br Apelido: Peixe
23°57’04.69” S 46°20’19.69” W
você sabia... …que, em 1920, o Santos deixou o Campeonato Paulista na metade porque não tinha dinheiro para pegar o trem para São Paulo, onde jogavam todos os outros participantes do torneio?
Guia da Copa Toyota Libertadores 2007
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63 2/17/07 7:46:15 AM
˚ Tabela grupo 1
grupo 2
grupo 3
grupo 4
América
Alianza Lima
Cerro Porteño
Emelec
Banfield
Audax Italiano
Cúcuta
Internacional
Libertad
Necaxa
Grêmio
Nacional
El Nacional
São Paulo
Tolima
Vélez Sársfield
20/2 El Nacional
x
América
14/2 Audax
x
São Paulo
20/2 Libertad
x
Banfield
20/2 Alianza Lima
x
Necaxa
13/2 Cúcuta
x
Tolima
15/2 Cerro Porteño
x
Grêmio
13/2 Emelec
x
Vélez
21/2 Nacional
x
Internacional
27/2 Banfield
x
El Nacional
28/2 São Paulo
x
Alianza Lima
27/2 Grêmio
x
Cúcuta
28/2 Internacional
x
Emelec
1/3 América
x
Libertad
28/2 Necaxa
x
Audax
7/3 Tolima
x
Cerro Porteño
28/2 Vélez
x
Nacional
6/3 El Nacional
x
Libertad
13/3 Alianza Lima
x
Audax
13/3 Cúcuta
x
Cerro Porteño
14/3 Vélez
x
Internacional
7/3 América
x
Banfield
21/3 Necaxa
x
São Paulo
15/3 Tolima
x
Grêmio
22/3 Emelec
x
Nacional
21/3 Banfield
x
América
29/3 Audax
x
Alianza Lima
20/3 Cerro Porteño
x
Cúcuta
28/3 Internacional
x
Vélez
22/3 Libertad
x
El Nacional
4/4 São Paulo
x
Necaxa
27/3 Grêmio
x
Tolima
x
Emelec Internacional
x
Banfield
11/4 Audax
x
Necaxa
10/4 Cerro Porteño
x
Tolima
11/4 Libertad
3/4 El Nacional
x
América
18/4 Alianza Lima
x
São Paulo
11/4 Cúcuta
x
Grêmio
18/4 Banfield
x
Libertad
25/4 São Paulo
x
Audax
24/4 Grêmio
x
Cerro Porteño
18/4 América
x
El Nacional
25/4 Necaxa
x
Alianza Lima
24/4 Tolima
x
Cúcuta
3/4 Nacional 10/4 Emelec
x
12/4 Nacional
x
Vélez
19/4 Vélez
x
Emelec
19/4 Internacional
x
Nacional
pré-Libertadores regulamento 24/1 América 31/1 Sp. Cristal
30/1 Vélez 6/2 Danubio
30/1 Dep. Táchira 8/2 Tolima
5 x0 2x 1
Sp. Cristal
3 x0 1 x2
Danubio
1 x2 2 x0
América
Vélez
Tolima Dep. Táchira
Santa Cruz 1946
31/1 Blooming 7/2 Santos
1/2 Cobreloa 7/2 Paraná
1/2 Tacuary 6/2 LDU
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0x 1 5 x0 0x2 1x1 1x1 3 x0
Santos Blooming
Paraná Cobreloa
LDU Tacuary
A Copa Toyota Libertadores da América 2007 é disputada por 38 equipes. Doze clubes disputam a fase preliminar, em jogos eliminatórios. Os seis vencedores passam para a fase de grupos (segunda), juntando-se aos outros 26 pré-classificados. Os 32 times dividem-se em oito chaves, com quatro clubes cada. Depois de jogos em turno e returno, os dois primeiros colocados de cada chave classificam-se para as oitavas-de-final. Caso duas equipes empatem em pontos, os critérios de desempate são: a) saldo de gols; b) gols pró; c) gols pró como visitante; e d) sorteio.
Para definir os confrontos das oitavasde-final, é feito um ranking apenas com os primeiros colocados (equipes 1 a 8) e outro com os segundos (equipes 9 a 16). O time 1 enfrenta o 16, o 2 pega o 15, e assim por diante. Nas fases seguintes, o emparceiramento segue as indicações desta tabela, com uma exceção: caso dois clubes de um mesmo país cheguem às semifinais, eles terão necessariamente de se enfrentar nessa etapa, para evitar uma decisão doméstica. Se um finalista for mexicano, jogará a primeira partida da decisão em casa. Até as semifinais, os critérios de desempate serão: a) pontos; b) saldo de gols; c) gols fora de casa; d) disputa de pênaltis. Não há prorrogação. Na decisão, gols fora de casa não são usados para o desempate e, em caso de igualdade, há prorrogação antes dos pênaltis.
A Conmebol exige estádios com capacidade para ao menos 20 mil pessoas, nas fases iniciais. Na final, os estádios obrigatoriamente terão capacidade para, no mínimo, 40 mil pessoas e, em cidades com mais de um estádio nessas condições, a decisão é no maior. A lista de inscritos deve ser enviada à Conmebol 48 horas antes da estréia de cada clube. A relação só pode ser alterada em 28 de maio – entre as quartas-de-final e semifinais – com a troca de, no máximo, três jogadores. Apenas a substituição de goleiros contundidos pode fugir desse prazo.
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grupo 5
grupo 6
grupo 7
grupo 8
Flamengo
Caracas
Boca Juniors
Defensor Sporting
Paraná
Colo-Colo
Bolívar
Deportivo Pasto
Real Potosí
LDU
Cienciano
Gimnasia La Plata
Unión Maracaibo
River Plate
Toluca
Santos
22/2 Colo-Colo
x
River Plate
22/2 Caracas
x
LDU
6/3 LDU
x
Colo-Colo
8/3 River Plate
x
Caracas
15/3 LDU
x
River Plate
20/3 Caracas
x
Colo-Colo
14/2 Real Potosí
x
Flamengo
15/2 U. Maracaibo
x
Paraná
21/2 Paraná
x
Real Potosí
21/2 Flamengo
x
U. Maracaibo
14/2 Bolívar
x
Boca Juniors
21/2 Cienciano
x
Toluca
27/2 Toluca
x
Bolívar
x
Cienciano
1/3 Boca Juniors
13/3 U. Maracaibo
x
Real Potosí
14/3 Paraná
x
Flamengo
20/3 Real Potosí
x
U. Maracaibo
27/3 Colo-Colo
x
Caracas
21/3 Flamengo
x
Paraná
29/3 River Plate
x
LDU
3/4 Colo-Colo
x
LDU
5/4 Caracas
x
River Plate
12/4 Bolívar
25/4 River Plate
x
Colo-Colo
26/4 Boca Juniors
x
Bolívar
25/4 LDU
x
Caracas
26/4 Toluca
x
Cienciano
x
Flamengo
10/4 Real Potosí
4/4 U. Maracaibo
x
Paraná
18/4 Flamengo
x
Real Potosí
18/4 Paraná
x
U. Maracaibo
A B
x x
3º melhor primeiro colocado
C
x
4º melhor primeiro colocado
D
x x
5º melhor primeiro colocado
F
x
G
x
x
Dep. Pasto
14/3 Santos
x
Gimnasia
15/3 Dep. Pasto
x
Defensor
Bolívar
22/3 Boca Juniors
x
Toluca
22/3 Gimnasia
x
Santos
28/3 Bolívar
x
Cienciano
28/3 Defensor
x
Dep. Pasto
x
Boca Juniors
5/4 Defensor
x
Santos
x
Toluca
5/4 Dep. Pasto
x
Gimnasia
4/4 Cienciano
vencedor do jogo A
J
vencedor do jogo B
x
Defensor
19/4 Santos
x
Dep. Pasto
vencedor do jogo H
x
vencedor do jogo G
x vencedor do jogo C
L
x
19/4 Gimnasia
x
x
vencedor do jogo F
x vencedor do jogo D
x
vencedor do jogo E
x
vencedor do jogo I 3º melhor segundo colocado
x 7º melhor primeiro colocado
6/3 Gimnasia
4º melhor segundo colocado
x 6º melhor primeiro colocado
Defensor
x
M
x vencedor do jogo J
2º melhor segundo colocado
vencedor do jogo L
N
x
vencedor do jogo K
x
x 8º melhor primeiro colocado
x x
melhor segundo colocado
vencedor do jogo M
O
x
vencedor do jogo N
x
Guia da Copa Toyota Libertadores 2007
tabela.indd 3
semifinais final
E
x
x
Boca Juniors
K 5º melhor segundo colocado
Santos
1/3 Santos
x
6º melhor segundo colocado
x
Gimnasia
x
I 7º melhor segundo colocado
x
14/3 Toluca
8º melhor segundo colocado
x 2º melhor primeiro colocado
H
x
x
21/2 Dep. Pasto
quartas-de-final
melhor primeiro colocado
8/3 Cienciano
13/2 Defensor
65 2/17/07 4:48:21 AM
b A Várzea Miniguia A Várzea da Copa Toyota Libertadores 2007 Para variar, tentaram excluir A Várzea dos prognósticos para esta importante competição sul-americana, a Copa Toyota Libertadores. Como aqui, assim como no futebol, não tem mais bobo, Tolete, nosso repórter, e Denílson, nosso estagiário com potencial, dedicaram-se ao máximo para que pudéssemos produzir este espetacular “prevío”. Aí vai:
Grupo 1
Grupo 6
A Várzea gostaria de começar com um grupo que não parecesse chave da Copa São Paulo. Aliás, o América estar na Libertadores é sensacional, A Várzea perdeu esse capítulo. Agora está explicado por que tem um canal de televisão que fala no América o tempo todo como se fosse time grande. Neste grupo, está claro: ganha o Nacional, pela tradição, e se classifica também o América. Só dá Brasil-sil-sil!
A Várzea só conhece o River, embora, no Piauí, torça para o Cori-Sabbá. Dá para confiar em um time que é sigla, outro que é interjeição e um terceiro que parece CD riscado?
América-RJ, Banfield, Libertad e Nacional-SP
Caracas, Colo-Colo, LDU, River-PI
Grupo 7
Boca Juniors, Bolívar, Cienciano, Toluca Aqui também é fácil prever: com o Toluca, mais uma equipe das organizações Tolete, em campo, não resta dúvida quanto a quem é favorito. A segunda vaga é do Boca, que, mesmo com um time júnior, é melhor que os outros, que são meia-boca.
Grupo 2
Alianza Lima, Audax Italiano, Necaxa, São Paulo A crise na Itália está complicada, mas esse negócio de mandar time pra jogar na Libertadores é avacalho total! Já não bastam os mexicanos... Bom, nesse grupo A Várzea só conhece o São Paulo, que vai liderar. O time da Itália entra também, porque lá os caras são ricos.
Grupo 8 Grupo 4
Grupo 5
Olha, esse regulamento da Libertadores deve ter sido feito por alguém da Federação Gaúcha. O Nacional está em dois grupos diferentes? E se se classificar nos dois? Bom, aqui passa o Inter (Brasil-sil-sil!) e mais um. Emelec? Existe isso, mesmo? Ô Tolete! Vê se não foi o Denílson que escreveu isso aqui!
Dá-lhe, Mengão! Só dá Mengão! Meeeeeeeeeeengo! Que venha o Real Madrid! [Tolete, confessa que você não sabe mais nada sobre os outros times – o editor]
Emelec, Internacional, Nacional, Vélez
Grupo 3
Cerro Porteño, **cuta, Grêmio, Tolima Neste grupo, Tolete não tem dúvidas: se classifica o Tolima, seu primo peruano. Colômbia? Bom, se classifica esse palavrão aí e o brasuca.
Flamengo, Maracaibo, Paraná, Real Madrid
Defensor Sporting, Deportivo Pasto, Gimnasia La Plata, Santos Ô Tolete... Sério que o nome do clube é Pasto? É o time do Joselito Vaca? Esse campeonato é mesmo uma várzea... Até equipe de ginástica joga. Bom, A Várzea só conhece o Santos. Saaaaaaaaaaaaaaaaaaaaan-tos!
Ou seja, como dá para perceber, após análise profunda e exaustiva de todas as equipes, A Várzea não tem dúvida: dá Tolima e Toluca na final. Dá-lhe, Tolete!
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Guia da Copa Toyota Libertadores 2007
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Quiz
Veja se você está afiado e sabendo tudo sobre a Copa Toyota Libertadores
1
a) América de Cali (COL)
3
b) Cerro c) Bolívar (BOL) d) Barcelona Porteño (PAR) (EQU)
O jogo Peñarol x Valencia (VEN), de 1970, registra a maior goleada da história da competição. Quanto foi?
4
Respostas: 1b, 2d, 3a, 4c, 5c, 6b, 7d, 8c, 9d, 10b
8
a) Paulista
b) Sport
c) Juventude
5
a) Juan Aurich (PER) b) Atlético Junior (COL) c) Pepeganga (VEN) d) Everton (CHI)
Que clube brasileiro foi derrotado em casa por um time da Venezuela?
a) Bahia
Qual o único clube brasileiro que disputou a Libertadores, mas nunca venceu uma partida na competição?
Qual destes clubes localizados em ilhas marítimas já disputou a Libertadores?
a) 11x2 b) 10x0 c) 9x1 d) 9x0
6
2
Qual o time que disputou mais edições da Libertadores e nunca conquistou um título?
b) Fluminense
7
c) Santo André d) Internacional
O que há em comum em todas as finais da Libertadores em que o time da casa perdeu o título na disputa de pênaltis? a) Um jogador uruguaio converteu a cobrança decisiva b) O vencedor sempre foi um time argentino c) Todas essas decisões foram realizadas na cidade de São Paulo d) O perdedor era o campeão do ano anterior
9
Qual o jogador que fez mais gols em uma única partida na competição? a) Alberto Spencer b) Fernando Baiano c) Juan Carlos Sánchez d) Percy Rojas
Que clube conseguiu a maior série invicta (em número de partidas) da história da Libertadores?
a) Peñarol
b) Olimpia
(URU)
(PAR)
Em que anos o Brasil não teve representante na Libertadores? a) 1978, 1979 e 1986 b) 1964, 1967 e 1972 c) 1972, 1973 e 1975 d) 1966, 1969 e 1970
c) Independiente d) Sporting Cristal (PER) (ARG)
10
Qual desses grandes craques disputou a Libertadores? a) Maradona b) Tostão c) Rivellino d) Di Stéfano
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d) Bangu
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