Trivela 11 (jan/07)

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nº 11 | jan/07 | R$ 7,90

www.trivela.com

CHILE, 1973 O dia em que o Santos ajudou o ditador Pinochet

PEKERMAN “Se entendesse de tática, Brasil seria imbatível”

99

reforços para

• Violência argentina • Inter campeão • Pontos corridos x mata-mata • Puskas na Grécia • Prêmios Várzea 2006

seu time

Quem são os jogadores espalhados pelo mundo que seu clube pode buscar em 2007

editora

P O O L

nº 11 | jan/07 | R$ 7,90

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índice

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Entrevista: Pekerman explica como lançou a atual geração argentina Reforços para 2007: 99 jogadores que seu clube pode trazer do exterior Brasileiros pelo mundo: Por que tem jogador que vai para Polônia, Vietnã... Futebol e política: Santos participou de festa armada por Pinochet

Jefferson Bernardes/Vipcomm

Violência na Argentina: O problema dos barrabravas envolve até política Jogo do mês Curtas Opinião Peneira Tática Mundial de Clubes Transferências Cabo Verde Entrevista: Cacau Capitais do futebol História Embaixadas Campeonato Escandinavo Negócios Cadeira cativa E se...

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Cultura A Várzea

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editorial Reforços, não lorotas Janeiro é um mês ruim para o torcedor que não acompanha o futebol europeu. Sem jogos no Brasil – a não ser a moribunda Copa São Paulo de Juniores –, os fanáticos acabam condenados a ser diariamente enganados por um conluio entre empresários, dirigentes e a má imprensa, que busca convencê-los de que seu time vai contratar todos os craques disponíveis – e alguns que, claramente, não estão disponíveis. Na ausência de futebol em campo, este é mesmo o momento de se dedicar a essas especulações. Desde que, é claro, se fale de coisas reais, que podem acontecer. No atual momento do futebol brasileiro, não é possível atrair de volta ao país quem esteja bem lá fora. Ainda conseguimos formar bons times, mas na base de jogadores jovens e de muito garimpo entre os mais velhos. Nilmar? Ronaldo? Adriano? O primeiro deve defender algum clube brasileiro, mas os outros dois estão muito longe disso. Outros jogadores, porém, estão ou encostados em seus times fora do Brasil ou sentindo que está na hora de voltar ao país. Em vez de entrar no oba-oba de empresários interessados em valorizar jogadores que, muitas vezes, não têm valor, a Trivela foi atrás dos fatos: quem está fora do Brasil e pode voltar, por qualquer dos motivos apontados acima. Destes, quem pode ser considerado reforço? O resultado você vê nas páginas 22 a 33. Dos 99 nomes levantados, muitos, claro, não voltarão ao Brasil. Todos eles, porém, de uma forma ou de outra, podem pintar em alguma equipe brasileira em 2007. Ao torcedor, resta esperar que sua equipe traga os melhores nomes da lista.

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Editor Caio Maia Reportagem Carlos Eduardo Freitas Cassiano Ricardo Gobbet Ricardo Espina Tomaz Rodrigo Alves Ubiratan Leal Colaboradores André Kfouri Antonio Vicente Serpa João Tiago Picoli Mauro Beting Mauro Cezar Pereira Zeca Marques Agradecimentos André Pase Foto da capa Matteo Bazzi/EFE Projeto gráfico e direção de arte Luciano Arnold (looks@uol.com.br) Diagramação e tratamento de imagem s.t.a.r.t. (start.design@gmail.com)

Assinaturas www.trivela.com/revista (11) 3038-1406 Diretor comercial Evandro de Lima evandro@trivela.com (11) 4208-8213 Atendimento ao leitor contato@trivela.com (11) 4208-8205 Atendimento ao jornaleiro e distribuidor Pool Editora pooleditora@lmx.com.br (11) 3865-4949 Circulação LM&X - Alessandra Machado (Lelê) lele@lmx.com.br (11) 3865-4949 é uma publicação mensal da Trivela Comunicações. Todos os artigos assinados são de responsabilidade dos autores, não representando necessariamente a opinião da revista. Todos os direitos reservados. Proibida a cópia ou reprodução (parcial ou integral) das matérias e fotos aqui publicadas Distribuição nacional Fernando Chinaglia Impressão Prol Editora Gráfica Ltda. Tiragem 30.000 exemplares

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Bernardino Avila/Reuters

Jogo do mês, por Ubiratan Leal

Arrancada

no final

Em um torneio de pontos corridos com final em matamata, o Apertura da Argentina premiou quem foi melhor nos momentos decisivos

F

campo boquense perdeu consistência. Foi a vez de Verón aparecer. O volante – que fez fama no Boca, mas começou a carreira no Estudiantes e voltara às origens em julho – passou a mandar no jogo. O time rojiblanco criou oportunidades, acertou uma vez a trave de Bobadilla e chegou ao empate, já no segundo tempo, com uma cobrança de falta de Sosa. Muito mais encorpado e confiante, o Estudiantes continuou melhor e colocava a defesa portenha em dificuldade. Era um grande jogo, com duas equipes lutando em campo minado, à espera de algo que desestabilizasse a relação de forças que se impunha. Aí, Cahais falhou e permitiu a virada dos platenses. Nos minutos finais, o Boca tentou o empate sem organização nenhuma e quase sofreu o terceiro, em um contra-ataque. Como ocorrera no “campeonato regulamentar”, o Estudiantes foi melhor na hora da decisão. Durante a competição, o Boca Juniors abriu vantagem e ficou a um ponto do título. Uma arrancada de dez vitórias e um empate nos últimos 11 jogos, unida a duas derrotas boquenses nas rodadas finais, permitiu a realização do jogo extra – que, diga-se, seria desnecessário se o Gimnasia La Plata não tivesse, de modo suspeito, perdido de 4 a 1 de virada para os Xeneizes e atrapalhado a caminhada do rival. De qualquer maneira, o Apertura parecia reservado para a equipe que tivesse mais espírito de campeão – em pontos corridos ou em mata-mata.

BOCA JUNIORS 1 ESTUDIANTES 2 Data: 13/dezembro/2006 Local: Estádio José Amalfitani (Buenos Aires) Árbitro: Sérgio Pezzotta Gols: Palermo (4min), Sosa (64min) e Pavone (80min) Cartões amarelos: Gago, Cardozo, Marino e Schelotto (Boca); Verón e Galván (Estudiantes) Cartões vermelhos: Ledesma (Boca); Alvarez (Estudiantes) BOCA JUNIORS Bobadilla; Ibarra, Cahais (Franzoia), Díaz e Morel Rodríguez; Gago, Cardozo (Marino), Ledesma e Schelotto (Calvo); Palacio e Palermo. Técnico: Ricardo La Volpe

ficha

altavam 10 minutos para terminar a final do Torneo Apertura da Argentina. O jogo, que só existiu porque Boca Juniors e Estudiantes não conseguiram definir quem era melhor após 19 rodadas em pontos corridos, estava 1 a 1 e parecia que seria necessária a prorrogação para desigualar as duas equipes. Foi quando ocorreu o lance crucial: Cahais recuou mal para Bobadilla, Pavone se antecipou, tocou por cima do goleiro boquense e, de cabeça, empurrou para os fundos das redes. Era o segundo gol do Estudiantes. O gol do título, o primeiro desde 1983. A consagração foi justa pelo que ocorreu em campo. Na realidade, pelo que ocorreu no campeonato. Na decisão, disputada no estádio José Amalfitani,, casa do Vélez Sársfield, o Boca começou com ritmo mais forte e saiu na frente logo aos 5 minutos. Ledesma fez boa jogada pela esquerda e cruzou para Palermo desviar para as redes platenses. Com o gol, os Xeneizes se acalmaram e passaram a ditar o ritmo da partida. No entanto, do outro lado estava o Estudiantes e o técnico Simeone, dois símbolos de como os argentinos se entregam em campo. Mais com o coração do que com a razão, o time de La Plata impediu que os adversários aumentassem a vantagem. A partida ficou tensa, e os jogadores começaram a entrar com violência em algumas divididas. Após uma troca de coices, Ledesma e Alvarez foram expulsos. Sem um de seus principais articuladores, o meio-

ESTUDIANTES Andújar; Angeleri, Alayes, Ortíz e Alvarez; Braña, Verón, Sosa (Saucedo) e Galván (Benítez); Maggiolo e Pavone. Técnico: Diego Simeone

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Curtas POLÊMICA CAUSA DEMISSÕES NA FIFA Quatro executivos da área de marketing da Fifa foram demitidos, acusados de negociações desonestas com a Mastercard e a Visa pelos direitos de patrocinar a Copa em 2010 e 2014. A entidade violou uma obrigação contratual com a Mastercard, que tinha o direito de primeira recusa para continuar a ser um patrocinador exclusivo (em sua área de atuação) do Mundial. Em vez disso, a Fifa não esperou a decisão e fechou um acordo com a Visa.

FIM DE CARREIRA A partida entre Boca Juniors e Lanús, válida pela última rodada do torneio Apertura, foi a última da carreira de Horacio Elizondo. O árbitro argentino, que apitou a partida de abertura e a decisão da última Copa, igualou o recorde do mexicano Benito Archundia. Ambos atuaram em cinco jogos de um mesmo Mundial. Elizondo começou a carreira em 1994. Além do jogo entre França e Itália, em Berlim, ele atuou nas decisões das duas últimas Libertadores.

Oliver Berg/EFE

A Fifa alterou o emparceiramento das seleções na disputa da repescagem, nas eliminatórias da Copa. As alterações já valem para o Mundial de 2010, na África do Sul. Agora, o quinto colocado da Conmebol enfrentará o quarto representante da Concacaf. Já a equipe vencedora da prévia na Oceania terá como adversária a quinta seleção da Ásia. Participarão da Copa 13 países da Europa, cinco africanos, quatro da América do Sul, quatro da Ásia e três da Concacaf (que engloba Américas Central, do Norte e Caribe), além de duas seleções vindas da repescagem e da África do Sul, o país-sede.

Divulgação

MUDANÇAS NA REPESCAGEM

3º FOOTECON A última Copa do Mundo foi o principal assunto do 3º Footecon, fórum internacional de futebol, realizado no Rio de Janeiro, nos dias 5 e 6 de dezembro, sob a curadoria de Carlos Alberto Parreira. As grandes estrelas entre os palestrantes foram José Pekerman, técnico da Argentina no Mundial, e Arrigo Sacchi, ex-diretor técnico do Real Madrid e extreinador do Milan e da seleção italiana. A Trivela conversou com os dois. A entrevista com Pekerman você vê a partir da página 14; a de Sacchi, na edição de fevereiro. Pouco mais de 200 pessoas, entre as quais os principais treinadores do país, outros técnicos famosos que estão desempregados e muitos em início de carreira, estiveram ali para ouvir os grandes nomes brasileiros e internacionais. Apesar do bom nível das discussões, eram raros os casos de dirigentes presentes. “É uma pena que os presidentes de clubes não estejam aqui”, lamentou Jorginho, assistente de Dunga na Seleção.

frases “É um enorme prazer voltar para minha casa. Venho para recuperar a auto-estima e o orgulho da torcida tricolor” Branco comemora sua volta ao Tricolor carioca, agora como coordenador geral do departamento de futebol.

‘’Shevchenko é o cachorrinho da mulher dele’’ Silvio Berlusconi, presidente do Milan, mostra seu apreço pela companheira do atacante do Chelsea.

“O treinador muito marcante quer dirigir o clube e isso nunca dá certo. O Leão e o Vanderlei Luxemburgo são assim, acaba dando problema” Marco Aurélio Cunha, superintendente de futebol do São Paulo, comenta sobre o que considera ser o perfil ideal para um treinador.

“O Barcelona não foi inferior. Os jogadores barcelonistas chutaram mais, tiveram o domínio da partida, mas lhes faltaram pequenos detalhes que perderam devido ao pouco tempo de adaptação” Johan Cruyff arruma uma desculpa barata para tentar explicar a derrota do Barcelona para o Internacional, na final do Mundial de Clubes da Fifa.

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Até 2008, a seleção russa ganhará um moderno centro de treinamentos, localizado nas proximidades de Moscou. Por trás da obra, está Roman Abramovich. O milionário dono do Chelsea gastará de US$ 30 milhões a US$ 40 milhões no local, que terá seis campos oficiais com gramado natural e quatro com artificial. Além de outros campos pequenos, haverá piscina, sala de musculação, quadra de tênis, pista de atletismo e dois hotéis. O projeto será supervisionado pelo Kremlin.

Victor Ruiz Caballero/Reuters

CT DO ABRAMOVICH

IRAQUE PAROU PARA VER A SELEÇÃO JOGAR Normalmente presentes no noticiário por serem palco de atentados todos os dias, as ruas de Bagdá receberam muita festa nas duas primeiras semanas de dezembro. Tudo isso porque a seleção iraquiana chegou à final dos Jogos Asiáticos contra a seleção do Qatar. A jovem equipe perdeu a decisão e ficou com a medalha de prata. Durante as partidas, as ruas ficaram vazias, e os tiros que se ouviam vinham das comemorações. Mais importante que o resultado, porém, é a simbologia de um time formado por todas as etnias que compõem o país: xiitas, curdos, sunitas e turcomenos. Até mesmo os dois principais jornais do país, de posições políticas contrárias, uniram-se nos elogios. Como diria Bill Shankly, lendário treinador do Liverpool entre 1959 e 1974, “tem gente que acha que futebol é uma questão de vida ou morte. Na verdade, é muito mais importante do que isso”.

INVESTIMENTO ESTRANGEIRO Manchester City e Liverpool anunciaram que estão em negociações para a venda dos clubes. O primeiro não quis revelar o comprador, mas a transação ficaria em torno dos € 100 milhões. Já os Reds conversam com a Dubai International Capital (DIC), empresa ligada ao governo dos Emirados Árabes Unidos, que estaria disposta a pagar cerca de € 650 milhões para ficar com o clube. Em 2006, Aston Villa e West Ham foram vendidos para os empresários Randy Lerner e Eggert Magnusson, respectivamente.

“Nunca vi um vestiário tão bom quanto este” Juanito garante que o clima na Real Sociedad é de extrema amizade. Isso logo depois de acertar um soco no rosto de Rossatto, seu companheiro de equipe, durante um treino.

SUL-AMERICANA DO NORTE O Pachuca tornou-se o primeiro clube mexicano a conquistar um título em um torneio... sul-americano. Com a vitória por 2 a 1 em cima do Colo-Colo, no Chile, depois de um empate por 1 a 1 no jogo de ida, os Tuzos comemoram muito mais do que a inclusão de outra taça em sua galeria. Desde que os clubes do país norte-americano passaram a ser convidados para a disputa de competições da Conmebol, em 1998, o melhor resultado havia sido o vicecampeonato do Cruz Azul, na Libertadores de 2001. Em 2005, o Pumas perdeu o título da Sul-Americana para o Boca Juniors. Veja as melhores classificações das equipes mexicanas nos dois torneios:

“O jogador te respeita quando você é sério” Caio Júnior, em sua apresentação oficial como técnico do Palmeiras.

“Falei para o Pato “Sinto pena por sair ir lá e brincar, mas teve assim, por culpa de uma hora que acho que um torcedor do Boca” ele brincou até demais” O goleiro Germán Lux, do River Abel Braga, sobre as embaixadas de ombro na partida contra o Al Ahly, na semifinal do Mundial de Clubes.

Plate, trata com carinho Daniel Passarella, treinador dos Millionarios, que não o aproveitará em 2007.

Ano

Clube

Resultado

Sul-Americana 2005 Pumas 2006 Pachuca

Final Campeão

Libertadores 1998 América 1999 Monterrey 2000 América 2001 Cruz Azul 2002 América 2003 Cruz Azul 2004 Santos América 2005 Chivas 2006 Chivas

Oitavas-de-final Quartas-de-final Semifinais Final Semifinais Quartas-de-final Oitavas-de-final Oitavas-de-final Semifinais Semifinais

“Eles já anunciaram o Ronaldo Fenômeno como jogador da equipe e novamente anunciam um lote de jogadores. Agora é a vez do Nilmar. O próprio Cléber Santana já tinha ‘vestido’ a camisa do Flamengo” Marcelo Teixeira, presidente do Santos, desdenha do interesse do time da Gávea em Nilmar.

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O River Plate não desperdiçou a chance de provocar seu maior rival. Um dia depois de o Boca Juniors perder o título do torneio Apertura ao ser derrotado pelo Estudiantes, por 2 a 1, os Millionarios fizeram uma brincadeira em seu site oficial. O River, que em três oportunidades conquistou o título argentino três vezes consecutivas, tripudiou o fato do clube xeneize ter falhado outra vez na tentativa de alcançar o tri. Para completar, ainda mostrou quem são as verdadeiras “galinhas”, apelido pejorativo dado pela torcida do Boca ao rival por sua suposta vocação de amarelar em momentos decisivos.

TABELA DO BRASILEIRO Com cinco meses de antecedência, a CBF divulgou a primeira versão da tabela do Campeonato Brasileiro de 2007. A Série A começará em 12 de maio; um dia depois, terá início a Série B. Por enquanto, ainda não há datas, horários e locais definidos para cada partida, o que deve ser decidido em fevereiro. Confira contra quem seu time estreará:

São Paulo x Internacional x Flamengo x Fluminense x Corinthians x Paraná x América-RN x Sport x Atlético-MG x Figueirense x

Goiás Botafogo Palmeiras Cruzeiro Juventude Grêmio Vasco Santos Náutico Atlético-PR

EUROCOPA INCHADA A Uefa estuda a possibilidade de ampliar para 24 o número de participantes da Eurocopa. Hoje, 16 seleções disputam a fase final do torneio. A idéia de expandir o número de participantes partiu da Escócia, com o apoio de Irlanda, Letônia e Suécia. A proposta poderia valer para a Euro2012, cuja sede será definida em abril de 2007. Duas candidaturas conjuntas (Ucrânia/Polônia e Croácia/Hungria) e uma “solo” (Itália) estão na disputa para receber o torneio.

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10 boatos que vão aparecer em janeiro

PROVOCAÇÕES

Todo começo de ano é a mesma coisa: sem assunto melhor para falar, a imprensa ocupa espaço com boatos sobre supostas transferências. Veja abaixo alguns que você certamente vai ouvir em janeiro.

1

Nilmar no Flamengo

2

Ronaldo no Flamengo

3

Adriano no Flamengo

4

Tevez e Mascherano no Flamengo

5

Petkovic nos quatro grandes do Rio

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Alex, Grafite e Elano no Corinthians

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Vagner Love no...

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Luís Fabiano no Santos

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Romário no...

O rubro-negro está disputando a Copa Libertadores. Nilmar é um ótimo atacante, que tem situação contratual confusa. Pronto: está aí o novo “reforço” do time da Gávea. Se não for para o Rio de Janeiro, Santos, São Paulo, Palmeiras e Internacional também estão interessados.

Vejamos: o contrato do Fenômeno termina em 2007. Quando jovem, Ronaldo participou de uma peneira do Flamengo. Com a suposta parceria com a MSI, o clube teria dinheiro praticamente infinito. Já é mais que o suficiente para cravar que a transferência vai rolar. Ou não?

E por falar em atacantes da Seleção que estão em baixa, Adriano seria outro filho pródigo que pode retornar à Gávea. Quem precisa de Liga dos Campeões quando pode disputar a Libertadores?

Para completar o “dream team” rubro-negro na Libertadores, ninguém melhor que os dois argentinos amigos de Kia Joorabchian – supondo, claro, que a tal parceria com a MSI realmente se concretize.

Sim, o sérvio teve desempenho pífio no Brasileirão. Isso não impede muita gente de divulgar que Flamengo, Fluminense, Botafogo e Vasco querem contratar “Pet”. Tá certo que foi o empresário do jogador que divulgou essa história. O pior é que é capaz de ser verdade...

Diz a lenda que Renato Duprat pediu para Boris Berezowski esses três reforços. Basta isso para a Fiel já começar a sonhar.

Pelo terceiro ano seguido, o atacante da Seleção vai ser “anunciado” como reforço de algum time. Qual? Escolha seu preferido.

De um lado, um atacante que deixou saudade no Brasil. De outro, um time que quer se reforçar para a Libertadores e (supostamente) tem dinheiro para gastar. Precisa de mais para surgir um boato?

O Baixinho deu vexame na Austrália, mas isso não impede a imprensa de gastar linhas imaginando para onde o atacante vai. Cene, Tupi e outros pequenos já fizeram convites, mas pode apostar que ele vai acabar no Vasco mesmo.

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Gomes no Timão

Por que um jogador de Seleção que está bem na Europa voltaria ao Brasil? Não sabemos, mas o Corinthians precisa de um goleiro, o que já é suficiente para muita gente acreditar nessa história.

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Opinião

Você trocaria Iarley por Ronaldinho? PRONTO: FOI SÓ O INTERNACIONAL VENCER o Bar-

Mauro Cezar Pereira

celona para que muita gente precipitada tirasse conclusões. É inacreditável, mas as pessoas desenvolvem verdadeiras teses com base no que acontece em meros 90 minutos de futebol. A mais defendida nestas últimas semanas é a seguinte: jogadores bons são desnecessários, o importante é ter quem jogue com garra e determinação. Tá bom, então. Primeiro, é preciso deixar algo bem claro: o Internacional ganhou com justiça o Mundial – como o Once Caldas mereceu a Libertadores de 2004. O time colombiano jogava feio, retrancado, mas não tinha alternativa se quisesse ser minimamente competitivo. Foi eficiente, passou por Santos, São Paulo e Boca Juniors. E só perdeu o Mundial para o Porto nos pênaltis! Na trajetória até o título sul-americano, o Colorado não foi um time defensivo. Mas, diante do Barcelona, amplamente superior nos aspectos financeiro e técnico, adotou como estratégia não deixar o adversário jogar. Empurrou o 0 a 0 até onde deu, na esperança de, em uma chance, marcar o gol que poderia valer o título. Funcionou. A diferença entre a conquista do Internacional e a alcançada pelo São Paulo um ano antes foi que o time paulista se apresentou melhor no primeiro tempo e sofreu um massacre na segunda etapa — não perdeu para o Liverpool graças a milagres de Rogério Ceni. Já os colorados tiveram maiores dificuldades na primeira metade da decisão com o Barcelona. A proposta, porém, era semelhante, e a única exeqüível diante de um adversário mais forte: marcar firme, defender-se bem e ser preciso no ataque. As circunstâncias da decisão em Yokohama tornaram o título do Inter mais representativo. Diante do campeão europeu, quem em sã consciência seria capaz de apostar no sucesso de uma equipe formada, em boa parte, por jogadores renegados, discutíveis ou pouco conhecidos? São os ca-

sos de Ceará, Índio, Rubens Cardoso, Fabiano Eller, Clêmer, Wellington Monteiro, Edinho, Alex e Adriano Gabiru. Abel Braga disse antes e depois da final que marcar forte e dificultar as ações do Barça era não só sua estratégia de jogo como a única opção factível. Por ser um só duelo, ele sabia que era possível surpreender o bicampeão espanhol. Assumir as próprias limitações e superá-las foi seu maior mérito. Contudo, após o resultado da final, Ronaldinho Gaúcho virou “amarelão”, e o bom Iarley foi catapultado à condição de jogador “mais decisivo” que o craque. Ceará tornou-se superior a Zambrotta, e Wellington Monteiro mais eficiente do que Deco. Bobagem. O camisa 10 do Barcelona foi decisivo nos dois títulos espanhóis e na conquista da Liga dos Campeões. Além disso, já disputou, e venceu, uma final de Copa do Mundo, em 2002. O aplicado Ceará está bem abaixo de Zambrotta, como Deco é, evidentemente, mais jogador do que o não menos esforçado Wellington. O resultado do jogo provou apenas que uma equipe empenhada pode superar um adversário mais forte – o que, convenhamos, não é novidade. Triunfos de times inferiores sobre rivais mais capacitados fazem parte da história do futebol. O erro é começar a acreditar que basta ter gente que se entregue em campo para formar boas equipes. Quando essa é a única alternativa, que seja seguido tal caminho, que não é dos mais fáceis. Mas claro que o melhor é contar com craques. Ou alguém aí não trocaria Iarley por Ronaldinho Gaúcho?

Fla na Libertadores Seis representantes brasileiros estarão na disputa do principal torneio sul-americano, em 2007. Entre eles, o Flamengo, campeão em 1981 e que retorna após a pífia participação de 2002, quando não passou da primeira fase — foi quarto no grupo que tinha Olimpia, Universidad Católica e Once Caldas. O rubro-negro deu sinais de recuperação, em 2006. Ney Franco, aos poucos, iniciou a montagem de um time com o mínimo de conjunto. Apesar dos devaneios dos cartolas que se aproximaram da MSI, é com jogadores ao alcance dos combalidos cofres rubro-negros que o elenco se ajeita. A base é interessante e poderá tornar-se competitiva. Bruno; Leonardo Moura, Thiago, Moisés e Juan; Paulinho, Clayton, Renato e Juninho Paulista ou Renato Augusto; Obina e Sávio. Não há gênios, mas existem jogadores eficientes e de nível aceitável, dentro do que costumamos chamar de “realidade do futebol brasileiro”. Pode virar um bom time, desde que os salários sejam pagos em dia, o técnico possa trabalhar em paz e a torcida abrace o elenco. É a receita gaúcha que fez a dupla Gre-Nal ir longe em 2006. Janeiro de 2007

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Brasileirão com mata-mata? Não, obrigado A REVISTA ÉPOCA publicada no dia 11 de dezembro trouxe

Carlos Eduardo Freitas

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uma matéria intitulada “...e o futebol patina”. No texto, a repórter mostra os modelos europeus seguidos por clubes brasileiros para tornar o futebol por aqui mais atrativo comercialmente. Usa como exemplo o Barcelona, que serviu de inspiração para o Internacional na adoção de um programa de sócios que levou o clube a ter, no Campeonato Brasileiro e na Libertadores, quase sempre casa cheia no Beira-Rio. Eis que, ao terminar o texto, o leitor da Época se depara com um artigo assinado por Carlos Afonso Maia (alguém sabe quem é?), sob o título “As virtudes do mata-mata”. No texto, o sujeito argumenta que o modelo americano, dos playoffs, é o mais interessante comercialmente, pois lota estádios e separa os gênios dos jogadores comuns. “Robinho virou Robinho num mata-mata”, afirma. Sim, é verdade. Assim como também é verdade que Pelé construiu grande parte de seu mito em Campeonatos Paulistas disputados... em pontos corridos. Alguém aí quer comparar Pelé com Robinho? O autor do texto também argumenta que “nossos melhores jogadores estão na Europa, onde ganham bem mais”. De fato. Estão lá porque sabem que vão para um clube que vai jogar 34, 38 partidas no campeonato nacional, e não apenas seis meses por ano – até o final da primeira fase – e ficar vendo os oito “melhores” no mata-mata, nos meses finais. Isso para não mencionar o sem-número de jogos inúteis que acontecem até que se definam os classificados às oitavas ou seja-lá-o-quêde-finais. Com tantos brasileiros no exterior, faz tempo que os torcedores estão mais do que acostumados ao formato de pontos corridos dos campeonatos europeus. Outro dos argumentos do autor para criticar o futebol brasileiro é que “os estádios estão vazios”. Sem dúvida, não dá para comparar as médias de público no Brasil nem mesmo com a segunda divisão da Inglaterra, onde os estádios recebem mais que 15 mil pessoas por partida. Será que é por causa do sistema de disputa que isso acontece? Certamente não. O problema passa pela violência, pelo preço dos ingressos – no Brasil, custam cerca de R$ 15, quase 5% do salário mínimo. Na Inglaterra, um torcedor que quer ver um jogo da segunda divisão paga no máximo 10 libras, o equivalente a duas horas de trabalho numa semana de 40 horas úteis – ou seja: pouco mais de 1% do salário mínimo, que é de 5 libras por hora. Alguém tem dúvidas de que nossos estádios

receberiam mais público com ingressos a R$ 5? Para quem anda com memória curta, não custa lembrar que a média do Brasileiro em 2006 (12.311 torcedores/jogo) foi praticamente a mesma do de 2002 (12.866), quando Robinho estourou. Sem falar que, desde que o Brasileirão passou a ser disputado por pontos corridos, aumentou o interesse dos estrangeiros pela compra dos direitos de transmissão. Ficou muito mais fácil de entender a fórmula de disputa. “Nunca o futebol brasileiro foi tão interessante para o mercado internacional”, comentou a este colunista Jochen Lösch, vice-presidente da SportsFive, empresa que negocia os direitos de transmissão dos principais campeonatos de futebol do planeta.

Uma sugestão Se tem tanta gente desesperada por campeonatos de pontos corridos, faço a seguinte sugestão: por que a CBF não passa a Copa do Brasil para o segundo semestre? Afinal, é uma época em que não há outro mata-mata, já que todas as competições interessantes nesse formato – estaduais, Libertadores e Copa do Brasil – são disputadas nos primeiros seis meses do ano. Além disso, a mudança manteria todos os participantes do Brasileirão 100% interessados no campeonato, algo que não aconteceu com o Flamengo, que já tinha vaga garantida na Libertadores, em 2006. A final poderia ser disputada na semana seguinte à última rodada da Série A, e teríamos emoção a valer, como todos querem. Já imaginou se, por exemplo, Internacional e AtléticoMG se encontram numa eventual disputa para chegar à semifinal da Copa do Brasil em setembro ou outubro? O Galo na segunda divisão, o Inter campeão da Libertadores... Já pensou na pressão que haveria em cima das duas equipes? Muito melhor do que o formato atual, sem graça e sem os melhores times do país. Voltar o Brasileirão ao sistema com mata-mata – principalmente agora, quando o novo formato começa a cair nas graças da torcida –, como sugere o tal articulista, seria retroceder aos modelos que geraram boa parte dos problemas financeiros vividos pelos clubes brasileiros. A esta altura dos acontecimentos, isso não pode interessar a ninguém. Mesmo assim, é o que a Globo vem defendendo. Coincidência ou não, a mesma Globo que edita a Época. Está explicado.

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A justiça não enxerga NO PRIMEIRO LANCE DE GOL da última partida do

Mauro Beting

Santos no BR-04 – por pontos corridos –, Ricardinho fez um golaço de falta no Vasco. Em 5 minutos, definiu a partida, que se arrastou até o apito final, com vitória santista por 2 a 1, e a volta olímpica em Rio Preto. No último chute do BR-02, na segunda partida decisiva, no Morumbi lotado, Leo arrematou no ângulo mais uma Robinhice para cima da zaga vice-campeã. Naquela bomba, explodiu a fila do Santos, que desde dezembro de 1984 atormentava o santista, numa vitória sobre o mesmo Corinthians – rival que, um ano e meio antes do surgimento de um craque chamado Robinho, eliminara o Santos nos últimos 16 segundos da semifinal do SP-01, em outro chute cirúrgico de Ricardinho. Em outro mata-mata. Preciso perguntar de qual final o santista irá lembrar com mais carinho? Devo, porém, discutir qual a fórmula de disputa mais “justa”, no mais “injusto” esporte do planeta. Num matamata, de virada, a fabulosa Hungria-54 perdeu o mundo para a modestíssima Alemanha. Nova virada a seleção alemã daria sobre a notável Laranja Mecânica holandesa, na Copa-74 – um time que ganhou o coração do planeta, mas não o mundo, perdido em 90 minutos de uma decisão. O Brasil-82 é outro que nem precisou de uma final para fazer história. Nem de semifinal. Quinto colocado na Espanha, caiu diante de Paolo Rossi, por 3 a 2. “Se jogássemos 20 vezes, o Brasil nos venceria 19 – menos naquele 5 de julho”, disse o meia azzurro Tardelli. Mais não preciso dizer. Noventa minutos podem ser injustos. Quase sempre, porém, não são – como não foram na decisão do BR-02, entre o Santos de Robinho e Diego e o Corinthians campeão da Copa do Brasil e do Rio-São Paulo. O Santos venceu o último jogo no último chute. Mas também vencera a primeira partida. Como vencera o Grêmio na semifinal. Como vencera o favorito São Paulo duas vezes, nas quartas. O melhor time da primeira fase caiu para o oitavo colocado do turno do BR-02. Injusto foi com o São Paulo. Não seria mais, entretanto, pela excelência santista – campeã daquele ano, vice da Libertadores-03 e do BR-03, e novamente campeã em 2004, já nos pontos corridos. O Santos-02 mereceu o título. Outros campeões de fórmulas esdrúxulas, nem tanto. Até campeão com saldo negativo de gols o Brasil já teve. Não pode. Nem pode o futebol do Brasil se privar da festa da final. Ou das finais. Três, para não deixar dúvidas. Em 270 minutos, não há como não premiar a melhor equipe. Uma sugestão, antes que me torne o pária do ano por ser contra a “moralidade, justiça e responsabilidade social”

dos pontos corridos: turno e returno, pontos contados. As duas equipes de melhor campanha decidem o campeonato em três partidas. O time com mais pontos tem todas as regalias: manda dois dos três jogos em casa. Mais: escolhe a ordem dos mandos. Se quiser estrear na casa do rival, pode. Se quiser começar matando e mandando, também. Mais: para o time de melhor campanha, basta uma vitória em três jogos. Se ganhar a primeira, já é o campeão. O rival terá de fazer no mínimo cinco pontos. Uma vitória e dois empates. Difícil ser injusto desse modo. Mais difícil ainda é abrir mão das receitas, rendas, audiências, emoções e angústias de uma decisão. Melhor: de três finais. Uma melhor de três entre os dois primeiros é o melhor dos pontos corridos com o melhor dos playoffs. O torcedor vai ao estádio ou ao sofá de casa para vencer um rival direto, não um time que pouco ou nada tem a ver com o título. Cada bola disputada é uma vitória do clube – e uma derrota do adversário direto. Não há clima de festa no estádio. Há futebol. Há decisão. Haja coração, dirá o locutor. Pontos corridos é a fórmula mais justa. Como era justo, justíssimo um professor da Faculdade de Direito. Talvez a pessoa mais justa que conheci. Certamente, também era uma das três mais chatas. Um mata-mata de 270 minutos entre as duas equipes com melhor campanha ao final dos dois turnos não “premia a injustiça”. São ótimas as chances de o melhor confirmar a campanha e faturar título em três jogos. Foi assim com o Corinthians em 1998 e 1999, melhor da primeira fase (em turno único), que ganhou o caneco em três partidas contra Cruzeiro e Atlético-MG. Jogos de casa cheia, cofre abarrotado, audiência nas alturas, emoção à flor das chuteiras, histórias para celebrar e comentar. Títulos ainda mais gostosos porque conquistados diretamente contra o vice-campeão. Títulos ainda mais legítimos. E muito mais legais. Janeiro de 2007

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Peneira

Gómez:

nome espanhol, eficiência alemã

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que disputou até a 15ª rodada, além de ter feito cinco assistências. Ao longo do primeiro turno, disputou algumas vezes o prêmio de melhor do mês com Diego e Miroslav Klose. Magath declarou recentemente que, se Gomez continuar jogando da mesma maneira, pode tentar levá-lo para o poderoso Bayern. Depois de passar por todos os níveis das divisões inferiores da seleção alemã, o atacante tem sido cobrado pela mídia do país nas convocações da seleção principal, mas mostra paciência: “Seria maravilhoso, mas não tenho pressa. Tenho apenas 21 anos e muito tempo pela frente”. [CEF]

(desde 2001)

Bernd Weissbrod/EFE

ão há dúvidas, na Alemanha, de que o maior destaque da primeira metade da temporada é o brasileiro Diego. Se considerarmos apenas jogadores alemães, porém, a grande revelação deste final de ano chama-se Mario Gómez, atacante do Stuttgart. Sim, Mario Gómez, alemão. Filho de espanhóis radicados no país, começou a carreira nos amadores do Ulm e foi logo levado para os juvenis do VfB por Felix Magath, quando já fazia algum sucesso na seleção alemã sub-17. “Batalhei muito para que o Stuttgart lhe oferecesse um contrato”, disse o treinador, hoje no Bayern de Munique. “Ele sempre procura o gol e chuta bem com os dois pés, além de ser forte de cabeça”. Os números confirmam. Em sua primeira temporada como titular, Gómez marcou oito vezes nos 14 jogos

Nome: Mario Gómez García Nascimento: 10/julho/1985, em Riedlingen (Alemanha) Altura: 1,89m Peso: 79kg Carreira: Stuttgart

Bangoura:

o gatilho mais rápido

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campo. Por sua facilidade e velocidade na hora de chutar, ganhou o apelido de “gâchette” (gatilho, em francês), mas, embora seja um bom finalizador, muitas vezes perde lances por pura precipitação. Em suas arrancadas, quase sempre leva a melhor sobre seus marcadores e arrisca chutes de fora da área sem medo – embora ainda falhe um pouco na hora de cabecear. Apesar disso, Bangoura dá mostras de que está bem preparado para enfrentar os próximos duelos – quem sabe, em uma equipe de maior expressão. [RE]

Nome: Ismaël Bangoura Nascimento: 2/janeiro/1985, em Conakry (Guiné) Altura: 1,74m Peso: 75kg Carreira: Atlético Decolére (2002 a 2003), Ajaccio (2003 a 2005), Le Mans Suhaib Salem/Reuters

a lista de artilheiros da Ligue 1, ao lado de figurinhas carimbadas como Pauleta, Dindane e Juninho Pernambucano, desponta um intruso: o jovem guineano Ismaël Bangoura, de apenas 22 anos. Após 16 rodadas, o companheiro do brasileiro Grafite no ataque do Le Mans encabeçava a relação, com oito gols. Em 2003, quando atuava pelo Atlético de Colére, de Conakry (capital da Guiné), o atacante chamou a atenção do irmão de um dirigente do Ajaccio e acabou contratado pela equipe corsa, à época na terceira divisão. Na Córsega, o jogador aos poucos aprendeu a aliar sua habilidade com o senso de marcação. Com aplicação, Bangoura aprimorou seu estilo de jogo e chamou a atenção do Le Mans, que o contratou na temporada passada. Como o técnico Frédéric Hantz montou um esquema tático voltado para o ataque, o futebol do guineano pôde aparecer com destaque. Bangoura prefere atuar pelo lado esquerdo do

(desde 2005)

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Tática, por Cassiano Ricardo Gobbet

Como o Brasil de 1958

o 4-2-4 no 4-3-3

A A

Pelé

PD

Vavá

om Pelé, qualquer time joga bem”. Se a máxima que envolve a divindade do camisa 10 mais famoso da história for verdadeira, então podemos encerrar esta matéria aqui. Não deve haver nada para se falar sobre o time que venceu a Copa de 1958, uma vez que o “Rei” ganharia o Mundial sozinho com mais dez camisas. Entretanto, não é exatamente assim que a coisa funcionou. Primeiro, precisamos lembrar que, em 1958, Pelé ainda não era a entidade suprema que viria a ser. Depois, que as outras seleções tinham jogadores fabulosos, como os franceses Fontaine e Kopa, os suecos Liedholm e Hamrin e um goleiro soviético chamado Yashin. Pode-se dizer que o Brasil do técnico Vicente Feola começou a ser montado quatro anos antes, quando a Hungria de Puskas encantava o mundo. Já então os húngaros não atuavam no rígido WM (um 2-3-5, na prática), agindo com quatro homens na frente, mais um (Hidekguti) que voltava para buscar jogo. O ideal de dinâmica do jogo húngaro não só ficou na memória de vários jogadores da Seleção de 1958 que tinham sido eliminados pela Hungria na Copa anterior, mas também foi injetado no próprio Feola, que foi assistente do técnico húngaro Bela Guttman, no São Paulo campeão paulista de 1957. Guttmann, entre outras glórias, foi campeão europeu com o Benfica, revelando ao mundo o português Eusébio. Feola certamente tinha a base sólida para montar um novo esquema para o Brasil, um 4-2-4 com inspiração nos “Magiares Mágicos” da Hungria do começo da década. Com um goleiro como Gilmar dos Santos Neves e defensores do naipe de Djalma Santos e Bellini, uma equipe voltada ao ataque era possível e até lógica. O 4-2-4 original de Feola tinha ainda outra característica, não planejada por ele: o avanço do lateral, que foi imposto pela imensidão do jogo de Nilton Santos. O meio-campo, que tinha Zito e Didi no papel, acabava tendo o desprendimento do ponta Zagallo, que voltava para ajudar, doutrinado que tinha sido por seu técnico no Flamengo, o paraguaio Fleitas Solich. Nesse 4-2-4, que virava um 4-3-3 então inédito, o Brasil tinha na ponta oposta à de Zagallo um Garrincha que compensava a cautela do flamenguista. Joel começou a Copa como o titular da posição, assim como Mazola, que atuava ao lado do aguerrido Vavá. Porém, depois do jogo com a União Soviética, quando a dupla Pelé e Garrincha atuou junta, a nova linha de ataque se formou. Como se sabe, o Brasil não perdeu nunca com a dupla em campo.

C

Garrincha

PE Zagalo

M Didi

V Zito

LE Nilton Santos

LD Z

Z

Orlando

Belini

G Gilmar

2. A Hungria de 1954

PE

A

A

PD

Czibor

Puskas

Kocsis

Budai

M Hidekguti

M Bozsik

Z LE

Z

Zakarias

Lorant

Lantos

LD Buzanszky

G Grosics

Janeiro de 2007

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De Sordi

G: goleiro / LE: lateral-esquerdo / LD: lateral-direito / Z: zagueiro / V: volante / M: meia / PE: ponta-esquerda / PD: ponta-direita / A: atacante

transformou

1. O Brasil de 1958

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Daniel Karmann/EFE

Entrevista, por Carlos Eduardo Freitas

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Professor de verdade azia seis meses que José Pekerman não falava publicamente. Desde a coletiva concedida após a eliminação para a Alemanha, no Estádio Olímpico de Berlim, em 30 de junho, estava calado. Estava de férias. A convite de Carlos Alberto Parreira, veio para o Brasil para dar uma palestra no 3º Footecon, no Rio de Janeiro. Em sua exposição, com duração de quase uma hora e meia, contou a dezenas de treinadores brasileiros seu método de trabalho, que formou uma legião de excelentes jogadores argentinos. A seleção albiceleste conquistou, entre 1995 e 2001, dois títulos sul-americanos e três Mundiais, nas categorias sub-17 e sub-20. Na palestra, revelou segredos sobre o estilo de jogo da seleção argentina e sobre a metodologia de trabalho que empregou nas eliminatórias para a Copa de 2006 e no Mundial propriamente dito. Usou até vídeos para mostrar como garotos entre 17 e 20 anos conseguem entender tanto (ou mais) de tática quanto boa parte dos presentes em sua aula. Antes mesmo de conversar com a imprensa argentina – algo que deve demorar a acontecer –, Pekerman atendeu os jornalistas brasileiros e conversou com exclusividade com a Trivela. Nesta longa conversa, o treinador falou um pouco mais sobre a experiência no Mundial, sobre como formar jovens jogadores e também a respeito do prejuízo causado a promessas como Lionel Messi pela comparação com Maradona. Pekerman revelou também sua admiração pelo futebol brasileiro. Antes de o papo começar, contou que seu maior orgulho foi ter tirado uma foto ao lado de Tostão num amistoso realizado pelo Argentinos Juniors, time onde jogou, em uma turnê pelo Brasil. Confessou-se fã dos laterais brasileiros, a ponto de cogitar levar um deles para o Mundial, se existisse essa possibilidade. Por falar no nosso futebol, o argentino revelou uma opinião de seus compatriotas a respeito dos brasileiros: “Se entendessem um pouco mais de tática, todos os outros jogariam pelo vice-campeonato”.

F

Como técnico das seleções de base, José Pekerman formou boa parte dos jogadores que a Argentina levou à Copa do Mundo de 2006. Em passagem recente pelo Brasil, falou com a Trivela sobre o torneio e explicou um pouco do funcionamento do processo de formação de jovens em seu país Antes da Copa, todos acreditavam que a Argentina, mais uma vez no “grupo da morte”, enfrentaria problemas. No final, vocês não tiveram tantas dificuldades assim. Surpreendeu a facilidade que vocês encontraram? Era um grupo difícil, sim, mas depois do resultado final, até parece que não. A Costa do Marfim foi uma das melhores equipes da Copa. Foi injusto que eles tenham sido eliminados tão cedo. Infelizmente, caíram no nosso grupo. Tivessem caído em outro, chegariam muito mais longe que Gana. A Sérvia é um rival duro, e esperávamos um adversário que jogaria de igual para igual. Já a Holanda não teve o rendimento esperado. Você acha que a goleada por 6 a 0 sobre Sérvia e Montenegro gerou uma expectativa muito grande na equipe e prejudicou o time na seqüência do Mundial? Depois desse jogo, a Argentina passou a impressão de que era uma equipe equilibrada, que ganhava confiança e

que tinha um conjunto muito forte. Quando terminou a partida, pareceu até que a Sérvia era uma equipe fraca e que por isso a diferença foi tão grande. As pessoas esquecem que a Holanda ganhou deles por apenas um gol, numa partida muito difícil – sem falar que, nas eliminatórias, sofreram apenas um gol. Era uma equipe muito competitiva, mas o futebol tem dessas coisas. Fizemos os gols muito rapidamente, e isso os desestabilizou. Em geral, acho que a Argentina conseguiu repetir em outras partidas o estilo de jogo que impusemos contra os sérvios. A única diferença é que tivemos um aproveitamento menor das chances de gol. Muitos o criticaram pelas substituições contra a Alemanha. Seis meses depois, você se arrepende de algo? Realmente, não. Não sou polêmico. Aceito que o espectador e que a imprensa entendam que poderia haver outras decisões. Podem até pensar diferente, que no lugar de Cruz poderia entrar o Messi, ou Aimar no do Cambiasso. Janeiro de 2007

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Ho New/Reuters

Muita gente gosta de comparar Messi a Maradona, mas têm de se lembrar que Diego só virou o mito que é aos 26 anos, depois do Mundial do México

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O que realmente mudou o jogo foi a saída do Abbondanzieri. Foi uma coisa inesperada e que raramente acontece. Todos sabem que até ali só havíamos sofrido dois gols em quatro partidas e que tínhamos grande solidez defensiva. Sua saída abalou o time psicologicamente, pois estávamos tranqüilos quanto à possibilidade de chegarmos à decisão por pênaltis, nos quais ele é um especialista. O curioso é que, se tivéssemos ganho esse jogo, nos fariam elogios semelhantes aos que recebemos contra a Sérvia, já que os alemães correram atrás da gente o tempo todo. O fato é que eles jogaram o tempo todo para levar a partida para os pênaltis e conseguiram o que queriam. Qual o balanço que você faz da participação argentina na Copa? A Argentina tinha um elenco competitivo, em que praticamente todos os jogadores entraram em campo. Não jogamos com 11, mas com 23. Exceção feita ao terceiro goleiro, todos os outros jogaram – e não apenas quando as partidas estavam decididas, com 4 a 0 no placar, só para dizer que participaram do jogo. Dos 23 atletas, 19 nunca ti-

nham ido a um Mundial. Mesmo assim, fizeram coisas importantes. Isso fazia parte do plano que tínhamos traçado. A equipe tinha equilíbrio, caráter e estava preparada fisicamente. Infelizmente, não cumprimos nossa meta. Queríamos ser finalistas. Ficamos invictos e não conseguimos o êxito. Mesmo assim, saímos felizes, pois nos mantivemos firmes ao projeto e jogamos com um estilo que queremos manter. Outra das críticas que seus conterrâneos fizeram a respeito de seu trabalho foi você não ter usado mais o Messi. Por que ele entrou pouco? É preciso entender que ele ainda não é um craque. Ser titular colocaria uma pressão enorme sobre Messi. Ele tem apenas 19 anos e é muito jovem para assumir responsabilidades. Muita gente gosta de compará-lo ao Maradona, mas têm de se lembrar que Diego só virou o mito que é aos 26 anos, depois do Mundial do México. Até lá, mostrou talento e que era um jogador diferente, mas não um mito. Na seleção argentina, ele não jogou em 1978. Depois, na Copa de 1982, foi um integrante a mais num grupo que havia sido campeão quatro anos antes, ao lado de Kempes e outros. Só quando foi para o Napoli é que fez uma revolução e levou o clube a conseguir coisas inimagináveis. Aí, sim, foi para o Mundial do México e foi determinante em todos os jogos. Só então virou um mito. Por falar em Maradona, esse tipo de comparação é algo comum na Argentina. Antes do Messi, Saviola, Aimar e Riquelme, entre outros, sofreram por causa do rótulo de “novo Maradona”. Isso não prejudica um garoto tão jovem, que mal deu seus primeiros chutes como profissional? Tenho certeza de que sim. E acho que isso também deve ter acontecido no Brasil depois de Pelé. Depois que ganharam outra Copa, isso baixou um pouco. Isso acontece porque a Argentina não ganhou outro Mundial desde o Maradona, o que tem um peso muito grande. Parece mentira, mas é algo que

precisa ser superado de alguma maneira. Você sabe que a sociedade, às vezes, não pensa, age por sentimento. Na Argentina, Maradona foi muito forte. Até que se vença outro campeonato, sempre estará no imaginário coletivo. Isso é ruim, porque sabemos que não vai aparecer outro Maradona. É impossível. Maradona foi único. Temos de entender que, hoje, os jogadores são diferentes, que há outras formas e maneiras, que há jogadores excelentes por aí, mas que são diferentes. Os triunfos poderiam baixar essas expectativas, e isso seria muito importante. Maradona começou a carreira no Argentinos Juniors. Você chegou a ter contato com ele nessa época? Vi Diego chegar ao clube. Eu estava no profissional quando isso aconteceu. Vi todo seu desenvolvimento, e desde cedo sabíamos que ele seria diferente de tudo. Nós mesmos, do time principal, dizíamos que nunca havíamos visto nada igual. Chegamos até a pedir que ele, com 15 anos, subisse para o profissional. E ele tinha apenas 15 anos... Reclamávamos com o treinador e pedíamos que ele tirasse qualquer um de nós para deixar que ele entrasse. Quando o Bielsa era treinador da Argentina, Riquelme não tinha tantas chances de jogar. No seu time, ele era peça fundamental. Há quem diga que Bielsa não gosta dele. É verdade? Muitas vezes, as análises feitas pela imprensa são prematuras, pois não tem meios de conhecer a situação por completo; tem de analisar a situação pelo que vê. Bielsa nunca foi contrário a Riquelme. Pelo contrário, sempre tiveram um diálogo em função da equipe – e conheço muito bem seu pensamento, pois fui um dos que recomendou que o levasse à seleção. O problema é que sempre que Bielsa precisou de Riquelme, não havia o tempo adequado para incluí-lo no time. Bielsa sempre armou suas equipes em cima de uma mecanização, para que o time pudesse jogar sempre da mesma maneira, em qualquer circunstância.

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Robert Ghement/EFE

Com Pekerman, Riquelme saiu do banco para ser a estrela do time

O que acontece é que esse sistema às vezes limita a entrada de novos jogadores. É muito difícil que chegue um atleta novo e, em 30 minutos, se adapte tão bem como um que já atuou no time por 30, 40 partidas. É algo lógico. Realmente, muitas vezes o selecionador mantém uma relação com o elenco. Tudo funcionava bem, e ninguém naquele período se incomodava por ele não jogar. Não dá para dizer que Bielsa não gostava do Riquelme. Depois que entrou, ele se tornou peça fundamental do esquema. Dá para dizer que o Riquelme foi a grande mudança no time? Na mudança de treinador, não houve tanto tempo de mecanização. Houve muitas alterações – a ponto de, até o último momento, sempre haver dúvidas sobre eventuais surpresas para a convocação final para a Copa do Mundo. Preferimos levar à Alemanha quem estava no estado ideal, pois muitas vezes é melhor usar um jogador que não seja tão bom quanto um fora de série, mas que na hora da verdade esteja bem. Muitos não esperavam que alguns jogadores estivessem lá. Nosso plano era privilegiar sempre a equipe e tomar as decisões finais mais perto do Mundial. O anúncio da aposentadoria de Riquelme o surpreendeu? Sim, bastante. Foi algo inesperado, mas não posso julgá-lo. Temos de respeitar as decisões. Riquelme é uma pessoa que tem opiniões definitivas. Ou está a favor ou contra alguma coisa – e é muito difícil que mude de opinião. Ele joga assim também. Por isso, acaba ganhando um pouco de antipatia. É um jogador que, se vê que a bola vai sair pela linha e sabe que, por mais esforço que faça, não impedirá que ela saia, ele não se joga para ganhar os aplausos. Acontece que não gostam de jogador assim, na Argentina. Esse tipo de coisa ajuda a ganhar o público – e ele não está preocupado com isso. É um jogador prático, que sempre foi muito bom e querido pelos comJaneiro de 2007

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panheiros. Tenho certeza de que, se ele tomou essa decisão, é porque está certo de que é o melhor para si. Estou convencido de que não há segundas intenções nessa decisão. Têm dito que é por um motivo ou por outro, mas ele é transparente. Outro jogador que você levou ao Mundial e que anda muito subaproveitado é o Saviola. O que acontece com ele, que não se fixa em nenhuma equipe? Sempre buscamos encontrar uma resposta para casos como o dele, mas muitas vezes, até mesmo na Argentina, acaba-se por desmerecer o jogador – sobretudo por essa cultura de valorizar apenas o resultado. “Se Saviola não joga é porque não serve”, dizem. Ou acham que não é melhor do que outros jogadores. Serão problemas táticos? Será que na Espanha se joga diferente? Para mim, o problema do Saviola é que ele nunca foi comunitário, em um clube repleto de figurões – sem falar que chegou em uma fase crítica no Barcelona, que vinha de vários anos de fracassos e estava em crise. O retorno de Van Gaal era a esperança. Ele chegou a esse grande clube num momento ruim. A partir daí, as situações de contrato, econômicas, a adaptação a uma cidade ou a outra, etc., entram na vida particular do jogador. Aí, não estamos mais falando apenas de futebol, mesmo que esse seja o objetivo. O lado ruim do futebol, hoje em dia, é que muitos jogadores, por diferentes motivos, não tomam as melhores decisões – sejam elas econômicas, estratégicas de sua carreira, de seus representantes ou de sua situa situação familiar. Em março, a Trivela entrevistou Javier Mascherano, e nos chamou a atenção a maturidade de um garoto de apenas 21 anos, que fala e entende tanto de tática quanto muitos treinadores brasileiros com 40 anos de experiência. Como você, que sempre trabalhou com categorias de base da seleção argentina, ensina um garoto de 15, 16 anos a ver futebol de maneira tão inteligente?

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Pekerman conversa com Mascherano, um de seus mais atentos pupilos

O segredo é estimulá-lo. Primeiro, tem de fazer com que ele preste atenção à bola. Tem de fazê-lo entender que, se quiser ser jogador de futebol, tem de saber como se resolvem algumas situações. Mostre um caso para ele e pergunte como resolvê-lo. Se a equipe adversária sobe ao ataque com mais jogadores e você é o volante, o que faz? Vai para trás ou para frente? Onde vai querer roubar a bola, na frente ou atrás? É difícil ensinar aos jovens conceitos táticos, porque eles sempre querem ir direto ao gol, roubar a bola muito rápido. O desafio é ensinar os grandes talentos a jogar com ordem, para que possam atuar sem abrir mão de seu talento, sempre

usando-o a favor da equipe. Então o jogador é educado e treina assim desde cedo? Sem dúvida! Quando você encontra um jogador com virtudes técnicas naturais, tem de ensinar que isso é apenas uma parte, porque quando for mais velho, precisará ter muito mais responsabilidade. Uma vez, tive uma conversa com o Mascherano. Perguntei para ele: “Você vai chegar ao time titular do River. Por acaso você sabe como joga a equipe? O que vai fazer quando chegar lá? No River, já jogaram atletas extraordinários. É um clube que não vai dar 20 partidas para que você aprenda com seus erros. Tem que chegar lá já sabendo o que

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Leo La Valle/EFE

vai fazer. Se pensar assim desde cedo, vai superar até os que estão acima de você. Se conhecer bem os conceitos táticos que o treinador usa, fica muito mais fácil de crescer”. Se o jogador já sabe esse tipo de coisa quando chega ao primeiro time, não sai mais. Aqui no Brasil, jogadores e treinadores dão menos bola a questões táticas. Mesmo que não assumam, o pensamento geral é que, sozinhos, os craques podem resolver uma partida, por isso não treinam a tática. O que você acha dessa linha de raciocínio? Sabe o que dizemos na Argentina? Que, se o Brasil trabalhasse a questão tática bem, todos os outros lutariam pelo vice-campeonato (risos). Mesmo!

Não teria como vencê-lo. Mesmo sem dar tanta atenção à tática, os brasileiros sempre estão bem. Sempre conseguem se igualar, como se resolvessem tudo com facilidade, sem dar grande importância. Não se dedicar a isso é uma pena, porque o mais importante da tática é que ensina o jogador a pensar. Entender de tática não é saber diferenciar o 4-4-2, do 3-5-2, do 4-33. Isso você aprende rápido. O que importa é entender como funciona tudo isso. Como se pode variar? E quem pode fazer isso são eles. Ou seja: não basta você escolher um sistema e, no um contra um, quem ganhar leva a melhor. O jogador, ao longo de uma partida, tem de saber tomar decisões

rapidamente. Volto ao exemplo do Riquelme: muitos queriam que ele jogasse mais rápido, mas os que usam mais velocidade só parecem melhores aos olhos de quem não entende. Riquelme, não: tem a rapidez mental. Você sempre se declarou um fã do futebol brasileiro. Se pudesse escolher um jogador do Brasil para levar à Copa, quem seria? Não tenho dúvidas de que todos poderiam jogar – e bem –, mas deixa eu ver (longa pausa). É impossível mencionar apenas um. Acho que uma combinação seria o ideal. Na Argentina, gostamos muito dos laterais brasileiros. Lá, temos muitos problemas nessa posição. Gostaríamos muito de ter mais. Precisa existir uma emoção, como existe no Brasil. Na Argentina, um bom lateral dificilmente fica nessa posição. Isso é coisa da formação. É verdade que você não ficou no comando da Argentina por conta do acordo da AFA com a empresa russa Renova, que tem controle sobre convocações e a agenda de amistosos? Não posso falar nada a respeito desse contrato. Não vou tornar público nenhum pensamento sobre algo com o qual não tenho mais nada a ver. Fui o treinador da seleção argentina e sempre defendi seus interesses. Não vou mudar agora que estou fora. Quero sempre o melhor para ela. Só desejo que essa etapa siga muito bem e que a equipe consiga êxitos. Saí da seleção porque não consegui meu objetivo, que era estar entre os finalistas do Mundial. Quais são seus projetos para o futuro? Houve algumas propostas, mas sempre disse imediatamente que não estava a fim e que queria esperar. Coloquei uma barreira e disse que não queria nem escutar propostas. Estou bem assim. Você voltaria a treinar a seleção? Hoje, não. Foi uma decisão definitiva. Não digo “nunca mais”, mas “por muito tempo”.

Entender de tática não é saber diferenciar o 4-4-2, do 3-5-2, do 4-3-3. O que importa é entender como funciona tudo isso

Veja outros trechos da entrevista com Pekerman no site www.trivela.com.

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Mundial de Clubes, por Caio Maia

Era

possível possível”, dizia eu aos incrédulos a semana inteira. “Dá para o Inter ganhar do Barcelona. Tirando o Ronaldinho, os dois times se equivalem, e a zaga do Barcelona é ruim – sim, o Rafa Márquez e o Puyol são piores do que o Índio. Tudo vai depender de o Ronaldinho jogar bem. Se estiver em um dia inspirado, não dá nem para marcá-lo”. Pois é, deu. E dá para dizer que não foi tão difícil assim. Ronaldinho, ao contrário do que se esperava, esteve apagado. Deco fez uma partida um pouco melhor. O resto do time, como de costume, fez o protocolar, o que não bastou e não bastaria. Como é comum em terras brasileiras, o time estrangeiro foi incensado, e chegaram a chamar um grupo com titulares como Rafa Márquez, Puyol e Thiago Motta de “elenco de craques”. Da mesma maneira que o Liverpool de 2005, com... pois é, quem não

É

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Fotos Jefferson Bernardes/Vipcomm

é jornalista especializado mal lembra de dois ou três nomes. Houve apenas um rápido momento na final do Mundial em que se pode dizer que o Barcelona acuou o Internacional: o meio do primeiro tempo. No resto do jogo, embora não se possa também dizer que os brasileiros dominaram, eles estiveram seguros. Segundo o diário Marca, espanhol, o Barça “em nenhum momento pôde jogar seu futebol”. Méritos para o Inter, méritos totais, aliás, já que, ao contrário do que muitos diziam, não bateu no Barcelona mais do que o Barcelona bateu nele. Quem mais bateu, diga-se, foi um brasileiro: Thiago Motta, do Barça. “O Barcelona tem muito mais elenco”, era outro argumento utilizado, mas foi o banco do Internacional que fez a diferença - nem Fernandão, nem Alexandre Pato, mas sim o criticado Adriano Gabiru. O criticadíssimo Clemer. E Iarley, reserva de luxo até a conquista da Libertadores. O Internacional venceu o Mundial de Clubes porque soube jogar contra o Barcelona. Marcou bem as estrelas do time e aproveitou a má qualidade da defesa catalã – no lance do gol, Iarley tomou a bola do fraco Puyol no meio-campo. E venceu principalmente porque, como os outros brasileiros que superaram times supostamente mais fortes, nunca teve dúvidas de que poderia ganhar. Janeiro de 2007

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Reforços para 2007

99 JOGADORES PARA REFORÇAR SEU TIME EM 2007 Com tantos jogadores brasileiros no exterior, não faltam motivos para os clubes garimparem o mercado internacional atrás de reforços para seus desafios neste ano. Para ajudar, a Trivela fez um pente-fino na situação de 99 nomes que se encaixariam em muitos clubes brasileiros. E não faltam craques

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urante os primeiros meses do ano, a maior parte das notícias sobre futebol é a respeito de contratações. Quem seu clube quer trazer, quem pode sair, quem dizem que poderia estar a caminho de um ou outro time. Na maioria das vezes, os verbos são “pode” ou “deve” e estão no condicional. O certo é que esse exercício mexe com a cabeça do torcedor, que quer saber quem seu clube vai trazer para tentar a conquista do título brasileiro, da Copa do Brasil ou, no caso de alguns poucos privilegiados, da Libertadores.

D

Com tantos jogadores jovens exportados nos últimos anos, há uma verdadeira legião brasileira de que não temos notícias e, em muitos casos, sequer nos lembramos da existência. É o caso de Ricardinho, um dos destaques do Cruzeiro no Brasileirão de 2000. Com 30 anos, estava num clube da segunda divisão do Japão. Mesmo sem vê-lo jogar há tempos, é provável que tivesse vaga de titular em algum clube brasileiro – no caso, o próprio Cruzeiro, que confirmou sua contratação no meio de dezembro. Alguém precisa de goleiro com nível de Seleção? Dida está contundido e dificilmente volta a jogar pelo Milan - e já disse até que quer voltar para o Brasil.

Depois de uma rigorosa operação pente-fino nos principais campeonatos do planeta, a Trivela chegou a uma lista de 99 nomes que têm totais condições de reforçar seu clube na temporada 2007. Os critérios são os mais variados e estão discriminados caso a caso: jogador bom que está em um clube pouco expressivo, jogador cujo contrato vai terminar em junho de 2007 e não custará nada a quem quiser repatriá-lo, e também aqueles que querem voltar por diversos motivos. Sem oba-oba, chute ou “acho que”, a relação apresenta os nomes que se enquadram nesses critérios, sem a pretensão de dizer para onde vai e quando virá cada um dos 99 escolhidos. Por que 99 e não 100? É que o 100º seria o Vagner Love. Você não acredita realmente que o seu time vai contratar ele, né?

Alemanha

Coréia do Sul

Inglaterra

Rússia

Arábia Saudita

Emirados Árabes Unidos

Itália

Sérvia

Argentina

Equador

Japão

Suécia

Bélgica

Espanha

México

Turquia

Bolívia

França

Paraguai

Ucrânia

Chile

Grécia

Portugal

Chipre

Holanda

Qatar

informações do atleta

países em que atuam

legenda Venceu Liga dos Campeões, Libertadores, Mundial Interclubes ou Copa do Mundo Jogou pela Seleção Brasileira principal Tem mais de 30 anos Jogador cuja transferência seria cara ou que ganha salário alto Clube corre risco ao trazer o jogador; sucesso da contratação depende de um pouco de sorte Está contundido ou vem de contusão

Estrangeiro

* Fazem parte da lista jogadores que atuavam no exterior até o fechamento desta edição Janeiro de 2007

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ajudar a Celeste Olímpica a se classificar à Copa do Mundo de 2002. No entanto, não tem conseguido espaço em seus clubes na Europa. Hoje, é o terceiro goleiro da Internazionale e disse que pretende mudar para uma equipe que lhe dê oportunidade, mesmo na América Latina.

Goleiros Danrlei Nascimento: 18/abril/1973 Clube: Beira-Mar Quem é: Destaque do Grêmio durante muitos anos

Jefferson Nascimento: 2/janeiro/1983 Clube: Trabzonspor Quem é: Ex-Cruzeiro e Botafogo

Conhecido por seu temperamento explosivo, Danrlei realizou em 2006 o sonho de se transferir para a Europa. Como o Beira-Mar luta para não cair e o goleiro assinou contrato apenas até o final desta temporada, teria chances de voltar ao Brasil.

Quem é: Revelado pelo próprio San Lorenzo, jogou no Brescia e no Rayo Vallecano

Goleiro arrojado conhecido por cobrar pênaltis, pintou como um dos melhores na posição em seu país, no início da década. Perdeu mercado na Europa, mas ainda é considerado um dos melhores da Argentina. Além disso, seu clube está em crise e deverá passar por uma renovação em 2007.

Zagueiros Depois de obter relativo destaque no início de carreira pelo Cruzeiro e ser convocado para a Seleção sub-20, Jefferson foi emprestado ao Botafogo e, em seguida, cedido ao Trabzonspor. Está bem na Turquia, mas joga em um clube que aspira, no máximo, a uma vaga na Copa Uefa.

Diego Barreto (PAR) Nascimento: 16/julho/1981 Clube: Cerro Porteño Quem é: Integrante da seleção sub-23 do Paraguai, no Pré-Olímpico de 2004

Moretto Nascimento: 10/maio/1978 Clube: Benfica Quem é: Destacou-se no Vitória de Setúbal

É o melhor goleiro paraguaio de sua geração. Ainda não teve muitas oportunidades na seleção principal pelo excesso de concorrência, mas mostra segurança e agilidade em jogos de alto nível, como na Libertadores.

Moretto era praticamente desconhecido da maior parte dos brasileiros até defender um pênalti cobrado por Ronaldinho no Camp Nou, na partida entre Barcelona e Benfica, pela Liga dos Campeões de 2005/6. Quando chegou aos Encarnados, teve um breve período de titularidade, mas, com a troca de treinador, muitas vezes não senta nem no banco.

Fabián Carini (URU) Nascimento: 26/dezembro/1979 Clube: Internazionale Quem é: Ex-jogador da Juventus, destacou-se na seleção uruguaia, em 2002

Adaílton Nascimento: 16/abril/1984 Clube: Rennes Quem é: Ex-Vitória, jogou na Seleção sub-20, em 2003

Adaílton foi o capitão da Seleção na conquista do Mundial sub-20, em 2003. Transferiu-se no ano seguinte para o Rennes, mas uma grave lesão no joelho o impediu de manter a regularidade na equipe. Fez parte do tratamento no Reffis, do São Paulo – não seria o primeiro a defender o clube do Morumbi depois de passar por lá.

Alcides Nascimento: 13/março/1985 Clube: Benfica Quem é: Revelado pelo Vitória, teve passagem discreta pelo Santos, em 2004

Sebastián Saja (ARG) Surgiu como grande promessa do futebol uruguaio e confirmou parte das expectativas ao

Frank Leonhardt/EFE

Nascimento: 5/junho/1979 Clube: San Lorenzo

A exemplo de Adaílton, Alcides também conquistou o título Mundial sub-20 com a Seleção,

Dida Nascimento: 7/outubro/1973 Clube: Milan Quem é: Campeão do Mundo pelo Brasil, em 2002

Ainda tem moral no Milan, que quer lhe dar um contrato por mais três anos. Só que Dida sabe que o clube vai buscar um outro arqueiro de peso – fala-se até em Buffon, da seleção italiana –, e seu posto de titular pode estar ameaçado, o que colocaria em risco suas ambições na Seleção. Seu contrato acaba em 2007, e uma transferência para o Brasil, embora não seja altamente provável, também não é ficção científica.

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Tolga Bozoglu/EFE

em 2003. De lá para cá, teve passagens discretas por Schalke 04 e Santos. No Benfica, tornou-se reserva de Luisão e Nélson, o que o deixou ainda mais distante de eventuais olhares de Dunga.

Álvaro Nascimento: 29/abril/1979 Clube: Levante Quem é: Revelado pelo São Paulo, em 1997, passou pelo Atlético-MG, em 2001

Tem condições de permanecer por mais algumas temporadas no futebol europeu, mas é um zagueiro seguro que joga por um clube médio da Espanha. O retorno ao Brasil poderia dar nova exposição a ele, que está sumido por aqui.

Jorge Guagua (EQU) Nascimento: 28/setembro/1981 Clube: Colón Quem é: Reserva do Equador na Copa de 2006

Fábio Luciano Nascimento: 29/abril/1975 Clube: Sem clube Quem é: Destacou-se no Corinthians de 2002, com Parreira

Com bom posicionamento e espírito de liderança, é tido no Equador como uma das principais promessas do país para os próximos anos. Esteve na última Copa do Mundo, na qual atuou em uma partida como titular.

Nas últimas três temporadas, foi o xerife do Fenerbahçe. Em agosto, voltou ao Brasil para tratar de um problema físico e não tem jogado. Como o contrato termina em junho, está liberado para negociar.

Nenê

André Bahia Nascimento: 24/novembro/1983 Clube: Feyenoord Quem é: Ex-Flamengo (2001 a 2004)

Deixou o Flamengo numa hora em que o clube estava numa situação financeira ainda pior do que a atual e surpreendeu ao ir para um time importante. Em Roterdã, é um nome freqüente da escalação e só deve sair se algum time estiver a fim de gastar.

Antonio Carlos Nascimento: 22/junho/1983 Clube: Ajaccio Quem é: Autor do gol do título estadual de 2005, para o Fluminense

Revelado nas categorias de base do Fluminense, Antonio Carlos deixou o clube como uma de suas principais revelações dos últimos anos. Foi para o Ajaccio, em 2005, mas o clube caiu para a segunda divisão, o que serviu para deixar o jogador mais escondido. Já declarou que quer voltar ao Brasil, e o Flamengo estaria interessado em sua contratação.

Bruno Quadros Nascimento: 3/fevereiro/1977 Clube: Cerezo Osaka Quem é: Revelado pelo Flamengo, passou pelo Cruzeiro, em 2004

Até teve um bom início nos Girondinos e logo assumiu a condição de titular. No entanto, caiu de rendimento, foi para o banco e até foi indicado ao prêmio Bola de Chumbo, destinado aos piores jogadores da Ligue 1 – nada que afugente os clubes brasileiros, sempre em busca de zagueiros.

Notório andarilho do futebol, está há duas temporadas no Japão. Com a carência de zagueiros confiáveis e experientes, pode ser uma aposta para equipes com menores pretensões.

César Nascimento: 19/maio/1979 Clube: Catania Quem é: Revelado pelo Fluminense, no início da década

César atuou nas Laranjeiras, entre 2000 e 2003, mas não teve exatamente a mesma história que Edinho deixou no clube. No Catania, jogou bastante em sua primeira passagem, dois anos atrás. Jogou no Chievo e depois voltou a ser o titular do Catania, na promoção do campeonato passado. Nesta temporada, ainda não jogou.

Henrique Nascimento: 2/maio/1983 Clube: Bordeaux Quem é: Ex-Flamengo (2003 a 2005)

Nascimento: 6/junho/1975 Clube: Urawa Red Diamonds Quem é: Ex-Corinthians e Grêmio

Em sua terceira passagem pelo exterior, continua inconstante. Pode ser útil a uma equipe brasileira, por sua altura e experiência. Foi campeão japonês, em 2006, mas está em sua terceira temporada no Oriente sem grande destaque.

Rodolfo Nascimento: 23/outubro/1982 Clube: Dynamo Kiev Quem é: Revelação do Fluminense de 2002

O jovem zagueiro que surgiu no Fluminense está há algum tempo na Ucrânia, onde ganhou moral. No começo do ano, teve seu nome ligado ao Corinthians, mas permanece no Dynamo, aguardando propostas oficiais.

Rodrigo Nascimento: 27/agosto/1980 Clube: Dynamo Kiev Quem é: Destaque do São Paulo, em 2004

Saiu com moral do São Paulo e ainda é objeto de desejo de vários clubes brasileiros – em 2006, chegou a ser anunciado pelo Corinthians, mas Janeiro de 2007

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a negociação não deu certo. No Dynamo, tem sido titular na maioria das partidas. Zagueiro firme, com certeza, arrumaria o problema da defesa de muitas equipes.

Pouco aproveitado na temporada, o lateral teve tempo de sobra para conhecer Kazan e deve estar louco para voltar ao Brasil. Quem chegar com uma proposta “mais ou menos” leva o jogador.

Roque Júnior

César Prates

Nascimento: 31/agosto/1976 Clube: Bayer Leverkusen Quem é: Campeão da Libertadores, em 2001, pelo Palmeiras e campeão mundial, em 2002, pelo Brasil

Nascimento: 8/fevereiro/1975 Clube: Livorno Quem é: Lateral-direito, defendeu Internacional, Botafogo e Corinthians

Desde a conquista do Mundial de 2002, Roque nunca mais foi o mesmo dos tempos de Palmeiras. Contundido desde o início de 2006, o Bayer cansou de tentar negociá-lo. O contrato do zagueiro, que diz querer continuar na Europa, termina em 2007. Com projetos extra-campo em andamento, um retorno ajudaria a mantê-lo por perto.

Até jogou bastante na temporada passada. Mas, como seu clube foi muito mal, a troca de técnico era evidente, e, nessas, César Prates perdeu a vaga, atuando só cinco vezes. Não tem um papel tão importante que o faça ser imprescindível.

Alberto Nascimento: 22/março/1975 Clube: Siena Quem é: Lateral-direito revelado pelo Atlético-PR

Depois de ter se envolvido no escândalo dos passaportes falsos, no final da década de 90, Alberto regularizou sua situação e está na Itália desde 1999. Seu nome tem sido ventilado como possível reforço de diversos clubes brasileiros.

Athirson Nascimento: 19/janeiro/1977 Clube: Bayer Leverkusen Quem é: Destacou-se no Flamengo e no Cruzeiro

É tido como uma das referências no Hertha Berlim, mas a idade pode levar os alemães a li-

Nascimento: 24/junho/1980 Clube: Real Madrid Quem é: Ala/lateral, destacou-se pelo Atlético-MG e São Paulo, onde venceu a Libertadores e o Mundial

No início da temporada, Capello tentou negociar o jogador, que não aceitou ir para o Sevilla. Dificilmente volta em definitivo, mas, sem espaço no Real Madrid, pode vir por empréstimo, para algum clube que dispute a Libertadores. Atualmente, recupera-se de lesão no Reffis do São Paulo.

Fábio Aurélio Nascimento: 24/setembro/1979 Clube: Liverpool Quem é: Lateral-esquerdo, ex-São Paulo. Disputou a Olimpíada de 2000

Fábio Aurélio foi para o Liverpool graças a Rafa Benítez, técnico com quem trabalhara no Valencia. Na Inglaterra, o brasileiro esperava ganhar projeção e brigar por uma vaga na Seleção. No entanto, não se firmou entre os titulares e pode preferir um retorno ao Brasil para ganhar visibilidade.

Baiano

Felipe

Nascimento: 28/junho/1978 Clube: Rubin Kazan Quem é: Lateral-direito, ex-Palmeiras, Santos e Boca

Nascimento: 2/setembro/1977 Clube: Al Sadd Quem é: Ex-Fluminense, Vasco e Flamengo

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Nascimento: 25/abril/1976 Clube: Hertha Berlim Quem é: Ex-jogador de Flamengo, Cruzeiro e Grêmio, reserva do Brasil na Copa de 2006

Cicinho

Chegou à Alemanha com banca de substituto de Zé Roberto e nunca conquistou lugar entre os titulares. O Bayer há tempos tenta se livrar dele. Na temporada atual, foi titular em apenas três oportunidades.

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Gilberto

Salvador de Sas/EFE

Laterais

Está esquecido no Qatar, onde jogadores brasileiros só ficam muito tempo por falta de opção. È considerado um dos maiores “chinelinhos” do Brasil, mas, em um clube estruturado, pode desequilibrar com sua habilidade e inteligência.

Cafu Nascimento: 7/junho/1970 Clube: Milan Quem é: Lateral-direito, ex-São Paulo, Palmeiras e Roma, foi capitão da Seleção em 2002 e 2006

O ex-capitão da Seleção Brasileira está em sua última temporada na Itália e confirmou que negocia com um clube brasileiro para voltar à pátria em janeiro ou em junho. Para o futebol italiano, Cafu não tem mais pernas, mas, para assumir uma vaga no meio-campo, pode ser uma ótima opção, especialmente em um time com menos experiência. Vale lembrar que ele já jogou no setor no São Paulo e no Palmeiras.

Janeiro de 2007

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Serginho

berá-lo para algum interessado. É provável, porém, que não queira voltar para ganhar pouco, embora a saudade de casa possa mudar isso.

Nascimento: 27/junho/1971 Clube: Milan Quem é: Lateral-esquerdo e meia, ex-São Paulo, Cruzeiro e Flamengo

Marcão Nascimento: 28/março/1975 Clube: Kawasaki Frontale Quem é: Lateral-esquerdo, ex-Atlético-PR

Paulo César Nascimento: 26/agosto/1978 Clube: Paris Saint-Germain Quem é: Lateral-direito, ex-Santos e Fluminense

Matteo Bazzi/EFE

Volante de origem, é um caso raro de lateral brasileiro com características defensivas. Bom marcador e experiente, foi incluído na lista de compra de alguns clubes brasileiros. A possibilidade de disputar uma competição internacional o atrairia para uma possível volta ao Brasil.

É o xodó do presidente do clube, Silvio Berlusconi, que adora suas aceleradas pela lateral, que resultam em cruzamentos precisos para os atacantes. Parece, porém, que seu tempo no Milan acabou mesmo. Com 35 anos, está em tratamento por uma séria hérnia de disco, que pode até ameaçar sua carreira. No fim da temporada, só ficará no Milan se for pelas amizades que tem dentro do clube. Tem recebido vários contatos de times brasileiros.

Quem é: Destaque da Seleção sub-20, em 2003

Volantes Não conseguiu se firmar na equipe da capital francesa, apesar das chances entre os titulares. Além disso, o time vive um péssimo momento, por conta da pressão por resultados, e seu nome sempre aparece em prováveis listas de dispensados.

Alessandro Nascimento: 19/fevereiro/1979 Clube: Acadêmica de Coimbra Quem é: Revelação do São Paulo, no fim dos anos 90

Rafael Nascimento: 13/março/1980 Clube: Messina Quem é: Lateral-direito, ex-Vasco, Flamengo e São Paulo

Depois de boas passagens pelos grandes cariocas, Rafael não se saiu tão bem no São Paulo, onde foi reserva de Gabriel. No Messina, foi bem na temporada passada, mas o clube só não caiu por causa do Calciocaos. Nesta temporada, não tem atuado.

Zé Maria Nascimento: 25/julho/1973 Clube: Levante Quem é: Lateral-direito, ex-Portuguesa e Internazionale

Com 33 anos, perde espaço no futebol europeu e poderia buscar um fim de carreira em seu país. Para os padrões do futebol brasileiro, é um lateral acima da média, pela capacidade de marcação e cruzamentos precisos.

Comparado a Edgard Davids no começo da carreira, o ex-são-paulino Alexandre nunca justificou a expectativa. Depois de passagens pouco expressivas por outras equipes brasileiras, acabou em Portugal. A Acadêmica, porém, não é uma das principais forças do país, o que pode levar o jogador a se sentir atraído por uma proposta do Brasil.

Corrêa Nascimento: 29/dezembro/1980 Clube: Dynamo Kiev Quem é: Ex-Palmeiras

Corrêa firmou-se entre os titulares do Dynamo e tem sido bem aproveitado, mas foi para a Ucrânia mais pela boa proposta financeira do que outro motivo. Não deve ser difícil convencê-lo a voltar.

Dudu Cearense

Com Dunga na seleção, Dudu Cearense tornouse figura constante nas convocações. Apesar disso, enfrenta momentos de altos e baixos no CSKA, onde, apesar de boas apresentações recentes, ainda luta para ser titular.

Edwin Tenorio (EQU) Nascimento: 16/junho/1976 Clube: Barcelona Quem é: Titular do Equador na Copa de 2006

Bom marcador e líder da equipe, foi uma das principais figuras da boa campanha equatoriana na Copa do Mundo. Ainda assim, não tem espaço no futebol europeu e poderia ser útil por sua experiência em jogos internacionais. No Equador, está suspenso por dois meses depois de uma briga generalizada na partida contra a LDU.

Fabio Rochemback Nascimento: 10/dezembro/1981 Clube: Middlesbrough Quem é: Destacou-se no Internacional e logo transferiu-se para o Barcelona

Nascimento: 15/abril/1983 Clube: CSKA Moscou

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Peca pela instabilidade de seu futebol. Quando está bem, é um grande volante, com marcação forte e boa saída de jogo. Por vezes, porém, é excessivamente violento e erra passes primários. Embora seja titular, sofre com a falta de visibilidade do futebol japonês.

Flávio Conceição Lavandeira Jr./EFE

Nascimento: 12/junho/1974 Clube: Sem clube Quem é: Destacou-se no Palmeiras da era Parmalat

Renato Nascimento: 15/maio/1979 Clube: Sevilla Quem é: Campeão brasileiro pelo Santos, em 2002

Começou muito bem no Sevilla, mas perdeu espaço gradativamente. Ainda é titular, mas não é dono absoluto da posição e vez ou outra começa a partida no banco de reservas. O que complica a situação do ex-santista é que já tem 27 anos, duas temporadas e meia na Europa e ainda não explodiu. Está fora da relação de selecionáveis do Brasil e não dá pinta de que sua carreira na Europa crescerá muito além do time de Nervión. Em teoria, suas chances de permanecer na Espanha são grandes, pelo menos para o primeiro semestre de 2007. No entanto, poderia ser uma aposta ousada de algum clube para o Campeonato Brasileiro.

Após um ano e meio no Middlesbrough, ainda não conseguiu se adaptar ao futebol inglês. Para piorar, seu time vem decepcionando e luta contra o rebaixamento. Receberia bem uma oportunidade de relançar sua carreira.

Fabrício Nascimento: 5/julho/1982 Clube: Jubilo Iwata Quem é: Ex-Corinthians (até 2005)

Conceição está sem clube desde que deixou o Panathinaikos, da Grécia, em janeiro de 2006. Como ainda tem 32 anos, não é difícil imaginar que possa aparecer em algum clube brasileiro, em 2007.

Gavilán (PAR) Nascimento: 1º/março/1980 Clube: Newell’s Old Boys Quem é: Ex-jogador do Internacional

Apesar de ter apenas 26 anos, tem experiência em ligas importantes e disputou duas Copas do Mundo. Já mostrou capacidade para atuar no futebol brasileiro, sobretudo pelo forte poder de marcação e liderança.

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Mozart Nascimento: 8/novembro/1979 Clube: Spartak Moscou Quem é: Ex-Coritiba (1999)

Mozart ganhou destaque quando atuava no Coritiba e com a disputa da Olimpíada de 2000, pela Seleção Brasileira. Depois de uma passagem discreta pelo Reggina, fez uma boa temporada pelo Spartak, mas uma boa proposta pode tirá-lo de lá.

Zé Elias Nascimento: 25/setembro/1976 Clube: Omonia Quem é: Destacou-se jogando pelo Corinthians

No ano passado, Zé Elias voltou ao Brasil para atuar pelo Santos, mas, assim como Giovanni, acabou engolido pela crise que tomou conta do clube no final da temporada. É pouco provável que prefira continuar no Chipre se tiver uma proposta razoável do Brasil.

Jônatas Nascimento: 29/julho/1982 Clube: Espanyol Quem é: Destaque do Flamengo na conquista do título da Copa do Brasil, em 2006

Líder do Flamengo na conquista da Copa do Brasil, ganhou uma oportunidade na Seleção Brasileira e foi contratado pelo Espanyol. No entanto, não se firmou na equipe catalã, que até subiu de produção depois de ele sofrer uma lesão.

José Sosa (ARG) Nascimento: 16/junho/1985 Clube: Estudiantes Quem é: Autor do gol de empate no jogo do título do Estudiantes, contra o Boca Juniors

Apareceu como uma das principais figuras da equipe que conquistou o título argentino, em

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2006. Sua saída da Argentina é dada como certa para os próximos anos, e o clube brasileiro que o quiser contratá-lo deve se apressar, antes que o futebol europeu o leve.

Meias Anaílson Nascimento: 3/agosto/1978 Clube: Tokyo Verdy Quem é: Ex-destaque do São Caetano dos bons tempos

Está esquecido na segunda divisão do futebol japonês. Certamente ganharia mais dinheiro e exposição no Brasil. Embora a idade tenha diminuído sua velocidade, ainda pode ser decisivo, principalmente em equipes que não briguem pelas primeiras posições.

Ânderson Nascimento: 13/abril/1988 Clube: Porto Quem é: Ex-Grêmio (2005)

Deixou o país como uma promessa, mas teve pou-

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cas chances assim que chegou ao Porto. Quando se firmou na equipe titular, fraturou o perônio e passou por uma cirurgia. Os Dragões poderiam emprestá-lo até o fim da temporada européia para ganhar ritmo de jogo.

Darío Conca (ARG) Nascimento: 11/abril/1983 Clube: Rosario Central Quem é: Ex-jogador de Universidad Católica e River Plate

Celsinho Nascimento: 18/outubro/1988 Clube: Lokomotiv Moscou Quem é: Ex-Portuguesa (2005)

O jovem meia que surgiu na Portuguesa ganhou fama por ser mascarado e por ter a cabeleira parecida com Ronaldinho Gaúcho. Na Rússia, não se firmou no time titular do Lokomotiv em nenhum momento.

Ficou conhecido no Brasil depois de ser a principal figura da Universidad Católica, nas quartas-de-final da Sul-Americana-2005, contra o Fluminense. Depois disso, seu nome foi dado como certo no Tricolor carioca, mas o River Plate – clube com o qual o jogador tinha contrato – o quis de volta. Seu nome, porém, continua forte na memória dos dirigentes brasileiros.

Felipe Melo Nascimento: 26/agosto/1983 Clube: Racing Santander Quem é: Campeão brasileiro pelo Cruzeiro, em 2003

Daniel Carvalho Nascimento: 1º/março/1983 Clube: CSKA Moscou Quem é: Revelação do Internacional, campeão mundial sub-20 pelo Brasil, em 2003

Daniel Carvalho estava esquecido na Rússia até Dunga se lembrar dele. Figura constante nas últimas convocações, tem mercado nos grandes centros europeus, mas revelou recentemente que gostaria de voltar ao Brasil. Além disso, o CSKA Moscou precisa urgentemente diminuir sua folha de pagamento. Daniel deve deixar o clube. A questão é saber se uma proposta de um grande europeu não o manteria no Velho Continente.

É visto com desconfiança no Brasil, mas seu desempenho no Racing o qualifica como possível reforço. Não vai bem o suficiente para ter oportunidade em um clube maior da Espanha, mas mostrou um futebol de nível acima da média brasileira.

Fernandinho Nascimento: 4/maio/1985 Clube: Shakhtar Donetsk Quem é: Ex-Atlético-PR (2004)

Alex

Fatih Saribas/Reuters

Nascimento: 14/julho/1977 Clube: Fenerbahçe Quem é: Meia-atacante, ex-Cruzeiro, Palmeiras e Parma

Na Turquia, Alex é idolatrado e, não raro, é indicado como o melhor estrangeiro que já passou por lá. Seu contrato acaba em junho, e o jogador nunca fez segredo de que seu objetivo ao ir para a Turquia era se transferir para um grande centro. Se não encontrar mercado, voltar para o Brasil não está descartado de seus planos.

O meia destacou-se ao lado de Jádson no AtléticoPR e despertou o interesse de muitos clubes. Foi levado para a Ucrânia junto com o companheiro, seduzido por propostas milionárias. Muito talentoso, seria uma excelente contratação para qualquer equipe. O problema é o Shakhtar o liberar.

Franklin Salas (EQU) Nascimento: 30/agosto/1981 Clube: LDU Quito Quem é: Formado nas categorias de base da LDU Quito

Conhecido como “El Mago”, por sua habilidade, é a principal aposta do Equador para a sucessão de Aguinaga. Só ficou de fora da última Copa do Mundo devido a uma contusão.

Gerson Magrão Nascimento: 13/junho/1985 Clube: Feyenoord Quem é: Ex-Cruzeiro

No Feyenoord, atuava no ataque ou pela ala. “Atuava” é força de expressão, porque em Roterdã quase não se viu o brasileiro. Fez testes pelo clube belga Cercle Brugge, mas não convenceu. Há rumores que o ligam ao Flamengo.

Giovanni Nascimento: 4/fevereiro/1972 Clube: Ethnikos Quem é: Astro do vice-campeonato santista, em 1995

Tem espaço em praticamente qualquer clube do Brasil e anda esquecido na segunda divisão grega, para onde foi depois de sua última passagem pelo Santos, após escala na Arábia Saudita. Retornar ajudaria a resgatar o prestígio que teve na década passada.

Irênio Nascimento: 27/maio/1975 Clube: San Luís Quem é: Meia-esquerda, ex-América-MG, Atlético-MG e Portuguesa

Tem boa reputação no México, por decidir partidas com seus chutes de fora da área. Ainda Janeiro de 2007

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Matthaios/EFE

assim, sua trajetória é descendente, pois passou um tempo na reserva do América e transferiuse para o pequeno San Luís. Um retorno ao Brasil poderia recolocá-lo em evidência.

Rivaldo Nascimento: 19/abril/1972 Clube: Olympiacos Quem é: Apareceu jogando pelo Mogi Mirim; foi campeão Mundial, em 2002, com o Brasil

Jádson Nascimento: 5/outubro/1983 Clube: Shakhtar Donetsk Quem é: Ex-Atlético-PR (2004)

Rivaldo é idolatrado no Olympiacos, onde joga desde 2004, após deixar o Cruzeiro de forma atribulada. É um dos grandes nomes do futebol grego. Declarou que deixa os campos ao fim da temporada, mas há a possibilidade de que queira encerrar a carreira no Brasil.

Possui as mesmas características que Fernandinho – habilidoso e ofensivo – e foi para o Dynamo Kiev nas mesmas circunstâncias que o companheiro. Ainda tem muito futebol a mostrar – o que, assim como ocorre com o ex-companheiro de clube, pode dificultar sua liberação.

Jorge Wágner Nascimento: 17/novembro/1978 Clube: Betis Quem é: Ex-Bahia, Corinthians e Internacional

Foi relegado à reserva no Betis, que, em crise, não tem muita paciência para vê-lo estourar. A não ser que recupere rapidamente sua boa fase, deve ser colocado à venda na abertura do mercado.

Joselito Vaca (BOL) Nascimento: 12/agosto/1982 Clube: Blooming Quem é: Ex-Oriente Petrolero, Dallas Burn e NY/NJ Metrostars

Apareceu como grande promessa do futebol boliviano, mas perdeu espaço depois de não se consolidar na MLS por dificuldades de adaptação e contusões. Reencontrou seu futebol em 2005, quando retornou a seu país e voltou a ser chamado para a seleção boliviana.

Kelly Nascimento: 28/abril/1975 Clube: Al Ain Quem é: Ex-Atlético-PR

Apesar do vínculo com o clube árabe terminar em junho de 2007, o contrato deve ser rescindido antes disso. Kelly chegou ao Al Ain no início

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de 2006 e, depois de fazer seu pé-de-meia no Oriente Médio, negocia seu retorno ao Brasil.

Lopes Nascimento: 1º/junho/1979 Clube: Vegalta Sendai Quem é: Teve boa passagem pelo Juventude

Além de estar na segunda divisão japonesa, Lopes teria interesse em retornar para recuperar o prestígio que tinha no início de sua carreira. O problema é a fama de “baladeiro”.

Marcelinho Paraíba Nascimento: 17/maio/1975 Clube: Trabzonspor Quem é: Revelado pelo São Paulo, jogou bem no Grêmio, onde ganhou a Copa do Brasil, em 2001

Marcelinho Paraíba era um dos ídolos do Hertha Berlim, mas nunca escondeu que sonhava voltar para o Brasil. Numa dessas tentativas, acabou em desgraça em Berlim e acabou no futebol turco. Tentará novamente?

reira na Itália, onde passou por alguns clubes, para depois chegar ao Shakhtar, onde tem feito uma boa temporada e marcado muitos gols. Como outros companheiros de clube, não é difícil que queira voltar, mas o Shakhtar teria que liberar.

Ricardinho Nascimento: 23/maio/1976 Clube: Besiktas Quem é: Ex-Corinthians, São Paulo e Santos

Ricardinho é tido como um jogador experiente, habilidoso e capaz de organizar o meio-campo de qualquer time. No entanto, desde que deixou o Corinthians de forma polêmica, em 2002, nunca mais teve uma grande fase. Embora tenha conseguido se queimar com a quase totalidade da torcida paulista, poda acabar em um clube de outro centro, na tentativa de provar seu valor.

Robson Ponte Nascimento: 6/novembro/1976 Clube: Urawa Red Diamonds Quem é: Revelado pelo Guarani, foi cedo para o Bayer Leverkusen, onde nunca despontou

Matuzalém Nascimento: 10/junho/1980 Clube: Shakhtar Donetsk Quem é: Ex-Vitória, Brescia, Piacenza e Napoli

Desconhecido no Brasil, é um meia habilidoso e que costuma marcar muitos gols – tipo de jogador em falta por aqui.

Walter Fretes (PAR) Matuzalém saiu cedo do Brasil, depois de se destacar no Mundial sub-17, em 1997. Fez sua car-

Nascimento: 18/maio/1982 Clube: Cerro Porteño

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Como acontece uma transferência de um jogador do exterior para o Brasil 1º passo O Atleticano FC, do Brasil, envia um fax oficial para o Associazione Calcio Italiano, da Itália, demonstrando interesse em Zezinho

Quem é: Fez parte da seleção sub-23 do Paraguai, no Pré-Olímpico de 2004

Pode jogar como meia ou volante. Apesar de ser relativamente novo, assume o papel de líder de sua equipe e de organizador do meio-campo. Também já foi cogitada sua transferência a um clube europeu.

Atacantes 2º passo Inicia-se a negociação, até que o Atleticano entre em acordo com o AC Italiano

Abuda Nascimento: 28/março/1986 Clube: Germinal Beerschot Quem é: Ex-Corinthians e Wolfsburg

3º passo Assim que aceitar a proposta, o AC Italiano libera Zezinho para acertaro contrato com o Atleticano

4º passo Fechada a contratação, o AC Italiano precisa enviar para a Federação Italiana (FIGC) documento que libera Zezinho

5º passo Recebida a confirmação de liberação, a FIGC tem de enviar um documento – o Certificado de Transferência Internacional (CTI) – para a CBF. Isso geralmente acontece por fax

6º passo O fax chega ao departamento de transferências da CBF, que tem de publicar em seu BID (Boletim Informativo Diário) a confirmação de que o Zezinho já é atleta do Atleticano FC. Enquanto a informação não for publicada, Zezinho não pode entrar em campo, por mais que o fax da FIGC já esteja na CBF Em tese, estas três últimas etapas podem se resolver em poucas horas, mas nem sempre é assim. Muitas vezes, por questões burocráticas ou até por desatenção de algum funcionário, o processo pode levar algumas semanas.

Alex Mineiro Nascimento: 15/março/1975 Clube: Kashima Antlers Quem é: Um dos destaques do Brasileirão-2002, jogando pelo Atlético-PR

Nunca conseguiu repetir no Japão o bom desempenho do ano em que foi um dos principais goleadores do Brasil. Com a falta de jogadores da posição no país, seria um bom reforço para qualquer equipe.

Bruno Marioni (ARG) Nascimento: 15/junho/1975 Clube: Toluca Quem é: Ex-Newell’s Old Boys, Villarreal e Pumas

Quando apareceu no Corinthians, esperava-se dele uma mistura de Romário com Van Basten. Na Alemanha, não deixou rastro. Em Antuérpia, segue na mesma, jogando duas vezes e marcando zero gols. Uma volta ao Brasil só pode ajudar a recolocar sua carreira no lugar, por um preço certamente acessível.

Centroavante oportunista, foi artilheiro da Copa Sul-Americana de 2005. Apesar da idade, ainda mostra preparo físico e velocidade para vencer a marcação adversária. Financeiramente, não haveria condições para tirá-lo do Toluca, onde é ídolo. Mas ele mesmo declarou desejo de deixar o México.

Aílton

Bruno Moraes

Nascimento: 19/julho/1973 Clube: Estrela Vermelha Quem é: Revelado pelo Guarani, destacou-se no Werder Bremen, da Alemanha

Nascimento: 7/julho/1984 Clube: Porto Quem é: Ex-Santos (2003)

Contratado com status de destaque no Estrela Vermelha, ainda não emplacou. Acostumado a passar mais tempo no Brasil do que os 30 dias de férias, voltaria facilmente para marcar seus golzinhos e estar perto de sua cidade, Mogeiro.

Alessandro

Coadjuvante na conquista do Brasileirão pelo Santos, em 2003, Bruno Moraes também foi pouco aproveitado pelo Porto. Teve uma passagem por empréstimo no Vitória de Setúbal e retornou aos Dragões, mais uma vez para ficar na reserva.

Deivid

Nascimento: 27/maio/1973 Clube: Denizlispor Quem é: Ex-Figueirense, Santos, Atlético-MG e Corinthians

Nascimento: 22/outubro/1979 Clube: Fenerbahçe Quem é: Destaque do Santos, em 2001, passou por Corinthians e Cruzeiro

Alessandro “Cambalhota” ficou mais conhecido no Brasil pela maneira como comemora seus gols do que por sua qualidade técnica. Notabilizouse pela velocidade, que já não é a mesma, aos 33 anos. Na Turquia, não tem sido titular absoluto, o que pode apressar sua volta.

No Fenerbahçe, tem mais uma chance de se firmar como um grande goleador no futebol europeu. Até o momento, apesar de ter jogado como titular, ainda não convenceu totalmente a torcida. Como no Brasil dificilmente deixaria de ser ídolo, pode optar pelo retorno. Janeiro de 2007

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Em Kiev desde 2002, Diogo Rincón brilhou na seleção brasileira sub-17 e teve alguns bons momentos no Internacional. No Dynamo, tem feito boas temporadas, mas não vê a hora de se mudar para um clube maior, seja ele da Europa ou do Brasil.

Denílson Nascimento: 24/agosto/1977 Clube: Al Nasr Quem é: Ex-São Paulo, campeão da Copa de 2002

Após passagens decepcionantes por Betis e Bordeaux, assinou um contrato de empréstimo de curto prazo com o Al Nasr. Longe dos holofotes, a volta para o Brasil poderia trazer uma sobrevida a uma carreira que parece rumar ao fim precoce.

Edmílson

Derlei

Rápido, fazia uma boa dupla de ataque com Vagner Love, no Palmeiras que foi campeão da Série B, em 2003. Ainda é novo e tem potencial para retornar ao Brasil e relançar sua carreira.

Nascimento: 15/setembro/1982 Clube: Albirex Niigata Quem é: Revelado no Palmeiras

Nascimento: 14/julho/1975 Clube: Dínamo Moscou Quem é: Destaque do Porto campeão europeu de 2004

Fábio Júnior Nascimento: 20/novembro/1977 Clube: Bochum Quem é: Destaque do Cruzeiro vice-campeão brasileiro de 1998

Baltemar de Brito, assistente de Mourinho no Porto e no Chelsea, diz que é o melhor jogador com quem ele já trabalhou – e olha que só no Chelsea, hoje, tem Lampard, Robben, Terry, Shevchenko... Foi para o Dínamo por € 7 milhões, mas tem enfrentado muitos problemas no clube. Com 31 anos, ainda tem tempo para deixar seu nome marcado no Brasil.

Apesar de ser titular, joga por um candidato ao rebaixamento no Campeonato Alemão, sem falar que seu contrato com o Bochum termina em 2007. É outro que pode se beneficiar da falta de atacantes no Brasil.

Diogo Rincón Nascimento: 18/abril/1980 Clube: Dynamo Kiev Quem é: Ex-Internacional

Gil

Bruno Domingos/Reuters

Nascimento: 13/setembro/1980 Clube: Gimnàstic

Dodô Nascimento: 2/maio/1974 Clube: Al Ain Quem é: Ex-São Paulo, Palmeiras e Botafogo

Quem é: Revelação do Corinthians de 2001

Habilidoso e rápido, seria um reforço interessante para qualquer clube brasileiro. Como está na reserva do Gimnàstic, time em crise que não consegue se livrar das últimas posições do Campeonato Espanhol, seu retorno não é descartado.

Grafite Nascimento: 2/abril/1979 Clube: Le Mans Quem é: Ex-Goiás e São Paulo

Levou um certo tempo para se adaptar ao país. Embora esteja jogando bem, nunca escondeu seu desejo de atuar por um clube mais competitivo e que lhe dê maior visibilidade para um possível retorno à Seleção. Sem mercado na Europa, pode preferir um grande clube no Brasil.

Humberto Suazo (CHI) Nascimento: 10/maio/1981 Clube: Colo Colo Quem é: Destaque do Colo Colo e artilheiro da SulAmericana de 2006

Depois de passar por várias equipes pequenas do Chile, explodiu em 2006. Não tem grande estatura (1,71 m), mas usa sua velocidade para abrir espaço nas defesas adversárias. Suas principais virtudes são a frieza nas finalizações e a força física. Ao lado de Matías Fernández e Alexis Sánchez, é um dos responsáveis pela grande fase que vive o Colo Colo. Fernández acertou com o Villarreal, e Sánchez ainda é muito novo (18 anos) e deve permanecer no Cacique por mais um tempo. Para Suazo, não há esses impedimentos.

Igor Assinou um contrato de curta duração com o time árabe apenas para fazer sua independência financeira. Em baixa no início de 2006, passou boa parte do ano no topo da lista de artilheiros do Brasileirão, mesmo muito depois de ter se transferido. O Botafogo já mostrou interesse em sua contratação.

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Nascimento: 12/maio/1983 Clube: Standard Liège Quem é: Ex-Genk e Bonsucesso

Brasileiro absolutamente desconhecido no Brasil, mas que na Bélgica tem feito temporadas bastante consistentes. Não possui a técnica do Ronaldinho Gaúcho, mas tem um bom físico e fez gols em todos seus clubes na Bélgica. Até aqui,

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Bernd Thissen/EFE

na sua passagem em Liège, fez cinco, em 12 jogos. Tem contrato até 2010, mas dá para ir buscar – com algum dinheiro, claro.

para um clube precisando de um atacante com alguma experiência internacional e passagens por grandes equipes.

Ilan

Magno Alves

Nascimento: 18/setembro/1980 Clube: St. Etienne Quem é: Ex-Atlético-PR e São Paulo

Nascimento: 13/janeiro/1976 Clube: Gamba Osaka Quem é: Artilheiro do Fluminense, no Brasileirão de 2000

Viveu seus melhores momentos no Sochaux, mas desde sua transferência para os Verdes diminuiu a quantidade de gols marcados. Sofre com a acirrada concorrência por uma vaga no ataque.

França Nascimento: 2/março/1976 Clube: Kashiwa Reysol Quem é: Um dos maiores artilheiros da história do São Paulo

A torcida do Fluminense não se esquece desse baiano, maior goleador do clube em uma edição do Campeonato Brasileiro. Apesar da fama no Japão, está há três anos fora de casa.

Itamar

Mota

Nascimento: 12/abril/1980 Clube: Seongnam Ilhwa Quem é: Após aparecer no América-MG, jogou no Palmeiras e no São Paulo

Nascimento: 21/novembro/1980 Clube: Seongnam Ilhwa Quem é: Um dos destaques do Cruzeiro em 2003, ano do título brasileiro

Por aqui, é pouco lembrado, mas tem uma média razoável de gols. No São Paulo, fez quatro em nove jogos. Na Coréia, teve média de um a cada duas partidas.

Kléber Nascimento: 12/agosto/1983 Clube: Dynamo Kiev Quem é: Ex-São Paulo

Defender um clube que disputa a segunda divisão japonesa é motivo suficiente para se cogitar um retorno – e, antes mesmo de deixar o futebol alemão, França sonhava com a volta ao Brasil. Conhecido por ser bastante recatado, o atacante, segundo diz quem jogou com ele no Bayer Leverkusen, sofre muito para se adaptar. As correntes especulações em torno do seu nome têm tudo para terminar neste ano. Se aceitar receber um salário condizente com a realidade do futebol brasileiro, tem mercado em todo o país.

Apesar de estar bem na Coréia do Sul, onde foi o herói do título de 2006, manifestou o desejo de voltar. Interessados, porém, terão a resistência do clube, que fará de tudo para manter o jogador.

Quirino Nascimento: 4/janeiro/1985 Clube: Djurgarden Quem é: Ex-Atlético-MG

Quem é: Ex-Internacional e Botafogo

Quando deixou o São Paulo, estava começando a cair nas graças do torcedor. Na Ucrânia, alterna partidas entre os titulares e os reservas, mas tem marcado seus gols. É uma boa opção ofensiva para os times brasileiros.

Kléber Nascimento: 13/agosto/1975 Clube: Necaxa Quem é: Defendeu o Atlético-PR, no Brasileirão de 2001

Um dos destaques da campanha do Botafogo, em 2003, quando ajudou o time a voltar à primeira divisão, Leandrão conta com um trunfo para voltar ao país: há uma cláusula em seu contrato com o clube coreano que permite que ele saia por um ano, se for emprestado para um time brasileiro.

Lucas Ainda não se firmou no México, onde mostra grande irregularidade. No Apertura-2006, fez nove gols em 17 jogos pelo Necaxa, mas se diz insatisfeito por estar no clube de Aguascalientes.

Leandrão Nascimento: 18/julho/1983 Clube: Ulsan

Nascimento: 3/janeiro/1979 Clube: FC Tokyo Quem é: Ex-Atlético-PR, Rennes, Corinthians e Cruzeiro

Está há três anos no FC Tokyo, onde tem um bom desempenho. Buscá-lo no Japão pode ser uma operação custosa, mas seria interessante

Quirino deixou o Brasil depois do rebaixamento do Atlético-MG. Hoje, joga no Djurgarden, campeão sueco de 2005, mas que fez campanha medíocre em 2006. Não é um craque, mas, por outro lado, dificilmente preferiria ficar na fria Suécia a voltar ao país, se houver interessados.

Washington Nascimento: 1º/abril/1975 Clube: Urawa Red Diamonds Quem é: Ex-Ponte Preta, artilheiro do Brasileirão de 2004, pelo Atlético-PR

Tem negócios no Brasil e está há tempos fora. Não faltam interessados. Resta apenas saber se algum dos pretendentes estará disposto a desembolsar aquilo que o Red Diamonds gostaria de receber por ele. Janeiro de 2007

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Brasileiros pelo mundo, por Ubiratan Leal

Futebol brasileiro

Todo ano, centenas de jogadores brasileiros arriscam a sorte e vão para países sem tradição nenhuma no futebol. Vale a pena?

Vassil Donev/EFE

onipresente

Léo Lima chegou ao CSKA Sófia com esperança de jogar a Liga dos Campeões. Foi embora com salários atrasados

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garoto despede-se da família e ruma ao aeroporto. Vai tentar a sorte como jogador de futebol no exterior. O objetivo básico é fazer fama e dinheiro em um país mais rico que o Brasil. A cena seria mais que trivial se o destino assinalado na passagem aérea fosse Espanha, França, Itália ou Alemanha. No entanto, muitas vezes o ponto final da viagem é o Vietnã, a Lituânia ou até o Brunei. Essa realidade parece não fazer sentido para quem pensa em se destacar internacionalmente, mas é cada vez mais freqüente. Segundo os registros da CBF, 822 jogadores saíram do Brasil em 2006. O número é alto por si só, mas fica ainda mais impressionante se for levado em conta que desconsidera atletas não registrados na entidade que acertaram diretamente com um clube estrangeiro. Portugal, Japão, Itália e Espanha lideram a lista de 85 países que receberam esses jogadores (veja tabela na pág. 37). Mas o quinto colocado é a Polônia, país cuja liga perdeu muita força com o fim do comunismo e não conta com mecenas do neocapitalismo do Leste Europeu, como Ucrânia e Rússia. A um observador externo, pode parecer lógico que ligas pouco tradicionais não são destinos recomendáveis. Ainda assim, muitos jogadores topam o desafio por permitirem que o sonho de estourar nuble sua percepção. “Não encontrei o que eu esperava. Pensei que jogar na Europa era tudo às mil maravilhas, mas não é bem assim. Quando cheguei, eu vi qual é a realidade”, comenta Thiago Silvy, atacante do Figueirense que, em 2004, defendeu o Gornik Zabrze. O jogador admitiu que a única coisa que sabia da Polônia é que o papa – João Paulo II estava vivo na época – nascera lá. Silvy conta como era sua situação em um time pequeno da primeira divisão polonesa: salário de US$ 1 mil – o clube ajudava pagando o aluguel –, a companhia de alguns colegas brasileiros e muito frio. “Dava para sobreviver, mas não para ficar rico. Como eu percebi que o futebol lá não é muito visto nem na Europa e não tive muitas oportunidades de jogar, voltei na parada para as festas de fim de ano e fiquei por aqui. Não valeu a pena ter ido”.

Tentativa e erro No meio do futebol, é declarado o fato de que viagens como essa são experiências de risco. A idéia é tentar sempre e ver se dá certo. Os empresários admitem que essa é a meta ao encaixar seus clientes em clubes de países sem tradição. Mesmo sabendo que eles terão poucas possibilidades de sucesso, consideram ser uma opção válida. “Colocamos o atleta nesses times, na espe-

Divulgação

O

rança de jogarem uma Copa Uefa ou de serem estrelas nesses países, o que dá um certo status e retorno financeiro”, comentou um agente de jogador que preferiu não revelar seu nome. Para os agentes, é uma manobra interessante. Clubes pequenos são mais abertos a jogadores desconhecidos e os aceitam sem muitas restrições, pois consideram que um ou outro atleta que dê certo compensará o risco. No final das contas, empresário, jogador e clube sabem que não há elementos para balizar a transferência, mas assumem a aposta na esperança de vir a dar certo depois de algumas tentativas. Depois de um tempo, o empresário cria algum vínculo com esse clube estrangeiro e passa a fornecer jogadores no atacado. Assim, surgem os casos de times desconhecidos com uma legião brasileira, muitas vezes de atletas de uma mesma região do país, onde está a base do agente em questão. Por isso, há distorções como o grande número de brasileiros indo para Polônia, Vietnã, Indonésia e Angola, só para citar alguns exemplos. Para esses países, há pontes estabelecidas entre clubes e agentes de jogadores. Por mais que essa política se intensifique, casos de sucesso ainda são exceções – embora existam. Cacau (veja entrevista na pág. 40), que saiu do Turk Güçü, time da colônia turca que disputa a quinta divisão alemã, para se tornar uma das principais figuras do Stuttgart, pode ser citado como um exemplo positivo. No entanto, a tal projeção conquistada por boas atuações Janeiro de 2007

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Gornik Zabrze x Arka Gdynia: mesmo com neve, a Polônia foi o quinto país que mais recebeu brasileiros em 2006

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Str Old/Reuters

Zé Elias: “Jogador tem de pensar na condição de trabalho” O jogador brasileiro arrisca a sorte em países sem tradição mesmo com passagens por grandes clubes no currículo. Zé Elias, por exemplo, defendeu Corinthians, Bayer Leverkusen, Internazionale e Santos. No entanto, depois de uma experiência ruim no Guarani, em que foi contratado com o dinheiro de um investidor italiano que na verdade era um estelionatário brasileiro, o volante foi para o desconhecido futebol do Chipre. Em entrevista à Trivela, ele conta como é viver nessa nova realidade.

Experiência no Olympiacos ajudou Zé Elias a ir ao Chipre

em ligas secundárias muitas vezes é mito, e são raros os casos de atletas que conseguem realmente escalar a hierarquia do futebol europeu até chegar a grandes equipes. Mesmo quando a proposta parece boa há um grande risco. Em 2003, o meia Léo Lima recebeu um convite para jogar no CSKA Sófia, da Bulgária. O pacote era interessante: o clube tinha um financiador que pagaria um alto salário e havia a perspectiva de disputar a Liga dos Campeões logo na primeira temporada. Para quem já havia manifestado interesse em deixar o Vasco, não parecia uma má idéia. Os problemas não demoraram a aparecer. O time foi eliminado pelo Galatasaray na fase preliminar da Liga dos Campeões e foi “rebaixado” para a Copa Uefa, onde caiu na primeira etapa diante do Torpedo Moscou. A possibilidade de ser visto por clubes de centros maiores reduziu-se bastante. Ainda em 2003, o CSKA começou a atrasar os salários, e a solução foi buscar outro clube. “Como eles não podiam me pagar, me liberaram para negociar a saída sem problema”, conta Léo Lima. “Como não havia condições financeiras de um clube brasileiro me contratar, tive de ir para o Marítimo e recomeçar minha trajetória européia”, explica o atual meia do Grêmio.

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Como você foi parar no Chipre? Depois que eu saí do Guarani, recebi várias propostas, e a do Omonia era a melhor. Os clubes cipriotas pagam bem, então? Eles pagam pouco, o que é normal, porque o país é pequeno. Não dá para comparar com o Brasil, porque é um futebol muito distinto. São dois mundos diferentes. O importante é que aqui os clubes dão condição de trabalho, e o mês tem 30 dias. Além disso, o campeonato é organizado, tem tabela do começo até o final do ano, seguindo o padrão da maioria dos países europeus. O jogador também tem de pensar nisso. A Grécia e o Chipre são dois países muito próximos culturalmente. O fato de ter jogado no Olympiacos o ajudou a decidir ir ao Omonia? Um pouco, porque eu já falava um pouco de grego e sabia como as coisas funcionavam aqui, por meio de amigos. O que você conhecia do Chipre? Eu já tinha jogado aqui em Nicósia pelo Olympiacos, em 2002. Foi em uma partida da Liga dos Campeões, contra o Maccabi Haifa, que, na época, não podia jogar em Israel. Deu para conhecer um pouquinho do país. Depois, meu treinador foi demitido do Olympiacos e veio trabalhar aqui. Ele ficou com o meu contato e, quando conversávamos, ele contava que o Chipre era um país tranqüilo para jogar e morar. Há muitos brasileiros no Campeonato Cipriota? É possível encontrar brasileiros em todos os lugares, inclusive no Chipre. Acontece que os jogadores que atuam em clubes cipriotas muitas vezes não são conhecidos do público no Brasil. Muitos aparecem por aqui vindo direto de times pequenos ou de categorias de base. Você chegou a jogar com o Paulo Rink? Joguei pouco tempo, porque ele logo voltou para o Brasil. Como é o nível técnico do futebol aí? Tem grand... tem bons jogadores, alguns com capacidade de jogar em outros países da Europa. A qualidade do jogo parece com a da Grécia, que não é elite, mas não é tão baixo quanto pensam. A seleção até goleou a Irlanda e empatou com a Alemanha, recentemente.

Janeiro de 2007

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Para onde foram os brasileiros em 2006

Europa

América 16 14 13 10 9 8 7 6 3 2 1

Bolívia Equador Paraguai Estados Unidos Venezuela Colômbia, Canadá Uruguai, México Argentina, Costa Rica, Guatemala Chile, El Salvador, Suriname Peru, Honduras, Trinidad e Tobago Panamá

50 ou mais

40 a 49

142 39 34 24 22 20 14 13 12 9 8 6 5 4 2 1

Portugal Itália Espanha Polônia Grécia Alemanha, Suécia França, Suíça Áustria, Croácia, Turquia Lituânia República Tcheca, Rússia Dinamarca Bélgica, Holanda Bulgária, Chipre, Hungria, Inglaterra Finlândia, Macedônia, Ucrânia Bósnia-Herzegóvina, Eslováquia, Moldova, Romênia, Sérvia, Ilhas Faroe Noruega, País de Gales

Ásia 49 16 15 13 11 9 7 6 5 4 2 1

África 12 5 2 1

30 a 39

20 a 29

10 a 19

Angola Tunísia África do Sul Egito, Líbia, Marrocos

5a9

Japão Vietnã China, Indonésia Coréia do Sul Arábia Saudita, Hong Kong Emirados Árabes, Israel Geórgia Bahrein Armênia, Qatar Bielorrússia, Cazaquistão, Índia Irã, Malásia, Tailândia Azerbaijão, Brunei, Cingapura, Kuwait, Omã, Uzbequistão

De acordo com os registros oficiais da CBF, 822 jogadores saíram do Brasil, em 2006. Muitas vezes, o destino foi um país sem ligas milionárias e de pouca ou nenhuma tradição no futebol

Oceania 3 1

Austrália Nova Zelândia

1a4

• A lista inclui jogadores estrangeiros que estavam no Brasil e foram negociados com o exterior • A lista não inclui brasileiros que estavam em um clube estrangeiro e transferiram-se para outra equipe de fora do Brasil ou jogadores que não estavam registrados na CBF e se profissionalizaram diretamente no exterior • Os países foram divididos pelo continente em que se situam, não pela confederação onde jogam

Raízes fincadas Léo Lima coseguiu relativo sucesso no clube da Ilha da Madeira e teve uma oportunidade do Porto. É um exemplo de que, muitas vezes, a estratégia adotada por jogadores e empresários é arriscar-se sempre que possível até o dia em que der certo. É o caso do zagueiro Cris. Depois de passagens apagadas por equipes do interior de Santa Catarina, o futebol brasileiro não era tão atraente. “No Brasil, é difícil fazer carreira em clube pequeno, que disputa o estadual em três meses e fecha antes que seus jogadores possam mostrar alguma coisa. Fiquei seis meses sem clube e comecei a tentar a sorte por aí”. O primeiro destino internacional do zagueiro foi o Rouen, da terceira divisão francesa. Depois de meia temporada na Europa, seu empresário ficou sabendo que o South China, de Hong Kong, precisava de um defensor e procurava um brasileiro para a vaga. E lá foi o jogador atravessar metade do mundo em busca de algum espaço. Cris diz que a experiência no Oriente é bem sucedida. “A vida aqui é boa e, pelas informações que tenho, o salário é melhor do que de clubes da Série B do Brasil”, afirma. Ainda assim, não tem ilusões com o futebol de Hong Kong. “Estou aqui apenas

para ganhar dinheiro e ver se algum olheiro de China, Japão ou Coréia do Sul presta atenção em meu futebol”. Um jogador que quase fincou raízes em outro país foi Alex. O meia do São Caetano foi para o Qarabag, do Azerbaijão. A única coisa que conhecia do país é o fato de ser uma ex-república soviética e o técnico da seleção, na época, ser Carlos Alberto Torres. Mesmo assim, quase se tornou azerbaijano em um ano. “O futebol de lá é muito fraco. Os jogadores só dão chutão para frente, e um meia toca pouco na bola. Era desmotivante”, conta. “Ainda assim, eles gostaram de mim e tentaram fazer um casamento arranjado para eu pegar passaporte deles e jogar na seleção”. Alex conta que isso acabou não ocorrendo porque recebeu uma proposta do Novo Hamburgo, nas férias européias, e não voltou ao Azerbaijão. Seu caso não foi isolado. Outros jogadores decidiram fincar raízes. Na última partida do Azerbaijão nas eliminatórias da Euro2008 (derrota por 3 a 0 contra a Bélgica), Ernani Pereira, André Ladaga e Leandro Gomes estavam em campo com a camisa da seleção caucasiana. Não chamaram a atenção de olheiros de países mais importantes, mas continuavam tentando a sorte. Janeiro de 2007

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Transferências, por Tomaz R. Alves

Pagou,

Giorgio Benvenuti/EFE

mas não levou Terminado o primeiro turno, balanço das maiores contratações do verão europeu é negativo

S

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marcou menos gols do que Peter Crouch. Dois jovens, Agüero e Mikel, ainda não puderam ser avaliados em seus novos times. Eles sentaram no banco a maior parte do tempo, mas a verdade é que seus clubes os compraram pensando no futuro, daqui a uns três anos, não agora. O mesmo não pode ser dito de Boulahrouz, que custou € 15 milhões ao Chelsea, mas teve poucas chances de jogar. E então, nenhum medalhão foi bem? Não é assim. Michael Carrick, no Manchester United, e Mahamadou Diarra, no Real Madrid, vêm cumprindo bem os seus papéis. Ainda não mostraram nada que justifique os mais de € 25 milhões que os clubes gastaram neles, mas, até agora, não dá para reclamar. Outro que vai bem é Dimitar Berbatov. O búlgaro começou inseguro no Tottenham e perdeu o mês de setembro com uma contusão. No fim de novembro e início de dezembro, se acertou, com uma série de cinco gols em cinco jogos. No Real Madrid, também ninguém tem reclamado de Ruud van Nistelrooy. O holandês foi contratado para marcar gols e é exatamente isso o que tem feito: foram 14, até a metade de dezembro. Dois acertos, quatro incógnitas e quatro decepções. Os clubes que gastaram fortunas nessas contratações esperam que esse balanço seja bem melhor no final da temporada. Afinal, dava para fazer muito mais com € 230 milhões.

Andriy Shevchenko

as 10 transferências mais caras

e perguntassem, hoje, qual foi a melhor contratação do último verão europeu, quem você apontaria? Diego, que vem incendiando o Campeonato Alemão, seria uma boa resposta, assim como Aimar, que levantou o Zaragoza. Mesmo que você não escolha um dos sul-americanos, com certeza não vai dizer que foi Andriy Shevchenko, Michael Carrick ou Mahamadou Diarra. Os três, porém, foram os mais caros reforços da pré-temporada. Embora seja cedo para fazer avaliações definitivas – afinal, contratações precisam de tempo para se adaptar aos novos clubes ou campeonatos –, pode-se dizer que, por enquanto, a avaliação dos dez mais caros reforços do último verão deixa a desejar. A maior decepção é também a contratação mais cara de todas: Andriy Shevchenko. É perfeitamente possível que, no segundo turno – ou na próxima temporada –, o ucraniano dê a volta por cima, já que a adaptação à Premier League é sabidamente demorada. No entanto, os seis gols (dos quais, apenas um teve alguma importância) que marcou em seus quatro primeiros meses de Chelsea estão abaixo das mais pessimistas expectativas. Outro astro caríssimo que faz campanha pálida é Zlatan Ibrahimovic. Apesar de um ou outro “flash” de qualidade, o sueco tem sido ofuscado no ataque da Inter pelo limitadíssimo Julio Cruz. O mesmo vale para Dirk Kuyt, que, no Liverpool,

Milan Chelsea € 44,5 milhões

C

Michael Carrick Tottenham Manchester United € 27,6 milhões

C

Mahamadou Diarra Lyon Real Madrid € 26 milhões

C

Zlatan Ibrahimovic (foto) Juventus Internazionale € 24,8 milhões

C

John Obi Mikel Lyon Chelsea € 23,7 milhões

C

Sergio Agüero Independiente € 23 milhões

C Atlético de Madrid

Dimitar Berbatov Bayer Leverkusen € 16 milhões

C Tottenham

Ruud van Nistelrooy Manchester United € 15 milhões

C Real Madrid

Khalid Boulahrouz Hamburg Chelsea € 15 milhões

C

Dirk Kuyt Feyenoord € 15 milhões

C Liverpool

Janeiro de 2007

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Ricardo Rocha alternativo, por Ubiratan Leal

N

A estranha história do novo técnico de

Cabo Verde Ricardo Rocha, que não é “aquele”, é o novo treinador da seleção africana. O que ele foi fazer por lá?

descarta essa hipótese. Até porque, em 15 de novembro, o estádio já entrou em reforma, bancada pela Fifa. Alfredo Gregor Delgado, equatoriano presidente da Mega Sport, diz não conhecer o motivo de a empresa estar envolvida na contratação de Ricardo Rocha para a seleção de Cabo Verde. “Ele nos representa em alguns negócios que fazemos no Brasil para a construção de estádios. Essa relação com Cabo Verde foi tomada no Brasil e não tenho muitas informações ainda”, comenta. No site da Mega Sport, Ricardo Rocha é identificado como representante da empresa em Camboriú e “mundialista de Brasil” (permitindo a confusão com o Ricardo Rocha famoso). Além disso, em eventos oficiais, a federação de futebol de Santa Catarina já se referiu ao técnico de Cabo Verde como agente de jogadores. Rocha diz que se tratar de uma confusão e que foi contratado como técnico por sua experiência em trabalhos em categorias de base e intercâmbio de jogadores. Um técnico mais conhecido por ser agente de jogadores. Uma federação de um país africano com pouca tradição no futebol. Uma empresa que constrói estádios e que não sabe bem de que maneira participa da operação. Tudo isso forma um quebra-cabeça com muitas perguntas e poucas respostas. Pelo menos explícitas.

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Ricardo Cordeiro da Rocha: técnico ou empresário de jogador?

Divulgação

o meio de novembro, a imprensa brasileira divulgou uma surpreendente notícia: Ricardo Rocha, ex-zagueiro do São Paulo e da Seleção de 1994, seria o novo técnico da seleção de Cabo Verde. Após uma rápida pesquisa, a notícia já não parecia tão quente assim: o Ricardo Rocha que treinaria a seleção africana não era aquele, mas sim Ricardo Cordeiro da Rocha, de 41 anos, ex-jogador com passagens por Vasco, Palmeiras, Santos, Lazio e Fiorentina, além de experiência como técnico na seleção de Santa Catarina e Figueirense. Seu salário seria pago por uma empresa, a Mega Sport. Pelo menos foi isso o que disse a federação local. “Fiz questão de ligar para o Ricardo Rocha e esclarecer qualquer dúvida. Nunca quis usar o nome dele”, afirmou à Trivela o novo técnico caboverdiano. Sobre seu currículo, informa: “Comecei nas categorias de base do Palmeiras e fiquei lá até os 15 anos, quando fui para o Vasco. Dois anos depois, fui para a Itália, onde defendi a Lazio e a Fiorentina, sempre nas categorias de base”. Como profissional, seu currículo seria mais discreto. “Passei em clubes pequenos da Itália, como a Lodigiani, antes de encerrar a carreira por contusão. Depois, fui para o Kuwait e fiz curso de técnico em 1997, quando iniciei a nova carreira. Trabalhei com times como a Camboriuense-SC e seleções sub-20 de Santa Catarina”. Para o presidente da entidade cabo-verdiana, Mário Semedo, o currículo como treinador foi convincente. “Contratamos o Ricardo Rocha pelas informações que recebemos de seu trabalho e porque vem com uma comissão técnica experiente”. O dirigente confirmou a informação de que Rocha atuou em Fiorentina e Lazio, mas não soube explicar qual o interesse da Mega Sport, que trabalha na construção de estádios, em patrocinar a comissão técnica de sua seleção. Pelo seu campo de atuação, a empresa poderia até pensar em reformar o Estádio da Várzea, o maior do país, mas a própria federação local

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Da lama à

fama

Franz-Peter Tschauner/EFE

Entrevista, por Carlos Eduardo Freitas

Hoje titular absoluto do Stuttgart, Cacau conta à Trivela como, em dois anos, saiu da quinta divisão da Alemanha e chegou à Liga dos Campeões uando começou a despontar com a camisa do Nuremberg, no meio da temporada 2001/2, ninguém tinha a menor idéia de quem era Jerônimo Barreto, o Cacau. Nunca jogou profissionalmente no Brasil, foi para a Alemanha com apenas 18 anos e começou a carreira numa equipe obscura até mesmo no cenário alemão – o Türk Güçü, time da comunidade turca de Munique. Cacau, na verdade, é um símbolo do jogador brasileiro deste início de século. Sem chances por aqui, foi para o exterior atrás de qualquer negócio. Sua história, porém, tem uma pitada de sorte, algo incomum para a maioria dos jogadores que embarcam no sonho europeu: por meio de um tesoureiro do Nuremberg, seu amigo, conseguiu que o diretor de futebol do clube fosse vê-lo jogar. O diretor não ficou muito impressionado, mas levou-o para treinar com o time. O técnico viu, gostou e ofereceu-lhe um contrato. Meses depois, estava jogando na Bundesliga. Dois anos mais tarde, foi contratado pelo Stuttgart, que então disputava a Liga dos Campeões. Você leu certo: em dois anos, foi da quinta divisão para a LC. Reconhecido na Alemanha, Cacau comemora a boa fase no Stuttgart, uma das surpresas da temporada. O sucesso fez com que tivesse o contrato renovado até 2010. Seu sonho? “Voltar a disputar a Liga dos Campeões”. Retornar ao Brasil? “Gostaria, mas não sei se faria isso”.

Q

Você foi para a Alemanha para jogar por um clube completamente desconhecido, o Türk Güçü, de Munique. Como você foi parar lá? Tive poucas chances no Brasil. Tinha um amigo, que hoje é meu empresário, que mora em Munique. Ele mantinha contato com esse clube, onde um outro brasileiro havia jogado, e me indicou para fazer um teste lá. O clube se interessou, e vim para a Alemanha. Para não começar num time grande, onde eu poderia perder minha chance logo de cara, fui para lá. A idéia era começar de baixo, para aproveitar e aprender o idioma. Como era disputar a quinta divisão do Campeonato Alemão? Foram tempos difíceis. Sei que era um time inexpressivo, que as condições não eram boas e que não tinha a menor estrutura

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profissional, mas via aquilo como minha grande oportunidade. Sempre havia a possibilidade de alguém me ver jogar. Dá para comparar de alguma maneira a estrutura do Türk Güçü com a do Nuremberg, seu segundo clube na Alemanha? Não tem nem comparação. São dois mundos diferentes. O Nuremberg é um clube profissional, disputa a primeira divisão. Até na equipe amadora deles (que joga nas divisões inferiores), o nível é outro. Como o Nuremberg te achou num clube da quinta divisão? Esse meu amigo tinha um contato no Nuremberg, um tesoureiro. Por meio dele, meu nome chegou ao diretor de esportes do clube, que foi me ver jogar em Munique. Lembro que ele comentou que o nível era muito ruim e que não dava para

avaliar, mas sugeriu que eu fosse fazer um teste no clube. No primeiro teste, no primeiro treino, o técnico gostou, e me ofereceram um contrato. Depois de se destacar no Nuremberg, você foi para o Stuttgart, pelas mãos do Felix Magath, e acabou jogando até a Liga dos Campeões. Como foi esse salto, de sair da quinta divisão para a LC em tão pouco tempo? Na época, parecia normal, mas hoje entendo a diferença. Não conseguia dimensionar, porque o pulo foi muito grande. Desde então, o Stuttgart nunca mais voltou a uma Liga dos Campeões. Ficou perto algumas vezes e, no máximo, jogou a Copa Uefa. Neste ano, vocês não estão disputando nenhuma competição européia. Isso explica o bom desempenho do time na Bundesliga?

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Podemos brigar pelo título da Copa, e, quem sabe, por uma vaga na LC

Pode ser (pensativo). É difícil falar, porque não jogamos nenhuma outra competição, mas se disputássemos uma Copa Uefa, talvez estivéssemos mais desgastados. Talvez esse seja um dos motivos de estarmos tão bem fisicamente e totalmente concentrados na Bundesliga. Para você, é uma surpresa a posição que o Stuttgart ocupa na tabela? É uma supresa não só para mim, mas para todo mundo. Ninguém contava com isso, mas temos uma boa equipe. Temos consciência disso e sabemos que podemos ficar no alto da tabela. As pessoas não esperavam nada da gente porque começamos a temporada com muitos jogadores novos. Isso tudo falava contra o sucesso do time, mas acabamos provando o contrário. No começo da temporada, achavam

que o Armin Veh seria o primeiro técnico a ser demitido no campeonato. Por que isso? O pessoal aqui na Alemanha subestimou o treinador porque ele era inexperiente e nunca havia comandado um clube de expressão. Além disso, o time não mostrou uma melhora depois da saída do Trapattoni. Tudo ficou pior depois de perdermos na estréia, para o Nuremberg, em casa. Depois disso, o time estabilizou-se em cima da tabela. Até onde esse time do Stuttgart pode chegar nesta temporada? Queremos ir bem na Copa da Alemanha e na Bundesliga. Se der, até brigarmos pelo título da Copa. Depois, pensarmos na briga por vagas nas copas européias. Quem sabe, dá para realizar o sonho de voltarmos à Liga dos Campeões.

O Mario Gómez é uma das grandes revelações do ano, na Alemanha. Tem feito diversos gols e anda em evidência. Como você descreveria ele? Uma das vantagens dele é que chuta com as duas pernas, mas o que faz a diferença é o porte físico. Ele é alto, forte e consegue proteger a bola. Para complicar a vida dos zagueiros, ele também é rápido. Pelo que tem jogado, não será estranho se ele for para a seleção. Você está bem na Alemanha. Renovou seu contrato até 2010, pouco antes do Natal. Passa pela sua cabeça voltar para jogar no Brasil? Agora não penso nisso. Minha família está acostumada aqui. Gostaria muito, mesmo que fosse por uma temporada, mas não sei se eu faria isso. Acho que esse sonho não será realizado. Janeiro de 2007

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Futebol e política, por Ubiratan Leal e Cassiano Ricardo Gobbet

O jogo fantasma Em 1973, o Santos disputou um amistoso com a seleção do Chile. Os registros desse jogo são escassos, sobretudo devido às circunstâncias políticas pelas quais foi envolvido

cena é uma das mais patéticas da história do futebol. No Estádio Nacional de Santiago, o Chile dá início à partida, mas não há adversário. Os jogadores trocam passes e, diante de um gol vazio, Valdés finaliza e comemora a vitória. A União Soviética cumprira a promessa de boicotar o jogo e dava aos sul-americanos a classificação para a Copa do Mundo de 1974, por WO. Essa parte do episódio é bastante conhecida. O que ficou quase escondido foi o segundo capítulo da história, que teve participação do Santos. Para entender as nuances, é preciso conhecer o contexto que vivia o Chile na época. A partida ocorreu em 21 de novembro de 1973. Dois meses e 10 dias antes, o ministro do exército Augusto Pinochet liderou um golpe militar que tirou do poder Salvador Allende, presidente de esquerda que governava o país desde 1970. Com isso, o Chile dava uma guinada política violenta, deixando a aproximação com a União Soviética para integrar o bloco de nações latino-americanas com ditaduras militares alinhadas aos Estados Unidos.

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Com tudo isso, era compreensível que um encontro entre chilenos e soviéticos na repescagem das eliminatórias para a Copa de 1974 não fosse dos mais calmos – ainda mais quando chegou à comunidade internacional a notícia de que o Estádio Nacional fora transformado em prisão política e palco de tortura a opositores. Foi o pretexto usado pela União Soviética para não ir a Santiago. “Por considerações morais, os esportistas soviéticos não podem jogar neste momento no estádio de Santiago, salpicado de sangue de patriotas chilenos”, informou o governo de Moscou, por meio de sua agência de notícias oficial. Sem oponente, a classificação dos sul-americanos estaria assegurada. Era uma boa oportunidade para o novo governo criar um evento pomposo e patriótico. Os presos políticos continuaram no estádio, mas em setores mais escondidos. Os ingressos foram vendidos normalmente e, para o caso de não haver jogo, a federação chilena convidou o Santos como plano B. Realmente, a União Soviética não apareceu. Os jogadores chilenos deram saída e fizeram o gol, que ficou como símbolo da situação triste de dois países que misturavam política e futebol. “Ficou-se discutindo quem faria o gol de honra. Que gol de honra? Foi

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Nonononono nononono/NOONNO

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conseguir a vaga na Copa do Mundo de maneira estranha. Apesar da goleada santista, a imprensa brasileira deu pouco espaço à partida – mas não por opção editorial. O Pasquim, por exemplo, havia preparado uma cobertura do jogo. “A gente tinha essa partida na pauta e até pediu para um cartunista nosso preparar um desenho, mas o cartum acabou não saindo”, conta Ivan Lessa, editor da lendária publicação, que brigava com a censura semana sim, semana também. Em 1973, o Brasil vivia sob o governo de Emílio Garrastazu Médici e a ditadura militar estava em seu momento de maior repressão aos direitos civis. No final das contas, as circunstâncias políticas foram tão fortes que acabaram quase escondendo a partida propriamente dita. Nesse dia, o Santos foi contratado para fazer parte da festa de um governo chileno que misturava futebol com populismo político. E, marcando cinco gols, ajudou a ditadura chilena a esconder o fato de que o Estádio Nacional se transformara em campo de torturas, e não de futebol.

Data: 21/novembro/1973 Local: Estádio Nacional (Santiago) Público: 20 mil pagantes Árbitro: Rafael Hormazabal Gols: Nenê (2), Eusébio (2) e Edu CHILE Olivares; Machuca (Paez), Quintano, Figueroa e Arias; Eladio Rojas (Rodríguez), Valdés (Yavar) e Reynoso; Caszely, Ahumada e Leonel Sánchez (Crisosto (Veliz))

ficha

uma coisa absurda”, comentou o ex-atacante Carlos Caszely, presente àquela partida, em entrevista recente à televisão chilena. Francisco “Chamaco” Valdés, capitão do Chile, foi o autor do “gol”. Depois da encenação, foi a vez de o Santos entrar em campo. O time estava desfalcado de Pelé e tinha como principais estrelas o goleiro argentino Cejas, o lateral Carlos Alberto Torres e o ponta-esquerda Edu. Apesar das circunstâncias políticas que envolviam o encontro, os santistas viram o jogo como mais um amistoso no exterior que o clube fazia. “Lembro-me de pouca coisa daquela partida. Só que foi em um dia de semana à noite e que eu fui deslocado para o meio-campo e, modéstia à parte, joguei muito”, conta Carlos Alberto. “De resto, foi um jogo normal, em que não aconteceu nada de extraordinário para nós a ponto de merecer alguma lembrança especial”. Em campo, o Santos impôs uma goleada de 5 a 0, atrapalhando um pouco a festa arrumada pelo governo chileno. Oficialmente, o amistoso serviria para “comemorar a classificação ao Mundial de 1974”. O resultado foi considerado surpreendente porque, no papel, o Chile tinha uma equipe forte, com Figueroa, Caszely e Leonel Sánchez, três dos maiores jogadores de sua história. Para os chilenos, o motivo da goleada sofrida foi a falta de concentração para jogar, após

CHILE 0 SANTOS 5

SANTOS Cejas (Williams); Hermes, Marinho, Vicente e Roberto (Turcão); Carlos Alberto e Léo (Nelsi); Nenê (Cláudio Adão), Mazinho, Eusébio e Edu (Ferreira)

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Capitais do futebol, por Ubiratan Leal

Luta de

classes Os times da Cidade do México definem-se de acordo com o perfil social de seus torcedores

futebol muitas vezes retrata uma sociedade. Em geral, serve ao menos como miniatura das relações sociais de um país. A Cidade do México é um exemplo disso. Com apenas quatro clubes profissionais, é possível ver nas arquibancadas vários dos grupos que formam a população da capital mexicana. A principal referência futebolística da cidade é o América. Por mais que isso seja um estereótipo e que muitos americanistas venham de classes sociais mais baixas, as Águilas sempre foram consideradas um símbolo das classes dominantes do país. Durante muito tempo, seus dirigentes foram ligados ao PRI, partido que governou o país entre 1929 e 2000, e até hoje seus torcedores são vistos como representantes da força do empresariado. Essa fama se reforçou depois que a Televisa, principal grupo de comunicação do México, comprou o clube. Essa imagem do América fica ainda mais forte nos clássicos. O principal, curiosamente, não é diante de uma equipe da Cidade do México, mas com as Chivas Guadalajara. Os dois clubes disputam o posto de time mais popular do México, e essa rivalidade – o encontro é chamado de “Clássico dos Clássicos” – sempre é vista como um choque social: um time cosmopolita,

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que representa o poder econômico da capital mexicana, contra a equipe mais forte e tradicional do interior, que carrega um discurso nacionalista e se nega a ter jogadores estrangeiros. Na Cidade do México, o principal rival do América é o Cruz Azul. A Máquina Cementera aproveita sua história, ligada aos funcionários de uma cimenteira homônima para se colocar como representante em campo da “classe trabalhadora”. É inegável, porém, que o suporte financeiro da empresa que lhe deu origem ajudou o clube a crescer rapidamente e a comprar um estádio próprio. O Cruz Azul não é um adversário à altura do América apenas na conta bancária. Em campo, a Máquina Cementera tem apenas dois títulos nacionais a menos que o rival local. Em competições internacionais, ambos têm cinco títulos da Concacaf, mas os celestes ostentam no currículo a melhor campanha de um mexicano na Copa Libertadores. Em 2000, o Cruz Azul perdeu a final do torneio para o Boca Juniors nos pênaltis, depois de vencer em La Bombonera e cair em casa. Vendo de soslaio a disputa entre americanistas e cementeros, os Pumas da Unam (Universidad Nacional Autónoma de México) colocam-se

clubes da cidade 1 Club América

5 Copas dos Campeões da Concacaf 10 Campeonatos Mexicanos 5 Copas do México 2 Copas Interamericanas

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Club Deportivo Social y Cultural Cruz Azul 5 Copas dos Campeões da Concacaf 8 Campeonatos Mexicanos 2 Copas do México

3 Club Universidad

Nacional (Pumas) 1 Copa Interamericana 3 Copas dos Campeões da Concacaf 5 Campeonatos Mexicanos 2 Copas do México

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Divulgação

COPA DO MUNDO É AQUI O histórico da Cidade do México em Copas do Mundo é invejável: abrigou 23 partidas (recorde), viu o Brasil conquistar a Taça Jules Rimet, recebeu Itália 4x3 Alemanha Ocidental, em 1970 (para muitos, o maior jogo da história dos Mundiais), e ainda foi lá que Maradona driblou metade da seleção inglesa para fazer um de seus gols mais espetaculares – e contou com a ajuda da “mano de Dios” para fazer outro deles. O centro de tudo isso é o Estádio Azteca, o único do mundo no qual foi disputada mais de uma final de Copa. Com capacidade para 114,6 mil espectadores, é um dos maiores do planeta – se não o maior –, contando apenas torcedores sentados. Em 1997, depois de ser comprado pela Televisa, o estádio passou a se chamar Guillermo Cañedo – nome de um ex-presidente da federação mexicana. A torcida, porém, rejeitou a mudança, e a designação original acabou restabelecido.

O Estádio Azteca é o único do mundo que já recebeu duas finais de Copa

Clubes andarilhos Uma das soluções apontadas para o Atlante é se mudar mais uma vez. Isso lembra o caso

4 Club de Fútbol

Atlante 1 Copa dos Campeões da Concacaf 2 Campeonatos Mexicanos 3 Copas do México

de uma quinta equipe da Cidade do México. O Necaxa ganhou notoriedade internacional ao terminar em terceiro lugar o confuso Mundial de 2000. No entanto, os Rayos não podem mais ser colocados na lista de equipes da capital. É que o clube não tem mais sede na cidade. Na terra do chili, a adoção do sistema de franquias permite que um clube troque de cidade em busca de mercados mais atraentes. Foi o que ocorreu com o Necaxa. Os Rayos eram uma força na época do amadorismo. No entanto, em 1943, com a implementação do profissionalismo, abandonou o esporte. A equipe retornou às competições em 1950, mas teve desempenho fraco e perdeu boa parte de seus torcedores. O clube só ganhou força na década de 1990, quando foi comprado pela Televisa – isso mesmo, a mesma dona do América e do Atlante. O time conquistou três títulos, mas nem assim tornou-se popular. A solução foi mudar-se para Aguascalientes, em 2003. O caso do Necaxa não é único na Cidade do México. O Atlante foi fundado na capital, mas transferiu-se para Querétaro e Nezahualcoyotl e só voltou ao Estádio Azteca em 2001. O Cruz Azul foi fundado em Jasso, em 1927, e só se mudou para a Cidade do México em 1971.

México

localização

como alternativa. Criados dentro de uma universidade, os Felinos cresceram com o uso de estudantes como jogadores. Com o aumento da exigência financeira e técnica do futebol profissional, o clube se desvinculou da instituição. Ainda assim, usa o Estádio Universitário e segue a política de apostar na revelação de jovens talentos. O mais conhecido deles foi Hugo Sánchez, maior jogador da história do futebol mexicano. Tradicionalmente, os Pumas têm maior penetração entre jovens e torcedores de classe média, sobretudo os que orbitam a vida acadêmica. A quarta opção para os torcedores da capital mexicana é o Atlante. Os Azulgranas estão em decadência pela falta de títulos e pela perda de suas raízes. Nas décadas de 1930 e 1940, o clube tinha muitos seguidores nos bairros mais pobres do subúrbio e ganhou o apelido de “Equipo del Pueblo”. Aos poucos, a escassez de títulos – o mais recente é de 1993 – e as constantes mudanças de sede desmobilizaram a torcida. Nem a venda para a Televisa ajudou a melhorar a situação do clube.

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Cidade do México 8.720.000 habitantes

Quarta divisão Álamos, Atlético Huejutla, Atlético Iztacalco, Atlético Uefa, Eca Norte, Frailes de Homape, GR Sport, Guadalajara FODF (filial das Chivas), Guerreros de Ixtapalapa, Inter, Pato Baeza, Santa Cruz, Sporting Canamy, Tecamachalco, Tlalpan Villa Olimpica, Titán e Tulyehualco Obs.: a relação não considera os clubes “filiais” de América, Atlante, Cruz Azul e Pumas Unam que estão na terceira ou na quarta divisão

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Violência na Argentina, por Antonio Vicente Serpa

Violência e Os barrabravas, violentos torcedores organizados argentinos, estão levando o futebol do país a uma crise sem precedentes – com a complacência das autoridades

poder afael di Zeo parece um padre. Estar ao lado dele é uma experiência religiosa. Os pais aproximam dele as crianças – algumas delas, bebês – para que as toque, para que tire uma foto com elas, para que lhes passe a mão, como se pudesse curá-las com a sua aura. Mas Rafa, 44 anos, não é o sacerdote de nenhuma religião. É o chefe de La Doce (A Doze), a barra brava do Boca. É o rosto da violência na Argentina, mesmo que ele quase nunca seja visto manchado de sangue. Vindo de uma família de classe média, personagem midiático, ele não só não evita as câmeras como as procura, com ações como visitas a hospitais infantis, geralmente acompanhado por algum jogador do clube. Também não vê problemas com que a TV filme documentários sobre suas ações nos campos de futebol. Os que se sentem incomodados com essas imagens ge-

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ralmente são os policiais, que o obedecem como se ele fosse o delegado – policiais que guardam a entrada do campo, cobrando um “extra” para fazê-lo, e que não reagem quando os barras pulam as catracas e entram sem pagar nada. Os valores da sociedade argentina estão tão distorcidos que, apesar de tudo isso, ou, pior, precisamente por isso, Rafa é uma grande figura. Inclusive, ele é convidado por grupos de torcedores de diferentes cidades do interior do país, que lhe pagam a viagem com o único objetivo de jantar a seu lado. É difícil dizer exatamente como esses grupos de fiéis seguidores transformaram-se em um Frankenstein descontrolado. A dúvida é a de sempre: o que veio primeiro, o ovo ou a galinha. As barras existem desde os anos 70, e sempre houve setores organizados. Porém, a marginalidade crescente, conseqüência da retração eco-

Os casos mais violentos dos últimos anos 1994

1999

2002

2004

A barra do Boca (com José Barritta como chefe) assassina dois torcedores do River. Várias pessoas acabam na prisão, com penas entre oito e 20 anos. Nesse ano, Rafael di Zeo herda o poder

A barra do Boca, com Rafa na liderança, bate em um torcedor do Chacarita, durante um amistoso. Os agressores vão a julgamento e, provavelmente, em junho de 2007 serão presos por quatro anos e meio

A barra do Racing assassina um torcedor do Independiente. Fica acéfala a torcida organizada do clube de Avellaneda, cujo chefe respondia pelo apelido de “Jaimito”

Na estrada Panamericana, no caminho entre Rosário e Buenos Aires, torcedores do River e do Newell’s se cruzam. Os do River matam dois e irão a julgamento em 2007

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nômica, do desemprego e das deficiências da educação, gerou uma relação de mão dupla cheia de violência latente e negócios nebulosos. E o que, em um primeiro momento, eram simples pedidos de doações a jogadores e dirigentes, hoje são uma extorsão pura e simples por parte de associações que, para que não sejam consideradas ilícitas, até formaram entidades – como a Fundação Número Doze, dos torcedores do Boca – que, supostamente, se dedicam a fins beneficentes. Os jogadores sentem-se ameaçados e indefesos e dão dinheiro para as torcidas – ou se prestam a ações que servem de pano de fundo para os barras tentarem limpar sua imagem corroída. Com os dirigentes, acontece algo similar, só que em maior escala. Para não ouvir frases como “eu sei em que colégio a sua filha estuda”, dão ingressos (para que os violentos as usem ou as vendam e, com isso, se financiem) e negociam. Se não, eles não apóiam o dirigente. Ou armam um escândalo nas arquibancadas até que o técnico se demita. Ou fazem uma oportuna visita ao treinamento, depois de uma derrota. A transação segue, e, de repente, os barras exigem que um determinado jogador seja comprado pelo clube, em uma operação na qual eles mesmos recebem uma polpuda comissão. E chega a um ponto em que o dirigente está tão sujo que não pode voltar atrás, porque corre o risco de que os barras revelem esses negócios, que poderiam fazer com que ele perca o controle do clube. Está completo o círculo vicioso. E essa não é a parte mais grave...

Torcida do Gimnasia pressionou seu time a entregar o jogo contra o Boca para prejudicar o Estudiantes

Cézaro De Luca/EFE

Torcida contra No dia 8 de novembro, o elenco do Gimnasia La Plata sofreu uma ameaça da barra brava em plena concentração: não devia ganhar do Boca (líder do campeonato), porque com isso favoreceria o arquirival Estudiantes (segundo colocado), na briga pelo título. Durante a ameaça, dois dirigentes do Gimnasia fizeram vista grossa – ou até apoiaram – os delinqüentes. E o time perdeu o jogo escandalosamente. A Justiça, porém, não pôde provar nada, mesmo depois que um jogador admitiu o Janeiro de 2007

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fato em entrevista a uma rádio. O presidente, Juan José Muñoz, contratou um advogado para orientar suas declarações aos investigadores. E ninguém contribuiu o suficiente para que o inquérito fosse adiante. “O poder sou eu”, teria dito aos jogadores o próprio presidente, homem com contatos suficientes para dirigir tudo a sua maneira, seja a barra, seja a Justiça. Muitos dirigentes esportivos também são políticos, e é aí que o problema ganha a dimensão de questão de Estado. Em outubro de 2003, numa busca na casa de Di Zeo, foram encontrados documentos falsos com sua foto. O inquérito ainda não foi concluído. Dizem que, alguns meses antes, um funcionário do governo federal desbaratou um protesto pacífico de um grupo de trabalhadores, infiltrando elementos violentos na manifestação, que acabou da pior maneira, com repressão policial ante os destroços que se produziam. Muitos garantem que as pessoas que quebravam tudo a sua frente eram barra bravas do Boca. Alguns dias depois, mesmo tendo sua saída do país proibida, esses torcedores viajaram para São Paulo, para ver a final da Libertadores, entre Santos e Boca. Com que documentos saíram? Quem os entre-

gou a eles? As respostas dão medo... No dia 17 de outubro de 2006, durante o transporte dos restos mortais de Juan Domingo Perón para San Vicente, dois bandos de diferentes sindicatos se enfrentaram a tiros. Entre eles, havia barra bravas do Estudiantes e do Deportivo Cambaceres, mão-de-obra desempregada que os sindicalistas usam na primeira linha de combate. Por tudo isso, um dos especialistas que combateram os hooligans ingleses acredita que o caso argentino é muito mais difícil de resolver.

Negócios ameaçados Os episódios dos últimos meses colocaram em xeque o futebol. Emboscadas e brigas entre os torcedores fora dos estádios, objetos arremessados dentro de campo para forçar a suspensão de jogos e evitar goleadas (como fez a torcida do Racing, no 0 a 2 contra o Independiente), aquele triste antecedente do Gimnasia... Os órgãos de segurança endureceram suas medidas ante a passividade da Associação do Futebol Argentino (AFA) porque, sabe-se, atualmente o futebol é para a sociedade o que foi o circo romano a 2 mil anos. Começou-se a aplicar com maior rigor o direito de entrada nos estádios (os clubes

As relações das barras com a política Rafa di Zeo (chefe de La Doce, a barra do Boca) é casado com a ex-secretária do governador de Buenos Aires, Felipe Solá. Tem conexões na Legislatura de Buenos Aires, da qual foi empregado. Mauricio Macri, presidente do Boca, é deputado federal e será candidato a presidente.

Alan Schenkler e Adrián Rousseau, chefes da barra do River (Los Borrachos del Tablón), dirigem todo o clube. Desde a lanchonete até o ginásio, controlam todos os negócios.

José Muñoz, presidente do Gimnasia, tem em sua diretoria filhos de juízes e deputados de La Plata. Muñoz dirige a barra do Gimnasia, que há pouco tempo ameaçou vários jogadores de morte. A barra do Chacarita é sustentada por Luis Barrionuevo, deputado federal por Catamarca. Ela é sua tropa de choque e vai aos comícios.

Raúl Gámez, várias vezes presidente do Vélez (hoje vice-presidente), era barrabrava do clube. Aspira a ser presidente da AFA.

Marcos Brindicci/Reuters

A barra do Racing foi sustentada por diferentes presidentes, entre eles Daniel Lalín (fez parte do governo da cidade de Buenos Aires) e Juan di Stéfano (homem-forte do peronismo na província de Buenos Aires). A barra do Independiente tem laços muito próximos com o sindicato dos caminhoneiros, que era liderado por Hugo Moyano (hoje secretário geral da Confederación General del Trabajo) e, atualmente, é comandada por seu filho. A barra do Estudiantes também tem contatos com o peronismo, em La Plata. Esteve presente nos

incidentes durante o transporte dos restos mortais de Perón. Chega a 180 o número de mortos pela violência no futebol argentino.

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Leo La Valle/EFE

decidem se querem deixar entrar os que têm antecedentes criminais) e até decidiuse disputar partidas sem público, o que causou a reação dos outros torcedores, os bons, que também sofreram com o castigo. Os barras sentiram, pela primeira vez em muito tempo, que seus negócios corriam perigo: os do River, conhecidos como Los Borrachos del Tablón (Os Bêbados do Balcão), dirigem o ginásio do clube. Os do Boca até organizam excursões para estrangeiros, que levam com eles ao estádio em troca de US$ 100 a US$ 150 por cabeça. Tudo isso sem contar os delitos clássicos, como cobrar por estacionamento em lugares públicos (da mesma forma que os flanelinhas, no Brasil) ou a revenda de ingressos. Com as fontes de renda ameaçadas, passaram a amedrontar de novo os jogadores. E estes, vítimas do medo e sem apoio sufi-

ciente do clube, dos dirigentes e da polícia, estiveram a ponto de parar o futebol para pedir a volta dos torcedores aos estádios. No final, só uma partida (Racing x San Lorenzo) não foi disputada, a AFA puniu o Racing com a perda dos pontos, devido aos incidentes no jogo contra o Independiente, e, no começo de dezembro, a Justiça emitiu uma sentença muito importante: Di Zeo e vários de seus capangas, embora devam apelar para tentar adiar o inevitável, deverão ser presos por quatro anos e meio, devido a um processo que se iniciou em 1999. “Se me prenderem, tudo vai piorar. A violência será incontrolável”, ameaça Rafa, que menciona as brigas internas que haverá na barra do Boca pelo espaço de poder que ficará vazio durante sua ausência. Revisemos: negócios sujos, contatos com a política, sangue que corre, brigas

internas entre grupos que supostamente estão do mesmo lado, mas são rivais, pessoas que buscam para seus filhos a bênção do chefe (uma foto, um autógrafo, um beijo). Nada que não se tenha visto na série “O Poderoso Chefão”, ou em qualquer outro filme sobre a máfia. É possível combatê-la? É um sinal oportuno a sentença que condena Di Zeo, para quem não faltam contatos (é casado com a ex-secretária de Felipe Solá, governador de Buenos Aires). Será o começo de alguma coisa? Juan Domingo Perón costumava dizer que, quando alguém não quer realmente resolver um problema, basta criar uma comissão para cuidar dele. Infelizmente, está sendo criada uma comissão no Congresso para estudar medidas para o futuro. Quem sabe ela não dá algum resultado. Sempre há uma primeira vez...

“La Doce” é comandada por Rafa di Zeo como uma “famiglia” siciliana

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História, por Ubiratan Leal

Herói

também na Grécia Attila Kisbenedek/EFE

Uma das maiores façanhas de Puskas foi pouco lembrada depois de sua morte

Puskas é lembrado pelos feitos como jogador, mas entrou na história do Panathinaikos como técnico

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erenc Puskas morreu no dia 17 de novembro, depois de passar boa parte de seus últimos anos de vida sofrendo com o mal de Alzheimer. Enquanto o mundo lamentava a morte de um dos maiores jogadores de todos os tempos, a Hungria chorava a partida de seu maior esportista e o Real Madrid sofria pela morte de um símbolo dos momentos mais gloriosos do clube, poucos se lembraram de que os torcedores do Panathinaikos também se juntavam ao luto. Em Atenas, muitos torcedores alviverdes consideram o húngaro o maior treinador que passou pela equipe. Como um todo, a carreira de Puskas como técnico foi obscura. Isso acontece não apenas por ser ofuscada por suas glórias como jogador, mas também pelos clubes que comandou – entre eles, Vancouver Royals, South Melbourne, Murcia e Al Masry, além dos sulamericanos Sol de América, Colo Colo e Cerro Porteño. Mesmo assim, conseguiu brilhar na melhor oportunidade que teve para mostrar seu trabalho no cenário internacional. Puskas foi contratado pelo Panathinaikos em 1970, após a conquista do bicampeonato grego pelo clube. O húngaro pegou uma base já montada e apenas deu continuidade ao trabalho. O principal jogador do time era o atacante Antoni Antoniadis, especialista em jogadas aéreas. Na primeira temporada sob o comando do ex-craque, a equipe não foi bem no torneio nacional, no qual acabou apenas em terceiro. O desempenho doméstico decep-

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Copa dos Campeões 1970/1

Divulgação

Jeunesse d’Esch (LUX) 1x2 Panathinaikos Panathinaikos 5x0 Jeunesse d’Esch (LUX) Panathinaikos 3x0 Slovan Bratislava (TCH) Slovan Bratislava (TCH) 2x1 Panathinaikos Everton (ING) 1x1 Panathinaikos Panathinaikos 0x0 Everton (ING) Estrela Vermelha (IUG) 4x1 Panathinaikos Panathinaikos 3x0 Estrela Vermelha (IUG)

Reprodução

Ajax (HOL) 2x0 Panathinaikos

consolidar a vitória a três minutos do final, quando fizeram o segundo gol. Como o Ajax renunciou à vaga no Mundial Interclubes, o Panathinaikos foi escalado para enfrentar o Nacional de Montevidéu. Em Atenas, houve empate por 1 a 1. No jogo de volta, os uruguaios venceram por 2 a 1 e ficaram com o título. “Isso provou que tínhamos um bom time, só precisávamos de dois jogadores acima da média”, comentou Puskas em sua biografia. O técnico costumava dizer que o trabalho no Panathinaikos foi facilitado pelo perfil dos jogadores. “Eles eram menos sofisticados, diferentes daqueles com os quais eu estava acostumado a lidar na Espanha”. Por isso, o húngaro adotou um tratamento mais próximo dos jogadores. “Disse-lhes que, se fizessem as coisas à minha maneira, eu ficaria e daria o melhor de mim”. A derrota em duas finais não tira o mérito do Panathinaikos de Puskas. Nunca um clube grego foi tão longe em competições internacionais. O húngaro ficou mais duas temporadas no clube ateniense. Conquistou um título nacional e só deixou o time depois de mais uma briga com representantes do governo. O ex-craque de Honvéd e Real Madrid voltou ao futebol grego em 1977, mas ficou apenas uma temporada como técnico do AEK. Em reconhecimento pelo trabalho de Puskas, a diretoria do Pana anunciou que parte da arrecadação do jogo contra o Apollon Kalamarias, em 20 de dezembro, pelo Campeonato Grego, seria doada à família do ex-técnico.

campanha do Panathinaikos 1970/1

cionante, porém, foi amplamente compensado pela campanha internacional. Na Copa dos Campeões, a equipe começou com vitórias diante de clubes de Luxemburgo e Tchecoslováquia. Nas quartas-de-final, poucos acreditavam que os alviverdes pudessem bater o Everton, campeão inglês. Sem pressão, o Pana conseguiu dois empates (0 a 0 e 1 a 1) e se classificou por causa do gol fora de casa. Nas semifinais, o adversário era o Estrela Vermelha, então tricampeão iugoslavo. No jogo de ida, em Belgrado, os donos da casa venceram facilmente por 4 a 1. “Sinceramente, não podia ter sido muito diferente. O placar refletiu a real distinção de classe entre os dois times”, explicou o húngaro em depoimento registrado no livro “Puskas – Uma Lenda do Futebol”, de Rogan Taylor e Klara Jamrich. Com a derrota, surgiram os primeiros problemas de relacionamento do treinador com os militares que governavam a Grécia, à época. “Logo depois do jogo, quando voltamos para o país, um chefe do ministério dos esportes procurou-me e disse que o governo não permitiria uma derrota como essa. Eu sugeri que ele mesmo devesse jogar como centroavante e fazer alguns gols”, afirmou. Os atritos com o governo continuaram na semana que antecedeu o jogo de volta. As autoridades mandaram a partida para o Estádio Yorgos Karaiskakis, do Olympiacos, o maior do país na época (o Olímpico de Atenas, onde o Pana joga hoje, foi construído em 1982). Puskas queria a partida no Apostolos Nikolaidis, casa do alviverde que, por ser menor, proporcionaria mais pressão sobre os iugoslavos. Mesmo em um estádio maior, a pressão da torcida grega sobre o Estrela Vermelha foi enorme. Logo aos 2 minutos, Antoniadis ganhou a bola depois de uma confusão na área iugoslava e abriu o marcador. Depois do intervalo, os gregos intensificaram a pressão e, de cabeça, o atacante fez seu segundo gol, aos 15 minutos. “O estádio enlouqueceu. Quase dava para apalpar o barulho”, comentou Puskas. Aos 30 minutos, o meia Domazos avançou pela direita e acertou um forte chute de longa distância, marcando o gol da classificação do Panathinaikos. Na decisão, o clube grego enfrentou o Ajax, que tinha Cruyff e Neeskens, em Wembley. Os holandeses, que conquistariam nos anos seguintes o tricampeonato, dominaram a partida e venceram por 2 a 0, mas só conseguiram

AJAX 2 PANATHINAIKOS 0 Data: 2/junho/1971 Local: Estádio de Wembley (Londres) Público: 83 mil pagantes Árbitro: Jack Taylor (Inglaterra) Gols: Van Dyk (5min) e Kapsis (contra, 87min) AJAX Stuy; Neeskens, Hulshoff, Vasovic e Suurbier; Rijnders (Blankenburg) e Mühren; Swart (Haan), Cruyff, Van Dyk e Keizer. Técnico: Rinus Michels PANATHINAIKOS Oeconomopoulos; Tomaras, Kapsis, Sourpise e Vlahos; Kamaras e Elefterakis; Grammos, Antoniadis, Domazos e Filakouris. Técnico: Ferenc Puskas

Mundial Interclubes 1971 Panathinaikos 1x1 Nacional (URU) Nacional (URU) 2x1 Panathinaikos

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Embaixadas Itália, por Cassiano Ricardo Gobbet

2006, um ano para a Série A esquecer Vitória na Copa não esconde os problemas por que passa o futebol italiano depois do escândalo do “Calciocaos”

Marco Bucco/Reuters

Perda de pontos de Fiorentina e Milan diminuiu a competição na Serie A

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alvez o torcedor italiano vá ficar com o futebol deste ano na memória por muito tempo, em virtude da conquista da Copa do Mundo. Por outro lado, o futebol de clubes da Itália está em baixa como há tempos não se via. Exagero? Pode ser. Talvez, porém – e isso não é mera opinião –, o torcedor italiano esteja pensando cada vez menos do que se imagina no “calcio”. Segundo uma pesquisa feita por uma publicação italiana de negócios no esporte, pela primeira vez na história, o campeonato mundial de motociclismo atrai mais atenção do que a Série A no país. Verdade que a Itália tem um prodígio na categoria, o heptacampeão Valentino Rossi. Nem esse fato, porém, levaria a isso se não fossem os fatores “extra-campo”. A derrota da Série A não foi só para Valentino Rossi. Entre os eventos que mais chamaram a atenção em 2006, a primeira divisão italiana vem somente em quarto lugar, atrás do Mundial da Alemanha e da Fórmula 1, além do Mundial de Motovelocidade. O quinto evento mais acompanhado foi a Série B. A vitória italiana na Alemanha foi recebida com muita festa, mas ninguém consegue esconder a sensação de que toda a vergonha do “Calciocaos” foi empurrada para baixo do tapete, num acordo de cúpula, com os maiores envolvidos saindo ilesos e com uma espécie de compensação para as partes lesadas no passado. Há precedentes para a “depressão pós-mutreta”. Em 1980, quando a Itália viveu outro escândalo, o público nos estádios caiu 15% (nesta temporada, a perda é de 10,6%). A diferença que indica com mais clareza a decepção do torcedor desta vez é que, naquela ocasião, não era um ano de vitória de Copa do Mundo. Desta vez, nem o título deu jeito. Além do mal-estar silencioso, também a queda da competitividade tem sua parcela de culpa no escorregão da Série A. O campeonato sofreu uma saída grande de jogadores, e um torneio sem a Juventus e com Fiorentina e Milan fora do páreo de antemão perde o interesse – na 16ª rodada, a Inter liderava com sete pontos de folga para a Roma e com 20 pontos a mais do que o quinto colocado. A pergunta que fica é: quanto tempo o “calcio” levará para reaver a confiança da torcida? Isso, a longo prazo, pode significar menos dinheiro, o que quer dizer menos craques no campeonato e, conseqüentemente, menos interesse – simplesmente por falta de atratividade dos jogos. Esse é o tipo mais sério de prejuízo que um campeonato pode ter. E, provavelmente, pouca gente vai ligá-lo no futuro à pizza de lama do “Calciocaos”.

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Fotos Divulgação

Espanha, por Ubiratan Leal

Mãozinha estatal Prefeituras espanholas ajudam clubes a trocar de estádio e melhorar suas condições financeiras. É essa a prioridade? m 2001, o Real Madrid vendeu à prefeitura da capital espanhola a Ciudad Deportiva, seu centro de treinamento, localizado em uma região valorizada da cidade. Com o dinheiro, construiu um novo CT em um subúrbio e saldou suas dívidas. Foi o início da era dos “galácticos”, em que os Merengues contratavam um grande jogador por temporada. Em 2006, outros clubes espanhóis aprenderam a lição e também usaram seus estádios e uma mãozinha das prefeituras locais para se reerguer. É o caso do Valencia, que anunciou a venda do Mestalla para a construção de outra arena, maior (75 mil lugares, 20 mil a mais que a atual) e mais moderna. Com essa operação, o clube planeja gerar caixa para renegociar seu passivo. Para que as obras comecem em março de 2007, a prefeitura de Valência comprará a atual casa dos Ches e esperará dois anos – tempo previsto para as obras do novo estádio – antes de revendê-la a incorporadores. Para ajudar, o Estado revitalizou a região em torno do Mestalla e cedeu terrenos públicos adjacentes, aumentando a área edificável (máxima área construída permitida) do terreno. Sobre o estádio do Valencia, poderão ser construídos 90 mil m2, divididos em nove torres de 16 andares cada. Estima-se que o clube receberia cerca de € 270 milhões. A ajuda aos Ches abriu o precedente para o Levante, segundo clube da cidade, pleitear a reavaliação urbanística de

E Negociação para uso de Vicente Calderón, Mestalla e Ciutat de Valencia (a partir do alto, nesta ordem) permitirá aos clubes construírem estádios modernos e ainda pagar suas dívidas

Futuro estádio do Valencia (acima) estará entre os mais modernos da Europa

sua sede. Os levantistas planejavam vender parte do terreno vizinho ao Estádio Ciutat de Valencia para a construção de um hotel e um shopping. A prefeitura permitiu que a área, de 15 mil m2, tivesse apenas 30,15 mil m2 edificáveis. Assim, só poderiam ser construídos edifícios com no máximo dois pavimentos. Com o anúncio do acordo com o Valencia, o Levante passou a exigir as mesmas condições para valorizar o terreno. Outro clube que planeja usar o estádio para se reerguer é o Atlético de Madrid. O governo da capital espanhola mostrou interesse no Vicente Calderón para a implantação de empreendimentos comerciais em seu terreno. Além disso, emprestaria o estádio de La Peineta, hoje sem uso. A diretoria do Atlético, porém, não aceitou e exigiu a posse da nova casa e tempo para se mudar, mesmas facilidades obtidas pelo Real Madrid em seu CT. Assim, o Vicente Calderón só seria entregue após o término das obras do novo estádio. A diretoria nega, mas jornais espanhóis informaram que já há um acordo. A prefeitura pagaria cerca de € 350 milhões pelo estádio, € 100 milhões a mais que o plano inicial. A Espanha está longe de ter os problemas sociais que tem o Brasil, mas não custa lembrar que o dinheiro, em última análise, sairá do bolso dos contribuintes – que, certamente, têm necessidades maiores do que ajudar clubes milionários a se tornarem mais ricos. Ou será que não? Janeiro de 2007

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Inglaterra, por Tomaz R. Alves

uando se fala do futebol estrangeiro no Brasil, dificilmente são mencionadas as divisões inferiores dos outros países. Afinal, o que interessa falar de times com poucos astros, que não brigam pelo título nacional? Bom, na Inglaterra interessa. Só para dar uma idéia, a média de público da Segundona inglesa supera as primeiras divisões de países como Escócia, Portugal e Brasil. Grande parte do interesse se justifica pela rotatividade que a Premier League apresentou nos últimos anos. Metade dos times que hoje disputam “The Championship” (nome da segunda divisão inglesa) esteve na elite pelo menos uma vez nos últimos seis anos. A segunda divisão abriga times que estão entre os mais tradicionais do país, como Sunderland (seis títulos ingleses), Sheffield Wednesday (quatro títulos), Leeds (três) e Wolverhampton (também três) – todos com pelo menos o mesmo número de títulos nacionais que o Chelsea. O time com história recente mais interessante é o Leeds. Quem acompanha o futebol inglês provavelmente lembra que o clube, campeão pela última vez em 1992, esteve a um passo de falir, poucos anos atrás. Fez grandes sacrifícios financeiros e só afastou definitivamente o risco de fechar quando foi comprado por Ken Bates – o mesmo cartola que vendeu o Chelsea para Roman Abramovich. Hoje, o Leeds tem como técnico Dennis Wise, polêmico jogador que defendeu o Chelsea de Bates por 11 anos. Na parte de cima da tabela da Segundona, destaca-se o Cardiff. O time, um dos três do País de Gales que disputa a liga inglesa em vez da galesa, não participa da primeira divisão desde 1962. Ele passou décadas no ostracismo, até receber uma injeção de capital de Sam Hamman, polêmico empresário que levou o Wimbledon da quinta à primeira divisão, nos anos 80. O dirigente acabou gastando mais do que deveria e vendeu o clube sabe para quem? Peter Ridsdale, o homem que quase provocou a falência do Leeds. Agora, Ridsdale está perto de voltar à primeira divisão, enquanto o clube que ele enterrou pode cair para a terceira. Como se vê, o mundo dá voltas. Outra história curiosa é a do Sunderland, que tem como técnico Roy Keane. Sim, o mesmo Keane que há pouco mais de um ano era titular do Manchester United. Ele sucedeu no cargo Niall Quinn, que também é o presidente do clube – por algumas semanas, ele esteve numa posição praticamente inédita, a de “chairmanager”, ou seja, presidente e técnico ao mesmo tempo. O detalhe é que Quinn e Keane estiveram envolvidos, em lados opostos, na famosa briga na seleção da Irlanda, antes da Copa de 2002, que fez com que o astro do Manchester United não disputasse o Mundial. Hoje, os Black Cats ocupam posição intermediária na tabela. Como se vê, o Championship está longe de ser uma segunda divisão comum. Não é à toa que seu contrato de transmissão por TV é o nono mais caro do mundo. A cada jogo, mais de 17 mil pessoas vão ao estádio. Ou seja, na Inglaterra, disputar a Segundona está longe de ser o fim do mundo.

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Segundona muito louca Craig Connor/EFE

É difícil que algum país tenha uma segunda divisão tão pitoresca – e interessante – quanto a da Inglaterra

Keane, exManchester, agora treina o Sunderland

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Alemanha, por Carlos Eduardo Freitas

Um time de chegada Primeiro turno do Bayern de Munique não agradou aos dirigentes, mas preparo físico fará a diferença na segunda metade da temporada m 43 edições da Bundesliga, 30 dos “campeões de inverno” confirmaram o título seis meses depois. Por causa dessa estatística, os alemães costumam levar muito a sério a conquista do primeiro turno. Pelo retrospecto recente, chama a atenção não encontrar o Bayern de Munique na ponta – principalmente porque, das últimas dez temporadas (a atual inclusa), os bávaros terminaram a primeira metade do campeonato na ponta em cinco oportunidades – e foram campeões em seis. Em 2006/7, porém, o time tem seu segundo pior desempenho no período (veja tabela abaixo). Das 17 partidas disputadas até agora, o time perdeu quatro (Arminia Bielefeld, Wolfsburg, Werder Bremen e Hannover). Para ter uma idéia de quão ruim é esse retrospecto para os padrões do Bayern, basta dizer que em toda a temporada 2005/6 o time perdeu as mesmas quatro vezes. Devido à tradicional soberba dos dirigentes do clube, que não aceitam nada que não seja estar sempre em primeiro lugar, são fortes os indícios de que o time abrirá os cofres em janeiro para trazer reforços – algo incomum, pelo menos nos últimos anos. Já houve até bate-bocas entre cartolas e o técnico Felix Magath. Quem já trabalhou com Magath, porém, costuma sempre ressaltar que o treinador é bastante exigente na preparação física. Seus times costumam render muito melhor no segundo turno do que no primeiro. A equipe não jogou tudo o que podia até

Desempenho do Bayern em primeiro turno nos últimos 10 anos Final do primeiro turno

Temporada

2006/7 2005/6 2004/5 2003/4 2002/3 2001/2 2000/1 1999/0 1998/9 1997/8

Final do campeonato

Colocação

Pontos

V-E-D

Derrotas

Colocação

3º 1º 1º 2º 1º 4º 3º 1º 1º 2º

33 44 34 35 39 33 30 36 41 35

10-3-4 14-2-1 11-1-3 10-5-2 12-3-2 10-3-4 9-3-5 11-3-3 13-2-2 10-5-2

? 3 5 4 5 6 9 5 4 6

? 1º 1º 2º 1º 3º 1º 1º 1º 2º

Oliver Berg/EFE

E

Trabalho de Magath costuma render frutos no segundo turno

agora – muito disso em função do cansaço da maioria do elenco, que teve seus principais jogadores na Copa do Mundo –, mas sobram motivos para acreditar que o Bayern conseguirá dar a volta por cima e entrar no grupo de exceções à “regra” de que os campeões do primeiro turno ficam com o título. Um deles é o alto nível de equilíbrio da Bundesliga neste ano, em que nada menos que sete equipes (Bayer Leverkusen, Nuremberg, Hertha Berlim, Stuttgart, Schalke, Werder Bremen e Bayern de Munique) ocuparam a liderança, mesmo que por uma única rodada. Além disso, apenas três pontos separam o Bayern de Werder Bremen e Schalke, que terminaram o turno empatados na ponta, com 36 pontos. Outro incentivo para os bávaros? Dos últimos 10 campeonatos, só dois contrariaram a tal “regra”: 2000/1 e 2001/2. No primeiro, foi justamente o Bayern que reverteu o “favoritismo” do Schalke, campeão de inverno. Coincidência ou não, essa temporada foi aquela em que o clube teve seu pior desempenho desde então. Janeiro de 2007

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Aos 28, Helton sonha ser o “novo Dida”

Redenção e maturidade A

carreira do goleiro Helton é recheada de episódios fulminantes. Em janeiro de 2000, aos 21 anos, teve que assumir a titularidade do Vasco no Mundial de Clubes da Fifa, em substituição a Carlos Germano, que estava em litígio com o clube. Nos meses seguintes, atuaria como titular da seleção olímpica do Brasil em Sydney e venceria o Brasileirão e a Copa Mercosul. A eliminação precoce do escrete canarinho na Austrália, porém, anunciava tempos adversos: nunca mais o jovem goleiro seria chamado à Seleção e, à semelhança de Germano, também se desentenderia com o Vasco. Desacreditado, acabaria aterrando em Portugal no final de 2002, para atuar pelo União de Leiria. Com paciência, Helton soube dar a volta por cima e foi vice-campeão da Taça de Portugal, em 2003 (perdeu a final para o Porto). Contratado pelo clube das Antas, em 2005, inicialmente aceitou ser reserva de Vítor Baía. Nas mãos de Co Adriaanse, porém, ganhou o posto de titular e calou os inúmeros fãs do veterano ídolo portista. Com 28 anos e perto da maturidade, Helton é titular absoluto do Porto na temporada (sofreu apenas oito gols em 14 rodadas no Campeonato Português, e quatro em seis partidas pela Liga dos Campeões, até dezembro). O prêmio maior, porém, foi o retorno à Seleção Brasileira com o técnico Dunga. Já foi titular de dois amistosos e não pára de sonhar: quer repetir o sucesso de Dida e ser um novo goleiro negro com a camisa 1 do Brasil.

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Philippe Wojazer/Reuters

França, por Ricardo Espina Paulo Novais/EFE

Portugal, por Zeca Marques

O PSG de Guy Lacombe vai de mal a pior

À beira do colapso T

oda a polêmica sobre o assassinato de um de seus torcedores apenas acentuou a fragilidade vivida hoje pelo Paris Saint-Germain. Principal time de uma das poucas capitais européias que não têm clubes muito fortes dentro de seu país, o PSG anda em círculos na tentativa de se tornar definitivamente um grande. O episódio ocorrido após a partida contra o Hapoel Tel Aviv reflete um pouco dessa crise. Os momentos ruins da equipe começaram com a decadência da Vivendi Universal, cujo braço, o Canal +, é o responsável pela administração do PSG. Mesmo com a derrocada financeira do grupo, a equipe apostava em contratações de medalhões. Seguidos elencos caros foram montados, mas os escassos títulos causaram grande frustração à torcida. O clube foi vendido e, apesar da adoção de uma política de investimentos modestos em reforços, a situação não mudou. A falta de competitividade causou uma onda de protestos de torcedores, em especial dos Boulogne Boyz, grupo de “ultras” considerado um dos mais violentos da França. Sem dinheiro, nem moral, muito menos perspectivas de mudanças a curto prazo, o PSG segue como um fantasma na Ligue 1: está mais para lutar contra o rebaixamento do que por posições nobres na tabela. É uma situação parecida com a do Corinthians, em vias de romper com a MSI. Por isso mesmo, o Timão serve como exemplo de como seria o futuro dos parisienses caso deixem de tomar atitudes em breve.

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Brasil, por Caio Maia

Diferentes

receitas

o Brasileiro de 2005, o Paraná Clube chegou a figurar nas primeiras posições da tabela por algumas rodadas. Lori Sandri, então treinador do Tricolor, tinha apenas uma frase para definir os objetivos do time: “Nossa meta é não cair”. A falta de ambição refletiu-se no grupo e na torcida, a equipe caiu de rendimento e terminou o torneio em sétimo. No Brasileiro de 2006, o Paraná tinha uma equipe bastante diferente do ano anterior. Para comparar, dos jogadores que disputaram a última partida do torneio de 2005, apenas três estavam em campo no jogo contra o São Paulo, o último de 2006. O que poderia parecer uma receita para o fracasso, porém, acabou dando certo. A equipe começou bem, oscilou, mas, desta vez, contou com um treinador que conseguiu convencer os jogadores de que eles poderiam chegar à almejada sexta colocação. E eles conseguiram. Em 2007, ao que tudo indica, e ao contrário do que o bom senso recomenda, o Paraná tem tudo para ser ainda mais diferente do de 2006. Poucas semanas após o fim do Brasileiro, deixaram a equipe o treinador Caio Junior e quatro jogadores, e mais dois parecem estar com os dias contados na Vila Capanema. Tal comportamento é combustível para os que argumentam que a campanha paranista no Brasileirão de 2006 foi pura sorte. Uma classificação para a Libertadores pode significar para um clube novo, como o Paraná, uma plataforma para a conquista de novos torcedores e espaço no futebol brasileiro – como aconteceu, guardadas as devidas proporções, com São Paulo e Atlético-PR. Pode, porém, ser só uma grande frustração, uma expectativa gerada à toa. A diferença entre um e outro é a diferença entre uma direção que pensa a curto prazo e outra que enxerga o futuro do clube.

estatísticas

N

MELHORES DO CAMPEÃO

MELHORES DO CAMPEONATO

Passes certos

Passes certos

Mineiro ..................................................................92,0% Miranda ................................................................ 91,0% André Dias .........................................................90,9% Leandro .................................................................90,6% Josué ........................................................................90,4%

Wilson Surubim (Santa Cruz) ........93,1% Mineiro (São Paulo) ...................................92,0% William (Grêmio) .......................................... 91,6% Miranda (São Paulo) ................................. 91,0% André Dias (São Paulo) ..........................90,9%

Mineiro mostra também nos números sua importância para o time

O melhor passador do campeonato é um jogador do qual se falou pouco

Finalizações (por jogo)

Finalizações (por jogo)

Lenílson .......................................................................0,92 Souza .............................................................................0,86 Thiago ...........................................................................0,79 Alex Dias ....................................................................0,76 Danilo ............................................................................0,62

Wagner (Cruzeiro) .............................................1,22 Tuta (Fluminense) ...............................................1,22 Zé Roberto (Botafogo) .................................1,03 Welliton (Goiás) ..................................................1,00 Lenílson (São Paulo) .......................................0,92

Thiago, embora finalize muito, não tem uma boa porcentagem de acertos

Wagner é outro que finalizou muito, mas acertou pouco

Finalizações certas

Finalizações certas

Rogério Ceni ...................................................54,8% Alex Dias ..............................................................54,3% Lenílson ................................................................. 51,1% Leandro .................................................................43,6% Josué ........................................................................ 41,2%

Rogério Ceni (São Paulo) ....................54,8% Alex Dias (São Paulo) ...............................54,3% Lenílson (São Paulo) ................................. 51,1% Tuta (Fluminense) .........................................50,6% Vélber (Ponte Preta) ...................................48,0%

Finalização certa é a que vai no gol, mesmo que fraco ou na mão do goleiro – o que explica os bons números de Alex Dias

Dois reservas são-paulinos aparecem entre os melhores do campeonato

Faltas cometidas (por jogo)

Faltas cometidas (por jogo)

André Dias ...............................................................3,39 Aloísio ...........................................................................3,33 Josué ..............................................................................2,87 Alex Silva ...................................................................2,65 Fabão ............................................................................. 2,31

André Dias (São Paulo) ................................3,39 Aloísio (São Paulo) ............................................3,33 Josué (São Paulo) ...............................................2,87 Vitor (Goiás) ............................................................2,82 Alex Silva (São Paulo) ....................................2,65

O atacante Aloisio mostra que marcar não é a sua

Quase só há são-paulinos entre os mais faltosos

Desarmes (por jogo)

Desarmes (por jogo)

Alex Silva ...................................................................5,76 André Dias ...............................................................5,67 Miranda ......................................................................5,43 Fabão .............................................................................5,38 Mineiro ........................................................................4,56

Thiago Silva (Fluminense) ........................8,77 Tiago Prado (Figueirense) .........................5,97 Valença (Santa Cruz) ......................................5,94 Tiago Gomes (Palmeiras) ..........................5,85 Alex Silva (São Paulo) ....................................5,76

Curiosamente, os melhores números são dos zagueiros reservas

Prevalecem jogadores pouco famosos, com destaque para Thiago Silva, que aparece muito acima dos demais Fonte: Footstats

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América x Chivas: mais de 4 milhões de expectadores nos EUA

Tela caliente O

s encontros entre América e Chivas são famosos por mobilizar o futebol mexicano. Mesmo os torcedores de outros times ficam do lado de uma das equipes quando elas se enfrentam. Esse fenômeno ultrapassa a fronteira com os Estados Unidos. O empate por 0 a 0 na partida de volta das semifinais do Apertura deu, segundo o instituto Nielsen, 2% de audiência para a Univisión, emissora em língua espanhola da TV norte-americana. Pode parecer um número baixo, mas deve-se lembrar que se trata de uma transmissão em língua estrangeira, que atinge uma comunidade específica. Além disso, esses 2% equivalem a cerca de 2,05 milhões aparelhos e 4 milhões de telespectadores, maior audiência para partidas de futebol nos EUA desde 1994, quando o país hospedou a Copa do Mundo. Das ligas norte-americanas, apenas a NASL, em seus momentos de pico, na década de 1970, teve índices maiores. Em 1979, ano de sua maior popularidade, a ABC teve média de 2 milhões de aparelhos ligados por partida. A audiência de América x Chivas é alta mesmo na comparação com esportes mais tradicionais nos Estados Unidos. Na temporada 2005/6 da NHL, liga profissional de hóquei sobre o gelo, apenas o último jogo da decisão teve mais de 4 milhões de telespectadores. Ainda que a imensa maioria dos espectadores seja hispânico, é inegável que se trata de um bom sinal para os que sonham com o crescimento do futebol no país do Tio Sam.

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Sandro Pereyra/EFE

Uruguai, por Ubiratan Leal Leopoldo Smith/EFE

Estados Unidos, por Ubiratan Leal

Peñarol cresce após romper com empresário

Briga de gigantes C

om uma derrota por 4 a 1 para o Danubio na última rodada, o Peñarol perdeu o título do Torneo Apertura 2006, no Uruguai. Ainda assim, o vice-campeonato foi a melhor campanha dos Carboneros nos últimos quatro torneios. É um bom sinal para o futebol do país, já que pode significar o início da decadência de Paco Casal. O empresário é dono informal do futebol uruguaio. Ex-jogador obscuro, ganhou espaço agenciando alguns jogadores da Celeste Olímpica e foi ampliando sua gama de negócios. Hoje, tem sob contrato os principais jogadores do país, desde as categorias de base. Além disso, é dono da Tenfield, empresa que comprou os direitos de transmissão do Campeonato Uruguaio. Essa onipresença faz com que os clubes dependam de Casal para terem cotas de TV e para contratarem bons jogadores. Sua influência é tão forte que se desconfia no país que Diego Forlán demorou para ser chamado à equipe nacional por não ser cliente do empresário. Em crise profunda nas últimas temporadas, o Peñarol, maior ganhador da história do país, decidiu se insurgir contra a influência de Casal. Primeiro, distribuiu uma carta de intenções elaborada em conjunto com o Nacional – rival mortal e segundo maior papa-títulos. No início da temporada 2006/7, decidiu não usar mais jogadores agenciados por ele. A torcida apóia a decisão, que, pelos resultados em campo, começa a dar frutos.

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Erlend Aas/EPA

Campeonato Escandinavo, por Ricardo Espina

A liga de

gelo Royal League desafia o rigoroso inverno da Escandinávia para desenvolver clubes da região ocê conseguiria pensar em algum bom motivo para sair de casa e encarar temperaturas na faixa de –10ºC apenas para assistir a um jogo de futebol? Os escandinavos conseguem, se aventuram há dois anos para acompanhar as melhores equipes da região em um torneio de inverno disputado entre novembro e abril. Trata-se da Royal League, que, para despertar a atenção do público e dos clubes, utiliza um fator capaz de esquentar as mãos – e os bolsos – de qualquer um: os bons prêmios pagos aos clubes participantes. A competição nasceu em 2004 com objetivos muito bem definidos. Como meta principal, o torneio visa a melhoria do nível de competitividade das equipes locais em relação aos grandes centros do continente. Para os times da Noruega e Suécia, países que seguem um calendário semelhante ao brasileiro, também se trata de uma forma de manter-se em atividade durante o ano todo. Para os dinamarqueses, que obedecem à temporada européia tradicional, há a necessidade de adaptar-se para não atrapalhar o desempenho na SAS Ligaen – o campeonato nacional. Para participar do torneio, os times encaram justamente a pior época do ano para jogar futebol na Escandinávia, o inverno. As condições naturais adversas transformam os jogos em testes de resistência ao frio, tanto para os atletas, forçados a

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atuar em gramados castigados pela neve, como para a torcida. Apesar disso, a média de público do torneio tem sido razoável: nos primeiros 29 jogos desta edição da Royal League, cerca de 4 mil torcedores, em média, foram aos estádios. Levando-se em conta que o torneio tem transmissão pelas emissoras de TV locais, trata-se de uma marca considerável. Nas finais das duas edições anteriores, pouco mais de 10 mil e de 13 mil pessoas, respectivamente, viram o Kobenhavn ficar com o bicampeonato. Para as equipes, quanto mais gente for aos estádios, maior será o dinheiro embolsado. Na Royal League, quem atrair mais torcedores do que a média ganha um bônus – em cima de uma premiação que não é nada desprezível. Só a classificação para o torneio rende 1 milhão de coroas dinamarquesas (algo em torno de R$ 380 mil). A conquista do título engordará a conta do campeão em cerca de R$ 760 mil – isso sem contar os prêmios dados por vitórias, empates e classificações nas fases anteriores. Por conta desse incentivo, os clubes escandinavos buscam terminar seus respectivos torneios nacionais nas primeiras posições. Participam da Royal League os quatro primeiros colocados dos campeonatos sueco, dinamarquês e norueguês. Com bastante dinheiro em jogo para as equipes, entrar nessa disputa está longe de ser uma fria.

O Valerenga, de Erik Hagen (de azul), tem a melhor campanha da edição 2006/7 da Royal League

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Negócios, por Carlos Eduardo Freitas

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aposta deu certo Novata no mercado brasileiro, a Joma ganhou na loteria com a classificação do Paraná para a Libertadores classificação do Paraná para a Libertadores não foi motivo de festa apenas para torcedores, dirigentes, comissão técnica e jogadores. Quem também comemorou muito o feito da equipe de Curitiba foi a Joma, marca espanhola de material esportivo fundada em 1965, em Toledo, que desde agosto de 2004 atua no mercado brasileiro. Internacionalmente, a Joma ganhou espaço por ser a fornecedora de material esportivo do Sevilla, onde jogam brasileiros como Luís Fabiano, Daniel Alves, Adriano e Renato. Também na Espanha, a empresa veste ainda Deportivo La Coruña, Getafe e Racing Santander, entre outros clubes de divisões menores. Na Inglaterra, o Charlton usa Joma. A empresa conseguiu estar presente também na camisa da seleção da

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Principais contratos dos times brasileiros Seleção Brasileira Flamengo São Paulo Internacional Corinthians Palmeiras

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R$ 312 milhões R$ 26 milhões R$ 21 milhões R$ 16,6 milhões R$ 15 milhões R$ 10,3 milhões

12 anos 3 anos 4 anos 4 anos 3 anos 3 anos

Costa Rica, na última Copa do Mundo. Antes de fornecer material esportivo para clubes ao redor do planeta, porém, a Joma era reconhecida principalmente por produzir chuteiras tanto para a prática de futebol de campo como de salão, além de atletismo. “Eles eram muito fortes no salão lá na Espanha, mas resolveram investir no futebol de campo e estão se dando muito bem”, concorda Cléber Desidério, gerente de sports & marketing da concorrente Umbro. Entre os principais jogadores que já vestiram a marca na Espanha estão Rafael Martín Vázquez, ídolo do Real Madrid no final dos anos 80, e seu colega Emilio Butragueño. No Brasil, o garoto-propaganda da Joma é Ricardinho, que vestiu a marca durante a Copa do Mundo. O meia, aliás, foi um dos poucos jogadores da Seleção Brasileira que foram ao Mundial sem calçar Nike ou Adidas. Foi ele, aliás, que fez a ponte entre a empresa e o Paraná Clube.

Investimento paranista Antes de desembarcarem no Brasil, os espanhóis fizeram uma pesquisa, que apontou como excelentes as perspectivas de sucesso no país. “É um mercado em franco crescimento, onde o futebol é o esporte mais popular”, justifica Carlos Gómez, diretor da empresa no Brasil. Quando chegou ao país, porém, a empresa sofreu para cavar seu espaço em meio a grandes marcas nacionais,

A aposta no Paraná Clube rendeu frutos inesperados à Joma

como Topper e Penalty, e megacorporações internacionais, como Nike, Adidas e Reebok. Em busca de exposição, a idéia original da empresa era fechar acordo com algum clube do eixo Rio-São Paulo. “Infelizmente, os valores desejados por quem procuramos não condiziam com nossa realidade”, diz Gómez. A partir daí, a empresa buscou alternativas – e encontrou no Paraná Clube um parceiro interessante para alguém que acabara de entrar no país. Com a chegada do Paraná à Libertadores, a Joma receberá uma exposição nacional que dificilmente chegaria tão cedo, sobretudo para uma equipe sem tanta projeção ao redor do país. “Sempre tivemos a esperança de que o time iria bem, e, de fato, ter chegado tão longe foi excelente para nossa marca”, afirma o diretor. Agora, por disputar uma competição tão importante, o retorno em mídia

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GLOBO 2x0 RECORD

Fornecedores dos clubes da primeira divisão, em 2006

A Rede Globo venceu as duas disputas que travou com a Record nos bastidores, por direitos de transmissão. A emissora carioca primeiro garantiu a renovação do contrato com a Federação Paulista de Futebol para o triênio 2008-2010 do Paulistão. Em vez dos R$ 30 milhões da proposta inicial, o negócio foi fechado por um valor próximo do dobro. Na outra disputa, a Globo fechou também com a Fifa os direitos de transmissão de todas as competições esportivas entre 2007 e 2014, incluindo as duas próximas Copas do Mundo. A partir de 2007, a Bandeirantes substituirá a Record como parceira da Globo nas transmissões de futebol.

São Paulo............................................................Reebok Internacional..................................................Reebok Grêmio ....................................................................... Puma Santos ..................................................................... Umbro Paraná ......................................................................... Joma Vasco .......................................................................Reebok Figueirense ........................................................ Umbro Goiás............................................................................ Puma Corinthians...............................................................Nike Cruzeiro.................................................................... Puma Flamengo ....................................................................Nike Botafogo ................................................................ Kappa Atlético-PR........................................................ Umbro Juventude .......................................................... Redolfi Fluminense ........................................................ Adidas Palmeiras ............................................................. Adidas Ponte Preta..................................................... Diadora Fortaleza ............................................................ Penalty São Caetano..................................................... Wilson Santa Cruz .............................................................. Finta

NIKE x ADIDAS O status de intocável da Adidas na camisa da seleção alemã foi abalado com uma proposta multimilionária da concorrente Nike. De acordo com um dirigente da Federação Alemã (DFB), “a empresa norte-americana fez uma oferta muito interessante” para passar a ser a fornecedora oficial do material esportivo do Nationalelf. Desde a Copa de 1954, a equipe só veste Adidas. Antes da renovação de contrato até 2014, a Nike acenou com uma proposta até 2011. O prazo menor seria compensado financeiramente. Os valores do acordo com a Adidas são sigilosos, mas são bem menores do que os cerca de € 50 milhões anuais da proposta da patrocinadora da Seleção Brasileira.

espontânea será muito acima daquele que tanto o clube quanto a empresa esperavam conseguir num prazo tão pequeno. O certo é que, para Gómez, estar na televisão nacional e internacional numa competição do porte de uma Libertadores da América fará com que a Joma apareça ainda mais em São Paulo, onde os espanhóis focam seus investimentos a médio prazo. O diretor comemora ainda mais, pois lamenta a falta de espaço dado na mídia paulistana a clubes de fora do estado. Apesar do ganho considerável em exposição com o Paraná na Libertadores, a empresa também busca outras formas de conquistar espaço diante de suas concorrentes diretas. Segundo Gómez, a Joma chegou a pensar em patrocinar pelo menos uma equipe durante o Campeonato Paulista, algo que só acontecerá em 2007 se houver mudanças

América-RN......................................................... Pro-X Atlético-MG .................................................. Diadora Sport ......................................................................... Topper Náutico .................................................................. Wilson

de última hora. Para 2008, porém, está nos objetivos e planos da empresa. Por mais otimista que fossem os espanhóis quando chegaram ao Brasil, estarem com uma equipe brasileira na principal competição do continente é uma vitória sem precedentes, para uma empresa ainda em fase de adaptação a nosso mercado. “Com o time na Libertadores, certamente ganharemos espaço”, acredita Gómez, que prevê uma dura briga para superar a concorrência de outras empresas internacionais mais bem estabelecidas no país. Com a aposta certeira, porém, os próprios concorrentes diretos começam a se preocupar. “Ainda não são grandes concorrentes, porque acabaram de entrar, mas começaram bem. Se as outras empresas bobearem, ele vão arrancar uma boa fatia do mercado”, complementa Desidério, da Umbro.

NEGÓCIO DA CHINA

notas

Maurício Val/Fotocom.net

E dos promovidos...

O Chelsea tenta aumentar sua torcida – e a possibilidade de ganhar dinheiro – na Ásia. Os Blues lançarão, em 2007, a versão em chinês de seu site oficial, após assinar um acordo com a Sina.com, maior empresa da China em serviços de Internet. Entre os chineses, a equipe inglesa só perde em popularidade para Manchester United, Barcelona e Real Madrid. O clube também tem uma parceria com a federação chinesa e a confederação asiática para ajudar no desenvolvimento do futebol na região. Janeiro de 2007

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Fotos DDivulgação

Cadeira cativa, por José Ricardo Pinheiro

Até ovo de codorna m apaixonado pelo futebol é sempre um apaixonado pelo futebol, esteja ele em sua casa ou em Maceió, curtindo uma semana de férias, com todos os atrativos que cidades como essa oferecem. O apaixonado é um cara que não consegue ficar longos sete dias de férias longe do esporte. E que, no quinto dia sem conseguir nenhuma informação sobre seu time, começa a imaginar alguma maneira de encontrar sua paixão. A solução, no caso, veio na forma de um jogo envolvendo um dos times de maior torcida da capital alagoana e uma das forças do interior: CRB e ASA, de Arapiraca. E lá se foram quatro turistas paulistas – um dos quais, inclusive, estava em lua-de-mel –, em direção ao estádio. O local do jogo era nada menos do que o famoso “Rei Pelé”, que agradou bastante. A primeira dúvida importante surgiu tarde demais: quais eram as cores do time da casa e do adversário. O CRB, de vermelho e branco, enfrentaria o preto e branco ASA, que se notabilizou nacionalmente depois de eliminar o Palmeiras da Copa do Brasil de 2002. Opa, preto e branco são as cores do Santos... e um dos turistas começou a se arrepender do uniforme escolhido para a ocasião. Sem razão, porém. O desembarque na frente do estádio, lotado de torcedores uniformizados em vermelho e branco, não trouxe nenhum problema. Já na rampa do estádio, via-se como as coisas são diferentes dos maiores centros. Embora

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houvesse policiais, ninguém era revistado. Lá dentro, sentia-se aquela sensação legal de ver algo novo e diferente. A entrada na arquibancada se deu bem no local onde estava concentrada a torcida do time visitante. Apesar de não haver divisão entre as torcidas, os grupos acabaram se formando naturalmente. A idéia, porém, era torcer para o time da casa, o que levou a uma mudança de lugar. No percurso, mais diferenças, a começar pelos produtos oferecidos, que incluiam até mesmo ovo de codorna. O vendedor de sorvete, conhecido por todos, vestia um terno e gravata amarelos, como se não estivesse em uma cidade de imenso calor. Toda vez que o time da casa, o CRB, atacava, tocava uma buzina, parecida com a de um caminhão. Era só passar do meio-campo que lá vinha a buzina. Ainda no primeiro tempo, o CRB fez 1 a 0, e assim ficou até o intervalo. Na segunda etapa, o jogo continuou no mesmo ritmo e acabou com a vitória do CRB – o campeonato, porém, terminaria nas mãos do ASA. O jogo em si não foi lá essas coisas, mas as situações que o cercaram, o jeito de as pessoas torcerem e o clima dentro do estádio, bem mais amistoso que qualquer partida em São Paulo e Rio, eram exatamente como a gente sonha que fossem em todos os lugares. José Ricardo Pinheiro é leitor da Trivela. Você foi a algum jogo que tem uma boa história para ser contada? Escreva para contato@trivela.com, que seu texto pode ser publicado neste espaço!

ficha

Os encantos de Maceió não são suficientes para um fanático por futebol. Uma partida entre CRB e ASA, porém, resolveu a carência

CRB 1 ASA 0 Competição: Campeonato Alagoano Data: 16/março/2005 Local: Estádio Rei Pelé (Maceió)

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E se..., por André Kfouri

E se o Corinthians não tivesse trocado Ribamar por Neto? m 1989, depois de se desentender com Leão, Neto foi colocado à venda pelo Palmeiras e trocado com o Corinthians por Ribamar. O Timão, com Neto, conquistou em 1990 seu primeiro brasileiro, enquanto Ribamar desapareceu no Parque Antarctica. Entretanto, poderia ter sido diferente.

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A cada edição, um convidado imagina como seria o mundo do futebol, se alguma coisa fosse diferente. Você tem sugestões de temas para esta seção? Mande um e-mail para contato@trivela.com

“Esse é o dia mais feliz do ano mais feliz da minha vida”. Ribamar não sabia dizer outra coisa, agarrado à taça do Campeonato Brasileiro, sem se importar que sua camisa, meias e chuteiras já estavam nas mãos de outros corintianos que tinham invadido o gramado do Morumbi. A tarde de domingo caía, com aquele pôr-do-sol que inventa cores no céu, um desenho digno para o fim de um dia histórico. O Corinthians acabara de vencer o São Paulo por 1 a 0, para dar a seu torcedor o primeiro título brasileiro de sua história. Figura central da conquista, Ribamar não parava de pensar na quantidade de felicidade que aquele ano de 1990 tinha lhe proporcionado. Ele havia se destacado no Sport Clube do Recife, como um jogador inteligen-

te e habilidoso, meia-armador clássico, jogando de cabeça erguida e dando passes sem olhar. O Corinthians o trouxera para fazer sucesso em São Paulo, deu-lhe a camisa 10 e construiu um time inteiro em torno de seu pé direito. Ronaldo; Giba, Marcelo, Guinei e Jacenir; Márcio, Wilson Mano, Tupãzinho e Ribamar; Fabinho e Mauro. Era um time que não tinha um centro-avante, um finalizador puro, porque não precisava. Ribamar (autor de nove dos 23 gols do time, sendo cinco de falta) encarregou-se de fazer os gols mais importantes da campanha do título, como os que marcou em duas viradas que o Pacaembu nunca mais vai esquecer. Uma foi no primeiro jogo contra o Atlético-MG, pelas quartas-de-final, numa noite de sábado. O Corinthians perdia desde os 15 minutos do primeiro tempo e não jogava bem. A fé de 28.516 corintianos foi testada com requintes de crueldade, porque o alívio só veio nos 15 minutos finais. Numa bola cruzada na área, aos 30 do segundo tempo, Ribamar subiu com os braços para baixo e cabeceou no canto para empatar. Era o que faltava para o

Pacaembu acreditar e explodir dez minutos depois, quando uma bola sobrou na frente do mesmo Ribamar dentro da área, e ele bateu com força, de pé direito. A bola desviou num zagueiro, mas entrou. E o Corinthians ganhou. Aí, o Bahia visitou o Pacaembu na quinta-feira seguinte, pelas semifinais, e também saiu na frente, logo aos 2 minutos. Um gol contra dos baianos empatou o jogo, antes dos 15. Eram 40 mil os corintianos presentes naquela noite, todos à espera de mais um lance de mestre de Ribamar. E ele aconteceu aos 18 minutos do segundo tempo, numa cobrança de falta magistral. A bola estava um pouco mais longe do gol do que ele gostava, mas a solução que Ribamar encontrou foi perfeita. Ele bateu com todo o efeito do mundo, por fora da barreira, fazendo a bola tocar na grama e vencer o goleiro. Outra vitória por 2 a 1, que impulsionou o Corinthians para a decisão contra o São Paulo. Nas finais, Ribamar não marcou gols. Esteve bem perto, no primeiro jogo, realizado no Morumbi, numa noite de quinta-feira, com mais de 85 mil pessoas. Wilson Mano tinha feito 1 a 0 para o Corinthians (completando cruzamento de Ribamar), nos primeiros minutos. Já no segundo tempo, Ribamar foi lançado na cara de Zetti, tocou no canto, rasteiro, mas a bola saiu por pouco. Naquele domingo, 16 de dezembro, Ribamar não brilhou. Fabinho e Tupãzinho, numa jogada em que tabelaram passando por toda a defesa do São Paulo, construíram o gol de uma vitória que nem era necessária, já que o Corinthians jogava pelo empate. Também era desnecessária a braçadeira de capitão, já que todos sabiam quem era o líder do time e quem tinha sido o principal responsável pela conquista inédita. Ribamar também sabia, por isso não largava a taça, não conseguia parar de dizer o quanto ele estava feliz. André Kfouri é jornalista e repórter da ESPN Brasil.

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museu

Cultura, por Ubiratan Leal epois de quatro anos e gastos de R$ 1 milhão, o Museu do Futebol foi reaberto no Maracanã. A reinauguração, ocorrida em 11 de dezembro de 2006, faz parte dos preparativos para os Jogos Pan-Americanos e deixará para o torcedor carioca – ou o que estiver de passagem pelo Rio de Janeiro – a possibilidade de ver expostos vários artigos que contam a história do esporte no Brasil. É um sinal de que, finalmente, o país percebeu o potencial do futebol como tema de exposição. Essa idéia é antiga na Europa. Os principais clubes do continente têm seus próprios museus, onde o torcedor pode ver peças históricas, como flâmulas, camisas, bolas, medalhas e jornais, além de pôsteres, textos explicativos, cinema, maquetes de estádio e, claro, troféus. Na saída, o visitante geralmente é levado a passar em uma loja oficial com artigos do clube. A fórmula deu tão certo que o Museu do Barcelona rivaliza com o Museu Picasso pelo posto de mais visitado da capital catalã, um dos

principais destinos turísticos do mundo – um feito notável, para um local que, em teoria, só atrai amantes de futebol. No Rio de Janeiro, o Maracanã ainda não chegou a esse nível e é o quinto ponto turístico mais visitado da cidade, atrás de praias, Sambódromo, Corcovado e Pão de Açúcar. O museu pode ajudar o estádio a subir algumas posições. O curioso é que, na capital fluminense, o Museu do Futebol no Maracanã é uma iniciativa isolada. Em outros centros, a união de futebol com exposição está mais enraizada. O São Paulo inaugurou seu memorial em 1994, ainda na esteira das conquistas do time de Telê Santana. Nos últimos anos, foi a vez de Santos e Corinthians criarem os seus, expandindo o conceito de sala de troféus aberta ao público para acrescentar novas atrações. Para 2008, está prevista a inauguração de um museu de futebol da prefeitura, que será localizado no Estádio do Pacaembu. No Sul, há outro foco de crescimento dos mu-

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Futebol também é coisa de

Museu do São Paulo

Museu do Santos

Fotos Ubiratan Leal/Trivela

Conheça alguns dos principais museus de futebol do Brasil Museu

Museu do Futebol

Museu do Futebol*

Museu de Esportes Edvaldo Alves Santa Rosa - Dida

Memorial Luiz Cássio dos Santos Werneck

Memorial das Conquistas Milton Teixeira

Cidade

Rio de Janeiro

São Paulo

Maceió

São Paulo

Santos

Proprietário

Secretaria de Estado da Cultura do Rio de Janeiro

Secretaria Municipal de Esportes de São Paulo

Particular

São Paulo Futebol Clube

Santos Futebol Clube

Principais destaques

Calçada da fama, artefatos de época, possibilidade de visitar o Maracanã e sala de atendimento a pesquisadores

Recursos multimídia e visita ao Pacaembu

Faixa de campeão do mundo de 1958 do ex-meia Dida

Troféus do clube, incluindo os três Mundiais e o cinturão de campeão mundial de Éder Jofre

Entrada pode incluir visita guiada à Vila Belmiro, ao CT e ao hotel da concentração dos jogadores

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seus. O Grêmio transformou sua sala de troféus em memorial – com quiosques multimídia, artefatos históricos, pôsteres e salas especiais –, em 2004. “O local transformou-se em um centro de pesquisa histórica do Grêmio, com arquivo de documentos”, comenta Ema Coelho de Souza, diretora do memorial. Até novembro de 2006, o museu do Grêmio havia recebido cerca de 42 mil visitantes. O clube, inclusive, pretende ampliar o espaço para expor todos os 2,6 mil troféus do acervo (hoje, apenas mil estão à mostra). O Paraná tem plano parecido. “Pretendemos mudar nosso memorial para o Durival de Britto, valorizando nossa casa e dando mais destaque à história dos clubes que deram origem ao Tricolor”, conta João Barbosa, museólogo do clube, em referência a Britânia, Ferroviário, Palestra, Colorado e Pinheiros. Um caso à parte no Brasil é o Museu Edvaldo Alves Santa Rosa – Dida (ex-craque do Flamengo, nascido em Alagoas). Localizado dentro do Estádio Rei Pelé, em Maceió, o espaço não per-

tence ao Estado ou a algum clube. Ele foi criado em 1993 por iniciativa do colecionador particular Lauthenay Perdigão. O principal destaque do acervo era a camisa que Pelé vestiu na final da Copa de 1958. No entanto, Perdigão teve de colocar a relíquia em leilão em 2004, para ajudar na manutenção do museu, que passava por dificuldades financeiras. Arrecadou US$ 105,6 mil. Como essa ainda é uma cultura em crescimento, os museus brasileiros deixam a desejar em comparação aos estrangeiros. No Boca Juniors, por exemplo, cada título tem um painel próprio, com cenas de jogos. Há, também, uma estátua recém-inaugurada de Maradona. Além disso, o visitante encontra dois cinemas e uma maquete animada de como era o bairro da Boca na época de fundação do clube. No Barcelona, é possível tirar fotos erguendo uma réplica perfeita da Copa dos Campeões e ainda ver obras de arte feitas por artistas como Joan Miró, Salvador Dalí, Antoni Tapias e Josep Maria Subirachs, tendo o Barça como tema.

Museu do Corinthians

A EMOÇÃO DO TETRA EM DVD O São Paulo lançou na segunda semana de dezembro o DVD “Tetra”. Como diz o nome, a idéia do filme é exaltar a conquista do título brasileiro de 2006, o quarto ganho pelo clube. A maior parte das imagens mostra os bastidores do jogo contra o Atlético-PR, que selou o título, desde a concentração, passando pelo trajeto do ônibus ao Estádio do Morumbi até os instantes anteriores à entrada do time em campo. O torcedor que espera lances do Tricolor ao longo do campeonato, porém, pode se decepcionar. A maior parte das cenas resume-se a torcedores e imagens dos jogadores fora de ação. Ainda assim, é o tipo de produto que todo são-paulino vai querer ter para guardar. DVD “Tetra” Produção: Bossa Nova Films Preço sugerido: R$ 29,90 Onde encontrar: bancas de jornal

Museu do Grêmio

Memorial Corinthians

Memorial Hermínio Bittencourt

Espaço Belfort Duarte

Sala de Preservação e Memória do Paraná Clube

São Paulo

Porto Alegre

Curitiba

Curitiba

SC Corinthians Paulista

Grêmio FPA

Coritiba Foot Ball Club

Paraná Clube

Recursos multimídia e salas audiovisuais

Espaços especiais para as principais conquistas do clube

Visita guiada ao Couto Pereira e contato constante para quem vai acompanhar um jogo das cadeiras sociais

Conhecer a história de Britânia, Palestra, Ferroviário, Colorado e Pinheiros, clubes que deram origem ao Paraná

* Em projeto, com inauguração prevista para 2008

lançamentos

André Pase

VISTA-SE DE PUSKAS Em homenagem à memória de Ferenc Puskas, a Liga Retrô, loja online especializada na produção de camisas históricas, lançou em dezembro a camisa da seleção da Hungria da Copa do Mundo de 1954. Aquele time – o primeiro europeu continental a vencer a Inglaterra, em Wembley – era considerado o melhor do mundo no momento. Goleou a Alemanha na primeira fase por 8 a 3, mas caiu na final, de virada. Mesmo assim, é lembrado como um dos maiores de todos os tempos. Entre os grandes nomes da equipe, estavam também Kocsis e Hidegkuti, artilheiro do Mundial da Suíça. A camiseta é feita em algodão e tem o escudo da federação húngara igual ao daquela época. Camisa Hungria – Copa de 1954 Fabricante: Liga Retrô Onde encontrar: www.ligaretro.com.br Preço sugerido: R$ 89,90

Obs.: Internacional e Atlético-PR têm planos de fazerem seus museus

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A Várzea

Prêmios Várzea 2006

“É duro ser A Várzea quando a várzea domina tudo”, já dizia Titio Várzea pouco antes de deixar o Quirguistão, onde atuou por algum tempo como meia-esquerda. Depois de tentar a vida como agente de jogadores – e perder suas economias para um armênio com passaporte inglês que dizia que era iraniano – Titio fez o que fazem os titios desempregados e ligou para A Várzea com um comovente apelo:

Troféu “Liquidação do Mappin”

Livro “Formando Equipes Vencedoras”, de Carlos Alberto Parreira, R$ 30 em 30 de junho, e R$ 8 no dia 2 de julho. Inexplicavelmente.

Troféu “Marta Suplicy”

“Me arruma algum?” A Várzea, é claro, arrumou um trampo para o velhinho – pagando em minibolinhos de baunilha. Titio não achou muito ruim, principalmente quando recebeu sua primeira incumbência: conceder os Prêmios Várzea 2006. “O Cannavaro é o melhor do mundo, e o Souza é o melhor lateral-direito do Brasil. Dá pra ser mais várzea?” Sem mais delongas, aí vai a seleção de Titio:

Troféu “Lance Lorotti”

para a lorota do ano

“Não era eu que tinha que marcar o Henry” Então, tá, Roberto Carlos, devia ser o Tolete.

Silvia Regina, a árbitra, que fez história ao reinterpretar de maneira sagaz a regra para validar um gol do gandula depois que a bola tinha saído do campo.

Troféu “Vale Tudo”

“Só não vale dar o...”, foi a resposta do atacante Gil, ao ser perguntado se “valia tudo” na comemoração do título mineiro.

Troféu “Vale Tudo Mesmo” Stefan Postma, goleiro do Den Haag.

Troféu “Deixa que eu Deixo”

Bechara e Igor, do Fortaleza, que foram cobrar a mesma falta e um

A charge do mês

para a personalidade feminina no futebol

(Bechara) acabou quebrando a perna do outro (Igor).

Troféu “Respostas Cretinas para Perguntas Imbecis”

Ricardo Oliveira, que, ao ser perguntado por um repórter sobre qual era a fórmula da velocidade do São Paulo, respondeu: “Delta S sobe delta T”.

Troféu “Evanílson”

Dunga, técnico da Seleção Brasileira, que convocou, entre outros, Carlinhos,

lateral-esquerdo reserva do Santos, para o amistoso contra a Suíça.

Troféu “Mário Celso Petraglia” de Marketing Esportivo

Atlético-PR, pela contratação de Lothar Matthäus. Para 2006, avisamos que o Tolete, o repórter d’A Várzea, está disponível.

Troféu “Amarillada 2006”

Boca Juniors, que precisava de um ponto em dois jogos para ser campeão. O time conseguiu perder os dois e perder o desempate, depois de sair na frente.

Troféu “Tolete, o Repórter”

para melhor entrevista do ano

Salvador Hugo Palaia, entrevistando Salvador Hugo Palaia.

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Você pode receber A Várzea todo dia na sua caixa postal. Basta entrar no site www.trivela.com e inserir seu endereço de e-mail no campo de cadastro. Ou então mande uma mensagem para varzea@trivela.com, com a palavra Cadastrar no campo de assunto

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