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BOTAFOGO
IRAQUE
EUROPEUS
Cuca promete (só) Libertadores para a torcida
Jornalista conta como Copa da Ásia uniu seu país
Confira quais campeonatos você vai ver na TV
E MAIS... ...Entrevista: Oliver Kahn ...Copa 2014: as chances de cada cidade ...Por que o futebol francês não estoura
soluções Corinthians Como salvar o Timão depois de tantos anos de desorganização, incompetência e desonestidade capa_final.indd 1
nº 19 | set/07 | R$ 8,90
nº 19 | set/07 | R$ 8,90
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Fotos • Satiro Sodré • Silvio Ávila • Alexandre Vidal • Wladia Xavier • Thierry Des Fontaines
Pan e Parapan Rio 2007. O Governo Federal investiu e o Brasil inteiro ganhou.
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INVESTIR NO ESPORTE RENDE MEDALHAS, RECORDES E UM BRASIL MELHOR. O Governo Federal, por meio do Ministério do Esporte e empresas estatais, investe no esporte. E um dos resultados desse investimento foi visto nos Jogos Pan-Americanos. Além das ótimas marcas e recordes quebrados, conquistamos 161 medalhas, sendo 54 de ouro. Um desempenho inédito do País na competição. E muitos dos esportes vitoriosos contam com o nosso apoio, como os esportes aquáticos, o judô, o futebol de salão, o atletismo, o basquete, o vôlei, a ginástica olímpica e artística, o handebol, o iatismo e as lutas associadas. Um incentivo importante, não só para os atuais e futuros atletas, mas, também, para os milhares de brasileiros que têm sua vida transformada pelo esporte.
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ÍNDICE CORINTHIANS
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Como o Timão se enfiou no atual buraco e dez idéias para sair dele IRAQUE
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Futebol fez pelo país árabe o que a política e a guerra não conseguiram FRANÇA
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Mesmo com dinheiro abundante, futebol da terra de Zidane não decola NEGÓCIOS
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Parcerias (boas ou ruins) não são exclusividade dos grandes clubes ENTREVISTA RR CUCA
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Fernando Soutello/Profotto
Treinador do Botafogo analisa presente e futuro do clube carioca
COPA’14
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Edição Caio Maia Tomaz R. Alves Reportagem Carlos Eduardo Freitas Cassiano Ricardo Gobbet Leonardo Bertozzi Ricardo Espina Ubiratan Leal Colaboradores Gustavo Hofman Hassanin Mubarak João Tiago Picoli Karlheinz Wild Leonardo Aquino Mauro Beting Mauro Cezar Pereira Olavo Soares Zeca Marques
JOGO DO MÊS
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CURTAS
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PENEIRA
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OPINIÃO
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TÁTICA Duas linhas de 4
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SÉRIE D Seis meses de férias
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PAYSANDU Queda meteórica
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Foto da capa Djalma Vassão/Gazeta Press
CAPITAIS La Paz
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Projeto gráfico e direção de arte Luciano Arnold
HISTÓRIA União Soviética
42
PORTUGAL Liquidação de verão
48
ESPANHA Granada
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ENTREVISTA Oliver Kahn
52
CULTURA Blog Futebol Clube
62
FUTEBOL NA TELEVISÃO
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CADEIRA CATIVA
65
A VÁRZEA
66
Escolha das cidades-sede envolve muita política e marketing. Conheça os pontos fortes e fracos de cada uma das 18 candidatas
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EDITORIAL Defender também vale Desde 2003, o título brasileiro sempre foi parar nas mãos da equipe de melhor ataque da competição. São apenas quatro campeonatos, o que torna qualquer tentativa de análise estatística precipitada. O dado reflete, porém, uma preocupação maior das equipes com a parte ofensiva – que afeta, também, a maneira de encarar o São Paulo deste ano. A equipe é líder, mas “não convence”, “joga feio” ou é “retrancada”. Parece que, aos olhos de nossa crônica esportiva, futebol é só ataque. Esses jornalistas não aprenderam nada, por exemplo, com a vitória italiana na recentíssima Copa de 2006. Em qualquer esporte, se dá bem não só quem busca seu objetivo como também quem consegue impedir o adversário de atingir o seu. Exatamente por isso é que as equipes têm defesa. Quem é competente nisso não necessariamente joga feio. Assim como quem busca o gol com dribles de nariz sem nenhuma objetividade não necessariamente joga bonito.
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www.trivela.com
Agradecimentos Érico Nogueira Juca Kfouri
Diagramação e tratamento de imagem Bia Gomes
Assinaturas www.trivela.com/revista (11) 3038-1406 trivela@teletarget.com.br Diretor comercial Evandro de Lima evandro@trivela.com (11) 3528-8610 Atendimento ao leitor contato@trivela.com (11) 3528-8612 Atendimento ao jornaleiro e distribuidor Vanessa Marchetti vanessa@trivela.com (11) 3528-8612 Circulação DPA Cons. Editoriais Ltda. dpacon@uol.com.br (11) 3935-5524 é uma publicação mensal da Trivela Comunicações. Todos os artigos assinados são de responsabilidade dos autores, não representando necessariamente a opinião da revista. Todos os direitos reservados. Proibida a cópia ou reprodução (parcial ou integral) das matérias e fotos aqui publicadas Distribuição nacional Fernando Chinaglia Impressão Prol Gráfica e Editora Tiragem 30.000 exemplares
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JOGO DO MÊS por Carlos Eduardo Freitas
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O vinho
azedou Em clima de provocação, Manchester City vence o dérbi contra o United e abre inesperada vantagem de sete pontos sobre o rival, no Campeonato Inglês início da temporada inglesa proporcionou uma situação rara de se ver na Premier League. Desde a edição 1992/3, a primeira da liga no atual formato, o United não chegava à segunda rodada atrás do rival City, como aconteceu neste mês de agosto. Tudo bem, são apenas dois jogos, mas o fato de isso ter levado 13 anos para acontecer de novo mostra como, atualmente, é grande a superioridade dos Red Devils sobre o rival. Nesta temporada, o time de Alex Ferguson chegou com moral, torrando € 70 milhões para defender o título inglês. O City também gastou uma fortuna. Graças ao dinheiro do novo dono da equipe, o milionário Thaksin Shinawatra (ex-primeiro ministro tailandês suspeito de corrupção e violação de direitos humanos), Sven-Goran Eriksson gastou mais de € 40 milhões em reforços, como o brasileiro Elano e o italiano Bianchi. Logo na terceira rodada, aconteceu o clássico da cidade, na casa do City. Não bastasse a situação incomum na tabela, com o United somando dois pontos e o rival seis, o dérbi ganhou ainda mais interesse com a “gentileza” de Sven-Goran Eriksson. Para deleite dos tablóides, o sueco, que não tinha a melhor das relações com Alex Ferguson quando dirigia a seleção inglesa, ofereceu ao adversário uma garrafa de Cabernet Sauvignon avaliada em cerca de R$ 1,2 mil. O escocês, com toda sua “finesse” de colecionador
O United é o atual campeão, mas quem se deu bem na terceira rodada foi o City
Darren Staples/Reuters
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MANCHESTER CITY 1x0 MANCHESTER UNITED Data: 19/agosto/2007 Local: City of Manchester Stadium (Manchester) Árbitro: Mark Clattenburg Gol: Geovanni (31min) Cartões amarelos: Hamann e Corluka (Manchester City); Brown e Ferdinand (Manchester United)
de vinhos exóticos, disse que agradeceria, mas que não sentaria à mesa com o rival para desfrutar da bebida. Depois do jogo, entretanto, Ferguson teve motivos de sobra para tomar seu vinho – mas não para comemorar. Seu time até dominou as ações e partiu para o ataque desde o início, mas acabou derrotado por 1 a 0, gol do brasileiro Geovanni, aos 31 minutos do primeiro tempo. Depois do intervalo, os Red Devils tiveram boas chances de empatar, mas pararam na ótima apresentação do goleiro Kasper Schmeichel (filho de Peter Schmeichel, ídolo do United) e na falha de Carlos
MANCHESTER CITY Schmeichel; Garrido, Richards, Dunne e Corluka; Hamann, Johnson, Geovanni (Ball) e Petrov; Bojinov (Mpenza) e Elano (Bianchi). Técnico: Sven-Goran Eriksson
MANCHESTER UNITED Van der Sar; Brown (O’Shea), Ferdinand, Vidic e Evra; Hargreaves, Scholes, Carrick (Campbell) e Giggs; Nani (Eagles) e Tevez. Técnico: Alex Ferguson
Tevez, que desperdiçou grande chance, com o gol vazio à frente. Não bastasse perder para o maior rival, o Manchester United teve de passar uma semana vendo o City isolado na ponta da tabela, com nove pontos ganhos, sete a mais que os próprios Red Devils, que ficaram perto da zona de rebaixamento. O time azul, por sua vez, tornou-se o único a manter 100% de aproveitamento e desponta como um dos favoritos a surpresa da temporada, na Premier League. Com zebras como essa, já dá para ver que o Campeonato Inglês deste ano será bem menos previsível que os anteriores. Setembro de 2007
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Getty Images/AFP
CURTAS
“Não que um homossexual não possa jogar bola. Pois que jogue, mas forme seu time e inicie uma federação. (...) Futebol é jogo viril, varonil, não homossexual. (...) Quem se recorda da Copa do Mundo de 1970 (...) jamais conceberia um ídolo ser homossexual”
Joel Santana detona o “Fair Play”, ao orientar seus jogadores enquanto o Flamengo perdia por 3 a 0 para o Santos.
30 anos Período que o egípcio Al Ahly ficou sem perder por três ou mais gols na Liga dos Campeões da África. A série foi quebrada pelo Al Hilal, do Sudão.
Confira no site 4/setembro – Safra de brasileiros na Europa Quais os novos brazucas no Velho Mundo e quais as chances de sucesso deles
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6/setembro – Entrevista: Lincoln O meia do Galatasaray fala de sua condição de astro em Istambul
Waitakere United (NZE)
2ª FASE
9/12
10/12
Campeão africano
Vencedor do Jogo 1
Pachuca (MEX)
Campeão asiático
SEMIFINAIS
12/12
Vencedor do Jogo 2
Milan (ITA)
(ARG)
DECISÃO DO 3º LUGAR Perdedor do Jogo 4
x x
16/12
Perdedor do Jogo 5
FINAL Vencedor do Jogo 4
13/12
Vencedor do Jogo 3
Boca Juniors
JOGO 1
7/12
Representante sede
JOGO 3
“Se eles começarem com palhaçada, podem descer a porrada”
1ª FASE
VEJA A TABELA COMPLETA:
JOGO 5
Valor que o Besiktas terá que pagar a Vicente del Bosque, por ter demitido o técnico espanhol em janeiro de 2005, um ano e meio antes do fim de seu contrato
A Fifa divulgou a tabela do Mundial de Clubes deste ano, a ser realizado no Japão. O torneio terá uma novidade: além dos seis campeões continentais, um representante do país-sede também tomará parte da competição. Essa equipe enfrentará o campeão da Oceania numa espécie de preliminar, para decidir quem jogará contra o campeão asiático. O valor total distribuído aos participantes será de US$ 16 milhões, US$ 1 milhão a mais que no torneio do ano passado. O campeão ficará com US$ 5 milhões, o vice com US$ 4 milhões, e os outros receberão entre US$ 500 mil e US$ 2,5 milhões. A Fifa determinou ainda que nenhuma federação poderá ter dois representantes na competição. Caso o campeão continental seja um time do país-sede, a vaga que seria destinada ao campeão nacional ficará com a equipe de outro país mais bem colocada no torneio continental.
JOGO 2
€ 4,9 milhões
MUNDIAL DE CLUBES 2007
JOGO 4
Trechos do Processo nº 936/07, no qual o juiz Manoel Maximiano Junqueira Filho “justifica” o arquivamento da queixa-crime movida pelo jogador Richarlyson contra o dirigente palmeirense José Cyrillo Júnior.
16/12
Vencedor do Jogo 5
, neste mês 25/setembro – Reta final das LCs da Ásia e África Analisamos os momentos decisivos dos torneios que valem vaga no Mundial de Clubes
27/setembro – Eliminatórias Sul-Americanas Um guia com um retrato dos rivais do Brasil no caminho para a Copa de 2010
30/setembro – Termômetro da Bola de Ouro Quem são os favoritos para ganhar o prêmio da France Football
Setembro de 2007
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Chegou a Timemania
ÁFRICA DO SUL NAS ELIMINATÓRIAS Os sul-africanos serão a primeira seleção que disputará as eliminatórias da Copa do Mundo mesmo sendo sede do torneio. Antes que se possa imaginar a possibilidade de os Bafana Bafana ficarem de fora do Mundial, uma ressalva: a competição servirá também como fase preliminar da Copa Africana de Nações de 2010, e é a qualificação para esse torneio que a África do Sul disputará. A vaga na Copa do Mundo está garantida. Caso os sul-africanos terminem em primeiro lugar em sua chave, o segundo colocado do grupo garantirá presença no Mundial.
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O jornal britânico The Times elaborou uma relação dos 50 homens mais temidos em toda a história d futebol. do O primeiro colocado foi o espanhol Andoni Goikoetxea, responsável por romper os ligamentos do tornozelo de Maradona, em 1983. Veja os dez primeiros colocados:
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O presidente Lula enfim assinou o decreto que regulamenta a Timemania. A loteria, uma tentativa de ajudar os clubes a sanar dívidas com o Governo, deve chegar às casas lotéricas até o final deste ano. Participarão do jogo até 80 de 99 clubes indicados pelo Ministério do Esporte (todos os da Série A e B, mais 59 escolhidos por critérios históricos). Com o dinheiro arrecadado, os clubes poderão parcelar o pagamento de dívidas com o INSS, a Receita Federal e o FGTS, em um prazo máximo de 240 meses. As equipes terão direito a 22% do total arrecadado com a venda de bilhetes. Para os prêmios, serão reservados 46%. A loteria assemelha-se a outros tipos de jogos já existentes, como a Mega Sena. Em vez de números, haverá uma combinação de escudos.
OS BAD BOYS
1. Andoni Goikoetxea (Espanha) 2. Stuart Pearce (Inglaterra) 3. Basile Boli (França) 4. Willie Woodburn (Escócia) 5. Johnny Giles (Irlanda) 6. Leonel Sánchez (Chile) 7. Tommy Smith (Inglaterra) 8. Claudio Gentile (Itália) 9. Giuseppe Bergomi (Itália) 10. Marco Tardelli (Itália)
FLAMENGO NA PISTA Se, no Campeonato Brasileiro, o Flamengo anda com o freio de mão puxado, nas pistas de corrida, a equipe espera fazer seus adversários comerem poeira. O clube carioca anunciou sua participação na World Superleague Formula (WSF), uma nova categoria automobilística que contará com escuderias representando 20 clubes de futebol, como Milan, Porto, PSV, Olympiacos, Borussia Dortmund e Anderlecht. A “fórmula dos clubes” deverá ter sua primeira temporada em 2008, com seis etapas – cada uma com duas corridas por fim de semana. Todas as provas serão disputadas na Europa.
Ho New/Reuters
OFENSA Enfim Marco Materazzi resolveu contar o que realmente disse para Zidane na final da última Copa do Mundo. “Segurei a camisa dele por alguns segundos. Ele se virou, olhou para mim de forma arrogante e disse ‘se você quiser minha camisa, darei-a a você no fim da partida’. Respondi com um insulto, é verdade. Falei que preferiria a prostituta da irmã dele”, afirmou o italiano. “Zizou” revoltou-se com o insulto e deu a famosa cabeçada no peito do zagueiro, sendo expulso de campo durante a prorrogação.
“Tinha jogador que chegava entre 4 e 6 horas da manhã bêbado. Como é que ninguém via isso?” Em entrevista ao Estadão, Ricardo Teixeira, presidente da CBF, causa polêmica, ao criticar a preparação (ou falta dela) do Brasil para a disputa da última Copa do Mundo.
€ 28 mil Maior multa da história do futebol búlgaro, aplicada no CSKA Sófia, devido a distúrbios provocados pela torcida da equipe, em jogo contra o Litex Lovech
“Ele não pode fazer o que diz. Materazzi mede quase 2 metros, e eu tenho 1,76. Para me olhar nos olhos, será necessário baixar a cabeça!” Depois de Materazzi afirmar que encararia Raymond Domenech sem baixar a cabeça, o técnico francês responde com uma típica amostra de seu peculiar humor
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Tempo que o Brasil levou para abrir o placar contra a Nova Zelândia, no Mundial sub-17. Foi o gol mais rápido já marcado em uma competição organizada pela Fifa
“O Renato jogou muito mais do que eu, mas, como treinador, ele tem de engraxar muito minha prancheta” Joel Santana devolve as provocações de Renato Gaúcho antes do Fla x Flu. Em campo, o rubro-negro levou a melhor: 1 a 0
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TREINO FATÍDICO Anton Reid, de 16 anos, morreu durante um treino do time juvenil do Walsall, da terceira divisão inglesa. O jovem desmaiou enquanto fazia exercícios físicos no centro de treinamentos da Universidade de Aston. Ainda não foram divulgadas as causas da morte.
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times estranhos da Copa Sul-Americana
1 Coronel Bolognesi (PER)
2 Carabobo (VEN)
Stringer/Reuters
“Coronel Bolognesi, com o candelabro, no salão de jogos”. É fácil pensar no jogo “Detetive” sempre que se ouve o nome deste clube. Aliás, fora o nome engraçado, é difícil encontrar algo importante no time de Tacna, que nunca foi nem campeão peruano.
Stringer/Reuters
Insira aqui sua piadinha preferida envolvendo a frase “não há mais bobos no futebol”. Vale dizer que o nome do clube, que tem papel secundário até no fraco futebol venezuelano, é também o nome de um estado do país e significa “região com muita água”.
CURIOSIDADES DA BOLA
3 Real Potosí (BOL)
• Até parece desculpa esfarrapada: Leroy Lita, atacante de 22 anos do Reading, conseguiu a proeza de lesionar a perna ao se espreguiçar. Com isso, ficou de fora da estréia da equipe.
4 DC United (EUA)
• Para atrair sócios, o Poblense preparou uma campanha inusitada: os jogadores aparecem perfilados, de costas, com o calção abaixado. O slogan? “Não deixe o Poblense de bunda para cima”. • Punido por escalar 18 jogadores irregulares, o Ferroviário só tinha 11 atletas para enfrentar o Tubarão, pela divisão de acesso catarinense. No meio do jogo, o lateral Peteca sentiu dores musculares. O técnico Édson Criciúma não teve dúvidas: assinou a súmula e entrou em campo, no lugar do atleta machucado.
ERRAMOS
O nome do Real Potosí é uma “homenagem” ao Real Madrid, clube de quem os bolivianos copiaram o escudo. O time, uma única vez campeão nacional, também é famoso pelos quase 4 mil metros de altitude de sua cidade.
Com quatro títulos da MLS, o time de Washington é o maior campeão norteamericano. Apesar desse bom retrospecto, é complicado explicar o que um time que tem sede no paralelo 39º Norte está fazendo na Copa Sul-Americana.
5 Arsenal (ARG) Na onda de fazer homenagens a times europeus, este time de Sarandí foi batizado com o nome do gigante londrino. Outro detalhe: quem criou o clube foi Julio Grondona, presidente da Associação de Futebol Argentino. Títulos, que é bom, nada.
6 Jorge Wilstermann (BOL) Campeão do Clausura, em 2006, o Jorge Wilstermann ganhou esse nome em homenagem ao primeiro piloto comercial boliviano a cruzar o Oceano Pacífico. E já que estamos falando em inícios, vale dizer que o Jorge Wilstermann foi o primeiro time a cair fora da Copa Sul-Americana deste ano.
7 Zamora (VEN)
Na página 32 da edição passada, dissemos que Fábio Júnior está no Apoel Nicósia. Na verdade, o atacante defende o Hapoel Tel Aviv, de Israel.
Há dois anos, o Zamora estava na segunda divisão venezuelana. Se isso não é bizarro o suficiente, fique então sabendo que o nome original da equipe era “Panteras Hípicas” e que seu apelido é “Quixotes”.
Na mesma matéria, três páginas depois, foi publicado que Iranildo destacou-se no Brasiliense, em 2002. Só que o jogador só chegou ao clube em 2003, ano em que teve bom desempenho na Série B.
8 Olmedo (EQU)
Na lista de brasileiros no futebol inglês (página 26), faltou citar Branco, Fábio (Middlesbrough) e Jardel (Bolton). Depois do fechamento da edição, Elano foi para o Manchester City, e Belletti, para o Chelsea. Na lista das maiores vendas da era Macri (página 54), publicamos que Riquelme foi vendido para o Villarreal. Na verdade, o jogador trocou o Boca Juniors pelo Barcelona e só depois foi para o Submarino Amarelo. Na ficha do Fernandão, o nome do jogador foi escrito invertido. O correto é Fernando Lúcio da Costa.
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O Olmedo, que tem um título equatoriano e um vice em sua história, joga de azul. A cor foi escolhida em homenagem às neves eternas dos montes andinos equatorianos. Até onde se sabe, a neve de lá é branca mesmo, não azul.
9 Tacuary (PAR) Com nome parecido ao de uma marca de sucos e escudo descaradamente copiado do Santos, o Tacuary até tem conseguido bons resultados recentemente, mas, mesmo assim, não chega a ser nem um time médio no Paraguai.
10 Audax Italiano (CHI) Dado o nome, não é surpresa que o clube tenha sido criado por imigrantes da Itália. Quatro vezes campeão chileno – mas a última há 50 anos –, ganhou vaga no torneio por ter sido um dos dois campeões de uma tal “Liguilla Pré-Sul-Americana” do Chile.
Setembro de 2007
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PENEIRA
Janczyk:
novo Boniek
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Nome: Dawid Janczyk Nascimento: 23/setembro/1987, em Nowy Sacz (Polônia) Altura: 1,81m Peso: 80kg Carreira: Sandecja (2004), Legia Varsóvia (2005 a 2006), CSKA Moscou (desde 2007)
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do, pelo Europeu sub-19, começou a mostrar suas habilidades na grande área. Neste ano, no Mundial sub20, ajudou a Polônia a se classificar à frente do Brasil na primeira fase (o time caiu nas oitavas-de-final, diante da Argentina). Em quatro jogos, marcou três gols. Janczyk é um atacante de muita mobilidade e que finaliza bem com os dois pés. Não é um típico driblador – encaixa-se mais no rótulo de centroavante matador. Se todas as esperanças depositadas nele se concretizarem, o leste europeu terá novamente uma estrela. Enquanto isso, o próprio Boniek resolve dar seu palpite: “Tenho acompanhado seu progresso com muito entusiasmo”. [GH]
Mike Ca
esde a Copa do Mundo de 1982, quando terminou em terceiro lugar, a Polônia não faz bom papel em um Mundial. Naquela época, um dos destaques do time foi o rápido e habilidoso atacante Zbigniew Boniek. Hoje, um jogador de 19 anos surge com a capacidade de finalmente sucedê-lo à altura: Dawid Janczyk. Revelado pelo pequeno Sandecja, o jogador foi adquirido pelo Legia Varsóvia, em 2005, por € 6 mil. Pelo time da capital, Janczyk estreou aos 17 anos, disputou 42 jogos e marcou nove gols. Nesta temporada, foi contratado pelo CSKA Moscou, pelo maior valor já pago por um jogador vindo do Campeonato Polonês: € 4,2 milhões. Foram as atuações de Janczyk pelas seleções de base da Polônia que o elevaram à condição de promessa. No ano passa-
Altidore:
não é só o Adu
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Nome: Josmer Altidore Nascimento: 6/novembro/1989, em Livingston (Estados Unidos) Altura: 1,85m Peso: 80kg
Carreira: New York Red Bulls (desde 2006) ages/AFP
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e ainda com 16 anos foi o jogador mais jovem a anotar nos “playoffs” da MLS, fechando a temporada com quatro gols em nove jogos. No Haiti, terra de seus pais, Altidore é uma celebridade – além do futebol, é engajado em trabalhos de caridade. Filho caçula de quatro irmãos, “Juice” (“Suco”, seu apelido) não é um atacante fixo: sabe se mexer e voltar para pegar a bola. Enquanto não faz 18 anos, a Europa só acompanha a evolução de seu entrosamento com Adu, naquela que pode ser a melhor dupla de ataque da história da seleção norte-americana. [CRG]
Getty Im
o Mundial sub-20, disputado no Canadá, o torcedor brasileiro em geral surpreendeu-se ao descobrir que a seleção dos Estados Unidos ia além do menino-prodígio Freddy Adu. A Seleção Brasileira, que aparentemente não sabia disso quando enfrentou os norte-americanos, entrou bem. Além de Adu, recém-contratado pelo Benfica, a defesa brasileira teve de se ver com outro atacante igualmente habilidoso, só que mais forte. Josmer Altidore, 17 anos, do New York Red Bulls, botou a confusa zaga verde-amarela para dançar e deixou dois gols nas redes do goleiro Cássio – ambos com passes de Adu. Altidore nem era a promessa mais esperada do “draft” de 2006 da MLS – foi o 17º escolhido –, mas chamou a atenção do NY. Em sua carreira turbinada, estreou em agosto, fez o primeiro gol no mês seguinte Setembro de 2007
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MARACANAZO por Mauro Cezar Pereira
HAT TRICK
Que tal protestar quando o árbitro ajudar? IMAGINEMOS A SEGUINTE SITUAÇÃO. Dirigente se apresenta à imprensa para um depoimento. Sincero, admite que na partida decisiva, encerrada há alguns minutos, seu time foi beneficiado por um erro da arbitragem. Como o resultado da partida não pode ser alterado em função disso, o cartola desabafa, garante que, se jamais fica satisfeito quando a arbitragem prejudica sua equipe, também perde o prazer da vitória por saber que só a conseguiu devido a uma marcação errada, no apito. “Quero, sinceramente, dizer a nossos adversários que lamento pelo que estão passando. Preferia que não fosse assim. Vamos à CBF pedir, oficialmente, que faça algo para dar um ponto final nesses erros dos árbitros e bandeiras. Diante das circunstâncias, decidi que não faremos qualquer comemoração oficial pela vitória e recomendamos a nossos profissionais que não saiam por aí a festejar. Sabemos bem que, não fosse o erro do árbitro, talvez, neste instante, outros estariam saboreando o triunfo”. Surreal, claro. Erros de arbitragem acontecem desde que foi inventado o jogo. Ou alguém imagina que os juízes de futebol do passado eram infalíveis, mesmo com jogos noturnos sob iluminação precária, condicionamento físico muito abaixo do atual e antes de criarem as técnicas de hoje? A diferença fundamental é que a televisão surgiu e, evidentemente, evoluiu. Hoje, ela mostra incontáveis jogos de futebol, e suas numerosas câmeras revelam quase tudo o que
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acontece em campo. Com isso, jogadas que eram duvidosas no passado transformamse em erros inquestionáveis. É evidente que, além de falhas pontuais, há incompetência e eventualmente desonestidade nas arbitragens, como vimos no escândalo de 2005. Existem, sim, situações revoltantes, provocadas por erros absurdos, inexplicáveis e, às vezes, decisivos. Seus protagonistas, por sinal, devem ser punidos, afastados, enfim. Mas nem por isso é justificável alguém sair por aí rotulando árbitros e auxiliares como desonestos, como pedem muitos torcedores. Fanáticos, eles querem ouvir ou ler que “o juiz roubou” determinado time. Há quem faça isso, mas alguém prova? Tal postura leviana gera sensação de vingança no apaixonado pelo clube, que se diz prejudicado, mas nada ajuda a resolver o problema. Manifestações de cartolas e torcedores de clubes que se consideram perseguidos pelos erros de arbitragem seriam legítimas se a postura fosse a mesma, independentemente das conseqüências dessa ou daquela falha. Sim, falta uma postura como a do dirigente imaginário do início deste texto. Se eles reclamam veementemente quando o apito os atrapalha, deveriam se manifestar de forma clara, direta, honesta, transparente, pedindo as mesmas providências, quando são beneficiados. Quem não age dessa forma, na verdade, advoga em causa própria, sob a alegação de que reivindica honestidade e competência. Reivindica sim, para si mesmo.
O São Paulo é um clube organizado, tem dinheiro, estádio de primeira, títulos recentes, um centro de treinamento de primeiríssima, enfim. Mas algumas situações que provocam repercussão negativa em outros clubes são consideradas comuns no Morumbi. Ninguém estranha, poucos questionam. Um exemplo é a presença de muitos atletas ligados a Juan Figger. Com Alex Silva em alta e na Seleção, o campeão brasileiro, com toda sua fama de auto-sustentável, viu-se refém do uruguaio, que tem o direito de negociar o zagueiro quando quiser. Sim, o poderoso São Paulo também é vitrine de luxo. Da série desculpas esfarrapadas: “Ficamos sem jogar no Maracanã por muito tempo. Isso prejudicou a equipe”, disse Cuca, depois das derrotas do Botafogo, em casa, para São Paulo e Corinthians. Não foi bem assim. Devido ao Pan, o time fez quatro partidas em outros estádios. Venceu todas: 2x1 Fluminense, no Engenhão, 2x0 Atlético-PR, em Brasília, 3x1 Juventude, no campo do América-RJ, e 4x2 América-RN, no Espírito Santo. Na verdade, ao final do primeiro turno, o time de Cuca só não liderava porque perdeu oito pontos no... Maracanã, ao empatar com o Flamengo e perder para os dois times paulistas. Assinada e sacramentada a papelada que cria a Timemania, loteria inventada para socorrer os endividados clubes do Brasil, o Presidente cobrou providências para que os jovens talentos não deixem o país tão cedo. Após as CPIs da Nike e do Futebol, Lula aproximou-se da cartolagem. Queria levar a Seleção ao Haiti e levou. Dela se mantém próximo, não só em episódios como o do caça-níqueis que vem aí com a chancela governamental como também ao apoiar a aventura da Copa no Brasil, em 2014. Se de fato quer providências e resultados, que tal romper tais alianças e jogar duro com esses mesmos dirigentes, senhor Presidente?
Setembro de 2007
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PONTO DE BOLA por Mauro Beting
O conquistador Alexandre SOU UM PRIVILEGIADO. Vi Alexandre Pato estrear pelo Internacional. No Palestra Itália, 26 de novembro de 2006, 4 a 1 Colorado. Estava lá – embora o Palmeiras pareça não ter estado... Um gol no segundo toque na bola como profissional, com 1min35s, e mais duas assistências, em 57 minutos em campo: foi a melhor estréia que vi. E o enorme Alexandre de Pato Branco já estava valendo todo o dinheiro que o Milan pagou por ele, em 2 de agosto de 2007. Grana que deverá ser pouco pelo muito que o guri ainda deverá fazer nos gramados. Não deu nem nove meses. Não foi um parto, mas sim a gênese de um dos maiores talentos para o gol e para as estrelas que vi em 17 anos de batente. Putz... Quando comecei no esporte, o Pato não tinha 1 ano... E, agora, ainda não tem 18 e vai jogar no Milan. E com Ronaldo! Outro que já era campeão do mundo imberbe e, em menos de 12 meses, já estava na Europa – mas na Holanda. Como Romário... Pato teve uma trajetória mais rápida e extraordinária que a de Pelé: em três jogos, campeão do mundo; em nove meses, centroavante do Milan. A história não pára. E não vai parar com um garoto que promete tudo e mais um pouco no futebol. Mas precisamos tentar parar com essa história de garotos vendidos tão cedo. O Manchester United comprou um guri australiano de 9 anos, por conta um DVD fabuloso. Um empresário pendurou no berçário da maternidade uma procuração do Chelsea pelo filho de Fulano de Tal. O Beltrano FC irá a um banco de fertilização comprar vidrinhos de potenciais bípedes boleiros. Nem as regras da Fifa ajudam. Não pode comprar um moleque de 12 anos? Ótimo: o Barcelona paga o tratamento para crescimento de um muchacho dessa mesma idade chamado Lionel Messi e dá emprego ao pai, na Espanha. Como impedir a felicidade e o futuro da família? Como não ajudar a família de Pato a migrar para a Europa?
Vamos nos colocar no lugar deles. Nem é preciso: você prefere ganhar essa bala toda pela vida ou prefere a perder numa bala perdida pelo Brasil? Os tempos são outros. Ou filhos e pais mudam o país ou vamos continuar mudando de país e de filhos. Pato bateu asas em menos de um ano e sem nenhum Gre-Nal disputado! Talvez o maior centroavante que o Sul já produziu (para não ir além) fará história longe do ninho. E nós pouco podemos fazer para mudá-la. Até porque urubus, abutres, gaviões, águias e as aves de rapina da grossa flor do empresariado futebolístico grasnam nas orelhas juvenis as graças da vida fora do Brasil. Eles são precoces até nisso. Ouvem mais as bocas de fora que as da família. É uma geração internacional. Não mais do Internacional, do Grêmio, de qualquer time do Brasil. Somos as barrigas de aluguel. E mal enchemos a nossa. Não matamos a fome. Não estão sobrando nem as migalhas.
AMARCORD Eu tinha feito 9 anos na véspera. E, por Deus e Ademir da Guia, ainda não havia tido grandes perdas na minha pequena vida de menor. Até aquele setembro de 1975, quando o Atlético de Madrid pagou US$ 600 mil por Luís Pereira e US$ 400 mil por Leivinha. O maior zagueiro que atuou pelo meu Palmeiras e o maior cabeceador que vi até Pato entrar na área foram jogar na Espanha. E eu me lembro de me jogar na cama chorando a dor do amor partido. E partindo para longe. Muitos colorados choraram por Pato – usando lenços ainda úmidos por Nilmar e Daniel Carvalho. Ou descartáveis, como nossos ídolos. Temo o dia em que não daremos bola para a dor da perda. Estaremos perdidos.
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ENCHENDO O PÉ por Cassiano Ricardo Gobbet
Vergonhão: 880 anos, sem juros NÃO SE SABE muito como será o Brasil no ano de 2887. Espera-se que vergonhas como analfabetismo, violência e corrupção tenham sido deixadas para trás e que, se não for ideal, ao menos seja aceitável a qualidade de vida da população como um todo. Contudo, uma dica sobre a longínqua data nós temos: será em 2887 que, finalmente, o governo terá recebido de volta o valor que gastou na construção do Estádio João Havelange, o Engenhão. O cálculo dos 880 anos de prazo para o erário recuperar os R$ 380 milhões gastos para fazer o Engenhão não é fantasia. O Botafogo, administrador do campo pelos próximos 20 anos, segundo o que informou a imprensa, pagará R$ 36 mil por mês, pelo direito de usar o local. Se o contrato for renovado indefinidamente, é possível concluir que somente a pouco mais de um século para chegarmos ao ano 3000 é que o gasto estatal terá sido coberto – isso, claro, sem contar juros, inflação ou depreciação do local.
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O acinte de se erguer, com dinheiro público, um novo estádio numa cidade que tem o Maracanã, São Januário e mais uma série de estádios menores já deveria servir para causar passeatas e manifestações em qualquer país que tivesse um mínimo de civismo. No Brasil, não. O emprego da verba foi celebrado com a realização dos Jogos Pan-Americanos e pela “entrada do Botafogo no século XXI”, conforme palavras do prefeito do Rio de Janeiro, o botafoguense César Maia. Pode-se dizer que, em países que lidam com o futebol (e não só) com mais seriedade, processos similares também acontecem. Por exemplo, em Manchester, o City of Manchester Stadium, que teve o custo equivalente a cerca de R$ 400 milhões, foi arrendado ao Manchester City pelos próximos 250 anos. A diferença é que, além de Manchester ter indicadores sociais escandalosamente melhores que os do Rio de Janeiro, o clube que administra o estádio inglês tem de pagar um percentual sobre as rendas arrecadadas com seu uso, além de um valor anual fixo, reajustado de acordo com a inflação. Em 2005, por exemplo, o Manchester City pagou à prefeitura o equivalente a mais de R$ 12 milhões. Ao final dos 20 anos de acordo entre o Botafogo e a prefeitura do Rio, o alvinegro carioca terá desembolsado pouco mais de R$ 8,5 milhões. Deve ficar bem claro que a crítica à indecente licitação do estádio do Engenho de Dentro não se estende ao Botafogo. Não pairam dúvidas sobre a lisura da gestão de Bebeto de Freitas nem sobre suas intenções pessoais. O ponto é que, mesmo com todas as virtudes que tem o dirigente, é (na melhor das hipóteses) um despropósito grotesco o governo entregar por um valor tão baixo um estádio que custou o equivalente a mais da metade do orçamento anual da UERJ, a universidade estadual. Sob pena de cair no ridículo, não devemos deixar a discussão descambar para demagogias baratas como “o Botafogo merece esse estádio” ou “a torcida carioca tem o direito de ter conforto”. Naturalmente, as duas coisas são mais do que verdadeiras. Só que tais direitos não podem pesar no bolso da população: eles são uma obrigação única e exclusiva do clube e da classe que zela – ou deveria zelar – pelo futebol no país. A “doação” do Engenhão para o Botafogo serve como um alerta sério do que deve acontecer no caso de o Brasil vir a ser confirmado como a sede da Copa de 2014. Na ocasião, não será um, mas até cinco estádios que poderão ser erguidos – e não há nenhum motivo para crer que essas construções terão financiamento bancado pela Rena do Nariz Vermelho. O nariz vermelho, mais uma vez, deve ficar na cara de todos os brasileiros.
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TÁTICA por Cassiano Ricardo Gobbet
a Copa de 1958, um episódio envolvendo Nilton Santos e Vicente Feola entrou para o folclore do futebol brasileiro. Na estréia contra a Áustria, Nilton Santos, já um jogador estabelecido, viu num dado momento que tinha uma grande avenida a sua frente. Sabendo do que era capaz, o mito botafoguense saiu em disparada rumo ao ataque, deixando o técnico Feola alarmado. “Volta, Nilton! Vooooooooooooolta!”, berrava, apopléctico, o treinador. Nilton Santos fingiu que não era com ele. Invadiu a área adversária e fuzilou o arqueiro Szanwald. Ao ver o gol, aliviado, Feola aplaudiu. “Boa, Nilton. É isso aí”. Ainda que a história seja engraçada, foi a partir da vocação ofensiva de Nilton Santos – e de outros laterais brasileiros – que o jeito de jogar futebol no Brasil se diferenciaria para sempre do futebol do resto do mundo. Assim, explicase em parte o destaque que alguns narradores e comentaristas dão quando vêem times estrangeiros jogando com “duas linhas de quatro”
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Na Europa, o tradicional 4-4-2 tem características bem diferentes do esquema adotado no Brasil
– simplesmente o esquema mais usado do mundo, o velho 4-4-2. Em praticamente todo o planeta, o 4-4-2 é montado como a numeração sugere: quatro defensores em linha, quatro meias (também em linha) e dois atacantes. O sistema surgiu de uma adaptação do 4-2-4, depois que os atacantes externos foram paulatinamente recuados para ajudar na marcação, no meio-campo. No Brasil, Zagallo foi um dos primeiros a recuar da ponta para o meio, para reforçar o setor (gráfico 1). No exterior – especialmente na Inglaterra –, os jogadores empregados no 4-4-2 têm funções bem mais rígidas do que no Brasil. Por exemplo, os laterais sobem muito menos à linha de fundo, porque as incursões por ali são feitas pelos meias externos (como no Manchester United campeão mundial de 1999, com Beckham e Giggs). Em compensação, o esquema não tem “volantes” fixos dedicados somente à marcação. Ainda para usar o exemplo do Manchester campeão, o setor ficava a cargo de Keane e Scholes,
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Brasil de 1962 Zagallo recuava do ataque para ajudar o meio, no que seria o primeiro passo para o 4-4-2
PE
A
PD
Vavá
A
Zagallo
Garrincha
Amarildo
M
M
Zito
Didi
LE
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Z
LD
Nilton Santos
Mauro
Zózimo
Djalma Santos
G Gilmar
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Carlos Eduardo Freitas/Trivela
Embora não tenha jogado num 4-4-2, a França usou na Copa da Alemanha uma linha defensiva igual à desse sistema: quatro jogadores fixos, com laterais que não avançam
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Manchester Utd. de 1999 Os Red Devils jogavam com duas linhas de quatro, sem volantes dedicados somente à marcação
A
A
Cole
Yorke
ME
M
M
MD
Giggs
Scholes
Keane
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dois jogadores que ditavam o ritmo da partida (gráfico 2). A versão brasileira do 4-4-2, inspirada por Nilton Santos e vários de seus pares, distorceu o funcionamento do esquema porque as descidas à linha de fundo para o cruzamento ficavam – e ainda ficam – a cargo dos laterais. Dessa maneira, para evitar uma sobreposição naquela região do campo, os meias jogam mais pelo centro, atuando atrás dos atacantes. Só que a vocação ofensiva dos laterais brasileiros criou um problema: em suas descidas, um grande espaço ficava vazio na defesa, deixando a retaguarda vulnerável. Daí veio a necessidade de empregar os dois homens centrais do meio-campo para agir como sentinelas, cobrindo os avanços dos laterais. Com a mutação, o 4-4-2 brasileiro passou a ser mais parecido a um 4-22-2. O Corinthians campeão brasileiro de 2005 (gráfico 3) é um exemplo, mas quase todo mundo que joga no 4-4-2 atua dessa forma. O hábito dos laterais brasileiros
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de chegar à linha de fundo também deixa uma outra marca, que é o fato de a posição normalmente ser ocupada por jogadores tecnicamente muito bons, mas que não marcam bem. Outra vez, a lista é imensa: Cafu e Serginho (ambos do Milan), Cicinho (Real Madrid), Júnior (São Paulo) e Zé Roberto (Bayern de Munique), entre outros. Também por isso, é muito freqüente que esses laterais tenham sido, na Europa, empregados como meias externos – tanto pelo talento ofensivo quanto pela deficiência na marcação. Mesmo com a diferença “filosófica” na interpretação do 4-4-2, a surpresa dos comentaristas brasileiros não se explica mais. Talvez, no passado, quando às vezes era impossível acompanhar jogos de outras ligas, o desconhecimento fosse perdoável. Hoje, com a oferta maciça de futebol internacional da TV, se o comentarista ficar impressionado com as “duas linhas de quatro”, desconfie. É possível que você esteja sabendo bem mais do que ele.
Corinthians de 2005 O time de Antônio Lopes era montado no típico 4-2-2-2 brasileiro, com dois laterais que avançam
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A
Nilmar
Tevez
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M
Roger
Carlos Alberto
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V
Marcelo Mattos
Rosinei
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Z
LD
P. Neville
Stam
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G. Neville
Gustavo Nery
LD Z
Z
Betão
Marinho
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G
Schmeichel
Fabio Costa
Eduardo Ratinho (Coelho)
G: goleiro / LD: lateral-direito / LE: lateral-esquerdo / Z: zagueiro / V: volante / M: meia / MD: meia-direito / ME: meia-esquerdo / PD: ponta-direito / PE: ponta-esquerdo / A: atacante
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ENTREVISTA RR CUCA por Carlos Eduardo Freitas
O MONTADOR de
times epois de anos e anos de altos e baixos, o Botafogo parece, enfim, ter voltado a figurar no primeiro escalão do futebol brasileiro. Passou quase todo o primeiro turno do Brasileirão na ponta da tabela e só perdeu o posto no confronto direto com o São Paulo, na penúltima rodada. Entre os responsáveis por esse renascimento da Estrela Solitária, dois nomes se destacam. Um é Bebeto de Freitas, o presidente que, desde sua chegada ao clube, manteve-se firme à proposta de arrumar a casa e sanar as dívidas que ainda hoje prejudicam o time. O outro é Cuca, técnico que chegou em 2006, com o Botafogo na penúltima posição e que, um ano depois, o colocou na ponta da tabela – trabalho semelhante ao que ele fez com Paraná e
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Goiás, em 2003. No ano seguinte, indicou para o São Paulo nomes como Mineiro e Josué, que, em 2005, seriam campeões da Libertadores e do Mundial. Um dia depois de perder a liderança para o São Paulo, Cuca recebeu a Trivela na sede do clube, em General Severiano. Diferentemente de vários treinadores, que não falam com a imprensa no dia seguinte aos jogos de seu time, o botafoguense mostrava-se bem disposto e de bom humor. Mas também reclamava da arbitragem de Carlos Eugênio Simon e mostrava-se decepcionado com o desempenho de seu time. “Durante o jogo, fiquei lamentando ter indicado o Josué para o São Paulo”, disse, rindo. Aliás, manter o bom-humor frente aos problemas é uma das lições que o próprio Cuca diz ter aprendido após quase dez anos de carreira.
Cezar Loureiro/Agência O Globo/Gazeta Press
Em alta pelo bom trabalho no Botafogo, Cuca faz um balanço da situação do time e coloca como objetivo neste Brasileirão a classificação para a Libertadores
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Qual a diferença do time do Botafogo deste ano para o de 2006? Ah, é enorme. Quando cheguei, no ano passado, o time era 19º. O clima não era bom, os pagamentos não estavam em dia, as condições de trabalho não eram ideais. Hoje, a gente recebe na hora certa, tem condições para trabalhar, num ambiente confiável. Com isso, temos certeza de que não vamos só lutar para não cair. Podemos até não ser campeões, mas vamos para a Libertadores. Esse é nosso objetivo. A gente precisa ir para a Libertadores. Acho até que a gente não vai ganhar, mas precisamos ter essa experiência e passar o maior número possível de fases. A torcida do Botafogo tem fama de derrotista. Os tropeços na Copa do Brasil e no Estadual influenciam essa fama de que o Botafogo treme na hora H? Veja bem, perdemos nos pênaltis para o Flamengo. Isso acontece. Da mesma maneira, tínhamos ganho do Vasco, na semifinal. Ganhamos por 3 a 1 do Figueirense, mas fomos eliminados. A Ana Paula errou duas vezes, e nosso goleiro uma. Isso não é amarelar. Nós chegamos e, na hora H, perdemos. Acontece. O importante é chegar. Neste momento, estamos passando por uma entressafra, que é uma fase ruim dentro da competição. Tivemos nove jogos seguidos fora do Maracanã, doping do Dodô, problema de indisciplina do Zé Roberto, troca de goleiro, troca de treinador de goleiros... Você acha que, para o torcedor, é difícil ver como isso afeta o desempenho do clube? Aquele torcedor que vive o dia-a-dia do clube sabe o que acontece, mas a maioria, não. Depois de tanto tempo jogando fora de casa, voltando contra o São Paulo, estranhamos até o Maracanã. Jogamos em campos menores todas essas partidas. Agora, o Botafogo deu um passo grande, com o arrendamento do Engenhão. Temos nosso estádio. Vai mudar tanto assim para o time? Muito. É um passo gigantesco que o clube está dando. É lá que a gente vai vender nosso carnê, que teremos nosso público certinho para poder recepcionar de verdade – como o São Paulo recepciona, como o Palmeiras... Vai ser melhor que no Maracanã, pois vamos treinar lá. Além disso, o torcedor vai ter o camarote dele, levar a família. O estádio vai ser como um shopping center do Botafogo, em dia de jogo. E vai ser bom ir lá para comer uma pizza ou algum outro negócio. Setembro de 2007
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André Mourão/Agif/Gazeta Press
Você mencionou o doping do Dodô. Como você fez para que isso não afetasse os outros jogadores? A gente não sabe se não afetou. A imprensa pegou muito pesado. Disseram que tem de ter punição até não poder mais. Eu acredito na idoneidade dele. Como aconteceu com o Dodô, poderia ter acontecido com qualquer outro. A gente não sabe se isso não abalou o próprio jogador, se ele não estaria rendendo mais... Depois dessa história, ele não fez nenhum grande jogo. Uma das grandes broncas da torcida é com os goleiros. Como o esquema do Botafogo é ofensivo, sem favorecer a defesa, não faz falta um goleiro que salve o dia?
Aprovei totalmente a saída do Zé Roberto. Não foi uma nem duas vezes que ele errou
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[Sinaliza positivamente com a cabeça e faz cara de “vou fazer o quê?”] O mercado não oferece esse tipo de jogador, hoje. Infelizmente, nossos meninos têm de amadurecer, pois são bons goleiros. Agora, com o Marco Leandro, tomara que a gente tenha acertado e que ele possa ir bem. Também confio muito no Júlio César. E a situação do Zé Roberto, que abusou da noite em diversas oportunidades? Até que ponto a saída dele vai prejudicar seu esquema? Complica bastante. A gente perde um jogador de velocidade, de individualidade capaz de, de repente, resolver um jogo numa situação. Só que a gente pode perder hoje, mas vai ganhar amanhã, sem dúvida nenhuma. Esse tipo de situação não pode acontecer mais no futebol. Foi difícil a decisão de tirá-lo do time? Você aprovou? Eu estava na reunião. Aprovei totalmente. Não foi uma, nem duas, nem três ve-
zes que ele errou. Não foi uma daquelas situações em que acontece uma sucessão de erros e a pessoa tem vontade de não errar mais. Era uma situação encobrindo a outra. Ficou a impressão de que ele não estava interessado na conquista de um título, na briga por uma vaga na Libertadores. Aí, não adianta. O esquema tático do Botafogo é bastante diferente do convencional... [Interrompe] E, contra o São Paulo, não pude colocá-lo em prática... Joguei com dois centroavantes, o que foge muito da minha característica. Mas não gosto de falar sobre isso, porque depois fica muito previsível de ser marcado. Prefiro que o pessoal defina. São três zagueiros, mas muitas vezes volta um meia e transforma-se em lateral, empurrando um zagueiro para a outra lateral, o que, para muitos times, tem ficado complicado de marcar. Não é isso? Pois é, e não conseguimos fazer isso contra o São Paulo... Com apenas dois na
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lugar. Uma sacanagem, o que fizeram. Por causa disso, acabei me queimando no São Paulo. Mesmo permanecendo, não ficou o mesmo ambiente. Lembrei muito disso e, por gratidão ao Botafogo, pelo trabalho que estamos fazendo há um ano e meio, entendi que não era o momento de sair. Como treinador, faz falta para o currículo não ter trabalhado no exterior? Não sou tão fissurado nessa história de que tem de ir para fora para adquirir experiência. Sou bem franco: se eu for para o exterior, é para ganhar dinheiro. Profissionalmente e pela minha família, prefiro trabalhar aqui no Brasil. Isso independe do Estado? Prefiro São Paulo ou Rio de Janeiro, que é o melhor eixo. É lógico que não se pode descartar também Atlético-MG, Cruzeiro, Internacional, Atlético-PR... Quem é sua grande inspiração, seu modelo, como treinador? À medida em que os anos vão passando e você vai treinando, a inspiração acaba
sendo a gente mesmo. Vou melhorando como pessoa, melhorando a tolerância, o ego, passo a administrar melhor as derrotas. Essa é a parte mais difícil para qualquer treinador. Não é fácil. Aqui, no Rio, eu vivo sozinho. Não tenho minha mulher e minhas filhas comigo. Quando se ganha, é fácil, está cheio de amigos. Quando se perde, o meu amigo sou eu. Você vai para casa e nada. Não adianta querer se afundar na bebida. A gente tem de saber perder e não se afundar. Confesso que eu tinha dificuldade. A derrota me marcava muito, e eu demorava muito para assimilar. Hoje, estou bem melhor – apesar de odiar perder, claro. Quais as principais virtudes que um técnico deve ter? Liderança é fundamental. Postura também. E conhecimento, claro. Não dá para apontar uma que seja melhor que a outra. Essas três têm de estar juntas. Precisa ter visão de jogo, ter o feeling de uma substituição, saber qual o esquema que vai usar, quando ser audacioso ou não...
O Botafogo deu um passo grande, com o arrendamento do Engenhão. Agora temos nosso estádio
Fernando Soutello/Profotto
frente, fica difícil. Muda toda a característica. Tendo todas as peças em mãos, é assim que vou trabalhar. No São Paulo, eu cheguei a experimentar esse esquema, com três atacantes e três zagueiros. Você se baseou em algum time para montar esse sistema de jogo? Não, não. Fui sentindo o que era melhor, como ficar mais organizado. Eu gosto de jogar na ofensiva. Meus times tomam gols, mas sempre fazem mais do que sofrem. Talvez esse seja um defeito que a gente tenha de corrigir: saber valorizar mais o resultado, coisa que o São Paulo tem sabido fazer, hoje em dia. Qual o segredo para chegar a esse ponto de entrosamento, em que os jogadores trocam constantemente de posição com obediência tática? Treinar, treinar e treinar. Tenho treinado aqui há 14 meses assim, sempre da mesma forma. Hoje, qualquer jogador entra no time, e não preciso me preocupar. O jogador sabe o que fazer. Às vezes, dá um erro aqui ou ali, coisa do futebol, mas, organização e padrão de jogo, eu tenho bem definidos. O fato de você estar no Botafogo há tanto tempo é o principal fator para chegar a esse entrosamento? [Balança a cabeça positivamente] Se eu fosse presidente de um time, escolheria um treinador no começo do ano e o deixaria no cargo pelo menos até dezembro, aconteça o que acontecer. Assim, o treinador monta o time de acordo com o que ele quer. É diferente. Lá no São Paulo, quando vieram Cicinho, Josué, Danilo, Fabão, Rodrigo, Marquinhos e Vélber, não nos foi dito que tínhamos limite para pagar. “A gente pode trazer”, era o que diziam. Aqui, é diferente: a gente tem um orçamento de R$ 30, 35 mil por mês, para pagar cada jogador. A montagem do elenco fica em cima disso. Eu fico muito feliz de saber que, com o que estamos pagando, conseguimos fazer um time competitivo a ponto de buscar o título. Isso, para mim, é um reconhecimento do trabalho. Você teve uma proposta para deixar o time, há alguns meses. Muitos técnicos, no Brasil, preferem abandonar a equipe, mesmo na ponta da tabela, para ganhar dinheiro lá fora. Por que você não saiu? Não saí por alguns fatores. Primeiro, porque errei uma vez, quando dirigi o São Paulo. Foi praticamente a mesma proposta, com a diferença que desta vez foi um pouco maior. Daquela vez, acabei aceitando e, no fim, levaram um outro treinador no meu
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rigir o São Paulo na competição que o clube mais ama. [Pausa] E a gente perdeu faltando 1 minuto e 45 segundos para o Once Caldas... [faz cara de frustração] Um gol impedido e que, uma semana depois, vieram dizer que o cara estava dopado. Ah, bandido! [Cuca passa as duas mãos na cara] Esse gol, vou te dizer: durmo com ele uma vez por semana. Eu pensando quem ia pôr nos pênaltis, e o cara dá uma escapada para o lado e faz o gol. Já tínhamos um vôo fretado. Íamos jogar com o Paysandu e, de Belém, íamos para Buenos Aires, pois o primeiro jogo contra o Boca era lá. Foi difícil assimilar aquilo. Confesso que, até hoje, ainda me dói aquela derrota. Boa parte da base que você levou para o São Paulo veio a conquistar o título do Mundial e, depois, o brasileiro. Você se sente responsável por iniciar um trabalho tão vitorioso? Ah, eu iniciei, mas o responsável foi o doutor Juvenal, que foi quem pagou todos os caras lá. Também o Leão, que fez um bom trabalho, o Autuori, sem dúvida um grande treinador. E, agora, o Muricy. Contra o São Paulo, estava vendo o jogo e pensava comigo: “por que fui indicar o Josué para eles?” [Cai na gargalhada]
Você saiu magoado do São Paulo? De jeito nenhum. Saí porque vi que era o momento. Estava desgastado por causa dessa questão da Arábia e pedi para o doutor Juvenal me dispensar. Era meu momento de sair pela porta da frente – mas um dia ainda volto. E o caso Marquinhos? Você conversou com ele depois daquela história envolvendo a saída dele do São Paulo, em que o Marquinhos pediu para não ser escalado e você o pôs para jogar? Conversamos muitas vezes. Ele é meu amigo. Aquela história é o seguinte: naquele Brasileiro, depois de sete partidas, o jogador não podia mais trocar de clube dentro da competição. Ele tinha jogado seis e íamos enfrentar o Grêmio. Depois,
Durmo com aquele gol do Once Caldas uma vez por semana. Confesso que, até hoje, ainda me dói aquela derrota
Djalma Vassão/Gazeta Press
Quais os defeitos que você acha que ainda precisa corrigir, para tornar-se um treinador melhor? Sou no clube o mesmo que sou em casa. Nada diferente. Daria para ser mais alegre. Estamos sempre pensando no amanhã. No fim, acaba-se vivendo pouco a vida. Gostaria de curtir mais a minha vida. Para falar a verdade, eu curto quando meu time está jogando bem. Esse é meu momento de maior prazer. Como disse, acho que tenho de curtir mais a vida. No momento, você está curtindo? Eu curto, mas aí vem um São Paulo, dá uma porrada e eu “descurto” tudo [risos]. A gente quer ser perfeccionista. O que a gente tem de entender é que sempre vai ter alguém que vai ganhar de nós um dia. Sem problemas, vamos seguir em frente. Para você, este é seu melhor trabalho como treinador? Sinceramente, gostei muito de alguns trabalhos. Eu montei o Paraná, em 2003. Remontamos o Goiás. Remontamos o São Paulo, com o doutor Juvenal Juvêncio, e o doutor Marcelo Portugal Gouveia. Aquele time, depois de 1994, foi para uma Libertadores. Tive a responsabilidade de di-
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Alexi Stival (Cuca) Nascimento: 7/junho/1963, em Curitiba-PR Carreira como treinador: Uberlândia (1998), Avaí (1999), Brasil-RS (1999), Internacional-SP (2000), Avaí (2000), Remo (2001), Internacional-SC (2001), Gama (2002), Criciúma (2002 a 2003), Paraná (2003), Goiás (2003), São Paulo (2004), Grêmio (2004), Flamengo (2005), Coritiba (2005), São Caetano (2005), Botafogo (desde 2006) Títulos: Taça Rio 2007
Antonio Carneiro/Gazeta Press
jogaríamos a semifinal da Libertadores, contra o Once Caldas. Falei para ele, que estava para ir para o Coritiba: “Se você jogar esta partida, será sua sétima e você não poderá mais sair. O time que enfrentar o Grêmio é o time que eu vou pôr para jogar contra o Once Caldas, mas não tenho certeza se você vai ficar. Isso depende de irmos para a final da Libertadores, porque senão seu contrato não será renovado”. Ele aceitou, jogou contra o Grêmio e fez um gol — ganhamos por 3 a 2. Foi titular contra o Once Caldas e saiu substituído. Quando a gente perdeu, já no avião, o doutor Juvenal me chamou e disse: “Agora você comunica ao Marquinhos que não vamos mais ficar com ele”. Era um risco, e ele sabia. Infelizmente, deu errado. Você citou o Goiás como um de seus bons trabalhos. Trata-se de uma equipe que há tempos sonha em ser grande e fixar-se entre as principais do país. Falta muito para isso? Eles melhoraram bastante. Para serem um Cruzeiro, um Atlético-MG, ainda falta. Mas estão próximos. Têm estrutura, um centro de treinamento maravilhoso, pagam bem. Esse é o segredo do futebol: pagam bem, dão condições de trabalho maravilhosas, estão numa cidade boa e têm um estádio sensacional. O que mais precisa? Falta contratarem certinho, pois categorias de base boas eles têm e, daqui a pouco, abocanhar um título. Um time, para virar grande, tem de ganhar alguma coisa importante. Aí, pega gosto por aquilo e quer sempre ganhar. Faz tempo que o Botafogo não ganha um título nacional. Está na hora de voltar a ser campeão? Neste Brasileiro, não sei se seremos primeiro, segundo, terceiro ou quarto. Vamos pontuar para ir para a Libertadores. Há uma série de fatores que fazem com que a gente perca o rumo, mas estamos pegando ele de volta. Tínhamos um castelo de areia. Ele caiu. Agora, temos de reconstruir – com a mesma areia que caiu, os mesmos jogadores que estão aqui. O que não podemos é sair chutando a areia, senão não conseguimos mais fazer o castelo.
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SÉRIE D por Leonardo Bertozzi
A divisão do
ÓCIO Fora das três divisões do Brasileirão, clubes enfrentam problemas financeiros e ausência de motivação no segundo semestre. Há até quem prefira desativar o departamento de futebol
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ata: 20.01.08. Horário: 00:00. Local: Indefinido. Competição: Paraibano”. Essa é a informação fornecida pelo site oficial do Treze, de Campina Grande, sobre o próximo jogo da equipe. O Galo da Borborema fez sua última partida oficial no dia 6 de maio, pelo Estadual. Como não se classificou para a Série C do Campeonato Brasileiro, não voltará a jogar oficialmente neste ano. As três divisões nacionais são compostas por um total de 104 clubes. Para as centenas de times que ficam de fora, o calendário da CBF não prevê nenhuma competição. Assim, descobrir o que fazer no espaço de tempo entre um Estadual e outro pode ser um autêntico desafio. Emprestar jogadores para outros clubes, disputar torneios criados pelas federações estaduais e até fechar o departamento de futebol estão entre as soluções mais comuns. O Treze enquadra-se no primeiro caso. A equipe firmou uma parceria com a Queimadense, que disputa a segunda divisão da Paraíba. Jogadores e comissão técnica são cedidos, o que alivia a folha salarial. Assim, o clube passa a ter apenas gastos administrativos, cobertos graças a subsídios de um programa do governo estadual. “A divisão das receitas é feita de acordo com a colocação no Estadual e, como campeões de 2006, ficamos com a fatia maior”, explica Giancarlo Dantas, gerente de futebol do Treze. Para outros clubes, o fim do Estadual significa a suspensão das atividades do departamento profissional. É o que faz, por exemplo, o 15 de Campo Bom, que já foi semifinalista da
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Copa do Brasil e três vezes vice-campeão gaúcho. Na hora de pensar no ano seguinte, o jeito é montar um time novo. “É um processo que começa do zero”, conta o gerente de futebol Alceu Bordignon. “Acompanhamos as Séries B e C do Brasileiro e a segunda divisão do Gaúcho. O problema é que o time precisa dar certo logo de cara, não há segunda chance”. O 15 de Campo Bom prefere a inatividade até mesmo à possibilidade de disputar a Série C – a ponto de abrir mão da vaga no torneio. Questionado sobre a aparente falta de ambição, Bordignon argumenta: “Se fôssemos promovidos para a segunda divisão do Brasileiro, precisaríamos de um estádio para 10 mil pessoas. O nosso comporta só 2 mil”. Outro fator a considerar é o alto custo de manter o time em atividade contínua. “O setor de calçados, que ajuda muito a bancar nossa equipe, não atravessa bom momento”, lembra o dirigente.
Copas “Federação” Sabendo das dificuldades dos clubes, algumas federações estaduais criam torneios para manter os times em atividade, oferecendo atrativos como vagas na Série C ou na Copa do Brasil – mas praticamente nada em termos de visibilidade e incentivos financeiros. A Cabofriense, que disputa a Copa Rio, tem sua folha de pagamentos sensivelmente aliviada por uma parceria com o Cruzeiro, que empresta jogadores e continua pagando os salários. A ausência do Brasileiro só não é vista com pesar pelo presidente do clube, Waldemir Mendes, por um simples mo-
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OS DESTAQUES DA “SÉRIE D” América-MG Principais conquistas: 1 Brasileiro da segunda divisão, 1 Copa Sul-Minas, 15 Estaduais Como foi no Mineiro-2007: 12º lugar (rebaixado) O que ainda disputa: Taça Minas Gerais
Londrina Principais conquistas: 1 Brasileiro da segunda divisão, 3 Estaduais Como foi no Paranaense-2007: 10º lugar O que ainda disputa: Copa Paraná
Treze Principais conquistas: 13 Estaduais Como foi no Paraibano-2007: 5º lugar O que ainda disputa: nada
CSA Principais conquistas: 1 vice da Copa Conmebol, 36 Estaduais Como foi no Alagoano-2007: 9º lugar O que ainda disputa: nada
Copa do Brasil foi a única competição nacional que o CSA (esq.) jogou em 2007
Ferroviário-CE Principais conquistas: 9 Estaduais Como foi no Cearense-2007: 5º lugar O que ainda disputa: nada
Americano tivo: o rombo que uma competição como a Série C poderia causar aos cofres. “As viagens são longas e caras. Calculamos que seria preciso cerca de R$ 1,2 milhão para bancar uma participação que durasse até a última fase”, afirma. Na Copa Rio, o campeão se classifica para a Copa do Brasil, enquanto o vice garante vaga na Série C do ano seguinte. Por que o prêmio maior é a disputa de uma competição que pode terminar em um jogo? “A Copa do Brasil é disputada simultaneamente ao Estadual, ou seja, seu time já está montado”, argumenta Mendes. O regulamento da Copa Federação Paulista prevê a mesma divisão das vagas. A Ferroviária estaria jogando a Série C se tivesse perdido a final do ano passado para o Bragantino. Como venceu, fica “apenas” com a copa regional no calendário do segundo semestre. “Houve muita polêmica sobre isso, mas decidimos jogar sempre para vencer”, relata Bruno José Ópice de Matos, diretor de futebol do time de Araraquara. “Se, por um lado, a Série C nos permite chegar à Série B, onde há outras equipes paulistas se destacando, por outro, a Copa do Brasil pode gerar uma boa receita em cotas de televisão, dependendo de quem for o adversário”. No fim das contas, a ausência da Série C só é lamentada pelos poucos clubes que têm objetivos mais ambiciosos. Se a Terceirona já é vista como motivo de sacrifício financeiro, a criação de uma Série D nem passa pela cabeça dos dirigentes dos clubes. Melhor mesmo é ficar sem divisão.
Principais conquistas: 1 Brasileiro da terceira divisão, 6 Estaduais Como foi no Estadual do Rio-2007: 10º lugar O que ainda disputa: nada
Botafogo-SP Principais conquistas: 1 vice do Brasileiro da segunda divisão, 1 vice do Estadual Como foi no Paulista-2007: campeão da terceira divisão O que ainda disputa: Copa Federação Paulista
Sergipe Principais conquistas: 32 Estaduais Como foi no Sergipano-2007: 3º lugar O que ainda disputa: nada
Campinense Principais conquistas: 17 Estaduais Como foi no Paraibano-2007: 3º lugar O que ainda disputa: nada
Fluminense-BA Principais conquistas: 2 Estaduais Como foi no Baiano-2007: 6º lugar O que ainda disputa: nada
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Teu presente é uma
LIÇÃO Dívidas milionárias, milionárias processos na Justiça por lavagem de dinheiro, ameaça de punição pela Fifa, descrédito no mercado e resultados fracos em campo. Caos mostra como amadorismo e brigas políticas afundaram o Corinthians
por Ubiratan Leal
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ndrés dé S Sanches h caminha i h pelas l alamedas l d d do S Sportt Club Corinthians Paulista com a confiança de que aquilo tudo estará, em breve, sob seu comando. Sempre há alguém o rodeando e cumprimentando, aproveitando para dizer ao repórter coisas como “você está falando com o futuro presidente do Corinthians”. Talvez essa expectativa não se confirme, e Sanches nunca assuma o comando do clube do Parque São Jorge. Mas a situação é sintomática do processo político e administrativo pelo qual passa um dos maiores clubes do Brasil. No momento, Sanches é a principal figura de oposição ao presidente licenciado Alberto Dualib. Líder do grupo “Renovação e Transparência”, o presidenciável corintiano conseguiu reunir em torno de si uma quantidade considerável de aliados, que lhe deram uma surpreendente vitória na eleição de 100 conselheiPlacar da votação no Conselho ros, na assembléia geral do clube. Deliberativo que decidiu pela “Ainda não está oficializado que saída de Alberto Dualib e Nesi sou candidato, mas, pelo movimenCuri. Os cinco votos em favor dos to que eu fiz, fiquei credenciado, dirigentes vieram de familiares graças ao grupo que está atrás de
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Alberto Dualib Al Elei em 1993, mudou o estatuto de forma a Eleito o conselho para ser reeleito várias vezes. ddominar om Ainda A in colocou vários familiares no conselho. Com ajuda de parcerias, foi o presidente do clube em a aj algumas de suas mais importantes conquistas. Foi alg responsável pelo acordo com a MSI. o principal p
Andrés Sanches An Gan Ganhou espaço como diretor de futebol, em 22004, 00 e montou um time que quase foi rebaixado nnoo Paulista. Entusiasta da parceria com a MSI, ficou ddoo lado de Kia Joorabchian e passou a articular um grupo de oposição. Defendeu a empresa até o gru conselho votar pelo fim da parceria. con
Marcelo Ferrelli/Gazeta Press
Antônio Roque Citadini An Vice VVice-presidente do clube no início da década, notoriedade pelo comportamento gganhou an Foi contra a parceria com a MSI e deixou ffolclórico. olc de Dualib quando o contrato com a o grupo g empresa foi assinado. Os torcedores o identificam em como futuro líder corintiano com .
Clodomil Orsi Clo mim”, afirma, sem conseguir esconder suas pretensões. Sanches, porém, está longe de representar uma novidade. Na realidade, ele não deixa de ser um produto da administração que tenta suceder, até porque foi diretor de futebol e vice-presidente dela e sempre apoiou a parceria com a MSI (Media Sports Investments), estopim para o processo de mudança no comando do clube. Esse é apenas um dos sintomas do vácuo político e gerencial do Corinthians. A sensação é reforçada quando se percebe que, entre as demais lideranças que aparecem na luta pela presidência, estão outros ex-aliados de Dualib que cresceram com o vácuo criado por 14 anos de domínio de uma única corrente política. Ou seja, não é absurdo supor que os prováveis responsáveis pelo futuro do clube têm participação no caos atual. “Houve muita omissão no Corinthians”, comenta Antônio Roque Citadini, presidente do Conselho de Orientação corintiano e ex-vice-presidente do clube. Haja omissão para permitir que o clube chegasse onde está. Em 1º de dezembro de 2004, o Corinthians assinou um contrato de co-gestão com a MSI, obscura empresa representada por Kia Joorabchian, iraniano radicado na Inglaterra. Desde então, algumas lideranças corintianas
Dire discreto, que nunca se destacou na Diretor corintiana. Assumiu a presidência por ser ppolítica ol o vice v mais velho, depois da renúncia de Alberto Dualib D ua e Nesi Curi. Foge de brigas internas, ao dizer que não pretende continuar no poder e apenas toca o clube até um novo presidente ser eleito. toc
Rubens Ru ubens Approbato Machado Ex--presidente da OAB-SP, ex-vice-presidente da Ex-presidente Paulista de Futebol e atual presidente FFederação edderação Pa ddoo STJD, é visto vis como uma liderança confiável, pelo ccurrículo. urrrículo. É uum dos principais defensores da criação de uma junta para administrar o clube e fazer a transição antes de novas eleições. tran nsição ant
Omar Stábile
Paulo Garcia
Outro ex-vice-presidente de Alberto Dualib que mudou de lado e passou para a oposição. Líder do grupo “Ação Corintiana”, é provável candidato a presidente, apesar de ter menos força que Sanches.
Ex-diretor administrativo de Dualib, também articula a formação de uma chapa para concorrer ao comando do Corinthians.
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e parte da imprensa denunciaram a ligação da parceira com Boris Berezovski e Badri Patarkatsishivili, empresários procurados pelo governo russo por ligação com organizações terroristas tchetchenas. O Ministério Público e o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) passaram a investigar a empresa. O clube tentou ignorar as evidências de irregularidades no dinheiro que chegava ao Parque São Jorge. No início, até era fácil, pois a MSI contratou jogadores de nível internacional, e o time, mesmo sem comando, ganhou o título brasileiro, em 2005. Durante esse período de bonança, Dualib aproveitou a força política que adquiriu para consolidar a estrutura quase familiar em que transformou o Corinthians. Tudo, porém, tinha um limite. Disputas por poder entre Joorabchian e Dualib levaram o iraniano a voltar a Londres. Em junho de 2006, a MSI interrompeu o envio de dinheiro ao Brasil. O Corinthians viu-se obrigado a bancar com recursos próprios um departamento de futebol caríssimo, fora da realidade brasileira. As dívidas, que eram de R$ 60 milhões e supostamente seriam zeradas pela MSI, acabaram subindo para cerca de R$ 72 milhões.
Problemas na Justiça O cenário, que já não inspirava otimismo, tornou-se particularmente ruim quando a Justiça Federal decidiu acatar denúncia do Ministério Público a respeito das atividades da parceira corintiana. O MP acusou dirigentes da MSI de usar o futebol para tentar lavar o dinheiro obtido em crimes financeiros de Berezovski.
Títulos da gestão Alberto Dualib, contando Mundial de Clubes, Campeonatos Paulista e Brasileiro, Copa do Brasil e Rio-São Paulo. Apenas quatro foram conquistados sem a ajuda de parcerias que o dirigente acertou nos 14 anos em que ficou no poder
Joorabchian seria um “laranja” do russo e também foi citado no processo. Além dos dois, foram denunciados Alberto Dualib, Nesi Curi (vice-presidente licenciado do Corinthians), Nojan Bedroud (diretor da MSI), Renato Duprat (intermediário da negociação entre empresa e clube), Paulo Angioni (ex-diretor da MSI) e Alexandre Verri (advogado que tinha procuração da empresa) – todos por lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Todos negam a participação em atividades ilícitas. A MSI, via assessoria de imprensa, limitou-se a afirmar que sempre agiu dentro da lei. De qualquer maneira, Bedroud, Joorabchian e Berezovski estão na Inglaterra, e o governo britânico não concede extradição. A chance de um de eles vir ao Brasil para responder ao processo é ínfima, mas a conta bancária da empresa aqui foi bloqueada e não pode mais receber recursos de “offshores” (empresas com sede em paraísos fiscais). Os brasileiros citados respondem em liberdade, mas Dualib e Curi pediram afastamento da direção corintiana, alegando necessidade de preparar a defesa no processo.
Derrota para o River, na Libertadores de 2006, foi um duro golpe para a torcida e para a parceria Corinthians-MSI
ANOTE NA FOLHINHA
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Comissão recomenda o afastamento de Alberto Dualib por 60 dias
Cori também recomenda que Dualib e Nesi Curi sejam afastados
Conselho aprova fim do acordo com MSI
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AGOS
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TO/0
O/07 JULH
Justiça acata denúncia do Ministério Público contra Corinthians e MSI
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Dias agitados no Corinthians. O processo de troca de presidente está em curso, mas a mudança efetiva do comando ainda depende de prazos definidos pelo estatuto. Nesse período, a agitação política deve ser grande, pois as chapas terão de se organizar esperando a eleição. Veja o que já ocorreu e o que vem pela frente.
Dualib e Curi pedem afastamento por 60 dias
Começa licença de Dualib e Curi. Clodomil Orsi assume a presidência
Conselho Deliberativo afasta Dualib e Curi e dá início a processo de impeachment
Termina licença de Dualib e Curi. Renúncia pode evitar impeachment
Prazo final para a comissão que estuda o impeachment apresentar suas conclusões
Período provável de eleição, caso Dualib renuncie ao fim de sua licença
Obs.: o mandato de Dualib termina em janeiro de 2009, mas a expectativa é que ele renuncie. Assim, eleições seriam convocadas para as semanas seguintes. Caso Dualib permaneça, o Conselho pode decidir pelo impeachment, que seria votado 30 dias depois da apresentação do relatório da comissão que analisa o caso. Se os associados aprovarem o pedido, o Conselho Deliberativo tem mais 30 dias para confirmar a saída do presidente.
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Caetano Barreira/Reuters
de Dualib, em entrevista à Rede Globo. A venda do meia Willian por US$ 18 milhões ajudou a saldar a dívida, mas a permanência de Nilmar no Parque São Jorge depende da Justiça Trabalhista. O departamento jurídico do clube tem também de resolver o rompimento do contrato com a MSI. Em 24 de julho, o Conselho Deliberativo votou pelo fim da parceria. Assim, a direção do clube criou uma comissão para estudar juridicamente a quebra do acordo. Teoricamente, o Corinthians teria de pagar US$ 25 milhões, mais o déficit que a empresa teve com a parceria. No entanto, o fato de a MSI ter sido denunciada por lavagem de dinheiro e de seus dirigentes estarem na Inglaterra dá tranqüilidade ao clube. “Não tem sentido nos impor uma multa por querermos nos livrar de uma empresa denunciada por ser quadrilha de lavagem de dinheiro”, avalia Citadini.
Desordem interna
Durante a investigação, a Polícia Federal grampeou telefones de dirigentes corintianos e escutou conversas a respeito de eventual suborno de árbitros, para evitar o rebaixamento no Brasileirão de 2006. O STJD requisitou as fitas, mas não deu continuidade ao caso, por considerar que a idéia de comprar resultados não se tornou realidade. No entanto, a credibilidade do clube ficou tão abalada que o caso foi suficiente para, mais uma vez, colocar em dúvida a lisura dos resultados esportivos obtidos nos últimos dois anos e meio. O arquivamento do processo por Valor aproximado que a manipulação de resultados não liMSI investiu no Corinthians, vrou o Corinthians de problemas por irregularidades administratidurante a parceria. O número vas. O Lyon cobrou, via Fifa, o panão considera as contratações gamento de € 8 milhões pela conde Tevez, Mascherano, Sebá tratação do atacante Nilmar. Entre Domínguez, Roger, Gustavo as punições previstas pela entidade, Nery e Carlos Alberto, pois estão aplicação de multas, retirada elas foram feitas sem que o de pontos e até rebaixamento. O risco era grande, tanto que a diredinheiro passasse pelo Brasil toria tratou a questão como prioridade. “A gente precisava acabar logo com isso, para a Fifa não nos cortar”, afirmou Clodomil Orsi, preDívida estimada do Corinthians sidente corintiano desde a renúncia
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64 milhões
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72 milhões
A herança negativa não é apenas financeira e jurídica. O departamento de futebol desestruturou-se e não formou uma estrutura para que o time continuasse forte após a saída da MSI. A situação não é melhor nas categorias de base. Dirigentes têm ligação com alguns jovens e interferem no trabalho da comissão técnica. “Há jogadores protegidos de diretores que são promovidos antes dos outros e recebem salários maiores que a média”, afirma Citadini. “Isso existe em todo clube e, logicamente, no Corinthians também. Perde-se muito dinheiro com isso”. A forma como diretores atuam gera suspeitas. Falase em “mensaleiros”, conselheiros que teriam se mantido ao lado de Dualib em troca de favores nos contratos do Corinthians. Orsi mesmo disse que, nos 60 dias em que ficará no poder, pretende avaliar o quadro de servidores do clube. Sanches, líder da oposição, é mais direto. “Não posso dizer que roubam porque não tenho como provar, mas estão comprando coisas com valor muito acima do mercado – do futebol ao departamento de peteca”. Nesse aspecto, uma das principais acusações diz respeito ao acordo com a SMA, agência de Carla Dualib (neta do presidente licenciado), que era responsável pelo marketing do Corinthians sem passar por concorrência. Para se ter uma idéia, a empresa recebeu R$ 763 mil do clube em 2006, sendo que o departamento de marketing corintiano faturou apenas R$ 716 mil em licenciamento da marca, no mesmo período. A reportagem entrou em contato com Carla Dualib, mas a publicitária disse que não se pronuncia sobre o assunto. Com um sistema viciado, ninguém diz saber o tamanho do buraco em que o Corinthians se enfiou. Ainda por cima, Dualib é acusado de ter se antecipado às investigações do Ministério Público e repassado imóveis no valor de R$ 14,3 milhões para empresas no Uruguai. Clubes com grandes dívidas são muitos, mas é raro um caso de crise institucional tão profunda, em que desorganização interna leva a alianças com o crime organizado internacional. Para piorar, há um processo político em andamento, em que a busca por soluções pode ser ofuscada pelo desejo por poder. Mesmo que tudo dê certo, sair do buraco não será fácil para o Corinthians. Setembro de 2007
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ra a p s e õ ç u s l n so a i h int r o C o caso, r”, no
lva m hino ue “sa u q e a d d a n r . Ai r tu o thians” s vezes a abe n i r o situaçã C à o a r o e a ã r v ç r”, ela “Sal o em a em r “sauda v i e t u s q e os estã r g fi i i u e s l i s o sign a ã tro tem l foi t bes br u o u o l b c e m t s u u o i enh io de f l, vár , mas n l e litíg a a . Afina r r i e e e d m c a i e t n do o fina olícia F ofrer com um ã P ç a a u n t i s es es s o grave de além d e proc d , o r s a s omada r t u v r i l a o e a t i s t l de nte uspe ficu ularme que di heiro s c i , n t i a r d d a a p ra i m co a volta enário rna vic r c e a t e p n s i r s a e e is. N o faz polític gencia vinegr l r e A m o e a s. r est a ações gestõe e u u s q z e o vo, dá d negati Trivela A ? e nd ser gra
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Títul o de 20 Brasileir o 05
Realizar auditoria in i dependente
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Bebeto de Freitas foi ele ito presidente do Botafog o quatro dias antes de o clube ser matematicam ente rebaixado para a Série B do Brasileirão. Naqu ele momento, sabia-se que a situação do Alvinegro carioca era caótica, e nin guém ainda acreditava que era possível extorquir o clube. Assim, foi po ssível iniciar um projeto de recuperação. O Corinthi ans precisa passar pelo mesm o processo, acabando com a crença interna de qu e o time sempre será gra nde (e apetitoso a dirigentes menos sérios). A única maneira de isso acontecer é com a contratação de uma auditoria independente. Poucos sabem exatament e o tamanho da dívida – estima-se que estivesse em R$ 72 milhões, no fina l de 2006 –, e há suspei ta de contratos superfaturad os. Sem conhecer o teo r de todos os contratos, nem as características da dív ida, é inviável elaborar um projeto administrativo.
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Não arrastar pendências grandes
ais vação m e u r q o é a sal a de para h c a Não co-gestãou-se no sistceumldades paraauma Dualib vici teve em difi u um contr o
Aproximar do clube corintiano
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Não é possível planejar o futuro do clube enquanto não se resolverem de vez problemas como a parceria com a MSI. Recentemente, o conselho do Corinthians deu liberdade para a diretoria encerrar oficialmente o contrato com a empresa. No entanto, o acordo prevê uma multa rescisória por rompimento unilateral, e a MSI pode entrar na Justiça contra o clube. Os corintianos apostam que, por ter seus diretores procurados pela Justiça, a empresa não cobrará a multa. No entanto, Gustavo Vieira de Oliveira, advogado especializado em direito esportivo, alerta: “O fato de diretores da MSI serem processados não impede que a empresa continue existindo legalmente. Quem for o responsável por ela pode seguir com o processo por quebra de contrato”. Ou seja, esse ainda é um problema que aguarda solução definitiva. A idéia de se proteger também vale para as dívidas trabalhistas – que resultaram em penhora de renda, em clubes como Portuguesa e Guarani – e para a disputa com o Lyon pela compra de Nilmar, caso aparentemente resolvido com a venda de Willian para o Shakhtar Donetsk.
to e es Banc certo Alber sa – re qu rigente a e p r p m e para em di s. S e, o uma heiro raceria n m i e i t d u q va ar o o fatu o, em njeta mont ção n a com gestã I – i a S p o i c M c i g t to de F ou ca de par A bri ao HMT o ebol. t r , l t imas u e f x c m ó e e r d Ex p s e o s nt que oa ataçõ mam rtame pois pess r a fi p contr a e d s m a, thian ia mais u o do marc ment r Corin essa a o o r e t d t v n s e co ge ã It ado ue en o por má a MS cenci i q l e a e t d m is ss o den sabe proce vicçã o presi n o ã o d n c laro -lo ans nha cou c o salvá inthi fi r ele ti a o o r C a m o iro p . Co eciso isso, parce prazo ram, é pr Com o . g e n ar as a b o u cion de l contr n n s do cl u e o f t e um o ão proje ões n da situaçã sem usar t s criar e g roa, s codeas r o p o rutur t a s r e r que a mar as ré u emp terin to e sua tro d ivo, para sidente in clube n e e d t ora d pre ões alia o é h que soluç ã mo p O próprio o N “ c . iro tese. esas rente terce essa empr r e ara f a d tos”, r p n u e c a proje s blem il Orsi def as de pro o s s prono m a ao ria, m ção com t e s Clodo c i r v a e ra entr em p oope falar e, em . em c t u n q e s g i ir bu lar” u o d Espetacu o m r afi porte a “Es gram
O ideal para a reestruturação é o Corinthians ter administração profissional, com executivos contratados para trabalhar em funções nas quais têm com petência. Ainda assim, o clube precisa da ajuda de nomes ilus tres. Vários corintianos, como Abram Szajman, presidente da Federação do Com ércio do Estado de São Paulo, o publicitário Washington Olivetto e o econom ista Luis Paulo Rosemberg, têm credibilidade no mercado, vida profissional consolidada e mostraram disp osição de ajudar o clube. Pessoas com esse perfi l poderiam incutir uma visão mai s empresarial no Corinthians. “O clube tem dificuld ade cultural em ser pioneiro adm inistrativamente. Quando prestei consultoria par a o Memorial do Corinthians, a dire toria não via a possibilidade de aquele ser um ponto turístico da cidade de São Paulo. Pensavam apenas em levar excursões de menta o jornalista Celso Unzelte escolas”, co, autor do livro “Almanaque do Timão”. “O clube precisa se plan em resultados como agente de ejar e pensar entretenimento que é”, complet a.
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Kia Joorab chian
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Ser ousado na negociação de TV “Se o Corinthians vier conosco, rompemos com o sistema atual”. A confidência, dita por um dirigente de um grande clube paulista, mostra como o Alvinegro é importante para qualquer negociação de direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro. Atualmente, a Globo compra o torneio direto do Clube dos 13, que fecha um contrato para toda a competição. Como vários times têm dívidas com a emissora carioca, que adiantou cotas dos próximos anos para que os clubes saíssem do vermelho, é difícil que outra empresa de comunicação leve o Brasileirão. Grandes clubes sentem-se prejudicados por esse sistema e imaginam que, rompendo com o Clube dos 13 e negociando suas partidas separadamente, poderiam melhorar seus ganhos com TV. Esses “insurgentes” esperam o Corinthians para aumentar o poder de barganha no mercado – e o Timão, por sua popularidade, seria um dos que mais capitalizaria com a negociação individual.
s torcedorem seus tors o m o c de co roximida o aberta
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Ter relaç
re foi a p pam mais se preocu ians semp e th u n q ri s o ia C es do itar que em milíc ontos fort ava acred anizados m u rg st o o s c o Um dos p o io de, nã r méd m, eram s de verda que fosse O torcedo o . s e – te m s n ti re te o e o d p ce na fideos com que com confiava , por men poder do m e é b u b lu se m c ta o m d o c entes itam nas o clube não acred res e dirig ossível. E o p s d o r a n o g a lh ti jo e n s o speitas a Os cori ziam o m ce mais. lado, há su os que fa te o n n a o tr c ti u a n o ri o o o ã c Isso n que fique tletas. D torcedor. iente sem ção dos a b a o d ic m d a e e d o d a ra a d m li tes e n multua rência pa de dirigen as, que tu e transpa d d a a iz is n c a o re rg ç p intenções s das o al situa ã nthians as atitude hecer a re es. O Cori n õ o ç c n te m a in respeito d ão. s reais s precis estruturaç is são sua ores. Este cesso de re claro qua us torced ro se p m o o n c ia ciênc er o elo preciso pa restabelec der que é n te n e e do clube
Conf onfusão n 4/mai0/ 2
Recuperar credibilidade no mercado O Corinthians é o clube mais popular de São Paulo, batendo todos os rivais em número de torcedores, em qualquer classe social. No entanto, o Alvinegro não tem conseguido contratos de publicidade bons, como o São Paulo. Esse é um sinal da falta de credibilidade do Corinthians, visto no mercado como um clube bagunçado e de mentalidade tacanha, em que não se sabe quem manda e cujos contratos nem sempre são cumpridos. Para isso, ajudou o fato de, por vários anos, o marketing do clube ter ficado nas mãos da SMA, agência de publicidade de propriedade de Carla Dualib, neta de Alberto Dualib. Qualquer projeto de exploração da marca ou do potencial econômico do clube, de construção de estádio a linha de produtos licenciados, depende de o mercado acreditar no profissionalismo da diretoria.
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Moderni
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O estatuto que rege o Corinth absolutis ians é um mo. O p residente convite a formado é o e le it por 400 m o por um e m conselho b ros. Desse e geralme s, 200 são nte estão vitalícios aliados c indicados om a situ – pelo próp a ç ã o – e 100 s rio presid vagas para ã o e n te . Sobram os sócios apenas 10 elegerem abrir espa 0 . A chanc ço para n e d e o o conselh v as corren la, até po o tes polític rque há a as é quas possibilid e nuDepois d a d e d e infinita e 14 ano s reeleiçõ s sob a Dualib, o es. administr s novos a ç ã o lí de Albert d eres do c defender o lube são a mudan unânimes ça de esta leições. A e m tu to e a limita lém disso ção de re , o Corin melhor a ethians pre divisão e c is a e n quaciona tre área s nal, perm r ocial e fu itindo qu tebol pro e ambas fissioPara isso tr a b a lhem com , seria ne cessário ta autonom trégua en ia. mbém qu tre os gru e h o u p vesse um os polític para que a os que dis as decisõ putam o es sejam p que muda o d e r, re s peitadas. r o texto “Mais dif do estatu com legit ícil to é mon imidade ta r u m e a estrutura eficiência valor”, ale para que rta o adv ele tenha ogado Gu real stavo Vie ira de Oli veira.
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Dar tranqüilidade para o departamento de futebol trabalhar
s/Gaz Pilato ndo Ferna
o no no dia / 2006
acordo m u r a i Negoc do Pacaembu siobe profis o lu s c u m u a ra a par io ortante p
eta P
ress
Paulo Whitaker/Reuters
Muitas vezes, os interesses políticos e pessoais pautam as decisões do futebol corintiano, deixando de lado o que é melhor para o clube. Nas categorias de base, vários jovens saem do controle do Corinthians por ligação de dirigentes com empresários. No profissional, a falta de comando provoca incerteza no elenco e na comissão técnica, pois ninguém sabe se continuará no clube por muito tempo. Dias antes de deixar a vice-presidência de futebol, Rubens Gomes afirmou que o Corinthians teria propostas por seus jogadores que somariam R$ 106 milhões, o que salvaria o clube das dívidas. A declaração passou a sensação de que qualquer atleta poderia sair a qualdeen iou a falta de um projeto de vid vi o e eevidenc nto en quer momen háá anos. re h orre cor ocorre o ás,, oc lliiás , aaliás, e e, u que, q qu o – o z aazo raz prazo p go pr ong llongo lo
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Parq u São e J
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orge
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PAYSANDU por Leonardo Aquino
Desastre na
Pedro Luiz Costa/Hoje em Dia/Gazeta Press
Curuzu
Em 2003, o Paysandu chegou a vencer o Boca Juniors na Bombonera. Neste ano, foi eliminado na primeira fase da Série C. Para piorar, o futuro do Papão não é nada animador
Série de seis derrotas levou o Paysandu para a Série C
nício da tarde de 5 de agosto de 2002. Uma multidão invadiu o aeroporto de Belém. Eram torcedores do Paysandu que foram receber os heróis da conquista da Copa dos Campeões, título que credenciava o Papão a disputar a Libertadores. Os jogadores desfilaram em carro de bombeiros até o Estádio da Curuzu. Final da tarde de 5 de agosto de 2007. Pouco mais de mil pessoas estavam no
I
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Estádio da Curuzu, provavelmente arrependidas. Afinal de contas, o Paysandu perdeu para o Imperatriz por 1 a 0 e despediu-se da Série C do Campeonato Brasileiro, com sua pior campanha em todos os tempos: seis jogos, cinco derrotas. A coincidência nas datas torna ainda mais novelística a trajetória do Paysandu. Nesse intervalo, o Papão teve os momentos mais gloriosos de sua história: venceu
o Boca Juniors, em partida disputada na Bombonera, e passou quatro anos na Série A do Brasileirão, lotando estádios. Mas também chegou num ponto no qual a expressão “fundo do poço” é bondade: ficará cinco meses sem jogar uma partida oficial, corre o risco de nem disputar a Série C em 2008 e está atolado em dívidas. “Nosso calo são as dívidas trabalhistas”, resume o presidente do Paysandu,
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Miguel Pinho. “Todo dia, somos notificados de pelo menos uma ação na Justiça do Trabalho”, lamenta-se o dirigente. Uma consulta ao site do Tribunal Regional do Trabalho aponta 131 processos contra o clube. Alguns valores são estratosféricos. O meia Arinélson, por exemplo, jogou apenas duas partidas com a camisa bicolor, em 2004, e foi dispensado. Com base em uma cláusula do contrato, ele pede mais de R$ 2 milhões pela rescisão. Miguel Pinho assumiu um Papão falido e recém-rebaixado à Série C, em dezembro de 2006. Gaba-se de ter feito uma série de acordos na Justiça para evitar que a bola de neve crescesse ainda mais. Só que ainda não tem noção de quanto o Paysandu realmente deve. “Estamos concluindo uma auditoria nas finanças do clube. Mas o trabalho é difícil porque a administração anterior não deixou qualquer tipo de prestação de contas. O cálculo é baseado no que os credores nos informam”, explica o presidente.
A gestão Tourinho Por “administração anterior”, Miguel Pinho refere-se a Arthur Tourinho, presidente do Paysandu entre 2001 e 2006, justamente o período de apogeu e queda do clube. O ex-cartola defende-se: “Não sou o único culpado pela crise do Paysandu”. Tourinho nega que tenha escondido prestações de contas e diz que a conjuntura contribuiu para o enfraquecimento do Paysandu: a distância entre
As perspectivas são as piores possíveis. O Paysandu está praticamente sem receita até janeiro
aproveitado para ganhar dinheiro com marketing. Diz que fechou contratos de licenciamentos de 30 produtos com a marca do Paysandu e que também tentou montar um programa de sócio-torcedor: “Contratei uma empresa do Rio de Janeiro, mas não conseguimos o número de sócios necessário para bancar o projeto”, relata.
Futuro incerto Belém e os grandes centros do país, as cotas reduzidas, os erros de arbitragem... “Era como se o Paysandu fosse uma família com renda de R$ 2 mil convivendo com várias outras com renda de R$ 30 mil”, compara. Quanto à própria gestão, Tourinho é evasivo. “Houve erros, mas houve mais acertos”, afirma. Diz que o período vitorioso foi um “projeto bem sucedido” idealizado por ele. O cartola afirma que o clube poderia ter crescido mais: “contratei uma consultoria para elaborar um projeto de transformação do Paysandu em clube-empresa. Mas não levei a proposta ao conselho deliberativo porque ele não aprovaria”. Sobre as dívidas trabalhistas contraídas quando foi presidente, Tourinho diz que os valores que surgem na imprensa são exagerados. “O valor de uma dívida não é o pedido pelo advogado. A dívida real do Paysandu não chega a R$ 1 milhão”, afirma. Tourinho também nega uma acusação freqüente: a de que o Papão não teria
Falando em finanças, as perspectivas para os próximos meses são as piores possíveis. O clube está praticamente sem receita até janeiro, quando começa o Campeonato Paraense. Uma frente parlamentar está sendo articulada com o objetivo de buscar apoio financeiro para o clube. Entre os organizadores, estão dois ex-ídolos: Vandick (vereador de Belém) e Robgol (deputado estadual). As doações também são outra fonte de renda indispensável no momento. São elas que permitem, por exemplo, a ampliação das arquibancadas da Curuzu. O presente triste e o futuro incerto são ainda mais dolorosos para quem tem um passado glorioso. “É lamentável ver isso, depois de tudo o que o Paysandu viveu. O clube depende de união, não dá para esperar só atitudes da diretoria”, afirma Vandick, herói das conquistas da Série B, em 2001, e da Copa dos Campeões, em 2002. É o lamento de quem ajudou a levar o alvi-azul para além das fronteiras do país e, hoje, vê o clube agonizar no vermelho.
A TRAJETÓRIA DE ASCENÇÃO E QUEDA DO CLUBE 2001
2002
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O Paysandu conquista o título da Série B do Campeonato Brasileiro, pela segunda vez.
O ano mais vitorioso do clube em todos os tempos: tricampeão paraense invicto, Copa Norte e Copa dos Campeões. Assim, o Papão garante presença na Libertadores. No entanto, a campanha na Série A é ruim, e o time só se livra do rebaixamento na penúltima rodada.
Faz campanha surpreendente na Libertadores, chegando a vencer o Boca Juniors em plena Bombonera, no jogo de ida das oitavas-de-final (na volta, perdeu por 4 a 2). Mesmo com o time mais caro de sua história, o Papão passa aperto no Brasileiro e só escapa da queda na última rodada.
O time perde o Campeonato Paraense para o Remo, pelo segundo ano seguido. Mesmo fazendo 70 contratações ao longo do ano, a campanha na Série A é razoável: 14º lugar. Surgem as primeiras notícias sobre salários atrasados.
O Papão conquista o campeonato estadual, mas forma um time às pressas para o Brasileiro. Resultado: o clube é rebaixado para a Segundona.
Bicampeão paraense, o Paysandu começa bem a Série B. Mas os atrasos nos salários tornamse cada vez mais comuns, e o Papão acaba rebaixado para a Série C, na última rodada.
Com uma política de pés no chão, o clube começa o Parazão com um time quase todo formado por jogadores locais. Faz uma campanha desastrosa e fica de fora da final. Na Série C, com um time muito fraco, é eliminado logo na primeira fase, com cinco derrotas em seis jogos. E o Papão mergulha de cabeça na pior crise de sua história.
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COPA
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PARTE 4: Cidades
Parques
temáticos
Conveniência política e intenção de distribuir a Copa do Mundo por cidades com perfis diferentes podem provocar surpresas na escolha das sedes do torneio
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Carlos Eduardo Freitas/Trivela
Cidades que receberem a Copa precisam se preparar para oferecer atrações turísticas para torcedores de todo o mundo, como fez Dortmund
Critérios turísticos Como os atrativos turísticos brasileiros são pouco conhecidos do resto do mundo, o Comitê de Candidatura quer vender a diversidade e grandeza do país como uma das virtudes de um Mundial no Brasil. “Querem dividir a Copa por temas. Teríamos a sede das praias, do carnaval, a sede da Amazônia, da cidade grande, do antigo, do moderno”, afirma uma pessoa envolvida diretamente no projeto de uma das cidades finalistas. “Por exemplo, se o comitê chegar à conclusão de que precisa levar o Mundial ao Pantanal, cidades como Campo Grande e Cuiabá ga-
Uso político Nem sempre o plano de marketing e uma certa “democracia geográfica” são suficientes para resolver todos os dilemas do Comitê de Candidatura – até porque a escolha de sedes é uma ferramenta política importante demais para ser definida de modo técnico. Organizar a Copa do Mundo dá a qualquer prefeitura ou governo estadual o pretexto para investir pesado em obras e ganhar popularidade – possibilidade apetitosa que coloca o Comitê de Candidatura em posição privilegiada para negociar. “Ricardo Teixeira coordena praticamente tudo sozinho, visitando as cidades, falando com governadores e antecipando definições sobre as sedes”, afirma o deputado federal Sílvio Torres Setembro de 2007
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Cidades
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raias, selva, carnaval, politicagem e futebol. Alguns dos estereótipos mais fortes do Brasil estão vivíssimos na candidatura brasileira para organizar a Copa do Mundo de 2014. Afinal, esses conceitos pautarão a escolha das cidades que receberão o evento, caso o país seja confirmado como sede. Trata-se de um quebra-cabeça complexo, que envolve qualidade técnica de projetos, potencial turístico e desejo de levar a competição a diversas regiões. Em teoria, imagina-se que as cidades-sede devam ter boa infra-estrutura (sobretudo transporte, comunicação, hotelaria e segurança) e um estádio em condições de receber uma competição oficial da Fifa. Nem tudo é tão simples, pois o processo de escolha não é claro. “O Comitê de Organização decidirá as sedes em conjunto com um comitê da Fifa”, afirma Ricardo Teixeira, presidente da CBF e do Comitê de Candidatura. Uma das dúvidas básicas é: quantas cidades receberão partidas? Foram entregues 23 projetos, sendo que sobraram 18 “finalistas” (veja no box da página 36). O Comitê de Organização – status que o Comitê de Candidatura passará a ter, se o Brasil ganhar, em novembro deste ano, a eleição em que é candidato único – tem de indicar as sedes em 2008. Teixeira quer 12 cidades, mas a Fifa fala em apenas nove ou dez. O cenário fica mais incerto pelo fato de haver uma certa flexibilidade na idéia de estar ou não adequada às normas da Fifa. Nem sempre se exige que a cidade seja impecável, o que abre espaço para critérios mais subjetivos. Daí surge a necessidade de realizar uma complexa engenharia geográfica e turística que pode espalhar seleções e torcedores estrangeiros por todo o país.
nham força. O mesmo vale para a disputa entre Manaus, Belém e Rio Branco, como sedes amazônicas”. Considerando que as principais cidades do país não devem ficar de fora por questões econômicas, a autopromoção torna-se um fator importante para as concorrentes menores. Por isso, já se vê uma disputa intensa entre elas. “Apesar de serem cidades do Sul, não considero Porto Alegre e Curitiba como adversários diretos de Florianópolis. Pelas projeções que fizemos, acredito que disputamos com o Mato Grosso”, analisa Carlão, exjogador da seleção brasileira de vôlei e atual secretário de esportes de Santa Catarina. Faz sentido, apesar de não ser recomendável ignorar o critério geográfico. Ricardo Teixeira sempre deixou claro que queria apenas uma cidade por Estado, como forma de espalhar o Mundial pelo Brasil e evitar concentração regional. Assim, Campinas, Jundiaí e Barueri, que tinham pretensões de concorrer, foram deixadas de lado. Pela mesma lógica, poderia ser considerada excessiva a escolha de três cidades no Sul do país, enquanto o Norte e o Centro-Oeste, juntos, poderiam ter o mesmo número. Para os casos de cidades menores que forem descartadas, a organização da Copa pretende trabalhar a possibilidade de indicálas como local de treinamento das seleções. Esse processo ainda não teve início, mas o próprio Teixeira já dá dicas de como seria. “A Copa do Mundo não é apenas para aqueles que vão receber as partidas. Uma equipe pode jogar no Rio de Janeiro e hospedar-se em Vitória ou jogar em Manaus e hospedar-se em Macapá”. O dirigente apresenta o caso do Brasil em 2006, que treinou em Weggis, na Suíça, antes de ir à Alemanha.
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por Ubiratan Leal
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Cidades
As finalistas
Veja quais são as 18 cidades que continuam na disputa para receber a Copa do Mundo de 2014 e quais as armas – e obstáculos – da candidatura de cada uma
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Belém (PA)
1.428.368
8
8.144
É a mais forte candidata a “sede Amazônica” da competição, considerando que o Comitê de Organização faça questão de aproveitar o potencial turístico da Amazônia e queira espalhar a Copa por todo o país. O fato de ter um bom estádio também favorece os belenenses.
2
9
Belo Horizonte (MG)
Brasília (DF)
2.399.920
2.383.784
43.522
Campo Grande (MS)
Cuiabá (MT)
765.247
5.286
542.861
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Curitiba (PR)
1.788.559
19.110
Conta com um lobby forte, e o Atlético-PR não tem economizado esforços para mostrar a viabilidade de seu estádio. Boas condições de transporte público e meio ambiente contam a favor. Negativamente, está a eventual concorrência de Florianópolis e Porto Alegre, mas isso não é visto como um problema muito grande.
7
Florianópolis (SC)
Goiânia (GO)
1.220.412
8.594 15
Maceió (AL)
922.458
6.749
A capital alagoana corre por fora entre as cidades nordestinas. Seu trunfo é a amizade de Ricardo Teixeira com o senador Renan Calheiros. Assim, a situação de Maceió depende muito da força que Calheiros terá no Congresso depois das investigações por falta de decoro parlamentar.
Manaus (AM)
1.688.524
29.678
A CBF considera importante ter uma sede na Amazônia. Manaus tem vantagem em relação a Belém por ficar no meio da floresta. Por outro lado, pesa contra o fato de ser mais distante do resto do país. Os amazonenses precisam provar que podem melhorar a infra-estrutura urbana e que o Vivaldão não se transformará em um “elefante branco”.
12
Natal (RN)
789.896
5.778
Como Maceió, a capital potiguar é uma figurante que tenta surpreender. O estádio teria de ser construído completamente, e a violência é alta. Além disso, Natal precisa superar a forte concorrência no Nordeste. O lado positivo é o potencial turístico da cidade.
5.260
Tem situação parecida com a de Campo Grande. Para a capital do Mato Grosso, ainda pesa contra o fato de ser mais isolada das demais sedes que a cidade sul-mato-grossense.
6
10
11
O futebol sul-mato-grossense está decadente, e Campo Grande não tem tradição de receber grandes eventos esportivos. Assim, os trunfos da cidade são a possibilidade de ser porta para o Pantanal – atrativo turístico importante – e uma eventual falta de sedes no oeste brasileiro.
5
15.797
24.513
Ricardo Teixeira faz questão de dizer que o projeto de Brasília para a Copa do Mundo é o mais adiantado. Pode até ser verdade, mas o fato é que o dirigente sabe que não seria de bom tom político deixar a capital federal de fora.
4
2.416.920
Tem bom estádio e alguma tradição em receber eventos. O problema de Goiânia é ser muito próxima a Brasília. Talvez o Comitê de Organização considere um exagero ter duas cidades no Planalto Central.
Fora do eixo Rio-São Paulo, é a cidade com mais chances de receber a Copa. O governador Aécio Neves é muito próximo politicamente à CBF, e o fato de, em 2008, o Mineirão receber pela segunda vez seguida o Brasil x Argentina das eliminatórias é visto como um sinal do bom relacionamento entre as partes.
3
Fortaleza (CE)
Em teoria, a capital cearense dividiria com Salvador e Recife o favoritismo entre as cidades nordestinas. No entanto, o excelente relacionamento entre o senador Tasso Jereissati e Ricardo Teixeira coloca Fortaleza à frente das concorrentes.
406.564
13
Porto Alegre (RS)
1.440.939
15.944
Com bons índices de desenvolvimento social, clima ameno e futebol forte, a capital gaúcha tem dois projetos de estádio com financiamento inteiramente privado. Os portoalegrenses dificilmente deixarão de receber a Copa, se o Brasil for escolhido como sede.
14
Recife/Olinda (PE)
1.515.052
14.280
É uma candidata natural no Nordeste. Força econômica, tradição do futebol e potencial turístico contam a favor. Os pontos negativos são os altos índices de violência e o fato de que o estádio teria de ser construído do zero, sem uma definição de quem o usaria depois.
4.284
Apesar de ser a segunda menor cidade entre as candidatas, Florianópolis tem apelo turístico, bons índices de desenvolvimento social e o projeto de seu estádio é privado. Como Porto Alegre e Curitiba estão mais fortes, os catarinenses precisam convencer o Comitê de Organização que o Sul pode ter três sedes.
15
Rio Branco (AC)
314.127
1.977
A capital do Acre é a maior zebra dessa corrida. É muito isolada das demais e tem pouca infra-estrutura e atrativos turísticos. No entanto, o lobby do governo acreano e do grupo que está comprometido em ampliar a Arena da Floresta mantém Rio Branco na disputa.
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Fonte: IBGE 2006 e 2004
1 11 8 12 14 10
17 5 3 9
2
4
16
18 6
Cidades em todas as regiões do país ainda estão no páreo
7
13
16
Rio de Janeiro (RJ)
6.136.652
73.975
Símbolo do Brasil para o mundo, o Rio organizou os Jogos Pan-Americanos com relativo sucesso e é considerado como escolha certa na corrida pela Copa de 2014. A disputa mesmo é com São Paulo, pelo direito de receber o jogo de abertura ou a decisão. No caso, o Maracanã deixa os cariocas em vantagem para a final.
17
Salvador (BA)
2.714.018
14.218
Maior cidade do Nordeste e importante pólo turístico brasileiro, a capital baiana é favorita natural a receber jogos da Copa. A proximidade do governador Jacques Wagner com Lula torna Salvador ainda mais atraente para a CBF. O problema é que tem de construir um estádio completamente novo, e há muita concorrência na região.
São Paulo (SP)
11.016.703
A capital paulista tem trânsito, violência e poluição, e o São Paulo (dono do Morumbi) vez ou outra entra em atrito com a CBF. É, porém, a cidade mais rica e populosa do país – o que permite uma capacidade de investimento sem igual – e a realização das obras de infra-estrutura independem da Copa. Por isso, poucos imaginam que possa ser preterida. A maior preocupação dos paulistanos é pelo direito de receber o jogo de abertura ou a final.
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160.638
Fotos Divulgação
18
(PSDB-SP), membro da subcomissão da Copa de 2014 formada na Câmara. “Ele está capitalizando politicamente”. Velhos aliados de Teixeira saem na frente, casos de Minas Gerais, com Aécio Neves, e do Ceará, com Tasso Jereissati. Pela forte concorrência nordestina, Fortaleza ainda não é tida como certa. Salvador e Recife têm força econômica, e até Maceió ameaça. Por outro lado, poucos colocam em dúvida a escolha de Belo Horizonte como uma das cidades-sede. Há outros indícios de que isso seja um fato. Antes de serem anunciadas as 18 cidades que seguem na corrida pelo Mundial, a ABIH (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis) recebeu uma lista com as capitais que precisariam ter um projeto de hotelaria por parte da entidade. Os nomes eram divididos em quatro grupos regionais, mas São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte não apareciam. “Não sei se elas estão fora da relação por estarem descartadas de antemão ou por serem certas como sede da Copa”, comenta Eraldo Alves da Cruz, presidente da ABIH. Pela importância das três cidades, é mais fácil acreditar na segunda hipótese. Ainda no âmbito das disputas políticas, há uma indústria de desinformação, que joga dados à imprensa para confundir ou pressionar determinados candidatos. No seminário que o Comitê de Candidatura organizou em maio, para apresentar as exigências da Fifa às cidades, uma pessoa ligada à CBF disse aos jornalistas, sem fornecer detalhes, que Porto Alegre, Salvador e Rio de Janeiro estariam atrasados em seus projetos. Os repórteres presentes ao evento repercutiram a informação, o que causou algumas surpresas. “Foi-nos dado um prazo, e ainda estamos dentro dele. Não sabia que alguém tinha entregado o projeto. Alguém já fez isso?”, estranhou, na oportunidade, Eduardo Paes, secretário estadual de esportes do Rio de Janeiro. Esse suposto atraso não tirou as capitais gaúcha, baiana e fluminense da lista de 18 “finalistas” indicadas pelo Comitê, e o assunto morreu. Aliás, o Rio de Janeiro é favorito a ser sede da final da competição. Exemplos como esse mostram que se ensaia uma briga feroz entre as cidades que ainda estão na disputa. Discursos vazios e ações confusas serão comuns. Seja em política, em marketing ou na rixa direta com o vizinho, há um campo bastante extenso para se trabalhar. Algumas atitudes podem ser positivas para desenvolver várias regiões do país. Outras podem transformar a CBF em credora de favores, o que dificilmente será bom para o Brasil. Setembro de 2007
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Cidades
PIB (em milhões de reais)
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População
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Aizar Raldes/AFP
La Paz ficou famosa pelos problemas que causa nos jogadores pouco acostumados à altitude, mas também conta com uma intensa cultura clubística
Altitude NÃO É tudo
Rivalidade e tradição fizeram que o dérbi Bolívar x The Strongest fosse alçado à categoria de “superclássico”
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CAPITAIS DO FUTEBOL por Ubiratan Leal Avenida Mariscal Santa Cruz é a principal via de La Paz. a Fifa proibir que a cidade recebesse partidas internacionais. Quem passa por ela testemunha um vaivém interminável A população boliviana ficou revoltada com a decisão da ende pessoas, muitas delas cercando alguma barraquinha tidade, o presidente Evo Morales criticou publicamente Joseph para comer uma apimentada saltenha. Carros, táxis e ônibus Blatter, e a federação de futebol local articulou com colegas da – estes últimos invariavelmente antigos – passam desordenadaConmebol o fim ao veto a cidades com mais de 2,5 mil metros mente, sem respeitar leis de trânsito e acionando a buzina code altitude. Com o movimento, conseguiram aumentar o limite mo se fosse algo tão fundamental como pisar no acelerador ou para 3 mil metros e ainda abrir uma exceção para La Paz. trocar a marcha. O movimento é justificado pelo fato de, perto Cultura clubística da Mariscal Santa Cruz, estarem as lojas mais sofisticadas e os O curioso é que muitas vezes o futebol de La Paz é visto apenas escritórios mais importantes da maior cidade da Bolívia. através do prisma da altitude, e toda sua cultura clubística é esNo horizonte, pelas frestas entre um edifício e outro, aparequecida. E ela é relativamente vasta. Contando a primeira divisão cem os Andes, imponentes, dominadores e facilmente visíveis de boliviana e as três divisões regionais imediatamente abaixo, são qualquer ponto do centro da cidade. Isso acontece porque a sede 31 times pacenhos. É um número impressionante, que rivaliza de governo da Bolívia (a capital, pela Constituição, é Sucre) está com o de alguns dos principais centros futebolísticos do mundo. em um vale, localizado entre enormes montanhas, ocupadas por Toda essa história começou com o The Strongest. Fundado favelas e bairros de baixo padrão. A paisagem é agressiva e deixa em 1908, é o time de futebol mais antigo do país e, desde os clara a intensidade dos problemas sociais bolivianos. primeiros campeonatos, sempre se Assim é La Paz, em seus 3,6 mil colocou entre os postulantes ao metros de altitude: uma cidade título. Com apelo entre as classes grande, caótica e com atmosfera mais baixas da sociedade local, que tira o fôlego e causa mal-estar campeonatos nacionais da logo se tornou o clube com maior depois de qualquer esforço físico Bolívia foram conquistados torcida do país. do visitante recém-chegado. Essas por clubes de La Paz O rápido sucesso deu, com o características lhe deram notorieperdão do trocadilho, força para dade futebolística, pois tornam La Todas as outras cidades, o The Strongest sobreviver sempre Paz o inferno de jogadores, que soentre os grandes. Isso não ocorreu frem com a dificuldade de oxigenar juntas, ganharam apenas títulos com outros clubes, que tinham o corpo no ar rarefeito – a ponto de
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CLUBES DE LA PAZ Primeira divisão
Primeira divisão regional
Club Mariscal Braun Nenhum título Club Bolívar 18 Campeonatos Bolivianos 8 Ligas de La Paz
The Strongest Foot-Ball Club 8 Campeonatos Bolivianos 15 Ligas de La Paz
La Paz Fútbol Club Nenhum título
Segunda divisão regional Always Ready Deportivo 16 de Julio Fibra Con
Olympic Ramiro Castillo Unión Maestranza Universitario
Club Deportivo Chaco Petrolero 1 Campeonato Boliviano
Academia del Balompié Boliviano, Atlético Alianza, Escuela Militar de Ingeniería, Ferroviario, Fraternidad Tigres, Iberoamericana, Litoral, Municipal e Regatas Flamenco
Terceira divisão regional 31 de Octubre White Star Zuraca
Atlético La Paz Atlético Magallanes Colmil Jerusalem
Pachakuti San Martín San Simón de Ayacucho
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Bolívia B
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El Alto 6 4
La Paz
La Paz 1,87 milhão de habitantes
La Paz + El Alto
Jose Luis Quintana/Reuters
2,7 milhões de habitantes
poder na época dos campeonatos amadores de La Paz (os primeiros a serem organizados na Bolívia), mas se apequenaram com o tempo, como Universitario, Ferroviario, Litoral, Always Ready e Nimbles. Com a decadência de tantas equipes pacenhas, sobrou para o Bolívar, concorrente relativamente novo, ocupar o posto de principal rival dos Atigrados. Os Celestes foram fundados em 1925 e tentaram adotar um discurso nacionalista desde seu surgimento. Por exemplo, a idéia de homenagear no nome Simón Bolívar, herói da independência boliviana, foi uma forma de contrastar com as equipes batizadas em inglês. No entanto, o que fez os bolivaristas crescerem foi a fama de organização e de apresentar um futebol mais técnico, em oposição ao aguerrido The Strongest. Não à toa, o time celeste recebeu o apelido de Academia. Discretamente, o clube foi ganhando espaço e tornouse o maior vencedor do país desde a profissionalização, em 1977. Hoje, as duas equipes têm torcidas em todas as classes sociais, e pessoas vestindo suas camisas são facilmente encontradas pelas ruas da cidade.
ESTÁDIOS 2
Los Andes
Inaugurado em 2005, em El Alto, na região metropolitana de La Paz, está a 4.100m de altitude, o que o torna o estádio mais alto do país. Foi construído pela prefeitura para promover o esporte no município. Mariscal Braun e Iberoamericana pensaram em se mudar para lá, mas, por enquanto, o local recebe apenas jogos esporádicos e treinos da seleção boliviana.
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Luis Lastra
Estádio municipal para 10 mil pessoas localizado no bairro de Sapocachi, era o principal da Bolívia nos anos 1970, quando o Hernando Siles estava em obras. Está em reformas desde o início do ano, para voltar a receber jogos importantes.
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Mauricio González
Complexo esportivo localizado em Calacoto, bairro mais caro de La Paz. Seus vários campos recebem partidas de times a partir da segunda divisão, como Mariscal Braun, Chaco Petrolero, Ferroviário e ABB, e de torneios de categorias de base.
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Libertador Simón Bolívar
Mais conhecido como Tembladerani, nome do bairro em que se localiza, o estádio do Bolívar tem uma capacidade razoável para os padrões locais: cerca de 20 mil torcedores. No entanto, é utilizado mais para treinos do que para partidas oficiais.
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Hernando Siles
Desde que foi construído, em 1931, tornou-se a casa da seleção boliviana e dos grandes clássicos pacenhos. Passou por intensa reforma na década de 1970, ganhando um segundo anel de arquibancada e aumentando a capacidade para 42 mil pessoas. Hoje, o estádio recebe quase todas as partidas importantes de La Paz, incluindo os jogos dos times da cidade na primeira divisão e os da seleção boliviana.
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Rafael Mendoza Castellón
Casa do The Strongest, tem capacidade para 15 mil torcedores e condições razoáveis, para os padrões locais. O clube, porém, tem dado preferência ao Hernando Siles, deixando para seu estádio apenas treinos e jogos menores.
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Nos últimos anos, o terceiro clube pacenho tem sido o La Paz. Fundado em 1989 por Mauricio González, diretor de uma empresa petrolífera, ganhou espaço com os investimentos pesados que recebeu. Não tem torcida volumosa ou títulos, mas vem obtendo bons resultados nas duas últimas temporadas. Com isso, Mariscal Braun e Chaco Petrolero, que tradicionalmente brigam pela condição de terceira força da cidade, perderam espaço.
O QUE VISITAR ENTRE UM JOGO E OUTRO
Ubiratan Leal/Trivela
Pachakuti
A
Tiwanaku
Fotos Divulgação
A capital da antiga civilização tiwanaku (que dominou o altiplano andino séculos antes dos incas) é o principal sítio arqueológico da Bolívia. O local fica a 80 quilômetros de La Paz, e é possível fazer um passeio de um dia para lá. Em frente ao Estádio Hernando Siles, há a Plaza Arqueológica, que é uma réplica das ruínas de Tiwanaku. Nessa praça, existe uma estátua de pedra com 8 metros de altura, também uma cópia.
B
Chacaltaya
É a principal estação de esqui da Bolívia. Está a 5.400m de altitude e é a estação mais alta do mundo. Foi em suas instalações que Evo Morales jogou futebol como protesto pelo veto da Fifa a partidas a mais de 2,5 mil metros de altitude.
C
Plaza Murillo
É a praça central da cidade. Lá está a catedral, o Congresso e o palácio presidencial, edificações que merecem uma olhada, em uma cidade que não é muito bonita. Nas redondezas, é possível comprar lembranças a preços bem em conta.
Por maior que seja o domínio de The Strongest e Bolívar em torcida e atenção da mídia (não apenas na cidade, mas em todo o país), há espaço no futebol pacenho para várias pequenas histórias interessantes. Nos últimos anos, a que mais chama a atenção é a do Pachakuti. O clube foi fundado em 2005, como braço futebolístico do Movimiento Indígena Pachakuti, comandado pelo ex-líder sindical Felipe Quispe. Com idéias de extrema esquerda, Quispe considera Evo Morales um político moderado e é acusado de terrorismo pelos Estados Unidos. O nacionalismo indígena predomina nos “Filhos do Sol”. O nome “Pachakuti” remete ao principal líder do Império Inca. Além disso, o time de futebol só aceita jogadores de origem aimará, uma das duas principais etnias indígenas da Bolívia. Em dois anos, o clube saiu da segunda divisão de torcedores da Asociación de Fútbol de La Paz (equivalente à sexta divisão boliviana) para a terceira divisão regional (equivalente à quarta). É difícil dizer se o Pachakuti continuará sua escalada pela pirâmide futebolística boliviana e chegará à elite. Também não dá para dizer quando Bolívar e The Strongest se recuperarão das atuais crises financeiras, para retomar de Santa Cruz de la Sierra, Cochabamba e Potosí o posto de capital futebolística da Bolívia. De qualquer modo, La Paz permanece como centro nervoso do futebol local. Até por isso – e não só para ganhar vantagem sobre os adversários –, o país mobiliza-se tanto para continuar recebendo jogos internacionais lá.
Ubiratan Leal/Trivela
Quem leva
D Calle Linares e Igreja de São Francisco
Museo Nacional Arqueológico
É conhecida por abrigar o “Mercado de Bruxas”. São camelôs que vendem algumas coisas estranhas, como fetos de lhamas. A Linares termina na Santa Cruz, no final da qual está a bela Igreja de São Francisco.
Museu pequeno, mas com boa quantidade de informações sobre as civilizações précolombianas que viveram nos Andes. Os destaques são múmias encontradas nos sítios arqueológicos do país.
E
Não há vôos diretos do Brasil para La Paz. Assim, é necessário fazer uma conexão em Santa Cruz de la Sierra ou Cochabamba. As companhias que trabalham com esse itinerário são Aerosur (11 3214-0484), Lloyd Aereo Boliviano (11 3258-8111 ou 0800 118111), TAM (4002-5700 ou 0800 570 5700) e Gol (0300 115 2121). Pacotes turísticos específicos para La Paz são raros, até porque muitos viajantes preferem usar a maior cidade da Bolívia como parte de um roteiro pelos Andes, principalmente Machu Picchu e Lago Titicaca. Veja a relação de algumas empresas que oferecem pacotes: Adventure Club (www.adventureclub.com.br), Agaxtur (www.agaxtur.com.br), Cia Ecoturismo (www.ciaecoturismo.com. br), Climb (www.climb.tur.br), Highland (www.highland.com.br), Pisa Trekking (www.pisa.tur.br) e Vivaterra (www.vivaterra.com.br).
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HISTÓRIA por Gustavo Hofman
Em 1986, a URSS caiu nas quartas, prejudicada pela arbitragem
Com o fim da URSS, 15 países ganharam uma seleção própria, mas poucos conseguiram algum destaque, diferentemente do que acontecia nos tempos de ouro da seleção soviética
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Georges Gobet/AFP
Difícil
o dia 13 de novembro de 1991, a União Soviética jogou em Larnaca, no Chipre. Essa partida foi histórica, mas não pelo 3 a 0 que garantiu a vaga dos soviéticos na Eurocopa do ano seguinte. O que aquele encontro teve de especial é que foi a última vez que a seleção de futebol da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) entrou em campo. Pouco mais de um mês depois, em 26 de dezembro, a URSS foi oficialmente dissolvida pelas autoridades comunistas. As mudanças infligiram alterações radicais no futebol da região. De um dia para o outro, todas as nações que compunham a União Soviética poderiam se declarar independentes. Num primeiro momento, porém, a maioria integrou-se à Comunidade dos Estados Independentes (CEI), associação criada para gerir a
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transição da Rússia e de outras nações à vida independente. A primeira competição oficial pós-1991 foi a Eurocopa de 1992. Como a URSS já havia conquistado a vaga, a Uefa decidiu entregar o posto à recém-criada CEI, que foi representada por atletas de dez países. A campanha na Euro-92, no entanto, foi pífia. Em três jogos na primeira fase, foram dois empates – 1 a 1 com a Alemanha e 0 a 0 com a Holanda – e uma derrota por 3 a 0 para a Escócia.
E SE A SELEÇÃO SOVIÉTICA AINDA EXISTISSE?
Cada um por si Em 14 de outubro de 1992, numa vitória por 1 a 0 sobre a Islândia, a Rússia independente entrou em campo pela primeira vez, num jogo oficial – válido pelas eliminatórias para a Copa de 1994. Os russos fizeram boa campanha e conseguiram chegar ao Mundial. Nos Estados Unidos, porém, tiveram desempenho muito abaixo de seu passado: derrotas frente a Brasil e Suécia (2 a 0 e 3 a 1, respectivamente) e uma goleada sobre Camarões (6 a 1). Para os outros países, a transição para nação independente no futebol foi mais difícil que para os russos. Estonianos, letões e lituanos também participaram das eliminatórias da Copa de 1994, devido a suas independências antecipadas da URSS. Em campo, a dura realidade apareceu: a Estônia, pelo grupo 1, conseguiu um empate e perdeu nove jogos; pelo grupo 3, Letônia e Lituânia terminaram em penúltimo e antepenúltimo lugares, respectivamente. Para as outras nações, a primeira competição oficial foram as eliminatórias da Euro-96. Desde então, a Rússia voltou a disputar o Mundial em 2002 e esteve presente nas Euros de 1996 e 2004. A Ucrânia conquistou pela primeira vez o direito de participar de uma competição oficial só na última Copa, na Alemanha, em 2006. Fora as duas ex-potências soviéticas, somente uma outra nação alcançou tal proeza. Sob o comando do técnico Alexandr Starkov, a Letônia assegurou uma vaga na Euro-2004, disputada em Portugal.
Andriy Shevchenko
Aleksandr Kerzhakov
Chelsea
Sevilla
Levan Kobiashvili
Maksym Kalynychenko
Schalke 04
Spartak Moscou
Aleksandr Hleb
Anatoliy Tymoschuk
Arsenal
Zenit St. Petersburg
Marius Stankevicius
Andriy Nesmachniy Dynamo Kiev
Kakha Kaladze
Sergey Ignashevich
Milan
CSKA Moscou
Brescia
Igor Akinfeev CSKA Moscou
Técnico Oleg Blohkin
Rússia
Lituânia
Ucrânia
Belarus
Geórgia
Definindo o lado
leção russa (109, mais quatro pela CEI). O atleta que mais defenImagine você defender por toda a vida uma seleção e, de redeu a seleção soviética também nasceu na Ucrânia. Trata-se de pente, ela não existir mais. A cidade em que você morava muOleg Blohkin, com 112 jogos – ele também é o maior artilheiro, dou de nome e de país, e sua nacionalidade virou algo aberto a com 42 gols, e atualmente é o técnico da seleção ucraniana. escolha. Foi essa a situação vivida por muitos jogadores soviétiOutros jogadores famosos seguiram o exemplo de Kanchelskis cos – ou melhor, ucranianos, bielorrussos, armênios... e Onopko, casos de Valery Karpin (ex-Real Sociedad e Celta), Entre os russos, essa decisão era simples. Na Rússia, o legado natural da Estônia, Ilia Tsymbalar (ex-Spartak Moscou) e Yuri e história da União Soviética são intrínsecos ao passado do país, Nikiforov (ex-PSV), ambos nascidos na cidade ucraniana de assim como sua histórica czarista e imperial. Nas outras nações Odessa. O caminho contrário, ou seja, russos defendendo outros que compunham a URSS, isso não acontece. Na época em que a países, foi muito raro, mas há exceções. O lateral-esquerdo da Fifa outorgou o passado futebolístico dos soviéticos aos russos, Ucrânia na última Copa do Mundo, Andriy Nesmachniy, nasceu os ucranianos foram os primeiros a esem Bryansk, atual território russo. bravejar. Mas quis o destino que alguns Passados mais de 15 anos da dissodos maiores jogadores da “recente” hislução da União Soviética e do fim da tória russa no futebol tivessem nascido Guerra Fria, as seleções não contam onde hoje é a Ucrânia. mais com jogadores nas condições de Andrei Kanchelskis, meia habilidoso “ex-soviéticos”. A Cortina de Ferro não 1 Eurocopa (1960) que se destacou no Manchester United existe mais, mas, com a tentativa de na década de 90, foi um deles. Nascido “intrusão” política dos Estados Unidos 2 ouros olímpicos (1956 e 1988) em Kirovograd, o jogador preferiu na região, a tensão entre russos e seus 4º lugar na Copa do Mundo (1966) defender a camisa da seleção russa e antigos aliados cresceu a pontos periesteve presente na Euro-92. Mesmo gosos. No futebol, o passado soviéti3 Recopas caso foi o do atacante Viktor Onopko, co não existe mais e, felizmente, essa (Dynamo Kiev – 1975 e 1986 simplesmente o jogador com o maior barreira foi derrubada há tempos – e Dynamo Tbilisi – 1981) número de partidas disputadas pela semas não sem alguns traumas.
As conquistas soviéticas
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IRAQUE por Hassanin Mubarak
Um título,
UM POVO
Exclusivo: jornalista iraquiano mostra como título da seleção na Copa da Ásia uniu a nação e trouxe sorrisos aos rostos das pessoas, em vez de lágrimas e sofrimento
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país inteiro, desde as mais altas montanhas de Zakho, no norte, até o extremo sul de Safwan, prendeu a respiração enquanto via o capitão iraquiano Younis Mahmoud bater o desesperado goleiro saudita e marcar o gol da vitória, na final da Copa da Ásia. Geradores em Bagdá e outras cidades no país tiveram trabalho extra, enquanto as pessoas gritavam, agitavam bandeiras e dançavam em frente a suas televisões, comemorando o feito de seu time, que se tornou campeão da Ásia.
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Os tradicionais tiros de comemoração ecoaram na paisagem, enquanto a euforia da histórica vitória propagava-se pelo país devastado pela guerra. As comemorações chegaram até as ruas de Nova York, Londres e Estocolmo. Quando perguntado sobre seu gol da vitória, Younis respondeu: “Eu não marquei o gol, ele foi feito por todo o povo do Iraque”. A frase deixa claro o simbolismo de unidade entre o povo do Iraque que a seleção carrega – um título, um povo. Os “Asood al Rafidain”, ou “Leões da Mesopotâmia”, como os fãs ira-
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Jerry Lampen/Reuters
Basim Abbas e Nashat Akram começaram a ganhar a confiança de que poderiam vencer qualquer time no continente. Esses jogadores são parte de uma geração que nasceu durante a Guerra Irã-Iraque e sofreu com os bombardeios da Guerra do Golfo e com as duras sanções da ONU – isso para não mencionar o regime ditatorial de Saddam Hussein e as atrocidades sádicas de seu filho mais velho Uday, o ex-presidente da Associação Iraquiana de Futebol.
OS PRINCIPAIS JOGADORES Jassim Mohammed Ghulam Defensor 26 anos Clube: Al Wahdat (Jordânia) Jassim voltou a ser convocado para a seleção por Jorvan Vieira, após cinco anos de ausência. Seu desempenho na Copa da Ásia lhe valeu a reputação de ser um dos melhores defensores do continente.
Time montado entre bombas
quianos chamam sua seleção, vivem, respiram e jogam juntos, como uma família. Muitos dos jogadores se conhecem desde a pré-adolescência, unidos nas dificuldades da vida de um atleta iraquiano: vôos longos em assentos apertados de classe econômica, várias horas de pé, esperando por um visto para entrar em um país, entre outros problemas. O núcleo da equipe está junto desde 2000, ano em que o time sub-19 do Iraque ganhou o Campeonato Asiático da categoria, em Teerã. Foi lá que nomes como Nour Sabri,
Qusai Munir Meia 26 anos Clube: Al Sharjah (Emirados Árabes) O atacante transformado em volante é uma das revelações do pós-guerra iraquiano. Machucou-se em julho de 2006 e ficou um ano sem jogar, mas voltou para a seleção na última hora. Assinou com o Al Sharjah por US$ 400 mil, graças ao desempenho na Copa da Ásia.
Nashat Akram Meia 22 anos Clube: Al Ain (Emirados Árabes) Nashat Akram é um dos jogadores mais talentosos da Ásia. Ele foi convocado pela primeira vez aos 16 anos. Começou 2007 no Al Shabab, da Arábia Saudita, e chegou a ter seu nome ligado ao Sunderland, da Inglaterra. Acabou indo para o Al Ain, por US$ 1 milhão.
Hawar Mulla Mohammed Meia 26 anos Clube: Apollon Limassol (Chipre) Hawar é um dos melhores jogadores iraquianos e é adorado pelos fãs por sua “Gheera”, a garra que mostra no campo. Já jogou por clubes de Iraque, Líbano, Emirados Árabes e Chipre. Especulações dizem que pode ir para o Arminia Bielefeld, da Bundesliga. Fotos Reuters / AFP
Equipe de futebol é uma das poucas unanimidades do Iraque
Enquanto as bombas que levaram ao fim do regime de Saddam caíam em Bagdá, em março de 2003, os jogadores participavam de sessões de treinamento no Estádio Nacional Al Shaab, preparando-se para as eliminatórias para os Jogos Olímpicos. Na segunda semana de treinamento, as forças da coalizão anglo-americana invadiram o Iraque e bombardearam a capital. Uma das bombas caiu perto do estádio onde o time estava treinando, assustando muito os jogadores. O técnico Adnan Hamad – o mesmo que levou os jogadores à glória em Teerã, três anos antes – percebeu que não dava mais para jogar e mandou os atletas para casa. Dois meses se passariam antes que os jogadores se reunissem em um campo de futebol novamente. Em 12 de maio de 2003, com o país vivendo o caos, o técnico convocou seus jogadores na rádio montada pelas forças de coalizão, Voice of New Iraq. Hamad pediu que os atletas se apresentassem no Estádio Al Karkh, em vez do Estádio Nacional, que na época estava sendo usado pelas forças norte-americanas como estacionamento. Exatamente um ano depois desse dia, o time criado a partir das cinzas da guerra derrotou a Arábia Saudita e classificou-se para sua quarta Olimpíada. A força de vontade dos jogadores lhes deu a confiança para conseguir um incrível quarto lugar em Atenas. Após ficar na última posição de seu grupo na Copa do Golfo de 2004, o técnico Hamad pediu demissão, dando como motivo os problemas
Younis Mahmoud
Atacante 24 anos Clube: Al Gharrafa (Qatar) O atacante foi o artilheiro do Campeonato do Qatar na última temporada, com 19 gols. Sua surpreendente escolha como capitão chegou a causar brigas entre os jogadores, em 2006. Espera-se que Younis se transfira para a Europa, na próxima temporada.
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Saeed Khan/AFP
Na final da Copa da Ásia, o Iraque venceu a favorita Arábia Saudita por 1 a 0
de segurança no Iraque. O anúncio aconteceu no mesmo dia em que sua casa foi destruída por uma bomba. Seu sucessor, Akram Salman, recebeu inúmeras ameaças de morte enquanto esteve no comando do time e fugiu com a família para a relativa segurança da região curda do norte. Salman deixou o cargo no começo de 2007, depois que a equipe novamente não conseguiu passar de fase na Copa do Golfo. Segundo alguns jogadores, na última rodada, o técnico teria combinado com a Arábia
Saudita de jogar por um empate, dizendo a seus atletas para não atacar – só que o Iraque acabou derrotado e foi eliminado. Uma investigação sobre a partida concluiu que houve uma “falha de comunicação” entre técnico e jogadores. Salman foi demitido, e os atletas, suspensos.
O triunfo na Copa da Ásia
TÉCNICOS DO IRAQUE DESDE A INVASÃO AMERICANA 2002 a 2004 Bernd Stange (Alemanha)
2004 Adnan Hamad (Iraque)
2007 Jorvan Vieira (Brasil)
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Jerry Lamp
Akram Salman Ahmed (Iraque)
en/Reuters
2005 a 2007
Depois dessas trapalhadas, o brasileiro Jorvan Vieira herdou um time desorganizado. Chamou mais de 40 jogadores para um treinamento de três semanas na Jordânia, mas decidiu apostar no mesmo grupo de atletas da Copa do Golfo, escolhendo apenas cinco jogadores olímpicos e convocando de volta Jassim Mohammed Ghulam, após cinco anos fora da seleção. Esse retorno foi decisivo, pois ajudou a melhorar a defesa, que levou só dois gols em toda a Copa da Ásia. A seleção iraquiana sempre foi unida. O time, em sua história, já contou com árabes, armênios, assírios, turcomenos e curdos, jogando lado a lado. Membros da equipe como Younis, Hawar e Basim são de seitas diferentes e têm mapas do Iraque ta-
tuados em seus braços, mostrando o quanto o Iraque significa para eles. No país devastado pela guerra, os Leões da Mesopotâmia significaram ainda mais para o povo: foram a única coisa pela qual os iraquianos podiam se unir, comemorar e ver esperança nestes tempos negros de terrorismo, bombas em carros, seqüestros, violência sectária e apagões. A popular canção iraquiana “Farha al Iraq” (“Alegria Iraquiana”), do poeta Karim al Iraqi, tem sido tocada continuamente, depois da vitória na Copa da Ásia. Suas palavras são expressivas: “Olhe para o jogador no estádio, ele joga com a mão sobre uma ferida. Esse é nosso jogador iraquiano, que traz alegria na tragédia. O time que você vê é como nosso povo unido”. Onze jogadores, apenas pessoas comuns, fizeram o que todo o parlamento iraquiano não conseguiu fazer nos últimos anos: unir a nação e trazer sorrisos aos rostos das pessoas, em vez de lágrimas e sofrimento. A seleção iraquiana teve sucesso onde a política fracassou. Saiba mais sobre futebol do Oriente Médio em www.trivela.com/orientemedio
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Êxodo
PORTUGAL por Zeca Marques
lusitano
O Porto vendeu Anderson (foto) e Pepe em 2007
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STR New/Reuters
Clubes portugueses se desfazem de astros como Anderson, Pepe, Nani e Simão, mas não trazem substitutos à altura – e isso pode custar caro
história repete-se a cada verão europeu: transferências milionárias de jogadores agitam a imprensa esportiva, geram acordos e desacordos entre os principais clubes e renovam os ânimos de torcedores de diferentes países. Portugal tem contribuído sobremaneira, nos últimos anos, para o aquecimento desse vultoso mercado de negociações. Os clubes lusos, porém, entram em cena no papel de coadjuvantes, já que o futebol do país – à semelhança do que ocorre na Holanda e na França, por exemplo – atua mais como exportador de talentos do que como importador de grandes craques. Exemplo disso pôde ser visto no Mundial da Alemanha, em 2006. O time titular que entrou em campo para enfrentar a França pela semifinal da Copa contava com apenas um jogador que atuava no futebol português: o goleiro Ricardo, então no Sporting. Todos os outros alinhavam por clubes estrangeiros. Neste verão europeu, o êxodo repetiu-se, com a saída de novas estrelas. Três jogadores que atuavam em Portugal aparecem entre as cinco maiores transações da Europa, em 2007 (veja quadro ao lado). O Porto perdeu a dupla de brasileiros que fazia a diferença na equipe: o zagueiro p e o menino-prodígio p g Anderson (exPepe Grêmio). Os Leões viram a saída do atacante-revelação Nani e a “deserção” do goleiro Ricardo. Já os torcedores dos Águias ainda lamentam a transferência do capitão Simão Sabrosa.
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O maior problema é que os clubes portugueses não estão conseguindo repor à altura os astros que saíram – a despeito dos valores que entraram nos cofres de Benfica, Porto e Sporting. Isso dá margem a especulações sobre o que tem sido feito com o dinheiro dessas transferências. Existem algumas explicações para esse fenômeno. Primeiramente, temos uma recessão econômica que afetou Portugal nos últimos quatro anos e que tem causado a diminuição dos salários, algo que se reflete na pequena média de público do campeonato: cerca de 10 mil espectadores por partida. Para piorar, os três grandes ainda precisam gerir as dívidas contraídas depois da construção de seus estádios para a Euro-2004. Além disso, os valores auferidos com a saída das estrelas muitas vezes precisam ser repartidos com empresários de futebol. No fim das contas, as receitas mal servem para cobrir os débitos.
Problema antigo Certo é que esse fenômeno não é de hoje: em 1987, o atacante Paulo Futre transferiu-se para o Atlético de Madrid, o que representou, à época, a maior negociação do futebol português (cerca de € 2,5 milhões, em valores de hoje) – bem mais do que os € 2 milhões que Luís Figo rendeu ao Sporting, quando da ida do jogador para o Barcelona, em 1995. Depois de Futre, o êxodo de estrelas não
parou de crescer na década de 1990: o meia Rui Costa trocou o Benfica pela Fiorentina, em 1994, por cerca de € 6 milhões. Em 1996, esse mesmo valor foi pago ao Porto pelo Barcelona, para contratar o goleiro
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30 milhões
Pepe, quase desconhecido no Brasil, custou ao Real Madrid esse valor, o mesmo que dois Cristianos Ronaldos
Vítor Baía. Já no novo milênio, o grande destaque coube ao Sporting, com a venda de Cristiano Ronaldo para o Manchester United, em 2003, por € 15 milhões. O Porto extrapolou o volume de emigrações após surpreender o futebol europeu com os títulos da Copa Uefa, em 2003, e da Liga dos Campeões, em 2004. O clube das Antas assistiu a uma verdadeira debandada de seus jogadores para times do exterior: saíram Ricardo Carvalho, Paulo Ferreira, Deco e Alenitchev. Isso para não falar do treinador José Mourinho. Na temporada seguinte, os Dragões iniciaram o Campeonato Português com apenas um jogador campeão europeu – o goleiro Vítor Baía.
Mas, se nas últimas décadas Portugal vem perdendo suas jovens promessas, até poucos anos atrás o país até podia contar com estrelas estrangeiras – algo que não se vê atualmente. Nos anos 1990, se por um lado o Benfica perdia Rui Costa, por outro p podia contar com o goleiro belga Michel P Preud’Homme, considerado um dos três m melhores na posição. O Sporting também já a alinhou um dos melhores arqueiros do mund entre 1999 e 2001: Peter Schmeichel. do, O que resta ao futebol português, por e enquanto, é continuar contratando jogad dores do leste europeu, um ou outro talento próximo do fim de carreira ou, então, uma leva de brasileiros quase anônimos. Às vezes, a receita dá frutos (casos de Deco e Pepe no Porto, por exemplo). Mas é inegável que a temporada 2007/8 do Campeonato Português começa enfraquecida, com poucas estrelas e quase nenhum reforço de ponta trazido de fora. O maior problema é evitar que esse enfraquecimento prejudique as campanhas nas competições européias: Portugal pode perder posições no ranking da Uefa e ver diminuído o número de participantes nas próximas edições da Liga dos Campeões e Copa Uefa. É o preço que paga um país que não interrompe a tradição de encaminhar emigrantes para todo o mundo. Saiba mais sobre futebol português em www.trivela.com/portugal
Novo clube
Valor (€)
Fernando Torres
Atlético de Madrid
Liverpool
35 milhões
Anderson
Porto
Manchester United
31 milhões
Pepe
Porto
Real Madrid
30 milhões
Wesley Sneijder
Ajax
Real Madrid
27 milhões
Nani
Sporting
Manchester United
25 milhões
Franck Ribéry
Olympique de Marselha
Bayern de Munique
25 milhões
Owen Hargreaves
Bayern de Munique
Manchester United
25 milhões
Darren Bent
Charlton
Tottenham
25 milhões
Thierry Henry
Arsenal
Barcelona
24 milhões
Diego Forlán
Villarreal
Atlético de Madrid
21 milhões
Florent Malouda
Lyon
Chelsea
21 milhões
Simão Sabrosa
Benfica
Atlético de Madrid
20 milhões
Alexandre Pato
Internacional
Milan
20 milhões
Ryan Babel
Ajax
Liverpool
17 milhões
Abdulkader Keita
Lille
Lyon
16 milhões
rga/R
Clube anterior
os Bo Marc
Jogador
euters
15 MAIORES TRANSFERÊNCIAS DE 2007*
*Segundo o site Transfermarkt.de, até o dia 21/agosto
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Pierre-Philippe Marcou/AFP
ESPANHA por Ubiratan Leal
Vendem-se
vagas Mudança nas regras da liga espanhola dá início a uma nova era, em que basta dinheiro para subir divisões. Isso se a Fifa deixar inguém teve grandes ilusões quando “Quique” Pina decidiu criar um segundo time de futebol em Múrcia, em 1999. Ex-jogador, Pina transformara-se em agente de atletas e tinha claras intenções de usar o Club de Fútbol Ciudad de Murcia (não confundir com o tradicional Real Murcia) para valorizar seus clientes no mercado. Ainda assim, o Ciudad teve uma trajetória impressionante e, em três temporadas, subiu da quarta divisão (a última profissional) para a segunda. Surgia uma nova força no sul da Espanha? Nada disso. A diretoria do Ciudad de Murcia nunca abandonou seus princípios puramente financeiros. Quando a LFP (Liga Espanhola) criou uma lei que permitia a um clube ser vendido e mudar de cidade, o posto do time na Segundona passou a ser cobiçado. E, de fato, foi vendido. O Ciudad foi comprado por Carlos Marsá, dono do pequeno Granada 74, por cerca de € 17 milhões. O empresário “mudou” o time de Múrcia para Granada e deu início a uma grande confusão. Em Múrcia, a torcida do Ciudad, para não ficar órfã, comprou o
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Em sua curta vida, o Ciudad de Murcia chegou perto da primeira divisão espanhola
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O QUE SOBROU DO CIUDAD DE MURCIA
X Preocupada com a compra de vagas, a Federação Espanhola pediu o rebaixamento do Granada 74. A Liga de clubes não acatou a decisão, e o caso foi parar no Tribunal Arbitral do Esporte
Enrique Pina nunca escondeu que o Ciudad de Murcia era apenas um negócio. Assim, não teve dificuldade em se desfazer do clube e deixá-lo fechar as portas
Ciudad de Lorquí
Granada 74
Torcedores órfãos do clube ficaram com o Ciudad de Murcia B e montaram um novo time na vizinha Lorquí
O antigo Ciudad de Murcia mudou-se para Granada e adotou outro nome. No entanto, o time não foi bem recebido pelos granadinos
time B, que foi para a vizinha Lorquí e joga na quarta divisão com de compra de vagas, envolvendo equipes mais importantes. O o nome Ciudad de Lorquí. Na Andaluzia, a venda também não Oviedo, tradicional clube asturiano que faliu e não tem consefoi bem-vinda. A prefeitura de Granada acha um exagero haver guido se recuperar desde que foi refundado, negociou a compra três clubes na cidade, sendo que o Granada e o Granada Atlético de uma vaga com o Valladolid. O clube, campeão da Segundona, têm preferência, pela história e envolvimento com os torcedores cederia o lugar na elite espanhola, em troca de alguns milhões locais. Por isso, o município não cedeu o Estádio Las Cármenes de euros. Sem dinheiro, porém, o Oviedo desistiu do plano e (principal da cidade) para o Granada 74. continuará na quarta divisão. Marsá não gostou da idéia e ameaçou mudar o clube de cidade Quem também pensou em pagar por uma vaga foi o Barcelona. antes mesmo de estrear. A prefeitura que lhe pagasse € 3 milhões O time B dos Blaugranas foi rebaixado para a quarta divisão. teria a franquia do ex-Ciudad de Murcia, por uma temporada. Assim, a equipe C, que estava na quarta, teve que cair para a De acordo com o empresário, Ceuta (enclave espanhol na costa quinta, que é amadora. Não valia a pena, para o clube, ter filiais marroquina), Ciudad Real e Toledo teriam demonstrado interesse em categorias tão baixas, pois não ajudaria no desenvolvimento na vaga na segunda divisão. Mas foi motril, cidade litorânea a dos jogadores. Assim, o Barça cogitou a hipótese de comprar o 69 km de Granada, que acabou acertando com Marsá. Figueres e ficar com um lugar na terceira divisão, para usar o tiO caso do Granada pode parecer apenas uma história pitoresca me B. No entanto, Enric Flix, dono do Figueres, preferiu vender a de divisões inferiores, mas foi suficiente para chamar a atenção vaga para o Castelldelfells. Assim, o Barcelona B foi mesmo para de Fifa e Uefa. As duas entidades ordenaram que a liga rebai- a quarta divisão, e o Barça C fechou as portas. xasse o Granada 74 para a terceira divisão, O “leilão” promovido pelo Granada, a nepor violar “o princípio fundamental do futegociação de uma vaga na primeira divisão e bol, em que a promoção de um clube se obtém o interesse do Barcelona em tomar o lugar de por meio de resultados esportivos no campo, e um time pequeno mostram quão séria é a posnão por operações de natureza financeira ou sibilidade aberta pelos espanhóis – a ponto de Segundo Carlos Marsá, comercial”. Como a LFP manteve-se do lado até Fifa e Uefa abrirem o olho com medo de esse foi o valor pago pela do clube andaluz, a questão teve de ser encauma mudança na lógica do esporte. minhada a um tribunal arbitral. cidade de Motril para Saiba mais sobre futebol espanhol em A preocupação não é gratuita. No últiser a casa do Granada 74 www.trivela.com/espanha mo verão espanhol, houve outras tratativas
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A um ano da aposentadoria, Oliver Kahn defende a importância do individualismo e, ao avaliar o time do Bayern, é categórico: “Seremos campeões”
Contagem
Thomas Bohlen/Reuters
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ENTREVISTA RR OLIVER KAHN por Karlheinz Wild temporada 2007/8 marcará o fim de uma era na Alemanha. Depois de 21 anos como profissional, Oliver Kahn encerrará sua carreira. Goleiro famoso pela cara de mau e por um estilo sem papas na língua, o camisa 1 do Bayern de Munique não muda seu jeito nesta entrevista concedida à revista alemã Kicker e publicada no Brasil com exclusividade pela Trivela. Kahn avalia o novo elenco do Bayern, defende a importância dos jogadores individualistas e conta o que espera dos momentos finais de sua carreira.
A
Como você se sente, sabendo que esta será sua última temporada? Estou quase eufórico, porque sinto uma motivação crescente, de mais uma vez conquistar todos os títulos possíveis. Conseguimos trazer uma série de novos jogadores que me dão a impressão de que temos condições de fazer uma temporada muito melhor que a anterior. O time do Bayern de Munique para a temporada 2007/8 é o melhor de que você já fez parte? Joguei em equipes muito boas, cheias de estrelas de primeiro nível. O time atual é, certamente, um desses casos. Só não acho certo ficar muito eufórico, porque sei quão difícil é ser campeão. A equipe precisa, primeiramente, se encontrar. Por conta desses novos reforços, o time está sob uma pressão enorme. Por isso estou tão cauteloso e não quero me deixar levar pelo clima de festa. Vale lembrar que eu fazia parte daquele “Dream Team” de Otto Rehhagel, em 1995/6, que tantos problemas viveu. Que tipo de problemas? Primeiramente, é preciso definir uma hierarquia e formar um time capaz de se integrar desde a parte tática até os relacionamentos pessoais. Sempre soube que Ottmar Hitzfeld faz isso bem. Por isso, ando tão otimista e confiante de que atingiremos um bom ritmo. O que você quer dizer com isso? Que seremos campeões. O que é preciso para que o Bayern tenha um bom ano? Precisamos de uma agressividade positiva, como a do Van Bommel. Atletas desse tipo são essenciais, particularmente na parte defensiva do meio-campo. É necessário um jogador que atue na primeira linha, para atrapalhar o adversário. Sempre tenho dito que precisamos firmar um estilo agressivo. Sinto que foi isso o que mais nos fez falta na última temporada, quando o setor estava entregue às traças.
Van Bommel e Zé Roberto devem fazer esse papel no Bayern, mas ambos são mais ofensivos que defensivos. Isso seria um problema? O Zé mostrou na Seleção Brasileira que tem condições de fazer bem esse papel e jogar mais pelo meio. O Van Bommel é muito forte na marcação e nas divididas, quando está em forma. Dentre os jogadores que o Bayern trouxe, de quem você espera mais? Do Hamit Altintop, ouvi poucos falarem. Como “Brazzo” Salihamidzic, ele pode jogar em qualquer posição do campo. Vejo sua chegada ao time de maneira bem positiva. É claro que espero bastante de Ribéry e de seus dribles, capazes de vencer qualquer defesa – assim como quero ver como o Luca Toni se comportará na Bundesliga. Klose, tenho certeza, se adaptará. Na soma, estamos, neste ano, em outro nível. Para você, Jansen se fixará na defesa? A defesa depende mais do meio-campo que de qualquer um dos jogadores da zaga. Se continuarem os buracos que vi na última temporada, fica difícil fazer qualquer crítica aos zagueiros. Como time, precisamos jogar mais compactos. Você costumava dizer que ficava de mau humor por dois, três dias após uma derrota. Isso é um comportamento de jogadores de uma outra geração? Há coisas no esporte que não têm muito a ver com a geração, mas sim com a vontade de vencer. Eu só aceitava perder se soubesse que não tínhamos como ganhar – e isso não mudou até hoje. Identificação
A defesa depende mais do meio-campo que de qualquer um dos jogadores da zaga
e vontade sempre foram as bases para o sucesso de um jogador profissional. O que você notou de mudanças no futebol, em 20 anos de carreira? O futebol está cada vez mais dominado pelo dinheiro e transformou-se em entretenimento. Isso faz com que os jogadores tenham que se adaptar. Poucas são as exceções. Bernie Ecclestone (homem-forte da Fórmula 1) disse recentemente que a juventude de hoje é uma geração de conformistas, que se subordina a qualquer coisa. Você acha que essa juventude poderia fazer algo de diferente? Cada um ainda é um indivíduo distinto. Qualidades individuais são muito importantes, em uma equipe. Sempre que ouço falarem em coletivo, lembro que os individualistas fazem a diferença: Beckham, Maradona, Effenberg, Ronaldinho, Beckenbauer, Netzer – todos eram ou são individualistas e sempre foram importante para o sucesso de seus times. A pergunta que se pode fazer é se são oferecidas as condições básicas que permitam que se desenvolvam essas individualidades. Hoje, é necessária muita coragem para manter-se fiel a sua individualidade. Por se tratar de sua última temporada, jogar a Copa Uefa pode ser encarado como uma punição? Algum sentido há de ter. Talvez ganhemos a competição. Uma final de copa européia é sempre diferente. Além disso, não se ganha a Copa Uefa todos os dias. Na Copa do Mundo, você disputou sua última partida com a seleção em Stuttgart, sob um clima de grande simpatia. Você espera o mesmo em seus últimos jogos pelo Bayern? Não é uma questão de ser simpático, mas de querer ser o mais bem-sucedido possível. É isso o que busco em meu último ano. Se isso acontecer, você prorrogaria sua carreira por mais um ano? Já fui bem claro que esta será minha última temporada. Não entendo as especulações de que eu teria ambições de jogar além de 2008. Mas é claro que estarei à disposição do clube, no caso de alguma eventual necessidade. Saiba mais sobre futebol alemão em www.trivela.com/alemanha
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FRANÇA por Ricardo Espina
Complexo de
vira-latas os últimos tempos, uma rotina tem se firmado na pré-temporada do futebol francês. Na Ligue 1, os torcedores preparam-se para acompanhar a disputa pelo segundo lugar, pois a superioridade do Lyon é incontestável. Já na Liga dos Campeões, a certeza é outra: os lioneses, assim como as outras equipes do país, passarão longe do título. Em 2006/7, o Lyon chegou à LC como um dos favoritos, mas sucumbiu diante de uma aplicada Roma, com uma derrota por 2 a 0, em pleno Estádio Gerland. Nas edições anteriores da competição, os lioneses não conseguiram superar a “síndrome das quartas-de-final” e ficaram pelo caminho. Os outros times franceses também se despediram cedo do torneio, na última temporada. O Bordeaux caiu na fase de grupos, enquanto o Lille foi eliminado pelo Manchester United, nas oitavas. Como explicar essa espécie de “complexo de vira-latas” dos times da França, principalmente do Lyon, quando se fala em Liga dos Campeões? Afinal, o Campeonato Francês tem um dos maiores contratos de TV da Europa, e não faltam opções de bons jogadores – tanto franceses quanto africanos –, para os clubes do país.
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Enfraquecendo os rivais A resposta a essa pergunta passa pelo próprio poderio do Lyon dentro da França. Com o desenvolvimento do time e as seguidas participações na Liga dos Campeões, o cofre do OL encheuse, com o dinheiro vindo dos direitos
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de transmissão de TV e prêmios por participação. Sem fazer loucuras na hora de buscar reforços, o presidente Jean-Michel Aulas apostou em uma rede eficiente de olheiros, para descobrir talentos. Além disso, tirou dos rivais seus principais destaques. Ao enfraquecer os adversários, os lioneses garantiram forças suficientes para sustentarem-se na Ligue 1. Os exemplos mais recentes ficam por conta das contratações de Mathieu Bodmer e Abdulkader Keita, nomes mais importantes do Lille. Os dois, juntos, custaram € 22,5 milhões – só a negociação de Florent Malouda para o Chelsea, no valor de € 21 milhões, quase pagou as contratações. Mais frágeis, os concorrentes enfrentam dificuldades para destacarem-se na Ligue 1, cada vez mais nivelada. Se há problemas para superar rivais dentro do país, essas equipes obviamente chegam com poucas chances de encarar clubes de maior prestígio na Liga dos Campeões. Bordeaux e Lille, por exemplo, serviram apenas como coadjuvantes em 2006/7, sem forças para combater clubes mais tradicionais. Ricardo Gomes passou por essa experiência na temporada passada, quando esteve à frente dos Girondinos, na fase de grupos da LC. A equipe ficou em terceiro lugar, atrás de Liverpool e PSV. “Faltou time para nós. O clube europeu não tem essa liberdade de contratar e vender, como os brasileiros. Você tem um contrato de três, quatro anos com um jogador. Não dá para sair do 16º lugar da Ligue 1 para a Liga dos
Getty Images/AFP
Hegemonia nacional do Lyon e um certo complexo de inferioridade explicam dificuldade dos times franceses para brilhar mais na Liga dos Campeões
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Derrota para a Roma abalou o moral do Lyon e manteve a sina da equipe francesa na LC
Campeões e se classificar direto para as oitavas-de-final. A gente não tinha time para enfrentar nenhum dos concorrentes”, diz. O Monaco, finalista da LC na edição 2003/4, chegou à decisão contra o Porto com uma certa dose de sorte. O sucesso, no entanto, trouxe a ilusão de que o time realmente tinha qualidade superior. Em pouco tempo, o clube do principado negociou seus principais jogadores (Rôthen, Giuly, Morientes e Prso, entre outros), mas não soube usar o dinheiro para contratar substitutos à altura. O clube pagou um preço caro pelo planejamento equivocado. Com um elenco fraco, quase caiu e viveu um grande período de instabilidade. Ficou a lição para os outros times de menor prestígio: de nada adianta classificar-se para a LC se, em seguida, não conseguir se sustentar com as próprias pernas. Ricardo Gomes acredita que o erro do Monaco esteve no planejamento para os anos seguintes. “Esse foi o preço que o clube pagou para chegar à final, pois não era algo sustentável financeiramente. Eles fizeram algumas boas contratações, mas tiveram que se desfazer do time. Foi mais ou menos o caso do Lille, que se classificou seguidas vezes para a LC”, analisa. Quanto ao Olympique de Marselha, time mais tradicional da França, a chance de ver o clube erguer a taça como em 1992/3 também é pequena.
€
52 milhões
foi o lucro do Lyon com os volantes Edmilson, Essien, Diarra e Tiago
14 anos se passaram desde que o Olympique de Marselha conquistou a última Liga dos Campeões para a França
“O OM tem mais tradição do que Lille e Bordeaux, mas não acho que tenha time para ir longe. Eles têm uma cultura quase italiana, diferente do jogador do Lille, que não sofre pressão. Se você tem um efetivo reduzido, como é o caso do Olympique neste ano, você paga o sucesso de uma temporada com problemas na outra”, analisa Ricardo Gomes.
Poderio econômico A formação do meio-campo do Lyon, principalmente com relação aos volantes, ilustra bem a política que permitiu ao clube dominar o futebol francês. Edmilson, Essien, Diarra e Tiago foram alguns dos volantes que mais se destacaram pela equipe, nas últimas temporadas. Quando foram contratados, o Lyon gastou quase € 33 milhões, no total. Na hora de negociá-los com outras equipes, a soma dos valores de “revenda” dos quatro chegou a € 85 milhões. A origem do poder financeiro do Lyon vem de 1987, quando Jean-Michel Aulas assumiu a presidência do clube. De cara, o empresário do ramo de tecnologia afirmou que o OL, na época uma equipe mediana, teria condições de disputar competições européias em quatro anos. Aulas aos poucos mudou a realidade da equipe. Com o ideal de transformar o clube em um negócio rentável, ele desenvolveu formas de aumentar o faturamento. Hoje, existe uma legião de produtos e serviços com a marca do Lyon, incluindo frota de táxis, cabeleireiros, restaurantes e cafés. Em 2007, a equipe entrou na Bolsa de Valores e agora desenvolve um projeto para a construção de um novo estádio multiuso.
Síndrome Dada a falta de recursos dos outros clubes, cabe ao Lyon exercer a função de peso-pesado na LC. Entretanto, o time não consegue engrenar. Para o zagueiro Cris, o problema dos lioneses está na forma de atuar na hora decisiva. “A gente vai muito bem na fase de grupos. Terminamos em primeiro na chave, fazemos grandes jogos, mas, quando chegamos no mata-mata, não conseguimos ter o mesmo desempenho. A LC é uma competição difícil. É preciso saber jogar ela e ter um pouco de sorte também, e isso nos faltou um pouco”, explica. As seguidas eliminações exercem um peso importante dentro da cabeça dos Setembro de 2007
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VIDA PÓS-OLYMPIQUE
ELES DERAM UMA MÃOZINHA
jogadores, cada vez mais pressionados para apagar os fiascos anteriores. Como se não fosse suficiente a cobrança interna, há ainda a obsessão de Aulas em fazer do OL uma máquina de conquistar títulos. Para o dirigente, o clube precisa ganhar tudo: Ligue 1, Copa da França, Copa da Liga Francesa, Liga dos Campeões... Na temporada passada, a perda de alguns títulos mexeu com o lado psicológico da equipe. “O time estava bem concentrado até esse jogo contra a Roma, e fomos eliminados muito cedo. Isso mexeu com o time. O rendimento foi caindo. Como no Campeonato Francês estávamos com uma vantagem de 15 pontos sobre o segundo colocado, demos uma relaxada. Perdemos a Copa da Liga no último minuto e desanimamos. Foram coisas que não conseguimos reverter”, admite Cris. Assim, em 2006/7, o Lyon passou por uma experiência estranha. Apesar da conquista do hexacampeonato nacional, a temporada terminou com um gosto de fracasso. Houve divergências entre o então treinador Gérard Houllier e alguns jogadores. Alou Diarra, Fred e Caçapa cometeram atos de indisciplina; Juninho Pernambucano e Coupet reclamaram da demora nas renovações de seus contratos e ameaçaram deixar a equipe. Todas essas dores-de-cabeça vinham de longa data e intensificaramse com a derrota para a Roma. Então, a diretoria mostrou outra de suas qualidades: entrou logo em ação para resolver os problemas. Houllier, Caçapa e Diarra deixaram a equipe, e Fred deve seguir o mesmo caminho. Juninho e Coupet tiveram seus vínculos renovados. A chegada do técnico Alain Pérrin, de melhor trato com os jogadores, acalmou os ânimos. Para tentar
Olympique de Marselha • Instabilidade política • Envolvimento em casos de irregularidades em transferências de jogadores • Pressão da torcida nos jogos no Vélodrome • Indefinição quanto à venda do clube
Bordeaux • Elenco modesto • Ausência de criatividade no meio-campo • Falta de ousadia no planejamento
Lille • Elenco modesto e inexperiente • Nervosismo e precipitação em jogos contra adversários de maior nome • Falta de força econômica para segurar principais jogadores
O desempenho dos clubes franceses na Liga dos Campeões depois que o clube de
1995/6
Monaco
Paris Saint-Germain
Paolo Cocco/Reuters
• Instabilidade no comando da equipe, com constantes trocas de técnicos • Falta de habilidade para negociar compra e venda de jogadores • Antipatia dos outros clubes, por favorecimentos fiscais no principado • Supervalorização de um elenco mediano • Crise financeira
• Crise financeira da Vivendi Universal, ex-proprietária do clube • Participação em irregularidades em negociações de atletas • Problemas causados por comportamento violento da torcida • Altos valores pagos a reforços que não corresponderam dentro de campo • Indefinição sobre venda do clube e incertezas quanto ao futuro
1994/5 semifinal
Monaco
Paris Saint-Germain
1993/4 semifinal
O Lyon conseguiu estabelecer sua supremacia dentro do futebol francês graças a uma política ambiciosa. Contudo, os adversários deram sua contribuição para que o OL reinasse sozinho na Ligue 1. Veja alguns dos problemas vividos pelos adversários dos lioneses
1996/7
1997/8
1998/9
1999/2000
Nantes
Auxerre
Lyon
quartas-de-final
Paris Saint-Germain
Metz
semifinal
fase de grupos
fase de classificação
terceira fase preliminar
Monaco
Lens
semifinal
fase de grupos
Olympique de Marselha segunda fase de grupos
Bordeaux segunda fase de grupos
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Jean-Marc Loos/Reuters
O Olympique, de Cissé, tenta deixar de ser apenas um coadjuvante
diminuir a pressão no elenco, o Lyon adotou uma postura mais pés-no-chão. No entanto, para Ricardo Gomes, as dificuldades do Lyon não são apenas psicológicas. “Existe uma diferença enorme entre o futebol francês e o dos países mais ricos da Europa. O que o Lyon faz bem há dez anos, outros fazem há 30. Os lioneses estão no caminho para construir sua história européia e ainda têm muita coisa pela frente. Comparar a história do Lyon com a do Milan, da Juventus, dá uma diferença absurda. E é isso o que se vê na maioria dos jogos”. O treinador brasileiro ainda aponta um desnível da França em relação aos maiores campeonatos europeus. “O Campeonato Francês tem um bom nível. Mas é diferente, pois tem a influência africana, que deixa o jogo muito rápido. Ele é mais amarrado, os espaços são muito reduzidos. As partidas do Campeonato Espanhol são mais espetaculares porque há muito mais espaço. Além disso, aqui também há uma saída muito grande de jogadores, como no Brasil. A Inglaterra é um outro mundo. A gente está quase enxugando gelo, em termos europeus. Por isso, fora o Lyon, poucos clubes franceses têm chances na Europa, pelo menos em teoria”. Ou seja, apesar do progresso nos últimos anos, o Lyon e os clubes franceses ainda têm que amadurecer– tanto em termos psicológicos quanto na parte financeira e organizacional – para irem mais longe. Enquanto não forem rompidas essas barreiras, os franceses devem se contentar mesmo com o papel de coadjuvantes. Saiba mais sobre futebol francês em www.trivela.com/franca
Marselha levantou a taça, na temporada 1992/3
2000/1
2001/2
2002/3
2003/4
2004/5
2005/6
2006/7
Lyon
Lille
Auxerre
Lyon
Lyon
primeira fase de grupos
primeira fase de grupos
Olympique de Marselha
Lyon
segunda fase de grupos
quartas-de-final
quartas-de-final
oitavas-de-final
Monaco
Monaco
Lille
Monaco
Nantes
Lyon
Lyon
oitavas-de-final
oitavas-de-final
primeira fase de grupos
segunda fase de grupos
primeira fase de grupos
quartas-de-final
Monaco
Paris Saint-Germain
terceira fase preliminar
Lille
fase de grupos
Paris Saint-Germain
Lyon
Lens
vice-campeão
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primeira fase de grupos
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segunda fase de grupos
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Bordeaux
fase de grupos
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NEGÓCIOS por Olavo Soares
Terceiros, parceiros, PATROCINADORES... O estabelecimento de parcerias entre empresas e clubes é cada vez mais freqüente no Brasil. Histórias de sucesso aparecem ao lado de rompimentos conturbados e vexames dentro de campo time da época da Parmalat é sempre lembrado como um dos maiores esquadrões da história do Palmeiras. O noticiário sobre a parceria CorinthiansMSI ocupa grande parte do cotidiano dos periódicos esportivos. Flamenguistas e gremistas até hoje sentem os efeitos dos conturbados acordos que seus clubes fizeram com a ISL, e a torcida do Vasco ainda se lamenta pela saída precoce do Nations Bank da administração do clube. Como se vê, falar sobre parcerias no futebol brasileiro não é exatamente uma novidade. Faz quase 10 anos que a mais bem-sucedida de todas – a citada PalmeirasParmalat – foi encerrada, e ainda há muita controvérsia sobre a validade desse modelo para os grandes clubes do país. À margem dessas discussões, acordos similares acontecem com freqüência nos pequenos e médios clubes do Brasil. Terceirizar o futebol, aceitar aportes financeiros de empresas “desconhecidas” e até deixar o comando do clube na mão de grandes organizações são alternativas bem conhecidas dos times que povoam as divisões inferiores nacionais. Especialistas apontam que fazer uma parceria é uma solução viável para um
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time pequeno. “A partir do momento em que um clube começa a ir mal financeiramente, é importante pensar em outras alternativas – e estabelecer uma parceria pode ser uma das mais rentáveis”, destaca Luiz Felipe Santoro, advogado especialista em direito esportivo e pesquisador da área de administração do esporte.
Recém-chegados O Primavera, de Indaiatuba (interior de São Paulo), é um dos mais novos integrantes do grupo dos times com parcerias no Brasil. A entrada nessa lista foi feita com estilo. O clube assinou, no início de julho, um acordo com o Racing Santander, da primeira divisão espanhola. O contrato – com validade de cinco anos – prevê investimento de € 2 milhões nos cofres do Primavera e a passagem da gestão do futebol para o Racing. A atual diretoria cuidaria apenas da parte social do clube. O Santander também construirá uma estrutura para as categorias base e, em troca, ficará com a maior parte do valor da venda dos jogadores revelados. Entre dirigentes do Primavera e políticos da cidade, o clima é de celebração. O diretor de futebol do clube, José Renato
No Caxias, que acabou de iniciar uma parceria, o clima é de otimismo
Guimarães, comemora: “a parceria é séria. Fizemos acordo diretamente com o presidente do Racing, sem intermediários. Esperamos que tenhamos um time forte e que consigamos os acessos”. São dois os atrativos que levaram o Primavera a ser escolhido pelo clube espanhol, segundo Guimarães. O primeiro é a cidade de Indaiatuba. Ela fica perto da capital paulista – cerca de 100 quilômetros de distância – e conta com um clima parecido ao encontrado na Europa, “o que facilita a adaptação dos jogadores”. A outra vantagem está nas finanças do time: “o Primavera está ‘redondinho’, sem grandes dívidas”, alega o dirigente. Com a parceria, o Primavera passará a se chamar Real Racing Primavera. “Mas não mudaremos nem o distintivo nem as cores. A parceria respeitará as tradições”, promete Guimarães. No Rio Grande do Sul, o tradicional Caxias passou, no início do ano, a gestão
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de seu futebol profissional para a empresa Voges, pertencente ao grupo Metalcorte, que atua no ramo industrial. O contrato tem 15 anos de duração. Com isso, a diretoria do Caxias agora é indicada pela Metalcorte. Uma das primeiras medidas da parceria foi a retirada do clube dos campeonatos estaduais infantis e juvenis. Para o novo diretor das categorias de base do Caxias, Juan Ferraro, isso foi necessário para que se reestruture toda a base do clube: “elas não tinham estrutura nenhuma. Em alguns casos, os pais dos meninos brigavam e montavam dois times distintos”, conta. Com a nova administração, o Caxias quer voltar a disputar esses torneios a partir do ano que vem.
Porthus Junior/RBS
Futuro sombrio O otimismo no Caxias e no Primavera é típico da primeira etapa de um roteiro comum à maioria das parcerias no futebol brasileiro: iniciam-se com euforia e promessas, mas rotineiramente terminam com acusações dos dois lados, deixando o clube num estado próximo da falência. Foi assim com o acordo PortuguesaAbility. Estabelecida no final de 2003, a parceria tinha validade por três anos e ambições grandes: dar mais profissionalismo à gestão do clube, levar a Lusa de volta à Série A e aumentar a receita com marketing. Dentro de campo, no entanto, os resultados não foram animadores – nem
Portuguesa
União Barbarense
Caxias
Primavera
Guarani
Matonense
Ituano
Parceira
Ability
UB
Grupo Metalcorte
Racing Santander
Turbo System
Futura Sports
Oliveira Júnior
Início
2003
2003
2007
2007
2006
2005
1999
Bons momentos
Salários em dia para os atletas (raridade na Lusa)
Título da Série C, em 2004
Reformulação da divisão de base do clube
Promessas de intercâmbio com a Espanha
Contratações de Toninho Cerezo e Zé Elias
Nenhum
Título Paulista de 2002 e da Série C de 2003
Maus momentos
Fracasso na tentativa de retorno à Série A e instabilidade política no clube
Três rebaixamentos entre 2005 e 2006
Eliminação na primeira fase da Série C
Por enquanto, nenhum
Descoberta que o empresário “italiano” era um estelionatário brasileiro
Entrada em campo com 10 jogadores numa partida; em outra, mandou dois times para o jogo
Falta de time para o Paulistão de 2007
Em que situação está
Contrato rompido no início de 2005, com a posse de Manuel da Lupa
Finalizada bruscamente em 2006; clube assinou outra parceria
Em vigência, com término previsto para 2022
Dando os primeiros passos
Encerrada antes dos seis meses de duração
Finalizada e com desdobramentos correndo na Justiça
Desmontada às pressas, no início do ano
Clube
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Conhecendo o parceiro A União Barbarense é outro clube que experimentou altos e baixos na companhia da parceira. A UB Corporation – empresa suíça controlada por ucranianos – estabeleceu vínculo com a Barbarense em 2003 e, no ano seguinte, levou o time ao maior feito de sua história: a conquista
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Sérgio Assis/Gazeta Press
caóticos. A Portuguesa fez, em 2004, um Paulistão discreto e uma Série B sem maiores emoções. A Ability fazia-se presente na contratação de alguns jogadores e, principalmente, no pagamento de salários aos atletas. É justamente esse ponto que parece ter complicado a relação entre empresa e clube. “Alguns funcionários estavam sem receber há meses. Como o responsável pela manutenção iria trabalhar sorrindo, se ele via que o futebol estava em dia, mas o restante não recebia seu dinheiro?”, questiona José Antonio Bressan, que ocupou o cargo de gerente de futebol da Portuguesa durante a vigência da parceria. Pelo acordo entre as partes, a Ability não teria responsabilidades sobre dívidas que a Lusa contraíra antes da assinatura do contrato. O trabalho foi se tornando inviável e, no início de 2005, a parceria foi desfeita. O presidente Manuel da Lupa deu fim ao acordo, alegando que não era benéfico para o clube – à época, disse que as negociações “precipitadas” de atletas prejudicavam o desempenho da Portuguesa dentro de campo. Já Bressan vê a questão de outra forma. “O que o grupo do Da Lupa queria era uma gestão da seguinte forma: a Ability coloca o dinheiro, e os cartolas administram. Falei que assim eu não trabalharia. Aí, a Ability também preferiu ficar de fora”. Para Bressan, a principal causa para que as parcerias não vinguem está na “vaidade dos dirigentes, que não admitem perder o controle dos times”. José Carlos Brunoro, “cabeça” da parceria Palmeiras-Parmalat e hoje gerente do FC Pão de Açúcar, vê com ceticismo os projetos de parceria no Brasil, devido ao mesmo problema apontado por Bressan. “As parcerias não vingam aqui porque os dirigentes não querem compartilhar a gestão. Eles querem que uma empresa chegue, invista recursos, pague as dívidas e depois passe de novo a administração aos antigos dirigentes. Isso é impossível”, diz.
QUATRO PASSOS PARA FORMAR UMA PARCERIA BEM-SUCEDIDA
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Conhecer bem o parceiro O exemplo do Corinthians está aí: fechar acordos longos com empresas nebulosas é pedir para ter problemas. No mundo dos pequenos, a Barbarense também sofreu com esse erro. A necessidade de saber com quem se trabalha parece – e é – óbvia, mas é uma rotina nem sempre adotada.
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Definir contratos com clareza É fundamental saber quem fará o quê depois de assinado o acordo. Nenhuma parceira despejará milhões de dólares e deixará que a diretoria antiga administre o dinheiro a seu bel-prazer. O contrato precisa também evitar que, caso um grupo de oposição assuma o clube, o trabalho seja bruscamente encerrado.
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Deixar a vaidade de lado Se o dirigente aceitou a ajuda de uma empresa externa,
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Preparar-se para o futuro Como tudo na vida, as parcerias um dia acabam
tem que deixar que ela faça seu trabalho – mesmo que isso represente perda de poder. Afinal, se o clube conhece bem com quem está lidando, saberá que se trata de um grupo sério.
– e o clube precisa estar pronto para isso. Se tudo correr bem, as duas partes encerrarão o acordo com dinheiro em seus cofres. Capitalizar esse dinheiro e fazer bons investimentos é essencial para quem quer voltar a caminhar sozinho.
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Investidor “italiano” do Guarani era, na verdade, um estelionatário brasileiro
da Série C do Campeonato Brasileiro. Mas veio 2005, e todo o trabalho caiu por terra. Em abril, o time foi rebaixado no Campeonato Paulista; cinco meses depois, acabou entre os últimos da Série B do Brasileirão. O que parecia o fundo do poço acabou se revelando ainda pior em 2006: a Barbarense foi rebaixada para a A-3 Paulista e, na Série C do Brasileirão, fez campanha pífia. A parceria entre UB e Barbarense terminou na metade de 2006. Reinaldo Brugnerotto, atual presidente do clube, afirma que a principal falha foi apostar em administradores não ligados ao futebol. “A UB trouxe gente que entendia de administração, de economia, mas não de futebol. Assim não tem como o negócio dar certo”. O dirigente lembra das negociações de alguns atletas que, segundo ele, foram determinantes para
os fracassos da equipe. “Algumas vezes, arrumávamos o jogador certo na hora certa, e a UB vendia”, recorda. A saída traumática da UB não fez com que a Barbarense descartasse o sistema de parcerias – tanto que, em maio, foi assinada uma carta de intenções entre o clube e a empresa portuguesa Gold Price. Brugnerotto afirma que a idéia de estabelecer novamente uma parceria causa calafrios em muitos torcedores, mas é enfático ao defender a necessidade desse tipo de acordo: “o futebol está muito caro. Sem parceria, nenhum time consegue viver”. Saber com quem se trabalha é essencial para que uma parceria dê certo, na opinião do especialista Luiz Felipe Santoro. “O clube tem que estudar bem o que é a relação antes de assinar o contrato. Deve conhecer bem o parceiro, saber como ele pode ajudar”, finaliza. Este último conselho parece óbvio. Mas, apesar disso, não é todo mundo que o põe em prática. O Guarani, a mais tradicional equipe do interior do Brasil, conseguiu a façanha de levar um chapéu histórico quando fechou acordo em 2005 com a empresa Turbo System, do “italiano” Nino Nicoletti. A parceira prometia aportes de US$ 50 milhões, em cinco anos. Numa de suas primeiras ações, trouxe o volante Zé Elias, que deixara o Santos, e repatriou o badalado técnico Toninho Cerezo, que voltava ao Brasil depois de quase uma década no futebol japonês. Mas o conto de fadas bugrino desapareceu rapidamente. O “italiano” Nino Nicoletti era, na verdade, o brasileiro José Loria Nicoletti, com passagens na polícia por estelionato. Quando o Guarani se deu conta do problema, era tarde para tentar reverter a situação. O resultado é que 2006 foi o ano mais caótico da história do Bugre, com rebaixamentos no Campeonato Paulista e na Série B do Brasileirão. Com todos esses perigos, vale a pena apostar em parcerias? Não é possível dar uma resposta simples a essa pergunta. Mesmo um clube pequeno, se bem administrado e consciente de suas limitações, é capaz de viver perfeitamente sem um parceiro. Por outro lado, esses contratos podem permitir a um time crescer num ritmo que seria impossível sem ajuda externa. Como mostram os casos de Portuguesa, Barbarense e muitos outros, é preciso uma boa dose de prudência – e realismo – para tomar essa decisão.
NOTAS Alemanha renova com a Adidas Enfim chegou ao fim a novela “quem vai patrocinar a seleção da Alemanha” Após meses de especulações, propostas multimilionárias e disputas com a principal concorrente, a Adidas estendeu seu contrato com a Federação Alemã até 2018 – o anterior ia até 2011. O valor do acordo, que vem desde 1954, subiu de € 11 milhões para € 20 milhões anuais. A soma é bem inferior à suposta proposta da Nike, de € 500 milhões por oito anos.
Patrocínio A Telkom AS tornou-se a segunda empresa sul-africana confirmada como patrocinadora da Copa de 2010. A companhia de telecomunicações assinou um contrato de US$ 36 milhões com a Fifa. “Este acordo não apenas destaca a confiança da entidade em que o país será sede do Mundial, mas também mostra que o universo dos negócios sul-africano acredita nos impactos positivos que o evento trará à nação”, afirmou Jerome Valcke, secretário-geral da Fifa.
Negócio da Rússia O Schalke 04 decidiu explorar novos mercados e abriu uma loja oficial do clube na Rússia – mais especificamente em São Petersburgo, a mais de 1,7 mil quilômetros de Gelsenkirchen. Os Azuis Reais são patrocinados pela Gazprom, concessionária energética que estampa sua marca também no Zenit. Os torcedores têm à disposição 14 tipos de produtos diferentes, em um total de 3,5 mil itens. “A parceria com o Zenit não existe apenas no papel. Temos agora a loja e planejamos expandir os negócios”, afirmou Peter Peters, diretor da equipe alemã.
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CULTURA por Cassiano Ricardo Gobbet
Pisando em território
inexplorado Blogs de futebol atraem nichos ao tratar de assuntos específicos que os portais não abordam – e muito mais
fanatismo por um clube, campeonato, jogador ou qualquer outro aspecto do futebol não precisa mais se limitar ao sofrimento calado do sofá ou aos berros da arquibancada. Graças à Internet, o torcedor agora tem como deixar de ser parte de uma massa sem rosto e divulgar sua opinião. Viva os blogs! Um intenso debate no mundo da comunicação está tentando definir qual será o papel dos blogueiros na nova ordem virtual. Não, não se trata de mais uma enxurrada de teoria acadêmica. Gente da pesada como BBC, Rupert Murdoch (dono da News Corporation e do grupo Sky) e CNN estão queimando as pestanas para transformar os blogs de um risco em uma oportunidade.
O
Blogs brasileiros
Blogs do Guardian http://blogs.guardian.co.uk/sport/
“É lazer, é trabalho e, principalmente, uma válvula de escape, quando meu Sport perde”, diz José Neves Cabral, do blog Arquibancada, especializado em futebol pernambucano. Como ele mesmo explica, o cerne da coisa é a própria opinião. “Às vezes, eu passo informações que consigo, mas raramente saio para apurar alguma coisa”. Um dos grandes trunfos dos blogs em relação aos grandes meios de comunicação é a possibilidade de explorar nichos economicamente inviáveis para empresas de maior porte. Talvez a Rede Globo não esteja interessada em cobrir Campo Limpo 0x0 Brasilis, na quarta divisão paulista, mas o Jogos Perdidos faz de partidas assim sua especialidade.
Josmer Altidore
Papo de Bola
http://goal.blogs.nytimes.com/author/jaltidore/
http://www.papodebola.com.br/
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Aqui, o nível de obsessão aumenta bastante. Visitar países longínquos durante a lua-de-mel, viajar para fazer reportagens sobre o Deportivo Yupanqui ou ir atrás do escudo do Náutico de Roraima fazem parte do dia-a-dia. “Acompanhávamos jogos de futebol que ninguém assistia. Assim, o blog foi uma maneira acessível e rápida para divulgar nosso ‘lazer’”, explica Emerson Ortunho, um dos editores do site. Novos jornalistas também usam a ferramenta para mostrar suas habilidades, como o Quattro Tratti, que fala de futebol italiano. “Começou como lazer, mas é claro que acaba se tornando um meio de mostrar o que a gente faz. E eu ainda aprendo com uma dica ou outra que algum amigo sempre dá, sobre redação, assunto ou mesmo uma curiosidade do tema”, conta o blogueiro Braitner Moreira – não, o nome dele não é só coincidência com o lateral alemão dos anos 70. A democratização da informação e a exploração dos nichos intocados não são os únicos campos de atuação dos blogs esportivos. Grandes nomes – ou candidatos a tanto – ganham dinheiro por sua imagem e assinatura em colunas virtuais, como é o caso do americano Josmer Altidore. Os textos do atacante (que es-
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LANÇAMENTOS O FUTEBOL E SEU CONTEXTO Hilário Franco Júnior, professor da Faculdade de História da Universidade de São Paulo, lança sua primeira obra sobre futebol. Em “A Dança dos Deuses”, o autor mostra que a evolução do esporte não pode ser separada do contexto histórico, social e até religioso. Entre outros assuntos, o livro explica por que
Blogs da BBC
Jogos Perdidos
http://www.bbc.co.uk/blogs/
http://jogosperdidos.zip.net/
o futebol, nascido na Inglaterra, não se popularizou em algumas das colônias britânicas, como Estados Unidos, Canadá e Austrália, onde outros esportes bretões são praticados até hoje. O livro mostra também como as regras do jogo alteraram-se para adaptarem-se não só às necessidades do próprio esporte, como também às mudanças da sociedade. A Dança dos Deuses Autor: Hilário Franco Júnior Editora: Cia das Letras Número de páginas: 344 Preço sugerido: R$ 54,00
Arquibancada
Quattro Tratti
http://www.arquibancada.blog.br/
http://quattrotratti.blogspot.com/
tá em nossa Peneira, nesta edição) são uma exclusividade da versão digital do jornal New York Times. O resultado, no entanto, não é nada que empolgue: o habilidoso Altidore segue a cartilha do jogador bem-comportado de olho no próprio marketing. Grandes meios de comunicação, como os britânicos BBC e Guardian, também usam o recurso para a opinião. Em ambos – assim como vários outros –, os editores sentem-se à vontade para dar seus pitacos sem muito compromisso com a pauta ou com a linha editorial da publicação. A dificuldade que ainda atrapalha os blogueiros é a falta de condições de sair da simples opinião e aprofundar-se na reportagem. “Não tenho estrutura para
sair correndo atrás de notícias. Algumas fontes me ligam de vez em quando e passam informações”, explica José Neves, do Arquibancada. “Toda forma de jornalismo eu acho legal, desde que procure, antes de tudo, informar”, adiciona Edu César, do blog Papo de Bola. Existe um futuro “econômico” para os blogs? As opiniões divergem. “A cada dia que passa, os blogs de qualidade estão se tornando mais conhecidos e acessados. Isso pode ser canalizado sem problemas para a comercialização”, diz Emerson, do Jogos Perdidos. “Seria ótimo, mas bem improvável. Talvez no futuro apareça algo interessante graças a alguém que leia o blog. Mais que isso é meio que utópico”, acha Braitner.
O TERCEIRO DO CRUZEIRO Fato raro entre clubes brasileiros, o Cruzeiro colocará à venda para seus torcedores uma terceira camisa. O novo modelo virá em dois tons de azul: marinho do lado esquerdo e celeste do direito, com detalhes em dourado. O uniforme de goleiro será nas cores amarela e verde. A idéia da Raposa é usar o modelo em suas partidas internacionais entre 2007 e 2008, além de alguns jogos esporádicos pelo Campeonato Brasileiro. Camisa 3 do Cruzeiro C FFabricante: Puma O Onde encontrar: principais lojas esportivas Valor sugerido: R$ 159,90
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uem gosta de futebol internacional pode ir desmarcando seus compromissos nos fins de semana. Depois de uma leve retração em 2006/7, as emissoras estão apostando com força no futebol internacional, nesta temporada. Dá para dizer que nunca houve tantos jogos do exterior disponíveis na televisão brasileira quanto hoje. A maioria das emissoras aumentou o número de jogos transmitidos. Quem detém mais campeonatos são os canais ESPN, que prometem exibir mais de 500 jogos nesta temporada. As principais novidades são a possibilidade de passar todas as partidas do Campeonato Italiano e a exibição de mais jogos do Alemão – agora são dois por rodada, em vez de um. A Bundesliga, aliás, também será transmitida pela Bandsports, que mostrará até três encontros por rodada.
Q
TELEVISÃO por Tomaz R. Alves
Futebol de
sofá Temporada 2007/8 promete uma avalanche de partidas de futebol internacional na televisão, incluindo transmissões ao vivo de todos os principais campeonatos europeus
O aumento no número de jogos transmitidos também se deve à TV Esporte Interativo. O canal, que entrou no ar no início deste ano e pode ser visto por antena parabólica, deverá exibir por volta de 10 partidas em cada fim de semana, dos campeonatos Inglês, Alemão, Italiano e Português. Na televisão aberta, os canais também oferecem uma boa quantidade de opções. A Record continuará exibindo a Liga dos Campeões e também a Copa Uefa. Já a Bandeirantes deverá passar jogos do Campeonato Inglês, aos sábados, e do Italiano, aos domingos. Para facilitar sua vida, preparamos uma tabela com todos os campeonatos internacionais que serão transmitidos nesta temporada, segundo informações das emissoras. Confira e prepare a pipoca!
ONDE VER FUTEBOL INTERNACIONAL (jogos por rodada, em média) Principais Campeonatos
Canal 128
2 1 2 1 – – 2
2 2 1 1 – – 6
3 – 3 2 – 3 –
1 – 1 – – – –
– – – – 1 – –
Copa da Inglaterra, Eliminatórias da Euro-2008, Eliminatórias da Copa-2010
Copa da França, Eliminatórias da Copa-2010
Outros torneios
MLS, Copa da Inglaterra e da Liga Inglesa, Copa da Itália, Mundial, Eliminatórias da Euro-2008 e da Copa-2010, CAN
Pode exibir, ocasionalmente, o Campeonato Alemão e o Português
Eliminatórias da Euro-2008, Copa da Liga Francesa, Copa Sul-Americana
Restrições
No Alemão, não pode passar os jogos de sexta. No Espanhol, não pode transmitir as partidas que serão exibidas pela Sky
As mesmas da ESPN Brasil. Além disso, na Liga dos Campeões, apenas dois jogos por rodada serão exibidos ao vivo.
Italiano Espanhol Inglês Alemão Francês Português Liga dos Campeões
– – – 3 – 3 –
– 2 – – – – –
– – – – – – 1 Copa Uefa, Supercopa Européia
A transmissão dos torneios, durante o Horário de Verão, depende de espaço na grade do canal
CANAIS ESTRANGEIROS
*em italiano
*em francês
Campeonato Italiano (4 jogos por rodada) e partidas da seleção italiana
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Campeonato Francês (1 jogo por rodada) e partidas da seleção francesa
*em japonês
Campeonato Português (1 jogo por rodada) e partidas da seleção portuguesa
Campeonato Português (1 jogo por rodada)
Campeonato Japonês (1 jogo por mês)
*em árabe
Jogos de competições do Oriente Médio e norte da África e partidas de seleções da região
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CADEIRA CATIVA por Érico Nogueira
Bem-vindo ao
Engenhão E
seriam as melhorias necessárias para considerar o Engenhão apto para uma Copa do Mundo. Diante da proibição da entrada de comida no recinto, restava aos torcedores apenas a opção de sanduíches pouco recheados e muito caros, além de refrigerantes sem gelo e sem gás – ou então apelar para o jeitinho brasileiro e “contrabandear” algum alimento, passando pela minuciosa revista, que incluía até raio X. A vitória na estréia prometia grande futuro na competição, mas virou decepção ainda na primeira fase, quando o Brasil foi eliminado pelo Equador, que viria a ser campeão. Mesmo assim, ficam as memórias de uma tarde agradável de domingo e de um novo e bonito estádio do Rio de Janeiro.
BRASIL HONDURAS
3 0
Competição: Jogos Pan-Americanos Data: 15/julho/2006 Local: Estádio Olímpico João Havelange (Rio de Janeiro)
Genilson Araújo/Ag. O Globo
m meio à disputa do Mundial sub20, sobrou para os garotos da sub17 a tarefa de representar o Brasil nos Jogos Pan-Americanos, realizados em julho, no Rio de Janeiro. Nomes pouco – ou nada – conhecidos fizeram o que o público esperava deles na partida de estréia da Seleção no torneio. O jogo contra a fraca equipe de Honduras, marcado para as 15:30 de um domingo, dia 15, teve público considerável que, ainda desacostumado com o sistema de lugares marcados com antecedência, encheu as áreas centrais do Estádio Olímpico João Havelange, o famoso Engenhão, mas deixou vazios os setores laterais. Grande parte dos 28 mil torcedores chegou em cima da hora, cerca de 15 minutos antes do apito inicial. Mesmo diante do show do corintiano Lulinha, autor dos três gols brasileiros, as principais diversões do público foram fazer provocações clubísticas, envolvendo principalmente times cariocas, vaiar toda e qualquer manifestação do árbitro e vibrar com a habilidade de um gandula que, ao dominar uma bola no peito, foi chamado de Pelé. As cadeiras azuis – ainda sujas pela poeira decorrente das obras atrasadas – e a cobertura ondulada do estádio chamavam a atenção e remetiam a estádios europeus. Apesar disso, diferentemente do que acontece no Velho Continente, notava-se que muitas
Getty Images/AFP
A Seleção Brasileira estreou no Pan com uma fácil vitória sobre Honduras. Mais do que o show de Lulinha, a atração foi o novo estádio carioca
Você foi a algum jogo que tem uma boa história para ser contada? Escreva para contato@trivela.com que seu texto pode ser publicado neste espaço!
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A Várzea
Salvem o Talarico Chico Lingüiça estava preocupado quando pediu a ajuda de Tolete. O proprietário do Chico Lingüiças’s Bar é também o patrono do Talarico FC, importante agremiação da Liga Independente dos Clubes de Bingo, Mesas de Cacheta e Rinhas de Galo da Rua 4B, que não vai bem. Tolete logo percebeu que a melhor maneira de garantir a jurubeba seria produzir uma lista enganação, do tipo “3 soluções para o Talarico”. Todo mundo sabe que os problemas que afligem todos os clubes são sempre os mesmos dois: a imprensa e os juízes. Tolete, portanto, logo pensou na primeira solução: “Investir nas categorias de base”. Ou seja, a distribuição de jurubeba e jujuba nas faculdades de jornalismo, por exemplo, ajudaria a molecada a pensar melhor antes de criticar à toa. A segunda solução também foi fácil: “Profissionalizar a gestão”. Em vez de pedir para Zenaldo e Sapatão darem uma prensa amiga no juiz na base da camaradagem, o Talarico deve contratá-los – Zenaldo, Sapatão e o juiz. Ajudaria também para o caso de algum moleque da faculdade não se sentir atendido com a jujuba e a jurubeba.
A charge do mês A terceira idéia para a salvação do esquadrão da rua 4B foi criativa: uma co-gestão. Os investidores que procuraram Tolete oferecem craques e dinheiro ao clube e, em troca, só querem o número da conta bancária de Chico Lingüiça para ajudar um amigo cujo pai era ditador na Nigéria. Um ótimo negócio!
A lorota do mês Você pode receber A Várzea todo dia na sua caixa postal. Basta entrar no site www.trivela.com e inserir seu endereço de e-mail no campo de cadastro. Ou então mande uma mensagem para varzea@trivela.com, com a palavra Cadastrar no campo de assunto
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“Foi involuntário, acontece. Depois, vi na televisão que meu pé pegou nele” Túlio, volante do Botafogo, não percebeu uma leve desaceleração no movimento de seu pé, enquanto o rosto de Leandro virava paçoca. Mas na TV ele viu.
A manchete do mês “Kléber Pereira supera Pelé e Robinho” (UOL Esporte) Sério, teve um cara que fez essa conta: em nove jogos (isso mesmo, nove jogos!) pelo Santos, o ex-jogador do Necaxa tem média de gols melhor que Pelé e Robinho tiveram em toda sua história no clube – e isso, claro, é suficiente para botar na manchete que ele é melhor que os dois.
Em alta Zagallo Depois que o Dunga deixou o Kaká e o Ronaldinho na reserva só pra provar que tem moral, até o Zagallo virou um cara humilde.
Barcelona O Real Madrid contratou Schuster, ou seja, o famoso ninguém, e está brigando para contratar o Diego Milito. E o Barça conseguiu perder o título pra eles!
Em baixa
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Todas as camisas,
Brasil
Argentina
México
Peru
Colômbia
Chile
Equador
Bolívia
R$ 99,90
R$ 149,90
R$ 159,90
R$ 169,90
R$ 269,90
R$ 299,90
R$ 269,90
R$ 269,90
América-RN
Atlético-MG
Botafogo
Cruzeiro
Goiás
Grêmio
Juventude
Palmeiras
R$ 119,90
R$ 169,90
R$ 139,90
R$ 169,90
R$ 169,90
R$ 169,90
R$ 109,90
R$ 139,90
Roma
Napoli
Hannover I
Hannover II
Romário Mil I
Romário Mil II
T-Shirt Mil Gols
Vasco da Gama
R$ 169,90
R$ 169,90
R$ 169,90
R$ 169,90
R$ 169,90
R$ 169,90
R$ 79,90
R$ 139,90
Parma
Bari
Lorient
Modena
Guiné
Islândia
Luxemburgo
Derby County
R$ 229,90
R$ 229,90
R$ 229,90
R$ 229,90
R$ 229,90
R$ 229,90
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Contato através de nossa Central de Atendimento pelo telefone 0800-771-0044.
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