Trivela 24 (fev/08)

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LIBERTADORES Cariocas se reforçam para superar retrospecto ruim

CALENDÁRIO Dá para organizar; basta alguém ter vontade E MAIS... ...Entrevista: Nilmar ...Um dia com um nanico na Copinha ...O que sobrou da Alemanha Oriental

nº 24 | fev/08 | R$ 8,90

nº 24 | fev/08 | R$ 8,90

...EUA têm futebol, sim, e torcida também

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Deus salve

a rainha Ingleses dominam as oitavas da Liga dos Campeões, mas têm que superar bloqueio em mata-mata para ficar com o título 1/29/08 7:53:51 PM


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ÍNDICE ENTREVISTA » NILMAR

Depois de um ano e meio parado, atacante volta aos gramados com grandes objetivos 18 CALENDÁRIO

Com um pouco de esforço, dá para montar um bom calendário para o futebol brasileiro 30 LIGA DOS CAMPEÕES

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Times ingleses confirmarão o favoritismo ou vão decepcionar mais uma vez? ALEMANHA

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Grandes da Alemanha Oriental se afundam nas divisões inferiores do país COPA SÃO PAULO

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Como é o cotidiano do Marília-MA, um dos tantos nanicos da “Copinha”

Daniel Kfouri/Trivela

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eu fiscalizo a

Copa 2014

JOGO DO MÊS

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CURTAS

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Edição Caio Maia Editor assistente Tomaz R. Alves Reportagem Carlos Eduardo Freitas Cassiano Ricardo Gobbet Leonardo Bertozzi Ricardo Espina Ubiratan Leal Consultoria editorial Martinez Bariani Mauro Cezar Pereira Colaboradores Dassler Marques Eduardo Zobaran Gustavo Hofman João Tiago Picoli Luciana Zambuzi Marcus Alves Mauro Beting Renato Andreão

PENEIRA

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OPINIÃO

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TÁTICA Os times de Capello

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PRÉ-TEMPORADA

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LIBERTADORES Fla x Flu

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HOLANDA Eredivisie decadente

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ITÁLIA A grande fase da Inter

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EUA O jeito MLS de torcer

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Projeto gráfico e direção de arte Luciano Arnold

HISTÓRIA Franquismo e futebol

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Diagramação e tratamento de imagem Bia Gomes

CAPITAIS Teerã

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Assinaturas

NEGÓCIOS Nomes e marcas

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CULTURA Terceiros uniformes

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www.trivela.com/revista (11) 3038-1406 trivela@teletarget.com.br

INGLATERRA Nicolas Anelka

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CADEIRA CATIVA

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A VÁRZEA

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Dirigentes de federações estaduais ampliam mandatos para se garantir no poder até a Copa de 2014

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EDITORIAL Pré-temporada e nada mais Mais um ano futebolístico começa, e, mais uma vez, quase nada muda. Quando ainda não há futebol, a imprensa contenta-se em alardear as promessas, quase sempre falsas, de dirigentes picaretas, que dizem que vão contratar o Riquelme para, no final, entregar refugos do tipo Dodô ou Leandro Amaral. Passam-se algumas semanas, e esses caras estréiam — contra o Cardoso Moreira. E vão bem, é claro. Mas, nos jogos seguintes, todos caem de produção e acabam empatando com os Américas da vida. É claro: trata-se de uma pré-temporada. Só que a maior parte da imprensa, que passou semanas “bombando” os Estaduais como se valessem alguma coisa e prometendo aos torcedores maravilhas intermináveis, coloca-se na mesma eterna armadilha: como dizer agora que isso é só uma pré-temporada e que um jogo contra o Mirassol tem tanta importância quanto o último eliminado do Big Brother Bósnia? Ninguém, porém, parece se preocupar com isso. Daqui a algumas semanas haverá um “campeão”. Se for o Flamengo, bom, vendemos jornal. Se for o Ipatinga, azar: fingimos que nada aconteceu. Ano que vem tem mais.

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www.trivela.com

Agradecimentos Claudio Kristeller Foto da capa Getty Images/AFP

Diretor comercial Evandro de Lima evandro@trivela.com (11) 3528-8610 Atendimento ao leitor contato@trivela.com (11) 3528-8612 Atendimento ao jornaleiro e distribuidor Vanessa Marchetti vanessa@trivela.com (11) 3528-8612 Circulação DPA Cons. Editoriais Ltda. dpacon@uol.com.br (11) 3935-5524 é uma publicação mensal da Trivela Comunicações. Todos os artigos assinados são de responsabilidade dos autores, não representando necessariamente a opinião da revista. Todos os direitos reservados. Proibida a cópia ou reprodução (parcial ou integral) das matérias e fotos aqui publicadas Distribuição nacional Fernando Chinaglia Impressão Araguaia Tiragem 30.000 exemplares

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Divulgação

JOGO DO MÊS por Luciana Zambuzi

A mais

improvável final Boavista e Start decidiram o título de um curioso torneio de pré-temporada no Rio

ue o futebol pode promover encontros ilógicos e improváveis, todo mundo sabe. Mas é difícil imaginar outra partida tão inusitada como a que reuniu o Start, time rebaixado para a segunda divisão do Campeonato Norueguês, e o carioca Boavista. Mais incrível ainda é que o jogo, disputado no estádio do América-RJ, em pleno verão, ainda valia um título. O troféu em questão é o da Copa Peregrino, torneio amistoso disputado no Rio de Janeiro que contou com a participação dos noruegueses Start, Stabaek e Viking e dos cariocas Madureira, Botafogo e América. Ué, mas cadê o Boavista? A participação do time de Saquarema por si só já foi algo bizarro. A equipe disputou apenas uma partida, substituindo o Botafogo na última e decisiva rodada do torneio, que aconteceria na véspera da estréia do alvinegro no Estadual do Rio. O improvisado convite não impediu que a diretoria do Boavista chegasse com pom-

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pa e helicóptero ao Giulite Coutinho. O torneio apresentou várias “inovações”: tempo técnico para que os jogadores pudessem se hidratar e adaptar-se à diferença de cerca de 30 graus de temperatura em relação à Noruega, número ilimitado de substituições e a possibilidade de retorno a campo dos jogadores que haviam sido substituídos. O nome da Copa Peregrino não é nenhuma referência religiosa. Na realidade, ela faz menção ao nome de uma reserva de petróleo na bacia de Campos, ex-

plorada pela norueguesa StatoilHydro, principal patrocinadora do torneio. Se a competição esteve longe de ter alto nível técnico – mesmo que os times noruegueses contassem com a presença até de jogadores titulares de suas seleções –, ela pelo menos foi um interessante intercâmbio de futebol. Os noruegueses puderam observar de perto o nosso futebol, enquanto os brasileiros tiveram a oportunidade de ganhar dinheiro fácil. Fora dos gramados, os jogadores-turistas noruegueses sofreram com o calor, mas não deixaram de aproveitar o que o Rio de Janeiro tem de melhor. Por recomendação do médico fisiologista da seleção de esqui, os atletas bebiam até sete litros de água por dia. Se, no inicio, tudo era motivo de desgaste, nos últimos dias não foi incomum encontrar jogadores disputando partidas de futevôlei em Copacabana, às 11 da manhã. Em campo, Start e Boavista fizeram um primeiro tempo interessante. O destaque foi o iraniano Aram Kahlili, que se mostrou um bom atacante e marcou os dois gols de seu time. Os gols brasileiros também saíram na primeira metade do jogo. Depois do intervalo, o jogo caiu de ritmo, e a equipe brasileira segurou o empate que garantia o título – para o Botafogo. Enquanto a bola rolava, as arquibancadas eram palco de momentos únicos de interação cultural entre brasileiros e noruegueses. A torcida do Start fazia muito barulho, conquistando a criançada das favelas da região – crianças que chegaram até a arriscar alguns gritos em norueguês. Definitivamente, os poucos torcedores que estiveram em Edson Passos naquela sextafeira puderam assistir ao que foi, no mínimo, um dos mais alternativos confrontos internacionais já registrados.

BOAVISTA 2x2 START Data: 18/janeiro/2008 Local: Estádio Giulite Coutinho (Rio de Janeiro) Árbitro: Rodrigo Saraiva Castanheira Gols: Bruno Rangel (5 min), Kahlili (11 min e 36 min) e Faioli (15 min) Cartão amarelo: Kahlili (Start)

BOAVISTA Daniel; Fábio Braz, Bruno, unoo Hélder, Arílson (Crispinho), inho), ho), Adriano, Bruno Moreno, o Esquerdinha, Flávio Santos os (Danilo), Faioli e Bruno Rangel gell (Romário). Técnico: Edinho

STARTT Runar; Runa unar; Kamark (Fevang), Fevan ), Pep Pepa, Borgersen, B ger , Mili Milicevic cevic vic (Jen (Jenssen), Hardarson, Hardar n, Boruf Borufsen fsen n (En (Engedal) (Engedal), dal), Stromstad (K (Kleiven), Kleive ) Paulse Paulsen ulsen (Bruno Bruno no R Rato), Kahlili e H Hulsker (Rodrigo). drigo). Té Técnico: co: Arne Sands Sandsto ndsto

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“Estou muito feliz. A equipe jogou muito bem e eu fiz uma boa partida. O verdadeiro fenômeno é o Ronaldo. Foi o que eu disse a ele quando marcou o primeiro gol”

O fim do G-14 foi uma vitória política para Michel Platini

Alexandre Pato mantém os pés no chão após grande exibição em sua estréia pelo Milan, na goleada de 5 a 2 sobre o Napoli.

71 anos Idade de Salvador Reyes, jogador mais velho a disputar uma partida no México. Maior artilheiro do Chivas, ele foi homenageado com uma participação de 50 segundos em jogo contra o Pumas.

“Com certeza foi provocação, e eu fico até mais feliz porque soube que o Alexandre Mainardi, responsável pelo atletismo do Cruzeiro, deu um escândalo” O presidente do Atlético-MG, Ziza Valadares, cutuca os rivais ao comentar a bandeira do Galo que foi entregue a Robert Cheruiyot e Alice Timbilili, vencedores da São Silvestre. Quantidade de partidas oficiais entre seleções disputadas em 2007. É o maior número da história para um ano seguinte ao de uma Copa do Mundo.

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SAI O G-14, ENTRA A ECA O G-14, órgão que reúne alguns dos clu- ção do G-14, surge uma nova entidade rebes mais tradicionais do futebol europeu, presentativa de times, chamada Associação será dissolvido, como parte de um acordo de Clubes Europeus (ECA), que será recode colaboração com Fifa e Uefa. A associa- nhecida pela Uefa. A organização terá 103 ção retirará todas as ações contra as enti- membros, das 53 federações européias. dades reguladoras e, em troca, os clubes Karl-Heinz Rummenigge, do Bayern de receberão uma compensação financeira Munique, é o primeiro presidente da enpela liberação de jogadores para Copa do tidade, com Joan Laporta, do Barcelona, Mundo e Eurocopa. na vice-presidência. Completam o conseA Fifa deverá pagar aproximadamente lho provisório Umberto Gandini, do Milan, € 28 milhões pela liberação dos atletas para Peter Kenyon, do Chelsea, Marteen Fontein, a Copa do Mundo de 2010. O valor chegará do Ajax, e Jean-Michel Aulas, do Lyon. No a € 48,5 milhões para o Mundial de 2014. A final da temporada, haverá eleições para compensação da Uefa pela participação dos um novo conselho executivo. jogadores na Eurocopa de 2008 será de € A ECA terá direito de indicar metade dos 43,5 milhões, e o membros do comontante previsto mitê de competiCLUBES FUNDADORES DA para 2012 é de € ções da Uefa. A ASSOCIAÇÃO DE CLUBES EUROPEUS 55 milhões. Parte divisão de vagas Real Madrid e Barcelona (Espanha), Milan e desses fundos será para cada país na Juventus (Itália), Lyon (França), Rangers (Escócia), destinada a seguassociação de cluBayern de Munique (Alemanha), Manchester ros contra lesões bes será revista a United e Chelsea (Inglaterra), Ajax (Holanda), sofridas pelos jocada dois anos, de Porto (Portugal), Olympiacos (Grécia), Anderlecht gadores durante acordo com o ran(Bélgica), Birkirkara (Malta), Dinamo Zagreb as competições. king de ligas na(Croácia) e Copenhagen (Dinamarca) Com a dissolucionais da Uefa.

Confira no site Dia 12 Calcio Fiorentino

Dia 19 Volta da LC

Você sabia que já se jogava futebol na Florença medieval?

O maior torneio do mundo retorna com a cobertura da Trivela

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Michael Buholzer/Reuters

CURTAS

, em fevereiro Dia 22 Por que existe a League Cup?

Dia 29 Entrevista com o presidente da AFC

Com um calendário apertado, por que existe a Copa da Liga Inglesa? Ela é importante?

Trivela fala com Mohamed bin Hammam, chefão da Confederação Asiática

Dia 9/março Cem anos de Inter O centenário de um dos clubes mais importantes do mundo

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INDENIZAÇÃO

“Não quis menosprezar ninguém, mas estranho seria sonhar em jogar com o Souza” Tardelli responde a Souza, que reclamou quando o ex-são-paulino disse que sonhava em jogar ao lado de Ronaldo. Paul Barker/AFP

O diário francês “Le Monde” e o jornalista Stéphane Mandard foram condenados a pagar uma indenização de € 300 mil ao Barcelona. Um tribunal da cidade catalã considerou inverídicas as informações contidas em uma reportagem sobre suposta prática de doping no clube. Segundo a matéria, publicada nos dias 7 e 8 de dezembro de 2007, o Barcelona teria recorrido ao doping durante a temporada 2005/6, com supervisão do médico Eufemiano Fuentes, envolvido em escândalos similares com ciclistas. Além da multa, o jornal terá que publicar um desmentido.

COMEMORAÇÃO MUNDIAL SUB-15 A Fifa planeja criar mais um torneio para as seleções de base. A entidade estuda a viabilidade de realizar um Mundial sub-15 a partir de 2010. O assunto será discutido no próximo congresso da Fifa, em maio. A Confederação Sul-Americana já organizou três torneios continentais dessa categoria, que tiveram como campeões Paraguai, Bolívia e Brasil.

SUBORNO O Widzew Lodz, campeão polonês quatro vezes, será rebaixado no fim da temporada por seu envolvimento em um escândalo de corrupção. Segundo a federação local, o clube subornou árbitros em 12 ocasiões, entre 2004 e 2005. Caso a equipe termine o atual campeonato na zona de rebaixamento, cairá para a terceira divisão, e não para a segunda. Zaglebie, Arka Gdynia e Gornik Leczna também vão para a Segundona, por conta de corrupção.

Em vez de fazer coreografias, alguns jogadores do Campeonato Inglês têm preferido fazer um “marketing do bem” ao comemorar seus gols. Com três dedos, eles formam uma letra “A”. Entre os que fizeram o gesto estão Micah Richards (Manchester City), Andy Johnson (Everton) e Marcus Bent (Wigan). A comemoração é uma referência ao projeto A-Star, iniciativa que visa ajudar jovens tanto no esporte como em atividades criativas e que tem como lema “Cada criança é uma estrela”.

INTOLERÂNCIA A torcida organizada Hajduk Jugend, do Hajduk Split, ameaçou sérvios e judeus que vivem na Croácia. A igreja ortodoxa de Split recebeu uma carta com diversas ameaças assinada pelo grupo. No documento constavam frases como “Sérvios à forca” e “Judeus, fora”, além de argumentos favoráveis ao nazismo e ao extermínio da minoria sérvia. A Hajduk Jugend, cujo nome é uma referência à Juventude Hitleriana, é formada pelos torcedores mais violentos do clube, ligados à extrema-direita.

Darren Staples/Reuters

GIGANTE AVARENTO Em sua estréia na Copa da Inglaterra deste ano, o Liverpool enfrentou o Luton, clube da terceira divisão que passa por graves problemas financeiros. Para o jogo, cada time recebeu € 200 mil pelos direitos de transmissão. Cada um deles ainda ganharia 45% da venda de ingressos, com os 10% restantes destinados à federação. O Luton pediu que o Liverpool doasse sua parte, mas ouviu um sonoro “não” como resposta. “Temos que pagar € 130 mil por semana aos jogadores. Se agirmos assim, acabaremos como vocês”, teria dito um dirigente dos Reds.

“Sempre diziam que aqui havia muita fartura, mas ela não caiu nas minhas mãos. Eu me surpreendi com muitas coisas, como a falta de aparelhos no centro de recuperação de atletas” Nem bem chegou ao Santos, Leão já faz inimigos, ao preparar a desculpa para um possível fracasso em 2008.

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Número de jogos consecutivos no Camp Nou em que o Barcelona marcou ao menos um gol. A série acabou com a derrota por 1 a 0 no clássico com o Real Madrid, no dia 23 de dezembro.

“Parabéns para aquela velha safada, que colocou este negão feio no mundo. Hoje ela vai cortar um bolinho e dançar um forró. Ainda bem que os zagueiros que me marcam são mais feios que eu” Aloísio deseja – de seu modo peculiar – um “feliz aniversário” para sua mãe.

“Vai ter treinos em dois períodos, mas não significa que eu esteja presente nos dois” Romário já vai deixando claro como será seu estilo como técnico do Vasco.

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HOMENAGEM

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Doriva, ex-volante do São Paulo, foi obrigado a encerrar a carreira aos 35 anos, por causa de uma arritmia no coração. O jogador havia assinado contrato com o Mirassol para a disputa do Campeonato Paulista, mas foi obrigado a parar. “Em São Paulo, fiz um exame de ressonância cardíaca, que acusou um problema no tônus do coração. Como meu pai e meu avô morreram com problemas cardíacos, eu resolvi me precaver e me aposentar”, explicou.

CURIOSIDADES DA BOLA • Mateja Kezman, do Fenerbahçe, já definiu como pretende passar a vida após deixar os gramados: quer se tornar monge. “É o máximo do serviço ao Senhor”. • A Puma lançou uma camisa para festejar a fundação do Cruzeiro, em 1921. No entanto, as peças tiveram que ser recolhidas às pressas, já que a foto estampada nas camisas era de um time do... Grêmio. • Circula na Internet um vídeo pornográfico em que Ever Banega, do Valencia, faz “sexo virtual”. O jogador já havia sido filmado em 2007, quando participou de um quebra-quebra num hotel, durante o Mundial sub-20.

ERRAMOS Na matéria “O ano da milhagem” (página 32 da edição de dezembro), faltou incluir o Marília na lista dos clubes paulistas da Série B. Assim sendo, o Corinthians enfrentará seis adversários do Estado, e não cinco, como foi publicado. No Top 10 da edição passada, o correto seria dizer que o Comerciário-MA viajou 2.937 km até Barueri na Copa São Paulo de 2007, e não até Bauru.

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2 Ronaldo (Real Madrid) O “Fenômeno” trocou a Inter pelo Real

Chris Helgren/Reuters

(Middlesbrough) O “Penna Bianca” chegou em grande estilo à Inglaterra, em 1996. Na estréia, marcou três vezes para dar ao Boro um empate por 3 a 3 contra o Liverpool. O bom desempenho não foi novidade para o atacante, que em seu primeiro jogo na Reggiana fizera três contra o Verona.

APOSENTADORIA

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estréias melhores que a do Pato

1 Fabrizio Ravanelli

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O Motherwell prepara uma homenagem a Phil O’Donnell, que faleceu em decorrência de um problema cardíaco após desmaiar durante um jogo da equipe, em 29 de dezembro. O principal setor das arquibancadas do estádio Fir Park receberá o nome do ex-capitão. Além disso, os jogadores da equipe usarão uma camisa especial até o final desta temporada. Na parte da frente, estará estampado o autógrafo de O’Donnell.

Madrid logo após a Copa de 2002. Em sua primeira partida, justificou a condição de “galáctico”: saiu do banco de reservas e levou só um minuto para balançar as redes, contra o Alavés. Ele ainda marcou outra vez na partida, que acabou 5 a 2.

3 Alan Shearer (Southampton) Em sua primeira partida como titular dos Saints, Shearer não tomou conhecimento do Arsenal e marcou três gols na vitória por 4 a 2. O atacante tornou-se o mais jovem autor de um “hat-trick” na primeira divisão, aos 17 anos e 240 dias.

4 Wayne Rooney (Manchester United) Astro da Euro-2004 com apenas 17 anos, Rooney saiu do Everton para o

Manchester United por € 40 milhões. Ele estreou nos Red Devils na Liga dos Campeões e empolgou Old Trafford com três gols no 6 a 2 sobre o Fenerbahçe.

5 Adhemar (Stuttgart) Vendido para o Stuttgart após o sucesso na Copa João Havelange, Adhemar estreou pelo time alemão com três gols, numa goleada de 6 a 1 sobre o Kaiserslautern. Depois, foi perdendo espaço e voltou ao Azulão em 2002.

6 Álvaro Recoba (Internazionale) Na primeira rodada da Série A 1997/8, todas as atenções estavam voltadas para Ronaldo. Quem decidiu o jogo contra o Brescia, no entanto, foi o jovem uruguaio, que entrou no segundo tempo e comandou a vitória por 2 a 1, com um gol de fora da área e outro em cobrança de falta.

7 Zico (Udinese) O “Galinho” deixou seu cartão de visitas logo na primeira rodada da Série A de 1983/4. Foram dois gols pela Udinese na goleada de 5 a 0 sobre o Genoa.

8 Kaká (Milan) Enganou-se quem imaginava que Kaká esperaria sua vez na fila enquanto Rivaldo e Rui Costa jogavam pelo Milan. Contra o Ancona, em sua estréia, o ex-são-paulino assumiu o papel de regente da equipe e deu um passe de 30 metros para Shevchenko marcar o gol da vitória.

9 Roberto Carlos (Internazionale) A Itália não demorou a descobrir o pé esquerdo do lateral. Uma bomba do brasileiro em cobrança de falta valeu a vitória da Inter por 1 a 0 sobre o Vicenza, na abertura da temporada 1995/6. Na segunda rodada, contra o Parma, ele voltou a marcar.

10 Kevin Keegan (Liverpool) Keegan é um caso clássico de ídolo instantâneo. Quando chegou ao Liverpool, em 1971, levou apenas 12 minutos para conquistar a torcida, no jogo contra o Nottingham Forest. Há quem diga que o gol foi um golpe de sorte, já que ele teria chutado errado, mas pouco importa.

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PENEIRA

Miguel Veloso: vaidade e futebol na medida

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nas jogadas de bola parada. O bom desempenho do jogador desperta cada vez mais a cobiça de gigantes de outros países. Soares Franco, diretor do Sporting, chegou a acusar o Manchester United de aliciar Veloso antes de uma partida entre as equipes. Para dificultar a saída do volante, os Leões estipularam em € 30 milhões a multa em caso de quebra de contrato. Além do futebol, Miguel Veloso é ligado à moda e vem valorizando sua imagem também fora de campo. Presença freqüente em revistas de celebridades, chama a atenção em desfiles e festas VIP. [LZ]

Nome: Miguel Luís Pinto Veloso Nascimento: 11/maio/1986, em Coimbra (Portugal)

Altura: 1,80 m Peso: 79 kg Carreira: Sporting (2001 a 2005 e desde 2006), Olivais

e Moscavides Phil Noble/Reuters

os 21 anos, Miguel Veloso está habituado com o status de estrela em Portugal. O volante do Sporting é o cérebro dos Leões. Em agosto de 2007, estreou, já como titular, na seleção principal e é presença certa no elenco que disputará a Euro-2008. Filho de Antônio Veloso, ex-capitão do Benfica, parece ter herdado do pai o talento para o futebol, o que não impediu o clube de dispensá-lo após alguns testes. A sorte de Miguel mudaria aos 13 anos, quando foi para o rival de Alvalade. Entre os pontos fortes de Miguel Veloso estão a qualidade dos passes e a versatilidade. Canhoto, atua como um volante que arma bem as jogadas e já foi improvisado como zagueiro e até como lateralesquerdo. Na seleção, chamou a atenção

(2005 a 2006)

Susaeta: o melhor investimento

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Nome: Markel Susaeta Laskurain Nascimento: 14/dezembro/1987, em Eibar (Espanha) Altura: 1,79 m Peso: 68 kg Carreira: Athletic de Bilbao (desde 2001)

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dos adversários, mas às vezes se precipita, pondo a perder alguns ataques. Ainda assim, em que se pese a fragilidade física, ele tem conseguido se destacar como um dos principais goleadores do time. Essa rápida ascensão no Athletic proporcionou a Susaeta não só a renovação de seu contrato até 2010, mas também convocações para a seleção espanhola sub-21 e o interesse de grandes equipes estrangeiras. O meia, no entanto, não parece disposto a deixar, tão cedo, o time. Ao lado de promessas como Raúl Fernández, Aitor Ramos e Ismael López, ele pretende recolocar os bilbaínos entre os grandes do país. [MA] Ge

ara evitar que o Athletic de Bilbao caia para a segunda divisão pela primeira vez em sua história, a diretoria investiu cerca de € 14 milhões em contratações na última pré-temporada. O melhor reforço até aqui, porém, tem sido Markel Susaeta, meia de 20 anos promovido das categorias de base. Desde que o técnico Javier Clemente o apontou, ainda em 2006, como uma das maiores esperanças de San Mamés, criou-se grande expectativa em torno de seu futebol. A primeira oportunidade entre os profissionais, no entanto, só veio com a chegada de Joaquín Caparrós. Com ele, Susaeta estreou no Campeonato Espanhol marcando gols contra Barcelona e Zaragoza, em 2007. Ambidestro, “Susa” faz qualquer função no meio-campo, sempre buscando o ataque. A todo momento, parte para cima Fevereiro de 2008

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MARACANAZO por Mauro Cezar Pereira

A terra “é plana” O TEMA RESSUSCITOU após a justa vitória do Internacional de Porto Alegre sobre a Internazionale de Milão em um dos torneios disputados nos Emirados Árabes no começo de 2008. Para alguns, o triunfo colorado provou que os times brasileiros são tão bons quanto os melhores da Europa. Decretam isso com a mesma convicção que navegadores do século XVI tinham ao afirmar que a terra “é plana”. Não há maneira mais fácil de fazer média com o empolgado torcedor. Assim, jogam para escanteio as circunstâncias da partida, a maneira distinta como as duas equipes encararam o duelo. O Inter de Abel Braga foi a campo com o que tinha de melhor. Motivos não faltaram para isso. O ano de 2007 foi pífio para o campeão mundial de 2006: fora das finais do Gauchão, eliminado na primeira fase da Libertadores e sem alcançar a zona de classificação para a edição 2008. Sim, o Inter está devendo. Então, nada melhor do que começar o ano novo com um triunfo sobre uma das melhores e mais caras “squadras” do planeta – mesmo que o adversário não tenha levado a campo

sua força máxima. Ainda mais com uma bela grana em jogo. Do lado italiano, o técnico Roberto Mancini mudou tudo em relação à equipe que antes enfrentara o Ajax. Utilizou 14 jogadores diante dos brasileiros. Na prática, encarou o duelo como “amichevole”, um amistoso, apesar do prêmio de US$ 1 milhão ao vencedor. Desses atletas, cinco eram titulares indiscutíveis: Júlio César (14 partidas no Campeonato Italiano até o dia do jogo), Maicon (14), Córdoba (16), Zanetti (17) e Ibrahimovic (15), que não jogou os 90 minutos. Também esteve em campo um atleta assíduo, o brasileiro César (12 participações). Os outros oito eram reservas, alguns pouco utilizados, ou jovens que recebem suas primeiras oportunidades em compromissos secundários: Fatic e Bolzoni (ambos de 19 anos e que ainda não jogaram no campeonato), Burdisso (7), Materazzi (5), Pelé (6), Jimenez (5), Crespo (6) e Balotelli (1). “O objetivo da excursão foi atingido. Estou muito satisfeito. Temos treinado bem, e os meninos foram testados”, analisou

Mancini após a derrota. Se para o italiano o jogo era um “teste”, Abel Braga pensava diferente: “Superamos duas equipes fortes, como o Stuttgart e a Inter, com atuações convincentes”, festejou após o 2 a 1. O comportamento dos dois treinadores também não foi nada semelhante durante os 90 minutos. O brasileiro, sempre de pé à beira do gramado, gesticulava, ordenava, gritava e comemorava efusivamente os gols do Internacional. Relaxado, Mancini, batia papo e sorria no banco “nerazzurro”. Nem o gol de Jimenez foi capaz de fazê-lo levantar ou desmanchar o penteado. Tais reações apenas espelhavam os diferentes momentos das equipes. Enquanto os brasileiros brigavam pela vitória, cientes de que ela elevaria o moral e poderia representar um bom início de ano, o grupo de Milão fazia observações. As prioridades, claro, seriam a luta pelo tri italiano e o confronto contra o Liverpool, pela Liga dos Campeões. Por tudo isso, é inacreditável que alguém tenha a coragem de usar esse jogo como argumento para afirmar que os times brasileiros são tão bons ou superiores aos mais poderosos da Europa. Claro que podem ser competitivos, especialmente em duelos isolados, como a final do Mundial de Clubes. Um simples jogo de torneio “caça-milhão” nos Emirados Árabes nada prova, ainda mais com a equipe italiana descaracterizada. Só mesmo alguém pouco informado ou disposto a fazer média com o torcedor é capaz de fazer tais comparações. Diriam o mesmo se Muricy Ramalho escalasse um mistão em uma partida com o Itapipoca e o São Paulo perdesse? O time cearense poderia se considerar tão bom ou até melhor que o campeão da Série A? Amigo é quem fala a verdade, não quem nos diz o que gostaríamos de ouvir, ensina a sabedoria popular. Para o bem do Colorado, Abel Braga tem que fazer “ouvidos de ferro” para tais elogios baratos. Acreditar no que dizem seria caminhar para uma perigosa supervalorização do elenco gaúcho – que, nos padrões brasileiros da atualidade, é muito bom. Mas nem tanto. Fevereiro de 2008

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ENCHENDO O PÉ por Cassiano Ricardo Gobbet

Ainda dá para consertar O COMEÇO DE TEMPORADA dificilmente dá certezas, mas freqüentemente levanta suspeitas bastante consistentes. Com o pouco de futebol brasileiro (quase) de verdade disputado até agora, é possível afirmar: já tem clube louquinho para se enterrar neste ano. A observação não é genérica – é pontual: Santos, Grêmio e Vasco foram, respectivamente, campeão paulista, vice da Libertadores e surpresa do Brasileirão 2006. Só que, se você torce por algum deles, coce a orelha. Você terá motivos. Entre os “grandes” clubes brasileiros, certamente são esses três que dão sinais mais preocupantes para a temporada que apenas começou. Seja por causa de administrações feudais, saída de nomes importantes, falta de dinheiro, contratações questionáveis ou simplesmente falta de rumo, Santos, Grêmio e Vasco geram mais dúvidas do que confiança. No Santos, parece que o dinheiro da “geração Robinho” finalmente chegou ao fim. Depois de anos de contratações caras e de qualidade (Zé Roberto, Kléber, Luxemburgo) ou caras e risíveis (Eder Ceccon, Luizão, Léo Lima) e de investimento em infra-estrutura (“hotel” na Vila e o Cepraf – o departamento médico do Peixe), o clube parou de gastar como milionário e fez uma lista de compras mais modesta, na qual as estrelas são Betão, Marcinho Guerreiro e Evaldo, além do polêmico técnico Leão. Se há um mérito na gestão 2008 do Peixe, é o de aparentemente encaixar a realidade às ambições de seus dirigentes. No Vasco, a dinâmica é outra e atende, há décadas, pelo nome de Eurico Miranda. Entra ano, sai ano, e o Vasco parece ignorar as dívidas – terminantemente negadas por Eurico. Assim, buscando jogadores que estão em paragens ignotas (como o meia Beto) e esperando ter a mesma sorte que renderam Leandro Amaral e Conca, o Vasco não acha que tem sorte, acha que tem competência nas escolhas. Ah, claro, sem esquecer a improvisação de Romário como treinador. No Olímpico, encontramos um terceiro cenário diferente. A saída de Mano Menezes – que foi o eixo em torno do qual se desenvolveram o retorno da Série B e as duas boas últimas temporadas – deixou sua marca. O clube perdeu vários nomes fundamentais (Tcheco, Saja, William, Diego Souza) e respondeu levando o meia Roger e suas infindáveis lesões para Porto Alegre. Ainda mais questionável é a contratação de Vágner Mancini para o lugar de Menezes. A lógica da escolha é o sucesso dos então desconhecidos Scolari, Tite e do próprio Mano, só que se esquecem os fracassos épicos de José Luís Plein e Nestor Simionato.

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As palavras da imprensa (especialmente local) para cada um dos clubes ainda são suaves porque não há resultados sobre os quais se apoiar. Mas quem quer enxergar não tem dúvidas sobre a pobreza franciscana dos elencos que começam a temporada. Um meio-campo com Adriano, Marcinho Guerreiro e Rodrigo Tabata não é suficiente para o Santos; Wagner Diniz, Vilson, Jorge Luiz e Calisto não dão conta de segurar a onda na defesa vascaína; não é preciso ser vidente para dizer que depender de um jogador que vive no departamento médico – Roger – tem tudo para acabar em problema. É possível que este alerta irrite alguns torcedores, mas faz parte do ofício. Descer o pau só quando as coisas estão dando errado é muito cômodo. Levantar a lebre quando ainda não há nada irremediavelmente comprometido é uma obrigação. Há tempo para ajustes em todos os clubes – inclusive Santos, Vasco e Grêmio. Estes só precisam se apressar e parar de fingir que está tudo bem. No ano passado, o Corinthians fingiu – e, em anos anteriores, foram Atlético-MG, o mesmo Grêmio, Botafogo e Palmeiras. Olha só no que deu.

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PONTO DE BOLA por Mauro Beting

Aprendendo a perder FELIPE; Fábio Ferreira, Zelão e Betão; Iran, Carlos Alberto, Moradei e Gustavo Nery; Lulinha e Dentinho; Finazzi. Nesses 11 nomes, tem ex-gato que gatunou cinco anos na idade. Tem um sub-17 de potencial – Lulinha. Tem um campeão brasileiro de 2005 com mais de 200 jogos pelo Corinthians – oleiros do BR 07 – Felipe. Betão. Teve um dos melhores goleiros BR-07 ve Gustavo Nery na deSim, também teve Iran. Não teve cisão. Não teve time. Teve três treinadores. Teve um monte de cartolas para não ter nenhum. Teve caso de polícia e descaso de futebol. Teve quem dissesse que a camisa bastaria. Que time grande não cai. Que isso é Corinthians. Que vergonha! Parece que os grandes não aprendem. Não viram o que aconteceu duas vezes com o Fluminense, o que sofreram Botafogo e Palmeiras. Grêmio. Atlético-MG. O que ainda não pastaram Flamengo, Vasco, São Paulo, Santos, Inter e Cruzeiro. E só eles, desde 1971. O que há de melhor nos

piores momentos dos grandes é a sensação que está virando lei: estamos respeitando as regras do jogo, estamos revogando (toc, toc, toc!) o jeitinho que havia arquivado a Lei da Gravidade. Até 2002, havia o temor (para não escrever o fedor) de que a mesa poderia ser virada – ou quebrada ou roubada. Com a queda de Palmeiras e Bo Botafogo, em 2002, e o exemplo que deram ao subir em ccampo para a Série A, em 2003 (apesar das manifestas intenções de seus cartolas em tentarem melar o rito de passagem antes do início da Segundona), foi criada uma casca grossa imune às imundices da tropa de elite que não quer deixar a chamada “elite” da bola. A queda ainda dói. Mas é entendida como parte de um processo, não como um meio de se justificar o fim da picada que é rasgar as regras para resgatar os rotos. Quem cai desce. Quem é rebaixado não se rebaixa ao puxar o tapetão para virar a mesa. Estamos aprendendo a perder. Só temos a ganhar.

AMARCORD Não há um manual para evitar o descenso. Mas basta escalar alguns campeões nacionais que já foram rebaixados para entender o porquê: Atlético-MG-05 Danrlei; Zé Antonio, Lima, Leandro Castán e Rubens Cardoso; Ataliba e Rafael Miranda; Fábio Baiano; Luís Mário, Fábio Júnior e Marques. Três treinadores e apenas 37% dos pontos conquistados.

Guarani-04 Jean; Dida, Juninho, João Leonardo e Patrick; Marcos Paulo, Careca e Simão; Harison; Sandro Hiroshi e Viola. Aproveitamento de 35% com cinco treinadores.

Coritiba-05 Douglas; Márcio Egídio, Alexandre Luz e Vágner; Rafinha, Capixaba, Jackson e Rubens Júnior; Marquinhos; Caio e Renaldo. Dois treinadores, 37%.

Bahia-03: Émerson; Guto, Valdomiro, Marcelo Souza e Lino; Otacílio, Jair, Preto e Danilo; Nonato e Marcelo Nicácio. Cinco técnicos, 33% de aproveitamento.

Grêmio-04 Márcio; George Lucas, Baloy, Claudiomiro e Cristiano; Leanderson e Cocito; Felipe Melo e Anderson; Marcelinho e Cláudio Pitbull. Quatro treinadores, 28% obtidos.

Botafogo-02: Carlos Germano; Bruno, Odvan, Sandro e Leonardo Inácio; Galeano; Carlos Alberto e Esquerdinha; Reinaldo; Lúcio e Rodrigão. Quatro técnicos, 33%.

Palmeiras-02 Marcos; Arce, Alexandre, César e Rubens Cardoso; Paulo Assunção e Flávio; Juninho e Zinho; Muñoz e Itamar. Cinco técnicos, 36%. Sport-01 Adinam; Lico, Érlon, Gaúcho e Sandro Neves; Axel e Leomar; Cléber e Marcelo Passos; Júnior Amorim e Fabinho. Dois técnicos, 33%. Fluminense-97 Wellerson; André, Lima, Adriano e Jorge Luís; Paulo Roberto e Leandro Ávila; Nélio e Yan; Roni e Paulinho McLaren. Três treinadores, 29%. Grêmio-91 Gomes; China, João Marcelo, Vilson e Hélcio; Jandir e Donizete Oliveira; Caio e Assis; Maurício e Nilson. Três treinadores. Apenas 26% dos pontos.

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Devorador de

títulos

Fabio Capello assume o cargo de técnico da Inglaterra e credencia o “English Team” a ser um dos favoritos em 2010 inalmente, depois de um processo de escolha conturbado e que levou quase dois anos (sim, porque ninguém achava que Steve McCLaren era uma escolha séria, achava?), a Inglaterra tem um treinador: Fabio Capello vai comandar o “English Team” pelos próximos dois anos e muito provavelmente estará na Copa de 2010, na África do Sul. O italiano de Pieris dificilmente entra numa briga para não vencer e sua carreira é uma impressionante coleção de vitórias. Capello foi campeão em todos os lugares por que passou – sem exceção. E se ele

aceitou dirigir a Inglaterra, é porque vê nela o potencial para ter sucesso.

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Milan No Milan de 1994, Desailly funcionava como ferrolho da defesa; Boban era o “cérebro”

A

A

Massaro

Savicevic

Invencíveis A critica mais comum a Capello é a de que ele arma esquemas para não perder, em vez de buscar a vitória. Não deixa de ser verdade. Seus times têm defesas solidíssimas. Seu Milan ganhou o apelido de “Os Invencíveis” após uma seqüência de 58 jogos invicto na Série A – um recorde ainda vigente – entre 1991 e 1993. Mas o mais correto seria dizer que ele arma seus times para vencer campeonatos, não jogos.

Roma Outra defesa sólida; o ala Candela recuava para formar uma linha de quatro

Zambrotta fazia uma função similar à de Candela; Nedved distribuía o jogo

A

A

Batistuta

Trezeguet

A (Del Piero)

Totti

AD M

M

Albertini

Donadoni

M Nedved

Cafu

V

V

V

Emerson

Tommasi

V

V

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Emerson

Appiah

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Desailly

LE

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Maldini

Tassoti

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Juventus

MA

Boban

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Em 1996, Capello deixou o Milan para ir a Madri, onde encontrou um Real sedento por sucessos. Assim como na sua mais recente passagem pelo Santiago

Ibrahimovic

Delvecchio

MA

Pelas alas

(Montella)

A

(Simone)

O Milan que lhe rendeu seu primeiro tricampeonato era “semi-herdado” do “SuperMilan” de Sacchi, campeão europeu com o incrível trio de holandeses RijkaardGullit-Van Basten. Com essa espinha dorsal, Capello ganhou dois títulos, mas, em seguida, teve que enfrentar o desafio de remontar o time com a saída dos três. Num 4-4-2 (figura 1), Capello manteve a defesa dos “Invencíveis”, comandada por Baresi (com Maldini ainda na lateralesquerda), colocou Desailly na cabeça da área e deu a Albertini e Donadoni a tarefa de gerenciar o jogo. Mais solto, o croata Boban era o “fantasista” do time, que tinha Savicevic e Massaro à frente. Sem os holandeses, o time naturalmente perdeu brilho – mas a comparação é até cruel, dada a categoria do trio. Mesmo assim, o sistema defensivo era impenetrável, graças ao suporte de Desailly à zaga e à qualidade consistente que Albertini e Donadoni davam ao meio-campo. Com a “sua” formação, sem os holandeses, Capello venceria dois “scudetti” (quatro, somados aos ganhos com o time “de Sacchi”) e uma Liga dos Campeões, batendo o Barcelona na final com um inapelável 4 a 0.

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Z

Costacurta

Baresi

Candela

Z Samuel

Z Z

Antonio Carlos

LE

LD Z

Z

Zambrotta Cannavaro

Thuram

Aldair

G

G

G

Rossi

Antonioli

Buffon

Zebina

G: goleiro / LD: lateral-direito / LE: lateral-esquerdo / Z: zagueiro / AD: ala-direito / AE: ala-esquerdo / V: volante / M: meia / MA: meia-atacante / A: atacante

TÁTICA por Cassiano Ricardo Gobbet

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Lampard e Gerrard dificilmente jogarão juntos na Inglaterra de Fabio Capello

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Getty Images/AFP

Rooney

Owen

Bernabéu, foi massacrado pela imprensa – que o condenava pelo “defensivismo”-, mas acabou campeão. De volta ao Milan, pegou um time se desmanchando e ficou só um ano – terminando em 11º lugar. Seu retorno aos triunfos aconteceria na Roma, em 1999. Mais uma vez, montou o time em cima de uma defesa sólida e contou com um Batistuta arrasador. No papel, a Roma – que venceria o “scudetto” de 2000/1 – era um 3-4-1-2 (figura 2), só que o segredo do time estava nas alas. Pela direita, Cafu era o propulsor que sempre foi, mas, na esquerda, o francês Candela freqüentemente fechava uma linha de 4 jogadores atrás. E a ausência do brasileiro era compensada pelo recuo de Delvecchio, que, com a posse de bola, virava um meia. Todo o afeto que conquistou com o titulo para a Roma, entretanto, Capello perdeu quando deixou o clube e foi para a Juventus, em 2004. Em Turim, novamente com um 4-4-2 (figura 3), formou um time imbatível. Nas 38 rodadas da Série A, perdeu apenas quatro vezes, sofrendo só 27 gols no torneio todo. Com uma jogada

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letal pelas alas, onde Camoranesi agredia o tempo todo, Capello Inglaterra tinha um miolo inA tendência é que transponível, novaos meias centrais mente com Emerson. ajudem mais a Com a posse de bodefesa e que as jogadas ofensivas la, Nedved ia para saiam dos pés o meio e Zambrotta dos externos, que avançava para se avançariam mais transformar em ala. E no segundo ano, adicionou-se a tudo isso mais um Patrick Vieira... Era um time fortíssimo, embora, por questões extracampo, tenha acabado sem os dois títulos que ganhou.

Lampard fora? As reflexões sobre a Inglaterra de Capello são várias, mas há alguns pontos que todos no país consideram certos. David Beckham ganhou o respeito de Capello quando ambos trabalharam no Real Madrid e certamente estará no meio-campo. No ataque, Rooney dificilmente ficará de fora, assim como Terry e Ashley Cole, na defesa. Como os ingleses estão muito acos-

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Walcott

Beckham

(J. Cole)

V

V

Hargreaves

Gerrard (Carrick)

LD

LE A. Cole

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Ferdinand

Terry

G Robinson

tumados ao 4-4-2 e Capello também se dá bem no esquema, é difícil imaginar a equipe atuando em outro estilo (figura 4). O que parece certo é que um dos dois “queridinhos” da mídia inglesa – Gerrard e Lampard – deixe a equipe. Mesmo antes de Capello, já havia um certo consenso sobre a falta na equipe de um jogador de contenção no meio, o que se encaixa bem no estilo do ex-treinador do Real Madrid. Com isso, nesse caso, é bastante provável que o capitão dos Blues assista à Copa do banco. Sim, porque, com o italiano no comando, é muitíssimo provável que a Inglaterra viaje à África do Sul em 2010. Fevereiro de 2008

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M. Richards

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ENTREVISTA RR NILMAR por Carlos Eduardo Freitas

A hora do

recomeço Depois de praticamente um ano e meio parado, Nilmar retorna aos gramados disposto a voltar para a Seleção e a ajudar o Inter a se recuperar dos tropeços de 2007 o último ano e meio, foram poucas as vezes em que Nilmar esteve num campo de futebol. Depois de graves contusões nos dois joelhos e de muita polêmica envolvendo sua saída do Corinthians, o atacante está de volta ao Internacional, clube que o revelou, disposto a provar que ainda pode pertencer à elite do futebol brasileiro. Nesta entrevista à Trivela, Nilmar fala do passado: seu início no Inter, a passagem pelo Lyon e a polêmica – e, segundo ele, frutífera – temporada no Parque São Jorge. Fala também sobre as perspectivas do Colorado para 2008 e não foge do óbvio: quer voltar à Seleção, e à Europa.

N

No ano passado, o Internacional era favorito a tudo, e não ganhou nada. Pelo começo de temporada, você acha que vai dar para apagar a má impressão deixada em 2007? Começamos com vitória num torneio que pode não ser tão importante para as equipes que estavam lá, mas que para a gente foi, pois deu confiança para começar o ano bem. Montamos um elenco muito forte para, em 2008, brigar por títulos. No ano passado, pagamos porque os jogadores chegaram muito tarde das férias e isso prejudicou o time. Houve também mudança de treinador, o que atrapalha. Este ano está excelente, porque o Abel já começou com o elenco formado e a maioria dos jogadores ficou. Podese dizer que é um treinador privilegiado, porque já estávamos com o time montado desde dezembro, enquanto os outros estão sendo montados neste começo de ano. Na sua primeira passagem pela equipe, o time passava por um pe-

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ríodo de baixa. O que mudou daquela época para agora? Eu estava surgindo ainda, buscando meu espaço. Não eram jogadores de renome, como os que estão hoje aqui, que têm passagem pela Europa e bastante experiência. Eram jogadores jovens. O Inter também não tinha o respaldo nacional porque não ganhava um título importante há muito tempo, era só o Gauchão. Depois que fez um bom Brasileiro e conseguiu ganhar o Mundial, mudou tudo. Quando comecei, tinham que vender. Tanto que venderam o Daniel Carvalho, depois eu, depois o Sóbis, por último o Pato. Agora não tem mais essa necessidade. Como o Pato foi negociado muito bem, conseguiram trazer jogadores de mais valor. Além disso, o pessoal aqui investe muito no clube — isso é o mais importante. É como o São Paulo, que faz isso e conta com uma estrutura muito boa. O Inter tem o mesmo método de trabalho, de valorizar e investir. Com

isso, os resultados acontecem. Como você vai se lembrar de 2007? Olha... (longo silêncio) Esse período entre 2006 e 2007, em que estive contundido, foi o pior momento da minha carreira. Em 2006, fui artilheiro do Campeonato Paulista e tinha cinco gols na Libertadores. Estava muito bem, talvez no meu melhor momento, fazendo gols. Então, veio minha lesão no joelho. Logo em seguida, quando voltei, tive outra contusão e fiquei sem jogar de novo. Sofrer uma lesãozinha no tornozelo e ficar dez dias sem jogar é tranqüilo, mas seis meses é complicado. Ainda mais num momento de transição de treinador da Seleção Brasileira, em que você é cotado para estar na equipe.

O Inter não tinha respaldo nacional, mas, depois que ganhou o Mundial, mudou tudo

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Jefferson Bernardes/Vipcomm

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Você chegou a pensar que não voltaria mais a jogar? Não, não. Hoje em dia é diferente de antigamente. Está provado que você volta a jogar. O maior exemplo é o Ronaldo, que ficou dois anos parado, voltou e ainda foi artilheiro de um Mundial. Eu sabia que ia voltar, mas ficava chateado de não jogar. Minha dúvida sempre foi como eu ia me sentir quando isso acontecesse, porque, após a cirurgia, parece que o joelho nunca vai voltar a funcionar. Mas depois, com a fisioterapia, tudo voltou ao normal. O que aconteceu no Lyon, em que você ficou tão pouco tempo? Fui para lá em 2004. Eu era jovem, tinha 19 anos, e o time já estava

fechado. Fui contratado faltando dois dias para encerrar a janela de transferências, porque o Élber tinha se lesionado. No primeiro jogo, sem nem treinar, entrei com 10 minutos para acabar a partida, fiz dois gols e ganhamos por 2 a 1. Na outra partida, joguei apenas três minutos. Aí pensei: “Puxa, aqui é diferente. No Brasil, se você entra num jogo e decide, no seguinte, se não sair jogando, entra com mais tempo”. Lá tinha isso, muito rodízio, e não acontecia a seqüência que eu tenho aqui no Brasil. Jogava uma partida, aí ficava fora na outra, mas entrava em todos os jogos. Além disso, eu era jovem, e eles não têm essa calma com jogadores jovens. Mesmo sendo um

Nilmar Honorato da Silva Nascimento: 14/julho/1984, em Bandeirantes-PR Altura: 1,80 m

Peso: 73 kg

Carreira: Internacional (2002 a 2004), Lyon/FRA (2004 a 2005), Corinthians (2005 a 2007), Internacional (desde 2007) Títulos: Mundial Sub-20 (2003), Campeonato Gaúcho (2001, 2002, 2003, 2004), Campeonato Francês (2005), Campeonato Brasileiro (2005)

Paulo Whitaker/Reuters

Na Seleção: 8J / 1G

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No Corinthians, tinha briguinhas internas, um pouco de vaidade, como em todo lugar dos que mais jogaram, porque não me lesionei, tive poucas oportunidades. Eu até estava bem lá, tinha contrato até 2009. Fui um dos jogadores que fizeram mais gols na Liga dos Campeões, quando saímos nas quartas-de-final. No outro ano, eu queria jogar mais e apareceu o Kia (Joorabchian). Aí, resolvi vir para o Corinthians, emprestado por dez meses. Ainda bem que deu certo, pois foi uma aposta que eu fiz. Pela sua idade, você estava preparado para sair do Brasil? Na hora, eu não tinha como dizer não. Todo jogador tem vontade de ir para a Europa e muitos vão para fazer o pé-de-meia, já que a carreira é curta. Tinha vontade de jogar na Europa, em um clube grande. A maioria dos jogadores que atuam na Seleção estão lá e ganham um dinheiro bom para poder ajudar a família. Só depois que você vê se foi cedo ou não. Por falar em Lyon e no Kia, houve uma época no ano passado em que não estava muito claro com que clube você tinha vínculo. Afinal, com quem você realmente tinha contrato? Meu contrato era com o Lyon, só que estava emprestado por 10 meses ao Corinthians. Depois, o Lyon rescindiu meu contrato. E o contrato que eu tinha no Corinthians era com a MSI, mas a Fifa não reconhece contrato com empresa. Eu sempre soube disso tudo. As coisas é que saiam na imprensa de outro jeito. Uns achavam que eu estava errado, mas estava defendendo o meu. Saiu na Justiça a decisão e acabou ficando tudo como eu queria. Como você recebeu a notícia da origem do dinheiro da MSI, que está ligada à máfia russa? Olha, isso aí o pessoal está investigando. O único que eu posso dizer é que as minhas coisas foram

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Nenhuma. Só de algumas pessoas que, na época das negociações, falaram uma coisa ou outra, nessa história da Justiça. Fiz amigos lá, devo muito ao torcedor corintiano, que sempre me ajudou. Quem sabe um dia eu possa voltar. Para quem passou pelo Corinthians naquela fase de excessos, ver o time na segunda divisão impressiona? Em todo lugar que eu vou me dizem: “O Corinthians caiu, você deve estar feliz”. Que nada. Eu talvez seja o cara que ficou mais chateado. No dia do jogo em que eles caíram, eu não tinha ido jogar com o Inter (em Goiás), porque estava me recuperando de um deslocamento no ombro, e vi o jogo do Corinthians em casa, no Paraná. Nem vi o jogo do Internacional porque queria ver como ia ser. Fiz amigos lá. Foram dois anos que fiquei no Corinthians. Na época em que estive lesionado, convivia com eles ali. Eu sabia como era a pressão da torcida, e as adversidades. Fiquei chateado para caramba. Queria mesmo que o Corinthians não caísse. A Seleção Brasileira passa por um momento de grandes dúvidas sobre quem seriam os titulares ideais para o ataque. Você acha que tem um lugar no time? Esse é um dos meus objetivos, agora que estou voltando a jogar e me sentindo bem. Preciso readquirir ritmo e voltar a jogar bem, fazer grandes atuações. Aí, sim, volto à Seleção. Se pintar a oportunidade de ser o atacante, preciso estar muito bem preparado, porque a responsabilidade é grande e está todo mundo acostumado com Romário, Careca, Ronaldo... Você acha que aquela sua contusão em 2006 pode ter lhe custado uma vaga na Copa? Não, porque me machuquei depois que tinha saído a convocação. Acho que o que prejudicou mesmo foi eu ter voltado a aparecer muito em cima da hora. Não teve mais nenhum amistoso para eu poder mostrar alguma coisa. Me destaquei muito perto da Copa, porque voltei em 2005 e a Copa já era em 2006. O Dunga já o procurou para saber como você está?

Stringer/Reuters

provadas. Fui intimado, como todos os jogadores contratados pela parceria, para esclarecer como as coisas aconteciam. Mostrei todos os documentos que eu tinha, como eu recebia, por onde. Era tudo igual que aqui no Internacional. Pagava imposto e tudo. Valeu a pena ter se transferido para o Corinthians? Foi uma aposta que eu fiz que, para mim, foi excelente. Tirando esse transtorno todo fora do campo e as duas lesões que eu tive, coisa que acontece e não dá para evitar, foi excelente. Ser reconhecido nacionalmente no futebol brasileiro é importante. Quando eu saí do Inter, era conhecido só aqui no Sul. Só quem era mais ligado ao futebol sabia quem era o Nilmar. Depois que eu fui para o Corinthians, isso mudou. Jogar em São Paulo ou no Rio de Janeiro é diferente de jogar no Sul do país. Até digo que, se o Pato jogasse no São Paulo ou no Corinthians, seria vendido por uns US$ 50 milhões (risos). Como era o ambiente no clube no auge daquela “era MSI”? Todos os jogadores que estavam lá eram jovens e a maioria já tinha jogado na Europa, feito um pé-de-meia. Poucos estavam realmente começando. A maioria já era conhecida, como o Tevez e o Mascherano. De resto, era igual a qualquer outro time. Tinha briguinhas internas, um pouco de vaidade, como em todo lugar. Havia algum privilégio para um ou para outro jogador? Não, não... Muito se dizia a respeito do Tevez, mas era o jeito dele... Quando se apresentou ao São Paulo neste início de ano, o Carlos Alberto comentou que gostou do clube por não haver preferência por um ou por outro. Pareceu clara a referência àquele Corinthians de 2005 e 2006. Todo time tem um ou outro que, vamos dizer, tem mais moral, e o pessoal da diretoria alivia um pouco. Isso, no futebol, é normal. Em todo lugar acontece, é o jeito do futebol, infelizmente. Você guarda alguma mágoa do Corinthians?

Eu estava bem lá [no Lyon], mas tive poucas oportunidades. Queria jogar mais, e apareceu o Kia Não. Ele sempre está por aqui (no Inter), mas nunca falamos sobre isso. Quais seus planos para o futuro? Ter uma seqüência de jogos, jogar bem, sem lesões, e depois a Seleção. Não tenho mais essa pressão de ir para a Europa para ganhar dinheiro. Quero mesmo é voltar a jogar. Fiz meu contrato com duração de quatro anos, e acho que não tenho que sair agora. Mas quero voltar para lá. E vou trabalhar forte aqui no Inter para isso. Fevereiro de 2008

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Flamengo enfrenta a seleção da Nicarágua, em um dos amistosos que disputou durante sua pré-temporada

Fernando Soutello/AGIF

PRÉ-TEMPORADA por Carlos Eduardo Freitas

Apesar da desconfiança de alguns comentaristas, um bom trabalho na pré-temporada realmente faz a diferença para o time no resto do ano

evereiro mal começou, e alguns dos principais clubes do país já somam mais de cinco partidas oficiais. No Campeonato Paulista, a sexta rodada foi disputada entre os dias 2 e 3; no Carioca, essas datas estão reservadas para a quinta rodada. Nesse período, se fosse respeitado o que recomendam os especialistas, cada clube deveria disputar seu primeiro jogo oficial do ano. De acordo com fisiologistas e preparadores físicos, o primeiro mês após as férias dos jogadores deveria ser reservado para a pré-temporada. Com Estaduais inchados, entretanto, esse importante período de preparação raramente é respeitado – e quem paga são os jogadores e seus times. Por mais que muita gente ainda acredi-

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começo de tudo te que a pré-temporada seja uma “lenda do futebol moderno”, esse período tem um propósito claro, como explica o fisiologista do São Paulo, doutor Turíbio Leite Barros Neto, considerado um dos papas do assunto no Brasil. “Essa é a época que você teria de aproveitar para deixar o atleta nas condições de tolerar a temporada sem precisar fazer um ritmo de treinamento muito forte durante o período de competições”, afirma. O trabalho físico nessa parte do ano, logo que os jogadores se reapresentam das férias, tem também a importância de prevenir contusões ao longo do ano. “Quando o time não consegue fazer uma pré-temporada boa, começa a perder jogadores por lesão”, concorda Caio

Júnior, técnico do Goiás. O sonho de toda comissão técnica aqui, no Brasil, é dispor do mesmo tempo que, por exemplo, as equipes européias dispõem para se preparar. “Costuma-se dizer que eles treinam menos durante o ano. É um fato, mas fazem isso porque a preparação é mais longa, permitindo que não se dedique muito tempo a treinamento físico durante o período de competição”, explica Turíbio.

Mundo perfeito No cenário ideal, um trabalho de prétemporada bem-feito começa com a fase de avaliação física e médica dos jogadores, que acabam de voltar de um longo período de inatividade. Segundo Turíbio,

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a duração ideal para a fase de avaliação é de dois a três dias. Antigamente, era comum alguns chegarem cinco, seis quilos acima do peso normal, depois de abusos na virada do ano. “Hoje, o jogador que é profissional vem treinado das férias. Na última semana, já se antecipa com os cuidados”, comenta Caio Júnior. Foi esse o caso de Richarlyson, que teve bons resultados nos exames iniciais do São Paulo. “Após o dia 1º de janeiro, tive a preocupação de freqüentar uma academia em Bauru para não chegar zerado e ter que readaptar a musculatura”, conta o volante, um dos destaques do último Campeonato Brasileiro. Definida a situação de cada um dos jogadores, inicia-se o estágio mais longo da fase de preparação. Durante duas a três semanas, aumenta-se a carga de exercícios físicos – aeróbicos e anaeróbicos –, para recolocar todo mundo dentro da condição ideal de jogo. Também é feita grande quantidade de exercícios técnicos, para recalibrar a pontaria em chutes, cabeçadas e cruzamentos. Turíbio defende

Como os grandes clubes não conseguem fazer a pré-temporada completa, sofrem no início dos Estaduais, o que explica as zebras que, nessa fase de treinamentos, alguns exercícios já sejam feitos com bola. “Não é porque você põe a bola que o treino deixa de ter o aspecto físico”, diz. A pré-temporada ideal termina num período de desaceleração do ritmo das atividades musculares. É nessa semana final da preparação que o técnico começa a dar sua cara ao time, com treinos táticos e realização de amistosos e jogos-treino, para que os jogadores readquiram ritmo de jogo e o famoso “tempo de bola”. Segundo Turíbio, “essa fase é importante para que o time não comece a atuar com o jogador desgastado pela pré-temporada”.

Começo difícil Nos 15 dias – quando muito – que a maioria das equipes brasileiras têm entre a volta das férias e o início dos campeonatos estaduais fica difícil conseguir fazer o serviço completo. Algumas comissões técnicas preferem priorizar os trabalhos físicos, outras o entrosamento dos jogadores no esquema adotado pelo treinador. “O segredo é otimizar esse tempo, que é curto demais. O ideal é não dissociar a parte física da técnica”, sugere Turíbio. Como os clubes mais tradicionais costumam ser os últimos a parar, acabam sofrendo no início dos Estaduais, o que explica algumas zebras no começo da temporada. “Enquanto os grandes ainda estão em férias, os pequenos já treinam e chegam fisicamente melhor”, afirma Caio Júnior, que, antes de dirigir Paraná, Palmeiras e Goiás, treinou equipes pequenas no Paranaense. A lição é: já que não há tempo para fazer uma boa pré-temporada, os torcedores devem entender que o começo dos Estaduais nada mais é que uma extensão dessa fase de preparação. Melhor alguns tropeços em fevereiro do que sofrer no resto do ano.

AS TRÊS ETAPAS DE UMA PRÉ-TEMPORADA PERFEITA Fotocom.net

2 Cezar Loureiro/Agência O Globo/Gazeta Press

Treinamentos físicos e técnicos Duração: 20 dias Cada jogador faz trabalhos específicos, aeróbicos e anaeróbicos, para recuperar a forma física e deixar a musculatura preparada para enfrentar uma temporada inteira. Acontece o início de atividades técnicas, incluindo exercícios com bola dentro de campo e treinamento de fundamentos

3 Exames médicos e avaliação física

Duração: 2 a 3 dias A equipe médica faz um check-up completo para avaliar a situação física de cada jogador após os 30 dias de férias. É nessa fase que têm sido detectados muitos casos de problemas cardíacos

Wander Roberto/Vipcomm

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Preparação tática e para ganhar ritmo de jogo Duração: 7 dias Período final de correção de fundamentos, início de treinamentos táticos e de simulação de situações de jogo, além da realização de amistosos e jogos-treino Fevereiro de 2008

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Momento de descanso antes do treino: enquanto o técnico passa o tempo no laptop, os jovens assistem ao sonhado futebol europeu

Jogadores do Marília fazem fila no refeitório. A garotada, cheia de apetite, não tem vergonha de encher o prato

COPA SÃO PAULO por Leonardo Bertozzi / Fotos Daniel Kfouri

MINA DE OURO Marília, do Maranhão, surpreende ao passar da primeira fase na Copa São Paulo e alcança objetivo de expor seus jogadores. Por trás, está outro empresário que “descobriu” o futebol como balcão de negócios

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de bobo não Treino sem roda é fazer a bola é treino. Difícil amado mais rolar em um gr a BR-010 esburacado que

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lube desconhecido do Norte-Nordeste na Copa São Paulo de Juniores costuma ser sinônimo de time montado às pressas, sacrifícios para viajar e surras que alcançam dois dígitos. Era isso o que a Trivela esperava encontrar quando decidiu passar um dia com o Marília — de Imperatriz, Maranhão —, durante a competição. Ledo engano. Bancado por um empresário local, o clube investiu para ter boas condições de trabalho em sua participação na Copinha, e, para surpresa geral, passou da primeira fase em um grupo que tinha Atlético-MG, Barueri e Fluminense-BA. A maior conquista do Marília, no entanto, deve ir além dos resultados em campo. O clube, que se profissionalizou no ano passado, tem o objetivo declarado de revelar e vender jogadores. A exposição alcançada na Copa São Paulo, especialmente no empate por 2 a 2 com o Atlético na estréia, em jogo televisionado, desencadeou o assédio sobre os atletas – a ponto de o time ter ido treinar no CT das categorias de base do São Paulo, em Cotia, a convite do Tricolor. A reportagem foi ao hotel em que o Marília estava hospedado, em Osasco, um dia depois de o time golear o Barueri por 4 a 1, na segunda rodada, e deixar a classificação bem encaminhada. No mesmo local, nada luxuoso, mas bem aconchegante, estavam as delegações do Atlético e do Fluminense. Pela manhã, os jogadores se confraternizavam no saguão – e não só eles. Dois empresários de atletas “batiam ponto” por ali. Nenhum dos dirigentes com quem havíamos falado por telefone, e avisado sobre a ida ao hotel, estava lá pela manhã. Quem nos atendeu foi o técnico da equipe, Valdemir Pereira. O discurso sobre a boa campanha foi dentro do esperado – “Foi surpresa para quem vê de fora, para nós é conseqüência do trabalho” –, mas ele falou abertamente sobre as reais intenções do clube. O dono do Marília é Antônio Pereira Borges, empresário do ramo de recapagem de pneus. Ele chegaria a São Paulo no sábado, véspera do jogo decisivo contra o Fluminense, para tratar pessoalmente do interesse de outros clubes em seus jogadores. O investimento de Borges no Marília começou em 1997, mas o time se manteve no amadorismo desde sua fundação, em 1984, até o ano passado, quando adotou o regime profissional. O nome do clube, que levou muita gente a confundi-lo com o Marília-SP, foi sugerido por um dos fundadores, natural da cidade paulista. “O dono investia por hobby. A folha

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Acabou a mamata : é hora de ir para o treino. No ônibus, os garotos ficam tímidos diante da câmera. Após meia hora de viagem, o campo de treinos do Barueri os espera

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de pagamento para disputar a liga amadora de Imperatriz chegava a R$ 25 mil por mês”, conta o técnico, que dirigia o time profissional do Tocantinópolis-TO antes de ser contratado pelo Marília. “Agora, ele percebeu que é possível fazer um bom dinheiro com a formação e venda de jogadores. A escolinha tem atletas de 6 a 17 anos. Todos eles sonham jogar em um grande clube”. O Marília disputará a segunda divisão profissional do Maranhão pela primeira vez, mas não se propõe a rivalizar com o principal time da cidade, o Imperatriz, chamado “Cavalo de Aço”, que disputa a primeira divisão. Prova disso é o fato de o time ter idade limite de 23 anos, por saber que é mais difícil negociar jogadores acima dessa idade.

De avião Depois do papo com o técnico, acompanhamos os jogadores no almoço, no restaurante do hotel. As mesas eram divididas por clube, e o cardápio era bastante substancioso, com muitas massas e carnes. Quem puxou a fila foi o meia Bruno Chocolate, apontado como o destaque do time nos dois primeiros jogos. “É sempre ele”, brincou o lateral-esquerdo Jeferson. Terminado o almoço, batemos um longo papo com Cassyus Kennedy, coordenador das categorias de base do Marília. Kennedy é uma espécie de arquivo vivo do clube: conhece a história, as curiosidades e até os números dos jogadores que passaram por lá – entre eles o zagueiro Dênis, que “impediu o gol mil de Romário” atuando pelo Gama. “Fomos o primeiro time do Maranhão a vir de avião para a Copinha”, gaba-se o dirigente. “Imperatriz parou para ver nossa estréia na televisão e vibrou com o resultado. Nos bolões, teve gente que colocou até 30 a 0 para o Atlético, e ninguém apostou a nosso favor. E não ficamos satisfeitos com o empate não. Estávamos vencendo por 2 a 1 e poderíamos ter segurado”. A viagem de avião – a primeira para a maioria do elenco – permitiu ao time chegar descansado e com três dias de antecedência. Ela foi parte de um investimento total de R$ 60 mil para a participação no torneio — um luxo que o outro representante do Estado, o Americano, não teve. Depois de encarar a viagem de ônibus, o time de Bacabal levou 6 a 1 do Rio Claro na estréia. A julgar pela derrota por apenas 2 a 1 para o Palmeiras no segundo jogo, talvez não fosse para tanto. “Tem jogador no time deles que já disputou a primeira

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Hora do sermão: debaixo de um sol de rachar, a molecada ouve atentamente a palestra do “professor”. Terminada a conversa, a bola continua de lado. O treino físico é puxado até mesmo para quem jogou contra o Barueri na véspera

divisão estadual”, lembra Kennedy. Perguntado sobre a estrutura das categorias de base, o coordenador explicou que uma mensalidade de R$ 20 é cobrada dos alunos que se matriculam na escolinha, mas o valor é abonado para aqueles comprovadamente carentes: “Se o garoto alega não ter condições, nós vamos verificar. Se for o caso, ele não paga. Um exemplo é nosso goleiro reserva, Daniel”. Kennedy levou a reportagem até os quartos dos jogadores. Três jogadores por quarto, com um beliche e uma cama comum em cada, e TV por assinatura. No quarto dos laterais-direitos Barata e Bruno Alves e do lateral-esquerdo Rômulo, todos acompanhavam atentamente um VT do Campeonato

Alemão, com olhos de deslumbramento. “Isso é outro mundo. É o sonho de cada um de nós aqui”, admite Barata. Colado logo abaixo da televisão, havia um papel com os horários a serem cumpridos durante a semana. Nada de folga, mesmo após os jogos. “Depois que terminarmos nossa participação, vamos levar todo mundo para a 25 de Março (tradicional rua de comércio popular de São Paulo). Enquanto isso, concentração máxima na competição”, argumenta Kennedy. Enquanto isso, juntou-se aos colegas o goleiro Thaygon, que divide seu tempo entre o Marília e a seleção maranhense de beach soccer. Com um porte respeitável, ele recebeu elogios dos colegas e da comissão

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Na tradicional corridinha em volta do campo, ninguém pode reclamar. Nem o goleiro Daniel (à dir, de verde) está livre. No final, o lugar à sombra é concorrido

técnica depois dos dois primeiros jogos. Deixando os quartos, fomos enfim apresentados a Léo Pereira, vice-presidente, chefe da delegação e filho do dono do clube. Ele mostrava-se satisfeito com a goleada de 4 a 1 sobre o Barueri na véspera, mas com ressalvas: “Entramos dormindo e terminamos o primeiro tempo perdendo por 1 a 0. Foi preciso dar um chacoalhão nos jogadores para eles acordarem”. Pereira falou sobre a classificação para a Copa SP por meio de uma seletiva que contou com representantes de todas as regiões do Estado e revelou que os bons resultados já estão rendendo frutos. Segundo ele, o Marília já foi convidado para disputar a Taça BH de Juniores no meio do ano. “Nosso intuito é o de formar e lançar jogadores sob uma perspectiva profissional. Todos os atletas têm contrato conosco”, afirma. Apesar do respaldo dos contratos, todo cuidado é tomado para evitar o aliciamento por parte dos empresários. Depois da visita ao CT do São Paulo, todos os jogadores tiveram de entregar à diretoria os cartões que haviam recebido. Às 15 horas, a reportagem entrou no ônibus que levaria os atletas ao treino, em um dos campos do Barueri. No caminho, nada de batucadas ou algazarra – talvez pela nossa presença. O campo de treinamento não apresentava boas condições, e fazia um forte calor. Não que isso fosse problema para quem trabalha constantemente sob temperaturas acima de 35 graus em Imperatriz. A atividade foi puxada, especialmente para os jogadores que não atuaram contra o Barueri. Para os demais, muita ênfase na parte física. “Hoje em dia, é possível

As traves são improvisadas como rede no jogo de futevôlei. Até os cartolas participam, mas quem domina o “torneio” é a dupla de zagueiros do Marília

Sabe–se lá por quê, uma viatura com quatro policiais acompanhou todo o treinamento. No final, a garotada, mais descontraída, toma o rumo de volta

compensar uma eventual diferença técnica com o preparo físico”, comenta o técnico Valdemir Pereira. Depois da roda de bobo, o treinador reuniu o grupo no centro do campo para uma conversa que durou cerca de 20 minutos. No final, os jogadores organizaram um descontraído torneio de futevôlei, com direito a participação da comissão técnica e dos dirigentes. No caminho de volta, mais à vontade com a nossa presença, os atletas mostravam-se mais relaxados. Alguns já puxavam conversa e pediam fotos. O ambiente era mais condizente com um time que contradisse as previsões na mais importante competição da categoria no Brasil. Na última rodada, o Marília derrotou

o Fluminense por 3 a 0 e ainda contou com a derrota do Atlético-MG diante do Barueri para terminar em primeiro lugar no grupo. O objetivo estabelecido, de superar a primeira fase, já havia sido cumprido — tanto que o time entrou desligado contra o Taboão da Serra na fase seguinte e levou cinco gols ainda no primeiro tempo, saindo derrotado por 5 a 1. A eliminação com goleada não diminui o feito do Marília, que se preparava para ser recebido com honras em Imperatriz, homenagem que os garotos certamente trocariam por um contrato com um grande clube. “A gente queria mesmo era ficar por aqui”, admitiram vários jogadores. É tudo o que eles – e o dono do clube – desejam. Fevereiro de 2008

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Jorge. R. Jorge

LIBERTADORES por Gustavo Hofman

TEU PASSADO

TE CONDENA Flamengo e Fluminense reforçam seus elencos para tentar superar o retrospecto ruim dos clubes cariocas na Libertadores otafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco são, sem dúvida, quatro dos maiores clubes de futebol do Brasil. No entanto, quando o assunto é a Copa Libertadores, o conceito de “grande” pode ser contestado – principalmente quando os resultados são comparados com os dos gaúchos, paulistas e até mesmo mineiros. As equipes do Rio de Janeiro somam 20 participações na Libertadores, tendo conquistado apenas dois títulos (Flamengo/1981 e Vasco/1997). Entre os quatro grandes paulistas, por exemplo, os números são bem superiores. Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo acumulam 41 participações, com seis títulos e sete vice-campeonatos. Os dois cariocas nesta Libertadores, Flamengo e Fluminense, têm histórias bem distintas na competição. Campeão do torneio em 1981, o Fla tinha, naquele ano, um dos melhores times de sua história. Comandada por Zico, a equipe reunia a segurança de Raul Plassman no gol, a elegância de Mozer na zaga e todo o talento de Júnior, Andrade, Adílio, Nunes, Tita… No banco, um jovem treinador: Paulo Cesar Carpegiani. “Nossa preparação foi uma situação completamente anormal. Como o campo 1 do Flamengo estava em reforma, ficamos no campo 2, que era de terra, de tamanho society. Fazíamos só treino de dois toques”, lembra o meia Tita, um

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dos destaques daquela equipe. Fora o título de 1981, o Rubro-Negro realizou outras campanhas dignas na Libertadores, com aparições em semifinais (1982 e 1984) e quartasde-final (1991 e 1993). No ano passado, porém, o time decepcionou ao cair nas oitavas-de-final, diante do Defensor Sporting, do Uruguai. Já o Fluminense não tem boas recordações da Libertadores. Nas duas vezes que disputou o torneio, o time das Laranjeiras deu vexame. Em 1971, ganhou quatro dos seis jogos da primeira fase. Mas as derrotas – uma para o Palmeiras, que se classificou, e outra, vergonhosa, para o venezuelano Deportivo Italia, no Rio de Janeiro, por 1 a 0 – foram suficientes para eliminar a equipe carioca. Em 1985, o resultado foi ainda pior: em seis jogos contra Vasco, Argentinos Juniors e Ferro Carril Oeste, o Flu acumulou três derrotas, dois empates e apenas uma vitória – esta, contra o rival carioca, conseguida no tapetão. “Naquele ano, não tivemos o espírito da Libertadores. Não estávamos preparados psicologicamente para enfrentar o torneio”. Quem afirma isso é o atual coordenador de futebol do Fluminense, Branco, que na época era um jovem lateral-esquerdo. “Jogar uma Libertadores não é a mesma coisa que disputar o Campeonato Carioca ou Brasileiro”, alerta.

Estados na Libertadores Estado SP RJ RS MG PR

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Participações 49 20 19 13 6

Títulos 6 2 3 2 0

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“Cara” de Libertadores

Washington (embaixo) e Leandro Amaral (esq.) estão entre os reforços do Flu para a Libertadores

Visando melhorar o retrospecto na Libertadores, Flamengo e Fluminense reforçaram bastante seus elencos para a disputa da edição 2008. O time de Joel Santana tentou buscar atletas com a “cara” do torneio, como o volante paraguaio Gavilán, ex-Grêmio e Internacional. Além dele, trouxe o zagueiro Rodrigo, ex-São Paulo, e outros dois volantes, Kléberson e Jônatas. Também chegaram à Gávea o atacante Diego Tardelli e outras contratações de menor impacto. “A torcida do Flamengo pode esperar um time altamente competitivo. A base foi mantida, e as peças que trouxemos foram em função da escolha do Joel. Com certeza, o time está mais forte do que no ano passado”, afirma o vice-presidente de futebol do Flamengo, Kléber Leite. “A nossa maior vantagem é ter um elenco grande e de qualidade”. O Fluminense, por sua vez, resolveu investir no ataque. Trouxe Dodô (ex-Botafogo), Leandro Amaral (ex-Vasco) e repatriou o eficiente Washington, ex-Ponte Preta e Atlético-PR. Além disso, completou o bom elenco da temporada passada com jogadores como Gustavo Nery (exCorinthians), Ygor (ex-Vasco, que estava no Start, da Noruega) e o meia argentino Darío Conca. Na primeira fase, o Flamengo enfrentará Nacional, Coronel Bolognesi e o vencedor de Montevideo Wanderers x Cienciano. Na teoria, é um grupo fácil, mas, para quem foi eliminado pelo limitado Defensor Sporting, precaução nunca é demais. “Analisar os adversários no papel é enganoso. Um time que teoricamente é fácil às vezes acaba complicando uma partida”, alerta Kléber Leite. O ex-flamenguista Tita lembra que a Libertadores é muito diferente do que era no passado. “Atualmente, o torneio mudou por causa da televisão, das arbitragens mais severas. Não tem como o cara dar uma cusparada em alguém e não ser punido. Esse ‘clima da Libertadores’ ainda existe, mas não é mais a mesma coisa”. Diferentemente do Flamengo, o Flu terá adversários bem complicados logo de cara. O time enfrentará Libertad (que tem ido muito bem nos últimos anos), LDU Quito (um adversário chato, principalmente pela altitude) e o vencedor do confronto entre Arsenal e Mineros. “Mantivemos 70%, 75% da base do ano passado e trouxemos jogadores experientes e de qualidade. Nossa média de idade era de 24 anos e, nesta temporada, foi para 26. Além disso, contratamos atletas com o biotipo forte. Nosso objetivo é chegar ao título. O Fluminense pode não ter tanta tradição em Libertadores, mas é um time grande”, diz Branco, que completa: “o mais importante é ser competitivo. Libertadores significa uma palavra: competitividade”. Fevereiro de 2008

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CALENDÁRIO por Ubiratan Leal

TEMPO PARA TUDO Temporada começa, e clubes já se vêem diante de maratona. É culpa do excesso de competições, mas também da falta de cuidado e bom senso no momento de montar o calendário do futebol brasileiro o entrar no gramado do estádio Professor Dario Rodrigues Leite, Guaratinguetá, em 17 de janeiro, o São Paulo deu início a uma série que, no final de 2008, pode chegar a 85 partidas. Desconsiderando os 30 dias de férias e mais dez para pré-temporada, a média é de um jogo a cada 3,85 dias. O Tricolor, por ser o atual campeão brasileiro, é o mais prejudicado pelo calendário, já que tem de disputar Libertadores e Copa Sul-Americana, mas outros clubes também sofrem com a agenda congestionada. Todos reclamam, mas pouco é feito. Problemas não faltam. Copa do Brasil e Libertadores são incompatíveis e as equipes brasileiras com vaga na segunda são obrigadas a abdicar da vaga na primeira. Os estaduais estão inchados. O segundo semestre só tem uma competição relevante, considerando que a Copa Sul-Americana é vista mais como um obstáculo do que como um torneio importante.

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O primeiro a reclamar é justamente quem tem mais poder de mudar a situação (apesar de nunca ter tomado atitudes concretas para que isso ocorresse). Ricardo Teixeira, presidente da CBF, já afirmou várias vezes que gostaria que o Brasil adotasse o calendário europeu. Ou seja, a temporada começaria em agosto e seria encerrada em maio ou junho do ano seguinte. Os defensores da proposta imaginam que ela reduziria o êxodo de jogadores no meio do Brasileirão, pois a principal abertura do mercado europeu coincidiria com as férias brasileiras. Também seria mais fácil compatibilizar as datas de competições internacionais com as adotadas na Europa, facilitando a vinda de jogadores que atuam no exterior. A mudança também seria boa para os jogadores. Com o início da temporada em janeiro, os times têm a preparação prejudicada. “Fazer a pré-temporada no período mais quente dificulta a reciclagem de treinamentos. É contraproducente”, explica Turíbio Leite de Barros, fisiologista do São Paulo. “Se houvesse a possibilidade de sincronização com o calendário europeu, os trabalhos tenderiam a render mais. Só seria preciso verificar as implicações de inverter as férias para ter idéia do custo x benefício de uma mudança como essa.” Ainda que a troca de calendário traga benefícios do ponto de vista médico, a transição é complexa e inibe mudanças. Seria necessário organizar uma “meia temporada” que começasse em janeiro e terminasse em junho para, a partir de agosto, dar início ao novo calendário (veja box na página ao lado). No Brasil, campeonatos estaduais e nacionais seriam espremidos em seis meses. Clubes e torcedores teriam de se preparar para essa adaptação e aceitar que um campeonato começa em um ano e termina no outro (algo comum por aqui até a década de 1970).

Modelo intermediário Diante das dificuldades de mudar a temporada, uma solução possível seria adotar o ano solar (de janeiro a dezembro) com datas adaptadas ao calendário europeu. Isso já ocorre na própria Europa, em países como Rússia, Suécia, Armênia e Noruega. Por causa do rigoroso inverno, não é possível jogar nos três meses de frio. A solução foi dar férias no fim do ano e, no verão, criar um breve recesso. Pessoas influentes como Joseph Blatter e Franz Beckenbauer consideram esse modelo o mais adequado para o mundo todo. Pela postura dos clubes, essa solução pode ser mais factível. Apesar de reclamarem de perder vários jogadores em julho e agosto, os dirigentes raramente pedem mudanças tão radicais, preferindo situações pontuais. Por exemplo, no final de 2007, Juvenal Juvêncio, presiden-

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te do São Paulo, afirmou que o clube gostaria de renunciar à vaga de campeão brasileiro na Copa Sul-Americana 2008. Nada indica que isso ocorrerá. Outros clubes pedem espaço em agosto para excursionar pelo exterior, atendendo a convites para torneios como o Ramón de Carranza. “No segundo semestre, dá para apertar um pouco mais o Brasileirão e ter tempo para as viagens”, defende Domenico Bhering, assessor de comunicação do Atlético-MG. Por isso, ele não considera ruim o fato de Copa do Brasil e Libertadores se espremerem no primeiro semestre. Entre os grandes, a situação é de relativo contentamento, mas não se pode dizer o mesmo dos pequenos. Nesse ponto, a questãochave é compatibilizar Estaduais com Série C. Há um hiato de dois meses entre os torneios e os clubes têm de manter elenco e folha salarial sem entrar em campo. “Sabemos da dificuldade que a CBF tem em organizar uma Série C que comece junto com A e B e seja viável comercialmente, mas essa é uma necessidade para os pequenos se manterem”, comenta Mauro Correa, vicepresidente de

marketing do América-RJ. Para isso, o formato da competição teria de mudar, com grupos que permitissem um aumento no número mínimo de partidas de cada participante. Fica claro, diante de tantos problemas, por que ninguém quer mexer nesse vespeiro. Isso, claro, em um país no qual ninguém gosta de mexer em vespeiro nenhum. Com o uso de uma dose de bom senso, entretanto, é possível compatibilizar todas as competições sem congestionar a agenda. Até dá para permitir que os times disputem tanto a Copa do Brasil quanto a Libertadores. Para comprovar isso, a Trivela elaborou duas sugestões de calendário, detalhadas nas próximas páginas. Confira e tenha mais subsídios para participar desse debate.

Dois sucessos e um fracasso

Pablo La Rosa/Reuters

Se o Brasil quiser abandonar o calendário solar e adotar o europeu, pode se espelhar em países vizinhos que fizeram essa mudança. Houve três casos, cada um com solução própria e resultados diferentes. No Uruguai, foi organizado, no primeiro semestre de 2005, um campeonato reduzido, apenas com jogos de ida. Em agosto, teve início a temporada 2005/6. Na Argentina, a mudança foi mais simples. O futebol argentino tinha um semestre para o Campeonato Nacional e outro para o Metropolitano. Bastou não organizar o Metropolitano de 1985 para dar início ao calendário europeizado em 1985/6. Ao invés de cortar, a Bolívia resolveu criar um torneio novo. Como já havia dois campeonatos por ano (Apertura e Clausura), os bolivianos fizeram um campeonato isolado (Adecuación) no primeiro semestre de 2005. Os clubes queriam a mudança, mas a federação local não gostou e considerou pirata o torneio extra. Para piorar, a liga de clubes considerou que a temporada 2005/6 foi de janeiro de 2005 a junho de 2006. Os jogadores que defenderam um clube em um torneio não poderiam trocar de equipe durante todo esse período. Houve vários processos na Justiça do trabalho e os bolivianos desistiram da mudança de calendário. O ano solar retornou já em 2006.

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COP PA AFRIICAN C A

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Para Pa r alg ra alg lgun uns,s, ooss Es E taadu d aaiis ne n m de deve veri ve r am eexixist ri xixist s ir ir. As A su sum minnddo qu quee seeja j difí di f cic l po fí poli liti li iti t ccaam meent nte ac a ab a ar com com ele les,s, serriaa ao me meno n s viviáv no viáv ável el dim el dim min inui uirr ui sua su uas as ddat a as at a par araa 12 12, ai a nd ndaa ma maisisis ssee ho houv u es uv e see Sér érie ie C e eveent ntua uaal Séri Sé érriie D es e ta tadu duual aliz izz adda pa para araa man ante t r o fu te fute tebbool doo iint te nteer nt erioor erio

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OLIMPÍÍADAS

A Coopa ddoo Br asil e minaa em jjuunnho. Com isisssoo ter , o Brr asil in teir o fi f caa o sseeggundo semesttre r sseem m ccoom mppeeti t ções eem m mata-m mata (sa (sal alvoo a Cop o a Sull-A Ame merr icicaanna, que ain da da nãão deesp speert rtaa inter e essee aqui))

Na Cop o a doo BBra rasisisil,l, oco ra corr r e o me rr mesm smoo de sm desp spper erdí dícicico de dí de daata tass da LLibiber e taado er dore ress.s. A re Ass tr três ês ppri rime ri meir me iras as ffas ases es ddaa coompet com mpet etiç içção oocu cuupa pari riam ri am,, te am teor oric r iccam amen ente en t , se te seisiss dat atas a, mass a CB ma C F es espa paalh lhaa es essa sass et e ap apas as eem m no nove ve sem eman anas an as

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C m o ve Co verã rãoo chheggan ando doo e as fe fest stas st as de fi fim m de de aano no, se s ri riaa nece ne cessssár ário ioo um re r ceessssoo de d ddua uass seema ua mana nass no n ffin inal al de de deze zemb m ro ro

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MUNDIA MUN DIA IALL

Fevere Fev eere r iro ir de 200088

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Fevere Fev ereiro ere iro r de d 20 2008 08

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Copa 2014

João Sal/Folha Imagem

por Ubiratan Leal

LU PA

Del Nero e Teixeira: cargo garantido até a Copa de 2014

Punição em Salvador A delegada da polícia civil baiana Marilda Marcela da Luz, responsável pelas investigações do acidente que matou sete torcedores na Fonte Nova em 2007, recomendou à Justiça o indiciamento, por homicídio, de Bobô e Nilo Santos Júnior, respectivamente superintendente e diretor de operações da Sudesb (Superintendência de Desportos do Estado da Bahia), Ednaldo Rodrigues, presidente da Federação Baiana, Petrônio Barradas, presidente do Bahia, e Virgílio Elísio da Costa Neto, diretor técnico da CBF.

Camaçari Com a interdição da Fonte Nova e a recusa de sua diretoria em usar o Barradão, o Bahia manda seus jogos no Estadual em Camaçari, a 50 km de Salvador. Para receber o Tricolor, a prefeitura local investiu R$ 1,5 milhão em reformas no Estádio Armando Oliveira. Gasto excessivo para poucas partidas, mas seria a plataforma do projeto de transformar a cidade do interior baiano em subsede da Copa de 2014.

Dinheiro e influência. A Copa do Mundo de 2014 trará ao Brasil muito mais do que partidas de futebol. Assim, torna-se particularmente tentador ocupar cargos estratégicos quando o evento ocorrer. E os cartolas já se movimentam para manter suas posições por mais seis anos e não perder essa. O precedente foi aberto pelo dirigente máximo do futebol brasileiro: Ricardo Teixeira. Em 18 de abril de 2006, o presidente da CBF conseguiu aprovar mudanças no estatuto da entidade. De acordo com o novo texto, a eleição de 2007 à presidência da confederação daria mandato até 2014, caso o Brasil fosse escolhido como sede da Copa. Supostamente, seria um modo de dar estabilidade política e facilitar os trabalhos de organização do Mundial. Em outro artigo da mesma regulamentação, prevê-se que as federações filiadas à CBF devem seguir o estatuto da confederação. Essa foi a brecha usada por alguns dirigentes reproduzir em suas entidades estaduais o artigo que permite a extensão de mandatos. O primeiro a fazer isso foi Delfim Peixoto Filho, da federação catarinense. Em discurso após sua última eleição, em outubro de 2006, ele enfatizou sua longevidade: “É um orgulho ostentar a condição de dirigente desportivo com mais anos dedicados ao esporte”. Em 2015, final do próximo mandato, Peixoto completará 29 anos no poder. Em janeiro de 2008, foi a vez de Marco Polo del Nero, da federação paulista, fazer o mesmo. Uma assembléia geral da entidade concordou por unanimidade em prorrogar o mandato de Del Nero até 2014 (originalmente, terminaria em 2010). A decisão causou desconforto na cartolagem dos clubes. Por exemplo, o corintiano Andres Sanchez, que se diz contra reeleição de dirigentes, foi cobrado por concordar com a perpetuação no poder do presidente da FPF. O cenário não é diferente entre os clubes. No São Paulo, proprietário de um dos estádios que deve receber a Copa, o mandato do presidente foi aumentado para três anos (eram dois) e o dos conselheiros passou de quatro para seis anos. Essa mudança permite que o grupo político de Juvenal Juvêncio reeleja o atual presidente até 2011 e, com maioria no conselho, tenha facilidade para colocar no poder outro aliado até 2014.

Opinião pública Levantamento realizado pela Ipsos, empresa especializada em pesquisas de marketing, mostrou que a população brasileira acredita que a Copa servirá de palco para corrupção. Para 85,5% dos mil entrevistados, o torneio facilitará desvios de verbas. Por outro lado, mais da metade das pessoas ouvidas acredita que o evento criará empregos e melhorará o transporte.

Choque Em documento entregue ao Comitê Olímpico Internacional, a candidatura do Rio de Janeiro aos Jogos Olímpicos de 2016 prevê arrecadar apenas US$ 750 milhões com a iniciativa privada, valor menor que o previsto pelos concorrentes Chicago, Tóquio e Madri. Motivo: a organização da Copa de 2014 já terá explorado o mercado na mesma época.

Fevereiro de 2008

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LIGA DOS CAMPEÕES

Inglaterra é o país com mais chances de ficar com o título da Liga dos Campeões. Mas, para confirmar o favoritismo, seus times precisam aprender a crescer na hora certa

Dylan Martinez/Reuters

Na última LC, Inglaterra teve três semifinalistas, incluindo o Liverpool, mas o título ficou com um time italiano

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por Tomaz R. Alves

PARA NÃO

elo segundo ano seguido, a Inglaterra tem quatro representantes nas oitavas da Liga dos Cam Campeões. Nesta temporada, o país é ún que conta com tantos repreo único sent sentantes no mata-mata. A Além de quantidade, os times ingles têm qualidade: Manchester gleses Unit e Chelsea são candidatos ao United títul assim como Liverpool e Arsetítulo, nal, que representaram a Inglaterra nas decisões das últimas três LCs. Isso mostra, sem dúvida, a força que o futebol inglês tem entre os clubes europeus. Com os rios de dinheiro gerados pela Premier League, aliados à boa organização dos clubes, os times da Inglaterra vêm mostrando um desempenho consistentemente bom na principal competição européia – a Inglaterra só não lidera o ranking de países da Uefa porque os resultados de seus representantes na Copa Uefa deixam um pouco a desejar. No entanto, apesar dessa inegável força, ainda falta um item crucial para que exista, de fato, uma supremacia inglesa: títulos. Nas últimas oito temporadas, só uma vez um time da Inglaterra sagrou-se campeão – o Liverpool, em 2005, numa conquista considerada quase tão

P

Entenda os confrontos da fase final da LC

FALHAR

Papel que o clube desempenha

Favorito

Corre por fora

Azarão

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Cotação nas casas de apostas 0

Valor pago para cada Real apostado, segundo do as casas de apostas inglesas (valores de 28/jane neiro)

Aproveitamento em mata-mata* 0 –

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surpreendente quanto a do Porto, uma temporada antes. O resultado da Liga dos Campeões passada foi um bom exemplo da posição inglesa. O país, sem dúvida, dominou o torneio, colocando três times nas semifinais. Só que o título acabou ficando com um italiano, o Milan.

Liverpool 7

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4/maio/1965 (semifinal) - Liverpool 3x1 Internazionale 12/maio/1965 (semifinal) - Internazionale 3x0 Liverpoooll Internazio ntteernazionale rnazio naz nazi az e Liverpool vivem situações opostas. O time italiano caminhaa fi firm me rum moo ao a biccaampeonato bicampeon peoo nacional, mas está longe de fazer sucesso na Liga dos Campeões ess. s. Jáá o Liverp erpool ool ol chegou cch hegou gou a dduas finais nas últimas três edições do torneio continental, mas não con onsegu egue nem m chegar che ch ega gar a per perto rtoo do d título da Premier League. Com o técnico Rafa Benítez em situaçãão instá stáv tável,l, os Reds ds precisarão de toda a força de Anfield para superar uma Inter em ótim ma fase.

Alergia a mata-mata Basta olhar para alguns números para ver o que falta aos times ingleses. Nas Ligas dos Campeões disputadas neste século (ou seja, desde a temporada 2000/1), o desempenho dos clubes da Inglaterra nas fases de grupos é excelente. Em 38 participações (incluindo a segunda fase de grupos, que existiu até 2003), os ingleses classificaram-se 33 vezes. Trata-se de um ótimo aproveitamento de 86,8%. Na hora do mata-mata, no entanto, a eficácia cai muito. Foram 34 confrontos contra equipes estrangeiras, com apenas 18 vitórias (52,9% de aproveitamento). A princípio, é natural que haja menos vitórias no mata-mata, afinal

de contas, os adversários enfrentados são mais difíceis, na média, que os da fase de grupos. Só que essa queda não acontece com todo mundo. Basta ver o caso dos times italianos. Nas fases de grupos, o aproveitamento deles é muito mais baixo que o dos ingleses: apenas 67,6% se classificam. Na hora do mata-mata, porém, eles mantêm a eficácia, tendo vencido 18 dos 27 confrontos contra equipes de outros países – ou seja, 66,7%. Não é por acaso que a

Olympiacos 0 100

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Itália é o país que teve mais finalistas na Liga dos Campeões neste século, quatro no total (três vezes o Milan e uma a Juventus). Não é fácil, no entanto, apontar as causas para essa queda de rendimento das equipes inglesas na hora da decisão. Seria fácil dizer que os times “amarelam” frente a adversários tradicionais, mas essa não é uma boa explicação – até porque o número de “entregadas” recentes é igual ao de recuperações espetaculares.

Chelsea 6 –

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7,5

O Olymp Olympiacos cooss vi viv vive vee um sonho naa atual LC. Desde 1998/9, a equipe grega não se claassifi assifi siificcaav ava paraa aas oitavas, oitav va ta tabu abu bu qqu ue terminou juntoo com o jejum de vitórias como visitante: o 3 a 1 sob sobre s br o Werder er er Bremen re n na Ale Alem manha foi o primeiroo triunfo fora de casa em 31 jogos na competição m ãoo. O clube ube be grego eggo go sonhaa alto allto ccon cont ntra um Chelsea que, mesmo nt me sem a mão firme de José Mourinho, seguee eeficiente. cien e. Com Co o aataque taquee ref reforçado re por Nicolas Anelka ka, os Blues esperam crescer no mata-mata, manten endoo o bo end bom om retrospecto ospecto de apenas uma derrota d em seus últimos 24 jogos em casa na LC.

Mesmo sem Mourinho, o Chelsea ainda é um adversário muito perigoso

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Alessia Pierdomenico/Reuters

Na verdade, uma das supostas “amareladas” recentes revela um fator importante que complica a vida dos ingleses. Na temporada passada, o Arsenal, então vicecampeão, foi eliminado pelo limitado PSV nas oitavas-de-final. “Nosso rendimento caiu porque nas últimas semanas não estivemos na nossa melhor condição física. E isso foi visível hoje”, disse o técnico Arsène Wenger, após a derrota. Essa justificativa pode parecer desculpa de um time que não soube lidar com a pressão, mas, de fato, o preparo físico tem pesado muito contra os ingleses. Por exemplo, o Chelsea teve que disputar 52 partidas em competições domésticas na temporada passada, oito a mais que o Milan. Além da quantidade absoluta, faz diferença o nível de interesse dos jogos: Chelsea e Manchester United brigaram rodada a rodada pelo título inglês, o que não permitiu que descansassem muitos titulares. Enquanto isso, Liverpool e Milan tinham pouco o que fazer no torneio nacional,

Roma 1

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2

X 1/1/4

Real Madrid 6 –

12

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28/setembro/2004 (1ª fase) - Real Madrid 4x2 Roma 8/dezembro/2004 (1ª fase) - Roma 0x3 Real Madrid Pelaa quarta taa vez v em sete temporadas, adas, Roma e Real Madrid cruzam o caminho um do outrro naa Li Ligaa do dos os os Campe Cam peõ eõe ões. es. Os Merengues levam a melhor no confronto direto e lideram o Campeonatoo Espa E panh Es paanh anhol, ol, mass não n chegam a encantar, apesar das boas atuações dee Robinho e Van Nistelro Nistelrooy. Jáá o clube c ube italia alian iano ainda depende de grandes atuações de Totti para poder er finalmente se impor sobre se seuu aalgo algoz, go num confronto que provavelmente será decidido pelas atuações ções dos astros das dduas equipes. pes.

já que estavam longe da liderança. Não por acaso, foram os dois últimos que venceram os confrontos das semifinais da Liga dos Campeões, derrotando os dois primeiros. Também parece fazer diferença a tradição das equipes em Ligas dos Campeões. A última vez que um time que nunca havia sido campeão ganhou o título do torneio foi em 1997, quando o Borussia Dortmund levou a taça. Vale lembrar que nessa época só os campeões nacionais que disputavam a competição. Dos quatro representantes habituais da Inglaterra na LC, o único que tem tradição sólida no torneio é o Liverpool – justamente o time que conseguiu melhores resultados nos últimos anos. O Manchester United conta com dois títulos no currículo, mas, desde a histórica Tríplice Coroa de 1999, tem retrospecto muito fraco. Antes da boa campanha do ano passado, o time de Alex Ferguson havia sido eliminado em seis dos sete confron-

tos de mata-mata que disputou. Igualmente ruins são os resultados do Arsenal, que só venceu um de cinco adversários – com exceção da temporada 2005/6, quando chegou à única final de LC em sua história. O Chelsea, embora tenha bom retrospecto recente, é o que conta com menos tradição entre os quatro, sendo que nunca disputou uma final – caiu três vezes nas semifinais, nos últimos quatro anos. Ainda na procura por explicações para as derrotas inglesas, pode ser apontado o fator estádio. Num mata-mata difícil como o da Liga dos Campeões, jogar em um “caldeirão” temido pelos adversários faz muita diferença. É o caso do San Siro, do Camp Nou e do Santiago Bernabéu, entre outros. No caso dos quatro grandes ingleses, porém, o único que tem a seu favor a força do estádio é o Liverpool, quase imbatível no mítico Anfield. O Emirates Stadium do Arsenal acabou de ser inaugura-

Schalke 04 0

51

0

X 0/0/0

Porto 4 –

6

34

O Schalke 04 chega a seu primeiro mata-mata de Liga dos Campeões com problemas no ataque: foi o time que marcou menos gols na primeira fase do torneio (junto com o Celtic) e é apenas o sexto na Bundesliga nesse quesito. O Porto, por sua vez, tem boas memórias de Gelsenkirchen. Foi lá que os Dragões conquistaram seu último título da LC, ao derrotarem o Monaco, em 2004. A equipe portuguesa vem em uma ótima temporada, tendo ficado com o primeiro lugar de seu grupo, à frente do Liverpool, e fazendo campanha quase perfeita no campeonato nacional

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Fenerbahçe 0

81

0

X 0/0/0

Sevilla 0 –

0

15

O dduelo lo marcaa o encontr tro de duas equipes estreantes em playoffs de Liga dos Campeões es. s. Parra o Fenerb Fe rbahç hçe, çe, a foorça mos ostrada no estádio Sükrü Saraçoglu, onde venceu seus três jogos naa fas fase de d grupos pos, justifi jusstifi ifica ca a espera rança de passar de fase. Só que o histórico do time turco contra espanhó hóis óiss deeixaa os torcedores torc dore reess preocup p upados: Betis, Barcelona, Zaragoza e Celta já voltaram de Istambul com vitó tóri óriaas. O SSevilla, vill po por sua vez ez, aposta na experiência adquirida com a conquista das duas últimas ediçõess da d Copa opa Uefa Uef para supeerar o rival – isso sem contar a boa fase de seus atacantes, Luís Fabiano e Kanouté. é

do, Stamford Bridge ainda está longe de ser incluído entre os mais importantes estádios da Europa, e Old Trafford, apesar da tradição, peca pela frieza dos torcedores, freqüentemente criticados pelo técnico Alex Ferguson pelo pouco barulho que fazem. Nos três fatores citados – cansaço, tradição e estádio –, vê-se que o Liverpool é o único que sai com avaliação favorável. Não é coincidência o fato de os Reds terem o melhor desempenho recente no mata-mata entre os ingleses (e o segundo melhor da Europa), com sete classificações contra três eliminações. Os outros representantes do país, juntos, acumulam mais fracassos que sucessos (16 contra 14).

Outro lado Parece claro que mata-mata não é o forte dos times ingleses, mas isso não quer dizer que eles não possam reverter esse retrospecto e ficar com o título desta Liga dos Campeões. Motivados para recuperar o orgulho nacional depois do fracasso da Inglaterra nas eliminatórias para a Eurocopa, os quatro ingleses têm razões para otimismo. Para começar, deve-se lembrar que o desempenho do país na temporada passada foi bom, com três semifinalistas – só faltou o título. Neste ano, graças a um pornográfico contrato de televisão (mais de € 1 bilhão por temporada, do qual os quatro grandes ficam com a maior fatia), entre outros fatores, os times ingleses estão nadando em dinheiro. E mais importante: souberam usá-lo para reforçar suas equipes.

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O Manchester United, por exemplo, se mexeu para evitar repetir o desgaste da temporada passada. Alex Ferguson buscou no mercado uma leva de jogadores jovens e talentosos, como Nani, Anderson, Tevez e Hargreaves. Assim, pode poupar jogadores sem perder pontos importantes no Campeonato Inglês. O Liverpool, por sua vez, reforçou seu deficiente ataque com Fernando Torres, Ryan Babel e Andrey Voronin. E parece ter dado certo: foi o time que marcou mais gols na primeira fase da Liga dos Campeões — 18, 16 dos quais nas últimas três rodadas. O Arsenal, que começou a temporada desacreditado pela saída de Henry, vem mostrando o melhor futebol da Premier League e briga pau a pau com o United pelo título inglês. Cada vez mais, há sinais de que a garotada talentosa de Arsène Wenger pode, finalmente, ter chegado à maturidade.

Sem Henry, o Arsenal subiu de produção e briga pela liderança da Premier League

Lyon 3

26

7

X 0/1/1

Manchester United 3 –

9

6,5

15/setembro/2004 (1ª fase) - Lyon 2x2 Manchester United ted ed 2 23/novembro/2004 (1ª fase) - Manchester United 2x1 Lyyyo oon n Depois D epois dee elimin eliminar o Lille, em 2006/7, agora os Red Devils terão a chance de derrubar elimina errubar bar ar out ooutro utttro rro ccl clube francês f ês n oitava nas vas-de--fi finnal da LC: o Lyon. Embora o adversário atual seja mais forte, o Un United nniiteed é favo fav favorito avo ito to, já que conta com um dos qu os melhores elencos da Europa. Além disso, cumpriu a melhor cam ca campanha a da fase fas fa fase de grupos e está está muito m bem em no Campeonato Inglês. Já o Lyon tenta mais uma vez apag appag pagar agar a imag imagem em dee time ime “amarelão”. “amare “amarrelã elão”. Com um grupo de qualidade inferior ao de outras épocas, os lione lionesess apostam apos apo apostam nos retornos os de Cris e Coupet, recuperados de graves contusões, para estabilizar a defesa.

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Arsenal 4

12

9

X 0/0/0

Milan 13 –

16

12

Este st éé, sem m dúvid úvvida, o duelo mais esperado das oitavas. De um lado está o Arsenal, vice da LC C eem m 2005 2 05 e atraves aat ssan ssa and ndo do ótima fase; do outro o Milan, atual campeão do torneio. Os italianos, que não ãoo fize fize zer eeram ram am uuma boa oa pr pprimeira rimeira ri metade de temporada, têm como carac característica crescerem nestes momentos de de mai maior ior io ior pressã ssão. são. ão. o.. Com C um elenco experiente e um ataque fortalecido com Ronaldo e Alexandre Pato, Pa o clube c be itali talia alian iano no pode ser considerado leve favorito. No entanto, os Gunners têm ampla chance de supr supre reeen ree eeend en nder der com seu belo estilo de jogo, que combina defesa sólida, meio-campo co io-campo inspirado e aataque eficiente nte. te.

Getty Images/AFP

Por fim, o Chelsea é o time com menos sinais positivos, já que não começou bem a temporada e perdeu o ótimo técnico José Mourinho — em seu lugar, foi colocado o pouco conhecido Avram Grant. Mas quem esperava a derrocada dos Blues decepcionou-se. Depois de um período turbulento, a equipe se acertou e, nos últimos três meses de 2007, perdeu só um dos 19 jogos que disputou. Enquanto os ingleses crescem e mostram força, no resto do continente não há nenhum bicho-papão. A Internazionale é, sem dúvida, o time que fez o melhor primeiro turno na Europa, mas a tradição dos Nerazzurri de decepcionar na Liga dos Campeões é impressionante. Dentre os italianos, é o time que tem pior retrospecto recente no mata-mata da competição. A situação da Inter é inversa à do Milan. Os Rossoneri são, disparado, o melhor time da LC nos últimos anos. No entanto, fazem uma temporada

Celtic 0 126

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X 0/1/1

Barcelona 5 –

9

4,3

14/setembro/2004 (1ª fase) - Celtic 1x3 Barcelona 24/novembro/2004 (1ª fase) - Barcelona 1x1 Celtic SSem m desp despert desper espeerta tar arr tanto tantos os suspiros s quanto no passado, o Barcelona aposta na LC para reecup uperar a ima uperar imagem. agem. m. A eq equ equipe quipe ui e ca catalã catalã a ve vem em m sendo alvo de críticas, principalmente pelas atuações apagaddas as de Ronaldi Ronaldinho inhoo. Além de Além d um eele elenco enco muito superior ao do Celtic, os Blaugranas têm a seu favor o bom bom re retrospecto etrospeecto cont contra ontra escoc escocese escoceses: esess: na n fase de grupos, enfrentaram o Rangers e se deram bem (0 a 0 naa Escó Essc scócia cócia e 2 a 0 nno Cam Campp Nou Nou). Nou). Os Bhoys, por sua vez, são “oito ou oitenta”: em casa, ganharam am os trêss jogos jog ogoss naa fase fas ase se de grupos; como visitantes, perderam todos.

muito fraca e têm sérios problemas no ataque. O time costuma crescer na segunda metade da temporada e conta com o melhor meio-campo do mundo, mas não se sabe se isso será suficiente para repetir a façanha de 2007 – ainda que a estréia de Alexandre Pato e a reestréia de Ronaldo, na mesma partida, tenham sido suficientes para trazer pelo menos um pouco de otimismo. Na Espanha, o time da vez é o Real Madrid. Os Merengues estão jogando um bom futebol e lideram o Campeonato Espanhol com relativa folga. Mas os percalços na primeira fase da LC indicam que, apesar de ser um adversário temível, o time madrileno não parece preparado para ser campeão continental de novo – pelo menos não neste ano. O outro grande espanhol, o Barcelona, passa por crise e, apesar do bom elenco, precisaria passar por uma grande reviravolta interna para retornar ao rol de favoritos. Outros times, como Lyon, Roma, Sevilla ou Porto, podem até surpreender num dia bom, mas, se forem além das quartas-de-final, será uma surpresa. Falar em título, então, seria forçar a barra. Se os quatro representantes ingleses têm contra si a inconsistência no mata-mata, as principais equipes de outros países também enfrentam problemas importantes. Pelos bons times que tem na Liga dos Campeões, é certo que a Inglaterra será protagonista nesta fase decisiva. E quem sabe, desta vez, Manchester United, Chelsea, Liverpool ou Arsenal possam levar – com méritos – o título para casa. Fevereiro de 2008

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temporada Clubes holandeses fracassam nas copas internacionais e vêem Eredivisie em declínio Michael Kooren/Reuters

Baixa

HOLANDA por Dassler Marques

partir do dia 19 de fevereiro, a Copa Uefa e a Liga dos Campeões entram em suas fases decisivas. Entre os 48 clubes envolvidos na briga pelos dois títulos, só haverá um holandês: o PSV. O clube de Eindhoven, no entanto, disputa a Copa Uefa, o que pode ser visto como um retrocesso, já que nas últimas três temporadas a equipe chegou ao mata-mata da LC, tendo sido até semifinalista em 2005. Se o PSV andou para trás, o outro gigante holandês, o Ajax, fez ainda pior. O clube de Amsterdã foi eliminado pela segunda vez seguida por um time pequeno (o Slavia Praga) nas preliminares da Liga dos Campeões e caiu logo na primeira fase da Copa Uefa, perdendo para o Dinamo Zagreb. Na temporada passada, o clube já vinha com problemas financeiros, fechando o exercício com prejuízo superior a € 10 milhões. Em 2007/8, o número deverá ser ainda mais negativo. Os maus resultados nas copas européias e os prejuízos trazidos por eles têm feito os clubes locais venderem jogadores como nunca. Com exceção do AZ, que foi às compras no verão europeu – mas mesmo assim não tem colhido bons resultados –, praticamente todas as equipes da Eredivisie priorizaram as vendas na pré-temporada. Nomes prestigiados como Babel (Liverpool), Sneijder (Real Madrid),

A

Mesmo com técnicos “tampões” e em má fase, PSV e Ajax (foto) ainda lideram o Holandês 42

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Arouna Koné (Sevilla) e Drenthe (Real Madrid) renderam muito dinheiro para Ajax, PSV e Feyenoord. O problema é que, diferentemente de outros anos, não houve contratações à altura nem grandes revelações vindas das categorias de base. Assim, vai se firmando na Holanda uma cultura de clubes vendedores, semelhante ao que acontece no Brasil. Boa parte dos destaques das seleções de base – como Drenthe, Rigters, De Ridder e Babel – foram para o exterior antes mesmo de se estabelecerem. No Ajax, as saídas de alguns jogadores valorizados – como Heitinga, Maduro, Huntelaar, Stekelenburg e Emanuelson – são dadas como certas em um futuro próximo. Como esses problemas afetam ainda mais as equipes pequenas, o nível técnico da Eredivisie vem caindo. Nesta temporada, o torneio apresentou aberrações como Ajax 8x1 De Graafschap, Heerenveen 9x0 Heracles – com sete gols de Afonso Alves –, Utrecht 7x1 Sparta Rotterdam e Willem II 6x0 Excelsior. Em 18 rodadas, foram oito jogos com diferença superior a cinco gols. Em razão de tudo isso, o Campeonato Holandês vai perdendo prestígio – e espaço internacional, com o crescimento de ligas como as da Turquia, Rússia e Ucrânia. A Holanda ocupa apenas o oitavo lugar no ranking da Uefa e deverá perder pelo menos mais uma posição nesta temporada (a não ser que o PSV surpreenda na Copa Uefa). Sintoma do mau momento da Eredivisie é que o torneio deixou de ser transmitido no Brasil pela ESPN. Segundo informou a emisso-

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Diferença de pontos entre o primeiro e o sexto colocado, no fim do primeiro turno do Campeonato Holandês

ra, privilegiou-se a aquisição integral das transmissões da Serie A italiana, em detrimento do Campeonato Holandês.

Trocas de regulamento e de técnicos Constatando o declínio do campeonato, a liga holandesa decidiu mexer no regulamento para aumentar o interesse no torneio. Desde a temporada 2005/6, vagas em copas européias e o rebaixamento são decididos em “playoffs”, após as 34 rodadas do campeonato normal. Hoje, só o campeão e um dos rebaixados são definidos pelos pontos corridos. No final de 2007, o PSV propôs nova mudança: a Eredivisie passaria a ter 16 clubes, que, depois dos dois turnos convencionais, seriam divididos em dois grupos, para a disputa de mais sete rodadas, numa fórmula parecida à adotada na Escócia. Em um grupo ficariam os oito melhores times, que brigariam pelo título e vagas em copas européias; no outro, as oito piores equipes lutariam para não cair. Até no banco de reservas dos grandes

holandeses a má fase se faz sentir. Na metade do campeonato, Ajax e PSV parecem ter abdicado de contar com um treinador efetivo. Ronald Koeman trocou o clube de Eindhoven pelo Valencia, enquanto Henk ten Cate, após uma passagem ruim pelo Ajax, preferiu tornar-se auxiliar de Avram Grant, no Chelsea. Para o lugar deles, os clubes trouxeram... ninguém! O PSV acertou com Huub Stevens, do Hamburg, mas ele só assumirá na próxima temporada. Já o Ajax pensa em Martin Jol e Marco van Basten, mas ainda não tem nada acertado. Mesmo com técnicos “tampões”, os dois grandes ainda se mantêm à frente dos outros no Campeonato Holandês – apesar de um equilíbrio maior que o habitual. Mesmo contratando jogadores importantes, como Makaay e Van Bronckhorst, o Feyenoord apenas acompanha os passos do líder PSV, mas ainda é azarão na briga do título. O AZ, que deixou escapar o título na última rodada do campeonato passado, parece ter perdido o brilho, justamente quando mais gastou. Ao fim do primeiro turno, era apenas o nono colocado. Atual bicampeã européia sub-21 e ainda pródiga na formação de novos jogadores, a Holanda não consegue montar grandes equipes em seus clubes. Sem dinheiro e com os talentos indo para o exterior mais cedo, a Eredivisie fica cada vez menos atraente. Assim, a luz no fim do túnel ainda vai demorar a aparecer. Saiba mais sobre futebol holandês em www.trivela.com/holanda

QUEDA LIVRE Retrospecto dos últimos dez anos reflete o declínio dos holandeses Temporada

Liga dos Campeões

Copa Uefa

2007/8

PSV foi eliminado na primeira fase

PSV brig briga por vaga nas oitavas

2006/7

PSV caiu nas quartas

AZ caiu nass quartas

2005/6

Ajax e PSV caíram nas oitavas

Todos caíram m antes das oitavas

2004/5

PSV caiu nas semifinais

AZ caiu nas semifinais

2003/4

Ajax e PSV caíram na primeira fase

PSV caiu nas quartas

2002/3

Ajax caiu nas quartas uartas

Todos caíram m antes das oi oitavas

2001/2

Feyenoord e PSV caíram na primeira rim fase

Feyenoordd campeão; PSV caiu nas quartas; Roda caiu nas oitavas oitava

2000/1

Heerenveen e PSV caíram na primeira fase Hee

PSV caiu nas quartas

Feyenoord caiu na segunda seg fase de grupos; PSV e Willem II caíram na primeira eira

Todos caíram antes das da oitavas

Ajax e PSV caíram na primeira fase

Todos caíram antes das oitavas

1999/2000 1998/9

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ALEMANHA por Carlos Eduardo Freitas

Quase 20 anos depois da reunificação da Alemanha, os grandes clubes do lado oriental se afundam nas divisões inferiores do país

MURO ABAIXO ONDE ESTÃO OS 12 CLUBES CAMPEÕES DA DDR-OBERLIGA BUNDESLIGA (1ª divisão)

2. BUNDESLIGA (2ª divisão)

Hansa Rostock

SC Motor Jena

Fundação: 1945 Jogadores que revelou: Thomas Doll, Carsten Jancker, Toni Kroos FEITOS • Campeão da DDR-Oberliga em 1991 • Campeão da Copa da DDR em 1991 • Levou 21 jogadores à seleção da Alemanha Oriental

(hoje FC Carl Zeiss Jena) Fundação: 1903 Jogadores que revelou: Bernd Schneider, Jörg Böhme, Konrad Weise FEITOS • Campeão da DDR-Oberliga em 1963, 1968 e 1970 • Campeão da Copa da DDR em 1960, 1972, 1974 e 1980 • Vice-campeão da Recopa em 1981 • Levou 33 jogadores à seleção da Alemanha Oriental

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SC Wismut Karl Marx Stadt (hoje Erzgebirge Aue) Fundação: 1946 FEITOS • Campeão da DDR-Oberliga em 1956, 1957 e 1959 • Campeão da Copa da DDR em 1955

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o final do primeiro turno da Bundesliga, os dois únicos clubes localizados na região que até 1990 era a Alemanha Oriental estavam entre os últimos colocados da tabela. Depois de ficar na lanterna por dez rodadas, o Energie Cottbus (na foto, de camisa laranja) estava em 17º. Já o Hansa Rostock (camisa azul) era o 15º, apenas dois pontos acima da zona de rebaixamento. Está claro que os dois “ossies”, como são chamados os alemães orientais dentro do próprio país, são candidatos ao retorno à segunda divisão. A posição marginal que ambos ocupam na tabela reflete muito bem a situação de inferioridade dos clubes da região diante dos adversários do lado “ocidental”, mais rico e, conseqüentemente, com melhores jogadores. No período da Guerra Fria, em que a Alemanha estava separada em Ocidental e Oriental, os alemães do lado comunista da Cortina de Ferro eram fortes e davam trabalho não só para os vizinhos, mas também para clubes de outros países europeus em competições continentais. Esse foi o caso, por exemplo, do Motor Jena, hoje Carl Zeiss Jena, que chegou à final da Recopa de 1981 contra o Dínamo Tbilisi depois de eliminar o Benfica nas semifinais e o Valencia nas oitavas. A equipe georgiana, entretanto, sagrou-se campeã. Nove anos antes, o Berliner Dynamo caiu na semifinal da competição contra o Dynamo Moscou, que viria a ser derrotado pelo Rangers na decisão. Na Copa Uefa da temporada 1988/9, que consagrou o Napoli de Maradona e Careca, uma das semifinais foi “toda alemã”, entre o Stuttgart e o Dynamo Dresden, um dos gigantes da Alemanha Oriental, com oito títulos nacionais. Além da medalha de ouro da Alemanha Oriental na Olimpíada de 1976, o grande feito do futebol “ossie” foi a conquista da Recopa pelo Magdeburg em 1974, ao bater o Milan na decisão. Naquele time jogava Jürgen Sparwasser, autor do gol da vitória no emblemático confronto contra a Alemanha Ocidental na Copa do Mundo disputada meses depois daquela

Getty Images/AFP

A

ONDE FICAM OS PRINCIPAIS CLUBES DA REGIÃO

Rostock Magdeburg

Berlim

Leipzig

Cottbus

Dresden

ALEMANHA

decisão. “Naquela época, tínhamos boas equipes, que não deviam nada às grandes do continente”, lembra, saudoso, o ex-atacante.

Decadência Desde a reunificação alemã, concretizada em 3 de outubro de 1990, o futebol daquela região começou a ruir. Na realidade, a queda começou em 1989, quando os orientais voltaram a poder cruzar a fronteira com o lado ocidental, com o fim do muro de Berlim. Logo ao final da temporada 1989/90, os principais jogadores da Oberliga, do lado oriental, foram contratados por times da Bundesliga, ocidental. Foi o caso de Matthias Sammer e Ulf Kirsten, que deixaram o Dynamo Dresden rumo a Stuttgart e Bayer Leverkusen, respectivamente. Sem seus melhores jogadores, os grandes clubes do

REGIONALLIGA NORD (3ª divisão)

1. FC Magdeburg

SG Dynamo Dresden / Volkspolizei Dresden

Fundação: 1945 Jogadores que revelou: Jürgen Sparwasser, Martin Hoffmann, Jürgen Pommerenke FEITOS • Campeão da DDR-Oberliga em 1972, 1974 e 1975 • Campeão da Recopa em 1974

(hoje 1. FC Dynamo Dresden) Fundação: 1948 Jogadores que revelou: Ulf Kirsten, Jens Jeremies, Matthias Sammer, Alexander Zickler FEITOS • Campeão da DDR-Oberliga em 1953, 1971, 1973, 1976, 1977, 1978, 1989 e 1990 • Campeão da Copa da DDR em 1952, 1971, 1977, 1982, 1984, 1985 e 1990 • Semifinalista da Copa Uefa em 1989

BSG Turbine Erfurt / SC Turbine Erfurt (hoje Rot-Weiss Erfurt) Fundação: 1895 Jogadores que revelou: Thomas Linke, Clemens Fritz FEITOS • Campeão da DDR-Oberliga em 1954 e 1955 Fevereiro de 2008

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lado oriental tiveram poucas chances de concorrer com os gigantes ocidentais quando houve a unificação das duas ligas. Da maneira que a integração foi combinada, apenas dois clubes (campeão e vice) da Oberliga entrariam na primeira divisão. Outros quatro Ulf Kirsten n foram para a 2. Bundesliga, e Matthias ass Samm Sammer S am er o restante acabou dividido das Andrea ea as Thom hom om ligas regionais para baixo. Thom mas Doll Além de perder jogadores Darri riusz Wos osz sz para o lado capitalista, os Ola af Mar Marsccha all all “ossies” pouco a pouco viHeiko e S Scholz holz ram uma debandada grande Dirk rk Schu Schusst sterr de torcedores, que, desanimados pelas falcatruas e pelo baixo nível técnico que o campeonato tinha, preferiam torcer para o Bayern de Munique, para o Borussia Dortmund ou para o Schalke 04, entre outros. Como conseqüência, as arquibancadas esvaziaram, e os caixas desses clubes minguaram. Em diversos casos, os times chegaram ao fundo do poço. Em 2003, por exemplo, o VfB Leipzig, primeiro campeão da Alemanha, fechou as portas — só reabertas graças a uma ação dos torcedores, que não aceitaram ver o time do coração simplesmente deixar de existir. Rebatizado com o nome dos tempos da Alemanha Oriental, voltou a funcionar como Lokomotive Leipzig, hoje na quinta divisão alemã – já duas acima do que estava em 2006. Assim como o “Loko”, a maioria dos antigos grandes orientais encontra-se abaixo da segunda divisão nacional. A exemplo de Rostock e Cottbus, que lutam para não cair da primeira, Erzgebirge Aue e Carl Zeiss estão na briga para se manter na Segundona. Outros três – Magdeburg, Dynamo Dresden e Rot-Weiss Erfurt – jogam na Regionalliga Nord, a terceira divisão, e o

Jog Jogadores Jo ogadores que qu ue defenderam d def fenderam tan ta tant ntto a Alem Ale lemanha em Orien Orie Or Orient O en nttal quanto ua a Ocid Ocide ide de ental, depois de epois d de e 199 1990 1 1990

resto da quarta para baixo. Entre os que se encontram na quarta divisão, estão cinco das 12 equipes que conquistaram títulos da Oberliga. Entre eles, destaca-se o Berliner Dynamo, maior campeão nacional da Alemanha Oriental, com dez títulos entre 1979 e 1988. Sim, foram todos consecutivos, graças a muita ajuda da Stasi, a polícia secreta da Alemanha Oriental, que fazia de tudo (comprar árbitros, burlar regras do campeonato e permitir transferências ilegais, entre outras falcatruas) para que seu time conquistasse troféus. Outro gigante dos tempos da Cortina de Ferro, o Dynamo Dresden aparece mais no noticiário por conta de seus “ultras” violentos e xenófobos do que por feitos do time dentro de campo. Não por acaso, a equipe não consegue mais do que posições intermediárias na tabela da Regionalliga Nord.

Luz no fim do túnel Por mais manchada e desgastada que esteja a imagem do futebol nos seis Estados que antes compunham a Alemanha Oriental, há alguma luz no fim do túnel para as equipes da região. Apesar de o lado ocidental ter investido cerca de € 1 trilhão na reconstrução do oriental desde a reunificação, a maioria dos estádios não mudou muito desde os anos 60 ou 70. Por isso, para que Leipzig fosse uma das sedes da Copa do Mundo, foi necessária a construção de uma nova arena, dentro do antigo Zentralstadion. Outro a trocar de casa é o Magdeburg, que derrubou seu antigo estádio e, graças ao investimento de uma imobiliária e do governo local, levantou o Stadion Magdeburg, mais moderno que as casas de alguns clubes da Bundesliga. Outras equipes da região também já buscam viabilizar projetos semelhantes para, quem sabe, aumentar o conforto e colocar mais torcedores em suas arquibancadas. Outro alento é que não são poucos os bons jogadores que nasceram e começaram a chutar uma bola no leste do país. Michael Ballack, astro do Chelsea

... NOFV-OBERLIGA NORD (4º divisão)

NOFV-OBERLIGA SÜD (4ª divisão)

Berliner FC Dynamo

SG Planitz / BSG Motor Zwickau

(hoje FC Berliner Dynamo) Fundação: 1953 Jogadores que revelou: Falko Götz, Andreas Thom FEITOS • Campeão da DDR-Oberliga em 1979, 1980, 1981, 1982, 1983, 1984, 1985, 1986, 1987 e 1988 • Campeão da Copa da DDR em 1959, 1988 e 1989 • Semifinalista da Recopa em 1972

(hoje FSV Zwickau) Fundação: 1912 Jogadores que revelou: Jürgen Croy, Heinz Satrapa FEITOS • Campeão da DDR-Oberliga em 1948 e 1950 • Campeão da Copa da DDR em 1963, 1967 e 1975

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ZSG Union Halle / BSG Turbine Halle (hoje Hallescher FC) Fundação: 1946 Jogadores que revelou: Dariusz Wosz, Norbert Nachtweih FEITOS • Campeão da DDR-Oberliga em 1949 e 1952 • Campeão da Copa da DDR em 1956 e 1962

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Alex Grimm/Reuters

Getty Images

e um dos maiores jogadores alemães da atualidade – se não o maior –, nasceu em Chemnitz e começou a jogar no time da cidade antes de se transferir para o Kaiserslautern. Bernd Schneider, principal jogador do Bayer Leverkusen, é de Jena e iniciou a carreira no Carl Zeiss. Candidato a astro do futuro no país, Toni Kroos nasceu em Rostock pouco antes de o muro de Berlim cair. Mal começou a carreira no Hansa, foi negociado com o Bayern de Munique. Ou seja, para valorizar os jogadores, os times do lado oriental da Alemanha ainda têm que descobrir como segurá-los por um pouco mais de tempo. Iniciativas não faltam para proporcionar um futu-

ro promissor para os clubes da região. A mudança do formato nas divisões inferiores da Bundesliga, que entra em vigor na próxima temporada, deve levar mais dinheiro e melhorar a condição de desenvolvimento dos times menores. Resta saber se os dirigentes desses clubes saberão administrar esses novos recursos. Se conseguirem, têm motivos de sobra para sonhar em voltar a enfrentar Bayern de Munique, Hamburg e Werder Bremen em competições oficiais, e não mais como meros “sparrings” na pré-temporada.

Sammer, Ballack e Kroos: três gerações de talentos vindos da Alemanha Oriental

Saiba mais sobre futebol alemão em www.trivela.com/alemanha

VERBANDSLIGA BRANDENBURG (5ª divisão)

BSG Chemie Leipzig

FC Karl Marx Stadt

ASK Vorwärts Berlim / FC Vorwärts Berlim

(hoje Sachsen Leipzig) Fundação: 1899 Jogadores que revelou: Uwe Rösler, Heiko Scholz FEITOS • Campeão da DDR-Oberliga em 1951 e 1964 • Campeão da Copa da DDR em 1957 e 1966

(hoje Chemnitzer FC) Fundação: 1920 Jogadores que revelou: Michael Ballack, Dirk Schuster FEITOS • Campeão da DDR-Oberliga em 1967

(hoje Viktoria Frankfurt/Oder) Fundação: 1951 Jogadores que revelou: Jörg Heinrich, Jürgen Nöldner FEITOS • Campeão da DDR-Oberliga em 1958, 1960, 1962, 1965, 1966 e 1969 • Campeão da Copa da DDR em 1954 e 1970

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ITÁLIA por Cassiano Ricardo Gobbet

Em estado

de graça ma faixa, exposta por torcedores em vários jogos da Internazionale em 2002, protestava contra a gestão de Massimo Moratti: “Dois ‘scudetti’ em 30 anos. Não agüentamos mais”. O protesto era uma radiografia da alma desesperada da torcida de um clube grande que lentamente via sua paixão escorrer pelo ralo. Na ocasião, mesmo tendo feito quase cem contratações, Moratti só tinha colecionado frustrações e, volta e meia, pensava em jogar a toalha. A pressão que pesava sobre o bilionário presidente da Inter era compreensível. Além de ter ganho só dois títulos italianos desde 1971, o dirigente era assombrado pelo fantasma do pai, Angelo Moratti, que montara o épico time da Internazionale dos anos 60, ganhando um tricampeonato italiano e a Copa dos Campeões. Hoje, Moratti deve lembrar dessa época com ironia e dar graças a Deus por não ter desistido. Passado o “Calciocaos”, a Inter adicionou dois Campeonatos Italianos e uma Copa da Itália a sua história e está com o tricampeonato nacional quase garantido (mesmo que o primeiro dos três títulos tenha vindo no tapetão). Além disso, desfruta de uma clara superioridade, reconhecida até pelos adversários, tendo perdido só cinco vezes em 80 partidas disputadas até

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o fim de 2007. De quebra, venceu o Milan nos últimos três clássicos. Não falta quem dê os louros da supremacia interista à confusão que rebaixou a Juventus e amarrou as mãos do Milan. Sim, o “Calciocaos” foi o ponto da virada da sorte “nerazzurra”, mas só a desgraça alheia não faria da Inter o supertime de hoje. Clube e técnico souberam aproveitar o vento na popa e agora vêem a concorrência – Roma, Milan e Juventus – correr para tirar a diferença.

Do jejum à glória O jejum interista não foi marcante só para a torcida. Com uma estrutura familiar, o clube passou a ser um grande bolsão de interesses, com pequenos feudos dominados por grupos políticos e pouco gerenciamento profissional. “Jogar na Inter é um inferno”, chegou a declarar Christian Vieri, quando ainda era o maior astro do clube. A politicagem dentro da Inter tornava qualquer tentativa de mudança um inferno. Sem títulos, a cobrança chegou a um ponto insuportável, e ninguém conseguia trabalhar direito. Não se sabia quem mandava, pois ninguém podia ter autonomia no clube. Héctor Cúper tentou (era uma exigência contratual) e esteve a 45 minutos de ter sucesso, mas daí veio o famoso 5 de maio no qual a Internazionale

Stefano Rellandini/Reuters

Com dois títulos italianos vencidos em seqüência, a Internazionale prepara-se para embolsar mais um. Mas essa supremacia é mesmo tão grande ou trata-se de um lance de sorte?

perdeu o título para a Juventus. Para voltar a vencer, o clube precisava de um fator externo – ou para diminuir a pressão ou para voltar a centralizar o poder nas mãos de um técnico. Esse fator foi o “Calciocaos”. De uma vez só, a Inter livrou-se da concorrência da Juventus e ainda depenou o elenco da rival a preços módicos. Isso tudo vendo o Milan de mãos amarradas, já que os Rossoneri não sabiam se seriam rebaixados ou não. A diretoria interista foi rápida nas contratações e buscou Zlatan Ibrahimovic em Turim. Ao fechar com o sueco, o clube não só contratou aquele que se transformaria em seu principal jogador, mas também evitou que ele fosse para o Milan – com quem estava praticamente acertado. Junto com “Ibra”, também Patrick Vieira seguiu para Milão. Contudo, um nome que já estava em Appiano Gentile é que se tornaria o dono do

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Fotos AFP e Reuters

OS PROTAGONISTAS DA SUPER INTER Roberto Mancini

O técnico teve um começo de trabalho bastante conturbado e contestado, porque tinha craques e dinheiro. Por muito pouco não foi demitido. Ainda que beneficiado pela redução da concorrência por um tempo, encontrou um esquema tático consistente para a Inter. É pouco? Marcello Lippi, Héctor Cúper e mais uma pá de bons nomes não conseguiram isso.

Ibrahimovic O jogador-símbolo da “Super Inter”. Capaz de encantar com jogadas individuais, é excelente no conjunto. Dá peso ao ataque sem perder a movimentação e marcação na saída de bola adversária. Há muito tempo a Inter não tinha um candidato sério a ganhar o prêmio de melhor jogador do mundo. Agora tem.

Internazionale soube aproveitar o “Calciocaos” para montar um grande time

meio-campo. O argentino Estebán Cambiasso vem sendo, nos últimos dois anos, o responsável por unir qualidade e consistência, ajudando uma defesa que era criticada há anos. “Não sou líder da Inter. O time inteiro é”, disse o argentino, em 2007, quando perguntado sobre sua parcela na solidez defensiva. É aí que entra o técnico Roberto Mancini. Mesmo com tropeços, a atual Inter é uma criação sua. O italiano de Jesolo resolveu dois problemas crônicos da defesa – a marcação da zaga e a lateral-esquerda –, inventou um modo de montar um meio-campo combativo e técnico ao mesmo tempo e gerenciou uma infinidade de atacantes sem nunca tirar do time aquele que é o grande craque interista hoje, Ibrahimovic. E fez tudo isso tendo de domar feras descontentes como o brasileiro Adriano, que só parou de criar caso com o empréstimo para o São Paulo. De fato, a qualidade do futebol ita-

liano caiu sensivelmente nos últimos dois anos, e a Inter foi beneficiada. Só que não dá para ignorar que, nos mesmos dois anos, o clube só perdeu três vezes na Liga dos Campeões e saiu da última competição eliminada pelo Valencia com dois empates. Quase 60 jogos sem derrota na Série A e esse retrospecto europeu no biênio não teriam como ser alcançados com um time comum. Hoje, sem concorrência credenciada para ameaçar mais um “scudetto”, a Inter quer alcançar uma conquista internacional, para provar que seu sucesso não foi alcançado só por causa do “Calciocaos”. O trauma doméstico interista foi superado. Agora é hora de se vingar da faixa que o milanista Gennaro Gattuso exibiu na conquista da última Liga dos Campeões: “Essa vocês não ganham há 42 anos”. Saiba mais sobre futebol italiano em www.trivela.com/italia

Cambiasso Contratado de graça do Real Madrid há quatro temporadas, Cambiasso chegou sem alarde e por bastante tempo foi considerado um complemento do elenco. Com Mancini, virou peça-chave. Garante marcação asfixiante na defesa, excelente passe e chegada na frente.

Figo Outro cedido pelo Real Madrid como refugo, Figo foi vital na consolidação do meio-campo do time. Com sua experiência, deu calma ao setor e usou a técnica que tem de sobra para colocar os atacantes na frente do gol. É tão estimado que até adiou a aposentadoria, que aconteceria em julho passado.

Stankovic Quando escolheu a Inter e recusou a Juventus, houve quem achasse que o sérvio tinha feito bobagem. Por causa do “Calciocaos” ou não, ele não se arrepende. Na posição de “trequartista”, tem técnica e força simultaneamente.

Julio Cruz É o “Patinho Feio” do elenco. Mesmo sem reconhecimento, “El Jardinero” salva a Inter toda hora. Não tem a classe de “Ibra” nem a fama de Crespo, mas é ele quem decide quando a coisa está feia. Mancini tem no versátil Cruz um atacante capaz de fazer dupla com qualquer outro.

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ESTADOS UNIDOS por Eduardo Zobaran

Aqui também

tem um

bando de louco Norte-americanos desenvolvem uma forma própria de torcer no futebol, diferente de como o fazem em outros esportes esmo com a chegada de David Beckham à MLS, o futebol jogado nos Estados Unidos ainda é muito pouco conhecido pelos brasileiros, que acabam presos aos velhos clichês: acima do México, futebol é jogado com as mãos, é coisa de mulher, é um esporte de imigrantes. Não que essas afirmações não sejam, em geral, verdadeiras. O problema é que elas ignoram uma parte da história: o futebol da MLS vem crescendo e conquistando fãs entre os norte-americanos, que já desenvolvem uma maneira própria de torcer, diferente tanto da forma como torcem para outros esportes quanto da maneira como as pessoas de outros países incentivam seus times de futebol. Em 2007, 12ª edição do campeonato da MLS, mais de 3 milhões de ingressos foram vendidos em toda a temporada, com média de público pouco menor que a do Campeonato Brasileiro do mesmo ano. O torcedor comparece até quando as condições não são ideais, como no caso do campeão das duas últimas temporadas, Houston Dynamo. O clube pôs mais de 30 mil torcedores no Robertson Stadium, estádio de futebol americano da Universidade de Houston, nas últimas três partidas em casa. Na grande final, contra o New England Revolution, em jogo único e campo neutro, a massa laranja (cor do clube) era a mais animada nas arquibancadas do RFK Stadium, em Washington, a mais de 2,2 mil quilômetros de distância de Houston. Nada mal para um time que tem dois anos de vida. “Esses meninos são doidos”, comenta o torcedor Dave Nesbitt, que viajou de avião com a esposa e o filho para a capital americana, apontando para um grupo de torcedores que não parava de batucar, cantar e beber a pouco menos de meia hora da grande decisão. “Eles viajaram mais de 20 horas de ônibus, que ainda chegou a quebrar no meio da estrada, e não param de cantar. É sempre assim. Acho muito divertido e só não me sento perto deles porque não tenho mais idade pa-

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ra isso”. Apesar da desculpa de Nesbitt, a emergente cultura de torcedores organizados no esporte norte-americano não é exclusivamente jovem e masculina. Com cânticos politicamente corretos e raros relatos de violência, idosos e mulheres são figuras comuns nas arquibancadas.

O “supporter” e a “tailgate” “Nós observamos muita coisa do que acontece no resto do mundo. Queremos a paixão ‘hardcore’, mas não podemos copiar a estupidez. Jogar objetos no campo e ‘hooliganismo’ é a última coisa que precisamos para popularizar o futebol nos Estados Unidos”, afirma Paul Sotoudeh, presidente da torcida Screaming Eagles, do DC United. O futebol surgiu na vida de Paul por meio de amigos que o levaram para assistir a jogos do DC United em 1997. Em pouco tempo, o futebol trouxe algo que nunca tinha sentindo no esporte: paixão. Analítico, Paul estabelece diferenças entre o fã, tradicional freqüentador de eventos esportivos nos Estados Unidos, e o “supporter”, figura mais semelhante com a do torcedor organizado brasileiro. “Ser um ‘supporter’ é um estilo de vida, é viajar para assistir ao seu time, é freqüentar a ‘tailgate’ e ter amigos que fazem o mesmo. Ser fã é chegar dez minutos antes do jogo, estacionar o carro, assistir à partida e dirigir de volta para casa”, define Paul.

Com cânticos politicamente corretos e raros casos de violência no futebol, idosos e mulheres são figuras comuns nas arquibancadas norte-americanas A “tailgate” citada por Paul é a concentração dos torcedores, que ocorre tradicionalmente em eventos esportivos e musicais no país. Trata-se de um churrasco, com hamburguer e cachorro-quente, regado a cerveja e destilados. Todas as torcidas dos times da MLS organizam o ritual, que acontece no estacionamento dos estádios. Lá eles ensaiam os gritos e acertam os últimos detalhes de faixas e bandeiras. Com a MLS Cup (final do campeonato) em Washington, a Screaming Eagles organizou a “Mãe das Tailgate”, reunindo torcedores de todos os times. A festa acontece anualmente e serve como uma grande reunião dos apaixonados por futebol.

No Canadá também

Torcida do “soccer” vai criando uma cultura própria, no país do futebol americano

Em 2007, estreou na MLS o Toronto FC, primeira equipe não-americana a participar da liga. O time canadense vendeu 97% dos ingressos de seus jogos em casa, em estádio de futebol recém-inaugurado com capacidade para 20,5 mil torcedores. Para a próxima temporada, já se esgotaram os 16 mil carnês, feito inédito na liga. O exemplo dos novos fanáticos não pára por aí. Se, nas canções, as organizadas do TFC, U-Sector e Red Patch Boys, apresentam um estilo europeu, na hora de escanteio dos adversários, eles se espelham nos argentinos e arremessam rolos e mais rolos de papel no campo. Responsável por retardar cobranças, a experiência foi destaque nos principais programas esportivos da televisão americana. Fevereiro de 2008

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A torcida do Toronto também é destaque por comparecer em bom número mesmo quando joga fora de casa. As viagens são um dos principais pilares das organizadas americanas e a credibilidade do grupo pode aumentar ou diminuir de acordo com a presença no estádio inimigo. São 30 jogos disputados por equipe durante a temporada regular e, no máximo, cinco a mais para os times que foram mais adiante na competição. Esse total, espalhado entre o mês de abril e novembro, permite que as partidas sejam em sua maioria realizadas em fins de semana, facilitando a vida dos torcedores. Torcedor, no entanto, não pode escolher dia e local para apoiar o time. A final da Conferência Leste - a MLS é dividida entre duas conferências, Leste e Oeste - aconteceu em uma quintafeira à noite, em um dos horários de “soccer” na programação da TV americana. Porém, nem a data nem a distância de 1,5 mil quilômetros que separam Chicago do Gillette Stadium, estádio do New England Revolution, impediram a presença de uma das mais respeitadas torcidas americanas, a Section-8, do Chicago Fire. O Chicago Fire é um bom exemplo de como comunidades imigrantes participam ativamente da vida dos clubes profissionais. Compostos por descendentes de poloneses, italianos, alemães, irlandeses e latinos, os diversos grupos de torcedores são com-

parados com os ultras europeus. O nome Section 8, assim como os de diversas outras torcidas, é trazido do meio militar. Ao contrário da maioria, que se denomina com nome de batalhões de participação relevante na história americana, Section 8 refere-se ao termo usado pelo exército para denominar soldados declarados portadores de doença mental.

“Dale Dynamo! Dale Campeón!” Os Midnight Riders são a maior torcida do Revolution. No primeiro degrau da arquibancada atrás de um dos gols do Gillette Stadium fica “O Fronte”, como o clube oficialmente chama a área destinada às organizadas. Cada estádio destina um determinado espaço para tais grupos, onde o comprador do tíquete é informado que sua visão do jogo pode ser prejudicada. já que se trata de uma zona onde ficar em pé é permitido. Os Riders contam com cerca de 400 torcedores em pé por jogo. Assim como a maioria dos principais movimentos de torcedores atuais, o grupo nasceu quando a formação de um clube na região da Nova Inglaterra, no nordeste dos Estados Unidos, ainda era especulação. O fenômeno aconteceu em diversas cidades com a criação da MLS após a Copa do Mundo de 1994. A maior parte desses torcedores fundadores de torcidas pertencia, na época, à Sam´s Army,

FILHOS DE BEN, MAS ÓRFÃOS DE TIME Entre os 40 mil torcedores presentes no RFK Stadium, em Washington, chamavam a atenção 40 homens vestidos com uma camisa azul clara. Eram os Sons of Ben, ou Filhos de Ben, uma alusão a Benjamin Franklin. A torcida, fundada no início de 2007, tem como missão apoiar um ainda inexistente time de futebol da Filadélfia. “A Filadélfia é o lugar nos Estados Unidos onde o público mais se assemelha aos torcedores de futebol. Os Phillies, no beisebol, os Flyers, no hóquei no gelo, e, principalmente, os Eagles, no futebol americano, têm fãs que cantam durante o jogo todo. Além disso, a Filadélfia é uma das cidades americanas mais apaixonadas por futebol”, garante Mark Dunfee, diretor de comunicação da torcida. Com mil membros cadastrados e mais de 1,7 mil confirmações de interesse em comprar o carnê de ingressos para toda a temporada, os torcedores acreditam estar dando uma ajuda importante para a realização do sonho. Mesmo órfãos de time, eles foram com mais de 100 torcedores para Nova York assistir ao empate de 3 a 3 dos Red Bulls com o Kansas City Wizards. Os nova-iorquinos são futuros arqui-rivais naturais, mas sabe para quem eles cantaram durante 90 minutos? “Para a Filadélfia, é claro!”, responde o orgulhoso Mark. “Vivemos uma realidade única. Em vez de escolhermos um time para torcer, nós escolhemos ter um time”.

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Mas para ter um time na MLS, no entanto, torcida não é tudo. Além de um investidor para bancar a franquia, é necessário estudos de mercado, acordos com prefeituras e um projeto para a construção de um estádio específico para futebol. Os torcedores da Filadélfia e de Saint Louis, tradicional reduto do esporte nos Estados Unidos, são os favoritos para receber as próximas franquias. Além do San Jose Earthquakes, que volta aos gramados este ano, outra cidade do oeste americano ganhará uma equipe: Seattle.

A franquia estreará apenas em 2009, mas promete revolucionar a liga ainda antes mesmo de receber um nome. O comediante Drew Carey, acionista minoritário na empreitada, faz a cabeça dos grandes investidores para que aceitem um novo esquema de relacionamento com os torcedores. Ainda não anunciada oficialmente, a medida possibilitaria a torcedores elegerem a cada quatro anos o diretor-geral do time – para isso, teriam que aderir a um pacote comercializado pela franquia.

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Fotos Eduardo Zobaran

30 mil

torcida que acompanha a seleção ameritradicionais são as mesmas paradas Número de torcedores que cana em competições internaconais. de sucesso dos estádios da América o Houston Dynamo pôs no “A torcida do Midnight Riders é mais Latina. Já os gritos espontâneos acavelha do que o New England Revolution. bam acontecendo em inglês. A mistuRobertson Stadium, local Antes mesmo de saber que teríamos um ra tem dado certo e o apoio incondionde manda suas partidas, nos time aqui, já estávamos nos organizancional levou o time a uma virada na últimos três jogos que do”, orgulha-se Monty Rodrigues, que última final. A equipe tomou um gol disputou em casa fica na dúvida quando perguntado qual na etapa inicial, mas acabou vencendos dois é o mais importante para ele. “É do por 2 a 1 no segundo tempo. Após o Midnight Riders! Não, é o Revs”. a conquista do campeonato, os jogaMais difícil do que responder à pergunta é ver o time campeão. O dores quebraram o protocolo e foram celebrar com a torcida. time conseguiu vencer a Copa dos Estados Unidos em 2007, torneio Em coro uníssono de “Bi-Campeón, Bi-Campeón!”, os membros que reúne times de ligas profissionais e amadoras do país. Foi o das torcidas do Dynamo, El Batallon e Texian Army, mostraram primeiro título do clube, mas, apesar de tradicional, a competição a cara de um nova cultura esportiva no país, pronta para afastar não tem prestígio no futebol dos Estados Unidos. Em 2007, os Revs os velhos estereótipos ligados ao futebol dos Estados Unidos. estiveram na final da MLS pela quarta vez, a terceira consecutiva. A franquia coleciona vice-campeonatos e os últimos dois contra o Colaborou Thiago Ferreira dos Santos mais novo rival, o Dynamo. Com uma base de fãs em sua maioria de origem latina, os torSaiba mais sobre futebol americano em www.trivela.com/estadosunidos cedores do Dynamo cantam em espanhol e em inglês. Os cantos Fevereiro de 2008

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AFP

HISTÓRIA por Ubiratan Leal

Barcelona x Real Madrid, em 1961: clássico com a influência de Franco

Entreguista, eu? Como várias ditaduras, o regime do general Francisco Franco influenciou muito o dia-a-dia do esporte de seu país. Na Espanha, essa é uma questão que, até hoje, acende polêmicas sobre quem realmente se beneficiou com isso a Espanha de hoje, o termo “franquismo” é quase um palavrão. Quem teve relação com a ditadura fascista que dominou o país por mais de três décadas é considerado entreguista e traidor da pátria. Por isso, toda forma de se desvincular do general Francisco Franco é bem-vinda. O futebol não fica fora desse processo e todo mundo quer fugir das antigas ligações com o regime, ainda que o passado condene muitos. A Guerra Civil Espanhola durou de 1936 a 1939, e foi deflagrada pela chegada ao poder de Manuel Azaña, eleito por uma coligação que incluía a esquerda espanhola, inclusive o Partido Comunista. Comandados por Franco, alguns militares tentaram um golpe de estado, que levou à guerra – vencida pelos golpistas. O confronto parou o país, dividido ao meio pela rivalidade entre fiéis a Franco e fiéis ao governo. Parou também o futebol. O Campeonato Espanhol só voltou a ser disputado em 1939. E embora a imagem que tenha ficado para o futuro seja a do Real Madrid representante do franquismo, no reinício, quem se deu bem foram justamente seus rivais, Atlético de Madrid (então

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Athletic Aviación) e Barcelona. O Athletic Aviación foi formado em 1939 pela fusão do Athletic de Madrid com o Aviación Nacional, equipe de um batalhão da força aérea que ganhara fama em torneios militares durante a Guerra Civil. Como o clube já tinha um elenco pronto e em forma, foi fácil conquistar o bicampeonato no início do pós-guerra. Outra equipe a tirar vantagem da presença militar foi o Valencia, que teve o comandante Alfredo Buesa nomeado presidente ao final da guerra. Assim, não faltaram recursos para o clube se reforçar e conquistar três títulos na década de 1940. O único time que teve tanto sucesso quanto os Ches no período foi o Barcelona. Não era coincidência: entre 1939 e 1953, o presidente “blaugrana” era indicado pelo governo, o que facilitou a rápida reconstrução do clube.

Santiago Bernabéu Enquanto Atlético Aviación (nome nacionalizado em 1941 e mudado para Atlético de Madrid em 1947, com o fim do vínculo com a força aérea), Barcelona e Valencia brigavam pela hegemonia

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na Espanha, o Real Madrid Os catalães não aceitaram e se reconstruía. A equipe teDi Stéfano ficou definitivave mais dificuldades de se mente com os merengues. Hoje, o Barcelona é considerado símbolo da Catalunha, mas a origem do clube não é tão nativa. Fundada por suíços e ingleses, a equipe era recuperar da destruição da Se é verdade que o argenpara estrangeiros. Assim, os catalães resolveram fundar seu clube, que, guerra, mas quando o fez, tino não foi o único grande para reforçar o caráter local, foi chamado Sociedad Española de Fútbol, atropelou os adversários. jogador da equipe da capital posteriormente rebatizado de Español. Ao assumir a presidência naquele período – entre ouQuando Franco assumiu, porém, o Barcelona tomou para si o papel de madridista em 1943, Santros, Puskas e Kopa atuaram representar a causa catalã. A torcida usava seus jogos para se manifestar contra tiago Bernabéu decidiu mopelo time –, não dá para igo regime e conversar em catalão. O Barça cresceu muito no período, enquanto dernizar a administração do norar o fato de que, antes de o Español caiu por ficar com imagem de time a favor do poder de Madri. clube. Deu autonomia aos sua chegada, o Real Madrid Com a queda do regime, o Barcelona passou a ter apoio velado das departamentos, que tiveram não conquistou nenhum tíinstituições locais, que haviam recuperado sua autonomia. Quem parece ter mais facilidade para correr tulo nacional desde a guersentido mais pesadamente o franquismo é o Español. Em 1995, quando o atrás de apoio para a consra, enquanto o Barcelona catalão já era permitido legalmente, o clube tentou reforçar seu vínculo com trução de um novo estádio, venceu cinco, inclusive o a Catalunha, mudando o nome oficial para Reial Club Deportiu Espanyol de Barcelona. Isso, porém, não apagou a imagem histórica, justa ou não. a criação de um centro de bicampeonato em 1952 e treinamento e a contrata1953. A partir de 1954, enção de um esquadrão. tretanto, os Merengues venO Real cresceu em ritmo acelerado na década de 1950: cons- ceram nada menos que 13 dos 18 campeonatos disputados. truindo seu gigantesco estádio (um dos maiores da Europa) e A montagem de uma grande equipe era estratégica para Franco logo montou uma das equipes mais poderosas do mundo na na época. Como uma ditadura fascista, a Espanha era vista com época. Oficialmente, o dinheiro vinha de banqueiros amigos de antipatia e desconfiança pela Europa. Ter um time com futebol Bernabéu, mas desde então já se desconfiava que Franco banca- vitorioso melhorava a imagem do país no exterior e o general sava as aventuras financeiras do clube. bia disso. Apesar de alguns atritos políticos pontuais, o ditador se tornou figura fácil nas tribunas do estádio Santiago Bernabéu. Real x Barcelona Foi nesse período que se acentuou a imagem de que o Real A contratação de Di Stéfano foi um exemplo desse suposto Madrid representava o poder da capital contra as regiões que busapoio estatal. O argentino ganhou projeção na Espanha depois cavam autonomia. Como reação natural, quem se tornasse símboque comandou o colombiano Millonarios a uma vitória por 4 a 2 lo de resistência regional teria vantagem diante dos rivais — isso sobre o Real Madrid em amistoso realizado no estádio Santiago explica o crescimento do Barcelona na Catalunha (veja box acima). A queda do regime serviu para os grandes consolidarem seus Bernabéu em 1952. No ano seguinte, o Barcelona acertou a contratação do jogador com o River Plate, clube que tinha o passe de espaços. Real Madrid e Barcelona eram acusados de terem apoio dos governos de suas regiões, enquanto outras equipes tentaram Di Stéfano, vínculo reconhecido pela Fifa. Apesar da chancela da entidade internacional, a federação espa- recuperar suas raízes. Español, Atlético Bilbao, Real Gijón e Real nhola, ligada ao governo franquista, não aceitou o contrato do ar- Santander foram rebatizados Espanyol, Athletic Bilbao, Sporting gentino com os Blaugranas. Foi a deixa para o Real Madrid entrar Gijón e Racing Santander. O fim do franquismo também marcou na parada, negociando diretamente com o Millonarios. Diante do o renascimento das seleções autonômicas de futebol e, claro, impasse, a federação determinou que o jogador ficasse quatro anos fez surgir a discussão sobre quem foi mais favorecido nas quase na Espanha, jogando temporadas alternadas entre Real e Barça. quatro décadas de ditadura.

TÍTULOS NO FRANQUISMO

DE INGLÊS A CATALÃO

Real Madrid

Barcelona

Atlético de Madrid

Athletic Bilbao

Valencia

Outros

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0

1

0

0

0

6

0

0

0

0

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0

0

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0

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Copa de Feiras

0

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COMPETIÇÃO Mundial de Clubes Liga dos Campeões

Campeonato Espanhol Copa da Espanha

Obs.: Nenhum clube espanhol conquistou a Copa Uefa durante o franquismo

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CAPITAIS DO FUTEBOL por Renato Andreão

Cidade de fanáticos

(POR FUTEBOL) Fotos Morteza Nikoubazl/Reuters

Teerã abriga o empolgante clássico entre Persepolis e Esteghlal, donos de duas das maiores torcidas da Ásia uando se fala em Teerã, capital do Irã, geralmente se pensa em fanatismo religioso, parte de um país fechado e de costumes muito distantes dos ocidentais. Mas o estereótipo freqüentemente esconde outras facetas de uma cidade moderna, com considerável diversidade étnica e apaixonada pelo futebol. Localizada no norte do país, aos pés das montanhas de Alborz, Teerã viu sua população aumentar 60 vezes nos últimos 90 anos. Segundo o último censo, realizado em 2006, a região metropolitana da maior cidade do sudoeste da Ásia tem quase 12 milhões de habitantes. Essa explosão demográfica rendeu-lhe o apelido de “Cidade de 72 Nações”, já que a capital iraniana recebeu grupos étnicos de todo o país. Hoje, estimase que mais de 60% de sua população nasceu fora da metrópole.

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Paixão sem fronteiras Teerã é fanática por futebol. O Persepolis, maior time da cidade e do país, mantém média de 62 mil torcedores em cada partida que disputa como mandante. Segundo dados da Confederação Asiática de Futebol, o clube conta com mais de 30 milhões de torcedores – aproximadamente o mesmo número que pesquisas recentes apontam para o Flamengo. O futebol foi introduzido no Irã por trabalhadores ingleses que suavam nas re-

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Esteghlal (de azul) e Persepolis (vermelho): juntos, somam 50 milhões de torcedores

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Estádio Azadi, o maior de Teerã: futebol à sombra dos Aiatolás finarias de petróleo da província do Khuzestão, extremo oeste do país. O esporte só penetrou em Teerã em meados dos anos 1930. Com o rápido crescimento da popularidade do futebol no Irã, não demorou para que os clubes da capital assumissem a hegemonia. Nos anos 1960, os principais times iranianos eram os extintos Oghab, Shahin e Taj. Os dois últimos foram os embriões dos poderosos Persepolis e Esteghlal, respectivamente. Essa é, inclusive, a maior rivalidade da capital, que conta com 18 clubes espalhados pelas três principais divisões do país. Antes de ser reformado, em 2003, o Estádio Azadi costumava receber de 100 a 110 mil pessoas para acompanhar o clássico – isso sem falar que, em média, 10 mil ficam do lado de fora sem conseguir entrar. Milhares de torcedores viajam das mais remotas partes do Irã para assistirem à partida. Até iranianos que moram no exterior param para ver o clássico. “O dérbi é acompanhado com muito mais atenção do que os jogos da seleção. O país se divide em azul e vermelho. É emocionante e magnífico”, conta, entusiasmado, o jornalista Kaveh Mahjoob, que vive nos Estados Unidos. Professor de matemática durante muitos anos no Brasil e agora vivendo em Toronto, no Canadá, Farzan Hooshmand relembra como acompanhava o maior dérbi do Irã. “Eu nunca cheguei a ir ao Estádio Azadi ver algum confronto, mas sempre assistia pela TV. Não tem a mesma qualidade de um clássico brasileiro, mas é muito disputado, e a rivalidade é enorme”. Apesar de ter mais títulos em sua ga-

leria, o Persepolis está atrás do rival no confronto direto. Em 63 partidas, foram 20 vitórias do Esteghlal contra 15 do time vermelho, com mais 28 empates. Um dos choques mais emocionantes aconteceu em janeiro de 1995, quando o Esteghlal perdia por 2 a 0 e conseguiu empatar nos dez minutos finais. Jogadores e torcedores do Persepolis invadiram o campo, formando uma confusão colossal. Desde esse episódio, o dérbi é sempre apitado por juizes estrangeiros. Até a Revolução Islâmica, em 1979, o Esteghlal (nome que significa “independência”) era chamado de Taj (“coroa”). Como o novo homem forte do país, o aiatolá Khomeini, proibia sinais ou símbolos do regime monarquista anterior (a “coroa”), o clube adotou a denominação atual. Mas a rigidez do regime de Khomeini não foi capaz de sufocar o clamor popular no caso do Persepolis. Após a Revolução de 1979, o clube foi forçado a mudar o nome para Piroozi, que quer dizer “vitória”. Mesmo assim, os torcedores continu-

aram a chamar o time de Persepolis, nome da capital do antigo Império Persa, localizada no centro do país.

Uma cidade de embriões e defuntos Chama a atenção no futebol de Teerã a grande quantidade de clubes que fecharam – quase sempre por problemas financeiros – e acabaram dando origem a outras equipes. O último deles foi o tradicional Pas, que encerrou as atividades em junho de 2007. Apesar dos títulos e das revelações, a equipe da polícia iraniana nunca conseguiu construir uma base sólida de torcedores na capital, mesmo sendo o clube profissional mais antigo do país. O nome oficial do time agora é Pas Hamedan e não tem nenhuma ligação com a Teerã. O mês de junho passado parece ter sido negro para o futebol em Teerã, já que o Bargh, que mal completou cinco anos de existência, também foi dissolvido, dez dias depois do Pas. O motivo: a Companhia Elétrica Bargh parou de injetar dinheiro no clube.

CLUBES DE TEERÃ Persian Gulf Cup (1ª divisão)

Persepolis Football Club 1 Recopa Asiática 8 Campeonatos Iranianos 3 Copas do Irã

Esteghlal Football Club 2 Copas dos Campeões da Ásia 6 Campeonatos Iranianos 4 Copas do Irã

Saba Battery Football Club 1 Copa do Irã

Saipa Football Club 3 Campeonatos Iranianos 1 Copa do Irã

Rah-Ahan Football Club

Paykan Tehran Football Club

Azadegan League (2ª divisão)

Divisões inferiores

Steel Azin Sorkhpooshan Delvar Afzar Damash Homa Kowsar Tehran

Moghavemat Mehrkam Pars Naft FC Ararat Fajr District II Raad Dorna Fevereiro de 2008

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Durante alguns anos, existiu na capital o Bank Tejarat, sustentado pelo banco homônimo. A equipe destacou-se por curto período, chegando a contar com o superastro Ali Daei. O Shahin foi outro gigante que passou por muitas transformações e acabou nos anos 1990. Foi o embrião para a fundação de muitos clubes, como Shahbaz, Simorgh, Atom e até o Persepolis. O primeiro, Shahbaz, existiu até a queda do xá Reza Pahlavi, há quase três décadas. Foi o clube no qual atuou o goleiro Nasser Hejazi, que defendeu o Irã em sua primeira Copa do Mundo, em 1978. A Força Aérea também teve, por muito tempo, uma equipe, que acabou fechando as portas, o Oghab (“Águia”). Há dois anos, ela vendeu a licença na liga irania-

Teerã 6,8 milhões de habitantes (12 milhões na região metropolitana)

Irã

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ESTÁDIOS 3

Rah-Ahan

Com capacidade para 15 mil pessoas, é onde o tradicional Rah-Ahan manda suas partidas no Campeonato Iraniano. É um estádio multiuso, mas que ultimamente tem sido usado somente para jogos de futebol.

Fotos Divulgação

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Azadi

Construído em 1971 para receber os Jogos Asiáticos de 1974, é o principal estádio do Irã. Lá, os gigantes Persepolis e Esteghlal disputam suas partidas e se chocam no principal clássico do país. É também o palco mais importantes dos jogos da seleção iraniana. Construído pelo famoso arquiteto Abdolaziz Farmanfarmaian, seu nome original era Aryamehr. Mas, com a Revolução Islâmica de 1979, mudou para o nome atual, Azadi, que quer dizer “Liberdade”. Chegou a receber 110 mil pessoas, mas, em 2003, teve sua capacidade reduzida para 90 mil torcedores.

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Shahid Dastgerdi

Com apenas seis anos de existência, é o caçula entre os estádios da capital. Inicialmente, recebia os jogos do Pas, que fechou as portas em 2007. Hoje, é a casa do Steel Azin, clube pertencente ao ex-jogador Ali Parvin e a Hossein Hedayati, proprietário da companhia de aço que dá nome ao clube. Com estrutura para receber pouco mais de 8 mil torcedores, localiza-se em Ekbatan, maior complexo residencial de Teerã.

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Takhti

Trata-se de outro estádio de propriedade da Organização de Educação Física do Irã. Recebeu reformas em 2007 e comporta cerca de 30 mil torcedores. É um multiuso inaugurado em 1967, onde são realizadas várias partidas da terceira divisão iraniana. O nome é uma homenagem a Gholamreza Takhti, campeão olímpico e mundial na luta greco-romana.

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Azadyie

Previsto para ficar pronto antes dos Jogos Internacionais das Mulheres, em 2009, o Estádio Azadyie está em fase de construção. Terá capacidade para 40 mil pessoas e, após o evento, será usado pela seleção feminina do Irã.

Shahid Shiroudi

É o mais antigo de Teerã. Fundado há 66 anos, com o nome de Amjadieh, pertence à Organização de Educação Física do Irã. Foi uma das sedes do Campeonato Asiático sub-20 de 2000 e recebe até 30 mil pessoas. Atualmente, são realizados ali jogos de equipes juvenis e juniores.

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Ararat

Localiza-se próximo à praça de Varnak, onde há séculos vive uma pequena comunidade armênia. O FC Ararat manda nele seus jogos da terceira divisão iraniana.

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Harandi

Foi palco dos jogos do extinto Bargh Tehran, mas há décadas é a casa do Homa, que, antes da Revolução Islâmica, tinha o nome de Guard FC. Atualmente, sua estrutura é capaz de receber 10 mil pessoas.

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O QUE VISITAR ENTRE UM JOGO E OUTRO

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Torre Azadi

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É o maior símbolo e marco na entrada de Teerã. Foi erguida em comemoração aos 2.500 anos do Império Persa, em 1971, e está localizada na praça homônima, a principal da cidade. A exuberante construção é uma mescla de estilos da arquitetura sassanid (terceira dinastia do Irã) e da islâmica.

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Torre Milad

Trata-se da quarta maior torre do mundo. Erguida no distrito de Gisha, tem 435 metros de altura. Seu topo é composto por uma estrutura de 12 andares e uma enorme antena. Oferecendo uma visão magnífica de Teerã, tem centro de convenções, um hotel cinco estrelas e outras facilidades.

Dizin

Situado ao norte de Teerã, a duas horas do centro da cidade, entre as montanhas de Alborz, Dizin é um resort de esqui criado há quase 30 anos. Apoiado por uma considerável estrutura de hotéis, casas de campo e vilarejos, é um dos 40 maiores resorts de esqui do mundo.

Palácio de Golestan

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É o mais antigo e importante patrimônio histórico em todo o território nacional. Foi erguido no período do reinado do xá Tashmasp I, em 1524. O palácio serviu como sede de grandes reinos e sofreu várias mudanças estruturais — a última em 1865.

Grand Bazaar

É o maior bazar do mundo. Conhecido por ser uma “cidade dentro da cidade”, oferece uma variedade de produtos sem paralelo em qualquer outro mercado do gênero pelo mundo. Não se sabe quando o Grand Bazaar foi criado, mas há quem trace suas origens por volta do ano 4.000 a.C.

Quem leva na para o Shirin Faraz, de Kermanshah. Alguns clubes antigos conviveram durante toda sua história com o fantasma da falência, como o Rah-Ahan. Sustentado por uma indústria de trem do mesmo nome, ele abriu e fechou as portas várias vezes. Hoje, joga na primeira divisão. Saba Battery, Paykan e Saipa são as três outras equipes da capital que jogam na primeira divisão. O último manda seus jogos em Karaj desde 2001, mas tem sua sede na capital e é o atual campeão na-

cional. Nenhum deles, no entanto, consegue fazer sombra aos gigantes Persepolis e Esteghlal, que se alternam no topo do futebol de Teerã. Depois de cinco anos de crise, causada pelas péssimas atuações, hoje é o Persepolis que está em alta. A equipe chegou ao fim do primeiro turno na liderança do Campeonato Iraniano, com o rival ocupando posição intermediária na tabela. Mas, com o fanatismo dos torcedores de Teerã, dá para apostar que em breve os dois estarão novamente em pé de igualdade.

A Air France (www.airfrance.com.br) oferece vôos para Teerã. A venezuelana Conviasa (www.conviasa. aero) é a única na América Latina que opera vôos semanais diretos para a capital iraniana. Algumas operadoras oferecem pacotes para Teerã: Apex Travel (www.apextravel.com.br), Salt Lake (www.saltlake. com.br), STB (www.stb.com.br), Mundus (www. mundus.com.br) e Tórtola (www.tortola.com.br). É recomendado às mulheres levarem um lenço ou echarpe para cobrir o cabelo e vestir uma saia longa até abaixo dos joelhos. Elas também não devem usar roupas que marquem as formas do corpo.

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NEGÓCIOS por Carlos Eduardo Freitas

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Qual é o seu

NOME,

mesmo

as cinco partidas que disputou na Copa São Paulo de Juniores, o Pão de Açúcar Esporte Clube, time de futebol da famosa rede de supermercados, foi chamado por três nomes diferentes pelos canais de televisão. Na primeira etapa, quando era apenas mais um entre os 88 participantes, ninguém se importava em falar o nome oficial da equipe. Quando avançou para a segunda fase, Rede Globo e Sportv “rebatizaram” a equipe, que passou a ser chamada de “Embu”, cidade onde o clube manda seus jogos. Na partida contra o Santos, a única televisionada ao vivo, o nome já era outro: PAEC. As mudanças aconteceram porque as duas emissoras não queriam fazer o que acreditam ser propaganda gratuita da empresa – que, curiosamente, é anunciante dos dois canais. Tal procedimento é parte da política das Organizações Globo, cujos veículos se esforçam ao máximo para não citar nomes de empresas em seus produtos jornalísticos. Há outros exemplos recentes no futebol. O time que hoje é conhecido como Paulista, de Jundiaí, sofreu o mesmo problema quando foi vendido para a Lousano, que fabrica fios e cabos elétricos, e passou a se chamar Lousano Paulista. Alguns

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anos depois, adquirido pela Parmalat, foi rebatizado de Etti Jundiaí. Na Sportv, era chamado só de “Jundiaí”. O mesmo acontece com o estádio do Atlético-PR, que tem como nome Kyocera Arena, desde que o clube fechou um contrato com a empresa de impressoras e celulares. “Até a ‘Folha de S.Paulo’ e o ‘Lance!’ chamam o local de Kyocera Arena. O problema é a Globo”, reclama Mauro Holzmann, diretor de marketing do Furacão. Em outros países, é comum empresas investirem em clubes de futebol e terem seus nomes citados sem problemas. É o caso do Bayer Leverkusen, de propriedade da multinacional farmacêutica, ou do Carl-Zeiss Jena, de uma empresa setor óptico, ou então do Red Bull Salzburg e do New York Red Bull. Até mesmo estádios que levam nomes de patrocinadores costumam ser chamados pela denominação oficial, caso da Allianz-Arena, do Philips Stadion e do Emirates Stadium. “Isso faz parte de uma cartilha que a Globo desenvolveu para evitar o confronto entre o departamento comercial e o jornalismo”, explica Rafael Plastina, diretor de marketing da Informídia, empresa especializada em pesquisas esportivas. Para ele, porém, o efeito nem sempre é tão ne-

Casos mais famosos de clubes de empresas

Política de não citar o nome de empresas em transmissões esportivas pode inibir investimento no futebol brasileiro

Pão de Açúcar Brasil Pão de Açúcar (Supermercados)

Bayer Leverkusen Alemanha Bayer (Farmacêutica)

PSV Holanda Philips (Eletrônicos)

Red Bull Salzburg Áustria Red Bull (Bebidas)

Skoda Xanthi Grécia Skoda (Automóveis)

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NOTAS

Eduardo Santello/Futura Press

Ferramenta para avaliar patrocínio

gativo quanto parece. “O sujeito pode ficar curioso para saber o que é PAEC, e a marca fixa-se mais na cabeça do telespectador”. Para José Carlos Brunoro, diretor de esportes do clube, o problema no caso do Pão de Açúcar não é o nome pelo qual a equipe é chamada, mas as mudanças ao longo do tempo. “Você começa com ‘Pão de Açúcar’, muda para ‘Embu’ e fica com ‘PAEC’. É uma distorção da informação”. A Rede Globo foi procurada pela reportagem, mas não se manifestou a respeito. O cartola, que foi diretor da Parmalat na época da parceria com o Palmeiras, diz entender o que faz a emissora carioca. “Respeito a posição da Globo, que vem de muitos anos, inclusive estendida aos esportes olímpicos”, afirma, referindo-se aos times de vôlei e basquete que são chamados pelo nome da cidade, em vez da denominação oficial. No vôlei feminino, por exemplo, o Banespa virou “Cidade de São Paulo”, enquanto, no masculino, Cimed virou “Florianópolis”. Outro caso famoso acontece na Fórmula 1, em que a Red Bull Racing virou “RBR”. No caso dos esportes olímpicos, é comum que o nome do patrocinador seja omitido também em emissoras, jornais e sites que não pertencem às Organizações Globo.

A Golden Goal, empresa especializada em gestão esportiva, lançou no Brasil, no início deste ano, a ferramenta PerforMind, que ajuda empresas a tomarem decisões na hora de fazer investimento em patrocínio esportivo. “O software traz metodologia para a análise do patrocínio. Cada empresa tem seus objetivos corporativos, e com essa ferramenta fica mais fácil ver todos os projetos e analisar onde investir”, afirma Luiz André Mello, gerente da empresa carioca. Interessados em conhecer a ferramenta devem visitar o site www.performind. com. O software é desenvolvido pela canadense Sponsorium, com distribuição exclusiva no Brasil pela Golden Goal.

Falta conversa Quando patrocina um clube ou batiza um estádio, a empresa costuma saber que não será citada por todos os veículos. “A gente sempre deixou claro que haveria esse problema, mas isso não atrapalhou muito a negociação”, diz Holzmann, do Atlético-PR. Essa política do jornalismo da Globo, entretanto, pode ser prejudicial para a entrada de novos patrocinadores no futebol. “Não é o caso do Pão de Açúcar, que sempre investiu em esportes, mas outras empresas podem se sentir inibidas”, afirma Brunoro. Segundo os especialistas consultados pela Trivela, há duas soluções para a questão. “Em nenhum lugar do mundo há uma concentração tão grande de audiência numa única empresa de comunicação”, afirma Holzmann. Ou seja: outras emissoras precisariam quebrar o monopólio da Globo no futebol brasileiro. A outra solução deve partir dos clubes. “Precisam contratar executivos tarimbados para cuidar do futebol. Seguramente, terão uma força maior na negociação com a Globo, que tem profissionais extremamente qualificados para cuidar dos interesses da empresa”, afirma Plastina, da Informídia, que conclui: “Assim, todo mundo vai sair ganhando”.

Time bom, lucro alto Se alguém tem dúvidas de que montar times vencedores ajuda a melhorar a situação financeira do clube, o Manchester United é a prova de que as duas coisas estão relacionadas. O balanço financeiro do clube inglês registrou em 2007, ano em que o time voltou a ser campeão da Premier League, faturamento equivalente a € 282 milhões, 27% a mais que no ano anterior. A variação é ainda maior quando apresentados os números relativos ao lucro antes de descontados os impostos: 93% (subiu de € 41,3 milhões para € 79,9 milhões). Segundo David Gill, presidente dos Red Devils, o aumento se deve à expansão da capacidade do estádio de Old Trafford, que subiu para 76 mil lugares, e à receita da transmissão dos jogos da Liga dos Campeões pela TV.

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CULTURA por Dassler Marques

Terceira opção Aos poucos, clubes e torcedores brasileiros embarcam na moda européia dos exóticos terceiros uniformes chegada de camisas com cores incomuns costumava enfrentar a resistência dos torcedores brasileiros. Em 1969, o São Paulo ousou com um modelo apresentado por Paulo Planet Buarque, jornalista e conselheiro do clube. A idéia, no entanto, teve vida curta. Nos anos 90, o Corinthians convidou o estilista francês Ted Lapidus para desenhar um novo modelo para seu uniforme. Com traços horizontais e verticais, a camisa foi repudiada pelos corintianos e rapidamente se tornou relíquia. Nos últimos anos, essa situação começou a mudar. Mantendo a tradição nos uniformes titular e reserva, alguns clubes lançaram com sucesso uma terceira camisa. Esse foi o caso, em 2007, do modelo grená do Fluminense e do verde fluorescente do Palmeiras, que venderam bem. “A maior onda foi no ano passado, com os palmeirenses. Tudo que a Adidas entregou foi vendido em menos de uma semana, e a gente não conseguiu repor porque nem ela esperava vender tanto”, relata Flávio Beretta, diretor comercial da Só Futebol Brasil, loja especializada na venda de camisas. Os dois exemplos citados, com cores bem diferentes das tradicionais, são, de certa forma, exceções ao que está acostumado o

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torcedor brasileiro. Por aqui, as empresas, freadas pelo conservadorismo de muitas diretorias, preferem não arriscar, limitando as mudanças a tonalidades e/ou traços diferentes. Na Europa, acontece o contrário: o Barcelona já teve camisas das cores laranja, verde, azul e prata, por exemplo. “Não acho que seja conveniente usar outras cores. Mas pode-se combinar novas tonalidades e desenhos. Camisas sem nenhum patrocínio também fazem falta”, opina o são-paulino Davi Laranjeira, 22 anos. “Nas últimas duas temporadas, os modelos 1 e 2 não foram modificados. Isso fez com que eu não tivesse o mínimo interesse em comprar uma nova versão”, observa. Apesar da relutância dos clubes em desenvolver modelos com cores alternativas, Flávio Beretta lembra que muitas vezes são esses os que mais vendem. “A camisa preta do Juventude faz muito sucesso, assim como outras lançadas por Náutico e Sport”, explica o diretor. Não há como negar que as novidades incentivam o torcedor a comprar os lançamentos. “Normalmente, as terceiras camisas são bonitas, além de interessantes para os cofres do clube. Quando gosto da novidade, acabo comprando. Sinto falta

de mais camisas do Santos assim”, observa o santista Pedro Lopes, de 17 anos.

Modelos marcantes Seja pela aceitação dos torcedores, seja pelo mau-gosto, muitos terceiros uniformes ficaram famosos no Brasil. Em 1997, por exemplo, o Fluminense fez grande sucesso ao lançar uma camisa laranja. A peça, feita em homenagem ao bairro das Laranjeiras, tornou-se um ícone, embora nunca tenha sido usada numa partida oficial.

TERCEIROS UNIFORMES NO BRASIL

Alguns clubes que lançaram um “uniforme 3” recentemente: na ordem, Fluminense, Corinthians, Palmeiras, Santos, Grêmio e Cruzeiro

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LANÇAMENTOS Preparação física para amadores A rede de academias Pelé Club lança em 2008 um programa voltado para jogadores de futebol de fim de semana. O programa, intitulado “Pelé Club Futebol”, tem por objetivo auxiliar os atletas amadores com idade entre 12 e 50 anos a adquirir condicionamento físico para as peladas com os amigos. Quem ministra os treinamentos, em três aulas por semana, é o ex-jogador Rodrigo Carvalho, que se formou em educação física. Os interessados devem estar matriculados regularmente na academia. Pelé Club Futebol

Os terceiros uniformes de Fluminense e Palmeiras fizeram sucesso em 2007

Já o Flamengo lançou, em 1995, uma réplica da “papagaio vintém” como parte das comemorações de seu centenário, usando o modelo apenas em jogos amistosos. Em São Paulo, o Corinthians é um dos que mais tem apresentado novidades. Em 2007, jogou o Paulistão com um modelo branco de finas listras pretas. Já em 2006, disputou a Libertadores usando uniforme preto com detalhes dourados. Também inovou em outros momentos, como em 2002, com uma camisa toda prateada. Esta, porém, não teve vida longa. O prata foi usado em 2006 pelo Palmeiras e também foi rejeitado pelos fãs. Seis anos antes, o Verdão foi campeão da Copa dos Campeões usando uma camisa que mesclava dois diferentes tons de verde, outra que não caiu nas graças dos palmeirenses. No mesmo ano, o Santos lançou um uniforme comemorativo, mesclando azul, branco e dourado. A peça, que faz referência às primeiras cores do clube, teve boa aceitação pelos santistas. No Rio Grande do Sul, o Grêmio tem uma camisa 3 que, de tão utilizada, tornouse quase um segundo uniforme do clube.

Trata-se da versão azul celeste, similar às cores do Uruguai. Já no Beira Rio, o modelo mais marcante foi um exemplar feito em homenagem ao Ajax, da Holanda, algoz gremista na Copa Intercontinental de 1996. Em Minas Gerais, o Atlético lançou, em 1996, um camisa preta com listras brancas preenchidas por datas, além de símbolos em alto relevo. No ano seguinte, ousou com um modelo quase todo branco, apenas com uma faixa preta grossa na vertical e os destacados detalhes do patrocínio em verde. Usual adepto de ações de marketing, o Cruzeiro, de quatro anos pra cá, já lançou três diferentes camisas, sempre mantendo o azul como base. “Dessas versões, só a de 2004 caiu no gosto da torcida”, recorda o cruzeirense Rafael Pessoa, de 22 anos. A alternância de sucessos e fracassos mostra que os clubes ainda não descobriram a “fórmula” de fazer terceiros uniformes bem-aceitos. Mas é inegável que essa cultura de fugir do tradicional está crescendo rapidamente no Brasil. Afinal, o amor pelas cores do clube não impede que o torcedor às vezes queira dar uma “escapadela” com versões mais exóticas.

Onde: Rua Leopoldo Couto Magalhães Júnior, 500 – Itaim – São Paulo Contato: (11) 3167-3344 Preço: a partir de R$ 276 mensais

Coleção assinada pelo doutor Sócrates Chega às lojas no começo de 2008 uma coleção de roupas inspirada na Seleção Brasileira de 1982. A série lançada pela Topper, patrocinadora da CBF no Mundial daquele ano, é chamada “Coleção Topper 1982” e conta também com uma linha que tem a assinatura de Sócrates, um dos craques daquele time. Entre os produtos, disponíveis nas versões masculina e feminina, estão bola, camisetas, camisas pólo, jaquetas e calças, além de uma réplica da chuteira usada pelo “Doutor” na Copa do Mundo da Espanha. É uma pena que, por razões de contrato, não possa ser lançada a famosa camisa com o escudo da CBF que tinha a Jules Rimet e o ramo de café. Coleção Topper 1982 C Camiseta: R$ 59,90 Bola: R$ 39,90 Bo

Linha Sócrates Linh Chuteira ou tênis: R$ 89,99

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Getty Images/AFP

INGLATERRA por Tomaz R. Alves

O mais caro

do mundo Anelka é antipático e não chega a ser um craque. Mesmo assim, é o jogador que movimentou mais dinheiro na história

francês Nicolas Anelka ganhou fama mundial em 1999, quando marcou duas vezes em Wembley e “destruiu” De Para Valor Ano a Inglaterra em um amistoso. A expectativa gerada naquela partida, porém, jamais se confirmou, e o atacante, que 1997 Paris Saint-Germain Arsenal € 750 mil acaba de se transferir para o Chelsea, nunca chegou a ser uma 1999 Arsenal Real Madrid € 35 milhões estrela de primeira grandeza. O que não impede, entretanto, que 2000 Real Madrid Paris Saint-Germain € 34,5 milhões Anelka seja o recordista de movimentação de dinheiro na hisParis Saint-Germain Liverpool Empréstimo 2002 tória do futebol. Paris Saint-Germain Manchester City € 19,8 milhões 2002 Anelka já esteve envolvido em nada menos de seis transfeManchester City Fenerbahçe € 10 milhões 2005 rências que superaram os € 10 milhões (veja tabela ao lado). Ao Fenerbahçe Bolton € 12 milhões 2006 todo, sete clubes diferentes desembolsaram um total de quase € 135 milhões para contar com o atleta, € 14 milhões a mais que Bolton Chelsea € 22,5 milhões 2008 Hernán Crespo, o segundo colocado desta lista. E o pior é que, com 28 anos e uma média de uma transferência a cada duas City, que pagou quase € 20 milhões pelo atacante e foi obrigado temporadas, ele deve continuar movimentando dinheiro. – pelo próprio – a vendê-lo por quase € 10 milhões a menos. É claro que dificilmente tantos recursos mudariam de mãos Vendido ao Fenerbahçe, repetiu o roteiro. Embora tenha jogado se o jogador não tivesse talento. Mas outro fator também tem bem – o que também acontecera no City –, “enjoou” do clube sido decisivo para o recorde: seu temperamento. Pouco tempo depois de 19 meses. E voltou para a Inglaterra, onde o Bolton fez depois que chega a um clube, o atacante acaba causando proa contratação mais cara de sua história (até então) ao pagar € 12 blemas com o técnico ou com companheiros, ou simplesmente milhões pelo jogador. Como Anelka manteve as boas atuações – pressiona a diretoria a vendê-lo. E, como ele tem talento, semembora não tenha feito nada espetacular –, os Wanderers tiveram pre aparece alguém disposto a contratá-lo. mais de € 10 milhões de lucro quando O mais incrível é que, mesmo pagando venderam o atacante para o Chelsea. caro para levar o jogador, a maioria dos É curioso notar que os três jogadores clubes teve lucro com ele. O Arsenal é o que mais movimentaram dinheiro na principal caso. O técnico Arsène Wenger história – Anelka, Crespo e Verón – pascomprou o atacante do Paris Saintsaram pelos Blues. Dada a fortuna gasGermain por apenas € 750 mil, no cometa por Abramovich, talvez isso não seja ço de 1997. Dois anos e meio depois, o Anelka € 135 milhões (7 transferências) tão surpreendente assim. Com os dois jogador foi vendido ao Real Madrid por Crespo € 121 milhões (4 transferências) argentinos, o Chelsea perdeu dinheiro. É incríveis € 35 milhões, apenas para ser Verón € 119 milhões (5 transferências) difícil acreditar que com Anelka a histórepassado ao Paris Saint-Germain menos ria possa ser diferente. de um ano depois – por apenas € 500 Zidane € 115 milhões (3 transferências) mil a menos que seu preço de compra. Ronaldo € 101 milhões (5 transferências) Saiba mais sobre futebol inglês em O PSG perdeu um bom dinheiro, assim *De acordo com números do site Transfermarkt.de www.trivela.com/inglaterra como o seu próximo clube, o Manchester

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AS TRANSFERÊNCIAS DE ANELKA

Jogadores que movimentaram mais dinheiro*

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CADEIRA CATIVA por Claudio Kristeller

Palmeiras contra Na Copa São Paulo de 2005, o Palmeiras fez um dos jogos mais estranhos de sua história, enfrentando o... Palmeiras! omeçou na entrada: o portão usado pelos torcedores foi o terceiro, o menor, na escondida rua Padre Antônio Tomaz, destinado habitualmente às torcidas adversárias. Continuou no placar eletrônico, no qual se lia um intrigante “Palmeiras x Palmeiras B”. E terminou no cumprimento dos jogadores dos dois times à torcida, depois do jogo. Do início ao fim, foi um evento pitoresco, que os cerca de 2 mil presentes certamente guardarão com bom humor. A maior parte da torcida, aparentemente, não escolheu nenhum dos lados. Mas bastaram poucos minutos de jogo para perceber a superioridade do time branco sobre o verde (como uma rádio chamou as equipes durante a partida, a fim de não confundir os ouvintes). Apesar da neutra-

Ubiratan Leal/Trivela

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lidade, após o segundo gol, um torcedor se lamentava. “Eu queria ver a disputa de pênaltis”, explicou. De modo geral, todos aplaudiam as boas jogadas e vaiavam os erros (que foram muitos), sem distinguir cor de camisa. O único xingado do dia, além dos fracos atacantes do Palmeiras B, foi o juiz, que atravancou o jogo ao apitar faltas e ainda distribuir cartões, correndo o risco de suspender algum jogador. A torcida queria que fosse 10 a 10, mas, como cometeu o pecado de atuar sério num jogo como esse, tome vaia no senhor Rodrigo Braghetto, que só escapou de ser chamado de ladrão. A bem da verdade, o jogo foi um evento família, onde senhoras mais velhas e outras figuras que não costumam aparecer

em jogos de futebol. Até a normalmente agitada Mancha Verde foi light; inclusive, aproveitou para ensaiar novas cantigas, talvez para o Paulistão, a Libertadores ou o Carnaval que se aproximava. Lances curiosos houve, sem dúvida. Um chutão, por exemplo, foi para fora, em direção às piscinas, quicou no gramado atrás do gol e caiu na lotada área social do clube. Naquele exato momento, passava um casal de idade, que foi atingido, para diversão do público. Como naquele dia tudo era festa, o distinto senhor pegou a bola que atingiu sua “patroa” e seguiu seu caminho, sob aplausos da pequena multidão. Entretanto, o momento mais curioso do dia foi o gol contra do camisa 2 verde, André Gaúcho. Não houve aplauso, não houve vaia: pareceu que um certo constrangimento tomou conta do estádio, um sentimento de misericórdia e solidariedade ante a bizarra falha de um dos nossos. Para muitos, só comprovou o que se estava assistindo: uma pelada. Terminada a partida, os jogadores do time B ficaram obviamente desapontados, e os do A claramente satisfeitos, mas todos foram aplaudidos em uníssono pela torcida. Não tanto pelo espetáculo proporcionado, mas simplesmente por serem do time dos fãs. Na saída do estádio, à 1h da tarde, todos saíram muito bem-humorados, ansiando pela macarronada do almoço. O time vencedor não foi muito além na competição, perdendo para o União São João na partida seguinte. Contudo, a torcida sabia que havia assistido ao jogo que marcaria a Copa São Paulo de 2005. Ficou para sempre o esquisito orgulho de torcer pelo talvez único time que se pôde dar ao luxo de jogar uma partida oficial contra si mesmo, numa ensolarada e alegre manhã de domingo.

PALMEIRAS B PALMEIRAS A

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Competição: Copa São Paulo de Juniores Data: 16/janeiro/2005 Local: Parque Antarctica (São Paulo)

Você foi a algum jogo que tem uma boa história para ser contada? Escreva para contato@trivela.com que seu texto pode ser publicado neste espaço!

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A Várzea

Calendário Trivelli Cansado de ver a bagunça na Chico Lingüiça’s Premier League, Tolete resolveu botar a mão na massa. Não, não foi na coxinha nem no delicioso pastel de carne embebido em óleo. Nosso intrépido repórter queria mesmo dar um jeito no calendário d’A Várzea, pois ninguém entendeu por que marcaram uns jogos do campeonato para meia-noite. Disseram que tinham vendido os direitos de transmissão para o Butão, mas a desculpa não colou. Além disso, o Urubu Paz e Amor reclamava por ser obrigado a subir a rua para jogar com o Lhama’s United, ainda mais depois da feijoada de quarta-feira. Preocupado com a discórdia, Tolete pegou um lápis e escreveu seus garranchos num guardanapo. Para começar, o novo calendário tinha que ser atraente. Por isso, ele chamou Sabrielly Jussylédynah, sua namorada, para estampar as páginas de cada mês. A moça, que já tinha experiência como capa da revista “Mostra Tudo e Mais um Pouco”, desta vez teve que ser mais recatada nas poses. Com um pouco de organização, Tolete chegou à proposta final, que ficou assim: • Janeiro Pré-temporada. Os jogadores devem se preocupar com o condicionamento físico. Por isso, para manter a forma, será disputado um torneio de porrinha. • Fevereiro Carnaval. Todo mundo sabe que o Brasil só funciona depois da folia de Momo. • Março Pré-temporada. É preciso recuperar a forma depois de tanta festa. Sinuca liberada. • Abril a junho Janela de transferências. Vai que aparece um Chelsea e oferece uns milhões de euros... • Julho Férias. • Agosto Intertemporada. Prática de esportes de inverno, como truco, buraco e rouba-monte. • Setembro Festa de abertura da temporada. • Outubro Recuperação física e estomacal da festa de abertura da temporada. • Novembro Copa d’A Várzea, Chico Lingüiça’s Premier League, Várzea Champions League, Copa Várzea de Juniores e amistosos internacionais. • Dezembro Férias de fim de ano. Ainda teve gente que chiou, pois achou a pré-temporada muito curta e queria mais tempo para se preparar. É, realmente não dá para agradar a todos.

A charge do mês

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A lorota do mês “De todos os grandes, o Vasco foi o que pegou o adversário mais complicado” Manchester United? Real Madrid? Chico Lingüiça’s Globetrotters? Não, o técnico Alfredo Sampaio se referia ao colossal Madureira.

A manchete do mês “Pinto chega para ‘seguir crescendo’” (Yahoo Espanha)

Em alta Tottenham Lavou a alma contra o Arsenal na Copa da Liga: goleou o rival por 5 a 1, acabou com um jejum de nove anos e foi à final do torneio

Grêmio O Tricolor gaúcho contratou Roger para ser seu maestro na temporada. Ainda por cima, o meia mal chegou e já se machucou

Em baixa

A Várzea, como newsletter de família, não fará piadinhas maldosas sobre o novo goleiro do Barcelona.

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