Trivela 27 (mai/08)

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EUROPA Times tradicionais sofrem para voltar a brilhar

LEI PELÉ Dez anos depois, o que pode (e o que deve) mudar E MAIS...

Quanto

vale o show? Trivela analisa como cada clube usou os Estaduais para se preparar para o Brasileirão Brasileirão, e traz ainda 14 garotos que podem marcar o torneio

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nº 27 | mai/08 mai/08 | R$ 8,90 8,90

nº 27 | mai/08 | R$ 8,90

...Belletti Belletti, o herói “meia-boca” ...Italianos com três atacantes ...Egito: bem na CAN, mal na Copa

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ÍNDICE ESTADUAIS

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Charmosas rivalidades regionais ou preparação para o resto do ano? PROMESSAS

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Os garotos que podem fazer a diferença no Brasileirão-2008 LEI PELÉ

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Mudanças são necessárias, mas ninguém sabe bem quais EUROPEUS DECADENTES

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Clubes que já estiveram no topo amargam posições - e categorias - de baixo ENTREVISTA » BELLETTI

Campeão europeu e respeitado no milionário Chelsea, lateral ainda sofre preconceito

Adrian Dennis/AFP

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eu fiscalizo a

Copa 2014

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JOGO DO MÊS

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CURTAS

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Editor Caio Maia Editor assistente Ubiratan Leal Reportagem Cassiano Ricardo Gobbet Dassler Marques Gustavo Hofman Leonardo Bertozzi Ricardo Espina Tomaz R. Alves Consultoria editorial Martinez Bariani Mauro Cezar Pereira Colaboradores Carlos Eduardo Freitas João Tiago Picoli Juan Saavedra Luciana Zambuzi Mauro Beting Napoleão de Almeida Rafael Martins

PENEIRA

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OPINIÃO

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TÁTICA Italianos ofensivos

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ENTREVISTA Mano Menezes

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REAL BRASIL

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Revisão Tasso Augusto Campana dos Santos

HISTÓRIA SPAC

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Projeto gráfico / Direção de arte Luciano Arnold

FRANÇA Racismo

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CAPITAIS Basiléia

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Design / Tratamento de imagem Bia Gomes

EUROCOPA Itália

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ELIMINATÓRIAS 2010 Egito

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NEGÓCIOS Série B

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CULTURA Teatro

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CADEIRA CATIVA

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A VÁRZEA

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Com Copa em vista, Federação Paranaense virou palco de disputa entre governo estadual e prefeitura de Curitiba

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EDITORIAL O futebol agradece O Palmeiras está na capa da Trivela, mas Valdívia, supostamente a estrela do time, não. Não se trata de antipatia ou de nacionalismo. O problema é que não há fotos do chileno em pé. Só deitado. E com cara de dor. É um sintoma de algo que não vem sendo tratado com a devida atenção pela mídia nacional, receosa de ser tachada de “anti-palmeirense”. Não é isso, claro, senão teríamos outro destaque de capa. O problema é que o jogador que simboliza o grande momento vivido por uma das equipes mais tradicionais do país tem jogado menos do que parece. E caído mais do que devia. E, principalmente, falado muito mais do que o necessário. Também não se trata de desqualificar o futebol do “Mago”, que realmente é acima da média e tem tudo para ser um jogador de relevo no futebol mundial. Não seria o primeiro caso, entretanto, de um jogador que deixou de ser o que podia porque optou pelo caminho mais fácil. Veja Denilson, seu companheiro de clube, Edilson, que já se destacou pelo Verdão... O Mago pode fazer jus ao nome com a bola nos pés. Que se preocupe, portanto, com isso. O futebol agradece.

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www.trivela.com

Foto da capa Caetano Barreira/Foto Arena/Gazeta Press

Assinaturas www.trivela.com/revista (11) 3038-1406 trivela@teletarget.com.br Comercial Marlene Torres marlene@trivela.com (11) 3528-8611 Atendimento ao leitor contato@trivela.com (11) 3528-8612 Atendimento ao jornaleiro e distribuidor Juliana Camacho juliana@trivela.com (11) 3528-8608 Circulação DPA Cons. Editoriais Ltda. dpacon@uol.com.br (11) 3935-5524 é uma publicação mensal da Trivela Comunicações. Todos os artigos assinados são de responsabilidade dos autores, não representando necessariamente a opinião da revista. Todos os direitos reservados. Proibida a cópia ou reprodução (parcial ou integral) das matérias e fotos aqui publicadas Distribuição nacional Fernando Chinaglia Impressão Ibep Gráfica Tiragem 30.000 exemplares

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Andrea Comas/Reuters

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JOGO DO MÊS por Ubiratan Leal

Tamanho é

documento O Getafe escrevia a página mais importante de sua história, mas o Bayern estava no caminho

oucos imaginavam que o Getafe agüentaria mais 30 minutos de jogo contra o Bayern de Munique. O pequeno time espanhol estava perto do limite. Reduzido a dez homens desde o quinto minuto de jogo, teve forças para abrir o marcador. Mais: segurou a pressão até o último minuto do tempo normal, quando Ribéry empatou após uma confusão na área espanhola. A sorte parecia ao lado dos bávaros. No entanto, naquele jogo pelas quartasde-final da Copa Uefa, o time azul estava disposto a contradizer qualquer fiapo de lógica que o futebol tenha. Tudo parecia ir contra o Getafe, mas o time espanhol superava, um a um, os obstáculos que apareciam. E olha que não foram poucos. Logo aos 5 minutos do primeiro tempo, De la Red, melhor jogador do Getafe e já acertado com o Real Madrid para a próxima temporada, foi expulso. Para piorar, o atacante Uche sentiu uma lesão muscular e foi substituído pelo zagueiro Belenguer. O técnico Michael Laudrup recompunha a

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defesa, já imaginando que, após o empate por 1 a 1 em Munique, um empate sem gols daria a classificação ao time da casa. O Getafe começou a sonhar com algo maior aos 43 minutos do primeiro tempo. O romeno Cosmin Contra avançou desde seu campo, passou por três defensores bávaros e chutou forte na saída de Kahn. Incrível, mas o Getafe estava em vantagem. No segundo tempo, Ribéry e Toni tentavam abrir espaço na defesa espanhola enquanto o resto do Bayern estava em noite

particularmente pálida. O Getafe ameaçava mais nos contra-ataques. Na oportunidade mais aguda, Braulio chegou a driblar Kahn, mas tropeçou sozinho na hora de rolar a bola para o gol vazio. Após 44 minutos de pressão intensa, finalmente os bávaros tiveram sucesso e Ribéry empatou de voleio. Disputar a prorrogação soava como uma procissão rumo à desgraça para os getafistas, desgastados física e psicologicamente. A partir daquele momento, porém, o jogo conseguiu tomar rumo ainda mais dramático para os valentes Azulones. Em três minutos, o cenário já estava bem diferente. Casquero e Braulio deixaram o placar em 3 a 1 – o terceiro gol numa falha de Lúcio. Neste momento, a audiência da TV espanhola chegou a 57%, a maior de um evento esportivo em 2008 e da história da Copa Uefa no país. O Bayern era um arremedo de time. Sem ânimo e sem tática, via os Azulones administrarem a vantagem. Tudo parecia perdido. Aos 9 minutos do segundo tempo, Abbondanzieri saiu para interceptar um cruzamento perdido na área. Bola fácil, mas o goleiro inexplicavelmente a deixou escapar. Era o começo do fim. Toni aproveitou a falha do argentino e reduziu a diferença. O Bayern voltou à partida. Os alemães passaram a pressionar, ainda que sem organização. Na última oportunidade, o goleiro Oliver Kahn retratou o orgulho alemão e arrastou o time rumo à área adversária. A defesa getafista afastou um cruzamento, mas o volante Sosa recuperou a bola e cruzou de novo, para, mais uma vez, o italiano Toni empurrar a bola à força para dentro do gol de Abbondanzieri. Um empate cruel. Pelos gols fora de casa, o time alemão estava classificado. O esforço dos espanhóis foi reconhecido. “Eles mereciam melhor sorte. Puderam nos humilhar”, admitiu Ottmar Hitzfeld, técnico do Bayern. Num combate ilógico do começo ao fim, ainda assim a lógica prevaleceu: o pequeno vacilou e o grande venceu.

GETAFE 3x3 BAYERN DE MUNIQUE Data: 10/abril/2008 Local: Coliseum Alfonso Pérez (Getafe) Público: 17.000 pagantes Árbitro: Massimo Busacca (Suíça) Gols: Contra (43min), Ribéry (89min), Casquero (91min), Braulio (92min) e Toni (114 e 119min) Cartões amarelos: Lell, Lahm, Toni e Podolski Cartões vermelhos: De la Red

GETAFE Abbondanzieri; Cortés, De la Red, Tena e Licht; Celestini, Contra (Cotelo), Gavilán e Casquero; Manu del Moral (Braulio) e Uche (Belenguer). Técnico: Michael Laudrup

BAYERN DE MUNIQUE Kahn; Lell (Jansen), Lúcio, Demichelis e Lahm; Schweinsteiger (Sosa), Van Bommel, Zé Roberto (Podolski) e Ribéry; Toni e Klose. Técnico: Ottmar Hitzfeld

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CURTAS por Ricardo Espina

Rogério Ceni, sem admitir a falha no primeiro gol da vitória do Palmeiras por 2 a 0 no jogo de volta das semifinais do Paulistão

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456 mil

Valor cobrado pelo Atlético-PR para as emissoras de rádio que transmitirem os 38 jogos do time no Brasileirão. Quem quiser transmitir poucos jogos, terá de pagar R$ 15 mil por partida.

“Eu evitaria a eliminação do Arsenal” O modesto Lehmann, reserva dos Gunners, não perdeu a oportunidade de criticar Almunia, titular na derrota por 4 a 2 para o Liverpool, resultado que eliminou a equipe da Liga dos Campeões.

“Fomos bem recebidos, mas, se erramos, peço desculpas” Joel Santana, depois de o Flamengo ganhar do Cienciano por 3 a 0 em Cuzco. Antes, o clube carioca havia reclamado por ter que jogar na cidade, localizada a 3,4 mil metros acima do nível do mar.

Confira no site Dia 4 Europeu sub-17

Dia 19 Final da LC

Você sabe quais os favoritos da próxima geração européia? A Trivela te dá uma idéia

Trivela faz um preview da decisão mais esperada do ano

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Jaime Razuri/AFP

“Não vi o chute. Estava com a visão encoberta. A bola é feita para o atacante, não para o goleiro. Imaginei que o chute iria no meu lado esquerdo, mas a bola fez uma curva”

CIÊNCIA X ALTITUDE O Flamengo tentou até o último momento evitar a viagem a Cuzco, cidade a 3,4 mil metros de altitude, para enfrentar o Cienciano. Não conseguiu, mas o problema foi menor que o esperado. Com gols no segundo tempo, o Rubro-Negro fez 3 a 0 e assegurou a classificação antecipada para as oitavas-de-final da Libertadores. O técnico Joel Santana e alguns jogadores admitiram que não sentiram tanto os efeitos da altitude como esperado. Mérito do departamento médico do clube. Nos 40 dias que antecederam a partida, o elenco teve uma dieta rica em ferro e tomou sulfato ferroso com vitamina C. “Isso aumentou a hemoglobina dos jogadores e melhorou o transporte de oxigênio no sangue”, explica Serafim Borges, médico do Flamengo. Os jogadores ainda realizaram exercícios de apnéia. “Não melhora a condição do corpo, mas ajuda o atleta a

entender o que ele vai sentir na altitude.” Os cuidados continuaram no Peru. A delegação chegou a Cuzco no dia do jogo e foi imediatamente para um hotel pressurizado, que simulava um ambiente de 2,4 mil metros de altitude, um modo de atenuar os efeitos na hora do jogo. O fato de o clima estar ameno (18ºC) colaborou. “No ano passado, em Potosi, pegamos chuva e 0ºC, o que potencializou o efeito da altitude”, afirma Borges. Outro cuidado foi permitir que os jogadores respirassem em tubos de oxigênio no intervalo e no final da partida. Em campo, o time também atuou de modo a evitar desgaste prematuro. “Tivemos de trocar mais passes, cadenciar o jogo e não conduzir demais a bola”, comenta o meia Ibson. Deu certo e o Flamengo se impôs. Mas, oficialmente, continua contra os jogos acima de 2,5 mil metros. [UL]

, em maio Dia 21 Preview Mercado Europeu

Dia 27 Centenário Anderlecht

Dia 28 Especial Eurocopa 2008

Quem vai para onde e por quanto na Europa?

Cem anos de um dos clubes mais charmosos da Uefa

A Copa do Mundo sem Brasil e Argentina – esmiuçada na Trivela

Dia 2/junho Estádios da Eurocopa Estréia da nova seção da Trivela com um especial sobre os palcos da Euro

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Stringer/Reuters

FALTA A INGLATERRA As seleções de Escócia, País de Gales, Irlanda do Norte e Irlanda participarão de um torneio anual de seleções a partir de 2011. O “Four Nations Tournament”, como será chamado, será disputado em um país a cada ano, em sistema de rodízio. Os jogos, sempre em rodadas duplas, serão disputados em fevereiro e maio. O novo torneio remete ao antigo Home International Championship, que contava com Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte. A competição foi criada em 1884 e extinta um século depois por falta de datas e de público. A Inglaterra não mostrou interesse em participar do novo torneio.

“Falei para o Eurico Miranda que o Edmundo atrapalha. Passou a carreira inteira brigando com os treinadores. Quando o desempenho no campo é bom, até dá para aturar, mas, sem isso, fica difícil” Alfredo Sampaio, pouco depois de deixar o comando do Vasco.

AQUILO ROXO

CLUBE DOS 24?

Divulgação

Misto e Coxim se enfrentavam pelo Campeonato SulMatogrossense. Ao final do primeiro tempo, o Coxim foi hostilizado pelos torcedores do time da casa. Irritado com o comportamento dos anfitriões, Thiago, jogador da equipe visitante, abaixou o calção e mostrou os genitais para a torcida rival. Pelo gesto, o jogador do Coxim foi levado para a delegacia. Ele foi ouvido pelas autoridades e liberado logo em seguida. Para piorar, sua equipe foi goleada por 5 a 0.

ENCONTRO HISTÓRICO O estádio de Wembley foi o palco do aniversário de 125 anos do Corinthian-Casuals (rosa). O clube amador inglês que inspirou a criação do Corinthians enfrentou o AFC Wimbledon (azul) em um amistoso. “Estamos honrados por nosso passado ter feito com que tivéssemos a oportunidade de jogar em Wembley. É um lembrete de que os valores esportivos de nossos fundadores são muito importantes”, afirmou Jimmy Hill, presidente do Corinthian-Casuals. O atual time surgiu em 1939, em uma fusão entre Corinthians (criado em 1882) e Casuals (1878), e está na oitava divisão inglesa. O Wimbledon também faz parte de uma história de amor ao futebol. O clube foi fundado em 2002 por dissidentes do Wimbledon original, comprado pelo empresário Pete Winkelman, que levou o time para Milton Keynes. O AFC Wimbledon, da sétima divisão, venceu por 8 a 1.

Representantes de 24 clubes profissionais de futebol paranaense criaram uma associação independente, nos moldes de funcionamento do Clube dos 13. Atlético-PR, Coritiba, Paraná Clube, Londrina, Portuguesa Londrinense, Rio Branco, Galo Adap e um membro dos clubes da divisão de acesso cuidarão dos interesses das equipessócias. “Chegamos à conclusão de que será benéfica a todos a criação de uma entidade, mas temos que discutir a mudança nos estatutos da Federação Paranaense de Futebol (FPF). Com essa associação, faremos da Federação uma aliada, sem deixar que ela concorra com os próprios clubes filiados”, disse Jair Cirino, presidente do Coritiba.

TORNEIOS SULAMERICANOS A Conmebol divulgou as datas da Recopa Sul-Americana. Boca Juniors (campeão da Libertadores em 2007) e Arsenal (vencedor da Copa Sul-Americana no ano passado) decidem o título em 13 e 20 de agosto, com jogo de ida em Sarandi e de volta em Buenos Aires. A entidade também divulgou detalhes sobre seu novo torneio. A primeira edição do Suruga Bank Championship será disputada em 30 de julho. A competição reúne o campeão da Copa da Liga japonesa e o Arsenal, vencedor da Copa Sul-Americana.

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Período em que os atacantes Pizarro, Farfán e Mendoza, e o defensor Acasiete não defenderão a seleção peruana. Eles se envolveram em incidentes em um hotel depois do jogo contra o Brasil, pelas eliminatórias da Copa 2010, e foram suspensos pela federação peruana.

“É meu time, não o deles. Eles deveriam abandonar o estádio, o Beitar, nossas vidas. Essas pessoas não têm esperança, são insolentes e estúpidas” Arkady Gaydamak, dono do Beitar, criticou a torcida do próprio clube após a invasão de campo na partida contra o Maccabi Herzliya pelo Campeonato Israelense. O Beitar vencia por 1 a 0, resultado que daria o título ao clube, mas a equipe foi punida com a perda de dois pontos.

€ 31 mi Valor anual recebido por Beckham de acordo com levantamento feito pela “France Football”. Segundo a revista francesa, o meia do Los Angeles Galaxy seria o jogador de futebol mais bem pago do mundo, seguido por Ronaldinho (€ 24,1 milhões/ano), Messi (€ 23 milhões) e Cristiano Ronaldo (€ 19,5 milhões).

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por Tomaz R. Alves

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1 Rio Negro-AM O segundo maior campeão amazonense anda mal das pernas. Teve de sucatear o time e pagou o mico de ganhar só dois pontos em 13 partidas. O vexame foi coroado com uma derrota por 9 a 1 para o América-AM na última partida.

2 Coxim-MS Campeão do Mato Grosso do Sul em 2006, o Coxim despencou neste ano e fez só dois pontos em 11 partidas. Destaque negativo para o ataque, que teve média inferior a um gol a cada dois jogos.

3 Guarany-RS Promovido à primeira divisão em 2006, o Guarany de Bagé fez boa campanha em 2007, ficando em oitavo lugar. Neste ano, porém, perdeu todos seus jogos (fora uma inesperada vitória sobre o Juventude) e terminou o torneio com saldo de -29 gols.

4 Uniclinic-CE O time ligado ao Hospital das Clínicas do Ceará perdeu todas suas partidas na primeira fase. No segundo turno, só um empate com o Itapipoca e uma vitória sobre o Guarani-CE impediram que o time terminasse o campeonato zerado.

5 Libermorro-AM O Amazonas teve dois times entre os cinco piores do Brasil. O Libermorro empatou um jogo a mais que o Rio Negro, mas colecionou mais vexames: levou 5 a 0 e 9 a 1 do Fast, 6 a 2 do Holanda, 7 a 1 do Cepe e 8 a 0 do Princesa do Solimões.

6 Boca Júnior-SE Recém-promovido da segunda divisão sergipana, o Boca Júnior não lembrou o quase xará argentino. A equipe até começou bem, com cinco pontos em sete jogos, mas depois perdeu 11 seguidos (incluindo um 8 a 2 para o Pirambu) e ficou com a lanterna.

7 15 de Campo Bom-RS Entre 2002 e 2005, o time de Campo Bom foi três vezes vice-campeão gaúcho. Nesta temporada, a equipe despencou e foi rebaixada com quatro pontos – só não foi a pior do Gauchão porque o Guarany conseguiu fazer um ponto a menos.

8 Esportivo Guará-DF Depois de um começo de campeonato razoável (cinco pontos em quatro jogos), o Esportivo Guará afundou. Perdeu as nove últimas partidas e acabou rebaixado para a segunda divisão do Distrito Federal.

9 Primavera-MT Recém-promovido, o Primavera não agüentou o tranco da primeira divisão e caiu sem ganhar nenhum jogo. Na primeira fase, conseguiu três pontos em oito partidas. Depois, na repescagem, foi eliminado pelo Rondonópolis, com um empate e uma derrota.

10 CAC Portuguesa Londrinense-PR A Lusa londrinense nunca foi grande e, depois de se fundir com o Cambé, virou o saco de pancadas do Paranaense. Com resultados como uma derrota de 5 a 0 para o J. Malucelli, ficou com a lanterna do torneio, fazendo só seis pontos em 16 jogos.

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Morris MacMatzen/Reuters

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piores campanhas dos estaduais

CURIOSIDADES DA BOLA • David Jarolim, do Hamburg, se irritou após Markus Schuler, do Arminia Bielefeld, tentar cavar uma falta em um jogo do Campeonato Alemão. O meia do HSV foi criativo na hora de acabar com a discussão: apertou os genitais do adversário. O tcheco foi expulso e suspenso por quatro partidas. • Trinta anos depois, Johan Cruyff revelou por que se recusou a disputar a Copa de 1978. O holandês afirmou que sofreu uma tentativa de seqüestro naquele ano. Temendo novos ataques, contratou seguranças particulares por um ano e meio. Acreditava-se que o boicote do craque era um protesto à ditadura argentina. • Felix Magath, treinador do Wolfsburg, resolveu criar um curso de culinária para os atletas. O técnico espera evitar problemas como os vividos pelo atacante Dejagah, que passou mal após comer em um restaurante chinês, e pelo defensor Madlung, que se intoxicou em um fast-food.

CAMINHO OLÍMPICO Joseph Blatter mostrou-se favorável à idéia de diminuir a idade limite das seleções para os Jogos Olímpicos. Pelo atual modelo, as equipes devem ser formadas com atletas sub-23, com a opção de incluir até três jogadores mais velhos. “Os Jogos Olímpicos são um evento destinado à juventude. A tendência da Fifa é que sejam permitidas apenas equipes juniores”, afirmou o presidente da entidade. Para Pequim-2008, nada muda. O torneio masculino é sub-23 e o feminino é livre. No masculino, o Brasil enfrenta a anfitriã China, a Bélgica e a Nova Zelândia. A equipe feminina caiu no grupo F e terá uma chave complicada: Alemanha (atual campeã mundial), Coréia do Norte e Nigéria.

ERRAMOS Na matéria “Questão de gênio” (mar/08, pág. 52) está escrito que a Alemanha Ocidental ganhou a Eurocopa de 1980 em casa. O torneio foi realizado na Itália. A nota “Roupa nova e valiosa” (mar/08, seção de negócios, pág. 61), afirma que a Nike é fornecedora de material esportivo da seleção italiana. O acordo de patrocínio da federação italiana é com a Puma.

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As origens italianas do Palmeiras foram bem exploradas neste ano. Pela segunda vez na história, pessoas fora da Itália puderam votar nas eleições parlamentares do país, e o clube foi utilizado para alcançar o maior número possível de eleitores. Às vésperas da eleição, que ocorreu em 13 e 14 de abril, a newsletter oficial do Palmeiras enviou uma espécie de “santinho” de Fausto Longo, candidato a deputado pelo Partido Socialista Europeu. De acordo com a diretoria do Palmeiras, tratouse apenas de uma ação comercial. “Ele pagou por isso. Qualquer um poderia ter feito o mesmo. O Palmeiras não está apoiando ninguém”, afirma Newton Lavieri, diretor de internet do clube. Ainda assim, não havia um aviso na newsletter de que se tratava de publicidade. A reportagem tentou entrar em contato com Longo no e-mail de sua campanha, mas não obteve resposta. Fausto Longo, brasileiro com cidadania italiana que não é sócio do Palmeiras, obteve 1.337 votos e não foi eleito a uma cadeira como representante da América do Sul. No total, cerca de 194 mil pessoas em território brasileiro (90 mil no estado de São Paulo) puderam votar. Nas eleições parlamentares de 2006, um brasileiro conseguiu se eleger ao Senado: José Luís Del Roio, do Partido da Refundação Comunista. [GH]

/R Stringer

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LÍNGUA SOLTA O Universidad San Martin dispensou Mario Leguizamón após declarações do atacante uruguaio. O jogador provocou a ira dos dirigentes do clube peruano ao ofender a árbitra Silvia Reyes durante o jogo contra o Melgar, pelo Apertura. O atleta usou termos de conotação sexual e foi multado. Mas não parou de falar. Ele chamou o futebol peruano de medíocre e criticou o modo pelo qual a imprensa local supervaloriza alguns jogadores. Leguizamón foi dispensado imediatamente por “arranhar a imagem do San Martín perante o público”, como afirmou Álvaro Barco, diretor-geral do clube.

Divulgação

PALMEIRAS NAS ELEIÇÕES ITALIANAS

SEDES DEFINIDAS A Uefa definiu os locais das decisões de seus torneios interclubes em 2009/10. O Santiago Bernabéu receberá a partida decisiva da Liga dos Campeões, enquanto o HSH Nordbank Arena, em Hamburgo, sediará a final da Copa Uefa. Segundo a entidade, o estádio do Real Madrid teve, a seu favor, o fato de os jogadores não estarem sujeitos a pagar impostos na Espanha. Wembley (Londres), Olympiastadion (Berlim) e Allianz Arena (Munique) também estavam na disputa. A entidade também deveria anunciar quais seriam os palcos das finais das duas competições em 2010/1. No entanto, a Uefa preferiu adiar a escolha para “permitir aos membros um tempo maior para considerar as candidaturas”, como informou em comunicado oficial.

ESTÁDIOS DE CARA NOVA NA ALEMANHA Os estádios de Werder Bremen e Stuttgart passarão por algumas modificações. O Weserstadion, de Bremen, será modernizado. O Werder pretendia aumentar a arena para 60 mil torcedores, mas decidiu manter a atual (43,5 mil lugares) por causa do alto preço do aço. No caso do VfB, a novidade ficará por conta do nome do local. O clube chegou a um acordo com a Mercedes-Benz para vender o nome de seu estádio pelas próximas trinta temporadas. Atualmente chamado Gottlieb-Daimler, ele passará a ser conhecido como Mercedes-Benz-Arena. Há planos de demolir o atual estádio, com capacidade para 55 mil pessoas, e construir um novo no local, para 60 mil, sem a pista de atletismo. As obras estão orçadas em € 93 milhões e dependem de acordo com as autoridades locais.

FRAUDE João Vale e Azevedo, ex-presidente do Benfica, foi acusado de cometer novas irregularidades. O ex-dirigente das Águias será julgado por peculato, fraude contábil e falsificação de documentos. Segundo o Tribunal de Instrução de Lisboa, Vale e Azevedo é suspeito de se apropriar de forma indevida de € 4 milhões do clube referentes às transferências de Amaral (para a Fiorentina), Scott Minto e Gary Charles (West Ham) e Tahar (Southampton). O ex-dirigente já havia sido condenado por irregularidades na transferência do goleiro Ovchinnikov e em outros casos de falsificação de documentos. Maio de 2008

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PENEIRA

Larsson:

motivo de campanha nacional FP ages/A

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categorias de base do Arsenal. Larsson não teve muitas oportunidades em Londres. Em 2006, foi emprestado ao Birmingham. A mudança de ares fez bem ao jogador. Bissen mostrou capacidade de atuar como meia externo na direita, mas pode realizar a mesma função na esquerda ou ser recuado para a lateral direita. Caracteriza-se pelos avanços confiantes e chutes precisos, motivos para a imprensa sueca compará-lo a Beckham. Segundo Larsson, a inspiração não é no inglês, mas em Juninho Pernambucano. Um detalhe menor para a torcida sueca, que está mais preocupada se contará ou não com ele na Euro. [LZ]

Getty Im

ars Largerback, técnico da Suécia, não é exatamente um sujeito aberto, que antecipa suas decisões. Por isso, os suecos ainda não sabem se Sebastian “Bissen” Larsson será convocado para a Eurocopa. Uma incerteza que motivou uma minicampanha em torno do meia do Birmingham. Imprensa e técnicos consideram que o jogador de pouco menos de 22 anos é candidato a surpresa sueca na competição continental. Para eles, Larsson está pronto para comandar o meio-campo da Suécia, ainda que só tenha realizado duas partidas com a camisa da seleção escandinava. O motivo de tamanho otimismo é o desempenho do jogador em seu clube. O meia começou a carreira no Eskilstuna em 2003. Um ano depois, foi aprovado em um teste para as

Nome: Alfe Inge Sebastian Larsson Nascimento: 6/junho/1988, em Eskilstuna (Suécia) Altura: 1,78 m Peso: 70 kg Carreira: Eskilstuna (2003), Arsenal (de 2004 a 2006), Birmingham (desde 2006)

Lubos Kalouda:

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Nedved pela imprensa tcheca, o garoto de 20 anos diz não levar isso muito em conta. Em março, Kalouda reapareceu no cenário internacional. Atento aos talentos que surgem, Valery Gazzaev, técnico do CSKA Moscou, elegeu o tcheco como sua mais nova aposta. Assim, o clube moscovita pagou € 5 milhões para tirá-lo do Brno, vencendo a concorrência de Juventus e Newcastle. Foi a principal contratação do Exército Vermelho para a Premier Liga 2008. A julgar pelo currículo de Kalouda, os russos fizeram um bom negócio. [DM]

Dominic Ebenbi chl

vice-campeonato mundial sub-20 da República Tcheca, em 2007, trouxe alívio para o futebol do país do Leste Europeu. Afinal, a gloriosa geração de Nedved, Smicer, Poborsky e Koller está perto da aposentadoria, mas uma série de garotos dá a sensação de que os tchecos continuarão entre os melhores da Europa. Entre eles, está o talentoso meia Lubos Kalouda. No vice-campeonato tcheco no mundial, o garoto teve papel decisivo. Além de ser titular e anotar três gols, assumiu o protagonismo ao lado de Fenin, hoje no Eintracht Frankfurt. Técnico e fisicamente muito privilegiado, Kalouda rompe a marcação adversária com força e finaliza bem de média e longa distância. Taticamente, adapta-se a quase qualquer função do meio para frente. Insistentemente comparado com

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aposta segura

Nome: Lubos Kalouda Nascimento: 20/maio/1987, em Vyskov (República Tcheca) Altura: 1,80 m Peso: 75 kg Carreira: Brno (de 2006 a 2008), CSKA Moscou (desde 2008)

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ENCHENDO O PÉ por Leonardo Bertozzi

O câncer de Anfield O NORTE-AMERICANO Tom Hicks comprou o Liverpool em fevereiro de 2007, em sociedade com o compatriota George Gillett. Pouco mais de um ano depois, Hicks não consegue entrar em Anfield sem um forte aparato de segurança. Tamanha rejeição, mesmo com o time em sua terceira semifinal de Liga dos Campeões em quatro anos, é o resultado de uma série de decisões infelizes: entrar em rota de colisão com Rafa Benítez, conversar com Jürgen Klinsmann nas costas do treinador espanhol, fazer empréstimos que comprometem a situação financeira do clube, romper relações com o próprio sócio e ainda assim impedi-lo de vender sua parte para o Dubai International Capital. Hicks, para quem não se lembra, era o H do HMTF, fundo de investimentos que fracassou ao tentar montar um império de comunicações na América Latina. O canal por assinatura PSN, que montou uma estrutura faraônica em Miami e comprou os direitos de trans-

missão de campeonatos pelo dobro ou até o triplo dos valores de mercado, acumulou dívidas na casa de US$ 100 milhões e fechou as portas dando calotes em funcionários, federações e clubes. O empresário teve um início promissor no ramo esportivo, fazendo do Dallas Stars, time de hóquei no gelo, uma das forças da NHL. O sucesso não se repetiu no beisebol. Hicks comprou o Texas Rangers da família Bush e ganhou as manchetes ao buscar o badalado Alex Rodríguez com um contrato de US$ 252 milhões em dez anos – dinheiro que seria muito mais bem investido na montagem de um time equilibrado e competitivo. Resultado: campanhas pífias. “Esses norte-americanos não tinham nada que se meter no futebol inglês”, pode concluir o leitor. Seria uma conclusão simplista e equivocada. No Manchester United, por mais que tenha havido animosidade de parte da torcida com a família Glazer, o trabalho é bem-feito. O Aston Villa também tem evoluído sob o comando de Randy Lerner. O investimento estrangeiro no futebol faz parte da realidade dos nossos dias e, desde que bem administrado, ajuda a elevar o nível dos times. Prova disso é o interesse que vêm despertando as negociações de George Soros para a compra da Roma. O grande problema, no caso dos donos do Liverpool, foi fazer um investimento sem ter a menor noção de como funciona o futebol inglês. Sob o comando de Benítez, o Liverpool foi campeão europeu em 2005 com um elenco fraco. O espanhol é um mito para os torcedores, e, ainda assim, Hicks foi capaz de criticálo por pedir reforços na janela de transferências de janeiro. Pior ainda foi procurarem Klinsmann e darem a desculpa de que queriam “uma opção” para o caso de saída de Benítez no futuro. Erro duplo: a atitude foi desonesta com o espanhol e Klinsmann não é qualificado para o cargo. Para a sorte dos Reds, Benítez se mostrou ligado o suficiente ao clube e à torcida para não mandar tudo às favas. Assim como havia feito com a PSN, Hicks cometeu um sério erro de avaliação. Ficou apertado para pagar o empréstimo feito para bancar a compra do Liverpool e ainda levar adiante os planos para a construção de um novo estádio. Agora, o clube sofre até para quitar um empréstimo de € 37 milhões feito para bancar a contratação de Fernando Torres. Se não cumprirem os prazos para o pagamento das parcelas, os Reds correm o risco até de perder o atacante espanhol, seu artilheiro nesta temporada. Benítez tem todos os motivos para pedir o boné, independente de como termine a temporada, e buscar um clube que valorize seu trabalho. E o Liverpool, se permanecer nas mãos de Hicks, caminhará de volta para seus anos de coadjuvante. Maio de 2008

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MARACANAZO por Mauro Cezar Pereira

No país dos pênaltis ESTAMOS NO PAÍS dos pênaltis. Em nenhuma parte do planeta são marcadas penalidades máximas como no Brasil. Se o atacante entra em velocidade na área adversária, o zagueiro está perdido. Vira refém do rigor implacável de árbitros e de boa parte da mídia. Basta o jogador que ataca buscar o contato com seu marcador que serão boas as chances de a marca penal ser apontada. Futebol é um esporte de contato físico. Se chegar na jogada no tempo certo, o becão forte levará a melhor no corpo a corpo diante do pontinha veloz, hábil e magricelo. E nem será preciso fazer falta. Mas, se o pequeno atacante escapar na frente com a bola, a força física, o peso e a lentidão do zagueiro vão condená-lo a ficar para trás. E esse é um dos grandes baratos desse jogo. Só nos 13 primeiros jogos oficiais da temporada 2008, o Vasco teve 14 pênaltis a seu favor, a maioria em cima de Wagner Diniz. Com 1,70 m e 68 kg, o lateral-direito se transformou em especialista nesse tipo de jogada. Leve e rápido, coloca a bola na frente ao entrar na área inimiga e espera a aproximação do marcador. Então, basta esbarrar no pobre zagueiro. Na maioria das vezes, a arbitragem é incapaz de perceber que não é o defensor quem busca o contato físico. E tome pênaltis.

Euller era um mestre nessa manobra. Jorge Henrique e Valdivia são seguidores. Mas há outra categoria de “cavador”: o atacante pesadão que busca o contato com os beques, a eles se agarra e, repentinamente, larga o corpanzil. A cena, patética em muitos casos, ludibria árbitros generosos. Tuta, Aloísio e Obina são alguns dos que se notabilizaram por esse comportamento. E ainda ganham elogios! As regras do futebol são dúbias, pouco objetivas, confusas até. Mas, no Brasil, a situação se agravou por conta da nova moda: analisar o jogo em câmera lenta. Como adverte o comentarista Paulo Calçade, da ESPN, o futebol não é disputado naquela velocidade. Claro que o chamado quadro a quadro ajuda a decifrar alguns lances polêmicos. No entanto, é preciso cuidado para não achar que todo contato é faltoso, como o ‘slow motion’ às vezes faz parecer. A International Board manifestou sua preocupação com o aumento dos agarrões e puxões. Reconheceu que nem todos refletem conduta antidesportiva e lamentou o fato de os apitadores não aplicarem rigorosamente as leis. Por isso, determinou:

“Os árbitros deverão punir qualquer caso de agarrão ou puxão ostensivo”. O “xis” da questão está na intensidade do ato, daí a presença da palavra “ostensivo”. Mais margem para interpretações. Um sujeito pode achar que foi uma agarradinha de nada, outro classificará como um ato capaz de rasgar a camisa do adversário. Na prática, quando a bola viaja sobre a área após um escanteio, é impossível identificar quem agarrou quem primeiro. O zagueiro ou o atacante? E qual deles o fez com força que mereça o rótulo de “ostensivo”? Fato é que a regra do jogo incentiva a polêmica, a falta de precisão. Mais razoável seria utilizar tal critério apenas na disputa de bola. Assim, o apitador teria condições de acompanhar o que acontece. Claro que haveria exceções. Se, fora da jogada, um atleta esmurra o adversário e um dos integrantes da arbitragem vê, a infração deve ser assinalada. No entanto, é utopia esperar que duas dezenas de homens lutando por centímetros dentro da área, perseguindo uns aos outros, obstruindo, empurrando, segurando, possam ser observados atentamente pelos olhos de um homem só.

HAT TRICK Está na regra 12: um tiro livre direto é concedido se um jogador, entre outras infrações, “dá uma entrada (‘carrinho’) em um adversário (...) tocando-lhe antes do que a bola”. Isso significaria que, ao alcançar primeiro a pelota, o atleta não estará cometendo falta, salvo excessos. Os brasileiros enxergam esse tipo de jogada de forma diferente de árbitros de outros países. E tome interpretações...

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As “leis” do jogo ensinam que “colocar a mão na bola envolve um ato deliberado de fazer contato com a bola com sua mão ou braço”. As instruções acrescentam que o árbitro deve considerar “o movimento da mão em direção à bola” e a distância entre o adversário e a redonda, “sem esquecer que a posição da mão não significa necessariamente que há uma infração”. Um convite ao erro.

Há uma fantástica tese de que o gol de mão feito por Adriano em São Paulo 2x1 Palmeiras foi legal porque ele “não teve a intenção” de socar a bola para as redes. É pretensão demais, ora. Só o atacante sabe que intenção tinha naquele instante. Pela importância do pênalti – decide de amistosos a Copas do Mundo –, todo contato entre mão, braço, antebraço e bola, na área, deveria significar infração.

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PONTO DE BOLA por Mauro Beting

Tertúlia na International Board - POR FAVOR, SENHORES. Já pedi que deixem os aparelhos auditivos no máximo volume durante a reunião... Seguindo com a pauta a respeito do uso de tecnologia para dirimir dúvidas de arbitrag... - Tecno... O quê? - Apoiado! Os técnicos têm de entrar em campo e jogar! Foi assim na Batalha de Hastings quando... - Não, senhores. Tecnologia. Informática. Bola com chip... - Prefiro “fish & chips”. Bola com batata frita, não... Já não está na hora do chá? - Senhores... Para fazer um workshop interativo, uma experience pró-ativa, trouxemos o ator William Petersen, o Gil Grissom do seriado CSI. Ele falará do uso de técnicas de ciência forense e de aparatos como luminol, crime scope e shotspotter para serem usados no combate aos crimes de mão na bola, camisa puxada, impedimento ativo e barreira nômade. - Eu ainda prefiro o “Q”, da série de James Bond... Aquele homem tinha finesse. Sofisticação. Requinte. Um Aston Martin novinho em folha... Ah... E ainda trabalhava com Moneypenny. Aquela, sim, era uma pequena que era uma brasa, mora! - Senhores, contenham-se... Não temos desfibriladores para todos. Prosseguindo com a pauta, depois teremos uma palestra com Bob Jefferson, famoso produtor de televisão no Brasil. Ele vai apresentar um avançado detector de mentiras desenvolvido para programas de TV no país. Segundo o release enviado, o gadget tem garantia de um ano, não precisa de computador, também filma, tira fotos, blablablablá, e tem sido muito usado em programas de auditório com enorme... enorme “ipobe”, “ibobe”, ou algo parecido. Está borrado o texto. Mas não importa. O que vale é que, se os senhores aceitarem mudar a regra, em breve poderemos usar esse aparelho nos joga-

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dores, treinadores, árbitros. E até em jornalistas! - Ainda prefiro o uso de pau-de-arara em lances discutíveis. Ou a possibilidade de empalamento em casos de jogo brusco grave. - Por favor, senhores, deixemos o debate para depois. O importante é estudarmos se vale usar a tecnologia para dirimir todas as dúvidas de jogo. - Mas como fazer isso se existem lances que discutimos há décadas? Nem com 18 câmeras chegamos a algumas conclusões! O árbitro pode falhar como um goleiro pode frangar, um centroavante pode perder um gol. Acontece! - Um aparte, senhores. Por que não mudarmos a questão da “interpretação”? Toda bola na mão será falta. Todo contato físico mais ríspido será falta. - Não. Não teríamos mais futebol na América do Sul. E, por favor, deixem-me seguir com a pauta. A respeito da intenção, teremos a apresentação do “I-ntenciômetro”, desenvolvido pela Apple. O próprio Steve Jobs estará aqui, mostrando o aparelho... Quer dizer, não mostrando, porque ninguém consegue ver. Segundo ele, o “I-ntenciômetro” é tão pequeno que virou invisível, e ele mesmo não sabe onde o colocou... Mas o importante é que esse aparelho será embutido no cerebelo de cada atleta durante a pré-temporada. Além disso, virá com um iPod de 980 terabytes, com capacidade para armazenar mais de 6 undecilhões de músicas. Menos as de um grupo chamado Calypso, pelo que está aqui no release... Enfim, vamos discutir todas essas possíveis mudanças. Se forem aprovadas, tenho certeza, o futebol vai gerar menos discussões. - Apoiado!!! Mas ouvi dizer que o descobridor do luminol torce pelo Tottenham. Como torcedor do Arsenal, acho que ele não é imparcial e...

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Tridentes são

possíveis Técnicos da Itália voltam a se empolgar com três atacantes, uma solução viável

inda que bons jogadores sempre sejam bem-vindos, nem sempre a chegada deles atende a uma necessidade ou possibilidade do time. É o dilema do Fluminense nesta temporada. Pensando na projeção que daria a sua marca, a Unimed – patrocinadora do Tricolor – decidiu contratar Washington, Leandro Amaral e Dodô. Três atacantes. Mais que isso, três centroavantes de área. Ficou o pepino para Renato Gaúcho, que tinha de arrumar um modo de escalar o trio e ainda ter meias leves como Thiago Neves e Conca. Muitos consideraram inviável a montagem de um time com essas figuras. Talvez

mais pelas características dos jogadores, nem tanto pelo fato de ter um trio de ataque. Afinal, o Campeonato Italiano 2007/8 tem mostrado que é possível, sim, jogar com três homens na frente. Desde que se tenha a mobilidade tática necessária para deixar o time equilibrado. Com a queda de qualidade técnica da Serie A, conseqüência da diminuição dos investimentos e da saída de craques após o escândalo do Calciocaos, os times se viram obrigados a inovar. Bom para o torcedor. Nesta temporada, as coisas começaram a entrar nos eixos. Clubes importantes como Juve, Napoli e Genoa

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A

Lazio Pandev fica um pouco mais atrás, sendo a peça mais variável do trio ofensivo laziale

Udinese Quagliarella é o atacante mais fixo, ainda assim, não é um centroavante tradicional

A A Quagliarella

A

A Rocchi

Bianchi

retornaram à elite e a qualidade do futebol apresentado melhorou. A média de gols da Serie A subiu sensivelmente neste campeonato (de 2,55 em 2006/7 para 2,95 até a 33ª rodada em 2007/8), contrariando o estereótipo de que times italianos só sabem marcar e jogar defensivamente. O aumento de gols se deve, em parte, à ousadia de alguns técnicos, que montaram suas equipes ofensivamente para suprir a deficiência técnica dos elencos. Isso fica evidente na quantidade de times médios que apostaram em sistemas de jogo com “tridentes” (como os trios de atacantes são conhecidos na Itália). Na Série A, há pelo menos quatro times que jogam regularmente com três atacantes: Fiorentina, Udinese, Lazio e Genoa. As diferenças entre os esquemas estão na escolha dos jogadores para a composição do trio ofensivo, que pode ser mais ou menos móvel.

Mobilidade A Fiorentina do técnico Cesare Prandelli, por exemplo, joga só com um atacante nato: o italiano Giampaolo Pazzini. Aos outros dois – normalmente Adrian Mutu e o argentino Santana –, fica a incumbência de se alargar para as laterais, porque, no trio de meio-campistas (Donadel, Liverani e Montolivo), não há nenhum externo para as jogadas de linha de fundo. A vantagem que Prandelli tem ao usar

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Genoa Sem espaço no Milan, Borriello virou homem de referência e artilheiro em Gênova

A Pepe

Di Natale

A

A

A

Borriello

Sculli

León

A Pandev

M

M

M

Mutarelli

Mudingayi

Ledesma

LE

LD

Radu

Zauri

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Z

Siviglia

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M Dossena

M

M

D’Agostino

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M

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Fabiano

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Z Lukovic

M

Z Zapotocny

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M

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M. Rossi

M Konko

Z

Z Criscito

Z A. Lucarelli

G

G

G

Ballotta

Handanovic

Rubinho

Bovo

G: goleiro / LD: lateral-direito / LE: lateral-esquerdo / Z: zagueiro / V: volante / M: meia / A: atacante

TÁTICA por Cassiano Ricardo Gobbet

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Nico Casamassima/AFP

Mutu, Santana e Pazzini: a Fiorentina ensina como usar três atacantes

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Fiorentina Meia de origem, Mutu é o mais experiente e técnico do tridente viola

A

A

A

Mutu

Pazzini Paz

Santana

M Mutu e Santana é poder contar com os dois na marcação e no recuo para o meio-campo quando seu time perde a bola. Santana é meio-campista de origem e o romeno já jogou em várias posições na linha média. Sem a bola, o meio-campo “viola” fica mais numeroso e difícil de ser superado. O uso de meio-campistas como homens de ataque é uma solução comum em outros clubes com trio de ataque. A Lazio adotou o tridente quando o “trequartista” (jogador que atua atrás dos atacantes) Mauri caiu de rendimento. Delio Rossi, o técnico dos romanos, colocou um centroavante (Bianchi) junto com um atacante de mobilidade (Rocchi) e um meio-campista avançado, o macedônio Pandev – exatamente o encarregado de recuar para recolher a bola. Na verdade, esse atacante “recuado” é uma das marcas no “novo” tridente italiano. Como não podem se dar ao luxo de manter atacantes sem nenhum papel defensivo, os técnicos dão a incumbência de avançar a meias já acostumados a ajudar na marcação, ou então a atacantes menos “preguiçosos”. Desse modo, o trio ofensivo se transforma em dupla quando o adversário está com a bola.

Montolivo

M

M

Liverani

Donadel

LD

LE Pasqual

Z

Z

Gamberini

Kroldrup

Ujfalusi

G Frey

Quatro no meio Genoa e Udinese também têm jogado com um trio ofensivo com jogadores mais móveis e com alguma responsabilidade na marcação. No entanto, a conformação do meio-campo muda em relação à adotada por Lazio e Fiorentina. Para comportar o tridente ofensivo, genoveses e friulanos jogam num 3-4-3 em que os externos de meio-campo são, na verdade, laterais avançados e com noção de marcação. Na Udinese, Pasquale Marino conseguiu montar um ataque muito fluido porque Quagliarella e Di Natale são meio-campistas

de origem e Simone Pepe é mais um segundo atacante do que um centroavante. Considerando ainda as descidas dos alas Mesto e Dossena, o ataque da Udinese se torna bastante móvel e difícil de ser controlado. Apesar de jogar também no 3-4-3, o Genoa varia a escalação de seu ataque. Fixo na frente, só Borriello, artilheiro do campeonato a quatro rodadas para o final. O técnico Giampiero Gasperini alterna meio-campistas (Leon e Sculli) e atacantes (Di Vaio e Figueroa) de acordo com o adversário. Borriello é o jogador que atua mais próximo da área, mas, dependendo dos seus parceiros, pode se afastar do gol para buscar da bola. Um fato comum a todos os tridentes italianos desta temporada é que nenhum usa sistematicamente três atacantes natos. Os treinadores precisam contar com jogadores que se apliquem na marcação para poder mandar mais gente à frente, e esse tipo de papel é mais facilmente desempenhado por meio-campistas. Sim, porque mesmo com mais atacantes, defender é fundamental. Uma filosofia sempre lembrada pelos italianos, mas que também vale no resto do mundo. Inclusive nas Laranjeiras. Maio de 2008

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ENTREVISTA RR BELLETTI por Carlos Eduardo Freitas

NA HORA CERTA,

no lugar

Getty Images/AFP

certo

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uliano Haus Belletti jamais entraria na seleção de favoritos de qualquer especialista em futebol aqui no Brasil. Para eles, o lateral-direito brigaria por um lugar no time dos brucutus ou qualquer coisa que o valha. Mesmo assim, sem ser um gênio, tem em seu currículo títulos que nem craques como Zico ou Sócrates já se aproximaram, como o de uma Copa do Mundo e de uma Liga dos Campeões, para não falar nos títulos espanhóis que conquistou com o Barcelona. Jogar no Barça, aliás, chegou a ser considerado uma heresia para um jogador que virou piada do Casseta & Planeta, com a sátira ao filme “Isto é Pelé”, que virou “Isto é Belletti”. O lateral leva as críticas e as brincadeiras na esportiva. E, a cada dia que passa, cala a boca daqueles que não o levam a sério. Foi assim quando José Mourinho negociava com Daniel Alves e, de última hora, desistiu do jogador do Sevilla para levar o paranaense de Cascavel para o Chelsea. Nesta entrevista concedida à Trivela, ele explica como lida com as críticas e analisa a boa temporada dos Blues no Campeonato Inglês, além de falar sobre sua passagem pelo Barcelona e, claro, sobre a emoção de marcar o gol do título da Liga dos Campeões de 2006.

J É assim que o eternamente criticado Belletti explica como, contra tudo e contra todos, foi campeão do mundo e defendeu clubes como Barcelona e Chelsea

Aqui no Brasil, quando se fala no seu nome, muita gente da imprensa fica indignada com seu currículo: campeão do mundo pela Seleção, com passagem por Barcelona e, agora, Chelsea. [Cai na gargalhada] É fogo. Não sei o que acontece, sinceramente. Não dá para dizer quem está certo e quem está errado. Mas não ligo para isso porque, em 90 minutos, a opinião de uma pessoa muda de uma maneira escandalosa. Eu procuro aproveitar as oportunidades que me são dadas. Muita gente achou que era um erro eu sair do São Paulo para jogar no Villarreal. Jogar no Barcelona foi questão de aproveitar a oportunidade. O Laporta ganhou as eleições do clube e o vice dele era o Sandro Rossell, o cara da Nike que ficava com a Seleção na Copa de 2002. Por isso, ele me conhecia bem e ia ficar de olho se fizesse uma boa temporada no Villarreal. Como você lida com tantas críticas? Sempre foi assim, desde que comecei no futebol em 1995, no Cruzeiro. Depois, foi no São Paulo, no Atlético-MG, no Villarreal, no Barcelona, no Chelsea... Mas também sei que tem pessoas que acreditam em mim. Sou um cara que se sacrifica muito pelo time e tem treinador que gosta de jogador assim. Acho que tenho o respeito de muitos jogadores e treinadores por causa disso. As críticas vêm por parte da imprensa e do torcedor, porque eles querem que eu seja um lateral que faça cinco gols num jogo. Não vêem esse sacrifício. Eu não jogaria num Barcelona ou num Chelsea se eu não soubesse trabalhar taticamente. Não sabem ver tática no Brasil?

Não é questão de saber, é que querem ver espetáculo e jogadas bonitas. É claro que, em alguns times, jogadores que chegam mais forte conseguiram ser ídolos. No Atlético-MG, joguei de meia avançado e fiz muitos gols, mas até hoje me respeitam pela raça que eu tinha. Tem torcedor que gosta disso. Outros preferem jogador que dá caneta, chapéu, faz golaço. É uma questão de cultura. Quem o levou ao Chelsea foi o José Mourinho. Quando ele pediu demissão, você chegou a temer por seu futuro no time? Foi a primeira coisa que passou pela minha cabeça. Tanto que, no primeiro jogo depois que ele saiu, o outro treinador optou pelo Paulo Ferreira e nem me levou. Aí, é ficar quieto e trabalhar. A nova comissão técnica tinha suas idéias e eu tinha que mostrar que tinha condições de jogar. E consegui, né? Pois é, depois que o Avram Grant chegou à equipe, você fez quase tantas partidas quanto o Paulo Ferreira... É por causa do rodízio de jogadores. Joguei mais de 30 jogos em cinco meses. Consegui provar que posso ser titular ou ajudar. Mas, sei lá... Eu sei que vim para cá por causa do Mourinho e o outro treinador já deixou entender que confia mais no Paulo Ferreira. Mas acho que o Chelsea é um clube assim. Com tanto jogador bom, se você der uma brecha, perde o lugar. E, como tem muitos jogos, os caras precisam de todos os jogadores o tempo todo. Qual foi sua impressão sobre o José Mourinho nos poucos dias em que você trabalhou com ele? É um treinador que treina muito com bola, é um apaixonado por futebol, é inteligente, é estratégico, sabe manejar um vestiário com muitos craques. Minha relação com ele foi perfeita. Ele que pediu a minha contratação, ele fez questão de brigar com a diretoria para me contratar. Maio de 2008

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Ben Stansall/AFP

Eu senti tanto a saída dele quanto quem trabalhou com ele aqui no Chelsea desde o começo. Foi sentida, bastante sentida. Como foi aquele dia? Foi uma surpresa bem grande. A imprensa não pôde ir ao CT para filmar ou pegar entrevista. Eu cheguei de manhã para treinar e vi um batalhão de repórteres, câmeras, helicópteros. Quando entrei, fiquei sabendo que tudo aquilo era porque o Mourinho tinha pedido demissão. Todo mundo ficou surpreendido. Até foi difícil compor a comissão técnica depois que ele saiu. Não tinha preparador físico, auxiliar, técnico. Foi meio que “o treinador do júnior sobe para o profissional”. O fisioterapeuta virou preparador físico. Depois, o Mourinho reuniu os jogadores e disse que não dava mais para suportar o que estava ao redor. Não especificou exatamente o porquê, mas disse que não dava mais para trabalhar no Chelsea. No pouco mais de um mês que você trabalhou com o Mourinho, ele chegou a pedir que você fizesse algo diferente? Pelo jeito, ele gostou de mim taticamente. Foi a impressão de quando tomamos café juntos. Ele disse que gostava de mim porque, depois que me via atacando, eu voltava para a posição rápido e não dava moleza para os atacantes. Um dia antes de ele ir embora, ele veio falar para mim que estava satisfeito com o meu trabalho e que tinha até se surpreendido um pouco, que eu estava fazendo mais do que ele esperava. Como os jogadores vêem o Avram Grant? Ele era desconhecido por grande parte dos jogadores. Até porque nem era técnico. Quer dizer, era no país dele. Aqui na Inglaterra, ele estava num outro clube como diretor técnico e veio para cá na mesma função. E sempre existe a comparação, né? Você trabalha com o Mourinho, o melhor treinador dos últimos tempos, e vem um outro treinador. Você acaba comparando a forma de jogar, a preleção, os treinamentos... E não se compara: o Mourinho é muito melhor em todos os fundamentos que dizem respeito à função de treinador. Aqui também tem algumas coisas diferentes. Quem dá os treinos é o Henk ten Cate e o Steve Clarke, que era da época do Mourinho. O Avram define os titulares, dá a preleção e comanda o time nos jogos. Com o Mourinho era do mesmo jeito? Não, não. Ele controlava tudo. Até se o jogador podia ou não fazer publicidade, como estava o departamento médico... Vixe, o Mourinho era bem diferente. No final das contas, o Chelsea entrou nos

O Mourinho pediu a minha contratação, fez questão de brigar com a diretoria para me contratar. A saída dele foi sentida, bastante sentida trilhos e chegou às semifinais da Liga dos Campeões. O que mudou? O time é bom, não tem jeito. O elenco é ótimo, tem muita qualidade. Claro, os jogadores também sabem que o presidente investe para ver o time ser campeão e carregam essa responsabilidade para dentro do campo. Você acha que o Grant está aí um pouco para fazer o papel do ‘cara do presidente dentro do departamento de futebol’? Como diretor-técnico, depois que o Mourinho pediu demissão, foi até certo que o presidente colocasse alguém mais próximo, que conhecia o grupo, para ser treinador. Foi a melhor atitude no momento. Como o time, mesmo com a mudança, continuou ganhando e jogando bem, ele preferiu manter. Veio o Ten Cate depois, que foi auxiliar do Rijkaard no Barça e foi treinador na Holanda, para compor o corpo técnico. O que se diz aí na Inglaterra, e se di-

zia na Espanha, é que o bom mesmo é o Ten Cate. Você trabalhou com ele tanto no Barcelona quanto aí e pode dizer isso melhor do que qualquer um: ele é o cara que manda, que controla? Não é o que manda, mas tem voz ativa pela personalidade forte. Jogador nenhum dá mole com ele. Se der, leva dura. Ele pega no pé por qualquer erro. Comparando ele no Chelsea e no Barcelona, aqui ele tem mais poder do que lá. No Barça, era o Rijkaard que coordenava tudo. Aqui, como ele tem esse poder de dar treinamentos, tem mais acesso para conversar com o Avram na hora em que vai ser decidido quem escalar para jogar. Dizem também que, no Barcelona, ele era o cara que segurava briga de egos entre os jogadores. Não era isso, não. Pela personalidade forte dele, ninguém dava mole, mas isso em questão de treinamento. Nada a ver com ego. Mas, depois que ele saiu, o caldo desandou e começou a ter brigas no elenco. O negócio é resultado. Se você ganha, eles não vêm à tona. Não acho que a saída dele piorou alguma coisa. A gente seria campeão da Liga dos Campeões e do Campeonato Espanhol mesmo sem o Ten Cate. Naquela época, já havia algum indício

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foi isso para você? Foi meu único gol em jogo oficial pelo Barça. [risos] Às vezes fico pensando: “Por que eu? Por que me aconteceu isso?” Podia acontecer com tanta gente, como o Ronaldinho ou com o Eto’o... Mas Deus dá as coisas a quem merece. Acho que ele deu esse gol para mim porque nunca reclamei, nunca botei a culpa em ninguém por não ser titular. Aquela foi também uma temporada em que tive um problema muito sério no tendão de Aquiles. Joguei com dores insuportáveis, tive de fazer umas duas ou três infiltrações para continuar jogando. Tudo porque eu sabia que o treinador precisava de mim. Foi o auge da minha carreira. Fazer um gol numa final de Liga dos Campeões, pelo Barcelona, lá em Paris... Eu nunca tinha sonhado com isso. Quando criança, eu sonhava em ser jogador do São Paulo, mas nunca com tanto. Era nisso que você estava pensando quando voltou ao campo, depois do jogo, e ficou andando pelo gramado com o estádio vazio? [risos] Primeiro, voltei lá para fugir da

festa no vestiário. Estavam tacando de tudo em mim: champanhe, Gatorade... Daí, falei com o segurança para saber se estava tudo livre e fui lá para relembrar de coisas que eu vivi no futebol até chegar naquele momento. Lembrei da dor no tendão e dos meus pais que saíram de Cascavel para ver a final em Paris, a convite do presidente. Aí, pensei: “Meus pais vieram de lá, comecei o jogo na reserva, por que foi acontecer isso comigo?” Pensei em tudo o que passei na esperança de que ia acontecer alguma coisa muito boa comigo. Aconteceu no lugar certo, no time certo e no campeonato certo.

Às vezes fico pensando: “Por que me aconteceu isso?” Fazer um gol numa final de Liga dos Campeões, pelo Barcelona... Nunca tinha sonhado com algo tão bom

Lluis Gene/AFP

dos problemas de relacionamento que têm vindo à tona recentemente? Quando você está ganhando, a convivência em grupo é melhor. Se você está num time grande e não ganha jogos ou títulos, vem a pressão. Aí, quem não tem equilíbrio emocional para suportar começa a gerar desentendimento, briga em treino ou dá uma entrevista falando o que não deveria. Como eu disse, é tudo em função do resultado. Como foi, para você, trabalhar com o Frank Rijkaard? Ele é o sinônimo da tranqüilidade. Trabalhar com os jogadores com quem ele trabalhou e com os que ele trabalha até hoje não é fácil. Em Barcelona, tem dois jornais que só falam do time, o Sport e o Mundo Deportivo. Aí, têm que encher vinte folhas por dia só com matérias sobre o Barça. Às vezes vêm aquelas perguntas bem fortes da imprensa e ele sai com respostas bem realistas, sem provocar polêmica. Não bastasse você jogar no Barcelona, você ainda marcou um dos gols mais importantes da história do clube. Como

Juliano Haus Belletti Nascimento: 20/junho/1976, em Cascavel-PR Carreira: Cruzeiro (1994 a 1995), São Paulo (1996 a 1999 e 2000 a 2002), Atlético-MG (1999), Villarreal (2002 a 2004), Barcelona (2004 a 2007) e Chelsea (desde 2007) Títulos: Copa do Mundo (2002), Liga dos Campeões (2006), Campeonato Espanhol (2005 e 2006),

Torneio Rio-São Paulo (2001), Campeonato Paulista (1998 e 2000) e Campeonato Mineiro (1996 e 1999)

Na Seleção: 23J / 2G

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ESTADUAIS

GOLPE

por Dassler Marques e Gustavo Hofman

DE

ESTADO Os desfechos bons e ruins para o Brasileirão, muitas vezes, são determinados a partir dos Estaduais. Para 2008, não deve ser diferente

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ra um Fla-Flu que não valia nada e fechava a fase de classificação da Taça Guanabara, primeiro turno do Estadual do Rio de Janeiro. Mesmo assim, 39.056 pessoas pagaram para entrar no Maracanã na noite de 10 de fevereiro de 2008, domingo de chuva. Em campo, os clubes atuaram praticamente só com reservas. O Fluminense ganhou por 4 a 1 em grande apresentação de Thiago Neves, mas o resultado teve relevância bem pequena para o decorrer da competição.

E

Em teoria, não há explicações para um público tão elevado para um jogo tão irrelevante. Ali, entretanto, ficava evidente o sentimento que o campeonato estadual tem para o torcedor comum. Nenhum torneio exprime tão bem a possibilidade de vencer o rival local. Essa realidade ficou ainda mais forte em 18 de abril. Dois dias antes da final da Taça Rio entre Fluminense e Botafogo, o jornalista e historiador Hélio Sussekind, adepto do Tricolor, comprou um espaço publicitário nas

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Jorge R. Jorge

Flu 4x1 Fla, clássico entre dois times reservas para cumprir tabela diante de quase 40 mil torcedores

páginas esportivas de O Globo para incentivar seu clube. No texto, frases como “nenhuma Libertadores é mais importante que o título estadual”. Tradicionais para imprensa e torcedores e importantes pelas ligações políticas entre CBF e federações, os Estaduais sobrevivem em polêmicas. Os títulos são comemorados qualquer que seja o vencedor, mas cada um vê um valor diferente na conquista. Até porque o torneio mais importante da temporada de qualquer grande clube, o

Campeonato Brasileiro, começa semanas depois. Assim, cabe refletir: qual a importância econômica e esportiva que os clubes dão aos Estaduais?

Sinais vitais O processo de desvalorização dos Estaduais não é recente. Desde meados da década passada, os torneios já se tornaram secundários no planejamento de vários grandes clubes. Uma realidade que se intensificou a partir de 2002, quando os regionais substituíram, na

2003 A formação do timaço de Luxemburgo e Alex se deu já no fim de 2002. No ano seguinte, o time se desenvolveu, ganhou o Estadual com um pé nas costas e projetou o crescimento que resultaria nos títulos da Copa do Brasil e do Brasileiro

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prática, os Estaduais, e em 2003, com A perda de espaço no calendário a implantação do Campeonato Brasilei- não significa necessariamente que os ro em pontos corridos e a organização Estaduais devam ser descartados. Por dos Estaduais em apenas 12 datas. exemplo, é a oportunidade de ter conUm motivo dessa predileção pelo tato com o trabalho das equipes pequecampeonato nacional é econômico. nas. “Fico feliz demais em ver as equiPor contar em grande parte com equi- pes do interior chegando à fase decisiva. pes tradicionais, de cidades populosas Sou a favor dos Estaduais, pois fazem e com torcidas numerosas, o público parte da nossa cultura, embora muitos e a audiência na TV são melhores no jornalistas venham fazendo força para Brasileirão. Além disso, o maior desa- que a competição perca espaço”, acusa fio técnico motiva as equipes. Emerson Leão, técnico do Santos. Isso fica ainda mais evidente em EsÉ uma opinião rara entre os intetados cujos mercados são menores, em grantes de clube grande. Em geral, o que a televisão paga menos pelos di- tratamento é menos condescendente. reitos de transmissão e os clubes do Os Estaduais se transformaram em um interior são mais fracos. “Concorremos elemento estranho no planejamento com vários outros Estaduais grandes, dos clubes. Como não têm importâncomo São Paulo, Minas Gerais e Rio de cia econômica nem interesse esportivo, Janeiro. Eles têm valores consideráveis servem apenas como treino. “O Estadual pagos pela televisão, traz uma noção do mas todos os outros elenco que se tem 2004 clubes entram nas em mãos. Os clubes Com três gols de Jean e um competições maiores podem avaliar as time que se caracterizava com uma defasacontratações e dar pela disposição e pela boa gem. Não é rentátempo para adapfase de Felipe, o Flamengo de vel”, afirma Mário tar quem chegou”, Abel Braga bateu o Vasco no Celso Petraglia, preaponta o ex-jogador sidente do Conselho Caio, hoje comentaEstadual e criou esperanças Deliberativo do Atlérista da Rede Globo. de um bom Brasileirão. Mas tico-PR. A opinião é O Flamengo foi um o time era fraco, não compartilhada por Hoexemplo. Em situação suportou um torneio mero Lacerda, ex-direconfortável após venlongo e ficou tor de futebol do Sport: “O cer a Taça Guanabara, em 17º Pernambucano é fraco finano clube da Gávea poupou ceiramente e nos dá prejuízo”. muitos jogadores no segundo

ESTADO POR ESTADO Cada campeonato estadual tem suas características e deu diferentes condições para seus clubes se prepararem para o Brasileirão. Para analisar o quanto cada torneio serviu como preparação, a Trivela ouviu profissionais – entre jornalistas, jogadores, dirigentes e técnicos – de todos os Estados com equipes na Série A. Veja um resumo do que cada Estadual representou em 2008

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Bahia

Goiás

Minas Gerais

Paraná

O Baiano foi um dos Estaduais mais longos do país, com 25 partidas para os quatro finalistas. O Vitória enfrentou turbulências, perdeu dois Ba-Vis na primeira fase, e tropeçou em alguns times pequenos. Ainda assim, não se viu evolução no interior

Novamente, o Campeonato Goiano contou com financiamento da federação local para a chegada de nomes de algum peso. Com isso, mesmo equipes menores, como Itumbiara e Anápolis, mantiveram um nível razoável e deram algum trabalho aos grandes

Minas Gerais segue com um torneio de apenas 15 datas, o que permite que os clubes mineiros se preparem com mais cuidado nesse início de ano. O rebaixamento do Ipatinga mostra que os times fora das Séries A e B nacionais estavam com nível técnico razoável

Mesmo considerado um Estado emergente no cenário nacional, o Paraná vê seu futebol num momento politicamente instável, e boa parte das equipes do interior teve desempenho fraco. O único parâmetro técnico para os grandes foram os clássicos

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Nabor Goulart/Futura Press

Derrota para o Juventude expôs fragilidade do Grêmio

com mais valor moral do turno. “É pré-temporada, 2005 que esportivo. só que é melhor fazer Nos pênaltis, o No Paulista, o São essa preparação em Goiás perdeu o Goiano Paulo ignorou o faum jogo oficial do para o Vila Nova. O clube soube to de ter uma partique em amistosos, da decisiva com o ainda que atrapaidentificar os problemas: no meio Atlético Nacional lhe um pouco a do Brasileirão, trouxe Geninho pela Libertadores disputa da Libere reforços como Souza, Roni e e colocou o time tadores”, comenta Dodô, terminando em terceiro principal para eno meia Ibson. lugar e chegando à sua frentar o Palmeiras Em São Paulo, primeira Libertadores nas semifinais. No Rio foi o que fizeram Palde Janeiro, a cultura de meiras e Santos. Ambos clássicos é fundamental paprecisavam montar os times após mudanças profundas nos elen- ra o dia-a-dia dos clubes. “O torcedor cos. As duas equipes tiveram momen- carioca valoriza muito a gozação após tos de instabilidade, mas Vanderlei os clássicos”, avalia Márcio Guedes, Luxemburgo e Leão tiveram paciência colunista do jornal O Dia e comentapara encontrar um padrão de jogo ain- rista da ESPN Brasil. Para não perder o rumo, o clube da na primeira fase. precisa ter bem claro qual seu objeRivalidade atrapalha tivo na temporada. No Atlético-MG, No papel, parece perfeito. Nem o Mineiro 2008 teve um papel mais sempre, porém, dirigentes, imprensa, importante que o normal. Como o clutorcida ou mesmo os jogadores com- be comemora seu centenário, a torcipreendem a situação. Nos Estaduais, da faz questão de um título, nem que as rivalidades afloram nos momentos seja o Estadual. E isso não mudou o decisivos e os times se vêem obriga- discurso da diretoria. “O Estadual serdos a lutar pela vitória. Desse modo, o viu como experiência para saber quais que seria preparação acaba ganhando jogadores ficam para o ano todo. status de partida fundamental na tem- Contratamos muitos reforços e preciporada. E uma derrota teoricamente sávamos testá-los. O Mineiro foi uma compreensível vira motivo para um boa pré-temporada”, afirma Ziza Vaprincípio de crise. Ou então, há o risco ladares, presidente do Atlético-MG. de minar a campanha no torneio mais Nem sempre há uma frieza tão granimportante em troca de uma vitória de para tratar o Estadual. Há quem

Pernambuco

Rio de Janeiro

Rio Grande do Sul

Santa Catarina

São Paulo

A péssima campanha do Santa Cruz pode até ser um sinal de bom momento do interior. Mas serviu mesmo para tirar de Sport e Náutico a oportunidade de testar suas equipes contra um terceiro adversário forte. Foram apenas dois clássicos em todo o torneio

O Estadual do Rio perdeu força em 2008. A ampliação de 12 para 16 times baixou o nível técnico dos times pequenos, algo que ficou ainda mais forte com o fim dos jogos no interior. Os únicos jogos tecnicamente relevantes foram os clássicos

Salvo Juventude, Caxias e Inter de Santa Maria, o interior teve nível técnico mais baixo que o comum para o Estado. A dupla Gre-Nal não encontrou dificuldade para vencer no interior, e fica difícil avaliar o estágio técnico atual dos dois grandes

Representante catarinense na Série A, o Figueirense só tem o rival Avaí e o competitivo Criciúma como equipes que servem como parâmetro, algo que fica ainda mais forte pelo fato de o Alvinegro não ter disputado a Copa do Brasil neste ano

Apenas dois dos quatro clubes grandes chegaram à semifinal. O interior apresentou algumas boas equipes e ajudou alguns times a evoluírem – Palmeiras e Santos – ou a evidenciarem seus problemas – Portuguesa e São Paulo Maio de 2008

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Atlético-MG 20 a 21 Deu mais experiência para os jovens e testou vários jogadores Ainda não tem uma cara totalmente definida no ano do centenário Deve dar grande atenção para a Copa Sul-Americana desse ano

Atlético-PR 27 Não usou reservas no Estadual como nos dois últimos anos Enfrentou adversários fracos e perdeu jogadores importantes Vários jovens foram lançados durante o Estadual

Zanone Fraissat/Futura Press

TIME A TIME, AS EXPECTATIVAS PARA O BRASILEIRÃO 2008

Assim, vencer o Estadual se deixe levar pelas vi2006 representa a melhor tórias e superestime o Mesmo sem bater chance de terminar potencial de seu time. o Inter na final, o Grêmio o ano com uma O Sul do país oferefoi campeão gaúcho em 2006 peça a mais na ceu dois casos em sala de troféus. 2008. O mais claro, (venceu por gols fora de casa após Outras forças pelo modo como a dois empates). Para muitos, era regionais vicrise se instalou sorte. Mas, na verdade, era mais vem a mesma rapidamente, foi uma etapa do aprimoramento realidade. Com o do Grêmio. Medo time que veio da Série o Brasileiro fora lhor campanha na B e foi terceiro no de alcance, é quase primeira fase do GaúBrasileirão obrigação superar os cho, o Tricolor ficou inrivais locais, e os Estaduais victo por 15 partidas. Nem a substituição precipitada de técnico – ainda guardam o status de competisaiu Vágner Mancini e entrou Celso ção importante. “No Brasileiro, nós Roth sem que os resultados em cam- não somos uma das maiores equipes. po justificassem a troca – abalou a Aqui em Santa Catarina é diferente, somos o time a ser batido. Por isso, confiança gremista. O problema é que tal trabalho não a pressão é muito grande”, comenta tinha sustentação. Quando a equipe Felipe Santana, zagueiro do Figueiperdeu, ruiu. “Valorizou-se demais rense. Marcelo Batatais, zagueiro a invencibilidade do Grêmio. Mas e capitão do Vitória, faz coro: “O algumas pessoas da imprensa aler- Estadual é muito importante para taram que era uma ilusão. Boa parte Bahia e Vitória. Se a gente não ganha, dos times pequenos é muito ruim e é cobrado. O Campeonato Baiano não foi só confrontar diante de times or- é só preparação, é obrigação.” Quem não consegue atingir os obganizados para isso ficar claro”, opina Cláudio Cabral, comentarista da jetivos pode entrar em crise. Mas, se rádio Bandeirantes de Porto Alegre, tiver cabeça fria, verá que um dereferindo-se a Juventude e Atlético- sempenho ruim no Estadual pode GO, algozes do Tricolor no Estadual e servir para identificar problemas e mudar os rumos antes do Brasileirão. na Copa do Brasil. Situação parecida havia vivido o Um exemplo claro é o Ipatinga, que Atlético-PR semanas antes. O Fu- subiu à Série A em 2007, mas pasracão venceu as 12 primeiras partidas sou o vexame de ser rebaixado no do Paranaense e já se colocou como Mineiro quatro meses depois. “O um dos times mais fortes do país. No Ipatinga tem tudo para ser o América cenário nacional, porém, não resistiu de Natal de 2008”, afirma Cláudio à primeira fase da Copa do Brasil. Arreguy, editor de esportes do jornal Foi eliminado, nos pênaltis, pelo “Estado de Minas”. Com problemas e virtudes, os EstaCorinthians-AL. O Rubro-Negro ainda tem um ate- duais dão a oportunidade de um clube nuante. A crise não foi profunda a se orientar para o Brasileirão. Isso, claponto de evitar que o time chegasse ro, se avaliar o desempenho nos primeiros meses da temporada. à decisão estadual. Além disso, Pela rivalidade que esses para o Atlético-PR, o Pa2007 torneios envolvem, a ranaense tem, de faO América-RN festa de qualquer to, uma importância tinha o segundo melhor campeão é válida. maior. “Atlético e aproveitamento dos Estaduais Mas tão imporCoritiba percebeno ano, mas perdeu a final por tante quanto ela ram que, para o 5 a 2 para o ABC. Veio uma crise é identificar as estágio atual de possibilidades ambos, é impossíprecipitada, com troca de técnico de sua equipe vel ganhar o Brasie reformulação do elenco. para o resto do leiro”, comenta LeoAssim surgiu o pior time dos ano. Duas coisas nardo Mendes Júnior, Brasileirões por pontos que nem sempre aneditor de esportes do corridos dam lado a lado. jornal “Gazeta do Povo”.

Botafogo 27 Cuca reconstruiu a equipe e teve bom retrospecto nos clássicos Dirigentes e elenco voltaram a mostrar instabilidade emocional Wellington Paulista vive grande fase e é candidato à artilharia

Coritiba 29 Dorival Júnior tem experiência em remontar equipes com jovens Não manteve a base promissora que subiu para a Série A Pode sofrer perdas importantes no meio da competição

Cruzeiro 25 Usou jogos fáceis para rodar o elenco e testar jogadores Sofreu mais que o necessário contra times pequenos Tem tradição em vender muitos jogadores no meio do ano

Maio de 2008

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Fotos Vipcomm

Figueirense 24 Gallo já vinha bem no fim de 2007 e se manteve à frente do time Não jogou a Copa do Brasil, perdendo o parâmetro nacional Clube aposta em Rodrigo Fabri, que não joga bem desde 2002

Santos 27 Mesmo eliminado, cresceu na reta final do Paulista Falta dinheiro para investir em reforços de ponta Leão tem dificuldade em manter um bom ambiente por muito tempo

Flamengo Internacional 28 Ganhou a Taça Guanabara e usou a Taça Rio para rodar o elenco A permanência de Ibson é difícil e o time não jogou muito fora de casa Em 2007, a equipe dependeu demais dos resultados no Maracanã

27 Deu mais corpo ao time que começou a se formar em 2007 Teve dificuldades quando enfrentou adversários minimamente fortes Em boas condições físicas, Nilmar é um jogador acima da média nacional

Fluminense São Paulo

Ipatinga

Junior Lago/Futura Press

26 Tem dinheiro para resistir ao assédio internacional e manter a base Insistiu no uso de três atacantes e atrasou a formação do time Thiago Silva e Thiago Neves estão entre os melhores jogadores no Brasil

11 Após cair no Mineiro, baixou as pretensões no Brasileirão Ser rebaixado no Estadual é sinal claro de fragilidade Nas últimas passagens na elite, por Sport e Santa Cruz, Giba foi mal

Sport

Náutico 27 a 28 Mantém Roberto Fernandes e o estilo ofensivo de atuar Perdeu vários jogadores de 2007 e depende muito de Geraldo Wellington tem média superior a um gol por partida

Goiás 25 a 26 Caio Júnior é bom para planejar e reconstruir equipes Continua muito dependente de Paulo Baier Emprestado pelo Atlético-PR, o meia Evandro começou bem o ano

Grêmio 20 Está acostumado a atingir bons resultados com elencos limitados Ambiente na direção é delicado, e o time começa a Série A sob pressão Troca de técnicos e de diretores evidenciam falta de planejamento

28 a 29 Reforçou e aprimorou o time que terminou 2007 Nelsinho Baptista não vive grande fase nos últimos anos Magrão, Luizinho Netto, Dutra, Romerito... vários titulares são trintões

Vasco

Palmeiras 27 a 28 Superou um início difícil e formou um time consistente Jogadores como Valdivia se valorizaram e são sondados por clubes europeus Usando bem o Estadual, Luxemburgo foi campeão com o Cruzeiro

Portuguesa

24 Pode tirar boas lições do Estadual, como apostar em jogo rápido com base nos garotos Fez apenas dois pontos nos cinco clássicos e aceita os caprichos de Edmundo Provavelmente, é o último Brasileiro de Edmundo

Vitória

25 Mostrou bom nível de competição nos jogos mais difíceis Embora raçudo, carece de técnica e cai muito sem Diogo É grande a expectativa para a estréia de Diogo na Série A Número de jogos

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29 Tem confiança para crescer nos jogos decisivos Demora a arrumar um padrão e perderá Adriano no meio do ano Possui um elenco reduzido e sem reservas para algumas posições

31 Os experientes Ramon e Rodrigão chegaram bem ao Barradão Em quatro meses, já usou mais de 40 jogadores e trocou de técnico Costuma revelar bons jogadores

Pontos positivos

Pontos negativos

Fique de olho

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PROMESSAS por Dassler Marques

MEU PRIMEIRO

BRASILEIRÃO Todos os anos, a Série A vê o surgimento de uma nova leva de garotos talentosos. Não deve ser diferente em 2008. Veja alguns dos candidatos a revelação do campeonato Nome Vinícius Barriviera

Divulgação/Atlético-PR

Nascimento 19/julho/1985, em Marechal Cândido Rondon (PR) Posição Goleiro

Altura 1,91 m

Peso 88 kg

Carreira Divisões de base do Atlético-PR

VINÍCIUS

No ano passado, o Atlético-PR sofreu com o instável Guilherme e o atrapalhado Viáfara. Hoje, a camisa 1 rubro-negra vive uma fase razoavelmente tranqüila. Vinícius, de 23 anos, ganhou de Ney Franco a titularidade em 2008. E não saiu mais. Equilibrado, sereno e discreto, ele foi titular em todos os jogos do RubroNegro em 2008. Com Danilo, Antônio Carlos e Rhodolfo, forma uma defesa segura como há tempos os atleticanos não tinham.

Nome Thiago Carleto Alves Nascimento 24/março/1989, em São Bernardo do Campo (SP) Posição Lateral-esquerdo

Altura 1,72 m

Peso 68 kg

Divulgação/Santos

B

reno, Ramires, Dentinho, Leandro Almeida e Léo. Hoje, todos esses nomes são comuns ao torcedor. Há um ano, eram desconhecidos. E assim é a cada temporada. Jogadores são vendidos e as equipes lançam mão de jovens para repor as perdas. Considerando que a situação financeira dos clubes brasileiros não melhorou radicalmente nos últimos meses, a tendência deve seguir para 2008. Assim, tão importante quanto falar das estrelas de cada time é apontar as melhores apostas para revelações. Por isso, a Trivela preparou uma lista com algumas das promessas que podem estourar no Brasileirão 2008. Ainda que hoje sejam conhecidos apenas pelos torcedores de seus clubes – ou, no máximo, em seus Estados – eles podem chegar ao fim do ano na condição de protagonistas de alguns dos principais clubes do país.

Carreira Divisões de base do Santos A concorrência de Thiago Carleto, admite-se, é muito forte. O lateral-esquerdo santista tem, como titular, o selecionável Kléber. No entanto, o garoto de 19 anos mostrou, nas oportunidades que teve, capacidade para ser apontado como candidato a revelação. Com ótima capacidade técnica e física, ele possui um foguete na perna esquerda e foi um dos destaques da Copa São Paulo 2008. Carleto precisa, porém, melhorar na marcação, uma deficiência que já irritou Emerson Leão.

THIAGO CARLETO


Divulgação/São Paulo

Nome Aislan Paulo Lotici Back

ZÉ EDUARDO Divulgação/Cruzeiro

Nascimento 11/janeiro/1988, em Curitiba Posição Zagueiro

Altura 1,91 m

Peso 88 kg

Carreira Divisões de base do São Paulo No último ano, Muricy Ramalho teve problemas para montar sua defesa e recorreu a Breno, que dava sopa nas categorias de base. Como o número de opções para Muricy montar a defesa é escasso, existe uma chance razoável de isso se repetir em 2008. A bola da vez é Aislan. Há mais de quatro anos no clube, foi o parceiro de Breno na dupla de zaga na Copa São Paulo de 2007. Com muita raça e disposição, era comparado a Lugano.

AISLAN

Nome José Eduardo de Araújo

RENAN

Nascimento 16/agosto/1991, em Uberaba (MG)

Nome Renan Fernandes Garcia

Posição Meia

Nascimento 19/junho/1986, em Batatais (SP)

Altura 1,83 m

Posição Volante

Peso 80 kg

Carreira Batatais (2003 a 2005), Atlético-MG (2005 a 2007), Santa Cruz (2007) e Atlético-MG (desde 2007) Personalidade, força, marcação, bom passe e um chutaço de esquerda. É com esse cartão de visitas que o volante Renan se apresenta como um dos principais candidatos a revelação do Brasileirão-2008. Um talento que o Atlético-MG quase desperdiçou. Ano passado, ele perdeu espaço com Levir Culpi no Campeonato Mineiro, foi emprestado ao Santa Cruz e chegou a fazer testes no Brondby, da Dinamarca. Sobrou tempo, entretanto, para Renan retornar ao Galo e fazer boas partidas antes do fim do ano. É em 2008, porém, que seu melhor futebol tem aparecido e feito muito bem para o time de Geninho.

Nome Bruno Caldini Perone

Divulgação/Figueirense

No início do ano, o Cruzeiro foi criticado por contratar muitos volantes. Nem isso, porém, impediu que Adílson Baptista lançasse o jovem Zé Eduardo. Promovido durante o Campeonato Mineiro, o meio-campista agradou já na estréia, construindo a jogada do gol da vitória sobre o Social. As comparações com Ramires são freqüentes. O pupilo de Adílson Baptista se movimenta bastante e chega ao ataque com naturalidade. “É um menino de muito potencial, que tem disciplina tática, personalidade e joga pelo time”, avaliou o treinador. Mesmo que não atue com regularidade nesse Brasileirão por causa do excesso de concorrentes no elenco, Zé Eduardo pode esperar. Afinal, tem apenas 16 anos.

Esse será seu primeiro Brasileiro como titular absoluto. É diferente a sensação? Ano passado eu terminei como titular, mas não me firmei totalmente. Agora, quero me destacar o ano todo. É importante a atenção que o Atlético tem dado aos jogadores da base? Certamente foi. O Atlético sempre visou a sua base. Todos precisam se espelhar nesse modelo. É por isso que eu cheguei aqui. Como você vê a comparação de seus chutes com os do Éder? Fico feliz demais, mas não é bem assim. Espero fazer história no Atlético como ele.

Peso 82 kg

Fernando Pilatos/Gazeta Press

Carreira Divisões de base do Cruzeiro

Altura 1,86 m

“Quero me destacar o ano todo”

Nascimento 6/julho/1987, em São Paulo Posição Zagueiro

Altura 1,91 m

Peso 87 kg

Carreira J. Malucelli e Figueirense

BRUNO PERONE

Desde o início do ano, o Figueirense perdeu Chicão, Édson e César, seus três principais zagueiros. Estava aberta a oportunidade para Bruno Perone, que aproveitou a chance para se consolidar na defesa, fazendo companhia a Felipe Santana e Asprilla. O zagueiro de 20 anos tem porte físico avantajado e mostra qualidade na sobra. “É um zagueiro firme e muito técnico. Aqui a torcida exige muito dos defensores e o Bruno vem se saindo muito bem”, enaltece Felipe Santana.

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Divulgação/Sport

Nome Kássio Rinaldo de Lima Gomes

ALEX TEIXEIRA

Posição Meia

Altura 1,76 m

Ricardo Ayres/Divulgação

Nascimento 23/maio/1987, em Recife Peso 63 kg

Carreira Santa Cruz e Sport (desde 2007) O habilidoso e driblador meia Kássio poderia ser uma das principais figuras do Santa Cruz na disputa da Série C. No entanto, o jogador foi mais uma perda do Tricolor em sua crise. Com salários atrasados, ele deixou o Arruda para integrar o elenco do rival Sport, que já tem usado o meia no Campeonato Pernambucano. O clube aposta tanto no garoto que já iniciou um trabalho específico de aumento de força física e massa muscular.

KÁSSIO

Nome Alex Teixeira Santos Divulgação/Coritiba

Nome Marlos Romero Bonfim Nascimento 7/junho/1988, em São José dos Pinhais (PR) Posição Meia-esquerda

Altura 1,74 m

Peso 70 kg

Posição Atacante

Carreira Divisões de base do Coritiba A principal aposta do Coritiba para 2008 é um meia-esquerda habilidoso, bom nas bolas paradas e de carreira iniciada no futsal da AABB. O currículo de Marlos é muito parecido com o de Alex, do Fenerbahçe. Uma semelhança que já motivou comparações e criou uma expectativa em torno do garoto de São José dos Pinhais. O meia já faz parte do time profissional do Coxa desde 2006, mas só conseguiu regularidade com Dorival Júnior, que lhe deu a responsabilidade de liderar o meio-campo alviverde.

Altura 1,73 m Peso 68 kg Carreira Divisões de base do Vasco

MARLOS

TARTÁ “Espero repetir o que fiz na base”

Nome Vinícius Silva Soares Nascimento 13/abril/1989, no Rio de Janeiro Posição Meia-esquerda Altura 1,71 m

Peso 65 kg

Marcia Feitosa/Fotocom.net

Carreira Divisões de base do Fluminense Tartá é observado por Renato Gaúcho há algum tempo. Após seis anos em Xerém, é tratado como a grande revelação tricolor nos últimos anos. Meia-esquerda habilidoso, gosta de variar o ritmo do jogo. Sua estréia foi marcante: gol da vitória sobre o Figueirense pelo Brasileirão 2007. Depois disso, o jogador ainda foi destaque no Brasileiro sub-20 e na última Copa São Paulo. No Estadual do Rio deste ano, com os pequenos enfraquecidos, Dodô contundido e Leandro Amaral com problemas judiciais, Renato Gaúcho resolveu dar mais chances a Tartá.

Nascimento 6/janeiro/1990, em Duque de Caxias (RJ)

O que significou sua estréia contra o Figueirense? Aquela partida foi muito importante, porque me deu confiança. É bom estrear fazendo gol. Existe uma expectativa diferente pra este ano? Será meu primeiro Brasileiro como profissional. Espero repetir as atuações da base. Mesmo com grande concorrência, você vem tendo muitas chances. Isso se deve ao bom trabalho em Xerém.

O ano não promete ser dos melhores para o Vasco. Com um time fraco e sem investimentos, a principal possibilidade de brilho está nos jovens que são lançados. E, entre esses, destaca-se Alex Teixeira, titular cruzmaltino desde o primeiro jogo de 2008. Principal jogador brasileiro no Mundial sub-17, o meia-atacante já teve proposta do Chelsea, prontamente recusada por Eurico Miranda. Bastante veloz, driblador e com uma boa capacidade de finalização, Alex Teixira atua tanto na meia como no ataque. “Ele tem cabeça boa e um grande futuro pela frente”, avalia o companheiro Jean, do Vasco. O desempenho no Estadual do Rio confirma essa expectativa. Resta ver se esse potencial se consolida no Brasileiro.


WESLEY WELLINGTON Nome Wesley Lopes Beltrame Nascimento 24/junho/1987, em Catanduva (SP) Posição Atacante Altura 1,79 m

Peso 63 kg

a Pr utur ral/F Ama dro Lean

No meio dos badalados Alemão, Carleto, Tiago Luís e Anderson Salles, Wesley é o garoto que vem tendo mais destaque no Santos em 2008. Depois de discretas apresentações no ano passado, o atacante se tornou titular com Emerson Leão. Como muitos atacantes leves e habilidosos que surgiram na Vila Belmiro nos últimos anos, Wesley foi comparado a Robinho. O estilo dos jogadores é um pouco parecido, mas o catanduvense tem mais dificuldade na finalização. Em contrapartida, ajuda na marcação dos laterais adversários e se desloca bem pelos lados do campo.

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Carreira Divisões de base do Santos

Divulgação/Náutico

‘Espero começar em ritmo forte’ Qual a diferença do Wesley de 2007 para o que tem agradado neste ano? O principal é a confiança. Entrei em um jogo difícil e perdi espaço, mas hoje meu trabalho tem sido muito melhor. O Leão me deu oportunidades e tento fazer o que ele pede. Qual a sua expectativa para este Brasileirão? No começo do ano, o Santos estava em formação. Hoje, há uma base e a união é o forte dessa equipe – isso faz diferença. Minha expectativa é já começar em ritmo muito forte. Estou preparado para isso.

Nome Wellington Luís de Sousa Nascimento 11/fevereiro/1988, em Ourinhos (SP) Posição Atacante Altura 1,86 m Peso 86 kg Francisco Galvão/Divulgação

Nome Marcos Antonio da Silva Gonçalves Nascimento 19/outubro/1989, em Prado (BA) Posição Atacante

Altura 1,75 m

Peso 62 kg

Carreira Divisões de base do Vitória O Vitória se notabilizou pelo bom trabalho ao lançar jogadores criados em casa. De volta ao Brasileirão, o Leão da Barra pretende seguir essa política. Em 2008, a esperança está em Marquinhos. Leve e rápido, o atacante mostra oportunismo, apesar do porte físico frágil. Caso ganhe força física e mantenha a evolução, Marquinhos tem boa possibilidade de seguir com a tradição do Rubro-Negro baiano.

MARQUINHOS

Divulgação/Grêmio

Nome Rafael de Souza Pereira Nascimento 18/junho/1989, no Rio Janeiro Posição Volante

Altura 1,79 m

Peso 72 kg

Carreira Pão de Açúcar e Grêmio

RAFAEL CARIOCA

As traumáticas eliminações na Copa do Brasil e no Campeonato Gaúcho deixaram a terra arrasada no Olímpico. Nem tudo, porém, foi negativo. O ponto positivo é a afirmação de Rafael Carioca, volante que entrou bem contra Juventude e Atlético-GO. Se ainda é cedo para falar de sucesso no profissional, a história de Rafael nas categorias de base serve como um bom parâmetro de seu potencial. No Campeonato Brasileiro sub-20 de 2007 e na Copa São Paulo de 2008, o jogador foi um dos mais eficientes do Tricolor gaúcho com sua presença física notável, boa marcação e passe de qualidade.

Carreira Internacional (2006 e 2007), São Caetano (2007) e Náutico (desde 2008) Criado no Internacional, Wellington formou dupla de ataque com Alexandre Pato. No entanto, não explodiu tão rápido quanto o ex-colega. Tanto que, só agora, no Náutico, que o centroavante se firma no profissional. Nos primeiros 12 jogos do ano, marcou 13 gols, mesmo sem ser titular absoluto da equipe. O atacante deixou o Beira-Rio após a trágica campanha do Colorado no Gaúcho de 2007. Depois de uma passagem sem sucesso pelo São Caetano, Wellington foi emprestado ao Náutico. Atacante de área, muito forte no jogo aéreo, Wellington tem na Série A uma boa oportunidade para ratificar o futebol apresentado no Campeonato Pernambucano.

Maio de 2008

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Mano Menezes sabe que o Corinthians será o centro das atenções na Série B e que o time não está pronto, mas confia na evolução desde o início do ano

AINDA

PRECISA

Junior Lago/Futura Press

MELHORAR entrevista mano.indd 2

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ENTREVISTA RR MANO MENEZES por Gustavo Hofman, Dassler Marques e Ubiratan Leal

arque São Jorge vazio. Já desclassificado no Campeonato Paulista, o Corinthians ficou com a agenda vazia até a estréia na Série B. Um mês com apenas dois jogos isolados, pela Copa do Brasil. Assim, não é de se estranhar que a imprensa tenha preferido ir ao clube de manhã, para adiantar o serviço. Nesse ambiente, foi tranqüilo conversar com Luis Antonio Venker Menezes, ou Mano Menezes. O técnico contratado para liderar o retorno do Corinthians à elite brasileira é um sujeito sereno. Solícito, respondeu às perguntas da reportagem da Trivela pacientemente, mas sem entregar alguma fraqueza ou dar chances a atos falhos. Ainda assim, reconheceu que o Alvinegro ainda não está no ponto ideal para encarar a Segundona. “Vamos reforçar alguns setores”, diz com convicção. Mano ainda falou sobre o que pôde aproveitar do quinto lugar no Paulista e sobre o trabalho para fazer com que Lulinha e Acosta rendam o esperado. “Eles têm o comportamento certo para sair dessa situação: não estão acomodados, não culpam outros, não transferem responsabilidades”, comenta. Veja abaixo os principais trechos da entrevista com o técnico do Corinthians.

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O Corinthians teve um início ascendente no Paulista, mas não deu o salto no momento decisivo. O time estagnou? O Corinthians fez um campeonato sem instabilidades. Tivemos uma série de empates, mas nem sequer perdemos jogos para criar um clima de decepção no transcorrer da competição. Nossa campanha foi estável dentro daquilo que a equipe podia produzir. O problema é que a última impressão sempre é a que fica e deixamos escapar a vaga na última rodada. Dentro dessa estabilidade, o que se pôde avaliar desse início de temporada? Nós saímos do Paulista com mais aspectos positivos do que negativos. Estabelecemos algumas metas no início e estas foram se confirmando aos poucos. Primeiro, precisávamos montar uma base. Fazer isso durante um campeonato sempre é complicado, ainda mais considerando que o Corinthians vinha de queda de divisão e tem uma cultura de participação de muita gente em algumas questões. Mas passamos até com certa naturalidade e resgatamos a credibilidade que o torcedor precisa ter na equipe. O fato negativo é que deixamos a classificação escapar, o que deixa uma frustração. O Corinthians tem uma defesa bem armada, mas o time tem dificuldade quando precisa pressionar o adversário. O aprimoramento do trabalho passa por aí? Passa. Quando uma equipe está sendo montada, é mais fácil jogar no erro do adversário. Então, quando enfrentamos equipes que tomavam a iniciativa, tivemos menos dificuldades no jogo, mesmo

que ela fosse mais qualificada tecnicamente. Quando você pega uma equipe que espera mais, aparecem as dificuldades da primeira montagem. É mais difícil atacar. Mas não é perigoso isso para a Série B, considerando que todos vão jogar fechados contra o Corinthians? Por isso que vamos estar melhores na Série B. Estamos buscando reforçar alguns setores. Todo mundo quer um meia de ligação. Mas há poucos meias de ligação no mercado e eles custam caro. Na primeira parte do nosso trabalho não tínhamos essa capacidade de investir. Agora, vão chegar reforços, e queremos trazer jogadores para serem titulares. Dois jogadores ofensivos em que se apostava muito eram o Acosta e o Lulinha, e ambos não renderam bem. Faz parte do contexto. O Lulinha ainda não tem uma trajetória no futebol. É preciso ter muita calma para não se formar conceitos definitivos tão cedo. Outra coisa a se pensar, aí sobre o Acosta, é que às vezes um jogador demora para se adaptar a um novo ambiente. O que eu considero importante nos dois

A direção dirige, o treinador treina, os jogadores jogam e a torcida torce e ajuda. Quando você inverte esses papéis, surgem problemas

casos é que eles estão com um comportamento adequado para sair dessa situação. Não estão acomodados, não culpam os outros, não transferem responsabilidades. No Grêmio, o Ânderson também tinha presença cobrada pela imprensa. Na época, você dosou a entrada dele no time titular e ele acabou sendo decisivo. Essa experiência o ajuda com o Lulinha? Não, porque são situações distintas. A carreira do Lulinha nas categorias de base é imensamente superior à do Ânderson. O Ânderson teve uma trajetória muito conturbada, chegou a ser mandado embora por indisciplina... No entanto, a cobrança da imprensa era inversa, com pressão maior pelo Ânderson. Uma semelhança é que ambos pularam a última categoria na base. Isso faz que faltem fundamentos importantes para eles. Por exemplo, o entendimento de jogo do Ânderson era muito baixo e ele acabava resolvendo o jogo só na individualidade. Cabe ao treinador administrar isso, trabalhar para que o jogador tenha capacidade de suportar a responsabilidade que querem dar a ele. Você disse que, culturalmente, as decisões do Corinthians contam com a participação de muita gente. Como lida com isso, principalmente com a Gaviões da Fiel, que já participou de diversas decisões no clube? No futebol cabe um papel para cada segmento. A direção dirige, o treinador treina, os jogadores jogam e a torcida torce e ajuda. Quando se invertem esses papéis, surgem problemas. Claro que cada clube tem a sua característica e não dá para mudar isso, mas procurei mostrar que ia fazer a minha parte para que todos se dedicassem às suas. E está acontecendo dessa forma. Foi possível acompanhar algo dos outros times da Série B? É uma coisa bastante subjetiva. O parâmetro que se tem é dos estaduais, cada um com seu grau de dificuldade. É possível ter uma idéia, até por alguns enfrentamentos na Copa do Brasil, que reúne equipes da segunda divisão. Uma análise prática, só quando começar a Série B. Leia a entrevista completa em www.trivela.com/entrevista

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LEI PELÉ

Reformular,

Nelson Antoine/Futura Press

ou mudar de vez?

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por Ubiratan Leal

Lei Pelé completa 10 anos sob pressão: dirigentes querem acabar com a “farra” dos empresários e recuperar o controle sobre jogadores, mas propostas esbarram em outras regulamentações

ágner tinha 17 anos quando estreou profissionalmente. O lateral-direito foi destaque na vitória do Corinthians por 4 a 0 sobre o Fortaleza pelo Campeonato Brasileiro de 2005. Algumas partidas depois, veio a convocação para a Seleção sub-20 que disputou o Sul-Americano e o Mundial em 2007. Em seguida, o PSV fez uma proposta e o levou à Holanda. Ainda que seja responsável direto pela formação do lateral, o clube paulista não recebeu nada pela transferência. Sem contrato, o jogador estava livre para mudar de time. O próprio Fágner explica: “meu contrato estava acabando quando subi para o profissional. Eu fui bem e me valorizei. Meu pai e meu empresário não entraram em acordo com a diretoria, que não me prestigiou como achávamos justo. Pintou a oportunidade de vir ao PSV, e cá estou”. A perda do lateral é considerada um exemplo da má administração de Alberto Dualib e Nesi Cury (influente nas categorias de base) no Parque São Jorge. Mas também ilustra o maior fantasma que ronda os clubes brasileiros: o medo de perder os jogadores sem faturar um tostão. É assim há dez anos, quando a Lei 9615, conhecida como Lei Pelé, principal marco regulatório do esporte profissional no Brasil, entrou em vigor. Os clubes perderam o conforto de terem na mão o chamado “passe”, uma garantia de que o jogador continuaria como seu patrimônio mesmo sem contrato. Isso explica o porquê de os cartolas se articularem para modificar as regras das relações com os atletas (veja box). É uma disputa difícil.

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Proteger o formador

Robinho e Wagner Ribeiro, empresário que levou o meia ao Real Madrid: o jogador anda com suas próprias pernas?

Não se fala na recriação do passe. Já está claro, mesmo para os dirigentes, que tal medida seria inócua. Como esse tipo de vínculo esportivo foi extinto na Europa, o entendimento dos especialistas é

que um clube europeu poderia recorrer à Fifa e contratar um jogador brasileiro sem ter de comprar seu passe. Além disso, a Justiça trabalhista brasileira não mostra disposição em aceitar que um jogador seja “propriedade” de um clube. Por isso, a proposta de quebrar a igualdade de tratamento na cláusula penal é vista como uma proposta com pouca aplicabilidade. Desse modo, o foco está no aumento da proteção para quem forma o atleta. Hoje, os clubes assinam um contrato de até três anos quando o atleta completa 16 anos. Depois disso, o máximo que contam é com um percentual em futuras negociações do jogador. “Precisamos estabelecer um limite para essa invasão européia. O clube tem trabalho para formar o jogador, exige que ele vá à escola, e interesses especulativos sem compromisso social levam ele”, afirma Fábio Koff, presidente do Clube dos 13. No texto original da Lei Pelé, previa-se que o jogador era obrigado a se profissionalizar no clube que o formou, mas o artigo foi vetado. Na realidade, a Lei Pelé não precisaria ser alterada para que os clubes aproveitassem por mais tempo os serviços dos jogadores que revelam. Pela lei, os atletas podem assinar contratos por até cinco anos. A limitação em três é imposta pela Fifa. “A CBF e os clubes poderiam impor a regulamentação brasileira, mas preferem baixar a cabeça para a Fifa. O que não entendem é que, teoricamente, a CBF é só um cartório que faz a mediação das relações entre as clubes e profissionais do futebol”, comenta Heraldo Panhoca, advogado que participou da criação da Lei Pelé. Outra demanda dos dirigentes é fazer que a lei se adapte à nova realidade do futebol brasileiro. O alvo é claro: os empresários. O poder deles cresceu muito nos últimos anos, e eles passaram a ter mais controle da carreira dos atletas que os clubes. Por exemplo, Maio de 2008

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Foco errado Para muitos, as mudanças nças desetivos para jadas seriam apenas paliativos bes contio real problema: os clubes nuam desorganizados. Advogados e dirigentes são unânimess em afirziu o setor mar que a Lei Pelé induziu or profisdo futebol a uma maior se, o clusionalização. Com o passe, dores por be não perdia seus jogadores da assim, atraso em salários. Ainda sso. nem todos entenderam isso. portes na Pelé, ministro dos esportes época da criação da lei que leva seu nome, é um dos defensores dessa tese. “A culpa é da falta timos dez de honestidade. Nos últimos eram paranos, vários clubes fizeram cerias e tiveram milhõess nas udo. mãos, mas perderam tudo. Por que os clubes não fame?”, lam do dinheiro que some?”, be que argumenta. “Tinha clube ho para fazia reunião de conselho comprar jogo de copos para a cosava para zinha, mas não conversava ais imporvender os jogadores mais tantes”, exemplifica. conhecem Até os dirigentes reconhecem mento dos um atraso no entendimento ubes não reflexos da lei. “Os clubes acreditavam que a lei iaa emplaos para car e, nos anos previstos adaptação, ninguém fezz nada”, al Gouconta Marcelo Portugal ão Paulo. veia, ex-presidente do São O Tricolor paulista é apontado como uma equipe quee cresceu por compreender que a lei exigia clubes mais estáveis e de melhor infra-estrutura.

Lei Pelé na prática: Dagoberto foi atrás de estabilidade no São Paulo e Henrique chegou ao Palmeiras via parceria

Marcelo Ferrelli/Gazeta Press

os agentes não fazem contratos de trabalho com os jogadores, mas acordos civis. Desse modo, podem negociar com um atleta de menos de 16 anos, mínimo permitido para os clubes. Os próprios empresários reconhecem que a lei lhes foi benéfica. “Ela teve o objetivo claro de olhar o lado do jogador, o que é bom para o empresário”, comenta André Barros, que tem entre seus clientes o meia Douglas, recém-contratado pelo Corinthians. Limitar a atuação dos agentes poderia dar mais força aos clubes nas negociações, ainda que isso seja duvidoso. “Os dirigentes sabem que os jovens são aliciados por empresários, mas não tomam atitude para proteger o garoto”. Eventuais limitações causariam polêmicas, mas não seriam inéditas. Na Inglaterra, é proibido que um jogador tenha vínculo econômico com uma pessoa física ou empresa que não seja seu clube. A questão veio à tona quando a MSI emprestou Tevez ao West Ham, o que levou o time londrino a pagar multa. No Brasil, é discutível se essas mudanças teriam efeito prático. “O empresário é o personagem mais flexível do futebol. Ele não tem estrutura grande, não tem burocracia interna, não sofre pressão de imprensa e torcida e tem facilidade para conquistar a confiança do jogador”, analisa o advogado Gustavo Vieira de Oliveira.

O IMPÉRIO CONTRA-ATACA Veja ao lado os principais pontos defendidos pelos dirigentes nos debates para modificação da Lei Pelé. O objetivo central é equilibrar as relações entre clubes e jogadores. As propostas estão no Congresso e têm o apoio do governo

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Direitos trabalhistas

Contrato mais longo

Os atletas profissionais teriam um estatuto trabalhista próprio, em que não seria válida a cobrança de horas extras e adicionais por concentrações e jogos à noite e em fins de semana

A Lei Pelé já permite que o clube formador faça contrato de cinco anos com o jogador que completou 16 anos. A proposta seria incluir uma cláusula de preferência na renovação por mais três anos, completando oito

Até o momento, esses itens têm sido pouco utilizados nas disputas judiciais entre jogadores e clubes. Todos concordam que não faz muito sentido pagar esses adicionais Esses direitos são garantidos a todos os trabalhadores pela Constituição, que está acima da Lei Pelé. Assim, seria mais fácil os clubes fazerem contratos com salário nominal mais baixo que, com os adicionais previstos na CLT, chegaria ao valor desejado pelas partes

Os clubes teriam mais condições de evitar o êxodo de jogadores jovens — ou de, pelo menos, lucrarem mais com a venda O texto atual permite contrato de cinco anos e isso não tem efeito, pois a Fifa proíbe vínculo maior que três anos. A proposta só seria aplicável se clubes e CBF desrespeitassem a entidade internacional

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Passe

TRIÂNGULO DAS BERMUDAS

A relação entre jogador, clube e empresário deveria ser simples. Em teoria, o primeiro assina um contrato de trabalho com o segundo e tem como representante em negociações o terceiro. No entanto, devido a brechas na lei ou a distorções dos papéis de cada parte, foram criados fantasmas e figuras jurídicas muitas vezes difíceis de entender

Vínculo esportivo de um jogador. Era um bem que poderia ser comprado pelos clubes. Mesmo que o contrato de trabalho tivesse vencido, o jogador continuava ligado ao clube, que estipulava um valor para o passe na federação e esperaria algum interessado. O atleta só recebia seu passe quando completava 32 anos. Foi extinto por limitar o direito de uma pessoa escolher seu trabalho

Jogador - Clube

Clube - Empresário

O atleta assina um contrato de trabalho, em que se prevê que ele defenderá o clube por determinado tempo e será pago por isso. O vínculo entre ambos é válido no período de vigência do contrato, quando o clube tem o registro esportivo do jogador nas entidades que regem o futebol (o que chamam informalmente de “direito federativo”). O contrato pode ser rompido diante do pagamento de cláusula penal (multa rescisória). Para burlar a Receita, parte do salário é paga como “direito de imagem”, um valor que o clube paga ao jogador por, supostamente, usar sua imagem em ações de marketing.

Para a Fifa, só um clube pode ser proprietário do vínculo de um jogador. Ou seja, um atleta não pode “pertencer” a um empresário. Mas há modos de contornar essa regra. O mais comum é o agente colocar uma condição para negociar a transferência de um jogador: assinar um contrato civil em que o clube se compromete a pagar ao empresário uma porcentagem do valor que receber por vender o emprestar o atleta (é o que ficou conhecido como “direitos econômicos”). Outra possibilidade é o empresário estar ligado a um clube (muitas vezes, uma equipe pequena) e fazer que esse time tenha oficialmente o vínculo contratual do jogador.

Parceiro - Clube Um investidor (seja uma pessoa física, seja uma empresa) que faz parceria com um clube tem de respeitar condições parecidas com a de empresário. Muitos mantêm controle sobre os atletas por meio de clubes inexpressivos (um exemplo são os atletas da Traffic, que têm contrato com o Desportivo Brasil, que não disputa competições oficiais) ou acordos civis (caso da Parmalat com o Palmeiras na década de 1990).

Empresário - Jogador Empresário e jogador assinam um contrato de representação. Nele, o agente fica responsável por negociar contratos – com clubes ou patrocinadores – em nome do atleta. Esse acordo tem caráter civil e, geralmente, não sofre fiscalização de federações. Muitas vezes, a parceria tem prazo de duração bastante grande. Para o empresário, não vale a pena ter uma parte ou receber uma mensalidade do jogador. É preferível ter comissão ou porcentagem nas negociações.

Atuação de empresários

Cláusula penal

Atleta autônomo

Seriam nulas as cláusulas contratuais que permitam que empresários tenham muito poder sobre o jogador, a ponto de reduzir o direito do atleta de escolher seu trabalho

Quando o jogador trocar de clube, pagaria 2 mil vezes seu salário mensal. Se o clube dispensar o jogador, a multa seria de 400 vezes o salário mensal

Criação da figura do atleta profissional autônomo, que seria contratado para “serviços” específicos, como a disputa de apenas uma competição

Os clubes imaginam ter mais controle sobre seus jogadores e evitar que alguns se transfiram apenas por interesse do empresário Os empresários têm grande capacidade de adaptação, e os resultados práticos da proposta são duvidosos

Os clubes se beneficiariam, pois o preço de seus atletas aumentaria na venda e os jogadores que não derem certo seriam dispensados sem tanto ônus Esse artigo viola o princípio constitucional de bilateralidade das relações trabalhistas e de que, em dúvida, os direitos do trabalhador devem prevalecer sobre os do empregador

O clube eliminado precocemente em uma competição não precisa manter a folha salarial por vários meses em que está inativo Esse tipo de vínculo tende a aumentar o desemprego no setor e a tornar ainda mais dura a relação entre jogadores e clubes. Além disso, a lei não reconhece o jogador de futebol como atividade autônoma Maio de 2008

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Getty Europe/AFP

Julgamento do caso Webster abre precedente para mudança no mercado de transferências da Europa

ENQUANTO ISSO, NA EUROPA... Dirigentes e empresários de jogadores são parecidos em todas as partes do mundo. A Europa não é exceção. A diferença é que a Corte Européia e o Tribunal Arbitral do Esporte (TAS) têm atuação mais forte, e suas decisões se transformam em novas regras. O caso mais famoso foi de Jean-Marc Bosman. O belga quis trocar o Liège pelo Dunkerque. Ele não tinha contrato, mas o time belga não o liberou. Bosman entrou com um processo na Corte Européia exigindo direito de livre trânsito como trabalhador. A Justiça concordou com o jogador, o que significou o fim do passe na Europa e da limitação de jogadores estrangeiros entre países da União Européia. Nos últimos anos, dois casos causaram impacto. Em 2007, o Supremo Tribunal de Portugal deu ganho de causa a Zé Tó por rompimento unilateral de seu contrato com o União Leiria. O jogador foi para o Salamanca, da Espanha, e, como multa rescisória, queria pagar apenas o que ele receberia em salários até o final do contrato. O Caso Zé Tó ficou dentro da Justiça portuguesa e não teve efeito no resto da Europa. Mas um precedente parecido foi aberto com a luta de Andy Webster com o Hearts. Em 2006, o zagueiro deixou o time escocês após três dos quatro anos de contrato para defender o Wigan. A multa pelo rompimento seria – como ocorreu com Zé Tó – a soma dos salários que receberia pelos meses que faltavam. Quando Webster foi emprestado ao Rangers, o Hearts reclamou. Em janeiro de 2008, o TAS deu razão ao jogador. Como o tribunal arbitral tem âmbito internacional, suas decisões são aplicáveis para toda a Europa. Se esse padrão for adotado para os rompimentos de contrato, os valores das transferências baixarão sensivelmente.

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É por esse caminho que anda o sindicato de atletas. “O futebol não mudou tanto assim depois da Lei Pelé, apenas se adaptou. Na década passada, os clubes já dependiam financeiramente da venda de jogadores para o exterior, já faziam negociações com empresários”, afirma Rinaldo Martorelli, vice-presidente da Fenapaf (Federação Nacional dos Atletas Profissionais de Futebol) e presidente do sindicato de atletas profissionais do Estado de São Paulo. “Falar em mudança da Lei Pelé é fugir dos reais problemas, como a desorganização dos clubes e a permanência de um sistema de distribuição de poderes que mantém tudo como sempre esteve.” Para o sindicato, a Lei Pelé foi importante por melhorar a condição de trabalho dos jogadores. Apesar de reconhecer que ainda há vários clubes que atrasam salários, o problema é menor que na década passada. Além disso, a participação dos “direitos de imagem” no salário dos atletas diminuiu. “É um foco infeccioso, pois burla a legislação previdenciária e trabalhista e tira direitos dos jogadores”, diz Gislaine Nunes, advogada que ficou conhecida por

ganhar vários processos trabalhistas movidos por jogadores. Polêmicas à parte, ainda há tempo para debates. As propostas de mudança para a Lei Pelé foram encaminhadas ao Congresso em 2005 e, até hoje, não foram votadas, e é pouco provável que isto aconteça em 2008. “O tema não está em regime de urgência. Temos muitas Medidas Provisórias para votar e, depois, há o ‘recesso branco’, a redução de ritmo da Câmara com a aproximação das eleições”, explica Sílvio Torres, deputado federal (PSDB-SP) e membro da subcomissão de esportes da Câmara. “Vai depender muito da vontade do governo e das lideranças partidárias, mas acho difícil votar em 2008”. Os dirigentes, entretanto, estão confiantes. Orlando Silva Júnior, ministro dos esportes, recebeu comitivas de cartolas para discutir o assunto. No mesmo período, o sindicato de atletas não conseguiu encontrar um horário vago na agenda do ministro ou de outros deputados governistas na subcomissão de esportes. É um sinal de que, além de haver tempo para que se discuta o assunto, é necessário que esse debate seja bastante ampliado.

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REAL BRASIL por Juan Saavedra e Napoleão de Almeida

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REAL

credite se quiser. Ele garante que é um dos donos do clube mexicano Puebla. No Brasil, seu clube escalou um atleta de maneira irregular no Campeonato Paranaense deste ano, mas ele jura que não sabia de nada. Seus fornecedores o acusam por falta de pagamento e ele diz que tudo faz parte de um complô contra ele. Seu nome é Aurélio Almeida, ex-jogador e proprietário do Real Brasil Clube de Futebol, que acaba de ser punido pelo TJD-PR com perda de 12 pontos no estadual, multa de R$ 5 mil e um ano de suspensão. Motivo? Escalar Erinaldo, gato confesso, que na mesma edição Paranaense defendera o Iguaçu com o nome do irmão mais novo, Émerson. Pena pesada, mas que pode aumentar. É o objetivo da procuradora Manoela Garcia, do TJD-PR. “Acredito que a punição não é compatível com as provas juntadas”. Para ela, Almeida sabia das irregularidades. O dirigente nega, ameaça recorrer e, se necessário, melar o Paranaense de 2009 (veja box). O empresário de 46 anos é tratado como figura folclórica. Ele ainda conserva o sotaque adquirido no tempo que passou no México como atleta. Além disso, colocou no uniforme do Real Brasil a enigmática mensagem bíblica: “Apocalipse 4:11 Digno és...”, o que valeu o apelido de “time do Apocalipse”. Piadas à parte, ele tem antecedentes criminais. Em 2003, foi condenado a três anos de prisão por estelionato e usurpação da função pública. O que mais chama a atenção, no entanto, é o histórico de negócios controversos no fu-

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tebol. Em 2002, Almeida comprou o Grêmio Maringá, um dos times mais tradicionais do Paraná. Sob sua administração, passou pela inusitada situação de disputar um amistoso de pré-temporada com internos do presídio de Piraquara. Um modo de o então detento Almeida acompanhar a preparação do time. Endividado, o clube fechou as portas em 2005 e deixou um legado de total descrédito. “Havia dívidas com todos, da tia da lavanderia aos jogadores. Fundamos uma nova equipe, mas não dava para limpar o nome do Grêmio”, conta Edeval Meschiari, diretor de futebol do Adap Galo Maringá, criado logo após a falência do conterrâneo.

Imperial Maringá não foi a única cidade a sofrer com Almeida. Na mesma época que o time maringaense agonizava, o empresário comandava o Império Toledo, vice-campeão da Série Prata 2004. Mesmo com a promoção à elite, o clube estava no vermelho e trocou Toledo por Curitiba, mudando de nome para Império do Futebol. O time dormia nos alojamentos do Pinheirão e alguns jogadores tinham de pagar para jogar. A equipe caiu para a Segundona e foi extinta, também deixando dívidas. A predileção de Almeida por nomes monárquicos não parou: em 2005, criou o Real Brasil. O dirigente comprou um horário na TV Bandeirantes local e contratou o técnico Valdir Peres (sim, o ex-goleiro). Por falta de dinheiro, o programa saiu do ar, mas ajudou a captar atletas para o projeto “Realizando

Hedeson Alves/Gazeta do Povo/Futura Press

Suspenso por um ano pelo TJD do Paraná, o Real Brasil – o “time do Apocalipse” – é um dos muitos negócios esquisitos do empresário Aurélio Almeida

Almeida:

“Só faço bem ao futebol” Em conversas por telefone, Aurélio Almeida se defendeu das acusações que sofre

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FPF: 171 PROCESSOS A Federação Paranaense de Futebol ainda dimensiona o legado dos 22 anos de Onaireves Moura. Em entrevista à Trivela, concedida em 11 de março, o então presidente da entidade, Hélio Cury, revelou a existência de exatos 171 processos contra a entidade: 59 na área cível, 3 de ordem criminal, 56 tributários e 53 trabalhistas. “Isso por enquanto, fora os que já prescreveram. O escritório de advocacia está fazendo um levantamento. A situação que encontramos era caótica. Muita documentação sumiu”, afirmou Cury. Preso pela polícia do Paraná em novembro passado por formação de quadrilha, junto com mais oito pessoas, Moura ficou cinco meses na prisão. O ex-dirigente teve revogada sua prisão preventiva pela 5ª Vara Criminal e responderá em liberdade a acusações do Ministério Público estadual.

Problemas extracampo abreviaram a aventura do Real Brasil na elite paranaense

Punição do STJD

Grêmio Maringá e Império

“Se eles tirarem o Real Brasil da primeira divisão, no ano que vem não terá Campeonato Paranaense. Nós vamos até as últimas conseqüências. É um absurdo um clube-empresa ficar dois anos fora de uma competição por algo que fez certo: tirou um gato da rua e arrumou a documentação dele. Nós não tínhamos certeza, não podíamos acusar que o Emerson era gato.”

“Esses clubes eu já comprei com dívida. Quando um clube grande deve, é divida do clube. Quando um clube pequeno deve, é caloteiro. Quando comprei o Grêmio Maringá e o Império Toledo, os clubes vinham com débitos de R$ 10 mil, R$ 15 mil. Criei o Real Brasil porque já não agüentava mais oficial de justiça na minha porta e [cobrando dívidas de] gente que nunca trabalhou para mim.”

Anuidades cobradas

Puebla

“Em todos os clubes do Brasil há escolas de futebol. Eles cobram e não botam para jogar. Nós cobramos dos meninos, eles vêm, e colocamos para jogar. Nesses últimos jogos, nós tínhamos três meninos de 17 anos. Damos oportunidades a vários meninos. Só faço o bem para o futebol. Eu trouxe o Veiga (volante do Coritiba), levei o Flávio (zagueiro, ex-Coritiba) para o México, trouxe o Liédson... Por que não falam o que eu faço de bom?”

“Há uma briga política entre o ex-dono do clube e o governo do estado. O governo queria que alguém deles, eu, no caso, ficasse com 49% (como estrangeiro, não posso ficar com a maioria). O antigo dono do clube disse, só para atrapalhar, que a assinatura não é dele. Este senhor nem está em Puebla, foi para os Estados Unidos para não fazer o exame para verificar se a assinatura é dele ou não. Mas nós somos os donos do clube”.

Sonhos”. Cada um pagou R$ 8,8 mil anuais para jogar no clube. Em 2007, o Real conquistou vaga na elite estadual. A vocação do empresário para se meter eem enrascadas é internacional. Em novemb bro passado, Almeida anunciou a compra do P Puebla por US$ 11,5 milhões. Alguns dias dep pois, Francisco Barnat Cid, dirigente do club be mexicano, chamou de falso o documento aapresentado pelo brasileiro. “Se alguém pag gou, que me mostre o comprovante de depósito ou a carta de crédito”, declarou o mexicano à imprensa local. Mesmo assim, o Real Brasil fez pré-temporada na cidade de Puebla. O meia Éder, que defendeu o clube paranaense no Estadual, disse que quase foi negociado com o time mexicano. “Faltou algo, sei lá o que. Saiu em todos os jornais que o Puebla me queria, mas algo deu errado”, lamentou. No final de março, Aurélio Almeida afirmou que fez a inscrição do Grêmio Maringá na terceira divisão do Paraná, mas negou que isso signifique o fim do Real Brasil ou a transferência do elenco de um clube para o outro. “O povo de Maringá vai torcer pelo Grêmio, sua equipe. A Adap Galo é um genérico”. Sem explicar de forma convincente as relações com o Puebla nem seus negócios anteriores, Almeida segue no mundo da bola. “Somos perseguidos hoje, mas daremos a volta por cima”, diz. Enquanto isso não acontece, ele perde crédito na praça e deixa uma trilha de dívidas, falências e interrogações. Entre realeza e realidade, a diferença é gritante. Maio de 2008

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Fotos Reprodução

HISTÓRIA por Ubiratan Leal

Nada de Rio Grande ou Ponte Preta. O clube de futebol mais antigo do Brasil é o São Paulo Athletic, time fundamental na introdução do esporte no País, que completa 120 anos mantendo o amadorismo

Com Co m Ch Char arle ar lees Mi M ll ller er n no o at ataq aque aq uee, S A SP AC C se to orn rnou ou a pri rime ime meir i a forç ir fo orçça do o r céémre m-cr c ia cr iado do ffut uteb ut e ol o bra rasi sile leir le irro

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m todo canto da cidade, pessoas jogavam bolas contra paredes e muros. Todos estavam encantados com a pelota basca, esporte introduzido pelos espanhóis e rapidamente aceito pelos paulistanos. Corridas de bicicleta, trazidas pelos italianos, também caíram no gosto dos brasileiros. Mais fechados, ingleses e escoceses preferiam jogar, pela ordem, críquete e golfe. Era esse o panorama esportivo de São Paulo em 1895, ano em que isso começou a mudar. Mais da metade dos habitantes de São Paulo eram imigrantes, que se agruparam para manter os costumes de sua terra natal. A sociedade com costumes definidos por colônias estrangeiras, portanto, era compreensível. Em teoria, os 130 mil habitantes deixariam São Paulo como apenas mais uma capital de província do País. No entanto, a importância e a população da cidade cresciam rapidamente com o ciclo do café, um processo que exigiu a chegada de investimentos e, principalmente, mão-de-obra estrangeira. Desse modo, não foi surpreendente que

Charles Miller, filho de ingleses recémretornado de um período de estudos na Inglaterra, procurasse o clube de sua colônia para praticar o football, jogo que aprendera na Europa. Encontrou colegas para bate-bola no São Paulo Athletic Club. Assim surgia o primeiro clube de futebol do Brasil. A chegada de Miller foi o marco da introdução do esporte no País, mas o SPAC é mais antigo. O Clube dos Ingleses foi criado em 13 de maio de 1888 (mesmo dia em que a escravidão foi abolida no Brasil). Em seus primeiros anos, a atividade principal foi o críquete. “Para muitos ingleses que estavam no Brasil, o futebol ainda era muito novo, sem uma regulamentação clara. Era mais uma atividade coletiva do que um esporte”, explica John Mills, historiador do SPAC e autor dos livros “Charles William Miller, Centenário 1894-1994” e “Charles Miller: o Pai do Futebol Brasileiro”. De qualquer modo, não havia preconceitos com novas modalidades que chegassem. Vários sócios, mesmo os adeptos do críquete, passaram a jogar o football. Amistosos

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eram realizados e, aos poucos, a sociedade brasileira absorvia aquele esporte. Em alguns anos, outros clubes já tinham equipes do novo esporte: Mackenzie, Internacional e Germânia (1899) e Paulistano (1900). Foi possível, então, realizar o primeiro campeonato do Brasil, o Paulista de 1902. O SPAC conquistou as três primeiras edições do estadual, sempre precisando de jogo extra (o torneio era em pontos corridos) contra o Paulistano. A partir de 1905, o São Paulo Athletic começou a ter dificuldades para manter o nível de competitividade. Como o time era formado por ingleses associados ao clube, a base envelheceu. Em 1906, a diretoria chegou a se afastar do campeonato por causa dos maus resultados. No final da década de 1900, o Clube dos Ingleses renovou o time e voltou a incomodar as equipes de brasileiros. Em 1910, o SPAC foi terceiro colocado no último torneio disputado por Charles Miller. No ano seguinte, conquistou seu quarto título estadual. Era o início do fim. O Paulista de 1911 foi polêmico. Bicampeã, a Associação Athletica das Palmeiras se retirou do torneio após se sentir prejudicada pela arbitragem em um jogo contra o Germânia. Para reforçar o protesto, o clube da Floresta se negou a entregar o troféu para o novo campeão. O SPAC jamais teria essa taça, pois a AA das Palmeiras alegou que a jogara no rio Tietê. Não era verdade. O troféu reapareceu em 1932, para ser derretido e transformado em armas para a Revolução Constitucionalista. O episódio deixou o São Paulo Athletic desgostoso com a falta de “espírito amador” (o que se chama hoje de “fair play”). Em 1912, veio a gota d’água. O Americano conquistou o título com dois jogadores que trouxera do Uruguai, uma atitude que con-

O SÃO PAULO ATHLETIC NO CAMPEONATO PAULISTA ANO NO

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1902 19 02

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* O São Paulo Athletic abandonou a competição quando era último colocado meir eiirras a foi fo fo oii excluída exxclu exclu lu uíída íd da por d po or pagamento paaga ggaam meen men ntto o ** Eram seis participantes no início, mas o SPAC desistiu do torneio, a AA das Palmeiras a atletas e o Mackenzie College deixou a competição a pedido da matriz da instituição, nos Estados Unidos

figurava profissionalismo. “Charles Miller era amador até a medula e, como ele era a ‘alma mater’ do futebol do clube, o SPAC não aceitou aquilo”, conta Mills. Desde então, o São Paulo Athletic se afastou das competições oficiais. O clube continuou sua vida longe do futebol de competição e seguiu com suas atividades, em que se destacavam o futebol amador e modalidades ligadas aos britânicos, como tênis, críquete, rúgbi e hóquei sobre grama. Em 1942, o Clube dos Ingleses mudou seu nome para Clube Atlético São Paulo (as iniciais “SPAC” continuaram no

distintivo), atendendo à exigência do governo Getúlio Vargas de nacionalização dos nomes de instituições sociais e esportivas. A distância de torneios oficiais tirou do SPAC o status de clube mais antigo em atividade, de posse do Rio Grande (a Ponte Preta é o mais antigo em atividade ininterrupta). No entanto, o Clube dos Ingleses continua defendendo o amadorismo. “Vez ou outra, algum garoto lança a idéia de o clube montar um time para a quarta divisão paulista, mas o estatuto proíbe isso”, comenta John Mills. O SPAC sabe que já tem assegurado seu lugar na história do futebol brasileiro.

Ubiratan Leal/Trivela

O SPAC HOJE O relativo anonimato em que vive o Clube Atlético São Paulo induz muitos a acharem que o clube está extinto. Nada mais falso. Desde que o departamento de futebol foi criado, em 1895, o Clube dos Ingleses nunca deixou de praticar o esporte. O único período de turbulência foi entre 1916 e 1928, em que o time ficou sem campo de futebol e os jogos foram menos freqüentes. Ainda assim, o time de futebol sempre existiu. Atualmente, o SPAC realiza partidas amistosas aos sábados, sempre contra equipes amadoras convidadas para atuar na sede de Santo Amaro, Zona Sul de São Paulo. Três vezes ao ano, SPAC e Paulistano revivem o maior clássico da primeira década do futebol brasileiro. Apesar de a identificação com os ingleses existir até hoje, cerca de 60% dos mais de 900 títulos de sócios estão nas mãos de famílias não-britânicas. Além das mensalidades dos sócios, o clube vive do aluguel de espaço em suas sedes para eventos e festas.

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TIMES DECADENTES por Leonardo Bertozzi

Queda

livre onquistar títulos, colocar medo nos rivais, sejam eles domésticos ou estrangeiros. Quem não gosta dessa rotina? O hábito da vitória é saboroso, mas não é para todos que ele dura para sempre. Mesmo no futebol europeu, tido como organizado, não faltam histórias de times que deixaram de levantar troféus e hoje convivem com o fundo da tabela ou com as divisões inferiores. O motivo raramente é apenas um. As razões vão desde investimentos equivocados até traumas irreparáveis. Veja como sete clubes europeus decadentes chegaram à posição em que estão hoje e o que fazem para voltar aos dias de glória.

Decadência de clubes tradicionais da Europa mostra como um planejamento equivocado pode ser mais forte que a força da camisa e levar antigas forças nacionais aos porões do futebol

C

Onde está agora

Última campanha marcante

Desde quando está fora da primeira divisão

Jogadores históricos

Principais títulos

Torrpedo Mos Torpedo Mo Mosco ou u Desde o fim da União Soviética, o Torpedo Moscou vinha enfrentando problemas, já que suas origens estão ligadas às indústrias automobilísticas estatais. Adquirido pela Luzhniki em meados dos anos 1990, o Torpedo vinha obtendo bons resultados na Premier Liga russa. No entanto, uma campanha desastrosa em 2006 levou o time para a segunda divisão nacional pela primeira vez em quase 90 anos de história. Para piorar, foi apenas o sexto colocado na Segundona em 2007 e permanece por lá neste ano. [GH]

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Nantes an Após 44 anos de permanência na primeira divisão francesa, o Nantes se despediu da elite do país na temporada 2006/7. Lanternas na Ligue 1, os Canários pagaram o preço pela constante troca de treinadores, perda de seus principais jogadores e apostas furadas em reforços, além do abandono do chamado “jeu à la nantaise”, caracterizado pelos toques rápidos em direção ao ataque. O gradativo esquecimento das categorias de base, uma das fortes tradições do clube, também contribuiu para o mergulho no ostracismo. Na segunda divisão, o Nantes passou a ter mais cuidado para a contratação de reforços e se baseou em uma base de jovens atletas para brigar pelo retorno à elite. A venda do clube ao empresário Waldemar Keita também trouxe estabilidade fora das quatro linhas. Até agora, a fórmula deu certo: faltando quatro rodadas, o time estava virtualmente promovido. [RE]

Segunda divisão russa

Segunda divisão francesa

Caiu na temporada 2006

Caiu na temporada 2006/7

3 Campeonatos Soviéticos, 6 Copas da União Soviética e 1 Copa da Rússia

8 Campeonatos Franceses, 3 Copas da França

Quarto na Premier Liga em 2003/4

Eliminado na segunda fase de grupos da LC em 2001/2

Valentin Ivanov, Eduard Streltsov, Viktor Shustikov, Sergey Prigoda e Igor Semshov

Marcel Desailly, Didier Deschamps, Maxime Bossis, Franky Vercauteren, Jorge Burruchaga, Loïc Amisse e Henri Michel

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Jose Jordan/AFP

Depois de quatro décadas, Real Sociedad sente sabor da segunda divisão

Real Soc Sociedad So Vivia-se o auge da era dos galácticos do Real Madrid. Os Merengues haviam conquistado a Liga dos Campeões 2001/2 e contrataram Ronaldo, que se juntou a Zidane, Figo, Roberto Carlos e Raúl. Com o Barcelona em crise, os madridistas não teriam dificuldade em conquistar o Campeonato Espanhol. Seria assim se não aparecesse um concorrente para lá de inesperado. Com um time despretensioso, a Real Sociedad liderou a competição por muito tempo e ficou na briga até a última rodada. Parecia que o clube de San Sebastián estava recuperando sua força. Durante décadas, os donostiarras mantiveram a política – até hoje adotada pelo Athletic Bilbao – de só contratarem jogadores de origem basca. Desse modo, os Txuri-Urdin conquistaram uma relação com a comunidade que o cerca muito mais íntima que a média na Espanha. Assim, foi bicampeão espanhol em 1980/1 e 1981/2. Com o aumento de estrangeiros nas outras equipes, a Real Sociedad perdeu espaço. Em 1989, o time passou a contratar estrangeiros, mas manteve parte de sua reserva de mercado a bascos. O clube não usa espanhóis de outras regiões, como Catalunha, Galícia ou Andaluzia. A equipe manteve-se no pelotão intermediário, mas tem um dos estádios mais modernos da Espanha. A condição de uma das equipes provinciais de maior tradição não se per-

deu. Pelo menos até a temporada passada. Afundado em dívidas, os Txuri-Urdin realizaram uma campanha pífia na última temporada e foram rebaixados depois de 40 anos seguidos na elite espanhola. Na Segundona, o faturamento previsto para o ano é metade do orçamento em folha salarial, despesas operacionais e pagamento de dívidas. Para não falir, o clube aceitou o projeto do polêmico Iñaki Badiola e o elegeu à presidência. O empresário promete uma misteriosa injeção de dinheiro vindo da China para reerguer a Real Sociedad e transformá-la numa versão basca do Barcelona. Por enquanto, não tem dado muito certo. O time está no grupo que luta pela promoção, mas o desempenho não lembra um clube que chegou às oitavas-de-final da Liga dos Campeões há quatro anos. [UL] Segunda divisão espanhola Caiu na temporada 2006/7 2 Campeonatos Espanhóis e 2 Copas do Rei Vice-campeão espanhol em 2002/3 Xabi Alonso, Luis Arconada, Txiki Beguiristain, José María Bakero, Darko Kovacevic, John Aldridge, Joseba Etxeberría e Andoni Goikoetxea Lasa

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Depois de interromper quase quarenta anos de jejum no início da década de 1990, o Kaiserslautern viveu a ilusão de ser grande por alguns anos. O primeiro tombo veio em 1995/6, quando o time, após quatro campanhas razoáveis, caiu para a segunda divisão. A histórica dobradinha de títulos que viria nos dois anos seguintes – Segundona em 1996/7 e Bundesliga em 1997/8 –, entretanto, fez com que os Diabos Vermelhos se achassem maiores do que realmente eram. Nos anos seguintes, uma série de problemas resultou numa gravíssima crise financeira, que fez com que o clube entrasse no século 21 fadado ao fracasso. No final da década passada, a diretoria torrou uma fortuna para trazer jogadores de talento duvidoso – ao menos naquele estágio de suas carreiras –, como Youri Djorkaeff e Taribo West. Suas rescisões, alguns anos mais tarde, aumentaram substancialmente as dívidas do clube. Para complicar ainda mais, a diretoria tomou uma série de decisões que, mais tarde, seriam consideradas erradas, e aprovou a reforma do Fritz-Walter-Stadion. Para evitar que o clube falisse de uma hora para outra, a solução foi vender seus principais e mais promissores jogadores, caso de Michael Ballack, Lincoln e, por último, Miroslav Klose. Com o dinheiro vindo dessas negociações, o Lautern conseguiu se manter cambaleante na Bundesliga. A queda para a segunda divisão, porém, sempre pareceu mera questão de tempo. O pior é que, por conta da situação financeira, o clube, se caísse, teria séria dificuldade de comprovar ter condições de se manter financeiramente saudável, uma exigência para que clubes tenham o status de profissional na Alemanha. Após quatro temporadas ficando no “quase”, o time não resistiu e, em 2005/6, caiu. Enganava-se quem achava que o retorno seria fácil. No primeiro ano na Segundona, o time ficou três posições atrás da vaga de volta. Na atual temporada, os Diabos Vermelhos raramente deixaram a zona de rebaixamento e, pelo que têm mostrado, caminham a passos largos para estar na nova terceira divisão profissional. [CEF]

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Stefan Hesse/AFP

lautern

Dez anos após ganhar a Bundesliga, Kaiserslautern se afunda em dívidas

Segunda divisão alemã Caiu na temporada 2005/6 4 Campeonatos Alemães e 2 Copas da Alemanha Quadrifinalista da Liga dos Campeões 1998/9 Fritz Walter, Michael Ballack, Andreas Brehme, Hans-Peter Briegel, Werner Liebrich e Miroslav Klose

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Nottingham gham Forest O Nottingham Forest nunca foi um time imenso na Inglaterra, mas, com Brian Clough no comando do time, foi bicampeão da Liga dos Campeões em 1979 e 1980 (de lá para cá, só o Milan conseguiu a proeza). As razões do sucesso – basicamente o gênio do temperamental técnico – também fizeram com que o clube se estagnasse quando o futebol inglês estava em plena revolução por causa da criação da Premier League, em 1992. Clough era um treinador espetacular, mas à moda antiga, avesso às novidades que começavam a aparecer, como a evolução da preparação física e a marcação coletiva. Um ano depois da criação da Premier League, o Forest caiu para a segunda divisão, interrompendo uma série de 16 anos na elite. Clough se aposentou e, depois disso, o clube retornou à sua realidade. Como tem sede em uma cidade média (com cerca de 300 mil habitantes), que já conta com outros clubes próximos (casos de Derby County, Notts County e Hucknall), não tem uma base de torcedores que

possa fazer o clube rico, algo que ficou marcante com os maus resultados da última década. No momento, a situação não é muito animadora para o Forest. As chances de título da League One (nome da terceira divisão inglesa) terminaram, mas o time chegou às últimas rodadas brigando pelo acesso direto. No ano passado, o Forest cehgou aos playoffs e sucumbiu ao Yeovil – que não só não subiu como faz campanha pífia nesta temporada. [CRG]

Terceira divisão inglesa Caiu na temporada 1998/9 1 Mundial de Clubes, 2 Copas dos Campeões, 1 Campeonato Inglês, 2 Copas da Inglaterra e 4 Copas da Liga Inglesa Finalista da Copa da Inglaterra de 1991 Brian Clough (técnico), Des Walker, Stuart Pearce, Peter Shilton, Trevor Francis, Roy Keane, Teddy Sheringham, Viv Anderson, Martin O’Neill

V ona Veron na

Ferencváros

Mutu, Camoranesi, Gilardino, Oddo, Cassetti e o técnico Alberto Malesani. O time que o Verona tinha em mãos na temporada 2001/2 era invejável para uma equipe pequena. Com esse grupo, os Gialloblù lutavam por um lugar na Copa Uefa, até que uma crise nas dez últimas rodadas levou os vênetos a um surpreendente rebaixamento. O clube nunca se recuperou do baque. Dirigido por Giambattista Pastorello, um empresário de jogadores, o Verona ficou abandonado quando deixou de dar lucro a seu proprietário. Das cinco temporadas na Serie B, os Gialloblù lutaram contra o rebaixamento em quatro. Em 2007, um conde veronês comprou o clube com o objetivo de servir de intermediário para a negociação com empresários locais que quisessem investir no time, mas os resultados em campo e a fama de racista da torcida inibiram os interessados. Sem dinheiro e perspectiva de tê-lo, o time foi rebaixado para a Serie C1 depois de 64 anos nas duas primeiras divisões. Mesmo na terceira divisão, a torcida continua uma das mais fanáticas entre as forças provinciais e comprou mais de 10 mil carnês nesta temporada, mas nem esse apoio tem ajudado. O Verona é um forte candidato a cair para a Serie C2. [UL]

Eternizado na memória do apaixonado pela história do futebol como um dos times que formou a base da seleção húngara na década de 1950, o Ferencváros dos dias de hoje nem de longe honra seu passado glorioso. Afundado em dívidas, o clube mais popular da Hungria foi rebaixado pela primeira vez em sua história para a segunda divisão em 2006. O motivo nem foi o desempenho em campo, mas uma punição da federação nacional aplicada por causa da incapacidade de honrar as dívidas acumuladas nos últimos anos. No ano passado, as Águias Verdes não conseguiram retornar à elite. Neste ano, o clube foi comprado por Kevin McCabe (também proprietário do Sheffield United, da segunda divisão inglesa), o que deve resultar, ao menos, no retorno à primeira divisão e num futuro financeiro melhor pela frente. [GH]

Terceira divisão italiana

Segunda divisão húngara

Caiu na temporada 2001/2

2007

1 Campeonato Italiano

1 Copa das Feiras, 28 Campeonatos Húngaros e 20 Copas da Hungria

Quarto na Serie A em 1986/7

Vice-campeão húngaro e da Copa da Hungria em 2004/5

Preben Elkjaer-Larsen, Hans-Peter Briegel, Claudio Caniggia, Giuseppe Galderisi, Adrian Mutu, Pietro Fanna, Filippo Inzaghi e Paolo Rossi

Florián Albert, László Budai, Zoltán Czibor, Ferenc Deák, Sándor Kocsis, László Kubala, Tibor Nyilasi e Imre Schlosser

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I>Tele/AFP

FRANÇA por Ricardo Espina

Liberdade, igualdade e fraternidade?

NÃO NA TORCIDA

Casos de racismo, xenofobia e intolerância no futebol francês levam clubes a pesadas punições e chamam a atenção para um problema social que contraria a própria história do país Paris Saint-Germain bateu o Lens por 2 a 1 e conquistou a Copa da Liga francesa. Em uma situação normal, a vitória parisiense, o gol de Mendy nos acréscimos ou até uma alegria rara em um ano de crise do time da capital dominariam o noticiário no dia seguinte. Mas não foi assim. Em 29 de março deste ano, só se falou em mais uma manifestação de intolerância racial, algo incoerente para um país formado pela mistura de tantos povos como a França. Durante alguns minutos, alguns torcedores do Paris SaintGermain estenderam uma faixa com a frase “Pedófilos, desempregados, consangüíneos: bem-vindo aos Ch’tis” (foto), em uma referência depreciativa aos habitantes do norte da França – onde se situa Lens. Tal manifestação gerou nova onda de debates sobre como coibir este tipo de atitude. Até o presidente Nicolas Sarkozy, que estava no estádio, cobrou uma solução. Não é um fato inédito. A torcida do Paris Saint-Germain se notabilizou por ser uma das mais violentas e intolerantes da França. O título pouco honroso pode se explicar pelo fato ocorrido na edição passada da Copa Uefa. Na partida contra o Hapoel Tel

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Aviv, parte dos Boulogne Boys, principais ultras do time parisiense, perseguiu um fã da equipe israelense. Um policial à paisana o protegeu e acabou matando um agressor. Revoltados, outros promoveram um quebra-quebra em torno do Parc des Princes. As ações são articuladas, como evidencia a confecção da faixa exibida no jogo contra o Lens. Os torcedores a dividiram em onze pedaços de 5 m cada um para não despertar suspeitas na entrada do estádio. Os Boulogne Boys negaram envolvimento no caso, mas, aos poucos, as suspeitas se voltaram contra eles. Além de um dos detidos fazer parte do grupo, um funcionário do Parc des Princes afirmou que a faixa foi produzida dentro de uma sala destinada a esses torcedores. A polícia investigou o local e encontrou vestígios de tinta.

Problema nacional O motivo da a torcida do PSG ser particularmente violenta tem razões sociais. Cerca de 40% dos imigrantes que vivem na França estão na Île-de-France, a Grande Paris. Cerca de 17% dos habitantes dessa região vêm de fora do país e muitos deles

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Seleção multirracial

País Paíís de origem

Bernard Lama*

Guiana

Steve Mandanda

RD Congo

Basile Boli

Costa do Marfim

Jean-Alain Boumsong

Camarões

Marcel Desailly

Gana

Alou Diarra

Mali

Patrice Evra

Senegal

Adil Rami*

Marrocos

Lilian Thuram

Guadalupe

Christian Karembeu

Nova Caledônia

Claude Makélélé

RD Congo

Rio-Antonio Mavuba*

Angola

Patrick Vieira

Senegal

Zinedine Zidane*

Argélia

Nicolas Anelka*

Martinica

Hatem Ben Arfa*

Tunísia

Karim Benzema*

Argélia

Sidney Govou*

Benin

Thierry Henry*

Martinica e Guadalupee

Florent Sinama-Pongolle

Ilha Reunião

David Trezeguet*

Argentina

AFP

Jogador

Pasca l Pava ni/

meias atacantes

* Jogadores nascidos na França de pais imigrantes

defensores

goleiros

Diversos jogadores da atual seleção francesa ou com passagem recente pelos Bleus têm ascendência estrangeira, são negros ou então nasceram em antigas colônias. Daria até mesmo para formar um time inteiro, incluindo reservas:

LUTA POR ESPAÇO

moram em bairros mais pobres, carentes de recursos, e de maior criminalidade da capital francesa. Isso potencializou um conflito étnico que já era comum no resto do país. Em 16 de fevereiro deste ano, um torcedor do Metz insultou insistentemente o defensor Ouaddou, do Valenciennes, em um jogo da Ligue 1. Ao final do primeiro tempo, o marroquino tentou subir as arquibancadas do estádio Saint-Symphorien para tirar satisfações com seu ofensor. Contido por outros torcedores, o marroquino ainda levou um cartão amarelo. Além do caso de racismo, tornou-se discussão nacional a atitude do árbitro Damien Ledentu de advertir o atleta. Sem convencer, ele alegou que “não foi informado” sobre o ocorrido e que se o fosse “teria parado imediatamente a partida”. Ledentu só não explicou como Ouaddou e outros jogadores em campo ouviram os insultos e ele não. De acordo com o regulamento da Liga de Futebol Profissional (LFP), os juízes têm o poder de interromper o jogo e exigir a retirada do agressor. Na Córsega, a torcida do Bastia também mostrou sua intolerância nesta temporada. Durante o jogo contra o Libourne/Saint-Seurin, pela Ligue 2, os torcedores da equipe imitavam macacos e xingavam sempre que Boubacar Kébé tocava na bola. Nascido em Burkina Fasso, o atacante também se revoltou contra seus agressores e recebeu o cartão

A existência de xenofobia e racismo no futebol francês é conseqüência direta de atritos sociais na França. Uma situação que atinge particularmente árabes e africanos, vistos como ameaça aos franceses na busca de espaço no mercado de trabalho. De acordo com o INSEE (Instituto Nacional de Estatísticas e Estudos Econômicos), o país tinha, em 2005, quase 5 milhões de imigrantes (pouco mais de 8% da população francesa), sendo quase 2,1 milhões de africanos,

vindos principalmente da Argélia, Marrocos e Tunísia. Com a elevação das taxas de desemprego e de violência no país nos últimos anos, os franceses logo culparam essa massa de imigrantes. Em novembro de 2005, o instituto de pesquisas CSA realizou uma pesquisa sobre racismo e intolerância na França. Um terço das mil pessoas consultadas se declarou racista. Em contrapartida, 56% reconheceu a importância da presença dos estrangeiros no país.

vermelho, posteriormente anulado. O episódio nem foi o primeiro do qual os torcedores da equipe corsa participaram. O lateral Chimbonda tinha o mesmo tratamento, mesmo defendendo o Bastia. Isso motivou sua transferência para o Tottenham. Nos casos de Metz e Bastia, a LFP agiu com um rigor não visto em outros países para episódios semelhantes: as duas equipes perderam um ponto no campeonato. Pouco depois, no entanto, a entidade reviu suas decisões. O Metz, rebaixado para a Ligue 2, recuperou o ponto perdido; já o Bastia teve o castigo ampliado e perdeu mais dois pontos. O Paris Saint-Germain talvez não tenha a mesma sorte. A liga cogita tirar um ponto na Ligue 1 (o que pode ser fatal em um time que luta para não cair) ou cassar o título da Copa da Liga. Seus torcedores tentam baixar o tom do discurso, o que não dissuadiu o governo de determinar a dissolução de um dos grupos de ultras do PSG, os Boulogne Boys. Também foi dissolvida a Faction Metz, grupo organizado cujos membros são de extrema-direita. Embora a proposta seja louvável, nada impede que novos casos de discriminação voltem a ocorrer. Em um país multifacetado como a França, cuja sociedade se ergueu sob a influência e a força de trabalho de diversos povos e o próprio futebol usou jogadores estrangeiros ou descendentes de imigrantes em seus melhores momentos, o racismo e a intolerância soam como um atestado de ignorância sobre sua própria história.

Saiba mais sobre futebol francês em www.trivela.com/franca

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Christian Hartmann/Reuters

CAPITAIS DO FUTEBOL por Luciana Zambuzi

ONDE TUDO

começa Cidade que mais acompanha o futebol na Suíça, Basiléia tem a honra de abrir a Eurocopa mundo do futebol volta seus olhos à Basiléia em 7 de junho deste ano. Não será para ver um esquadrão montado na cidade, a inauguração de uma megaarena ou a chegada de um grande craque. Será para ver Suíça e República Tcheca entrarem no gramado do St. JakobPark e darem início à Euro 2008. A escolha não é fortuita. Terceira maior cidade suíça, a Basiléia tem situação histórica e geográfica privilegiada. Dividida pelo rio Reno, é ponto de encontro de Alemanha, França e Suíça. Isso transformou a cidade em uma mistura de culturas, unindo arquitetura moderna e antiga, costumes alemães e franceses e centro industrial e variedade cultural. Tudo isso é importante, mas fundamental mesmo para a definição da sede do jogo de abertura do torneio continental foi o fanatismo da torcida e a infra-estrutura oferecida. A Basiléia é uma espécie de capital esportiva do país. Não por ser a terra natal do tenista Roger Federer, o melhor do mundo na atualidade, mas, principalmente, pelo envolvimento dos basileenses com o futebol. O grande motor dessa paixão é a rivalidade. Não entre times locais, mas com a vizinha Zurique, uma rixa existente desde a Idade Média e fomentada pela concentração do poder econômico zuriquense. O primeiro time de futebol a levar a Basiléia a algum sucesso foi o Old Boys. Fundado em 1894, os aurinegros foram vice-campeões nacionais em 1898/9, 1903/4 e 1911/2. No entanto, o time perdeu espaço a partir da década de 1910 e saiu da elite nacional após a implemen-

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tação do profissionalismo na década seguinte. Hoje, é amador e tem um trabalho mais focado nas categorias de base. Foi a deixa para o Basel assumir o posto de principal clube da cidade. O clube que carrega o nome da cidade em alemão foi criado em 1893 com as cores vermelha e azul. Os tons da camisa do time seriam apenas um detalhe não fosse o fato de, quatro anos depois, Joan Gamper, ex-jogador do Basel que morava na Catalunha, se tornar o mentor da fundação do Barcelona. Não há provas, mas uma teoria aceita por muitos é a de que as cores do clube espanhol foram escolhidas como homenagem ao time suíço. O RotBlau (rubro-azul em alemão) teve dificuldade para se consolidar nas primeiras décadas de vida. Ainda assim, evitou que o terceiro clube da Basiléia, o Concordia Basel, se tornasse um concorrente incômodo. Fundado em 1907, o Congeli sempre teve ligação muito forte com o RotBlau. Os dois clubes chegaram a dividir o mesmo estádio, o Rankhof, e o Concordia se estabeleceu como filial informal do vizinho após alguns anos. Com a decadência do Old Boys consolidada e o Concordia sem ambições, o Basel pôde reunir a população basileense em torno de um único time na luta por espaço no cenário nacional. A primeira conquista do RotBlau veio na temporada 1932/3, na Copa da Suíça. Outro título teve de esperar mais duas décadas, quando o Basel perdeu apenas uma de suas 26 partidas e levou o Campeonato Suíço. Era o início da rivalidade com o Zürich.

Suíços têm fama de frios, mas o clima esquenta quando Basel e Zürich se encontram

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CLUBES DA BASILÉIA

Swiss Super League

Footballclub Basel 11 Campeonatos Suíços 9 Copas da Suíça 1 Copa da Liga Suíça

Challenge League

Fussballclub Concordia Basel

1.Liga (terceira divisão)

Basler Sportclub Old Boys

Sportverein Muttenz

2.Liga (quarta divisão)

Fussball Nordstern Basel 1901 Maio de 2008

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Basiléia 164 mil habitantes C 3

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2 B 1 4

Suíça D F G

O ódio entre as cidades começou a refletir no futebol nos anos 1950, mas se tornou realmente forte na década seguinte, quando Bebbi e FCZ se tornaram os mais fortes da Suíça e passaram a disputar a hegemonia do país. Em campo, cada equipe contava com um ícone do futebol local: o Basel tinha o goleador Karl Odermatt, enquanto, no Zürich, atuava Jakob Kuhn, volante inteligente e atual técnico da seleção helvética.

ESTÁDIOS

Mesmo sendo o principal time da cidade mais apaixonada por futebol da Suíça, o RotBlau não evitou que uma grave crise financeira minasse suas forças. A equipe chegou a amargar um jejum de 21 anos. Como o Zürich também esteve em baixa no paríodo, boa parte do ódio dos basileenses sobre Zurique foi direcionado ao Grasshopper, que acumulou conquistas até se tornar o maior campeão do país, com 27 títulos da Liga e 18 da Copa da Suíça. Aos poucos, o Basel se reestruturou. Já no século XXI, seus fanáticos torcedores puderam vibrar com a melhor fase do time, que conquistou o Campeonato Suíço nas temporadas 2001/2, 2003/4 e 2004/5. Nesta equipe, brilhavam os irmãos Hakan e Murat Yakin, nascidos na Basiléia de pais turcos. Na mesma época, o Bebbi também pôde se aproveitar da reinauguração do St. Jakob-Park, maior e mais moderno estádio da Suíça desde 2005. A hegemonia basileense só foi interrompida com dois títulos seguidos do Zürich, o que reacendeu a velha rivalidade. Um atrito que quase se transformou em batalha em 2006. Em 13 de março daquele ano, as duas equipes se enfrentaram na última rodada. Jogando em casa, o Basel precisava apenas de um ponto para co-

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Getty Images/AFP

Crise e renascimento

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St. Jakob-Park

Sua reconstrução a partir do antigo St. Jakob começou em 1998. O novo estádio foi reinaugurado em 2001 e ampliado quatro anos depois. É o maior estádio da Suíça, com capacidade para 42.500 espectadores. A arena possui shopping, dois restaurantes, um estacionamento para 680 carros e, curiosamente, abriga uma casa de repouso para idosos. Localiza-se no lado leste da cidade e, em dias de jogos, os trens para lá saem a cada 15 minutos da Estação Central. Será o palco dos confrontos da Suíça na primeira fase da Eurocopa 2008, contra República Tcheca, Turquia e Portugal.

3

Schützenmatte Stadion

A casa do Old Boys Basel também foi sede das partidas do Basel durante a renovação do St. Jakob-Park entre 1998 e 2001. Foi ampliada nos últimos anos para 12.000 lugares. Fica no bairro Bachlettenquartier.

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Rankhof Stadion

Abriga os jogos do Concordia e do Nordstern. Tem capacidade para 7 mil espectadores, mas apenas 1.000 podem ficar sentados. Localiza-se no bairro Hirzbrunnerquartier.

Sportplatz Margelacker

Em meio a uma grande área verde, tem capacidade para 3,2 mil espectadores. Não se apresenta em condições muito favoráveis, mas, ainda assim, recebe jogos do Muttenz na terceira divisão suíça.

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Fotos Divulgação

O QUE VISITAR ENTRE UM JOGO E OUTRO

B C

Kunstmuseum (foto) Sportmuseum

A cidade abriga cerca de 40 museus. O mais importante deles é o Kunstmuseum. Com mais de 300 anos de um acervo que vai do clássico ao contemporâneo, o destaque são as obras de Salvador Dalí. Para os fanáticos, vale um pulo no museu dos esportes, que mostra a história da Suíça em várias modalidades.

A

Catedral da Basiléia

E

Münster é o nome oficial da catedral em estilo gótico que começou a ser construída em 1019 e demorou cerca de 500 anos para ser finalizada. Fica em uma colina acima do rio Reno e é uma dos principais atrações da Basiléia. O alto de suas torres oferece a melhor vista da cidade.

memorar seu terceiro título consecutivo, enquanto o FCZ dependia da vitória para assumir a liderança – o que equivalia a conquistar o campeonato. Em uma partida equilibrada, que caminhava para um empate por 1 a 1, o Zürich marcou o gol da vitória nos acréscimos. Logo após o apito final do árbitro, teve início uma briga entre torcedores das duas equipes. Enfurecidos com a perda do título, os seguidores do Bebbi invadiram o gramado e atacaram jogadores e torcedores rivais. A polícia tentava, sem eficiência, impedir o ataque. O confronto tomou as ruas da cidade e se arrastou até

Jardim Zoológico

Fundado em 1874, é o maior zoológico da Suíça. Abriga várias espécies raras. Os destaques são as vindas da África, como um grupo de girafas Masai e dois casais de ocapis.

a madrugada. O episódio ficou conhecido como “Desgraça da Basiléia”. O conflito de torcedores não foi o suficiente para ofuscar as pretensões da Basiléia na Eurocopa 2008. Com o maior e mais moderno estádio da Suíça, além de tradição e apoio ao futebol, a cidade conquistou o direito de ser sede da seleção suíça. Além disso, receberá duas partidas nas quartas-de-final e uma semifinal. Pelo menos, haverá um motivo para basileenses e zuriquenses deixarem as rixas de lado e se unirem e mostrarem, de modo mais saudável, como os suíços também podem ser passionais.

D

Goetheanum

Uma curiosa construção projetada pelo arquiteto Rudolf Steiner, é o centro mundial do movimento antropomórfico, onde acontecem vários espetáculos de dança, teatro e música, além de conferências do movimento. Encontrase em Donarch, um distrito da Basiléia.

F G

Liestal Laufen (foto)

São duas pequenas vilas próximas à Basiléia, ideais para passeios a pé ou de bicicleta. Nas proximidades, as atrações são castelos medievais e ruínas romanas.

Quem leva Não há vôos diretos do Brasil à Basiléia. A saída é fazer conexão em outra cidade. As principais opções são via Zurique (Swiss, 11 3049-2720), via Amsterdã (KLM, 4003-1888 ou 0800 888-1888), via Frankfurt (Lufthansa, 11 3048-5800), via Londres (British Airways, 11 4004-4440) ou via Paris (Air France, 4003-9955 ou 0800 888-9955). Há excursões pela Suíça que prevêem passagem pela Basiléia. Entre as agências de turismo que trabalham com esse destino estão Soft Travel (www.softtravel.com.br), Flot (www.flot.com.br) e TGK Turismo (www.tgkturismo.com.br).

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Sergei Supinsky/AFP

EUROCOPA por Cassiano Ricardo Gobbet

Azzurra

à berlinesa Sombra de Marcello Lippi e resultados nebulosos lançam suspeitas sobre as chances de uma Itália que quer rever a forma mostrada na Alemanha, em 2006

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normal que a Federcalcio queira estabelecer metas, mas quando se confia em alguém...” Roberto Donadoni, técnico da seleção italiana, não põe os pés pelas mãos. Desde sua exigência de “confiança total” por parte da federação italiana até sua recusa em renovar o contrato antes da Euro 2008, ficou nítida a tensão entre instituição e técnico. E o futebol campeão do mundo, é claro, apresenta os sintomas desse atrito. E há quem veja tudo como um mau presságio para o campeonato europeu, que começa em junho. Será? Entrar num grande torneio sob intensa pressão não é novidade para os italianos. Antes de viajar para a Espanha, em 1982, a imprensa italiana dizia que a “Azzurra” cairia na primeira fase. No último Mundial,

É

com o escândalo do “Calciocaos” ainda espirrando lama para todos os lados, as cabeças do técnico Marcello Lippi e do capitão Fabio Cannavaro eram exigidas para se fazer justiça. E nos dois torneios, os italianos venceram. A tarefa de Donadoni é a de repetir as voltas por cima. A situação atual é um pouco diferente. As dúvidas não se originaram em escândalos que abalaram o futebol do país, mas na cobrança. Após a euforia pelo título mundial, os italianos se colocaram em um novo nível de exigência. Como Lippi saiu, o novo treinador teria a obrigação de montar um time tão eficiente quanto o de seu antecessor. O fato de o responsável por essa tarefa ser um treinador inexperiente só aumentou a preocupação de imprensa e torcida.

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diante dos jogadores e, conseqüentemente, sem comando. A decisão foi corajosa, mas, mesmo assim, diminui sua força à frente de um grupo de campeões mundiais que não devem ser fáceis de gerenciar. Em campo, Donadoni teve percalços – uns fortuitos, outros não. A aposentadoria de Nesta da seleção desfez a sua zaga titular, mas o milanista abriu mão da “Nazionale” para se dedicar ao Milan e nem aceitou negociar. Com Totti, a baixa teve outra natureza. O romanista condicionava sua continuidade na “Azzurra” à adoção de um esquema de jogo que girasse em torno dele, como o da Roma. Donadoni disse “não” e o capitão “giallorosso” também deu adeus à camisa azul. Outro talento que o técnico teve de abrir mão foi Cassano. O barese foi titular das duas primeiras partidas oficiais do sucessor de Lippi. Depois disso, uma série de presepadas – tanto no Real Madrid quanto na Itália – torraram as suas cotações em “Azzurro”. O bom começo desta temporada com a Sampdoria devolveu o atacante à órbita da seleção, mas uma expulsão tola contra o Torino (e uma suspensão de cinco jogos) provavelmente foi fatal às suas chances. Mesmo com esses desfalques, a Itália de Donadoni tem nomes muito parecidos com

OS JOGOS DA ITÁLIA DE DONADONI 16/8/2006

Itália 0x2 Croácia

Amistoso

2/9/2006

Itália 1x1 Lituânia

Eliminatórias Euro

6/9/2006

França 3x1 Itália

Eliminatórias Euro

7/10/2006

Itália 2x0 Ucrânia

Eliminatórias Euro

11/10/2006

Geórgia 1x3 Itália

Eliminatórias Euro

15/11/2006

Itália 1x1 Turquia

Eliminatórias Euro

28/3/2007

Itália 2x0 Escócia

Eliminatórias Euro

2/6/2007

Ilhas Faroe 1x2 Itália

Eliminatórias Euro

6/6/2007

Lituânia 0x2 Itália

Eliminatórias Euro

22/8/2007

Hungria 3x1 Itália

Amistoso

8/9/2007

Itália 0x0 França

Eliminatórias Euro

12/9/2007

Ucrânia 1x2 Itália

Eliminatórias Euro

13/10/2007

Itália 2x0 Geórgia

Eliminatórias Euro

17/10/2007

Itália 2x0 África do Sul

Amistoso

17/11/2007

Escócia 1x2 Itália

Eliminatórias Euro

21/11/2007

Itália 3x1 Ilhas Faroe

Eliminatórias Euro

6/2/2008

Itália 3x1 Portugal

Amistoso

26/3/2008

Espanha 0x1 Itália

Amistoso

Arnd Wiegmann/Reuters

Em teoria, as condições não são totalmente adversas. A seleção campeã mundial teve uma campanha boa na classificação para a Eurocopa (nove vitórias, dois empates e apenas uma derrota, para a França em Saint-Denis). Mesmo assim, Donadoni não convenceu. Com Lippi ainda sem emprego, boatos sobre um retorno não cessam. “Sou como o papa Bento XVI. Como ele, sucedo alguém que teve uma passagem inesquecível”, resignou-se o próprio Donadoni, em novembro. As lideranças mais fortes do elenco italiano, como o capitão Cannavaro, o zagueiro Materazzi, o meio-campista Gattuso e o goleiro Buffon, já deram declarações públicas de apoio ao técnico. “Lippi também foi para o Mundial sem contrato renovado”, lembrou Materazzi, depois do último amistoso, uma derrota para a Espanha em Elche. Coincidências contam muito para os supersticiosos italianos. Só que Donadoni e a Itália terão de mostrar algo mais para protagonizar no Europeu. Não foi a Federcalcio que se recusou a renovar o contrato de Donadoni. O ex-jogador de Milan e Atalanta não aceitou um contrato que estivesse ligado ao rendimento italiano na Euro. O técnico considera que, ao fazer isso, ficaria em posição frágil

os da equipe de Lippi. Salvo contusões, pelo menos sete campeões mundiais estarão no time-base da Euro: Buffon, Cannavaro, Pirlo, Gattuso, Camoranesi, Perrotta e Toni. As incertezas do técnico estão na definição do esquema de jogo, se usa um 4-2-3-1 para aproveitar o entrosamento dos milanistas Pirlo e Gattuso ou um 4-3-3 com dois alas abertos suprindo um centroavante (Toni). Mais que escolher um sistema tático, Donadoni precisa dar coesão aos jogadores mais experientes. Em 2006, Lippi conseguiu moldar um grupo muito unido por causa do escândalo de corrupção que tinha estourado pouco antes da Copa. Semanas antes da conquista de Berlim, a torcida italiana pendurou uma faixa na grade que separava a arquibancada do centro de treinamentos da seleção: “É chegada a hora: mostremos a eles quem nós somos”. Se esse espírito ressurgir na Suíça e na Áustria em junho, a Itália pode passar por cima da insegurança a respeito de seu comandante e da cobrança para manter o nível de competitividade demonstrado na Alemanha. Ou seja, meio caminho para se colocar como candidata ao título europeu. Saiba mais sobre futebol italiano em www.trivela.com/italia

Mesmo em má fase, Cannavaro ainda tem a confiança de Donadoni

Total: 18 J, 12 V, 3 E e 3 D; 30 GF e 16 GC

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ELIMINATÓRIAS 2010 por Gustavo Hofman

Feitiço

africano Uma das potências do continente e maior vencedor da Copa Africana de Nações, o Egito acumula fracassos em eliminatórias para a Copa do Mundo ficialmente, as eliminatórias africanas para a Copa-2010 começaram em 14 de outubro de 2007, quando Madagascar goleou Comoros por 6 a 2. Mas tratava-se da fase preliminar. Na prática, a África começa a definir seus representantes no Mundial – exceção, claro, ao país-sede África do Sul – em uma bateria de jogos entre 30 de maio e 1º de junho. Nessa rodada, muitos olhares estarão no Egito, campeão do continente que tenta acabar com a tradição de falhar em eliminatórias. A história dos egípcios no futebol é incontestável. Os Faraós foram a primeira seleção africana a participar de uma Copa do Mundo, em 1934, na Itália. O Egito ainda é o maior vencedor da Copa Africana de Nações, com seis títulos (dois a mais que Camarões e Gana). Além disso, o Al Ahly é o grande bicho-papão dos principais torneios de clubes do continente. Toda essa força não se reflete na hora de lutar por uma vaga em Copa do Mundo. Depois de 1934, o Egito só voltou à competição uma vez, em 1990, também na Itália. Naquele mesmo ano, já se via como o desempenho em eliminatórias não acompanhava o da Copa Africana. Na CAN 1990, os egípcios caíram na primeira fase, com três derrotas em três jogos. Desde então, a maré se inverteu. Os Faraós colecionam decepções em eliminatórias e são supera-

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CONQUISTAS CON C ONQ QUIS Q UIST TAS DO D FUTEBOL FU F UTEBOLL EGÍPCI EGÍPCIO GÍÍPCIO G CIO 6 Copa Copas Africanas canass dee Na Nações 2 parti pparticipações icipaçõe em mC Co Copas paas do Mundo 11 Co Copa/Liga Copa/ pa/Liga / gga dos dos Ca C Campeões mpppeõões da d África, cco com AlA Al-Ahly -Ah Ahly hly (5) (5), Za Zamalek Zamale a ekk (5) e Ismaily (1) 8 Recopas Africanas, com Al Ahly (4), Al-Mokaoulun (3) e Zamalek (1)

dos por países como Camarões, Nigéria, Tunísia e Marrocos, muito mais assíduas nos Mundiais. Enquanto isso, conquistaram três títulos continentais. Não é predileção dos egípcios pelo torneio continental. Em 1990, o time se preparava para estar forte em junho, na Copa do Mundo, e não se dedicou à preparação para a CAN. Nos anos seguintes, o Egito viveu uma ligeira decadência, o que teve reflexo

nas eliminatórias do Mundial de 1994 e nas Copas Africanas de 1992, 1994 e 1996. Nos últimos dez anos, o Egito recuperou sua força. “Os jovens e as mulheres aumentaram o interesse no futebol e têm freqüentado os estádios, o que não acontecia antes”, conta a jornalista Sara Korshid, do site IslamOnline e correspondente do Middle East Times no Cairo. Esse processo recolocou os Faraós na elite africana. Os títulos da CAN em 1998, 2006 e 2008 mostram isso. Nas eliminatórias, dá para culpar o azar. Para o Mundial da França, os Faraós caíram em um grupo com a Tunísia e apenas uma

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Desirey Minkoh/A Minkoh/AFP AFFPP

Camarões 1x1 Egito em 2005: fim de mais uma campanha fracassada dos Faraós em eliminatórias de Copa do Mundo

equipe se classificaria. Os tunisianos tiveram melhor sorte nos confrontos diretos e ficaram com a vaga. Nas eliminatórias seguintes, a sorte continuou longe dos egípcios. Os Faraós tiveram de disputar um lugar na Copa contra Senegal e Marrocos (2002) e Camarões e Costa do Marfim (2006). Diante de concorrência tão forte, não foi surpresa que o Egito tivesse ficado de fora.

Pressão x entrosamento O fato de o Egito se impor com mais facilidade em um torneio curto não é coincidência. O país é um dos mais ricos da África

(é o 29º PIB do mundo), uma realidade que se reflete no futebol. Os grandes clubes egípcios têm estrutura e condição financeira para dificultar a saída de seus jogadores para a Europa. Assim, casos como os de Ahmed Hassam (Anderlecht-BEL), “Mido” Hossam e Mohamed Shawky (Middlesbrough-ING), Ibrahim Said (AnkaraguçuTUR) e Mohamed Zidan (Hamburg-ALE) são raros. Exatamente o contrário do que ocorre com outras nações africanas. Desse modo, os jogadores do país acumulam menos experiência internacional, algo que se evidencia em uma competição composta por jogos decisivos. “O povo considera o futebol um patrimônio nacional. Os jogadores da seleção são considerados faraós que jogam em nome do Egito, e seus triunfos são considerados um sucesso da nação. É algo que vai muito além do esporte”, comenta Korshid. (Veja a entrevista completa com a jornalista egípcia em www.trivela.com/entrevista)

Trata-se de uma pressão forte para um time que teve poucos dias para se reunir e treinar. Enquanto isso, marfinenses, camaroneses, ganenses, tunisianos e marroquinos disputam os principais campeonatos europeus e aprendem a lidar com a pressão da imprensa, torcedores e dirigentes, além de aprenderem a se virar no improviso. Para a Copa Africana, o cenário é diferente. Como quase todos os jogadores atuam no país, os egípcios conseguem reunir sua seleção com mais facilidade e se preparar melhor que os rivais. Tanto que, em seus títulos recentes da CAN, ficou sempre a marca de uma equipe taticamente sólida e entrosada. Outro fator importante é que o Egito tem melhor desempenho nas Copas Africanas realizadas em anos de Mundial. Foi assim nos títulos de 1998 e 2006. Não é coincidência. Nessas edições, as seleções classificadas para a Copa do Mundo não dão tanta atenção à competição continental e dão mais espaço a outras equipes. Por isso, as eliminatórias para a Copa de 2010 são importantes. Elas ocorrem logo após os Faraós conquistarem um título continental em ano que não tem Mundial. Dá para afirmar que, dessa vez, os Faraós chegam com uma das melhores seleções do continente. Resta saber se, finalmente, vão mostrar sua força além das fronteiras africanas. Saiba mais sobre futebol africano em www.trivela.com/africa

A ÁFRICA RUMO A Grupo 1

2010 Grupo 2

Cabo Verde

Guiné

Camarões

Namíbia

Ilhas Maurício

Quênia

Tanzânia

Zimbábue

Grupo 3

Grupo 4

Angola

África do Sul

Benin

Guiné Equatorial

Níger

Nigéria

Uganda

Serra Leoa

Grupo 5

Grupo 6

Gabão

Argélia

Gana

Gâmbia

Lesoto

Libéria

Líbia

Senegal

Grupo 7

Grupo 8

Botsuana

Etiópia

Costa do Marfim

Marrocos

Madagascar

Mauritânia

Moçambique

Ruanda

Grupo 9

Grupo 10

Burkina Faso

Chade

Burundi

Congo

Seychelles

Máli

Tunísia

Sudão

Grupo 11

Grupo 12

Suazilândia

Djibuti

Togo

Egito

Zâmbia

Malawi RD Congo

Obs.: 1) As seleções jogam em turno e returno dentro dos grupos. Classificam-se para a segunda fase os primeiros colocados, além dos oito melhores segundos. Na segunda fase, as 20 equipes se dividirão em cinco grupos de quatro. O primeiro colocado de cada chave está no Mundial; 2) As eliminatórias também valem para a CAN-2010, a ser realizada em Angola. Por isso, a África do Sul está na disputa, ainda que sua participação não valha para a Copa do Mundo.

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NEGÓCIOS por Gustavo Hofman n

IMPACTO PROFUNDO Não é novidade um grande clube aparecer na Série B, mas a chegada do Corinthians colocou a Segundona em um nível inédito de exposição na mídia e, conseqüentemente, de atratividade a patrocinadores

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Denny Cesare/Futura Press

Finalista do Paulista e com a companhia do Corinthians na Série B, Ponte Preta tem motivos para comemorar o início de 2008

empate por 1 a 1 com o Grêmio, combinado com a vitória do Goiás sobre o Internacional, na última rodada do Campeonato Brasileiro 2007, determinou o rebaixamento do Corinthians à segunda divisão. Essa era a visão de quem estava envolvido com a Série A. Para quem estava na Segundona, a queda do Alvinegro era sinal de dinheiro, muito dinheiro, chegando. Ter a segunda maior torcida do Brasil tornou a Série B um produto extremamente atrativo para patrocinadores e para o público em geral. Antes mesmo de a competição começar, as expectativas são altas, em um patamar não visto nem quando outros grandes, como Palmeiras, Grêmio, Botafogo e Atlético-MG, estiveram na segunda divisão. “Esperamos um crescimento de 300% no faturamento com pay per view, propaganda, patrocínio e publicidade estática”, estima José Neves, presidente da FBA (Futebol Brasil

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Associados), entidade que negocia os direitos de transmissão e patrocínio da Série B. Um exemplo dessa valorização seria a demanda por placas de publicidade nos estádios. A FBA tem 34 placas para negociar, sendo que o clube da casa e a CBF contam com mais duas cada. “Em geral, temos dificuldade para vender todas”, conta Neves. “Como a procura por elas tem sido muito grande e a maioria das empresas compra o par, acho que, este ano, não vamos conseguir atender a todos os pedidos.” Na televisão, o cenário é parecido. Como nos últimos anos, a Rede TV detém os direitos de transmissão para canal aberto – a titular é a Globo, que repassa à emissora paulista – e a Sportv tem exclusividade na TV por assinatura. A diferença é a entrada da Globo, que vai televisionar, sempre aos sábados, diversas partidas do Alvinegro. Isso já foi feito em outros anos, como em 2006 com o Atlético-MG, mas sempre com alcance estadual. A Rede TV já anunciou sua programação para a Série B: serão 30 jogos ao vivo aos sábados, às 16h, e oito compactos, às 23h das terças-feiras. Do Corinthians, serão 21 partidas ao vivo, inclusive para São Paulo, e nove jogos para toda a rede (ou seja, exceto para a capital paulista). Com isso, parceiros e patrocinadores da competição terão 450 chamadas caracterizadas, 15 por partida, todas ao vivo. O tamanho da torcida corintiana não é a única motivação dos patrocinadores. O fato de a Série B ter conquistado espaço no mercado paulista é considerado fundamental. “Muitos falam que a torcida do Flamengo é maior, mas o mercado do Corinthians é São Paulo, o maior e mais forte do país”, explica José Neves. “Todos os clubes já pensam nas datas que vão enfrentar o Corinthians em casa.”

Efeito cascata

Nos contratos negociados em bloco, pela FBA, a Série B se beneficia com a presença de um time grande. Mas não é só aí que estão os ganhos. Os demais 19 participantes da Segundona também tiraram proveito na busca por parceiros e patrocinadores. “Já houve um aumento muito grande na procura das empresas. Agora, a Série B possui um custo x benefício muito grande”, afirma Uéselis Amaral, diretor de marketing da Ponte Preta. O dirigente confirmou que o clube campineiro conseguiu renegociar os contratos com seus patrocinadores, sempre aumentando os valores. A EMS, gigante do ramo farmacêutico, fechou acordo com os pontepretanos no início do ano com um olho na vitrine que se tornou a Série B. Durante o Campeonato Paulista, a marca da empresa ficou nas mangas da camisa da Ponte. A partir da segunda divisão nacional, o logotipo estará presente no peito. Uma exceção nesse cenário é o Bahia. O Tricolor baiano também se beneficia com o aumento de mídia proporcionado pelo Corinthians, mas com menos intensidade. O motivo é simples: o time estava na Série C no ano passado e a subida para a segunda divisão, por si só, já representa uma melhoria em faturamento com TV e em exposição para os patrocinadores. Outro fator importante é o status do Bahia. Como membros fundadores do Clube dos 13 (são os únicos fora de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul), os tricolores têm garantido o percentual da cota de TV que teriam direito se estivessem na Série A. “Sem contar a nossa parte nos direitos da segunda divisão, já vamos receber R$ 210 mil”, afirma Ruy Accioly, diretor de futebol do clube baiano. Mesmo considerando os atenuantes do Bahia, o rebaixamento do Corinthians mudou a realidade econômica VENDA DE PACOTES DO 125 mil da segunda divisão. PAY PER VIEW DA SÉRIE B Agora, ter empresas dispostas a colocar diPresença de grandes clubes na Série B sempre aumentou a venda de pacotes nheiro na competição do pay per view. Com o Corinthians, ficou mais fácil. Por isa previsão é consideravelmente maior so, não seria de se estranhar se os dirigentes desses clubes admitis53 mil sem, ainda que discre45 mil 47 mil tamente, que torceram 38 mil 36 mil 32 mil contra o Alvinegro em 2 de dezembro de 2007. Negócios são 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008* negócios.

NOTAS Divisão de dinheiro Os clubes das duas primeiras divisões do futebol francês entraram em acordo sobre a divisão do dinheiro dos direitos de televisão. A Ligue 2 receberá € 101,8 milhões de um total de € 668 milhões, que serão divididos entre as 20 equipes participantes da competição. Inicialmente, haviam sido acordados somente € 94 milhões, de um montante de € 653 milhões. Após algumas negociações, os valores foram aumentados. A Ligue 1 ficará com os € 566,2 milhões restantes, divididos em cotas iguais para os clubes da primeira divisão. Adicionais serão pagos de acordo com a posição na classificação final e de acordo com o número de jogos transmitidos de cada time nos últimos cinco anos. Os valores mencionados são anuais.

Biro-Biro ou Maradona? A velha discussão sobre quem é melhor, Pelé ou Maradona, perde espaço. Pelo menos é o que propõe a nova campanha da Coca-Cola. A fabricante de refrigerantes lançou uma eleição entre Maradona e o ex-corintiano Biro-Biro. Criada pela agência JWT, a campanha é composta por cinco filmes e simula uma eleição entre os dois ex-jogadores. Os eleitores usarão tampinhas de refrigerante para votar. No site da empresa, há um jogo online em que é possível simular uma luta entre Maradona e Biro-Biro. Os valores da campanha não foram divulgados.

* Estimativa / Fonte: Premiere Futebol Clube

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Sérgio Massa/Divulgação

CULTURA por Rafael Martins

Nos Campos de Piratininga

O teatro brasileiro nunca deu muita bola para o futebol, mas, em 2008, várias peças usam o esporte como tema e mostram como é possível aproximar palcos e campos o jargão do futebol, “teatro” é um termo negativo. Quase sempre que surge, é para dizer que um jogador fingiu sofrer falta ou ter se contundido. Nem parece que o teatro é uma forma de arte muito mais rica que as tentativas de enganar os árbitros. De qualquer modo, nos últimos anos, a relação entre artes cênicas e futebol tem mudado. Algumas peças entraram em cartaz e provam que é possível unir essas duas manifestações culturais. Analisando com mais cuidado, percebe-se como não é inviável compa-

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rar os dois universos. Jogadores são chamados de “artistas” há décadas. Do mesmo modo, os atores dizem que um colega “passa bem a bola” quando tem boa réplica. Além disso, a própria mecânica dos dois espetáculos permitem comparações. “Um dia, a [atriz] Glauce Rocha me disse: ‘Eu adoro futebol. São 22 atores improvisando o tempo todo. É um grande espetáculo teatral’”, conta o diretor Braz Chediak. Historicamente, a distância entre vestiários e camarins é grande, com poucas peças tendo o futebol como tema. Há motivos culturais para esse fe-

nômeno. “O teatro sempre foi considerado uma expressão da elite e deixou o Brasil de verdade de lado”, comenta Edwaldo Cafezeiro, co-autor do livro “História do Teatro Brasileiro”. Tânia Brandão, professora da Faculdade de Artes Cênicas da Unirio e crítica de teatro, faz um paralelo com outra paixão popular: “O futebol nunca interessou diretamente ao teatro, mas o carnaval também não”. O fato de o esporte mais popular do Brasil não ser visto como “nobre” o suficiente para pisar o tablado chega a atrapalhar quem tenta investir nessa área. “Existe preconceito, sim”, afirma Graça Berman, co-autora, produtora e atriz de “Nos Campos de Piratininga”, que liga a trajetória dos clubes paulistanos à história da cidade de São Paulo. “Nenhum crítico de teatro fez uma resenha da nossa peça. Isso atrapalha, pois temos menos oportunidades de trocar idéias com outras pessoas”, comenta Berman, que havia produzido, em 2002, “Nossa Vida É uma Bola”. Uma realidade que muda lentamente. Até abril deste ano, esteve em cartaz no Rio de Janeiro “A Falecida”, escrita em 1953 por Nelson Rodrigues. O futebol não é o assunto central da peça, mas permeia toda a trama. O personagem Tuninho, vascaíno, sofre com o possível desfalque do atacante Ademir para o jogo contra o Fluminense. Sua esposa morre, e ele não paga um apoteótico enterro porque gasta o dinheiro apostando em seu time.

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LANÇAMENTOS Eurocopa no Playstation 3

Paula Cossatz/Divulgação

A Falecida

Para João Fonseca, diretor da montagem de 2008 de “A Falecida”, a quantidade de peças dedicadas ao esporte é inversamente proporcional à influência que ele tem na vida do brasileiro. Como exemplo, ele conta que, num ensaio noturno, havia gente querendo ir embora mais cedo para não perder Cienciano x Flamengo. Outro exemplo de como o futebol ganha espaço nos palcos foi dado no Festival de Teatro de Curitiba. Na edição 2008, o evento contou com três atrações que falavam de futebol: o espetáculo coreográfico “Metegol”, do grupo Intrépida Trupe, e as comédias “Atletiba” e “São Paulo e Corinthians”, criadas e dirigidas por Treat Serpa. Com piadas e dados históricos dos clubes, as peças mudam conforme os resultados do fim de

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semana: “O Atlético evitou pegar o Coritiba na semifinal do Paranaense, então incluímos a brincadeira com o novo uniforme amarelo do Furacão”, relata o autor. A evolução é inegável, mas há espaço para se aprofundar, usando o futebol apenas como pano de fundo para tratar de temas sociais. “Chapetuba Futebol Clube”, de Oduvaldo Vianna Filho, é um exemplo. “Havia intensa pesquisa sobre a interpretação do genuíno homem brasileiro”, conta Nélson Xavier, que atuou na primeira montagem da peça, em 1959. O ator julga que o futebol merecia abordagens mais freqüentes no teatro. Temas não faltariam: “A cartolagem, esse Ricardo Teixeira que se eterniza na CBF...”. Está traçado o caminho que pode levar o teatro brasileiro ao encontro do futebol. É um trajeto longo, mas que, felizmente, já está sendo percorrido por algumas pessoas. Colaborou Ubiratan Leal

A bola em cena Peças de 2008 que tiveram o futebol como tema ou elemento relevante

Nos campos de Piratininga Autor Renata Pallottini e Graça Berman

Atletiba: A Comédia Autor Treat Serpa

Os amantes de videogames e futebol já têm mais um jogo para correr atrás. Com a disputa da Eurocopa, a EA Sports lançou o Uefa Euro 2008, nova versão do Fifa 2008. Há algumas poucas novidades em jogabilidade e gráficos. A personalização com a Euro, com premiações e seleções atualizadas, é o forte do jogo, além dos oito estádios oficiais do torneio. O jogo está disponível para diversos tipos de sistemas (Playstation portátil, 2 e 3, Xbox e PC).

Uefa Euro 2008 Fabricante: EA Sports Lançamento: Abril/2008 Preço: € 38

Nelson Rodrigues de volta Pode a “gargalhada cósmica” de um massagista interferir no resultado de uma partida? Pode a banha de um técnico pesar a favor do time? No universo de Nelson Rodrigues, sim. Para quem está habituado a resenhas geladas e óbvias, “O Berro Impresso das Manchetes” é uma quebra de rotina. O livro contém as crônicas que o dramaturgo escreveu para a revista Manchete Esportiva, entre 1955 e 1959. Sua visão do futebol pode ser resumida nesta comparação com o teatro: “Para os bobos, não existe a menor relação entre uma coisa e outra. Ilusão. Existe, sim. O futebol vive dos seus instantes dramáticos e um jogo só adquire grandeza quando oferece uma teatralidade autêntica”.

São Paulo e Corinthians: A Comédia Autor Treat Serpa

A Falecida Autor Nelson Rodrigues Veja lista com a cronologia do futebol no teatro brasileiro em www.trivela.com

O Berro Impresso das Manchetes Autor: Nelson Rodrigues Editora: Ediouro Páginas: 544

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eu fiscalizo a

Copa 2014

por Gustavo Hofman e Juan Saavedra Assim que foi eleito presidente da Federação Paranaense de Futebol, Hélio Cury não escondeu qual era a prioridade de sua gestão. Aliás, ainda deu uma de profeta: “O primeiro passo de meu mandato é entrar em contato com a CBF para discutirmos mais a fundo a vinda da Copa do Mundo para o Paraná. Tenho 95% de certeza que conseguiremos isso”.

A declaração deixa evidente o que pautou a ferrenha disputa pelo comando do futebol paranaense. A FPF realizou eleições em 18 de abril após um imbróglio enorme, com liminares, brigas e muito tumulto. Cury já estava no poder havia cinco meses, mas estava na condição de interino. Sua gestão era amparada por uma decisão judicial, cobrindo o vácuo criado pela prisão de Onaireves Moura. O fator “Copa” foi fundamental para tornar a presidência da federação tão cobiçada. Tanto que o governo do Estado e a prefeitura de Curitiba ficaram de olho no que ocorria na entidade. Informalmente, Cury tem o apoio de Beto Richa, aliado do ex-governador Jayme Lerner e atual prefeito de Curitiba. Outro candidato era Rafael Iatauro, chefe da Casa Civil de Roberto Requião, governador do Paraná. Sem apoio estava Moacir Peralta, antigo aliado de Onaireves Moura. A campanha eleitoral envolveu até encontros com Ricardo Teixeira. Requião não participou da comitiva que acompanhou o presidente da CBF quando o Brasil foi escolhido sede do Mundial. No entanto, seguiu o conselho de Mário Celso Petraglia, dirigente do Atlético-PR, e fez uma visita a Teixeira para deixar claro o interesse do Paraná no torneio. Hélio Cury não foi convidado, mas marcou uma conversa com Teixeira semanas depois. A tiracolo, levou Richa. A vitória de Hélio Cury foi esmagadora. Pela rivalidade histórica dos grupos de Requião e Lerner, o atual governo do Estado saiu derrotado.

LU PA Demolição Outra promessa da candidatura de Hélio Cury foi a demolição do estádio Pinheirão, em Curitiba. Chamado de “elefante branco” pelo dirigente, o estádio está abandonado totalmente pelos clubes curitibanos. Richa gosta da idéia, pois o dinheiro arrecadado com a venda do terreno onde está o Pinheirão pode sanar dívidas da FPF com o município.

Ganhos futuros Prova das ambições paranaenses em ser sede do Mundial é a espera do AtléticoPR por uma nova proposta de “naming rights” para a Arena da Baixada. O acordo com a Kyocera acabou, e o clube, segundo o diretor de marketing, Mauro Holzmann, irá aguardar uma oferta vantajosa, com foco na Copa de 2014. A Kyocera pagou cerca de R$ 5 milhões para dar nome ao estádio por três anos. Agora, o Atlético-PR queria o dobro por dois anos. A diretoria acredita que esse valor pode subir bem mais se o estádio for confirmado no Mundial.

Antonio Costa/Gazeta do Povo/Futura Press

Desconhecimento

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O Pinheirão, idealizado para ser o maior estádio do Paraná, está às moscas

Campinas está fora da lista de 18 cidades que concorrem para receber jogos da Copa de 2014. No entanto, o secretário de assuntos jurídicos da cidade, Carlos Henrique Pinto, tem afirmado à imprensa local que o município vai construir uma moderna arena. Com isso, pretende convencer a CBF a incluir Campinas entre as futuras sedes.

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CADEIRA CATIVA por Leonardo Bertozzi

Que mistério ue mistério tem o Atlético que às vezes parece que ele é gente?”, perguntou certa vez Roberto Drummond, cronista que melhor traduziu a paixão alvinegra. Dúvida pertinente. Quando marquei minhas férias para o final de março, o plano era visitar o Galo. Dar-lhe os parabéns pessoalmente pelos 100 anos de vida. E agradecer por ter sido o incentivador de minhas maiores escolhas pessoais e profissionais. Cheguei a Belo Horizonte em 24 de março. O clube convocara a torcida a lotar os bares da cidade para a virada do dia. Missão dada, missão cumprida. Em um dos redutos de atleticanos, o Bar do Salomão, não havia mais espaço. De lá, segui para a sede do Galo. Havia milhares de pessoas. Atleticanos de ir ao Mineirão todo domingo ou que vieram de mais longe que eu. A meia-noite do centenário foi mais bonita do que qualquer Ano-Novo. “Que mistério tem o Atlético que a gente o confunde com uma religião?”, indagou Drummond. Se estivesse vivo, ele repetiria a pergunta na manhã de 25 de março, quando a igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem transformou-se em estádio. A missa intercalava gritos de torcida com a liturgia católica. Entre as ofertas, camisas e chuteiras. No meio da missa, houve a entrada de um galo vivo e o anúncio da contratação de Petkovic pelo presidente do clube

Q

ATLÉTICO-MG PEÑAROL

em pleno altar. Na saída da igreja, Reinaldo dava autógrafos, mas se recusava a assinar com caneta azul. “Só a preta”, avisava. A massa saiu em procissão até o Parque Municipal, onde o clube foi fundado em 1908. Tudo parecia armado para um evento formal, mas a mestre-de-cerimônias tinha outros planos: “o Atlético foi fundado por gente da alta sociedade? Foi fundado por gente da colônia italiana?”, questionava. “Não!!!”, respondia a torcida. “Que mistério tem o Atlético que, à simples presença de sua camisa branca e preta, um milagre se opera?”, quis saber Drummond, que teria gostado de ver a profusão de camisas e bandeiras do clube nas ruas. Naquele momento, eu já sabia que nunca me perdoaria se não tivesse ido a BH. Mas ainda faltava o reencontro com o Mineirão, com o time. Chega de ser torcida visitante em estádios paulistas. O que o Atlético pensaria se soubesse que eu me ausentei do Gigante da Pampulha por mais de três anos? O jogo contra o Peñarol era a apoteose

?

tem

do centenário. Uma bandeira ocupava quase todo o gramado. O mascote distribuía brindes. Um show esquentou o público. O cantor parecia não saber a letra do hino atleticano, mas tudo o que ele precisava era do primeiro verso. A torcida fazia o resto. O Peñarol não estava em clima de festa. Abusou de faltas violentas e obrigou os atleticanos a suarem para manter a euforia da massa. Marcos, de cabeça, fez 1 a 0 para o Galo no primeiro tempo. Na segunda parte, já com vários reservas em campo, o Atlético levou o empate. Não era o desfecho que a torcida queria. Mas, no fim das contas, o que aconteceu naqueles 90 minutos foi irrelevante perto do que ocorrera nos dias anteriores. “Que mistério tem o Atlético que é uma propriedade coletiva? Que não tem dono, mas muitos donos?”, perguntou Drummond. Que todo torcedor acha seu time especial, é óbvio. Mas eu, como um dos proprietários do Clube Atlético Mineiro, tenho orgulho de dizer que o meu é mais especial.

Fotos Bruno Cantini/Divulgação

Como apenas três dias sintetizaram 100 anos de paixão pelo Atlético-MG

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Competição: Amistoso em comemoração ao centenário do Atlético-MG Data: 26/março/2008 Local: Mineirão (Belo Horizonte)

Você foi a algum jogo e tem uma boa história para ser contada? Escreva para contato@trivela.com que seu texto pode ser publicado neste espaço!

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A Várzea

Pré-Brasileiraço Ah, os Estaduais... Como todo mundo sabe, A Várzea adora acompanhar todo esse movimento de prétemporada antes do início da disputa do Brasileiraço, o campeonato que realmente vale alguma coisa. Além de prestar assessoria para os responsáveis pelo regulamento de alguns desses torneios de verão (nem todo mundo tem a grande sacada de montar uma tabela de pontos corridos com turno único, permitir a um clube rebaixado ser campeão, montar hexagonais, quadrangulares, repescagens e afins), gostamos de acompanhar como há tanta gente que se descabela só porque tropeçou no Cardoso Moreira, tomou um sufoco do Rio Claro ou caiu diante do Engenheiro Beltrão. Exatamente por conta desses desafios contra adversários de nível internacional (afinal, Santa Maria é logo ali) é possível traçar com inigualável exatidão tudo o que acontecerá neste Brasileiraço. Para começar, o Atlético-PR dará trabalho, pois começará com uma incrível série de vitórias consecutivas. No Rio Grande do Sul, o Grêmio anda meio ressabiado com neblina, mas, para sua sorte, o Juventude foi rebaixado. Já o Inter não tem tantas preocupações, pois até seu clone se deu bem no Chimarrão, ops, Gauchão. No Rio de Janeiro, o Flamengo decidiu copiar a estratégia do alvinegro e inovará: depois de reclamar muito por jogar fora do Maracanã, o time se preparará para enfrentar a altitude de Recife, Goiânia e Florianópolis, deixando alguns cilindros de oxigênio à beira do campo. Aliás, é melhor o Figueirense não tomar gol do Souza, pois a “dança do créu” já saiu das paradas no Orlando Scarpelli faz um tempinho. Fluminense e Vasco só observam. Enquanto isso, o Palmeiras acredita ser o Manchester United tupiniquim. Conversa; todo mundo sabe que Lenny, Martinez e George Preah colocam Cristiano Ronaldo, Rooney e Tevez no bolso. Já o Santos aposta na personalidade calma de Leão, na tranqüilidade de

A charge do mês Fábio Costa e na habilidade de Marcinho Guerreiro para demonstrar seu poder de recuperação após derrotas para os caçulas. E o atual campeão São Paulo chega com fama de mal-encarado e espera contar com uma mãozinha extra para levar o tri. Faltou falar do terceiro grande da capital, mas a Portuguesa ainda precisa tomar muito caldo verde para enfrentar seus adversários de igual para igual. Será um Brasileiraço para deixar muita gente roxa de inveja.

A lorota do mês Você pode receber A Várzea todo dia na sua caixa postal. Basta entrar no site www.trivela.com e inserir seu endereço de e-mail no campo de cadastro. Ou então mande uma mensagem para varzea@trivela.com, com a palavra Cadastrar no campo de assunto

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“Nem o Carrossel Holandês, a Hungria de 54, os times campeões da Itália e da Alemanha iriam vencer o Botafogo nesse domingo” Afinal, para Joel Santana, quem são Cruyff, Puskas e um tal de Gerd Müller diante do Deus supremo Wellington Paulisterooy?

A manchete do mês “Presidente do Cienciano diz que não é ET” (Lancenet)

Em alta Futebol galês Cardiff na final da FA Cup, Swansea na segunda divisão, Griffiths como artilheiro da Europa... Quem disse que não há futebol em Gales?

Bayern de Munique Quase levou um tabefe do Getafe na Copa Uefa e, se não fosse um italiano, teria amargado um baita vexame.

Em baixa

Ainda bem que ele avisou, senão alguém acharia meio estranho quando o visse andar de bicicleta.

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