nº 32 | out/08 | R$ 8,90
w w w. t r i v e l a . c o m
COPA’14 4 Morumbi: projeto está fora dos padrões da Fifa
O maior
CLÁSSICO do Brasil
capa RS.indd 1
Raiioo-X X do o Mus useu do Fu useu Fute tebo te bo ol Tim T im mem eman ania an ia: ia a: ap a os osta ta ffur urad ur ada ad a Man M anch an c es ch este t r: te r: verrme m lh hos o x azu zuis is A Inter ntter n er de Jo José osé éM Mou ou uri rinh nh ho
nº 32 | out/08 out/ t/08 t/ 08 | R$ R$ 8,90
Ri lid d tradição Rivalidade, di ã e bom futebol: Gre-Nal, Fla-Flu, Boca x River e outros 47 duelos que valem por um campeonato
9/30/08 6:36:44 AM
br.lottosport.com
DESIGN, TECNOLOGIA E FUTEBOL ARTE. LOTTO. PATROCINADORA OFICIAL DE 6 TIMES BRASILEIROS.
anuncios.indd 2 An lotto times Dupla.indd 1
9/30/08 5:42:51 PM
j3p
Fornecedora OďŹ cial de Material Esportivo.
anuncios.indd 3
9/30/08 5:42:58 PM 9/30/08 2:40:24 PM
EDITORIAL
Três capas, mas podiam ser 50 O futebol, é notório, é pródigo em chavões. Muitos deles são totalmente descolados da realidade, mas, nem por isso, menos repetidos. Quando os usamos, entretanto, para falar dos clássicos, em geral não erramos. É nesses jogos que as velhas verdades são mais verdades: clássico não tem favorito, quase sempre é verdade, e, como se sabe, clássico é clássico... e vice-versa. Pela primeira vez desde que a Trivela é revista, damos a capa a um ranking. Pela primeira vez desde que a Trivela é revista, aliás, damos mais de uma capa, mais exatamente três: para um pedaço da região Sul, a capa é o Gre-Nal, vencedor da eleição promovida pela Trivela entre jornalistas do mundo todo como o maior clássico do Brasil. Para São Paulo e estados vizinhos, a capa é Corinthians e Palmeiras. E para o Rio e maior parte do Brasil, o Fla-Flu é quem manda. Como a eleição é na Trivela, porém, não entram só as obviedades. E aparecem jogos do planeta todo, e não só do Brasil, e nem apenas dos maiores centros. Se tivéssemos uma edição espanhola, sua capa teria, claro, Real Madrid e Barça, campeão em indicações. Poderíamos, diga-se, ter umas vinte capas. Estão na lista jogos de doze estados brasileiros – e não só das capitais, como provam o Come-Fogo, de Ribeirão Preto, e o Bra-Pel, de Pelotas – e de 14 países, o Egito entre eles. Como em toda eleição, haverá quem discorde dos resultados. Aqui na redação há quem não se conforme com o pequeno número de citações para Santos x Botafogo, ou com a péssima classificação dos dérbis de Istambul, Praga e Manchester. Esta é a graça das listas: goste-se ou não delas, é difícil ignorá-las. Concordando ou não com a classificação de cada clássico, ninguém fica sem informação: de onde vem a rivalidade entre Manchester United e Liverpool? Por que Zamalek e Al-Ahly é considerado por muitos como o maior clássico do planeta? O que há em comum entre as rivalíssimas torcidas de Estrela Vermelha e Partizan Belgrado? Uma tradição comum no mundo todo, que esperamos estar começando a institucionalizar no Brasil.
w w w. t r i v e l a . c o m Editor Caio Maia Editor assistente Ubiratan Leal Reportagem Gustavo Hofman, Leonardo Bertozzi, Luciana Zambuzi, Pedro Teixeira (trainee) e Ricardo Espina Consultoria editorial Martinez Bariani e Mauro Cezar Pereira Colaboradores Antonio Vicente Serpa, Daniel Crenitte, Eliano Jorge, Eduardo Camilli, Fábio Fujita, Fábio Kadow, João Tiago Picoli, Marcus Alves, Mauro Marchesini, Nair Horta e Renato Andreão Revisão Luciana Zambuzi Projeto gráfico / Direção de arte Luciano Arnold Design / Tratamento de imagem Bia Gomes Capas Nabor Goulart/Futura Press (Gre-Nal) Rudy Trindade/Futura Press (Fla-Flu) Caetano Barreira/Foto Arena/Gazeta Press (Corinthians x Palmeiras) Agradecimentos Daniel Kfouri e Fábio Redivo
Assinaturas
www.trivela.com/revista (11) 3038-1406 trivela@teletarget.com.br Diretora de publicidade Paula Kenan
CONFIRA NESTE MÊS
TODA SEMANA Acompanhe colunas com análise e informações do futebol de todo o mundo
4
índice.indd 2
Tony Gentile/Reuters
Para quem gosta de seguir os campeonatos com papel e caneta
13/10 Guia da Copa Uefa Conheça os 40 times da fase de grupos, antes que o torneio vire “Liga Europa” Divulgação
TABELAS PARA IMPRESSÃO
Gerente de publicidade Luiz Fernando Martin Gerentes-executivos de negócios Edson Arsênio, Marlene Torres, Marielle Brust e Vanuza Batemarque E-mail comercial@cartacapital.com.br Tel. (11) 3474-0150 Gerente de marketing Gabriela Beraldo
17/10 Entrevista Vagner Love Atacante fala sobre CSKA, Seleção e por que não voltou ao futebol brasileiro 20/10 Especial Sites oficiais dos clubes Trivela avalia os melhores - e os piores sites brasileiros e internacionais
27/10 História Nottingham Forest campeão Três décadas atrás, modesto clube inglês conquistava a Europa
Gerente de circulação Alexandre Braga Atendimento ao leitor contato@trivela.com (11) 3474-0152 é uma publicação mensal da Trivela Comunicações. Todos os artigos assinados são de responsabilidade dos autores, não representando necessariamente a opinião da revista. Todos os direitos reservados. Proibida a cópia ou reprodução (parcial ou integral) das matérias e fotos aqui publicadas Distribuição nacional Fernando Chinaglia Impressão Ibep Gráfica Tiragem 30.000 exemplares
Outubro de 2008
9/30/08 7:02:56 AM
ÍNDICE CAPA » RANKING
34
50 clássicos, 50 histórias, 50 rivalidades, 50 ódios mortais: conheça os duelos que fazem tudo em sua volta parar
TIMEMANIA
Loteria faz 6 meses e ainda não vingou
24
OPINIÃO 17
MARACANAZO
27
SUSTENTA
Inter e o Protocolo de Kyoto
28
NEGÓCIOS
Clubes tentam lançar seus canais de TV
32
CAPITAIS DO FUTEBOL » MANCHESTER 48
Valéria Almeida
ENCHENDO O PÉ
ENTREVISTA » FELIPE MELO
52
HISTÓRIA
54
ÁSIA
Atlético de Madrid campeão mundial
Saiba quem é quem no “Mundo Árabe”
56
GEÓRGIA
O futebol nas regiões separatistas
58
CULTURA
Um raio-X do Museu do Futebol
59
20
ENTREVISTA » MARTÍN PALERMO
2x0
JOGO DO MÊS
6
GERAL
8
PENEIRA
16
TÁTICA
18
EXTRACAMPO
62
CADEIRA CATIVA
64
A VÁRZEA
66
eu fiscalizo a
Copa Copa Co p 2 201 014 01 4
Alejandro Pagni/AFP
Maior artilheiro da história do Boca Juniors se abre, e mostra os conflitos e dúvidas de um jogador que sofre uma grave contusão
Principal opção paulista para a Copa, projeto do Morumbi não respeita as determinações da Fifa
Outubro de 2008
índice.indd 3
30 5
9/30/08 7:03:10 AM
2x0 JOGO DO MÊS
Elize Berberyan/AFP
por Pedro Teixeira
A diplomacia do futebol
Jogo das eliminatórias da Copa promove a aproximação de dois povos separados há quase um século m 6 de setembro, no estádio de Hrazdan, Ierevan, os presidentes de Turquia e Armênia assistiram à abertura da quinta rodada do grupo 5 das Eliminatórias da Copa 2010. Não era um acontecimento trivial entre líderes políticos. Naquele dia, Abdulah Gul e Serge Sarkissian protagonizavam um momento histórico na relação das duas nações. Tratava-se do fim de um silêncio diplomático que durava 17 anos. Mais do que isso, a primeira visita de um chefe de estado turco à Armênia, marcando a reaproximação de dois países separados por uma fronteira e quase um século de cizânia. Os dois países têm relações cortadas desde 1993, quando a Armênia se envolveu em um conflito no Azerbaijão, aliado da Turquia. No entanto, as diferenças começaram muito antes. Durante a
E
6
jogo do mês.indd 2
Primeira Guerra Mundial, o governo dos chamados Jovens Turcos foi responsável pela deportação e aniquilação do povo armênio do Império Otomano. Calcula-se que foram mortas cerca de 1,5 milhão de pessoas. Há estudos que dizem que o massacre foi uma retaliação aos armênios por terem se recusado a lutar com os turcos ao lado da Tríplice Entente.
ARMÊNIA Berezovskiy; Tadevosyan, Arakelyan, Arzumanyan (Khachaturyan) e Dokhoyan; Artavazd Karamyan, Voskanyan, Mkhitaryan e Mkrtchyan; Arman Karamyan e Manucharyan Técnico Jan Poulsen
A Turquia nunca reconheceu o que os armênios consideram um dos maiores genocídios do século passado. Os turcos alegam que os números são exagerados e que as mortes foram resultado de uma guerra civil, agravada pela fome e por doenças que vitimaram ambos os lados. Por isso, o ódio entre ambos dura até hoje. E, claro, não foi de estranhar que tivesse havido resistência à visita do chefe de Estado turco à Ierevan. As manifestações contrárias ao presidente da Turquia começaram antes da partida. No aeroporto de Zvartnots, onde Gul foi recebido pelo ministro das Relações Exteriores da Armênia, centenas de manifestantes exibiram cartazes de protestos e bandeiras armênias. Através do vidro blindado da tribuna VIP, o presidente visitante e seu anfitrião viram as arquibancadas do Hrazdan cheias e, antes mesmo que a seleção turca entrasse no gramado, ouviram as efusivas vaias da torcida da casa. Dentro de campo, o fraco time da Armênia deu mais trabalho do que era esperado. O jogo começou equilibrado e a superioridade da hostilizada seleção turca só foi confirmada aos 16 minutos do segundo tempo, quando Tuncay Sanli abriu o placar. Aos 33, Sentürk deu números finais ao jogo. O resultado foi secundário, até porque poucos esperavam um sucesso da Armênia. O importante é que os dois líderes políticos mostraram-se dispostos a pôr fim às desavenças antes que elas sejam transmitidas para as gerações futuras. Michel Platini, presidente da Uefa, destacou a importância do encontro e se mostrou entusiasmado com o fato da Turquia ter jogado em Ierevan sem maiores problemas.
0x2 Data 6/setembro/2008 Local Estádio Hrazdan (Yerevan, Armênia) Gols Tuncay Sanli (61min) e Semih Sentürk (78min) Cartões amarelos Gökhan Zan
TURQUIA Volkan Demirel; Hakan Balta, Gökhan Zan e Servet Cetin; Gökhan Gönül, Tuncay Sanli (Ayhan Akman), Emre, Mehmet Aurelio e Arda Turan; Erding (Kazim Kazim) e Semih Sentürk (Gökhan Ünal) Técnico Fatih Terim
Outubro de 2008
9/30/08 4:56:47 AM
W/Brasil
Mais de
R$
7 milhões
em prêmios.
ingressos para o Brasileirão. São 1.200 camisetas exclusivas. Sorteios semanais de R$ 70 mil
**
Milhares de
***
*
A cada R$ 7,00 em produtos Nestlé , você recebe o seu código de participação no cupom fiscal. Depois, é só enviar esse código via SMS para o número 70000 e torcer.
mais um dia de craque.
700 mil .
***
Grande prêmio: R$
Consulte as lojas participantes e o regulamento no site www.nestle.com.br/torceporvoce Período da promoção: 4/9/2008 a 28/11/2008 ou enquanto durarem as séries previstas para a promoção. CA SEAE nº- MF 05/0108/2008 e CA SEAE nº- MF 01/0109/2008. *Participam da promoção os produtos das marcas Nestlé, Águas Nestlé, Purina e PowerBar. Em cumprimento à Lei nº- 11.265/06, que dispõe sobre a comercialização de alimentos para lactentes, não participam da promoção os seguintes produtos: Nan 1 Pro, Nan 2 Pro, Pré-Nan, Nan HA, Nestogeno 1, Nestogeno 2, Nestogeno Plus, Nan AR, Nan sem lactose, Nan Soy, Alfare e FM 85. **Ingressos válidos para os times da série A do Brasileirão e para Corinthians, Bahia, Paraná, Ceará, Fortaleza, Avaí e Ponte Preta, da série B. Custo SMS: R$ 0,31 + impostos. ***Os prêmios serão entregues em Certificados de Ouro. Distribuição gratuita. Em caso de dúvida, ligue para (0xx11) 2123-2230. Consulte o regulamento no site www.nestle.com.br/torceporvoce “O MINISTÉRIO DA SAÚDE INFORMA: O ALEITAMENTO MATERNO EVITA INFECÇÕES E ALERGIAS E É RECOMENDADO ATÉ OS 2 (DOIS) ANOS DE IDADE OU MAIS.” “O MINISTÉRIO DA SAÚDE INFORMA: APÓS OS 6 (SEIS) MESES DE IDADE, CONTINUE AMAMENTANDO SEU FILHO E OFEREÇA NOVOS ALIMENTOS.”
anuncios.indd 7
9/30/08 5:28:51 AM
FEBRE CURADA
Carlos Costa/Futura Press
GERAL » BRASIL
“Com todo respeito, não me imagino jogando a Copa do Brasil com um time que foi cinco anos seguidos para a Libertadores. Não consigo me ver jogando em Macapá em vez de Maracaibo” Rogério Ceni, preocupado com a possibilidade de o São Paulo não se classificar para o torneio sul-americano
AJUDINHA DO RIVAL
febre amarela não assusta mais ninguém no futebol brasileiro. O Brasiliense, cuja cor da camisa motiva o estranho apelido, consolida um declínio no cenário nacional. Pela primeira vez em cinco participações, o time vai mal na Série B e luta para não cair para a terceira divisão. Seria a conclusão de uma trajetória decadente que vem desde 2005, quando esteve na elite e caiu. Em 2006, o time de Taguatinga foi oitavo na Segundona, uma posição melhor que no ano passado. Na Série B 2008, o Jacaré ficou dez rodadas seguidas sem vencer, com oito derrotas. Desse modo, passou metade da competição na zona de rebaixamento. No início do returno, o Brasiliense até teve uma ligeira melhora, mas o ambiente continua conturbado por brigas, fugas e afastamento de jogadores. O presidente e dono do clube, o empresário Luiz Estevão, ex-senador cassado, admitiu que nunca havia errado tanto em contratações. “A imensa maioria não correspondeu à expectativa”, comenta. Um jogador dispensado que não quis se identificar contou que um dos quatro obscuros técnicos de 2008 embolsava parte dos salários de atletas que levou do Rio de
A
8
geral.indd 2
Janeiro. Ainda acusou Estevão de escolher os 18 inscritos em cada partida, confirmando a fama de interferir no trabalho dos treinadores. “A freqüência com que isso ocorre é a mesma com que o torcedor elogia Dunga no comando da seleção”, rebateu o dirigente, que alegou desconhecer a comissão paga a qualquer técnico. O Jacaré costuma apostar em veteranos e refugos famosos, atraindo-os com premiações individuais até superiores a R$ 5 mil por jogo, apesar da carência de infraestrutura. Teve medalhões como Túlio, Vampeta, Marcelinho e Oséas. Desta vez, reuniu Iranildo, Athirson, Júnior Baiano, Fábio Braz, Fábio Baiano, Vítor Boleta, Adrianinho, Alex Alves, Dimba e Alex Dias. Há quem considere o excesso de “vovôs” um dos motivos para o mau desempenho nesta temporada, como na lanterna da Série A de 2005. Apesar do hexacampeonato sub-20 do Distrito Federal, o clube praticamente não revela promessas. Sem concorrência, é pentacampeão profissional, igualando recorde do Gama de 1997 a 2001. No entanto, o desempenho nacional mostra qual a real situação técnica do Jacaré. [EJ]
O Ji-Paraná vivia tranqüilo em Rondônia. O clube, oito vezes campeão estadual, conheceu a decadência a partir de 2004, quando perdeu espaço para a Ulbra, também de Ji-Paraná. A equipe de maior torcida do Estado chegou a cair para a segunda divisão local. Mas os dias de agrura prometem estar perto do fim. A Ulbra extinguiu seu departamento de futebol profissional, e quem ganhou com isso foi o rival. Agora, o Ji-Paraná herdará toda a infraestrutura deixada por seu maior concorrente.
R$
4,4
milhões
É quanto o Corinthians pretende lucrar com o projeto de colocar a foto de 440 torcedores – cada um paga R$ 1 mil – no uniforme que será utilizado para comemorar o retorno à Série A
Outubro de 2008
9/30/08 4:54:08 AM
por Ricardo Espina
TRAGÉDIA
“Eu cheirava mesmo, não me preocupava com o exame antidoping porque não jogava muito. Virei dependente de cocaína, não conseguia ficar sem a droga. Alguns usavam junto. E não foi só o pessoal do Palmeiras. Isso aconteceu em outros clubes em que passei”
Classificados para o octogonal final da Série C 2008
Atlético-GO Brasil de Pelotas-RS Campinense-PB Confiança-SE Duque de Caxias-RJ Guarani-SP
ASA-AL
Eliminados na terceira fase*
Guaratinguetá-SP
Fotos Divulgação
O América-MG se prepara para modernizar o estádio Independência. Dirigentes do Coelho elaboraram um projeto para transformar o local em uma arena multiuso. Segundo Antonio Baltazar, presidente do clube, as obras devem começar no início de 2009. De acordo com o plano, o novo Independência terá capacidade para 33 mil torcedores e apresentará outras melhorias de infra-estrutura.
Águia-PA
Rio Branco-AC
André Neles, hoje no Barueri, confessou ter usado drogas quando jogava pelo Palmeiras, em 2003
Casa nova
Com o final da segunda fase da terceira divisão, já dá para ter uma idéia de quem fará parte da terceira divisão reformulada em 2008. A CBF já adiantou que não será em pontos corridos, mas confirmou que será disputada por apenas 20 clubes, que terão calendário cheio o ano todo. Veja quem está na parada
Ituiutaba-MG Luverdense-MS Marcílio Dias-SC Mixto-MT Paysandu-PA Salgueiro-PE
Melhores terceiros colocados da segunda fase*
Carona para a Série D O Santa Cruz não tem motivos para comemorar, já que foi eliminado da Série C e ainda não tem vaga garantida na Série D. Caso seja mesmo confirmada sua presença no Brasileiro da Quarta Divisão, o time pernambucano ao menos terá algum conforto para fazer suas viagens. Um de seus patrocinadores presenteou o clube com um ônibus, chamado de “Expresso Coral”, personalizado com as cores da equipe (vermelha, branca e preta). Há quinze anos, o Santa Cruz não tinha um veículo próprio.
Thiago da Silva, de 25 anos, jogador do Vasco emprestado ao Estácio de Sá, da segunda divisão carioca, faleceu em 24 de setembro, vítima de infecção após ser agredido e baleado. De acordo com as investigações, Thiago estava com Aline, com quem havia acabado de romper um noivado, quando foi abordado por outro veículo, dirigido por Márcia, madrinha dela. No carro, estavam o policial militar Alexsandre de Freitas da Silva, padrasto de Aline, e um homem não identificado. O jogador relatou, após ser socorrido no hospital Salgado Filho, que foi algemado e torturado. Em seguida, todos seguiram para Inhaúma. Thiago tentou fugir e acabou baleado. Ele caiu em uma vala e fingiu estar morto. O jogador foi socorrido, mas não resistiu: teve uma perna amputada e sofreu uma infecção que se mostrou fatal. Aline e Márcia foram detidas, acusadas de envolvimento no caso.
América-MG Caxias-RS Icasa-CE Sampaio Correa-MA
* Já garantidos Obs Os quatro primeiros colocados no octogonal final disputarão a Série B em 2009. Os quatro últimos da Segundona deste ano farão parte da nova terceira divisão
Outubro de 2008
geral.indd 3
9
9/30/08 4:54:20 AM
por Ricardo Espina
INVASÃO CANADENSE
NÃO AO “BRITISH TEAM” A discussão em torno da presença de uma seleção britânica nos Jogos Olímpicos de 2012 parece infrutífera. A idéia, que surgiu pelo fato de Londres ser a cidade-sede do evento, não despertou tanto o interesse da Uefa. “Este é o caminho mais rápido para a Escócia desaparecer do cenário do futebol mundial. A posição oficial da Uefa, que a Fifa endossa, é a de que nesse caso a decisão deveria ser puramente futebolística e não com influência de políticas mundiais”, afirmou David Taylor, secretário-geral da entidade européia. Escócia, País de Gales e Irlanda já se opuseram à proposta, defendida pelos ingleses. Desde os Jogos de Roma, em 1960, o Reino Unido está fora da disputa da competição.
COPA CÉLTICA
To ottaal ga g sstto pe pelo os cllu ub beess ing ngle lese le eses ses se na n a con ontr trata tr attaaçção d dee jjo og ga ado dore res na n jan nel ellaa de de ttrran ansf sfferrên ncciias as de ag gosstto o. E Essse sssee vaallor or é € 37,,9 m miilhõe llh hõees a maaiss qu uee n no o mesm meesm m smo p peeríod ríío od do em m 200 007. 07. 7. Lev evan evan ando do d o-s -se em m co on nsi sid deera eraaçãão as as negoc ne nego go occiiaç açõe ões feeit itas as em jjaane as neir eirro o,, o ttot otal ot tal al em 20 2008 008 0 alc lcan caan nça ça a mar arca arca ca d dee € 84 49 9 millh hõ ões es.
Stringer/Reuters
Irlanda, Irlanda do Norte, Escócia e País de Gales chegaram a um acordo para a criação de um torneio entre as seleções dos quatro países. A competição, no formato de liga, será disputada pela primeira vez em Dublin em 2011. A Inglaterra foi convidada a participar, mas recusou a proposta. O “Torneio das Quatro Nações” terá dois jogos em fevereiro e outros quatro em maio.
Outra equipe canadense planeja fazer parte da Major League Soccer, liga profissional dos Estados Unidos. O empresário Eugene Melnyk pretende montar uma franquia em Ottawa. Dono do Ottawa Senators, time da NHL (liga de hóquei sobre o gelo), Melnyk pretende erguer uma arena com capacidade para 30 mil pessoas. Em julho, a MLS incluiu a capital canadense entre as nove candidatas a receber franquias. Dois novos clubes devem fazer parte da liga em 2011. A MLS já conta com um time do Canadá: o Toronto FC.
“Robinho tinha tudo para triunfar aqui. Mas é preciso respeitar seu sonho de ser um bom jogador em clube medíocre na Inglaterra” Bernd Schuster, treinador do Real Madrid, alfineta Robinho
10
geral.indd 4
Robinho comete gafe ao falar sobre sua ida ao Manchester City. Semanas depois, o jogador rompeu com seu empresário, Wagner Ribeiro
“Ir para o Manchester City seria um suicídio” Fàbregas não esconde o que pensa sobre uma eventual troca do Arsenal pelos Citizens
Nigel Roddis/Reuters
Novo em folha A Itália apresentou uma novidade em seu uniforme para suas primeiras partidas das Eliminatórias da Copa do Mundo de 2010. A Squadra Azzurra se tornou a primeira seleção a ostentar o “scudetto” de campeã mundial.
“No último dia de transferências, aos 49 minutos do segundo tempo, o Chelsea fez uma proposta boa para mim, boa para o Real Madrid e acabei aceitando”
Outubro de 2008
9/30/08 4:54:33 AM
GERAL » MUNDO
CRIADOR, DE CASOS ep Guardiola, técnico do Barcelona, já havia dito que não tinha Eto’o em seus planos. Era hora de o camaronês procurar um novo clube. Quando surgiu a notícia de que um dos interessados era o Kuruvchi, do Uzbequistão, teve jeito de factóide. O atacante, efetivamente, foi à Ásia Central, deu entrevista, agradeceu pela proposta e... voltou ao Barça. Parecia que o time de Tashkent, capital da antiga república soviética, já havia conquistado seus 15 minutos de fama. Mas não era o suficiente para Isok Akbarov, dono do clube. Empresário do setor de energia – é dono de corporações na área de produção de gás e distribuição e refinamento de petróleo –, o cartola tinha verba para criar notícias que valessem mais manchetes. Em agosto, durante uma partida pelo Campeonato Uzbeque, o clube mudou de nome para Bunyodkor. De acordo com a versão oficial, a troca deu um tom mais profissional (“kuruvchi” significa “construtor” em uzbeque, enquanto “bunyodkor” é “criador” no mesmo idioma). O novo distintivo é claramente inspirado no do Barcelona, com quem os uzbeques as-
Caren Firouz/Reuters
P
sinaram uma parceria na época da negociação com Eto’o. Dias depois, a equipe chamou a atenção por levar o chileno José Luis Villanueva, exVasco, e o brasileiro Rivaldo. Para fechar o mês, os uzbeques anunciaram a contratação do técnico Zico. Com isso, ganharam manchetes por ter um nome conhecido e ainda podem ter apoio dos japoneses numa eventual disputa do Mundial de Clubes. O objetivo não é tão absurdo. Atual vice-campeão uzbeque, o Bunyodkor está nas semifinais da Liga dos Campeões Asiática. Em outubro, o time enfrenta o Adelaide United, da Austrália. Quem passar já está garantido no Mundial, pois o outro finalista será japonês e, mesmo que seja campeão, tomaria a vaga do representante do país-sede. Ainda é difícil imaginar até onde Akbarov está disposto a levar seu clube. De qualquer maneira, o investimento no Bunyodkor tem trazido resultados rápidos. Se continuar nesse ritmo, haverá ainda muitos outros factóides – devidamente divulgado pela imprensa internacional – envolvendo esse estranho clube uzbeque. [UL]
60 SEGUNDOS Em um minuto, é possível estacionar seu carro, fazer um pedido em um restaurante ou pentear o cabelo. Para o Nacional de Montevidéu, foi tempo suficiente para perder uma partida por WO e se envolver em polêmica. Pelo Campeonato Uruguaio, a equipe de Montevidéu deveria entrar em campo às 15h30 para enfrentar o Villa Española. O árbitro Liber Prudente mostrou-se apegado até demais à pontualidade. Na hora marcada para o início do duelo, o Villa Española aguardava a entrada dos rivais em campo, o que aconteceu às 15h31. Prudente não quis nem saber: pelo “atraso’”de um minuto, ele deu a vitória por 2 a 0 ao Villa. Revoltada, a torcida tricolor ameaçou e agrediu jornalistas e realizou passeata pelas ruas de Montevidéu, exigindo a moralização no futebol uruguaio.
Getty Images/AFP
Nacionalidades do atacante Mohammed Tchité, do Racing Santander. O jogador nasceu em Burundi, mas tem passaporte de Ruanda e Congo. Neste ano, obteve cidadania belga e foi convocado para defender a seleção da Bélgica. A Fifa vetou, pois, em 2004, Tchité teria optado por Ruanda
Escondeesconde Com receio de deixar o Valencia na janela de transferências de agosto, Zigic adotou uma tática inusitada para evitar sua saída do clube: o atacante sumiu do mapa. Os Ches haviam acertado todos os detalhes da transação com o Racing Santander, mas dependiam do “sim” do sérvio para concretizar o negócio. Como o jogador estava incomunicável, o acordo foi pelo ralo. Outubro de 2008
geral.indd 5
11
9/30/08 4:54:48 AM
22/10/1972 Data da vitória de Luxemburgo sobre a Turquia nas eliminatórias para a Copa de 1974. Havia sido o último triunfo luxemburguês até fazer 2 a 1 na Suíça, em Zurique, em 10 de setembro deste ano
Fabrice Coffrini/AFP
Eric Cantona estará nas telonas em 2009. O ex-jogador participará do filme “Looking for Eric”, sobre sua carreira, e interpretará a si próprio. O longa é dirigido pelo cineasta inglês Ken Loach, ganhador da Palma de Ouro em Cannes por “Ventos da Liberdade”, em 2006. O ator britânico Matthew McNulty, de 25 anos, interpretará Cantona nos tempos de jogador.
Azar em dose dupla Fabián Espíndola não se conteve ao marcar um gol pelo Real Salt Lake durante a partida contra o Los Angeles Galaxy, pela Major League Soccer. O argentino abriu o placar logo aos cinco minutos do primeiro tempo e, para comemorar, deu uma pirueta. Ao cair no chão, o atacante quebrou a perna. Para completar, o gol foi anulado pelo árbitro, pois Espíndola estava impedido. “Estou envergonhado. Não sei o que aconteceu. Já fiz esse salto milhões de vezes”.
CDIC/Reuters
Novo astro de Hollywood?
UM HINO E UMA BANDEIRA Quando o sorteio das eliminatórias asiáticas da Copa do Mundo colocou Coréias do Norte e Sul no mesmo grupo, era evidente que haveria atritos. O que ficou confirmado. O primeiro confronto entre as seleções seria em Pyongyang, capital da metade norte do país. Mas seria fácil demais simplesmente realizar um jogo de futebol. O governo norte-coreano proíbe que, em seu território, a Coréia do Sul tenha sua bandeira hasteada e seu hino tocado. O motivo é simples: como os dois países nunca assinaram uma trégua na guerra que travaram na década de 1950, eles ainda estão tecnicamente em conflito.
Para tentar manter o protocolo pré-jogo, foi proposto o hasteamento de uma bandeira neutra das Coréias e uma música tradicional substituiria os hinos. Nada feito. A Fifa se viu obrigada a intervir. O jeito foi transferir a partida para Xangai, na China, onde bandeira e hino dos dois países são permitidos sem problemas. Foi a mesma solução adotada em março, quando as equipes haviam empatado por 0 a 0 na fase anterior das eliminatórias. No duelo de 10 de setembro, o equilíbrio continuou dando o tom: igualdade por 1 a 1, gols de Hong Yong-Jo, para o Norte, e Ki SungWong, para o Sul.
CÓPIA MALFEITA
Getty Images/AFP
O Timisoara foi punido pela federação romena com a perda de seis pontos. O clube recebeu o castigo por usar o nome, as cores e a história da Politehnica Timisoara. Em 2006, o Tribunal Arbitral do Esporte (TAS) havia ordenado os donos do time “plagiador” a trocar seus símbolos, mas a equipe apenas mudou seu nome oficial. O Timisoara tentou aproveitar o vácuo deixado pela tradicional Politehnica Timisoara que foi comprada pelo empresário italiano Cláudio Zambon, se mudou para uma cidade perto de Bucareste e caiu para a terceira divisão nacional.
ERRAMOS
12
geral.indd 6
Na reportagem “Patrimônio público” (set/08, pág. 36), a população de Cabo Frio está incorreta. O número certo é 162.229 habitantes.
Outubro de 2008
9/30/08 4:55:00 AM
MAGIA FATAL Uma partida realizada na República Democrática do Congo terminou em tragédia. O Socozaki vencia o Nyuki System em casa quando o goleiro da equipe visitante começou a fazer passes de magia negra nos atacantes adversários, iniciando uma confusão entre os jogadores. A polícia tentou separá-los, mas os torcedores atiraram pedras. Os seguranças reagiram e usaram gás lacrimogêneo. A torcida saiu de forma caótica, causando a morte de 13 pessoas por pisoteamento e asfixia.
GERAL » INSÓLITO
A torcida do Zadar encontrou uma forma curiosa de protestar contra o time, que luta para fugir do rebaixamento no Campeonato Croata. Eles invadiram o gramado do estádio Stanovi e colocaram um espantalho no campo, junto com batatas, tomates, maçãs e outras frutas e verduras. Ao lado, estenderam a faixa: “se não sabem jogar, que cuidem da terra”.
RIVALIDADES QUE ESTÃO EM BAIXA por Luciana Zambuzi
América-MG x Atlético-MG Atlético e América eram os clubes com maior torcida em Minas Gerais, a ponto de ser chamado de “Clássico das Multidões”. Com a inauguração do Mineirão e a ascensão do Cruzeiro, o Coelho já virou um time simpático para muito atleticano.
Reggina x Messina Vencer o “Derby dello Stretto” era questão de honra para os dois lados do Estreito de Messina, que separa Calábria e Sicília. Com a falência do Messina, o duelo deixou de existir.
CURIOSIDADES DA BOLA
Bayern Munique x 1860 Munique Até a década de 1960, Bayern e 1860 Munique tinham o mesmo porte. A rixa continua forte, mas o 1860 anda tão mal que tem sido raro eles se encontrarem.
Bahia x Botafogo-BA O Botafogo era um grande, mas não vencia o Bahia. Um torcedor alvirrubro prometeu quebrar um pote quando seu time batesse o Tricolor. Ele teve de esperar dois anos, mas criou o “Clássico do Pote”, hoje esquecido com o licenciamento do Botafogo.
Sem clube desde o final da temporada passada, o francês Johan Micoud, campeão da Eurocopa em 2000, decidiu encerrar sua carreira e investir em... vinhos. O ex-meia comprou uma vinícola em Pomerol (região de Bordeaux) e segue os passos de Jean Tigana, que investe neste mercado desde 1999.
Spartak Moscou x Dynamo Kiev Durante o comunismo, as equipes mediam forças no maior clássico soviético. O fim da União Soviética deixou os times em países diferentes e a rivalidade se enfraqueceu. Neste ano, o dérbi foi revivido na fase preliminar da LC.
Nádson recebeu um prêmio inusitado por marcar um gol na vitória do Vegalta Sendai por 3 a 0 sobre o Avispa Fukuoka pela segunda divisão japonesa. O atacante, ex-Vitória, ganhou 100 kg de arroz. O “presente” foi oferecido por um dos patrocinadores do Vegalta.
Racing Paris x Paris Saint-Germain O dérbi da capital era o único clássico entre equipes da mesma cidade na França. O Racing era mais tradicional, mas o PSG vinha em ascensão. Com diversas crises e uma falência, os Pengouins saíram de cena e deixaram o rival sozinho na Ligue 1.
Dynamo Dresden x Dynamo Berlin O Dynamo Dresden foi um dos mais populares clubes da Alemanha Oriental, mas sofria com as mutretas em favor do Dynamo Berlim, que tinha apoio da Stasi. Com o fim do comunismo, os berlinenses afundaram, deixando muita gente em Dresden feliz.
Benfica x Belenenses por Ricardo Espina
Toni Polster revelou ter outro talento além de balançar as redes adversárias. O ex-atacante austríaco faz sucesso com a banda pop Achtung Liebe. E Polster não passa vegonha: o primeiro disco vendeu 40 mil cópias. e o segundo ganhou disco duplo de ouro e de platina.
André Fossati/O Tempo/Futura Press
PARA ESPANTAR O AZAR
Nas décadas de 1940 e 50, o Belenenses endurecia os duelos com as Águias. Com o crescimento do Porto, o clube do Restelo perdeu o lugar de terceira força do futebol português e iniciou sua decadência.
Yokohama Marinos x Yokohama Flügels Em 1998, o Yokohama Marinos comprou o rival e criou o Yokohama F Marinos. Revoltados, os torcedores do Flügels não aceitaram torcer pelo rival e fundaram um novo clube, o Yokohama FC.
Chelsea x Fulham O Chelsea foi fundado por um dirigente do Fulham, insatisfeito pela recusa de seu ex-clube em jogar no Stamford Bridge. Desde então, viraram grandes rivais de bairro. O ódio ainda existe, mas os milhões de Abramovich tornaram a disputa desigual. Outubro de 2008
geral.indd 7
13
9/30/08 4:55:17 AM
Getty Images/AFP
GERAL » REPLAY
FORA DOMENECH Na estréia pelas Eliminatórias da Copa de 2010, a Áustria bateu a França por 3 a 1. O resultado aumentou a pressão pela cabeça do técnico Raymond Domenech, aquele que não convoca escorpianos
Mike Hutchings/Reuters
90 MILHÕES EM AÇÃO? Até colocaram umas faixas, mas não deu para disfarçar: o público carioca não se dispôs a pagar pelo ingresso caro e ir até Engenho de Dentro para ver o Brasil empatar sem gols com a Bolívia
MEN AT WORK Joseph Blatter foi checar de perto como andam as obras da África do Sul para receber a Copa de 2010. Disse que não há risco de mudança de sede, mas alertou para a falta de qualidade da seleção sul-africana
Stringer/Reuters
CLIMA HOSTIL Irritada com o 2 a 2 com a Universidad Católica pela Sul-Americana, a torcida do Olimpia atirou uma pedra no bandeira Jorge Calderón
14
geral.indd 8
Outubro de 2008
9/30/08 4:55:28 AM
Giampiero Sposito/Reuters
DO AVESSO Em seu retorno à Liga dos Campeões, a Juventus teve de contar com um gol do elástico Del Piero para vencer o Zenit por 1 a 0 em Turim
Jorge R. Jorge
Getty Images/AFP
COMO ENGANAR A CIA Proibidos de entrar em Cuba pelas leis de seu país, norte-americanos esconderam o rosto para ir a Havana e ver Cuba 0x1 Estados Unidos pelas eliminatórias da Copa sem serem identificados
André Mourão/AGIF
Maurício Val/Vipcomm
CORINGAS Em dois jogos seguidos, nas derrotas por 3 a 1 para Cruzeiro e Náutico, o Vasco teve o goleiro expulso quando já havia feito todas as substituições. Em ambos os casos, atacantes deram uma mãozinha lá atrás: primeiro, Edmundo; depois, Leandro Amaral
Outubro de 2008
geral.indd 9
15
9/30/08 4:55:51 AM
PENEIRA
DI MARIA: o homem do ouro
lski /
R eu
t er s
Nome Ángel Fabián di Maria Nascimento 14/fevereiro/1988, em Rosário (Argentina) Altura 1,78 m Peso 75 kg Carreira Rosario Central (2005 a 2007) e Benfica (desde 2007)
oc zu
ram que ele assumisse a titularidade da equipe de Quique Sánchez Flores. Canhoto, habilidoso e com boa explosão, suas penetrações na área adversária logo se tornaram sua principal característica. Ao lado de Agüero tornou-se o novo xodó do técnico Alfio Basile, mesmo sem ter a mesma vocação artilheira. Aos 20 anos, o argentino está próximo de dar mais um passo. Real Madrid e Internazionale disputam sua contratação na próxima janela de transferências. E ele pode ser conhecido por fazer muito mais do que “apenas” o gol do ouro argentino em 2008. [LZ]
JP M
ara boa parte do público, Ángel di Maria se tornou um jogador conhecido apenas em agosto passado, ao fazer o gol que deu a medalha de ouro à Argentina no torneio de futebol dos Jogos Olímpicos de Pequim. No entanto, o atacante rosarino já foi lançado no cenário internacional há um bom tempo. Formado nas categorias de base do Rosario Central, Di Maria estreou na equipe principal aos 17 anos. Em 2007, foi uma das principais figuras da seleção argentina campeã mundial sub-21. Seu desempenho lhe valeu uma proposta (recusada) para se transferir ao Rubin Kazan, da Rússia. Acabou indo ao Benfica. Ao chegar na Luz, teve a responsabilidade de substituir Simão Sabrosa. As atuações apagadas no início não impedi-
P
PEDRO: cria de Guardiola
16
peneira.indd 2
berto por olheiros em um torneio de categorias de base. Depois de brilhar nas conquistas da Copa do Rei e da Liga Espanhola na categoria juvenil em 2005, o atacante caiu nas graças de Guardiola por sua habilidade e boa movimentação ofensiva, que compensam a pequena estatura. Na temporada passada, Pedrito ajudou o Barcelona B a subir à terceira divisão. Com isso, ganhou espaço como um dos destaques de sua geração, a ponto de ser convocado para a seleção espanhola que venceu todos seus jogos nas eliminatórias do Europeu sub-21. [PT]
Nome Pedro Rodríguez Ledesma Nascimento 28/julho/1987, em Santa Cruz de Tenerife (Espanha) Altura 1,69 m Peso 69 kg Carreira San Isidro (até 2004) , Barcelona B (2004 a 2008) e Barcelona (2008) Getty Images/AFP
mau desempenho do Barcelona no Espanhol 2007/8 e a conseqüente promoção do técnico Josep Guardiola (vindo das categorias de base) abriram as portas do time principal para as promessas blaugranas. Pedro, também conhecido como Pedrito, foi um dos que aproveitaram a oportunidade. Na Liga dos Campeões deste ano, o camisa 27 não só conseguiu uma vaga entre os 31 inscritos, como entrou logo na estréia dos catalães, contra o Sporting. Antes disso, Pedro já havia jogado partidas oficiais pelo time principal apenas três vezes, na final da última Copa da Catalunha e no Campeonato Espanhol. O jovem atacante chegou às divisões inferiores do Barcelona em agosto de 2004. Destaque do San Isidro, time da quarta divisão espanhola, foi desco-
O
Outubro de 2008
9/30/08 5:26:47 AM
por Ubiratan Leal
ENCHENDO O PÉ
Mil e uma utilidades É UM ESTÁDIO DE FUTEBOL, mas possui espaço para shows, centro de convenções, hotel, shopping center, academia de ginástica, supermercado, parque de diversões e restaurante especializado em culinária das Ilhas Maldivas. Tudo isso em um lugar que funciona – ou melhor, “gera receita”, que é mais pomposo – todos os dias da semana, e não apenas no domingo. Essa é a “arena multiuso”, tendência mundial para instalações esportivas que, finalmente, chegou ao Brasil. Deixado os exageros irônicos de lado, é mais ou menos isso que os marketeiros de plantão têm dito por aí a respeito de “revolucionários” projetos para tornar os estádios de futebol em estruturas rentáveis. Parece bonito, mas há uma evidente supervalorização e banalização do termo “arena multiuso”. Primeiro, porque o termo “arena” não significa que a construção seja mais moderna que outra (o Coliseu de Roma é uma arena e tem 1928 anos). Além disso, fala-se como se colocar o carimbo “multiuso” em qualquer maquete já mudasse os conceitos básicos do mercado imobiliário. Para uma praça esportiva ser lucrativa, ela precisa estar dentro de uma realidade econômica favorável. Por exemplo, falar em usar o estádio como centro de convenções e hotel parece bom, mas faz sentido se estiver em um bairro afastado, completamente longe do interesse do setor hoteleiro e de eventos? Será que um shopping no estádio é rentável se o bairro não tiver demanda por uma obra dessa? Não são dúvidas descabidas. Muitos estádios de futebol estão localizados em áreas pouco adensadas e a ida até eles muitas vezes é cansativa e depende
opinião.indd 7
de um péssimo sistema de transportes. Se é assim para ver um jogo, será assim para fazer compras, hospedarse ou malhar. A idéia de atrair convenções e shows é ainda mais duvidosa, pois ela só se viabiliza em cidades com agenda recheada de megaeventos culturais, feiras e congressos. Pouquíssimos lugares no Brasil se encaixam nesse padrão. Seduzidos por essa propaganda duvidosa e por uma visão equivocada do que deve ser uma Copa do Mundo no Brasil, torcedores e a imprensa menos crítica embarcam nessa onda de maquetes eletrônicas. Acreditam nas palavras de investidores, ignorando o fato que um estádio com instalações extras (hotel, centro de convenções, shopping...) subutilizadas tem custo de manutenção muito mais alto. O mercado imobiliário está cheio de empreendimentos que fracassaram por erros de planejamento ou de avaliação de mercado. Boa parte das “arenas multiuso” que se vendem por aí pode ter destino parecido. São projetos calcados em ilação econômica, não em análise. Até porque não estão atreladas ao que ainda é o mais importante em um estádio: um plano para que os torcedores encham as arquibancadas toda semana. O futebol brasileiro precisa de estádios sustentáveis economicamente. Se existe no mercado local demanda por outros negócios, como comércio e centro de convenções, melhor. Caso contrário, não há nada errado em um estádio de futebol bem cuidado, confortável, seguro e dimensionado de acordo com o público dos times que o utilizam. A maior parte dos estádios europeus é assim. “Arena multiuso” é coisa para poucos lá. Não há de ser diferente aqui.
9/30/08 5:00:08 AM
TÁTICA
por Leonardo Bertozzi
Na primeira temporada com a Internazionale, Mourinho aposta na reedição de esquema campeão no Chelsea
1
Chelsea 2004/5 No time campeão inglês, 4-3-3 virava 4-5-1 sem a bola
A Drogba
ME
MD
Robben
Duff
V
V
Gudjohnsen
Lampard
V Makélélé
LE Gallas
LD
Z
Z
Terry
R.. Carvalho C
G Cech
18
tática inter.indd 2
P.. Ferreira
2
Inter 2006/7 Com Roberto Mancini, time usava Stankovic como “trequartista”
A
A
Cruz
Ibrahimovic
MA Stankovic
V
Cambiasso
Vieira
LE Chivu
V
V
Zanetti
LD
Z
Z
Matterazz Materazzi
Córddoba Córdoba
G Júlio César
Maicon
G: goleiro / LD: lateral-direito al-direito / LE: lateral-esquerdo / Z: zagueiro / V: volante / M: meia / MD: eia-esque meia-direito / ME: meia-esquerdo / MA: meia-atacante / PD: ponta-direito / PE: ponta-esquerdo / A: atacante
avante!
Giuseppe Cacace/AFP
Pelas pontas, e
osé Mourinho pediu três contratações quando chegou à Internazionale: o português Quaresma, do Porto, o brasileiro Mancini, da Roma, e o inglês Lampard, do Chelsea. Nas duas primeiras, teve seu desejo realizado por Massimo Moratti, presidente nerazzurro. Lampard, ao contrário, foi convencido por Luiz Felipe Scolari a continuar no clube londrino, apesar do assédio interista. Então, Mourinho pediu o ganense Muntari, do Portsmouth. Foi atendido novamente. O “Special One” sabia que o elenco que herdava de Roberto Mancini era forte, mas precisaria destes ajustes para atuar à sua maneira favorita. Entenda-se, por isso, a adoção do esquema 4-3-3 que lhe ajudou a tirar o Chelsea de uma fila de meio século na Premier League. Mourinho gosta de atuar com pontas abertos, mas capazes de recompor o meio-campo quando o time não tem a posse de bola, armando um 4-5-1 na hora de marcar. Na Inter, Quaresma e Mancini assumiram as funções que foram de Duff e Robben (ou Joe Cole, nas freqüentes lesões do holandês) durante a temporada 2004/5, a primeira do treinador português em Stamford Bridge. No comando do ataque, fazendo o papel de Drogba, entra Ibrahimovic – e aí aparece a primeira possível dificuldade na nova formação. O sueco é um virtuoso, indispensável para o time, mas não tem características de homem de área. Portanto, pode parecer sacrificado no esquema e não ter seu potencial explorado ao máximo. Na última temporada, Roberto Mancini escalava Stankovic como “trequartista” (meia de ligação) atrás de um ataque com dois homens, Ibrahimovic e Cruz. Com Mou Mourinho, o sérvio perde espaço. O restant do meio-campo titular deve permatante necer o mesmo, com Vieira, Cambiasso e Zanetti, mas com o francês atuando mais recuado, à frente da zaga. A descoberta do capitão Zanetti como volante tem de ser creditada ao antecessor de Mourinho. R Roberto Mancini observou que, sem o fôle de antes, o argentino percorreria uma lego distância menor em campo na nova função, podendo prolongar sua carreira. Muntari deve ser constantemente utilizado, porque Vieira vive às voltas com
J
Outubro de 2008
9/30/08 5:01:20 AM
problemas físicos. Apesar de ser um jogador versátil, que alia poder de marcação e boas chegadas ao ataque, o africano difere de Lampard por não dar a mesma contribuição ao número de gols da equipe. A ausência de um meio-campo goleador é uma das deficiências da nova Inter.
Quina de coringas
Adriano, Cruz, Mancini, Quaresma e Ibrahimovic: opções não faltam para Mourinho variar esquemas
3
Inter 2008/9 (4-3-3) Reforços permitem a Mourinho usar sua formação preferida
4
A Ibrahimovic
ME
MD
Mancini
Quaresma
V
V
Zanetti
Muntari
LE Chivu
V Cambiasso
Z
Z
Matterazz Materazzi
Córddoba Córdoba
Inter 2008/9 (4-4-2) Com o meio-campo em linha, Ibra ganha companheiro de área
A
A
Adriano A
IIbrahimovicc
ME
MD
Zanetti
Quaresma
V
V
Cambiasso
Muntari
LD
LE
LD
Maicon
Chivu
Maicon
Z
Z
Matterazz Materazzi
Córddoba Córdoba
G
G
Júlio César
Júlio César
O esquema 4-3-3 da maneira que é visto por Mourinho exige uma ótima condição física do elenco pela necessidade de ocupar os espaços e não deixar buracos na volta à defesa. Assim, é normal que o desempenho da equipe tenda a cair no segundo tempo. A alternativa mais utilizada no decorrer dos primeiros jogos da temporada foi o 4-4-2, com Adriano (ou o jovem Balotelli) substituindo Mancini. Neste caso, Quaresma volta para completar o meio-campo em linha, ou dá lugar a Figo. Pela necessidade de cobrir um espaço maior, Muntari pode ser opção melhor que Vieira. O grande benefício é dar mais liberdade a Ibrahimovic. Nas partidas em casa contra equipes menores, o técnico português tem uma terceira opção: o 4-2-3-1. Foi desta forma que ele escalou a equipe contra o Catania, na segunda rodada da Serie A, com Vieira e Muntari como volantes (Cambiasso poupado depois de jogar pela Argentina pelas eliminatórias) e uma linha de três homens – na ocasião, Quaresma, Balotelli e Figo – atrás de Ibrahimovic. Tamanha mobilidade tática só é possível pela variedade de opções no elenco e da facilidade de alguns jogadores em atuar em diversas posições. Mourinho conta com pelo menos cinco “coringas” no grupo: Chivu, Zanetti, Cambiasso, Stankovic e Balotelli. Chivu, que perdeu o começo da temporada por causa de uma cirurgia no ombro, pode ser utilizado como lateral-esquerdo, zagueiro ou primeiro volante. Zanetti, lateral-direito de origem, pode atuar como volante. Cambiasso – que era meia armador no início da carreira – resp pondeu surpreendentemente bem ao ser im improvisado como zagueiro nos primeirros jogos da campanha. Stankovic pode ocupar as três posições do meio-campo, e Balotelli as três do ataque, como centroavante ou pelas duas pontas. Para quem chega com a missão de manter a hegemonia doméstica e conquistar a Europa, essa abundância de nomes e funções só pode fazer bem. Ainda mais se essa pessoa é um técnico inteligente como Mourinho. Outubro de 2008
tática inter.indd 3
19
9/30/08 5:01:43 AM
ENTREVISTA » MARTÍN PALERMO
Desconstruindo
Palermo Atacante do Boca mostra um lado pouco conhecido de sua personalidade, revelando as angústias e dúvidas que passam pela cabeça de um jogador que sofre uma grave contusão e precisa se motivar para a recuperação or que eu? Por que outra vez?” Metade grito, metade soluço, tudo lamento. Foi assim que Martín Palermo recebeu a notícia de sua lesão, ocorrida no último 24 de agosto durante a partida de seu Boca Juniors contra o Lanús pelo Apertura argentino. Foram dois minutos de catarse enquanto os médicos tentavam contê-lo. Ele havia recebido a notícia que rompera os ligamentos do joelho direito, mesma contusão que o afastara dos gramados por seis meses entre 1999 e 2000. Nesse momento, o atacante voltou a expor um lado pouco conhecido dos brasileiros. Não se tratava mais de um Palermo marrento, de cara amarrada, jeito arrogante e pouca disposição para falar com a imprensa. O personagem que recebeu a reportagem da Trivela era muito diferente, deixando transparecer uma sensibilidade de quem já passou por vertiginosos altos e baixos na vida profissional e pessoal. Ele tem consciência de que construiu sua imagem jogando e fazendo gols. Nada mais que isso. São muitos os que, ainda hoje e sobretudo fora da Argentina, questionam sua capacidade técnica. Sua altura (1,87 m) e lentidão de movimentos não
P
“
20
ajudam. Por isso, corre atrás de cada oportunidade de modo obcecado, a ponto de ser apelidado de “O Otimista do Gol” por Carlos Bianchi. Indo às redes, Palermo acabou com a desconfiança de seus compatriotas. Em 1999, rompeu os ligamentos pela primeira vez justamente na noite em que marcou o 100º gol de sua carreira. Saiu de campo para que os médicos o atendessem, insistiu em voltar porque não sentia tanta dor, e fez o gol 100 com seu joelho rompido. Depois, sim, podia sair. Por pouco não ocorreu algo parecido em 2008. Ele marcou o gol que lhe transformou no maior artilheiro da história do Boca (com 194 tentos em partidas oficiais) no jogo anterior à contusão. Na época da primeira lesão, teve um regresso cinematográfico. Foi em 24 de maio de 2000, jogo de volta das quartas-de-final da Libertadores contra o River Plate. Em Núñez, na primeira partida, os Millonarios haviam vencido por 2 a 1. Em La Bombonera, o Boca ganhava por 1 a 0 quando Palermo saiu do banco. Riquelme fez o segundo gol xeneize e, nos acréscimos, El Loco definiu os 3 a 0. Desde então, 24 de maio é, para os boquenses, o Dia da Paternidad (versão argentina para o termo “freguesia”) sobre o River.
Esse jogo deu início a uma das fases mais prolíficas de Palermo. Um mês depois de eliminar o rival, o Boca Juniors conquistou a Libertadores em cima do Palmeiras. Em novembro, em Tóquio, o atacante viveu o dia mais transcendente de sua história esportiva: com dois gols nos primeiros seis minutos, Boca ganhou o Mundial Interclubes sobre o Real Madrid e El Loco recebeu o prêmio de melhor jogador em campo. Agora com 35 anos, Palermo não pode perder tempo se ainda quiser fazer algo – e ele acredita que pode – no futebol. Por isso, logo após aqueles 120 segundos de susto, ele se recompôs. “Bem, e quando começamos a consertar isso?”, perguntou aos especialistas do clube que o haviam acompanhado para os exames. Marcaram o início do tratamento para o dia seguinte. Pressa compreensível: Alfio Basile, de fato, estava para chamá-lo para as partidas da Argentina contra Paraguai e Peru pelas Eliminatórias. Se tal convocação ocorresse, ele teria mais uma oportunidade de deixar para trás a imagem do atacante que perdeu três pênaltis na mesma partida da Copa América, transformando-se em faz-me-rir no mundo futebolístico.
Outubro de 2008
entrevista_PALERMO.indd 2
9/30/08 4:49:12 AM
Stringer/Reuters
por Antonio Vicente Serpa
Outubro de 2008
entrevista_PALERMO.indd 3
21
9/30/08 4:49:24 AM
Ainda dá para pensar na seleção argentina? Por algum motivo, esse não foi meu momento. Agora, tenho que pensar em ficar bem e regressar o melhor possível para devolver o apoio que tanta gente tem me dado. Isso tem sido fundamental para mim. Espero estar pronto para defender o Boca na Libertadores de 2009.
Antonio Scorza/AFP
Ele não esconde que precisa tirar um espinho da garganta dos boquenses: a eliminação frente ao Fluminense na semifinal de 2008. Os prazos médicos dão crédito a esse sonho e, no Boca, não duvidam de um retorno rápido (cinco meses e meio) e sem traumas. “Na operação, encontramos o joelho de um garoto de 20 anos. Prevemos que ele faça a prétemporada em janeiro e que possa jogar no final de fevereiro. A determinação dele ajuda muito a acelerar a recuperação”, diz o médico Jorge Batista, responsável pela operação. Nas instalações do Boca Juniors, já é possível ver Martín caminhando sem muletas (as tirou no segundo dia porque odeia que as pessoas sintam pena ao olhar para ele) pelos mesmos lugares de treinamento que seus companheiros e fazendo todos
os exercícios recomendados com esse joelho que, já sem tala protetora, é um Frankenstein sem olhos. Há poucos momentos de satisfação. Alguns deles estão ligados à leitura de e-mails. Foi criado um endereço (fuerzaloco@ole.com.ar) apenas para receber mensagens de apoio do público. Algumas se destacam: “Força, Loco. Oxalá muitos imitem sua integridade mental nas adversidades”, diz Diana; “Desejo com todas as minhas forças que se recupere rapidamente. É um exemplo de coragem”, opina Ignacio; e “As pessoas como vocês sempre estão à frente. Realmente é admirável sua valentia”, acrescenta Rubén. Essas frases de apoio não teriam nada de especial, mas têm,
Mesmo com 35 anos, Palermo ainda estava nos planos de Alfio Basile para a campanha argentina nas Eliminatórias da Copa 2010
pois seus remetentes não torcem pelo Boca Juniors. Diana é do Lanús, Rubén é do Racing e Ignacio... Ignacio é do River, do mesmo River do qual Palermo se tornou carrasco. Ler essas mensagens tem algum efeito diferente? [Sorri discretamente] Isso significa que, mais que a rivalidade esportiva e de qualquer outra situação, sempre tenho apoio e carinho dos torcedores. Isso é o mais importante, é o que eu guardo nesses momentos. A verdade é que, com o tempo, fui recebendo mostras de afeto de torcedores de outros clubes. Na rua, me sinto querido por todos, não apenas pelo pessoal do Boca. O quanto isso ajuda? Isso ajuda a se motivar no tratamento. É só comparar com a situação que vivi quando me contundi no Villarreal em 2001. Foi duríssimo porque estava longe de tudo, dos amigos e, ainda que tenham me tratado bem, esse tipo de contusão me deixou isolado. Só pude superar por causa da companhia da minha mulher. A história dessa contusão é tragicômica. Palermo acabara de marcar
Martín Palermo Nascimento 7/novembro/1973 Altura 1,87 m Peso 84 kg Carreira Estudiantes (1992 a 1997) , Boca Juniors (1997 a 2000) , Villarreal (2001 a 2003) , Betis (2003) , Alavés (2004) e Boca Juniors (desde 2004)
Títulos Mundial de Clubes (2000) , Libertadores (2000 e 2007) , Copa Sul-Americana (2004 e 2005) , Campeonato Argentino (1998, 1999, 2000, 2005 e 2006)
entrevista_PALERMO.indd 4
9/30/08 4:49:33 AM
Alejandro Pagni/AFP
um gol contra o Levante pela Copa do Rei e foi comemorar com os torcedores. A multidão o abraçava, mas também fazia peso em cima da mureta que dividia as tribunas do gramado. A estrutura cedeu, caindo com todo seu peso (e o dos torcedores que foram juntos na avalanche) na perna esquerda do atacante. Resultado: fratura de tíbia e perônio, quatro meses sem jogar. Custou tanto recuperar o ritmo que foi emprestado a outras equipes até que sua aventura européia terminasse. Mas a menção à ex-esposa traz à tona outro momento, o de uma dor maior que a de qualquer ruptura de joelho ou fratura dupla na perna. Em agosto de 2006, Lorena estava grávida de seis meses quando os médicos recomendaram que antecipasse o parto do segundo filho do casal. A criança morreu horas depois de nascer. Em 72 horas, Palermo estava em campo, jogando pelo Boca contra o Banfield. Ele
fez dois gols e seu desespero ao final da partida foi tamanho que até os adversários o consolaram. Não era o caso de ter pedido dispensa daquele jogo? Eu mesmo pedi para jogar. No momento da desgraça, achei que não ia adiantar nada me fechar, ficar convivendo com minha angústia. Tomei essa decisão porque queria mostrar até para mim que é preciso ser forte para superar. Mas foi muito doloroso. As pessoas pensam que jamais passarão por isso e nunca se preparam. Daí, quando acontece, é preciso ser mais forte ainda para lidar com isso. [Obs.: Palermo escreveu o nome do filho, Stefano, em seu braço esquerdo e, até hoje, beija a tatuagem olhando para céu a cada gol que marca] Um caso como esse chega a ter algum efeito no resto do time?
Admito que chorei quando vi a homenagem que prepararam para mim após o título da Recopa. Aquelas são pessoas que estão sempre a meu lado, mesmo nas dificuldades Muita gente se aproximou de mim na época. Gente que até hoje está ao meu lado. Quando dedicaram a mim o título da Recopa [em 2008, sobre o Arsenal de Sarandi. Palermo disputou o jogo de ida e já estava contundido na partida de volta], me emocionei demais. Muita gente acredita que as pessoas estão por perto nos bons momentos, mas isso me mostrou que não é assim. Agora, me recuperar é uma questão de retribuir isso. Outubro de 2008
entrevista_PALERMO.indd 5
23
9/30/08 4:49:47 AM
CARTOLAGEM
Mania QUE NÃO PEGOU Seis meses após seu lançamento, Timemania premiou apenas duas pessoas, segue como fracasso nas apostas e clubes e Caixa Econômica Federal pensam em mudanças ida como salvadora dos clubes brasileiros, a Timemania ainda não decolou. Passados seis meses de seu lançamento, a loteria criada pelo Governo Federal para ajudar os times a abaterem suas dívidas com a Receita segue com poucas apostas, um raro vencedor e um grande apelo por mudanças. De março a setembro, a Timemania arrecadou apenas R$ 86.384.896,17. Deste valor, 20% foi repassado diretamente aos clubes, de acordo com a fórmula de distribuição pré-determinada, e outros 2% via Time do Coração, uma campanha criada pela Caixa para os torcedores interagirem
T
timemania.indd 2
9/30/08 5:02:57 AM
por Gustavo Hofman
com a loteria e seus times. Com isso, o total destinado aos clubes, via abatimento das dívidas, foi de R$ 19.004.677,15. Os números já incomodam. Não apenas por serem valores discretos para quem se propõe a mudar a saúde financeira dos clubes nos próximos 20 anos. Mas porque a tendência é de queda. Desde que a loteria foi criada, a arrecadação caiu sistematicamente: dos R$ 18.108.446 ganhos em seu primeiro mês, o faturamento da Timemania caiu para R$ 16.217.868,03 em agosto. A própria Caixa Econômica Federal, gestora das loterias no Brasil, reconhece que a modalidade de aposta ligada aos clubes de futebol tem tido dificuldades. “A Timemania tinha uma desvantagem competitiva que era o preço. Só agora a Mega Sena subiu de R$ 1,50 para R$ 1,75. A Timemania custa R$ 2 e o prêmio é fruto da arrecadação. Logo, quanto maior o prêmio, mais pessoas apostam”, afirma Wellington Moreira Franco, vice-presidente de Fundos de Governo e Loterias da Caixa. O problema não é apenas o preço do volante, mas a perspectiva de retorno para o apostador. Em seis meses de vida, apenas dois apostadores receberam um prêmio milionário na loteria do futebol. No caso, um que colocou o Fortaleza como time do coração e ganhou R$ 7.818.108,56, em 15 de junho, e outro em 14 de setembro, que marcou o Rio Branco, do Acre, e levou R$ 4.479.711,11. Não é falta de sorte de todos os demais adeptos da Timemania. Em comparação com outras loterias, a Timemania tem menor probabilidade estatística de ganho. As chances de acertar os sete números, que dão o prêmio máximo, são de 26.472.637 para 1. Na Lotomania, a probabilidade de alguém acertar os 20 números necessários é de 11.372.635 para 1. Na Mega Sena, a
chance de conseguir o prêmio máximo é de 50.063.860 para 1, mas, se o apostador resolver jogar sete números, ao custo de R$ 12,25, o índice cai para 7.151.980 para 1. Moreira Franco, no entanto, defende a Timemania e seu objetivo maior. “A função dela é ajudar os clubes. Os que devem pouco já estão recebendo dinheiro, mas os grandes devem muito. São dívidas em torno de R$ 150 milhões”, diz. Para ele, o problema foi a expectativa inicial que foi criada em torno da loteria. “A Timemania foi superestimada e a arrecadação esperada não se realizou”. Por isso, ele admite que a Caixa realizará pesquisas para pensar em modos de deixar a loteria mais atraente.
Posição dos clubes A necessidade de mudanças também é quase consensual entre os clubes. “Esses meses foram preocupantes. Precisamos rever a mídia, porque a arrecadação ficou muito aquém da expectativa. Os clubes precisam participar efetivamente e mostrar aos torcedores que eles têm que ajudar”, critica Ziza Valadares, ex-presidente do Atlético-MG. Para os clubes, é interessante que seus torcedores apostem porque parte do bolo é dividido de acordo com a preferência clubística. O Flamengo é o time com maior número de adeptos da Timemania (veja tabela), e tem conseguido somar valores relativa-
ENTENDA A TIMEMANIA Ao todo são 80 números e 80 clubes de futebol. O apostador tem que escolher dez números e um Time do Coração. Entre três e sete acertos, ganha uma porcentagem da premiação. Se acertar o Time do Coração, também ganha. O valor da aposta é R$ 2 e o prêmio bruto corresponde a 46% da arrecadação. Os sorteios são realizados aos domingos, às 15h30.
DE D EST STIN INAÇ AÇÃO ÃO DA AR A RE ECA ADA DAÇÃ ÇÃO ÃO
%
Prêm Pr ê io êm io**
46 4 6
Cu ust stei eio io e m maannuute tenç nção ão*****
20
Coomiiss ssããoo loottér éric icca
9
Tari rifa iffaas de d aadm dm min inisstr traç ação ã ão
11 1 1
Club Club Cl u ess de fu fute utebo boll
22 2
Mini Mi nist stér ério io do Esspo portte
3
Fuund Fund ndoo Pe P nniiteenciááriio Na N ci cion cion onal al
3
Fund Fu ndoo Na Naci c on nal a de Sa Saúd úde
3
CO OB (8 (85% 85%) 5% %) e CP CPB (1 (15% 15% 5%)* )*** ***
2
SSeegu uri r dade daade de socciaal
1
AR RRE RECA CADA DAÇÃ ÇÃ ÃO BR RUT U A
10 00
* 13,8% para imposto de renda e 32,2% de prêmio líquido ** 9% para Comissão Lotérica e 11% de tarifas administrativas *** Comitê Olímpico Brasileiro e Comitê Paraolímpico Brasileiro
Outubro de 2008
timemania.indd 3
25
9/30/08 5:04:18 AM
26
timemania.indd 4
RANKING DA TIMEMANIA 1
Club Cl ub e ub FFllam amen e ggoo en
Apos Apos osta tass ta 3.80 3. 8003. 3 3997
% 8,4
2 26
Clu Cl ub e Reemo R mo
Ap A pos ost sta t as 387. 38 7 9633
% 0,,9
2
Coori C rint nthi hian ians
2.95 2. 995 54. 4.7445 4.74
6 ,6
27 7
Náuticoo Ná
3 7. 38 712 1222 12
0,99
3
Palm Pal lmei eira rraas
2.29 2.2 298 98.21 2111
5,1 5,1
2 28
Bota Bo taaffoogo tafo g -PPB
376.04 37 .042 042
0,88 0,
4
São Paul Sã ulo lo
2.11 2. 118. 8 60 6055
4,77 4,
29
Paays ysan andu an ddu u
3669. 9 556 60
00,,8
5
Grêm Gr êm mio
1.84 1. 841. 1.10 1077
4,,1
30
Avaí Av aíí
3669.42 369 442 24
0, 8
6
Sant Sa ntos oss
1.82 1. 822. 82 2 50 2. 5011
40 4,
31
Figu Fi guei gu e reens ei nsee
3663. 3.06 006 64
0,88 0,
7
I teern In rnac nacio iona onnaal
1.57 579. 9 94 9. 9477
3,55 3,
3 32
Joinvi Jo in nvi villlle
357. 35 7.87 8 7 87
0,,8
8
Vasc Va scoo
1.52 1. 55226 26. 6.6990
3,4 3,
33
Rive Ri verr-PI
335 51.37 379
0,88 0,
9
C uz Cr uzei eiro iro r
1..32 3244. 4.325
29 2,
34 4
Ippatin Ipat nga g
33551. 1.17 1755 17
0,88 0,
10
Bota Bo tafo fogo go
1.27 1.27 2 9. 9.666 66 9
2, 8 2,
3 35
Juvent Ju ventud udee
3447. 7.37 3766
0,88 0,
11
FFllum umin nen ense see
1 17 1. 1766..39 3966
2,66 2,
36
Port Po rrttug ugue ugue uesa sa sa
334 4 4. 4.55 5 7
0, 8
12
Atlé At lééti léti tico-MG -MG G
1.06 1. 065. 5.43 4311
2, 4 2,
3 37
Guar Gu araan ani
33 35. 5 49 4933
07 0,
13 3
Bahi Ba hiaa
975. 97 5.70 7 0
22,,2
38 38
Brras a illieens nsee
326. 32 6.97 9722
0,77 0,
14
Viittóóri ria ria
66550. 0 11 11
1,44 1,
39 9
Motoo Clu Moto Mo ubee-MA -M M
3 44..98 32 9 8
0,77 0,
15
Gooiáás
580. 58 00..6644 4
1,3 1,
40 0
Gaama G m
324 32 24.239 2 39
0,7 0,
16
Spor Sp ot or
5776. 6.66993 93
1,3 1,3 1,
4 41
Marí Marí Ma ríllilia
315 31 15. 5.8006
00,,7
17
Fort Fo rtal rt taallezza
574. 57 4.89 8 2
11,,3
42 2
J -P Ji -Parraan ná-RO RO RO
3 55..33 31 3 5
0,7 0,7
18 8
Attlé Atlé léti éti tico tico co-PR
498. 49 8 33665 8. 65
1,,1
43 3
M xt Mi xto-MT MT MT
314. 31 4.31 4. 3 2 31
00,,7
19 9
Cori Co ori riti tiiba b
4 00..49 49 .49 493 93
1,11 1,
44
Sãão Ca C et etan anoo
314.00 31 44..00006
07 0,
20
San Sa ant nta Cr C uz u
464. 46 4.995 951
1,0 1,
45
Banggu Ba
3007. 7.99990
00,,7 0,7
21
Ceaar Ce ará
46 60. 0.05 00557 57
11,,0
46 46
P ra Pa raná náá
304. 30 04.86 4.88667 4.
00,,7
22
Trez Tr ezze
458. 45 8.89 8 1 89
1,00 1,
47
Ittua u no n
3002. 302 2.37 3700
0,7
23
Lond Lo nnddrriina na
44008. 8.39 3944 39
0, 9 0,
48
Vila Vi la Nov ova-GO GO O
2997. 297. 7 78 7 7
07 0,
24
ABC AB C
39 95. 5.29 2900
0,99 0,
49 49
Pallm Pa mas as
289. 28 9.83 8 34
0,66 0,
2 25
Pont Po ntee Pret Pretta
3 2.87 39 88775
0, 9 0, 0,9
50
Juve Ju vent ent ntus u us
28 87. 7.93 7.93 930
00,,6
Obs. Dados consolidados até 21 de setembro
mente grandes. No entanto, existe o outro lado da moeda. Entre os 80 clubes escolhidos para formarem a loteria, a União Agrícola Barbarense ocupa a lanterna. “Devíamos cerca de R$ 1,6 milhão para o INSS e R$ 100 mil de Imposto de Renda, e a Timemania tem ajudado a diminuir esses valores”, diz Aguinaldo Perchi, gerente-administrativo do clube Santa Bárbara d’Oeste, interior paulista. Ele conta como é feito o controle: “Recebemos um tipo de extrato que é emitido pela Caixa”, relata. Nem tudo é tão simples. Há clubes que ainda não puderam usufruir os benefícios da Timemania. É o caso do Corinthians, que perdeu o prazo para se inscrever no parcelamento das dívidas. Em nota oficial, o Alvinegro explica a situação: “A atual diretoria foi eleita em 9 de outubro de 2007 e começou a trabalhar no dia seguinte, uma quarta. Ocorre que sexta foi feriado e o prazo para a formalização do pedido de parcelamento junto aos órgãos credores findouse em 15 de outubro, segunda. Embora a diretoria anterior tenha feito a adesão preliminar junto à Timemania, não fez o pedido de parcelamento junto aos órgãos credores (Receita Federal, Fazenda, INSS e Caixa Econômica Federal, gestora do FGTS)”. O clube afirma que não sairá prejudicado, pois os valores devidos estão retidos para posterior pagamento. O equívoco corintiano foi localizado, mas evidencia como a Timemania não é prioridade total para os dirigentes, até porque os resultados dela não justificam outro tipo de comportamento. Nesses primeiros meses de vida, a loteria criada para acabar com as dívidas dos clubes com a União é uma decepção. E está longe de representar uma fonte de receita que possa mudar os rumos do futebol brasileiro. Outubro de 2008
9/30/08 5:05:10 AM
por Mauro Cezar Pereira
MARACANAZO
Devaneios pelo Corinthians UM DOS ARGUMENTOS que parte da imprensa de São Paulo utilizou nos últimos anos para justificar os seguidos papelões de times cariocas no Brasileirão era a fragilidade do Estadual do Rio de Janeiro. A tese, válida em vários casos, era de que Flamengo, Fluminense, Botafogo e Vasco enfrentavam equipes fracas, venciam, pareciam mais fortes do que realmente eram e, quando se deparavam com os clubes da Série A, caíam na realidade. Situação parecida vive o Corinthians nessa reta final da Segundona 2008. O time de Mano Menezes abriu enorme vantagem sobre os demais, tornando o acesso à primeira divisão mera questão de tempo, assim como o título. Era a senha para o oba-oba. Com passagens por outros grandes, André Santos, ex-Flamengo e ex-Atlético-MG, foi rapidamente elevado à condição de “lateral de seleção”. As boas partidas do jogador de 25 anos pelo Figueirense na Série A em 2007 são ignoradas como se tratasse de um menino com 18 anos “estourando” pelo “Timão”. A esqualidez técnica da segunda divisão também é ignorada nas avaliações de seu desempenho, como se André estivesse marcando golaços ante esquadrões implacáveis, e não em cima das defesas pífias de elencos com orçamentos infinitamente menores do que o do clube paulista. A torcida adora, afinal, são elogios fáceis que levam o povão a acreditar em um time fortíssimo. A equipe é boa, de fato, montada por um técnico capaz e caríssimo para uma segunda divisão. Mas é alguém que, pela própria aptidão para o cargo, demonstra noção da realidade corintiana, tanto que reforços começaram no meio do campeonato.
HAT TRICK Até a 27ª rodada da Série B, o Corinthians tinha o melhor passador do campeonato, André Santos, com 45,46 de média por partida e 88,9% de acerto. Já Felipe era apenas o 17º no ranking dos goleiros que mais defesas fizeram, ou seja, os mais exigidos, 2,70 por jogo. O primeiro da lista, Max, do Vila Nova, apresentava 5,44 de intervenções por partida. Douglas aparecia como maior driblador, 3,96 fintas por jogo. André Santos, Elias, Carlos Alberto e William eram quatro alvinegros entre os cinco melhores no desarme. Que maravilha a Série B, não?
É o caso de Morais, que de meia promissor no Vasco virou titular absoluto com boa média de atuações. Nada mais natural para quem saiu de um clube sob forte pressão na Série A, para navegar nesses mares tranqüilos, sem ninguém para atormentar. Christian, encostado no Flamengo, também chegou e jogou logo, enquanto Diogo, lateral-direito ex-Sport, treinava pensando mesmo em 2009. São sinais claros que Mano sabe que é preciso mais. Mas e daí? Seja por desconhecimento de futebol ou desejo de fazer média com o povão “Fiel”, elogios rasgados são feitos a jogadores medianos desse “Coringão Série B”. Herrera é o mais claro exemplo. Passou sem destaque por Rosario Central, San Lorenzo, Grêmio (na Série A), Real Sociedad e Gimnasia de La Plata. Por seu desempenho, recebeu o apelido de “Quase Gol”. Esforçado, “ganhou” a torcida na Série B, mas suas evidentes dificuldades nas finalizações evidenciam que na “primeirona”, será preciso alguém mais qualificado para a posição. E quanto a Douglas? Aos 26 anos, é tratado pelos ufanistas como se fosse jovem revelação. No currículo, Criciúma, Caykur Rizespor (Turquia) e São Caetano, pelo qual brilhou em alguns momentos. Mano cobra do irregular e “desligadão” camisa 10, porque conhece suas limitações e tenta tirar mais dele. Só os salários de Mano Menezes e do contundido Acosta resultam em soma superior à maioria das folhas de pagamento dos times da Segundona. Mesmo quebrados quando do rebaixamento em 2007, os corintianos foram às compras e montaram um novo time, de porte mediano numa divisão de “elite”, mas excelente lá onde está. O fanático torcedor tem dificuldades em perceber isso, ainda mais com os elogios deslavados que se acostumou a ler e ouvir. Devaneios convenientes a muitos, menos para quem é louco pelo Corinthians. Outubro de 2008
opinião.indd 5
27
9/30/08 5:00:28 AM
SUSTENTA
Divulgação
Beira-Rio: consumo consciente será convertido em créditos de carbono
por Daniel Crenitte
O Protocolo de Kyoto
esteve aqui Internacional fecha acordo com japoneses para reduzir desperdício de energia e emissão de dióxido de carbono futebol brasileiro tem tradição em demorar a absorver conceitos de empresas de outros setores da economia. No entanto, nem essa cultura de atraso impediu que já surgissem as primeiras ações de um clube ligadas ao desenvolvimento sustentável. No caso, envolvendo uma parceria entre o Internacional e o Shimizu S-Pulse, do Japão. Em agosto, o clube da J-League passou uma semana em Porto Alegre. Os japoneses conheceram as instalações do Colorado e realizaram um intercâmbio esportivo, com treinos e um torneio amistoso sub-14 entre o Shimizu e clubes gaúchos. O segundo passo da excursão foi dar início a um trabalho na área ambiental. O Banco Sumitomo Mitsui, que trabalha como intermediário do Shimizu na compra de créditos de carbono (veja box) em países em desenvolvimento, também esteve no Brasil fechou um acordo com o Colorado. “No Japão, grande parte
O
28
inter.indd 2
dos clubes têm iniciativas para coibir a emissão de carbono na atmosfera”, afirma Hajime Uchida, gerente geral do Sumimoto. Em um primeiro momento, o banco realizará estudos de impacto ambiental em partidas no BeiraRio (foto). “Os japoneses vão medir a quantidade de CO2 emitido, analisarão o consumo de energia elétrica e o índice de fumaça emitida por veículos durante os jogos”, explica Décio Hartmann, vice-presidente de administração do Inter. De acordo com o Hartmann, o clube brasileiro já está estudando
seu projeto de “energia limpa”, onde será priorizada a utilização de energia eólica e solar. Um outro item em avaliação é o reaproveitamento da água de chuva no Beira-Rio. “Como a quantidade de ventos no local é intensa, também estamos estudando a construção de uma usina eólica dentro do complexo”, completa. Teoricamente, não há previsão para que a parceria ambiental se transforme em intercâmbio de jogadores entre Shimizu e Inter. No entanto, o próprio dirigente não descarta que ocorram troca de atletas entre os clubes no futuro.
O QUE SÃO CRÉDITOS DE CARBONO A compra de créditos de carbono foi criada em 1998, com a ratificação do Protocolo de Kyoto na Convenção da ONU sobre a Mudança Climática. Segundo o acordo (que tem como principal não-signatário os Estados Unidos de George W. Bush), os países devem reduzir a emissão de dióxido de carbono (responsável pelo efeito estufa). O tratado determina às empresas dos países industrializados uma cota máxima de emissão de gases. Quem fica abaixo da meta recebe um “Crédito de Carbono” ou Redução Certificada de Emissões (RCE) a cada tonelada de CO2. Quem passa do limite é obrigado a comprar créditos de empresas de países em desenvolvimento.
Outubro de 2008
9/30/08 5:24:45 PM
anuncios.indd 9
9/30/08 5:36:20 AM
Divulgação
eu fiscalizo a
sem padrão Fifa por Ubiratan Leal
Copa 2014
30
fiscalizo.indd 2
128
Hospitality
F O O T B A L L S TA D I U M S
FORA DO LUGAR O documento da Fifa é explícito em texto e imagem ao indicar que área VIP, imprensa e vestiários devem ficar em posição central (abaixo). No entanto, imagens divulgadas pelo São Paulo (dir.) mostram claramente que os três setores ficarão separados no Morumbi. Na planta do subsolo do estádio (esq.), é possível ver a posição dos vestiário atuais e como não há espaços já construídos para deslocá-los para a lateral do gramado
73
7 .1
C orporate hospitality f acilities
122
7.2 Hospitality requirements: guiding principles
Position In the centre of the grandstand in which the players’ dressing rooms are situated, in an elevated position above the playing area area, partitioned off from the public seating areas. The VIP tribune should always be located in the main stand and be accessible to the dressing rooms, media facilities and administrative offices.
123
7 . 3 FIFA programme requirements
124
7 . 4 V V IP areas and V IP areas
126
7 . 5 C ommercial hospitality rights
129
7 . 6 Special conditions
130
VIP area Position In the centre of the grandstand in which the players’ dressing rooms are situated, in an elevated position above the playing area, partitioned off from the public seating areas. The VIP tribune should always be located in the main stand and be accessible to the dressing rooms, media facilities and administrative offices.
Media
83
8.1 8
8 . 1 Press box and commentary positions
140
8 . 2 Television studios
8.5 Mixed zone and flash interview positions
144 145 145 146
8 . 6 Facilities f or photographers 8.7 Media requirements for FIFA World Cup™
141
143
8 . 3 Stadium media centre 8 . 4 Press conf erence room
F O O T B A L L S TA D I U M S
140 F O O T B A L L S TA D I U M S
Ainda é cedo para imaginar até que ponto a Fifa fará valer suas exigências para o Brasil receber a Copa de 2014. De qualquer modo, se a entidade for rigorosa com o que seus próprios documentos estipulam, o Morumbi que está sendo projetado não poderia abrigar partidas do Mundial. O problema que mais salta aos olhos, até porque já está definido nas intervenções previstas pelo São Paulo, é a localização de tribunas VIP e de imprensa, além dos vestiários. O projeto é muito claro em colocar a área de imprensa e as tribunas VIP no anel inferior do estádio, mas cada uma em um lado do estádio. Os vestiários permaneceriam atrás de um dos gols. De acordo com o documento da Fifa para estádios que receberão torneios como a Copa, vestiários, área VIP e imprensa devem estar no mesmo setor para facilitar a locomoção de autoridades e jornalistas. Pela infra-estrutura do Morumbi, adaptações nesse sentido seriam, literalmente, muito profundas. Seria necessário criar um subsolo para acomodar os novos vestiários. Outro problema do estádio é a visibilidade para imprensa, dirigentes e convidados. Para a Fifa, ela deve ser a melhor possível. No entanto,
148
8 . 8 Television inf rastructure
148
8 . 9 A ccreditation off ice
151
Diagram 8a: VIP and press stands
Press box and commentary positions The press box The press box must be in a central position in the main grandstand where the players’ dressing rooms and the media facilities are situated. It should be centrally located on the halfway line, in a position that provides an unobstructed view of the field of play, without the possibility of interference from spectators. Ideally, the press box should not extend beyond the 16m line towards the goals. All working places in the press box should be covered. Media representatives should be allocated places with an excellent view of the entire playing area.
Playing field Press VIP Spectators Fence for preliminary check
There should be easy access to and from other media areas such as the media centre, the mixed zone and the press conference room. The permanent press seats should be equipped with desks large enough to accommodate a laptop computer and a notebook. There should be a power supply and phone/modem connections at each desk. In those stadiums which will host major football matches and other major events, the press box should be designed in such a way that its capacity can be significantly increased on such occasions. If the demand is great, normal spectator seats will have to be changed into seats for the press and television reporters. A line of desktops may have to be built over a row of seats; thus every second row is used for seating. Seating for the media should be located near the main media working area. Matches generating great media interest require multiple telephone installations and outlets as well as high-speed internet connectivity. It is not essential for all additional seats to be provided with desks. As a guideline, at least half of the positions should be provided with desks. Television monitors are an essential means of assistance and some should be installed. One monitor per eight seats is a minimum. One monitor per four seats is adequate. Sufficient power connections should be provided for this and other purposes. The possibility of installing the latest digital technology lines (such as a high-quality three-in-one line for fax, phone and computer) should be included in the construction plans for new stadiums. Designers should continue to update themselves on wireless communications prior to hard-wiring a stadium.
Spectators or expansion of press stand
Press stand
VIP stand Spectators or expansion of VIP stand
The press box The press box must be in a central position in the main grandstand where the players’ dressing rooms and the media facilities are situated. It should be centrally located on the halfway line, in a position that provides an unobstructed view of the field
Outubro de 2008
9/30/08 6:17:14 AM
Fotos Reprodução
LU PA Agora é oficial
VISÃO PREJUDICADA Ao contrário do que exige a Fifa, o projeto do Morumbi para a Copa não reserva a imprensa e autoridades setores de boa visibilidade. O estudo do arquiteto Carlos de La Corte mostra como distância e o “teto” criado pelo anel superior limitam a visão (abaixo), algo que fica evidente no próprio material de divulgação do São Paulo (acima)
o anel inferior do Morumbi tem visibilidade prejudicada pela distância em relação ao gramado, ângulo desfavorável e limitação imposta pelo avanço do anel imediatamente acima. “Se alguém dá um cruzamento que sobe mais de 10 ou 15 m, a bola some para muita gente”, explica Carlos de La Corte, arquiteto que realizou estudos técnicos em vários estádios brasileiros. O São Paulo reconhece que não há previsão de reformas mais radicais que as já anunciadas. “Apresentamos um projeto preliminar, que consta quase tudo o que vai ser feito. Só falta o detalhamento para termos o projeto executivo”, comenta João Paulo de Jesus Lopes, diretor de futebol do clube. Perguntado sobre a incompatibilidade entre as exigências da Fifa e o Morumbi, ele mostrou se surpreso. “Contratamos o projeto para atender ao caderno de encargos. Tem de conferir isso com o Ruy Ohtake”. A reportagem da Trivela entrou em contato com o arquiteto responsável pelo projeto de modernização do estádio, mas não obteve resposta até o fechamento da edição. Veja tradução dos trechos em inglês e links para o manual da Fifa e o vídeo do Morumbi em www.trivela.com/revista
O presidente da CBF, Ricardo Teixeira, confirmou os integrantes da diretoria do Comitê Organizador da Copa de 2014. São eles: Francisco Müssnich (jurídico), Rodrigo Paiva (assessor de imprensa), Carlos Geraldo Langoni (financeiro), Mário Rosa (relações institucionais) e Joana Havelange (secretaria administrativa). A Trivela já havia adiantado as participações de Müssnich e Langoni em junho de 2007. Outros nomes ainda não foram divulgados. O anúncio ocorreu durante o Seminário das Cidades Candidatas, no final de setembro, quando os 18 municípios concorrentes apresentaram seus projetos e tiveram reuniões privativas com membros da Fifa. Belém, Belo Horizonte, Brasília, Campo Grande, Cuiabá, Curitiba, Florianópolis, Fortaleza, Goiânia, Maceió, Manaus, Natal, Porto Alegre, Recife, Rio Branco, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo disputam a preferência. [GH]
Otimismo Caio Luiz de Carvalho, presidente da São Paulo Turismo mostrou otimismo em evento realizado no final de agosto. “São Paulo está praticamente definida como sede da abertura da Copa, com treinos das seleções em Campinas, Barueri, Jundiaí, no Pacaembu e no Parque Antártica”. Ele considera o Mundial de 2014 importante porque o Brasil dificilmente sediará outra edição do torneio. “A Copa nunca viria para cá se não fosse pelo rodízio da Fifa”. [GH]
Crédito hoteleiro O Ministério do Turismo está criando linhas de crédito para qualificação hoteleira no Rio de Janeiro. A iniciativa visa mais a candidatura do Rio aos Jogos Olímpicos de 2016, mas a Copa do Mundo se beneficiaria com a ação. [GH]
Outubro de 2008
fiscalizo.indd 3
31
9/30/08 6:17:55 AM
NEGÓCIOS
por Nair Horta
TVs de Corinthians e Flamengo apostam em modelo restrito e fracassam nos primeiros meses no ar; aposta em acesso livre tem tido melhor resultado
C
“
om esse bando de louco, a gente não pode ter previsão de ganho. Desses milhares que estão nos assistindo agora, quantos vocês acham que pagariam para ter esse serviço?”. Foi assim que, em fevereiro deste ano, o vice-presidente de marketing do Corinthians, Luís Paulo Rosenberg, comemorou o início da TV Timão, canal oficial do clube paulista na internet. A
primeira transmissão – feita com acesso irrestrito – terminou com mais de 1 milhão de page views, corroborando as previsões internas de 200 a 300 mil assinantes em um curto espaço de tempo. Oito meses depois, no entanto, a pergunta feita por Rosenberg ganha uma resposta bem menos otimista: 2 mil assinantes. Lançada com a mesma pompa e quase simultaneamente, a Fla TV,
do Flamengo, previa 500 mil paga gantes e contabiliza, até o mom mento, apenas 6 mil. A receita m mensal nem se aproxima dos R$ 5 m milhões almejados durante a conce cepção do projeto. O choque com a realidade ameni nizou o tom dos discursos. A baixa pr procura é respaldada no fator “novi vidade”, segundo os clubes. Seria pr preciso dar tempo para que o torce cedor possa se acostumar às no-
Modelos diferentes: Fla patina com sua TV paga, enquanto Grêmio defende TV com acesso gratuito
negócios clube-tv.indd 2
9/30/08 4:59:11 AM
vas tecnologias. Enquanto isso, o retorno – ainda que longe do esperado – é comemorado. “Está tudo dentro do que esperávamos. Estive no Barcelona e lá eles têm 4 mil assinantes depois de três anos”, afirma Ricardo Hinrichsen, diretor de marketing do Rubro-Negro. Comum entre as equipes européias, a moda das TVs online é um fenômeno recente e ainda incipiente no Brasil. Dos 40 participantes das séries A e B do Campeonato Brasileiro de 2008, apenas 15 apostam nesse tipo de comunicação com o torcedor. Falta, porém, um modelo de negócios definido. Os casos corintiano e flamenguista são exemplares. O mercado vê a iminência de um fracasso e é taxativo ao atribuir o motivo: o preço salgado para liberar o conteúdo dos canais. Com base da torcida em classes de menor poder aquisitivo, Corinthians e Flamengo cobram entre R$ 10 por mês e R$ 130 anuais de seus torcedores. Cruzeiro e AtléticoMG também estudam cobrar pelo acesso a seus canais.
De graça O equívoco estratégico dos dois clubes mais populares do país fica evidenciado pelos números de quem adotou outra política. O canal do Grêmio, por exemplo, tem conteúdo gratuito, exigindo apenas um registro do torcedor no site. Ainda assim, arrecadou R$ 70 mil no primeiro semestre deste ano, tendo como base os patro-
cínios. Para 2009, a expectativa é de que esse valor chegue a R$ 200 mil. “Nós vivemos num país tributado demais, não dá para cobrar”, afirma Haroldo Santos, coordenador da TV Grêmio, que re registra, em média, 70 mil acesso sos por mês. A postura também é adotada pelo Atlético-PR, que chegou a transmitir seus jogos no campe peonato estadual deste ano sem ne nenhum custo através da TV Fu Furacão. “No máximo, iremos restri tringir o acesso aos sócios, como ac acontece na Copa Sul-Americana, pa para fomentar nosso programa de só sócio-torcedor. O custo para man-
Quem tem? Atlético-MG
www.tvgalo.com.br
Atlético-PR
www.caparanaense.com
Avaí
www.avai.com.br
Corinthians
www.timaotv.com.br
Cruzeiro
www.cruzeiro.com.br
Flamengo
www.flatv.com.br
Fluminense
www.fluminense.com.br
Fortaleza
www.fortalezaec.net
Grêmio
www.gremiotv.net
Guarani
www.ocultural.com/guarani
Internacional
www.internacional.com.br
Náutico
www.nautico.tv
Palmeiras
www.palmeiras.com.br
Santos
http://santos.globo.com
Vila Nova
www.tvtigrao.com.br
ter a TV não é exorbitante, não há necessidade de cobrança”, analisa Luciana Pombo, coordenadora do projeto. Até junho, era o “ao vivo” que alimentava a grade do canal, atualmente ocupada por matérias e entrevistas exclusivas com jogadores. O departamento de comunicação do clube paranaense registrou 92 mil acessos em setembro. O modo como alguns clubes vêem suas TVs como gerador de negócios contrasta com os que ainda não têm uma política muito definida. Boa parte dos times que aderiram à febre dos canais online sequer possui infra-estrutura para produzir os vídeos, mas estampam em seus endereços na internet o selo de canal oficial. Algumas recorrem ao Youtube como meio de “transmissão”, caso da TV Avaí. Outras, como a TV Verdão, do Palmeiras, selam parcerias com portais e apenas compilam matérias veiculadas nos canais abertos e a cabo. Essa realidade mostra como as TVs de clubes no Brasil ainda estão longe do modelo europeu, em que equipes como Barcelona, Real Madrid e Internazionale podem ser sintonizados nos televisores convencionais. “Não é verossímil pensar nisso para o Brasil. Em boa parte da Europa, já foi definida a questão da alienação nos acordos de TV. No Brasil, a TV aberta dificilmente daria espaço para esse tipo de conteúdo”, avalia Rafael Plastina, diretor de marketing da Informídia, empresa especializada em pesquisas esportivas. A heterogeneidade dos modelos adotados no Brasil expõe problemas nessa onda de canais de clubes. Ainda que algumas ações já dêem resultado positivo, é cedo para dizer que há uma tendência real de transformação das TVs online em negócio. Seria necessário mais planejamento e conhecimento do mercado em muitos casos. Outubro de 2008
negócios clube-tv.indd 3
33
9/30/08 4:59:24 AM
EXISTO Os clássicos são o principal motor da paixão do torcedor. Por isso, a Trivela elegeu os 50 maiores dérbis do mundo
S
ecar um rival é um ato tão automático quanto torcer por um clube. Aliás, o primeiro é conseqüência natural do segundo. Qualquer time que com um mínimo de grandeza tem um antagonista, a antítese a tudo o que seu torcedor preza e crê, um adversário sobre o qual a vitória é mais saborosa e, claro, a derrota é mais dolorida. Depois de um tempo, essa relação simbiótica entre as equipes cria vida própria. Gre-Nal não é a soma de Grêmio e Inter, é uma entidade independente. O mesmo vale para Fla-Flu, Ba-Vi, Boca x River, Roma x Lazio... Entre esses duelos, todos cheio de tradição, mitos, recordes e, infelizmente, violência, há muita história para contar. Para isso, a Trivela decidiu consultar diversos jornalistas brasileiros e estrangeiros, para definir, afinal, qual os maiores clássicos do Brasil e do mundo. Tudo de maneira bem simples. Definimos três parâmetros: rivalidade regional, importância nacional e relevância futebolística. Cada um podia dar o peso que quisesse a esses pontos. Claro que você, leitor, também pode montar seu ranking, com os critérios que achar melhor. Posição Pontuação
1º
20
2º
19
...
...
19º
2
20º
1
Bônus*
5
vitórias gols
empates
pts
por Gustavo Hofman
ODEIO, LOGO
CAPA » RANKING
TE
REGULAMENTO Cada jornalista brasileiro foi consultado para eleger até 20 clássicos nacionais e 20 internacionais, em ordem de importância, de acordo com os critérios estabelecidos (rivalidade regional, importância nacional e relevância futebolística). Já aos jornalistas estrangeiros foi pedido que elencassem os 20 maiores clássicos do mundo, contando, também, os brasileiros. Todos receberam uma pré-lista, com mais de 100 jogos como fonte de consulta. Obs.: 1) Quando um clássico brasileiro foi citado por um jornalista estrangeiro, ganhou cinco pontos de bônus no ranking nacional e a pontuação ficou vaga no ranking internacional; 2) Em caso de empate, venceu o maior número de citações; 3) A pontuação na ficha dos clássicos é a soma dos votos dos jornalistas consultados
Colaboraram Leonardo Bertozzi, Luciana Zambuzi e Ricardo Espina
34
50 clássicos.indd 2
Outubro de 2008
9/30/08 8:47:25 AM
GRÊMIO
INTERNACIONAL
Valdir Friolim/Agência RBS
118 496
50 clássicos.indd 3
117
451
138 532
UM A UM Dois grandes times de uma mesma cidade se odiarem é algo comum, mas Grêmio e Internacional se tornaram referência no Brasil para explicar o que significa “rivalidade”. Metade do Rio Grande do Sul veste vermelho e a outra azul, e uma parte não suporta a cor da outra, por mais difícil que seja evitar o azul ou o vermelho no dia-a-dia. Cada um dos 373 duelos – mesmo um amistoso qualquer – é numerado e lembrado como se fosse um grande evento. E histórias não faltam: os 10 a 0 do Tricolor no Gre-Nal 1, o Gre-Nal Farroupilha (45), o Gre-Nal do século (297) nas semifinais do Brasileiro de 1988, o Gre-Nal do chapéu de Ronaldinho em Dunga (341), o Gre-Nal do D’Alessandro (373)... Não é difícil entender o porquê de o jogo que mais simboliza o espírito do futebol gaúcho seja reconhecido como o maior do Brasil.
9/30/08 8:47:51 AM
PALMEIRAS 119 482
CORINTHIANS 97
427
112 441
Cristiano Couto/Hoje em Dia/Futura Press
2 NOS CINEMAS “A senhora não sabe o que é um Corinthians e Palmeiras”. A frase do personagem de Lima Duarte, para a mulher interpretada por Marisa Orth no filme “Boleiros”, é uma síntese do clássico paulista. A rixa entre corintianos e palmeirenses sempre resistiu ao surgimento de outros clubes em São Paulo, casos de Paulistano, Santos e São Paulo. Tanto que já viraram capítulo de livro (em “Brás, Bexiga e Barra Funda”, de Antônio de Alcântara Machado) e filme (“Boleiros”, claro, e “O Casamento de Romeu e Julieta”).
3 FLAMENGO 133 546
FLUMINENSE 121
412
122 505
ATÉ EM HINO O Fluminense já não tem mais uma torcida tão numerosa a ponto de concorrer com o Flamengo. Ainda assim, a mística do Fla-Flu ainda permanece forte no imaginário do torcedor no Brasil. Não é só na sonoridade do apelido, mas em duelos memoráveis e na alegoria do encontro entre o povo e a aristocracia. Não à toa o clássico vale até menção em hino: do “No Fla-Flu é um ‘ai, Jesus’” do Flamengo ao “A torcida reunida até parece a do Fla-Flu” do Bangu
4
ATLÉTICO-MG
FLAMENGO 133 476
VASCO 89
399
50 clássicos.indd 4
113
380
148 547
121 463
NA TERRA E NO MAR Os dois maiores vencedores do futebol carioca nas duas últimas décadas são, hoje, rivais mortais. Se o Fla-Flu tem a tradição como ponto mais forte, Flamengo x Vasco cresceu nas origens populares das duas equipes e virou obsessão. Tanto que, ao conquistar a Libertadores, os vascaínos não esqueceram de passar em frente à Gávea, só para espezinhar o rival. Hoje, saiu dos campos e foi ao basquete, ao futsal e às regatas na Lagoa Rodrigo de Freitas.
36
173 615
CRUZEIRO
QUANDO BH PÁRA A história da rivalidade entre atleticanos e cruzeirenses se confunde com a do Mineirão. Foi a partir dos anos 60, com a inauguração do estádio, que o Cruzeiro consolidou sua supremacia em relação ao América para se tornar o grande rival do Galo. Naquela década, a Raposa dominou o futebol em Minas. O Atlético se recuperou, com grandes times entre os anos 70 e 80. Hoje, o duelo está solidificado como um dos maiores do Brasil. Uma prova foram os duelos no Brasileirão 2007 (vitórias azuis por 4 a 3 e 4 a 2), indiscutivelmente duas das melhores partidas de todo o torneio.
Outubro de 2008
9/30/08 7:24:59 AM
9
JORNALISTAS CONSULTADOS Jean Denis Walter (L’Équipe/FRA), Jonathan Wilson (The Guardian/ ING), Jorg Wolfrum (Kicker/ALE), Sebastiano Vernazza (Gazzetta dello Sport/ITA), Antonio Vicente Serpa (Olé/ARG), Alan Eder (Javno/CRO), Iulian Haba (City News/ ROM), Sam Beckwith (Czech Football/TCH), Caio Maia (Trivela), Carlo Carcani Filho (Correio Popular), Carlos Eduardo Freitas (Revista da Semana), Celso Unzelte (ESPN), Claudio Arreguy (Estado de Minas), David Coimbra (Zero Hora), Erich Beting (Máquina do Esporte), Fabio Manzini (Jornal de Jundiaí), Gian Oddi (IG), Juca Kfouri (Folha de S.Paulo e ESPN), Lédio Carmona (Sportv), Leonardo Bertozzi (Trivela), Leonardo Mendes Junior (Gazeta do Povo), Marcelo Barreto (Sportv), Marcelo Cavalcante (Jornal do Commercio), Maurício Noriega (Sportv), Mauro Beting (Bandeirantes), Mauro Cezar Pereira (ESPN), Paulo Cesar Martin (TV Globo), Rodrigo Bueno (Folha de S.Paulo), Sidney Garambone (TV Globo), Ubiratan Leal (Trivela) e Victor Birner (CBN) Veja os Veja os voto votoss de cada um em www.trivela.com/ revista
ATLÉTICO-PR 108 468
CORITIBA 101
243
128 511
RIVAIS DESDE SEMPRE Em 1926, Maximino Zanon era o árbitro do Atletiba, mas saiu de campo após um jogador do Atlético não aceitar sua expulsão. Orlando Levoratto, representante da partida, pegou o apito, mas desistiu após os atleticanos reclamarem de impedimento em gol do Coxa. O terceiro árbitro, Moacir Gonçalves, levou o jogo ao final, com 2 a 2 no placar e 60 minutos só de confusões. Se ganhar já era questão de honra em 1926, quando o Atletiba estava em sua sexta edição, imagine como está 82 anos e mais de 300 jogos depois.
8 CORINTHIANS 107 423
SÃO PAULO 94
265
95 418
RIVALIDADE MODERNA Somente na década de 1980 é que Corinthians e São Paulo se tornaram as duas forças paulistas. Até então, um (ou os dois) sempre estava em baixa. Por isso, essa rivalidade ainda está em crescimento. Os tricolores se remoem pelo apelido que receberam do ex-corintiano Vampeta e os alvinegros não gostam de lembrar do sucesso internacional do adversário. O estereótipo de “povo x elite” perdeu sentido, Até porque o clássico reúne as duas maiores torcidas de São Paulo.
6 SÃO PAULO 100 396
PALMEIRAS 93
293
97 385
DE RAIZ Entre os palmeirenses das antigas, o ódio ao São Paulo tem origens históricas. Eles argumentam que, na Segunda Guerra Mundial, os são-paulinos queriam tomar o Parque Antarctica devido à participação da Itália no conflito. Os imigrantes italianos acusaram a elite aristocrática paulistana, simbolizada pelo clube do Morumbi, de perseguição. Quando foi obrigado a mudar de nome, a estréia oficial do Palmeiras foi na final do Paulistão de 1942, justamente contra o São Paulo. Vitória alviverde.
50 clássicos.indd 5
7 BAHIA
VITÓRIA 172 575
126
289
127 466
DEMOROU Botafogo, Galícia, Ypiranga. Muitos foram os clubes que, em algum momento, foram grandes no futebol baiano. Assim, levou um tempo para a Bahia se polarizar em Bahia e Vitória. Até porque o Tricolor só surgiu em 1931 e o Vitória só passou a investir no futebol na década de 1950. Mas isso não diminui a rivalidade, que já virou título dividido pela discordância no local de uma final em 1999 e no não-empréstimo do Barradão ao Bahia depois do fechamento da Fonte Nova.
9/30/08 7:25:14 AM
10
CORINTHIANS 116 536
SANTOS 82
203
91 455
DE PELÉ A ROBINHO Pelé nunca escondeu de ninguém que seu jogo favorito era contra o Corinthians. Talvez por isso, o Timão tenha passado 11 anos sem vencer os santistas pelo Paulistão. Depois que o Rei parou, porém, a freguesia mudou de lado e o Peixe ficou oito anos, entre 1976 a 83, sem bater o rival. Nos últimos anos, o encontro ganhou nova vida com duelos decisivos nos Brasileirões de 2002 e 2005.
11 GUARANI
PONTE PRETA CEARÁ
63 246
59
163
59 243
FORTALEZA 175 713
177
103
159 697
ÓDIO CAIPIRA Campinas pára em dia de dérbi. O maior clássico do interior do Brasil é capaz de mobilizar uma cidade com mais de 1 milhão de habitantes, mesmo com as equipes passando por momentos não tão gloriosos em sua história. A proximidade do Brinco de Ouro da Princesa e do Moisés Lucarelli, distantes menos de 1 km um do outro, é outra peculiaridade do dérbi campineiro.
GRANDE ATÉ NA SÉRIE B Nos últimos 20 anos, Fortaleza e Ceará se enfrentaram apenas duas vezes pela Série A do Brasileirão, ambas em 1993. Seria um argumento bom para tirar a importância do Clássico-Rei cearense, mas apenas uma grande rivalidade conseguiria lotar constantemente um estádio do tamanho do Castelão.
12
14
FLAMENGO 118 505
BOTAFOGO 104
154
104 476
TOMA LÁ, DÁ CÁ O clássico entre o rubro-negro e o alvinegro da estrela solitária tem longa história e tradição. Seu auge foi entre 1972, quando o Botafogo fez 6 a 0 no rival, e 1981, ano do troco do Flamengo. Esse duelo ainda marcou o fim do maior tabu botafoguense (em 1989) e o último título flamenguista no Brasileirão (em 1992). Por isso, não foi difícil os jogos decisivos nos últimos estaduais terem reavivado uma grande rivalidade.
REMO
PAYSANDU 247 899
38
50 clássicos.indd 6
230
153
216 888
SANTA CRUZ 208 721
SPORT 140
142
148 611
MAIOR QUE AS CRISES Nunca os dois time estiveram tão distantes. O Sport é campeão da Copa do Brasil, enquanto que o Santa ainda precisa assegurar seu lugar na Série D de 2009. Mas nem isso tira o valor do dérbi dos dois times mais populares de Pernambuco. Naturalmente, também levou o apelido de Clássico das Multidões.
13 O MAIS FREQÜENTE Entre todos os clássicos do futebol brasileiro, nenhum aconteceu mais vezes do que o Re-Pa. Do primeiro, uma vitória do Remo por 2 a 1 em 10 de junho de 1914, ao mais recente encontro, novo triunfo azulino, esse por 3 a 2, foram 694 edições do Clássico-Rei da Amazônia. Um motivo suficiente para colocar o duelo paraense como um dos maiores do Brasil.
Outubro de 2008
9/30/08 8:20:33 AM
16 VASCO
FLUMINENSE
17
Kid Junior/D. Nordeste/Futura Press
128 502
FIGUEIRENSE 139 500
67
O Avaí supera o rival
11 a 2 10 a 2 6a1
129 540
em goleadas,
. e O Figueirense garantiu,
CONTINENTE x ILHA No futebol florianopolitano, a separação entre continente e ilha se faz em cores: azul para os ilhéus, preto e branco para os continentais. Por isso, Figueirense e Avaí colocam em jogo a honra de suas partes da capital catarinense, mesmo que, curiosamente, só duas vezes eles tenham decidido o estadual.
Marcou o gol que deu o título paulista ao São Paulo em 1980. Quatro anos depois, fez o mesmo pelo Santos
84 471
SÃO PAULO 67
66
.
120 382
EM FUGA Santos e São Paulo estão longe de ter a maior rivalidade paulista, mas não dá para menosprezar o encontro dos dois clubes brasileiros com mais glórias internacionais. Ainda assim, o San-São tem suas histórias próprias. A mais marcante: em 1963, o favoritíssimo Santos perdia por 4 a 1 e a dupla Pelé e Coutinho havia sido expulsa. Solução: o Peixe saiu de campo antes do final.
19
20
SPORT
NÁUTICO 196 683
144
63
171 636
HEXA x PENTA O hexa estadual do Náutico (1963-68) ainda incomoda o rival. O “Clássico dos Clássicos” é o mais antigo de Recife e já foi conhecido como “Fla-Flu pernambucano”. Com a má fase do Santa Cruz, esse tem sido o clássico mais importante do estado nos últimos anos.
50 clássicos.indd 7
no máximo, um
18
SANTOS
Serginho Chulapa
70
112 466
JÁ DECIDIU BRASILEIRÃO O maior título da história do Fluminense aconteceu justamente em uma partida diante do Vasco. Na final do Campeonato Brasileiro de 1984, o Maracanã presenciou dois embates memoráveis da tradicional rivalidade. Apenas um gol foi marcado, pelo paraguaio Romerito, mas o suficiente para colocá-lo na história.
AVAÍ 118
93
FLUMINENSE 114 513
BOTAFOGO 98
56
106 468
O COMEÇO DE TUDO Apesar de a rivalidade não ser a mesma de outros tempos, trata-se do clássico mais antigo do futebol brasileiro. Não à toa é conhecido como “Vovô”. A rixa é tão grande que o título do Campeonato Carioca de 1907 ficou 89 anos nos tribunais, até que se decidisse dividi-lo.
9/30/08 8:21:12 AM
JB Neto/Gazeta Press
21
Corinthians x Flamengo foi um dos duelos interestaduais mais citados
PALMEIRAS 121 505
76
49
Também foram lembrados Vasco x Botafogo
23
Grêmio x Palmeiras
18
Corinthians x Flamengo
18
Juventude x Caxias
17
Náutico x Santa Cruz
16
Treze x Campinense
14
Flamengo x Grêmio
13
São Paulo x Internacional
12
CRB x CSA
11
Santos x Botafogo
11
Internacional x Juventude
11
Cruzeiro x Palmeiras
7
SANTOS
Juventus x Nacional-SP
7 6
89 423
Fortaleza x Ferroviário São Paulo x Grêmio
6
Esporte x Leopoldina-MG
6
Coritiba x Paraná
3
Cruzeiro x América-MG
2
Grêmio Maringá x Londrina
1
Desportiva x Rio Branco-ES
1
Mixto x Operário-MT
1
PARA DESGOSTO DOS DEMAIS Os anos 50 e 60 marcaram para sempre a história desse clássico paulista. Afinal, a Academia de Ademir da Guia e o Santos de Pelé monopolizaram os títulos estaduais da época, deixando são-paulinos e corintianos em suas maiores filas.
22 BRASIL
PELOTAS 122 497
118
45
23 AMÉRICA-RN
107 480
104* 335
ABC 111*
39
90* 329
MAIOR QUE O GRE-NAL? Para muito gaúcho, Gre-Nal só é considerado o maior clássico do Brasil porque o resto do país não conhece o Bra-Pel. Xavantes e o Lobo têm a maior rivalidade do interior do Rio Grande, com brigas que até já resultaram em morte em 2003.
HISTÓRIA ESBURACADA Desde 1915, quando foi pela primeira vez disputado, o Clássico Rei do Rio Grande do Norte já aconteceu mais de 450 vezes, mas infelizmente faltam registros de muitas partidas. Apesar da supremacia abecedista nos títulos estaduais, o América leva vantagem na Era Machadão.
25
24
COMERCIAL-SP 28** 130
BOTAFOGO-SP 48**
33
54** 168
50 clássicos.indd 8
Outubro de 2008
VILA NOVA 71 207
DESDE O AMADORISMO Ribeirão Preto é conhecida por seu chope, mas o futebol se faz muito presente na cidade com a tradição do Come-Fogo. A rivalidade é tanta (as origens estão nos tempos do amadorismo) que não se cogita a união para que Ribeirão concentre suas forças em torno de uma equipe.
40
GOIÁS 45
34
39 158
VIRA CASACA Quando foi contratado pelo Vila Nova, o artilheiro Túlio, grande ídolo do Goiás, teve que improvisar na sua apresentação, questionado sobre a desconfiança dos torcedores. O jogador disse que sempre havia sido como melancia, verde por fora, mas vermelho por dentro.
* Jogos a partir da inauguração do Machadão (ainda como Castelão) em 1972. Há muitas falhas nos dados das décadas anteriores ** Jogos na era profissional, por falta de dados na época do amadorismo
9/30/08 5:06:32 PM
Pierre-Philippe Marcou/AFP
REAL MADRID 85
BARCELONA 42
77
585
NACIONALISMO Barça e Real é muito mais do que um simples jogo de futebol. Ele explica e faz parte da história da Espanha como nação. Dividida em diversas províncias, sob o governo do ditador Francisco Franco, os espanhóis viveram em uma união artificial, o que acabou aumentando a intolerância entre as regiões. Com sua origem elitista, o Real representava a tradição de Madri e o poder da ditadura militar. O Barcelona se consolidou como grande ao incorporar o papel de símbolo da Catalunha, o que foi natural após o assassinato de seu presidente, Josep Sunyol, pelas tropas franquistas no início da Guerra Civil Espanhola. A ditadura acabou, mas vencer El Clásico continua sendo questão de honra para os dois lados. E, com tantos craques em campo, o mundo quer ver como a história de um país se transforma em futebol.
50 clássicos.indd 9
9/30/08 7:26:03 AM
2
7
BOCA JUNIORS
RIVER PLATE
80
69
74
ROMA
LAZIO 57
576
61
43
292
50 + 50 O Superclásico reúne “La Mitad Más Uno” contra “La Mitad Menos Uno” da Argentina. Ou seja, todo o país se envolve. Por isso, o dérbi portenho já foi palco de protestos contra a ditadura militar. A rivalidade é tamanha que o River finge que não foi fundado no bairro de La Boca, e o Boca não faz questão de mencionar que já teve camisa com listra diagonal.
VIOLÊNCIA Entre as rivalidades da Itália, nenhuma tem um histórico de violência tão grande quanto Lazio e Roma. Em 1979, um torcedor laziale morreu ao ser atingido por um sinalizador. Em 2004, quando torcedores forçaram o árbitro a suspender a partida por causa de um boato, não confirmado, sobre um jovem que teria morrido atropelado fora do estádio.
RANGERS
Fatih Saribas/Reuters
3 CELTIC 153
137
92
493 DEVOÇÃO RELIGIOSA Fazer o sinal da cruz antes do jogo é uma simpatia comum aos jogadores, mas já causou multa ao goleiro Boruc. Tudo porque ele defende o Celtic, e fez isso no “Old Firm”. O clássico escocês mantém suas raízes até hoje. O Celtic é fortemente vinculado à comunidade católica. Já os Gers carregam com orgulho a bandeira do protestantismo inglês.
4
Y GALATASARAY INT INTERNAZIONALE
MILAN 69
61
461
5
EQUILÍBRIO À MILANESA O “Derby della Madonnina” é o único clássico citadino em toda Europa a reunir dois vencedores da Liga dos Campeões. No retrospecto geral, empate em gols e diferença de uma vitória apenas, em favor do Milan. Vantagem assegurada por um gol de Ronaldinho em 28 de setembro.
68
LIVERPOOL 50
392 42
50 clássicos.indd 10
109
135
324
68
MANCHESTER UNITED
117
FENERBAHÇE
58
INTERCONTINENTAL O estádio Sükrü Saraçoglu, do Fenerbahçe, localiza-se na parte asiática de Istambul, enquanto o Ali Sami Yen, do Galatasaray, na parte européia. Isso já seria um grande indício da rivalidade entre as duas equipes. Os turcos são considerados os torcedores mais fanáticos do mundo e defender seu lado do estreito que divide os continentes é questão de honra.
MAIOR QUE A INGLATERRA Ainda que as duas equipes tenham tradicionais rivais locais, os dois vermelhos estão na mesma região da Inglaterra e, principalmente, lutam pela hegemonia no país. São os dois times ingleses com mais títulos nacionais e da Liga dos Campeões. Durante décadas, o Liverpool tinha enorme supremacia, a explosão do United com a criação da Premier League mudou o lado para o qual a balança pende.
Outubro de 2008
9/30/08 7:26:26 AM
BENFICA 82
50
Carl de Souza/AFP
8
PORTO 79
229 HEGEMONIA EM RISCO Pela tradição, o maior clássico de Portugal seria Benfica x Sporting. Mas não há como ignorar o avanço do Porto. Os Dragões já se tornaram o segundo time mais vitorioso e popular do país, levando ao campo uma velha rivalidade entre lisboetas e portuenses. No retrospecto geral, os portistas já passaram as Águias, mas uma marca ainda é encarnada: a maior derrota do Porto na liga nacional foi para o Benfica, 12 a 2 em 1943.
9 PEÑAROL
NACIONAL 122
105
ARSENAL
90
TOTTENHAM 67
42
50
217
GRANDES SEMPRE O dérbi de Montevidéu já reuniu potências do continente entre os anos 20 e 80. Hoje, com o futebol uruguaio em crise, os Superclásicos são os raros momentos em que manyas e bolsos – ou seja, quase todo o país – se lembram da grandeza que tinham no passado. Ganhar do rival é obsessão, a ponto de a disputa para ver quem é mais antigo vira polêmica.
O MAIOR DE LONDRES A capital inglesa reúne uma grande quantidade de dérbis de bairro. Nenhum é tão importante quanto o do norte da cidade, onde convivem Arsenal e Tottenham. Historicamente, sempre houve equilíbrio, mas os Gunners aumentaram significativamente sua vantagem para os rivais a partir da década de 1990.
11
220
OLYMPIACOS
PANATHINAIKOS
53
49
34
202
12
INIMIGO MEU O apelido nada delicado do maior clássico da Grécia deixa claro qual o clima em cada Olympiacos x Panathinaikos: é o “Clássicos dos Eternos Inimigos”. Tanto que o futebol é só um pedaço da disputa entre esses clubes: o dérbi é quente também em basquete, vôlei, atletismo, pólo aquático...
13
SCHALKE 04 52
BORUSSIA DORTMUND 33
45
AJAX
FEYENOORD 69
39
51
185
143
DAS MINAS PARA OS CAMPOS Duas cidades vizinhas e de origem na mineração de carvão usando o futebol como alento após a Segunda Guerra Mundial. Assim nasceu a essência do dérbi do vale do rio Ruhr, um jogo que mantém sua força mesmo quando um dos clubes está em crise, o que não é raro.
VISITAS INDESEJADAS A Holanda também vive a clássica rivalidade entre a cidade boêmia (Amsterdã) e a trabalhadora (Roterdã). Isso foi levado ao futebol, mas Ajax e Feyenoord transformaram a rixa em violência. A polícia chegou a determinar que os jogos só teriam torcedores do time da casa.
50 clássicos.indd 11
9/30/08 7:26:47 AM
ESTRELA VERMELHA
Tony Gentile/Reuters
17 PARTIZAN BELGRADO
71
46
46
O MARAKA É NOSSO A rivalidade existe desde a época da Iugoslávia, mas, com a fragmentação do país os dois clubes sérvios centralizam seu ódio um no outro. Ambas torcidas tem histórico de participação paramilitar nos conflitos recentes da região e usam como principal palco o estádio Estrela Vermelha, apelidado de Marakana por seu tamanho.
18
108
48
46
115 REAL DISPARA O Atlético tem uma grande torcida, orgulhosa de suas raízes operárias. Assim, superar o Real Madrid é mostrar a força do povo diante da elite. Até os anos 70, o retrospecto era relativamente equilibrado, mas a crise recente dos Colchoneros deixou os Blancos em grande vantagem.
19
ATLÉTICO DE MADRID
90
50
64
116
20
94
INT INTERNAZIONALE
14
O MAIOR DA ITÁLIA O clássico ficou conhecido como “Derby d’Italia” e reunia os únicos times que nunca haviam sido rebaixados na Bota. A queda da Juve em 2006 e acirrou a rixa, já que a Inter herdou um dos títulos cassados.
LIVERPOOL
44
50 clássicos.indd 12
79
EVERTON 62
123
64
69
61
102
ROSARIO CENTRAL 82
NEWELL’S OLD BOYS 92
73
99 NEM HOSPITAL SE SALVA Até na organização de um amistoso beneficente as duas forças de Rosário discordam. Assim surgiram os nada delicados apelidos de “canalhas” (para o Central) e “leprosos” (para o Ñuls).
15 JUVENTUS
69
MILAN
DUELO TÉCNICO É um clássico que se caracteriza mais por uma história de grandes jogos do que por uma rivalidade propriamente dita. São os maiores campeões italianos e, entre 1992 e 2004, apenas dois títulos não ficaram com a dupla.
16 REAL MADRID
JUVENTUS
BENFICA
SPORTING 118
51
108
90 OFUSCADO O clássico lisboeta perdeu espaço em Portugal, mas ainda tem seu charme. O duelo de Águias e Leões tem mais de 100 anos e foi o motor do melhor momento do futebol de Portugal, na década de 1960.
MAIS QUE VIDA E MORTE A origem dos dois clubes está ligada e o mítico estádio do Liverpool já foi do Everton. Ainda que seja chamado de “Friendly Derby” pela tolerância entre os torcedores, a famosa frase de Bill Shalky, ex-técnico dos Reds, “futebol não é questão de vida ou morte, é mais importante que isso”, seria referência ao clássico do Merseyside.
Outubro de 2008
9/30/08 7:27:02 AM
23
OLYMPIQUE DE MARSELHA 27
PARIS SAINTGERMAIN 18
14
77
DE CIMA A BAIXO Sem um grande clássico regional, a França conta com o duelo entre a capital, ao norte, e a principal cidade do sul do país. A rivalidade cresceu nos anos 90, quando o PSG teve injeção financeira do Canal + e rivalizou com o OM, a maior torcida do país.
22
24
AL-AHLY
ZAMALEK 53
42
33
SEVILLA
BETIS 52
32
27
84
73
DO EGITO PARA A ÁFRICA A partida remonta aos tempos de dominação britânica no Egito. O Al-Ahly representa o nacionalismo árabe, enquanto o Zamalek as classes dominantes e mais ricas. Um clássico tão grande que ambos se tornaram os maiores clubes da África.
TRÉGUAS RARAS Um dos momentos em que os dois clubes da Andaluzia se uniram, foi na morte do lateral-esquerdo Puerta, do Sevilla. Fato raro. No encontro anterior, o jogo havia sido interrompido por violência de torcida e falta de segurança no estádio.
21
25
INDEPENDIENTE 76
RACING 72
59
85 OS DONOS DA RUA Em 1983, o Independiente garantiu o título com uma vitória diante do rebaixado rival. Em 2001, o empate diante dos Rojos deixou o Racing perto da conquista. A vingança não vem em pequenas doses nesses clubes que estão a apenas 400 m de distância.
JUVENTUS 71
TORINO 54
55
73 CENTENÁRIO Por ser a equipe mais odiada da Itália, a Juve já reúne rivais por todo país, mas com o Torino a questão é regional. É o dérbi mais antigo da Itália e os torcedores do Toro dizem que são mais numerosos e fanáticos em Turim.
Stringer/Reuters
OUTROS CONFRONTOS CITADOS América x Chivas (MEX) 69 pts; Slavia Praga x Sparta Praga (TCH) 44; Hajduk Split x Dinamo Zagreb (CRO) e Athl. Bilbao x Real Sociedad (ESP) 37; Hibernian x Hearts (ESC) 34; Spartak Moscou x CSKA Moscou (RUS) 32; Galatasaray x Besiktas (TUR) e Genoa x Sampdoria (ITA) 31; Besiktas x Fenerbahçe (TUR) 28; West Ham x Milwall (ING) 28; Lyon x St-Étienne (FRA) 27; Juventus x Fiorentina (ITA) 23; Cerro Porteño x Olimpia (PAR) 21; Colo-Colo x Univ. de Chile (CHI) 20; Pirouzi x Esteghlal (IRA) 19; Steaua Buc. x Dinamo Buc. (ROM) e Man. United x Arsenal (ING) 18; Palermo x Catania (ITA) e Man. United x Man. City (ING) 16; Real Madrid x Athl. Bilbao (ESP) 15; Arsenal x Chelsea (ING) 14; Cracóvia x Wisla (POL), Porto x Sporting (POR) e Chelsea x Fulham (ING) 13; Bayern x 1860 Munique (ALE) 12; Barcelona x Espanyol (ESP) e Man. United x Chelsea (ING) 11; Bayern x Hamburg (ALE) e Kaizer Chiefs x Orlando Pirates (AFS) 10; Dynamo Kiev x Shakhtar Don. (UCR), Tucumán x San Martín (ARG), CSKA Moscou x Dinamo Moscou (RUS) e Bayern x Bor. Dortmund (ALE) 9; Beitar x Hapoel Tel Aviv (ISR) 8; Steaua Buc. x Rapid Buc. (ROM) 7; CSKA Sófia x Levski Sófia (BUL) 6; Newcastle x Sunderland (ING) 5; Sarajevo x Zeljeznicar (BOS), UT Arad x Poli Timisoara (ROM), Colo-Colo x Univ. Católica (CHI) e Canon x Tonnerré (CAM) 4; Porto x Boavista (POR), Rapid Viena x Austria Viena (AUT), Universitatea Cluj x CFR Cluj (ROM) 3; Aston Villa x Birmingham (ING) e AIK x Djurgardens (SUE) 2; Honvéd x Ferencváros (HUN), Barcelona x Emelec (EQU), Union Berlim x Dynamo Berlim (ALE) e América de Cali x Deportivo Cali (COL) 1.
Outubro de 2008
50 clássicos.indd 13
45
9/30/08 7:36:53 AM
GOL
•
• BA R
TRIVEL A ES
C
DO
VO Ê
NA CARA
Sócrates: “Terei chapa na eleição corintiana”
“Doutor” fala da import importância de jogadores participarem da vida política do país e revela plano de concorrer à presidência do Timão por Ednílson Valia Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira, aos 54 anos continua o mesmo questionador da época de jogador. O ex-craque dentro de campo se tornou um mestre nas palavras. Inteligente, culto e politizado, expõe seus pensamentos com clareza. Em entrevista realizada no Desfrutti para a seção “Bares Trivela”, o “Doutor” diz que a sociedade precisa exigir mais educação formal dos atletas e conta que pretende, junto com o ex-jogador Wladimir, concorrer à presidência do Corinthians no futuro. Como você avalia a gestão de Ricardo Teixeira a frente da CBF? Ganhar duas Copas do Mundo com a Seleção Brasileira em 20 anos é praticamente natural. O difícil seria vencer com o selecionado israelense. Nada contra Israel. É só um exemplo. Na verdade, os jogadores brasileiros têm muita
qualidade. O futebol nacional, ou melhor, o esporte distorceu seu caminho com a mudança da lei que rege os clubes e entidades em 1988. Até pouco tempo, os dirigentes ficavam uma década no comando dos clubes. Temos que mudar a estrutura do esporte nacional, não só da CBF. Hoje, jogadores de futebol aceitam o primeiro convite para atuar no exterior e não importa o país. E você recusou quatro propostas em 1984. Por quê? Eu não queria. Em 1984, realmente recebi convites de Inter de Milão, Napoli, Barcelona e um time francês, acho que era o Racing. Não queria ir, aqui era a minha casa, e o país passava por uma mudança democrática. Mas, quando a emenda Dante de Oliveira (lei que permitiria a eleição do presidente da República pelo voto direto) não passou no Congresso, eu inverti a lógica. Depois daquela decepção, eu iria para o primeiro time que aparecesse. Por isso fechei com a Fiorentina.
OS SÓCIOS-FUNDADORES
Boleiros
Bar do Juarez
R. Mourato Coelho, 1194 – V. Madalena – SP 3ª a 6ª a partir das 17h, sáb. a partir das 13h e dom. a partir das 12h Tel. (11) 3031.8020 R. Ministro Jesuíno Cardoso, 624 – V. Olímpia – SP 2ª a 6ª das 12h às 15h e a partir das 17h30; sáb. a partir das 14h Tel. (11) 3849.8042
R. Joaquim Nabuco, 325 – Brooklin – SP R Tel. (11) 3969-4988 A Jurema, 324/332 – Moema – SP Av. Tel. (11) 5052-4449 Av. Juscelino Kubitschek, 1164 – Itaim Bibi – SP Tel. (11) 3078-3458 2 à 6ª das 17h à 1h; sáb., dom. e 2ª feriados das 12h à 1h
R. República do Iraque, 1.326 – Campo Belo – SP 3ª a 6ª das 17h às 24h; sáb. das 12h30 às 22h; dom e feriados das 12h30 às 22h Tel. (11) 5054-0719
R. Aspicuelta, 595 – Vila Madalena – SP 3ª a 6ª a partir das 18h; sáb. e dom. a partir das 15h Tel. (11) 3031-2888
www.boleirosbar.com.br
www.bardojuarez.com.br
www.barmemorial.com.br
www.baranhanguera.com.br
bares trivela.indd 2
Memorial
Anhanguera
9/30/08 4:35:30 AM
O Casagrande disse que, quando parou de jogar, entrou em depressão profunda e um “vazio” tomou conta dele. Como foi quando você pendurou as chuteiras? O jogador não perde um emprego, mas uma profissão. Quando me separei da primeira mulher, voltei a jogar por instabilidade emocional, pois no campo eu me sentia seguro. E por que não voltou para Corinthians? Eu quis, fui até a casa do presidente Vicente Matheus, mas ele não reiterou o convite que havia feito antes por telefone. Ai, aceitei o convite do Santos. Depois da expulsão do Alberto Dualib e a eleição de Andrés Sanches, como você vê o momento do Corinthians? Ainda há nuvens nebulosas, como em todos os lugares. Mas o clube vai mudar. Já deu exemplo mudando o estatuto, deixando o presidente ser eleito pelos votos dos associados. Esta nova fase, eu chamo de “A Segunda Democracia Corintiana”, pois a comunidade alvinegra resolveu controlar as ações dos seus executivos. O Dualib e o Nesi Curi já caíram fora, logo sairá o Andrés. E gradualmente vai ter a mudança do modelo de gestão. E o relacionamento entre o associado e o seu executivo começará a mudar.
Os atletas de hoje são marcados pela alienação política. Um exemplo foi o problema recente de brasileiros barrados ao tentar entrar na Espanha. Apesar de o Brasil ter muitos jogadores atuando no território espanhol, ninguém se manifestou. Você foi um atleta com opiniões definidas. Estas atitudes não o decepcionam? Eles não têm noção do que está em torno deles. Os atletas, na maioria, não têm formação educacional e muitos não sabem o que se passa em seus próprios contratos. Temos que educar estes jogadores. A sociedade tem que exigir isso, pois são referências para os menos favorecidos.
Você é sócio remido do Corinthians. Algum dia vai ser candidato a presidente do clube? Sim, gostaria de ser. Mas tenho apenas um mandato de conselheiro, preciso de dois. Ainda assim, estou articulando com o Wladimir uma chapa para a próxima eleição. E também quero falar com o Zé Maria. Após 26 anos, como você vê a Seleção de 1982? Aquela seleção era a cara do futebol brasileiro. Ainda hoje, aquele time é referência no mundo inteiro. O sonho dos torcedores brasileiros era ver aquele futebol bem jogado. O resto é discutível. Até porque o que houve antes, pouca gente teve acesso. Foi uma fatalidade perder para a Itália? Foi como “broxar” com uma mulher bonita e gostosa.
Desfrutti* R. Leopoldo Couto de Magalhães Jr., 987 – Itaim – SP 2ª a dom. das 11h às 24h Tel. (11) 3071-0100
Parada Boa Vista
São Cristóvão
Magnólia Villa Bar
Rua Aspicuelta, 533 – V. Mariana – SP Todos os dias a partir das 12h Tel. (11) 3097-9904
R. Marco Aurélio, 884 – V. Romana – SP Tel. (11) 3463-9296
*A transmissão dos jogos será a partir de novembro
R. São Sebastião, 169 – Alto da Boa Vista – SP Tel (11) 5546-0283
R. Caiubí, 1.249 – Perdizes – SP Tel. (11) 3877-0489/ 3868-4419
www.magnoliabar.com.br w
www.desfrutti.com.br
www.paradaboavista.com.br w
www.obartho.com.br
bares trivela.indd 3
Barthô
9/30/08 5:03:03 PM
CAPITAIS DO FUTEBOL » MANCHESTER (ING)
Rivalidade em Após décadas de diferenças gritantes, Manchester, enfim, pode ver algum equilíbrio entre seus clubes oucas cidades chamaram tanto a atenção do mundo do futebol no último verão europeu quanto Manchester. A começar pelo Manchester United, que conquistou o 17º título da Premier League e o terceiro da Liga dos Campeões em sua história. Depois, o noticiário foi dominado pela possível saída de Cristiano Ronaldo para o Real Madrid. Por fim, poucos dias antes do início da temporada, o Manchester City foi comprado por um grupo de investimentos de Abu Dhabi, Emirados
OS TIMES DA CASA
P
Premier League
Manchester United Footbal Club 1 Mundial de Clubes 3 Ligas dos Campeões 1 Recopa 17 Campeonatos Ingleses 11 Copas da Inglaterra 2 Copas da Liga
Manchester City Football Club 1 Recopa 2 Campeonatos Ingleses 4 Copas da Inglaterra 2 Copas da Liga
Bolton Wanderers Football Club 4 Copas da Inglaterra
Wigan Athletic Footbal Club
League One (terceira divisão)
Oldham Athletic FC, Stockport County FC
48
Árabes, com a promessa de investir o que for necessário para trazer estrelas do calibre de Kaká, Fàbregas e até Cristiano Ronaldo, o ídolo rival, para montar o maior e mais poderoso time de futebol do planeta. Como presente imediato, Sulaiman al-Fahim, representante do grupo, não hesitou em pagar € 40 milhões ao Real e vencer o também multi-milionário Chelsea na briga por Robinho. Tudo isso esquenta uma tradicional briga local que, historicamente, pendia para um lado só – o vermelho.
Northern Premier League – Premier Division
League Two (quarta divisão)
(sétima divisão)
Bury FC (2 Copas da Inglaterra), Rochdale Athletic FC
FC United of Manchester
Apesar de ser a casa do mais rico e um dos mais tradicionais clubes da Inglaterra e de algumas das bandas de rock mais influentes nas últimas três décadas – como The Smiths, Joy Division, Chemical Brothers e Oasis –, Manchester costuma passar longe dos destinos mais procurados por viajantes que passam pelo Reino Unido. Chega a ser até engraçado dizer, para um inglês, que você vai para Manchester: “O que vai fazer lá? Tomar chuva?”. Geralmente, quem vai ao país costuma priorizar ou dar exclusividade a Londres. E há motivos para tal. A capital inglesa é um dos centros do planeta em cultura, história e finanças. No entanto, por mais que Londres
Outubro de 2008
capitais_Manchester.indd 2
9/30/08 6:24:46 AM
por Eduardo Camilli
tenha times como Arsenal, Chelsea e Tottenham, o centro nervoso do futebol inglês está ao noroeste, onde estão Liverpool e Manchester. Os mancunianos, aliás, têm em sua área metropolitana o maior número de representantes – quatro – na Premier League depois de Londres, que conta com um a mais. Além dos dois times que levam o nome da cidade, Bolton e Wigan têm seus estádios a poucos quilômetros de distância da estação de trem de Piccadilly, a principal de Manchester. Há uma explicação para tantos clubes de futebol na região. Manchester foi o berço da revolução industrial no século 19. Nas horas vagas, os operários jogavam bola.
Foi assim que surgiu grande parte dos times que, no futuro, se fundiriam até chegar ao que, hoje em dia, são conhecidos por United e City. Um dos clubes mais ricos do mundo, o Manchester United costuma centralizar as atenções e dizer que tem o maior número de torcedores no planeta. Indiscutivelmente, tornou-se uma potência internacional, com a conquista de tantos troféus – quase o mesmo número que todos os levantados pelos times londrinos da primeira divisão juntos. Sem falar nos astros que já vestiram a famosa camisa vermelha, como Bobby Charlton, Cantona, Roy Keane, Beckham, George Best e Cristiano
Ronaldo, favorito ao título de melhor jogador do mundo neste ano. Mesmo tão rico, o United foi comprado por um estrangeiro em 2005 – o norte-americano Malcolm Glazer. Se os torcedores do City comemoraram muito a chegada do dinheiro emirense e compraram camisetas azuis com o nome dos novos reforços, uma porção purista de fãs dos Red Devils tomou uma ação radical: fundou um novo clube, o United of Manchester, que hoje disputa o equivalente à 7ª divisão nacional. O time dissidente ainda é só um coadjuvante, sem chegar perto do principal candidato a terceira via na cidade. Em 1928,
Getty Images/AFP
novas proporções
Trégua: nos 50 anos do desastre aéreo que matou oito jogadores do United, as animosidades ficaram de lado
Outubro de 2008
capitais_Manchester.indd 3
49
9/30/08 6:25:09 AM
ex-dirigentes do City criaram o Manchester Central, que hegou a ameaçar o na época decadente United para se tornar o grande rival do City. A equipe tinha bom público e despertou o temor de Red Devils e Citizens, que se uniram para impedir que o novo vizinho fosse aceito em uma liga profissional. Em 1932, o Manchester Central fechou as portas.
O preferido da casa A parceria de City com United foi de ocasião. Em geral, a ostentação e badalação dos Red Devils incomodam a porção azul celeste de Manchester. Isso se deve ao fato de, popularmente, dizer-se que o City é o time preferido na cidade. “Em Manchester, nossa torcida é maior, mesmo”, afirma Elano, primeiro brasileiro a defender os azuis. Há quem conteste essa teoria e
diga que não passa de um estereótipo. Segundo uma pesquisa realizada pela Universidade Metropolitana de Manchester em 2002 – ou seja: antes de o City trocar o estádio de Maine Road pelo City of Manchester, com capacidade maior –, a proporção de donos de carnês com CEP local era maior entre os Citizens (40%) que entre os Red Devils (29%). Em números absolutos, entretanto, os 29% dos torcedores registrados pelo United é maior que os 40% do City. Mesmo assim, grande parte da torcida do United que acompanha as partidas no estádio vem de fora da cidade. Em dia de jogo dos Devils, aeroportos (muitos vêm da Irlanda), rodoviárias, estações de trem e estradas se enchem de seguidores devidamente uniformizados com camisas, agasalhos, cachecóis e bonés. Se fosse possível rastrear
Manchester 458.100 habitantes
INGLATERRA
(2.240.230 na região metropolitana)
AS CASAS DOS TIMES
1 Old Trafford Apelidado de “Teatro dos Sonhos”, o estádio dos Diabos Vermelhos é o segundo maior da Inglaterra, com capacidade para 76.212 espectadores (perde apenas para Wembley). Ironicamente, seu recorde de público não foi com o United em campo – e sim, na semifinal da FA Cup de 1939, entre Wolverhampton e Grimbsy Town, com 76.962 torcedores. Assistir um jogo em Old Trafford não é tarefa fácil, já que os carnês se esgotam antes de a temporada começar. Em jogos das copas nacionais costuma ser mais fácil. Uma vez lá, não deixe de visitar o museu e a sala de troféus do clube, um dos pontos turísticos mais famosos da cidade.
2 City of Manchester Projetado para a candidatura fracassada da cidade à Olimpíada de 2000, foi aberto com os Jogos da Comunidade Britânica em 2002. Tem capacidade para 47.726 pessoas e recebeu a final da Copa Uefa de 2008, entre Zenit e Rangers. Tornou-se a casa do Manchester City em 2003. Até então, os Citizens mandavam seus jogos em Maine Road, demolido em 2004.
3 Reebok Maior e mais aconchegante que o antigo campo de Burnden Park, a casa do Bolton é pouco popular entre os torcedores. Primeiro, por ficar fora da cidade de Bolton. Depois, por levar o nome do patrocinador – algo muito impessoal. Para tentar diminuir a raiva dos fãs, a rua em frente foi batizada de Burnden Way.
Fotos Divulgação
4 JJB
50
Inaugurado em 1999 e com capacidade para 25.135 torcedores, o campo que leva o nome da marca esportiva do dono do Wigan Athletic, David Whelan, é também a casa dos Wigan Warriors, time de rúgbi da cidade.
Outubro de 2008
capitais_Manchester.indd 4
9/30/08 6:25:20 AM
ALÉM DO JOGO
t Oldham Street Para os fãs de música, os três primeiros quarteirões dessa rua localizada no centro comercial são um pedaço do paraíso. Lá estão concentradas lojas de discos em que se pode encontrar de raridades às últimas novidades do cenário local e nacional. É um excelente ponto para se informar sobre as atrações musicais da cidade.
u Chinatown
Fotos Divulgação
Uma das maiores e mais ricas comunidades chinesas na Grã-Bretanha. Para quem quer fugir dos tradicionais fish’n’chips (prato típico inglês formado por peixe frito e batata frita), há uma rica variedade de restaurantes com a culinária típica.
e Imperial War
r Bunker Nuclear
Museum North
de Hack Green
Um dos cinco museus da guerra na Inglaterra, o único localizado ao norte do país. Fica numa área antes pobre, agora modernizada, com arquitetura bastante diferente do resto da cidade. Neste museu, em vez de se concentrar em batalhas, o foco está na vida dos britânicos afetados pelas guerras desde 1914.
Construído durante a Segunda Guerra Mundial para proteger os mancunianos de ataques do Eixo, o abrigo subterrâneo tinha capacidade para suportar até bombas atômicas. Apesar de estar localizado em Cheshire, a alguns quilômetros ao sul de Manchester, é visita obrigatória para os interessados no tema.
por radar, seria fácil detectar uma porção de pontos vermelhos convergindo para o Old Trafford. Pela tradição e força nas últimas décadas, somada ao período em que o City esteve fora da elite inglesa, a rivalidade caseira dos times de Manchester cedeu espaço a uma queda de braço entre o United e o Liverpool. “Não dá para negar: os jogos contra o Manchester United são os mais importantes da temporada para nossa torcida – e tenho certeza que também para a deles”, afirma Steven Gerrard, capitão dos Reds e famoso por freqüentar as arquibancadas de Anfield Road desde criancinha. Mesmo com tanta diferença econômica e de nível técnico entre os jogadores, ninguém arrisca favorito em um dérbi de Manchester. “A cidade fica diferente em dia de clássi-
capitais_Manchester.indd 5
i Concorde Longe dos céus desde 2003, um dos poucos exemplares ainda existentes do avião comercial supersônico virou um museu da aviação no aeroporto de Manchester.
co”, conta Elano, que já participou de dois duelos mancunianos. À medida que o jogo se aproxima, o clima de provocação aumenta dos dois lados e, às vezes, passa dos limites. Foi o caso da famosa troca de farpas entre os capitães Roy Keane e Haaland, que começou nas palavras e, dentro de campo, virou uma troca de fraturas. Em 1997, o norueguês defendia o Leeds United disse que Keane estava de frescura depois de uma dividida – havia fraturado a perna. Em 2001, após muito tempo afastado por conta da lesão, o capitão do United deu o troco e acabou com a carreira do rival, que já estava no City. O United leva vantagem nos confrontos diretos, mas o City costuma saborear mais as vitórias. Mas agora, com milhões de petrodólares na conta, os Citizens não poderão mais
usar a máxima sempre presente nos triunfos diante dos rivais: “o dinheiro não pode comprar tudo”. Mas ambos sabem que a rivalidade que divide Manchester em azul e vermelho está vivíssima.
QUEM QU EM LEVA LEV L EVA EV A Não há vôos diretos do Brasil para Manchester. No entanto, muitas companhias que voam para a Europa levam a cidades de onde é possível fazer conexão a Manchester. Algumas opções são a Air France (08008889955), TAP (0300-2106060), Iberia (11 3218-7130), Alitalia (11 21717610), British Airways (11 4004 4440), Lufthansa (11 3048-5800) e KLM (4003 1888 ou 0800 888 1888). Pela TAM (4002-5700 ou 0800-570 5700) é possível ir a Londres e pegar conexão ou seguir por terra até Manchester.
9/30/08 6:25:55 AM
l
vio a
Visto no Brasil como jogador limitado, Felipe Melo chega à Fiorentina na condição de estrela para a disputa da Liga dos Campeões
Robert Pratta/Reuters
Ambição
E
le foi um dos pilares da boa campanha do Almería no último Campeonato Espanhol. Tal desempenho lhe valeu uma transferência milionária para a Fiorentina, que pagou € 8 milhões para tê-lo na disputa da Liga dos Campeões. Sim, o Felipe Melo de hoje é candidato a estrela do futebol europeu. Nem parece o volante que surgiu no Flamengo aos 18 anos, mas nunca chegou a explodir. Ou o jogador que tentou a sorte, também sem muito sucesso, em Cruzeiro e Grêmio. Apesar de ser visto como grande nome, o fluminense de Volta Redonda não se esquece das dificuldades vividas no Brasil. Diz ainda ter carinho pelo Flamengo, mas sabe que não deixou muitas saudades. Algo que pretende mudar. “Fui muito contestado no inicio da minha carreira pelo meu jeito extrovertido. Por isso, vou ficar calado e manter um bom futebol”, afirma.
52
Outubro de 2008
entrevista felipe melo.indd 2
9/30/08 4:47:53 AM
por Renato Andreão
ENTREVISTA » FELIPE MELO
Você chegou à Itália com status de estrela. Ficou surpreso com tanta badalação? Não, porque eu fiz uma grande temporada na Espanha. Fui eleito um dos melhores volantes do campeonato junto com o Xavi, fiz parte da seleção do torneio e fui o melhor jogador do Almería. Logo em sua estréia pelo Campeonato Italiano, você foi expulso. O Cesare Prandelli conversou com você sobre o lance? Não disse nada demais. Ele é um cara tranqüilo, de alto nível para se trabalhar. É paciente, sabe contornar situações e lidar com cada um. Como tem sido trabalhar com ele? É diferente do Unai Emery [treinador do Almeria na temporada passada], que é muito bom e vai estourar dentro de três ou quatro anos, mas está começando. Falta experiência para ele, algo que sobra no Prandelli. Mas com pouco mais de dois meses de convivência com Prandelli você já o classifica tão bem, assim? Com certeza absoluta! Ele colocou você um pouco mais contido do que no Almería, sem tanta liberdade para subir. É verdade. O Almería tinha o Corona, o Juanito e o Soriano e dava para eu sair mais para o jogo, tanto que marquei sete gols na tempora-
Felipe Melo Vicente de Carvalho Nascimento 26/agosto/1983 Altura 1,83 m Peso 78 kg Carreira Flamengo (2001 a 2003), Cruzeiro (2003), Grêmio (2004), Mallorca (2005), Racing Santander (2005 a 2007), Almería (2007 e 2008) e Fiorentina (desde 2008) Títulos Campeonato Brasileiro (2003) , Copa do Brasil (2003) e Campeonato Estadual do Rio (2001)
Vendo pela TV, me perguntava o que o Milan viu no Gilardino. Mas, jogando com ele, percebo sua importância no time da. Aqui eu sou o primeiro volante à frente da defesa, fico encarregado de iniciar as jogadas desde trás. Nunca joguei sem um outro volante mais atrás. Muitos compararam você com o Dunga, o último volante brasileiro que jogou na Fiorentina. É desconfortável tal comparação? Eu não gosto de comparações, principalmente em relação a um jogador como o Dunga, que ganhou muitos títulos. Mas fico honrado. Como está sua adaptação a Itália? O idioma eu pensei que ia ser fácil, mas é bem diferente. O italiano fala muito depressa. No inicio, o Vargas [peruano que também defende a Fiorentina] me ajudou muito. Mas agora está beleza, já entendo tudo o que me dizem e falo um pouco. A torcida da Fiorentina é extremamente passional, muito diferente dos torcedores na Espanha. Causa estranhamento? Eles são muito mais fanáticos, esse é um dos motivos de eu ter vindo para cá. Na Espanha, os estádios não têm proteção porque os torcedores não são de aprontar badernas. Aqui, precisa ter proteção senão a coisa desanda. Confesso que me assustei com a torcida da Fiorentina, o que eles fazem no estádio é algo muito forte. Estou curtindo muito. Eles gritaram muito seu nome na estréia.
Aquilo foi de arrepiar. Na pré-temporada, mesmo chovendo, havia 5 mil torcedores assistindo. Todos gritando e empurrando. O Gilardino é um dos jogadores italianos mais contestados e saiu do Milan justamente por não ter se consolidado em um gigante do país. O Morfeo [meia, ex-Milan e Parma] chegou a criticar a “sensibilidade psicológica” dele. Como é o Gilardino de verdade? Eu entendo as críticas. Quando eu o via pela TV, também me perguntava “O que um clube como o Milan viu nesse rapaz?”. Mas jogando junto com ele, percebo sua importância em campo. Dificilmente perde jogadas aéreas, apesar de não ser um jogador muito alto, segura bem a bola, acredita nas jogadas e é oportunista. E é um sujeito humilde. Não era o caso de dar oportunidade ao Pazzini, que marcou nove gols na pré-temporada? Pré-temporada não conta muito, são jogos contra equipes muito frágeis. Sinceramente, não acho o Pazzini melhor que o Gilardino. Quem mais o tem impressionado no elenco da Fiorentina? [Incisivo] O Jovetic! Ele tem só 18 anos, mas, nos treinos, se vê que ele é diferenciado. O Montolivo, que voltou depois de servir a Itália nas Olimpíadas, também tem muito talento, o jeito de tocar na bola diferente, um passe refinado. Acha que pode ganhar uma chance na Seleção? Meu objetivo é ficar calado e manter um bom futebol. Fui muito contestado no Brasil no inicio da minha carreira pelo meu jeito mais extrovertido. Hoje tenho estabilidade, sou casado, pai de família. Sonho com a Seleção, acabei de ganhar a cidadania espanhola, mas, se tiver chance com a “amarelinha”, não vou largar. Outubro de 2008
entrevista felipe melo.indd 3
53
9/30/08 4:48:02 AM
Rolls Press/Popperfoto/Getty Images
HISTÓRIA
O goleiro Reina tentou, mas não deu para tirar a Copa dos Campeõesde 1974 do Bayern
Minuto eterno Atlético de Madrid volta à Liga dos Campeões sonhando com um título que esteve a 60 segundos de se concretizar esde que enfiou 4 a 0 no Schalke 04 e assegurou sua classificação para a Liga dos Campeões depois de 11 anos, o Atlético de Madrid sabe que a caminhada até o eventual – e improvável – título continental tem 13 jogos. Muito tempo para quem já esteve muito perto de tal glória. De fato, os Colchoneros tiveram, em 1974, a Copa dos Campeões em suas mãos, mas ela lhes foi arrancada pelo Bayern de Munique. O episódio ainda enche de tristeza os seguidores do Atleti. O time da margem do Manzanares não era espetacular, mas tinha conjunto e nomes interessantes. Comandados pelo técnico argentino Juan Carlos Lorenzo, os Rojiblancos tinham o volante e capitão Adelardo e o veterano atacante Luís Aragonés, que lideravam um elenco que ainda contava com os
D
54
história.indd 2
bons Irureta e Miguel Reina e os hispano-brasileiros Bezerra e José Ufarte (conhecidos no Brasil como Becerra e Espanhol). Com essa base, os madrilenos passaram por Galatasaray, Steaua Bucareste, Estrela Vermelha e Celtic e chegaram à final da Copa dos Campeões 1973/4. Na decisão, disputada no estádio Heysel, Bruxelas, o Atlético tinha pela frente o Bayern de Munique. Os germânicos eram favoritos, pois contavam com Sepp Meier, Gerd Müller, Beckenbauer, Uli Hoeness, Schwarzenbeck e Breitner, formando a base da seleção alemã-ocidental que viria a conquistar a Copa do Mundo dois meses depois (a final foi em maio). Em campo, a superioridade técnica do Bayern não foi tão evidente. De fato, o duelo foi equilibrado e terminou em 0 a 0. Na prorrogação, os Colchoneros
Outubro de 2008
9/30/08 5:25:16 AM
por Mauro Marchesini
partiram para o ataque. Aos 9 dário, o campeão Bayern desistiu O Atlético de Madrid se minutos da segunda etapa, Luis de disputar o Mundial Interclubes tornou o primeiro clube contra o Independiente, que havia Aragonés abriu o placar cobrana ser campeão mundial do falta. Em poucos minutos, torbatido o São Paulo e conquistado cedores rojiblancos começaram a o tricampeonato da Libertadores. sem vencer o torneio encher as ruas da capital espanhoEm 12 de março de 1975, quade seu continente la. Aquela seria uma noite de fesse um ano depois da derrota em ta. Seria, porque, restando 30 seBruxelas, o Atleti foi a Avellaneda, gundos para o apito final, o defensor Schwarzenbeck para o primeiro confronto da decisão mundial. No disparou um chute de longe, surpreendendo o goleiro banco de reservas dos espanhóis, o técnico era Luís Reina. A partida terminou em 1 a 1 e, sem a previsão Aragonés, que havia pendurado as chuteiras cinco de disputa de pênaltis no regulamento, era necessámeses antes. Em seu lugar entrara Rubén Ayala, um rio realizar um novo jogo dois dias depois, no mesdos argentinos do time, ao lado do atacante Gárate e mo estádio. do zagueiro “Cacho” Heredia. Com a torcida empurO gol do Bayern havia sido fatal. Lorenzo ainda rando, o Rey de Copas argentino saiu na frente na tentou animar o time, trocando Irureta e Ufarte por decisão e venceu por 1 a 0. Alberto e Becerra. Em vão. O Atlético de Madrid enA partida de volta foi realizada em 10 de abril. trou em campo ainda cansado e derrubado psicologiAos 23 minutos de jogo, Irureta abriu o placar para camente pelo combate anterior. Fisicamente melhor, os donos da casa, mas o Independiente equilibrou a os bávaros dominaram a partida com facilidade. Com partida logo depois. O encontro chegava ao final e dois gols de Hoeness e outros dois de Müller, os alea chance crescia quando, a cinco minutos do fim, mães-ocidentais arrasaram os espanhóis por 4 a 0 e Ayala marcou o gol da vitória. Mais que o título, era levantaram a taça. a redenção de um time que ficou a um minuto de Seria o fim da trajetória internacional daquela geconquistar a Europa, uma glória que nunca mais esração colchonera. Mas, alegando problemas no calenteve tão perto do rio Manzanares.
ALGUNS HERÓIS
ROJIBLANCOS
Javier Irureta (meia)
Heraldo Bezerra (atacante)
Irureta defendeu o Atlético de Madrid entre 1967 e 75. Em 1984, tornou-se técnico, carreira na qual se destacou como comandante do Deportivo La Coruña na conquista de um Campeonato Espanhol e uma Copa do Rei. Em um treino do clube em 2002, Irureta teve destaque por levar uma cabeçada e Djalminha após um desentendimento.
Começou no Cruzeiro de Porto Alegre e passou pela Argentina antes de chegar ao Atlético de Madrid, em 1971. Na Espanha, formou, com Gárate e Ayala, o ataque apelidado “Três Punhais”. Naturalizou-se espanhol e jogou uma vez pela “Fúria” em 1973. Morreu em 1977, em um acidente de carro na Argentina, quando atuava pelo Boca Juniors.
Adelardo (volante)
Miguel Reina (goleiro) Começou no Córdoba e atuou por seis anos no Barcelona. Foi para o Atlético em 1973 e em Madri ficou até encerrar a carreira, em 1980. Foi reserva na seleção da Espanha na Copa de 1966, na Inglaterra. É conhecido hoje por ser pai do também goleiro José Manuel “Pepe” Reina, do Liverpool.
história.indd 3
Atuou em 17 temporadas pelos Colchoneros e participou da maior parte das conquistas do Atlético. Pela seleção, atuou nas Copas do Mundo de 1962 (quando marcou um gol no Brasil) e 66 e na Eurocopa de 1964. Encerrou a carreira nos gramados em 1976, mas ainda conquistou um Campeonato Espanhol como jogador de futsal.
Luís Aragonés (atacante) Mesmo com passagem pelo Real Madrid, tornou-se uma lenda no Vicente Calderón. Com a equipe rojiblanca, ganhou três Campeonatos Espanhóis e duas Copas do Rei. Treinou a Espanha de 2004 a 2008, quando devolveu ao país o título da Eurocopa. Já dirigiu o Atlético de Madrid quatro vezes. É técnico do Fenerbahçe, da Turquia.
José Ufarte “Espanhol” (ponta) Nasceu em Pontevedra (Galícia), mas se mudou para o Brasil ainda criança. Conhecido como “Espanhol”, defendeu Flamengo e Corinthians. Em 1964, voltou a seu país natal para jogar no Atlético de Madrid, onde passaria dez anos. Defendeu a Espanha na Copa de 1966 e encerrou a carreira em 1976 no Real Santander (atual Racing).
9/30/08 5:25:27 AM
ÁSIA
Será uma Um redemoinho redem moinho de culturas, culturaas, economias e dif diferentes ferentes realidades realidadees moldam o Oriente Média, vvisto isto por muitos ffutebolistas utebolistas como um paraíso ffinanceiro. p inanceiro. Mas é ppreciso reciso saber ondee pisa... p
Arábia Saudita Ranking da Fifa 48º Clubes na 1ª D Divisão ivisão 12 Principais clubes Al-Ittihad, Al-Hilal e Al-Shabab Brasileiros Rub Rubens bens Minelli, Telê Santana, Zagallo, Carloss Alberto Parreira, Candinho, Joel Santana, V Vanderlei anderlei Luxemburgo, Rivelino, Marcelinho Carioca, Tcheco e Deníl Denílson lson Os xeiques q dos ggrandes clubes são os mais exigentes da reg região, gião, mas devem estar satisfeitos. Os sauditas têm mais de 16 mil jogadores regist registrados, trados, investem pesado em categoria de base, suas principais equipes tem boa saúde finan financeira nceira (exceto o decadente Al-Nasr) e sua seleção eleção participou de todas as Copas do Mund Mundo do desde 1994. “Aqui se paga tão bem quant quanto no Catar, a diferença é que, lá a federação ajuda os clubes a contratar e, lá, e aqui, cada equipe tem seu xeique que banca tudo”, conta Ca Camacho, amacho, meia do Al-Shabab que já defendeu u o Al Arabi, do Catar.
56
mundo árabe.indd 2
por Renato Andreão
Q
uando um jogador ou técnico brasileiro se transfere ao Oriente Médio, é padrão dizer que ele foi ao “Mundo Árabe”. O termo é tão genérico que muitas vezes nem o profissional que está de mudança sabe o que é exatamente o tal “Mundo Árabe” e que pode haver diferença no universo futebolístico de cada país. Histórica e culturalmente, o “Mundo Árabe” é o grupo de países que falam a língua árabe, reunindo cerca de 325 milhões de pessoas, 13 milhões de km² da costa atlântica no oeste da África ao Mar Arábico e fartas reservas de petróleo. No entanto, o “Mundo Árabe” do futebol não é esse. O termo é usado, normalmente, como sinônimo de Oriente Médio. Uma generalização inadequada, pois não dá para considerar todos os países como algo uniforme. Por exemplo, não são todos os países que contratam profissionais brasileiros com constância, até por limitações financeiras ou filosofia de trabalho. “No Oriente Médio os xeiques investem pesado e há mais organização, mas, no aspecto técnico, os norte-africanos são superiores”, compara o técnico José Roberto Fernandes, quase 18 anos trabalhando em países do Oriente Médio e do Magreb (norte da África). Para entender um pouco as particularidades de cada país, veja um guia de como é o futebol do Oriente Médio, com as particularidades de cada país. Para não confundir mais Emirados Árabes com Arábia Saudita, Síria com Líbano ou Palestina com Jordânia.
Emirados Á Árabes rabes Unidos Ranking da Fifa 109º Clubes na 1ª Divisão o 12 Principais clubes Al Al-Ain, Ain, Al-Wahda e Al-Shabab Brasileiros Zagallo, C Carlos arlos Alberto Parreira, Lori Sandri, Zé Mário, Joel Santana, Antonio Lopes, Tite, Pauloo Sérgio, Edílson, Pedrinho e D Dodô odô Os Emirados Árabes estão investindo para ter um dos mais atraentes campeonato campeonatos os nacionais da região. Xeiquess de famílias como Bin-Maktoum, Al-Nahyan e Al-Qasimi fortalecem cada vez mais asaU UAE League, eague, re recheada eccheada eada de bbrasileiros. as e os O pa paíss pprotagonizou rotagonizou otago um “arrastão”, levando nomes como Abel Braga, Valdivia, Fernando Baiano e Rafael Sóbis. A seleção é a atual campeã da Copa do Golfo, mas começou mal a úúltima ltima fase de grupos das Eliminatórias-2010 e dificilmente voltará tã tão ão cedo a um Mundial, onde sóó estiveram em 1990.
Omã Ranking da Fifa 92º Clubes na 1ª Divisão o 12 Principais clubes Al-Nahda e Dhofar
Iêmen Ranking da Fifa 136º Clubes C lubes na 1ª Divisão 14 PPrincipais rincipais clubes Al-Ahli e AlAl-Sha´ab -Sha´ab
Outubro de 2008
9/30/08 4:57:37 AM
Palestina a
Líban Líbano no
Síria
Iraque
Ranking da Fifa 173º Clubes na 1ª Divi Divisão isão 22 Principais clube clubes Al-Khaleel e Al-M Al-Mashal Mashal
Ranking da Fifa 147º Clubes na 1ªª Divisão 12 Principais cclubes ubes Al-Ansar e Al-Nejmeh j
Ranking da Fifa 97º 97 Clubes na 1ª Divisão 14 Principais clubes Al-Karamah e Al-Ittihad
O futebol no país completou seu centenário este ano, mas o cenário é desanimador. As guerras bagunçaram muito o progressoo do esporte, fracionan fracionando ndo clubes e jogadoress da Faixa de Gaza com os da Cisjordânia e a liga nacional é a mais modesta do Oriente Médio.
A única participação internacional da seleção fo foi oi na Copa da Ásia em 2000. Apesar de ser um território mas massacrado ssacrado por longas guerras que atrapalharam o desenvolvimento desenvolvime ento do futebol, o Líbano tem 250 clubes registrados.
Os passionais sírios chamaram a atenção depois de o ascendente Al-Karamah ter chegado a final da LC Asiática em 2006 2006. Os estádios lotam nos grandes jogos, mas ainda é um país futebolisticamente muito fecha fechado. ado.
Jordâ Jordânia ânia Ranking da Fifa 113º Clubes na 1ªª Divisão 10 Principais cclubes ubes Al-Faisaly e Al-Wihdat
Obs: o infográfico considera apenas os países árabes do Oriente Médio, excluindo nações majoritariamente de outras etnias, como Afeganistão, Irã e Israel
Catar Ranking da Fifa 81º Clubes na 1ª Divisão 10 Principais clubes Al-Sadd, Al-Gharafa, Al-Rayyan Brasileiros Romário, Romárioo, Fernandão, Roque Júnior, Ricardinho, Roger, Sonny Anderson, Araújo, Felipe, Émerson Leã Leão, ão, Paulo Autuori, Abel Braga, Zé Mário e Sebastião Lazaroni É um dos países que mais investem. Os xeiques da poderosa família Al-Thani, quee controla a federação do país, não poupam m dinheiro para reforça reforçar ar os clubes. Apesar dos iinvestimentos i colossais, as equipes catarianas têm colecionado vexame vexames na LC da Ásia. Dois brasileiros se naturalizaram para atuar na seleção, o zagueiro Marcone, doo Al-Gharafa, e o meiaa Fábio César, do Umm m Salal. Com o atacant atacante te Khalfan Ibrahim, bola de ouro na Ásia em 2006, o Catar ainda está na briga por um uma ma vaga na Copa de 2010.
Ranking da Fifa 72º Clubes na 1ª Div Divisão visão 30 Principais clubes Al-Zawraa, Arbil e Al-Jawiya ya Brasileiros Jorgee Vieira, Edu Coimbra, Zé Mário, Evaristo de Macedo e Jor Jorvan rvan Vieira A seleção conquis conquistou stou o histórico titulo asiático no ano passado e possui uma ger geração ração de futebolistas respe respeitável. eitável. Apesar dos problemas po políticos, olíticos, o Campeonato Iraq Iraquiano quiano tem empolgado e o pú público úblico voltou a freqüentar os está estádios. ádios.
Kuwait Ranking da Fifa 119º Clubes na 1ª Div Divisão visão 8 Principais clube clubes es Al-Kuwait e Al-Qadsiya Brasileiros Zagallo, Carlos Alberto Parreira Parreira, Antônio Lopes, Luis Felipe Scolari, Paulo César Carpegiani e Sebastião Lazaro Lazaroni. oni. É o país mais dec decadente cadente do Oi Oriente Médi Recordistas Médio. R di de títulos da Copa do Golfo, o Kuwait vive cris crise se que contrasta com os prósperos anos 80. Hoje, o ccenário enário é de desorganização, brigas internas e futebol mingua minguado. ado.
Barein Ranking da Fifaa 66º Clubes na 1ª Div Divisão visão 12 Principais clube clubes es Al-Muharraq e B Bahrein ahrein Riffa Tem se estruturad estruturado do e vem desbancando país países ses mais tradicionais no O Oriente riente Médio. Os barenitas se m mostram ostram cada vez mais consiste consistentes entes na Copa do Golfo, Copa da Ásia e eliminatórias pa para ara Copa do Mundo. O atacante Rico, exSão Paulo e Grêm Grêmio, mio, é ídolo do Al-Muharraq.
Saiba mais sobre futebol no Oriente Médio em www.trivela.com/asia
Outubro de 2008
mundo árabe.indd 3
57
9/30/08 4:58:11 AM
GEÓRGIA
por Gustavo Hofman
O futebol
RÚSSIA Gagra
sobrevive Invasão de tropas russas coloca clubes de Ossétia do Sul e Abcásia na linha de frente, mas não atrapalha campeonato georgiano
OSSÉTIA DO SUL
Zugdidi
Tskhinvali T Tskhi Ts skhinvali i
GEÓRGIA GEÓ GEÓR
G i Gori Tbilisi
TURQUIA
A AZERBAIJÃO AR ARMÊNIA
conflito entre Rússia e Geórgia despertou os olhos do mundo para a Ossétia do Sul. A região proclamou sua independência no início dos anos 90, mas não teve o reconhecimento internacional. Desde então permanece como território georgiano, apesar do desejo da maioria da população – de origem russa – de se integrar à Rússia. Como em muitos outros conflitos, o futebol também faz parte do cenário. A Umaglesi Liga, o Campeonato Georgiano, que começou no início de setembro e não
John Macdougall/AFP
O
Kaladze é um símbolo da resistência georgiana
OSSÉTIA DO NORTE
ABCÁSIA
teve seu calendário prejudicado, tem um representante da Ossétia do Sul: o Spartaki Tskhinvali. A equipe da capital da região foi fundada em 2007, como continuidade do Tskhinvali, que teve problemas financeiros e estruturais. Desde então, o time figura na elite do futebol georgiano. No entanto, ainda não reuniu condições de incomodar os grandes clubes do país, da capital Tbilisi. O Spartaki manda seus jogos no pequeno estádio Temur Burjanadze, em Gori (90 km de Tskhinvali). Nos confrontos de agosto, as duas cidades foram seriamente atingidas pelas tropas russas. Com a recente guerra, outra região da Geórgia também ganhou os holofotes da mídia internacional. A Abcásia, no norte do país, também proclamou sua separação da Geórgia e se integrou ao conflito. Lá está outro dos 11 times da Umaglesi Liga, o Gagra, além do Mglebi, de Zugdidi, cidade na fronteira da região separatista que também foi ocupada por tropas russas. O Gagra, da cidade homônima, subiu para a primeira divisão nesta temporada, mas não pode mandar seus jogos em casa. A cidade de Gagra é um centro de conflito – em outubro de 1992 aconteceu uma batalha entre separatistas e tropas georgianas, que ficou conhecida como a Batalha de Gagra e terminou com centenas de mortos. Assim, a segurança não pode ser garantida e o time é obrigado a mandar seus jogos em Tbilisi. Em teoria, o conflito não teria afetado apenas o futebol dos lados ossetiano e abcases, afinal, as tropas russas invadiram áreas não independentistas da Geórgia. O problema só não foi maior na Umaglesi Liga porque as animosidades acabaram antes do início previsto do campeonato. Ainda assim, Kaladze, defensor georgiano do Milan, quis agir. O jogador apelou ao primeiro-ministro italiano e presidente dos Rossoneri, Silvio Berlusconi, para usar sua amizade com Vladimir Putin, presidente da Rússia, e pedir o fim das ações russas na Geórgia. Saiba mais sobre futebol georgiano e das outras ex-repúblicas soviéticas em www.trivela.com/russia
58
georgia.indd 2
Outubro de 2008
9/30/08 4:52:15 AM
CULTURA
Valéria Almeida/Trivela
por Fábio Fujita
Na Sala das Copas, vídeos mostram cenas dos cinco títulos mundiais do Brasil
Saudades do século 20 Sob as arquibancadas do Pacaembu, Museu do Futebol convida a uma delirante viagem pela história do Brasil, contada pelo esporte bretão ociologia e futebol estão intrinsecamente ligados no Brasil. Pelo esporte, é possível contar a história do país e suas particularidades sociais, ilustrar seus personagens e entender as características do povo. Encravado sob as arquibancadas do Pacaembu, o Museu do Futebol chega para narrar essa história. Em uma área de 6,9 mil metros quadrados, o local se estrutura em três eixos de interesse – emoção, história e diversão – dispostos em 16 salas. Segundo Leonel Kaz, curador do museu, já há planos para que uma linha de ônibus especial seja criada para interagir com os museus da Língua Portuguesa e a Pinacoteca. A idéia de se fazer um memorial da bola nasceu numa conversa informal ocor-
S
rida na casa do jornalista Juca Kfouri, em março de 2006, que envolveu nomes como Celso Unzelte, Ugo Giorgetti e Paulo Vinícius Coelho. À vontade deles somaram-se interesses similares que nutriam o então prefeito José Serra e a Fundação Roberto Marinho. O Pacaembu foi o local escolhido não só por ser uma referência do esporte: no lugar onde o museu foi montado, funcionavam setores administrativos do estádio. “Era um espaço totalmente mal-aproveitado”, justifica Kaz. “A idéia inicial era utilizar o vão embaixo do tobogã, mas lá não há a conexão com a rua, com o espaço público, e ainda carrega o estigma de ter derrubado a concha acústica”, explica Mauro Munhoz, arquiteto responsável pelo projeto. “Mantivemos o ritmo de pilares ori-
ginais, expusemos as técnicas construtivas da década de 50 para os visitantes e ainda criamos uma conexão forte com a praça Charles Miller”, completa. O Museu do Futebol, com ingressos entre R$ 3 e R$ 6, inova o próprio conceito de museu, por suas características de interatividade em detrimento à mera contemplação. É o que se constata na Sala Jogo de Corpo, que oferece um leque de brincadeiras lúdicas, como uma experiência que permite ao visitante, por meio de óculos especiais, visualizar em três dimensões o comportamento corporal de Ronaldinho Gaúcho numa partida. Sem dúvida, um passeio para toda família. Colaborou Gustavo Hofman
Outubro de 2008
cultura museu.indd 3
59
9/30/08 8:42:19 AM
e Hall de entrada
Rito de passagem
Um longo painel vertical contém souvenires e imagens de bugigangas relacionadas ao futebol
i
Para recuperar o sentimento da Copa de 50, um telão em um corredor traz imagens raras obtidas na Cinemateca Uruguaia, sob uma emocionante sonografia
p
o
a s
u
t r
r Sala Pé na Bola Seis telas, postas lado a lado, mostram crianças jogando, com a bola rolando de uma tela para outra, com o intuito de mostrar o caminho a ser seguido no museu
t Sala dos Anjos Barrocos Imagens em tamanho natural de 25 jogadores brasileiros, como Didi, Romário e Ronaldo
Auditório Armando Nogueira Capacidade para 180 pessoas e expectativa de receber debates sobre o esporte
u Sala dos Gols 22 personalidades contam seu gol inesquecível, todos em produção inédita, com 50 minutos de duração
e
BILHETERIA
u Sala dos Rádios Seleção de narrações históricas de gols, feitas por grandes nomes do rádio esportivo brasileiro
i Sala da Exaltação Exposição de registros inéditos de cantos, gritos e comemorações de torcidas, sob a estrutura e o solo à mostra do Pacaembu
o Sala das Origens Sensacional arquivo de fotos, que conta o primórdio do futebol no Brasil, recriando um ambiente retrô
Fotos Valéria Almeida/Trivela
p Sala dos Heróis Painéis fotográficos explicam como o futebol se inseriu na sociedade brasileira nos anos 20 e 30
a Sala das Copas do Mundo Tótens com vídeos e fotos narram a trajetória dos Mundiais, contextualizando o visitante com o que acontecia no mundo
60
cultura museu.indd 4
Outubro de 2008
9/30/08 8:42:36 AM
Passarela Conecta as duas alas do museu e oferece ao visitante uma visão pouco conhecida da Praça Charles Miller
f
d
s Sala Experiência Pelé-Garrincha Dedicada aos dois maiores jogadores brasileiros, traz duas estruturas circulares, suspensas, com imagens e vídeos dos ex-atletas
d Sala dos Números e Curiosidades Números, fatos e objetos curiosos que explicam o futebol mundial. A partir dela, é possível visitar as arquibancadas do Pacaembu
g
Restaurante e loja de souvenires
f Sala da Dança do Futebol Gaiolas gigantes em formato de bola proporcionam uma imersão em histórias contadas por diversas personalidades
g Sala Jogo de Corpo Interatividade total para o visitante. Filme 3D com Ronaldinho Gaúcho, bola virtual, velocidade do chute a gol e fichário com todos os times que disputaram a primeira divisão nacional
Reprodução
MANTO DE REI O Museu do Futebol não se lança ser um espaço para relíquias, ainda que pretenda aumentar o acervo com doações. O objetivo é concentrar a visita em interatividade. De qualquer modo, a peça de memorabília mais importante já tem força suficiente para valer a visita: a camisa que Pelé envergou no primeiro tempo da decisão da Copa de 1970. O artigo histórico pertenceu, por 37 anos, à família Zagallo. Por cerca de quatro anos, a camisa ficou guardada num saco plástico do jeito que Pelé a entregou a Zagallo, com o suor do jogo – só seria lavada por causa do cheiro de mofo. Depois, o manto ficou exposto na casa lotérica Formiguinha, que Zagallo abriu em Ipanema, no Rio, nos anos 70. Em novembro de 2007, a família Zagallo leiloou a camisa em Londres. O cineasta João Moreira Salles a arrematou por cerca de R$ 200 mil e a cedeu ao Museu do Futebol. “É a camisa mais importante da história do futebol. Vestiu o melhor jogador, na final do tricampeonato. Ela não podia sair do Brasil”, justifica. Outubro de 2008
cultura museu.indd 5
61
9/30/08 8:42:47 AM
Daniel Kfouri
EXTRACAMPO
MONEY, MONEY A MLS divulgou que apenas três times tiveram lucros na última temporada: LA Galaxy (US$ 4 milhões), Toronto FC (US$ 2,1 milhões) e Dallas (US$ 500 mil). Mesmo assim, a liga já acertou a criação de duas novas franquias: uma para Seattle em 2009 e outra para Philadelphia em 2010.
Fim do monopólio Em 2009, ESPN voltará a transmitir uma competição nacional nacio m 11 de setembro, a ESPN Brasil anunciou que voltará a transmitir futebol brasileiro. A emissora obteve os direitos da Copa do Brasil em 2009 e 2010, com opção para estender o contrato por mais um ano. Até então, o único torneio nacional na grade do canal era a Copa São Paulo de Juniores. Este acerto é resultado da decisão do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), que havia determinado em março que a Globosat deveria, para 2009, abrir mão da exclusividade na TV por assinatura em duas das cinco principais competições da TV brasileira (Libertadores, Brasileirão, Copa do Brasil, Paulistão e Estadual do Rio), sendo que uma delas teria de ser de âmbito nacional (Copa do Brasil ou Brasileirão). Com a Copa do Brasil, a ESPN recupera um torneio que esteve em sua programação até
2001. Ainda assim, o grande filão do grupo continua sendo o futebol internacional, onde os canais transmitem Mundial de Clubes, Eliminatórias sul-americanas e européias para a Copa de 2010, Liga dos Campeões, Copa Uefa e os Campeonatos Italiano, Inglês, Espanhol e Alemão, entre outros torneios. A Sportv também tem novidades. O canal continuará transmitindo a Copa do Brasil, mas anunciou a compra dos direitos do Campeonato Italiano 2008/9. O torneio era exclusividade na TV fechada da ESPN, que terá prioridade na escolha do jogo da rodada, mas abriu mão da exclusividade em troca da Copa do Brasil. Desse modo, o canal da Globosat incrementa sua programação de futebol internacional, que já contava com Libertadores, Copa Sul-Americana, Campeonato Francês e Campeonato Argentino.
Christian Charisius/Reuters
E
62
extracampo.indd 2
ATIVOS
SEM REJEIÇÃO Pesquisa feita pela TNS Sports indicou que apenas um a cada 22 torcedores não compraria um produto de uma marca que patrocina o rival, o que corresponde a menos de 5% dos 7 mil entrevistados. A enquete revelou também que a Nike lidera na cabeça dos torcedores quando o assunto é futebol, com 20% de citações. EL TORO ROJO O Mallorca, da Espanha, poderá se tornar mais um time Red Bull no mundo – atualmente a empresa de energéticos já tem times na Áustria, Estados Unidos e Brasil. O milionário Dietrich Mateschitz estaria disposto a pagar € 50 milhões pelo controle acionário do clube.
Fanático até a morte Os torcedores do Hamburg podem carregar a paixão pelo clube até o último momento. O clube alemão construiu um cemitério para seus fãs mais ardorosos. O local, em formato de um estádio de futebol, foi construído ao lado do cemitério de Altona (perto do HSH Nordsbank Arena) e custou € 50 mil (dos quais € 20 mil foram doados por torcedores). Há espaço para 500 túmulos e 20 deles já estão reservados. Para o funeral, há a possibilidade de se colocar o escudo da equipe na sepultura; o hino também pode ser tocado durante toda a cerimônia. O pacote que inclui terreno e caixão, decorado com as cores e o distintivo do HSV, custa € 2.500. Uma opção mais em conta é ser cremado, “apenas” € 350.
Outubro de 2008
9/30/08 5:19:20 AM
por Fábio Kadow
Com a bola toda
Lembranças da fila A torcida do Palmeiras tem todos os motivos para esquecer da década de 80, quando o clube não conseguiu levantar um titulo sequer. Mesmo assim a Adidas resolveu homenagear esses velhos tempos e lançou uma linha retrô, com edição limitada, de produtos que foram usados nessa época.
PARA AS MENINAS A Reebok também abriu espaço para o futebol na sua linha de roupas. Os torcedores do São Paulo, Internacional e Vasco, times patrocinados pela marca, ganharam produtos diferenciados, que fogem dos convencionais uniformes. Nem as meninas foram deixadas de lado, com produtos específicos. Reprodução
F ot
os
Div
ul g
aç ã
o
A Adidas apresentou a bola que será utilizada na Liga dos Campeões 2008/9. O modelo foi batizado de Finale 8 e, segundo o fabricante, “oferece características perfeitas para o domínio de bola”. O desenho preserva as tradicionais estrelas, símbolo da competição, e tem as cores índigo (representando o céu), verde (gramado) e prateado (iluminação dos estádios) com fundo branco.
PARA INGLÊS VER A Umbro acaba de lançar uma linha casual de roupas para aqueles que gostam de futebol, mas não querem perder o estilo. Batizada de Top Esportivo, a coleção traz camisas, calçados e uniformes. Destaque para série “England Lifestyle” com camisetas, pólos e jaquetas inspiradas no futebol inglês. Fabricante Umbro Preço sugerido de R$ 130 a 145
Fabricante Adidas Preço sugerido camisa (R$ 99,90), agasalho (R$ 269,90) e moletom (R$ 269,90)
DA CABEÇA AOS PÉS A Nike aposta em temas futebolísticos para produtos de estilo mais casual. O alvo são os corintianos, que ganharam dois modelos de tênis exclusivos: um branco e um preto, claro. Além das estrelas e do escudo do time, o primeiro modelo vem também com detalhes em roxo, uma alusão à polêmica camisa criada. Fabricante Nike Preço sugerido R$ 179
A cara do povo Um time de fotógrafos, composto por Walter Firmo, Rogério Reis e Kitty Paranaguá, entre outros, foi escalado para retratar sete emoções – alegria, tristeza, união, angústia, paixão, frustração e fé – dos torcedores durante uma partida de futebol. O resultado desse trabalho está no livro Torcedor, que reúne 135 fotos e textos de Luis Fernando Veríssimo e Carola Saavedra. Editora 7Letras Preço R$ 70 pelo site www.livrotorcedor.com.br Outubro de 2008
extracampo.indd 3
63
9/30/08 5:20:25 AM
por Fábio Redivo
Joshua Lott/Reuters
CADEIRA CATIVA
Campo pequeno e
gritos estridentes Futebol da MLS mata saudades de um estádio, mas clima nas arquibancadas e futebol apresentado é muito diferente ra um sábado e fui convidado a ir ao Giants Stadium em Nova Jersey assistir uma partida de futebol com o Tyler, um amigo americano. E, juro, estou falando de “soccer”, do nosso futebol. O jogo era New York Red Bulls x Los Angeles Galaxy, que pode não ser um Palmeiras x São Paulo, mas poderia acabar um pouco com a saudade de ver uma partida ao vivo e matar minha curiosidade de observar a diferença cultural entre Brasil e Estados Unidos na hora de torcer. Logo na entrada, deu para ver essa diferença, estacionamento ao lado do estádio, onde as pessoas ficam esperando a partida começar fazendo churrasco, bebendo e jogando bola. Parei a menos de 50 m da entrada. Subimos de escada rolante às numeradas, tudo muito organizado, praticamente sem fila. Sentamos quase que no meio do campo, lugares ótimos, nem muito alto, nem muito baixo. Pagamos U$ 67, meio salgado para os padrões brasileiros, mas foi até que barato considerando o quanto se cobra em eventos esportivos nos Estados Unidos. Senti um vazio esquisito, pois não tinha torcida organizada fazendo barulho, batuque, bandeira, não tinha nada. Muita gente, torcida misturada, e muita menina adolescente com camisa 23 do LA. Atrás do gol, à minha esquerda, havia uns mil torcedores tentando fazer o papel das “organizadas”, mas bem longe de qualquer clássico brasileiro. Bem longe. Uma coisa estranha foi o tamanho do campo. Como o estádio foi feito para futebol americano, as dimensões são diferentes, menores. Tanto que estavam utilizando todo o espaço disponível, com as laterais chegando quase na parede da arquibancada. Também é diferente a reação quando o juiz entra em campo. Nada muda na torcida, ninguém xinga, manda ele para aquele lugar, nada. Deve ser ótimo ser juiz nos Estados Unidos. Até porque, na verdade, não
E
BULLS 2 NEW YORK RED GALAXY 2 L O S A N G E LE S er er cce cc oc So e S ue u agu ag Lea r Le or jo j Maj Ma 8 008 200 /20 /2 o/ lho lh jul ju 7/j 7/ y) ey) ey rse rs Jer va v o ov N a Je (No s (N ts ant an Gia o Gi io di ád tád tá Est Es
se pode xingar ninguém, ou você será convidado a se retirar do estádio. Não sei se gosto disso ou não. Entra os times, canta-se o hino e a bola rola. O campo é tão pequeno e de grama artificial, que a bola pinga de um lado pro outro. Não existe meio-campo. Fica emocionante –sempre tem alguém no ataque –, mas com cara de jogo amador. O lado bom é que pudemos beber uma Guinness enquanto a bola rolava. E o astro da partida, David Beckham, só andava em campo. Mas, na hora que a bola parava no pé dele, algo de qualidade acontecia e surgiam os gritos estridentes da mulherada! No geral, foi um jogo ótimo de se ver, e um resultado, 2 a 2, que deixou muito fã descontente. Afinal, como dizia Nelson Rodrigues, “quando dois times empatam, devemos reconhecer: ambos perderam”. Fábio Redivo, 27 anos, é desenhista e mora nos Estados Unidos
Você foi a algum jogo que tem uma boa história para ser contada? Mande um e-mail para contato@trivela.com que seu texto pode ser publicado neste espaço!
64
cativa.indd 2
Outubro de 2008
9/30/08 4:46:48 AM
anuncios.indd 1
9/30/08 5:30:33 AM
A VÁRZEA
Clássico é clássico Tolete mal disfarçou a alegria ao receber um convite de uma revista aí para eleger os maiores clássicos do Brasil e do mundo. Do alto de sua vasta sapiência futebolística, de quem acompanhou in loco a história do esporte ser escrita, tal honraria lhe deixou contente e, ao mesmo tempo, confuso. Ora, ele viu de perto tantas rivalidades que seria difícil colocá-las em um simples guardanapo meio engordurado do bar do Chico Lingüiça. E se ele se esquecesse de algum? Ou se subestimasse a paixão envolvida em outro? Para não cometer injustiças, o intrépido repórter d’A Várzea consultou Denílson. “Ó, cuando junta eu i u Zóinhu pra joga Praistachiom róla rivalidadje, poiz ele só decha eu pegá o Hipatynga e joga cum Manxesti Iunáitedi”, disse o estagiário. Tolete não poderia deixar de ouvir sua amada Sabrielly Jussylédinah: “Tipo assim, meu, cara, sei que sai a maior briga quando eu apareço no vestiário depois de qualquer jogo para dar uma mão aos rapazes”. Para ajudar em suas pesquisas, Tolete consultou sua vasta memória. Logo ele chegou a conclusões fabulosas. No exterior, não poderia ser diferente: Inter de Limeira x Inter de Bebedouro é o grande dérbi Internacional. Seria um sacrilégio esquecer o clássico de Borussia, que movimenta a Alemanha, e o de Spartak, na Rússia. Só que nenhum deles atinge a magnitude dos sensacionais embates de Dynamo, que movimenta torcidas de Dresden, Minsk, Tirana, Zagreb e Bucareste. No Brasil, a resposta estava na ponta da língua. Brasil de Pelotas x Brasil de Farroupilha e Tupi x Guarani são os exemplos mais cabais da forte
A charge do mês ligação do futebol com a mãe-pátria. Tolete pensou em incluir Nacional-SP x Nacional-AM, mas ficou com medo de algum político se meter na história, privatizar tudo e acabar com a graça. Boca Júnior-SE e River-PI deixa no chinelo aquele joguinho sem graça dos argentinos. E, para completar, nada melhor do que assistir a um Mixto x Coxim em Bauru.
Em alta Botafogo O alvinegro está com moral: o time consegue levar mais gente ao Engenhão do que a Seleção.
A lorota do mês “O clima é quente, a cidade é mais alta que Curitiba, não é uma altitude significativa, mas existe”. O técnico Mário Sérgio arranjou altas desculpas para explicar o baixo desempenho na derrota do Atlético-PR para o Goiás, na temida altitude de 749 m de Goiânia, quase 200 m menos do que Curitiba.
A manchete do mês “CBF admite falha na divulgação do jogo no Engenhão” (Globo Esporte.com) Se tivessem anunciado uma sessão de filme trash, certamente menos gente se sentiria enganada após Brasil 0x0 Bolívia
Werder Bremen De que adianta enfiar 5 a 2 no Bayern de Munique no Allianz Arena se o clube não é capaz de vencer o Anorthosis Famagusta em casa?
Em baixa
Você pode receber A Várzea todo dia na sua caixa postal. Basta entrar no site www.trivela.com e inserir seu endereço de e-mail no campo de cadastro. Ou então mande uma mensagem para varzea@trivela.com, com a palavra Cadastrar no campo de assunto
66
várzea.indd 2
Outubro de 2008
9/30/08 5:07:15 AM
Produtos COPA Seleção do Suriname Exclusivo na Só Futebol Brasil
anuncios.indd 5
9/30/08 5:29:55 AM
anuncios.indd 4
9/30/08 5:32:58 AM