Trivela 36 (fev/09)

Page 1

nº 36 | fev/09 | R$ 8,90

w w w. t r i v e l a . c o m

LIBERTADORES • São Paulo e Grêmio apostam tudo na reconquista da América • As chances dos jovens Palmeiras e Cruzeiro e do experiente Sport • Fichas completas dos 38 times: quem pode ser a nova LDU?

REI DO RIO Fla e Flu brigam pela hegemonia carioca

EXC CLUSIVO Os dias em que Caio Martins se transformou em prisão da ditadura

capa 36.indd 1

Estádios do Corinthians Dorival e o futuro do Vasco Barcelona: futebol e cultura Quem vai sediar a Copa 2014

1/27/09 4:18:05 PM


anuncios.indd 2

1/22/09 7:17:06 PM


anuncios.indd 3

1/22/09 7:17:40 PM


EDITORIAL

Esquecer jamais O Brasil ainda não sabe como lidar com seus fantasmas. Muitos acham que é mais fácil fingir que os problemas não existiram, como se a ignorância e o silêncio condescendente fossem a solução para alguma coisa. Pelo contrário. Uma sociedade madura precisa reconhecer seus erros e não deixá-los cair no esquecimento, porque só assim eles não se repetirão. Não é isso o que ocorre com a ditadura que governou o País de 1964 a 1985, período no qual milhares de brasileiros foram presos e desapareceram por razões políticas. Até hoje, o Governo Federal e as Forças Armadas relutam em liberar informações sobre as atitudes do Estado nesses 21 anos. Essa postura não faz os equívocos do passado desaparecerem, só serve para prolongar o sofrimento das vítimas e desinformar a população. Um exemplo disso é a reportagem desta edição da Trivela. Em um notável trabalho de Eduardo Zobaran, revelamos como funcionava uma das primeiras prisões políticas da ditadura militar: o Complexo Esportivo Caio Martins, cujo estádio é utilizado hoje como campo de treinamento do Botafogo. Um fato que o futebol brasileiro preferia ignorar, sobrevivendo apenas na memória de poucos. A apuração foi longa, cerca de quatro meses. O Exército não ajudou, preferindo desconhecer registros do uso do estádio niteroiense. Mas o silêncio não apaga a memória de quem lá passou alguns de seus piores dias. Após muitas conversas e pesquisas, chegamos a personagens como Manoel Martins, advogado que voltou ao local em que ficou preso especialmente para contar sua história. Uma história que deve ser conhecida pelos brasileiros em geral, e pelos amantes de futebol em particular.

Neste mês, você recebe duas revistas Trivela em uma. As páginas centrais foram transformadas no Guia da Libertadores, com capa própria, de modo que você pode, se quiser, retirar e guardar separadamente. Esperamos que vocês curtam.

w w w. t r i v e l a . c o m Editor executivo Caio Maia Editor Ubiratan Leal Reportagem Gustavo Hofman, Leonardo Bertozzi, Mayra Siqueira (trainee) e Pedro Teixeira (trainee) Consultoria editorial Mauro Cezar Pereira Colaboradores Dassler Marques, Eduardo Zobaran, Gustavo Vargas, João Tiago Picoli, Jorge R. Jorge, Luciana Zambuzi, Marcus Alves, Maurício Vargas, Nair Horta, Ricardo Espina e Thiago Braga Revisão Luciana Zambuzi Projeto gráfico / Direção de arte Luciano Arnold Design / Tratamento de imagem Bia Gomes Capa Vipcomm (Rogério Ceni) Jorge R. Jorge (Tcheco) Agradecimentos Bruno Nunez Alvarez e Fábio Felice

Central do assinante

CONFIRA NESTE MÊS 6/2 Guia da fase de grupos da Libertadores O que de mais imporante você precisa saber sobre os 32 times que disputam o título continental

TODA SEMANA Acompanhe colunas com análise e informações do futebol de todo o mundo

4

índice.indd 2

Diretora Comercial Gabriela Beraldo (11) 3474-0127 gabriela@matracanet.com.br

13/2 Guia da Copa Uefa Uma análise jogo a jogo de cada um dos confrontos do mata-mata da competição

17/2 Especial Sites das confederações continentais Trivela analisa os melhores e piores 20/2 Guia das oitavas da LC Chegou a hora dos duelos de titãs na principal competição europeia 27/2 Especial Os brasileiros que deram vexame na Europa por causa de indisciplina

Stringer/Reuters

Para quem gosta de seguir os campeonatos com papel e caneta

Divulgação

TABELAS PARA IMPRESSÃO

www.trivela.com/revista (11) 3038-1406 trivela@teletarget.com.br

Circulação LM&X - (11) 3865-4949 lele@lmx.com.br Atendimento ao jornaleiro LM&X - (11) 3865-4949 atendimento@lmx.com.br Redação (11) 3474-0119 contato@trivela.com é uma publicação mensal da Trivela Comunicações. Todos os artigos assinados são de responsabilidade dos autores, não representando necessariamente a opinião da revista. Todos os direitos reservados. Proibida a cópia ou reprodução (parcial ou integral) das matérias e fotos aqui publicadas Distribuição nacional Fernando Chinaglia Impressão Prol Gráfica e Editora Tiragem 30.000 exemplares

Fevereiro de 2009

1/27/09 4:37:23 PM


ÍNDICE TABELA.....................30 ARGENTINA Boca Juniors ............... 8 Estudiantes ...............21 Lanús ........................23 River Plate ................11 San Lorenzo ..............28 BRASIL Cruzeiro....................18 Grêmio .....................24 Palmeiras ................... 6 São Paulo ..................14 Sport ......................... 4

BOLÍVIA Aurora ......................26 Real Potosí ................. 7 Univ. de Sucre...........20 CHILE Colo-Colo .................. 3 Everton.....................23 Univ. de Chile ............27 COLÔMBIA América de Cali .........16 Boyacá Chicó ............26 Indep. Medellín ..........17

PERU Sporting Cristal .........21 Univ. San Martín ........12 Universitario .............29

EQUADOR Dep. Cuenca..............10 Dep. Quito ................20 El Nacional ................13 LDU Quito ................. 2

URUGUAI Defensor Sporting .....16 Nacional....................12 Peñarol .....................17

MÉXICO Chivas Gdl. ...............22 Pachuca ....................27 San Luis ....................29

VENEZUELA Caracas .....................22 Dep. Anzoátegui ........10 Dep. Táchira ............... 9

PARAGUAI Guaraní ...................... 9 Libertad ....................28 Nacional....................13

ENTREVISTA » DORIVAL JÚNIOR

18

CAMPEONATO CARIOCA

Quem é o Rei do Rio?

22

Europeus montam acampamentos no Brasil

26

NEGÓCIOS

CORINTHIANS

Os vários estádios da história do clube

28

CAPITAIS DO FUTEBOL » BARCELONA 38 TÁTICA

Forte no Brasil, 3-5-2 recupera espaço na Europa

CULTURA MUNDO

ENCHENDO O PÉ

27

0x0

JOGO DO MÊS

6

GERAL

8

PENEIRA

16

EXTRACAMPO

46

CADEIRA CATIVA

48

A VÁRZEA

50

eu fiscalizo a

Copa Copa Co p 2 201 014 01 4

Fotos Jorge R. Jorge

17

Craques de países alternativos

ESPECIAL » HISTÓRIA

OPINIÃO MARACANAZO

Sucessos musicais adaptados pelas torcidas

44 45

30

Nos tempos da ditatura militar no Brasil, o estádio Caio Martins serviu de prisão política

Faltando algumas semanas para a escolha das 12 cidades, confira as chances nces nc es rrea reais eais ea is ddas as ccan candidatas andi an dida di data da tass ta

Fevereiro de 2009

índice.indd 3

42

36 5

1/26/09 4:37:05 PM


1x0 JOGO DO MÊS

por Leonardo Bertozzi

Todos por

um á quem diga que é nas situações extremas, como uma perda iminente, que a grandeza de um sentimento vem à tona. Quando a torcida do Milan se viu perto de dar adeus a Kaká, alvo de uma oferta superior a € 100 milhões do Manchester City, o estádio San Siro viveu uma situação surreal. O time enfrentava a Fiorentina pelo Campeonato Italiano, mas nada do que aconteceu dentro de campo parecia importar diante dos protestos contra a diretoria rossonera, que já havia dado o aval para a transferência e colocado a decisão nas mãos do jogador. A partida era recheada de atrativos, não apenas pela força do adversário, que luta com os próprios milanistas por uma vaga na próxima Liga dos Campeões. Seria o primeiro jogo de Beckham com a camisa do Milan em casa e, do outro lado, estava Gilardino, atacante que chegou badalado a Milanello em 2005 e saiu depois de três anos sem estourar. Ainda assim, não era por nada disso que mais de 65 mil torcedores foram ao campo. O objetivo do público ficou claro desde a abertura dos portões, com a exibição de faixas com críticas à diretoria, citando nominalmente Silvio Berlusconi, dono do Milan e primeiro-ministro da Itália, e Adriano Galliani, vice-presidente e homem-forte do clube. A manifestação mais criativa foi vista na curva sul do estádio, onde costumam ficar as organi-

Giuseppe Cacace/AFP

A vitória do Milan sobre a Fiorentina ficou em segundo plano. Em San Siro, só o que importava era defender a permanência de Kaká

H

6

jogo do mês.indd 2

zadas. O setor ficou vazio, apenas com uma faixa com os dizeres “Estamos analisando a oferta”. Quando os jogadores entraram em campo para o aquecimento, todas as atenções da torcida estavam em Kaká. Visivelmente abalado com a situação, acenou para as arquibancadas batendo no peito. Então, veio o jogo. Pato levou apenas sete minutos para abrir o placar, confirmando seu bom momento no time. A postura da torcida continuou a mesma. O coro “Não se vende Kaká” se revezava com a tradicional música de exaltação ao camisa 22 cantada em todos os jogos. A Fiorentina, mesmo desfalcada de seu principal jogador, o ata-

MILAN

cante Mutu, cresceu no segundo tempo e ameaçou chegar ao empate, sem sucesso. Terminado o jogo, Kaká recebeu abraços dos companheiros e deixou o campo ovacionado. Era um sinal do adeus? Os emissários do City e o pai do jogador chegariam a Milão dois dias depois para concluir a negociação. Na segunda-feira, enquanto se discutia a transferência mais cara da história, um grupo se dirigiu para a casa do brasileiro. Foram horas de angústia até que se anunciasse a decisão de Kaká continuar no Milan. Da varanda, ele agitou uma camisa rossonera para os torcedores que o aclamavam. Esse era o gol que os milanistas estavam esperando para comemorar.

1x0

FIORENTINA

Abbiati; Storari; Data 17/janeiro/2009 Zambrotta, Comotto, Local Estádio Giuseppe Meazza (Milão-ITA) Maldini, Favalli, Gamberini, Kroldrup, Público 65.692 pagantes Jankulovski; Beckham Vargas; Kuzmanovic (Senderos), Pirlo, (Bonazzoli), Felipe Árbitro Roberto Rosetti Ambrosini; Kaká, Seedorf Melo, Montolivo; Gol Alexandre Pato (7min) (Flamini); Alexandre Santana (Gobbi); Cartões amarelos Vargas, Comotto, Beckham, Jankulovski Pato (Ronaldinho). Gilardino, Jovetic. Técnico Carlo Ancelotti Técnico Cesare Prandelli Cartão vermelho Jankulovski

Fevereiro de 2009

1/22/09 9:58:25 PM


anuncios.indd 7

1/22/09 8:20:21 PM


GERAL

por Ricardo Espina

Carlos Insaurriaga/Divulgação

CAMPO DE BATALHA

TRAGÉDIA XAVANTE láudio Milar havia prometido: nunca mais bateria um pênalti. O atacante do Brasil de Pelotas não se conformou com a perda de uma cobrança na primeira partida da decisão da Copa Amoretty, em 2007, contra o Caxias. Um ano depois, o jogador quebrou sua palavra. Em um amistoso de pré-temporada contra o Santa Cruz, em Vale do Sol, o uruguaio voltou à marca de 11 m. Com um chute cruzado, rasteiro, abriu o placar da vitória de seu time por 2 a 1.

C

O acidente com o Brasil de Pelotas amplia a lista de jogadores mortos no trânsito Ano Jogador

Clube

1969 Lidu

Local do acidente

São Paulo

1969 Eduardo

São Paulo

1985 Daniel González

Rio de Janeiro

1989 Sérgio Gil

BR-116

1992 Alexandre

São Paulo

1993 Edivaldo

Boituva-SP

1994 Dener

Rio de Janeiro

2001 Clébson

BA-409

2002 Maicon Librelato

Florianópolis

2006 Weverson

BR-116

2007 Alemão

Nova Iguaçu

2007 Breno

BR-060

2009 Cláudio Milar

RS-471

2009 Régis

RS-471

8

geral.indd 2

Foi o último de seus 111 gols com a camisa xavante, número que o transformou em um dos maiores ídolos da torcida. Horas mais tarde, uma curva em uma estrada em Canguçu encerrou sua carreira de forma trágica. O ônibus em que a delegação rubro-negra voltava a Pelotas perdeu a direção e caiu em uma ribanceira. Morreram Milar, o zagueiro Régis e o preparador de goleiros Giovani Guimarães. O atacante foi enterrado em sua cidade natal, Chuy (lado uruguaio da fronteira com a brasileira Chuí). Sobre o caixão, uma camisa do Brasil. Régis também tinha grande identificação com a torcida. O zagueiro, de 28 anos, nasceu em Pelotas, assim como Giovani, ex-goleiro do Farroupilha, outro clube pelotense. Entre os sobreviventes, mais histórias tristes. O volante Edu perdeu parte da massa muscular da coxa e corre o risco de ter sua carreira encerrada. Alemão e Uendel, com fraturas, só devem voltar a jogar no segundo semestre. Danrlei, principal reforço do clube para o Gauchão, foi o primeiro a escapar do local do acidente e foi buscar ajuda em casas próximas. “Ele estava tranquilo. A gente resgatou oito pessoas na maca. Era um local de difícil acesso e as ambulâncias demoraram um pouco a chegar”, disse Juliano Nunes, morador da área próxima à tragédia, surpreendido ao encontrar o goleiro em sua casa para lhe pedir socorro.

Os jogadores do Hapoel Ashkelon, clube da terceira divisão israelense, preparavam-se para mais um dia de treinos. As atividades, porém, foram canceladas. Um míssil atingiu o estádio do clube minutos antes da sessão de exercícios. “Teria sido um desastre se os atletas estivessem no campo nesta hora”, relatou o treinador Shiye Feigenbaum. Os conflitos entre o grupo islâmico Hamas e Israel atingiram não apenas a população israelense e os palestinos que habitam a Faixa de Gaza. O futebol também foi afetado. O Ashdod, clube cuja cidade foi uma das atingidas pelos bombardeios, precisou treinar no estádio Ramat Gan, em Tel Aviv, para respirar um pouco de paz. Já o Bnei Sakhnin não pôde entrar em campo contra o Hapoel Ironi Kiryat Shmona pela competição. Motivo: o Bnei Sakhin é ligado aos árabes. Por medida de segurança, a federação israelense decidiu adiar partidas de torneios locais. É a segunda vez em três anos que a entidade toma essa atitude. Em 2006, a interrupção foi motivada por incidentes ocorridos no norte do país. Na ocasião, um míssil disparado pelo Hizbollah atingiu o estádio do Maccabi Haifa. Desta vez, os conflitos se concentram no sul. Israel lançou uma ofensiva contra o Hamas, após o grupo lançar foguetes contra seu território. Fontes nãooficiais estimam o número de mortos em 1,3 mil palestinos e 13 israelenses.

13

Membros do APOP Kyniras, do Chipre pegos no exame antidoping por uso de esteróides. Entre os envolvidos, estão jogadores, o técnico, dois de seus assistentes e dois fisioterapeutas.

Fevereiro de 2009

1/22/09 9:35:15 PM


anuncios.indd 9

1/22/09 8:22:28 PM


GERAL

Pablo Porciuncula/AFP

RIVALIDADE, ARTIGO DE EXPORTAÇÃO

10

geral.indd 4

Data

Jogo

Local

3/2/1953

2x1

Montevidéu-URU

28/3/1953

0x3

Buenos Aires-ARG

12/8/1978

0x0

A Coruña-ESP

27/8/1978

0x2

Milão-ITA

12/7/1989

2x0

Berna-SUI

28/8/1993

2x1

Cádiz-ESP

“Eu acho engraçado esse tipo de reportagem, porque eles não sabem porcaria nenhuma e inventam histórias. Querem sempre noticiar alguma coisa diferente, e eu não vou dizer o que penso totalmente dessas pessoas, porque diria uma série de impropérios”

PROMESSA VAZIA

Felipão, irritado com os tablóides ingleses e suas “fofocas”

c om

m

Crime do colarinho blanco?

V ip

O diário britânico The Times elaborou uma lista dos jogadores mais promissores do momento. Hernanes, destaque do São Paulo, aparece em primeiro. No entanto, a relação se tornou famosa por motivos nada nobres. Em 30º lugar aparece Masal Bugduv, um moldavo de 16 anos que atua no Olímpia Balti. Pois bem: o clube existe, mas o jogador, não. Tudo começou quando foi criado um perfil do fictício atleta na Wikipédia. Para aumentar a “mentirinha”, um comentário foi postado em um blog em inglês, descrevendo um suposto interesse de clubes britânicos em Bugduv. Estava pronto o cenário para boa parte da imprensa local cair no conto do “meia com habilidades fenomenais” e que “já era capitão de sua equipe”, como descreveu o The Times. Outros brasileiros mencionados foram Douglas Costa (Grêmio, sétimo), Fábio (Manchester United, nono), Carlos Eduardo (Hoffenheim, 11º), Thiago Silva (Milan, 20º) e Miranda (São Paulo, 39º).

Atlético Mineiro e Cruzeiro levaram sua rivalidade para bem longe dos gramados de Minas Gerais. Pela primeira vez, o clássico foi realizado em campos internacionais. No estádio Centenário, em Montevidéu, a Raposa bateu o Galo por 4 a 2 na Copa Bimbo, mantendo uma invencibilidade de nove jogos sobre seu maior rival. A “estreia” em campos fora do Brasil esteve perto de acontecer no ano passado, mas não houve acerto para a realização da partida nos Estados Unidos. Embora raros, alguns clássicos regionais brasileiros já foram disputados no exterior. Confira:

Foi tudo muito rápido. Em uma semana, Ramón Calderón passou de presidente do Real Madrid para investigado e, depois, para demissionário. O motivo da rápida mudança foi a suspeita de irregularidades na última assembleia geral do clube, realizada em dezembro de 2008. O caso foi revelado pelo jornal Marca. De acordo com o diário esportivo, a direção merengue criou um esquema para permitir que um grupo de pessoas se passasse por sócios do Real e votassem a favor de Calderón. Apenas desse modo teriam sido aprovadas as contas da temporada 2007/08, o orçamento para 2008/09, a manutenção das cotas sociais para 2009/10 e a nomeação da junta eleitoral. Além de listar o nome dos votantes, o jornal ainda publicou fotos que deixam evidente a existência de um esquema para burlar a eleição. Em princípio, Calderón negou qualquer envolvimento no caso, mas o grupo tinha relações tanto com o dirigente como com seu filho e seu irmão.

Fevereiro de 2009

1/22/09 9:40:41 PM


RAPIDINHAS

Cristina Quicler/AFP

por Ricardo Espina

CAMISA DA DISCÓRDIA Kanouté causou polêmica após marcar um gol no Deportivo pela Copa do Rei. Na comemoração, o atacante do Sevilla exibiu uma camiseta pró-Palestina e foi multado pela federação espanhola

“Sei que estou perto da aposentadoria. Sinto que é o momento de preparar o futuro com minha família” Juninho Pernambucano, cujo contrato com o Lyon termina em 2010

1.060

ERRAMOS

Número de jogos entre seleções disputados em 2008. É a segunda maior marca da história, só perdendo para os 1.065 encontros de 2004.

A BÓSNIA DA VEZ Depois de Croácia, Sérvia e Eslovênia, a Bósnia-Herzegovina dá pinta de ser a próxima ex-república iugoslava a aparecer em alguma grande competição internacional. O país vive seu melhor momento no futebol, impulsionado por um trio que faz bom papel na Alemanha. O nome que mais se destaca é o de Vedad Ibisevic, do Hoffenheim, artilheiro do primeiro turno com 18 gols. Sua história no esporte é inusitada: ele morava nos Estados Unidos e fez boas partidas em torneios colegiais. De volta à Europa, passou por Paris SaintGermain, Dijon e Alemannia Aachen. Os outros destaques bósnios vêm do Wolfsburg. Artilheiro do Campeonato Tcheco em 2006/07, Edin Dzeko, 22 anos, foi contratado por € 4 milhões em 2007/08. Seu colega Zvjezdan Misimovic, 26 anos, nasceu em Munique de uma família de bósnios de origem sérvia. Em campo, o meia compensa a falta de velocidade com uma visão de jogo apurada. Com esse poder ofensivo, os bósnios esperam passar no grupo com Espanha, Bélgica e Turquia nas Eliminatórias. Após quatro rodadas, a BósniaHerzegovina está na quarta posição.

O ícone bandeira da Sérvia, publicado no quadro de campeões (jan/09, pág. 13), está com a antiga bandeira do país. O correto seria este: Ao contrário do que publicado na reportagem “99 nomes para 2009” (jan/09, pág. 26), o atacante Tadeu não foi formado no São Paulo. Ele defendeu o time paulista nas categorias de base, mas seu primeiro clube foi o Cruzeiro.

Atualizando o quadro de campeões da edição anterior (jan/09, pág. 12), o vencedor do Apertura argentino (definido após o fechamento da edição) foi o Boca Juniors.

ASSASSINATO Jimmy Mohlala, membro do Comitê de Organização da Copa do Mundo de 2010, foi assassinado em sua casa, em Nelspruit, África do Sul. Em 2008, Mohlala denunciou corrupção nas obras de um dos estádios para a Copa e acusou o partido do governo de envolvimento. O escândalo está sendo investigado. NEGÓCIO DA CHINA A Lega Calcio definiu que a próxima Supercopa da Itália será realizada em... Pequim, no estádio Ninho de Pássaro. Será a quarta vez que isso ocorre: os Estados Unidos receberam a disputa em 1993 (Washington) e 2003 (Nova York) e a Líbia em 2002 (Trípoli). RUMO À ABL Se um dia quiser deixar a carreira de treinador, René Simões tem a chance de ganhar a vida como escritor. O técnico do Fluminense ganhou o Troféu Literário do Sindicato dos Treinadores Profissionais de Futebol pelo livro “Do Caos ao Topo – uma ] Odisséia Coxa Branca”. PROFESSOR DE PRETO Os árbitros do Estadual do Rio contarão com uma espécie de “técnico”. A cada rodada, quatro partidas serão acompanhadas por “observadores”, que informarão ao trio de arbitragem como os jogadores de cada equipe se comportam, além de passar informações táticas. APENAS UM CAMPEÃO? A Argentina cogita a hipótese de voltar a ter apenas um campeão nacional por temporada. Julio Grondona, presidente da federação argentina, estuda a possibilidade de extinguir a disputa pelos títulos dos torneios Apertura e Clausura já no segundo semestre de 2009. NA CADEIA Luciano Moggi, ex-presidente da Juventus, foi condenado a 18 meses de prisão por irregularidades com a GEA World. De forma ilícita, a empresa conseguiu contrato de agenciamento de vários jogadores para obter grande influência no mercado. Luciano também se envolveu “Calciocaos”, escândalo de manipulação de resultados.

Fevereiro de 2009

geral.indd 5

11

1/23/09 1:34:13 PM


A temp temp te mpor orad or ada ad da cco om meeça ça co om m os Es Estaadu duai duai a s, s, um mo ome ment ment nto o em m quee os torc to orced rcced e or ores es fic icam icam am pri r vaado doss de de aco comp omp mpan anha an har ha ar o qu q eo occorre orrree no n o ressto to do pa país í . Pa ís Para raa darr u uma m mãão ma ozi zin nh haa,, a TTrriivvel elaa preepa p ro rou u um m rres e um es mão o do que qu ue v vaai ro r llaar eem m cad da paart rte te do Bra rassi sil. il. l.

ACRE

RONDÔNIA

28/fevereiro 25/março Adesg, Andirá, Atlético, Independência, Juventus, Nauás, Plácido de Castro, Rio Branco, São Francisco e Vasco

15/março 31/maio Ariquemes, Espigão, Genus Rondoniense, Jaruense, Pimentense, Rolim de Moura, Shallon e Vilhena

NORTE

AMAPÁ

RORAIMA

Não divulgou datas nem participantes

Não divulgou datas nem participantes

AMAZONAS 7/março 28/junho América, Holanda, Fast, Manicoré*, Nacional, Peñarol, Princesa do Solimões, Rio Negro, São Raimundo e Sul-América * o CEPE deixou a liga, foi rebaixado e substituído pelo Manicoré

TOCANTINS

PARÁ

14/fevereiro 5/julho Alvorada, Araguaína, Gurupi, Ipiranga, Intercap, Juventude, Kaburé, Palmas, Tocantinópolis, Tocantins e Tubarão

17/novembro/08 10/maio Águia, Ananindeua, Bragantino, Castanhal, Paysandu, Pedreira, Pinheirense, Remo, São Raimundo, Sport Belém, Time Negra Carajás, Tiradentes, Tuna Luso e Vila Rica

ESPÍRITO SANTO

CENTROOESTE

11/janeiro 31/maio Colatinense, Desportiva, Grêmio Laranjeiras, Jaguaré, Linhares, Rio Bananal, Rio Branco, São Mateus, Serra e Vilavelhense

SUDESTE

MINAS GERAIS 25/janeiro 3/maio América, Atlético, Cruzeiro, Democrata (Governador Valadares), Guarani, Ituiutaba, Rio Branco, Social, Tupi, Uberaba, Uberlândia e Villa Nova

DISTRITO FEDERAL 18/janeiro 3/maio Bandeirante, Brasília, Brasiliense, Brazlândia, Ceilândia, Gama, Legião e Luziânia

GOIÁS 25/janeiro 26/abril Anapolina, Anápolis, Aparecidense, Atlético, Crac, Goiás, Itumbiara, Jataiense, Mineiros, Santa Helena, Trindade e Vila Nova

RIO DE JANEIRO 24/janeiro 3/maio Americano, Bangu, Boavista, Botafogo, Cabofriense, Duque de Caxias, Flamengo, Fluminense, Friburguense, Macaé, Madureira, Mesquita, Resende, Tigres do Brasil, Vasco e Volta Redonda

MATO GROSSO DO SUL 31/janeiro 1º/agosto Águia Negra, Aquidauanense, Cene, Comercial, Corumbaense, Costa Rica, Coxim, Itaporã, Ivinhema, Maracaju, Misto, Naviraiense, Nova Andradina, Operário (Campo Grande), Pantanal, Rio Verde, Sete de Setembro e União

12

geral.indd 6

21/janeiro 3/maio Barueri, Botafogo, Bragantino, Corinthians, Guarani, Guaratinguetá, Ituano, Marília, Mirassol, Mogi Mirim, Noroeste, Oeste, Palmeiras, Paulista, Ponte Preta, Portuguesa, Santo André, Santos, São Caetano e São Paulo

PARANÁ

MATO GROSSO 24/janeiro 3/maio Araguaia, Barra do Garças, Cacerense, Cáceres, Crac, Grêmio Jaciara, Luverdense, Mixto, Operário (Várzea Grande), Palmeiras, Sinop, Sorriso, Tangará, União Rondonópolis e Vila Aurora

SÃO PAULO

24/janeiro 3/maio Atlético, Cascavel, Cianorte, Coritiba, Engenheiro Beltrão, Foz do Iguaçu, Iguaçu, Iraty, J. Malucelli, Londrina, Nacional, Paraná, Paranavaí, Rio Branco e Toledo

RIO GRANDE DO SUL R

SUL

20/janeiro 3/maio 20 Ave Avenida, vennid ve nida, ida, Bento Gonçalves, Brasil (Pelotas), Caxias, Grêmio, Internacional, Intern Internacional ernaci ern aci ci (Santa Maria), Juventude, Novo Hamburgo, Santa Cruz, São Jo Sã José oséé (Porto Alegre), São Luiz, Sapucaiense, Ulbra, Veranópolis e Ypiranga

SANTA CATARINA 17/janeiro 3/maio Atlético Hermann Aichinger (Ibirama), Atlético Tubarão, Avaí, Brusque, Chapecoense, Criciúma, Figueirense, Joinville, Marcílio Dias e Metropolitano

Fevereiro de 2009

1/22/09 10:02:05 PM


GERAL

NORDESTE

JOGOS PARA LÁ DE INUSITADOS COM TIMES BRASILEIROS por Ricardo Espina

EXCURSÃO DO ABC (1973)

O time potiguar fez uma das viagens ao exterior das mais alternativas, com direito a duelos contra seleção etíope de novos, Fenerbahçe, Romênia, Uganda, Tanzânia e Líbano.

ALAGOAS

FIORENTINA 1X0 SÃOCARLENSE

14/janeiro 17/maio ASA, Capelense, Corinthians, Coruripe, CRB, CSA, CSE, Igaci, Ipanema e Murici

(1997)

O time de São Carlos foi convidado para participar do torneio Cecchi Gori em Florença, que também contou com a Lazio de Nedved. As partidas foram transmitidas pela ESPN.

BAHIA 18/janeiro 3/maio Atlético (Alagoinhas), Bahia, Camaçari, Colo Colo, Feirense, Fluminense, Ipitanga, Itabuna, Madre de Deus, Poções, Vitória e Vitória da Conquista

FRIBURGUENSE 9X0 NICARÁGUA (2008)

A seleção centro-americana se preparava para as Eliminatórias da Copa. A se julgar pelo resultado, dá para entender porque não tem mais chances de ir à África do Sul.

BOAVISTA 2x2 START

CEARÁ 10/janeiro 3/maio Boa Viagem, Ceará, Ferroviário, Fortaleza, Guarany (Sobral), Horizonte, Icasa, Itapipoca, Maranguape e Quixadá

(2008)

O Botafogo deveria enfrentar o time norueguês na decisão da Copa Peregrino, mas precisou de um “dublê”, já que estrearia no Estadual logo depois. A equipe de Saquarema não fez feio: empatou e deu o título ao Alvinegro.

MARANHÃO 15/fevereiro 28/junho Bacabal, Iape, Imperatriz, Itinga, Lideral, Nacional, Maranhão, Moto Club, Sampaio Corrêa e São José de Ribamar

AVAÍ 3X2 HAITI (2000)

Foi a disputa de terceiro lugar do troféu Constantino Kury, disputado no Morumbi. Uma das semifinais do torneio, não envolvendo brasileiros, foi um estranhíssimo Haiti x Uralan-RUS.

PARAÍBA 17/janeiro 10/maio Botafogo, Campinense, Esporte, Internacional, Nacional (Patos), Queimadense, Sousa e Treze

OPERÁRIO-PR 1X1 JAMAICA (2008)

Os Reggae Boyz se preparavam para as Eliminatórias da Copa de 2010. De passagem pelo Paraná, a equipe comandada por Renê Simões sentiu a força do clube de Ponta Grossa.

PERNAMBUCO 11/janeiro 3/maio Acadêmica Vitória, Cabense, Central, Náutico, Petrolina, Porto, Salgueiro, Santa Cruz, Serrano, Sete de Setembro, Sport e Ypiranga

AMÉRICA-MG 1X1 MILAN (1997)

Jogo inusitado no torneio que comemorou o centenário de Belo Horizonte. O Coelho segurou o empate no Independência e viu sua torcida chamar o time italiano de “timinho”.

PIAUÍ 15/fevereiro 21/junho Barras, Caiçara, Comercial, Corisabbá, Flamengo, Oeiras, Parnahyba, Piauí, Picos, Princesa do Sul, 4 de Julho e Ríver

GUARANI 6X4 B. LEVERKUSEN (1999)

O amistoso disputado no Brinco de Ouro chamou a atenção pelo placar pouco comum e por ter convencido o Bayer Leverkusen a contratar o meia Róbson Ponte, autor de três gols pelo Bugre.

RIO GRANDE DO NORTE

* O São Gonçalo desistiu da disputa do torneio e foi rebaixado

SERGIPE 18/janeiro 3/maio América, Canindé, Confiança, Guarany, Itabaiana, Olímpico, São Cristóvão, São Domingos, Sergipe e Sete de Junho

por Ricardo Espina

22/janeiro 4/março ABC, Alecrim, América, ASSU, Baraúnas, Coríntians, Macau, Potiguar (Mossoró), Potyguar (Currais Novos), Real Independente e Santa Cruz

PALMEIRAS 3X1 PARMALAT FC (1994)

Em um torneio que reuniu os clubes patrocinados pela Parmalat, o Parque Antarctica recebeu o duelo entre o Alviverde e o time húngaro em jogo com 45 minutos de duração.

SÃO PAULO 1X1 DINAMARCA SUB-23 (1996)

Sob o comando de Muricy, o Tricolor empatou com a equipe de Gravesen e Jorgensen. Dias antes, os dinamarqueses haviam perdido por 5 a 1 da Seleção Brasileira olímpica. Fevereiro de 2009

geral.indd 7

13

1/22/09 10:04:28 PM


Pedro Armestre/AFP

GERAL Âť REPLAY 14

geral.indd 8

Fevereiro de 2009

1/22/09 10:00:17 PM


LEVITAÇÃO? A fase do Real Madrid é tão instável que nenhuma comemoração é discreta o suficiente. Na vitória sobre o Villarreal, o holandês Robben até pareceu levitar

Fotos Getty Images/AFP

MERGULHO Era só um amistoso entre o Bayern e o Eintracht Bamberg, mas a alegria de Zé Roberto ao ver uma piscina de neve ficou evidente na sequência de fotos abaixo

Getty Images/AFP

DAQUI NÃO SAIO Depois de fracassar no Valencia, o goleiro Timo Hildebrand tenta reconquistar seu prestígio no Hoffenheim. Seu apego à posição é tanto que ele até se mistura com as redes

Fevereiro de 2009

geral.indd 9

15

1/22/09 10:00:24 PM


PENEIRA

HENRIQUE: forte e veloz Esse bom desempenho não é surpreendente para quem acompanha competições de base. Henrique já havia sido o goleador do time – marcou, inclusive, os dois gols na final contra o Espanyol – na conquista do Mundialito Sub-17 em 2008. Além disso, foi o artilheiro do Campeonato Paulista Sub-17 com 28 gols. Como o São Paulo pretende promover mais garotos em 2009, Henrique até pode pintar em algum jogo do profissional neste ano. Não seria inédito: seus companheiros Oscar e Wellinton já foram integrados ao time adulto. [PT]

Nome Henrique Almeida Caixeta Nascentes A Nascimento 27/3/1991 Altura 1,76 m Peso 76 kg Carreira São Paulo

m

(desde 2007)

V ipcom

om um poder ofensivo invejável e um sistema de jogo que já prepara os jovens para atuar no profissional, o Tricolor paulista foi um dos destaques da Copa São Paulo. E, dentro desse time, um dos jogadores que mais chamaram a atenção foi o atacante Henrique. Não à toa: logo nas duas primeiras rodadas, o garoto que completa 18 anos em março já havia marcado cinco gols. Além do oportunismo, o camisa 19 sabe usar sua força física – para os padrões das categorias de base – e velocidade. Outra virtude é a disposição a ajudar na marcação da saída de bola do adversário, características dos times de Muricy que já são vistas nos juniores são-paulinos.

C

BERNARDO: experiência internacional

16

peneira.indd 2

[MS]

Nome Bernardo Vieira de Souza Nascimento 20/maio/1990, em Sorocaba-SP Altura 1,76 m Peso 70 kg Carreira Cruzeiro

m

(desde 2005)

c om

Bernardo se destaca pelo passe preciso e pela bola parada. Uma prova disso foram seus dois gols de falta na estreia da Copa São Paulo. Como ponto negativo está sua fragilidade na marcação – um fundamento que precisa ser desenvolvido – e falta de maturidade, que o leva a perder um pouco a concentração em alguns momentos da partida. A diretoria do Raposa já recebeu proposta de € 2 milhões para vendê-lo ao Valencia, mas recusou, mantendo o jovem no elenco.

V ip

esmo com apenas 18 anos, o jovem meia do Cruzeiro já tem histórias de Seleção para contar. Bernardo foi o vice-artilheiro do Sul-Americano Sub-15, disputado na Bolívia em 2005, e foi eleito o melhor jogador da competição pela Conmebol. Dois anos depois, no Sul-Americano Sub-17 do Equador, o cruzeirense ajudou o Brasil a conquistar mais um título. Apesar da ótima fase, uma lesão o tirou dos Jogos Pan-Americanos do Rio e do Mundial Sub-17 da Coreia do Sul. Uma das principais características do jogador é a polivalência: o meia jogou a Copinha como armador, mas também atua como volante e ou até atacante, uma versatilidade que pode garantir sua presença no grupo profissional durante a temporada.

M

Fevereiro de 2009

1/22/09 8:57:35 PM


por Mauro Cezar Pereira

MARACANAZO

Quando cartolas e políticos não se parecem ESTAMOS NAQUELE PERÍODO da

HAT TRICK Em 2007 o Atlético foi campeão mineiro após sete anos de espera. Com Leão no comando, um novo presidente, Alexandre Kalil, e reforços interessantes, tem boas perspectivas para a temporada. Mas haverá paciência se o Cruzeiro ganhar seu quinto Estadual em sete anos? O Vasco não é campeão de nada desde 2003. E tem uma segunda divisão pela frente. É preciso tempo para remontar o time praticamente do zero. Mas será que a imprensa e a torcida entenderão isso caso a equipe não chegue sequer às finais dos turnos do Estadual como no ano passado? Para o Grêmio, o começo de 2008 foi terrível: fora do Gaúcho e eliminado da Copa do Brasil pelo Atlético Goianiense. Celso Roth começou o Brasileiro ameaçado, sobreviveu, disputou o título até a última rodada e o time voltou à Libertadores. Teria conseguido com outro técnico?

temporada no qual os Campeonatos Estaduais tomam boa parte do noticiário. Um perigo para quem começa o ano sonhando com títulos de maior peso e repercussão. Fases ruins nos torneios locais geram crises, demissões, dispensas precipitadas e contratações equivocadas. A maior parte da mídia esportiva ainda trata as competições regionais como se fossem o evento mais importante do ano. Não o são faz tempo. Nesse momento de supervalorização dos torneios menos relevantes para os principais clubes do Brasil, sobram armadilhas. Só mesmo dirigentes capazes de segurar a bronca para atravessar fases difíceis no início do ano sem abortar algo que pode ser ótimo mais adiante. Não é o caso de desprezar os Estaduais, mas de dar a eles o tratamento adequado. Definir seu tamanho na proporção exata daquilo que podem trazer. E um dos maiores erros é valorizar tais disputas excessivamente, a ponto de minimizar fracassos em competições mais importantes. Em 2008, o Palmeiras deu de ombros para a desclassificação ante o Sport na Copa do Brasil, uma taça nacional e que leva à Copa Libertadores. Motivo: estava vivo na luta pelo Paulistão, que até ganhou. É, mas o tri do Brasil ficou com o São Paulo. E a Copa do Brasil por pouco não foi para outro rival, o Corinthians. No começo deste ano, ao falar de prioridades, o pessoal do Flamengo disse sonhar com seu quinto tricampeonato carioca. Bacana. Mas no mesmo semestre o time pode alcançar a terceira Copa do Brasil. Não há dúvidas quanto à importância de cada um desses dois possíveis “tris”. No entanto, é evidente que uma fase ruim no Estadual comprometerá a caminhada no torneio nacional. Parece loucura. É como se um político preferisse uma vaga de Deputado Estadual à uma cadeira no Senado. Políticos... Cartolas... Até que eles são diferentes às vezes. Fevereiro de 2009

opinião.indd 3

17

1/23/09 2:55:53 PM


ENTREVISTA » DORIVAL JÚNIOR

“Não vou iludir

nosso torcedor” Dorival Júnior já avisa os torcedores vascaínos: o ano não será fácil. No entanto, afirma que situação vai melhorar no final

C

air para a segunda divisão do Campeonato Brasileiro não é mais a mesma desgraça de outrora. Exemplos recentes, protagonizados por Botafogo, Corinthians, Grêmio e Palmeiras, demonstram que a temporada na Série B pode significar a virada que o clube precisa para recuperar sua grandeza. Os torcedores do Vasco esperam exatamente isso de 2009, mas o comandante vascaíno já adverte: não será fácil. “Não adianta precipitarmos as situações, até porque ainda estamos montando a equipe e recebendo reforços. Então, não vou iludir nosso torcedor. Vamos ter um ano muito difícil e complicado”, sentencia Dorival Júnior, técnico que assumiu o desafio de

Heuler Andrey/DiaEsportivo/Agif

Eu não deixaria o Brasil por uma proposta qualquer. Gostaria muito de fazer a minha carreira dentro do país

18

liderar um dos mais tradicionais times do Brasil em um ano fundamental de sua história. Apesar de já ter 46 anos, Dorival – quando jogador, chamado apenas de Júnior – iniciou a carreira como técnico há apenas cinco, ao comandar o Figueirense. Desde então rodou por diversas equipes, conquistando quatro títulos estaduais, uma vaga na Libertadores e fama de montar times competitivos com orçamento limitado. Em entrevista à Trivela, o técnico não esconde que teve problemas com excesso de cobrança da imprensa quando esteve no Coritiba e que seu trabalho sofreu com a venda de jogadores em sua passagem pelo Cruzeiro. Também não mostrou aspirações alimentadas pela vaidade, como receber uma proposta milionária do Oriente Médio ou ganhar o status de “top”.

Tirar o Vasco da segunda divisão é o maior desafio da sua carreira? Acho que cada novo desafio passa a ser um grande desafio. Então, esse é mais um grande desafio na minha carreira. Espero poder, ao fim de 2009, cumprir todos os objetivos traçados. O que o motivou a assumir o Vasco nesse momento? O projeto que me foi apresentado é muito interessante. Sei que posso contribuir com ele, porque vejo condições de recompor o clube em todos os aspectos. O Corinthians de 2008 é um modelo a ser seguido pelo Vasco? Acho que é um exemplo, sim. Não sei se é um modelo, porque cada clube tem as suas particularida-

des. O Corinthians teve um grande ano pela competência na montagem do elenco. Também acho que o que aconteceu com o Corinthians vai chamar a atenção das demais equipes e a preparação de todas as outras será bem maior. Isso vai tornar o campeonato muito mais complicado para nós. Chegou a conversar com o Mano Menezes? Já conversei com o Mano várias vezes, mas volto a te falar que cada clube tem uma particularidade. O que é bom para o Vasco pode não ser bom para o Corinthians. Cada um se desenvolve de uma maneira. Você já treinou o Cruzeiro e classificou o time à Libertadores, mas

Fevereiro de 2009

entrevista_DORIVAL.indd 2

1/23/09 3:04:51 PM


por Gustavo Hofman

não teve o contrato renovado. O Vasco é sua chance para entrar de vez na lista de técnicos “top”? Não me preocupo muito com isso. Estou com apenas cinco anos e meio de carreira, e em todas equipes pelas quais passei, consegui alcançar os objetivos. Acho que, para mim, isso tem uma importância muito maior do que qualquer outra coisa. Lógico que seria importante dar sequência ao trabalho, mas, por um motivo ou outro, acharam conveniente que não se ficasse. Eu respeito a decisão deles, porque fui respeitado pela diretoria durante todo o período que fiquei lá dentro. Como o Vasco deve jogar na segunda divisão? Devo montar o time em cima daquilo que costumo fazer nas equipes: força de marcação e velocidade na saída de bola para ter uma chegada rápida no ataque. O Carlos Alberto é um jogador talentoso, mas que teve problemas de indisciplina e não deu certo nos últimos clubes pelos quais passou. A contratação dele foi uma indicação sua? Foi uma indicação minha, sim. Eu confio nele, acho que pode fazer de 2009 um ano de mudança em sua carreira. O Carlos tem potencial para lutar por uma vaga em Seleção Brasileira e, se colocar isso como um objetivo e trabalhar forte, pode recuperar essa condição. Em relação à capacidade técnica dele, nem há o que se discutir. Então, tudo é questão de entrega e comprometimento por parte dele. Como você vai lidar com o Campeonato Carioca? Acho que tudo vai acontecer naturalmente na vida do Vasco. Não adianta nos precipitarmos e pensarmos em estar fortes tão cedo, até porque ainda estamos

entrevista_DORIVAL.indd 3

1/23/09 3:05:12 PM


Felipe O’Neill/CPDoc JB/Futura Press

montando a equipe e recebendo reforços. Não vou iludir nosso torcedor: vamos ter um ano muito difícil e complicado, principalmente nesse primeiro trimestre. Falar em título no estadual é precipitado então? Precipitado, sim, mas nenhuma grande equipe entra no campeonato apenas por entrar. Nós também entramos com uma meta, mas é algo interno do grupo. Conhecemos o momento e a realidade que estamos vivendo. Como tem sido seu relacionamento com o Roberto Dinamite? Ele é o presidente do clube. Eu me reporto ao diretor de futebol, o Rodrigo Caetano. Falo com o Roberto apenas em algumas ocasiões. Acredito que mês a mês tenhamos uma reunião programada para passar o que tem sido trabalhado. E como é sua relação com os torcedores? Estou consciente que, em razão da montagem da equipe e do desgaste natural dessa formação, possam surgir críticas em um primeiro momento. Confio muito no grupo do Vasco, dos jogadores à

20

Falo com o Roberto apenas em algumas ocasiões. Acredito que mês a mês tenhamos uma reunião programada equipe técnica, e não tenho dúvida alguma que vamos ter sucesso. É só ter um pouco de paciência e tranquilidade, que as coisas vão acontecer naturalmente. Você ainda sente resquícios da administração de Eurico Miranda no Vasco? Não, e sua evetual presença não pode interferir diretamente no dia-a-dia do time. O Eurico teve seu momento, acho que é respeitado dentro do clube. Por que você deixou o Coritiba? Houve um desgaste natural de um ano intenso de trabalho. E o Coritiba também estava com apenas nove jogadores em janeiro... Tivemos algumas dificuldades, mas alcançamos tudo que foi propos-

to. Conquistamos o Campeonato Paranaense, que era um objetivo da diretoria, que estava chegando e precisava de uma conquista. Acho que minha parcela de contribuição foi dada. O presidente entendeu muito bem as minhas colocações e o avisei com 20 dias de antecedências que não permaneceria. Mas esse trabalho marcou minha carreira. Uma hora espero voltar e tentar dar continuidade a ele. Havia pressão exagerada por resultados? Por parte da diretoria, não senti isso em momento algum. Sempre há um desgaste com cobranças externas, mas isso é uma coisa que todos temos que entender. O problema mesmo é que comissões técnicas, treinadores e imprensa de um modo geral devem humanizar um pouco mais suas relações, porque está fugindo um pouco do que considero digno e chega a criar problemas profissionais para todo mundo. Desse modo, queira ou não, um ano parece três anos. O desgaste é muito forte. A imprensa e a torcida cobravam demais? A torcida de modo geral, não. Já parte da imprensa... Em um determinado momento, diziam que o Coritiba lutaria contra o rebaixamento. Depois afirmavam que o time tinha que brigar por uma classificação à Libertadores. E, para uma equipe chegar nesse estágio, muita coisa precisa acontecer. Assim, naturalmente, o próprio torcedor se sentiu liberado para cobrar também. Mas, depois, a torcida reconheceu o trabalho de todos e aplaudiu a campanha que o Coritiba fez. Em 2007, o Cruzeiro era o principal concorrente do São Paulo na luta pelo título, mas despencou a partir da metade do segundo turno. O que aconteceu? Perdemos, no mesmo momento, o Guilherme, o Alecssandro e o Roni, que vinham fazendo a diferença no campeonato. O Cruzeiro era a equipe que praticava o melhor futebol

Fevereiro de 2009

entrevista_DORIVAL.indd 4

1/23/09 3:05:31 PM


O Cruzeiro é um clube que tradicionalmente vende seus jogadores para fazer caixa. Você era ouvido sobre as possíveis negociações? Não. Eles sempre me informavam, mas não havia uma consulta. Até porque os clubes precisam vender, a realidade do Brasil é essa. E, quando aparecia uma oportunidade, a situação já estava bem encaminhada e quase definida.

Perdemos alguns jogadores importantes na própria competição. O São Caetano vem caindo nos últimos anos. O único momento em que deu sinais de recuperação foi com você. O que aconteceu de diferente por lá no Paulista de 2007? Difícil falar, mas fomos felizes na montagem da equipe. Falo fomos, porque a diretoria participou e meus companheiros de comissão técnica também. Esse, talvez, seja o trabalho mais difícil e moroso de um clube. O São Caetano tem uma grande administração, mas carece principalmente de um centro de treinamentos. Para se trabalhar intensivamente, é um pouco mais complicado. E como você classifica sua passagem pelo Figueirense? O Figueira foi o seguinte: cheguei no final de 2002, para ser auxiliar-técnico do Muricy. Ele foi contratado pela diretoria do Figueirense e eu fui contratado por indicação da CSR, a empresa do César Sampaio e do Rivaldo que estava investindo na administração do clube. Fui auxiliar do Muricy e, no fim do ano, ele foi para o Internacional. Me fez um convite, mas como eu não havia si-

Dorival Sillvestre Júnior Nascim Nasc men ento to 225/ 5 /ab 5/ abbri r l//19 1 62 6 , eem mA Ara r ra ra r qu q ar araa-SSPP C rr Ca r ei eira ra ccom omoo jo jogaado dorr Fer erro roovi viár á iaa (1 ár (198 982 82 e 8833) , Guar aran an ni (198 (19884 e 85 85)) , Avaí Av aí (1 (198 9855 e 86 86)) , Join Jo invi viillllee (1 (198 9 6 e 87 98 87)) , Sãão Jo José s -SSP (1198 sé 988) 8) , 8) C ri Co riti tiba baa (198 (1198 9 8) 8 , Pa Palm l eira lm r s ( 98 (1 9 9 a 92 9 ) , Gr G êm ê io (1 ( 99 993) 3 e Juventu 3) t de (1 (199 9 4 e 95)) 99 Tíítu tulo loss co como mo jjog ogad ador or Cam mpe pe natto Ca peon C ta tariinneens nsee (1 (198 9 7)) e Campe mpeo mp eona onnaato Gaú aúchho (1 ( 993) 3 3) Carr Ca rrei eira ra com omoo tr trei eina nado dorr Figgue u iren ense see (220003 e 20004) 04 ) , 04 Fort Fo orttal a eezza (2200 005) 5 ) , Cric 5) Crricciú iúma ma (220005) 5 ) , Ju Juve veent ven ntud ntud ude (200 ((220005) 5) , Sporrt ((2200 Sp 0055 e 20 20 06 2006 06)) , Av A aí aí (2 (20006) (200 6 ) , Sã S oC Caaet etan ano (2200 an 0 06 e 20 2007 077) , C uuzzei Cr e rroo (2 (20007) 7) , Co C riiti tiba tib ba ((220008) e Vas ascoo da G Gaama ma (2 ( 0009) 9) Títu Tí t lo os co c mo tre rein inad adorr Cam ampe peeon onato atto Ca Cata tari ta riinens rine neens nsee (2200 004) 4, 4) C mpeo Ca mppeona nato na t Cea to Ceaareense nsse (2 (200005)) , Ca (200 Cam ampeo mp ona nato Per erna namb mbbuc ucan no (200 (2 006) 00 6) e Cam 6) mpe p on onat atoo Pa at Para Para r na naen naen ense ssee (2 (200 008) 8) 8)

entrevista_DORIVAL.indd 5

do mandado embora por quem me contratou, optei por ficar. O presidente me convidou para ser gerente de futebol e fiquei lá por oito meses. Só então assumi a equipe, em agosto de 2003, nos classificamos para duas Copas Sul-Americanas e fomos campeões estaduais. Você já recebeu propostas de Japão ou Oriente Médio? Recebi 12 propostas ao longo de 2008, sendo cinco dessas regiões. É interessante para a carreira de um técnico ir para estes mercados? Eu não deixaria o Brasil por uma proposta qualquer. Gostaria muito de fazer a minha carreira dentro do país, não tenho ambição ou pressa nenhuma de sair. A não ser que seja um excepcional projeto, não só uma proposta financeira. Você acha que a “grife” ainda faz diferença no mercado de técnicos brasileiros? É difícil falar alguma coisa a respeito, mas acho que cada um cria um histórico. Talvez uma grife ande paralela a isso, mas os treinadores estão se profissionalizando há algum tempo.

Ricardo Matsukawa/Futura Press

naquele ano. Tínhamos um meio-campo altamente ofensivo, apenas com Charles e Ramires mais atrás, Wagner e Leandro Domingues ou Maicossuel armando. Mas ficamos sem ataque. Tanto é que tivemos de antecipar o lançamento do Marcelo Moreno na equipe principal. Também atrapalhou o início muito ruim no campeonato, em razão da instabilidade que havia no momento em que assumi. Só para se ter uma ideia, da equipe da estreia, apenas o Ramires se manteve titular. Tivemos que remontar o time dentro da competição. O nosso próprio banco não tinha grandes peças de reposição e, no momento da arrancada final, infelizmente não tínhamos uma equipe preparada.

1/23/09 3:05:41 PM


TRONO

CAMPEONATO CARIOCA

por Ubiratan Leal

Pela primeira vez na história, o Fluminense não está isolado como o maior campeão do Rio. Em 2009, tricolores e rubro-negros entram em campo para desempatar a disputa

VAGO stádio da rua da Constituição, Niterói, 14 de outubro de 1906. Com dois gols de Horácio Costa Santos e outros dois de Edwin Cox, o Fluminense venceu o Rio Cricket por 4 a 1 (Mutzenbecher marcou para os niteroienses) e conquistou a primeira edição do Campeonato Carioca. Naquele momento, o Tricolor assumia o posto de maior campeão estadual do Rio de Janeiro, na época, ainda o Distrito Federal. Tal condição nunca havia sido colocada em risco até 4 de maio de 2008, quando o Flamengo alcançou o clube das Laranjeiras com 30 troféus e transformou o Estadual de 2009 no tirateima para ver quem detém a hegemonia do futebol carioca.

E

A briga pelo status de “Rei do Rio” deu novas cores ao que seria a busca do Rubro-Negro pelo tricampeonato. Alguma dúvida? Então veja como o meia flamenguista Ibson responde a pergunta “Como o Flamengo está encarando o Estadual de 2009?”, questão trivial, quase uma formalidade para começar a conversa: “Entramos com muita vontade, pois queremos conquistar o quinto tricampeonato da história do clube e, principalmente, passar o Fluminense no número de títulos”. Nem foi necessário mencionar a disputa com os tricolores pela hegemonia local para o assunto vir à tona. Em uma cultura futebolística que valoriza tanto os duelos locais, a

377

Números de Fla-Flus já realizados. Foram 133 vitórias rubro-negras, 121 empates, 122 triunfos tricolores e um WO duplo aplicado pela federação do Rio em 1998

fla-flu.indd 2

1/23/09 7:36:06 PM


30

AMEAÇA IMINENTE Desde sua primeira edição, em 1906, o Campeonato Carioca sempre teve o Fluminense como maior campeão. A hegemonia tricolor raras vezes esteve em risco. Em apenas cinco anos a vantagem para o segundo colocado foi de apenas um título: em 1906, 1907 e 1935 para o Botafogo e em 2004 e 2007 para o Flamengo

25

20 0

15

10 0

2008 2

2 0 200

1990 19

1980

1970

19 1960

1950

1940

1930

1920 0

1910 191

1 6 190

5

Obs.: Bangu (1933 e 1966), Paysandu (1912) e São Cristóvão (1926) também conquistaram o estadual do Rio de Janeiro.

fla-flu.indd 3

O Rubro-Negro reconhece essa condição de favorito. “Estamos alguns degraus acima dos adversários, mas temos de mostrar isso em campo”, comenta Ibson. O medo é de repetir o vexame de 2008, quando o time conquistou o estadual, se desconcentrou para o jogo contra o América do México e acabou eliminado da Libertadores. “Isso não vai mais acontecer. Aprendemos com esse erro”, diz o meia.

13

Número de vezes que Fluminense e Flamengo decidiram o Estadual. O Tricolor leva grande vantagem, com 10 títulos, contra apenas três do rival

Fotos Jorge R. Jorge

gozação com o rival e a tradição de seu estadual, ser o maior campeão é algo relevante. Perder terreno nessa disputa é motivo suficiente para gerar uma crise, mesmo sabendo que os estaduais já perderam a relevância do passado. Por isso, Ibson crê que estar no time que pode levar o RubroNegro à condição de maior campeão do Estado é a oportunidade de entrar na história do clube. Tanto que ele não vê a Copa do Brasil como prioridade no primeiro semestre. O meia considera que as duas competições devem ter a mesma dedicação da equipe. A chance de o clube da Gávea ultrapassar o das Laranjeiras não é pequena. O Flamengo manteve a base que foi quinta colocada no Campeonato Brasileiro de 2008, com destaque para o goleiro Bruno, o zagueiro Fábio Luciano, os laterais Léo Moura e Juan, os meias Ibson e Kléberson e o atacante Marcelinho Paraíba. Além disso, ainda teve o reforço de Zé Roberto (ex-Botafogo) no meio-campo. Enquanto isso, os principais concorrentes sofreram grandes alterações em relação ao ano passado.

1/23/09 7:37:08 PM


Fotos Jorge R. Jorge

Histórias de uma disputa: acima, Flamengo, com Adriano ao meio, comemora o tricampeonato de 2001; ao lado, Renato Gaúcho celebra o título de 1995, conquistado com seu famoso gol de barriga

O que pode mudar bastante da versão 2008 para a 2009 do Flamengo é o modo de atuar. Joel Santana construiu um time que usava muito as laterais, fórmula seguida por seu sucessor, Caio Júnior. Cuca, técnico contratado para a atual temporada, tem histórico de adotar sistemas de jogo diferentes, com meias e atacantes que se movimentam muito e necessidade maior de um homem de criação. Não seria estranho se o Rubro-Negro levasse um tempo até se encontrar.

Nas Laranjeiras Não é apenas na Gávea que a disputa pelo domínio estadual anima o início de temporada. O Fluminense encara a manutenção da hegemonia histórica como questão de honra. E trata o torneio regional com importância quase igual à da Copa do Brasil. “Um dos pontos discutidos no planejamento para 2009 é a volta do time para a Libertadores, e o caminho mais curto para isso é a Copa do Brasil”, afirma René Simões, técnico tricolor. “Mas precisamos de concentração para o Carioca. A rivalidade entre Flamengo e Fluminense está acirrada por causa do empate em

30 títulos”, acrescenta. A diretoria tem pensamento parecido. “A prioridade é a primeira competição, que é o Carioca. Flamengo e Fluminense estão empatados em títulos e o Fluminense não pode entrar em campeonato apenas para participar”, afirma Alexandre Faria, coordenador de futebol tricolor. O problema do clube das Laranjeiras é a necessidade de encontrar rapidamente a melhor formação para uma equipe recémmontada. Homens-chave como Washington, Júnior César, Arouca e Thiago Silva deixaram o clube. A diretoria anunciou um acordo com a Traffic para reforçar o elenco, mas os nomes que chegaram não impressionam. Os melhores foram o atacante Leandro Amaral, ex-Vasco, e o lateral-esquerdo Leandro, ex-Palmeiras. Pode parecer pouco para um clube que, há menos de um ano, estava disputando o título da Libertadores. Mas não deve ser o suficiente para a torcida tricolor jogar a toalha. Afinal, não é apenas um troféu que está em jogo. É a possibilidade de ser, até 2010, o maior campeão do Rio de Janeiro. E isso, para o torcedor carioca, vale muito.

ENQUANTO ISSO, OS ALVINEGROS... Flamengo e Fluminense concentram as atenções do Campeonato Carioca devido à briga pelo 31º título. O que não significa que Vasco e Botafogo ficarão apenas observando os rivais. A dupla alvinegra vive um momento de crise financeira e necessidade de mudança, mas considera como viáveis as possibilidades de título. Em General Severiano, a diretoria manteve o técnico Ney Franco, mas desmontou o time após um final de Campeonato Brasileiro melancólico, com jogadores deixando o clube por atraso de salários. Durante as férias, saíram 18 atletas, entre

24

fla-flu.indd 4

eles titulares como Lúcio Flávio, Jorge Henrique e Wellington Paulista. Em contrapartida, chegaram 12, como o zagueiro Juninho, que retorna ao clube após passagem apagada pelo São Paulo, e o atacante Victor Simões, que estava na Coreia do Sul. “Estamos concentrando todas

as nossas forças no primeiro turno da competição e seria bem interessante se conseguíssemos chegar ao clássico contra o Flamengo, na ultima rodada, já com a classificação para as semifinais definida”, garante o treinador alvinegro. Já em São Januário, o clima é

menos otimista. Rebaixado para a Série B no Brasileirão neste ano, o presidente Roberto Dinamite mudou tudo no clube, começando pelo treinador: acertou com Dorival Júnior, que fez boa temporada com o Coritiba em 2008. Os reforços, porém, foram poucos e sem impacto. O único nome mais conhecido é o do polêmico meia Carlos Alberto, que saiu, justamente, do Botafogo. “Não adianta nos precipitarmos, até porque ainda estamos montando a equipe e recebendo reforços”, comenta Dorival (veja entrevista na página 18), já adiantando que o primeiro semestre será bastante difícil para os cruzmaltinos. [GH]

Fevereiro de 2009

1/23/09 7:37:32 PM


anuncios.indd 1

1/22/09 7:13:21 PM


por Nair Horta Divulgação

NEGÓCIOS

Milan e Roma investem em colônias de férias para expandir suas marcas no Brasil, consolidar parceiros no país e, com sorte, descobrir talentos

Trabalho de base em Kaká, nem Juan. Tampouco Ronaldinho, Alexandre Pato, Cicinho ou Doni. O desafio de expandir as marcas de Milan e Roma no Brasil e amealhar a simpatia de jovens torcedores passa longe de seus elencos estelares. A receita para fincar raízes – e, consequentemente, abrir espaço para seus parceiros comerciais no mercado nacional – inclui talentos desconhecidos com idade entre 7 e 14 anos e uma boa dose de diversão. O caminho das pedras foi descoberto pelo Milan há quatro anos. Com um elenco recheado de brasileiros, o clube italiano decidiu expandir o projeto Milan Junior Camp, colônia de férias presente em 40 países ao redor do globo, para a América do Sul. O Brasil foi a primeira parada. O modelo é simples. Cada cidade interessada em ter uma filial do camping temático – hoje, há nove no Brasil – deve desembolsar cerca de R$ 40 mil e se responsabilizar pela captação de patrocinadores locais, que se juntam a Adidas, D&G Junior e Banca Intesa, parceiros mundiais do projeto. Cada edição tem custos em torno de R$ 1,5 milhão. Além dos patrocinadores, as crianças e adolescentes – seus pais, a bem da verdade – bancam parte do projeto, pagando até R$ 2 mil por uma semana de estadia. Nesse período, os garotos têm treinos com técnicos das categorias de base do Milan e acomodação de alto padrão.

N

26

negócios.indd 2

Apesar dos valores salgados, a recompensa não vem em forma de faturamento. “O objetivo é divulgação e penetração da marca Milan e de seus parceiros no mercado brasileiro. Depois disso, buscamos capturar valor de outras formas, como licenciamento de produtos, venda de artigos oficiais, comercialização de direitos de TV e patrocínios”, afirma Rafaela Mendonça, coordenadora do Milan Junior Camp. Para ela, o fato de as crianças se transformarem em torcedoras e consumidoras do clube é algo que ocorre naturalmente. A Roma, outro clube italiano que realiza acampamentos no Brasil, tem pensamento parecido. “Não estamos aqui para fazer uma lavagem cerebral nas crianças. Todos os participantes sonham com a possibilidade de defender a equipe. Quando o Campus chega ao fim, as crianças demonstram um carinho especial pelo time”, explica Daniele Monti, coordenador do AS Roma Campus Brasil. Em relação a resultados em campo, o projeto romanista tem algo a mostrar. Daniele De Rossi e Alberto Aquilani, meias da equipe profissional e da seleção italiana, foram garimpados em edições do Roma Campus na Itália. De olho no futuro, o garoto brasileiro Caio Werneck, de nove anos, já foi levado para atuar nas divisões de base do time da capital italiana. Sinal de que marketing e resultado esportivo podem caminhar lado a lado.

Escolinhas do Milan no Brasil reforçam a marca do clube italiano no país

Fevereiro de 2009

1/23/09 2:31:29 PM


w w w. t r i v e l a . c o m

Guia da Copa

Libertadores 2009 1 2 3 4 5 6 7 8

LDU, Colo-Colo, Sport, Palmeiras e Real Potosí

pág. 2

Boca Juniors, Dep. Táchira, Guaraní, Dep. Cuenca e Dep. Anzoátegui

pág.8

River Plate, Nacional-URU, Univ. San Martín, Nacional-PAR e El Nacional

pág.11

São Paulo, América de Cali, Defensor Sporting, Indep. Medellín e Peñarol

pág.14

Cruzeiro, Dep. Quito, Univ. Sucre, Estudiantes e Sporting Cristal

pág.18

Caracas, Everton, Chivas Guadalajara e Lanús

pág. 22

Grêmio, Aurora, Boyacá Chicó, Pachuca e Univ. Chile

pág. 24

Libertad, San Lorenzo, San Luis e Universitario

pág. 28

Tabela completa capa libertadores.indd 1

p g.30 pá

Jorge R. Jorge

Apresentação dos clubes

1/26/09 4:25:11 PM


mo desequilibrado. A força dos times brasileiros e Nem todos sabem, mas o maior artilheiro da hisargentinos é notória, porém, a Libertadores reserva tória da Copa Libertadores da América é um equasituações onde somente “ser melhor” nem sempre toriano. Mesma nacionalidade do atual campeão do é o suficiente. torneio, um time que provou que até para os pequeDesafiar a altitude de cidades como La Paz e Quito nos é possível sonhar alto na competição. Apesar da são um temor para os adversários. A Cordilheira dos sensação de que brasileiros e argentinos são os eterAndes impõe respeito e medo. Enfrentar os fanáticos nos favoritos, a história prova que a Libertadores é torcedores uruguaios e paraguaios também represenmuito mais imprevisível do que parece. ta uma dificuldade extra. Assim como a boa condição Alberto Spencer anotou 54 gols defendendo as financeira dos times mexicanos se tornou cores de Peñarol e Barcelona de Guaiaquil. Histórico dos um desafio recente para os demais. A LDU Quito bateu Estudiantes, San Lobrasileiros Com suas particularidades e tradições, a renzo, América-MEX e Fluminense antes Campeão Libertadores da América é um torneio únide levar o primeiro título continental da Final nal co. As constantes comparações com a Liga história do Equador. Há cinco anos, havia Semifinal dos Campeões só podem ficar na teoria, pois sido a vez do Once Caldas surpreender e Quartas uartas na prática, são duas competições de cultufaturar a segunda taça para a Colômbia Oitavas O tav tava ras diferentes. Até porque um torneio de 49 (veja quadro ao lado). Grupos upo anos que carrega até em seu nome a históEsses números e fatos apenas comproANO ria de um continente tem vida própria. vam o equilíbrio de um torneio tido co-

F S 4 8 G

Missão cumprida UM ANO APÓS CONQUISTAR a Libertadores de forma surpreendente, a LDU poderia chegar à edição 2009 do torneio pensando no bi. Mas não é bem assim. Ainda que um novo título esteja nos planos do clube equatoriano, há um clima de que os Albos já atingiram o topo e não carregar o status de favorito pode ser interessante para tirar a pressão dos jogadores. Apesar de o time-base ainda ser muito parecido com o que perdeu para o Manchester United na final do Mundial, a diretoria não faz muita força para manter seus principais nomes. O técnico Edgardo Bauza anunciou sua aposentaLiga Deportiva Universitaria de Quito www.clubldu.com

Títulos

Guia da Copa Libertadores 2009

LDU Quito

1 Libertadores 9 Campeonatos Equatorianos

Estádio Casa Blanca (55.400 lugares)

2 lib_grupo1.indd 2

Time T base

2.850 m Cevallos; Calle, Espínola e Calderón; Reasco, Urrutia, Ambrosi, Larrea e Manso; Vera e Bieler. Técnico Jorge Fossati

doria durante a preparação da equipe para o torneio no Japão. Bolaños aceitou proposta do Santos e também deixou a Casa Blanca. O goleiro Cevallos é outro que não tem permanência assegurada. A Liga de Quito vive um momento contraditório: tenta manter a linha de trabalho enquanto capitaliza com a projeção que seus jogadores ganharam recentemente. Para a transição ser mais suave, foi contratado um técnico já familiar. O uruguaio Jorge Fossati dirigiu o clube em 2003 e 2004 e ajudou a montar uma base com Obregón, Urrutia, Franklin Salas, Reasco e Ambrosi, jogadores que ainda militam no time branco. Nos amistosos de pré-temporada, o treinador manteve um esquema de jogo semelhante ao adotado por Bauza em 2008. A equipe se defende com uma linha de três zagueiros, protegida por um volante (o capitão e líder Urrutia) e dois laterais. Na frente, dois meias de armação alimentam Vera, um atacante mais móvel, e Bieler, centroavante de referência. A partir dessa estrutura, Fossati precisa resolver um problema sério da LDU: sem Guerrón (que deixou o clube após a Libertadores) e Bolaños, a equipe perdeu força pelas pontas e Bieler, que já não é dos mais oportunistas, fica mais isolado. Manso e Vera devem ganhar importância, assim como Reasco e Ambrosi. Se encontrar um modo de atacar com fluidez, a LDU pode novamente surpreender, mesmo com um grupo tão duro na primeira fase. Falar em bicampeonato é exagero, mas é um time que já provou que não deve ser menosprezado. [UL]

1/23/09 7:13:48 PM


Independiente (7), Boca Juniors (6),

Argentina 21 Estudiantes (3), River Plate (2), Argentinos Juniors (1), Racing (1) e Vélez Sarsfield (1) São Paulo (3), Santos (2), Grêmio (2),

Brasil

13 Cruzeiro (2), Flamengo (1), Palmeiras (1), Vasco da Gama (1) e Internacional (1)

Uruguai

8

Peñarol (5) e Nacional (3)

Paraguai

3

Olimpia (3)

Colômbia 2

Atlético Nacional (1) e Once Caldas (1)

Chile

1

Colo Colo (1)

Equador

1

LDU Quito (1)

Peru

0

Bolívia

0

O Colo Colo espera recuperar a boa forma na Libertadores

Colo-Colo C l C l

Venezuela 0 México

0

estagnar no conturbado processo que levou o ex-treinador Claudio Borghi para longe do clube depois de quase três temporadas. A crise custou ao time a eliminação na fase de grupos da Libertadores 2008 e a derrota na final do Apertura para o pequeno Everton (interrompendo a série de quatro títulos nacionais dos Albos). Resultado: o técnico Fernando Astengo (ex-zagueiro do Grêmio) perdeu o emprego. Toda essa instabilidade já está longe de Macul. No segundo semestre de 2008, o clube se acertou. Uma recuperação ligada à chegada do técnico Marcelo Barticciotto, ex-jogador colocolino que colocou as coisas nos eixos. A evolução de Sanhueza e a chegada do badalado colombiano Macnelly Torres foram importantes, bem como os gols do argentino Lucas Barrios, que foi às redes 37 vezes em 38 jogos em 2008. Com tamanho poder ofensivo, o Colo-Colo voltou a conquistar o título chileno, o quinto em seis torneios. Com a base mantida e apenas reforços pontuais, Barticciotto já fala em priorizar a Libertadores. Sinal de que o Colo-Colo vem forte e, mesmo em um grupo com LDU Quito, Sport e, possivelmente, Palmeiras, tem chances de chegar ao mata-mata. [DM]

Club Social y Deportivo Colo-Colo www.colocolo.cl

Títulos

Jorge R. Jorge

O COLO-COLO VIU SUA EVOLUÇÃO

1 Libertadores 28 Campeonatos Chilenos 10 Copas do Chile

Estádio Monumental David Arellano (45.000 lugares)

lib_grupo1.indd 3

540 m

Time T base

Jogadores da LDU comemoram o título no ano passado

1 2 3 4 5 6 7 8 Guia da Copa Libertadores 2009

Martin Bernetti/AFP

A LDU colocou o Equador entre os países campeões da Libertadores. Apenas quatro ainda estão no zero

Muñoz; Mena, Jara, Riffo e Cereceda; Sanhueza, Meléndez, Millar e Torres; Barrios e Moya. Técnico Marcelo Barticciotto

3 1/23/09 6:48:44 PM


4 lib_grupo1.indd 4

Sport

Na minha casa,

mando eu Com poucas contratações e um time modesto, Sport assume o papel de azarão, mas conta com a Ilha do Retiro para voltar a surpreender NO INÍCIO DA COPA DO BRASIL,

goleiros

Cléber Magrão Jéferson

zagueiros

Dutra

nascimento

último clube

20/8/1982 Atlético Paranaense 9/4/1977 Rio Branco-SP 6/9/1989 Formado no clube 11/7/1973 Yokohama Marinos-JAP

contrato até Abr/2010 Dez/2009 Jan/2010 Dez/2009

Sidny

21/7/1981 Livorno-ITA

Jonas

10/2/1987 Internacional

Dez/2009

Durval

Jul/2009

11/9/1980 Atlético Paranaense

Dez/2009

Elias

2/7/1988 Formado no clube

Dez/2010

Igor

3/8/1979 Botafogo

Dez/2011

César

6/6/1980 Figueirense

Daniel Paulista Sandro Goiano

meias

poucas pessoas apostavam no Sport como candidato ao título. No entanto, o clima de pressão que sua torcida criou nos jogos na Ilha do Retiro deu uma nova força à equipe pernambucana. O time cresceu e foi eliminando os os favoritos Palmeiras, Internacional, Vasco e Corinthians até chegar ao título, e à Libertadores. A estratégia deu tão certo que repeti-la é a esperança dos rubro-negros de fazer uma campanha surpreendente no cenário internacional. “A Libertadores é parecida com a Copa do Brasil, onde o jogo em casa é de grande importância”, aposta Sílvio Guimarães, presidente do Sport. Ele reconhece que o clube deu azar no sorteio, caindo em um complicadíssimo grupo com a atual campeã LDU Quito, o tradicional Colo-Colo e o vencedor do confronto entre Palmeiras e Real Potosí. Por isso, o time pernambucano não vende a imagem de que é candidato ao título e já faz contas. “Tenho certeza que, se vencermos as três partidas na Ilha do Retiro, passamos pela fase de grupos”, calcula Guimarães. “Para nos classificarmos, é preciso somar 11 pontos, para não depender de ninguém. O ideal é que, no primeiro turno, vençamos os dois jogos em casa e no outro, conquistamos um resultado positivo, na pior das hipóteses um empate. Assim, no re-

jogadores

5/51982 Rapid Bucareste-ROM 6/8/1973 Grêmio

Fev/2011 Dez/2011 Dez/2009

Moacir

14/2/1986 Central-PE

Juninho

21/7/1986 Igaci-AL

Mai/2009

Andrade

13/10/1981 Cádiz-ESP

Ago/2010

Hamílton

26/6/1980 Náutico

Dez/2009

Dudé

31/5/1987 Picos-PI

Dez/2010

Kassio

23/5/1987 Formado no clube

Ago/2010

Luciano Henrique Fumagalli Paulo Baier atacantes

Guia da Copa Libertadores 2009

1 2 3 4 5 6 7 8

10/10/1978 Internacional 5/10/1977 Al-Rayyan-CAT 25/10/1974 Goiás

Jul/2011

Dez/2009 Mai/2010 Dez/2010

Joélson

26/6/1988 Palmeiras B

Abr/2009

Ciro

18/4/1989 Salgueiro-PE

Ago/2013

4/5/1988 Internacional

Dez/2009

Guto Wilson

21/3/1985 Genoa-ITA

Jun/2009

1/23/09 6:49:59 PM


Apoio na Ilha do Retiro permitiu a festa do Sport na Copa do Brasil

1 Campeonato Brasileiro 1 Copa do Brasil 4 Copas do Nordeste 37 Campeonatos Pernambucanos

Estádio Ilha do Retiro (35.000 lugares)

Otávio de Souza/Futura Press

Time T base

4m

F S 4 8 G 1988

turno, precisaríamos somar quatro pontos com uma partida em Recife e outras duas fora”, diz Nelsinho Baptista, técnico da equipe. Para ter mais chances de se garantir em casa, o time foi atrás de reforços. “Neste ano, vamos disputar três competições e não vamos poupar jogadores. Por isso temos que montar um elenco, com pelo menos 25 atletas”, afirma Guimarães. Entre as caras novas já confirmadas estão o meia Paulo Baier (ex-Goiás), o volante Hamilton (ex-Náutico), o lateral-direito Jonas e o atacante Guto, os dois últimos emprestados pelo Internacional. Destes, apenas o primeiro

Magrão; Igor, Durval e César; Sidny, Sandro Goiano, Paulo Baier, Fumagalli e Dutra; Ciro e Wilson. Técnico Nelsinho Baptista

chega para ser titular absoluto. A diretoria rubro-negra admite que ainda tenta levar mais jogadores à Ilha do Retiro. Mas o clube teme gastar mais do que pode. “Estão pedindo somas absurdas. Pensamos em trazer mais jogadores, três ou quatro atletas de nível, mas nada que comprometa nosso orçamento”. A preocupação se justifica, pois o Sport perdeu o ídolo Carlinhos Bala para o rival Náutico. Também saíram os atacantes Roger, Enílton e Lúcio, os volantes Bia, Júnior Maranhão, Dudé e Fábio Gomes, os laterais Márcio Goiano e Cássio Lopes e o meia Francisco Alex, todos reservas, mas que ajudavam a dar opções a Nelsinho. Mesmo com mudanças no elenco, o técnico não pretende mudar o sistema de jogo adotado em 2008. “Vamos manter o que está dando certo. Fora de casa usaremos o 3-5-2 ou até mesmo o 3-6-1 ou o 4-5-1. Trabalhamos assim há mais de um ano”. No 3-5-2, tática mais utilizada pela equipe, o Sport deve aproveitar o poderio ofensivo dos meias Paulo Baier e Fumagalli, além do apoio dos laterais Sidny e Dutra. A marcação no meio fica por conta do experiente Sandro Goiano, vice-campeão da Libertadores com o Grêmio em 2007. À frente, a esperança de gols está depositada nos pés do jovem Ciro, de 18 anos, formado nas categorias de base rubro-negras. É um time econômico e sem grandes estrelas, mas que já deu certo em 2008. Como a Libertadores é um torneio de características próprias, o Sport surge como incógnita. Favorito o Leão da Ilha certamente não é. Mas não dá para desconsiderar uma equipe que conquistou a Copa do Brasil passando por cima de adversários mais tradicionais e com maior poder de investimento. [GH]

UMA ESTREIA PARA ESQUECER A Libertadores 2009 será a segunda da história do Sport. Proclamado campeão brasileiro de 1987 pela CBF, o Leão disputou o torneio continental no ano seguinte. E teve uma campanha que não deu muitos motivos de alegria aos torcedores. Os pernambucanos caíram no grupo 5, ao lado do Guarani e dos peruanos Universitário e Alianza Lima. Em seis jogos, foram duas vitórias, um empate e três derrotas, com sete gols marcados e seis sofridos. Os dois triunfos foram diante do Alianza, clube que, meses antes, perdera todo seu elenco em um acidente aéreo. Com esse retrospecto, o RubroNegro terminou a primeira fase na terceira posição e foi eliminado precocemente.

lib_grupo1.indd 5

Data 2/julho 18/julho 22/julho 3/agosto 16/agosto 23/agosto

Partida Sport 0x1 Guarani Universitario 1x0 Sport Alianza Lima 0x1 Sport Guarani 4x1 Sport Sport 5x0 Alianza Lima Sport 0x0 Universitario

Cidade Recife Lima Lima Campinas Recife Recife

1 2 3 4 5 6 7 8 Guia da Copa Libertadores 2009

www.sportrecife.com.br p

Títulos

Sport Club do Recife

5 1/23/09 6:50:14 PM


Sociedade Esportiva Palmeiras www.palmeiras.com.br p

Guia da Copa Libertadores 2009 lib_grupo1.indd 6

1 Libertadores da América 1 Copa Mercosul 4 Campeonatos Brasileiros 1 Copa do Brasil 2 Taças Brasil / 2 Robertões 5 Rio-São Paulo 22 Campeonatos Paulistas

Estádio Parque Antarctica (32.000 lugares)

J.F.Pimenta/A Cidade/Futura Press

Time T base

792 m

Lenny e Cleiton Xavier, duas incógnitas do Palmeiras

6

Títulos

Palmeiras

Às pressas Palmeiras começou 2008 pensando em uma parceria que lhe traria glórias, mas, um ano depois, vive a incerteza da falta de planejamento JÁ ESTAVA TUDO CERTO para Keir-

rison trocar o Coritiba pelo Palmeiras. O problema é que a mudança ocorreria apenas em abril. Com pressa, a diretoria do Alviverde paulista pagou R$ 2 milhões e antecipou para janeiro a chegada do atacante ao Parque Antarctica. Motivo: o time precisava desesperadamente de um artilheiro para aumentar as chances de fazer um bom placar no jogo de ida contra o Real Potosí, pela Pré-Libertadores, deixando a viagem para a altitude de Potosi menos sofrida. Não há exemplo mais claro de como os palmeirenses ficaram sem

F S 4 8 G

Marcos; Fabinho Capixaba, Gustavo, Danilo e Armero; Edmílson, Pierre, Cleiton Xavier e Diego Souza; Marquinhos e Keirrison. Técnico Vanderlei Luxemburgo

o rumo entre a reta final do Brasileirão 2008 e o início da campanha na Libertadores. A perda do título nacional, com um desempenho sofrível nas rodadas finais, foi o suficiente para tirar todo o ânimo em torno do projeto que tinha o dinheiro da Traffic e a experiência de Vanderlei Luxemburgo como pilares. A base do ano passado foi desfeita – saíram Martinez, Alex Mineiro, Leandro, vários reservas e Valdivia, que deixou o clube em agosto – e o time chegou a janeiro sem uma cara definida. Na pré-temporada, a equipe foi formada por alguns remanescentes (como Sandro Silva, Lenny e Diego Souza, os três longe de convencerem a torcida) e reforços que ainda precisam confirmar seu potencial, como Cleiton Xavier, Marquinhos, Willians e o colombiano Armero. Jogadores interessantes para a Traffic pensar em revenda, mas que dificilmente causariam impacto em curto prazo. As críticas à política de contratações alviverde não demoraram a chegar, sobretudo pela falta de um atacante. Luxemburgo reagiu: “No Vitória, o Willians fazia muito mais a função de um atacante com o Marquinhos. O Diego Souza também jogou assim no Grêmio. Na Copa de 1970, o Tostão, que era um meia, atuou como atacante. Não é a primeira vez que um time atua sem um especialista na frente”. Os resultados da pré-temporada ajudaram a aumentar o clima de desconfiança. O Palmeiras perdeu para Rio Claro (3 a 0) e União São João (1 a 0), dois times da Série A2 de São Paulo, e até uma eliminação diante do Real Potosí pareceu factível. Dias depois, a diretoria acertou com Keirrison – também jovem, mas cujo desempenho no Brasileirão serve como crédito – e acelerou a busca por nomes de peso. No dia da estreia pelo Campeonato Paulista, anunciou a contratação do volante e zagueiro Edmílson, campeão do mundo em 2002 com a Seleção. Além desses dois, o Alviverde ainda havia divulgado interesse pelo volante chileno Maldonado e o atacante Fred.

1961 1968 1971 1973 1974 1979 1994 1995 1999 2000 2001 2005 2006

1 2 3 4 5 6 7 8

1/23/09 6:50:39 PM


contrato até Dez/2009

27/6/1984 Palmeiras

Jun/2010

Deola

19/4/1983 Sertãozinho

Dez/2009

Wendel

8/10/1981 Juventude

Dez/2010

Armero (COL)

2/11/1986 América de Cáli-COL 27/11/1983 Mirassol

Dez/2011 Abr/2013

Jefferson

5/7/1988 Guaratinguetá

Jul/2009

Maurício

2/9/1988 Formado no clube

Dez/2012

Jéci

22/4/1980 Coritiba

Dez/2009

Gustavo

19/2/1982 Paraná

Dez/2009

Maurício Ramos

10/4/1985 Coritiba

Dez/2009

Danilo

10/5/1984 Atlético Paranaense

Dez/2009

Club Bamin Real Potosí

Sandro Silva

29/4/1984 Mirassol

Abr/2011

Pierre

19/1/1982 Paraná

Dez/2010

Diego Souza

17/6/1985 Grêmio

Dez/2011

Willians

22/5/1988 Vitória

Dez/2009

Estádio

Cleiton Xavier

20/3/1983 Figueirense

Dez/2012

Victor Agustín Ugarte

Marquinhos Jumar

19/10/1989 Vitória

Jul/2010

16/6/1986 Cruzeiro

Jul/2009

Edmílson

10/7/1976 Villarreal-ESP

Dez/2010

Evandro

23/8/1986 Goiás

Jul/2009

Keirrison

2/12/1988 Coritiba

Dez/2012

Lenny

20/3/1988 Braga-POR

Dez/2011

Max

10/7/1983 América-RN

Dez/2010

Daniel

lib_grupo1.indd 7

9/1/1989 Formado no clube

Dez/2013

Não tem site oficial

1 Campeonato Boliviano 1 Torneio Playoff

(35.000 lugares)

1 2 3 4 5 6 7 8 Guia da Copa Libertadores 2009

zagueiros meias

último clube

4/8/1973 Lençoense

Bruno

Fabinho Capixaba

atacantes

nascimento

O DISTINTIVO É PARECIDO com o do Real Madrid, mas o principal motivo pelo qual o Real Potosí é temido pelos adversários não é seu elenco, mas a altitude. Os 3.967 m têm um papel importantíssimo na campanha da equipe boliviana. Nenhum outro clube manda jogos em uma cidade tão alta e, nas duas últimas edições da Libertadores, os Lilas só marcaram um ponto como visitante. Pelo terceiro ano consecutivo, os bolivianos estão no caminho de um clube brasileiro, mas agora na fase preliminar, o que aumenta as chances de uma surpresa ante o Palmeiras. Basta lembrar que, no ano passado, o já classificado Cruzeiro foi goleado por 5 a 1 em Potosi. Um ano antes, o Flamengo sofreu para arrancar um empate por 2 a 2 nos Andes. Os potosinos chegam à Libertadores após vencer o La Paz na final do Torneio Playoff, uma espécie de Copa da Bolívia. O gol da classificação foi marcado por Colque, rápido ala esquerdo no esquema com três zagueiros utilizado em 2008. Mas, com a chegada do treinador Vladimir Soria, a estrutura tática pode ter modificações. Sem o veterano Darwin Peña, a esperança de gols recai sobre o argentino Horácio Fernández, que substitui o artilheiro Sillero, que foi ao Universitario de Sucre. [MV]

3.967 m

Time T base

goleiros

jogadores Marcos

Real Potosí

Títulos

Na versão 2009 do Palmeiras, Marcos continua como a liderança que vem do gol. A defesa deve atuar com três homens, formação que o próprio Luxemburgo diz passar mais segurança, com Edmílson podendo atuar como zagueiro ou meio-campista. Pierre é o preferido da torcida para trabalhar como primeiro volante, mas o treinador não morre de amores por seu futebol e pode tentar outra opção, como Jumar ou algum contratado de última hora. Mesmo com a chegada de Keirrison, o ataque segue uma incógnita. Marquinhos é um segundo atacante promissor, mas se contundiu na prétemporada. A criatividade fica a cargo de Diego Souza e Cleiton Xavier, dois jogadores que tiveram bons momentos recentemente, mas que ainda pecam pela inconstância. Há muitas incertezas na formação titular palmeirense. Se, em cima da hora, o clube conseguir levar ao Parque Antarctica todos os reforços pretendidos, torna-se um time forte no papel. O problema passaria a ser a montagem durante a competição, pois os principais jogadores não teriam participado da pré-temporada. “As críticas de hoje são as mesmas de 1996, quando ninguém conhecia o Júnior, o Rivaldo e aquele time que foi fantástico. O Palmeiras está no caminho certo”, afirma Luxemburgo, tentando transparecer segurança. O clube não pode se dar ao luxo de demorar para se encontrar, já que o sorteio da Libertadores reservou ao Alviverde um jogo a quase 4 mil metros de altitude na primeira fase e o grupo mais forte da competição na segunda. As possibilidades do Palmeiras no torneio estão na capacidade de impedir que seus próprios erros de planejamento tenham reflexos no desempenho em campo. [UL]

David Mercado/Reuters

Subir a montanha é a arma do Real Potosí

Barrientos; Rodriguez, Sartori e Amador; Gatty Ribeiro, Galindo, Suárez, Loayza e Colque; Horacio Fernández e Pintos. Técnico Vladimir Soria

7 1/26/09 4:26:24 PM


8 lib_grupo2.indd 2

Boca Juniors

Uma sim, uma não

Club Atlético Boca Juniors www.bocajuniors.com.ar j

Títulos

O principal reforço, porém, está nos bastidores. Carlos Bianchi, técnico mais vitorioso da história do Boca, retornou ao clube para trabalhar como diretor de futebol. Bianchi conhece como poucos a realidade da Libertadores, que conquistou três vezes com os auriazuis, em 2000, 2001 e 2003, e mais uma com o Vélez Sarsfield, em 1994. Como se não bastasse a força do time xeneize, o sorteio dos grupos ainda foi generoso. Não deve haver problemas para superar Guaraní, Deportivo Táchira e o vencedor de Deportivo Anzoátegui x Deportivo Cuenca. O desafio para valer só deve começar em seguida, quando tem início o mata-mata. [LB]

3 Mundiais de Clubes 6 Libertadores 2 Copas Sul-Americanas 1 Supercopa da Libertadores 23 Campeonatos Argentinos

Estádio La Bombonera (49.000 lugares)

25 m

Time T base

O BOCA JUNIORS ENTRA na Libertadores de 2009 com a possibilidade de alcançar seu quinto título do torneio em dez anos. Ou seja, caso os Xeneizes levantem a taça em julho, fecharão a década com uma média de uma conquista a cada duas edições – e ainda igualarão o recorde do Independiente com sete troféus. O time mais temido da América do Sul e mais respeitado fora dela só deixou de chegar às semifinais em duas das últimas oito participações. A derrota para o Fluminense no ano passado ainda está engasgada, e o técnico Carlos Ischia não esconde que o título da Libertadores é sua prioridade para o primeiro semestre de 2009. O elenco que conquistou de forma dramática o Apertura, em um triangular de desempate com San Lorenzo e Tigre, não sofreu alterações profundas. Isso significa que permanece o forte meio-campo orquestrado por Riquelme. Dátolo colabora com a armação e a dupla de volantes formada por Vargas e Battaglia é uma das melhores da América. A linha defensiva também é um ponto forte, pelo entrosamento e pela presença de dois titulares da seleção paraguaia: Cáceres e Morel Rodríguez, ambos eleitos para a equipe ideal de 2008 pelo diário uruguaio El País. A única mudança realmente esperada – sobretudo depois das falhas de García que quase custaram o título do Apertura – era o retorno do veterano Abbondanzieri, que estava no Getafe, da Espanha. Disposto a encerrar sua carreira em La Bombonera, o goleiro chegou a brigar com o clube espanhol para ser liberado.

Abbondanzieri; Ibarra, Cáceres, Forlín e Morel Rodríguez; Vargas, Battaglia, Dátolo e Riquelme; Viatri (Palacio) e Figueroa. Técnico Carlos Ischia

Palermo, voltando de lesão, quer refazer a dupla com Riquelme

Omar Torres/AFP

Guia da Copa Libertadores 2009

1 2 3 4 5 6 7 8

1/26/09 4:25:56 PM


Guaraní

APÓS UM ANO sem participação em com-

Deportivo Táchira Fútbol Club www.deportivotachira.com p

Títulos

petições continentais, o Deportivo Táchira chega à Libertadores como campeão venezuelano, acabando com a hegemonia de Caracas e Unión Maracaibo. A conquista foi saudada por simbolizar a recuperação do clube mais popular do país, mas a campanha irregular no Apertura 2008 (disputado no segundo semestre) coloca um ponto de interrogação sobre as reais possibilidades do time aurinegro. A equipe comandada por Carlos Maldonado, ídolo do futebol local, deve jogar bastante fechada fora de casa, somente com o encorpado atacante Arismendi à frente. “Cafu”, como é conhecido, tem o costume de comemorar seus gols colocando uma espécie de fralda azul de seu filho na cabeça. No meio, espera-se que o uruguaio Leguizamón, recém-chegado ao clube, possa contribuir tanto com experiência quanto com seu bom toque de bola. O ponto fraco, como é comum em equipes venezuelanas, é a defesa: Sanhouse é um goleiro de pouca estatura e espalhafatoso e a dupla formada por Bovaglio e Machado não inspira confiança. Embora o Táchira não tenha passado da fase preliminar em 2006 e 2007, pode até brigar por uma vaga nas oitavas de final, já que o Boca Juniors é o único time com tradição na chave. [MV] 6 Campeonatos Venezuelanos 1 Copa de Venezuela

Nesta região, não há aproximação suficiente no Google Earth

Estádio Polideportivo de Pueblo Nuevo (42.500 lugares)

O LIBERTAD ATÉ CONQUISTOU Uo

inédito tetracampeonato paraguaio, mas, ao contrário do que se esperava, acabou não sendo tão fácil assim. O Guaraní surpreendeu no segundo semestre e disputou ponto a ponto com os liberteños o título de campeão nacional. Mesmo sucumbindo no fim, a equipe encerrou a campanha em alta e, agora, sonha em chegar ao matamata da Libertadores. Alcançar esse objetivo passa, sobretudo, pela forma com que o meia-atacante Fabbro se apresentará nesta temporada. Maior destaque dos Aborígenes, o argentino se saiu tão bem no ano passado que até mesmo a sua naturalização para defender a seleção local vem sendo fortemente cogitada. Fabbro não se restringe apenas à armação de jogadas para seus companheiros, avançando mais à frente para também finalizar. Só no último Clausura, foram 18 gols marcados. A mesma eficiência é conferida na defesa, com o jovem goleiro Joel Silva e o veterano Juan Daniel Cáceres segurando as pontas. O Guaraní só se ressente da falta de um nome mais forte no ataque. Diversas alternativas foram sondadas durante a preparação do clube, porém, limitações financeiras brecaram a conclusão dos negócios. [MA]

Club Guaraní www.clubguarani.com.py g py

Defensores del Chaco (36.000 lugares)

43 m

Time T base

Time T base lib_grupo2.indd 3

9 Campeonatos Paraguaios

Estádio

860 m Sanhouse; Chacón, Bovaglio, Julio Machado e Granados; Villafraz, Leguizamón, Fioretto, Marlon Fernández e Velasco; Daniel Arismendi. Técnico Carlos Maldonado

Títulos

Deportivo Táchira

1 2 3 4 5 6 7 8 Guia da Copa Libertadores 2009

Luis Robayo/AFP

Título venezuelano credencia o Deportivo Táchira

Silva; Filippini, Joel Benítez, Juan Daniel Cáceres e Marecos; Ortiz, Sosa, Cañete e Fabbro; Julián Benítez e Palacios. Técnico Félix Darío León

9 1/23/09 6:54:36 PM


Enrique Marcarian/Reuters

FUNDADO EM 2002, o Deportivo Deporti o AnAn

zoátegui só ganhou uma vaga na primeira divisão da Venezuela, em 2007, graças ao aumento do número de clubes imposto pela federação do país. Mesmo contando com essa ajuda no regulamento, o time não fez feio em sua estreia na elite. Em 2007/08, o caçula foi o terceiro colocado na classificação geral da temporada, desbancando algumas das equipes mais populares da Venezuela, e ainda levou a Copa local. O ótimo desempenho conduziu o técnico César Farías à seleção venezuelana e deixou o clube aurirojo nas mãos de Marcos Mathias, ex-auxiliar. No entanto, a campanha no Apertura 2008 foi apenas regular e a diretoria resolveu mudar de treinador, contratando José Hernandez. Na Libertadores, o time de Puerto La Cruz – cidade em que o Brasil ficou concentrado durante a Copa América de 2007 – até tem alguma esperança de passar de fase. À parte o gigante Boca Juniors, os adversários até as oitavas de final (Deportivo Cuenca na Pré-Libertadores, Guarani e Deportivo Táchira na fase de grupos) são acessíveis, ainda que mais fortes no papel. Até porque uma equipe que tem como único jogador de destaque o atacante Rondón (exSão Paulo) sabe que chega para ser figurante. [DM]

Deportivo Anzoátegui Sport Club www.deportivoanzoategui.org p g g

1 Copa da Venezuela

Deportivo Cuenca D AINDA QUE SÓ TENHA A um título nacional no currículo, o Deportivo Cuenca possui um dos retrospectos mais constantes do futebol equatoriano nas últimas temporadas. Assim, até poderia ser considerado favorito diante do desconhecido Anzoátegui na primeira fase da Libertadores. Entretanto, problemas financeiros forçaram o clube a se desfazer de peças importantes, como o goleiro Klimowicz e o zagueiro e capitão Ayoví, e a situação mudou. O elenco que tentará chegar à fase de grupos deve ser jovem e sem muita experiência internacional. Os destaques são os recém-contratados Norberto Orrego, veterano zagueiro argentino que passou a carreira toda no futebol mexicano, e o atacante brasileiro Rodrigo Teixeira, ex-Barcelona de Guaiaquil e Junior Barranquilla. Além deles, o ponto forte da equipe é o fato de contar com a altitude de Cuenca. O técnico será o argentino Guillermo Duro, assistente de Julio Asad em 2004, quando o “Expresso Austral” conquistou seu único título nacional. Sem muito tempo para entrosar uma equipe cheia de modificações, sua missão mais difícil pode ser mesmo a fase preliminar. Afinal, se passar, poderá muito bem fazer frente a Deportivo Táchira e Guaraní do Paraguai na briga pela segunda vaga – já que a primeira dificilmente deixará de ser do Boca Juniors. [MV] Club Deportivo Cuenca www.deportivocuenca.net p

Estádio

Estádio

José Antonio Anzoátegui

Alejandro Serrano Aguillar

(40.000 lugares)

(22.102 lugares)

lib_grupo2.indd 4

Ángel Hernández; Yori, Boada, Perozo e Yegues; Duno, Di Giorgi, Jhonny González e Luis Lobo; Rondón e Panigutti. Técnico José Hernandez

1 Campeonato Equatoriano

2.560 m

Time T base

10

Time T base

64 m

Títulos

Deportivo Anzoátegui uii u

Títulos

Guia da Copa Libertadores 2009

1 2 3 4 5 6 7 8

Deportivo Cuenca é favorito no confronto contra o Anzoátegui

Morán; Moreno, Orrego, Chila e Guerron; Arévalo, Giancarlo Ramos, Matamoros e Granda; Preciado e Rodrigo Teixeira. Técnico Guillermo Duro

1/23/09 6:54:56 PM


River Plate Saída de “El Loco” Abreu é mais um dos problemas de um clube em crise

mas azarão É UMA EQUIPE DE CAMISA e tradição.

Club Atlético River Plate www.cariverplate.com.ar p

Títulos

Fora isso, não há muitas razões para apontar o River Plate entre os favoritos ao título. O ano de 2008 terminou com uma mancha na história do clube, que terminou em último lugar no Torneio Apertura, com apenas duas vitórias em 19 jogos. A surpresa é ainda maior porque o time havia terminado a temporada anterior com o título do Clausura, que lhe valeu o direito de disputar a Libertadores. O técnico Diego Simeone não resistiu à má campanha e deixou o comando da equipe. Seu sucessor, Néstor Gorosito, foi revelado pelo River como jogador e fez parte do elenco que conquistou o primeiro título continental 1 Mundial de Clubes 2 Libertadores 1 Supercopa da Libertadores 33 Campeonatos Argentinos

Estádio Monumental de Núñez (65.600 lugares)

Time T base

25 m

lib_grupo3.indd 1

Vega; Gerlo, Cabral, Quiroga e Villagra; Ponzio, Ahumada, Abelairas e Buonanotte; Falcao García e Salcedo. Técnico Néstor Gorosito

Alfredo Estrella/AFP

Grande,

do clube, em 1986. Além da identificação com a camisa, outro motivo para a contratação de Gorosito foi o bom trabalho realizado no Argentinos Juniors, que chegou às semifinais da Copa Sulamericana em 2008. Os Millionarios têm uma dívida com a torcida após a vexatória eliminação diante do San Lorenzo nas oitavas de final do ano passado. Na ocasião, o River cedeu o empate por 2 a 2 atuando contra nove jogadores. A julgar pela movimentação (ou falta dela) do clube no mercado de janeiro, o treinador terá bastante trabalho para recolocar o time nos eixos. O elenco sofreu duas baixas – o zagueiro Tuzzio foi para o Independiente e o atacante “Loco” Abreu para a Real Sociedad – e não teve reposição. Para melhorar a produção ofensiva (foram apenas 20 gols marcados no Apertura), o River espera uma melhora no rendimento dos atacantes Falcao García e Salcedo, este último com uma artilharia da Libertadores no currículo, em 2005, pelo Cerro Porteño. Outro que fechou o ano passado abaixo das expectativas foi o jovem Buonanotte, que vinha de boas atuações no primeiro semestre. Na fase de grupos, o River terá pela frente um participante tradicional do torneio, como o Nacional de Montevidéu, e um time que lhe causou surpresa no ano passado – a Universidad San Martín, que venceu os argentinos por 2 a 0 em Lima. O El Nacional é favorito para completar a chave, o que significaria um compromisso complicado na altitude. Se os Millionarios repetirem as atuações do segundo semestre de 2008, a eliminação precoce é um risco. [LB]

Guia da Copa Libertadores 2009

1 2 3 4 5 6 7 8

11 1/23/09 6:55:57 PM


Andres Stapff/Reuters

O SORTEIO DOS GRUPOS da LibertaLiberta-

dores foi bastante camarada com o Nacional. Ainda que tenha colocado o Tricolor diante do River Plate, os demais adversários são bastante acessíveis: o peruano Universidad San Martín e o vencedor do duelo de dois Nacionais, os xarás equatoriano e paraguaio. Diante desses concorrentes, o clube de Parque Central surge como segunda força e tem chances reais de chegar às oitavas de final. A ajuda da sorte é bem vinda considerando o momento de renovação pelo qual passa o Tricolor. A equipe que enfrentou Flamengo e São Paulo em 2008, com Richard Morales e Fornaroli no ataque e Cardaccio e Ligüera no meio-campo, foi desfeita. Nesta temporada, a aposta é em Sergio Blanco (ex-Shanghai Shenhua). No entanto, a figura mais importante do Nacional é Diego Arismendi, único encarregado de criar jogadas na equipe. Ainda que esteja enfraquecido, o tradicional time de Montevidéu merece alguma atenção. Mesmo com a eterna crise do futebol uruguaio, o clube passou da fase de grupos da Libertadores nos dois últimos anos. Mérito do técnico Gerardo Pelusso, que está no comando da equipe desde 2007 e sempre montou times competitivos e guerreiros como forma de compensar a falta de investimento. [UL]

Club Nacional de Football www.nacional.com.uyy

3 Mundiais 3 Libertadores 41 Campeonatos Uruguaios

Universidad San Martín ATUAL BICAMPEÃO PERUANO, o Uni Universidad San Martín parte para a sua segunda participação na Libertadores sonhando em surpreender forças como o River Plate. Para tanto, manteve praticamente toda a base que construiu uma hegemonia no futebol local nos últimos anos. As perdas mais sentidas foram as do defensor Orlando Contreras e do volante Edwin Pérez. Para seus lugares, a diretoria trouxe Christian Ramos, ex-Sporting Cristal, e Carlos Fernández, ex-Alianza Lima. As contratações mais badaladas, porém, foram para o ataque. Cercado de grande expectativa, chega do Emelec o argentino Gonzalo Ludueña. Ele atuará ao lado do colombiano Martín Arzuaga, que vai a Lima para ser a principal referência ofensiva dos Santos na competição sul-americana. Dessa forma, o treinador Víctor Rivera espera fortalecer a sua linha de frente, apostando ainda na aproximação de jogadores do meio-campo como a revelação Ronald Quinteros e o goleador José Luis Díaz, autor de 12 gols no segundo semestre. Mesmo com os títulos recentes e o bom trabalho no mercado, o San Martín deverá seguir sem o apoio dos torcedores nesta temporada. Fundado apenas em 2004, o clube ainda não conseguiu formar uma base sólida no país e sofre com as arquibancadas vazias em seus jogos em casa. [MA] Club Deportivo Universidad San Martín de Porres www.clubdeportivo.usmp.edu.pe p p p

Estádio

Estádio

Parque Central

Nacional

(20.000 lugares)

(45.000 lugares)

lib_grupo3.indd 2

Burián; Rodríguez, Victorino, Romero e Domínguez; Álvaro Fernández, Óscar Morales, Arismendi e Ángel Morales; Blanco e Medina. Técnico Gerardo Pelusso

2 Campeonatos Peruanos

154 m

Time T base

12

Time T base

43 m

Títulos

Nacional-URU

Títulos

Guia da Copa Libertadores 2009

1 2 3 4 5 6 7 8

A alegria dos jogadores contrasta com a situação financeira do Nacional

Butrón; Salas, Ramos e Muente; Hinostroza, Carlos Fernández, Quinteros e José Luis Díaz; Ludueña e Arzuaga. Técnico Victor Rivera

1/23/09 6:56:11 PM


Club Social, Cultural y Dep. El Nacional www.elnacional.ec

Títulos

QUARTO COLOCADO no último Campeonato Equatoriano, o El Nacional tentará sua sorte na Pré-Libertadores frente ao xará Nacional, do Paraguai. Caso supere os guaranis, a equipe comandada pelo argentino Jorge Célico terá o tradicional River Plate, a Universidad San Martín e outro homônimo, o Nacional uruguaio, como oponentes na fase de grupos, naquela que seria sua 22ª participação no torneio continental. A altitude de Quito é a maior aliada dos Rojos, como já foi para a seleção equatoriana durante as Eliminatórias para as Copas do Mundo de 2002 e 2006. Alguns atletas que participaram dessas campanhas, inclusive, defendem o time. São os casos do goleiro Christian Mora e do veterano meio-campista Wellington Sánchez. Algo normal na história do clube: por ser ligado ao Exército, o El Nacional não contrata estrangeiros. Para a temporada 2009 foram contratados os meias Michael Quiñonez (ex-Santos) e Jorge Ladines, além do atacante Edmundo Zura, carrasco do Brasil nos Pan-Americano de 2007. Os talentosos Fabricio Guevara, 19 anos, e Marlon de Jesús, 17, merecem atenção. Eles prometem seguir os passos de Antonio Valencia e Cristian Benítez, jovens revelados pelo clube e que hoje atuam fora do país. [GV] 13 Campeonatos Equatorianos

Nacional-PAR N UM DOS MAIS TRADICIONAIS clubes do Paraguai, o Nacional surpreendeu os gigantes Cerro Porteño e Olimpia, ficando com a terceira vaga do país na Libertadores. Será a quarta participação do clube tricolor na competição. O elenco vice-campeão do Apertura 2008 perdeu vários jogadores importantes para a competição continental: os atacantes Fábio Escobar – artilheiro do campeonato com 13 gols – e Ariel Bogado foram para o futebol argentino e mexicano respectivamente; o capitão Fabio Ramos transferiu-se para o Emelec do Equador e o meia Morinigo, assim como o lateral Juan Cardozo, rescindiram contrato. Com isso, o técnico Daniel Raschle terá de promover uma renovação profunda na equipe enquanto disputa uma vaga na fase de grupos com o El Nacional, do Equador. Outra dúvida é se a equipe poderá mandar seus jogos no pequeno estádio Arseno Erico, com capacidade para apenas 5.000 torcedores. A tendência é que os Tricolores joguem no Defensores del Chaco, já que não seriam bem-vindos no General Pablo Rojas, casa do rival Cerro Porteño. Caberá aos experientes Derlis Gómez e Espínola, veteranos de Copas do Mundo, carregar o time nas costas. [MV] Club Nacional Não tem site oficial

Estádio

Estádio

Olímpico Atahualpa

Defensores del Chaco

(40 mil lugares)

(36.000 lugares)

lib_grupo3.indd 3

Mora; Erick De Jesús, Bolívar Gómez, Caicedo e Johan Gómez; Ladines, Wellington Sánchez, Quiñónez e Pita; Ayoví e Zura. Técnico Jorge Célico

6 Campeonatos Paraguaios

43 m

Time T base

Time T base

2.850 m

Títulos

El Nacional

1 2 3 4 5 6 7 8 Guia da Copa Libertadores 2009

Stringer/Reuters

Se avançar, será a 22ª participação do El Nacional no torneio

Derlis Gómez; Enrique Meza, Espínola, Piris e Arévalos; Martínez, Inca, Ramón Cáceres e Raul Román; Arriola e Victor Aquino. Técnico Daniel Rachle

13 1/23/09 6:56:26 PM


São Paulo

14 lib_grupo4.indd 2

Jorge R. Jorge

Muricy promete o título para a torcida são-paulina

Virou obrigação São Paulo Futebol Clube www.spfc.com.br p

Títulos

Nunca o São Paulo entrou em uma edição da Libertadores com tanta cobrança pelo título 3 Mundiais Interclubes 3 Libertadores da América 6 Campeonatos Brasileiros 1 Copa Conmebol 1 Torneio Rio-São Paulo 21 Campeonatos Paulistas

Estádio Cícero Pompeu de Toledo (73.000 lugares)

792 m

Time T base

Guia da Copa Libertadores 2009

1 2 3 4 5 6 7 8

Rogério Ceni; Rodrigo, Miranda e André Dias; Zé Luís, Eduardo Costa (Arouca), Hernanes, Jorge Wagner e Hugo; Dagoberto (Borges) e Washington. Técnico Muricy Ramalho

“A LIBERTADORES ESTÁ ENGASGADA A na minha garganta. garganta Já perdi du-

as. Chega! É preciso acabar com a enganação. Para vencê-la é preciso priorizar”. A declaração de Muricy Ramalho, logo após a conquista do tricampeonato brasileiro, deixou evidente: o São Paulo não quer se dar ao luxo de perder mais uma vez a principal competição de clubes das Américas. Do roupeiro ao presidente, todos no Morumbi sabem que a prioridade do São Paulo na temporada é o quarto título da Libertadores. A torcida não vê a hora da estreia, ansiosa pelo que o time pode fazer. Os jogadores... bem, os jogadores terão que lidar com toda essa pressão. “A pressão aqui para ganhar a Libertadores sempre será grande e não pode ser diferente. Quanto mais se conquista, mais se cobra, isso é natural em qualquer esporte”, afirma Washington, atacante que no ano passado foi o principal responsável pela eliminação do são-paulina na competição. Pelo Fluminense, ele fez o gol decisivo no duelo de tricolores das quartas de final. O centroavante considera que a experiência nas Laranjeiras será útil no Morumbi. “É mesmo uma competição diferente de todas que participei. Além da técnica, temos que entrar nos jogos ligados o tempo todo. Não podemos desistir diante das adversidades que parecem

1/26/09 4:23:59 PM


1972 1974 1978 1982 1987 1992 1993 1994 2004 2005 2006 2007 2008

F S 4 8 G

2008. Por exemplo, as estrelas da equipe – e referências naturais em campo – continuam sendo o goleiro Rogério Ceni e o volante-meia Hernanes. Assim, pode-se dizer sem receio que o Tricolor conta com um elenco mais completo que na temporada passada. Muricy tem tantas opções que deve levar um tempo para achar a formação e o esquema ideais – o Campeonato Paulista pode ser de grande valia para isso. O técnico tricolor gosta de mudar bastante o jeito que o time atua, alterando a maneira como alguns atletas jogam. Caso, por exemplo, de Jorge Wágner, que pode ser lateral, ala ou meia de armação. Arouca e Zé Luis têm versatilidade semelhante. Além disso, com Washington, o ataque volta a ter uma referência mais estática na área. Com tanta força, o São Paulo é favorito destacado mesmo em uma chave mais difícil que a média. Pelo Grupo 4, enfrenta Defensor Sporting, equipe uruguaia que já deu muito trabalho a Flamengo e Grêmio recentemente, o aguerrido América de Cali e o vencedor do confronto entre Independiente Medellín e o tradicionalíssimo Peñarol. Todos adversários que já conhecem o torneio e não são sacos de pancada. De qualquer modo, um time que pensa no título como quase obrigação não pode temer a fase de grupos. [GH]

Se serve de ponto positivo, o último título são-paulino na principal competição da América do Sul, em 2005, se deu justamente diante de um compatriota, o Atlético Paranaense. De qualquer modo, é um sinal para os torcedores do atual tricampeão brasileiro ficarem de olho em Grêmio, Cruzeiro, Palmeiras e Sport.

lib_grupo4.indd 3

zagueiros

nascimento

último clube

contrato até

Rogério Ceni

22/1/1973 Sinop-MT

Jul/2010

Leonardo

22/9/1990 Portuguesa

Set/2010

Bosco

14/11/1974 Fortaleza

Dez/2009

Aislan

11/1/1988 Rio Branco-SP

Abr/2010

André Dias

15/5/1979 Goiás

Dez/2010

Renato Silva

26/7/1983 Botafogo

Dez/2012

Miranda

7/9/1984 Sochaux-FRA

Jun/2011

Rodrigo

27/8/1980 Flamengo

Jul/2009

Arouca

11/8/1986 Fluminense

Jan/2014

Bruno

15/2/1988 Vitória

Fev/2011

Eduardo Costa

23/9/1982 Grêmio

Dez/2011

Oscar Richarlyson meias

Em 2006, o clube do Morumbi passou pelo Palmeiras nas oitavas de final com um empate e uma vitória, mas tombou na decisão contra o Internacional. Caiu no Morumbi (1x2) e empatou no Beira-Rio (2x2). Em 2007, surgiu outro algoz gaúcho: o Grêmio. Pelas oitavas de final, os são-paulinos venceram por 1 a 0 em casa e perderam por 2 a 0 em Porto Alegre. Em 2008, foi a vez de o Fluminense brecar o avanço do São Paulo. Nas quartas de final, os cariocas foram derrotados no Morumbi por 1 a 0 e fizeram 3 a 1 no Maracanã.

Joílson Jean Hernanes

atacantes

Desde a criação do Campeonato Brasileiro, em 1971, jamais um clube construíra uma hegemonia como a do São Paulo entre 2006 e 2008. O clube foi tricampeão em sequência, feito inédito no País. Curiosamente, o Tricolor não conquistou nenhuma Libertadores no período por cair sempre diante de um time brasileiro.

goleiros

jogadores

DOMÍNIO NA NACIONAL?

9/9/1991 Formado no clube 27/12/1982 Santo André 7/7/1979 Botafogo

Dez/2012 Dez/2010 Jun/2010

24/6/1986 Penafiel-POR

Jun/2012

29/5/1985 Santo André

Dez /2012

Hugo

27/10/1982 Grêmio

Dez/2009

Jorge Wagner

17/11/1978 Betis-ESP

Dez/2010

Wellington

28/1/1991 Corinthians

Jan/2013

Zé Luis

23/3/1979 Tokyo Verdy-JAP

Jun/2009

Dagoberto

22/3/1983 Atlético Paranaense

Abr/2012

Borges

5/10/1980 Vegalta Sendai-JAP

Dez/2009

André Lima

3/5/1985 Hertha Berlim-ALE

Jul/2009

Roni

25/4/1991 Formado no clube

Fev/2012

Washington

1º/4/1975 Fluminense

Dez/2009

Guia da Copa Libertadores 2009

impossíveis de reverter. Contra o próprio São Paulo não desistimos e fizemos o gol da classificação no final”, lembra. O centroavante foi o principal nome do pacote de reforços que a diretoria trouxe para Muricy. Junto com ele, do Fluminense, chegaram o lateral-esquerdo Junior César e o volante Arouca. Outras duas caras novas também vieram do Rio de Janeiro: o lateral-direito Wagner Diniz, ex-Vasco, e o zagueiro Renato Silva, ex-Botafogo. A lista de contratações se completa com o volante Eduardo Costa, ex-Grêmio, e o zagueiro Rodrigo, que teve seu empréstimo renovado com o Dynamo Kiev, da Ucrânia. O trabalho no mercado ajudou a aumentar o otimismo no Morumbi. “Acho Ach que o São Paulo foi o melhor nas contratações. Se não foi o melhor, porque isso é uma opinião, está entre ent os melhores”, gaba-se o vicepresidente de futebol d do clube, Carlos Augusto Barros e Silva, o Leco. Sobre a pressão em cima do elenco e da comissão técnica, o di dirigente são-paulino desconversa. “Não encaro como pre pressão, mas como uma grande expectativa pelo nosso desempenho. d É a prioridade, mas vamos disputar o título títul em toda competição que entrarmos”, completa o dirig dirigente. Tal opinião se baseia no fato de que, além dos reforços, o clube manteve a bas base que conquistou o Brasileirão em

1 2 3 4 5 6 7 8

15 1/23/09 6:58:19 PM


Jorge R. Jorge

O AMÉRICA ESTÁ DE VOLTA A à Li-

bertadores após quatro anos e promete recuperar o tempo perdido. A equipe conquistou o Finalización 2008 com uma arrancada incrível na reta final, perdendo apenas um dos últimos dez jogos. O grande responsável foi o técnico Diego Umaña, que montou um elenco competitivo mesmo sem dinheiro à disposição (até porque o clube tem recursos bloqueados pelo governo norte-americano pelo envolvimento com o tráfico de drogas). O lado ruim é que dois grandes destaques da equipe foram negociados: o lateral-esquerdo Pablo Armero foi para o Palmeiras, enquanto Jaime Córdoba, apontado como grande promessa do futebol colombiano, transferiu-se para o Junior Barranquilla. Para o seu lugar, chegou o argentino Lucas Ponfil, oriundo das categorias de base do Boca Juniors. Pelo menos, Adrián Ramos permanece no clube. Habilidoso e rápido, o atacante foi o melhor jogador dos Diablos Rojos na temporada passada e marcou 12 gols na campanha do título. A base da defesa foi mantida e o time aposta na sequência do trabalho para avançar às oitavas. Jogando ao lado dos campeões brasileiro e uruguaio na chave teoricamente mais forte do torneio, a missão é difícil, mas parece possível. [MV]

Corporación Deportiva América www.america.com.co

1 Copa Merconorte 13 Campeonatos Colombianos

Defensor Sporting EM BUSCA DE CONFIRMAÇÃO. CONFIRMAÇÃO É des-

sa maneira que o Defensor Sporting retorna à Libertadores depois de conquistar o terceiro título uruguaio de sua história. Em 2007, a equipe já havia se saído bem na competição sulamericana, ao chegar às quartas de final eliminando o Flamengo pelo caminho. Considerado um azarão na época, o clube do Parque Rodó vem, agora, com a responsabilidade de repetir a dose. Não será uma tarefa simples. Os violetas até possuem boas chances de classificação, mas terão que fazer valer o seu mando de campo contra adversários de mais tradição no continente, como São Paulo e América de Cali. O entrosamento dos jogadores pode ser outra chave para o sucesso. A timidez demonstrada nas contratações foi compensada pela manutenção da base da última temporada. O goleiro Martín Silva e o argentino Julio Marchant seguem como as referências em campo. O técnico Jorge da Silva só não conseguiu encontrar um zagueiro experiente para substituir Andrés Lamas. Os Tuertos também fracassaram em sua tentativa de trazer um atacante de maior projeção para seu ataque. Sob desconfiança, Mauro Vila e Álvaro Navarro deverão continuar como titulares. [MA]

Defensor Sporting Club www.defensorsporting.com.uy p g y

Estádio

Estádio

Olímpico Pascual Guerrero

Luis Franzini

(45.625 lugares)

(18.000 lugares)

lib_grupo4.indd 4

Berbia; Vélez, Valdez, Tavima e González; Valencia, Ponfil, Arango e Otálvaro; Cortés e Adrián Ramos. Técnico Diego Umaña

3 Campeonatos Uruguaios

43 m

Time T base

16

Time T base

1.000 m

Títulos

América de Cali

Títulos

Guia da Copa Libertadores 2009

1 2 3 4 5 6 7 8

Pressão dos Estados Unidos sufoca o time financeiramente

Martín Silva; Pintos, Ibáñez, Risso e Sebastián Ariosa; Marchant, Rubbo, Amado e De Sousa; Vila e Navarro. Técnico Jorge da Silva

1/23/09 7:15:30 PM


GARANTIDO NA PRÉ-LIBERTADORES PRÉ LIBERTADORES

Corporación Deportiva Indep. Medellín www.dim.com.co

Títulos

após terminar 2008 como o time de melhor pontuação da temporada na Colômbia – foi vice-campeão do Torneio Finalización –, o Independiente Medellín terá um adversário complicado na briga por um lugar na fase de grupos. Para fazer companhia a São Paulo, Defensor Sporting e América de Cali no Grupo 4, o DIM precisará eliminar o tradicionalíssimo Peñarol, do Uruguai. O sonho do clube é repetir a surpreendente campanha de 2003, quando despachou o Grêmio e chegou às semifinais. Nomes como os zagueiros Felipe Baloy e Luis Amaranto Perea, os meias David Montoya e Mauricio Molina, e o atacante Tressor Moreno faziam parte daquela equipe, ainda presente na memória dos torcedores. No cauteloso 3-4-1-2 do técnico Santiago Escobar, os destaques são o experiente goleiro paraguaio Aldo Bobadilla, ex-Libertad e Boca Juniors, o volante John Javier Restrepo, campeão da Copa América de 2001 com a seleção colombiana, e o atacante Carlos Daniel Hidalgo, autor de 20 gols pelo Deportivo Pasto em 2006 e 2007. O boliviano Diego Cabrera, artilheiro do Cúcuta no ano passado, é a principal cara nova do elenco. Outra arma é a torcida, uma das mais fanáticas e barulhentas da Colômbia. [GV] 4 Campeonatos Colombianos

Peñarol P NA DEFESA DEFESA, O GOLEIRO TITULAR

da seleção argentina na Copa de 2002 (Cavallero), um zagueiro que surgiu bem no Defensor Sporting (Ithurralde) e um lateral com seis anos de Alemanha nas costas (Darío Rodríguez). No meio-campo, um jogador de armação que passou por Atlético de Madrid e seleção uruguaia (Richard Núñez) e, na frente, um centroavante que já defendeu Boca Juniors, Paris Saint-Germain e Sporting (Carlos Bueno). Na teoria, o Peñarol tem um time bastante satisfatório para quem tem orçamento tão baixo. Já na prática... O clube sofre com seu próprio tamanho. Depois de passarem duas temporadas em crise técnica, os Manyas reconstruíram o time e até conquistaram o Clausura 2008. No entanto, a falta de um grande título (perderam a final da temporada 2007/08 para o Defensor) criou uma grande pressão sobre todos. Tanto que uma derrota para o rival Nacional em um torneio amistoso provocou a saída do técnico Mario Saralegui. De volta à Libertadores, o terceiro maior campeão do torneio precisa colocar a cabeça no lugar para desenvolver seu potencial. Se fizer isso, pode passar pelo Independiente Medellín e brigar pela segunda vaga do grupo do São Paulo nas oitavas de final. Caso contrário, talvez nem chegue à fase de grupos. [UL]

Club Atlético Peñarol www.capenarol.com.uy p y

Estádio

Estádio

Atanasio Girardot

Centenario

(53.000 lugares)

(76.609 lugares)

lib_grupo4.indd 5

Bobadilla; Vanegas, Andrés Ortiz e Muriel; Cuadrado, Restrepo, Juan Esteban Ortiz, Arias e Arboleda; Hidalgo e Cabrera. Técnico Santiago Escobar

3 Mundiais 5 Libertadores 45 Campeonatos Uruguaios

43 m

Time T base

Time T base

1.500 m

Títulos

Independiente Medellín llílín íín n

1 2 3 4 5 6 7 8 Guia da Copa Libertadores 2009

Pablo Porciuncula /AFP

Torcida do Peñarol é uma das principais forças do clube

Cavallero; Píriz, Alcoba, Ithurralde e Darío Rodríguez; Mozzo, Omar Pérez, Pacheco e Richard Núñez; Bueno e Franco. Técnico Julio Ribas

17 1/23/09 6:58:43 PM


18 lib_grupo5.indd 2

Cruzeiro Miguel Rojo/AFP

Elicarlos e Wellington Paulista são duas apostas da diretoria para 2009

Crise? Sem boas ofertas por seus jogadores, Cruzeiro mantém titulares de 2008 e sonha com o terceiro título A CRISE ECONÔMICA MUNDIAL

pode ter papel fundamental para uma boa campanha do Cruzeiro na Libertadores. Tradicional vendedora de jogadores, a Raposa não recebeu propostas interessantes por seus principais nomes depois do terceiro lugar no Brasileirão de 2008, e chega à nova temporada mantendo a base da equipe. Jovens como Ramires, Guilherme e Wagner, alvos ideais para clubes

Cruzeiro Esporte Clube www.cruzeiro.com.br i b

Títulos

Que bom! 2 Libertadores 2 Supercopas da Libertadores 1 Brasileiro 4 Copas do Brasil 1 Taça Brasil 2 Copas Sul-Minas 1 Copa Centro-Oeste 34 Campeonatos Mineiros

Estádio Mineirão (76.500 lugares)

858 m

Time T base

Guia da Copa Libertadores 2009

1 2 3 4 5 6 7 8

Fábio; Jonathan (Jancarlos), Léo Fortunato, Thiago Heleno e Fernandinho; Henrique, Fabrício, Ramires e Wagner; Guilherme e Wellington Paulista (Thiago Ribeiro). Técnico Adílson Batista

1/26/09 4:24:29 PM


A história do Cruzeiro na Libertadores registra eliminações inesperadas, motivo suficiente para ficar atento mesmo para adversários sem muita projeção. Em 1994, o time que contava com Ronaldo no elenco não foi capaz de derrotar os chilenos da Unión Española em pleno Mineirão, caindo nas oitavas de final

meias

zagueiros

goleiros

jogadores Fábio

último clube

contrato até

30/9/1980 Vasco

Dez/2009 Dez/2009

Andrey

9/11/1983 Steaua Bucareste-ROM

Anderson

27/4/1980 Lyon-FRA

Jul/2009

Jancarlos

15/8/1983 São Paulo

Dez/2009

Jonathan

27/2/1986 Formado no clube

Mar/2009

Léo Fortunato

14/3/1983 Madureira

Abr/2009

Leonardo Silva

22/6/1979 Vitória

Dez/2010

Thiago Heleno

17/9/1988 Formado no clube

Nov/2009

Fernandinho

16/4/1981 Criciúma

Jun/2010

Sorín (ARG)

5/5/1976 Hamburg-ALE

Elicarlos

8/6/1985 Náutico

Fev/2012

Fabrício

5/7/1982 Jubilo Iwata-JAP

Jun/2010

Henrique

16/5/1985 Jubilo Iwata-JAP

Dez/2010

Ramires

24/3/1987 Joinville

Dez/2012

Zé Eduardo

16/8/1991 Formado no clube

Ago/2009

Gerson Magrão

13/6/1985 Ipatinga

Marquinhos Paraná

20/7/1977 Jubilo Iwata-JAP

Dez/2009

Wagner

29/1/1985 Al-Ittihad-ARS

Jun/2009

Alessandro atacantes

nascimento

com um melancólico empate por 0 a 0. Dez anos depois, jogando a competição como campeão brasileiro, o algoz celeste foi o Deportivo Cali. A Raposa, que ainda sentia os efeitos da saída de Vanderlei Luxemburgo, perdeu nos pênaltis para os colombianos diante de sua torcida.

Dez/2010

Jul/2011

2/3/1982 Albirex Niigata-JAP

Dez/2010

Guilherme

22/10/1988 Formado no clube

Jan/2012

Jael

30/10/1988 Criciúma

Dez/2009

Rômulo

25/2/1982 Beitar-ISR

Soares

16/5/1985 Grêmio

Dez/2009 Dez/2009

Thiago Ribeiro

24/2/1986 Al-Rayyan-CAT

Ago/2013

Wellington Paulista

22/4/1983 Botafogo

Dez/2011

europeus, começaram o ano vestindo azul. O técnico Adílson Batista, que superou um período de contestações da torcida, também permaneceu no cargo, o que garante a continuidade do trabalho. A trajetória na Libertadores do ano passado serviu como aprendizado para um grupo que tinha na inexperiência seu maior pecado. Durante uma campanha que se desenhava tranquila na fase de grupos, o time levou uma goleada de 5 a 1 do Real Potosí, na Bolívia, e foi jogado para cima do Boca Juniors nas oitavas de final. Nos dois jogos contra os argentinos, a falta de experiência internacional dos jogadores se fez sentir, e a eliminação com duas derrotas abreviou uma caminhada que poderia ter sido mais longa. Com a manutenção da base, a direção cruzeirense pôde se empenhar em dar

mais profundidade ao elenco. Reforços como o lateral-direito Jancarlos, ex-São Paulo, o zagueiro Leonardo Silva, ex-Vitória, e os atacantes Wellington Paulista, ex-Botafogo, e Soares, ex-Grêmio, oferecem a Adílson boas opções para rodar o elenco. Será possível dosar a utilização dos jogadores no Estadual sem comprometer a caminhada do time. O ataque, com sete opções para duas vagas, é o setor mais congestionado. A torcida ainda tem grande expectativa pela participação do argentino Juan Pablo Sorín, um dos maiores ídolos da história recente do clube. Ele parece não ter condições físicas ideais para ser titular absoluto, mas sua experiência – que tanto fez falta no ano passado – e liderança sobre o grupo são fatores que não devem ser desprezados. Os poucos jogadores que deixaram a Toca da Raposa o fizeram por falta de espaço. São os casos dos zagueiros Espinoza e Thiago Martinelli, que foram para Barcelona de Guaiaquil e Cerezo Osaka, respectivamente, do lateralesquerdo Jadílson, que agora defende o Grêmio, e do atacante Jajá, cedido ao Vitória. Adílson não deve promover alterações significativas no modo de jogar da equipe, que permaneceria com três volantes e Wagner na ligação com o ataque. Um destes volantes, no entanto, transforma-se praticamente em um quarto jogador ofensivo quando o time está com a bola. Ramires se especializou em aparecer na área adversária – como Sorín costumava fazer em sua primeira passagem pelo clube. A pré-temporada cruzeirense já teve gosto de competição. A equipe disputou um torneio amistoso no Uruguai e derrotou o rival Atlético por 4 a 2, ampliando para nove jogos sua série invicta no clássico. O entrosamento foi apontado como um fator determinante para a boa atuação, deixando na torcida um clima de otimismo para a Libertadores. O grupo do Cruzeiro não parece oferecer grandes desafios, apesar dos jogos na altitude contra Deportivo Quito e Universitario de Sucre. O time celeste é favorito a se classificar ao lado do Estudiantes, considerando que os vice-campeões da Copa Sul-Americana passem pelo Sporting Cristal. A lição deixada por 2008 leva a Raposa a pensar em acumular o máximo possível de pontos para diminuir a chance de um confronto complicado na fase seguinte. [LB]

1975 1976 1977 1994 1997 1998 2001 2004 2008

F S 4 8 G

lib_grupo5.indd 3

Quase a história se repetiu em 1997. Nas oitavas de final, o El Nacional, do Equador, só foi derrotado nas penalidades, com uma defesa salvadora de Dida. Na final daquele ano, apareceu outro oponente teoricamente fraco: o Sporting Cristal. A Raposa sofreu para vencer por um magro 1 a 0, mas pôde comemorar o título.

Guia da Copa Libertadores 2009

OLHO NAS ZEBRAS

1 2 3 4 5 6 7 8

19 1/23/09 7:19:51 PM


Guillermo Granja/Reuters

Universitario de Sucre

A CONQUISTA DA LDU QUITO na

última Libertadores fez que as atenções se voltassem ao futebol equatoriano e os times do país fossem vistos com mais respeito. É nesse cenário que o Deportivo Quito pretende entrar na Libertadores, deixando de lado o estereótipo de equipe que só joga bem na altitude e causando reais dores de cabeça. O clube volta à principal competição do continente após exatos dez anos. Para isso, apostou no modelo que levou seu rival ao posto mais alto da América do Sul: jogadores caros para os padrões locais e com experiência internacional. No caso, Edwin Tenorio, Issac Mina, Saritama e Léider Preciado. Para dar mais sustentação ao time, a diretoria ainda foi buscar reforços pontuais e um treinador experiente em competições sul-americanas, o argentino Rubén Insúa, vencedor da extinta Copa Mercosul de 2001, com o San Lorenzo. Claro que o sonho da torcida é ver os Chullas repetirem a façanha do rival e conquistarem a Libertadores. No entanto, passar de fase já seria uma surpresa em um grupo que tem o Cruzeiro e deve ter o Estudiantes. De qualquer modo, a Academia tem condições de causar dificuldades e, eventualmente, chegar às oitavas de final. Seria mais um sinal de que o Equador, de fato, merece ser olhado com carinho. [DM]

Sociedad Deportivo Quito www.deportivoquito.com p q

3 Campeonatos Equatorianos

CAMPEÃO NACIONAL PELA PRI PRIMEIRA VEZ em sua história ao conquis-

tar o Apertura em 2008, o Universitario de Sucre foi o primeiro time boliviano a garantir vaga na Libertadores deste ano. Um feito inesperado para um clube que não tem tradição nem no cenário doméstico e surpreende pelos bons resultados nas últimas duas temporadas. Ao lado de Cruzeiro, Deportivo Quito e o vencedor de Estudiantes x Sporting Cristal no Grupo 5, a equipe do técnico Eduardo Villegas tem pretensões modestas. A U de Sucre confia na altitude para superar seus oponentes no Olímpico Patria. A capital constitucional da Bolívia (La Paz é considerada sede de governo) está a 2.800 m, o suficiente para causar dificuldades para cruzeirenses e argentinos, favoritos da chave. Para não decepcionar em sua estréia, o Universitario investiu em contratações como Sillero (ex-Real Potosí), Sacha Lima (ex-Jorge Wilstermann), Mauricio Saucedo (ex-San José), os argentinos Martín Aguirre e Fernando Barrera e o uruguaio Nicolás Raimondi. No entanto, isso não significa que o time venha forte. A saída de Rivero e Robles, dois jogadores da seleção boliviana, frustrou a torcida e deixou mais dúvidas a respeito do potencial da equipe. [GV]

Club Universitario San Francisco Xavier de Chuquisaca www.laudesucre.tk

Estádio

Estádio

Olímpico Atahualpa

Olímpico Patria

(39.800 lugares)

(32.000 lugares)

lib_grupo5.indd 4

Ibarra; Corozo, Caicedo, Checa e Isaac Mina; Edwin Tenorio, Daniel Mina, Saritama e Asencio; Preciado e Mandra. Técnico Rubén Dario Insúa

1 Campeonato Boliviano

2.800 m

Time T base

20

Time T base

2.850 m

Títulos

Deportivo Quito

Títulos

Guia da Copa Libertadores 2009

1 2 3 4 5 6 7 8

Martín Mandra é a esperança de gols do Deportivo Quito

Robledo; Zabala, Aguirre, Rivero e Bejarano; Saucedo, Ribera, Gallegos e Gomes; Sillero e Raimondi. Técnico Eduardo Villegas

1/23/09 7:20:04 PM


SE A SÉTIMA COLOCAÇÃO no

Club Estudiantes de La Plata www.clubestudianteslp.com.ar p

Títulos

Apertura 2008 não coloca o Estudiantes entre os favoritos ao título, o desempenho na última Copa Sul-Americana atesta o contrário. Diante do favoritismo do Internacional, os Pinchas apresentaram um time forte na marcação e aplicado tecnicamente, e por pouco não calaram a torcida colorada no Beira-Rio. Como nas temporadas anteriores, as apostas concentram-se em Juan Sebastián Verón, principal articulador do time no meio-campo. Apesar de ter em “La Brujita” uma referência automática, o resto da equipe também conta com bons valores. Na defesa, o goleiro Andújar e o zagueiro Alayes se destacam. Os laterais apoiam bastante, ainda que Angeleri fique um pouco mais contido que Díaz. No ataque, Boselli e Salgueiro formam uma dupla eficiente. A equipe não é um primor, mas já provou que pode superar suas deficiências com uma boa dose de determinação. Até porque os adversários não assustam. Na primeira fase, o clube enfrenta o Sporting Cristal. Se passar pelos peruanos, os Pinchas devem ter problemas com o Cruzeiro, mas são superiores a Universitário de Sucre e Deportivo Quito. A partir do mata-mata, os adversários se tornam mais fortes. E a velha garra laplatense se tornará mais importante. [PT] 1 Mundial de Clubes 3 Libertadores 4 Campeonatos Argentinos

Sporting Cristal S istal QUANDO ENTRAR EM CAMPO para

enfrentar o Estudiantes por uma vaga na fase de grupos da Libertadores, o Sporting Cristal estará brigando também para deixar para trás marcas de uma virada de ano que não deixou saudades. Além de ter perdido o artilheiro uruguaio Miguel Ximénez para o Libertad, o clube celeste ainda desperdiçou a oportunidade de repatriar o veterano Nolberto Solano por causa de uma briga interna entre seus dirigentes. Sem ele, a equipe acabou não conseguindo seduzir nenhum jogador de peso. Entre os reforços trazidos para esta temporada, o destaque ficou por conta do ataque. O colombiano Héctor Hurtado, ex-Universitario, e o uruguaio Franco Aliberti, ex-Cerro, são as apostas do técnico Juan Carlos Oblitas para que o setor siga forte após a saída de Ximénez. Eles terão o apoio do experiente Roberto Palacios, que defendeu o Cruzeiro em 1997 e, nos últimos tempos, não se notabilizou pelo bom futebol. Ainda assim, a presença do ex-jogador da seleção peruana num elenco tão jovem é importante. No ano passado, os Cerveceros falharam, por diversas vezes, em momentos decisivos pela falta de maturidade de seu grupo. Esse é, inclusive, um fator que pode ser explorado pelo Cruzeiro caso os peruanos passem pelo Estudiantes. [MA]

Club Sporting Cristal www.clubsportingcristal.com p g

Estádio

Estádio

Ciudad de La Plata

Nacional

(40.000 lugares)

(45.000 lugares)

lib_grupo5.indd 5

Andújar; Angeleri, Alayes, Desábato e Díaz; Iván Moreno, Galvan, Braña, Verón e Benítez; Salgueiro e Boselli. Técnico Leonardo Astrada

15 Campeonatos Peruanos

540 m

Time T base

Time T base

9m

Títulos

Estudiantes

Guia da Copa Libertadores 2009

Guillermo Granja/Reuters

Objetivo é repetir boa campanha da Copa Sul-Americana

1 2 3 4 5 6 7 8

Carvallo; Prado, Villalta, Alejandro González, Wenceslao Fernández; Edwin Pérez, Lizarbe, Lobatón, Palacios; Hurtado e Aliberti. Técnico Juan Carlos Oblitas

21 1/23/09 7:20:14 PM


Juan Barreto/AFP

Chivas Guadalajara

APÓS SURPREENDER EM 2007, quan-

do fez a melhor campanha de sua história e foi até as oitavas de final, o Caracas teve uma participação inofensiva no ano seguinte e frustrou seus torcedores. Em 2009, El Rojo tem novamente um grupo duro pela frente e precisará, como quando bateu o River Plate duas vezes há dois anos, dar uma grande demonstração de força. Afinal, o Chivas Guadalajara está entre os mais fortes do continente e Everton e Lanús têm um bom potencial técnico. Entendendo as necessidades do treinador Noel Sanvicente, há mais de seis anos no cargo, a direção do Caracas foi em busca de nomes experientes. Assim, trouxe Renny Vega para o gol e Rey e Gabriel Cichero para o miolo de zaga, os três integrantes da seleção venezuelana. Além disso, chegou o mexicano Gerardo Torres para o meio-campo. Isso até representa uma melhora em relação ao time que perdeu o título nacional de 2007/08 para o Deportivo Táchira, mas é inegável que até os clubes venezuelanos já sentem o efeito do êxodo de seus jogadores. Por isso, o mais factível é esperar uma campanha digna e alguns pontos inesperados. A classificação soa como improvável, mesmo para o clube que deixou River Plate e LDU Quito para trás há apenas dois anos. [DM]

Caracas Fútbol Club www.caracasfutbolclub.com

9 Campeonatos Venezuelanos

O ANO DE 2008 NÃO FOI DOS MELHORES para o Chivas. O time teve um pri-

meiro semestre regular – manchado por uma eliminação precoce na Libertadores – e, no segundo, perdeu alguns jogadores importantes, como o goleiro Michel (contundido durante todo o segundo semestre) e o atacante Omar Bravo e ficou sem rumo. Para mudar o roteiro, o clube de Guadalajara decidiu investir. Antes mesmo do final de 2008, a diretoria já havia assegurado a chegada de Sergio Amaury Ponce (ex-Toluca, melhor lateral-direito do Apertura) e do rápido atacante Carlos Ochoa. Com o retorno de Michel ao gol, a equipe já tinha mais segurança defensiva e opções no ataque para a disputa da Interliga. Não foi surpreendente que o Rebaño conquistou o torneio e uma vaga na fase de grupos da Libertadores. Logo após o título, o Chiverío ganhou outro reforço: Jared Borgetti. O centroavante, razoavelmente conhecido no Brasil por ter feito muitos gols na Seleção, foi tirado do Monterrey para acabar com a falta de um homem de referência na frente. Considerando que o elenco manteve jogadores úteis como Ramón Morales, Mejía e Araujo, é possível pensar em ir longe na Libertadores. Não é um time tão forte quanto os de 2005 e 2006, ambos semifinalistas, mas pode fazer mais que o de 2008. [MS]

Club Deportivo Guadalajara www.chivasdecorazon.com.mx

Estádio

Estádio

Olímpico de la Universidad Central de Venezuela

Jalisco

lib_grupo6.indd 2

1 Copa dos Campeões da Concacaf 11 Campeonatos Mexicanos 2 Copas do México

(60.000 lugares)

(30.000 lugares)

Vega; Bustamante, Rey, Gabriel Cichero e Farías; Castellín, Escobar, Gerardo Torres e Lucena; Jiménez (Prieto) e Gómez. Técnico Noel Sanvicente

1.600 m

Time T base

Time T base

900 m

22

Títulos

Caracas

Títulos

Guia da Copa Libertadores 2009

1 2 3 4 5 6 7 8

Venezuelanos estão, cada vez mais, ligados ao futebol

Míchel; Ponce, Luna, Reynoso e Mejía; Solís, Baez, Araújo e Ramón Morales; Borgetti e Carlos Ochoa. Técnico Efraín Flores

1/23/09 7:46:29 PM


Lanús

COM UMA PITADA DE SURPRESA

Corporación Deportiva Everton de Viña del Mar www.clubeverton.cl

Títulos

e se aproveitando da hesitação dos rivais, o Everton surpreendeu ao conquistar o Apertura 2008 do Chile mesmo sem um elenco dos mais fortes no papel. Esse triunfo teve um personagem bem claro: o técnico Nelson Acosta. Após a saída da seleção chilena, o treinador uruguaio voltou ao clube com o qual é mais identificado e conseguiu arrancar o máximo de cada jogador, até conquistar o título com uma vitória por 4 a 1 sobre o Colo-Colo na decisão. Apesar do sucesso no primeiro semestre do ano passado, o desempenho dos Ruleteros caiu no Clausura e o time não chegou ao mata-mata. A queda de produção deu argumentos para que Acosta exigisse a contratação de reforços experientes para a segunda Libertadores da história do Everton. Oito nomes se incorporaram para trazer mais qualidade ao elenco, casos de César Taborda (ex-Estudiantes), Diego Figueredo (ex-Cerro Porteño) e Roberto Gutiérrez (ex-Tecos). Sem experiência e com várias caras novas, Acosta precisará utilizar toda sua competência para avançar em uma chave recheada de equipes de bom nível. Se contar com os gols do argentino Ezequiel Miralles, principal nome no título chileno, o Everton estará mais perto de seu objetivo. [DM] 4 Campeonatos Chilenos 1 Copa do Chile

DEPOIS DE MONTAR o jovem time

que surpreendeu a Argentina ao conquistar o Apertura 2007, a torcida Granate encheu-se de otimismo com a disputa da primeira Libertadores da história do Lanús, em 2008. O desempenho, porém, ficou aquém do esperado. O time sentiu o peso de uma competição tão importante e caiu para o Atlas nas oitavas de final. Com a base mantida para este ano, a equipe ganha nova chance de jogar a Libertadores. Sob o comando de Luis Zubeldía, o time mostrou desempenho razoável no Apertura 2008 e, apesar de terminar na quarta posição, lutou pelo título até a última rodada. Formado nas categorias de base, Valeri é quem mais se destaca do grupo. Autêntico meia direita, tem bom passe e sabe cadenciar o jogo. O centroavante Sand, outro remanescente do título de 2007, também vive boa fase. Ao lado dos veteranos zagueiros Velázquez e Graieb, ele deve contribuir para minimizar a falta de experiência do grupo. As chances de pelo menos igualar o desempenho do ano passado, quando foi eliminado nas oitavas de final depois de classificar-se em segundo, são grandes, já que só o Chivas Guadalajara é adversário para meter medo no Lanús na fase de grupos. [PT]

Clube Atlético Lanús www.clublanus.com

Estádio

Estádio

Sausalito

Néstor Díaz Pérez

(25.000 lugares)

(46.600 lugares)

lib_grupo6.indd 3

Taborda; Ruiz, Oviedo, Rojas e Rodrigo Ramírez; Saavedra, Freitas, Delgado e Figueredo; Miralles e Penco (Vidangossy). Técnico Nelson Acosta

1 Copa Conmebol 1 Campeonato Argentino

5m

Time T base

Time T base

176 m

Títulos

Everton

1 2 3 4 5 6 7 8 Guia da Copa Libertadores 2009

Daniel Garcia/AFP

Entrosamento é um dos pontos fortes do Lanús

Bossio, Graieb, Hoyos, Faccioli e Velázquez; Pelletieri, Diego González, Blanco e Valeri; Biglieri e Sand. Técnico Luis Zubeldía

23 1/23/09 7:46:41 PM


Grêmio

Dúvidas persistem

24 lib_grupo7.indd 2

F S 4 8 G

Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense www.gremio.net g

Títulos

maior parte do Campeonato Brasileiro e, a algumas rodadas do final, estar em segundo e os críticos acharem que ela não termina entre os quatro primeiros? Mais: pode este time ter mantido sua base, feito algumas contratações, seguir como azarão e ter seu técnico sob desconfiança eterna? Pode, pois esse é o Grêmio em 2009. Mesmo com o vice-campeonato brasileiro, os gremistas convivem com descrédito por não ter um time montado com muito dinheiro, tampouco contar com um treinador de “grife”. Afinal, o bom trabalho no ano passado não mudou o fato de Celso Roth ser alvo preferencial de críticas por qualquer motivo que seja. Se serve de atenuante, o Tricolor tem consciência dessa realidade e já se prepara para as cobranças. “Acho que as críticas vão continuar, futebol é assim. Mesmo ganhando os jogos em uma competição equilibrada, quando acontece o primeiro resultado negativo a crítica logo aparece. Esse é o nosso meio”, comenta Roth. E, para um clube de tradição internacional como o Grêmio, chegar à Libertadores é pensar em título. “Não tem outra saída”. Para facilitar a vida gremista, a primeira fase não deve ser muito complicada. No Grupo 7, diante de Aurora, da Bolívia, e Boyacá Chicó, da Colômbia, o maior empecilho deve ser somente a altitude. A boliviana Cochabamba e a colombiana Bogotá não chegam a causar o 1982 1983 1984 1990 1995 1996 1997 1998 2002 2003 2007

Guia da Copa Libertadores 2009

PODE UMA EQUIPE LIDERAR a

Roberto Vinícius/Futura Press

Grêmio liderou praticamente todo o Brasileirão de 2008 sob desconfiança dos críticos. Neste ano, o cenário é o mesmo

1 Mundial Interclubes 2 Libertadores 2 Campeonatos Brasileiros 4 Copas do Brasil 1 Copa Sul 35 Campeonatos Gaúchos

Estádio Olímpico Monumental (51.000 lugares)

10 m

Time T base

1 2 3 4 5 6 7 8

Victor; Ruy, Léo, Réver e Jadílson (Fábio Santos); Willian Magrão, Souza, Douglas Costa e Tcheco; Perea e Alex Mineiro. Técnico Celso Roth

desconforto de La Paz, mas certamente causarão problemas para os brasileiros. De qualquer modo, o nível técnico dos adversários é bem baixo. O único concorrente de mais força deve vir da Pré-Libertadores, do vencedor do confronto entre Pachuca (outro eventual confronto na altitude) e Universidad de Chile. O elenco tricolor é basicamente o mesmo de 2008. A maior baixa foi o atacante Marcel, prontamente substituído pelo artilheiro Alex Mineiro. A defesa mantém o ótimo goleiro Victor, eleito um dos melhores do Brasileirão, e os eficientes zagueiros Léo e Réver. Nas laterais, duas

1/23/09 7:47:49 PM


último clube

contrato até

Victor

21/1/1983 Paulista de Jundiaí

Nov/2013

Marcelo Grohe

13/1/1987 Formado no clube

Mar/2010

Matheus

27/7/1986 Figueirense

Dez/2010

Fabio Ferreira

4/10/1984 Corinthians

Dez/2009

Heverton

14/1/1988 Formado no clube

zagueiros

Rever

30/1/1988 Formado no clube

Abr/2011

21/9/1983 Goiás

Dez/2010

Thiego

22/7/1986 Formado no clube

Dez/2010

Fábio Santos

16/9/1985 Santos

Dez/2010

Jadílson

4/12/1977 Cruzeiro

Dez/2009

Ruy

11/4/1978 Náutico

Dez/2009

Douglas Costa

14/9/1990 Formado no clube

Fev/2013

4/1/1988 Formado no clube

Dez/2009

meias atacantes

Orteman (URU) Diogo

De qualquer modo, o retrospecto do Grêmio em jogos na altitude pela Libertadores não é dos piores: três vitórias e três derrotas, 50% de aproveitamento. O lado negativo é que as três derrotas vieram nas três últimas partidas. Data 25/mar/1983 17/mar/1995 13/mar/1998 3/abr/2002 20/mar/2003 10/abr/2003

lib_grupo7.indd 3

Partida Bolívar 1x2 Grêmio El Nacional 1x2 Grêmio América 1x2 Grêmio Cienciano 2x1 Grêmio Pumas 1x0 Grêmio Bolívar 1x0 Grêmio

Cidade La Paz Quito Cid. México Cuzco Cid. México La Paz

Altitude 3.600 m 2.850 m 2.200 m 3.400 m 2.200 m 3.600 m

4/2/1979 Paris Saint-Germain-FRA 29/9/1978 Racing Santander-ESP 20/10/1986 Figueirense

Jul/2009 Jul/2010 Dez/2009

Tcheco

11/4/1976 Santos

Dez/2009

Willian Magrão

11/2/1987 Formado no clube

Dez/2011

Adilson

16/1/1987 Formado no clube

Jan/2010

Alex Mineiro

15/3/1975 Palmeiras

Dez/2009

8/6/1980 Botafogo

Mai/2009

Reinaldo Perea (COL)

20/4/1984 Bordeaux-FRA

Jan/2010

Roberson

29/6/1989 Camboriuense

Dez/2012

Jonas

Ciente disso, o departamento médico tricolor buscou alternativas para superar os problemas causados pela altitude. “Se cientificamente ficar comprovado que o Viagra melhora o rendimento na altitude, poderemos oferecer aos jogadores”, afirmou o médico do clube Alarico Endres. Teoricamente, a medicação ajuda na oxigenação do sangue.

Dez/2009 Nov/2013

Rafael Marques

Souza

O Grêmio é o clube brasileiro que deve enfrentar mais problemas com a altitude na fase de grupos da Libertadores 2009. Ainda que não tenham viagem marcada para La Paz ou Oruro, os gaúchos ficaram na mesma chave de Aurora e Boyacá Chicó, dois times que mandam jogos a mais de 2.500 m de altitude. Além disso, podem ainda pegar o Pachuca, outra equipe que tem sede nas alturas.

4/1/1985 Paulista

Léo

Julio César

PERIGO NAS ALTURAS

nascimento

1/4/1984 Portuguesa

1 2 3 4 5 6 7 8

Dez/2010

novidades: Ruy e Jadílson, que deixam o time um pouco mais ofensivo. No meio, a saída de Rafael Carioca, negociado com o Spartak Moscou, pode ser mais sentida, já que não houve um substituto com a mesma capacidade de marcação e passe. O setor deve ganhar, porém, com o talento do jovem Douglas Costa, que entra em seu segundo ano como profissional com status de craque. Na armação, ele terá ao seu lado o experiente Tcheco, maestro da equipe no vice-campeonato nacional. Para honrar a tradição de apostar em atletas estrangeiros, a diretoria manteve os uruguaios Richard Morales e Sergio Orteman e o colombiano Edixon Perea. A experiência internacional pode ajudar o trio a se firmar, pois, em 2008, apenas Perea teve bom desempenho. A continuidade do elenco deixou Roth otimista. “Mantivemos um grupo, algo que o Grêmio não conseguia fazer há muito tempo. Mas ainda não estamos satisfeitos, precisamos de mais algumas peças. Claro que temos problemas financeiros, não temos parceiros como nossos adversários, mas tentamos nos reforçar como pudemos”, afirma o treinador, já deixando margem para contratações de última hora. Ainda que o elenco não ajude, o Grêmio imagina contar com sua torcida. Em 2007, o barulho vindo das arquibancadas nos jogos no Olímpico foram fundamentais para levar uma equipe limitada tecnicamente à decisão, deixando São Paulo e Santos pelo caminho. O mesmo clima de “caldeirão” foi visto no Brasileirão de 2008, o que deixa uma boa perspectiva para a Libertadores deste ano. Assim, com uma equipe entrosada e disciplinada taticamente – ainda que limitada tecnicamente – e uma torcida cantando e a empurrando, o Grêmio espera voltar a fazer uma boa campanha. A desconfiança continua forte, mas os tricolores dizem já estarem se acostumando a ela. [GH]

Guia da Copa Libertadores 2009

jogadores goleiros

Entre o pessimismo e a euforia, a torcida gremista deposita suas esperanças na Libertadores

25 1/27/09 5:38:14 PM


Inaldo Perez/AFP

Boyacá Chicó

NAQUELA QUE SERÁ Á sua segunda parti-

cipação na Libertadores, o Aurora buscará repetir em nível continental o desempenho do semestre passado, quando conquistou o Campeonato Boliviano pela primeira vez. O título do Clausura, aliás, surpreendeu a todos – no Apertura, o time chegou a estar ameaçado de rebaixamento –, confirmando o recente domínio dos clubes pequenos no país. Comandados pelo ex-meia da seleção boliviana, Julio César Baldivieso, os alvicelestes podem ser considerados os azarões do Grupo 7. Diante de Grêmio, Boyacá Chicó e o vencedor de Pachuca x Universidad de Chile, eles terão a altitude de Cochabamba (2.560 m acima do nível do mar) como ponto forte. Aliás, os Andes devem ser os principais adversários do tricolor gaúcho quando ambos se enfrentarem no estádio Félix Capriles. Dentro das quatro linhas, as esperanças de Baldivieso residem no atacante colombiano Cristian López, mais badalado reforço da temporada, e em dois argentinos: o goleiro Silvio Dulcich e o meia Federico Bongioanni. Também chegaram Limbert Méndez, Marcos Pereira, Jaime Cardozo e Derlis Paredes. A grande perda em relação à equipe campeã do Clausura é o paraguaio Aquilino Villalba, que acertou sua ida para o Bolívar. [GV]

Club Aurora www.clubaurora.com.bo

2 Campeonatos Bolivianos

DEPOIS DE SER ELIMINADO pelo Audax Italiano na Pré-Libertadores em 2008, o Boyacá Chicó poderá estrear de vez na fase de grupos neste ano. Tudo graças ao título inédito do Torneio Apertura colombiano, conquistado de forma surpreendente na primeira metade de 2008. Uma façanha histórica para um clube fundado há sete anos e (pouco) conhecido no Brasil por ter revelado o atacante Rentería, ex-Internacional. Para fazer frente aos oponentes da chave – Aurora, Grêmio e Pachuca ou Universidad de Chile –, os pupilos do técnico Alberto Gamero esperam poder mandar seus jogos no La Independencia. Com apenas 8,5 mil lugares, o estádio passa por reformas para abrigar 18 mil torcedores, conforme o exigido pela Fifa. A montanha seria importante para compensar os problemas em campo. Atrasos salariais fizeram que vários jogadores deixassem o clube nos últimos meses. Em contrapartida, foram contratados 16 reforços, a maioria deles de baixo nível técnico. O goleiro Edison “Prono” Velásquez, o lateral-direito Pedro Pino, o volante Juan Alejandro Mahecha e o goleador argentino Miguel Eduardo Caneo, recuperado de lesão, são alguns dos remanescentes da campanha vitoriosa no Apertura. [GV] Boyacá Chicó Fútbol Club www.chicofc.com

Estádio

Estádio

Félix Capriles

El Campín

(35 mil pessoas)

(48.600 lugares)

lib_grupo7.indd 4

Dulcich; Huayhuata, Leonforte, Zenteno e Méndez; Cardozo, Zenteno, Hurtado e Bongioanni; Paredes e López. Técnico Julio César Baldivieso

1 Campeonato Colombiano

2.800 m

Time T base

26

Time T base

2.560 m

Títulos

Aurora

Títulos

Guia da Copa Libertadores 2009

1 2 3 4 5 6 7 8

Caneo (esq.), comemora o gol do título colombiano

Velásquez; Pino, Galicia, Mario García e Madera; Leonardo López, Mahecha, Móvil e Tapia; Caneo e Núñez. Técnico Alberto Gamero

1/23/09 7:48:15 PM


Universidad de Chile U

O PACHUCA CHEGA DE ESPÍRITO RENOVADO para 2009. Depois do fracasso

Pachuca Club de Fútbol www.tuzos.com.mx

Títulos

no Apertura mexicano e no Mundial, o clube mais antigo do México resolveu renovar. Ainda que o técnico Enrique Meza tenha sido mantido no cargo, a base da equipe tem mudanças que indicam um novo sistema de jogo. Desde 2006, o Pachuca se tornou um dos clubes mais vitoriosos das Américas com um futebol bastante cadenciado e toques de bola pacientes em busca de espaço na defesa adversária. No entanto, parece que não há mais tantos jogadores para imporem essa estratégia. Os dois principais reforços de janeiro foram Blas Pérez e Edgar Benítez, atacantes rápidos e oportunistas. O argentino Christian Giménez, melhor jogador da equipe, deve deixar o ataque para voltar ao meio-campo, onde fará dupla com Damián Alvarez. Esse quarteto, bastante perigoso, sugere um estilo mais incisivo e veloz. O problema é manter o time balanceado, pois o único defensor de confiança é o goleiro colombiano Calero, que fará 38 anos em abril. Com essa equipe, é possível passar por Universidad de Chile (Pré-Libertadores), Aurora e Boyacá Chicó (fase de grupos) e ainda dar trabalho ao Grêmio. No entanto, talvez seja pouco para suportar o ritmo dos mata-mata. [MS] 3 Copa dos Campeões da Concacaf 1 Copa Sul-Americana 5 Campeonatos Mexicanos

A UNIVERSIDAD DE CHILE VOLTA Aà Libertadores longe de seu melhor momento. O clube ainda se recupera de uma crise financeira que quase o levou à falência. Além disso, os azuis tiveram azar no sorteio: caíram na mesma chave do Pachuca na Pré-Libertadores. Para chegar à fase de grupos da competição SulAmericana, La U contratou o experiente técnico Sergio Markarián. O ex-treinador da seleção paraguaia terá de trabalhar bastante para dar mais segurança à defesa, sua especialidade. Em 2008, o setor foi um dos mais criticados do time e não recebeu nenhum reforço para este ano. Assim, os experientes Miguel Pinto e Rafael Olarra têm, mais uma vez, de carregar o piano. No ataque, o panorama não é menos preocupante. Com a aposentadoria de Marcelo Salas e a saída do argentino Raúl Estévez, faltam nomes de peso no elenco. O principal destaque do time está no meio-campo, onde joga Walter Montillo, jogador emprestado pelo San Lorenzo que se destacou em Santiago na temporada passada. Para complicar ainda mais a situação da U de Chile, as reformas do Estádio Nacional obrigarão a equipe a jogar no estádio Santa Laura até março. Sobra um cenário desolador a um dos clubes de maior torcida do Chile. [MA] Club de Fútbol Universidad de Chile www.udechile.cl

Estádio

Estádio

Hidalgo

Santa Laura

(30.000 lugares)

(22.000 lugares)

lib_grupo7.indd 5

Calero; Aguilar, Muñoz, Leobardo López e Ivan Pérez; Correa, Torres, Giménez e Damián Álvarez; Blas Pérez e Benítez. Técnico Enrique Meza

12 Campeonatos Chilenos 3 Copas do Chile

540 m

Time T base

Time T base

2.400 m

Títulos

Pachuca

Guia da Copa Libertadores 2009

Divulgação

A Universidad de Chile, com seu patrocinador mexicano, encara o Pachuca

1 2 3 4 5 6 7 8

Pinto; Contreras, González, Olarra e Rojas; Estrada, Iturra, Montillo e Hernández; Notario e Olivera. Técnico Sergio Markarián

27 1/23/09 7:48:48 PM


Jorge Adorno/Reuters

Maciel e Marín tentarão recuperar as boas campanhas do Libertad

San Lorenzo

O LIBERTAD NÃO TEM A FORÇA

de 2006, quando foi semifinalista da Libertadores. No entanto, dificilmente repetirá o vexame do ano passado, quando terminou na lanterna da chave. Os Repolleros são, de longe, o melhor time paraguaio dos últimos anos – são tetracampeões nacionais – e isso só foi conquistado com uma equipe tecnicamente boa e com recursos. O clube de Assunção tem um trio ofensivo interessante, com Samudio e Maciel se movimentando bastante e abrindo espaços para o rodado colombiano Marín chutar de fora da área ou aparecer como elemento surpresa. Robles e Cáceres são volantes experientes e a zaga tem o comando do veterano Sarabia. Essa base serve de segurança contra uma campanha muito fraca, mas talvez não seja suficiente para passar da fase de grupos. Afinal, o Libertad se enfraqueceu no último ano. A ausência do zagueiro e capitão Benítez será sentida e as saídas de González e Bava deixaram o gol liberteño com Centurión, ainda inexperiente (tem 22 anos) e baixo (1,83 m). Assim, San Lorenzo ou San Luis são os favoritos a ficarem com as vagas do grupo nas oitavas-de-final. Os paraguaios aparecem como terceira via, ainda que uma eventual classificação alvinegra não seja uma enorme surpresa. [MV]

Club Libertad www.clublibertad.com.py py

10 Campeonatos Paraguaios

O SAN LORENZO CHEGOU A 2008

pensando em muitas glórias. Reforçou o time para conquistar a Libertadores no ano de seu centenário, mas caiu nas quartas de final diante da LDU Quito. Para 2009, o desafio do Miguel Ángel Russo continua o mesmo: dar um título internacional ao clube. O técnico tem um time com movimentação e compactação da defesa como pontos fortes. Os responsáveis por isso são os experientes Méndez e González, que, ao lado de Aguirre e Aureliano Torres, compõem uma retaguarda segura. Atrás do quarteto está o bom goleiro Orión. Individualmente, o meio-campo é o setor mais bem servido. Rivero é responsável pela marcação no flanco direito, enquanto Barrientos arma as jogadas pelo outro lado. Manuel Torres e Ledesma jogam no meio. Tudo para servir Bergessio e o trombador Silvera, que colocou Romeo no banco. Se mantiver o bom futebol do Apertura 2008, o San Lorenzo tem condições de passar pelo Grupo 8 da Libertadores sem muitos problemas. O San Luis até aparece como fantasma, mas o Libertad não inspira mais tanto temor e o Universitário surge como coadjuvante. Os obstáculos de verdade devem vir a partir do mata-mata. [PT]

Club Atlético San Lorenzo de Almagro www.sanlorenzo.com.ar

Estádio

Estádio

Defensores del Chaco

Nuevo Gasómetro

(36.000 lugares)

(43.500 lugares)

lib_grupo8.indd 2

Centurión; Lorgio Álvarez, Sarabia, Román e Vera; Cáceres, Robles, Aquino e Marín; Samudio e Maciel. Técnico Javier Torrente

1 Copa Sul-Americana 1 Copa Mercosul 10 Campeonatos Argentinos

25 m

Time T base

28

Time T base

43 m

Títulos

Libertad

Títulos

Guia da Copa Libertadores 2009

1 2 3 4 5 6 7 8

Orión; Adrián González, Aguirre, Méndez (Arce) e Aureliano Torres; Rivero, Manuel Torres, Ledesma e Barrientos; Silvera (Romeo) e Bergessio. Técnico Miguel Ángel Russo

1/23/09 7:51:24 PM


Universitario

San Luis Fútbol Club www.sanluisfutbol.com.mx

Títulos

O QUE FOI A SALVAÇÃO pode ser a desgraça do San Luis. Com a venda de suas ações para a Televisa, maior grupo de comunicação do México, os potosinos receberam grandes investimentos e se tornaram um dos mais fortes do país em 2008. No entanto, a mesma empresa é dona de América e Necaxa, este último com risco de rebaixamento. Solução dos dirigentes: desfalcar os Gladiadores para evitar que os Hidrorrayos caiam (mexer no América seria muito impopular). Assim, o San Luis que disputa a Libertadores é uma incógnita. O time foi obrigado a ceder o artilheiro Piríz, o capitão Coudet, o zagueiro titular Cervantes e o técnico Raúl Arias para o Necaxa. Para cobrir o rombo, chegaram jogadores que ainda não se consolidaram, como o meia uruguaio Arévalo Rios e o atacante Diego Álvarez. O técnico é o argentino Américo Scatolaro, ex-auxiliar de Arias e cuja principal experiência como treinador foi no Correcaminos, da Segundona mexicana. O cenário só não é mais desolador porque o bom meia Luna e o inteligente atacante Tressor Moreno, da seleção colombiana, ficaram. Em um grupo com San Lorenzo, Libertad e Universitario, é bem possível o San Luis passar de fase. Mas não se pode esperar muito mais da equipe. [MS] Nenhum

MAIOR CAMPEÃO PERUANO e

considerado o clube de maior torcida do país, o Universitario de Lima garantiu vaga na 26ª Libertadores de sua história ao conquistar o Apertura, no ano passado. É a chance de recuperar um pouco a grandeza (os Cremas foram vice-campeões continentais em 1972) de um clube que sofre pela instabilidade e pelo excesso de cobrança típico de equipes muito populares. Para surpreender San Lorenzo, Libertad e San Luís, o técnico Juan Reynoso aposta na força da torcida e, principalmente, na experiência de Nolberto Solano. O meia, de 34 anos, estava no Larissa, da Grécia, e retorna ao país após dez temporadas no futebol inglês. Na Terra da Rainha, Solano defendeu as cores de Newcastle, Aston Villa e West Ham. Outros destaques do time são o goleiro Raúl Fernández, o zagueiro John Galliquio, ex-Dinamo Bucareste, e o meio-campista Rainer Torres, que já chegou a ser especulado no Fluminense. Na falta de um acerto com o atacante brasileiro Ronaille Calheira, do Sport Ancash, as esperanças ofensivas ficarão por conta de Piero Alva – de volta ao clube após passagens pelo futebol grego e Cienciano – e do argentino Juan Manuel Perillo. [GV]

Club Universitario de Deportes www.universitario.com.pe p

Estádio

Estádio

Alfonso Lastras Ramírez

Monumental

(35.000 lugares)

(80.000 lugares)

lib_grupo8.indd 3

Adrián Martínez; Mascorro, Orozco, Alfredo González e Olmedo; Ignácio Torres, Arévalo Ríos, Luna, Salinas; Tressor Moreno, Diego Álvarez. Técnico Américo Scatolaro

24 Campeonatos Peruanos

133 m

Time T base

Time T base

1.860 m

Títulos

San Luis

Guia da Copa Libertadores 2009

Mexsport

Crise no “irmão” provocou desmanche nos Gladiadores

1 2 3 4 5 6 7 8

Raúl Fernández; Revoredo, Galván, Galliquio e Villamarín; Miguel Torres, Rainer Torres, Solano e Vásquez; Alva e Perillo. Técnico Juan Reynoso

29 1/26/09 4:25:40 PM


30 lib_tabela.indd 2

x

3/3 _________

x

4/3 Sport

x

_________ Sport Colo Colo LDU Quito

Boca Juniors

10/2 Guaraní

x

17/2 Boca Juniors

x

24/2 _________

x

4/3 Táchira

x

x

12/2 River Plate

x

18/2 _________

x

5/3 San Martín

x

Táchira _________ Guaraní Boca Juniors

San Martín _________ Nacional River Plate

América de Cali

10/2 Defensor

x

18/2 São Paulo

x

24/2 _________

x

5/3 América

x

América _________ Defensor São Paulo

jogo 5

jogo 4

jogo 3

jogo 2

jogo 1

Pré-Libertadores 28/1

x x

3/2

Peñarol

29/1

x x

4/2

Estudiantes

27/1

x

El Nacional

x 5/2

NacionalPAR

29/1

x

Dep. Anzoátegui

x 3/2

Dep. Cuenca

29/1

x

Palmeiras

x 4/2

Real Potosí

28/1

x

Univ. Chile

x x

9/4 LDU Quito

x

15/4 _________

x

11/3 Táchira

x

18/3 Guaraní

x

19/3 _________

x

9/4 Boca Juniors

x

x 4/2

Pachuca

21/4 _________

x

22/4 Sport

x

29/4 Colo Colo

x

29/4 LDU Quito

x

_________ Boca Juniors Táchira Guaraní

x

19/3 Nacional

x

7/4 _________

x

7/4 River Plate

x

Defensor Sp.

_________ River Plate San Martín Nacional

16/4 Táchira

x

22/4 _________

x

30/4 Guaraní

x

30/4 Boca Juniors

x

10/3 América

x x

18/3 Defensor

x x

_________ América São Paulo Defensor

Guaraní Boca Juniors _________ Táchira

vencedor jogo 3

21/4 San Martín

x

23/4 _________

x

30/4 Nacional

x

30/4 River Plate

x

São Paulo

17/3 _________

LDU Quito Colo Colo _________ Sport

vencedor jogo 4

Univ. San Martín

12/3 San Martín

9/4 São Paulo

LDU Quito _________ Colo Colo Sport

Guaraní

River Plate

12/2 Nacional

Sporting Cristal

8/4 Sport

Dep. Táchira

Nacional

Indep. Medellín

12/3 Colo Colo

grupo 1

x

18/2 Colo Colo

vencedor jogo 5

grupo 2

17/2 LDU Quito

Sport

Nacional River Plate _________ San Martín

grupo 3

LDU Quito

vencedor jogo 1

15/4 _________

x

16/4 América

x

22/4 Defensor

x

22/4 São Paulo

x

São Paulo Defensor _________ América

grupo 4

Colo-Colo

jogo 6

Guia da Copa Libertadores 2009

1 2 3 4 5 6 7 8

Regulamento A Copa Santander Libertadores da América 2009 é disputada por 38 equipes. Doze clubes disputam a primeira fase em jogos eliminatórios. Os vencedores se juntam aos pré-classificados e os 32 formam as oito chaves de quatro clubes cada da segunda fase. Os dois primeiros colocados de cada grupo se classificam para as oitavas de final. Caso haja empate em pontos, os critérios de desempate são: a) saldo de gols; b) gols pró; c) gols pró como visitante; e d) sorteio. Para definir os confrontos da terceira fase, é feito um ranking apenas com os primeiros colocados (equipes 1 a 8) e outro com os segundos (equipes 9 a 16). O

time 1 enfrenta o 16, o 2 pega o 15 e assim por diante. A partir daí, há duelos eliminatórios em que se classificam os times de acordo com: a) pontos; b) saldo de gols; c) gols fora de casa; d) disputa de pênaltis. Isso só muda na decisão, em que, se houver igualdade no saldo de gols ao final do segundo jogo (gols fora de casa não são considerados), será disputada prorrogação de 30 minutos. Persistindo o empate, a decisão será nos pênaltis. Caso dois times de um mesmo país cheguem entre os quatro primeiros, eles obrigatoriamente se enfrentarão nas semifinais. Se um finalista for mexicano, jogará a primeira partida da decisão em casa.

1/23/09 7:18:41 PM


12/2 Univ. Sucre

x

19/2 Cruzeiro

x

25/2 Dep. Quito

x

26/2 _________

x

Dep. Quito _________ Cruzeiro Univ. Sucre

11/2 Lanús

x x

25/2 Chivas

x

25/2 Caracas

x

Chivas Caracas Everton Lanús

10/2 Aurora

x x x x

B. Chicó _________ Aurora Grêmio

Libertad

grupo 8

18/3 Cruzeiro

x

19/3 _________

x

3/3 Caracas

x

11/3 Everton

x

11/3 Chivas

x

17/3 Lanús

x

x

11/2 San Lorenzo

x

19/2 Universitario

x

26/2 San Luis

x

Universitario San Luis San Lorenzo Libertad

x

18/3 B. Chicó

x

25/3 Aurora

x

7/4 Grêmio

x

8/4 _________

x

2º melhor primeiro colocado

x

5/3 Libertad

oitavas-de-final

3º melhor primeiro colocado

x

x

18/3 San Lorenzo

x

8º melhor segundo colocado

A 7º melhor segundo colocado

B 6º melhor segundo colocado

C

x 4º melhor primeiro colocado

x

5º melhor segundo colocado

D

x 5º melhor primeiro colocado

x

x

E 3º melhor segundo colocado

F

x 7º melhor primeiro colocado

x

2º melhor segundo colocado

G

x 8º melhor primeiro colocado

x x

lib_tabela.indd 3

23/4 Univ. Sucre

x

23/4 Cruzeiro

x

Lanús

14/4 Caracas

x

14/4 Chivas

x

28/4 Everton

x

28/4 Lanús

x

_________ Grêmio Aurora B. Chicó

San Lorenzo San Luis Universitario Libertad

vencedor do jogo A

Everton Lanús Chivas Caracas

vencedor jogo 6

15/4 _________

x

16/4 B. Chicó

x

29/4 Aurora

x

29/4 Grêmio

x

Grêmio Aurora _________ B. Chicó

Universitario

7/4 Universitario

x

8/4 San Luis

x

28/4 Libertad

x

28/4 San Lorenzo

x

x

Libertad San Lorenzo San Luis Universitario

vencedor do jogo H

I

x vencedor do jogo B

x

vencedor do jogo G

J

x vencedor do jogo C

x

vencedor do jogo F

K

x vencedor do jogo D

x

vencedor do jogo E

L

x

4º melhor segundo colocado

x 6º melhor primeiro colocado

x x

18/3 San Luis

x

Chivas Lanús Caracas Everton

Cruzeiro Univ. Sucre _________ Dep. Quito

x x

San Luis

10/3 Universitario

x

8/4 _________ 14/4 Dep. Quito

Grêmio

San Lorenzo

11/2 Libertad

Cruzeiro _________ Univ. Sucre Dep. Quito

1 2 3 4 5 6 7 8

vencedor jogo 2

Everton

Boyacá Chicó

25/2 Grêmio

melhor primeiro colocado

x

quartas-de-final

grupo 7

Aurora

4/3 _________

x

Chivas Gdl.

17/2 Everton

11/3 B. Chicó

4/3 Univ. Sucre 10/3 Dep. Quito

melhor segundo colocado

H

semifinais

grupo 6

Caracas

Univ. Sucre

vencedor do jogo I

vencedor do jogo M

x

vencedor do jogo L

M

x vencedor do jogo J

x

vencedor do jogo K

N

x

x x

Guia da Copa Libertadores 2009

Dep. Quito

final

grupo 5

Cruzeiro

vencedor do jogo N

31 1/23/09 7:19:02 PM


anuncios.indd 5

1/22/09 8:17:18 PM


por Caio Maia

ENCHENDO O PÉ

É a Copa do Brasil, estúpido!* MARTIN O’NEILL É O TÉCNICO DO ASTON VILLA. Se alguém lhe perguntasse o que queria ganhar do Papai Noel, ele diria que quer uma vaga na Liga dos Campeões. É bastante provável, entretanto, que o extécnico do Celtic virasse lenda em Birmingham se levasse seu time ao título da FA Cup. Se ambas as coisas viessem juntas, o cara estaria no paraíso. Uma rápida olhada à tabela da Premier League mostrará o Villa em ótima condição de conseguir seu objetivo. O que provavelmente não estaria acontecendo se o time tivesse um dirigente brasileiro, que teria começado o ano dizendo que a meta é o título nacional. Pois bem: no Brasil as duas coisas vêm juntas. O campeão da Copa do Brasil recebe como prêmio extra nada menos que uma vaga na principal competição de clubes da América, a Libertadores. Quando começa a temporada inglesa, os treinadores do Aston Villa, Tottenham, Everton e outros tantos clubes não se planejam para vencer a Liga. Pelo simples fato de que não conseguirão. No entanto, se, digamos, o Ney Franco assumir que seu grande objetivo do Botafogo em 2009 é vencer a Copa do Brasil, o mundo cairá sobre sua cabeça. É verdade: mais clubes disputam (ou seja, têm chance de ganhar) o Brasileiro do que o Inglês. Também é verdade, porém, que não chegam a dez os que podem chegar lá no final – e que o Botafogo, o Atlético Mineiro e o Coritiba provavelmente não estarão entre eles. Por que, então, não transformar a Copa do Brasil no maior objetivo da temporada, se preparando para “bombar” no período em que ela chega a seu ápice? Porque isso implicaria admitir que o time não é “grande” como finge ser. Nossos dirigentes não têm coragem de fazê-lo. Com isso, o ano para a torcida começa sempre com a mesma enganação: o estadual, no qual os “grandes” lutarão pelo “título” que foi conquistado recentemente por Ipatinga, São Caetano e Caxias, e que teve na disputa Volta Redonda e Madurei ra.

* Para não ser mal interpretado, é bom explicar que trata-se de uma paródia ao mote clintoniano “É a economia, estúpido!”

opinião.indd 5

Perderão tempo e energia em “clássicos” que não valem nada, e cansarão seus jogadores, deixando de prepará-los para o objetivo maior. Alguns times comemorarão o “título”. Tanto pior: ele será usado para disfarçar o fracasso no que deveria realmente importar. Está mais do que na hora dos clubes brasileiros admitirem que nem todos podem ser “grandes”, e que mirar uma meta inalcançável é a melhor maneira de não chegar a lugar algum.

De barriga cheia Arsène Wenger está bravo. De acordo com o treinador do Arsenal, o Manchester City não vive no mundo real, e isso é ruim para o futebol. Isto porque os azuis de Manchester ofereceram cerca de R$ 300 milhões para ter Kaká em suas fileiras. Deveria eu concordar com Wenger. De fato, não faz sentido que alguém possa gastar R$ 300 milhões para ter qualquer jogador, ainda que ele fosse uma mistura das virtudes de Pelé, Maradona e Cruyff, sem seus defeitos. O problema é que também não faz nenhum sentido que um clube gaste R$ 50 milhões. E é exatamente esse o valor que os Gunners pagaram por... José Antonio Reyes. Não é justo que o Manchester City disponha de recursos desta monta para montar seu time? Claro que não. Torna a competição injusta. É este o motivo para que a NBA tenha um teto de salários: evitar o desequilíbrio entre as equipes. Só que a Premier League e a Uefa não têm um teto de salários. É bastante provável, portanto, que a diferença de investimento entre Manchester City e Arsenal seja semelhante entre a que há entre Arsenal e Stoke ou Hull. Não tenho dúvida de que os Abramoviches e xeiques podem destruir o futebol. Wenger, porém, não está do lado pobre da história. Além disso, alguém que paga 50 milhas no Reyes perdeu o direito de reclamar de qualquer coisa no que se refere ao mercado de transferências, certo.

Fevereiro de 2009

27

1/23/09 2:55:42 PM


Chester / Adriana Garcia

CORINTHIANS

Torcida reclama da falta de estádio há décadas: será que espera está no fim?

CORINGÃO Uma das mais famosas investidas veio na década de 1970, na gestão de Vicente Matheus. O Coringão teria capacidade para 200 mil pessoas e até motivou a prefeitura de São Paulo a doar um terreno no bairro de Itaquera para a arena. O projeto previa a construção de duas arquibancadas e 23.300 assentos em camarotes, cujas vendas, somadas aos carnês da época de Wadih Helu (veja abaixo), viabilizariam o projeto. A inauguração seria em 1982, com um amistoso entre o Corinthians e a seleção que conquistasse a Copa do Mundo da Espanha. O estádio nunca saiu do papel e Matheus culpou a prefeitura na época.

O sonho da CASA PRÓPRIA

Revista oficial prometia duelo com campeões mundiais

Corinthians anuncia reforma da Fazendinha, mas ainda precisa convencer à própria torcida de que não se trata de mais um plano furado ara um clube que ficou marcado por não ter estádio, aparecer com dois de uma hora para outra é um grande avanço. É mais ou menos isso que a diretoria do Corinthians imagina que fará em 2009. Para isso, conta com as velhas armas de sempre: a Fazendinha e o Pacaembu. O plano inicial é reformar o Parque São Jorge para comercializar espaços e deixá-lo em condições de receber jogos, com 15 mil lugares. As obras seriam bancadas pelo clube. Enquanto isso, os corintianos fechariam o projeto de concessão do Pacaembu, que seria ampliado. A empresa LusoArenas trabalharia ajudaria a operar e a buscar investidores para os estádios. O clube ainda não tem data para começar as obras, tampouco uma estimativa precisa do custo (“entre R$ 5 milhões e R$ 13 milhões” apenas no Parque São Jorge). O modelo de concessão do Pacaembu e de exploração da Fazendinha também não foram definidos. Até os projetos deixarem o papel e se transformarem em algo concreto, ainda ficarão na lembrança os vários planos de estádios do Corinthians.

P

28

estadio.indd 2

CORINTHIÃO O ano de 1968 simbolizou para os corintianos o início de um sonho – ou de um pesadelo. Foi a época em que Wadih Helu, então presidente do clube, lançou o primeiro projeto de um estádio que substituiria o acanhado Alfredo Schüring, a Fazendinha. Apelidado de Corinthião, a arena seria construída no Parque São Jorge e teria capacidade para 113.500 mil torcedores. O presidente já antecipava, na época, o que hoje é chamado de arena multiuso, uma vez que o projeto incluía a construção de um cinema, uma pista de patinação e um anfiteatro. Para arrecadar fundos, foi criado um carnê-torcedor. Com o tempo, a pouca adesão foi fatal para que o projeto caísse no limbo.

Fevereiro de 2009

1/23/09 2:44:39 PM


Fotos Divulgação

por Thiago Braga e Ubiratan Leal

FIELZÃO A partir da gestão de Alberto Dualib, o Corinthians teve uma seqüência de parcerias que prometeram estádio, mas não saíram do lugar. O primeiro projeto foi em 1997, quando o Banco Excel pensou em construir uma arena na rodovia Ayrton Senna. O projeto foi vetado por causa de possíveis problemas que a obra causaria na rodovia. Dois anos depois, um novo parceiro, a Hicks Muse, chegou a comprar um terreno de 48 hectares no km 18,5 da rodovia Raposo Tavares. Nova decepção: o projeto empacou pela falta de mais investidores e a empresa deixou o clube em 2001. O que seria o Fielzão (adivinha!) não saiu do papel. Com a chegada da endinheirada MSI, em 2005, o assunto voltou à tona. No contrato firmado, a “parceira” se comprometia a construir ou a comprar um estádio para o time. Mas aí foi a vez de o Ministério Público acabar com o sonho corintiano, uma vez que sócios da empresa operavam com dinheiro de origem suspeita. Já na gestão de Andrés Sanchez, alguns projetos foram apresentados. O mais concreto, um estádio na Marginal Tietê, foi abortado em agosto, depois que o consórcio Egesa/Seebla, não conseguiu comprar o terreno de 93 mil metros quadrados, avaliado em R$ 80 milhões.

Projetos da Hicks Muse (ao lado) e da Egesa/ Seebla (abaixo): arenas multiuso não saíram do papel

FAZENDINHA

PACAEMBU

Antes da chegada da MSI, Alberto Dualib ainda recorreu a um plano antigo: o de reformar a Fazendinha. O dinheiro – R$ 10 milhões – viria de um empréstimo que o clube conseguiria na Federação Paulista de Futebol. O estádio teria sua capacidade aumentada para 35 mil lugares. Mais um projeto que não saiu do papel.

O estádio Paulo Machado de Carvalho nunca esteve tão perto de se tornar a casa oficial do Corinthians. Segundo o secretário de esportes da capital paulista, Walter Feldman, a concessão do Pacaembu é algo que interessa à prefeitura, porque só um projeto como esse seria capaz de modernizar o estádio – o governo já investiu cerca R$ 6 milhões de reais para reformas e não tem mais recursos. “É preciso um investimento mínimo de R$ 200 milhões. Isso incluiria a construção de cobertura, camarotes e a ampliação para 57 mil lugares.” Pelo aluguel do estádio, o clube paga 12% da renda bruta nos jogos de dia e 15% para os jogos realizados à noite. Todos os gastos adicionais – segurança, manutenção e limpeza – são de responsabilidade do mandante da partida.

COOPERFIEL Um grupo de torcedores criou uma cooperativa independente da diretoria alvinegra. Por meio dela, corintianos enviariam doações para a construção do estádio, que seria repassado ao clube depois de a obra pronta. Entre denúncias de irregularidade e falta de credibilidade, o projeto só arrecadou R$ 25 mil dos R$ 350 milhões necessários.

Fevereiro de 2009

estadio.indd 3

29

1/23/09 2:19:16 PM


MEMÓRIAS DO

história_caio martins.indd 2

1/23/09 3:19:59 PM

por Eduardo Zobaran / fotos Jorge R. Jorge

ESPECIAL » HISTÓRIA


S

ob a mira de metralhadoras, 400 homens viam o sol pela primeira vez depois de mais de um mês de reclusão. Alguns olhavam para o céu e derramavam lágrimas. Outros aproveitavam de forma diferente a liberdade: tiravam a camisa e rolavam na grama. Cinco semanas após o golpe militar de 1964, que depôs o presidente João Goulart, o estádio Caio Martins era palco de cenas muito diferentes de um jogo de futebol. Casa do Botafogo em várias partidas da conquista do Brasileirão de 1995 e na campanha da segunda divisão de 2003, o complexo esportivo niteroiense foi, também, testemunha de gritos, ameaças e o encarceramento de presos políticos. Foram aproximadamente 1.200, de acordo com as contas do advogado trabalhista Manoel Martins. Aos 84 anos, o hoje pacato morador de Niterói guarda tristes lembranças do estádio. Ele foi um dos primeiros presos a chegar a Caio Martins. Depois do golpe, realizado na madrugada de 1º de abril, e de uma série de prisões no dia seguinte, Manoel fugiu com outras sete pessoas para uma casa de pau-a-pique em Tribobó, bairro de São Gonçalo. Seu trabalho em sindicatos e suas convicções comunistas o condenavam, mas em 9 de abril – depois de um recado enviado por um membro do Partido Comunista do Brasil – Manoel e seus companheiros abandonaram o esconderijo com a sensação de que o pior já passara. Ledo engano. Antes de voltar para casa, Manoel foi a seu escritório. Lá, encontrou documentos e objetos espalhados pelo chão. “Naquela hora percebi que seria preso”, conta. Imediatamente pediu proteção na sede da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) no Estado, onde policiais civis já o aguardavam. Os agentes eram seus amigos e chegaram a pedir-lhe desculpas antes de o prenderem. O destino inicial não foi o estádio. Manoel frequentou diferentes celas, como outros tantos perseguidos políticos. Ele esteve no Dops (Departamento de Ordem Política e Social), no Cenimar (Centro de Informação da Marinha) e em um quartel da PM. Todo esse caminho durou cerca de três semanas até que foi encaminhado ao Caio Martins. No Cenimar, conta o advogado, presos eram levados em grupos para uma caminhada que terminava em frente a uma grande cova aberta. Eles tinham de ficar ali, parados, olhando para o buraco e imaginando o próprio fim. A tortura psicológica seria uma rotina nos meses seguintes.

“Não há registros”

Ao invés de gols e vibração da torcida, tortura psicológica e desespero. Conheça o lado mais sombrio da história do estádio Caio Martins

Transferido para o Caio Martins, Manoel enfrentou novos traumas. Os militares não deixavam de apontar metralhadoras – com o dedo no gatilho – em nenhum momento. Os presos sempre eram acompanhados por soldados, até no banheiro. “Estou como preso político e não com prisão de ventre”, brincou um dos presos, em um raro instante de descontração, como se recorda Manoel. O Exército não guarda a história na memória e desconhece o uso do local como prisão. Procurado pela reportagem da Trivela, o Comando Militar do Leste limitou-se a enviar, por e-mail, o seguinte comunicado: “A Seção de Comunicação Social do Comando Militar do Leste Fevereiro de 2009

história_caio martins.indd 3

31

1/23/09 3:20:35 PM


19 DE DEZEMBRO O escoteiro Caio Viana Martins, 15 anos, morre devido a fermentos de acidente de trem sofrido no dia anterior. Ele rejeitara atendimento para ajudar companheiros

20 DE JULHO O jogo Canto do Rio 1x3 Vasco da Gama inaugura o novo estádio de Niterói, cujo nome homenageia o escoteiro

Com seis vitórias e cinco empates em 18 jogos, o Canto do Rio fica em quinto no Campeonato Carioca. Foi a melhor participação do time niteroiense no torneio

O ginásio do Caio Martins é um dos palcos do Mundial de basquete, vencido pelo Brasil

“Lugar triste, muito triste” Esse cotidiano foi muito duro para Antônio Carneiro da Silva, líder do Sindicato dos Condutores da Marinha Mercante. Tão difícil que nem sua família tem detalhes do que ele passou em Caio Martins. Falecido em 2004, Carneiro, como era conhecido na vida sindical, trocou o gosto por flauta e violão pelo álcool. Poucas vezes falou sobre o período em que esteve preso e, quando o fazia, se referia ao que havia ocorrido com os outros, nunca com ele. Em 2 de abril de 1964, no bairro de Cubango, Niterói, Carneiro acompanhava as notícias no rádio, mas não imaginava que seria preso. A caçada visava somente aos comunistas e ele não contava com material comprometedor em casa. De acordo com Rosemary Carneiro da Silva, filha do sindicalista, quatro ou cinco homens obrigaram o porteiro a deixá-los entrar no prédio. Eles vasculharam o apartamento à procura de material considerado subversivo. Ao verem uma Bíblia com capa vermelha, identificaram uma associação de Carneiro com o comunismo. Uma foto do sindicalista ao lado do presidente deposto, João Goulart, piorou ainda mais a situação e motivou a prisão.

Arquivo Pessoal

informa que não há registros sobre o assunto em questão”. Com a lei do silêncio prevalecendo, não se sabe o porquê de Caio Martins ter sido escolhido como prisão, tampouco o tempo exato em que as instalações estiveram à disposição das Forças Armadas. Assim, a melhor maneira de descrever o complexo esportivo na década de 1960 e o modo como foi utilizado é pelo pouco registro em jornais da época e a lembrança de quem esteve detido. Em relação ao que existe hoje, as instalações não mudaram muito. A principal alteração é a inclusão de uma piscina. Os presos ficavam no ginásio, espalhados nos degraus da arquibancada de concreto. Aqueles que haviam concluído um curso universitário dormiam em dois quartos com espaço para pouco mais de 15 pessoas cada. Criados para abrigar atletas, os alojamentos ficam no segundo andar do ginásio, próximo às salas administrativas. Suas janelas dão vista para o estádio de futebol. O banho de sol era realizado no gramado. Enquanto os presos ficavam no campo, soldados os vigiavam da arquibancada. Atualmente, o Caio Martins tem dois setores de arquibancada de concreto, mas, em 1964, havia somente um – coberto e onde estão hoje as sociais, as cabines de imprensa e os vestiários.

Em julho, a UNE (União Nacional dos Estudantes) promove um congresso no estádio Caio Martins

A filha filh fi lha do do sindicalista siindi dicali lista t Carneiro segura uma foto do pai (ao fundo, de terno claro): traumas da prisão separaram a família

32

Fevereiro de 2009

história_caio martins.indd 4

1/23/09 3:36:59 PM


1º DE ABRIL Golpe militar tira João Goulart da presidência. Em Niterói, o governador do Rio, Badger da Silveira, é cassado

ABRIL E MAIO O Complexo Esportivo Caio Martins é utilizado como prisão política

12 DE OUTUBRO Torcida invade o gramado de Caio Martins e interrompe a partida entre Canto do Rio e Fluminense, válida pelo returno do Campeonato Carioca

12 DE DEZEMBRO A Portuguesa-RJ bate o Canto do Rio por 2 a 1 em General Severiano. Foi a última partida do clube niteroiense na elite estadual

Em Caio Martins, o Flamengo faz 2 a 1 no Vasco em comemoração ao aniversário de Niterói

4 DE MARÇO É inaugurada a Ponte Rio-Niterói que liga Niterói à cidade do Rio de Janeiro

Nas primeiras horas, não havia notícias de Carneiro. No dia seguinte, o sindicato informou à família seu paradeiro. Ele torcia pelo América e ouvia os jogos pelo rádio para evitar as arquibancadas. Só ganhou intimidade com um estádio de futebol na condição de preso político. Quando as famílias puderam fazer uma visita aos parentes presos, Rosemary, então com 10 anos, foi ao Caio Martins. “Era um lugar triste, muito triste”, recorda-se. “Fiquei surpresa ao ver meu pai barbado, magro e abatido”. A prisão abalou a família. Grávida, sua esposa perdeu o bebê. Nos anos seguintes, Carneiro teve problemas no trabalho e abandonou a vida sindical. Para conter despesas, a esposa foi morar com as filhas em Santa Catarina. Anos mais tarde, elas retornaram, mas as feridas já estavam abertas. Carneiro entrou em 1999 com uma ação no Ministério da Justiça para obter uma indenização. Morreu aos 78 anos sem receber qualquer resposta sobre o caso. Hoje, suas filhas Rosemary e Roseli mantêm o processo.

“Qualquer movimento poderia provocar um tiro” Se, para quem só esteve em Caio Martins para visita, a lembrança ainda causa desconforto, para os detentos é particularmente violenta. “Foi um troço brutal. Havia um comandante perverso que usava chicote”, relata Manoel Martins, sem perder o tom sereno. Ele se lembra de uma história nos primeiros dias de que toda a refeição dos presos, que vinha do quartel militar, havia sido envenenada por ordem de um anticomunista. “Parece até que o governo chileno passou no Caio Martins para buscar inspiração para o Nacional”, comenta, referindo-se ao estádio de Santiago que se transformou em prisão e palco de torturas na ditadura de Augusto Pinochet. Com dificuldade para lidar com a situação, houve quem chegasse a buscar saídas radicais. “Tem momentos em que companheiros ficam desesperados. Um, de Cabo Frio, queria se jogar e quem o agarrou fui eu”, conta o advogado enquanto olha pela janela do alojamento a cerca de seis metros do chão. Ele aponta e mostra onde ficavam os soldados com fuzis 24 horas por dia mirando para os detentos. “Eu me arrisquei, pois qualquer movimento brusco podia provocar um tiro. Esse companheiro saiu daqui para o manicômio”. Segundo ele, outros cortavam os pulsos em uma tentativa desesperada de suicídio. O advogado tinha experiência para encarar com mais facilidade a situação. Manoel foi preso em 1948 na Fevereiro de 2009

história_caio martins.indd 5

33

1/23/09 3:39:21 PM


As Federações Carioca e Fluminense se fundem para a formação da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro

Em amistoso, a seleção brasileira vence um combinado do Estado do Rio de Janeiro por 7 a 0. O jogo marca ainda o recorde de público do Caio Martins, com 15 mil torcedores

Arquivo Pessoal

15 DE MARÇO É realizada a fusão entre o Estado da Guanabara e o antigo Estado do Rio de Janeiro

De canódromo a centro de treinamento O es está tádi tá dioo Ca di Caio ioo M Mar arti ar tins ti ns ffic iccou marc ma rcad rc adoo pa ad para ra Ma Mano nooell Mar arti t ns ti coomo o lloc ocal oc al eem m qu quee vi vive veuu os ve o p orres m pi mom omen om ento en toss de to d sua vid vid ida. a. Foi um ma pa pass ssag ss agem ag em ffor orte or t o ssuf te ufic uf icie ic ient ie ntee nt para pa raa rom ompe perr su pe suaa liiga gaçã çãoo co çã com m o esspoort rtee de Nit iter erói er ói.. O ad ói advo voga vo gado ga do ffooi oi prres esid idden ente tee do De Depa part pa rtam rt am men e to N Niite te-roie ro iennse ddee Fu ie Fute tebo te bol,l, que bo que mai aiss ta tard rdee rd se tor orno nouu De no Depa part pa rtam rt amen am en nto N Niite te-rooie iennse de Es Espo port po rtes rt es,, qu es quan ando an do cche he-he g u a co go conh nhec nh ecer ec er Jo oão ã Hav a el e an ange ggee. A si As sim, m, eele le aco comp mpan mp anho an h u de per ho erto t to a coons n tr truç ução ddoo co ução comp m le mp lexo xoo esp spor or-or t vo ti vo,, em 194 941. 1. O pr p oj ojet etto innic icia iall nã ia n o er eraa vo v ltado ta do ao fu fute tebo te bol.l.l U bo Um m gr grup u o ausup austral tr alia iaano eesp spper e av avaa mo mont ntar nt ar um c nó ca nódr d om dr omoo (p (pis ista is ta ppar araa coorr ar r id idaa de c ess) e ge cã gere renc re ncia nc iarr ass apo ia post s as st as. Fo Foii cons co nsstr truí u da uuma uí ma arq rqui uiba ui banc ba ncad nc a a de ad conc co nccreeto to (as atu t ai aiss “s “soc ocia oc iais ia iss”) aanntess de a obr te obr braa se serr em mba barg rgad rg adda pe pela la p efei pr effei eitu tura tu raa. De Depo pois po iss, a es estr trrutturra fo foii adap ad apta ap t daa ppar ta araa re ar rece cebe ce beer um u est stáád o de di d fut uteb ebol eb ol ccom o ppis om ista is ta de at atle le-le tism ti smoo e um sm m gin inás ásio ás ioo. O co comp mppleexo passso souu a se serr us usad adoo ad pelo pe lo Can anto too ddoo Ri Rio, o, que ult ult ltra rapa ra pass pa sssou u as barrre reir i as est ir s ad a ua u is ppar a a di ar disp s usp tarr o Ca ta C mp mpeo eona eo nato na too Car ario ioca io ca,, to ca torn rnei rn eioo ei

34

com co m os ttim imes im es do Di D st striitoo Fed eder erral a (naa époc ép oca, oc a, a ccid idad id adde do Rio de Ja J ne neir irro) o. A deeci cisã sãoo in sã inus u ittad us adaa ag a ra r dava vaa ao in in-teerv rven en nto torr Am Amar aral ar a Pei al e xooto to,, go gove v rn naa dor do Rio ddee Ja do J ne n irro e meent n or da idéi id éiia. a Com a con onst stru ruçã çãão dee Braasí sílililia, a, em 196 960, 0, a aant ntig nt igga ca capi pita pi taal pa pass sssou ou a serr o Es se Esta tado ta do da Gu G annabbar a a. Nada Na da mud udou ou u ppar araa o ti t mee nit i ee roie ro ieens nse, e, qque ue con o ti tinu nuuou o no to torn rn nei eo doo Esttad adoo vi v zi zinnh nho atté 19 1964 64,, qu 64 quan anndo foi o reb ebai aixa ai xado xa d . O su do s sp spir i o fi ir fina nall do na Cant Ca ntoo do R nt Rio io no Ca Cariioc o a fo f i da dado do aoos 40 m min inut in utos ut oss do jo jogo go con ntrra o F um Fl umin inen in ense en se,, em 12 se 12 de out u ub ubro roo. Os O time ti mess em me mpa pata t va ta vam m em 1 a 1 qua uann-doo a tor orci c da inv ci n ad a iu o gra rama m do ma do.. Os O 5 min 50 inut utos ut os res esta tant ta ntes e fforram es a dis dis i puutado ta doss do do dois is ddia iass ma ia mais iss tar tarde d , em de m SSão ã ão Janu Ja nuár nu ário ár io,, e o Tr io T ic icol olor ol or ffez or ez 4 a 11. No ano eem m qu quee pr pres essos o ppol olíol í-tico ti coss en co ench cher ch eram er a o graama am m doo do Caaio M Mar arti ar t ns ppar ti arra um bban annho ddee sol,l, a iinv so nvas nv asão as ão do meesm smoo ca cammpo rrep epre ep rese re sent se ntou nt ou a ssus usspe pens nsão ns ão ddoo C nt Ca ntoo do R Rio ioo ddoo ca camp mpeo mp eona eo nato na to ddoo anoo se an segu guin gu inte in te.. O ti te time me jjam amai am aiss vo ai volltouu à el to elit itee e, sem it m uuso so,, o es so está tádi tá dioo di de 12 mi mill lu luga gare ga rees fooi arrre rend ndad nd adoo ad ao Bot otaf afog af ogo, og o, qque u o uuti ue tilililiza ti za ccom omoo om camp ca mpoo de tre mp rein inam in am men ento to.. to

A ADN (Associação Desportiva Niterói) estréia no Estadual do Rio. O clube manda suas partidas em Caio Martins

Segunda e última participação da ADN no estadual. A equipe terminou na lanterna nas duas edições em que esteve presente

campanha “O petróleo é nosso”, enquanto era secretário da UNE (União Nacional dos Estudantes). Envolvido nos sindicatos como advogado trabalhista, era tido em 1964 como um dos líderes das greves. Depois da permanência no Caio Martins, alterou períodos de clandestinidade e de novas prisões. Mesmo com um habeas corpus em 1971, foi preso mais uma vez e ficou retido no Dops. Sua última prisão aconteceu em 1976. Hoje, Manoel Martins é mais um dos tantos presos políticos que aguardam o resultado de um pedido de indenização junto à União. Ele calcula ter ficado entre 12 e 16 dias sob vigilância do Exército no complexo esportivo niteroiense. O advogado não se esquece da cantoria no ginásio escuro. Testemunhas de Jeová, a maioria lavradores analfabetos de assentamentos do interior do estado, cantavam: “Abre a porta que lá vem Jesus. Ele vem cansado, carregando a cruz”. Acabaram convencidos pelos outros a parar de cantar. Os supersticiosos e acreditavam que, quanto mais a cantoria continuava, mais presos chegavam. Manoel ainda se lembra bem dos colegas de detenção, se refere a todos por nome e sobrenome. Caso de Geraldo Reis, professor de português e intelectual niteroiense. Comunista declarado, Reis foi deputado estadual em dois mandatos pelo PSB. Em 1964, perdeu os direitos políticos por dez anos e passou por prisões como a Fortaleza Santa Cruz e o Forte Barão do Rio Branco antes de chegar a Caio Martins, de onde foi solto por problemas de saúde. Túlio Bulcão, professor de geografia, acredita que o amigo foi preso por ter o nome em uma lista encomendada por Carlos Lacerda logo após o golpe, conforme notícia que se alastrou na época. “Era o que diziam”, recorda-se. O então governador da Guanabara apoiou a “Revolução de 64”, mas dois anos mais tarde mudou de lado e, em 1968, foi mais um cassado pelo regime. Em Caio Martins, Geraldo dormiu, segundo Bulcão, nas arquibancadas do ginásio. Com formação em Filosofia e Direito, ele poderia ficar em um dos alojamentos, mas abriu mão do direito. “Ele contava que havia preferido se juntar ao povão”, comenta o amigo. No mesmo ano em que foi preso, Geraldo viu seu filho Aquiles começar a carreira musical, como integrante original da banda MPB-4, da qual faz parte até hoje. O ex-deputado faleceu em 1973, vítima de aplasia medular cujas complicações foram agravadas na prisão. Como homenagem, seu nome batiza um Ciep em Niterói e o colégio universitário da Universidade Federal

Fevereiro de 2009

história_caio martins.indd 6

1/23/09 3:43:00 PM


Flamengo e Fluminense se enfrentam no Caio Martins, pelo segundo turno do Estadual do Rio de Janeiro. O jogo termina em 1 a 1

27 DE MARÇO É aprovada a mudança do nome do Caio Martins para Mestre Ziza. A homenagem ao craque niteroiense, ídolo do Flamengo, não agrada a botafoguenses

Fluminense. Seu filho seguiu na música, mas não negou a herança familiar combativa. Entre 1982 e 85, Aquiles Reis foi presidente do Sindicado dos Músicos do Rio de Janeiro.

Nunca mais Em maio de 1964, o general Paulo Torres foi nomeado, por via indireta, governador do Estado do Rio de Janeiro, cuja capital era Niterói (a cidade do Rio de Janeiro era o Estado da Guanabara). Antes, no golpe da madrugada de 31 de março para 1º de abril, Badger da Silveira, governador eleito pelo voto, teve o mandato cassado e perdeu os direitos políticos por dez anos. Em seu lugar entrou Cordolino José Ambrósio, presidente da Assembléia Legislativa. Para os presos, a chegada de Torres significou o relaxamento das condições em Caio Martins. Por interferência do general, o exército deixou o complexo esportivo, que passou a ser controlado pela PM. Na segunda semana de maio, últimos dias do controle do Exército no estádio, assistentes sociais tiveram acesso às instalações. Visitas familiares foram organizadas e, finalmente, os presos receberam notícias do

17 DE NOVEMBRO O Botafogo é rebaixado no Brasileirão ao ser derrotado pelo São Paulo por 1 a 0 em Caio Martins

O Botafogo reforma o Caio Martins e amplia sua capacidade. Ao vencer o Marília em casa, o Alvinegro volta à primeira divisão nacional

que se passava no País e em suas casas. Depois de alguns meses, eles foram liberados ou remanejados para outros presídios. Manoel saiu em julho e acredita ter sido um dos últimos. Pouco depois, o estádio voltou a abrigar partidas de futebol. Em 2 de agosto, o Caio Martins recebeu o jogo em que o Canto do Rio perdeu por 4 a 0 para o América no Campeonato Carioca. Torcedor americano como o sindicalista Carneiro, Manoel Martins só voltou ao estádio niteroiense duas vezes. Na primeira, em 1995, acompanhava o neto, então com 12 anos, quando seu time perdeu por 1 a 0 do Fluminense. “Naquele dia, senti de novo toda aquela angústia dos meses na prisão”, conta. A segunda vez que o advogado esteve em Caio Martins foi para conversar com a reportagem da Trivela. Detalhe: o estádio fica a menos de 500 m de sua casa. Voltar ao ginásio trouxe a Manoel Martins algumas recordações perturbadoras. Depois de algumas horas em que remoeu intensamente o momento mais triste de seu passado, Manoel quer um tempo para descansar. Ele senta em uma das cadeiras metálicas da tribuna do ginásio, pede um copo d’água e diz que já basta. É hora de ir embora.

O Botafogo começa a utilizar outros estádios. Caio Martins vira campo de treino

Manoel Martins ao retornar: “Senti de novo toda aquela angústia”

Fevereiro de 2009

história_caio martins.indd 7

35

1/23/09 3:45:07 PM


Em março serão anunciadas as 12 cidades que sediarão os jogos da Copa de 2014. Confira as chances de cada uma por Gustavo Hofman

eu fiscalizo a

Copa 2014

Divulgação

Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Porto Alegre e Belo Horizonte estão garantidas. Curitiba, Fortaleza e Recife são praticamente certas. Belém e Manaus disputam uma vaga, assim como Campo Grande e Cuiabá. Salvador, Florianópolis, Natal e Goiânia lutam para fechar a lista. Rio Branco e Maceió correm por fora, com poucas chances. Não há nada oficial, mas essa é a expectativa para a escolha das 12 cidades brasileiras que receberão jogos da Copa do Mundo de 2014. Em 31 de março, a Fifa anunciará oficialmente as sedes escolhidas para o Mundial que acontecerá no Brasil. A tão pouco tempo da definição, há pouca perspectiva de mudança radical nesse quadro, até porque todos os projetos finais já foram entregues ao órgão máximo do futebol mundial. Entre picuinhas políticas e as reais condições de infraestrutura, a Trivela preparou um balanço do status dos concorrentes. Veja quem é quem nessa disputa.

BRASÍLIA Mané Garrincha

(76.232)

Por mais que o futebol seja fraco na capital nacional, o peso político de Brasília se fez presente. O projeto do Mané Garrincha considera a hipótese de a cidade receber a abertura, mas a capacidade do estádio diminuiria se isso não ocorresse.

BELO HORIZONTE Mineirão

(74.300)

Este será o segundo Mundial da história de BH, mas o primeiro que o Mineirão receberá partidas. A cidade ainda tenta receber o jogo de abertura, mas o mais provável é que se contente em ser a sede do Brasil.

GOIÂNIA (40.000)

A cidade tem boa infraestrutura, força política e um belo estádio. A proximidade com Brasília diminui suas chances, que no entanto continuam a existir.

FORTALEZA Castelão

(60.326)

Como duas cidades nordestinas estão praticamente garantidas, Fortaleza aparece como a segunda opção mais viável, pois conta com uma forte articulação do deputado federal Ciro Gomes (PSB).

CIDADE Estádio

(capacidade)

garantido na Copa praticamente lá briga com concorrente direto está na disputa ih, fora!

36

fiscalizo.indd 2

SÃO PAULO Morumbi

(66.952)

A capital paulista já está no Mundial. Apesar de algumas desavenças com a CBF, o centro econômico do Brasil deve também vencer a concorrência de Brasília e abrigar a abertura.

CAMPO GRANDE Morenão

(44.000)

Mesmo com o respaldo político de Cuiabá, Campo Grande mantém as esperanças de ser a cidade do Pantanal escolhida. Em termos de infraestrutura e estádio, está no mesmo nível da rival.

PORTO ALEGRE Beira-Rio

(65.000)

Conhecida nacionalmente por sua força cultural e política, a capital gaúcha é outra cidade garantida na Copa. Para deixá-la ainda mais tranquila, terá, além do Beira-Rio, o novo estádio do Grêmio construído até lá.

Divulgação

Serra Dourada

Fevereiro de 2009

1/23/09 2:17:04 PM


CURITIBA Arena da Baixada

(41.375)

Eduardo de Castro Mello

Fossem dez as cidades escolhidas, a capital paranaense correria riscos por causa da briga entre políticos locais – sobretudo o governador Roberto Requião (PMDB) e o senador Álvaro Dias (PSDB) – com Ricardo Teixeira. Com o aumento para 12, é difícil ficar de fora.

MACEIÓ Arena Zagallo

(45.348)

O Rio será o palco da final da Copa do Mundo. Raríssimas vezes isso foi colocado em discussão. O Maracanã precisará de mais reformas, mas tem garantida sua segunda decisão de Mundial.

Nem mesmo o apelo a Zagallo deve salvar Maceió. Com menos condições de infraestrutura que as concorrentes nordestinas e um novo estádio que seria muito caro, está bem atrás das outras capitais nordestinas.

RECIFE

CUIABÁ

MANAUS

Arena Cidade da Copa (46.214)

Verdão

Vivaldão

É a capital nordestina com mais chances. A cidade possui uma infraestrutura razoável, apelo turístico e boa articulação política. Ponto negativo: uma nova arena poderia cair em desuso após a Copa.

O Pantanal deve ter uma sede. Com o apoio do governador Blairo Maggi (PR), Cuiabá pinta como favorita para ser a porta de entrada para os turistas conhecerem a região durante a Copa.

SALVADOR

FLORIANÓPOLIS

Fonte Nova

Arena Florianópolis

Maracanã

(86.100)

(50.000)

(40.000)

(41.700)

(40.550)

É a favorita como representante da Amazônia, mesmo com clima extremamente quente e úmido, falta de acesso por estrada e pouca tradição futebolística.

Divulgação

RIO DE JANEIRO

Até o desastre ocorrido na Fonte Nova no ano passado, Salvador era uma das favoritas para sediar o Mundial. Depois do incidente, e da dificuldade em resolver sua questão de estádios, perdeu força.

A geografia é seu ponto forte e fraco. A beleza da capital catarinense é um atrativo para os turistas. Porém, a região Sul já deve ter dois representantes na Copa, o que complica sua escolha. Confia no fato de ter sido a primeira cidade a entregar o projeto.

NATAL

RIO BRANCO

BELÉM

Arena da Floresta

Mangueirão

Estádio das Dunas

(46.300)

As belezas naturais de Natal não devem ser suficientes para colocá-la no mapa da Copa. Dentre as cidades nordestinas, está à frente apenas de Maceió, pois também peca pela infraestrutura.

(41.264)

Apesar de o governador Jorge Viana (PT) ter boas relações com o Governo Federal, a capital acriana carece de infraestrutura básica para sediar o torneio, além de ser muito distante.

(43.788)

Belém tem um bom estádio, conta com clubes fortes e está relativamente próxima de outras possíveis sedes. Mas é vista como azarona na disputa com Manaus pelo posto de “sede amazônica”.

Fevereiro de 2009

fiscalizo.indd 3

37

1/26/09 5:18:47 PM


CAPITAIS DO FUTEBOL » BARCELONA (ESP) Rivalidade local acirra os ânimos nos jogos entre Barcelona e Espanyol

A identidade

BARÇA O Barcelona ganhou os olhos do mundo como um símbolo da alma catalã, mas, em sua cidade, há quem conteste essa condição

R

38

capitais_Barcelona.indd 2

marca da Unicef (a regra não vale para o basquete). Mídia e instituições da Catalunha têm indisfarçável preferência pela equipe de Les Corts, algo até exagerado. Além disso, é questão de honra no Camp Nou ter uma equipe que pratique um futebol ofensivo, técnico e atraente. Essa autoimagem dos torcedores do Barcelona foi consolidada nas décadas da ditadura militar de Francisco Franco, que suprimia manifestações de nacionalismo das diversas regiões da Espanha. Entre as décadas de 1940 e 1970, as arquibancadas do Camp Nou eram um dos poucos lugares em que os catalães conseguiam conversar em sua língua. E, protegidos pelo anonimato da multidão, arriscavam até algumas manifestações anti-Madri. No entanto, há quem conteste essa fama dos Blaugranas. Segundo algumas versões, o clube usou a repressão de Franco para atrair para si todos os catalães nacionalistas, enfraquecendo os vizinhos e ganhando uma projeção inédita. Além disso, o próprio Franco seria simpático ao catalanismo do Barça, pois preferia ver os opositores concentrados em um estádio do que nas ruas. Essa tese é defendida por torcedores do Real Madrid e de um ferrenho, mas por vezes desprezado, rival local.

Os periquitos da montanha Morros são pontos estratégicos em qualquer guerra. Do alto, um batalhão em inferioridade numérica ou tecnológica pode ter sucesso em rechaçar eventuais invasores. Essa é uma regra básica de confrontos por terra, e um fato bastante conhecido dos torcedores blaugranas. Sobretudo quando seu time precisa visitar o Espanyol em Montjuïc. Apesar de o estádio Olímpico raramente estar lotado pela torcida espanyolista e de se localizar próximo ao centro de Barcelona, os seguidores do Barça sempre relutam em ver seu time na casa do vizinho em um dérbi catalão. Nesses jogos, o público blaugrana é menor que em muitos jogos por outras regiões da Espanha. Motivo: a possibilidade de torcedores organizados estarem esperando no alto da montanha para atacá-los. Para os olhos do mundo, o grande rival do Barcelona é o Real Madrid. No entanto, tal rixa se baseia muito em diferenças históricas, esportivas e culturais entre os times e as cidades. No que diz respeito a ódio puro e desprezo, o Espanyol tem um espaço bem grande na vida do torcedor barcelonista. E vice-versa.

Albert Gea/Reuters

aras cidades têm a sorte de contar com uma cultura tão marcante quanto Barcelona. Em busca de um contato com esse espírito catalão, milhões de turistas vão anualmente à segunda maior metrópole da Espanha. Nesses casos, o caminho a se tomar é do bairro de Les Corts. Lá está o museu do Fútbol Club Barcelona, que supera concorrentes de peso como Pablo Picasso, Joan Miró, Antoni Gaudí e Antoni Tàpies e se tornar o mais visitado da cidade. A identificação do Barcelona com a cidade que lhe empresta o nome é quase automática. O clube adota uma postura muito clara: ao reforçar sua raiz histórica, se destaca dos demais e se projeta para o mundo. Tanto que as cores azul e grená não atraem apenas os locais. Muitos forasteiros (de outras regiões da Espanha ou estrangeiros), para demonstrar carinho pela capital catalã e se misturar aos nativos, viram barcelonistas. Não à toa, o lema dos Blaugranas é “més que um club” (“mais que um clube” no idioma local) e tudo o que envolve o Barça é cercado de uma aura especial. O clube se nega a estampar a marca de alguma empresa na camisa de seu time de futebol, que desde o ano passado carrega a Fevereiro de 2009

1/23/09 3:15:00 PM


OS TIMES DA CASA

por Ubiratan Leal

Liga de Fútbol Profesional (primeira divisão)

Fútbol Club Barcelona 2 Liga dos Campeões 4 Recopas 2 Copas de Feiras 18 Campeonatos Espanhóis 24 Copas do Rei

Reial Club Deportiu Espanyol 4 Copas do Rei

Segunda División B (terceira divisão)

Badalona, Barcelona Atlètic*, Gavà, Gremenet e Sant Andreu * Time B do Barcelona

Tercera División (quarta divisão)

Cornellà, Espanyol B, Europa, L’Hospitalet e Prat

Primera Catalana (quinta divisão)

Castelldefels, Marianao, Montañesa, Montcada e Poble Sec

Fevereiro de 2009

capitais_Barcelona.indd 3

39

1/26/09 4:27:28 PM


A relação entre os seguidores das duas principais equipes da capital catalã é cheia de idas e voltas. Isso fica evidente em como o cenário atual é contraditório. O Barcelona se orgulha de ser um símbolo da causa regional, enquanto o Espanyol tem a coroa da Família Real em seu distintivo e atraiu por décadas a preferência por simpatizantes da Espanha unificada. Hoje, os simpatizantes dos Pericos se diversificaram. Uma de suas principais torcidas organizadas tem ideologia de extremadireita, leva bandeiras espanholas para as arquibancadas, tem aliança com colegas do Real Madrid e realiza manifestações racistas. Para eles, o nacionalismo dos

blaugranas e o consequente favorecimento por parte do governo regional é motivo de ódio. No entanto, crescem movimentos opostos, com torcedores que consideram o Espanyol a verdadeira manifestação do catalanismo em campo. Para esses, os Pericos seriam exclusivos da Catalunha e só (os poucos) nativos enraizados escolheriam os alviazuis. O Barcelona já teria perdido sua identidade e essência ao se tornar preferência automática de tantos forasteiros. Os barcelonistas fingem desprezo pelo rival local, afirmando que os vizinhos são muito pequenos para incomodar. No entanto, a realidade é diferente e eles não

ESPANHA

Cidade 1.615.908 habitantes (2.235.578 na região metropolitana)

AS CASAS DOS TIMES

Divulgação

3 Mini Estadi

1 Camp Nou

2 Olímpic Lluis Companys O estádio localizado em Montjuïc foi idealizado para receber os Jogos Populares de 1936, que seriam disputados pelos países que boicotariam os Jogos Olímpicos de Berlim. As competições foram canceladas devido à Guerra Civil Espanhola e o estádio ficou subutilizado por décadas. Foi ressuscitado para a Olimpíada de 1992 e, em 1997, se tornou a casa do Espanyol. Tem capacidade para 55.926 espectadores.

40

capitais_Barcelona.indd 4

Bruno Hofman

O Barcelona construiu seu “novo campo” em 1957 para substituir o estádio de Les Corts. Desde então, se tornou uma das arenas mais importantes e conhecidas do mundo. Com 98.934 lugares, é o maior estádio de futebol da Europa. É possível fazer visitas guiadas às instalações, bem como ao museu do clube (o mais visitado da cidade). O Barcelona tem planos para remodelar o Camp Nou e ampliá-lo para cerca de 116 mil torcedores até 2012.

Localizado ao lado do Camp Nou, tem capacidade para 15.275 torcedores e recebe jogos do Barcelona Atlètic e das categorias de base blaugranas. O local ainda abriga shows e chegou a ser a casa do Barcelona Dragons (time de futebol americano) e da seleção de Andorra.

4 Cornellà-El Prat O futuro estádio do Espanyol tem inauguração prevista para o primeiro semestre de 2009. Localizado entre as cidades de Cornellá de Llobregat e El Prat de Llobregat, a arena terá capacidade para 40 mil torcedores.

5 Nou Sardenya O Europa construiu o estádio com o dinheiro arrecadado com a venda do goleiro Ramallets ao Barcelona na década de 1940. Hoje, a arena de 7 mil lugares pertence à prefeitura e recebe jogos do Europa e do Poble Sec.

6 Narcís Sala O estádio do Sant Andreu tem 15 mil lugares e pertence à prefeitura. O campo é de grama artificial.

Fevereiro de 2008

1/23/09 3:15:17 PM


r Barri Gòtic

e Eixample

e cidade velha

Pouca coisa simboliza tanto o espírito catalão do que as obras de Antoni Gaudí. A partir da Art Nouveau, o arquiteto criou um estilo próprio (o Modernismo Catalão), cujos principais projetos estão no bairro de Eixample, como a Casa Milà e a Casa Batlló. O destaque é o Templo Expiatório da Sagrada Família, cujas obras (iniciadas em 1882) são bancadas por contribuições privadas e têm entrega previstas para a década de 2020.

O Bairro Gótico, parte mais antiga de Barcelona, ainda mantém o clima medieval. No meio do labirinto de vielas, está a catedral da cidade, o palácio do governo regional e até partes de antigas edificações romanas. Em La Ribera, também no centro histórico, está o Museo Picasso e o Palau de la Música Catalana.

Fotos Divulgação

ALÉM DO JOGO

e Sagrada Familia

t Parc Güell O parque fica um pouco afastado do centro, mas vale o esforço da visita. Nem tanto pelo passeio por uma das principais áreas verdes da cidade, mas para ver as obras de Gaudí, sobretudo o dragão de cacos de cerâmica na entrada principal.

u Las Ramblas Calçadão que liga o porto antigo à Praça de Catalunha, ao lado do Bairro Gótico. No trajeto, pode-se visitar o Mercado La Boquería, a Praça Real e a ópera da cidade, além de sentir o clima de uma das vias mais agitadas da capital catalã.

i Montjuïc O monte abriga um parque, no qual estão vários pontos de interesse turístico, como o Museu Nacional d’Art de Catalunya e a Fundació Joan Miró. Morro acima, tem-se uma bela vista da cidade e estão algumas instalações utilizadas na Olimpíada de 1992, incluindo o estádio Olímpico e o ginásio Palau Sant Jordi.

o Vila Olímpica O governo catalão construiu o alojamento dos atletas que participaram dos Jogos Olímpicos de 1992 em uma região degradada. Hoje, a Vila Olímpica é um bairro moderno, com bons (e caros) restaurantes e as principais praias da cidade.

conseguem ser indiferentes a um clube apoiado por “traidores” da Catalunha. Por isso, os dérbis da capital catalã são sempre tensos e exigem uma operação policial especial para reduzir o risco de confrontos. Com um clube detendo clara hegemonia popular, cultural e institucional e outro abraçando os discordantes, sobra pouco espaço para mais times na capital catalã. Apenas um chegou a ter força, o Europa. A equipe do bairro de Gràcia foi uma das fundadoras da Liga Espanhola e chegou a uma final da Copa do Rei, em 1923. No entanto, rapidamente caiu em decadência e, hoje, milita em divisões regionais do futebol espanhol. No momento, há um candida-

capitais_Barcelona.indd 5

to a substituir o Europa como terceira equipe barcelonesa. O Sant Andreu tem uma razoável perspectiva de crescer. Seu presidente é Joan Gaspart, ex-mandatário do Barcelona, que investiu para colocar o time na Segundona espanhola já na próxima temporada. A equipe é uma das líderes do Grupo 3 da segunda divisão B e tem reais chances de ser promovida. Os demais times barceloneses são pouco relevantes e dependem muito das comunidades – de bairro ou de cidades-satélites – que os cercam. Essa falta de diversidade não incomoda. Contar com um gigante como o Barcelona para levar sua imagem para todo o mundo já é suficiente para a capital catalã. Para não cair no tédio de um mo-

nopólio, um rival local serve de antagonista. Seja em azul e grená ou em azul e branco, o importante para os barceloneses é saber que sua identidade cultural é representada em campo.

QUEM QU EM LEVA L LEV EVA EV A Além da Iberia (www.iberia.com.br), que conta com voos diretos do Brasil para Barcelona, muitas companhias que voam para a Europa levam a cidades de onde é possível fazer conexão até a capital catalã. Algumas opções são Air France (www. airfrance.com.br), TAP (www.flytap. com.br), Alitalia (www.alitalia.com.br), British Airways (www.britishairways. com), Lufthansa (www.lufthansa. com) e KLM (www.klm.com.br) a TAM (www.tam.com.br).

1/23/09 3:15:34 PM


TÁTICA

3-5-2

Defesas com três zagueiros estão em baixa na Europa, mas têm sobrevida no Brasil como solução para dar segurança na marcação écada de 1980. A Dinamarca surpreendeu o mundo ao entrar em campo com uma formação estranha, incomum. Seu técnico, o alemão Sepp Piontek, pegou um dos defensores do 4-4-2 e o colocou no meio-campo. Sua lógica: “se os outros times só têm dois atacantes, não há motivos para eu manter quatro defensores. Se eu usar só três, tenho um na sobra e ainda fico em superioridade numérica no meio-campo”. O sistema, bastante ofensivo, deu tão certo que inspirou equipes por todo o mundo. Na Copa de 1990, 20 dos 24 participantes usavam o 3-5-2. Duas décadas depois, o esquema tático desenvolvido por Piontek parece esquecido. Os técnicos encontraram antídotos para anular o sistema que virou moda há 20 anos,

D

42

tática.indd 2

sobretudo pelo uso de meias abertos como pontas. “Quando o time está com a bola, são dois pontas e dois atacantes. Sem a bola, às vezes fica só um enfiado, num 4-5-1”, explica Muricy Ramalho, técnico do São Paulo. “Isso só é possível porque os dois volantes vão para o jogo e armam as jogadas pelo meio”. Nesse duelo, a superioridade numérica do 3-5-2 morre. Se o adversário ataca com quatro homens, o trio defensivo fica desprotegido, a não ser que os alas recuem bastante para fechar as laterais, perdendo sua função de meio-campo. No Brasil, a evolução do futebol foi diferente e, curiosamente, favoreceu os times com trio defensivo. Desde os “overlappings” de Cláudio Coutinho na década de 1970, ficou consolidado entre os brasileiros o

1

São Paulo 2008 Com três zagueiros e laterais menos ofensivos, os volantes ficavam livres

A A

Borges

Dagoberto

M Hugo

V

AE Jorge Wagner

Hernanes

V

Zé Luís

Jean

Z Miranda

AD

Z Andréé Dias

G Rogério Ceni

Z Rodrigo

G: goleiro / AD: ala-direito / AE: ala-esquerdo querdo / ZZ: zagueiro / V: volante / M: meia / A: atacante

por Ubiratan Leal

Nova chance para o

Fevereiro de 2009

1/23/09 2:34:51 PM


Mario Laporta/AFP

Esquema tático com três zagueiros ressurge na Europa com o Napoli, de Santacroce (esq.)

conceito de que os laterais são os responsáveis pelas jogadas pela linha de fundo. Essa cultura se enraizou tanto que muitos laterais esquecem suas funções defensivas ou, no mínimo, deixam espaços que precisam ser cobertos por alguém. Além disso, o modelo tático padrão dos clubes brasileiros (o 4-4-2 com dois volantes e dois meias, sistema que na Europa há quem chame de “4-4-2 à brasileira”) cria combates diretos: os laterais se marcam, os volantes cuidam dos meias de armação e os zagueiros encostam nos atacantes. Tudo se encaixa, mas, se o jogador de ataque passa por seu marcador, não há proteção extra. O volante argentino Mascherano, ex-Corinthians e atualmente no Liverpool, explicou isso em entrevista concedida à Trivela em 2006. “No Brasil, o jogo se faz no manoa-mano. Ganha quem levar vantagem no duelo individual. Isso expõe muito os defensores, porque nunca há alguém na sobra”. Nesse caso, o 3-5-2 veio a calhar.

Com três zagueiros, sempre existe alguém para fazer a cobertura. Muricy, que mostra mais simpatia por quatro defensores e monta suas equipes com grande variação tática, tem consciência disso. Tanto que escala o São Paulo constantemente com três zagueiros. Foi assim durante boa parte da campanha do título do Brasileirão de 2008. No caso, o benefício nem foi liberar os laterais, já que Zé Luís (ou Joilson) e Jorge Wagner avançam com moderação, mas permitir que Jean e, principalmente, Hernanes avançassem de trás para ajudar na armação. O Flamengo de 2007 e 2008 foi outro exemplo típico. Sem um jogador criativo por vocação, Joel Santana e Caio Júnior recuaram um volante para formar um trio defensivo que desse cobertura para Léo Moura e Juan, responsáveis pelas principais jogadas do time. O princípio lembra a Seleção Brasileira de Felipão em 2002. Naquela oportunidade, o técnico deixou Roque Júnior, Edmilson e Lúcio na defesa como modo de permitir que Cafu e Roberto Carlos – ambos em grande fase – subissem ao ataque sem tanto pudor. Enquanto o 3-5-2 tem vida estável no Brasil, o sistema está sendo redescoberto na Europa. O Napoli, principal surpresa no primeiro turno do Campeonato Italiano, adota esse sistema de jogo. O técnico Edoardo Reja aproveita a disposição de marcar ferozmente do ítalo-brasileiro Santacroce, o bom momento de Paolo Cannavaro (irmão de Fabio, campeão do mundo em 2002), a vocação ofensiva do ala Maggio e o enorme talento de Hamsik. Com três zagueiros e dois volantes, os napolitanos têm boa proteção diante de adversários com meias abertos. Hamsik fica sobrecarregado na armação, mas o eslovaco vive boa fase e tem dado conta do serviço. O sucesso de times com três zagueiros no Brasil e o bom momento do Napoli mostram que o futebol ainda pode considerar os trios defensivos. Sepp Piontek ia gostar. Colaborou Leonardo Bertozzi

2

Flamengo 2008 Sem um setor de armação forte, avanços dos laterais eram fundamentais

A Obina

A Marcelinho Paraíba

M

M

Íbson

Kléberson

AD AD

AE AE Juan

V

Leonardo Moura

V

Toró

Jaílton

Z

Z

Ronaldo Angelim

Fábio bio Luciano Luciano

G Bruno

3

Napoli 2008/09 Raro na Itália, 3-5-2 ajudou o Napoli a se tornar a surpresa da Serie A

A Denis

A Lavezzi

M Hamsik

AE

AD

Mannini

Maggio

Z Contini

V

V

Gargano

Blasi

Z Santacroce

Z Paolo Cannavaro

G Gianello

Fevereiro de 2009

tática.indd 3

43

1/23/09 2:50:52 PM


CULTURA

Os hits ts d da

a arquibancada ib a De Creedence edence ce Clearwater rw Revival ival a Luís Gonzaga, músicas ganh ganham novas versões rsões nos estádios está brasileiros brasileiro menssagem mensagem gem se espalho espalhou alho pela internet nternet no final al de 20 008. O baixista t Stu Cook, ook, da ba oo ban banda norte-americanaa de rock ock Creede Creedence e Clearwater w Revival, vival, enviava nviav ava va os o parabéns ar é ao Attlético Atlético tllético tico co Mineiro Min p pelo el elo o se seu centenácen rio oep pe pedia edia dia que a to torcida rci continuntin aass as asse sse ssee ccant cantando caanta ant an nta do a m ntando música úsi da ba banda da porr m por mais ais ccem m an anos. s A Achou chou eestranho? nho ho? P ho? Pois Po ois is u um uma ma das or organizadas gani ada do Galo do G lo o preparo pr preparou prep paro aro ro ou uma ou u versão versão de de “H Hav Ha avee You Y Yo o ou u Ever Eve ver er Seen Seeen en the Rain?” Rain Rain?” paara p r ser ccantada anta an tada tad da nos n estádios está estádios. stá ios o. I form Info formado rmado rmad ado o sobre sob so bre o fato fato por por um m jo jornalista jo ornalista rnalis rn ista ta a quem concederia conc nced ederria eenen ntrev evi vista, ista, Cook decidiu agrad agrade dec ecer. Nos úllti tim mos anos, vá mos várias mús mú úsicas “c “comerciais” comerciais” ganhara ganharam m as arrqu uib ibancadas bancadas em versões de to t rci-

por Leonardo Bertozzi

A

das. Não é exatamente e nte uma non vidade ade – por exemplo, emplo, o “Olê-lê, Olá-lá” á-lá” de um célebre ebre bre samba-enredo edo d do Salg Salgueiro o nos anos oss 7 70 é um clássico dos o campos –,, ma mas as o fenômeno n meno chama cham chama a aatenção ç o p po or levar ao futebo fu utebol u eb bol o ca canções ções q qu quee aatéé pouco o c tempo tem em mpo po atrá atrás atrás á seriam seriiam iimpenmp pen sáveis áv veis n no om meio me meio. eiio o. O repertório repe r errtório rep tó ório io io é bastante bas basta sttante t ntte eclético. eclético ecclé lééti tic ico Vaii d Va daa MPB M MPB, PB, B,, co como omo mo ““Am “Amig “Amigo “Amigo”, Amig A ig igo” o””,, d dee Rober Roberto R obe berto to Ca C Carl Carlos, rlos, rlo o , ao o hino hin h ino da F Fran Fra ran an nçaa (veja ((vej veeja tab ab abela la). Sempre Sempre com m le let etrrraas que eex que xaltam xalt xal altam ttam m o amor ao clube, club be, e evievi evitand tan an ndo ag agressões gresssões ao rrival ival iv al o ou u au autoauto topro promo prom omoção das a torcida das. s.

“P Po P o po po p po o” o” A pr prática rática rá áttic icaa de de llevar evar m ev mús músic músicas úsic ica caass p pop op p às arq às rq qu quibancadas q uib ib baan b ncaadas nc ad das as ta ttam também am mb bém m é cco coo-

Mús Mús Mú sica a

Arti tista

Tor orc rcida da

Amigoo Amigo

Robert rtoo Ca Carlos

Corinnth thian ns

Aqua la doo Brasil Aqu Aquarel Aquarela sil

João Gilberto rto

C bes eur Club uropeus*

Asa Branc r nca

LLuís í G Gon onza zaga

Pallm meirrass

Bebendo Bebe ndo do Vin V Vi Vinh nho o

Wander Wildner Wildn

G mio e Portuguesa Grêm P

Caa t Take Can’t Can Ta My M Eyes Ey Eye ooff fff Y You ou

Frankkie Va Vallllii

Flaam Fl amen eengo

Goo We West W et

Village People Vil Vill pe

Club Cl ubes bes euro uropeus

Have H avee You Y E Evver See Ever Seen en n th thee Rai Rain n?

Creedence Creede Creeden Cree C ree re eee nce Clea eede Clearwater water Re Revival vi al viva

Atl Atlé A tléti léét ético i o Min Min inei eiroo

Ilariê Ilariê arriê

Xuuxa Xux xa

Clubes Cl ubes argen ub aarge argentin gge gentinos nti

Laa B Bamba a baa

Ritchie Ri Rit R itchie tchie hie V Valens aleen ens

Flu ineense Fluminense Flu enssee e Ná Náu Náutico áutico

Mam M amãe, am mãe, e, Eu Q Que Quero ro

C rmen Ca Carmen meen nM Mirand Miranda i anndddaa irand

Clubes Cl C luubes b arge aargentino argentinos ar g ntino ti ooss

Marselh Marselhesa lh hesa

Claude-Joseph aude-Joseph de-JJoseep Rouget R ett dde Lisl LLi Lisle isl sle sle

Náutico Náutico c

Não o Quero ero D Dinheir Dinheiro n eiro ro

Tim m Ma Maia Mai aia

Corinthiians Cor iaanss

Seven ve Nat Nation n Army

Wh te St White SStripes trr ess

Clubes C Cl lub ubes bes europeus peus

Tema ma da Vi Vitóriaa V

Eduardo ardo ar rdoo Souto Souto So uto N Neto

Flaamengo e Inter Flam

W sky a G Whisky Go oG Go

Roupa Rou Roup oupaa Nov Nova va

Alll Boys e Grêmio A rêêmio

Yellow Ye llow w Su Submarine

Beat Beatl B eeat atles tles

Clubes C ub europeus

44

cultura.indd 2

mum na Europa. urop Um dos maiores “hits” é “Go West”, mú música úsic do Village People que d ue fez f z sucesfe su so com o Pet Shop ho op Boys. Bo oys ys. O canca to é tão difundido fun undi dido ido o que qu até a é virou vi tema oficial cial al da d Copa Cop Co do Mund undo ndo n o de 2006, 006, com c m a letra “S “Stand “Stan Stand Up U fforr the fo th Champions” C ampions” mpions” pio io (“Levantem (“Levante (“LevantemLevantemtemse p paraa os camp campeões”). am mpeões”). s”). “Yellow “Yell w Submarine”, Sub ubm bmar a ine”,, q ari que uee n no Brasil B ganhou ga g versão ve v ersão ersã rsão da da torcida to torci torrccida cida idaa do d Fluminense, Fluminen nse, também ta ambém amb mbém m b béém ém ttem m b basta bastante ast astante stante tante tante ac aceitação acei en ent eentr entre ntre ree os os europeus europeus. urrope opeus Quando Qu Qua Q uan ando a o se ttrata rat at de homenagear homenagear om m g ar jogado joga jjo oga og gado ado ad do ores res ree br bra brasileiros rasileiros asileir il rros na E Europa, Eu urropa u ro op o paa ép padrão padr paadrão padrã drã dr rão can cantarolar antarolar arolla “Aquarela arolar “Aquarel quarel arel arela ela llaa do o Brasil”. Brasil” Bra Br B raassil” ra sil”. siiil”. M Mas Maass outras out aass mú mús músi m músic músicas siica cas as v ve verde errd erdedee amarel aamarelas am marelas m mar are aarelas elaaass ttam também am mbém b atr at atravessaram trave avessaram m fronteiras, fr onteira ont nteir teira eiiras, as, as s,, como como mo “Ilariê”, “Ilariê , dee Xu Xux Xuxa xa, a marchin m maarr hi marchi marchinh marchinha hinha nh nhaa ““Ma “M “Mamã “Mamãe, Mamãe, M ãe, e, E Eu uQ Qu Quero” Quero ro”” e até até té “W “Whis “Whisky Whiisky ky a Go G G Go”, o” do do g grupo r Ro R oupa upa u up paa N No Nov o ova vaa. N m No mo mom omento, me mento, ento ntto,, o m maior ma mai maio ior “h ““hit” hitt”” d das da arqui arqu uib iban ib an ncadas nca ncad ada ad das d ass da da Europa Europ Eur Euro Eu u op opa é a introd od duççãão ins inst instrumental stru trumental trumen m me ment ental n nttaal al dee ““Seven “Sev Seven N tio Na ion on Arrm rmy”, my , d my” do o W White Whi h e S Stripes Stri trip ipes (que na boca daa to torcida torrcci ciid daa vi virou rou u “po po po po” o”))). Pop Popula P opularizada pular aarizada iizad zada pelos pel pe os itap ita liano no os n naa C Copa opa pa d de 2 2006, 0 6, 00 6, a ve v versão err tem m o ori rigeem em na Bélgica. Bélg B gic ica Em um m jogo jo go o ent ntr ntre ttre ree Club Clu lub b Brugge ugg ug gge g e Roma, Ro om ma pela pel pe ela laa Cop Copa C pa U Uefa, e a, eem m ffev fevereiro evereiro v i de 2006 006, 0 06,, os 06 os ro rromanistas m manistas anist st vi stas viram vira ram m os o tor ttoro ccedores ed dores llocais o oc ocaiss ccantan cantando anttand ndo d após apó u um gol g go ol e leva levaram evar aram mam mú música úsica ú ca para para o es ese tádio tá ádi dio d i Olím Olímpico. O ím mpico De mpico. D lá, á ele ele se se espa espaallhou h ho p pela eel IItál Itália áliaa e virou irou iro u tema tema da d vitória vi tó na Cop Copa. o a op Ou universo niiverso de músicas mú úsicas que caiairriam i m bem b beem e nos os estádios estádio é infindáin vel. v el Ent Então, ão, qu que ue a parada de sucesssos os cco continue. n ntinu e Confira as letras e vídeos das músicas em www.trivela.com/revista

Fevereiro de 2009

1/23/09 2:19:55 PM


Seyllou Diallo/AFP

MUNDO

por Leonardo Bertozzi

Exércitos de um

homem só Em países de pouca expressão, jogadores acima da média lutam para levar suas seleções mais longe

Q

ualquer lista que se faça de craques a nunca terem disputado uma Copa do Mundo tem de incluir nomes como George Best, Ryan Giggs e George Weah. Atuando por seleções frágeis no cenário internacional, eles não conseguiram repetir as conquistas importantes que tiveram em seus clubes. Vários países já contaram com jogadores nitidamente superiores aos compatriotas – e houve até aqueles que conseguiram arrancar resultados expressivos graças a eles. A Trivela apresenta alguns destes heróis solitários que tentaram levar suas seleções mais longe.

George Best (Irlanda do Norte) Best teve uma carreira curta, mas brilhante. Foi o destaque do primeiro título europeu do Manchester United, em 1968, ano em que ganhou a Bola de Ouro. Em 1982, quando a Irlanda do Norte disputou a Copa do Mundo, houve quem defendesse a convocação de Best, mas ele estava com 36 anos e sem condições de atuar em alto nível.

Ryan Giggs (País de Gales) No Manchester United desde 1990, já ganhou dez títulos nacionais e dois da Liga dos Campeões. Com ele, o País de Gales chegou perto de disputar a Euro 2004, mas perdeu a repescagem contra a Rússia.

Massimo Bonini (San Marino) O volante brilhou nos anos 80, quando a seleção de San Marino nem existia. Ele chegou a jogar pela Azzurra nas categorias de base, mas esperou que San Marino recebesse o reconhecimento da Uefa, em 1990, para representar seu país. Titular da Juventus, conquistou um Mundial Interclubes, uma Copa dos Campeões, uma Recopa e três Campeonatos Italiano.

Cha Bum-Kun (Coreia do Sul) Cha atuou por mais de uma década na Alemanha, vestindo as camisas de Eintracht Frankfurt e Bayer Leverkusen nos anos 80. Foi campeão da Copa Uefa pelos dois clubes. Com a seleção sul-coreana, foi às Copas de 1986, como jogador, e 1998, como técnico.

Wynton Rufer (Nova Zelândia) Com18 anos, Rufer era o jogador mais jovem da seleção neozelandesa que disputou o Mundial de 1982. Destacou-se pelo Werder Bremen, onde atuou entre 1989 e 1995, conquistando um título da Bundesliga e um da Recopa.

Jorge “Mágico” González (El Salvador) A participação de El Salvador na Copa do Mundo de 1982 é lembrada pela goleada de 10 a 1 sofrida contra a Hungria, mas houve quem se destacasse. Caso do atacante Mágico González, considerado um dos maiores ídolos do Cádiz.

Mario Frick (Liechtenstein) Frick é o primeiro jogador de seu país a atuar na Série A italiana. Atualmente no Siena, ele já passou por Arezzo, Verona e Ternana – algo que é apenas um sonho para seus colegas de seleção.

Jari Litmanen (Finlândia) Próximo de completar 38 anos, Litmanen segue em atividade na seleção finlandesa. Capitão desde 1996, vive sua última oportunidade de chegar a uma Copa do Mundo. Já defendeu Ajax, Barcelona e Liverpool.

George Weah (Libéria) Eleito o melhor do mundo pela Fifa em 1995, quando defendia o Milan, Weah foi mais que um jogador para a Libéria. Trabalhou como técnico, investiu dinheiro do próprio bolso na seleção e até concorreu à presidência do país em 2005. A Libéria chegou perto da Copa do Mundo de 2002 e se classificou para duas edições da Copa Africana, algo que não conseguiu desde a aposentadoria do atacante.

Alberto Spencer (Equador) Numa época em que o Equador nem pensava em disputar a Copa do Mundo, Spencer fez seu nome na Libertadores. Atuando pelo Peñarol entre 1960 e 1970, ele conquistou três títulos da competição e marcou 54 gols, marca não alcançada por nenhum outro atleta.

Júlio César Dely Valdés (Panamá) O atacante se destacou atuando pelo Nacional de Montevidéu no início dos anos 90, mas passou por Cagliari, Paris Saint-Germain, Oviedo e Málaga. Em seus últimos anos na seleção, obteve o vice da Copa Ouro em 2005. Fevereiro de 2009

Uomo-paese.indd 3

45

1/26/09 4:38:47 PM


Shutterstock

EXTRACAMPO

A reação de Abu Dhabi proposta de € 120 milhões do Manchester City por Kaká – mais € 18 milhões anuais de salários – ganhou espaço na imprensa mundial pela possibilidade de se tornar a maior transação da história do futebol. No entanto, o fato merece atenção não apenas pelas cifras, mas por expor a sede com que Abu Dhabi entra no esporte mundial. Mansour bin Zayed al Nahyan é príncipe da capital dos Emirados Árabes e tem uma fortuna avaliada em € 16,1 bilhões. Vaidoso, ele resolveu colocar sua cidade em igualdade com a vizinha Dubai, muito mais conhecida internacionalmente. Comprar o Manchester City e tentar contratar Kaká foi uma de suas ações. Levar a Fórmula 1 e a final do Mundial de Clubes para Abu Dhabi fazem parte do mesmo processo. Para quem considerava que a entrada de Roman Abramovich no futebol inglês desfigurava a competição, a chegada dos árabes pode ser ainda mais radical. Até porque o russo, um potencial concorrente, perdeu € 3,22 bilhões apenas com a crise financeira dos últimos meses e caiu no ranking de homens mais ricos do futebol britânico.

A

Mais popular

Empresário

Clube

extracampo.indd 2

SUPERÁVIT PRIMÁRIO Nunca houve tantas transferências de jogadores brasileiros para o exterior como em 2008. De acordo com a CBF, 1.176 atletas deixaram o País e foram negociados com clubes estrangeiros, em um número 8,4% maior que o de 2007. A marca é mais de duas vezes superior à registrada há dez anos (530) e 13 vezes à de três décadas (87). PERFUMARIA A Juventus foi a escolhida pela L’Óreal para marcar sua entrada no futebol. A empresa fechou um acordo, cujos valores e tempo de duração não foram revelados, com a equipe de Turim. Buffon, Legrottaglie, Sissoko e Camoranesi serão os garotos-propaganda de um comercial de uma linha de produtos masculinos.

Fortuna € 16,1 bilhões

Mansour al Nahyan

Manchester City

Lakshmi Mittal

Queen’s Park Rangers € 13,4 bilhões

Roman Abramovich

Chelsea

€ 7,5 bilhões

Joe Lewis

Tottenham

€ 2,7 bilhões

Bernie Ecclestone

Queen’s Park Rangers € 2,6 bilhões

Stanley Kroenke

Arsenal

€ 2,4 bilhões

Alisher Usmanov

Arsenal

€ 1,6 bilhão

Lord Grantchester

Everton

€ 1,3 bilhão

Kaká não é o preferido apenas dos dirigentes do Manchester City. Uma pesquisa realizada no final de 2008 pela TNS Sport, empresa de consultoria e pesquisa em marketing esportivo, colocou o meia como o mais querido pelos torcedores brasileiros. O melhor jogador do mundo de 2007, segundo a Fifa, teve 23,38% da preferência, contra 16,74% de Ronaldinho, 8,56% de Robinho e 3,88% de Ronaldo. Foi a primeira vez que Kaká superou o gaúcho nesta pesquisa. De acordo com a empresa que elaborou o estudo, era um processo natural. “O Kaká se consolidou como um ídolo nacional, principalmente depois de se transformar no principal jogador da Seleção. Sua liderança era questão de tempo, porque seus números cresciam a cada onda da pesquisa”, disse César Gualdani, diretor da TNS Sport. Na enquete, foram feitas 7007 entrevistas em 356 cidades brasileiras.

46

ATIVOS

MARCA REGISTRADA Cristiano Ronaldo entrou com um pedido no Instituto Nacional da Propriedade Industrial de Portugal para o registro da marca CR9. No Manchester United e na seleção portuguesa, o meiaatacante usa a camisa sete – tanto que também registrou a marca CR7, usada em duas lojas de sua propriedade. BARGANHA Preocupada com o reflexo da crise econômica mundial no bolso dos torcedores, a federação inglesa decidiu reduzir os preços dos ingressos para partidas da seleção. Os valores das entradas ficaram 25% mais baratas. O ingresso mais econômico nas Eliminatórias sairá por € 32,2.

Fevereiro de 2009

1/23/09 2:49:42 PM


por Ricardo Espina

F oto

s Div

ulga

ç ão

Bola cheia A Topper lançou o novo modelo da bola a ser usada no Campeonato Paulista. A maior novidade da KV Carbon 12 Campo 4th Edition fica por conta do visual: ela tem as cores da bandeira do Estado (vermelha, branca, preta e amarela). A empresa de material esportivo, cuja parceria com a federação paulista dura seis anos, também fornecerá os uniformes dos árbitros. Fabricante Topper Preço sugerido R$ 169,99

6=3 Para celebrar a conquista de mais um título brasileiro, o São Paulo lançou o DVD “Tri-Hexa”, em parceria com a 20th Century Fox Home Entertainment. Como nos dois anos anteriores, quando preparou “Tetra” e “Penta”, o time mostra os bastidores do inédito tricampeonato nacional. A obra, produzida pela Bossa Nova Films, conta com uma novidade: outro DVD, com todos os gols das campanhas vitoriosas em 2006, 2007 e 2008. Fabricante 20th Century Fox Home Entertainment Preço sugerido R$ 49,90

A imagem do centenário Para celebrar seu aniversário de cem anos, o Internacional criou um selo especial. O lançamento foi em Bento Gonçalves, cidade na qual o Colorado fez sua pré-temporada. A imagem, concebida pelos designers Cristopher Bertoni e Gonzalo Rodriguez, mostra o número 100 formando um saci – mascote do clube – estilizado. O selo será utilizado em diversos produtos oficiais.

iFUTEBOL Os donos de um iPhone agora podem consultar notícias sobre o Campeonato Italiano em seu telefone celular. A Nike lançou um aplicativo com informações sobre o torneio, exclusivas para quem possuir o aparelho da Apple. Pelo “Nike Goal”, é possível acompanhar os resultados, gols dos jogos em andamento e a tabela da Série A. A empresa norte-americana aproveitará para divulgar suas novas linhas de chuteiras e avisará quando um jogador que patrocina marcar um gol. CAMISA ESTRELADA Os torcedores do Cruzeiro decidiram, em uma enquete no site oficial do clube mineiro, quais serão os uniformes da equipe para 2009. Tanto a camisa número um como a dois, bem como o material para treino e extra-campo, terão as estrelas soltas, como no modelo utilizado em 2008. A opção venceu com grande vantagem a outra versão, com o escudo: 72,62% (camisa azul) e 68,65% (branca) dos votos. No uniforme três, o distintivo ganhou (50,53%). Para 2009, a Raposa assinou contrato com a Reebok e a nova linha de uniformes será lançada em fevereiro. Fevereiro de 2009

extracampo.indd 3

47

1/23/09 2:50:01 PM


Andrew Parsons/Reuters

CADEIRA CATIVA

por Fábio Felice

O mau humor

continua Jogo contra o Southend parecia fácil, mas Chelsea empata em casa e torcida seguiu irritada com time de Felipão

ondres é uma cidade conhecida por ser cinzenta e chuvosa, como uma pessoa ranzinza e mal-humorada. É mais ou menos assim que parte da torcida do Chelsea está com Felipão. Até o guia que recebe os torcedores que fazem o passeio pelo estádio Stamford Brigde, dá sua cornetada. Ele diz até gostar de “Big Phil”, mas os resultados do técnico não agradam. Se o time precisava de uma boa vitória, o jogo de 3 de janeiro era ideal. Os Blues enfrentaram o Southend United, 14ª colocado da Terceirona inglesa, pela FA Cup. A fragilidade do adversário era tamanha que Felipão até colocou Belletti ao lado de Lampard no meio-campo azul. Apesar da diferença técnica entre as equipes, a partida estava dura. O Chelsea saiu na frente com um gol de Kalou, mas jogava mal. Scolari gesticulava o tempo inteiro, mas ninguém olhava pra ele. Enquanto isso, Belletti parecia ter moral com a torcida. Sempre que pegava na bola, o brasileiro ouvia vários gritos de “shoot” o incentivando a arrematar de longa distância. O lateral-volante não estava com o pé calibrado e seus chutes deram razão a quem o critica. No segundo tempo, o time londrino perdeu uma pancada de oportunidades de gol. Mineiro, no banco, aquecia com o resto

L

CHELSEA 1 SOUTHEND U NITED

1

3/ /j ja jan ne nei iro ir ro/ o/2 /20 00 009 09 FA A C Cu up p Es E st tá tád di dio io St S am a fo f rd rd Br Bri id dg ge ge (LLoon ond ndr dre re es s) s )

dos reservas. Belletti não arriscava mais nenhum torpedo de fora da área. O jogo começava a esfriar e o Southend passou a avançar um pouco em busca da igualdade. Em um lateral cobrado direto para área, dois desvios são suficientes para dar o empate ao Southend no último minuto, para festa de seus 6 mil torcedores que foram a Stamford Bridge. Com o resultado, as duas equipes tiveram de disputar um jogo-extra em Southend para definir quem se classificaria para a quarta fase da Copa da Inglaterra. A torcida do Chelsea saiu resmungando com Scolari. Alguns até falam que os jogadores não gostam do técnico, que estão fazendo corpo mole. Fábio Felice, 19 anos, é estudante de publicidade

Você foi a algum jogo que tem uma boa história para ser contada? Mande um e-mail para contato@trivela.com que seu texto pode ser publicado neste espaço!

48

cativa.indd 2

Fevereiro de 2009

1/23/09 2:45:39 PM


810376 AF AN SUSTENTA F ld anuncios.indd 6

1

18 09 8:20:12 08 21 04 1/22/09 PM27


A VÁRZEA

Libertadores do Peru A Fifa queria matar o Peru de véspera. A toda-poderosa entidade temia o sucesso dos times do país na Libertadores, por isso armou um complô para excluí-los sumariamente da competição. Até convidou três desconhecidos, conhecidos apenas como Vacantes, para disputá-la. Se até time mexicano pode sonhar com o título sulamericano, qual seria o problema? A medida gerou protestos de toda a parte. No Peru, ninguém baixou a cabeça. Milhares de lhamas saíram pelas ruas, cuspindo em bandeiras da Fifa. Os outros participantes do torneio se mostraram solidários à causa peruana. O Grêmio até ameaçou apelar. Caso o Peru não entrasse, o time gaúcho criou polêmica com um possível uso de Viagra. Com medo de encarar o tamanho do problema de frente, a Fifa voltou atrás, para alegria da turma dos Andes. Até houve uma Aurora no céu, seguida por um Cruzeiro resplandecente. Só faltou o Sol de América para completar. Felizmente, ainda há um Defensor da América, alguém com espírito Nacional acima de tudo. Nem foi preciso apelar aos santos, nem San Lorenzo, nem San Luís tampouco San Martín. A saída não veio no ColoColo, mas logo caiu na Boca do povo. Mesmo com tamanha polêmica, a Libertadores se consolidou como o melhor campeonato interclubes do mundo. Qual outra competição conta

A charge do mês com dois participantes do Mundial de Clubes da Fifa? Só a LC da Ásia, a única que pode bater no peito diante dos sul-americanos. Não tem nada daqueles europeus mixurucas que se acham a última bolacha recheada do pacote. Na LC deles entra até time que foi quarto colocado! Aqui não tem nada disso, até porque o River Plate honrou sua camisa no Apertura. Como diria Boyacá Chicó, só sei que foi assim.

Em alta Seleção Brasileira Terminou o ano em quinto no ranking da Fifa, mas pode ter Felipão de volta se o Chelsea ajudar

A lorota do mês “A verdade é que o Palmeiras está no caminho certo” Ainda bem que Vanderlei Luxemburgo é um treinador de visão, ao prever um excelente rumo após o time perder por 3 a 0 para o Rio Claro, da segunda divisão paulista.

A manchete do mês “Dorival aprova chegada de Pimpão” (Globo Esporte.com)

Cristiano Ronaldo O melhor jogador do mundo destruiu sua Ferrari, algo que nem Rubinho Barrichello conseguiu

A situação do Vasco anda tão ruim que até contrataram o ursinho da Simony.

Em baixa Você pode receber A Várzea na sua caixa postal. Basta entrar no site www.trivela.com e inserir seu endereço de e-mail no campo de cadastro. Ou então mande uma mensagem para varzea@trivela.com, com a palavra Cadastrar no campo de assunto

50

várzea.indd 2

Fevereiro de 2009

1/23/09 1:56:43 PM


Mais informaçþes www.prefeitura.sp.gov.br ou ligue 156

anuncios.indd 8

1/22/09 8:46:15 PM


anuncios.indd 4

1/22/09 8:17:42 PM


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.