Trivela 42 (ago/09)

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nº 42 | ago/09 | R$ 8,90

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Gre-Nal: 100 anos de rivalidade Mauro Silva: “Atrapalhei o Felipão” Botafogo, Lisboa, futebol na TV

DE NOVO

FAVORITOS A um ano da Copa, Brasil se encontra e pinta como candidato ao título. Confira o que (ou quem) pode frustrar os planos do hexa CORINTHIANS Entre o risco de desmanche e a festa do centenário

VAN GAAL Quem é o holandês que barrou Lúcio e Rivaldo

capa 42.indd 1

VERÓN Estudiantes campeão da América, ca, uma história de pai para filho ho

7/28/09 2:03:57 AM


BANDSPORTS

Muito além do futebol.

NESTE SEMESTRE: Eliminatórias da Copa do Mundo | Campeonato Alemão e Português de Futebol | NFL | Fórmula Indy Campeonato Europeu de Seleções de Vôlei | ATP | WTA | DTM | Nascar | Poker | Superbike

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EDITORIAL

Pede pra ficar? Há pouco mais de três anos, a Trivela tratou a indicação de Dunga para treinar a Seleção como uma brincadeira de mau gosto. E era: o ex-capitão do Brasil não foi indicado por seus méritos como treinador, já que não era treinador, nem por sua capacidade de liderança. Foi indicado porque a CBF precisava dar a entender que o título mundial fora perdido por causa de alguns jogadores sem comprometimento. Dunga teria como tarefa primordial trazer de volta o “amor à camisa”. Era uma cortina de fumaça. Sem experiência, o ex-volante começou arrumando briga com os dois melhores jogadores do mundo da época, Kaká e Ronaldinho, acusados de “não quererem” jogar a Copa América. Além disso, priorizou a lealdade à Seleção à capacidade técnica e, no começo, deixou de chamar jogadores importantes para chamar outros da “panela”. O time não tinha padrão de jogo, jogadas ensaiadas ou consistência tática. O que nos levou a, dois anos depois, dizer com todas as letras: “Pede pra sair!”. Os motivos pelos quais Dunga foi indicado ainda são ridículos. Sua falta de conteúdo tático continua flagrante. Dunga, entretanto, mostrou maturidade e sabedoria para mudar. Algumas coisas que pareciam equivocadas se mostraram corretas, e isso tem que ser valorizado. De um lado, deixou as bravatas para trás, e trouxe para seu lado Kaká. De outro, sendo leal aos jogadores, ganhou o comprometimento deles. Além disso, a manutenção das peças deu ao time uma consistência que, embora tenha demorado a aparecer, se mostrou sólida. Não é que tudo agora sejam flores. Mudar agora, porém, seria um erro. Primeiro, porque Dunga usou bem o tempo que teve, e é hoje melhor do que era há um ano. Além disso, não dá mais tempo para começar tudo de novo. E o que foi feito até agora pode ser suficiente para, na base da empolgação que uma Copa traz, ganhar o almejado troféu. Dunga era o cara errado chegando lá pelos motivos errados. Mas tomou atitudes corretas e mostrou maturidade. Agora, merece ficar. Pelo que demonstrou, é justo que tenha a chance de terminar o que começou.

w w w. t r i v e l a . c o m Editor executivo Caio Maia Editor Ubiratan Leal Reportagem Gustavo Hofman, Leonardo Bertozzi, Felipe dos Santos Souza (trainee) e Mayra Siqueira (trainee) Consultoria editorial Mauro Cezar Pereira Colaboradores Antonio Vicente Serpa, João Tiago Picoli, Luciana Zambuzi, Priscila Bertozzi e Ricardo Espina Revisão Luciana Zambuzi Projeto gráfico / Direção de arte Luciano Arnold Design / Tratamento de imagem Bia Gomes Capa Getty Images/AFP

Central do assinante

CONFIRA NESTE MÊS 14/8

TABELAS PARA IMPRESSÃO

Para quem gosta de seguir os campeonatos com papel e caneta

Guia dos play-offs da Liga dos Campeões Conheça os favoritos nos confrontos que valem vagas na fase de grupos

21/8 História Com pai de Verón, Estudiantes mandou na América do Sul por três anos 27/8

Sorteio da Liga dos Campeões Confira em tempo real a definição dos grupos do maior torneio de clubes da Europa 31/8

TODA SEMANA Acompanhe colunas com análise e informações do futebol de todo o mundo

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FECHAMENTO DO MERCADO AO VIVO Acompanhe minuto a minuto as últimas negociações pela Europa

www.trivela.com/revista (11) 3038-1406 trivela@teletarget.com.br Diretora Comercial Gabriela Beraldo (11) 3171-1146 gabriela@matracanet.com.br Circulação LM&X - (11) 3865-4949 lele@lmx.com.br Atendimento ao jornaleiro LM&X - (11) 3865-4949 atendimento@lmx.com.br Redação (11) 3171-1146 contato@trivela.com é uma publicação mensal da Trivela Comunicações. Todos os artigos assinados são de responsabilidade dos autores, não representando necessariamente a opinião da revista. Todos os direitos reservados. Proibida a cópia ou reprodução (parcial ou integral) das matérias e fotos aqui publicadas Distribuição nacional Fernando Chinaglia Impressão Prol Gráfica e Editora Tiragem 30.000 exemplares

Agosto de 2009

8/5/09 3:34:30 PM


ÍNDICE 34

Alexander Joe/AFP

CAPA » SELEÇÃO BRASILEIRA

Dunga está praticamente garantido na Copa de 2010, ainda mais com o título da Copa das Confederações. Mas ele aprendeu alguma coisa? E os concorrentes da Seleção Brasileira, como estão? ENTREVISTA »

MAURO SILVA

18

CORINTHIANS

Da Série B à Libertadores em 2010

22

NEGÓCIOS

Pesquisa de torcida, pesquisa de mercado

BOTAFOGO TENDÊNCIA EUROPA

17

MARACANAZO

45

Depois de se reerguer, mais problemas Os sucessores do São caetano

Classe média busca uma solução

GERAL

8

PENEIRA

16

EXTRACAMPO

64

A VÁRZEA

66

Gerardo Lazzari

6

eu fiscalizo a

32 46 52

PERFIL

Louis van Gaal, o perseguidor de brasileiros?

54

LISBOA

56

HISTÓRIA

O duelo que, literalmente, virou guerra

60

CULTURA

TV abre espaço para futebol alternativo

62

48

JOGO DO MÊS

Copa Co pa 2 201 014 01 4

28

Como o Estudiantes protagonizou o Mineirazo

LIBERTADORES 2x1

26

TÁTICA

CAPITAIS DO FUTEBOL »

OPINIÃO ENCHENDO O PÉ

40

COPA DO MUNDO

Trivela conversou com o protagonista do título da Libertadores (e seu pai)

44

A briga agora é para ver quais cidades serão as subsedes do Mundial

Agosto de 2009

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5

7/27/09 11:02:37 PM


Jefferson Bernardes/Vipcomm

100 anos, mas com corpinho de

25

por Luciana Zambuzi

JOGO DO MÊS

2x1

Não foi um novo 10 a 0, mas Grêmio encerra o primeiro século de Gre-Nais com vitória sobre o rival as janelas, nas conversas, nas roupas de quem passeava pelos parques da cidade. Não havia uma alma viva indiferente. Porto Alegre era azul ou vermelha, Grêmio ou Internacional, em um grau maior do que em dia de um GreNal comum – se é que isso existiu algum dia. Compreensível, considerando que o encontro 337 entre os gigantes do Sul marcava o 100º aniversário do primeiro. Gremistas, que já no sábado lotaram o Olímpico para acompanhar o último treino do time, relembravam o placar de 10 a 0 do primeiro confronto. Os rivais se apegavam mais ao presente, com o time disputando a liderança do Campeonato Brasileiro, mesmo com Tite contestado. Entre a remissão histórica tricolor e o presente colorado, menções a Rolo Compressor, Batalha dos Aflitos, título mundial de 1983 e 2006, Falcão, Ronaldinho, Gre-Nal do século e todos os elementos dessa mitologia gaúcha. Coisas que, horas antes do clássico, novamente pouco parecem importar. O que vale é o churrasco com os amigos

N

6

jogo do mês.indd 2

nas pracinhas da Azenha, o sanduíche de entrevero (mistura de um monte de carnes no meio de um pão) na porta do estádio e, para os visitantes, o trajeto do Beira-Rio até o Olímpico. Uma viagem que se pagou com 25 minutos de jogo, com a falha de Souza que resultou em um gol de Nilmar. Alegria inicial colorada, mas logo abafada. Souza se redimiu do erro ao empatar a partida em bela cobrança de falta. Avalanche no Olímpico e início do fim de um nó que resistia nas gargantas gremistas desde 2007. No segundo tempo, Maxi López, aproveitando bola

GRÊMIO Victor; Mário Fernandes (Makelele), Rafael Marques, Réver e Fábio Santos; Adílson, Túlio, Tcheco e Souza; Herrera (Jonas) e Maxi López Técnico Paulo Autuori

rebatida em Guiñazu, marcou mais um gol para os anfitriões. O outro atacante argentino do Grêmio, Herrera, ainda fez a bola tocar a trave do goleiro Lauro, mas o placar não se alterou mais. A partida termina, vitória do Grêmio, a primeira no clássico nos últimos dois anos. Os torcedores contam até dez, só para relembrar do Gre-Nal original. A torcida demora a sair do Olímpico, os jogadores retribuem com reverências. Se o Gre-Nal do século – nas semifinais do Brasileirão de 1988 – terminou com uma vitória de virada do Inter, o século de GreNal terminou com o Grêmio dando o troco. Um jogo que, mesmo antes de acontecer, já fazia parte da história do maior clássico do Sul. E que iniciou a contagem do segundo século dos Gre-Nais.

2X1 INTERNACIONAL Data 19/julho/2009 Local estádio Olímpico (Porto Alegre) Árbitro Leonardo Gaciba da Silva Público 36.046 pagantes Cartões amarelos Guiñazu, Taison e Tcheco Gols Nilmar (25min), Souza (35min) e Maxi López (69min)

Lauro; Bolívar (Danilo), Índio, Sorondo e Kléber; Sandro, Guiñazu, D´Alessandro e Andrezinho (Giuliano); Taison (Alecsandro) e Nilmar Técnico Tite

Agosto de 2009

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GERAL » BRASIL

Mortes: SP lidera ma pesquisa realizada por Unicamp e Universidade de Amsterdã levantou o número de mortes ligadas ao futebol no Brasil. No total, foram 64 casos, levando em conta as mortes provocadas por confrontos entre torcedores ou em choques com a polícia. O estado de São Paulo lidera o ranking, com 19 mortes. A surpresa ficou por conta do segundo colocado: Minas Gerais, com 14. O número chama a atenção, pois Minas tem apenas dois clubes grandes e, consequentemente, menor quantidade de clássicos – partidas em que a chance de ocorrer brigas entre torcidas aumenta consideravelmente. Aliás, os mineiros foram responsáveis pela primeira morte relacionada ao futebol no País. Em 1967, em Belo Horizonte, Crispim Modestino Costa, torcedor do Atlético Mineiro, disparou dois tiros no cruzeirense Joaquim Lima da Rocha, que o havia esfaqueado em uma briga depois de uma partida. Os dois eram colegas de trabalho. Além de São Paulo e Minas Gerais, quem também precisa se preocupar é o Rio de Janeiro, que teve 13 mortes ligadas ao futebol. Os demais estados que aparecem na lista – pela ordem, Bahia, Rio Grande do Sul, Ceará, Maranhão, Distrito Federal, Pará e Pernambuco – estão bem atrás do trio. Os baianos, quartos colocados, tiveram cinco mortes. Os gaúchos computaram quatro, uma a mais que cearenses e maranhenses. Brasilienses, paraenses e pernambucanos viram apenas uma fatalidade.

Javier Soriano/AFP

U Apresentações das multidões

Se fossem clubes brasileiros, Kaká e Cristiano Ronaldo teriam levado um público maior em suas apresentações do que quase todas as equipes do Brasileirão até a 11ª rodada. As duas cerimônias realizadas no estádio Santiago Bernabéu foram vistas por cerca de 150 mil pessoas. O Atlético Mineiro, líder do ranking, só ultrapassou essa marca na décima rodada, na vitória contra o São Paulo. O Flamengo, segundo colocado, venceu a dupla madridista por menos de mil pessoas. Separadas, as duas apresentações também ocupariam lugares nobres na tabela: 10º (Cristiano Ronaldo) e 16º (Kaká). Confira: Público

Clube/jogador

Público

1

Atlético Mineiro

184.693

13 Maradona*

2

Flamengo

150.958

14

Palmeiras

74.514

3

Kaká + Cristiano Ronaldo

150.000

15

Internacional

72.204

Náutico

70.636

75.000

4

Grêmio

115.433

16

5

Sport

108.865

17 Kaká

6

Fluminense

102.379

18

Avaí

56.922

7

São Paulo

101.974

19

Vitória

56.842

8

Corinthians

96.295

20

Goiás

39.432

9

Atlético Parananse

94.517

21

Botafogo

38.307

90.000

22

Santos

37.941

10 Cristiano Ronaldo

60.000

11

Cruzeiro

80.332

23

Santo André

23.296

12

Coritiba

75.764

24

Barueri

13.530

RAPOSA ALVIRRUBRA Para se livrar de grave crise financeira, o Villa Nova foi encampado pelo Cruzeiro. Pelo acordo, a Raposa assumiu as dívidas e os jogadores do time de Nova Lima; em troca, ficará com 95% das receitas geradas pelo clube. No total, o Leão do Bonfim deve R$ 4 milhões em impostos e chegou a penhorar as taças de campeão estadual.

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*Ao Napoli em 1984, recordista até junho deste ano

Clube/jogador

PÊNALTI! Ao bater – e converter – um pênalti contra o Flamengo, pela 10ª rodada do Brasileirão, Jorge Wagner encerrou um período de 266 dias sem que o Tricolor paulista tivesse uma penalidade máxima a seu favor. A última havia sido assinalada em 19 de outubro de 2008, no clássico contra o Palmeiras.

DE NOVO Pedrinho parece mesmo fadado a ter sua carreira prejudicada pelas recorrentes lesões. O meia de 32 anos teve seu contrato rescindido com o Figueirense após cinco meses. O motivo? Uma contusão no pé, que o deve afastar dos gramados até setembro. No total, foram apenas onze jogos disputados com a camisa do Figueira.

Agosto de 2009

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por Ricardo Espina

Divulgação

Adeus, aos 90

Zé Carlos entrou para a história do Brasileirão pela porta dos fundos. O atacante do Cruzeiro protagonizou a expulsão mais rápida da história do torneio, ao dar uma cotovelada em Renan, do Atlético Mineiro, pouco depois da saída de bola

12 s

RAPIDINHAS

GAFE DOS DIABOS O América de Natal recebeu um presente de grego em seu aniversário de 94 anos. O clube se revoltou com uma matéria veiculada na edição local do programa Globo Esporte. A reportagem pôs no ar o hino do América carioca. Os potiguares emitiram nota de repúdio e indicaram como se fazer o download do hino da equipe na internet.

HAT TRICK FENOMENAL A atuação na vitória do Corinthians por 4 a 2 sobre o Fluminense pelo Brasileirão, encerrou um longo jejum para Ronaldo. O atacante não marcava três gols em uma partida desde 2004. Como profissional, esta foi a 20ª vez na qual o Fenômeno atingiu esta marca. A última vez na qual ele havia feito o que os ingleses chamam de “hat trick” foi em junho de 2004. Data

Jogo

Competição

5/10/1993

Cruzeiro

6x1

Colo Colo

Supercopa Libertadores

13/2/1994

Cruzeiro

3x1

Jubilo Iwata

Amistoso

6/3/1994

Cruzeiro

3x1

Atlético Mineiro

Campeonato Mineiro

24/4/1994

Cruzeiro

4x0

Uberlândia

Campeonato Mineiro

13/9/1994

PSV

4x5

Bayer Leverkusen

Copa Uefa

2/5/1996

PSV

8x1

Elinkwijk

Campeonato Holandês

9/4/1995

PSV

4x0

Utrecht

Campeonato Holandês

18/11/1995

PSV

8x0

De Graafschap Campeonato Holandês

16/10/1996

Brasil

3x1

Lituânia

Amistoso

26/10/1996

Barcelona

3x2

Valencia

Campeonato Espanhol

23/2/1997

Barcelona

4x1

Zaragoza

Campeonato Espanhol

12/3/1997

Barcelona

5x4

13/4/1997

Barcelona

5x2

Atlético de Madrid Atlético de Madrid

15/10/1997

Internazionale

3x0

Piacenza

Copa da Itália

21/12/1997

Brasil

6x0

Austrália

Copa das Confederações

Internazionale

5x0

Lecce

Campeonato Italiano

1/3/2003

Real Madrid

5x1

Alavés

Campeonato Espanhol

23/4/2003

Real Madrid

3x4

Manchester United

Liga dos Campeões

2/6/2004

Brasil

3x1

Argentina

Eliminatórias da Copa do Mundo

8/7/2009

Corinthians

4x2

Fluminense

Campeonato Brasileiro

15/2/1998

Copa do Rei Campeonato Espanhol

Agosto de 2009

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Obs. Ronaldo fez ainda quatro gols em dois jogos e cinco em um

O departamento de futebol do Fluminense se despediu oficialmente das Laranjeiras. Em julho, os jogadores passaram a usar as instalações do CFZ, no Recreio dos Bandeirantes, como seu novo local de treinos. O clube deixou a rua Álvaro Chaves por considerar que o estádio, inaugurado em 1919, estava obsoleto. O Tricolor ficará no clube de Zico até o fim deste ano. Em 2010, o local será utilizado pelo Flamengo, o que obrigará o Flu a buscar um novo CT ou construir um próprio em breve. A última partida do Tricolor carioca nas Laranjeiras foi em 26 de fevereiro de 2003, quando empatou por 3 a 3 com o Americano, pelo Estadual do Rio. A Seleção também guarda boas lembranças das Laranjeiras: no estádio, a equipe nacional conquistou pela primeira vez o Campeonato Sul-Americano (atual Copa América) pela primeira vez, em 1919. Ainda não foi definido o que ocorrerá com o estádio. Por ser um patrimônio tombado, o Fluminense não pode fazer alterações na arquibancada ou demolir o estádio. O clube estuda a possibilidade de construir campos de grama sintética e abrir o espaço para os sócios.

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ssim que terminou o jogo em que o Brasil bateu os Estados Unidos na final da Copa das Confederações, alguns jogadores da Seleção colocaram camisetas com frases religiosas para comemorar o título. Mais tarde, a delegação se reuniu em um círculo e rezou, agradecendo pela conquista, como já ocorrera na Copa do Mundo de 2002. Os gestos causaram incômodo à Fifa. A transmissão oficial se esforçou para mostrar o mínimo possível das manifestações dos brasileiros e, depois, a entidade enviou um pedido à CBF para que os atletas mais religiosos fossem mais discretos. A reação mais exacerbada veio da fede-

A

540 mil

Número da carteirinha de sócio de Kaká no Real Madrid. O jogador se tornou associado oficialmente após trocar o Milan pelos Merengues

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ração dinamarquesa. “Misturar religião e esporte daquela maneira foi quase criar um evento religioso em si. Da mesma forma que não podemos deixar a política entrar no futebol, a religião também precisa ficar fora”, afirmou Jim Stjerne Hansen, diretor da entidade. Na Europa, há o temor de que tais manifestações se repitam em seus campeonatos, principalmente por jogadores muçulmanos. Na Noruega, dois atletas bósnios do Sandefjord se ajoelharam e rezaram conforme os preceitos da religião muçulmana depois que a equipe marcou um gol. Um companheiro de time reprovou a atitude e fez gestos vulgares.

DE VOLTA PARA CASA Sete anos depois, a seleção iraquiana voltou a disputar uma partida em seu território. O duelo contra a Palestina, em Irbil (capital do Curdistão, ao norte do país), encerra uma jornada nômade da equipe. O Iraque venceu por 3 a 0, para um público estimado em 25 mil pessoas. Por conta dos conflitos internos, a seleção foi obrigada a jogar em outros países. Neste período, os iraquianos levaram seus jogos para Emirados Árabes, Jordânia e Síria. A última partida da seleção em solo nacional havia sido em 22 de julho de 2002, quando derrotou a Síria por 2 a 1. As boas notícias não pararam por aí. A Confederação Asiática (AFC) autorizou tanto a seleção como os clubes iraquianos a mandar partidas oficiais em casa. Em um primeiro momento, foram liberados jogos em Irbil. A cidade também sediará um dos grupos das Eliminatórias do Campeonato Asiático Sub-19. O Iraque está no Grupo C, com Arábia Saudita, Omã, Kuwait, Índia e Afeganistão. Atual campeão iraquiano, o Irbil jogará em seu estádio contra o Kuwait SC, em 30 de setembro, pelas quartas de final da Copa da AFC.

Violência sem fim Javier Flórez, jogador do Atlético Júnior, de Barranquilla, matou um torcedor da equipe que protestou contra sua atuação na final do Apertura contra o Once Caldas. Irritado com as críticas, o volante buscou uma arma e deu quatro disparos no eletricista Israel Cantillo, de 24 anos. Flórez fugiu, mas se apresentou horas depois à polícia. Dias antes, outro incidente quase terminou em tragédia. Rubén Israel se preparava para assumir o cargo de treinador do Independiente Santa Fe, mas se viu forçado a mudar de ideia antes mesmo de seu primeiro dia de trabalho. Pouco depois de acertar seu vínculo com a equipe colombiana, ele recebeu um telefonema anônimo. Do outro lado da linha, alguém o ameaçou de morte caso aceitasse a proposta. O uruguaio, por segurança, declinou do convite. A onda de violência no futebol colombiano começou em 1988, quando o juiz Armando Pérez foi sequestrado. Quase um dia depois, ele foi solto, mas foi obrigado a divulgar uma mensagem dos traficantes – que ameaçaram matar quem “apitasse mal”. Desde então, foram mortos o árbitro Álvaro Ortega, os jogadores Albeiro Usuriaga e Felipe Pérez, membros do elenco do Atlético Nacional campeão da Libertadores em 1989, e Andrés Escobar, zagueiro da Colômbia na Copa de 1994.

Safin Hamed/AFP

Proibido rezar

Roberto Schmidt/AFP

GERAL » MUNDO

Agosto de 2009

7/27/09 10:57:47 PM


RAPIDINHAS

“Será que o fato de que ele ganha muito dinheiro tem relação com a falta de comprometimento? Sim. Se alguém recebe mais do que ninguém na Liga, o mínimo que esperamos é que apareça nos jogos” Landon Donovan, meia do LA Galaxy, critica o companheiro David Beckham

Kevork Djansezian/Getty Images/AFP

por Ricardo Espina

“Para qualquer jogador, não seria profissional falar sobre um companheiro, principalmente na imprensa e não na cara” Beckham, camisa 23 do Galaxy, rebate as críticas de Donovan

Rei destronado? Pelé foi eleito o Atleta do Século, mas uma enquete realizada pelo jornal alemão Bild coloca o ex-jogador em xeque. Em pesquisa com 53 jornalistas esportivos com idades entre 25 e 73 anos, o diário – considerado sensacionalista – elegeu o boxeador Muhammad Ali como o melhor atleta da história. Pelé ficou em segundo, seguido pelo piloto Michael Schumacher. Ao menos o brasileiro ficou à frente de Diego Maradona. Atleta

País Esporte

1

Muhammad Ali

Boxe

2

Pelé

Futebol

3

Michael Schumacher

Automobilismo

4

Michael Jordan

Basquete

5

Roger Federer

Tênis

6

Franz Beckenbauer

Futebol

7

Jesse Owens

Atletismo

8

Diego Maradona

Futebol

9

Carl Lewis

Atletismo

10

Michael Phelps

Natação

SE FOSSE EM PORTUGAL... Na Europa, a maioria dos campeonatos nacionais apresenta um sistema de disputa baseado nos pontos corridos. A Bélgica também adotava este esquema, mas, para a temporada 2009/10, as regras mudaram. As 16 equipes se enfrentam em turno e returno, mas a disputa pelo título não termina aí. Os seis primeiros colocados disputam um hexagonal. Eles começam esta fase com metade dos pontos obtidos até então e novamente se enfrentam duas vezes para definir o campeão. A pior equipe da primeira fase será rebaixada; a penúltima disputa um playoff com o 2º, 3º e 4º da Segunda Divisão por uma vaga na elite. Para quem terminar entre o 7º e o 14º lugares, nem tudo está perdido: eles disputam um outro playoff, cujo vencedor pega o quarto colocado do hexagonal para definir uma vaga para a Liga Europa.

FIM DO ATRAVESSADOR? A Fifa estuda meios de combater a atuação de empresários não-licenciados em transferências internacionais. Segundo a entidade, entre de 70 e 75% das negociações envolvem agentes não legalizados. Há a possibilidade de se adotar um sistema online de transferências. Nele, as transações só seriam autorizadas após clube comprador e vendedor informarem o valor acertado, o nome do agente e sua comissão. ABAIXO À DISCRIMINAÇÃO A Associação Europeia de Clubes (ECA) aprovou a inclusão de cláusulas antirracismo nos novos contratos de jogadores com as equipes europeias. A entidade se baseou em um programa do Barcelona chamado “A Voz dos Jovens contra o Racismo”. Jovens entre 16 e 18 anos participaram da atividade e, entre as sugestões apresentadas, estava a de ampliar o combate à discriminação racial. VAMOS TROCAR? A Copa América de 2015, programada para o Brasil, pode ir ao Chile. Nicolas Leóz, presidente da Conmebol, admitiu esta possibilidade pelo fato de o país estar sobrecarregado pela Copa das Confederações (2013) e a Copa do Mundo (2014). Se confirmada a mudança, os brasileiros organizariam a Copa América em 2019. CORAÇÃO PARTIDO Steve Savidan estava prestes a acertar sua transferência do Caen para o Monaco, mas descobriu que tinha um problema cardíaco. O atacante de 31 anos e uma partida pela seleção francesa teve de se aposentar. Mais um duro golpe na vida do jogador, que, no começo da carreira, dividia seu tempo entre treinos e trabalhos de barman e lixeiro. EM OBRAS Logo depois de receber a primeira partida da final da Libertadores entre Estudiantes e Cruzeiro, o estádio Ciudad de La Plata foi fechado. O local passará por obras para se transformar na única arena coberta da Argentina. O local será palco da abertura e da decisão da Copa América de 2011.

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ano anda muito bom para os times mineiros. O Atlético alcançou a liderança do Brasileiro e o Cruzeiro disputou a final da Libertadores. A boa fase motivou um empresário de Sete Lagoas a criar uma promoção cujo resultado depende diretamente da produção ofensiva do Galo e da Raposa. Tilé, como é conhecido na cidade, colocou um telão em seu estabelecimento para passar os jogos das duas equipes e atrair torcedores. Só que o sucesso da ideia está em outro detalhe. O tal “empreendimento”, na verdade, é um bordel. E a cada gol marcado pelos times mineiros, os frequentadores participam de um sorteio. O prêmio? Escolher qualquer uma das “meninas” do local – obviamente, não para discutir se houve ou não impedimento no lance. “A casa tem enchido bem, o pessoal torce muito, mas o time da casa também tem de ter competência e ganhar para haver sorteios. Tenho de ver meu lado, sou eu quem está pagando pelas garotas”, disse o criador da promoção. E quem vai à casa fica na torcida desesperada para que o jogo – e a noite – não terminem em um modorrento 0 a 0.

Washington Alves/Vipcomm

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QUEM “TUITA” O QUE QUER... Brian Ching pensará duas vezes antes de atualizar seu Twitter. Após uma partida contra o Seattle Sounders, o atacante do Houston Dynamo “tuitou”: “O árbitro em Seattle acaba de roubar o Dynamo. Que piada. Não chegou nem perto. O árbitro é um ladrão”. O jogador, que estava com a seleção norte-americana na disputa da Copa Ouro, viu o jogo pela TV e se referiu ao lance em que Mike Chabala salvou em cima da linha um chute de Fredy Montero. O juiz marcou o gol a favor do Sounders, que venceu por 2 a 1. O atacante pediu desculpas, mas não escapou de uma multa de US$ 500 imposta pela Major League Soccer.

Lágrimas de crocodilo

CORNETADAS

O parque temático Sioux City, localizado nas Grandes Canárias (Espanha), adquiriu um crocodilo albino em dezembro de 2008. A direção do local resolveu pedir às crianças que visitassem o parque para escolher o nome do réptil. O resultado? Cristiano Ronaldo, devido a suas “semelhanças” com o animal: ambos são “brancos, a sensação da temporada, contratação mais importante e únicos”.

As vuvuzelas causaram polêmica na Copa das Confederações por perturbarem atletas, emissoras de TV e espectadores. Mesmo assim, o Wiener Neustadt, caçula do próximo Campeonato Austríaco, solicitou a liberação de 150 cornetas para o duelo contra o Austria Kärnten, na abertura da próxima temporada. A Bundesliga austríaca não gostou. Para a entidade, a questão não é de desconforto, mas de segurança, pois os objetos poderiam ser usados como armas.

Na reportagem “Santo de casa faz milagre” (jul/09, pág. 24), está escrito que Alex Silva foi revelado pelo São Paulo. Na verdade, o zagueiro passou pelas categorias de base da Ponte Preta e se profissionalizou no Vitória. De qualquer modo, o jogador não teve sua venda computada na elaboração do ranking, que permanece inalterado.

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Paulo Whitaker/Reuters

Paz vetada GERAL » INSÓLITO

A seleção de Honduras pretendia entrar em campo contra os Estados Unidos, na segunda rodada da Copa Ouro, com um símbolo da paz em sua camisa. A equipe pensava em abordar de alguma forma o tenso momento político vivido pelo país após o golpe de Estado que derrubou o presidente Manuel Zelaya. “Estamos todos muito preocupados com o que está acontecendo no país atualmente. O futebol é importante, porém há muitas coisas que contam mais. Pensamos em levar um pequeno símbolo da paz para mandar uma mensagem de não violência”, comentou Reinaldo Rueda, treinador da equipe. No entanto, a Concacaf rejeitou o pedido.

CLUBES QUE JÁ DEVERIAM TER VENCIDO A LIBERTADORES por Mayra Siqueira

San Lorenzo Na Argentina, quase todo mundo já ganhou a Libertadores. Até o pequeno Argentinos Juniors teve seu momento. Enquanto isso, o San Lorenzo, um dos cinco grandes do país, nem da fase de grupos conseguiu passar em 2009.

Corinthians O problema não é apenas ser o único grande de São Paulo a nunca ter vencido o torneio. É a quantidade de vezes em que entrou na disputa com pose de favorito e perdeu de um time tecnicamente pior.

América de Cali Não chega a ser um gigante sul-americano, mas uma equipe que chegou a quatro finais de um torneio (sendo três delas em sequência) e nunca o conquistou merece um destaque.

Fluminense Entre os brasileiros, não é o maior “habitué” da Libertadores. Mas chegar a uma final depois de eliminar São Paulo e Boca Juniors e cair em casa para a LDU Quito não pode passar em branco.

Cerro Porteño Os paraguaios têm torcidas intimidadoras e futebol “copeiro”. O Olímpia provou isso ganhando três vezes a Libertadores. Pior para o Cerro, que tem de aguentar as gozações.

Atlético Mineiro Não há atleticano que não reclame da polêmica eliminação para o Flamengo em 1981. Foi o início da arrancada rubro-negra, e o fim da melhor chance do Galo.

Millonarios Um dos maiores campeões da Colômbia, já teve dinheiro jorrando em seus cofres e contratou jogadores de destaque mundial. Mas nem na final da Libertadores chegou.

ERRAMOS

por Ricardo Espina

Antonio Scorza/AFP

Botafogo Já disputou Libertadores com Garrincha e Nilton Santos, mas o único título internacional foi a Copa Conmebol de 93, com Eliomar, Eliel e Perivaldo.

Barcelona-EQU Disputou duas finais, sendo que perdeu uma apenas nos pênaltis. Nada mal para um time do Equador, mas, depois do título da LDU, ganhar virou obrigação.

Chivas Guadalajara É sempre forte, mas vira e mexe é eliminado por motivos inusitados: de convocação do México para a Copa das Confederações à gripe suína. Agosto de 2009

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GERAL » REPLAY 14

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Lehtikuva Lehtikuva/Reuters

DA LAMA AO CAOS Um campo horroroso, castigado por chuvas torrenciais até não ter mais condições de jogo, certo? Errado! Isso é final de Copa do Mundo! Pelo menos, da Copa do Mundo de futebol de lama, modalidade criada no norte da Inglaterra que ganhou muitos adeptos na Finlândia. Não à toa, os finlandeses organizaram a edição de 2009 da competição e ficaram com o título. E tem gente que reclama do gramado dos Aflitos...

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PENEIRA

por Mayra Siqueira

PASTORE: consolo do Huracán

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Nome Javier Pastore Nascimento 20/junho/1989, em Córdoba (Argentina) Altura 1,87 m Peso 75 kg Carreira Talleres (2007 e 2008) e Huracán (desde 2008)

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e deu uma assistência –, o jogador foi eleito o melhor da última temporada na Argentina pelo jornal Olé. Não à toa, o Huracán não o liberou para disputar o SulAmericano Sub-20. Não demorou a seu nome ser ligado a vários clubes estrangeiros. De acordo com a imprensa europeia, Pastore teria despertado o interesse do Manchester United e do Porto – neste último, para ser o substituto do também argentino Lucho González, vendido ao Olympique de Marselha.

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Huracán ficou com a comemoração do título do Clausura entalada na garganta, com a derrota para o Vélez Sársfield na última rodada, mas ao menos poderá celebrar o surgimento de um jogador de talento em sua equipe. Javier Pastore, 19 anos, foi uma das principais figuras da boa campanha do Globo, a ponto de já ser nome sugerido pelos torcedores para fazer parte da seleção argentina. O meia-atacante era visto com desconfiança no início. Parecia desinteressado do jogo em alguns momentos e sua pontaria não era das melhores. Rapidamente, porém, corrigiu algumas de suas falhas. Depois de atuações como nos 4 a 0 de sua equipe sobre o River Plate – quando marcou dois gols

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CATTERMOLE: cabeça quente

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Nome Lee Barry Cattermole Nascimento 21/março/1988, em Stockton-on-Tees (Inglaterra) Altura 1,78 m Peso 76 kg Carreira Middlesbrough C (2005 a 2008) e Wigan (desde 2008)

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ramento: esquentado, o meia recebeu sete cartões amarelos em sua primeira temporada. Mesmo assim, ele acabou se tornando a grande surpresa do Boro em 2005/06, período no qual o time chegou à final da Copa Uefa (perdeu para o Sevilla). Em 2008, transferiu-se para o Wigan por cerca de € 4 milhões. Foi titular absoluto dos Latics na boa campanha da última temporada. Com isso, já despertou o interesse de clubes mais tradicionais, como Sunderland, Liverpool e Tottenham.

Andrew Yates/AF

o Europeu Sub-21, a Inglaterra se despediu após perder de 4 a 0 para a Alemanha. O placar contundente deixou uma má impressão, mas não significa que a próxima geração do English Team esteja perdida. E a prova disso foram as atuações de Lee Cattermole na competição. Apesar de ter apenas 21 anos e atuar em um país em que há um pouco de paciência antes de lançar os jovens, o meia já tem uma experiência razoável. Nas categorias de base, foi capitão da seleção inglesa sub-19. Como profissional, estreou na Premier League com 17 anos, 8 meses e 12 dias, em um Middlesbrough 2x2 Newcastle. Cattermole pode tanto jogar pelo centro do campo como pela direita. Seu principal problema é o tempe-

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por Gustavo Hofman

ENCHENDO O PÉ

Motivação também conta NÚMEROS, ESTATÍSTICAS, análises táticas, setas, desenhos. O futebol está inundado pela objetividade aritmética. A análise material do jogo domina o esporte hoje. Na imprensa, cada vez mais aparecem os experts na modalidade. Gente que nunca chutou uma bola, que nunca pisou em um gramado, que nunca esteve em um vestiário – e não precisa ter sido profissional para isso. Diversas vezes vemos a escalação de determinado time e ficamos perplexos com a situação delicada dele no campeonato. Exclamamos e perguntamos: “como pode uma equipe com o Zezinho e o Luizinho estar tão mal na classificação? Na teoria é um dos melhores elencos do Brasil”. Teoricamente, podemos explicar um milhão de coisas no mundo, mas nem tudo é tão simples para se colocar em uma lousa. Não se pode esquecer que o futebol, acima de tudo, é um esporte praticado por pessoas. Todos têm dias ruins, semanas péssimas e fases na vida para se esquecer. Isso também acontece com os jogadores de futebol. Todo mundo enfrenta problemas, martírios, decepções. A vida é cheia de percalços. Pode até ser mais fácil para alguns, mas certamente em algum momento ela cobrará algo a mais de cada um de nós. O jogador de futebol, como qualquer outra pessoa, precisa estar motivado para render. Isso vale para qualquer profissão. Com o atleta, a situação é ainda mais delicada porque ele é posto à prova semanalmente diante de milhares de pessoas. Precisa estar animado sempre, porque falhar nesses casos pode significar o fim de sua carreira. Some a isto a questão social, que prejudica a formação da maioria desses jogadores, e o

lado psicológico se torna mais um fator a ser considerado em uma eventual análise. Nesse contexto, muitos treinadores considerados “motivadores” são menosprezados por torcedores e jornalistas. Nos últimos anos, porém, entrevistei muitos jogadores. Dos que mal conseguiam falar (maioria) aos bem articulados (minoria), todos sempre frisaram a importância de ter um grupo unido e um técnico que os incentivasse. Discurso bobo e batido? Talvez sim, mas fundamental para ter uma equipe vencedora. Um treinador que entra na categoria “motivador” e é sempre rotulado negativamente é Joel Santana. O atual comandante da África do Sul deixa boas recordações por onde passa. Basta conversar com ex-comandados seus. Ele não é um gênio tático, mas também não é um imbecil que não saiba montar o time no 4-4-2 ou 3-5-2. Diferencia-se na motivação, o que faz que seus atletas, muitas vezes, se esforcem mais. Isso não significa bajular os outros, e sim, compreendê-los. Cuca, por exemplo, consegue montar seus times com mais recursos táticos. Mas sua saída do Flamengo, antes comandado por Joel, indica como a forma que se lida com os jogadores é fundamental. Cuca deixou a Gávea odiado pela maioria do elenco. Era considerado “traíra”. Obviamente que a parte tática é fundamental no jogo. Não se vence somente com motivação. Se fosse assim, bastaria prometer a liberdade para um time de indivíduos condenados à prisão perpétua para conquistar um título. Os números, as estatísticas e as táticas ajudam a vencer campeonatos, mas sempre colocadas dentro do contexto real do jogo. E não somente teórico. Agosto de 2009

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ENTREVISTA » MAURO SILVA

“Sem querer,

atrapalhei o Felipão” Campeão mundial em 1994, Mauro Silva revela frustração com Zagallo por não ter ido à Copa da França quatro anos depois e lamenta não ter ajudado Felipão na Copa América de 2001 os 41 anos, Mauro Silva não está mais ligado ao futebol: é sócio no Brasil de uma empresa espanhola do ramo imobiliário. No entanto, não perdeu o vínculo com o esporte. O ex-volante ainda é lembrado em A Coruña, onde, segundo ele próprio, “era mais que um jogador”. Tudo porque se tornou um dos símbolos da era mais gloriosa da história do pequeno clube, que conquistou um Campeonato Espanhol e chegou a uma semifinal da Liga dos Campeões. Seu sucesso na Galícia foi tão grande que ele não se arrepende de dizer “não” a propostas de clubes maiores, inclusive o Real Madrid. Uma identificação que poderia ser parecida na Seleção. Mauro Silva foi campeão mundial em 1994, foi um dos melhores jogadores da campanha e quase fez o gol do título (um chute seu que o goleiro italiano Pagliuca soltou e bateu na trave). No entanto, o ex-volante acha que foi pouco. “Minha Copa era a de 98”, afirma, referindo-se ao bom momento que vivia na Espanha. E sua participação poderia, de acordo com ele próprio, ter ido ainda mais longe. Ao pedir dispensa da Seleção na Copa América de 2001, suas chances com Felipão foram encerradas. E Mauro Silva não culpa o técnico: “Ele apostava muito na minha contribuição para o grupo. Acabei, sem querer, atrapalhando o trabalho dele”. No mês em que o Brasil comemora os 15 anos do tetracampeonato mundial, a Trivela foi conversar com o volante. Mas ele não fala apenas de Seleção. Mauro Silva conta como foi o início da carreira no Guarani, o modo inusitado como foi pago pela transferência ao Bragantino e revela seu desejo nunca atendido de defender o São Paulo.

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por Gustavo Hofman

Na final da Copa, um chute seu foi parcialmente defendido pelo Pagliuca, espirrou e bateu na trave. Ele até a beijou para “agradecer”. Já pensou que, se aquela bola entrasse, você seria o herói do tetra? Acho que quem fizesse o gol do título teria virado o herói. Até hoje, quando vejo o lance, torço para a bola entrar. A gente vivia sob uma pressão muito grande. Tudo que se fazia estava errado, se questionava todo trabalho. Estou de acordo que talvez não tenha sido um time brilhante, mas foi uma equipe pragmática, cada um sabendo o que tinha que fazer. Muito se fala em Bebeto e Romário, mas o Brasil levou apenas três gols naquela Copa. Como funcionava o sistema defensivo? Havia uma sincronia perfeita. O Parreira já tinha trabalhado comigo e me conhecia bem. Por isso, minha função era muito importante. Quando o lateral-direito subia, o Aldair saía na cobertura, eu entrava imediatamente no meio, na posição do Aldair, e o Dunga automaticamente vinha na minha. Nos treinos, o Parreira colocava eu e os quatro defensores contra oito atacando, para nos virarmos em desvantagem numérica. Defensivamente o time era bem organizado. A gente recebia muitas críticas por isso, mas era justamente o que o Brasil precisava na época. Em qual momento da competição você e o time sentiram que dava para ser campeão? Depois da vitória sobre a Holanda [3 a 2 nas quartas de final]. Acho que não foi só os jogadores que sentiram isso, mas a própria imprensa. Até então, as críticas tinham sido muito fortes e, a partir daquele momento, amenizaram bastante.

Você só jogou essa Copa, mas, em 1998, ainda tinha 30 anos. O que aconteceu para ter ficado de fora? No começo do ano, fui com a Seleção para a Copa Ouro, nos Estados Unidos. Eu era titular, mas me machuquei. Me recuperei antes da convocação para a Copa do Mundo e, na minha concepção, tinha condições de ir à França. Mas o Zagallo preferiu chamar outros volantes. Logicamente eu respeito a visão dele, mas ele chamou o César Sampaio e o Doriva. Na Copa Ouro, o Cesar ficou no banco e o Doriva nem tinha ido. Eu, que era titular, não estava convocado... Ficou com uma mágoa com o Zagallo? Não é bem uma mágoa, porque eu gosto do Zagallo, mas me frustrou muito não ter ido. Seu nome estava nos planos para 2002, até pedir dispensa da Copa América do ano anterior. Se arrepende? Algumas pessoas não entenderam muito bem, acharam que eu fiquei com medo de ir para a Colômbia. Faltou à própria Conmebol tomar uma decisão: a competição ia ser na Colômbia; daí, deixa de ser porque está uma violência danada; depois, volta a ser na Colômbia. A impressão foi que só teve Copa América por pressão das empresas que tinham adquirido os direitos de transmissão dos jogos. Fiquei chateado pelo Felipão, que não tinha nada a ver com a história, estava começando na Seleção e apostava na minha contribuição para o grupo. Acabei, sem querer, atrapalhando o trabalho dele. Acha que teria condições de ter ido para a Copa de 2002? Sinceramente, acho que minha Copa era a de 1998. Em 2002, eu iria se o Felipão me chamas-

Havia uma sincronia perfeita. O Parreira já tinha trabalhado comigo e me conhecia bem. Por isso, minha função era muito importante se, mas chegaria já mais justo. Em 1994 eu estava voando, 1998 seria a minha Copa e em 2002 acho que ia sobrar um pouco. Para o torcedor brasileiro, sua imagem é mais forte na Seleção. Gostaria de ter jogado mais em clubes daqui? Eu estou supersatisfeito com a minha carreira, foi maravilhosa, acho que deu tudo certo, não pensaria em mudar nada. Só que desde criança sempre fui são-paulino, e meu pai, inclusive, me colocou o nome de Mauro por causa do Maurinho, ponta-direita que jogava no São Paulo. Sempre tive uma boa relação com o clube, o Pimenta [José Eduardo, presidente tricolor entre 1990 e 94] queria me trazer, mas o Bragantino só aceitava negociar para a Europa. Esse namoro continuou a vida toda e nunca se concretizou. O Bragantino foi o clube em que você se destacou, mas poucos se lembram que você começou no Guarani. Como foi sua passagem lá? Um dirigente do Guarani me encontrou no Serra Negra. Era 1985 e eu estava com 14 para 15 anos. Para pagar pela minha transferência, o clube teve que disputar duas partidas amistosas dos junioAgosto de 2009

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Sinceramente, acho que minha melhor Copa do Mundo seria a de 1998. Em 2002, eu iria se o Felipão me chamasse, mas ia sobrar um pouco

E como você foi parar no Bragantino? Eu tive uma contusão no púbis em 1988, o Guarani me deu apoio, até me mandaram para o Rio, onde ficava um dos poucos médicos que faziam a cirurgia que eu precisava. Mas, aí, o Leonel Martins deixou a presidência e entrou o Beto Zini. Houve uma famosa troca, do Vitor Hugo do Bragantino por sete jogadores do Guarani. Como eu estava machucado, não fiz parte desse pacote. Quando me recuperei, o Guarani me emprestou para o Bragantino, mas aí tive outro problema de joelho, na outra perna. Como eu era jovem, já com muitos problemas de lesão, o Guarani me vendeu definitivamente. Outro dia, eu conversava com o Marquinho Chedid em uma festa e a gente até lembrou que fiquei com o Chevette dele como se fossem os 15% de luvas pela negociação. Era bom seu relacionamento com a família Chedid? Vou ser absolutamente transparente e sincero: eu nunca tive problemas com o Marquinho e com o Nabi Abi Chedid. Eu tive alguns problemas com o Jesus Chedid, o tio do Marquinho, irmão do Nabi.

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res lá do Serra Negra. No profissional, minha primeira oportunidade foi com o Lori Sandri. Joguei dez jogos seguidos como titular e tive uma contusão no joelho, meu primeiro problema.

Que problemas? Alguns problemas contratuais, em estabelecer algumas coisas e depois ter dificuldade para eles cumprirem o contrato. Você já disse que o Bragantino só o venderia a um clube europeu. Como o Deportivo, que era um time pequeno na época, apareceu? Antes de ir para o La Coruña, havia o interesse da Roma e assinei um pré-contrato. Só que a Roma tinha um limite de estrangeiros na época e eles contrataram o Caniggia. Depois disso, um espanhol que trabalhava em um ban-

co no Rio de Janeiro perguntou se eu teria interesse em jogar no Deportivo. Não sabia nem onde ficava esse time! Ele disse que o clube tinha interesse também em levar o Bebeto e eu já pensei: se ele vai, já muda um pouco de figura. Fui conhecer a cidade e me apaixonei por ela. Conversei com o Augusto César Lendoiro, que era o presidente do Deportivo e continua sendo até hoje, ele expôs o projeto e assinamos um contrato com o La Coruña. Como a equipe estava jogando a “promoción” [repescagem], o acerto era condicionado à permanência do time na primeira divisão.

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Mauro Silva Gomes Nascimento 12/jan/1968, em São Bernardo do Campo (SP) Carreira Guarani (1986 a 1989) , Bragantino (1990 a 1992) e Deportivo de La Coruña (1992 a 2005)

Seleção 60J/0G Títulos Copa do Mundo (1994) , Copa América (1997) , Campeonato Espanhol (1999/2000) , Copa do Rei (1994/95 e 2001/02) e Campeonato Paulista (1990)

Eu lembro do Bebeto jogado em um canto do vestiário, que parecia um velório. O que deu um pouco de força foi ver o Djukic. Se eu estava triste daquele jeito, imaginei quem bateu o pênalti

Na sua segunda temporada, vocês foram vice-campeões com um pênalti perdido pelo Djukic no último minuto da última rodada, contra o Valencia. O que você se lembra do lance? Na hora que o juiz marcou, eu comemorei muito, mas aí caiu a ficha e lembrei que primeiro tinha que fazer o gol. O Bebeto tinha perdido um pênalti alguns jogos antes e não estava batendo mais. A ordem dos batedores era Donato e Djukic, mas o Donato já tinha sido substituído. Sobrou o Djukic. Lógico que o Bebeto queria bater. Os dois conversaram, mas eu estava longe, não ouvi o que rolou.

todo mundo, da diretoria, do público, da imprensa. O prefeito me colocou no presépio do município, tem a rua com o meu nome, a universidade de lá tem um “Campus Mauro Silva”. Quando eu jogava mal, a imprensa falava que eu tinha jogado mais ou menos. Quando eu jogava mais ou menos, diziam que eu tinha jogado bem. Quando eu jogava bem... Trocar tudo isso por dinheiro não tem sentido. Se ainda fosse um projeto muito melhor, tudo bem. Mas o Deportivo jogava Liga dos Campeões e aspirava títulos. Eu não queria passar a imagem de que o dinheiro compra tudo.

Como estava o clima do time logo após o jogo? Esportivamente falando, foi o momento mais triste da minha carreira. Eu lembro do Bebeto jogado em um canto do vestiário, que parecia um velório. O que deu um pouco de força foi ver o Djukic. Se eu estava triste daquele jeito, imaginei a situação de quem bateu o pênalti. A torcida apoiou a gente, mas também sofreu muito. Saindo do Riazor, passei pelo paseo marítimo [avenida beira-mar] e tinha pessoas jogadas na praia, enroladas na bandeira chorando.

Pensa em retornar ao clube algum dia para trabalhar com o futebol? Nunca dá para falar que dessa água não beberei, até pelos anos que passei no La Coruña e a relação que tenho com a cidade. Hoje tenho meus negócios em São Paulo, grande parte está relacionada com empresas espanholas. Mas eu nunca diria que não voltaria ao Deportivo.

Durante esse tempo todo na Galícia, você chegou a receber propostas para sair? Tive uma proposta do Real Madrid e não fui porque não quis. Eu estava tão identificado com o time que chegou um momento em A Coruña que eu era mais do que um jogador. Tinha o respeito de

Qual título foi mais desafiador para você: o Espanhol pelo Deportivo ou o Mundial pela Seleção? Por ser Copa do Mundo, Seleção, depois de 24 anos, tenho que falar que foi o tetra em 94. Mas, para o torcedor do La Coruña, para a cidade, a nossa redenção foi a conquista do Campeonato Espanhol. Eu e o Donato que estávamos lá há algum tempo, achávamos que a história não ia dar outra oportunidade. Agosto de 2009

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CORINTHIANS por Gustavo Hofman

O Coring達o voltou.

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uem tem aversão incurável ao Corinthians, é bom fazer de 2010 um ano futebolisticamente sabático. Dá para afirmar, sem ser ousado, que haverá overdose alvinegra nos meios de comunicação. É a mistura da euforia de mais uma participação na Libertadores, o ufanismo natural de um grande clube que completa seu centenário de fundação e o desejo natural da mídia por aumentar tudo o que cerca o Parque São Jorge. Isso ficou evidente já no gramado do Beira-Rio, quando o time celebrava a conquista da Copa do Brasil. As perguntas sobre os 2 a 2 com o Internacional (resultado que deu o título aos corintianos) tinham de dividir espaço com as questões sobre a participação na Libertadores do ano que vem. O que já deixa claro que, com o 100º aniversário no horizonte, o desejo por montar uma equipe que possa buscar o título continental ganha contornos de algo quase doentio para a cúpula corintiana. Entre os jogadores, a ansiedade já é grande. Até mesmo Ronaldo, que ainda não tem a permanência garantida, já disse que seria “fantástico” disputar a Libertadores. O comandante alvinegro, Mano Menezes, prega “humildade e trabalho sério”. O presidente do clube, Andrés Sanchez, afirma que o projeto de 2010 já começou. Tudo isso com um semestre e o Campeonato Brasileiro pela frente. O problema imediato é lidar com a saída de alguns jogadores e buscar reforços à altura por preços acessíveis. André Santos, Cristian, Douglas e Lulinha já saíram. As preocupações sobre a montagem do elenco para o ano que pode se tornar o mais importante da história do clube já apareceram. Assim como a boataria de que qualquer jogador pode ser contratado pelo Alvinegro. Os torcedores corintianos estão acostumados a ler manchetes como “Vagner Love no Timão”, “Riquelme próximo ao Parque São Jorge”, “Ronaldo tenta convencer Zidane” e tantas outras feitas para aproveitar a exaltação da maior torcida de São Paulo. Dentre as bombásticas,

Q

Ayrton Vignola

A euforia pelo título da Copa do Brasil já deu lugar à preocupação pela ameaça de desmanche

Campeão da Copa do Brasil e com vaga na Libertadores no ano do centenário, o Corinthians volta a ter respeito dos adversários... e medo de suas próprias ações

a única que se concretizou foi a de Ronaldo. E é justamente o Fenômeno a maior aposta da diretoria para o centenário. “Não acredito que a diretoria vá fazer loucuras. Se o Ronaldo renovar, ele será a grande estrela”, acredita o jornalista Juca Kfouri. Com contrato até o final do ano, Ronaldo já deu mostras de que pretende renovar por mais 12 meses. Internamente, a diretoria trata o assunto como uma cartada certa. A mesma convicção com que diz que a permanência do jogador irá ajudar o clube a duplicar o faturamento com patrocínio em 2010. Algo fundamental para o futuro do clube, pois suas dívidas voltaram a ultrapassar os R$ 100 milhões. Porém, é difícil acreditar que o alvinegro não irá atrás de grandes nomes para formar o elenco. A necessidade por isso aumenta também, pela negociação de alguns jogadores. Cristian e André Santos, negociados com o Fenerbahçe, foram os primeiros a deixar o Parque São Jorge. O valor da dupla, somada, foi de € 13 milhões. No entanto, o Alvinegro tinha direito a pouco mais de um terço do total, o que significa que ainda é preciso mais para colocar a situação financeira do clube sob controle. Antes de vencer os primeiros atletas, o presidente Andrés Sanchez afirmava que iria “tentar segurar o máximo possível os jogadores. Sabemos que é difícil e não podemos ser hipócritas, mas vamos fazer um esforço desumano para tentar mantê-los. Precisamos aumentar o elenco em qualidade e quantidade”. Entre os reforços de peso, somente o volante Edu, ex-Valencia e formado nas categorias de base corintianas, havia chegado até o fechamento desta edição. Mano Menezes parece ciente das dificuldades. E não cobra por grandes esforços financeiros. Mesmo ainda sem ter contrato assinado para a próxima temporada, o técnico já fala sobre o planejamento dela. Por exemplo, adianta que não quer montar um elenco estelar e comenta sobre os desafios de disputar a Libertadores. “Vimos grandes clubes montar times dos sonhos no ano do centenário e nunca deu certo”, afirma. Agosto de 2009

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Cegueira continental A posição do treinador é até um modo de aliviar a pressão que já surge no Parque São Jorge. Na soma de eliminações traumáticas, derrotas nos pênaltis para o maior adversário e o fato de todos os rivais já terem o título, a Libertadores se tornou obsessão. Como com Stiepan Vierkhoviénski, personagem de “Os Demônios”, de Dostoiévski, o objetivo ideológico cega e tortura os atos a ponto de nem mesmo a morte parecer um empecilho. No Corinthians de 2010, a Libertadores pode se tornar um desejo irracional, que, para alcançar o inédito título, o clube poderia se expor a diversos perigos. Um deles é a enorme pressão pela conquista da taça. Na última eliminação no torneio sul-americano, para o River Plate em 2006, centenas de torcedores tentaram derrubar o portão que dá acesso ao gramado do Pacaembu. Foram contidos por heróicos policiais. Nada comparado ao que ocorrera seis anos antes, quando, nas semifinais, o Alvinegro foi eliminado pelo Palmeiras nos pênaltis. Na cobrança decisiva,

OBSESSÃO FATAL Perder a Libertadores não era um problema tão grande para o Corinthians. Os fracassos internacionais começaram a provocar crises a partir de 2000, quando todos os rivais já tinham ao menos um troféu da competição Ano Adversário Fase

Depois

1977

Primeira

Conquistou o Paulista e encerrou uma fila de 23 anos

1991

Oitavas

Chegou à final do Paulista

1996

Quartas

Campanha mediana no Brasileiro

1999

Quartas

Time se recuperou e conquistou o Paulista e o Brasileiro no mesmo ano

2000

Quartas

Desmanche e última posição da Copa João Havelange

2003

Oitavas

2006

Oitavas

Desmanche do time e demissão do técnico Geninho após derrota por 6 a 1 para o Juventude Fim da parceria com a MSI e quase rebaixamento no Brasileiro

Marcos defendeu chute de Marcelinho Carioca. O próprio goleiro alviverde disse, em entrevista à edição 41 da Trivela, que é parado por torcedores até hoje para comentar o lance. “Parece que só fiz isso na vida”, brincou. Hoje no Santo André, o ex-meia co-

rintiano sabe qual o peso de perder a Libertadores com a camisa alvinegra. “Há uma ansiedade muito grande por esse título, e ansiedade em excesso sempre prejudica”, diz. “Sei que a diretoria não vai medir esforços para montar um grande time, mas nome não ganha jo-

DE SETEMBRO A SETEMBRO

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Os preparativos do centenário corintiano envolvem até mesmo outras modalidades. O futsal, por exemplo, já recebe um investimento bem maior. Em julho, o clube acertou a chegada do técnico Paulo César Oliveira, ex-Seleção Brasileira. Nos próximos meses reforços de peso também são esperados para a modalidade. A perspectiva do marketing corintiano é que as receitas

de patrocínio ganhem um aumento considerável. Em 2009, o Corinthians mantém acordos de patrocínio com Batavo (R$ 18 milhões), Bozzano e Avanço (R$ 4 milhões) e Banco PanAmericano e Telesena (R$ 6 milhões). Além destes, renovou com a Nike de 2010 a 2014 por R$ 18 milhões ao ano e, no começo da temporada, aceitou alguns patrocínios de ocasião (Locaweb, Visa, Panasonic, Lupo, Divulgação

O Corinthians ainda não sabe o que ocorrerá em campo durante o ano do centenário. Mas já tem muita coisa planejada para comemorar o 100º aniversário fora das quatro linhas. Muitas das ações de marketing já estão em fase de implantação, e têm até data para começarem: 1º de setembro de 2009. Luis Paulo Rosemberg, vicepresidente de marketing do clube, adiantou à Trivela que haverá um evento em cada partida, shows, Dia do Corintiano (“quando todos vestirão algo do Corinthians”), um piquenique gigante (“para entrar no Guinness”), lançamentos de vários livros, um filme sobre o centenário e várias coleções de uniformes, entre outras ações. O economista revela que o time usará uma camisa especial na Libertadores. “Aprovei o desenho em fevereiro”, conta.

Banco PanAmericano, Bozzano e Wizard): total de R$ 1,4 milhão. O clube considera que o fato de ter Ronaldo (ainda incerto), estar na Libertadores e a euforia do centenário aumente o valor dos espaços. “Podemos aumentar em 70% o valor arrecadado com nossos patrocinadores”, diz Rosemberg. “Temos como meta acançar R$ 200 milhões em 2010. Para isso, não posso fechar só em março. Tenho que definir os patrocinadores do centenário até setembro”. A conta inclui todas as fontes de renda, como direitos de televisão, bilheteria e venda de produtos licenciados. “Já conheço minha base de arrecadação e ela está garantida. Não é como em 2008, quando o Dualib tinha adiantado todas as receitas do ano”, reclama, com seu tom debochado.

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Jorge R. Jorge

Mano Menezes: “montar times dos sonhos no centenário nunca deu certo”

go”. Em 2000, a eliminação para o Palmeiras foi seguida por uma profunda crise, que levou o time à última posição na Copa João Havelange. Por isso, há uma tendência em não concentrar todo o planejamento do próximo ano na principal competição de clubes das Américas. “Acho que o Corinthians erra em tratar a Libertadores como se fosse algo de vida ou morte. O mais importante no ano do centenário é fazer uma festa bonita e montar um time competitivo. O que vier de títulos é lucro”, opina o jornalista Juca Kfouri. Antônio Roque Citadini, ex-vice-presidente de futebol e opositor da atual direção, tem pensamento parecido. “Essa obsessão só existe porque não ganhamos ainda o torneio, mas acho um erro essa dimensão dada à Libertadores. O mais importante é o Campeonato Brasileiro”, desdenha. “Nosso objetivo deve ser sempre disputar a Libertadores, mas não achar que, se não ganhar, vai criar uma sangria desatada. O centenário é um ano importante, mas é apenas uma data, é tão importante como foram os cinco primeiros anos, por exemplo”. Na atual temporada, a perda de foco pode ocorrer por antecipação. No caso, minando o desempenho da equipe no Campeonato Brasileiro deste ano. Não seria novidade. Desde que foi criada, em 1989, apenas uma vez a Copa do Brasil viu seu campeão faturar o Brasileiro no mesmo ano. O Corinthians diz que tentará o título nacional, mas não consegue tirar a Libertadores da cabeça. “Agora vamos pensar no Brasileirão, mas também na base para o ano que vem, porque temos que ter um grande time na Libertadores”, comenta Andrés Sanchez. Entre os comedidos que pregam por trabalho discreto e sereno e os exaltados que já pensam na Libertadores, o Corinthians pode ter um final de ano agitado. Todos concordam que o time que conquistou a Copa do Brasil poderia lutar pelo título da Série A, mas não se sabe o quanto a necessidade de vender e o foco antecipado na Libertadores prejudicará. O certo é que, de uma forma ou outra, o Alvinegro continuará fazendo muito barulho. Agosto de 2009

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Gaspar Nóbrega/Vipcomm

NEGÓCIOS por Priscila Bertozzi

São Paulo e Flamengo: um ganha pelo perfil da torcida, outro, pelo tamanho dela

O mapa da mina Empresas usam pesquisas de torcidas para basear seus investimentos no futebol; universo e perfil dos torcedores são os itens mais relevantes ontroversas, distorcidas, incipientes ou irrelevantes. Os adjetivos nem sempre elogiosos escondem um papel importante das pesquisas de torcidas para a indústria do futebol: o de apontar quem será o destinatário de milhões de reais por ano. O patrocínio a um determinado clube não é escolhido a esmo pelas empresas. Assim, levantamentos indicam aos potenciais investidores qual o tamanho e perfil econômico do mercado que cada time atinge. Um exemplo bastante claro foi visto no Rio de Janeiro nos últimos meses. Com base em todas as pesquisas sobre as maiores torcidas do Brasil, a Olympikus escolheu o Flamengo para entrar no futebol e divulgar a tecnologia Tube Tech. Por três me-

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ses, o clube mais popular do Brasil estampará o novo produto da fabricante brasileira em seu peito por R$ 3 milhões. Além disso, a empresa tem um contrato de fornecimento de material esportivo com o RubroNegro, que deixou uma longa parceria com a Nike. A Olympikus não esconde que a popularidade do clube carioca foi o ponto principal do acordo. “A gente precisava entrar no futebol pela porta da frente. O Flamengo foi nossa primeira opção. São quase 35 milhões de torcedores, é a melhor maneira de começar”, destaca Márcio Callage, diretor de marketing da empresa. A fonte do executivo para o número de torcedores rubro-negros é a última pesquisa divulgada pelo Datafolha, em janeiro de 2008. Segundo o levan-

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Nichos Buscar times com maior quantidade possível de torcedores é a prioridade da maior parte dos patrocinadores, pois têm relação direta com audiência na TV. No entanto, nem sempre o objetivo é quantidade de exposição. “É claro que as verbas mais vistosas são destinadas aos clubes com maiores torcidas, mas essa é só uma parte da estratégia de patrocínio”, comenta Amir Somoggi, diretor de novos negócios da Casual, empresa de auditoria e consultoria em marketing esportivo. Ele se refere a empresas que queiram trabalhar com mercados ou públicos específicos. Dona do segundo posto na lista dos patrocínios mais longos do futebol brasileiro ainda em vigência, a LG é mais um exemplo de parceria baseada no perfil do torcedor. Há oito anos, quando fechou o primeiro contrato com o São Paulo, a empresa coreana de eletroeletrônicos não priorizou o número de torcedores. “Quando acertamos, o São Paulo ainda tinha a quarta maior torcida do país”, comenta Eduardo Toni, diretor de marketing da LG no Brasil. A escolha do time teve como base o fato de o Tricolor normalmente estar vinculado a classes so-

ciais de maior poder aquisitivo. “Estudamos clubes que têm estádio próprio, a imagem que eles passam para a mídia e as possibilidades de exploração do patrocínio, entre outras coisas. Mas a imagem de torcedor elitista foi muito importante para que fechássemos o contrato”, admite Toni. Um caso mais recente ocorreu em Ponte Preta e Guarani. Em julho, a Telhanorte, loja especializada em materiais de construção, anunciou a sua entrada no esporte mais popular do país ao colocar sua marca nas camisas dos dois clubes de Campinas. Para isso, se baseou em pesquisa feita pela Golden Goal para a agência DM9DDB, contratada pela empresa no início do ano. O estudo levou em conta aspectos como exposição em mídia, presença na cidade e o perfil dos torcedores campineiros. “Com os dados em mãos, tivemos mais convicção de que o patrocínio esportivo como um bom investimento em praças do interior, onde temos muitas lojas. Não teríamos seguido por esse caminho sem a pesquisa”, afirma Suzana Almeida, gerente de publicidade e promoção da Telhanorte. Exemplos como o de São Paulo, Ponte Preta e Guarani mostram que tamanho nem sempre é tudo. E que, muitas vezes, os dados mais importantes de uma pesquisa sobre torcidas não é a quantidade de torcedores, mas quem eles são e onde estão.

Ari Versiani/AFP

tamento, o clube carioca tem a preferência de 17% da população nacional e lidera o ranking dos mais queridos do país, seguido por Corinthians (12%), São Paulo (8%), Palmeiras e Vasco (6% cada). A TNS Sports, por sua vez, publicou um estudo em que o número de flamenguistas espalhados pelo Brasil cai para 15,4%, enquanto corintianos, são-paulinos sobem para 14,3% e 11,89%, respectivamente. Mesmo que, nesses exemplos, as variações estejam dentro da margem de erro, a diferença de resultados é uma tônica nesse tipo de pesquisa. “A discrepância nos resultados está relacionada à metodologia utilizada na amostragem, se ela é nacional ou regional, faixa etária e o universo pesquisado”, explica Luciana Chong, gerente de pesquisa de opinião do Datafolha.

MITOS, VERDADES E CURIOSIDADES Entre as funções das pesquisas de torcidas estão a quebra de paradigmas, a confirmação de teorias e revelações curiosas sobre o público que acompanha futebol no país. A velha máxima de que corintiano é “maloqueiro e sofredor”, relacionada ao baixo poder aquisitivo da torcida, por exemplo, perdeu força após a divulgação do levantamento feito por Uniban e Informídia, que apontou 37,9% dos seguidores alvinegros pertencentes às classes A e B. O Ibope, por sua vez, mostrou que vascaínos e botafoguenses são os maiores consumidores de preservativos do Rio de Janeiro, e que as mulheres dominam a torcida do Fluminense, com 52%. O Flamengo tem grande folga na liderança entre os jovens.

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BOTAFOGO

Na beira do

CAOS écima-primeira rodada do Campeonato Brasileiro, o Botafogo completava sua oitava entre os quatro últimos. A tensão cresce, até porque o time folgou uma rodada (o compromisso contra o Cruzeiro havia sido adiado por causa da presença do time mineiro na final da Libertadores) e o duelo seguinte era contra o Flamengo. Mais um empate por 2 a 2, e os botafoguenses permaneceram na zona de degola. Poderia ser uma situação momentânea, coisa de início de competição, de time que ainda não havia “engrenado”. Mas o Alvinegro havia terminado fora da zona de rebaixamento em apenas três rodadas, sinal de que o alerta já tinha soado há tempos e, mesmo assim, a equipe não conseguia sair do lugar. O que minava a esperança de que 2009 seria um ano de real evolução, sensação que surgiu depois de Maurício Assumpção assumir a presidência com o discurso de reestruturação total. De certa forma, o desempenho fraco no início do Brasileirão é compreensível. Para cumprir sua promessa de campanha, a nova diretoria reduziu drasticamente as despesas, montando um elenco dentro do possível para que não houvesse atraso de salários. Os

por Luciana Zambuzi

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efeitos imediatos foram positivos. O desempenho no Estadual do Rio foi satisfatório, com o título da Taça Guanabara e vices da Taça Rio e da competição. A fragilidade técnica do torneio, porém, mascarou a real condição do time. O elenco foi montado de acordo com o orçamento possível. O técnico Ney Franco aceitou uma redução salarial e renovou contrato. Para compensar a saída de titulares como Lúcio Flávio, Jorge Henrique, Túlio, Diguinho, André Luís, Renato Silva e Wellington Paulista, o Botafogo havia contratado 12 jogadores, muitos de capacidade duvidosa. A assiduidade com que tem passado pela zona de rebaixamento no Brasileiro fez a diretoria perceber que era preciso colocar a mão no bolso. E pagar o preço de mexer no time no meio da competição. “Tivemos que avaliar os que não foram bem para rescindir contratos e abrir espaço na folha de pagamentos para mais reforços”, frisa André Silva, vice-presidente de futebol. De repente, o torcedor botafoguense passou a ter uma forte sensação de déjà vu. Ex-alvinegros que fracassaram em outros clubes retornaram a General Severiano. O zagueiro Juninho, ex-São Paulo,

Jorge R. Jorge

Depois da volta à primeira divisão, Botafogo parecia caminhar para um recomeço. Mas a campanha no Campeonato Brasileiro de 2009 mostra que não é bem assim

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Juninho, símbolo de um Botafogo que tenta evoluir, mas parece não sair do lugar

já havia chegado no começo do ano. Do Tricolor paulista também veio o atacante André Lima, junto com Lúcio Flávio, que estava no Santos. Outros reforços foram o lateral-esquerdo Michael, exPalmeiras e Santos, e o volante Jônatas, ex-Flamengo.

A mesma velha história Não é possível dissociar o processo que levou o clube à Segundona das dificuldades atuais. Durante toda a década, o Alvinegro pagou por anos de más administrações, mesmo quando fez campanhas decentes na Série A (oitavo em 2008, nono em 2005 e 2007). Algo que nem os anos de gestão de Bebeto de Freitas, que tentou equilibrar administrativamente o clube, resolveram. Hoje, o Botafogo tem a pior situação patrimonial entre os grandes clubes brasileiros, com R$ 207 milhões em dívidas. Pior: a esperança de quitar boa parte deste saldo devedor foi se desfazendo quando os recursos da Timemania ficaram muito abaixo do previsto. Bebeto, hoje diretor-executivo do Atlético Mineiro, se recusa a falar sobre sua passagem pelo Botafogo. Ele esteve por seis anos à frente do clube e a impressão era de que tudo caminhava na direção correta. Mas, diante de uma realidade deprimente, Bebeto viu suas promessas virarem poeira e muitas vezes recorreu a artifícios que combatia, como atrasar salários, pedir adiantamento de cotas de TV, pagar juros altos e se submeter a empréstimos de conselheiros. Por isso, a reestruturação do Botafogo passa por uma profissionalização de seus departamentos, abaixo das vice-presidências.

R$

207 milhões

Dívida do Botafogo, uma das maiores no futebol brasileiro

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Ao menos no discurso, Maurício Assumpção parece consciente disso. “Cada vice tem um diretor executivo trabalhando ‘full time’ pelo clube, profissionais remunerados, diretores financeiro, de marketing, de esportes olímpicos, executivo, etc”, explica. Dentro do cenário atual, repetir o desempenho de 2007 já será considerado lucro. Naquele ano, Cuca montou uma equipe taticamente dinâmica, com forte jogo coletivo. Com isso, conseguiu bons resultados, mesmo sem investimentos pesados (veja box). O time terminou sem títulos, vice-carioca e fora da zona de classificação para a Libertadores, ficando com o rótulo de time que “jogava bonito, mas não ganhava”.

A conquista da Taça Guanabara, no começo do ano, deixou a sensação de que o clube entrava nos eixos

Sem dinheiro e precisando reagir no campeonato, a saída mais fácil para o Botafogo seria recorrer a sua garotada. Enquanto outras equipes cariocas seguem pinçando pratas-da-casa para seus times principais e até vendem jovens que nem estrearam no profissional, o Botafogo segue sem conseguir estruturar suas categorias de base. Por isso, não produz talentos há anos. Quando assumiu, em 2003, Bebeto de Freitas tentou dar nova

Jorge R. Jorge

Terreno infértil

GERAÇÃO PERDIDA Julio César; Alex Bruno, Juninho e Luciano Almeida; Leandro Guerreiro, Túlio, Joílson e Lúcio Flavio; Zé Roberto, Dodô (André Lima) e Jorge Henrique. Quando começou a temporada 2007, não dava para imaginar que essa equipe seria capaz de liderar quase um turno inteiro do Brasileiro e apresentar o futebol mais bonito do país. Mesmo sem conquistar nenhum título expressivo, atletas chamaram a atenção. Como o Alvinegro não tinha condições de segurá-los, muitos foram buscar equipes mais estruturadas, e com mais perspectivas de títulos. Curiosamente, quase todos fracassaram.

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Júlio César

Alex Bruno

Juninho

Foi vendido ao Belenenses. Teve boas atuações em Portugal, mas sofre em um clube que luta para não cair

Emprestado pelo São Paulo, voltou ao Morumbi. Não se firmou e passou por Figueirense e Portuguesa antes de ser contratado pelo Atlético Mineiro

Foi ao São Paulo como promessa, mas suas seguidas falhas o transformaram em alvo preferencial da torcida

Luciano Almeida

Leandro Guerreiro

Teve gravíssima contusão e ficou meses fora de ação. Está no Vitória

Ainda está no Botafogo

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Túlio

Joílson

Ficou encostado no Corinthians após uma expulsão contra o São Paulo. Está no Grêmio

Também tentou a sorte no Morumbi. Não se firmou como lateral-direito e só teve um pouco de espaço como volante. Foi ao Grêmio

CINCO SOLUÇÕES PARA O BOTAFOGO Parceria Nem sempre as parcerias terminam bem. Mas, se bem planejadas, podem ser uma alternativa para montar uma equipe competitiva em curto prazo.

Categorias de base Mauricio Assumpção afirmar que vai cuidar das categorias de base. Melhorias em Marechal Hermes já começaram, mas o caminho para a reestruturação é demorado e exige paciência. Hoje, uma rara revelação do clube é o goleiro Renan.

Não só o Botafogo, mas muitos clubes brasileiros viram na Timemania uma alternativa de salvação. Só a dívida do Botafogo com a união seria abatida em 78%. Mas a loteria não pegou e é preciso repensar mudanças.

Jorge R. Jorge

Repensar a Timemania

Sócio Torcedor Internacional, Grêmio, Atlético Paranaense. Alguns clubes brasileiros já conseguiram implantar projetos com um bom rendimento mensal. O próprio presidente do Botafogo confirma que o clube lançará em breve uma nova proposta que substituirá o antigo sistema: “Aquilo se mostrou um grande erro, eu não gostava do que estava oferecendo, parecia que revendíamos um produto antigo, velho, usado, sem a cara da nossa diretoria, então mudamos a filosofia do próprio produto”.

Engenhão Até hoje, o estádio “arrendado” pelo Botafogo não se tornou uma fonte de renda, mas de despesas. Bebeto alinhavou um acordo com um grupo português que faria do estádio algo superavitário. Uma nova oportunidade virá em breve. O projeto “Engenhão 2010” pretende prepará-lo, assim como a região, para receber clássicos e jogos com grandes públicos, já que o Maracanã ficará interditado para reformas para receber jogos da Copa do Mundo de 2014. O Botafogo está fechando contrato com uma empresa para explorar os espaços comerciais no estádio.

Lúcio Flávio Apagou-se no Santos, perdendo lugar para Paulo Henrique Ganso. Retornou a General Severiano

Divulgação

vida ao trabalho com garotos. O dirigente chegou a dispensar atletas já vinculados a empresários, mas o trabalho não foi adiante. “Encontrei Marechal Hermes em completo abandono. Então, colocamos duas categorias treinando no Caio Martins, alugamos outro campo e fizemos uma melhoria no de Marechal Hermes”, conta Assumpção. A alternativa de gerar renda e títulos a partir de jovens talentos também já é estudada. “Temos projeto de metas, como o da Companhia de Participações Desportivas, que chamam de ‘Fundos’ do Botafogo. Na realidade, é uma sociedade anônima que tem como objetivo ter dinheiro para compra de jogadores de 18 a 24 anos que possam vir ao clube e reforçar o nosso time”, explica. Uma outra alternativa é a parceria com o Esportivo Guará, clube da Segunda Divisão brasiliense, a fim de revelar e levar atletas para reforçar o alvinegro. A presidência assume que a prioridade será organizar as categorias de base. Esse projeto só dará seus primeiros resultados no futuro, mas se funcionar, valerá a pena esperar. O problema é saber quando esse futuro chegará. E o que ocorrerá com a equipe e o clube durante essa espera.

Zé Roberto

Dodô

André Lima

Fracassou no Schalke 04 e foi ao Flamengo. Teve problemas para controlar o peso e, no momento, está sem espaço na Gávea

Foi contratado como estrela pelo Fluminense, mas cumpre suspensão por doping em um jogo quando ainda defendia o Botafogo

Não deu certo no Hertha Berlim e foi ao São Paulo, onde estreou com dois gols – ambos irregulares, mas validados –antes de virar reserva

Jorge Henrique O exbotafoguense que vive melhor momento. É titular absoluto do Corinthians campeão da Copa do Brasil

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TENDÊNCIAS

E NÃO PAROU no Azulão

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por Gustavo Hofman

uando o São Caetano surgiu no cenário nacional, na Copa João Havelange de 2000, todos ficaram surpresos. O clube, uiu se mancom o apoio da prefeitura local, conseguiu ter no topo do futebol nacional por algum tempo, chegando a ser vice-campeão da Libertadores sta (2007) e (2002), brasileiro (2000 e 2001) e paulista baixamento, campeão estadual (2004). Desde o rebaixamento, em 2006, o Azulão não deu mais sinal de que voltaria à elite nacional. oder público, Com poucos torcedores e apoio do poder o clube sãocaetanense não deixou muitaa saudade na ois, em 2009, maior parte dos torcedores brasileiros. Pois, o filme está se repetindo com Barueri e Santo André. o, já há canE, mesmo que esses dois caiam no futuro, sários e predidatos a sucessores. Tudo porque empresários m os benefífeituras da Grande São Paulo descobriram ir no futebol cios – econômicos e políticos – de investir da região, mesmo que os clubes tenham pouca tradiores. ção e a população, carências sociais maiores.

Após um período de glórias com o São Caetano, o futebol da Grande São Paulo volta a aparecer com Barueri e Santo André. E pode vir mais...

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São Paulo

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1 BARUERI

Barueri População 274.201 IDH 0,826 Estádio Arena Barueri (20.000) Competições Série A nacional e Série A1 estadual Fazia parte de um projeto da prefeitura de projetar a cidade nacionalmente por meio do esporte. Com a promoção à Série A, sua diretoria rompeu com a prefeitura e o clube já passou a enfrentar problemas financeiros e de público (o município doava ingressos à população até 2008)

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Força

Taboão da Serra

População 86.698 IDH 0,813 Estádio Carlos Ferracini (6.195) Competições Série A3 estadual Clube bancado pela Força Sindical, tem forte trabalho nas categorias de base. Ainda não conseguiu muito destaque no profissionalismo

População 224.757 IDH 0,809 Estádio Vereador José Ferez (7.000) Competições Segunda Divisão estadual* Fundado em 1985, profissionalizouse em 2004 e ainda não saiu da última divisão estadual

4 TABOÃO DA SERRA

População 750.066 IDH 0,818 Estádio Prefeito José Liberatti (20.000) Competições Série A2 estadual O fato de já ter sido chamado de “o São Caetano de Osasco” mostra qual a ambição do Grêmio Osasco. O clube surgiu em 2007 e conta com apoio da prefeitura. Em dois anos, já pintou na segunda divisão estadual. O ECO, outro clube osasquense que também já teve apoio do município, está licenciado

3 CAIEIRAS

2 OSASCO

Grêmio Osasco

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Santo André

População 1.279.202 IDH 0,798 Estádio Antônio Soares de Oliveira

População 151.103 IDH 0,919 Estádio Anacleto Campanella (22.738) Competições Série B nacional e Série A1 estadual

População 671.696 IDH 0,835 Estádio Bruno José Daniel (15.000) Competições Série A nacional e Série A1 estadual

(15.000)

Competições Série A2 estadual Nunca esteve entre os grandes do estado, mas é um grande ioiô entre Séries A2 e A3. Melhor que o outro clube da cidade, a Associação Desportiva Guarulhos, que está na quarta divisão

Clube da Grande São Paulo de maior sucesso. Com prefeitura oferecendo infraestrutura e ajuda na obtenção de patrocínio, o clube chegou à final da Libertadores em 2002. Atualmente, luta para não cair à Série C nacional

7 SANTO ANDRÉ

São Caetano 6 SÃO CAETANO DO SUL

5 GUARULHOS

Flamengo

São Bernardo FC 8 SÃO BERNARDO DO CAMPO

SP

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10 SUZANO

O Pão de Açúcar jogava em Embu das Artes, mas, em 2009, passou a mandar as partidas na capital, onde está sua sede

População 279.394 IDH 0,775 Estádio Francisco Marques Figueira (10.139)

Competições Segunda Divisão estadual* Duas equipes que nunca tiveram destaque no interior paulista

Mauaense

União

População 412.753 IDH 0,781 Estádio Pedro Benedetti (10.590) Competições Segunda Divisão estadual* Milita nas divisões mais baixas do futebol paulista desde a década de 1980, mas nunca teve destaque

População 371.372 IDH 0,801 Estádio Francisco Ribeira Nogueira (10.380) Competições Série A3 estadual Tinha mais destaque na década de 1980, mas nunca chegou à primeira divisão

12 MOJI DAS CRUZES

O Índice de Desenvolvimento Humano foi criado pelo PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) para medir o bem-estar de uma população. Os cálculos englobam riqueza, níveis de educação e expectativa de vida do país. A média brasileira é 0,807, valor considerado “de elevado desenvolvimento”, ainda que seja apenas a 70º do mundo (atrás de países como Albânia, Seychelles e Antígua e Barbuda).

Pão de Açúcar 9 EMBU

O QUE É O IDH?

População 801.580 IDH 0,834 Estádio Primeiro de Maio (13.000) Competições Série A2 estadual Foi fundado em 2004 para ser a resposta de São Bernardo do Campo ao sucesso dos vizinhos Santo André e São Caetano. Conta com apoio da prefeitura e cresce rapidamente no futebol paulista. Com isso, os dois clubes mais tradicionais da cidade ficaram em baixa: o Palestra está na Segunda Divisão* e o Esporte Clube São Bernardo, inativo

ECUS União Suzano

* Equivalente à quarta divisão

11 MAUÁ

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Conquistou uma Copa do Brasil (2004) quando tinha apoio do município. Sua diretoria rompeu com a prefeitura e o clube passou a ser controlado apenas por empresários (que sofreram investigação por suspeita de envolvimento em casos de corrupção na cidade)

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/AFP Gianluigi Guercia

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Dunga esperneou e se contorceu, mas conquistou seu lugar no comando da Seleção em 2010

por Leonardo Bertozzi

Reespaldaddo pelos reesultadoos, Dunga affasta presssão sobre seu trrabalho e garante sua ida à Copa do Mundo. Ao mesmo teempo, vitórias escoondem falh has que poodeem comprometer o hexa

uito, 29 de março de 2009. A Seleção Brasileira é amplamente dominada pelo Equador, que finaliza dezenas de vezes e só não constrói uma goleada histórica porque esbarra em uma atuação impecável de Júlio César. O empate por 1 a 1 não evita as críticas à equipe de Dunga, que já vinha de um ano complicado em 2008, com uma sequência de más atuações em casa. Três meses depois, o panorama era totalmente diferente. Em junho, o Brasil obteve um resultado expressivo ao golear o Uruguai por 4 a 0 em pleno estádio Centenário, quebran-

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do um jejum de mais de três décadas sem vitória em Montevidéu. Em seguida, bateu o Paraguai em Recife e foi à África do Sul para conquistar a Copa das Confederações. Foi o suficiente para muitos proclamarem a Seleção como favorita máxima ao título mundial em 2010. Alguns acontecimentos durante a competição ajudaram a reforçar a suposta superioridade brasileira. A Itália, atual campeã mundial, se apresentou com uma equipe envelhecida e foi surpreendentemente eliminada na primeira fase, perdendo para o Egito e levando inapeláveis 3 a 0 do Brasil. A campeã europeia Espanha chegou ostentando uma longa invencibilidade, mas Outubro de 2008

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Bancar jogadores que deram certo, como Júlio César, ajudou a dar crédito ao trabalho de Dunga

sucumbiu nas semifinais diante dos Estados Unidos. Analisar o Brasil pelo que fazem os adversários, no entanto, é uma tentação perigosa. É necessário entender como Dunga passou do inferno ao céu em tão pouco tempo, e se houve uma evolução de fato da equipe para justificar o novo status. Teria o ex-capitão aprendido o ofício de treinador ao longo de três anos à frente da equipe? Os resultados o respaldam e descartam a hipótese de demissão, que era fortemente cogitada no ano passado. O fato de ter começado sua carreira de técnico diretamente na Seleção fez Dunga ser criticado pela sua falta de experiência na função. Por outro lado, há quem veja como uma oportunidade de ouro a de iniciar logo com a camisa mais vitoriosa do futebol mundial. Afinal, a oferta de talento não fica atrás de nenhuma outra. “Você já começa pelo máximo.

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Nenhum outro treinador tem o poder que tem o técnico da Seleção Brasileira”, afirma Paulo César Carpegiani, atual técnico do Vitória, que dirigiu a seleção paraguaia na Copa do Mundo de 1998. “Você pode escolher os jogadores que quiser, de uma oferta inesgotável. Pode montar o time como quiser. Só precisa de uma noção”. O argumento de Carpegiani é de que dificilmente um técnico, por menor que seja sua experiência, fracassará à frente da Seleção: “Com os jogadores que o Brasil tem à disposição, o provável é que se vença oito partidas, empate uma e perca a outra. De repente essa derrota é em um jogo decisivo, mas a média dos resultados será sempre alta”.

Se a abundância de talento é um ponto positivo, lidar com um elenco de jogadores de primeira linha ofe-

rece outro tipo de desafio: administrar egos, lidar com insatisfações, saber fazer o jogo político. Nesse sentido, Dunga pode dizer que evoluiu. Aceitou a ideia de que não pode bater de frente com jogadores fundamentais ao time, como Kaká, e conseguiu fazer que o “núcleo duro” do elenco se comprometesse com o projeto. Por outro lado, a capacidade tática de Dunga segue em discussão. Com apenas uma maneira de jogar, ao mesmo tempo em que é capaz de derrotar qualquer seleção do mundo, o Brasil sofre muito em partidas que deveriam ser tranquilas. Na campanha da Copa das Confederações, aconteceu por duas vezes, contra Egito e África do Sul. Nas duas oportunidades, a vitória chegou com gols nos minutos finais: um de pênalti, outro de falta. A dependência dos lances de bola parada é uma tônica da Seleção Brasileira – especialmente em

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Vagner Love, Jô, até o obscuro Afonso. A camisa 9 da Seleção era uma das principais dores de cabeça para Dunga até ser vestida por Luís Fabiano. O atacante do Sevilla virou titular contra o Uruguai nas Eliminatórias, e marcou os gols da virada. Desde então, já tirou a corda do pescoço do treinador em várias oportunidades. Com a artilharia da Copa das Confederações, o ex-sãopaulino se tornou o principal goleador da era Dunga.

O titular da Internazionale se consagrou como o principal goleiro do mundo nos últimos meses, muito por seu desempenho na Seleção. A exemplo de Luís Fabiano, teve atuações de destaque em momentos de pressão para Dunga. Contra o Equador, em Quito, foi capaz de transformar em empate o que poderia ter sido uma goleada. Com isso, conquistou crédito com a torcida, além de se tornar uma das lideranças no grupo.

Apontado como o um dos símbolos do fracasso na Copa de 2006, também começou em baixa com Dunga. O problema é que, ao contrário de Kaká, fez pouco para merecer uma vaga no time. Recebeu oportunidades, mas teve atuações irregulares. Nem mesmo a transferência para o Milan o ajudou a reencontrar seu futebol. Acabou na reserva do clube italiano e fora das convocações da Seleção.

A lateral esquerda é a única posição em que Dunga ainda não encontrou pelo menos uma opção definitiva – portanto, é aquela em que ainda podem aparecer novidades no grupo. Fábio Aurélio joga com frequência no Liverpool, e muitos defendem que sua convocação já passou da hora. No entanto, ele começa a temporada com uma lesão no joelho, o que pode comprometer suas chances.

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O melhor jogadorr do mundo de 2007 demorou a conquistar Dunga. Preterido no início de trabalho, como forma de o novo técnico demonstrar poder, recuperou seu espaço após pedir dispensa da Copa América e logo mostrou sua condição de indispensável à equipe.

Apesar de ter marcado um gol importante no amistoso com a Inglaterra, em 2007, o novo jogador da Juventus decepcionou na maioria das oportunidades que recebeu e acabou fora da órbita de Dunga. A ida para a Itália, onde está boa parte dos favoritos do treinador, pode ajudálo a recuperar espaço, mas o tempo é curto.

Meia transformado em volante na Europa, teve sua convocação recebida com surpresa no início do ano, mas hoje não se imagina h a Seleção titular sem sua presença. Capaz de marcar e carregar a bola ao ataque, tornou mais equilibrado o meiocampo da Seleção, e ainda cavou uma transferência milionária para a Juventus.

Quando era o melhor jogador do Brasileirão e tinha sua convocação pedida, o meia do São Paulo era ignorado por Dunga. Esperava-se que a participação nos Jogos Olímpicos o ajudasse, mas só atrapalhou. Agora que caiu de rendimento, a ponto de chegar a ficar na reserva do Tricolor, é improvável que volte a ser lembrado.

Júlio César é nome certo na Copa do Mundo, mas ainda há duas vagas a serem preenchidas no gol. A cotação do goleiro do Cruzeiro cresceu com suas boas atuações pela equipe celeste na Copa Libertadores.

Um dos destaques do Grêmio vice da Libertadores em 2007, era apontado como um dos favoritos à vaga de primeiro volante da Seleção. Sua transferência para o Liverpool, onde teve espaço limitado pelas presenças de Xabi Alonso e Mascherano, o impediu de jogar com regularidade e o afastou dos planos de Dunga.

Um dos heróis do penta em 2002, Marcos voltou a se destacar pelo Palmeiras. Na Seleção, seria uma opção confiável e com boa possibilidade de ser recebida positivamente pelo elenco. Declarou à Trivela que não veria problemas em aceitar a reserva de Júlio César.

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Não lembra mais quem já teve chance na Seleção nos últimos três anos? Então veja todos os jogadores que entraram em campo pelo menos uma vez com Dunga

Robinho

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Edmílson

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Gilberto Silva

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0

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Fred

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6

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Maicon

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André Santos

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Elano

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Gomes

G

4

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Lucio

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Hélton

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Juan

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Naldo

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3

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Júlio César

G

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27

0

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Daniel Carvalho

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2

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Kaká

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Thiago Silva

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4

1

0

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Daniel Alves

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2

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Fernando

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1

0

Josué

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Lucas

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V

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Cicinho

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3

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Gilberto

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Adriano

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3

2

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Júlio Baptista

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1

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Diego

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Nilmar

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3

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Ronaldinho

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Kleberson

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Vagner Love

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Mancini

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Luís Fabiano

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16

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Richarlyson

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2

2

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Luisão

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Alex Silva

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Alex

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0

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Edu Dracena

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2

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Kleber

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11

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Miranda

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2

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Doni

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0

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Juan

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Felipe Melo

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Alex

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0

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Rafael Sóbis

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Tinga

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Anderson

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Ricardo Oliveira

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Dudu Cearense

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Ilsinho

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Adriano

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Léo Moura

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Afonso

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Rafinha

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Alexandre Pato

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Henrique

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Marcelo

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Hernanes

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Ramires

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Thiago Neves

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Mineiro

Posição

Titular

Jogos

Gols

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Garantido. Só não vai em caso de lesão

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Quase certeza no grupo. Fica fora se alguém atropelar na reta final

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Dúvida. Em caso de boa temporada, pode pintar

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Corre por fora

Sem chance

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partidas nas quais o adversário não oferece o contra-ataque, arma mais letal da equipe de Dunga. “O jogo aéreo tem sido bem trabalhado, tanto defensivamente quanto ofensivamente. A cada dois ou três jogos, fazemos pelo menos um gol assim”, comenta o volante Gilberto Silva, segundo jogador mais utilizado pelo técnico desde 2006. Fruto de planejamento estratégico do técnico? Não necessariamente. Quem acompanha os treinamentos realizados em Teresópolis antes de jogos pelas Eliminatórias da Copa do Mundo nota que a carga de trabalho é reduzida. Nas práticas de bola parada, os lances saem mais por instinto dos jogadores do que por orientações de Dunga, que recorre mais a palavras de incentivo do que a instruções. Na Granja Comary, cena rara é ver os jogadores em campo. As justificativas são as mais variadas, desde o desgaste pela viagem desde a Europa até o mau tempo. Ironicamente, é justamente a “moleza” que ajuda os jogadores a se fecharem em torno de Dunga. Sobra tempo livre para distração – e não por acaso as notícias sobre os campeonatos de videogame na concentração ganham destaque no site da CBF. A opção por treinos leves, no entanto, não é exclusividade de Dunga. “Os treinos da Itália na Copa das Confederações não eram muito diferentes. A opção é por desgastar o mínimo possível os jogadores. O único que dava treinos mais fortes era o Joel Santana, da África do Sul”, afirma o jornalista Lédio Carmona, que cobriu a competição pelo canal Sportv, corroborando a tese de que a ausência de jogadores talentosos reforça a importância do técnico. “O futebol de seleções é cada dia mais ligado ao talento, às individualidades”. E é justamente na escolha destas individualidades que desponta o principal mérito de Dunga. Ele começou o trabalho fazendo várias apostas – algumas delas questionáveis – em posições cruciais como goleiro e centroavante, mas hoje tem dois nomes de primeira linha como Júlio César e Luís Fabiano. Somente na lateral esquerda falta uma boa opção. Dunga também acertou ao abrir

Desde que assumiu a Seleção, Dunga foi capa da Trivela por duas vezes. Veja o que dissemos e o que mudou (ou não).

Depois de um ano fazendo apenas amistosos, a Seleção se preparava para a Copa América

Vaiado no empate com a Argentina, o técnico tinha de conviver com especulações sobre possíveis substitutos

“Nos nove primeiros jogos, o Brasil de Dunga não mostrou nada que aumentasse a confiança na capacidade do ex-capitão de surpreender pela parte tática. (...) Mesmo quando venceu, o Brasil sempre mostrou um jogo previsível, lento e que não ia a lugar nenhum sem as jogadas individuais dos maiores astros”.

“Dois anos depois, a situação do treinador parece insustentável. Ainda que o Brasil tenha conquistado a Copa América com uma vitória convincente sobre a Argentina, a equipe não encontrou padrão de jogo”.

Não mudou. Apesar dos resultados favoráveis, a Seleção continua com poucas variações táticas, apostando em contra-ataques e bolas paradas.

“O técnico ainda não encontrou os nomes ideais para várias posições, como o gol, a lateral esquerda e o ataque”. Melhorou. Goleiro e centroavante, pelo menos no time titular, deixaram de ser problemas. Permanece apenas a lacuna na lateral esquerda.

ã da d dupla d l de d volantes l f d mão formada por Gilberto Silva e Josué, optando por Felipe Melo – que não aparecia na órbita da equipe nacional até o ano passado – na vaga do capitão do Wolfsburg. “Éramos muito semelhantes, Josué e eu. Felipe Melo sai mais para o jogo, o que melhora nossa chegada ao ataque. Então, o ideal era mesmo sua entrada ao lado de outro volante que se posiciona à frente da zaga”, justifica o jogador do Panathinaikos.

Apesar da pouca versatilidade do esquema, o Brasil tem um padrão de jogo definido. Mesmo quando nomes como Muricy e Luxemburgo ficaram disponíveis no mercado, não se falou na saída de Dunga.

“O relacionamento de Dunga com Ronaldinho e Kaká é marcado pela insistência em colocar em dúvida a importância de ambos”. Dunga aparou as arestas com Kaká, e a ausência de Ronaldinho se deve apenas a sua má fase.

“Os torcedores reagiram. Vaiaram a Seleção contra a Argentina, sem pudor de ir contra a equipe que, teoricamente, representa o futebol brasileiro”. As vaias se mantiveram por mais alguns meses, até porque os resultados continuaram ruins. Nos últimos jogos em casa, contra Peru e Paraguai, as vitórias voltaram – e os protestos cessaram.

D qualquer l f De forma, sem uma participação mais efetiva do treinador na preparação da equipe, a Seleção é incapaz de surpreender seus adversários. Em uma Copa do Mundo, técnicos mais qualificados como Fabio Capello, da Inglaterra, e Guus Hiddink, da Rússia, terão condições de saber o que fazer para neutralizar os pontos fortes do Brasil – mesmo que não seja tarefa simples. E caso isso aconteça, ainda haverá quem diga que “perdemos para nós mesmos”. Outubro de 2008

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Liu Jin /A

O meio campo é o mais técnico do mundo no momento Com o título da Euro, perdeu o rótulo de “amarelona” Tem um dos melhores goleiros da Europa A queda na Copa das Confederações pode abalar a confiança A defesa já viveu momentos melhores A possibilidade de “virar o fio” antes da Copa

FP

é fato que a Fúria já see acostumou a jogar com apenas um atacante t t caso o outro não po p ssa atuar. O ponto mais crítico para Del Bosque é a defesa. Até junho de 2010, o treinador precisa dar mais segurança para um setor que, no momento, conta com Puyol, Piqué, Albiol, Sergio Ramos e Capdevilla. Além disso, tem de tomar cuidado para que o melhor momento desse grupo não tenha chegado antes do tempo certo. [GH]

O time tem Messi, Agüero e Tevez na frente Conhece bem a Seleção Brasileira Apesar de jovem, a equipe tem experiência em grandes torneios Dos quatro anos entre as Copas, três foram perdidos Sem Riquelme, falta algum jogador de criação Tem dificuldades crônicas contra o Brasil de Dunga

Getty Images/AFP

A Espanha chegou à Copa das Confederações como a seleção que pratica o futebol mais bonito do mundo e uma das favoritas por antecipação à Copa 2010. Esse status não foi perdido com a derrota para os Estados Unidos. Até porque acusar uma equipe que venceu a Eurocopa de “amarelona” porque caiu na Copa das Confederações não tem sentido. A equipe está mais que pronta. Vicente del Bosque substituiu Luis Aragonés após a Euro e manteve a formação básica. Mais que isso, os espanhó hóiis ttêêm opçõ ões viá iáveis i na reserva. O meio-campo, com Xavi, Iniesta, Marcos Senna, Fàbregas, Xabi Alonso, David Silva e Cazorla, é um dos melhores do mundo. Talvez o melhor. O ataque, formado por David Villa e Fernando Torres, vale dezenas de milhões de euros. É verdade que a Espanha não tem reservas à altura de ambos, mas também

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A ún únic icaa ve vezz em ssua ua h his istó tóri riaa qu quee a In Inglaterra chegou a uma final de competição importante foi em 1966, na Inglaterrra te ra. Da Dass qu quat atro ro sem semif ifin inai aiss qu quee di disp spu utou, apenas em uma a vaga foi obtida fora de casa, em 1990, na Copa da Itália. Apostar na equipe para ganhar qualquer coisa, portanto, é um risco bastante elevado. Ainda qu q e o pa p ís tenha uma excelente geração de jogadores. Desde a chegada do técnico Fabio Capello, a equipe readquiriu a consistência pe p rdida desde a saída de Sven-Göran Eriksson, e parece ter ganho um pouco da autoconfiança que não tem há tempos. Os números das Eliminatórias são auspiciosos: sete vitórias em sete jogos, incluindo um 4 a 1 na Croá C ácia em Zagreb, 26 gols

marcad marc ados os e 4 sof sofri rido dos. s. M Mas as,, no úni único co jog jogo o difícil que teve, além da Croácia, a equipe suou para vencer a Ucrânia em casa. Dent De ntro ro d dee ca camp mpo o, o ttim imee te tem m um umaa za zaga de qualidade e uma profusão de ótimos meio-campistas à disposição. David James, entretanto, é o goleiro do time por absoluta falta de opção. Outra preocup paçção é com o parceiro de Rooney y no ataque. O time tem funcionado com Heskey ou Crouch como pivô. O problema é que não há alternativas ao atacante dos Red Devils,, e nem ao esq quema de jogo – já que nem Heskey, nem Crouch, são goleadores. Se Owen e Rooney se mantiverem sem contusões, a Inglaterra tem uma chance. h Como se vê, ê a probabilidade de que se quebre a escrita tradicional é pequena. [CM]

O time não está forte apenas no papel Fábio Capello é um técnico vencedor Gerrard e Lampard começam a se entrosar Falta um centroavante mais confiável Não há opções seguras para o gol Não teve bons resultados contra as principais potências mundiais

euters

O

frente dos demais na caminhada rumo ao Mundial? Ainda falta pouco menos de um ano para a Copa e equipes tradicionalmente fortes estão em estágios diferentes de evolução. Inglaterra e Espanha parecem já arrumadas. Alemanha e Argentina oscilam. França e Itália são incógnitas. Mas nada garante que, em 10 meses, o cenário não mude. Assim, mais importante do que comparar o Brasil com eventuais concorrentes no momento é projetar como as equipes podem estar em 2010.

S olic/ R

Das candid didatas t usuais i ao tít título mundial, a Argentina é a que vive vi ve com com mai maiss in ince cert rtez ezas as.. Fa Falt ltaa de organização e ausência de um projeto consistente fizeram a seleção çã o al alvi vice cele lest stee jo joga garr pe pela la jjan anel elaa tr três ês quartos do período entre a última e a próxima Copa do Mundo. E existe uma ch hance razoáávell de d o quartto restante também ser desperdiçado. A AFA apostou em Alfio Basile, mas a falta de resultados e atritos internos provocaram sua demissão. Para seu lugar, a entidade buscou uma solução exótica: Diego Maradona. No comando da Argentina, El Diez já brigou com Riquelme – que pediu aposentadoria da seleção – e desfez o pouco de padrão dr ão col colet etiv ivo o qu quee a eq equi uipe pe apr apres esen entava. Até porque a saída do meia do Boca Juniors deixou a equipe sem setor de armação. Para piorar, a defesa não ajuda a segurar as pontas. Maradona ainda não encontrou um substituto para Abb Ab bondan d zieri i i (a aposta t maiis recente é Andújar) e a defesa não tem nomes confiáveis. No momento, a Argentina é uma incógnita. Os resultados recentes das Eliminatórias – e a projeção das quatro rodadas que restam – abrem até a possibilidade de os argentinos ficarem de fora do Mundial. [UL]

título da Copa das Confederações já serviu para ativar o ufanismo de parte dos brasileiros. Dunga passou a ser um grande estrategista e o futebol brasileiro, com seu talento natural, já seria o favorito para a Copa de 2010, até por falta de concorrência. O torneio realizado na África do Sul teria mostrado isso, pois a atual campeã mundial Itália perdeu da Seleção por 3 a 0 e o único rival que merecia algum respeito, a Espanha, foi eliminada pelos Estados Unidos. Mas será que o Brasil está tão à

Nikola

No momento, poucas selleçõões apresenttam resultados sólidos como o Brasil. Mas ainda falta quase um ano para a Copa do Munddo...

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Rob er t o S ch

A situação da França anda um tanto quanto complicada. Nas Eliminatórias, os Bleus ainda não convenceram em um grupo enjoado e seguem com os velhos problemas de sempre – isso sem contar o imprevisível Raymond Domenech. Mesmo assim, os franceses devem incomodar, até pela vontade em apagar o fias fi asco co d daa úl últi tima ma E Eur uroc ocop opaa, q qua uand ndo o fo foram eliminados ainda na primeira fase. A seleção enfim parece contar com alguém capaz de comandar seu meiocampo. A missão de substituir Zidane agora recai sobre os ombros de Gourcuff. Eleito melhor jogador da última Ligue 1, elle foii o grande Li d responsável á l pelo acerto do setor criativo do Bordeaux e vai se firmando na seleção. Contudo, de nada adianta contar com um meia inspirado se o ataque não resolve. E aí reside o principal problema dos Bleus. Benzema nunca conseguiu repetir, na seleção, o desempenho do Lyon. Mesmo com jogadores do nível de Henry, Ribéry

mid t /AF gs / A e r un nD S eb

A lista de candidatos ao título de uma Copa do Mundo raramente muda. No entanto, sempre há um grupo de seleções que aparecem como possíveis surpresas e, vez ou outra, deixam os ffav avor orit itos os p pel elo o ca cami minh nho o. H Hol olan anda da e Por Portu tuga gall sã são o tr trad adic icio iona nais is m mem embr bros os d des esse se “cl club ube” e , qu quee teve o acréscimo da Rússia dep pois da bela camp panha na última Eurocop pa. [FSS]

FP

P

Já conhece seus defeitos Conta com boa geração de jovens Tem tradição em se arrumar em cima da hora O processo de renovação demorou a começar Buffon é o único goleiro confiável Ainda depende de alguns veteranos de 2006

foi facilmente batida pelo Brasil, caindo ainda na primeira fase. se. Se há há uma vantagem na derrota, especialmente em competições menos importantes, é a possibilidade de observar defeitos que a vitória poderia mascarar. Nesse sentido, Lippi já notou quee um qu umaa mu muda danç nçaa de rrum umo o se será rá nene cessária para colocar a Itália entre as principais candidatas ao título. Não se devem esperar mud danças radi dicais, i mas alguns dos jogadores que tinham cadeira cativa, como Toni, Camoranesi e Zambrotta, podem perder espaço. Para seus lugares, l apareceram jovens j que se destacam em clubes do país, como Balotelli, Giuseppe Rossi e Santon. Chegando ao Mundial, a Itália deve semp se mpre re sser er lev levad adaa em ccon onta ta.. Pr Preese serr vando suas características de solidez defensiva, a equipe pode até ter dificuldade com os adversários mais frágeis, mas dificilmente é batida. [LB]

astia

Não é por acaso que defender o título mundial é uma tarefa difícil. Além do estado d de eufori f ia que se estab bellece, o treinador ainda tem um dilema sobre a montagem da equipe nos quatro anos seguintes: como deixar de fora os heróis da última conquista? Quando o técn té cnic ico o é o me mesm smo, o, eent ntão ão...... A um ano do Mundial da África do Sul, a Itália vive essa situação. Marcell llo Li Lippii, que deixou i o comando d da Azzurra após o título de 2006 e voltou dois anos depois, tem nas mãos um time muito semelhante ao que se consagrou na A Allemanha. h O probl blema é que vários jogadores já não têm o mesmo desempenho, o que ficou evidente na Copa das Confederações, quando a equi eq uipe pe ccon onse segu guiu iu p per erde derr pa para ra o Egi Egito to e

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Co valores individuais Com reconhecidos e um técnico rec de ponta, os russos ameaçam a Alemanha nas Eliminatórias e Alem têm tudo para fazer boas apresentações na Copa. Ainda mais porque jogadores como Arshavin e Zhirkov terão experiência em uma liga de primeiro nível.

AO Oranje passeou no grupo 9 das Eliminatórias, gru sendo a primeira nação sen europeia a garantir lugar no ga Mundial. O time tem potencial, mas a falta de adversários na chave o torna uma incógnita contra oponentes mais fortes.

mann /AFP

O time semifinalista em 2006 estará mais experiente Tradicionalmente cresce em grandes torneios Sobram boas opções para o gol Os atacantes são muito instáveis O único craque é Ballack, já desgastado O ambiente não é dos melhores

lateral-direito Beck e o atacante Marin convenceram e podem em aparecer no Mundial de 2010. Atéé lá At lá, po poré rém m, o ttre rein inad ador or p pre reci cisa sa ainda resolver algumas questões importantes. O futebol apresentado não é envollvente como em 2006 e a deffesa tem se mostrado vulnerável. O ataque conta com nomes bastante conhecidos, como Klose, Podolski e Gomez, mas nenhum está em seu melhor momento. Além disso, o grande craque do time ainda é o já desgastado meia Ballack. [LZ]

Sascha Schuer

Já mostrou não se intimidar contra o Brasil Mesmo sem Zidane, os Bleus ainda têm talento à disposição Estava desacreditada em 2006, mas chegou à final Falta um padrão tático O ataque tem baixa produtividade Domenech é um técnico imprevisível

Franck Fife/AFP

e Anelka, Domenech pena para achar a melhor formação ofensiva. O treinador parece ter em seu poder um cobertor curto; quando resolve as dificuldades defensivas da ssel eleç eção ão, o at ataq aque ue p pas assa sa por uma seca preocupante. Se não resolver logo este dilema, Domenech e a França correm o risco de ver os jogos da Copa do Mundo pela TV. [RE]

A seleção alemã comandada pelo técnico Joachim Löw (auxiliar de Jürgen Klinsmann na Copa de 2006) acumulo mu lou u bo bons ns rres esul ulta tado doss no noss úl últi timo moss tr três ês anos, além de um surpreendente vicecampeonato europeu. Assim, a classificação para a Copa C da Áf Áfriica do Sull deve d vir sem muitos problemas. No entanto, a equipe passou por algumas crises após a Eurocopa: jogadores experientes como Ballack e Frings contestaram algumas escolhas do treinador e Kuranyi abandonou o time durante a partida contra a Rússia pelas Eliminatórias. Com isso, ficou exposto o clima de instabilidade no grupo e o nome de Löw passou a ser contestado. O técnico tem o crédito de ter acertado algumas apostas na renovação do time. Os goleiros Enke e Neuer, os meio camp ca mpis ista tass Ge Gent ntne nerr e Tr Troc ocho hows wski ki, o

Sof Sofrendo com a inconstância em algumas inc nem a vitória pposições, po s contra a Albânia Albân na partida mais recente encerrou as críticas pesadas a Carlos Queiroz. Se os Tugas sonham estar em sua terceira Copa seguida, já passou da hora de reagir.

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por Gustavo Hofman Divulgação

eu fiscalizo a

Copa 2014 Ipatinga, Ponta Grossa, Cachoeirinha, Parnaíba, Campos. Essas cidades nunca cogitaram a possibilidade de receber jogos da Copa de 2014. Tampouco têm um futebol local forte a ponto de sustentar grandes estruturas voltadas ao esporte. Mesmo assim, elas querem fazer parte do Mundial. E, claro, cogitam realizar grandes investimentos para isso. As 12 sedes do torneio já estão definidas, mas não há nada certo a respeito das subsedes, ou seja, das cidades que receberão os treinos das 32 seleções. E é nessa brecha que muita gente quer entrar. Ipatinga fala abertamente no assunto. Distante 209 km de Belo Horizonte, a cidade mineira almeja receber alguma seleção. Em fevereiro, o prefeito Sebastião de Barros Quintão anunciou a instalação de 27 mil assentos no Ipatingão. “É nosso objetivo oferecer o estádio à Fifa para ser subsede da Copa”, diz o prefeito. O estádio foi inaugurado em 12 de novembro de 1982 e sua capacidade atual é de 30 mil pessoas. O investimento to-

Ipatingão: planos para receber o Mundial

tal seria de R$ 2.167.000. A cidade conta com duas equipes, Ipatinga e Ideal. Até o fechamento desta edição, o Ipatinga tinha média de público de 1.356 torcedores na Série B nacional. Em abril, um jogo do Ideal, contra o Funorte na Segundona mineira, ficou conhecido no país pelo público: apenas 8 pagantes. O município do Vale do Aço até teve time na primeira divisão nacional em

LU PA Maior do que a conta E a primeira obra para a Copa de 2014 com o orçamento estourado é... o trem-bala CampinasSão Paulo-Rio de Janeiro. Segundo um estudo divulgado pela Agência Nacional de Transportes Terrestres, o custo da obra será de R$ 34,6 bilhões, 57% superior à previsão inicial.

Sem cerveja? A venda de bebidas alcoólicas em estádios de futebol no Brasil é proibida desde abril de 2008, por um acordo entre CBF e o Conselho Nacional dos Procuradores-Gerais do Ministério Público dos Estados e da União. A Copa do Mundo, porém, é patrocinada pela Budweiser (AB Inbev). O promotor Paulo Castilho já adiantou que o Ministério Público não vai mudar de posição.

Projetos mantidos? Na última edição, a Trivela denunciou a mudança do projeto do estádio de Cuiabá e Recife. No final de junho, vários arquitetos assinaram uma carta aberta exigindo respeito aos projetos da Copa de 2014.

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2008, mas a lista de cidades que cogitaram investir para ser subsede do Mundial é longa. Vai de Pelotas-RS a Boa Vista, passando por Parnaíba-PI, Caxias do SulRS, Cachoeirinha-RS, Santo André-SP, Campos-RJ e João Pessoa. A elas se somam as cidades que se candidataram a receber jogos e foram preteridas, como Campo Grande e Florianópolis. Em alguns dos casos, haveria uso de verba pública. Um caso de cidade que anuncia ter congelado seus planos é Osasco. O município da Grande São Paulo chegou a vislumbrar a construção de um estádio com o intuito de ser subsede, mas voltou atrás pela falta de perspectivas para o investimento. “Temos um estudo de implantação do estádio, mas é difícil conseguir um investidor. Hoje esse projeto está parado”, afirma o secretário de esportes Cláudio Sérgio da Silva. “Em situações normais, o orçamento de nenhuma cidade suporta isso”. O arranjo político e econômico previsto para viabilizar obras de sedes e subsedes da Copa abre espaço para outros projetos. “Aguardaremos até 31 de agosto, quando o BNDES deve publicar a normatização para empréstimos a arenas de cidades que serão sedes ou subsedes da Copa”, afirma Sérgio Carnielli, presidente da Ponte Preta. “Campinas não é sede nem subsede, mas nossa futura arena receberá o mesmo tratamento”.

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por Mauro Cezar Pereira

MARACANAZO

Favoritismo, palavra insignificante AO VENCER A COPA DAS CONFEDERAÇÕES a seleção brasilei-

TRICK

HAT

ra virou a “favorita” de muitos ao título na Copa de 2010. Raros observam os defeitos da equipe, sofrível diante da anfitriã e que sofreu para virar o placar contra os Estados Unidos. Assim, clichês servem para empurrar o time da CBF rumo à condição de “mais forte” a menos de um ano do Mundial. E aí está o ponto. Até o Mundial ainda há tempo suficiente, seja para que Dunga corrija erros e melhore a equipe, ou para que os rivais se resolvam. Um ano antes da Copa de 2006, a Itália não empolgava. Vinha de um empate sem gols com a Noruega e no jogo seguinte ficaria novamente na igualdade ante a Escócia. Eram as Eliminatórias e a vaga da Azzurra só se confirmaria após triunfos ante Belarus, Eslovênia e Moldávia. No Mundial, os italianos sairiam campeões. Rivais da Itália na decisão daquela Copa, os jogadores da França estavam ainda mais em baixa. Em março de 2005, empataram em casa com a Suíça e fora diante de Israel. A classificação veio apenas na última rodada, em outubro, com um triunfo em Paris sobre Chipre. Semifinalista do Mundial que sediou, a Alemanha era vista como um arremedo de seleção entre 2005 e 2006. Tinha uma geração inferior às do passado e vivia carência tamanha que levou os germânicos a investir em naturalizações de atletas para qualificar o grupo. Usou o fator campo, de fato, mas também apresentou progressos. Uma comprovação de que existem universos diferentes quando se fala em fase de preparação e jogos de Copa. É evidente que os anfitriões e os dois finalistas evoluíram nos meses que antecederam a competição. Por isso, é ingê-

nuo imaginar que seleções aparentemente pouco competitivas um ano antes do torneio sul-africano serão rigorosamente as mesmas quando ele começar. Marcello Lippi, novamente técnico da Itália, foi à Copa das Confederações menos de um ano depois de reassumir o comando da Azzurra. A tendência, claro, é vermos uma equipe mais capaz a defender o título conquistado em solo alemão. Além disso, há outras seleções que podem, e devem, crescer até o Mundial. Caso da emergente Inglaterra de Fabio Capello. Tem jogadores técnicos e agora um comando forte. O treinador italiano sabe como montar sistemas defensivos ferozes sem abrir mão da força ofensiva. Parece

ser o homem capaz de fazer Lampard e Gerrard jogarem juntos. E bem. Não esperemos um English Team espetacular, mas competitivo. E perigoso. Desacostumada ao papel de protagonista, a Espanha fracassou ao defender o status de campeã européia logo em seu primeiro desafio. Porém, a derrota para os norte-americanos na Copa das Confederações não devastou o belo time de Casillas, Xavi, Iniesta, Fábregas, Villa, Fernando Torres e outros bons e ótimos jogadores. O susto um ano antes da Copa poderá fazer os espanhóis mais conscientes no Mundial. É evidente que a seleção brasileira sempre tem amplas chances em Mundiais. Mesmo com um técnico inexperiente e seu pífio repertório de treinamentos. Fosse Dunga encarregado de levar, digamos, o Chile à Copa, os resultados provavelmente seriam catastróficos. Mas como, na média, o Brasil dispõe de jogadores acima da média em quase todas as posições, as possibilidades jamais serão desprezíveis. À França, há 11 anos, a CBF levou um time desorganizado, calçado na capacidade de definição de Ronaldo, Rivaldo e até Bebeto. O técnico era o já obsoleto Zagallo. Teve o pior desempenho defensivo do país em todos os Mundiais e perdeu de forma incontestável para uma França que era muito superior, mesmo com seus toscos atacantes Dugarry e Guivarc’h. Mas o Brasil foi à decisão. Pode acontecer de novo. E com um final diferente. Jamais duvide do que uma Seleção Brasileira é capaz de fazer em Copas do Mundo. Mas não duvidemos, também, da capacidade dos rivais de se organizarem em alguns meses a ponto de despachar os brasileiros. Na prática, favoritismo é uma palavra insignificante nos Mundiais.

A Argentina de Maradona é, entre as “grandes” seleções, a que apresenta perspectivas mais modestas. Mesmo com talentosos atacantes, entre eles o genial Messi, sob o comando de Diego, os hermanos têm sido inoperantes defensivamente. O eterno camisa 10 parece capaz de desorganizar taticamente sua equipe, não o contrário.

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EUROPA

Tábuas de

SALVAÇÃO Ajax nunca mais ganhará a Liga dos Campeões. Quando você vende seus melhores jogadores, como quer manter um time vencedor? É impossível”. A opinião dura foi dada pelo presidente da Uefa, Michel Platini, em entrevista à revista holandesa “Voetbal International”. E a impressão geral, no futebol europeu, é que, se Platini escolhesse um clube belga, ou escocês, ou português, a frase não mudaria. A distância que se abriu entre os cinco grandes centros europeus (Alemanha, Espanha, Inglaterra, Itália e França) e países como Holanda, Bélgica, Portugal e Escócia, é imensa. O que deixa antigas potências continentais como Ajax, Feyenoord, Benfica, Porto e Celtic como coadjuvantes. Por isso, a “classe média” europeia procura meios para voltar a emergir. A coqueluche são ideias

O

Cada vez mais superado pelos milhões dos grandes centros, segundo escalão do futebol europeu busca alternativas para não ficar para trás

de competições transnacionais, como a Liga do Atlântico ou a BeNeLiga, ou a passagem de alguns clubes para campeonatos mais prestigiosos – o caso mais famoso é a proposta para que Celtic e Rangers deixem a Premier League escocesa para competirem na homônima inglesa. A Uefa começa a estimular tais iniciativas. Então, é hora de ver em que as novidades poderiam melhorar a situação dos clubes – e mesmo a necessidade delas. Em 2001, o PSV foi o primeiro a sugerir novos caminhos para as competições continentais na Europa. O clube propôs a criação de uma Euroliga, mas esbarrou nos países mais ricos, sobretudo a Inglaterra. O time de Eindhoven, por meio do diretor-geral Peter Vossen e do presidente Harry van Kraay, contatou os rivais Ajax e Feyenoord, além de Celtic, Rangers e Porto, para que todos abandonas-

sem seus campeonatos nacionais e formassem uma competição entre eles. Seria a Liga do Atlântico, que ainda incluiria times como Anderlecht e Club Brugge (Bélgica), Göteborg e AIK (Suécia) e Brondby e Kobenhavn (Dinamarca). A intenção era iniciar a Liga em 2002, com o fim dos contratos de TV envolvendo os campeonatos nacionais. O torneio teria acesso e descenso, classificação a Liga dos Campeões e Copa Uefa e já nascia como o terceiro maior da Europa. Porém, a Uefa proibiu a criação da competição, ameaçando os clubes que dela participassem com a exclusão das competições continentais.

Mudança de visão? A Liga do Atlântico fracassara, mas a ideia de mudanças no cenário do futebol europeu continuou viva. Ainda em 2002, Celtic e Rangers anunciaram a intenção de, juntos, se transferirem para o

UM PARA SETE Nas últimas dez temporadas, apenas um time de fora das “cinco grandes” ligas europeias (Itália, Espanha, Inglaterra, Alemanha e França) chegou às quartas de final da Liga dos Campeões. Uma distorção da média histórica, pois a “classe média” já conquistou 14 dos 54 (26%) dos títulos da LC. Assim, resta a Copa Uefa (atual Liga Europa), um torneio bem menos importante – e que distribui muito menos dinheiro – como consolo.

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Liga dos Campeões

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Copa Uefa (só é considerada a melhor campanha da “classe média”)

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Miguel Riopa/AFP

por Felipe dos Santos Souza

Campeonato Inglês. Mas há resistência. Um dos problemas é que os dois gigantes de Glasgow desejam entrar automaticamente na Premier League, sem passar por todas as divisões do futebol profissional da Inglaterra. Além disso, a Federação Escocesa teme perder poder. Como alternativa, Van Kraay propôs a Celtic e Rangers uma nova versão da Liga Atlântica, sem a presença escandinava. Porém, ainda com o sueco Lennart Johansson na presidência, a Uefa parecia resoluta a não abrir espaço aos novos torneios. O cenário mudou em julho de 2006, com a vitória de Michel Platini na eleição para a presidência da entidade. Desde então, o francês dá algumas demonstrações de simpatia aos novos cam-

peonatos. Mesmo sem a união suprarregional da Liga do Atlântico, aparecem sugestões de reorganização continental, como a Liga dos Bálcãs (clubes de Grécia, Turquia, Croácia e Sérvia), a Liga dos Alpes/Danúbio (Suíça, Áustria, Hungria e República Tcheca) e a Liga Oriental (Ucrânia, Romênia, Bulgária e Polônia). Platini explicou seu relativo apoio: “Na antiga Iugoslávia, havia jogos fantásticos. Agora, tudo se separou. Por isso falo sobre a Liga dos Bálcãs. Uma união entre Bélgica e Holanda também seria semelhante.” A BeNeLiga também recebeu declarações de apoio de Marco van Basten, em 2006: “Precisamos nos unir”. Assim como Van Basten já fora desautorizado na época, Platini

também viu a ideia da BeNeLiga ser rechaçada. Não pelo presidente da Federação Holandesa, mas por seu diretor de futebol, Henk Kesler, e pelos times profissionais do país. O que mostra que, em alguns lugares, a ideia ainda é avançada demais para que os torcedores não estranhem. Além disso, alguns países que protagonizariam as novas ligas enfrentam cisões internas – como a Bélgica, que dividiu seu futebol amador em Valônia e Flandres. De todo modo, os pensamentos sobre uniões continuam. Até porque, neste ano, Walter Smith, técnico do Rangers, voltou a falar sobre a hipótese de a Old Firm participar do Campeonato Inglês. Mas ainda é cedo para se dizer se a união fará a força ou, no caso, fará frente aos maiores campeonatos europeus.

Celtic e Porto: sem espaço para crescer em seus países

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Bruno Cantini

LIBERTADORES

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Títulos

Em nome

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DO PAI Conquista da Libertadores não foi um feito pontual para o Estudiantes, mas a sequência de uma história iniciada há 40 anos e que está viva como nunca

uan Sebastián Verón é um exemplo de que o amor à camisa existe, ainda na era do superprofissionalismo onde a cor que manda é o verde do dólar. Justo ele, tão criticado depois do papelão argentino na Copa de 2002, o homem indicado como o principal culpado da eliminação argentina na primeira fase, o acusado de não haver dado tudo o necessário na partida contra a Inglaterra, o país onde jogava naqueles anos. Juan Sebastián Verón é um exemplo que o amor à camisa existe, porque não são muitos aqueles que, com a possibilidade de seguir jogando no mais alto nível europeu, ou tentado pelos milhões do petróleo árabe, escolhem o caminho dos sonhos de infância. É que ele, que herdou de seu pai até o diminutivo do apelido (Bruja/Brujita), cresceu admirando os grandes heróis de 40 anos atrás. Heróis como papai Juan Ramón, em quem deu um abraço interminável na volta de Belo Horizonte e depois de sete intermináveis horas de caravana desde o aeroporto de Ezeiza até La Plata. Heróis como Carlos Bilardo, em quem deu um abraço comovido no mesmíssimo vestiário de um Mineirão silenciado. Heróis como Raúl Madero, como Cacho Malbernat, como Aguirre Suárez, como... E também os que já não estão por aqui, como Osvaldo Zubeldía, o criador do Estudiantes guerreiro do final dos anos 60 que foi tricampeão da Libertadores e ganhou o apelido de “Animals” depois de uma final mundial sangrenta contra o Manchester United. Coisas da vida. Aquela decisão poderia se repetir em dezembro próximo, nos Emirados Árabes,

J

se o Barcelona não tivesse arrebatado a Liga dos Campeões da equipe de Alex Ferguson. Mas Juan Sebastián Verón e seus companheiros estarão lá. Eles cumpriram sua parte porque absorveram em corpo e alma a mística daqueles campeões. “Eu queria jogar uma final como meu pai. E ser campeão, claro”, diz Verón filho, com a satisfação do dever cumprido. “O que acontece é que os títulos deles pareciam e eram muito difíceis de conseguir. O que conquistou aquela equipe foi quase um milagre, porque não se tratava de um clube com grandes recursos. E, por isso, repetir era meu sonho e dos torcedores do Estudiantes que não puderam viver essa época. Era a estrela que buscávamos, a que senti falta em toda minha vida. E, quando entramos em campo na final, não pensávamos em outra coisa que não fosse na glória e em estar ao lado de lendas vivas como Bilardo. Eu

VIAGEM DE 40 ANOS

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3

2

1

por Carlos Bilardo

Sebastián é um orgulho para mim. Ele e seus companheiros conquistaram o que tantas vezes sonhamos. É a continuidade de um projeto, de uma equipe, de um clube. Imediatamente depois da final, me lembrei de Osvaldo Zubeldía, o criador de toda essa revolução. E graças a esse elenco, agora todos os torcedores do Estudiantes poderão dizer que sabem o que é ganhar uma Libertadores. Acredito que a maioria deles não tenha ideia do que conquistaram e quiçá se deem conta com o tempo, por mais que se tenha festejado muito. O Estudiantes já havia demonstrado ser a melhor equipe da Argentina e agora é da América. Foi realmente emocionante, porque pudemos voltar a viver sensações que ficaram gravadas no coração há 40 anos. Agosto de 2009

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Clubes

por Antonio Vicente Serpa

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trocaria tudo, absolutamente tudo o que ganhei na minha carreira na Europa por esse título”. Verón pai o observa, dá um tapinha e sorri: “Eu acredito que aquele passado tem muito a ver com esse presente. O lugar onde treina o time tem muitíssimas fotos daquelas equipes campeãs. E isso contagia todos que vieram depois. Não é coincidência que o Estudiantes se transformou em uma equipe copeira”, explica Juan Ramón, temível e fino goleador daquela época.

Por todos os lados: Verón foi o dono do meio-campo campeão da Libertadores

Juan Ramón, a equipe atual se parece com aquela de vocês? O futebol mudou muitíssimo nesses 40 anos. Assim, é difícil comparar. Agora há menos espaço, outra velocidade, diferentes sistemas táticos. No entanto, se algo é a marca registrada dessa equipe, tanto como daquela, é a solidez. O Estudiantes é um rival muito difícil para qualquer um e em qualquer lugar onde jogue.

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O destino dos charruas é uma grande ferida na história uruguaia. Esses indígenas nunca aceitaram a dominação territorial e religiosa da Espanha e foram dizimados pelo Exército de um Uruguai recémproclamado independente. Atualmente, os charruas sobrevivem apenas como elementos na miscigenação de povos dos pampas. E, principalmente, no imaginário dos uruguaios já arrependidos. O gênio indomável e orgulhoso dos nativos é usado como inspiração para os cisplatinos, inclusive no futebol. A Libertadores 2009 mostrou que os clubes uruguaios não tiveram o mesmo fim dos charruas. Depois de 20 anos, o Uruguai voltou a colocar um representante nas semifinais (o Nacional). Além disso, o Defensor Sporting só caiu nas quartas de final, não sem antes vencer – e eliminar – o Boca Juniors em La Bombonera. Os dois times, que já vinham fazendo boa figura em competições internacionais nos

últimos anos, usaram receitas parecidas. Além de praticar um futebol organizado em campo e de muita entrega por parte dos jogadores, ambos têm sólidos trabalhos em categorias de base e dão tranquilidade para suas comissões técnicas pensarem em longo prazo. Assim, conseguem substituir os jovens vendidos à Europa e ainda contratar um ou outro jogador experiente que esteja acessível. No final das contas, a receita não foi

muito diferente da aplicada por vários clubes brasileiros, ou mesmo pela LDU Quito campeã sul-americana de 2008. Mas o feito de Nacional e Defensor serve de modelo para seus vizinhos (leia-se Peñarol, ainda hoje o terceiro maior vencedor da Libertadores). Sinal de que o futebol uruguaio tem uma segunda chance. Algo que, infelizmente, não ocorreu com os charruas originais depois do encontro com o Exército uruguaio em 1831. [UL] Juan Mabromata/AFP

PROTAGONISTAS, APÓS 20 ANOS

Considerando o tamanho daqueles ídolos, para Juan Sebastián pode soar exagerado o elogio de seu técnico, Alejandro Sabella, que acha que a Brujita “é o jogador símbolo de toda a história do Estudiantes, o mais importante por tudo o que significa dentro e fora do campo”. Mas alguma razão tem o treinador. No Estudiantes dos anos 60, não havia uma peça tão insubstituível: era uma estrutura solidária e granítica que compensava as limitações com muito trabalho. Nesta equipe, Sebastián é claramente o líder. Dentro do campo, mas também fora dele. O que faz em campo é bem mais visível. No Mineirão, mostrou toda sua experiência internacional se fazen-

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No Estudiantes, você já teve o gosto de ganhar um título doméstico em 2006, depois de 24 anos. E agora? Quando retornei à Argentina, não acreditei que fosse possível ganhar um campeonato tão rapidamente. Ser campeão sempre é um objetivo, mas eu aspirava, sobretudo, que o Estudiantes chegasse onde está hoje. Hoje, é um dos clubes mais respeitados na Argentina e nas Américas. Creio que, com esse título, fechamos o ciclo que foi armando um grupo de loucos que nunca se conformou, que sempre teve vontade, fome, humildade, sacrifício e futebol... Pusemos muita garra e o coração. Foi um grande esforço, mas o prêmio é incrível. Aí está a Libertadores que tanto buscávamos.

O casal namora há muitos anos. O relacionamento é bom, ainda que tenha seus eventuais atritos. Por mais que seja possível seguir sem grandes mudanças, uma hora um dos lados pergunta “para onde vai nosso relacionamento?” e sugere o casamento. Ou que rompessem para que cada um buscasse algo melhor. Foi mais ou menos isso o que ocorreu com a Conmebol e o México durante a mais recente edição da Libertadores. Os mexicanos sempre reclamaram de serem tratados como “inferiores”. Na condição de convidados, não indicam árbitros para apitar partidas da Libertadores e têm voz fraca nas discussões técnicas e políticas da Conmebol. A exclusão de Chivas e San Luis das oitavas de final pela falta de local para mandarem seus jogos foi a gota d’água. A Federação Mexicana ameaçou sair de vez dos torneios sulamericanos. A medida, que agradaria a muitos torcedores no Brasil, teria impacto negativo do ponto de vista comercial e financeiro. A Confederação Sul-Americana voltou atrás e decidiu devolver Chivas e San Luis à Libertadores, mas na edição 2010. O último episódio dessa briga conjugal foi o anúncio de que os mexicanos não enviarão representantes para a Copa Sul-Americana deste ano por se chocar com a Concachampions (Liga dos Campeões da Concacaf). A entrada do México trouxe grandes benefícios para as competições da Conmebol, e vice-versa. Mas os dois lados já querem mais dessa relação. Resta saber se ambos chegarão a um termo comum. [UL]

Vale a pena? O que há de bom e de ruim na presença mexicana na Libertadores Prós

Contras

Melhora o nível técnico da competição

Cria-se uma mistura de confederações continentais

O torneio se torna comercialmente mais atrativo

A Libertadores fica com duas “castas” de clubes

A Libertadores ganha visibilidade nos Estados Unidos

Nem sempre o México envia seus melhores times à Libertadores

Os clubes mexicanos têm poucas oportunidades de participar de uma competição internacional forte

A Conmebol pode se ver obrigada a mandar um vice-campeão para o Mundial de Clubes

Ajuda a diminuir o domínio de brasileiros e argentinos

A viagem à América do Norte pode ser desgastante

Jorge R. Jorge

Sebastián, quando terminou a final, vocês cantavam no vestiário: “Borombombóm, borombombóm, esta é a escola do Narigón”. Quanto tem do Bilardo em tudo isso? Para começar, para mim Carlos é como alguém da família. Como seria diferente, se ele viveu cada momento da minha vida e eu conheci cada passo de sua história? Agora, por sorte, estamos escrevendo a nossa. Mas essa musiquinha foi uma forma de agradecêlo por seu legado, por tudo o que nos ensinou.

É PARA CASAR?

Divulgação/vipcomm

do dono da partida: logo de cara, provocou um forte choque ombro a ombro com Ramires, o mesmo que havia cortado seu rosto com uma cotovelada na partida de ida. Uma vez anunciada sua presença e sem se desesperar com a adversidade, Verón gerou os dois gols da equipe com sua grande pegada. “Verón é um multiplicador de pães”, como se diz em La Plata. A ascendência que tem sobre seus companheiros está marcada com o exemplo que ele próprio dá: “Se ele corre o que corre com 34 anos, quanto a gente tem de correr”, refletem os mais jovens sobre esse meia. O que faz fora dos gramados é menos público, mas quase igualmente importante: não é alheio à política do clube, se preocupa com a contratação de reforços, de técnicos, segue de perto a evolução das categorias de base e, alguns dizem (ele jamais confirmou), já pôs dinheiro de seu bolso para que o Estudiantes pudesse sair de alguma situação complicada. Ninguém deveria estranhar se, no futuro, seja presidente do clube.

Em 2008, o América eliminou o Flamengo em pleno Maracanã

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TÁTICA

por Nnonono nononono

Para conquistar a Libertadores, o Estudiantes asfixiou o Cruzeiro até os mineiros perderem as forças. Aí, era o momento do golpe fatal

Caça à

RAPOSA

Verón tinha o comando de todo o meio-campo do Estudiantes. Dava o primeiro combate (foi o jogador que mais desarmou no jogo de volta) e também iniciava a armação (começou a jogada do gol de empate argentino). Pelo posicionamento, duelava diretamente com Ramires e Marquinhos Paraná.

Como os alas do Estudiantes fecharam o espaço dos laterais cruzeirenses, Ramires (volante com liberdade para avançar) e Wagner muitas vezes caíram pelas pontas, onde já estavam os laterais argentinos

Benitez

Jonathan

Leonardo Silva

Desábato Ramires Wellington Paulista

Boselli

Andújar Verón

Braña

Marqui Marquinhos Paraná Para

Fábio

Wágner Schiavi

Fernández

Kléber

Thiago T Heleno H

Henrique

Cellay

Sem um meio-campo forte para ajudar – e Wellington Paulista perdido no meio dos zagueiros argentinos –, Kleber ficou isolado no ataque, procurando – e não encontrando – o jogo por todos os lados

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Pérez

No jogo de ida, o ala Pérez caiu bastante pela ponta direita, criando problemas para Gérson Magrão. No Mineirão, o argentino ficou mais plantado no meio-campo, marcando os avanços do lateral cruzeirense

Gérson Magrão

Gastón Fernández usou todo seu fôlego para ir e voltar o tempo todo, fazendo a ligação entre meio-campo e ataque, puxando os contraataques argentinos

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Henrique encontrou um espaço entre Verón e Fernández. Além disso, o Cruzeiro estava com quatro jogadores na área, prendendo a linha de marcação do Estudiantes. Assim, o volante teve liberdade para avançar e arrematar

por Ubiratan Leal

erón foi um monstro no Cruzeiro 1x2 Estudiantes que decidiu a Copa Libertadores 2009. Armou seu time e desarmou o adversário, impôs sua autoridade em campo e serviu de referência para qualquer colega que precisasse saber o quanto era preciso se entregar em campo para levar o título a La Plata. Ainda assim, o título dos Pincharratas esteve longe de ser o mérito de apenas um jogador. O time argentino venceu no Mineirão porque foi taticamente superior. Curiosamente, as formações nas partidas de ida e volta foram praticamente as mesmas (como exceção, a entrada de Thiago Heleno, vetado por lesão para o jogo de La Plata, no lugar de Anderson no Mineirão). O que mudou foi como as equipes se postaram em campo. Os alas argentinos desistiram de avançar pelas laterais e o meiocampo recuou sua linha de marcação. Resultado: ocupou os espaços a partir de sua intermediária, tirando a margem para o Cruzeiro trabalhar. Nesse cenário, o gol cruzeirense só saiu em um raro momento de falha na marcação do Estudiantes. O empate veio justamente quando o cenário era favorável aos mineiros, com um jogo mais aberto. Com o 1 a 1 no placar, bastou aos argentinos voltarem o sistema de marcação e asfixiarem a Raposa até ela não ter forças para impedir a virada.

V

Fernández

Marquinhos Paraná

Verón Henrique Bra Braña Jonathan

W Wellington n Paulista Kléber

Benitez

R Ré

Desábato

Ramires Ram Schiavi S

Cellay Cel llay

Andújar

Muita gente na defesa não significa um time bem fechado. Desatento na marcação, Gérson Magrão buscava o meio. Deixou suas costas livres para o primeiro – e fatal – avanço de Cellay pela direita

A defesa estava toda bagunçada. Os dois zagueiros (Leonardo Silva e Thiago Heleno) estavam à frente de Henrique (volante) e Gérson Magrão (lateral). O lado esquerdo era coberto por Wagner, meia de armação. Em uma jogada em velocidade, os zagueiros tiveram de correr atrás dos atacantes, que, como seria de se esperar, chegaram à área mais bem posicionados

Verón Cellay

Marquinhos Paraná

Wágner Thiago T Heleno H Gérson Magrão

Leo Silva S Silv

Henrique Boselli Bose os Fernández Fernánde á

Fábio

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PERFIL

Arrogante, dominador e...

COMPREENSIVO Louis van Gaal chega ao Bayern de Munique fazendo jus à – nem sempre verdadeira – fama de temperamental pós as duas primeiras rodadas do último Campeonato Holandês, a crise estabeleciase no AZ. Com duas derrotas, a demissão de Louis van Gaal – que só permanecera no clube a pedido dos jogadores, mesmo após uma opaca temporada 2007/08 – era quase certa. Ainda assim, o técnico preferiu ficar. Não demorou para seu time reagir. Na partida seguinte, o AZ venceu o PSV e deu inicio a uma série de 28 partidas sem derrota. Ao final da temporada, o clube de Alkmaar acabou com seu jejum de 28 anos sem conquistar a Eredivisie. Foi a reconstrução da imagem do treinador. Semanas depois, Van Gaal foi contratado pelo Bayern de Munique. E, logo de cara, já causou confusão, ao supostamente pedir a dispensa de Lúcio. Apenas mais um dos tantos casos polêmicos em que o holandês se meteu durante sua carreira. Nascido em Amsterdã em 8 de agosto de 1951, Alloysius Paulus Maria van Gaal passou em branco como jogador. Começou no Ajax, onde nem jogou profissionalmente, e passou por Royal Antwerp (Bélgica), Telstar, Sparta Rotterdam e AZ,

A

1986

1991

1993

1995

Aos 35 anos, encerra a carreira de jogador e assume o posto de auxiliar técnico no AZ. Depois, é contratado pelo Ajax para exercer a mesma função

Com a saída de Leo Beenhakker do Ajax, Van Gaal é efetivado como treinador

Após a conquista da Copa Uefa, reformula elenco do Ajax

O melhor momento da carreira de Van Gaal. Com uma equipe jovem, o Ajax vence a Liga dos Campeões e o Mundial

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Stringer/Reuters

onde encerrou a carreira para assumir como auxiliar técnico. Em 1988, ocupou a mesma função no Ajax, tornando-se assistente de Leo Beenhakker. Com a ida do técnico para o Real Madrid, em 1991, Van Gaal foi efetivado como comandante do clube de Amsterdã. Em sua primeira conquista, a Copa Uefa

1991/92, o treinador ainda manteve o time-base deixado por “Don Leo”. Porém, a partir de 1993, já montou o time a sua imagem e semelhança. Durante essa ascensão, que culminou com a conquista do tricampeonato holandês e da Liga dos Campeões, Van Gaal mostrou sua principal qualidade. O téc-

1997 Vai para o Barcelona, onde conquista muitos títulos, mas briga com Rivaldo e com a torcida

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de até cruel para descartar os atletas que não se encaixam em seu esquema (algo que, em técnicos holandeses, só se vê paralelo em Rinus Michels). Jogadores benquistos pela torcida, como Roy e Menzo, perderam lugar. De qualquer modo, foi assim que surgiu a geração de Van der Sar, Kluivert, Davids e Kanu.

Getty Images/AFP

por Felipe dos Santos Souza

De Barcelona a Alkmaar A Lei Bosman desmantelou, pouco a pouco, o time criado por Van Gaal. Em 1997, o técnico aceitou o convite do Barcelona. Lá, ele foi bicampeão espanhol e conquistou uma Copa do Rei. Mas também colecionou confusões. Assim que chegou, indicou a contratação de vários holandeses, como Overmars, Kluivert, os irmãos De Boer, Reiziger, Hesp, Cocu e Bogarde, além de Litmanen, finlandês com passagem pelo Ajax. A medida desagradou a torcida, que ficou ainda mais contrariada com o início dos atritos entre o técnico e Rivaldo. Van Gaal pedia a ele que atuasse na armação, enquanto o jogador preferia atuar pela esquerda. Criou-se, sobretudo no Brasil, a ideia de que o treinador perseguia os brasileiros para favorecer os holandeses. Meia verdade, pois, no Ajax, o técnico pediu a contratação de Márcio Santos e, na Espanha, não teve tantos problemas com Giovanni e Sonny Anderson. Diante disso, o convite para que Van Gaal treinasse a Holanda, após a Euro 2000, soou como uma bênção. Porém, a Oranje perdeu uma e empatou outra com Portugal e Irlanda. Após 16 anos, o time ficava fora de um Mundial, no que o técnico chamou de “a maior tragédia” de sua carreira. “Demiti-me porque alguns dos atletas recusavam-se a aceitar meus métodos. Sou o que sou e tenho meu jeito próprio”, afirmou em entrevista ao site da Fifa.

Reuters

nico modernizou o ideário do Futebol Total: onde já havia a ortodoxia do 4-3-3 e uma postura ofensiva quase suicida, o holandês colocou ênfase na posse de bola e integração entre os setores do campo. Para isso, teve de colocar em prática outra característica: olho apurado para identificar jovens talentos e a facilida-

A qualidade do holandês se tornava sua ruína. O técnico tornou-se inflexível em seus princípios, tolhendo a capacidade de alguns atletas em nome do coletivo. Se, no Ajax de garotos que formara, seu comando pôde ser amplo, fazer isso em equipes como o Barcelona e a Holanda era muito mais difícil. Com a imagem manchada, Van Gaal acabou retornando a um Barcelona em crise. Entretanto, uma nova briga com Rivaldo ajudou a encurtar sua passagem pelo clube: pedindo ao brasileiro ajuda na marcação, ambos discutiram. Rivaldo se mandou para o Milan e o holandês nem emplacou 2003 em Camp Nou, substituído por Radomir Antic. A briga que o tirou novamente do Barcelona mostrava a principal razão de sua queda. O tático inteligente, que conseguia moldar um time à perfeição, transformara-se num teimoso, que tolhia as características individuais em prol do coletivo e não conseguia deixar de tratar os atletas como crianças. O retorno fracassado ao Ajax, como diretor técnico, em 2004, ampliou a sensação de decadência irreversível. Até que surgiu o convite para o retorno ao AZ, em 2005. Em Alkmaar, manteve alguns veteranos e caçou novos talentos, como Schaars, De Zeeuw e Mendes da Silva. O trabalho culminou com um título nacional e outro perdido na última rodada. Com isso, Van Gaal reconquistou o respeito na Europa. A ponto de valer a aposta do Bayern de Munique, onde ele chega com a imagem de técnico “arrogante, dominador, honesto, trabalhador e inovador” – como ele próprio se descreve – “mas também bastante compreensivo”. E, sem dúvida, um treinador que não deverá sossegar até deixar o time bávaro pronto para voltar a crescer na Europa.

2000

2002

2004

2005

2009

2009

É contratado para treinar a Holanda. Tem problemas com o elenco e a seleção não passa pelas Eliminatórias da Copa 2002

Retorna ao Barcelona, mas volta a se desentender com Rivaldo. É demitido no meio da temporada

Segunda passagem pelo Ajax, dessa vez, como diretor técnico. Entra em choque com o treinador Ronald Koeman e é demitido

Contratado pelo AZ, participa da reformulação da equipe, trocando veteranos por jovens. Leva o time ao vice holandês

Fica no AZ a pedido dos jogadores e comanda o time ao primeiro título nacional em 28 anos

É contratado pelo Bayern de Munique, voltando a um grande centro europeu

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Francisco Leong/AFP

CAPITAIS DO FUTEBOL Âť LISBOA (POR) por Ubiratan Leal

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Sporting x Benfica: luta de classes se transformou no maior duelo de Portugal

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Da ocidental

PRAIA LUSITANA O Porto é o time mais forte de Portugal nos últimos anos, mas não conseguiu tirar a grandeza de Benfica e Sporting final da Taça de Portugal 1995/96 começara havia oito minutos. O argentino Mauro Airez aproveitou uma confusão na área e colocou o Benfica em vantagem. Na comemoração, torcedores encarnados soltaram rojões. Um dos disparos atravessou todo o estádio Nacional do Jamor e foi pousar do outro lado da arquibancada, no peito de Rui Mendes. O adepto do Sporting morreu na hora e se transformou em um símbolo do que pode representar o ódio entre os dois grandes clubes de Lisboa. Uma morte de torcedor sempre causa repulsa e comoção, mas, em Portugal, o impacto é maior. Ainda que atritos sejam comuns, o país tem menos casos de violência entre “claques organizadas” rivais que a média europeia. O que corrobora um pouco com a imagem pacata e acolhedora dos portugueses, mesmo em uma cidade como Lisboa, que rapidamente se transformou em uma metrópole cosmopolita, moderna e agitada como tantas outras da Europa.

OS TIMES DA CASA

A

O incidente de 18 de maio de 1996 virou um marco da rivalidade entre Águias e Leões, até hoje a maior do futebol de Portugal (mesmo com o crescimento do Porto nas últimas décadas). Benfica e Sporting cruzam o caminho um do outro mesmo antes de nascerem. Nos primeiros anos do século 20, há registro de um confronto entre Belas e Sport Lisboa. O Belas deu origem ao Campo Grande, de onde saiu José Alfredo Holtreman Roquette – conhecido como José Alvalade por ser neto do Visconde de Alvalade – e amigos para fundar o Sporting em 1906. Com o apoio da aristocracia lisboeta, o time alviverde rapidamente se estruturou e passou a atrair jogadores de outras equipes. O Sport Lisboa foi uma das vítimas e, para não fechar, se fundiu ao Grupo Sport Benfica (um clube de ciclismo) para criar o Sport Lisboa e Benfica em 1908. Desde então, ambos se estabeleceram como a versão futebolística da disputa entre elite e povo. Aos poucos, a diferenciação social diminuiu. O que não impediu os dois ti-

mes a continuarem se odiando. Como grandes forças de Portugal na primeira metade do século passado (o Porto ainda era um time médio), ambos ganharam braços nas colônias lusas. No Sporting de Lourenço Marques (antigo nome de Maputo), filial dos Leões em Moçambique, apareceu Eusébio. O time do Campo Grande quis levá-lo a Lisboa, mas o Benfica fez uma oferta maior e ficou com o jogador que se tornaria um dos maiores do mundo nos anos 60.

Polarização e queda Jogadores como Eusébio marcaram o período em que os encarnados eram a grande bandeira do futebol português no planeta. A equipe chegou a quatro finais da Copa dos Campeões (venceu duas) e dominou o cenário doméstico. Entre 1960 e 1977, as Águias conquistaram 14 de 18 Campeonatos Portugueses. O Sporting, que levou os outros quatro títulos nacionais no período e ganhou uma Recopa, foi o único a rivalizar com o clube da Luz.

LIGA SAGRES (primeira divisão)

LIGA VITALIS (segunda divisão)

Sport Lisboa e Benfica 2 Ligas dos Campeões 31 Campeonatos Portugueses 24 Taças de Portugal 1 Taça da Liga

Sporting Clube de Portugal 1 Recopa 18 Campeonatos Portugueses 15 Taças de Portugal

Clube de Futebol Os Belenenses 1 Campeonato Português 3 Taças de Portugal

Grupo Desportivo Estoril Praia

II DIVISÃO (terceira divisão)

III DIVISÃO (quarta divisão)

Estrela da Amadora (1 Taça de Portugal) , Atlético, Olivais e Moscavide, Odivelas e Real

Casa Pia, Futebol Benfica, Igreja Nova, 1º de Dezembro, Sintrense

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O crescimento exacerbado de Benfica e Sporting na segunda metade do século passado acabou ofuscando os esforços de outras equipes lisboetas. A principal delas era – e ainda é – o Belenenses. Fundado no bairro de Belém, o clube era uma potência na década de 1930. Foi o maior vencedor do Campeonato de Portugal, torneio mata-mata que foi precursor do Campeonato Português e da Taça de Portugal, com três conquistas. Nas décadas seguintes, levou um título da liga e disputou por muitos anos o posto de terceira força do país com o Porto. A decadência não se deu apenas pela concorrência com os vizinhos lisboetas. Na década de 1950, os azuis passaram a enfrentar dificuldades com sua casa. A prefeitura exigiu que o clube deixasse seu estádio, nas Salésias, devido a um plano de urbanização da região. Em troca, o Belenenses foi autorizado a construir sua nova arena em uma pedreira. O esforço financeiro para construir – e,

PORT PORTUGAL TU

Cidade 489.562 habitantes (2.003.580 na região metropolitana)

Fotos Divulgação

AS CASAS DOS TIMES

2José Alvalade

1 Da Luz Foi construído para receber a final da Eurocopa de 2004. O estádio do Sport Lisboa e Benfica (nome oficial) conta com 65.400 lugares, e é o maior de Portugal. Localiza-se no terreno vizinho ao do antigo estádio da Luz, que chegou a ter capacidade para 120 mil torcedores e era o maior da Europa no início da década de 1990. Apesar de ter a cotação máxima da Uefa para arenas, não recebeu nenhuma final de competição continental de clubes.

3 Nacional Localizado no Complexo Desportivo do Jamor, em Oeiras, o estádio Nacional pertence à Federação Portuguesa. Construído no início da década de 1940, durante a ditadura de Salazar, tem arquitetura inspirada nos ideais fascistas. Foi a casa da seleção portuguesa e recebeu a final da Copa dos Campeões de 1966/67, mas entrou em decadência. Hoje, sedia a final da Taça de Portugal e treinos da equipe nacional.

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A casa do Sporting também foi erguida ao lado da antiga, de mesmo nome, para receber a Eurocopa. Com 50.080 lugares, destaca-se pela arquitetura ousada, que inclui cadeiras coloridas que dão a sensação de arquibancadas cheias mesmo quando o público é pequeno. Abrigou a final da Copa Uefa 2004/05, em que o Sporting foi derrotado por 3 a 1 pelo CSKA Moscou. A arena faz parte do complexo Alvalade XXI, que inclui um shopping, um ginásio e a sede do Sporting.

4 Do Restelo A casa do Belenenses tem boa localização (inclusive com vista para o rio Tejo) e vista para o campo. No entanto, seu tamanho (conta com 22.500 lugares) causa despesas difíceis de arcar para um clube de médio porte.

5 Da Tapadinha Inaugurado em 1945, o estádio de 10 mil lugares tem razoável história. Sempre foi a casa do Atlético, inclusive nos melhores momentos do clube, entre as décadas de 1950 e 70.

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Construído no século 16 com o dinheiro arrecadado na Era dos Descobrimentos, é o maior exemplo da arquitetura manuelina (destaque para a nave e o claustro). Na igreja estão os túmulos de Vasco da Gama, Dom Manuel I e de Dom Sebastião (vazio, em memória ao rei que foi lutar na África e jamais retornou). O pesseio também vale pela Torre de Belém, a Praça do Império e, claro, a confeitaria que produz os pastéís de Belém legítimos. Fotos Divulgação

ALÉM DO JOGO

e Mosteiro dos Jerónimos

u Parque das Nações

r Baixa Como o nome diz, é a parte baixa de Lisboa. Ao nível do leito do Tejo, é o centro financeiro e comercial da capital portuguesa. Os principais marcos são as praças – sobretudo o Rossio –, o Arco Triunfal e o Elevador Santa Justa.

t Sintra A cidade, localizada a 35 km de Lisboa, era refúgio de verão da família real até o século 19. Por isso, conta com dois belos palácios: o Nacional de Sintra e o da Pena. Desde 1995, Sintra é reconhecida como Patrimônio da Humanidade pela Unesco.

posteriormente, manter – o Restelo enfraqueceu a equipe, que, na última temporada, foi rebaixada dentro de campo para a segunda divisão, mas manteve seu lugar na elite graças aos problemas financeiros que tiraram o Estrela da Amadora das ligas profissionais. De qualquer modo, até hoje os azuis são vistos como grandes por parte dos torcedores. Duelos com Benfica, Sporting e Porto recebem o rótulo de “clássico”, ainda que o time não fique entre os três primeiros desde 1987/88. Outro clube lisboeta tradicional que anda em baixa é o Atlético Clube de Portugal. Os alcantarenses chegaram a disputar duas finais da Taça de Portugal e a ocupar as primeiras posições da liga, mas caíram para a Segundona em 1977 e jamais voltaram à elite, passando a viver de brilhos esporádicos, como a surpreendente eliminação do Porto na Taça de Portugal em 2007. Desde então, os clu-

Para a Exposição Universal de 1998, o governo português revitalizou uma região ao norte de Lisboa. Hoje, o local conta com um Oceanário, shopping, pavilhão de exposições, edifícios modernos e uma agitada vida noturna. Tudo com vista para o Rio Tejo.

i Chiado

bes pequenos de Lisboa perderam espaço para equipes de cidades da região metropolitana da capital, como Estoril Praia, Estrela da Amadora e Alverca. Aliás, não é só com Belenenses e Atlético que o futebol lisboeta mostra seu momento de baixa. Mesmo os grandes Benfica e Sporting não conseguem resistir ao avanço do Porto, que, nos últimos 20 anos, se tornou o segundo maior vencedor do Campeonato Português e o clube do país de mais sucesso internacional. Encarnados e leoninos são vítimas do próprio gigantismo. Como ainda são os clubes de maior torcida no país, a pressão

Com cafés, livrarias e associações culturais, o bairro respira literatura. Nos últimos anos, trocou parte do clima boêmio pelo comércio. Não longe dali estão as ruínas da Igreja do Carmo e a Igreja de São Roque.

o Castelo de São Jorge Destruído por um terremoto e parcialmente remontado, oferece belas vistas de Lisboa e o bucólico bairro de Santa Cruz, localizado dentro dos limites das muralhas.

de adeptos e imprensa por títulos beira o insuportável, impedindo que ambos realizem projetos de longo prazo. Isso, combinado a disputas políticas internas, uma série de dirigentes amadores e suspeitas de que o Porto tenha mais poder nos bastidores, fez que Lisboa perdesse a hegemonia do futebol local. Mas a capital portuguesa já passou por baixas muito maiores. A cidade já se reergueu depois de uma invasão moura, um terremoto seguido de tsunami em 1755 e uma ocupação napoleônica. Não há por que não fazer o mesmo com uma simples disputa futebolística.

QUEM QU EM LEVA LEV L EVA EV A Existem diversas opções de vôos diretos do Brasil para Lisboa, mas apenas a TAP (www.tap.pt) e a TAM (www.tam.com.br) têm voos diretos. Outras companhias aéreas que realizam o trajeto, mas com escalas, são Iberia (www.iberia.com.br), Lufthansa (www.lufthansa.com), British Airways (www.britishairways. com) e Air France (www.airfrance.com.br).

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HISTÓRIA

100 HORAS POR

90 mistu uraram m política e futebol para protagonizar uma guerra de verdade durante as Eliminatórias da Copa jogo foi tecnicamente muito fraco, mas agradou as 28 mil pessoas que se dirigiram ao estádio Olímpico de San Pedro Sula, naquela noite de 10 de junho. Afinal, um gol de Carlos Pavón aos 15 minutos do primeiro tempo permitiu a Honduras vencer El Salvador por 1 a 0 nas Eliminatórias da Copa

O

HONDURAS

MÉXICO

Mar das Antilhas

BELIZE

Ocotepeque q

Tegucigalpa

GUATEMALA NICARÁGUA

San Salvador

EL SALVADOR Oceano Pacífico

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COSTA RICA

Orlando Sierra/AFP

MINUTOS

2010. Ao final da partida, os salvadorenhos voltaram para seu país – como deveria ser – e nada de mais profundo aconteceu. Há 40 anos, essas duas seleções também estavam se enfrentando na busca de um lugar no Mundial. Naquela oportunidade, porém, o clima entre as nações era bastante diferente. Sobrava hostilidade e, depois de muita polêmica nos jogos entre elas, os dois governos decidiram resolver as pendengas à força. Era a Guerra do Futebol. Apesar de o nome fazer referência direta ao esporte e de o estopim ter sido acontecimentos em torno das Eliminatórias da Copa de 1970, o conflito se originou longe dos gramados. El Salvador e Honduras viviam às turras – já haviam entrado em guerra em duas oportunidades – e precisavam apenas de um pretexto para fazêlo pela terceira vez.

Na década de 1960, os dois países viviam sob ditaduras militares rivais que passavam por problemas internos. Em Tegucigalpa, o coronel Oswaldo López Arellano tinha de lidar com a queda da popularidade devido à crise que atravessava a nação. Não foi difícil achar um bode expiatório: os imigrantes salvadorenhos tirariam empregos dos hondurenhos e o Exército de El Salvador estaria apoiando grupos paramilitares de oposição. O governo de Honduras não teve pudor em alimentar um sentimento anti-salvadorenho. Os nacionalistas chegaram a usar como mote “hondureño, toma un leño y mata a un salvadoreño” (hondurenho, pegue um pedaço de pau e mate um salvadorenho). A relação entre os países azedou de vez em abril de 1969, quando López Arellano promoveu uma reforma agrária em que proibiu es-

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Honduras e El Salvador se encontram pelas Eliminatórias 40 anos depois da guerra

trangeiros de possuírem terras. Com isso, cerca de 100 mil salvadorenhos que viviam em Honduras perderam trabalho e foram obrigados a voltar a sua terra natal. Resultado: crise em El Salvador pela dificuldade em absorver toda essa população.

Pátrias de chuteiras Era esse o cenário político em torno dos confrontos entre as seleções pelas semifinais das Eliminatórias da Copa de 1970. Em 7 de junho de 1969, noite anterior ao jogo de ida, em Tegucigalpa, o hotel dos salvadorenhos foi alvo de pedradas. Honduras ganhou por 1 a 0. Na partida de volta, uma semana depois, os salvadorenhos decidiram revidar. Houve confrontos nas ruas e 12 hondurenhos foram mortos. Sob um pesado clima, El Salvador ganhou por 3 a 0 e forçou a realização de um jogo-extra em campo neutro.

Os dias que se seguiram foram de grande confusão em Honduras. Os hondurenhos decidiram vingar a morte dos 12 compatriotas e atacaram imigrantes salvadorenhos. Os governos decidiram romper relações e fecharam as fronteiras. O cenário da guerra já estava armado. Em campo, a situação foi resolvida em 26 de junho de 1969 na Cidade do México, longe de toda a confusão. El Salvador venceu por 3 a 2 na prorrogação e assegurou um lugar no Mundial. Porém, a definição de quem enfrentaria o Haiti na final das Eliminatórias não bastou para esfriar os ânimos naquela região da América Central. Em 14 de julho, acusando Honduras de não respeitar os direitos humanos dos imigrantes salvadorenhos, Fidel Sánchez Hernández, presidente de El Salvador, ordenou que o Exército de seu país invadisse o território vizinho. Rapidamente, portos hondurenhos foram bombardeados e a cidade de Ocotepeque, invadida. A reação foi imediata, mas, antes que o conflito crescesse, a OEA (Organização de Estados Americanos) interveio. As hostilidades acabaram em 18 de julho – ainda que o exército salvadorenho tenha levado um mês para deixar completamente o território ocupado – e mataram cerca de 5 mil pessoas. As relações salvadorenho-hondurenhas demoraram a se normalizar. Apenas em 1980 foi assinado o tratado de paz e foram reativados voos comerciais entre San Salvador e Tegucigalpa. A demarcação definitiva da fronteira ocorreu apenas em 1992, com participação da Corte Internacional de Haia. Pelo tempo de duração, apenas quatro dias, o conflito ficou conhecido como “Guerra das 100 Horas” nos dois países. Mas, para o resto do mundo, o confronto está registrado até hoje como a “Guerra do Futebol”.

Divulgação

por Ubiratan Leal

Na Copa do México, estreia com derrota para a Bélgica

EL SALVADOR 1970 Depois de passar por Honduras, El Salvador superou o Haiti e disputou, em 1970, seu primeiro Mundial. Terminou em último lugar, o que era o irrelevante depois de tudo o que o país tinha passado.

ELIMINATÓRIAS Primeira fase - Subgrupo 4 El Salvador

6x0

Suriname

El Salvador

1x0

Antilhas Holandess

Antilhas Holandesas

1x2

El Salvador

Suriname

4x1

El Salvador

Semifinais Honduras

1x0

El Salvador

El Salvador

3x0

Honduras

El Salvador

3x2

Honduras

(na prorrogação)*

Final Haiti

1x2

El Salvador

El Salvador

0x3

Haiti

El Salvador

1x0

Haiti

(na prorrogação)**

COPA DO MUNDO Grupo A* El Salvador

0x3

Bélgica

México

4x0

El Salvador

União Soviética

2x0

El Salvador

* Na Cidade do México

** Em Kingston (Jamaica)

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CULTURA

por Felipe dos Santos Souza

Sim,

ampeonato Brasileiro, Libertadores, Liga dos Campeões, Premier League, Copa do Mundo. Competições como essas chamam a atenção do público, atraem grandes jogadores, audiência, patrocinadores e, claro, emissoras de TV sedentas por seus direitos de transmissão. Como há mais espaço em grades de programação do que jogos à disposição, abrem-se as portas para competições menos nobres ou tradicionais. Curiosamente, esse princípio vai contra o mantra das grandes emissoras da TV aberta. Elas temem transmitir jogos de times de outras praças – sobretudo em Rio de Janeiro e São Paulo –, por mais importante que sejam (caso da final da Libertadores entre Cruzeiro e Estudiantes). Assim,

C

eles atraem audiência Além de campeonatos famosos, emissoras de TV brasileiras movimentam-se para exibir torneios alternativos

O QUE VER NA TV (2º semestre 2009 / 1º semestre 2010)

•••••••• • • ••

Estadual do Rio (Série B)

Futebol Paulista***

Cearense

Baiano

Catarinense

Paranaense

Mineiro

Gaúcho

Estadual do Rio

Paulista

Estaduais Copa SP de Juniores

Copa do Brasil

Brasileiro Série B

Brasileiro Série A

WPS**

Major League Soccer

Russo

Holandês

Português

Argentino

Brasil

• •

••• • ••• •• • •• •••••• ••••• ••••• •••• •• • • •

• •

• •• 62

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••••••

* Inclui ESPN e ESPN Brasil

*

Em negociação

***A2, A3, Segunda Divisão, Copa Paulista

•• •

Francês

Alemão

Italiano

Inglês

Espanhol

Concachampions

Sul-Americana

Ligas nacionais

**Liga norte-americana feminina

• •

Libertadores

Liga dos Campeões

Mundial de Clubes

Eliminatórias da Copa

Copa do Mundo

•• ••

Liga Europa

Mundo

Seleção

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Mido Ahmed/AFP

Al-Ittihad x Al-Shabab: até o clássico saudita é transmitido para a TV brasileira

Canais Étnicos RAI

Italiano (Serie A e B) Copa Itália TV5

Francês RTP

Português Taça de Portugal SIC

Português ART

Camp. Saudita Copa Rei Fahd NHK

Copa do Imperador (Japão)

Emissoras Regionais RBS

Gaúcho Catarinense TVCom

Gaúcho (2ª Divisão) RPC

Paranaense TV Itapoan

Baiano TV Diário

Cearense TV Verdes Mares

Cearense

não seria um contrassenso comprar torneios como Campeonato Russo, Campeonato Paulista da Série A3 ou Eliminatórias Asiáticas da Copa do Mundo? Não é bem assim. Buscar esse tipo de evento faz parte da “missão” de emissoras fechadas, especializadas em esportes. Foi isso o que a ESPN Brasil fez ao comprar o Campeonato Russo nesta temporada, apostando na boa presença de brasileiros na competição e no bom momento da seleção local. “A Rússia já não é mais um mercado periférico, para onde os jogadores vão e ficam sumidos. O calendário de lá é favorável e a presença dos brasileiros, como Alex, Vágner Love e até o Zico, ajuda. Além disso, são torneios cujos direitos são muito mais baratos”, conta Carlos Eduardo Maluf, diretor de aquisições dos canais ESPN. “Ainda é cedo para falar de receptividade do público, mas a sensação é de melhora”. Seguindo outro caminho, buscar campeonatos inusitados é um modo de ter alguma programação futebolística a baixo custo. É o caso da Rede Vida, canal católico que transmite há quase dez anos os torneios do interior paulista. “Os campeonatos de acesso ficaram mais longos por causa do calendário brasileiro e o enfraquecimento da Série A1. São competições que mexem com as cidades, com as rivalidades locais”, comenta João Monteiro Neto, diretor da emissora. “O mercado do interior paulista é o segundo maior do Brasil. Estamos marcando nosso terreno nessa região”, afirma. Ele cita uma grande cidade do ABC como exemplo. “Transmitimos toda ascensão do Santo

André. Nossa audiência lá é muito boa”. O executivo conta, no entanto, que o prejuízo ainda é muito grande. “Temos um custo muito alto e bancamos tudo com sacrifício. Não temos ajuda da Federação Paulista e o retorno de publicidade não paga nosso custo operacional”. Outro caso é o de canais voltados a públicos ligados a determinadas regiões ou países. Isso, claro, explica o fato de emissoras estaduais transmitirem os campeonatos locais. E também o porquê de canais “étnicos” (terminologia usada pelas emissoras de TV por assinatura) apostarem em campeonatos como o Italiano da Série B (RAI) e Saudita (ART). Mas quem assiste a esses eventos? Ainda que existam pessoas com ligações afetivas a clubes inusitados, isoladamente, elas não representam uma audiência muito grande. Porém, garantem um retorno. “Temos um ótimo retorno. Em nosso ‘Fale Conosco’, recebemos muitas mensagens perguntando sobre o horário dos jogos destes campeonatos e quais serão exibidos. Isso só confirma o quanto os telespectadores se interessam, sim, por estas competições”, comenta Pedro Garcia, diretor de negócios do Sportv. No final das contas, quem comemora é o torcedor mais fanático. Independentemente dos motivos de cada emissora, a oferta de futebol na TV é enorme. Ainda que, para se manter fiel ao princípio de ver qualquer coisa, seja preciso acompanhar competições para lá de inusitadas. Colaborou Gustavo Hofman

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EXTRACAMPO

Ide Gomes/Futura Press

Cheio de energia

Vasco enfim definiu o nome de seu novo patrocinador. Confirmando o que se especulava no mercado desde o final do ano passado, o clube carioca fechou um acordo de dois anos com a Eletrobrás, renováveis por outros 24 meses. O vínculo renderá R$ 14 milhões anuais aos cruzmaltinos. Desta quantia, R$ 1,3 milhão será revertido em ações de responsabilidade social e para os esportes olímpicos do clube. O Vasco já conversava com a estatal desde dezembro, mas o acerto demorou por conta de dívidas do clube com o governo, em torno de R$ 8 milhões. A equipe entrou na Justiça para resolver estas pendências e só então ficou livre para concluir a negociação. “Agora podemos respirar um pouco mais. O acordo com a Eletrobrás permite que nós busquemos outros parceiros e isso ajuda a fazer um planejamento para pensar em reforços para o time. Contudo, nada do que recebermos da estatal será usado pa-

O

ra quitar dívidas. Tudo está carimbado no contrato”, afirma Roberto Dinamite, presidente vascaíno. O fato de uma estatal com monopólio de mercado investir em patrocínio de futebol causou desconforto da opinião pública. A empresa se defende. “A Eletrobrás é uma holding de 30 empresas, sendo seis distribuidoras de energia que competem no mercado. Nossa marca não estava sendo explorada. Desde a negociação com o Vasco, aparecemos muito mais na mídia”, explica José Antônio Muniz, presidente da empresa. “Além disso, o Vasco vai ajudar a divulgar o programa de conscientização no uso de energia elétrica”. Com a parceria, o clube pretende reduzir pela metade o gasto com energia elétrica em seu parque aquático e no estádio de São Januário. Até o acerto com o Vasco, o principal investimento da Eletrobrás no esporte era no basquete masculino e feminino.

Big Brother Manchester O Manchester City deve se acostumar a ser vigiado por câmeras por 24 horas. Os Sky Blues fecharam uma parceria com a Endemol, empresa holandesa do ramo de entretenimento responsável pela criação do “Big Brother”. A Endemol Sport cobrirá todos os jogos dos Citizens e reconstruirá o site do clube. O projeto também visa o aumento do número de torcedores, com o foco concentrado em Ásia e América Latina. “Vamos criar um ponto de entrada para os interessados no Manchester City. E vamos realmente focar em certos mercados, por isso os conteúdos serão, em um primeiro momento, só em inglês e árabe”, afirmou David Pullan, diretor de marketing e marca do City.

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ATIVOS CONECTADOS De acordo com levantamento realizado pela Nielsen Online, especialista na medição e análise de audiências virtuais, os nomes de Cristiano Ronaldo, Kaká e Benzema motivaram mais de 14 mil observações em blogs, fóruns e redes sociais na Espanha. Só o jogador português foi tema de 8 mil destes textos e gerou mais de 500 mil buscas. RICO EM CALCIO A Lega Calcio fechou um contrato de € 1,8 bilhão pelos direitos de transmissão do Campeonato Italiano nas temporadas 2010/11 e 2011/12. Pelo novo acordo, as rodadas terão quatro horários: sábado às 18h e às 20h45, domingo na hora do almoço (12h30, uma novidade) e às 15h. JOGADA DESENHADA A Maurício de Souza Produções fechou uma parceria com a GIG Itália para a produção de 52 episódios de um desenho animado inspirados no gibi de Ronaldinho Gaúcho. O italiano Giuliano Giovanni cuidará de cada capítulo, que terá duração de 15 minutos. O lançamento está previsto para outubro. APAGANDO A LUZ O Benfica procura algum interessado em “batizar” o estádio da Luz. As Águias pretendem lucrar com a venda dos “naming rights” de sua arena. LIGUE DJÁ O Barueri entrou em acordo com a Best Shop TV, que tem um site de comércio eletrônico e um programa de televendas. Só que o acerto desrespeita a Lei Pelé, que proíbe clubes de anunciarem veículos de mídia no uniformes.

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Fotos Divulgação

por Ric Ricardo Espina

Gol de bicicleta

Os pequenos torcedores que gostam de passear de bicicleta ganharam um presente. A Tito firmou uma parceria com os cinco principais clubes de São Paulo e criou modelos aros 16 e 20 inspirados em São Paulo, Corinthians, Palmeiras, Santos e Portuguesa. Cada bike tem pintura temática, itens de segurança e acessórios para personalizá-la, como adesivos. Fabricante Tito

Preço sugerido R$ 349 (aro 16) e R$ 399 (aro 20)

Azul coral Em seu segundo jogo na Série D do Brasileiro, contra o Central, o Santa Cruz apresentou seu terce uniforme. Em dois tons de terceiro azul, a peça remete à Fita Azul, título hono honorífico concedido ao clube em 198 pela invencibilidade em uma 1980 excursão ao exterior no ano anterior. Na série de jogos fora do País, o Santa Cruz conseguiu resultados como vitória por 4 a 2 sobre a seleção romena e empate com o Paris Saint-Germain. Fabricante Penalty

CLÁSSICO NA ESTANTE A rivalidade entre Náutico e Sport ganhou espaço nas livrarias. A obra “O Clássico dos Clássicos – 100 anos de História” reúne 50 crônicas sobre os encontros mais importantes entre as duas equipes. Organizado por Roberto Vieira, Lucídio José de Oliveira e Carlos Celso Cordeiro, o livro tem duas capas, uma para agradar torcedores do Leão, outra para os timbus. Editora Edição do autor

Preço sugerido R$ 154,90

OLHAR ESTRANGEIRO A Larousse lançou no Brasil o livro “Craques do Futebol”, de Bernard Molino. Na obra, o jornalista francês reuniu mais de 100 fotos de 88 jogadores, escolhidos de acordo com sua importância e representatividade. O autor dividiu os atletas em quatro categorias: Os Virtuoses, Os Arquitetos, Os Rebeldes e Os Atiradores de elite. Além das imagens, Molino traça um perfil dos retratados, como Pelé, Maradona, Zidane, Romário e Van Basten. Editora Larousse do Brasil

Preço sugerido R$ 129,90

Roupa nova do Imperador Enfim o mistério terminou. O Flamengo da lançou sua nova linha de uniformes, fabricada ca pela Olympikus. A camisa um do clube carioca oe apresenta oito listras horizontais em vermelho preto, com a marca do fabricante no peito e na t rno to gola. Os números são na cor branca com contorno em prata. Já a camisa dois repete um modelo histórico: na cor branca, com faixas vermelha e preta na altura do peito. Fabricante Olympikus

Preço sugerido R$ 149,90

Preço sugerido R$ 40

Bola cheia A Los Dos, grife de moda masculina, lançou lo seu modelo ola de uma bola oficial, com design clássico e o logotipo da linha Football Culture nos gomos brancos. As lojas da marca também contam com camisas pólo da África do Sul, do Senegal e de Camarões, além de Zidane, Internazionale e Real Madrid. A novidade fica por conta da camiseta “Save the King”, homenageando Pelé. Fabricante Los Dos Preço sugerido R$ 49 Agosto de 2009

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A VÁRZEA

Namoradinho do Brasil Agora todo mundo colocou Dunga em um pedestal depois da conquista da fantástica Copa das Confederações. Engraçado como o treinador deixou de ser besta para se transformar em bestial depois de ganhar um trofeuzinho aí qualquer tomando um sufoco dos United States, que acham que futebol se joga com uma bola oval. Se fosse assim, Chico Linguiça deveria ter seu retrato pendurado em todos os lares d’A Várzea e ser reverenciado a cada cinco minutos depois que o Chico Linguiça’s Globetrotters ganhou a Taça Pastelão. Só que o Anão Zangado se tornou técnico de grife, até por conta de seus modelitos super fashion hype style. Por isso, celebram a genialidade tática do novo Rinus Michels, que revolucionou todo o universo com seus profundos conhecimentos estratégicos aprendidos em anos jogando War, Banco Imobiliário, Imagem & Ação e Pula-Pirata. Bom, pelo menos a tática do “passa-a-bola-parao-Kaká-que-ele-resolve” é um pouco melhor do que o “pra-frente-Brasil-salve-a-Seleção”, muito embora Lúcio seja teimoso e reticente em adotar as novas regras. Dizem até que o Anão Zangado deixou de ser azedo com a imprensa e agora até se meteu a contar piadinhas nas entrevistas coletivas. Deve ter sido influência da demissão de Muricy Ramalho, conhecido por seu fino trato com os repórteres, principalmente depois que o São Paulo perdia. Como o ranzinzismo está em baixa, melhor acompanhar a onda para não ser engolido por ela.

A charge do mês Ao menos Dunga teve um grande mérito: o de criar um grupo unido. Mas isso já era de se esperar, dada sua experiência de trabalhar em uma mina com outros seis companheiros. Não é à toa que agora, a cada partida da Seleção nas Eliminatórias, os jogadores se reúnem para cantar um sambinha bem conhecido: “Eu vou, eu vou, pra Copa agora eu vou”. Não é muito original, mas é melhor que o “Poeira, levantou poeira”.

A lorota do mês “Estamos na fase ‘survivor’” Carlos Alberto Parreira revela o segredo do Fluminense: uma dieta à base de olho de cabra

A manchete do mês “À espera do perdão, Drogba assume mau comportamento” (Gazeta Esportiva.net) O que as pessoas não fazem para ganhar presente do Papai Noel no fim do ano...

Em alta Times gaúchos Recopa? Libertadores? Copa do Brasil? Para Inter e Grêmio, o que vale mesmo é o Gaúchão, não esses torneiozinhos meia-boca

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