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Apresentação

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Agradecimentos

Agradecimentos

A boa pesquisa, a tomada de testemunhos e o acesso a documentos, recortes, vídeos e gravações são determinantes para a qualidade do texto (de não-ficção) quanto à preocupação estética.

Fernando Morais

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Aideia de criação desta obra biográfica surgiu no terceiro período da graduação em Jornalismo, no final do primeiro semestre de 2007, quando nos foi proposta a realização de uma atividade interdisciplinar, de tema livre, em que pudéssemos aplicar as técnicas de reportagem e entrevista, redação jornalística e noções de planejamento gráfico. Embora nunca houvesse assistido a nenhuma das peças ou filmes de que Prazeres Barbosa participou, nutria profundo sentimento de admiração por seu trabalho, sobretudo, pela repercussão que a mídia garantia ao mesmo. Decidi, então, entrevistá-la. Consegui o seu contato telefônico e, poucos dias depois, fui recebido por uma simpática senhora baixinha e com forte sotaque, em sua residência, no bairro Caiucá, em Caruaru (PE). A primeira impressão que tive foi de estar adentrando num museu. Fotografias e recortes de jornais emoldurados nas paredes, inúmeros troféus e todo o acervo de cenários e figurinos utilizados em seus trabalhos estavam expostos. A entrevista transcorreu naturalmente. Antes de ir embora, ainda provei do doce de goiaba feito pela atriz (sua principal especialidade culinária). Deixei aquela casa impressionado com a criatura fantástica que conheci e, sobretudo, com a rica trajetória artística da qual a pequena mulher era detentora. Queria urgentemente publicar as informações que obtive. Não satis-

feito com o fato de apenas entregar minha atividade aos professores, submeti a reportagem à apreciação da chefia de redação do Jornal Vanguarda de Caruaru que, para minha surpresa, dedicou uma página inteira a publicação dos meus escritos sobre a atriz caruaruense de destaque nacional. Nessa época, Prazeres começava a dar os primeiros passos rumo às produções televisivas nacionais. Havia filmado a microssérie A Pedra do Reino e fazia as últimas apresentações do espetáculo Whisk pra Guiomar. Na noite de 17 de julho de 2007, tive o privilégio de vê-la em cena pela primeira vez, encarnando a “metralhadora verborrágica” Guiomar, numa apresentação especial em homenagem aos 45 anos do Teatro Experimental de Arte (Tea). O palco do Teatro João Lyra Filho tornou-se um tanto pequeno para o talento que os meus olhos enxergavam naquela atriz. No final, fui cumprimentá-la. Daí em diante, procurei manter-me informado sobre todos os acontecimentos sucessivos de sua carreira. Continuei escrevendo matérias e submetendo a análise do mesmo jornal, que garantiu a publicação de todas elas. Num de nossos contatos, criei coragem e falei a Prazeres do meu desejo de escrever sua biografia. Ela aprovou a ideia e, em seguida, passei a pesquisar o máximo de informações possíveis e assistir a tudo que estivesse ao alcance para conhecer mais sobre aquela mulher. A conclusão deste trabalho, no entanto, só foi possível graças à gentil colaboração de uma série de pessoas, com as quais temos uma grandiosa dívida de gratidão. Foi necessário cerca de um ano e meio de pesquisas, algumas viagens a Recife, Limoeiro, Arcoverde (PE), Maceió (AL) e mais de trinta horas de gravações para que a obra finalmente pudesse ser concluída. Coletamos depoimentos de mais de nove dezenas de pessoas. A pesquisa, no entanto, tornou-se ainda mais completa graças às personalidades metódicas de Prazeres Barbosa e Severino Florêncio (supervisor de cultura do Sesc Caruaru), que tiveram o cuidado de arquivar todo o material publicado pela imprensa ao longo das últimas três décadas. No processo de captação das informações, realizamos entrevistas valiosas que ajudaram a reconstituir acontecimentos importantes para a obra. Na tentativa de ser equânime, convém citar que nem tudo pode ser

explicado, porque não existe uma explicação lógica para todas as coisas. O ato de biografar um indivíduo nos coloca diante de um cenário multifacetado, onde o desconhecido nos surpreende a cada momento. Ao tentar escrever as primeiras linhas deste livro, comecei a perceber como é problemático presumir que sabemos muito sobre uma pessoa. O escritor americano Paul Auster disse certa vez que: “Escrever é como arrancar um dente todo dia”. Amanhã, todas essas verdades podem ser mentira. Hoje, porém, esta é a melhor verdade sobre a trajetória de Prazeres Barbosa, uma vez que não representa a verdade do autor, mas a verdade de fatos devidamente checados junto às diversas fontes de informação. Aos leitores, uma consideração final. Que possam sentir, ao folhear cada página desta história, o mesmo PRAZER que sentimos ao escrevê-la.

O autor

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