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Entrevista: Pedro Coutinho
Depois de ser apresentada no nosso país no final de 2020, a KINTO assume as operações da Finlog, gestora de frota que conta com mais de duas décadas de atividade em Portugal. A oferta de produtos e serviços para todas as marcas automóveis inclui soluções que vão do renting tradicional multimarca (KINTO ONE), a produtos assentes em tecnologia de partilha de viatura.
Pedro Coutinho, diretor comercial Sul da KINTO, fala sobre aquilo que tanto clientes profissionais como particulares podem esperar da nova gestora.
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A KINTO surgiu em 2020 como uma nova marca de mobilidade da Toyota e passa agora a assumir a identidade da gestora de frota Finlog. O que explica esta mudança?
Esta mudança traz consigo inúmeras oportunidades de evolução e crescimento para a marca, para a empresa e para um novo rumo na relação com o cliente.
Todo o conhecimento adquirido ao longo de vinte anos vai dar à KINTO a garantia de qualidade que provém de uma empresa portuguesa com mais de 100 colaboradores que estão
Finlog evolui para KINTO
—— Embora seja a marca de mobilidade do grupo Toyota, em Portugal, a KINTO está a trabalhar com todas as marcas automóveis, beneficiando dos 20 anos de experiência e conhecimento que a Finlog detém do mercado português
empenhados em superar as lacunas da mobilidade. E uma vez que os serviços de mobilidade são, sem dúvida, uma área em constante mudança, esses desafios são cada vez mais abrangentes. Desde da questão da sustentabilidade até às mais diversas necessidades dos clientes.
Em que medida os 20 anos de experiência e de conhecimento da Finlog são uma mais-valia para a implantação e para a ação da KINTO em Portugal?
A Toyota Fleet Mobility (TFM) encontrou na Finlog uma empresa alinhada com os seus objetivos estratégicos, já com um caminho percorrido, com sucesso, no desenvolvimento de várias soluções de mobilidade.
Logicamente, a experiência bem-sucedida da Finlog ao longo de 20 anos é crucial para a KINTO. Não só em Portugal mas, acreditamos, no desenvolvimento da sua atividade noutros países.
Uma vez que a KINTO é uma marca associada aos produtos Toyota, isso de alguma forma condiciona a ação ou a relação da gestora com outras marcas automóveis?
Não condiciona, de todo. A KINTO é a marca de mobilidade do Grupo Toyota (o que
Leque de produtos e serviços de mobilidade disponibilizados pela KINTO, com viaturas de todas as marcas automóveis
• KINTO One: solução de renting automóvel multimarca, com uma uma mensalidade fixa e todos os serviços incluídos; • KINTO Flex: serviço de subscrição de renting multimarca, digital e flexível; • KINTO Share: serviço de car sharing, também para empresas, totalmente gerido pelos utilizadores através de uma APP; • KINTO Ride: serviço de ride hailing (TVDE), suportado por plataforma eletrónica; • KINTO Join: solução tecnológica de partilha de viagens entre colaboradores, de e para a empresa; • KINTO Go: um conceito de multi-mobilidade, totalmente personalizável.
é diferente de ser uma marca associada a produtos Toyota), com a qualidade e competência inerentes ao mesmo, mas cuja evolução assenta em soluções, produtos e serviços de todas as marcas automóveis relacionados com transporte para todas as pessoas e empresas.
Uma gestora de frota pode ser um parceiro importante para um cliente que queira fazer uma transição para uma viatura elétrica ou plug-in, independentemente de ser profissional ou particular? Em concreto que tipo de apoio a KINTO pode dar neste campo?
Essa pergunta é fácil de responder. Penso que qualquer gestora de frota pode desempenhar um papel importante na transição que refere.
Falando pela KINTO, não só podemos ter esse papel, como já o desempenhamos atualmente, com equipas muito bem preparadas e profissionais que se posicionam de forma a ajudar cada cliente a tomar a melhor decisão.
Em relação ao apoio que podemos dar, além de facultar toda a informação necessária para a decisão, desenvolvemos soluções que ajudam nesta transição. Por exemplo, desde 2018, que a Finlog — agora KINTO — tem uma oferta, em parceria com a EDP, que dá a possibilidade de adicionar uma wallbox e um Cartão de Carregamento EDP aos serviços de renting. Tudo isto centralizado numa única renda, simplificando e facilitando esta mudança para uma energia mais limpa.
Da experiência que resulta da Finlog, depois das contingências de 2020, qual é o comportamento e o sentimento que as empresas e os clientes profissionais estão a transmitir em 2021?
Na grande maioria das empresas não se regista qualquer alteração. No entanto, verificamos que, em alguns sectores e segmentos, fruto da situação atual e da incerteza dos próximos tempos, recebemos solicitações diferentes das que eram habituais.
A KINTO vem satisfazendo essas necessidades dos nossos clientes adotando uma posição consultiva, sempre flexível, ajudando a encontrar as melhores soluções para cada empresa, em cada momento. Estamos preparados para ajudar os nossos clientes indo ao encontro das suas necessidades.
Esta preparação não surgiu com o contexto pandémico. A KINTO tem desenvolvido produtos de mobilidade inovadores há vários anos. Mas é inegável que algumas das soluções foram fortemente aceleradas com a pandemia.
Em relação ao tipo de veículo procurado, diria que se regista um alinhamento com as vendas de automóveis registadas este ano, notando-se um crescimento da procura por soluções eletrificadas.
Uma pergunta do momento: estão a sentir algum atraso na chegada de viaturas? O facto de a KINTO estar representada por um grande grupo automóvel em Portugal contribui para que possam manter resposta à procura, eventualmente encontrando soluções alternativas?
Todos sabemos que o sector automóvel está a ser fortemente impactado pela escassez de alguns componentes, sobretudo dos semicondutores, com consequências diretas nos prazos de entrega. Este efeito é global. Mais do que conseguir evitá-lo, estamos numa posição privilegiada para encarar este desafio, pois temos soluções de mobilidade que ajudam os nossos clientes a manter a sua atividade sem percalços perante este contexto.
Objetivo: reduzir as emissões da frota para metade até 2030
—— Alinhado com a política internacional do grupo, a Nestlé Portugal está a eletrificar a sua frota automóvel. Até ao final de 2024, a empresa conta ter o parque de automóveis ligeiros de passageiros composto exclusivamente por modelos 100% elétricos ou híbridos plug-in
Não foram razões fiscais que motivaram a Nestlé Portugal a encetar o processo de transição energética. O motivo reside na obrigação de acompanhar o projeto “Green Fleet”, parte importante de uma estratégia global da empresa: reduzir para metade as emissões de gases com efeito de estufa até 2030 e atingir a neutralidade carbónica até 2050, num ambicioso plano de sustentabilidade designado “Green Vision”.
As primeiras unidades já estão ao serviço. No parque da Nestlé Portugal em Linda-aVelha, já é possível ver Peugeot e-2008 e Jaguar I-Pace ligados à tomada, ao lado de alguns modelos plug-in. Além de poderem aceder a postos públicos através de cartão da empresa, os utilizadores destes veículos podem também carregar as suas viaturas num dos 72 carregadores de 7,4 kW de capacidade que estão a ser instalados em diferentes unidades da empresa em Portugal.
O renting é o modelo de aquisição escolhido e a segurança foi o critério mais vezes frisado ao longo da entrevista concedida por Ana Fróis e Carla Pires, ambas com responsabilidades na negociação, contratação e gestão da frota da Nestlé Portugal.
Compete à equipa centralizada na sede acompanhar a gestão diária das viaturas. A responsável pela política de frota é a direção de Recursos Humanos, que zela pelos aspetos de segurança, sustentabilidade e equidade. Em conjunto com a direção de Finanças, o processo de negociação e compra acontece depois de um trabalho conjunto entre equipas globais e locais, que identificam, de acordo com os requisitos de segurança, sustentabilidade ambiental e negócio, os modelos automóveis mais adequados à frota.
“A segurança é realmente um aspeto primordial para a Nestlé. Até temos um slogan de um antigo CEO que diz que ‘para a Nestlé existe um aspeto não negociável, que é a segurança dos nossos colaboradores’. Por outro lado, a pegada de carbono das viaturas é também uma questão fundamental e um fator de decisão, motivo pelo qual temos um compromisso extremamente ambicioso, que passa por garantir uma frota 100% eletrificada até ao final de 2024”, explica Ana Fróis, responsável pela área da empresa que assegura a implementação de estratégias de melhoria contínua.
“Dependendo das características de cada função, existem especificidades e necessidades inerentes que são refletidas na seleção do tipo de veículos. Por exemplo, para a área de vendas é importante o espaço de bagageira e uma autonomia mais robusta. Todos estes critérios são estabelecidos e acordados antes de cada processo de seleção”, esclarece.
A gestão do risco é fundamental para assegurar a boa utilização destes ativos. Por isso, prossegue Ana Fróis, “cada colaborador que tem uma viatura assignada é responsável por mantê-la em bom estado. Para isso, pode contar com o apoio dos nossos parceiros, as locadoras, com quem trabalhamos e com quem temos contratos, que incluem serviços como os de manutenção e reparação”.
De forma a garantir esta prática, “há um projeto em curso para implementação de alertas através do nosso sistema de gestão interno de frota, que avisam o utilizador quando deve efetuar a revisão periódica. Ainda não está implementado, mas, apesar da própria viatura alertar, queremos dar este suporte aos nossos condutores”.
Internamente foi também desenvolvida uma plataforma digital a pensar na utilização dos veículos eletrificados.
“Para os carros elétricos e híbridos plug-in, implementámos uma aplicação para telemóvel (EVIO), que permite a gestão dos carregamentos das viaturas dentro das unidades da Nestlé”.
Neste processo de melhoria de eficiência e de rentabilidade, a partilha de veículos já é praticada há alguns anos.
“Temos uma pool de viaturas de empréstimo, sobretudo para colaboradores que não têm viatura definitiva assignada, para que possam utilizá-las em deslocações profissionais. Existe um procedimento interno definido que permite solicitá-las quando necessário”.
A iniciativa foi bem recebida, refere Ana Fróis: “no período pré-pandemia o grau de recetividade era muito elevado, com a pool quase sempre toda em utilização”.
O contributo da frota automóvel
A eletrificação da frota já em curso pretende, como foi referido no início, contribuir para reduzir as emissões do grupo e melhorar os índices de sustentabilidade, de modo a que a Nestlé possa atingir a neutralidade carbónica até 2050.
Carla Pires, responsável da área de compras e pela negociação da frota da empresa detalha as etapas do processo.
B.I.
> número de veículos: cerca de 465 viaturas espalhadas por diferentes funções e negócios do grupo. Acrescem cerca de 109 veículos comerciais ligeiros afetos à vertente do negócio “Fora do Lar” (marcas de café Sical, Buondi, Tofa, Christina e Nespresso).
> Marca(s), modelo(s) e tipologias de ligeiros predominantes: modelos ligeiros de passageiros com número maior de unidades: Renault Mégane ST e Peugeot 3008. Entre os comerciais ligeiros, o Renault Master. O modelo elétrico mais presente na frota é o Peugeot e-2008. No total existem 19 BEV e 34 PHEV.
> Modelo de aquisição habitual: renting, alinhado com a política global da companhia. Por norma, 36 ou 48 meses, com os serviços de manutenção, seguro e reacondicionamento entregues à gestão de entidades externas.
> gestoras mais presentes: Atualmente trabalham com a LeasePlan, a Arval e a ALD Automotive, mas são os concursos anuais que definem as marcas e as locadoras mais competitivas. Por isso é variável.
> Requisitos que constem no caderno de encargos das aquisições: a segurança é um fator vital para a Nestlé. Assim, existe um conjunto de requisitos de segurança a que todos os veículos têm de obedecer: visibilidade, luminosidade, assentos e dispositivos de segurança. Para as equipas de vendas que utilizam viaturas de mercadorias, acresce espaço e segurança de transporte de mercadorias.
> política de frota: cada colaborador com uma viatura atribuida é o principal responsável pela manutenção do veículo, de acordo com o “Regulamento Interno de Gestão de Viaturas”. A segurança da condução é um dos critérios principais do documento.
> Frota decorada? Somente nas carrinhas alocadas ao negócio “Fora do Lar”, para as marcas de café Sical, Buondi, Tofa e Christina e nas viaturas de assistência técnica da Nespresso.
“A ‘Green Vision’ significa que a sustentabilidade está sempre presente na forma como trabalhamos e como fazemos negócio. Em linha com essa visão e a par com os restantes projetos em curso (mobilidade integrada, 100% da eletricidade comprada proveniente de fontes renováveis certificadas, instalação de painéis solares, eficiência de operações, transformação de materiais de embalagem, entre outros), o projeto ‘Green Fleet’, cujo compromisso é ter a frota de ligeiros de passageiros composta por viaturas 100% elétricas ou híbridas plug-in até ao final de 2024, dará um relevante contributo para a redução para metade das emissões até 2030 e para o atingimento das zero emissões líquidas de gases com efeito de estufa até 2050.”.
Ou seja, até ao final de 2024 a Nestlé compromete-se a substituir integralmente a sua frota de veículos ligeiros de passageiros por veículos com estas características, num total de mais de 465 viaturas. É um caminho recente, iniciado em 2020, mas a frota conta já com 19 elétricos e 34 híbridos plug-in”.
“Este ano está prevista ainda a troca de 69 veículos”, esclarece Carla Pires.
As questões de autonomia foram aspetos basilares no planeamento e execução desta ambição.
“Para apoiar este projeto estão previstos 72 postos de carregamento espalhados pelas diferentes unidades que a Nestlé tem em Portugal. Isso acontecerá até ao final de 2024. Atualmente, contamos já com 10 postos, dos quais seis
Que balanço pode ser feito desde o início do processo, nomeadamente em termos de redução de custos, poupança de emissões?
É um projeto que não ambiciona poupança de custo, mas sim a descarbonização da frota automóvel, a um custo controlável. Em 2020, ano de início de projeto, sentimos dificuldade em encontrar veículos adaptados à totalidade da nossa grelha de frota. Este ano já foi visível o surgimento de mais modelos. Temos sentido, ainda assim, dificuldades em ter modelos que possam cobrir toda a nossa frota e que correspondam a requisitos de autonomia e capacidade de bagageira. Acreditamos que é um caminho que vamos ter de fazer, ano após ano, adaptando-nos às condições de mercado.
Somos o exemplo de que é possível tirar partido da tecnologia já existente e colocá-la ao serviço da sustentabilidade das operações das empresas e, com isso, reduzir substancialmente os seus impactos ambientais
Baseado na vossa experiência, que sugestões deixariam para uma empresa que esteja a desencadear o processo de eletrificação da frota?
É um processo de mudança com um forte impacto nos hábitos de condução. Um grande facilitador na implementação é ser um projeto patrocinado pela direção-geral, para que o processo de decisão seja célere. Depois, é crucial que seja um trabalho colaborativo entre várias áreas (Recursos Humanos, Finanças, Compras e Facilities). Finalmente, requer competências de resiliência e agilidade. Trata-se de um projeto pioneiro, com aprendizagens constantes. Somos o exemplo de que é possível tirar partido da tecnologia já existente e colocá-la ao serviço da sustentabilidade das operações das empresas e, por via disso, reduzir substancialmente os impactos ambientais. Este projeto está alinhado com os valores da Companhia, que têm por base o respeito pelo futuro do planeta e pelas gerações que nos sucederão. O que nos obriga a agir com responsabilidade e coragem. estão na sede, em Linda-a-Velha, e dois em cada uma das nossas fábricas: Avanca e Porto”.
O plano de instalação está alinhado com o número de veículos elétricos trocados a cada ano, sendo 2022 e 2023 os anos mais relevantes em termos de número, com um total previsto de troca de 278 viaturas.
“A par da instalação dos carregadores”, prossegue Carla Pires, “foi também implementada uma app EVIO que permite a gestão dos carregamentos das viaturas nas nossas unidades, de uma forma muito mais ágil, permitindo, por exemplo, iniciar o carregamento remotamente, verificar a disponibilidade de postos, planear uma viagem, receber notificações sobre o estado do carregamento, entre outras possibilidades”.
Para apoiar da melhor forma este processo de transição, os utilizadores das novas viaturas elétricas e plug-in receberam formação.
“Como é uma mudança de paradigma, tivemos muito cuidado em assegurar a formação apropriada aos nossos colaboradores. Antes da entrega do carro, houve um momento de testdrive e, posteriormente, garantimos formação com o nosso parceiro para carregamentos elétricos, onde foram explicados todos os temas práticos da operação de carregamento e da condução de uma viatura elétrica. No momento de entrega do automóvel houve também uma formação presencial, com destaque para todos os desafios que se colocam com esta nova tipologia de viaturas”.
“Como se trata de uma grande mudança”, adianta, “facultámos também o máximo de documentação com informação importante. Adicionalmente, temos a nossa equipa local de Car Fleet sempre disponível para dar suporte e esclarecer possíveis dúvidas”.
Este apoio e o permanente acompanhamento informativo dirigido aos utilizadores dos novos veículos é importante para vencer o desafio da transição.
“Trata-se de um processo de mudança numa atividade básica e frequente do nosso dia-a-dia. Como tal, foi muito importante construir um projeto sólido, com apoio de uma equipa abrangente e multidisciplinar, que engloba diversas áreas da empresa, nomeadamente Recursos Humanos, Finanças, Frotas, Compras e Facilities. Um plano que contempla suportar ao máximo os nossos condutores, para que tenham acesso a toda a informação referente à nova realidade que estão a viver e facilitar a transição para esta nova forma de conduzir”.
O investimento em carregadores próprios que estão a ser colocados nas várias instalações da empresa permite atenuar as dificuldades que ainda subsistem da parte da oferta da rede pública para carregamento de carros elétricos.
Porém, conclui Carla Pires, o maior desafio para a concretização do projeto “vai ser ultrapassar a escassez de viaturas 100% elétricas, tendo a situação de pandemia mundial provocado também o atraso no lançamento de alguns modelos interessantes para uma frota como a nossa”.